Os Lusíadas-Estrutura

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A epopeia - Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões

Epopeia

Uma epopeia é um género literário do modo narrativo que narra, num estilo
solene/elevado, as façanhas ilustres de um herói individual ou de um povo. Encontra-se este
tipo de narração em verso em muitas civilizações, desde a indiana e a chinesa, até às
civilizações ocidentais.
É indissociável do género épico a presença do elemento do maravilhoso, que agiganta
ou transcendentaliza a ação e os respetivos agentes. No Ocidente, as matrizes do maravilhoso
são basicamente duas: o paganismo greco-latino e o cristianismo. Sobre esse pano de fundo
mitológico ou religioso, as personagens, as ações, os episódios ganham uma dimensão
superior e exemplar.
Os Lusíadas

Os Lusíadas são uma epopeia. Como tal, apresentam características específicas deste
género literário:

1. Tema

A epopeia Os Lusíadas tem como tema o passado épico nacional, inspirando-se na


tradição nacional (e não na experiência individual). Nela narram-se os feitos grandiosos do
povo português, desde a fundação da nacionalidade até ao século XVI (data em que Camões
escreve a obra).

2. Estrutura

2.1. interna
Os Lusíadas encontram-se divididos em quatro partes:
1.Proposição
O poeta apresenta o assunto da epopeia, propondo-se cantar os grandes portugueses:
os reis que expandiram o Reino e a Fé;
os navegadores que chegaram ao Oriente;
os que se imortalizaram pela sua coragem.
(Canto I, est. 1-3)

2. Invocação

O poeta invoca:
as ninfas do Tejo para que lhe concedam a inspiração necessária para exaltar os feitos
heroicos dos lusitanos (Canto I, est. 4-5);
Calíope (Cantos III, est. 1-2, e X, est. 8-9);
as ninfas do Tejo e do Mondego (Canto VII, est. 78-87).

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3. Dedicatória

O poeta dedica a epopeia ao rei D. Sebastião, tecendo-lhe vários elogios pelo seu
espírito guerreiro e empreendedor. (Canto I, est. 6-18)

4. Narração

Narram-se as aventuras e feitos do protagonista, o povo português. É a parte mais


extensa da obra. (Canto I, est. 19 – Canto X)

Ordenação dos factos narrados


Nas epopeias, os factos não são narrados por ordem cronológica. O narrador inicia o
relato num momento adiantado da ação, recuperando depois os acontecimentos anteriores
através de analepses.
N’Os Lusíadas, a ação apresenta-se in medias res, ou seja, já a meio dos
acontecimentos.
Até ao final da obra, narram-se:
as peripécias da viagem de Vasco de Gama até à Índia
➞ narração de acontecimentos presentes;
factos do passado da História de Portugal
➞ narração de acontecimentos passados, em analepse;

sonhos proféticos e profecias dos deuses relativamente ao futuro dos Portugueses


➞ narração de acontecimentos futuros.

Planos narrativos
A narração d’Os Lusíadas ocupa a quase totalidade da epopeia, mas ainda assim o poeta
conseguiu garantir a unidade da ação. Para isso contribuiu a perfeita articulação entre os
vários planos narrativos.

Plano da Viagem

Consiste na ação central do poema, a viagem marítima da tripulação comandada por


Vasco da Gama até à Índia.
Predomina, sobretudo, nos Cantos I, II, V, VI, IX e X.

Plano da História de
Portugal
Surge encaixado no plano da Viagem e consiste na narração da História de Portugal (por
Vasco da Gama ao rei de Melinde, por Paulo da Gama ao Catual de Calecut ou ainda pelo
Adamastor e por Tétis, que profetizam as proezas dos Portugueses).
Predomina, sobretudo, nos Cantos III, IV, VIII e X.

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Plano dos
Deuses/Mitológico
Surge, geralmente, articulado com o plano da Viagem, uma vez que se refere à
intervenção que as figuras divinas e mitológicas têm na ação, ou seja, na viagem dos
portugueses até à Índia.
Predomina, sobretudo, nos Cantos I, II, VI, VIII, IX e X.

Plano das considerações do


poeta
Encontra-se em quase todos os Cantos, geralmente, no final, e consiste em reflexões,
críticas, elogios ou lamentações do poeta acerca de diversos assuntos (a condição humana, o
conceito de heroísmo, o elogio dos Portugueses, a ingratidão e o desprezo pelas artes…).

Episódios
Ao longo d’Os Lusíadas, encontramos diversos episódios inseridos nos vários planos
referidos anteriormente. Trata-se de pequenas unidades narrativas (ações de carácter
secundário) que contribuem para uma ação variada e dinâmica.
Tendo em conta a sua natureza, é possível agrupar os vários episódios d’Os Lusíadas
nos seguintes grupos:
episódios mitológicos : Consílio dos Deuses;
episódios líricos : Inês de Castro, Despedidas em Belém;
episódios simbólicos : Adamastor, Ilha dos Amores;
episódios naturalistas: Tempestade.

2.2. externa

escrita em verso

divide-se em dez Cantos

Cada canto apresenta um número variável de oitavas (estâncias de oito versos), sendo
o mais longo o Canto X e o mais curto o Canto VII.

Esquema rimático fixo: rima cruzada nos seis primeiros versos e rima emparelhada nos
dois últimos versos, segundo o esquema abababcc.

versos decassilábicos (dez sílabas métricas)

Sínteses para estudares

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