Apresentação - O Sentido Dos Sintomas
Apresentação - O Sentido Dos Sintomas
Apresentação - O Sentido Dos Sintomas
(1916-1917).
CONTEXTO
1. Os atos falhos
2. Os sonhos
3. Teoria geral das neuroses (seria a segunda parte do livro, segundo roudinesco)
Freud afirma, em prefácio à edição hebraica de 1930, que faltaram alguns temas
fundamentais, em razão da seu desenvolvimento posterior. Estes temas serão
abordados e aprofundados em outras obras.
Psiquiatria da época (olha para o biolólogico, fisiológico, aquilo que é possível aferir pelo olhar)
x psicanálise (dá valor à palavra do paciente). A psiquiatria da época olhava para o sintoma
como um problema unicamente fisiológico ou hereditário, considerando seus portadores
“degenerados” e relegando à escuta papel coadjuvante. Freud faz duras críticas a essa visão,
afirmando que o embasamento para tal consistia em meros julgamentos morais ou juízos de
valor, sem fundamento técnico. Cita Emile Zolá como exemplo.
Assim, irá propor um outro olhar para o sintoma: através do discurso e da escuta do sujeito
que se acessa a história de vida do analisando.
Poema Ana Martins Marques: “As vezes sim me ocorre encontrar uma palavra/enganchada
numa lembrança/como uma lâmpada num bocal”.
Ou seja, como já mencionando muitas vezes em aula, A PSICANÁLISE OLHA PARA O SINTOMA
A PARTIR DA HISTÓRIA DE VIDA DO SUJEITO, suas vivências e experiências. Cabe ao analista
traduzi-las e investigá-las.
Freud afirma, em tom provocativo, que a ideia de um sentido para o sintomas não provém
dele, uma vez que outros médicos já haviam pensado na tradução do inconsciente.
Leuret com o a ideia de que o delírio dos doentes mentais possuiriam uma tradução.
CONCEITOS ABORDADOS:
Freud afirma no texto que a neurose obsessiva e a histeria são bastante próximas, por
consistirem formas de adoecimento neurótico e possuirem um mecanismo psíquico
semelhante, uma vez que em ambas as situações, há uma operação de separação da
representação do afeto, o qual é deslocado. São formas fundamentais de doença nervosa
neurótica.
HISTERIA:
RECALQUE-CONVERSÃO-DESTINO:CORPO
NEUROSE OBSESSIVA:
NEUROSE OBSESSIVA: conceito LA planche: “Na forma mais típica, o conflito psíquico exprime-
se por sintomas chamados compulsivos (ideias obsedantes, compulsão à realizar atos
indesejáveis, luta contra esses pensamentos e essas tendências, ritos conjuratórios etc), e por
um modo de pensar caracterizado, particularmente, por ruminação mental, dúvida,
escrúpulos, e que leva a inibições do pensamento e da ação”. Fixação da libido no estágio anal.
-Pensamento mágico.
-Ideias, impulsos e ações que se repetem com constância e rigidez. Tais formas, geralmente, se
referem a um conteúdo aparentemente insignificante, em regra associados à rotina do
paciente.
-A pessoa tem clareza da situação, porém NÃO CONSEGUE deixar sua obsessão. Não se trata
de um querer.
-Pessoas com senso ético elevado-ou seja-alto grau de censura – caráter anal, pessoas
escrupulosas e controladoras.
CASO 1
-Mulher de 30 anos apresentava seguinte ação obsessiva: muitas vezes ao dia, se deslocava de
seu quarto ao quarto ao lado, se colocava em uma posição específica em relação à mesa que
ficava no centro do cômodo, tocava a sineta para chamar a criada, lhe conferia uma tarefa
qualquer ou nenhuma e voltava ao seu quarto.
-Ao ser perguntada por Freud do porquê de tal ação, ela respondia que nada sabia.
-Situação: casou-se com um homem muito mais velho, o qual, na noite de núpcias, se revelara
impotente. E nessa noite, ele caminhou inúmeras vezes de seu quarto ao quarto dela, a fim de
repetir a tentativa, mas sem sucesso. Ele diz irritado: “vou sentir vergonha da criada, quando
ela vier arrumar a cama”. Encontra tinta vermelha no quarto e mancha o lençol para parecer
que o ato sexual houvesse acontecido, porém em lugar errado.
CASO 2:
-Moça de 19 anos, inteligente e culta, a qual possui sintomas obsessivos, embora na infância
tenha sido uma criança vivaz.
- ATOS OBSESSIVOS: cerimonial patológico noturno longo e complexo, sem o qual ela não
consegue dormir.
1) interrompe o funcionamento ou tira de vista todos os relógios que há em seu quarto (do
maior até o relógio de pulso).
2) reúne todos os vasos de uma determinada forma que nenhum deles possa cair e quebrar
durante à noite.
Outras exigências:
-rito de organização com os travesseiros. “o travesseiro maior não pode tocar a madeira do
espaldar da cama; o menor, sobre o qual ela pousa a cabeça, precisa ser disposto sobre o
maior de modo a formar um losango; então ela deita a cabeça, exatamente sobre a diagonal
maior do losango”. O edredom de penas precisa ser sacudido de forma a ficar bem alto nos
pés, uma elevação que, depois, ela jamais deixa de afofar para melhor distribuí-la”. Pág 355.
-Tais atos nunca são bem sucedidos, de modo que o cerimonial precisa ser feito repetidas
vezes, e nem ela nem os pais conseguem dormir por longo tempo.
-as interpretações e alusões sugeridas por Freud, a priori, não foram aceitas pela paciente. No
entanto, a reação negativa (possivelmente resistência), aos poucos foi sendo substituídas por
associações e lembranças da própria analisanda, até que ela entendesse as interpretações
como um processo seu. Assim ela consegue chegar ao ponto de abrir mão do custoso
cerimonial, segundo Freud.
TRAVESSEIRO=MÃE
CABECEIRA DA CAMA=PAI
Aqui o seu intuito é evitar que a relação conjugal entre os pais se consumasse. Também há
uma simbolização de modo a deslocar sua angústia para objetos para os quais tem controle de
separá-los.
Também tenta se colocar no lugar do pai ao deitar no losango. Identifica-se com o pai, como
uma tentativa de manter o controle?
Cerimoniais se relacionam aos desejos sexuais, os quais por ora servem de representação a
ele; por outra, de defesa contra eles.
CONCLUSÕES
-Há também o sintomas típicos, comuns a diversos casos, no entanto, é fundamental escutar
no um a um.
-Interpretação histórica relacionada aos sintomas comuns: lavar-se diversas vezes (neurose
obsessiva); medo de locais fechados ou muito abertos (neurose de angústia). Freud afirma que
o pano de fundo pode ser o mesmo, mas as condições individuais são essenciais. Como se cada
trem diferente passasse pelos mesmos trilhos.
Seria possível supor que esse pano de fundo comum estaria relacionado à cultura, às nossas
heranças culturais, históricas e ancestrais enquanto civilização?