Cartilha Reabilita Sepse

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Dia Mundial da Sepse - 2022

CARTILHA DE REABILITAÇÃO PARA


O SOBREVIVENTE PÓS-SEPSE

Apoi o:
ÍNDICE
O que é sepse? 3
Reabilitação pós-sepse 4
Reabilitação física pós-sepse 5
Reabilitação da saúde emocional pós-sepse 6
Reabilitação da memória e saúde cognitiva pós-sepse 7
Reabilitação nutricional pós-sepse 8
Reabilitação da deglutição e da comunicação pós-sepse 9
Organização com os medicamentos após a alta hospitalar 11
Cuidados com a pele e prevenção de úlceras por pressão 11
Cuidados com o paciente frágil durante o banho 12
Prevenção de quedas 13
Cuidados com a higiene bucal pós-sepse 13
Suporte social ao paciente pós-sepse 15
Referências: site reabilita sepse 16
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O que é sepse?
Sepse é uma resposta inadequada do nosso organismo à presença de uma
infecção que está em um determinado lugar (pulmões, rins, abdômen etc.) e que
“ataca” os nossos próprios órgãos e tecidos, levando a um mau funcionamento
desses órgãos. Essa infecção pode ser bacteriana, que é o mais comum, mas
também pode ser ocasionada por fungos, vírus ou protozoários. Quando uma
bactéria, um fungo ou um vírus nos ataca e entra no nosso organismo, o nosso
sistema imune reage contra aquele agente infeccioso. Se esta reação acontece de
forma adequada, conseguimos combater a infecção e ficamos bem. Entretanto, por
alguma razão não muito clara (genética, fisiologia ou o tipo de agente agressor), o
organismo reage mal àquela infecção. Ao invés de só combater o agente agressor,
o sistema imune passa também a agredir o próprio organismo. Em consequência,
alguns órgãos não funcionam de forma adequada.

Independentemente de onde a infecção estiver, o mau funcionamento dos


órgãos pode se manifestar por sintomas como: alteração do nível de consciência
(confusão, agitação, sonolência), diminuição da quantidade de urina, falta de
ar, respiração rápida, ou pressão baixa com fadiga e tonteira. Esses sinais
devem fazer com que a população procure o sistema de saúde, porque é
fundamental que o diagnóstico da sepse seja feito o mais rápido possível!
É importante que os profissionais de saúde façam o reconhecimento
precoce para que o tratamento seja iniciado tão logo seja possível. A coleta de
exames laboratoriais ajuda na identificação de disfunções orgânicas, além de
confirmar a presença de infecção e do agente causador. No caso de infecção por
bactérias, o tratamento adequado é feito com antibióticos, que devem ser iniciados
na veia, o mais rápido possível. Em caso de pressão baixa, soro pode ser
administrado.

O atendimento nas primeiras horas da sepse é muito importante e


conhecido como “horas de ouro”. Ele engloba o
reconhecimento precoce inicial e o tratamento
das primeiras horas. Este tratamento intenso e
adequado inicial deve se manter durante toda a
SORO internação hospitalar e, por muitas vezes, será
necessário internação em unidade de terapia
intensiva. O tratamento deve ser feito por uma
equipe multidisciplinar, de forma que o paciente
seja atendido de maneira adequada em todas as
esferas da sua doença, aumentando as chances
de sobrevivência. O objetivo principal é
sobreviver, ter uma alta segura e receber
reabilitação de forma adequada.
HEMOCULTURA

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Reabilitação pós-sepse
Nas últimas décadas, a taxa de mortalidade intra-hospitalar relacionada à
sepse vem decaindo em virtude de um melhor conhecimento da condição e da
melhoria da qualidade assistencial.
Os tratamentos empregados para os casos na fase aguda da sepse têm
melhorado, e cada vez mais pacientes recebem alta vivos do hospital após um
episódio de sepse. Entretanto, para uma grande parcela dos sobreviventes de
sepse, receber alta do hospital é apenas o primeiro passo de uma longa jornada de
reabilitação, uma vez que sequelas físicas, cognitivas e de saúde mental são muito
prevalentes e podem causar um grande impacto na qualidade de vida, como
dificuldade de retorno ao trabalho e estudos, estresse financeiro para o núcleo
familiar, além de importante impacto na saúde mental, tanto de pacientes, como de
familiares, que estão junto ao paciente e envolvidos no cuidado.
Existem diversos fatores que explicam essa associação entre sepse e
sequelas em longo prazo:
- Gravidade da infecção;
- Fatores associados à saúde do indivíduo antes da doença;
- Fatores relacionados aos tratamentos utilizados para salvar a vida do indivíduo na
fase aguda;
- Reabilitação.
Grande parte das sequelas após a sepse são reversíveis, desde que haja
uma correta identificação, estabelecimento de um plano de reabilitação e de
engajamento, tanto do paciente como dos familiares. Para isso, é necessário que o
paciente acometido por sepse passe por uma avaliação de um profissional da saúde,
que faça um diagnóstico de quais são as incapacidades que estão prejudicando a
sua vida para que se possa estabelecer um plano de reabilitação.

Nutrição Enfermeira Protocolo


Psicólogo Fisioterapeuta
SEPSE Fonoaudiólogo Farmacêutica
Médica

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Reabilitação física pós-sepse


Os pacientes que sobrevivem à sepse e permaneceram internados numa
unidade de internação ou de terapia intensiva, muitas vezes requerem cuidados em
relação à saúde física.
Sobreviver à sepse é uma vitória e o início de uma jornada para alguns
pacientes que sofreram complicações relacionadas tanto à essa condição de saúde,
quanto ao tratamento ofertado para retirar o indivíduo do quadro de sepse, como por
exemplo, antibióticos, corticosteroides e até mesmo a ventilação mecânica. Apesar
de benéficos e de salvarem vidas, esses tratamentos podem trazer complicações
que prolongam o tempo de reabilitação.
Durante a internação o paciente pode ter acometimentos como:
- Perda de massa muscular;
- Perda funcional;
- Acometimento da parte respiratória;
- Comprometimento do retorno ao trabalho, estudos e atividades de recreação;
- Comprometimento da qualidade do sono.
O planejamento da alta hospitalar, para a melhor recuperação possível, se
inicia durante a internação e não só na hora da alta. Existe uma série de avaliações
físicas que o fisioterapeuta pode aplicar aos pacientes, para entender quais são os
pontos de maior dificuldade, onde houve maior perda de massa muscular, se houve
perda de força ou de capacidade funcional que irão interferir diretamente na
habilidade de realizar as atividades da vida diária. É importante que o fisioterapeuta,
juntamente com a equipe multidisciplinar, mantenha o paciente fora da cama e ativo
o maior tempo possível, para evitar perda de massa muscular e diminuir as
limitações físicas e respiratórias.
As avaliações feitas pela
fisioterapia facilitam o planejamento
do acompanhamento e tratamento
após a alta.

Possíveis Sequelas
Fraqueza, Falta de ar, Cansaço

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Reabilitação da saúde emocional


pós-sepse
O cuidado com a saúde emocional do paciente acometido por sepse e de
seus familiares, precisa ocorrer ainda durante o período de internação.
Uma série de alterações podem ocorrer após um evento séptico e algumas
atividades que o paciente fazia de maneira tranquila antes, pode ser que não consiga
voltar a fazê-las ou necessite de apoio e adaptações, para que o indivíduo possa
recobrar sua autoestima e sua capacidade cognitiva prévia. A família possui um
papel fundamental no estímulo do paciente, pois ele pode ir para a casa dependente
parcial ou totalmente, causando mudanças na dinâmica familiar.
O cuidado à saúde emocional precisa ser dispensado para o paciente e para
a família, pois ambos podem desenvolver estresse, ansiedade ou depressão. Em
decorrência da possiblidade de tais sintomas, o paciente e os familiares precisarão
de apoio emocional continuado.
O paciente pode apresentar alterações de memória, na velocidade de
raciocínio e dificuldade de concentração.
O tempo do paciente nem sempre é o mesmo tempo da família, e tão
pouco da equipe, uma vez que a reabilitação dos pacientes depende de uma série
de fatores.
O desejo da família, muitas vezes, não coincide com o tempo de reabilitação
e com as condições do paciente. Sendo assim, dentro dessa perspectiva, é
importante pensar sempre nos objetivos que a família tem para com o paciente e
para consigo mesmo.
Não é incomum que o familiar que ficou responsável por acompanhar o
doente, durante o processo de internação e depois da alta, se sinta sobrecarregado
e cansado. É importante que essa pessoa possa compartilhar seus sentimentos e
angústias, e tenha uma rede de apoio para solicitar ajuda e dividir a responsabilidade
dos cuidados com o
doente. O processo de
reabilitação pode ser longo
e exige muito da família,
que precisará de uma rede
de apoio, inclusive para
auxílio no ajuste das
expectativas ao longo
desse processo.

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Reabilitação da memória e saúde


cognitiva pós-sepse
A alteração do funcionamento cerebral é um evento relativamente comum
em indivíduos que passam por sepse, com diferentes apresentações clínicas:

- Alterações cognitivas;
- Alterações de memória ou de velocidade de processamento do pensamento;
- Alterações de atenção;
- Alterações relacionadas à velocidade dos processos mentais;
- Alterações de funções executivas: dificuldade no planejamento, organização e
resolução de problemas do dia a dia.
Alguns indivíduos podem ter uma dependência muito pequena e, portanto,
conseguirão manter o funcionamento global de sua vida, de uma maneira
relativamente normal ou muito próximo ao normal. Outras pessoas, infelizmente,
terão maiores dificuldades na realização de atividades da vida diária e,
consequentemente, terão uma dependência maior de familiares ou de cuidadores.
De maneira geral, as alterações de cognição e de memória são mais intensas e
frequentes após a alta hospitalar do paciente.
Alguns fatores determinam se o paciente terá maior ou menor risco de um
quadro de alterações persistente ou passageiro, com retorno às atividades usuais de
maneira mais rápida e/ou completa. Vários aspectos relacionados ao próprio
tratamento da sepse interferem nesse risco, como por exemplo: o tempo de
internação hospitalar, necessidade de internação em uma Unidade de Terapia
Intensiva e submissão à ventilação mecânica, além de alguns tipos de medicações
utilizadas durante o tratamento de suporte do paciente.
Existem algumas estratégias que, se aplicadas de forma conjunta, podem
atenuar os efeitos das alterações cognitivas na qualidade de vida dos pacientes,
como a prática de exercícios físicos e cognitivos.
Doenças concomitantes como Alzheimer, demência vascular, doença de
Parkinson, diabetes (e outras alterações clínicas) podem impactar no funcionamento
cerebral e, consequentemente, no funcionamento de cognição e memória. Dessa
forma, o tratamento adequado de outras doenças concorrentes pode aliviar ou até
mesmo reverter por completo alterações de cognição e memória, que supostamente
eram secundárias única e exclusivamente ao episódio de sepse.
Em indivíduos onde não se consegue por completo aliviar essas alterações,
existem alguns artifícios tanto ambientais, quanto tecnológicos que podem aliviar as
dificuldades do dia a dia:
- Adaptação de smartphones;
- Agenda de afazeres diário;

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- Alarmes para lembrete de atividades;


- Gravações de vozes sobre tarefas importantes.
Essas alterações são importantes e impactam na vida dos pacientes
pós-sepse, no entanto, uma série de estratégias, tanto do ponto de vista de
avaliação médica, com exercícios e reabilitação cognitiva formal, quanto estratégias
atenuantes ambientais e tecnológicas do dia a dia, podem auxiliar esses indivíduos
no contexto das alterações cognitivas e de memória observados em sobreviventes
de sepse.

Reabilitação nutricional pós-sepse


A alimentação está envolvida em todos os processos dos ciclos de saúde e
doenças. No caso da sepse, as consequências causadas pela internação
prolongada trazem alteração de quase todos os sistemas, por exemplo, cardiológico
e imunológico, e o paciente pode apresentar fraqueza, cansaço aos pequenos
esforços, dificuldade de manter a autonomia e conseguir fazer suas atividades
sozinho. Além disso, os pacientes que tiveram necessidade de ventilação mecânica,
muitas vezes apresentam dificuldade de reorganizar as funções relacionadas à
deglutição, mastigação, digestão e evacuação.
Os profissionais nutricionistas são responsáveis por programar o processo
de alimentação após uma internação prolongada e, uma vez em casa, o paciente
deve ser reinserido no ambiente e dinâmica familiar e no desempenho das atividades
diárias, de acordo com sua possibilidade.
A atenção à categoria de alimentação ofertada e sua forma de apresentação
ao paciente é de extrema importância, visto que pode haver incoordenação do
processo de deglutição, mastigação e dificuldade de se alimentar sozinho, sendo
necessário usar alimentos com consistência macia, bem cozidos, bem picados e até
mesmo batidos no liquidificador para facilitar a ingestão.
O planejamento da reabilitação nutricional do paciente, com fornecimento de
calorias provenientes de todos os grupos alimentares, é uma ferramenta que
interfere diretamente no resultado da fisioterapia, fonoterapia e até mesmo na
terapia ocupacional.
Alguns pacientes que passam por internação hospitalar prolongada podem
perder a capacidade de alimentar-se por via oral (pela boca). Para esses casos, o
indivíduo é avaliado pelo fonoaudiólogo com o diagnóstico de disfagia
(dificuldade/impossibilidade de alimentação pela via oral). O paciente passa a

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receber todo o aporte nutricional por uma via enteral, que nada mais é do que a
administração de alimentos convertidos na forma líquida e infundido diretamente no
estômago ou intestino, por sonda ou gastrostomia. Essa terapia nutricional enteral
pode ser temporária ou definitiva e deverá ser acompanhada pelo nutricionista
responsável pelo cuidado deste paciente.

Reabilitação da deglutição e
comunicação pós-sepse
A fonoaudiologia tem um papel fundamental na reabilitação do paciente
pós-sepse, uma vez que as principais alterações fonoaudiológicas estão
relacionadas à deglutição (capacidade, ou não, de engolir) e à comunicação (voz,
linguagem e memória).
As alterações de deglutição podem levar à alteração respiratória, gerando
uma pneumonia e, nas situações mais graves, ocasionar até outro quadro de sepse.
A alteração na deglutição pode se ocasionada, também, por várias causas:
- Neurológicas;
- Enfraquecimento da musculatura da mastigação e deglutição;
- Hábitos inadequados de alimentação;
- Após um quadro de sepse, que pode trazer como consequência um ou mais desses
fatores anteriores.
Após a alta hospitalar, o paciente que passou por um quadro de sepse e tem
que se alimentar por sonda ou gastrostomia, é importante manter a indicação do
profissional que fez tal orientação, seja médico, fonoaudiólogo ou nutricionista.
O profissional de fonoaudiologia é importante tanto para iniciar a
reintrodução dos alimentos, como para rastrear alterações de deglutição e possíveis
disfagias.
Até que essa avaliação possa ser realizada, existem algumas maneiras de
evitar ou amenizar o impacto das alterações na deglutição:
- Se alimente sempre sentado;
- Se fizer uso de prótese dentária, certifique-se de que ela está bem fixada;
- Evitar distrações na hora de se alimentar;
- Mastigar bem, de ambos os lados, sem pressa;
- Comer em pequenas quantidades;
- Em caso de engasgo, não comer outro alimento ou tomar água por cima. O
paciente deve respirar fundo, se acalmar e, se não houver melhora ou começar a
sentir falta de ar, um serviço de atendimento médico deve ser procurado

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imediatamente;
- Não se alimentar com sono, nem ofertar alimentos para alguém sonolento;
- Ao final de cada refeição, permanecer pelo menos 40 minutos sentado (a) para que
não se tenha refluxo;
- Escovar os dentes e a língua após as refeições.

Com relação à comunicação, após um quadro de sepse, o indivíduo pode


apresentar alterações de memória e ficar mais lento, sendo necessário adaptar a
forma de comunicação com essa pessoa:
- Iniciar o diálogo mantendo o olhar direcionado para a pessoa com quem se está
falando. A fala deve ser simples, clara e objetiva. Sempre devemos começar pela
mensagem principal e repetir de diferentes formas se for um assunto importante,
para se assegurar de que a pessoa entendeu.
- Cuidado para não misturar muitos assuntos e não perder o foco na hora da
conversa. Uma articulação adequada, mexendo bastante a boca na hora de falar,
usando palavras simples e um vocabulário conhecido, podem ajudar.
- Se houver dificuldade para se comunicar por meio da fala, utilizar recursos para
uma comunicação assertiva: gestos, figuras, fotografias, expressões faciais e
desenhos, sempre fazendo pausas, repetindo os pontos principais e buscando saber
se o paciente entendeu.
- Solicitar que o paciente repita o que foi dito, fazendo perguntas simples com
respostas igualmente simples como: sim, não, isso, aquilo. Essas pequenas
estratégias tornarão a comunicação muito mais fácil.

Possíveis Sequelas
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Organização com os medicamentos


após a alta hospitalar
No momento da alta do paciente pós-sepse é importante que tanto a família,
quanto o próprio paciente, saibam exatamente qual a relação dos medicamentos que
devem ser acrescentados após essa internação, além daqueles que o paciente já
fazia uso antes dela.
O médico e o farmacêutico devem avaliar conjuntamente a interação dos
medicamentos já utilizados pelo paciente, com os que foram acrescentados durante
internação e que permanecerão na rotina deste indivíduo após alta hospitalar.
Existem três aspectos importantes para uso correto dos medicamentos:
Forma de administração:
- Fazer o uso das medicações de via oral apenas com água, evitando outros tipos
de líquidos;
- Utilizar horários fixos para tomar o medicamento;
- Seguir a posologia prescrita pelo médico;
- Manter os medicamentos na embalagem original.
Acondicionamento (modo de guardar os medicamentos):
- Evitar lugares úmidos e quentes, como banheiros e cozinha ou
lugares que tenham irradiação imediata da luz solar;
- Evitar lugares acessíveis à crianças e animais de estimação.
Descarte
Medicamentos que sobraram ou venceram e precisam ser descartados podem ser
encaminhados às Unidades Básicas de Saúde ou farmácias comerciais que aceitam
esse tipo de descarte adequado.

Cuidados com o paciente frágil


Cuidados com a pele e prevenção de úlcera por pressão
Pessoas com idade avançada (idosos), com edema (inchaço), que ficaram
internados por muito tempo e sofreram perda muscular significativa, apresentam
maior risco para o aparecimento de lesões pelo corpo, que são chamadas de
“úlceras por pressão”.
As áreas do corpo com proeminências ósseas, por terem maior contato com
a superfície do colchão ou da cadeira, facilitam o aparecimento de lesões. Assim
sendo, algumas ações podem evitar o surgimento de lesões:
- Evitar permanecer sentado ou deitado na mesma posição por muito tempo;
- Quando estiver deitado, evite arrastar-se pela cama para mudar de posição;
- Desenvolver uma rotina diária de avaliação do corpo para identificar se existe
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alguma área avermelhada ou iniciando uma lesão;


- Mudar de posição a cada duas horas;
- Utilizar travesseiros entre as pernas e para apoiar a cabeça;
- Apoiar a panturrilha para elevar o calcanhar e evitar o contato com o colchão;
- A hidratação da pele pode ajudar a prevenir o aparecimento de lesões;
- A ingestão de líquidos auxilia na manutenção de uma pele hidratada;
- Para o paciente que utiliza fraldas, realizar a troca frequente delas;
- Utilizar água morna ou fria durante o banho, além de sabonete neutro;
- Manter uma dieta equilibrada e rica em proteínas;
- Para os pacientes que têm redução da mobilidade e permanecem deitados por
muito tempo, a utilização de colchão pneumático evita pressão excessiva na pele,
prevenindo lesões.

Cuidados com o paciente frágil durante o banho

Após a alta hospitalar e retorno para casa, depois de um longo período de


internação, é preciso planejar as atividades do dia a dia e uma delas é o banho de
chuveiro.
Para a realização de um banho com segurança, é importante:

- Estabelecer o melhor horário para tomar banho;


- Evitar tomar banho muito cedo ou muito tarde, para que o indivíduo não seja
exposto à temperaturas mais baixas do ambiente;
- Se o paciente tiver dificuldade para permanecer em pé, utilizar cadeira de banho
para ter maior suporte e diminuir o risco de queda durante o banho;
- Se houver necessidade de ajuda de algum familiar ou cuidador para realizar o
banho, solicitar a presença de uma pessoa próxima;
- Antes do banho, separar todos os materiais e utensílios que serão utilizados
deixando em local de fácil acesso;
- Tomar banho com a água do chuveiro morna, para prevenir lesões de pele;
- Para secar o corpo, a utilização de toalha com tecido mais fino facilita a secagem e
evita pequenas lesões na pele.
O planejamento prévio dessa atividade, permite maior tranquilidade e
segurança do paciente no banho.

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Prevenção de quedas:

Os pacientes que apresentaram Sepse podem ter alta hospitalar com


dificuldades para a realização das atividades do dia a dia, como por exemplo: tomar
banho, escovar os dentes e caminhar.

Algumas dicas são importantes para prevenir quedas do paciente frágil:


- Dica 1: Iluminar todos os ambientes da casa e evitar deixar cômodos ou corredores
escuros, pois a boa iluminação ajuda o paciente a identificar os obstáculos;
- Dica 2: Retirar todos os tapetes da casa, principalmente os dos banheiros, pois os
tapetes aumentam a chance de o paciente escorregar e cair;
- Dica 3: Evitar que o paciente tenha acesso a escadas e, caso isso não seja
possível, procure identificar as escadas com cores para ajudar o paciente a discernir
diferenças de tamanho entre os degraus;
- Dica 4: Evitar deixar objetos espalhados pelo chão;
- Dica 5: Caso seja possível, instalar corrimãos pela casa para ajudar o paciente a
ter apoio, por exemplo, nos corredores e banheiros;
- Dica 6: Evitar deixar o chão molhado;
- Dica 7: Disponibilizar auxiliares de marcha (bengala ou andador) para o paciente;
- Dica 8: Utilizar calçados que sejam firmes, tanto nos pés, quanto no chão;
Calçados com fivelas e com sola antiderrapante ajudam a evitar que paciente
escorregue e caia;
- Dica 9: Evitar deixar o paciente em cama muito alta, pois dificulta o apoio dos pés
no chão, aumentando o risco de queda ao levantar-se;
- Dica 10: Orientar o paciente mostrando todos os cômodos da casa e explicando
quais são os obstáculos presentes na casa.

Cuidados com a higiene bucal pós-sepse

O cuidado com a saúde bucal é extremamente importante para o paciente


pós-sepse, para prevenir reinfecções e novas internações hospitalares.
Como padrão de saúde dentária, é esperado que os dentes sejam esbranquiçados,
firmes e aderidos ao osso e gengivas. A gengiva, por sua vez, normalmente é rosada
e não sangra com facilidade.
As bactérias causadoras da doença periodontal podem favorecer a
instalação de doenças coronarianas e até mesmo provocar infarto. Essas bactérias
podem ainda penetrar na corrente sanguínea através dos pequenos vasos gengivais
e alcançar o coração, levando à infecções graves

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O cuidado com a higiene bucal deve ser mantido em todo o período de


internação visto, que o paciente crítico, com uma higiene oral precária e presença da
doença periodontal, possui risco de desenvolver infecções graves como a
pneumonia aspirativa.
Pacientes que utilizam próteses totais (dentaduras) ou parciais, após a
alimentação, elas devem ser higienizadas, assim como os dentes, língua, gengivas
e bochechas. A higienização deve ser feita com água destilada, mineral ou filtrada,
solução antisséptica de clorexidina (0,12%), escova dentária, fio dental, sugador
odontológico descartável, óleo de coco, espátulas de madeira e gazes (para a
confecção de “bonecas” que auxiliam a higienização bucal).
A “boneca” confeccionada com espátula de madeira e gaze é utilizada no
paciente que apresenta resistência para realizar a higiene oral, e evita que o
cuidador machuque a mão caso o paciente tente morder.

Técnica para a realização da higiene bucal do paciente:

- Reunir o material que será utilizado;


- Posicionar a cabeceira da cama, deixando o paciente elevado para evitar
bronco-aspiração e, consequentemente, pneumonia aspirativa;
- Parar a dieta em caso de uso de sonda;
- Utilizar gaze embebida em óleo de coco para fazer a hidratação das mucosas antes
de manipular;
- Retirar próteses removíveis para higienizar;
- Para os pacientes secretivos, aspirar a cavidade oral antes de começar a higiene
bucal, para retirar a saliva acumulada na boca, garganta e embaixo da língua,
iniciando sempre do fundo para a frente;
- No caso de pacientes que possuem dentes, após passar fio dental e escovação,
enxaguar a escova e fazer uma varredura na língua (sem creme dental);
- No paciente sem dentes, utilizar as “bonecas” confeccionadas com espátula de
madeira e gaze, primeiramente com água e depois com o antisséptico;
- Ao final, aplicar novamente óleo de coco para hidratação oral (lábios, língua e
bochechas);
- A descontaminação química com clorexidina (antisséptico) deve ser feita de 12 em
12 horas e, durante o intervalo, realizar somente com água.
Durante o procedimento de higiene oral, caso seja detectado algo fora do
padrão, como por exemplo a presença de sangramento, edema (inchaço) nas
gengivas, cáries ou dente com mobilidade, é necessário solicitar a avaliação de um
dentista.

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Suporte social ao paciente pós-sepse


O paciente que passa por longo período de internação, pode necessitar de
cuidados específicos após a alta hospitalar, que devem ser planejados ainda durante
a internação. O assistente social exerce um importante papel na orientação ao
paciente, familiares e cuidadores sobre os direitos do paciente.
Supondo que o paciente pós-sepse, após a alta, precise utilizar dieta enteral,
hemodiálise, oxigênio domiciliar, fraldas ou necessite ficar acamado, é preciso
identificar um ou mais cuidadores, que não se limita apenas ao familiar do paciente.
Sabemos o quanto é importante esse suporte para recuperação do paciente, então
podem ser amigos, grupos religiosos, grupos comunitários ou vizinhos.
Mediante relatórios da equipe multiprofissional, a UBS (Unidade Básica de
Saúde) do território onde reside o paciente deve ser acionada para a inclusão no
acompanhamento da Equipe Melhor em Casa / EMAD (Equipe Multidisciplinar de
Atenção Domiciliar).
Além disso, o paciente será cadastrado pela UBS, para acompanhamento
em centro de reabilitação, fornecimento de insumos, solicitação de oxigênio (com
BIPAP ou CPAP).
No caso de transporte para hemodiálise de pacientes acamados, a família
deve procurar a UBS de referência e, caso seja de outro município, procurar a
Secretaria de Saúde de seu município.
Pacientes que deambulam devem fazer o cadastro no site da Secretaria de
Transporte do seu Estado. Para transporte intermunicipal (de uma cidade para
outra), a solicitação da gratuidade deve ser feita mediante a apresentação de
relatório médico com CID (Classificação Internacional de Doenças) pela UBS de
referência, na empresa de transporte da cidade onde reside o paciente.
Para pacientes em uso de dieta enteral: quando o paciente tem indicação de
fazer uso deste tipo de dieta, após o preenchimento do formulário específico pela
equipe de nutrição e médica, a orientação é o familiar realizar cadastro do paciente
na farmácia de alto custo de sua região e fazer a solicitação. Essa mesma orientação
também vale para retirada de medicações de alto custo.
No caso de paciente que faz uso de oxigênio domiciliar, BIPAP, CPAP ou
realiza hemodiálise peritoneal, ele tem direito a tarifa social de energia. Para isso, é
necessário comparecer ao CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) de
sua região e fazer um cadastro que se chama, Cadastro Único (CadÚnico) e,
posteriormente, acessar o site da empresa responsável pelo fornecimento de
energia para fazer a solicitação da redução no valor da tarifa de energia elétrica. É
necessário relatório médico com CID.
Paciente com vínculo formal de trabalho ou contribuinte autônomo deve
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solicitar o auxílio-doença através do aplicativo “Meu INSS” ou pelo número de


telefone da Previdência Social. Esse é um benefício previdenciário e não necessita
de comprovação de renda, no entanto, é necessário relatório médico com CID e
laudos de exames.
Já os pacientes que não possuem vínculo formal de trabalho e não
contribuem de forma autônoma podem acessar o BPC/LOAS (Benefício de
Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social – Lei 8.742/93). O INSS
é responsável pela análise da concessão de benefício, através de perícia e
fornecimento de documentos, dentre eles, relatório médico com CID, laudos de
exames e comprovação de renda familiar.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Reabilita Sepse [Internet]. Iniciativa ILAS. Disponível em:


http://reabilitasepse.com.br. Acesso em 24, maio 2022.

QUER SABER MAIS?


O site Reabilita Sepse tem
vários vídeos com dicas para
ajudar no seu processo de
reabilitação e retomada das
atividades do dia -a dia.

Acesse:
www.reabilitasepse.com.br

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