Manual UFCD 7209

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Cursos de Educação e Formação

de Adultos
Nível Secundário | Dupla Certificação

_Técnico/a de Apoio Familiar e de


Apoio à Comunidade
_UFCD | 7209
Trabalho em equipa no contexto da prestação de cuidados pessoais e à
comunidade

| 25 horas |
Técnico/a de Apoio Familiar e de Apoio à Comunidade
_UFCD | 7209 _ Trabalho em equipa no contexto da prestação de cuidados pessoais e à comunidade

Objetivos

- Caracterizar a natureza multidisciplinar do trabalho inerente à prestação de


cuidados pessoais e à comunidade.
- Explicar o conceito de trabalho em equipa, dificuldades de operacionalização e
estratégias de atuação.
- Identificar o papel do técnico de prestação de cuidados pessoais e à comunidade
no quadro de equipas multidisciplinares.
- Explicar os princípios de funcionamento de equipas multidisciplinares no setor da
ação social.

Recursos Didáticos

Conteúdos
- A multidisciplinaridade inerente à prestação de cuidados pessoais e à comunidade.
- O papel do técnico na equipa de prestação de cuidados pessoais e à comunidade.
- Constituição da equipa de prestação de cuidados pessoais e de apoio à
comunidade.
- Estrutura hierárquica.
- Contextos de atuação do técnico familiar e de apoio à comunidade.
- Atribuições e responsabilidade.
- Princípios do funcionamento das equipas de trabalho:
• Conceito de trabalho em equipa.
• Colaboração e cooperação.
• Dificuldades de operacionalização e estratégias de atuação.
• Normas sociais.
• Influência social e dinâmica interna.
- Atitudes facilitadoras do trabalho em equipa.

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Multidisciplinaridade inerente à prestação de cuidados pessoais e à


comunidade.

Conceito
Multidisciplinaridade_ qualidade ou condição do que é multidisciplinar
Multidisciplinar_ adjetivo de 2 géneros
1. relativo ou pertencente a várias disciplinas
2.que abrange várias disciplinas

Multidisciplinaridade/Interdisciplinaridade/transdisciplinaridade

As noções de multidisciplinaridade que se reporta ao contributo simultâneo do


conhecimento de diferentes áreas disciplinares para o estudo de um determinado
objeto, interdisciplinaridade que pressupõe a interação e articulação entre essas
áreas disciplinares num determinado estudo ou processo de investigação realizado
em torno de uma problemática comum e a transdisciplinaridade que supõe um
produto final resultante de um processo de «fusão» entre as diferentes áreas
disciplinares, visando, de certo modo, a unidade do conhecimento que, deste modo,
transcende as fronteiras científicas tradicionais.

O apelo à interdisciplinaridade é maior quando se tem em consideração que os


conhecimentos científicos não são rigidamente compartimentáveis e as suas
fronteiras relativamente ao mesmo objeto não são facilmente delimitáveis e, muitas
vezes, são artificiais. Se tomarmos como exemplo a análise e mobilização de
indicadores de exposição ao risco de contração de determinadas doenças ou de
indicadores de saúde em geral, verifica-se uma sobreposição e interseção
considerável entre a sociologia, saúde pública, epidemiologia, antropologia,
demografia, geografia humana, economia, ciência política, história e psicologia
social. Neste contexto, “hoje, no terreno das práticas concretas de investigação, é
difícil resistir à constituição de pontes teóricas entre várias áreas disciplinares que
têm vindo a adquirir zonas de abertura à problemática da saúde e da doença como
problemática global.
Fonte: David Tavares. Saúde, multidisciplinaridade e sociedade

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Tomemos como exemplo o contexto pandémico em que vivemos. As decisões


tomadas relativamente à Saúde Pública envolvem equipas multidisciplinares.

A importância das equipas multidisciplinares

Nas equipas multidisciplinares existe uma inter-relação entre os diferentes


profissionais envolvidos, os quais devem considerar a prestação de cuidados
pessoais como um todo, numa atitude humanizada e uma abordagem mais
ampla e resolutiva do cuidado.

A expansão histórica das necessidades sociais do ser humano e a contínua


evolução científico-tecnológica no campo da saúde/ prestação de cuidados
pessoais, têm exigido uma crescente especialização dos profissionais que
exercem a sua atividade nesta área. Este processo tem contribuído para aprofundar
o conhecimento e as intervenções do saber específico de cada profissão.

Na construção de caminhos que visam abarcar a eficácia e a qualidade na área da


saúde/ prestação de cuidados pessoais, vários estudos têm demonstrado
significativas limitações na abordagem unidirecional e fragmentada de qualquer
vertente, ressaltando a importância dos múltiplos fatores envolvidos e de uma
visão global e integral, seja na prevenção, no diagnóstico, na
intervenção/tratamento, seja na reabilitação dos doentes/pacientes.

Impõe-se, assim, a crescente formação de equipas multidisciplinares que


sistematizem os conhecimentos das diferentes áreas para melhorar a
efetividade das intervenções e aprimorar os serviços a serem prestados.

No exercício do trabalho, os profissionais destas equipas têm como ponto fulcral de


intervenção - o ser humano, cujo processo de vida/cuidados envolve diversas
dimensões complementares (biológica, psicológica, social, cultural, ética e política).
A abordagem integral dos doentes/utentes/família é, desta forma, facilitada pelos
olhares dos distintos profissionais que compõem as equipas multiprofissionais que
atuam na dinâmica do trabalho em saúde.

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Neste contexto, os cuidados pessoais do utente, alvo e centro da atenção dos


profissionais, passou igualmente a necessitar da intervenção destas equipas, em
permanente interação entre diferentes áreas do saber.

A importância deste tipo de abordagem (profissionais que trabalham em conjunto)


contribui para um melhor serviço nos cuidados pessoais e à comunidade nas suas
intervenções e a um maior índice de satisfação.

Crescimento do conhecimento/novas necessidades no mundo do trabalho

O avanço das ciências e a expansão histórica das necessidades sociais


proporcionaram um crescimento exponencial do conhecimento e criaram novas
necessidades no mundo do trabalho.

Na Antiguidade, os sábios eram, ao mesmo tempo, filósofos, matemáticos,


astrónomos, engenheiros, artistas, escritores, etc. Na área da saúde, até à primeira
metade do século passado, cerca de quatro profissionais formalmente habilitados
dominavam todo o conhecimento e exerciam todas as ações do setor. Nos tempos
atuais é totalmente impossível que apenas alguns profissionais exerçam, com a
eficiência necessária, o conjunto amplo e complexo das ações na área da saúde/
prestação de cuidados pessoais.

Novas formas de organização do trabalho

Desta forma, emergem novos rumos nas formas de organização do trabalho, que
apontam para a tendência de formar equipas multidisciplinares, tanto a nível
epistemológico como interventivo.

cuidados pessoais

De algumas décadas até aos dias de hoje, no mundo ocidental, verificaram-se


progressos prodigiosos a nível científico. Tais avanços desencadearam
repercussões a nível tecnológico, socioeconómico e na área da saúde, os quais

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condicionaram a uma melhoria da qualidade de vida e consequente aumento da


esperança de vida, mas também geraram novos problemas aos quais a humanidade
tem que responder.

A maior longevidade nem sempre é sinónimo de uma vida funcional, independente e


sem problemas de saúde. Pelo contrário, o número de indivíduos com perda de
autonomia, de invalidez e de dependência não para de aumentar, devido à maior
prevalência de doenças crónicas e incapacitantes”.

A incapacidade adquirida, não discutindo para já a influência da sua maior ou menor


gravidade, pode desafiar muitos dos princípios fundamentais da vida de qualquer
pessoa. (…) A pessoa em causa confronta-se com uma situação nova, radicalmente
diferente, capaz de lhe limitar o desempenho das suas obrigações sociais,
profissionais e familiares como até então sucedia.

A partir dos 50 anos de idade a perda funcional anual é de 1% por ano. Também se
afirma que cerca de 90% da população idosa é portadora de pelo menos uma
doença crónica não transmissível e desta, quase metade precisa de ajuda para
realizar pelo menos uma das atividades da vida diária, instrumentais ou pessoais
(limpar a casa, ir à casa de banho, comer, trocar de roupa, etc.), e cerca de um
quarto teve um rastreamento positivo para distúrbio emocional tipo distimia (mau
humor). Um quinto dos idosos possui dificuldade em realizar as atividades de vida
diária, um terço tem dificuldade em realizar pelo menos uma atividade instrumental
da vida diária e 91% tem que receber algum tipo de ajuda. Na base destas
limitações referem-se os fatores hereditários, ambientais e a vulnerabilidade

Podemos então inferir que independentemente da causa, a incapacidade


adquirida, condiciona a um conjunto de limitações, perdas de autonomia e
dependência, nomeadamente nas atividades básicas da vida diária e nas atividades
instrumentais da vida diária, as quais impõem que a pessoa acometida requeira a
ajuda de um prestador de cuidados.

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CONCEITO DO PRESTADOR DE CUIDADOS

Etimologicamente a palavra cuidador deriva do latim, encerrando em si mesma a


palavra cuidar cuja raiz é cojito a qual significa “agitar no espírito, pensar, meditar,
projetar, preparar”.
Por conseguinte, cuidador é aquele que cuida; aquele que se mostra zeloso.

Ser prestador de cuidados é uma missão complexa e multifacetada.

Cuidar implica uma grande diversidade de tarefas, logo distintos processos de


vinculação e de resposta dos diferentes atores, daí que estes sejam designados de
forma diferenciada:
- Cuidador informal primário (“é quem realiza mais de metade do cuidado informal
recebido pela pessoa dependente”);
- Cuidador informal secundário (“o cuidador que não tem as responsabilidades
principais no cuidado”).

Há ainda quem diferencie/refira cuidador primário e secundário, mas


acrescentam ainda outro conceito, o de cuidador terciário. Deste modo,
denominam de:
- Cuidador primário: são os principais responsáveis pelo idoso e pelo cuidado e são
os que realizam a maior parte das tarefas”;
- Cuidador secundário: podem até realizar as mesmas tarefas que o cuidador
primário, mas o que os distingue dos primeiros é o facto de não terem o mesmo nível
de responsabilidade e decisão. Geralmente atuam de forma pontual em algumas
tarefas dos cuidados básicos e em deslocamentos e transferências, dão ajuda
doméstica e se revezam com o cuidador primário;
- O cuidador terciário é co-adjuvante e não têm responsabilidade pelo cuidado.
Substituem o cuidador primário por curtos períodos e, geralmente, realizam tarefas
especializadas, tais como compras, pagar contas e receber a pensão”

Importa ainda salientar que o mesmo pode assumir diferentes referenciações, tais
como cuidador formal e cuidador informal.

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Cuidador formal é o profissional que é contratado para a prestação de cuidados.

Cuidador informal integra os familiares, amigos, vizinhos ou voluntários que


prestam cuidados de forma não remunerada.

O papel do técnico na equipa de prestação de cuidados pessoais e


à comunidade

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