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AGRICULTURA

SUSTENTÁVEL

MANUAL FORMAÇÃO
ÍNDICE
ÍNDICE GERAL

MÓDULO I
MÓDULO I - CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA 3

MÓDULO II
MÓDULO II - PROTEÇÃO DAS PLANTAS..............................................................................................................................154

MÓDULO III - PROTEÇÃO INTEGRADA (PI) E PRODUÇÃO INTEGRADA (PRODI)..............................................................173

MÓDULO IV - AGRICULTURA BIOLÓGICA (AB)....................................................................................................................231

MÓDULO V - ECONOMIA CIRCULAR APLICADA À AGRICULTURA....................................................................................292

MÓDULO III
MÓDULO VI - AGRICULTURA DE PRECISÃO PARA A SUSTENTABILIDADE........................................................................424

BIBLIOGRAFIA/ACRÓNIMOS E SIGLAS.................................................................................................................................435

MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO I
CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

MÓDULO II
I.1. O SOLO 5

I.1.1. DEFINIÇÃO DE SOLO, FATORES DE FORMAÇÃO, CARACTERÍSTICAS DO SOLO................................................6


I.1.2. COMPOSIÇÃO DO SOLO..........................................................................................................................................7

MÓDULO III
I.1.2.1. FASE SÓLIDA OU MATRIZ DO SOLO...............................................................................................................7
I.1.2.2. FASE LÍQUIDA OU SOLUÇÃO DO SOLO.........................................................................................................8
I.1.2.3. FASE GASOSA...................................................................................................................................................9
I.1.3. CARACTERIZAÇÃO DO SOLO...................................................................................................................................9
I.1.3.1. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO SOLO.............................................................................................9
I.1.3.1.1. A COR DO SOLO..................................................................................................................................10

MÓDULO IV
I.1.3.1.2. A ESTRUTURA DO SOLO......................................................................................................................10
I.1.3.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO...........................................................................................................11
I.1.3.2.1. COLHEITA DE AMOSTRAS DE SOLO...................................................................................................11
I.1.3.2.2. O TEOR DE ÁGUA NO SOLO...............................................................................................................12
I.1.3.2.3. MASSA VOLÚMICA APARENTE DO SOLO..........................................................................................13
I.1.3.2.4. A TEXTURA DO SOLO..........................................................................................................................13

MÓDULO V
I.1.3.2.5. CURVA DE RETENÇÃO DA ÁGUA NO SOLO, CURVA CARACTERÍSTICA DE HUMIDADE DO SOLO
OU CURVA DE PF.................................................................................................................................................16
I.1.3.2.6. AS CONSTANTES DE HUMIDADE DO SOLO......................................................................................17
I.1.3.2.7. A CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DO SOLO......................................................................................20
I.1.3.2.8. A INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO.................................................................................................21
I.1. 3.2.9. A POROSIDADE DO SOLO..................................................................................................................22
I.1. 3.2.10. OUTRAS PROPRIEDADES DO SOLO.................................................................................................22
MÓDULO VI

I.1.3.3. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO SOLO......................................................................................................23


I.1.3.3.1. O PH DO SOLO.....................................................................................................................................23
I.1.3.3.2. MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO .........................................................................................................24
I.1.3.3.3. CALCÁRIO TOTAL.................................................................................................................................24
I.1.3.3.4. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DO EXTRATO DE SATURAÇÃO DO SOLO...........................................25
I.1.3.3.5. CAPACIDADE DE TROCA CATIÓNICA.................................................................................................26
BIBLIOGRAFIA

I.1.3.3.6. ELEMENTOS NUTRITIVOS MINERAIS DAS PLANTAS..........................................................................27

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
I.1.4. CLASSIFICAÇÃO DO SOLO.....................................................................................................................................28
I.1.5. CAPACIDADE DE USO DO SOLO............................................................................................................................29
I.1.6. GESTÃO DA FERTILIDADE DO SOLO......................................................................................................................30
I.1.6.1. A FERTILIDADE DO SOLO..............................................................................................................................30

MÓDULO I
I.1.6.2. ALGUMAS PRÁTICAS PARA A MANUTENÇÃO E MELHORIA DA FERTILIDADE DO SOLO........................31
I.1.7. FATORES QUE INFLUENCIAM A FERTILIDADE DO SOLO - PRINCIPAIS AMEAÇAS AO SOLO............................35
I.1.8. GESTÃO SUSTENTÁVEL DO SOLO - BOAS PRÁTICAS............................................................................................40
I.1.9. NUTRIÇÃO DAS PLANTAS.......................................................................................................................................43
I.1.10. FERTILIZAÇÃO DAS CULTURAS AGRÍCOLAS........................................................................................................44
I.1.10.1. FUNÇÕES DOS NUTRIENTES ......................................................................................................................45
I.1.10.2. SINTOMAS DE DESEQUILÍBRIO EM NUTRIENTES......................................................................................48

MÓDULO II
I.1.11. MATÉRIAS FERTILIZANTES.....................................................................................................................................55
I.1.12. DESERTIFICAÇÃO...................................................................................................................................................56

I.2 – O CLIMA 57

I.2.1. ELEMENTOS METEOROLÓGICOS...........................................................................................................................59

I.2.2. O CLIMA DE PORTUGAL CONTINENTAL................................................................................................................71

MÓDULO III
I.2.3. AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, EFEITOS, ADAPTAÇÃO E MITIGAÇÃO NA ATIVIDADE AGRÍCOLA...................74

I.3 A PLANTA 76

I.3.1. NOÇÕES DE BOTÂNICA AGRÍCOLA.......................................................................................................................80

I.3.2. FISIOLOGIA VEGETAL: PRINCIPAIS PROCESSOS FISIOLÓGICOS........................................................................102

I.3.2.1 FOTOSSÍNTESE..............................................................................................................................................102

MÓDULO IV
I.3.2.2 RESPIRAÇÃO CELULAR ................................................................................................................................104

I.3.2.3 TRANSPIRAÇÃO.............................................................................................................................................105

I.3.2.4 CIRCULAÇÃO DA SEIVA................................................................................................................................107

I.3.3. ESTADOS FENOLÓGICOS E DURAÇÃO DO CICLO DAS CULTURAS..................................................................108

I.3.4. PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE PLANTAS CULTIVADAS................................................................................................108

MÓDULO V
I.4. RELAÇÃO SOLO-CLIMA-PLANTA E O CICLO DO CARBONO 119

I.4.1. A AGROECOLOGIA NA CONSERVAÇÃO DO SOLO E DOS RECURSOS NATURAIS..........................................120

I.4.2. A ÁGUA, A REGA E A DRENAGEM DO SOLO......................................................................................................122

I.4.3. BOAS PRÁTICAS PARA A SUSTENTABILIDADE DOS ECOSSISTEMAS E PARA O SEQUESTRO DO CARBONO.....
136

CAPÍTULO I.1 - ANEXO I - NORMAS GERAIS DE COLHEITA DE AMOSTRAS DE TERRA 141


MÓDULO VI

CAPÍTULO I.1 - ANEXO II - NORMAS DE COLHEITA DE AMOSTRAS DE MATERIAL VEGETAL 144

CAPÍTULO I.1 - ANEXO III - NORMAS GERAIS DE COLHEITA DE AMOSTRAS DE ÁGUA PARA REGA 147

CAPÍTULO I.3 - ANEXO I - ESTADOS FENOLÓGICOS MIRTILO, MILHO, VIDEIRA, CASTANHEIRO 148
BIBLIOGRAFIA

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO I
CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA

MÓDULO II
I.1. O SOLO
O Solo é um recurso natural, que pode ser considerado não renovável, pois as taxas

MÓDULO III
de degradação podem ser rápidas enquanto os processos de formação e regeneração são
extremamente lentos.

O solo desempenha inúmeras funções e presta serviços vitais às atividades humanas


e à sobrevivência dos ecossistemas. As principais funções do solo são: (i) produção de
biomassa, (ii) armazenamento, filtragem e transformação de nutrientes e água, (iii)
reserva de biodiversidade, (iv) plataforma para a maior parte das atividades humanas,

MÓDULO IV
(v) fornecimento de matérias-primas, (vi) reservatório de carbono, (vii) conservação do
património geológico e arqueológico.

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, 2021), refere que
os solos são fundamentais para a sustentação da vida na Terra, pois constituem a base para
o desenvolvimento agrícola, para os serviços essenciais dos ecossistemas e para a segurança
alimentar. Recentemente a consciencialização da importância do solo tem aumentado,
nomeadamente devido à sua função de reservatório de carbono, essencial na contribuição
para a mitigação e adaptação às alterações climáticas previstas. MÓDULO V
O solo está, no entanto, sujeito a processos de degradação. As principais ameaças que
podem afetar o solo são: (i) erosão, (ii) declínio da matéria orgânica, (iii) contaminação, (iv)
impermeabilização, (v) compactação, (vi) declínio da biodiversidade, (vii) salinização, (viii)
deslizamento de terras.
MÓDULO VI

A degradação dos solos agrícolas é um processo em curso na União Europeia, sendo mais
acentuada nos países do Sul da Europa por razões climáticas. A degradação do solo por
impermeabilização, associada ao crescimento urbano, e por compactação, associada ao uso
de máquinas agrícolas pesadas, é um processo comum a todos os países. A erosão, o declínio
da matéria orgânica e a salinização são processos mais graves nas regiões mediterrânicas e
indutores de desertificação que pode conduzir à perda de uma ou mais funções do solo.
BIBLIOGRAFIA

Os processos de degradação do solo podem ser analisados separadamente, mas

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
frequentemente são estudados em conjunto devido à sua interdependência. Por exemplo, a
perda de matéria orgânica reduz a capacidade de retenção de água e a fertilidade do solo,
reduzindo a vegetação, aumentando a erosão e a necessidade de rega, a qual pode intensificar
o risco de salinização.

MÓDULO I
Ações de sensibilização pública e de educação para fomentar a compreensão das causas
e dos efeitos da degradação do solo e consequente desertificação são fundamentais para
aumentar a consciencialização dos utilizadores e do público em geral sobre a importância do
solo e a sua contribuição para a sociedade.

Um dos maiores desafios atuais é prevenir a degradação do solo, melhorar ou restaurar as


suas funções e saúde usando práticas sustentáveis de gestão do solo na agricultura.

MÓDULO II
I.1.1. DEFINIÇÃO DE SOLO, FATORES DE FORMAÇÃO, CARACTERÍSTICAS
DO SOLO
O SOLO é definido como a camada superior da crosta terrestre, formada por partículas
minerais, matéria orgânica, água, ar e organismos vivos. Tem origem na desagregação do
material originário ou rocha-mãe, através de um processo designado por meteorização,

MÓDULO III
resultante da ação conjunta dos fatores de formação do solo: (i) material originário
(constituintes minerais), (ii) flora e fauna (constituintes orgânicos), (iii) clima, (iv) relevo e (v)
tempo (Figura 1).

MÓDULO IV
Figura 1 - Formação do solo

A diferenciação dos horizontes, ou camadas, que constituem o perfil de solo (Figura 2)


MÓDULO V
resulta de fenómenos de alteração (meteorização física e química) e migração dos componentes
da rocha-mãe e do material orgânico, da deposição de materiais provenientes de outros locais
e de perdas por lixiviação ou por erosão.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 2 - Esquema de um perfil de solo com os vários horizontes. Os horizontes designam-se por letras maiúsculas (O, A, B, C) e podem subdividir-se conforme
as características que apresentam. As subdivisões são referidas por letras minúsculas

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
O Solo é o suporte físico e nutritivo das plantas tendo influência decisiva no seu crescimento
através das suas características físicas, químicas e biológicas:

• Características físicas - regulam os movimentos do ar, da água, dos solutos, dos


nutrientes e das raízes no solo;

MÓDULO I
• Características químicas - relacionadas com a capacidade nutritiva do solo (armazenar e
fornecer os elementos minerais/nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas);

• Características biológicas - responsáveis pela “vida” do solo: atividade microbiológica


(fungos, bactérias e vírus) e fauna (roedores, artrópodes, nemátodos, …) no solo.

MÓDULO II
I.1.2. COMPOSIÇÃO DO SOLO
O solo constitui um sistema complexo que resulta da interação de 3 fases: fase sólida ou
matriz do solo, fase líquida ou solução do solo e fase gasosa ou atmosfera do solo.

I.1.2.1. FASE SÓLIDA OU MATRIZ DO SOLO

MÓDULO III
A fase sólida ou matriz do solo é constituída por materiais minerais e orgânicos (matéria
orgânica e organismos vivos), que formam um sistema poroso.

As partículas minerais existentes no solo resultam da desagregação de rochas através de


processos erosivos. O resultado são partículas minerais de tamanhos diferentes (Patela, 2017).
Sampaio (2006), refere que os minerais do solo pertencem a dois grandes grupos:

• Minerais primários que são obtidos do material originário, mantendo-se praticamente

MÓDULO IV
inalterados na sua composição e são importantes para a avaliação do grau de evolução
do solo e da sua reserva mineral. Exemplos de minerais primários: quartzo, feldspatos,
micas, piroxenas, olivinas, etc.

• Minerais secundários que são obtidos do material originário, através da sintetização


“in situ” de produtos da meteorização dos minerais primários menos resistentes e
advêm de alterações da estrutura de certos minerais primários. Exemplos de minerais
MÓDULO V
secundários: minerais de argila, silicatos não cristalinos, óxidos e hidróxidos de alumínio
e ferro, carbonatos de cálcio e de magnésio.

Os materiais minerais têm, pois, dimensões e composição diferentes:

• partículas > 2 mm (elementos grosseiros)

• partículas < 2 mm (terra fina: areia, limo e argila)


MÓDULO VI

A areia e o limo são compostos por minerais primários (quartzo, feldspatos e micas)
enquanto a argila é composta por minerais secundários, que incluem os minerais argilosos
(silicatos de alumínio, magnésio e ferro) e os óxidos de ferro, alumínio e manganês.

Os materiais orgânicos são compostos por organismos do solo/seres vivos (bactérias,


protozoários, fungos, plantas verdes-musgos, fetos, plantas superiores, raízes e animais -
BIBLIOGRAFIA

nemátodos, ácaros, insetos, aranhas, minhocas, caracóis e lesmas, ratos e toupeiras), tecidos

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
mortos vegetais e animais, e uma mistura de material decomposto e modificado – húmus (que
é cerca de 60 a 80% da matéria orgânica total do solo). A matéria orgânica do solo representa
1 a 6% da massa total da camada de solo (arável) e influencia as propriedades físicas do solo
(densidade aparente, agregação das argilas, estabilidade da estrutura), aumenta a capacidade
de retenção de água e de nutrientes do solo, sendo ainda uma fonte de nutrientes (como o N,

MÓDULO I
P e S) para as plantas.

A diversidade biológica é indicadora de uma maior qualidade do solo.

I.1.2.2. FASE LÍQUIDA OU SOLUÇÃO DO SOLO

A fase líquida é constituída pela água do solo com substâncias dissolvidas e é usualmente

MÓDULO II
designada por solução do solo.

A solução do solo inclui a água, material coloidal (componentes com dimensões entre 1nm
a 1µm) e substâncias dissolvidas como iões, compostos orgânicos solúveis, contendo ainda
pequenas quantidades de gases (O2 e CO2).

A água do solo está sujeita a várias forças sendo as duas mais relevantes o potencial

MÓDULO III
gravitacional, resultante da ação da gravidade, e o potencial de pressão ou mátrico,
resultante das forças de capilaridade e de atração da matriz sólida para a água. No caso de
solos salinos o potencial osmótico tem ainda de ser considerado. Por razões simplificativas o
potencial é frequentemente expresso em termos de energia por unidade de peso (ou seja, em
unidades de altura de água).

O potencial gravitacional é independente da composição química e da pressão da água do

MÓDULO IV
solo e é numericamente igual à profundidade.

O potencial de pressão ou mátrico corresponde à pressão exercida pela água do solo, que
pode ser superior ou inferior à pressão atmosférica, caso respetivamente de um solo submerso
ou não saturado. Neste último caso, a pressão da água no solo resulta do efeito conjunto de
forças de capilaridade e de adsorção devidas à matriz sólida (sucção mátrica) que atraem e
ligam a água no solo ao ponto de diminuírem a sua energia potencial abaixo da água livre.

As forças de pressão capilar provêm da tensão superficial da água e do seu ângulo de


MÓDULO V
contacto com as partículas sólidas e são desenvolvidas ao nível da interface água-ar. Dão
origem à formação de meniscos curvos que obedecem à equação da capilaridade (Hillel, 1984).

As forças de adsorção provêm da diferença nas forças de atração ou de repulsão existentes


entre as moléculas das superfícies de contacto das diversas fases. Incluem as forças de van der
Waals e as eletrostáticas que atuam na água através das superfícies coloidais das partículas do
MÓDULO VI

solo. Estas forças têm uma influência crescente com o aumento da área da superfície coloidal
do solo, e dão origem a uma delgada película de água rodeando as partículas do solo. Esta
água adsorvida é particularmente importante no caso dos solos argilosos e para sucções
elevadas. Nos solos arenosos a adsorção é pouco importante e os efeitos da capilaridade são
predominantes. De um modo geral, o potencial mátrico resulta do efeito combinado daqueles
dois tipos de forças que não podem ser isoladas facilmente, visto se encontrarem em equilíbrio
(Gonçalves, 1994). O recurso a tensiómetros é o método mais usual para medição do potencial
BIBLIOGRAFIA

mátrico.

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
O potencial de pressão, no caso do solo insaturado, e no caso da fase gasosa se encontrar
à pressão atmosférica, expresso em termos de energia potencial por unidade de peso (ou
seja, em unidades de altura de água), é designado por pressão efetiva da água no solo (h).

A soma do potencial gravítico com o potencial de pressão (quando expressos em altura de

MÓDULO I
água) designa-se por carga hidráulica (H).

A água é fundamental para a vida das plantas e dos outros organismos do solo. As plantas
absorvem os nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, Na, Cl, B, entre outros) a partir da solução do solo.

I.1.2.3. FASE GASOSA

MÓDULO II
A fase gasosa é constituída pela atmosfera do solo.

A atmosfera do solo compreende uma mistura de gases com composição variável, com
maior teor de vapor de água e de dióxido de carbono (CO2) e menor teor de oxigénio do que
a atmosfera.

Os componentes mais importantes que constituem a atmosfera do solo são: oxigénio (10

MÓDULO III
– 20 %), azoto (78,5 – 80 %) e gás carbónico, vulgarmente conhecido por dióxido de carbono
(0,2 - 3,5 %). Essa composição é definida pelas relações solo – água – microrganismos – planta
(Perdigão, 2019).

A mesma fonte, refere que o ar é um componente de grande importância porque regula as


propriedades e características do solo e é indispensável á vida das plantas. Tal como a água,
o ar do solo situa−se nos espaços porosos e a sua quantidade é inversamente proporcional à
quantidade de água.

MÓDULO IV
I.1.3. CARACTERIZAÇÃO DO SOLO
A caracterização do solo compreende 3 aspetos: o morfológico, o físico e o químico.

I.1.3.1. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO SOLO

A caracterização morfológica baseia-se na observação e descrição de perfis de solo. MÓDULO V


A observação e descrição de um perfil de solo é feita numa cova, aberta para o efeito,
com cerca de 200 cm de comprimento x 70 cm de largura (de modo a facilitar as atividades
necessárias a esta tarefa) e uma profundidade até ao material originário ou rocha. Faz-se a
observação e descrição do perfil numa das paredes da cova, começando por marcar os limites
de separação das diferentes camadas ou horizontes do solo.
MÓDULO VI

Anota-se a data, o local, o nº da Carta de solos ou topográfica, as coordenadas geográficas


(GPS), e as características do local (topografia, declive, drenagem, vegetação, material
originário, risco de erosão, utilização do solo…).

Na descrição do perfil, indica-se a espessura de cada horizonte/camada, como é a transição


entre camadas, a cor, a textura manual, a proporção de elementos grosseiros, a estrutura, a
BIBLIOGRAFIA

compacidade, a porosidade, a existência de atividade biológica (raízes, organismos do solo…),

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
a presença ou não de calcário através da efervescência ao ácido clorídrico (HCl) e ainda outros
aspetos específicos que se possam considerar relevantes. Designam-se os horizontes/camadas
e procede-se à identificação/classificação da unidade-solo, mesmo que não definitiva por não
se dispor das características físicas, químicas e mineralógicas do solo, a obter posteriormente
em análises laboratoriais. Para uma descrição mais detalhada deste assunto pode consultar-

MÓDULO I
se as “Guidelines for Soil Description” (FAO, 2006), no site https://www.fao.org/publications/
card/en/c/903943c7-f56a-521a-8d32-459e7e0cdae9/.

A partir da observação do perfil de solo podem retirar-se imediatamente algumas


informações importantes sobre o solo em estudo, nomeadamente a cor e a estrutura do
solo, que se passam a referir.

MÓDULO II
I.1.3.1.1. A COR DO SOLO

A cor do solo, determina-se comparando-a com os padrões da escala de Munsell (Munsell


Soil Color Charts), e indica-se pelos símbolos colocados na parte superior da página da escala,
seguidos pelos símbolos que se encontram por baixo da designação de cada cor-padrão
https://en.wikipedia.org/wiki/Munsell_color_system.

MÓDULO III
A cor deve ser anotada quer no estado seco (s) quer no estado húmido (h) do solo.

É uma das características que permite fazer uma avaliação indireta de outras características
que não são de tão fácil determinação. Em combinação com a estrutura é de grande utilidade
para a identificação de vários grupos de solos.

Como exemplo, cores escuras, nomeadamente no estado húmido, indicam a presença de


matéria orgânica no solo. A cor vermelha é em geral devida a óxidos de ferro não hidratados

MÓDULO IV
ou de certos compostos de manganês. Indica geralmente boas condições de drenagem e de
arejamento. As cores amarelas devem-se a óxidos de ferro mais ou menos hidratados e ou a
misturas de óxidos de ferro e de alumínio.

A cor do solo pode ser utilizada para diagnosticar se um solo apresenta uma boa ou
deficiente drenagem no perfil de solo:

MÓDULO V
• Solos bem drenados apresentam cores de tons mais ou menos uniformes, castanhas ou
pardas, avermelhadas ou amareladas;

• Camadas imperfeitamente drenadas apresentam cores variadas e manchas cinzentas;

• Camadas muito mal drenadas apresentam cores cinzentas e cinzento-azuladas, onde


ocorrem geralmente concreções pardas de ferro e/ou pretas de manganês, que
traduzem o maior ou menor grau de encharcamento do solo, isto é, condições de
MÓDULO VI

redução, principalmente durante o período outono-invernal.

I.1.3.1.2. A ESTRUTURA DO SOLO

A estrutura do solo é a distribuição das partículas do solo relativamente à forma e ao


arranjo, em cada um dos horizontes do perfil de solo (Figura 3).
BIBLIOGRAFIA

Resulta da distribuição granulométrica dos elementos sólidos e da existência de forças de

10
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
natureza electroestática derivadas das cargas dos minerais argilosos e do húmus.

A ligação das partículas terrosas dá origem aos agregados estruturais. A ligação entre as
partículas constituintes é mais forte do que a ligação entre os agregados.

MÓDULO I
Este arranjo, organização e orientação das partículas e a sua taxa de agregação, determina
a existência no solo de espaços vazios, ou poros, disponíveis para a penetração, retenção e
transferência de água, de solutos e de gases no solo.

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 3 - Classificação e representação esquemática da estrutura do solo
Fonte: http://www2.dracena.unesp.br/graduacao/arquivos/solos/aula_6_estrutura_do_solo.pdf

I.1.3.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO

A caracterização física do solo diz respeito à determinação das propriedades físicas do

MÓDULO IV
solo, nomeadamente do teor de água no solo, da massa volúmica aparente (ou densidade
aparente), da textura (análise granulométrica da terra fina), da capacidade de retenção de
água pelo solo a diferentes sucções (pF) ou pressões (que permite determinar a capacidade
de campo, o coeficiente de emurchecimento, a água utilizável do solo), da condutividade
hidráulica, da infiltração da água no solo, da porosidade.

Existem várias metodologias, quer de campo quer de laboratório, para a determinação


das propriedades físicas do solo. Nos métodos de campo são utilizados volumes de solo
muito mais representativos do que nos métodos laboratoriais e não existe o efeito da MÓDULO V
perturbação da amostra que sempre ocorre quando da sua colheita. No entanto, são métodos
muito trabalhosos, morosos e dispendiosos e, em geral, apenas se utilizam para validar as
metodologias de laboratório. Os métodos laboratoriais são mais rápidos e económicos, mas,
por razões logísticas, utilizam amostras de solo colhidas no estado natural de dimensões
reduzidas da ordem dos 100 cm3 (e por vezes amostras perturbadas).
MÓDULO VI

Seguidamente vai descrever-se o processo de colheita de amostras de solo (no estado


natural e perturbadas) para a caracterização laboratorial física e química do solo.

I.1.3.2.1. COLHEITA DE AMOSTRAS DE SOLO

A colheita de amostras é realizada para caracterização laboratorial (física, química e


BIBLIOGRAFIA

mineralógica) e para se proceder à classificação, génese e interpretação dos solos.

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Após a caracterização morfológica do perfil do solo, procede-se à colheita de amostras
de solo. Assim, colhe-se uma amostra perturbada em cada horizonte/camada de solo (com
material abrangendo a totalidade da espessura) que deve ser recolhida num saco de plástico
e devidamente etiquetada.

MÓDULO I
A fim de se evitar a contaminação com outras camadas, deve-se iniciar a colheita pelo
horizonte/camada inferior e seguir sucessivamente de baixo para cima até à superfície do solo.

Para a determinação laboratorial de algumas características físicas do solo como a


capacidade de retenção de água pelo solo a diferentes sucções (pF) ou pressões, a condutividade
hidráulica saturada e insaturada ou e a massa volúmica aparente do solo procede-se à
colheita de amostras no estado natural (ou não perturbadas) através de cilindros ou anéis de

MÓDULO II
diferentes capacidades volumétricas (Figura 4). Este processo de colheita de amostras pode
ser consultado em:

https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS086_Colheita-amostras-nao-perturbadas-solo_vs26-05-2021.
pdf

MÓDULO III
A B C D
Figura 4 - Colheita de amostras no estado natural. Os cilindros metálicos ou de pvc são enterrados lentamente de modo a perturbar o mínimo
possível a estrutura do solo. No caso dos cilindros maiores, é, geralmente necessário retirar o solo envolvente para que seja possível enterrar
o cilindro com a menor compactação. (a) Exemplo de cilindros usados na colheita de amostras no estado natural; (b) cilindros enterrados num
horizonte/camada de solo; (c) processo de colheita das amostras de maior dimensão; e (d) amostra não perturbada | Fonte: Ramos et al., 2016

MÓDULO IV
I.1.3.2.2. O TEOR DE ÁGUA NO SOLO

O teor de água no solo, ou humidade do solo, é a quantidade de água retida no solo, e


pode ser expresso em relação ao peso seco na estufa a 105ºC (teor ponderal ou gravimétrico
de água no solo, θw) ou em relação ao volume aparente do solo (teor volúmico de água no
solo, θv).

θw = Mw/Ms (1) MÓDULO V

em que:
Mw – massa de água existente no solo
Ms – massa das partículas de solo seco na estufa a 105ºC
Por sua vez
MÓDULO VI

θv = Vw/Vt (2)

em que:
Vw – volume de água existente no solo
Vt – volume aparente do solo (Vt=Vs+Vw+Va) em que Vs é o volume de partículas sólidas,
BIBLIOGRAFIA

e Va o volume ocupado pelo ar.

12
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Para medição do teor de água no solo usa-se o método gravimétrico, que é um método
direto em que uma amostra de solo é pesada (peso húmido), seca na estufa a 105ºC até
atingir peso constante (24 a 48h consoante o tipo do solo) e pesada novamente (peso seco).
A diferença entre o peso húmido e o peso seco, dividida pelo peso seco, dá o teor de água
gravimétrico do solo. Este método aplica-se a amostras no estado natural ou perturbadas e

MÓDULO I
é utilizado para calibração de outros métodos (ex. métodos indiretos, como sejam sondas
capacitivas, time domain reflectometry (TDRs, etc).

I.1.3.2.3. MASSA VOLÚMICA APARENTE DO SOLO

A massa volúmica aparente, que representa a massa de solo por unidade de volume de
solo, é um indicador da estrutura do solo. Quanto maior for a massa volúmica aparente de

MÓDULO II
um solo, menor será o volume de espaços vazios (porosidade do solo) e menor será a sua
capacidade de retenção de água.

Os teores de água gravimétrico e volúmico estão relacionados por:

θv = θw.(θb/θw) (3)

MÓDULO III
Em que ρb é a massa volúmica aparente do solo, definida como a massa de solo seco (Ms)
por unidade de volume aparente do solo (Vt), dada pela expressão ρb = Ms/Vt, e ρw a massa
volúmica da água (Mw/Vw) que é geralmente considerada igual a 1.

I.1.3.2.4. A TEXTURA DO SOLO

MÓDULO IV
A matriz sólida do solo inclui partículas com composição mineralógica e química variável e
tamanhos diferentes.

A textura ou composição granulométrica do solo refere-se à proporção relativa dos lotes


constituídos por partículas minerais de dimensões compreendidas entre certos limites (Tabelas
1 e 2).

MÓDULO V
A análise mecânica ou análise granulométrica consiste na determinação das proporções
dos diversos lotes ou frações que englobam a terra fina (inferior a 2 mm de diâmetro) e os lotes
mais grosseiros com um diâmetro aparente superior a 2 mm.

Em Portugal, geralmente são utilizados os limites da escala de Atterberg, recomendada


pela Sociedade Internacional de Ciência do Solo que, a seguir se refere:

Lotes Diâmetro das partículas (mm)


MÓDULO VI

Areia grossa 2-0,2

Areia fina 0,2-0,02

Limo 0,02-0,002

Argila <0,002
BIBLIOGRAFIA

Tabela 1 - Lotes considerados na terra fina (< 2mm) segundo os limites da escala de Atterberg

13
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Designação Diâmetro (mm)

Blocos >200

Calhaus 200-100

MÓDULO I
Pedras 100-50

Pedras miúdas 50-20

Cascalho 20-5

Saibro 5-2

MÓDULO II
Tabela 2 - Lotes considerados nos elementos grosseiros (> 2mm) segundo os limites da escala de Atterberg

No entanto, não existe ainda um consenso mundial nos limites dos lotes texturais utilizados
nos diversos países (Figura 5), o que torna difícil a harmonização da informação. Recentemente
tem havido um esforço para utilizar os limites definidos pela FAO que são: areia (2000-50µm);
limo (50-2µm); argila (<2µm).

MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 5 - Limites dos lotes texturais em diferentes países (µm)

Um dos métodos mais rigorosos de determinar a composição granulométrica do solo é o


método da pipeta. Neste método a areia grossa é obtida por crivagem, os lotes de argila e
de limo + argila são colhidos por pipetagem, e a areia fina obtida por decantação. O processo
de pipetagem é baseado na lei de Stokes em que uma partícula esférica de raio r e de massa
MÓDULO VI

volúmica ρ1 cai num meio de massa volúmica ρ2 e viscosidade τ e num lugar de aceleração da
gravidade (g) com movimento uniforme v, tal que:

Para além daquele método, outro existe mais expedito e utilizado por laboratórios nacionais,
BIBLIOGRAFIA

por densimetria, usando um densímetro de Bouyoucos.

14
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
A classificação da textura em Portugal é geralmente feita com recurso ao diagrama triangular
de Gomes e Silva (1962). Aqueles autores consideraram 12 classes de textura nomeadamente
as classes Arenosa (A), Areno-franca (AF), Franco-arenosa (FA), Franca (F), Franco-limosa (FL),
Franco-argilo-arenosa (FGA), Limosa (L), Franco-argilosa (FG), Franco-argilo-limosa (FGL),
Argilo-arenosa (GA), Argilo-limosa (GL) e Argilosa (G).

MÓDULO I
Na Figura 6 encontra-se representado o diagrama triangular de classificação da textura de
Gomes e Silva (1962).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 6 - Diagrama triangular de classificação da textura do solo
Fonte: Pereira Gomes e Antunes da Silva, 1962

De um modo geral as doze classes de textura distribuem-se por três grandes classes
de textura que vulgarmente se designam por textura grosseira ou ligeira, textura média

MÓDULO IV
ou mediana e textura fina ou pesada, da seguinte forma: textura grosseira ou ligeira, as
texturas arenosa (A), areno-franca (AF) e franco-arenosa (FA); textura média ou mediana,
as texturas franca (F), franco-limosa (FL) e franco-argilo-arenosa (FGA); e na textura fina ou
pesada as texturas: limosa (L), franco-argilosa (FG), franco-argilo-limosa (FGL), argilo-arenosa
(GA), argilo-limosa (GL) e argilosa (G).
Na Figura 7 apresenta-se ainda o diagrama triangular da USDA para a classificação da
textura segundo as 12 classes de textura da FAO: areia (2000-50µm); limo (50-2µm); argila
(<2µm). MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 7 - Diagrama triangular da USDA para a classificação das 12


classes de textura do solo segundo os limites da FAO. A vermelho
BIBLIOGRAFIA

indica-se um exemplo de classificação de um solo com 55% de


areia, 30% de argila e 15% de limo.

15
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Na Tabela 3 apresentam-se propriedades e consequências sobre o solo dos diferentes
lotes granulométricos (Perdigão, 2019).

Propriedades Consequências sobre o solo

MÓDULO I
Reduzem a reserva mineral a curto prazo;
Aumentam a reserva mineral a médio e a longo
Grandes dimensões prazo;
Aumentam a permeabilidade e o arejamento
Elementos Superfície específica do solo;
Grosseiros reduzida Protegem contra a erosão hídrica;
Regulam o regime térmico do solo diminuindo

MÓDULO II
Abrasivos a amplitude térmica diurna;
Influenciam o regime hídrico (evaporação);
Dificultam as mobilizações.

Fraca ou nula:
• atividade química; Aumenta a permeabilidade e arejamento;
• retenção de água; Facilita nas mobilizações;

MÓDULO III
• adesividade; Desgaste nas máquinas;
Areia
• plasticidade; Reserva mineral a médio e longo prazo;
Abrasiva; Baixa retenção e troca iónica;
Muito permeável; Capacidade de agregação nula.
Dimensão elevada.

Atividade química Fraca retenção e troca de iões nutritivos;

MÓDULO IV
baixa; Fraca capacidade de agregação do solo;
Retenção de água Facilidade nas mobilizações;
Limo moderada; Reserva mineral a médio prazo;
Adesividade baixa; Permeabilidade baixa;
Plasticidade média; Aumento do volume de água utilizável;
Dimensão média. Proteção da matéria orgânica.

Dimensão reduzida; Elevada retenção e troca de iões nutritivos;


MÓDULO V
Moderada a elevada: Elevada capacidade de agregação dos solos;
• Atividade química; Dificuldade nas mobilizações;
Argila • Retenção de água; Reserva mineral a curto prazo;
• Adesividade; Permeabilidade baixa a moderada;
• Plasticidade; Elevada retenção de água;
• Tenacidade. Proteção da matéria orgânica.
MÓDULO VI

Tabela 3 - Propriedades e consequências sobre o solo dos diferentes lotes granulométricos | Fonte: Perdigão, 2019

I.1.3.2.5. CURVA DE RETENÇÃO DA ÁGUA NO SOLO, CURVA CARACTERÍSTICA DE


HUMIDADE DO SOLO OU CURVA DE PF

A curva de retenção da água no solo ou curva de pF é a curva que relaciona o teor de


BIBLIOGRAFIA

água no solo (θ), com o respetivo potencial mátrico, isto é, a pressão (h) com que a água é

16
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
retida no solo (designada por pressão efetiva da água no solo).

A pressão efetiva é a diferença entre a pressão da água no solo e a pressão atmosférica,


expressa em altura de água. Pode ser positiva (solo alagado) e negativa (resultante do efeito
conjunto de forças de capilaridade e de adsorção devidas à matriz sólida (solo insaturado).

MÓDULO I
Para facilitar, na representação gráfica, a pressão efetiva é expressa como o logaritmo
decimal da altura em centímetros de água que exerce pressão equivalente à força de retenção
do solo para a água (pF=log h).

Os métodos laboratoriais para determinação da curva de pF baseiam-se no princípio do


meio poroso em que num solo saturado de água submetido a uma certa pressão positiva ou
negativa (sucção), verifica-se, após um determinado intervalo de tempo, um equilíbrio entre a

MÓDULO II
água que fica retida pelo solo e a pressão aplicada (Gonçalves, 1994). Os métodos mais usuais
dividem-se em métodos de sucção (caixas de areia) ou de pressão (placas de pressão) (Figura
8).

• As caixas de areia funcionam para determinação do teor de água retida para valores de
pF ≤ 2.0 (sucções inferiores a 100 cm de altura de água);

MÓDULO III
• As panelas ou placas de pressão funcionam para determinação do teor de água retida
para valores de pF ≤ 4.2 (pressões inferiores a 15000 cm de altura de água).

As determinações da curva de pF devem ser realizadas em amostras no estado natural


(geralmente em cilindros com 100 cm3 de volume), ou seja, amostras que conservem o mais
possível as suas características naturais, nomeadamente a estrutura do solo e consequentemente
a porosidade do solo.

MÓDULO IV
A B C D
Figura 8 - Métodos laboratoriais usados na determinação da curva de retenção de água no solo (a) caixas de areia com amostras de solo no estado
natural; (b) panelas de pressão; (c) amostras de solo no estado natural sobre a placa de cerâmica usada para extrair a água das panelas de pressão;
(d) e amostras de solo no estado natural sobre a placa de cerâmica dentro de uma panela de pressão | Fonte: Ramos et al., 2016

O conhecimento da curva de pF é muito importante, no caso do regadio, pois dois dos seus MÓDULO V
pontos são as chamadas constantes de humidade do solo (teores de água correspondentes
à capacidade de campo e ao coeficiente de emurchecimento permanente) que permitem
o cálculo da água disponível para as plantas para uma rega eficiente. O teor de água na
saturação dá-nos ainda a porosidade total do solo. A curva de pF é ainda necessária, como
dado de entrada, para os modelos de simulação da dinâmica da água e transporte de solutos
MÓDULO VI

no solo.

I.1.3.2.6. AS CONSTANTES DE HUMIDADE DO SOLO

Em Portugal, a rega desempenha um papel fundamental para a viabilidade das culturas,


particularmente quando os ciclos vegetativos decorrem durante os meses mais secos, de
primavera e de verão, fornecendo às plantas as quantidades de água necessárias. Para que a
BIBLIOGRAFIA

rega seja eficiente, a humidade do solo deve ser mantida no intervalo entre os teores de água

17
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
correspondentes à capacidade de campo e ao coeficiente de emurchecimento permanente.
Estes parâmetros assumem aproximadamente os mesmos valores para cada tipo de solo, pelo
que são geralmente designados por constantes de humidade do solo.

A capacidade de campo (θFC) corresponde ao teor de água na zona das raízes a partir do

MÓDULO I
qual a drenagem se torna quase nula. A manutenção do teor de água do solo acima deste
limite resulta inevitavelmente na percolação da água em profundidade.

O coeficiente de emurchecimento permanente (θWP) corresponde ao teor de água do


solo abaixo do qual as forças de capilaridade e adsorção do solo (forças de atração do solo
para a água) ultrapassam as forças que as plantas cultivadas conseguem desenvolver para
extrair do solo a água necessária ao seu crescimento.

MÓDULO II
A água do solo, como já foi referido, apenas está disponível para as plantas dentro dos limites
definidos pelos teores de água à capacidade de campo e ao coeficiente de emurchecimento
permanente. Para uma espessura da zona radicular (Zr), a água disponível total (TAW) é obtida
da seguinte forma:

TAW (mm) = 1000 [θFC (cm3/cm3) – θWP (cm3/cm3)] Zr (m) (5)

MÓDULO III
No entanto, para que a evapotranspiração da cultura atinja também os seus valores
potenciais e a produção final seja maximizada, a humidade do solo tem de ser mantida dentro
de limites próximos da capacidade de campo, onde a energia que as plantas gastam para
extrair a água do solo é mínima (Figura 9) (Ramos et al., 2016).

MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 9 - Água disponível (TAW) e água facilmente disponível (RAW)


MÓDULO VI

Fonte: Ramos et al. 2016

A água facilmente disponível (RAW) é, portanto, a água do solo que pode ser rapidamente
absorvida pelas raízes das plantas. Esta fração varia consoante o tipo de cultura e é definida
pela fração de esgotamento da água do solo em conforto hídrico (p), da seguinte forma:

RAW (mm) = TAW (mm) p (6)


BIBLIOGRAFIA

18
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
A rega pode ser conduzida para uma fração superior ou inferior a p conforme os objetivos
da gestão da rega. Essa fração pode ser inferior a p quando se pretende diminuir o risco de
ocorrência de stress ou das incertezas ligadas à gestão da rega. Ao contrário, essa fração
pode ser superior a p quando se assume intencionalmente a gestão da rega com stress em
determinados períodos, ou quando os recursos hídricos disponíveis são insuficientes para que

MÓDULO I
a rega se pratique em conforto hídrico.

Os valores da capacidade de campo, do coeficiente de emurchecimento permanente, da


água disponível total e da água facilmente disponível, variam fundamentalmente em função
da granulometria (textura), da estrutura, do teor de matéria orgânica do solo e do tipo de
argila (Ramos et al., 2016).

MÓDULO II
O teor de água correspondente à capacidade de campo pode ser determinado no campo
ou no laboratório. No campo, o solo é humedecido até à saturação, sendo a superfície
depois coberta com um revestimento impermeável de modo a evitar perdas por evaporação.
Posteriormente, são colhidas amostras para se determinar o teor de água do solo e, assim,
determinar o momento em que a drenagem termina e a capacidade de campo é atingida.

No laboratório, o método a utilizar para determinação do teor de água correspondente à

MÓDULO III
capacidade de campo dependerá do tipo de solo. Em solos de textura grosseira, o método
mais apropriado é o das caixas de areia ou de sucção. Após saturação, as amostras são
colocadas em caixas de areia e sujeitas a uma pressão entre os -60 e -100 cm (-6 e -10 kPa), até
que seja atingido o equilíbrio entre a força exercida e o teor de água na amostra.

No caso dos solos de textura média e fina, o método mais recomendado é o das panelas
ou placas de pressão. As amostras são também saturadas, colocadas dentro de uma panela

MÓDULO IV
de pressão e sujeitas a uma pressão equivalente de -100 e -330 cm (-10 e -33 kPa), até que o
equilíbrio seja também atingido entre o teor de água na amostra e a pressão exercida.

O teor de água correspondente ao coeficiente de emurchecimento permanente é em regra


apenas determinado em laboratório. As amostras são colocadas dentro de panelas de pressão
e sujeitas a uma pressão equivalente de -15000 cm (-1500 kPa), aproximadamente. É também
necessário que seja estabelecido o equilíbrio entre o teor de água na amostra e a pressão
exercida.

A Figura 10 exemplifica diferenças entre as curvas de retenção de água de solos de textura


MÓDULO V
arenosa (grosseira), franca (média ou mediana) e argilosa (pesada ou fina). As curvas de retenção
de água no solo incluem naturalmente os teores de água correspondentes à capacidade de
campo e ao coeficiente de emurchecimento permanente.

Os solos de textura grosseira apresentam uma menor capacidade de retenção de água


MÓDULO VI

no solo, ou seja, menores valores para a capacidade de campo e para o coeficiente de


emurchecimento permanente e, consequentemente, para a água disponível. Por outro lado,
os solos de textura pesada apresentam uma maior capacidade de retenção de água, embora
apenas parte esteja disponível para as plantas, uma vez que uma fração substancial dessa água
fica retida no solo a pressões demasiado elevadas para que as plantas a consigam utilizar. Os
solos de textura mediana apresentam, geralmente, a maior diferença entre a capacidade de
campo e o coeficiente de emurchecimento permanente, ou seja, uma maior quantidade de
BIBLIOGRAFIA

água disponível (Figura 10) (Ramos et al., 2016).

19
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 10 - Diferenças entre curvas de retenção de água, incluindo naturalmente os teores de água correspondentes à capacidade de
campo e ao coeficiente de emurchecimento permanente, em solos de textura arenosa, franca e argilosa | Fonte: Ramos et al., 2016.

MÓDULO III
I.1.3.2.7. A CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DO SOLO

A condutividade hidráulica do solo descreve a velocidade com que a água flui através
da matriz do solo devido a variações nos potenciais gravítico e de pressão da água no solo.

A condutividade hidráulica é uma função do teor de água no solo e é dada pela seguinte

MÓDULO IV
expressão:

q = - K(ϴ). grad H (7)

onde q é o volume de água escoado por unidade de superfície de solo e por unidade de
tempo (q é designado por fluxo ou velocidade de Darcy), K(ϴ) é a condutividade hidráulica
do meio, correspondente ao teor de água ϴ, e grad H é o gradiente (variação) de carga
hidráulica. A condutividade hidráulica é, pois, o fator de proporcionalidade entre o fluxo e o MÓDULO V
gradiente de carga hidráulica na equação de Darcy. Por razões de conveniência na equação
do escoamento, a condutividade hidráulica pode também ser expressa em função da pressão
efetiva da água no solo, K (h), (equação de Richards), em vez de ser uma função do teor de
água K (ϴ) (Gonçalves, 1994).

A condutividade hidráulica é maior nos solos saturados do que nos solos não saturados,
MÓDULO VI

porque neste último caso só os poros que contêm água é que podem contribuir para o fluxo.
A condutividade hidráulica de um poro é proporcional ao quadrado do raio. Assim, os poros
maiores cheios de água contribuem mais para o fluxo. Quando um solo começa a secar os
poros maiores são os que se esvaziam primeiro. Assim, o valor da condutividade hidráulica
decresce rapidamente passando do seu valor máximo à saturação do solo, para valores cada
vez menores, dependendo do teor de água do solo.
BIBLIOGRAFIA

A característica do solo que mais afeta a condutividade hidráulica é a geometria do espaço

20
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
poroso do solo, que é uma função da textura, da estrutura, do teor em matéria orgânica, da
porosidade total, da distribuição do tamanho dos poros, da natureza da argila e da tortuosidade
do espaço poroso (Gonçalves, 1994).

A maior parte daqueles fatores não se mantêm constantes ao longo do tempo, podendo ser

MÓDULO I
alterados em resultado de atividades microbianas, situações de encharcamento prolongado
e ainda pela atividade do homem. A condutividade hidráulica do solo apresenta, pois, uma
grande variabilidade temporal e ainda espacial o que não torna fácil a sua determinação.

Existem vários métodos para a determinação laboratorial da condutividade hidráulica.


No entanto, não existe um método único que permita determinar toda a curva desde a
saturação ao solo seco (Gonçalves, 1994). Têm de utilizar-se várias metodologias para vários

MÓDULO II
troços da curva - exemplo, método da carga constante (Stolte, 1997) para determinação da
condutividade hidráulica saturada; método da crosta (Bouma et al., 1983) para determinação
da condutividade hidráulica em solo insaturado para pressões efetivas entre 0 e -50 cm de
água; método do ar quente (Arya et al., 1975) para determinação da condutividade hidráulica
em solo insaturado a pressões efetivas inferiores a -50 cm de água; método da evaporação
(Wind, 1968) permite determinar simultaneamente a curva característica de humidade do solo
e a condutividade hidráulica em solo insaturado para pressões efetivas entre -20 e -800 cm de

MÓDULO III
água).

A determinação experimental da curva da condutividade hidráulica pode ser feita


diretamente a partir da definição (constante de proporcionalidade entre o fluxo e o gradiente
hidráulico), medindo o fluxo e o gradiente de pressão efetiva entre dois pontos.

As dificuldades estão na capacidade para impor e medir o gradiente de pressão efetiva


e na dimensão máxima da amostra a utilizar. Amostras de maiores dimensões são mais

MÓDULO IV
representativas, mas são uma limitação a dispositivos mecânicos para impor o gradiente
de pressão. O tamanho da amostra determina ainda o esforço de amostragem (colheita e
transporte) (Gonçalves, 1994).

As curvas da condutividade hidráulica e da retenção da água no solo do solo são designadas


por propriedades hidráulicas do solo e caracterizam o movimento e a retenção da água no
solo. Estas propriedades do solo são fundamentais para a quantificação das transferências

MÓDULO V
hídricas na zona insaturada, pois permitem a resolução das equações do escoamento. As
propriedades hidráulicas do solo são ambas necessárias como dado de entrada, para aplicação
dos modelos de simulação da dinâmica da água e transporte de solutos no solo.

I.1.3.2.8. A INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO

A infiltração da água no solo é a entrada de água à superfície do solo pela ação conjunta
MÓDULO VI

do potencial gravítico e da variação do potencial mátrico.

Depende de vários fatores, nomeadamente, da intensidade e tipo de precipitação (chuva


e rega), das propriedades físicas do solo (porosidade, estrutura, textura), do teor de água no
solo, do teor de matéria orgânica e ainda da natureza e densidade do coberto vegetal.

A taxa de infiltração média é o volume de água que se infiltra, em média, numa unidade
BIBLIOGRAFIA

de área, num dado intervalo de tempo.

21
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
A infiltrabilidade do solo é o volume de água que pode atravessar uma unidade de
superfície de solo, numa unidade de tempo.

I.1. 3.2.9. A POROSIDADE DO SOLO

MÓDULO I
A porosidade do solo é o espaço livre (poros) entre as partículas minerais e orgânicas do
solo, que pode ter diferentes tamanhos e formas, e por onde circula a água e o ar do solo.

A porosidade (f) é um índice do volume relativo dos poros no solo, referido ao volume total
do solo, e é dada pela seguinte equação:

Vf Va + Vw

MÓDULO II
f= = (8)
Vt Vs + Va + Vw

Em que Vf é o volume ocupado pelos fluidos.

A porosidade do solo pode ser classificada em (Perdigão, 2019):

MÓDULO III
• Porosidade não capilar em que o diâmetro dos poros é superior a 50 μm (macroporos)
e que podem ser esvaziados de água por forças extrativas relativamente fracas.

• Porosidade capilar em que o diâmetro dos poros é inferior a 50 μm (microporos) e que


retêm a água devido à pressão capilar.

A porosidade total do solo (ϴs) pode ser avaliada a partir do teor de água no solo saturado.

MÓDULO IV
Outro conceito importante é o de grau de saturação (s). Muitas vezes apenas chamado
“saturação”, exprime o volume de água presente no solo em relação ao volume dos poros.
Assim:
Vw Vw
s= = (9)
Vf Va + Vw

I.1. 3.2.10. OUTRAS PROPRIEDADES DO SOLO MÓDULO V

Coesão diz respeito à forma como as partículas do solo se encontram agregadas entre si.
Solos leves ou soltos são solos com baixa capacidade de agregação e solos compactos ou
fortes são aqueles onde essa agregação é alta (Perdigão, 2019).

Consistência é definida como a reação do solo perante uma deformação ou rutura, devido
MÓDULO VI

a forças físicas de coesão e adesão entre partículas, variando com a textura, estrutura e o teor
em coloides minerais e orgânicos (Perdigão, 2019).

Existem diversas formas de consistência: a Tenacidade ou Dureza (no estado seco), a


Friabilidade (no estado húmido) e a Plasticidade e a Adesividade (nos estados muito húmido
ou molhado) (Perdigão, 2019).
BIBLIOGRAFIA

A tenacidade é a resistência que o solo oferece à penetração das alfaias agrícola. É muito

22
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
elevada nos solos argilosos por existir uma coesão entre partículas muito grande, porém, nos
solos arenosos esta propriedade pouco se faz sentir (Perdigão, 2019).

A friabilidade observa-se em solo húmido e é caracterizada pela facilidade com que o solo
se parte ou se desfaz (Perdigão, 2019).

MÓDULO I
Um solo com grande plasticidade permite que seja modelado sem que se parta, devido à
presença de argila (Perdigão, 2019).

A adesividade aumenta com o teor de argila, depende da maior ou menor tendência


que o solo apresenta para aderir a objetos e vai influenciar a aptidão em aderir às alfaias e
máquinas agrícolas (Perdigão, 2019).

MÓDULO II
I.1.3.3. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO SOLO

A caracterização química do solo diz respeitante à determinação das propriedades


químicas do solo. Fazem-se de seguida referência a algumas propriedades químicas do solo
consideradas mais importantes, como sejam:
• pH;

MÓDULO III
• Matéria orgânica do solo;
• Calcário total;
• Condutividade elétrica do extrato de saturação do solo (ECe);
• Capacidade de troca catiónica (CTC);

MÓDULO IV
• Elementos nutritivos minerais das plantas (P, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, Cu e B).

I.1.3.3.1. O PH DO SOLO

O pH mede o grau de acidez ou alcalinidade do solo, através da concentração de


hidrogeniões (H+) na sua solução, expressa em gramas por litro. Avalia-se através da escala de
pH que varia entre 0 e 14, encontrando-se os valores mais frequentes nos solos entre 4 e 8,5.

MÓDULO V
Valores inferiores a 6,5 indicam a presença de solos ácidos, enquanto valores superiores a 7,5
indicam solos alcalinos. A escala de pH utilizada é a indicada na Tabela 4 (LQARS, 2006).

pH (H2O) Designação

< 4,5 Muito ácido


4,6-5,5 Ácido Ácido
MÓDULO VI

5,6-6,5 Pouco ácido

6,6-7,5 Neutro Neutro

7,6-8,5 Pouco alcalino


8,6-9,5 Alcalino Alcalino
>9,5 Muito alcalino
BIBLIOGRAFIA

Tabela 4 - Reação do solo (Escala de Pratolongo)

23
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
I.1.3.3.2. MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO

O teor de matéria orgânica do solo é uma determinação que é sempre incluída na análise
de terra. Vem expresso em percentagem, ou mais recentemente em g/kg.

MÓDULO I
A classificação dos teores de matéria orgânica dos solos agrícolas é feita tal como se indica
na Tabela 5 (LQARS, 2006).

Percentagem de M. O.
Classificação
Solos textura Solos textura
grosseira média a fina

MÓDULO II
< 0,5 < 1,0 Muito baixo

0,6-1,5 1,1-2,0 Baixo

1,6-3,0 2,1-4,0 Médio

3,1-4,5 4,1-6,0 Alto

MÓDULO III
> 4,5 >6,0 Muito alto
Tabela 5 - Classificação do teor de matéria orgânica no solo

I.1.3.3.3. CALCÁRIO TOTAL

A presença no solo de carbonatos de cálcio e ou de magnésio, confere-lhe algumas


características especiais, tendo forte influência na disponibilidade de alguns elementos, dado

MÓDULO IV
que o pH destes solos se situa, geralmente, entre 7,5 e 8,5. Teores de carbonatos superiores
a 10% na camada superficial do solo condicionam, de forma mais ou menos relevante, a
produção de muitas culturas. A sua determinação tem, igualmente, um sentido prático
evidente na plantação de culturas plurianuais, tal como a vinha e algumas fruteiras, na medida
em que a presença de calcário, especialmente do calcário ativo, condiciona a escolha dos
porta-enxertos. Os resultados da determinação do calcário, que assume as formas de total e
ativo, são expressos em percentagem (LQARS, 2006).
MÓDULO V
Na Tabela 6 indica-se a classificação do calcário total no solo.

Calcário total CaCO3 (%) Designação

<2,0 Não calcário


MÓDULO VI

2,1-5,0 Pouco calcário

5,1-10,0 Medianamente calcário

10,1-25,0 Calcário

>25,0 Fortemente calcário


BIBLIOGRAFIA

Tabela 6 - Classificação do calcário total no solo

24
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
I.1.3.3.4. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DO EXTRATO DE SATURAÇÃO DO SOLO

Os indicadores mais utilizados para avaliação dos riscos de salinização/sodização do solo


são: (i) a condutividade elétrica (CE), que estima o teor de sais solúveis no solo ou na solução
do solo; (ii) a razão de adsorção de sódio (SAR), que avalia a capacidade da solução do solo e

MÓDULO I
da água de rega trocarem sódio com o solo; e (iii) a percentagem de sódio de troca (ESP), que
avalia a quantidade de sódio adsorvido no solo relativamente aos outros catiões do complexo
de troca, sendo este também o indicador mais relevante para diagnóstico de solos sódicos ou
alcalizados (Gonçalves et al., 2015).

As determinações da CE e dos teores de catiões solúveis são realizadas em extratos aquosos


do solo, sendo o mais frequentemente utilizado o extrato de saturação (ECe), obtido a partir de

MÓDULO II
uma pasta de solo saturada. O extrato de saturação apresenta as vantagens de ser um método
de preparação fácil e reprodutível, e de estar relativamente próximo da gama dos valores de
humidade no campo. Em muitos solos, o teor de água da pasta saturada é aproximadamente o
dobro da capacidade de campo e o quádruplo do coeficiente de emurchecimento. Assim,
as medições de salinidade no extrato de saturação têm em conta as propriedades de retenção
de água do solo em condições de campo, fornecendo uma indicação realista das condições
a que as plantas estão sujeitas. No entanto, por razões simplificativas, recorre-se, por vezes, a

MÓDULO III
extratos 1:1, 1:2 ou 1:5 (solo-água) (Brady e Weil, 2008), mas sempre tendo em conta que quer
a concentração, quer a composição iónica destes extratos é afetada pela proporção água/solo
(Gonçalves et al., 2015).

Uma das classificações dos solos quanto à salinidade utilizada no LQARS encontra-se na
Tabela 7.

Condutividade elétrica(1)

MÓDULO IV
mS/cm a 25º C
Classificação do solo Reação das culturas
No extrato de No extrato
saturação 1:2 (solo:água)
Solo sem efeitos salinos Sem problemas 0-2 <0,40

Culturas muito

MÓDULO V
Solo muito pouco salino sensíveis aos sais 2-4 0,41-0,80
podem ser afetadas

Culturas sensíveis
Solo pouco salino aos sais podem ser 4-8 0,81-1,60
afetadas

Só culturas tolerantes
MÓDULO VI

Solo moderadamente
aos sais atingem 8-12 1,61-2,40
salino
produções aceitáveis

Só culturas muito
tolerantes aos sais
Solo fortemente salino 12-16 2,41
atingem produções
aceitáveis
BIBLIOGRAFIA

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Condutividade elétrica(1)
mS/cm a 25º C
Classificação do solo Reação das culturas
No extrato de No extrato
saturação 1:2 (solo:água)

MÓDULO I
Só algumas culturas
Solo muito fortemente altamente tolerantes
>16 >3,20
salino aos sais atingem
produções aceitáveis
Tabela 7 - Classificação dos solos quanto à salinidade e reação das culturas aos sais
Adaptado de Reference Soil Test Methods for the Southern Region of the United States (1983)

MÓDULO II
(1) A correspondência entre as condutividades nos dois extratos é meramente orientadora,
pelo que não deverão tomar-se por equivalentes.

I.1.3.3.5. CAPACIDADE DE TROCA CATIÓNICA

As partículas minerais e orgânicas mais finas (respetivamente argila e húmus) do solo


apresentam características especiais, de que se salientam as suas propriedades coloidais.

MÓDULO III
Por esta razão, a argila e o húmus são designados, genericamente, por coloides do solo.
Os coloides são partículas com superfície específica muito elevada, com a particularidade
de apresentarem cargas elétricas à sua superfície, o que lhes permite atrair, reter e trocar
elementos que apresentem também cargas elétricas (iões). Dado que as cargas elétricas das
argilas e do húmus são, principalmente, de natureza negativa, os iões retidos ou trocados são
predominantemente catiões, isto é, aqueles que apresentam cargas elétricas positivas.

MÓDULO IV
O conjunto constituído pelas substâncias coloidais do solo, tanto de natureza mineral
(sobretudo argila) como de natureza orgânica (sobretudo húmus), em que se processam
fenómenos de troca ou permuta de iões, designa-se, habitualmente, por complexo de troca
do solo (LQARS, 2006).

A capacidade máxima que o solo tem de adsorver catiões recebe o nome de capacidade
de troca catiónica. O termo “troca” resulta da possibilidade de os iões poderem ser trocados

MÓDULO V
por outros com cargas elétricas do mesmo sinal: um catião adsorvido, por exemplo o catião
K+, pode ser trocado por outro catião, como o Na+, que se encontre na solução do solo. Este
fenómeno ocorre natural e permanentemente, encontrando-se os iões da solução do solo
em equilíbrio com aqueles que se encontram adsorvidos à superfície dos coloides (LQARS,
2006). Na maioria dos casos, os iões retidos no complexo de troca são nutrientes minerais
para as plantas, como o cálcio, o magnésio e o potássio. A estes três catiões e ao sódio dá-
se o nome de catiões de troca. Exprimindo a soma dos catiões de troca em percentagem
MÓDULO VI

da capacidade de troca catiónica, obtém-se o grau de saturação do solo em bases. Se


este valor é substancialmente inferior a 100, tal indica que uma parte da capacidade de troca
não é ocupada (ou preenchida) por bases, mas sim por hidrogénio (H+), alumínio (Al3+) e por
outros catiões, estando-se na presença de um solo mais ou menos ácido, isto é, com pH
baixo. Embora dependente do tipo de argila presente e do teor de matéria orgânica, quanto
mais baixo for o grau de saturação menor será o valor do pH. Solos neutros ou ligeiramente
alcalinos apresentam, geralmente, um grau de saturação igual ou superior a 90% (LQARS,
BIBLIOGRAFIA

2006).

26
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Na Tabela 8 indicam-se as classificações usadas para caracterizar o grau de saturação em
bases, a capacidade de troca catiónica e os catiões e troca do solo (LQARS, 2006).

GSB CTC Catiões de troca (me/100g)


Classificação
(%) (me/100g) Ca2+ Mg2+ K+ Na+

MÓDULO I
Muito baixa ≤20 ≤5 ≤2.0 ≤0.5 <0.1 <0.1

Baixa 21-40 5.1-10.0 2.1-5.0 0.6-1.0 0.1-0.25 0.1-0.25

Média 41-60 10.1-20.0 5.1-10.0 1.1-2.5 0.26-0.50 0.26-0.50

Alta 61-80 20.1-40.0 10.1-20.0 2.6-5.0 0.51-1.0 0.51-1.0

MÓDULO II
Muito alta >80 > 40,0 >20.0 >5 >1.0 >1.0
Tabela 8 - Classificação do grau de saturação em bases (GSB), da capacidade de troca catiónica (CTC), e dos catiões de troca do solo

I.1.3.3.6. ELEMENTOS NUTRITIVOS MINERAIS DAS PLANTAS

Os elementos nutritivos das plantas podem encontrar-se no solo em três formas principais:

MÓDULO III
• Não assimilável em que o elemento faz parte de um composto e não pode ser absorvido
pelas raízes sem alteração ou decomposição daquele;

• Permutável ou extraível em que os iões estão adsorvidos na superfície de partículas da


fração mineral sólida ou da fração orgânica do solo, e são, em considerável proporção,
assimiláveis pelas plantas;

MÓDULO IV
• Dissolvida que é a forma mais facilmente assimilável dos nutrientes, quando estes estão
dissolvidos na água do solo (solução do solo).

A capacidade que o solo tem de fornecer nutrientes minerais às plantas é avaliada através
da análise de terra, que determina a quantidade de cada nutriente que se encontra disponível
(assimilável). Esta quantidade, dissolvida e extraível, representa, normalmente, uma fração
muito pequena da quantidade total do nutriente que existe no solo.

Apresentam-se, seguidamente, apenas as classificações do teor de azoto total do solo


MÓDULO V
e dos teores de fósforo e potássio assimiláveis no solo. Para mais detalhes sobre este tema
recomenda-se a consulta do Manual de Fertilização das Culturas (LQARS, 2006).

Na Tabela 9 indica-se a classificação do teor de azoto total do solo.


MÓDULO VI

Ntotal (g N/Kg solo) Classificação

< 0,5 Baixo

0,5-1,0 Médio

> 1,0 Alto


BIBLIOGRAFIA

Tabela 9 - Classificação do teor de azoto total (kjeldahl) do solo | Fonte: Alves e Cardoso (1967)

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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Na Tabela 10, indica-se a classificação dos teores do solo em fósforo (P2O5) e potássio (K2O)
assimiláveis (LQARS, 2006).

Teores de P2O5 e de K2O


Classes de fertilidade
assimiláveis (mg kg-1)

MÓDULO I
< 25 Muito baixa

26-50 Baixa

51-100 Média

MÓDULO II
101-200 Alta

>200 Muito alta


Tabela 10 - Classificação dos teores do solo em fósforo (P2O5) e potássio (K2O) assimiláveis*
*Método de extração Egner-Riehm modificado – Lactato de amónio + ácido acético

I.1.4. CLASSIFICAÇÃO DO SOLO

MÓDULO III
Os principais objetivos da classificação do solo são:

• Sintetizar os conhecimentos acerca dos solos;

• Ajudar a memorizar as suas características mais significantes;

• Realçar as relações entre solos e entre estes e o seu meio ambiente;

MÓDULO IV
• Desenvolver previsões do comportamento dos solos e das respostas à sua utilização;

• Proporcionar bases para a introdução das unidades taxonómicas a diferentes níveis


hierárquicos.

Em Portugal os solos podem ser classificados segundo duas nomenclaturas: a classificação


Portuguesa (Cardoso, 1965) ou, mais recentemente, a classificação da WRB – “World

MÓDULO V
Reference Base for Soil Resources” (WRB, 2015).

A Classificação Portuguesa baseou-se nos conceitos da Soil Taxonomy (USDA), procurando


transferir, para as características do perfil, o que subjetivamente estava ligado a fatores que lhe
eram exteriores.

As categorias taxonómicas consideradas são:


MÓDULO VI

• Ordens (10)

• Subordens (19)

• Grupos (27)

• Subgrupos (62)
BIBLIOGRAFIA

• Famílias (240)

28
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• Séries

• Fases

Estas categorias assentam em características cuja presença ou ausência reflete a

MÓDULO I
diferenciação do perfil ou a natureza dos processos de formação do solo.

A Classificação da WRB (https://www.fao.org/3/i3794en/I3794en.pdf) baseia-se em:

• Horizontes de diagnóstico - é um horizonte do solo que combina um conjunto de


propriedades que são usadas para a identificação de unidades-solo.

• Propriedades do solo (físicas, químicas, geométricas).

MÓDULO II
• Materiais (orgânicos, calcários,…).

• Os parâmetros climáticos são apenas utilizados para fins de interpretação, em


combinação dinâmica com as propriedades do solo.

O Sistema WRB compreende 2 níveis de categorias:

MÓDULO III
• A Base de Referência, com 32 RSGs (Grupos de Solos de Referência)

• A combinação dos RSG com os atributos (prefixos e sufixos), discriminando as


propriedades dos RSG através da agregação de um conjunto de atributos (qualificadores)
a eles associados.

O Sistema WRB não pretende substituir os sistemas nacionais de classificação do solo mas,

MÓDULO IV
apenas, servir como denominador comum para comunicação a um nível internacional.

I.1.5. CAPACIDADE DE USO DO SOLO


As Cartas de Capacidade de Uso do Solo classificam a aptidão dos solos para uso agrícola.
A classificação está dividida em cinco classes e é representada pelas letras A, B, C, D e E
(Tabela 11) (ESAV, 2019). Existem, para além das cinco classes mencionadas, o Horizonte O,

MÓDULO V
onde predomina matéria orgânica e a Camada R, constituída pela rocha-mãe (Lourenço, 2012).

Agricultura Intensiva. Poucas ou nenhumas limitações. Constituída por


Classe A
solos espessos, planos, sem riscos de erosão, ricos em nutrientes.

Agricultura Moderadamente Intensiva. Limitações moderadas. Riscos de


Classe B
erosão moderados.
MÓDULO VI

Agricultura Pouco Intensiva. Limitações severas. Riscos de erosão


Classe C
elevados.

Pastagens, Matos, Florestas. Limitações severas. Riscos de erosão


Classe D
elevados.

Classe E Vegetação Natural, Floresta de Proteção ou sem qualquer utilização.


BIBLIOGRAFIA

Tabela 11 - Classes de capacidade de uso do solo | Fonte: ESAV, 2019

29
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
I.1.6. GESTÃO DA FERTILIDADE DO SOLO
Neste ponto vão referir-se conceitos sobre a fertilidade do solo e definir-se práticas agrícolas,
consideradas relevantes para melhorar as propriedades do solo e, consequentemente, a
fertilidade do solo.

MÓDULO I
I.1.6.1. A FERTILIDADE DO SOLO

A fertilidade do solo é a aptidão para produzir, em consonância com o clima, condições


propícias ao desenvolvimento de plantas e animais no solo, e mede-se pela abundância e
qualidade das colheitas e pela sua sustentabilidade a longo prazo (Figura 11), (Amaral, 2015).

MÓDULO II
A fertilidade do solo pode ser favorecida quando se aplicam as técnicas agrícolas mais
adequadas às características do solo:

i) Fertilidade física - boa permeabilidade ao ar, à água e às raízes

ii) Fertilidade química - boa capacidade de retenção dos nutrientes e da água

iii) Fertilidade biológica - boa atividade biológica – desde as bactérias fixadoras de azoto

MÓDULO III
atmosférico, até às micorrizas.

MÓDULO IV
Figura 11 - Esquema ilustrativo da fertilidade do solo segundo as suas características | Fonte: Amaral, 2015

MÓDULO V
A fertilização deve ter como objetivo principal a manutenção ou a melhoria da fertilidade
do solo, não devendo limitar-se à restituição da perda de nutrientes, quer sejam estes
removidos pelas colheitas, quer por práticas agrícolas inadequadas, mas também melhorar as
propriedades físicas químicas e biológicas do solo, nomeadamente:

1) Propriedades físicas
MÓDULO VI

A textura e estrutura, das quais dependem a circulação do ar e da água, assim como a


retenção desta. A textura dificilmente pode ser modificada (exceto em áreas pequenas), por
outro lado, a melhoria da estrutura pode ser conseguida através de vários procedimentos:

• Trabalho do solo em período favorável e com instrumentos apropriados;

• Introdução de prados nas rotações, nomeadamente de pastagens biodiversas;


BIBLIOGRAFIA

• Manutenção à superfície /incorporação dos resíduos das culturas;

30
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• Recurso aos princípios da mobilização mínima.

2) Propriedades químicas

• Corrigir a reação do solo de forma a promover uma maior disponibilidade de nutrientes,

MÓDULO I
podendo diminuir, simultaneamente, a de elementos fitotóxicos;

• Adicionar os nutrientes necessários à obtenção de maiores e melhores produções.

3) Propriedades biológicas

• Estimular a sua aptidão para decompor a matéria orgânica e para manter associações
saudáveis com a planta, mantendo um meio suficientemente arejado, próximo da

MÓDULO II
neutralidade, com a humidade e temperatura necessárias;

• Promover a existência de níveis mais adequados de matéria orgânica no solo,


proporcionando condições para que esta exerça uma influência positiva, incluindo a de
desenvolvimento de microrganismos não patogéneos benéficos para a cultura.

Em resumo, existem alguns princípios básicos que contribuem para a melhoria geral das
propriedades do solo, nomeadamente:

MÓDULO III
• A regularização da humidade do solo através da drenagem e de uma rigorosa gestão
da rega, a fim de economizar água, evitando a sua perda bem como a de nutrientes;

• A correção da reação do solo e ou dos seus teores de matéria orgânica, estabilizando a


estrutura e proporcionando um meio favorável à atividade biológica;

MÓDULO IV
• O trabalho do solo em tempo oportuno e com maquinaria apropriada (estando o solo
com um teor de água próximo da capacidade de campo, ou precedido de medidas
contra um eventual excesso de água) e considerando sempre os princípios de
mobilização mínima;

• Uma cuidada escolha da cultura e das operações culturais a ela associadas,


nomeadamente as que dizem respeito ao uso de agroquímicos e à necessidade de
mobilização de solo.
MÓDULO V
I.1.6.2. ALGUMAS PRÁTICAS PARA A MANUTENÇÃO E MELHORIA DA FERTILIDADE DO
SOLO

Vão passar a descrever-se algumas práticas agrícolas consideradas importantes, e seus


benefícios, para a manutenção e melhoria da fertilidade do solo.
MÓDULO VI

a) Rotações de culturas:

Consiste numa sucessão de culturas no tempo, segundo uma determinada ordem e


que se repete de forma cíclica.

A importância de se fazerem rotações na exploração agrícola deve-se a:


BIBLIOGRAFIA

• Aumento da fertilidade dos solos, se nelas estiverem soluções de sideração e/ou

31
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
de pousio e terão de estar associadas a adequados planos de fertilização;

• Melhoria da fertilização das culturas, a alternância de culturas leva a que sejam


exploradas em profundidade, diferentes zonas do solo, por raízes com diferentes
características;

MÓDULO I
• Diminuição de pragas e doenças, através da alternância de culturas com
características diferentes.

• Redução de infestantes

• Preservação dos solos da erosão, com especial atenção aos que apresentam
maior declive, através da plantação ou preservação de sebes a meia encosta;

MÓDULO II
trabalhando o solo paralelamente às curvas de nível; solo coberto no inverno por
prado ou adubos verdes; melhorando a estabilidade através de sistematização
do terreno; evitando culturas herbáceas em monocultura.

Para fazer a escolha das rotações culturais, deverão ser seguidas as seguintes
recomendações:

• Incluir culturas que mantenham o solo revestido durante a época das chuvas;

MÓDULO III
• Em terrenos declivosos, com risco de erosão elevado, a uma cultura sachada
deve seguir-se uma pastagem semeada à base de leguminosas, que disponibiliza
alimento para o gado e serve de coberto vegetal protetor do solo durante a época
das chuvas;

• Ter em consideração as aplicações de produtos fitofarmacêuticos (herbicidas ou

MÓDULO IV
outros) que se efetuaram nas culturas anteriores para prevenir efeitos de fitotoxicidade
nas culturas da rotação provocados pela presença de resíduos desses produtos no
solo.

b) Sideração ou Adubação verde

i) O que é a adubação verde?

MÓDULO V
É o processo de fertilização do solo que consiste no enterramento de plantas
herbáceas, maioritariamente leguminosas, semeadas em estreme ou em consociação
com espécies de outras famílias (ex: gramíneas e brássicas) propositadamente para
o efeito;

É um processo ativo de enriquecimento do solo ao nível nutricional, orgânico e


microbiológico;
MÓDULO VI

ii) Quais os benefícios para a fertilidade do solo?

• Aumento de azoto(nitrogénio) no solo:

- Nas raízes das plantas leguminosas (ex: trevo, ervilhaca, tremoço, tremocilha)
formam-se nódulos como resultado da interação de algumas bactérias do solo,
vulgarmente conhecidas por rizóbios, com a raiz, no que resulta, o fornecimento de
BIBLIOGRAFIA

azoto (NO3) à planta e de carbohidratos da planta para a bactéria;

32
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• Extração de nutrientes retidos nas partículas do solo:

- As raízes das plantas, pela sua ação biológica (do crescimento, engrossamento,
exsudação, etc.) promovem a solubilização de nutrientes,

MÓDULO I
- Acidificação da zona da rizosfera;

- Solubilização de nutrientes pouco solúveis:

- Solos ácidos: quelatização do Fe e do Al e libertação do P;

- Acidificação local: fornecendo H+ sobre Ca3(PO4)2 formação de H2PO4;

MÓDULO II
• Aceleração da mineralização de húmus estável:

- Libertação de nutrientes na camada arável;

- O húmus tem sempre na sua composição cerca de 5% de N;

• Fornecimento de matéria orgânica:

MÓDULO III
Após a sideração ocorrem dois processos opostos:

- Estímulo da atividade dos micróbios e da mineralização do húmus existente


(empobrecimento);

- Formação de compostos pré-húmicos a partir do próprio adubo verde


(enriquecimento);

MÓDULO IV
• Melhoria da estrutura do solo:

- As raízes aprumadas, pivotantes ou axiais das plantas podem provocar fissuras


(abertura de fendas) em solos compactos (ex: nabo, rábano forrageiro);

- As plantas com raízes fasciculadas promovem uma boa agregação do solo (ex:
azevém, aveia);

• Redução da lixiviação de nutrientes: MÓDULO V


- Libertação de nutrientes na camada arável;

- Exsudações radiculares em grande quantidade e a atividade dos microrganismos


da rizosfera granulam o solo;
MÓDULO VI

- Substâncias pré-húmicas da decomposição das plantas agregam as partículas do


solo;

• Proteção contra a erosão:

- O coberto vegetal protege o solo à superfície contra a ação, do vento, do sol e da


água;
BIBLIOGRAFIA

- Melhora a infiltração da água;

33
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
- Melhora a fixação do raizame ao solo;

- Protege contra a desidratação do solo;

• Aumento da atividade biológica do solo:

MÓDULO I
- Compostos libertados para o solo (constituídos essencialmente por aminoácidos,
açucares, ácidos orgânicos), estimulam a atividade biológica;

• Aumento da biodiversidade do solo (micro e macrofauna) designadamente:

- Aumento da proliferação de microrganismos (bactérias e fungos) que são


responsáveis pela degradação dos restos de culturas, designadamente bactérias

MÓDULO II
heterotróficas (aeróbicas e anaeróbicas de vida livre) que na sua maioria decompõem,
humificam e mineralizam;

- Favorecimento de microrganismos que realizam o controlo natural de outros


organismos prejudiciais às plantas, como os causadores de doenças;

- Aumento de determinados géneros de bactérias, com funções importantes, como


por exemplo: Nitrosomonas e Nitrobacter (aeróbias) consideradas como nitrificantes,

MÓDULO III
Azotobacter (aeróbias) e Clostridium (anaeróbias) consideradas fixadoras de azoto
de vida livre;

- Aumento de pequenos artrópodes (como colêmbolos) e de anelídeos;

• Aumento de sinergias (simbioses):

- Simbioses entre leguminosas e Rhizobium;

MÓDULO IV
- Simbioses entre leguminosas e/ou gramíneas e Micorrizas (fungos);

• Melhoria da decomposição do restolho mais fibroso do solo:

- As palhas têm uma relação carbono/azoto elevada, e por isso, uma decomposição
lenta e pode provocar carência azotada nas plantas;

MÓDULO V
- Os Adubos verdes fornecem aos micróbios açúcares solúveis (e outros compostos)
e azoto que as palhas não têm;

- Adubos verdes mais ricos em leguminosas incorporados no início da floração


favorecem a redução da relação C/N (via mineralização mais ativa);

- Adubos verdes mais ricos em gramíneas incorporados no final da floração favorecem


o aumento da relação carbono/azoto (via humificação mais ativa);
MÓDULO VI

• Controlo de infestantes:

- O coberto vegetal instalado reduz a população infestante por competição (ex:


nabo, aveia, azevém, erva-do-Sudão, facélia);

• Controlo de pragas e doenças:


BIBLIOGRAFIA

- Algumas plantas instaladas para adubação verde podem ajudar na redução e/ou

34
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
eliminação de pragas e doenças (ex: tagetes para controlo de nemátodes; nabo para
controlo de fungos e de nemátodes).

Em resumo, a sideração tem vários interesses para o solo:

MÓDULO I
i) De ordem física: proteção contra a erosão, melhoria da estrutura;

ii) De ordem química: retenção dos nutrientes, fixação do azoto atmosférico;

iii) De ordem biológica: Aumento da atividade biológica;

iv) De ordem fitossanitária:

MÓDULO II
• No combate às doenças;

• No combate às pragas;

• No combate às infestantes.

As espécies a escolher como adubo verde, devem ter as seguintes características:

MÓDULO III
• Plantas de ciclo rápido;

• Fornecer bastante matéria orgânica;

• Possuir uma relação carbono/azoto adequada;

• Serem fixadoras de azoto (leguminosas), para enriquecimento do solo;

MÓDULO IV
• Terem capacidade de reduzir o desenvolvimento de infestantes;

• Possuírem capacidade para formarem micorrizas.

I.1.7. FATORES QUE INFLUENCIAM A FERTILIDADE DO SOLO - PRINCIPAIS


AMEAÇAS AO SOLO
Cada solo tem as suas características físicas, químicas e biológicas, como já foi referido
MÓDULO V
em pontos anteriores, podendo disponibilizar mais ou menos nutrientes e condições de
desenvolvimento às culturas. Algumas das características do solo podem ser controladas ou
melhoradas, mas, existem outras, em que tal não é possível em condições normais e/ou a
custos comportáveis. O aumento da população associado às necessidades crescentes da
produção alimentar e à escassez dos recursos naturais, tem provocado uma enorme pressão
nestes últimos, onde o solo se inclui, promovendo uma aceleração na sua degradação, através
MÓDULO VI

de práticas de gestão por vezes não adequadas.

A degradação do solo impede que o solo desempenhe as suas múltiplas funções e serviços
de que beneficiam os homens e os ecossistemas. Tem um impacto direto na qualidade da
água e do ar, na biodiversidade e nas alterações climáticas. Pode ainda prejudicar a saúde
dos cidadãos e ameaçar a segurança dos alimentos para consumo humano e animal. É um
processo grave na Europa, provocado ou acentuado por atividades humanas como práticas
BIBLIOGRAFIA

agrícolas e silvícolas inadequadas, atividades industriais, turismo e crescimento das zonas

35
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
urbanas e industriais. Como resultado pode ocorrer uma diminuição da fertilidade do solo,
do carbono e da biodiversidade, uma menor capacidade de retenção da água, a interrupção
do ciclo gasoso e do ciclo dos nutrientes e uma degradação reduzida dos contaminantes. Os
processos de degradação do solo são interdependentes e podem resultar na perda de uma
ou várias funções do solo, sendo uma das principais causas de desertificação nos países do

MÓDULO I
Sul da Europa, nomeadamente devido à erosão e ao declínio da matéria orgânica do solo.

Os principais processos de degradação do solo já foram referidos no capítulo I.1, destacando


de seguida a erosão, a compactação, a salinização, a perda de nutrientes e o declínio da
matéria orgânica como os mais importantes para as atividades agrícolas.

i) Erosão do solo, é um processo sequencial resultante do destacamento e transporte

MÓDULO II
de partículas do solo, por agentes designados de erosivos (água, vento), resultando
na diminuição da espessura do solo e na perda da sua fertilidade. Distinguem-se dois
tipos de erosão: a hídrica (provocada pela água) e a eólica (provocada pelo vento). A
erosão do solo é um processo natural, tornando-se uma ameaça quando a sua taxa é
superior à taxa de formação do solo e quando é acelerada devido à atividade humana,
nomeadamente pela atividade agrícola, como consequência da aplicação de práticas
culturais incorretas tais como:

MÓDULO III
• Solo desprotegido de vegetação durante o período das chuvas;

• Mobilizações do solo não efetuadas segundo as curvas de nível;

• Uso de métodos de rega inadequados às condições do terreno e má gestão da


água da rega;

• Conversão dos solos pobres e declivosos sem aptidão para a agricultura em solos

MÓDULO IV
agrícolas;

• Desmatamento, e desflorestação, pela remoção do coberto vegetal;

Além da importância da perda de solo, os sedimentos erodidos podem ainda transportar


substâncias adsorvidas, nomeadamente o fósforo, que criam frequentemente problemas
de qualidade das águas superficiais em rios e albufeiras devido ao processo de
eutrofização. Este processo é causado pelo excesso de nutrientes (fundamentalmente
azoto e fósforo) numa massa de água, provocando um aumento excessivo da biomassa, MÓDULO V
com consequente diminuição do oxigénio dissolvido, e provocando a morte e
consequente decomposição de muitos organismos.

Devido à taxa muito lenta de formação do solo, qualquer perda de solo de mais de 1 a
2 t/ha/ano pode ser considerado como irreversível dentro de um intervalo de tempo de
50-100 anos (Huber et al., 2007).
MÓDULO VI

ii) Compactação do solo resulta geralmente de utilização de maquinaria pesada na


mobilização do solo, ou de execução de operações culturais, especialmente quando
o solo apresenta condições de humidade inadequadas (com um teor de água superior
ao da capacidade de campo). Pode ainda ser resultado do sobre pastoreio ou de
pulverização excessiva do solo devida a operações inadequadas de mobilização do
solo. A compactação diminui a porosidade do solo, com consequências negativas na
BIBLIOGRAFIA

retenção da água, na infiltração e na condutividade hidráulica do solo. Como resultado,

36
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
os solos retêm menos água e tornam-se menos permeáveis, o que além de não ser
favorável às culturas, aumenta o risco de escoamento superficial, ficando mais expostos
aos processos de erosão.

iii) Salinização do solo, é um processo de degradação que conduz ao aumento da

MÓDULO I
concentração da solução do solo em sais solúveis (Na+, Ca2+, Mg2+, K+) para níveis
prejudiciais às plantas. Se o ião Na+, sozinho ou em combinação com o Mg2+, ganhar
preponderância no complexo de troca do solo, o processo de degradação é designado
por Sodização, podendo causar a perda de uma ou mais funções do solo. O sódio
tem um efeito negativo nas propriedades do solo e no crescimento das plantas (por
exemplo: a dispersão das argilas, provocada por teores elevados de sódio, degrada
a estrutura do solo com diminuição da porosidade, da infiltração, da condutividade

MÓDULO II
hidráulica e da retenção da água no solo podendo conduzir a um aumento da erosão).
A dinâmica do sódio está associada à dinâmica dos outros catiões, nomeadamente do
cálcio e do magnésio.

A acumulação de sais no solo está ligada à existência de uma fonte de sais, a uma
evapotranspiração alimentada por água rica em sais e à insuficiência de precipitação e/
ou de drenagem que permitam a lixiviação dos sais. Algumas das causas são naturais

MÓDULO III
(salinização primária) outras resultam da intervenção humana (salinização secundária).

As causas naturais mais comuns são:

• Presença de toalhas de água de origem marinha e/ou ação direta das marés em
regiões costeiras;

• Presença de toalhas freáticas ricas em sais provenientes da meteorização das rochas;

MÓDULO IV
• Deposição de sais marinhos transportados pelo vento;

• Repasses: transferência de água salina para zonas de menor cota com drenagem
limitada.

As causas mais comuns induzidas pelo homem são:

MÓDULO V
• Uso de solos impróprios ou mal adaptados para a prática do regadio (pouco
permeáveis e sem sistema de drenagem);

• Rega com água rica em sais;

• Má condução da rega (dotações de rega desadequadas, distribuição desigual da


água);
MÓDULO VI

• Subida da toalha freática (excesso de rega ou infiltração de água a partir de


reservatórios/canais de rega);

• Uso intensivo de fertilizantes (adubos ou corretivos), particularmente em condições


de limitada lixiviação;

• Contaminação do solo com águas residuais ou produtos salinos de origem industrial.


BIBLIOGRAFIA

Nas zonas regadas em que prevalecem as temperaturas elevadas, luminosidade forte,

37
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
grande insolação e reduzida precipitação, como se verificam nos verões do interior
do País, pode ocorrer a evaporação e a deposição de sais à superfície do solo,
nomeadamente se água não é de boa qualidade, e, por consequência, podem surgir
efeitos prejudiciais às culturas, quer por efeitos tóxicos específicos quer pela elevada
pressão osmótica da solução do solo, que reduz a capacidade das plantas para extrair

MÓDULO I
água do solo (Figura 12).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 12 – Deposição de sais à superfície do solo resultante da rega com água rica em sais

Os principais Indicadores dos riscos de salinização/sodização do solo são a condutividade


elétrica do extrato de saturação do solo (ECe), a razão de adsorção de sódio (SAR) e a
percentagem de sódio de troca (ESP) já mencionados no subcapítulo I.1.3.3.4.

Este processo de degradação do solo não é ainda de primordial importância em


Portugal, onde está limitado às zonas costeiras afetadas pelas marés (sapais) e a algumas

MÓDULO IV
áreas regadas no Sul do País. Contudo, o aumento da área regada e as perspetivas
de alterações climáticas para as próximas décadas, nomeadamente o aumento das
temperaturas, e da irregularidade da precipitação, podem levar a um acréscimo da área
afetada por salinização e a uma crescente degradação dos solos.

iv) Perda de nutrientes do solo, uma aplicação deficitária ou excessiva de fertilizantes,


nomeadamente de nutrientes como o azoto e o fósforo, com efeitos mais pronunciados
na produtividade das culturas, pode conduzir à degradação do solo e contaminação
do meio ambiente por via do seu arrastamento pelas águas de escoamento superficial MÓDULO V
e nas águas de percolação, contribuindo para a poluição das águas superficiais e das
águas subterrâneas.

Um dos fatores que dá origem à diminuição de nutrientes no solo é o menor cuidado


nas fertilizações que, não levando em conta a relação entre as existências no solo e as
necessidades da cultura, podem provocar um maior consumo das reservas de nutrientes
MÓDULO VI

do solo, podendo levar a situações de muito difícil inversão. As perdas de nitratos e


de fósforo do solo dependem da quantidade, tipo, épocas e técnicas de aplicação
dos fertilizantes que os contêm, da intensidade e distribuição das chuvas, bem como
do tipo de mobilização do solo, da cultura e da gestão dos resíduos da cultura ou do
revestimento vegetal da entrelinha.

A redução das perdas de nutrientes do solo e dos riscos de contaminação das águas
BIBLIOGRAFIA

superficiais e subterrâneas depende, em grande parte, do sistema de mobilização

38
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
do solo, devendo privilegiar-se, sempre que possível, os sistemas alternativos ao da
mobilização tradicional, ou seja, a mobilização reduzida (ou mínima) ou nula. As áreas
de maior risco de poluição ambiental com nitratos e/ou fósforo de origem agrícola são
aquelas em que se verifica, pelo menos, uma das seguintes condições: presença de
solos de textura ligeira, com grande permeabilidade, com baixo poder de retenção para

MÓDULO I
a água e nutrientes; ocorrência de lençol freático relativamente superficial. Em terrenos
declivosos, deve ser prestada atenção especial à aplicação de fertilizantes contendo
estes dois nutrientes, devido ao risco de escorrimento superficial, o qual depende
de vários fatores, sobretudo do declive do terreno, das características do solo, em
especial da sua permeabilidade à água, do sistema de mobilização e, naturalmente, da
intensidade e distribuição das chuvas. O risco de perdas destes nutrientes nas águas de
escoamento é especialmente elevado quando, logo após a aplicação dos fertilizantes à

MÓDULO II
superfície do solo, ocorram chuvadas intensas. É desejável, pois, nestas situações, a sua
aplicação por fertirrega (gota a gota), mas evitando-se o período em que ocorre maior
precipitação, que é, tradicionalmente, o outono-inverno.

v) Declínio da matéria orgânica no solo, a matéria orgânica (M.O.) é uma componente


muito importante do solo devido à sua influência na estrutura e estabilidade do solo,
retenção da água, capacidade de troca catiónica, ecologia e biodiversidade do solo e

MÓDULO III
ainda como fonte de nutrientes para as plantas. Uma das causas da redução de matéria
orgânica é a prática de lavouras intensas na camada superficial do solo, que aceleram
a sua mineralização (também com consequente perda de CO2 para a atmosfera e o
aumento de concentração de iões NO3 suscetíveis de serem lixiviados). A perda de
matéria orgânica está intimamente associada aos microorganismos do solo, cuja
atividade aumenta com a temperatura. Ela é por isso potencialmente mais elevada nos
países mediterrânicos, onde as práticas agrícolas devem ter este risco em consideração.

MÓDULO IV
Como consequência da perda de M.O., há uma diminuição da capacidade de retenção
de água e dos nutrientes no solo e consequentemente da produtividade das culturas.
A redução da matéria orgânica provoca ainda uma potencial incapacidade do solo
em resistir à deterioração provocada por outros processos, tais como a erosão e a
compactação. Sendo o carbono (C) o nutriente que existe em maior quantidade na
matéria orgânica (cerca de 58%), a redução desta provoca uma diminuição duma base
energética necessária à sobrevivência de toda a comunidade viva do solo.

MÓDULO V
Como a matéria orgânica está associada à biodiversidade, a sua redução causa efeitos
destrutivos na função deste complexo vivo que, através do seu metabolismo, transforma
materiais de diferentes características e dimensões em minerais disponíveis para as
culturas e contribui para a formação de material húmico, com importância determinante
na agregação das partículas e estabilidade estrutural.

A diminuição do teor de matéria orgânica do solo constitui um indicador relevante da


perda de qualidade do solo.
MÓDULO VI

Huber et al. (2007) referem que o “teor em carbono orgânico na camada superficial do
solo” é o indicador mais usado para avaliar o declínio da matéria orgânica, devendo ser
medido com uma frequência de 10 anos. Na determinação deste indicador não pode
ser esquecido que, para além da determinação do teor de carbono orgânico no solo,
é indispensável a determinação da massa volúmica aparente do solo, que é necessária
para a avaliação da quantidade de carbono existente numa determinada espessura de
BIBLIOGRAFIA

solo e por unidade de área.

39
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
I.1.8. GESTÃO SUSTENTÁVEL DO SOLO - BOAS PRÁTICAS
Uma apropriada gestão do solo é essencial para o controlo dos processos de degradação
e, consequentemente, para a proteção e conservação do solo. Qualquer que seja o sistema de
uso do solo, este deve ser gerido de modo a manter ou a aumentar a sua qualidade.

MÓDULO I
Apenas o controlo continuado dos processos físicos, químicos e biológicos no solo
permitirá identificar o(s) sistema(s) apropriado(s) de gestão deste recurso natural, pelo que é
fundamental a implementação de sistemas de monitorização das propriedades e indicadores
do solo, com a participação efetiva dos potenciais utilizadores e das comunidades locais. Os
resultados destas atividades devem dar suporte a ações de sensibilização pública e educação
para fomentar a compreensão dos sistemas de uso adequados com o controlo da degradação

MÓDULO II
do solo e do processo de desertificação das regiões mais sensíveis. O uso sustentado dos
solos agrícolas, através da utilização de boas práticas, permite reduzir ou minimizar o impacto
das atividades agrícolas sobre a fertilidade do solo.

O solo é o principal fornecedor de nutrientes e de água às plantas. Para preservar e


melhorar a fertilidade do solo é preciso usar técnicas culturais que tenham efeito direto sobre
as suas características, tais como:

MÓDULO III
a) Enriquecer o solo em matéria orgânica.

As principais vantagens são:

i) Melhorar a estrutura do solo, levando à formação de agregados mais estáveis que


facilitam uma boa circulação da água e do ar no solo, bem como a penetração das
raízes, e diminuem os riscos de erosão;

MÓDULO IV
ii) Aumentar a capacidade de retenção da água no solo, tornando-o menos sensível à
secura, o que é particularmente importante em solos de textura ligeira;

iii) Constituir uma fonte de azoto, de enxofre e de outros nutrientes para as plantas e
melhora a capacidade de retenção daqueles no solo;

iv) Aumentar a capacidade de fixação de certos elementos tóxicos para as plantas que,
assim, os absorvem em menores quantidades;

v) Servir de suporte à atividade biológica do solo que é assegurada pela fauna e um MÓDULO V
grande número de microrganismos que fazem do solo um meio vivo;

vi) Contribuir para a fixação de dióxido de carbono (CO2), reduzindo a sua concentração
na atmosfera;

b) Fertilizar racionalmente as culturas, significa fazer uma fertilização racional das culturas,
MÓDULO VI

isto é aplicar ao solo ou à planta, nas épocas mais apropriadas e sob as formas mais
adequadas, os nutrientes que não se encontram disponíveis no solo, em quantidade
suficiente para obter uma boa colheita. Tal objetivo é normalmente atingido através de
três meios:

i) Aplicação dos nutrientes através de adubos ou corretivos, de forma a satisfazer


as necessidades da cultura, tendo como referência uma produção realisticamente
BIBLIOGRAFIA

esperada;

40
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
ii) Correção da reação do solo, pois em solos muito ácidos é frequente as plantas
apresentarem sintomas de toxicidade ou de carência em elementos nutritivos.
Nestes solos existe um elevado risco de as culturas absorverem em excesso os
metais pesados, devido à sua elevada biodisponibilidade, incorporados aqueles
através de adubos ou de corretivos orgânicos, originando problemas de toxicidade.

MÓDULO I
A correção do excesso de acidez da terra é efetuada através da aplicação de
corretivos alcalinizantes, geralmente minerais, ou seja, através da aplicação de um
corretivo que permita a subida dos valores do pH do solo. A diminuição do pH do
solo, pelo contrário, é uma prática muito menos frequente por não ser, na maior
parte dos casos, economicamente viável;

iii) Aplicação de fertilizantes orgânicos numa perspetiva integrada de fertilização, já

MÓDULO II
que, com a dupla função de corretivo e fornecedor, ao mesmo tempo, de elementos
nutritivos para a cultura, é meio de sustento para a atividade metabólica da flora e
da fauna (macro, meso e micro) do solo e é um fator fundamental para aumentar a
capacidade de retenção de elementos nutricionais. Acresce que em situações de
toxicidade de alguns elementos para as culturas, como é por exemplo o caso do
cobre, a matéria orgânica assim veiculada pode dar um importante contributo para
atenuar, quiçá eliminar, tal efeito.

MÓDULO III
c) Mobilização reduzida ou nula no solo. Um solo compactado tem, em geral, uma massa
volúmica aparente elevada, um arejamento deficiente, menor disponibilidade dos
nutrientes, uma baixa capacidade de água utilizável, infiltrabilidade e permeabilidade
baixas, que dificultam a circulação da água e o desenvolvimento das raízes. Para
minimizar a compactação, deve-se:

MÓDULO IV
i) Evitar a passagem de máquinas em solo com excesso de água;

ii) Evitar mobilizações do solo, sobretudo durante o outono;

iii) Preferir a utilização de e/ou outras alfaias que não promovam o reviramento dos
perfis de solo;

iv) Recorrer a técnicas de sementeira direta sempre que haja experiência local com

MÓDULO V
bons resultados;

v) Execute as mobilizações do solo e a sementeira aproximando-se da orientação das


curvas de nível, o que é tanto mais importante quanto mais acentuada a inclinação
do terreno;

vi) Adaptar as técnicas culturais e orientação das mobilizações ao funcionamento dos


sistemas de rega usados para diminuir o escoamento superficial da água.
MÓDULO VI

vii) Sempre que possível, realizar mais do que uma operação cultural numa mesma
passagem.

d) Recuperação dos solos salinos/sódicos engloba, em geral, dois processos: a lixiviação


ou lavagem dos sais solúveis, no caso dos solos salinos, e a substituição do Na+ de
troca por Ca2+ de troca, para os solos sódicos, através da adição de corretivos cálcicos,
BIBLIOGRAFIA

como, por exemplo, o gesso. A lixiviação dos sais solúveis é, em geral, acompanhada

41
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
da lixiviação de elementos nutritivos, nomeadamente nitratos, podendo ser necessário
tomar medidas para restaurar a fertilidade do solo.

e) Distribuição adequada das culturas é a base para evitar a erosão. Ter presente que:

i) Culturas anuais que exigem mobilizações periódicas devem ocupar de preferência

MÓDULO I
as áreas planas ou pouco declivosas, como os cereais, e nunca devem ser feitas nos
terrenos declivosos;

ii) As culturas de larga duração, como as forrageiras em prados temporários ou


permanentes, são uma boa defesa contra a erosão;

iii) Culturas perenes (olivais, vinha, pomares), manter uma cobertura permanente do

MÓDULO II
solo com vegetação espontânea ou semeada, cortada regularmente é o que se
pretende e se designa por enrelvamento do solo1. Quando esta prática implica
riscos de incêndio, pode fazer-se uma gradagem superficial em maio/junho, de
modo a misturar a erva com a terra;

iv) Nas explorações com gado, os solos de meia encosta devem ser ocupados com
pastagens semeadas, ou pastagens naturais melhoradas, destinadas a pastoreio
direto ou ao corte para silagem;

MÓDULO III
v) Os terrenos de maior declive, geralmente delgados e sujeitos a processos de
erosão acelerados, devem ser, predominantemente, destinados à silvo-pastorícia
e, se tal for caso, à floresta ou vegetação natural.

f) Efetuar sempre uma rega consciente sem necessidades de proceder a processos de


drenagem do solo2, isto é evidenciar o papel da boa gestão da água de rega na
minimização do seu desperdício.

MÓDULO IV
g) Utilização correta de produtos fitofarmacêuticos. A aplicação de produtos
fitofarmacêuticos deverá processar-se de modo a evitar a contaminação do solo
para não afetar significativamente os macro e micro-organismos responsáveis pela sua
fertilidade. A proteção das culturas deve seguir os princípios da Boa Prática Fitossanitária
e, sempre que possível, as recomendações da Proteção Integrada.

h) Maximizar a cobertura do solo3, através da utilização de diversas práticas agrícolas,


tais como enrelvamento (Figura 13), “mulching”4, recurso a palha ou com culturas MÓDULO V
semeadas.

1 A prática da técnica de enrelvamento do solo será abordada com maior profundidade no Módulo IV –
Agricultura Biológica
2 Drenagem do solo é um processo de remoção do excesso de água dos solos de modo que lhes dê condições
de arejamento, estrutura e resistência. O seu objetivo é retirar o excesso de água proveniente das chuvas, ou
MÓDULO VI

proveniente de nascentes e linhas de água, que condicionem o desenvolvimento da cultura, podendo ser feita
com recurso a valas superficiais ou criando uma rede de valas subterrâneas com geodrenos, geotêxtil e cascalho
ou gravilha, naquilo que vulgarmente se designam de chouriços de drenagem.
3 Cobertura do solo é a prática de espalhar materiais orgânicos - como palha, composto, ou restos florestais –
sobre o solo ou entre o solo e as plantas cultivadas.
4 “Mulching” Consiste na aplicação de materiais no solo, os quais poderão ser orgânicos ou inorgânicos e
que pretendem reduzir a germinação das infestantes e de forma acessória reduzir a evapotranspiração e a
consequente perda de água do solo. Este tema é abordado com maior profundidade no Módulo IV – Agricultura
BIBLIOGRAFIA

Biológica.

42
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 13 - Técnica de enrelvamento

MÓDULO II
I.1.9. NUTRIÇÃO DAS PLANTAS
Quando se fala em nutrição de uma cultura, o que está em causa é a sua capacidade em
aceder aos nutrientes de que necessita para o seu crescimento, desenvolvimento e ou produção.
Considera-se nutriente, o elemento químico essencial ao crescimento e desenvolvimento das
plantas, elemento que não pode ser substituído nas suas funções por terceiros. O nutriente é

MÓDULO III
igualmente denominado por elemento nutritivo ou elemento fertilizante.

A literatura considera, de um modo geral, a existência de vinte elementos químicos como


nutrientes de plantas, a saber: carbono (C), oxigénio (O), hidrogénio (H), azoto ou nitrogénio
(N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), enxofre (S), sódio (Na), silício (Si),
estes dois em algumas culturas, ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu), boro (B),
molibdénio (Mo), cloro (Cl) níquel (Ni) e cobalto (Co). Todavia, o cobalto, o níquel, o sódio

MÓDULO IV
e o silício foram apenas considerados nutrientes para algumas plantas superiores (Mengel e
Kirkby, 2001)

Assim o conceito de essencialidade define um nutriente. Associado à nutrição, encontra-


se, naturalmente, o conhecimento das funções dos nutrientes nas plantas superiores, bem
como da forma como são absorvidos, transportados e aí redistribuídos. Este conhecimento,
por sua vez, permite definir a melhor estratégia de fertilização.

Para além dos nutrientes outros elementos químicos podem ter um efeito benéfico para
MÓDULO V
algumas plantas, razão pela qual podem por vezes ser considerados na fertilização daquelas.
Consideram-se benéficos, por exemplo, o selénio (Se) e o vanádio (V). Todavia, alguns
autores consideram o vanádio um micronutriente, o que significa que a classificação acima é
dinâmica, podendo integrar, a qualquer momento, o resultado de investigação realizada e do
conhecimento entretanto adquirido.
MÓDULO VI

As plantas são constituídas por água (70 a 90%) e 10 a 30% de matéria seca. Mais de 90%
desta matéria seca é composta por carbono (C), oxigénio (O) e hidrogénio (H), nutrientes que
as plantas absorvem diretamente do ar e da água. Os dois primeiros (C e O) representam,
cada um, cerca de 40% dos 90% da matéria seca, sendo a percentagem remanescente, de
H, bastante inferior à dos anteriores. Devido à fonte destes três nutrientes, não minerais, em
culturas ao ar livre é natural não existirem preocupações na satisfação das necessidades das
culturas nos mesmos. Em condições normais, os restantes nutrientes, essenciais ao crescimento
BIBLIOGRAFIA

e desenvolvimento das espécies vegetais, são absorvidos a partir da solução do solo. De entre

43
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
estes, por serem exigidos em maiores quantidades e por tal denominados macronutrientes,
encontramos o azoto ou nitrogénio (N), o fósforo (P), o potássio (K), o cálcio (Ca),o magnésio
(Mg), o enxofre (S), o sódio (Na) e o silício (Si). Os três primeiros por serem normalmente os
mais requeridos, denominam-se macronutrientes principais ou nutrientes primários, enquanto
os restantes, necessários em menores quantidades, se classificam como macronutrientes

MÓDULO I
secundários ou nutrientes secundários.

Igualmente indispensáveis a uma nutrição adequada, mas exigidos em menores


quantidades, encontram-se os micronutrientes, como é o caso do ferro (Fe), do manganês
(Mn), do zinco (Zn), do cobre (Cu), do boro (B), do cloro (Cl), do molibdénio (Mo) do níquel (Ni)
e do cobalto (Co). Estes, todavia, quando disponibilizados e ou absorvidos em quantidades
superiores às necessárias a cada espécie vegetal, podem causar problemas de toxicidade às

MÓDULO II
culturas, com consequências quer ao nível da produção quer da qualidade.

I.1.10. FERTILIZAÇÃO DAS CULTURAS AGRÍCOLAS


A fertilização racional tem como objetivo fornecer às culturas os nutrientes de que
efetivamente precisam – ou criar condições para que estejam facilmente disponíveis e,
simultaneamente, condicionar a disponibilidade de elementos fitotóxicos - através da

MÓDULO III
aplicação de adubos e/ou corretivos nas quantidades, épocas e formas mais adequadas,
preservando, simultaneamente, o ambiente. Isto é, dar resposta ao que aplicar, quanto aplicar,
quando aplicar e como aplicar, questões estas que para serem respondidas e permitirem a
elaboração de um adequado plano de fertilização, implica o conhecimento da cultura ou
rotação de culturas que está em causa, nível de produção esperado, conhecimento da parcela
onde a cultura vai ser realizada, práticas culturais (ex. sequeiro ou regadio e dentro deste a
possibilidade de fertirrega ou não), passado cultural, etc.

MÓDULO IV
Desta forma para se proceder a uma fertilização racional há que recorrer aos meios de
diagnóstico disponíveis como são a análise de terra, para avaliar o estado de fertilidade
do solo da parcela em causa, à análise foliar, para avaliar o estado de nutrição da cultura,
especialmente em espécies arbóreas e arbustivas, bem como a outros meios complementares.
Dentro destes há a referir a história da parcela, que descreve as características da cultura
(densidade de plantação, sistema de manutenção do solo, produção, etc.), bem como

MÓDULO V
as principais práticas culturais efetuadas (fertilização, rega, tratamentos fitossanitários),
informação esta a registar numa ficha informativa. A observação de sintomas visuais anómalos
na cultura em causa ou na que lhe antecedeu, a registar igualmente na ficha acima referida,
bem como a análise da água de rega, nas culturas regadas, para avaliar as suas características
de qualidade, são dois outros meios de diagnóstico passíveis de ser utilizados. Dentro destes,
a análise da água permite avaliar a sua qualidade para a rega e sendo esta aprovada, dar
informação sobre a eventual necessidade da sua correção, permitindo contabilizar não só os
MÓDULO VI

nutrientes por ela naturalmente veiculados ou nutrientes de constituição, bem como de outros
que lhe sejam adicionados, nomeadamente por corretivos a ela aplicar para corrigir uma ou
mais características desfavoráveis. Integram-se neste caso o azoto e ou o fósforo aplicados
para corrigir o seu pH e ou o seu índice de saturação (IS), nomeadamente através da adição
de ácido nítrico ou ácido fosfórico, respetivamente (Jordão et al., 2020). Em algumas espécies,
especialmente fruteiras, poder-se-á ainda recorrer à análise de frutos, especialmente
em pomóideas, cujo objetivo principal será, neste caso, avaliar o risco de ocorrência de
BIBLIOGRAFIA

fisiopatias durante a conservação ou após a mesma, em consequência de uma composição

44
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
desequilibrada em nutrientes, nomeadamente em cálcio e sua relação com outros (N/Ca; K/
Ca; Mg/Ca), ou mesmo em boro (Jordão, 2020). Para o efeito, é essencial que o critério de
amostragem de frutos do ou dos calibres dominantes seja seguido. A análise dos frutos pode
ter outros objetivos, nomeadamente o de dar um contributo para a determinação do estado
de maturação e com esta permitir uma melhor definição da data de colheita. Neste caso

MÓDULO I
não será a determinação da sua composição mineral a pretendida, mas a do valor de outros
parâmetros. Para mais detalhes sobre as Normas de colheita de amostras de frutos, consultar:

https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS091_Colheita-amostras-frutos.pdf

Nos anexos I, II e III apresentam-se, respetivamente, as normas de colheita de amostras

MÓDULO II
de terra, de amostras de folhas e de amostras de água de rega a utilizar como meios de
diagnóstico. Nestes documentos são igualmente sugeridas as determinações a solicitar nos
diferentes materiais. De referir que o recurso a um ou mais dos meios de diagnóstico acima
mencionado é obrigatório ou recomendado quando as culturas estão em Modo de Produção
Integrada (PRODI) ou em Modo de Produção Biológico (MPB) - confira o Decreto-Lei nº 37/2013
de 13 de março, bem como as Portarias nºs 25/2015 de 9 de fevereiro e Portaria nº 153/2015 de
27 de maio, respetivamente:

MÓDULO III
https://files.dre.pt/1s/2013/03/05100/0160801619.pdf

https://files.dre.pt/1s/2015/02/02700/0078100789.pdf

https://files.dre.pt/1s/2015/05/10200/0314803156.pdf

O recurso a estes meios de diagnóstico está igualmente previsto, com carácter obrigatório,
para a fertilização das culturas situadas em Zonas Vulneráveis à poluição das águas causada

MÓDULO IV
por nitratos de origem agrícola (Portaria n.º 259/2012 de 28 de agosto:

https://files.dre.pt/1s/2012/08/16600/0477204795.pdf

A existência do Manual de Fertilização das Culturas, de 2006, e a republicação deste numa


versão revista, ampliada e atualizada, prevista para 2022, recomendam que as questões sobre
a Fertilização das Culturas sejam remetidas para esta publicação, cuja disponibilidade para o

MÓDULO V
público se espera para breve. Sendo este um documento de referência, é de ter presente que
a fertilização das culturas e sistemas culturais situadas em Zonas Vulneráveis devem seguir as
normas previstas no “Código de Boas Práticas Agrícolas para a proteção das águas contra a
poluição com nitratos e fosfatos de origem agrícola” (Despacho n.º 1230/2018, DR 25/2018,
Série II de 2018-02-05), que são obrigatórias, não se podendo ultrapassar os limites de unidades
fertilizantes previstos na Portaria nº 259/2012 ou noutra disposição legal que a venha substituir.
MÓDULO VI

I.1.10.1. FUNÇÕES DOS NUTRIENTES

A anteceder esta descrição, de referir que Mengel & Kirkby (2001) classificaram os nutrientes
em quatro grupos.

O primeiro grupo é formado pelo C, H, O, N e S, considerados nutrientes estruturais,


constituintes da matéria orgânica e com participação em sistemas enzimáticos e em reações
BIBLIOGRAFIA

de oxi-redução.

45
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
O segundo grupo é composto pelo P e o B, e em algumas culturas pelo Si, nutrientes que
participam nos processos de transferência de energia nas plantas.

O terceiro grupo é formado pelo K, Mg, Ca, Mn, Cl e Na, considerados nutrientes
responsáveis pela atividade enzimática, pela manutenção do potencial osmótico, no balanço

MÓDULO I
de iões e no potencial elétrico, especialmente o K e Mg.

O último grupo é integrado pelo Fe, Cu, Zn e Mo, que atuam em sistemas enzimáticos e
também participam no transporte de eletrões (Fe e Cu) para diversos sistemas bioquímicos.

De uma forma sumária apresentar-se-á a função dos diferentes nutrientes minerais nas
plantas.

MÓDULO II
• Azoto ou nitrogénio (N)

O azoto encontra-se envolvido em muitos dos processos fisiológicos fundamentais


das plantas, sendo o nutriente que, comparativamente aos restantes, é necessário em
quantidades mais elevadas. É um nutriente que entra na composição das proteínas,
ácidos nucleicos, hormonas e clorofila, bem como de vitaminas e enzimas fundamentais
à vida plantas, sendo essencial ao seu crescimento vegetativo (ex: raízes, tronco,

MÓDULO III
raminhos e folhas).

• Fósforo (P)

O fósforo, tal como o azoto, encontra-se envolvido em muitos dos processos fisiológicos
fundamentais das plantas, sendo indispensável à germinação das sementes, à realização
da fotossíntese e à formação das proteínas, intervindo em quase todos os processos do
crescimento e do metabolismo das plantas. Entra na composição dos ácidos nucleicos.

MÓDULO IV
Promove a floração, a formação dos frutos e o crescimento das raízes (que tendem a ser
mais numerosas nas zonas mais ricas em fósforo). Melhora a qualidade dos frutos, das
culturas hortícolas e dos grãos, bem como a eficiência do uso da água.

• Potássio (K)

O potássio, a seguir ao azoto e, nalguns casos, ao cálcio, é o nutriente que é absorvido


pelas plantas em maior quantidade. É necessário à formação dos açúcares, amido,
hidratos de carbono, à síntese proteica e à divisão celular. Intervém na regulação MÓDULO V
estomática, contribuindo para a manutenção do equilíbrio hídrico da planta, através
da regulação do potencial osmótico das células. É também requerido para a ativação
de muitas enzimas envolvidas no processo da respiração e da fotossíntese. Promove
a rigidez dos caules, a resistência a condições climáticas desfavoráveis (frio e secura),
incidência de pragas e doenças, bem como a qualidade dos frutos e das sementes.
MÓDULO VI

• Cálcio (Ca)

O cálcio é um constituinte importante das paredes celulares, conferindo-lhes rigidez.


Promove o transporte e a retenção de outros iões. Influencia o movimento da água nas
células e é fundamental ao crescimento e divisão celulares.

• Magnésio (Mg)
BIBLIOGRAFIA

O magnésio faz parte da estrutura da molécula de clorofila, sendo indispensável no

46
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
processo da fotossíntese, na ativação de enzimas da respiração, síntese de ácidos
nucleicos, para além de desempenhar outras funções essenciais ao crescimento e
desenvolvimento das espécies vegetais.

• Enxofre (S)

MÓDULO I
Constituinte de duas proteínas, o enxofre encontra-se envolvido em diversos processos
fisiológicos das espécies vegetais, entre os quais se refere o seu envolvimento no de
fixação simbiótica do azoto, no caso das leguminosas, e a produção de sementes. É
ainda necessário no processo de síntese da clorofila.

• Sódio (Na)

MÓDULO II
O sódio é importante em algumas espécies vegetais com fotossíntese em C4 ou CAM
(que integram culturas como o milho e a cana-de-açúcar, ou o abacaxi e a figueira da
índia, respetivamente, sem que tal signifique que o milho se ressinta sem a aplicação
de Na), na absorção do CO2. O sódio pode ser igualmente benéfico para plantas em
C3. Relevante ainda na síntese de glucose e sua transformação em frutose, na beterraba
sacarina. Contribui para o aumento da eficiência do uso da água.

MÓDULO III
• Silício (Si)

O silício é um constituinte das paredes celulares, aumenta a tolerância de algumas


espécies ao calor e à secura, bem como a resistência a pragas e doenças, para além de
contribuir para a uma maior resistência à toxicidade de alumínio e manganês. Algumas
plantas revelam melhorias no seu crescimento e na fertilidade na sua presença. Uma
das plantas que mais beneficia com a disponibilidade de silício é o arroz.

MÓDULO IV
• Ferro (Fe)

O ferro desempenha uma série de funções essenciais ao crescimento e desenvolvimento


das espécies vegetais, destacando-se a sua intervenção na formação da clorofila e
de algumas proteínas envolvidas na transferência de eletrões, bem como na função
respiratória.

• Manganês (Mn)

O manganês é essencial na produção de clorofila e na reação da fotossíntese na qual o


MÓDULO V
O2 é produzido a partir da água, para além de desempenhar outras funções na planta
nomeadamente ao nível enzimático (respiração), como ativador. Influencia o nível de
auxina presente nos tecidos.

• Zinco (Zn)
MÓDULO VI

O zinco é importante nas primeiras fases das culturas, bem como na formação do grão
e das sementes. É essencial na formação da clorofila e na produção de substâncias de
reserva. Está envolvido em funções enzimáticas similares às ativadas pelo Mg e Mn.
Regula ainda a biossíntese das auxinas.

• Cobre (Cu)
BIBLIOGRAFIA

O cobre desempenha um papel fundamental na produção de clorofila, bem como na

47
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
atividade enzimática, especialmente nas envolvidas nas reações redox. Participa no
metabolismo das proteínas e dos hidratos de carbono, assim como na fixação do azoto.

• Boro (B)

MÓDULO I
Envolvido em atividades como a divisão, o crescimento, diferenciação, maturação ou
respiração celulares. Para além da sua importância na manutenção da integridade
das paredes celulares, a presença de boro é essencial aos processos de floração e
frutificação, bem como ao metabolismo dos hidratos de carbono e das proteínas.

• Cloro (Cl)

O cloro é encontrado nas plantas como cloreto (Cl-). Necessário para reações

MÓDULO II
fotossintéticas, nomeadamente para a etapa em que, tal como acontece com o Mn, o
O2 é obtido a partir da foto-oxidação da água. Contribui para a manutenção da turgidez
celular, como no caso das células estomáticas.

• Molibdénio (Mo)

O molibdénio, constituinte de sistemas enzimáticos, desempenha uma função essencial

MÓDULO III
no metabolismo do azoto, para além do seu papel na fixação simbiótica deste nutriente
nas leguminosas. Indispensável ao funcionamento do rizóbio. É ainda fundamental na
viabilização do pólen e na produção de semente.

• Níquel (Ni)

O níquel é constituinte da urease e várias metalo-enzimas. Nas bactérias fixadoras de

MÓDULO IV
azoto é constituinte da hidrogenases.

• Cobalto (Co)

O cobalto é essencial para a fixação simbiótica do azoto (N2).

I.1.10.2. SINTOMAS DE DESEQUILÍBRIO EM NUTRIENTES

A manifestação de sintomas de desequilíbrio, especialmente de carências, encontra-se MÓDULO V


estreitamente associado à função do nutriente nas culturas e à sua mobilidade naquelas. A
manifestação de sintomas de insuficiência nas folhas mais velhas reflete a maior mobilidade
do nutriente nas plantas. Pelo contrário, a manifestação de sintomas de insuficiência nas
folhas mais novas, traduz a sua menor mobilidade. Nesta matéria, há que ter presente que
o comportamento dos nutrientes nas diferentes plantas não é sempre igual, não só porque
MÓDULO VI

a mobilidade dos nutrientes naquelas não é sempre idêntico, dependendo, por exemplo, da
existência de certos compostos, como ocorre em macieiras e pereiras, por exemplo, em que
o boro forma complexos com o sorbitol sintetizado pelas folhas, migrando facilmente destas
para outros pontos de consumo, mas também porque as exigências em nutrientes para funções
específicas nas diferentes culturas ou suas variedades poder ser distinta. É assim normal que
para além da classificação apresentada na Tabela 12 sobre a mobilidade dos nutrientes nas
plantas, outras existam, porventura diferentes, traduzindo as particularidades das espécies
BIBLIOGRAFIA

com que os diferentes autores trabalharam.

48
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Elevada Intermédia Baixa

Potássio (K) Ferro (Fe) Cálcio (Ca)


Magnésio (Mg) Zinco (Zn) (Manganês - (Mn)*

MÓDULO I
Fósforo (P) Cobre (Cu) (Boro - (B)*
Enxofre (S) Níquel (Ni)
Azoto ou nitrogénio (N) Molibdénio (Mo)
Cloro (Cl) (Manganês – (Mn)*
Sódio (Na) (Boro - (B)*
Tabela 12 - Mobilidade dos nutrientes na planta (floema) | Adaptado de Varennes (2003)
*a mobilidade do Mn e do B dependem da espécie vegetal

MÓDULO II
• Azoto ou nitrogénio

O excesso de azoto pode prejudicar a floração e a frutificação e aumenta a sensibilidade a


doenças. Reduz a qualidade dos frutos. Pelo contrário, uma nutrição azotada deficiente
diminui a produção das culturas, diminuindo o tamanho dos frutos e a qualidade das
espécies hortícolas de folha e das culturas forrageiras e pratenses. A deficiência de
azoto inibe rapidamente o crescimento da planta. Se a deficiência persiste, a maioria

MÓDULO III
das plantas mostra cloroses, especialmente nas folhas mais velhas, que pode mesmo
levar à queda das folhas. Pode ocorrer também uma maior síntese da antocianina,
levando à acumulação deste pigmento nos vacúolos, conduzindo a uma coloração
púrpura. Este aspeto tem sido observado, por exemplo, em folhas de pessegueiros. Na
Figura 14 apresenta-se uma foto da carência de azoto em folha de videira e na Figura
15 numa folha de milho.

MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 14 - Sintoma de carência de azoto em folha
de videira | Fonte: https://acientistaagricola.pt/
macronutrientes-na-vida-das-plantas/

• Fósforo

Um sintoma característico da carência de P é a coloração verde-escura das folhas


MÓDULO VI

mais velhas (numa primeira fase) associadas ao aparecimento da cor púrpura, devido à
acumulação de antocianinas. A carência de fósforo leva à coloração purpúrea das folhas
(Figura 15) e dos caules, a atraso no crescimento e na maturação. Com frequência,
provoca também a queda prematura de flores e frutos, levando a quebras nas produções
esperadas. Teores excessivos de fósforo no solo, por sua vez, tendem a reduzir a massa
radicular.
BIBLIOGRAFIA

Um sintoma característico de deficiência de P é a coloração verde-escura de folhas mais

49
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
velhas (primeiramente) associadas ao aparecimento da cor púrpura, devido ao acúmulo
de antocianina. O excesso de fósforo nas culturas não é frequente.

• Potássio

MÓDULO I
O primeiro sintoma de carência de K é a clorose marginal, que evolui para necrose a
partir do ápice, inicialmente nas folhas mais velhas. O potássio é móvel no interior da
planta, pelo que os sintomas de deficiência geralmente surgem, em primeiro lugar,
nas folhas mais velhas que ficam amarelas ou com necroses nas margens (Figura 15).
A deficiência de potássio reduz as produções das culturas agrícolas e a sua qualidade.

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 15 - Alguns sintomas da carência de nutrientes e de outros
distúrbios observados em folhas de milho | Fonte: https://
agriculturaemar.com/deficiencia-de-nutrientes-nas-plantas-sabe-
quais-sao-os-principais-sintomas/

Na Figura 16 apresentam-se sintomas de carência de K observadas em folhas de vinha

MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 16 - Sintomas de carência de K observadas em folhas de vinha | Fonte: LQARS

• Cálcio
MÓDULO VI

Sintomas característicos de carência de Ca incluem a necrose de regiões meristemáticas


(como ápices de raízes e da parte aérea), onde a divisão celular e a formação de parede
é intensa, impedindo o desenvolvimento dos gomos terminais e apical das raízes. Estes
sintomas revelam também a baixa mobilidade do Ca nas plantas.

A absorção do cálcio é prejudicada pela presença, no solo, de quantidades excessivas


BIBLIOGRAFIA

de azoto amoniacal, potássio, magnésio e manganês. A sua insuficiência provoca

50
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
redução dos crescimentos e baixo poder de conservação dos frutos.

• Magnésio

Um sintoma característico da carência de Mg é a clorose internerval (entre nervuras ou

MÓDULO I
veias) que ocorre primeiro nas folhas mais velhas, que se inicia na margem das folhas
(periferia) até à nervura central, conduzindo, nalgumas espécies, a uma clorose em V
invertido. Esta clorose resulta do fato da clorofila (molécula constituída por Mg) das
nervuras não ser afetada, mantendo-se com um tom normal de verde, enquanto a
clorofila entre as nervuras (mesófilo) fica de um verde pálido que pode evoluir para
amarelo quando a clorose é mais grave. Nalgumas espécies, a deficiência de magnésio
manifesta-se através do avermelhamento dos limbos, como é o caso das castas tintas

MÓDULO II
da videira e, noutros casos, como nas folhas do milho, através do amarelecimento do
tecido entre as nervuras da folha, devido aos seus baixos teores de clorofila (Figura 15).
Na Figura 17 apresenta-se um aspeto da evolução desta carência em folhas de vinha. O
excesso de magnésio é raro.

MÓDULO III
Figura 17 - Sintomas de carência de Mg observadas em folhas de vinha

MÓDULO IV
Fonte: LQARS

• Enxofre

O enxofre (S), tal como o N, é constituinte das proteínas. Assim, muitos dos sintomas
de carência são semelhantes aos apresentados pela carência de N, incluindo clorose,
redução no crescimento e acumulação de antocianinas. A clorose, no entanto, aparece
primeiro nas folhas mais jovens, consequência da baixa mobilidade do S em algumas

MÓDULO V
plantas. Todavia, em algumas outras, a clorose ocorre ao mesmo tempo em todas as
folhas ou pode até iniciar nas folhas mais velhas. Em situações mais graves, toda a
planta se mostra amarelecida.

• Sódio

As plantas com deficiência de sódio, exibem cloroses e necroses e deixam de florescer.


MÓDULO VI

• Silício

Plantas deficientes em silício são mais suscetíveis à acama e a infeções provocadas por
fungos.

• Ferro

A carência de Fe, tal como a de Mg, apresenta-se como uma clorose entre nervuras.
BIBLIOGRAFIA

A de Fe, no entanto, ocorre primeiro nas folhas mais novas devido à sua baixa

51
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
mobilidade. A deficiência (designada por clorose férrica) surge em solos de pH elevado,
sendo frequente em solos com carbonatos ou que foram sujeitos a calagens excessivas
(sobre calagem). Outros fatores, geralmente associados à ocorrência de sintomas de
deficiência de ferro, referem-se a eventuais desequilíbrios existentes no solo entre os
teores de ferro e os de molibdénio, cobre ou manganês, teores excessivos de fósforo

MÓDULO I
ou baixos níveis de matéria orgânica. Os sintomas de deficiência caracterizam-se, de
um modo geral, pelo amarelecimento das folhas, mantendo as nervuras verdes.

• Manganês

O principal sintoma de carência de Mn é uma clorose entre nervuras associada ou não


a pequenas manchas necróticas. Esta clorose pode ocorrer em folhas jovens ou velhas,
dependendo da espécie vegetal. A carência de manganês ocorre, geralmente, em

MÓDULO II
solos com valores elevados de pH e em solos com elevados teores de matéria orgânica.
Pode, igualmente, encontrar-se associada a teores excessivos de fósforo. Na Figura 18
apresentam-se sintomas de carência de Mn observadas em folhas de soja. Por outro
lado, os solos ácidos apresentam muitas vezes teores muito elevados de manganês,
podendo causar problemas de toxicidade em várias culturas.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 18 - Sintomas de carência de Mn em folhas de soja |
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1- Sintomas-
de-deficiencia-de-manganes-em-soja-A-disponibilidade-de-
Mn-aumenta_fig1_305659319

• Zinco

A carência de zinco é caracterizada pela redução no crescimento internodal, isto é


do crescimento de entre nós consecutivos, associado à produção insuficiente de

MÓDULO V
auxinas. A carência de zinco ocorre com frequência em solos pobres no micronutriente,
especialmente se forem muito ricos em fósforo, de elevado pH ou em solos arenosos
ou sujeitos a erosão severa. Uma vez que o zinco é relativamente imóvel na planta, os
sintomas de carência surgem geralmente, em primeiro lugar, nas folhas mais jovens,
MÓDULO VI

Figura 19 - Carência de Zn em folhas de batateira | Fonte:


BIBLIOGRAFIA

https://www.haifa-group.com/pt/guia-de-cultura-necessidades-
nutricionais-da-batata

52
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
com clorose entre nervuras. Reduz o tamanho das folhas mais jovens, provocando por
vezes a sua deformação. Na Figura 19 apresenta-se uma imagem desta insuficiência na
batateira.

• Cobre

MÓDULO I
O sintoma inicial de carência de cobre é existência de folhas verde-escuras, que
podem conter manchas necróticas. Sob deficiência severa as folhas podem cair
prematuramente. A ocorrência de situações de deficiência são raras. As situações de
excesso, quiçá de toxicidade, ocorrem com certa frequência nos solos ácidos, com
baixos teores de matéria orgânica, ocupados há longos anos com vinha, pomares ou
olivais, associadas à aplicação de produtos fitofarmacêuticos à base de cobre. Alguns

MÓDULO II
elementos nutritivos, como o zinco, o fósforo e o ferro, se presentes em elevadas
concentrações no solo, podem diminuir a absorção deste nutriente.

• Boro

As plantas com carência em boro exibem uma variedade de sintomas, dependendo


da espécie e da idade da planta. Um sintoma característico é a clorose de folhas
jovens, bem como posterior necrose de folhas e de gemas terminais, o que reflete a

MÓDULO III
baixa mobilidade em muitas espécies de plantas. A dominância apical pode também
ser perdida e a planta pode ficar muito ramificada. Deficiente floração e vingamento
dos frutos. Além disso, estruturas como frutos e tubérculos podem exibir necroses
ou anomalias relacionadas com a degradação de tecidos internos. As situações de
carência surgem, assim, com certa frequência, nos solos arenosos, onde os teores
de boro são baixos, ou em solos calcários, com uma relação Ca/B desfavorável. A
formação de entrenós curtos e a deformação das folhas que podem apresentar um

MÓDULO IV
aspeto “enconchado” são alguns aspetos que podem igualmente manifestar-se em
situações de carência, tal como a apresentação de frutos pequenos, deformados e
sem valor comercial. São ainda relativamente frequentes as situações de toxicidade,
frequentemente associadas a aplicações excessivas do nutriente. Alguns sintomas como
a clorose e posterior necrose de folhas podem ser confundidos com a apresentada em
situações de carência.

MÓDULO V
Na Figura 20 apresentam-se dois aspetos da carência de boro na videira, afetando a
primeira as folhas que apresentam o aspeto “enconchado” acima referido e a segunda
os bagos de um cacho, alguns dos quais se apresentam” rachados”.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 20 - Carência de boro em videira, em folhas e bagos | Fonte: LQARS

53
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• Cloro

Em face de sua alta solubilidade e distribuição nos solos, não se tem sido verificado a
carência de Cl- em plantas. Em ambientes salinos as plantas podem acumular cloreto
nas folhas a níveis tóxicos, produzindo a necrose de tecidos foliares.

MÓDULO I
• Molibdénio

A carência de molibdénio pode parecer-se como de azoto se a fonte deste for o nitrato
ou se a planta depende da fixação biológica de N2 (simbiose). A carência de molibdénio
origina fraca nodulação das raízes. A carência de molibdénio é referida com alguma
frequência nalgumas culturas, muitas vezes como resultado de desequilíbrios na

MÓDULO II
fertilização praticada, com doses elevadas de nitratos e sulfatos. Embora a necessidade
das plantas em Mo seja pequeno, tem-se verificado a sua carência no campo,
especialmente em solos de reação ácida, ao contrário do que acontece com a de outros
micronutrientes como o Fe, Mn ou Zn.

• Níquel

A carência de Ni raramente é observada em condições de campo. Sendo a urease

MÓDULO III
a única enzima que necessita de Ni como cofator enzimático nas plantas superiores,
plantas deficientes em Ni acumulam ureia nas folhas, o que pode causar necrose no
ápice.

• Cobalto

A carência de cobalto manifesta-se pelo aparecimento de cloroses nas folhas mais

MÓDULO IV
novas. Ocorre em solos muito arenosos, solos derivados de rochas ígneas ácidas, solos
muito calcários ou solos turfosos. A carência é favorecida em solos de reação neutra ou
alcalina.

Na Figura 15 pode observar-se que para além de sintomas de carência de nutrientes como
o azoto, fósforo, potássio e magnésio, surgem outro tipo de perturbações nas folhas como a
resultante da falta de água, da incidência de uma doença provocado por um fungo (ferrugem)

MÓDULO V
ou em consequência de uma aplicação menos cuidada de químicos. Estes aspetos sublinham a
relativa fragilidade desta forma de diagnóstico de sintomas, pois para além dos já referidos não
se pode excluir a ocorrência de mais do que um desequilíbrio, quer por insuficiência quer por
excesso ou ambos, e a multiplicidade de situações que podem conduzir a aspetos anómalos
nas plantas (frio, gelo, ventos fortes, pragas, etc.), que mais do que permitir uma identificação
segura da causa real de tais anomalias, se deve considerar como um alerta sobre algo que não
está bem com a cultura. Tenha-se presente que o diagnóstico de sintomas de desequilíbrios
MÓDULO VI

efetuada exclusivamente por apreciação visual é, para quem tem menos experiência, uma
conhecida fonte de erros pelo que, mesmo para os mais conhecedores, não dispensa que tal
confirmação seja feita através do recurso a outros meios de diagnóstico, nomeadamente da
análise foliar (ou de tecidos vegetais), desejavelmente complementada por outros como seja
a análise de terra. Acresce que, casos existem em que os sintomas de carência podem ser
similares aos de excesso. O do boro, na oliveira, é um destes casos. Porém, o concurso de dois
ou mais meios de diagnóstico é sempre recomendável, pois todos eles, não obstante as suas
BIBLIOGRAFIA

virtualidades, têm as suas limitações.

54
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
I.1.11. MATÉRIAS FERTILIZANTES
Segundo o Decreto-Lei 103/2015, consideram-se matérias fertilizantes os adubos,
os corretivos e os produtos especiais. Dentro daquelas, e segundo o mesmo diploma, são
matérias fertilizantes não harmonizadas, as matérias fertilizantes que não sejam alvo de

MÓDULO I
regulamentação específica da União Europeia e que pertençam a algum dos tipos incluídos
no anexo I ao presente diploma, do qual faz parte integrante. Neste está contemplado o
composto ou compostado.

Dito isto, é necessário esclarecer que nos últimos anos as regras a que o país tinha de obedecer
sobre a colocação no mercado de matérias fertilizantes, assegurando a execução na ordem jurídica
interna das obrigações decorrentes do Regulamento (CE) n.º 2003/2003, do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 13 de outubro de 2003, relativo aos adubos minerais, constavam no Regulamento

MÓDULO II
acima identificado, enquanto as restantes matérias fertilizantes se regiam pelo disposto no citado
Decreto-Lei nº 103/2005 (https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/103-2015-67485179). A partir de
16/07/2022 entrará plenamente em vigor o Regulamento (UE) 2019/1009 do Parlamento Europeu
e do Conselho de 5 de junho de 2019, contemplando agora os fertilizantes orgânicos, para
além dos fertilizantes minerais e outros (https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/%20
PDF/?uri=CELEX:32019R1009&from=LT).

Com a entrada em vigor deste Regulamento que estabelece regras relativas à disponibilização

MÓDULO III
no mercado de produtos fertilizantes UE e que altera os Regulamentos (CE) nº 1069/2009 e
(CE) nº 1107/2009, não só será revogado o Reg. (CE) nº 2003/2003, como é expectável que, a
nível nacional, o Decreto-Lei nº 103/2015 venha a ser revisto. De notar, por exemplo, que o
Regulamento (UE) 2019/1009 passará a incluir uma classe de matérias fertilizantes denominada
Bioestimulante microbiano para plantas, que pode integrar microrganismos como o rizóbio e
as micorrizas, amplamente referidos em I.1.6.2. e que há várias décadas são utilizados no nosso
país, respetivamente, na inoculação de sementes de leguminosas com estirpes selecionadas de

MÓDULO IV
rizóbios adequadas à cultura em causa ou, porventura com bem menor expressão, em videiras
e fruteiras previamente micorrizadas, antes da sua plantação. A este propósito refira-se que o
Decreto-Lei nº 103/2015 apenas contemplava a possibilidade de uso do rizóbio, classificado como
um biofertilizante.

Após esta introdução e seguindo o mesmo princípio utilizado em I.1.10., far-se-á uma
chamada da atenção para alguns diplomas legais a ter em devida conta na utilização das
diferentes matérias fertilizantes, para além dos referidos até agora.

Tendo presente que os solos nacionais são dominantemente ácidos e que houve uma MÓDULO V
alteração na legislação sobre a forma de cálculo do valor neutralizante dos corretivos
alcalinizantes desde a publicação do Reg. (UE) nº 463/2013 da Comissão e do Decreto-Lei
nº 103/2015, sugere-se que para a aplicação daqueles corretivos se tenha em devida conta o
expresso em Rebelo et al. (2021).

No que respeita às matérias fertilizantes orgânicas, é de referir que a utilização dos efluentes
MÓDULO VI

pecuários não se encontra subordinada à legislação sobre as matérias fertilizantes (Decreto-


Lei nº 103/2015), mas sim à Portaria nº 631/2009 de 9 de junho

(https://files.dre.pt/1s/2009/06/11100/0358003594.pdf). O mesmo acontece, aliás, com as


lamas de depuração, cuja valorização agrícola se encontra regulamentada pelo Decreto -Lei
nº 276/2009 (https://files.dre.pt/1s/2009/10/19200/0715407165.pdf).

De mencionar, ainda, que qualquer destes diplomas (Portaria 631/2009 e DL 276/2009) se


BIBLIOGRAFIA

encontra em fase de revisão.

55
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
No que se refere às lamas de depuração, o cálculo da quantidade de nutrientes que
veiculam nem sempre tem sido pacífico. As dúvidas existentes encontram-se, no nosso
entender, esclarecidas por Sempiterno et al. (2021).

I.1.12. DESERTIFICAÇÃO

MÓDULO I
Como tem sido referido ao longo do texto, a matéria orgânica do solo é extremamente importante
como forma de sequestro de carbono (recorde-se que 58% daquela é carbono), assim como é
relevante para a biodiversidade do solo (FAO, 2017), bem como para a biodiversidade animal acima
deste (FAO, 2021). Normalmente menos falado, embora já referido no presente texto, um dos riscos
a que o solo está sujeito é o da desertificação (I.1.; I.1.7.).

MÓDULO II
Segundo o ICNF, 2015, de acordo com a Convenção das Nações Unidas de Combate à
Desertificação nos Países Afetados por Seca Grave e ou Desertificação, particularmente em África
(CNUCD), a “desertificação” corresponde à degradação das terras nas zonas áridas, semiáridas e
sub-húmidas secas, em resultado da influência de vários fatores, incluindo a variabilidade climática
e as atividades humanas. A desertificação, enquanto forma extrema de degradação do solo, resulta
em graves prejuízos para todas as funções do solo.

Portugal, no âmbito da CNUCD declarou-se afetado pela desertificação. A suscetibilidade

MÓDULO III
à desertificação, afetou 58 % do território do Continente nos últimos três decénios (1980/2010),
enquanto na série de 1960/90 tal afetação era de 36 %, sendo incluídas nesta expansão de 22%
sobretudo as áreas do Sul e do interior Centro e Norte. Por outro lado, numa série climática para
o último decénio (2000/2010) é considerado como suscetível à desertificação cerca de 63 % do
território do Continente (ICNF, 2015).

A questão da desertificação deve ser ainda encarada nas suas múltiplas dimensões. Segundo
o ICNF, 2015 há a considerar: a) as questões climáticas, em particular a aridez e as secas; b)

MÓDULO IV
a degradação dos solos, influenciando a perda de produtividade das terras; c) a pobreza, fator
socioeconómico mais relevante da desertificação, associando-se a fenómenos de despovoamento
humano e a migrações. Está-se, pois, perante um problema que só pode ser considerado como
relevante.

Dentro dos objetivos estratégicos do Programa de Ação Nacional de Combate à


Desertificação – PANCD - (cf. a Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2014, de 24/12
(https://files.dre.pt/1s/2014/12/24800/0624206259.pdf), entre outros existe o ponto 3.1 -
Proteger e conservar o solo, em que uma das linhas de ação é Promover a valorização dos MÓDULO V
efluentes pecuários, de lamas de depuração e de subprodutos de agroindústrias como
matérias fertilizantes.

O enriquecimento do solo em matéria orgânica através do recurso a práticas culturais adequadas,


não só contribuirá para o aumento do sequestro de carbono por aquele, bem como pelas culturas/
vegetação existente, em particular pelas culturas permanentes. Através da fotossíntese as plantas
MÓDULO VI

a partir do CO2 da atmosfera fixam o carbono e libertam o oxigénio. Não esquecer, como referido
em I.1.9., que as plantas são constituídas em cerca de 40% por carbono, dando o seu contributo
para o combate e ou mitigação do efeito das alterações climáticas, contribuindo, simultaneamente,
para o aumento da biodiversidade, quer no solo quer acima deste. Acresce que, com o recurso
às melhores técnicas disponíveis, a aplicação de matérias fertilizantes orgânicas como compostos,
ou compostados, efluentes pecuários, lamas de depuração, ou outros fertilizantes orgânicos
de qualidade, contribuirá para o aumento da fertilidade do solo, combatendo ou mitigando,
simultaneamente, a tendência para a desertificação. Deste modo, o enriquecimento do solo
BIBLIOGRAFIA

em matéria orgânica constitui uma medida de mitigação/combate às alterações climáticas, à

56
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
perda da biodiversidade e ao combate à desertificação, sendo assim uma medida comum às três
Convenções do Rio de Janeiro que, sob o nome de Cimeira da Terra,  decorreu nesta cidade em
junho de 1992.

O solo, para além de todas as suas outras funções, é responsável pela produção de 95% dos nossos
alimentos. Estima-se que em 2050 a população seja de 9,3 mil milhões de pessoas, o que implicará

MÓDULO I
a necessidade de um acréscimo de cerca de 60% da produção agrícola. A par desta necessidade,
constata-se que existe uma percentagem apreciável de solos degradados, num processo que
urge conter, primeiro, e recuperar, depois. Por outro lado, é de ter presente que a fertilização foi
responsável por 55% dos acréscimos de produção nos países em desenvolvimento, observados nos
últimos 30 anos do século XX (FAO, 1998).

Uma agricultura responsável só o será se, para além da produção de bens, tenha em devida

MÓDULO II
conta a preservação ou melhoria da qualidade dos solos e respeito pelo ambiente.

I.2 – O CLIMA
Clima, refere-se ao estado físico característico da atmosfera de um dado local ou região
durante um período alargado de tempo, geralmente, 30 anos ou superior, sendo descrito
por estatísticas tais como médias e medidas de dispersão dos valores dos elementos

MÓDULO III
meteorológicos (Abreu, 2018), designadamente a temperatura e a humidade do ar, a
precipitação, a nebulosidade e o vento. Por seu lado o Clima poderá traduzir-se pelo conjunto
de todos os estados que a atmosfera pode ter num determinado local, durante um tempo
longo, mas definido, em geral 30 anos.

A classificação principal de Koppen (Figura 21) divide o clima da Terra em 5 regiões:


• Clima Tropical Húmido;

MÓDULO IV
• Clima Seco;
• Clima Temperado com inverno suave;
• Clima Temperado com inverno rigoroso;
• Clima Polar.

MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 21 - Distribuição atualizada dos tipos de clima segundo a classificação Köppen-Geiger


Fonte: Peel et al., 2007

57
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
A classificação é baseada no pressuposto, com origem na fitossociologia e na ecologia, de
que a vegetação natural de cada grande região da Terra é essencialmente uma expressão do
clima nela prevalecente. Assim, as fronteiras entre regiões climáticas foram selecionadas para
corresponder, tanto quanto possível, às áreas de predominância de cada tipo de vegetação,
razão pela qual a distribuição global dos tipos climáticos e a distribuição dos biomas apresenta

MÓDULO I
elevada correlação (Alvares et al., 2013). Cada grande tipo climático é denotado por um código,
constituído por letras maiúsculas e minúsculas, cuja combinação denota os tipos e subtipos
considerados.
Conforme convencionado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), o clima é
caracterizado pelos valores médios dos vários elementos climáticos num período de 30 anos,
designando-se valor normal de um elemento climático o valor médio correspondente a um
número de anos suficientemente longo para se admitir que ele representa o valor predominante

MÓDULO II
daquele elemento no local considerado.
O fato de a atividade agrícola ser na sua grande maioria a céu aberto, faz com que o
sucesso da sua rentabilidade esteja facilmente dependente entre outros fatores, das condições
meteorológicas.
Tal situação poderá traduzir-se em perdas de produção no campo, por exemplo, pela
redução da taxa fotossintética, pela intensificação da respiração e transpiração ou até na

MÓDULO III
alteração do ciclo das culturas.
Para conhecimento do clima de um dado local o IPMA disponibiliza atualmente informação
de 150 estações meteorológicas automáticas, sendo que estes dados podem ser sempre
corrigidos com a existência das estações meteorológicas em casa do agricultor.
Com diferentes modelos e características, hoje uma estação (Figura 22) montada na
exploração agrícola é um equipamento multifuncional que permite, além de detetar valores
como a direção do vento, velocidade do vento, temperatura, humidade relativa e índice de

MÓDULO IV
pluviosidade, realizar também o registo ou memorização de tais valores. Pode selecionar
o intervalo de medição da estação meteorológica, transferir os dados memorizados desde
a estação a um computador ou aplicativo móvel e criar avisos de alerta para determinadas
condições definidas. É também frequente este tipo de equipamento permitir a ligação de
sensores para avaliação das condições de temperatura e humidade do solo.

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 22 - Exemplo de estação


meteorológica local para medição de
temperatura, precipitação, velocidade e
BIBLIOGRAFIA

direção do vento | Fonte: Anónimo f s.d

58
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Outra alternativa é a contratação de serviços de estações meteorológicas online que
reúnem informação de várias estações físicas e a disponibilizam-na consolidada. A qualidade
desta informação pode naturalmente depender da proximidade ou afastamento do local às
estações de referência.

MÓDULO I
I.2.1. ELEMENTOS METEOROLÓGICOS
Os elementos meteorológicos são variáveis que caracterizam o clima de uma determinada
região, ou seja, são os fenómenos que compõem o clima, nomeadamente a temperatura,
humidade do ar, precipitação, pressão atmosférica, nebulosidade, radiação solar e o vento.
Estes elementos, por sua vez, afetam a agricultura de várias maneiras, ora contribuindo para
o aumento da produção, ora dificultando um bom desempenho das culturas. Além disso, a

MÓDULO II
combinação desses elementos pode intensificar efeitos negativos sobre a agricultura. Assim,
por exemplo, a combinação de ventos fortes com baixas temperaturas pode trazer sérios danos
à vegetação em desenvolvimento. Por sua vez, e dependendo da época do ano, temperaturas
muito elevadas associadas à baixa pluviosidade (pouca chuva) podem condicionar a floração e
o crescimento dos frutos. Dessa forma, os excessos ou a baixa incidência desses fatores podem
facilmente representar quebras na produção agrícola. Além disso, a intensidade das perdas
é variável consoante as culturas, isto é, algumas sofrem mais que outras sob determinadas

MÓDULO III
condições.
Segue-se uma breve descrição dos principais elementos meteorológicos:
a) Temperatura
A temperatura do ar é um parâmetro fundamental para os processos biológicos relacionados
com o desenvolvimento dos estados fenológicos das culturas e o bem-estar dos efetivos
pecuários.

MÓDULO IV
A temperatura não é uma medida de calor, mas pode expressar-se pela sensação de calor
ou frio sentida pelo corpo humano resultado da transferência de energia térmica entre dois
ou mais sistemas. A unidade básica de temperatura no Sistema Internacional de Unidades é
o kelvin (K), sendo frequente o registo em graus Celsius (ºC) (0 K equivale a -273,15 °C) ou
Fahrenheit (ºF) (1 K equivale a -457.87 ºF).
i) Instrumentos de medição
Termómetro e termógrafo – Aparelho que mede a temperatura ou mede e regista a MÓDULO V
temperatura, respetivamente. Torna-se assim possível conhecer as temperaturas máximas e
mínimas em cada dia (Figura 23).
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 23 – Termómetro à direita e Termógrafo à esquerda | Fonte: https://wp.ufpel.edu.br/agrometeorologia/files/2014/08/


termmaxmin.jpg | https://wp.ufpel.edu.br/agrometeorologia/files/2014/08/termografo.jpg

59
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Amplitude térmica é a diferença entre o valor da temperatura máxima e a temperatura
mínima determinadas num dado momento e num dado local.

Ou seja, se a temperatura máxima foi de 15 °C e a mínima de 3 °C, a amplitude térmica


desse dia será de 12 °C, já que 15º - 3º = 12º.

MÓDULO I
Se os valores considerados forem os valores das temperaturas médias então a amplitude
térmica é também o valor médio desse parâmetro.

O ano de 2020 foi o 4º ano mais quente dos últimos 90 anos em Portugal continental
(Figura 24), classificando-se como muito quente e seco, com uma temperatura média do ar de
16,22 °C, mais 0,96 °C em relação ao valor normal 1971-2000 desde 1931.

MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 24 - Anomalias da média da temperatura do ar média anual, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000 |
Fonte: IPMA, 2020b

Segundo os dados do IPMA, o ano de 2020, registou valores de temperatura mínima de


-5,6ºC em Sabugal, no dia 6 de janeiro e uma temperatura máxima de 43,9ºC em Santarém, MÓDULO V
no dia 17 de julho. Ocorreram ainda sete ondas de calor em Portugal continental, uma no
inverno (fevereiro), uma na primavera (maio), quatro no verão (julho e agosto) e uma no outono
(setembro).

ii) Temperatura acumulada


MÓDULO VI

O método das temperaturas acumuladas permite a análise do efeito da temperatura do ar


na ocorrência dos estados fenológicos das culturas (ex. floração ou frutificação). A Figura 25
mostra a título de exemplo os valores da temperatura acumulada para as regiões agrícolas em
que é possível observar os maiores valores a Sul e ao Litoral.

A título de exemplo, na Tabela 13, podemos verificar que as culturas no distrito de Portalegre
BIBLIOGRAFIA

poderão registar cerca de 2,6 dias de avanço em setembro de 2019 (Tb=6.ºC).

60
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 25 - Temperaturas acumuladas 2018 no período de outubro de 2018 a dezembro de 2019 - Boletim Meteorológico para a
Agricultura - Temperaturas acumuladas calculadas para a temperatura base de 0 °C para o ano hidrológico (outubro de 2018 a
dezembro de 2019) | Fonte: IPMA, 2019a

N.º dias N.º dias


Tb=0ºC Tb=6ºC
MÓDULO VI

avanço/atraso avanço/atraso
Bragança 562,7 1,0 382,7 1,6

Vila Real 599,8 0,9 419,8 1,3

Coimbra 639,9 1,6 459,9 2,3

Viseu 573,5 0,5 393,5 0,7


BIBLIOGRAFIA

61
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
N.º dias N.º dias
Tb=0ºC Tb=6ºC
avanço/atraso avanço/atraso
Portalegre 674,8 1,9 494,8 2,6

MÓDULO I
Beja 680,9 0,5 500,9 0,7

Faro 686,3 1,1 506,3 1,6


Tabela 13 - Temperaturas acumuladas (graus-dia) e número de dias potencial do avanço e atraso das culturas no mês de setembro de 2019 para diferentes
temperaturas base | Fonte: IPMA, 2019b

iii) Número de horas de frio

MÓDULO II
Muitas plantas nomeadamente as fruteiras de folha caduca para quebrarem a dormência
em que imergem no outono, necessitem de ser submetidas a um período de frio, mais ou
menos consecutivo, e mais ou menos longo, consoante o clima da região de onde essas
variedades são originárias. Em especial, os fruticultores conhecem bem a importância dos
“requisitos de frio” ou “vernalização”, que na prática se traduzem por todo o período de 60
minutos consecutivos em que a temperatura atmosférica é inferior a 7,2ºC.

Reveste-se de igual importância, conhecer o histórico de ocorrência de geadas (temperatura

MÓDULO III
do ar próxima do 0ºC ou abaixo), em especial a data média da última geada de cada ano que
aponta o fim do inverno (período de maior risco). As geadas reduzem a eficiência da polinização
e podem provocar a queima de rebentos ou flores. Este parâmetro agrometeorológico
permite a criação de mapas (Figura 26) para o zonamento de culturas e variedades de acordo
as necessidades de frio.

MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 26 - Mapa do número de horas de frio


acumulado entre 01 de outubro de 2018 e 30 de
abril de 2019 em Portugal continental
Fonte: (IPMA, 2019a)

Assim, se por exemplo uma variedade de mirtilo, framboesa ou de groselha, exigir 800
horas de frio, ela não deve ser plantada numa região onde, em média, ocorra uma acumulação
de, 600 horas abaixo de 7,2ºC no período Invernal. A título de exemplo a Tabela 14 mostra os
BIBLIOGRAFIA

requisitos de horas de frio necessárias para algumas fruteiras.

62
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Fruteira Variedade Horas de Frio

Pêra Pêra Rocha 500-550 horas (de outubro a março)

Mirtilo “Sul” 100 – 700 horas

MÓDULO I
“Norte” > 800 horas

“rabbiteye” 450 – 750 horas

Framboesa ----- 250 – 900 horas

Amora ----- 250 – 900 horas

MÓDULO II
Groselheiras ----- 700 – 1500 horas

Cerejeiras ----- 700 – 1500 horas


Tabela 14 - Requisitos de frio de fruteiras | Fonte: Madeira, 2014

b) Humidade do ar

MÓDULO III
A humidade do ar é a quantidade de água presente no ar atmosférico em forma de vapor.
i) Ocorrência de orvalho
O orvalho consiste na condensação de água sobre uma superfície a partir do ar confrontante
quando se atinge o ponto de saturação (Abreu, 2019). Sempre que a temperatura da superfície
for mantida negativa e mais baixa do que a do ponto de saturação do ar ocorre a deposição de
gelo por congelamento do orvalho. Esta deposição de gelo ou geada branca tem tendência a

MÓDULO IV
ocorrer durante a noite sempre o balanço da radiação da superfície é muito negativo, existem
condições de humidade atmosférica alta e velocidade do vento baixa, mas com alguma
renovação do ar junto à superfície. Como consequência, a duração do período molhado de
uma superfície é determinante para prever a probabilidade de ocorrência de determinada
doença e permitir definir a aplicação de tratamentos preventivos.
Chama-se precipitação ou pluviosidade à água em forma de gotículas ou de cristais de
gelo que provém da atmosfera e atinge a Terra. A precipitação pode ter a forma de: chuva,

MÓDULO V
chuvisco, neve, granizo, saraiva, nevoeiro, neblina, orvalho, geada ou sincelo.
A precipitação acumulada permite compreender a disponibilidade de água e melhorar a
sua gestão na exploração agrícola.
Em Portugal Continental, no ano de 2020 o valor médio de precipitação total anual, foi
de 746,8 mm, o que corresponde a cerca de 85% do valor normal no período de 1971-2000
(Figura 27). O maior valor da quantidade de precipitação (em 24h) foi registado em Portalegre,
MÓDULO VI

150.1 mm (outubro).
A evapotranspiração resulta da combinação dos fenómenos de evaporação1 e transpiração2

1 Evaporação (físico): Passagem da água superficial e humidade do solo (líquido) para o estado gasoso. Fatores
condicionantes: Existência da energia suficiente (radiação solar) para a alteração de fase; temperatura do ar e da
superfície água; velocidade do vento; pressão atmosférica; substâncias contidas na água. Fatores meteorológicos:
Textura do solo; características físicas e químicas; teor de água e distribuição da humidade no solo
2 Transpiração (físico-biológico): Perda de água dos seres vivos para a atmosfera. Fatores: plantas-espécie,
BIBLIOGRAFIA

densidade e tipo de folhagem, estádio de desenvolvimento e localização em relação à disponibilidade da água.

63
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 27 - Anomalias anuais da precipitação, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000 | Fonte: IPMA,
2020b

das plantas, que se traduz na quantidade de água que poderá passar para a atmosfera, ou seja, na

MÓDULO III
prática representa o consumo de água de uma cultura. Os valores de evapotranspiração oscilam
com a latitude, a estação do ano, a hora do dia, a nebulosidade, a altitude, a velocidade do vento, a
disponibilidade de água e com as características do solo e da vegetação.

Em Portugal Continental e através da análise de um ano hidrológico de 2018/2019 (Figura 28),


conclui-se que os níveis de evapotranspiração no país apresentam bastante heterogeneidade

MÓDULO IV
na sua distribuição regional e que os maiores valores de evapotranspiração ocorrem a Sul e no
interior.

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 28 - Evapotranspiração de referência


BIBLIOGRAFIA

acumulada de 1 de outubro de 2018 a 30 de


setembro de 2019 | Fonte: IPMA, 2020d

64
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
ii) Instrumentos de medição da humidade do ar e do orvalho

A humidade relativa do ar e o ponto de orvalho podem ser lidos por instrumentos que se
chamam psicrómetros ou higrómetros, e registada por higrógrafos.

O psicrómetro é o instrumento para medir a humidade do ar, em regra situado no abrigo

MÓDULO I
meteorológico à altura de 1,5 m. O psicrómetro de aspiração ou de Assmann é constituído
por dois termómetros idênticos colocados um ao lado do outro, que irão servir para avaliar
a quantidade de  vapor de água  encontrada no  ar. A diferença entre esses termómetros é
que um deles trabalha com o bulbo seco e o outro com o  bulbo húmido. O termómetro
de bulbo húmido tem o bulbo coberto por uma malha porosa (geralmente de algodão), imersa
em água destilada. Esta malha fica permanentemente húmida devido ao efeito de capilaridade.

MÓDULO II
Assim a evaporação da água contida na malha que envolve o termómetro retira-lhe energia,
fazendo com que o termômetro de bulbo húmido indique uma temperatura mais baixa do
que a do outro termómetro; que nos informa a temperatura ambiente. Essa redução na
temperatura de bulbo húmido, é tanto maior quanto mais seco está o ar atmosférico, e é nula
quando a atmosfera está saturada de vapor de água.

Atualmente existem modelos eletrónicos que permitem de forma mais fácil e após
calibração a leitura de temperatura e humidade, bem como o registo desta informação ao

MÓDULO III
longo do tempo em ficheiros eletrónicos (Figura 29).

MÓDULO IV
Figura 29 – Exemplo de psicrómetro de Assmann à direita (Anónimo a s.d) e psicrómetro
eletrónico à esquerda (Kern et al., s.d)

c) Precipitação

Segundo o IPMA pode definir-se precipitação a todo o conjunto de partículas de água, MÓDULO V
quer no estado líquido, no estado sólido ou nos dois, que caem da atmosfera e que atingem
a superfície do globo. A chuva, a neve e o granizo, são, portanto, diferentes formas de
precipitação. A neve resulta da queda de cristais sólidos sobre a superfície da Terra sem que
haja fusão devido à baixa temperatura que se faz sentir em altura.

A chuva é a precipitação de partículas de água no estado líquido, que caem sob a forma
MÓDULO VI

de gotas de diâmetro geralmente superior a 0,5 mm, com velocidade em geral superior a 3
m/s e em regra de forma bastante uniforme. O aguaceiro, que é afinal um período de chuva, é
caracterizado por começar e terminar de forma brusca, frequentemente com variações rápidas
de intensidade e pela alternância rápida do aspeto do céu.

i) Instrumentos de medição e registo da precipitação


BIBLIOGRAFIA

Para medir e registar a precipitação de um dado local são utilizados udómetros (pluviómetros) e ou

65
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
udógrafos, respetivamente (Figura 30). Este instrumento é constituído por um funil colocado
sobre um recipiente cilíndrico fixo a um suporte. O funil tem uma boca circular, de diâmetro
conhecido e horizontal. A precipitação que cai através desta abertura é recolhida num
recipiente colocado dentro do cilindro.

MÓDULO I
A quantidade de precipitação que se encontra no recipiente é medida em intervalos de
tempo regulares. A determinação da quantidade de precipitação recolhida no udómetro faz-
se recorrendo a uma escala graduada, geralmente em milímetros.

A sua expressão é dada pela altura h de água precipitada em milímetros (l/m2), enquanto a
intensidade é medida por unidade de tempo (mm/h).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 30 – Exemplo udómetros (pluviómetros) e ou
udógrafos | Fonte: Anónimo e s.d

MÓDULO IV
A grande variação no espaço deste parâmetro deve obrigar à colocação de vários
instrumentos de medida num intervalo que pode ir de 5 a 30 km de distância entre eles.

Ainda assim é espectável que surjam erros de medição que podem ter em conta o desvio
de entrada da precipitação nos instrumentos de medida causado por ação do vento. Os erros
totais devem ser inferiores a 0,1 mm com precipitação até 10 mm e 2% para precipitação
superior em estações convencionais, e inferiores a 0,5 mm para valores até 5 mm ou 10% para
valores superiores em estações automáticas (Abreu, 2018).

d) Pressão atmosférica MÓDULO V

A pressão atmosférica pode definir-se como a força exercida pela atmosfera sobre a
superfície da Terra.

As diferenças de pressão têm uma origem em diferenças de temperatura estando


diretamente relacionadas com a radiação solar e os processos de aquecimento das massas de
MÓDULO VI

ar. O ar quente fica mais dilatado e o ar frio mais comprimido. Com aumento da temperatura
do ar, a pressão diminui em virtude de o ar se dilatar. Com redução da temperatura do ar, a
pressão aumenta porque o ar fica mais comprimido, ou seja, reduz-se o seu volume.

Entre outros fatores naturais que afetam a pressão atmosférica num dado local, contam-se
a proximidade ou afastamento do mar, latitude e altitude.
BIBLIOGRAFIA

A pressão atmosférica, cujo seu valor médio junto ao nível médio das águas do mar é de

66
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
1013 milibares (mbar) ou hectopascais (hPa), diminui com o aumento da altitude e aumenta
com a diminuição da altitude.

i) Instrumentos de medição da pressão atmosférica

MÓDULO I
Os instrumentos utilizados para medir a pressão atmosférica denominam-se de barómetros
e para medir e registar de barógrafos. Apesar do Pascal (Pa) ser a unidade de padrão no
Sistema Internacional de Unidades, nos instrumentos de medida é frequente a existência de
escalas em milímetros de mercúrio (mm Hg), milibares (mb) ou em hectopascal (hPa).

Existem dois tipos de barômetros que funcionam de maneira diferente para medir a pressão


atmosférica, os barômetros de mercúrio e aneroides (Figura 31). Os primeiros funcionam ao
variar a altura da coluna de mercúrio conforme a altitude em que se realiza a medida, e os

MÓDULO II
segundos (sem fluido) consistem numa pequena caixa de metal flexível chamada cápsula
aneroide, hermeticamente fechada para que as mudanças na pressão atmosférica fora da
caixa causem uma expansão e contração de alavancas e molas dentro da caixa e, em seguida,
essas mudanças sejam transmitidas para um mostrador.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 31 - Barómetro aneroide (à esquerda) (Anónimo b s.d) e de mercúrio (à direita)
Fonte: Anónimo c s.d

Além destes, existem hoje instrumentos digitais que recorrem a um sensor integrado
conhecido como piezoresistivo.

MÓDULO V
e) Vento

O Vento é o ar em movimento, e tem origem no deslocamento das massas de ar, ou seja,


o ar movimenta-se horizontalmente (em superfície e em altitude) e também verticalmente, por
causa das diferenças de temperatura e pressão atmosférica.

Os ventos sopram das áreas de alta pressão (dispersoras de ventos) para as áreas de baixa
pressão (recetoras de ventos). A pressão atmosférica condiciona o movimento dos ventos, ou
MÓDULO VI

seja, quanto maior for a diferença de pressão entre as regiões, maior será a velocidade do
vento, podendo ocasionar vendavais ou ventos mais fortes.

À semelhança dos outros elementos do clima, o vento exerce uma extrema importância
para a produção agrícola, devido, ao fato de, na sua composição, transportar humidade e
calor, influenciando nas taxas de evapotranspiração.
BIBLIOGRAFIA

O vento é igualmente facilitador da polinização, ou seja, a dispersão de pólen (células

67
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
reprodutoras masculinas) na deposição do mesmo nos estigmas (porção do aparelho reprodutor feminino
das flores); da transpiração; bem como controlador da turgidez e a pressão osmótica de forma a que
água sirva como um meio de condução dos nutrientes a todos os tecidos da planta. Da mesma forma
é também controlado a formação de geada. Ainda assim, na instalação de pomares em fruticultura, por
exemplo, o produtor deve ter o cuidado de escolher áreas que tenham uma menor ocorrência de ventos

MÓDULO I
frios, contínuos e intensos que no caso das regiões a Norte de Portugal ocorrem principalmente nas
encostas orientadas a Norte.

Bem como deve ser dada atenção a outras consequências que podem resultar em danos
mecânicos, anatómicos e fisiológicos, que causam:

• Queda de flores e frutos, provocando a redução na produtividade da cultura afetada;

MÓDULO II
• Quebra de ramos e galhos em fruteiras, provocando a diminuição da área produtiva da
planta e quebras na produtividade, além de expor as plantas ao ataque de patógenos
(microrganismos causadores de doenças) e pragas que penetram nas plantas através
das lesões;

• Ressecamento do solo (ventos quentes e constantes);

MÓDULO III
• Erosão eólica e/ou desertificação, contribuindo para a expansão das áreas desertificadas;

• Impedimento e/ou dificuldade na aplicação de produtos fitofarmacêuticos, o que, por


sua vez, dificulta a deposição do produto pulverizado sobre o solo ou sobre as plantas.
Por consequência, podem ser transportadas partículas do produto em suspensão no ar
para áreas vizinhas onde podem causar problemas de fitotoxidade (danos ou morte de
culturas suscetíveis) e ainda a contaminação do ambiente (solo, água), de pessoas e de

MÓDULO IV
animais;

• Disseminação de patógenos e pragas, como já foi referido anteriormente, provocando


disseminação de doenças e a infestação de novas áreas de cultura;

• Disseminação ou dispersão de sementes de espécies invasoras, contribuindo para a


infestação de novas áreas.

i) Instrumentos de medição do vento


MÓDULO V
O vento tem direção, sentido e módulo que podem ser medidos e registados. A direção
do vento é determinada por meio de aparelhos denominados cata-ventos (Figura 32) e a sua
velocidade é determinada pelo anemómetro – aparelho que permite medir a velocidade do
vento (km/hora) (Figura 33).
MÓDULO VI

Figura 32 - Catavento – Aparelho que


BIBLIOGRAFIA

permite medir a direção do vento


Fonte: Anónimo d s.d

68
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 33 -
Anemómetro
– Aparelho que
regista a velocidade
do vento | Fonte:
Anónimo, 2021a

Tanto o catavento, como o anemómetro são atualmente substituídos, com vantagem, por

MÓDULO II
anemógrafos, que registam a direção e velocidade do vento em simultâneo (Figura 34).

MÓDULO III
Figura 34 - Anemógrafo – Aparelho que regista a direção e velocidade do vento em
simultâneo | Fonte: Geografia “xou”, 2016

MÓDULO IV
f) Radiação solar

A radiação solar é a energia emitida pelo Sol através de ondas eletromagnéticas o,


imprescindível para manter o aquecimento do nosso planeta e, assim, controlar as temperaturas
para propiciar a manutenção da vida. Contudo, apesar da estabilidade da quantidade e
qualidade da radiação enviada pelo Sol, a quantidade e qualidade da que chega à superfície
terrestre varia de forma quase periódica ao longo do dia e ao longo do ano, sendo que uma
grande parte é absorvida ou refletida pela atmosfera.
MÓDULO V
Esta variação influencia grande parte das culturas agrícolas pois condicionando o número
de horas/luz (insolação) determina o seu desenvolvimento em função de diversos fatores,
nomeadamente, da latitude, da época do ano, assim como da orientação e exposição da
parcela.
MÓDULO VI

Também podemos destacar o efeito da radiação solar na qualidade dos frutos. Uma elevada
disponibilidade de radiação favorece a concentração de açúcares e também a intensificação
da coloração vermelha da casca, por exemplo no caso de algumas variedades de maçã e do
tomate de indústria.

Contudo, o excesso de radiação solar pode conduzir a que a planta utilize um volume maior
de água para regular a temperatura, o que, consequentemente, pode levar à desidratação e
BIBLIOGRAFIA

emurchecimento da mesma, ou até ao “escaldão” dos frutos.

69
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
i) Instrumentos de medição da radiação solar

A medição da radiação solar é realizada pelos aparelhos chamados - Piranómetro e ou


Actinómetro (em kcal/cm2/min) (Figura 35).

MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 35 – Piranómetro termoelétrico de alta precisão
Fonte: Anónimo, 2021b

- Heliógrafo – mede o número de horas por dia de radiação solar direta – Insolação (Figura

MÓDULO III
36).

MÓDULO IV
Figura 36 - Instrumento utilizado para medir a insolação – Heliógrafo
Fonte: Anónimo, 2020

g) Evaporação e evapotranspiração MÓDULO V


Em Meteorologia o termo evaporação é usado para designar a transferência de água
para a atmosfera sobre a forma de vapor. Evapotranspiração  é a perda de água do solo
por evaporação e a perda de água da planta por transpiração.

A evaporação e a evapotranspiração são indicadas nas mesmas unidades da precipitação,


MÓDULO VI

utilizando-se a altura da linha de água, expressa em milímetros. Um milímetro de evaporação,


ou de evapotranspiração, equivale à transferência para a atmosfera de um litro de água para
cada metro quadrado da projeção da superfície evaporante.

A sua importância reside no fato de também tornar possível quantificar melhor as linhas
de água usadas na irrigação e os respetivos turnos de rega, minimizando os desperdícios e
mantendo o solo num teor de humidade adequada às plantas. A combinação de períodos
BIBLIOGRAFIA

com baixa precipitação e elevadas temperaturas tem quase sempre como consequência o

70
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
aumento das taxas de evapotranspiração com a consequência negativa que isso representa
para as culturas quando não é feita a compensação necessário por via de rega.

A avaliação destes parâmetros pode exatamente resultar da informação de temperatura


e precipitação ou ser determinado (nomeadamente o caso da evaporação) por dois tipos

MÓDULO I
de instrumentos, as tinas evaporimétricas ou atmómetros (Figura 37). A avaliação de
evapotranspiração não tão frequentemente realizada nas condições da exploração agrícola,
mas também o pode ser nalgumas estações meteorológicas, através da montagem de
lisímetros de drenagem ou pesagem automática.

MÓDULO II
Figura 37 - Exemplo de atmometro (à esquerda) e de tina evaporímetrica (à direita)

MÓDULO III
Fonte: Perez et al., 2019

I.2.2. O CLIMA DE PORTUGAL CONTINENTAL


Os últimos resultados das normais climatológicas que compreendem o período de 1971-
2000, permitem também identificar os diferentes tipos de clima, tendo-se utilizado para
Portugal Continental a classificação de Köppen-Geiger, que corresponde à última revisão de

MÓDULO IV
Köppen em 1936. Os resultados obtidos pela cartografia, para esta classificação climática,
permitem confirmar que na maior parte do território Continental o clima é temperado, do Tipo
C, verificando-se o Subtipo Cs (Clima temperado com verão seco) e as seguintes variedades
(Figura 38):

MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 38 - Classificação climática de Köppen para


Portugal continental | Fonte: IPMA, 2020c

71
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• Csa, clima temperado com verão quente e seco nas regiões interiores do vale do Douro
(parte do distrito de Bragança), assim como nas regiões a Sul do sistema montanhoso
Montejunto-Estrela (exceto no Litoral Oeste do Alentejo e Algarve).
• Csb, clima temperado com verão seco e suave, em quase todas as regiões a Norte do

MÓDULO I
sistema montanhoso Montejunto-Estrela e nas regiões do Litoral Oeste do Alentejo e
Algarve.
• BSk, clima árido de estepe fria de latitude média, numa pequena região do Baixo
Alentejo, no distrito de Beja.

Em relação ao Arquipélago da Madeira e Açores verifica-se que Madeira é do tipo Csa,


clima temperado com verão quente e seco; os Açores no Grupo Oriental é do tipo Csb clima

MÓDULO II
temperado com verão seco e suave, e no Grupo Oriental e nos Grupos Central e Ocidental é
do tipo Cfb, ou seja, clima oceânico, também por vezes chamado clima temperado marítimo,
é um clima temperado húmido com verão temperado e que ocorre em regiões afastadas das
grandes massas continentais.

De acordo com o IPMA a análise espacial baseada nas normais de 1961/90 mostra a
temperatura média anual a variar entre cerca de 7°C nas terras altas do interior Norte e Centro

MÓDULO III
e cerca de 18°C no Litoral Sul. Com base nos mesmos dados mostra-se que a precipitação
média anual tem os valores mais altos no Minho e Douro Litoral e os valores mais baixos no
interior do Baixo Alentejo (Figura 39).

MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 39 - Mapas da Temperatura média anual (à esquerda) e da precipitação acumulada anual (à


direita) para a normal de 1961/90 | Fonte: IPMA

Num dado local a influencia, nomeadamente da latitude, altitude, relevo, continentalidade


MÓDULO VI

e maritimidade pode interferir nos elementos climáticos já abordados anteriormente


(temperatura, humidade, pressão atmosférica, radiação solar e vento).

A latitude interfere na incidência de raios solares recebidos por uma determinada região.
As latitudes a Sul mais próximas da linha do Equador recebem maiores quantidades de raios
solares por unidade de área da superfície terrestre, o que, consequentemente, faz com que as
temperaturas médias desses locais sejam superiores. Quanto mais afastado do Equador for o
BIBLIOGRAFIA

local, menor será a temperatura média.

72
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Assim a distribuição da radiação solar incidente e da temperatura sobre a superfície terrestre
condicionam em grande medida as espécies e cultivares agrícolas de uma dada região.

Apesar do clima temperado de Portugal as culturas de outono/inverno, como a fava, nabo,


ervilha, cereais (todas semeadas durante o outono início de inverno) crescem e desenvolvem

MÓDULO I
melhor sob temperaturas mais baixas, com alguma diferenciação de temperaturas em certas
regiões, devido à latitude e outros fatores do clima, o mesmo acontece com as culturas
de primavera/verão como batata, milho, tomate, melão, melancia. No milho também as
temperaturas e as horas luz levam a que quanto mais a Norte, os ciclos3 cultivados sejam mais
curtos de 200/300/400 e a Sul, já se façam ciclos mais longos de 500/600/700.

Geralmente quanto maior for a altitude, menor será a temperatura média, situação que se
deve principalmente ao fato do ar ficar cada vez menos denso à medida que se sobe em altitude.

MÓDULO II
Assim, à medida que a altitude aumenta, os gases como o dióxido de carbono, o oxigénio, o
vapor de água e as partículas que retêm o calor existem cada vez em menor quantidade e o ar
perde capacidade para aquecer, também porque se vai reduzindo a quantidade de radiação
que é emitida pela superfície da Terra.

Para a mesma latitude, num local com maior altitude a radiação solar é mais intensa do que
num lugar com menor altitude. Esta situação é explicada pelo fato de a camada atmosférica

MÓDULO III
ser menor, logo filtrar menos os raios solares. No entanto, estes locais são mais frios porque o
ar é mais rarefeito, sendo menor o efeito de estufa e menor a absorção da radiação e também
porque se verifica mais reflexão da radiação solar pelas nuvens, sendo também menor a
quantidade de radiação terrestre que chega a estes locais.

Tanto a altitude como a latitude têm efeito sobre os elementos meteorológicos, como
a temperatura do ar e a radiação solar incidente, que afetam diretamente a fotossíntese
das plantas. Culturas como a maçã, a uva, a pera, o pêssego, ou o kiwi apresentam maior

MÓDULO IV
produtividade em locais com maior altitude devido à ocorrência de temperaturas mais baixas
que lhes proporciona maior número de horas de frio, e que são importantes para a entrada da
planta em repouso vegetativo (dormência), bem como para a quebra da dormência e floração.
Em locais com altitudes e latitudes elevadas ocorre uma maior variação de temperatura entre
o dia e a noite, já que durante o dia aquecem enquanto à noite arrefecem mais facilmente.
Isto é de crucial importância para a produção de frutas de qualidade, pois, com temperatura
mais altas durante o dia e baixas durante a noite, as fruteiras conseguem acumular maior teor
MÓDULO V
de açúcares, ácidos e pigmentos no fruto.

O relevo estando associado à altitude, influencia a temperatura e a humidade ao facilitar


ou dificultar a circulação das massas de ar. Regiões localizadas próximas ou em regiões
mais acidentadas possuem um clima que é fortemente influenciado pelo relevo. A orografia
condiciona a deslocação das massas de ar, influenciando a humidade e o índice pluviométrico
da região. A título de exemplo, num ponto localizado entre elevações montanhosas, pode
MÓDULO VI

fazer mais calor do que num local próximo, pois, o vento tem maior dificuldade em dispersar
o ar quente nos locais cercados por pontos mais altos. Em determinadas regiões, o relevo
também pode constituir uma barreira natural à chegada de massas de ar húmidas, tornando-
as em regiões, mais secas.

3 Ciclo cultural, vulgarmente referenciada pelo ciclo FAO (200 a 800), o que está dependente da potencialidade
climática da estação de crescimento do local (somatório de  graus dia  entre as datas possíveis de sementeira
e colheita) devendo-se escolher as plantas de ciclo mais curto em sementeiras mais tardias, sendo plantas de
BIBLIOGRAFIA

menor estatura e por isso com valores ótimos de densidade de povoamento mais elevados (Moreira, 2002).

73
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Em lugares localizados no interior do território do continente, mais distantes da influência
atlântica, há uma variação da temperatura ao longo do dia, com elevadas taxas de amplitude
térmica. O calor específico da água é maior que o da Terra e, em consequência, a água demora
mais a aquecer, enquanto o solo terrestre aquece rapidamente. Por outro lado, a água retém o
calor por mais tempo e demora mais a irradiar a energia absorvida.

MÓDULO I
A continentalidade e a maritimidade afetam as condições do clima já que o clima das
regiões mais distantes do mar geralmente é mais seco do que o das áreas mais próximas
do Litoral, uma vez que as primeiras sofrem pouca ou nenhuma influência das massas de ar
húmidas.

Em Portugal, a influência da latitude, do oceano Atlântico, da massa continental da Península

MÓDULO II
Ibérica e da altitude faz com que exista alguma diversidade climática. Assim, no Norte atlântico,
predomina o clima temperado mediterrânico de influência atlântica, com maior quantidade de
precipitação e menor duração da estação seca. No Norte transmontano, predomina o clima
temperado mediterrânico de influência continental, com menor quantidade de precipitação e
maior amplitude térmica anual. Nas áreas de montanha mais elevadas, como a serra da estrela,
a altitude faz com que se registem temperaturas mais baixas e precipitações mais abundantes,
por vezes, com queda de neve, no inverno. No Sul de Portugal Continental, as características do

MÓDULO III
clima temperado mediterrânico são mais acentuadas (verões quentes e secos; invernos frescos e
húmidos).

I.2.3. AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, EFEITOS, ADAPTAÇÃO E MITIGAÇÃO


NA ATIVIDADE AGRÍCOLA
As práticas agrícolas ocuparam sempre um lugar importante na história do Homem tratando-

MÓDULO IV
se de um passo decisivo para o desenvolvimento humano e para a melhoria do padrão de vida.
Inicialmente a agricultura praticada era de subsistência, praticada ao nível familiar e de acordo com as
necessidades dos próprios. Ao longo do tempo a agricultura intensificou-se, de forma a dar resposta
aos mercados de procura e oferta de produtos animais e vegetais para o que muito contribui a
mecanização agrícola, a utilização de produtos químicos para a fertilização e fitossanidade, associada
à resolução de problemas. Se por um lado se atingiram altos índices de produtividade, por outro
levantaram-se problemas de fertilidade do solo ou do tempo de produção. Um dos problemas mais
importantes na atualidade e que é transversal à agricultura está associado às alterações climáticas e MÓDULO V
o futuro passa pelo desafio de continuar a produzir mitigando os seus efeitos, sobretudo negativos,
para o agricultor.

As temperaturas do ar mais elevadas já afetaram a duração do período de cultivo em


grandes partes da Europa e as datas de floração e colheita dos cereais ocorrem vários dias
mais cedo, prevendo-se que estas mudanças continuem em muitas regiões.
MÓDULO VI

De acordo com a Agencia Europeia do Ambiente (AEA, 2015) a produtividade agrícola do


Norte da Europa poderá aumentar graças ao período de cultivo mais prolongado e à menor
ocorrência de geada. Além disso, as temperaturas mais quentes e os períodos de cultivo mais
longos abrem oportunidade a novas culturas. No Sul da Europa, porém, as ondas de calor e
a redução da precipitação e da água disponível são suscetíveis de prejudicar a produtividade
das culturas sendo igualmente previsível uma maior variação anual do seu rendimento devido
BIBLIOGRAFIA

a fenómenos meteorológicos extremos e a outros fatores, como as pragas e as doenças.

74
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Em certas zonas da região mediterrânica, algumas culturas estivais poderão passar a ser
cultivadas no inverno, devido ao calor extremo e ao stresse hídrico nos meses de verão.
Noutras zonas, como o Oeste da França e o Sudeste da Europa, prevê-se uma redução do
rendimento das culturas devido aos verões quentes e secos e à impossibilidade de transferir
a produção para o inverno.

MÓDULO I
A alteração das temperaturas e dos períodos de cultivo também pode influenciar a
proliferação e a propagação de algumas espécies, nomeadamente insetos, de ervas daninhas
invasivas ou de doenças, que por sua vez poderão afetar o rendimento das culturas. As
potenciais perdas poderão ser, em parte, compensadas por práticas agrícolas como a rotação
de culturas em função da disponibilidade de água, o ajustamento das datas das sementeiras
à temperatura e aos padrões de precipitação e a utilização de variedades mais adequadas às

MÓDULO II
novas condições (por exemplo, culturas resistentes ao calor e à seca).

• Os impactos do aquecimento global na fenologia, reduzindo a duração do ciclo das


culturas e, portanto, a produtividade.

• O aumento de CO2 na eficiência fotossintética das culturas, que por sua vez aumenta a
taxa fotossintética de algumas culturas e, portanto, a sua produtividade.

MÓDULO III
• Com a concentração da precipitação, em episódios de precipitação intensa, verificar-
se-á um maior risco de perda de solo por erosão;

• Na produção animal, as condições meteorológicas e a ocorrência de eventos extremos


afetam a saúde, o bem-estar, o crescimento e a reprodução das espécies pecuárias por
exemplo pela maior dificuldade que pode existir na dissipação do calor corporal que
conduz a stress térmico e a alterações no comportamento alimentar reprodutivo.

MÓDULO IV
• Maior necessidade de rega, uma vez que com o aumento da temperatura haverá mais
perdas por evaporação do solo e maior evapotranspiração das culturas;

• O aumento do nível médio da água do mar, terá consequências para as zonas agrícolas
junto do Litoral, onde, muitas vezes, se verifica uma grande proximidade entre o nível
freática e a superfície. Em alguns casos, chega mesmo a haver intrusão da água do

MÓDULO V
mar em estuários e aquíferos que nestas circunstâncias pode ter como resultado quer
a subida do nível freático, quer do total alagamento das parcelas, quer do aumento da
salinidade.

As medidas de mitigação e ou adaptação às alterações climáticas na atividade agrícola


podem contemplar diferentes respostas a estímulos climáticos verificados ou esperados, de
forma a moderar danos ou a explorar oportunidades benéficas. Entre elas, citem-se:
MÓDULO VI

• O melhoramento genético nas espécies / cultivares mais suscetíveis a fatores relacionados


com necessidades térmicas e de vernalização e melhor resistência ao stress hídrico;

• O recurso a pastagens que privilegiem a consociação de diversas espécies;

• A recalendarização das operações culturais (por exemplo datas de sementeira e datas


de colheita) em função dos padrões climáticos e se necessário a localização noutro
BIBLIOGRAFIA

lugar mais favorável ao desenvolvimento das culturas;

75
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• A adoção de tecnologias e práticas de rega mais eficientes de uso da água, conjugadas
nomeadamente com informação sobre o teor de água e temperatura do solo,
armazenamento da água da chuva e a conservação da água no solo por exemplo,
através da gestão de resíduos da cultura;

MÓDULO I
• Recorrer a tecnologias de agricultura de precisão que permitam um uso racional dos
fatores de produção assente na monitorização do desenvolvimento dos ciclos das
culturas; alterar taxas de fertilização em consonância com a alteração do potencial
produtivo;

• Melhorar a eficiência e eficácia do controlo de pragas, doenças e infestantes através de


práticas de produção integrada;

MÓDULO II
• Utilizar estruturas de acondicionamento animal para fazer face a períodos de maior
stress térmico, sempre que possível privilegiar a criação de animais de raça autóctone;

• Utilizar sistemas de previsão climática para reduzir o risco associado às decisões de


gestão;

• Diversificar o rendimento integrando outras atividades, agrícolas ou complementares

MÓDULO III
destas como atividades de turismo e lazer que contemplem o ecossistema agrícola.

I.3 A PLANTA
O aparecimento da vida no nosso planeta surge com o aparecimento de algas azuis ou
cianobactérias com um sistema fotossintético constituído por clorofila a. Através da realização

MÓDULO IV
da fotossíntese e libertação de oxigénio, foi se acumulando ao longo dos anos o oxigénio
e permitindo que parte dele se transformasse em ozono que retém parte da radiação
ultravioleta e permite assim a evolução de organismos mais sensíveis a esta radiação. Este
processo permitiu o aparecimento dos organismos eucariotas. Estes colonizaram a Terra e
foram evoluindo tirando partido da oxigenação progressiva da atmosfera. (Lousã et al., s.d).

De acordo com estes autores alguns passos evolutivos essenciais dão-se nos períodos:

MÓDULO V
• Ordovícico a passagem dos organismos vegetais para as zonas emersas.

• Silúrico e no Devónico a evolução dos tecidos condutores

• Pérmico surgem e diversificam-se as plantas vasculares com sementes

• Cretácico surgem as plantas vasculares com sementes cujas flores têm perianto
MÓDULO VI

As plantas são a base de sustentação da vida na Terra. São elas que, juntamente com
as algas, produzem o oxigénio necessário à respiração dos seres vivos. Ao transformarem
a matéria mineral em matéria orgânica, através da fotossíntese, as plantas estão na base
das cadeias alimentares. De uma forma direta ou indireta fornecem o alimento aos animais,
incluindo o Homem.

Se as plantas não existissem, os herbívoros morreriam e os carnívoros que deles se


BIBLIOGRAFIA

alimentam morreriam também. A Terra seria, então, um planeta sem vida.

76
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Existe uma grande variedade de plantas, com tamanhos diferentes. De acordo com a
classificação dos organismos vivos o Reino Plantae tem 12 divisões (Raven et al., 2005):

• Briófitos - musgos, hepáticas e antocerotas;

MÓDULO I
• Pteridófitos - psilotófitos, licófitos, cavalinhas e fetos;

• Gimnospérmicas - cicas, ginkgo, coníferas e gnetófitos

• Angiospérmicas

MÓDULO II
Os órgãos principais das plantas são: as raízes, as folhas, o caule, as flores e frutos (Figura
40). Cada órgão desempenha uma função essencial para a planta, comparável ao que acontece
com os órgãos do corpo humano.

De forma resumida pode dizer-se que as folhas são responsáveis pela respiração e pela
fotossíntese; as raízes absorvem substâncias do solo e conferem fixação da planta ao solo, o
caule sustenta a parte aérea da planta; e as flores e frutos estão relacionados com a reprodução.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 40 - Órgãos das plantas | Fonte: Diana, s.d

a) Fatores do ambiente que influenciam a vida das plantas

MÓDULO V
O  crescimento e desenvolvimento das plantas  estão relacionados com fatores externos,
nomeadamente a água, luz, temperatura e solo.

i) Água

A água é determinante na reação fotossintética pelo que constitui a base da vida das
plantas determinando a base química da vida, a circulação e a absorção de nutrientes do solo,
determina a distribuição e a fisionomia da vegetação. A quantidade de água utilizada para a
MÓDULO VI

produção de 1 kg de trigo é de aproximadamente 1000 kg, para 1 kg de arroz ou de frutas


secas é de 2500 kg, e para a produção de 1 kg de fibra de algodão é de 5000 kg. Contudo,
neste quilo produzido somente 0,15 kg é composto de água, sendo que o restante atravessa
a planta para a atmosfera, através da transpiração (Teare e Peet,1983).

A principal origem do fornecimento de água às plantas é a água que se encontra no solo.


Quando há disponibilidade de água no solo, esta movimenta-se por difusão do solo para a
BIBLIOGRAFIA

planta e da planta para a atmosfera, no sistema contínuo solo-planta-atmosfera (Angelocci,

77
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
2002). Assume aqui um importante papel a raiz e os respetivos pelos radiculares que a
constituem, que em condições normais de estrutura do solo será capaz em profundidade
de procurar a existência de água para satisfação das necessidades da planta. Efetivamente o
sistema radicular pode compreender 2/3 da biomassa das plantas. Esta é uma adaptação para
a manutenção do balanço hídrico das plantas. Por sua vez, através da transpiração as plantas

MÓDULO I
perdem pelos estomas uma elevada percentagem de água para a atmosfera da que absorvem,
a quantidade varia em função da intensidade da luz, temperatura, humidade, velocidade do
vento e teor de CO2 na atmosfera. O movimento da água das raízes até as folhas é explicado
pela teoria de tensão e coesão segundo a qual ao aumento da absorção de água resultante
do aumento da transpiração e perda de água se gera a força necessária para a sua absorção.

A importância da água prende-se pelo fato de ser através dela que outros nutrientes

MÓDULO II
dissolvidos podem ser assimilados pelas plantas

De acordo com a sua necessidade em água há plantas que vivem sempre na água (nenúfar);
há plantas que necessitam de muita humidade (fetos, musgos); há plantas que têm necessidade
moderada de água (pereira, pessegueiro); há plantas que conseguem viver em locais secos,
adaptadas à secura (catos) e há plantas que vivem na margem de rios, ribeiros e linhas de água
(planta ribeirinha, ripícola).

MÓDULO III
ii) Ação da luz e radiação solar

A ação da luz e radiação solar constitui a fonte de energia para os processos físicos-químicos
e biológicos que ocorrem na superfície terrestre, interferindo assim em vários aspetos das
plantas das quais se destacam as seguintes:

• Taxa fotossintética;

MÓDULO IV
• Regulação do comprimento dos entre nós do caule e da dimensões, forma, recorte e
anatomia das folhas;

• Fotoperíodo, isto é, a duração do período de luz necessária para uma planta florir:

• Plantas de dias curtos: só florescem se o fotoperíodo é menor que o tamanho crítico

MÓDULO V
(dia com menos de 14 h, florescem no outono ou no fim de verão);

• Plantas de dias longos: só florescem se o fotoperíodo é maior que o tamanho crítico


(dia com mais de 14 h, florescem na primavera e no início de verão);

• Plantas de dias neutros: não necessitam de fotoperíodo.

• Época de brotamento, floração, perda de folhas e germinação de sementes.


MÓDULO VI

Por depender da luz do sol, a fotossíntese é a forma como as plantas se alimentam durante
o dia, transformando o CO2 da atmosfera e assimilando água que transformam em glicose e
libertam oxigénio.

Segundo a adaptação à luz as plantas podem ser heliófilas quando exigem luz plena (por
exemplo o girassol e o milho), e umbrófilas quando adaptadas à sombra ou deficiência de luz
BIBLIOGRAFIA

(caso dos musgos e fetos).

78
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
iii) Temperatura

Para se desenvolverem, as plantas também precisam de temperatura adequada, caso


contrário podem mesmo morrer ou por queima dos tecidos no caso de geada ou temperatura
muito elevada. Se a temperatura não for a adequada pode também comprometer-se as

MÓDULO I
produções. Neste sentido, cada espécie tem um limite máximo, um limite mínimo e um ótimo
de temperatura para efetuar as diversas fases do seu ciclo vegetativo.

Efeitos de temperatura baixa

• Redução da atividade enzimática;

• Indução da floração;

MÓDULO II
• Quebra de dormência da semente;

• Perda de folhas, que só voltam a crescer aquando da chegada da primavera.

Efeitos de temperatura alta

• Dormência secundária de sementes;

MÓDULO III
• Danos celulares;

• Aumento da transpiração;

• Interrupção do crescimento;

• Inibição da fotossíntese antes da respiração.

MÓDULO IV
As espécies frutíferas de clima temperado, de folhas caducas apresentam um período
de repouso invernal, durante o qual as plantas não apresentam crescimento vegetativo.
Esse repouso é condicionado pelas condições climáticas, que atuam sobre os reguladores
de crescimento, nomeadamente a temperatura. Um novo ciclo vegetativo/reprodutivo será
iniciado somente após as plantas sofrerem a ação das baixas temperaturas, sendo que a
quantidade de frio requerida para o término do repouso é conhecida como número de horas

MÓDULO V
de frio que pode situar-se abaixo dos 7ºC ou dos 13ºC consoante o tipo de planta.

Outro conceito importante a ter em conta na influência da temperatura na planta é o de


Grau-dia. Este pode definir-se como a acumulação diária da temperatura que se situa acima
da condição mínima e abaixo da máxima exigida pela planta (Ometto, 1981). A condição
mínima ou máxima é definida como temperatura-base e a energia acumulada nesse intervalo
de condição (graus-dia ou soma térmica) é a energia necessária para a planta completar
MÓDULO VI

determinada fase fenológica ou, mesmo, o seu ciclo total de desenvolvimento.

iv) Solo

À exceção das plantas aquáticas o meio de suporte das plantas é o solo. O solo influencia
o desenvolvimento das plantas através das suas:

• Propriedades físicas de textura, estrutura, porosidade e arejamento, poder de retenção


BIBLIOGRAFIA

para a água, temperatura;

79
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• Propriedades químicas relacionadas com o pH, capacidade de troca catiónica,
condutividade elétrica- salinização, teor de matéria orgânica, macro e micronutrientes;

• Propriedades biológicas, nomeadamente a sua atividade microbiana, tornando os solos


mais férteis e produtivos para as plantas, relações simbióticas e atividade enzimática;

MÓDULO I
A planta e as suas necessidades

As necessidades da planta podem dividir-se em fisiológicos e nutritivos, conforme a Tabela


15.

Necessidades Fisiológicas Necessidades Nutritivas

MÓDULO II
Fator Função Fator Função Fonte natural Aplicação

Parte aérea

Carbono para
CO2 em estufa
Fotossíntese/ Dióxido de a matéria
Luz Ar (raro em
Floração carbono (CO2) orgânica da
Portugal)
planta

MÓDULO III
Oxigénio Respiração

Crescimento/
Calor/Frio multiplicação das
células - Floração

Raiz

Oxigénio e

MÓDULO IV
Respiração raízes hidrogénio
Oxigénio e sementes em Água para a matéria Chuva Rega
germinação orgânica da
planta
Crescimento/ Nutrientes Constituintes Fertilizantes
Solo, Ar,
Calor multiplicação das solúveis (N, P, das células e minerais e
(azoto)
células K, Ca, etc.) sucos celulares orgânicos
Fatores de

MÓDULO V
Germinação
crescimento
Transporte da Substâncias Fertilizantes
Água e resistência Solo
seiva “bruta” e orgânicas orgânicos
às doenças e
“elaborada”
pragas
Tabela 15 - Necessidades fisiológicas e nutritivas da planta | Fonte: Soltner, 1989

Segundo Soltner, os principais elementos que constituem as plantas são oxigénio, carbono
e hidrogénio, em 98%, encontrando-se o oxigénio e o hidrogénio principalmente na água da
MÓDULO VI

planta (cujo teor é em geral superior a 80%) e o carbono na matéria seca da fração orgânica.
Restam pois cerca de 2% de elementos minerais, aqueles com que o agricultor em geral se
preocupa como o azoto, o fósforo, o potássio, o cálcio ou o magnésio.

I.3.1. NOÇÕES DE BOTÂNICA AGRÍCOLA


BIBLIOGRAFIA

A botânica é um ramo da biologia que estuda a fisiologia e a morfologia das plantas, dos

80
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
fungos e das algas. O estudo de todas as características desses organismos é imprescindível,
pois a importância deles para o meio ambiente e para o homem é indiscutível, não nos
esquecendo de que é através da manutenção da flora que temos a conservação de inúmeras
espécies de animais (Figura 41).

MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 41 - Características das plantas | Fonte: Lousã et al., s.d

As plantas dividem-se em diversos grupos, conforme as suas características:

Fanerogâmicas - são aquelas que produzem sementes, frutos e flores. Nessas plantas as
estruturas reprodutivas são identificadas e visíveis, os óvulos (gametas femininas) e o pólen
(gameta masculino).

MÓDULO IV
As plantas Fanerogâmicas são divididas em dois grupos: Gimnospérmicas e
Angiospérmicas

As Plantas Gimnospérmicas apresentam como características:

• Plantas com folhas do tipo agulha ou escama, como os pinheiros e os ciprestes;

MÓDULO V
• São plantas terrestres, vasculares, que produzem flores e sementes, contudo as suas
sementes ficam nuas, isto é, não são envolvidas pelos frutos (ovários desenvolvidos -
ovários abertos na polinização);

• Possuem caule, raízes e folhas. Algumas espécies possuem folhas alteradas chamadas
de estróbilos – em algumas espécies os estróbilos são chamados de cones;
MÓDULO VI

• As flores não têm perianto (cálice + corola), ou seja, são aclamídeas ou nuas e são
unissexuais (ou masculinas ou femininas);

• Cotilédones dois a muitos;

• O pólen germina diretamente no ápice do nucelo do óvulo;

• Têm crescimento secundário, devido à atividade do câmbio vascular, com anéis de


BIBLIOGRAFIA

crescimento anual;

81
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• O lenho é formado por traqueídos e sem vasos. A capacidade para a produção de
lenhina, incorporada nas paredes celulares permite lhes dar rigidez e atingirem grandes
alturas.

As Plantas Angiospérmicas apresentam como características:

MÓDULO I
• Variam desde gramíneas a grandes árvores, representando o maior grupo de plantas
existentes tais como as magnólias, macieiras ou o trigo;

• A grande diferença entre as plantas angiospérmicas e gimnospérmicas é a presença


das flores e dos frutos (protegem as sementes);

• As principais características das plantas angiospérmicas são: o fato das plantas


apresentarem raízes, tronco, folhas, sementes, flores e frutos;

MÓDULO II
• As plantas angiospérmicas são vasculares (possuem vasos condutores), são fanerógamas
(flor com estrutura reprodutiva visível) e não dependem da água para o processo
reprodutivo;

• O processo reprodutivo das plantas angiospérmicas caracteriza - se por ser feita através
da polinização, que pode ser realizada por intervenção de polinizadores e ou do vento;

MÓDULO III
• Na época da reprodução as flores desenvolvem se para atrair os agentes polinizadores;

• Nas Angiospérmicas as flores podem não ter perianto ou este ser haploclamídeo (só
pétalas ou só sépalas) ou diploclamídeo (com sépalas e pétalas);

• Quanto ao sexo podem ser unissexuais ou hermafroditas (ou os dois tipos, na mesma
inflorescência), frequentemente com perianto. Óvulos encerrados num pistilo fechado;

• Formado por ovário, estilete e estigma.

MÓDULO IV
As plantas Angiospérmicas estão divididas em dois subgrupos (Tabela 16):

Monocotiledóneas – são plantas que possuem raiz fasciculada, as folhas apresentam


nervuras paralelas, as sementes são simples – 1 cotilédone, possuem um ciclo de vida curto
e crescem de forma primária. Exemplos: as gramíneas, milho, centeio, cevada, trigo, alho,
cebola e outras espécies;

Dicotiledóneas – são plantas que apresentam raízes aprumadas, as folhas possuem MÓDULO V
nervuras geralmente reticuladas, as sementes possuem 2 cotilédones, algumas possuem um
ciclo de vida longo, e crescimento secundário do caule e da raiz e podem ter tronco lenhoso.
Exemplos: amendoim, soja, feijão, ervilha, fava, batata, roseira, lentilha e couves, videira,
árvores de fruto. Etc.

Órgão Monocotiledóneas Dicotiledóneas


MÓDULO VI

Em feixe (fasciculada) Pivotante ou aprumadas

Raiz
BIBLIOGRAFIA

82
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Órgão Monocotiledóneas Dicotiledóneas

Normalmente sem crescimento em espessura: Normalmente com crescimento em espessura.


herbáceas, colmos, rizomas e bolbos São comuns caules lenhosos

MÓDULO I
Caule

Feixes vasculares dispostos irregularmente Feixes vasculares dispostos em círculo

MÓDULO II
Bainha geralmente desenvolvida. Nervuras Bainha quase sempre reduzida. Nervuras
paralelas reticuladas

MÓDULO III
Folha

Sépalas e pétalas em geral organizada em Sépalas e pétalas em geral organizada em

MÓDULO IV
base 3 (trímeras) base 5 (pentâmeras)

Flor

Um cotilédone reduzido, sem reserva Dois cotilédones com ou sem reserva

MÓDULO V
Semente

Tabela 16 - Diferenças entre Monocotiledóneas e Dicotiledóneas, quanto morfologia externa


MÓDULO VI

Criptogâmicas – Plantas que não produzem sementes, frutos e flores.

As plantas criptogâmicas foram divididas em dois grupos para melhor as classificar: Plantas
Briófitas e Plantas Pteridófitas.

Plantas Briófitas - são plantas de pequeno porte (1 mm a mais de 1 m), são “folhosas”
ou “espalmadas, sendo encontradas em locais húmidos e sombreados (musgos, hepáticas e
BIBLIOGRAFIA

antóceros), ao longo dos solos húmidos e linhas de água. (Figura 42)

83
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 42 - Exemplo de uma planta briófita, musgo

MÓDULO II
Estas plantas apresentam-se caracterizadas por:

• Cor verde devido à presença de clorofila a e b, são pequenas e compactas;

• São organismos autotróficos;

• Crescem muito lentamente;

MÓDULO III
• Não apresentam tecidos vasculares e tecidos lenhosos bem desenvolvidos (exceções);

• Não têm folhas, caules e raízes verdadeiras, mas sim estruturas semelhantes na forma
e funções;

• A maioria absorve humidade e nutrientes em solução diretamente através da parede


das células;

MÓDULO IV
• Os nutrientes minerais são provenientes da humidade atmosférica ou da água situada
à superfície do substrato;

• Necessitam de água para a reprodução sexuada, contudo a maioria são assexuados.

Plantas Pteridófitas - plantas que possuem vasos condutores (xilema e floema) e tecidos,
mas não apresentam sementes, são caracterizados por esporófitos vasculares, herbáceos
ou lenhosos, frequentemente com raiz, caule e folhas, por vezes de tamanho considerável
(exemplo das avencas, samambaias, salvínia e selaginelas) (Figura 43). MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 43 - Exemplos de plantas pteridófitas

84
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
A evolução dos sistemas condutores de fluidos (xilema e floema), permite o transporte de
água e alimentos através da planta. Elas têm a capacidade de se ramificarem profusamente
devido à atividade de meristemas apicais nas extremidades de caules e ramos. Alguns
ptéridofitos propagam-se vegetativamente (assexuadamente) por meio de rizomas rastejantes
ou por bulbilos produzidos nas folhas, como no feto-da-nostalgia. (Lousã et al., s.d).

MÓDULO I
a) Caracterização dos órgãos principais das plantas

Os órgãos vegetativos das plantas são as raízes, as folhas e o caule, e os órgãos reprodutivos
das plantas são as flores, frutos e sementes.

i) Raiz

MÓDULO II
A raiz tem duas funções principais: servir como meio de fixação ao solo e como órgão
responsável pela absorção de água e nutrientes nela dissolvidos como os compostos
nitrogenados e outras substâncias minerais como potássio, fósforo e todos os macro e
micronutrientes necessários as plantas e também atuam como reserva (Figura 44);

A sua localização normal é na base da planta, ficando sob a terra;

MÓDULO III
Colo – entre raiz e caule;

Zona suberosa – parte mais velha, não tem absorção de água;

Zona pilosa – possui pelos, absorção de água e sais;

Zona lisa – mais jovem, crescimento da raiz;

MÓDULO IV
Coifa – Serve como proteção, impedindo entrada de microrganismos.

MÓDULO V

Figura 44 - Constituição de uma raiz | Fonte: Anónimo c, s.d


MÓDULO VI

Existem diferentes tipos de raízes, mas de modo geral, ou há uma raiz primária principal
aprumada e várias ramificações que são as raízes laterais, ou um conjunto de raízes adventícias
sem distinção da principal.

As raízes podem apresentar  especializações  para realizar as mais diversas funções. As


raízes tuberosas, por exemplo, têm a capacidade de armazenar nutrientes, como a beterraba,
a cebola o rabanete etc., as raízes  sugadoras, presentes em plantas parasitas sugam os
BIBLIOGRAFIA

nutrientes da planta hospedeira.

85
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Outra característica morfológica funcional das raízes é a possibilidade nas espécies
de leguminosas associação entre bactérias dos géneros  Rhizobium, originando  nódulos
radiculares fixadores de azoto atmosférico de extrema importância para o desenvolvimento da
planta. Outro exemplo são as micorrizas, que são associações de raízes e fungos. Os fungos
convertem minerais e matéria orgânica degradada presentes no solo em formas assimiláveis

MÓDULO I
para a planta, e a planta produz açúcares, aminoácidos e outros materiais orgânicos acessíveis
ao fungo.

Tipos de raiz

Tuberosa - contém grande reserva de substâncias nutritivas, e por essa característica é


muito utilizada na nossa alimentação (batata-doce, cenoura, beterraba, rabanete) (Figura 45).

MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 45 - Raiz tuberosa

Fasciculada – esses sistemas são formados pelas raízes adventícias que se originam no
caule, sem apresentar uma raiz principal, pois a raiz primaria, geralmente desenvolve-se por
um período curto de tempo. Subdividem-se em várias partes todas de igual desenvolvimento,
características das plantas monocotiledóneas, como as gramíneas (Figura 46).

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 46 - Raiz fasciculada | Fonte: Anónimo b, s.d

Aprumada - caracterizam-se por haver um eixo principal vertical, no prolongamento do


caule, do qual saem outras raízes, chamadas laterais, geralmente menos desenvolvidas,
este tipo de sistema radicular é geralmente encontrado em plantas dicotiledóneas
BIBLIOGRAFIA

e gimnospérmicas (Figura 47).

86
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 47 - Raiz Aprumada
Fonte: Anónimo a s.d

MÓDULO II
ii) Caule

O caule é o órgão vegetativo da planta que corresponde à zona aérea da planta, sendo
o pilar onde se desenvolvem os ramos, as folhas, as flores e os frutos. O caule é o órgão da
planta que tem como funções:
• Suportar as folhas, flores e depois os frutos;

MÓDULO III
• Estabelecer a ligação entre a raiz e as folhas, fazendo a circulação da água e sais minerais
da raiz até às folhas e os alimentos das folhas para a raiz;
• Nalguns casos, acumulam substâncias de reserva.

Estrutura de um caule

As principais estruturas do caule são, gemas, zona de alongamento, axilas, nós e entrenós

MÓDULO IV
(Figura 48).

Gemas ou gomos, são formadas por células que podem se multiplicar e passar por um
processo de alongamento e são responsáveis por originar novos ramos, folhas e flores.
As gemas podem ser do tipo:  apical  (também conhecida como  terminal),  que é o broto
localizado na ponta do galho, no ápice da planta, que permite o crescimento vertical do caule,
ou laterais, que são brotos dos quais se originam ramos laterais, folhas e flores.

Quanto à natureza podem ser: MÓDULO V


• Folheares – dão origem a folhas;
• Florais ou botões – dão origem a flores;
• Mistos – dão origem a ramos com folhas e flores;
MÓDULO VI

A zona de alongamento - é a região onde ocorre o alongamento dos entrenós;

Axilas – onde cada folha ou ramo se liga ao caule;

Nós – são as saliências de onde partem as folhas e os ramos, ou seja, são os locais onde
estão inseridas uma ou mais folhas e as flores;

Entrenós – são os espaços que separam os nós, ou seja, é região entre dois nós sucessivos,
BIBLIOGRAFIA

a qual não forma gemas.

87
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 48 - Constituição de um caule
Fonte: Carrilho, s.d

Tipos de caule:

A Figura 49 mostra os tipos de caule quanto ao habitat da planta.

MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 49 - Tipos de caules considerando-se o habitat da planta

Tipos de Caules Aéreos

Os caules aéreos são estruturas finas e longas que se desenvolvem acima do solo e são os
MÓDULO VI

mais abundantes e diversos entre as plantas.

Segundo a sua forma de crescimento os caules classificam-se como rastejantes, trepadores


e eretos.

a) Caules rastejantes - são caules pouco resistentes que crescem apoiados no solo, como


o caule da melancia, melão ou abóbora (Figura 50). Estes caules, segundo o seu habitat
BIBLIOGRAFIA

são classificados em sarmento e estolhos.

88
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 50 - Caules rastejantes - abóbora

i) Sarmento - é um caule lenhoso, delgado e flexível, trepador (videira, kiwi, etc.) (Figura
51), que se caracteriza por apresentar apenas um ponto de fixação da raiz, podendo ser
cheio de ramos ou folhas modificadas chamadas de gavinhas (Figura 53). Esse tipo de
caule consegue subir em suportes.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 51 - Caule sarmento, exemplos de caules trepadores

ii) O estolho é um tipo de caule que cresce paralelo ao chão, formando gemas de espaço
em espaço, podendo originar plantas novas com raízes e folhas, exemplo o morangueiro.
(Figura 52)

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 52 - Caule estolho, exemplo morangueiro

b) Caules trepadores ou volúveis - são estruturas finas e longas que crescem enroladas
nos mais variados tipos de suporte, exemplos como chuchu, jasmins, videira, feijão etc.
BIBLIOGRAFIA

Nestes caules pode desenvolver uma adaptação caulinar chamado de  gavinhas que

89
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
servem para fixação das plantas trepadeiras. Ao encontrar um substrato adequado, a
gavinha fixa-se e enrola-se a ele. Essas adaptações têm forma de mola, o que impede
que ela se parta com facilidade. (Figura 53)

MÓDULO I
MÓDULO II
A B
Figura 53 - Caule trepador, exemplo a) feijão b) gavinha de um maracujá

c) Caules eretos, são aqueles que crescem perpendicularmente ao chão. São classificados
de acordo com o seu tipo de habitat:

MÓDULO III
i) Tronco – é um tipo de caule aéreo, lenhoso, mais grosso na base, com ramos a partir
de uma certa altura, exemplo pinheiro, oliveira (Figura 54). Podem ser encontrados em
dicotiledóneas, na maioria das árvores e arbustos do grupo das gimnospérmicas.

MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 54 - Caule ereto de classificação tronco, oliveira

ii) Estipe – caule lenhoso de forma cilíndrica e estreita, não possui ramificações, com as
folhas localizadas na parte superior, sendo o caule típico de palmeiras (Figura 55).
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 55 - Caule ereto de classificação estipe - palmeira

90
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
iii) Colmo – caule oco ou com medula, cilíndrico e com nós salientes. Pode ser oco como
no bambu ou ser preenchido, como na cana-de-açúcar, milho (Figura 56).

MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 56 - Caules ereto de classificação colmo - milho e bambu

iv) Haste – é um caule ereto, de estrutura maleável, verde (clorofilados), fino e ramificada,
característico de plantas herbáceas, como o feijão a couve, etc. (Figura 57)

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 57 - Caules ereto de classificação haste - couve

Tipos de Caules Subterrâneos

Os caules subterrâneos são aqueles que se desenvolvem em baixo da terra e são ricos em
substâncias nutritivas. Há três tipos de caules subterrâneos: rizoma, tubérculo e bolbos.

MÓDULO V
a) Rizoma - são caules subterrâneos que se desenvolvem horizontalmente debaixo do
solo, junto à superfície, emitindo algumas folhas, apresentam gemas laterais e possuem
raízes e ramificações na sua estrutura, exemplo gengibre, bananeira, samambaia. (Figura
58)
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

91
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
B
Figura 58 - Caule subterrâneo de classificação rizoma, a) samambaia e bananeira; b) Rizoma alongada, com folhas
escamiformes

MÓDULO II
b) Tubérculo – o caule é praticamente todo de baixo da terra, onde armazenam substâncias
nutritivas, sendo utilizados muito para alimentação, como o caso das batatas, rabanetes,
etc., (Figura 59). Outra característica dos tubérculos é a sua rigidez e espessura, devido
ao armazenamento de nutrientes que eles absorvem do solo. Este tipo de caule compõe
a maior parte da planta, sem que haja a presença de folhas alteradas na planta.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 59 - Tubérculo volumoso e sem raiz, caule de uma
batata

c) Bolbos – é um caule redondo, formado por folhas modificadas, na sua parte inferior há
raízes e na posterior, folhas com reservas nutritivas. São muito utilizados na alimentação
humana, como o alho e a cebola. (Figura 60). Do bolbo partem as raízes fixadoras da
planta ao solo. Em geral, acumulam substâncias nutritivas.
MÓDULO V

1
2
MÓDULO VI

3
BIBLIOGRAFIA

Figura 60 - Caule de uma cebola, Bolbo globosa com folhas escamiformes


1) Folhas | 2) Bolbo | 3) Raíz

92
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Tipo de caules aquáticos

Os caules aquáticos são, aqueles que se desenvolvem dentro da água (Figura 61). A sua
maioria, são pouco desenvolvidos e fotossintetizantes. Possuem estruturas que armazenam ar,
o que facilita a respiração e a flutuação da planta no ambiente aquático.

MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 61 - Caules aquáticos

Outros tipos de caules

Espinhos - alguns caules, como o do limoeiro, da laranjeira e de outras plantas, apresentam


espinhos que são ramos pontiagudos. Estas modificações do caule crescem nas axilas das
folhas, são estruturas rígidas, pontiagudos e não fotossintetizantes. Esses espinhos são

MÓDULO IV
vantajosos para a planta como proteção contra os herbívoros (Figura 62).

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 62 - Laranjeira e limoeiro com caule em espinhos

Acúleos - na roseira, o que se pensa em ser espinhos, são, na verdade, acúleos,  isto é,


estruturas afiadas que se originam de tecidos superficiais da epiderme, revestimento externo
da planta (Figura 63). É de salientar que os acúleos não são modificações de caules nem de
BIBLIOGRAFIA

folhas, são projeções do córtex e da epiderme da planta.

93
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 63 - Roseira com acúleos

MÓDULO II
Cladódios -  são caules que se parecem com folhas verdes achatados, e com espinhos.
Estes caules são encontrados em plantas que durante a sua evolução perderam as folhas,
com o objetivo de evitar a perda de água para o ambiente, são típicos de plantas que se
desenvolvem principalmente em regiões de clima muito seco, exemplo catos. Nestes tipos de
caules ao contrário das folhas, conseguem economizar a água (através do seu armazenamento)
que seria perdida por evaporação e a realização da fotossíntese (Figura 64).

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 64 - Caules cladódios, exemplo catos

Quanto ao número de caules classificam-se em:

Unicaules (fruteiras) – apresenta apenas um caule, que tende a crescer na vertical, dando
ramos laterais, que se alargam e se afastam muito do eixo central, com uma vida secundária
sem tendência para crescer na vertical (Figura 65).
MÓDULO V
Multicaules (groselha e framboesa) – da raiz saem muitos caules, que se alargam copadas
em ramos (Figura 65).
MÓDULO VI

A B
BIBLIOGRAFIA

Figura 65 - Exemplos de plantas unicaules a) e multicaules b)

94
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
iii) Folhas

As folhas são órgãos vegetativos das plantas que crescem a partir do caule (Figura 66). Têm
normalmente, cor verde por possuírem clorofila.

MÓDULO I
Funções das folhas:

a) As folhas são as “fábricas de alimentos” das plantas porque possuem clorofila, que
capta a energia solar, usa dióxido de carbono do ar, água e sais minerais do solo, produz
os alimentos da planta e liberta oxigénio;

b) As plantas transpiram pelas folhas (transpiração) perdendo água (vapor), que origina a

MÓDULO II
humidade do ar;

c) Defesa contra herbívoros e patógenos;

d) Especializadas na realização da fotossíntese;

e) A síntese de substâncias orgânicas que ocorre na fotossíntese influencia todo o


funcionamento do  ecossistema, pois faz com que as plantas sejam as produtoras

MÓDULO III
primárias das cadeias tróficas;

f) Além da importância para a planta, as folhas também possuem grande valor económico,


pois são utilizadas na alimentação de animais e da espécie humana.

Bainha - é a porção da folha que envolve

MÓDULO IV
parte do caule
Pecíolo – normalmente se chama o pé da
folha
Limbo – é a parte larga e pouco espessa
da folha
No limbo distinguem-se:
Margem – extremidade do limbo
Nervura – vasos condutores MÓDULO V
Página superior – voltada para a luz
Página inferior – voltada para o solo Figura 66 - Constituição de uma folha | Fonte: https://www.slideshare.
net/00367p/planta-folha-43047541/12

Classificação das folhas - Pela disposição das nervuras


MÓDULO VI

• Uninérvea – uma só nervura não ramificada (Figura 67);

• Paralelinérvea - com várias nervuras principais paralelas (Figura 68);

• Peninérvea – com uma nervura principal donde partem várias secundárias (Figura 69);
BIBLIOGRAFIA

• Palminérveas – com várias nervuras principais que saem da base da folha (Figura 70);

95
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 67 - Folha uninérvea, exemplo pinheiro-manso

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 68 - Folha paralelinérvea – Folha de milho

MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 69 - Folha peninérvea
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 70 - Folha Palminérveas

96
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
As folhas apresentam formas de limbo muito variadas, na Tabela 17, está contemplada a
sua classificação.

Folhas simples - são aquelas em que o limbo não é dividido. 

Folhas compostas - apresentam o limbo dividido em pequenas porções chamadas de

MÓDULO I
folíolos. Cada folíolo pode ter ainda um pequeno pecíolo, que, nesse caso, é chamado de
peciólulo.

Folhas Simples Folhas Compostas


Cordiforme Digitada

MÓDULO II
Elíptica Penatipartida

MÓDULO III
Oboval Palmada

MÓDULO IV
Peltada Trifoliada

Lanceolada Ternada

MÓDULO V

Orbicular Pinulada
MÓDULO VI

Tabela 17 - Classificação da folha pela forma do limbo

iv) Flores
BIBLIOGRAFIA

A flor é o principal órgão reprodutivo das plantas e não passa de conjuntos de folhas

97
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
adaptadas a funções de reprodução constituindo o androceu e gineceu, e de proteção destes
(perianto).

Flores que apresentam órgãos reprodutores de ambos os sexos, masculino e feminino, são
chamadas de hermafroditas (plantas monóicas).

MÓDULO I
Flores que apresentam órgãos reprodutores de apenas um dos sexos (masculino ou
feminino) são chamadas de plantas dióicas, exemplo milho pendão (bandeira; capucha) órgão
reprodutor masculino; espiga órgão reprodutor feminino.

Androceu: órgão reprodutor masculino da flor formado por um conjunto de estames, cujo
número varia de nenhum a dezenas, dependendo da espécie da flor. Os estames são formados
pelo filete e pela antera. É na antera que encontramos os grãos-de-pólen (Figura 71).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 71 - Imagem ilustrativa do órgão reprodutor masculino
da flor – Androceu | (Fonte: http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/
modules/galeria/detalhe.php?foto=2004&evento=3)

MÓDULO IV
Gineceu: órgão reprodutor feminino da flor (Figura 72)

É formado por folhas modificadas chamadas de pistilos ou carpelos;

Uma flor pode ter um ou mais carpelos;

Na base dilatada encontramos o ovário da flor e em seu interior podemos encontrar um ou


mais óvulos, dependendo da espécie;
MÓDULO V
No lado oposto ao ovário encontramos o estigma, que recebe os grãos-de-pólen na
polinização e que é ligado ao ovário pelo estilete.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 72 - Imagem ilustrativa do órgão reprodutor


feminino da flor – Gineceu | Fonte: Anónimo, 2015

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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Perianto

É o nome dado aos invólucros da flor, isto é, o conjunto do cálice e da corola, que envolvem
os órgãos de reprodução deste tipo de plantas (Figura 73).

MÓDULO I
Uma das funções do perianto é atrair insetos e pássaros, que desempenham um papel
importante na polinização das flores.

MÓDULO II
Figura 73 - Imagem ilustrativa do Perianto | Fonte: Rodrigues, s.d

MÓDULO III
Cálice e corola

Cálice: conjunto de folhas modificadas de cor verde chamadas de sépalas;

Corola: folhas modificadas chamadas de pétalas, que podem ser de variadas cores;

Podemos encontrar flores isoladas (como as rosas) ou em conjuntos chamados  de


inflorescências.

MÓDULO IV
Inflorescências – disposição  das flores numa planta. A haste de uma inflorescência é
denominada pedicelo (Figura 74).

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 74 - Vários exemplos de inflorescências

Tipos de inflorescências:

• Inflorescências definidas (Cimeiras), a primeira flor a abrir é a que fica por cima ou no
centro do conjunto (Tabela 18);

• Inflorescências indefinidas, abrem primeiro as flores inferiores ou exteriores, enquanto o


BIBLIOGRAFIA

resto da inflorescência continua a crescer e formar novas flores (Tabela 19).

99
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Escorpióide – as flores estão Cimeira Multípara – as flores Cimeira Bípara – as suas flores
ramificadas e dispostas apenas de brotam sempre de gemas estão opostas uma à outra, graças
Tabela
um dos4 -lados
Inflorescências
da raque. definidas
lateralizadas em volta do mesmo ao desenvolvimento de suas
nó, inclinadas em relação à raque gemas laterais.
Escorpióide – as flores Cimeira(oMultípara – as
eixo principal). Cimeira Bípara – as suas
estão ramificadas e dispostas ape- flores brotam sempre de gemas flores estão opostas uma à outra,

MÓDULO I
nas de um dos lados da raque. lateralizadas em volta do mesmo graças ao desenvolvimento de
nó, inclinadas em relação à raque suas gemas laterais.
(o eixo principal).

Tabela 18 - Inflorescências definidas

Racemo – possui Espiga – as flores Panícula – as Umbela – as flores Capítulo – as flores

MÓDULO II
o pedicelo e uma estão arranjadas flores aparecem estão arranjadas estão dispostas
raque simples. em uma raque geralmente apenas sob o mesmo ao redor de
simples. nas ramificações e ponto no topo da um recetáculo
no topo da raque. raque. arredondado que
é protegido por
brácteas, em forma
aproximada de um
disco na espessura

MÓDULO III
e no diâmetro.

MÓDULO IV
Tabela 19 - Inflorescências Indefinidas

v) Frutos

Os frutos são estruturas formadas a partir do desenvolvimento do ovário da flor e podem


ser divididos em duas partes principais: pericarpo (parte exterior) e semente. São estruturas
que protegem as sementes nas Angiospérmicas. Depois da fecundação dos óvulos no interior
do ovário há um crescimento do fruto, que se dá por ação das hormonas vegetais. É nessa

MÓDULO V
fase que se inicia o processo de composição do fruto (Figura 75): estrutura, cores, consistência
e sabores. MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 75 - Imagem Ilustrativa do desenvolvimento do fruto | Fonte: Diegpl, 2018

100
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Todos os frutos apresentam uma estrutura básica (Figura 76):

Epicarpo: é a porção mais externa do fruto, oriunda da epiderme da folha carpelar.


Normalmente é uma camada membranácea e muito fibrosa vulgarmente chamada de casca.

MÓDULO I
Mesocarpo: é a porção intermediária (entre o epicarpo e o endocarpo). Às vezes armazena
alguma substância de reserva. Oriunda dos parênquimas da folha carpelar, vulgarmente
chamada de polpa.

Endocarpo: é a porção (camada) mais interna, geralmente mais rígida, envolve a semente.
Oriunda da epiderme interna do ovário.

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 76 - Constituição do fruto | Fonte: https://www.slideshare.net/
edvaldosilvajunior/angiospermas-flor-fruto-e-semente

Classificação dos Frutos quanto à composição:

MÓDULO IV
• Frutos simples: provenientes de uma só flor com um só pistilo, ex.: limão, pêra, maracujá,
maça, pêssego, noz, kiwi; laranja; pêssego, ameixa; cereja etc.
• Frutos múltiplos: provenientes de uma flor com vários pistilos (inflorescência) ex.:
abacaxi, framboesa, groselha.
• Frutos agregados ou infrutescências:   São formados a partir de vários carpelos ou
pistilos separados de uma única flor. ex.: figo, amora, morangos e uva.

vi) Sementes MÓDULO V


As sementes têm origem a partir do desenvolvimento do óvulo maduro fecundado das
plantas gimnospérmicas ou angiospérmicas e é formado por tegumento ou casca, embrião e
o endosperma que o envolve (Figura 77). No caso das plantas angiospérmicas, as sementes
estão protegidas por frutos, ao contrário das plantas gimnospérmicas, que possuem sementes
nuas ou desprotegidas de frutos.
MÓDULO VI

É através da dispersão e distribuição das sementes que é possível a propagação das plantas,
das quais com o tempo desenvolveram muitas maneiras de dispersão da sua população,
podendo ser por terra, na água no caso das plantas aquáticas e até em rochas.

As sementes também possuem um mecanismo de proteção da próxima geração, evitando


que a planta germine em condições desfavoráveis ao crescimento. A título de exemplo, em
BIBLIOGRAFIA

áreas de invernos rigorosos, as sementes podem passar o inverno todo debaixo da neve,

101
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
dormentes, e só germinam na primavera, ou quando existem condições ambientais favoráveis
ao seu desenvolvimento, nomeadamente, água e a temperatura.

MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 77 - Morfologia interna de uma semente Dicotiledónea | Fonte: https://www.coladaweb.com/biologia/botanica/angiospermas

I.3.2. FISIOLOGIA VEGETAL: PRINCIPAIS PROCESSOS FISIOLÓGICOS


A fisiologia vegetal é o estudo dos processos vitais das plantas, ou seja, é o estudo de todos

MÓDULO III
os fenómenos e estruturas que contribuem para manutenção da vida na planta. O objetivo é
compreender como funciona o metabolismo, desenvolvimento, reprodução, nutrição, e até
mesmo avaliar como as plantas reagem às influências do meio em que estão inseridas.

Os processos vitais são transformações físico-químicas que ocorrem dentro da célula ou do


organismo ou qualquer troca entre a célula ou organismo e seu meio.

MÓDULO IV
Nos processos químicos nas plantas, temos a fotossíntese, respiração, digestão, síntese de
substâncias diversas, armazenamento, entre outros.

Nos processos físicos nas plantas, temos a absorção de CO2 e perda e a absorção da água.

Que tipo de processos fisiológicos realizam as plantas?

MÓDULO V
I.3.2.1 FOTOSSÍNTESE

A fotossíntese é o consumo de dióxido de carbono e libertação de oxigénio, que é realizado


pelas plantas para produção do seu próprio alimento. Trata-se de uma transformação de
energia luminosa em energia química, atuando a clorofila como catalisador (Figura 78).

As folhas são os órgãos especializados, onde se processa a maioria da fotossíntese, mas os


caules também realizam uma parte importante, quando jovens e, nalgumas plantas sem folhas
MÓDULO VI

(catos).

A origem da matéria-prima para a fotossíntese está no solo e no ar, onde a água e os sais
minerais são retirados do solo através da raiz da planta e chega até as folhas pelo caule em
forma de seiva – seiva bruta.

A luz do sol, por sua vez, também é absorvida pela folha, através da clorofila, que é
BIBLIOGRAFIA

responsável pela coloração verde das folhas.

102
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 78 - Processo de fotossíntese

MÓDULO II
A equação da Figura 78, explica que quando há luz e clorofila, o CO2 e a água são convertidos
em glicose e água e há libertação de oxigénio.

Podemos concluir que para a fotossíntese ocorrer há necessidade de luz, água e dióxido
de carbono (CO2), basicamente porque precisamos de energia ATP1 (adenosina trifosfato)
(Figura 79).

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 79 - Imagem ilustrativa do processo Fotossíntese | Fonte: https://
www.iguiecologia.com/como-funciona-fotossintese/

Principais fatores que afetam o processo fotossintético

A atividade fotossintética de folhas intactas ou mesmo de plantas é um processo integral


que depende de inúmeras reações bioquímicas. MÓDULO V
Como fatores que podem afetar o processo fotossintético em diferentes níveis, para
além dos fatores ambientais, como a luz, temperatura, gases e água não podemos deixar
de considerar também a anatomia foliar (que serão discutidos a seguir), onde é considerada
especializada no processo de absorção de luz, além das propriedades das células do mesófilo
(parênquimas paliçádico e esponjoso) permitirem uma absorção uniforme de luz pela folha.
MÓDULO VI

Em adição, outros fatores relacionados às folhas ainda temos os movimentos de cloroplastos


e sua arquitetura. (Vieira et al, 2010).

i) Luz: é um fator primordial para o processo fotossintético, pois dela depende a conversão
da energia luminosa em energia química.

1 ATP (adenosina trifosfato) é a principal molécula transportadora de energia nos seres vivos. A maior parte


da energia química que os organismos necessitam para realizar seu metabolismo é proveniente das reações de
BIBLIOGRAFIA

hidrólise dessas moléculas.

103
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Não esquecer que em relação à luminosidade existem plantas que necessitam de muita
luz, plantas de “Sol” e plantas que devem ser protegidas da luz solar, plantas de “sombra”.
Desta forma, podemos perceber que as folhas também são diferentes de acordo com esta
característica da planta.

MÓDULO I
ii) Temperatura: A temperatura influencia diretamente as reações bioquímicas. O limite
de temperatura para a realização do processo de fotossíntese seria aproximadamente
35ºC, visto que a partir desta temperatura a fluidez da membrana onde está presente a
clorofila será alterada.

iii) Gases: As plantas contam, naturalmente, com duas fontes principais de CO2: o gás
proveniente da atmosfera, que penetra nas folhas através de pequenas aberturas

MÓDULO II
chamadas estomas, e o gás libertado na respiração celular. Sem o CO2, a intensidade
da fotossíntese é nula.

iv) Água: A água é fundamental como fonte de hidrogénio para a produção da matéria
orgânica. Em regiões secas as plantas têm a água como um grande fator limitante.

Morfologia foliar: As folhas de muitas espécies apresentam modificações, associadas a


adaptações às diferentes condições ambientais.

MÓDULO III
I.3.2.2 RESPIRAÇÃO CELULAR

Respiração celular é o processo pelo qual os organismos obtêm energia para realizar as


mais diversas atividades. Esse procedimento pode ocorrer tanto na presença de oxigénio,
sendo aeróbio e também na sua ausência, anaeróbio.

MÓDULO IV
Na respiração, ainda ocorre a libertação de dióxido de carbono e energia da qual uma parte
é armazenada na forma de moléculas de ATP (adenosina trifosfato) e a outra parte é libertada
sobe a forma de calor e o consumo de oxigénio e glicose, ou outra substância orgânica.

O órgão responsável por essa respiração é a mitocôndria, da qual depende do cloroplasto


para completar o processo e é neste sentido que a respiração celular e a fotossíntese são
processos diferentes, mas interligados. Conforme podemos verificar pela Figura 80. Na
respiração celular, ocorre a libertação de energia para ser utilizada pelo organismo, no entanto, MÓDULO V
essa energia é produzida por outro processo, que é a fotossíntese.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 80 - Estrutura da Mitocôndria


Fonte: https://www.biologianet.com/biologia-celular/respiracao-celular.htm

104
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
I.3.2.3 TRANSPIRAÇÃO

De toda a água absorvida pelo sistema radicular apenas uma pequena fração fica retida
na planta. A maior parte é evaporada pela parte aérea para o ar circundante. A esta perda de
água pelas plantas, na forma de vapor, dá-se o nome de transpiração.

MÓDULO I
A transpiração é responsável por diversos eventos na fisiologia das plantas superiores:

i) Pode levar as plantas a uma situação de deficiência hídrica, sendo letal em situações
mais graves;

ii) A perda da turgescência pelas células estomáticas e, consequente fecho estomático,


causa diminuição das trocas gasosas (CO2 e H2O), afetando a produtividade das plantas;

MÓDULO II
iii) Participa da elevação dos nutrientes e compostos sintetizados na raiz;

iv) Dissipação do calor, através das perdas de vapor de água pelas folhas.

Quais os benefícios da transpiração?

i) Transporte de nutrientes está associado a processos de equilíbrio osmótico, que se

MÓDULO III
verifica através das perdas de água nos tecidos;

ii) Manutenção da turgescência ideal;

iii) O efeito refrigerante da transpiração que consegue dissipar grande quantidade de


calor quando o vapor de água é difundido para a atmosfera.

Principais fatores que afetam a transpiração

MÓDULO IV
i) Disponibilidade de água: Quando a disponibilidade de água numa planta é reduzida
por seca ou baixa temperatura, a absorção será menos intensa que a transpiração, o que
levará a planta a uma situação de deficiência hídrica – Redução da taxa de transpiração;

ii) Temperatura: Com o aumento da temperatura do ar e da folha vai levar a um aumento


na taxa de transpiração;

iii) Vento: O movimento do ar sobre a superfície da folha tende a remover o vapor de água; MÓDULO V
iv) Humidade do ar: Com o ar seco maior é a transpiração;

v) Luz: A radiação solar é a fonte primária de energia para a transpiração. Grande parte da
energia absorvida pelas plantas é dissipada na forma de aquecimento e evaporação;
MÓDULO VI

vi) Tamanho e forma das folhas: Folhas de tamanho menor, tendem a transpirar mais;

vii) Orientação e exposição das folhas: O ângulo de incidência dos raios solares sobre as
folhas atua sobre o aquecimento e taxa de transpiração;

viii) Características da superfície foliar: A presença de cutícula é uma das principais


características e resistência contra a perda de água. Plantas de sombra apresentam
cutícula fina, podendo a transpiração chegar a 30%. Nas suculentas a transpiração
BIBLIOGRAFIA

cuticular é praticamente nula. A presença de pelos e escamas pode aumentar a reflexão

105
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
da radiação solar, reduzindo a evaporação e consequentemente a taxa de transpiração;

ix) Estrutura anatómica: Folhas de sol contêm camada a mais de células paliçádicas
e compactadas. Sistema vascular mais desenvolvido, cutícula mais espessa, folhas
menores e mais grossas, o que conferem uma melhor retenção e circulação de água

MÓDULO I
dentro da planta;

x) Área foliar: A transpiração está associada ao balanço energético da própria folha, sendo
que este balanço depende da intercetação de radiação solar pelas folhas.

xi) Relação área de raízes/área foliar: Se a relação área de raízes/área foliar for baixa, pode
haver desenvolvimento de um estado de deficiência hídrica mais acentuada.

MÓDULO II
A transpiração nas plantas pode ser:

• Cuticular: realizada através da cutícula;

• Lenticular: realizada através de lentículas;

• Estomática: consiste na saída de vapor de água da planta, através dos estomas situados
na epiderme duma folha ou caule verde e representa um dos processos de maior

MÓDULO III
importância na interação entre a planta e o ambiente.

Estomas

Estomas são estruturas celulares de pequenas aberturas ou poros no tecido vegetal, que têm
a função de realizar trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente (auxiliam na transpiração).
Estão localizadas na epiderme inferior da folha, auxiliando na redução da perda de água,

MÓDULO IV
fechando quando as condições são quentes ou secas, evitando o excesso de transpiração
devido à intensidade de luz que atinge a epiderme superior (Figura 81). Contudo, também
podem ser encontrados em alguns caules. Os estomas permitem que a planta absorva o
dióxido de carbono, necessário para a fotossíntese.

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 81 - Imagem das funções dos estomas | Fonte: https://www.passeidireto.


BIBLIOGRAFIA

com/arquivo/55638604/transpiracao-a-transpiracao-cuticular-e-um-processo-
fisico-que-nao-e-regulado-pe

106
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
I.3.2.4 CIRCULAÇÃO DA SEIVA

A seiva é um líquido que circula nas plantas vasculares, sendo através dela que é feito a
nutrição da planta, ou seja, é realizado o transporte de nutrientes para todas as células do
vegetal. Estes nutrientes são necessários para o crescimento e redistribuição de substâncias
orgânicas produzidas pelo processo de fotossíntese. Pode dizer-se que ela é o equivalente ao

MÓDULO I
sangue dos seres humanos. A condução da seiva é realizada através de tecidos vegetais com a
designação de xilema e floema (Figura 82). A principal diferença entre estes vasos condutores
é que o xilema transporta a água (seiva bruta) e o floema conduz substâncias orgânicas (seiva
elaborada).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 82 - Circulação da Seiva – Xilema e Floema | Fonte: Ad. https://brainly.lat/tarea/11865071

A seiva pode ser classificada de dois tipos:

• Seiva bruta – constituída pela água e sais minerais presentes no ambiente, é utilizada

MÓDULO IV
pela planta para a produção de substâncias orgânicas e para a transformação em seiva
elaborada.

• Seiva elaborada – constituída por substâncias orgânicas produzidas pelas plantas no


processo de fotossíntese. A seiva elaborada é formada, principalmente, por glicose
produzida no processo de fotossíntese. Através dos vasos do floema, a seiva elaborada
é levada para todos os tecidos da planta, possibilitando a alimentação das células
(Figura 83).
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 83 - Imagem ilustrativa da circulação da seiva | Fonte: Eu quero biologia, s.d

107
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
I.3.3. ESTADOS FENOLÓGICOS E DURAÇÃO DO CICLO DAS CULTURAS
A Fenologia é o estudo de como a planta se desenvolve ao longo de suas diferentes
fases: germinação, emergência, crescimento e desenvolvimento vegetativo, florescimento,
frutificação formação das sementes e maturação. O clima influencia de forma mais ou menos

MÓDULO I
acentuada todos estes processos fenológicos.

A data de floração tem um controlo endógeno e exógeno. Nas fruteiras de clima temperado
depende das necessidades em horas de frio durante o período de repouso e das necessidades
em calor depois da quebra da dormência.

A amendoeira, por exemplo, tem menos necessidades em frio e calor do que a macieira.

MÓDULO II
Atrasam o abrolhamento na primavera, outonos quentes (as necessidades em frio são
satisfeitas tardiamente) e finais de inverno e primaveras frios (as necessidades em calor são
satisfeitas tardiamente). Por ordem a sequência de floração das arvores fruteiras temperadas
é a seguinte: amendoeira (ainda em janeiro), cerejeira, pessegueiro, pereira, macieira e, muito
mais tarde, no final de junho, o castanheiro.

Muitas árvores, cultivadas para fruto ou não, sofrem uma queda acentuada de flores não
fecundadas no período de vingamento2.

MÓDULO III
O crescimento vegetativo de primavera inicia-se com o abrolhamento dos gomos foliares.
Nos pomares geralmente é interrompido com as temperaturas altas a meio do verão (35-40°C)
ou pela ação conjugada de temperaturas altas e falta de água no solo. Os ciclos fenológicos
das plantas têm um forte controlo genético. Embora sejam distintos de espécie para espécie,
e possam variar a nível da sua cultura, os ciclos fenológicos anuais respondem a diversos
fatores ambientais, sobretudo de ordem climática.

MÓDULO IV
Os fatores ambientais que exercem um controlo mais significativo nos ciclos fenológicos
anuais após a quebra da dormência são o número de horas de luz, a precipitação e a
temperatura que permitem estabelecer momentos mais precisos para a rega, fertilizações,
plantações, podas, tratamentos fitossanitários, corte e polinização artificial.

Para exemplificar os vários estados fenológicos das plantas, apresentam-se no Anexo I,

MÓDULO V
imagens da evolução fenológica do mirtilo, castanheiro, milho e videira.

I.3.4. PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE PLANTAS CULTIVADAS


Ao observarmos uma árvore um arbusto, uma erva ou uma flor, um fruto ou um tronco
perguntamos a nós próprios que espécie será esta, a que família pertencerá e qual será o seu
interesse económico. Com que base é que os organismos se podem distinguir uns dos outros
MÓDULO VI

à vista desarmada? Sabemos que, em Portugal, as pessoas do campo conhecem grande


parte das plantas com que convivem por determinados nomes vernáculos ou vulgares que
variam conforme a região (Lousã et al, s.d). Nas seguintes Tabelas 20 - 26, estão descritas,
as classificações e algumas informações técnicas sobre as principais culturas cultivadas
em Portugal, das quais podemos destacar as Solanáceas, Gramíneas, Brássicas, Liliáceas,
Cucurbitáceas, Leguminosas, etc.
2 Vingamento - o período inicial de diferenciação dos frutos evidenciado por um intumescimento visível do
BIBLIOGRAFIA

ovário.

108
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
i) Principais culturas cultivadas em Portugal

Famílias Modo de Parasitas e


Plantação Associações Colheita
Cucurbitáceas Cultura doenças*
Abóbora Planta que gosta Semear em lua Milho, feijão e Em tempo seco, Oídio; lesmas;

MÓDULO I
(Cucurbita pepo) de calor e de crescente em ervilha. Evitar a antes dos primeiros Pilgões; Míldio;
humidade, mas sem conjuntos de 3-4 vizinhança da frios importantes. Antracnose;
Abóbora-menina excesso. sementes a 1x1m batata, do rabanete Podridão cinzenta;
(Cucurbita maxima) de distância. e do funcho. Fusariose.
Sacha, rega, depois
palhagem a fim de
não voltar a regar
nem remexer a
terra.

Meloa Muito exigente Sementeira em São favoráveis, o Realiza-se, quatro Pulgão; Tripes;
(Cucumis melo) em calor, necessita quarto crescente, feijão e a couve. O meses após a Oídio; Antracnose;

MÓDULO II
que lhe suprimam em grupos de três pepino e a abóbora sementeira, logo Mosca branca.
alguns rebentos, grãos. Plantação diminuem o sabor que cheire a
gosta de rega espaçada de 80x80 dos frutos que são maduro, e que
e sobretudo cm, em buracos menos açucarados tenha um anel bem
de palhagem, preparados e e menos demarcado à volta
para guardar a enriquecidos com perfumados. do pedúnculo.
humidade do solo e composto.
preservar a limpeza Tem exigências
dos frutos. elevadas em
O primeiro corte fósforo e magnésio.
deve ser feito por Moderar a

MÓDULO III
baixo da 2ª folha. fertilização azotada.
O segundo corte Cultura exigente
sobe a 6ª folha, nas rotações e
dos dois caules aprecia solos argilo-
secundários. siliciosos.

Pepino Exige muito Semeia-se em Com ervilha, feijão, Logo que os Oídio; Lesmas;
(Cucumis sativus) calor e deve ser lua crescente. Em rabanete, cebola, pepinos estejam Pulgão; Míldio,
cultivado em solos grupos de 4-5 alface, couve, com 2/3 do seu Antracnose, Virose.
que aqueçam sementes afastadas girassol, milho. desenvolvimento
rapidamente. É de 50 cm, em Evitar a vizinhança e fora das horas

MÓDULO IV
muito sensível ao linhas afastadas de do tomateiro. quentes.
frio. Tem sistema um metro. Fazer
radicular superficial. cobertura com
palha para manter a
humidade do solo e
os “frutos” limpos.
Exige uma
fertilização orgânica
abundante. Gosta
de terriço e suporta
o composto mal
“curtido”.

Tabela 20 - Famílias Cucurbitáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015


MÓDULO V
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Rosáceas Cultura doenças*
Alface-de-cordeiro/ Cultura de fim de Semear em linha, Couves, cenouras, No outono, caso se Ferrugem; Oídio.
Canónigos outono, a semear com espaços de 20- alho-porro, cebola tenha semeado em
(Valerianella olitoria) após uma colheita 25 cm (1-2 gramas/ branca, nabo. julho.
(ex. alho ou m2, segundo a No inverno, caso se
cebola). Trabalho dimensão do tenha semeado em
MÓDULO VI

com sacha seguida grão), ou semear setembro.


de passagem de a lanço, entre as Na primavera, caso
ancinho. Receia o culturas existentes. se tenha semeado
excesso de calor. Cobrir com uma em outubro.
Não utilizar as ligeira camada de
sementes do ano palha ou de erva
porque germinam seca (a semente).
mal. Semear em quarto
minguante.
Gosta de solos
frescos, um pouco
BIBLIOGRAFIA

argilosos.

109
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Rosáceas Cultura doenças*
Morangueiro Rústico, resistente Plantação em Com alho ou Os frutos devem Podridão cinzenta;
(Fragaria vesca) aos grandes frios setembro/outubro cebolinho, permite ser colhidos bem viroses, mosaico,
(no entanto, as (no fim do inverno), aumentar a maduros. amarelecimento e
flores temem as a partir dos capacidade de emurchecimento;

MÓDULO I
geadas primaveris). estolhos emitidos resistência dos Oídio; Ralo; Lagarta
Teme os excessos pelos pés-mãe, à morangos contra a amarela; Pulgão
de humidade distância de 40x40 podridão cinzenta. verde; Lesmas.
e secura. Um cm. Sacha. Dá-se bem com o
“mulching” Prefere solos feijão, a alface e
realizado com ricos, ligeiramente o espinafre. Evitar
agulhas de ácidos, e teme os a proximidade da
pinheiro, abeto ou solos calcários. É couve.
outras coníferas, esgotante devido à
melhora o aroma sua longa duração

MÓDULO II
dos frutos (colocar (4 anos), não
depois da floração). devendo voltar
ao mesmo talhão
antes de 8/10 anos.

Tabela 21 - Famílias das Rosáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015

Famílias das Modo de Parasitas e


Plantação Associações Colheita
Liliáceas Cultura doenças*

MÓDULO III
Alho Plantar os dentes Variedade de Beterraba, cenoura, Quando as folhas Ferrugem; Podridão
(Allium sativum) de alho com a outono; em morangueiro, amarelecem, cinzenta; Tina
ponta para cima, outubro, novembro alface, tomate – arrancar com (lagarta verde das
a 2 ou 3 cm de e dezembro; roseiras. Evitar tempo seco. folhas); “Anthomic”
profundidade. Variedade de feijão, ervilhas. Deixar sobre o solo da cebola (lagarta
Utilizar somente os primavera: em durante um ou branca do bolbo),
dentes da periferia janeiro, fevereiro e dois dias antes de queima os
da cabeça do alho. março. colocar no local de bolbos atingidos;
Plantar os dentes Não regar, só conservação. Antracnose.
de 10 em 10 cm ou em caso de seca
15 em 15 cm em prolongada,
cada linha. As linhas teme a humidade

MÓDULO IV
são espaçadas de em excesso e a
30 cm. matéria orgânica
mal decomposta
(estrume fresco, por
exemplo).

Alho – porro Planta resistente Semear em quarto Com cenoura Normalmente Tinha da lagarta; A
(Allium porrum) ao frio, o que lhe minguante. (o alho porro colhe-se em borboleta cinzenta;
Conhecido por permite passar o Cultura normal: repele a lagarta agosto/setembro. Míldio; Podridão.
“Alho francês” inverno na terra. Semear em da cenoura e a Tardiamente colhe-
fevereiro/março; cenoura a lagarta se de dezembro a

MÓDULO V
Cultura tardia: do alho porro). abril.
Semear em maio, Boa vizinhança
transplantar em com cebola, aipo,
agosto. tomate, espinafre.
Antes da plantação, Desaconselhado
deixar “secar” aperto da acelga e
no solo durante do feijão.
36 horas para o
endurecer um
pouco, o que
protege contra os
MÓDULO VI

ataques da lagarta.
Planta exigente
em fertilizações
orgânicas
abundantes.
Suporta mal as
fertilizações mal
decompostas. A
lagarta ataca com
frequência se o
solo for carente em
BIBLIOGRAFIA

Magnésio.

110
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Liliáceas Cultura doenças*
Cebola Teme os solos Sementeira em Benéficas: Cebola de cor: ao Gordura é devido
(Allium cepa) húmidos e quarto minguante. beterraba, cenoura, colhê-lo, deixá-lo a uma bactéria. O
demasiado ácidos. Em fevereiro/ (afasta a mosca secar, durante 1 dia, bolbo escurece e
Prefere os solos março: cebola de da cenoura e da no local. depois apodrece.

MÓDULO I
“firmes”. A cebola cor cebola), alface-de- Cebola branca: Evitar os solos
é tanto mais doce Em outubro/ cordeiro, rabanete. colheita em maio/ húmidos e a
quanto mais quente dezembro: cebola Evitar: ervilhas, junho. matéria orgânica
for o clima onde é branca (também feijões e favas. não compostada.
cultivada. possível na Mosca phorbia;
primavera). Míldio; Traça
Evitar a matéria (Acrolesia
orgânica fresca. assectella);
Podridão do bolbo.

Espargo (Aspargus Desenvolve-se a Uma semana antes Proceder à Começam no 3º Ferrugem do


officinalis) partir de um rizoma da plantação, plantação por uma ano. Os espargos espargo (mancha

MÓDULO II
subterrâneo de espalhar composto cultura de alhos- são recolhidos sobre as folhas);
onde partem as bem decomposto porros. Assim a quando saem da Criocero do
raízes. Os espargos (1 carro de mão rhizoctonia (doença terra com cerca de espargo (Platyparea
combustíveis para 10 m2), cinzas que faz apodrecer 15 cm. A colheita poeciloptera),
desenvolvem-se a de madeira ou um as raízes) é evitada. dura duas a quatro coleóptero;
partir de rebentos adubo orgânico. Benéfico com semanas no 3º ano Mosca do espargo
fechados no Em março, em tomate, salsa, e pode estender-se (Phaorbia platura),
rizoma. Podem ficar trincheiras de 20 cm feijão rasteiro, alho até oito semanas postura em abril/
no mesmo sítio 15 a de profundidade francês, cebola… nos anos seguintes. maio; Podridão
20 anos. Produzem e 40 cm de largo, cinzenta (Botrytis
a partir de 3º ano. dispostas de cinérea);
metro em metro, Esclerotinia.

MÓDULO III
os rizomas são
espalhados sobre
um monte de terra
fina.
Exige drenagem,
teme a humidade.
Necessita de muito
espaço: 10 m2
para produzir 5 kg
de espargos por
estação.
Tabela 22 - Famílias das Liliáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015

MÓDULO IV
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Solanáceas Cultura doenças*
Beringela (Solanum Multiplica-se por Em maio, a 30/40 Benéfico: feijão Em zonas frias a Míldio; O
melongena) sementeiras em cm x 30/40 cm ou rasteiro colheita é muito escaravelho da
lua crescente. 50/60 cm x 50/60 Ervilha, estragão reduzida. batata; Esclerotina;
Um mês depois cm. e tomilho são Os melhores Cercosporiose;
da plantação, a Necessita de calor estimulantes. rendimentos são Podridão cinzenta;
necessidade de e pede solo rico em obtidos em zonas Aranhiço vermelho.
“poda” (supressão húmus e matéria quentes ou em

MÓDULO V
dos ramos que orgânica. Depois estufas.
crescem na axila da plantação, cobrir
das folhas da base). o solo de folhas
de consolda ou de
composto, e, mais
tarde, de erva seca
ou de palha.
Regar com
chorume de urtigas
diluídas ajuda no
crescimento.
MÓDULO VI

Pimento Pimento (variedade Sementeira em Feijão, beringela, A colheita realiza- Mosca branca;
(Capsicum annum) de frutos grandes lua crescente. ervilha, manjericão, se quando estiver Pulgões; Míldio;
não picantes) Transplantação orégão. maduro. Podridão cinzenta;
e malaguetas em lugar com boa Esclerotinia.
(variedade de exposição. Prever
pequenos frutos um intervalo de 50
picantes) são de cm x 50 cm.
cultura idêntica. Exigente em
As exigências são calor: 20º C na
semelhantes às da sementeira, 15º
beringela. C na plantação.
Prefere as terras
BIBLIOGRAFIA

ricas em húmus.

111
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Solanáceas Cultura doenças*
Tomate (Solanum Poda: Os rebentos Sementeiras em Recomendada Em fim de estação: Míldio; Gangrena
lycopersicum) adeventicios lua crescente com a consolda, suprimir as folhas dos frutos; Pulgões;
que crescem na sobre camas aipo, manjericão, da parte inferior Ralos; Mosca
axila das folhas quentes ou em cenoura, cebola, do caule para branca; Podridão

MÓDULO I
são suprimidos lugares abrigado. couve, salsa, permitir a entrada cinzenta.
à medida que Repicagem quando tetragónia, de mais claridade a
vão aparecendo as plântulas têm rabanete. fim de favorecer a
e podem cinco folhas (15 dias Não é maturação.
eventualmente ou mais). recomendado, o
ser plantados com Plantação a 50 x pepino, funcho,
estacas (reprodução 70 cm. “Mulch” couve – rábano,
vegetativa), ou no local desde a feijão, batata,
utilizados como plantação, escolher beringela.
repulsores dos uma exposição
parasitas de certas Sul-Sudoeste.
plantas. Demolhar as
sementes num

MÓDULO II
preparado de
valeriana.
Pede fertilizante
orgânica
abundante.
Necessita de
solo quente
ou que aqueça
rapidamente.
Pulverização com
chorume sobre
o “mulch” ou na

MÓDULO III
água da rega.

Batata (Solanum Plantação em Gradagem antes Milho; Ervilha; Arrancar os Na cultura:


tuberosum) terra aquecida, da nascença, para Couve; Abóbora- tubérculos em - Folhas enroladas,
arejada. Escolher destruir – no estado menina, feijão, tempo seco, provocadas
os tubérculos que cotiledonário – as beringela, deixando-os ao sol por uma virose
tenham o tamanho infestantes que plantação de antes de os ensacar. transmitida pelas
de um ovo e que tenham nascido. cânhamo assim Conservação: picadas dos
tenham quatro Sacha, alguns dias como o rícino Para evitar o pulgões;
rebentos (gomos) após a nascença, nas proximidades enverdecimento, - Mosaico (imitação
no momento da com sachador afastará os guardá-las num de mármore) da
plantação. de precisão ou escaravelhos pelo lugar seco, folhagem: é uma
Profundidade: cultivador. odor. escuro, sendo a virose transmitida

MÓDULO IV
7-10 cm, em terra Amontoa: logo temperatura ideal pela picada dos
pesada; 10 – 12 que as plantas de 4 a 8ºC. Juntar insetos.
cem em terra tenham 15 – 20 cm ramos de louro - Se o gérmen não
ligeira. de altura. Não se para afastar os se desenvolveu
Compasso: 30 – 40 deve realizar mais ratos. no período da
cm x 50 – 60 cm, tarde para não Para evitar o germinação é
para as variedades cortar os estolhos desenvolvimento possível aparecer
precoces, 40 cm x de interligação. de rebentos, a podridão do
60 – 70 cm, para as Uma outra amontoa efetuar uma tubérculo, a
variedades tardias. é possível 15 dias conservação com: podridão seca,
antes da floração. - Ausência de luz; a presença
Corte dos caules, - Baixa de pústulas à
duas a três semanas temperatura, superfície do

MÓDULO V
antes da colheita sempre estável, até tubérculo ou a
(melhoram a ficar quase frio. sarna prateada.
conservação dos - Necroses nos
tubérculos e a caules;
sua firmeza na - Míldio;
cozedura). Ferrugem: manchas
A batata é uma cinzentas sobre os
cultura que folíolos;
necessita de - Escaravelho, este
muito húmus, não coleóptero pode
resistindo quase destruir em parte
nenhuma matéria ou a totalidade da
MÓDULO VI

orgânica. folhagem;
Deve-se adicionar Na colheita
Fósforo e e durante a
Composto sobre conservação:
o precedente da - Lagarta amarela;
cultura: - Larva de besouro;
- 50 kg de Fósforo - Larva de nóctua,
natural para 1000 provocam
m2; mordeduras nos
- 2t de Composto tubérculos;
para 1000 m2; - Lesmas, abrem
Antes da plantação, cavidades;
fornecimento de - Sarna prateada;
BIBLIOGRAFIA

adubos orgânicos - Sarna comum;

112
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Solanáceas Cultura doenças*
compostados. - Míldio;
Durante a - Podridão seca: no
vegetação, corte nota-se uma
fertilização foliar podridão castanha,

MÓDULO I
com lithothamnium, o tubérculo
dolomita ou pó de desidrata-se,
rocha na dose de mumifica e fica
10 – 15 kg/1000m2. muito duro;
Não efetuar - Gangrena:
calagem, nem localiza-se quase
aplicar potássio. sempre na base dos
tubérculos.
- Podridão húmida:
manchas castanhas
sobre os tubérculos
que se transformam
numa massa

MÓDULO II
líquida.
Tabela 23 - Famílias das Solanáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015

Famílias das Modo de Parasitas e


Plantação Associações Colheita
Crucíferas Cultura doenças*
Couve Brócolo Este tipo de couve Semear em viveiro. Hérnia: doença
(Brassica oleracea dá-se mal com o Semear raro (2-4 criptogâmica
itálica) frio. cm entre cada que provoca
semente). nodosidades na

MÓDULO III
Plantação a 50-60 coroa das folhas
cm de distância. e no colo da raiz
Não se desenvolve (fragilidade em
bem em solos quebrar);
muito ácidos e Podridão da
em clima seco, coroa (da folha) e
sobretudo no início do colo (da raiz):
do crescimento. as plantas jovens
Cobertura do solo apodrecem na zona
com composto da coroa e do colo.
maduro no decurso Evitar plantar as

MÓDULO IV
da vegetação. couves na mesma
parcela em anos
consecutivos.
Míldio das
crucíferas, tipo
penugem: manchas
esbranquiçadas e
com penugem sob
as folhas.
Mosca da couve:
esta mosca cinzenta
põe os ovos no

MÓDULO V
colo ou no talo das
couves.
Piéride/lagarta da
couve: a borboleta
os seus ovos
amarelos vivos
sob as folhas e as
lagartas roem as
folhas.
Altica – espécie
de escaravelho,
MÓDULO VI

perfuras as folhas.
Gorgulho: as larvas
deste pequeno
inseto (falsa potra)
roem os tecidos e
formam “bugalhos”
sobre o pé.
Pulgão de cinza:
este parasita suga
a seiva.
Noctuela: esta
lagarta devora as
BIBLIOGRAFIA

plantas jovens.

113
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Crucíferas Cultura doenças*
Couve-flor (Brassica Planta que não Semear em zona As folhas do A sua colheita Idêntica às das
oleracea botrytis) deve sofrer protegida. tomateiro têm um é feita antes da outras couves, mas
carências Plantar no estado efeito repulsivo abertura da flor. principalmente a
vegetativas e, de quatro folhas. contra as lagartas. altica, piéride e a

MÓDULO I
sobretudo nunca Precisa de um hérnia.
sofrer de secura. solo muito
Necessita da fértil e de uma
amontoa durante o humidade regular.
seu crescimento. Deve aplicar-se
composto maduro.
Rega abundante e
regular no verão.

Couve-nabo Muito rustica e Semear em quarto Cenoura, cebola, Ao fim de 100 dias Idêntica às das

MÓDULO II
(Brassica campestris produtiva. Mas minguante, em ervilha, saladas. após a sementeira outras couves, mas
napo-brassica) receia a secura. linha, com 35 cm de Evitar associações e até ao fim do principalmente
afastamento. Em com o inverno. Não colher a altica, piéride,
lugar definitivo a morangueiro. muito tarde, senão tentredo (inseto) do
40 cm. corre o risco de rábano (as larvas
Prefere os solos endurecer. roem as folhas até
húmidos. Evitar o às nervuras), mosca
excesso de fósforo, da couve (as raízes
que aumenta o são atacadas).
parasitismo.
Evitar as

MÓDULO III
fertilizações
orgânicas
excessivas
que alteram a
conservação.

Couve repolho Tal como as outras Sementeira em Cultura em linha, Aproximadamente Idêntica às das
(Brassica oleracea) couves, gosta viveiro ou no de couve e de alho- quatro meses após outras couves, mas
de terras frescas, local definitivo, porro ou aipo. a sementeira. principalmente,
profundas, um bem espaçada. Como prevenção pulgões e lagartas.
pouco argilosas e O enlameamento contra as lagartas,

MÓDULO IV
ricas em húmus. das raízes é podem empregar-
particularmente se as folhas de
recomendado. tomate retiradas
da poda que se
espalha no solo.
Tabela 24 - Famílias das Crucíferas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015

Famílias das
Modo de Parasitas e
Papilionáceas Plantação Associações Colheita
Cultura doenças*
(leguminosas)
Ervilha Os grãos Sementeira em Cenoura, nabo, Colheita desde que Oídio; Míldio; MÓDULO V
(Pisum sativum) redondos são mais lua crescente rabanete, pepino, as vagens estejam Pulgões; Podridão
resistentes ao frio de novembro a batata. Evitar a bem cheias. cinzenta; Tripes.
e à humidade. Os fevereiro, em linhas proximidade de Colheita em seco. Antracnose:
grãos enrugados distanciadas de alho, cebola e manchas
suportam melhor 30 cm (variedades chalota. acinzentadas sobre
o calor. É preciso anãs) e de 40 as folhas, caules e
respeitar um cm (variedades vagens.
intervalo de quatro semianãs). Ferrugem: manchas
MÓDULO VI

anos antes de Sachar as avermelhadas sobre


replantar as ervilhas ervilhas depois as folhas.
no mesmo local. da germinação. Pírale da ervilha:
Teme muito a seca, Manter o solo lagarta acinzentada
o que proíbe a sua fresco. no interior das
cultura durante Teme os solos vagens.
os meses mais demasiadamente
quentes. húmidos e
calcários. Suporta
mal as fertilizações
orgânicas pouco
BIBLIOGRAFIA

decompostas.

114
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Famílias das
Modo de Parasitas e
Papilionáceas Plantação Associações Colheita
Cultura doenças*
(leguminosas)
Fava É um dos primeiros Sementeira em Alcachofra, milho, Colhidas tenras, Pulgão; Míldio;
(Vicia faba) legumes de quarto crescente, batata, aipo, alface. as favas podem Tripes; Gorgulho
primavera. Teme a em linhas distando Evitar alho, cebola, ser consumidas na das favas: larvas

MÓDULO I
seca e os calores 40 cm, e, com grão chalota. totalidade com as que saem dos
extremos, o que de 15 em 15 cm, vagens. grãos no fim do
desaconselha a sua com 4-5 cm de Colhidas maduras, inverno.
cultura em pleno profundidade. só os grãos é
verão. Suporta o Prefere os solos que podem ser
frio até -3/-4ºC. ricos em húmus consumidos.
fresco.

Feijão Receia o frio. Antes de semear, Batata, milho, aipo, Pode ser Gorgulho;
(Phaseolus vulgaris) Não germinam deixar embeber os pepino, alface, escalonada e Antracnose; Oídio;
senão quando a grãos durante três cenoura. variada em função Piolho; Ferrugem
temperatura do horas numa infusão Desaconselhado da escolha das

MÓDULO II
solo é superior a de camomila perto do alho- espécies (feijão
10º C. arrefecida. porro. em vagem, feijão
Fazer as em grão fresco ou
sementeiras seco).
escalonadas,
escolhidas
em função
da finalidade:
obtenção de
vagens finas, de
grãos frescos ou de
grãos secos.
Escolher o período

MÓDULO III
de lua crescente.
Afastamento:
- 50 cm entre as
linhas para as
variedades anãs;
- 75 cm para as
variedades de
trepar.
Receia os solos
calcários, as
terras húmidas
e frescas. Não
gosta de matérias

MÓDULO IV
orgânicas pouco
decompostas,
preferir um
decomposto
maduro. Não regar
a folhagem desta
planta.
Tabela 25 - Famílias das Papilionáceas (leguminosas) | Fonte: Rodet & Pereira, 2015

Famílias das Modo de Parasitas e


Plantação Associações Colheita
Gramíneas Cultura doenças*
Milho doce
(Zea mays)
Deve estar perto
de determinados
Sementeira de
abril a junho,
Feijão, ervilha,
abóbora,
100 – 120 dias
após a cultura,
Antracnose-
Fusariose;
MÓDULO V
legumes, na horta escalonadas, de pepino e outros quando os grãos Nematoide do
(ver associações). 50 – 60 cm x 15-20 cucurbitaçeas. tiverem o tamanho caule e dos bolbos;
cm. Sacha precoce, Entre linhas pode definitivo, mas Poeira Negra;
depois amontoa. ser igualmente não sem estarem Podridão da
Adapta-se a semeada a alface- ainda duros. As sementeira;
solos muito de-cordeiro ou variedades para Pulgões; Ralos;
diversificados, na espalhados adubos fazer pipocas, pelo Lesmas;
condição de serem verdes. contrário, devem Lagarta amarela;
ricos em húmus e ser colhidas quando Lagarta da espiga;
MÓDULO VI

bem trabalhados. a maturação estiver Sesamia: Lagarta


completa. branco-rosada que
escava buracos na
parte inferior do
caule.
Pirale do milho:
Lagarta de aspeto
acinzentada saída
da postura da
borboleta, na face
inferior das folhas.
Tabela 26 - Famílias das Gramíneas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015
BIBLIOGRAFIA

* No Módulo II – Proteção das plantas, o assunto dos parasitas e doenças será abordado com maior profundidade.

115
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
ii) Plantas Aromáticas e Medicinais
As plantas aromáticas são benéficas não só devido às suas propriedades terapêuticas
e culinárias para os homens, mas também para cuidar da horta, devendo seguir algumas
recomendações (Rodet & Pereira, 2015).

MÓDULO I
Nas Tabelas 27 – 31, vamos dar a conhecer as principais Famílias e algumas características
próprias e suas utilizações, das plantas aromáticas e medicinais:

Família das Utilizações


Características
Lamiáceas Culinárias Domésticas Medicinais
Manjericão grande Planta anual a semear em março e a Saladas, tomate, Espasmos
(Ocimum basilicum) transplantar em abril/maio. Os solos ideais sopa, peixe, arroz. enxaquecas,

MÓDULO II
são neutros, rico, soalheiro, e bem regado gastrite, enterite,
em tempo seco. Apresenta flores brancas obstipação,
ou rosadas, em espiga alongada em julho/ catarros genito-
agosto. urinários.

Alfazema Planta vivaz muito rustica, a plantar no caça, arroz, vinho. Armários de roupa, Enxaquecas,
(lavandula outono ou na primavera. Recomenda- anti traça, anti vertigens,
officinalis) se em solos áridos, em exposição bem insetos das casas. bronquite, gripe.
soalheira.
Apresenta flores azuis, em espiga, em
julho/agosto.

MÓDULO III
Cidreira Planta vivaz, muitas vezes infestante; a Salada, sopa, Anti traça, perfume Enxaquecas,
(Melissa officinalis) isolar. Multiplica-se, por divisão dos tufos bebida refrescante, para banhos. palpitações, dores
no outono e na primavera. Colheita das caldos, caracóis. de estômago,
folhas da primavera ao outono, em tempo nervosismo,
seco. A sua secagem deve ser feita à acufenos, vertigens,
sombra e em local ventilado. Recomenda- insónia, vómitos.
se em solos ácidos, à sombra e com regas
ligeiras.
Flores rosadas ou brancas, de junho a
setembro.

MÓDULO IV
Mentas: As mentas são plantas vivazes e fáceis de Cenouras, ervilhas, Perfumam a roupa Astenia, indigestão,
Menta picante cultivar, têm um inconveniente porque carnes, cuscuz, e o banho, anti flatulência, diarreia,
(Mentha piperita) podem ser infestantes (a isolar). Plantação pepino, saladas, insetos. palpitações,
Hortelã vulgar no outono ou na primavera, dos estolhos infusões. enxaquecas,
(Mentha viridis) ou da divisão dos pés. Não suportam o tuberculose.
Mentastro (Mentha calcário. Preferem os solos meio-sombrios,
rotundifólia) pouco regados.
Poejo (Mentha Flores rosadas ou lilases ou brancas,
pulegium) conforme as variedades.
Hortelã de água
(Mentha aquática)

MÓDULO V
Orégão Planta vivaz que necessita de solos secos, Omeletes, Inapetência,
(Origanum vulgare) leves, bem soalheiros. Colheita até ao maionese, pizzas, digestão lenta,
outono. batatas, caldos. aerofagia,
Flores de rosa vivo a malva clara, em bronquite (banhos
espiga, de julho a setembro. e compressas em
caso de resfriado
ou de fraqueza)

Alecrim Planta vivaz que se multiplica por semente Carnes, grelhados, Coqueluche, asma,
(Rosmarinus (difícil), por estaca ou por mergulhia, na caça, peixes, icterícia, cálculos,
officinalis) primavera ou por divisão de raízes. A molhos, arroz, fadiga intelectual.
plantação deve ser espaçada de 120 x batatas, omeletes,
MÓDULO VI

80cm. A colheita pode ter lugar ao longo cogumelos,


de todo o ano, mas sobretudo no período preparados com
da floração. Prefere os solos calcários, tomates, sal de
quentes e secos, soalheiros. Flores azul- ervas.
pálido.

Segurelha (Satureia Semear na primavera, de 0,50m em 0,50m Carnes, peixes, Digestões difíceis,
hortensis) ou, mais fácil, por estaca ou divisão dos caça, leguminosas, astenia intelectual
Também chamada pés na primavera ou no outono. vinagre, sopas. e sexual, espasmos
erva peixeira Prefere os solos calcários, secos, intestinais, diarreia,
soalheiros, pedregosos. Flores branco-rosa asma, bronquite.
BIBLIOGRAFIA

de junho a setembro.

116
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Família das Utilizações
Características
Lamiáceas Culinárias Domésticas Medicinais
Salva Planta vivaz que se multiplica por Carne de carneiro, Perturbações
(Salvia officinalis) sementeira sob abrigo, em fevereiro com aves de capoeira, nervosas,
transplantação em março/abril, ou por peixe, castanhas, vertigens, estados
estaca, mergulhia ou divisão dos tufos. favas e outras depressivos,

MÓDULO I
Colheita, no início do verão, ou ao longo leguminosas, arroz, diarreia,
de todo o ano. Dá-se bem nos solos cuscuz, sopas, amenorreia,
calcários, mesmo pedregosos, e soalheiros, molhos, queijo dismenorreia.
sem rega. Deve plantar-se isolada, afastada fresco.
do tomilho e de segurelha. Flores violetas
ou rosa, de maio a julho.

Tomilho Planta vivaz que se reproduz por Todos os legumes, Tosse, coqueluche,
(Thymus vulgaris) sementeira na primavera (à sombra) sopas, refogados, gripe, asma,
seguida de transplantação e também grelhados, enxaquecas,
por divisão dos tufos no outono ou ovos, aves de enterite.
na primavera. Colheita à medida das capoeira, peixe
necessidades e durante a floração que tem tomate, molhos,

MÓDULO II
lugar entre abril e agosto. Flores branco- cogumelos.
rosa. Prefere os solos secos, pedregosos,
calcários e soalheiros.
Tabela 27 - Família das Lamiáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015

Família das Utilizações


Características
Umbelíferas Culinárias Domésticas Medicinais
Anis Planta anual muito aromática. Semear Pastelaria, Aerofagia, perda de
(Pimpinela anisum) raro, a lanço, a partir do reaquecimento confeitaria, apetite, flatulência,

MÓDULO III
do solo. Recomenda-se deixar as compotas, licores, cólicas nervosas das
sementes “estratificadas” em areia antes bolos de mel e crianças, bronquite,
da sementeira. Recomenda-se em solos centeio, salada tosse espasmódica,
ácidos, leve, rico, soalheiro, com regas verde, cenouras secreção láctea
frequentes. Floração em julho/agosto de raladas. insuficiente.
pequenas flores brancas em forma de
umbelas.

Coentros Planta bianual ou vivaz, conforme os Caça, aves de Aerofagia,


(Coriandrum climas. Sementeira na primavera ou no fim capoeira, omeletes, espasmos,
sativum) do verão. Dá-se bem em solo calcário, rico, arroaz, cogumelos, flatulência,
leve, sombrio, bem regado. As flores são tomate, feijão, digestão difícil,
brancas ou rosadas e aparecem em julho/ batatas, favas, dores reumatismais

MÓDULO IV
agosto. açorda alentejana. (em uso externo).

Salsa (Petroselium Planta bi-anual que se multiplica por Saladas, molhos, Menstruações
sativum) sementeira entre fevereiro e agosto. De temperos, carne, irregulares, anemia,
germinação difícil. A primeira colheita peixe, crustáceos, raquitismo, astenia,
pode ter lugar de 8 a 10 semanas mais caldos, omeletes, gota, litíase
tarde. Flores branco-amareladas entre sandes, etc… urinária.
junho e agosto. Necessita de um solo rico,
de preferência fresco, bem regado, nas
bordas dos muros.

Tabela 28 - Família das Umbelíferas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015

Família das
Liliáceas
Características
Utilizações
MÓDULO V
Culinárias Domésticas Medicinais
Cebolinha comum Planta vivaz que necessita de um solo Maionese, omelete, Fermentação
(Allium fistulosum) fresco, rico e leve. Não suporta o calcário. salada verde, ou intestinal.
Multiplica-se por sementeira ou por de tomate, batatas,
bolbinhos na primavera. A colheita é caldos, queijos
ao longo de todo o ano. Flores rosa ou frescos.
púrpura entre junho e agosto.
Tabela 29 - Família das Liliáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015
MÓDULO VI

Família das Utilizações


Características
Compostas Culinárias Domésticas Medicinais
Estragão (Artemisia Planta vivaz que se multiplica por divisão Saladas verdes Digestão lenta,
dracunculus) de tufos, em março/abril, ou por estaca. diversas e de soluços, aerofagia,
Não suporta o calcário e prefere solos tomate, omelete, dismenorreia.
leves, ricos, meio-sombrios, com regas maionese,
frequentes. vinagrete, frango,
Flores amarelo-esverdeados- refogados,
esbranquiçadas em julho/agosto. crustáceos, peixe…
BIBLIOGRAFIA

Tabela 30 - Família das Compostas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015

117
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Família das Utilizações
Características
Verbenáceas Culinárias Domésticas Medicinais
Verbena oficinal Plantas vivazes que receiam as geadas Pastelarias Enxaquecas
(Verbena officinalis) (-5ºC). Multiplicação por estaca na digestivas,
Lúcia-lima primavera ou no outono. Plantação vertigens, síncopes,
(Lippia citriodora) após as últimas geadas da primavera. A espasmos

MÓDULO I
colheita das folhas realiza-se duas vezes: digestivos,
julho e outubro ou então à medida das paludismo.
necessidades. Flores roxas no decurso do Insuficiência
verão. Recomenda-se em solos leves, ricos, láctea das mães,
soalheiro e pouco regado. preparação do
parto.
Tabela 31 - Família das Verbenáceas

iii) Principais espécies florestais cultivadas em Portugal

MÓDULO II
Identificamos uma floresta como sendo um conjunto de árvores que ocupam um determinado
território. Associamo-la a algo de origem natural que sempre existiu, mas é um ecossistema
complexo onde as árvores são dominantes e interagem com outras espécies arbustivas e
herbáceas e com outros seres vivos que nela habitam. Na Tabela 32 estão identificadas as
principais espécies florestais que fazem parte do nosso clima mediterrâneo.

Espécie Florestal Característica

MÓDULO III
Sobreiros É uma árvore da família do carvalho, a partir da qual se extrai a cortiça, a sua localização é mais
(Quercus suber) comum no Alentejo Litoral e Serras Algarvias.

Azinheiras Pertencem à família das fagáceas. Possuem folhas discolores, ligeiramente espinhosas
(Quercus ilex) nos espécimes adultos. Em Portugal continental devido à sua adaptação às condições
edafoclimáticas, a sua localização é mais abundante no Sul do País.

Pinheiro-bravo É uma árvore média, a copa das árvores jovens é piramidal, e nas adultas é arredondada. Tem
(Pinus pinaster) a particularidade de apresentar pinhas que amadurecem no final do verão do segundo ano e
libertam numerosas sementes com designada por pinhão. Em Portugal era primitivamente uma

MÓDULO IV
espécie espontânea na faixa costeira sobre solos arenosos a Norte do Tejo, onde encontra as
condições fitoclimáticas ideais: humidade atmosférica e influência atlântica, mas atualmente,
devido à ação do homem está presente por todo o País, existindo abundantes localizado nos
extremos no Norte e Centro (Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral e Ribatejo), penetra até Trás-os-
Montes e Beiras, e na faixa Litoral desde o Minho até à Península de Setúbal.

Pinheiro-manso É uma gimnospérmica, da família das Pináceas, Possui uma forma de sombrinha bastante
(Pinus pinea) característica, com o tronco curto e largo, culminando numa copa bastante plana. Produz
o pinhão que é valorizada, economicamente. Em Portugal tem grande desenvolvimento na
Península de Setúbal e zonas contíguas. Tem preferência por solos frescos, profundos e arenosos,

MÓDULO V
adaptando-se mesmo a areais marítimos e dunas. Prefere solos ligeiramente ácidos, mas adapta-
se a solos calcários se não forem muito argilosos. Prefere boa luminosidade e temperaturas
quentes, não suportando geadas fortes e/ou continuadas. É comum encontrá-lo entre o nível do
mar e os 1000 metros de altitude.

Castanheiros É uma árvore de grande porte, muito abundante no interior Norte e Centro de Portugal, cuja
(Castanea sativa) inflorescência (ouriço) contém a castanha, que é consumida no outono. O castanheiro produz
também madeira de excelente qualidade, o castanho, muito usada no passado na construção
em Portugal, nomeadamente na região Norte do país. É ainda hoje muito utilizada em mobília e
decoração interior.
MÓDULO VI

Eucalipto Pertence à família Myrtaceae. Adaptados a praticamente todas as condições climáticas, sendo
(Eucalyptus) uma das espécies florestais mais cultivadas em Portugal, onde fornece a maior parte da matéria-
prima utilizada para produção de pasta de papel, a sua madeira é também utilizada como lenha,
produzindo um biocombustível de boa qualidade.

Carvalhos Um carvalho é uma árvore ou arbusto da família das fagus, Fagaceae. Os frutos do carvalho
(Quercus) chamam-se bolotas, ou landes, e em seu tronco é comum a formação de bugalhos. inclui tanto
espécies caducas como perenes, em geral, as espécies de folha caduca distribuem-se mais para
o Norte e as de folha persistente para o Sul. A madeira é dura e ao mesmo tempo maleável,
sendo muito apreciada na carpintaria.
BIBLIOGRAFIA

Tabela 32 - Principais espécies florestais cultivadas em Portugal | Fonte: Uva et al., 2015

118
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Em termos estruturais, funcionais e paisagísticos, a floresta do continente pode ser
organizada em quatro grandes grupos, ou formações florestais (Uva et al., 2015).

• Pinhais (constituídos por povoamentos de pinheiro-bravo e pinheiro-manso);

MÓDULO I
• Folhosas perenifólias (“montados”, sobreirais e azinhais);

• Folhosas caducifólias (carvalhos, castanheiros e outras);

• As folhosas silvo-industriais (eucaliptais).

Segundo IFN6 – Inventário Florestal Nacional, os “montados”, sobreirais e azinhais são


a principal ocupação florestal, com cerca de 1 milhão de hectares e representando 1/3 da

MÓDULO II
floresta. São ecossistemas florestais de uso múltiplo, os quais não têm a produção lenhosa
como principal função. Os pinhais são a segunda formação florestal, com uma área próxima de
1 milhão de hectares, sendo os ecossistemas florestais com maior redução na área ocupada.
A diminuição da área deve-se aos pinhais de pinheiro-bravo, muito afetados pelos incêndios
e pragas (sendo a mais expressiva o nemátodo), a qual supera o significativo aumento da área
de pinhal de pinheiro-manso (20,7 mil ha; 12% entre o IFN5 e IFN6). As folhosas caducifólias
(carvalhos, castanheiros e outras) são a formação florestal menos representativa em área

MÓDULO III
ocupada, embora se registe um aumento sistemático ao longo dos últimos 20 anos, sendo
esta mais significativa no período entre os dois últimos inventários (2005 e 2015) (46 mil ha;
17%). Os eucaliptais ocupam 845 mil ha, cerca de 26% da floresta continental e apresentando
um sistemático incremento ao longo dos últimos 50 anos.

I.4. RELAÇÃO SOLO-CLIMA-PLANTA E O CICLO DO CARBONO

MÓDULO IV
O interesse nas relações solo-água-planta decorre do fato de constituírem conhecimento
essencial e suporte indispensável para aplicações em áreas tão diversas e tradicionais como
a agricultura, biologia e hidrologia, estendendo-se a outras áreas como a biorremediação e o
controlo de solutos e poluentes no solo e nas águas (Santos et al., 2012). No que diz respeito
ao solo, e por consequência à atividade que nele assenta, a agricultura, pode ter um papel
essencial no ciclo do carbono (Figura 84). Através de várias práticas agrícolas, o solo pode

MÓDULO V
ajudar no armazenamento de grandes quantidades de carbono atmosférico, ao mesmo tempo
que contribui para o aumento dos seus níveis de fertilidade e do equilíbrio dos ecossistemas.

De 2007 a 2016, a Agricultura, as Florestas e o Uso do solo foram responsáveis por 23% das
emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE) mundiais (12 ± 3 Gt CO2eq/ano)1 e, ampliando a
todo o sistema de produção mundial de alimentos atingindo os 37% (IPCC, 2019).

Segundo a mesma publicação as emissões na agricultura têm, na sua grande maioria origem
MÓDULO VI

na produção animal (83%). Os principais vetores de emissão são os processos de fermentação


entérica, a gestão dos efluentes pecuários, a deposição direta em pastagens e a aplicação de
efluentes pecuários nos solos agrícolas. As restantes emissões do setor derivam do uso de

1 (13% CO2, (Dióxido de Carbono) 44% CH4 (Metano) e 82% N2O (Óxido Nitroso) das emissões mundiais).
Fonte: Climate Change and Land: An IPCC Special Report in Climate Change, Desertification, Land degradation,
Sustainable land management, Food securaty, and Greenhouse gas fluxes in terrestrial ecosystems – Summary for
BIBLIOGRAFIA

Policemakers.IPCC 07.08.2019

119
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
fertilizantes minerais, corretivos calcários e dos resíduos de culturas não removidas dos solos
agrícolas (17%).

MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 84 - Esquematização do Ciclo de Carbono | Fonte: Anónimo, 2018

Desde 2006 que a Diretiva Quadro do Solo reconhece a importância das funções do solo
para o equilíbrio dos ecossistemas considerando a produção de biomassa, a preservação da
biodiversidade, a reserva de carbono e um arquivo do património geológico e arqueológico.
As atividades agrícolas interagem com o solo procurando tirar partido das suas funções, por

MÓDULO IV
exemplo relacionadas com a nutrição vegetal, suporte à microbiologia, reserva de água e
de sumidouro de carbono. No entanto, práticas inadequadas podem acelerar o processo de
degradação do solo, em especial por efeito da erosão e conduzir a um aumento das emissões
de carbono para a atmosfera. A conservação do solo melhorando a sua estrutura e composição,
permitirá contribuir para a adequada regularização dos aquíferos através do aumento do teor
de água disponível para as plantas, amortecer os picos de cheia ou melhorar a qualidade da
água, recuperar a capacidade de nutrição vegetal e alavancar o potencial de sequestro de
carbono. MÓDULO V

I.4.1. A AGROECOLOGIA NA CONSERVAÇÃO DO SOLO E DOS


RECURSOS NATURAIS

De acordo com a FAO pode definir-se agroecologia como uma visão holística e integrada
MÓDULO VI

que aplica em conjunto conceitos e princípios ecológicos e sociais no planeamento e na


gestão de sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis.

A Agroecologia é uma alternativa ao modelo de produção dominante no mercado


- agroindústria - que visa a transformação dos modos de produção e consumo, na via da
soberania alimentar dos povos, pela:
BIBLIOGRAFIA

a) Valorização do sistema de produção alimentar local;

120
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
b) Criação/fortalecimento das ligações urbano-rurais, valorizando os seus intervenientes

c) Geração e preservação do conhecimento local;

d) Promoção da justiça social;

MÓDULO I
e) Estimulação da identidade e da cultura;

f) Fortalecimento da vitalidade das economias rurais.

Podem considerar-se dez elementos de que a agroecologia se compõe: diversidade,


intercambio de conhecimento, sinergias, eficiência, reciclagem, resiliência, valores humanos e
sociais, cultura e tradições alimentares, governança responsável e economia circular e solidária.

MÓDULO II
Ideia comum a estes dez elementos prende-se com a necessidade de conservar, proteger e
melhorar os recursos naturais onde se inclui logo à partida o solo, com respostas locais dos
territórios através de práticas agroecológicas inovadoras capazes de manter a biodiversidade
e simultaneamente a sustentabilidade económica e social das populações. O território (Figura
85) é uma parte importante a ter em conta dada a necessidade de adaptação e conciliação do
conhecimento local com o tecnológico capaz de implementar as soluções mais adequadas ao
uso sustentável dos recursos e do solo.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 85 - Exemplos de territórios com diferentes tipologias de paisagem, a Norte e Sul de Portugal

A necessidade de recuperar territórios degradados por práticas incorretas impostas pelo


Homem durante seculos, conduziu à necessidade de incrementar medidas que garantam o
desenvolvimento sustentável das gerações futuras (Figura 86).

MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 86 - Gestão dos ecossistemas para as gerações futuras

121
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Assim, no seio do conceito de desenvolvimento sustentável, nos seus três pilares (uso
racional dos recursos naturais, sustentabilidade económica e social) podem contemplar-se
metas com vista ao equilíbrio da relação solo-clima-planta como:

• Travar a desflorestação restaurando áreas florestais degradadas sensibilizando a

MÓDULO I
sociedade para o desempenho das florestas na fixação de carbono;

• Combater a desertificação restaurando a fertilidade do solo;

• Proteger e evitar a extinção de espécies ameaçadas promovendo os recursos genéticos;

• Mobilizar os recursos financeiros e a capacitação para a adoção de práticas de


conservação e uso sustentável dos ecossistemas;

MÓDULO II
• Utilização racional dos recursos hídricos;

• Demonstrar o importante papel das áreas agrícolas e florestais na regulação do clima,


na criação de microclimas, na proteção contra o vento, na regulação da temperatura e
da humidade e no ciclo natural da água;

MÓDULO III
• Realçar o papel do solo agrícola e florestal para a melhoria da qualidade química
biológica das águas subterrâneos;

• Prevenir fenómenos de erosão do solo.

I.4.2. A ÁGUA, A REGA E A DRENAGEM DO SOLO

MÓDULO IV
A água é um fator determinante na produtividade das culturas, que mesmo em condição
de sequeiro dependem do fornecimento de água por fenómenos meteorológicos. Em sua
substituição, a rega permite fornecer ao solo as quantidades de água necessárias para obter
um teor de humidade adequado ao desenvolvimento das plantas cultivadas.

Em Portugal Continental são utilizados em média, 20% dos recursos hídricos disponíveis
(Figura 87). Em termos de utilização total anual por setor e tendo por base o Plano Nacional
da Água, a agricultura é o setor dominante sendo responsável por cerca de 75% da utilização
de água, considerando consumo direto e produção de energia para bombagem, seguida da MÓDULO V
produção de energia com 14%, do abastecimento a populações com 6% e da indústria com
4%.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 87 - Utilização total anual dos recursos hídricos em Portugal Continental e a sua distribuição por setor
Fonte: Núncio & Arranja, 2011

122
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Segundo o Recenseamento Agrícola de 20192, o regadio aumentou nos pomares, vinhas
e olivais e foram recenseadas 134 mil explorações com sistema de rega (46% do total), com
capacidade para regar 626 mil hectares (16% da SAU3), sendo que 47% da superfície irrigável
são terras aráveis, 43% culturas permanentes e 10% pastagens permanentes.

MÓDULO I
A superfície regada foi de 561 mil hectares, cerca de 90% da superfície irrigável, beneficiando
32% das culturas temporárias, 30% das culturas permanentes e apenas 3% das pastagens
permanentes (INE, 2019).

Nos últimos dez anos assistiu-se ao alargamento em mais 16% da superfície potencialmente
irrigável (Figura 88), devido ao extraordinário aumento de 72% verificado nas culturas
permanentes. O investimento na modernização de pomares, vinhas e olivais refletiu-se no

MÓDULO II
aumento do regadio, passando a beneficiar 70% dos pomares de frutos frescos (+10 p.p.4 que
em 2009), 11% dos pomares de frutos de casca rija (+9 p.p. que em 2009), 31% dos olivais (+12
p.p. que em 2009) e 28% das vinhas (+13 p.p. que em 2009).

O Alentejo é a região com mais área de regadio (38% do total) e, devido ao Alqueva, a que
registou o maior crescimento (+54% do que a área regada em 2009). (Recenseamento Agrícola
2019 – INE).

MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 88 - Regadio por ocupação cultural (2009-2019) | Fonte: INE, 2020

Segundo os dados estatísticos do INE5, Recenseamento Agrícola – 2019, podemos verificar


nas Tabelas 33 e 34, a contabilização do número de explorações agrícolas com culturas
temporárias regadas e permanentes, por localização geográfica (Região agrária) e o método
MÓDULO VI

de rega utilizado, durante os anos de 2009 e 2019.

2 Instituto Nacional de Estatística -  Recenseamento Agrícola 2019. Resultados Preliminares – 18 de


dezembro 2020 Lisboa: INE, 2020. Disponível em: https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_
destaques&DESTAQUESdest_boui=467628567&DESTAQUESmodo=2
3 SAU - Superfície agrícola utilizada
4 p.p.- Ponto percentual
BIBLIOGRAFIA

5 Última atualização destes dados: 31 de março de 2021

123
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Localização geográfica (Região agrária)
Período de Método
Culturas Entre
referência de rega Trás-os- Beira Beira Ribatejo
temporárias Douro e Alentejo Algarve
dos dados utilizado Montes Litoral Interior e Oeste
Minho

Cereais para Gravidade 15911 4291 8847 957 673 280 74

MÓDULO I
grão Sob-pressão 3919 389 6581 1695 1224 432 47
Leguminosas Gravidade 3161 688 3046 642 69 71 43
secas para
grão Sob-pressão 206 57 1124 185 166 62 12

Prados Gravidade 2399 235 749 61 6 30 1


temporários Sob-pressão 121 43 262 222 91 97 10

MÓDULO II
Culturas Gravidade 4030 1071 2080 632 57 27 9
2019
forrageiras Sob-pressão 3941 462 2920 2043 624 629 41
Gravidade 5443 6318 5517 2941 269 48 71
Batata
Sob-pressão 378 243 1060 526 817 52 57

Culturas Gravidade 18 3 26 17 19 5 39
industriais

MÓDULO III
Sob-pressão 76 14 70 25 177 194 39

Culturas Gravidade 1399 781 1368 282 449 77 224


hortícolas Sob-pressão 2323 303 1643 144 3299 579 510

Cereais para Gravidade 27218 6936 16603 2916 1781 663 236
grão Sob-pressão 4055 611 12024 2258 1646 591 149
Leguminosas Gravidade 7546 1474 6861 1353 137 53 108
secas para

MÓDULO IV
grão Sob-pressão 317 63 2106 436 180 51 15

Prados Gravidade 5096 206 333 66 6 25


temporários Sob-pressão 262 34 339 130 103 43 6

Culturas Gravidade 5941 3033 4234 2149 144 83 45


2009
forrageiras Sob-pressão 5341 999 4869 2850 669 828 98
Gravidade 9415 10503 6074 4793 252 50 295

MÓDULO V
Batata
Sob-pressão 542 892 2790 1196 907 81 87

Culturas Gravidade 5 4 64 1 5 16 8
industriais6 Sob-pressão 10 1 61 26 57 118 12

Culturas Gravidade 1111 485 1250 268 607 1206 484


hortícolas Sob-pressão 2196 220 1513 115 4179 582 534
MÓDULO VI

Tabela 33 - Número de explorações agrícolas com culturas temporárias por Região agrária regada e método de rega utilizado | Fonte: INE, 2011

De acordo com os dados da Tabela 33, verifica-se uma diminuição desde 2009 até 2019 no
número de explorações agrícolas com culturas temporárias regadas. Um bom exemplo deste
decréscimo verifica-se nas culturas de cereais para grão, que em 2009 na região do Douro e
Minho era de 31 273 explorações e em 2019 passam a ser 19 830. A mesma situação observa-se
nas restantes culturas por região muito possivelmente pelo abandono ou troca destas culturas

6 Culturas industriais - são culturas realizadas para a indústria como ervilha para conserva, fava para conserva,
BIBLIOGRAFIA

tomate para a indústria de polpa, feijão para conserva em verde, pimento para conserva etc.

124
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
por outras alternativas culturais de maior rentabilidade.

Relativamente à utilização dos métodos de rega (gravidade e sob-pressão), verifica-se pela


Tabela 33 que o método de rega mais utilizado é o de gravidade. Situação esta, que se deve
aos custos dos sistemas de rega e disponibilidade de energia para estes sistemas, sendo a

MÓDULO I
rega por gravidade o mais viável em termos económicos e gastos energéticos.

Na região de Entre Douro e Minho é onde se verifica o maior número de explorações


agrícolas com culturas temporárias regadas. Esta situação pode ser justificada pelo aumento
de culturas hortícolas.

Localização geográfica (Região agrária)


Período de Método

MÓDULO II
Culturas Entre
referência de rega Trás-os- Beira Beira Ribatejo
permanentes Douro e Alentejo Algarve
dos dados utilizado Montes Litoral Interior e Oeste
Minho
Frutos frescos Gravidade 1353 919 1561 1517 894 100 267
(excetos
citrinos) Sob-pressão 1343 1541 1108 1558 2618 587 1104
Gravidade 1003 279 1251 445 1176 267 740
Citrinos
Sob-pressão 313 246 229 241 1034 737 3433

MÓDULO III
Frutos Gravidade 206 16 156 44 18 6 53
subtropicais Sob-pressão 798 21 457 40 77 37 618
2019
Frutos de Gravidade 454 517 405 247 79 12 77
casca rija Sob-pressão 175 599 141 208 151 430 479
Gravidade 499 644 1610 1400 307 91 65
Olival
Sob-pressão 88 942 504 985 675 2292 345
Gravidade 7519 193 476 277 179 16 57

MÓDULO IV
Vinha
Sob-pressão 2622 362 290 691 1371 1414 337
Frutos frescos Gravidade 930 1125 1775 1686 1221 324 512
(excetos
citrinos) Sob-pressão 313 1159 712 958 2550 344 717
Gravidade 616 490 1044 648 1788 1102 1591
Citrinos
Sob-pressão 117 268 177 124 1204 752 3513
Frutos Gravidade 145 4 133 21 23 1 30

MÓDULO V
subtropicais7 Sob-pressão 360 4 254 17 23 5 195
2009
Frutos de Gravidade 171 243 343 138 64 34 61
casca rija Sob-pressão 52 143 75 68 75 127 202
Gravidade 222 903 1592 1795 279 160 38
Olival
Sob-pressão 28 747 350 608 397 1618 85
Gravidade 3532 216 711 283 159 83 60
Vinha
Sob-pressão 515 172 167 419 787 1036 289
MÓDULO VI

Tabela 34 - Número de explorações agrícolas com culturas temporárias por Região agrária regada e método de rega utilizado | Fonte: INE, 2011

Ao contrário do que acontece com as culturas temporárias, nas culturas permanentes,


verifica-se um aumento de 2009 até 2019 relativamente ao número da maioria de explorações
agrícolas com culturas permanentes regadas, nomeadamente, as culturas de olival, vinha, as
frutas de casca rija e os frutos subtropicais.
BIBLIOGRAFIA

7 Frutos subtropicais são as amoras, physalis, maracujá, kiwi, etc.

125
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
No que respeita ao método de rega, verifica-se, pela Tabela 34 um aumento na utilização
do método de rega sob pressão desde 2009 até 2019.

Na região de Entre Douro e Minho é onde se verifica o maior número de explorações


agrícolas com culturas permanentes regadas, devido à expansão de culturas de vinha e dos

MÓDULO I
frutos subtropicais, nomeadamente os kiwis.

As necessidades de água para a rega são estimadas através do balanço hídrico do solo
cultivado tendo em conta as necessidades de água satisfeitas pela precipitação, reserva de
água do solo e pela ascensão capilar; e as saídas de água correspondentes a evapotranspiração
cultural, percolação para as camadas do solo abaixo da zona radicular e perdas por escorrimento
e perdas por escorrimento (Figura 89).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 89 - Necessidades hídricas da cultura | Fonte: Ribeiro, s.d

Através do método MECAR8, foi possível efetuar o cálculo das necessidades hídricas para

MÓDULO IV
um conjunto de culturas, conforme se pode verificar na Tabela 35 (Leão e Morais, 2011).

Cultura M3/ha
Milho 4,155
Arroz 15,152
Outros cereais para grão 4,492
Leguminosas secas para grão 2,204 MÓDULO V
Prados temporários e culturas forrageiras 5,873
Batata 4,756
Beterraba sacarina 6,428
Girassol 4,125
MÓDULO VI

Outras culturas industriais 4,247


Culturas hortícolas ar livre/abrigo baixo 4,281
Flores e plantas ornamentais ar livre/abrigo baixo 2,649
Culturas hortícolas estufa 9,290

8 MECAR - Metodologia para a estimativa de água de rega em Portugal, disponível em: https://www.repository.
BIBLIOGRAFIA

utl.pt/bitstream/10400.5/3446/1/REP-Uso_Agua_2011.pdf

126
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Cultura M3/ha
Flores e plantas ornamentais estufa 4,966
Áreas de propagação 2,082
Outras culturas temporárias 4,654

MÓDULO I
Macieiras 4,295
Pereiras 4,359
Pessegueiros 4,889
Cerejeiras 4,738
Outros frutos frescos 5,465

MÓDULO II
Citrinos 6,106
Kiwis 5,973
Outros frutos subtropicais 7,497
Frutos secos 1,899
Olival 1,888

MÓDULO III
Vinha 1,859
Outras culturas permanentes 2,060
Média (todas as culturas) 4,999
Tabela 35 - Volume de água a fornecer às culturas, sem contabilizar perdas (m3/ha) | Fonte: Leão e Morais, 2011

Segundo os resultados apresentados verifica-se que a cultura do arroz é a que exige


maiores recursos hídricos (dotação média superior a 15 000 m3/ha). As culturas hortícolas em

MÓDULO IV
estufa também necessitam de elevadas dotações unitárias. Por outro lado, a vinha e o olival
apresentam as menores exigências hídricas de entre as culturas analisadas.

Existem diferentes métodos e técnicas de rega, cada um com as suas vantagens e


desvantagens. A escolha do método deve ter em conta as condições locais do clima, o acesso
à água ou a própria geometria da parcela a regar; além de diversas outras condicionantes
como o custo de investimento e manutenção, os conhecimentos técnicos do agricultor ou a

MÓDULO V
cultura em causa.

Os sistemas de rega podem ser agrupados em três métodos:

I) Rega de superfície - a água é distribuída à superfície do solo por ação da gravidade;

II) Rega por aspersão - a água é pulverizada através do ar, em forma de gotículas;

III) Rega localizada – consiste num tipo de rega sob pressão em que a água é aplicada
MÓDULO VI

apenas nas zonas do solo em que se desenvolvem as raízes das plantas. Estes podem
ser de gota-a-gota, micro-aspersão e subterrânea.

i) Rega de superfície (gravidade/alagamento)

A rega de superfície ou alagamento (Figura 90) consiste num conjunto de métodos de


irrigação em que a água é colocada em alguns pontos da parcela a regar, escoando-se sobre
a superfície do solo por ação da gravidade, ou pela geometria do solo. Durante o escoamento
BIBLIOGRAFIA

a água infiltra-se no solo.

127
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Não recorre à bombagem, exceto para colocar a água à superfície do terreno. Aqui,
estão incluídos os principais sistemas de rega: canteiros (processo de alagamento), sulcos e
faixas (pouco usado, processo de infiltração) e regadeiras de nível (rega de lima) através do
processo de infiltração.

MÓDULO I
A água de rega é introduzida nos canteiros, nas faixas ou nos sulcos (pequenos canais),
utilizando sifões, tubos janelados ou mangas flexíveis, e avança através do campo por ação da
gravidade. A rega de superfície é mais adequada para parcelas de topografia plana, solos de
textura média a fina e a culturas densas ou linha.

Apresentam como principais limitações o fato de exigirem adaptação do terreno ao


regadio, através de nivelamentos de precisão, a medição correta da dotação de rega, uma vez
que dotações elevadas podem conduzir a um alagamento excessivo e causar prejuízos nas

MÓDULO II
culturas, e serem muito exigentes em termos de caudal.

Algumas culturas, como arroz, são cultivadas usando o sistema de rega por canteiros:
aplicação de água de rega sobre toda a superfície do solo.

Os principais inconvenientes neste tipo de rega é:

MÓDULO III
• Escorrimento condicionado pela geometria do solo.

• Infiltração condicionada pelas características do solo.

• Em parcelas de comprimento reduzido é difícil obter soluções que reduzam


significativamente a mão-de-obra.

MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 90 - Rega de superfície

ii) Rega por aspersão

A rega por aspersão é um método de rega em que a água é pulverizada em pequenas


gotículas e distribuída sobre o solo em toda a parcela, através de dispositivos conhecidos por
BIBLIOGRAFIA

aspersores.

128
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Os sistemas de rega podem ser agrupados em sistemas convencionais, nos quais durante
a rega o aspersor não se movimenta sobre a parcela (Figura 91) ou sistemas motorizados nos
quais, durante a rega o(s) aspersores(s) se movimentam sobre a parcela (Figura 92).
Quais os componentes de um sistema de rega por aspersão?

MÓDULO I
• Bomba, que é acionada por um motor
• Condutas (principal e secundária)
• Rampas
• Aspersores

Nos sistemas convencionais, os equipamentos (condutas e aspersores) podem ser colocados

MÓDULO II
definitivamente no local (sistemas fixos), e colocados temporariamente e deslocados quando
uma determinada quantidade de água for aplicada (sistemas móveis).

A rega por aspersão apresenta como principais vantagens a sua adaptabilidade em diversas
condições de solo e cultura, aplicabilidade em terrenos de topografia ondulada, aplicabilidade
à “rega de precisão”: água e fertilização, a grande facilidade de maneio e automatização e
como principais limitações o elevado custo de investimento e exploração e a baixa eficiência

MÓDULO III
em condições meteorológicas caracterizadas por elevada velocidade do vento e elevada
evaporação.

Sistemas convencionais de rega por aspersão:

• Sistemas estacionários/fixos - os aspersores permanecem numa posição fixa enquanto


fazem a aplicação de água.

MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 91 - Sistema de rega convencional fixo por aspersão

• Sistemas móveis - sistema em que a água é aplicada enquanto os aspersores ou as


rampas, sobre as quais estão montados, se movimentam, tendo como designação de
MÓDULO VI

pivot central – sistema automático de rega, em que o tubo ou conduta de aspersão roda,
fazendo chegar água aos aspersores a partir de um ponto central da parcela. A água
entra no sistema a partir do centro ou pivot. A conduta é suportada acima da cultura por
torres colocadas com espaçamento fixo, sobre rodas descrevendo trajetórias circulares
fixas com velocidades angulares uniformes, e impulsionadas pneumática, hidráulica ou
eletricamente, ou deslocações na horizontal percorrendo um determinado percurso. A
água é fornecida com um caudal uniforme devido ao aumento progressivo dos bicos de
BIBLIOGRAFIA

aspersão desde o pivot até ao final da linha (Figura 92).

129
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
A quantidade de água aplicada é determinada pela velocidade de deslocação do sistema.
As áreas regadas variam entre 10 a mais de 200 ha e os diâmetros mais comuns da tubagem
variam entre 100 e 250 mm.

MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 92 - Sistema móvel de rega por pivot | Fonte: ISA, s.d

Os canhões de rega são também usados em culturas extensas. Esta variante da rega por
aspersão é efetuada por um aspersor rotativo de grandes dimensões, montado sobre um
chassis, que trabalha a elevada pressão e que molha grandes superfícies. Durante a rega o
chassis desloca-se sobre o solo a velocidade controlada, distribuindo ao longo de uma faixa
de largura igual ao alcance do aspersor (Figura 93).

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 93 - Sistema de rega movel por canhão

iii) Rega localizada (microrrega)


Rega sob pressão em que a água é aplicada apenas nas zonas do solo em que se desenvolvem
as raízes das plantas. Existe também a possibilidade de fertirrigação, que permite aplicar os
fertilizantes de uma forma mais eficaz, ajustada às necessidades das plantas e evitando a
lixiviação9 de nutrientes para a água (Figura 94). MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 94 - Exemplo de lixiviação

9 Lixiviação - Processo pelo qual os materiais dissolvidos na solução do solo são arrastados em profundidade
pela ação da água da chuva ou da rega que se infiltra no solo sob a ação da gravidade em direção às zonas de
BIBLIOGRAFIA

saturação.

130
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Os sistemas de rega localizada podem ser classificados em 4 categorias:

• Rega gota-a-gota, é um método de rega que envolve o gotejamento de água para


o solo a baixas taxas (2-20 litros/hora) a partir de um sistema de tubos de plástico
de pequeno diâmetro equipados com emissores ou gotejadores (que podem ser de

MÓDULO I
diferentes tipos: orifícios, labirintos, tubos auxiliares, vórtice, etc.). A água é aplicada
perto das plantas para garantir que apenas a zona da raiz seja humedecida. É também
conhecido como rega de gotejamento ou micro irrigação (Figura 95).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 95 - Rega gota-a-gota

• Micro-aspersão - Água é pulverizada sobre a superfície do solo (como na aspersão), mas


produz áreas molhadas pequenas e localizadas, com 1-5 m de diâmetro (circulares ou
setores de círculo) (Figura 96).

MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 96 - Rega por micro-aspersão

• Rega por jorros - A água é aplicada por impulsos a reservatórios de pequena dimensão
(caldeiras) que estão localizadas à superfície do solo e adjacentes à planta (árvores)
(Figura 97), através de emissores especiais, designados de jorradores ou golfadores,
MÓDULO VI

que debitam a água por impulso, com caudais de 100 a 150 litros por hora.
BIBLIOGRAFIA

Figura 97 - Rega por jorros

131
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• Rega sub-superficial - Método de rega localizada em que, os emissores são integrados
em rampas que estão enterradas abaixo da superfície do solo (Figura 98). Consiste
num método em que a água é fornecida às plantas abaixo da superfície do solo através
de condutas enterradas. Estes sistemas apresentam em relação aos outros métodos
de rega a vantagem de não ocorrerem perdas de água por evaporação da mesma da

MÓDULO I
superfície do solo.

MÓDULO II
Figura 98 - Rega sub-superficial | Fonte: Testezlaf, 2017

Tendo em conta os diferentes sistemas de rega que existem e de que a sua eficiência

MÓDULO III
varia dentro de determinados parâmetros dependendo da qualidade do equipamento, das
condições locais e da respetiva gestão a Tabela 36, mostra a eficiência potencial (Ep) de cada
sistema de rega.

Sistemas de Rega Valores fixados Ep

Tradicionais 65%
Sulcos

MÓDULO IV
Modernizados 75%
Superfície/
Gravidade Rega de Lima 50%
Outros Canteiros (excluindo os arrozais) 80%
Caldeiras 70%

Aspersores móveis 75%


Aspersores Fixos 75%
MÓDULO V
Aspersão
Enrolador com Canhão 70 %
Sob-pressão Pivot 85%

Gota-a-Gota 90%
Localizada
Micro-Aspersão 85%
Tabela 36 - Valores indicativos das eficiências dos Sistemas de Rega | Fonte: Leão e Morais, 2011
MÓDULO VI

De acordo com os valores apresentados, pode concluir-se que os sistemas de rega


sob pressão são os que apresentam maior eficiência em termos de funcionamento dos
equipamentos e de produtividade da água, destacando-se o método de gota-a-gota. Pelo
contrário, o sistema de rega de superfície, nomeadamente a rega de lima é o que apresenta
ser o menos eficiente.

Escolha do sistema de rega exige que o método, o equipamento utilizado, a programação


BIBLIOGRAFIA

e a condução da própria rega, se encontrem bem-adaptados às condições do terreno,

132
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
especialmente no que diz respeito à área, à topografia, ao tipo de solo, ao regime pluviométrico
da região e à cultura a beneficiar (Calouro, 2005). Portanto a escolha do método de rega mais
adequado às culturas tem que passar pela análise ponderada das características do solo a
beneficiar, da qualidade e quantidade de água disponível, das condições climáticas da região
e das exigências das culturas, e também dos custos e benefícios das opções disponíveis. Do

MÓDULO I
lado dos custos, deve considerar-se a construção e instalação, mas também os custos de
operação e manutenção do sistema por hectare. Esses custos devem ser comparados com os
benefícios esperados (produtividade).

A rega gota-a-gota ou por aspersão são sistemas tecnicamente mais complexos exigindo,
a aquisição destes equipamentos, maior investimento inicial.

MÓDULO II
Os sistemas de rega de superfície, particularmente em pequena escala, requerem
equipamentos menos sofisticados, quer em termos de construção quer de manutenção.
O equipamento necessário é, normalmente, mais fácil de manter, não obstante, exige,
normalmente, mais mão-de-obra, para a sua operação e manutenção, do que a rega por
aspersão ou gota-a-gota, sendo, no entanto, exigida sempre a preparação do terreno para o
regadio, através do seu nivelamento.

Numa agricultura que se quer sustentável, se as condições o permitirem os sistemas de

MÓDULO III
rega gota-a-gota, ou por aspersão, são os mais recomendados, pelo seu contributo para o
equilíbrio dos ecossistemas, já que permitem reduzir o consumo de água, minimizando os
riscos de perda de qualidade da mesma, para além de terem menos efeitos negativos no solo
(menor erosão).

Em solos de elevada permeabilidade, designadamente nos solos de textura ligeira, são de


evitar os diversos métodos de rega por gravidade, devido às potenciais perdas de água e de

MÓDULO IV
nitratos, sempre elevadas neste tipo de solos. Aconselha-se o recurso à rega por aspersão ou
rega localizada, nomeadamente a rega gota a gota, desde que devidamente controlada de
modo a evitar que o humedecimento do solo ultrapasse a zona povoada pelas raízes (MADRP,
1997).

De acordo com a mesma fonte, nos solos de textura média, poderá ser utilizado qualquer
método de rega, desde que a sua distribuição no terreno seja uniforme e se apliquem
oportunamente as dotações de rega convenientes. Já no caso de solos com textura fina,
caracterizados pela sua baixa permeabilidade, reduzidas taxas de infiltração e elevada
capacidade de retenção para a água (LQARS, 2000), não é de aconselhar a rega por aspersão
MÓDULO V
com recurso a rampas rotativas, dado que, frequentemente, as taxas de infiltração da água
no solo são bastante inferiores às taxas de aplicação, conduzindo a perdas de água por
escoamento superficial.

Do ponto de vista da qualidade da água de rega ,a avaliação da qualidade da água nas


MÓDULO VI

explorações agrícolas é muito importante, para o solo e para as culturas, dado que o excesso
de sais ou o seu desequilíbrio pode além de causar danos às culturas, acelerar processos
de degradação física e química do solo e, consequentemente, diminuir a sua fertilidade.
Águas superficiais, subterrâneas ou residuais são utilizadas como água para rega10. Este tipo
de águas poderá conter uma elevada carga de contaminantes, acabando por contaminar
solos, aquíferos e as próprias culturas florestais e agrícolas. A salinização, a sodização e a

10 Água de rega - água superficial ou subterrânea ou água residual, que vise satisfazer ou complementar as
BIBLIOGRAFIA

necessidades hídricas das culturas agrícolas ou florestais. (artigo 3º do Decreto-Lei n.º 236/98)

133
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
toxicidade de alguns iões específicos são fenómenos que podem ocorrer nos solos regados e
que podem ter relação direta com a qualidade da água de rega. Deve ser respeitado os VMA11
e VMR 12para os vários parâmetros conforme descrito no ANEXO XVI (Qualidade das águas
destinadas à rega), do Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de agosto. Hoje a utilização de sensores
expeditos na caracterização da condutividade elétrica aparente do solo podem contribuir para

MÓDULO I
uma identificação e caracterização mais rápida deste problema e consequentemente permitir
a tomada de ações que contribuam para a sua mitigação. Como sabemos a água é um recurso
cada vez mais escasso, a previsão do aumento do consumo de água de rega estimado até 2030
será de 14%, ou seja, um aumento anual médio de 0,6% (Ferreira et al., 2012) sujeito ainda ao
efeito resultante das alterações climáticas. Neste sentido são exemplos de medidas a tomar
(Avillez, 2020):

• O aumento da capacidade de retenção da água pelos solos agrícolas;

MÓDULO II
• A redução do escoamento superficial da água das chuvas durante o inverno;

• O aumento da eficiência na utilização da água de rega;

• O aumento da disponibilidade de água para rega nas regiões do País que irão ser mais
afetadas pelos efeitos das alterações climáticas.

MÓDULO III
A diminuição da taxa de crescimento do consumo de água passa pelo aumento da eficiência
do uso da água, ou seja, uma melhor relação entre a água consumida pelas culturas e a água
gasta na rega. Para além duma maior eficiência do uso da água da rega é ainda necessário
aumentar a produtividade da água. Esta é a relação entre a produção obtida pela cultura e a
quantidade de água usada na sua rega. Para um uso eficiente e para uma maior produtividade
da água, é necessário recorrer a práticas que evitem perdas de água e aumentem a produção
da cultura sem aumentar os desperdícios de água.

MÓDULO IV
Essas boas práticas na utilização da água e dos sistemas de rega estão invariavelmente associadas
à boa utilização do solo. Desta forma, para a instalação de um sistema de rega será recomendável
realização de análises à terra para conhecer o tipo de solo e o seu teor de matéria orgânica, o qual
poderá ser um indicador da capacidade de armazenamento do solo nas parcelas a regar; adaptar
o método de rega à cultura, ao tipo de solo e à inclinação do terreno; conhecer as disponibilidades
de água e a dotação de rega nomeadamente para determinar o cálculo das necessidades de rega

MÓDULO V
(anuais e de ponta); promover a estanquicidade de canais e tubagens de rega para reduzir o maior
volume possível de perda de água, privilegiar sempre que possível a reutilização de água que seja
perdida por escorrimento, aproveitar águas residuais tratadas, incluir sistemas de monitorização do
teor de água no solo e automação de rega que permitam avaliar a cada momento a necessidade de
regar.

Da mesma forma a instalação de um sistema de rega deve acompanhar todo um conjunto


de procedimentos que se julguem mais adequados para a economia da água e que estão
MÓDULO VI

relacionados com os períodos do dia mais adequados para regar, com o estado de coberto
vegetal do solo, com as fases do estado fenológico da planta e com a capacidade de
armazenamento de água (Rodet e Pereira, 2015). A quantidade e frequência de rega vão depender
da natureza do solo já que a sua composição em areia, argila e húmus condicionam diferentes

11 «Valor máximo admissível» ou «VMA» — valor de norma de qualidade que não deverá ser ultrapassado;
12 «Valor máximo recomendado» ou «VMR» — valor de norma de qualidade que, de preferência, deve ser
BIBLIOGRAFIA

respeitado ou não excedido;

134
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
capacidades de retenção de água; das perdas por evaporação as sachas e o “mulching13”
permitem limitar as perdas de água e, portanto, alargar a frequência das regas, e a profundidade
das raízes atendendo a que plantas mais jovens de enraizamento superficial, têm maiores
necessidades de rega, praticando regas mais frequentes e regulares contrariamente às plantas
com um enraizamento profundo com maior capacidade de captação de água. A fase final do

MÓDULO I
ciclo das culturas caracteriza-se quase sempre por uma redução ou paragem da dotação de
rega em prol da qualidade de maturação do grão ou do fruto que lhe está associado.

Mas se a rega é importante na produtividade das culturas, não o é menos as condições


de drenagem do solo. Efetivamente o principal ponto de estrangulamento para o bom
desempenho de muitas culturas é a deficiente drenagem natural dos solos, ocasionada pela
topografia predominantemente plana de algumas regiões, aliada às suas características físicas

MÓDULO II
de alto adensamento, alta relação micro macro porosidade conducentes a uma inadequada
relação água/ar para a maioria das espécies de sequeiro, baixo teor de matéria orgânica do
solo e, principalmente, condutividade hidráulica quase nula no horizonte B. A drenagem
do solo consiste num processo de remoção natural ou artificial do excesso de água que se
encontra no solo quer derivada das águas da chuva ou de aplicações de água de rega. Uma
boa rede de drenagem está na origem de:

• Aumenta o arejamento e a ventilação do solo - grande parte dos micro-organismos do

MÓDULO III
solo necessitam de oxigénio para o seu metabolismo. Nos solos encharcados de água
as disponibilidades de oxigénio são limitadas o que origina um crescimento radicular
menos acentuado assim como uma diminuição da atividade dos micro-organismos que
são essenciais para a fertilidade do solo, através do favorecimento da decomposição e
nitrificação do solo;

• Remoção do excesso de sais;

MÓDULO IV
• Melhora a capacidade de suporte do solo;

• Diminuição da incidência de doenças associadas ao excesso de água no solo, como por


exemplo, o míldio, pé negro do colo ou podridão radicular em árvores;

• Diminuição da erodibilidade14 do solo;

A drenagem do solo pode ser feita superficialmente ou por via subterrânea através de tubos,
MÓDULO V
canais, valas, túneis auxiliados por motores para bombagem desse escoamento. A  drenagem
subterrânea  tem o objetivo principal de  rebaixar o lençol freático através da remoção da água
de uma região e condução para outra região diferente. Normalmente utiliza-se a gravidade, mas
também podem ser utilizadas as bombas de sucção. Em geral existe uma interação entre a drenagem
superficial e a drenagem subterrânea natural ou artificial.

A drenagem superficial – consiste na rápida eliminação de forma controlada da água que


MÓDULO VI

cobre a superfície dos terrenos, reduzindo as áreas onde se observa um excesso de água à
superfície, tornando o escoamento superficial e a infiltração uniformes nas parcelas. Os sistemas
de drenagem superficial são normalmente utilizados em terrenos agrícolas relativamente
planos, solos com baixa capacidade de infiltração, em locais onde a intensidade de precipitação

13 “Mulching” na língua inglesa. Camada protetora de um material orgânico ou inorgânico que é colocado à
superfície do solo. Este assunto é abordado no Módulo IV – Agricultura Biológica.
14 A erodibilidade representa a suscetibilidade do solo ao processo erosivo e pode ser determinada de forma
BIBLIOGRAFIA

direta, pela razão entre as perdas de solo e a erosividade das chuvas.

135
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
excede a capacidade de infiltração normal do solo, o que provoca frequentemente inundações
à superfície do solo, e em locais com muito grande intensidade de precipitação. A eliminação
da água superficial é feita através do melhoramento de canais naturais, nomeadamente,
operações de limpeza ou aprofundamento ou diques já existentes, ou através de operações
de formação do terreno baseadas em pequenos desníveis e valas para o escoamento da água.

MÓDULO I
A drenagem subterrânea - consiste em retirar o excesso de água que existe no interior do
solo, ou seja, baixar o nível freático. Este sistema é utilizado quando o nível freático se encontra
perto da superfície originado por camada impermeável mais ou menos superficial, elevado
nível de um rio ou ribeiro, precipitação intensa em curto intervalo de tempo ou inadequada
carta de rega para o solo em apreço. Para se realizar uma drenagem subterrânea, existem
vários métodos e matérias, dos quais se pode optar por instalar drenos enterrados a cerca de

MÓDULO II
1 metro de profundidade e abrir valas profundas entre 0,8 a 1 m de profundidade.

I.4.3. BOAS PRÁTICAS PARA A SUSTENTABILIDADE DOS ECOSSISTEMAS E


PARA O SEQUESTRO DO CARBONO
Ecossistema pode ser entendido como um conjunto dinâmico formado pelos seres
vivos (meio biótico), pelo ambiente onde vivem (meio abiótico), que compreende todos os

MÓDULO III
componentes não vivos, como o clima, a luz ou o solo, e pelas relações entre estes seres vivos
com o seu ambiente e entre si. Uma característica essencial dos ecossistemas é a capacidade
dos sistemas biológicos vivos se autorregularem, se auto manterem e se autorrenovarem. Um
ecossistema em equilíbrio dinâmico possui mecanismos naturais para se sustentar por si só,
mantendo as condições de vida na natureza - equilíbrio ecológico. Entre outras várias funções,
os ecossistemas sustentam processos como a fertilização do solo, a produção de alimentos,
a purificação da água e do ar; regulam eventos extremos como a erosão eólica e hídrica;

MÓDULO IV
facilitam o fornecimento de bens como as fibras vegetais e plantas medicinais. Quanto ao
tamanho, os ecossistemas podem variar, de uma escala pequena, como uma pequena lagoa,
até à escala do planeta, que pode ser considerado como um imenso ecossistema composto
por todos os ecossistemas existentes.

A conservação da biodiversidade é crucial para manter ou aumentar a sustentabilidade


e a estabilidade dos sistemas agrícolas, enquanto ao mesmo tempo a agricultura fornece
alimentos e biomassa, mantendo a atividade económica dos agricultores, mas também
uma série de outros serviços, incluindo um ambiente saudável e seguro, a conservação da MÓDULO V
biodiversidade, a manutenção e gestão da paisagem e o sequestro de carbono (Figura 99).
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 99 - Boas práticas para a sustentabilidade do ecossistema

136
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Apresentam-se algumas práticas benéficas para o equilíbrio dos ecossistemas:

• Promoção de corredores ecológicos - manter faixas de terra cobertas por vegetação


natural ou instalada e que exercem a função ambiental de preservar os recursos hídricos,
a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo da fauna e flora, com a

MÓDULO I
finalidade de proteger o solo, e o bem-estar das populações.

• Incentivar o uso de fontes de energias renováveis, de menor impacte no ambiente, de


forma a melhorar a eficiência energética, diminuir a pressão sobre os recursos agrícolas
e florestais, e promover as práticas que favorecem o sequestro e redução de emissão
de carbono para a atmosfera.

• Promover práticas de prevenção para combater a erosão do solo, através da produção

MÓDULO II
e conservação da cobertura vegetal, reduzindo, ao estritamente necessário, toda
a mobilização do solo durante a preparação da cultura e a permanência de grandes
densidades de animais durante longos períodos em pastagem, para evitar o pisoteio.

• Evitar a destruição dos organismos do solo e dos seus habitats, pois produzem
substâncias químicas que libertam no seu meio natural e que estimulam a agregação
das partículas que regulam a hidrologia.

MÓDULO III
• Procurar estimular a retenção das águas da chuva através de técnicas simples de
prevenção e retenção do escoamento superficial como fazer a agricultura segundo a
linha de menor declive, mobilizações mínimas do solo, promoção do teor de matéria
orgânica no solo.

• Diversificação de culturas alimentares na área de produção, consociação entre cultivo


de cerais e hortícolas tradicionais, uso de sementes e plantas locais. Estas técnicas

MÓDULO IV
são importantes para compensar as perdas de nutrientes resultantes, restabelecer o
equilíbrio ecológico e permitir o uso sustentável do espaço de cultivo.

• Ponderar os custos e os benefícios de privilegiar, quando possível, as variedades culturais


eventualmente menos produtivas, mas menos exigentes em água e nutrientes, mais
tolerantes às pragas e doenças e mais resistentes às variações extremas da temperatura.

MÓDULO V
• Em situações extremas, mudar de culturas adotando espécies ou cultivares mais
adaptadas à nova realidade do clima, água e solos de cada região.

• Voltar a resgatar as técnicas que promovem o equilíbrio entre os agro-sistemas e os


sistemas florestais: os sistemas agro-silvo-pastoris.

• Promover, quando seja viável, uma agricultura agroecológica, que procura tirar partido
do ecossistema natural, recriando-o e imitando-o a partir dos sistemas agroflorestais
MÓDULO VI

dando prioridade às técnicas de gestão sustentável dos agro-sistemas, como por


exemplo: - a adubação verde, a compostagem, a rotação de culturas, a diversificação
de cultivares, o cultivo consociado, entre outras, procurando encontrar uma situação
de equilíbrio entre plantas, solos, nutrientes, luz solar, humidade e outros organismos
coexistentes, que compõem o sistema de produção agrícola.

• Assegurar a manutenção ou melhoria da fertilidade dos solos, através de processos que


BIBLIOGRAFIA

promovem a presença dos nutrientes essenciais à cultura, como o aumento da matéria

137
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
orgânica e teor de argila no solo, espécie cultivada, controlo do pH no solo (5,5 a 6,5),
baixa intensidade de mobilizações, etc.

• Controlo de pragas e doenças através do recurso ao controlo biológico. Esse controlo


consiste na utilização de um organismo predador, parasita ou outros agentes, que ataca

MÓDULO I
o outro que esteja a causar danos às espécies cultivadas. A importância do controlo
biológico baseia-se especialmente na condução das práticas agrícolas sem o uso de
produtos químicos, evitando-se assim, os produtos que causam danos ao ser humano,
ao solo, à água e ao ar, atendendo assim aos princípios fitossanitários da agroecologia,
defensora do controlo biológico, feito exclusivamente, por meio de inimigos naturais.

• Redução das quantidades totais de fertilizantes por unidade de área pela adoção de

MÓDULO II
técnicas de agricultura de precisão, que permitem aplicar os fertilizantes na exata
medida das necessidades das plantas.

O modelo de desenvolvimento sustentável generalizado assenta, no essencial, no consumo


de combustíveis fósseis, na sobreprodução, no consumismo e no livre comércio que carrega
elevados perigos para o ambiente. Os fenómenos extremos mais recentes: períodos de seca
prolongados, ondas de calor, tempestades, pragas e doenças, levam a que a comunidade
internacional e os governos se desdobrem em acordos para impedir a ocorrência dos piores

MÓDULO III
cenários.

A 4 de novembro de 2016 entrou em vigor o Acordo de Paris, ratificado por 55 países (a 30


de setembro por Portugal) responsáveis pela emissão da maioria dos GEE (55%). O acordo é
uma resposta mundial às Alterações Climáticas (AC), rumo a um desenvolvimento sustentável,
pela erradicação da pobreza e manutenção das condições de vida na Terra sem consequências
gravosas. Os objetivos do Acordo são:

MÓDULO IV
1) Limitar o aumento médio da temperatura global abaixo dos 2.º C, fixado em 1,5 °C
(níveis pré-industriais [1850-1900]);

2) Aumentar a capacidade de adaptação a impactos adversos, promover a resiliência


climática e o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono;

3) Tornar os fluxos financeiros consistentes com o desenvolvimento resiliente e de baixo


carbono. MÓDULO V
Para os cumprir cabe aos países signatários apresentar uma estratégia de desenvolvimento
baixa em emissões de GEE, com o objetivo central de atingir a neutralidade carbónica na 2ª
metade do século XXI. Este acordo converge na Convenção Quadro das Nações Unidas para
as Alterações Climáticas (CQNUAC) que pretende “estabilizar as concentrações de gases com
efeito de estufa a um nível que evite a interferência antropogénica perigosa com o sistema
MÓDULO VI

climático”.

Em Portugal assistiu-se a um incremento da emissão de GEE nos anos 90, associado ao


aumento do consumo de energia e dos transportes, com um pico de emissão de 44% (face
a 1990) em 2005 e posterior diminuição. Todavia, esta diminuição foi anterior ao período
de recessão económica de 2011-2013, devendo-se, no essencial, à introdução de melhores
tecnologias, combustíveis menos poluentes, crescentes fontes de energia renovável ou à
BIBLIOGRAFIA

otimização da gestão de resíduos na economia portuguesa (Figura 100).

138
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Em 2017, Portugal emitiu 78,0 Mt CO2eq, um aumento de 29,2% (face a 1990) e 28,5%
(em relação a 2016). Os grandes incêndios florestais de 2017 contrariaram a capacidade de
segregação de carbono e da diminuição das emissões nacionais. A economia nacional está
em processo de descarbonização desde 2005, verificando-se a dissociação do crescimento
económico e do acréscimo de emissões de GEE, ou seja, com menos carbono emitido produz-

MÓDULO I
se a mesma riqueza. Esta situação justifica-se por alterações no setor energético, por exemplo,
pelo uso de mais fontes de energia renovável e maior eficiência energética (Figura 100).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 100 - Evolução das emissões nacionais de gases com efeito de estufa em Portugal | Fonte: APA, 2019

Em termos de emissões por setor de atividade, o setor da energia foi o que apresentou
a maior contribuição para as emissões em 2015 (70%), sendo a produção e transformação
de energia e os transportes os subsetores com maior relevância (27% e 24% do total,
respetivamente).

MÓDULO IV
Agricultura, Floresta e outros usos do solo, emitiram 6,8 Mt CO2eq (2015) enquanto a floresta
foi um sequestrador líquido de 11 Mt CO2eq (2015). Assim, o setor representou cerca de 10%
das emissões nacionais (Figura 101).

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 101 - Emissões setoriais de CO2eq., em Portugal, em 2015 | Fonte: APA, 2017

Os principais gases contribuintes para o efeito de estufa emitidos pelo setor são o
metano (CH4)5 e o óxido nitroso (N2O)6, representando 40% e 73% das emissões nacionais,
respetivamente. As oportunidades de melhoria do setor passam pela redução das emissões
BIBLIOGRAFIA

na digestibilidade alimentar animal, na melhoria da gestão dos efluentes pecuários nas

139
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
produções intensivas, na alteração dos modos de produção (aposta no modo de produção
biológica, na agricultura de conservação e nas técnicas de agricultura de precisão) na melhoria
de gestão da floresta, no ordenamento do território e nas políticas de apoio ao investimento.

A capacidade de redução das emissões de GEE no setor está limitada à sua resposta tardia,

MÓDULO I
pelas características próprias (sistema biofísico), assim as emissões com origem na agricultura,
em particular as que têm origem na produção animal, têm um potencial de redução menor, e
este setor reduzirá 9% a 30% as suas emissões até 2050. Entre as opções possíveis constam as
melhorias na alimentação animal e nos sistemas de gestão de estrume, assim como a redução
das necessidades de fertilização e de água potenciadas por uma agricultura biológica e de
precisão, respetivamente. Os solos agrícolas e as pastagens têm potencial para deixar de ser
uma fonte de emissões e transformarem-se em fontes de sequestro, por via da agricultura

MÓDULO II
de conservação, pela substituição de fertilização mineral por fertilização orgânica e pela
sementeira de pastagens melhoradas e biodiversas. Considerando como um sistema único as
emissões da agricultura e as emissões dos solos agrícola e das pastagens, o potencial eleva-se
para reduções de emissões de 40% a 60%.

Os restantes usos de solo, incluindo florestas, podem aumentar significativamente os


níveis de sequestro atuais para valores próximos das 11 a 13 milhões de toneladas de CO2,

MÓDULO III
sendo fundamental para que isso aconteça o controlo das áreas ardidas anuais e aumentos de
produtividade na generalidade das espécies florestais.

Assim como principais vetores de descarbonização podem considerar-se a alteração do


sistema de gestão dos efluentes animais nos sistemas de pecuária intensiva, nomeadamente
pela progressiva alteração para sistemas com menores fatores de emissão, o aumento do teor
de matéria orgânica nos solos ocupados por pastagens de forma a aumentar a capacidade de

MÓDULO IV
sequestros de carbono, através de pastagens semeadas, melhoradas e biodiversas e a prática
de sistemas de agricultura de conservação.

Para o setor da agricultura, floresta e outros usos do solo, as apostas do RNC 2050 – Roteiro
para a Neutralidade Carbónica passam pela: Agricultura biológica, de conservação e de
precisão; as pastagens biodiversas; a melhoria da digestibilidade da alimentação animal e
da gestão de efluentes pecuários; a redução do uso de fertilizantes sintéticos e substituição
por composto orgânico; a diminuição da área ardida e a melhoria da produtividade florestal.
Assim, considera-se possível diminuir 60% as emissões da agricultura relativas a 2015 e na MÓDULO V
floresta aumentar a segregação para 13 Mt CO2eq.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

140
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
CAPÍTULO I.1 - ANEXO I - NORMAS GERAIS DE COLHEITA DE
AMOSTRAS DE TERRA
As amostras de terra para análise devem ser colhidas de acordo com as seguintes regras:

MÓDULO I
• Todo o material de colheita da amostra deve estar bem limpo.

• Se o terreno não for uniforme, deverá dividir-se em parcelas relativamente homogéneas


no que respeita à cor, textura, declive, drenagem, aspeto das últimas culturas realizadas,
última fertilização efetuada, etc..

• Percorre-se em ziguezague cada uma das parcelas assim definidas, colhendo ao acaso,

MÓDULO II
em pelo menos quinze pontos diferentes, pequenas amostras parciais de igual
tamanho na camada arável até 10 cm de profundidade no caso de culturas pratenses,
até 20 cm de profundidade nas culturas anuais e até 50 cm nas culturas arbóreas e
arbustivas e espécies florestais. Estas subamostras vão-se deitando num balde. As
infestantes, pedras e outros detritos à superfície do terreno devem ser removidos antes
de colher cada uma das amostras parciais.

MÓDULO III
• No fim mistura-se bem a terra, retirando eventuais pedras, detritos ou restos de plantas
e toma-se uma amostra de cerca de 0,5 kg que se coloca em embalagem apropriada ou,
na sua falta, em saco de plástico limpo. A amostra deve ser devidamente identificada
com duas etiquetas, uma colocada dentro do saco (se a terra estiver seca) e outra, por
fora, atada a este com um cordel, sendo assim enviada ao laboratório para análise.

• Após a instalação das culturas arbóreas e arbustivas e de outras culturas permanentes,


haverá lugar, com uma periodicidade de 4 anos, salvo indicação em contrário, à

MÓDULO IV
colheita de novas amostras de terra nas unidades de amostragem que, entretanto,
serão marcadas de forma permanente.

NOTAS IMPORTANTES

1) Evitar colher a amostra em locais encharcados, próximos de caminhos, de habitações,


ou de estábulos.

2) Se quiser requerer a análise de micronutrientes, é necessário utilizar na colheita material MÓDULO V


de plástico ou de aço inoxidável, a fim de evitar contaminações. Se utilizar enxada ou
pá, abra a cova, raspe a parede com pá de madeira ou plástico e só depois retire a fatia
de terra para o balde, utilizando o mesmo material.

Observação: As amostras de terra, sempre que o laboratório de análise o solicite, devem


MÓDULO VI

ser acompanhadas por uma ficha contendo informação necessária a uma boa interpretação
dos resultados analíticos. No caso do LQARS pode a ela aceder através do link:

https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
requisicao-analises/Mod-LQARS73-Terras-v6.pdf

Determinações a solicitar e sua periodicidade:


BIBLIOGRAFIA

a) Culturas anuais ao ar livre

141
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Analisar a terra antes da instalação da cultura. Parâmetros a analisar:

• pH (H2O), necessidade de cal (se necessário), matéria orgânica; fósforo, potássio e


magnésio extraíveis.

MÓDULO I
Repetir a análise dos parâmetros anteriores de quatro em quatro anos, com exceção
das culturas hortícolas em que se deve realizar a análise dos mesmos parâmetros com uma
periodicidade anual.

b) Culturas anuais protegidas

Analisar a terra antes da instalação da cultura. Parâmetros a analisar:

MÓDULO II
• pH(H2O), necessidade de cal (se necessário), matéria orgânica; azoto mineral, fósforo,
potássio, cálcio, magnésio e sódio solúveis em água; condutividade elétrica.

Analisar com uma periodicidade anual os parâmetros anteriores, bem como a realização
de uma segunda análise no final do ciclo de cada cultura.

c) Culturas arbóreas e arbustivas

MÓDULO III
Analisar a terra antes da instalação da cultura (ou logo que possível após a mesma)

Parâmetros a analisar (1ª amostra):

• Análise granulométrica;

• pH (H2O);

MÓDULO IV
• Calcário total e calcário ativo, se a pesquisa de carbonatos for positiva;

• Necessidade de cal, se necessário;

• Matéria orgânica;

• Fósforo, potássio, magnésio, ferro, manganês, zinco, cobre e boro extraíveis;

• Catiões de troca e capacidade de troca catiónica. MÓDULO V


• Condutividade elétrica, em parcelas que tenham sido anteriormente ocupadas por
culturas regadas.

Analisar a terra após a instalação da cultura, depois da análise inicial.


MÓDULO VI

Parâmetros a analisar (segunda e restantes amostras, salvo indicação em contrário):

• pH (H2O);

• Necessidade de cal, se necessário;

• Matéria orgânica;
BIBLIOGRAFIA

• Fósforo, potássio, magnésio e boro extraíveis;

142
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
• Manganês, do zinco e cobre extraíveis;

• Condutividade elétrica, na análise da amostra de terra colhida junto ao ponto de rega,


quando existe fertirrega.

MÓDULO I
Repetir a análise dos parâmetros anteriores de quatro em quatro anos.

Para mais detalhes sobre as Normas de colheita de amostras de terra, consultar:

Normas de colheita de amostras de terra (instalação)

https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS083_Colheita-amostras-terra-antes-instalacao-culturas_

MÓDULO II
vs26-05-2021.pdf

Normas de colheita de amostras de terra em culturas arbóreas e arbustivas

https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS084_Colheita-amostras-terra-culturas-arboreas-arbustivas_
vs26-05-2021.pdf

MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

143
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
CAPÍTULO I.1 - ANEXO II - NORMAS DE COLHEITA DE AMOSTRAS
DE MATERIAL VEGETAL
A - Princípios gerais:

MÓDULO I
Na colheita de material vegetal para análise, deverão observar-se os seguintes princípios
gerais:

• Colher a parte da planta a analisar de acordo com a espécie em causa e época mais
adequada.

• Na falta de instruções concretas para uma dada espécie, deverão ser colhidas, como
regra geral, as folhas mais novas completamente desenvolvidas, um pouco antes ou no

MÓDULO II
início da floração.

• O material vegetal deve estar limpo de terra, excrementos, ser isento de doenças e
pragas, etc..

• No caso de se pretender diagnosticar, por comparação, duas situações distintas – por


exemplo plantas com sintomas anómalos e plantas normais - devem ser colhidas duas

MÓDULO III
amostras, uma de plantas com sintomas e outra de plantas normais.

• O material a analisar deve ser entregue no laboratório no próprio dia de colheita ou no


dia seguinte. Neste caso, o material deve ser guardado em frigorífico, a uma temperatura
de 4 a 6º C, até à sua entrega.

• Caso não seja possível a entrega das amostras nas condições indicadas no parágrafo
anterior, o material deve ser seco em estufa, preferencialmente de ventilação forçada,

MÓDULO IV
com temperatura controlada a 65º C ou, na sua falta, em local arejado, à sombra e
resguardado de poeiras, podendo depois ser enviado por correio. Caso seja solicitada
a determinação de microelementos é necessário proceder, previamente, à lavagem das
folhas com água normal e depois com água desmineralizada ou destilada.

• Por norma, deve ser evitado o envio de amostras de material vegetal verde pelo
correio, em particular no caso de material facilmente perecível, uma vez que o risco de

MÓDULO V
deterioração é muito elevado, inutilizando-se todo o trabalho de colheita e dando lugar
a despesas de envio inúteis.

Observação: as amostras do material vegetal, sempre que o laboratório de análises o


solicite, devem ser acompanhadas por uma ficha contendo a informação necessária para uma
mais adequada interpretação dos resultados analíticos: produções, fertilização praticada,
época de colheita, etc..
MÓDULO VI

No caso do LQARS poderá aceder-se a essa ficha através do link abaixo:

https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
requisicao-analises/Mod-LQARS71-Material_Vegetal-v4.pdf

Determinações a solicitar: azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro,


manganês, zinco, cobre e boro. Em casos extraordinários poderão ser solicitados outros
BIBLIOGRAFIA

nutrientes.

144
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
No que respeita ao caso de Normas de colheita de amostras de folhas de culturas
anuais, consultar:

https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS089_Colheita-amostras-material-vegetal_Culturas-anuais_

MÓDULO I
vs26-05-2021.pdf

B - Colheita de amostras de folhas em culturas arbóreas e arbustivas

Nota prévia:

A análise foliar é, nos dias de hoje, o mais poderoso meio de diagnóstico do estado
de nutrição das culturas, pelo que a ela se deve recorrer para melhor fundamentar uma

MÓDULO II
recomendação de fertilização racional, especialmente nas culturas arbóreas e arbustivas. O
recurso à análise foliar como meio de diagnóstico foi iniciado por Lagatu e Maume (1926),
na cultura da vinha. Quase um século decorrido sobre a data em causa, esta metodologia foi
alargada a muitas outras culturas e o conhecimento entretanto adquirido permitiu melhorar e
aperfeiçoar este meio de diagnóstico, que:

1) Assenta na relação existente entre a concentração de nutrientes nas folhas, em


determinadas fases do ciclo da cultura, e o desenvolvimento vegetativo, a produtividade

MÓDULO III
e ou a qualidade da produção;

2) Tal relação significa que a composição mineral das folhas reflete o grau de disponibilidade
dos nutrientes no solo e a sua capacidade para alimentar as plantas;

3) Um diagnóstico correto exige saber interpretar os resultados da análise foliar;

4) Requer que se estabeleçam previamente valores de referência para cada um dos

MÓDULO IV
nutrientes, para uma ou mais épocas do ciclo;

5) Estes são comparados com os valores obtidos nas amostras de folhas colhidas na cultura
em causa, amostradas de forma similar e em época idêntica aquela para a qual os
valores de referência foram obtidos, permitindo detetar quais os nutrientes que estão
em deficiência, em excesso ou num nível adequado.

Regras:

Na colheita de material vegetal para análise, tendo em vista o diagnóstico do estado de


MÓDULO V
nutrição das culturas, deverão observar-se as seguintes regras:

1) A colheita de folhas para análise laboratorial deverá ser efetuada numa zona
representativa das características dominantes da parcela, no que se refere à natureza
do solo, topografia, exposição, cultivar, porta-enxerto, idade das plantas e técnicas
culturais utilizadas. Em cada zona homogénea define-se uma unidade de amostragem
MÓDULO VI

(UA) constituída usualmente por 15 plantas ou conjuntos de plantas, embora existam


exceções, como no caso da vinha, em que devem ser 40, se possível marcadas de forma
permanente (em todas as UA independentemente da cultura).

2) Colher a folha a analisar de acordo com a espécie em causa e na época mais


adequada (https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-
fertilizantes/colheita-amostras/Mod-LQARS088_Colheita-amostras-folhas_Culturas-
BIBLIOGRAFIA

arboreas-arbustivas_vs26-05-2021.pdf).

145
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
3) O material vegetal deve estar são (isento de doenças e pragas, etc.), inteiro e limpo de
terra, pesticidas e de outros produtos.

4) As folhas devem ser colhidas à mesma altura da copa e, sempre que possível, ser
provenientes em igual número dos diferentes pontos cardeais. Em cada raminho deve

MÓDULO I
colher-se apenas uma folha.

5) Preencher, tal como referido acima, a ficha informativa que se denomina folha de
requisição (Mod.LQARS-071), que acompanha as amostras e que pode ser descarregado
aqui: (https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-
fertilizantes/requisicao-analises/Mod-LQARS71-Material_Vegetal-v4.pdf).

6) O material a analisar deve ser entregue no próprio dia de colheita, ou no dia seguinte,

MÓDULO II
no laboratório onde se pretende fazer a análise. No último caso o material deve ser
guardado em frigorífico, a uma temperatura de 4 a 6º C. Na impossibilidade das
amostras de material vegetal serem entregues diretamente no laboratório, podem ser
enviadas em correio expresso desde que sejam acondicionadas em papel absorvente
e colocadas em envelope almofadado. Evitar que a data de envio ou de receção do
material coincida coma véspera de um feriado ou fim-de-semana.

MÓDULO III
7) Independentemente da época de colheita, sempre que surjam plantas com sintomas
anómalos cuja causa se suspeite ser de origem nutricional, deve colher-se duas amostras:
uma amostra de folhas nas plantas afetadas, incidindo esta colheita sobre as folhas que
apresentem sintomas, e uma segunda amostra de folhas de inserção homóloga à das
primeiras, mas em plantas aparentemente normais. Sempre que possível, devem colher-
se duas amostras de terra representativas das áreas/zonas em que foram colhidas as
amostras de material vegetal. Estas amostras de terra deverão ser igualmente remetidas

MÓDULO IV
para análise.

8) As determinações a solicitar são, em qualquer dos casos, as acima referidas (azoto,


fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, manganês, zinco, cobre e boro). Em
casos extraordinários poderão ser solicitados outros nutrientes ou elementos, assim
exista a suspeita de que aquele ou aqueles podem ser responsáveis por eventual
distúrbio observado.

MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

146
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
CAPÍTULO I.1 - ANEXO III - NORMAS GERAIS DE COLHEITA DE
AMOSTRAS DE ÁGUA PARA REGA
A apreciação da qualidade das águas para rega deverá ser feita com base na análise de
amostras representativas, colhidas tendo em atenção os seguintes cuidados:

MÓDULO I
• No caso das águas para rega provenientes de charcas, poços ou furos, deve tomar-se
uma amostra de 1 litro de volume, colhida cerca de meia hora após se ter iniciado a
bombagem da água.

• A amostra não pode ser contaminada com fertilizantes ou corretivos da água de rega,
pelo que deve ser retirada antes de chegar ao sistema doseador dos mesmos (caso

MÓDULO II
existam).

• Em águas superficiais em movimento (rio, canal, etc.) a amostra deve ser colhida
onde a corrente seja normal, evitando zonas de remoinhos ou de água estagnada. A
profundidade a que deve ser colhida a amostra deve ser intermédia entre o fundo e a
superfície, no centro da corrente. A boca da garrafa deve estar no sentido contrário ao
da corrente e protegida para evitar a entrada de materiais flutuantes (ex. algas, plantas).

MÓDULO III
• A amostra de água deve ser guardada em recipiente de vidro ou plástico bem limpo,
lavado ou enxaguado pelo menos três vezes com a água de que se deseja colher a
amostra.

• O recipiente deve ficar bem cheio, sem bolhas de ar e devidamente rolhado.

• Sempre que a chegada ao laboratório não seja imediata, a amostra deve ser guardada

MÓDULO IV
em frigorífico a uma temperatura que não exceda os 5ºC.

Determinações a solicitar:

Análise geral: ▪ carbonatos ▪ bicarbonatos ▪ boro ▪ cálcio ▪ cloretos ▪ condutividade elétrica


▪ magnésio ▪ nitratos ▪ pH ▪ sódio ▪ razão de adsorção de sódio ajustada;

Rega gota-a-gota e aspersão: ▪ Parâmetros anteriores + ▪ ferro ▪ manganês ▪ sulfatos


▪sólidos em suspensão ▪ índice de saturação MÓDULO V
Pode também solicitar a determinação do fósforo e do potássio.

Observação: as amostras de água de rega, sempre que o laboratório de análise o solicite,


devem ser acompanhadas por uma ficha contendo a informação necessária para a interpretação
dos resultados analíticos.
MÓDULO VI

No caso do LQARS poderá aceder-se a essa ficha através do link abaixo:

https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
requisicao-analises/Mod-LQARS72-Agua_Rega-v4.pdf
BIBLIOGRAFIA

147
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
CAPÍTULO I.3 - ANEXO I - ESTADOS FENOLÓGICOS MIRTILO,
MILHO, VIDEIRA, CASTANHEIRO
Estado Fenológico do Mirtilo
1 – Gema invernal dormente 2 – Gema inchada - Gomos florais
completamente fechados sem começam a inchar aumentando de

MÓDULO I
sinais visíveis de desenvolvimento. volume e a abrir, sendo visíveis as
escamas mais claras do interior.

3 – Abrolhamento - Gomos florais 4 – Gomo floral verde - As flores


abrem, identificando-se as flores individuais ainda fechadas
entre as escamas. começam a separar-se, sendo
distinguíveis na inflorescência.

MÓDULO II
5 – Gomos iniciais rosa-As corolas 6 – Gomos finais rosa-As corolas
adquirem tom rosa, alongam-se, atingem o tamanho final. A maior
mas encontram-se fechadas. parte das flores da inflorescência
estão completamente separadas.

MÓDULO III
7 – Início da floração -Cerca de 8 – Plena floração - Pelo menos
10% das flores já estão abertas. 50% das flores estão abertas.

MÓDULO IV
9 - Queda das corolas - Fim da 10 - Crescimento do fruto-As
floração, vingamento dos frutos. pequenas bagas verdes crescem
As corolas brancas começam a cair, atingindo cerca de 10% do seu
observando-se os pequenos frutos tamanho final. No entanto os
verdes. tamanhos das bagas variam, desde
bagas grandes a tamanho de
ervilha.

11 - Frutos verde - Cerca de 80% 12 - Maturação/coloração - Início


das bagas atinge o seu tamanho da coloração dos frutos. As bagas
final e apresenta cor verde com começam a mudar da cor verde

MÓDULO V
alguns tons rosa-claro. para rosa-escuro e depois azul.
Começam a ficar moles

13 - 10% frutos maduros - Cerca 14 - 25% frutos maduros - Cerca


de 10% das bagas isoladas estão de 25% das bagas isoladas estão
maduras e prontas para a colheita. maduras e prontas para a colheita.
Esta fase por vezes coincide com
a primeira colheita das bagas
MÓDULO VI

maduras.

15 - 75% frutos maduros - Os


Mirtilos são colhidos consoante
amadurecem. Por vezes em
2 ou 3 colheitas. Este estado
fenológico às vezes coincide com
a 2ª colheita, podendo nunca ser
observado no campo
BIBLIOGRAFIA

Fonte: Martins et al., 2016

148
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Estado Fenológico do Mirtilo

A cultura do milho é dividida em duas grandes fases: vegetativa representada pela letra (V)
e reprodutiva representada pela letra (R).
Dentro destas duas grandes fases, devemos considerar subdivisões.

MÓDULO I
Fase vegetativa: as subdivisões dos estádios vegetativos (V) são representadas por
números. O primeiro e os últimos estádios vegetativos são designados como VE
(emergência) e VT (embandeiramento), V1, V2, V3, etc até Vn, onde n representa o
último estádio vegetativo que antecede ao embandeiramento (formação de pendão ou
bandeira) representado por VT, variando esse valor com as características das culturas e as
diferenças ambientais.

MÓDULO II
Durante a fase vegetativa, cada estádio é definido de acordo com a formação visível do
colar na inserção da bainha da folha com o colmo (Figura 104). Assim, de cima para baixo,
a primeira folha com o colar visível, é considerada completamente desenvolvida e contada
como tal.

Fase reprodutiva: as subdivisões dos estádios reprodutivos (R) apresentam por 6


subdivisões, identificadas também numericamente (R1 a R6) (Figura 102) e iniciam-se

MÓDULO III
na formação do pendão ou bandeira (Figuras 103 e 105) e prolonga-se até à maturação
fisiológica, dizendo respeito, basicamente, ao desenvolvimento do grão e dos seus
componentes.

MÓDULO IV
Figura 102 - Estádios reprodutivos (R1 a R6) | Fonte: https://acientistaagricola.pt/cultura-do-milho-conheca-todas-as-fases-vegetativas-e-reprodutivas/

Na cultura do milho a divisão do ciclo em estádios distintos de desenvolvimento (V e R)


permite o estabelecimento de relações entre a fisiologia da planta, o clima, os aspetos
fitotécnicos e fitossanitários e a sua expressão no potencial da cultura. (Guiomar, P.M.C.N,
2011). MÓDULO V
Panícula
MÓDULO VI

Figura 103 - Formação Figura 104 - Representação do Figura 105 - Inicio da fase
do pendão ou bandeira colar e bainha no milho reprodutiva (R) com a
– VT formação do pendão ou
BIBLIOGRAFIA

bandeira

149
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Os principais estádios de desenvolvimento vegetativo (V) e reprodutivo (R), são seguidamente
descritos, de forma resumida

Fases Fenológicas do milho

MÓDULO I
Estádios vegetativos Estádios reprodutivos
VE - Emergência R1 - Florescimento

V1 - Primeira folha R2 - Grão leitoso

V2 - Segunda folha R3 - Grão pastoso

V3 - Terceira folha R4 - Grão farináceo

MÓDULO II
V6 - Sexta folha R5 - Grão farináceo-duro

Vn até ao R6 - Maturidade fisiológica


Embandeiramento
Fonte: Arquivo do agrônomo n.º 15, 2003

MÓDULO III
Desenvolvimento vegetativo (V)
Estádio VE (germinação e emergência)

Sob condições adequadas no campo, a semente absorve água e começa


o seu crescimento. Alonga-se a radícula, seguida pelo coleóptilo com
a plúmula fechada (planta embrionária). O estádio VE é atingido pelo
rápido alongamento do mesocótilo, o qual empurra o coleóptilo em
crescimento para a superfície do solo. A emergência ocorre 4 a 5 dias

MÓDULO IV
após a sementeira, onde o alongamento do coleóptilo e do mesocótilo
pára, quando a ponta do coleóptilo é exposta à luz solar. De seguida há
um desenvolvimento das folhas embrionárias, que crescem através da
extremidade do coleóptilo e o desenvolvimento da planta acima do solo
inicia-se.
Estádio V6 (Sexta folha)

No estádio V6, a região de crescimento e o pendão estão acima da


superfície do solo, iniciando o colmo um período de grande alongamento.

MÓDULO V
Abaixo da superfície do solo, o sistema radicular nodular é agora o
principal sistema radicular em funcionamento.

Estádio V9 (Nona folha)


MÓDULO VI

Neste estádio, muitas inflorescências femininas (espigas) são facilmente


visíveis, onde desenvolvem-se a partir de cada um dos nós acima da
superfície do solo. A panícula começa a desenvolver-se rapidamente e o
colmo continua em rápido alongamento.
BIBLIOGRAFIA

150
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Desenvolvimento vegetativo (V)
Estádio VT (Embandeiramento)

O estádio VT inicia-se quando o último ramo da panícula está completamente visível e os estilos-estigmas
ainda não emergiram (não são visíveis). Nesta altura a planta de milho atingirá a sua altura total e iniciará a
polinização, através do pendão, que se estenderá por uma a duas semanas. Durante este tempo cada estilo-

MÓDULO I
estigma deverá emergir para que a polinização e o desenvolvimento do grão ocorram. É de referir também
que este é o período em que a planta de milho é mais vulnerável aos danos causados por granizo, uma vez
que a panícula e todas as folhas estão completamente expostos.

MÓDULO II
Crescimento e desenvolvimento Estilos-estigmas ainda não estão Estilo-estigma visível fora da palha
do pendão até à polinização visíveis

MÓDULO III
Fonte: Arquivo do agrônomo n.º 15, 2003 Fonte: Arquivo do agrônomo n.º 15, 2003 Fonte: Arquivo do agrônomo n.º 15, 2003

Desenvolvimento Reprodutivo (R)


Estádio R1 (Floração)

O estádio R1 começa quando as sedas de qualquer estilo-estigma são


visíveis fora da espiga. A polinização ocorre quando os grãos de pólen

MÓDULO IV
libertados atingem uma seda, formando o tubo polínico, num período
aproximadamente de 24 h, que cresce até fertilizar o óvulo. Após a sua
fertilização o óvulo transforma-se em um grão.

Estádio R2 (Grão leitoso de 10-14 dias após a floração) até ao R6 (maturidade fisiológica)

Os grãos no estádio R2 são brancos externamente e lembram uma bolha na sua forma (figura A). Os grãos
começam um período de rápido e constante acumulação de matéria seca ou de enchimento. Este rápido MÓDULO V
desenvolvimento dos grãos continuará até próximo estádio R6. A maturação fisiológica ocorre pouco depois
do desaparecimento da linha de leite (figura B) e um pouco antes da formação da camada preta na ponta das
sementes (figura C), ou seja, a linha de leite desaparece e a camada negra forma-se. A partir daqui é que se
dá o fim da acumulação de matéria seca nos grãos e se inicia o processo de senescência natural das folhas
das plantas, começando por isso a perder gradualmente a sua coloração verde característica (figura D).
MÓDULO VI

A B C D
Fonte: https://blog.chbagro.com.
br/6-dicas-para-conduzir-uma-
BIBLIOGRAFIA

excelente-colheita-do-milho

151
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Estado Fenológico da Videira

MÓDULO I
A – Gomo de Inverno B – Gomo de Algodão C – Ponta Verde D – Saída da Folhas

MÓDULO II
E – Folhas Livres F – Cachos Visíveis G – Cachos Separados H – Botões Florais Separados

MÓDULO III
I – Floração J – Alimpa K – Bago de Ervilha L – Cacho Fechado

M – Pintor N – Maturação
MÓDULO IV
MÓDULO V
Fonte: Ministério da Agricultura do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT)
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

152
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura

ÍNDICE
Estado Fenológico do Castanheiro

MÓDULO I
A - Dormência dos gomos B - Tumescência dos gomos C1 - Abrolhamento dos gomos C3 - Queda das escamas
protectoras

MÓDULO II
D - Aparecimento das nervuras D - Aparecimento das nervuras Dm - Aparecimento dos Em - Glomérulos masculinos
e desenvolvimento das folhas e desenvolvimento das folhas Amentilhos unissexuais bem individualizados

MÓDULO III
MÓDULO IV
Fm - Aparecimento dos Fm2 - Plena floração masculina Gm - Final da emissão do Dm - Aparecimento dos
estames nos estaminados pólen – anteras acastanhadas Amentilhos androgínicos

MÓDULO V
Ea – Glomérulos masculinos Ef - Flores femininas bem Ff - Aparecimento dos Ff2 - Estigmas bem
bem individualizados diferenciadas estigmas na flor central desenvolvidos – plena floração
feminina
MÓDULO VI

I - Inchamento Fa - Aparecimento dos estames Fa2 - Emissão de pólen Ga- Anteras vazias e
acastanhadas
BIBLIOGRAFIA

Fonte: Ministério da Agricultura do Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP)

153
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
PROTEÇÃO DAS PLANTAS

MÓDULO II
II.1. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO DAS PLANTAS..................................................................................................................155

II.2. PRINCIPAIS INIMIGOS DAS CULTURAS..........................................................................................................................159

MÓDULO III
II.2.1. ENQUADRAMENTO E DEFINIÇÕES BASE...........................................................................................................159

II.2.2. FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DOS PROBLEMAS FITOSSANITÁRIOS........................162

II.2.3. PRAGAS E DOENÇAS DAS PLANTAS...................................................................................................................164

II.2.3.1. CONCEITO DE PRAGA................................................................................................................................164

II.2.3.2. CONCEITO DE DOENÇA.............................................................................................................................164

II.2.4. ESTRATÉGIAS E MEIOS DE PROTEÇÃO...............................................................................................................165

MÓDULO IV
II.2.5. ESTRAGOS E PREJUÍZOS .....................................................................................................................................166

II.3. A FAUNA E FLORA AUXILIAR E A SUA PRESERVAÇÃO................................................................................................166

II.3.1. TIPOLOGIA DE AUXILIARES..................................................................................................................................167

II.4. A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE NA PROTEÇÃO DAS CULTURAS ..................................................................169

II.5. BOAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO DAS PLANTAS...........................................................................................................171 MÓDULO V


MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

154
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
PROTEÇÃO DAS PLANTAS

MÓDULO II
“No contexto da agricultura sustentável deve ser dada ênfase às medidas preventivas,
isto é, à proteção das plantas de forma indireta, utilizando-as ao máximo antes de recorrer
às medidas diretas que visam a eliminação da população do inimigo da cultura que causa

MÓDULO III
prejuízos”1

A proteção das plantas, inclui o controlo de doenças, pragas e plantas infestantes, através
da utilização de mecanismos tradicionais e tecnológicos de forma que estas estejam seguras
contra os seus inimigos, com vista ao menor impacto ambiental e humano possível.

MÓDULO IV
II.1. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO DAS PLANTAS
A transmissão de conhecimentos ao longo dos anos, sobre proteção das plantas, tem sido
fundamental para esclarecer conceitos como a bioecologia e a epidemiologia de alguns inimigos
das culturas, as técnicas de estimativa do risco, os valores de níveis económicos de ataque, a
ocorrência e gravidade da resistência de inimigos das culturas aos produtos fitofarmacêuticos, a
natureza e eficácia dos mais importantes auxiliares, como coccinelídeos, sirfídeos, crisopídeos,
antocorídeos, himenópteros e ácaros fitoseídeos, isto é, dos antagonistas que promovem a
limitação natural dos inimigos das culturas bem como a viabilidade de utilização e a eficácia MÓDULO V
relativa de meios de luta alternativos aos produtos fitofarmacêuticos químicos como sejam a
luta biológica, a luta biotécnica e a luta cultural.

O aumento da preocupação relativa ao ambiente e à qualidade e segurança dos produtos


alimentares a consumir, conduziu ao desenvolvimento da Proteção Integrada2 que, por sua,
vez, irá promover a implementação de um conjunto de práticas culturais cujo principal objetivo
MÓDULO VI

é o de minimizar os efeitos provocados pelo recurso à utilização de produtos fitofarmacêuticos


(ex.: intoxicações, poluição, destruição de abelhas e auxiliares e resistência dos inimigos das
culturas aos produtos fitofarmacêuticos).

1 Amaro, P. (1998) – Os fatores que têm condicionado a intervenção da DGPPA, do CNPPA e da DGPC na
área da proteção integrada. UTL/ISA/DPPF/SAPI, 13 p. http://www.isa.utl.pt/files/pub/ISAPRESS/PDF_Livros_
ProfPedroAmaro/Proteccao_Integrada.pdf
BIBLIOGRAFIA

2 Mais informação sobre Proteção Integrada em Módulo III

155
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
Por outro lado, a Produção Integrada3 visa a exploração agrícola de forma integrada:
proteger as plantas e mitigar os efeitos secundários (integra a Proteção Integrada), salvaguardar
o bem-estar animal e preservar os recursos naturais para produzir alimentos de qualidade. É
definida como um “(…) sistema agrícola de produção de alimentos e de outros produtos
alimentares de alta qualidade” apoiada na “gestão racional dos recursos naturais” e que

MÓDULO I
privilegia “a utilização dos mecanismos de regulação” em detrimento dos fatores de produção
(Decreto-Lei n.º 256/2009 de 24 de setembro).

O Programa de Proteção Integrada (e o de Produção Integrada) arrancou em Portugal em


1994, no âmbito das Medidas Agro-Ambientais4.

Os progressos feitos na luta biológica, na luta biotécnica (com recurso aos métodos da
captura em massa e da confusão sexual) e na luta cultural (de que se destaca a solarização

MÓDULO II
do solo, a utilização de plantas isentas de vírus e de variedades resistentes), têm permitido
o recurso, de uma forma progressiva e crescente, a alternativas à luta química (Tabela 1). Na
luta química, a par de maiores exigências legais, a indústria dos produtos fitofarmacêuticos
tem procurado dispor de produtos mais seletivos e de utilização em doses mais reduzidas,
minimizando o impacto no ambiente.

Fase de Evolução Caracterização das Fases

MÓDULO III
Utilização indiscriminada dos produtos fitofarmacêuticos eficazes, segundo
Luta Química Cega
esquemas de tratamentos fixos e definidos previamente.

Utilização ponderada de produtos fitofarmacêuticos de amplo espectro de


Luta Química Aconselhada
ação pela intervenção de sistemas de avisos.

Introdução da noção de nível económico de ataque. Utilização de produtos

MÓDULO IV
Luta Dirigida fitofarmacêuticos com fraca repercussão ecológica. Salvaguarda dos
organismos auxiliares existentes.

Além das características da luta dirigida, procede-se a:


Proteção Integrada Integração de todos os meios de luta;
Limitação máxima da luta química.
Tabela 1 - Evolução da Proteção das plantas. | Fonte: Amaro & Baggiolini, 1982 (Adaptado)

MÓDULO V
--Proteção Integrada --

Medidas ao nível da proteção fitossanitária, com vista à diminuição da utilização


de produtos fitofarmacêuticos e à redução dos riscos e efeitos da sua utilização na
saúde humana e no ambiente.
MÓDULO VI

Hoje, todos os agricultores são obrigados a adotar os princípios gerais da


Proteção Integrada:

1.º - Aplicar medidas de prevenção e/ou controlo dos inimigos das culturas;

3 Mais informação sobre Produção Integrada em Módulo III


BIBLIOGRAFIA

4 Regulamento (CEE) n.º 2078/92, com aplicação nacional das primeiras Medidas Agroambientais em 1994.

156
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
2.º - Utilizar métodos e instrumentos adequados de monitorização dos inimigos
das culturas;

3.º - Ter em consideração os resultados da monitorização e da estimativa do risco

MÓDULO I
na tomada de decisão;

4.º - Dar preferência aos meios de luta não químicos (ex. luta cultura, luta
biológica, luta biotécnica e física);

5.º - Aplicar os produtos fitofarmacêuticos mais seletivos tendo em vista o alvo


biológico e com o mínimo de efeitos secundários para a saúde humana, para os
organismos não visados e para o ambiente;

MÓDULO II
6.º - Reduzir a utilização de produtos fitofarmacêuticos e outras formas de
intervenção ao mínimo necessário;

7.º - Recorrer a estratégicas anti-resistência disponíveis para manter a eficácia dos


produtos;

8.º - Verificar o êxito das medidas fitossanitárias aplicadas, com base nos registos

MÓDULO III
efetuados no caderno de campo;

Legislação

Lei n.º 26/2013, de 11 de abril, que transpõe a Diretiva Quadro do Uso Sustentável
dos Pesticidas.

MÓDULO IV
Decreto-lei n.º 37/2013, de 13 de março. Diário da República - 1ª Série – N.º 51.
Ministério da Agricultura, do mar, do ambiente e do ordenamento do território.
Lisboa.

Decreto-lei n.º 86/2010, de 15 de julho. Diário da República - 1ª Série – N.º 136.


Ministério da agricultura, do desenvolvimento rural e das pescas. Lisboa que
transpõe a Diretiva 2009/128/CE, 21 de outubro de 2009, do Parlamento Europeu
e do Conselho, - Estabelece um quadro de ação a nível comunitário para uma
utilização sustentável dos pesticidas. MÓDULO V
Decreto-lei n.º 256/2009, de 24 de setembro. Diário da República - 1ª Série - N.º
186. Lisboa.

Desenvolveu-se, em simultâneo, o conceito da Agricultura Biológica, onde não é permitido


o recurso a produtos químicos de síntese, associado às preocupações de saúde e segurança
MÓDULO VI

alimentar.

Em Portugal, o Modo de Produção Biológico (MPB)5 só começou a ter algum significado


nas duas últimas décadas. Até à década de oitenta (do século XX) as produções em MPB
restringiam-se a áreas/efetivos reduzidos, sendo a produção de alimentos produzidos em
modo de produção biológica maioritariamente desenvolvida por produtores estrangeiros,
BIBLIOGRAFIA

5 Mais informação sobre Agricultura Biológica no Módulo IV

157
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
para autoconsumo, e/ou voltada para a exportação, com destino ao mercado dos seus países
de origem.

Segundo a legislação comunitária, a Agricultura Biológica é definida como um “…sistema


global de gestão das explorações agrícolas e de produção de géneros alimentícios que

MÓDULO I
combina as melhores práticas ambientais, um elevado nível de biodiversidade, a preservação
dos recursos naturais, a aplicação de normas exigentes em matéria de bem-estar dos animais
e método de produção em sintonia com a preferência de certos consumidores.” (Regulamento
(CE) n.º 834/2007).

-- Modo de Produção Biológico --

MÓDULO II
Princípios

Conceção e gestão de processos biológicos:

• Adoção de métodos que utilizem organismos vivos e métodos de produção


mecânicos, cultivo de vegetais e produção animal adequados ao solo, baseados
na avaliação dos riscos, que recorram a medidas de precaução e preventivas e
que excluam o uso de Organismos Geneticamente Modificados (OGM).

MÓDULO III
Limitação ao uso de insumos externos:

• Uso de insumos externos de origem biológica, de substâncias naturais (ex.


inseticidas naturais) ou derivadas e fertilizantes minerais de baixa solubilidade.

Adaptação das regras de produção biológica:

MÓDULO IV
• Às condições sanitárias, climas regionais, condições locais, estádios de
desenvolvimento e práticas específicas de criação.

Legislação:

Regulamento de Execução (UE) 2019/2164 da Comissão de 17 de dezembro de 2019,


que altera o Regulamento (CE) n.º 889/2008 que estabelece normas de execução
do Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho relativo à produção biológica
e à rotulagem dos produtos biológicos, no respeitante à produção biológica, à MÓDULO V
rotulagem e ao controlo.

Regulamento (UE) 2018/848, do Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de maio


de 2018, relativo à produção biológica e à rotulagem dos produtos biológicos e
que revoga o Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho.
MÓDULO VI

Regulamento (CE) n.º 889/2008, de 5 de setembro, da Comissão Europeia. Jornal


Oficial da União Europeia - Estabelece normas de execução do Regulamento (CE)
n.º 834/2007 do Conselho relativo à produção biológica e à rotulagem dos produtos
biológicos, no que respeita à produção biológica, à rotulagem e ao controlo.

Regulamento (CE) n.º 834/2007, de 28 de junho, do Conselho Europeu. Jornal Oficial


da União Europeia - Relativo à produção biológica e à rotulagem dos produtos
biológicos e que revoga o Regulamento (CEE) n.º 2092/91.
BIBLIOGRAFIA

158
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
II.2. PRINCIPAIS INIMIGOS DAS CULTURAS

II.2.1. ENQUADRAMENTO E DEFINIÇÕES BASE

MÓDULO I
Designam-se inimigos das culturas, os animais, insetos, plantas, fungos bactérias ou outros
agentes patogénicos com potencial para reduzir a produção das culturas agrícolas e que
afetam a produtividade das explorações e a correspondente produção de alimentos (Tabela
2). Podem também ser abióticos como a chuva, granizo, fitotoxidade causada por má nutrição
ou uso inadequado dos produtos fitofarmacêuticos.

PRODI – No modo de Produção Integrada um animal é considerado

MÓDULO II
como praga quando o número de organismos por área definida
excede um limite numérico de aceitabilidade (específicos para
cada tipo de pragas e culturas). Nesta definição conclui-se que um
animal não é automaticamente considerado uma praga só porque
se alimenta das culturas.

MÓDULO III
Podem classificar-se em:

• Pragas

Insetos, nematodes, ácaros, caracóis, aves e mamíferos que causam danos físicos às
plantas ou com possibilidade de transmitir doenças. Os danos podem ser causados
na vegetação, raízes e sementes das culturas, já que são estruturas que constituem o
seu alimento. No processo de alimentação algumas pragas podem transmitir agentes

MÓDULO IV
patogénicos às plantas através do fluído expelido, originando a proliferação de doenças
(insetos picadores-sugadores). Na Figura 1 podem apresentam-se alguns exemplos de
pragas.

MÓDULO V

A B C
MÓDULO VI

D E F
Figura 1 – Pragas: A) Larvas e adulto de escaravelho da batata (Leptinotarsa decemlineata Say), coleóptero da
BIBLIOGRAFIA

família Chrysomelidae; B) Epitrix sp.na batata, coleóptero da família Chrysomelidae; C) Sintomas de psila-africana-
dos-citrinos, Trioza erytreae (inseto picador-sugador, hemíptero da família Triozidae); D) caracóis.

159
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
NAS PLANTAS (OU LAVOURAS) Exemplos de insetos-pragas

Destruir folhas, ramos botões florais, casca


Lagartas, besouros, gafanhotos
ou fruto

MÓDULO I
Sugar a seiva vegetal em folhas, botões Percevejos, pulgões, cigarrinhas, tripes,
florais, ramos, frutos cochonilhas

Broquear ou anelar a casca, ramos, frutos,


Besouros adultos, larvas, lagartas
sementes, raízes

Besouros, lagartas, cigarras, cupins, larvas de


Atacar raízes ou colo das plantas
moscas

MÓDULO II
Usar partes da planta para a construção de
Formigas, vespas, larvas de moscas
ninhos ou refúgios

Disseminar ou facilitar o desenvolvimento de


microrganismos fitopatogênicos (fungos, Pulgões, cochonilhas, besouros, cigarrinhas,
bactérias, vírus, protozoários), injetando-os moscas-brancas, tripes
nos tecidos das plantas ao se alimentar

NOS GRÃOS OU PRODUTOS ARMAZENADOS Exemplos de insetos-pragas

MÓDULO III
Alimentar-se de todo ou de parte de um
Carunchos, gorgulhos, besouros, traças
produto armazenado

Contaminar o produto com suas secreções,


excreções, ovos ou alguma parte do corpo, Carunchos, gorgulhos, besouros, traças
tornando-o imprestável para o consumo.

MÓDULO IV
Buscar proteção ou construir ninhos ou
Carunchos, gorgulhos, besouros, traças
abrigos com ou sobre o substrato
Tabela 2 - Exemplos de danos de insetos-praga em culturas | Fonte: Amaro, 1982 (Adaptado)

• Doenças

Provocadas por microrganismos (fungos, bactérias e vírus), que infetam e causam


doenças nas plantas. Estes organismos possuem características especificas como a

MÓDULO V
elevada capacidade de reprodução, dispersão (através de esporos, por exemplo) e
resiliência. A capacidade de infetar é condicionada pelas condições meteorológicas
sendo que temperaturas do ar amenas ou elevadas e altas percentagens de humidade
facilitam, de uma forma geral a proliferação destes agentes. A infeção causa a redução
da produtividade e as plantas hospedeiras são danificadas ou acabam mesmo por
morrer. Alguns exemplos: míldio, oídio, ferrugem, cancro, podridões (phytophthora),
lepra… (Figura 2).
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Escoriose Black rot Oídio no cacho Míldio nas bagas da vinha

160
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
MÓDULO I
Pedrado Moniliose Ferrugem framboeseira Eutipiose da vinha
Figura 2 - Alguns exemplos de doenças.

• Infestantes

São plantas que competem com as culturas agrícolas pelos recursos água, luz e

MÓDULO II
nutrientes, tendo uma ação prejudicial sobre o desenvolvimento, manutenção ou
produção das culturas. No entanto, são, muitas vezes, ecologicamente adaptáveis ao
ambiente agrícola, podendo e devendo, em algumas circunstâncias, serem designadas
de adventícias, já que podem desempenhar ações uteis à cultura. Alguns exemplos:
bredos, balancos, labaças, saramagos, corriola… (Figura 3).

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 3 - Exemplo de infestante em vinha.

• Acidentes Fisiológicos

Não sendo um “típico” inimigo da cultura, os acidentes fisiológicos podem causar


danos expressivos nas culturas e respetivas produções, pelo que é pertinente considerá- MÓDULO V
los neste ponto. Falamos do escaldão, da geada, do granizo, do fogo, das cheias
prolongadas, entre outros (Figura 4). Num mesmo contexto, existem danos e prejuízos
provocados por fitotoxicidade originados por aplicações incorretas de produtos
fitofarmacêuticos ou de fertilizantes, nomeadamente os que aportam micronutrientes.
MÓDULO VI

A B C D
BIBLIOGRAFIA

Figura 4 - a) Escaldão em eucalipto; b) Fitotoxicidade em pinheiro manso; c) Geada em Kiwi; d) Geada em physalis.

161
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
• Espécies Exóticas Invasoras

As espécies (não nativas) introduzidas em áreas fora da sua área de distribuição natural
(sejam elas animais, insetos, plantas, fungos, bactérias, vírus, etc.) e que conseguem
sobreviver e posteriormente reproduzir-se. Esta ocupação do território, quando se

MÓDULO I
torna excessiva (área ou n.º de indivíduos) pode criar perturbações significativas nos
ecossistemas já que competem por recursos com as espécies nativas. Por esta razão
podem significar perdas de biodiversidade e assim impactos negativos nos ecossistemas.
Por regra, estas espécies invasoras não têm antagonistas naturais pelo que, se bem-
adaptadas, têm uma enorme tendência à rápida disseminação e consequente domínio
no ecossistema. Alguns exemplos (Figura 5): vespa-das-galhas-do-castanheiro, jacinto
de água, vespa velutina, acácias.

MÓDULO II
MÓDULO III
Vespa-das-galhas-do castanheiro Vespa velutina Acácias
Figura 5 - Exemplos de espécies exóticas.

II.2.2. FATORES QUE INFLUENCIAM O DESENVOLVIMENTO DOS


PROBLEMAS FITOSSANITÁRIOS

MÓDULO IV
Poderemos considerar que o problema fitossanitário, no contexto do potencial prejuízo e
por sua vez da necessidade de intervenção por parte do agricultor, ocorre quando reunidas
quatro circunstâncias concretas, são elas:

• O estado de desenvolvimento da cultura (estado fenológico) que a torne numa cultura


vulnerável ou sensível ao problema fitossanitário;

• A presença ou probabilidade de vir a estar presente o agente patogénico;


MÓDULO V
• As condições meteorológicas que se verificam ou que se venham a verificar e que
potenciam ou facilitem o desenvolvimento do agente patogénico;

• Existência de antagonistas naturais bem como a capacidade de resposta do agricultor


para proceder a qualquer iniciativa de controlo e/ou mitigação do problema.
MÓDULO VI

Em função da análise destes pontos, onde os princípios da


Proteção Integrada são essenciais, o agricultor poderá desenhar uma
estratégia que irá contribuir para uma menor perda da produção e
consequentemente um maior sucesso da sua atividade.
BIBLIOGRAFIA

Técnicas culturais adoptadas

162
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
Existem, contudo, um vasto número de condições e fatores que levam a que o
desenvolvimento do problema fitossanitário seja mais grave, ou mais rápido, ou ainda que
implique mais intervenções ou que cause mais danos à cultura, por exemplo:

• Monocultura: proporciona ao agente patogénico condições ótimas de desenvolvimento

MÓDULO I
já que dispõe de alimento abundante pela quebra do ambiente natural, bem como
pela tendencial ausência de antagonistas e consequente redução da rapidez de
desenvolvimento de uma condição de equilíbrio entre patogéneo e antagonista;

• Técnicas culturais inadequadas, reduzindo ou anulando, por exemplo, as rotações


de culturas, ou não fazendo as correções de solo necessárias ou ainda promovendo
fertilizações erradas;

MÓDULO II
• Técnicas de cultivo como a plantação/sementeira direta que favorecem o desenvolvimento
de pragas e doenças de solo, quando aliadas à ausência de rotação de culturas e/ou de
estratégias de pousio;

• Uso inadequado dos produtos fitofarmacêuticos: usar produtos não seletivos aos
inimigos naturais, redução ou aumento da dose recomendada, repetição de tratamentos,
não alternância de produtos com diferentes modos de ação podendo contribuir para

MÓDULO III
fenómenos de resistência dos inimigos à substância ativa;

• Armazenamento inadequado: não realizar a limpeza ou tratamento adequado do


produto que vem do campo, ou ignorando a necessidade de manter o controlo sanitário
dos produtos em armazém (exemplo da batata ou dos cereais);

• Estratégias erradas de controlo dos fluxos comerciais que favorecem a disseminação


pelo transporte de mudas e sementes infestadas bem como de agentes patogénicos,

MÓDULO IV
vejam-se os casos, por exemplo da Vespa-das-galhas-do-castanheiro, da Trioza erytreae
e da Xylella fastidiosa;

• Melhoramento genético: apesar de apontar para uma melhoria da adaptabilidade das


culturas e da sua capacidade de produção, pode resultar na seleção de variedades
menos rusticas e potencialmente mais sensíveis;

Existem ainda três grandes grupos de fatores que contribuem, em muito, para o
desenvolvimento do problema fitossanitário e que influenciam diretamente a sua gravidade, MÓDULO V
são eles as condições meteorológicas, a fertilização e a disponibilidade quer de meios técnicos
(equipamentos) quer até de mão de obra.

Fatores meteorológicos como a temperatura e a humidade do ar e do solo podem afetar


a biologia dos inimigos das culturas podendo potenciar o seu desenvolvimento se reunidas
as condições ótimas (estado fenológico de sensibilidade da cultura, presença do agente
MÓDULO VI

patogénico, temperatura e humidade ótimas ao seu desenvolvimento, ausência ou baixa


densidade de antagonistas e dificuldade de resposta por parte do agricultor).

Estas condições poderão ser tão mais graves quanto maior for o valor acrescentado da
cultura, por exemplo, quando o agricultor desenvolve a sua atividade sob forçagem (estufas).

É essencial que o agricultor conheça as condições meteorológicas existentes e as que se


BIBLIOGRAFIA

avizinham bem como o comportamento dos inimigos obrigatórios das culturas que desenvolve,

163
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
a fim de antecipar o problema mitigando os danos e prejuízos, por exemplo, recorrendo
aos Serviços de Avisos Agrícolas, visualizando diariamente as informações meteorológicas
disponíveis, mantendo um registo adequado do histórico da sua cultura, etc.

Sabemos todos que um organismo bem alimentado é um organismo mais resistente. Nas

MÓDULO I
plantas isto não é exceção, quanto mais equilibrado o processo nutricional da cultura maior a sua
capacidade de resistência sanitária ou, se preferimos, menor a sua vulnerabilidade ao agente
patogénico. Importa concretizar que uma nutrição equilibrada não é necessariamente uma
nutrição abundante, ou seja, os excessos nutricionais são, normalmente contraproducentes.

Assim, é fundamental que numa estratégia de redução do risco sanitário, o agricultor avalie
as necessidades de fertilização da sua cultura, através de analises de solo e foleares regulares.
Em resultado disso deve promover as respetivas correções em função das necessidades

MÓDULO II
especificas da cultura e da produção esperada de forma a manter sempre bem nutridas as
plantas conseguindo com isso um aumento na sua capacidade de resistência autónoma.

Por fim, a capacidade de resposta do agricultor é um fator essencial na estratégia de controlo


sanitário e que pode influenciar o desenvolvimento (ou não) dos problemas fitossanitários.
Como vimos as condições climáticas que se verificam ou venham a verificar são elemento
essencial na equação da tomada de decisão do agricultor.

MÓDULO III
Nesta análise terá de considerar uma estratégia preventiva para as doenças e curativa para
o controlo das pragas (em função dos princípios da proteção integrada, nomeadamente na
estimativa do risco). Por exemplo, uma exploração de grande dimensão poderá equacionar a
redução do Nível Economico de Ataque por falta de capacidade de resposta.

II.2.3. PRAGAS E DOENÇAS DAS PLANTAS

MÓDULO IV
II.2.3.1. CONCEITO DE PRAGA

Pragas são um conjunto de organismos nocivos, de diversas espécies, insetos na sua maioria
(mas também aracnídeos – ácaros), que provocam alterações no estado sanitário das plantas
podendo provocar apenas danos ligeiros ou podendo causar a sua morte, passando por mais
ou menos implicações na quantidade e qualidade da produção obtida.

Podem em alguns casos ser vetores transmissores de doenças (fungos, bactérias, vírus, MÓDULO V
nematodes endoparasitas).

Os insetos causam danos diretos no produto a ser colhido (por exemplo o bichado da
fruta), ou indiretos, quando presentes em partes da planta que não serão comercializadas, mas
que alteram processos fisiológicos, com reflexos na produção (por exemplo o escaravelho da
batateira).
MÓDULO VI

Alguns insetos também atuam como transmissores de patógenos vegetais, principalmente


vírus ou facilitando a proliferação de bactérias e o desenvolvimento de fungos (fumagina) e
outros patógenos.

II.2.3.2. CONCEITO DE DOENÇA


BIBLIOGRAFIA

Podemos definir doenças como sendo as alterações nos processos de vida da planta que

164
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
afetam parte ou todos os seus órgãos, provocados por fungos, bactérias e vírus.

Ao contrário das pragas, quantificáveis e alvo de uma estratégia curativa em função


da tomada de decisão com base no Nível Económico de Ataque, as doenças deverão ser
interpretadas pelo agricultor num contexto preventivo. A principal razão desta estratégia

MÓDULO I
prende-se com a manifestação da doença que se verifica com o sinal ou sintoma, ou seja, com
o resultado da ação do agente patogénico. Mais uma vez é imprescindível que o agricultor
analise os fatores de desenvolvimento da doença a fim de antecipar a sua ocorrência e decidir
pelos métodos de mitigação e controlo.

II.2.4. ESTRATÉGIAS E MEIOS DE PROTEÇÃO

MÓDULO II
Para definir uma estratégia adequada de intervenção no sentido de controlar ou mitigar
um problema sanitário o agricultor ou o técnico terá de proceder ao correto diagnóstico. Por
sua vez, a correta identificação do problema fitossanitário orienta no sentido da intervenção,
desde logo podendo a mesma ser dispensada se os fatores de risco – na análise da estimativa
de risco, indicarem risco baixo ou ausência de risco. Ou seja, é fundamental interiorizar num
contexto de boas práticas (quer numa abordagem ecológica quer financeira) que nem sempre
é necessário intervir e reconhecer que os princípios da Proteção Integrada são conceito básico

MÓDULO III
para desenvolver a atividade de produção.

De qualquer das formas existem dois grandes grupos de estratégias de controlo –


procedimentos preventivos (normalmente aplicados para agentes patogénicos como fungos,
bactérias e vírus – doenças, portanto) e procedimentos curativos (normalmente aplicados ao
controlo de pragas, salvaguardando a estimativa de risco e o nível económico de ataque).

MÓDULO IV
Em consequência desta abordagem previa, a utilização de produtos fitofarmacêuticos surge
como último recurso e quando é impraticável uma outra opção, quer em termos técnicos quer
em termos económicos.

De forma transversal deveremos sempre implementar medidas que reduzam a probabilidade


de ocorrência do problema fitossanitário, nomeadamente:

• Através de medidas preventivas Diretas – recorrendo a técnicas e operações culturais


adequadas: MÓDULO V
a) Rotação de culturas;

b) Redução de áreas cultivadas em monocultura;

c) Criação de ilhas ou corredores ecológicos em caso de áreas de monocultura;


MÓDULO VI

d) Recorrer a variedades mais rusticas, bem-adaptadas e resistentes;

e) Respeitar as densidades máximas;

f) Usar técnicas de rega mais ajustadas às culturas e às circunstâncias em causa;


BIBLIOGRAFIA

g) Usar fertilizações adequadas.

165
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
• Através de medidas preventivas Indiretas – recorrendo a técnicas e operações culturais
adequadas tais como:

a) Sempre que possível revestir os solos com plantas adequadas para que se reestabeleçam
sinergias que contribuam para o ressurgimento de habitas que potenciem o equilíbrio

MÓDULO I
ecológico – como exemplo o enrelvamento de culturas permanentes com recurso a
misturas de prado de sequeiro;

b) Fomentar a presença de flora que sirva de refúgio a insetos auxiliares; plantas repulsivas
de insetos prejudiciais em consociação com as culturas e nas áreas envolventes aos
locais de produção (caminhos, taludes, cabeceiros, etc.);

MÓDULO II
c) Luta cultural (ex. consociações; poda de rebentos), luta genética (ex. escolha de espécies
e variedades/cultivares resistentes), luta biotécnica (ex. instalação de armadilhas
de captura com recurso a confusão sexual ou difusores atrativos) e luta biológica na
modalidade limitação natural com recurso a largadas de auxiliares;

d) São essenciais as estratégias de diversificação como rotações culturais (que quebrem

MÓDULO III
o ciclo de desenvolvimento dos inimigos das culturas), utilização de consociações,
utilização de plantas para alimento ou abrigo de predadores (infra-estruturas ecológicas)
ou planta armadilha, complementadas pela otimização das condições de crescimento
das plantas, como a escolha da época correta de cultivo.

II.2.5. ESTRAGOS E PREJUÍZOS

MÓDULO IV
As plantas têm uma ampla gama de inimigos. Contudo, apenas alguns têm uma ação que
causa prejuízo às culturas e com impacto no rendimento das explorações. Assim, é correto
dizermos que nem todos os agentes patogéneos causarão problemas fitossanitários dignos
dessa definição, desde logo porque poderão não ter um impacto relevante na cultura e/ou
produção que justifique a intervenção de controlo ou mitigação – princípio do Nível Económico
de Ataque.

Quer para efeitos prévios de diagnóstico quer para avaliação de danos e prejuízos, importa MÓDULO V
perceber o que são sinais e sintomas:

Sintomas – Evidências físicas na planta que mostram a presença de problemas


fitossanitários. Ou seja, a manifestação da reação ou reações da planta ao agente nocivo.
Podem ser encontrados nos vários órgãos das plantas (ex. folhas, ramos, caule, …) e variam
MÓDULO VI

com o problema fitossanitário e com o ciclo vegetativo da planta.

Sinal – Estruturas do patógeno quando exteriorizadas e/ou quando o próprio agente


patogénico é visível.

II.3. A FAUNA E FLORA AUXILIAR E A SUA PRESERVAÇÃO


BIBLIOGRAFIA

A fauna e flora auxiliar traduzem-se nos seres vivos, vegetal e animal, que, pela sua atividade

166
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
nos ecossistemas (por exemplo comportamental, alimentar, presença ou emissão de uma
substância particular), contribuem naturalmente para o controlo de pragas nas explorações
agrícolas. São alguns exemplares insetos, ácaros, vertebrados, aves e mamíferos, répteis e
anfíbios ou antagonistas (microrganismos auxiliares) (Figura 6).

MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 6 - Exemplo de um auxiliar (joaninha,
coleóptero da família Coccinellidae) muito voraz quer
em larva quer em adulto alimenta-se sobretudo de
afídeos (piolhos ou pulgões) contribuindo para o
controlo destes.

Independentemente do modo de produção da exploração agrícola, preservar e promover

MÓDULO III
a existência de organismos auxiliares das culturas, integrados nos ecossistemas, é uma forma
de luta biológica contra os inimigos das plantas. Por isso, devem ser promovidas práticas de
proteção e de aumento dos auxiliares.

II.3.1. TIPOLOGIA DE AUXILIARES

MÓDULO IV
Predadores:

São organismos com atividade predadora, relativa aos inimigos das culturas. A existência
de infraestruturas ecológicas que sirvam, de refúgio, como sebes, bosques e taludes revestidos
de vegetação espontânea são importantes para a sobrevivência dos auxiliares (Tabela 3). Estes
organismos podem igualmente ser suscetíveis à ação de produtos fitofarmacêuticos, como
inseticidas, pelo que o seu uso deve ser mitigado.

Auxiliar Presa/Inimigo da cultura


MÓDULO V
Ouriços, Musaranhos Larvas de insetos, lesmas

Joaninha - Coccinelídeos Afídeos, cochonilhas, ácaros e mosquinhas brancas

Crisopa Crisopídeos Afídios polífagas


MÓDULO VI

Sirfídeos Afídeos no estado larvar

Antocorídeos Ácaros, afídeos, tripes e jovens lagartas

Salamandra salamandra
(Salamandra)

Estafilinídeos Pragas do solo, como lesmas e outras pragas subterrâneas


BIBLIOGRAFIA

167
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
Auxiliar Presa/Inimigo da cultura

Larvas e ovos de coleópteros, de lagartas, de afídeos, lesmas e caracóis,


Carabídeos
sobretudo ao nível do solo –

MÓDULO I
Ácaros fitoseídeos Ácaros fitófagos
Tabela 3 - Exemplos de auxiliares | Fonte: Amaro, 1982 (Adaptado)

• Parasitoide:

Normalmente da Classe inseta com desenvolvimento biológico à custa de outro indivíduo


de outra espécie, que provoca a sua morte. Exemplo: Tricogramas: Parasitóides de ovos
de lepidópteros.

MÓDULO II
Se os vir é porque o estão a ajudar… Proteja-os!

A proteção dos organismos auxiliares

Desde janeiro de 2014 que os agricultores estão obrigados a cumprir os 8 princípios gerais

MÓDULO III
da Proteção Integrada6 na exploração agrícola (para mais informação consultar Módulo III –
PI_PRODI).

Como refere a própria Diretiva, pretende-se a proteção das culturas com uma “…avaliação
ponderada de todos os métodos disponíveis de proteção das culturas e a subsequente
integração de medidas adequadas para diminuir o desenvolvimento de populações de
organismos nocivos e manter a utilização dos produtos fitofarmacêuticos e outras formas de
intervenção a níveis económica e ecologicamente justificáveis, reduzindo ou minimizando os

MÓDULO IV
riscos para a saúde humana e o ambiente.” (Diretiva 2009/128/CE).

Neste caso, deve privilegiar-se os meios de luta cultural, biológica, biotécnica ou física
(Princípio 4)7, sem deixar de fora o recurso à luta química, quando necessário, com recurso
a produtos fitofarmacêuticos mais seletivos (Princípio 5) e fazendo o registo das medidas
fitossanitárias aplicadas no operações efetuadas em cada parcela agrícola homogénea
– Caderno de Campo (Princípio 8). No caderno de campo, entre outra informação, é feita

MÓDULO V
a caracterização das parcelas agrícolas, dos estados fenológicos e das práticas culturais, a
estimativa do risco, o levantamento dos organismos auxiliares8, os meios de luta utilizados e
os tratamentos fitossanitários (ex. data de aplicação e finalidade). É exemplo de luta biológica
a realização de largadas de auxiliares em casos em que a eficácia dos auxiliares seja uma mais-
valia.

Em suma, para a melhor tomada de decisão do agricultor, é importante:


MÓDULO VI

• Conhecer a cultura;
• Os organismos auxiliares;
6 Lei n.º 26/2013, de 11 de abril que transpõe a Diretiva n.º 128/2009/CE para legislação – Quadro do Uso
Sustentável dos Pesticidas.
7 Lei n.º 26/2013 de 11 de abril, anexo II
8 Técnicas de amostragem: observação visual, técnica das pancadas, armadilhas, aspirador - http://geo.
drapn.min-agricultura.pt/agri/archivos/publicaciones/1392826878_Proteção%20integrada%20das%20culturas_
BIBLIOGRAFIA

Volume%20I.pdf

168
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
• Os inimigos e os fatores de nocividade para estimar o risco – ex. consulta do Serviço
Nacional de Avisos Agrícolas (SNAA);
• O nível económico de ataque (NEA)9;
• A seleção dos meios de luta.

MÓDULO I
Independentemente do Modo de Produção adotado na exploração agrícola, no que
respeita à proteção fitossanitária cumprir os princípios da proteção integrada constituem-se
como requisito mínimo.

As infestantes também podem ser aliadas?

Embora compitam com a cultura agrícola, e por isso indesejáveis, as infestantes podem ser

MÓDULO II
alimento ou abrigo de insetos ou animais invertebradas ou vertebrados auxiliares. Para além
disso podem contribuir para o equilíbrio em macro e micronutrientes e proteger o solo.

A importância da biodiversidade na proteção das plantas

Biodiversidade é a diversidade da vida que existe na Terra. É a variedade do capital


natural: genética, de espécies e de ecossistemas seja em pequena escala, num determinado

MÓDULO III
habitat, ou no conceito mais lato, no mundo. A relevância para a existência da vida humana é
conhecida e tem um caracter transversal como a polinização, a regulação climática (e, portanto,
na mitigação de eventos climáticos extremos, doenças e pragas), equilibra o ciclo hidrológico
(qualidade e quantidade) e do carbono, purifica o ar, na fertilização dos solos e na produção
de bens, como a produção alimentar, que sustentam a economia e a sociedade.

II.4. A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE NA PROTEÇÃO DAS

MÓDULO IV
CULTURAS
De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica, diversidade biológica significa:
“a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os
ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos
de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies
e de ecossistemas”.

A biodiversidade apresenta importância ambiental, económica e social. No que diz respeito MÓDULO V
às funções ambientais, é essencial para o funcionamento e equilíbrio de todos os ecossistemas
do planeta, pois todos os seres vivos participam de alguma forma da cadeia alimentar, e a
retirada de um organismo pode desencadear desequilíbrio ecológico. A biodiversidade
contribui para a produtividade, a longo prazo, dos seus campos. Assim, é fundamental que
os agricultores reflitam sobre o impacto que as suas ações podem ter sobre a biodiversidade
MÓDULO VI

existente nas suas parcelas uma vez que ela influenciará a produtividade das suas culturas
(Figura 7).

Constituído pelas plantas e animais associados aos sistemas de cultivo, pecuária,


floresta e aquicultura e espécies aquáticas com a finalidade de alimentar ou a chamada

9 NEA – Intensidade de ataque do inimigo da cultura a partir do qual se devem aplicar medidas limitativas,
ou de combate, para impedir que a cultura corra o risco de prejuízos superiores ao custo das medidas de luta a
BIBLIOGRAFIA

adotar, acrescidos os efeitos indesejáveis que estes possam causar.

169
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 7- Exemplos de biodiversidade em culturas.

MÓDULO II
“biodiversidade associada”, isto é, organismos que orbitam os sistemas de produção agrícola
e alimentar, sustentando-os e contribuindo para sua produção. Desta forma, a biodiversidade
garante a segurança alimentar, diminui a necessidade de recursos externos à exploração, o
desenvolvimento sustentável e a manutenção e resiliência dos ecossistemas.

As principais ameaças à biodiversidade


• Alterações climáticas;

MÓDULO III
• Mercados internacionais e demografia;
• Alteração do uso da terra (ex. urbanização);
• Poluição;
• Uso excessivo de fatores de produção externos;
• Colheita excessiva.

MÓDULO IV
Segundo a FAO/UN, a perda de biodiversidade deve-se, no essencial, à destruição dos
ecossistemas florestais e aquáticos e o crescente domínio de sistemas de produção intensivos
(número reduzido de espécies, raças e variedades). Também o relatório do Tribunal de Contas
Europa, aponta o declínio da biodiversidade nas terras agrícolas como uma das consequências
da aplicação da Política Agrícola Comum.

A generalidade dos Países reporta o aumento das raças de gado em risco de extinção, a

MÓDULO V
diversidade nos campos está em declínio, assim como muitas espécies vitais do ecossistema
(ex. polinizadores, inimigos naturais de pragas, organismos do solo).

A importância de garantir uma ampla agrobiodiversidade

Resultado de anos de estudo e seleção dos agricultores e dos pastores (e também da


seleção natural) ao longo de séculos de História10. As alterações nas espécies e a seleção natural
conduzem à evolução. As variações genéticas dentro de um grupo de organismos podem
MÓDULO VI

levar alguns indivíduos a sobreviver num determinado ambiente, enquanto os outros morrem.
Se as vantajosas características genéticas dos organismos sobreviventes forem passadas para
a próxima geração, esta estará melhor equipada para viver. A seleção natural complica o
processo de proteção das culturas quando as pragas e doenças se adaptam e combatem com
sucesso os efeitos pretendidos dos produtos fitofarmacêuticos. Um produto usado para tratar
10 Nota: A teoria evolucionista de Charles Darwin resulta do conceito popularizado de “sobrevivência do mais
apto”, uma metáfora da sua teoria de “seleção natural”, em que a probabilidade de sobrevivência é maior nos
BIBLIOGRAFIA

organismos que melhor e mais rapidamente se adaptam ao seu ambiente.

170
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
determinada cultura pode não ser eficaz em todos os organismos de uma espécie-alvo, dentro
de uma área definida. Quando isso ocorre, as futuras gerações dos organismos sobreviventes
são propensas a compartilhar as características genéticas que os protegem dos efeitos dos
produtos. Isto é conhecido como resistência. A exposição prolongada e repetida a substâncias
ativas com um modo de ação idêntico pode facilitar a ocorrência de resistências. A resistência

MÓDULO I
a um produto fitofarmacêutico pode ser impedida ou retardada através do uso de uma matriz
de produtos (estratégia de gestão de resistências) que exploram uma variedade de substâncias
ativas e modos de ação.

A agrobiodiversidade é a biodiversidade agrícola ou recursos genéticos para a alimentação


e agricultura:

• Variedades de plantas, raças de animais e espécies selvagens usadas diretamente na

MÓDULO II
alimentação; importa ressalvar que a variabilidade dentro das espécies é tão importante
como a adoção de sistemas policulturais;

• Espécies não agrícolas que apoiam a produção alimentar (ex. microrganismos terrestres,
abelhas, borboletas, minhocas, pulgões, etc.) e os ecossistemas agrícolas (agrícolas,
pastorais, florestais e aquáticos), assim como a sua diversidade.

O conhecimento tradicional e local são fundamentais para manter muita biodiversidade

MÓDULO III
que não sobreviveriam sem a mão do Homem, por outro lado, a inclusão de espécies e raças
oriundas de outras latitudes põe em causa a autonomia dos próprios sistemas agrícolas e dos
agricultores.

A biodiversidade dos organismos auxiliares

Portanto, a biodiversidade dos ecossistemas agrícolas inclui tanto os organismos que

MÓDULO IV
representam uma ameaça para a fitossanidade, mas também os organismos que auxiliam a
produção agrícola, as espécies que diminuem ou impedem a produção são conhecidas como
pragas, doenças e infestantes. Interessa assim proteger as culturas e o gado, controlar as
populações de pragas, doenças e infestantes, salvaguardar os auxiliares que vivem nas culturas
ou perto dos seus campos e preservar as plantas e animais selvagens que vivem perto de
áreas agrícolas, nomeadamente através da manutenção em boas condições de infraestruturas
ecológicas próximas das culturas e cuja manutenção não exija alterações significativas de criar
perturbações. Estas servem de nutrição, abrigo e proteção aos auxiliares por exemplo, em
situações meteorológicas ou perante práticas culturais prejudiciais aos auxiliares. MÓDULO V
É necessário aprofundar o conhecimento da exploração agrícola e as interações simbióticas
que se devem proporcionar, evitando que o “auxílio” se transforme num prejuízo para o
agricultor, nomeadamente na utilização de plantas que se tornem infestantes11, devendo ainda
privilegiar-se as plantas autóctones que atinjam os objetivos que pretende o agricultor.
MÓDULO VI

II.5. BOAS PRÁTICAS DE PROTEÇÃO DAS PLANTAS


Como verificamos ao longo do módulo, as práticas para a proteção das plantas variam
desde as práticas culturais mais simples como a rotação de culturas ou a seleção de variedades
mais resistentes, até à utilização de produtos fitofarmacêuticos de acordo com o modo de

11 Plantas consideradas indesejáveis pelo homem nos pontos de vista ecológico e económico (Amaro, 1969;
BIBLIOGRAFIA

Godinho, 1984) https://repositorio.ipbeja.pt/bitstream/20.500.12207/748/1/Jos%C3%A9_carvalho_mestrado.pdf

171
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas

ÍNDICE
produção adotado na exploração agrícola, passando por uma panóplia de alternativas que
visam o controlo ou mitigação do problema fitossanitário com o mais baixo impacto ecológico
e ambiental possível.

Nos rendimentos, é atingido o ponto ótimo quando se faz uma gestão e uso eficiente dos

MÓDULO I
recursos naturais, sempre na ótica e intuito de conduzir a exploração agrícola a uma ideal
rentabilidade económica em paralelo com a sustentabilidade ambiental.

O recurso a produtos fitofarmacêuticos, de forma segura e profissional, faz parte de uma


metodologia para evitar perdas produtivas significativas e garantir um bom rendimento agrícola,
e por isso deve ser pesado o custo financeiro. Quando o agricultor adota esta solução, a luta
química contra infestantes (herbicidas), pragas (inseticidas) ou doenças (fungicidas), deve ter

MÓDULO II
em conta, antes da instalação da cultura, sementeira ou plantação e na produção o seguinte:

• Conservação e melhoria do estado de fertilidade do solo;

• Acesso e disponibilidade de água, sistema de rega;

• A seleção do produto fitofarmacêutico homologado12 e mais adequado à situação -


substância ativa, organismo visado, modo de aplicação, variáveis ambientais;

MÓDULO III
• Cumprimento das instruções fornecidas para a sua utilização segura13.

MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI

12 Regulamento (CE) n º 1107/2009 - autorização dos produtos, divide a União Europeia em três zonas geográficas
(Norte, Centro e Sul). A autorização de um produto por um Estado-membro, dentro de uma zona, permite que os
outros Estados-membro dentro da mesma zona possam obter uma autorização mais rápida do mesmo produto,
evitando a necessidade de uma reavaliação para as mesmas condições de uso.
13 Regulamento (CE) nº 1107/2009 é uma legislação robusta que assegura que o desenvolvimento e a utilização
dos PF se realizam de acordo com os rigorosos padrões de salvaguarda da saúde humana e preservação
BIBLIOGRAFIA

ambiental.

172
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO III
PROTEÇÃO INTEGRADA (PI) E PRODUÇÃO
INTEGRADA (PRODI)

MÓDULO II
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................175

III.1. CONCEITOS DE PROTEÇÃO E DE PRODUÇÃO INTEGRADA.....................................................................................175

MÓDULO III
III.1.1. DEFINIÇÃO ..........................................................................................................................................................175

III.1.2. OBJETIVOS DA PROTEÇÃO INTEGRADA...........................................................................................................176

III.1.3. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO INTEGRADA...........................................................................................................177

III.1.4. PRINCÍPIOS DA PRODUÇÃO INTEGRADA .........................................................................................................180

III.1.4.1 EXERCÍCIO DA PRODUÇÃO INTEGRADA .................................................................................................180

MÓDULO IV
III.2. AVALIAR A NECESSIDADE DE INTERVIR.......................................................................................................................183

III.2.1. TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM ............................................................................................................................183

III.2.1.1. TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM DIRETAS....................................................................................................184

III.2.1.1.1. OBSERVAÇÃO VISUAL......................................................................................................................184

III.2.1.2 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM INDIRETAS.................................................................................................185

III.2.1.2.1. TÉCNICA DAS PANCADAS...............................................................................................................185

III.2.1.2.2. ARMADILHAS....................................................................................................................................185
MÓDULO V
III.2.1.2.3. CINTAS – ARMADILHA......................................................................................................................188

III.2.1.2.4. ASPIRADOR.......................................................................................................................................189

III.2.1.2.5. MODELOS MATEMÁTICOS DE PREVISÃO.......................................................................................190

III.3. TOMADA DE DECISÃO E SELEÇÃO DOS MEIOS DE CONTROLO..............................................................................190


MÓDULO VI

III.4. MEIOS DE LUTA DISPONÍVEIS.......................................................................................................................................191

III.4.1. MEDIDAS INDIRETAS............................................................................................................................................192

III.4.2. MEDIDAS DIRETAS................................................................................................................................................203

III.5. TÉCNICAS DE PRODI.....................................................................................................................................................207


BIBLIOGRAFIA

III.5.1. COMPONENTE VEGETAL.....................................................................................................................................207

173
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
III.5.2. COMPONENTE ANIMAL......................................................................................................................................219

III.6. REGISTOS NO CADERNO DE CAMPO .........................................................................................................................229

III.7. CONTROLO, CERTIFICAÇÃO E ROTULAGEM..............................................................................................................229

MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

174
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO III
PROTEÇÃO INTEGRADA (PI) E PRODUÇÃO
INTEGRADA (PRODI)

MÓDULO II
INTRODUÇÃO
A agricultura é uma atividade económica que apresenta uma forte componente de interação

MÓDULO III
com o ambiente, utilizando um vasto conjunto de recursos naturais que importa preservar. Ao
longo dos últimos anos, os sistemas de produção agrícola diversificaram-se, em resposta a
alterações sociais e económicas.

Com consumidores cada vez mais exigentes e conscientes, cresceu a procura por produtos
com maior qualidade nutricional, menor impacto ambiental e impacto socioeconómico
positivo. Deste modo, as preocupações que, atualmente, a sociedade manifesta relativamente

MÓDULO IV
aos recursos naturais e ambiente, por um lado, e, por outro, às exigências ao nível da qualidade
e segurança alimentar têm impulsionado a adoção de modos de produção mais sustentáveis.
Neste sentido, o presente módulo aborda o modo de produção dito convencional que assenta no
cumprimento dos princípios da Proteção Integrada (PI) e nos modos de produção sustentáveis
praticados em Portugal, nomeadamente o Modo de Produção Integrada (MPRODI), através
da aplicação dos respetivos princípios gerais, das orientações específicas para as diferentes
culturas, da sensibilização dos agricultores, da implementação das boas práticas na utilização
racional dos fatores de produção, destacando-se a utilização dos produtos fitofarmacêuticos
e dos meios de luta disponíveis para controlar os inimigos das culturas. MÓDULO V

III.1. CONCEITOS DE PROTEÇÃO E DE PRODUÇÃO INTEGRADA


MÓDULO VI

III.1.1. DEFINIÇÃO
O Artigo 3º da Lei n.º 26/2013 de 11 de abril, refere que a proteção integrada consiste na
avaliação ponderada de todos os métodos disponíveis de proteção das culturas e a integração
de medidas adequadas para diminuir o desenvolvimento de populações de organismos
nocivos e manter a utilização dos produtos fitofarmacêuticos e outras formas de intervenção
a níveis económica e ecologicamente justificáveis, reduzindo ou minimizando os riscos para a
BIBLIOGRAFIA

175
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
saúde humana e o ambiente. A proteção integrada privilegia o desenvolvimento de culturas
saudáveis com a menor perturbação possível dos ecossistemas agrícolas e agroflorestais e
incentivando mecanismos naturais de luta contra os inimigos das culturas. Tem por base a
estimativa do risco, o nível económico de ataque (NEA), a seleção dos meios de luta e a
tomada de decisão. As definições destes conceitos encontram-se descritas no Decreto-Lei n.º

MÓDULO I
256/2009 de 24 de setembro, Artigos 2º e 6º, respetivamente. Consistem em:

Estimativa do Risco

Avaliação quantitativa de inimigos das culturas e análise da influência


de certos fatores nos prejuízos que possam causar.

MÓDULO II
Nível Económico de Ataque (NEA)

Intensidade de ataque de um inimigo da cultura a que se devem


aplicar medidas limitativas ou de combate para impedir que a cultura
corra o risco de prejuízos superiores ao custo das medidas de luta
a adoptar, acrescidos dos efeitos indesejáveis que estas últimas
possam provocar.

MÓDULO III
Tomada de Decisão

Baseia-se na análise global da estimativa do risco, na referência ao


NEA e na seleção dos meios de proteção, de modo a fornecer uma
decisão fundamentada sobre a indispensabilidade de intervenção,
os meios de luta a adoptar, privilegiando a integração dos meios

MÓDULO IV
de luta cultural, genética, biológica e biotécnica e a seleção dos
produtos fitofarmacêuticos, se for o caso.

No Artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 256/2009 de 24 de setembro pode ler-se, que a produção
integrada é um sistema agrícola de produção de produtos agrícolas e géneros alimentícios de
qualidade, baseado em boas práticas agrícolas, com gestão racional dos recursos naturais e
privilegiando a utilização dos mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de
produção, contribuindo, deste modo, para uma agricultura sustentável. Assumem particular MÓDULO V
importância a preservação e melhoria da fertilidade do solo, a biodiversidade e a observação
de critérios éticos e sociais. Assenta numa abordagem holística da exploração, considerando
não só as espécies vegetais, mas também as animais, no ecossistema agrícola como base
para o planeamento e realização das atividades na exploração de forma a evitar impactes
ambientais, o equilíbrio dos ciclos nutritivos e a preservação do bem-estar de todas as espécies
MÓDULO VI

animais domésticas (Aguiar et al., 2005).

III.1.2. OBJETIVOS DA PROTEÇÃO INTEGRADA


A Proteção Integrada tem por base os seguintes objetivos:

• Implementação de medidas visando a limitação natural dos inimigos das culturas com
BIBLIOGRAFIA

vista a prevenir ou evitar o seu desenvolvimento;

176
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
• Redução, ao mínimo, das intervenções fitossanitárias nos ecossistemas agrícolas e agro
-florestais;

• Utilização de todos os meios de luta disponíveis, integrando-os de forma harmoniosa e


privilegiando, sempre que possível, as medidas indiretas;

MÓDULO I
• Recurso aos meios de luta diretos, nomeadamente o uso de produtos fitofarmacêuticos,
quando não haja alternativa;

• Seleção dos produtos fitofarmacêuticos em função da sua eficácia, persistência, custo e


efeitos secundários em relação ao homem, aos auxiliares e ao ambiente.

MÓDULO II
O cumprimento de tais objetivos passa obrigatoriamente pela gestão equilibrada dos
recursos naturais, com a utilização de métodos e princípios que conduzam à proteção racional
das culturas, limitando a utilização de produtos fitofarmacêuticos ao mínimo indispensável e
após esgotadas todas as outras alternativas levando, assim, à redução dos custos de produção,
melhoria das características organoléticas dos produtos produzidos, redução do impacto
negativo associado à atividade e, fundamentalmente, à sustentabilidade dos ecossistemas
agrários.

MÓDULO III
III.1.3. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO INTEGRADA
A aplicação supõe a integração de medidas adequadas para diminuir o desenvolvimento
de populações de organismos nocivos e manter a utilização dos produtos fitofarmacêuticos e
outras formas de intervenção a níveis económica e ecologicamente justificáveis, reduzindo ou
minimizando os riscos para a saúde humana e o ambiente.

MÓDULO IV
Assim sendo, o objetivo não é a eliminação dos inimigos das culturas (pragas, agentes
patogénicos ou infestantes), mas sim o controlo da sua população a níveis que não comprometam
o rendimento económico da cultura (aceitam-se perdas controladas), pela adoção de uma
gestão racional, equilibrada e integrada dos meios de luta disponíveis: genéticos, culturais,
biológicos, biotécnicos e químicos. Para tal, é elementar conhecer a cultura, os organismos
auxiliares, os inimigos e os fatores de nocividade para estimar o risco, o nível económico de
ataque (NEA) e a subsequente seleção dos meios de luta, para a tomada de decisão. Desde MÓDULO V
1 de janeiro de 2014, em Portugal, com a transposição da Diretiva n.º 2009/128/CE, todo
o empresário agrícola/agricultor está obrigado ao cumprimento dos princípios da proteção
integrada no contexto da sua exploração. Nesta estratégia de proteção das plantas, destaca-
se como princípio fundamental, a luta química ser sempre considerada como último recurso.
Os princípios de Proteção Integrada são os seguintes:
MÓDULO VI

I. Aplicar medidas de prevenção e/ou controlo dos inimigos das culturas

Adoção de medidas indiretas de controlo que visem a utilização dos recursos naturais de
forma racional e de práticas culturais com menor impacto nos ecossistemas, como por
exemplo:

• A seleção de variedades resistentes e adaptadas às condições edafo-climáticas


BIBLIOGRAFIA

existentes;

177
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
• Rotação de culturas, sempre que as culturas instaladas o permitam;

• Técnicas da sementeira diferida, datas e densidades das sementeiras;

• Enrelvamento nas entrelinhas;

MÓDULO I
• Técnicas de condução da cultura como a mobilização mínima, podas adequadas;

• Solarização;

• Práticas de fertilização equilibradas;

• Processos adequados de irrigação/drenagem;

MÓDULO II
• Implementação de medidas de higiene e fitossanitárias adequadas, entre outras;

II. Utilizar métodos e instrumentos adequados de monitorização dos inimigos das


culturas

Recorrer a informações emitidas pelo Serviço Nacional de Avisos Agrícolas (SNAA) ou


solicitar assistência técnica reconhecida e/ou ter formação que permita fazer a estimativa
de risco nas várias culturas, para os vários problemas sanitários e usando métodos de

MÓDULO III
deteção e quantificação adequados para fundamentar as estratégias de luta a adotar.

III. Ter em consideração os resultados da monitorização e da estimativa do risco na


tomada de decisão

Se for necessário aplicar medidas de controlo fitossanitário, fazê-lo na altura adequada,


consoante a cultura e estado fenológico, aplicar os respetivos NEA (definido por cultura/

MÓDULO IV
inimigo), ponderar os fatores de nocividade e decidir da necessidade de aplicação de meios
de luta e da utilização de medidas Fitossanitárias. Em https://www.dgadr.gov.pt/sustentavel/
producao-integrada/normas-de-prodi podem ser consultadas as normas relativas a um vasto
conjunto de culturas e onde se encontram referenciados os NEA dos principais inimigos dessas
culturas.

IV. Dar preferência aos meios de luta não químicos

Privilegiar os meios de luta genética, cultural, biológica, biotécnica ou física. Entender MÓDULO V
que a monitorização pode conduzir a uma decisão de não intervenção, no entanto, a ser
necessário proceder ao controlo fitossanitário, desenhar uma estratégia onde, de acordo
com as condições do local por exemplo, as sachas deverão ser privilegiadas em detrimento
dos herbicidas ou as largadas de auxiliares preferidas em vez da aplicação de inseticidas.

V. Aplicar os produtos fitofarmacêuticos mais seletivos tendo em conta o alvo


MÓDULO VI

biológico em vista e com o mínimo de efeitos secundários para a saúde humana, os


organismos não visados e o ambiente

Na adoção de meios de luta químicos, o agricultor deve consultar a informação


disponibilizada pela entidade competente (DGAV), nomeadamente a lista atualizada de
produtos fitofarmacêuticos homologados em Portugal, da cultura ou grupos de culturas
em causa e selecionar os produtos com menor classificação toxicológica para o ambiente
BIBLIOGRAFIA

e para o Homem.

178
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
A DGAV disponibiliza o Sistema de Gestão das Autorizações de Produtos Fitofarmacêuticos
(SIFITO), no qual é possível consultar informação referente aos Produtos Fitofarmacêuticos,
as autorizações de venda em vigor e as canceladas, assim como as condições de utilização.

https://www.dgav.pt/medicamentos/conteudo/produtos-fitofarmaceuticos/divulgacao/

MÓDULO I
VI. Reduzir a utilização dos produtos fitofarmacêuticos e outras formas de intervenção
ao mínimo necessário

Evitar formas de intervenção desnecessárias, nomeadamente tratamentos fitossanitários


e limitar o uso de produtos fitofarmacêuticos (ex.: uso da dose mínima eficaz, com a
frequência de aplicação recomendada e com aplicações parciais ou seja, podendo não

MÓDULO II
se efetuar em toda a parcela mas sim em parte ou, ainda, aplicações localizadas em focos
bem identificados do inimigo em causa, sempre que possível). A realização de tratamentos
contra os inimigos das culturas, em particular, os agentes patogénicos, deve ter por base
os métodos de previsão ou os modelos de desenvolvimento dos inimigos das culturas,
preconizados pelo SNAA.

VII. Recorrer a estratégias anti-resistência para manter a eficácia dos produtos,

MÓDULO III
quando o risco de resistência do produto for conhecido

Adotar práticas que não aumentem a dependência dos produtos, das quais se destacam
as rotações culturais, a criação de zonas de refúgio, a utilização de material de aplicação
calibrado e inspecionado e o respeito pelas restrições impostas no rótulo (número de
tratamentos com a mesma substância ativa ou com substâncias ativas da mesma família).

MÓDULO IV
VIII. Verificar o êxito das medidas fitossanitárias aplicadas, com base nos registos
efetuados no caderno de campo

Analisar as medidas fitossanitárias adotadas e retirar conclusões/aprendizagens para os


anos seguintes. Para isso, faz-se o registo obrigatório no caderno de campo de todas
as operações efetuadas em cada parcela agrícola homogénea. Do caderno de campo
constam:

• Caracterização das parcelas agrícolas, dos estados fenológicos e das práticas culturais;
MÓDULO V

• Estimativa do risco;

• Levantamento dos organismos auxiliares: aliados no combate aos inimigos das culturas;

• Meios de luta utilizados;


MÓDULO VI

• Tratamentos fitossanitários (ex. data, produto comercial/substância ativa, doses e


volumes de calda aplicados).

A DGADR elaborou minutas-tipo de cadernos de campo para a produção integrada de


acordo com o Decreto-Lei nº 256/2009, de 24 de setembro, segundo os princípios estabelecidos
para cada prática e compromissos dos agricultores disponibilizando-as em https://www.dgadr.
BIBLIOGRAFIA

gov.pt/sustentavel/producao-integrada/cadernos-de-campo

179
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
III.1.4. PRINCÍPIOS DA PRODUÇÃO INTEGRADA
A produção integrada tem por base os seguintes princípios (Decreto-Lei n.º 256/2009, de
24 de setembro):

MÓDULO I
a) Regulação do ecossistema, importância do bem-estar dos animais e preservação dos
recursos naturais;

b) Exploração agrícola no seu conjunto, como a unidade de implementação da produção


integrada;

c) Atualização regular dos conhecimentos dos agricultores sobre produção integrada;

MÓDULO II
d) Manutenção da estabilidade dos ecossistemas agrários;

e) Equilíbrio do ciclo dos nutrientes, reduzindo as perdas ao mínimo;

f) Preservação e melhoria da fertilidade intrínseca do solo;

g) Fomento da biodiversidade;

MÓDULO III
h) Entendimento da qualidade dos produtos agrícolas como tendo por base parâmetros
ecológicos, assim como critérios usuais de qualidade, externos e internos;

i) Proteção das plantas tendo obrigatoriamente por base os objetivos e as orientações da


proteção integrada;

j) Minimização de alguns dos efeitos secundários decorrentes das atividades agrícolas.

MÓDULO IV
A concretização de tais princípios passa obrigatoriamente pela gestão equilibrada dos
recursos naturais, com a utilização de tecnologias que reduzam a utilização de produtos
fitofarmacêuticos e que considerem a reciclagem dos elementos nutritivos, diminuindo, deste
modo, a utilização de fertilizantes e conduzindo, assim, a uma redução dos custos de produção.
Trata-se de um modelo que implica uma adequada planificação e um entendimento de longo
prazo por parte do agricultor.

MÓDULO V
III.1.4.1 EXERCÍCIO DA PRODUÇÃO INTEGRADA

1 - O exercício da produção integrada inicia-se com a elaboração de um plano de


exploração1, que descreve o sistema agrícola e a estratégia de produção, de forma a
permitir a execução de decisões fundamentadas e assentes nos princípios da produção
integrada.
MÓDULO VI

2 - O plano de exploração deve encontrar-se na posse do agricultor, do qual devem constar

1 Plano de exploração, é a definição de todos os aspetos relacionados com a(s) cultura(s) ou sistema(s)
cultural(ais) de uma exploração agrária, como escolha do local, rotação das culturas, escolha das cultivares,
qualidade da semente e do material de propagação vegetativa, escolha das técnicas e épocas de preparação do
solo e de plantação ou sementeira, condução da cultura (fertilização, mobilizações, operações em verde), tomada
de decisão em proteção das plantas, biodiversidade, bem estar animal, segurança alimentar e traceabilidade.
BIBLIOGRAFIA

(Aguiar et al., 2005)

180
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
os elementos referentes ao sistema agrícola e à estratégia de produção, designadamente:

a) O diagnóstico do sistema de produção;

b) A escolha fundamentada de práticas de preservação dos recursos naturais,


nomeadamente do solo, da água e da biodiversidade;

MÓDULO I
c) A indicação de espécies e raças animais;

d) A escolha de culturas e cultivares;

e) A decisão da qualidade do material de propagação;

f) A eleição do local e rotação das culturas;

MÓDULO II
g) A seleção das técnicas culturais;

h) A estratégia de fertilização;

i) A estratégia de proteção das plantas e de rega;

j) A salvaguarda do bem-estar animal;

k) O maneio e alimentação animal;

MÓDULO III
l) A profilaxia e saúde animal;

m) A gestão de efluentes de origem animal.

3 - No que respeita à componente vegetal são aplicadas técnicas culturais que estabeleçam
um adequado equilíbrio entre a localização da cultura, a variedade ou cultivar e o sistema
cultural, de modo que seja possível obter-se uma produção equilibrada em termos de

MÓDULO IV
qualidade e quantidade, devendo obedecer aos seguintes critérios:

a) O material destinado à plantação ou sementeira deve ser certificado de acordo


com as normas oficiais em vigor, garantindo, nomeadamente, a sua homogeneidade e
estado sanitário;

b) A densidade de plantação ou sementeira deve ser adequada às características


edafo-climáticas da região;

c) As culturas permanentes devem ser podadas de modo a obter-se um MÓDULO V


desenvolvimento uniforme e equilibrado, assegurando uma boa utilização do espaço,
que permita produções regulares, maximizando a utilização da radiação solar e
simplificação das operações culturais.

4 - A estratégia de fertilização e rega deve ser orientada para a nutrição adequada


das culturas, corrigindo eventuais carências e evitando excessos minerais, de forma a
MÓDULO VI

proporcionar produções de elevada qualidade e a preservação do ambiente, devendo ter


em conta, nomeadamente:

a) A satisfação das necessidades nutritivas das culturas para níveis de produção


previsíveis em função do potencial genético da cultura, da fertilidade do solo e da
possibilidade de assegurar a correta execução das restantes operações culturais;

b) A capacidade do solo para disponibilizar à cultura os diversos nutrientes de que ela


BIBLIOGRAFIA

necessita;

181
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
c) As características do solo e as condições meteorológicas prevalecentes, de forma
a obter a sua melhor eficácia e a reduzir os riscos de perdas em prejuízo do ambiente,
as quais influirão na escolha:

1. Dos tipos de fertilizantes, das épocas e técnicas da sua aplicação;

MÓDULO I
2. Das técnicas de regadio e das dotações de rega;

d) Deve estabelecer-se, para a exploração agrícola, um plano de fertilização e um


plano de rega, por parcela homogénea e cultura, no caso das culturas perenes, ou por
rotação, no caso das culturas anuais, no qual são definidos de forma objetiva os tipos,
as quantidades, as épocas e as técnicas de aplicação dos fertilizantes e água, os quais
devem ser revistos periodicamente em função das análises de solo e de água e, sempre

MÓDULO II
que necessário e conveniente, da análise da planta;

e) Os fertilizantes a aplicar devem obedecer às normas legais vigentes, devendo,


em especial, ser isentos ou possuir teores muito baixos de metais pesados ou de
outras substâncias perigosas para o ambiente, e ser apenas usados fertilizantes com
micronutrientes quando a sua necessidade for tecnicamente reconhecida.

5 - A proteção fitossanitária das culturas em produção integrada rege-se pelos princípios

MÓDULO III
da proteção integrada.

6 - Para a prática da produção integrada na componente animal é necessária a aplicação


de técnicas que estabelecem um adequado equilíbrio e salvaguarda do bem-estar animal,
de modo que seja possível obter-se uma produção sustentável em termos de qualidade
e quantidade, devendo ter em conta, nomeadamente, o maneio e alimentação animal, a
profilaxia e saúde animal e a gestão de efluentes de origem animal.

MÓDULO IV
7 - Em cada exploração agrícola em produção integrada deve proceder-se ao registo, no
caderno de campo, devidamente datado, das informações relativas às práticas agrícolas
adotadas, nomeadamente tratamentos fitossanitários, fertilizações e outras operações
culturais, de forma a estimular a qualidade da produção através da autorregulação face ao
plano de exploração (Figura 1).

8 - Sempre que as explorações agrícolas detenham animais, devem dispor do registo de


medicamentos e medicamentos veterinários.

MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 1 - Representa de forma resumida o Plano de Exploração | Fonte: Aguiar et al., 2005 (Adaptado)

182
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
III.2. AVALIAR A NECESSIDADE DE INTERVIR
A proteção fitossanitária das culturas em PRODI rege-se pelos princípios da PI. Assim, de
acordo com a DGADR (2021) para a prática da proteção integrada é essencial possuir um bom
conhecimento da cultura, dos seus inimigos e da intensidade do seu ataque, dos diversos

MÓDULO I
fatores que contribuem para a sua nocividade, tais como fatores bióticos, abióticos, culturais e
económicos, para que seja efetuada, adequadamente, a estimativa do risco permitindo, desta
forma, avaliar e selecionar os meios de proteção mais adequados. A chave no combate aos
inimigos das culturas, segundo os princípios da proteção integrada, centra-se nas observações
regulares uma vez que irão permitir determinar a necessidade de intervenção.

Os agricultores devem acompanhar o ciclo biológico dos inimigos das culturas, através de
uma avaliação do risco periódica, com o recurso a metodologias adequadas de diagnóstico,

MÓDULO II
monitorização e quantificação das populações dos inimigos das culturas. Estes conhecimentos
sobre os períodos de risco, são essenciais para se efetuar uma correta estimativa do risco.

A estimativa de risco passa por identificar o inimigo, a intensidade do ataque e os fatores


de nocividade, nomeadamente o estado fenológico e respetiva sensibilidade da cultura, bem
como as condições meteorológicas mais favoráveis ao seu desenvolvimento.

A determinação da intensidade do ataque é feita por amostragem através de metodologias

MÓDULO III
e técnicas desenvolvidas pela investigação e pelos serviços agrícolas públicos, rigorosas, mas
de fácil execução, interpretação e custo acessível. Uma das técnicas a utilizar é a da observação
visual, onde importa saber o tipo (ramo, folha, fruto) e número de órgãos a observar bem
como a época de observação.

A título de exemplo, em culturas arbóreas, o delineamento de amostragem utilizado na


determinação da intensidade do ataque é normalmente do tipo bi-etápico, no qual a unidade
de amostragem primária é a árvore e a unidade secundária é um órgão dessa árvore (ramo,

MÓDULO IV
folha, cacho floral, fruto ou outro) onde o inimigo da cultura ou os sintomas resultantes da sua
atividade podem ser observados.

III.2.1. TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM


A proteção integrada exige o mais completo conhecimento das culturas e dos seus
inimigos chave. A avaliação da dimensão de uma praga pode ser feita com recurso a técnicas
de amostragem de simples execução e de fácil interpretação adotadas na estimativa do risco,
podendo ser diretas ou indiretas. Na Tabela 1 assinalam-se diferentes técnicas de amostragem:
MÓDULO V
Exemplo de Aplicação
Técnica Descrição
Cultura Praga
mosquinha
Observação de um número de unidades que branca
constituem a amostra. Devem ser representativas tomate
MÓDULO VI

ácaros
da parcela ou unidade cultural homogénea. afídeos
As observações de campo podem ser
complementadas
Diretas

Observação cigarrinha verde


no laboratório. Método mais usual, não requer traça (ovos e
visual vinha
equipamento sofisticado. Muito laborioso. lagartas
Requer identificação de: i) tipo de órgãos a ácaros
observar, ii) n.º órgãos a observar, iii) época de
observação. Método muito usado para a deteção ácaros
de auxiliares. macieira
bichado
BIBLIOGRAFIA

183
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Exemplo de Aplicação
Técnica Descrição
Cultura Praga

Realização de batidas com bastão em ramos pragas de difícil


Técnicas das selecionados e recolha do material para dentro de um Principalmente deteção por

MÓDULO I
pancadas frasco colocado na extremidade de um saco. Método fruteiras observação
muito usado para a deteção de auxiliares. visual
interceção

Dispositivos que capturam insetos acidentalmente.


hortícolas
Pouco seletivas.
Armadilha

bichado
Indiretas

Dispositivos que capturam insetos baseados fruteiras mosquinha


Atrativa

MÓDULO II
na resposta a estímulos de luz, cor, alimento ou hortícolas branca
acasalamento. Carácter seletivo. vinha traça
cigarrinha verde

Dispositivo que recolhe, por sucção, artrópodes


Aspirador fruteiras afídeos
existentes na proximidade. Não seletivo.

Dispositivo em cartão canelado ou outros materiais,


Cinta- colocados nos troncos das árvores ou colos de plantas, fruteiras bichado mosca

MÓDULO III
armadilha para capturar larvas que se deslocam, normalmente em hortícolas da couve
busca de refúgio para hibernar.

Tabela 1 - Técnicas de amostragem (pragas e auxiliares) diretas e indiretas | Fonte: Aguiar et al., 2005 (Adaptado)

III.2.1.1. TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM DIRETAS

III.2.1.1.1. OBSERVAÇÃO VISUAL

MÓDULO IV
Consiste na quantificação periódica de pragas e doenças ou dos seus estragos e/ou
prejuízos, bem como dos auxiliares ativos na cultura, através da observação de um certo
número de órgãos representativos das culturas nas parcelas consideradas. Este método é
realizado diretamente na parcela e nas culturas, contudo, para complementar a observação
visual pode proceder-se à colheita de um dado número de amostras de material vegetal a
examinar no laboratório.

MÓDULO V
A periodicidade, o tipo e o número de órgãos a observar variam com a cultura, com o
inimigo, com a época de observação e com a existência de risco.

Para o efeito deve percorrer-se a parcela em zig-zag entre duas linhas selecionadas na
cultura observando alternadamente de um lado e do outro da linha (Figura 2), perfazendo o
total de unidades de amostragem estipuladas na metodologia de estimativa do risco para a
cultura, através da sua observação ao acaso, de modo a percorrer a totalidade da parcela.
MÓDULO VI

Figura 2 - Esquema em zig-


BIBLIOGRAFIA

zag a adotar na observação


visual | Fonte: Cavaco, 2006a

184
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Para as pragas, de acordo com a cultura, regista-se o número total de indivíduos observados
por ramo/inflorescência/rebento/folha/fruto ou, calcula-se a percentagem de órgãos
ocupados/atacados no número de árvores observadas.

Relativamente às doenças, nos períodos de risco, deve determinar-se periodicamente a

MÓDULO I
intensidade de ataque num percurso ao longo da parcela, de acordo com o esquema referido
na Figura 1, através da avaliação da presença de sintomas, adotando a seguinte escala:

0. Ausência;

1. Até 10% do órgão atacado (ramo, folha, fruto);

2. 10 – 25% do órgão atacado (ramo, folha, fruto);

MÓDULO II
3. > 25% do órgão atacado (ramo, folha, fruto).

Concluída a observação ao nível da parcela, determina-se a incidência da doença ao nível


da cultura, adotando a seguinte escala:

0. Ausência,

MÓDULO III
1. Focos ou plantas isoladas (presença incipiente);

2. 25 – 50% da superfície da parcela atacada (ataque médio);

3. > 50% da superfície da parcela atacada (ataque intenso).

III.2.1.2 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM INDIRETAS

MÓDULO IV
Nas técnicas de amostragem indiretas, efetua-se a captura de fitófagos e auxiliares
entomófagos através de dispositivos apropriados (armadilhas de interceção e atração) e
procede-se, depois, à sua identificação e quantificação.

III.2.1.2.1. TÉCNICA DAS PANCADAS

MÓDULO V
Com a técnica das pancadas, procede-se à captura de pragas e fauna auxiliar, difíceis de
observar de outro modo. Esta técnica baseia-se no princípio da captura de “surpresa” no seu
meio natural, de pragas e fauna auxiliar, através de batidas com bastão em ramos selecionados
e recolha de material para dentro de um frasco colocado na extremidade de um saco. Para
uma parcela até 4 ha esta técnica deve ser efetuada em 50 árvores/cepas, dando três pancadas
(rápidas e seguidas) em dois ramos de cada árvore. Para uma parcela de dimensão superior é
necessário aumentar o número de árvores. O registo é efetuado em fichas elaboradas para o
MÓDULO VI

efeito. Esta técnica é utilizada preferencialmente em fruteiras.

III.2.1.2.2. ARMADILHAS

As armadilhas de monitorização são utilizadas, essencialmente, para fornecer informação


sobre a época de aparecimento e provável atividade de certas pragas e/ou auxiliares. São
um instrumento útil para determinar o início de ciclo e o pico do voo das pragas, fornecendo
BIBLIOGRAFIA

informação sobre o modo mais correto de posicionar as estratégias de controlo fitossanitário.

185
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
A estimativa do risco não deve ser feita apenas com base nas contagens dos indivíduos
capturados nas armadilhas, dado que nem sempre se verifica uma relação direta entre as
capturas e os estragos provocados pelas pragas.

Neste sentido, para alguns inimigos, como por exemplo a traça da oliveira, o modo mais

MÓDULO I
correto de efetuar a estimativa do risco é através da observação visual de órgãos atacados
(folhas/inflorescências/frutos) e conjugar esta informação com a obtida a partir das capturas
nas armadilhas sexuais.

A estimativa de risco correta é feita pela observação de órgãos nas árvores e pelas contagens
nas armadilhas. Entre as armadilhas/dispositivos que capturem insetos, podem ser utilizadas
armadilhas com base na resposta a estímulos de luz, cor, sexuais e de alimento que a seguir
se descrevem:

MÓDULO II
• Armadilha sexual individualizada, tipo delta (Figura 3) com base de cola e um difusor de
feromona específico para a espécie que se pretende monitorizar.

MÓDULO III
Figura 3 - Armadilha sexual tipo delta
Fonte: https://core.ac.uk/download/pdf/15439752.pdf

MÓDULO IV
Estas armadilhas, segundo Cavaco, 2012, podem ser utilizadas para captura de alguns
insetos tais como: anársia (A. lineatella); bichado da fruta (C. frunebana); traça oriental (G.
molesta); mosca do mediterrâneo, substituindo a feromona pela paraferomona de atração
de machos trimedlure, à semelhança do que se faz com outras culturas, nomeadamente os
citrinos.

• Armadilha tipo funil verde (Figura 4), ou bicolor (amarelo/branco), onde é colocada uma
pastilha inseticida.
MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 4 - Armadilha funil verde | Fonte: https://


www.dgav.pt/wp-content/uploads/2021/01/
BIBLIOGRAFIA

MANUAL-DE-PROT-FITOS-P-PROT-INTEGR-E-
AGRIC-BIOLOG-DO-OLIVAL.pdf

186
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Estas armadilhas são instaladas por cada 3 a 4 ha, na zona média da copa da árvore. As
observações semanais incidem sobre a contagem do número de indivíduos capturados,
em cada armadilha. O difusor com a feromona, assim como, a pastilha inseticida devem ser
substituídos de acordo com a periodicidade indicada na embalagem que, em regra, é de
cinco a seis semanas.

MÓDULO I
• Armadilha cromotrópica (amarela) com cola de ambos os lados (Figura 5). Esta armadilha
tem em consideração a resposta dos artrópodes aos estímulos visuais (tropismo visual), à
qual se pode juntar uma cápsula de feromona sexual para atrair os machos, funcionando
neste caso por dois tipos de tropismo (visual e sexual). Na cultura da oliveira pode ser
utilizada para monitorizar populações de mosca da azeitona e de auxiliares. É colocada
a partir da formação do fruto e deve ser substituída semanalmente. Na cultura das
prunóideas, a utilização desta armadilha, tem como objetivo monitorizar adultos da

MÓDULO II
mosca da cereja (R. cerasi), mosca do mediterrâneo e auxiliares.

Existem armadilhas cromotrópicas de outras cores, nomeadamente a azul, comumente


utilizadas para captura/identificação de trips – Frankliniella occidentalis.

MÓDULO III
Figura 5 - Armadilha cromotrópica

MÓDULO IV
amarela | Fonte: http://geo.drapn.
min-agricultura.pt/agri/archivos/
folletos/1285324880_MA.pdf

• Armadilhas alimentares, garrafas mosqueiras (Figura 6) ou Tephri, podem ser


consideradas armadilhas alimentar, sexual e cromotrópica, para monitorizar machos
e fêmeas de dípteros. Nestas armadilhas pode ser colocado atrativo alimentar
(proteína hidrolisada) e/ou atrativo sexual para machos (trimedlure). Esta armadilha
deve ser colocada a partir da formação do fruto (final da primavera, início do verão),
preferencialmente uma armadilha no interior da parcela e outra na bordadura, mais
precisamente na zona média da copa da árvore. Semanalmente deverão ser efetuadas MÓDULO V
observações e registado, em ficha própria, indicando o número de fêmeas e machos
capturados, bem como a substituição do líquido com proteína hidrolisada.
MÓDULO VI

Figura 6 - Armadilha alimentar tipo


BIBLIOGRAFIA

garrafa mosqueira para captura de


dípteros | Fonte: Félix e Cavaco, 2008

187
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
• A armadilha tipo Tephri (Figura 7), tem forma cilíndrica, cor amarela e no seu interior
são colocados três difusores distintos, cada um contendo um dos seguintes atrativos:
acetato de amónio (FFA), putrescina (FFP) e trimetilamina (FFT), aos quais se junta
um inseticida com ação fumigante (DDVP (vapona)). Esta armadilha apresenta como
vantagem uma maior captura de fêmeas de C. capitata (60% fêmeas). Acresce, ainda,

MÓDULO I
o fato de que neste tipo de armadilha as moscas morrem rapidamente e ficam secas,
o que permite um melhor manuseamento aquando da contabilização dos indivíduos
capturados.

MÓDULO II
Figura 7 - Armadilha tipo Tephri para
captura de mosca do mediterrâneo

MÓDULO III
| Fonte: http://proteccaointegrada.
biosani.com/default ProductViewOne.
asp?categoryID=309&productID
=500&productcategoryID=316

• Armadilha de Moerick, esta armadilha é utilizada para monitorizar os afídeos. É colocada


preferencialmente no interior da parcela. Semanalmente, os indivíduos capturados, são
observados, identificados e registados, sendo possível não só identificar as espécies
capturadas como, também, determinar o início e o pico do voo dos mesmos (Figura 8).

MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 8- Armadilha Moerick


Fonte: https://www.drapc.gov.pt/base/documentos/
manual_snna_arroz.pdf

III.2.1.2.3. CINTAS – ARMADILHA


MÓDULO VI

Cintas-armadilha, são dispositivos de cartão canelado ou outros materiais colocados no


tronco das árvores (Figura 9) ou colo das plantas com o objetivo de capturarem as larvas
das pragas e, por vezes dos auxiliares, que se deslocam, normalmente em busca de refúgio
para hibernar. Estas cintas, dependendo da região devem ser colocadas entre junho e agosto
retirando-se em outubro. Com esta armadilha é possível determinar o número de larvas
hibernantes, permitindo a ponderação sobre a importância do ataque das pragas na primavera
BIBLIOGRAFIA

seguinte. Esta técnica é muito utilizada em fruteiras e hortícolas.

188
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 9 - Cinta-armadilha em cartão canelado
Fonte: Cavaco e Pinto, 2006b

• Cinta adesiva de dupla face, armadilha para captura das primeiras ninfas móveis da
cochonilha de São José (Figura 10 a e b). Antes do início das eclosões colocam-se
cintas com cola branca, dos dois lados, em volta dos ramos atacados, com o objetivo
de detetar o início e pico das eclosões das ninfas.

MÓDULO III
A B

MÓDULO IV
Figura 10 - a) Cinta adesiva de dupla face; b) Sintomas de Cochonilha de S. José
Fonte: Cavaco e Pinto, 2006b; https://revistajardins.pt/combata-cochonilha-s-jose/

III.2.1.2.4. ASPIRADOR

É um processo, não seletivo, de fácil manuseamento, que funciona por sucção (aspiração)
de inúmeros insetos, nomeadamente, antocorídeos, coccinelídeos, crisopídeos, mirídeos,
nabídeos, tisanópteros, himenópteros e aranhas, existentes nas várias partes das árvores ou
plantas (Figura 11). A seleção da técnica depende do tipo de praga/auxiliar e do seu estado MÓDULO V
de desenvolvimento. Esta técnica pode ser utilizada nas culturas do milho, sorgo, fruteiras
entre outros. Este método poderá, ainda, revelar a abundância de grupos, que a observação
visual não permite detetar. Os artrópodes capturados por este método devem ser mortos,
introduzindo-se um algodão embebido em éter acético, dentro da câmara do aspirador e
levados para laboratório, de modo a proceder à sua separação, identificação e quantificação.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 11 - Aspirador manual motorizado para captura de


artrópodes | Fonte: Gomes et al, 2010

189
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
III.2.1.2.5. MODELOS MATEMÁTICOS DE PREVISÃO

É possível estabelecer uma relação quantificável entre alguns fatores climáticos e o risco
de ataque de alguns inimigos das culturas, desenvolvendo-se modelos de simulação que
consistem em fórmulas matemáticas com variáveis ajustáveis, possíveis de se aplicar às várias

MÓDULO I
regiões onde o binómio inimigo/cultura são fundamentais, quer pela importância do inimigo,
quer pela importância da cultura.

Trata-se de estimativas matemáticas que pretendem prever quando e como se desenvolvem


os inimigos das culturas e os principais fatores bioclimáticos que afetam o seu desenvolvimento.
A partir do conhecimento da biologia dos inimigos das culturas, conseguimos saber quais os
fatores climáticos que têm um papel fundamental sobre as várias fases do ciclo biológico

MÓDULO II
dos mesmos, nomeadamente a ação da precipitação, temperatura e humidade relativa e,
particularmente em alguns fungos, o tempo em que a folha se encontra com água visível.
No que concerne à cultura devem ser conhecidos os estados fenológicos mais suscetíveis às
doenças ou pragas, e, portanto, é fundamental acompanhar a sua fenologia.

Parece oportuno destacar que o agricultor, independentemente da especificidade, dimensão


ou valor económico da sua cultura, pode e deve servir-se das informações prestadas pelo SNAA

MÓDULO III
cuja informação prestada tem na sua génese estas e outras técnicas de diagnóstico e previsão
e que ajudam o agricultor à tomada de decisão consciente e devidamente fundamentada.

III.3. TOMADA DE DECISÃO E SELEÇÃO DOS MEIOS DE


CONTROLO

MÓDULO IV
Depois de efetuada a estimativa do risco e tendo em consideração o NEA deve-se,
previamente à tomada de decisão e seleção dos meios de controlo, ponderar a necessidade de
adotar medidas diretas (para reduzir a nocividade do inimigo), avaliar os fatores de nocividade
que podem influenciar positivamente ou negativamente o comportamento de um dado inimigo
da cultura. É desejável estabelecer os períodos de risco, durante o ciclo cultural, para cada
inimigo da cultura, de modo a reduzir o número de vezes que é necessário realizar a estimativa
do risco. É importante a ponderação dos fatores de nocividade que podem influenciar positiva
ou negativamente as populações dos inimigos das culturas e estes podem dividir-se em:
MÓDULO V
Históricos, é importante conhecer o historial da cultura ou parcela a nível fitossanitário, isto
é, a frequência e a intensidade com que nos últimos anos se registaram ataques dos vários
inimigos.

Abióticos, em particular a temperatura, a humidade relativa e precipitação, têm importância


decisiva no ciclo de vida, quer de pragas, quer de doenças.
MÓDULO VI

Bióticos, refere-se, em especial no caso das pragas, à espécie, estado de desenvolvimento,


presença e a abundância de auxiliares. No caso das doenças, à quantidade de inóculo presente
na parcela ou em parcelas contiguas.

Culturais, considerando por exemplo a idade (ou fase de ciclo) da cultura, o modo de
condução, vigor das plantas, o estado fenológico, a diferença de suscetibilidade entre
BIBLIOGRAFIA

variedades e outros.

190
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Económicos, como por exemplo o valor da colheita e as exigências do mercado podem ser
também decisivos na altura da tomada de decisão.

Podemos então considerar que a Tomada de Decisão se baseia na análise global da


estimativa do risco, na referência ao NEA e na seleção dos meios de proteção, de modo a

MÓDULO I
fornecer uma decisão fundamentada sobre a indispensabilidade de intervenção, os meios
de luta a adotar, privilegiando a integração dos meios de luta cultural, genética, biológica e
biotécnico, relegando para ultima opção o recurso à luta química com a seleção e utilização
dos produtos fitofarmacêuticos de acordo com as melhores práticas na sua utilização. Na
Figura 12 é apresentado um resumo esquemático, sobre a tomada de decisão e a seleção dos
meios de controlo disponíveis para proteger uma cultura, segundo os princípios da PI.

MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 12 - Resumo esquemático da utilização dos princípios da Proteção Integrada

III.4. MEIOS DE LUTA DISPONÍVEIS


Na escolha das medidas de controlo contra os inimigos das culturas (Tabela 2), devem ser
ponderados vários fatores, tais como, a exequibilidade da opção selecionada, a oportunidade
operacional, a dimensão da área a intervir, os recursos técnicos e humanos disponíveis para MÓDULO V
responder em tempo útil e todos eles com o fator custo como denominador comum. Por sua
vez, o custo da opção aplicada deverá ser calculado não só na perspetiva financeira direta, mas
também na ponderação dos efeitos secundários indesejáveis dessas escolhas. Por exemplo,
no caso da luta química, para além do preço do produto fitofarmacêutico e dos custos da
respetiva aplicação, deverão ser estimados os custos afetos ao desequilíbrio biológico, risco
de desenvolvimento de resistência, contaminação do solo, da água ou do ar, impacto negativo
MÓDULO VI

em organismos não visados pelos tratamentos, entre outros (Oliveira et al, 2014).

O desafio do agricultor, com objetivo de manter a sua parcela/exploração estável em


termos sanitários, exige a integração de todas as estratégias de proteção, tais como as
medidas indiretas (legislativas, genéticas e culturais com caráter preventivo) assim como os
meios diretos (físicos, culturais, biológicos, biotécnicos e químicos), considerando que deverá
optar pelas soluções e estratégias que menos afetem o ambiente e permitam a eliminação ou
BIBLIOGRAFIA

a redução da ação dos principais inimigos da cultura a níveis aceitáveis.

191
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MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Luta Legislativa
Luta Genética
Indiretas/Profiláticas / Preventivas
Luta Cultural
Luta Biológica

MÓDULO I
Meios de luta:
medidas diretas e Luta Cultural
indiretas
Luta Física (térmica ou
mecânica)
Diretas/de Proteção/ Terapêuticas/
Curativas Luta Biológica
Luta Biotécnica

MÓDULO II
Luta Química
Tabela 2 - Meios de Luta - Medidas Diretas e Indiretas | Fonte: Oliveira et al, 2014. (Adaptado)

Segundo os princípios da proteção integrada os meios de proteção disponíveis devem


ser aplicados de forma integrada e oportuna, recorrendo à luta química sempre como último
recurso e, apenas quando não existam outras alternativas viáveis, utilizando apenas os produtos
fitofarmacêuticos autorizados, tendo sempre em consideração a toxicidade para o Homem,

MÓDULO III
meio ambiente e auxiliares e optando por métodos de aplicação adequados e rigorosos.

III.4.1. MEDIDAS INDIRETAS


I) Luta legislativa, corresponde à adoção de medidas legislativas e regulamentares com
o objetivo de impedir a dispersão dos inimigos das culturas, quer por transporte (via
marítima, terrestre ou aérea) quer por disseminação através de vetores ou alfaias

MÓDULO IV
agrícolas. Verificam-se também constrangimentos na movimentação de material
vegetativo implicando rigorosos esquemas de inspeção sanitária que resultam em
certificados e passaportes fitossanitários, absolutamente obrigatórios no sentido de
reduzir o risco de disseminar agentes patogénicos exóticos.
II) Luta genética, aquando da instalação da cultura, deve selecionar-se variedades
tolerantes ou resistentes a determinados inimigos das culturas. Recorre-se à utilização
de plantas e porta-enxertos sãos e sempre que possível certificados com garantia
MÓDULO V
sanitária e clonal.
III) Luta cultural, consiste em combater direta ou indiretamente os inimigos das culturas,
mas sempre com a preocupação na proteção e no aumento dos auxiliares. Em Produção
Integrada, a luta cultural apresenta particular importância e os seus efeitos são mais
eficazes, já que o sistema é gerido de forma holística e considera na sua base o solo, a
água e as culturas. São promovidas as práticas culturais de carácter preventivo de modo
a fomentar condições desfavoráveis ao desenvolvimento dos inimigos das culturas e
MÓDULO VI

pela utilização dos recursos naturais, proteção e aumento dos auxiliares. As medidas
indiretas, aqui consideradas, permitem diminuir as fontes de inóculo e eliminar ou
reduzir fatores de stress, de forma a promover as condições de desenvolvimento da
cultura e torná-la capaz de melhor tolerar os ataques dos inimigos.

Como medidas indiretas podem referir-se a utilização de:


BIBLIOGRAFIA

• Plantas sãs, preferencialmente certificadas;

192
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
• Variedades/cultivares tolerantes ou resistentes aos inimigos das culturas;
• Consociações de diferentes variedades e culturas;
• Rotações culturais;

MÓDULO I
• Solarização;
• Enrelvamento, semeado ou espontâneo, através da cobertura do solo na entrelinha
com vegetação, no período outono-invernal, promovendo o enriquecimento do solo
em matéria orgânica, diminuindo a erosão e compactação dos solos e ainda a absorção
do excesso de água do solo no inverno. Esta técnica ainda pode estimular o aumento
de auxiliares.

MÓDULO II
• Podas devidamente conduzidas;
• Mobilização mínima;
• Cobertura do solo (“mulching”);
• Áreas de compensação ecológica;
• Plantas armadilhas;

MÓDULO III
• Práticas de fertilização e de irrigação/drenagem equilibradas;
• Prevenção da propagação dos inimigos das culturas através de medidas de higiene,
nomeadamente, da limpeza regular das máquinas e do equipamento;
• Densidade da sementeira e plantação adequadas;
• Eliminação de restos da cultura.

MÓDULO IV
Para além das práticas referidas, são também utilizados meios diretos de luta, como a
eliminação de órgãos atacados, apanha manual de insetos, monda manual de infestantes
e lavagem das plantas com detergentes ou água.

É fundamental o incentivo da limitação natural dos inimigos das culturas, através de


medidas de luta cultural, tais como a preservação dos auxiliares, a existência de hospedeiros

MÓDULO V
alternativos, alimento suplementar e abrigos para hibernação através da gestão das plantas
adventícias e cuidados nas intervenções em verde. Outras medidas, como mobilização de
solo, solarização, utilização de matéria orgânica e correção do pH do solo, e as relações
de competição e antibiose e supressividade dos solos, cuja base comum é a riqueza em
biodiversidade, promovem também a limitação natural.

Ter em atenção que a eliminação total de plantas adventícias e a realização de intervenções


MÓDULO VI

em verde, desadequadas, podem provocar diminuições drásticas das populações de


auxiliares.

IV) Luta Biológica, ação de agentes biológicos (parasitas2 e/ou predadores) que mantêm a
densidade de populações de inimigos da cultura a níveis inferiores aos que ocorreriam na sua
ausência e, portanto, permitem a redução dos prejuízos causados pela atividade dos inimigos.

2 Parasita – organismo que vive à custa do hospedeiro durante todo o ciclo de vida, enfraquece o hospedeiro
BIBLIOGRAFIA

que fica incapaz de se reproduzir e pode causar a sua morte.

193
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MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Os agentes de luta biológica utilizados no combate aos inimigos das culturas designam-
se, vulgarmente por auxiliares. Estes podem ser predadores, parasitoides, antagonistas,
competidores e herbívoros, conforme o seu modo de alimentação e atuação ou a natureza do
inimigo que combatem.

MÓDULO I
A Luta biológica, baseia-se, de forma simplista, no emprego de organismos vivos para
controlar inimigos nocivos às plantas (pragas e infestantes).

A luta biológica pode ser diferenciada em três modalidades: Limitação natural, luta
biológica clássica e tratamento biológico (Amaro, 2003).

• Limitação natural = conservação. Consiste na capacidade dos auxiliares assegurarem


a limitação natural das populações dos inimigos das culturas, isto é, mantêm as

MÓDULO II
populações de determinado inimigo abaixo do NEA. Em proteção integrada são
fundamentais todas as práticas que fomentam ou promovam a limitação natural, através
da introdução de alimento suplementar, hospedeiros alternativos, locais de abrigo
(infraestruturas ecológicas) ou pela sua preservação através da eliminação do recurso a
fitofarmacêuticos tóxicos para os organismos auxiliares (redução de doses e/ou número
de aplicações).

MÓDULO III
• Luta biológica clássica, é a introdução e manutenção de auxiliares, normalmente
provenientes de outros locais/regiões, para combater determinado inimigo de uma
cultura. Pretende-se a médio prazo, atingir o equilíbrio praga-auxiliar, capaz de dispensar
quaisquer outros meios de combate. Podem ser necessárias novas introduções, se o
equilíbrio for perturbado por qualquer causa de natureza abiótica ou pelo uso indevido
de fitofarmacêuticos.

MÓDULO IV
• Tratamento biológico, consiste no aumento das populações de auxiliares através de
largadas, normalmente presentes no ecossistema, embora em quantidades insuficientes
para combater os inimigos das culturas. Para tal, são feitas largadas inoculativas
(pretende aumentar-se a população do auxiliar no início do ciclo cultural) ou largadas
inundativas (largadas em grandes quantidades, ao longo do ciclo cultural). A adoção da
luta biológica para combater uma praga requer a substituição, total ou parcial, da luta
química contra os restantes inimigos. A luta biológica tem sido importante em sistemas
intensivos de produção, como as culturas hortícolas e ornamentais em estufa e ar livre, MÓDULO V
no combate da mosquinha-branca, afídeos, tripes, larvas mineiras e ácaros.

No âmbito destas medidas, preventivas, é importante fomentar as populações de artrópodes


auxiliares (predadores e parasitoides) e, especialmente dos insetos entomófagos, adotando
medidas de proteção, conservação e aumento destas populações, através do emprego de
medidas culturais adequadas e pela correta seleção dos produtos fitofarmacêuticos utilizados.
MÓDULO VI

Assim, é de evitar a destruição dos auxiliares restringindo ao mínimo a aplicação de produtos


fitofarmacêuticos mais tóxicos para os auxiliares e evitar, também, práticas culturais que
reduzam as suas populações.

É, também, de grande importância, criar condições para fomentar a biodiversidade, através


da manutenção ou criação de zonas de compensação capazes de fornecerem hospedeiros
alternativos, abrigos e locais de hibernação, tais como a existência de sebes, bosques, taludes
BIBLIOGRAFIA

revestidos de vegetação espontânea, corredores ecológicos, “ilhas” naturais, de modo a

194
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
criar condições favoráveis para o desenvolvimento das populações de auxiliares. Na Tabela 3
apresentam-se as principais caraterísticas dos auxiliares (predadores e parasitoides).

Fauna auxiliar
(recurso renovável)

MÓDULO I
Predadores Parasitoides
• Têm vida livre em todos os estádios do seu • Insetos de tamanho muito reduzido, inferior
desenvolvimento. ao dos hospedeiros.
• Dimensões relativamente elevadas, por • Reproduzem-se normalmente à custa de um
vezes maiores que os insetos e ácaros que só inseto parasitado, ao qual provocam a
lhes servem de alimento. morte.
• Têm necessidade de consumir um grande • Muito especializados, parasitando apenas
número de presas. uma espécie ou grupo de espécies bem

MÓDULO II
• A maioria são insetos e ácaros polífagos definidos.
(determinadas preferências alimentares). • Inúmeras espécies de Himenópteros –
• Diversas ordens, famílias e géneros: Ácaros, parasitas de afídeos, de cochonilhas, de
Coccinelídeos, Sirfídeos, Crisopídeos, ovos de lepidópteros – e de Dípteros
Antocorídeos e outros. Taquinídeos – moscas parasitas de larvas
de lepidópteros, de coleópteros e de outros
insetos.
Tabela 3 – Fauna auxiliar: principais caraterísticas de predadores e parasitoides. | Fonte: Coutinho, 2007 (Adaptado)

MÓDULO III
Na Figura 13 encontram-se assinaladas as principais ordens e famílias dos artrópodes
auxiliares:

MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 13 - Principais Ordens e Famílias de artrópodes auxiliares

Como exemplo de auxiliares predadores referem-se as joaninhas (Coccinella sp.),


MÓDULO VI

predadoras de afídios, cochonilhas, ácaros e mosquinhas brancas (Figura 14). No estado


adulto, apresentam o corpo de forma oval ou arredondado (hemisférico) mais ou menos
convexo, asas transformadas em élitros que cobrem total ou parcial as asas posteriores e
a superfície dorsal do abdómen. A armadura bucal é trituradora. As larvas apresentam as
peças da armadura bucal em forma fusiforme. Representam um papel na limitação natural3 de
3 Limitação natural – medida indireta de luta que consiste na capacidade de os auxiliares assegurarem a limitação
das populações dos inimigos das culturas, que, por vezes, se manifesta suficiente para manter as populações
BIBLIOGRAFIA

abaixo do nível económico de ataque.

195
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
algumas espécies fitófagas. Estes insetos, são de grande importância, atendendo ao papel
que representam na limitação natural de algumas espécies fitófagas. São dos auxiliares mais
utilizados em programas de luta biológica e esquemas de proteção integrada.

MÓDULO I
A B C
Figura 14 - Vários estados de desenvolvimento de Coccinella septempunctata, a e b – larva; c - adulto.

MÓDULO II
As joaninhas, são predadoras de numerosas pragas (Cavaco, 2012):
• Bipunctata e C. septempunctata, alimentam-se de afídeos, consumindo cerca de 60
afídeos por dia;
• Chilocorus bipustulatus é um coccidífago (joaninhas de grande dimensão) alimenta-se
de cochonilhas da família Coccidae e Diaspididae. Os adultos ou larvas, consomem
cerca de 20-40 cochonilhas por dia;

MÓDULO III
• Scymnus spp. (joaninhas de média dimensão), essencialmente afidófago, consumindo
cerca de 10 afídeos por dia;
• Stethorus punctillum (joaninhas de pequena dimensão), é considerado excelente
predador de colónias de ácaros tetraniquídeos. Tanto os adultos como as larvas devoram
rapidamente focos destes ácaros.

MÓDULO IV
• Espécies aleurodífagas, alimentam-se de mosquinhas brancas.

Na tabela 4 podemos observar o período de presença de atividade destes auxiliares


predadores.

Espécies Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

A. bipunctata            

C. septempunctat             MÓDULO V
C. bipustulatus            

Scymnus spp.            

S. punctillum            
MÓDULO VI

Legenda

 Período de maior atividade

 Presença com atividade menos intensa

 Presença com atividade fraca ou nula

 Auxiliar ausente da cultura


BIBLIOGRAFIA

Tabela 4 - Período de presença e atividade de coccinelídeos | Fonte: Cavaco, 2012

196
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
A atividade dos adultos de A. bipunctata e C. septempunctata decorre de abril a julho.
Em climas amenos a C. septempunctata pode ter ainda alguma atividade em setembro. As
espécies do género Scymnus spp. entram em atividade de junho a setembro. As espécies C.
bipustulatus e S. punctillum entram em atividade de maio a setembro.

MÓDULO I
- Crisopídeos, hemerobídeos e coniopterigídeos, são predadores de afídios, polífagos,
pertencem à ordem dos Neuroptera e são insetos com o corpo alongado, apresentando dois
pares de asas membranosas com denso reticulado de nervuras. As antenas são compridas e a
armadura bucal é do tipo triturador (Figura 15).

O adulto desta espécie alimenta-se de néctar e pólen e durante o seu desenvolvimento,


num período de 15 a 20 dias, consome cerca de 10 000 ácaros tetraniquídeos. O período de

MÓDULO II
maior atividade decorre entre maio e setembro (Tabela 5).

MÓDULO III
Figura 15 - Vários estados de desenvolvimento de crisopídeos | Fonte: Cavaco, 2012

Os insetos adultos dos coniopterigídeos são muito mais pequenos e revestidos duma
pruína cerosa. Os adultos e larvas são predadores de ácaros, afídeos, cochonilhas e tripes. Um
adulto pode consumir cerca de 30 fêmeas de ácaros numa hora. O período de maior atividade
decorre entre junho e agosto (Tabela 5).

Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

MÓDULO IV
Crisopídeos e
           
Hemerobídeos

Coniopterigídeos            

Legenda

 Período de maior atividade

 Presença com atividade menos intensa MÓDULO V


 Presença com atividade fraca ou nula

Tabela 5 - Período de presença e atividade dos predadores crisopídeos, hemerobídeos e coniopterigídeos | Fonte: Cavaco, 2012

- Sirfídeos, alimentam-se de afídeos no estado larvar, e pertencem à ordem díptera,


apresentam apenas um par de asas desenvolvido, o par anterior que é membranoso. O par
MÓDULO VI

posterior encontra-se modificado e reduzido a pequenos órgãos designados por balanceiros


ou halteres. A armadura bucal é lambedora ou picadora-sugadora (Figura 16).

Têm um aspeto muito semelhante às vespas ou abelhas, com a particularidade de pairarem


no ar como pequenos helicópteros, a sua mobilidade permite uma colonização muito rápida
nas culturas. Os adultos alimentam-se de pólen e néctar e as larvas são predadoras de afídeos,
durante o seu desenvolvimento (cerca de 10 dias), consomem em média 400 a 700 afídeos e
BIBLIOGRAFIA

ainda podem alimentar-se de jovens lagartas, cochonilhas, aleirodídeos e psilas entre outros.

197
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Apresentam várias gerações ao longo do ano, mas a sua maior atividade decorre de
abril a setembro (Tabela 6). Contudo, algumas espécies do género Syrphus apresentam uma
diapausa4 larvar no verão.

MÓDULO I
Figura 16 - Vários estados de desenvolvimento de sirfídeos.

Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

MÓDULO II
Episyrphus spp.            

Syrphus spp.            

Legenda

 Período de maior atividade

MÓDULO III
 Presença com atividade menos intensa

 Presença com atividade fraca ou nula

 Auxiliar ausente da cultura

Tabela 6 - Período de atividade dos predadores Sirfídeos | Fonte: Cavaco, 2012

- Antocorídeos, pertencem à ordem dos Heteroptera e são predadores generalistas de

MÓDULO IV
ácaros, afídeos, tripes e jovens lagartas.

Os heterópteros apresentam as asas anteriores do tipo hemiélitro, com nervação reduzida.


Possuem armadura bucal picadora-sugadora (Figura 17). Esta família caracteriza-se por uma
elevada polifagia o que pode contribuir para uma reduzida eficácia deste grupo, assim como
a existência de canibalismo, fator que pode condicionar a criação em massa deste auxiliar.

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 17 – Ação predadora dos Antocorídeos.

Os dois géneros mais importantes e que são produzidos em massa, para utilização em
Proteção Integrada, são Anthocoris e Orius. Durante o seu desenvolvimento (cerca de 20 dias),

4 Diapausa – dormência e é controlada por fatores  fisiológicos  endógenos  e pode ou não envolver uma
diminuição do metabolismo. A diapausa pode ocorrer em diferentes fases do desenvolvimento, podendo ser
ativada por alterações hormonais intrínsecas do desenvolvimento do organismo ou por fatores preditivos de
BIBLIOGRAFIA

mudanças ambientais.

198
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
uma ninfa Anthocoris pode consumir em média 300 a 600 ácaros ou 100 a 200 afídeos. Um
adulto do género Orius consome cerca de 100 ácaros por dia (Cavaco et al, 2006b)

A sua atividade ocorre entre abril e outubro, sendo mais intensa entre junho e setembro
(Tabela 7).

MÓDULO I
Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Antocorídeos            

Legenda

 Período de maior atividade

MÓDULO II
 Presença com atividade menos intensa

 Presença com atividade fraca ou nula

 Auxiliar ausente da cultura

Tabela 7 - Período de presença e atividade dos predadores Antocorídeos | Fonte: Cavaco et al, 2006b

- Ácaros fitoseídeos, são predadores de ácaros fitófagos (tetraniquídeos e eriofídeos) mas

MÓDULO III
também podem alimentar-se de pequenos insetos, pólen, micélio e esporos de fungos (Figura
18). Em determinadas culturas, vinha, pomóideas e prunóideas, entre outras, desempenham
um papel chave na limitação do aranhiço vermelho e têm uma eficácia potencial reduzida sobre
cicadelídeos. São muito móveis encontrando-se, preferencialmente, nas páginas inferiores das
folhas, normalmente junto à nervura central.

A sua atividade predadora decorre de abril a outubro. As suas populações são observadas

MÓDULO IV
com maior intensidade na primavera e no final do verão (Tabela 8). No início do outono as
fêmeas adultas hibernam, nos gomos e rugosidades dos troncos das árvores. O clima seco,
humidade relativa < 60% e temperaturas muito elevadas são fatores limitantes para o seu
desenvolvimento.

MÓDULO V

Figura 18 - Ovos, ninfas e adultos de fitoseídeos | Fonte: Cavaco et al, 2006b

Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MÓDULO VI

Fitoseídeos            

Legenda

 Período de maior atividade

 Presença com atividade menos intensa

 Presença com atividade fraca ou nula


BIBLIOGRAFIA

Tabela 8 - Período de atividade dos predadores Fitoseídeos | Fonte: Oliveira et al, 2014

199
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
- Carabídeos, exercem a sua atividade preferencialmente ao nível do solo, alimentando-se
de larvas e ovos de coleópteros, lagartas, afídeos, lesmas e caracóis (Figura 19). O período de
maior atividade decorre de maio a setembro (Tabela 9).

MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 19 - Adulto de Carabídeos | Fonte: https://www.
biodiversity4all.org/taxa/49567-Carabidae

Alguns, ainda são predadores eficazes de larvas de doríforas e de ninfas de curculionídeos.


Os adultos como são de fácil observação no solo, podem ser capturados através de
determinados dispositivos de amostragem, ao contrário das larvas que são de mais difícil
observação e passam despercebidas.

MÓDULO III
Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Carabídeos            

Legenda

 Período de maior atividade

MÓDULO IV
 Presença com atividade menos intensa

 Presença com atividade fraca ou nula

Tabela 9 - Período de atividade dos predadores Carabídeos | Fonte: Oliveira, et al, 2014

- Estafilinídeos, alimentam-se de pragas do solo, como lesmas, alfinetes, afídeos, jovens


lagartas, melolontas e outras pragas subterrâneas. Os adultos e larvas dos estafilinídeos são
carnívoros e polífagos. Os adultos de menor dimensão, geralmente são bons voadores, sendo

MÓDULO V
ativos na primavera e no verão sobre ácaros fitófagos (Figura 20).
MÓDULO VI

Figura 20 - Adulto de Staphylinidae


Fonte: Gomes et al, 2010

Os adultos das diferentes espécies podem ser observados em culturas anuais, de meados
de maio a meados de julho, se a humidade for elevada.
- Auxiliar Parasitoide - normalmente pertence à classe inseta e desenvolve parte ou a
BIBLIOGRAFIA

totalidade do seu ciclo biológico à custa de um outro indivíduo de outra espécie, acabando

200
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
por provocar a sua morte. Este desenvolvimento pode ser dentro (endoparasitóide) ou fora
(ectoparasitóide) de um organismo de outra espécie que lhe serve de alimento, acabando
por matar o hospedeiro no final do seu desenvolvimento. Na forma adulta alimenta-se de
substâncias açucaradas ou desenvolve hábitos de predador.

MÓDULO I
Os parasitóides fazem parte de um vasto conjunto de espécies pertencentes a famílias de
dípteros e himenópteros. Exemplos de parasitóides:

- Himenópteros, possuem dois pares de asas membranosas, em que, as asas anteriores


são maiores do que as posteriores, a sua armadura bucal é do tipo triturador ou lambedora-
sugadora. Caracterizam-se por apresentarem um estrangulamento entre o tórax e o abdómen
e por possuírem o oviscapto bem desenvolvido (Figura 21). O adulto pode ser predador, mas

MÓDULO II
normalmente alimenta-se de substâncias açucaradas.

MÓDULO III
Figura 21 - Ordem Himenoptera.

Algumas espécies são parasitóides eficazes das cochonilhas diaspidídeas e lecaniídeas e


de reduzida eficácia para afídeos e lepidópteros. As fêmeas efetuam a postura sobre a presa
(ectoparasitóides) ou no interior do corpo desta (endoparasitóides) ou, ainda, no interior dos
ovos, como é o caso dos tricogramas que são micro-himenópteros parasitóides de ovos de
lepidópteros.

MÓDULO IV
As espécies apresentam atividade importante durante a primavera a outono. No verão
as altas temperaturas conjugadas com baixas humidades são prejudiciais para o seu
desenvolvimento. Hibernam no estado de ninfa no interior do ovo do hospedeiro (Tabela 10).

Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Parasitóides de            
afídeos

Parasitóides de MÓDULO V
           
cochonilhas

Tricogramas            

Parasitóides de
coleópteros,            
dípteros e
MÓDULO VI

lepidópteros

Legenda

 Período de maior atividade

 Presença com atividade menos intensa

 Presença com atividade fraca ou nula


BIBLIOGRAFIA

Tabela 10 - Período de atividade dos Himenópteros Parasitoides | Fonte: Oliveira et al, 2014

201
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
- Taquinídeos, pertencem à família dos dípteros, e as espécies mais importantes nas
culturas de cereais são Lydella thompsoni Herting e Pseudoperichaeta nigrolineata Walk. Os
adultos dos taquinídeos são florícolas. Possuem pelo sobre o corpo assemelhando-se à mosca
doméstica (Figura 22).

MÓDULO I
A B C
Figura 22 - a) Taquinídeo pupa b) e c) larva

MÓDULO II
As fêmeas colocam os ovos no interior do hospedeiro ou sobre as folhas sendo depois
ingeridos pelas lagartas ou larvas do hospedeiro, desenvolvendo-se uma a cinco larvas, no
mesmo hospedeiro.

As larvas são parasitoides eficazes de lagartas de lepidópteros e pirale, e de reduzida


eficácia para nóctuas e melolontas.

MÓDULO III
Hibernam no estado de larva no interior do hospedeiro ou de pupa próximo deste. O seu
período de maior atividade vai de abril a outubro (Tabela 11)

Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Taquinídeos            

Legenda

MÓDULO IV
 Período de maior atividade

 Presença com atividade menos intensa

 Presença com atividade fraca ou nula

Tabela 11 - Período de presença da atividade dos Taquinídeos Parasitoides | Fonte: Oliveira et al, 2014

- Fungos, bactérias, vírus e nemátodos que atuam como auxiliares


MÓDULO V
Os insetos referidos anteriormente podem por vezes contrair doenças, como acontece com
todos os seres vivos. Estas doenças são causadas por microrganismos entomopatogéneos,
dos quais se destacam, os fungos, bactérias, vírus e ainda os nemátodos (é aqui que aparecem
os biopesticidas, que são produtos à base de entomopatogéneos e que são utilizados, na
proteção das plantas, nomeadamente em esquemas de proteção integrada). Alguns de estes
microrganismos, assumem um papel de grande importância na limitação de algumas pragas
MÓDULO VI

em culturas, por exemplo:

i) Fungos entomopatogéneos, a sua utilização em estratégias de luta contra a entomofauna


das culturas está dependente de vários fatores, sendo os mais importantes as condições
climáticas e a humidade relativa, vários autores indicam valores ótimos de temperatura
entre 20ºC e 25ºC e de humidade relativa superior a 90%.
BIBLIOGRAFIA

ii) Bactérias, existem numerosas espécies que são entomopatogéneas, contudo, na

202
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
agricultura e silvicultura, a bactérias B. thuringiensis é o microrganismo mais utilizado,
contra as lagartas de lepidópteros. Esta bactéria é produzida à escala industrial para
ser utilizada como bio-inseticida. Existem ainda outras estirpes como, B. thuringiensis
subsp. tenebrionis utilizadas contra outras espécies nocivas, como as larvas de dípteros
e coleópteros.

MÓDULO I
iii) Vírus entomopatogénicos, apresentam várias famílias, destacando-se o grupo
Baculovirus, onde as infeções se têm registado em lagartas de lepidópteros. Os
Baculovirus são considerados seguros na preservação da fauna auxiliar e existe em
Portugal autorização de utilização de bioinsecticidas com base nos granulovirus, para o
combate do bichado da fruta.

MÓDULO II
iv) Nemátodes entomopatogénicos, dos géneros Steinernema e Heterorhabditis
transmitem doenças aos insetos e lesmas, provocando a sua morte. Têm vindo a ser
registadas inúmeras aplicações dos géneros Steinernema e Heterorhabditis com
sucesso contra pragas pertencentes às ordens Coleoptera, Diptera e Lepidoptera.

Para além da utilização de luta biológica contra pragas, também existem alternativas para
combate a agentes patogénicos e infestantes, tais como os herbívoros (artrópodes, peixes,

MÓDULO III
outros vertebrados), micoherbicidas (fungos) ou bio herbicidas (bactérias ou nemátodes). Os
agentes utilizados em luta biológica são de natureza diversa: artrópodes pertencentes a várias
ordens, bactérias, fungos, vírus e nemátodos. (Amaro, 2003).

III.4.2. MEDIDAS DIRETAS

MÓDULO IV
Quando as medidas indiretas não são suficientes para combater os inimigos das culturas, é
necessário recorrer a meios diretos de proteção com o mínimo de impacte na saúde humana,
nos organismos e no ambiente, utilizando-os de forma integrada e recorrendo à luta química
apenas em último recurso.

Os meios de luta direta, incluem a luta cultural (já descrita), a luta física (mecânica ou
térmica), a luta biológica (já descrita), a luta biotécnica e a luta química.

I) Luta Física, são todos os meios de luta que utilizam vários tipos de energia, sem MÓDULO V
envolverem processos biológicos ou bioquímicos. Estes meios de luta envolvem a
destruição do inimigo ou a sua remoção do meio ou ainda a modificação do meio onde
o inimigo se desenvolve. Os meios de luta física disponíveis são:

• Mecânicos: utilização de práticas culturais como a mobilização do solo, mondas


manuais, como meio de controlo e/ou eliminação de infestantes e de plantas ou
MÓDULO VI

órgãos atacados ou simples lavagem da cultura.

• Térmicos: aplicação de práticas culturais como a monda térmica para controlo ou


eliminação de infestantes.

É de salientar que, apesar de estes meios de luta serem permitidos em proteção integrada,
devem ser sempre utilizados de forma racional face aos problemas que possam originar na
BIBLIOGRAFIA

estrutura do solo.

203
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
II) Luta biotécnica, corresponde a todos os meios presentes no organismo ou seu habitat,
passíveis de manipulação, que permitem alterar negativamente certas funções vitais
que deles dependem, e que acabam por provocar a morte dos indivíduos afetados.

A luta biotécnica abrange os, semioquímicos, os reguladores de crescimento de insetos

MÓDULO I
e a luta autocida. (Amaro, 2003).

• Semioquímicos: substâncias ou misturas de substâncias emitidas por uma espécie


que interferem no comportamento de organismos recetores, que podem ser da
mesma espécie, ou não. Podem ser feromonas ou aleloquímicos (Tabela 12).

Grupo Tipo Definição Finalidade

MÓDULO II
Exercem atração entre machos e fêmeas, onde
se utilizam difusores com feromona feminina que
Sexuais Meio de luta: Confusão sexual.
provoca desordem nos acasalamentos (macho não
encontra as fêmeas).

Exercem atração para ambos os sexos. Promovem


a concentração de muitos indivíduos, sobre uma Meio de luta: Captura em
De agregação
planta ou local com objetivo de alimentação, massa.

MÓDULO III
reprodução ou hibernação.

Feromonas Promovem uma reação de defesa e dispersão. São


(ação intra- importantes em afídeos e insetos sociais. Têm sido Meio de luta: Proteção das
Alarme
específica) utilizadas para afastar abelhas de locais onde se abelhas.
utilizem inseticidas tóxicos.

Responsáveis pela manutenção do trilho entre formigas e térmitas e larvas de


Pista

MÓDULO IV
colónias e locais de captura de alimento. lepidópteros

Existem feromonas deste


As fêmeas ao fazerem a postura, marcam o tipo para a mosca da cereja
Marcação do
hospedeiro e impedem outras posturas, o que faz e pragas florestais, que
hospedeiro
com que mais órgãos sejam atacados. permitem marcar os frutos e
evitar as posturas.

Sintetizadas por plantas para exercer atração ou


Alomonas Acão fago-inibidora do neem

MÓDULO V
repelência sobre outros organismos.

Produzidas por plantas e animais, identificadas


Cairomonas produzidas pelo
Aleloquímicos Cairomonas por outros organismos, permitindo localizar o
gado atraem a mosca-tsé-tsé
(ação inter- hospedeiro.
específica)
Promovem reações favoráveis ao emissor e ao
recetor. Algumas espécies de pinheiros, quando
Sinomonas
atacadas por escolitídeos, emitem sinomonas que
MÓDULO VI

atraem auxiliares responsáveis pela sua limitação.

Tabela 12 - Feromonas e Aleloquímicos, classificação, definição e finalidade | Fonte: Aguiar et al., 2005

• Reguladores de crescimento de insetos: são inseticidas que imitam a ação de


hormonas5 no crescimento e desenvolvimento dos insetos ou inibem certas fases do
seu desenvolvimento. Conforme o modo de ação, podem designar-se (Tabela 13):

5 Hormonas – substâncias segregadas por glândulas endócrinas lançadas em pequenas quantidades na


BIBLIOGRAFIA

circulação interna do indivíduo e com efeitos na morfologia e fisiologia, longe do local onde foram sintetizadas.

204
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Mantêm o inseto em estádios juvenis
Juvenóides e este acaba por morrer sem atingir o
Reguladores de estado adulto;
crescimento dos
insetos (RCI) Provocam a antecipação da muda, sem
Miméticos da ecdisona que o inseto tenha atingido maturidade

MÓDULO I
suficiente
Inibem a síntese da
quitina e interferem no
Inibidores de processo da formação
crescimento de da nova cutícula durante
insetos (ICI) o desenvolvimento dos
insetos

MÓDULO II
Tabela 13 - Classificação, definição dos RCI e ICI | Fonte: Aguiar et al., 2005 (adaptado)

• Luta autocida6: é utilizada para combater pragas-chave responsáveis por grandes


consumos de inseticidas, como é o caso da mosca do mediterrâneo e do bichado
da macieira. São largadas inundativas de insetos estéreis que vão competir
sexualmente com a população de insetos, nomeadamente, os machos férteis da
população natural, permitindo a redução progressiva da população, uma vez que os
ovos se tornam inviáveis, conduzindo à erradicação da praga. Usados para pragas

MÓDULO III
com elevado consumo de inseticidas.

III) Luta química, em proteção integrada, apenas se recorre à luta química quando nenhum
outro meio de proteção, ou outros em conjunto, resultam eficazmente na limitação das
populações dos inimigos das culturas, utilizando apenas os produtos fitofarmacêuticos
autorizados e nas condições aprovadas.

MÓDULO IV
Segundo a Lei n.º 26/2013 de 11 de abril, em proteção integrada só podem ser aplicados
produtos fitofarmacêuticos homologados em Portugal.

A utilização de produtos fitofarmacêuticos de forma sustentável exige cuidados específicos


tais como:

• Calcular as doses a aplicar em função do volume da copa e superfície foliar, de


forma a minimizar o impacto ambiental, para cada estado fenológico da cultura;

• Realizar as pulverizações sem ventos fortes e com temperatura e humidade relativa MÓDULO V
moderadas;

• Proteger, sempre que possível, as áreas sensíveis, como cursos de água e nascentes,
por áreas tampão (áreas não tratadas) exceto no caso de pragas, doenças e
infestantes declaradas perigosas ou muito perigosas, pelas autoridades oficiais;
MÓDULO VI

• Cumprir as regras estabelecidas nos rótulos dos produtos relativamente à cultura/


inimigo, dose, número máximo de tratamentos, intervalo de reentrada e intervalo
de segurança;

6 Luta autocida – procede-se a largadas de insetos estéreis, em grande quantidade, para competirem
sexualmente com a população existente no local. A médio prazo, conduz à diminuição progressiva da população
BIBLIOGRAFIA

a níveis economicamente toleráveis.

205
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
• Armazenar os produtos fitofármacos nas embalagens de origem, em divisão fechada
e separada de outros produtos, em local de acesso limitado aos trabalhadores
diretamente envolvidos;

• Cumprir regras relativas à segurança no manuseamento, equipamento de proteção

MÓDULO I
do utilizador e preparação das caldas; garantir a existência de ponto de água
próxima, primeiros socorros e plano de emergência (telefones de emergência), e
acautelar a formação adequada do operador;

• Manter o equipamento de pulverização em bom estado de conservação e verificá-


lo antes de cada tratamento, anualmente e, pelo menos, de quatro em quatro anos,
para calibração e manutenção dos manómetros e bicos;

MÓDULO II
• Os tratamentos aéreos são proibidos, exceto quando o acesso à parcela é impossível
devido a condições atmosféricas excecionais (por exemplo, longos períodos de
chuva) ou quando a topografia da parcela não permite outro tipo de pulverização;

• Entregar restos de calda, produtos fora de prazo e embalagens vazias a agente


autorizado (Sistema de recolha de embalagens - Valorfito);

MÓDULO III
• Utilizar as águas da lavagem do equipamento e restos de calda em zonas não
tratadas da cultura; sempre que utilizadas na pulverização de zonas não tratadas,
devem ser cumpridas as regras relacionadas com a dose máxima permitida por
unidade de área, para que não haja risco de contaminação de águas superficiais.
Contudo, existem alguns sistemas que podem ser utilizados ou implementados nas
explorações, para a degradação de caldas (por exemplo, o Héliosec7), Figura 23.
Segundo a Lei n.º 26/2013 de 11 de abril, os excedentes de calda, após diluídos,

MÓDULO IV
ou resultantes da sua lavagem, podem ser aplicados/pulverizados, sobre o coberto
vegetal não tratados, respeitando as distâncias de pelo menos 10 m afastados de
poços, cursos de água ou outras fontes. Ter em atenção que estas zonas deixam
de servir para recolha de plantas – uma vez que passam a ser zonas contaminadas.

• Tripla lavagem das embalagens vazias com colocação da água de lavagem no


tanque de preparação da calda; não reutilizar embalagens vazias e destruí-las ou

MÓDULO V
perfurá-las para impedir possíveis reutilizações e colocá-las no saco de um agente
autorizado (Valorfito) com recolha posterior.

• Durante a sua utilização é importante contrariar o aparecimento de efeitos


secundários, para isso devem realizar-se tratamentos localizados (menor área, com
incidência sobre os locais atacados), privilegiar a utilização alternada de substâncias
ativas com modos de ação diferentes e recorrer a técnicas de aplicação que
MÓDULO VI

minimizem perdas de produto, como por exemplo calcular volumes de calda de


modo a evitar desperdícios.

7 Héliosec - sistema de tratamento de efluentes fitossanitários por desidratação natural, entre as suas várias
vantagens, elimina definitivamente todos os produtos, incluindo o cobre e o enxofre. Este sistema é instalado nas
explorações agrícolas, tratando-se de um local de preparação da calda e lavagem do material de aplicação. No
fundo do deposito é acumulado um extrato seco, que é removido e embalado dentro de um saco, para recolha
BIBLIOGRAFIA

de agentes autorizados.

206
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 23 - Sistema de tratamento de efluentes
fitossanitários-Heliosec

MÓDULO II
III.5. TÉCNICAS DE PRODI
Em Produção Integrada obtêm-se alimentos de alta qualidade utilizando os recursos naturais
e mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de produção prejudiciais ao
ambiente. Assumem particular importância a preservação e melhoria da fertilidade do solo,
a biodiversidade e a observação de critérios éticos e sociais. Assume-se a responsabilidade
nas explorações agrícolas, de preservação dos ecossistemas e biodiversidade, através da

MÓDULO III
realização de práticas agrícolas que reduzem os impactos ambientais, garantam a melhoria da
fertilidade do solo, mantenham o equilíbrio dos ciclos nutritivos, reduzam os fatores poluentes
e preservam o bem-estar de todas as espécies animais.

III.5.1. COMPONENTE VEGETAL


O ecossistema agrário, deve ser a base para o planeamento e realização das atividades
na exploração, particularmente as de maior impacte ambiental. Assim, todas as decisões a

MÓDULO IV
tomar devem ser ponderadas e traduzidas em planos de gestão, nomeadamente ao nível da
conservação do solo (plano de conservação do solo), do equilíbrio dos ciclos nutritivos (plano
de fertilização) e das atividades culturais necessárias (Ver plano de exploração).

a) Preparação do terreno, antes da plantação ou sementeira, a parcela deve estar limpa


de infestantes e dos resíduos das culturas precedentes, podendo ser incorporadas nas
operações de mobilização subsequentes. É importante que se efetuem as adequadas
operações de mobilização do solo8, das quais se devem privilegiar as práticas de
conservação do solo, através da elaboração de um plano de conservação do solo. MÓDULO V
O plano de conservação do solo consiste na organização de métodos de preservação
do solo da exploração agrícola, onde são definidos os principais riscos associados aos
métodos de preparação e correção (metodologias de preparação do terreno mais
aconselhada e práticas desaconselhadas). Deverá avaliar também culturas possíveis
para cada tipo de solo, e medidas de prevenção da erosão, baseadas no potencial de
MÓDULO VI

erosão específico de cada mancha.

Deve dar-se preferência à manutenção do coberto de solo apropriado (recurso a


rotações que incluam culturas leguminosas, com capacidade de fixação de azoto e que
mantenham o solo coberto, pelo menos, durante a época das chuvas), e ao recurso à
plantação ou sementeira segundo as curvas de nível, de modo a minimizar as perdas
8 Mobilização do solo - manipulação mecânica do solo, que tem lugar para a preparação da sementeira, destruição de infes-
tantes, incorporação de fertilizantes, corretivos ou resíduos das culturas anteriores – afeta bastante a estrutura do solo. Em casos de
BIBLIOGRAFIA

mobilização intensiva, pode ocorrer compactação do solo, destruição dos agregados e maior suscetibilidade à erosão hídrica e eólica.

207
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
por erosão.

Sempre que possível o solo deverá permanecer protegido da erosão durante o período
invernal, por coberto herbáceo, que poderá ser semeado, melhorado ou constituído
por vegetação espontânea – enrelvamento. Nas culturas permanentes, esta cobertura

MÓDULO I
pode existir só nas entrelinhas, com aplicação de herbicidas, nas linhas.

Privilegiar a adição de materiais orgânicos, como palhas ou casca de pinheiro, que


protegem o solo do impacto das gotas de chuva e dos ventos, enquanto fornecem
nutrientes orgânicos aos microrganismos do solo. Esta prática, pode ser utilizada
em pomares ou outras culturas permanentes, contribuindo para a manutenção da
temperatura e humidade do solo mais favorável.

MÓDULO II
Deve dar-se preferência (Aguiar et al., 2005) à mobilização mínima ou não mobilização,
e procurar compensar os efeitos da mobilização através da incorporação de matéria
orgânica ou de resíduos das culturas ou pela rotação com pastagens temporárias ou
culturas forrageiras. Ter em atenção que as operações de mobilização do solo quando
não corretamente efetuadas, podem trazer grandes inconvenientes ao solo, às culturas
e ao ambiente. No entanto, muitas uma avaliação criteriosa das circunstâncias de forma
a agir corretamente.

MÓDULO III
Em casos de mobilização intensiva pode ocorrer a compactação e a erosão dos solos,
pelo que se deve recorrer a alfaias que interfiram o menos possível com a estrutura
do solo, através da mobilização superficial (uma a duas passagens), com escarificador
ou grade de discos para destorroar e enterrar o adubo de fundo. Evitar a passagem
frequente com fresa; aconselhado o uso de um subsolador ou charrua ao longo das
linhas, para quebrar sulcos (2 passagens cruzadas).

Não é permitida a queima dos resíduos da cultura anterior pelo que se devem incorporar

MÓDULO IV
através de uma mobilização ou manter à superfície;

No caso da existência de plantas atacadas/infetadas, estas devem ser arrancadas e


queimadas, de modo a reduzir os níveis de infestação de pragas e doenças. No caso
dos campos de produção de sementes aconselha-se manter as bordaduras dos campos
limpas de infestantes.

Em parcelas com inclinação, convém que as linhas sejam orientadas de acordo com as
curvas de nível, de forma a melhorar o aproveitamento da água e prevenir a erosão. MÓDULO V
A aplicação de herbicidas deve ser limitada ao mínimo, utilizando-se apenas para
combate de infestantes vivazes de difícil controlo. Sempre que possível substituir o
herbicida por mobilizações ou cobertura do solo.

Em culturas em que é necessária a cobertura do solo, podem usar-se várias técnicas


MÓDULO VI

de “mulching” (cobertura com palha, restos de plantas, tela, papel e plástico),


contribuindo para manter ou elevar a temperatura do solo, reduzir as perdas de água,
impedir o desenvolvimento de infestantes, reduz a lixiviação dos fertilizantes, diminui
a compactação do solo e a infeção das plantas por doenças ou o ataque de pragas do
solo.

b) Desinfeção do solo, a instalação de uma nova cultura num solo agrícola cuja cultura
anterior apresentou sintomas da existência de microrganismos patogénicos, com
BIBLIOGRAFIA

capacidade para afetar esta nova cultura, obriga à realização de análises de sanidade

208
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
vegetal, entre as quais, nematodológicas e de pesquisa de fungos ou bactérias
patogénicas do solo. Se os resultados forem positivos, é necessário respeitar um período
de repouso do solo, até que novas análises demonstrem que o solo está novamente
apto para essa nova cultura.

Em Modo de Produção Integrada é proibida a desinfeção do solo com produtos químicos,

MÓDULO I
recomendando-se, em alternativa, a solarização e/ou a biofumigação9 de acordo com os
inimigos a combater, ou outras técnicas naturais de desinfeção do solo (Figura 24 a e b).

MÓDULO II
A B
Figura 24 – a) Solarização do solo b) biofumigação | Fonte:http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/Solarizacao/Index.htmc)

c) Utilização de Variedades Resistentes, a utilização de uma variedade bem-adaptada


às condições locais é essencial ao sucesso da cultura. A introdução de novas

MÓDULO III
variedades deve ser sempre sujeita ao conhecimento das suas características e do seu
comportamento agronómico e a correspondente sensibilidade a pragas e doenças,
sendo por isso desaconselhada a sua utilização em grandes áreas. É obrigatório o uso
de variedades inscritas no Catálogo Comum de Variedades de Espécies Hortícolas ou
de Espécies Agrícolas ou no Catálogo Nacional de Variedades. No caso de não estarem
inscritas nestas listas, devem constar em listas oficiais dos estados-membros ou em
listas de variedades de produtores (aplicável às fruteiras). Em hortícolas consideradas
no Catálogo Comum de Variedades de Espécies Hortícolas, é obrigatório o uso de

MÓDULO IV
sementes da categoria Certificada ou Standard.

O material vegetal deve ser produzido por fornecedores licenciados pela Direção Geral
de Alimentação e Veterinária (DGAV) bem como encontrar-se registado no Catálogo
Nacional de Variedades.
d) Rotação das culturas, a rotação apropriada de culturas constitui um processo eficaz de
reduzir substancialmente a ocorrência de inimigos das culturas (infestantes, pragas e
doenças), manter ou aumentar a fertilidade do solo, contribuindo para a melhoria do
rendimento económico da cultura.
MÓDULO V
e) Colheita de amostras de terra, serve para conhecer o teor do solo em nutrientes e as
suas características físicas e químicas, de modo a proceder a uma fertilização adequada
e racional. Interessa também conhecer as necessidades das culturas em termos de
9 A biofumigação é uma técnica de desinfeção do solo, procurando a redução da população de microrganismos
MÓDULO VI

patogénicos e de plantas infestantes, através da ação tóxica de compostos orgânicos voláteis resultantes
da decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos frescos. Esta técnicas é independente das condições
meteorológicas e portante pode ser efetuada em qualquer estação do ano. O seu tempo de atuação é de 1,5 a
2 meses. Os resíduos orgânicos usados para incorporação do solo, podem ser estrumes da atividade pecuária,
subprodutos agroindustriais (bagaço de azeitona e de uva, casca de arroz) ou resíduos de brássicas (couves,
nabos, colza). Estes resíduos são incorporados no solo a uma profundidade de 15 a 20 cm, a seguir a uma rega
para garantir as condições anaerobiose e a retenção de gases tóxicos, cobrindo depois o solo com um filme
polietileno transparente. O plástico deverá permanecer no solo durante 70 dias. É importante mobilizar o solo
BIBLIOGRAFIA

superficialmente, após a retirada dos plásticos e após alguns dias proceder à sementeira ou plantação.

209
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
nutriente, a qualidade da água da rega, a composição dos corretivos orgânicos e o
comportamento dos fertilizantes quando aplicados no solo. Em cultura ao ar livre, é
obrigatória a realização de uma análise de solo de 4 em 4 anos. Em cultura protegida,
é obrigatória a realização de uma análise de solo anualmente, aconselhando-se uma
segunda análise no fim do ciclo de cada cultura para avaliar o estado de fertilidade do

MÓDULO I
solo.
Procedimento de recolha de amostras de terra:
De acordo, com a DGADR (2010), a recolha de amostras de terra para análise deve
seguir os seguintes passos:
• Dividir o terreno em parcelas relativamente homogéneas (declive, drenagem,
culturas realizadas, etc.);

MÓDULO II
• Percorrer em ziguezague cada uma das parcelas anteriormente definidas, colhendo
ao acaso pequenas amostras de igual tamanho, em pelo menos 15 a 20 pontos
diferentes, na camada arável até 20 cm de profundidade;
• Colocar as amostras recolhidas num balde;
• No final, misturar bem as porções de solo e remover pedras e outros objetos sem
interesse;

MÓDULO III
• Recolher do balde uma amostra com cerca de 0,5 kg, colocando-a num saco de
plástico devidamente identificado, com duas etiquetas, uma colocada dentro do
saco (se a terra estiver seca) e outra, por fora, atada a este com um cordel, sendo
assim enviada ao laboratório para análise (Figura 25) e acompanhada por uma Ficha
Informativa para amostras de terra devidamente preenchida (https://wwwl.iniav.pt/
solos-nutricao-vegetal-fertilizantes).

MÓDULO IV
Evitar colher a amostra em locais encharcados, próximos de
caminhos, de habitações, ou de estábulos;

Para a análise de micronutrientes, é necessário utilizar na colheita


material de plástico ou aço inoxidável a fim de evitar contaminações.
Se utilizar enxada ou pá, abra a cova, raspe a parede com pá de
madeira ou plástico e só depois retire a fatia de terra para o balde,
utilizando o mesmo material. MÓDULO V

Ao enviar as amostras de terra para o laboratório devem ser solicitadas as determinações


analíticas, descritas na seguinte Tabela 14.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 25 - Recolha de amostras de solo.

210
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Amostras de Solo - Determinações Analíticas Obrigatórias
Culturas ao ar livre Culturas protegidas

pH (H2O) pH (H2O)

MÓDULO I
Necessidade de cal (se necessário) Necessidade em cal

Matéria orgânica Matéria orgânica

Fósforo extraível Azoto mineral

Potássio extraível Fósforo solúvel em água

MÓDULO II
Magnésio extraível Potássio solúvel em água

Cálcio solúvel em água

Magnésio solúvel em água

Sódio solúvel em água

Condutividade elétrica

MÓDULO III
Amostras de Solo - Determinações Analíticas Recomendadas
Calcário total e ativo;

Boro, Cobre, Ferro, Manganês e Zinco extraíveis


Tabela 14 - Determinações analíticas obrigatórias e recomendadas nas análises dos solos | Fonte: Cavaco, 2006c

MÓDULO IV
f) Colheita de amostras de material vegetal - as análises foliares são recomendadas
sempre que a cultura apresente aspetos anómalos ou não atinja os níveis de produção
considerados aceitáveis, tendo em conta a fitotecnia utilizada. A análise é feita
anualmente para pomares com mais de 5 anos e vinha com mais de 3 anos.

Procedimento de recolha da amostra:

MÓDULO V
Em PRODI, de acordo com Cavaco 2006c, a colheita de material vegetal para análise,
deverá observar-se os seguintes princípios gerais:

• Colher a parte da planta a analisar de acordo com a espécie e época mais adequada.
No caso de não haver instruções, como regra geral, colher as folhas mais nova e
completamente desenvolvidas, um pouco antes ou no início da floração;

• O material a analisar deve ser entregue no laboratório no mesmo dia da colheita, ou


MÓDULO VI

no dia seguinte (guardado no frigorífico a uma temperatura de 4 a 6 °C);

• No caso de ter a necessidade de enviar o material pelo correio, é aconselhada a


secagem do mesmo, em estufa, a 65 °C ou em local arejado, à sombra e resguardado
de poeiras;

• O material vegetal deve estar limpo de terra, excrementos, ser isento de doenças e
BIBLIOGRAFIA

pragas, etc.;

211
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
• Caso seja solicitada a determinação de microelementos é necessário proceder,
previamente, à lavagem das folhas com água normal e depois com água
desmineralizada ou destilada. Não enviar amostras de material vegetal verde pelo
correio uma vez que o risco de se deteriorarem é muito elevado;

MÓDULO I
• Identificar devidamente as amostras. No caso de querer fazer a comparação entre
material afetado e não afetado, as amostras devem ser colhidas e acondicionadas
separadamente;

• Fornecer as informações necessárias para a boa interpretação dos resultados,


nomeadamente, produções, fertilização praticada, época de colheita, etc.;

• Se possível, colher uma amostra de terra no mesmo local e na mesma altura em que

MÓDULO II
foram colhidas as plantas;

Ao enviar as amostras de material vegetal para o laboratório devem ser solicitadas as


seguintes determinações analíticas, constantes na Tabela 15 e acompanhadas de uma
Ficha Informativa de amostras de material vegetal devidamente preenchida (https://
www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
requisicao-analises/mod-lqars71_requisicao_analise_material-vegetal_v3.pdf)

MÓDULO III
Amostras de Material Vegetal Determinações Analíticas
Azoto

Fósforo

Potássio

MÓDULO IV
Cálcio

Magnésio

Ferro

Manganês

Zinco

Cobre MÓDULO V
Boro

No caso da vinha enxofre também


Tabela 15 - Determinações analíticas nas análises ao material vegetal | Fonte: Cavaco, 2006c
MÓDULO VI

g) Colheita de amostras de água de rega, recorre-se à análise da água de rega para


decidir sobre as quantidades dos nutrientes a aplicar no solo. Em Produção Integrada,
a análise da água de rega é obrigatória, de quatro em quatro anos, salvo nos casos de a
água exceder os valores máximos recomendados, pelo Decreto-Lei nº 236/98, de 01 de
agosto, e nestas circunstâncias, esta análise tem que ser feita anualmente.

Procedimento de recolha da amostra:


BIBLIOGRAFIA

De acordo com Cavaco 2006c, a recolha de amostras de água para rega deverá ser

212
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
feita através da análise de amostras representativas, tendo em atenção os seguintes
cuidados:

• No caso de águas de rega provenientes de poços ou furos, deve recolher-se uma


amostra de 1 L, meia-hora após se ter iniciado a bombagem da água;

MÓDULO I
• A amostra de água deve ser guardada em recipiente de vidro ou plástico, bem limpo,
lavado pelo menos 3 vezes com a água a colher;

• O recipiente deve ficar bem cheio, sem bolhas de ar e devidamente arrolhado;

• Se não for imediatamente entregue no laboratório, deve ser guardado no frigorífico


a temperatura nunca superior a 5 °C;

MÓDULO II
• Identificar devidamente a amostra e a mesma deve ser acompanhada de uma
ficha informativa devidamente preenchida (https://www.iniav.pt/images/Servicos-
Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/requisicao-analises/mod-lqars72_
requisicao_analise_agua_rega_v3.pdf);

Ao enviar as amostras da água de rega para o laboratório devem ser solicitadas as

MÓDULO III
seguintes determinações analíticas, constantes na Tabela 16.

Amostras de água da rega - Determinações Analíticas obrigatórias


Bicarbonatos

Boro

Cloretos

MÓDULO IV
Condutividade elétrica

Razão de adsorção de sódio

Magnésio

Nitratos

MÓDULO V
pH

Sódio

Determinações Analíticas – Recomendadas - sempre que se verifiquem entupimentos do


sistema de rega
MÓDULO VI

Ferro

Manganês

Sulfatos

Sólidos em Suspensão
Tabela 16 - Determinações analíticas nas análises à água da rega | Fonte: Cavaco, 2006c
BIBLIOGRAFIA

h) Colheita de amostras de estrumes e outros corretivos orgânicos, de um modo geral,

213
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
em Portugal os solos são pobres em matéria orgânica, aconselhando a sua aplicação
sempre que os seus teores sejam inferiores a 1.0%. Em produção integrada, é sempre
preferível recorrer à fertilização orgânica, que ajuda a melhorar a fertilidade do solo
pelo aumento do teor em matéria orgânica, disponibilidade de nutrientes, retenção
da água e redução da erosão. Existe grande diversidade de materiais de natureza

MÓDULO I
orgânica, alguns dos quais subprodutos das explorações agrícolas e agro-pecuárias,
como estrumes, chorumes e resíduos das culturas, e lamas de depuração resultantes do
tratamento dos efluentes, ou de indústrias agro-alimentares e florestais, bem como da
compostagem dos resíduos sólidos urbanos.

Contudo a aplicação desta fertilização orgânica deve ser precedida de uma análise para
determinar a sua disponibilidade em nutrientes e detetar a existência de metais pesados

MÓDULO II
e outros compostos tóxicos, que impeçam o seu uso como fertilizantes. (Cavaco, 2006c)

A utilização de lamas de depuração na fertilização do solo deve ser condicionada ao


seu teor em metais pesados (cádmio, cobre, crómio, mercúrio, níquel, chumbo e zinco)
suscetíveis de causar poluição do solo e dos cursos de água e, de acordo com o Decreto-
Lei nº 276/2009 de 2 de outubro, é obrigatória também a análise do solo, antes de
cada aplicação de lamas. Só é permitida a utilização de lamas de depuração de ETAR’s

MÓDULO III
(Estações de Tratamento de Águas Residuais) tratadas, de acordo com as normas legais
em vigor, segundo o Decreto-Lei n.º 276/2009 de 2 de outubro.

Decreto-Lei n.º 276/2009 de 2 de outubro.

É proibida a utilização de lamas em:

MÓDULO IV
• Prados ou culturas forrageiras, nas três semanas anteriores do
pastoreio do gado ou à colheita de forragens;

• Culturas hortícolas e frutícolas, com exceção das culturas de


árvores de fruto, durante o período vegetativo;

• Solos destinados a culturas hortícolas ou frutícolas, que estejam


normalmente em contacto direto com o solo e que sejam

MÓDULO V
consumidas em cru, durante um período de 10 meses antes da
colheita e durante a colheita.

• Em solos destinados ao modo de produção biológico;

• Junto às margens de águas.

Em Produção Integrada, a utilização de compostos orgânicos do tipo Resíduos Sólidos


MÓDULO VI

Urbanos (RSU) só é permitida com produtos de reconhecida qualidade, isto é, produtos


bem maturados, higienizados e pobres em metais pesados. A concentração dos metais
pesados deve obrigatoriamente respeitar os valores-limite indicado no Decreto-Lei nº
276/2009 de 2 de outubro.

Procedimento de recolha da amostra:


BIBLIOGRAFIA

De acordo com o Decreto-Lei nº 276/2009 de 2 de outubro as recolhas das amostras

214
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
devem obedecer aos seguintes cuidados:

• Recolha de amostras após tratamento, e antes da entrega ao utilizador, devendo ser


representativas das lamas produzidas;

MÓDULO I
• Recolhidas das amostras na época de maior produção de lamas ou após variações
significativas da qualidade dos efluentes;

• Recolha de amostras em vários locais, a diferentes profundidades e horas, sendo


posteriormente homogeneizadas, antes de se proceder à sua análise.

As lamas devem ser analisadas pelo menos duas vezes por ano, uma no período outono-
inverno e outra no período primavera-verão.

MÓDULO II
No caso de, no período de dois anos consecutivos, os resultados das análises não
defiram de forma significativa entre si, as lamas poderão ser analisadas apenas uma vez
por ano.

Sempre que surgirem variações significativas na qualidade da água bruta ou alterações


no funcionamento da estação de tratamento de águas residuais, deve ser realizada uma

MÓDULO III
análise após a primeira produção de lamas.

As amostras dos estrumes, lamas e compostos preparados exclusivamente a partir de


resíduos de origem vegetal e ou animal provenientes de explorações agrícolas, agro-
pecuárias ou florestais, bem como das indústrias agro-alimentares e da celulose, devem
ser acompanhadas da respetiva ficha informativo de acordo com o Anexo IV - Modelo
da declaração de planeamento das operações, do Decreto-Lei n.º 276/2009 de 2 de

MÓDULO IV
outubro (http://www.drapal.min-agricultura.pt/drapal/images/servicos/lamas/DL_276.
pdf).

Ao enviar as amostras para o laboratório devem ser solicitadas as seguintes


determinações analíticas, constantes na Tabela 17.

Determinações Analíticas obrigatórias


Parâmetros agronómicos
Matéria seca MÓDULO V
Carbono orgânico

Azoto total

Azoto nítrico e amoniacal


MÓDULO VI

Fósforo total

Potássio total

Cálcio total

Magnésio total

Zinco total
BIBLIOGRAFIA

215
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Determinações Analíticas obrigatórias
Parâmetros agronómicos
pH

MÓDULO I
Determinações Analíticas obrigatórias
Metais pesados
Cádmio

Cobre

Níquel

MÓDULO II
Chumbo

Zinco

Mercúrio

Crómio

MÓDULO III
Determinações Analíticas obrigatórias
Microrganismos patogénicos
Salmonella spp

Escherichia coli

MÓDULO IV
Tabela 17 - Determinações analíticas nas análises estrumes e outros corretivos orgânicos | Fonte: Decreto-Lei nº º 276/2009 de 2 de outubro

As quantidades de estrumes, chorumes, compostos e/ou outras


matérias fertilizantes de natureza orgânica a aplicar ao solo não
devem ultrapassar o correspondente a 170 kg de azoto total
por hectare e por ano, incluindo o azoto contido nos dejetos
depositados diretamente pelos animais nos campos enquanto

MÓDULO V
pastam. Nas explorações situadas em zonas vulneráveis, é proibido
exceder esse limite. (Aguiar et al., 2005)

i) Adubação foliar, sempre que se observe sintomas de qualquer desequilíbrio nutricional,


confirmados pela análise foliar, a aplicação de um ou mais nutrientes pode ser efetuada
por via foliar, a fim de assegurar uma mais rápida correção de tal desequilíbrio. As
aplicações podem ter lugar após a colheita, com as folhas ainda verdes e ativas, ou
MÓDULO VI

no período de dormência, o mais tarde possível, antes do início da rebentação. Esta


aplicação pode ainda ter lugar após a floração, mas com uma concentração da solução
bastante inferior às utilizadas nas outras épocas. Acrescenta-se que aplicações de
nutrientes por via foliar deverão ser obrigatoriamente justificadas, pelo agricultor ou
pelo técnico de produção integrada que acompanha a exploração, no caderno de
campo ou no plano de fertilização.
BIBLIOGRAFIA

j) Fertilização de fundo e de cobertura, são realizadas tendo em conta os resultados

216
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
analíticos das amostras de terra e das amostras de folhas nas culturas perenes (solos
e plantas) e da produção pretendida/esperada e para isso é elaborado um plano de
fertilização10, sendo a aplicação de adubos e ou corretivo feita segundo este plano.

Em produção integrada, o plano de fertilização deve referir medidas que garantam

MÓDULO I
a eficácia e segurança da aplicação de fertilizantes, de modo a evitar perdas por
lixiviação, erosão e evaporação, e reduzir os riscos de poluição das águas superficiais e
subterrâneas, como rotações adequadas, incorporação superficial de palhas e restolhos
ou redução dos trabalhos de mobilização do solo, assim como avaliar o declive do
terreno e a localização e envolvimento das parcelas, devido à maior suscetibilidade de
contaminação com nitratos em locais perto de linhas de água.

MÓDULO II
As recomendações dos fertilizantes não devem exceder as doses máximas permitidas
em Produção Integrada. Tais ajustamentos, sobretudo no caso do azoto (N), deverão
fundamentar-se, essencialmente, em observações efetuadas ao longo do ciclo da cultura
(vigor das plantas, sensibilidade a pragas e doenças, níveis de precipitação, etc.). No
caso do calcário, a quantidade a aplicar é dependente do pH e do poder tampão do
solo, a sua aplicação deve ser feita a lanço e incorporação através de mobilização do
solo.

MÓDULO III
Nos casos em que haja necessidade de corrigir o pH do solo, quando o mesmo se
encontra ácido, com níveis de magnésio muito baixos, recomenda-se a aplicação de
calcário magnesiano. Quando o pH é básico recomenda-se aplicação de enxofre ou
gesso.

No caso da matéria orgânica deve ser aplicada a lanço e, incorporada no solo o


mais brevemente possível após a sua distribuição, no máximo até 24 horas, nunca

MÓDULO IV
ultrapassando as 48 horas, visto que as perdas mais elevadas ocorrem logo a seguir
à distribuição, prolongando-se por 2 a 8 dias (Despacho n.º 1230/2018), com os
trabalhos de mobilização do solo, de modo a evitar as perdas por volatilização do
azoto, entre outros elementos, na Tabela 18 indicam-se as classes de fertilidade para
os vários nutrientes, exceto azoto, para culturas ao ar livre, estabelecidas de acordo
com os métodos ali referenciados. As aplicações de fertilizações nas culturas devem
ser registadas na respetiva ficha de registo (http://www.drapn.min-agricultura.pt/drapn/
conteudos/zv/ajuda.pdf). MÓDULO V
Parâmetro Classes de Fertilidade Método de
mg/kg M. baixa Baixa Média Alta M. Alta extração

P2O5 ≤ 25 26 - 50 51 - 100 101 - 200 > 200 (1)


MÓDULO VI

K2O ≤ 25 26 - 50 51 - 100 101 - 200 > 200 (1)

Mg ≤ 30 31 - 60 61 - 90 91 - 125 > 125 (2)

10 Plano de fertilização - definição de todos os aspetos de uma exploração agrária relacionados com a manutenção
e melhoria da qualidade do solo, como necessidades nutritivas das plantas, capacidade e características do solo,
condições meteorológicas da região, disponibilidade de matérias fertilizantes provenientes da própria exploração
e os tipos, quantidades, épocas e técnicas de aplicação de fertilizantes: deve ser revisto periodicamente e basear-
BIBLIOGRAFIA

se em análises de solos e plantas.

217
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Parâmetro Classes de Fertilidade Método de
mg/kg M. baixa Baixa Média Alta M. Alta extração

Fe ≤ 10 11 - 25 26 - 40 41 - 80 > 80 (3)

MÓDULO I
Mn ≤7 8 - 15 16 - 45 46 - 100 > 100 (3)

Zn ≤ 0,6 0,7 - 1,4 1,5 – 3,5 3,6 - 10 > 10 (3)

Cu ≤ 0,3 0,4 - 0,8 0,9 – 7,0 7,1 - 15 > 15 (3)

B ≤ 0,2 0,2 - 0,3 0,4 – 1,0 1,1 – 2,5 > 2,5 (4)

MÓDULO II
(1) Egner-Riehm modificado (lactato de amónio + ácido acético);

(2) Acetato de amónio a pH7;

(3) Acetato de amónio + ácido acético + EDTA;

(4) Água fervente

MÓDULO III
Tabela 18 - Classes de fertilidade e classificação dos teores do solo em nutrientes (mg/kg) no caso de culturas ao ar livre | Fonte: LQARS, 2006 (Adaptado)

k) Rega, o crescimento vegetal depende da quantidade de água disponível, pelo que, nos
casos em que a água existente no solo não é suficiente para as necessidades hídricas da
cultura, é necessário regar. Em produção integrada, a rega é efetuada com a preocupação
de minimizar as perdas de água e otimizar a qualidade do produto. Deve estabelecer-
se um plano de rega para cada parcela, no qual os cálculos das quantidades de água
a utilizar devem basear-se em dados de estações meteorológicas locais. Sempre que

MÓDULO IV
possível, a realização de regas deve ser articulada com as fertilizações e tratamentos
fitossanitários. (Aguiar et al., 2005)

A gestão da água deve ser encarada de forma integrada e estar assente em princípios
de ecologia, economia e ética, que procurem assegurar, a longo prazo, reservas
adequadas de água que são uma das bases do equilíbrio dos ecossistemas agrários.
Em Portugal, a disponibilidade de água apresenta grandes assimetrias e irregularidades
espaciais, sazonais e inter-anuais, pelo que o recurso ao regadio constitui um instrumento MÓDULO V
importante para a melhoria da produtividade das culturas. (Aguiar et al., 2005)

Em produção integrada a utilização de águas residuais domésticas ou industriais, sem


serem tratadas de acordo com as exigências constantes nas regras estabelecidas pela
Organização Mundial de Saúde, é proibida. (Aguiar et al., 2005)
MÓDULO VI

Para além da quantidade de água disponível, é importante salvaguardar a qualidade


das águas, quer de superfície quer subterrâneas. Assim, as técnicas de rega utilizadas
em produção integrada devem procurar reduzir as perdas de água por percolação
e escorrimento superficial e ajustar-se aos programas de fertilização e proteção da
cultura de forma a minimizar as alterações decorrentes do arrastamento de resíduos
associados à cultura, como fertilizantes, matéria orgânica, microrganismos, produtos
fitofarmacêuticos, metais pesados, que podem provocar a contaminação dos meios
BIBLIOGRAFIA

hídricos. (Aguiar et al., 2005)

218
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Neste sentido devem ser tomadas as medidas necessárias ao correto funcionamento da
rega, recomendando as seguintes situações:

• Revisão do sistema de rega antes de cada campanha para redução ao mínimo do


risco de perda de água;

MÓDULO I
• Sempre que possível, adotar o sistema de rega por gota-a-gota;

• Prevenir todas as situações possíveis de provocar o encharcamento do solo,


especialmente junto ao colo das plantas, a fim de evitar a ocorrência de doenças;

• Registar o número de regas e a quantidade de água fornecida em cada rega, no


caderno de campo, semanalmente;

MÓDULO II
• A frequência de rega deve ser ajustada ao sistema existente, ao tipo de solo e à fase
do ciclo da cultura;

• Aplicar adubos em fertirrega11 após fornecer às plantas 20 a 25% da dotação de rega


prevista. Cessar a mesma quando faltar aplicar 10 a 20 % da água prevista;

MÓDULO III
III.5.2. COMPONENTE ANIMAL
De acordo com o Decreto-Lei n.º 256/2009 de 24 de setembro, para a prática da produção
integrada na componente animal é necessária a aplicação de técnicas que estabelecem um
adequado equilíbrio e salvaguarda do bem-estar animal, de modo que seja possível obter
-se uma produção sustentável em termos de qualidade e quantidade, devendo ter em conta,
nomeadamente, o maneio e alimentação animal, a profilaxia e saúde animal e a gestão de

MÓDULO IV
efluentes de origem animal.

Para a salvaguarda do bemestar animal torna-se necessário cumprir os cinco requisitos do


bemestar animal:
• Livre de fome e de sede: acesso a água fresca de qualidade e a uma dieta adequada às
condições fisiológicas;

MÓDULO V
• Livre de desconforto: fornecimento de um ambiente adequado que inclua um abrigo
com uma zona de descanso confortável;
• Livre de dor, ferimentos e doença: prevenção de doenças, diagnóstico rápido e
tratamentos adequados;
• Ter liberdade de expressar comportamento normal: fornecimento de espaço adequado,
instalações adequadas e a companhia de animais da mesma espécie;
MÓDULO VI

• Livre de stress, medo e ansiedade: assegurando condições e maneio que evitem


sofrimento.

11 Fertirrega, consiste na aplicação de fertilizantes nas culturas através da água da rega. As concentrações de
fertilizantes a injetar variam de cultura para cultura e são escolhidas pelo utilizador do sistema. Fisicamente a
dosagem desses fertilizantes é feita através bombas e válvulas injetores que doseiam a concentração numa
cuba de mistura. Posteriormente a mistura é injetada na conduta de rega por uma bomba para que possa ser
distribuída através da água. Esta técnica apresenta enormes vantagens na poupança da água, fertilizantes, e na
BIBLIOGRAFIA

diminuição dos riscos de poluição associados aos fertilizantes.

219
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Assim, a Produção Integrada Animal tem como principal objetivo a alteração de padrões
de produção com vista a uma atividade em equilíbrio com o meio físico natural delimitado
pela unidade de produção agropecuária. Neste pressuposto os objetivos primordiais são os
do aumento da eficiência e minimização dos impactes ambientais e produção de alimentos
de qualidade (DGV, 2011).

MÓDULO I
Com base na publicação da DGV (2011) as normas do Modo de Produção Integrada Animal
consideram os seguintes aspetos:

I) Características gerais

II) Maneio dos animais, conservação do solo e ecossistemas

MÓDULO II
III) Alimentação dos Animais

IV) Profilaxia e cuidados veterinários

V) Bem-estar animal (reprodução, manejo e alojamento)

VI) Gestão e manejo de efluentes

MÓDULO III
I – Características gerais

a) A unidade de produção agro-pecuária deverá estar integrada no seu meio físico natural
e com práticas que utilizem de forma sustentada os recursos e mecanismos de produção
naturais.

MÓDULO IV
b) A componente da atividade pecuária deverá estar licenciada ou registada em
conformidade com a legislação vigente para as respetivas atividades.

c) Os animais deverão estar corretamente identificados de acordo com as normas vigentes.

d) O produtor deve assegurar um sistema de rastreabilidade, que estará à disposição da


autoridade competente, de acordo com o estabelecido no artigo18º do Regulamento

MÓDULO V
(CE) n.º 178/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de janeiro de 2002,
de forma a identificar a origem de todos os alimentos existentes ou utilizados na
exploração, bem como dos animais que entraram ou saíram da exploração., Extrato do
Artigo 18.º do Regulamento (CE) n.º 178/2002.

e) Ter em atenção que o MPB e a PRODI podem coexistir na mesma UP. Isto é, o produtor
pode fazer agricultura biológica em parte da área e PRODI na restante. Deve, no
MÓDULO VI

entanto, afetar ao mesmo modo de produção:

• Toda a área com plantas da mesma espécie cultivada;

• Toda a área de pastagem permanente, inclusive em sob coberto de povoamento florestal


arborizado e superfície agroflorestal não arborizada com aproveitamento forrageiro,
que é utilizada exclusivamente por animais criados nesse modo de produção;
BIBLIOGRAFIA

• Todos os animais da mesma espécie e com o mesmo tipo de produção presentes na

220
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
unidade de produção;

• Toda a área de uma parcela agrícola ou agroflorestal;

f) Por norma, têm de ser submetida toda a superfície agrícola ou agroflorestal da unidade

MÓDULO I
de produção e os respetivos animais ao modo de produção integrado ou ao modo de
produção biológico, de acordo com os respetivos normativos. No entanto, (alínea 3, do
Art.8º da Portaria 229-B/2008) numa exploração podem ser excecionadas da prática do
modo de produção integrado (ou biológico):

• As áreas de autoconsumo, até 10 % da área da unidade de produção, com o limite de


1 ha, desde que ocupadas com culturas diferentes das realizadas nas restantes áreas

MÓDULO II
da unidade de produção, e os animais até 2 CN, desde que de espécies diferentes das
existentes na UP e não destinados a venda;

• Outras áreas ou animais que o OC considere como tecnicamente não aptos à prática de
um destes modos de produção.

MÓDULO III
II - Maneio dos animais, conservação do solo e ecossistemas

a) A atividade pecuária deverá favorecer a fertilidade do solo, a conservação e melhoria


da biodiversidade. Não sendo admissíveis sinais de abandono, contaminação e sobre
pastoreio, quando sejam visíveis sinais de erosão ou compactação devem ser adotadas
práticas culturais que contrariem estes fenómenos.

MÓDULO IV
b) Deverá ser estabelecido na unidade de produção agropecuária um programa de
pastoreio racional, estabelecendo uma carga animal, por forma a impedir o sobre
pastoreio com consequências a nível da erosão e contaminação do solo e da água,
assim como evitar a subutilização das pastagens o que acarreta a sua degradação e o
aumento do risco de incêndio.

c) Sempre que o sistema de produção o justifique, nas fases de recria e acabamento é


necessário a constituição de lotes homogéneos em função da idade e peso dos animais. MÓDULO V
d) A eliminação de todo o tipo de resíduos ou sobrantes da atividade pecuária deve
realizar-se para que não exista contaminação ou alteração ambiental.

e) Os animais para serem considerados em PRODI, devem ter permanecido na exploração


um período mínimo de “integração” em função dos seguintes aspetos:
MÓDULO VI

1) Um animal que seja adquirido / originário de exploração convencional é considerado


“integrado em PRODI”, um mês após ter permanecido na exploração PRODI; no
entanto, um animal é considerado na exploração PRODI a partir da sua entrada, mas
se sair antes de 30 dias de permanência, não será contabilizado no efetivo PRODI da
exploração.
BIBLIOGRAFIA

2) Para efeitos da produção de ovos e leite PRODI, esta só é considerada após o animal

221
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
estar “integrado” na exploração, isto é, após o período de integração descrito em (1)
ou seja, um mês após ter entrado na exploração.

3) No caso de produção de carne, quando os animais são destinados ao abate e não


tenham nascido na exploração em PRODI, só são considerados de produção integrada,

MÓDULO I
se tiverem permanecido na exploração PRODI um período de integração, tendo em
consideração os ciclos de produção mínimos normalmente associados às diferentes
espécies animais. Assim, o período de integração para a produção de carne será de 1
mês para o caso das aves; de 3 meses no caso dos suínos, ovinos e caprinos; de 6 meses
no caso de bovinos.

MÓDULO II
i. O encabeçamento (*) em pastoreio não poderá em caso algum
ultrapassar:

• 2,0 CN por hectare (ha) de superfície agrícola e agro -florestal,


no caso de unidades de produção em que mais de 50 % desta
superfície se localize em zonas de montanha ou de unidades
de produção até 2,00 ha de superfície agrícola e agro -florestal,
incluindo áreas de baldio;

MÓDULO III
• 2,0 CN por hectare de superfície forrageira nos restantes casos.

ii. Sem prejuízo dos encabeçamentos previstos na alínea i), o


encabeçamento de suínos não poderá ultrapassar as 0,5 CN desta
espécie/ ha de superfície forrageira.

iii. Os parques de retenção dos animais e parques de alojamento ao

MÓDULO IV
ar livre só serão permitidos em parcelas cujo Índice de Qualificação
Fisiográfica (IQFP) é inferior ou igual a 2; a obrigatoriedade da sua
existência e o seu modo de funcionamento obedece ao normativo
REAP.

iv. No caso específico de produção de aves de capoeira, devem ser


somente os sistemas de exploração extensivos previstos no artigo
3º da Portaria nº 637/2009 de 9 de junho.
MÓDULO V
(*) Exceto para o caso das aves de capoeira

III - Alimentação dos Animais

a) Os animais devem ser alimentados de modo são e equilibrado, em conformidade com


MÓDULO VI

as suas necessidades fisiológicas, tendo em consideração as normas de boas praticas


na alimentação animal.

b) Disponibilidade permanente de alimentos grosseiros na alimentação dos ruminantes.

c) Devem ser observadas todas as medidas contempladas na legislação vigente em


matéria de sanidade, segurança e higiene dos alimentos incorporados no processo de
BIBLIOGRAFIA

produção.

222
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
i. A alimentação dos animais lactantes será assegurada com leite
natural e a idade mínima ao desmame é obrigatório e será a que
consta na tabela 19, em anexo. Excecionam-se as situações em
que a orientação económica da atividade seja a leiteira.

MÓDULO I
ii. É obrigatório fazer o registo das matérias primas, alimentos
compostos e forragens utilizados na alimentação dos animais, no
caderno de campo e conservar e anexar ao caderno de campo
as faturas (originais ou cópias) e guias de remessa das matérias
primas, alimentos compostos e forragens.

iii. Será assegurada a presença de alimentos fibrosos na ração (FB na

MÓDULO II
ração) dos animais de acordo com uma percentagem mínima de
10%.

iv. As fórmulas de rações confecionadas na própria unidade de


produção, bem como das misturas entre alimentos realizadas, têm
de ser registadas e conservadas durante 5 anos.

v. A percentagem mínima de alimentos (em matéria seca), que terá

MÓDULO III
que ser utilizada em PRODI é de 55% no primeiro ano, 65% no 2º
ano e 75% no 3º ano e seguintes. Excecionalmente, poderá ser
considerada a alteração temporária destas percentagens, quando
por condições climatéricas adversas, oficialmente reconhecidas,
não tenha sido possível assegurar as quantidades de alimentos
necessários, certificados em PRODI.

MÓDULO IV
vi. No mínimo metade da alimentação (em matéria seca), numa base
anual tem de ser proveniente da própria unidade de produção.
No caso dos ruminantes terá ainda de assentar essencialmente no
pastoreio direto, podendo ser complementado com forragens da
própria unidade de produção.

vii. Os alimentos destinados a suplementar a alimentação dos animais,


desde que não sejam de produção ou fabricos próprios, deverão
MÓDULO V
ser provenientes de distribuidores e fabricantes registados e/ou
autorizados de acordo com o Regulamento (CE) n.º 183/2005, do
Conselho de 12 de janeiro de 2005, que estabelece requisitos de
higiene dos alimentos para animais. Serão arquivados, durante 3
anos, as guias de remessa, faturas, recibos e etiquetas.
MÓDULO VI

IV - Profilaxia e cuidados veterinários

a) As atividades pecuárias devem estar qualificadas sanitariamente, com indemnes


de doenças conforme as normas em vigor para as distintas espécies animais.
Excecionalmente, poderá ser considerada a alteração deste estatuto sanitário, desde
que devidamente justificado e por causas não imputáveis ao criador. Nesta situação,
BIBLIOGRAFIA

o criador ficará obrigado a realizar todas as intervenções que as autoridades sanitárias

223
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
determinem tendo em vista a reposição do estatuto inicial.

b) A sanidade animal deve basear-se num programa que contemple:

• Escolha do tipo de animal, raça ou cruzamento conforme a adaptação, rusticidade e

MÓDULO I
resistência às doenças;

• Aplicação de práticas zootécnicas adequadas;

• Adequação da carga animal;

• Alimentação adequada tanto em características nutricionais como sanitárias.

MÓDULO II
c) As práticas zootécnicas e de manejo não devem criar situações de stress e contribuir
para patologias da produção.

d) A exploração pecuária deve ter um Plano de Profilaxia Médico-Sanitária contemplando as


doenças infecto-contagiosas, não sujeitas a controlo oficial, e o controlo de parasitoses.

e) A exploração pecuária deve ainda possuir um plano escrito de boas práticas de higiene,
o qual contemple práticas de limpeza, desinfeção, desinsectização e desratização das

MÓDULO III
instalações de armazenamento de alimentos ou de alojamento dos animais.

i) A Exploração pecuária deverá ser classificada como oficialmente


indemne ou indemne de: (*):

• Tuberculose (Bovinos);

MÓDULO IV
• Brucelose (Bovinos, Ovinos e Caprinos);

• Leucose (Bovinos);

• Doença de Aujeszky (Suínos);

No caso das unidades avícolas, as mesmas obrigam-se a aderirem,


perante os serviços oficiais, aos planos nacionais de controlo de
salmonelas. MÓDULO V
(*) Excecionalmente, poderá ser considerada a alteração deste
estatuto sanitário, desde que devidamente justificado e por causas
não imputáveis ao criador. Nesta situação, o criador ficará obrigado
à realização de todas as intervenções que as autoridades sanitárias
determinem tendo em vista a reposição do estatuto inicial.
MÓDULO VI

ii) A prescrição, administração, registo e detenção de medicamentos


ou medicamentos veterinários terá que obedecer às disposições
previstas no artigo 81º do Decreto-lei nº 148/2008, de 29 de julho,
alterado pelo Decreto-Lei nº 314/2009, de 28 de outubro, no que
respeita à receita médico veterinária normalizada e artigo 82º
sobre o registo, detenção ou posse de medicamentos.
BIBLIOGRAFIA

224
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
iii) A prescrição, administração de alimentos medicamentosos terá
em conta o normativo legal existente no Decreto – Lei n.º 151/2005
com as alterações que lhe são introduzidas pelo Decreto-lei
nº148/2008, que transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva

MÓDULO I
nº 90/167/CEE, do Conselho, de 26 de março, que estabelece o
regime jurídico do fabrico, colocação no mercado e utilização de
alimentos medicamentosos para animais, e os seus artigos 10º e
11, relativos à prescrição médico-veterinária e receita veterinária,
respetivamente.

iv) É proibida a medicação sistemática como prática preventiva, salvo

MÓDULO II
se justificada por alguma circunstância especial e por prescrição
veterinária (neste caso deve ser objeto de registo em caderno de
campo).

v) Os animais objeto de tratamento terão uma marcação temporária


durante o respetivo intervalo de segurança de administração de
medicamentos e deverão ser isolados em caso de doença infeciosa,

MÓDULO III
debilidade ou dificuldade de locomoção por motivo de lesão.

vi) É obrigatório assegurar que todos os animais presentes na unidade


de produção são submetidos às operações de profilaxia segundo
o plano definido a nível nacional ou regional.

vii) No caso de explorações de suínos, os alojamentos serão sujeitos


a limpeza e desinfeção e terão um vazio sanitário de pelo menos 8

MÓDULO IV
dias após a saída de cada lote de animais.

viii) Adotar um programa de eliminação de cadáveres e outros


subprodutos não destinados ao consumo humano (SIRCA), no
cumprimento do Regulamento (CE) n.º 1174/2002, de 3 de outubro
de 2002, que estabelece regras sanitárias relativas aos subprodutos
animais não destinados ao consumo humano.

ix) Todos os animais que entrem na unidade de produção devem ser MÓDULO V
objeto de isolamento, quarentena e observação.

x) Armazenar os medicamentos, Biocidas e Produtos de Uso


Veterinário de forma adequada, de forma a evitar o acesso indevido.

xi) A exploração pecuária terá de ser associada de uma OPP, salvo


MÓDULO VI

se dispuser de um médico veterinário responsável sanitário,


autorizado para o desempenho das mesmas funções.

xii) O detentor da exploração pecuária, obriga-se a possuir um livro


de registo de medicamentos, ou um registo de medicamentos em
suporte informático em observância ao previsto no artigo 82º, do
Decreto-lei nº 148/2008, de 29 de julho, alterado pelo Decreto-Lei
BIBLIOGRAFIA

225
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
-Lei nº 314/2009, de 28 de outubro, integrando os requisitos
complementares previstos no número 9 , daquele artigo,
constantes do Despacho nº 3.277/2009, do Diretor Geral de
Veterinária.

MÓDULO I
xiii) O detentor da unidade de produção, obriga-se a dispor de um
plano de profilaxia médica e sanitária e de um plano de boas
práticas de higiene. O plano de profilaxia médica e sanitária e
o plano de boas práticas de higiene, fazem parte integrante do
caderno de campo.

xiv) Quando, por medidas sanitárias, seja necessário dispor por

MÓDULO II
tipo de produção e por espécie animal afetada, de medidas de
biossegurança, as instalações devem dispor de:

• Um livro de registos de entradas na exploração pecuária


a fim de minimizar o risco de dispersão de doenças entre
a exploração e as outras explorações, nomeadamente o
controlo de pessoas, veículos e animais.

MÓDULO III
• Vestuário descartável para uso exclusivo das visitas

• Os veículos devem ser estacionados fora do recinto da


exploração pecuária

MÓDULO IV
V. BEM-ESTAR ANIMAL (REPRODUÇÃO, MANEIO E ALOJAMENTO DO EFETIVO)

a) O maneio dos animais deve favorecer os ciclos naturais de reprodução.

b) A gestão zootécnica deve ter por base o maneio em lotes de acordo com a idade e
ou estado reprodutivo, finalidade produtiva, e a utilização de parcelas ou instalações,
de forma a reduzir situações que possam provocar danos, enfermidades ou sofrimento
desnecessários.
MÓDULO V
c) Assegurar a existência de equipamentos adequados que permitam o bem-estar dos
animais e a segurança dos intervenientes, durante as manipulações decorrentes do seu
manejo habitual e durante as cargas e descargas.

d) As diversas instalações da exploração pecuária devem dispor de arejamento suficiente.


MÓDULO VI

e) A qualidade e a quantidade da água administrada aos animais devem ser adequadas.

i) É permitida a inseminação artificial e o transplante de embriões,


mas as técnicas que induzam traumatismo ou sofrimento estão
proibidas.

ii) A exploração pecuária deve possuir e cumprir um Plano de


BIBLIOGRAFIA

226
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Reprodução, o qual deve estar anexo ao caderno de campo.

iii) Dispor de abrigos, naturais ou artificiais, para proteção dos animais.

iv) Realizar as intervenções (por exemplo descorna) sobre os animais

MÓDULO I
só se necessárias e conforme os métodos adequados. No caso
dos suínos, o corte de caudas e a castração tem que obedecer aos
requisitos legais de proteção de suínos.

VI. GESTÃO DOS EFLUENTES PECUÁRIOS

MÓDULO II
Os efluentes zootécnicos devem ser objeto de maximização da valorização agrícola,
na unidade de produção agropecuária, a qual, sempre que exigido no âmbito do Regime
de Exercício da atividade Pecuária (REAP) Decreto-lei nº 214/2008, de 10 de novembro e
Portaria n.º 79/2022, de 3 de fevereiro deve estar associada a um plano de gestão de efluentes
pecuários (Atividades pecuárias em sistema de exploração intensivo das classe 1 e 2, com um
volume de produção de efluentes superior a 200 m3 ou 200 t./ ano), tendo em consideração as

MÓDULO III
orientações previstas no Código de Boas Práticas Agrícolas (CBPA).

Não é permitida a exportação de efluentes pecuários, exceto em casos


de impossibilidade temporária de incorporação, em que é permitida,
até ao limite de 30% da quantidade, para os destinos legalmente
previstos.

MÓDULO IV
Em relação à componente animal ter, ainda, em atenção:

A- Livro de registo de medicamentos ou registo em suporte informático

É obrigatório para o detentor de animais manter atualizado um registo de medicamentos


e medicamentos veterinários utilizados nos animais. Este registo, por ordem cronológica,
deve conter pelo menos:
MÓDULO V
• Data do tratamento

• Identificação animal/grupo de animais tratados

• Motivo ou natureza do tratamento


MÓDULO VI

• Nome do medicamento e quantidade administrada

• Intervalo de segurança

• Identificação de quem administrou o medicamento

Este registo deve ser mantido atualizado, em bom estado de conservação e à disposição
das autoridades oficiais para efeitos de controlo por um período de 5 anos. O livro de registo
BIBLIOGRAFIA

deve apresentar-se:

227
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
• Com numeração identificativa;

• Organizado por ordem cronológica;

• Paginado sequencialmente.

MÓDULO I
B- Suporte Informático

O registo pode ser mantido em suporte informático, mas devem ser elaborados relatórios,
pelo menos trimestrais, impressos com a informação requerida, a serem mantidos na
exploração e assinados sempre que exigido pelo veterinário. Ter em consideração que
“a detenção ou posse na exploração pecuária, de medicamentos e medicamentos
veterinários sujeitos a receita médico-veterinária, pelos detentores de animais numa

MÓDULO II
exploração pecuária, só é permitida desde que justificada por receita médico-veterinária
normalizada, requisição médico veterinária validada pelo médico veterinário responsável
clínico ou sanitário da exploração ou por declaração de médico veterinário de prescreveu
e administrou o referido medicamento.

C- Plano de Profilaxia Médica e Sanitária

MÓDULO III
Plano elaborado e assinado pelo médico veterinário responsável sanitário da exploração
ou Responsável da OPP, donde constem obrigatoriamente:

A) Plano de Profilaxia Médica

Plano onde constem as intervenções de profilaxia médica (vacinações) contra as


principais doenças produtivas com incidência na região e na exploração;

MÓDULO IV
Deverá ser indicada periodicidade das intervenções (vacinações) especificando o
medicamento veterinário imunológico a utilizar ou as doenças a proteger;

O plano de profilaxia médica deve indicar a data do início e a data de cessação;

B) Plano de Profilaxia Sanitária

Plano onde constem, obrigatoriamente, a utilização de produtos de uso veterinário,


MÓDULO V
biocidas de uso veterinário e medicamentos veterinários, aplicados diretamente
ao animal, com finalidades repelentes e ou de desinsectização, incluindo-se nesta
última a utilização de acaricidas e de carracicidas;

O plano de profilaxia sanitária deve indicar a data do início e a data de cessação;

No plano de profilaxia sanitária deve constar, obrigatoriamente, decorrente dos


produtos a utilizar o intervalo de segurança para o produto ou produtos utilizados;
MÓDULO VI

Sempre que o plano de profilaxia sanitária contemple a aplicação de medicamentos


Veterinários sujeitos a receita médico veterinária, a sua administração deve ser
registada, pelo criador, no livro de registo de medicamentos ou no registo em
suporte informático;

Na Tabela 19 indica-se a idade mínima e recomendada ao desmame de várias espécies e


BIBLIOGRAFIA

na Tabela 20 a conversão em CN (Cabeças Normais).

228
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
Idade ao desmame
Espécie Mínima Recomendada
Bovinos 3 meses => a 5 meses

MÓDULO I
Ovinos 35 dias => a 40 dias

Suínos 40 dias > a 40 dias

Caprinos 30 dias => a 40 dias


Tabela 19 - Idade mínima / recomendada ao desmame

Espécie e/ou Tipo de animal Cabeças normais (CN)

MÓDULO II
Touros, vacas e outros bovinos c/ > de 2 anos /equídeos c/> de 6 meses. 1,00

Bovinos com menos de 6 meses (só após o desmame) 0,40

Bovinos de 6 meses a 2 anos 0,60

Ovinos / Caprinos com mais de 1 ano (incluída a descendência) 0,15

MÓDULO III
Galinhas poedeiras 0,014

Outros suínos com mais de 3 meses (varrascos e porcos em recria /acabamento) 0,30
Tabela 20 - Tabela de conversão em cabeças normais (CN) | (Conforme Anexo I da Portaria nº 229-B/ 2008)

III.6. REGISTOS NO CADERNO DE CAMPO

MÓDULO IV
Para além do respeito pelos princípios da Produção Integrada, o agricultor que opte por
este modo de produção agrícola é obrigado a ter o caderno de campo12 (https://www.dgadr.
gov.pt/producao-integrada/cadernos-de-campo) atualizado, sistema de certificação, formação
atualizada e respeitar as normas técnicas específicas para cada cultura. Caso não exista a norma
técnica para determinada cultura deve garantir-se o cumprimento dos requisitos mínimos
para o exercício de Produção Integrada (https://www.dgadr.gov.pt/images/docs/prod_sust/

MÓDULO V
normas_pi/i008503.pdf).

III.7. CONTROLO, CERTIFICAÇÃO E ROTULAGEM


A política de qualidade agroalimentar da União Europeia é um vetor essencial da estratégia
de valorização destes produtos nos mercados europeu e global, sendo um dos seus objetivos
informar compradores e consumidores sobre as suas características e condições de produção
MÓDULO VI

(DGADR, 2021).

Abrange vários regimes de qualidade, de adesão voluntária, que acrescem às normas


de base legalmente definidas para cada produto em questão, indicando aos operadores
económicos e aos consumidores que este possui qualidades adicionais (características,
12 Caderno de campo: Documento no qual são registadas todas as operações efetuadas na exploração agrícola.
O caderno de campo deve ser assinado pelo agricultor e/ou técnico assistente que se responsabiliza pelas
BIBLIOGRAFIA

informações prestadas.

229
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)

ÍNDICE
condições de produção, etc.) que lhe conferem um valor acrescentado.

A garantia que as regras e os princípios da produção Integrada são cumpridos de acordo


com as normas estabelecidas, é dada pelo sistema de controlo e certificação implementado
entendendo-se por certificação, o processo através do qual uma entidade independente

MÓDULO I
atesta que um produto cumpre determinadas normas ou especificações, funcionando perante
terceiros como garantia da aplicação desses requisitos.

De forma a assegurar a aplicação uniforme e eficaz do sistema de controlo, a DGADR


dispõe de procedimentos documentados para a delegação de tarefas nos organismos de
controlo e para a respetiva supervisão, com vista à avaliação do desempenho operacional
dessas entidades de controlo, e ao garante do respeito pelas disposições regulamentares.

MÓDULO II
No site da DGADR, https://www.dgadr.gov.pt/producao-integrada/controlo-e-certificacao-
e-rotulagem, encontram-se referenciados os operadores sob controlo e os Organismos de
controlo e certificação (OC) reconhecidos pela DGADR.

O Despacho n.º 10935/2005, de 22 de abril, aprova o símbolo / logótipo (Figura 26) que se
destina a assinalar os produtos agrícolas e os produtos alimentícios obtidos de acordo com as
regras de produção integrada.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 26 - Símbolo para assinalar os produtos agrícolas e
os géneros alimentícios obtidos de acordo com as regras da
produção integrada
Fonte: DGADR - https://www.dgadr.gov.pt/sustentavel/ap-
tec-reconh-tecnicos/producao-integrada

A certificação dos produtos (vegetais ou animais) tendo por base a Produção Integrada
permite a comercialização desses produtos com o logótipo da Produção Integrada, o aumento MÓDULO V
da transparência na forma como são produzidos e, por conseguinte, o aumento de confiança
por parte dos consumidores contribuindo para o fortalecimento das relações na cadeia
alimentar, ter acesso a mercados restritos e a apoios comunitários a vários níveis.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

230
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO IV
AGRICULTURA BIOLÓGICA (AB)

MÓDULO II
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................232

IV.1. CARATERIZAÇÃO DA AGRICULTURA BIOLÓGICA.......................................................................................................233

MÓDULO III
IV.1.1. NO MUNDO..........................................................................................................................................................233

IV.1.2. NA UNIÃO EUROPEIA..........................................................................................................................................233

IV.1.3. EM PORTUGAL (CONTINENTE E REGIÕES AUTÓNOMAS) ..............................................................................234

IV.2. LEGISLAÇÃO...................................................................................................................................................................235

IV.3. DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS GERAIS...........................................................................................................237

MÓDULO IV
IV.4. ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A AGRICULTURA BIOLÓGICA (ENAB).......................................................................239

IV.5. CONVERSÃO À AGRICULTURA BIOLÓGICA.................................................................................................................240

IV.6. TÉCNICAS DE PRODUÇÃO EM AGRICULTURA BIOLÓGICA.......................................................................................243

IV.6.1. PARTE VEGETAL....................................................................................................................................................243


IV.6.1.1. O SOLO E OS NUTRIENTES........................................................................................................................243
MÓDULO V
IV.6.1.2. A ÁGUA.......................................................................................................................................................246
IV.6.1.3. ROTAÇÕES E CONSOCIAÇÕES.................................................................................................................248
IV.6.1.4. ADUBAÇÃO VERDE....................................................................................................................................252
IV.6.1.5. COBERTURA DO SOLO..............................................................................................................................255
IV.6.1.6. CONTROLO DE ADVENTÍCIAS...................................................................................................................258
MÓDULO VI

IV.6.1.7. COMPOSTAGEM.........................................................................................................................................267
IV.6.1.8. PROTEÇÃO DAS PLANTAS.........................................................................................................................271
IV.6.2. PARTE ANIMAL.....................................................................................................................................................280

VI.7. REGISTOS EM AGRICULTURA BIOLÓGICA...................................................................................................................285

IV.8 CONTROLO E CERTIFICAÇÃO.......................................................................................................................................288


BIBLIOGRAFIA

231
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO IV
AGRICULTURA BIOLÓGICA (AB)

MÓDULO II
INTRODUÇÃO
Os conceitos, princípios e objetivos da agricultura biológica (AB) têm sido discutidos e

MÓDULO III
definidos pelos organismos privados do setor que, a nível mundial, integram a Federação
Internacional dos Movimentos de Agricultura Biológica (IFOAM - https://www.ifoam.bio/)
(Ferreira, 1999).

Contando com mais de 800 organizações associadas em 117 países a IFOAM é a organização
mundial que apoia a agricultura biológica. Foi fundada em 1972, em França, por pioneiros
da agricultura biológica de diferentes países, com a finalidade de coordenar as ações dos

MÓDULO IV
movimentos de agricultura biológica e contribuir para a divulgação de dados científicos e
experimentais.

De acordo com a IFOAM (2009), a agricultura biológica é um sistema de produção


que mantém a saúde dos solos, dos ecossistemas e das pessoas. Baseia-se em processos
ecológicos, na biodiversidade e nos ciclos naturais, adaptados às condições locais, em vez
do uso de inputs com efeitos adversos. A agricultura biológica tem por base os seguintes 4
Princípios (Ferreira et al, 2021a):
MÓDULO V

• A agricultura biológica deve sustentar e melhorar a saúde do solo, da


planta, do animal e do homem, como um todo indivisível.
MÓDULO VI

• A agricultura biológica deve ser baseada em sistemas e ciclos ecológicos


vivos, trabalhar com eles, respeitá-los, e ajudar à sua sustentabilidade.

• A agricultura biológica deve constuir relacionamentos que assegurem


BIBLIOGRAFIA

integridade em relação com o ambiente e oportunidades de vida.

232
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
• A agricultura biológioca deve ser gerida com precaução e
responsabilidade de modo a proteger a saúde e o bem estar das atuais

MÓDULO I
e futuras gerações e do ambiente.

A agricultura biológica é um modo de produção sustentável. Tem como princípios a


preservação da natureza, a saúde das populações, ser economicamente viável e promover
a justiça social. Privilegia o uso de boas práticas de gestão da exploração agrícola e tem em
consideração a adaptação dos sistemas de produção às condições regionais. A prioridade aos
mercados locais e ao estabelecimento do equilíbrio ecológico entre o solo, as plantas e os
animais são fatores a considerar neste modo de produção. A visão da exploração como um

MÓDULO II
todo, com elaboração cuidada de um plano de gestão da exploração, considerando todos os
fatores de produção, bem como a gestão dos efluentes, subprodutos e resíduos torna-se é
essencial (DGADR, 2017).

IV.1. CARATERIZAÇÃO DA AGRICULTURA BIOLÓGICA

MÓDULO III
IV.1.1. NO MUNDO
De acordo com os dados publicados em 2021 pelo FIBL (Instituto de Investigação
de Agricultura Biológica), em https://www.organic-world.net/yearbook/yearbook-2021/
infographics.html, em 2019, 187 países do mundo tinham atividade ligada à agricultura
biológica.

MÓDULO IV
No mundo, em 2019, cerca de 72,3 milhões de hectares (mha) eram ocupados pela
agricultura biológica, encontrando-se 36,0 mha situados na Oceania, 16,5 mha na Europa e
8,3 mha na América Latina.

O número de produtores situou-se, em 2019, nos 3,1 milhões refletindo um acréscimo de


13 % relativamente a 2018. A Índia, o Uganda e a Etiópia são os países com maior número de
produtores biológicos.

O mercado global de produtos alimentares biológicos aumentou, situando-se em mais de MÓDULO V


106 milhões de euros sendo que a procura por estes produtos continua em crescimento.

Ao nível do consumo per capita a Dinamarca é o país que apresenta maior consumo com
um valor de 344€.

Em termos de distribuição por países, 49,38 % da área em MPB está situada na Austrália
MÓDULO VI

(35,7 mha), seguida pela Argentina (3,6 mha) e Espanha (2,4 mha).

IV.1.2. NA UNIÃO EUROPEIA


Segundo dados do EUROSTAT (https://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.
php?title=Organic_farming_statistics#Total_organic_area) a UE-27 apresentava, em 2019,
BIBLIOGRAFIA

uma área de cerca de 13,8 milhões de hectares (mha), correspondendo a 8,5 % da área total

233
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
utilizada na UE27 observando-se um aumento de 0,5 % em relação a 2018.

Em termos absolutos, em 2019, os países com as maiores áreas em AB foram Espanha (2,35
mha), França (2,24 mha) e Itália (1,99 mha). A dimensão da área em AB difere consideravelmente
de um Estado-Membro para outro. Quatro Estados-Membros representavam mais de metade

MÓDULO I
da superfície cultivada em AB: Espanha (17,1 %), França (16,2 %), Itália (14,5 %) e Alemanha (9,4
%). Juntos, representam 57,1 % da área em AB da UE-27 valor semelhante ao de 2018 (57,5 %).

No que diz respeito à produção animal, a Letónia apresentou em 2019, o maior efetivo em
AB de ovelhas e cabras (36,2 %) e o segundo de bovinos (25,1 %). A Grécia regista o maior
efetivo de bovinos em AB (26,9 %).

MÓDULO II
IV.1.3. EM PORTUGAL (CONTINENTE E REGIÕES AUTÓNOMAS)
Em Portugal, no período de 2013-2020 pode observar-se uma tendência de crescimento,
da área e do número de produtores em MPB, apesar de alguma oscilação, no respeitante à
área, em 2018 (Figura 1). Em 2020 a área em MPB situava-se nos 322 039 ha (sendo em 2013
de 197 295 ha) e o número de produtores em 5945 (quase o dobro, comparativamente a 2013,
que era de 3104).

MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 1 - Evolução da área e do número de produtores em MPB em Portugal (Continente e Regiões Autónomas) de 2013 a 2020
Fonte: https://www.dgadr.gov.pt/sustentavel/agricultura-e-producao-biologica. Adaptado. (2021)

De acordo com os dados publicados pela DGADR (2021) no que diz respeito à distribuição
por culturas, a maior parte da área, em 2020, encontra-se ocupada por prados e pastagens
permanentes (166 993 ha) seguindo-se as culturas permanentes para consumo humano com
49  816 ha (dados disponíveis em https://www.producaobiologica.pt/index.php/producao-
MÓDULO VI

biologica/indicadores-de-producao).

Na Tabela 1, apresentam-se dados do GPP (Gabinete de Planeamento e Políticas) e da


DGADR (Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural), referentes a 2017, onde
se pode observar a área e o número de produtores em MPB, por tipo de cultura e por
Região Agrária, em Portugal Continental. Em 2017, as pastagens constituíram a cultura mais
representativa com uma área de 146 687 ha contribuindo a região do Alentejo com 100 995
BIBLIOGRAFIA

ha. As plantas aromáticas representavam, em 2017, a cultura com menor área (855 ha) sendo

234
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
a região do Alentejo que mais contribuiu para este valor com 383 ha ocupados pelas plantas
aromáticas.

MÓDULO I
MÓDULO II
Tabela 1 - Área (ha) e número de produtores em MPB, por tipo de cultura e por Região Agrária, em Portugal, em 2017 | Fonte: DGADR; GPP 2020

Ainda que as explorações em agricultura biológica tenham uma dimensão média elevada,

MÓDULO III
verifica se uma variabilidade regional algo acentuada, uma vez que na Beira Litoral a dimensão
média é cerca de 8 hectares e no Alentejo a dimensão média é de 169 hectares. Na região
da Beira Interior a dimensão média situava-se nos 69 hectares e no Ribatejo e Oeste nos 51
hectares.

Em relação aos efetivos animais o grupo com maior representatividade em MPB e em 2020,
são os ovinos, com cerca de 94 mil animais, seguidos dos bovinos com perto de 93 mil animais

MÓDULO IV
(Tabela 2). Comparativamente a 2013 verificou-se, em 2020, um aumento em todo o efetivo,
destacando-se em valor absoluto e por ordem decrescente os bovinos, as aves e os ovinos,
respetivamente.

Número de cabeças
Efetivo pecuário
2020 2013
Bovinos 92 673 69 095
MÓDULO V
Suínos 2 037 2 009

Ovinos 93 385 88 528

Caprinos 6 931 6 519

Aves 56 226 45 264


MÓDULO VI

Tabela 2 - Efetivos animais em MPB, em Portugal, em 2020 e em 2013 | Fonte: https://www.dgadr.gov.pt/agricultura-e-producao-biologica (2021)

IV.2. LEGISLAÇÃO
Em 1991, no contexto da reforma da política agrícola da UE, o Conselho Europeu de
Ministros da Agricultura adotou o Regulamento (CEE) N.º 2092/91 relativo à agricultura
BIBLIOGRAFIA

biológica e à rotulagem dos produtos agrícolas e alimentos biológicos. Inicialmente, este

235
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
regulamento abrangia apenas produtos vegetais, tendo sido introduzidas posteriormente
outras regras relativas aos produtos de origem animal. Simultaneamente, esta legislação
permitiu a importação de produtos biológicos de países terceiros com os critérios de produção
e sistemas de controlo em pé de igualdade com a UE. Este regulamento inicial estabeleceu
normas mínimas a nível europeu que vieram permitir aos consumidores comprar produtos de

MÓDULO I
MPB em qualquer país da UE com garantia do cumprimento dos mesmos requisitos mínimos.

Em 1999, é publicado o Regulamento (CE) N.º 1804/1999 do Conselho de 19 julho que


completa, no que diz respeito à produção animal, o anterior regulamento, entrando em vigor
em agosto de 2000. Neste regulamento foi deixada aos Estados-Membros e organizações
privadas a responsabilidade da criação das suas próprias normas adicionais mais restritivas.

MÓDULO II
Em 2007, o Conselho Europeu de Ministros de Agricultura acordou o novo Regulamento
(CE) N.º 834/2007 do Conselho, de 28 de junho, relativo à produção biológica e rotulagem
dos produtos biológicos. Este regulamento estabeleceu o quadro jurídico para todos os
níveis da cadeia de abastecimento, desde a produção, distribuição, controlo e à rotulagem
dos produtos biológicos que podem ser oferecidos e comercializados na UE, revogando em
simultâneo o anterior Regulamento (CEE) N.º 2092/91.

Posteriormente, foram publicados dois regulamentos de execução, que estabelecem as

MÓDULO III
normas de execução do Regulamento (CE) N.º 834/2007:

i) Regulamento CE N.º 889/2008 da Comissão, de 5 de setembro de 2008 que estabelece


as normas de execução do Regulamento (CE) N.º 834/2007 do Conselho, relativo à
produção biológica e à rotulagem dos produtos biológicos, no que respeita à produção
biológica, à rotulagem e ao controlo.

MÓDULO IV
ii) Regulamento CE N.º 1235/2008 da Comissão, de 8 de dezembro de 2008 que estabelece
normas de execução do Regulamento (CE) N.º 834/2007 do Conselho no que respeita
ao regime de importação de produtos biológicos de países terceiros.

Em 2018 o Parlamento Europeu e o Conselho da UE adotaram o Regulamento (UE)


2018/848, de 30 de maio, relativo à produção biológica e rotulagem dos produtos biológicos
e que revoga o Regulamento (CE) N.º 834/2007 do Conselho. Este regulamento estabelece

MÓDULO V
os princípios da produção biológica e define as regras relativas à produção biológica, à
certificação que lhe está associada e à utilização de indicações referentes à produção na
rotulagem e na publicidade, bem como as regras sobre os controlos suplementares em relação
aos previstos no Regulamento (UE) 2017/625. Visou ainda melhorar a legislação relativa a este
modo de produção com os objetivos de remover obstáculos ao desenvolvimento sustentável
da produção biológica na UE, garantir uma concorrência equitativa para os agricultores e
operadores, permitir que o mercado interno possa funcionar de forma mais eficiente e manter,
MÓDULO VI

ou melhorar, a confiança dos consumidores nos produtos biológicos. Na Tabela 3 assinalam-se


algumas das principais novidades do Reg. (UE) 2018/848. Inicialmente prevista para janeiro de
2021, a entrada em vigor deste Regulamento dá-se em 1 de janeiro 2022.

- Inclusão de novos produtos abrangidos e com possibilidade de certificação;

- Certificação de grupo para pequenos produtores;

- Obrigatoriedade anual de controlo físico ao local de produção obrigatório;


BIBLIOGRAFIA

236
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
- Novo modelo único de certificado;

- Fim do regime de equivalência para importações pós 2025

- Agravamento de penalizações a atribuir pelas autoridades competentes (DGADR, no caso de Portugal) aos

MÓDULO I
OCC’s;

- Inexistência de LMR regulamentados além dos contemplados para os produtos convencionais. Todavia
surge a possibilidade de as autoridades nacionais estabelecerem LMR para os alimentos biológicos (ex:
DGADR estabelece um LMR de qualquer produto fitofarmacêutico homologado para a cultura convencional,
em alimentos biológicos, de 0,05 mg/Kg).
Tabela 3 -Algumas das principais novidades do Regulamento (UE) 2018/848

No site https://www.dgadr.gov.pt/agricultura-e-producao-biologica pode ser consultada

MÓDULO II
toda a regulamentação referente à produção biológica

IV.3. DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E PRINCÍPIOS GERAIS


De acordo com o regulamento CE nº 834/2007: “A produção biológica é um sistema global
de gestão das explorações agrícolas e de produção de géneros alimentícios que combina as

MÓDULO III
melhores práticas ambientais, um elevado nível de biodiversidade, a preservação dos recursos
naturais, a aplicação de normas exigentes em matéria de bem-estar dos animais e método
de produção, em sintonia com a preferência de certos consumidores por produtos obtidos
utilizando substâncias e processos naturais.”

A Agricultura Biológica tem como objetivo principal produzir alimentos saudáveis,


promovendo em simultâneo práticas sustentáveis, preservando o ecossistema agrícola

MÓDULO IV
recorrendo ao uso de métodos preventivos e culturais (como sejam as rotações culturais,
utilização de resíduos das culturas e estrumes de origem animal, de acordo com as respetivas
normas de utilização), por forma a minimizar os impactos sobre o ambiente. O Reg. (UE)
2018/848 do Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de maio de 2018 relativo à produção
biológica e à rotulagem dos produtos biológicos e que revoga o Regulamento (CE) nº 834/2007
do Conselho, enumera como objetivos da AB:
• Contribuir para a proteção do ambiente e do clima;

MÓDULO V
• Manter a fertilidade dos solos a longo prazo;
• Contribuir para um elevado nível de biodiversidade;
• Contribuir substancialmente para um ambiente não tóxico;
• Contribuir para normas exigentes de bem-estar dos animais e, em especial, satisfazer as
necessidades comportamentais dos animais que sejam próprias de cada espécie;
• Dar preferência aos circuitos curtos e às produções locais nas diversas regiões da União;
MÓDULO VI

• Incentivar a conservação das raças raras e autóctones em risco de extinção;


• Contribuir para o desenvolvimento da oferta de material genético vegetal adaptado às
necessidades e objetivos específicos da agricultura biológica;
• Contribuir para um elevado nível de biodiversidade, em especial utilizando material
fitogenético diverso, como material biológico heterogéneo e variedades biológicas
adaptadas à produção biológica;
• Promover o desenvolvimento de atividades de reprodução vegetal biológica a fim de
BIBLIOGRAFIA

contribuir para a criação de perspetivas económicas favoráveis para o setor biológico.

237
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
O mesmo Regulamento, aponta como princípios gerais da AB:
a) Respeito pelos sistemas e ciclos da natureza e conservação e melhoria do estado dos
solos, da água e do ar, da saúde dos vegetais e dos animais, assim como do equilíbrio
entre eles;
b) A preservação de elementos da paisagem natural, como os sítios de património natural;

MÓDULO I
c) A utilização responsável da energia e dos recursos naturais, tais como a água, os solos,
a matéria orgânica e o ar;
d) A produção de uma ampla variedade de géneros alimentícios e de outros produtos
agrícolas e aquícolas de elevada qualidade que respondam à procura, por parte dos
consumidores, de bens produzidos por processos que não sejam nocivos para o
ambiente, a saúde humana, a fitossanidade ou a saúde e o bem-estar animal;
e) Salvaguarda da integridade da produção biológica em todas as fases de produção,

MÓDULO II
transformação e distribuição dos géneros alimentícios e dos alimentos para animais;
f) A conceção e gestão adequadas de processos biológicos baseados em sistemas
ecológicos que utilizem recursos naturais internos ao sistema de gestão;
g) A restrição da utilização de fatores de produção externos; quando forem necessários
fatores de produção externos ou quando não existirem as práticas e os métodos de
gestão adequados referidos na alínea f);
h) A adaptação do processo de produção, sempre que necessário e no âmbito do

MÓDULO III
presente regulamento, para ter em conta a situação sanitária, as diferenças regionais
no equilíbrio ecológico, o clima e as condições locais, as fases de desenvolvimento e as
práticas específicas de criação;
i) A exclusão, de toda a cadeia alimentar biológica, da clonagem animal, da criação de
animais poliploides obtidos artificialmente e de radiações ionizantes;
j) A observância de um elevado nível de bem-estar animal, respeitando as necessidades
próprias de cada espécie.

MÓDULO IV
No que respeita à produção biológica animal, referem-se os seguintes princípios:

Princípios da Produção Animal em Agricultura Biológica

• A produção animal sem terra é proibida


• Densidade animal reduzida e compativel com uma gestão sustentável do solo
• A utilização de OGM, a clonagem animal e as radiações ionizantes estão excluidas de toda a cadeia
alimentar biológica MÓDULO V
• É proibida a administração de hormonas
• É proibida a administraçao de antibióticos salvo em casos em que a saúde e o bem-estar animal estejam
em causa
• Sistema produtivo baseado no uso de recursos naturais da exploração
• Escolha de raças com:
MÓDULO VI

- Elevado grau de diversidade genética


- Capacidade de adaptação às condições locais
- Alta longevidade
- Resistência às doenças
• Adoção de práticas de criação que reforçam o sistema imunitário, tais como:
1) Exercicio regular
2) Acesso permanente a áreas ao ar livre e a pastagens
BIBLIOGRAFIA

238
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
IV.4. ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A AGRICULTURA BIOLÓGICA
(ENAB)
Através do Despacho n.º 7665/2016 de 9 de junho de 2016, foi criado um Grupo de Trabalho
com o objetivo de avaliar, preparar e apresentar uma ENAB e colocar em execução um Plano

MÓDULO I
de Ação (PA) para a produção e promoção de produtos agrícolas e géneros alimentícios
biológicos. A ENAB tem um horizonte temporal de 10 anos com avaliação e revisão intercalar
ao fim de 5 anos (2022). Desta forma, em 2022 e em simultâneo com a revisão intercalar da
ENAB, deverá ser definido um segundo Plano de Ação, para o período 2022-2027, coincidente
com a vigência no novo programa de desenvolvimento rural.

A Estratégia integra assim, necessariamente, os princípios e orientações que deverão servir

MÓDULO II
de base à definição do próximo Programa de Desenvolvimento Rural, no âmbito da Política
Agrícola Comum pós 2020.

Constituem Metas Estratégicas as seguintes:

1) Duplicar a área de Agricultura Biológica, para cerca de 12 % da SAU (Superfície Agrícola


Utilizada) nacional;

MÓDULO III
2) Triplicar as áreas de hortofrutícolas, leguminosas, proteaginosas, frutos secos, cereais e
outras culturas vegetais destinadas a consumo direto ou transformação;

3) Duplicar a produção pecuária e aquícola em MPB (Modo de Produção Biológico), com


particular incidência na produção de suínos, aves de capoeira, coelhos e produtos
apícolas;

MÓDULO IV
4) Duplicar a capacidade interna de transformação de produtos biológicos;

5) Incrementar em 50 % o consumo de produtos biológicos;

6) Triplicar a disponibilidade de produtos biológicos nacionais no mercado;

7) Reforçar a capacidade técnica em Agricultura Biológica, com duplicação do n.º de


técnicos credenciados e o reforço da capacidade técnica específica do Estado;

8) Aumentar em pelo menos 20 % a capacidade de oferta formativa; MÓDULO V

9) Criação de uma rede experimentação em Agricultura Biológica, com instalação de pelo


menos, uma unidade experimental certificada, em cada Região Agrária do País;

10) Criação de um Portal “BIO” de divulgação, promoção de inovação e difusão de


informação técnico-científica específica.
MÓDULO VI

A ENAB, aprovada através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 110/2017, de 27 de


julho de 2017, assenta em três eixos de ação (1 — Produção; 2 — Promoção e mercados e 3 —
Inovação, Conhecimento e Difusão de Informação) e cinco objetivos estratégicos:

i) Fomentar a expansão das áreas de Produção Biológica nos setores da Agricultura, da


Pecuária e da Aquicultura, através da melhoria da sua viabilidade técnica e do reforço
BIBLIOGRAFIA

da sua atividade económica.

239
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
ii) Aumentar a oferta de produtos agrícolas e agroalimentares obtidos em Produção
Biológica, promovendo a sua competitividade e a sua rentabilidade comercial nos
mercados interno e externo.

iii) Desenvolver a procura de produtos biológicos, através da estruturação das fileiras, a

MÓDULO I
abertura de novos mercados, a promoção da sua notoriedade, da sua disponibilidade
e do reforço da confiança e credibilidade junto do consumidor.

iv) Promover o conhecimento e elevar o nível de competências sobre a Agricultura e


Produção Biológica nas condições edafo-climáticas específicas nacionais.

v) Dinamizar a inovação empresarial e a disponibilidade de informação estatística, de


mercado e de apoio técnico à produção agrícola, pecuária e aquícola Biológica.

MÓDULO II
O Plano de Ação consubstancia os seus objetivos operacionais e determina um quadro de
execução de médio e longo prazo.

IV.5. CONVERSÃO À AGRICULTURA BIOLÓGICA

MÓDULO III
O Regulamento (UE) 2018/848, no ponto 6) do seu artigo 3º, define «Conversão», como
sendo a transição da produção não biológica para a produção biológica num determinado
período durante o qual se aplicam as disposições do mesmo regulamento relativas à produção
biológica. Assim, quando uma exploração agrícola pretende produzir produtos biológicos,
deve passar por um período de conversão no decurso do qual deve ser gerida de acordo com as
regras da produção biológica, ainda que os seus produtos não sejam, nesta fase, considerados
biológicos. Apenas poderá colocar os seus produtos no mercado como produtos biológicos

MÓDULO IV
assim que este período de conversão tenha terminado e tenha sido efetuado um controlo.
Após o período de conversão, qualquer exploração agrícola da UE que deseje passar para
a produção biológica deve ser gerida em total consonância com os requisitos da produção
biológica.

O regulamento permite ainda as explorações agrícolas paralelas (ou seja, não biológicas, em
conversão e biológicas) desde que essas atividades estejam clara e genuinamente separadas.

Destacam-se algumas regras importantes: MÓDULO V


A) Os agricultores e os operadores que produzem algas ou animais de aquicultura
cumprem um período de conversão. Durante todo o período de conversão, aplicam
todas as regras em matéria de produção biológica estabelecidas no regulamento e, em
especial, as regras aplicáveis à conversão estabelecidas no artigo 3º e no anexo II;
MÓDULO VI

B) O período de conversão tem início no momento em que o agricultor ou o operador


que produz algas ou animais de aquicultura notifica as autoridades competentes da sua
atividade no Estado-Membro em que esta for exercida e em que a exploração desse
agricultor ou operador estiver sujeita ao sistema de controlo.

C) Não pode ser reconhecido retroativamente qualquer período anterior como parte
integrante do período de conversão exceto quando:
BIBLIOGRAFIA

i) As parcelas de terreno do operador tenham sido objeto das medidas definidas num

240
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
programa aplicado em conformidade com o Regulamento (UE) nº 1305/2013 para
garantir que não foram utilizados nessas parcelas de terreno produtos ou substâncias
diversas dos autorizados na produção biológica;

ii) O operador possa apresentar provas de que as parcelas de terreno tinham consistido

MÓDULO I
em superfícies naturais ou agrícolas que, durante um período de pelo menos três
anos, não tenham sido tratadas com produtos ou substâncias cuja utilização não é
autorizada na produção biológica.

D) Os produtos produzidos durante o período de conversão não podem ser comercializados


como produtos biológicos nem como produtos em conversão;

E) São definidos períodos de conversão específicos para cada tipo de cultura ou produção

MÓDULO II
animal conforme definido, nas regras aplicáveis à conversão;

F) Afim de determinar o período de conversão acima referido, pode ser tido em conta
um período imediatamente anterior à data de início de período de conversão, desde
que estejam reunidas certas condições. Em alguns casos excecionais e em função dos
antecedentes das parcelas podese reduzir ou, pelo contrário, prolongar o período de
conversão.

MÓDULO III
O período de conversão para o MPB é, em geral, de 2 a 3 anos, respetivamente para
culturas anuais e perenes, e durante esse período os produtos não podem ser comercializados
como provenientes de MPB. No entanto, deve referir-se à possibilidade de certificação de
produtos vegetais ainda no decorrer da fase de conversão, a partir do final do primeiro ano de
conversão (12 meses). Durante o segundo ou terceiro ano de conversão, deverá estar indicado
“conversão à agricultura biológica” na rotulagem e/ou publicidade dos produtos a colocar no

MÓDULO IV
mercado (Serrador, 2009).

Não é obrigatório que o agricultor tenha de proceder à conversão de todas as parcelas


ao mesmo tempo. No entanto, tem de definir quais as culturas a produzir em Agricultura
Biológica. A conversão de toda a exploração é mais simples do que converter apenas parte
desta. É permitido converter parte da exploração, mas para uma parcela ser convertida esta
deve constituir uma área contígua de terrenos e não de terrenos dispersos.

MÓDULO V
Para que a etapa da conversão para a Agricultura Biológica tenha êxito, deve ser
minimamente planeada e exposta num “plano de conversão”, realizado de acordo com uma
avaliação prévia da exploração agrícola:

a) Avaliação do terreno, da cultura e dos registos;

b) Observação visual da(s) cultura(s), se for o caso (ex.: sintomas de carências,


desenvolvimento, homogeneidade);
MÓDULO VI

c) Observação do perfil do solo (ex.: camadas, compactação, circulação da água, coloração,


pedregosidade);

d) Observação da superfície do solo (ex.: formação de crosta, tipo e aspeto da vegetação


espontânea);

e) Recolha de amostras de terra (e, eventualmente, de material vegetal) para análise


BIBLIOGRAFIA

laboratorial;

241
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
f) Histórico das produções, das fertilizações e dos tratamentos fitossanitários.

Neste plano, devem constar as medidas técnicas que vão ser implementadas de modo a:

i) Melhorar a fertilidade do solo e a sua diversidade biótica;

MÓDULO I
ii) Diversificar o agro-sistema procurando um maior equilíbrio na gestão das pragas
tendo por base:

A) O resultado das análises (solo e material vegetal): quais as correções minerais (calcário,
fósforo, potássio, enxofre ou outros) a efetuar; estes resultados irão contribuir para o
estabelecimento de um plano de fertilização onde constam os fertilizantes a aplicar
(tipo e quantidade) bem como as épocas de aplicação.

MÓDULO II
B) A incorporação de matéria orgânica, como principal fonte de fertilizantes,
preferencialmente após o processo de compostagem;

C) Evitar o recurso a alfaias que promovam reviramentos profundos ou a destruição dos


agregados;

MÓDULO III
D) O planeamento de rotações apropriadas à exploração;

E) A proteção do solo com cobertos herbáceos ou com coberturas vegetais mortas;

F) O recurso à adubação verde;

G) Reciclar a matéria orgânica produzida na parcela (nunca queimar).

MÓDULO IV
No que respeita à produção animal biológica, quando tiverem sido introduzidos numa
exploração animais de criação não biológica, para que os produtos animais possam ser
vendidos como produtos biológicos as regras de produção em MPB devem ter sido aplicadas
de acordo com os períodos referidos na Tabela 4.

Espécie Animal Período de Conversão

MÓDULO V
Algas 6 meses

Instalações que não possam ser esvaziadas, limpas e


24 meses
desinfetadas
Instalações que tenham sido esvaziadas ou sujeitas a vazio
12 meses
sanitário
Aquicultura
Instalações que tenham sido esvaziadas, limpas e
6 meses
desinfetadas
MÓDULO VI

Instalações em águas abertas, incluindo as utilizadas para a


3 meses
produção de moluscos bivalves
Patos de Pequim 7 semanas
Aves de Capoeira destinadas à produção de carne*
Restantes 10 semanas

Aves de Capoeira destinadas à produção de ovos* 6 semanas

Coelhos 3 meses
BIBLIOGRAFIA

242
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Espécie Animal Período de Conversão

Cervídeos 12 meses

Apicultura 12 meses

MÓDULO I
(*) Introduzidos na exploração com menos de três dias
Tabela 4 -Períodos de conversão de espécies de animais | Fonte: Regulamento (UE) 2018/848, do Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de maio de 2018

Quando estiverem presentes na exploração no início do período de conversão animais


de criação não biológica, os respetivos produtos podem ser considerados biológicos se a
conversão for feita simultaneamente para toda a unidade de produção, incluindo animais,
pastagens e/ou quaisquer terras utilizadas para a alimentação animal.

MÓDULO II
A produção animal em Agricultura Biológica, rege-se pelo Regulamento (UE) 2018/848, do
Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de maio de 2018, através dos artigos 2º, aplica-se a
produtos “produzidos, preparados, rotulados, distribuídos, colocados no mercado, importados
para a União Europeia ou exportados a partir da União Europeia”, nomeadamente: “Produtos
agrícolas vivos ou não transformados”

IV.6. TÉCNICAS DE PRODUÇÃO EM AGRICULTURA BIOLÓGICA

MÓDULO III
IV.6.1. PARTE VEGETAL

IV.6.1.1. O SOLO E OS NUTRIENTES

Em agricultura biológica alimenta-se o solo para alimentar a cultura, de forma a manter e

MÓDULO IV
a melhorar a sua fertilidade.

Um solo agrícola, para ter uma fertilidade média e adequada à maioria das culturas, deve
ter um teor de húmus de, pelo menos 3 %, o que é classificado como “médio” (3 % a 3,5 %
em culturas de ar livre). Um teor considerado alto é de 4,5 % a 6 % e, muito alto, maior que 6
% (Ferreira, 2021a).

A fertilidade do solo é a capacidade que o solo tem em fornecer os nutrientes essenciais,


tanto em quantidade como em proporção adequadas, para o crescimento das plantas. A MÓDULO V
fertilidade do solo depende da sua composição e das interações entre as propriedades físicas,
químicas e biológicas do solo. Na agricultura biológica é feito sempre um esforço em melhorar
estas propriedades para estabelecer um solo saudável e isto é possível através:

• Rotações;
MÓDULO VI

• Consociações;

• Inclusão de leguminosas e/ou culturas para sideração;

• Incorporação nos solos de compostos, ou outros fertilizantes permitidos em AB;

• Mobilização do solo de forma a manter ou melhorar a sua estrutura;


BIBLIOGRAFIA

• Cobertura do solo o máximo de tempo dentro da rotação de culturas.

243
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
As propriedades físicas do solo: estrutura, densidade aparente e porosidade, capacidade
de armazenamento, infiltração e drenagem da água, textura e resistência à compactação;
afetam o crescimento e a proliferação das raízes e influenciam a disponibilidade de nutrientes.
Neste sentido, deve-se recorrer de preferência a mobilizações pouco profundas, que poderão
conservar a matéria orgânica do solo, mas as lavouras poderão também ser necessárias,

MÓDULO I
particularmente quando se pretende que o solo fique mais solto e arejado. Deve-se evitar
mobilizações profundas quando o solo está encharcado para evitar a compactação do terreno,
ou quando existe o risco de transportar pedras e material grosseiro para a superfície do solo
(Mourão, 2007).

Gestão do solo

MÓDULO II
As preocupações com a fertilidade do solo englobam medidas, que deverão funcionar
devidamente integradas:

I) Medidas de controlo da erosão, uma vez que a erosão é um dos principais fatores
responsáveis pela perda de fertilidade do solo;

II) Mobilizações do solo (tipo, máquinas, frequência, objetivo). As mobilizações do solo


devem ser bem planeadas e reduzidas a um mínimo, de acordo com as condições

MÓDULO III
existentes. As más técnicas de mobilização provocam no solo, entre outros efeitos:

• Redução no nível de matéria orgânica (por aceleração da sua mineralização);

• Degradação da estrutura (destruição da sua agregação);

• Distúrbios na vida microbiana e na sua capacidade de decomposição e humificação

MÓDULO IV
da matéria orgânica.

O reviramento das camadas provocado pelas lavouras é prejudicial para a atividade


biológica do solo e o uso repetido da charrua provoca o aparecimento de camadas
compactas (calo de lavoura) que dificultam o desenvolvimento das raízes. As lavouras
são de evitar, devendo ser efetuadas, quando estritamente necessários e, apenas, até
uma profundidade de 20 a 30 cm.

MÓDULO V
Deve evitar-se o recurso à fresa, dado que destrói os agregados do solo, contribuindo,
assim, para a diminuição da fertilidade do solo.

III) Utilização de matéria orgânica dos animais de pecuária biológica

O estrume fresco é um excelente fertilizante em AB, uma vez que, fornece nutrientes e
matéria orgânica, e estimula os processos biológicos no solo contribuindo para melhorar
a fertilidade.
MÓDULO VI

No entanto, estrumes e chorumes provenientes de pecuárias intensivas sem terra não


são permitidos.

Com vista a evitar a poluição ambiental de recursos naturais, tais como o solo e a água,
por nutrientes, está estabelecido um limite máximo para o estrume a utilizar por hectare.
Este limite está relacionado com o teor de azoto do estrume. Assim, a quantidade total
BIBLIOGRAFIA

de estrume animal aplicada na exploração não pode exceder 170 kg de azoto por ano

244
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
e por hectare de superfície agrícola utilizada (SAU). Este limite é apenas aplicável a
estrume, estrume seco e estrume de aves de capoeira desidratado, excrementos
compostados de animais, incluindo estrume de aves de capoeira, estrume compostado
e excrementos líquidos de animais.

MÓDULO I
Uma gestão cuidadosa permite um retorno máximo a partir de nutrientes provenientes
de estrumes, chorumes e compostos, minimizando perdas gasosas e por lixiviação.

Para obter melhores resultados é importante aplicar estrume quando a absorção pela
cultura é mais elevada e as perdas menores. As perdas de amónio na aplicação podem
ser reduzidas até 90 %, se se incorporar o chorume após 6 horas da aplicação e o
estrume após 24 horas.

MÓDULO II
Evitar aplicações no outono e no inverno e, se for aplicado estrume em terra mobilizada,
deve- se incorporá-lo o mais rápido possível para minimizar as perdas.

IV) Gestão dos resíduos das culturas

Os resíduos das culturas constituem uma excelente fonte de incorporação de matéria


orgânica no solo, fornecendo nutrientes, alimento e energia aos microrganismos do

MÓDULO III
solo (estimulando assim, a atividade microbiana), a sua incorporação permite a retenção
de água e previne a degradação da estrutura do solo.

Os resíduos das culturas incluem raízes e restos de culturas como a palha.

Nos pomares, olivais e vinhas, a lenha de poda (isenta de doenças) deve ser triturada
podendo ficar à superfície (Figura 2), ou ser incorporada com uma ligeira gradagem.

MÓDULO IV
Os resíduos urbanos não são permitidos em agricultura biológica.

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 2 - Resíduos de lenha de poda

Ao aplicarmos ao solo os sobrantes das culturas, os adubos verdes, as ervas espontâneas,


os fertilizantes orgânicos da própria exploração, bem como os fertilizantes minerais de
BIBLIOGRAFIA

ação lenta, estamos a alimentar o solo, que por sua vez alimenta a cultura (Ferreira,

245
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
2021a).

Os nutrientes minerais são absorvidos, principalmente, pelas raízes das plantas a partir
do solo, exceto o C, O e H que são absorvidos a partir do ar e da água. Consideram-se
essenciais para o crescimento das plantas todos os nutrientes minerais que:

MÓDULO I
i) Na sua ausência a planta seja incapaz de completar o seu ciclo de vida;

ii) Possuam uma função na planta que não pode ser substituída por outro elemento
mineral;

iii) Estejam envolvidos diretamente no metabolismo da planta.

MÓDULO II
Os nutrientes minerais considerados essenciais são: Azoto (N); Fósforo (P); Potássio (K);
Cálcio (Ca); Magnésio (Mg); Enxofre (S); Cloro (Cl); Boro (B); Molibdénio (Mo); Ferro (Fe), Zinco
(Zn), Manganês (Mn); Cobre (Cu); e Níquel (Ni).

Os elementos minerais absorvidos pelas plantas que podem beneficiar o crescimento, tais
como o sódio (Na), o silício (Si), o cobalto (Co) e o alumínio (Al) não são essenciais sendo
considerados como elementos benéficos.

MÓDULO III
Os macronutrientes são todos os elementos que as plantas necessitam em maiores
quantidades (ainda que variável entre diferentes culturas), e mesmo quando presentes em
excesso, não lhes causam intoxicação.

Os macronutrientes principais incluem o N, P e K. Recebem esta designação porque são


absorvidos em quantidades elevadas e, por isso, os seus teores disponíveis nos solos são na
maior parte dos casos insuficientes, havendo necessidade de recorrer à sua aplicação sobre a

MÓDULO IV
forma de fertilizantes.

Os macronutrientes secundários incluem o Ca, Mg e S. São nutrientes que embora


absorvidos em quantidades relativamente elevadas normalmente existem nos solos em teores
suscetíveis de dispensar a sua aplicação sob a forma de adubos inorgânicos.

Os micronutrientes, são nutrientes que as plantas absorvem em quantidades reduzidas,

MÓDULO V
podendo causar-lhes intoxicação quando absorvidos em excesso. São considerados as
vitaminas das plantas e incluem os seguintes elementos: Fe, Mn, Zn, Cu, Ni, Mo e B. As
plantas para crescer requerem uma concentração mínima de cada nutriente que varia com a
espécie e o ambiente (Mourão, 2007).

Os fertilizantes permitidos em AB podem ser consultados em: https://www.dgadr.gov.pt/


images/docs/val/mpb/Materias_Fertilizantes_para_utilizacao_MPB.pdf
MÓDULO VI

“Fertilizantes” em https://www.dgadr.gov.pt/agricultura-e-producao-biologica

IV.6.1.2. A ÁGUA

A qualidade da água de rega é importante para o solo e para as culturas. O conhecimento


prévio da qualidade da água é fundamental já que certas espécies de plantas são mais sensíveis
BIBLIOGRAFIA

que outras à presença de alguns sais. Permite também atuar no solo para corrigir eventuais

246
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
problemas (Ferreira, 2009).

As águas de má qualidade podem provocar salinização do solo, diminuição da sua


permeabilidade e toxicidade para as culturas. O excesso de elementos nutritivos,
principalmente o azoto (nitratos), o cálcio e o magnésio, fornecem nutrientes às culturas e

MÓDULO I
devem ser tidos em conta nos cálculos de fertilização (Ferreira, 2009).

A realização de análises à água de rega constitui-se como uma medida essencial, sendo
que, a qualidade da água bem como os nutrientes por ela veiculados é importante para se
perceber se a sua utilização pode interferir no solo e se definirem as quantidades de nutrientes
a aplicar. A análise química e microbiológica deve ser feita periodicamente. A primeira (análise
química) tem mais importância no que diz respeito ao efeito da água no solo e na cultura.
A segunda (análise microbiológica) condiciona principalmente a qualidade do alimento,

MÓDULO II
principalmente no caso dos legumes consumidos em fresco (Ferreira, 2009).

A amostra de água deve, preferencialmente, ser colhida no cabeçal de rega, após ter
passado os filtros, numa zona do sistema não contaminada por adubos ou corretivos da água.
Deve realizar-se cerca de meia hora após o início da bombagem da água.

No caso de águas superficiais em movimento (rio, canal, etc.), a amostra deve ser colhida

MÓDULO III
onde a corrente seja normal, evitando remoinhos ou zonas de água estagnada. Colher a
amostra a cerca de 30 cm de profundidade e, se possível, no centro da corrente. Colocar o
recipiente no sentido contrário ao da corrente e evitar a entrada de materiais flutuantes.

A colheita das amostras de água deve realizar-se antes de se iniciar a época de rega, embora
se possa efetuar em qualquer época do ano.

Recomenda-se que a periodicidade da colheita das amostras seja de 4 anos, desde que

MÓDULO IV
não haja restrições ao uso da água. Nas zonas vulneráveis a determinação do teor de nitratos
da água deve realizar-se anualmente.

Nos casos em que a amostra apresente valores de alguns parâmetros que excedam os
limites máximos recomendados pela legislação em vigor, a monitorização desses parâmetros
deve ser feita anualmente.

A água é um bem escasso. As práticas culturais adotadas na agricultura biológica


favorecem o aumento do teor e da estabilidade da matéria orgânica no solo, a melhoria da MÓDULO V
sua estrutura e o aumento da retenção de água. No entanto, a boa gestão da água de rega é
essencial pelo que deve ser estabelecido um plano de rega a nível da exploração agrícola e
o produtor deve procurar seguir o Código de Boas Práticas Agrícolas (https://www.dgadr.gov.
pt/diretiva-nitratos/codigo-boas-praticas-agricolas) no que se aplica à produção biológica.
Deve promover-se uma gestão eficiente da água. Uma gestão da água que permita o correto
fornecimento de água às plantas e minimize as perdas, é essencial para prevenir a poluição
MÓDULO VI

dos solos e das águas superficiais e/ou subterrâneas com nitratos em culturas de regadio. A
escolha do método de rega deve ter em consideração as características do solo, a qualidade
e quantidade de água para rega, as condições climáticas, a cultura e fase do ciclo vegetativo
da mesma requerendo, para tal, um conhecimento profundo do solo (infiltração e retenção) e
dos sistemas de rega a adotar.

É importante instalar um contador exclusivo que permita monitorizar a quantidade de água


BIBLIOGRAFIA

fornecida à parcela.

247
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
IV.6.1.3. ROTAÇÕES E CONSOCIAÇÕES

A rotação de culturas é o principal mecanismo para gerir a disponibilidade de nutrientes


em agricultura biológica (Costa, 2016). A rotação é uma sucessão de culturas que seguem
uma ordem determinada, ao longo de um dado número de anos, sobre uma mesma parcela.

MÓDULO I
Obriga à divisão do terreno em folhas de cultura (afolhamento), em número igual ao dos anos
da rotação, de forma a que em cada ano, todas as culturas da rotação sejam cultivadas. Se
a dimensão das parcelas justificar, pode utilizar-se a rotação em faixas. Na rotação em faixas
pratica-se a consociação de culturas que tem múltiplas vantagens do ponto de vista sanitário,
e pode incluir o sistema de faixas de compensação ecológica que, tal como as bordaduras
e as sebes, se utilizam para aumentar a diversidade e atrair insetos auxiliares. No entanto,
este sistema pode tornar-se mais dispendioso a nível de práticas culturais específicas de cada

MÓDULO II
cultura. Na Figura 3 apresenta-se o esquema de uma rotação com afolhamento e de uma
rotação em faixas (Mourão, 2007).

MÓDULO III
Figura 3 - Rotação com afolhamento (esquerda) e rotação em faixas (direita)

Sendo adequada às condições de solo e clima, a rotação de culturas possibilita o aumento


da fertilidade do solo e melhoria da fertilização das culturas, uma melhor utilização da água
e dos nutrientes minerais do solo, um menor risco de incidência de pragas e doenças, um
controlo preventivo de infestantes, um aumento da biodiversidade e uma maior diversidade

MÓDULO IV
de produtos hortícolas disponíveis, para os quais existem oportunidades de mercado, que
devem ser previamente avaliadas (Ferreira, 2009; Mourão, 2007). Em culturas hortícolas é muito
usual o recurso a rotação em faixas (Figura 4).

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 4 - Culturas hortícolas em faixas

Numa rotação (Costa, 2016), cada cultura traz efeitos benéficos à cultura seguinte, tendo
como efeito consecutivo uma melhor produção. Em termos de gestão da fertilidade do
solo, há duas fases básicas da rotação. A primeira fase é a fase de armazenamento de azoto
(culturas melhoradoras), com base na utilização de espécies leguminosas. A segunda é a
BIBLIOGRAFIA

fase exploradora. Estas duas fases devem ser equilibradas relativamente à necessidade de

248
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
nutrientes das culturas e à sua disponibilidade. O azoto acumulado no solo durante a primeira
fase (armazenamento de azoto) é disponibilizado para as plantas através da mineralização,
durante a segunda fase. Em agricultura biológica pretende-se, ainda, aumentar o teor de
matéria orgânica do solo de modo a melhorar a sua fertilidade e estrutura. As diferentes
espécies têm, também, diferentes capacidades de extrair os nutrientes do solo, de acordo com

MÓDULO I
as suas necessidades. As leguminosas extraem melhor o fósforo, as crucíferas e as solanáceas
o potássio. Quando do estabelecimento de uma rotação, a quantidade de nutrientes retirada
pela cultura (exportação) deve ser tida em conta, uma vez que irá permitir alternar culturas
com diferentes exigências. Na Tabela 5 pode observar-se a classificação de algumas culturas
quanto à sua exigência em azoto.

MÓDULO II
Muito exigente Exigente Pouco exigente Melhoradora
(>120 kg/ha) (75-120 kg/ha) (<75 kg/ha) (leguminosa)

Acelga Aboborinha Aipo-rábano Ervilha

Agrião Alcachofra Arroz Ervilhaca

Aipo-branco Alface Aveia Fava

MÓDULO III
Alho Alho-francês Cerefólio Feijão

Beringela Cardo Melão Grão-de-bico

Batata Cebola Lentilha

Beterraba-de-mesa Cebolinho Luzerna

Couve-de-Bruxelas Cenoura Trevos

MÓDULO IV
Couve-flor Centeio Outras leguminosas

Couve-repolho Cevada

Endívia Chicória

Espargo Escarola

Milho Espinafre
MÓDULO V
Morango Nabo

Tabaco Pepino

Tomate Pimento
MÓDULO VI

Rabanete, rábano

Trigo

Nota: Os valores indicados referem-se às exportações para produções médias.


Tabela 5 -Classificação das culturas quanto à sua exigência em azoto | Fonte: Ferreira, 2021a

No que respeita à proteção fitossanitária e à sensibilidade a pragas e doenças, é importante


saber quais as pragas e doenças a que cada cultura é mais suscetível por um lado, e por
BIBLIOGRAFIA

outro, quais as pragas e doenças que podem manter-se no solo por mais ou menos tempo.

249
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Geralmente uma doença ou praga ataca diferentes plantas da mesma família botânica e não
de família diferente constituindo, este, um dos critérios que permite colocar as culturas na
rotação na ordem certa, mesmo não conhecendo todas as doenças e pragas a que as culturas
estão sujeitas. No entanto, existem algumas exceções como seja o caso dos nemátodes das
galhas que atacam tomate, pepino e melão (Ferreira, 2009). Na Tabela 6 é indicado o risco de

MÓDULO I
nemátodes, fungos e insetos, consoante a cultura precedente.

Precedente cultural (Culturas de 1. Batata a 19. Cereais)


Cultura
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19
1. Batata AC A A A A A A A A A A A A A
2. Morango A AC A A A A A A A A A A
3. Chicória

MÓDULO II
A A AC C A C AC C A HR A N A AC H
frisada
4. Pepino AC A C AC A C A AC A C A A A C H
5. Beterraba AC A A A AC AC A A A C A A A A D
6. Couves A AC A RC A
7. Feijão C C A AC AC C A C R AC A C H
8. Ervilha A A AC AC AS AC AC AC A AC A A A A
9. Aipo-

MÓDULO III
A A C AC AC AC AC AC C A A A
rábano
10. Cenoura AC A A A A A A A A C A A A A A
11. Alho
A A C A C H
francês
12. Rabanete C A RC A RC RC
13. Alface A A AC C A C A C A HR AC N A AC H
14. Espinafre A HR A A A A A HR AC A A A H

MÓDULO IV
15. Fava A A C A AC AC A A A AC A
16. Cebola A A A A AS A AD A C A A A CA A
17. Endívia AN AC C A N CN A CN AN RN A N CN A AC N
18. Milho A A AD
19. Cereais A HR C
Legenda: Importância e natureza do risco
Verde-escuro : Forte risco de estragos;

MÓDULO V
Verde-claro : estragos eventuais;
Para os parâmetros em questão:
A – Nemátodos;
C – Fungos;
D – Insetos;
H – Efeito residual de herbicida (em período de conversão);
N – Efeito residual do azoto (em período de conversão);
MÓDULO VI

R – Risco só no caso de sucessão das culturas no mesmo ano.


Tabela 6 - Risco de nemátodes, fungos e insetos para as principais culturas hortícolas de ar livre, consoante a cultura precedente | Fonte: Ferreira, 2021b

Seguem-se algumas recomendações genéricas para o estabelecimento de uma rotação de


produtos hortícolas (Mourão, 2007; Ferreira, 2009):

1) Não suceder plantas da mesma família;


BIBLIOGRAFIA

2) Manter um intervalo mínimo de 5 anos para plantas sensíveis à mesma doença se

250
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
presente no solo (ex. Rhizoctonia solani, que ataca as culturas de cenoura, beterraba,
endívia, morangueiro, tomateiro e luzerna);

3) Introdução de uma cultura leguminosa como fonte de azoto;

4) Introdução de um adubo verde, que contribui para a melhoria da estrutura do solo, para

MÓDULO I
a limitação de plantas infestantes e para o fornecimento de nutrientes;

5) Um afolhamento deve integrar pelo menos 20% da superfície total com adubo verde ou
prados, que incluam plantas leguminosas;

6) Suceder plantas com sistemas radiculares diferentes;

MÓDULO II
7) Suceder plantas que desenvolvem órgãos diferentes, pois apresentam diferentes
exigências em nutrientes, como as culturas de folhas que são muito exigentes em azoto
(N), as culturas de leguminosas em fósforo (P), as culturas de raízes em potássio (K) e as
bolbosas em K e enxofre (S).

Na Tabela 7 são indicadas para várias culturas agrupadas por famílias, as culturas precedentes
a evitar e as precedentes favoráveis.

MÓDULO III
Família/Cultura Precedente favorável Precedente a evitar Observação
Compostas: Alho, alho-francês, batata, Alface, beterraba, couve,
Alface, alcachofa cebola nabo, rábano

Abóbora, aipo, cenoura,


Crucíferas: Alho, alho-francês, cebola,
couves, feijão, melão, nabo, Rotação 5 anos
Couves, nabo, rábano espinafre
pepino, tomate

Cucurbitáceas: Abóbora, melancia, melão, Rotação de 7 anos


Alho, alho-francês, cebola

MÓDULO IV
Melão pepino aconselhável

Gramíneas:

Batata, beterraba, couve,


Aveia Aveia, cevada, leguminosas
milho, trigo

Aveia, batata, centeio,


Centeio cevada, leguminosas, linho, Beterraba, couve, milho
mostarda

Batata, beterraba, couve, Aveia, cevada, luzerna,


MÓDULO V
Cevada *Risco de doenças
milho trevo, violeta, trigo*

Aveia, beterraba, couve, * Risco de doenças


Milho Milho* batata**
linho **Risco de alfinetes

Aveia, batata, leguminosas,


Trigo Cevada, trigo
linho, mostarda

Rotação 4-5 anos para fava


Leguminosas:
Alho, alho-francês, cebola Ervilha, fava, feijão e ervilha, 2-3 anos para
Ervilha, fava, feijão
MÓDULO VI

feijão

Aliáceas: Crucíferas, cucurbitáceas, Alho, alho-francês,


Rotação 7 anos
Alho, alho-francês, cebola leguminosas, solanáceas beterraba, cebola, milho

Solanáceas: Abóbora, batata, beringela,


Batata, beringela, Alho, alho-francês, cebola melão, pepino, pimento, Rotação 3-4 anos
pimento, tomate tomate

Apiáceas: Alho, alho-francês, cebola,


Aipo, beterraba, cenoura Rotação 3 anos
Aipo, cenoura milho
BIBLIOGRAFIA

Tabela 7 - Culturas, precedentes favoráveis e desfavoráveis | Fonte: Ferreira, 2021a

251
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
As consociações ou associações de culturas, são sistemas de policultura em que duas ou
mais espécies de plantas estão suficientemente próximas para que haja uma competição ou
complementaridade entre elas (Figura 5).

MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 5 - Consociação funcho rúcula
Fonte: André Oliveira

Estas interações podem ter efeitos negativos (inibidores) ou positivos (estimulantes). Numa
consociação positiva verifica-se um melhor combate às pragas (insetos e ácaros), menos ervas
infestantes devido ao sombreamento ou alelopatia e uma melhor utilização dos nutrientes do
solo com possibilidade de aumento da produtividade (Ferreira, 2009). Algumas consociações

MÓDULO IV
positivas podem deixar de o ser em presença de uma praga que ataque ambas as culturas (ex.
milho+batata – ambas as culturas são atacadas por alfinetes - Agriotes spp).

As consociações entre gramíneas e leguminosas são as mais comuns; no entanto, muitas


outras podem ser utilizadas em agricultura biológica. O azoto fixado pelas leguminosas
beneficia a cultura não-leguminosa que está presente na consociação.

IV.6.1.4. ADUBAÇÃO VERDE MÓDULO V


A adubação verde ou sideração é uma prática cultural que consiste no cultivo de plantas
destinadas a ser incorporadas no solo, em verde, com o objetivo de fertilizar o solo e a cultura
seguinte, sendo normalmente constituída por espécies da família das Leguminosas (Fabaceas),
por uma consociação destas com Gramíneas (Poáceas) ou por plantas de outras famílias (por
exemplo Brássicas, ex. Crucíferas). As Leguminosas fornecem principalmente azoto (fixação
MÓDULO VI

biológica do azoto atmosférico devido à relação de simbiose com as bactérias Rhizobium) e


as Gramíneas fornecem matéria orgânica (contribuindo para o húmus do solo). As espécies
de plantas utilizadas tomam a designação de adubos verdes. O recurso a esta prática, em
agricultura biológica, assume um papel muito importante no aumento do teor de matéria
orgânica e de nutrientes no solo.

Na Tabela 8 enumeram-se as famílias botânicas e as principais espécies que se utilizam


BIBLIOGRAFIA

nesta técnica:

252
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Família botânica Espécies (nome vulgar)
Ervilha forrageira, ervilhaca, luzerna, serradela, tremocilha, tremoço branco, fava e trevo
Leguminosas
(subterrâneo, branco, encarnado e violeta)

Gramíneas Aveia, azevém anual, bromus, centeio, cevada, panasco, sorgo e trigo sarraceno

MÓDULO I
Crucíferas Colza forrageira, couve forrageira, mostarda e rábano forrageiro
Tabela 8 - Famílias botânicas e principais espécies utilizadas na técnica de adubação verde

Para além da fixação biológica do azoto, a adubação verde apresenta outras vantagens
(Ferreira, 2021b; Mourão, 2007):

i) Proteção contra a erosão: a cobertura do solo diminui o escorrimento superficial, pois

MÓDULO II
aumenta a penetração da água, diminui o impacto das gotas de chuva e fixa o solo
através das raízes;

ii) Aumento da fertilidade do solo: além do aumento do azoto verifica-se o aumento da


disponibilidade de outros nutrientes minerais na camada superficial do solo, pois as
raízes de muitas plantas utilizadas como adubo verde extraem nutrientes num maior
volume de solo;

MÓDULO III
iii) Aumento da disponibilidade de fósforo, que se encontrava em formas não solúveis
no solo, nomeadamente através da acidificação que ocorre devido aos exsudados
radiculares e à decomposição do adubo verde;

iv) Melhoria da estrutura do solo: os microrganismos do solo decompõem o material


vegetal presente libertando substâncias orgânicas que agregam as partículas do solo
que, por sua vez, irão contribuir para a melhoria da porosidade do solo, da capacidade

MÓDULO IV
de retenção de água, do crescimento das raízes e da absorção de nutrientes;

v) Retenção de nutrientes do solo em períodos de chuva evitando a lixiviação e


contaminação das águas subterrâneas;

vi) Produção de matéria orgânica para o solo (fotossíntese pela planta e humificação pelos
organismos decompositores do solo);

vii) Aumento da atividade biológica do solo quando da incorporação do adubo verde; MÓDULO V
viii) Desinfeção parcial do solo devido ao desenvolvimento de microrganismos
decompositores e antagonistas de doenças;

ix) Controlo de infestantes pelo efeito de ensombramento e de competição que limita a


germinação e o crescimento de muitas infestantes;
MÓDULO VI

x) Incremento da fauna auxiliar: proporciona abrigo e alimento;

xi) Limitação natural de pragas;

xii) Produção de mel pelo alimento disponível para as abelhas à floração.

A eficiência da fixação de azoto é variável com o rizóbio, a leguminosa e as condições de


BIBLIOGRAFIA

solo e clima. O rizóbio existe naturalmente no solo, mas com uma distribuição heterogénea

253
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
variável com diversas condições (humidade e presença ou ausência de minerais – fósforo,
potássio, cálcio…) assim como, com o cultivo, anterior, de leguminosas pelo que pode ser
necessário proceder à inoculação das sementes com determinada estirpe de rizóbio. A
capacidade de fixação de azoto por hectare varia de espécie para espécie de leguminosa
sendo, por exemplo, de 177-250 kg/ha/ano para a fava e de 2-215 kg/ha/ano para o feijão

MÓDULO I
comum, (Ferreira, 2021b).

Para o sucesso da adubação verde há que ter em atenção:

a) Época de realização de acordo com as caraterísticas das plantas que se vão utilizar e
evitando os períodos de maior risco de erosão;

b) A inoculação das sementes com o Rhizobium específico, caso seja a primeira vez que

MÓDULO II
a leguminosa entra no terreno, misturando-se as sementes com o inóculo adquirido
comercialmente;

c) Fertilizar o solo com fósforo, potássio ou outros nutrientes se necessário;

d) Utilizar a dose de sementeira recomendada para cada espécie;

e) Semear a uma profundidade diretamente proporcional ao tamanho da semente;

MÓDULO III
f) Semear e manter a humidade no solo necessária à germinação das sementes;

g) Destroçar as plantas no início da floração, evitando a formação de sementes (Figura 6).

MÓDULO IV
A B
MÓDULO V
Figura 6 - Faveira em plena floração (A). Destroçamento com destroçador de correntes (B)
Fonte: Rosa Guilherme

h) Aguardar um breve período de secagem à superfície e incorporar superficialmente, de


modo a evitar a falta de oxigénio necessário à decomposição. As plantas após o corte
podem permanecer à superfície do solo como cobertura vegetal. (Figura 7)
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 7 - Incorporação com grade de discos | Fonte: https://planetabiologia.


com/a-importancia-do-solo-e-a-agricultura/

254
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
i) Semear ou plantar 3-4 semanas após a incorporação.

De forma resumida, um bom trabalho de sideração consistirá em passar um corta-mato de


correntes ou facas, ou um destroçador de martelos, deixar secar durante cerca de 3 dias sobre
o terreno e só depois efetuar um ligeiro enterramento (até 10 cm) com grade de discos. Duas a

MÓDULO I
quatro semanas após efetuar uma escarificação a 10 cm de profundidade. Ter em atenção que,
em culturas anuais, o adubo verde é um precedente cultural da cultura principal pelo que, de
forma geral, o procedimento descrito deve ser realizado cerca de um mês antes da sementeira
ou plantação da cultura que se pretende beneficiar.

IV.6.1.5. COBERTURA DO SOLO

MÓDULO II
A cobertura do solo pode ser feita com materiais vivos (culturas de cobertura) ou com
recurso a materiais não vivos de origem vegetal (palha, ervas secas, casca de árvores, engaço
de uva, entre outros) ou de origem sintética (plástico; telas têxteis). Na Tabela 9 enumeram-se
as vantagens e os inconvenientes da cobertura do solo.

Combate às ervas infestantes

MÓDULO III
Diminuição da evaporação de água
Fornecimento de nutrientes à cultura

Vantagens da Manutenção do solo, evitando a erosão


cobertura do solo Melhoria da estrutura e da permeabilidade do solo
Melhoria da absorção de nutrientes
Incremento da biodiversidade do solo

MÓDULO IV
Maior facilidade de circulação de máquinas
Aumento do risco de geada
Maior possibilidade e propagação de doenças ao nível do solo
Inconvenientes da
Aumento da população de ratos
cobertura do solo
Custo do material a aplicar
Exigência em mão de obra na colocação do material

MÓDULO V
Tabela 9 - Vantagens e os inconvenientes da cobertura do solo

Culturas de cobertura – enrelvamento

Uma cultura de cobertura é semeada normalmente durante os períodos em que o solo


não está ocupado com outras culturas, no mínimo durante 2-3 meses, destinando-se ou não
a ser colhida e apresentando como grande vantagem a diminuição da lixiviação de azoto
(particularmente em períodos com elevados valores de precipitação). Para além das culturas
MÓDULO VI

Leguminosas (Fabaceas), as culturas mais utilizadas incluem o trigo sarraceno, aveia, azevém
anual, colza e rábano forrageiro podendo ser usadas em consociação ou em cultura estreme.
O solo pode ficar coberto todo o ano ou apenas num determinado período destacando-se
como benefícios:

Proteção da erosão – os ventos e chuvas fortes de inverno são especialmente destrutivas,


arrastando pequenas partículas de solo. A presença de uma fina camada de plantas de
BIBLIOGRAFIA

cobertura protege o solo do vento e as suas raízes contribuem para a fixação do solo.

255
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Eliminação de infestantes – o enrelvamento presente na parcela durante uma grande
parte ou todo o ano pode eliminar o aparecimento de infestantes anuais ou perenes. De
entre as gramíneas, o azevém anual apresenta propriedades alelopáticas1 que previnem a
germinação de sementes de outras espécies e o aparecimento de plântulas em toda a zona
do seu sistema radicular.

MÓDULO I
Fixação de azoto – as leguminosas promovem a fixação do azoto atmosférico favorecida
pela relação simbiótica com diferentes estirpes de Rhizobium.

Melhoria da estrutura do solo – os sistemas radiculares exsudam substâncias gelatinosas


que ajudam a agregar as partículas do solo, melhorando a sua estrutura. As gramíneas são
excecionalmente eficientes neste aspeto.

MÓDULO II
Redução de pragas – o enrelvamento facilita o desenvolvimento de insetos auxiliares
contribuindo, muitas vezes, para minimizar ou eliminar a necessidade de utilizar outros meios de luta.
O enrelvamento permite, também, manter ou aumentar a matéria orgânica do solo o que
promove a agregação do solo, a disponibilidade de nutrientes e a capacidade de retenção de
água. Na Figura 8 podem ser observadas as principais caraterísticas das culturas de cobertura.

MÓDULO III
Características Gerais das Culturas de Cobertura

• Baixo preço das sementes


• Fácil incorporação
• Germinação rápida
• Crescimento rápido
• Competição com infestantes

MÓDULO IV
• Capacidade de crescer em solos pobres em nutrientes
Figura 8 - principais caraterísticas das culturas de cobertura

A composição e durabilidade dos materiais utilizados são muito variáveis existindo várias
opções inorgânicas e orgânicas.

Os materiais inorgânicos incluem vários tipos de materiais rochosos, vulcânicos, fibras


têxteis, e outros materiais. Estes materiais não se decompõem e não precisam de ser

MÓDULO V
substituídos frequentemente. Por outro lado, não contribuem para melhorar a estrutura
do solo, disponibilizar matéria orgânica nem fornecer nutrientes. Por estas razões, muitos
produtores biológicos preferem utilizar materiais de cobertura orgânicos.

Os materiais orgânicos incluem palhas, restos de madeira ou serradura, agulhas de


pinheiros, cascas de madeira, fibra de coco, folhas, misturas de materiais, ou outros produtos
normalmente de origem vegetal. Estes materiais decompõem-se a diferentes velocidades,
em função do tipo de material, clima e comunidade de microrganismos presente. Como este
MÓDULO VI

processo de decomposição melhora a qualidade e fertilidade do solo, esta vantagem confere-


lhe interesse ainda que a sua manutenção seja mais exigente.
Entre os principais tipos de materiais para cobertura do solo, referem-se:
i) Filmes de plástico, tem-se assistido a um uso extensivo e em constante expansão de

1 Alelopatia - capacidade de as plantas produzirem substâncias químicas que, libertadas no ambiente de outras,
BIBLIOGRAFIA

influenciam de forma favorável ou desfavorável o seu desenvolvimento.

256
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
filmes plásticos na agricultura (Figura 9), principalmente os de polietileno de baixa
densidade, devido ao seu baixo custo, fácil manuseamento e propriedades elásticas.
Como benefícios na sua utilização assinalam-se o aumento da temperatura e da
conservação da humidade no solo, o aumento da precocidade e produtividade da
cultura, a redução das infestantes, algumas pragas e doenças, a utilização mais eficiente

MÓDULO I
de água e nutrientes no solo, a menor compactação do solo e a maior limpeza dos
frutos e hortaliças.

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 9 -Cobertura do solo com filmes de
plástico preto

Apesar das vantagens, existem várias limitações ao uso de filmes plásticos,


nomeadamente os custos de remoção, a eliminação/reciclagem dos plásticos utilizados
e sobretudo as questões de índole ambiental. Contudo, pode-se optar pelo uso de

MÓDULO IV
filmes plásticos biodegradáveis minimizando os custos de remoção e eliminação. Os
filmes de plástico preto apresentam um melhor efeito contra as plantas infestantes, em
comparação com os filmes transparentes, pela redução da radiação solar transmitida e
inibição da germinação.

ii) Tela têxtil, a sua utilização na cobertura dos camalhões de diversas culturas hortícolas
e permanentes é uma boa alternativa aos filmes plásticos não biodegradáveis uma

MÓDULO V
vez que apresenta uma durabilidade média de 7 anos (Figura 10). Entre as principais
vantagens na sua utilização considera-se o aumento da permeabilidade, a conservação
da humidade do solo e a diminuição da erosão. Entre as desvantagens apontam-se a
remoção e a eliminação/reciclagem.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 10 - Tela Têxtil utilizada na cobertura do solo

257
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
iii) Papel ou cartão, sem tintas pode ser utilizado na cobertura do solo em faixas, não
apresentando qualquer problema de poluição ambiental. As principais vantagens desta
técnica são a sua abundante disponibilidade e rápida biodegrabilidade. As desvantagens
prendem-se com a suscetibilidade ao vento e à chuva, assim como o risco de incêndio.

MÓDULO I
iv) Cobertura vegetal, consiste no revestimento do solo com palhas de cereais sem sementes
(empalhamento/“mulching2”) ou outros resíduos vegetais como plantas infestantes
cortadas e deixados à superfície do solo, resíduos das culturas, fetos, bagaços, matos,
cascas, aparas de madeira ou folhas e ramos de árvores (Figura 11). As vantagens da
cobertura vegetal/empalhamento são a limitação do desenvolvimento das infestantes
pela obstrução à entrada de luz, o aumento da fertilidade e permeabilidade do solo,
o aumento da incorporação de matéria orgânica e da biodiversidade, a diminuição da

MÓDULO II
erosão e perdas de água por evaporação do solo e a estabilização da temperatura do
solo.

MÓDULO III
Figura 11 - Exemplo de uma cobertura
vegetal | Fonte: André Oliveira

MÓDULO IV
As limitações da cobertura vegetal/empalhamento são a retenção de grandes quantidades
de água no solo (onde o aumento da humidade contribui para o aparecimento de doenças)
e a maior exigência de mão-de-obra na colocação do material e transporte, caso não seja
produzido localmente. Algumas espécies vegetais podem ser produzidas especificamente
para empalhamento, nomeadamente o centeio (Secale cereale), o trigo mourisco ou sarraceno
(Fagopyrum esculentum), o sorgo (Sorghum bicolor subsp. bicolor) e o trevo-branco (Trifolium
repens), pelo seu rápido crescimento e elevada produção de biomassa. O centeio é resistente
MÓDULO V
ao frio e os seus resíduos produzem grande quantidade de substâncias com efeito alelopático
que quando deixados à superfície do solo são lixiviadas e impedem a germinação de algumas
sementes.

IV.6.1.6. CONTROLO DE ADVENTÍCIAS


Os termos infestante, erva daninha e flora adventícia são muitas vezes utilizados para
MÓDULO VI

designar plantas que se desenvolvem em locais onde não são desejadas. Lampkin (1990)
define infestante como qualquer planta que está adaptada ao habitat alterado pelo homem
e que interfere negativamente na sua atividade. As plantas infestantes apresentam-se como
um dos maiores problemas para qualquer agricultor. Ao competirem com as culturas por
água, nutrientes e luz as infestantes podem dar origem a perdas quantitativas e qualitativas na
produção (Figura 12).
2 Mulching” na língua inglesa. Camada protetora de um material orgânico ou inorgânico que é colocado à
BIBLIOGRAFIA

superfície do solo.

258
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 12 - Infestantes em culturas hortícolas | Fonte: Rosa Guilherme

As características principais das infestantes prendem-se com: rápido crescimento e


amadurecimento (estabelecimento rápido da população); muitas reproduzem-se na fase
jovem; toleram uma vasta gama de condições edafoclimáticas; apresentam várias estratégias
reprodutivas e de regeneração (sementes ou propágulos; dormência das sementes); produzem

MÓDULO III
um elevado número de sementes; tendem a associar-se a culturas com ciclos semelhantes e
apresentam capacidade de ocupar locais perturbados pela atividade humana.

Para o controlo das infestantes em AB, não é permitido o recurso a herbicidas sintéticos
sendo as infestantes controladas por outros métodos, na maioria das vezes, de forma
associada e que envolvem mão de obra, operações mecânicas ou outras de custos elevados.
A minimização dos danos causados pelas infestantes é conseguida, fundamentalmente,
recorrendo a métodos culturais, físicos e mecânicos, onde a eliminação das infestantes é feita

MÓDULO IV
através do arranque/corte ou mobilização do solo.

Para que estes métodos tenham sucesso o conhecimento da composição e ecologia da


flora, presente na parcela, é um aspeto fundamental para uma gestão eficaz das infestantes
na cultura.

As infestantes classificam-se em anuais, bianuais, plurianuais perenes e plurianuais vivazes

MÓDULO V
relativamente ao seu ciclo de vida e ao modo como se propagam. As anuais, de primavera-
verão ou de outono-inverno, são plantas herbáceas que germinam, desenvolvem, florescem
e frutificam num período inferior a um ano, reproduzindo-se exclusivamente por semente.
As bianuais, são plantas herbáceas que vivem mais de um ano e menos de dois, florescem e
produzem semente uma única vez. Durante o primeiro ano acumulam reservas, quase sempre
em raízes tuberosas e no segundo ciclo de desenvolvimento tem lugar a inflorescência e a
produção de sementes. As plantas plurianuais são plantas herbáceas ou lenhosas com um
MÓDULO VI

ciclo de vida superior a dois anos distinguindo-se dois grupos, as plantas vivazes que se
desenvolvem devido à presença de um órgão subterrâneo capaz de acumular substâncias
de reserva e regenerá-los indefinidamente (rizomas, tubérculos, bolbos, bolbilhos, raízes e
estolhos) e as plantas perenes, plantas herbáceas ou lenhosas, que mostram sempre órgãos
aéreos, podendo renová-los ativamente.

Vistas, na maioria das vezes, como um grande problema as infestantes podem, também,
BIBLIOGRAFIA

apresentar benefícios. As infestantes são agentes dinâmicos nos ecossistemas; interagem

259
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
modificando o meio e estabelecem relações múltiplas com outros organismos vivos e com o
solo.

Das diversas vantagens atribuídas a estas plantas destacam-se a capacidade de aumentar o


teor de matéria orgânica dos solos, de reciclar os nutrientes e estimular a atividade biológica,

MÓDULO I
bem como, ajudar a controlar a erosão e a aumentar a capacidade de retenção de água no solo.
Algumas espécies podem servir de alimento para os animais, servir como atrativo para aves e
insetos úteis, ser utilizadas na extração de óleos e substâncias medicinais, servir de adubo verde
e ser utilizadas para compostagem (sem as sementes). Por sua vez, as leguminosas apresentam
capacidade de fixar o azoto atmosférico. As infestantes podem, ainda, fornecer indicações
acerca da natureza, estrutura e composição química dos solos (Tabela 10); ser hospedeiras
alternativas de pragas e doenças e constituírem um depósito de genes contribuindo para a

MÓDULO II
manutenção da biodiversidade.

Nome vulgar da planta Nome científico Características do solo

Cavalinha ou pinheirinha Equisetum spp.


Solo compacto, com falta de
Juncos (várias espécies) Juncus spp.
oxigénio (anaerobiose) e excesso
Mentrasto Mentha suaveolens
de água

MÓDULO III
Ranúnculo Ranunculus spp.

Língua-de-ovelha Plantago lanceolata


Erva-pessegueira Polygonum persicaria
Botão-de-oiro Ranunculus repens
Solo argiloso, compacto
Labaça-crespa Rumex crispus
Dente-de-leão Taraxacum officinale
Tossilagem Tussilago farfara

MÓDULO IV
Solo argiloso a franco-argiloso,
Erva-bonita Epilobium tetragonum
alcalino, compacto

Luzerna ou alfalfa (várias Solo argiloso a franco-argiloso,


Medicago spp.
espécies) alcalino, (calcário ou não)

Milhã-digitada Digitaria sanguinalis


Língua-de-ovelha Plantago lanceolata
Azedinha Rumex acetosella Solo ácido

MÓDULO V
Espargueta ou erva-aranha Spergula arvensis
Violetas (várias espécies) Viola spp.

Solo ácido pobre em matéria


Serradela-brava Ornithopus compressus
orgânica e em azoto

Solo limoso (franco), seco e


Margação Anthemis arvensis
ácido
MÓDULO VI

Solo limoso (franco) ou arenoso,


Falsa-salsa Aphanes arvensis
sem calcário

Destruição do complexo argilo-


Azedinha Rumex acetosella
húmico

Milhã-digitada Digitaria sanguinalis Terreno arenoso

Cenoura-brava Daucus carota Solo profundo


BIBLIOGRAFIA

260
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Nome vulgar da planta Nome científico Características do solo

Cardo-comum Cardus spp. Bloqueio de fósforo

Saramago ou labresto Raphanus raphanistrum Disponibilidade de potássio

MÓDULO I
Solo húmido, ácido e rico em
Feto Pteridium aquilinum
potássio

Quenopódio ou catassol Quenopodium album Solo rico em composto orgânico

Ésula-redonda Euphorbia peplos


Lâmio-roxo Lamium purpureum
Sempre-noiva Polygonum aviculare

MÓDULO II
Erva-moira Solanum nigrum
Solo rico em azoto (nítrico)
Morugem-branca Stellaria media
Consolda-maior Symphytum officinale
Urtiga Urtica spp.
Verónica-da-Pérsia Veronica persica

Leguminosas de diversas
Trifolium spp., Medicago spp Solo pobre em azoto
espécies conforme o pH do solo

MÓDULO III
Solo esgotado, com fraco
Tasneirinha Senecio vulgaris
crescimento (até 10 cm)
Tabela 10 - Plantas indicadoras da fertilidade do solo | Fonte: Ferreira, 2009 (Adaptado)

A gestão preventiva das infestantes é uma técnica eficiente em explorações de qualquer


dimensão e pode ser implementada em todas as fases da produção desde a aquisição de
maquinaria, proveniência das sementes, água de rega, fertilizantes e compostos, aos métodos
de colheita e processamento. São exemplo as falsas sementeiras, a rotação de culturas;

MÓDULO IV
a utilização de telas para cobertura do solo; o empalhamento ou “mulching”; o recurso a
fertilizações azotadas de forma moderada; o ajuste das condições do solo (pH, drenagem,
entre outros) e a transplantação de plântulas de viveiro.

Revela-se importante numa fase inicial, identificar as espécies de infestantes com maior
incidência e avaliar os danos que estas podem causar de forma a relacionar a presença dessas
espécies com as práticas culturais e as características dos terrenos da exploração, para que

MÓDULO V
possam ser implementadas as medidas preventivas adequadas. Sugere-se um conjunto
de estratégias de proteção contra as infestantes que contemplem métodos preventivos
intervenção indireta e de intervenção direta (Tabela 11).

Monda manual / mecânica Mais utilizados em todo o tipo de culturas.


Uso do fogo Utilizado em culturas extensivas e forrageiras.
Utilização de calor localizado, radiação infravermelha,
MÓDULO VI

Monda térmica
micro-ondas e vapor.
Intervenção Direta
Inundação Em particular na cultura do arroz.
Monda biológica Recurso à utilização de organismos vivos.
Recurso à utilização de herbicidas e outros produtos
Monda química
fitofarmacêuticos.
Intervenção
Cobertura do solo “Mulching” Utilização de resíduos vegetais, orgânicos e plásticos.
BIBLIOGRAFIA

Indireta

261
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Utilização de diversas técnicas tanto em culturas
Técnicas culturais extensivas como intensivas (variedades, data de
sementeira/plantação, compasso, falsa sementeira).
Desinfeção do solo antes da sementeira/plantação.
Solarização
Muito utilizado em culturas hortícolas (estufa/ar livre).

MÓDULO I
Intervenção
Indireta Diferentes datas de plantação/sementeira e colheita
Rotação de culturas proporcionam a prevenção do estabelecimento e da
produção de sementes das infestantes.
Processo que envolve efeitos benéficos ou adversos,
Alelopatia diretos, indiretos ou ambos de uma planta sobre
outra.
Tabela 11 - Métodos preventivos intervenção indireta e de intervenção direta no controlo de infestantes | Fonte: Serrano, 2003

MÓDULO II
Os métodos de intervenção direta só deverão ser adotados quando as medidas preventivas
não são suficientes para um controlo eficaz das infestantes podendo recorrer-se a diversas
ferramentas e alfaias: enxadas, sachos, barras de corte, motocultivadores, mondador térmico,
multifresa, sachador de estrelas, vibrocultor, grade de dentes flexíveis, sachador de escovas,
entre outros. Por sua vez, a monda manual “arranque à mão” (Figura 13) é por vezes muito
útil no controlo de infestantes na linha das culturas, sendo uma operação que normalmente
é efetuada quando as plantas ainda são jovens, antes de atingirem a floração e a frutificação,

MÓDULO III
evitando a sua multiplicação por via seminal. Esta técnica realizada em boas condições de
humidade do solo, facilita a retirada das plantas infestantes jovens.

MÓDULO IV
Figura 13 - Monda manual | Fonte: Rosa Guilherme

No processo de remoção das infestantes vivazes, deve recorrer-se à utilização de alfaias


de dentes, equipamentos indicados para trazer à superfície os órgãos subterrâneos destas
plantas, evitando a sua propagação. A monda mecânica deve ser realizada com o solo seco à MÓDULO V
superfície e pouca humidade, de modo a não danificar as raízes das culturas.

A monda térmica recorre à utilização de fogo (Figura 14), água quente, vapor ou
congelamento, de modo a provocar a rutura dos vasos condutores das paredes celulares.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 14 - Monda térmica | Fonte: Rosa Guilherme

262
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
As condições que contribuem para a eficácia deste método são, entre outras, uma distância
entre linhas de 20 cm, a presença de um solo com poucos torrões e pedras, a sua execução ser
feita sem vento e quando a superfície das plantas estiver seca.

A gestão das infestantes em agricultura biológica deve ir ao encontro daquilo que é o

MÓDULO I
sistema de produção integrada: equilíbrio entre as culturas e as plantas infestantes. Uma
abordagem integrada de gestão de infestantes combina o uso de métodos complementares,
sejam eles culturais, biológicos, mecânicos ou químicos (http://www.fao.org/agriculture).

Assim, os problemas que as infestantes apresentam para os agricultores poderão ser


minimizados por meio de uma combinação integrada de práticas que:

a) Melhorem a competitividade e a tolerância das culturas à pressão das infestantes;

MÓDULO II
b) Contribuam para remover ou reduzir o crescimento das infestantes nos estágios iniciais
críticos do desenvolvimento da cultura;

c) Reduzam o banco de sementes infestantes no solo.

A monda biológica, recorre ao uso de organismos vivos para combater a problemática das

MÓDULO III
infestantes. Em teoria, todos os herbívoros podem sem considerados agentes biológicos de
controlo. Um espectro mais alargado poderá incluir vírus e bactérias.

Atualmente ainda existem muitas questões em aberto e poucos estudos sobre como
implementar um sistema eficaz de controlo biológico de infestantes.

Contudo, vários estudos referem o uso de galinhas da Índia para eliminação de infestantes
em estufas de tomate, salientando que estas, ao contrário das galinhas domésticas, alimentam-

MÓDULO IV
se também de insetos que se encontram nas plantas sem danificarem os frutos. Um exemplo
prático da aplicação de monda biológica, consiste na colocação, antes da plantação ou
sementeira, de estruturas tipo túnel por onde circulam galinhas, nas entrelinhas das culturas
(Figura 15). Estas alimentam-se das sementes e plantas infestantes contribuindo para o seu
controlo e fertilização do solo, o mesmo acontece nos pomares e vinhas, mas com utilização
de ovelhas nas entrelinhas, obtendo o mesmo efeito de controlo das infestantes.

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 15 - Monda biológica das infestantes com recurso


a galinhas | Fonte: https://agro-inovacao.iniav.pt/images/
Posters/producao-animal/GO_GMOVEL.pdf

A monda mecânica, consiste numa mobilização do solo através das operações de lavoura
BIBLIOGRAFIA

(charrua), gradagem (grade de discos ou de dentes), escarificação (escarificador, vibro cultor),

263
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
fresagem ou mobilização com cavadora simples montada num motocultivador e também trator.
A maioria das ferramentas e alfaias utilizadas está constantemente a ser inovada, existindo
atualmente mondadores automáticos capazes de fazer a distinção entre planta infestante e
cultura.

MÓDULO I
Para as plantas infestantes vivazes devem utilizar-se alfaias de dentes, que tragam os órgãos
subterrâneos para a superfície sem serem fragmentados, para não provocar a sua propagação.

A falsa sementeira, consiste numa preparação do solo para a sementeira, seguida de rega, de
modo a estimular o desenvolvimento das infestantes e o seu crescimento durante pelo menos,
2 semanas após o que são eliminadas ou destruídas por uma sacha mecânica, queimadas ou
deixadas a secar (na ausência de precipitação), antes da sementeira ou plantação da cultura

MÓDULO II
principal. A técnica da falsa sementeira é a mais apropriada para reduzir o banco de sementes
do solo. O objetivo é preparar a cama de sementeira na altura certa: na primavera, logo que
possível, mas sem destruir a estrutura do solo, ou no outono, logo após a colheita da cultura
anterior.

Os agricultores podem favorecer as suas culturas em relação às infestantes escolhendo a


variedade, data de plantação ou sementeira e densidade mais adequadas. Diferentes técnicas

MÓDULO III
culturais combinadas podem reduzir a biomassa infestante em 90 % enquanto isoladamente
apenas reduzem 5 a 10 %.

Para cada cultura existem variedades que têm maior competitividade contra as infestantes
por apresentarem características particulares. São disso exemplo plantas com folhas
mais largas, altas e com maior produção a data ótima de plantação varia de ano para ano
consoante a meteorologia e as condições do solo. Em alguns casos é preferível adiantar de
modo a um rápido estabelecimento da cultura. Noutros, é preferível atrasar com o objetivo de

MÓDULO IV
primeiramente controlar as infestantes e beneficiar a cultura principal com temperaturas mais
quentes. É recomendado plantações sucessivas com apenas duas a três semanas de intervalo
durante um período de 3 anos, isto, contribui para um controlo efetivo de muitas infestantes
perenes.

É possível admitir que a diminuição do compasso e consequente aumento da densidade


da cultura aumenta a produtividade e diminui o desenvolvimento das infestantes, nas culturas
não perenes. Contudo, esta estratégia apresenta alguns riscos devido à maior suscetibilidade MÓDULO V
a doenças, exploração de recursos e diminuição da qualidade do produto final.

A solarização do solo (Figura 16) é um método não químico, não tóxico, não poluente e
eficiente, no controlo de pragas, doenças, agentes patogénicos e infestantes das culturas
agrícolas, através da desinfeção do solo. É um método que se baseia no aquecimento do solo
pela energia solar, onde a sua penetração é realizada através de um filme plástico transparente,
MÓDULO VI

bastante fino, que se coloca à superfície do solo previamente humedecida, durante os meses
mais quentes do ano. O plástico irá aumentar a temperatura do solo para níveis letais ou
subletais, destruindo a propagação de agentes patogénicos e infestantes.

A permanência do plástico nos solos em estufas deverá ser durante 4 a 6 semanas, ou


de pelo menos 6 semanas em solos ao ar livre. E também ao ar livre, a espessura do plástico
utilizado deve ser maior do que em estufa para conferir maior resistência. Os valores usuais
BIBLIOGRAFIA

encontram- se entre os 25 – 50 micrómetros de espessura.

264
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 16 - Solarização do solo | Fonte: Rosa Guilherme

Antes da colocação do plástico, a parcela solarizada deve ser regada até à capacidade de
campo de modo a permitir a condução do calor em profundidade através da água. O plástico
permite capturar a radiação solar no solo, e aquecer os primeiros 30 – 45 cm de profundidade,
podendo atingir temperaturas de valores até 55 ºC, eliminando ou reduzindo eficazmente o
número de fungos, nemátodos, bactérias e infestantes nocivos para as culturas.

MÓDULO III
A solarização não produz resíduos químicos e melhora a estrutura do solo através do
aumento de azoto e outros nutrientes essenciais necessários para o crescimento das culturas
e controla uma vasta gama de organismos indesejados. O efeito do aquecimento do solo
não é tão efetivo em dias nublados e ventosos, podendo dispersar o calor retido e danificar o
plástico.

MÓDULO IV
As bolsas de ar entre o plástico e o solo podem reduzir o aquecimento do solo e promover
a perda do plástico em dias com vento. A solarização pode ser efetuada em áreas planas ou
em canteiros. Em áreas planas, este método é mais fácil de aplicar (por exemplo antes da
instalação de relvados).

A solarização depende do clima e da temperatura. Com temperaturas mais baixas, o


plástico deve permanecer no solo mais tempo para poder atingir as temperaturas desejadas.

MÓDULO V
Em geral, durante a época mais quente do ano, 4 a 6 semanas de solarização são suficientes
para controlar os organismos indesejáveis. Em algumas situações, como em locais frios,
ventosos ou enublados, ou caso existam nos solo organismos de difícil controlo, pode ser
necessário manter o plástico no solo durante 6 a 8 semanas. Por outro lado, em condições
de temperaturas elevadas persistentes, algumas pragas podem ser controladas em períodos
de solarização mais curtos. O objetivo é manter sempre uma temperatura máxima diária, nos
primeiros 15 cm de solo, entre 42 a 50 ºC.
MÓDULO VI

A solarização do solo controla:

Infestantes anuais e perenes – as infestantes perenes são mais difíceis de controlar do


que as anuais, devido a estas atingirem, muitas vezes, maiores profundidades e têm estruturas
vegetativas, como raízes e rizomas, que podem regenerar. Contudo, Após a remoção do plástico,
confirma-se eliminação total das seguintes espécies infestantes: Amaranthus spp., Anthemis
BIBLIOGRAFIA

arvensis, Chenopodium spp., Chrisanthemum segetum, Coronopus didymus, Euphorbia spp.,

265
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Fumaria officinalis, Lolium spp., Malva spp., Medicago spp., Mercurialis annua, Picris echioides,
Poa annua, Polygonum aviculare, Portulaca oleraceae, Raphanus raphanistrum, Rumex spp.,
Senecio vulgaris, Setaria spp., Solanum nigrum, Sonchus tenerrimus, Stellaria media, Urtica
spp.

MÓDULO I
Fungos e bactérias do solo incluindo os responsáveis pela Verticillium spp., Fusarium spp.,
Phytophthora spp., Plasmodiophara brassicae, Pythium ultimum, Sclerotinia spp, Pyrenochaeta
terrestres, Pyrenochaeta lycopersici, Rhyzoctonia solani e muitas outras. Alguns fungos e
bactérias toleram a solarização e, por isso, são mais difíceis de controlar.

Nemátodos - contudo, a solarização do solo nem sempre é eficiente contra nemátodos,


como é contra as infestantes e doenças provocadas por fungos, pois os nemátodos são

MÓDULO II
relativamente móveis e podem recolonizar rapidamente o solo e as raízes das plantas. O
controlo de nemátodos é maior nos primeiros 30 cm de solo. Os nemátodos que habitam em
zonas mais profundas do solo podem sobreviver e danificar plantas com sistemas radiculares
mais profundos.

Bactérias e artrópodes - Alguns estudos têm sido realizados no que respeita à eficiência
da solarização no combate de bactérias e artrópodes. Assim, foi verificado um efeito positivo

MÓDULO III
contra a bactérias Agrobacterium tumefaciens e alguns artrópodes que habitam o solo.

Apesar da eliminação de muitos organismos nefastos do solo pela solarização, muitos


organismos benéficos podem sobreviver ou recolonizar o solo muito rapidamente após
a solarização. De entre esses organismos destacam-se os fungos micorrízicos e fungos e
bactérias entomopatogénicos que auxiliam o seu crescimento. De fato, alguns organismos
estão diretamente relacionados com o crescimento das plantas (bactérias promotoras de

MÓDULO IV
crescimento de plantas - BPCP) e microrganismos com atividade antagonista – colonizam
de imediato as raízes e a rizosfera das plantas em solos solarizados, permanecendo lá em
níveis mais elevados do que em solos não solarizados. O aumento das populações desses
organismos benéficos pode tornar os solos solarizados mais resistentes que os solos não
solarizados ou fumigados. As minhocas geralmente deslocam-se para zonas mais profundas
para assim escapar ao calor.

Matéria Orgânica do solo - A solarização do solo também acelera a decomposição da


matéria orgânica no solo, pelo que, em muitos casos, acresce como benefício adicional a MÓDULO V
libertação de nutrientes como azoto (NO3-, NH4+), cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+), potássio (K+)
e ácido fúlvico, tornando-os mais disponíveis para as plantas.

Em solos solarizados, as plantas geralmente crescem mais rápido, as produções são maiores
e com mais qualidade. Isto pode ser atribuído a um melhor controlo de doenças e infestantes,
ao aumento de nutrientes solúveis e à presença significativa de microrganismos benéficos. A
MÓDULO VI

solarização também melhora as características físicas do solo.

Na Figura 17 representam-se, de forma esquemática, os principais métodos para o controlo


de infestantes em AB.

As infestantes são agentes dinâmicos nos ecossistemas. Os métodos a utilizar devem ter em
conta, a conservação do solo (proteção contra a erosão), a gestão do teor de matéria orgânica
BIBLIOGRAFIA

do solo (com efeito direto na fertilidade do solo e no sequestro do carbono atmosférico), a

266
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 17 - Principais métodos para o controlo das infestantes em AB | Fonte: Coutinho, 2016 (Adaptado)

biodiversidade, o microclima das culturas e a relação das infestantes com hospedeiros de


pragas, doenças e auxiliares. A produtividade e a regularidade das produções, bem como os
custos associados, são aspetos a considerar.

MÓDULO IV
Em Agricultura Biológica, tendo em conta que:
1) Os custos do controlo das infestantes e os efeitos sobre os rendimentos são muito
variáveis, dependendo do agricultor, das espécies de plantas infestantes e da estratégia
ou estratégias adotadas para garantir a eficácia do controlo;
2) A redução da produtividade é a principal causa dos altos preços a que vulgarmente os
produtos biológicos são comercializados;
3) As infestantes são a maior ameaça e representam um enorme peso na decisão de MÓDULO V
conversão para AB.

É fundamental o conhecimento quer da parcela quer da flora infestante de forma a adotar


as práticas preventivas mais adequadas a cada tipo de exploração.
MÓDULO VI

IV.6.1.7. COMPOSTAGEM

A compostagem - processo natural de decomposição de materiais orgânicos que são


reciclados e devolvidos ao solo na forma de composto - envolve a mistura e o arejamento de
materiais orgânicos para produzir um produto estável que tem grande valor como condicionador
do solo. Existem vários sistemas de compostagem que os agricultores podem escolher quando
decidem começar a compostagem. As opções variam com o custo, necessidades de mão-de-
obra e tempo de processamento no Módulo V, no ponto V.6.3.3, o processo de compostagem
BIBLIOGRAFIA

é abordado de forma pormenorizada.

267
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Os resíduos são armazenados em pilhas ou amontoados – a pilha de compostagem. As
pilhas de compostagem envolvem o empilhamento de matérias-primas em pilhas que são
viradas regularmente com um carregador frontal, balde carregador ou equipamento especial.

As pilhas podem ser construídas no campo (Figura 18), onde será usado o composto,

MÓDULO I
ou num local construído para o efeito (Figura 19). O reviramento frequente do material com
equipamento especializado, areja o composto. A temperatura da pilha deve ser controlada
para evitar problemas de odor e assegurar que os materiais estão a ser compostados.

MÓDULO II
Figura 18 - Pilha de resíduos agrícolas

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 19 -Compostagem na exploração | Fonte: André Oliveira

Referem-se as condições necessárias para obter com sucesso um composto:


i) Fornecimento adequado de oxigénio para a respiração microbiana (cerca de 5 por
MÓDULO V
cento do espaço poroso das matérias-primas deve conter ar);
ii) Teor de humidade entre 40 e 65 % - Se o teor de humidade cair abaixo de 40 %, a pilha
pode tornar-se demasiado seca para a atividade microbiana. Mas há também um perigo
de ter a pilha muito molhada. Quando o teor de humidade excede 65 a 70 %, grande
parte do espaço dos poros será preenchido por água ao invés de oxigénio, e a atividade
MÓDULO VI

microbiana diminuirá. Sem oxigénio suficiente, a pilha tornar-se-á anaeróbica. Um teste


simples de espremer com a mão o composto pode ser usado para verificar a humidade
correta: a pilha está muito molhada, se ao espremer um punhado de composto sair
água e muito seco se o punhado não se sentir humidade ao toque;
iii) Tamanho das partículas dos materiais de compostagem de aproximadamente 3 a 5 cm
de diâmetro (intervalo de dimensão aconselhado, mas que pode variar com o tipo de
BIBLIOGRAFIA

materiais);

268
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
iv) Relação Carbono/Azoto (C:N) adequada - Os materiais orgânicos são constituídos
por quantidades substanciais de carbono (C) combinado com quantidades menores
de azoto (N). O equilíbrio entre estes dois nutrientes chama-se a relação carbono-
azoto (C:N). Como já referido anteriormente, o processo de compostagem requer a
proporção adequada de carbono para a energia e azoto para a produção de proteína.

MÓDULO I
Se a relação (C:N) é demasiado alta atrasa a decomposição (excesso de carbono) e se
a relação (C: N) é muito baixa (excesso de azoto) a pilha de compostagem vai acabar
com mau odor. É ainda de referir que os materiais orgânicos têm índices diferentes de
(C: N) – “materiais castanhos” contêm grandes quantidades de carbono e os “materiais
verdes” contêm quantidades elevadas de azoto (Tabela 12).

Material (ordem

MÓDULO II
Tratamento
decrescente de Relação C/N Decomposição Restrições de uso
prévio
C/N)
Tintas com metais
Cartão 200-500 Rápida Triturar
pesados
Madeira sem
Serradura de
230 Lenta tratamento
pinho
químico

MÓDULO III
Serradura de faia 100 Lenta Idem
Cascas de árvores 100-150 Média Triturar Idem
Lenha verde de
100-150 Média Triturar
poda
Palha de trigo 100 Média Triturar grosseiro
Palha de cevada 100 Média Idem

MÓDULO IV
Palha de centeio 60 Média Idem
Palha de aveia 60 Média Idem
Palha de
40-50 Rápida Idem
leguminosas
Folhas de árvores 30-60 Rápida
Exclusivamente
resíduos vegetais

MÓDULO V
e animais
separados
Resíduos sólidos
30-40 Media Triturar na origem e
domésticos
produzidos
num sistema de
recolha fechado e
controlado
Estrume de cavalo
30-60 Média
com palha
MÓDULO VI

Estrume de cavalo 25 Rápida


Estrume de
20 Rápida
bovino
Borras de café 20 Rápida
Estrume de Estrume de
galinha com apara 13-18 Rápida pecuária sem
BIBLIOGRAFIA

de madeira terra proibido

269
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Material (ordem
Tratamento
decrescente de Relação C/N Decomposição Restrições de uso
prévio
C/N)
Restos de
13 Rápida
hortícolas frescos

MÓDULO I
Estrume de
Estrume de
10 Rápida pecuária sem
galinha
terra proibido
Estrume de
Chorume (urina +
8-13 Rápida pecuária sem
fezes) de bovino
terra proibido
Bagaço de rícino 8 Rápida

MÓDULO II
Estrume de
Chorume (urina +
5-7 Rápida pecuária sem
fezes) de porco
terra proibido
Farinha de penas Origem em
de galinhas ou 5 Rápida animais doentes
frangos proibido
Origem em

MÓDULO III
Farinha de sangue 5 Rápida animais doentes
proibido
Origem em
Farinha de carne 5 Rápida animais doentes
proibido
Origem em
Farinha de osso 4 Rápida animais doentes
proibido

MÓDULO IV
Tabela 12 - Relação C/N de material que pode ser utilizado na pilha de compostagem | Fonte: Adaptado de Ferreira, (coord.) et al., 2009

v) Temperatura ótima para a compostagem de 50 a 60 °C. Também é possível que a


temperatura na pilha se torne demasiado quente. Quando as temperaturas variam entre
os a 65 º C a de 70 °C, os organismos termofílicos começam a morrer e a compostagem
é atrasada. Combustão espontânea pode ocorrer em pilhas de composto que se tornam
muito quentes e secos.

O primeiro passo na produção de composto de alta qualidade para a agricultura biológica MÓDULO V
é identificar a fonte de todas as matérias-primas usadas para fazer o composto. Isso ajudará
a garantir a utilização de materiais vegetais e animais admissíveis, que os materiais não estão
contaminados com substâncias ou materiais proibidos, e que os materiais são misturados em
quantidades adequadas ao sistema de compostagem.

Nem todos os materiais orgânicos são adequados para compostagem Por exemplo, o
MÓDULO VI

uso de maçãs ou citrinos irão, respetivamente, diminuir ou aumentar o pH dos materiais e


interromper o processo de compostagem. Outros materiais que não devem ser usados são
partes ou plantas invasoras, pois isso pode contribuir para a sua disseminação.

Seguem-se algumas sugestões para quando a formação e utilização do composto:

1) Usar uma variedade de fontes de nutrientes, para evitar que excedam as necessidades
BIBLIOGRAFIA

das culturas;

270
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
2) Realizar análise de solo para controlar os níveis de nutrientes do solo;

3) Se possível analisar o composto para garantir mais precisão nas aplicações;

4) Calcular a quantidade de composto a aplicar, com base nas necessidades carbono,

MÓDULO I
azoto e fósforo, esta prática ajuda a evitar o excesso de aplicação e os custos associados
(custo do composto, custos ambientais);

5) Incorporar o composto no solo, para promover o processo de mineralização e minimizar


perdas de escoamento e erosão;

6) A pilha de compostagem não deve ficar exposta diretamente ao sol ou ao vento, para
que não seque, nem à chuva, para não ficar sujeita à lixiviação de nutrientes, e nem

MÓDULO II
próximo de águas superficiais, para não contaminar as mesmas;

7) A pilha de compostagem deve ficar em local não muito declivoso até 5%, para
facilitar a sua preparação e maneio da pilha de composto. Deve ser evitado locais,
suscetíveis a encharcamentos. O composto pode ser feito em chão batido com uma
boa impermeabilização e drenagem de modo que a água possa escorrer e infiltrar-se
no solo quando chover. Evitar ao máximo superfícies de mosaicos ou de cimento;

MÓDULO III
8) Um local levemente ensombrado e com cortinas contra o vento é conveniente para não
deixar secar demasiado a pilha;

9) O local escolhido para a compostagem deve ser próximo daquele em que o composto irá
ser utilizado. Poderá ser necessário ter água para humedecer a pilha convenientemente
caso a percentagem de humidade da pilha seja inferior a 40 %;

MÓDULO IV
10) As pilhas devem ser cobertas preferencialmente com um filme de fibras de polipropileno
(tipo Geotêxtil da Toptex) que permite a entrada de ar, mas não de água, porque os
filmes de polietileno não permitem as trocas gasosas e podem resultar em excesso de
humidade nas pilhas.

11) As pilhas devem situar-se a 15 m das águas de superfície.

IV.6.1.8. PROTEÇÃO DAS PLANTAS


MÓDULO V
De acordo com o Reg. (UE) 2018/848 do Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de maio
de 2018, a utilização de produtos fitofarmacêuticos, na produção biológica, deverá ser fortemente
restringida. Deverá ser dada preferência a medidas que previnam danos provocados por
pragas, doenças e infestantes através de técnicas que não impliquem a utilização de produtos
fitofarmacêuticos, como é o caso da rotação das culturas. A presença de pragas e doenças
MÓDULO VI

deverá ser monitorizada, a fim de decidir se existem fundamentos económicos e ecológicos


para eventuais intervenções. Contudo, a utilização de determinados produtos fitofarmacêuticos
deverá ser permitida caso as técnicas em questão não garantam uma proteção adequada e
apenas se os produtos fitofarmacêuticos tiverem sido autorizados em conformidade com o
Regulamento (CE) nº 1107/2009, após terem sido avaliados como compatíveis com os objetivos
e princípios da produção biológica, mesmo quando esses produtos tiverem sido autorizados
mediante condições de utilização restritivas e, consequentemente, tiverem sido autorizados
BIBLIOGRAFIA

em conformidade com o referido regulamento.

271
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Pretende-se limitar ao máximo a aplicação de produtos fitofarmacêuticos autorizados e
recorrer de forma racional, programada e, principalmente, preventiva a todos os meios de
luta disponíveis.

Sempre que não seja possível proteger adequadamente as plantas das pragas e doenças

MÓDULO I
através de medidas preventivas, podem ser utilizados apenas os produtos referidos no Anexo
II do Regulamento (CE) n.º 889/2008 e que se encontrem homologados em Portugal. Ter em
atenção que um produto fitofarmacêutico é homologado para uma dada finalidade (cultura/
inimigo) e só deverá ser utilizado para este fim; no Anexo I do mesmo Regulamento, encontra-
se a listagem de produtos fitofarmacêuticos autorizados. Na página eletrónica da DGAV, em
https://sifito.dgav.pt/Account/Login?ReturnUrl=%2F, podem ser consultados os produtos
fitofarmacêuticos homologados em Portugal para a produção biológica. Em agricultura

MÓDULO II
biológica, está ainda prevista a possibilidade de serem utilizadas substâncias de base,
definidas nos termos do Regulamento (CE) n.º 1107/2009 como substâncias úteis na proteção
fitossanitária, mas que não são predominantemente utilizadas para esse efeito (https://www.
dgadr.gov.pt/images/docs/val/mpb/lista_substancias_base_AB.pdf).

Em AB, os meios de luta utilizados no combate de pragas, doenças e infestantes são,


muitas vezes, semelhantes encontrando-se, na sua maioria, descritos no Manual da Produção

MÓDULO III
Integrada desta coleção.

Meios de Luta Utilizados em AB

• Legislativos – medidas reguladoras para controlar e reduzir a disseminação de insetos e agentes


patogénicos
• Genéticos – melhoramento ou seleção de plantas resistentes a pragas e doenças
• Culturais – práticas culturais que alteram o ambiente, o estado do hospedeiro ou o comportamento da

MÓDULO IV
praga ou doença
• Físicos – utilização de equipamentos ou outros métodos físicos de controlo de pragas (mobilização do
solo, queima, armadilhas, etc)
• Biológicos – utilização de inimigos naturais das pragas (auxiliares) – insetos benéficos, organismos
que causam doenças a insetos ou antagonistas de agentes patogénicos – e promoção do seu
desenvolvimento natural (luta biológica clássica, largadas inundativas ou aumentativas e limitação natural
ou conservação)
• Biotécnicos – utilização de mecanismos fisiológicos dos insetos ou seus comportamentos, que irão afetar

MÓDULO V
negativamente a sua sobrevivência
• Químicos – utilização de produtos fitofarmacêuticos provenientes de compostos naturais
Fonte: Amaro, 2016 (Adaptado)

I – Meios culturais

As práticas culturais como meio de proteção das plantas contra pragas, doenças e
infestantes constituem o processo mais antigo de combater estes inimigos. São muitas as
MÓDULO VI

medidas culturais que ajudam na proteção das culturas, destacando-se:


Diversificação dos sistemas produtivos (promoção da biodiversidade cultural)
Utilização de material vegetal são
Medidas culturais Seleção da espécie e variedade (as variedades regionais normalmente evidenciam
indiretas maior tolerância a pragas e doenças - mais adaptadas e resistentes)
Rotações e consociações (evitar doenças do solo e incremento de auxiliares)
BIBLIOGRAFIA

Fertilização do solo (plantas bem nutridas são plantas mais resistentes)

272
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Rega (as técnicas de rega utilizadas podem promover a disseminação de doenças)
Densidade, compasso de plantação e desfolha (promover o arejamento e a entrada de
Medidas culturais luz)
indiretas Instalação de infraestruturas ecológicas, como sebes vivas e faixas de compensação,
para preservação dos inimigos naturais e colocação de ninhos artificiais para aves

MÓDULO I
insectívoras.
Eliminação de focos de doenças e pragas
Eliminação de infestantes / adventícias (monda manual, monda mecânica, monda
térmica)
Destruição de restos de culturas infetadas

Medidas culturais Colocação de armadilhas (cromotrópicas, confusão sexual, alimentares)


diretas Largadas de artrópodes auxiliares

MÓDULO II
Sementeira / plantação de plantas armadilha
Solarização
Biofumigação
Tratamentos com produtos fitofarmacêuticos autorizados em agricultura biológica

II – Meios biológicos

Em AB procura incrementar-se a limitação natural pondo em prática as medidas culturais já

MÓDULO III
referidas e favorecendo o desenvolvimento dos auxiliares contra as pragas e doenças.

Reforçam-se, aqui, alguns aspetos fundamentais no estabelecimento de um programa


de ação maioritariamente preventivo, preconizado pela AB. Os meios de luta biológicos
consistem na aplicação de organismos auxiliares na cultura (Ferreira, 2009), como
insetos e ácaros e na utilização de produtos fitofarmacêuticos à base de microrganismos
(biopesticidas). Os insetos incluem-se entre os organismos com maior importância na

MÓDULO IV
limitação natural de pragas. Insetos e ácaros fazem parte do grupo dos artrópodes auxiliares,
que constituem parte da fauna auxiliar, sendo agrupados em parasitoides3 e predadores4
(Tabela 13)
Fauna auxiliar (Invertebrados)
Predadores Parasitoides
• Tabela 13livre
Têm vida - Fauna auxiliar
em todos invertebrada:
os estádios do seu principais caraterísticas
• Insetos de predadores
de tamanho e parasitoides
muito reduzido, inferior ao
desenvolvimento. dos hospedeiros.
• Dimensões relativamente elevadas, por vezes
maiores que os insetos e ácaros que lhes servem
• Reproduzem-se normalmente à custa de um só
inseto parasitado, ao qual provocam a morte.
MÓDULO V
de alimento. • Muito especializados, parasitando apenas uma
Fonte: Coutinho, 2007 (Adaptado)
• Têm necessidade de consumir um grande espécie ou grupo de espécies bem definidos.
número de presas. • Inúmeras espécies de Himenópteros – parasitas
• A maioria são insetos e ácaros polífagos de afídeos, de cochonilhas, de ovos de
(determinadas preferências alimentares). lepidópteros – e de Dípteros Taquinídeos –
Na Figura 20 podem observar-se as principais ordens e famílias de artrópodes auxiliares:
moscas parasitas de larvas de lepidópteros, de
• Diversas ordens, famílias e géneros: Ácaros,
MÓDULO VI

Coccinelídeos, Sirfídeos, Crisopídeos, coleópteros e de outros insetos.


Antocorídeos e outros.
Tabela 13 - Fauna auxiliar invertebrada: principais caraterísticas de predadores e parasitoides | Fonte: Coutinho, 2007 (Adaptado)

3 Parasitoide, organismo que vive, total ou parcialmente, dentro (endoparasitóide) ou fora (ectoparasitóide)
do organismo hospedeiro e causa a sua morte no final do seu desenvolvimento; em adultos têm vida livre e
alimentam-se de substâncias açucaradas ou têm hábitos predadores.
4 Predador, organismo que captura a presa e a mata para se alimentar de imediato; as larvas ou ninfas são muito
BIBLIOGRAFIA

móveis e os adultos podem ter hábitos alimentares semelhantes ou alimentar-se de pólen e néctar.

273
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Na Figura 20 podem observar-se as principais ordens e famílias de artrópodes auxiliares:

MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 20 - Principais Ordens e Famílias de artrópodes auxiliares

Na Figura 21 apresentam-se alguns exemplos de predadores invertebrados:

A B C
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI

D E F
Figura 21 - Exemplos de predadores invertebrados
A) Cetonia spp. B) Larva de Lepidóptero C) Aranha D) Euryderma ornata E) e F) Larva e adulto de Coccinella septempunctata

Na Tabela 13 indicam-se alguns exemplos de auxiliares predadores, inimigo a controlar e


BIBLIOGRAFIA

cultura afetada.

274
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Artrópodes auxiliares predadores
Inimigo a combater/cultura
Ordem Espécie
Coccinela septempunctata afídeos/citrinos
Cryptolaemus montrozieri cochonilhas/citrinos

MÓDULO I
Coleoptera
Harmonia axyridis
Stethorus puctilum ácaros/várias
Dicyphus cerasti generalista/hortícolas
Dicyphus tamanini generalista/hortícolas
Orius albidipennis tripes/hortícolas
Heteroptera

MÓDULO II
Orius laevigatus
Orius insidiosus
Macrolophus caliginosus generalista/hortícolas
Neuroptera Chrysoperla carnea afídeos/várias
Diptera Aphidoletes aphidimyza
Tabela 13 – Exemplos de artrópodes auxiliares predadores | Fonte: Costa, 2016 (Adaptado)

MÓDULO III
Na Tabela 14 indicam-se alguns exemplos de auxiliares parasitoides, inimigo a controlar e
cultura afetada

Artrópodes auxiliares parasitoides


Inimigo a combater/cultura
Ordem Espécie
Aphidius colemani
afídeos/hortícolas

MÓDULO IV
Lysiphlebus testaceipes
Dacnusa sibirica
larvas mineiras/ hortícolas
Diglyphus iasea
Encarsia formosa
Eretmocerus mundus mosquinhas brancas/várias
Hymenoptera
Amitus fuscipenis

MÓDULO V
Leptomastix dactylopii cochonilhas/citrinos
Hyposoter didimator
Cotesia kasak
lagartas/várias
Telenomus laeviceps
Trichogramma evanescens
Tabela 14 - Exemplos de artrópodes auxiliares parasitoides | Fonte: Costa, 2016 (Adaptado)
MÓDULO VI

Existem muitos microrganismos auxiliares que, para além da sua importância como fator de
limitação natural de pragas e doenças, permitem a sua utilização como meio de luta biológica
(neste caso, microbiológica) seja através da sua aplicação nas culturas, seja pela aplicação de
substâncias tóxicas para os inimigos das culturas por eles produzidas e fazem parte do grupo
dos biopesticidas.

Os biopesticidas são substâncias naturais (pesticidas bioquímicos), microrganismos


BIBLIOGRAFIA

(pesticidas microbianos) e substâncias pesticidas produzidas por plantas pela adição de material

275
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
genético específico (proteínas incorporadas nas plantas – PIPs), que controlam pragas, doenças
e infestantes. Com base no tipo de substância ativa, os biopesticidas enquadram-se em três
categorias principais: microbianos, vegetais e bioquímicos. De entre estes biopesticidas os
mais utilizados são os que se encontram nas Tabelas 15, 16, 17 e 18.

MÓDULO I
Bactérias Categoria Inimigo(s) alvo Modo de ação

Bacillus Lepidópteros, Dípteros e


Inseticida Ataca o sistema digestivo
thuringiensis (Bt) Coleópteros

Atua diretamente sobre os fungos


Proteção contra o oídio da através da produção de substâncias
Bacillus pumilos Fungicida
vinha inibidoras da biossíntese da sua
parede celular

MÓDULO II
É usado para combater patógenos de
Bacillus Age contra patógenos raiz, como Ralstonia solanacearum,
Fungicida
amyloliquefaciens bacterianos e fúngicos Pythium, Rhizoctonia solani, Alternaria
tenuissima e Fusarium

Bactérias e fungos
Bacillus subtilis patogénicos como Coloniza a raiz da planta e compete
Bactericida
(Bs) Rhizoctonia, Fusarium e com a bactéria ou fungo

MÓDULO III
Aspergillus. Fungos do solo

Muitos fungos, vírus e


Pseudomonas Fungicida/ doenças bacterianas, como Expulsa os organismos e controla o
fluorescens Bactericida a bactéria Pseudomonas crescimento dos agentes patogénicos
syringae

Causa uma redução de galhas de


Bacillus firmus Nematodicida Nemátodos Meloidogyne, além de estimular o
crescimento das plantas.

MÓDULO IV
Atuam como um agente de
biocontrole contra certos patógenos
Pseudomonas
Fungicida Fungos do solo fúngicos de plantas por meio da
chlororaphis
produção de antibióticos do tipo
fenazina
Tabela 15 - Biopesticidas microbianos à base de bactérias, inimigo(s) alvo e modo de ação
Fonte: Amaro (2016); Ferreira (1999 e 2009); https://sifito.dgav.pt/divulgacao/produtos (Adaptado)

Vírus Categoria Inimigo(s) alvo Modo de ação


MÓDULO V
Vírus da granulose
Inseticida/ Utilizado para combater o
de Cydia Ataca o sistema digestivo
acaricida bichado-da-fruta
pomonella

As partículas vírus da polidrose nuclear


Vírus da polidrose
Controle de insetos (VPNs) são pulverizadas nas plantas,
MÓDULO VI

nuclear de Inseticida/
pertencente à ordem tratando a superfície foliar. As pragas
Helicoverpa acaricida
Lepidóptera ao alimentaremse das folhas, ingerem
armigera
o vírus e são contaminadas.

Vírus da polidrose
Controle de insetos
nuclear de Inseticida/
pertencente à ordem
Spodoptera acaricida
Lepidóptera
littoralis
BIBLIOGRAFIA

Tabela 16 - Biopesticidas microbianos à base de vírus, inimigo(s) alvo e modo de ação


Fonte: Amaro (2016); Ferreira (1999 e 2009) https://sifito.dgav.pt/divulgacao/produtos (Adaptado)

276
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Espécies de fungos Categoria Inimigo(s) alvo Modo de ação

Insetos que se alimentam de folhas


Beauveria bassiana Inseticida Doença (muscadina branca)
(gafanhotos, mosca branca, afídeos)

Doenças fúngicas do solo e das

MÓDULO I
Trichoderma sementes como a podridão radicular
Fungicida Micoparasíticas
viride/harzianum causada por organismos como o
Fusarium etc.

Parasita de muitos fungos e outros


Pythium oligandrum Fungicida oomicetos, incluindo Botrytis ,
Fusarium e Phytophthora

Proteção contra o míldio e o oídio da Indutor de resistência


Cerevisane Fungicida
vinha sistémica em plantas

MÓDULO II
Combate várias pragas,
Paecilomyces
Inseticida nomeadamente a mosca-branca,
fumosoroseus
afídeos

Trichoderma Neutralizam a ação dos


Fungicida Doenças do lenho
asperellum estirpe fungos patogénicos

Trichoderma Neutralizam a ação dos


Fungicida Proteção de feridas de poda na videira

MÓDULO III
atroviride fungos patogénicos

Neutralizam a ação dos


Trichoderma gamsii Fungicida Doenças do lenho
fungos patogénicos

Saccharomyces Indutor de resistência


Fungicida Controle de doenças das plantas
cerevisiae sistémica em plantas

Trichoderma and Fungicida/ Fungos patogénicos do solo e Digere a parede celular dos
Paecilomyces Nematodicida nemátodos patogénicos

MÓDULO IV
Digestão pelos fungos
Beauveria bassiana da cutícula enzimática
Pseudomonas Inseticida Brocas, tripes, etc. dos insetos, parasitismo e
fluoresens controlo dos insetos em
cerca de 5 a 7 dias

Entrada das hifas dos fungos


para o corpo dos
Paecilomyces insetos, parasitismo e
Nematodicida Todos os tipos de nemátodos
MÓDULO V
lilacinus esporulação e morte dos
insetos em cerca de 5 a 7
dias.
Tabela 17 - Biopesticidas microbianos à base de fungos, inimigo(s) alvo e modo de ação
Fonte: Amaro (2016); Ferreira (1999 e 2009) https://sifito.dgav.pt/divulgacao/produtos (Adaptado)

Biopesticidas
Categoria Inimigo(s) alvo Modo de ação
botânicos
MÓDULO VI

Interrompe o processo de
Broca-das-cucurbitáceas, afídeos,
troca de iões de sódio e
cicadídeos, ácaros, insetos de
Pyrethrum Inseticida potássio nas fibras nervosas
Murgantia histrionica e larva do
e a normal transmissão dos
repolho.
impulsos nervosos.

Atua nos sistemas digestivo,


Neem Inseticida Roscas, lagartas e traças-da-relva nervoso e
BIBLIOGRAFIA

hormonal.

277
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Espécies da família Cercopoidea,
afídeos, escaravelho da batata,
Rotenona Inseticida Inibe a respiração celular.
Murgantia histrionica, percevejos,
ácaros, formigas-carpinteiras.
Bichado-da-fruta, escaravelhos

MÓDULO I
japoneses, percevejo, afídios da Impede a contração
Ryania Inseticida
batata, Thrips tabaci, larva do milho, muscular causando paralisia.
bicho-da-seda
Gafanhotos, bichado-da-fruta, traças, Afeta o potencial de ação da
bichoda- seda, afídeos, Trichoplusia membrana da célula nervosa
Sabadilha Inseticida
ni, besouros, Anasa tristis, Murgantia causando perda da função e
histrionica. paralisia.
Toxina neurogénica de ação

MÓDULO II
Nicotina Inseticida Afídeos, tripes, lagartas.
rápida
Traças-da-couve, Trichoplusia ni, Repelente, tóxica ou impede
Óleo de alho Inseticida tesorinhas, cicadelidios, mosca-branca a alimentação
e afídeos dos insetos
Inseticida /
Fungicida Insetos, bactérias, fungos e
Óleos essenciais Destrói a membrana celular
Bactericida/ nemátodos.
Herbicida

MÓDULO III
Afídeos, gafanhotos, traças-da-couve,
Repelente de trips, Trichoplusia ni, tesorinhas, Repelente, tóxica ou anti-
Cera de pimenta
insetos cicadelídeos, mosca branca, ácaros e alimentação nos insetos
cochonilhas
Tabela 18 - Biopesticidas botânicos, inimigo(s) alvo e modo de ação
Fonte: Amaro (2016); Ferreira (1999 e 2009) https://sifito.dgav.pt/divulgacao/produtos (Adaptado)

A aplicação de produtos que favoreçam a resistências das plantas às doenças – os chamados

MÓDULO IV
indutores de resistência – é, também, considerada uma medida profilática.

Com o objetivo de avaliar se uma praga ou doença está a pôr em risco a cultura, a monitorização
é fundamental. O ciclo biológico dos inimigos das culturas, deve ser acompanhado, através de
uma avaliação do risco periódica, com o recurso a metodologias adequadas de diagnóstico,
monitorização e quantificação das populações dos inimigos das culturas. Estes conhecimentos
sobre os períodos de risco, são essenciais para se efetuar uma correta estimativa do risco. A
estimativa de risco passa por identificar o inimigo, a intensidade do ataque e os fatores de
nocividade, nomeadamente o estado fenológico e respetiva sensibilidade da cultura, bem MÓDULO V
como as condições meteorológicas mais favoráveis ao seu desenvolvimento.

Assim, a chave no combate aos inimigos das culturas centra-se nas observações regulares
uma vez que irão permitir determinar o nível económico de ataque (NEA) e a necessidade de
intervenção indo ao encontro dos princípios e conceitos preconizados pela proteção integrada
que a seguir se apresentam:
MÓDULO VI

Estimativa do Risco
Avaliação quantitativa de inimigos das culturas e análise da influência de certos fatores nos prejuízos que
possam causar.

Nível Económico de Ataque (NEA)


BIBLIOGRAFIA

Intensidade de ataque de um inimigo da cultura a que se devem aplicar medidas limitativas ou de combate

278
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
para impedir que a cultura corra o risco de prejuízos superiores ao custo das medidas de luta a adoptar,
acrescidos dos efeitos indesejáveis que estas últimas possam provocar.

Tomada de Decisão
Baseia-se na análise global da estimativa do risco, na referência ao NEA e na seleção dos meios de proteção,

MÓDULO I
de modo a fornecer uma decisão fundamentada sobre a indispensabilidade de intervenção, os meios de luta
a adoptar, privilegiando a integração dos meios de luta cultural, genética, biológica e biotécnica e a seleção
dos produtos fitofarmacêuticos, se for o caso.

III – Infraestruturas ecológicas

As infraestruturas ecológicas são uma das ferramentas mais importantes para promover

MÓDULO II
os serviços ecológicos e a biodiversidade funcional e asseguram a presença de diferentes
auxiliares através de: abrigo, locais de hibernação, presas/ hospedeiros alternativos, fonte de
alimento (por exemplo, néctar, pólen, melada), habitat para a sua dispersão (muitos artrópodes
têm pouca mobilidade).

Com a promoção da biodiversidade, vários serviços ecológicos irão beneficiar a produção


agrícola: reciclagem de nutrientes, proteção da cultura, clima e água, conservação do solo,

MÓDULO III
armazenamento de carbono, entre outros.

De acordo com as normas da Organização Internacional de Luta Biológica (OILB), pelo


menos 5% da totalidade da área das explorações (excluindo a floresta) devem ser identificadas
e geridas como infraestruturas ecológicas, sem a introdução de pesticidas e fertilizantes, com
o intuito de aumentar a biodiversidade botânica e faunística. Idealmente, a área total das
infraestruturas ecológicas deve chegar aos 10%. (Costa, 2016).

MÓDULO IV
Entende-se por infra-estrutura ecológica (IEE), qualquer infraestrutura existente na
exploração agrícola, ou num raio de cerca de 150 m, com valor ecológico, e cuja utilização
aumente a biodiversidade funcional da exploração (i.e., a parte da biodiversidade que
pode ser diretamente utilizada pelo agricultor). A contribuição efetiva das IEEs no fomento
da biodiversidade depende da sua qualidade ecológica, localização e ligação a outras IEEs
situadas dentro e fora da exploração, sendo que a dimensão adequada das IEEs e a distância
entre elas depende do tamanho e capacidade de dispersão das espécies animais que as
utilizam. MÓDULO V
Uma rede de IEEs deverá ser composta por três elementos fundamentais, cada um com
diferentes funções (Franco, 2010):

1) Habitats permanentes – de grande dimensão, incluem prados, pastagens, floresta,


áreas ruderais e pomares tradicionais;
MÓDULO VI

2) Habitats temporários – de pequena dimensão, incluem pequenos bosques, manchas


de arbustos e árvores, amontoados de pedra ou lenha e charcos;

3) Corredores ecológicos – incluem estruturas lineares como sebes, faixas com


enrelvamento, caminhos rurais e linhas de água.

As distâncias entre as IEEs e a cultura devem ser tidas em atenção, como forma de assegurar
BIBLIOGRAFIA

a efetiva dispersão dos inimigos naturais e colonização da última (p. ex. IEEs destinadas a

279
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
assegurar a colonização da vinha por parasitoides da traça-da-uva que se movimentem menos
de 100 m, devem ser instaladas a menor distância da cultura do que no caso de se pretender
incrementar a atuação do papel de aves insectívoras, que se podem deslocar centenas de
metros; uma IEE adequada para o primeiro caso poderá ser o enrelvamento, já para o segundo
poderá ser uma sebe). Entre os diversos tipos de infra-estruturas ecológicas, destaca-se a

MÓDULO I
cobertura vegetal do solo e as sebes e cortinas de abrigo.

Na Figura 22 pode observar-se uma faixa multifuncional constituída por espécies com
diferentes épocas de floração de forma a fornecer alimento aos auxiliares (Esqª) e a existência
de uma sebe composta por diferentes espécies arbóreas e arbustivas (Dtª).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 22 – Faixa multifuncional (Esq.ª) e sebe (Dt. ª).

Na Figura 23 apresenta-se uma infraestrutura constituída por diferentes materiais com o


objetivo de fornecer abrigo aos auxiliares.

MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 23 - Infraestrutura constituída por diferentes materiais


Fonte: André Oliveira

IV.6.2. PARTE ANIMAL


MÓDULO VI

As explorações que tenham ou pretendam introduzir animais devem antes de mais,


garantir o cumprimento das regras e legislação gerais específicas para produção animal, de
acordo com o preconizado pela DGAV-Direção Geral de Alimentação e Veterinária, enquanto
Autoridade Sanitária Nacional.

Caso pretendam comercializar os seus produtos como biológicos, os criadores de animais


BIBLIOGRAFIA

devem igualmente satisfazer condições específicas, tais como o respeito pelo bem-estar dos

280
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
animais, a alimentação dos animais em função das suas necessidades nutricionais e a proteção
da sua saúde e do ambiente. Estas normas também ajudam a reforçar a confiança do público,
uma vez que garantem uma separação entre animais de criação biológica e animais não
biológicos. As normas aplicáveis aos criadores de animais incluem o respeito pelos princípios
de produção biológica (https://ec.europa.eu/info/food-farming-fisheries/farming/organic-

MÓDULO I
farming/organic-production-and-products_pt#rulesonlivestock):
i) Os animais que não sejam de criação biológica não podem ser deslocados entre
explorações, salvo para fins de reprodução, devendo a partir daí cumprir exclusivamente
normas específicas
ii) Para comercializar os seus produtos como biológicos, os agricultores têm de alimentar
os seus animais com alimentos 100 % biológicos

MÓDULO II
iii) Os alimentos para animais devem provir principalmente da exploração agrícola em
que os animais são criados, ou de explorações da mesma região
iv) É estritamente proibida a clonagem de animais e/ou a transferência de embriões
v) São proibidos os estimuladores de crescimento e os aminoácidos sintéticos
vi) Os mamíferos lactantes têm de ser alimentados com leite natural, de preferência

MÓDULO III
materno
vii) Devem utilizar-se métodos de reprodução naturais, mas é permitida a inseminação
artificial
viii) Na alimentação dos animais só podem ser utilizadas matérias não biológicas de origem
vegetal, matérias de origem animal e mineral, aditivos, certos produtos utilizados na
nutrição animal e auxiliares tecnológicos especificamente autorizados na produção

MÓDULO IV
biológica

E do Bem-estar dos animais:


i) As pessoas que se ocupam dos animais devem possuir os conhecimentos e competências
básicos necessários em matéria de saúde e bem-estar dos animais
ii) Deve ser dada especial atenção às condições de estabulação, às práticas de criação e
ao encabeçamento
iii) O número de animais deve ser limitado de forma a reduzir ao mínimo o sobrepastoreio, MÓDULO V
a erosão ou a poluição causada pelos animais ou pela dispersão do seu estrume
iv) Sempre que possível, os animais devem ter acesso a áreas ao ar livre ou a pastagens
v) É proibido amarrar ou isolar os animais, a não ser em casos específicos durante um
período limitado, e somente por razões de bem-estar, segurança ou veterinárias
MÓDULO VI

vi) Não são permitidas hormonas ou substâncias análogas, exceto como forma de
tratamento terapêutico veterinário de um animal específico
vii) Sempre que haja animais doentes, são autorizados, se necessário e sob condições
rigorosas, medicamentos veterinários alopáticos, incluindo antibióticos, mas apenas
quando não seja apropriada a utilização de produtos fitoterapêuticos, homeopáticos
e outros
BIBLIOGRAFIA

viii) É permitida a utilização de medicamentos veterinários imunológicos

281
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Qualquer sofrimento, dor e agitação devem ser evitados e reduzidos ao mínimo durante
toda a vida do animal. Os animais devem ter acesso permanente a áreas ao ar livre, para lhes
permitir fazer exercício, de preferência a pastagens, desde que, as condições meteorológicas
e o estado do terreno o permitam. A depena das aves de capoeira é proibida.

MÓDULO I
A legislação aplicada à criação de animais, o seu manuseamento durante o transporte
e o abate, rege-se pelo Regulamento (CE) n.º 1/2005 do Conselho e do Regulamento (CE)
n.º 1099/2009 do Conselho, onde todas as pessoas envolvidas devem seguir uma formação
adequada e possuir os conhecimentos e competências básicas necessários para o bem-estar
animal.

A alimentação dos animais deve respeitar os seguintes requisitos:

MÓDULO II
a) Advir da exploração agrícola onde os animais são mantidos, ou de outras explorações
agrícolas com produção biológica ou em conversão da mesma região.

b) A maior parte dos animais, com exceção dos suínos e as aves de capoeira, devem ter
acesso permanente a pastos e forragens grosseiras.

c) A alimentação racionada só pode ser ministrada com autorização do veterinário e é

MÓDULO III
proibida a alimentação forçada.

d) Não podem ser utilizados promotores de crescimento nem aminoácidos sintéticos.

e) Os animais lactantes devem ser alimentados com leite na sua forma natural, da mãe.
Caso não seja possível podem ser alimentados de outra fêmea em lactação da mesma
exploração ou de outra exploração em MPB, na mesma região. É proibido a utilização
de leite de substituição que contenha componentes de síntese química ou de origem

MÓDULO IV
vegetal, como é o caso do leite em pó reconstituído.

f) Através da autorização da Comissão Europeia (publicação de listas atualizadas


regularmente no Anexo III do Regulamento de Execução (UE) 2019/2164 da Comissão de 17
de dezembro de 2019), é possível a Consulte aqui o n.º 2 do artigo 22º do
introdução de matérias-primas não Regulamento 2018/848 do Parlamento
Europeu e do Conselho que, derroga as
biológicos, aditivos e auxiliares regras de produção biológica aplicáveis à
tecnológicos nos alimentos dos alimentação animal em caso de catastrofes.

MÓDULO V
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/
animais, desde que cumprem as
TXT/PDF/?uri=CELEX:32018R0848&from=PT
regras da produção biológica.

Os animais devem pastar em terrenos biológicos ou em terrenos baldios desde que:

i) Os baldios tenham sido tratados com produtos ou substâncias, autorizadas na produção


biológica. Caso contrário terá que se esperar pelo menos 3 anos para utilização dos
MÓDULO VI

terrenos;

ii) Em situações, onde há pastagens nos mesmos terrenos, de animais de criação biológica
e não biológica, os produtos provenientes dos animais de criação biológica não são
considerados produtos biológicos.

iii) Em caso de situações de catástrofe (ex. seca ou incêndios, perda de produção de


forragens, etc.), a DGADR pode autorizar a utilização de alimentos não biológicos, por
BIBLIOGRAFIA

um período de tempo limitado e dentro de uma zona especifica.

282
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
A gestão da saúde animal deve basear-se essencialmente na prevenção dando especial
atenção aos seguintes pilares:

Seleção de raças e estirpes adaptadas à região e resistentes a doenças

MÓDULO I
Escolha de alimentação com elevada qualidade

Promover sempre que possível o exercicio

Densidade populacional apropriada

MÓDULO II
Alojamento adequado e mantido em boas condições de higiene (limpeza e
desinfeção)

Vacinação e desparasitação do efetivo, testes de rastreio e quarentenas

MÓDULO III
O alojamento adequado para a produção biológica de animais não pode ser dotado de
um solo muito húmido ou pantanoso.
Deve ser respeitado uma densidade populacional que permita ao animal um espaço
suficiente para poder estar de pé naturalmente, deslocar-se, deitar-se com facilidade, virar-
se, limpar-se, praticar todas as posições naturais e fazer todos os movimentos naturais como,
esticar-se e bater as asas.

A densidade populacional total não pode ultrapassar o limite de 170 kg de azoto orgânico

MÓDULO IV
por ano e por hectare de superfície agrícola (Tabela 19).
Bovinos
• Vitelos para engorda - 5
• Outros bovinos com menos de um ano - 5
• Bovinos de um a menos de dois anos, machos - 3,3
• Bovinos de um a menos de dois anos, fêmeas - 3,3
• Bovinos com dois anos ou mais, machos - 2

MÓDULO V
• Novilhas para criação -2,5
• Novilhas para engorda - 2,5
• Vacas leiteiras - 2
• Vacas leiteiras de reforma - 2
• Outras vacas - 2,5

Suínos
• Leitões - 74
MÓDULO VI

• Porcas reprodutoras - 6,5


• Suínos para engorda - 14
• Outros suínos - 14

Caprinos
• Cabras - 13,3

Ovinos
BIBLIOGRAFIA

• Ovelhas - 13,3

283
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Aves de capoeira
• Frangos de carne - 580
• Galinhas poedeiras - 230

Coelhos

MÓDULO I
• Coelhas reprodutoras - 100

Equídeos
• Equídeos com mais de seis meses - 2
Tabela 19 - Número máximo de animais por hectare de superfície agrícola utilizada equivalente a 170 kg/N/ha/ano.
Fonte: DGADR https://www.dgadr.gov.pt/images/docs/val/mpb/Guia_Producao_Animal_Agricultura_Biologica_.pdf

No modo de produção biológica os animais e a produção pecuária são consideradas

MÓDULO II
parte integrante do sistema agrícola, nomeadamente as superfícies de prados e pastagens
permanentes em produção biológica devem ser pastoreadas por animais igualmente
em produção biológica ou em conversão. Contudo, podem existir animais de criação não
biológica, inseridos numa exploração biológica e nestas situações têm que ser cumpridas as
seguintes regras:
i) Os animais têm que ser criados em unidades cujos edifícios e parcelas sejam separados
das unidades que produzem segundo as regras da produção biológica;

MÓDULO III
ii) Os animais de criação biológica pastam em superfícies de prados e pastagens de
produção biológica, enquanto os animais de criação não biológica pastam em superfícies
distintas, noutro modo de produção (que terão de ser de variedades distintas ou que
possam ser facilmente distinguidas);
iii) Os animais de criação não biológica, têm que pertencer a uma espécie diferente.
O maneio e alimentação, dos animais de produção biológica têm que respeitar as regras

MÓDULO IV
aplicáveis ao modo de produção biológico, de forma a atender, nomeadamente a, preocupações
com o sistema ambiental no seu todo, e com os animais e respetivas exigências de bem-estar.
Esta verificação do cumprimento das regras e princípios sob o sistema de controlo do MPB,
aplicáveis à produção vegetal e animal, são alvo de controlo e verificação periódica por parte
do OC. Este controlo é feito a todo o processo de produção e não especificamente ao produto.
Após verificação do cumprimento integral das regras aplicáveis ao modo de produção, o
produto, resultado do processo de produção, pode ser comercializado como biológico, isto
é, ser “certificado” como produto biológico. Mais informação em: https://www.dgadr.gov.pt/
images/docs/val/mpb/Guia_Producao_Animal_Agricultura_Biologica_.pdf. MÓDULO V
Profilaxia, Tratamentos e Uso de Medicamentos Veterinários
a) Os animais criados em MPB devem ser criados de acordo com os princípios do bem-
estar animal e de garantia da preservação da sua saúde e ok reforço da sua imunidade.
Estes devem dispor de condições que permitam a manifestação do seu comportamento
natural e condições que se aproximem das que teria se vivesse em liberdade, no seu
MÓDULO VI

ambiente natural ao ar livre na natureza.


b) É proibida a utilização de substâncias para estimular o crescimento ou a produção
(incluindo antibióticos, coccidiostáticos e outras substâncias artificiais indutoras de
crescimento) e de hormonas ou substâncias similares para controlar a reprodução ou
para outras finalidades (por exemplo, indução ou sincronização do cio).
c) O produtor biológico deverá ter um plano sanitário profilático o qual deverá ser
BIBLIOGRAFIA

elaborado de acordo com o Programa epidemiológico nacional sob indicado dos

284
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Serviços regionais representantes da DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária,
enquanto Autoridade Sanitária Nacional.
d) Nas intervenções veterinárias, devem ser preferencialmente usados medicamentos
naturais, fitoterápicos e homeopáticos.

MÓDULO I
e) Nos tratamentos de doenças, são autorizados os tratamentos relacionados com
a proteção da saúde humana ou animal impostos por força da legislação da União
Europeia e pelo Programa Epidemiológico Nacional em conformidade com as
orientações da DGAV. Os produtos fitoterapêuticos e os produtos homeopáticos,
são preferidos em relação aos tratamentos veterinários alopáticos de síntese química
tais como antibióticos, desde que os seus efeitos terapêuticos sejam eficazes para
a espécie animal e para o problema a que o tratamento se destina. Se a utilização

MÓDULO II
das medidas referidas não se revelar eficaz para curar a doença ou a lesão, e se for
essencial um tratamento para evitar o sofrimento ou a aflição do animal, podem ser
utilizados medicamentos veterinários alopáticos de síntese química ou antibióticos, sob
a responsabilidade de um médico veterinário. Nestas intervenções, deve ser feito um
diagnóstico em que se deve indicar o produto e a posologia, as substâncias ativas e
a via de administração do medicamento. A receita do médico veterinário assistente
da exploração deve ser guardada anexa ao caderno de campo. Nesta deve constar a

MÓDULO III
justificação para o uso de medicamentos alopáticos e indicar o intervalo de segurança.
f) Com exceção das vacinações e dos antiparasitários, assim como de planos de
erradicação obrigatórios, se forem administrados a um animal ou grupo de animais mais
de três tratamentos com medicamentos veterinários alopáticos de síntese química ou
antibióticos no prazo de doze meses, ou mais de um tratamento se o seu ciclo de vida
produtivo for inferior a um ano, os animais em questão, ou os produtos deles derivados,

MÓDULO IV
não podem ser vendidos sob a designação de produtos biológicos, devendo os animais
ser submetidos aos períodos de conversão. O intervalo de segurança entre a última
administração de um medicamento veterinário alopático a um animal em condições
de utilização normais e a produção de géneros alimentícios provenientes do modo
de produção biológico derivados desse animal deve ser o dobro do intervalo legal de
segurança referido no artigo 11.º da Diretiva 2001/82/CE ou, se esse período não estiver
especificado, de 48 horas.

MÓDULO V
VI.7. REGISTOS EM AGRICULTURA BIOLÓGICA
Numa exploração ou parte da exploração em Agricultura Biológica, ou em conversão, o
operador deve guardar registos da produção em Agricultura Biológica, e noutro sistema de
produção, separadamente ou facilmente separável, conservando registos que evidenciem
essa separação. O exercício da Agricultura Biológica implica por parte dos agricultores,
MÓDULO VI

determinadas obrigações e compromissos que devem ser registados em caderno próprio


denominado caderno de campo constituindo um meio de controlo da produção, exigido hoje,
por todos os clientes de produtos alimentares.

De acordo com o exposto pela DGADR em https://www.dgadr.gov.pt/images/docs/


val/mpb/Guia_Produtor_Biologico.pdf, devem ser mantidos na unidade ou nas instalações
registos, de existências e financeiros, que permitam ao operador identificar e à DGADR ou ao
BIBLIOGRAFIA

OC verificar:

285
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
• O fornecedor e, se não for o mesmo, o vendedor ou o exportador dos produtos;

• A natureza e quantidades dos produtos biológicos fornecidos à unidade e, se for caso


disso, a natureza e quantidades da totalidade dos materiais adquiridos e respetiva
utilização, bem como, se for caso disso, a formulação dos alimentos compostos para

MÓDULO I
animais;

• A natureza e quantidades dos produtos biológicos armazenados nas instalações;

• A natureza, quantidades, destinatários e, caso sejam diferentes, compradores, com


exceção dos consumidores finais, dos produtos que tenham saído da unidade ou das
instalações ou locais de armazenagem do primeiro destinatário;

MÓDULO II
• A contabilidade documental inclui também os resultados da verificação dos produtos
biológicos aquando da sua receção e quaisquer outras informações exigidas pela
DGADR ou pelo OC para um controlo adequado. Os dados contabilísticos são apoiados
por documentos comprovativos. A contabilidade deve demonstrar a consistência entre
os fatores de produção utilizados e os produtos obtidos, nomeadamente de “balanço
de massa”.

MÓDULO III
O operador deve:

• Facultar à DGADR e ao OC o acesso a todas as partes da unidade e a todas as instalações,


bem como a toda a contabilidade e elementos de prova a ela atinentes;

• Fornecer ao OC todas as informações necessárias para o controlo;

• A pedido da DGADR ou do OC, apresentar os resultados dos seus próprios programas

MÓDULO IV
de garantia da qualidade.

A DGADR disponibiliza em https://www.dgadr.gov.pt/agricultura-e-producao-biologica um


Modelo de Registo de Campo da Produção Agrícola – Vegetal e Animal a adotar no registo da
informação exigida. Este registo pode ser efetuado em papel ou digitalmente e ser mantido
atualizado.

MÓDULO V
I) Registos específicos da produção vegetal

A descrição completa da unidade, das instalações e/ou da atividade deve:

a) Ser estabelecida mesmo que a atividade do produtor se limite à colheita de plantas que
crescem espontaneamente;

b) Indicar os locais de armazenagem, de produção, as parcelas e/ou áreas de colheita e,


MÓDULO VI

se for caso disso, os locais onde se efetuam determinadas operações de transformação


e/ou acondicionamento;

c) Especificar a data da última aplicação, nas parcelas e/ou nas áreas de colheita em causa,
de produtos cuja utilização seja incompatível com as regras da produção biológica.

Todos os anos, antes da data indicada pelo OC, o produtor deve comunicar ao OC o
BIBLIOGRAFIA

seu programa de produção de produtos vegetais, pormenorizado ao nível das parcelas.

286
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
Os dados relativos à produção vegetal devem ser coligidos sob a forma de um registo
e estar permanentemente acessíveis nas instalações da exploração. Esses dados devem
fornecer, pelo menos, as seguintes informações:

i) No respeitante ao uso de fertilizantes: data de aplicação, tipo e quantidade de fertilizante

MÓDULO I
e parcelas em causa;

ii) No respeitante ao uso de produtos fitofarmacêuticos: justificação e data do tratamento,


tipo de produto, método de tratamento;

iii) No respeitante à compra de fatores de produção: data, tipo e quantidade de produto


comprado;

MÓDULO II
iv) No respeitante à colheita: data, tipo e quantidade de produto biológico ou em
conversão colhido.

II) Registos específicos da produção animal

A descrição completa da unidade, das instalações e/ou da atividade deve incluir:

a) Uma descrição completa dos edifícios pecuários, das pastagens, das áreas ao ar livre,

MÓDULO III
etc. e, se for caso disso, dos locais de armazenagem, acondicionamento e transformação
dos animais, produtos animais, matérias-primas e outros fatores de produção;

b) Uma descrição completa das instalações de armazenagem do estrume animal.

c) As medidas concretas a tomar ao nível da unidade, das instalações e/ou da atividade


para garantir o respeito das regras da produção biológica, devem incluir:

MÓDULO IV
i) Um plano de espalhamento de estrume, acordado com o OC, e uma descrição
completa das superfícies dedicadas à produção vegetal;

ii) Se for caso disso, relativamente ao espalhamento de estrume, os acordos de


cooperação escritos, com outras explorações que cumpram o disposto nas regras
da produção biológica;

MÓDULO V
iii) Um plano de gestão da unidade pecuária que pratica a produção biológica.

iv) Os animais são identificados de forma permanente com técnicas adequadas a cada
espécie, individualmente para os mamíferos de grande porte e individualmente ou
por lote para as aves de capoeira e os mamíferos de pequeno porte.

Os dados relativos aos animais devem ser coligidos sob a forma de um registo e estar
permanentemente acessíveis nas instalações da exploração. Estes registos devem
MÓDULO VI

fornecer uma descrição completa do sistema de gestão do efetivo incluindo, pelo


menos, as seguintes informações:

i) Entradas de animais: origem e data de entrada, período de conversão, marca de


identificação, antecedentes veterinários;

ii) Saídas de animais: idade, número de cabeças, peso no caso de saída para abate,
BIBLIOGRAFIA

marca de identificação e destino;

287
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
iii) Eventuais perdas de animais e respetiva justificação;

iv) Alimentação: tipo de alimentos, incluindo os complementos alimentares, proporção


dos diversos constituintes da ração, períodos de acesso aos parques ao ar livre e
períodos de transumância, caso existam restrições neste domínio;

MÓDULO I
v) Prevenção de doenças, tratamentos e assistência veterinária: data do tratamento,
indicação do diagnóstico e da posologia; natureza do produto utilizado no tratamento,
indicação das substâncias farmacológicas ativas, modalidades de tratamento, receita
do médico veterinário para a assistência veterinária, com indicação da respetiva
justificação e dos intervalos de segurança impostos antes da comercialização dos
produtos animais rotulados como biológicos.

MÓDULO II
Medidas de controlo dos medicamentos veterinários utilizados

Sempre que sejam utilizados medicamentos veterinários, as informações acima previstas


devem ser comunicadas ao OC antes da comercialização dos animais ou dos produtos
animais como provenientes da produção biológica. Os animais tratados devem ser claramente
identificados, individualmente no caso dos animais de grande porte, individualmente ou por

MÓDULO III
lotes no caso das aves de capoeira, dos animais de pequeno porte.

IV.8 CONTROLO E CERTIFICAÇÃO


A certificação biológica permite a uma exploração, ou a uma unidade e transformação,
vender, rotular e apresentar os seus produtos como biológicos. Todas as unidades que violem

MÓDULO IV
os regulamentos de agricultura biológica estão sujeitas a sanções, que incluem coimas ou
suspensões da certificação.

As entidades de certificação são acreditadas pelos serviços oficiais de cada País e são
responsáveis por assegurar que os produtos orgânicos têm ou excedem os parâmetros
exigidos em agricultura biológica.

MÓDULO V
O controlo na agricultura biológica é um controlo ao processo de produção e não
especificamente ao produto, sendo o Regulamento (UE) 2017/625 do Parlamento Europeu
e do Conselho de 15 de março de 2017, que assegura esse controlo e outras atividades em
matéria de géneros alimentícios e alimentos para animais e das regras sobre saúde e bem-
estar animal, fitossanidade e produtos fitofarmacêuticos.

Como já referido anteriormente, a atividade do operador biológico encontra-se sujeito a um


MÓDULO VI

controlo oficial específico. Estas atividades de controlo oficial são coordenadas pela DGADR
e incidem nas fases de produção, preparação, distribuição e importação até à colocação dos
produtos biológicos no consumidor final.

Quando se verifica o cumprimento das regras aplicáveis ao modo de produção, o produto,


pode ser comercializado como biológico, isto é, ostentar na rotulagem a indicação de produto
biológico (Figura 24), procedendo à sua “certificado”. Para obter esse certificado é necessário
BIBLIOGRAFIA

recorrer a organismos certificadores (OC), conforme será explicado mais adiante.

288
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 24 - Logotipo que identifica os produtos biológicos
Fonte: DGADR

MÓDULO II
• Os agricultores, transformadores, distribuidores, retalhistas e importadores que
pretendam utilizar o logótipo biológico da UE devem respeitar um conjunto de regras
rigorosas da União;

• Os operadores notificam e descrevem a sua atividade à autoridade responsável pelos


controlos biológicos no respetivo Estado-Membro;

MÓDULO III
• Um organismo de controlo público ou privado faz uma visita de inspeção aos operadores.
Se o resultado for positivo, os operadores recebem um certificado e são autorizados a
comercializar os seus produtos como biológicos;

• Os operadores são alvo de uma inspeção, pelo menos uma vez por ano, de forma a
garantir que respeitam as regras de produção biológica.

De acordo com a Figura 25, o agricultor para se tornar um operador biológico tem que

MÓDULO IV
cumprir várias etapas, tais como:

MÓDULO V

Figura 25 - Etapas do processo de Controlo e Certificação | Fonte: Adaptado da DGADR

i) O primeiro passo para a notificação do operador como agricultor biológico é a


MÓDULO VI

contratualização com um organismo de controlo (OC)

Estes têm que ser reconhecidos e acreditados para a Certificação da Agricultura Biológica
em Portugal, tendo um papel de avaliação sobre as condições necessárias para a
conversão da exploração em Modo de Produção Biológico. As entidades certificadoras
são organismos privados que se regem pelas normas estabelecidas em cada país e são
responsáveis por assegurar que os produtos orgânicos têm ou excedem os parâmetros
BIBLIOGRAFIA

exigidos em agricultura biológica. Listagem dos OC disponível em: https://www.dgadr.

289
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
gov.pt/agricultura-e-producao-biologica É realizada uma visita inicial de controlo por
parte do organismo de certificação, para verificar a exploração e respetivas condições a
converter para modo de produção biológica.

ii) Notificação da atividade à DGADR – O início da atividade e o período de conversão

MÓDULO I
inicia-se quando o agricultor procede à notificação como operador biológico à DGADR,
em formulário próprio (Figura 26) que se encontra disponível no sítio eletrónico da
DGADR, na página da produção biológica, e submete a sua exploração ao sistema de
controlo. No preenchimento do formulário, o agricultor, (1) Escolhe as culturas vegetais
existentes na exploração; (2) Refere as culturais vegetais que estão em conversão (ano
1, ano 2, etc.,); (3 e 4) Comunica as culturas e áreas vegetais existentes na exploração
(hectares) e o número de cabeças por espécie e/ou a cumprir o período de conversão

MÓDULO II
e em agricultura biológica na sua exploração; (5) Identificar o organismo de controlo.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 26 - Formulário obrigatório a preencher pelo agricultor para se tornar num operador biológico | Fonte: Adaptado da DGADR

iii) Cumprir o período de conversão, um produto só pode ser comercializado como MÓDULO V
biológico após o período de conversão para a agricultura biológica, existindo períodos
de conversão diferentes consoante o tipo de espécie. Durante este período, é necessário
utilizar métodos de produção biológica, mas o produto resultante não pode ser vendido
como biológico. Os prados ou forragens perenes exploradas para a alimentação animal,
devem ser submetidos a um período mínimo de conversão de 2 anos.
MÓDULO VI

iv) Visitas anuais de controlo, o agricultor em modo de produção biológico é controlado


pelo OC, pelo menos uma vez por ano, para haver a certeza de que as regras são
respeitadas. Só desta forma os seus produtos podem receber um certificado e ostentar
o logótipo biológico da União Europeia. Sobre a delegação da DGADR, os OC´s podem:

a) Colher amostras para pesquisa de produtos não autorizados na produção biológica


ou verificação de técnicas de produção não conformes às regras a que a mesma está
BIBLIOGRAFIA

sujeita;

290
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)

ÍNDICE
b) Colher e analisar amostras para deteção de eventuais contaminações por produtos
não autorizados na produção biológica.

Após cada visita é elaborado um relatório de controlo, assinado pelo operador da unidade
ou pelo seu representante.

MÓDULO I
Sempre que ocorra uma alteração ao regime de controlo, o operador comunica à DGADR
a alteração e atualiza a notificação e a descrição da exploração.

Em caso de incumprimento:

Os OC informam a DGADR sempre que os resultados dos controlos oficiais revelem não
conformidades, conforme previsto em procedimento próprio relativo à comunicação de

MÓDULO II
infrações e irregularidades no regime de controlo MPB.

A comunicação de não conformidades graves respeitantes aos produtos e/ou operadores,


são obrigatoriamente comunicadas de forma individualizada e imediata pelo OC que as
deteta, à DGADR, a outras autoridades envolvidas e/ou a outros OC.

Após a comprovação do cumprimento das respetivas normas de produção por parte de


um operador, é emitido em documento, pelo OC – certificado.

MÓDULO III
O certificado deve:

a) Ser emitido em formato eletrónico sempre que possível;

b) Permitir, no mínimo, a identificação do operador ou dos grupos de operadores, incluindo


a lista dos seus membros, a categoria de produtos abrangidos pelo certificado e o seu
período de validade;

MÓDULO IV
c) Atestar que a atividade notificada está em conformidade com o presente regulamento;

d) Ser emitido de acordo com o modelo definido no anexo VI, do Regulamento (UE)
2018/848 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 30 de maio de 2018.

Com obtenção da certificação biológica é permitido à exploração, ou a uma unidade e


transformação, vender, rotular e apresentar os seus produtos como biológicos.
MÓDULO V
Na Figura apresenta-se esquematicamente o percurso das etapas que um operador
biológico tem de cumprir, da conversão à certificação:
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

291
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO V
ECONOMIA CIRCULAR APLICADA À
AGRICULTURA

MÓDULO II
V.1. INTRODUÇÃO À ECONOMIA CIRCULAR.......................................................................................................................295

V.1.1. CONCEITO.............................................................................................................................................................295

V.1.2. ESTRATÉGIA...........................................................................................................................................................296

MÓDULO III
V.1.3. BENEFÍCIOS...........................................................................................................................................................298

V.1.4. EXEMPLO DE APLICAÇÕES EM AGRICULTURA...................................................................................................298

V.2. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DOS RECURSOS......................................................................................................................301

V.2.1. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DA ÁGUA.......................................................................................................................303

V.2.2. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DA ENERGIA..................................................................................................................307

MÓDULO IV
V.2.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................................................311

V.3. RESÍDUOS E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS....................................................................................................................313

V.3.1. NOTA INTRODUTÓRIA..........................................................................................................................................313

V.3.2. CONCEITOS...........................................................................................................................................................313

V.3.3. ESTRUTURA ORGANIZATIVA DO PLANEAMENTO DA GESTÃO DE RESÍDUOS E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS..

MÓDULO V
317

V.3.4. ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO DOS RESÍDUOS E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS........................................319

V.3.4.1. RESÍDUOS: REGIME GERAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS............................................................................319

V.3.4.1.1. CLASSIFICAÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS.................................................................323

V.3.4.2. SUBPRODUTOS............................................................................................................................................324

V.3.5. LICENCIAMENTO DAS ATIVIDADES DE GESTÃO DE RESÍDUOS E DE SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS..............325


MÓDULO VI

V.3.6. REGISTO DE INFORMAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO DE RESÍDUOS E DE SUBPRODUTOS DE


ORIGEM AGRÍCOLA .......................................................................................................................................................328

V.4. GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS..............................................................................................................................330

V.4.1. CONCEITO.............................................................................................................................................................331

V.4.2. FASES DAS OPERAÇÕES DE GESTÃO DE RESÍDUOS.........................................................................................337

V.4.3. EXEMPLOS DE SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS/SUBPRODUTOS DE ORIGEM AGRÍCOLA....


BIBLIOGRAFIA

338

292
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................................................340

V.5. GESTÃO DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS E DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL....................................................340

V.5.1. GESTÃO DOS RESÍDUOS AGRÍCOLAS.................................................................................................................341

MÓDULO I
V.5.1.1. ARMAZENAMENTO E ENCAMINHAMENTO PELO AGRICULTOR............................................................341

V.5.1.2. DESTINO FINAL DOS RESÍDUOS AGRÍCOLAS...........................................................................................346

V.5.2. GESTÃO DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL ..........................................................................................348

V.5.2.1. VALORIZAÇÃO DOS SUBPRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL....................................................................348

V.5.2.2. PROCESSOS DE VALORIZAÇÃO.................................................................................................................352

V.5.2.3. A COMPOSTAGEM......................................................................................................................................354

MÓDULO II
V.5.2.3.1. TECNOLOGIA DA COMPOSTAGEM.................................................................................................354

V.5.2.3.2. MATERIAIS POSSÍVEIS DE COMPOSTAR...........................................................................................355

V.5.2.3.3. ESCOLHA DO MÉTODO E DO LOCAL PARA A COMPOSTAGEM..................................................357

V.5.2.3.4. FATORES FÍSICO-QUÍMICOS QUE INFLUENCIAM A COMPOSTAGEM..........................................359

V.5.2.3.5. PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE OCORREM NO PROCESSO DE COMPOSTAGEM E SUA


RESOLUÇÃO......................................................................................................................................................365

MÓDULO III
V.5.2.3.6. QUALIDADE/PROPRIEDADES DO COMPOSTO...............................................................................367

V.6. GESTÃO DE EFLUENTES PECUÁRIOS E DE OUTROS SUBPRODUTOS ANIMAIS........................................................370

V.6.1. ENQUADRAMENTO LEGAL DA GESTÃO DE EFLUENTES PECUÁRIOS.............................................................371

V.6.2. ARMAZENAMENTO DE EFLUENTES PECUÁRIOS...............................................................................................373

V.6.2.1. FOSSAS E TANQUES DE EFLUENTES PECUÁRIOS E SEU DIMENSIONAMENTO....................................377

V.6.2.2. NITREIRAS E SEU DIMENSIONAMENTO....................................................................................................378

MÓDULO IV
V.6.2.3. LAGOAS E SEU DIMENSIONAMENTO.......................................................................................................379

V.6.3. ENCAMINHAMENTO E PROCESSOS DE TRATAMENTO DE EFLUENTES PECUÁRIOS.....................................381

V.6.3.1. SEPARAÇÃO DE FASES................................................................................................................................382

V.6.3.2. LAGUNAGEM...............................................................................................................................................383

V.6.3.3. COMPOSTAGEM..........................................................................................................................................384

MÓDULO V
V.6.3.4. SECAGEM TÉRMICA....................................................................................................................................385

V.6.3.5. TRATAMENTO TÉRMICO COM COMBUSTÃO...........................................................................................385

V.6.4. VALORIZAÇÃO DOS EFLUENTES PECUÁRIOS.....................................................................................................386

V.6.4.1. VALORIZAÇÃO AGRÍCOLA .........................................................................................................................388

V.6.4.1.1. INCORPORAÇÃO DIRETA NO SOLO................................................................................................389

V.6.4.1.2. FERTIRREGA.......................................................................................................................................391
MÓDULO VI

V.6.4.1.3. VALORIZAÇÃO DE BIOSSÓLIDOS.....................................................................................................391

V.6.4.2 FORMAS DE VALORIZAÇÃO INDIRETA.......................................................................................................392

V.6.4.2.1. COMPOSTAGEM ...............................................................................................................................392

V.6.4.2.2. PRODUÇÃO DE BIOGÁS ..................................................................................................................392

V.6.4.2.3. COMBUSTÃO .....................................................................................................................................393

V.6.5. GESTÃO DE OUTROS SUBPRODUTOS ANIMAIS.................................................................................................393


BIBLIOGRAFIA

V.6.5.1. GESTÃO DE CADÁVERES DE ANIMAIS MORTOS NA EXPLORAÇÃO.......................................................397

293
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.7. BOAS PRÁTICAS E SIMBIOSE INDUSTRIAL EM AGRICULTURA.....................................................................................399

V.7.1. CONCEITO DE SIMBIOSE INDUSTRIAL................................................................................................................399

V.7.2. CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS NO CONTEXTO DOS RESÍDUOS E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS ....
400

V.7.3. EXEMPLOS DE SIMBIOSES INDUSTRIAIS NO SETOR AGROALIMENTAR...........................................................411

MÓDULO I
V.7.4. INICIATIVAS INOVADORAS DE BOAS PRÁTICAS E SIMBIOSE INDUSTRIAL.......................................................412

V.7.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................................................415

ANEXO I - “INFORMAÇÃO SOBRE O CÁLCULO DA CAPACIDADE DOS NÚCLEOS DE PRODUÇÃO E DA CLASSE DA


EXPLORAÇÃO PECUÁRIA”....................................................................................................................................................418

MÓDULO II
ANEXO II - “PLANOS DE GESTÃO DE EFLUENTES PECUÁRIOS (PGEP)”...........................................................................421

ANEXO III - "LICENCIAMENTO DOS USOS ADMISSÍVEIS PARA OS EFLUENTES PECUÁRIOS (EP)".................................422

MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

294
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO V
ECONOMIA CIRCULAR APLICADA À
AGRICULTURA

MÓDULO II
V.1. INTRODUÇÃO À ECONOMIA CIRCULAR
Os recursos do planeta estão a ser consumidos a uma taxa insustentável, verificando-se

MÓDULO III
que o aumento deste consumo ultrapassa aquilo que a Terra tem para nos dar. O modelo
económico linear, baseado na extração intensiva de recursos naturais, habituou a economia
e a sociedade a uma utilização excessiva e despreocupada de matérias-primas; desperdícios;
perdas frequentes; ineficiências sistémicas; e métodos ambientalmente nocivos por parte dos
processos produtivos e de consumo. Este modelo gera impactes ambientais negativos, entre
os quais as emissões de gases com efeito de estufa, conducentes às alterações climáticas e
aquecimento global. Para além disso, a consciencialização nas últimas décadas da finitude

MÓDULO IV
dos recursos naturais alertou o mundo para a insustentabilidade deste modelo económico e
necessidade de encontrar uma alternativa.

Face a esta realidade, tem vindo a crescer a consciência das empresas e da sociedade civil
para a necessária e, cada vez mais urgente, transição para um modelo económico circular.
Este promove ativamente o uso eficiente e a produtividade dos recursos por ele dinamizados,
através de produtos, processos e modelos de negócio assentes na desmaterialização,
reutilização, reciclagem e recuperação dos materiais. No entanto, esta transição acarreta
inúmeros desafios: tecnológicos, sociais e económicos, que só poderão ser ultrapassados de MÓDULO V
uma forma integrada e envolvendo todos os intervenientes.

V.1.1. CONCEITO
A Economia Circular substitui o conceito de fim-de-vida da economia linear (figura 1), por
MÓDULO VI

novos fluxos circulares de reutilização, restauração e renovação, num processo integrado.


Neste sentido, este modelo é visto como um elemento chave para promover a dissociação
entre o crescimento económico e o aumento do consumo de recursos, numa nova relação até
aqui vista como muito difícil de alcançar.
BIBLIOGRAFIA

Figura 1 - Esquema ilustrativo do modelo de economia linear (Adaptado de: Ellen MacArthur Foundation, 2015)

295
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
A Economia Circular defende a necessidade de manter os materiais dentro do ciclo
produtivo durante mais tempo para um uso mais eficiente dos recursos e uma redução dos
impactes negativos ao nível ambiental e económico.

Este modelo económico (figura 2) é caracterizado pelo seu aspeto restaurador e regenerativo.

MÓDULO I
Tem como principal objetivo manter produtos, componentes e materiais em elevado nível
de utilidade ao longo do seu ciclo de vida. Ou seja, procura-se extrair valor económico e
utilidade dos materiais, equipamentos e bens pelo maior tempo possível, em ciclos contínuos
de desenvolvimento que preservem e melhorem o capital natural, otimizem a rentabilidade
dos recursos e minimizem os riscos do sistema através de uma gestão equilibrada de stocks
finitos e fluxos renováveis.

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 2 - Esquema ilustrativo do modelo de economia circular | Fonte: Adaptado

MÓDULO IV
de Ellen MacArthur Foundation, 2015

O desenvolvimento sustentável está na génese do conceito de Economia Circular. Embora


este conceito seja relativamente recente, no que diz respeito ao setor agrícola, há muito que
este está presente nos diversos sistemas produtivos, através de práticas que têm por base os
mecanismos dos ecossistemas naturais, tais como a redução/reutilização da água, a utilização
de fertilizantes orgânicos como fonte de nutrientes para as plantas, a utilização de subprodutos
para a alimentação animal ou a produção de novos produtos através de resíduos orgânicos.

Neste sentido, a agricultura contribui para a circularidade da economia não só por incorporar
MÓDULO V
este tipo de práticas agrícolas e florestais, como também, pelo seu potencial para fechar ciclos
produtivos de outras atividades. Os agricultores integram, cada vez mais na sua atividade,
os princípios da Economia Circular através de boas práticas para a utilização eficiente dos
recursos (água, energia, solo, biodiversidade) e da valorização de resíduos/subprodutos.
MÓDULO VI

V.1.2. ESTRATÉGIA

A economia circular, afastando-se do conceito linear e repensando as atuais formas


de produzir e consumir, tem como pilares a preservação/valorização do capital natural, a
minimização de desperdícios e a utilização de recursos, centrando-se no “fecho do ciclo” em
toda a cadeia de valor. Ou seja, os recursos são mantidos e utilizados repetidas vezes, o que
BIBLIOGRAFIA

potencia a criação de valor acrescentado e a diminuição da produção de excedentes.

296
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Tal permite: (i) otimizar fluxos de bens; (ii) minimizar a produção de resíduos; (iii) maximizar o
aproveitamento de recursos e o valor económico de produtos/serviços; (iv) preservar o capital
natural; (v) reduzir riscos / externalidades negativas.

Este modelo económico possibilita inúmeras estratégias que permitem promover a

MÓDULO I
competitividade e a criação de valor nas empresas, através de:

• Novos modelos de negócio;

• Eco-concepção e design;

• Eco-eficiência/Produção limpa;

MÓDULO II
• Extensão dos ciclos de vida;

• Simbioses industriais;

• Valorização de subprodutos e resíduos;

• Sensibilização e envolvimento social.

MÓDULO III
Estas estratégias acarretam inúmeros desafios tecnológicos, sociais e económicos que só
poderão ser ultrapassados de uma forma integrada e envolvendo todos os intervenientes. De
forma a colaborar com este processo adaptativo, a Fundação Ellen MacArthur disponibilizou
a empresas e governos uma ferramenta de auxílio para a criação de estratégias e iniciativas
direcionadas para o crescimento apoiado na economia circular (Quadro ReSOLVE). Ou seja,
esta Organização identificou um conjunto de seis ações que de um modo podem ser adotadas,
pelas empresas e governos, na transição para uma economia circular. Estas ações (Quadro 1)

MÓDULO IV
são: Regenerar, Partilhar, Otimizar, Recircular, Virtualizar e Trocar (Schulze, 2016).

• Mudar para energia e materiais renováveis;


Regenerar • Recuperar, reter e restaurar a saúde dos ecossistemas;
• Devolver recursos biológicos recuperados à biosfera.

MÓDULO V
• Compartilhar ativos (p. ex.: automóveis, salas, eletrodomésticos);
• Reutilizar/usar produtos em segunda mão;
Partilhar
• Prolongar a vida dos produtos através da manutenção, projetar visando
a durabilidade, possibilidade de atualização, etc.

• Aumentar o desempenho/eficiência do produto;


• Remover resíduos na produção e na cadeia de fornecimento;
Otimizar
MÓDULO VI

• Alavancar resultados através da análise de dados, automação e direção


remota.

• Remanufaturar produtos ou componentes;


• Reciclar materiais;
Recircular
• Usar digestão anaeróbia;
• Extrair produtos dos resíduos orgânicos.
BIBLIOGRAFIA

297
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
• Desmaterializar diretamente (livros, CDs, DVDs, viagens);
Virtualizar
• Desmaterializar indiretamente (compras on-line).

• Substituir os materiais antigos não renováveis por outros mais

MÓDULO I
avançados;
Trocar
• Aplicar novas tecnologias (impressão 3D);
• Optar por novos produtos/serviços (transporte multimodal).
Quadro 1 - Conceito Quadro ReSOLVE | Fonte: Adaptado de Ellen MacArthur Foundation, 2015

V.1.3. BENEFÍCIOS

MÓDULO II
O conceito de Economia Circular vai muito para além do foco restrito em ações de gestão e
reciclagem de resíduos. Engloba também a reestruturação/reinvenção de processos, produtos
e modelos de negócios, de modo a otimizar a utilização de recursos, circulando mais produtos,
componentes e materiais em ciclos técnicos e/ou biológicos.

Alguns dos benefícios da economia circular são:

MÓDULO III
• Promover a “ecoinovação”;

• Criar novas oportunidades e modelos de negócios, produtos e serviços;

• Prolongar o ciclo de vida dos recursos e dos produtos;

• Reduzir a dependência dos combustíveis fósseis;

MÓDULO IV
• Minimizar a produção de resíduos;

• Conservar o capital natural;

• Diminuir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE);

• Contribuir para o combate às alterações climáticas.

MÓDULO V
Em 2015, a Comissão Europeia estimou que as medidas de prevenção dos resíduos,
conceção ecológica, reutilização e outras ações “circulares” poderiam gerar poupanças
líquidas de cerca de 600 mil milhões de euros às empresas da UE (cerca de 8% do total do seu
volume de negócios anual); criar 170.000 empregos diretos no sector da gestão de resíduos;
e, ao mesmo tempo, viabilizar uma redução de 2 a 4% das emissões totais anuais de gases de
efeito de estufa.

Em termos gerais, a implementação de medidas adicionais para aumentar a produtividade


MÓDULO VI

dos recursos em 30% até 2030 poderá aumentar o PIB em cerca de 1%, criando simultaneamente
mais de 2 milhões de postos de trabalho na U.E. em comparação com um cenário de
manutenção da situação atual.

V.1.4. EXEMPLO DE APLICAÇÕES EM AGRICULTURA


BIBLIOGRAFIA

A aplicabilidade do modelo de economia circular em agricultura está sustentada pela

298
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
adoção de práticas de valorização de resíduos/subprodutos e utilização eficiente de recursos.

A utilização da água e energia no setor agrícola são fatores determinantes para uma gestão
sustentável, na medida em que são recursos, muitos deles, finitos e que apresentam elevados
custos associados. No seguinte quadro são apresentadas algumas práticas de utilização

MÓDULO I
eficiente dos recursos água e energia e de valorização de subprodutos em agricultura:

Recurso Práticas

Implementação de práticas que promovam o aumento da eficiência da


rega (ver Quadro 3)

MÓDULO II
Cobertura do solo através de enrelvamento e mulching

Formação dos agricultores e apoio técnico em temáticas de utilização


eficiente da água

Aumento do teor de matéria orgânica no solo (aumento da capacidade


de retenção)

MÓDULO III
Adição de pós de rochas para melhoria de solos com textura ligeira
Água (melhoria da estrutura do solo o que promove uma maior capacidade de
retenção da água)

Limpeza e lavagens através de água sob pressão

Recurso a pavimentos adaptados nas instalações pecuárias que facilitem

MÓDULO IV
a eliminação de dejetos e reduzam o volume de água de lavagem

Captação e aproveitamento de águas pluviais

Contratação de equipas especializadas para limpeza de equipamentos


específicos

Utilização de redutores de caudal

Instalação de variadores de velocidade nas bombas de água MÓDULO V


Realização da bombagem em horário de vazio

Iluminação com lâmpadas LED (lâmpadas economizadoras)

Utilização de sensores de movimento


MÓDULO VI

Energia Aquecimento de águas através de painéis solares térmicos

Aquecimento de águas através de caldeiras de biomassa

Isolamento térmico das instalações (coberturas verdes, espelhos de


água, cortiça, edifícios parcialmente enterrados, construção em taipa)

Ventilação e iluminação natural


BIBLIOGRAFIA

299
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Recurso Práticas

Utilização de painéis fotovoltaicos

Utilização de equipamentos alimentados por energia solar

MÓDULO I
Energia
Utilização do biogás

Recuperação de calor do sistema de ar comprimido para aquecimento


de águas

Subproduto Práticas

MÓDULO II
Valorização agrícola (incorporação direta no solo e/ou integração no
Engaço processo de compostagem);
Alimentação animal.

Bagaço de Destilação (aguardentes);


uva Valorização agrícola (integrado no processo de compostagem).

MÓDULO III
Borras Destilação (aguardentes).

Bagaço de Extração de óleo de bagaço de azeitona;


azeitona Aproveitamento do bagaço seco para produção de energia.

Aproveitamento do material resultante das podas/folhas para produção


de energia;
Podas/
Valorização agrícola (incorporação direta no solo, integração no processo
Folhas

MÓDULO IV
de compostagem);
Alimentação animal.

Caroço de Produção de energia após trituração;


azeitona Extração de óleos.

Valorização agrícola (aplicação ao solo agrícola, tratados ou não, com o


Efluentes objetivo de melhorar a sua fertilidade);

MÓDULO V
pecuários Compostagem;
Produção de energia.

Aproveitamento para alimentação animal após trituração (alimento


Ossos de
composto em forma de farinha);
animais
Incorporação em adubos orgânicos.

Gordura Transformação em banha para culinária e/ou alimentação animal.


MÓDULO VI

Pêlo Incorporação em adubos orgânicos.

Extração de plasma;
Sangue
Incorporação em adubos orgânicos.

Subprodutos indústria alimentar;


Tripas
Incorporação em adubos orgânicos.
BIBLIOGRAFIA

Quadro 2 - Exemplos de aplicações de economia circular em agricultura | Fonte: Adaptado de Magalhães et al., 2017b

300
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.2. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DOS RECURSOS
Os problemas ambientais a nível global que enfrentamos atualmente são, em grande parte,
resultado da sobre-exploração humana dos recursos naturais da Terra, cuja disponibilidade
é limitada. O crescimento económico mundial e o aumento populacional (segundo a ONU,

MÓDULO I
esperam-se 9,7 mil milhões de habitantes até 2050) fazem prever um rápido esgotamento
destes recursos, uma vez que o planeta não tem capacidade de os regenerar à mesma
velocidade a que são consumidos.

Neste sentido, torna-se cada vez mais evidente que um modelo de desenvolvimento
económico baseado na utilização intensiva de recursos, na geração de resíduos e num
crescente aumento da poluição, não é sustentável a longo prazo. Deste modo, a produção

MÓDULO II
de bens deve ser pensada com o intuito de permitir a regeneração e restauração do capital
natural, ou seja, deve incorporar a noção de limites na oferta de recursos naturais e na
capacidade do planeta para absorver os impactes da ação humana. Reveste-se, assim, de
enorme importância a necessidade de uma gestão mais eficiente dos recursos durante todo
o seu ciclo de vida, desde a extração até à eliminação, passando pela produção de bens,
transporte, transformação e pelo consumo.

MÓDULO III
A eficiência de qualquer sistema está dependente dos resultados obtidos e dos recursos
utilizados. Ou seja, define-se como a medida segundo a qual um sistema transforma os seus
recursos (inputs) em resultados (outputs), de forma a atingir o máximo de outputs com o
mínimo possível de inputs.

No entanto, é necessário referir que, a longo prazo, a eficiência de um sistema pode


ser limitada a partir de um determinado ponto. Isto explica-se pela Lei dos Rendimentos

MÓDULO IV
Decrescentes, que diz que à medida que se aumentam os inputs (recursos/fatores de produção)
de um sistema produtivo, verifica-se um consequente aumento dos outputs (resultados/produto
final). Porém, a partir de um determinado momento, o aumento dos outputs vai sendo cada vez
menor (gráfico 1). Por exemplo, à medida que aumentamos o nível de adubação numa parcela
(input), verifica-se um acréscimo da produção da cultura (output). Ou seja, aumentar 1 kg de
adubo pode representar um aumento de 100 kg da cultura. No entanto, a um determinado
ponto de incremento do fornecimento de adubo, aumentar um 1 kg de adubo já só representa
um aumento de 50 kg da cultura. Neste sentido, é importante compreender até que ponto é
economicamente vantajoso continuar a tentar aumentar a quantidade produzida. MÓDULO V
MÓDULO VI

Gráfico 1 - Lei dos Rendimentos Decrescentes | Fonte: Adaptado de http://


BIBLIOGRAFIA

blog.plataformatec.com.br/2017/01/a- lei-dos-rendimentos-decrescentes-e-seu-
impacte-em-projetos/

301
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
As diferentes atividades agropecuárias desenvolvidas no planeta Terra estão, de certo
modo, dependentes de diferentes fatores/recursos. Neste sentido, cada sistema produtivo
deve ser analisado como um só, pelo que, é importante compreender que os fatores e
recursos que limitam a eficiência de cada sistema dependem do próprio sistema. Por exemplo,
em todas as atividades pecuárias, o principal fator que pode limitar a eficiência produtiva

MÓDULO I
é a alimentação animal (rações, forragens e pastagens), da mesma forma que em sistemas
agrícolas de sequeiro, os principais fatores limitantes são a pluviosidade e os associados à
fertilidade do solo (quantidade, qualidade, precisão da técnica, etc.).

Embora existam diferentes fatores que possam limitar a produção, para que um sistema
agropecuário consiga aumentar a sua eficiência é necessário promover uma trajetória de
crescimento sustentável assente no aumento da eficiência de consumo de água, energia
e matérias-primas e que, ao mesmo tempo, gere novas oportunidades de emprego, crie

MÓDULO II
riqueza e reforce o conhecimento, numa perspetiva dinâmica que relacione competitividade
e sustentabilidade.

No que a uma política internacional climática diz respeito, em dezembro de 2015, todos os
países do mundo concordaram em unir esforços para manter o aquecimento global abaixo
dos 2ºC e combater os efeitos das alterações climáticas, através da assinatura do Acordo
de Paris. A União Europeia (UE) e todos os seus Estados-Membros contribuíram para fazer

MÓDULO III
avançar as negociações internacionais sobre as alterações climáticas, tendo sido intervenientes
fundamentais na elaboração deste documento.

As políticas públicas sobre alterações climáticas têm sido lideradas pela União Europeia
desde, pelo menos, o ano de 1990, cuja estratégia a longo prazo é causar um impacto neutro
no clima até 2050, assentando esse objetivo numa economia com zero emissões líquidas de
gases com efeito de estufa. Este propósito é um pilar do Pacto Ecológico Europeu e está em

MÓDULO IV
consonância com o compromisso assumido pela UE no plano da ação climática a nível mundial
(quadro do Acordo de Paris).

De acordo com a Comissão Europeia, para manter o aquecimento global abaixo dos 2°C,
será necessário reduzir para metade as emissões de dióxido de carbono e outros gases
com efeito de estufa até 2050. Neste sentido, foi apresentado em março de 2011 um Roteiro
Europeu para uma economia de baixo carbono no horizonte 2050, onde se iniciou um processo
de discussão sobre o mesmo. Em 2016, na Conferência das Partes da Convenção Quadro

MÓDULO V
das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Portugal assumiu o objetivo de atingir a
Neutralidade Carbónica até 2050.

O Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 (RNC2050) estabelece a visão e as


trajetórias para que Portugal atinja a neutralidade até 2050, ou seja, para tornar nulo o balanço
entre as emissões e as remoções de dióxido de carbono e outros gases com efeito de estufa
(GEE) da atmosfera. Este roteiro foi desenvolvido em alinhamento com a dimensão territorial
espelhada no Programa Nacional de Políticas de Ordenamento do Território e incorporando
MÓDULO VI

as orientações do Plano de Ação para a Economia Circular.

Para que estas estratégias e metas possam ser implementadas e cumpridas, cabe também
aos cidadãos adotar códigos de boas práticas na utilização dos recursos e fatores de produção,
devidamente enquadradas numa perspetiva de sustentabilidade. Estes comportamentos
assentam em princípios como poupar, reciclar, substituir, reduzir e valorizar os quais permitem
maximizar o crescimento económico e, simultaneamente, reduzir a pressão ao nível dos
BIBLIOGRAFIA

recursos.

302
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.2.1. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DA ÁGUA
Segundo o estudo “O Uso da Água em Portugal” da Fundação Calouste Gulbenkian
realizado no ano de 2020, o setor agrícola é responsável por 75% do total de água utilizada, um
número que contrasta com a média da União Europeia (24%) e chega a ser superior à média

MÓDULO I
mundial (69%). No entanto, esta percentagem está em linha com o que se verifica nos países
mediterrâneos, como Espanha (79%) e Grécia (81%), o que acontece devido à necessidade
destes países recorrerem ao regadio, devido ao clima que os caracteriza.

Na Península Ibérica no que respeita à precipitação registam-se, cada vez mais, episódios
extremos que agravam uma distribuição intra e inter anual já de si irregular, que se traduzem
em cheias e secas, por vezes, intensas e prolongadas. Em Portugal, nos últimos 30 anos

MÓDULO II
a temperatura tem aumentado, em termos médios, cerca de 0,4 a 0,5º C por década e as
amplitudes térmicas diárias são cada vez maiores. Estas alterações climáticas trouxeram um
elemento adicional de incerteza no que respeita à disponibilidade de recursos hídricos. Neste
sentido, torna-se essencial continuar a promover a regularização dos recursos hídricos e a
alteração dos comportamentos, de modo a conseguir uma gestão mais eficiente da água.

Mediante a adoção de práticas agrícolas corretas e de soluções políticas conexas, é possível

MÓDULO III
obter ganhos de eficiência significativos na utilização de recursos hídricos no setor agrícola.
Estas medidas passam, por exemplo, por:

i) Assegurar a disponibilidade de água

O aprovisionamento das águas pluviais (figura 3) apesar de poder ter alguns impactes
negativos, traz benefícios ambientais e hídricos muito consideráveis, uma vez que
contribui, por exemplo, para a recarga de aquíferos; o abeberamento dos animais de

MÓDULO IV
produção e da fauna selvagem; o combate a incêndios; a conservação da biodiversidade
(flora e fauna, atraindo insetos e outros animais); a diminuição do recurso a outras
origens de água.

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 3 - Aprovisionamento de água em charcas para rega localizada na região da Beira Baixa

ii) Alterar metodologias de trabalho

Para além da otimização das técnicas de rega (ver ponto (iv)), é igualmente possível obter
ganhos em matéria de poupança na utilização/custos da água através da implementação
de programas de formação e de partilha de conhecimentos, que permitam familiarizar
BIBLIOGRAFIA

os agricultores com práticas mais eficientes de utilização da água.

303
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
A alteração das práticas agrícolas pode também melhorar a qualidade da água
disponível nos ecossistemas com uma boa relação custo-eficácia. O recurso à fertirrega
(Ponto V.6.4.1.2) e a novas fórmulas de fertilizantes e de produtos fitofarmacêuticos, a
modificação da rotação das culturas e a criação de faixas-tampão ao longo dos cursos
de água são algumas das medidas que permitem potenciar, de forma significativa, a

MÓDULO I
melhoria da qualidade da água em toda a Europa e resolver muitos dos problemas de
poluição dos recursos hídricos.

iii) Utilizar águas residuais na agricultura

A utilização de águas residuais tratadas na agricultura evita o desperdício de nutrientes e


disponibiliza água que permite suplementar as origens convencionais de água, superficial

MÓDULO II
ou subterrânea, para a agricultura. Desde que a qualidade da água recuperada seja
gerida de forma adequada e que sejam salvaguardadas determinadas condicionantes
(distância/custo, sazonalidade,….) as águas residuais tratadas apresentam-se como um
complemento eficaz para dar resposta às necessidades de fornecimento de água para
ao setor agrícola.

Por outro lado, em sistemas agropecuários que utilizem construções rurais (instalações

MÓDULO III
destinadas a alojar animais, adegas, lagares, etc.), a reutilização das águas de lavagem,
a utilização de equipamentos de lavagem com jato de água sob pressão e a instalação
de redutores de caudal nesses equipamentos são outras medidas que permitem reduzir
os consumos de água. Dentro deste tipo de unidades é possível reutilizar a água em
sistemas de cascata, o que permite reservar a água de melhor qualidade e com menos
quantidade de substâncias poluentes para outros processos. As águas residuais destes
sistemas, quando sujeitas a tratamentos eficazes, podem ser recicladas em cerca de

MÓDULO IV
99%, o que permite que sejam utilizadas, por exemplo, na rega de culturas.

iv) Boas práticas para a utilização eficiente de água

A utilização da água de forma mais eficiente pode ser conseguida através da adoção
de diferentes práticas, das quais, a título de exemplo, se apresentam algumas: recurso a
técnicas de rega mais eficientes, tais como a rega de precisão, adoção da rega deficitária,
utilização de caudalímetros, recurso a sistemas de apoio à decisão como estações
meteorológicas, sondas de humidade e tecnologias NDVI (Índice de Vegetação por MÓDULO V
Diferença Normalizada).

A adoção de sistemas e técnicas de rega mais eficientes permite reduzir o consumo de


água e está dependente do incremento da eficiência no transporte (percentagem de
água captada e fornecida efetivamente ao solo) e da eficiência da sua utilização para a
cultura (água efetivamente utilizada pela cultura vs. quantidade total de água fornecida
MÓDULO VI

à cultura).

A rega de precisão (figura 4) tem revelado grandes benefícios no incremento da


eficiência de utilização da água que chega ao solo, recorrendo a diferentes tecnologias
que permitem: (a) monitorizar permanentemente um conjunto diversificado de variáveis
climáticas (estações meteorológicas); (b) recolher e enviar os dados por GPRS (General
Packet Radio Service) para uma base de dados online; e, em função disso, (c) determinar
BIBLIOGRAFIA

a quantidade de água que a planta necessita, tendo em conta as suas necessidades

304
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
hídricas e a água disponível no solo, que pode ser medida através de sondas de
humidade.

MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 4 – Rega de precisão com Estação Meteorológica
Fonte: https://www.phosphorland.pt/rega-na-agricultura-estacoes-meteorologicas/

Comparativamente aos outros métodos de rega, a rega localizada, como a rega


gota-a-gota (figura 5), apresenta um maior potencial para alcançar uma mais elevada
uniformidade na rega e maiores níveis de eficiência. No entanto, nem sempre é viável
adotar este método de rega. Por outro lado, é possível observar sistemas de rega gota-a-

MÓDULO III
gota com baixa uniformidade e baixa eficiência de aplicação devido a diferentes fatores
tais como uma manutenção inadequada do sistema de rega, baixa pressão de entrada ou
variações de pressão no sistema, obstrução dos gotejadores ou elaboração inadequada
do projeto de rega. Desta forma, é muito importante projetar adequadamente o sistema
de rega, nomeadamente ao nível do seu dimensionamento e do seu funcionamento, de
forma a incrementar a eficiência do uso da água que se apresenta cada vez mais como
um fator diferenciador para a competitividade na agricultura.

MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 5 - Sistema de rega gota-a-gota em vinha | Fonte: https://imperregas.pt/servico-rega-
gota-a-gota/

Existem algumas boas práticas que devem, cada vez mais, ser assimiladas e postas em
prática pelos agricultores, de modo a racionalizar o consumo da água. Alguns exemplos
são apresentados no seguinte quadro:

Medidas
MÓDULO VI

Adoção de práticas para a eficiência da rega

Implementar práticas de rega deficitária controlada

Dimensionar adequadamente os sistemas de rega, de forma a melhorar a uniformidade


da rega

Inovar em equipamentos de rega (telegestão, controlo de caudais e pressões)


BIBLIOGRAFIA

305
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Fazer a manutenção e aferição dos sistemas de rega

Adotar práticas de conservação do solo (drenagem adequada, de forma a evitar


alagamento ou escorrência excessiva)

MÓDULO I
Reaproveitar a água dos sistemas de filtragem

Ter um bom conhecimento das culturas (ciclo, necessidades hídricas, estados críticos)

Ter apoio técnico especializado no campo

Garantir a aplicação intercalada dos nutrientes na fertirrega, de forma a reduzir as perdas


por lixiviação, maximizar a absorção dos nutrientes pelas plantas e evitar a aplicação

MÓDULO II
excessiva de nutrientes, de forma a minimizar a salinização do solo

Evitar regar durante os períodos de maior evaporação

Adequar o tempo de rega e a dotação às especificidades do terreno, condições


climáticas e necessidades da cultura

Monitorizar a água no solo (através de balanços hídricos, sondas de humidade no solo,

MÓDULO III
…) para determinar a oportunidade de rega e as dotações a aplicar

Adotar, quando viável, métodos de rega mais eficientes como a rega localizada (ex: rega
gota-a-gota). Em terrenos de maior declive, sempre que possível deve ser este o sistema
de rega a adotar

Praticar a rega de precisão com recurso a informação meteorológica, avisos de rega,


sondas de humidade do solo, teledeteção…

MÓDULO IV
Fazer o controlo de caudal - linhas de rega de diferente caudal/caudalímetros parciais

Alteração de metodologias de trabalho

Criar programas de formação e partilha especializados

Seguir as recomendações de boletins de rega


MÓDULO V
Fazer limpezas e lavagens através de água sob pressão

Adotar técnicas de conservação e melhoria do solo, como por exemplo: rotação de


culturas/diversidade cultural; mobilização mínima do solo/mobilização de forma a evitar a
compactação do solo; cobertura verde das entrelinhas, de forma a diminuir a degradação
do solo (por mineralização da matéria orgânica e/ou erosão), aumentar a biodiversidade,
a fauna auxiliar e a retenção de água
MÓDULO VI

Utilizar culturas com menores necessidades hídricas e/ou mais adequadas às condições
edafo-climáticas

Recorrer ao mulching (ou cobertura morta do solo) – manutenção de uma camada


de matéria morta vegetal que se depõe sobre o solo e que tem como vantagens o
controlo de infestantes (por abafamento), a redução das perdas de água, dos riscos de
compactação, da erosão do solo e da mineralização da matéria orgânica
BIBLIOGRAFIA

306
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Utilizar estratégias de rega que tenham em conta a conservação dos solos

Criar faixas-tampão ao longo dos canais de rega, que são importantes para a manutenção
da qualidade da água, com efeito positivo sobre o funcionamento dos sistemas de rega

MÓDULO I
Recorrer a práticas agronómicas que promovam a retenção e infiltração da água no solo,
por exemplo através da armação do solo em covachos

Circundar a parcela com sebes, para criar o efeito de cortina de vento de modo a
minimizar a evaporação

MÓDULO II
Reutilização de águas

Fazer o tratamento e gestão das águas de lavagem

Reutilizar águas residuais para rega

Reutilizar águas residuais para lavagens


Quadro 3 - Exemplos de boas práticas para a utilização eficiente de água | Fonte: Adaptado de RuralSmart

MÓDULO III
V.2.2. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DA ENERGIA
As fontes energéticas podem ser classificadas, sob o ponto de vista do tipo de fonte, em
não renováveis e renováveis.

Tanto os combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), como os nucleares são

MÓDULO IV
considerados não renováveis porque a sua capacidade natural de renovação é muito reduzida
em comparação com a sua utilização, o que implicará, num futuro mais ou menos próximo, o
seu esgotamento. Este tipo de fontes de energias não renováveis são as mais utilizadas e são
fortemente poluidoras, possuindo um forte impacte ambiental.

As energias renováveis são aquelas que provêm de recursos naturais considerados


inesgotáveis e que estão em constante renovação, o que possibilita uma utilização contínua e
sustentável dos mesmos. São exemplos de energias renováveis a energia solar, energia das
ondas e marés, energia hídrica, energia eólica, biomassa, energia geotérmica e o biogás. MÓDULO V
Estas fontes encontram-se já difundidas por todo o mundo e a sua importância tem vindo a
aumentar ao longo dos anos representando uma parte considerável da produção de energia
mundial.

De acordo com a Direção-Geral de Energia e Geologia (2020), o setor agrícola é responsável


por, aproximadamente, apenas 3% da energia consumida em Portugal. A forma de energia
MÓDULO VI

predominantemente consumida pela agricultura é o petróleo (gasóleo agrícola), representando


cerca de 81% do total do consumo deste setor. Os restantes 19% são, na sua maioria, consumo
de eletricidade. Esta importância do petróleo enquanto principal forma de energia é, ainda,
uma característica do consumo total final de energia a nível nacional.

Com a evolução do setor agrícola ao longo das últimas décadas, tem-se verificado que os
agricultores estão cada vez mais sensibilizados para as questões da energia, nomeadamente
BIBLIOGRAFIA

para a necessidade de otimizar o seu consumo, quer na ótica da viabilidade e competitividade

307
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
económica do seu negócio, quer na ótica ambiental. Deste modo, a necessidade de aumentar
a eficiência energética e de incorporar energias renováveis, tornou-se num desafio e numa
meta para o setor em geral.

Mediante a adoção de práticas de utilização eficiente de recursos e de soluções económica

MÓDULO I
e ambientalmente sustentáveis, é possível aumentar significativamente a eficiência na utilização
da energia no setor. Estas medidas passam, por exemplo, por:

i) Recurso a energias renováveis

Atualmente a sensibilização dos produtores para as práticas de gestão sustentável de


energia, tem vindo a potenciar um maior desenvolvimento de soluções tecnológicas

MÓDULO II
por parte das empresas, que permitam atuar no controlo, diagnóstico e resolução
de desperdícios energéticos. Exemplo disso são as plataformas de gestão integrada
e centralizada de dispositivos, onde é possível visualizar os valores instantâneos e
acumulados das diversas grandezas energéticas, consultar o histórico em detalhe e/ou
aceder, de forma imediata, à informação gráfica dos valores.

O recurso a formas de energias renováveis, tanto para a utilização direta na produção,


como para a valorização de resíduos e subprodutos agrícolas, tem sido uma das

MÓDULO III
alternativas mais aconselhadas, devido ao seu potencial para proporcionar reduções
substanciais nas emissões de gases com efeito de estufa e de outros poluentes
relacionados com o consumo de energia.

Em seguida são apresentados e descritos sucintamente alguns exemplos de energias


renováveis e o seu potencial de aplicação no setor agrícola:

MÓDULO IV
a) A energia da biomassa utiliza matéria de origem vegetal e animal para produzir
energia. Esta fonte de energia, conhecida por bioenergia, aproveita o potencial
energético de qualquer matéria orgânica renovável (bagaços, engaços, podas,
folhas, etc.) e permite obter eletricidade, calor e combustíveis (bioetanol, biodiesel,
biogás, etc.). A bioenergia é muito utilizada para o aquecimento de instalações para
animais ou estufas. Em Portugal existem várias explorações avícolas que utilizam a
biomassa para o aquecimento do solo dos pavilhões (figura 6).

MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 6 - Caldeira de biomassa para aquecimento de


pavilhão de aves na zona da Ericeira | Fonte: RuralSmart

308
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
b) A energia solar consiste no aproveitamento dos raios solares para produzir energia.
Em Portugal, o potencial disponível para a utilização de energia solar é bastante
considerável, sendo um dos países da Europa com melhores condições para
aproveitamento deste recurso, dispondo de um número médio anual de horas de Sol,
variável entre 2200 e 3000, no continente, e entre 1700 e 2200, nos arquipélagos dos

MÓDULO I
Açores e da Madeira, respetivamente. Esta energia pode ser utilizada diretamente
para aquecer e iluminar edifícios (sistemas solares térmicos e fotovoltaicos) ou para
produzir eletricidade através de tecnologias de concentração da radiação (efeito
fotovoltaico).

Existindo um enorme potencial de produção e de utilização de energia fotovoltaica


nas explorações agrícolas (figura 7), a sazonalidade que caracteriza o uso de

MÓDULO II
energia em algumas atividades coloca ainda alguns desafios aos agricultores do
ponto de vista económico que importará aprofundar e desenvolver, no caminho do
aproveitamento eficiente e otimização do recurso solar disponível.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 7 - Sistema fotovoltaico para fornecimento de energia em
exploração agrícola na região da Beira Interior | Fonte: RuralSmart

c) A energia eólica é a energia gerada através da força do vento. Esta energia é utilizada
desde há séculos na bombagem de água através dos “cataventos” e na moagem
de grãos através dos moinhos eólicos. No entanto, a sua utilização na agricultura
parece ter caído em desuso embora mantenham grande potencial também nesta
vertente. A utilização desta energia para a bombagem de água (figura 8), seja para a

MÓDULO V
rega ou para sistemas de alimentação de água (poços/depósitos) é uma das formas
possíveis de conseguir ganhos energéticos na agricultura moderna. MÓDULO VI

Figura 8 - Aplicação prática de energia eólica para


BIBLIOGRAFIA

bombeamento de água | Fonte: http://famaconsa.


com/molinos/huracan-3/?lang=pt

309
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
d) A energia geotérmica é a energia calorífica que se encontra armazenada na Terra e
que pode ser utilizada para a produção de eletricidade ou para o aquecimento de
diversos tipos de instalações, como por exemplo instalações pecuárias ou estufas.

As propriedades geotérmicas da Região Autónoma dos Açores são consideradas

MÓDULO I
como uma potencial fonte de desenvolvimento regional e a implantação de centrais
geotérmicas prossegue a um ritmo acelerado (figura 9). Em território continental,
não parece justificar-se a exploração da energia geotérmica para produção de
eletricidade, fruto da sua geologia. No entanto, existem variadíssimas áreas onde
é possível o uso da geotermia para sistemas de aquecimento, sendo de destacar
toda a zona que acompanha a falha Penacova-Régua-Verín. Porém, a legislação
Portuguesa não permite que uma entidade particular, seja ela empresa ou não, possa

MÓDULO II
efetuar livremente o aproveitamento do potencial geotérmico para aquecimento.
Para que tal possa acontecer, será necessário a atribuição de uma concessão por
parte do Estado, impossibilitando, deste modo, a sua aplicação generalizada quer
aos regimes residenciais como industriais. Neste sentido, embora exista um enorme
potencial nesta fonte de energia renovável, torna-se necessário ultrapassar algumas
barreiras e modificar o presente quadro legal, de forma a facilitar o acesso a este
importante recurso.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 9 - Central Geotérmica da Ribeira Grande na região dos Açores
Fonte: http://geoelvas.blogspot.com/2012/04/energia-geotermica-ilha-s-mguel-
acores.html

Para concluir o ponto (i), atualmente todas as atividades do setor agrícola necessitam de MÓDULO V
energia ao longo do seu processo produtivo – considerando os produtos energéticos
petróleo, eletricidade, gás natural. Neste sentido, o recurso a tecnologias renováveis é
uma alternativa cada vez mais utilizada pelo setor e que permite reduzir os custos de
produção, bem como contribuir para a descarbonização da atividade e para as metas
ambientais nacionais, não obstante a agricultura representar menos de 3% na procura
nacional total de energia. Estes sistemas permitem alimentar máquinas, equipamentos
MÓDULO VI

agrícolas, sistemas de rega e fornecer luz, calor e arejamento nas habitações, instalações
pecuárias, estufas, sistemas de secagem, centrais de frio, entre outros.

ii) Boas práticas para a utilização eficiente de energia

Existe alguma diversidade de medidas, umas mais simples outras mais complexas, umas
representando quase meras alterações de comportamentos, outras exigindo investimento
BIBLIOGRAFIA

e, por isso, com custos muito variáveis, que permitem diminuir os consumos energéticos.

310
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
No quadro 4 são apresentados alguns exemplos de boas práticas que devem ser tidas em
consideração e que contribuem para o aumento da eficiência energética.

Medidas

MÓDULO I
Adoção de práticas de eficiência energética

Utilização de lâmpadas de menor consumo (LED)

Utilização de sensores de movimento

Instalação de variadores de velocidade nas bombas de água

MÓDULO II
Realização da bombagem em horário de vazio

Utilização de motores elétricos mais eficientes

Instalação de baterias de condensadores (energia reativa)

Implementação de sistemas de energias renováveis

MÓDULO III
Isolamento térmico de instalações para animais

Monitorização do ambiente térmico com recurso a tecnologias (sondas de temperatura e


humidade)

Sistemas de controlo e o registo de consumos elétricos

Análise sistemática e regular de consumos energéticos

MÓDULO IV
Manutenção periódica dos equipamentos de monitorização

Realização de auditorias energéticas


Quadro 4 - Exemplos de boas práticas para a utilização eficiente de energia | Fonte: RuralSmart

Por fim, refere-se que o setor da Energia é muito regulado, sendo as principais entidades
com competências nesta matéria a DGEG – Direção Geral de Energia e Geologia e a ERSE –

MÓDULO V
Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.

V.2.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Para uma utilização mais eficiente dos recursos produtivos é importante consciencializar
todo o setor agrícola para os benefícios de práticas que promovam a sustentabilidade dos
recursos naturais, disseminar o conhecimento e promover o acesso a essas medidas. Este é um
MÓDULO VI

problema global e que necessita urgentemente de uma intervenção humana.

A água e a energia são dois dos recursos que apresentam maior importância para o setor,
uma vez que estão na base da atividade, quer pela extrema dependência destes fatores de
produção ao longo dos processos produtivos, quer pelos custos associados à sua aquisição.
Neste sentido, os agricultores são os principais interessados em utilizar eficientemente a água
e a energia e sentem este problema diariamente, pelo que estão cada vez mais sensibilizados
BIBLIOGRAFIA

para estas questões.

311
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Face a esta realidade, torna-se cada vez mais necessário encontrar estratégias que permitam
preservar os recursos naturais, reduzir custos económicos e contribuir para um planeta mais
sustentável.

As boas práticas para a utilização eficiente destes recursos consistem, por vezes, na
simples adoção de pequenas medidas que contribuem, em muito, para esta estratégia. No

MÓDULO I
entanto, para além destas medidas, é fundamental que o setor agrícola recorra ao conjunto
de tecnologia que possui ao seu dispor o que implica conhecimento e disseminação, bem
como investimento, de modo a contribuir para o aumento da produtividade dos sistemas,
minimizar os custos, a intervenção humana e a variabilidade das condições naturais. Deste
modo, a solução pode passar pela transferência de conhecimento, potenciando a capacidade
de reconhecer os benefícios, e pela avaliação da viabilidade técnica e económica deste tipo de
ferramentas, sendo este um passo importante para alcançar uma agricultura tecnologicamente

MÓDULO II
mais avançada e social, económica e ambientalmente sustentável.

Paralelamente a inovação e investigação associadas a esta matéria são fundamentais,


permitindo, nomeadamente, a adaptação de tecnologia recente à especificidade do setor,
bem como o desenvolvimento de novo conhecimento e tecnologia.

LEGISLAÇÃO RELEVANTE

MÓDULO III
Quadro de legislação (Ponto V.2.)

TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA

https://dre.pt/application/conteudo/75455175
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/
Política
PDF/?uri=CELEX:22016A1019(01)&from=PL
Internacional Acordo de Paris

MÓDULO IV
Climática https://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/ficheiro.
aspx?v=%3D%3DBQAAAB%2BLCAAAAAAABAAzNLA
0tgQAra2cKgUAAAA%3D

Política Europeia Pacto Ecológico https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN-PT/


Climática Europeu TXT/?from=EN&uri=CELEX%3A52019DC0640

Roteiro para a https://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/


Neutralidade ficheiro.aspx?v=%3d%3dBAAAAB%2bLCAAAAAAABACzM
Política Nacional
Carbónica 2050 DexAAAut9emBAAAAA%3d%3d
MÓDULO V
Climática
Plano de Ação
para a Economia https://eco.nomia.pt/contents/ficheiros/paec-pt.pdf
Circular

Comissão https://ec.europa.eu/environment/resource_efficiency/
Europeia documents/factsheet_pt.pdf
MÓDULO VI

Agência
Eficiência na Europeia do https://www.eea.europa.eu/pt/themes/waste/intro
utilização dos Ambiente
recursos
Roteiro para uma
Europa eficiente
https://ec.europa.eu/environment/resource_efficiency/
em termos de
recursos
BIBLIOGRAFIA

312
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.3. RESÍDUOS E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS

V.3.1. NOTA INTRODUTÓRIA

MÓDULO I
Nos últimos quarenta anos assistiu-se a uma acentuada intensificação da atividade agrícola,
suportada pela evolução da tecnologia e dos fatores de produção, pretendendo responder
ao crescimento demográfico e económico a nível mundial, assim como para potenciar a
maximização dos rendimentos e a minimização de custos de produção.

Neste contexto, importa realçar o papel impulsionador da Política Agrícola Comum


(PAC) para uma agricultura mais moderna. Em alguns casos mais intensiva, mas também

MÓDULO II
mais responsável ao nível da segurança alimentar e da preservação dos recursos naturais.
Paralelamente foram sendo implementadas políticas de apoio a medidas que visam a
proteção dos recursos como, por exemplo, as medidas agroambientais e a obrigatoriedade de
cumprimento da condicionalidade - conjunto de regras ambientais, de saúde pública, saúde
animal, fitossanidade e bem-estar animal que os agricultores têm de cumprir para receberem
os pagamentos diretos e as ajudas do Desenvolvimento Rural da PAC.

O setor agrícola gera resíduos orgânicos e não orgânicos durante o ciclo de cada campanha

MÓDULO III
e a sua intensificação veio acentuar a quantidade e o tipo de resíduos produzidos. Com efeito,
apesar das melhorias que o setor tem vindo a integrar, tendo sido abandonadas práticas como
a queima, abandono ou enterramento de resíduos (Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de setembro),
subsistem procedimentos e técnicas de gestão de resíduos e subprodutos a melhorar, numa
perspetiva enquadrada o mais possível na lógica de economia circular.

De modo a dar seguimento a este desiderato, a gestão dos resíduos e subprodutos deve

MÓDULO IV
assentar no desenvolvimento de uma política nacional de resíduos que garanta uma estratégia
eficaz, integrada e abrangente de diminuição dos impactes associados à utilização dos
recursos naturais e que permita a eficiência da sua utilização e a proteção da saúde pública e
do ambiente.

V.3.2. CONCEITOS
Comecemos por clarificar alguns conceitos e contextualizar o seu significado neste manual. MÓDULO V

Conceito de “resíduo”

De acordo com Decreto-Lei n.º102-D/2020 de 10 de dezembro que aprova o novo Regime


Geral da Gestão de Resíduos (RGGR), temos:
MÓDULO VI

“Resíduos – quaisquer substâncias ou objetos de que o detentor se desfaz ou tem a


intenção ou a obrigação de se desfazer”.

“Resíduo agrícola – o resíduo proveniente de exploração agrícola e ou pecuária ou similar.”

Conceito de “subproduto”
BIBLIOGRAFIA

De acordo com a APA – Agência Portuguesa do Ambiente, o conceito de subproduto

313
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
é aplicável a substâncias ou objetos que resultam de um processo produtivo cujo principal
objetivo não seja a sua produção, e que são utilizados diretamente, sem qualquer outro
processamento, que não seja o da prática industrial normal.

A nível nacional, o conceito de subproduto encontra-se regulado no artigo 91.º do

MÓDULO I
novo RGGR, encontrando-se elencadas no seu Ponto n.º 1 as quatro condições a verificar
cumulativamente para que determinada substância ou objeto possa ser classificada dessa
forma:

• Existir a certeza de posterior utilização lícita da substância ou objeto;

• Ser possível utilizar diretamente a substância ou objeto, sem qualquer outro


processamento que não seja o da prática industrial normal;

MÓDULO II
• A produção da substância ou objeto ser parte integrante de um processo produtivo; e

• A substância ou objeto cumprir os requisitos relevantes como produto em matéria


ambiental e de proteção da saúde e não acarretar impactes globalmente adversos do
ponto de vista ambiental ou da saúde humana, face à posterior utilização específica.

MÓDULO III
Subproduto ou resíduo?

A distinção entre resíduos e subprodutos é complexa, existindo vários estudos e correntes


de opinião sobre os critérios que devem ser seguidos para esta distinção. No entanto, de
uma forma simplista, poderemos concluir que os materiais que não constituem o principal
objetivo da produção e que possam ser reutilizados sem antes receberem uma transformação
adicional, nomeadamente uma transformação química, e que têm um mercado para a sua

MÓDULO IV
comercialização, são considerados subprodutos.

Não obstante, tendo em conta a complexidade destas questões, os conceitos não se


devem generalizar e as situações devem ser analisadas casuisticamente, no contexto setorial
em que se inscrevem, à luz da legislação em vigor e tendo em conta, quando necessário, os
diversos acórdãos legislativos existentes.

Efetivamente, para uma mesma empresa, um desperdício pode, no espaço de alguns anos,
se não mesmo de alguns meses, perder o seu carácter de resíduo em função da evolução do MÓDULO V
conhecimento científico, das técnicas ou por razões económicas, na medida em que surgem
novas utilizações que lhes conferem um novo destino ou porque o aumento do preço das
matérias-primas virgens pode tornar comercializáveis algumas matérias-primas secundárias e
alguns subprodutos.
MÓDULO VI

Principais resíduos agrícolas

No contexto agrícola, da utilização dos fatores de produção resultam materiais tais como:

• Embalagens de papel/cartão/plástico de produtos fitofarmacêuticos;

• Embalagens de fertilizantes;
BIBLIOGRAFIA

• Embalagens e restos de medicamentos, seringas e outros materiais associados ao

314
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
tratamento de animais;

• Telas e filmes de controlo de infestantes, fitas de rega e componentes metálicas


provenientes de sistemas de rega, plásticos de estufins e estufas, telas resultantes do
acondicionamento de palhas e fenos, atilhos;

MÓDULO I
• Pneus usados;

• Óleos usados;

• Equipamentos em fim de vida;

• ...

MÓDULO II
Estes componentes são considerados resíduos para o seu detentor, uma vez que não são
reutilizados nem valorizados no âmbito agrícola, não tendo um mercado definido para a sua
comercialização por parte do agricultor, que pretende efetivamente ver-se livre dos mesmos.
Estes produtos são considerados resíduos no âmbito RGGR.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 10 - Resíduos de produtos veterinários | Fonte: https://alavoura.com.br/colunas/
panorama/cooperativa- coleta-so-neste-ano-mais-de-19-toneladas-de-residuos-veterinarios/

Principais subprodutos agrícolas

Da produção agrícola resultam também outros materiais que não constituem o objetivo MÓDULO V
principal da produção, tal como referido anteriormente, que designamos como subprodutos.
Neste caso iremos distinguir os subprodutos resultantes da produção vegetal e os resultantes
da produção pecuária.

Estes materiais têm origem biológica (vegetal ou animal) e caraterizam-se por apresentarem
maioritariamente na sua composição substâncias orgânicas (95 a 99% do total da matéria seca),
MÓDULO VI

com elevada presença de carbono, hidrogénio, oxigénio e outros nutrientes (em menores
quantidades, como o azoto, potássio e fósforo).

a) Suprodutos resultantes da Produção Vegetal

Da produção vegetal, resulta sobretudo biomassa vegetal, definida, no Glossário do


NREAP – Novo Regime do Exercício da Atividade Pecuária (estabelecido pelo Decreto-
BIBLIOGRAFIA

Lei n.º 81/2013, de 14 de junho) como sendo constituída por materiais estruturantes

315
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
ou fontes, maioritariamente, de carbono, com origem na agricultura ou da silvicultura,
designadamente os provenientes:

i) Da agricultura e da silvicultura (incluindo as palhas e outro material natural não


perigoso de origem agrícola ou silvícola) que sejam utilizados na agricultura/pecuária,

MÓDULO I
na silvicultura ou na produção de energia através de processos ou métodos que não
prejudiquem o ambiente nem ponham em perigo a saúde humana;

ii) Da preparação de produtos alimentares, de origem agrícola ou silvícola, provenientes


da indústria alimentar, gerados na preparação das matérias-primas inerentes ao
processo produtivo;

iii) Da preparação e do processamento da madeira e da cortiça, isentos de contaminantes

MÓDULO II
de origem antropogénica (compostos orgânicos halogenados ou metais pesados),
que incluem todos os materiais lenhosos provenientes das indústrias da fileira da
madeira e da cortiça, resultantes da preparação das respetivas matérias-primas e
seu processamento e isentos de contaminantes.

A biomassa vegetal constitui um recurso valioso na medida em que pode ser reutilizado/
valorizado de diferentes formas devido às suas caraterísticas físico-químicas.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 11 - Resíduos resultantes da produção de hortaliças | Fonte: https://bichosdecampo.com/
el-gobierno-fijo-un-plan-de-accion-para-el-desarrollo-de-los-biomateriales/

b) Subprodutos resultantes da produção pecuária MÓDULO V


No contexto da produção pecuária, são gerados diversos subprodutos de origem animal
(SPOA), atualmente designados por subprodutos animais (SPA), os quais podem dar
origem a outros produtos designados por produtos derivados (PD), obtidos a partir de
um ou mais tratamentos, transformações ou fases de processamento de subprodutos
animais.
MÓDULO VI

O Regulamento (CE) nº 1069/2009 define os subprodutos animais da seguinte forma:


“corpos inteiros ou partes de animais, produtos de origem animal e outros produtos
que provenham de animais que não se destinam ao consumo humano, incluindo
oócitos, embriões e sémen.” Para efeitos de aplicação no solo sem transformação,
como fertilizantes, podem ser considerados também como SPA o conteúdo do
aparelho digestivo dos animais, o leite, o colostro e os produtos à base de leite, quando
BIBLIOGRAFIA

a autoridade competente não considerar que apresentam um risco de propagação de

316
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
doença grave transmissível.

Os subprodutos animais são classificados em três categorias com base no seu risco
potencial para a saúde pública e animal: Categoria 1- referente às matérias com risco
mais alto; Categoria 2 - referente às matérias com risco intermédio e Categoria 3 -

MÓDULO I
referente às matérias com o risco menor. Os destinos destes subprodutos têm em conta
a sua categoria (consultar Ponto V.6.5.).

De entre os subprodutos animais, importa relevar os efluentes pecuários, os quais são


constituídos por estrumes e por chorumes (Quadro 5) e são classificados, em geral,
como subprodutos animais de categoria 2. No entanto, de acordo com o RGGR, estes
subprodutos adquirem a classificação de resíduo quando são tratados em unidades de

MÓDULO II
compostagem ou de obtenção de biogás, ou quando o seu destino é a incineração,
coincineração ou aterro.

Efluente Pecuário Descrição

Mistura sólida de fezes e urinas dos animais das espécies pecuárias,


podendo conter desperdícios da alimentação animal, as camas de
Estrumes

MÓDULO III
origem vegetal e a fração sólida do chorume, não apresentando
escorrências aquando da sua aplicação.
Mistura liquida ou semilíquida de fezes e urinas dos animais, bem
como de águas de lavagem e pluviais não desviadas da da área
Chorumes de estabulação dos animais, contendo por vezes desperdícios da
alimentação animal ou de camas e as escorrências provenientes das
nitreiras e silos.

MÓDULO IV
Quadro 5 - Caracterização dos principais efluentes pecuários | Fonte: Adaptado de: Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro

Os efluentes pecuários são classificados como subprodutos da atividade pecuária quando


forem utilizados como fertilizante na agricultura/pecuária/silvicultura (diretamente ou
após valorização), na produção de combustível (sob a forma de materiais simples ou
agregados) ou de energia por via de processos de combustão (sendo que, no caso
das instalações de combustão de estrume de aves, estas apenas podem processar
estrume proveniente da própria exploração). Portanto, o destino destes subprodutos
define o seu enquadramento como resíduo ou subproduto, o que tem implicações no MÓDULO V
licenciamento da atividade pecuária e na gestão destes produtos.

No Ponto V.6. a temática dos subprodutos animais e seus derivados será abordada com
maior pormenor.
MÓDULO VI

V.3.3. ESTRUTURA ORGANIZATIVA DO PLANEAMENTO DA GESTÃO DE


RESÍDUOS E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS
Em Portugal o Organismo ao qual compete coordenar, assegurar e acompanhar a
implementação de uma estratégia nacional para os resíduos é a ANR – Autoridade Nacional
de Resíduos, cujas competências são assumidas pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente.
BIBLIOGRAFIA

No nosso país, as orientações fundamentais da política de resíduos constam dos Planos de

317
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Gestão de Resíduos de nível nacional, dos Programas de Prevenção de Resíduos e dos Planos
Municipais, Intermunicipais e Multimunicipais de Resíduos.

Os planos de gestão de nível nacional, elaborados pela Autoridade Nacional de Resíduos


(ANR), integram o Plano Nacional de Gestão de Resíduos (PNGR) e os Planos de Gestão de

MÓDULO I
Resíduos Urbanos e de Resíduos Não Urbanos. Este planeamento encontra-se refletido no
Regulamento Geral de Gestão de Resíduos, que atualmente inclui as matérias relativas aos
fluxos específicos de resíduos (ex: plásticos, pneus usados, …).

No que diz respeito aos resíduos agrícolas, não existe um plano de gestão nacional
específico para os mesmos, ou seja, alguns resíduos agrícolas enquadram-se nos Planos de
Gestão de Resíduos Não Urbanos e de Resíduos Urbanos, a outros aplica-se legislação própria.

MÓDULO II
No que respeita à gestão dos subprodutos agrícolas, têm de ser cumpridas as orientações
contidas nos normativos legais comunitários e nacionais, nomeadamente as relativas aos
subprodutos animais e aos produtos derivados, cuja aplicação e controle são fundamentalmente
da responsabilidade do Ministério da Agricultura, através da Direção Geral de Agricultura e
Desenvolvimento Rural (DGADR) e da Direção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) ou,
para certos produtos e em certas circunstâncias, conjuntamente com o Ministério do Ambiente.

MÓDULO III
Os produtores pecuários quando procedem ao licenciamento da sua atividade pecuária
têm de ter em conta os normativos legais em vigor sobre a gestão dos subprodutos resultantes,
evidenciando a aplicação das normas associadas ao armazenamento, transporte e valorização
destes subprodutos, nomeadamente e de forma muito pertinente em relação aos Efluentes
Pecuários, cuja gestão é regulada por legislação específica.

Apesar das indefinições ao nível da regulamentação para alguns resíduos e subprodutos

MÓDULO IV
agrícolas, diversos fatores incitam os agricultores a melhorar as atuais práticas de gestão.
Para além do crescimento das preocupações em preservar o ambiente e os recursos, a maior
consciencialização da sociedade em geral e dos agricultores, em particular, relativamente
à boa gestão dos resíduos, a adoção de melhores práticas de resíduos e subprodutos são
induzidas, nomeadamente, por:

i) Fatores legais:

A legislação nacional referente à gestão de resíduos proíbe algumas das antigas MÓDULO V
práticas de eliminação de resíduos agrícolas e, conforme mais adiante será explicado,
centra a responsabilidade pelo destino final dos resíduos no seu produtor inicial ou, em
algumas situações, no seu detentor. Esta responsabilidade determina uma preocupação
por parte do agricultor em direcionar os resíduos para locais/entidades que depois os
encaminham segundo os princípios gerais da gestão de resíduos, que por sua vez devem
tem em consideração os princípios da economia circular. No caso dos subprodutos de
MÓDULO VI

origem pecuária, estes necessitam de ser encaminhados de acordo com o previsto em


sede de licenciamento da atividade pecuária.

ii) Fatores económicos:

• As ajudas diretas e/ou alguns apoios para o desenvolvimento rural podem ser
condicionadas, penalizando os agricultores que não procedam à recolha e
BIBLIOGRAFIA

armazenamento/destino adequado de resíduos associados à atividade agrícola,

318
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
estando definidas regras específicas, por exemplo, para o caso dos resíduos de
embalagens e excedentes de produtos fitofarmacêuticos, bem como para os óleos
usados, como referido anteriormente;

• A PAC integra algumas medidas que incentivam práticas agrícolas mais sustentáveis;

MÓDULO I
• Existe uma pressão dos consumidores, relacionada com a qualidade do produto e
com a proteção ambiental (exigências de mercado).

Deste modo, a adoção de boas práticas de gestão de resíduos e subprodutos assume-se


como opção de gestão das explorações que pretendem integrar-se cada vez mais nas atuais
exigências de proteção ambiental e de qualidade e segurança alimentar.

MÓDULO II
A predisposição por parte dos agricultores para a adoção de boas práticas de gestão de
resíduos agrícolas e subprodutos agrícolas nas suas explorações, bem como a capacidade
de mobilização ao nível associativo são dois fatores que apontam para o desenvolvimento
de possíveis soluções para a resolução de alguns dos problemas resultantes da produção de
certos resíduos/subprodutos.

Algumas destas soluções poderão passar por:

MÓDULO III
• Desenvolvimento de sistemas locais para a gestão coletiva dos resíduos agrícolas/
subprodutos, resultantes de parcerias entre Organizações de Agricultores, entidades
da Administração Pública e entidades com competências técnicas no tema em causa;

• Adoção de planos de gestão de resíduos e de subprodutos ao nível da exploração


agrícola, possibilitando uma maior adequação das soluções de gestão à realidade da

MÓDULO IV
exploração ao nível do manuseamento, acondicionamento, separação e deposição dos
resíduos e subprodutos produzidos permitindo, deste modo, maximizar os quantitativos
encaminhados para reciclagem e minimizar os respetivos custos de gestão.

Assim, um adequado planeamento através de ações de formação/sensibilização e a


conceção de instrumentos de divulgação assumem-se como vetores estratégicos para a
aquisição das competências teórico-práticas capazes de continuar a promover a necessária
alteração de comportamentos.
MÓDULO V
V.3.4. ENQUADRAMENTO LEGISLATIVO DOS RESÍDUOS E SUBPRODUTOS
AGRÍCOLAS

V.3.4.1. RESÍDUOS: REGIME GERAL DE GESTÃO DE RESÍDUOS


MÓDULO VI

Em Portugal o diploma que estabeleceu o Regime Geral de Gestão de Resíduos (RGGR) foi
o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. Este decreto-lei foi posteriormente atualizado
pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, de modo a ir ao encontro das diretivas da União
Europeia (UE). Esta atualização pretendeu estabelecer medidas de proteção do ambiente e
da saúde humana, prevenindo ou reduzindo os impactes adversos decorrentes da produção,
utilização e gestão de resíduos e melhorando a eficiência dessa utilização. Este Decreto-Lei
estabeleceu não só o regime geral para a gestão de resíduos, mas também para a prevenção
BIBLIOGRAFIA

e produção de resíduos (regime geral aplicável à prevenção, produção e gestão de resíduos).

319
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Em dezembro de 2020, quer por força do desenvolvimento económico do setor dos resíduos,
da natural evolução das suas características e particularidades, quer por força da transposição
de atos jurídicos da União Europeia, este documento foi alvo de uma nova atualização através
do Decreto-lei n.º 102-D/2020 de 10 de dezembro. Este diploma integra no seu Anexo I (ao
qual se refere o artigo 2.º) o novo Regime Geral da Gestão de Resíduos. Pretendeu-se com

MÓDULO I
esta atualização promover e dar especial ênfase às abordagens circulares que dão prioridade
aos produtos reutilizáveis e aos sistemas de reutilização sustentáveis e não tóxicos em vez dos
produtos de utilização única, tendo primordialmente em vista a redução dos resíduos gerados.

O RGGR abrange diversos setores económicos, entre os quais o setor agrícola,


estabelecendo regras ao nível da prevenção, produção e gestão de resíduos, incluindo as
transferências de resíduos. Excluem-se do âmbito de aplicação deste diploma alguns resíduos
gerados nas explorações agrícolas que, quando tenham determinadas utilizações posteriores,

MÓDULO II
designaremos como subprodutos agrícolas.

Efetivamente, de acordo com a alínea f) do n.º 2 do Artigo 2.º do RGGR, estão excluídos
do RGGR as matérias fecais, as palhas e outro material natural não perigoso com origem na
agricultura, pecuária ou na atividade silvícola, desde que sejam utilizados nessas atividades
(exemplos de utilizações: aplicação direta ao solo ou após compostagem, camas para animais,
alimentação direta dos animais, …) ou na produção de energia através de processos ou

MÓDULO III
métodos que não prejudiquem o meio ambiente nem ponham em risco a saúde humana
(exemplo: produção de combustíveis a partir dessa biomassa por processos físicos – pellets).

A título de exemplo, indicamos como materiais naturais não perigosos provenientes do


setor agrícola, referidos anteriormente: restos de culturas agrícolas; desperdícios provenientes
de atividades relativas à preparação ou conservação de produtos agrícolas para venda, tais
como restos de frutas e legumes; substratos provenientes da produção de culturas agrícolas,

MÓDULO IV
como por exemplo de cogumelos; material vegetal de origem silvícola resultante de limpezas
e da exploração florestal; entre outros.

Encontram-se igualmente excluídos do RGGR os subprodutos animais (como por exemplo


carcaças e partes de animais, tais como peles, lã, pêlos, penas, cerdas, chifres e cascos,
alimentos de origem animal impróprios para consumo humano, produtos de origem animal
para fabrico de alimentos para animais de companhia, restos de leite, restos de sémen, entre
outros) com exceção dos destinados à incineração, à utilização numa unidade de biogás ou de
MÓDULO V
compostagem, ou à deposição em aterros (alíneas c) e d), n.º3, artigo 2.º do RGGR).

Por fim, no âmbito agrícola, são também referidas como exceções ao RGGR, as substâncias
que se destinam a ser utilizadas como matérias-primas para alimentação animal e que não são,
nem contêm, subprodutos animais (alínea e), n.º3, artigo 2.º do NRGGR).

Importa ainda referir que os materiais acima identificados e que estão excluídos RGGR,
não necessitam de registo no Mapa Integrado de Registo de Resíduos (MIRR) referido no cap.
MÓDULO VI

V.3.6, e o seu transporte não necessita de se fazer acompanhar de Guia de Acompanhamento


de Resíduos (GAR).

A recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação dos


resíduos abrangidos pelo RGGR constituem operações reguladas por este diploma, tendo
sempre subjacente o objetivo final de prevenir ou reduzir a sua produção, o seu caráter nocivo
e os impactes adversos decorrentes da sua produção e gestão, regendo-se por determinados
BIBLIOGRAFIA

princípios gerais que seguidamente se referem.

320
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
PRINCÍPIOS GERAIS DO RGGR
A estratégia para a gestão de resíduos rege-se por alguns princípios gerais definidos no
Artigo 4.º do RGGR:

• Princípio da regulação da gestão de resíduos

MÓDULO I
A gestão de resíduos é realizada de acordo com os princípios gerais fixados nos
termos do RGGR e outra legislação aplicável e em respeito dos critérios qualitativos e
quantitativos fixados nos instrumentos regulamentares e de planeamento.

A realização de operações de gestão de resíduos em incumprimento do disposto no


RGGR, o abandono de resíduos, a eliminação de resíduos no mar e a sua injeção no

MÓDULO II
solo, a queima a céu aberto, bem como a deposição ou gestão não autorizada de
resíduos, incluindo a deposição de resíduos em espaços públicos são proibidas por lei.

• Princípio da autossuficiência e da proximidade


De acordo com este princípio, as operações de tratamento de resíduos devem decorrer
em instalações adequadas com recurso às tecnologias e métodos apropriados, de
modo a assegurar um nível elevado de proteção do ambiente e da saúde pública,

MÓDULO III
preferencialmente em território nacional e obedecendo a critérios de proximidade.

• Princípio da proteção da saúde humana e do ambiente


O objetivo prioritário da política de gestão de resíduos é evitar e reduzir os riscos para
a saúde humana e para o ambiente, garantindo que a produção, a recolha e transporte,
o armazenamento preliminar e o tratamento de resíduos sejam realizados recorrendo
a processos ou métodos não suscetíveis de gerar efeitos adversos sobre o ambiente,

MÓDULO IV
nomeadamente poluição da água, do ar, do solo, afetação da fauna ou da flora, ruído
ou odores ou danos em quaisquer locais de interesse e na paisagem.

• Princípio da hierarquia dos resíduos


Com vista à transição para uma economia circular, que garanta um elevado nível de
eficiência na utilização dos recursos, a política e a legislação em matéria de resíduos

MÓDULO V
devem respeitar, no que se refere às opções de prevenção e gestão de resíduos, a
seguinte ordem de prioridades:
a) Prevenção;
b) Preparação para a reutilização;
c) Reciclagem;
MÓDULO VI

d) Outros tipos de valorização;


e) Eliminação.
Os consumidores devem adotar práticas que facilitem a reutilização dos produtos ou dos
materiais, com vista ao aumento do seu tempo de vida útil. Os produtores de resíduos
devem adotar comportamentos de caráter preventivo no que se refere à quantidade e
perigosidade dos resíduos, bem como à separação dos resíduos na origem, por forma a
BIBLIOGRAFIA

promover a sua preparação para reutilização, reciclagem e outras formas de valorização.

321
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Dada a relevância deste princípio relativo à hierarquia das opções de prevenção e
gestão de resíduos nas políticas europeias e, consequentemente, no contexto nacional,
este tema será abordado de forma mais detalhada no capítulo seguinte (ver Ponto V.4.).

• Princípios da equivalência, do valor económico, da eficiência e da eficácia

MÓDULO I
O regime económico e financeiro das atividades de gestão de resíduos visa a
compensação total dos custos económicos e tendencial dos custos sociais e ambientais
que o produtor gera à comunidade ou dos benefícios que a comunidade lhe faculta, de
acordo com o princípio geral da equivalência.

De acordo com este princípio, a gestão dos resíduos deve ter em conta também o valor
económico dos mesmos, reconhecendo o seu potencial enquanto recurso.

MÓDULO II
Constituem ainda princípios fundamentais da política de gestão de resíduos a promoção
de níveis crescentes de eficiência e de eficácia na gestão dos sistemas integrados.

OUTROS ASPETOS RELEVANTES DO RGGR

Para além destes princípios gerais nos quais assenta a gestão de resíduos, importa referir

MÓDULO III
outros aspetos do RGGR que consideramos relevantes, no contexto do presente manual.

• Responsabilidade pela gestão

A responsabilidade pela gestão dos resíduos, incluindo os respetivos custos, cabe


por princípio ao produtor inicial dos mesmos, podendo ser esta responsabilidade
atribuída, na totalidade ou em parte, ao produtor do produto que deu origem aos
resíduos e partilhada pelos distribuidores desse produto, se tal decorrer de legislação

MÓDULO IV
específica aplicável. Em caso de impossibilidade de determinar o produtor do resíduo,
a responsabilidade pela respetiva gestão recai sobre o seu detentor.

O produtor ou o detentor de resíduos deve, em conformidade com os princípios da


hierarquia de gestão de resíduos e da proteção da saúde humana e do ambiente,
assegurar o seu tratamento/encaminhamento, podendo para o efeito recorrer, de
acordo com o tipo de resíduos:

i) A um comerciante ou a um corretor de resíduos; MÓDULO V


ii) A um operador de tratamento de resíduos;

iii) A uma entidade responsável por sistemas de gestão de fluxos específicos de resíduos;

iv) A um sistema municipal ou multimunicipal de recolha e/ou tratamento de resíduos.


MÓDULO VI

No final, os resíduos devem ser entregues a operadores de tratamento de resíduos


licenciados para o efeito (artigo 9.º do RGGR).

• Responsabilidade alargada do produtor

A responsabilidade alargada do produtor consiste na responsabilidade financeira, ou


financeira e organizacional, em relação à gestão dos resíduos, nos termos do RGGR e
BIBLIOGRAFIA

da legislação específica.

322
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
A responsabilidade pela gestão dos resíduos, por parte do produtor dos produtos que
dão origem a esses resíduos, pode ser assumida a título individual ou ser transferida
para um sistema integrado.

É neste contexto que têm sido criados alguns sistemas integrados de gestão de resíduos,

MÓDULO I
em que várias empresas vinculadas pela responsabilidade alargada do produtor
cooperam de forma a estabelecer sistemas devidamente licenciados que atuam ao
nível da recolha, transporte, triagem, valorização e eliminação de determinados fluxos
específicos de resíduos.

Estes sistemas permitem a transferência da responsabilidade pela gestão do resíduo


por parte do produtor do produto que lhe deu origem para uma entidade gestora,

MÓDULO II
mediante uma prestação financeira.

Alguns dos resíduos não orgânicos originados pela utilização de fatores de produção
aplicados na agricultura (plásticos não perigosos, papel, cartão, pilhas, acumuladores,
baterias, sucata metálica, equipamentos elétricos e eletrónicos usados, pneus usados,
óleos de motor, embalagens e restos de produtos fitofarmacêuticos, restos de
medicamentos para uso veterinário, ...) são entregues pelo agricultor a Operadores de

MÓDULO III
Gestão de Resíduos (OGR) especializados e acreditados para o efeito, de acordo com
o fluxo específico respetivo.

Existem outros fluxos de resíduos para os quais se encontra em estudo a viabilidade e a


oportunidade de se enveredar por uma das vias acima descritas, designados por fluxos
emergentes.

A plataforma SILOGR (Sistema de Informação do Licenciamento de Operações de

MÓDULO IV
Gestão de Resíduos), gerida pela APA - Agência Portuguesa do Ambiente, facilita aos
produtores/detentores de resíduos o acesso à informação relevante sobre as entidades que
efetuam operações de gestão de resíduos, as quais têm o dever de prosseguir com o seu
correto encaminhamento para tratamento, valorização e, em último caso, eliminação. Nesta
plataforma também é possível pesquisar as empresas qualificadas para tratamento de cada
tipo de resíduo, isto é, de acordo com a sua classificação pela Lista Europeia de Resíduos
(LER). Esta plataforma pode ser acedida através do link: https://silogr.apambiente.pt/pages/
publico/index.php MÓDULO V

V.3.4.1.1. CLASSIFICAÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS

Para que a gestão de resíduos possa ir ao encontro da estratégia da política nacional, é


fundamental que os resíduos sejam devidamente separados e classificados na origem, para
MÓDULO VI

que o seu destino final possa ser o mais adequado e o menos nefasto possível, para a saúde
humana e para o ambiente.

No decurso da atividade produtiva, o empresário agrícola procede à classificação dos


resíduos gerados, no sentido em que avalia, em primeira instância, o tipo de resíduo produzido,
de acordo com a sua perigosidade. Na União Europeia, esta “avaliação” é feita de acordo com
a origem dos resíduos e, em particular, com a avaliação da sua perigosidade, desenvolvendo-
BIBLIOGRAFIA

se, em traços gerais, em duas fases:

323
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
1) Classificação de acordo com a Lista Europeia de Resíduos (LER);

2) Avaliação da perigosidade que os resíduos apresentam.

O processo de classificação de resíduos permite atribuir o código LER que melhor

MÓDULO I
caracteriza um determinado resíduo, o que possibilita que o mesmo possa ser encaminhado
para o destino mais apropriado. Em função desta classificação, no caso de resíduos específicos,
o agricultor é responsável por selecionar as entidades, devidamente licenciadas, para o seu
tratamento.

Alguns resíduos podem ser alvo de um processo de desclassificação, previsto no RGGR.


Trata-se de processos complexos e geralmente morosos, não sendo da responsabilidade
direta do agricultor. Esta situação está, porém, prevista no Regime Geral da Gestão de

MÓDULO II
Resíduos, podendo a ANR, em certas situações, definir, após consulta prévia dos operadores
económicos, que determinada substância ou objetos específicos passem a ser considerados
subprodutos. A desclassificação também pode acontecer na sequência de determinadas
operações de valorização.

Refere-se ainda que a publicação da Portaria n.º79/2002 de 3 de fevereiro veio clarificar que
os produtos obtidos em resultado a transformação por compostagem ou digestão anaeróbia

MÓDULO III
de efluentes pecuários (EP) e outros subprodutos de origem animal (SPA) e produtos derivados
(PD) de forma estreme ou combinada com EP não têm o estatuto de resíduos.

V.3.4.2. SUBPRODUTOS

O agricultor necessita de ter em conta, por um lado, as orientações e normas legais relativas

MÓDULO IV
aos subprodutos agrícolas, mas também as relativas aos resíduos uma vez que, como se referiu
anteriormente, em algumas situações os subprodutos adquirem esse estatuto.

Quanto aos subprodutos vegetais, é essencial que o agricultor detenha conhecimentos


sobre formas de valorização dos mesmos, devendo ser dada prioridade à utilização destes
materiais na valorização agrícola. Caso se verifique a transferência destes subprodutos para
outros locais para a sua valorização, é importante verificar se essas estruturas estão devidamente
certificadas e autorizadas para tal.

Em relação aos subprodutos pecuários, a sua gestão está refletida no licenciamento da MÓDULO V
exploração pecuária, através do novo Regime do Exercício da Atividade Pecuária (NREAP),
enquadrado pelo Decreto-Lei n.º 81/2013, de 14 de junho.

Igualmente relevantes são:

• o Decreto-Lei n.º 75/2015, de 11 de maio, que enquadra o Regime de Licenciamento


MÓDULO VI

Único de Ambiente (LUA) e que aprova o procedimento de articulação entre este e


o NREAP; e a Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro, relativa à gestão de efluentes
pecuários.

Por outro lado, a gestão dos subprodutos animais e dos subprodutos seus derivados obedece
ao Regulamento (CE) n.º 1069/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Outubro
de 2009, que define regras sanitárias relativas a subprodutos animais e produtos derivados
BIBLIOGRAFIA

não destinados ao consumo humano, cuja aplicação no nosso país tem vindo a determinar a

324
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
publicação no quadro legal nacional de vários normativos, entre eles a anteriormente referida
Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro, relativa à gestão de efluentes pecuários e o Decreto-Lei
n.º 33/2017, de 23 de março, relativo ao sistema de recolha de cadáveres de animais mortos
nas explorações (SIRCA).

MÓDULO I
Podemos concluir que, principalmente no caso da atividade pecuária, é importante ter em
conta diversos contextos produtivos que geram diferentes resíduos e subprodutos, aos quais
deve ser dado um destino adequado, no respeito pelos princípios da economia circular, e
pelos normativos legais e orientações em vigor. O agricultor deve informar-se acerca destes em
primeira instância junto da DGADR/Direções Regionais de Agricultura e da DGAV e, quando
necessário e aplicável, ter em consideração a articulação com as estruturas do Ministério do
Ambiente, nomeadamente com a APA.

MÓDULO II
V.3.5. LICENCIAMENTO DAS ATIVIDADES DE GESTÃO DE RESÍDUOS E DE
SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS
i) Resíduos
As atividades associadas à gestão de resíduos, que integram o seu tratamento, estão

MÓDULO III
sujeitas a licenciamento, nos termos do Artigo 59.º do novo Regime Geral de Gestão
de Resíduos – Anexo I do Decreto-Lei 102-D/2020, de 10 de dezembro, aplicando-
se nomeadamente às operações de valorização agrícola de resíduos (excluindo a
compostagem doméstica, nos termos do artigo 66.º).
No caso do setor agrícola, os resíduos associados à utilização de fatores de produção,
de natureza não orgânica, entregues nas estruturas de receção dos sistemas de gestão
integrada de resíduos, não são objeto de tratamento, ou valorização pelo agricultor,

MÓDULO IV
pelo que, neste caso, são as empresas gestoras de resíduos que têm de solicitar
licenciamento respetivo.
Quando estamos perante resíduos com enquadramento no RGGR, as operações
de valorização e eliminação, incluindo a respetiva preparação prévia, são sujeitas a
licenciamento com enquadramento no RGGR. Estas operações encontram-se elencadas
nos anexos I – “Operações de tratamento por eliminação” e II – “Operações de
tratamento de valorização” do RGGR. O licenciamento é aplicado, com as necessárias
adaptações e sem prejuízo do disposto em legislação específica, entre outras, a MÓDULO V
operações como:
i) Lagunagem;
ii) Tratamentos biológicos;
iii) Secagem térmica;
MÓDULO VI

iv) Compostagem;
v) Digestão anaeróbia;
vi) Remediação dos solos para efeitos da sua valorização;
vii) Tratamento do solo para benefício agrícola ou melhoramento ambiental;
viii) Valorização de resíduos em solos agrícolas, florestais e na jardinagem;
BIBLIOGRAFIA

ix) Valorização de resíduos para recuperação de solos degradados;

325
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
x) Tratamentos mecânicos e químicos de resíduos;
xi) Armazenagem de resíduos em função da sua futura utilização.

As entidades responsáveis por licenciar as operações de gestão de resíduos são a


Autoridade Nacional de Resíduos (ANR) cujas competências são assumidas pela

MÓDULO I
Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Autoridade Regional de Resíduos (ARR)
territorialmente competente, que é desempenhada pela respetiva Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).

A licença de exploração inclui a relação dos resíduos sujeitos a tratamento, a descrição


do processo de tratamento e a capacidade de receção e tratamento de resíduos. Na
licença são indicados os requisitos técnicos, as medidas de segurança e de precaução,

MÓDULO II
as operações de acompanhamento e controlo e a identificação do responsável técnico
ambiental pelo tratamento de resíduos.

O pedido de licenciamento é feito nos termos do disposto no Decreto-Lei n.º 75/2015,


de 11 de maio, na sua redação atual, que aprova o Regime de Licenciamento Único de
Ambiente (LUA). É apresentado pelo requerente de forma desmaterializada, através
do módulo de licenciamento único de ambiente (módulo LUA) alojado no  Sistema
Integrado de Licenciamento de Ambiente (SILiAmb).

MÓDULO III
O sistema online SILiAmb permite, ao nível dos licenciamentos:
• Efetuar pedidos de licenciamento;
• Acompanhar o processo de licenciamento e consultar utilizações;
• Comunicar com a APA/ARH (Administração de Região Hidrográfica);

MÓDULO IV
• Alterar dados pessoais.

Esta plataforma possibilita ao agricultor interagir com a APA neste e noutros assuntos
para além dos resíduos, tais como o licenciamento das utilizações dos recursos hídricos.

ii) Subprodutos
Todas as unidades com produção pecuária têm de proceder ao seu registo e
licenciamento, de acordo o Decreto-Lei nº 81/2013, de 14 de junho (NREAP). Quando MÓDULO V
aplicável, é igualmente necessário proceder ao licenciamento das atividades de
valorização de efluentes pecuários, de acordo com a Portaria n.º79/2022 de 3 de
fevereiro, a qual regulamenta a gestão dos efluentes pecuários (EP).
Esta portaria estabelece as normas regulamentares aplicáveis à gestão sustentável
dos EP e as normas técnicas a observar no âmbito do processo de autorização das
MÓDULO VI

atividades complementares para gestão de EP em unidades anexas a explorações


agropecuárias ou pecuárias ou em unidades autónomas (unidades de compostagem,
unidades intermédias, unidades de produção de biogás ou estações de tratamento de
efluentes pecuários (ETEP)). Estabelece igualmente as normas técnicas a observar no
caso das explorações agrícolas que sejam valorizadoras de efluentes pecuários.
A Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro determina também as normas complementares
relativas ao transporte, armazenamento e valorização, agrícola e orgânica, de outros
BIBLIOGRAFIA

subprodutos animais (SPA) e de produtos derivados (PD), das categorias 2 e 3, bem

326
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
como dos fertilizantes que os contenham, cuja utilização é autorizada nas seguintes
situações:
• a) Valorização agrícolas de outros SPA e PD das categorias 2 e 3, de forma estreme
ou combinada com efluentes pecuários;

MÓDULO I
• b) Transformação de outros SPA e PD das categorias 2 e 3, de forma estreme
ou combinada com efluentes pecuários, em unidades autónomas de efluentes
pecuários, designadamente unidades intermédias, de compostagem, de produção
de biogás e ETEP.

Estão definidas pela DGADR (Quadro 1 – Licenciamento dos usos admissíveis para os
efluentes pecuários (EP)), que constitui um anexo da Nota Informativa 17/2019 emitida

MÓDULO II
pela DGADR, as várias formas de valorização e eliminação admissíveis para os efluentes
pecuários (em anexo - Anexo III), bem como as respetivas entidades envolvidas no
licenciamento dessas atividades.

Tal como refere este quadro, no caso da valorização agrícola e orgânica, com exceção
das Unidades de Valorização de EP associados às matérias fertilizantes, e das unidades
de combustão anexas à exploração, o licenciamento é feito através do NREAP, não
obstante o envolvimento de outras entidades (DGAV, CCDR, …).

MÓDULO III
No caso da valorização energética por combustão em unidades autónomas e por
incineração e coincineração, o licenciamento já não tem lugar via NREAP.

Em suma, o licenciamento de gestores de efluentes pecuários, bem como a autorização


para valorizar/tratar/eliminar, depende das caraterísticas dos EP e da atividade a
desenvolver, pelo que os operadores envolvidos necessitam de se informar junto
das entidades competentes acerca dos procedimentos corretos a desenvolver. O

MÓDULO IV
licenciamento de atividades complementares de gestão de efluentes pecuários constitui
parte integrante do processo de autorização da exploração pecuária, nos termos do
Decreto-Lei n.º 81/2013 de 14 de junho (NREAP) e tendo em conta o Anexo I da Portaria
n.º 79/2022,de 3 de fevereiro, onde se identifica a capacidade máxima permitida para
as diferentes atividades complementares de gestão dos efluentes pecuários de acordo
com a classe da exploração pecuária.

No caso das explorações pecuárias que produzem SPA não destinados ao consumo
humano, bem como das unidades de tratamento (eliminação e/ou valorização) destes
subprodutos, para além da intervenção das estruturas do Ministério da Agricultura (DGAV, MÓDULO V
DGADR, Direções Regionais territorialmente competentes) ao nível do licenciamento e
autorizações inerentes à atividade, importa ter em conta o escrutínio das autoridades
do Ministério do Ambiente. Por exemplo as aviculturas e suiniculturas em regime de
produção intensiva, produtoras de SPA, têm que considerar: se na instalação é efetuado
o acondicionamento adequado destes subprodutos (em termos de temperatura e em
local destinado para o efeito, afastado dos locais de produção), qual a frequência
MÓDULO VI

com que os cadáveres e outros materiais (fetos, nados mortos, placentas, etc.) são
encaminhados para fora das instalações; se o destino desses materiais é licenciado para
o tratamento de SPA ou, no caso de destino alternativo para enterramento ou outro, se
existe autorização da DGAV; quais as evidências de que o meio de transporte dos SPA
está licenciado pela DGAV para o efeito, entre outros aspetos.

Assim, devem os agricultores, em particular os produtores pecuários, cumprir o previsto


em sede de licenciamento, atualizando sempre que necessário os seus procedimentos,
BIBLIOGRAFIA

de acordo com os normativos legislativos e orientações técnicas em vigor.

327
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.3.6. REGISTO DE INFORMAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO DE
RESÍDUOS E DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM AGRÍCOLA
De modo a registar toda a informação e acompanhar o processo de gestão de resíduos, foi
criado em Portugal um Sistema Integrado de Registo Eletrónico de Resíduos (SIRER). Este
sistema engloba informação sobre os sistemas de gestão de resíduos, sobre os resíduos

MÓDULO I
produzidos, tratados e transferidos. O SIRER integra ainda informação sobre subprodutos e
sobre resíduos abrangidos pelos regimes de desclassificação.
Esta plataforma eletrónica permite efetuar o registo de entidades e pessoas, a submissão
de dados, bem como a sua transmissão, consulta de informação e a sua disponibilização ao
público.

O SIRER está integrado na plataforma SILIAMB (Sistema Integrado de Licenciamento de

MÓDULO II
Ambiente) e é composto por módulos que permitem dar resposta às diferentes obrigações de
registo e reporte (figura 12).

MÓDULO III
Figura 12 - Estrutura organizativa da plataforma SILIAMB
Fonte: https://apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=84&sub2ref=212

Dentro dos módulos que compõem o SIRER, aqueles que mais importância podem ter

MÓDULO IV
para o agricultor são os seguintes:
• MIRR – Mapa Integrado de Registo de Resíduos: a preencher por produtores,
transportadores, comerciantes/corretores e operadores de tratamento de resíduos,
desde que abrangidos pela obrigação legal;
• SILOGR – Sistema de Informação de Operadores de Gestão de Resíduos: um diretório
dos operadores de tratamento de resíduos licenciados;
• e-GAR - Desmaterialização das Guias de Acompanhamento de Resíduos; MÓDULO V
• Fluxos Específicos: Registo de Produtores de Produto + Entidades Gestoras;
• Declaração de Subproduto

No entanto, para verificar se é ou não necessário que o agricultor proceda a registos


no SILiAmb é necessário ter em conta que existem várias exceções para o setor agrícola.
Por exemplo, no que respeita a resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos o
MÓDULO VI

transporte para os pontos de retoma integrados em sistemas de gestão de fluxos específicos


de resíduos está, em princípio, isento de Guia de Acompanhamento de Resíduos (GAR).

Também existem igualmente exceções no que respeita aos registos, tendo em conta
as exceções ao RGGR dos efluentes pecuários e de outros subprodutos produzidos
nas explorações pecuárias. Uma vez que estas exceções estão associadas a condições
específicas, nomeadamente quanto à origem e destino destes subprodutos, a necessidade
e procedimentos de registo devem ser analisadas casuisticamente, avaliando a necessidade
BIBLIOGRAFIA

de eventuais reportes no SILiAmb. A Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro define os vários

328
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
registos associados à gestão e ao transporte de Efluentes pecuários, outros SPA e PD (artigos
8.º, 9.º, 15.º e 16.º). Seguidamente salientam-se alguns aspetos mais relevantes sobre o que é
preconizado neste diploma legal.

Os gestores de Efluentes pecuários que produzem ou utilizam estes materiais, aquando


do processo de licenciamento (NREAP), devem apresentar um plano de gestão de efluentes

MÓDULO I
pecuários (PGEP), a aprovar pela entidade coordenadora do NREAP. Este plano deve ser
permanentemente atualizado e deve referir a estimativa dos efluentes pecuários, outros SPA e
ou PD, que se prevê produzir/utilizar, e deve incluir uma descrição das instalações pecuárias,
de armazenamento, transporte e destino dos mesmos.

Por outro lado, os produtores de EP devem comunicar anualmente, através da Declaração


de Produção e Valorização Anual (DPVA), à entidade coordenadora do NREAP a produção
de EP por espécie pecuária e a quantidade de EP encaminhada para cada tipo de destino,

MÓDULO II
devendo indicar no caso da valorização agrícola na exploração as áreas valorizadas e a sua
georeferenciação e a quantidade de EP valorizado. Por outro lado devem ser feitos registos
no caderno de campo, sendo os mesmos obrigatórios no caso, por exemplo, de explorações
autorizadas a efetuar valorização agrícola de EP em quantidade superior a 200T ou m3.

Em termos de registo é também importante referir os registos associados ao transporte de


EP e de outros SPA e PD, quer pelas entidades de origem, quer pelos transportadores quer
pelos destinatários. Salvo as exceções previstas na legislação, ao transporte destes produtos

MÓDULO III
deve estar associada uma guia eletrónica de transporte de efluentes pecuários (e-GTEP), no
caso dos EP, e uma Guia eletrónica de outros subprodutos animais (e-GAS).

Em resumo, quer no caso dos resíduos, quer no caso dos EP e outros SPA e PD, estão
previstos registos nas várias fases da sua gestão e ao nível dos diversos intervenientes, o que
apresenta importância fulcral para o controlo e planeamento das políticas e ações de proteção
do ambiente da saúde pública.
LEGISLAÇÃO RELEVANTE

MÓDULO IV
Quadro de legislação (Ponto V.3.)
TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA
Decreto-Lei n.º
Gestão de
239/97, de 9 de https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/239-1997-644295
Resíduos
setembro
Decreto-Lei n.º
178/2006, de 5
de setembro
https://dre.pt/application/conteudo/540016
MÓDULO V
Regime Geral
Gestão Resíduos Decreto-Lei n.º
73/2011, de 17 https://dre.pt/application/conteudo/670034
de junho
Novo Regime Decreto-Lei n.º
Geral Gestão 102-D/2020 de https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/102-d-2020-150908012
MÓDULO VI

Resíduos 10 de dezembro
Regime Exercício Decreto-Lei n.º
https://dre.pt/application/dir/
Atividade 214/2008, de 10
pdf1sdip/2008/11/21800/0782007854.pdf
Pecuária de novembro
Novo Regime
Decreto-Lei n.º
Exercício https://dre.pt/application/dir/
81/2013, de 14
Atividade pdf1sdip/2013/06/11300/0330403329.pdf
de junho
BIBLIOGRAFIA

Pecuária

329
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Quadro de legislação (Ponto V.3.)

TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA

Portaria n.º

MÓDULO I
42/2015 de 19 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/42-2015-66536462
de fevereiro

Portaria n.º
634/2009, de 9 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/634-2009-494528
de junho

Portaria n.º

MÓDULO II
635/2009, de 9 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/635-2009-494529
de junho

Diplomas legais Portaria n.º


complementares 636/2009, de 9 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/636-2009-494530
ao NREAP de junho

Portaria n.º
637/2009, de 9 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/637-2009-494515

MÓDULO III
de junho

Portaria n.º
79/2022 de 3 de https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/79-2022-178602023
fevereiro

Decreto-Lei n.º
33/2017, de 23 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/33-2017-106647823

MÓDULO IV
de março

Gestão de Regulamento
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/pt/
Subprodutos (CE) nº
TXT/?uri=CELEX%3A32009R1069
Animais 1069/2009

Decreto-Lei n.º
https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-/search/67185043/details/
75/2015, de 11
normal?l=1
de maio
Licenciamento
Único Ambiental
Agência MÓDULO V
Portuguesa do https://www.apambiente.pt/index.php?ref=17&subref=1262
Ambiente

V.4. GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS


MÓDULO VI

A preocupação com a preservação ambiental tem sido, cada vez mais, o foco principal
em debates sobre os procedimentos mais adequados para minimizar os impactes que as
atividades rurais ou urbanas podem causar no ambiente. De entre estes impactes, a produção
de resíduos é aquela que maior apreensão tem causado, uma vez que praticamente todas as
atividades económicas produzem algum tipo de resíduo.

Inicialmente a gestão dos vários tipos de resíduos consistia na recolha indiferenciada e


BIBLIOGRAFIA

na sua queima ou deposição em cursos de água, nos oceanos ou em lixeiras a céu aberto.

330
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
No entanto, o aumento da produção de resíduos, a diminuição dos locais de deposição e
a crescente pressão por parte da opinião pública, em conjunto com a significativa evolução
tecnológica, a integração de novos materiais na composição dos resíduos e a evolução de
políticas nacionais e internacionais, veio exigir uma nova abordagem à gestão dos resíduos.

MÓDULO I
Esta nova abordagem visa uma integração dos processos de gestão de resíduos, com
vista à preservação dos recursos e da saúde pública, à diminuição dos riscos ambientais e à
responsabilização dos diferentes agentes envolvidos, podendo também contribuir para uma
redução de custos operacionais.

V.4.1. CONCEITO

MÓDULO II
Existem duas abordagens para analisar o conceito de Gestão Integrada de Resíduos1:

1) Uma abordagem onde se estabelecem, em termos teóricos, linhas orientadoras para


uma gestão de resíduos diferenciada e sustentável;

2) Uma abordagem relacionada com a articulação entre diferentes intervenientes no


processo de gestão de resíduos e os aspetos legais a ele subjacentes, nomeadamente

MÓDULO III
no que diz respeito à atribuição de responsabilidade pela sua gestão.

ABORDAGEM 1

Esta abordagem integra um conjunto de metodologias, cujo principal objetivo é reduzir


a produção e eliminação de resíduos, bem como melhorar o seu acompanhamento durante
todo o ciclo produtivo. Tem como finalidade reduzir o volume de resíduos na origem e gerir a

MÓDULO IV
sua produção, procurando atingir um equilíbrio entre a necessidade de produção de resíduos
e o seu impacte ambiental. Assenta no conceito da Hierarquia das operações de gestão
(figura 13).

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 13 - Conceito da Hierarquia das Opções de Gestão de Resíduos | Fonte: Lopes, 2010

De acordo com este conceito, a Prevenção e a Redução surgem no topo de uma pirâmide
invertida. Estas são as etapas de maior importância e às quais se deve dar primazia, seguindo-
se depois a Reutilização. No caso de não ser possível reutilizar deve-se optar pela Reciclagem
ou outra forma de Valorização. A Eliminação deve ser encarada como a última opção de
1 Neste contexto consideramos os resíduos em termos genéricos, ou seja, como “quaisquer substâncias ou
BIBLIOGRAFIA

objetos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção de se desfazer”

331
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
gestão. Este princípio visa a minimização de deposição em aterro sanitário ou no meio
envolvente de resíduos que apresentem potencial de reciclagem e valorização.

Assim, as diferentes opções de gestão aplicadas no conceito da Hierarquia da gestão de


resíduos são:

MÓDULO I
i) Prevenção/Redução:

A prevenção e/ou redução da produção de resíduos é a estratégia mais importante das


opções de gestão, na medida em que ao evitar a produção de determinados resíduos
se está a contribuir para a diminuição dos seus impactes ambientais. Neste sentido, os
resíduos devem ser minorados ou evitados nos próprios locais onde são gerados, através
de práticas que tendam a diminuir as quantidades produzidas na sua globalidade e/ou

MÓDULO II
das substâncias potencialmente poluentes que os integram.

Apesar da prevenção e da redução aparecerem ambas no topo da hierarquia e de


aparentemente traduzirem conceitos semelhantes, apresentam significados diferentes.
A prevenção define-se como todo o género de atividades, ou grupo de atividades,
que têm como finalidade evitar consequências nefastas tanto para a saúde, como para
o ambiente, provenientes dos resíduos. Por outro lado, a redução entende-se pela

MÓDULO III
diminuição da quantidade e/ou perigosidade dos resíduos produzidos, geralmente no
local onde são gerados. De certa forma, o conceito de prevenção engloba o conceito
de redução.

A utilização de tecnologias mais “limpas” e de boas práticas ao nível tecnológico, de


processos que utilizem menos matérias-primas e o desenvolvimento de produtos de
longa duração ou de produtos cuja utilização gere menos resíduos, constituem algumas

MÓDULO IV
das formas que permitem uma redução da produção de resíduos.

Só será possível alcançar a prevenção / redução da produção de resíduos através de


políticas que promovam o fabrico de bens de duração mais longa, como por exemplo
as embalagens reutilizáveis, ou a redução das embalagens ao estritamente essencial.
Os materiais a utilizar na produção deverão ser criteriosamente selecionados de forma
a prevenir impactes ambientais negativos. Ou seja, dever-se-á optar por materiais que,
não só requeiram menor consumo de matérias-primas e recursos energéticos, como
também que originem, no final do ciclo produtivo, resíduos cujo tratamento e deposição MÓDULO V
final se possam realizar de forma viável e ambientalmente segura, o que envolve um
planeamento cuidado da produção.

ii) Reutilização:

A reutilização consiste na reintrodução, sem alterações significativas, de substâncias,


MÓDULO VI

objetos ou produtos nos circuitos de produção ou de consumo de forma a evitar a


produção de resíduos. Ou seja, este processo prende-se com a utilização de alguns dos
componentes dos resíduos ou dos produtos considerados resíduos para fins idênticos
ou semelhantes aos da sua utilização original, sem que, para tal, haja necessidade de
alterar as suas características físicas e químicas.

O processo de reutilização inclui a recolha, limpeza/lavagem e reutilização propriamente


BIBLIOGRAFIA

dita do resíduo, como acontece, por exemplo, com as garrafas de vidro ou de leite com

332
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
depósito, com a reintrodução nos sistemas de lavagem de algumas águas sujas geradas
nas explorações pecuárias e com a reincorporação dos lixiviados da compostagem nos
resíduos submetidos a este tratamento, nas fases iniciais do processo. Uma outra forma
de reutilização consiste na utilização do resíduo ou componente do resíduo com outra
finalidade que não a inicial, como é o caso da colocação de pneus sobre a cobertura

MÓDULO I
dos silos.

iii) Reciclagem:

Na gestão de resíduos, a reciclagem é uma componente necessária. Se devidamente


concebida, pode originar benefícios económicos e sociais significativos, nomeadamente
a poupança no consumo de recursos ou de espaço em aterro, a redução da poluição,

MÓDULO II
o aumento da eficiência de outros processos como a compostagem ou a combustão.
Confere, além disso, aos cidadãos um papel ativo na melhoria da qualidade do ambiente.

O processo de reciclagem implica a transformação química ou física dos resíduos ou


dos seus componentes. A reciclagem de alguns componentes dos resíduos, de modo
a obter matérias-primas secundárias, permite economizar o recurso a matérias-primas
virgens.

MÓDULO III
iv) Valorização:

O processo de valorização pode assumir as seguintes vertentes: valorização material,


valorização agrícola, valorização orgânica e valorização energética.

A forma mais evidente de valorização material corresponde à reciclagem referida no


ponto anterior. Efetivamente, muitos resíduos consubstanciam materiais que podem

MÓDULO IV
ser recuperados e de novo integrados nos circuitos de mercado, tal como acontece,
por exemplo, com metais recuperados a partir de resíduos de equipamentos elétricos
e eletrónicos (REEE), de veículos em fim de vida (VFV), com o papel e cartão, com o
plástico recuperado a partir de resíduos de embalagens ou com a borracha recuperada
de pneus em fim de vida útil.

A valorização agrícola está associada à aplicação de resíduos diretamente ao solo, como


adubos e/ou corretivos, contribuindo para o aumento do teor de matéria orgânica dos
solos, com todas as vantagens que daí advêm a nível, por exemplo, da fertilidade dos MÓDULO V
solos e do aumento da sua capacidade de retenção de água.

Na valorização orgânica ocorre a transformação da fração orgânica presente nos


resíduos, dando origem a um composto que pode ser utilizado na agricultura ou a
biogás, com diversas aplicações.
MÓDULO VI

A valorização energética consiste na recuperação de energia dos resíduos, através de


processos de incineração, coincineração ou combustão, consistindo esta última na
produção de energia através da combustão de gases produzidos por aqueles materiais.

Ao longo dos anos têm emergido outras técnicas de valorização de resíduos, baseadas
em processos biotecnológicos ou biológicos. Os conteúdos polifenólicos de alguns
dos resíduos agroalimentares e a sua atividade antioxidante revelam o potencial de
BIBLIOGRAFIA

alguns materiais para aplicação nas indústrias farmacêutica e cosmética.

333
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Como vimos anteriormente, muitos destes produtos orgânicos que resultam dos
processos de produção e que não constituem o objetivo da produção, podem ser
considerados subprodutos e não resíduos, uma vez que podem ser utilizados sem serem
alvo de uma transformação adicional, podendo vir a integrar um processo produtivo
subsequente.

MÓDULO I
v) Eliminação:

A deposição em aterro sanitário, foi a principal forma de eliminação a que se recorreu


no passado, mas que neste momento já não faz sentido considerar como opção. A
deposição em aterro que enfrenta crescentes barreiras legislativas, designadamente
por via da Diretiva Aterros (Diretiva 2018/850 do Parlamento Europeu e do Conselho) e

MÓDULO II
das Normas exigentes que esta estabelece num futuro muito próximo e que apontam
no sentido da redução em grande escala da deposição em aterro de todos os resíduos
adequados para reciclagem ou outra valorização energética ou de materiais.

Na deposição em aterro, através dos processos biológicos, a fração biodegradável


dos resíduos é decomposta, neutralizada e estabilizada dando origem a um material
essencialmente inerte. No entanto, com o decorrer da decomposição, são formados

MÓDULO III
lixiviados e são libertados gases com efeito de estufa, como metano e dióxido de
carbono, motivo pelo qual a deposição de resíduos em aterro sanitário deve ser vista
como a última opção na hierarquia das opções de gestão de resíduos e só se deverá
realizar quando não houver a possibilidade de se aplicarem as alternativas anteriormente
discriminadas. Por esse motivo, a título exemplificativo, até 2035 irá ser limitada a 10 %
a quantidade de resíduos urbanos depositados em aterros.

MÓDULO IV
ABORDAGEM 2

De acordo com esta abordagem, o foco centra-se na gestão integrada de resíduos, entendida
como um modo de conceber, implementar e articular – de forma integrada e sistemática –
diversos procedimentos da sua gestão, os quais tocam aspetos ambientais, socioeconómicos,
tecnológicos e legais. Isto significa articular políticas e atores de várias áreas envolvendo a
legislação e as comunidades; reunir recursos; e identificar soluções e tecnologias adequadas

MÓDULO V
às realidades de cada caso.

Os fluxos específicos de resíduos são categorias de resíduos que, pela quantidade


produzida e/ou pelas suas propriedades, têm uma gestão diferenciada dos restantes resíduos,
desde a sua origem até ao seu destino final.

A gestão de fluxos específicos de resíduos é concretizada através de sistemas de gestão


licenciados para o efeito. O produtor/embalador/distribuidor que coloca o produto no
MÓDULO VI

mercado fica obrigado a submeter a gestão dos resíduos a um sistema individual, a transferir
a sua responsabilidade para um sistema integrado, ou a celebrar acordos voluntários com a
APA para o efeito.

Uma vez identificados os fluxos específicos de resíduos, é importante integrar atores


e metodologias para o seu melhor destino. No âmbito de um sistema integrado, a
responsabilidade do produtor do bem é transferida para uma entidade gestora do fluxo
BIBLIOGRAFIA

em causa, mediante o pagamento de prestações financeiras (ou eco valor) pelos produtos

334
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
colocados no mercado.

Esta integração entre diferentes operadores / sistemas produtivos promove a partilha de


responsabilidades na gestão dos resíduos pelos vários intervenientes no ciclo de vida do
produto, desde a sua origem até ao seu destino final. Atualmente existem alguns sistemas

MÓDULO I
integrados de gestão para fluxos específicos de resíduos, no âmbito dos quais o produtor, o
embalador ou o importador podem optar por transferir a sua responsabilidade pela gestão
do resíduo para uma das entidades gestoras licenciadas, que operam no âmbito do respetivo
sistemas integrado de gestão.

Quer isto dizer que, no caso de não ser possível tratar/valorizar um determinado resíduo
ou se tal não se revelar economicamente viável é possível ao agricultor recorrer a entidades

MÓDULO II
licenciadas para a gestão dos resíduos produzidos nas explorações agrícolas. Não havendo
possibilidade de integrar os resíduos na própria exploração, como vimos anteriormente no
caso da reutilização de resíduos ou da valorização de resíduos orgânicos, o encaminhamento
para as entidades licenciadas para a gestão de determinados fluxos específicos de resíduos
vai ao encontro dos princípios da Economia Circular, uma vez que através destes sistemas será
possível prolongar o ciclo de vida ou contribuir para o “fecho de ciclo” de alguns materiais,
que é o que se pretende num modelo produtivo sustentável.

MÓDULO III
O recurso a estas entidades gestoras de resíduos confere algum grau de conforto aos
agricultores, na medida em que assegura um destino adequado para os resíduos produzidos.

Algumas das entidades gestoras licenciadas pela APA no âmbito dos diferentes sistemas
integrados de gestão de resíduos e que podem interessar aos agricultores são:

• Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos de Embalagens (SIGRE):

MÓDULO IV
• Sociedade Ponto Verde (Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens, S.A);

• Novo Verde (Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens, S.A);

• Electrão (Associação Portuguesa de Gestão de Resíduos).

• Sistema Integrado de Embalagens e Resíduos de Embalagens e Medicamentos


(SIGREM):
MÓDULO V
• VALORMED (Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos,
Lda.).

• Sistema Integrado de Embalagens e Resíduos de Embalagens em Agricultura


(VALORFITO):

• SIGERU (Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos em Agricultura,


MÓDULO VI

Lda.).

• Sistema Integrado de Gestão de Óleos Novos e Óleos Usados (SIGOU):

• SOGILUB (Sociedade de Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda.).

• Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados (SGPU):


BIBLIOGRAFIA

• VALORPNEU (Sociedade de Gestão de Pneus, Lda.).

335
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
• Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos
(SIGREEE):

• WEEECYCLE (Associação de Produtores de Equipamento Elétricos e Eletrónicos);

• Eletrão (Associação de Gestão de Resíduos);

MÓDULO I
• ERP Portugal (Associação Gestora de Resíduos).

• Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Pilhas e Acumuladores (SIGRPA) e


Baterias e Acumuladores (SIGRBA):

• ERP Portugal (Associação Gestora de Resíduos);

MÓDULO II
• Eco pilhas (Sociedade Gestora de Resíduos de Pilhas e Acumuladores, Lda.);

• Eletrão (Associação de Gestão de Resíduos);

• VALORCAR (Sociedade de Gestão de Veículos em Fim de Vida, Lda.);

• GVB (Gestão e Valorização de Baterias, Lda.).

MÓDULO III
• Sistema Integrado de Gestão de Veículos em Fim de Vida (SIGVFV):

• VALORCAR (Sociedade de Gestão de Veículos em Fim de Vida, Lda.).

A introdução de sistemas integrados de gestão de resíduos agrícolas ao nível nacional


passa pela prévia definição de uma estratégia política e da elaboração da correspondente base
legislativa. Embora alguns resíduos agrícolas se possam enquadrar nos sistemas integrados de
gestão associados aos fluxos específicos de resíduos já implementados, é necessário continuar

MÓDULO IV
a desenvolver trabalho para dar resposta às necessidades específicas do setor agrícola, uma
vez que este setor engloba uma diversidade considerável de resíduos, muitos deles carecendo
de soluções viáveis em termos de destino.

Assim, as iniciativas voluntárias de âmbito local/regional, promovidas pelos diversos


operadores envolvidos nesta problemática, funcionam como um incentivo para o processo
e orientam futuras respostas políticas para soluções mais adequadas de gestão dos resíduos

MÓDULO V
agrícolas, ou seja, ambientalmente eficazes, operacionalmente exequíveis e economicamente
eficientes.

Em toda a Europa, a procura por um sistema de soluções que permitisse efetivar as


responsabilidades dos agricultores na gestão dos seus resíduos, resultou na estruturação de
Sistemas Integrados de Gestão de fluxos específicos de resíduos que recorrem a diferentes
modelos.
MÓDULO VI

De seguida, apontam-se alguns modelos de gestão já implementados:

i) Modelo de Gestão assente no desenvolvimento de sistemas de gestão especializados


para alguns fluxos agrícolas, complementado com a utilização de infraestruturas
municipais de gestão de resíduos

Existem países europeus, tais como a Alemanha e Holanda, cuja estratégia assentou
BIBLIOGRAFIA

na estruturação de sistemas integrados de gestão para um ou mais fluxos de resíduos,

336
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
principalmente os Filmes Plásticos e as Embalagens Residuais de Agroquímicos,
em conjugação com a utilização de infraestruturas municipais para os resíduos não
abrangidos e com características similares aos resíduos sólidos urbanos (RSU’s),
nomeadamente pneus usados, baterias, etc.

MÓDULO I
ii) Modelo de Gestão assente no desenvolvimento de sistemas de gestão especializados
apenas para alguns fluxos agrícolas

Em países como a França e a Irlanda, foram estruturados sistemas integrados de gestão


para alguns fluxos de resíduos agrícolas sem, no entanto, definir esquemas formais de
recolha para os restantes fluxos.

iii) Modelo de gestão de resíduos agrícolas assente apenas na utilização das infraestruturas

MÓDULO II
municipais de gestão de resíduos

Esta abordagem assenta na utilização das infraestruturas municipais para a recolha


dos resíduos provenientes do sector agrícola, tendo sido adotada por exemplo na
Dinamarca e Finlândia.

O conceito de gestão integrada, pode abranger vários operadores, mas também tem

MÓDULO III
subjacente a integração de diferentes tecnologias face a certos resíduos/subprodutos, de
forma a proceder à sua valorização, retirando o máximo valor destes produtos, de forma a
conduzir a consumos mais baixos de fatores de produção e à implementação do conceito de
circularidade, tal como se explicita seguidamente.

V.4.2. FASES DAS OPERAÇÕES DE GESTÃO DE RESÍDUOS

MÓDULO IV
Depois de entender as opções de gestão e os princípios de uma gestão integradora de
resíduos, é importante conhecer quais são as etapas do próprio processo de gestão de resíduos.
Estas etapas, retratadas de uma forma resumida e esquematizada na Figura 14 compreendem
a recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação (bem como
as operações de descontaminação de solos/águas).

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 14 - Fluxos/Etapas da gestão de resíduos | Fonte: Fitas da Cruz, 2020

O processo de gestão de resíduos inicia-se pela recolha (seletiva ou indiferenciada) de


resíduos com vista ao seu transporte, seguida de um processo de triagem caso seja necessário
BIBLIOGRAFIA

e viável. Após esta operação, os resíduos deverão ser transferidos para um local destinado ao

337
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
seu armazenamento ou diretamente para os locais de tratamento, em função das características
e do tipo de resíduos.

A operação de armazenagem consiste na deposição controlada de resíduos antes do seu


tratamento e por prazo determinado. Os resíduos podem ser depositados, por um período

MÓDULO I
máximo determinado, nas instalações onde são produzidos, a fim de serem transportados
e tratados em local apropriado. No caso dos resíduos de embalagens e de excedentes de
produtos fitofarmacêuticos, esta armazenagem nas explorações agrícolas obedece a regras
que o agricultor terá obrigatoriamente de cumprir.

A última etapa de gestão está relacionada com o destino final que é dado aos resíduos
através do seu tratamento. Este processo consiste nas diferentes operações de valorização

MÓDULO II
ou eliminação, incluindo também a preparação prévia que alguns resíduos necessitam. Ou
seja, alguns resíduos necessitam de ser sujeitos a um tratamento (mecânico, físico, químico ou
biológico) para que possam posteriormente ser valorizados ou eliminados.

Da operação de valorização resulta um subproduto transformado e habilitado para poder


ser incorporado num processo produtivo, podendo ser designado, numa ótica de Economia
Circular, por matéria-prima secundária (caso, por exemplo, do papel ou de alguns tipos de

MÓDULO III
plásticos).

V.4.3. EXEMPLOS DE SISTEMAS DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS/


SUBPRODUTOS DE ORIGEM AGRÍCOLA
De acordo com o conceito de gestão integrada de resíduos, existem algumas explorações
que têm vindo a adotar sistemas de gestão que integram na totalidade toda a diversidade e

MÓDULO IV
potencial de valorização de alguns resíduos/subprodutos durante a sua atividade. Está claro
que nem todos os empresários têm possibilidades de desenvolver este tipo de sistemas nas
suas explorações. Esta eventual impossibilidade pode ser devida à incapacidade de tratar
determinados resíduos/subprodutos (estruturas de armazenamento, equipamentos para
tratamento, conhecimento tecnológico, etc.) ou aos reduzidos volumes produzidos destes
materiais, o que não permite a viabilidade económica do seu tratamento.

No entanto, ainda que não seja possível desenvolver em todas as explorações um sistema MÓDULO V
“ideal” de gestão que integre todos os resíduos/subprodutos numa ótica circular e sustentável
– é fundamental que o agricultor perceba a importância da adoção e implementação deste
tipo de conceitos ao longo do seu processo produtivo. Para tal deve articular as lacunas do seu
sistema com a disponibilidade de serviços prestados por entidades externas que proporcionem
a valorização material, agrícola, orgânica ou energética dos resíduos/subprodutos gerados na
exploração agrícola.
MÓDULO VI

A figura 15 apresenta um sistema integrado de gestão de efluentes pecuários, desenhado


para uma exploração na ilha da Madeira.

Neste sistema, os efluentes pecuários gerados na instalação de suínos – na qual já tinham


sido desenvolvidas algumas boas práticas para a redução da produção de efluentes pecuários
e outros resíduos (limpeza com utilização de água sob pressão, bebedouros do tipo tetina
BIBLIOGRAFIA

com taça, dietas equilibradas, pisos adaptados, etc.) – são encaminhados diretamente para

338
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 15 - Sistema de Gestão Integrada de Efluentes pecuários em exploração de suínos na ilha da Madeira
Fonte: Marques, Ferreira e Cruz, 2004

um biodigestor, para valorização através da produção de biogás. Este biogás é utilizado para

MÓDULO III
aquecimento de águas e da própria instalação. O material que fica no biodigestor, após o
processo, depois de passar num separador de sólidos, é valorizado de duas formas: a fração
sólida é submetida a um processo de compostagem, para posterior aplicação nos solos; a
fração líquida sofre um processo de lagunagem, permitindo a utilização da água, depois de
devidamente tratada, em sistemas de rega.

Este exemplo demonstra na perfeição aquilo que se pretende com a implementação do

MÓDULO IV
conceito de integração na gestão dos subprodutos pecuários. Neste exemplo, os efluentes
pecuários que poderiam ser simplesmente depositados em sistemas de lagunagem para
efetuar o seu tratamento, são encaminhados para um biodigestor onde é produzido biogás, o
que permite suprir algumas das necessidades de aquecimento e, consequentemente, diminuir
a fatura anual de energia da instalação. Esta exploração ainda vai mais além, uma vez que, do
material que fica no biodigestor após produção do biogás é feita uma separação da fração
sólida e líquida. A fração sólida é valorizada pelo processo de compostagem, o qual permitirá
a sua utilização como fertilizante orgânico nos terrenos agrícolas, e a fração líquida, agora sim,
é submetida a um processo de lagunagem que apresenta uma eficiência bastante superior, MÓDULO V
uma vez que as águas se encontram muito menos contaminadas.

Existem também outros exemplos que permitem perceber como se pode efetuar uma
gestão integrada de resíduos/subprodutos dentro das limitações das próprias empresas.
Atualmente, muitas empresas de produção e processamento de azeitona (olival e lagar) iniciam
o seu processo de circularidade pela manutenção no solo dos ramos e folhas resultantes do
MÓDULO VI

processo de poda.

Ao nível do lagar numa exploração agrícola, posteriormente ao processo de limpeza da


azeitona, as folhas são valorizadas através de um processo de compostagem ou aplicação direta
no solo. Do processamento da azeitona, as águas de lavagem (sob pressão) são armazenadas e
reutilizadas para rega e os bagaços, embora possam ser utilizados num complexo processo de
compostagem, na sua maioria são encaminhados para unidades de processamento específico
BIBLIOGRAFIA

deste material.

339
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Estes exemplos permitem compreender que, embora não seja possível ao empresário
efetuar uma gestão integradora de todos os resíduos/subprodutos resultantes do processo
produtivo, deve existir a preocupação de: (i) reduzir a sua produção através da adoção de boas
práticas de gestão eficiente de recursos; (ii) dar o melhor destino possível aos resíduos através
de práticas de valorização mais adequadas; e (iii) no caso dos resíduos que ultrapassam a

MÓDULO I
vocação e a capacidade da exploração agrícola, recorrer a operadores licenciados para a
gestão dos mesmos.

V.4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Num período em que atravessamos uma grande pressão para fazermos face às alterações

MÓDULO II
climáticas e para não pormos em causa a sustentabilidade do planeta Terra, a necessidade
de encontrar soluções que promovam a preservação dos recursos, a diminuição dos riscos
ambientais e a responsabilização dos diferentes agentes envolvidos é imperativa.

A gestão integrada de resíduos é uma estratégia fundamental que o agricultor tem à sua
disposição para contribuir para pôr em prática o conceito de economia circular.

LEGISLAÇÃO RELEVANTE

MÓDULO III
Quadro de legislação (Ponto V.4.)

TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA

Diretiva 2018/850
Resíduos em do Parlamento https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/

MÓDULO IV
Aterros Europeu e do PDF/?uri=CELEX:32018L0850&from=EN
Conselho

https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada/-/
Decreto-Lei n.º
lc/132506099/202005201442/exportPdf/normal/1/
152-D/2017, de
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11 de dezembro
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Regime Lei n.º 52/2021,


https://dre.pt/dre/detalhe/lei/52-2021-169360995
MÓDULO V
Unificado de 10 de agosto
dos Fluxos
Específicos de Agência
Resíduos Portuguesa do https://apambiente.pt/residuos/fluxos-especificos-de-residuos
Ambiente

Agência
Portuguesa do https://apambiente.pt/residuos/fluxos-especificos-de-residuos-0
MÓDULO VI

Ambiente

V.5. GESTÃO DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS E DE SUBPRODUTOS DE


ORIGEM VEGETAL
Neste capítulo iremos abordar os procedimentos associados à gestão dos resíduos, bem
BIBLIOGRAFIA

como dos subprodutos de origem vegetal, com origem nas explorações agrícolas.

340
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.5.1. GESTÃO DOS RESÍDUOS AGRÍCOLAS
A agricultura gera quantidades consideráveis de resíduos durante todo o ciclo de cada
campanha. Neste capítulo iremos abordar os resíduos agrícolas, enquadrados no RGGR, que
na sua grande maioria resultam da utilização de fatores de produção.

MÓDULO I
De acordo com o referido no Ponto V.3., os resíduos agrícolas dizem respeito sobretudo a
fatores de produção entretanto aplicados e em fim de vida útil, tais como resíduos resultantes
da aplicação de produtos fitofarmacêuticos (excedentes/embalagens), plásticos (fitas de
rega, estufas/estufins, coberturas), papel/cartão e materiais associados às máquinas agrícolas
(pneus, óleos, etc.), entre outros.

MÓDULO II
De uma forma empírica, poderemos dizer que apenas são considerados resíduos os
produtos que não voltam a ser utilizados. Desta forma existem produtos que o agricultor
considera resíduo, mas que na verdade, se forem reutilizados, valorizados ou reciclados na
exploração deixam de ser considerados como tal.

Embora de acordo com a legislação em vigor, o produtor dos resíduos seja responsável
pelo seu destino final, a deficiente ou insuficiente gestão destes materiais, no que respeita
ao seu destino constitui uma preocupação atual, devido aos impactes no meio ambiente que

MÓDULO III
estes podem causar, no curto ou longo prazo. Neste sentido, todos estes produtos devem ser
alvo de uma gestão própria e de um destino adequado, em função das suas características,
que contemple todas as etapas e procedimentos adequados de recolha, transporte,
armazenamento, tratamento, valorização e eliminação, de modo a não constituírem perigo ou
causar prejuízo para a saúde humana ou para o ambiente.

Os processos de recolha na exploração e de transporte de resíduos devem ser feitos, de

MÓDULO IV
acordo com as orientações dos sistemas de gestão nos quais se enquadram, devendo ser
encaminhados para sistemas de gestão que preferencialmente promovam a sua reutilização,
reciclagem ou valorização, e apenas em último caso a sua eliminação.

A eliminação de resíduos deve ser sempre evitada, no entanto, no caso de não existirem
alternativas, este processo deve ser gerido apenas por entidades/instalações autorizadas
e capacitadas para tal. As entidades licenciadas para a gestão dos fluxos específicos de

MÓDULO V
resíduos que podem interessar aos agricultores encontram-se listadas no Ponto V.4. (sistemas
integrados de gestão de resíduos). No site destas entidades encontra-se informação detalhada
sobre os procedimentos e especificações relativamente à gestão dos resíduos enquadrados
na sua atividade.

Em suma, a gestão de resíduos visa, por um lado, prevenir e reduzir a sua produção e
nocividade, nomeadamente através da reutilização e da alteração de processos produtivos;
MÓDULO VI

e, por outro, assegurar o melhor encaminhamento destes produtos, através de processos de


reutilização, reciclagem e valorização.

V.5.1.1. ARMAZENAMENTO E ENCAMINHAMENTO PELO AGRICULTOR

O armazenamento adequado é a primeira etapa do processo de gestão de resíduos e que


talvez maior importância apresenta, na medida que permite iniciar o processo de tratamento
BIBLIOGRAFIA

e valorização dos diferentes resíduos através da sua separação e limpeza.

341
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
O armazenamento na exploração agrícola deve ser temporário e concentrar todos os resíduos
num local adequado, de acordo com as recomendações ou obrigações de armazenamento
para cada tipo de resíduo. Quando o período de armazenamento é igual ou superior a um
ano, é obrigatório requerer o licenciamento ao abrigo do Decreto-Lei n.º 102-D/2020 de 10
de dezembro.

MÓDULO I
O armazenamento dos resíduos produzidos nas instalações agrícolas e que aguardam
encaminhamento para destino final, deve ser efetuado em estruturas construídas para o efeito
ou, em alguns casos, em contentores/recipientes especificamente dedicados a essa finalidade.
O seu manuseamento deve ser feito de modo a impedir a ocorrência de qualquer derrame ou
fuga, evitando situações que possam prejudicar a saúde dos operadores ou de contaminar o
solo, a água e/ou a atmosfera. Estas áreas devem ser adaptadas e apresentar determinadas

MÓDULO II
características em função do tipo de resíduo a armazenar. São exemplos destas adaptações
os pisos impermeabilizados, as coberturas, as bacias de retenção, as redes de drenagem, etc.

Para além disso, as estruturas de armazenamento devem respeitar, de igual forma, as


condições de segurança relativas às características que conferem perigosidade aos resíduos,
de modo a não provocar qualquer dano para o ambiente nem para a saúde humana,
designadamente por meio de incêndio ou explosão.

MÓDULO III
O armazenamento de produtos fitofarmacêuticos nas explorações agrícolas deve ser feito
em local isolado e fechado, exclusivamente dedicado ao armazenamento destes produtos,
devidamente sinalizado, com piso impermeável, afastado de fontes de ignição e com ventilação
adequada. Estas instalações devem cumprir o estabelecido na Parte B do Anexo I da Lei
26/2013 de 11 de abril, tal como referido anteriormente. A necessidade de cumprimento
destas condições de armazenamento é também referida ao nível da Condicionalidade, no

MÓDULO IV
tópico das Boas Condições Agrícolas e Ambientais (BCAA), aplicáveis a todos os agricultores
que recebem apoios comunitários diretos.

As obrigações relativas à gestão de resíduos de produtos fitofarmacêuticos definidas no


âmbito das boas condições agrícolas e ambientais têm como suporte legislativo o Decreto-Lei
nº 187/2006 de 19 de setembro, que estabelece as condições e procedimentos de segurança
no âmbito dos sistemas de gestão de resíduos de embalagens e de resíduos de excedentes
de produtos fitofarmacêuticos. De acordo com este Decreto-Lei, entende-se por:

• Resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos - as embalagens vazias de MÓDULO V


produtos fitofarmacêuticos;

• Resíduos de excedentes de produtos fitofarmacêuticos - os produtos fitofarmacêuticos


inutilizáveis contidos em embalagens já abertas que existam armazenadas no utilizador
final, bem como os produtos fitofarmacêuticos cuja autorização de venda e prazo para
esgotamento de existências, incluindo ao nível do utilizador, tenha já expirado (produtos
MÓDULO VI

obsoletos).

Assim, os agricultores que detenham, na sua exploração agrícola, resíduos de


embalagens de produtos fitofarmacêuticos e/ou resíduos de excedentes de produtos
fitofarmacêuticos devem relativamente aos:
Resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos (embalagens vazias):
BIBLIOGRAFIA

• Fazer a sua recolha e concentração; guardá-los, sempre que a sua dimensão o

342
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
permita, nos sacos de recolha que são fornecidos no ato de venda;
• Guardar os sacos de recolha que contêm os resíduos de embalagens nos espaços
destinados ao armazenamento dos produtos fitofarmacêuticos em uso mas
separados destes.

MÓDULO I
Resíduos de excedentes de produtos fitofarmacêuticos (produtos obsoletos):
• Fazer a sua recolha e concentração;
• Manter os resíduos de excedentes na embalagem original que deve manter
o rótulo intacto. A embalagem deve encontrar-se fechada de modo a evitar
derrames ou mistura com outros produtos fitofarmacêuticos;
• Guardar os resíduos de excedentes nos espaços destinados ao armazenamento

MÓDULO II
dos resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos, assegurando que
estão separados dos produtos fitofarmacêuticos em uso.

Para além destas orientações gerais, o agricultor deve seguir as orientações do sistema de
gestão integrada, que no caso das embalagens de resíduos dos produtos fitofarmacêuticos é
a Valorfito, designadamente:

MÓDULO III
• Todas as embalagens rígidas com capacidade inferior a 25 litros e que tenham contido
um produto para aplicar em forma de calda, devem ser triplamente lavadas aquando
da última utilização, devendo as águas de lavagem ser utilizadas para completar a calda
de pulverização. As restantes devem ser esvaziadas do seu conteúdo e acondicionadas
como tal. A indicação do procedimento a seguir, nomeadamente se deve ou não ser
efetuada a operação de tripla lavagem está indicada no rótulo da embalagem.

MÓDULO IV
• As embalagens rígidas de capacidade inferior a 25 litros devem ser colocadas nos
sacos Valorfito, retirando a tampa, que deve também ser colocada no mesmo saco.
É aconselhável comprimir as embalagens antes de as colocar no saco de forma a
economizar espaço. As embalagens devem ser armazenadas na exploração agrícola,
em condições de segurança, no mesmo espaço dos produtos fitofarmacêuticos, bem
limpas e lavadas e sem quaisquer restos de produto ou a escorrer.

O Valorfito disponibiliza sacos próprios para o acondicionamento e armazenamento


temporário de embalagens vazias. Os sacos Valorfito são fornecidos em regime de caução, MÓDULO V
isto é, o primeiro é pago e, contra a sua entrega, já cheio, há lugar a uma reposição de um
outro vazio, gratuito, do mesmo tipo. Os estabelecimentos com venda autorizada de produtos
fitofarmacêuticos estão obrigados por lei a possuir sacos Valorfito para fornecer aos agricultores.

Os sacos Valorfito com as embalagens vazias devem ser entregues nos Pontos de Retoma
depois de cheios, devidamente fechados e em boas condições de conservação, por exemplo,
MÓDULO VI

ausência de rasgos. As embalagens rígidas de capacidade superior a 25 litros devem ser


entregues separadamente, fora dos sacos. Na entrega de embalagens, o agricultor deve
pedir o respetivo comprovativo de entrega que terá que ser fornecido pelo Ponto de Retoma.
Um Ponto de Retoma pode pedir um levantamento em qualquer uma das suas instalações
próprias ou diretamente numa exploração agrícola. Em ambos os casos, a responsabilidade
da operação de levantamento perante o Valorfito é do Ponto de Retoma.
BIBLIOGRAFIA

Relativamente aos óleos usados, o seu abandono é proibido sendo obrigatório proceder ao

343
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
armazenamento adequado dos mesmos, com vista ao seu posterior encaminhamento para o
circuito de gestão dos óleos usados. O seu local de armazenamento tem de estar afastado de
fontes de ignição e o solo/pavimento deve ser impermeabilizado, além de outras disposições.
Os óleos usados são considerados resíduos perigosos, que se encontram sujeitos a gestão
específica, atualmente definida no Decreto-Lei n.º 152-D/2017, de 11 de dezembro, tendo

MÓDULO I
sido definidas normas que integram as regras da Condicionalidade (Boas Condições Agrícolas
e Ambientais), tendo em vista prevenir e limitar a poluição das águas subterrâneas. (consultar a
Orientação Técnica da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) – Gestão de Óleos Resultantes
da Atividade Agrícola).

No que diz respeito às embalagens e restos de produtos veterinários, a Valormed – Sociedade


Gestora de Resíduos de Embalagens e Medicamentos, Lda. é a entidade licenciada para a

MÓDULO II
gestão destes fluxos específicos. Esta sociedade sem fins lucrativos enquadra-se no SIGREM –
Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos. Este subsistema
é prioritariamente destinado a assegurar a recolha e valorização de resíduos de embalagens,
quaisquer que sejam os materiais utilizados no fabrico das mesmas, sendo aplicável a definição
legal de embalagem dada pelo Decreto-Lei n.o 366-A/97 de 20 de dezembro. São abrangidas
neste subsistema embalagens dos Medicamentos Veterinários (MV) e, acessoriamente,
Produtos de Uso Veterinário (PUV), colocados no mercado nacional, cujo medicamento esteja

MÓDULO III
sujeito ao registo obrigatório na DGAV (Direção Geral de Alimentação e Veterinária).

Os resíduos produzidos devem ser armazenados tendo em consideração a respetiva


classificação (Lista Europeia de Resíduos – LER) e as suas características. Alguns exemplos de
Boas Práticas de Gestão de Resíduos das explorações agrícolas, associadas ao armazenamento
são: (i) acabar com a dispersão dos resíduos na exploração; (ii) limpar e agrupar sem misturar os
vários tipos de resíduos; e (iii) manter os resíduos considerados perigosos, em local adequado

MÓDULO IV
(figura 16).

MÓDULO V

Figura 16 - Armazenamento de plásticos e produtos fitofármacos de acordo com as Boas Práticas de Gestão de Resíduos em Samora Correia
Fonte: https://www.flfrevista.pt/2016/11/smart-farm-promove-boas-praticas-agricolas/
MÓDULO VI

O quadro seguinte apresenta exemplos de boas práticas de gestão de resíduos ao nível do


armazenamento e correto encaminhamento de diferentes resíduos agrícolas:

Exemplos de Entidade(s)
Armazenamento / Encaminhamento
Resíduo Licenciada(s)

- Deixar na oficina onde substituiu os pneus;


Pneus Usados VALORPNEU
- Entregar no posto de receção de pneus usados.
BIBLIOGRAFIA

344
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Exemplos de Entidade(s)
Armazenamento / Encaminhamento
Resíduo Licenciada(s)

- Deixar na oficina onde mudou o óleo;


- Entregar a operadores de recolha licenciados;

MÓDULO I
Óleos Usados SOGILUB
- A armazenagem de óleos usados em quantidades
superiores a 200 litros necessita de autorização legal.

Plásticos não
perigosos

Plásticos
- Entregar no ecocentro ou, quando em quantidades muito
Recicláveis (até
reduzidas, no ecoponto mais próximo da exploração.

MÓDULO II
1100 l/dia)

Plásticos Operadores de gestão


Recicláveis - Entregar no armazenista de materiais recicláveis; de resíduos disponíveis
(quantidades - Entregar nos recicladores de plástico. em cada zona do país
superiores) (SILOGR)

Operadores de gestão
Plásticos não
- Depositar em contentor de recolha de resíduos de resíduos disponíveis

MÓDULO III
Recicláveis (até
domésticos e urbanos, mais próximo da exploração. em cada zona do país
1100 l/dia)
(SILOGR)

Plásticos não
Entidades recetoras
Recicláveis - Local de entrega do Sistema de Resíduos Urbanos
disponíveis em cada
(quantidades disponível para receção de plásticos.
zona do país
superiores)

MÓDULO IV
Papel/Cartão
(pequenas - Depositar no ecoponto mais próximo da exploração.
quantidades)

Operadores de gestão
Papel/Cartão
- Quantidades superiores a 1100 l/dia entregar ao Sistema de resíduos disponíveis
(quantidades
de Resíduos Urbanos disponível para receção. em cada zona do país
superiores)
(SILOGR)

MÓDULO V
- Contactar operadores e indústria transformadora destes Operadores de gestão
Madeira / resíduos. de resíduos disponíveis
Cortiça - Reciclagem e trituração da madeira para aproveitamento em cada zona do país
industrial (madeiras prensadas). (SILOGR)

VALORCAR
Sucatas / Restos Operadores de gestão
- Contactar os operadores de recolha de sucatas, restos de
de construção e de resíduos disponíveis
construção e demolição.
demolição em cada zona do país
MÓDULO VI

(SILOGR)

ERP PORTUGAL
- Os utilizadores finais são obrigados a entregar os
ECOPILHAS
Pilhas / resíduos nos pontos de recolha seletiva, que devem
Acumuladores / ser assegurados pelos produtores (importadores), ELECTRÃO
Baterias individualmente ou através de entidade gestora licenciada.
VALORCAR
(Dec. Lei 6/2009 de 6 de janeiro).
GVB
BIBLIOGRAFIA

345
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Plásticos não
perigosos

Embalagens de - As embalagens de medicamentos veterinários, vazias


Medicamentos ou fora de uso podem ser entregues nas farmácias a fim VALORMED

MÓDULO I
para uso de serem recolhidas pelo respetivo sistema integrado de (Sistema SIGREM)
veterinário gestão.

Embalagens de
Produtos
Fitofarmacêuticos

- Efetuar a Tripla Lavagem e inutilizar as embalagens vazias

MÓDULO II
(Não danificar o rótulo);
Produtos - Usar as águas de lavagem na preparação da calda;
Fitofarmacêuticos - Guardar as embalagens vazias em sacos transparentes SIGERU
que se destinam de recolha específicos para este fim e fornecidos no acto
à preparação da da venda dos produtos. Os sacos devem ser guardados (Sistema VALORFITO)
calda nos espaços destinados ao armazenamento dos produtos
fitofarmacêuticos (local coberto, piso impermeável e longe
do acesso de crianças e animais).

MÓDULO III
- Guardar as embalagens vazias em sacos transparentes
Produtos
de recolha específicos para este fim e fornecidos no acto
Fitofarmacêuticos
da venda dos produtos. Os sacos devem ser guardados SIGERU
que não se
nos espaços destinados ao armazenamento dos produtos
destinam à (Sistema VALORFITO)
fitofarmacêuticos (ao abrigo do calor e chuva, sob coberto,
preparação da
piso impermeável e longe do acesso de crianças e
calda
animais).

MÓDULO IV
Quadro 6 - Boas Práticas de Gestão de Resíduos ao nível do armazenamento e correto encaminhamento dos diferentes resíduos agrícolas
Fonte: Adaptado de: EDIA, 2019

Tal como referido anteriormente, uma parte significativa dos resíduos agrícolas podem
ser encaminhados para os sistemas de gestão integrada de certos fluxos específicos, outra
parte pode ser integrada nos sistemas de recolha de resíduos urbanos. Não obstante, existem
resíduos, como os plásticos não recicláveis, para os quais o agricultor deverá procurar soluções
junto de empresas especializadas e deverá equacionar, o mais possível, alterar a sua prática

MÓDULO V
agrícola, selecionando fatores de produção recicláveis e biodegradáveis.

V.5.1.2. DESTINO FINAL DOS RESÍDUOS AGRÍCOLAS

Os resíduos devem ser encaminhados para sistemas de gestão que preferencialmente


promovam a sua reutilização, reciclagem/valorização, sendo sempre de evitar a sua eliminação.
Seguidamente descrevem-se de forma mais concreta os destinos a dar aos resíduos, já referidas
MÓDULO VI

anteriormente.

• Valorização material ou Reciclagem

A reciclagem é qualquer operação ou o conjunto de processos (físicos, químicos e/ou


biológicos) que visa transformar materiais extraídos dos resíduos em novos produtos,
materiais ou substâncias com a finalidade original ou para outros fins. Por outras palavras,
BIBLIOGRAFIA

o processo de reciclagem consiste na transformação de resíduos que não podem ser

346
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
reutilizados, em produtos ou matérias-primas de valor equivalente, superior ou inferior
ao original.

No que diz respeito aos efeitos da reciclagem, esta apresenta benefícios mas também
tem associadas limitações. Os materiais obtidos através da reciclagem de resíduos

MÓDULO I
substituem matérias-primas naturais, o que possibilita a preservação dos recursos naturais
e a redução do consumo energético associado à extração de matérias-primas virgens.
Para além disso, a reciclagem permite reduzir a quantidade de resíduos eliminados e
destinados a aterros, o que se traduz, consequentemente, numa redução dos impactes
ambientais. Para além dos aspetos ambientais, este processo também apresenta
algumas vantagens a nível económico, pois permite reduzir os custos de produção.
Porém, é importante compreender que cada caso deve ser analisado em particular,

MÓDULO II
uma vez que aquilo que é economicamente viável numa situação pode não o ser num
contexto distinto. Por outro lado, os produtos produzidos a partir de matérias-primas
secundárias poderão não garantir a mesma qualidade, durabilidade e resistência que
produtos de matérias virgens e são normalmente de menor custo e menos eficientes.

Um dos resíduos agrícolas que é alvo de maior preocupação ambiental são os plásticos.
Neste sentido, têm sido feitos esforços entre empresas e empresários agrícolas no
sentido de encontrar soluções que diminuam esta problemática. Algumas películas de

MÓDULO III
silagem são um exemplo deste trabalho, uma vez que atualmente já é possível serem
recicladas desde que estejam classificadas como plásticos não perigosos recicláveis. Os
resíduos de alguns tipos de plásticos, depois de entregues aos operadores de gestão
de resíduos disponíveis em cada zona do país, podem ser alvo de transformação dando
origem a novos produtos como membranas de proteção contra humidade, mobiliário
de jardim/exterior, sacos do lixo, etc.

MÓDULO IV
Para além dos plásticos, todo o papel/cartão que não resulte de embalagens de produtos
fitofarmacêuticos, tal como o material resultante de embalagens de sementes, sacas
de ração, caixas de papelão, por exemplo, desde que devidamente encaminhado, é
facilmente reciclável para diversos fins.

• Eliminação

A eliminação de resíduos deve ser sempre evitada, no entanto, no caso de não


existirem alternativas, este processo deve ser gerido apenas por entidades/instalações MÓDULO V
autorizadas e capacitadas. As entidades licenciadas para a gestão dos fluxos específicos
de resíduos (sistemas integrados de gestão de resíduos) que podem interessar aos
agricultores encontram-se listadas no Capítulo V.4. Nos sites destas entidades encontra-
se informação detalhada sobre os procedimentos e especificações relativas à gestão
dos resíduos enquadrados na sua atividade.
MÓDULO VI

Os conceitos de Economia Circular e Gestão Integrada de Resíduos encaram o


processo de eliminação como última opção de gestão, devido aos impactes ambientais
e perdas de valor associados. No caso de não ser possível evitar esta opção, para se
poder eliminar os resíduos agrícolas, deve ter-se em consideração que esta prática está
regulada por uma legislação cada vez mais exigente (Decreto-Lei n.º 102-D/2020 de 10
de dezembro).
BIBLIOGRAFIA

Os resíduos abrangidos pelo RGGR-Regime Geral de Gestão de Resíduos, não podem

347
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
ser eliminados na própria exploração agrícola, sendo por vezes necessário contratar
empresas especializadas para efetuar este processo ao nível da exploração agrícola, o
que pode representar custos associados para o detentor (agricultor).

MÓDULO I
V.5.2. GESTÃO DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
A agricultura gera quantidades consideráveis de subprodutos vegetais durante todo o
ciclo de cada campanha. Os principais subprodutos produzidos em explorações agrícolas, na
vertente da produção vegetal, são a biomassa (restos de culturas e de podas, palha, …).

A biomassa vegetal é definida, pela APA – Agência Portuguesa do Ambiente, como “o


conjunto dos materiais estruturantes ou fontes, maioritariamente, de carbono, que provêm

MÓDULO II
da agricultura ou da silvicultura, que podem ser utilizados nas atividades complementares de
gestão de efluentes pecuários, para efeitos da respetiva valorização orgânica, designadamente,
os provenientes:
i) Da agricultura e da silvicultura (que incluem as palhas, e outro material natural não
perigoso de origem agrícola ou silvícola) que sejam utilizados na agricultura/pecuária,
na silvicultura ou na produção de energia a partir desses materiais através de processos

MÓDULO III
ou métodos que não prejudiquem o ambiente nem ponham em perigo a saúde humana,
são resíduos que se encontram excluídos do âmbito de aplicação do RGGR;
ii) Da preparação de produtos alimentares, de origem agrícola ou silvícola, provenientes
da indústria alimentar, gerados na preparação das matérias-primas a alimentar ao
processo produtivo;
iii) Da preparação e do processamento da madeira e da cortiça, isentos de contaminantes
de origem antropogénica (compostos orgânicos halogenados ou metais pesados),

MÓDULO IV
que incluem todos os materiais lenhosos provenientes das indústrias da fileira da
madeira e da cortiça, resultantes da preparação das respetivas matérias-primas e seu
processamento e isentos de contaminantes.”

Os processos de tratamento e valorização de subprodutos orgânicos devem ser realizados,


sempre que possível, nas próprias explorações agrícolas, de modo a potenciar as suas
propriedades, transformando-os em recursos capacitados para serem reintroduzidos no

MÓDULO V
ciclo produtivo. Para isto é necessário definir estratégias e encontrar as melhores opções de
valorização destes subprodutos em função da sua origem e das suas características.

A valorização dos subprodutos orgânicos pode ser conseguida através de diferentes


processos, no entanto, aquele que é utilizado com maior expressão e consenso é o processo
de compostagem. Este processo, aeróbio, permite obter um produto final designado por
composto e que, devido à sua componente orgânica estabilizada, pode ser reintegrado no
solo. Por outro lado, o processo de digestão anaeróbia é aquele que possui maior potencial de
MÓDULO VI

utilização para fins de aproveitamento energético. Um exemplo de subprodutos (desperdícios)


que podem ser aproveitados para estes fins são os produtos agrícolas que não possuem valor
comercial ou são rejeitados pelo seu calibre/aspeto.

V.5.2.1. VALORIZAÇÃO DOS SUBPRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL


BIBLIOGRAFIA

Conforme já foi referido, produtos que seriam potenciais resíduos ao serem aproveitados

348
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
na exploração passam a ser referidos como subprodutos.

• Valorização agrícola e valorização orgânica

Os processos de valorização agrícola permitem, de um modo geral, devolver ao solo os

MÓDULO I
componentes minerais e a matéria orgânica necessários ao desenvolvimento vegetal,
promovendo a redução da necessidade de outras formas de fertilização e minimizando
os impactes negativos sobre o ambiente.

Esta valorização é feita através da aplicação direta no solo de subprodutos de culturas


agrícolas, nomeadamente folhas, restos de podas, etc. No entanto nem sempre é
possível proceder desta forma para todos os subprodutos vegetais, nomeadamente
por razões técnico-culturais, tendo de proceder à sua transformação ou a outro tipo de

MÓDULO II
aproveitamento dos mesmos.

Assim, a valorização agrícola dos resíduos/subprodutos orgânicos é considerada como


um modo de aproveitar um resíduo pela restituição, em condições apropriadas (tendo
em conta a vertente económica e a preservação dos recursos naturais) de matéria
orgânica de qualidade ao solo. A valorização agrícola pode ser feita pela aplicação
direta de materiais orgânicos ao solo (folhas, restos de poda, …) ou pela aplicação

MÓDULO III
destes como fertilizantes, depois de transformados. De um modo geral, estes processos
de transformação baseiam-se na decomposição aeróbia.

De entre os processos de transformação aeróbia, a compostagem é a forma de valorização


orgânica que mais se utiliza nas explorações agrícolas (com ou sem componente
animal), apresentado um elevado rendimento tendo em conta o investimento face
aos benefícios finais. A compostagem permite, assim, valorizar os resíduos vegetais

MÓDULO IV
quando os transforma num produto com valor económico (o composto). Estes resíduos,
na verdade, são subprodutos uma vez que são valorizados. Dada a sua relevância, o
processo da compostagem é abordado no ponto V.5.2.3. de forma pormenorizada.

Importa lembrar que os materiais orgânicos apresentem quase sempre, elementos


nutritivos que lhe conferem uma ação fertilizante direta (ao nível nutricional), a sua
principal função, mas o que os distingue dos adubos químicos, manifesta-se de forma
indireta através de uma melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas do
solo. Quando aplicados no solo, os adubos de origem orgânica, pela sua riqueza em MÓDULO V
recursos energéticos e elementos nutritivos, são colonizados por microrganismos. Estes,
em condições ambientais favoráveis, procedem à decomposição dos resíduos levando
à formação de húmus.

Embora, sob diversas perspetivas, a valorização agrícola de resíduos orgânicos,


diretamente ou após transformação, quando as características dos mesmos o permitam,
MÓDULO VI

seja desejável, não pode ser ignorado o fato de que tais produtos podem possuir um
carácter poluente, nomeadamente quando usados indevidamente ou em excesso. Neste
sentido, é importante identificar, para cada situação que material orgânico/fertilizante
orgânico se está a aplicar, que quantidades, de que modo e quando fazê-lo. Para isso,
torna-se necessário procurar conhecer a sua composição, o seu comportamento no
solo e os efeitos agroambientais decorrentes da sua incorporação.
BIBLIOGRAFIA

Atendendo às preocupações que presentemente se colocam relativamente à questão

349
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
das alterações climáticas, um dos efeitos que importa ter em conta na valorização
orgânica são as emissões de gases com efeito de estufa (GEE). A redução dessas
emissões pode ser conseguida de acordo com práticas ambientais que contribuam
para esse objetivo.

MÓDULO I
Outra forma de valorização orgânica dos componentes orgânicos que não constituem o
objetivo principal da atividade agrícola é a obtenção de matérias combustíveis a partir
dos mesmos.

• Valorização Energética

Entende-se por valorização energética o processo de conversão de resíduos/subprodutos

MÓDULO II
em energia, nomeadamente, calor e eletricidade. Trata-se de processos que decorrem
em unidades devidamente licenciadas para tal: centrais de biomassa vegetal (centrais
industriais); unidades de incineração e coincineração. Estas últimas podem estar
também associadas à valorização de subprodutos animais e seus derivados, onde se
incluem os efluentes pecuários.

Relativamente aos impactes da valorização energética de resíduos/subprodutos, esta

MÓDULO III
apresenta tanto benefícios como limitações, os quais dependem de diversos fatores,
tais como o tipo de resíduo/subproduto, as tecnologias existentes, a relação custo-
benefício, entre outros.

O reaproveitamento de biomassa é uma das soluções para diversificar a matriz


energética. Os vários elementos vegetais são apontados como importantes fontes para
produzir energia elétrica e térmica.

MÓDULO IV
De um modo geral, o principal benefício da valorização energética é o aproveitamento
do conteúdo energético dos materiais, o que permite poupar recursos reduzir o consumo
de combustíveis fósseis e evitar emissões resultantes da sua extração, tratamento,
transporte e, principalmente, da sua combustão.

Quanto às limitações e desafios da valorização energética, estas podem ser variadas,


dependendo da tecnologia e do produto a ser valorizado, como foi referido. Existem
MÓDULO V
algumas técnicas de valorização que, para determinados materiais, ainda se encontram
numa fase pouco desenvolvida e apresentam um elevado custo de implementação, o
que as torna economicamente inviáveis. Para além disso, existem técnicas, como os
processos de pirólise (processo onde a biomassa é decomposta após ser submetida
a condições de altas temperaturas em ambiente com pouco ou nenhum oxigénio) ou
combustão (processo onde a biomassa é decomposta após ser submetida a condições
de altas temperaturas em ambiente com oxigénio), que mediante incorreta gestão/
MÓDULO VI

controlo, podem provocar elevados riscos para o ambiente e saúde pública, bem
como libertar gases perigosos para a atmosfera. Assim, estas soluções têm de ser bem
estudadas e aplicadas criteriosamente.

De um modo geral, pode perceber-se que a rentabilidade dos processos de valorização


energética, tal como em qualquer outro processo de valorização, está diretamente
dependente do balanço que se consegue atingir entre os benefícios do processo e as
BIBLIOGRAFIA

suas limitações e impactes provocados. Neste sentido, aquilo que se pretende atingir

350
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
com este tipo de práticas é um sistema económica, ambiental e energeticamente viável
e eficiente.

A título de exemplo, refere-se o caso dos resíduos de podas das vinhas e olivais
que atualmente não estão sujeitas a processos muito desenvolvidos de gestão e

MÓDULO I
aproveitamento. Embora possam ser mantidos no terreno agrícola, por forma a
incrementar o teor de matéria orgânica, possuem um elevado potencial na valorização
energética dadas as suas características (poder calorífico e densidade). Existe uma
enorme procura de matéria-prima para centrais de biomassa. Deste modo, a possível
utilização destes resíduos como matéria-prima apresenta-se como uma solução
economicamente viável e integrada no conceito de economia circular, apesar de poder
ter associados alguns impactos negativos para o ambiente (figura 17).

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 17 - Armazenamento de folhas de oliveira para valorização energética em Espanha
Fonte: RuralSmart

MÓDULO IV
O sector da bioenergia, onde se insere também o biodiesel e o bioetanol, possui duas
vertentes: a geração de energia por queima de biomassa, onde os resíduos orgânicos
resultantes das atividades agrícolas (podas das vinhas, olivais, etc.) apresentam um
enorme potencial de valorização seja através da geração de energia térmica e elétrica
(valorização energética) seja através da cogeração de energia a partir dos gases
provenientes dos processos de digestão anaeróbia (valorização orgânica).

• Formas alternativas de valorização de subprodutos de origem vegetal


MÓDULO V
Existem técnicas de valorização de resíduos que emergiram nos últimos anos e que se
baseiam em processos biotecnológicos no contexto de uma biorrefinaria.

A biorrefinaria consiste no aproveitamento total da biomassa, dando origem a produtos


de valor acrescentado e/ou energia a partir de matérias-primas diversas. Apesar de já
existirem algumas biorrefinarias, essencialmente para a produção de biogás e bioetanol,
MÓDULO VI

existem matérias-primas que ainda não são exploradas e que possuem um enorme
potencial, independentemente das suas propriedades, para esta prática.

Os conteúdos polifenólicos de alguns resíduos e/ou subprodutos agroalimentares e


florestais e a sua atividade antioxidante revelam o potencial de alguns materiais para
aplicação nas indústrias farmacêutica e cosmética. Neste sentido, diversos estudos estão
a ser desenvolvidos em todo o mundo, de modo a contribuir para o desenvolvimento
BIBLIOGRAFIA

de uma bio economia, substituir recursos fósseis e encontrar novas estratégias para a

351
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
gestão daqueles materiais.

Em Portugal, existem alguns trabalhos desenvolvidos ao nível da utilização de


resíduos/subprodutos muito abundantes no nosso país, tais como: ramos e cepos de
pinheiro, tomate em decomposição, águas residuais vinícolas e bagaços de azeitona.

MÓDULO I
Estes produtos para além de serem promissores para a economia de base biológica
portuguesa, possuem compostos com propriedades antioxidantes e repelentes, o
que permite que possam ser incorporados, por exemplo, em produtos de cosmética,
inseticidas, pellets (figura 18) ou produtos alimentares e farmacêuticos.

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 18 - Pellets produzidos a partir do bagaço de azeitona | Fonte: RuralSmart

A agricultura gera grandes quantidades de resíduos/subprodutos cuja transformação ou


manipulação gera também outros materiais que se podem transformar de modo a gerar
novos aproveitamentos, inclusive novos alimentos. Esses materiais, uma vez estudadas
as suas propriedades nutricionais e químicas, podem ser utilizados e administrados na
alimentação animal em conjunto com algumas matérias-primas de melhor qualidade.

MÓDULO IV
São exemplos deste tipo de valorização os seguintes resíduos (quadro 7):

Resíduo / Subproduto Valorização

Engaços
Alimentação animal (rações para animais).
Restos de podas, folhas verdes, etc.

Engaços vinícolas
Produção de farinha para a alimentação MÓDULO V
animal.

Bagaço de uva
Matéria-prima para alimentação animal;
Fabrico de pellets.
Bagaço de azeitona

Águas russas dos lagares Produção de proteína para alimentação animal.


MÓDULO VI

Antocianinas (corante natural para alimentação) e polifenóis


Efluentes vinícolas
(alimentação humana e animal).
Quadro 7 - Exemplos de valorização de resíduos agrícolas para alimentação animal | Fonte: Adaptado de: Magalhães et al., 2017

V.5.2.2. PROCESSOS DE VALORIZAÇÃO


BIBLIOGRAFIA

Existem diferentes tecnologias e processos para a valorização de resíduos/ subprodutos.

352
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
No entanto o tipo de valorização e a seleção dos processos a utilizar devem ser equacionados
de acordo com as características dos materiais e os recursos disponíveis em cada exploração
agrícola.

No caso da valorização energética, como já foi referido, esta pode permitir a redução dos

MÓDULO I
custos de energia adquirida no exterior, contribuindo também para uma menor utilização de
combustíveis fósseis.

Alguns exemplos destes processos são:

• Compostagem: trata-se de um processo de natureza aeróbia e que se aplica a


subprodutos vegetais, mas também animais, podendo ou não proceder-se à sua
mistura. Trata-se de um processo muito relevante nas explorações agrícolas, pelo

MÓDULO II
que será caraterizado de forma individualizada.

• Biodigestão anaeróbica/biogasificação/biometanização: é o processo de


decomposição de matéria orgânica por via anaeróbica (na ausência de oxigénio)
que gera o biogás. Os principais produtos resultantes são dióxido de carbono (CO2)
e metano (CH4). A combustão do metano liberta energia térmica que pode ser
convertida noutras formas de energia, o que dá ao biogás a conotação de Fonte de

MÓDULO III
Energia Renovável.

• Incineração com valorização energética: Destruição dos resíduos por tratamento


térmico com recuperação de energia térmica advinda do processo de combustão,
a qual é posteriormente convertida em vapor, energia mecânica e por fim em
eletricidade.

Nota: importa relembrar que o processo de incineração é distinto das queimas

MÓDULO IV
a céu aberto (regulamentadas pelo Decreto-Lei nº39/2018 de 11 de junho). Este
processo, embora deva ser evitado, é sujeito a controlo e efetuado em locais
adequados para a prática de combustão, não libertando as mesmas quantidades de
emissões para a atmosfera.

• Coincineração: Processo de tratamento através de combustão controlada de


resíduos, em conjunto com outros combustíveis, em fornos industriais ou outros, para

MÓDULO V
a produção de energia térmica a ser utilizada localmente nos processos industriais.
Estes resíduos são utilizados como combustíveis alternativos. Este processo permite
igualmente gerar energia, mas normalmente tem coo objetivo principal a redução
do volume de resíduos e a eliminação de resíduos perigosos.

• Gaseificação: Processo termoquímico onde ocorre a conversão de compostos


ricos em carbono (compostos orgânicos) em combustíveis gasosos e substâncias
químicas, através da reação do material a elevadas temperaturas, num ambiente
MÓDULO VI

redutivo (défice de oxigénio) e sem que ocorra combustão. Este processo necessita
de calor e de um ambiente deficiente em oxigénio, ao contrário do processo de
combustão, que liberta calor e necessita de um ambiente que contenha oxigénio.

• Pirólise/Termólise: Decomposição térmica de resíduos na ausência ou com


quantidade reduzida de oxigénio (atmosfera inerte ou vácuo). Este processo tem
por objetivo quebrar as ligações químicas dos produtos a tratar, de modo a que se
BIBLIOGRAFIA

obtenham combustíveis gasosos e substâncias químicas líquidas e sólidas.

353
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.5.2.3. A COMPOSTAGEM

A compostagem apresenta muitas potencialidades, pela sua relativa versatilidade em


termos funcionais e de custo, sendo uma forma de valorizar uma grande diversidade de
resíduos/subprodutos. Por outro lado, sendo uma forma de valorização bastante aceite

MÓDULO I
pelos agricultores e que é adotada em muitas explorações agropecuárias, é importante ser
caraterizada de forma particular.

De acordo com o Código de Boas Práticas Agrícolas, a compostagem define-se como a


degradação biológica aeróbica dos resíduos orgânicos até à sua estabilização, produzindo
uma substância húmica (composto ou compostado) utilizável como corretivo orgânico do solo.
Ou seja, a compostagem é o processo biológico de tratamento dos resíduos orgânicos, através

MÓDULO II
do qual o material orgânico é transformado e degradado de forma controlada, pela ação
de microrganismos (bactérias e fungos), em material estabilizado e utilizável na preparação
de corretivos orgânicos do solo e de substratos para as culturas. Durante a compostagem
liberta-se, principalmente, dióxido de carbono, vapor de água, mas também outros gases, em
menores quantidades, conduzindo à produção de húmus.

O principal objetivo da compostagem é converter o material orgânico heterogéneo num

MÓDULO III
material estabilizado e em condições de ser incorporado no solo. O processo de compostagem,
para além de ser utilizado para reduzir e estabilizar matéria orgânica, também permite destruir
a viabilidade das sementes de infestantes e os microrganismos patogénicos.

O termo “composto orgânico” pode ser aplicado ao produto compostado, estabilizado,


homogeneizado e higienizado, cujas características lhe conferem uma aptidão para a melhoria
da fertilidade do solo. O aspeto físico de um composto orgânico é bastante diferente do

MÓDULO IV
aspeto inicial dos materiais que lhe deram origem uma vez que, para além da cor mais escura
e da ausência de odor desagradável, apresenta uma consistência friável, sendo constituído
por partículas finas e soltas, o que permite diminuir os custos de transporte e de aplicação ao
solo.

A utilização de compostos orgânicos tem ainda associados os benefícios inerentes à


incorporação de matéria orgânica no solo: (i) melhoria da estrutura; (ii) aumento do arejamento;
(iii) melhoria da capacidade de retenção de água; (iv) maior absorção dos raios solares devido à
cor escura e o consequente aumento de temperatura; e (v) fornecimento gradual de nutrientes MÓDULO V
às culturas.

O que distingue a compostagem do processo natural de decomposição é a intervenção


humana, através da alteração adequada dos fatores intervenientes.
MÓDULO VI

V.5.2.3.1. TECNOLOGIA DA COMPOSTAGEM

A técnica da compostagem consiste, fundamentalmente, no empilhamento dos resíduos


orgânicos para que, deste modo, seja possível a conservação do calor no interior da pilha
dos resíduos. Este procedimento tem o duplo objetivo de facultar a ação dos microrganismos
mesófilos e termófilos e criar condições para a inativação dos microrganismos patogénicos e
parasitas, sensíveis às elevações de temperatura e que por isso perdem em competição com
BIBLIOGRAFIA

a fauna indígena.

354
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Durante o processo de compostagem, podem identificar-se diferentes fases, em que
em cada uma delas os materiais presentes na mistura se vão degradando, em função das
suas características e dos microrganismos existentes. Em condições ótimas, a compostagem
decorre em três fases: fase mesófila, fase termófila e fase de maturação.

MÓDULO I
Fase Mesófila: Fase inicial do processo realizada por microrganismos mesófilos (bactérias
e fungos), em que a temperatura sobe rapidamente (cerca de 2 dias) até aos 40- 45°C, devido à
degradação exotérmica dos componentes solúveis, como os açúcares e os aminoácidos. Nesta
etapa é frequente dar-se uma descida dos valores de pH devido à produção de compostos de
natureza ácida.

Fase Termófila: A temperatura no interior da pilha atinge valores acima dos 45°C. Degradam-

MÓDULO II
se as proteínas, gorduras, celuloses e hemiceluloses, assim como parte da lenhina e dos
compostos fenólicos, por ação de bactérias termofílicas, actinomicetes e fungos tolerantes
a altas temperaturas. Esta fase pode durar várias semanas (um a dois meses, dependendo
de vários fatores) provocando a destruição de agentes patogénicos (bactérias, fungos e
nematodes), bem como de larvas de insetos e sementes de infestantes. Ocorre normalmente
um aumento do valor do pH da pilha.

MÓDULO III
Fase de Maturação: Fase final, mais longa (dois a quatro meses, dependendo de vários
fatores), em que a temperatura decresce gradualmente atingindo valores próximos da
temperatura ambiente, à medida que as reservas de carbono diminuem. Na humificação do
composto atuam novamente as populações microbianas mesófilas, que continuam a degradar,
a um ritmo mais lento, polímeros complexos muito resistentes à degradação, levando à
obtenção de um produto estável e humificado.

Após a fase de maturação, considera-se que a temperatura é um dos indicadores mais

MÓDULO IV
fiáveis para identificar se o composto está estabilizado, uma vez que estando o produto
estabilizado não ocorrem mais reações químicas e a temperatura não sofre variações.

V.5.2.3.2. MATERIAIS POSSÍVEIS DE COMPOSTAR

Os materiais utilizados para a compostagem podem ser divididos em duas classes:


materiais ricos em carbono e materiais ricos em azoto. Os materiais ricos em carbono
fornecem a matéria orgânica e a energia para a compostagem e os materiais azotados, uma MÓDULO V
vez que o azoto é necessário para o crescimento dos microrganismos, aceleram o processo de
compostagem.

Dentro dos materiais ricos em carbono podemos considerar os materiais lenhosos (casca de
árvores, aparas de madeira, podas, etc.), as palhas e fenos, o papel, etc. Dentro dos materiais
azotados incluem-se as folhas verdes, estrumes animais, urinas, restos de plantas hortícolas,
MÓDULO VI

erva, etc.

Os materiais para compostagem não devem conter resíduos inorgânicos como, por
exemplo, vidros, plásticos, óleos, metais, pedras, etc., e não devem ser utilizadas gorduras,
ossos inteiros ou outras substâncias que prejudiquem o processo de compostagem, como
a carne porque pode atrair animais, para além de atrasar a decomposição e causar maus
cheiros. Embora o papel possa ser utilizado, este não deve exceder 10% da pilha e o papel
BIBLIOGRAFIA

encerado e de cor deve ser evitado por ser de difícil decomposição e conter metais pesados.

355
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Outra característica que é fundamental para o processo de compostagem é a dimensão
das partículas dos materiais. Estas, não devem exceder os 8 cm, nem ser inferiores a 1 cm,
porque abaixo deste tamanho é necessário utilizar sistemas de arejamento forçado. Quanto
menor for o tamanho das partículas mais fácil é a atividade microbiana porque a superfície
específica aumenta, no entanto, em contrapartida, os riscos de compactação e de falta de

MÓDULO I
oxigénio aumentam.

O Quadro 8 lista algumas das matérias-primas que podem ser utilizadas para compostagem
(ver também Tabela 12 do Ponto IV.6.1.7.):

Matérias-primas passíveis de compostagem


Estrume de animais

MÓDULO II
Biomassa vegetal (palhas, materiais lenhosos das indústrias da madeira e cortiça)

Embalagens biodegradáveis

Restos de alimentos / rações

Resíduos de cervejarias e destilarias de álcool

MÓDULO III
Ossos, cascos e chifres (pequenas dimensões)

Resíduos de café e chá

Resíduos de construção (papelão, madeira não tratada)

Resíduos de algodão, linho, seda e lã

Tufos de algodão e oleaginosas

MÓDULO IV
Resíduos de curtume e raspas de couro

Plantas, flores, arbustos, árvores, galhos e cascas

Resíduos vinícolas (bagaços, engaços, bagos rejeitados, borras, podas, etc.)

Resíduos olivícolas (bagaços, águas residuais, podas, etc.)

Restos de cultura
MÓDULO V
Palhas e fenos

Resíduos florestais

Resíduos de centrais fruteiras (centros de distribuição de frutas e hortícolas)

Folhas, aparas de grama, restos de jardinagem, poda de plantas e árvores


MÓDULO VI

Polpa de papel

Papel e derivados

Madeira, raspas de madeira, fibras lenhosas, serradura e cinzas

Resíduos do processamento de tabaco


BIBLIOGRAFIA

Quadro 8 - Matérias-primas possíveis de compostar | Fonte: Adaptado: University of Geórgia, 2004

356
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.5.2.3.3. ESCOLHA DO MÉTODO E DO LOCAL PARA A COMPOSTAGEM

A compostagem pode ser conduzida em grandes instalações centralizadas com matéria


orgânica recolhida seletivamente; em explorações agrícolas ou agropecuárias; ou em pequenas
unidades em meio doméstico ou com pilhas de pequena dimensão.

MÓDULO I
Para a utilização dos compostores domésticos os passos são os seguintes: escolher o local
(no jardim ou na horta, abrigado do vento e idealmente debaixo de uma árvore de folha
caduca, o que permite sombra no verão e sol no inverno), preparar o fundo (no fundo do
compostor, colocar uma camada de ramos para permitir a circulação de ar, a entrada de
organismos e a drenagem das águas), fazer uma boa mistura de materiais (para satisfazer os
requisitos nutricionais dos organismos, o enchimento do compostor deve ser feito por camadas,

MÓDULO II
intercalando resíduos verdes, ricos em azoto, e resíduos castanhos, ricos em carbono), garantir
arejamento (remexer o conteúdo do compostor quando compactado), garantir humidade (se
a pilha estiver muito seca, adicionar água ou resíduos verdes, se estiver muito húmida juntar
resíduos castanhos).

Nas grandes instalações existem muitos sistemas para a preparação do composto, no


entanto, de modo geral, estes podem agrupar-se em dois tipos:

MÓDULO III
1) Sistemas de compostagem abertos (figura 19): estes sistemas são frequentemente
agrupados nas seguintes categorias: (i) pilhas longas (windrow) reviráveis; (ii) pilhas
estáticas; e (iii) pilhas estáticas com arejamento forçado (Quadro 9).

Sistemas abertos Descrição

MÓDULO IV
Pilhas que são geralmente reviradas na fase em que
o processo de compostagem requer mais oxigénio
Pilhas longas reviráveis
e atinge maiores temperaturas (fase
termófila).

Pilhas dispostas aleatoriamente que são reviradas


Pilhas estáticas pouco frequentemente ou não são reviradas e que

MÓDULO V
são arejadas passivamente.

Pilhas dispostas aleatoriamente ou em recipientes


Pilhas estáticas com arejamento
abertos, sem reviramento e que são sujeitas a um
forçado
processo de arejamento forçado.
Quadro 9 - Resumo dos sistemas de compostagem abertos | Fonte: Adaptado de: Stoffella e Kahn, 2005
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 19 - Pilhas longas reviráveis, pilhas estáticas e pilhas estáticas com arejamento forçado, da esquerda para a direita respetivamente
Fonte: https://ww2.arb.ca.gov/sites/default/files/classic//cc/dairy/documents/12-08-17/dsg1_csuchico_presentation_120817.pdf

357
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
2) Sistemas de compostagem fechados ou em contentores (figura 20): estes sistemas são
frequentemente agrupados nas seguintes categorias: (i) camas horizontais agitadas; (ii)
contentores arejados; (iii) contentores arejados e agitados; (iv) silos de compostagem; e
(v) tambores rotativos (Quadro 10).

MÓDULO I
Sistemas fechados ou em
Descrição
contentores

Longos canais paralelos com cobertura com


Camas horizontais agitadas
arejamento controlado e o revolvimento periódico

Os materiais são compostados em diferentes


Contentores arejados

MÓDULO II
contentores com arejamento forçado.

Contentores comerciais que proporcionam um


Contentores arejados e agitados arejamento forçado, agitação e movimento
contínuo.

Sistemas com arejamento forçado e verticalmente


Silos de compostagem orientados com movimento contínuo de materiais

MÓDULO III
na parte superior ou inferior.

Sistema de tambores horizontais que rodam


Tambores rotativos lentamente e reviram o material de forma
intermitente ou constante.
Quadro 10 - Resumo dos métodos de compostagem fechados ou em contentores | Fonte: Adaptado de: Stoffella e Kahn, 2005

MÓDULO IV
MÓDULO V

Figura 20 - Contentores arejados e Contentores rotativos e arejados, à esquerda e direita


respetivamente em cima; Silos de compostagem e Tambores rotativos, à esquerda e direita
respetivamente em baixo | Fonte: RuralSmart; https://biofactor.pt/compostagem-industrial/

A grande diferença entre os métodos abertos e fechados prende-se com o facto de,
MÓDULO VI

normalmente, aos sistemas fechados, estarem associados processos de arejamento forçado.


Estes sistemas, embora incluam mecanismos internos que combinam as vantagens dos
sistemas de pilhas reviráveis e de pilhas estáticas com arejamento forçado, apresentam uma
maior necessidade de manutenção.

A evolução dos sistemas de compostagem tradicionais para os sistemas fechados tem


representado um avanço muito importante nesta técnica de tratamento e valorização, tanto
BIBLIOGRAFIA

do ponto de vista do processo, como da qualidade do produto final (figura 21).

358
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 21 - Contentores arejados e Contentores rotativos e arejados, à esquerda e direita

MÓDULO II
respetivamente em cima; Silos de compostagem e Tambores rotativos, à esquerda e direita
respetivamente em baixo | Fonte: RuralSmart; https://biofactor.pt/compostagem-industrial/

Outro fator que tem bastante influência sobre a compostagem é o local onde ocorre o
processo. Neste sentido, a pilha de compostagem não deve ficar nem exposta diretamente
ao sol ou ao vento, para que o composto não seque demasiado, nem à chuva, para não ficar
sujeita à lixiviação de nutrientes.

MÓDULO III
O local escolhido para a compostagem deve ser próximo daquele em que o composto
irá ser utilizado e poderá ser necessário ter água à disposição para humedecer a pilha
convenientemente, caso a percentagem de humidade da pilha atinja valores inferiores a 40%.

As pilhas devem ser cobertas preferencialmente com um filme de fibras de polipropileno


(figura 22) que permita a entrada de ar, mas não de água, uma vez que os filmes de polietileno
não permitem as trocas gasosas e podem resultar em excesso de humidade nas pilhas.

MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 22 - Pilha coberta com tecido de polipropileno durante
a compostagem | Fonte: http://www.ci.esapl.pt/mbrito/
Manual%20de%20AB%20%20compostagem.pdf

V.5.2.3.4. FATORES FÍSICO-QUÍMICOS QUE INFLUENCIAM A COMPOSTAGEM

O processo de compostagem é influenciado por vários fatores que afetam direta


MÓDULO VI

ou indiretamente o metabolismo dos organismos responsáveis pela decomposição e


transformação dos resíduos em composto. Neste sentido, o progresso do processo de
compostagem (avaliado pela taxa de decomposição dos resíduos orgânicos) está dependente
de:

i) Características do substrato que constitui o suporte físico do processo, retendo a


água, promovendo as trocas gasosas, fornecendo energia e nutrientes essenciais aos
BIBLIOGRAFIA

microrganismos envolvidos e conservando o calor;

359
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
ii) Quantidade e diversidade dos microrganismos atuantes no processo e que constituem
o suporte biológico do processo;
iii) Fatores ambientais que vigoram à partida e no decurso do processo, influenciando
as condições de vida desses microrganismos e que constituem o suporte químico do
processo;

MÓDULO I
iv) Condição ótimas para a atividade microbiana, tanto ao nível de temperatura,
arejamento, granulometria, humidade, como em nutrientes, razão carbono-azoto
(C/N) e pH, entre outros.
a) Relação carbono-azoto

Todos os organismos necessitam de uma quantidade mínima de elementos de forma a

MÓDULO II
assegurar as suas funções metabólicas, sendo que um dos principais balanços de nutrientes é
o que se refere à razão C/N. Na compostagem, a atividade dos microrganismos depende da
disponibilidade de carbono (C) como fonte de energia e de igual modo da disponibilidade de
azoto (N) para a síntese de proteínas e para o aceleramento do processo.

Deste modo, na preparação do material a compostar, os teores em C e N que a mistura


deverá apresentar são essenciais. A relação deve ser determinada no material a ser compostado,

MÓDULO III
para efeito de balanço de nutrientes e, no produto final, para efeito de avaliação da qualidade
do composto. Uma razão (C/N) próxima de 30 é considerada ótima para o processo de
compostagem, o que significa que, para que a compostagem se realize com eficiência, para
cada parte de N, devem estar presentes 30 partes de C.

No entanto, importa frisar que esta relação poderá variar em função das características
específicas dos materiais utilizados. Ou seja, durante o processo de compostagem, embora

MÓDULO IV
quase todo o N esteja disponível para ser utilizado pelos microrganismos, o mesmo pode
não se verificar relativamente ao C de determinados materiais, devido à sua resistência à
degradação biológica (materiais ricos em lenhina). Neste tipo de situações, a relação C/N da
mistura a compostar deve ser ajustada em função da disponibilidade destes nutrientes.

Quando os resíduos orgânicos possuem uma razão C/N elevada, é vulgar recorrer- se a
resíduos ricos em azoto de modo a favorecer o processo. O Quadro 11 apresenta a relação
C/N de alguns materiais utilizados no processo de compostagem (ver também Tabela 12 do
Ponto IV.6.1.7)": MÓDULO V
Material Relação C/N
Palhas 60 – 100

Lenha verde de podas 100 – 150


MÓDULO VI

Folhas de árvores 30 – 60

Restos de hortícolas frescos 13

Aparas de relva 20
Quadro 11 - Relação C/N de alguns materiais para compostagem | Fonte: Adaptado de: Santos, 2012

Durante a compostagem, metade ou mais de metade do volume da pilha será perdido


BIBLIOGRAFIA

com a decomposição dos materiais. Regra geral, o C é perdido mais rapidamente que o N

360
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
e, por isso, a relação C/N diminui à medida que evoluímos no processo. Neste sentido, é
importante determinar a razão C/N dos diferentes materiais antes de se proceder à mistura,
bem como determinar a C/N no início do processo e no produto final. Deste modo, uma vez
que o composto “produto final” vai ser utilizado como fertilizante orgânico, aconselha-se que
se faça uma análise química à sua composição antes da sua utilização na própria exploração.

MÓDULO I
Quando o composto vai ser comercializado esta análise química é obrigatória.

b) Temperatura

Conforme já foi referido, durante as diferentes fases da compostagem atingem-se


diferentes temperaturas, de acordo com o estado de desenvolvimento do processo. Segundo
alguns autores a temperatura é um parâmetro físico fundamental para o controlo da atividade

MÓDULO II
microbiana e está dependente de vários fatores tais como a velocidade de decomposição
do material, a humidade e o arejamento, a razão C/N da mistura do material e o tamanho da
pilha.

A fase inicial da compostagem, como mencionado anteriormente, é realizada por organismos


mesófilos, cuja temperatura ótima de crescimento se situa entre os 20ºC e os 40ºC. Devido
à presença de matéria orgânica facilmente degradável, estes microrganismos multiplicam-

MÓDULO III
se rapidamente, o que gera uma intensa produção de calor aumentando, deste modo, a
temperatura do composto até valores que inibem a própria atividade dos microrganismos
mesófilos.

Quando a temperatura atinge valores superiores a 45ºC dá-se então início à fase termófila.
Nesta etapa, os microrganismos termófilos – cuja temperatura ótima de crescimento está
compreendida entre 50 e 70ºC – continuam o processo de degradação, o que aumenta,
consequentemente, a temperatura do composto para valores bastante elevados. Este aumento

MÓDULO IV
da temperatura é crucial para definir a qualidade do composto porque as temperaturas elevadas
favorecem a eliminação de agentes patogénicos, bem como a destruição de sementes de
plantas infestantes. No entanto, as temperaturas não devem ultrapassar os 65ºC, uma vez
que valores desta ordem podem afetar alguns grupos de microrganismos que têm um papel
importante no processo e, consequentemente, reduzir a taxa de decomposição da matéria
orgânica. Para além disso, temperaturas extremas podem conduzir à própria inflamação dos
materiais em compostagem. Como forma de contrariar este aumento pode recorrer-se à rega,
à reintrodução de materiais com relação C/N mais elevada ou ao arejamento da pilha através MÓDULO V
do revolvimento do material.

Concluído o processo de
degradação rápida ocorrido
nas duas fases anteriores, a
temperatura da pilha sofre
MÓDULO VI

uma diminuição gradual até


igualar a temperatura ambiente.
Após esta diminuição, os
microrganismos mesófilos
voltam a atuar, degradando os
compostos mais resistentes, o
que possibilita a maturação do
BIBLIOGRAFIA

Gráfico 2 - Comportamento da temperatura ao longo do processo de compostagem


composto (gráfico 2). Fonte: Schalch et al., 2015

361
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
c) Humidade

O processo de compostagem está totalmente dependente do teor de humidade do material


a compostar, podendo variar de acordo com o tipo de matéria orgânica, as características físicas
do material e o sistema de arejamento. Neste sentido, os materiais estruturalmente fracos -

MÓDULO I
como a erva verde - e que tendem, quando molhados, a constituir uma massa compacta,
devem ser compostados com teores de humidade mais reduzidos (50 a 60%); por outro lado,
os materiais estruturalmente mais firmes, como a palha e a serradura, necessitam de um teor
de água mais elevado (75 a 90 %).

De acordo com diversos autores, o teor de humidade do substrato no início do processo de


compostagem deverá estar compreendido entre 45 e 65%. No entanto, o teor de humidade

MÓDULO II
pode variar ao longo do processo, uma vez que os microrganismos aeróbios produzem
água quando decompõem a matéria orgânica, o que contribui para aumentar a humidade
do composto. Por outro lado, devido ao aumento de temperatura, da ventilação ou do
revolvimento do composto, poderão ocorrer perdas sob a forma de vapor de água.

De um modo geral, o substrato não deve atingir teores de humidade abaixo de 40%, uma
vez que níveis na ordem dos 30% afetam a atividade de alguns grupos microbianos. A atividade
microbiológica é totalmente cessada quando tais níveis são inferiores a 8-12%.

MÓDULO III
d) Arejamento

O fornecimento de ar é um processo vital para a compostagem, uma vez que a atividade


microbiana e a consequente degradação do material estão dependentes desse fator. Ou
seja, o arejamento permite fornecer o oxigénio necessário à atividade microbiana; remover a
humidade em excesso da mistura de materiais em compostagem; e remover calor, diminuindo

MÓDULO IV
a temperatura da massa em compostagem. A falta de oxigénio causa um ambiente redutor,
resultando compostos incompletamente oxidados como ácidos voláteis, metano (CH4),
amoníaco (NH3) e gás sulfídrico (H2S).

O consumo de oxigénio (O2) na compostagem está diretamente relacionado com a


atividade dos microrganismos aeróbios. Deste modo, a circulação do ar é importante para que
a compostagem ocorra de forma rápida e eficaz. Na fase inicial do processo de compostagem
os materiais são mais facilmente degradados, pelo que as necessidades de O2 aumentam.
Após a fase de degradação rápida, as necessidades de oxigénio vão diminuindo gradualmente. MÓDULO V
Em condições ótimas, a concentração de O2 não deve ser inferior a 10% embora a
compostagem possa ocorrer com uma concentração mínima de 5%. Para garantir essas
condições será necessário manter o interior do substrato bem provido de ar, recorrendo,
quando necessário, a operações de revolvimento ou forçando a entrada de ar na massa
em compostagem por insuflação ou sucção. O número de vezes que o material deve ser
MÓDULO VI

revirado depende de diversos fatores (temperatura, humidade, tamanho da pilha, dimensão


das partículas), podendo ser necessário revirar uma ou duas vezes no primeiro mês e,
eventualmente, mais uma vez no segundo mês. Durante este processo, algum azoto poderá
ser perdido.

e) Valor de pH
BIBLIOGRAFIA

Os valores de pH do material em compostagem condicionam a atividade microbiana e

362
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
podem ser indicativos do estado de compostagem em que os resíduos orgânicos se encontram.

De acordo com as transformações que vão ocorrendo ao nível da compostagem do


material o valor de pH vai variando. Durante as primeiras horas de compostagem, o pH
decresce até valores de aproximadamente 5 e, posteriormente, aumenta gradualmente com

MÓDULO I
a evolução do processo de compostagem, alcançando, finalmente, valores entre 7 e 8. À
medida que os fungos e as bactérias digerem a matéria orgânica, libertam-se ácidos que se
acumulam e acidificam o meio. Esta diminuição do pH favorece o crescimento de fungos e a
decomposição da celulose e da lenhina. Posteriormente estes ácidos são decompostos até
serem completamente oxidados. Neste sentido, o valor de pH que se considera ser ótimo
para o processo de compostagem situa-se entre 5,5 no início e 8,5 no final.

MÓDULO II
A adição de calcário ou de outras substâncias alcalinizantes, como as cinzas, pode ser
prejudicial para o processo, uma vez que o aumento de pH causa a formação de amoníaco
(NH3) em detrimento do ião amoniacal (NH4+). O amoníaco é altamente tóxico e pode ser
volatilizado, contribuindo assim para os odores desagradáveis e para a diminuição de azoto
disponível para a nutrição das plantas.

f) Granulometria

MÓDULO III
A granulometria ou dimensão das partículas do material a compostar é outro fator que pode
afetar o desenvolvimento do processo, uma vez que a intensidade do processo depende da
superfície específica de contacto entre o material e os microrganismos. Deste modo, quanto
menor for a granulometria, maior será a superfície de contacto e mais elevado será o ataque
por parte dos microrganismos, acelerando assim o processo de decomposição, embora
possam gerar menor porosidade e maior compactação, dificultando a oxigenação da pilha.

MÓDULO IV
Geralmente utilizam-se partículas com tamanho entre 1,3 e 7,6 cm, no entanto, não é
fácil estabelecer uma dimensão ótima das partículas, uma vez que cada material apresenta
características particulares. Da mesma forma como acontece com a razão C/N, o ideal
será recorrer a uma mistura de materiais de forma a favorecer a porosidade e diminuir a
compactação. Deste modo, as partículas de menor dimensão (com maior superfície específica)
poderão ser degradadas com maior rapidez, enquanto que as de maior dimensão, contribuem
para melhorar a estrutura do material em compostagem, favorecendo um bom arejamento.

g) Organização e localização da pilha MÓDULO V


Embora não tenham a ver com as características intrínsecas do substrato, as dimensões
e forma das pilhas também assumem, nos sistemas de compostagem tradicional, como o
caso das pilhas longas reviráveis ou estáticas, um papel relevante na eficiência do processo,
designadamente pelo efeito que têm sobre o arejamento e a dissipação do calor da pilha, e
na eliminação/inativação dos microrganismos patogénicos.
MÓDULO VI

O formato e as dimensões de cada pilha deverão ser equacionados em função do peso e da


resistência dos materiais que a constituem, bem como das condições climáticas predominantes
nos locais de compostagem.

No que diz respeito à forma, estas deverão ter uma secção vertical triangular ou trapezoidal
(figura 23). Em climas maioritariamente chuvosos, as pilhas requerem um formato que permita
BIBLIOGRAFIA

o escoamento da água. Pelo contrário, em climas secos as pilhas deverão ter um formato

363
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
que lhes permita reter água por forma a manter o teor de humidade da pilha. Neste sentido,
deve-se privilegiar a secção triangular se os materiais a compostar forem predominantemente
de fraca estrutura e na estação de maior ocorrência de pluviosidade, enquanto que a secção
trapezoidal será reservada à estação seca.

MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 23 - 1: Secção vertical triangular; 2: secção vertical trapezoidal | Fonte: RuralSmart

A utilização de coberturas pode evitar a percolação de nutrientes devido à chuva, bem


como, proporcionar uma decomposição mais uniforme.

Relativamente às dimensões, a largura deverá ser o dobro da altura (que convirá não
exceder os 2 – 2,5 metros), não havendo restrições no que se refere ao comprimento. Se o

MÓDULO III
substrato a compostar tiver grande percentagem de materiais estruturalmente resistentes,
a altura das pilhas poderá exceder em cerca de 1/3 a das pilhas constituídas por materiais
brandos. Nas regiões caracterizadas por temperaturas muito baixas haverá vantagem em
aumentar as dimensões das pilhas, possibilitando, assim, a conservação do calor.

Quanto ao local escolhido para se fazer a compostagem este deverá ser de fácil acesso,
preferencialmente com um declive pouco acentuado, até 3%, para facilitar toda a gestão

MÓDULO IV
(preparação e reviramento da pilha) mas de modo a permitir a drenagem da água da chuva.
Deve situar-se próximo de um ponto de água, uma vez que o material poderá ter que ser
molhado à medida que as camadas vão sendo colocadas ou até mesmo quando for revolvido.

h) Vermicompostagem

A vermicompostagem é um processo de degradação de matéria orgânica que permite


acelerar o processo natural de compostagem (figura 24). Este método consiste na utilização de

MÓDULO V
minhocas específicas para decompor a matéria orgânica do substrato, transformando-a num
fertilizante natural e rico em ácidos húmicos denominados de vermicomposto.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 24 - Processo de vermicompostagem na Ilha do Açores


Fonte: RuralSmart

364
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
O vermicomposto é o resultado do metabolismo e consequentes excrementos de minhocas
da espécie Eisenia Fetida, mais conhecidas por minhocas vermelhas californianas. Estas
minhocas consomem diariamente o equivalente ao seu peso em nutrientes (aproximadamente
1 grama), expelindo 50% do alimento consumido, sob a forma de húmus. Em condições ótimas,
um quilograma de minhocas consome diariamente um quilograma de matéria orgânica.

MÓDULO I
O vermicomposto melhora as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo,
possibilitando uma melhoria nas suas caraterísticas, nomeadamente ao nível da fertilidade
e, consequentemente, da sua produtividade, potenciada pelo aumento da capacidade de
retenção/circulação de água e de nutrientes.

Por outro lado, este processo pode apresentar algumas dificuldades acrescidas, tais como

MÓDULO II
a disponibilidade de minhocas no mercado e o seu custo de aquisição.

O Quadro 12 esquematiza as principais diferenças entre o processo de vermicompostagem


e compostagem:

Vermicompostagem Compostagem

Apesar de ser considerado um processo

MÓDULO III
Estritamente aeróbio: aumenta a qualidade aeróbio, poderão ser originadas zonas
do produto anaeróbias: atrasa o processo e reduz a
qualidade do produto

Minhocas como principal agente biológico


em regime simbiótico com a fauna Microrganismos como agente biológico
microbiana

MÓDULO IV
Processo essencialmente mesófilo (20 – 40º As temperaturas termófilas (> 40ºC) são
C) essenciais para o processo

O arejamento é efetuado pela ação das Poderá ser necessário arejamento manual
minhocas ou mecanizado

Menor consumo energético Maior consumo energético

Elevada eficiência na eliminação de Eliminação de organismos patogénicos


MÓDULO V
organismos patogénicos nem sempre bem sucedida

Rendimento máximo: 90% Rendimento máximo: 35%


Quadro 12 - Principais diferenças entre o processo de vermicompostagem e compostagem
Fonte: Adaptado de http://www.agrotec.pt/noticias/vermicompostagem-fertilidade-e-sustentabilidade/
MÓDULO VI

V.5.2.3.5. PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE OCORREM NO PROCESSO DE


COMPOSTAGEM E SUA RESOLUÇÃO

a) Lentidão do processo

Os resíduos orgânicos em decomposição assumem comportamentos distintos em função


BIBLIOGRAFIA

das características dos vários compostos que os constituem. Neste sentido, os resíduos deverão

365
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
conter níveis adequados de matéria orgânica e de elementos essenciais ao crescimento e
multiplicação dos microrganismos intervenientes no processo, sendo que, conforme já foi
referido no Ponto V.5.2.3.4.a), a razão C/N próxima de 30 é aquela que se considera ótima
para o processo de compostagem.

MÓDULO I
Nos resíduos de natureza vegetal e animal, cuja relação C/N é reduzida, o processo de
decomposição torna-se muito rápido porque a matéria orgânica mineraliza-se num curto
período de tempo, contribuindo pouco para a produção de húmus.

Quando a relação C/N é muito elevada, como é o caso dos resíduos dificilmente
biodegradáveis (elevada componente lenhocelulósica), o processo de decomposição torna-
se muito lento porque são ricos em compostos fenilpropanos e polifenóis, resistentes à

MÓDULO II
decomposição microbiana.

Neste sentido, conhecer a razão de C/N dos diferentes materiais utilizados no processo
de compostagem é fundamental para que a decomposição da matéria orgânica ocorra com a
cadência desejada.

b) Odores

MÓDULO III
O excesso de humidade, a falta de porosidade, a rápida degradação do substrato e o
tamanho excessivo da pilha, podem criar condições de anaerobiose no interior da pilha de
compostagem. Estas condições resultam na formação de compostos que provocam odores
desagradáveis quando se volatilizam.

Os compostos que mais frequentemente contribuem, quer em aerobiose quer em


anaerobiose, para os odores desagradáveis podem ser compostos orgânicos incompletamente
oxidados, tais como os ácidos gordos voláteis e amoníaco, ou compostos não oxidados de

MÓDULO IV
enxofre, como o gás sulfídrico.

O odor intenso e desagradável dos resíduos orgânicos diminui durante a fase inicial da
compostagem e tende a desaparecer praticamente no final do processo.

c) Temperaturas desadequadas no interior da pilha

MÓDULO V
O problema das variações de temperatura na pilha de compostagem é bastante
complexo por motivo de as temperaturas assumirem, no interior da pilha, valores localmente
distintos, influenciadas pela temperatura ambiente, arejamento, e humidade que se acumula
habitualmente na base da pilha. Neste sentido, a temperatura deve ser medida periodicamente,
com o intuito de verificar se a sua evolução é a adequada. Essa medição deve ser feita em
vários pontos da pilha.

Através de um bom arejamento conseguem evitar-se elevados valores de temperatura,


MÓDULO VI

aumentar a velocidade de oxidação, reduzir o excesso de humidade e a emissão de odores


e de gases como o metano. O arejamento adequado pode ser conseguido por reviramento
periódico da pilha.

Tal como já foi referido no Ponto V.5.2.3.4.c), se o teor de humidade descer abaixo dos
40%, a pilha fica demasiado seca para a atividade microbiana. Uma vez que a temperatura
atingida é elevada, é normal que ocorra evaporação e, como resultado, pode ser necessário
BIBLIOGRAFIA

humedecer frequentemente a pilha.

366
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
A figura seguinte ilustra as variações de temperatura que geralmente ocorrem no interior
da pilha:

MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 25 - Corte transversal de uma pilha estática; variações de temperaturas típicas em vários locais da pilha
Fonte: Gonçalves, 2005

d) Presença de pragas ou doenças

O processo de compostagem não é um processo de esterilização (total eliminação da

MÓDULO III
vida microbiológica de um material submetido a uma determinada temperatura e pressão
durante um determinado tempo). Neste sentido, vários organismos patogénicos podem estar
presentes no composto se não se deixar que o processo alcance temperaturas suficientemente
altas para os destruir. A presença dos organismos patogénicos também varia com os tipos de
resíduos utilizados como matéria-prima para o composto.

Por outro lado, existem por vezes materiais contaminados por pragas ou doenças que se

MÓDULO IV
desenvolvem bastante bem em condições de elevada humidade e temperatura.

Neste sentido, deve ter-se muito cuidado com os materiais que se colocam nas pilhas e
proceder, se necessário, a uma correta higienização prévia.

e) Perigo de percolação por rega excessiva

A água é essencial para transportar e dissolver os nutrientes necessários para as atividades

MÓDULO V
fisiológicas e metabólicas dos microrganismos e para a difusão dos microrganismos ao longo
da matéria de compostagem.

Embora não seja uma regra, o recurso à rega nas pilhas de compostagem é uma prática
utilizada várias vezes como medida corretiva. Esta prática deve ser realizada de forma
controlada, de modo a evitar excessos e, consequentemente, a percolação do sistema. Ou
seja, quando os níveis de humidade são elevados, a água preenche as fendas das partículas da
MÓDULO VI

biomassa, o que dificulta a difusão do ar, e aumenta a espessura dos filmes na superfície das
partículas, diminuindo as taxas metabólicas. Neste tipo de situações, deve arejar-se a mistura
para promover a libertação de vapor de água do interior.

V.5.2.3.6. QUALIDADE/PROPRIEDADES DO COMPOSTO

O produto final da compostagem deverá ser testado e estar em conformidade com o


BIBLIOGRAFIA

Decreto-Lei n.º 103/2015, de 15 de junho para ser colocado no mercado, assegurando-se,

367
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
nomeadamente, o cumprimento dos seguintes requisitos:

• Teor de matéria orgânica: O composto deve conter um teor mínimo de 30% de matéria
orgânica (reportado à matéria seca);

• Teor de humidade: O teor máximo de humidade permitido no composto, expresso em

MÓDULO I
percentagem em massa, é de 40%;

• pH: O pH da matéria fertilizante deve situar-se entre 5,5 e 9,0;

• Granulometria: De um modo geral, 99% deverá passar por um crivo de malha de 25


mm;

MÓDULO II
• Salmonella spp: O composto deve estar isento de Salmonella spp numa amostra de
25 g;

• Escherichia coli: O composto deve possuir <1000 células/g de Escherichia coli;

• Sementes e propágulos de infestantes: O composto não pode exceder os valores


máximos de 3 unidades ativas/l de sementes e propágulos de infestantes;

MÓDULO III
• Metais pesados, materiais inertes antropogénicos e pedras: O composto não pode
ultrapassar, de acordo com a classe correspondente, o conteúdo em metais pesados,
materiais inertes antropogénicos e pedras indicado no seguinte quadro:

Parâmetro Unidade Classe I Classe II Classe IIA Classe III

Cádmio 0,7 1,5 3,0 5,0

MÓDULO IV
Chumbo 100 150 300 500

Cobre 100 200 400 600


mg/kg
Crómio 100 150 300 400
MS
Mercúrio 0,7 1,5 3,0 5,0

Níquel 50 100 200 200 MÓDULO V


Zinco 200 500 1000 1500

Inertes antropogénicos (> 2 mm) 0,5 1,0 2,0


%
Pedras > 5 mm 5,0 5,0 5,0 -
MÓDULO VI

Quadro 13 - Valores máximos admissíveis para os teores totais de metais pesados inertes antropogénicos e pedras, no composto orgânico, por classe
Fonte: Sempiterno, 2016

De acordo com a classe de qualidade do composto, assim são as limitações que


existem ao nível da sua utilização (Decreto-Lei n.º 103/2015, de 15 de junho), tanto
em quantidade como no tipo de cultura em que se pode aplicar. Deste modo, os
compostos de classe I e II podem ser aplicados em todas as culturas agrícolas, até um
máximo anual de 50 t/ha e 25 t/ha, respetivamente. Os de classe IIA, apenas podem ser
BIBLIOGRAFIA

aplicados a culturas agrícolas arbóreas e arbustivas e a espécies silvícolas, na quantidade

368
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
máxima de 10 t/ha e ano. Os de classe III só podem ser utilizados em solos que não se
destinem a instalar culturas para alimentação humana ou animal e em quantidades que
não excedam as 200 t/ha, em cada 10 anos.

• Grau de maturação: consideram-se três categorias de composto em função do grau

MÓDULO I
de maturação. Este é medido em função do teste de auto aquecimento como indica o
Quadro 14.

Temperatura no teste de Grau de


Categoria Condições de aplicação
auto aquecimento (T) maturação

Espalhamento e incorporação

MÓDULO II
T < 40º C IV e V Maturada até 3 semanas antes da
sementeira ou plantação

40º C < T < 50º C III Semimaturada Espalhamento e incorporação


pelo menos 4 e 3 semanas,
respetivamente, antes da
T > 50º C I e II Fresca sementeira ou plantação.

MÓDULO III
Incorporação até 48 horas
após o espalhamento
Quadro 14 - Categorias do composto orgânico em função do grau de maturação e respetivas condições de aplicação
Fonte: Sempiterno, 2016

Ainda de acordo com o Decreto-Lei n.º 103/2015, de 15 de junho, a possibilidade de


utilização de cada uma das categorias como corretivo orgânico está dependente do tempo
que decorre entre a aplicação do mesmo ao solo e o processo de sementeira ou plantação.

MÓDULO IV
A compostagem sendo um processo de biodegradação de matéria orgânica por ação de
microrganismos é considerado como uma valorização orgânica.

LEGISLAÇÃO RELEVANTE

Quadro de legislação (Ponto V.5.)

MÓDULO V
TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA

Licenciamento Decreto-Lei
para n.º 102-D/2020
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/102-d-2020-150908012
armazenamento de 10 de
de resíduos dezembro

Licenciamento
Lei nº 26/2013,
para resíduos https://dre.pt/dre/detalhe/lei/26-2013-260454
de 11 de abril
MÓDULO VI

perigosos

Gestão de Decreto-Lei nº
Resíduos 187/2006 de 19 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/187-2006-541635b
Fitofarmacêuticos de setembro

Decreto-Lei n.º
Gestão de Óleos 152-D/2017, de
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/152-d-2017-114337042
usados 11
de dezembro
BIBLIOGRAFIA

369
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Quadro de legislação (Ponto V.5.)

TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA

Gestão de
Decreto-Lei n.º

MÓDULO I
embalagens https://dre.pt/dre/legislacao-consolidada/decreto-
366-A/97 de 20
e resíduos de lei/1997-73665155
de dezembro
embalagens

Anexo I da
Decisão
Lista Europeia https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/
2014/955/UE, da
de Resíduos (LER) TXT/?uri=celex:32014D0955
Comissão, de 18

MÓDULO II
de dezembro

Decreto-Lei n.º
Compostagem 103/2015, de 15 https://dre.pt/home/-/dre/67485179/details/maximized
de junho

Decreto-Lei
Eliminação de n.º 102-D/2020
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/102-d-2020-150908012
resíduos agrícolas de 10 de

MÓDULO III
dezembro

Prevenção e
controlo das Decreto-Lei
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.
emissões de nº39/2018, de 11
php?nid=2904&tabela=leis&ficha=1&pagina=1&so_miolo=
poluentes para de junho
o ar

MÓDULO IV
Prevenção e Decreto-Lei n.º
gestão dos 73/2011, de 17 https://dre.pt/pesquisa/-/search/670034/details/maximized
resíduos de junho

V.6. GESTÃO DE EFLUENTES PECUÁRIOS E DE OUTROS


SUBPRODUTOS ANIMAIS

MÓDULO V
A intensificação dos sistemas de produção animal aumentou a eficiência das explorações,
no entanto criou potenciais problemas de saúde pública e ambiental ao longo dos anos, devido
à contaminação das massas de água, solo e ar e ao volume de efluentes produzidos. Por outro
lado, a concentração geográfica de explorações pecuárias e a sua dissociação da produção
vegetal também tem contribuído para o incremento das preocupações com o destino a dar
aos efluentes pecuários, preservando o meio ambiente e a saúde pública.

A gestão dos Efluentes pecuários e de outros subprodutos de origem animal está suportada
MÓDULO VI

em vários diplomas legais articulados entre si, e que confluem no licenciamento da atividade
pecuária.

Os impactes ambientais e sociais associados aos efluentes pecuários e o seu potencial de


valorização levam a que os efluentes sejam vistos como recursos passíveis de serem utilizados
para diferentes fins. Neste sentido, são objeto de uma gestão que se procura que seja cada vez
mais sustentável e que contempla as fases de recolha, armazenamento, transporte, tratamento
BIBLIOGRAFIA

e destino final adequado.

370
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Todas as fases deste processo (recolha, armazenamento, transporte, tratamento e destino
final) têm que ser efetuadas de acordo com as regras em vigor e segundo as boas práticas.

Existe uma enorme variedade de métodos (físicos, químicos e biológicos) utilizados para
o tratamento de efluentes, os quais se podem complementar mutuamente, tais como: (i)
separação de fases (sedimentação, mecânica ou química); (ii) tratamentos biológicos (aeróbios

MÓDULO I
e anaeróbios), aos quais já se fez referência a propósito da gestão dos subprodutos de origem
vegetal; (iii) compostagem, que constitui um processo também já descrito pormenorizadamente
no subcapítulo anterior, (iv) desidratação (tratamento térmico); (v) incineração e coincineração
(também considerados tratamentos térmicos), também já referidos anteriormente.

A eficiência de qualquer tipo de tratamento está dependente de diversos fatores, tais


como o volume/composição dos efluentes pecuários e a monitorização dos parâmetros

MÓDULO II
analíticos (pH, temperatura, teor de humidade, etc.). Esta variedade de tratamentos possibilita
que ocorram diferentes formas de valorização dos efluentes pecuários, nomeadamente a
valorização agrícola, orgânica e energética, bem como outros tipos de valorização como a
biológica e biotecnológica.

A adoção de medidas ou práticas que visem reduzir as quantidades de efluentes produzidos


e/ou de substâncias potencialmente poluentes, é uma postura que deve, cada vez mais, ser
implementada nas explorações pecuárias, fazendo parte integrante da gestão dos efluentes

MÓDULO III
pecuários nas explorações agropecuárias/pecuárias.

V.6.1. ENQUADRAMENTO LEGAL DA GESTÃO DE EFLUENTES PECUÁRIOS


Tal como foi referido anteriormente, o Regulamento do Exercício da Atividade Pecuária
“REAP” (Decreto-Lei nº 214/2008, de 10 de novembro) introduziu no sistema de licenciamento
nacional uma visão integrada e sequencial dos aspetos a acautelar por um produtor que

MÓDULO IV
pretenda exercer atividade pecuária. Em 2013, foi instituída uma nova versão deste regulamento
denominada Novo Regulamento do Exercício da Atividade Pecuária “NREAP” (Decreto-
Lei nº 81/2013, de 14 de junho).

Este regulamento enquadra o licenciamento de todas as atividades pecuárias e respetivas


atividades complementares de gestão dos efluentes pecuários, anexas às explorações pecuárias
ou em unidades autónomas, quando se trate de unidades de compostagem, de unidades
de produção de biogás, ou de unidades técnicas; bem como das explorações agrícolas que
MÓDULO V
sejam valorizadoras de efluentes pecuários.

De acordo com o Glossário NREAP (da DGADR), as unidades de tratamento dos efluentes
pecuários, que permitem o desenvolvimento das atividades complementares de gestão de
efluentes pecuários, são definidas da seguinte forma:

• Unidade de compostagem de efluentes pecuários: unidade de transformação,


autónoma ou anexa à atividade pecuária, em que é efetuada a degradação biológica
MÓDULO VI

de efluentes pecuários, podendo ainda incorporar biomassa para valorização agrícola e


subprodutos de origem animal da categoria 2 ou 3, podendo também incorporar várias
dezenas de outros produtos derivados da transformação de subprodutos de origem
animal destinados a fins que não o consumo humano ou animal, em condições aeróbias
com vista à produção de composto orgânico.
• Unidade de biogás de efluentes pecuários: unidade de transformação, autónoma ou
anexa à exploração pecuária, em que é efetuada a degradação biológica de efluentes
BIBLIOGRAFIA

pecuários, podendo ainda incorporar biomassa para valorização agrícola e subprodutos

371
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
de origem animal da categoria 2 ou 3, em condições anaeróbias com vista à produção
de biogás.
• Unidade técnica de efluentes pecuários: unidade autónoma que utiliza efluentes
pecuários de diversas origens, tendo em vista o armazenamento, mistura ou
transformação dos efluentes pecuários de forma adequada ao seu destino final,

MÓDULO I
podendo também incorporar:
i) Outros produtos derivados de subprodutos de origem animal transformados (PD)
destinados a fins que não o consumo humano ou animal;
ii) A biomassa para valorização agrícola; ou
iii) Cinzas de unidades de incineração de cadáveres; Com vista à produção de estrumes
e chorumes transformados.

MÓDULO II
• Unidade térmica de efluentes pecuários: unidade em que se procede ao tratamento
de efluentes pecuários com o objetivo da sua valorização energética (com recuperação
energética) através da combustão ou coincineração, ou da sua eliminação, por
incineração.
Assim, a regulamentação em matéria do ambiente encontra-se prevista na arquitetura
organizacional do NREAP. Por outro lado, tal como referido anteriormente, a portaria referente

MÓDULO III
à gestão dos efluentes pecuários (Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro) não pode ser
vista de forma desintegrada da totalidade do quadro regulamentar do NREAP. Esta portaria
pretende clarificar os destinos admitidos para os efluentes pecuários e quais os requisitos a
cumprir quando os mesmos são destinados a valorização agrícola; obrigar os Gestores de
Efluentes Pecuários à apresentação de um Plano de Gestão de Efluentes Pecuários (PGEP),
o qual deve estar permanentemente atualizado; e definir o seu regime de licenciamento no
quadro do NREAP.

MÓDULO IV
Ao abrigo da portaria relativa à Gestão dos Efluentes Pecuários, o titular de um dos seguintes
tipos de atividade ou de instalação são classificados como Gestor de efluentes pecuários e de
outros SPA e PD, categorias 2 e 3:

i) Exploração pecuária ou agropecuária produtora de efluentes pecuários, em regime de


produção intensivo, das classes 1 e 2, com uma produção anual de efluentes pecuários
superior a 200 m3 ou t, ou sujeita ao Regime de Emissões Industriais aplicável à
MÓDULO V
Prevenção e Controlo da Poluição (PCIP);

ii) Exploração agrícola autorizada a efetuar valorização agrícola de qualquer quantidade


de outros SPA ou PD de categorias 2 ou 3 produzidos em território nacional, ou de
efluentes pecuários provenientes de outros Estados Membros;

iii) Unidade autónoma que utiliza efluentes pecuários e/ou outros SPA e PD, de categorias 2
e 3 (designadamente de compostagem, de produção de biogás, estação de tratamento
MÓDULO VI

- ETEP e unidade intermédia - UIEP e unidades anexas (designadamente de tratamento


térmico de efluentes pecuários).

Faz-se notar que o licenciamento de instalações destinadas à transformação ou eliminação


de efluentes pecuários da respetiva exploração pecuária constitui parte integrante do processo
de licenciamento dessa exploração. Por outro lado, o licenciamento das instalações autónomas
das unidades técnicas, de compostagem e de biogás de efluentes pecuários, consideradas
BIBLIOGRAFIA

como estabelecimentos anexos da exploração, obedece ao disposto nos anexos II e III do

372
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
NREAP. Portanto o licenciamento das atividades relativas ao tratamento, transformação
e eliminação de efluentes pecuários enquadra-se, tal como referido anteriormente, no
licenciamento da atividade pecuária e o seu funcionamento tem de obedecer à legislação em
vigor, bem como à legislação complementar aplicável.

MÓDULO I
Uma das condições previstas para o licenciamento e funcionamento da atividade dos
Gestores de Efluentes Pecuários, a que nos referimos anteriormente, é a submissão para
aprovação na respetiva DRAP, de um Plano de Gestão de Efluentes Pecuários (ver anexo IV da
Portaria n.º 632/2009, de 9 de junho), tendo igualmente a obrigação de manter os seus PGEP
permanentemente atualizados.

Para além dos aspetos referidos no NREAP e especificamente na Portaria n.º 79/2022 de
3 de fevereiro, existe a nível nacional mais alguma regulamentação que o agricultor deve ter

MÓDULO II
em conta na gestão sustentável dos efluentes pecuários, nomeadamente o Programa de Ação
(Portaria n.º 259/2012, de 28 de agosto) para as Zonas vulneráveis à poluição por nitratos de
origem agrícola e o Código de Boas Práticas Agrícolas (Despacho n.º 1230/2018, de 5 de
fevereiro) que é de aplicação obrigatória nas Zonas vulneráveis.

Os aspetos fundamentais a cumprir ao nível da produção, recolha e armazenamento de


efluentes pecuários são referidos na citada Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro, assim como as

MÓDULO III
formas de encaminhamento, tratamento e destino final previstos para estes subprodutos. São
igualmente referidos neste diploma os procedimentos a ter em conta ao nível do transporte e
registo de efluentes pecuários e dos fertilizantes pecuários que contenham produtos derivados
de subprodutos animais (PD) e os aspetos a cumprir para o licenciamento e funcionamento
das unidades técnicas, de tratamento e de eliminação de efluentes pecuários. Este diploma
refere também as condições a cumprir quanto à valorização agrícola de efluentes pecuários e
de fertilizantes orgânicos deles derivados ou que contenham PD.

MÓDULO IV
Seguidamente caraterizam-se alguns dos aspetos focados neste diploma legal com maior
relevância para os produtores pecuários e agropecuários.

V.6.2. ARMAZENAMENTO DE EFLUENTES PECUÁRIOS


Os efluentes pecuários são recolhidos e armazenados em infraestruturas de retenção. Na

MÓDULO V
fase de recolha dos efluentes procura-se, sempre que possível, separar as águas pluviais.

Os Efluentes pecuários (EP) podem ser armazenados em estruturas impermeabilizadas de


forma a garantir a estanquicidade na base e nas paredes laterais, o que pode ser conseguido
de forma natural ou artificialmente. Estas estruturas podem assumir a forma de nitreiras, fossas,
lagoas e tanques, consoante se trate de estrume ou chorume.

A capacidade de armazenamento dos efluentes pecuários devem estar de acordo com


MÓDULO VI

a dimensão da atividade pecuária, de forma a assegurar o equilíbrio entre a produção e a


respetiva utilização ou destino.

Para o cálculo da capacidade mínima de armazenamento de efluentes pecuários deve ser


tido em conta o seguinte:

• A capacidade mínima é equivalente à produção média de três meses (salvo outro


BIBLIOGRAFIA

sistema alternativo e ou outra legislação aplicável);

373
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
• Para o período referido anteriormente (3 meses) deve atender-se:
a) à quantidade total de efluentes pecuários produzidos, incluindo o volume de águas e
escorrências que drenam para as infraestruturas de armazenamento, nomeadamente
as águas de lavagem dos alojamentos e equipamentos das atividades pecuárias,
bem como as escorrências de nitreiras e silos.

MÓDULO I
b) ao volume de águas pluviais não separadas das águas residuais que incidam nas áreas
descobertas dos alojamento dos animais e de infraestruturas de armazenamento;
c) Uma capacidade de reserva de segurança mínima, de forma a evitar derrames por
transbordo, equivalente à pluviosidade máxima observada em 24 horas na região,
nos últimos 30 anos referenciada pelo Instituto Português do mar e Atmosfera, I. P.

MÓDULO II
(IPMA, I.P.).

Deve ser aplicado o disposto no Código de Boas práticas Agrícolas (CBPA) e nas situações
omissas ou que careçam de clarificação e devem ser consultadas as normas divulgadas pela
DGADR, designadamente no seu site.

A capacidade de armazenamento de efluentes pecuários pode ser assegurada numa


instalação anexa à exploração pecuária, devidamente habilitada para o efeito, ou através do

MÓDULO III
estabelecimento de um contrato escritos relativo ao armazenamento externo à instalação.
Neste caso, alerta-se para o cumprimento das orientações relativas ao transporte de efluentes
pecuários.

Não obstante a solução a adotar (instalação anexa ou armazenamento externo à exploração),


com exceção do armazenamento de estrume nas explorações avícolas com produção de camas
no solo, deve ser assegurada na exploração uma capacidade mínima de armazenamento de
EP referentes a 21 dias consecutivos.

MÓDULO IV
O período de armazenamento de EP não pode exceder um período superior a 12
meses. Assim, o operador pecuário deve possuir documentação que demonstre a utilização,
encaminhamento ou destino adequado dos EP produzidos no decurso de cada ano civil. Porém,
em casos devidamente justificados e previamente autorizados pela entidade coordenadora
do NREAP o armazenamento de EP pode ser mantido por um período máximo de 24 meses,
desde que sejam asseguradas as condições adequadas de armazenamento. O pedido de

MÓDULO V
autorização deve ser submetido com a antecedência mínima de 30 dias relativamente ao
termo do período normal de meses para o armazenamento de efluentes, sendo decidido no
prazo de dias.

No caso de ser ultrapassado o prazo de retenção de acordo com o exposto, as matérias


retiradas das lagoas de efluentes pecuários configuram uma lama, nos termos do Decreto-Lei
276/2009, de 2 de outubro que estabelece o regime de utilização de lamas de depuração em
solos agrícolas.
MÓDULO VI

Consoante o tipo, os materiais empregues na construção e a dimensão da estrutura de


armazenamento, assim são os custos associados. Estas estruturas devem respeitar as normas
regulamentares definidas pela Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro, nomeadamente no que
diz respeito às suas características construtivas, bem como às demais normas nos domínios do
ordenamento do território e ambiente. A construção de uma estrutura de armazenamento de
efluentes pecuários está sujeita à aprovação prévia, por parte da DGADR, de um projeto de
BIBLIOGRAFIA

licenciamento.

374
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Estas estruturas não podem ser implantadas a menos de 10 m das margens das linhas de
água e a menos de 25m dos locais onde são efetuadas captações de água, sem prejuízo da
demais legislação aplicável; em zonas ameaçadas por cheias de acordo com o previsto na
Lei da Água; e numa faixa, medida na horizontal, com a largura de 100 metros contados a
partir da linha do nível de pleno armazenamento no caso das albufeiras de águas públicas de

MÓDULO I
serviço público e da linha limite do leito das lagoas ou lagos de águas públicas. Estas e outras
condicionantes ao armazenamento de efluentes pecuários encontram-se indicados no Artigo
5.º da Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro.

Os locais de armazenamento deverão ser impermeabilizados na base e nas paredes


laterais para evitar infiltrações ou derrames que possam originar a contaminação das massas
de água superficiais e subterrâneas. Esta impermeabilização poderá ser natural ou artificial,

MÓDULO II
devendo o responsável técnico assegurar a estabilidade e estanquicidade, imprescindíveis a
estas unidades. Para além disso, devem ser isoladas por vedação, de forma a evitar a queda de
pessoas ou animais nos órgãos de retenção, bem como o seu resguardo a acessos indevidos.

As infraestruturas de armazenamento devem obedecer aos seguintes requisitos gerais:


a) O armazenamento em betão convencional deve obedecer, do ponto de vista
construtivo, às regras de edificabilidade e estruturas legisladas no âmbito do

MÓDULO III
Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU);
b) No armazenamento em sistemas lagunares é necessário garantir as seguintes condições:
• Salvaguardar a sua implantação fora de áreas sujeitas a inundações;
• A quota de implantação deve ser definida em função do nível piezométrico;
• Os declives dos taludes devem ser definidos em função das características geológicas

MÓDULO IV
do solo, devendo ser dimensionados de forma a garantir a sua estabilidade;
• As infraestruturas devem ser circundadas por um sistema de drenagem lateral/
de fundo que assegure o escoamento de águas laterais e que, simultaneamente,
permita sinalizar qualquer risco de rutura do sistema;
c) No armazenamento em depósitos amovíveis deve ser observado o seguinte:
• As infraestruturas podem ser construídas em fibra ou ser metálicas com revestimentos
de PVC;
MÓDULO V
• Os depósitos devem possuir certificado de conformidade para armazenamento
destes produtos.

A capacidade de armazenamento de efluentes pecuários, ou seja, o volume útil necessário


para a retenção dos efluentes pecuários, deverá ser dimensionada de forma a poder realizar
uma gestão adequada e segura dos efluentes que sejam produzidos tendo em consideração
MÓDULO VI

a sua utilização, transferência para terceiros ou eliminação.

Nas Zonas Vulneráveis à poluição por nitratos de origem agrícola a gestão dos efluentes
pecuários obedece ao disposto no Programa de Ação em vigor (Decreto-Lei n.º 235/97, de 3
de setembro).

Para a determinação da capacidade do armazenamento dever-se-á ter em conta, em função


BIBLIOGRAFIA

da espécie pecuária, a quantidade e composição média dos efluentes pecuários produzidos

375
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
anualmente (Quadro 15); a quantidade de material utilizado para camas (Quadro 16); a
quantidade de água utilizada nas operações de limpeza (Quadro 17); e também o volume
correspondente a um quarto da pluviosidade anual média da região.

MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
Quadro 15 - Quantidade e composição média de chorume e estrumes não diluídos produzidos anualmente
por diferentes espécies pecuárias e sua conversão em cabeça normal (CN) | Fonte: Despacho n.º 1230/2018

MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Quadro 16 - Quantidades médias de material de camas utilizado


por animal estabulado | Fonte: Despacho n.º 1230/2018

376
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Quadro 17 - Valores de referência para o cálculo das quantidades de água de lavagem utilizadas na atividade

MÓDULO II
pecuária que escoam para a fossa de receção dos dejetos | Fonte: Despacho n.º 1230/2018

De forma a evitar derrames por transbordo, e tendo em consideração a dimensão das


instalações pecuárias, os depósitos devem dispor de uma reserva de capacidade de segurança
mínima, que deve ser suficiente e capaz de suportar a pluviosidade máxima observada em
vinte e quatro horas nos últimos 30 anos na região, no caso das águas pluviais não serem
separadas. Nos casos em que existam sistemas de rececão e transferência para as estruturas
de armazenamento, estes sistemas devem possuir uma capacidade suficiente para acomodar

MÓDULO III
dois dias de

produção, incluindo ainda, para os sistemas coletores a céu aberto, a resultante da


pluviosidade , sendo que, nos casos em que exista sistema de tamisagem dos chorumes, a
capacidade de retenção pode ser reduzida em 20%, desde que seja assegurada capacidade
complementar para a fração sólida.

MÓDULO IV
Por razões de segurança, a capacidade das estruturas de armazenamento de efluentes
pecuários, líquidos e semilíquidos, não deve exceder os 5000 m3 e, nas nitreiras, o estrume não
deve exceder os 3 m de altura.

V.6.2.1. FOSSAS E TANQUES DE EFLUENTES PECUÁRIOS E SEU DIMENSIONAMENTO

As fossas e tanques são estruturas de retenção para onde são encaminhados os chorumes

MÓDULO V
provenientes das instalações pecuárias e são utilizados para o seu armazenamento e posterior
tratamento ou posterior aplicação direta no solo (valorização agrícola) (figura 26). MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 26 - Fossa para efluentes pecuários em fase de construção


Fonte: https://www.villedemont- tremblant.qc.ca/en/citizens/my-property/septic-tank

377
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
De forma a garantir a inexistência de fugas de líquidos, com risco de contaminação do solo e
das águas – sobretudo das águas subterrâneas – é necessário impermeabilizar estas estruturas.
Para além disso, as fossas, pelo facto de possuírem abertura ao nível do solo, devem estar
providas de um dreno ou de outros dispositivos em todo o seu perímetro, de modo a impedir
o escoamento para o seu interior de águas pluviais e materiais por elas arrastados (estrumes,

MÓDULO I
terra, etc.). Com este procedimento evitam-se situações indesejáveis de transbordo.

Estes reservatórios devem ser construídos no exterior das instalações, de modo a evitar o
risco de acumulação de gases nocivos (amoníaco, dióxido de carbono, metano e gás sulfídrico),
prejudiciais para o ambiente, saúde e bem-estar dos animais. Outras soluções passam pelo
aumento da relação altura:largura da fossa (menor superfície em contato com o ar) ou pela
aplicação de coberturas impermeáveis (polietileno, por exemplo) ou permeáveis (camada de

MÓDULO II
palha triturada à superfície, por exemplo). No caso da aplicação de coberturas impermeáveis,
deve ser assegurada a existência de um sistema de remoção e utilização do biogás que se
acumula, pois este, para além de ser um gás com efeito de estufa, é também inflamável.

No que diz respeito ao dimensionamento das fossas, é necessário considerar a totalidade


de líquidos que serão conduzidos para armazenamento, tendo presente que, por razões de
segurança, cada tanque ou fossa não deve, como mencionado anteriormente, exceder os

MÓDULO III
5000 m3.

Para o cálculo do volume da fossa deve ser utilizado o número de animais presente na
exploração e a quantidade média de chorume produzido anualmente por animal. Para isto
deve proceder-se à análise dos valores de referência oficiais constantes no Quadro 15.

Para efeitos de cálculo, utiliza-se a seguinte fórmula:

MÓDULO IV
NxC
V – volume da fossa (m3); N – nº animais; C – chorume
V=
T produzido/animal e ano (m3); T – nº de tiradas/ano.

Os reservatórios de chorume devem assegurar um período mínimo de retenção de 120


dias. Acresce que para os reservatórios de chorume das suiniculturas das Zonas Vulneráveis MÓDULO V
(ZV) de Esposende-Vila do Conde, Estarreja-Murtosa e Litoral Centro, o período mínimo de
retenção passa a ser de 150 dias. A capacidade de armazenamento pode ser reduzida em
determinações situações de exceção referidas na legislação (Portaria nº 259/2012 de 28 de
agosto –Artº 10º).
MÓDULO VI

V.6.2.2. NITREIRAS E SEU DIMENSIONAMENTO

As nitreiras são estruturas destinadas ao armazenamento e/ou tratamento de estrume


(figura 27), regulamentadas pela Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro. Estas estruturas
devem estar cobertas, de modo a permitir a separação das águas pluviais; possuir pavimento
e paredes impermeabilizadas, com uma ligeira inclinação para facilitar o escorrimento do
líquido que sai da base das pilhas de estrume; e encaminhar as escorrências, por tubagem,
BIBLIOGRAFIA

para estruturas adequadas. Nas Zonas Vulneráveis à poluição por nitratos de origem agrícola,

378
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
as nitreiras das explorações pecuárias devem assegurar um período mínimo de retenção de
120 dias, o que significa que devem ser dimensionadas de forma a assegurar uma capacidade
de armazenamento do estrume produzido durante esse período.

MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 27 - Nitreira para estrume | Fonte: http://www.omafra.gov.on.ca/english/engineer/facts/12-067.htm

O empilhamento das nitreiras deve iniciar-se a partir das extremidades de maior cota do
pavimento, sendo conveniente que a pilha constituída, por razões de segurança, não ultrapasse
os três metros de altura na vertical. As pilhas de estrume são, periodicamente, revolvidas para
facilitar um conjunto de transformações microbianas aeróbias através das quais se conseguirá

MÓDULO IV
a sua maturação. Durante este processo verifica- se, em condições normais, uma abundante
libertação de calor, atingindo a temperatura do estrume valores suficientemente elevados
para destruir a maior parte dos microrganismos patogénicos e as sementes de ervas daninhas
eventualmente presentes.

Para proceder ao dimensionamento destas estruturas, é necessário ter em consideração a


quantidade de estrume produzido anualmente por animal (ver Quadro 15).

Para efeitos de cálculo, aplica-se a fórmula infra: MÓDULO V

Nxq V – volume da fossa (m3); N – nº animais; q – estrume


V=
produzido/animal e ano (m3); T – nº de tiradas/ano.
T
MÓDULO VI

V.6.2.3. LAGOAS E SEU DIMENSIONAMENTO

As lagoas são estruturas que permitem o armazenamento e tratamento de efluentes


através de processos químicos, físicos e biológicos, com o objetivo de adequar os parâmetros
BIBLIOGRAFIA

analíticos dos efluentes pecuários ao destino final (figura 28).

379
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 28 - Lagoa localizada no concelho de Montemor-o-Novo

MÓDULO III
Fonte: https://siaia.apambiente.pt/AIADOC/AIA2799/rnt2799%2020141017124110.pdf

A impermeabilização destas estruturas poderá ser natural (solos com elevados teores de
argila) ou artificial (filmes plásticos e geomembranas), devendo o responsável técnico assegurar
a sua estabilidade e estanquicidade, imprescindíveis para estas unidades. Para além disso, ao
nível da construção estas lagoas devem ser implantadas fora de áreas sujeitas a inundações;
os declives dos taludes devem ser definidos em função das características geológicas do solo,
devendo ser dimensionados de forma a garantir a sua estabilidade; e as infraestruturas devem

MÓDULO IV
ser circundadas por um sistema de drenagem lateral/de fundo que assegure o escoamento de
águas laterais e que, simultaneamente permita sinalizar qualquer risco de rutura do sistema.

No que diz respeito ao dimensionamento das lagoas, não existe legislação objetiva. No
entanto, para o seu licenciamento deverá ser efetuado um projeto, por técnico especializado,
devendo o processo dar entrada na Direção Regional de Agricultura territorialmente
competente onde se localiza a exploração. Tecnicamente para se fazer o dimensionamento

MÓDULO V
deve ter-se em atenção os aspetos que constam na seguinte figura:
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 29 - Corte de uma lagoa anaeróbia | Fonte: Adaptado de USDA-NRCS, 1992

380
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.6.3. ENCAMINHAMENTO E PROCESSOS DE TRATAMENTO DE
EFLUENTES PECUÁRIOS
Um aspeto importante a reter sobre a gestão dos efluentes pecuários é que, por vezes, para
proceder ao seu encaminhamento ou mesmo eliminação é necessário tratá-los previamente.

MÓDULO I
Regra geral, o efluente não é processado por uma única técnica de tratamento, mas
sim por uma sequência/conjunto integrado de técnicas e/ou biotecnologias distintas, cujo
desempenho, quer técnico quer ambiental, pode ser afetado pelas características do efluente
e dos tratamentos individuais aplicados, bem como pelo modo como as técnicas são operadas.

O operador pecuário deve assegurar que os efluentes pecuários apenas sejam encaminhados
para os seguintes destinos finais, de acordo com a seguinte hierarquia, tendo por base a

MÓDULO II
sustentabilidade, técnica, ambiental e socioeconómica:
a) Utilização preferencial, pelo próprio ou mediante transporte para terceiros para efeitos
de valorização agrícola;
b) Valorização orgânica em unidades de compostagem;
c) Valorização orgânica e energética em unidades de biogás;
d) Valorização orgânica e/ou energética em sistemas integrados, nomeadamente em

MÓDULO III
ETEP;
e) Valorização energética em unidades de combustão ou de coincineração;
f) Tratamento em ETAR;
g) Outros destinos sustentáveis, que sejam reconhecidos como adequados pelas entidades
competentes, em conformidade com as estratégias ou orientações existentes em
matéria de tratamento de efluentes pecuários;

MÓDULO IV
h) Eliminação em aterro após esterilização sob pressão ou em unidade de incineração.

O titular de uma atividade pecuária poderá ainda encaminhar o efluente pecuário para
destino intermediário, nomeadamente a Unidade Intermédia de Efluente Pecuário (UIEP).

Os efluentes pecuários provenientes de explorações pecuárias submetidas a restrições


sanitárias devem ser encaminhados de acordo com as regras definidas nos respetivos
programas sanitários, estabelecidos pela autoridade sanitária veterinária nacional.
MÓDULO V
O tratamento dos efluentes pecuários com vista ao seu encaminhamento adequado poderá
ter os seguintes objetivos:
• Obter o biogás resultante dos processos anaeróbios de tratamento;
• Reduzir as emissões de odores desagradáveis durante o armazenamento e ou a
valorização agrícola;
MÓDULO VI

• Diminuir o teor de azoto com o objetivo de prevenir uma eventual poluição do solo e
das massas de água superficiais e subterrâneas em resultado do espalhamento no solo,
bem como reduzir o odor desagradável;
• Permitir o transporte mais fácil e seguro dos efluentes pecuários para regiões mais
distantes ou quando tenha de ser aplicado noutros processos (secagem).

Para além do tratamento nas explorações os efluentes pecuários podem ser (re)processados
BIBLIOGRAFIA

externamente em unidade técnicas ou noutras instalações industriais, tais como unidades de

381
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
combustão, compostagem ou secagem.

Algumas das técnicas ou processos para tratamento de efluentes pecuários que mais se
utilizam na prática são: (i) separação de fases (ii) lagunagem; (iii) compostagem; (iv) secagem
térmica; e (v) Tratamento térmico com combustão.

MÓDULO I
V.6.3.1. SEPARAÇÃO DE FASES

Existem hoje diversas alternativas para o tratamento dos efluentes no seu local de produção.
Uma dessas alternativas é a separação da água dos sólidos que se encontram em suspensão ou
que ficam a flutuar, seja por processos físicos (gravitacionais e mecânicos), seja por processos
químicos ou biológicos. O processo de separação de sólidos consiste na remoção parcial de
matéria orgânica e inorgânica contida nos efluentes. Esta separação tem-se revelado bastante

MÓDULO II
eficiente no controlo dos impactes ambientais, possibilitando o reaproveitamento da água e
a reciclagem de nutrientes.

A separação entre a fração líquida e sólida dos efluentes requer alguma ação ou força
externa para quebrar a tensão do líquido. A gravidade é a força mais comum utilizada, uma
vez que necessita de pouca ou nenhuma entrada de energia. Porém, também são utilizadas a
pressão e a força centrífuga, bem como combinações de todas essas forças.

MÓDULO III
Os diferentes métodos desenvolvidos para a separação de sólidos podem ser divididos
nas seguintes categorias:
• Sedimentação;
• Triagem ou Peneiramento;
• Filtração pressurizada;

MÓDULO IV
• Centrifugação.

Existem diversas tecnologias para a separação mecânica de sólidos tais como: grades de
retenção de detritos, tamisadores, prensas e centrífugas (figura 30).

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 30 - Tecnologias para separação de sólidos: grades de retenção de detritos e centrífuga,


BIBLIOGRAFIA

à esquerda e direita respetivamente em cima; tamisador e prensa, à esquerda e direita


respetivamente em baixo | Fonte: Brendal et al., 2015

382
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Para melhorar a eficiência de remoção de material em suspensão, podem ser empregues
processos de coagulação e floculação através de substâncias químicas. Esta prática para além
de diminuir a concentração de nutrientes (matéria orgânica, fósforo, azoto) da fração líquida,
facilita o tratamento da fração sólida devido à redução do seu volume, sendo todavia esta prática
realizada com um inevitável aumento dos custos de tratamento. Os mecanismos utilizados

MÓDULO I
ou suas combinações devem estar adaptados ao tipo de efluente e às suas perspetivas de
armazenamento e utilização posterior (valorização).

Tanto a fração sólida como a fração líquida podem ser valorizadas através da aplicação
direta ao solo (valorização agrícola), com recurso a diferentes práticas agronómicas para a
sua aplicação. Esta aplicação implica um tratamento prévio dos chorumes, a separação de
fases, em que a parte líquida pode ser aplicada através da fertirrega ou encaminhada para

MÓDULO II
reutilização, e a fração sólida pode ser encaminhada para compostagem. Estas práticas são as
mais utilizadas para a valorização agrícola de efluentes pecuários na exploração.

A utilização do processo de separação de fases deve ser pensada em função da espécie


animal e do tipo de estabulação. Aconselha-se a utilização desta prática em suiniculturas e
vacarias com pavimento em grelha, a não ser que se pense na aplicação direta no solo do
chorume.

MÓDULO III
V.6.3.2. LAGUNAGEM

A lagunagem é um método de tratamento biológico que se baseia no desenvolvimento


simbiótico de bactérias e algas para degradar a matéria orgânica presente no efluente pecuário.
Este processo natural, apesar de carecer de uma elevada área para implantação, é bastante
vantajoso devido à simplicidade de funcionamento, construção e operação, bem como aos

MÓDULO IV
baixos custos operacionais que implica.

Normalmente neste método de tratamento de efluentes utiliza-se mais do que uma lagoa
em série e/ou em paralelo, de forma a aumentar a eficiência do processo. Este processo pode
ser utilizado para estabilizar os chorumes, antes da sua aplicação no solo, e para adequar as
características dos efluentes, possibilitando a sua descarga em meio hídrico, caso cumpram os
requisitos legais.

A degradação da carga orgânica do efluente, realizada por diversos microrganismos, dá- MÓDULO V
se em condições aeróbias ou anaeróbias, consoante o nível de oxigénio dissolvido no meio.
Neste sentido, de acordo com as condições em que este processo é desenvolvido, as lagoas
podem classificar-se em anaeróbias, aeróbias e facultativas.

Nas lagoas anaeróbias predominam processos de fermentação anaeróbia, ou seja,


relativamente próximo da superfície não existe oxigénio dissolvido. É nestas lagoas que o
MÓDULO VI

chorume bruto ou proveniente da separação mecânica de sólidos é tratado, reduzindo o teor


em matéria orgânica do efluente pecuário e controlando a libertação de odores incómodos.
Apesar da eficácia do tratamento, o efluente final não satisfaz os limites legais para a descarga
em meio hídrico, sendo, geralmente, aplicado em solos agrícolas.

Nas lagoas aeróbias verifica-se uma degradação aeróbia da matéria orgânica devido às
condições de aerobiose proporcionadas pelo processo fotossintético das algas. Estas lagoas
BIBLIOGRAFIA

caracterizam-se por possuírem oxigénio dissolvido por todo o seu conteúdo. Neste tipo de

383
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
lagoas, pode introduzir-se uma fonte adicional de oxigénio no meio líquido através de um
sistema mecanizado de arejamento.

As lagoas facultativas apresentam uma camada aeróbia à superfície e uma camada de


biossólidos sedimentados totalmente anaeróbia, sendo que a principal ação sobre o efluente

MÓDULO I
é a reciclagem de nutrientes, ao invés da remoção de matéria orgânica. Essa reciclagem
é realizada por microalgas e bactérias (aeróbias, anaeróbias e facultativas), tornando-se
fundamentais no funcionamento deste sistema. A camada aeróbia superficial é mantida pela
difusão do oxigénio atmosférico e pelo processo fotossintético das algas. Entre esta camada
e a camada anaeróbia, existe uma camada com um baixo teor em oxigénio onde predominam
bactérias facultativas.

MÓDULO II
Como etapa complementar a este sistema de tratamento existem lagoas de maturação e
afinação. Nestas lagoas (aeróbias) pretende-se afinar o afluente removendo microrganismos
e parasitas potencialmente perigosos para o Homem e, eventualmente, baixando os níveis de
nutrientes e de algas, proporcionando um tratamento terciário que preferencialmente pode
ter o solo como corpo recetor (figura 31).

MÓDULO III
Figura 31 - Esquema do processo de tratamento biológico de efluentes pecuários | Fonte: Adaptado de Pacheco, J. A. S., & Wolff, D. B., 2004

MÓDULO IV
V.6.3.3. COMPOSTAGEM
A compostagem é o processo biológico de tratamento de resíduos orgânicos, caracterizado
pela transformação e decomposição controlada do material orgânico através da ação de
microrganismos (ver Ponto V.5.). Como resultado deste processo é produzido um material
estabilizado (composto) e utilizável diretamente na preparação de corretivos orgânicos do
solo e de substratos para as culturas (figura 32).
MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 32 – Pilhas de composto | Fonte: http://www.saneamento.


poli.ufrj.br/index.php/br/infraestrutura/compostagem.

No que diz respeito aos efluentes pecuários, é importante compreender que à exceção
BIBLIOGRAFIA

dos estrumes de aves de capoeira, equilibrados na relação C/N, esta técnica apenas pode

384
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
ser aplicada após um tratamento prévio, como a secagem do estrume fresco; a separação
mecânica; ou a adição de material orgânico seco a uma fração sólida relativamente húmida.
Neste sentido, embora esta técnica apresente um enorme potencial de valorização, no que diz
respeito aos chorumes, está sempre dependente de, pelo menos, um processo de separação
de fases. O processo de compostagem foi anteriormente caraterizado (Ponto V.5.2.).

MÓDULO I
V.6.3.4. SECAGEM TÉRMICA

A secagem térmica (figura 33), tal como o nome indica, implica o fornecimento de energia
térmica, processando a fração sólida dos efluentes (estrume) de modo a evaporar a água
presente nos mesmos, obtendo-se um produto final seco contendo muito pouca água (<15%).
É economicamente sustentável apenas se houver energia térmica disponível produzida por

MÓDULO II
uma unidade de cogeração.

MÓDULO III
Figura 33 - Secador térmico giratório | Fonte: http://portuguese.grain-dryermachine.
com/sale-12039745-high-performance-rotary-tube-bundle-dryer-machine-50-1000m2-
heat-exchange-area.html

MÓDULO IV
Este tratamento aplica-se, frequentemente, a efluentes cujo teor de matéria seca varie entre
14 e 22%, sendo necessário o efluente passar primeiro pelo processo de separação de sólidos,
a fim de garantir essa percentagem de matéria seca, e só depois dar entrada na câmara de
secagem, onde é produzido um fluxo de ar quente que utiliza a energia térmica.

As vantagens deste processo incluem a redução dos custos de transporte, uma maior
redução dos organismos patogénicos, uma maior capacidade de armazenamento, a produção

MÓDULO V
de um fertilizante orgânico com um maior potencial para venda e/ou aplicação no solo.

V.6.3.5. TRATAMENTO TÉRMICO COM COMBUSTÃO

O processo de combustão de biossólidos2 consiste na volatilização e destruição, a altas


temperaturas, dos seus compostos orgânicos. A combustão de elementos combustíveis como
carbono, hidrogénio, enxofre, gorduras, hidratos de carbono e proteínas, resulta em produtos
MÓDULO VI

finais como dióxido de carbono, dióxido de enxofre, A vapor de água e cinzas. Embora deva
ser evitado, o tratamento térmico é sujeito a controlo e efetuado em locais adequados para a
sua prática.

Tem como grandes vantagens uma redução de volume, a destruição de organismos


patogénicos e substâncias tóxicas e uma possível geração de energia. As desvantagens
2 «Biossólidos», matéria orgânica resultante do tratamento físico, cujo teor de humidade lhe proporcione
BIBLIOGRAFIA

condições de preparação como sólido.

385
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
passam pelos elevados custos que estes processos implicam, a necessidade de mão-de-
obra especializada para a operação e manutenção e, por fim, as emissões (cinzas e poluentes
gasosos) e os resíduos gerados para o ambiente.

Para a combustão costumam ser encaminhados biossólidos não suscetíveis de valorização.

MÓDULO I
Isto deve-se ao facto de a carga poluente ser tão elevada que outro tipo de tratamento se
torna ineficaz e/ou economicamente inviável. O processo de combustão está presente nas
unidades de combustão, de incineração e coincineração, variando a potência associada a
estas opções, e os objetivos e tecnologia associados a cada uma delas. No caso do destino
dos EP ser a incineração ou coincineração, estes são considerados como resíduos. Para além
dos biossólidos, poderá também ser considerada a combustão de camas de aves de capoeira
(figura 34), como referido na Nota Informativa 17/2019 publicada pela DGADR e que se

MÓDULO II
anexa.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 34 - Incinerador de resíduos para aves | Fonte: https://www.agriexpo.
online/pt/prod/addfield-environmental-systems/product-176816-25690.html

V.6.4. VALORIZAÇÃO DOS EFLUENTES PECUÁRIOS


Tal como referido, a produção de grandes volumes de efluentes pecuários nos últimos
anos, que representam potenciais riscos significativos para o Homem, o ambiente, as culturas
MÓDULO V
e os animais, bem como a concentração geográfica das explorações pecuárias e a sua
intensificação associada a uma dissociação da atividade de produção vegetal estiveram na
base da criação da Portaria nº 79/2022, de 3 de fevereiro, que vem regulamentar a gestão dos
efluentes pecuários. A DGADR publicou a Nota Informativa Nº17/2019, baseada na antiga
Portaria n.º 631/2009, de 9 de junho, que vem esclarecer sobre o licenciamento dos vários
tipos de uso admissíveis para os efluentes pecuários.
MÓDULO VI

De acordo com esta Nota Informativa, o licenciamento dos vários tipos de uso admissíveis
dos efluentes pecuários é feito em função do seu destino, nomeadamente: valorização agrícola;
Unidades Técnicas de Efluentes Pecuários – UTEP; valorização orgânica, em unidades de biogás
e compostagem; valorização energética, em instalações de incineração, de coincineração e de
combustão de estrume; Estação de Tratamento de águas residuais (ETAR); e aterro sanitário.
No anexo III é apresentado um quadro resumo com as diferentes valorizações de acordo com
BIBLIOGRAFIA

o destino dos efluentes pecuários.

386
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Dos diferentes tipos de valorização de efluentes pecuários, dá-se prioridade à valorização
agrícola (valorização direta, na perspetiva de devolver ao solo os componentes minerais e
a matéria orgânica necessária ao desenvolvimento vegetal, promovendo a redução da
necessidade de adubações minerais e minimizando os impactes negativos desses efluentes
sobre o ambiente. Por outro lado será o tipo de valorização mais acessível ao agricultor uma

MÓDULO I
vez que envolve menos gastos em tecnologia e equipamentos.

Como formas de valorização indireta dos efluentes pecuários, com enquadramento no


NREAP, temos as seguintes formas de tratamento:

• Unidade de biogás de efluentes pecuários: a unidade, autónoma ou anexa à exploração


pecuária ou agropecuária, em que é efetuada a degradação biológica controlada de

MÓDULO II
efluentes pecuários em condições anaeróbias, podendo ainda incorporar biomassa
vegetal e nas unidades autónomas outros subprodutos animais (SPA) e produtos
derivados (PD), da categoria 2 ou 3 (Regulamento (CE) nº 1069/2009, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 21 de outubro), com vista à produção de biogás e tendo
como produto secundário, o digerido;

• Unidade de compostagem de efluentes pecuários: a unidade, autónoma ou anexa


à exploração pecuária ou agropacuária, em que é efetuada a degradação biológica

MÓDULO III
controlada de efluentes pecuários, podendo ainda incorporar biomassa vegetal e
nas unidades autónomas outros SPA e produtos derivados (PD) da categoria 2 ou 3
para valorização agrícola, em condições aeróbias com vista à produção de composto
orgânico;

• Unidade intermédia de efluentes pecuários (UIEP): a unidade autónoma que utiliza


efluentes pecuários e/ou outros SPA ou PD, das categorias 2 e 3, tendo em vista o

MÓDULO IV
armazenamento ou mistura de forma adequada ao seu destino final, podendo também
incorporar:

• Cinzas das unidades de combustão de efluentes pecuários ou da biomassa vegetal,


localizada nas explorações pecuárias ou agropecuárias;

• Biomassa vegetal; ou

MÓDULO V
• A mistura de efluentes pecuários com as matérias identificadas nos dois pontos
anteriores, efetuada nas UIEP, é equiparada a efluente pecuário.

• Unidade térmica de efluentes pecuários: unidade de tratamento de efluentes


pecuários com o objetivo da sua valorização energética (com recuperação energética)
através da combustão ou coincineração, ou da sua eliminação, por incineração;

Tendo em conta o conceito de economia circular importa considerar e sensibilizar os


MÓDULO VI

produtores pecuários para a importância da valorização dos efluentes pecuários. De acordo


com este paradigma a Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural (organismo
responsável pelo processo NREAP) prioriza em termos de destino a dar aos EP, a valorização
agrícola, sendo necessário, que essa valorização esteja suportada por um plano de fertilização
adequado, que tenha em conta as reservas de nutrientes disponíveis no solo, cultura e água
de rega, bem como os nutrientes disponibilizados nos efluentes pecuários a aplicar.
BIBLIOGRAFIA

Se a valorização agrícola direta dos efluentes pecuários não for possível ou adequada,

387
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
por exemplo, por dificuldades de aplicação ou devido aos efluentes pecuários estarem muito
pouco estabilizados, a solução a priorizar será a compostagem ou a produção de biogás. Os
subprodutos resultantes deste último processo podem ter como destino a valorização agrícola
ou a compostagem.

MÓDULO I
A combustão, incineração ou coincineração deverão ser destinos a considerar quando não
sejam viáveis os destinos anteriormente referidos.

V.6.4.1. VALORIZAÇÃO AGRÍCOLA

Na valorização agrícola existem três processos identificados como boas práticas de


valorização de efluentes pecuários: (i) aplicação direta no solo, (ii) fertirrega; e (iii) valorização

MÓDULO II
de biossólidos (ver definição no V.6.3.5.).

A valorização agrícola de efluentes pecuários deve ser devidamente enquadrada num


plano de fertilização agrícola (cumprimento dos parâmetros químicos e biológicos), de modo
a manter ou melhorar a fertilidade dos solos e permitir uma nutrição adequada das culturas.

Quer isto dizer que, de acordo com a Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro na sua atual

MÓDULO III
redação, na valorização agrícola recorrendo a efluentes pecuários na fertilização das culturas, as
quantidades de azoto e fósforo veiculadas pelos fertilizantes aplicados devem ser avaliadas
de forma a não exceder a quantidade desses nutrientes necessária às culturas, devendo
para efeito deste cálculo ser utilizadas as tabelas existentes no Manual de Fertilização de
Culturas e no Código de Boas Práticas Agrícolas. Devem também ser tidos em consideração
os constituintes minerais disponíveis nos efluentes pecuários.

As explorações pecuárias e as explorações agrícolas gestoras de efluentes pecuários que

MÓDULO IV
procedam à sua valorização agrícola devem arquivar os registos de fertilização realizados na
sua exploração durante três anos.

Existem algumas interdições e condicionantes à valorização agrícola de efluentes pecuários


(Artigo 13.º da Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro), nomeadamente, a não aplicação
nas seguintes situações: sempre que a probabilidade de ocorrência de precipitação, prevista
pelo IPMA, seja superior a 15%, no prazo de 8 dias consecutivos após a data prevista para a
valorização, exceto quando a aplicação seja realizada sobre uma cultura já instalada e seja
MÓDULO V
agronomicamente justificável; em solos inundados e inundáveis, e sempre que durante o ciclo
vegetativo das culturas ocorram situações de excesso de água no solo; na zona terrestre de
proteção das albufeiras de águas públicas de serviço público, numa faixa, medida na horizontal,
com a largura de 100 m; na zona terrestre de proteção das lagoas ou lagos de águas públicas
constantes do anexo I do regime de proteção das albufeiras de águas públicas de serviço
público e das lagoas ou lagos de águas públicas, aprovado pelo Decreto -Lei n.º 107/2009,
MÓDULO VI

de 15 de maio; nas parcelas classificadas com IQFP igual ou superior a 4, exceto em parcelas
armadas em socalcos ou terraços e nas áreas integradas em várzeas destas parcelas; em
solos agrícolas em que não exista uma cultura instalada ou esteja prevista a sua instalação e a
consequente utilização próxima dos nutrientes dos efluentes e em dias ventosos ou durante
os períodos de elevada temperatura diária, com exceção da aplicação por injeção direta.

A valorização agrícola de efluentes pecuários em zonas vulneráveis à poluição por nitratos


BIBLIOGRAFIA

de origem agrícola, bem como em solo agrícola sujeito a regime de proteção previsto em legislação

388
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
específica, encontra-se também condicionada ao estipulado nos respetivos programas de
ação em vigor e ao cumprimento das normas previstas no Código de Boas Práticas Agrícolas
(http://www.drapn.min-agricultura.pt/drapn/conteudos/zv/BPA/CodigoBPA.pdf).

Outra valorização em solos agrícolas pode ser realizada através de Lamas de depuração3

MÓDULO I
(Decreto-Lei n.º 276/2009, de 2 de outubro). Este tipo de valorização fica sujeita a um Plano
de Gestão de Lamas (PGL) aprovado pela Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP)
territorialmente competente, com parecer favorável da CCDR e ARH territorialmente
competentes. Quer isto dizer que quando existem ETAR de atividades pecuárias é possível
que as lamas de depuração resultantes sejam direcionadas para valorização agrícola ou pode
o agricultor receber lamas do exterior para as valorizar. Não obstante, o PGL aprovado ter
uma validade de 5 anos, o seu titular deve apresentar anualmente à DRAP territorialmente

MÓDULO II
competente uma declaração do planeamento das operações (DPO) no qual são definidas as
parcelas que irão ser sujeitas a utilização e a sua conformidade com o PGL.

No âmbito da valorização agrícola refere-se também a possibilidade de aplicar no solo


fertilizantes orgânicos que contenham produtos derivados da transformação ou processamento
de subprodutos animais de categoria 2 e 3. No entanto a valorização agrícola destes fertilizantes
está condicionada a uma autorização prévia, no âmbito do NREAP. O espalhamento direto

MÓDULO III
sobre o solo destes fertilizantes não é permitido em locais a que possam ter acesso animais de
criação e na sua aplicação ao solo devem ser respeitadas as normas de valorização agrícola,
bem como as demais disposições previstas para a valorização agrícola de efluentes pecuários.

V.6.4.1.1. INCORPORAÇÃO DIRETA NO SOLO

Os efluentes pecuários apresentam um elevado valor fertilizante, que advém dos teores em

MÓDULO IV
matéria orgânica e nutrientes que lhes são característicos.

O teor em matéria orgânica é um dos componentes mais positivos destes efluentes,


permitindo, aquando da sua aplicação no solo, melhorar as propriedades físicas, químicas
e biológicas dos solos, mais concretamente a sua estrutura, a sua capacidade de retenção
de água, reduzir o potencial de escoamento superficial e, assim, diminuir a erosão por ele
provocada. De modo análogo, a matéria orgânica possibilita o aumento da população de

MÓDULO V
microrganismos e da sua atividade, visto ser fonte de energia e de alimento dos mesmos.
De salientar ainda a contribuição da matéria orgânica para a manutenção do equilíbrio ar/
água favorável ao desenvolvimento das raízes das plantas e à absorção de água e nutrientes,
assim como para a viabilização de processos de mineralização que libertam, de forma gradual,
nutrientes essenciais para as culturas (azoto, fósforo e potássio).

No entanto, apesar do seu valor nutricional, a incorporação direta dos efluentes no solo
(figura 36) obedece a legislação específica (Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro, Artigos
MÓDULO VI

12.º, 13.º e 14.º), uma vez que esta prática, sem tratamento prévio, não implica apenas
vantagens, devido à sua potencial carga poluente. Neste sentido, deve ser elaborado um
plano de fertilização em função da análise de terra, de água de rega e foliar (quando aplicável),

3 As lamas provenientes de estações de tratamento de águas residuais domésticas, urbanas e de outras estações
de tratamento de águas residuais de composição similar às águas residuais domésticas e urbanas; ii) As lamas de
fossas sépticas e de outras instalações similares para o tratamento de águas residuais; iii) As lamas provenientes
BIBLIOGRAFIA

de estações de tratamento de águas residuais de atividades agro – pecuárias

389
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
considerando a produtividade esperada para a cultura, de modo a fornecer os nutrientes à
planta de acordo com as suas necessidades nutritivas ao longo do seu ciclo vegetativo.

As quantidades máximas de azoto a aplicar ao solo na fertilização estão relacionadas com


o tipo de cultura e a produtividade esperada. Neste sentido, ao utilizar os efluentes pecuários

MÓDULO I
na fertilização tem que se entrar em linha de conta com o fator limitante, dependendo das
situações este fator pode ser os metais pesados ou os microrganismos patogénicos, sendo
estabelecidos valores máximos para cada uma das situações. Nas Zonas Vulneráveis, estão
também estabelecidos limites às quantidades de matérias fertilizantes de natureza orgânica a
aplicar, além de diversas outras condicionantes (v. Ponto V.7.2.).

Importa salientar que na Portaria n.º 79/2022, de 3 de fevereiro (capítulo III) se encontram

MÓDULO II
especificadas as condições e as especificações técnicas a cumprir para a valorização agrícola
dos efluentes pecuários. Esta portaria refere os procedimentos a ter quanto à obtenção
de autorização para proceder a essa valorização de EP, bem como aos cuidados a ter na
aplicação dos EP e dos fertilizantes orgânicos deles resultantes, referindo as interdições e
as condicionantes a esta forma de valorização dos EP e dos fertilizantes orgânicos deles
resultantes. No âmbito das condicionantes chama-se a atenção, por exemplo, ao cumprimento
das faixas tampão mínimas referidas na legislação, de forma a minimizar o risco de poluição dos

MÓDULO III
recursos hídricos e a saúde pública, de acordo com as caraterísticas da parcela onde é feita a
valorização agrícola dos EP. Outros exemplos são a aplicação preferencial dos chorumes com
equipamentos de injeção ou sistema de baixa pressão que minimizem a dispersão do produto
a aplicar e o limite de 12 horas para a sua incorporação no solo. A aplicação de chorumes deve,
assim, ser realizada com alfaia apropriada a estas orientações. No que respeita à valorização
agrícola de estrume, a sua incorporação no solo deve ser realizada até ao limite de 24 horas
após a sua aplicação.

MÓDULO IV
Nas explorações agropecuárias em que é efetuada a valorização agrícola de efluentes
pecuários, em sede de licenciamento para o exercício da atividade de valorização agrícola,
são identificados dados sobre a estimativa global no primeiro ano da quantidade de EP
a valorizar e sobre as parcelas onde será feita essa valorização. Para além disso, deve ser
anualmente comunicado à entidade coordenadora do NREAP a valorização de EP efetuada,
quer pelas explorações agropecuárias, quer pelas explorações agrícolas que procedam a esta
valorização.
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 35 - Exemplo de alfaia agrícola para injeção de chorume no solo


Fonte: http://www.rocha.pt/verproduto.php?idprod=60

390
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.6.4.1.2. FERTIRREGA

A fertirrega é um dos métodos mais eficientes e económicos de fornecer nutrientes às


culturas, consistindo na aplicação conjunta de água (por norma em sistemas de gota a gota) e
elementos nutritivos (figura 36).

MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 36 - Fertirrega com sistema de gota a gota
Fonte: https://irrigazine.files.wordpress.com/2015/08/gota-ok.jpg

Com a fertirrega é possível utilizar a fração líquida dos efluentes pecuários (água, matéria
orgânica e nutrientes) após um processo de separação de sólidos. Uma vez que o teor em
água é bastante elevado na fração líquida dos efluentes (1 a 6% de matéria seca), este método

MÓDULO IV
apresenta-se como uma solução bastante interessante do ponto de vista da redução do
consumo de água na agricultura.

Este processo permite aplicar os fertilizantes em menor quantidade e com maior frequência,
o que permite manter o teor de nutrientes no solo nas quantidades certas e na fase do ciclo da
cultura em que estes são mais necessários aumentando, deste modo, a eficiência da utilização
de nutrientes do solo e a produtividade da planta. No entanto, é necessário ter em atenção
que a aplicação em excesso de fertilizantes/nutrientes pode provocar a poluição das águas
subterrâneas e superficiais. MÓDULO V

V.6.4.1.3. VALORIZAÇÃO DE BIOSSÓLIDOS

Tal como referido, de acordo com o glossário NREAP entende-se por biossólidos a matéria
orgânica resultante do tratamento físico dos efluentes pecuários, cujo teor de humidade lhe
proporcione condições de preparação como sólido.
MÓDULO VI

Os biossólidos contêm componentes de interesse agrícola e podem ser utilizadas como


fertilizantes orgânicos. A sua valorização agrícola está ao abrigo da Portaria n.º 79/2022 de
3 de fevereiro, relativa à gestão de efluentes pecuários.

Os biossólidos caracterizam-se por apresentarem um relativamente elevado teor de


humidade, matéria orgânica, nutrientes (azoto, fósforo e potássio), e por vezes, alguns metais
BIBLIOGRAFIA

pesados. Neste sentido, a sua aplicação no solo, possibilita uma reciclagem de nutrientes

391
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
(necessários ao crescimento das plantas) e um aumento do teor de matéria orgânica presente
o que, consequentemente, vai potenciar o desenvolvimento de microrganismos benéficos e
melhorar a fertilidade e a estrutura do solo.

Antes da sua aplicação no solo os biossólidos devem ser submetidos um processo

MÓDULO I
de estabilização, tendo por objetivo: (i) reduzir o poder de fermentação (diminuição da
concentração de gases e odores); (ii) reduzir o volume (facilitar o manuseamento, transporte e
armazenamento); e (iii) purificar (eliminar microorganismos patogénicos e elementos tóxicos).

V.6.4.2 FORMAS DE VALORIZAÇÃO INDIRETA

MÓDULO II
V.6.4.2.1. COMPOSTAGEM

Ao nível da valorização, o processo de compostagem é uma técnica que permite a produção


de uma substância húmica (composto ou compostado) utilizável como fertilizante orgânico
do solo. A vermicompostagem pode ser também um processo interessante na valorização
dos efluentes pecuários por compostagem, principalmente no que diz respeito à agricultura
biológica, uma vez que neste modo de produção não pode haver recurso aos fertilizantes

MÓDULO III
de síntese. A utilização destes compostos orgânicos tem diversos benefícios inerentes à
incorporação de matéria orgânica no solo (ver Ponto V.5.). Os estrumes e os biossólidos
podem ser direcionados para esta forma de valorização.

V.6.4.2.2. PRODUÇÃO DE BIOGÁS

MÓDULO IV
O processo de digestão anaeróbia origina gases (metano e em menor quantidade dióxido
de carbono) prejudiciais para o ambiente. No entanto, estes gases podem ser retidos e
aproveitados para produzir energia térmica e, através de processos de cogeração, outras
formas de energia (mecânica ou elétrica).

O biogás é definido como um gás inflamável, incolor, geralmente inodoro, produzido por
microrganismos quando a matéria orgânica é fermentada dentro de determinados limites de
temperatura, humidade e pH. Idealmente o biogás deve ser constituído por 35% de dióxido
de carbono (CO2) e no mínimo 65% de metano (CH4). O biogás produzido a partir dos efluentes MÓDULO V
pecuários é constituído maioritariamente por metano (50 a 75%) e dióxido de carbono (25 a
40%).

O gás produzido no biodigestor permite, através de um sistema de cogeração, produzir, de


forma combinada, energia elétrica e térmica. A energia térmica é maioritariamente utilizada
para o aquecimento do próprio biodigestor que, de forma a garantir a manutenção do processo
MÓDULO VI

biodigestivo, deve estar a uma temperatura entre 28 e 35ºC. A energia elétrica, obtida por
processo de cogeração de energia, é utilizada para consumo na própria instalação e/ou venda
à rede pública de distribuição de energia elétrica.

A produção de biogás origina dois subprodutos: o digerido e um efluente líquido. O


digerido, constituído por uma fase sólida e uma fase líquida, pode ter diversas aplicações
devido ao seu elevado conteúdo em nutrientes e matéria orgânica, tais como a aplicação
BIBLIOGRAFIA

direta no solo. Se for sujeito a um processo de separação de fases, a sua componente sólida

392
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
poderá ser encaminhada para compostagem ou valorização agrícola e a sua componente
líquida poderá ser aplicada em fertirrega.

Com este sistema, é possível transformar a fração orgânica dos efluentes pecuários
produzidos nas instalações pecuárias num composto que poderá ser utilizado com segurança

MÓDULO I
nos solos agrícolas como fertilizante e, ao mesmo tempo, minimizar os efeitos negativos
dos efluentes sobre o ambiente, além de resolver os problemas relacionados com os odores
desagradáveis.

A gestão dos efluentes para valorização varia principalmente com a espécie animal
(produção e constituição dos seus dejetos) e com os sistemas de estabulação. Neste sentido,
devem ser adotadas soluções individuais para cada caso, sendo que as instalações necessitam

MÓDULO II
de uma dimensão mínima para que a viabilidade da produção de biogás seja assegurada.

De acordo com a Nota Informativa N.º 17/2019 da DGADR, a compostagem ou a produção


de biogás são consideradas valorizações orgânicas de efluentes pecuários. Nestas unidades
podem ser incorporados, para além dos efluentes pecuários, a biomassa vegetal e alguns outros
subprodutos de origem animal, tendo em conta a sua categoria em termos de perigosidade.

No caso do chorume, do conteúdo do aparelho digestivo, do leite e do colostro que

MÓDULO III
não apresentem risco de propagação de uma doença transmissível, quer a) utilizadas
sem transformação, como matéria-prima numa unidade de biogás ou numa unidade de
compostagem, ou tratadas numa unidade técnica; quer b) espalhadas no solo.

V.6.4.2.3. COMBUSTÃO

MÓDULO IV
O tratamento térmico em instalações de combustão, incineração e coincineração é aplicado
principalmente a estrumes de aves de capoeira, mas também aos estrumes de outras espécies
pecuárias. Este tipo de valorização é considerado como valorização energética de efluentes
pecuários.

Pode ainda prever-se, no âmbito do Regime Geral de Gestão de Resíduos e do Código


de Boas Práticas Agrícolas, a valorização agrícola das cinzas resultantes dos processos de

MÓDULO V
incineração, coincineração ou combustão destes estrumes.

O processamento das cinzas pode ser efetuado em quatro situações: (i) pelo respetivo
produtor na exploração pecuária de origem das mesmas; (ii) pelo respetivo produtor em
parcelas próprias ou por ele exploradas fora do local de origem das mesmas; (iii) pelo
produtor num local de terceiros; e (iv) por terceiros fora do local em que são produzidas.
Esta valorização carece de parecer da DRAP emitido em função da melhoria da capacidade
produtiva e proteção dos solos.
MÓDULO VI

V.6.5. GESTÃO DE OUTROS SUBPRODUTOS ANIMAIS


Da atividade pecuária resulta um conjunto variado de subprodutos, designados como
subprodutos animais, de acordo com o seguinte conceito:
BIBLIOGRAFIA

«Subprodutos animais», corpos inteiros ou partes de animais mortos, produtos de origem

393
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
animal e outros produtos que provenham de animais que não se destinam ao consumo
humano, incluindo oócitos, embriões e sémen.”

Para além dos subprodutos animais, é importante referir também os produtos seus derivados,
obtidos a partir do seu tratamento, transformação ou processamento. São exemplos destes

MÓDULO I
produtos derivados:

• A farinha de peixe, a gordura animal fundida, as farinhas de carne e osso;

• A gelatina e o colagénio não destinados ao consumo humano;

• O composto resultante da compostagem de subprodutos animais;

MÓDULO II
• A glicerina resultante do fabrico de biocombustíveis a partir de subprodutos animais.

Tal como referido no Ponto V.3., de modo a evitar a duplicação de regras os subprodutos
animais foram excluídos do âmbito de aplicação do Regime Geral de Gestão de Resíduos,
com exceção dos destinados à incineração, ou à utilização em unidades de biogás ou de
compostagem (alínea c) do nº3, do artigo 2º do RGGR) ou à deposição em aterros (embora
este destino não deva ser considerado em regra).

MÓDULO III
A gestão dos subprodutos animais obedece ao Regulamento (CE) n.º 1069/2009  de 21
de outubro do Parlamento Europeu e do Conselho, que define regras sanitárias relativas aos
subprodutos animais e produtos derivados não destinados ao consumo humano. Ao nível
nacional, foram já publicados alguns normativos legais que têm em vista a execução das
orientações daquele regulamento:

MÓDULO IV
• Decreto-Lei n.º 33/2017  de 23 de março, que assegura a execução e garante o
cumprimento das disposições dos Regulamento (CE) n.º 1069/2009 de 21 de outubro
e do Regulamento (UE) n.º 142/2011 de 25 de fevereiro de 2011, relativamente aos
cadáveres de animais;

• Despacho n.º 8442/2017, de 26 de setembro, que cria o guia de acompanhamento de


subprodutos animais e produtos derivados, que nos termos do n.º 3, do artigo 4º, do

MÓDULO V
Decreto-Lei n.º 33/2017 de 23 de março;

• Despacho n.º 2905-A/2017, de 6 de abril, que fixa o valor da taxa (taxa SIRCA) a cobrar
no abate como na certificação sanitária para comércio intracomunitário ou exportação
por animal da espécie  bovina, ovina, caprina e suína;

• Despacho n.º 3844/2017, de 8 de maio, que estabelece as áreas remotas, para efeitos
de enterramento no local de cadáveres de animais espécies bovina, ovina, caprina e
MÓDULO VI

suína.

Em Portugal, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), é a autoridade


competente para verificação do cumprimento dos requisitos legais relativos aos subprodutos
animais e produtos derivados.

Os subprodutos animais não destinados ao consumo humano agrupam-se em três


BIBLIOGRAFIA

categorias de acordo com o grau de risco para a saúde pública e animal, pelo que o seu

394
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
encaminhamento tem em conta essa classificação. Os produtos derivados estão sujeitos às
regras para a categoria específica de subprodutos animais dos quais são derivados, salvo
indicação em contrário na legislação em vigor.

São exemplos de subprodutos animais de categoria 1:

MÓDULO I
• Corpos inteiros e todas as partes do corpo, incluindo couros e peles de animais suspeitos
de estarem infetados ou que tenham sido mortos no âmbito de medidas de erradicação
de doenças denominadas Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET´s);

• Animais selvagens, quando se suspeite estarem infetados com doenças transmissíveis


aos seres humanos ou aos animais;

MÓDULO II
• Misturas de matérias de categoria  1 com matérias de categoria  2 ou matérias de
categoria 3, ou ambas;

• (…)

Da categoria 2 fazem parte, por exemplo:

MÓDULO III
• Chorume, guano não mineralizado e conteúdo do aparelho digestivo;

• Animais e partes de animais mortos e não abatidos ou mortos para consumo humano (ou
seja, incluem-se aqui os cadáveres da maioria dos animais que morrem nas explorações
pecuárias, sem serem abatidos);

• Animais mortos para fins de controlo de doenças,

MÓDULO IV
• Fetos, oócitos, embriões e sémen que não se destinem a reprodução;

• Aves mortas antes da eclosão;

• Misturas de matérias de categoria  2 com matérias de categoria 3:

• (…)

MÓDULO V
Na categoria 3 enquadram-se, a título de exemplo, os seguintes subprodutos:

• Carcaças e partes de animais abatidos ou, no caso da caça, corpos e partes de animais
mortos, próprios para consumo humano de acordo com a legislação comunitária, mas
que, por motivos comerciais, não se destinem ao consumo humano;

• Subprodutos de animais de aves de capoeira e lagomorfos, abatidos nas explorações,


que não revelem quaisquer sinais de doença transmissível a seres humanos ou animais;
MÓDULO VI

• Sangue de animais que não revelem quaisquer sinais de doença transmissível através
do sangue aos seres humanos ou aos animais,

• Produtos de origem animal ou géneros alimentícios que contenham produtos de origem


animal, que já não se destinem ao consumo humano ou animal por razões comerciais
ou devido a problemas de fabrico, defeitos de empacotamento ou outros defeitos dos
BIBLIOGRAFIA

quais não advenha nenhum risco para a saúde pública ou animal;

395
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
• Sangue, placenta, lã, penas, pêlo, chifres, cascos e leite cru provenientes de animais
vivos que não revelem sinais de doença transmissível através desse produto a seres
humanos ou animais;

• Subprodutos de incubação: ovos, cascas de ovos;

MÓDULO I
• Pintos do dia abatidos por razões comerciais,

• (…)

O Regulamento (CE) n.º 1069/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de


outubro de 2009, indica os destinos possíveis (incineração, coincineração, produção de biogás,
compostagem, transformação em produtos derivados, ou outros, podendo ser necessário um

MÓDULO II
tratamento ou processamento prévio dos subprodutos) e determina as circunstâncias em que
estes materiais devem ser eliminados, a fim de impedir a propagação de riscos para a saúde
pública e dos animais e, de acordo com a sua categoria, especifica igualmente as condições
em que estes subprodutos podem ser utilizados em setores de produção tais como alimentos
para animais, cosméticos, medicamentos, energia (produção de biodiesel e biocombustíveis),
curtumes, adubos e corretivos orgânicos do solo.

MÓDULO III
Os subprodutos animais devem ser encaminhados para unidades devidamente licenciadas
e autorizadas para efetuarem o seu tratamento, eliminação ou transformação em subprodutos
derivados. A Portaria n.º 79, 2022 de 3 de fevereiro, no seu capítulo IV refere-se ao transporte,
registo e armazenamento de outros SPA e PD das categorias 2 e 3, no âmbito da valorização
agrícola. Refere igualmente as condições que devem ser cumpridas para obter autorização
para a atividade de valorização agrícola de outros SPA (para além dos EP) e PD, das categorias
2 e 3, em conformidade com o Regulamento (CE) n.º 1069/2009, do Parlamento Europeu e do

MÓDULO IV
Conselho, de 21 de outubro de 2009.

De acordo com o preconizado na legislação em vigor, a aplicação ao solo destes produtos


deve respeitar as nomas de valorização agrícola bem como como todas as demais disposições
previstas para o efluentes pecuários, nomeadamente as relacionadas com os registos relativos
ao seu transporte e aplicação.

Uma condição importante e específica a cumprir na valorização agrícola de outros SPA


e PD em solos onde estão instaladas culturas destinadas à utilização direta na alimentação MÓDULO V
animal ou humana, é a obrigatoriedade de assegurar um intervalo mínimo de segurança de 21
dias consecutivos entre a última aplicação e a colheita ou pastoreio.

Por outro lado, a legislação define que os fertilizantes orgânicos que contenham SPA e
PD tenham essa indicação no rótulo e ou sejam acompanhados com informação sobre a sua
composição e regras de utilização.
MÓDULO VI

O NREAP envolve a avaliação e a autorização de funcionamento das unidades pecuárias,


nomeadamente quanto à forma de armazenamento, tratamento e /ou destino previsto a dar
aos subprodutos animais, no cumprimento da legislação comunitária e nacional aplicável.

No contexto das explorações pecuárias, a questão mais comum a ter em conta é o correto
encaminhamento dos cadáveres de animais, referida de forma mais desenvolvida no subponto
BIBLIOGRAFIA

seguinte.

396
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.6.5.1. GESTÃO DE CADÁVERES DE ANIMAIS MORTOS NA EXPLORAÇÃO

A gestão dos cadáveres de animais é objeto de legislação própria (Decreto-Lei n.º 33/2017
de 23 de março), na qual se estabelece que compete à Direção-Geral de Alimentação e
Veterinária (DGAV), através do SIRCA (Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos

MÓDULO I
na Exploração), assegurar a recolha, transporte e destruição dos cadáveres.

O Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos na Exploração (SIRCA) foi criado no


sentido de se proceder à recolha dos animais, em tempo útil, e permitir efetuar a despistagem
obrigatória de eventuais encefalopatias espongiformes transmissíveis (EET´s), em conformidade
com o disposto no Regulamento (CE) n.º 1069/2009, anteriormente referido, sendo interdito,
salvo raras exceções proceder ao enterramento dos animais mortos.

MÓDULO II
Este sistema é coordenado pela  Direção-Geral de Alimentação e Veterinária  (DGAV) e
pelo Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas (IFAP), intervindo ainda o Laboratório
Nacional de Investigação Veterinária (LNIV) e as Unidades de Transformação de Subprodutos
(UTS).

Para assegurar o funcionamento do sistema, foram criados  Centros de Atendimento


Telefónico  do SIRCA (CAT SIRCA) que centralizam as comunicações dos detentores

MÓDULO III
relativamente às mortes dos animais nas suas explorações.

No site da DGAV, encontram-se disponíveis para consulta os manuais de Procedimentos


SIRCA – Bovinos e Ovinos e Caprinos e SIRCA - Suínos

No caso dos cadáveres de aves, em aviculturas em regime de criação intensiva, estes


são retirados e colocados em recipientes impermeáveis e vedados até à sua destruição, de
acordo com as normas sanitárias e com o artigo 5.º do capítulo II, da Portaria n.º 637/2009,

MÓDULO IV
de 9 de junho, que prevê a existência de um necrotério para o depósito dos cadáveres de
aves que aguardam a respetiva eliminação. Os cadáveres são recolhidos periodicamente
por uma empresa especializada, devidamente acreditada para o efeito, que promove o
encaminhamento para fábricas de subprodutos ou locais de eliminação, normalmente por
incineração, devidamente licenciados para o efeito.

À semelhança do que está previsto para as aviculturas também no caso das suiniculturas
em regime intensivo de produção está previsto necrotério (Portaria n.º 636/2009, de 9 de
junho) e os subprodutos como os fetos e nados mortos, restos de tecidos também têm de ser MÓDULO V
devidamente acondicionados e encaminhados, para eliminação ou transformação.

Existem situações excecionais em que podem ser consideradas formas alternativas de


eliminação de cadáveres e de outros subprodutos animais. O Despacho n.º 3844/2017, de 8 de
maio, prevê a aplicação do artigo 16.º e seguintes do Regulamento (CE) n.º 1069/2009, em que
os Estados-membros, mediante a verificação do cumprimento de determinados requisitos,
MÓDULO VI

possam autorizar, em determinadas situações, essas formas alternativas de eliminação dos


cadáveres e de outros subprodutos animais (pode aplicar-se a animais de companhia e a
equídeos). Também prevê a possibilidade de ser autorizado, o enterramento dos animais
de espécies pecuárias no local do estabelecimento ou a sua destruição por outros meios
que sejam considerados seguros, face aos riscos para a saúde pública e animal, em áreas
classificadas como remotas, nos termos do artigo 19.º do Regulamento (CE) n.º 1069/2009.
Fazemos notar que se trata de situações muito específicas que necessitam de autorização das
BIBLIOGRAFIA

autoridades responsáveis para sua realização.

397
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
LEGISLAÇÃO RELEVANTE

Quadro de legislação (Ponto V.6.)

TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA

MÓDULO I
Regulamento do
Decreto-Lei nº
Exercício da
214/2008, de 10 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/214-2008-439393
Atividade
de novembro
Pecuária (REAP)

Novo Decreto-Lei nº
Regulamento do 81/2013, de 14 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/81-2013-496729
Exercício da de junho
Atividade

MÓDULO II
Pecuária (NREAP) Glossário NREAP https://www.dgadr.gov.pt/reap/glossario-nreap-termos-de-a-z

Gestão de Portaria n.º


Efluentes 79/2022, de 3 de https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/79-2022-178602023
Pecuários fevereiro

Gestão de
Efluentes
Pecuários nas Decreto-Lei n.º

MÓDULO III
Zonas vulneráveis 235/97, de 3 de https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/235-1997-641126
à poluição por setembro
nitratos de origem
agrícola

Programa de
Ação para as
Portaria n.º
Zonas vulneráveis
259/2012, de 28 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/259-2012-174783
à poluição por
de agosto
nitratos de origem

MÓDULO IV
agrícola

Despacho n.º
Código de Boas
1230/2018, de 5 https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/1230-2018-114627305
Práticas Agrícolas
de fevereiro

Licenciamento
Nota Informativa
dos usos
17/2019 https://www.dgadr.gov.pt/images/docs/REAP/NI_
admissíveis para
publicada pela NREAP_17_2019.pdf
os efluentes
DGADR
MÓDULO V
pecuários

Decreto-Lei n.º
Utilização dos
226-A/2007, de https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/226-a-2007-340237
recursos hídricos
31 de maio

Regime de
proteção das
albufeiras de
Decreto-Lei n.º
águas públicas de
MÓDULO VI

107/2009, de 15 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/107-2009-608704
serviço público
de maio
e das lagoas ou
lagos de águas
públicas

Regime de
utilização Decreto-Lei n.º
de lamas de 276/2009, de 2 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/276-2009-490974
depuração em de outubro
solos agrícolas
BIBLIOGRAFIA

398
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Quadro de legislação (Ponto V.6.)

TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA

Regulamento

MÓDULO I
(CE) nº
1069/2009, do
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/pt/
Parlamento
TXT/?uri=CELEX%3A32009R1069
Europeu e do
Conselho, de 21
de outubro
Regras sanitárias Decreto-Lei n.º
relativas a 33/2017, de 23 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/33-2017-106647823
subprodutos de março

MÓDULO II
animais e
produtos
Despacho n.º
derivados não
8442/2017, de 26 https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/8442-2017-108212577
destinados ao
de setembro
consumo humano
Despacho n.º
2905-A/2017, de https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/2905-a-2017-106846683
6 de abril

MÓDULO III
Despacho n.º
3844/2017, de 8 https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/3844-2017-106980596
de maio

Gestão dos Decreto-Lei n.º


cadáveres de 33/2017 de 23 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/33-2017-106647823
animais de março

Detenção
e produção

MÓDULO IV
pecuária ou Portaria
atividades 637/2009, de 9 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/637-2009-494515
complementares de junho
de espécies
avícolas

V.7. BOAS PRÁTICAS E SIMBIOSE INDUSTRIAL EM AGRICULTURA


MÓDULO V
V.7.1. CONCEITO DE SIMBIOSE INDUSTRIAL

A palavra “simbiose” é geralmente associada a relações na natureza, onde duas ou mais


espécies trocam materiais, energia ou informações de maneira mutuamente benéfica.
MÓDULO VI

No contexto agrícola, a Simbiose Industrial é uma forma de mediação para reunir agricultores
e empresas em colaborações inovadoras, encontrando maneiras de utilizar os resíduos de um
setor de atividade como matéria-prima de outro. Ou seja, o conceito de Simbiose Industrial
pode definir-se como uma relação mutuamente benéfica entre empresas e/ou setores, com
proximidade geográfica, que cooperam entre si de forma eficiente através de uma partilha
de recursos humanos e materiais (resíduos/subprodutos); serviços; conhecimento; e fatores
de produção (energia, água, etc.), resultando em vantagens económicas e de preservação do
BIBLIOGRAFIA

ambiente.

399
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
A cooperação resultante da Simbiose Industrial pode reduzir a necessidade de matérias-
primas virgens e evitar a eliminação de resíduos, fechando assim o ciclo de materiais – uma
característica fundamental da economia circular e um motor para o crescimento verde e para
soluções ecoinovadoras.

MÓDULO I
Este tipo de simbiose permite também aumentar a competitividade das empresas; diminuir
a exploração de recursos naturais; reduzir as emissões para a atmosfera e a utilização de
energia; e criar novos fluxos de receita.

V.7.2. CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS NO CONTEXTO DOS


RESÍDUOS E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS

MÓDULO II
O primeiro Código de Boas Práticas Agrícolas elaborado foi publicado no ano de 1997.
Este documento foi atualizado pelo Despacho n.º 1230/2018, de 5 de fevereiro, e deve ser
aplicado obrigatoriamente nas atuais Zonas Vulneráveis de Portugal Continental.

O Código de Boas Práticas Agrícolas contém orientações sobre:

• Princípios gerais da fertilização racional;

MÓDULO III
• Adubos contendo azoto e seu comportamento no solo;

• Adubos contendo fósforo e seu comportamento no solo;

• Aplicação de adubos contendo azoto (quantidades, épocas e técnicas);

• Aplicação de adubos contendo fósforo (quantidades, épocas e técnicas);

MÓDULO IV
• Aplicação de corretivos orgânicos;

• Aplicação de fertilizantes em situações especiais, nomeadamente em terrenos declivosos;


saturados de água, inundados, gelados ou cobertos de neve e nas proximidades de
cursos de água;

• Aspetos da gestão e utilização do solo relacionados com a dinâmica do azoto e do

MÓDULO V
fósforo;

• Gestão da rega;

• Planos de fertilização e registo de fertilizantes utilizados na exploração agrícola;

• Armazenamento e manuseamento de adubos inorgânicos;

• Armazenamento e manuseamento de efluentes pecuários.


MÓDULO VI

As medidas do Código de Boas Práticas Agrícolas e do Programa de Ação das zonas


vulneráveis foram inicialmente estabelecidas para impedir e reduzir a poluição das águas por
nitratos de origem agrícola, contudo algumas contribuem também para a proteção do solo e
para a diminuição da poluição do ar, sendo a sua aplicação importante para a proteção dos
recursos naturais e a prática de uma agricultura sustentável.
BIBLIOGRAFIA

Ao analisar as orientações do Código de Boas Práticas Agrícolas, verificamos que este

400
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
documento aborda sobretudo a utilização, armazenamento e manuseamento de efluentes
pecuários.

Desta forma, será importante referir princípios e práticas respeitantes a outros subprodutos
agrícolas, bem como exemplos concretos da sua aplicação.

MÓDULO I
PRINCÍPIOS

1) Combate ao desperdício alimentar


Todos os produtos que não possam ser escoados através dos canais convencionais (ex:
cadeias retalhistas e grossistas) por motivos de calibre e/ou aspeto visual (figura 37),
devem ser valorizados noutros circuitos comerciais (ex: indústria alimentar), reduzindo

MÓDULO II
o desperdício de alimentos.

Este tipo de iniciativa insere-se nas atuais preocupações da UE no que respeita à


sustentabilidade do planeta, traduzidas no Pacto Ecológico Europeu “Green Deal”,
no âmbito do qual são propostas 50 medidas para que a Europa se torne neutra em
carbono até 2050.

MÓDULO III
Um dos objetivos do Pacto Ecológico Europeu é melhorar o bem-estar e a saúde
dos cidadãos e das gerações futuras, nomeadamente através do acesso a alimentos
saudáveis e a preços acessíveis, pelo que uma das principais medidas deste Pacto é a
Estratégia do Prado ao Prato, que tem como principais objetivos:

• Assegurar alimentos suficientes, a preços acessíveis e nutritivos dentro dos limites


do planeta;

MÓDULO IV
• Reduzir para metade a utilização de pesticidas e fertilizantes e a venda de agentes
antimicrobianos;

• Aumentar a percentagem de terras agrícolas consagradas à agricultura biológica;

• Promover um consumo e regimes alimentares.

Assim, os projetos que integrem este objetivo, nomeadamente pelo seu contributo
para a diminuição do desperdício alimentar, apresentam uma relevância acrescida na
MÓDULO V
atualidade.
MÓDULO VI

Figura 37 - Frutas e legumes rejeitados por razões estéticas |


BIBLIOGRAFIA

Fonte: https://nationalgeographic.sapo.pt/historia/grandes-
reportagens/1292-desperdicio-alimentos-2

401
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste
princípio:

- Aumento da eficiência na utilização de fatores de produção e outros recursos;


- Redução na quantidade de produtos rejeitados;
Vantagens

MÓDULO I
- Aumento das receitas;
- Redução dos custos de tratamento de resíduos.
- Eventual dificuldade na identificação e manutenção de canais alternativos de
escoamento;
Restrições
- Necessidade de implementar práticas e procedimentos que garantam a
segregação e valorização dos produtos em causa.

MÓDULO II
Este princípio pode ser aplicado a qualquer atividade agrícola, desde que os
Observações produtos que se pretendem valorizar não tenham sido rejeitados por motivos
de segurança alimentar.
Quadro 18 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio do combate ao desperdício alimentar

Como exemplo desta prática referimos o caso da Cooperativa Fruta Feia, fundada
em 2013 na região de Lisboa e Vale do Tejo e que “salva” todas as semanas quatro
toneladas de fruta e legumes com formatos invulgares que, embora não por motivos

MÓDULO III
de segurança ou de qualidade alimentar, são rejeitados pelas grandes superfícies. Este
projeto visa combater uma ineficiência de mercado, criando um mercado alternativo
para a fruta e hortícolas “feias” pretendendo alterar padrões de consumo, gerar valor
para os agricultores e consumidores e combatendo tanto o desperdício alimentar como
o gasto desnecessário dos recursos utilizados na sua produção.

2) Redução máxima dos resíduos não biodegradáveis

MÓDULO IV
Para maximizar a sustentabilidade do sistema produtivo relativamente à gestão dos
resíduos este princípio terá de ser respeitado. O ideal será que todos os resíduos
gerados sejam biodegradáveis. No entanto, é importante compreender primeiro a
diferença entre produtos biodegradáveis e não-biodegradáveis.

De uma forma simples, aquilo que é biodegradável decompõe-se naturalmente por


ação de microorganismos. Ou seja, quando um produto é biodegradável, significa que
deriva de matérias-primas biológicas, o que permite que se decomponha na natureza, MÓDULO V
sem a prejudicar, através da ação de microrganismos. Por outro lado, os produtos
não-biodegradáveis são feitos de materiais sintéticos. Ou seja, falamos de plásticos,
vidros, equipamentos elétricos e eletrónicos, metais, pilhas, etc. Estes materiais não se
decompõem naturalmente e possuem um grande impacte ambiental.

Assim, importa seguir o princípio anteriormente enunciado, produzindo cada vez menos
MÓDULO VI

resíduos não biodegradáveis. No seguinte quadro referem-se algumas das principais


vantagens e restrições à adoção deste princípio:

- Maximiza a sustentabilidade do sistema de produção na gestão de resíduos;


- Minimiza a quantidade de resíduos encaminhados para tratamento;
Vantagens
- Reduz os custos de recolha e tratamento/eliminação dos resíduos;
- Minimiza o nível de poluição do solo e da água.
BIBLIOGRAFIA

402
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
- Dificuldade na garantia de que 100% dos resíduos sejam biodegradáveis,
uma vez que o mercado é ainda escasso em matérias-primas com essas
características;
Restrições - A aquisição de materiais biodegradáveis poderá implicar custos mais

MÓDULO I
elevados;
- A produção de um sistema que garanta trabalhar com elevada percentagem
de materiais biodegradáveis tem, em geral, maior custos associados.

Este princípio deve ser aplicado quer em sistemas de agricultura biológica,


Observações
quer convencional.
Quadro 19 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio da redução máxima dos resíduos não biodegradáveis

MÓDULO II
Além do «Roteiro para uma Europa Eficiente na utilização de recursos» da União
Europeia, que tinha como um dos seus principais objetivos a transformação dos resíduos
num recurso até 2020, a Comissão Europeia adotou em maio de 2021 o «Plano de ação
da UE: Rumo à poluição zero no ar, na água e no solo», que é já um dos primeiros
resultados do Pacto Ecológico Europeu e que aflora a problemática dos resíduos.

Um dos principais resíduos que causam danos ao meio ambiente e à saúde de seres

MÓDULO III
humanos e animais é o plástico que, pelas suas propriedades, demora dezenas de anos
a decompor-se na natureza deixando-a irreversivelmente contaminada (microplásticos)
e onde o processo de reciclagem apenas é aplicável a alguns tipos deste material. No
que respeita aos plásticos, são já do conhecimento público os perigos que os seus
resíduos representam para o ambiente. É também alarmante a quantidade de resíduos
de plástico que é lançada anualmente nos oceanos e mares, que se estima em cerca de
10 milhões de toneladas. Por outro lado, a produção mundial anual de plásticos passou

MÓDULO IV
de 1,5 milhões de toneladas em 1950 para 245 milhões de toneladas em 2008!

A UE lançou em 2013 um Livro Verde sobre a estratégia europeia para os resíduos de


plástico no ambiente e, em janeiro de 2018, adotou uma estratégia europeia para os
plásticos, que faz parte do plano de ação da UE para a economia circular “Um novo
Plano de Ação para a Economia Circular para uma Europa mais limpa e competitiva”
publicado através da Comunicação da Comissão COM(2020)98 e respetivo Anexo, de

MÓDULO V
11.3.2020.

Desde então, tem sido produzida legislação pelas instâncias europeias sobre este
tema, nomeadamente a Diretiva (UE) 2019/904 do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 5 de junho de 2019, relativa à redução do impacte de certos produtos de plástico
no ambiente, a qual vem estabelecer medidas com o objetivo de prevenir e reduzir o
impacto de determinados produtos de plástico no ambiente, mais particularmente no
meio aquático, e na saúde humana, bem como promover a transição para uma economia
MÓDULO VI

circular com modelos de negócio, produtos e materiais inovadores e sustentáveis.

Vale a pena referir, também, a Comunicação da Comissão (2021/C 216/01) de 7.6.2021


com as orientações da Comissão sobre os produtos de plástico de utilização única, em
conformidade com a Diretiva (UE) 2019/904 que tem sido transposta para o ordenamento
jurídico nacional, através de vários diplomas, como por exemplo:
BIBLIOGRAFIA

• Lei n.º 69/2018, de 26 de dezembro que procede à primeira alteração ao Decreto-

403
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Lei n.º 152-D/2017, de 11 de dezembro, relativo ao Regime Unificado dos Fluxos
Específicos de Resíduos, instituindo um sistema de incentivo à devolução de
embalagens de bebidas em plástico não reutilizáveis, a implementar até 31/12/2019,
e um sistema de depósito de embalagens de bebidas em plástico, vidro, metais
ferrosos e alumínio não reutilizáveis, obrigatório a partir de 01/01/2022;

MÓDULO I
• Portaria n.º 202/2019, de 3 de julho, que define os termos e os critérios aplicáveis
ao projeto-piloto a adotar no âmbito do sistema de incentivo ao consumidor para
devolução de embalagens de bebidas em plástico não reutilizáveis;

• Resolução do Conselho de Ministros n.º 141/2018, de 26 de outubro, que aprova


medidas tendentes à promoção da utilização mais sustentável de recursos e à
adoção de soluções circulares na Administração Pública;

MÓDULO II
• Declaração de Retificação n.º 37/2018 - Diário da República n.º 214/2018, Série I de
2018-11-07, que retifica a  Resolução do Conselho de Ministros n.º 141/2018, que
promove uma utilização mais sustentável de recursos na Administração Pública
através da redução do consumo de papel e de produtos de plástico.

Face a este enquadramento de crescente consciencialização dos impactes dos resíduos

MÓDULO III
do plástico nos ecossistemas e na saúde pública, o mercado tem vindo a apresentar
alternativas aos plásticos convencionais elaborados maioritariamente a partir de
matérias-primas com origem fóssil (petróleo).

A necessidade de reduzir a utilização de plásticos não reutilizáveis ou não recicláveis


tem proporcionado a entrada no mercado de plásticos biodegradáveis e de plásticos
que resultam de matérias-primas de base biológica (como celulose, amido, cana-de-
açúcar, milho ou soja) que ocorrem em grande abundância na natureza. O destino mais

MÓDULO IV
indicado para os plásticos biodegradáveis pode ser a compostagem, doméstica ou
industrial, devendo ser promovidos locais apropriados para o seu armazenamento.

No entanto, estes materiais não são visualmente distinguíveis, pelo que é relevante
encontrar formas de diferenciar plásticos biodegradáveis e plásticos de origem
renovável, de plásticos convencionais. Para isto, a sua marcação é necessária para que
os consumidores possam identificar, utilizar e, posteriormente, encaminhar de forma
MÓDULO V
adequada.

Em diversos países europeus, para ajudar as pessoas a distinguir os plásticos de origem


fóssil, dos plásticos biodegradáveis e compostáveis que geralmente têm origem em
biomassa, introduziu-se uma combinação de logotipos que identifica a certificação a
que estão sujeitos, juntamente com o destino final a que estes resíduos devem ser
submetidos (figura 38). Esta certificação é realizada por entidades competentes,
MÓDULO VI

seguindo as Normas Europeias EN 13432 ou EN 14995.


BIBLIOGRAFIA

Figura 38 - Logotipos utilizados na Europa visando a certificação EN 13432 | Fonte: https://www.


itene.com/blog/i/11061/239/avoiding-confusion-between-biodegradable-and-compostable

404
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Em Portugal começa a existir alguma preocupação com esta problemática, no entanto
ainda não foi definido um modelo de certificação e identificação que permita oferecer aos
consumidores/produtores a opção de escolha por materiais diferenciados. A utilização
deste tipo de materiais contribui para a redução de resíduos não biodegradáveis.
3) Preferência por materiais recicláveis ou reciclados

MÓDULO I
A preferência por materiais recicláveis ou reciclados aumenta a sustentabilidade do
sistema de produção porque não se perde toda a energia utilizada para os produzir e
prolonga-se o tempo de vida da matéria-prima, que vai adquirindo utilizações diferentes
reduzindo-se assim a necessidade de consumir novos recursos.
No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste
princípio:

MÓDULO II
- Aumenta a sustentabilidade do sistema de produção na gestão de resíduos;
- Reduz a utilização de recursos no fabrico de novos materiais;
- Melhora o controlo da poluição potencial, uma vez que os resíduos são
Vantagens
encaminhados para reciclagem;
- Reduz, na generalidade, os custos de aquisição porque se tratam de

MÓDULO III
materiais com menos valor comercial.

- Dificuldade em encontrar materiais recicláveis ou reciclados para todas as


aplicações;
- É fundamental garantir que a qualidade dos materiais reciclados é totalmente
Restrições equivalente à dos produzidos a partir de matéria-prima virgem (principalmente
quando se exigem materiais de elevada qualidade);

MÓDULO IV
- Eventuais deficiências locais ou regionais com a recolha e encaminhamento
dos resíduos a reciclar.

Deverá aplicar-se sobretudo aos materiais/produtos utilizados em maior


quantidade num sistema de produção, como as embalagens, filmes e telas (ex:
Observações
produção do morango e controlo de infestantes) ou plásticos utilizados em
culturas (ex: estufas, estufins e túneis).

MÓDULO V
Quadro 20 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio da preferência por materiais recicláveis ou reciclados

Existem muitas empresas a atuar neste campo. A título de exemplo, citamos, a empresa
Resíduos do Nordeste EIM, SA, que é uma entidade intermunicipal que procede ao
tratamento e eliminação dos resíduos urbanos de 12 municípios do distrito de Bragança
e de Vila Nova de Foz Côa do distrito da Guarda. Esta região produz, em média, 50.000t
de resíduos por ano, onde cerca de 40% são de natureza orgânica, pelo que possuem
um forte potencial de valorização. Neste sentido e enquanto não é implementada na
MÓDULO VI

região uma recolha seletiva dos biorresíduos (que será obrigatória até 31/12/2023), os
resíduos indiferenciados são submetidos a um processo de separação mecânica onde
são separados metais, vidro, cartão e plásticos – materiais conduzidos para a reciclagem
– sendo a fração orgânica encaminhada para biometanização e para compostagem em
função do tamanho das partículas.

No processo de biometanização é produzido biogás, utilizado na produção ou cogeração


de energia elétrica e do processo de compostagem resulta um corretivo orgânico que
BIBLIOGRAFIA

pode ser utilizado na agricultura.

405
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Após análises e de acordo com o Decreto – Lei nº 103/2015, que estabelece as regras
a que deve obedecer a colocação no mercado de matérias fertilizantes, o composto
«Ferti Trás-os-Montes» obteve a classificação de Matéria Fertilizante de Classe IIA, pelo
que pode ser utilizado em culturas arbóreas e arbustivas, nomeadamente em pomares,
olivais, vinhas, espaços florestais e relvados desportivos. De acordo com as suas

MÓDULO I
caraterísticas, este corretivo «Ferti Trás-os-Montes» destina-se a ser aplicado às culturas
perenes dominantes na região, designadamente vinha, olival, amendoal e soutos de
castanheiros (figura 39).

MÓDULO II
Figura 39 - Aplicação do composto Ferti Trás-os-Montes em olival na região

MÓDULO III
Fonte: https://negociosdocampo.pt/2019/11/21/composto-ferti-tras-os-
montes-aplicacao-em-culturas-da-regiao/

A utilização de este tipo de compostos em detrimento dos adubos químicos – constituídos


por materiais de síntese – contribui para a sustentabilidade dos ecossistemas, uma vez
que do processo de compostagem resulta uma reciclagem de matéria orgânica e de
nutrientes que são benéficos para os solos.
4) Reincorporação dos resíduos no sistema de produção

MÓDULO IV
A prática de reincorporar os resíduos gerados pela produção agrícola no sistema de
produção assenta no princípio de maximizar a vida útil do recurso e manter os ciclos de
produção fechados, sem perdas para além das fronteiras da exploração agrícola.
No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste
princípio:

MÓDULO V
- Contribui para a poupança de fatores de produção e recursos naturais;
- Maximiza a utilização dos fatores e recursos no tempo;
Vantagens - Aumenta a sustentabilidade económica e ambiental do sistema produtivo;
- Reduz o impacte ambiental inerente à gestão dos resíduos gerados na
exploração, incluindo o transporte, tratamento e destino final de resíduos.
- Poderá implicar a necessidade de pré-tratamento antes da incorporação
no solo, nomeadamente de compostagem ou do destroçamento de alguns
MÓDULO VI

resíduos de biomassa de difícil degradação, por serem mais lenhosos ou com


Restrições
elevado teor de sílica (ex: palha do arroz)
-Terão de ser seguidas as disposições legais em vigor (ex: evitar a poluição dos
solos e dos recursos hídricos; preservar a saúde humana e dos animais).
Este princípio só poderá ser aplicado a resíduos biodegradáveis gerados pela
Observações
produção agrícola.
BIBLIOGRAFIA

Quadro 21 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio da reincorporação dos resíduos no sistema de produção

406
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Este princípio é já aplicado, embora por vezes apenas de forma parcial, em muitas
explorações agrícolas. A título de exemplo podemos referir a Herdade do Ramalhão,
uma unidade de produção pecuária localizada no concelho de Montemor-o-Novo que
possui uma vacaria leiteira e um pavilhão de suínos. A limpeza dos estábulos da vacaria
é feita pela técnica de flushing (Figura 40), ou seja, é feito o lançamento de um fluxo

MÓDULO I
de água sob pressão, a partir de reservatórios, arrastando os excrementos sólidos e
líquidos.

Neste caso, a água utilizada para esta técnica de limpeza provém da última lagoa do
sistema de tratamento dos chorumes dos suínos. A reincorporação destas águas no
sistema produtivo permite maximizar a vida útil do recurso e, consequentemente,
otimizar a sua utilização, sem que seja necessário recorrer a outras origens de água.

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 40 - Sistema "flushing" de limpeza dos corredores da Herdade do
Ramalhão | Fonte: https://siaia.apambiente.pt/AIADOC/DA9/PDA9.pdf

MÓDULO IV
5) Maximização da reutilização e da valorização dos resíduos

Todos os resíduos que não possam ser reutilizados ou reincorporados no próprio sistema
produtivo, deverão ser encaminhados para valorização.

Como mencionado anteriormente no Ponto V.4., é importante reforçar que os


produtores devem adotar uma estratégia de gestão integrada dos resíduos, dando
primazia a processos de tratamento e valorização e encarando a gestão de resíduos

MÓDULO V
sempre numa ótica preventiva, na qual a eliminação deve ser vista como a última opção
de gestão.

No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste


princípio:

- Reduz os custos de produção;


MÓDULO VI

- Reduz os custos na aquisição de novos fatores de produção;


Vantagens - Reduz os custos de gestão de resíduos;
- Contribui para a proteção ambiental através da minimização do
encaminhamento dos resíduos para eliminação (ex: aterros sanitários).
- Falta de soluções viáveis à disposição dos agricultores;
Restrições - Existência de barreiras legislativas e de burocracia que dificultam e oneram a
BIBLIOGRAFIA

aplicação deste princípio;

407
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
- Eventuais dificuldades e elevados custos de acesso às soluções de
Restrições valorização de resíduos, face à localização das explorações agrícolas e às
quantidades geradas;
Apesar de já terem sido dados passos importantes em Portugal para a

MÓDULO I
valorização integrada dos resíduos, existem ainda algumas categorias de
Observações
resíduos agrícolas (caso dos plásticos não embalagem) que não estão
enquadrados por sistemas integrados de gestão de resíduos.
Quadro 22 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio da maximização da reutilização ou valorização dos resíduos

6) Opção por embalagens de transporte reutilizáveis

MÓDULO II
No transporte dos produtos agrícolas tem de ser considerado o acondicionamento com
soluções que confiram o melhor conforto e proteção do produto, mas que sejam tanto
quanto possível reutilizáveis, reduzindo de modo significativo o volume de resíduos
gerados na atividade agrícola.

No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste


princípio:

MÓDULO III
- Reduz os custos de aquisição, eliminação e armazenamento de embalagens
descartáveis;
Vantagens
- Otimiza os custos de transporte, se as embalagens forem facilmente
empilháveis e permitirem a otimização do espaço nas viaturas.
- Custos inerentes ao retorno e higienização das caixas;
Restrições - Necessidade de rotinas de gestão das embalagens reutilizáveis entre

MÓDULO IV
fornecedores retalhistas.
É um princípio especialmente importante para os produtores que fazem
apenas o transporte dos produtos para as centrais de transformação e
Observações embalamento, antes da comercialização. Os produtores que fazem a
transformação e embalamento dos próprios produtos, deverão dar preferência
às embalagens reutilizáveis e, sempre que aplicável, às embalagens recicláveis.

MÓDULO V
Quadro 23 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio da opção por embalagens de transporte reutilizáveis

Existem iniciativas a decorrer no sentido de dinamizar esta prática, nas quais o nosso país
participa. Uma destas iniciativas foi promovida pela Associação Smart Waste Portugal,
que reúne mais de 100 empresas preocupadas com a economia circular e que criou
um grupo de trabalho para os plásticos, cujo trabalho resultou na assinatura em 2020
do primeiro Pacto Português para os Plásticos (Figura 41). Esta iniciativa conta com
o apoio do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, em parceria com a rede dos
MÓDULO VI

Pactos para os Plásticos da Fundação Norte-Americana Ellen MacArthur, que engloba


mais de 400 entidades em todo o mundo.

Este Pacto tem o compromisso da indústria, onde todos vão trabalhar de forma diferente,
desde o ecodesign à incorporação de plástico reciclado na produção. O objetivo é
começar a mudança pelo início da fileira e pela criação de novas embalagens que não
fiquem contaminadas e possam ser devolvidas para reutilização no final do seu tempo
BIBLIOGRAFIA

de vida.

408
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 41 - Publicidade realizada pelo Pacto Português para os Plásticos
Fonte: https://greensavers.sapo.pt/arranca-hoje-a-campanha-vamos-reinventar-o-
plastico-do-pacto-portugues-para-os-plasticos/

7) Reaproveitamento da água (resultante de efluentes da própria exploração, de

MÓDULO II
utilização da água não tratada e de águas residuais tratadas)

Referimo-nos neste tópico à reutilização para rega da água utilizada em processos de


lavagem – desde que isenta de detergentes ou moléculas sintéticas. A água reutilizada
poderá conter resíduos orgânicos ou outros, os quais não afetarão a qualidade da
produção, podendo ainda contribuir com alguns nutrientes. Importa também referir
como boa prática a reutilização de águas residuais tratadas, por exemplo na rega.

MÓDULO III
No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste
princípio:

- Reduz a captação de água através do seu reaproveitamento;


- Reduz/elimina os custos necessários para tratar/recuperar efluentes em
estações de tratamento de águas residuais, se estes contiverem apenas
Vantagens
materiais orgânicos e puderem ser reaproveitados para rega;

MÓDULO IV
- Previne a degradação da qualidade das massas de água;
- Minimiza e contribui para colmatar a escassez de recursos hídricos.
- Há que cumprir o normativo nacional e europeu em matéria de utilização de
águas residuais tratadas;
- Necessidade de infraestruturas que permitam o encaminhamento da água
utilizada em lavagens para estruturas de armazenamento e bombagem a
jusante e para o sistema de rega na parcela;
- Implica a instalação de um bom sistema de filtragem da água a montante dos
MÓDULO V
Restrições difusores, gotejadores, microaspersores ou aspersores, de forma a reduzir o
risco de entupimentos, dado que a água reaproveitada / não tratada contém
mais impurezas.
- É necessário equacionar os custos associados à reutilização de águas
residuais tratadas.
- Falta de regularidade na utilização desta água ao longo do ano, ou seja,
MÓDULO VI

existe uma parte do ano em que não há utilização para rega.


- No caso da hidroponia, a produção agrícola reutiliza a água através da
recirculação da água drenada, criando-se uma solução nutritiva que fornece
na medida exata e de forma constante todos os nutrientes que as plantas
Observações
necessitam.
- Nas explorações agropecuárias, a reutilização está muitas vezes associada à
fertirrega.
BIBLIOGRAFIA

Quadro 24 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio do reaproveitamento da água resultante de efluentes da própria exploração e utilização da água não tratada

409
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Mais uma vez, a título de exemplo prático real no nosso país, referimos a Herdade do
Vale da Lama d’Atela, que é uma propriedade localizada no concelho da Chamusca
que se dedica à produção e comercialização de leite de bovinos. As águas de lavagem
e os chorumes da sua vacaria são encaminhados para uma fossa de homogeneização
e bombeados para um separador de sólidos e líquidos. A fração sólida é armazenada

MÓDULO I
em pilhas de estrume e a fração líquida é direcionada para as lagoas de tratamento. Da
terceira e última lagoa procede-se à reutilização da água para fertirrega.

8) Aumento da autossuficiência energética

Aumentar a autossuficiência energética significa que, para a produção de energia,


serão aproveitados recursos não utilizados diretamente na produção, e que será dada

MÓDULO II
preferência à utilização de fontes de energias renováveis.

No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste


princípio:

- Reduz os custos da fatura energética;


- Reduz o volume de resíduos a serem encaminhados para tratamento e/ou

MÓDULO III
valorização;
Vantagens - Diminui a dependência energética para dar resposta a picos de produção;
- Incrementa a sustentabilidade ambiental (ex: deixa de ser necessário o
tratamento de um conjunto de resíduos de materiais vegetais e poupa-se na
queima de combustíveis fósseis).
- Exige um maior controlo sobre as entradas e saídas de energia;

MÓDULO IV
- É necessário estimar as quantidades de resíduos de subprodutos agrícolas
produzidos e respetiva distribuição ao longo do ano, de modo a prever as
Restrições
necessidades externas de energia;
- Necessidade de estruturas para armazenamento temporário dos
subprodutos.
Os sistemas que produzem maior volume de subprodutos poderão ter maior
facilidade em aumentar a autossuficiência energética. No entanto, o recurso a
MÓDULO V
Observações
outras fontes alternativas, nomeadamente, renováveis como a solar, eólica ou
hídrica, também contribuem para a autossuficiência.
Quadro 25 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio do aumento da autossuficiência energética

Importa referir neste item a introdução de incentivos ao recurso a energias renováveis


por parte das explorações agrícolas, bem como um bom planeamento de um
aproveitamento integrado na exploração dos subprodutos.
MÓDULO VI

Na região da Andaluzia, dada a elevada produção olivícola e, consequentemente, a


existência de grandes volumes de restos de poda das oliveiras, alguns agricultores
recolhem nas suas propriedades este subproduto que é encaminhado para empresas
que o armazenam e processam por incineração para produzir energia elétrica para
consumo próprio. Não obstante seja gerada energia a partir da valorização integrada
destes subprodutos é, todavia, necessário garantir a sua produção de uma forma
BIBLIOGRAFIA

eficiente e sustentável, com base em tecnologia avançada de conversão.

410
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
V.7.3. EXEMPLOS DE SIMBIOSES INDUSTRIAIS NO SETOR
AGROALIMENTAR
Embora atualmente já seja possível identificar algumas práticas de simbiose industrial
implementadas no nosso país, deverão ser dados mais alguns passos neste sentido,

MÓDULO I
principalmente ao nível da identificação dos resíduos/subprodutos com potencial para
serem utilizados como recursos; e na sensibilização e abertura das indústrias para estas
práticas benéficas para todos os envolvidos. A interação entre indústrias irá possibilitar o
reaproveitamento de materiais, até agora vistos como resíduos, em energia e matérias-primas.

As agroindústrias do vinho e do azeite constituem atividades económicas muito


representativas em Portugal. Dada existência de agentes económicos que agem
simultaneamente nestas fileiras, por vezes verifica-se uma partilha de instalações e recursos

MÓDULO II
entre as duas agroindústrias no que respeita às áreas sociais, gestão de resíduos, escritórios,
armazéns, laboratório e equipamentos. Por outro lado, a produção pecuária e agrícola são
atividades económicas muito relevantes no nosso país.

Neste campo, são portanto várias as possibilidades de Simbiose Industrial dada a


complementaridade de processos e as características orgânicas dos resíduos/subprodutos
produzidos por adegas e lagares.

MÓDULO III
No entanto, é importante que as relações de Simbiose Industrial ultrapassem as barreiras do
setor agrícola, uma vez que numa ótica de circularidade ambiental e económica é necessário e
fundamental atuar a uma escala global e multidisciplinar que contribua de forma significativa
para a sustentabilidade do planeta Terra.

No seguinte quadro são apresentados alguns exemplos:

MÓDULO IV
Um agente económico das fileiras do vinho e do azeite encontra-se instalado
num complexo industrial com outra empresa do grupo com a qual aplica
alguns princípios da simbiose industrial. Trata-se de duas empresas de fileiras
distintas que partilham infraestruturas e recursos humanos, diminuindo assim
Exemplo 1 os custos e tornando-se ambas mais competitivas. Neste complexo industrial é
partilhada a gestão de resíduos, com um parque de resíduos e uma estação de
tratamento de águas residuais (ETAR) comum. Também a gestão de recursos
humanos é centralizada, com vantagens na otimização de processos e de
conhecimento. MÓDULO V
Alguns agentes que atuam na fileira do vinho e do azeite utilizam o caroço da
azeitona para produzir energia térmica para utilizar no aquecimento de águas
nas adegas e produzem composto orgânico com os subprodutos de diversas
Exemplo 2
origens, nomeadamente as podas das videiras e oliveiras, engaços e bagaço
de azeitona. O composto orgânico é posteriormente utilizado como corretivo
MÓDULO VI

orgânico no solo agrícola do olival e da vinha.


Um agente económico da fileira do azeite e da produção animal (aves) utiliza o
Exemplo 3 caroço da azeitona como combustível em caldeiras de biomassa destinadas ao
aquecimento dos pavilhões dos animais.
Existem cooperativas agrícolas que cedem aos seus produtores matéria
Exemplo 4 orgânica originada no processo produtivo, como os engaços e folhas de
BIBLIOGRAFIA

videira ou mesmo composto orgânico produzido nas próprias instalações.

411
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Estas práticas terão, entre outras vantagens, a melhoria da estrutura dos solos,
Exemplo 4 redução da necessidade de aporte de fertilizantes químicos e um investimento
inferior em fatores de produção.
Alguns produtores partilham instalações e recursos humanos entre as fileiras

MÓDULO I
da produção animal e agrícola. Nestes casos, o efluente animal (estrume e/ou
Exemplo 5
chorume) é utilizado como fertilizante orgânico nos próprios solos agrícolas
através de espalhamento e fertirrega.
No setor suinícola, existem agentes económicos licenciados que efetuam uma
gestão dos efluentes líquidos e sólidos através da sua utilização como adubo
Exemplo 6 natural em solos agrícolas da região. Os agricultores adubam os seus terrenos

MÓDULO II
agrícolas a custo reduzido e os produtores de suínos dispõem de uma solução
para o destino final dos efluentes pecuários.
Em Reguengos de Monsaraz, distrito de Évora, com o crescimento das
instalações do matadouro para o abate de suínos, estima-se um volume diário
de produção de água residual tratada e rejeitada no meio hídrico de 700
metros cúbicos (700 mil litros). De modo a reutilizar esta água, a autarquia vai
avançar com um investimento que permitirá reutilizar estas águas residuais

MÓDULO III
Exemplo 7
para rega e águas de serviço. Este processo de Simbiose Industrial permitirá
reduzir os consumos de água potável em usos como a rega de espaços verdes,
lavagem de ruas e de viaturas, assim como a utilização da água tratada para
águas de serviço, nomeadamente em higiene urbana e infraestruturas de
esgotos domésticos e pluviais.
Quadro 26 - Casos práticos de relações de Simbiose Industrial no setor agrícola em Portugal e na Europa

MÓDULO IV
Chama-se a atenção para o facto de estes exemplos de Simbiose Industrial se encontrarem
enquadrados por legislação específica, nacional e europeia, que deverá ser respeitada.

V.7.4. INICIATIVAS INOVADORAS DE BOAS PRÁTICAS E SIMBIOSE


INDUSTRIAL

MÓDULO V
Neste ponto serão enunciados alguns projetos/iniciativas inovadoras de boas práticas e
Simbiose Industrial que estão em curso e que permitem contribuir para uma agricultura mais
sustentável e circular.

PROJETO URSA
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

412
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
A promoção da fertilidade do solo e o uso eficiente da água de rega são princípios basilares da
EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, S.A.) no contexto da gestão
ambientalmente sustentável do regadio de Alqueva. A valorização dos subprodutos orgânicos da
agricultura e o seu regresso ao solo apresenta-se como a mais forte e duradoura possibilidade de
recuperar a qualidade do solo, proteger a água e promover o uso eficiente dos recursos. Neste

MÓDULO I
âmbito a EDIA desenvolveu o conceito URSA – Unidades de Recirculação de Subprodutos de
Alqueva.

A vasta área de regadio abrangida pelo perímetro do Sistema Global de Rega de Alqueva – cuja
monitorização indica teores de matéria orgânica no solo inferiores a 1% – representa anualmente
centenas de milhares de toneladas de subprodutos agrícolas ou agroindustriais. Este fator

MÓDULO II
robustece a viabilidade do processo de valorização orgânica e produção de composto para
fertilização agrícola e reabilitação da qualidade do solo, elemento essencial para a melhoria do
desempenho ambiental do regadio.

A recirculação de subprodutos orgânicos promove igualmente a retenção de carbono no solo,


favorecendo a redução do efeito estufa e as alterações climáticas dele decorrentes. É neste
enquadramento que surge o Projeto URSA, uma constelação de unidades ao serviço do território

MÓDULO III
de regadio, que produzam um fertilizante orgânico por compostagem, devolvido aos agricultores
por permuta com os subprodutos agrícolas entregues, para fertilização das culturas, contribuindo
para o incremento da fertilidade do solo e a sua reabilitação como barreira filtrante, que promova a
qualidade da água a jusante e a sustentabilidade do regadio a longo prazo.
- Reabilitação do solo como suporte agrícola de qualidade e como barreira
filtrante;
- Favorecimento do uso eficiente de água e nutrientes, reduzindo as

MÓDULO IV
necessidades;
- Redução da aplicação de adubos minerais e aumento da rentabilidade agrícola;
- Aumento da coesão do solo, com menor vulnerabilidade à erosão e à
desertificação;
Objetivos
- Utilização circular conservativa dos subprodutos orgânicos produzidos no EFMA
(Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva);
- Melhoria qualidade da água e menor suscetibilidade a espécies aquáticas

MÓDULO V
invasoras;
- Promoção da vida do solo, regeneradora da fertilidade e potenciadora da
sanidade vegetal;
- Sequestro de carbono no solo, com redução dos gases com efeito estufa.

PROJETO GOEFLUENTES
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

413
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
A produção animal sempre foi uma atividade decisiva para a sustentabilidade dos sistemas
agrícolas tradicionais, não só pela utilização e transformação de alimentos, como também, pelo
fornecimento de corretivos para o solo (estrumes) que reciclam cerca de 70% dos nutrientes que,
não sendo digeridos, se perdem por excreção. No entanto, a intensificação destes sistemas,

MÓDULO I
originou uma perda global destes nutrientes a vários níveis, quer pela qualidade das matérias-
primas utilizadas na alimentação animal; pela própria eficiência alimentar dos animais; ou pela
gestão incorreta dos efluentes pecuários que possuem um forte e negativo impacte ambiental.

O elevado número de explorações pecuários concentradas em determinadas regiões e as


limitações de áreas disponíveis para valorização dos resíduos na exploração são uma realidade que
carece de soluções. Neste sentido, considerando a importância económica, alimentar e ambiental

MÓDULO II
do sector agropecuário e os desafios que este enfrenta, surgiu uma iniciativa que envolve
instituições relevantes do setor e que pretende criar oportunidades de implementação de soluções
concretas para aumentar a eficiência da utilização de água e nutrientes, reduzir efeitos ambientais
e valorizar o que até há pouco tempo era considerado desperdício.

Foi neste enquadramento que surgiu o Projeto GoEfluentes, que visa uma abordagem de
valorização do recurso – efluente pecuário – focada nos diferentes interesses que convergem na

MÓDULO III
produção e gestão adequada e integrada dos fluxos gerados nos sistemas agropecuários (sociais,
políticos, económicos, técnicos e ambientais). Em todas as fases associadas à gestão destes fluxos
(produção, recolha, armazenamento, valorização e reutilização), o objetivo da valorização
não será apenas evitar a sua eliminação, mas também reduzir a exploração de recursos
naturais, e fechar o círculo, em consonância com os princípios da economia circular.

- Desenvolvimento de uma metodologia para mapeamento da gestão

MÓDULO IV
dos fluxos gerados nos sistemas agropecuários, focada em informação
descritiva, no desenvolvimento de relações entre os sistemas de produção
e de gestão de efluentes e na legislação e constrangimentos à sua
aplicação.
- Desenvolvimento de uma visão geral sistemática da gestão dos fluxos
gerados nos sistemas agropecuários, visando estabelecer um padrão

MÓDULO V
de previsão do cenário de produção e caraterização, a longo prazo, dos
ecossistemas e das atividades pecuárias, em regiões específicas.
- Instalação de Unidades de Experimentação/ Demonstração que
Objetivos respondam a questões específicas de gestão/valorização de efluentes
e ajudem os diferentes atores no cumprimento das imposições legais/
normativos.
- Contributo para o Inventário Nacional de Emissões com dados nacionais
MÓDULO VI

específicos: monitorização, comunicação e verificação das emissões (CH4,


NH3, N2O).
- Informação espacial, relativa aos sistemas de gestão de efluentes
(armazenamento, tratamento, aplicação) necessárias para: sensibilização
dos diferentes atores; estimativa precisa das emissões; benchmarking;
identificação da região e de opções de mitigação específicas; abordagem
uniforme em estudos de cenários.
BIBLIOGRAFIA

414
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
PROJETO URSA

MÓDULO I
Diferentes estudos mostram que uma grande percentagem do gás amoníaco (NH3) que é
libertado para a atmosfera provém do setor agrícola e, mais especificamente, da produção
de suínos e aves onde, em 2011, os resíduos animais (sólidos e líquidos) representaram
cerca de 94% das emissões totais na Europa. Neste sentido, de modo a encontrar
soluções para esta problemática, surgiu o Projeto Ammonia Traping, que pretendia

MÓDULO II
recuperar o amoníaco dos efluentes de suiniculturas e aviários. Este processo, totalmente
inovador, consistiu no desenvolvimento de uma membrana com capacidade de aprisionar
moléculas de NH3 libertadas na atmosfera. Após este processo, o amoníaco resultante é
transformado em sal de amoníaco, um fertilizante de grande valor agrícola e económico.

Atualmente, esta tecnologia já foi testada numa instalação de suínos, aves e numa estação
de biogás na região de Castilla y León, tendo sido obtidos resultados positivos e muito

MÓDULO III
promissores: 98% do amoníaco presente nos dejetos de animais foram recuperados.
Este Projeto permitiu desenvolver ferramentas que poderão ser utilizadas para resolver
a problemática do amoníaco nas explorações, representando consequentes benefícios
económicos e ambientais.

O Projeto Ammonia Trapping venceu o prémio FLC Award fo Excellence in Technology

MÓDULO IV
Tranfer 2020, concedido pelo FLC (Federal Laboratory Consortium) dos Estados Unidos.
Esta entidade tem a tutela do Congresso Estadunidense para a educação, promoção e
facilitação de transferência de tecnologia a nível nacional.

V.7.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS


As elevadas produções de resíduos/subprodutos agrícolas podem apresentar um forte

MÓDULO V
impacte ambiental. Para além disso, o armazenamento e tratamento destes materiais
representam também enormes custos que muitas vezes acabam por ser, total ou parcialmente,
suportados pelo agricultor. Neste sentido e respeitando a hierarquia da gestão integrada dos
resíduos, a Economia Circular oferece bastantes oportunidades para resolver esta situação, de
um modo sustentável.

Para o período de 2020 a 2030, as estratégias regionais de especialização inteligente


apontam para duas grandes áreas: a Circularidade da Economia e a Digitalização da Economia.
MÓDULO VI

O setor da agricultura é um dos setores que mais pode beneficiar deste contexto, uma vez
que já se encontra definido um conjunto de Boas Práticas Agrícolas que permitem a melhoria
da eficiência da utilização dos fatores de produção. Estas boas práticas apontam para uma
transformação dos resíduos e subprodutos em matérias-primas secundárias que podem
facilmente ser reintegradas dentro do mesmo ciclo ou sistema de produção, permitindo fazer
mais com menos. A aplicação dos restos de poda nos terrenos agrícolas onde as culturas
estão instaladas é apenas um exemplo de uma prática que pode contribuir para uma menor
BIBLIOGRAFIA

necessidade de utilização de adubos de síntese.

415
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
A Simbiose Industrial ao incluir diferentes atividades com diferentes sistemas de produção,
permite alargar esta integração de uma maneira mais efetiva pois adia o fim do ciclo de vida das
matérias primas virgens, uma vez que aquilo que está esgotado para uma atividade ou sistema
de produção pode ser (re)utilizado numa outra atividade. A incorporação dos chorumes dos
animais em terrenos agrícolas é um exemplo simples destas interações, permitindo aumentar

MÓDULO I
a quantidade de matéria orgânica dos solos, diminuindo também a necessidade de adubos.

A adoção destas práticas pretende que se chegue muito próximo da situação ideal de
resíduos zero – “zero waste” – constituindo uma importante base para uma agricultura que
se quer cada vez mais sustentável. Os problemas existem e as soluções também, cabe-nos
decidir que futuro queremos proporcionar às próximas gerações.

MÓDULO II
LEGISLAÇÃO RELEVANTE

Quadro de legislação (Ponto V.7.)

TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA

Despacho n.º
Código de Boas
1230/2018, de 5 https://dre.pt/pesquisa/-/search/114627305/details/normal
Práticas Agrícolas

MÓDULO III
de fevereiro

Pacto Ecológico https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN-PT/


Europeu TXT/?from=EN&uri=CELEX%3A52019DC0640
Política Europeia
Climática
Do Prado ao
https://www.consilium.europa.eu/pt/policies/from-farm-to-fork/
Prato

https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/
Livro Verde
TXT/?uri=CELEX%3A52013DC0123

MÓDULO IV
Estratégia
Europeia para Diretiva (UE)
os Resíduos 2019/904 do
de Plástico no Parlamento
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/
Ambiente Europeu e do
TXT/?uri=CELEX:32019L0904
Conselho, de
5 de junho de
2019

MÓDULO V
Lei n.º 69/2018,
de 26 de https://dre.pt/dre/detalhe/lei/69-2018-117484671
dezembro

Portaria n.º
202/2019, de 3 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/202-2019-122891077
de julho
Estratégia
Nacional para Resolução do
Conselho de
MÓDULO VI

os Resíduos https://dre.pt/dre/detalhe/resolucao-conselho-
de Plástico no Ministros n.º
ministros/141-2018-116794199
Ambiente 141/2018, de 26
de outubro

Declaração de
Retificação n.º
37/2018 - Diário https://dre.pt/dre/detalhe/declaracao-
da República n.º retificacao/37-2018-116903098
214/2018, Série I
de 2018-11-07
BIBLIOGRAFIA

416
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
Quadro de legislação (Ponto V.7.)

TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA

Decreto–Lei nº
Matérias

MÓDULO I
103/2015, de 15 https://dre.pt/home/-/dre/67485179/details/maximized
fertilizantes
de junho

Iniciativas para
a utilização Pacto Português
https://www.pactoplasticos.pt/
de plásticos para os Plásticos
reutilizáveis

Projeto URSA http://www.edia.pt/ursa/

MÓDULO II
Iniciativas
Projeto
inovadoras de https://projects.iniav.pt/goefluentes/
GoEfluentes
Boas Práticas
e Simbiose
Industrial Projeto
Ammonia http://ammoniatrapping.com/?lang=en
Trapping

MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

417
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
ANEXO I - “INFORMAÇÃO SOBRE O CÁLCULO DA CAPACIDADE
DOS NÚCLEOS DE PRODUÇÃO E DA CLASSE DA EXPLORAÇÃO
PECUÁRIA”
O procedimento a adotar no âmbito do processo de autorização do exercício da atividade

MÓDULO I
pecuária (REAP) é diferenciado de acordo com a classe em que a exploração pecuária se
enquadra. A classe é determinada em função da Capacidade da exploração, (expressa em
cabeças normais — CN), do sistema de exploração (Intensiva ou extensiva), e eventualmente
do tipo de produção especial).

(Cabeça normal  —  CN  - unidade de equivalência usada para comparar animais de


diferentes espécies ou categorias, em função das suas necessidades alimentares e dos níveis

MÓDULO II
de excreção de azoto).

De forma a facilitar a atribuição de classe às explorações pecuárias no âmbito do REAP, foi


elaborada a tabela de cálculo que permite determinar a capacidade dos Núcleos de Produção
e da exploração pecuária em face dos animais que serão mantidos na exploração.

A tabela “Cálculo da capacidade dos Núcleos de Produção / Exploração Pecuária”

MÓDULO III
permite a obtenção da capacidade da exploração, em CN, introduzindo na coluna “Nº de
animais” na coluna sombreada, tendo em consideração:

• No caso de espécies animais que permanecem na exploração, (ex. Reprodutores e suas


crias) ser indicados o número médio /máximo de animais que a exploração comporta
num dado momento e este valor será convertido em CN, pelo coeficiente específico da
tabela. Por exemplo numa exploração de Suínos, devem ser registados os reprodutores

MÓDULO IV
que são previstos, bem como a capacidade máxima de leitões e porcos em engorda
que são alojados num dado momento.

• No caso das espécies animais que são exploradas em vários ciclos por ano, (ex. frangos
de engorda) deve ser registado o número de animais que a exploração comporta na
entrada de cada ciclo e este valor será convertido em CN pelo coeficiente específico
da tabela.

MÓDULO V
Esta tabela possui dois tipos de registos:

• Valores base — que respeitam aos valores estabelecidos na Tabela 2 – equivalências


em CN, do Anexo I, do DL nº 81/2013, de 17 de junho;

• Valores complementares (assinalados a amarelo) — que respeitam à identificação de


espécies animais não contempladas no Anexo referido Decreto-lei e que se constituem
como normas técnicas conforme o previsto no nº 3 do Artigo 4º do DL 81/2013.
MÓDULO VI

A capacidade será assim o efetivo máximo, em CN, para o qual a instalação / exploração


está autorizada nos termos da Licença ou do Titulo respetivo. A capacidade, bem como a
classe da exploração pecuária, poderá ser aumentada ou alterada através dos procedimentos
previstos no previstos na Secção IV do DL 81/2013 - Regime de alterações.

Para perspetivar a Classe da exploração pecuária, que determinará o procedimento que será
BIBLIOGRAFIA

aplicado no processo REAP, deve depois ser indicado se o sistema de exploração é Intensivo

418
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
ou Extensivo, tendo em consideração o núcleo de produção (NP) mais representativo da
exploração, caso possua diferentes tipos de animais / NP, na exploração.

A determinação da Classe de exploração, pode também ser estabelecida por critérios


específicos da atividade pecuária desenvolvida, previstos nas portarias complementares do

MÓDULO I
REAP, bem como, por determinação da DGADR, não estando estas situações previstas na
folha de cálculo disponibilizada.

Classificação das Atividades Pecuárias

São da Classe 1

• Todas as explorações pecuárias que possuam pelo menos um Núcleo de

MÓDULO II
Produção (NP)* com capacidade superior a 260 cabeças normais (CN);
• Todos os Centros de Colheita de Sémen e os Centros de Testagem de
Reprodutores, das diferentes espécies animais;
• Explorações de Suínos dedicadas à Selecção e/ou Multiplicação, ou de
Quarentena;
• Explorações de Aves dedicadas à Selecção e Multiplicação, à Reprodução de
espécies de aves cinegéticas com capacidade superior a 75 CN;

MÓDULO III
• Centros de incubação de Aves com capacidade superior a 1000 ovos; a
exploração ou núcleo de produção com área útil coberta para produção superior
a 2.500 m2;
• Núcleos especiais de preservação do património genético de equídeos;
Explorações de Coelhos dedicadas à Selecção e/ou Multiplicação de
Explorações Pecuárias reprodutores.
• As explorações pecuárias intensivas de suínos, aves (frangos, galinhas, patos e
perus), e bovinos, sujeitos ao regime jurídico de Avaliação de Impacto Ambiental

MÓDULO IV
(AIA), em face de uma capacidade superior a:
• 40.000 frangos, galinhas, patos ou perus; ou 20.000 nas áreas sensíveis;
• 3.000 porcos c/ + 45 kg; ou 750 nas áreas sensíveis;
• 400 porcas reprodutoras: ou 200 nas áreas sensíveis;
• 500 bovinos; ou 250 nas áreas sensíveis.
• As explorações pecuárias intensivas de suínos e aves de capoeira sujeitos a
Licença Ambiental (LA), em face de uma capacidade superior a:
• 40.000 aves; MÓDULO V
• 2.000 porcos de produção (de mais de 30 kg);
• 750 porcas reprodutoras.

Entreposto ou centro
de agrupamento Com capacidade igual ou superior 75 CN
pecuário
MÓDULO VI

Unidade intermédia de
efluentes pecuários;
Entreposto de
Com capacidade instalada superior a 500 m3 ou toneladas de capacidade
fertilizantes orgânicos;
Instalação de
compostagem

Unidade de produção
Com capacidade instalada superior a 100 m3 ou toneladas
de Biogás
BIBLIOGRAFIA

419
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
São de Classe 2

• Todas as explorações que possuam pelo menos um Núcleo de Produção (NP)*:


• de exploração intensiva — com capacidade entre: 15 CN e 260 CN
(inclusive),

MÓDULO I
Explorações Pecuárias
• de exploração extensiva ** — capacidade superior a 15 CN e sem limite;
• Todos os Centros Hípicos, os Hipódromo e os Postos de cobrição de
Equídeos.

Entreposto ou centro
de agrupamento Capacidade inferior a 75 CN
pecuário

MÓDULO II
Unidade intermédia de
efluentes pecuários;
Entreposto de
Capacidade instalada inferior a 500 m3 ou toneladas
fertilizantes orgânicos;
Instalação de
compostagem

Unidade de produção
Capacidade instalada inferior a 100 m3 ou toneladas.
de Biogás

MÓDULO III
 
São de Classe 3

• Todas as explorações com uma capacidade igual ou inferior a 15 CN.


Explorações Pecuárias • Nesta classe, as explorações não são classificadas em face do sistema de
exploração.

MÓDULO IV
*Núcleo de produção (NP): estrutura produtiva integrada numa exploração pecuária,
orientada para a produção ou detenção de animais de uma espécie pecuária ou de um tipo de
produção, sujeita a maneio produtivo e sanitário próprio e segregado das restantes atividades
da exploração.

**  Exploração extensiva: a que utiliza o pastoreio no seu processo produtivo e cujo
encabeçamento não ultrapassa 1,4 CN/ha, podendo este valor ser estendido até 2,8 CN/ha,

MÓDULO V
desde que sejam assegurados 2/3 das necessidades alimentares do efetivo em pastoreio, bem
como a que desenvolve a atividade pecuária com baixa intensidade produtiva ou com baixa
densidade animal, no caso das espécies não herbívoras.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

420
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
ANEXO II - “PLANOS DE GESTÃO DE EFLUENTES PECUÁRIOS
(PGEP)”
A Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro estabelece as normas relativas à elaboração do
Plano de Gestão de Efluentes Pecuários (PGEP) que articulam complementarmente com

MÓDULO I
disposições regulamentares constantes dos seguintes documentos:

• Código de Boas Práticas Agrícolas (CBPA);

• Manual de fertilização das Culturas;

• Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva - LQARS (2006) . MADRP, Lisboa, 282 pp.

MÓDULO II
• Disponível em papel, pode ser adquirido em:

• INIAV I.P. – LQARS

• Tapada da Ajuda – 1300-596 Lisboa

• Telf. + 351 213 617 740 - Fax. + 351 213 636 460

MÓDULO III
• Ou, através do site do INIAV.

• Normas constantes no site da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento


Rural: DGADR

Os Plano de Gestão de Efluentes Pecuários (PGEP) integram os processos de licenciamento


da atividade e abrangem as seguintes situações:

MÓDULO IV
• Explorações pecuárias em regime intensivo, das classes 1 e 2, que produzem mais de
200 m3 ou 200 ton/ano, calculados de acordo com o efetivo pecuário da exploração;

• Explorações agrícolas que utilizam no seu sistema produtivo, designadamente na


fertilização das suas culturas um volume de efluente superior a 200 m3 ou 200 tonel/
ano;

• Exploração agrícola que valoriza nos seus terrenos qualquer quantidade de produtos

MÓDULO V
derivados da transformação de subprodutos de origem animal (SPOAT) ou dos
fertilizantes que os contenham;

• Unidade técnica de efluentes pecuários, unidade de compostagem ou de produção de


biogás de efluentes pecuários, unidade de tratamento térmico de efluentes pecuários
licenciadas.

Tendo em vista apoiar a elaboração deste documento, podem ser utilizados os seguintes
MÓDULO VI

instrumentos:

• Formulário PGEP (v. 5.06 novembro 2017)

• Norma Técnica para Elaboração do PGEP (v. 5.06 novembro 2017)

• Caderno de campo do PGEP


BIBLIOGRAFIA

• Caderno de campo - Instruções de Preenchimento

421
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
ANEXO III - "LICENCIAMENTO DOS USOS ADMISSÍVEIS PARA OS
EFLUENTES PECUÁRIOS (EP)"
TTIPO DE ENTIDADES
DESTINO CLASSIFICAÇÃO LEGISLAÇÃO
USO ENVOLVIDAS

EP (estrume e

MÓDULO I
- Port. nº 79/2022 de 3 de fevereiro
chorume) (GEP) Entidade licenciadora
Direta Valorização Agrícola (solo)
SPA 2 - DL nº 81/2013, de 14 de junho NREAP - DRAP

Não resíduo (NREAP)

- Port. 79/2022 de 3 de fevereiro Entidade licenciadora


EP (estrume e
(GEP) NREAP – DRAP
chorume)
Unidade autónoma
- DL nº 81/2013, de 14 de junho DGAV emite Número
só com EP SPA 2
(NREAP) Controlo Veterinário
Não resíduo (NCV)
- DL nº 33/2017, de 23 de março
Entidade licenciadora
- Port. nº 79/2022 de 3 de fevereiro

MÓDULO II
NREAP – DRAP
(GEP)
UTEP (Unidade Técnica de Efluentes Pecuários) Unidade autónoma CCDR emite Alvará,
com EP + EP (estrume e - DL nº 81/2013, de 14 de junho nos termos do RGGR,
biomassa vegetal chorume) (NREAP) nos casos em que a
e/ou resíduos UTEP recebe resíduos
SPA 2 - DL nº 33/2017, de 23 de março
(cinzas de unidades (cinzas, biomassa
de incineração de Resíduo (cinzas) - DL nº 73/2011, de 17 de junho vegetal)
cadáveres) (RGGR)
DGAV emite Número
Controlo Veterinário
(NCV)
Unidades que Unidades Anexas
processam efluentes a explorações

MÓDULO III
pecuários, podendo Pecuárias s/ CAE
incorporar: atribuído
- DL nº 81/2013, de 14 de junho
a) Biomassa vegetal, (NREAP)
outros subprodutos Entidade licenciadora
animais de - DL nº 73/2011, de 17 de junho
NREAP – DRAP
categoria 2 e 3e (RGGR)
produtos derivados Unidades CCDR emite parecer
- Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out
das categorias 2 e Autónomas a vinculativo
– artº3 – h-a))
3 (nas unidades de Explorações
compostagem) pecuárias DGAV emite Número
- DL nº 33/2017, de 23 de março
Controlo Veterinário
b) Biomassa CAE 20152 - Não se aplica o disposto no DL (NCV)
vegetal, outros 103/2015, de 15 junho (matérias

MÓDULO IV
subprodutos fertilizantes)
animais de
categoria 2 ou 3 EP (Estrumes e
Unidades de
Indireta (nas unidades de chorumes)
Valorização compostagem
biogás)
orgânica /Biogás de EP SPA 2
- DL nº 73/2011, de 17 de junho Entidade licenciadora
Unidades que Resíduos
Resíduo (RGGR) – artº 23º RGGR – CCDR
processam EP elencados no
associados a outros Anexo IV, do DL - Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out A DGAV emite Número
resíduos, e que nº 103/2015, de – artº3 – h-a)) Controlo Veterinário
não desenvolvam 15 junho (matérias
- DL 103/2015, de 15 junho (NCV)
atividade fertilizantes)
da indústria (matérias fertilizantes) DGAE (inscrição prévia
transformadora CAE 38322 no registo)

MÓDULO V
- DL nº 33/2017, de 23 de março
Entidade Licenciadora
Unidades que Resíduos SIR – Entidade
processem EP elencados no - DL 169/2012, de1 agosto, alterado coordenadora do
associados a Anexo IV, do DL pelo DL 73/2015, de 11 maio diploma SIR (anexo III)
outros resíduos, e nº 103/2015, de - DL nº 103/2015, de 15 junho A DGAV emite Número
que desenvolvam 15 junho (matérias (matérias fertilizantes) art. 2º e 9º Controlo Veterinário
atividade fertilizantes) (NCV)
da indústria - DL nº 33/2017, de23 março
transformadora CAE 20152 DGAE (inscrição prévia
no registo)
- DL nº 81/2013, de 14 de junho
Instalações anexas EP (Estrumes de (NREAP)
MÓDULO VI

a Explorações aves) Entidade licenciadora


Instalações de - Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out NREAP – DRAPA
Pecuárias (Potência
Valorização combustão SPA 2
Térmica Nominal - Reg. (UE) 592/2014, de 3 junho DGAV emite NCV
Energética < 5MW) Não resíduo (combustão estrume de aves – Cap.
Tratamento V- ponto 8)
Estrume
térmico, de aves de - DL nº 81/2013, de 14 de junho
Instalações de capoeira (NREAP)
combustão, Instalações anexas EP (Estrumes de
Incineração e Instalações de a Explorações aves) - DL nº 73/2011, de 17 de junho Entidade licenciadora
co-incineração Incineração e Co- Pecuárias (Potência (RGGR) e DL 127/2013, de 30 REI - APA
SPA 2 agosto (cap.IV-REI)
incineração Térmica Nominal DGAV emite NCV
>= 5MW) Resíduo - Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out
BIBLIOGRAFIA

- DL nº 33/2017, de 23 de março

422
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura

ÍNDICE
TTIPO DE ENTIDADES
DESTINO CLASSIFICAÇÃO LEGISLAÇÃO
USO ENVOLVIDAS

Instalações - DL nº 73/2011, de 17 de junho


autónomas e EP (Estrumes de (RGGR) e DL 127/2013, de 30
Estrume Instalações de Entidade licenciadora
explorações aves) agosto (cap.IV-REI)
de aves de Incineração e Co- REI - APA
pecuárias SPA 2
capoeira incineração - Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out DGAV emite NCV
(Qualquer potência Resíduo

MÓDULO I
térmica nominal) - DL nº 33/2017, de 23 de março
- DL nº 81/2013, de 14 de junho
(NREAP)

- Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out

- DL nº 33/2017, de 23 de março
Entidade licenciadora
Instalações anexas - Reg. (UE) 2017/1262, de 12 de NREAP – DRAP
a Explorações julho (combustão, estrume animais
Pecuárias (Potência A DGAV emite NCV. A
criação, exceto aves de capoeira-
Térmica Nominal < APA ou a CCDR emite
Cap.V-ponto C)
50MW) o título de emissões
- Reg. (UE) 592/2014, de 3 junho para o ar (TEAR)

MÓDULO II
EP (Estrumes de (Cap.V-ponto B3, B4 e B5)
outras espécies
pecuárias, exceto - DL nº 39/2018, de 11 de junho
Instalações de aves de capoeira) (REAR) (Potência Térmica nominal
combustão >=1MW e < 50 MW)
Valorização SPA 2
- Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out
Energética
Não resíduo
- DL nº 33/2017, de 23 de março
Tratamento
Indireta térmico, Instalações - Reg. (UE) 2017/1262, de 12 de
Instalações de Estrume autónomas e julho (combustão, estrume animais
combustão, de outras A DGAV emite NCV. A
explorações criação, exceto aves de capoeira-
Incineração e espécies APA ou a CCDR emite
pecuárias Cap.V-ponto C)
co-incineração pecuárias o título de emissões

MÓDULO III
(exceto aves (Potência Térmica - Reg. (UE) 592/2014, de 3 junho para o ar (TEAR)
de capoeira) Nominal < 50MW) (Cap.V-ponto B3, B4 e B5)

- DL nº 39/2018, de 11 de junho
(REAR) (Potência Térmica nominal
>=1MW e < 50 MW)
- DL nº 81/2013, de 14 de junho
(NREAP)
Instalações anexas
a Explorações - DL nº 73/2011, de 17 de junho
Pecuárias (Potência (RGGR) e DL 127/2013, de 30
Térmica Nominal EP (Estrumes de agosto (cap.IV-REI)
>= 50MW) outras espécies
- Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out Entidade licenciadora
Instalações de pecuárias, exceto

MÓDULO IV
Incineração ou Co- aves de capoeira) REI - APA
- DL nº 33/2017, de 23 de março
incineração Instalações DGAV emite NCV
SPA 2
autónomas e - DL nº 73/2011, de 17 de junho
explorações Resíduo (RGGR) e DL 127/2013, de 30 agost
pecuárias (cap.IV-REI)

(Potência Térmica - Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out


Nominal >= - DL nº 33/2017, de 23 de março
50MW)
- DL 226-A/2007, de 31 de maio
(Recursos Hidricos-RH)
Rejeição após ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) Efluente Pecuário Entidade licenciadora
tratamento Recursos Hídricos - DL 236/1998, de 1 agosto (VLE)
localizadas dentro ou fora das explorações Pecuárias Não resíduo RH – APA (emite TURH)

MÓDULO V
adequado
- DL nº276/2009, de 2 de agosto
(Lamas)
Efluente Pecuário - DL nº 183/2009, de 10 de agosto
tratado (Regime Jurídico da Deposição de
Resíduos em Aterro) Entidade licenciadora
Eliminação Aterro
Resíduo Aterros - CCDR
- Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 de
SPA 2 outubro (art.º 13)
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

423
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO VI
AGRICULTURA DE PRECISÃO PARA A
SUSTENTABILIDADE

MÓDULO II
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................425

VI.1. O QUE É A AGRICULTURA DE PRECISÃO..............................................................................................................426

VI.1.1 OBJETIVOS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO..............................................................................................426

MÓDULO III
VI 1.2 OPORTUNIDADES E AMEAÇAS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO.............................................................427

VI 2. FERRAMENTAS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO................................................................................................429

VI.3. OUTRAS SOLUÇÕES PARA AP .....................................................................................................................................432

MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

424
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO VI
AGRICULTURA DE PRECISÃO PARA A
SUSTENTABILIDADE

MÓDULO II
INTRODUÇÃO
A Agricultura como atividade económica determinante para a sobrevivência da espécie

MÓDULO III
humana tem ao longo da sua história evoluído, adaptando-se a novos desafios e a novas
realidades. Desde o período 20000a.c em que o homem era nómada e recolector passando
depois à domesticação de animais e ao domínio de técnicas de cultivo de plantas, da mão de
obra humana à tração animal seguida da tração mecânica proporcionada pelo desenvolvimento
de motores térmicos; até aos nossos dias a agricultura foi capaz de responder às necessidades
alimentares de base familiar, à necessidade de produção de alimentos em escala “industrial”
no pós guerra num cenário de uma Europa devastada, e enfrenta agora a necessidade de

MÓDULO IV
satisfazer as necessidades alimentares da população mundial que de acordo com a FAO
deverá aumentar para 9 mil milhões de pessoas em 2050.

Em paralelo o atual cenário de alterações climáticas condicionando os normais ciclos de


desenvolvimento das culturas e potenciando o risco de pragas e doenças mais frequentes
e dispersas mundialmente, as pandemias e a redução de mão de obra obrigam a soluções
técnicas que permitam produzir mais com menos para reduzir os impactos da atividade agrícola,
gerir de forma sustentável os recursos naturais mantendo o equilíbrio social e a rentabilidade
económica necessária ao agricultor. A combinação destes pressupostos, e a evolução de MÓDULO V
várias áreas assentes na aplicação de sensores à monitorização da atividade agrícola e à sua
localização geográfica contribuíram para o desenvolvimento do conceito de Agricultura de
Precisão (AP).

Em Portugal e na Europa acresce à importância deste conceito as soluções tecnológicas


e abordagem metodológica que podem contribuir para a atual perspetiva da nova PAC 2030
MÓDULO VI

e da sua estratégia do prado ao prato, nomeadamente que respeita às metas de redução do


uso para metade da utilização de pesticidas e fertilizantes. Atualmente o uso de instrumentos
e a abordagem do conceito em AP em Portugal é uma realidade demonstrada pelos dados
publicados no Recenseamento Agrícola 2019 e divulgado no portal do Instituto Nacional
de Estatística (http://www.ine.pt/) em que os dados georreferenciados obtidos a partir de
sensores de humidade são os mais comuns, presentes em 73,3% das explorações que dispõem
de dados georreferenciados, seguidos das cartas NDVI (Normalized Difference Vegetation
BIBLIOGRAFIA

Index), existentes em 33,3% destas unidades.

425
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
VI.1. O QUE É A AGRICULTURA DE PRECISÃO
De acordo com a ISPA - International Society of Precision Agriculture a agricultura de
precisão é definida como: “Agricultura de Precisão (AP) é uma estratégia de gestão que
reúne, processa e analisa dados temporais, individuais e espaciais e os combina com outras

MÓDULO I
informações para apoiar as decisões de gestão de acordo com a variabilidade estimada
para melhorar a eficiência no uso de recursos, produtividade, qualidade, rentabilidade e
sustentabilidade da produção agropecuária.“ A interpretação do conceito supõe um modelo
de gestão das culturas considerando a sua variação no tempo e no espaço dentro da parcela,
e possibilidade desta abordagem contribuir para adequação caso a caso do uso de fatores de
produção relativamente às necessidades identificadas.

MÓDULO II
A implementação deste modelo de gestão pode seguir as etapas apresentada na Figura 1.

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 1 - Fases do ciclo de adoção da Agricultura de Precisão (CNH,s.d)

A adoção pode iniciar pela recolha de dados resultantes de uma carta de produtividade
(1) que posteriormente processados e convertidos em informação (2) podem permitir a
interpretação da variabilidade espacial de uma cultura (3) e determinar formas de atuação
diferenciada no uso e aplicação de fatores de produção (4). Da fase 1 fazem parte vários tipos MÓDULO V
de sensores hoje possíveis de serem utilizados na monitorização e recolha de informação das
culturas, alguns deles fazendo parte do hardware das máquinas de colheita, da fase 2 constam
principalmente os softwares de informação geográfica para que dados possam ser convertidos
em informação e discutidos pela equipa de gestão ou consultoria da exploração agrícola (3)
permitam a implementação de soluções (4) assente em máquinas ou sistemas de automação.
MÓDULO VI

Realça neste conceito a interdisciplinaridade e o necessário esprito de equipa tão necessário


à implementação do processo para garanto dos objetivos a alcançar.

VI.1.1 OBJETIVOS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO

O principal objetivo da agricultura de precisão (AP) é a georreferenciação de informação


BIBLIOGRAFIA

para instalação e condução das culturas que permite maximizar a eficiência dos recursos,

426
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
aumentar a rentabilidade e minimizar os impactos ambientais.

Através da identificação de zonas uniformes da parcela torna-se possível o uso de fatores


de produção a taxa variável, com a vantagem de redução dos custos correspondentes ao uso
desses fatores a taxa fixa e mais-valia na respetiva redução do impacto ambiental causado

MÓDULO I
pelo seu uso em excesso. Da mesma forma o aumento de rentabilidade pode resultar da
tentativa de uniformização das diferentes áreas encontradas, exemplo da gestão para uma
cultura de cereais em que o objetivo é garantir a maior produtividade da parcela, ou resultar de
se tirar partido das diferenças existentes, exemplo da gestão de uma vinha quando a vindima
segmentada pode dar origem a produtos finais de diferente valor acrescentado.

MÓDULO II
VI 1.2 OPORTUNIDADES E AMEAÇAS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO

Comparativamente a modelos de gestão da agricultura convencional em que não é


considerado o conceito de variabilidade espacial, em que a área de uma parcela é tratada toda
por igual, as recomendações no uso dos fatores de produção são feitas assentes nas médias
observadas e a sua aplicação é feita a dose fixa; a agricultura de precisão permite considerar
a variabilidade espacial e temporal das culturas, as recomendações são prescritas em função

MÓDULO III
dessa variabilidade e os fatores de produção podem ser usados a taxas variáveis de aplicação.

Daqui resultam oportunidades relacionadas com a correção de zonas menos produtivas, de


maiores custos de utilização e com maior impacto ambiental, ou em alternativa a possibilidade
de obtenção de produtos de características distintas para o mesmo ou para mercados distintos.

Mais do que o aumento de produtividade, torna-se possível maximizar a rentabilidade,


isto é, o grau de sucesso de investimento econômico, calculado a partir do percentual de

MÓDULO IV
remuneração do capital investido na adoção do modelo de gestão em AP.

O uso de instrumentação associada ao conceito de AP, pela sua base de conhecimento


assente na georreferenciação, na monitorização sensorial das culturas e na criação e digitalização
de registos facilita a gestão de programas de combate a pragas e doenças, a estimativa de
produções, auxilia à aferição de datas de colheita, à gestão de recursos naturais como o solo e a
água e contribui para a rastreabilidade dos produtos aproximando o consumidor do produtor.

Assim, a AP providencia um conjunto de recursos que permite monitorizar e controlar


MÓDULO V
parâmetros físico-químicos do solo e das plantas, otimizar a aplicação de fertilizantes, prevenir
e identificar pragas e/ou doenças e controlar/programar atempadamente as colheitas através
da identificação antecipada do estado de maturação nas diferentes zonas do terreno agrícola,
permitindo otimizar o processo de colheita. A colocação de sensores permite-nos ter leituras
(condutividade elétrica, nitratos, temperatura, evapotranspiração, radiação, folhas e mistura
MÓDULO VI

de solo, entre outros), para criarmos as condições para um ótimo desenvolvimento das plantas.

Aliada à digitalização a informação obtida em AP permite ainda a sua gestão à distância.


A informação providenciada pelos sensores pode ser transmitida para um servidor central e
pode ser consultada através de um smartphone, tablet ou portátil. Alertas de email ou SMS
podem ser programados para notificar o empresário agrícola quando é identificado algum
problema, notificar alguma ação ou emitir uma ordem. Ao incorporar um Sistema de Apoio à
BIBLIOGRAFIA

Gestão (SAG) num contexto de Gestão da Exploração Agrícola, as melhores condições para um

427
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
determinado tipo de solo ou espécie de plantas específicas são automaticamente sugeridas,
tendo como base a informação dos sensores. O SAG sugere o melhor momento para a rega (ou
indica se é ou não necessária naquele exato momento) bem como as necessidades nutritivas,
entre outros aspetos, facilitando a tomada de decisão e a gestão do negócio.

MÓDULO I
Na prática, a agricultura de precisão pode proporcionar ao agricultor:

a) Criação de unidades de gestão diferenciadas (parcela/cultura), através da realização de


mapas de:

• Condutividade do solo a partir de sensores expeditos;

• Rega por unidade de gestão (cultura ou parcela ou zona homogénea);

MÓDULO II
• Fertilização para aplicação diferenciada;

• Aplicação de Produtos fitofarmacêuticos;

• Sementeira com taxas variáveis de acordo com diferentes características do solo e


da espécie vegetal;

MÓDULO III
• Produtividade;

• Infestação de pragas, direcionando a pulverização.

b) Automatização de máquinas agrícolas;

c) Otimização de processos / tarefas / práticas culturais;

MÓDULO IV
d) Menor necessidade de mão de obra;

e) Maior disponibilidade do calendário agrícola.

Mas a opção pela AP pode encontrar algumas ameaças na sua implementação. O


custo inicial de alguns instrumentos ainda é hoje elevado quando comparado a modelos
convencionais, por exemplo no caso de máquinas com e sem possibilidade aplicação de
produtos a taxa varável, a idade avançada do agricultor e a baixa escolaridade e muitas
vezes a ausência de literacia digital podem dificultar o processo de adoção e interpretação MÓDULO V
da informação, o modelo de exploração nomeadamente no que diz respeito ao grau de
especialização e dimensão económica. Também a qualidade da rede de internet em espaço
rural não muitas vezes facilitadora da exequibilidade de processos em AP.

Para obviar estas circunstâncias torna-se importante a atitude proativa de criar soluções de
aluguer de equipamentos, de prestação de serviço e consultoria em AP que com o agricultor
MÓDULO VI

e independentemente do tipo de exploração agrícola permita uma avaliação das culturas, a


implementação de processos de correção e criação de registos que viabilizem a digitalização
de informação da exploração agrícola e assim a mantenham em linha com as demais da sua
fileira de produção.

Importa aqui lembrar o papel importante que as organizações de produtores em geral,


cooperativas e associações devem ter na formação e na qualificação dos seus técnicos e
BIBLIOGRAFIA

associados nas áreas temáticas relacionadas com a AP, desde logo nos conceitos de base

428
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
agronómica e de literacia digital. Desde logo obviam-se obstáculos como a dimensão da
parcela que só por si não o deve ser, e torna-se facilitador e transversal o conhecimento
independentemente da fileira de produção.

No que diz respeito à conetividade em espaço rural, espera-se em breve a chegada do

MÓDULO I
5G e a sua expansão a nível nacional que poderá decididamente contribuir para o melhor
funcionamento dos instrumentos de AP já em uso e abrir oportunidades a novas formas de
monitorização e transmissão de dados – IoT, conceito da Internet das coisas.

VI 2. FERRAMENTAS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO


Para a sua implementação a agricultura de precisão recorre a diferentes ferramentas, entre

MÓDULO II
as quais vários tipos de sensores e plataformas para monitorização e medição de diferentes
grandezas, e varos tipos de atuadores que conduzem a resposta processada a partir da
informação medida pelos sensores. Enumeram-se alguns exemplos:

1) GNSS (aparelhos de posicionamento global por satélite)

Uma máquina agrícola, um pivot de rega ou um outro instrumento dotado de um recetor

MÓDULO III
GNSS (Figura 2), vulgarmente conhecido por GPS permite em tempo real conhecer a sua
localização geográfica. Dependendo do tipo de instrumento e tarefa que se pretenda
georreferenciar podem utilizar-se dispositivos de GNSS com diferentes graus de precisão e
exatidão. São estes sensores os responsáveis por auxiliar a condução eletrónica em tratores e
máquinas agrícolas, desencadear o funcionamento de atuadores para a aplicação de produtos
a taxa variável e quando conjugados com outro tipo de sensores permitem obter informação
georreferenciada da quantidade do produto que é colhida, da condutividade elétrica do solo

MÓDULO IV
ou dos locais para amostra de solo, entre outros. No caso de colares para animais com sensores
GNSS, os mesmo tornam possível conhecer em tempo real onde esses animais se encontram,
quais os trajetos que realizam ou simplesmente a marcação de geo cercas.

MÓDULO V

A B
Figura 2 - a) Colar de GNSS para georreferenciação de animais - b) Sensor montado em moto quatro para auxílio à
condução | Fonte: a) Digitanimal, s.d - b)Trimble, 2021a
MÓDULO VI

2) Drones - Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT)

Os drones de asa fixa ou rotativa são plataformas para deteção remota já que a bordo
podem transportar camaras capazes de analisar as parcelas e, por conseguinte, as culturas
auxiliando na deteção e presença de pragas e doenças, falhas de sementeira, entre outros. Os
seus sensores captando as imagens a baixa altitude oferecem assim, indicadores agronómicos
com precisão centimétrica proporcionando uma altíssima resolução espacial. Um exemplo
BIBLIOGRAFIA

frequente da sua utilização é o uso de imagens obtidas por camaras de infravermelhos que

429
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
permitem a construção de cartas de NDVI - Índice de Vegetação com Diferença Normalizada e
com estas ser avaliado o vigor vegetativo de uma cultura (Figura 3). Poderão ainda representar
um auxílio na aplicação precisa de fertilizantes e fitofármacos.

MÓDULO I
Figura 3 - Utilização de drones para analisar as culturas

MÓDULO II
3) Motores elétricos, pneumáticos ou electro-hidráulicos

Constituem frequentemente atuadores de sistemas de automação capazes de implementar


soluções de controlo de velocidade, profundidade, altura, débito para por exemplo responder
a situações de aplicação de produtos a taxa variável (Figura 4).

MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 4 - Conjunto de dispositivos para georreferenciação (GPS) e aplicação de um produto a
taxa variável através da leitura num terminal virtual (VT) e o controlo eletrónico de uma unidade e
processamento (ECU) por protocolo ISOBUS (IBBC) para atuação num motor elétrico de controlo de
caudal de um pulverizador (John Deere)

4) Sensores expeditos para avaliação da condutividade elétrica do solo

Existem variadíssimos sensores direcionados para o solo ou para as plantas (de humidade,
de pH, de condutividade elétrica, etc.). no caso dos sensores de condutividade elétrica existem
sensores expeditos de contacto e de indução magnética (Figura 5). Ambos funcionam pelo
princípio de infiltração de um feixe de corrente elétrica no solo que é refletido e recebido MÓDULO V
com maior ou menor intensidade consoante o grau de salinidade do solo. Com a utilização de
sensores os agricultores podem monitorizar o desenvolvimento das suas culturas, adaptando-
se a diferentes fatores ambientais já que existem várias relações possíveis de avaliar entre
a condutividade elétrica medida por estes sensores e os parâmetros físicos, químicos ou
biológicos do solo. Normalmente estes sensores trabalham em conjunto com data loggers e
sensores GNSS permitindo a construção de cartas de condutividade elétrica (CEa) aparente
MÓDULO VI

do solo. A elevada relação entre a CEa do solo e as análises de textura permitem por exemplo
a colocação com maior precisão de sensores de medição da humidade do solo, já que
zonas de maior condutividade estão em regra associadas a zonas de textura mais fina, e de
condutividade baixa a zonas de textura grosseira.

5) Outros tipos de sensores


BIBLIOGRAFIA

Outros tipos de sensores utilizados em AP podem ser (Figura 6):

430
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
• Plataformas autónomas (robots) multissensoriais que percorrendo diariamente as
culturas informam o agricultor sobre o seu estado e emitem avisos no caso de situações
de alerta, por exemplo do aparecimento de doenças (a);

• Sensores de massa que aplicados às máquinas de colheita permitem tirar dados de

MÓDULO I
produção a cada momento da colheita, e de humidade do grão no caso do milho (b);

• Sensores colorimétricos que permitem fazer colheita só do fruto com determinado


padrão de cor, por exemplo no caso das máquinas de colheita do tomate de indústria;

• Sensores que permitem a deteção de vegetação ou não, e aplicação de fitofármacos no


caso de existir vegetação ou não aplicação se não existir vegetação (c);

MÓDULO II
• Sensores para determinação do vigor vegetativo por NDVI (d).

MÓDULO III
A B

MÓDULO IV
C D
Figura 6 - a) Robot do projeto Vinescout (Vinescout, s.d); b) Distribuição de sensores e instrumentação eletrónica numa
ceifeira debulhadora para a criação de cartas de produtividade (Ad. De Coelho e da Silva, 2009); c) Sensor para deteção
de ervas infestantes (Trimble, 2021b); d) Sensor de mão para determinação do vigor vegetativo da cultura por leitura do
índice de NDVI (Trimble, 2021a)

MÓDULO V
6) Estações meteorológicas

As estações meteorológicas fornecem dados sobre a humidade, a temperatura, a


ocorrência de precipitação, a velocidade e a direção do vento, a evapotranspiração e o número
de horas de sol. Estes dados irão contribuir para uma eficaz gestão da rega e dos tratamentos
fitossanitários favorecendo a adoção de práticas preventivas e, portanto, contribuindo para a
minimização dos impactos ambientais.
MÓDULO VI

7) Softwares para gestão de informação geográfica (SIG)

Os softwares são ferramentas para a agricultura de precisão indispensáveis para a análise


e interpretação dos dados recolhidos. Entre vários tipos de aplicativos, os SIG - Sistema de
Informação Geográfica servem para recolhe e/ou processamento de dados espaciais obtidos
em diferentes origens como cartas ou instrumentos de deteção remota. Através deles é
possível observar a relação espacial dos dados através de técnicas de interpolação e criar
BIBLIOGRAFIA

relatórios.

431
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
Alguns destes softwares são gratuitos como o QGIS, compatíveis com ficheiros
georreferenciados utlizados por diversos fabricantes de instrumentos para a AP, sendo
utilizados por exemplo na construção de cartografia para aplicação de produtos a taxa variável.

8) Plataformas digitais para gestão de parcelas

MÓDULO I
Outra ferramenta em AP é a existência de plataformas digitais de acesso aberto ou
contratualizado (Figura 7). Em qualquer das versões existem funcionalidades para delimitação
de parcelas permitindo a leitura de índices vegetativos a partir de imagens de satélite. Algumas
destas, permitem a parametrização de alertas, criação de cartas de prescrição, impressão de
mapas e conciliação de informação relativa aos estados meteorológicos ou a informação de
sensores de humidade do solo. A grande vantagem do uso destas plataformas prende-se com

MÓDULO II
o processo de digitalização que permite o envio de informação à distância, sendo possível
ao agricultor ter informação em tempo real sobre o estado das suas culturas, nomeadamente
em termos de doenças, maturação, necessidades de água, de fertilização e de produtos
fitofarmacêuticos, no caso da deteção remota, sem a necessidade da logística necessária a
realização de voo com um drone. O uso de uma plataforma não dispensa a necessária visita
ao campo para confirmação in situ da informação que é enviada à distância.

MÓDULO III
Alguns exemplos de plataformas são disponibilizados online nos seguintes endereços:
https://apps.sentinel-hub.com/sentinel-playground/
https://crop-monitoring.eos.com/login
https://onesoil.ai/en/
http://agroinsider.com/home

MÓDULO IV
http://www.hidrosoph.com/PT/irristrat.html

MÓDULO V
MÓDULO VI

Figura 7 - Exemplo do layout de uma plataforma de acesso aberto (Sentinel-hub playground, s.d)

VI.3. OUTRAS SOLUÇÕES PARA AP


A evolução tecnológica estará tão limitada quanto a criatividade, pelo que o agricultor terá
BIBLIOGRAFIA

sempre um upgrade disponível para aplicar na sua exploração e dessa forma ir ao encontro do

432
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
princípio da AP de gestão da cultura de forma personalizada. Mais, é importante ter em conta
que a AP só por si não é geradora de lucro. Ainda antes da sua adoção importa ter presente
o rigor das operações a realizar, o bom estado de funcionamento e calibração de máquinas
e equipamentos e o recurso a possíveis soluções clássicas que pelo rigor da informação que
permitem podem ter um importante rácio custo benefício.

MÓDULO I
A título de exemplo cite-se em sistemas de rega e fertirrigação o uso de tensiómetros
clássico (Figura 8) que permitem a gestão de rega em função de dados concretos e não de
sensações empíricas ou por tentativa e erro.

MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 8 - Tensiómetro no solo e o pormenor da cápsula (DRAPN, s.d)

Acrescentando a estes equipamentos de análise um programador de rega com a possibilidade


de dispor de vários arranques, tempos de rega curtos, setores bem dimensionados, tão
pequenos quanto possível e ajustados aos grupos de bombagem e ter-se-á uma solução de
rega que responderá ao espírito definido em AP de produzir mais com menos.

MÓDULO IV
Um outro exemplo prende-se com o uso de sistemas DPA em máquinas agrícolas (Figura 9).
Estes sistemas, equipados com electroválvulas, permitem a aplicação de doses fixas ajustando
a dose em função da velocidade de trabalho. Em regra, os controladores destes sistemas
permitem ao operador da máquina a sua programação para uma dose acima e abaixo da
pretendida de ser aplicada. Assim o operador ao chegar ao local onde observa a necessidade
de uma dose superior ou inferior à calibrada, tem possibilidade de eletricamente acionar o
mecanismo que abre ou fecha o atuador realizando uma “taxa variável” com a sua intervenção.
Pode ser uma solução de recurso, principalmente em áreas de menor dimensão em que o MÓDULO V
custo deste tipo de equipamento se torna inferior ao de um VRT clássico.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

Figura 9 - Exemplo de um controlador DPA para um pulverizador


(Tomix, s.d)

433
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade

ÍNDICE
É importante considerar que de forma geral o agricultor reconhece a importância da rigorosa
gestão dos recursos e fatores de produção, da necessidade dos incrementos tecnológicos
para o efeito e da importância económico-financeira e ecológica da boa aplicação destes
modelos. Em simultâneo, e por regra, reconhece alguma incapacidade na utilização autónoma
destas ferramentas, pelo que pode e deve olhar para o mercado da prestação de serviços

MÓDULO I
da especialidade como uma alternativa viável para o ajudar na aplicação dos métodos e
procedimentos de Agricultura de Precisão, devidamente ajustados à sua realidade produtiva
e de mercado.

MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA

434
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

ÍNDICE
MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA/
ACRÓNIMOS E SIGLAS

MÓDULO II
BIBLIOGRAFIA MÓDULO I.....................................................................................................................................................436

CAPÍTULO I.1...................................................................................................................................................................436

CAPÍTULO I.2...................................................................................................................................................................439

MÓDULO III
CAPÍTULO I.3...................................................................................................................................................................440

CAPÍTULO I.4...................................................................................................................................................................442

BIBLIOGRAFIA MÓDULO II....................................................................................................................................................443

BIBLIOGRAFIA MÓDULO III...................................................................................................................................................446

MÓDULO IV
BIBLIOGRAFIA MÓDULO IV...................................................................................................................................................449

BIBLIOGRAFIA MÓDULO V....................................................................................................................................................451

CAPÍTULO V.1..................................................................................................................................................................451

CAPÍTULO V.2..................................................................................................................................................................452

MÓDULO V
CAPÍTULO V.3..................................................................................................................................................................453

CAPÍTULO V.4..................................................................................................................................................................454

CAPÍTULO V.5..................................................................................................................................................................454

CAPÍTULO V.6..................................................................................................................................................................455

CAPÍTULO V.7..................................................................................................................................................................456
MÓDULO VI

BIBLIOGRAFIA MÓDULO VI...................................................................................................................................................457

ACRÓNIMOS E SIGLAS..........................................................................................................................................................458
BIBLIOGRAFIA

435
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

ÍNDICE
BIBLIOGRAFIA MÓDULO I

CAPÍTULO I.1.
Alves, J. Almeida e Cardoso, J.C. 1967 Empreendimento de fertilização mineral e correcção do solo-fertilização mineral.

MÓDULO I
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MÓDULO III
Gomes, M. P., e A. A. Silva. 1962. Um novo diagrama triangular para a classificação básica da textura do solo. Garcia de
Orta, 10: 171-179.

Gonçalves, M. C. 1994. Características hidrodinâmicas dos solos: sua determinação e funções de pedo-transferência.
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MÓDULO IV
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para a obtenção do grau de Doutor em Geologia, especialidade em Geodinâmica Externa. Coimbra.
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- 1301-903 Lisboa

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BIBLIOGRAFIA

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436
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

ÍNDICE
Legislação referida neste documento

Decreto-Lei 103/2015 de 15 de junho. Diário da República n.º 114/2015, Série I de 2015-06-15, páginas 3756 – 3788.
Estabelece as regras a que deve obedecer a colocação no mercado de matérias fertilizantes, assegurando a execução
na ordem jurídica interna das obrigações decorrentes do Regulamento (CE) n.º 2003/2003, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 13 de outubro de 2003, relativo aos adubos.

MÓDULO I
Decreto-Lei nº 37/2013 de 13 de março. Diário da República, 1.ª série — N.º 51 — 13 de março de 2013. Procede à primeira
alteração ao Decreto-Lei n.º 256/2009, de 24 de setembro, que estabelece o regime das normas técnicas aplicáveis à
proteção integrada, à produção integrada e ao modo de produção biológico, conformando-o com a disciplina da Lei
n.º 9/2009, de 4 de março, e do Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, que transpuseram as Diretivas nos 2005/36/CE,
de 7 de setembro, e 2006/123/CE, de 12 de dezembro, relativas ao reconhecimento das qualificações profissionais e aos
serviços no mercado interno.

Decreto-Lei nº 276/2009 de 2 de outubro. Diário da República, 1.ª série — N.º 192 — 2 de outubro de 2009. Estabelece o

MÓDULO II
regime de utilização de lamas de depuração em solos agrícolas, de forma a evitar efeitos nocivos para o homem, para a
água, para os solos, para a vegetação e para os animais, promovendo a sua correta utilização, transpondo para a ordem
jurídica interna a Diretiva n.º 86/278/CEE, do Conselho, de 12 de Junho.

Despacho n.º 1230/2018, de 5 de fevereiro. Ambiente e Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Gabinetes dos
Secretários de Estado do Ambiente e das Florestas e do Desenvolvimento Rural. Diário da República, 2.ª série — N.º 25
— 5 de fevereiro de 2018. Aprova o Código de Boas Práticas Agrícolas.

Portaria nº 25/2015 de 9 de fevereiro. Diário da República, 1.ª série — N.º 27 — 9 de fevereiro de 2015. Estabelece o

MÓDULO III
regime de aplicação da ação n.º 7.1, «Agricultura biológica», e da ação n.º 7.2, «Produção integrada», ambas da medida
n.º 7, «Agricultura e recursos naturais», integrada na área n.º 3, «Ambiente, eficiência no uso dos recursos e clima», do
Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, abreviadamente designado por PDR 2020.

Portaria nº 153/2015 de 27 de maio. Diário da República, 1.ª série — N.º 102 — 27 de maio de 2015. Estabelece os termos
e os critérios aplicáveis à avaliação dos incumprimentos de compromissos ou outras obrigações, para efeitos da aplicação
das reduções e exclusões previstas no n.º 5 do artigo 24.º da Portaria n.º 25/2015, de 9 de fevereiro, que estabelece o
regime de aplicação da ação n.º 7.1, «Agricultura biológica» e da ação n.º 7.2, «Produção integrada» do Programa de
Desenvolvimento Rural do Continente.

MÓDULO IV
Portaria n.º 259/2012 de 28 de agosto. Diário da República, 1.ª série — N.º 166 — 28 de agosto de 2012. Estabelece o
programa de ação para as zonas vulneráveis de Portugal continental.

Regulamento (UE) 2019/1009 do Parlamento Europeu e do Conselho de 5 de junho de 2019, que estabelece regras
relativas à disponibilização no mercado de produtos fertilizantes UE e que altera os Regulamentos (CE) n.º 1069/2009 e
(CE) n.º 1107/2009 e revoga o Regulamento (CE) n.º 2003/2003 (JO L 170, 25.6.2019, p. 1–114).

Regulamento (UE) n.º 463/2013 da Comissão de 17 de maio de 2013 que altera o Regulamento (CE) n.º 2003/2003 do
Parlamento Europeu e do Conselho relativo aos adubos, para efeitos de adaptação ao progresso técnico dos seus anexos

MÓDULO V
I, II e IV (JO L 134/1, 18.05.2013, p. 1–14).

Regulamento (CE) n.º 2003/2003, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de outubro de 2003, relativo aos adubos
(Jornal Oficial nº L 304 de 21/11/2003 p. 0001 – 0194).

Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2014, de 24 de dezembro. Diário da República, 1.ª série — N.º 248 — 24 de
dezembro de 2014. Aprova o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PANCD), decorrente da primeira
revisão e atualização do PANCD aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 69/99, de 9 de julho.
MÓDULO VI

Portaria nº 631/2009 de 9 de junho. Diário da República n.º 111/2009, Série I de 2009-06-09, p. 3580 – 3594. Estabelece
as normas regulamentares a que obedece a gestão dos efluentes das atividades pecuárias e as normas regulamentares
relativas ao armazenamento, transporte e valorização de outros fertilizantes orgânicos.

Pesquisa Internet:

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de-conservao-do-solo-e-da-gua

437
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

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-%20Solos/03_Manuais%20e%20textos%20de%20apoio%20%28Aulas%29/Classifica%C3%A7%C3%A3o%20dos%20
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www.fao.org/3/i3794en/I3794en.pdf

Jordão, P., Rebelo, F., Martins, P., Albardeiro, A.S., Camboias, L., Teixeira, T. e Cordeiro, A. 2021. Qualidade da água
utilizada em olivais em sebe no Alentejo e seu risco para a eficácia da rega, para a cultura e para o solo. Vida Rural, nº1871,
Outubro, 70-75 https://www.iniav.pt/images/publicacoes/2021/Qualidade_da_agua.pdf

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438
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

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Disponível em: http://www.cise.pt/pt/images/Projetos/EA/pdf%20casal%20do%20rei/5%20-%20Climatologia%20e%20
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Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

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IPMA, 2019b. Boletim Meteorológico para a Agricultura. Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Disponível em:
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e ao modo de produção biológico, conformando-o com a disciplina da Lei n.º 9/2009, de 4 de março, e do Decreto-Lei
n.º 92/2010, de 26 de julho, que transpuseram as Diretivas n.ºs 2005/36/CE, de 7 de setembro, e 2006/123/CE, de 12 de

MÓDULO IV
dezembro, relativas ao reconhecimento das qualificações profissionais e aos serviços no mercado interno. pp 1608 – 1619

Decreto-lei n.º 86/2010, de 15 de julho. Diário da República - 1ª Série – N.º 136, 15 de julho de 2010. Ministério da
agricultura, do desenvolvimento rural e das pescas. Lisboa que transpõe a Diretiva 2009/128/CE, 21 de outubro de
2009, do Parlamento Europeu e do Conselho. Estabelece um quadro de ação a nível comunitário para uma utilização
sustentável dos pesticidas. pp 2634 - 2641

Decreto-Lei n.º 256/2009 de 24 de setembro. Diário da República, 1.ª série — N.º 186, 24 de setembro de 2009. Ministério
da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Estabelece os princípios e orientações para a prática da proteção

MÓDULO V
integrada e produção integrada, bem como o regime das normas técnicas aplicáveis à proteção integrada, produção
integrada e modo de produção biológico, e cria, igualmente, um regime de reconhecimento de técnicos em proteção
integrada, produção integrada e modo de produção biológico, no âmbito da produção agrícola primária, e revoga
o Decreto-Lei n.º 180/95, de 26 de julho. pp 6852 – 6857

Diretiva 2009/128/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de outubro de 2009, que estabelece um quadro de
ação a nível comunitário para uma utilização sustentável dos pesticidas (JO L 309, 24.11.2009, p.71).

Lei n.º 26/2013, de 11 de abril. Diário da República, 1.ª série — N.º 71, 11 de abril de 2013
MÓDULO VI

Assembleia da República. Regula as atividades de distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos para
uso profissional e de adjuvantes de produtos fitofarmacêuticos e define os procedimentos de monitorização à utilização
dos produtos fitofarmacêuticos, transpondo a Diretiva n.º 2009/128/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21
de outubro, que estabelece um quadro de ação a nível comunitário para uma utilização sustentável dos pesticidas, e
revogando a Lei n.º 10/93, de 6 de abril, e o Decreto-Lei n.º 173/2005, de 21 de outubro. pp 2100 – 2125

Regulamento de Execução (UE) 2019/2164 da Comissão de 17 de dezembro de 2019, que altera o Regulamento (CE)
n.º 889/2008 que estabelece normas de execução do Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho relativo à produção
biológica e à rotulagem dos produtos biológicos, no respeitante à produção biológica, à rotulagem e ao controlo (JO L
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444
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

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p.1).

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dos produtos fitofarmacêuticos no mercado e que revoga as Diretivas 79/117/CEE e 91/414/CEE do Conselho (JO L 309/1

MÓDULO I
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normas de execução do Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho relativo à produção biológica e à rotulagem dos
produtos biológicos, no que respeita à produção biológica, à rotulagem e ao controlo (JO L 250 de 18.9.2008, p.1).

Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho, de 28 de junho de 2007, relativo à produção biológica e à rotulagem dos
produtos biológicos e que revoga o Regulamento (CEE) n.º 2092/91 (JO L 189 de 20.7.2007, p.1).

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445
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

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446
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

ÍNDICE
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E-AGRIC-BIOLOG-DO-OLIVAL.pdf (consultado a 12 de maio 2021).

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Revista Jardins. Pragas e Doenças - Combata a Cochonilha de S. José. Disponível em: https://revistajardins.pt/combata-
cochonilha-s-jose/ (consultado a 15 de março 2021)

MÓDULO IV
Legislação referida neste documento

Decreto-Lei n.º 82/2017 de 18 de julho. Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Diário da República, 1.ª série —
N.º 137 — 18 de julho de 2017. Estabelece o regime jurídico das fruteiras e cria o Registo Nacional de Variedades de
Fruteiras, transpondo as Diretivas de Execução n.ºs 2014/96/UE, 2014/97/UE e 2014/98/UE, da Comissão.

Decreto-Lei n.º 81/2013 de 14 de junho. Diário da República n.º 113/2013, Série I de 2013-06-14. Aprova o novo regime
de exercício da atividade pecuária e altera os Decretos-Leis n.º 202/2004, de 18 de agosto, e n.º 142/2006, de 27 de julho.

MÓDULO V
Decreto-Lei n.º 314/2009, de 28 de outubro.  Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da
República, 1.ª série — N.º 209 — 28 de outubro de 2009. Transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva n.º 2009/9/
CE, da Comissão, de 10 de fevereiro, que altera a Diretiva n.º 2001/82/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de
6 de novembro, que estabelece um código comunitário relativo aos medicamentos veterinários, e procede à primeira
alteração ao Decreto-Lei n.º 148/2008, de 29 de julho.

Decreto-Lei n.º 276/2009 de 2 de outubro. Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento


Regional. Diário da República, 1.ª série — N.º 192 — 2 de outubro de 2009.

Decreto-lei n.º 256/2009, de 24 de setembro. Diário da República - 1ª Série - N.º 186 - 24 de setembro de 2009. Lisboa.
MÓDULO VI

Estabelece os princípios e orientações para a prática da proteção integrada e produção integrada, bem como o regime das
normas técnicas aplicáveis à proteção integrada, produção integrada e modo de produção biológico, e cria, igualmente,
um regime de reconhecimento de técnicos em proteção integrada, produção integrada e modo de produção biológico,
no âmbito da produção agrícola primária, e revoga o Decreto-Lei n.º 180/95, de 26 de julho. Alterado e republicado pelo
Decreto-lei n.º 37/2013, de 13 de março.

Decreto-lei nº148/2008, de 29 de julho. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da
República - I Série- N.º 145 — 29 de julho de 2008. Transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2004/28/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de março, e parcialmente a Diretiva n.º 2001/82/CE, do Parlamento Europeu
BIBLIOGRAFIA

e do Conselho, de 6 de novembro, que estabelece um código comunitário relativo aos medicamentos veterinários, e a

447
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

ÍNDICE
Diretiva n.º 2006/130/CE, da Comissão, de 11 de dezembro, que determina os critérios de isenção da receita veterinária
para determinados medicamentos veterinários aplicáveis a animais produtores de alimentos, e revoga os Decretos-Leis
n.ºs 146/97, de 11 de junho, 184/97, de 26 de julho, 232/99, de 24 de junho, 245/2000, de 29 de setembro, 185/2004, de
29 de julho, e 175/2005, de 25 de outubro.

Decreto – Lei n.º 151/2005 de 30 de agosto. Diário da República - I Série- A - N.º 166 - 30 de agosto de 2005. Transpõe

MÓDULO I
para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 90/167/CEE, do Conselho, de 26 de março, que estabelece o regime jurídico
do fabrico, colocação no mercado e utilização de alimentos medicamentosos para animais, revogando a Portaria n.º
327/90, de 28 de abril.

Decreto-Lei n.º 94/98, de 15 de abril. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da
República — I Série- A - N.º 88 — 15-4-1998.

Decreto-Lei nº 236/98, de 01 de agosto. Ministério do Ambiente. Diário da República — I Série- A - N.º 176 - 1-8-1998.
Estabelece normas, critérios e objetivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a

MÓDULO II
qualidade das águas em função dos seus principais usos. Revoga o Decreto-Lei n.º 74/90, de 7 de março.

Despacho n.º 1230/2018, de 5 de fevereiro. Ambiente e Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Gabinetes dos
Secretários de Estado do Ambiente e das Florestas e do Desenvolvimento Rural. Diário da República, 2.ª série — N.º 25
— 5 de fevereiro de 2018. Aprova o Código de Boas Práticas Agrícolas.

Despacho 3277/2009, de 26 de janeiro. Diário da República - 2.ª Série, Nº 17, de 26.01.2009. Estabelece os requisitos
complementares sobre o registo dos medicamentos veterinários, de prescrição obrigatória, destinados a animais de
exploração cujo fim é o consumo humano.

MÓDULO III
Despacho n.º 10935/2005, de 22 de abril. Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica. Diário da República — II
Série - N.º 94 — 16 de maio de 2005. Aprova o símbolo que se destina a assinalar os produtos agrícolas e os produtos
alimentícios obtidos de acordo com as regras de produção integrada.

Diretiva 2009/128/CE, de 21 de outubro, do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de outubro de 2009 que estabelece
um quadro de ação a nível comunitário para uma utilização sustentável dos pesticidas. Jornal Oficial da União Europeia.
L 309/71. Lisboa.

Diretiva n.º 90/167/CEE, do Conselho, de 26 de março de 1990. Jornal Oficial das Comunidades Europeias. N.º L 92/42.

MÓDULO IV
Estabelece as condições de preparação, colocação no mercado e utilização dos alimentos medicamentosos para animais
na Comunidade.

Lei n.º 26/2013 de 11 de abri. Assembleia da República. Diário da República, 1.ª série — N.º 71 — 11 de abril de 2013.
Regula as atividades de distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos para uso profissional e de adjuvantes
de produtos fitofarmacêuticos e define os procedimentos de monitorização à utilização dos produtos fitofarmacêuticos,
transpondo a Diretiva n.º 2009/128/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de outubro, que estabelece um
quadro de ação a nível comunitário para uma utilização sustentável dos pesticidas, e revogando a Lei n.º 10/93, de 6 de
abril, e o Decreto -Lei n.º 173/2005, de 21 de outubro.

Portaria n.º 637/2009 de 9 de junho. Diário da República, 1.ª série — N.º 111 — 9 de junho de 2009. Estabelece as normas
regulamentares aplicáveis à atividade de detenção e produção pecuária ou atividades complementares de animais de
MÓDULO V
espécies avícolas.

Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro. Diário da República n.º 24/2022, Série I de 2022-02-03. Define o regime aplicável à
gestão de efluentes pecuários, revogando as Portarias n.os Portaria n.º 631/2009, de 9 de junho, e Portaria n.º 114-A/2011,
de 23 de março. páginas 30 - 58
MÓDULO VI

Portaria 229-B/2008, de 6 de março. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da
República, 1.ª série — N.º 47 — 6 de março de 2008. Aprova o Regulamento de Aplicação da Medida n.º 2.2, «Valorização
de Modos de Produção», do Subprograma n.º 2 do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (PRODER), Que
Integra a Acão n.º 2.2.1, Designada «Alteração de Modos de Produção Agrícola», e a Acão n.º 2.2.2, Designada «Proteção
da Biodiversidade Doméstica».

Portaria n.º 131/2005, de 2 de fevereiro. Ministério da Agricultura, Pescas e Florestas. Diário da República — I Série-B – N.
º23 — 2 de fevereiro de 2005. Aprova o Regulamento de Controlo e Certificação dos Produtos Agrícolas e dos Géneros
Alimentícios Derivados de Produtos Agrícolas Obtidos através da Prática da Proteção Integrada e da Produção Integrada.
BIBLIOGRAFIA

Regulamento (CE) n.º 1069/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de outubro de 2009. Jornal Oficial da

448
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

ÍNDICE
União Europeia – L 300/1 - 14.11.2009. Define regras sanitárias relativas a subprodutos animais e produtos prestados não
ao consumo humano e que revoga o Regulamento (CE) n. o 1774/2002 (regulamento relativo aos subprodutos animais).

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Europeia - L 35/1. Estabelece requisitos de higiene dos alimentos para animais.

MÓDULO I
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25.03.2008 — 003.001 — 1. Determina os princípios e normas gerais da legislação alimentar, cria a Autoridade Europeia
para a Segurança dos Alimentos e estabelece procedimentos em matéria de segurança dos géneros alimentícios.

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Legislação referida neste documento

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n.º 889/2008 que estabelece normas de execução do Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho relativo à produção
biológica e à rotulagem dos produtos biológicos, no respeitante à produção biológica, à rotulagem e ao controlo (JO L
328 de 18.12.2019, p.61).

Regulamento (UE) 2018/848, do Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de maio de 2018, relativo à produção biológica
e à rotulagem dos produtos biológicos e que revoga o Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho (JO L 150 de 14.6.2018,
p.1).

MÓDULO III
Regulamento (CE) n.º 1099/2009 do Conselho, de 24 de setembro de 2009 relativo à proteção dos animais no momento
da occisão (JO L 303 de 18.11.2009, p.1).

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normas de execução do Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho relativo à produção biológica e à rotulagem dos
produtos biológicos, no que respeita à produção biológica, à rotulagem e ao controlo.

Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho, de 28 de junho de 2007 relativo à produção biológica e à rotulagem dos
produtos biológicos e que revoga o Regulamento (CEE) n.º 2092/91 (JO L 189 de 20.7.2007, p.1).

MÓDULO IV
Regulamento (CE) n.º 1/2005 do Conselho de 22 de dezembro de 2004, relativo à proteção dos animais durante o
transporte e operações afins e que altera as Diretivas 64/432/CEE e 93/119/CE e o Regulamento (CE) n.º 1255/97 (JO L 3
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Tecnimontemor. (2011). Novo resumo não técnico do estudo de impacte ambiental da bovinicultura do Vale da Lama
D’Atela.

BIBLIOGRAFIA MÓDULO VI
Coelho, J. P. C., Silva, J. R. M (2009). Agricultura de Precisão. Associação dos Jovens Agricultores de Portugal. 1ª edição.
Lisboa.

Gebbers, R. and Adamchuk, V.I., (2010), Precision Agriculture and Food Security, Science Vol. 327 no. 5967, pp. 828-831, MÓDULO V
DOI: 10.1126/science.1183899.

Silva, N. M. (2020). Agricultura de Precisão é o Caminho de Futuro. O Jornal Económico nº 2046. Pág. 8.

Pesquisa Internet:
MÓDULO VI

CNH (s.d) Disponível em: https://www.cnhindustrial.com/en-us/Pages/homepage.aspx (consultado em maio 2021)

Digitanimal (s.d) Disponível em: https://digitanimal.pt/ (consultado em maio 2021)

DRAPN (s.d) Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte. Disponível em: http://www.drapn.min-agricultura.pt
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[ISPAG] International Society of Precision Agriculture. Precision Ag Definition. Disponível em: https://www.ispag.org/
BIBLIOGRAFIA

about/definition (consultado em maio 2021)

457
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

ÍNDICE
John Deere (s.d). Disponível em: http://www.deere.com/common/docs/html/services_and_support/onscreen_help/16-1/
pt/diagnostics_center/diagnostics_center_can_bus_info_general_isobus_info.htm (consultado em maio 2021)

Marketing Agrícola (2015). 5 vantagens da agricultura de precisão. Disponível em: https://marketingagricola.pt/5-


vantagens-da-agricultura-de-precisao/ (consultado em maio 2021)

MÓDULO I
Sentinel-hub playground Disponível em: https://apps.sentinel-hub.com/sentinel-playground/ (consultado em maio 2021)

Stara (s.d) Agricultura de precisão: Veris Ce – A inovação em sensoriamento do solo. Disponível em: https://stara.com.br/
produto/veris-ce/ (consultado em maio 2021)

Terrapro Disponível em: https://terra-pro.net/ (consultado em maio 2021)

Tomix (s.d) Agricultura de precisão. Disponível em: https://tomix.com.pt/ (consultado em maio 2021)

MÓDULO II
Trimble (2021a) Agriculture. Disponível em: https://agriculture.trimble.com/ (consultado em maio 2021)

Trimble (2021b) Disponível em: https://ag.trimble.com/weedseeker2-br (consultado em maio 2021)

Vinescout (s.d) Disponível em: http://vinescout.eu/web/ (consultado em maio 2021)

Voz do Campo (2020). A Agricultura de Precisão e a Reforma da PAC. Disponível em: https://vozdocampo.pt/2020/10/13/
a-agricultura-de-precisao-e-a-reforma-da-pac/ (consultado em maio 2021)

MÓDULO III
ACRÓNIMOS E SIGLAS
°C – Grau Celsius CH4 – Metano

A - Arenosa cm – Centímetros

AB - Agricultura Biológica CN - Cabeça Normal

MÓDULO IV
AC - Alterações Climáticas CNPPA - Centro Nacional de Proteção da Produção
Agrícola
AEA -Agência Europeia do Ambiente
CNUCD - Convenção das Nações Unidas de Combate à
AF - Areno-franca Desertificação

AP - Agricultura de Precisão CO2 – Dióxido de Carbono

ASAE - Autoridade de Segurança Alimentar e Económica CO2eq- Dióxido de Carbono equivalente

AT - Técnico Assistente CPV - Vírus da Poliedrose Citoplasmática


MÓDULO V
ATP - Adenosina trifosfato CQNUAC - Convenção Quadro das Nações Unidas para as
Alterações Climáticas
BPCP - Bactérias Promotoras de Crescimento de Plantas
CTC - Capacidade de troca catiónica
C:N - Relação Carbono/Azoto
DGADR - Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento
Rural
MÓDULO VI

Ca – Cálcio

CBPA - Código de Boas Práticas Agrícolas DGAV - Direção-geral de Alimentação e Veterinária

CE - Comunidade Europeia DGPC - Direção-geral de Proteção das Culturas

CE - Condutividade elétrica DGPPA - Direção-geral de Proteção da Produção Agrícola

CEa - Cartas de Condutividade Elétrica DPA - Débito Proporcional ao Avanço


BIBLIOGRAFIA

CEE - Comunidade Económica Europeia DRAP - Direção Regional da Agricultura e Pescas

458
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

ÍNDICE
ECe - Condutividade elétrica do extrato de saturação do hPa - hectopascais
solo
IBBC - Implement Bus Breakaway Connector
ECU - Engine Control Unit - Unidade de controle do motor
ICI - Inibidores de Crescimento de Insetos
ENAB - Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica

MÓDULO I
ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Floresta
EP - Eficiência potencial
IEE - Infra-estrutura ecológica
ERR - Entidade Reconhecedora de Regantes
IFN - Inventário Florestal Nacional
ESP - Percentagem de sódio de troca
IFOAM - International Federation of Organic Agriculture
ETAR’s - Estacoes de Tratamento de Águas Residuais Movements

ETC - Evapotranspiração da Cultura INE – Instituto Nacional de Estatística

MÓDULO II
F - Fahrenheit IPAC - Instituto Português da Acreditação e da Certificação

F - Franca IPMA - Instituto Português do Mar e da Atmosfera

FA - Franco-arenosa IPPC - International Plant Protection Convention

FAO - “Food and Agriculture Organization” - Organização IQFP - Índice de Qualificação Fisiográfica
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura

MÓDULO III
IS - Índice de saturação
FB - Fibra Bruta
ISPA - International Society of Precision Agriculture
FG - Franco-argilosa
K - kelvin 
FGA - Franco-argilo-arenosa
K - Potássio
FGL - Franco-argilo-limosa
Kcal/cm2 – Quilocaloria por centímetro quadrado

MÓDULO IV
FIBL - Research Institute of Organic Agriculture
kcal/cm2/min - Quilocaloria por centímetro quadrado e
FL - Franco-limosa minuto

G - Argilosa Kg - Quilograma

GA - Argilo-arenosa Km – Quilometro

GEE - Gases de Efeito de Estufa L – Limosa

MÓDULO V
GL - Argilo-limosa L - Litros

GNSS - Global Navigation Satellite System l/m2 – Litro por metro quadrado

GPS - “Global positioning system” – Sistema de LMR - Limite Máximo de Resíduos


posicionamento global
LQARS - Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva
GSB - Grau de saturação em bases,
m - Metros
MÓDULO VI

Gt - Gigatoneladas
M.O. – Matéria Orgânica
GV- Vírus da Granulose
m/s – Metro por segundo
h – Horas
m2 – Metro quadrado
H2O – Água
m3/ha – metro cubico por hectare
ha - Hectares
MADRP - Ministério da Agricultura do Desenvolvimento
BIBLIOGRAFIA

HCI -Ácido clorídrico Rural e das Pescas

459
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas

ÍNDICE
mbar - Milibares PU - Pedido Único

mg - miligrama pvc - Policloreto de vinila

mm – Milímetros RCI - Reguladores de Crescimento dos Insetos

MÓDULO I
mm Hg - milímetros de mercúrio REAP - Regime de exercício da atividade pecuária

mm/h – Milímetros por hora RED - Registo de Existências e Deslocações

MPB - Modo de Produção Biológico RNC – Roteiro para a Neutralidade Carbónica

MPI - Modo de Proteção Integrada RSG - Grupos de Solos de Referência

MS - Matéria Seca RSU - Resíduos Sólidos Urbanos

MÓDULO II
Mt CO2eq – Mil toneladas de dióxido de carbono SAG - Sistema de Apoio à Gestão
equivalente
SAR - Razão de adsorção de sódio
N2O – Óxido Nitroso
SAU - Superfície agrícola utilizada
NDVI - Normalized Difference Vegetation Index - Índice de
Vegetação com Diferença Normalizada SIG - Sistema de informação geográfica

NEA - Nível económico de ataque SIMA - Sistema de Informação de Mercados Agrícolas

MÓDULO III
NPA - Nível Prejudicial de Ataque SIRCA - Sistema de Informação Recolha de Cadáveres
Animais
NPV - Vírus da Poliedrose Nuclear
SNAA - Serviço Nacional de Avisos Agrícolas
OC - Organismo de Controlo
t/ha - Tonelada por hectare
OCC - Organismo de Controlo e Certificado
TB – Temperatura Acumulada

MÓDULO IV
OFIS - Organic Farming Information System
TDRs – “Time domain reflectometry”
OGM - Organismos Geneticamente Modificados
UA - Unidade de amostragem
OILB - Organização Internacional de Luta Biológica
UE - União Europeia
OMM - Organização Meteorológica Mundial
UN - Nações Unidas
OPC - Organismo Privado de Controlo
UP - Unidade de Produção

MÓDULO V
p.p. - Ponto percentual
USDA – “United States Department of Agriculture”
Pa - Pascal
UV - Ultravioleta
PA - Plano de Ação
VANT - Veículo Aéreo Não Tripulado
PAC - Politica Agrícola Comum
VMA - Valor máximo admissível
PANCD - Programa de Ação Nacional de Combate à
MÓDULO VI

Desertificação VMR - Valor máximo recomendado

PF - Produtos fitofarmacêuticos VRT - Variable Rate Technology

PIP - Proteínas incorporadas nas plantas VT - Terminal virtual

PRODI - Produção Integrada WRB – “World Reference Base for Soil Resources”
BIBLIOGRAFIA

460
Título: Agrícultura Sustentável

Autores/Edição: CAP; CNA; AJAP; CONFAGRI e DGADR

Revisão Técnica:
- Módulo I.1: Maria da Conceição Gonçalves, Isabel Videira e Castro, e Pedro Jordão (INIAV)
- Módulos I.2, I.3 e I.4: Luís Conceição (ESA/IPP)
- Módulo II e III: Bárbara Oliveira (DGAV)
- Módulo IV: CNA e DGADR
- Módulo V: CAP
- Modulo VI: Luís Conceição (ESA/IPP)

Projeto: e-Formar Jovens Agricultores


- Operação: 20.2.4 - Assistência técnica RRN - Área 4 (Observação da agricultura e dos territórios rurais) / Anúncio: 03 / Operação
20.2.4/ 2019

Edição Gráfica: Luís Serra

Imagens: iStock.com (capa); iStock.com/sarayut (contracapa)

ISBN: 978-989-8539-13-7

03/2022

Entidades Financiadoras

Parceiros

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