Agricultura Sustentável E-Book
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SUSTENTÁVEL
MANUAL FORMAÇÃO
ÍNDICE
ÍNDICE GERAL
MÓDULO I
MÓDULO I - CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA 3
MÓDULO II
MÓDULO II - PROTEÇÃO DAS PLANTAS..............................................................................................................................154
MÓDULO III
MÓDULO VI - AGRICULTURA DE PRECISÃO PARA A SUSTENTABILIDADE........................................................................424
BIBLIOGRAFIA/ACRÓNIMOS E SIGLAS.................................................................................................................................435
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO I
CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA
MÓDULO II
I.1. O SOLO 5
MÓDULO III
I.1.2.1. FASE SÓLIDA OU MATRIZ DO SOLO...............................................................................................................7
I.1.2.2. FASE LÍQUIDA OU SOLUÇÃO DO SOLO.........................................................................................................8
I.1.2.3. FASE GASOSA...................................................................................................................................................9
I.1.3. CARACTERIZAÇÃO DO SOLO...................................................................................................................................9
I.1.3.1. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DO SOLO.............................................................................................9
I.1.3.1.1. A COR DO SOLO..................................................................................................................................10
MÓDULO IV
I.1.3.1.2. A ESTRUTURA DO SOLO......................................................................................................................10
I.1.3.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO SOLO...........................................................................................................11
I.1.3.2.1. COLHEITA DE AMOSTRAS DE SOLO...................................................................................................11
I.1.3.2.2. O TEOR DE ÁGUA NO SOLO...............................................................................................................12
I.1.3.2.3. MASSA VOLÚMICA APARENTE DO SOLO..........................................................................................13
I.1.3.2.4. A TEXTURA DO SOLO..........................................................................................................................13
MÓDULO V
I.1.3.2.5. CURVA DE RETENÇÃO DA ÁGUA NO SOLO, CURVA CARACTERÍSTICA DE HUMIDADE DO SOLO
OU CURVA DE PF.................................................................................................................................................16
I.1.3.2.6. AS CONSTANTES DE HUMIDADE DO SOLO......................................................................................17
I.1.3.2.7. A CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DO SOLO......................................................................................20
I.1.3.2.8. A INFILTRAÇÃO DA ÁGUA NO SOLO.................................................................................................21
I.1. 3.2.9. A POROSIDADE DO SOLO..................................................................................................................22
I.1. 3.2.10. OUTRAS PROPRIEDADES DO SOLO.................................................................................................22
MÓDULO VI
3
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
I.1.4. CLASSIFICAÇÃO DO SOLO.....................................................................................................................................28
I.1.5. CAPACIDADE DE USO DO SOLO............................................................................................................................29
I.1.6. GESTÃO DA FERTILIDADE DO SOLO......................................................................................................................30
I.1.6.1. A FERTILIDADE DO SOLO..............................................................................................................................30
MÓDULO I
I.1.6.2. ALGUMAS PRÁTICAS PARA A MANUTENÇÃO E MELHORIA DA FERTILIDADE DO SOLO........................31
I.1.7. FATORES QUE INFLUENCIAM A FERTILIDADE DO SOLO - PRINCIPAIS AMEAÇAS AO SOLO............................35
I.1.8. GESTÃO SUSTENTÁVEL DO SOLO - BOAS PRÁTICAS............................................................................................40
I.1.9. NUTRIÇÃO DAS PLANTAS.......................................................................................................................................43
I.1.10. FERTILIZAÇÃO DAS CULTURAS AGRÍCOLAS........................................................................................................44
I.1.10.1. FUNÇÕES DOS NUTRIENTES ......................................................................................................................45
I.1.10.2. SINTOMAS DE DESEQUILÍBRIO EM NUTRIENTES......................................................................................48
MÓDULO II
I.1.11. MATÉRIAS FERTILIZANTES.....................................................................................................................................55
I.1.12. DESERTIFICAÇÃO...................................................................................................................................................56
I.2 – O CLIMA 57
MÓDULO III
I.2.3. AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, EFEITOS, ADAPTAÇÃO E MITIGAÇÃO NA ATIVIDADE AGRÍCOLA...................74
I.3 A PLANTA 76
I.3.2.1 FOTOSSÍNTESE..............................................................................................................................................102
MÓDULO IV
I.3.2.2 RESPIRAÇÃO CELULAR ................................................................................................................................104
I.3.2.3 TRANSPIRAÇÃO.............................................................................................................................................105
MÓDULO V
I.4. RELAÇÃO SOLO-CLIMA-PLANTA E O CICLO DO CARBONO 119
I.4.3. BOAS PRÁTICAS PARA A SUSTENTABILIDADE DOS ECOSSISTEMAS E PARA O SEQUESTRO DO CARBONO.....
136
CAPÍTULO I.1 - ANEXO III - NORMAS GERAIS DE COLHEITA DE AMOSTRAS DE ÁGUA PARA REGA 147
CAPÍTULO I.3 - ANEXO I - ESTADOS FENOLÓGICOS MIRTILO, MILHO, VIDEIRA, CASTANHEIRO 148
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO I
CONCEITOS GERAIS DE AGRICULTURA
MÓDULO II
I.1. O SOLO
O Solo é um recurso natural, que pode ser considerado não renovável, pois as taxas
MÓDULO III
de degradação podem ser rápidas enquanto os processos de formação e regeneração são
extremamente lentos.
MÓDULO IV
(v) fornecimento de matérias-primas, (vi) reservatório de carbono, (vii) conservação do
património geológico e arqueológico.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, 2021), refere que
os solos são fundamentais para a sustentação da vida na Terra, pois constituem a base para
o desenvolvimento agrícola, para os serviços essenciais dos ecossistemas e para a segurança
alimentar. Recentemente a consciencialização da importância do solo tem aumentado,
nomeadamente devido à sua função de reservatório de carbono, essencial na contribuição
para a mitigação e adaptação às alterações climáticas previstas. MÓDULO V
O solo está, no entanto, sujeito a processos de degradação. As principais ameaças que
podem afetar o solo são: (i) erosão, (ii) declínio da matéria orgânica, (iii) contaminação, (iv)
impermeabilização, (v) compactação, (vi) declínio da biodiversidade, (vii) salinização, (viii)
deslizamento de terras.
MÓDULO VI
A degradação dos solos agrícolas é um processo em curso na União Europeia, sendo mais
acentuada nos países do Sul da Europa por razões climáticas. A degradação do solo por
impermeabilização, associada ao crescimento urbano, e por compactação, associada ao uso
de máquinas agrícolas pesadas, é um processo comum a todos os países. A erosão, o declínio
da matéria orgânica e a salinização são processos mais graves nas regiões mediterrânicas e
indutores de desertificação que pode conduzir à perda de uma ou mais funções do solo.
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
frequentemente são estudados em conjunto devido à sua interdependência. Por exemplo, a
perda de matéria orgânica reduz a capacidade de retenção de água e a fertilidade do solo,
reduzindo a vegetação, aumentando a erosão e a necessidade de rega, a qual pode intensificar
o risco de salinização.
MÓDULO I
Ações de sensibilização pública e de educação para fomentar a compreensão das causas
e dos efeitos da degradação do solo e consequente desertificação são fundamentais para
aumentar a consciencialização dos utilizadores e do público em geral sobre a importância do
solo e a sua contribuição para a sociedade.
MÓDULO II
I.1.1. DEFINIÇÃO DE SOLO, FATORES DE FORMAÇÃO, CARACTERÍSTICAS
DO SOLO
O SOLO é definido como a camada superior da crosta terrestre, formada por partículas
minerais, matéria orgânica, água, ar e organismos vivos. Tem origem na desagregação do
material originário ou rocha-mãe, através de um processo designado por meteorização,
MÓDULO III
resultante da ação conjunta dos fatores de formação do solo: (i) material originário
(constituintes minerais), (ii) flora e fauna (constituintes orgânicos), (iii) clima, (iv) relevo e (v)
tempo (Figura 1).
MÓDULO IV
Figura 1 - Formação do solo
Figura 2 - Esquema de um perfil de solo com os vários horizontes. Os horizontes designam-se por letras maiúsculas (O, A, B, C) e podem subdividir-se conforme
as características que apresentam. As subdivisões são referidas por letras minúsculas
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
O Solo é o suporte físico e nutritivo das plantas tendo influência decisiva no seu crescimento
através das suas características físicas, químicas e biológicas:
MÓDULO I
• Características químicas - relacionadas com a capacidade nutritiva do solo (armazenar e
fornecer os elementos minerais/nutrientes necessários ao desenvolvimento das plantas);
MÓDULO II
I.1.2. COMPOSIÇÃO DO SOLO
O solo constitui um sistema complexo que resulta da interação de 3 fases: fase sólida ou
matriz do solo, fase líquida ou solução do solo e fase gasosa ou atmosfera do solo.
MÓDULO III
A fase sólida ou matriz do solo é constituída por materiais minerais e orgânicos (matéria
orgânica e organismos vivos), que formam um sistema poroso.
MÓDULO IV
inalterados na sua composição e são importantes para a avaliação do grau de evolução
do solo e da sua reserva mineral. Exemplos de minerais primários: quartzo, feldspatos,
micas, piroxenas, olivinas, etc.
A areia e o limo são compostos por minerais primários (quartzo, feldspatos e micas)
enquanto a argila é composta por minerais secundários, que incluem os minerais argilosos
(silicatos de alumínio, magnésio e ferro) e os óxidos de ferro, alumínio e manganês.
nemátodos, ácaros, insetos, aranhas, minhocas, caracóis e lesmas, ratos e toupeiras), tecidos
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
mortos vegetais e animais, e uma mistura de material decomposto e modificado – húmus (que
é cerca de 60 a 80% da matéria orgânica total do solo). A matéria orgânica do solo representa
1 a 6% da massa total da camada de solo (arável) e influencia as propriedades físicas do solo
(densidade aparente, agregação das argilas, estabilidade da estrutura), aumenta a capacidade
de retenção de água e de nutrientes do solo, sendo ainda uma fonte de nutrientes (como o N,
MÓDULO I
P e S) para as plantas.
A fase líquida é constituída pela água do solo com substâncias dissolvidas e é usualmente
MÓDULO II
designada por solução do solo.
A solução do solo inclui a água, material coloidal (componentes com dimensões entre 1nm
a 1µm) e substâncias dissolvidas como iões, compostos orgânicos solúveis, contendo ainda
pequenas quantidades de gases (O2 e CO2).
A água do solo está sujeita a várias forças sendo as duas mais relevantes o potencial
MÓDULO III
gravitacional, resultante da ação da gravidade, e o potencial de pressão ou mátrico,
resultante das forças de capilaridade e de atração da matriz sólida para a água. No caso de
solos salinos o potencial osmótico tem ainda de ser considerado. Por razões simplificativas o
potencial é frequentemente expresso em termos de energia por unidade de peso (ou seja, em
unidades de altura de água).
MÓDULO IV
solo e é numericamente igual à profundidade.
O potencial de pressão ou mátrico corresponde à pressão exercida pela água do solo, que
pode ser superior ou inferior à pressão atmosférica, caso respetivamente de um solo submerso
ou não saturado. Neste último caso, a pressão da água no solo resulta do efeito conjunto de
forças de capilaridade e de adsorção devidas à matriz sólida (sucção mátrica) que atraem e
ligam a água no solo ao ponto de diminuírem a sua energia potencial abaixo da água livre.
solo. Estas forças têm uma influência crescente com o aumento da área da superfície coloidal
do solo, e dão origem a uma delgada película de água rodeando as partículas do solo. Esta
água adsorvida é particularmente importante no caso dos solos argilosos e para sucções
elevadas. Nos solos arenosos a adsorção é pouco importante e os efeitos da capilaridade são
predominantes. De um modo geral, o potencial mátrico resulta do efeito combinado daqueles
dois tipos de forças que não podem ser isoladas facilmente, visto se encontrarem em equilíbrio
(Gonçalves, 1994). O recurso a tensiómetros é o método mais usual para medição do potencial
BIBLIOGRAFIA
mátrico.
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
O potencial de pressão, no caso do solo insaturado, e no caso da fase gasosa se encontrar
à pressão atmosférica, expresso em termos de energia potencial por unidade de peso (ou
seja, em unidades de altura de água), é designado por pressão efetiva da água no solo (h).
MÓDULO I
água) designa-se por carga hidráulica (H).
A água é fundamental para a vida das plantas e dos outros organismos do solo. As plantas
absorvem os nutrientes (N, P, K, Ca, Mg, S, Na, Cl, B, entre outros) a partir da solução do solo.
MÓDULO II
A fase gasosa é constituída pela atmosfera do solo.
A atmosfera do solo compreende uma mistura de gases com composição variável, com
maior teor de vapor de água e de dióxido de carbono (CO2) e menor teor de oxigénio do que
a atmosfera.
Os componentes mais importantes que constituem a atmosfera do solo são: oxigénio (10
MÓDULO III
– 20 %), azoto (78,5 – 80 %) e gás carbónico, vulgarmente conhecido por dióxido de carbono
(0,2 - 3,5 %). Essa composição é definida pelas relações solo – água – microrganismos – planta
(Perdigão, 2019).
MÓDULO IV
I.1.3. CARACTERIZAÇÃO DO SOLO
A caracterização do solo compreende 3 aspetos: o morfológico, o físico e o químico.
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
a presença ou não de calcário através da efervescência ao ácido clorídrico (HCl) e ainda outros
aspetos específicos que se possam considerar relevantes. Designam-se os horizontes/camadas
e procede-se à identificação/classificação da unidade-solo, mesmo que não definitiva por não
se dispor das características físicas, químicas e mineralógicas do solo, a obter posteriormente
em análises laboratoriais. Para uma descrição mais detalhada deste assunto pode consultar-
MÓDULO I
se as “Guidelines for Soil Description” (FAO, 2006), no site https://www.fao.org/publications/
card/en/c/903943c7-f56a-521a-8d32-459e7e0cdae9/.
MÓDULO II
I.1.3.1.1. A COR DO SOLO
MÓDULO III
A cor deve ser anotada quer no estado seco (s) quer no estado húmido (h) do solo.
É uma das características que permite fazer uma avaliação indireta de outras características
que não são de tão fácil determinação. Em combinação com a estrutura é de grande utilidade
para a identificação de vários grupos de solos.
MÓDULO IV
ou de certos compostos de manganês. Indica geralmente boas condições de drenagem e de
arejamento. As cores amarelas devem-se a óxidos de ferro mais ou menos hidratados e ou a
misturas de óxidos de ferro e de alumínio.
A cor do solo pode ser utilizada para diagnosticar se um solo apresenta uma boa ou
deficiente drenagem no perfil de solo:
MÓDULO V
• Solos bem drenados apresentam cores de tons mais ou menos uniformes, castanhas ou
pardas, avermelhadas ou amareladas;
10
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
natureza electroestática derivadas das cargas dos minerais argilosos e do húmus.
A ligação das partículas terrosas dá origem aos agregados estruturais. A ligação entre as
partículas constituintes é mais forte do que a ligação entre os agregados.
MÓDULO I
Este arranjo, organização e orientação das partículas e a sua taxa de agregação, determina
a existência no solo de espaços vazios, ou poros, disponíveis para a penetração, retenção e
transferência de água, de solutos e de gases no solo.
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 3 - Classificação e representação esquemática da estrutura do solo
Fonte: http://www2.dracena.unesp.br/graduacao/arquivos/solos/aula_6_estrutura_do_solo.pdf
MÓDULO IV
solo, nomeadamente do teor de água no solo, da massa volúmica aparente (ou densidade
aparente), da textura (análise granulométrica da terra fina), da capacidade de retenção de
água pelo solo a diferentes sucções (pF) ou pressões (que permite determinar a capacidade
de campo, o coeficiente de emurchecimento, a água utilizável do solo), da condutividade
hidráulica, da infiltração da água no solo, da porosidade.
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Após a caracterização morfológica do perfil do solo, procede-se à colheita de amostras
de solo. Assim, colhe-se uma amostra perturbada em cada horizonte/camada de solo (com
material abrangendo a totalidade da espessura) que deve ser recolhida num saco de plástico
e devidamente etiquetada.
MÓDULO I
A fim de se evitar a contaminação com outras camadas, deve-se iniciar a colheita pelo
horizonte/camada inferior e seguir sucessivamente de baixo para cima até à superfície do solo.
MÓDULO II
diferentes capacidades volumétricas (Figura 4). Este processo de colheita de amostras pode
ser consultado em:
https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS086_Colheita-amostras-nao-perturbadas-solo_vs26-05-2021.
pdf
MÓDULO III
A B C D
Figura 4 - Colheita de amostras no estado natural. Os cilindros metálicos ou de pvc são enterrados lentamente de modo a perturbar o mínimo
possível a estrutura do solo. No caso dos cilindros maiores, é, geralmente necessário retirar o solo envolvente para que seja possível enterrar
o cilindro com a menor compactação. (a) Exemplo de cilindros usados na colheita de amostras no estado natural; (b) cilindros enterrados num
horizonte/camada de solo; (c) processo de colheita das amostras de maior dimensão; e (d) amostra não perturbada | Fonte: Ramos et al., 2016
MÓDULO IV
I.1.3.2.2. O TEOR DE ÁGUA NO SOLO
em que:
Mw – massa de água existente no solo
Ms – massa das partículas de solo seco na estufa a 105ºC
Por sua vez
MÓDULO VI
θv = Vw/Vt (2)
em que:
Vw – volume de água existente no solo
Vt – volume aparente do solo (Vt=Vs+Vw+Va) em que Vs é o volume de partículas sólidas,
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Para medição do teor de água no solo usa-se o método gravimétrico, que é um método
direto em que uma amostra de solo é pesada (peso húmido), seca na estufa a 105ºC até
atingir peso constante (24 a 48h consoante o tipo do solo) e pesada novamente (peso seco).
A diferença entre o peso húmido e o peso seco, dividida pelo peso seco, dá o teor de água
gravimétrico do solo. Este método aplica-se a amostras no estado natural ou perturbadas e
MÓDULO I
é utilizado para calibração de outros métodos (ex. métodos indiretos, como sejam sondas
capacitivas, time domain reflectometry (TDRs, etc).
A massa volúmica aparente, que representa a massa de solo por unidade de volume de
solo, é um indicador da estrutura do solo. Quanto maior for a massa volúmica aparente de
MÓDULO II
um solo, menor será o volume de espaços vazios (porosidade do solo) e menor será a sua
capacidade de retenção de água.
θv = θw.(θb/θw) (3)
MÓDULO III
Em que ρb é a massa volúmica aparente do solo, definida como a massa de solo seco (Ms)
por unidade de volume aparente do solo (Vt), dada pela expressão ρb = Ms/Vt, e ρw a massa
volúmica da água (Mw/Vw) que é geralmente considerada igual a 1.
MÓDULO IV
A matriz sólida do solo inclui partículas com composição mineralógica e química variável e
tamanhos diferentes.
MÓDULO V
A análise mecânica ou análise granulométrica consiste na determinação das proporções
dos diversos lotes ou frações que englobam a terra fina (inferior a 2 mm de diâmetro) e os lotes
mais grosseiros com um diâmetro aparente superior a 2 mm.
Limo 0,02-0,002
Argila <0,002
BIBLIOGRAFIA
Tabela 1 - Lotes considerados na terra fina (< 2mm) segundo os limites da escala de Atterberg
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Designação Diâmetro (mm)
Blocos >200
Calhaus 200-100
MÓDULO I
Pedras 100-50
Cascalho 20-5
Saibro 5-2
MÓDULO II
Tabela 2 - Lotes considerados nos elementos grosseiros (> 2mm) segundo os limites da escala de Atterberg
No entanto, não existe ainda um consenso mundial nos limites dos lotes texturais utilizados
nos diversos países (Figura 5), o que torna difícil a harmonização da informação. Recentemente
tem havido um esforço para utilizar os limites definidos pela FAO que são: areia (2000-50µm);
limo (50-2µm); argila (<2µm).
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 5 - Limites dos lotes texturais em diferentes países (µm)
volúmica ρ1 cai num meio de massa volúmica ρ2 e viscosidade τ e num lugar de aceleração da
gravidade (g) com movimento uniforme v, tal que:
Para além daquele método, outro existe mais expedito e utilizado por laboratórios nacionais,
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
A classificação da textura em Portugal é geralmente feita com recurso ao diagrama triangular
de Gomes e Silva (1962). Aqueles autores consideraram 12 classes de textura nomeadamente
as classes Arenosa (A), Areno-franca (AF), Franco-arenosa (FA), Franca (F), Franco-limosa (FL),
Franco-argilo-arenosa (FGA), Limosa (L), Franco-argilosa (FG), Franco-argilo-limosa (FGL),
Argilo-arenosa (GA), Argilo-limosa (GL) e Argilosa (G).
MÓDULO I
Na Figura 6 encontra-se representado o diagrama triangular de classificação da textura de
Gomes e Silva (1962).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 6 - Diagrama triangular de classificação da textura do solo
Fonte: Pereira Gomes e Antunes da Silva, 1962
De um modo geral as doze classes de textura distribuem-se por três grandes classes
de textura que vulgarmente se designam por textura grosseira ou ligeira, textura média
MÓDULO IV
ou mediana e textura fina ou pesada, da seguinte forma: textura grosseira ou ligeira, as
texturas arenosa (A), areno-franca (AF) e franco-arenosa (FA); textura média ou mediana,
as texturas franca (F), franco-limosa (FL) e franco-argilo-arenosa (FGA); e na textura fina ou
pesada as texturas: limosa (L), franco-argilosa (FG), franco-argilo-limosa (FGL), argilo-arenosa
(GA), argilo-limosa (GL) e argilosa (G).
Na Figura 7 apresenta-se ainda o diagrama triangular da USDA para a classificação da
textura segundo as 12 classes de textura da FAO: areia (2000-50µm); limo (50-2µm); argila
(<2µm). MÓDULO V
MÓDULO VI
15
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Na Tabela 3 apresentam-se propriedades e consequências sobre o solo dos diferentes
lotes granulométricos (Perdigão, 2019).
MÓDULO I
Reduzem a reserva mineral a curto prazo;
Aumentam a reserva mineral a médio e a longo
Grandes dimensões prazo;
Aumentam a permeabilidade e o arejamento
Elementos Superfície específica do solo;
Grosseiros reduzida Protegem contra a erosão hídrica;
Regulam o regime térmico do solo diminuindo
MÓDULO II
Abrasivos a amplitude térmica diurna;
Influenciam o regime hídrico (evaporação);
Dificultam as mobilizações.
Fraca ou nula:
• atividade química; Aumenta a permeabilidade e arejamento;
• retenção de água; Facilita nas mobilizações;
MÓDULO III
• adesividade; Desgaste nas máquinas;
Areia
• plasticidade; Reserva mineral a médio e longo prazo;
Abrasiva; Baixa retenção e troca iónica;
Muito permeável; Capacidade de agregação nula.
Dimensão elevada.
MÓDULO IV
baixa; Fraca capacidade de agregação do solo;
Retenção de água Facilidade nas mobilizações;
Limo moderada; Reserva mineral a médio prazo;
Adesividade baixa; Permeabilidade baixa;
Plasticidade média; Aumento do volume de água utilizável;
Dimensão média. Proteção da matéria orgânica.
Tabela 3 - Propriedades e consequências sobre o solo dos diferentes lotes granulométricos | Fonte: Perdigão, 2019
água no solo (θ), com o respetivo potencial mátrico, isto é, a pressão (h) com que a água é
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
retida no solo (designada por pressão efetiva da água no solo).
MÓDULO I
Para facilitar, na representação gráfica, a pressão efetiva é expressa como o logaritmo
decimal da altura em centímetros de água que exerce pressão equivalente à força de retenção
do solo para a água (pF=log h).
MÓDULO II
água que fica retida pelo solo e a pressão aplicada (Gonçalves, 1994). Os métodos mais usuais
dividem-se em métodos de sucção (caixas de areia) ou de pressão (placas de pressão) (Figura
8).
• As caixas de areia funcionam para determinação do teor de água retida para valores de
pF ≤ 2.0 (sucções inferiores a 100 cm de altura de água);
MÓDULO III
• As panelas ou placas de pressão funcionam para determinação do teor de água retida
para valores de pF ≤ 4.2 (pressões inferiores a 15000 cm de altura de água).
MÓDULO IV
A B C D
Figura 8 - Métodos laboratoriais usados na determinação da curva de retenção de água no solo (a) caixas de areia com amostras de solo no estado
natural; (b) panelas de pressão; (c) amostras de solo no estado natural sobre a placa de cerâmica usada para extrair a água das panelas de pressão;
(d) e amostras de solo no estado natural sobre a placa de cerâmica dentro de uma panela de pressão | Fonte: Ramos et al., 2016
O conhecimento da curva de pF é muito importante, no caso do regadio, pois dois dos seus MÓDULO V
pontos são as chamadas constantes de humidade do solo (teores de água correspondentes
à capacidade de campo e ao coeficiente de emurchecimento permanente) que permitem
o cálculo da água disponível para as plantas para uma rega eficiente. O teor de água na
saturação dá-nos ainda a porosidade total do solo. A curva de pF é ainda necessária, como
dado de entrada, para os modelos de simulação da dinâmica da água e transporte de solutos
MÓDULO VI
no solo.
rega seja eficiente, a humidade do solo deve ser mantida no intervalo entre os teores de água
17
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
correspondentes à capacidade de campo e ao coeficiente de emurchecimento permanente.
Estes parâmetros assumem aproximadamente os mesmos valores para cada tipo de solo, pelo
que são geralmente designados por constantes de humidade do solo.
A capacidade de campo (θFC) corresponde ao teor de água na zona das raízes a partir do
MÓDULO I
qual a drenagem se torna quase nula. A manutenção do teor de água do solo acima deste
limite resulta inevitavelmente na percolação da água em profundidade.
MÓDULO II
A água do solo, como já foi referido, apenas está disponível para as plantas dentro dos limites
definidos pelos teores de água à capacidade de campo e ao coeficiente de emurchecimento
permanente. Para uma espessura da zona radicular (Zr), a água disponível total (TAW) é obtida
da seguinte forma:
MÓDULO III
No entanto, para que a evapotranspiração da cultura atinja também os seus valores
potenciais e a produção final seja maximizada, a humidade do solo tem de ser mantida dentro
de limites próximos da capacidade de campo, onde a energia que as plantas gastam para
extrair a água do solo é mínima (Figura 9) (Ramos et al., 2016).
MÓDULO IV
MÓDULO V
A água facilmente disponível (RAW) é, portanto, a água do solo que pode ser rapidamente
absorvida pelas raízes das plantas. Esta fração varia consoante o tipo de cultura e é definida
pela fração de esgotamento da água do solo em conforto hídrico (p), da seguinte forma:
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
A rega pode ser conduzida para uma fração superior ou inferior a p conforme os objetivos
da gestão da rega. Essa fração pode ser inferior a p quando se pretende diminuir o risco de
ocorrência de stress ou das incertezas ligadas à gestão da rega. Ao contrário, essa fração
pode ser superior a p quando se assume intencionalmente a gestão da rega com stress em
determinados períodos, ou quando os recursos hídricos disponíveis são insuficientes para que
MÓDULO I
a rega se pratique em conforto hídrico.
MÓDULO II
O teor de água correspondente à capacidade de campo pode ser determinado no campo
ou no laboratório. No campo, o solo é humedecido até à saturação, sendo a superfície
depois coberta com um revestimento impermeável de modo a evitar perdas por evaporação.
Posteriormente, são colhidas amostras para se determinar o teor de água do solo e, assim,
determinar o momento em que a drenagem termina e a capacidade de campo é atingida.
MÓDULO III
capacidade de campo dependerá do tipo de solo. Em solos de textura grosseira, o método
mais apropriado é o das caixas de areia ou de sucção. Após saturação, as amostras são
colocadas em caixas de areia e sujeitas a uma pressão entre os -60 e -100 cm (-6 e -10 kPa), até
que seja atingido o equilíbrio entre a força exercida e o teor de água na amostra.
No caso dos solos de textura média e fina, o método mais recomendado é o das panelas
ou placas de pressão. As amostras são também saturadas, colocadas dentro de uma panela
MÓDULO IV
de pressão e sujeitas a uma pressão equivalente de -100 e -330 cm (-10 e -33 kPa), até que o
equilíbrio seja também atingido entre o teor de água na amostra e a pressão exercida.
19
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 10 - Diferenças entre curvas de retenção de água, incluindo naturalmente os teores de água correspondentes à capacidade de
campo e ao coeficiente de emurchecimento permanente, em solos de textura arenosa, franca e argilosa | Fonte: Ramos et al., 2016.
MÓDULO III
I.1.3.2.7. A CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DO SOLO
A condutividade hidráulica do solo descreve a velocidade com que a água flui através
da matriz do solo devido a variações nos potenciais gravítico e de pressão da água no solo.
A condutividade hidráulica é uma função do teor de água no solo e é dada pela seguinte
MÓDULO IV
expressão:
onde q é o volume de água escoado por unidade de superfície de solo e por unidade de
tempo (q é designado por fluxo ou velocidade de Darcy), K(ϴ) é a condutividade hidráulica
do meio, correspondente ao teor de água ϴ, e grad H é o gradiente (variação) de carga
hidráulica. A condutividade hidráulica é, pois, o fator de proporcionalidade entre o fluxo e o MÓDULO V
gradiente de carga hidráulica na equação de Darcy. Por razões de conveniência na equação
do escoamento, a condutividade hidráulica pode também ser expressa em função da pressão
efetiva da água no solo, K (h), (equação de Richards), em vez de ser uma função do teor de
água K (ϴ) (Gonçalves, 1994).
A condutividade hidráulica é maior nos solos saturados do que nos solos não saturados,
MÓDULO VI
porque neste último caso só os poros que contêm água é que podem contribuir para o fluxo.
A condutividade hidráulica de um poro é proporcional ao quadrado do raio. Assim, os poros
maiores cheios de água contribuem mais para o fluxo. Quando um solo começa a secar os
poros maiores são os que se esvaziam primeiro. Assim, o valor da condutividade hidráulica
decresce rapidamente passando do seu valor máximo à saturação do solo, para valores cada
vez menores, dependendo do teor de água do solo.
BIBLIOGRAFIA
20
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
poroso do solo, que é uma função da textura, da estrutura, do teor em matéria orgânica, da
porosidade total, da distribuição do tamanho dos poros, da natureza da argila e da tortuosidade
do espaço poroso (Gonçalves, 1994).
A maior parte daqueles fatores não se mantêm constantes ao longo do tempo, podendo ser
MÓDULO I
alterados em resultado de atividades microbianas, situações de encharcamento prolongado
e ainda pela atividade do homem. A condutividade hidráulica do solo apresenta, pois, uma
grande variabilidade temporal e ainda espacial o que não torna fácil a sua determinação.
MÓDULO II
troços da curva - exemplo, método da carga constante (Stolte, 1997) para determinação da
condutividade hidráulica saturada; método da crosta (Bouma et al., 1983) para determinação
da condutividade hidráulica em solo insaturado para pressões efetivas entre 0 e -50 cm de
água; método do ar quente (Arya et al., 1975) para determinação da condutividade hidráulica
em solo insaturado a pressões efetivas inferiores a -50 cm de água; método da evaporação
(Wind, 1968) permite determinar simultaneamente a curva característica de humidade do solo
e a condutividade hidráulica em solo insaturado para pressões efetivas entre -20 e -800 cm de
MÓDULO III
água).
MÓDULO IV
representativas, mas são uma limitação a dispositivos mecânicos para impor o gradiente
de pressão. O tamanho da amostra determina ainda o esforço de amostragem (colheita e
transporte) (Gonçalves, 1994).
MÓDULO V
hídricas na zona insaturada, pois permitem a resolução das equações do escoamento. As
propriedades hidráulicas do solo são ambas necessárias como dado de entrada, para aplicação
dos modelos de simulação da dinâmica da água e transporte de solutos no solo.
A infiltração da água no solo é a entrada de água à superfície do solo pela ação conjunta
MÓDULO VI
A taxa de infiltração média é o volume de água que se infiltra, em média, numa unidade
BIBLIOGRAFIA
21
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
A infiltrabilidade do solo é o volume de água que pode atravessar uma unidade de
superfície de solo, numa unidade de tempo.
MÓDULO I
A porosidade do solo é o espaço livre (poros) entre as partículas minerais e orgânicas do
solo, que pode ter diferentes tamanhos e formas, e por onde circula a água e o ar do solo.
A porosidade (f) é um índice do volume relativo dos poros no solo, referido ao volume total
do solo, e é dada pela seguinte equação:
Vf Va + Vw
MÓDULO II
f= = (8)
Vt Vs + Va + Vw
MÓDULO III
• Porosidade não capilar em que o diâmetro dos poros é superior a 50 μm (macroporos)
e que podem ser esvaziados de água por forças extrativas relativamente fracas.
A porosidade total do solo (ϴs) pode ser avaliada a partir do teor de água no solo saturado.
MÓDULO IV
Outro conceito importante é o de grau de saturação (s). Muitas vezes apenas chamado
“saturação”, exprime o volume de água presente no solo em relação ao volume dos poros.
Assim:
Vw Vw
s= = (9)
Vf Va + Vw
Coesão diz respeito à forma como as partículas do solo se encontram agregadas entre si.
Solos leves ou soltos são solos com baixa capacidade de agregação e solos compactos ou
fortes são aqueles onde essa agregação é alta (Perdigão, 2019).
Consistência é definida como a reação do solo perante uma deformação ou rutura, devido
MÓDULO VI
a forças físicas de coesão e adesão entre partículas, variando com a textura, estrutura e o teor
em coloides minerais e orgânicos (Perdigão, 2019).
A tenacidade é a resistência que o solo oferece à penetração das alfaias agrícola. É muito
22
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
elevada nos solos argilosos por existir uma coesão entre partículas muito grande, porém, nos
solos arenosos esta propriedade pouco se faz sentir (Perdigão, 2019).
A friabilidade observa-se em solo húmido e é caracterizada pela facilidade com que o solo
se parte ou se desfaz (Perdigão, 2019).
MÓDULO I
Um solo com grande plasticidade permite que seja modelado sem que se parta, devido à
presença de argila (Perdigão, 2019).
MÓDULO II
I.1.3.3. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA DO SOLO
MÓDULO III
• Matéria orgânica do solo;
• Calcário total;
• Condutividade elétrica do extrato de saturação do solo (ECe);
• Capacidade de troca catiónica (CTC);
MÓDULO IV
• Elementos nutritivos minerais das plantas (P, K, Ca, Mg, Fe, Mn, Zn, Cu e B).
I.1.3.3.1. O PH DO SOLO
MÓDULO V
Valores inferiores a 6,5 indicam a presença de solos ácidos, enquanto valores superiores a 7,5
indicam solos alcalinos. A escala de pH utilizada é a indicada na Tabela 4 (LQARS, 2006).
pH (H2O) Designação
23
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
I.1.3.3.2. MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO
O teor de matéria orgânica do solo é uma determinação que é sempre incluída na análise
de terra. Vem expresso em percentagem, ou mais recentemente em g/kg.
MÓDULO I
A classificação dos teores de matéria orgânica dos solos agrícolas é feita tal como se indica
na Tabela 5 (LQARS, 2006).
Percentagem de M. O.
Classificação
Solos textura Solos textura
grosseira média a fina
MÓDULO II
< 0,5 < 1,0 Muito baixo
MÓDULO III
> 4,5 >6,0 Muito alto
Tabela 5 - Classificação do teor de matéria orgânica no solo
MÓDULO IV
que o pH destes solos se situa, geralmente, entre 7,5 e 8,5. Teores de carbonatos superiores
a 10% na camada superficial do solo condicionam, de forma mais ou menos relevante, a
produção de muitas culturas. A sua determinação tem, igualmente, um sentido prático
evidente na plantação de culturas plurianuais, tal como a vinha e algumas fruteiras, na medida
em que a presença de calcário, especialmente do calcário ativo, condiciona a escolha dos
porta-enxertos. Os resultados da determinação do calcário, que assume as formas de total e
ativo, são expressos em percentagem (LQARS, 2006).
MÓDULO V
Na Tabela 6 indica-se a classificação do calcário total no solo.
10,1-25,0 Calcário
24
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
I.1.3.3.4. CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DO EXTRATO DE SATURAÇÃO DO SOLO
MÓDULO I
da água de rega trocarem sódio com o solo; e (iii) a percentagem de sódio de troca (ESP), que
avalia a quantidade de sódio adsorvido no solo relativamente aos outros catiões do complexo
de troca, sendo este também o indicador mais relevante para diagnóstico de solos sódicos ou
alcalizados (Gonçalves et al., 2015).
MÓDULO II
uma pasta de solo saturada. O extrato de saturação apresenta as vantagens de ser um método
de preparação fácil e reprodutível, e de estar relativamente próximo da gama dos valores de
humidade no campo. Em muitos solos, o teor de água da pasta saturada é aproximadamente o
dobro da capacidade de campo e o quádruplo do coeficiente de emurchecimento. Assim,
as medições de salinidade no extrato de saturação têm em conta as propriedades de retenção
de água do solo em condições de campo, fornecendo uma indicação realista das condições
a que as plantas estão sujeitas. No entanto, por razões simplificativas, recorre-se, por vezes, a
MÓDULO III
extratos 1:1, 1:2 ou 1:5 (solo-água) (Brady e Weil, 2008), mas sempre tendo em conta que quer
a concentração, quer a composição iónica destes extratos é afetada pela proporção água/solo
(Gonçalves et al., 2015).
Uma das classificações dos solos quanto à salinidade utilizada no LQARS encontra-se na
Tabela 7.
Condutividade elétrica(1)
MÓDULO IV
mS/cm a 25º C
Classificação do solo Reação das culturas
No extrato de No extrato
saturação 1:2 (solo:água)
Solo sem efeitos salinos Sem problemas 0-2 <0,40
Culturas muito
MÓDULO V
Solo muito pouco salino sensíveis aos sais 2-4 0,41-0,80
podem ser afetadas
Culturas sensíveis
Solo pouco salino aos sais podem ser 4-8 0,81-1,60
afetadas
Só culturas tolerantes
MÓDULO VI
Solo moderadamente
aos sais atingem 8-12 1,61-2,40
salino
produções aceitáveis
Só culturas muito
tolerantes aos sais
Solo fortemente salino 12-16 2,41
atingem produções
aceitáveis
BIBLIOGRAFIA
25
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Condutividade elétrica(1)
mS/cm a 25º C
Classificação do solo Reação das culturas
No extrato de No extrato
saturação 1:2 (solo:água)
MÓDULO I
Só algumas culturas
Solo muito fortemente altamente tolerantes
>16 >3,20
salino aos sais atingem
produções aceitáveis
Tabela 7 - Classificação dos solos quanto à salinidade e reação das culturas aos sais
Adaptado de Reference Soil Test Methods for the Southern Region of the United States (1983)
MÓDULO II
(1) A correspondência entre as condutividades nos dois extratos é meramente orientadora,
pelo que não deverão tomar-se por equivalentes.
MÓDULO III
Por esta razão, a argila e o húmus são designados, genericamente, por coloides do solo.
Os coloides são partículas com superfície específica muito elevada, com a particularidade
de apresentarem cargas elétricas à sua superfície, o que lhes permite atrair, reter e trocar
elementos que apresentem também cargas elétricas (iões). Dado que as cargas elétricas das
argilas e do húmus são, principalmente, de natureza negativa, os iões retidos ou trocados são
predominantemente catiões, isto é, aqueles que apresentam cargas elétricas positivas.
MÓDULO IV
O conjunto constituído pelas substâncias coloidais do solo, tanto de natureza mineral
(sobretudo argila) como de natureza orgânica (sobretudo húmus), em que se processam
fenómenos de troca ou permuta de iões, designa-se, habitualmente, por complexo de troca
do solo (LQARS, 2006).
A capacidade máxima que o solo tem de adsorver catiões recebe o nome de capacidade
de troca catiónica. O termo “troca” resulta da possibilidade de os iões poderem ser trocados
MÓDULO V
por outros com cargas elétricas do mesmo sinal: um catião adsorvido, por exemplo o catião
K+, pode ser trocado por outro catião, como o Na+, que se encontre na solução do solo. Este
fenómeno ocorre natural e permanentemente, encontrando-se os iões da solução do solo
em equilíbrio com aqueles que se encontram adsorvidos à superfície dos coloides (LQARS,
2006). Na maioria dos casos, os iões retidos no complexo de troca são nutrientes minerais
para as plantas, como o cálcio, o magnésio e o potássio. A estes três catiões e ao sódio dá-
se o nome de catiões de troca. Exprimindo a soma dos catiões de troca em percentagem
MÓDULO VI
2006).
26
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Na Tabela 8 indicam-se as classificações usadas para caracterizar o grau de saturação em
bases, a capacidade de troca catiónica e os catiões e troca do solo (LQARS, 2006).
MÓDULO I
Muito baixa ≤20 ≤5 ≤2.0 ≤0.5 <0.1 <0.1
MÓDULO II
Muito alta >80 > 40,0 >20.0 >5 >1.0 >1.0
Tabela 8 - Classificação do grau de saturação em bases (GSB), da capacidade de troca catiónica (CTC), e dos catiões de troca do solo
Os elementos nutritivos das plantas podem encontrar-se no solo em três formas principais:
MÓDULO III
• Não assimilável em que o elemento faz parte de um composto e não pode ser absorvido
pelas raízes sem alteração ou decomposição daquele;
MÓDULO IV
• Dissolvida que é a forma mais facilmente assimilável dos nutrientes, quando estes estão
dissolvidos na água do solo (solução do solo).
A capacidade que o solo tem de fornecer nutrientes minerais às plantas é avaliada através
da análise de terra, que determina a quantidade de cada nutriente que se encontra disponível
(assimilável). Esta quantidade, dissolvida e extraível, representa, normalmente, uma fração
muito pequena da quantidade total do nutriente que existe no solo.
0,5-1,0 Médio
Tabela 9 - Classificação do teor de azoto total (kjeldahl) do solo | Fonte: Alves e Cardoso (1967)
27
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Na Tabela 10, indica-se a classificação dos teores do solo em fósforo (P2O5) e potássio (K2O)
assimiláveis (LQARS, 2006).
MÓDULO I
< 25 Muito baixa
26-50 Baixa
51-100 Média
MÓDULO II
101-200 Alta
MÓDULO III
Os principais objetivos da classificação do solo são:
MÓDULO IV
• Desenvolver previsões do comportamento dos solos e das respostas à sua utilização;
MÓDULO V
Reference Base for Soil Resources” (WRB, 2015).
• Ordens (10)
• Subordens (19)
• Grupos (27)
• Subgrupos (62)
BIBLIOGRAFIA
• Famílias (240)
28
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
• Séries
• Fases
MÓDULO I
diferenciação do perfil ou a natureza dos processos de formação do solo.
MÓDULO II
• Materiais (orgânicos, calcários,…).
MÓDULO III
• A Base de Referência, com 32 RSGs (Grupos de Solos de Referência)
O Sistema WRB não pretende substituir os sistemas nacionais de classificação do solo mas,
MÓDULO IV
apenas, servir como denominador comum para comunicação a um nível internacional.
MÓDULO V
onde predomina matéria orgânica e a Camada R, constituída pela rocha-mãe (Lourenço, 2012).
29
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
I.1.6. GESTÃO DA FERTILIDADE DO SOLO
Neste ponto vão referir-se conceitos sobre a fertilidade do solo e definir-se práticas agrícolas,
consideradas relevantes para melhorar as propriedades do solo e, consequentemente, a
fertilidade do solo.
MÓDULO I
I.1.6.1. A FERTILIDADE DO SOLO
MÓDULO II
A fertilidade do solo pode ser favorecida quando se aplicam as técnicas agrícolas mais
adequadas às características do solo:
iii) Fertilidade biológica - boa atividade biológica – desde as bactérias fixadoras de azoto
MÓDULO III
atmosférico, até às micorrizas.
MÓDULO IV
Figura 11 - Esquema ilustrativo da fertilidade do solo segundo as suas características | Fonte: Amaral, 2015
MÓDULO V
A fertilização deve ter como objetivo principal a manutenção ou a melhoria da fertilidade
do solo, não devendo limitar-se à restituição da perda de nutrientes, quer sejam estes
removidos pelas colheitas, quer por práticas agrícolas inadequadas, mas também melhorar as
propriedades físicas químicas e biológicas do solo, nomeadamente:
1) Propriedades físicas
MÓDULO VI
30
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
• Recurso aos princípios da mobilização mínima.
2) Propriedades químicas
MÓDULO I
podendo diminuir, simultaneamente, a de elementos fitotóxicos;
3) Propriedades biológicas
• Estimular a sua aptidão para decompor a matéria orgânica e para manter associações
saudáveis com a planta, mantendo um meio suficientemente arejado, próximo da
MÓDULO II
neutralidade, com a humidade e temperatura necessárias;
Em resumo, existem alguns princípios básicos que contribuem para a melhoria geral das
propriedades do solo, nomeadamente:
MÓDULO III
• A regularização da humidade do solo através da drenagem e de uma rigorosa gestão
da rega, a fim de economizar água, evitando a sua perda bem como a de nutrientes;
MÓDULO IV
• O trabalho do solo em tempo oportuno e com maquinaria apropriada (estando o solo
com um teor de água próximo da capacidade de campo, ou precedido de medidas
contra um eventual excesso de água) e considerando sempre os princípios de
mobilização mínima;
a) Rotações de culturas:
31
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
de pousio e terão de estar associadas a adequados planos de fertilização;
MÓDULO I
• Diminuição de pragas e doenças, através da alternância de culturas com
características diferentes.
• Redução de infestantes
• Preservação dos solos da erosão, com especial atenção aos que apresentam
maior declive, através da plantação ou preservação de sebes a meia encosta;
MÓDULO II
trabalhando o solo paralelamente às curvas de nível; solo coberto no inverno por
prado ou adubos verdes; melhorando a estabilidade através de sistematização
do terreno; evitando culturas herbáceas em monocultura.
Para fazer a escolha das rotações culturais, deverão ser seguidas as seguintes
recomendações:
• Incluir culturas que mantenham o solo revestido durante a época das chuvas;
MÓDULO III
• Em terrenos declivosos, com risco de erosão elevado, a uma cultura sachada
deve seguir-se uma pastagem semeada à base de leguminosas, que disponibiliza
alimento para o gado e serve de coberto vegetal protetor do solo durante a época
das chuvas;
MÓDULO IV
outros) que se efetuaram nas culturas anteriores para prevenir efeitos de fitotoxicidade
nas culturas da rotação provocados pela presença de resíduos desses produtos no
solo.
MÓDULO V
É o processo de fertilização do solo que consiste no enterramento de plantas
herbáceas, maioritariamente leguminosas, semeadas em estreme ou em consociação
com espécies de outras famílias (ex: gramíneas e brássicas) propositadamente para
o efeito;
- Nas raízes das plantas leguminosas (ex: trevo, ervilhaca, tremoço, tremocilha)
formam-se nódulos como resultado da interação de algumas bactérias do solo,
vulgarmente conhecidas por rizóbios, com a raiz, no que resulta, o fornecimento de
BIBLIOGRAFIA
32
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
• Extração de nutrientes retidos nas partículas do solo:
- As raízes das plantas, pela sua ação biológica (do crescimento, engrossamento,
exsudação, etc.) promovem a solubilização de nutrientes,
MÓDULO I
- Acidificação da zona da rizosfera;
MÓDULO II
• Aceleração da mineralização de húmus estável:
MÓDULO III
Após a sideração ocorrem dois processos opostos:
MÓDULO IV
• Melhoria da estrutura do solo:
- As plantas com raízes fasciculadas promovem uma boa agregação do solo (ex:
azevém, aveia);
33
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
- Melhora a fixação do raizame ao solo;
MÓDULO I
- Compostos libertados para o solo (constituídos essencialmente por aminoácidos,
açucares, ácidos orgânicos), estimulam a atividade biológica;
MÓDULO II
heterotróficas (aeróbicas e anaeróbicas de vida livre) que na sua maioria decompõem,
humificam e mineralizam;
MÓDULO III
Azotobacter (aeróbias) e Clostridium (anaeróbias) consideradas fixadoras de azoto
de vida livre;
MÓDULO IV
- Simbioses entre leguminosas e/ou gramíneas e Micorrizas (fungos);
- As palhas têm uma relação carbono/azoto elevada, e por isso, uma decomposição
lenta e pode provocar carência azotada nas plantas;
MÓDULO V
- Os Adubos verdes fornecem aos micróbios açúcares solúveis (e outros compostos)
e azoto que as palhas não têm;
• Controlo de infestantes:
- Algumas plantas instaladas para adubação verde podem ajudar na redução e/ou
34
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
eliminação de pragas e doenças (ex: tagetes para controlo de nemátodes; nabo para
controlo de fungos e de nemátodes).
MÓDULO I
i) De ordem física: proteção contra a erosão, melhoria da estrutura;
MÓDULO II
• No combate às doenças;
• No combate às pragas;
• No combate às infestantes.
MÓDULO III
• Plantas de ciclo rápido;
MÓDULO IV
• Terem capacidade de reduzir o desenvolvimento de infestantes;
A degradação do solo impede que o solo desempenhe as suas múltiplas funções e serviços
de que beneficiam os homens e os ecossistemas. Tem um impacto direto na qualidade da
água e do ar, na biodiversidade e nas alterações climáticas. Pode ainda prejudicar a saúde
dos cidadãos e ameaçar a segurança dos alimentos para consumo humano e animal. É um
processo grave na Europa, provocado ou acentuado por atividades humanas como práticas
BIBLIOGRAFIA
35
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
urbanas e industriais. Como resultado pode ocorrer uma diminuição da fertilidade do solo,
do carbono e da biodiversidade, uma menor capacidade de retenção da água, a interrupção
do ciclo gasoso e do ciclo dos nutrientes e uma degradação reduzida dos contaminantes. Os
processos de degradação do solo são interdependentes e podem resultar na perda de uma
ou várias funções do solo, sendo uma das principais causas de desertificação nos países do
MÓDULO I
Sul da Europa, nomeadamente devido à erosão e ao declínio da matéria orgânica do solo.
MÓDULO II
de partículas do solo, por agentes designados de erosivos (água, vento), resultando
na diminuição da espessura do solo e na perda da sua fertilidade. Distinguem-se dois
tipos de erosão: a hídrica (provocada pela água) e a eólica (provocada pelo vento). A
erosão do solo é um processo natural, tornando-se uma ameaça quando a sua taxa é
superior à taxa de formação do solo e quando é acelerada devido à atividade humana,
nomeadamente pela atividade agrícola, como consequência da aplicação de práticas
culturais incorretas tais como:
MÓDULO III
• Solo desprotegido de vegetação durante o período das chuvas;
• Conversão dos solos pobres e declivosos sem aptidão para a agricultura em solos
MÓDULO IV
agrícolas;
Devido à taxa muito lenta de formação do solo, qualquer perda de solo de mais de 1 a
2 t/ha/ano pode ser considerado como irreversível dentro de um intervalo de tempo de
50-100 anos (Huber et al., 2007).
MÓDULO VI
36
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
os solos retêm menos água e tornam-se menos permeáveis, o que além de não ser
favorável às culturas, aumenta o risco de escoamento superficial, ficando mais expostos
aos processos de erosão.
MÓDULO I
concentração da solução do solo em sais solúveis (Na+, Ca2+, Mg2+, K+) para níveis
prejudiciais às plantas. Se o ião Na+, sozinho ou em combinação com o Mg2+, ganhar
preponderância no complexo de troca do solo, o processo de degradação é designado
por Sodização, podendo causar a perda de uma ou mais funções do solo. O sódio
tem um efeito negativo nas propriedades do solo e no crescimento das plantas (por
exemplo: a dispersão das argilas, provocada por teores elevados de sódio, degrada
a estrutura do solo com diminuição da porosidade, da infiltração, da condutividade
MÓDULO II
hidráulica e da retenção da água no solo podendo conduzir a um aumento da erosão).
A dinâmica do sódio está associada à dinâmica dos outros catiões, nomeadamente do
cálcio e do magnésio.
A acumulação de sais no solo está ligada à existência de uma fonte de sais, a uma
evapotranspiração alimentada por água rica em sais e à insuficiência de precipitação e/
ou de drenagem que permitam a lixiviação dos sais. Algumas das causas são naturais
MÓDULO III
(salinização primária) outras resultam da intervenção humana (salinização secundária).
• Presença de toalhas de água de origem marinha e/ou ação direta das marés em
regiões costeiras;
MÓDULO IV
• Deposição de sais marinhos transportados pelo vento;
• Repasses: transferência de água salina para zonas de menor cota com drenagem
limitada.
MÓDULO V
• Uso de solos impróprios ou mal adaptados para a prática do regadio (pouco
permeáveis e sem sistema de drenagem);
37
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
grande insolação e reduzida precipitação, como se verificam nos verões do interior
do País, pode ocorrer a evaporação e a deposição de sais à superfície do solo,
nomeadamente se água não é de boa qualidade, e, por consequência, podem surgir
efeitos prejudiciais às culturas, quer por efeitos tóxicos específicos quer pela elevada
pressão osmótica da solução do solo, que reduz a capacidade das plantas para extrair
MÓDULO I
água do solo (Figura 12).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 12 – Deposição de sais à superfície do solo resultante da rega com água rica em sais
MÓDULO IV
áreas regadas no Sul do País. Contudo, o aumento da área regada e as perspetivas
de alterações climáticas para as próximas décadas, nomeadamente o aumento das
temperaturas, e da irregularidade da precipitação, podem levar a um acréscimo da área
afetada por salinização e a uma crescente degradação dos solos.
A redução das perdas de nutrientes do solo e dos riscos de contaminação das águas
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
do solo, devendo privilegiar-se, sempre que possível, os sistemas alternativos ao da
mobilização tradicional, ou seja, a mobilização reduzida (ou mínima) ou nula. As áreas
de maior risco de poluição ambiental com nitratos e/ou fósforo de origem agrícola são
aquelas em que se verifica, pelo menos, uma das seguintes condições: presença de
solos de textura ligeira, com grande permeabilidade, com baixo poder de retenção para
MÓDULO I
a água e nutrientes; ocorrência de lençol freático relativamente superficial. Em terrenos
declivosos, deve ser prestada atenção especial à aplicação de fertilizantes contendo
estes dois nutrientes, devido ao risco de escorrimento superficial, o qual depende
de vários fatores, sobretudo do declive do terreno, das características do solo, em
especial da sua permeabilidade à água, do sistema de mobilização e, naturalmente, da
intensidade e distribuição das chuvas. O risco de perdas destes nutrientes nas águas de
escoamento é especialmente elevado quando, logo após a aplicação dos fertilizantes à
MÓDULO II
superfície do solo, ocorram chuvadas intensas. É desejável, pois, nestas situações, a sua
aplicação por fertirrega (gota a gota), mas evitando-se o período em que ocorre maior
precipitação, que é, tradicionalmente, o outono-inverno.
MÓDULO III
ainda como fonte de nutrientes para as plantas. Uma das causas da redução de matéria
orgânica é a prática de lavouras intensas na camada superficial do solo, que aceleram
a sua mineralização (também com consequente perda de CO2 para a atmosfera e o
aumento de concentração de iões NO3 suscetíveis de serem lixiviados). A perda de
matéria orgânica está intimamente associada aos microorganismos do solo, cuja
atividade aumenta com a temperatura. Ela é por isso potencialmente mais elevada nos
países mediterrânicos, onde as práticas agrícolas devem ter este risco em consideração.
MÓDULO IV
Como consequência da perda de M.O., há uma diminuição da capacidade de retenção
de água e dos nutrientes no solo e consequentemente da produtividade das culturas.
A redução da matéria orgânica provoca ainda uma potencial incapacidade do solo
em resistir à deterioração provocada por outros processos, tais como a erosão e a
compactação. Sendo o carbono (C) o nutriente que existe em maior quantidade na
matéria orgânica (cerca de 58%), a redução desta provoca uma diminuição duma base
energética necessária à sobrevivência de toda a comunidade viva do solo.
MÓDULO V
Como a matéria orgânica está associada à biodiversidade, a sua redução causa efeitos
destrutivos na função deste complexo vivo que, através do seu metabolismo, transforma
materiais de diferentes características e dimensões em minerais disponíveis para as
culturas e contribui para a formação de material húmico, com importância determinante
na agregação das partículas e estabilidade estrutural.
Huber et al. (2007) referem que o “teor em carbono orgânico na camada superficial do
solo” é o indicador mais usado para avaliar o declínio da matéria orgânica, devendo ser
medido com uma frequência de 10 anos. Na determinação deste indicador não pode
ser esquecido que, para além da determinação do teor de carbono orgânico no solo,
é indispensável a determinação da massa volúmica aparente do solo, que é necessária
para a avaliação da quantidade de carbono existente numa determinada espessura de
BIBLIOGRAFIA
39
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
I.1.8. GESTÃO SUSTENTÁVEL DO SOLO - BOAS PRÁTICAS
Uma apropriada gestão do solo é essencial para o controlo dos processos de degradação
e, consequentemente, para a proteção e conservação do solo. Qualquer que seja o sistema de
uso do solo, este deve ser gerido de modo a manter ou a aumentar a sua qualidade.
MÓDULO I
Apenas o controlo continuado dos processos físicos, químicos e biológicos no solo
permitirá identificar o(s) sistema(s) apropriado(s) de gestão deste recurso natural, pelo que é
fundamental a implementação de sistemas de monitorização das propriedades e indicadores
do solo, com a participação efetiva dos potenciais utilizadores e das comunidades locais. Os
resultados destas atividades devem dar suporte a ações de sensibilização pública e educação
para fomentar a compreensão dos sistemas de uso adequados com o controlo da degradação
MÓDULO II
do solo e do processo de desertificação das regiões mais sensíveis. O uso sustentado dos
solos agrícolas, através da utilização de boas práticas, permite reduzir ou minimizar o impacto
das atividades agrícolas sobre a fertilidade do solo.
MÓDULO III
a) Enriquecer o solo em matéria orgânica.
MÓDULO IV
ii) Aumentar a capacidade de retenção da água no solo, tornando-o menos sensível à
secura, o que é particularmente importante em solos de textura ligeira;
iii) Constituir uma fonte de azoto, de enxofre e de outros nutrientes para as plantas e
melhora a capacidade de retenção daqueles no solo;
iv) Aumentar a capacidade de fixação de certos elementos tóxicos para as plantas que,
assim, os absorvem em menores quantidades;
v) Servir de suporte à atividade biológica do solo que é assegurada pela fauna e um MÓDULO V
grande número de microrganismos que fazem do solo um meio vivo;
vi) Contribuir para a fixação de dióxido de carbono (CO2), reduzindo a sua concentração
na atmosfera;
b) Fertilizar racionalmente as culturas, significa fazer uma fertilização racional das culturas,
MÓDULO VI
isto é aplicar ao solo ou à planta, nas épocas mais apropriadas e sob as formas mais
adequadas, os nutrientes que não se encontram disponíveis no solo, em quantidade
suficiente para obter uma boa colheita. Tal objetivo é normalmente atingido através de
três meios:
esperada;
40
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
ii) Correção da reação do solo, pois em solos muito ácidos é frequente as plantas
apresentarem sintomas de toxicidade ou de carência em elementos nutritivos.
Nestes solos existe um elevado risco de as culturas absorverem em excesso os
metais pesados, devido à sua elevada biodisponibilidade, incorporados aqueles
através de adubos ou de corretivos orgânicos, originando problemas de toxicidade.
MÓDULO I
A correção do excesso de acidez da terra é efetuada através da aplicação de
corretivos alcalinizantes, geralmente minerais, ou seja, através da aplicação de um
corretivo que permita a subida dos valores do pH do solo. A diminuição do pH do
solo, pelo contrário, é uma prática muito menos frequente por não ser, na maior
parte dos casos, economicamente viável;
MÓDULO II
que, com a dupla função de corretivo e fornecedor, ao mesmo tempo, de elementos
nutritivos para a cultura, é meio de sustento para a atividade metabólica da flora e
da fauna (macro, meso e micro) do solo e é um fator fundamental para aumentar a
capacidade de retenção de elementos nutricionais. Acresce que em situações de
toxicidade de alguns elementos para as culturas, como é por exemplo o caso do
cobre, a matéria orgânica assim veiculada pode dar um importante contributo para
atenuar, quiçá eliminar, tal efeito.
MÓDULO III
c) Mobilização reduzida ou nula no solo. Um solo compactado tem, em geral, uma massa
volúmica aparente elevada, um arejamento deficiente, menor disponibilidade dos
nutrientes, uma baixa capacidade de água utilizável, infiltrabilidade e permeabilidade
baixas, que dificultam a circulação da água e o desenvolvimento das raízes. Para
minimizar a compactação, deve-se:
MÓDULO IV
i) Evitar a passagem de máquinas em solo com excesso de água;
iii) Preferir a utilização de e/ou outras alfaias que não promovam o reviramento dos
perfis de solo;
iv) Recorrer a técnicas de sementeira direta sempre que haja experiência local com
MÓDULO V
bons resultados;
vii) Sempre que possível, realizar mais do que uma operação cultural numa mesma
passagem.
como, por exemplo, o gesso. A lixiviação dos sais solúveis é, em geral, acompanhada
41
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
da lixiviação de elementos nutritivos, nomeadamente nitratos, podendo ser necessário
tomar medidas para restaurar a fertilidade do solo.
e) Distribuição adequada das culturas é a base para evitar a erosão. Ter presente que:
MÓDULO I
as áreas planas ou pouco declivosas, como os cereais, e nunca devem ser feitas nos
terrenos declivosos;
iii) Culturas perenes (olivais, vinha, pomares), manter uma cobertura permanente do
MÓDULO II
solo com vegetação espontânea ou semeada, cortada regularmente é o que se
pretende e se designa por enrelvamento do solo1. Quando esta prática implica
riscos de incêndio, pode fazer-se uma gradagem superficial em maio/junho, de
modo a misturar a erva com a terra;
iv) Nas explorações com gado, os solos de meia encosta devem ser ocupados com
pastagens semeadas, ou pastagens naturais melhoradas, destinadas a pastoreio
direto ou ao corte para silagem;
MÓDULO III
v) Os terrenos de maior declive, geralmente delgados e sujeitos a processos de
erosão acelerados, devem ser, predominantemente, destinados à silvo-pastorícia
e, se tal for caso, à floresta ou vegetação natural.
MÓDULO IV
g) Utilização correta de produtos fitofarmacêuticos. A aplicação de produtos
fitofarmacêuticos deverá processar-se de modo a evitar a contaminação do solo
para não afetar significativamente os macro e micro-organismos responsáveis pela sua
fertilidade. A proteção das culturas deve seguir os princípios da Boa Prática Fitossanitária
e, sempre que possível, as recomendações da Proteção Integrada.
1 A prática da técnica de enrelvamento do solo será abordada com maior profundidade no Módulo IV –
Agricultura Biológica
2 Drenagem do solo é um processo de remoção do excesso de água dos solos de modo que lhes dê condições
de arejamento, estrutura e resistência. O seu objetivo é retirar o excesso de água proveniente das chuvas, ou
MÓDULO VI
proveniente de nascentes e linhas de água, que condicionem o desenvolvimento da cultura, podendo ser feita
com recurso a valas superficiais ou criando uma rede de valas subterrâneas com geodrenos, geotêxtil e cascalho
ou gravilha, naquilo que vulgarmente se designam de chouriços de drenagem.
3 Cobertura do solo é a prática de espalhar materiais orgânicos - como palha, composto, ou restos florestais –
sobre o solo ou entre o solo e as plantas cultivadas.
4 “Mulching” Consiste na aplicação de materiais no solo, os quais poderão ser orgânicos ou inorgânicos e
que pretendem reduzir a germinação das infestantes e de forma acessória reduzir a evapotranspiração e a
consequente perda de água do solo. Este tema é abordado com maior profundidade no Módulo IV – Agricultura
BIBLIOGRAFIA
Biológica.
42
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 13 - Técnica de enrelvamento
MÓDULO II
I.1.9. NUTRIÇÃO DAS PLANTAS
Quando se fala em nutrição de uma cultura, o que está em causa é a sua capacidade em
aceder aos nutrientes de que necessita para o seu crescimento, desenvolvimento e ou produção.
Considera-se nutriente, o elemento químico essencial ao crescimento e desenvolvimento das
plantas, elemento que não pode ser substituído nas suas funções por terceiros. O nutriente é
MÓDULO III
igualmente denominado por elemento nutritivo ou elemento fertilizante.
MÓDULO IV
e o silício foram apenas considerados nutrientes para algumas plantas superiores (Mengel e
Kirkby, 2001)
Para além dos nutrientes outros elementos químicos podem ter um efeito benéfico para
MÓDULO V
algumas plantas, razão pela qual podem por vezes ser considerados na fertilização daquelas.
Consideram-se benéficos, por exemplo, o selénio (Se) e o vanádio (V). Todavia, alguns
autores consideram o vanádio um micronutriente, o que significa que a classificação acima é
dinâmica, podendo integrar, a qualquer momento, o resultado de investigação realizada e do
conhecimento entretanto adquirido.
MÓDULO VI
As plantas são constituídas por água (70 a 90%) e 10 a 30% de matéria seca. Mais de 90%
desta matéria seca é composta por carbono (C), oxigénio (O) e hidrogénio (H), nutrientes que
as plantas absorvem diretamente do ar e da água. Os dois primeiros (C e O) representam,
cada um, cerca de 40% dos 90% da matéria seca, sendo a percentagem remanescente, de
H, bastante inferior à dos anteriores. Devido à fonte destes três nutrientes, não minerais, em
culturas ao ar livre é natural não existirem preocupações na satisfação das necessidades das
culturas nos mesmos. Em condições normais, os restantes nutrientes, essenciais ao crescimento
BIBLIOGRAFIA
e desenvolvimento das espécies vegetais, são absorvidos a partir da solução do solo. De entre
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
estes, por serem exigidos em maiores quantidades e por tal denominados macronutrientes,
encontramos o azoto ou nitrogénio (N), o fósforo (P), o potássio (K), o cálcio (Ca),o magnésio
(Mg), o enxofre (S), o sódio (Na) e o silício (Si). Os três primeiros por serem normalmente os
mais requeridos, denominam-se macronutrientes principais ou nutrientes primários, enquanto
os restantes, necessários em menores quantidades, se classificam como macronutrientes
MÓDULO I
secundários ou nutrientes secundários.
MÓDULO II
culturas, com consequências quer ao nível da produção quer da qualidade.
MÓDULO III
aplicação de adubos e/ou corretivos nas quantidades, épocas e formas mais adequadas,
preservando, simultaneamente, o ambiente. Isto é, dar resposta ao que aplicar, quanto aplicar,
quando aplicar e como aplicar, questões estas que para serem respondidas e permitirem a
elaboração de um adequado plano de fertilização, implica o conhecimento da cultura ou
rotação de culturas que está em causa, nível de produção esperado, conhecimento da parcela
onde a cultura vai ser realizada, práticas culturais (ex. sequeiro ou regadio e dentro deste a
possibilidade de fertirrega ou não), passado cultural, etc.
MÓDULO IV
Desta forma para se proceder a uma fertilização racional há que recorrer aos meios de
diagnóstico disponíveis como são a análise de terra, para avaliar o estado de fertilidade
do solo da parcela em causa, à análise foliar, para avaliar o estado de nutrição da cultura,
especialmente em espécies arbóreas e arbustivas, bem como a outros meios complementares.
Dentro destes há a referir a história da parcela, que descreve as características da cultura
(densidade de plantação, sistema de manutenção do solo, produção, etc.), bem como
MÓDULO V
as principais práticas culturais efetuadas (fertilização, rega, tratamentos fitossanitários),
informação esta a registar numa ficha informativa. A observação de sintomas visuais anómalos
na cultura em causa ou na que lhe antecedeu, a registar igualmente na ficha acima referida,
bem como a análise da água de rega, nas culturas regadas, para avaliar as suas características
de qualidade, são dois outros meios de diagnóstico passíveis de ser utilizados. Dentro destes,
a análise da água permite avaliar a sua qualidade para a rega e sendo esta aprovada, dar
informação sobre a eventual necessidade da sua correção, permitindo contabilizar não só os
MÓDULO VI
nutrientes por ela naturalmente veiculados ou nutrientes de constituição, bem como de outros
que lhe sejam adicionados, nomeadamente por corretivos a ela aplicar para corrigir uma ou
mais características desfavoráveis. Integram-se neste caso o azoto e ou o fósforo aplicados
para corrigir o seu pH e ou o seu índice de saturação (IS), nomeadamente através da adição
de ácido nítrico ou ácido fosfórico, respetivamente (Jordão et al., 2020). Em algumas espécies,
especialmente fruteiras, poder-se-á ainda recorrer à análise de frutos, especialmente
em pomóideas, cujo objetivo principal será, neste caso, avaliar o risco de ocorrência de
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
desequilibrada em nutrientes, nomeadamente em cálcio e sua relação com outros (N/Ca; K/
Ca; Mg/Ca), ou mesmo em boro (Jordão, 2020). Para o efeito, é essencial que o critério de
amostragem de frutos do ou dos calibres dominantes seja seguido. A análise dos frutos pode
ter outros objetivos, nomeadamente o de dar um contributo para a determinação do estado
de maturação e com esta permitir uma melhor definição da data de colheita. Neste caso
MÓDULO I
não será a determinação da sua composição mineral a pretendida, mas a do valor de outros
parâmetros. Para mais detalhes sobre as Normas de colheita de amostras de frutos, consultar:
https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS091_Colheita-amostras-frutos.pdf
MÓDULO II
de terra, de amostras de folhas e de amostras de água de rega a utilizar como meios de
diagnóstico. Nestes documentos são igualmente sugeridas as determinações a solicitar nos
diferentes materiais. De referir que o recurso a um ou mais dos meios de diagnóstico acima
mencionado é obrigatório ou recomendado quando as culturas estão em Modo de Produção
Integrada (PRODI) ou em Modo de Produção Biológico (MPB) - confira o Decreto-Lei nº 37/2013
de 13 de março, bem como as Portarias nºs 25/2015 de 9 de fevereiro e Portaria nº 153/2015 de
27 de maio, respetivamente:
MÓDULO III
https://files.dre.pt/1s/2013/03/05100/0160801619.pdf
https://files.dre.pt/1s/2015/02/02700/0078100789.pdf
https://files.dre.pt/1s/2015/05/10200/0314803156.pdf
O recurso a estes meios de diagnóstico está igualmente previsto, com carácter obrigatório,
para a fertilização das culturas situadas em Zonas Vulneráveis à poluição das águas causada
MÓDULO IV
por nitratos de origem agrícola (Portaria n.º 259/2012 de 28 de agosto:
https://files.dre.pt/1s/2012/08/16600/0477204795.pdf
MÓDULO V
público se espera para breve. Sendo este um documento de referência, é de ter presente que
a fertilização das culturas e sistemas culturais situadas em Zonas Vulneráveis devem seguir as
normas previstas no “Código de Boas Práticas Agrícolas para a proteção das águas contra a
poluição com nitratos e fosfatos de origem agrícola” (Despacho n.º 1230/2018, DR 25/2018,
Série II de 2018-02-05), que são obrigatórias, não se podendo ultrapassar os limites de unidades
fertilizantes previstos na Portaria nº 259/2012 ou noutra disposição legal que a venha substituir.
MÓDULO VI
A anteceder esta descrição, de referir que Mengel & Kirkby (2001) classificaram os nutrientes
em quatro grupos.
de oxi-redução.
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
O segundo grupo é composto pelo P e o B, e em algumas culturas pelo Si, nutrientes que
participam nos processos de transferência de energia nas plantas.
O terceiro grupo é formado pelo K, Mg, Ca, Mn, Cl e Na, considerados nutrientes
responsáveis pela atividade enzimática, pela manutenção do potencial osmótico, no balanço
MÓDULO I
de iões e no potencial elétrico, especialmente o K e Mg.
O último grupo é integrado pelo Fe, Cu, Zn e Mo, que atuam em sistemas enzimáticos e
também participam no transporte de eletrões (Fe e Cu) para diversos sistemas bioquímicos.
De uma forma sumária apresentar-se-á a função dos diferentes nutrientes minerais nas
plantas.
MÓDULO II
• Azoto ou nitrogénio (N)
MÓDULO III
raminhos e folhas).
• Fósforo (P)
O fósforo, tal como o azoto, encontra-se envolvido em muitos dos processos fisiológicos
fundamentais das plantas, sendo indispensável à germinação das sementes, à realização
da fotossíntese e à formação das proteínas, intervindo em quase todos os processos do
crescimento e do metabolismo das plantas. Entra na composição dos ácidos nucleicos.
MÓDULO IV
Promove a floração, a formação dos frutos e o crescimento das raízes (que tendem a ser
mais numerosas nas zonas mais ricas em fósforo). Melhora a qualidade dos frutos, das
culturas hortícolas e dos grãos, bem como a eficiência do uso da água.
• Potássio (K)
• Cálcio (Ca)
• Magnésio (Mg)
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
processo da fotossíntese, na ativação de enzimas da respiração, síntese de ácidos
nucleicos, para além de desempenhar outras funções essenciais ao crescimento e
desenvolvimento das espécies vegetais.
• Enxofre (S)
MÓDULO I
Constituinte de duas proteínas, o enxofre encontra-se envolvido em diversos processos
fisiológicos das espécies vegetais, entre os quais se refere o seu envolvimento no de
fixação simbiótica do azoto, no caso das leguminosas, e a produção de sementes. É
ainda necessário no processo de síntese da clorofila.
• Sódio (Na)
MÓDULO II
O sódio é importante em algumas espécies vegetais com fotossíntese em C4 ou CAM
(que integram culturas como o milho e a cana-de-açúcar, ou o abacaxi e a figueira da
índia, respetivamente, sem que tal signifique que o milho se ressinta sem a aplicação
de Na), na absorção do CO2. O sódio pode ser igualmente benéfico para plantas em
C3. Relevante ainda na síntese de glucose e sua transformação em frutose, na beterraba
sacarina. Contribui para o aumento da eficiência do uso da água.
MÓDULO III
• Silício (Si)
MÓDULO IV
• Ferro (Fe)
• Manganês (Mn)
• Zinco (Zn)
MÓDULO VI
O zinco é importante nas primeiras fases das culturas, bem como na formação do grão
e das sementes. É essencial na formação da clorofila e na produção de substâncias de
reserva. Está envolvido em funções enzimáticas similares às ativadas pelo Mg e Mn.
Regula ainda a biossíntese das auxinas.
• Cobre (Cu)
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
atividade enzimática, especialmente nas envolvidas nas reações redox. Participa no
metabolismo das proteínas e dos hidratos de carbono, assim como na fixação do azoto.
• Boro (B)
MÓDULO I
Envolvido em atividades como a divisão, o crescimento, diferenciação, maturação ou
respiração celulares. Para além da sua importância na manutenção da integridade
das paredes celulares, a presença de boro é essencial aos processos de floração e
frutificação, bem como ao metabolismo dos hidratos de carbono e das proteínas.
• Cloro (Cl)
O cloro é encontrado nas plantas como cloreto (Cl-). Necessário para reações
MÓDULO II
fotossintéticas, nomeadamente para a etapa em que, tal como acontece com o Mn, o
O2 é obtido a partir da foto-oxidação da água. Contribui para a manutenção da turgidez
celular, como no caso das células estomáticas.
• Molibdénio (Mo)
MÓDULO III
no metabolismo do azoto, para além do seu papel na fixação simbiótica deste nutriente
nas leguminosas. Indispensável ao funcionamento do rizóbio. É ainda fundamental na
viabilização do pólen e na produção de semente.
• Níquel (Ni)
MÓDULO IV
azoto é constituinte da hidrogenases.
• Cobalto (Co)
a mobilidade dos nutrientes naquelas não é sempre idêntico, dependendo, por exemplo, da
existência de certos compostos, como ocorre em macieiras e pereiras, por exemplo, em que
o boro forma complexos com o sorbitol sintetizado pelas folhas, migrando facilmente destas
para outros pontos de consumo, mas também porque as exigências em nutrientes para funções
específicas nas diferentes culturas ou suas variedades poder ser distinta. É assim normal que
para além da classificação apresentada na Tabela 12 sobre a mobilidade dos nutrientes nas
plantas, outras existam, porventura diferentes, traduzindo as particularidades das espécies
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Elevada Intermédia Baixa
MÓDULO I
Fósforo (P) Cobre (Cu) (Boro - (B)*
Enxofre (S) Níquel (Ni)
Azoto ou nitrogénio (N) Molibdénio (Mo)
Cloro (Cl) (Manganês – (Mn)*
Sódio (Na) (Boro - (B)*
Tabela 12 - Mobilidade dos nutrientes na planta (floema) | Adaptado de Varennes (2003)
*a mobilidade do Mn e do B dependem da espécie vegetal
MÓDULO II
• Azoto ou nitrogénio
MÓDULO III
das plantas mostra cloroses, especialmente nas folhas mais velhas, que pode mesmo
levar à queda das folhas. Pode ocorrer também uma maior síntese da antocianina,
levando à acumulação deste pigmento nos vacúolos, conduzindo a uma coloração
púrpura. Este aspeto tem sido observado, por exemplo, em folhas de pessegueiros. Na
Figura 14 apresenta-se uma foto da carência de azoto em folha de videira e na Figura
15 numa folha de milho.
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 14 - Sintoma de carência de azoto em folha
de videira | Fonte: https://acientistaagricola.pt/
macronutrientes-na-vida-das-plantas/
• Fósforo
mais velhas (numa primeira fase) associadas ao aparecimento da cor púrpura, devido à
acumulação de antocianinas. A carência de fósforo leva à coloração purpúrea das folhas
(Figura 15) e dos caules, a atraso no crescimento e na maturação. Com frequência,
provoca também a queda prematura de flores e frutos, levando a quebras nas produções
esperadas. Teores excessivos de fósforo no solo, por sua vez, tendem a reduzir a massa
radicular.
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
velhas (primeiramente) associadas ao aparecimento da cor púrpura, devido ao acúmulo
de antocianina. O excesso de fósforo nas culturas não é frequente.
• Potássio
MÓDULO I
O primeiro sintoma de carência de K é a clorose marginal, que evolui para necrose a
partir do ápice, inicialmente nas folhas mais velhas. O potássio é móvel no interior da
planta, pelo que os sintomas de deficiência geralmente surgem, em primeiro lugar,
nas folhas mais velhas que ficam amarelas ou com necroses nas margens (Figura 15).
A deficiência de potássio reduz as produções das culturas agrícolas e a sua qualidade.
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 15 - Alguns sintomas da carência de nutrientes e de outros
distúrbios observados em folhas de milho | Fonte: https://
agriculturaemar.com/deficiencia-de-nutrientes-nas-plantas-sabe-
quais-sao-os-principais-sintomas/
MÓDULO IV
MÓDULO V
• Cálcio
MÓDULO VI
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
redução dos crescimentos e baixo poder de conservação dos frutos.
• Magnésio
MÓDULO I
veias) que ocorre primeiro nas folhas mais velhas, que se inicia na margem das folhas
(periferia) até à nervura central, conduzindo, nalgumas espécies, a uma clorose em V
invertido. Esta clorose resulta do fato da clorofila (molécula constituída por Mg) das
nervuras não ser afetada, mantendo-se com um tom normal de verde, enquanto a
clorofila entre as nervuras (mesófilo) fica de um verde pálido que pode evoluir para
amarelo quando a clorose é mais grave. Nalgumas espécies, a deficiência de magnésio
manifesta-se através do avermelhamento dos limbos, como é o caso das castas tintas
MÓDULO II
da videira e, noutros casos, como nas folhas do milho, através do amarelecimento do
tecido entre as nervuras da folha, devido aos seus baixos teores de clorofila (Figura 15).
Na Figura 17 apresenta-se um aspeto da evolução desta carência em folhas de vinha. O
excesso de magnésio é raro.
MÓDULO III
Figura 17 - Sintomas de carência de Mg observadas em folhas de vinha
MÓDULO IV
Fonte: LQARS
• Enxofre
O enxofre (S), tal como o N, é constituinte das proteínas. Assim, muitos dos sintomas
de carência são semelhantes aos apresentados pela carência de N, incluindo clorose,
redução no crescimento e acumulação de antocianinas. A clorose, no entanto, aparece
primeiro nas folhas mais jovens, consequência da baixa mobilidade do S em algumas
MÓDULO V
plantas. Todavia, em algumas outras, a clorose ocorre ao mesmo tempo em todas as
folhas ou pode até iniciar nas folhas mais velhas. Em situações mais graves, toda a
planta se mostra amarelecida.
• Sódio
• Silício
Plantas deficientes em silício são mais suscetíveis à acama e a infeções provocadas por
fungos.
• Ferro
A carência de Fe, tal como a de Mg, apresenta-se como uma clorose entre nervuras.
BIBLIOGRAFIA
A de Fe, no entanto, ocorre primeiro nas folhas mais novas devido à sua baixa
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
mobilidade. A deficiência (designada por clorose férrica) surge em solos de pH elevado,
sendo frequente em solos com carbonatos ou que foram sujeitos a calagens excessivas
(sobre calagem). Outros fatores, geralmente associados à ocorrência de sintomas de
deficiência de ferro, referem-se a eventuais desequilíbrios existentes no solo entre os
teores de ferro e os de molibdénio, cobre ou manganês, teores excessivos de fósforo
MÓDULO I
ou baixos níveis de matéria orgânica. Os sintomas de deficiência caracterizam-se, de
um modo geral, pelo amarelecimento das folhas, mantendo as nervuras verdes.
• Manganês
MÓDULO II
solos com valores elevados de pH e em solos com elevados teores de matéria orgânica.
Pode, igualmente, encontrar-se associada a teores excessivos de fósforo. Na Figura 18
apresentam-se sintomas de carência de Mn observadas em folhas de soja. Por outro
lado, os solos ácidos apresentam muitas vezes teores muito elevados de manganês,
podendo causar problemas de toxicidade em várias culturas.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 18 - Sintomas de carência de Mn em folhas de soja |
Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-1- Sintomas-
de-deficiencia-de-manganes-em-soja-A-disponibilidade-de-
Mn-aumenta_fig1_305659319
• Zinco
MÓDULO V
auxinas. A carência de zinco ocorre com frequência em solos pobres no micronutriente,
especialmente se forem muito ricos em fósforo, de elevado pH ou em solos arenosos
ou sujeitos a erosão severa. Uma vez que o zinco é relativamente imóvel na planta, os
sintomas de carência surgem geralmente, em primeiro lugar, nas folhas mais jovens,
MÓDULO VI
https://www.haifa-group.com/pt/guia-de-cultura-necessidades-
nutricionais-da-batata
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
com clorose entre nervuras. Reduz o tamanho das folhas mais jovens, provocando por
vezes a sua deformação. Na Figura 19 apresenta-se uma imagem desta insuficiência na
batateira.
• Cobre
MÓDULO I
O sintoma inicial de carência de cobre é existência de folhas verde-escuras, que
podem conter manchas necróticas. Sob deficiência severa as folhas podem cair
prematuramente. A ocorrência de situações de deficiência são raras. As situações de
excesso, quiçá de toxicidade, ocorrem com certa frequência nos solos ácidos, com
baixos teores de matéria orgânica, ocupados há longos anos com vinha, pomares ou
olivais, associadas à aplicação de produtos fitofarmacêuticos à base de cobre. Alguns
MÓDULO II
elementos nutritivos, como o zinco, o fósforo e o ferro, se presentes em elevadas
concentrações no solo, podem diminuir a absorção deste nutriente.
• Boro
MÓDULO III
baixa mobilidade em muitas espécies de plantas. A dominância apical pode também
ser perdida e a planta pode ficar muito ramificada. Deficiente floração e vingamento
dos frutos. Além disso, estruturas como frutos e tubérculos podem exibir necroses
ou anomalias relacionadas com a degradação de tecidos internos. As situações de
carência surgem, assim, com certa frequência, nos solos arenosos, onde os teores
de boro são baixos, ou em solos calcários, com uma relação Ca/B desfavorável. A
formação de entrenós curtos e a deformação das folhas que podem apresentar um
MÓDULO IV
aspeto “enconchado” são alguns aspetos que podem igualmente manifestar-se em
situações de carência, tal como a apresentação de frutos pequenos, deformados e
sem valor comercial. São ainda relativamente frequentes as situações de toxicidade,
frequentemente associadas a aplicações excessivas do nutriente. Alguns sintomas como
a clorose e posterior necrose de folhas podem ser confundidos com a apresentada em
situações de carência.
MÓDULO V
Na Figura 20 apresentam-se dois aspetos da carência de boro na videira, afetando a
primeira as folhas que apresentam o aspeto “enconchado” acima referido e a segunda
os bagos de um cacho, alguns dos quais se apresentam” rachados”.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
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ÍNDICE
• Cloro
Em face de sua alta solubilidade e distribuição nos solos, não se tem sido verificado a
carência de Cl- em plantas. Em ambientes salinos as plantas podem acumular cloreto
nas folhas a níveis tóxicos, produzindo a necrose de tecidos foliares.
MÓDULO I
• Molibdénio
A carência de molibdénio pode parecer-se como de azoto se a fonte deste for o nitrato
ou se a planta depende da fixação biológica de N2 (simbiose). A carência de molibdénio
origina fraca nodulação das raízes. A carência de molibdénio é referida com alguma
frequência nalgumas culturas, muitas vezes como resultado de desequilíbrios na
MÓDULO II
fertilização praticada, com doses elevadas de nitratos e sulfatos. Embora a necessidade
das plantas em Mo seja pequeno, tem-se verificado a sua carência no campo,
especialmente em solos de reação ácida, ao contrário do que acontece com a de outros
micronutrientes como o Fe, Mn ou Zn.
• Níquel
MÓDULO III
a única enzima que necessita de Ni como cofator enzimático nas plantas superiores,
plantas deficientes em Ni acumulam ureia nas folhas, o que pode causar necrose no
ápice.
• Cobalto
MÓDULO IV
novas. Ocorre em solos muito arenosos, solos derivados de rochas ígneas ácidas, solos
muito calcários ou solos turfosos. A carência é favorecida em solos de reação neutra ou
alcalina.
Na Figura 15 pode observar-se que para além de sintomas de carência de nutrientes como
o azoto, fósforo, potássio e magnésio, surgem outro tipo de perturbações nas folhas como a
resultante da falta de água, da incidência de uma doença provocado por um fungo (ferrugem)
MÓDULO V
ou em consequência de uma aplicação menos cuidada de químicos. Estes aspetos sublinham a
relativa fragilidade desta forma de diagnóstico de sintomas, pois para além dos já referidos não
se pode excluir a ocorrência de mais do que um desequilíbrio, quer por insuficiência quer por
excesso ou ambos, e a multiplicidade de situações que podem conduzir a aspetos anómalos
nas plantas (frio, gelo, ventos fortes, pragas, etc.), que mais do que permitir uma identificação
segura da causa real de tais anomalias, se deve considerar como um alerta sobre algo que não
está bem com a cultura. Tenha-se presente que o diagnóstico de sintomas de desequilíbrios
MÓDULO VI
efetuada exclusivamente por apreciação visual é, para quem tem menos experiência, uma
conhecida fonte de erros pelo que, mesmo para os mais conhecedores, não dispensa que tal
confirmação seja feita através do recurso a outros meios de diagnóstico, nomeadamente da
análise foliar (ou de tecidos vegetais), desejavelmente complementada por outros como seja
a análise de terra. Acresce que, casos existem em que os sintomas de carência podem ser
similares aos de excesso. O do boro, na oliveira, é um destes casos. Porém, o concurso de dois
ou mais meios de diagnóstico é sempre recomendável, pois todos eles, não obstante as suas
BIBLIOGRAFIA
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
I.1.11. MATÉRIAS FERTILIZANTES
Segundo o Decreto-Lei 103/2015, consideram-se matérias fertilizantes os adubos,
os corretivos e os produtos especiais. Dentro daquelas, e segundo o mesmo diploma, são
matérias fertilizantes não harmonizadas, as matérias fertilizantes que não sejam alvo de
MÓDULO I
regulamentação específica da União Europeia e que pertençam a algum dos tipos incluídos
no anexo I ao presente diploma, do qual faz parte integrante. Neste está contemplado o
composto ou compostado.
Dito isto, é necessário esclarecer que nos últimos anos as regras a que o país tinha de obedecer
sobre a colocação no mercado de matérias fertilizantes, assegurando a execução na ordem jurídica
interna das obrigações decorrentes do Regulamento (CE) n.º 2003/2003, do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 13 de outubro de 2003, relativo aos adubos minerais, constavam no Regulamento
MÓDULO II
acima identificado, enquanto as restantes matérias fertilizantes se regiam pelo disposto no citado
Decreto-Lei nº 103/2005 (https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/103-2015-67485179). A partir de
16/07/2022 entrará plenamente em vigor o Regulamento (UE) 2019/1009 do Parlamento Europeu
e do Conselho de 5 de junho de 2019, contemplando agora os fertilizantes orgânicos, para
além dos fertilizantes minerais e outros (https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/%20
PDF/?uri=CELEX:32019R1009&from=LT).
Com a entrada em vigor deste Regulamento que estabelece regras relativas à disponibilização
MÓDULO III
no mercado de produtos fertilizantes UE e que altera os Regulamentos (CE) nº 1069/2009 e
(CE) nº 1107/2009, não só será revogado o Reg. (CE) nº 2003/2003, como é expectável que, a
nível nacional, o Decreto-Lei nº 103/2015 venha a ser revisto. De notar, por exemplo, que o
Regulamento (UE) 2019/1009 passará a incluir uma classe de matérias fertilizantes denominada
Bioestimulante microbiano para plantas, que pode integrar microrganismos como o rizóbio e
as micorrizas, amplamente referidos em I.1.6.2. e que há várias décadas são utilizados no nosso
país, respetivamente, na inoculação de sementes de leguminosas com estirpes selecionadas de
MÓDULO IV
rizóbios adequadas à cultura em causa ou, porventura com bem menor expressão, em videiras
e fruteiras previamente micorrizadas, antes da sua plantação. A este propósito refira-se que o
Decreto-Lei nº 103/2015 apenas contemplava a possibilidade de uso do rizóbio, classificado como
um biofertilizante.
Após esta introdução e seguindo o mesmo princípio utilizado em I.1.10., far-se-á uma
chamada da atenção para alguns diplomas legais a ter em devida conta na utilização das
diferentes matérias fertilizantes, para além dos referidos até agora.
Tendo presente que os solos nacionais são dominantemente ácidos e que houve uma MÓDULO V
alteração na legislação sobre a forma de cálculo do valor neutralizante dos corretivos
alcalinizantes desde a publicação do Reg. (UE) nº 463/2013 da Comissão e do Decreto-Lei
nº 103/2015, sugere-se que para a aplicação daqueles corretivos se tenha em devida conta o
expresso em Rebelo et al. (2021).
No que respeita às matérias fertilizantes orgânicas, é de referir que a utilização dos efluentes
MÓDULO VI
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ÍNDICE
No que se refere às lamas de depuração, o cálculo da quantidade de nutrientes que
veiculam nem sempre tem sido pacífico. As dúvidas existentes encontram-se, no nosso
entender, esclarecidas por Sempiterno et al. (2021).
I.1.12. DESERTIFICAÇÃO
MÓDULO I
Como tem sido referido ao longo do texto, a matéria orgânica do solo é extremamente importante
como forma de sequestro de carbono (recorde-se que 58% daquela é carbono), assim como é
relevante para a biodiversidade do solo (FAO, 2017), bem como para a biodiversidade animal acima
deste (FAO, 2021). Normalmente menos falado, embora já referido no presente texto, um dos riscos
a que o solo está sujeito é o da desertificação (I.1.; I.1.7.).
MÓDULO II
Segundo o ICNF, 2015, de acordo com a Convenção das Nações Unidas de Combate à
Desertificação nos Países Afetados por Seca Grave e ou Desertificação, particularmente em África
(CNUCD), a “desertificação” corresponde à degradação das terras nas zonas áridas, semiáridas e
sub-húmidas secas, em resultado da influência de vários fatores, incluindo a variabilidade climática
e as atividades humanas. A desertificação, enquanto forma extrema de degradação do solo, resulta
em graves prejuízos para todas as funções do solo.
MÓDULO III
à desertificação, afetou 58 % do território do Continente nos últimos três decénios (1980/2010),
enquanto na série de 1960/90 tal afetação era de 36 %, sendo incluídas nesta expansão de 22%
sobretudo as áreas do Sul e do interior Centro e Norte. Por outro lado, numa série climática para
o último decénio (2000/2010) é considerado como suscetível à desertificação cerca de 63 % do
território do Continente (ICNF, 2015).
A questão da desertificação deve ser ainda encarada nas suas múltiplas dimensões. Segundo
o ICNF, 2015 há a considerar: a) as questões climáticas, em particular a aridez e as secas; b)
MÓDULO IV
a degradação dos solos, influenciando a perda de produtividade das terras; c) a pobreza, fator
socioeconómico mais relevante da desertificação, associando-se a fenómenos de despovoamento
humano e a migrações. Está-se, pois, perante um problema que só pode ser considerado como
relevante.
a partir do CO2 da atmosfera fixam o carbono e libertam o oxigénio. Não esquecer, como referido
em I.1.9., que as plantas são constituídas em cerca de 40% por carbono, dando o seu contributo
para o combate e ou mitigação do efeito das alterações climáticas, contribuindo, simultaneamente,
para o aumento da biodiversidade, quer no solo quer acima deste. Acresce que, com o recurso
às melhores técnicas disponíveis, a aplicação de matérias fertilizantes orgânicas como compostos,
ou compostados, efluentes pecuários, lamas de depuração, ou outros fertilizantes orgânicos
de qualidade, contribuirá para o aumento da fertilidade do solo, combatendo ou mitigando,
simultaneamente, a tendência para a desertificação. Deste modo, o enriquecimento do solo
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
perda da biodiversidade e ao combate à desertificação, sendo assim uma medida comum às três
Convenções do Rio de Janeiro que, sob o nome de Cimeira da Terra, decorreu nesta cidade em
junho de 1992.
O solo, para além de todas as suas outras funções, é responsável pela produção de 95% dos nossos
alimentos. Estima-se que em 2050 a população seja de 9,3 mil milhões de pessoas, o que implicará
MÓDULO I
a necessidade de um acréscimo de cerca de 60% da produção agrícola. A par desta necessidade,
constata-se que existe uma percentagem apreciável de solos degradados, num processo que
urge conter, primeiro, e recuperar, depois. Por outro lado, é de ter presente que a fertilização foi
responsável por 55% dos acréscimos de produção nos países em desenvolvimento, observados nos
últimos 30 anos do século XX (FAO, 1998).
Uma agricultura responsável só o será se, para além da produção de bens, tenha em devida
MÓDULO II
conta a preservação ou melhoria da qualidade dos solos e respeito pelo ambiente.
I.2 – O CLIMA
Clima, refere-se ao estado físico característico da atmosfera de um dado local ou região
durante um período alargado de tempo, geralmente, 30 anos ou superior, sendo descrito
por estatísticas tais como médias e medidas de dispersão dos valores dos elementos
MÓDULO III
meteorológicos (Abreu, 2018), designadamente a temperatura e a humidade do ar, a
precipitação, a nebulosidade e o vento. Por seu lado o Clima poderá traduzir-se pelo conjunto
de todos os estados que a atmosfera pode ter num determinado local, durante um tempo
longo, mas definido, em geral 30 anos.
MÓDULO IV
• Clima Seco;
• Clima Temperado com inverno suave;
• Clima Temperado com inverno rigoroso;
• Clima Polar.
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
A classificação é baseada no pressuposto, com origem na fitossociologia e na ecologia, de
que a vegetação natural de cada grande região da Terra é essencialmente uma expressão do
clima nela prevalecente. Assim, as fronteiras entre regiões climáticas foram selecionadas para
corresponder, tanto quanto possível, às áreas de predominância de cada tipo de vegetação,
razão pela qual a distribuição global dos tipos climáticos e a distribuição dos biomas apresenta
MÓDULO I
elevada correlação (Alvares et al., 2013). Cada grande tipo climático é denotado por um código,
constituído por letras maiúsculas e minúsculas, cuja combinação denota os tipos e subtipos
considerados.
Conforme convencionado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), o clima é
caracterizado pelos valores médios dos vários elementos climáticos num período de 30 anos,
designando-se valor normal de um elemento climático o valor médio correspondente a um
número de anos suficientemente longo para se admitir que ele representa o valor predominante
MÓDULO II
daquele elemento no local considerado.
O fato de a atividade agrícola ser na sua grande maioria a céu aberto, faz com que o
sucesso da sua rentabilidade esteja facilmente dependente entre outros fatores, das condições
meteorológicas.
Tal situação poderá traduzir-se em perdas de produção no campo, por exemplo, pela
redução da taxa fotossintética, pela intensificação da respiração e transpiração ou até na
MÓDULO III
alteração do ciclo das culturas.
Para conhecimento do clima de um dado local o IPMA disponibiliza atualmente informação
de 150 estações meteorológicas automáticas, sendo que estes dados podem ser sempre
corrigidos com a existência das estações meteorológicas em casa do agricultor.
Com diferentes modelos e características, hoje uma estação (Figura 22) montada na
exploração agrícola é um equipamento multifuncional que permite, além de detetar valores
como a direção do vento, velocidade do vento, temperatura, humidade relativa e índice de
MÓDULO IV
pluviosidade, realizar também o registo ou memorização de tais valores. Pode selecionar
o intervalo de medição da estação meteorológica, transferir os dados memorizados desde
a estação a um computador ou aplicativo móvel e criar avisos de alerta para determinadas
condições definidas. É também frequente este tipo de equipamento permitir a ligação de
sensores para avaliação das condições de temperatura e humidade do solo.
MÓDULO V
MÓDULO VI
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Outra alternativa é a contratação de serviços de estações meteorológicas online que
reúnem informação de várias estações físicas e a disponibilizam-na consolidada. A qualidade
desta informação pode naturalmente depender da proximidade ou afastamento do local às
estações de referência.
MÓDULO I
I.2.1. ELEMENTOS METEOROLÓGICOS
Os elementos meteorológicos são variáveis que caracterizam o clima de uma determinada
região, ou seja, são os fenómenos que compõem o clima, nomeadamente a temperatura,
humidade do ar, precipitação, pressão atmosférica, nebulosidade, radiação solar e o vento.
Estes elementos, por sua vez, afetam a agricultura de várias maneiras, ora contribuindo para
o aumento da produção, ora dificultando um bom desempenho das culturas. Além disso, a
MÓDULO II
combinação desses elementos pode intensificar efeitos negativos sobre a agricultura. Assim,
por exemplo, a combinação de ventos fortes com baixas temperaturas pode trazer sérios danos
à vegetação em desenvolvimento. Por sua vez, e dependendo da época do ano, temperaturas
muito elevadas associadas à baixa pluviosidade (pouca chuva) podem condicionar a floração e
o crescimento dos frutos. Dessa forma, os excessos ou a baixa incidência desses fatores podem
facilmente representar quebras na produção agrícola. Além disso, a intensidade das perdas
é variável consoante as culturas, isto é, algumas sofrem mais que outras sob determinadas
MÓDULO III
condições.
Segue-se uma breve descrição dos principais elementos meteorológicos:
a) Temperatura
A temperatura do ar é um parâmetro fundamental para os processos biológicos relacionados
com o desenvolvimento dos estados fenológicos das culturas e o bem-estar dos efetivos
pecuários.
MÓDULO IV
A temperatura não é uma medida de calor, mas pode expressar-se pela sensação de calor
ou frio sentida pelo corpo humano resultado da transferência de energia térmica entre dois
ou mais sistemas. A unidade básica de temperatura no Sistema Internacional de Unidades é
o kelvin (K), sendo frequente o registo em graus Celsius (ºC) (0 K equivale a -273,15 °C) ou
Fahrenheit (ºF) (1 K equivale a -457.87 ºF).
i) Instrumentos de medição
Termómetro e termógrafo – Aparelho que mede a temperatura ou mede e regista a MÓDULO V
temperatura, respetivamente. Torna-se assim possível conhecer as temperaturas máximas e
mínimas em cada dia (Figura 23).
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
Amplitude térmica é a diferença entre o valor da temperatura máxima e a temperatura
mínima determinadas num dado momento e num dado local.
MÓDULO I
Se os valores considerados forem os valores das temperaturas médias então a amplitude
térmica é também o valor médio desse parâmetro.
O ano de 2020 foi o 4º ano mais quente dos últimos 90 anos em Portugal continental
(Figura 24), classificando-se como muito quente e seco, com uma temperatura média do ar de
16,22 °C, mais 0,96 °C em relação ao valor normal 1971-2000 desde 1931.
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 24 - Anomalias da média da temperatura do ar média anual, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000 |
Fonte: IPMA, 2020b
A título de exemplo, na Tabela 13, podemos verificar que as culturas no distrito de Portalegre
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 25 - Temperaturas acumuladas 2018 no período de outubro de 2018 a dezembro de 2019 - Boletim Meteorológico para a
Agricultura - Temperaturas acumuladas calculadas para a temperatura base de 0 °C para o ano hidrológico (outubro de 2018 a
dezembro de 2019) | Fonte: IPMA, 2019a
avanço/atraso avanço/atraso
Bragança 562,7 1,0 382,7 1,6
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ÍNDICE
N.º dias N.º dias
Tb=0ºC Tb=6ºC
avanço/atraso avanço/atraso
Portalegre 674,8 1,9 494,8 2,6
MÓDULO I
Beja 680,9 0,5 500,9 0,7
MÓDULO II
Muitas plantas nomeadamente as fruteiras de folha caduca para quebrarem a dormência
em que imergem no outono, necessitem de ser submetidas a um período de frio, mais ou
menos consecutivo, e mais ou menos longo, consoante o clima da região de onde essas
variedades são originárias. Em especial, os fruticultores conhecem bem a importância dos
“requisitos de frio” ou “vernalização”, que na prática se traduzem por todo o período de 60
minutos consecutivos em que a temperatura atmosférica é inferior a 7,2ºC.
MÓDULO III
do ar próxima do 0ºC ou abaixo), em especial a data média da última geada de cada ano que
aponta o fim do inverno (período de maior risco). As geadas reduzem a eficiência da polinização
e podem provocar a queima de rebentos ou flores. Este parâmetro agrometeorológico
permite a criação de mapas (Figura 26) para o zonamento de culturas e variedades de acordo
as necessidades de frio.
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
Assim, se por exemplo uma variedade de mirtilo, framboesa ou de groselha, exigir 800
horas de frio, ela não deve ser plantada numa região onde, em média, ocorra uma acumulação
de, 600 horas abaixo de 7,2ºC no período Invernal. A título de exemplo a Tabela 14 mostra os
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
Fruteira Variedade Horas de Frio
MÓDULO I
“Norte” > 800 horas
MÓDULO II
Groselheiras ----- 700 – 1500 horas
b) Humidade do ar
MÓDULO III
A humidade do ar é a quantidade de água presente no ar atmosférico em forma de vapor.
i) Ocorrência de orvalho
O orvalho consiste na condensação de água sobre uma superfície a partir do ar confrontante
quando se atinge o ponto de saturação (Abreu, 2019). Sempre que a temperatura da superfície
for mantida negativa e mais baixa do que a do ponto de saturação do ar ocorre a deposição de
gelo por congelamento do orvalho. Esta deposição de gelo ou geada branca tem tendência a
MÓDULO IV
ocorrer durante a noite sempre o balanço da radiação da superfície é muito negativo, existem
condições de humidade atmosférica alta e velocidade do vento baixa, mas com alguma
renovação do ar junto à superfície. Como consequência, a duração do período molhado de
uma superfície é determinante para prever a probabilidade de ocorrência de determinada
doença e permitir definir a aplicação de tratamentos preventivos.
Chama-se precipitação ou pluviosidade à água em forma de gotículas ou de cristais de
gelo que provém da atmosfera e atinge a Terra. A precipitação pode ter a forma de: chuva,
MÓDULO V
chuvisco, neve, granizo, saraiva, nevoeiro, neblina, orvalho, geada ou sincelo.
A precipitação acumulada permite compreender a disponibilidade de água e melhorar a
sua gestão na exploração agrícola.
Em Portugal Continental, no ano de 2020 o valor médio de precipitação total anual, foi
de 746,8 mm, o que corresponde a cerca de 85% do valor normal no período de 1971-2000
(Figura 27). O maior valor da quantidade de precipitação (em 24h) foi registado em Portalegre,
MÓDULO VI
150.1 mm (outubro).
A evapotranspiração resulta da combinação dos fenómenos de evaporação1 e transpiração2
1 Evaporação (físico): Passagem da água superficial e humidade do solo (líquido) para o estado gasoso. Fatores
condicionantes: Existência da energia suficiente (radiação solar) para a alteração de fase; temperatura do ar e da
superfície água; velocidade do vento; pressão atmosférica; substâncias contidas na água. Fatores meteorológicos:
Textura do solo; características físicas e químicas; teor de água e distribuição da humidade no solo
2 Transpiração (físico-biológico): Perda de água dos seres vivos para a atmosfera. Fatores: plantas-espécie,
BIBLIOGRAFIA
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 27 - Anomalias anuais da precipitação, em Portugal continental, em relação aos valores médios no período 1971-2000 | Fonte: IPMA,
2020b
das plantas, que se traduz na quantidade de água que poderá passar para a atmosfera, ou seja, na
MÓDULO III
prática representa o consumo de água de uma cultura. Os valores de evapotranspiração oscilam
com a latitude, a estação do ano, a hora do dia, a nebulosidade, a altitude, a velocidade do vento, a
disponibilidade de água e com as características do solo e da vegetação.
MÓDULO IV
na sua distribuição regional e que os maiores valores de evapotranspiração ocorrem a Sul e no
interior.
MÓDULO V
MÓDULO VI
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
ii) Instrumentos de medição da humidade do ar e do orvalho
A humidade relativa do ar e o ponto de orvalho podem ser lidos por instrumentos que se
chamam psicrómetros ou higrómetros, e registada por higrógrafos.
MÓDULO I
meteorológico à altura de 1,5 m. O psicrómetro de aspiração ou de Assmann é constituído
por dois termómetros idênticos colocados um ao lado do outro, que irão servir para avaliar
a quantidade de vapor de água encontrada no ar. A diferença entre esses termómetros é
que um deles trabalha com o bulbo seco e o outro com o bulbo húmido. O termómetro
de bulbo húmido tem o bulbo coberto por uma malha porosa (geralmente de algodão), imersa
em água destilada. Esta malha fica permanentemente húmida devido ao efeito de capilaridade.
MÓDULO II
Assim a evaporação da água contida na malha que envolve o termómetro retira-lhe energia,
fazendo com que o termômetro de bulbo húmido indique uma temperatura mais baixa do
que a do outro termómetro; que nos informa a temperatura ambiente. Essa redução na
temperatura de bulbo húmido, é tanto maior quanto mais seco está o ar atmosférico, e é nula
quando a atmosfera está saturada de vapor de água.
Atualmente existem modelos eletrónicos que permitem de forma mais fácil e após
calibração a leitura de temperatura e humidade, bem como o registo desta informação ao
MÓDULO III
longo do tempo em ficheiros eletrónicos (Figura 29).
MÓDULO IV
Figura 29 – Exemplo de psicrómetro de Assmann à direita (Anónimo a s.d) e psicrómetro
eletrónico à esquerda (Kern et al., s.d)
c) Precipitação
Segundo o IPMA pode definir-se precipitação a todo o conjunto de partículas de água, MÓDULO V
quer no estado líquido, no estado sólido ou nos dois, que caem da atmosfera e que atingem
a superfície do globo. A chuva, a neve e o granizo, são, portanto, diferentes formas de
precipitação. A neve resulta da queda de cristais sólidos sobre a superfície da Terra sem que
haja fusão devido à baixa temperatura que se faz sentir em altura.
A chuva é a precipitação de partículas de água no estado líquido, que caem sob a forma
MÓDULO VI
de gotas de diâmetro geralmente superior a 0,5 mm, com velocidade em geral superior a 3
m/s e em regra de forma bastante uniforme. O aguaceiro, que é afinal um período de chuva, é
caracterizado por começar e terminar de forma brusca, frequentemente com variações rápidas
de intensidade e pela alternância rápida do aspeto do céu.
Para medir e registar a precipitação de um dado local são utilizados udómetros (pluviómetros) e ou
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
udógrafos, respetivamente (Figura 30). Este instrumento é constituído por um funil colocado
sobre um recipiente cilíndrico fixo a um suporte. O funil tem uma boca circular, de diâmetro
conhecido e horizontal. A precipitação que cai através desta abertura é recolhida num
recipiente colocado dentro do cilindro.
MÓDULO I
A quantidade de precipitação que se encontra no recipiente é medida em intervalos de
tempo regulares. A determinação da quantidade de precipitação recolhida no udómetro faz-
se recorrendo a uma escala graduada, geralmente em milímetros.
A sua expressão é dada pela altura h de água precipitada em milímetros (l/m2), enquanto a
intensidade é medida por unidade de tempo (mm/h).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 30 – Exemplo udómetros (pluviómetros) e ou
udógrafos | Fonte: Anónimo e s.d
MÓDULO IV
A grande variação no espaço deste parâmetro deve obrigar à colocação de vários
instrumentos de medida num intervalo que pode ir de 5 a 30 km de distância entre eles.
Ainda assim é espectável que surjam erros de medição que podem ter em conta o desvio
de entrada da precipitação nos instrumentos de medida causado por ação do vento. Os erros
totais devem ser inferiores a 0,1 mm com precipitação até 10 mm e 2% para precipitação
superior em estações convencionais, e inferiores a 0,5 mm para valores até 5 mm ou 10% para
valores superiores em estações automáticas (Abreu, 2018).
A pressão atmosférica pode definir-se como a força exercida pela atmosfera sobre a
superfície da Terra.
ar. O ar quente fica mais dilatado e o ar frio mais comprimido. Com aumento da temperatura
do ar, a pressão diminui em virtude de o ar se dilatar. Com redução da temperatura do ar, a
pressão aumenta porque o ar fica mais comprimido, ou seja, reduz-se o seu volume.
Entre outros fatores naturais que afetam a pressão atmosférica num dado local, contam-se
a proximidade ou afastamento do mar, latitude e altitude.
BIBLIOGRAFIA
A pressão atmosférica, cujo seu valor médio junto ao nível médio das águas do mar é de
66
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
1013 milibares (mbar) ou hectopascais (hPa), diminui com o aumento da altitude e aumenta
com a diminuição da altitude.
MÓDULO I
Os instrumentos utilizados para medir a pressão atmosférica denominam-se de barómetros
e para medir e registar de barógrafos. Apesar do Pascal (Pa) ser a unidade de padrão no
Sistema Internacional de Unidades, nos instrumentos de medida é frequente a existência de
escalas em milímetros de mercúrio (mm Hg), milibares (mb) ou em hectopascal (hPa).
MÓDULO II
segundos (sem fluido) consistem numa pequena caixa de metal flexível chamada cápsula
aneroide, hermeticamente fechada para que as mudanças na pressão atmosférica fora da
caixa causem uma expansão e contração de alavancas e molas dentro da caixa e, em seguida,
essas mudanças sejam transmitidas para um mostrador.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 31 - Barómetro aneroide (à esquerda) (Anónimo b s.d) e de mercúrio (à direita)
Fonte: Anónimo c s.d
Além destes, existem hoje instrumentos digitais que recorrem a um sensor integrado
conhecido como piezoresistivo.
MÓDULO V
e) Vento
Os ventos sopram das áreas de alta pressão (dispersoras de ventos) para as áreas de baixa
pressão (recetoras de ventos). A pressão atmosférica condiciona o movimento dos ventos, ou
MÓDULO VI
seja, quanto maior for a diferença de pressão entre as regiões, maior será a velocidade do
vento, podendo ocasionar vendavais ou ventos mais fortes.
À semelhança dos outros elementos do clima, o vento exerce uma extrema importância
para a produção agrícola, devido, ao fato de, na sua composição, transportar humidade e
calor, influenciando nas taxas de evapotranspiração.
BIBLIOGRAFIA
67
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
reprodutoras masculinas) na deposição do mesmo nos estigmas (porção do aparelho reprodutor feminino
das flores); da transpiração; bem como controlador da turgidez e a pressão osmótica de forma a que
água sirva como um meio de condução dos nutrientes a todos os tecidos da planta. Da mesma forma
é também controlado a formação de geada. Ainda assim, na instalação de pomares em fruticultura, por
exemplo, o produtor deve ter o cuidado de escolher áreas que tenham uma menor ocorrência de ventos
MÓDULO I
frios, contínuos e intensos que no caso das regiões a Norte de Portugal ocorrem principalmente nas
encostas orientadas a Norte.
Bem como deve ser dada atenção a outras consequências que podem resultar em danos
mecânicos, anatómicos e fisiológicos, que causam:
MÓDULO II
• Quebra de ramos e galhos em fruteiras, provocando a diminuição da área produtiva da
planta e quebras na produtividade, além de expor as plantas ao ataque de patógenos
(microrganismos causadores de doenças) e pragas que penetram nas plantas através
das lesões;
MÓDULO III
• Erosão eólica e/ou desertificação, contribuindo para a expansão das áreas desertificadas;
MÓDULO IV
animais;
68
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 33 -
Anemómetro
– Aparelho que
regista a velocidade
do vento | Fonte:
Anónimo, 2021a
Tanto o catavento, como o anemómetro são atualmente substituídos, com vantagem, por
MÓDULO II
anemógrafos, que registam a direção e velocidade do vento em simultâneo (Figura 34).
MÓDULO III
Figura 34 - Anemógrafo – Aparelho que regista a direção e velocidade do vento em
simultâneo | Fonte: Geografia “xou”, 2016
MÓDULO IV
f) Radiação solar
Também podemos destacar o efeito da radiação solar na qualidade dos frutos. Uma elevada
disponibilidade de radiação favorece a concentração de açúcares e também a intensificação
da coloração vermelha da casca, por exemplo no caso de algumas variedades de maçã e do
tomate de indústria.
Contudo, o excesso de radiação solar pode conduzir a que a planta utilize um volume maior
de água para regular a temperatura, o que, consequentemente, pode levar à desidratação e
BIBLIOGRAFIA
69
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
i) Instrumentos de medição da radiação solar
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 35 – Piranómetro termoelétrico de alta precisão
Fonte: Anónimo, 2021b
- Heliógrafo – mede o número de horas por dia de radiação solar direta – Insolação (Figura
MÓDULO III
36).
MÓDULO IV
Figura 36 - Instrumento utilizado para medir a insolação – Heliógrafo
Fonte: Anónimo, 2020
A sua importância reside no fato de também tornar possível quantificar melhor as linhas
de água usadas na irrigação e os respetivos turnos de rega, minimizando os desperdícios e
mantendo o solo num teor de humidade adequada às plantas. A combinação de períodos
BIBLIOGRAFIA
com baixa precipitação e elevadas temperaturas tem quase sempre como consequência o
70
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
aumento das taxas de evapotranspiração com a consequência negativa que isso representa
para as culturas quando não é feita a compensação necessário por via de rega.
MÓDULO I
de instrumentos, as tinas evaporimétricas ou atmómetros (Figura 37). A avaliação de
evapotranspiração não tão frequentemente realizada nas condições da exploração agrícola,
mas também o pode ser nalgumas estações meteorológicas, através da montagem de
lisímetros de drenagem ou pesagem automática.
MÓDULO II
Figura 37 - Exemplo de atmometro (à esquerda) e de tina evaporímetrica (à direita)
MÓDULO III
Fonte: Perez et al., 2019
MÓDULO IV
Köppen em 1936. Os resultados obtidos pela cartografia, para esta classificação climática,
permitem confirmar que na maior parte do território Continental o clima é temperado, do Tipo
C, verificando-se o Subtipo Cs (Clima temperado com verão seco) e as seguintes variedades
(Figura 38):
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
71
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
• Csa, clima temperado com verão quente e seco nas regiões interiores do vale do Douro
(parte do distrito de Bragança), assim como nas regiões a Sul do sistema montanhoso
Montejunto-Estrela (exceto no Litoral Oeste do Alentejo e Algarve).
• Csb, clima temperado com verão seco e suave, em quase todas as regiões a Norte do
MÓDULO I
sistema montanhoso Montejunto-Estrela e nas regiões do Litoral Oeste do Alentejo e
Algarve.
• BSk, clima árido de estepe fria de latitude média, numa pequena região do Baixo
Alentejo, no distrito de Beja.
MÓDULO II
temperado com verão seco e suave, e no Grupo Oriental e nos Grupos Central e Ocidental é
do tipo Cfb, ou seja, clima oceânico, também por vezes chamado clima temperado marítimo,
é um clima temperado húmido com verão temperado e que ocorre em regiões afastadas das
grandes massas continentais.
De acordo com o IPMA a análise espacial baseada nas normais de 1961/90 mostra a
temperatura média anual a variar entre cerca de 7°C nas terras altas do interior Norte e Centro
MÓDULO III
e cerca de 18°C no Litoral Sul. Com base nos mesmos dados mostra-se que a precipitação
média anual tem os valores mais altos no Minho e Douro Litoral e os valores mais baixos no
interior do Baixo Alentejo (Figura 39).
MÓDULO IV
MÓDULO V
A latitude interfere na incidência de raios solares recebidos por uma determinada região.
As latitudes a Sul mais próximas da linha do Equador recebem maiores quantidades de raios
solares por unidade de área da superfície terrestre, o que, consequentemente, faz com que as
temperaturas médias desses locais sejam superiores. Quanto mais afastado do Equador for o
BIBLIOGRAFIA
72
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Assim a distribuição da radiação solar incidente e da temperatura sobre a superfície terrestre
condicionam em grande medida as espécies e cultivares agrícolas de uma dada região.
MÓDULO I
melhor sob temperaturas mais baixas, com alguma diferenciação de temperaturas em certas
regiões, devido à latitude e outros fatores do clima, o mesmo acontece com as culturas
de primavera/verão como batata, milho, tomate, melão, melancia. No milho também as
temperaturas e as horas luz levam a que quanto mais a Norte, os ciclos3 cultivados sejam mais
curtos de 200/300/400 e a Sul, já se façam ciclos mais longos de 500/600/700.
Geralmente quanto maior for a altitude, menor será a temperatura média, situação que se
deve principalmente ao fato do ar ficar cada vez menos denso à medida que se sobe em altitude.
MÓDULO II
Assim, à medida que a altitude aumenta, os gases como o dióxido de carbono, o oxigénio, o
vapor de água e as partículas que retêm o calor existem cada vez em menor quantidade e o ar
perde capacidade para aquecer, também porque se vai reduzindo a quantidade de radiação
que é emitida pela superfície da Terra.
Para a mesma latitude, num local com maior altitude a radiação solar é mais intensa do que
num lugar com menor altitude. Esta situação é explicada pelo fato de a camada atmosférica
MÓDULO III
ser menor, logo filtrar menos os raios solares. No entanto, estes locais são mais frios porque o
ar é mais rarefeito, sendo menor o efeito de estufa e menor a absorção da radiação e também
porque se verifica mais reflexão da radiação solar pelas nuvens, sendo também menor a
quantidade de radiação terrestre que chega a estes locais.
Tanto a altitude como a latitude têm efeito sobre os elementos meteorológicos, como
a temperatura do ar e a radiação solar incidente, que afetam diretamente a fotossíntese
das plantas. Culturas como a maçã, a uva, a pera, o pêssego, ou o kiwi apresentam maior
MÓDULO IV
produtividade em locais com maior altitude devido à ocorrência de temperaturas mais baixas
que lhes proporciona maior número de horas de frio, e que são importantes para a entrada da
planta em repouso vegetativo (dormência), bem como para a quebra da dormência e floração.
Em locais com altitudes e latitudes elevadas ocorre uma maior variação de temperatura entre
o dia e a noite, já que durante o dia aquecem enquanto à noite arrefecem mais facilmente.
Isto é de crucial importância para a produção de frutas de qualidade, pois, com temperatura
mais altas durante o dia e baixas durante a noite, as fruteiras conseguem acumular maior teor
MÓDULO V
de açúcares, ácidos e pigmentos no fruto.
fazer mais calor do que num local próximo, pois, o vento tem maior dificuldade em dispersar
o ar quente nos locais cercados por pontos mais altos. Em determinadas regiões, o relevo
também pode constituir uma barreira natural à chegada de massas de ar húmidas, tornando-
as em regiões, mais secas.
3 Ciclo cultural, vulgarmente referenciada pelo ciclo FAO (200 a 800), o que está dependente da potencialidade
climática da estação de crescimento do local (somatório de graus dia entre as datas possíveis de sementeira
e colheita) devendo-se escolher as plantas de ciclo mais curto em sementeiras mais tardias, sendo plantas de
BIBLIOGRAFIA
menor estatura e por isso com valores ótimos de densidade de povoamento mais elevados (Moreira, 2002).
73
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Em lugares localizados no interior do território do continente, mais distantes da influência
atlântica, há uma variação da temperatura ao longo do dia, com elevadas taxas de amplitude
térmica. O calor específico da água é maior que o da Terra e, em consequência, a água demora
mais a aquecer, enquanto o solo terrestre aquece rapidamente. Por outro lado, a água retém o
calor por mais tempo e demora mais a irradiar a energia absorvida.
MÓDULO I
A continentalidade e a maritimidade afetam as condições do clima já que o clima das
regiões mais distantes do mar geralmente é mais seco do que o das áreas mais próximas
do Litoral, uma vez que as primeiras sofrem pouca ou nenhuma influência das massas de ar
húmidas.
MÓDULO II
Ibérica e da altitude faz com que exista alguma diversidade climática. Assim, no Norte atlântico,
predomina o clima temperado mediterrânico de influência atlântica, com maior quantidade de
precipitação e menor duração da estação seca. No Norte transmontano, predomina o clima
temperado mediterrânico de influência continental, com menor quantidade de precipitação e
maior amplitude térmica anual. Nas áreas de montanha mais elevadas, como a serra da estrela,
a altitude faz com que se registem temperaturas mais baixas e precipitações mais abundantes,
por vezes, com queda de neve, no inverno. No Sul de Portugal Continental, as características do
MÓDULO III
clima temperado mediterrânico são mais acentuadas (verões quentes e secos; invernos frescos e
húmidos).
MÓDULO IV
se de um passo decisivo para o desenvolvimento humano e para a melhoria do padrão de vida.
Inicialmente a agricultura praticada era de subsistência, praticada ao nível familiar e de acordo com as
necessidades dos próprios. Ao longo do tempo a agricultura intensificou-se, de forma a dar resposta
aos mercados de procura e oferta de produtos animais e vegetais para o que muito contribui a
mecanização agrícola, a utilização de produtos químicos para a fertilização e fitossanidade, associada
à resolução de problemas. Se por um lado se atingiram altos índices de produtividade, por outro
levantaram-se problemas de fertilidade do solo ou do tempo de produção. Um dos problemas mais
importantes na atualidade e que é transversal à agricultura está associado às alterações climáticas e MÓDULO V
o futuro passa pelo desafio de continuar a produzir mitigando os seus efeitos, sobretudo negativos,
para o agricultor.
74
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Em certas zonas da região mediterrânica, algumas culturas estivais poderão passar a ser
cultivadas no inverno, devido ao calor extremo e ao stresse hídrico nos meses de verão.
Noutras zonas, como o Oeste da França e o Sudeste da Europa, prevê-se uma redução do
rendimento das culturas devido aos verões quentes e secos e à impossibilidade de transferir
a produção para o inverno.
MÓDULO I
A alteração das temperaturas e dos períodos de cultivo também pode influenciar a
proliferação e a propagação de algumas espécies, nomeadamente insetos, de ervas daninhas
invasivas ou de doenças, que por sua vez poderão afetar o rendimento das culturas. As
potenciais perdas poderão ser, em parte, compensadas por práticas agrícolas como a rotação
de culturas em função da disponibilidade de água, o ajustamento das datas das sementeiras
à temperatura e aos padrões de precipitação e a utilização de variedades mais adequadas às
MÓDULO II
novas condições (por exemplo, culturas resistentes ao calor e à seca).
• O aumento de CO2 na eficiência fotossintética das culturas, que por sua vez aumenta a
taxa fotossintética de algumas culturas e, portanto, a sua produtividade.
MÓDULO III
• Com a concentração da precipitação, em episódios de precipitação intensa, verificar-
se-á um maior risco de perda de solo por erosão;
MÓDULO IV
• Maior necessidade de rega, uma vez que com o aumento da temperatura haverá mais
perdas por evaporação do solo e maior evapotranspiração das culturas;
• O aumento do nível médio da água do mar, terá consequências para as zonas agrícolas
junto do Litoral, onde, muitas vezes, se verifica uma grande proximidade entre o nível
freática e a superfície. Em alguns casos, chega mesmo a haver intrusão da água do
MÓDULO V
mar em estuários e aquíferos que nestas circunstâncias pode ter como resultado quer
a subida do nível freático, quer do total alagamento das parcelas, quer do aumento da
salinidade.
75
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
• A adoção de tecnologias e práticas de rega mais eficientes de uso da água, conjugadas
nomeadamente com informação sobre o teor de água e temperatura do solo,
armazenamento da água da chuva e a conservação da água no solo por exemplo,
através da gestão de resíduos da cultura;
MÓDULO I
• Recorrer a tecnologias de agricultura de precisão que permitam um uso racional dos
fatores de produção assente na monitorização do desenvolvimento dos ciclos das
culturas; alterar taxas de fertilização em consonância com a alteração do potencial
produtivo;
MÓDULO II
• Utilizar estruturas de acondicionamento animal para fazer face a períodos de maior
stress térmico, sempre que possível privilegiar a criação de animais de raça autóctone;
MÓDULO III
destas como atividades de turismo e lazer que contemplem o ecossistema agrícola.
I.3 A PLANTA
O aparecimento da vida no nosso planeta surge com o aparecimento de algas azuis ou
cianobactérias com um sistema fotossintético constituído por clorofila a. Através da realização
MÓDULO IV
da fotossíntese e libertação de oxigénio, foi se acumulando ao longo dos anos o oxigénio
e permitindo que parte dele se transformasse em ozono que retém parte da radiação
ultravioleta e permite assim a evolução de organismos mais sensíveis a esta radiação. Este
processo permitiu o aparecimento dos organismos eucariotas. Estes colonizaram a Terra e
foram evoluindo tirando partido da oxigenação progressiva da atmosfera. (Lousã et al., s.d).
De acordo com estes autores alguns passos evolutivos essenciais dão-se nos períodos:
MÓDULO V
• Ordovícico a passagem dos organismos vegetais para as zonas emersas.
• Cretácico surgem as plantas vasculares com sementes cujas flores têm perianto
MÓDULO VI
As plantas são a base de sustentação da vida na Terra. São elas que, juntamente com
as algas, produzem o oxigénio necessário à respiração dos seres vivos. Ao transformarem
a matéria mineral em matéria orgânica, através da fotossíntese, as plantas estão na base
das cadeias alimentares. De uma forma direta ou indireta fornecem o alimento aos animais,
incluindo o Homem.
76
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Existe uma grande variedade de plantas, com tamanhos diferentes. De acordo com a
classificação dos organismos vivos o Reino Plantae tem 12 divisões (Raven et al., 2005):
MÓDULO I
• Pteridófitos - psilotófitos, licófitos, cavalinhas e fetos;
• Angiospérmicas
MÓDULO II
Os órgãos principais das plantas são: as raízes, as folhas, o caule, as flores e frutos (Figura
40). Cada órgão desempenha uma função essencial para a planta, comparável ao que acontece
com os órgãos do corpo humano.
De forma resumida pode dizer-se que as folhas são responsáveis pela respiração e pela
fotossíntese; as raízes absorvem substâncias do solo e conferem fixação da planta ao solo, o
caule sustenta a parte aérea da planta; e as flores e frutos estão relacionados com a reprodução.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 40 - Órgãos das plantas | Fonte: Diana, s.d
MÓDULO V
O crescimento e desenvolvimento das plantas estão relacionados com fatores externos,
nomeadamente a água, luz, temperatura e solo.
i) Água
A água é determinante na reação fotossintética pelo que constitui a base da vida das
plantas determinando a base química da vida, a circulação e a absorção de nutrientes do solo,
determina a distribuição e a fisionomia da vegetação. A quantidade de água utilizada para a
MÓDULO VI
77
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
2002). Assume aqui um importante papel a raiz e os respetivos pelos radiculares que a
constituem, que em condições normais de estrutura do solo será capaz em profundidade
de procurar a existência de água para satisfação das necessidades da planta. Efetivamente o
sistema radicular pode compreender 2/3 da biomassa das plantas. Esta é uma adaptação para
a manutenção do balanço hídrico das plantas. Por sua vez, através da transpiração as plantas
MÓDULO I
perdem pelos estomas uma elevada percentagem de água para a atmosfera da que absorvem,
a quantidade varia em função da intensidade da luz, temperatura, humidade, velocidade do
vento e teor de CO2 na atmosfera. O movimento da água das raízes até as folhas é explicado
pela teoria de tensão e coesão segundo a qual ao aumento da absorção de água resultante
do aumento da transpiração e perda de água se gera a força necessária para a sua absorção.
A importância da água prende-se pelo fato de ser através dela que outros nutrientes
MÓDULO II
dissolvidos podem ser assimilados pelas plantas
De acordo com a sua necessidade em água há plantas que vivem sempre na água (nenúfar);
há plantas que necessitam de muita humidade (fetos, musgos); há plantas que têm necessidade
moderada de água (pereira, pessegueiro); há plantas que conseguem viver em locais secos,
adaptadas à secura (catos) e há plantas que vivem na margem de rios, ribeiros e linhas de água
(planta ribeirinha, ripícola).
MÓDULO III
ii) Ação da luz e radiação solar
A ação da luz e radiação solar constitui a fonte de energia para os processos físicos-químicos
e biológicos que ocorrem na superfície terrestre, interferindo assim em vários aspetos das
plantas das quais se destacam as seguintes:
• Taxa fotossintética;
MÓDULO IV
• Regulação do comprimento dos entre nós do caule e da dimensões, forma, recorte e
anatomia das folhas;
• Fotoperíodo, isto é, a duração do período de luz necessária para uma planta florir:
MÓDULO V
(dia com menos de 14 h, florescem no outono ou no fim de verão);
Por depender da luz do sol, a fotossíntese é a forma como as plantas se alimentam durante
o dia, transformando o CO2 da atmosfera e assimilando água que transformam em glicose e
libertam oxigénio.
Segundo a adaptação à luz as plantas podem ser heliófilas quando exigem luz plena (por
exemplo o girassol e o milho), e umbrófilas quando adaptadas à sombra ou deficiência de luz
BIBLIOGRAFIA
78
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
iii) Temperatura
MÓDULO I
produções. Neste sentido, cada espécie tem um limite máximo, um limite mínimo e um ótimo
de temperatura para efetuar as diversas fases do seu ciclo vegetativo.
• Indução da floração;
MÓDULO II
• Quebra de dormência da semente;
MÓDULO III
• Danos celulares;
• Aumento da transpiração;
• Interrupção do crescimento;
MÓDULO IV
As espécies frutíferas de clima temperado, de folhas caducas apresentam um período
de repouso invernal, durante o qual as plantas não apresentam crescimento vegetativo.
Esse repouso é condicionado pelas condições climáticas, que atuam sobre os reguladores
de crescimento, nomeadamente a temperatura. Um novo ciclo vegetativo/reprodutivo será
iniciado somente após as plantas sofrerem a ação das baixas temperaturas, sendo que a
quantidade de frio requerida para o término do repouso é conhecida como número de horas
MÓDULO V
de frio que pode situar-se abaixo dos 7ºC ou dos 13ºC consoante o tipo de planta.
iv) Solo
À exceção das plantas aquáticas o meio de suporte das plantas é o solo. O solo influencia
o desenvolvimento das plantas através das suas:
79
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
• Propriedades químicas relacionadas com o pH, capacidade de troca catiónica,
condutividade elétrica- salinização, teor de matéria orgânica, macro e micronutrientes;
MÓDULO I
A planta e as suas necessidades
MÓDULO II
Fator Função Fator Função Fonte natural Aplicação
Parte aérea
Carbono para
CO2 em estufa
Fotossíntese/ Dióxido de a matéria
Luz Ar (raro em
Floração carbono (CO2) orgânica da
Portugal)
planta
MÓDULO III
Oxigénio Respiração
Crescimento/
Calor/Frio multiplicação das
células - Floração
Raiz
Oxigénio e
MÓDULO IV
Respiração raízes hidrogénio
Oxigénio e sementes em Água para a matéria Chuva Rega
germinação orgânica da
planta
Crescimento/ Nutrientes Constituintes Fertilizantes
Solo, Ar,
Calor multiplicação das solúveis (N, P, das células e minerais e
(azoto)
células K, Ca, etc.) sucos celulares orgânicos
Fatores de
MÓDULO V
Germinação
crescimento
Transporte da Substâncias Fertilizantes
Água e resistência Solo
seiva “bruta” e orgânicas orgânicos
às doenças e
“elaborada”
pragas
Tabela 15 - Necessidades fisiológicas e nutritivas da planta | Fonte: Soltner, 1989
Segundo Soltner, os principais elementos que constituem as plantas são oxigénio, carbono
e hidrogénio, em 98%, encontrando-se o oxigénio e o hidrogénio principalmente na água da
MÓDULO VI
planta (cujo teor é em geral superior a 80%) e o carbono na matéria seca da fração orgânica.
Restam pois cerca de 2% de elementos minerais, aqueles com que o agricultor em geral se
preocupa como o azoto, o fósforo, o potássio, o cálcio ou o magnésio.
A botânica é um ramo da biologia que estuda a fisiologia e a morfologia das plantas, dos
80
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
fungos e das algas. O estudo de todas as características desses organismos é imprescindível,
pois a importância deles para o meio ambiente e para o homem é indiscutível, não nos
esquecendo de que é através da manutenção da flora que temos a conservação de inúmeras
espécies de animais (Figura 41).
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 41 - Características das plantas | Fonte: Lousã et al., s.d
Fanerogâmicas - são aquelas que produzem sementes, frutos e flores. Nessas plantas as
estruturas reprodutivas são identificadas e visíveis, os óvulos (gametas femininas) e o pólen
(gameta masculino).
MÓDULO IV
As plantas Fanerogâmicas são divididas em dois grupos: Gimnospérmicas e
Angiospérmicas
MÓDULO V
• São plantas terrestres, vasculares, que produzem flores e sementes, contudo as suas
sementes ficam nuas, isto é, não são envolvidas pelos frutos (ovários desenvolvidos -
ovários abertos na polinização);
• Possuem caule, raízes e folhas. Algumas espécies possuem folhas alteradas chamadas
de estróbilos – em algumas espécies os estróbilos são chamados de cones;
MÓDULO VI
• As flores não têm perianto (cálice + corola), ou seja, são aclamídeas ou nuas e são
unissexuais (ou masculinas ou femininas);
crescimento anual;
81
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
• O lenho é formado por traqueídos e sem vasos. A capacidade para a produção de
lenhina, incorporada nas paredes celulares permite lhes dar rigidez e atingirem grandes
alturas.
MÓDULO I
• Variam desde gramíneas a grandes árvores, representando o maior grupo de plantas
existentes tais como as magnólias, macieiras ou o trigo;
MÓDULO II
• As plantas angiospérmicas são vasculares (possuem vasos condutores), são fanerógamas
(flor com estrutura reprodutiva visível) e não dependem da água para o processo
reprodutivo;
• O processo reprodutivo das plantas angiospérmicas caracteriza - se por ser feita através
da polinização, que pode ser realizada por intervenção de polinizadores e ou do vento;
MÓDULO III
• Na época da reprodução as flores desenvolvem se para atrair os agentes polinizadores;
• Nas Angiospérmicas as flores podem não ter perianto ou este ser haploclamídeo (só
pétalas ou só sépalas) ou diploclamídeo (com sépalas e pétalas);
• Quanto ao sexo podem ser unissexuais ou hermafroditas (ou os dois tipos, na mesma
inflorescência), frequentemente com perianto. Óvulos encerrados num pistilo fechado;
MÓDULO IV
As plantas Angiospérmicas estão divididas em dois subgrupos (Tabela 16):
Dicotiledóneas – são plantas que apresentam raízes aprumadas, as folhas possuem MÓDULO V
nervuras geralmente reticuladas, as sementes possuem 2 cotilédones, algumas possuem um
ciclo de vida longo, e crescimento secundário do caule e da raiz e podem ter tronco lenhoso.
Exemplos: amendoim, soja, feijão, ervilha, fava, batata, roseira, lentilha e couves, videira,
árvores de fruto. Etc.
Raiz
BIBLIOGRAFIA
82
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Órgão Monocotiledóneas Dicotiledóneas
MÓDULO I
Caule
MÓDULO II
Bainha geralmente desenvolvida. Nervuras Bainha quase sempre reduzida. Nervuras
paralelas reticuladas
MÓDULO III
Folha
MÓDULO IV
base 3 (trímeras) base 5 (pentâmeras)
Flor
MÓDULO V
Semente
As plantas criptogâmicas foram divididas em dois grupos para melhor as classificar: Plantas
Briófitas e Plantas Pteridófitas.
Plantas Briófitas - são plantas de pequeno porte (1 mm a mais de 1 m), são “folhosas”
ou “espalmadas, sendo encontradas em locais húmidos e sombreados (musgos, hepáticas e
BIBLIOGRAFIA
83
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 42 - Exemplo de uma planta briófita, musgo
MÓDULO II
Estas plantas apresentam-se caracterizadas por:
MÓDULO III
• Não apresentam tecidos vasculares e tecidos lenhosos bem desenvolvidos (exceções);
• Não têm folhas, caules e raízes verdadeiras, mas sim estruturas semelhantes na forma
e funções;
MÓDULO IV
• Os nutrientes minerais são provenientes da humidade atmosférica ou da água situada
à superfície do substrato;
Plantas Pteridófitas - plantas que possuem vasos condutores (xilema e floema) e tecidos,
mas não apresentam sementes, são caracterizados por esporófitos vasculares, herbáceos
ou lenhosos, frequentemente com raiz, caule e folhas, por vezes de tamanho considerável
(exemplo das avencas, samambaias, salvínia e selaginelas) (Figura 43). MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
A evolução dos sistemas condutores de fluidos (xilema e floema), permite o transporte de
água e alimentos através da planta. Elas têm a capacidade de se ramificarem profusamente
devido à atividade de meristemas apicais nas extremidades de caules e ramos. Alguns
ptéridofitos propagam-se vegetativamente (assexuadamente) por meio de rizomas rastejantes
ou por bulbilos produzidos nas folhas, como no feto-da-nostalgia. (Lousã et al., s.d).
MÓDULO I
a) Caracterização dos órgãos principais das plantas
Os órgãos vegetativos das plantas são as raízes, as folhas e o caule, e os órgãos reprodutivos
das plantas são as flores, frutos e sementes.
i) Raiz
MÓDULO II
A raiz tem duas funções principais: servir como meio de fixação ao solo e como órgão
responsável pela absorção de água e nutrientes nela dissolvidos como os compostos
nitrogenados e outras substâncias minerais como potássio, fósforo e todos os macro e
micronutrientes necessários as plantas e também atuam como reserva (Figura 44);
MÓDULO III
Colo – entre raiz e caule;
MÓDULO IV
Coifa – Serve como proteção, impedindo entrada de microrganismos.
MÓDULO V
Existem diferentes tipos de raízes, mas de modo geral, ou há uma raiz primária principal
aprumada e várias ramificações que são as raízes laterais, ou um conjunto de raízes adventícias
sem distinção da principal.
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ÍNDICE
Outra característica morfológica funcional das raízes é a possibilidade nas espécies
de leguminosas associação entre bactérias dos géneros Rhizobium, originando nódulos
radiculares fixadores de azoto atmosférico de extrema importância para o desenvolvimento da
planta. Outro exemplo são as micorrizas, que são associações de raízes e fungos. Os fungos
convertem minerais e matéria orgânica degradada presentes no solo em formas assimiláveis
MÓDULO I
para a planta, e a planta produz açúcares, aminoácidos e outros materiais orgânicos acessíveis
ao fungo.
Tipos de raiz
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 45 - Raiz tuberosa
Fasciculada – esses sistemas são formados pelas raízes adventícias que se originam no
caule, sem apresentar uma raiz principal, pois a raiz primaria, geralmente desenvolve-se por
um período curto de tempo. Subdividem-se em várias partes todas de igual desenvolvimento,
características das plantas monocotiledóneas, como as gramíneas (Figura 46).
MÓDULO V
MÓDULO VI
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ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 47 - Raiz Aprumada
Fonte: Anónimo a s.d
MÓDULO II
ii) Caule
O caule é o órgão vegetativo da planta que corresponde à zona aérea da planta, sendo
o pilar onde se desenvolvem os ramos, as folhas, as flores e os frutos. O caule é o órgão da
planta que tem como funções:
• Suportar as folhas, flores e depois os frutos;
MÓDULO III
• Estabelecer a ligação entre a raiz e as folhas, fazendo a circulação da água e sais minerais
da raiz até às folhas e os alimentos das folhas para a raiz;
• Nalguns casos, acumulam substâncias de reserva.
Estrutura de um caule
As principais estruturas do caule são, gemas, zona de alongamento, axilas, nós e entrenós
MÓDULO IV
(Figura 48).
Gemas ou gomos, são formadas por células que podem se multiplicar e passar por um
processo de alongamento e são responsáveis por originar novos ramos, folhas e flores.
As gemas podem ser do tipo: apical (também conhecida como terminal), que é o broto
localizado na ponta do galho, no ápice da planta, que permite o crescimento vertical do caule,
ou laterais, que são brotos dos quais se originam ramos laterais, folhas e flores.
Nós – são as saliências de onde partem as folhas e os ramos, ou seja, são os locais onde
estão inseridas uma ou mais folhas e as flores;
Entrenós – são os espaços que separam os nós, ou seja, é região entre dois nós sucessivos,
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 48 - Constituição de um caule
Fonte: Carrilho, s.d
Tipos de caule:
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
Os caules aéreos são estruturas finas e longas que se desenvolvem acima do solo e são os
MÓDULO VI
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ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 50 - Caules rastejantes - abóbora
i) Sarmento - é um caule lenhoso, delgado e flexível, trepador (videira, kiwi, etc.) (Figura
51), que se caracteriza por apresentar apenas um ponto de fixação da raiz, podendo ser
cheio de ramos ou folhas modificadas chamadas de gavinhas (Figura 53). Esse tipo de
caule consegue subir em suportes.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 51 - Caule sarmento, exemplos de caules trepadores
ii) O estolho é um tipo de caule que cresce paralelo ao chão, formando gemas de espaço
em espaço, podendo originar plantas novas com raízes e folhas, exemplo o morangueiro.
(Figura 52)
MÓDULO V
MÓDULO VI
b) Caules trepadores ou volúveis - são estruturas finas e longas que crescem enroladas
nos mais variados tipos de suporte, exemplos como chuchu, jasmins, videira, feijão etc.
BIBLIOGRAFIA
Nestes caules pode desenvolver uma adaptação caulinar chamado de gavinhas que
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ÍNDICE
servem para fixação das plantas trepadeiras. Ao encontrar um substrato adequado, a
gavinha fixa-se e enrola-se a ele. Essas adaptações têm forma de mola, o que impede
que ela se parta com facilidade. (Figura 53)
MÓDULO I
MÓDULO II
A B
Figura 53 - Caule trepador, exemplo a) feijão b) gavinha de um maracujá
c) Caules eretos, são aqueles que crescem perpendicularmente ao chão. São classificados
de acordo com o seu tipo de habitat:
MÓDULO III
i) Tronco – é um tipo de caule aéreo, lenhoso, mais grosso na base, com ramos a partir
de uma certa altura, exemplo pinheiro, oliveira (Figura 54). Podem ser encontrados em
dicotiledóneas, na maioria das árvores e arbustos do grupo das gimnospérmicas.
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 54 - Caule ereto de classificação tronco, oliveira
ii) Estipe – caule lenhoso de forma cilíndrica e estreita, não possui ramificações, com as
folhas localizadas na parte superior, sendo o caule típico de palmeiras (Figura 55).
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
iii) Colmo – caule oco ou com medula, cilíndrico e com nós salientes. Pode ser oco como
no bambu ou ser preenchido, como na cana-de-açúcar, milho (Figura 56).
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 56 - Caules ereto de classificação colmo - milho e bambu
iv) Haste – é um caule ereto, de estrutura maleável, verde (clorofilados), fino e ramificada,
característico de plantas herbáceas, como o feijão a couve, etc. (Figura 57)
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 57 - Caules ereto de classificação haste - couve
Os caules subterrâneos são aqueles que se desenvolvem em baixo da terra e são ricos em
substâncias nutritivas. Há três tipos de caules subterrâneos: rizoma, tubérculo e bolbos.
MÓDULO V
a) Rizoma - são caules subterrâneos que se desenvolvem horizontalmente debaixo do
solo, junto à superfície, emitindo algumas folhas, apresentam gemas laterais e possuem
raízes e ramificações na sua estrutura, exemplo gengibre, bananeira, samambaia. (Figura
58)
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
MÓDULO I
B
Figura 58 - Caule subterrâneo de classificação rizoma, a) samambaia e bananeira; b) Rizoma alongada, com folhas
escamiformes
MÓDULO II
b) Tubérculo – o caule é praticamente todo de baixo da terra, onde armazenam substâncias
nutritivas, sendo utilizados muito para alimentação, como o caso das batatas, rabanetes,
etc., (Figura 59). Outra característica dos tubérculos é a sua rigidez e espessura, devido
ao armazenamento de nutrientes que eles absorvem do solo. Este tipo de caule compõe
a maior parte da planta, sem que haja a presença de folhas alteradas na planta.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 59 - Tubérculo volumoso e sem raiz, caule de uma
batata
c) Bolbos – é um caule redondo, formado por folhas modificadas, na sua parte inferior há
raízes e na posterior, folhas com reservas nutritivas. São muito utilizados na alimentação
humana, como o alho e a cebola. (Figura 60). Do bolbo partem as raízes fixadoras da
planta ao solo. Em geral, acumulam substâncias nutritivas.
MÓDULO V
1
2
MÓDULO VI
3
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
Tipo de caules aquáticos
Os caules aquáticos são, aqueles que se desenvolvem dentro da água (Figura 61). A sua
maioria, são pouco desenvolvidos e fotossintetizantes. Possuem estruturas que armazenam ar,
o que facilita a respiração e a flutuação da planta no ambiente aquático.
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 61 - Caules aquáticos
MÓDULO IV
vantajosos para a planta como proteção contra os herbívoros (Figura 62).
MÓDULO V
MÓDULO VI
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ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 63 - Roseira com acúleos
MÓDULO II
Cladódios - são caules que se parecem com folhas verdes achatados, e com espinhos.
Estes caules são encontrados em plantas que durante a sua evolução perderam as folhas,
com o objetivo de evitar a perda de água para o ambiente, são típicos de plantas que se
desenvolvem principalmente em regiões de clima muito seco, exemplo catos. Nestes tipos de
caules ao contrário das folhas, conseguem economizar a água (através do seu armazenamento)
que seria perdida por evaporação e a realização da fotossíntese (Figura 64).
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 64 - Caules cladódios, exemplo catos
Unicaules (fruteiras) – apresenta apenas um caule, que tende a crescer na vertical, dando
ramos laterais, que se alargam e se afastam muito do eixo central, com uma vida secundária
sem tendência para crescer na vertical (Figura 65).
MÓDULO V
Multicaules (groselha e framboesa) – da raiz saem muitos caules, que se alargam copadas
em ramos (Figura 65).
MÓDULO VI
A B
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
iii) Folhas
As folhas são órgãos vegetativos das plantas que crescem a partir do caule (Figura 66). Têm
normalmente, cor verde por possuírem clorofila.
MÓDULO I
Funções das folhas:
a) As folhas são as “fábricas de alimentos” das plantas porque possuem clorofila, que
capta a energia solar, usa dióxido de carbono do ar, água e sais minerais do solo, produz
os alimentos da planta e liberta oxigénio;
b) As plantas transpiram pelas folhas (transpiração) perdendo água (vapor), que origina a
MÓDULO II
humidade do ar;
MÓDULO III
primárias das cadeias tróficas;
MÓDULO IV
parte do caule
Pecíolo – normalmente se chama o pé da
folha
Limbo – é a parte larga e pouco espessa
da folha
No limbo distinguem-se:
Margem – extremidade do limbo
Nervura – vasos condutores MÓDULO V
Página superior – voltada para a luz
Página inferior – voltada para o solo Figura 66 - Constituição de uma folha | Fonte: https://www.slideshare.
net/00367p/planta-folha-43047541/12
• Peninérvea – com uma nervura principal donde partem várias secundárias (Figura 69);
BIBLIOGRAFIA
• Palminérveas – com várias nervuras principais que saem da base da folha (Figura 70);
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ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 67 - Folha uninérvea, exemplo pinheiro-manso
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 68 - Folha paralelinérvea – Folha de milho
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 69 - Folha peninérvea
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
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ÍNDICE
As folhas apresentam formas de limbo muito variadas, na Tabela 17, está contemplada a
sua classificação.
MÓDULO I
folíolos. Cada folíolo pode ter ainda um pequeno pecíolo, que, nesse caso, é chamado de
peciólulo.
MÓDULO II
Elíptica Penatipartida
MÓDULO III
Oboval Palmada
MÓDULO IV
Peltada Trifoliada
Lanceolada Ternada
MÓDULO V
Orbicular Pinulada
MÓDULO VI
iv) Flores
BIBLIOGRAFIA
A flor é o principal órgão reprodutivo das plantas e não passa de conjuntos de folhas
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ÍNDICE
adaptadas a funções de reprodução constituindo o androceu e gineceu, e de proteção destes
(perianto).
Flores que apresentam órgãos reprodutores de ambos os sexos, masculino e feminino, são
chamadas de hermafroditas (plantas monóicas).
MÓDULO I
Flores que apresentam órgãos reprodutores de apenas um dos sexos (masculino ou
feminino) são chamadas de plantas dióicas, exemplo milho pendão (bandeira; capucha) órgão
reprodutor masculino; espiga órgão reprodutor feminino.
Androceu: órgão reprodutor masculino da flor formado por um conjunto de estames, cujo
número varia de nenhum a dezenas, dependendo da espécie da flor. Os estames são formados
pelo filete e pela antera. É na antera que encontramos os grãos-de-pólen (Figura 71).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 71 - Imagem ilustrativa do órgão reprodutor masculino
da flor – Androceu | (Fonte: http://www.ciencias.seed.pr.gov.br/
modules/galeria/detalhe.php?foto=2004&evento=3)
MÓDULO IV
Gineceu: órgão reprodutor feminino da flor (Figura 72)
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Perianto
É o nome dado aos invólucros da flor, isto é, o conjunto do cálice e da corola, que envolvem
os órgãos de reprodução deste tipo de plantas (Figura 73).
MÓDULO I
Uma das funções do perianto é atrair insetos e pássaros, que desempenham um papel
importante na polinização das flores.
MÓDULO II
Figura 73 - Imagem ilustrativa do Perianto | Fonte: Rodrigues, s.d
MÓDULO III
Cálice e corola
Corola: folhas modificadas chamadas de pétalas, que podem ser de variadas cores;
MÓDULO IV
Inflorescências – disposição das flores numa planta. A haste de uma inflorescência é
denominada pedicelo (Figura 74).
MÓDULO V
MÓDULO VI
Tipos de inflorescências:
• Inflorescências definidas (Cimeiras), a primeira flor a abrir é a que fica por cima ou no
centro do conjunto (Tabela 18);
99
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ÍNDICE
Escorpióide – as flores estão Cimeira Multípara – as flores Cimeira Bípara – as suas flores
ramificadas e dispostas apenas de brotam sempre de gemas estão opostas uma à outra, graças
Tabela
um dos4 -lados
Inflorescências
da raque. definidas
lateralizadas em volta do mesmo ao desenvolvimento de suas
nó, inclinadas em relação à raque gemas laterais.
Escorpióide – as flores Cimeira(oMultípara – as
eixo principal). Cimeira Bípara – as suas
estão ramificadas e dispostas ape- flores brotam sempre de gemas flores estão opostas uma à outra,
MÓDULO I
nas de um dos lados da raque. lateralizadas em volta do mesmo graças ao desenvolvimento de
nó, inclinadas em relação à raque suas gemas laterais.
(o eixo principal).
MÓDULO II
o pedicelo e uma estão arranjadas flores aparecem estão arranjadas estão dispostas
raque simples. em uma raque geralmente apenas sob o mesmo ao redor de
simples. nas ramificações e ponto no topo da um recetáculo
no topo da raque. raque. arredondado que
é protegido por
brácteas, em forma
aproximada de um
disco na espessura
MÓDULO III
e no diâmetro.
MÓDULO IV
Tabela 19 - Inflorescências Indefinidas
v) Frutos
MÓDULO V
fase que se inicia o processo de composição do fruto (Figura 75): estrutura, cores, consistência
e sabores. MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Todos os frutos apresentam uma estrutura básica (Figura 76):
MÓDULO I
Mesocarpo: é a porção intermediária (entre o epicarpo e o endocarpo). Às vezes armazena
alguma substância de reserva. Oriunda dos parênquimas da folha carpelar, vulgarmente
chamada de polpa.
Endocarpo: é a porção (camada) mais interna, geralmente mais rígida, envolve a semente.
Oriunda da epiderme interna do ovário.
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 76 - Constituição do fruto | Fonte: https://www.slideshare.net/
edvaldosilvajunior/angiospermas-flor-fruto-e-semente
MÓDULO IV
• Frutos simples: provenientes de uma só flor com um só pistilo, ex.: limão, pêra, maracujá,
maça, pêssego, noz, kiwi; laranja; pêssego, ameixa; cereja etc.
• Frutos múltiplos: provenientes de uma flor com vários pistilos (inflorescência) ex.:
abacaxi, framboesa, groselha.
• Frutos agregados ou infrutescências: São formados a partir de vários carpelos ou
pistilos separados de uma única flor. ex.: figo, amora, morangos e uva.
É através da dispersão e distribuição das sementes que é possível a propagação das plantas,
das quais com o tempo desenvolveram muitas maneiras de dispersão da sua população,
podendo ser por terra, na água no caso das plantas aquáticas e até em rochas.
áreas de invernos rigorosos, as sementes podem passar o inverno todo debaixo da neve,
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Agricultura Sustentável
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ÍNDICE
dormentes, e só germinam na primavera, ou quando existem condições ambientais favoráveis
ao seu desenvolvimento, nomeadamente, água e a temperatura.
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 77 - Morfologia interna de uma semente Dicotiledónea | Fonte: https://www.coladaweb.com/biologia/botanica/angiospermas
MÓDULO III
os fenómenos e estruturas que contribuem para manutenção da vida na planta. O objetivo é
compreender como funciona o metabolismo, desenvolvimento, reprodução, nutrição, e até
mesmo avaliar como as plantas reagem às influências do meio em que estão inseridas.
MÓDULO IV
Nos processos químicos nas plantas, temos a fotossíntese, respiração, digestão, síntese de
substâncias diversas, armazenamento, entre outros.
Nos processos físicos nas plantas, temos a absorção de CO2 e perda e a absorção da água.
MÓDULO V
I.3.2.1 FOTOSSÍNTESE
(catos).
A origem da matéria-prima para a fotossíntese está no solo e no ar, onde a água e os sais
minerais são retirados do solo através da raiz da planta e chega até as folhas pelo caule em
forma de seiva – seiva bruta.
A luz do sol, por sua vez, também é absorvida pela folha, através da clorofila, que é
BIBLIOGRAFIA
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 78 - Processo de fotossíntese
MÓDULO II
A equação da Figura 78, explica que quando há luz e clorofila, o CO2 e a água são convertidos
em glicose e água e há libertação de oxigénio.
Podemos concluir que para a fotossíntese ocorrer há necessidade de luz, água e dióxido
de carbono (CO2), basicamente porque precisamos de energia ATP1 (adenosina trifosfato)
(Figura 79).
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 79 - Imagem ilustrativa do processo Fotossíntese | Fonte: https://
www.iguiecologia.com/como-funciona-fotossintese/
i) Luz: é um fator primordial para o processo fotossintético, pois dela depende a conversão
da energia luminosa em energia química.
hidrólise dessas moléculas.
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Não esquecer que em relação à luminosidade existem plantas que necessitam de muita
luz, plantas de “Sol” e plantas que devem ser protegidas da luz solar, plantas de “sombra”.
Desta forma, podemos perceber que as folhas também são diferentes de acordo com esta
característica da planta.
MÓDULO I
ii) Temperatura: A temperatura influencia diretamente as reações bioquímicas. O limite
de temperatura para a realização do processo de fotossíntese seria aproximadamente
35ºC, visto que a partir desta temperatura a fluidez da membrana onde está presente a
clorofila será alterada.
iii) Gases: As plantas contam, naturalmente, com duas fontes principais de CO2: o gás
proveniente da atmosfera, que penetra nas folhas através de pequenas aberturas
MÓDULO II
chamadas estomas, e o gás libertado na respiração celular. Sem o CO2, a intensidade
da fotossíntese é nula.
iv) Água: A água é fundamental como fonte de hidrogénio para a produção da matéria
orgânica. Em regiões secas as plantas têm a água como um grande fator limitante.
MÓDULO III
I.3.2.2 RESPIRAÇÃO CELULAR
MÓDULO IV
Na respiração, ainda ocorre a libertação de dióxido de carbono e energia da qual uma parte
é armazenada na forma de moléculas de ATP (adenosina trifosfato) e a outra parte é libertada
sobe a forma de calor e o consumo de oxigénio e glicose, ou outra substância orgânica.
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
I.3.2.3 TRANSPIRAÇÃO
De toda a água absorvida pelo sistema radicular apenas uma pequena fração fica retida
na planta. A maior parte é evaporada pela parte aérea para o ar circundante. A esta perda de
água pelas plantas, na forma de vapor, dá-se o nome de transpiração.
MÓDULO I
A transpiração é responsável por diversos eventos na fisiologia das plantas superiores:
i) Pode levar as plantas a uma situação de deficiência hídrica, sendo letal em situações
mais graves;
MÓDULO II
iii) Participa da elevação dos nutrientes e compostos sintetizados na raiz;
iv) Dissipação do calor, através das perdas de vapor de água pelas folhas.
MÓDULO III
verifica através das perdas de água nos tecidos;
MÓDULO IV
i) Disponibilidade de água: Quando a disponibilidade de água numa planta é reduzida
por seca ou baixa temperatura, a absorção será menos intensa que a transpiração, o que
levará a planta a uma situação de deficiência hídrica – Redução da taxa de transpiração;
iii) Vento: O movimento do ar sobre a superfície da folha tende a remover o vapor de água; MÓDULO V
iv) Humidade do ar: Com o ar seco maior é a transpiração;
v) Luz: A radiação solar é a fonte primária de energia para a transpiração. Grande parte da
energia absorvida pelas plantas é dissipada na forma de aquecimento e evaporação;
MÓDULO VI
vi) Tamanho e forma das folhas: Folhas de tamanho menor, tendem a transpirar mais;
vii) Orientação e exposição das folhas: O ângulo de incidência dos raios solares sobre as
folhas atua sobre o aquecimento e taxa de transpiração;
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
da radiação solar, reduzindo a evaporação e consequentemente a taxa de transpiração;
ix) Estrutura anatómica: Folhas de sol contêm camada a mais de células paliçádicas
e compactadas. Sistema vascular mais desenvolvido, cutícula mais espessa, folhas
menores e mais grossas, o que conferem uma melhor retenção e circulação de água
MÓDULO I
dentro da planta;
x) Área foliar: A transpiração está associada ao balanço energético da própria folha, sendo
que este balanço depende da intercetação de radiação solar pelas folhas.
xi) Relação área de raízes/área foliar: Se a relação área de raízes/área foliar for baixa, pode
haver desenvolvimento de um estado de deficiência hídrica mais acentuada.
MÓDULO II
A transpiração nas plantas pode ser:
• Estomática: consiste na saída de vapor de água da planta, através dos estomas situados
na epiderme duma folha ou caule verde e representa um dos processos de maior
MÓDULO III
importância na interação entre a planta e o ambiente.
Estomas
Estomas são estruturas celulares de pequenas aberturas ou poros no tecido vegetal, que têm
a função de realizar trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente (auxiliam na transpiração).
Estão localizadas na epiderme inferior da folha, auxiliando na redução da perda de água,
MÓDULO IV
fechando quando as condições são quentes ou secas, evitando o excesso de transpiração
devido à intensidade de luz que atinge a epiderme superior (Figura 81). Contudo, também
podem ser encontrados em alguns caules. Os estomas permitem que a planta absorva o
dióxido de carbono, necessário para a fotossíntese.
MÓDULO V
MÓDULO VI
com/arquivo/55638604/transpiracao-a-transpiracao-cuticular-e-um-processo-
fisico-que-nao-e-regulado-pe
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
I.3.2.4 CIRCULAÇÃO DA SEIVA
A seiva é um líquido que circula nas plantas vasculares, sendo através dela que é feito a
nutrição da planta, ou seja, é realizado o transporte de nutrientes para todas as células do
vegetal. Estes nutrientes são necessários para o crescimento e redistribuição de substâncias
orgânicas produzidas pelo processo de fotossíntese. Pode dizer-se que ela é o equivalente ao
MÓDULO I
sangue dos seres humanos. A condução da seiva é realizada através de tecidos vegetais com a
designação de xilema e floema (Figura 82). A principal diferença entre estes vasos condutores
é que o xilema transporta a água (seiva bruta) e o floema conduz substâncias orgânicas (seiva
elaborada).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 82 - Circulação da Seiva – Xilema e Floema | Fonte: Ad. https://brainly.lat/tarea/11865071
• Seiva bruta – constituída pela água e sais minerais presentes no ambiente, é utilizada
MÓDULO IV
pela planta para a produção de substâncias orgânicas e para a transformação em seiva
elaborada.
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
I.3.3. ESTADOS FENOLÓGICOS E DURAÇÃO DO CICLO DAS CULTURAS
A Fenologia é o estudo de como a planta se desenvolve ao longo de suas diferentes
fases: germinação, emergência, crescimento e desenvolvimento vegetativo, florescimento,
frutificação formação das sementes e maturação. O clima influencia de forma mais ou menos
MÓDULO I
acentuada todos estes processos fenológicos.
A data de floração tem um controlo endógeno e exógeno. Nas fruteiras de clima temperado
depende das necessidades em horas de frio durante o período de repouso e das necessidades
em calor depois da quebra da dormência.
A amendoeira, por exemplo, tem menos necessidades em frio e calor do que a macieira.
MÓDULO II
Atrasam o abrolhamento na primavera, outonos quentes (as necessidades em frio são
satisfeitas tardiamente) e finais de inverno e primaveras frios (as necessidades em calor são
satisfeitas tardiamente). Por ordem a sequência de floração das arvores fruteiras temperadas
é a seguinte: amendoeira (ainda em janeiro), cerejeira, pessegueiro, pereira, macieira e, muito
mais tarde, no final de junho, o castanheiro.
Muitas árvores, cultivadas para fruto ou não, sofrem uma queda acentuada de flores não
fecundadas no período de vingamento2.
MÓDULO III
O crescimento vegetativo de primavera inicia-se com o abrolhamento dos gomos foliares.
Nos pomares geralmente é interrompido com as temperaturas altas a meio do verão (35-40°C)
ou pela ação conjugada de temperaturas altas e falta de água no solo. Os ciclos fenológicos
das plantas têm um forte controlo genético. Embora sejam distintos de espécie para espécie,
e possam variar a nível da sua cultura, os ciclos fenológicos anuais respondem a diversos
fatores ambientais, sobretudo de ordem climática.
MÓDULO IV
Os fatores ambientais que exercem um controlo mais significativo nos ciclos fenológicos
anuais após a quebra da dormência são o número de horas de luz, a precipitação e a
temperatura que permitem estabelecer momentos mais precisos para a rega, fertilizações,
plantações, podas, tratamentos fitossanitários, corte e polinização artificial.
MÓDULO V
imagens da evolução fenológica do mirtilo, castanheiro, milho e videira.
ovário.
108
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
i) Principais culturas cultivadas em Portugal
MÓDULO I
(Cucurbita pepo) de calor e de crescente em ervilha. Evitar a antes dos primeiros Pilgões; Míldio;
humidade, mas sem conjuntos de 3-4 vizinhança da frios importantes. Antracnose;
Abóbora-menina excesso. sementes a 1x1m batata, do rabanete Podridão cinzenta;
(Cucurbita maxima) de distância. e do funcho. Fusariose.
Sacha, rega, depois
palhagem a fim de
não voltar a regar
nem remexer a
terra.
Meloa Muito exigente Sementeira em São favoráveis, o Realiza-se, quatro Pulgão; Tripes;
(Cucumis melo) em calor, necessita quarto crescente, feijão e a couve. O meses após a Oídio; Antracnose;
MÓDULO II
que lhe suprimam em grupos de três pepino e a abóbora sementeira, logo Mosca branca.
alguns rebentos, grãos. Plantação diminuem o sabor que cheire a
gosta de rega espaçada de 80x80 dos frutos que são maduro, e que
e sobretudo cm, em buracos menos açucarados tenha um anel bem
de palhagem, preparados e e menos demarcado à volta
para guardar a enriquecidos com perfumados. do pedúnculo.
humidade do solo e composto.
preservar a limpeza Tem exigências
dos frutos. elevadas em
O primeiro corte fósforo e magnésio.
deve ser feito por Moderar a
MÓDULO III
baixo da 2ª folha. fertilização azotada.
O segundo corte Cultura exigente
sobe a 6ª folha, nas rotações e
dos dois caules aprecia solos argilo-
secundários. siliciosos.
Pepino Exige muito Semeia-se em Com ervilha, feijão, Logo que os Oídio; Lesmas;
(Cucumis sativus) calor e deve ser lua crescente. Em rabanete, cebola, pepinos estejam Pulgão; Míldio,
cultivado em solos grupos de 4-5 alface, couve, com 2/3 do seu Antracnose, Virose.
que aqueçam sementes afastadas girassol, milho. desenvolvimento
rapidamente. É de 50 cm, em Evitar a vizinhança e fora das horas
MÓDULO IV
muito sensível ao linhas afastadas de do tomateiro. quentes.
frio. Tem sistema um metro. Fazer
radicular superficial. cobertura com
palha para manter a
humidade do solo e
os “frutos” limpos.
Exige uma
fertilização orgânica
abundante. Gosta
de terriço e suporta
o composto mal
“curtido”.
argilosos.
109
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Rosáceas Cultura doenças*
Morangueiro Rústico, resistente Plantação em Com alho ou Os frutos devem Podridão cinzenta;
(Fragaria vesca) aos grandes frios setembro/outubro cebolinho, permite ser colhidos bem viroses, mosaico,
(no entanto, as (no fim do inverno), aumentar a maduros. amarelecimento e
flores temem as a partir dos capacidade de emurchecimento;
MÓDULO I
geadas primaveris). estolhos emitidos resistência dos Oídio; Ralo; Lagarta
Teme os excessos pelos pés-mãe, à morangos contra a amarela; Pulgão
de humidade distância de 40x40 podridão cinzenta. verde; Lesmas.
e secura. Um cm. Sacha. Dá-se bem com o
“mulching” Prefere solos feijão, a alface e
realizado com ricos, ligeiramente o espinafre. Evitar
agulhas de ácidos, e teme os a proximidade da
pinheiro, abeto ou solos calcários. É couve.
outras coníferas, esgotante devido à
melhora o aroma sua longa duração
MÓDULO II
dos frutos (colocar (4 anos), não
depois da floração). devendo voltar
ao mesmo talhão
antes de 8/10 anos.
MÓDULO III
Alho Plantar os dentes Variedade de Beterraba, cenoura, Quando as folhas Ferrugem; Podridão
(Allium sativum) de alho com a outono; em morangueiro, amarelecem, cinzenta; Tina
ponta para cima, outubro, novembro alface, tomate – arrancar com (lagarta verde das
a 2 ou 3 cm de e dezembro; roseiras. Evitar tempo seco. folhas); “Anthomic”
profundidade. Variedade de feijão, ervilhas. Deixar sobre o solo da cebola (lagarta
Utilizar somente os primavera: em durante um ou branca do bolbo),
dentes da periferia janeiro, fevereiro e dois dias antes de queima os
da cabeça do alho. março. colocar no local de bolbos atingidos;
Plantar os dentes Não regar, só conservação. Antracnose.
de 10 em 10 cm ou em caso de seca
15 em 15 cm em prolongada,
cada linha. As linhas teme a humidade
MÓDULO IV
são espaçadas de em excesso e a
30 cm. matéria orgânica
mal decomposta
(estrume fresco, por
exemplo).
Alho – porro Planta resistente Semear em quarto Com cenoura Normalmente Tinha da lagarta; A
(Allium porrum) ao frio, o que lhe minguante. (o alho porro colhe-se em borboleta cinzenta;
Conhecido por permite passar o Cultura normal: repele a lagarta agosto/setembro. Míldio; Podridão.
“Alho francês” inverno na terra. Semear em da cenoura e a Tardiamente colhe-
fevereiro/março; cenoura a lagarta se de dezembro a
MÓDULO V
Cultura tardia: do alho porro). abril.
Semear em maio, Boa vizinhança
transplantar em com cebola, aipo,
agosto. tomate, espinafre.
Antes da plantação, Desaconselhado
deixar “secar” aperto da acelga e
no solo durante do feijão.
36 horas para o
endurecer um
pouco, o que
protege contra os
MÓDULO VI
ataques da lagarta.
Planta exigente
em fertilizações
orgânicas
abundantes.
Suporta mal as
fertilizações mal
decompostas. A
lagarta ataca com
frequência se o
solo for carente em
BIBLIOGRAFIA
Magnésio.
110
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Liliáceas Cultura doenças*
Cebola Teme os solos Sementeira em Benéficas: Cebola de cor: ao Gordura é devido
(Allium cepa) húmidos e quarto minguante. beterraba, cenoura, colhê-lo, deixá-lo a uma bactéria. O
demasiado ácidos. Em fevereiro/ (afasta a mosca secar, durante 1 dia, bolbo escurece e
Prefere os solos março: cebola de da cenoura e da no local. depois apodrece.
MÓDULO I
“firmes”. A cebola cor cebola), alface-de- Cebola branca: Evitar os solos
é tanto mais doce Em outubro/ cordeiro, rabanete. colheita em maio/ húmidos e a
quanto mais quente dezembro: cebola Evitar: ervilhas, junho. matéria orgânica
for o clima onde é branca (também feijões e favas. não compostada.
cultivada. possível na Mosca phorbia;
primavera). Míldio; Traça
Evitar a matéria (Acrolesia
orgânica fresca. assectella);
Podridão do bolbo.
MÓDULO II
subterrâneo de espalhar composto cultura de alhos- são recolhidos sobre as folhas);
onde partem as bem decomposto porros. Assim a quando saem da Criocero do
raízes. Os espargos (1 carro de mão rhizoctonia (doença terra com cerca de espargo (Platyparea
combustíveis para 10 m2), cinzas que faz apodrecer 15 cm. A colheita poeciloptera),
desenvolvem-se a de madeira ou um as raízes) é evitada. dura duas a quatro coleóptero;
partir de rebentos adubo orgânico. Benéfico com semanas no 3º ano Mosca do espargo
fechados no Em março, em tomate, salsa, e pode estender-se (Phaorbia platura),
rizoma. Podem ficar trincheiras de 20 cm feijão rasteiro, alho até oito semanas postura em abril/
no mesmo sítio 15 a de profundidade francês, cebola… nos anos seguintes. maio; Podridão
20 anos. Produzem e 40 cm de largo, cinzenta (Botrytis
a partir de 3º ano. dispostas de cinérea);
metro em metro, Esclerotinia.
MÓDULO III
os rizomas são
espalhados sobre
um monte de terra
fina.
Exige drenagem,
teme a humidade.
Necessita de muito
espaço: 10 m2
para produzir 5 kg
de espargos por
estação.
Tabela 22 - Famílias das Liliáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015
MÓDULO IV
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Solanáceas Cultura doenças*
Beringela (Solanum Multiplica-se por Em maio, a 30/40 Benéfico: feijão Em zonas frias a Míldio; O
melongena) sementeiras em cm x 30/40 cm ou rasteiro colheita é muito escaravelho da
lua crescente. 50/60 cm x 50/60 Ervilha, estragão reduzida. batata; Esclerotina;
Um mês depois cm. e tomilho são Os melhores Cercosporiose;
da plantação, a Necessita de calor estimulantes. rendimentos são Podridão cinzenta;
necessidade de e pede solo rico em obtidos em zonas Aranhiço vermelho.
“poda” (supressão húmus e matéria quentes ou em
MÓDULO V
dos ramos que orgânica. Depois estufas.
crescem na axila da plantação, cobrir
das folhas da base). o solo de folhas
de consolda ou de
composto, e, mais
tarde, de erva seca
ou de palha.
Regar com
chorume de urtigas
diluídas ajuda no
crescimento.
MÓDULO VI
Pimento Pimento (variedade Sementeira em Feijão, beringela, A colheita realiza- Mosca branca;
(Capsicum annum) de frutos grandes lua crescente. ervilha, manjericão, se quando estiver Pulgões; Míldio;
não picantes) Transplantação orégão. maduro. Podridão cinzenta;
e malaguetas em lugar com boa Esclerotinia.
(variedade de exposição. Prever
pequenos frutos um intervalo de 50
picantes) são de cm x 50 cm.
cultura idêntica. Exigente em
As exigências são calor: 20º C na
semelhantes às da sementeira, 15º
beringela. C na plantação.
Prefere as terras
BIBLIOGRAFIA
ricas em húmus.
111
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Solanáceas Cultura doenças*
Tomate (Solanum Poda: Os rebentos Sementeiras em Recomendada Em fim de estação: Míldio; Gangrena
lycopersicum) adeventicios lua crescente com a consolda, suprimir as folhas dos frutos; Pulgões;
que crescem na sobre camas aipo, manjericão, da parte inferior Ralos; Mosca
axila das folhas quentes ou em cenoura, cebola, do caule para branca; Podridão
MÓDULO I
são suprimidos lugares abrigado. couve, salsa, permitir a entrada cinzenta.
à medida que Repicagem quando tetragónia, de mais claridade a
vão aparecendo as plântulas têm rabanete. fim de favorecer a
e podem cinco folhas (15 dias Não é maturação.
eventualmente ou mais). recomendado, o
ser plantados com Plantação a 50 x pepino, funcho,
estacas (reprodução 70 cm. “Mulch” couve – rábano,
vegetativa), ou no local desde a feijão, batata,
utilizados como plantação, escolher beringela.
repulsores dos uma exposição
parasitas de certas Sul-Sudoeste.
plantas. Demolhar as
sementes num
MÓDULO II
preparado de
valeriana.
Pede fertilizante
orgânica
abundante.
Necessita de
solo quente
ou que aqueça
rapidamente.
Pulverização com
chorume sobre
o “mulch” ou na
MÓDULO III
água da rega.
MÓDULO IV
7-10 cm, em terra Amontoa: logo temperatura ideal pela picada dos
pesada; 10 – 12 que as plantas de 4 a 8ºC. Juntar insetos.
cem em terra tenham 15 – 20 cm ramos de louro - Se o gérmen não
ligeira. de altura. Não se para afastar os se desenvolveu
Compasso: 30 – 40 deve realizar mais ratos. no período da
cm x 50 – 60 cm, tarde para não Para evitar o germinação é
para as variedades cortar os estolhos desenvolvimento possível aparecer
precoces, 40 cm x de interligação. de rebentos, a podridão do
60 – 70 cm, para as Uma outra amontoa efetuar uma tubérculo, a
variedades tardias. é possível 15 dias conservação com: podridão seca,
antes da floração. - Ausência de luz; a presença
Corte dos caules, - Baixa de pústulas à
duas a três semanas temperatura, superfície do
MÓDULO V
antes da colheita sempre estável, até tubérculo ou a
(melhoram a ficar quase frio. sarna prateada.
conservação dos - Necroses nos
tubérculos e a caules;
sua firmeza na - Míldio;
cozedura). Ferrugem: manchas
A batata é uma cinzentas sobre os
cultura que folíolos;
necessita de - Escaravelho, este
muito húmus, não coleóptero pode
resistindo quase destruir em parte
nenhuma matéria ou a totalidade da
MÓDULO VI
orgânica. folhagem;
Deve-se adicionar Na colheita
Fósforo e e durante a
Composto sobre conservação:
o precedente da - Lagarta amarela;
cultura: - Larva de besouro;
- 50 kg de Fósforo - Larva de nóctua,
natural para 1000 provocam
m2; mordeduras nos
- 2t de Composto tubérculos;
para 1000 m2; - Lesmas, abrem
Antes da plantação, cavidades;
fornecimento de - Sarna prateada;
BIBLIOGRAFIA
112
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Solanáceas Cultura doenças*
compostados. - Míldio;
Durante a - Podridão seca: no
vegetação, corte nota-se uma
fertilização foliar podridão castanha,
MÓDULO I
com lithothamnium, o tubérculo
dolomita ou pó de desidrata-se,
rocha na dose de mumifica e fica
10 – 15 kg/1000m2. muito duro;
Não efetuar - Gangrena:
calagem, nem localiza-se quase
aplicar potássio. sempre na base dos
tubérculos.
- Podridão húmida:
manchas castanhas
sobre os tubérculos
que se transformam
numa massa
MÓDULO II
líquida.
Tabela 23 - Famílias das Solanáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015
MÓDULO III
Plantação a 50-60 coroa das folhas
cm de distância. e no colo da raiz
Não se desenvolve (fragilidade em
bem em solos quebrar);
muito ácidos e Podridão da
em clima seco, coroa (da folha) e
sobretudo no início do colo (da raiz):
do crescimento. as plantas jovens
Cobertura do solo apodrecem na zona
com composto da coroa e do colo.
maduro no decurso Evitar plantar as
MÓDULO IV
da vegetação. couves na mesma
parcela em anos
consecutivos.
Míldio das
crucíferas, tipo
penugem: manchas
esbranquiçadas e
com penugem sob
as folhas.
Mosca da couve:
esta mosca cinzenta
põe os ovos no
MÓDULO V
colo ou no talo das
couves.
Piéride/lagarta da
couve: a borboleta
os seus ovos
amarelos vivos
sob as folhas e as
lagartas roem as
folhas.
Altica – espécie
de escaravelho,
MÓDULO VI
perfuras as folhas.
Gorgulho: as larvas
deste pequeno
inseto (falsa potra)
roem os tecidos e
formam “bugalhos”
sobre o pé.
Pulgão de cinza:
este parasita suga
a seiva.
Noctuela: esta
lagarta devora as
BIBLIOGRAFIA
plantas jovens.
113
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MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Famílias das Modo de Parasitas e
Plantação Associações Colheita
Crucíferas Cultura doenças*
Couve-flor (Brassica Planta que não Semear em zona As folhas do A sua colheita Idêntica às das
oleracea botrytis) deve sofrer protegida. tomateiro têm um é feita antes da outras couves, mas
carências Plantar no estado efeito repulsivo abertura da flor. principalmente a
vegetativas e, de quatro folhas. contra as lagartas. altica, piéride e a
MÓDULO I
sobretudo nunca Precisa de um hérnia.
sofrer de secura. solo muito
Necessita da fértil e de uma
amontoa durante o humidade regular.
seu crescimento. Deve aplicar-se
composto maduro.
Rega abundante e
regular no verão.
Couve-nabo Muito rustica e Semear em quarto Cenoura, cebola, Ao fim de 100 dias Idêntica às das
MÓDULO II
(Brassica campestris produtiva. Mas minguante, em ervilha, saladas. após a sementeira outras couves, mas
napo-brassica) receia a secura. linha, com 35 cm de Evitar associações e até ao fim do principalmente
afastamento. Em com o inverno. Não colher a altica, piéride,
lugar definitivo a morangueiro. muito tarde, senão tentredo (inseto) do
40 cm. corre o risco de rábano (as larvas
Prefere os solos endurecer. roem as folhas até
húmidos. Evitar o às nervuras), mosca
excesso de fósforo, da couve (as raízes
que aumenta o são atacadas).
parasitismo.
Evitar as
MÓDULO III
fertilizações
orgânicas
excessivas
que alteram a
conservação.
Couve repolho Tal como as outras Sementeira em Cultura em linha, Aproximadamente Idêntica às das
(Brassica oleracea) couves, gosta viveiro ou no de couve e de alho- quatro meses após outras couves, mas
de terras frescas, local definitivo, porro ou aipo. a sementeira. principalmente,
profundas, um bem espaçada. Como prevenção pulgões e lagartas.
pouco argilosas e O enlameamento contra as lagartas,
MÓDULO IV
ricas em húmus. das raízes é podem empregar-
particularmente se as folhas de
recomendado. tomate retiradas
da poda que se
espalha no solo.
Tabela 24 - Famílias das Crucíferas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015
Famílias das
Modo de Parasitas e
Papilionáceas Plantação Associações Colheita
Cultura doenças*
(leguminosas)
Ervilha Os grãos Sementeira em Cenoura, nabo, Colheita desde que Oídio; Míldio; MÓDULO V
(Pisum sativum) redondos são mais lua crescente rabanete, pepino, as vagens estejam Pulgões; Podridão
resistentes ao frio de novembro a batata. Evitar a bem cheias. cinzenta; Tripes.
e à humidade. Os fevereiro, em linhas proximidade de Colheita em seco. Antracnose:
grãos enrugados distanciadas de alho, cebola e manchas
suportam melhor 30 cm (variedades chalota. acinzentadas sobre
o calor. É preciso anãs) e de 40 as folhas, caules e
respeitar um cm (variedades vagens.
intervalo de quatro semianãs). Ferrugem: manchas
MÓDULO VI
decompostas.
114
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Famílias das
Modo de Parasitas e
Papilionáceas Plantação Associações Colheita
Cultura doenças*
(leguminosas)
Fava É um dos primeiros Sementeira em Alcachofra, milho, Colhidas tenras, Pulgão; Míldio;
(Vicia faba) legumes de quarto crescente, batata, aipo, alface. as favas podem Tripes; Gorgulho
primavera. Teme a em linhas distando Evitar alho, cebola, ser consumidas na das favas: larvas
MÓDULO I
seca e os calores 40 cm, e, com grão chalota. totalidade com as que saem dos
extremos, o que de 15 em 15 cm, vagens. grãos no fim do
desaconselha a sua com 4-5 cm de Colhidas maduras, inverno.
cultura em pleno profundidade. só os grãos é
verão. Suporta o Prefere os solos que podem ser
frio até -3/-4ºC. ricos em húmus consumidos.
fresco.
Feijão Receia o frio. Antes de semear, Batata, milho, aipo, Pode ser Gorgulho;
(Phaseolus vulgaris) Não germinam deixar embeber os pepino, alface, escalonada e Antracnose; Oídio;
senão quando a grãos durante três cenoura. variada em função Piolho; Ferrugem
temperatura do horas numa infusão Desaconselhado da escolha das
MÓDULO II
solo é superior a de camomila perto do alho- espécies (feijão
10º C. arrefecida. porro. em vagem, feijão
Fazer as em grão fresco ou
sementeiras seco).
escalonadas,
escolhidas
em função
da finalidade:
obtenção de
vagens finas, de
grãos frescos ou de
grãos secos.
Escolher o período
MÓDULO III
de lua crescente.
Afastamento:
- 50 cm entre as
linhas para as
variedades anãs;
- 75 cm para as
variedades de
trepar.
Receia os solos
calcários, as
terras húmidas
e frescas. Não
gosta de matérias
MÓDULO IV
orgânicas pouco
decompostas,
preferir um
decomposto
maduro. Não regar
a folhagem desta
planta.
Tabela 25 - Famílias das Papilionáceas (leguminosas) | Fonte: Rodet & Pereira, 2015
* No Módulo II – Proteção das plantas, o assunto dos parasitas e doenças será abordado com maior profundidade.
115
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
ii) Plantas Aromáticas e Medicinais
As plantas aromáticas são benéficas não só devido às suas propriedades terapêuticas
e culinárias para os homens, mas também para cuidar da horta, devendo seguir algumas
recomendações (Rodet & Pereira, 2015).
MÓDULO I
Nas Tabelas 27 – 31, vamos dar a conhecer as principais Famílias e algumas características
próprias e suas utilizações, das plantas aromáticas e medicinais:
MÓDULO II
são neutros, rico, soalheiro, e bem regado gastrite, enterite,
em tempo seco. Apresenta flores brancas obstipação,
ou rosadas, em espiga alongada em julho/ catarros genito-
agosto. urinários.
Alfazema Planta vivaz muito rustica, a plantar no caça, arroz, vinho. Armários de roupa, Enxaquecas,
(lavandula outono ou na primavera. Recomenda- anti traça, anti vertigens,
officinalis) se em solos áridos, em exposição bem insetos das casas. bronquite, gripe.
soalheira.
Apresenta flores azuis, em espiga, em
julho/agosto.
MÓDULO III
Cidreira Planta vivaz, muitas vezes infestante; a Salada, sopa, Anti traça, perfume Enxaquecas,
(Melissa officinalis) isolar. Multiplica-se, por divisão dos tufos bebida refrescante, para banhos. palpitações, dores
no outono e na primavera. Colheita das caldos, caracóis. de estômago,
folhas da primavera ao outono, em tempo nervosismo,
seco. A sua secagem deve ser feita à acufenos, vertigens,
sombra e em local ventilado. Recomenda- insónia, vómitos.
se em solos ácidos, à sombra e com regas
ligeiras.
Flores rosadas ou brancas, de junho a
setembro.
MÓDULO IV
Mentas: As mentas são plantas vivazes e fáceis de Cenouras, ervilhas, Perfumam a roupa Astenia, indigestão,
Menta picante cultivar, têm um inconveniente porque carnes, cuscuz, e o banho, anti flatulência, diarreia,
(Mentha piperita) podem ser infestantes (a isolar). Plantação pepino, saladas, insetos. palpitações,
Hortelã vulgar no outono ou na primavera, dos estolhos infusões. enxaquecas,
(Mentha viridis) ou da divisão dos pés. Não suportam o tuberculose.
Mentastro (Mentha calcário. Preferem os solos meio-sombrios,
rotundifólia) pouco regados.
Poejo (Mentha Flores rosadas ou lilases ou brancas,
pulegium) conforme as variedades.
Hortelã de água
(Mentha aquática)
MÓDULO V
Orégão Planta vivaz que necessita de solos secos, Omeletes, Inapetência,
(Origanum vulgare) leves, bem soalheiros. Colheita até ao maionese, pizzas, digestão lenta,
outono. batatas, caldos. aerofagia,
Flores de rosa vivo a malva clara, em bronquite (banhos
espiga, de julho a setembro. e compressas em
caso de resfriado
ou de fraqueza)
Alecrim Planta vivaz que se multiplica por semente Carnes, grelhados, Coqueluche, asma,
(Rosmarinus (difícil), por estaca ou por mergulhia, na caça, peixes, icterícia, cálculos,
officinalis) primavera ou por divisão de raízes. A molhos, arroz, fadiga intelectual.
plantação deve ser espaçada de 120 x batatas, omeletes,
MÓDULO VI
Segurelha (Satureia Semear na primavera, de 0,50m em 0,50m Carnes, peixes, Digestões difíceis,
hortensis) ou, mais fácil, por estaca ou divisão dos caça, leguminosas, astenia intelectual
Também chamada pés na primavera ou no outono. vinagre, sopas. e sexual, espasmos
erva peixeira Prefere os solos calcários, secos, intestinais, diarreia,
soalheiros, pedregosos. Flores branco-rosa asma, bronquite.
BIBLIOGRAFIA
de junho a setembro.
116
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Família das Utilizações
Características
Lamiáceas Culinárias Domésticas Medicinais
Salva Planta vivaz que se multiplica por Carne de carneiro, Perturbações
(Salvia officinalis) sementeira sob abrigo, em fevereiro com aves de capoeira, nervosas,
transplantação em março/abril, ou por peixe, castanhas, vertigens, estados
estaca, mergulhia ou divisão dos tufos. favas e outras depressivos,
MÓDULO I
Colheita, no início do verão, ou ao longo leguminosas, arroz, diarreia,
de todo o ano. Dá-se bem nos solos cuscuz, sopas, amenorreia,
calcários, mesmo pedregosos, e soalheiros, molhos, queijo dismenorreia.
sem rega. Deve plantar-se isolada, afastada fresco.
do tomilho e de segurelha. Flores violetas
ou rosa, de maio a julho.
Tomilho Planta vivaz que se reproduz por Todos os legumes, Tosse, coqueluche,
(Thymus vulgaris) sementeira na primavera (à sombra) sopas, refogados, gripe, asma,
seguida de transplantação e também grelhados, enxaquecas,
por divisão dos tufos no outono ou ovos, aves de enterite.
na primavera. Colheita à medida das capoeira, peixe
necessidades e durante a floração que tem tomate, molhos,
MÓDULO II
lugar entre abril e agosto. Flores branco- cogumelos.
rosa. Prefere os solos secos, pedregosos,
calcários e soalheiros.
Tabela 27 - Família das Lamiáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015
MÓDULO III
do solo. Recomenda-se deixar as compotas, licores, cólicas nervosas das
sementes “estratificadas” em areia antes bolos de mel e crianças, bronquite,
da sementeira. Recomenda-se em solos centeio, salada tosse espasmódica,
ácidos, leve, rico, soalheiro, com regas verde, cenouras secreção láctea
frequentes. Floração em julho/agosto de raladas. insuficiente.
pequenas flores brancas em forma de
umbelas.
MÓDULO IV
agosto. açorda alentejana. (em uso externo).
Salsa (Petroselium Planta bi-anual que se multiplica por Saladas, molhos, Menstruações
sativum) sementeira entre fevereiro e agosto. De temperos, carne, irregulares, anemia,
germinação difícil. A primeira colheita peixe, crustáceos, raquitismo, astenia,
pode ter lugar de 8 a 10 semanas mais caldos, omeletes, gota, litíase
tarde. Flores branco-amareladas entre sandes, etc… urinária.
junho e agosto. Necessita de um solo rico,
de preferência fresco, bem regado, nas
bordas dos muros.
Família das
Liliáceas
Características
Utilizações
MÓDULO V
Culinárias Domésticas Medicinais
Cebolinha comum Planta vivaz que necessita de um solo Maionese, omelete, Fermentação
(Allium fistulosum) fresco, rico e leve. Não suporta o calcário. salada verde, ou intestinal.
Multiplica-se por sementeira ou por de tomate, batatas,
bolbinhos na primavera. A colheita é caldos, queijos
ao longo de todo o ano. Flores rosa ou frescos.
púrpura entre junho e agosto.
Tabela 29 - Família das Liliáceas | Fonte: Rodet & Pereira, 2015
MÓDULO VI
117
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Família das Utilizações
Características
Verbenáceas Culinárias Domésticas Medicinais
Verbena oficinal Plantas vivazes que receiam as geadas Pastelarias Enxaquecas
(Verbena officinalis) (-5ºC). Multiplicação por estaca na digestivas,
Lúcia-lima primavera ou no outono. Plantação vertigens, síncopes,
(Lippia citriodora) após as últimas geadas da primavera. A espasmos
MÓDULO I
colheita das folhas realiza-se duas vezes: digestivos,
julho e outubro ou então à medida das paludismo.
necessidades. Flores roxas no decurso do Insuficiência
verão. Recomenda-se em solos leves, ricos, láctea das mães,
soalheiro e pouco regado. preparação do
parto.
Tabela 31 - Família das Verbenáceas
MÓDULO II
Identificamos uma floresta como sendo um conjunto de árvores que ocupam um determinado
território. Associamo-la a algo de origem natural que sempre existiu, mas é um ecossistema
complexo onde as árvores são dominantes e interagem com outras espécies arbustivas e
herbáceas e com outros seres vivos que nela habitam. Na Tabela 32 estão identificadas as
principais espécies florestais que fazem parte do nosso clima mediterrâneo.
MÓDULO III
Sobreiros É uma árvore da família do carvalho, a partir da qual se extrai a cortiça, a sua localização é mais
(Quercus suber) comum no Alentejo Litoral e Serras Algarvias.
Azinheiras Pertencem à família das fagáceas. Possuem folhas discolores, ligeiramente espinhosas
(Quercus ilex) nos espécimes adultos. Em Portugal continental devido à sua adaptação às condições
edafoclimáticas, a sua localização é mais abundante no Sul do País.
Pinheiro-bravo É uma árvore média, a copa das árvores jovens é piramidal, e nas adultas é arredondada. Tem
(Pinus pinaster) a particularidade de apresentar pinhas que amadurecem no final do verão do segundo ano e
libertam numerosas sementes com designada por pinhão. Em Portugal era primitivamente uma
MÓDULO IV
espécie espontânea na faixa costeira sobre solos arenosos a Norte do Tejo, onde encontra as
condições fitoclimáticas ideais: humidade atmosférica e influência atlântica, mas atualmente,
devido à ação do homem está presente por todo o País, existindo abundantes localizado nos
extremos no Norte e Centro (Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral e Ribatejo), penetra até Trás-os-
Montes e Beiras, e na faixa Litoral desde o Minho até à Península de Setúbal.
Pinheiro-manso É uma gimnospérmica, da família das Pináceas, Possui uma forma de sombrinha bastante
(Pinus pinea) característica, com o tronco curto e largo, culminando numa copa bastante plana. Produz
o pinhão que é valorizada, economicamente. Em Portugal tem grande desenvolvimento na
Península de Setúbal e zonas contíguas. Tem preferência por solos frescos, profundos e arenosos,
MÓDULO V
adaptando-se mesmo a areais marítimos e dunas. Prefere solos ligeiramente ácidos, mas adapta-
se a solos calcários se não forem muito argilosos. Prefere boa luminosidade e temperaturas
quentes, não suportando geadas fortes e/ou continuadas. É comum encontrá-lo entre o nível do
mar e os 1000 metros de altitude.
Castanheiros É uma árvore de grande porte, muito abundante no interior Norte e Centro de Portugal, cuja
(Castanea sativa) inflorescência (ouriço) contém a castanha, que é consumida no outono. O castanheiro produz
também madeira de excelente qualidade, o castanho, muito usada no passado na construção
em Portugal, nomeadamente na região Norte do país. É ainda hoje muito utilizada em mobília e
decoração interior.
MÓDULO VI
Eucalipto Pertence à família Myrtaceae. Adaptados a praticamente todas as condições climáticas, sendo
(Eucalyptus) uma das espécies florestais mais cultivadas em Portugal, onde fornece a maior parte da matéria-
prima utilizada para produção de pasta de papel, a sua madeira é também utilizada como lenha,
produzindo um biocombustível de boa qualidade.
Carvalhos Um carvalho é uma árvore ou arbusto da família das fagus, Fagaceae. Os frutos do carvalho
(Quercus) chamam-se bolotas, ou landes, e em seu tronco é comum a formação de bugalhos. inclui tanto
espécies caducas como perenes, em geral, as espécies de folha caduca distribuem-se mais para
o Norte e as de folha persistente para o Sul. A madeira é dura e ao mesmo tempo maleável,
sendo muito apreciada na carpintaria.
BIBLIOGRAFIA
Tabela 32 - Principais espécies florestais cultivadas em Portugal | Fonte: Uva et al., 2015
118
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Em termos estruturais, funcionais e paisagísticos, a floresta do continente pode ser
organizada em quatro grandes grupos, ou formações florestais (Uva et al., 2015).
MÓDULO I
• Folhosas perenifólias (“montados”, sobreirais e azinhais);
MÓDULO II
floresta. São ecossistemas florestais de uso múltiplo, os quais não têm a produção lenhosa
como principal função. Os pinhais são a segunda formação florestal, com uma área próxima de
1 milhão de hectares, sendo os ecossistemas florestais com maior redução na área ocupada.
A diminuição da área deve-se aos pinhais de pinheiro-bravo, muito afetados pelos incêndios
e pragas (sendo a mais expressiva o nemátodo), a qual supera o significativo aumento da área
de pinhal de pinheiro-manso (20,7 mil ha; 12% entre o IFN5 e IFN6). As folhosas caducifólias
(carvalhos, castanheiros e outras) são a formação florestal menos representativa em área
MÓDULO III
ocupada, embora se registe um aumento sistemático ao longo dos últimos 20 anos, sendo
esta mais significativa no período entre os dois últimos inventários (2005 e 2015) (46 mil ha;
17%). Os eucaliptais ocupam 845 mil ha, cerca de 26% da floresta continental e apresentando
um sistemático incremento ao longo dos últimos 50 anos.
MÓDULO IV
O interesse nas relações solo-água-planta decorre do fato de constituírem conhecimento
essencial e suporte indispensável para aplicações em áreas tão diversas e tradicionais como
a agricultura, biologia e hidrologia, estendendo-se a outras áreas como a biorremediação e o
controlo de solutos e poluentes no solo e nas águas (Santos et al., 2012). No que diz respeito
ao solo, e por consequência à atividade que nele assenta, a agricultura, pode ter um papel
essencial no ciclo do carbono (Figura 84). Através de várias práticas agrícolas, o solo pode
MÓDULO V
ajudar no armazenamento de grandes quantidades de carbono atmosférico, ao mesmo tempo
que contribui para o aumento dos seus níveis de fertilidade e do equilíbrio dos ecossistemas.
De 2007 a 2016, a Agricultura, as Florestas e o Uso do solo foram responsáveis por 23% das
emissões de Gases de Efeito de Estufa (GEE) mundiais (12 ± 3 Gt CO2eq/ano)1 e, ampliando a
todo o sistema de produção mundial de alimentos atingindo os 37% (IPCC, 2019).
Segundo a mesma publicação as emissões na agricultura têm, na sua grande maioria origem
MÓDULO VI
1 (13% CO2, (Dióxido de Carbono) 44% CH4 (Metano) e 82% N2O (Óxido Nitroso) das emissões mundiais).
Fonte: Climate Change and Land: An IPCC Special Report in Climate Change, Desertification, Land degradation,
Sustainable land management, Food securaty, and Greenhouse gas fluxes in terrestrial ecosystems – Summary for
BIBLIOGRAFIA
Policemakers.IPCC 07.08.2019
119
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
fertilizantes minerais, corretivos calcários e dos resíduos de culturas não removidas dos solos
agrícolas (17%).
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 84 - Esquematização do Ciclo de Carbono | Fonte: Anónimo, 2018
Desde 2006 que a Diretiva Quadro do Solo reconhece a importância das funções do solo
para o equilíbrio dos ecossistemas considerando a produção de biomassa, a preservação da
biodiversidade, a reserva de carbono e um arquivo do património geológico e arqueológico.
As atividades agrícolas interagem com o solo procurando tirar partido das suas funções, por
MÓDULO IV
exemplo relacionadas com a nutrição vegetal, suporte à microbiologia, reserva de água e
de sumidouro de carbono. No entanto, práticas inadequadas podem acelerar o processo de
degradação do solo, em especial por efeito da erosão e conduzir a um aumento das emissões
de carbono para a atmosfera. A conservação do solo melhorando a sua estrutura e composição,
permitirá contribuir para a adequada regularização dos aquíferos através do aumento do teor
de água disponível para as plantas, amortecer os picos de cheia ou melhorar a qualidade da
água, recuperar a capacidade de nutrição vegetal e alavancar o potencial de sequestro de
carbono. MÓDULO V
De acordo com a FAO pode definir-se agroecologia como uma visão holística e integrada
MÓDULO VI
120
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
b) Criação/fortalecimento das ligações urbano-rurais, valorizando os seus intervenientes
MÓDULO I
e) Estimulação da identidade e da cultura;
MÓDULO II
Ideia comum a estes dez elementos prende-se com a necessidade de conservar, proteger e
melhorar os recursos naturais onde se inclui logo à partida o solo, com respostas locais dos
territórios através de práticas agroecológicas inovadoras capazes de manter a biodiversidade
e simultaneamente a sustentabilidade económica e social das populações. O território (Figura
85) é uma parte importante a ter em conta dada a necessidade de adaptação e conciliação do
conhecimento local com o tecnológico capaz de implementar as soluções mais adequadas ao
uso sustentável dos recursos e do solo.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 85 - Exemplos de territórios com diferentes tipologias de paisagem, a Norte e Sul de Portugal
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
121
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Assim, no seio do conceito de desenvolvimento sustentável, nos seus três pilares (uso
racional dos recursos naturais, sustentabilidade económica e social) podem contemplar-se
metas com vista ao equilíbrio da relação solo-clima-planta como:
MÓDULO I
sociedade para o desempenho das florestas na fixação de carbono;
MÓDULO II
• Utilização racional dos recursos hídricos;
MÓDULO III
• Realçar o papel do solo agrícola e florestal para a melhoria da qualidade química
biológica das águas subterrâneos;
MÓDULO IV
A água é um fator determinante na produtividade das culturas, que mesmo em condição
de sequeiro dependem do fornecimento de água por fenómenos meteorológicos. Em sua
substituição, a rega permite fornecer ao solo as quantidades de água necessárias para obter
um teor de humidade adequado ao desenvolvimento das plantas cultivadas.
Em Portugal Continental são utilizados em média, 20% dos recursos hídricos disponíveis
(Figura 87). Em termos de utilização total anual por setor e tendo por base o Plano Nacional
da Água, a agricultura é o setor dominante sendo responsável por cerca de 75% da utilização
de água, considerando consumo direto e produção de energia para bombagem, seguida da MÓDULO V
produção de energia com 14%, do abastecimento a populações com 6% e da indústria com
4%.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
Figura 87 - Utilização total anual dos recursos hídricos em Portugal Continental e a sua distribuição por setor
Fonte: Núncio & Arranja, 2011
122
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Segundo o Recenseamento Agrícola de 20192, o regadio aumentou nos pomares, vinhas
e olivais e foram recenseadas 134 mil explorações com sistema de rega (46% do total), com
capacidade para regar 626 mil hectares (16% da SAU3), sendo que 47% da superfície irrigável
são terras aráveis, 43% culturas permanentes e 10% pastagens permanentes.
MÓDULO I
A superfície regada foi de 561 mil hectares, cerca de 90% da superfície irrigável, beneficiando
32% das culturas temporárias, 30% das culturas permanentes e apenas 3% das pastagens
permanentes (INE, 2019).
Nos últimos dez anos assistiu-se ao alargamento em mais 16% da superfície potencialmente
irrigável (Figura 88), devido ao extraordinário aumento de 72% verificado nas culturas
permanentes. O investimento na modernização de pomares, vinhas e olivais refletiu-se no
MÓDULO II
aumento do regadio, passando a beneficiar 70% dos pomares de frutos frescos (+10 p.p.4 que
em 2009), 11% dos pomares de frutos de casca rija (+9 p.p. que em 2009), 31% dos olivais (+12
p.p. que em 2009) e 28% das vinhas (+13 p.p. que em 2009).
O Alentejo é a região com mais área de regadio (38% do total) e, devido ao Alqueva, a que
registou o maior crescimento (+54% do que a área regada em 2009). (Recenseamento Agrícola
2019 – INE).
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
123
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Localização geográfica (Região agrária)
Período de Método
Culturas Entre
referência de rega Trás-os- Beira Beira Ribatejo
temporárias Douro e Alentejo Algarve
dos dados utilizado Montes Litoral Interior e Oeste
Minho
MÓDULO I
grão Sob-pressão 3919 389 6581 1695 1224 432 47
Leguminosas Gravidade 3161 688 3046 642 69 71 43
secas para
grão Sob-pressão 206 57 1124 185 166 62 12
MÓDULO II
Culturas Gravidade 4030 1071 2080 632 57 27 9
2019
forrageiras Sob-pressão 3941 462 2920 2043 624 629 41
Gravidade 5443 6318 5517 2941 269 48 71
Batata
Sob-pressão 378 243 1060 526 817 52 57
Culturas Gravidade 18 3 26 17 19 5 39
industriais
MÓDULO III
Sob-pressão 76 14 70 25 177 194 39
Cereais para Gravidade 27218 6936 16603 2916 1781 663 236
grão Sob-pressão 4055 611 12024 2258 1646 591 149
Leguminosas Gravidade 7546 1474 6861 1353 137 53 108
secas para
MÓDULO IV
grão Sob-pressão 317 63 2106 436 180 51 15
MÓDULO V
Batata
Sob-pressão 542 892 2790 1196 907 81 87
Culturas Gravidade 5 4 64 1 5 16 8
industriais6 Sob-pressão 10 1 61 26 57 118 12
Tabela 33 - Número de explorações agrícolas com culturas temporárias por Região agrária regada e método de rega utilizado | Fonte: INE, 2011
De acordo com os dados da Tabela 33, verifica-se uma diminuição desde 2009 até 2019 no
número de explorações agrícolas com culturas temporárias regadas. Um bom exemplo deste
decréscimo verifica-se nas culturas de cereais para grão, que em 2009 na região do Douro e
Minho era de 31 273 explorações e em 2019 passam a ser 19 830. A mesma situação observa-se
nas restantes culturas por região muito possivelmente pelo abandono ou troca destas culturas
6 Culturas industriais - são culturas realizadas para a indústria como ervilha para conserva, fava para conserva,
BIBLIOGRAFIA
tomate para a indústria de polpa, feijão para conserva em verde, pimento para conserva etc.
124
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
por outras alternativas culturais de maior rentabilidade.
MÓDULO I
rega por gravidade o mais viável em termos económicos e gastos energéticos.
MÓDULO II
Culturas Entre
referência de rega Trás-os- Beira Beira Ribatejo
permanentes Douro e Alentejo Algarve
dos dados utilizado Montes Litoral Interior e Oeste
Minho
Frutos frescos Gravidade 1353 919 1561 1517 894 100 267
(excetos
citrinos) Sob-pressão 1343 1541 1108 1558 2618 587 1104
Gravidade 1003 279 1251 445 1176 267 740
Citrinos
Sob-pressão 313 246 229 241 1034 737 3433
MÓDULO III
Frutos Gravidade 206 16 156 44 18 6 53
subtropicais Sob-pressão 798 21 457 40 77 37 618
2019
Frutos de Gravidade 454 517 405 247 79 12 77
casca rija Sob-pressão 175 599 141 208 151 430 479
Gravidade 499 644 1610 1400 307 91 65
Olival
Sob-pressão 88 942 504 985 675 2292 345
Gravidade 7519 193 476 277 179 16 57
MÓDULO IV
Vinha
Sob-pressão 2622 362 290 691 1371 1414 337
Frutos frescos Gravidade 930 1125 1775 1686 1221 324 512
(excetos
citrinos) Sob-pressão 313 1159 712 958 2550 344 717
Gravidade 616 490 1044 648 1788 1102 1591
Citrinos
Sob-pressão 117 268 177 124 1204 752 3513
Frutos Gravidade 145 4 133 21 23 1 30
MÓDULO V
subtropicais7 Sob-pressão 360 4 254 17 23 5 195
2009
Frutos de Gravidade 171 243 343 138 64 34 61
casca rija Sob-pressão 52 143 75 68 75 127 202
Gravidade 222 903 1592 1795 279 160 38
Olival
Sob-pressão 28 747 350 608 397 1618 85
Gravidade 3532 216 711 283 159 83 60
Vinha
Sob-pressão 515 172 167 419 787 1036 289
MÓDULO VI
Tabela 34 - Número de explorações agrícolas com culturas temporárias por Região agrária regada e método de rega utilizado | Fonte: INE, 2011
125
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
No que respeita ao método de rega, verifica-se, pela Tabela 34 um aumento na utilização
do método de rega sob pressão desde 2009 até 2019.
MÓDULO I
frutos subtropicais, nomeadamente os kiwis.
As necessidades de água para a rega são estimadas através do balanço hídrico do solo
cultivado tendo em conta as necessidades de água satisfeitas pela precipitação, reserva de
água do solo e pela ascensão capilar; e as saídas de água correspondentes a evapotranspiração
cultural, percolação para as camadas do solo abaixo da zona radicular e perdas por escorrimento
e perdas por escorrimento (Figura 89).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 89 - Necessidades hídricas da cultura | Fonte: Ribeiro, s.d
Através do método MECAR8, foi possível efetuar o cálculo das necessidades hídricas para
MÓDULO IV
um conjunto de culturas, conforme se pode verificar na Tabela 35 (Leão e Morais, 2011).
Cultura M3/ha
Milho 4,155
Arroz 15,152
Outros cereais para grão 4,492
Leguminosas secas para grão 2,204 MÓDULO V
Prados temporários e culturas forrageiras 5,873
Batata 4,756
Beterraba sacarina 6,428
Girassol 4,125
MÓDULO VI
8 MECAR - Metodologia para a estimativa de água de rega em Portugal, disponível em: https://www.repository.
BIBLIOGRAFIA
utl.pt/bitstream/10400.5/3446/1/REP-Uso_Agua_2011.pdf
126
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Cultura M3/ha
Flores e plantas ornamentais estufa 4,966
Áreas de propagação 2,082
Outras culturas temporárias 4,654
MÓDULO I
Macieiras 4,295
Pereiras 4,359
Pessegueiros 4,889
Cerejeiras 4,738
Outros frutos frescos 5,465
MÓDULO II
Citrinos 6,106
Kiwis 5,973
Outros frutos subtropicais 7,497
Frutos secos 1,899
Olival 1,888
MÓDULO III
Vinha 1,859
Outras culturas permanentes 2,060
Média (todas as culturas) 4,999
Tabela 35 - Volume de água a fornecer às culturas, sem contabilizar perdas (m3/ha) | Fonte: Leão e Morais, 2011
MÓDULO IV
estufa também necessitam de elevadas dotações unitárias. Por outro lado, a vinha e o olival
apresentam as menores exigências hídricas de entre as culturas analisadas.
MÓDULO V
cultura em causa.
II) Rega por aspersão - a água é pulverizada através do ar, em forma de gotículas;
III) Rega localizada – consiste num tipo de rega sob pressão em que a água é aplicada
MÓDULO VI
apenas nas zonas do solo em que se desenvolvem as raízes das plantas. Estes podem
ser de gota-a-gota, micro-aspersão e subterrânea.
127
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Não recorre à bombagem, exceto para colocar a água à superfície do terreno. Aqui,
estão incluídos os principais sistemas de rega: canteiros (processo de alagamento), sulcos e
faixas (pouco usado, processo de infiltração) e regadeiras de nível (rega de lima) através do
processo de infiltração.
MÓDULO I
A água de rega é introduzida nos canteiros, nas faixas ou nos sulcos (pequenos canais),
utilizando sifões, tubos janelados ou mangas flexíveis, e avança através do campo por ação da
gravidade. A rega de superfície é mais adequada para parcelas de topografia plana, solos de
textura média a fina e a culturas densas ou linha.
MÓDULO II
culturas, e serem muito exigentes em termos de caudal.
Algumas culturas, como arroz, são cultivadas usando o sistema de rega por canteiros:
aplicação de água de rega sobre toda a superfície do solo.
MÓDULO III
• Escorrimento condicionado pela geometria do solo.
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
aspersores.
128
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Os sistemas de rega podem ser agrupados em sistemas convencionais, nos quais durante
a rega o aspersor não se movimenta sobre a parcela (Figura 91) ou sistemas motorizados nos
quais, durante a rega o(s) aspersores(s) se movimentam sobre a parcela (Figura 92).
Quais os componentes de um sistema de rega por aspersão?
MÓDULO I
• Bomba, que é acionada por um motor
• Condutas (principal e secundária)
• Rampas
• Aspersores
MÓDULO II
definitivamente no local (sistemas fixos), e colocados temporariamente e deslocados quando
uma determinada quantidade de água for aplicada (sistemas móveis).
A rega por aspersão apresenta como principais vantagens a sua adaptabilidade em diversas
condições de solo e cultura, aplicabilidade em terrenos de topografia ondulada, aplicabilidade
à “rega de precisão”: água e fertilização, a grande facilidade de maneio e automatização e
como principais limitações o elevado custo de investimento e exploração e a baixa eficiência
MÓDULO III
em condições meteorológicas caracterizadas por elevada velocidade do vento e elevada
evaporação.
MÓDULO IV
MÓDULO V
pivot central – sistema automático de rega, em que o tubo ou conduta de aspersão roda,
fazendo chegar água aos aspersores a partir de um ponto central da parcela. A água
entra no sistema a partir do centro ou pivot. A conduta é suportada acima da cultura por
torres colocadas com espaçamento fixo, sobre rodas descrevendo trajetórias circulares
fixas com velocidades angulares uniformes, e impulsionadas pneumática, hidráulica ou
eletricamente, ou deslocações na horizontal percorrendo um determinado percurso. A
água é fornecida com um caudal uniforme devido ao aumento progressivo dos bicos de
BIBLIOGRAFIA
129
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
A quantidade de água aplicada é determinada pela velocidade de deslocação do sistema.
As áreas regadas variam entre 10 a mais de 200 ha e os diâmetros mais comuns da tubagem
variam entre 100 e 250 mm.
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 92 - Sistema móvel de rega por pivot | Fonte: ISA, s.d
Os canhões de rega são também usados em culturas extensas. Esta variante da rega por
aspersão é efetuada por um aspersor rotativo de grandes dimensões, montado sobre um
chassis, que trabalha a elevada pressão e que molha grandes superfícies. Durante a rega o
chassis desloca-se sobre o solo a velocidade controlada, distribuindo ao longo de uma faixa
de largura igual ao alcance do aspersor (Figura 93).
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 93 - Sistema de rega movel por canhão
9 Lixiviação - Processo pelo qual os materiais dissolvidos na solução do solo são arrastados em profundidade
pela ação da água da chuva ou da rega que se infiltra no solo sob a ação da gravidade em direção às zonas de
BIBLIOGRAFIA
saturação.
130
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Os sistemas de rega localizada podem ser classificados em 4 categorias:
MÓDULO I
diferentes tipos: orifícios, labirintos, tubos auxiliares, vórtice, etc.). A água é aplicada
perto das plantas para garantir que apenas a zona da raiz seja humedecida. É também
conhecido como rega de gotejamento ou micro irrigação (Figura 95).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 95 - Rega gota-a-gota
MÓDULO IV
MÓDULO V
• Rega por jorros - A água é aplicada por impulsos a reservatórios de pequena dimensão
(caldeiras) que estão localizadas à superfície do solo e adjacentes à planta (árvores)
(Figura 97), através de emissores especiais, designados de jorradores ou golfadores,
MÓDULO VI
que debitam a água por impulso, com caudais de 100 a 150 litros por hora.
BIBLIOGRAFIA
131
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
• Rega sub-superficial - Método de rega localizada em que, os emissores são integrados
em rampas que estão enterradas abaixo da superfície do solo (Figura 98). Consiste
num método em que a água é fornecida às plantas abaixo da superfície do solo através
de condutas enterradas. Estes sistemas apresentam em relação aos outros métodos
de rega a vantagem de não ocorrerem perdas de água por evaporação da mesma da
MÓDULO I
superfície do solo.
MÓDULO II
Figura 98 - Rega sub-superficial | Fonte: Testezlaf, 2017
Tendo em conta os diferentes sistemas de rega que existem e de que a sua eficiência
MÓDULO III
varia dentro de determinados parâmetros dependendo da qualidade do equipamento, das
condições locais e da respetiva gestão a Tabela 36, mostra a eficiência potencial (Ep) de cada
sistema de rega.
Tradicionais 65%
Sulcos
MÓDULO IV
Modernizados 75%
Superfície/
Gravidade Rega de Lima 50%
Outros Canteiros (excluindo os arrozais) 80%
Caldeiras 70%
Gota-a-Gota 90%
Localizada
Micro-Aspersão 85%
Tabela 36 - Valores indicativos das eficiências dos Sistemas de Rega | Fonte: Leão e Morais, 2011
MÓDULO VI
132
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
especialmente no que diz respeito à área, à topografia, ao tipo de solo, ao regime pluviométrico
da região e à cultura a beneficiar (Calouro, 2005). Portanto a escolha do método de rega mais
adequado às culturas tem que passar pela análise ponderada das características do solo a
beneficiar, da qualidade e quantidade de água disponível, das condições climáticas da região
e das exigências das culturas, e também dos custos e benefícios das opções disponíveis. Do
MÓDULO I
lado dos custos, deve considerar-se a construção e instalação, mas também os custos de
operação e manutenção do sistema por hectare. Esses custos devem ser comparados com os
benefícios esperados (produtividade).
A rega gota-a-gota ou por aspersão são sistemas tecnicamente mais complexos exigindo,
a aquisição destes equipamentos, maior investimento inicial.
MÓDULO II
Os sistemas de rega de superfície, particularmente em pequena escala, requerem
equipamentos menos sofisticados, quer em termos de construção quer de manutenção.
O equipamento necessário é, normalmente, mais fácil de manter, não obstante, exige,
normalmente, mais mão-de-obra, para a sua operação e manutenção, do que a rega por
aspersão ou gota-a-gota, sendo, no entanto, exigida sempre a preparação do terreno para o
regadio, através do seu nivelamento.
MÓDULO III
rega gota-a-gota, ou por aspersão, são os mais recomendados, pelo seu contributo para o
equilíbrio dos ecossistemas, já que permitem reduzir o consumo de água, minimizando os
riscos de perda de qualidade da mesma, para além de terem menos efeitos negativos no solo
(menor erosão).
MÓDULO IV
nitratos, sempre elevadas neste tipo de solos. Aconselha-se o recurso à rega por aspersão ou
rega localizada, nomeadamente a rega gota a gota, desde que devidamente controlada de
modo a evitar que o humedecimento do solo ultrapasse a zona povoada pelas raízes (MADRP,
1997).
De acordo com a mesma fonte, nos solos de textura média, poderá ser utilizado qualquer
método de rega, desde que a sua distribuição no terreno seja uniforme e se apliquem
oportunamente as dotações de rega convenientes. Já no caso de solos com textura fina,
caracterizados pela sua baixa permeabilidade, reduzidas taxas de infiltração e elevada
capacidade de retenção para a água (LQARS, 2000), não é de aconselhar a rega por aspersão
MÓDULO V
com recurso a rampas rotativas, dado que, frequentemente, as taxas de infiltração da água
no solo são bastante inferiores às taxas de aplicação, conduzindo a perdas de água por
escoamento superficial.
explorações agrícolas é muito importante, para o solo e para as culturas, dado que o excesso
de sais ou o seu desequilíbrio pode além de causar danos às culturas, acelerar processos
de degradação física e química do solo e, consequentemente, diminuir a sua fertilidade.
Águas superficiais, subterrâneas ou residuais são utilizadas como água para rega10. Este tipo
de águas poderá conter uma elevada carga de contaminantes, acabando por contaminar
solos, aquíferos e as próprias culturas florestais e agrícolas. A salinização, a sodização e a
10 Água de rega - água superficial ou subterrânea ou água residual, que vise satisfazer ou complementar as
BIBLIOGRAFIA
necessidades hídricas das culturas agrícolas ou florestais. (artigo 3º do Decreto-Lei n.º 236/98)
133
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
toxicidade de alguns iões específicos são fenómenos que podem ocorrer nos solos regados e
que podem ter relação direta com a qualidade da água de rega. Deve ser respeitado os VMA11
e VMR 12para os vários parâmetros conforme descrito no ANEXO XVI (Qualidade das águas
destinadas à rega), do Decreto-Lei n.º 236/98 de 1 de agosto. Hoje a utilização de sensores
expeditos na caracterização da condutividade elétrica aparente do solo podem contribuir para
MÓDULO I
uma identificação e caracterização mais rápida deste problema e consequentemente permitir
a tomada de ações que contribuam para a sua mitigação. Como sabemos a água é um recurso
cada vez mais escasso, a previsão do aumento do consumo de água de rega estimado até 2030
será de 14%, ou seja, um aumento anual médio de 0,6% (Ferreira et al., 2012) sujeito ainda ao
efeito resultante das alterações climáticas. Neste sentido são exemplos de medidas a tomar
(Avillez, 2020):
MÓDULO II
• A redução do escoamento superficial da água das chuvas durante o inverno;
• O aumento da disponibilidade de água para rega nas regiões do País que irão ser mais
afetadas pelos efeitos das alterações climáticas.
MÓDULO III
A diminuição da taxa de crescimento do consumo de água passa pelo aumento da eficiência
do uso da água, ou seja, uma melhor relação entre a água consumida pelas culturas e a água
gasta na rega. Para além duma maior eficiência do uso da água da rega é ainda necessário
aumentar a produtividade da água. Esta é a relação entre a produção obtida pela cultura e a
quantidade de água usada na sua rega. Para um uso eficiente e para uma maior produtividade
da água, é necessário recorrer a práticas que evitem perdas de água e aumentem a produção
da cultura sem aumentar os desperdícios de água.
MÓDULO IV
Essas boas práticas na utilização da água e dos sistemas de rega estão invariavelmente associadas
à boa utilização do solo. Desta forma, para a instalação de um sistema de rega será recomendável
realização de análises à terra para conhecer o tipo de solo e o seu teor de matéria orgânica, o qual
poderá ser um indicador da capacidade de armazenamento do solo nas parcelas a regar; adaptar
o método de rega à cultura, ao tipo de solo e à inclinação do terreno; conhecer as disponibilidades
de água e a dotação de rega nomeadamente para determinar o cálculo das necessidades de rega
MÓDULO V
(anuais e de ponta); promover a estanquicidade de canais e tubagens de rega para reduzir o maior
volume possível de perda de água, privilegiar sempre que possível a reutilização de água que seja
perdida por escorrimento, aproveitar águas residuais tratadas, incluir sistemas de monitorização do
teor de água no solo e automação de rega que permitam avaliar a cada momento a necessidade de
regar.
relacionados com os períodos do dia mais adequados para regar, com o estado de coberto
vegetal do solo, com as fases do estado fenológico da planta e com a capacidade de
armazenamento de água (Rodet e Pereira, 2015). A quantidade e frequência de rega vão depender
da natureza do solo já que a sua composição em areia, argila e húmus condicionam diferentes
11 «Valor máximo admissível» ou «VMA» — valor de norma de qualidade que não deverá ser ultrapassado;
12 «Valor máximo recomendado» ou «VMR» — valor de norma de qualidade que, de preferência, deve ser
BIBLIOGRAFIA
134
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
capacidades de retenção de água; das perdas por evaporação as sachas e o “mulching13”
permitem limitar as perdas de água e, portanto, alargar a frequência das regas, e a profundidade
das raízes atendendo a que plantas mais jovens de enraizamento superficial, têm maiores
necessidades de rega, praticando regas mais frequentes e regulares contrariamente às plantas
com um enraizamento profundo com maior capacidade de captação de água. A fase final do
MÓDULO I
ciclo das culturas caracteriza-se quase sempre por uma redução ou paragem da dotação de
rega em prol da qualidade de maturação do grão ou do fruto que lhe está associado.
MÓDULO II
de alto adensamento, alta relação micro macro porosidade conducentes a uma inadequada
relação água/ar para a maioria das espécies de sequeiro, baixo teor de matéria orgânica do
solo e, principalmente, condutividade hidráulica quase nula no horizonte B. A drenagem
do solo consiste num processo de remoção natural ou artificial do excesso de água que se
encontra no solo quer derivada das águas da chuva ou de aplicações de água de rega. Uma
boa rede de drenagem está na origem de:
MÓDULO III
solo necessitam de oxigénio para o seu metabolismo. Nos solos encharcados de água
as disponibilidades de oxigénio são limitadas o que origina um crescimento radicular
menos acentuado assim como uma diminuição da atividade dos micro-organismos que
são essenciais para a fertilidade do solo, através do favorecimento da decomposição e
nitrificação do solo;
MÓDULO IV
• Melhora a capacidade de suporte do solo;
A drenagem do solo pode ser feita superficialmente ou por via subterrânea através de tubos,
MÓDULO V
canais, valas, túneis auxiliados por motores para bombagem desse escoamento. A drenagem
subterrânea tem o objetivo principal de rebaixar o lençol freático através da remoção da água
de uma região e condução para outra região diferente. Normalmente utiliza-se a gravidade, mas
também podem ser utilizadas as bombas de sucção. Em geral existe uma interação entre a drenagem
superficial e a drenagem subterrânea natural ou artificial.
cobre a superfície dos terrenos, reduzindo as áreas onde se observa um excesso de água à
superfície, tornando o escoamento superficial e a infiltração uniformes nas parcelas. Os sistemas
de drenagem superficial são normalmente utilizados em terrenos agrícolas relativamente
planos, solos com baixa capacidade de infiltração, em locais onde a intensidade de precipitação
13 “Mulching” na língua inglesa. Camada protetora de um material orgânico ou inorgânico que é colocado à
superfície do solo. Este assunto é abordado no Módulo IV – Agricultura Biológica.
14 A erodibilidade representa a suscetibilidade do solo ao processo erosivo e pode ser determinada de forma
BIBLIOGRAFIA
135
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
excede a capacidade de infiltração normal do solo, o que provoca frequentemente inundações
à superfície do solo, e em locais com muito grande intensidade de precipitação. A eliminação
da água superficial é feita através do melhoramento de canais naturais, nomeadamente,
operações de limpeza ou aprofundamento ou diques já existentes, ou através de operações
de formação do terreno baseadas em pequenos desníveis e valas para o escoamento da água.
MÓDULO I
A drenagem subterrânea - consiste em retirar o excesso de água que existe no interior do
solo, ou seja, baixar o nível freático. Este sistema é utilizado quando o nível freático se encontra
perto da superfície originado por camada impermeável mais ou menos superficial, elevado
nível de um rio ou ribeiro, precipitação intensa em curto intervalo de tempo ou inadequada
carta de rega para o solo em apreço. Para se realizar uma drenagem subterrânea, existem
vários métodos e matérias, dos quais se pode optar por instalar drenos enterrados a cerca de
MÓDULO II
1 metro de profundidade e abrir valas profundas entre 0,8 a 1 m de profundidade.
MÓDULO III
componentes não vivos, como o clima, a luz ou o solo, e pelas relações entre estes seres vivos
com o seu ambiente e entre si. Uma característica essencial dos ecossistemas é a capacidade
dos sistemas biológicos vivos se autorregularem, se auto manterem e se autorrenovarem. Um
ecossistema em equilíbrio dinâmico possui mecanismos naturais para se sustentar por si só,
mantendo as condições de vida na natureza - equilíbrio ecológico. Entre outras várias funções,
os ecossistemas sustentam processos como a fertilização do solo, a produção de alimentos,
a purificação da água e do ar; regulam eventos extremos como a erosão eólica e hídrica;
MÓDULO IV
facilitam o fornecimento de bens como as fibras vegetais e plantas medicinais. Quanto ao
tamanho, os ecossistemas podem variar, de uma escala pequena, como uma pequena lagoa,
até à escala do planeta, que pode ser considerado como um imenso ecossistema composto
por todos os ecossistemas existentes.
136
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Apresentam-se algumas práticas benéficas para o equilíbrio dos ecossistemas:
MÓDULO I
finalidade de proteger o solo, e o bem-estar das populações.
MÓDULO II
e conservação da cobertura vegetal, reduzindo, ao estritamente necessário, toda
a mobilização do solo durante a preparação da cultura e a permanência de grandes
densidades de animais durante longos períodos em pastagem, para evitar o pisoteio.
• Evitar a destruição dos organismos do solo e dos seus habitats, pois produzem
substâncias químicas que libertam no seu meio natural e que estimulam a agregação
das partículas que regulam a hidrologia.
MÓDULO III
• Procurar estimular a retenção das águas da chuva através de técnicas simples de
prevenção e retenção do escoamento superficial como fazer a agricultura segundo a
linha de menor declive, mobilizações mínimas do solo, promoção do teor de matéria
orgânica no solo.
MÓDULO IV
são importantes para compensar as perdas de nutrientes resultantes, restabelecer o
equilíbrio ecológico e permitir o uso sustentável do espaço de cultivo.
MÓDULO V
• Em situações extremas, mudar de culturas adotando espécies ou cultivares mais
adaptadas à nova realidade do clima, água e solos de cada região.
• Promover, quando seja viável, uma agricultura agroecológica, que procura tirar partido
do ecossistema natural, recriando-o e imitando-o a partir dos sistemas agroflorestais
MÓDULO VI
137
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
orgânica e teor de argila no solo, espécie cultivada, controlo do pH no solo (5,5 a 6,5),
baixa intensidade de mobilizações, etc.
MÓDULO I
o outro que esteja a causar danos às espécies cultivadas. A importância do controlo
biológico baseia-se especialmente na condução das práticas agrícolas sem o uso de
produtos químicos, evitando-se assim, os produtos que causam danos ao ser humano,
ao solo, à água e ao ar, atendendo assim aos princípios fitossanitários da agroecologia,
defensora do controlo biológico, feito exclusivamente, por meio de inimigos naturais.
• Redução das quantidades totais de fertilizantes por unidade de área pela adoção de
MÓDULO II
técnicas de agricultura de precisão, que permitem aplicar os fertilizantes na exata
medida das necessidades das plantas.
MÓDULO III
cenários.
MÓDULO IV
1) Limitar o aumento médio da temperatura global abaixo dos 2.º C, fixado em 1,5 °C
(níveis pré-industriais [1850-1900]);
climático”.
138
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Em 2017, Portugal emitiu 78,0 Mt CO2eq, um aumento de 29,2% (face a 1990) e 28,5%
(em relação a 2016). Os grandes incêndios florestais de 2017 contrariaram a capacidade de
segregação de carbono e da diminuição das emissões nacionais. A economia nacional está
em processo de descarbonização desde 2005, verificando-se a dissociação do crescimento
económico e do acréscimo de emissões de GEE, ou seja, com menos carbono emitido produz-
MÓDULO I
se a mesma riqueza. Esta situação justifica-se por alterações no setor energético, por exemplo,
pelo uso de mais fontes de energia renovável e maior eficiência energética (Figura 100).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 100 - Evolução das emissões nacionais de gases com efeito de estufa em Portugal | Fonte: APA, 2019
Em termos de emissões por setor de atividade, o setor da energia foi o que apresentou
a maior contribuição para as emissões em 2015 (70%), sendo a produção e transformação
de energia e os transportes os subsetores com maior relevância (27% e 24% do total,
respetivamente).
MÓDULO IV
Agricultura, Floresta e outros usos do solo, emitiram 6,8 Mt CO2eq (2015) enquanto a floresta
foi um sequestrador líquido de 11 Mt CO2eq (2015). Assim, o setor representou cerca de 10%
das emissões nacionais (Figura 101).
MÓDULO V
MÓDULO VI
Figura 101 - Emissões setoriais de CO2eq., em Portugal, em 2015 | Fonte: APA, 2017
Os principais gases contribuintes para o efeito de estufa emitidos pelo setor são o
metano (CH4)5 e o óxido nitroso (N2O)6, representando 40% e 73% das emissões nacionais,
respetivamente. As oportunidades de melhoria do setor passam pela redução das emissões
BIBLIOGRAFIA
139
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
produções intensivas, na alteração dos modos de produção (aposta no modo de produção
biológica, na agricultura de conservação e nas técnicas de agricultura de precisão) na melhoria
de gestão da floresta, no ordenamento do território e nas políticas de apoio ao investimento.
A capacidade de redução das emissões de GEE no setor está limitada à sua resposta tardia,
MÓDULO I
pelas características próprias (sistema biofísico), assim as emissões com origem na agricultura,
em particular as que têm origem na produção animal, têm um potencial de redução menor, e
este setor reduzirá 9% a 30% as suas emissões até 2050. Entre as opções possíveis constam as
melhorias na alimentação animal e nos sistemas de gestão de estrume, assim como a redução
das necessidades de fertilização e de água potenciadas por uma agricultura biológica e de
precisão, respetivamente. Os solos agrícolas e as pastagens têm potencial para deixar de ser
uma fonte de emissões e transformarem-se em fontes de sequestro, por via da agricultura
MÓDULO II
de conservação, pela substituição de fertilização mineral por fertilização orgânica e pela
sementeira de pastagens melhoradas e biodiversas. Considerando como um sistema único as
emissões da agricultura e as emissões dos solos agrícola e das pastagens, o potencial eleva-se
para reduções de emissões de 40% a 60%.
MÓDULO III
sendo fundamental para que isso aconteça o controlo das áreas ardidas anuais e aumentos de
produtividade na generalidade das espécies florestais.
MÓDULO IV
sequestros de carbono, através de pastagens semeadas, melhoradas e biodiversas e a prática
de sistemas de agricultura de conservação.
Para o setor da agricultura, floresta e outros usos do solo, as apostas do RNC 2050 – Roteiro
para a Neutralidade Carbónica passam pela: Agricultura biológica, de conservação e de
precisão; as pastagens biodiversas; a melhoria da digestibilidade da alimentação animal e
da gestão de efluentes pecuários; a redução do uso de fertilizantes sintéticos e substituição
por composto orgânico; a diminuição da área ardida e a melhoria da produtividade florestal.
Assim, considera-se possível diminuir 60% as emissões da agricultura relativas a 2015 e na MÓDULO V
floresta aumentar a segregação para 13 Mt CO2eq.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
140
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
CAPÍTULO I.1 - ANEXO I - NORMAS GERAIS DE COLHEITA DE
AMOSTRAS DE TERRA
As amostras de terra para análise devem ser colhidas de acordo com as seguintes regras:
MÓDULO I
• Todo o material de colheita da amostra deve estar bem limpo.
• Percorre-se em ziguezague cada uma das parcelas assim definidas, colhendo ao acaso,
MÓDULO II
em pelo menos quinze pontos diferentes, pequenas amostras parciais de igual
tamanho na camada arável até 10 cm de profundidade no caso de culturas pratenses,
até 20 cm de profundidade nas culturas anuais e até 50 cm nas culturas arbóreas e
arbustivas e espécies florestais. Estas subamostras vão-se deitando num balde. As
infestantes, pedras e outros detritos à superfície do terreno devem ser removidos antes
de colher cada uma das amostras parciais.
MÓDULO III
• No fim mistura-se bem a terra, retirando eventuais pedras, detritos ou restos de plantas
e toma-se uma amostra de cerca de 0,5 kg que se coloca em embalagem apropriada ou,
na sua falta, em saco de plástico limpo. A amostra deve ser devidamente identificada
com duas etiquetas, uma colocada dentro do saco (se a terra estiver seca) e outra, por
fora, atada a este com um cordel, sendo assim enviada ao laboratório para análise.
MÓDULO IV
colheita de novas amostras de terra nas unidades de amostragem que, entretanto,
serão marcadas de forma permanente.
NOTAS IMPORTANTES
ser acompanhadas por uma ficha contendo informação necessária a uma boa interpretação
dos resultados analíticos. No caso do LQARS pode a ela aceder através do link:
https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
requisicao-analises/Mod-LQARS73-Terras-v6.pdf
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Analisar a terra antes da instalação da cultura. Parâmetros a analisar:
MÓDULO I
Repetir a análise dos parâmetros anteriores de quatro em quatro anos, com exceção
das culturas hortícolas em que se deve realizar a análise dos mesmos parâmetros com uma
periodicidade anual.
MÓDULO II
• pH(H2O), necessidade de cal (se necessário), matéria orgânica; azoto mineral, fósforo,
potássio, cálcio, magnésio e sódio solúveis em água; condutividade elétrica.
Analisar com uma periodicidade anual os parâmetros anteriores, bem como a realização
de uma segunda análise no final do ciclo de cada cultura.
MÓDULO III
Analisar a terra antes da instalação da cultura (ou logo que possível após a mesma)
• Análise granulométrica;
• pH (H2O);
MÓDULO IV
• Calcário total e calcário ativo, se a pesquisa de carbonatos for positiva;
• Matéria orgânica;
• pH (H2O);
• Matéria orgânica;
BIBLIOGRAFIA
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Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
• Manganês, do zinco e cobre extraíveis;
MÓDULO I
Repetir a análise dos parâmetros anteriores de quatro em quatro anos.
https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS083_Colheita-amostras-terra-antes-instalacao-culturas_
MÓDULO II
vs26-05-2021.pdf
https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS084_Colheita-amostras-terra-culturas-arboreas-arbustivas_
vs26-05-2021.pdf
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
143
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
CAPÍTULO I.1 - ANEXO II - NORMAS DE COLHEITA DE AMOSTRAS
DE MATERIAL VEGETAL
A - Princípios gerais:
MÓDULO I
Na colheita de material vegetal para análise, deverão observar-se os seguintes princípios
gerais:
• Colher a parte da planta a analisar de acordo com a espécie em causa e época mais
adequada.
• Na falta de instruções concretas para uma dada espécie, deverão ser colhidas, como
regra geral, as folhas mais novas completamente desenvolvidas, um pouco antes ou no
MÓDULO II
início da floração.
• O material vegetal deve estar limpo de terra, excrementos, ser isento de doenças e
pragas, etc..
MÓDULO III
amostras, uma de plantas com sintomas e outra de plantas normais.
• Caso não seja possível a entrega das amostras nas condições indicadas no parágrafo
anterior, o material deve ser seco em estufa, preferencialmente de ventilação forçada,
MÓDULO IV
com temperatura controlada a 65º C ou, na sua falta, em local arejado, à sombra e
resguardado de poeiras, podendo depois ser enviado por correio. Caso seja solicitada
a determinação de microelementos é necessário proceder, previamente, à lavagem das
folhas com água normal e depois com água desmineralizada ou destilada.
• Por norma, deve ser evitado o envio de amostras de material vegetal verde pelo
correio, em particular no caso de material facilmente perecível, uma vez que o risco de
MÓDULO V
deterioração é muito elevado, inutilizando-se todo o trabalho de colheita e dando lugar
a despesas de envio inúteis.
https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
requisicao-analises/Mod-LQARS71-Material_Vegetal-v4.pdf
nutrientes.
144
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
No que respeita ao caso de Normas de colheita de amostras de folhas de culturas
anuais, consultar:
https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
colheita-amostras/Mod-LQARS089_Colheita-amostras-material-vegetal_Culturas-anuais_
MÓDULO I
vs26-05-2021.pdf
Nota prévia:
A análise foliar é, nos dias de hoje, o mais poderoso meio de diagnóstico do estado
de nutrição das culturas, pelo que a ela se deve recorrer para melhor fundamentar uma
MÓDULO II
recomendação de fertilização racional, especialmente nas culturas arbóreas e arbustivas. O
recurso à análise foliar como meio de diagnóstico foi iniciado por Lagatu e Maume (1926),
na cultura da vinha. Quase um século decorrido sobre a data em causa, esta metodologia foi
alargada a muitas outras culturas e o conhecimento entretanto adquirido permitiu melhorar e
aperfeiçoar este meio de diagnóstico, que:
MÓDULO III
e ou a qualidade da produção;
2) Tal relação significa que a composição mineral das folhas reflete o grau de disponibilidade
dos nutrientes no solo e a sua capacidade para alimentar as plantas;
MÓDULO IV
nutrientes, para uma ou mais épocas do ciclo;
5) Estes são comparados com os valores obtidos nas amostras de folhas colhidas na cultura
em causa, amostradas de forma similar e em época idêntica aquela para a qual os
valores de referência foram obtidos, permitindo detetar quais os nutrientes que estão
em deficiência, em excesso ou num nível adequado.
Regras:
1) A colheita de folhas para análise laboratorial deverá ser efetuada numa zona
representativa das características dominantes da parcela, no que se refere à natureza
do solo, topografia, exposição, cultivar, porta-enxerto, idade das plantas e técnicas
culturais utilizadas. Em cada zona homogénea define-se uma unidade de amostragem
MÓDULO VI
arboreas-arbustivas_vs26-05-2021.pdf).
145
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
3) O material vegetal deve estar são (isento de doenças e pragas, etc.), inteiro e limpo de
terra, pesticidas e de outros produtos.
4) As folhas devem ser colhidas à mesma altura da copa e, sempre que possível, ser
provenientes em igual número dos diferentes pontos cardeais. Em cada raminho deve
MÓDULO I
colher-se apenas uma folha.
5) Preencher, tal como referido acima, a ficha informativa que se denomina folha de
requisição (Mod.LQARS-071), que acompanha as amostras e que pode ser descarregado
aqui: (https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-
fertilizantes/requisicao-analises/Mod-LQARS71-Material_Vegetal-v4.pdf).
6) O material a analisar deve ser entregue no próprio dia de colheita, ou no dia seguinte,
MÓDULO II
no laboratório onde se pretende fazer a análise. No último caso o material deve ser
guardado em frigorífico, a uma temperatura de 4 a 6º C. Na impossibilidade das
amostras de material vegetal serem entregues diretamente no laboratório, podem ser
enviadas em correio expresso desde que sejam acondicionadas em papel absorvente
e colocadas em envelope almofadado. Evitar que a data de envio ou de receção do
material coincida coma véspera de um feriado ou fim-de-semana.
MÓDULO III
7) Independentemente da época de colheita, sempre que surjam plantas com sintomas
anómalos cuja causa se suspeite ser de origem nutricional, deve colher-se duas amostras:
uma amostra de folhas nas plantas afetadas, incidindo esta colheita sobre as folhas que
apresentem sintomas, e uma segunda amostra de folhas de inserção homóloga à das
primeiras, mas em plantas aparentemente normais. Sempre que possível, devem colher-
se duas amostras de terra representativas das áreas/zonas em que foram colhidas as
amostras de material vegetal. Estas amostras de terra deverão ser igualmente remetidas
MÓDULO IV
para análise.
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
146
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
CAPÍTULO I.1 - ANEXO III - NORMAS GERAIS DE COLHEITA DE
AMOSTRAS DE ÁGUA PARA REGA
A apreciação da qualidade das águas para rega deverá ser feita com base na análise de
amostras representativas, colhidas tendo em atenção os seguintes cuidados:
MÓDULO I
• No caso das águas para rega provenientes de charcas, poços ou furos, deve tomar-se
uma amostra de 1 litro de volume, colhida cerca de meia hora após se ter iniciado a
bombagem da água.
• A amostra não pode ser contaminada com fertilizantes ou corretivos da água de rega,
pelo que deve ser retirada antes de chegar ao sistema doseador dos mesmos (caso
MÓDULO II
existam).
• Em águas superficiais em movimento (rio, canal, etc.) a amostra deve ser colhida
onde a corrente seja normal, evitando zonas de remoinhos ou de água estagnada. A
profundidade a que deve ser colhida a amostra deve ser intermédia entre o fundo e a
superfície, no centro da corrente. A boca da garrafa deve estar no sentido contrário ao
da corrente e protegida para evitar a entrada de materiais flutuantes (ex. algas, plantas).
MÓDULO III
• A amostra de água deve ser guardada em recipiente de vidro ou plástico bem limpo,
lavado ou enxaguado pelo menos três vezes com a água de que se deseja colher a
amostra.
• Sempre que a chegada ao laboratório não seja imediata, a amostra deve ser guardada
MÓDULO IV
em frigorífico a uma temperatura que não exceda os 5ºC.
Determinações a solicitar:
https://www.iniav.pt/images/Servicos-Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/
requisicao-analises/Mod-LQARS72-Agua_Rega-v4.pdf
BIBLIOGRAFIA
147
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
CAPÍTULO I.3 - ANEXO I - ESTADOS FENOLÓGICOS MIRTILO,
MILHO, VIDEIRA, CASTANHEIRO
Estado Fenológico do Mirtilo
1 – Gema invernal dormente 2 – Gema inchada - Gomos florais
completamente fechados sem começam a inchar aumentando de
MÓDULO I
sinais visíveis de desenvolvimento. volume e a abrir, sendo visíveis as
escamas mais claras do interior.
MÓDULO II
5 – Gomos iniciais rosa-As corolas 6 – Gomos finais rosa-As corolas
adquirem tom rosa, alongam-se, atingem o tamanho final. A maior
mas encontram-se fechadas. parte das flores da inflorescência
estão completamente separadas.
MÓDULO III
7 – Início da floração -Cerca de 8 – Plena floração - Pelo menos
10% das flores já estão abertas. 50% das flores estão abertas.
MÓDULO IV
9 - Queda das corolas - Fim da 10 - Crescimento do fruto-As
floração, vingamento dos frutos. pequenas bagas verdes crescem
As corolas brancas começam a cair, atingindo cerca de 10% do seu
observando-se os pequenos frutos tamanho final. No entanto os
verdes. tamanhos das bagas variam, desde
bagas grandes a tamanho de
ervilha.
MÓDULO V
alguns tons rosa-claro. para rosa-escuro e depois azul.
Começam a ficar moles
maduras.
148
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Estado Fenológico do Mirtilo
A cultura do milho é dividida em duas grandes fases: vegetativa representada pela letra (V)
e reprodutiva representada pela letra (R).
Dentro destas duas grandes fases, devemos considerar subdivisões.
MÓDULO I
Fase vegetativa: as subdivisões dos estádios vegetativos (V) são representadas por
números. O primeiro e os últimos estádios vegetativos são designados como VE
(emergência) e VT (embandeiramento), V1, V2, V3, etc até Vn, onde n representa o
último estádio vegetativo que antecede ao embandeiramento (formação de pendão ou
bandeira) representado por VT, variando esse valor com as características das culturas e as
diferenças ambientais.
MÓDULO II
Durante a fase vegetativa, cada estádio é definido de acordo com a formação visível do
colar na inserção da bainha da folha com o colmo (Figura 104). Assim, de cima para baixo,
a primeira folha com o colar visível, é considerada completamente desenvolvida e contada
como tal.
MÓDULO III
na formação do pendão ou bandeira (Figuras 103 e 105) e prolonga-se até à maturação
fisiológica, dizendo respeito, basicamente, ao desenvolvimento do grão e dos seus
componentes.
MÓDULO IV
Figura 102 - Estádios reprodutivos (R1 a R6) | Fonte: https://acientistaagricola.pt/cultura-do-milho-conheca-todas-as-fases-vegetativas-e-reprodutivas/
Figura 103 - Formação Figura 104 - Representação do Figura 105 - Inicio da fase
do pendão ou bandeira colar e bainha no milho reprodutiva (R) com a
– VT formação do pendão ou
BIBLIOGRAFIA
bandeira
149
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Os principais estádios de desenvolvimento vegetativo (V) e reprodutivo (R), são seguidamente
descritos, de forma resumida
MÓDULO I
Estádios vegetativos Estádios reprodutivos
VE - Emergência R1 - Florescimento
MÓDULO II
V6 - Sexta folha R5 - Grão farináceo-duro
MÓDULO III
Desenvolvimento vegetativo (V)
Estádio VE (germinação e emergência)
MÓDULO IV
após a sementeira, onde o alongamento do coleóptilo e do mesocótilo
pára, quando a ponta do coleóptilo é exposta à luz solar. De seguida há
um desenvolvimento das folhas embrionárias, que crescem através da
extremidade do coleóptilo e o desenvolvimento da planta acima do solo
inicia-se.
Estádio V6 (Sexta folha)
MÓDULO V
Abaixo da superfície do solo, o sistema radicular nodular é agora o
principal sistema radicular em funcionamento.
150
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Desenvolvimento vegetativo (V)
Estádio VT (Embandeiramento)
O estádio VT inicia-se quando o último ramo da panícula está completamente visível e os estilos-estigmas
ainda não emergiram (não são visíveis). Nesta altura a planta de milho atingirá a sua altura total e iniciará a
polinização, através do pendão, que se estenderá por uma a duas semanas. Durante este tempo cada estilo-
MÓDULO I
estigma deverá emergir para que a polinização e o desenvolvimento do grão ocorram. É de referir também
que este é o período em que a planta de milho é mais vulnerável aos danos causados por granizo, uma vez
que a panícula e todas as folhas estão completamente expostos.
MÓDULO II
Crescimento e desenvolvimento Estilos-estigmas ainda não estão Estilo-estigma visível fora da palha
do pendão até à polinização visíveis
MÓDULO III
Fonte: Arquivo do agrônomo n.º 15, 2003 Fonte: Arquivo do agrônomo n.º 15, 2003 Fonte: Arquivo do agrônomo n.º 15, 2003
MÓDULO IV
libertados atingem uma seda, formando o tubo polínico, num período
aproximadamente de 24 h, que cresce até fertilizar o óvulo. Após a sua
fertilização o óvulo transforma-se em um grão.
Estádio R2 (Grão leitoso de 10-14 dias após a floração) até ao R6 (maturidade fisiológica)
Os grãos no estádio R2 são brancos externamente e lembram uma bolha na sua forma (figura A). Os grãos
começam um período de rápido e constante acumulação de matéria seca ou de enchimento. Este rápido MÓDULO V
desenvolvimento dos grãos continuará até próximo estádio R6. A maturação fisiológica ocorre pouco depois
do desaparecimento da linha de leite (figura B) e um pouco antes da formação da camada preta na ponta das
sementes (figura C), ou seja, a linha de leite desaparece e a camada negra forma-se. A partir daqui é que se
dá o fim da acumulação de matéria seca nos grãos e se inicia o processo de senescência natural das folhas
das plantas, começando por isso a perder gradualmente a sua coloração verde característica (figura D).
MÓDULO VI
A B C D
Fonte: https://blog.chbagro.com.
br/6-dicas-para-conduzir-uma-
BIBLIOGRAFIA
excelente-colheita-do-milho
151
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Estado Fenológico da Videira
MÓDULO I
A – Gomo de Inverno B – Gomo de Algodão C – Ponta Verde D – Saída da Folhas
MÓDULO II
E – Folhas Livres F – Cachos Visíveis G – Cachos Separados H – Botões Florais Separados
MÓDULO III
I – Floração J – Alimpa K – Bago de Ervilha L – Cacho Fechado
M – Pintor N – Maturação
MÓDULO IV
MÓDULO V
Fonte: Ministério da Agricultura do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT)
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
152
Agricultura Sustentável
MÓDULO I - Conceitos gerais de agricultura
ÍNDICE
Estado Fenológico do Castanheiro
MÓDULO I
A - Dormência dos gomos B - Tumescência dos gomos C1 - Abrolhamento dos gomos C3 - Queda das escamas
protectoras
MÓDULO II
D - Aparecimento das nervuras D - Aparecimento das nervuras Dm - Aparecimento dos Em - Glomérulos masculinos
e desenvolvimento das folhas e desenvolvimento das folhas Amentilhos unissexuais bem individualizados
MÓDULO III
MÓDULO IV
Fm - Aparecimento dos Fm2 - Plena floração masculina Gm - Final da emissão do Dm - Aparecimento dos
estames nos estaminados pólen – anteras acastanhadas Amentilhos androgínicos
MÓDULO V
Ea – Glomérulos masculinos Ef - Flores femininas bem Ff - Aparecimento dos Ff2 - Estigmas bem
bem individualizados diferenciadas estigmas na flor central desenvolvidos – plena floração
feminina
MÓDULO VI
I - Inchamento Fa - Aparecimento dos estames Fa2 - Emissão de pólen Ga- Anteras vazias e
acastanhadas
BIBLIOGRAFIA
153
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
PROTEÇÃO DAS PLANTAS
MÓDULO II
II.1. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO DAS PLANTAS..................................................................................................................155
MÓDULO III
II.2.1. ENQUADRAMENTO E DEFINIÇÕES BASE...........................................................................................................159
MÓDULO IV
II.2.5. ESTRAGOS E PREJUÍZOS .....................................................................................................................................166
154
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
PROTEÇÃO DAS PLANTAS
MÓDULO II
“No contexto da agricultura sustentável deve ser dada ênfase às medidas preventivas,
isto é, à proteção das plantas de forma indireta, utilizando-as ao máximo antes de recorrer
às medidas diretas que visam a eliminação da população do inimigo da cultura que causa
MÓDULO III
prejuízos”1
A proteção das plantas, inclui o controlo de doenças, pragas e plantas infestantes, através
da utilização de mecanismos tradicionais e tecnológicos de forma que estas estejam seguras
contra os seus inimigos, com vista ao menor impacto ambiental e humano possível.
MÓDULO IV
II.1. EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO DAS PLANTAS
A transmissão de conhecimentos ao longo dos anos, sobre proteção das plantas, tem sido
fundamental para esclarecer conceitos como a bioecologia e a epidemiologia de alguns inimigos
das culturas, as técnicas de estimativa do risco, os valores de níveis económicos de ataque, a
ocorrência e gravidade da resistência de inimigos das culturas aos produtos fitofarmacêuticos, a
natureza e eficácia dos mais importantes auxiliares, como coccinelídeos, sirfídeos, crisopídeos,
antocorídeos, himenópteros e ácaros fitoseídeos, isto é, dos antagonistas que promovem a
limitação natural dos inimigos das culturas bem como a viabilidade de utilização e a eficácia MÓDULO V
relativa de meios de luta alternativos aos produtos fitofarmacêuticos químicos como sejam a
luta biológica, a luta biotécnica e a luta cultural.
1 Amaro, P. (1998) – Os fatores que têm condicionado a intervenção da DGPPA, do CNPPA e da DGPC na
área da proteção integrada. UTL/ISA/DPPF/SAPI, 13 p. http://www.isa.utl.pt/files/pub/ISAPRESS/PDF_Livros_
ProfPedroAmaro/Proteccao_Integrada.pdf
BIBLIOGRAFIA
155
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
Por outro lado, a Produção Integrada3 visa a exploração agrícola de forma integrada:
proteger as plantas e mitigar os efeitos secundários (integra a Proteção Integrada), salvaguardar
o bem-estar animal e preservar os recursos naturais para produzir alimentos de qualidade. É
definida como um “(…) sistema agrícola de produção de alimentos e de outros produtos
alimentares de alta qualidade” apoiada na “gestão racional dos recursos naturais” e que
MÓDULO I
privilegia “a utilização dos mecanismos de regulação” em detrimento dos fatores de produção
(Decreto-Lei n.º 256/2009 de 24 de setembro).
Os progressos feitos na luta biológica, na luta biotécnica (com recurso aos métodos da
captura em massa e da confusão sexual) e na luta cultural (de que se destaca a solarização
MÓDULO II
do solo, a utilização de plantas isentas de vírus e de variedades resistentes), têm permitido
o recurso, de uma forma progressiva e crescente, a alternativas à luta química (Tabela 1). Na
luta química, a par de maiores exigências legais, a indústria dos produtos fitofarmacêuticos
tem procurado dispor de produtos mais seletivos e de utilização em doses mais reduzidas,
minimizando o impacto no ambiente.
MÓDULO III
Utilização indiscriminada dos produtos fitofarmacêuticos eficazes, segundo
Luta Química Cega
esquemas de tratamentos fixos e definidos previamente.
MÓDULO IV
Luta Dirigida fitofarmacêuticos com fraca repercussão ecológica. Salvaguarda dos
organismos auxiliares existentes.
MÓDULO V
--Proteção Integrada --
1.º - Aplicar medidas de prevenção e/ou controlo dos inimigos das culturas;
4 Regulamento (CEE) n.º 2078/92, com aplicação nacional das primeiras Medidas Agroambientais em 1994.
156
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
2.º - Utilizar métodos e instrumentos adequados de monitorização dos inimigos
das culturas;
MÓDULO I
na tomada de decisão;
4.º - Dar preferência aos meios de luta não químicos (ex. luta cultura, luta
biológica, luta biotécnica e física);
MÓDULO II
6.º - Reduzir a utilização de produtos fitofarmacêuticos e outras formas de
intervenção ao mínimo necessário;
8.º - Verificar o êxito das medidas fitossanitárias aplicadas, com base nos registos
MÓDULO III
efetuados no caderno de campo;
Legislação
Lei n.º 26/2013, de 11 de abril, que transpõe a Diretiva Quadro do Uso Sustentável
dos Pesticidas.
MÓDULO IV
Decreto-lei n.º 37/2013, de 13 de março. Diário da República - 1ª Série – N.º 51.
Ministério da Agricultura, do mar, do ambiente e do ordenamento do território.
Lisboa.
alimentar.
157
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
para autoconsumo, e/ou voltada para a exportação, com destino ao mercado dos seus países
de origem.
MÓDULO I
combina as melhores práticas ambientais, um elevado nível de biodiversidade, a preservação
dos recursos naturais, a aplicação de normas exigentes em matéria de bem-estar dos animais
e método de produção em sintonia com a preferência de certos consumidores.” (Regulamento
(CE) n.º 834/2007).
MÓDULO II
Princípios
MÓDULO III
Limitação ao uso de insumos externos:
MÓDULO IV
• Às condições sanitárias, climas regionais, condições locais, estádios de
desenvolvimento e práticas específicas de criação.
Legislação:
158
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
II.2. PRINCIPAIS INIMIGOS DAS CULTURAS
MÓDULO I
Designam-se inimigos das culturas, os animais, insetos, plantas, fungos bactérias ou outros
agentes patogénicos com potencial para reduzir a produção das culturas agrícolas e que
afetam a produtividade das explorações e a correspondente produção de alimentos (Tabela
2). Podem também ser abióticos como a chuva, granizo, fitotoxidade causada por má nutrição
ou uso inadequado dos produtos fitofarmacêuticos.
MÓDULO II
como praga quando o número de organismos por área definida
excede um limite numérico de aceitabilidade (específicos para
cada tipo de pragas e culturas). Nesta definição conclui-se que um
animal não é automaticamente considerado uma praga só porque
se alimenta das culturas.
MÓDULO III
Podem classificar-se em:
• Pragas
Insetos, nematodes, ácaros, caracóis, aves e mamíferos que causam danos físicos às
plantas ou com possibilidade de transmitir doenças. Os danos podem ser causados
na vegetação, raízes e sementes das culturas, já que são estruturas que constituem o
seu alimento. No processo de alimentação algumas pragas podem transmitir agentes
MÓDULO IV
patogénicos às plantas através do fluído expelido, originando a proliferação de doenças
(insetos picadores-sugadores). Na Figura 1 podem apresentam-se alguns exemplos de
pragas.
MÓDULO V
A B C
MÓDULO VI
D E F
Figura 1 – Pragas: A) Larvas e adulto de escaravelho da batata (Leptinotarsa decemlineata Say), coleóptero da
BIBLIOGRAFIA
família Chrysomelidae; B) Epitrix sp.na batata, coleóptero da família Chrysomelidae; C) Sintomas de psila-africana-
dos-citrinos, Trioza erytreae (inseto picador-sugador, hemíptero da família Triozidae); D) caracóis.
159
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
NAS PLANTAS (OU LAVOURAS) Exemplos de insetos-pragas
MÓDULO I
Sugar a seiva vegetal em folhas, botões Percevejos, pulgões, cigarrinhas, tripes,
florais, ramos, frutos cochonilhas
MÓDULO II
Usar partes da planta para a construção de
Formigas, vespas, larvas de moscas
ninhos ou refúgios
MÓDULO III
Alimentar-se de todo ou de parte de um
Carunchos, gorgulhos, besouros, traças
produto armazenado
MÓDULO IV
Buscar proteção ou construir ninhos ou
Carunchos, gorgulhos, besouros, traças
abrigos com ou sobre o substrato
Tabela 2 - Exemplos de danos de insetos-praga em culturas | Fonte: Amaro, 1982 (Adaptado)
• Doenças
MÓDULO V
elevada capacidade de reprodução, dispersão (através de esporos, por exemplo) e
resiliência. A capacidade de infetar é condicionada pelas condições meteorológicas
sendo que temperaturas do ar amenas ou elevadas e altas percentagens de humidade
facilitam, de uma forma geral a proliferação destes agentes. A infeção causa a redução
da produtividade e as plantas hospedeiras são danificadas ou acabam mesmo por
morrer. Alguns exemplos: míldio, oídio, ferrugem, cancro, podridões (phytophthora),
lepra… (Figura 2).
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
160
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
MÓDULO I
Pedrado Moniliose Ferrugem framboeseira Eutipiose da vinha
Figura 2 - Alguns exemplos de doenças.
• Infestantes
São plantas que competem com as culturas agrícolas pelos recursos água, luz e
MÓDULO II
nutrientes, tendo uma ação prejudicial sobre o desenvolvimento, manutenção ou
produção das culturas. No entanto, são, muitas vezes, ecologicamente adaptáveis ao
ambiente agrícola, podendo e devendo, em algumas circunstâncias, serem designadas
de adventícias, já que podem desempenhar ações uteis à cultura. Alguns exemplos:
bredos, balancos, labaças, saramagos, corriola… (Figura 3).
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 3 - Exemplo de infestante em vinha.
• Acidentes Fisiológicos
A B C D
BIBLIOGRAFIA
Figura 4 - a) Escaldão em eucalipto; b) Fitotoxicidade em pinheiro manso; c) Geada em Kiwi; d) Geada em physalis.
161
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
• Espécies Exóticas Invasoras
As espécies (não nativas) introduzidas em áreas fora da sua área de distribuição natural
(sejam elas animais, insetos, plantas, fungos, bactérias, vírus, etc.) e que conseguem
sobreviver e posteriormente reproduzir-se. Esta ocupação do território, quando se
MÓDULO I
torna excessiva (área ou n.º de indivíduos) pode criar perturbações significativas nos
ecossistemas já que competem por recursos com as espécies nativas. Por esta razão
podem significar perdas de biodiversidade e assim impactos negativos nos ecossistemas.
Por regra, estas espécies invasoras não têm antagonistas naturais pelo que, se bem-
adaptadas, têm uma enorme tendência à rápida disseminação e consequente domínio
no ecossistema. Alguns exemplos (Figura 5): vespa-das-galhas-do-castanheiro, jacinto
de água, vespa velutina, acácias.
MÓDULO II
MÓDULO III
Vespa-das-galhas-do castanheiro Vespa velutina Acácias
Figura 5 - Exemplos de espécies exóticas.
MÓDULO IV
Poderemos considerar que o problema fitossanitário, no contexto do potencial prejuízo e
por sua vez da necessidade de intervenção por parte do agricultor, ocorre quando reunidas
quatro circunstâncias concretas, são elas:
162
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
Existem, contudo, um vasto número de condições e fatores que levam a que o
desenvolvimento do problema fitossanitário seja mais grave, ou mais rápido, ou ainda que
implique mais intervenções ou que cause mais danos à cultura, por exemplo:
MÓDULO I
já que dispõe de alimento abundante pela quebra do ambiente natural, bem como
pela tendencial ausência de antagonistas e consequente redução da rapidez de
desenvolvimento de uma condição de equilíbrio entre patogéneo e antagonista;
MÓDULO II
• Técnicas de cultivo como a plantação/sementeira direta que favorecem o desenvolvimento
de pragas e doenças de solo, quando aliadas à ausência de rotação de culturas e/ou de
estratégias de pousio;
• Uso inadequado dos produtos fitofarmacêuticos: usar produtos não seletivos aos
inimigos naturais, redução ou aumento da dose recomendada, repetição de tratamentos,
não alternância de produtos com diferentes modos de ação podendo contribuir para
MÓDULO III
fenómenos de resistência dos inimigos à substância ativa;
MÓDULO IV
vejam-se os casos, por exemplo da Vespa-das-galhas-do-castanheiro, da Trioza erytreae
e da Xylella fastidiosa;
Existem ainda três grandes grupos de fatores que contribuem, em muito, para o
desenvolvimento do problema fitossanitário e que influenciam diretamente a sua gravidade, MÓDULO V
são eles as condições meteorológicas, a fertilização e a disponibilidade quer de meios técnicos
(equipamentos) quer até de mão de obra.
Estas condições poderão ser tão mais graves quanto maior for o valor acrescentado da
cultura, por exemplo, quando o agricultor desenvolve a sua atividade sob forçagem (estufas).
avizinham bem como o comportamento dos inimigos obrigatórios das culturas que desenvolve,
163
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
a fim de antecipar o problema mitigando os danos e prejuízos, por exemplo, recorrendo
aos Serviços de Avisos Agrícolas, visualizando diariamente as informações meteorológicas
disponíveis, mantendo um registo adequado do histórico da sua cultura, etc.
Sabemos todos que um organismo bem alimentado é um organismo mais resistente. Nas
MÓDULO I
plantas isto não é exceção, quanto mais equilibrado o processo nutricional da cultura maior a sua
capacidade de resistência sanitária ou, se preferimos, menor a sua vulnerabilidade ao agente
patogénico. Importa concretizar que uma nutrição equilibrada não é necessariamente uma
nutrição abundante, ou seja, os excessos nutricionais são, normalmente contraproducentes.
Assim, é fundamental que numa estratégia de redução do risco sanitário, o agricultor avalie
as necessidades de fertilização da sua cultura, através de analises de solo e foleares regulares.
Em resultado disso deve promover as respetivas correções em função das necessidades
MÓDULO II
especificas da cultura e da produção esperada de forma a manter sempre bem nutridas as
plantas conseguindo com isso um aumento na sua capacidade de resistência autónoma.
MÓDULO III
Nesta análise terá de considerar uma estratégia preventiva para as doenças e curativa para
o controlo das pragas (em função dos princípios da proteção integrada, nomeadamente na
estimativa do risco). Por exemplo, uma exploração de grande dimensão poderá equacionar a
redução do Nível Economico de Ataque por falta de capacidade de resposta.
MÓDULO IV
II.2.3.1. CONCEITO DE PRAGA
Pragas são um conjunto de organismos nocivos, de diversas espécies, insetos na sua maioria
(mas também aracnídeos – ácaros), que provocam alterações no estado sanitário das plantas
podendo provocar apenas danos ligeiros ou podendo causar a sua morte, passando por mais
ou menos implicações na quantidade e qualidade da produção obtida.
Podem em alguns casos ser vetores transmissores de doenças (fungos, bactérias, vírus, MÓDULO V
nematodes endoparasitas).
Os insetos causam danos diretos no produto a ser colhido (por exemplo o bichado da
fruta), ou indiretos, quando presentes em partes da planta que não serão comercializadas, mas
que alteram processos fisiológicos, com reflexos na produção (por exemplo o escaravelho da
batateira).
MÓDULO VI
Podemos definir doenças como sendo as alterações nos processos de vida da planta que
164
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
afetam parte ou todos os seus órgãos, provocados por fungos, bactérias e vírus.
MÓDULO I
prende-se com a manifestação da doença que se verifica com o sinal ou sintoma, ou seja, com
o resultado da ação do agente patogénico. Mais uma vez é imprescindível que o agricultor
analise os fatores de desenvolvimento da doença a fim de antecipar a sua ocorrência e decidir
pelos métodos de mitigação e controlo.
MÓDULO II
Para definir uma estratégia adequada de intervenção no sentido de controlar ou mitigar
um problema sanitário o agricultor ou o técnico terá de proceder ao correto diagnóstico. Por
sua vez, a correta identificação do problema fitossanitário orienta no sentido da intervenção,
desde logo podendo a mesma ser dispensada se os fatores de risco – na análise da estimativa
de risco, indicarem risco baixo ou ausência de risco. Ou seja, é fundamental interiorizar num
contexto de boas práticas (quer numa abordagem ecológica quer financeira) que nem sempre
é necessário intervir e reconhecer que os princípios da Proteção Integrada são conceito básico
MÓDULO III
para desenvolver a atividade de produção.
MÓDULO IV
Em consequência desta abordagem previa, a utilização de produtos fitofarmacêuticos surge
como último recurso e quando é impraticável uma outra opção, quer em termos técnicos quer
em termos económicos.
165
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
• Através de medidas preventivas Indiretas – recorrendo a técnicas e operações culturais
adequadas tais como:
a) Sempre que possível revestir os solos com plantas adequadas para que se reestabeleçam
sinergias que contribuam para o ressurgimento de habitas que potenciem o equilíbrio
MÓDULO I
ecológico – como exemplo o enrelvamento de culturas permanentes com recurso a
misturas de prado de sequeiro;
b) Fomentar a presença de flora que sirva de refúgio a insetos auxiliares; plantas repulsivas
de insetos prejudiciais em consociação com as culturas e nas áreas envolventes aos
locais de produção (caminhos, taludes, cabeceiros, etc.);
MÓDULO II
c) Luta cultural (ex. consociações; poda de rebentos), luta genética (ex. escolha de espécies
e variedades/cultivares resistentes), luta biotécnica (ex. instalação de armadilhas
de captura com recurso a confusão sexual ou difusores atrativos) e luta biológica na
modalidade limitação natural com recurso a largadas de auxiliares;
MÓDULO III
o ciclo de desenvolvimento dos inimigos das culturas), utilização de consociações,
utilização de plantas para alimento ou abrigo de predadores (infra-estruturas ecológicas)
ou planta armadilha, complementadas pela otimização das condições de crescimento
das plantas, como a escolha da época correta de cultivo.
MÓDULO IV
As plantas têm uma ampla gama de inimigos. Contudo, apenas alguns têm uma ação que
causa prejuízo às culturas e com impacto no rendimento das explorações. Assim, é correto
dizermos que nem todos os agentes patogéneos causarão problemas fitossanitários dignos
dessa definição, desde logo porque poderão não ter um impacto relevante na cultura e/ou
produção que justifique a intervenção de controlo ou mitigação – princípio do Nível Económico
de Ataque.
Quer para efeitos prévios de diagnóstico quer para avaliação de danos e prejuízos, importa MÓDULO V
perceber o que são sinais e sintomas:
A fauna e flora auxiliar traduzem-se nos seres vivos, vegetal e animal, que, pela sua atividade
166
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
nos ecossistemas (por exemplo comportamental, alimentar, presença ou emissão de uma
substância particular), contribuem naturalmente para o controlo de pragas nas explorações
agrícolas. São alguns exemplares insetos, ácaros, vertebrados, aves e mamíferos, répteis e
anfíbios ou antagonistas (microrganismos auxiliares) (Figura 6).
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 6 - Exemplo de um auxiliar (joaninha,
coleóptero da família Coccinellidae) muito voraz quer
em larva quer em adulto alimenta-se sobretudo de
afídeos (piolhos ou pulgões) contribuindo para o
controlo destes.
MÓDULO III
a existência de organismos auxiliares das culturas, integrados nos ecossistemas, é uma forma
de luta biológica contra os inimigos das plantas. Por isso, devem ser promovidas práticas de
proteção e de aumento dos auxiliares.
MÓDULO IV
Predadores:
São organismos com atividade predadora, relativa aos inimigos das culturas. A existência
de infraestruturas ecológicas que sirvam, de refúgio, como sebes, bosques e taludes revestidos
de vegetação espontânea são importantes para a sobrevivência dos auxiliares (Tabela 3). Estes
organismos podem igualmente ser suscetíveis à ação de produtos fitofarmacêuticos, como
inseticidas, pelo que o seu uso deve ser mitigado.
Salamandra salamandra
(Salamandra)
167
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
Auxiliar Presa/Inimigo da cultura
MÓDULO I
Ácaros fitoseídeos Ácaros fitófagos
Tabela 3 - Exemplos de auxiliares | Fonte: Amaro, 1982 (Adaptado)
• Parasitoide:
MÓDULO II
Se os vir é porque o estão a ajudar… Proteja-os!
Desde janeiro de 2014 que os agricultores estão obrigados a cumprir os 8 princípios gerais
MÓDULO III
da Proteção Integrada6 na exploração agrícola (para mais informação consultar Módulo III –
PI_PRODI).
Como refere a própria Diretiva, pretende-se a proteção das culturas com uma “…avaliação
ponderada de todos os métodos disponíveis de proteção das culturas e a subsequente
integração de medidas adequadas para diminuir o desenvolvimento de populações de
organismos nocivos e manter a utilização dos produtos fitofarmacêuticos e outras formas de
intervenção a níveis económica e ecologicamente justificáveis, reduzindo ou minimizando os
MÓDULO IV
riscos para a saúde humana e o ambiente.” (Diretiva 2009/128/CE).
Neste caso, deve privilegiar-se os meios de luta cultural, biológica, biotécnica ou física
(Princípio 4)7, sem deixar de fora o recurso à luta química, quando necessário, com recurso
a produtos fitofarmacêuticos mais seletivos (Princípio 5) e fazendo o registo das medidas
fitossanitárias aplicadas no operações efetuadas em cada parcela agrícola homogénea
– Caderno de Campo (Princípio 8). No caderno de campo, entre outra informação, é feita
MÓDULO V
a caracterização das parcelas agrícolas, dos estados fenológicos e das práticas culturais, a
estimativa do risco, o levantamento dos organismos auxiliares8, os meios de luta utilizados e
os tratamentos fitossanitários (ex. data de aplicação e finalidade). É exemplo de luta biológica
a realização de largadas de auxiliares em casos em que a eficácia dos auxiliares seja uma mais-
valia.
• Conhecer a cultura;
• Os organismos auxiliares;
6 Lei n.º 26/2013, de 11 de abril que transpõe a Diretiva n.º 128/2009/CE para legislação – Quadro do Uso
Sustentável dos Pesticidas.
7 Lei n.º 26/2013 de 11 de abril, anexo II
8 Técnicas de amostragem: observação visual, técnica das pancadas, armadilhas, aspirador - http://geo.
drapn.min-agricultura.pt/agri/archivos/publicaciones/1392826878_Proteção%20integrada%20das%20culturas_
BIBLIOGRAFIA
Volume%20I.pdf
168
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
• Os inimigos e os fatores de nocividade para estimar o risco – ex. consulta do Serviço
Nacional de Avisos Agrícolas (SNAA);
• O nível económico de ataque (NEA)9;
• A seleção dos meios de luta.
MÓDULO I
Independentemente do Modo de Produção adotado na exploração agrícola, no que
respeita à proteção fitossanitária cumprir os princípios da proteção integrada constituem-se
como requisito mínimo.
Embora compitam com a cultura agrícola, e por isso indesejáveis, as infestantes podem ser
MÓDULO II
alimento ou abrigo de insetos ou animais invertebradas ou vertebrados auxiliares. Para além
disso podem contribuir para o equilíbrio em macro e micronutrientes e proteger o solo.
MÓDULO III
habitat, ou no conceito mais lato, no mundo. A relevância para a existência da vida humana é
conhecida e tem um caracter transversal como a polinização, a regulação climática (e, portanto,
na mitigação de eventos climáticos extremos, doenças e pragas), equilibra o ciclo hidrológico
(qualidade e quantidade) e do carbono, purifica o ar, na fertilização dos solos e na produção
de bens, como a produção alimentar, que sustentam a economia e a sociedade.
MÓDULO IV
CULTURAS
De acordo com a Convenção sobre Diversidade Biológica, diversidade biológica significa:
“a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os
ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos
de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies
e de ecossistemas”.
A biodiversidade apresenta importância ambiental, económica e social. No que diz respeito MÓDULO V
às funções ambientais, é essencial para o funcionamento e equilíbrio de todos os ecossistemas
do planeta, pois todos os seres vivos participam de alguma forma da cadeia alimentar, e a
retirada de um organismo pode desencadear desequilíbrio ecológico. A biodiversidade
contribui para a produtividade, a longo prazo, dos seus campos. Assim, é fundamental que
os agricultores reflitam sobre o impacto que as suas ações podem ter sobre a biodiversidade
MÓDULO VI
existente nas suas parcelas uma vez que ela influenciará a produtividade das suas culturas
(Figura 7).
9 NEA – Intensidade de ataque do inimigo da cultura a partir do qual se devem aplicar medidas limitativas,
ou de combate, para impedir que a cultura corra o risco de prejuízos superiores ao custo das medidas de luta a
BIBLIOGRAFIA
169
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 7- Exemplos de biodiversidade em culturas.
MÓDULO II
“biodiversidade associada”, isto é, organismos que orbitam os sistemas de produção agrícola
e alimentar, sustentando-os e contribuindo para sua produção. Desta forma, a biodiversidade
garante a segurança alimentar, diminui a necessidade de recursos externos à exploração, o
desenvolvimento sustentável e a manutenção e resiliência dos ecossistemas.
MÓDULO III
• Mercados internacionais e demografia;
• Alteração do uso da terra (ex. urbanização);
• Poluição;
• Uso excessivo de fatores de produção externos;
• Colheita excessiva.
MÓDULO IV
Segundo a FAO/UN, a perda de biodiversidade deve-se, no essencial, à destruição dos
ecossistemas florestais e aquáticos e o crescente domínio de sistemas de produção intensivos
(número reduzido de espécies, raças e variedades). Também o relatório do Tribunal de Contas
Europa, aponta o declínio da biodiversidade nas terras agrícolas como uma das consequências
da aplicação da Política Agrícola Comum.
A generalidade dos Países reporta o aumento das raças de gado em risco de extinção, a
MÓDULO V
diversidade nos campos está em declínio, assim como muitas espécies vitais do ecossistema
(ex. polinizadores, inimigos naturais de pragas, organismos do solo).
levar alguns indivíduos a sobreviver num determinado ambiente, enquanto os outros morrem.
Se as vantajosas características genéticas dos organismos sobreviventes forem passadas para
a próxima geração, esta estará melhor equipada para viver. A seleção natural complica o
processo de proteção das culturas quando as pragas e doenças se adaptam e combatem com
sucesso os efeitos pretendidos dos produtos fitofarmacêuticos. Um produto usado para tratar
10 Nota: A teoria evolucionista de Charles Darwin resulta do conceito popularizado de “sobrevivência do mais
apto”, uma metáfora da sua teoria de “seleção natural”, em que a probabilidade de sobrevivência é maior nos
BIBLIOGRAFIA
170
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
determinada cultura pode não ser eficaz em todos os organismos de uma espécie-alvo, dentro
de uma área definida. Quando isso ocorre, as futuras gerações dos organismos sobreviventes
são propensas a compartilhar as características genéticas que os protegem dos efeitos dos
produtos. Isto é conhecido como resistência. A exposição prolongada e repetida a substâncias
ativas com um modo de ação idêntico pode facilitar a ocorrência de resistências. A resistência
MÓDULO I
a um produto fitofarmacêutico pode ser impedida ou retardada através do uso de uma matriz
de produtos (estratégia de gestão de resistências) que exploram uma variedade de substâncias
ativas e modos de ação.
MÓDULO II
alimentação; importa ressalvar que a variabilidade dentro das espécies é tão importante
como a adoção de sistemas policulturais;
• Espécies não agrícolas que apoiam a produção alimentar (ex. microrganismos terrestres,
abelhas, borboletas, minhocas, pulgões, etc.) e os ecossistemas agrícolas (agrícolas,
pastorais, florestais e aquáticos), assim como a sua diversidade.
MÓDULO III
que não sobreviveriam sem a mão do Homem, por outro lado, a inclusão de espécies e raças
oriundas de outras latitudes põe em causa a autonomia dos próprios sistemas agrícolas e dos
agricultores.
MÓDULO IV
representam uma ameaça para a fitossanidade, mas também os organismos que auxiliam a
produção agrícola, as espécies que diminuem ou impedem a produção são conhecidas como
pragas, doenças e infestantes. Interessa assim proteger as culturas e o gado, controlar as
populações de pragas, doenças e infestantes, salvaguardar os auxiliares que vivem nas culturas
ou perto dos seus campos e preservar as plantas e animais selvagens que vivem perto de
áreas agrícolas, nomeadamente através da manutenção em boas condições de infraestruturas
ecológicas próximas das culturas e cuja manutenção não exija alterações significativas de criar
perturbações. Estas servem de nutrição, abrigo e proteção aos auxiliares por exemplo, em
situações meteorológicas ou perante práticas culturais prejudiciais aos auxiliares. MÓDULO V
É necessário aprofundar o conhecimento da exploração agrícola e as interações simbióticas
que se devem proporcionar, evitando que o “auxílio” se transforme num prejuízo para o
agricultor, nomeadamente na utilização de plantas que se tornem infestantes11, devendo ainda
privilegiar-se as plantas autóctones que atinjam os objetivos que pretende o agricultor.
MÓDULO VI
11 Plantas consideradas indesejáveis pelo homem nos pontos de vista ecológico e económico (Amaro, 1969;
BIBLIOGRAFIA
171
Agricultura Sustentável
MÓDULO II - Proteção das plantas
ÍNDICE
produção adotado na exploração agrícola, passando por uma panóplia de alternativas que
visam o controlo ou mitigação do problema fitossanitário com o mais baixo impacto ecológico
e ambiental possível.
Nos rendimentos, é atingido o ponto ótimo quando se faz uma gestão e uso eficiente dos
MÓDULO I
recursos naturais, sempre na ótica e intuito de conduzir a exploração agrícola a uma ideal
rentabilidade económica em paralelo com a sustentabilidade ambiental.
MÓDULO II
em conta, antes da instalação da cultura, sementeira ou plantação e na produção o seguinte:
MÓDULO III
• Cumprimento das instruções fornecidas para a sua utilização segura13.
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
12 Regulamento (CE) n º 1107/2009 - autorização dos produtos, divide a União Europeia em três zonas geográficas
(Norte, Centro e Sul). A autorização de um produto por um Estado-membro, dentro de uma zona, permite que os
outros Estados-membro dentro da mesma zona possam obter uma autorização mais rápida do mesmo produto,
evitando a necessidade de uma reavaliação para as mesmas condições de uso.
13 Regulamento (CE) nº 1107/2009 é uma legislação robusta que assegura que o desenvolvimento e a utilização
dos PF se realizam de acordo com os rigorosos padrões de salvaguarda da saúde humana e preservação
BIBLIOGRAFIA
ambiental.
172
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO III
PROTEÇÃO INTEGRADA (PI) E PRODUÇÃO
INTEGRADA (PRODI)
MÓDULO II
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................175
MÓDULO III
III.1.1. DEFINIÇÃO ..........................................................................................................................................................175
MÓDULO IV
III.2. AVALIAR A NECESSIDADE DE INTERVIR.......................................................................................................................183
III.2.1.2.2. ARMADILHAS....................................................................................................................................185
MÓDULO V
III.2.1.2.3. CINTAS – ARMADILHA......................................................................................................................188
III.2.1.2.4. ASPIRADOR.......................................................................................................................................189
173
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
III.5.2. COMPONENTE ANIMAL......................................................................................................................................219
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
174
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO III
PROTEÇÃO INTEGRADA (PI) E PRODUÇÃO
INTEGRADA (PRODI)
MÓDULO II
INTRODUÇÃO
A agricultura é uma atividade económica que apresenta uma forte componente de interação
MÓDULO III
com o ambiente, utilizando um vasto conjunto de recursos naturais que importa preservar. Ao
longo dos últimos anos, os sistemas de produção agrícola diversificaram-se, em resposta a
alterações sociais e económicas.
Com consumidores cada vez mais exigentes e conscientes, cresceu a procura por produtos
com maior qualidade nutricional, menor impacto ambiental e impacto socioeconómico
positivo. Deste modo, as preocupações que, atualmente, a sociedade manifesta relativamente
MÓDULO IV
aos recursos naturais e ambiente, por um lado, e, por outro, às exigências ao nível da qualidade
e segurança alimentar têm impulsionado a adoção de modos de produção mais sustentáveis.
Neste sentido, o presente módulo aborda o modo de produção dito convencional que assenta no
cumprimento dos princípios da Proteção Integrada (PI) e nos modos de produção sustentáveis
praticados em Portugal, nomeadamente o Modo de Produção Integrada (MPRODI), através
da aplicação dos respetivos princípios gerais, das orientações específicas para as diferentes
culturas, da sensibilização dos agricultores, da implementação das boas práticas na utilização
racional dos fatores de produção, destacando-se a utilização dos produtos fitofarmacêuticos
e dos meios de luta disponíveis para controlar os inimigos das culturas. MÓDULO V
III.1.1. DEFINIÇÃO
O Artigo 3º da Lei n.º 26/2013 de 11 de abril, refere que a proteção integrada consiste na
avaliação ponderada de todos os métodos disponíveis de proteção das culturas e a integração
de medidas adequadas para diminuir o desenvolvimento de populações de organismos
nocivos e manter a utilização dos produtos fitofarmacêuticos e outras formas de intervenção
a níveis económica e ecologicamente justificáveis, reduzindo ou minimizando os riscos para a
BIBLIOGRAFIA
175
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
saúde humana e o ambiente. A proteção integrada privilegia o desenvolvimento de culturas
saudáveis com a menor perturbação possível dos ecossistemas agrícolas e agroflorestais e
incentivando mecanismos naturais de luta contra os inimigos das culturas. Tem por base a
estimativa do risco, o nível económico de ataque (NEA), a seleção dos meios de luta e a
tomada de decisão. As definições destes conceitos encontram-se descritas no Decreto-Lei n.º
MÓDULO I
256/2009 de 24 de setembro, Artigos 2º e 6º, respetivamente. Consistem em:
Estimativa do Risco
MÓDULO II
Nível Económico de Ataque (NEA)
MÓDULO III
Tomada de Decisão
MÓDULO IV
de luta cultural, genética, biológica e biotécnica e a seleção dos
produtos fitofarmacêuticos, se for o caso.
No Artigo 7.º do Decreto-Lei n.º 256/2009 de 24 de setembro pode ler-se, que a produção
integrada é um sistema agrícola de produção de produtos agrícolas e géneros alimentícios de
qualidade, baseado em boas práticas agrícolas, com gestão racional dos recursos naturais e
privilegiando a utilização dos mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de
produção, contribuindo, deste modo, para uma agricultura sustentável. Assumem particular MÓDULO V
importância a preservação e melhoria da fertilidade do solo, a biodiversidade e a observação
de critérios éticos e sociais. Assenta numa abordagem holística da exploração, considerando
não só as espécies vegetais, mas também as animais, no ecossistema agrícola como base
para o planeamento e realização das atividades na exploração de forma a evitar impactes
ambientais, o equilíbrio dos ciclos nutritivos e a preservação do bem-estar de todas as espécies
MÓDULO VI
• Implementação de medidas visando a limitação natural dos inimigos das culturas com
BIBLIOGRAFIA
176
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
• Redução, ao mínimo, das intervenções fitossanitárias nos ecossistemas agrícolas e agro
-florestais;
MÓDULO I
• Recurso aos meios de luta diretos, nomeadamente o uso de produtos fitofarmacêuticos,
quando não haja alternativa;
MÓDULO II
O cumprimento de tais objetivos passa obrigatoriamente pela gestão equilibrada dos
recursos naturais, com a utilização de métodos e princípios que conduzam à proteção racional
das culturas, limitando a utilização de produtos fitofarmacêuticos ao mínimo indispensável e
após esgotadas todas as outras alternativas levando, assim, à redução dos custos de produção,
melhoria das características organoléticas dos produtos produzidos, redução do impacto
negativo associado à atividade e, fundamentalmente, à sustentabilidade dos ecossistemas
agrários.
MÓDULO III
III.1.3. PRINCÍPIOS DA PROTEÇÃO INTEGRADA
A aplicação supõe a integração de medidas adequadas para diminuir o desenvolvimento
de populações de organismos nocivos e manter a utilização dos produtos fitofarmacêuticos e
outras formas de intervenção a níveis económica e ecologicamente justificáveis, reduzindo ou
minimizando os riscos para a saúde humana e o ambiente.
MÓDULO IV
Assim sendo, o objetivo não é a eliminação dos inimigos das culturas (pragas, agentes
patogénicos ou infestantes), mas sim o controlo da sua população a níveis que não comprometam
o rendimento económico da cultura (aceitam-se perdas controladas), pela adoção de uma
gestão racional, equilibrada e integrada dos meios de luta disponíveis: genéticos, culturais,
biológicos, biotécnicos e químicos. Para tal, é elementar conhecer a cultura, os organismos
auxiliares, os inimigos e os fatores de nocividade para estimar o risco, o nível económico de
ataque (NEA) e a subsequente seleção dos meios de luta, para a tomada de decisão. Desde MÓDULO V
1 de janeiro de 2014, em Portugal, com a transposição da Diretiva n.º 2009/128/CE, todo
o empresário agrícola/agricultor está obrigado ao cumprimento dos princípios da proteção
integrada no contexto da sua exploração. Nesta estratégia de proteção das plantas, destaca-
se como princípio fundamental, a luta química ser sempre considerada como último recurso.
Os princípios de Proteção Integrada são os seguintes:
MÓDULO VI
Adoção de medidas indiretas de controlo que visem a utilização dos recursos naturais de
forma racional e de práticas culturais com menor impacto nos ecossistemas, como por
exemplo:
existentes;
177
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
• Rotação de culturas, sempre que as culturas instaladas o permitam;
MÓDULO I
• Técnicas de condução da cultura como a mobilização mínima, podas adequadas;
• Solarização;
MÓDULO II
• Implementação de medidas de higiene e fitossanitárias adequadas, entre outras;
MÓDULO III
deteção e quantificação adequados para fundamentar as estratégias de luta a adotar.
MÓDULO IV
inimigo), ponderar os fatores de nocividade e decidir da necessidade de aplicação de meios
de luta e da utilização de medidas Fitossanitárias. Em https://www.dgadr.gov.pt/sustentavel/
producao-integrada/normas-de-prodi podem ser consultadas as normas relativas a um vasto
conjunto de culturas e onde se encontram referenciados os NEA dos principais inimigos dessas
culturas.
Privilegiar os meios de luta genética, cultural, biológica, biotécnica ou física. Entender MÓDULO V
que a monitorização pode conduzir a uma decisão de não intervenção, no entanto, a ser
necessário proceder ao controlo fitossanitário, desenhar uma estratégia onde, de acordo
com as condições do local por exemplo, as sachas deverão ser privilegiadas em detrimento
dos herbicidas ou as largadas de auxiliares preferidas em vez da aplicação de inseticidas.
e para o Homem.
178
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
A DGAV disponibiliza o Sistema de Gestão das Autorizações de Produtos Fitofarmacêuticos
(SIFITO), no qual é possível consultar informação referente aos Produtos Fitofarmacêuticos,
as autorizações de venda em vigor e as canceladas, assim como as condições de utilização.
https://www.dgav.pt/medicamentos/conteudo/produtos-fitofarmaceuticos/divulgacao/
MÓDULO I
VI. Reduzir a utilização dos produtos fitofarmacêuticos e outras formas de intervenção
ao mínimo necessário
MÓDULO II
se efetuar em toda a parcela mas sim em parte ou, ainda, aplicações localizadas em focos
bem identificados do inimigo em causa, sempre que possível). A realização de tratamentos
contra os inimigos das culturas, em particular, os agentes patogénicos, deve ter por base
os métodos de previsão ou os modelos de desenvolvimento dos inimigos das culturas,
preconizados pelo SNAA.
MÓDULO III
quando o risco de resistência do produto for conhecido
Adotar práticas que não aumentem a dependência dos produtos, das quais se destacam
as rotações culturais, a criação de zonas de refúgio, a utilização de material de aplicação
calibrado e inspecionado e o respeito pelas restrições impostas no rótulo (número de
tratamentos com a mesma substância ativa ou com substâncias ativas da mesma família).
MÓDULO IV
VIII. Verificar o êxito das medidas fitossanitárias aplicadas, com base nos registos
efetuados no caderno de campo
• Caracterização das parcelas agrícolas, dos estados fenológicos e das práticas culturais;
MÓDULO V
• Estimativa do risco;
• Levantamento dos organismos auxiliares: aliados no combate aos inimigos das culturas;
gov.pt/sustentavel/producao-integrada/cadernos-de-campo
179
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
III.1.4. PRINCÍPIOS DA PRODUÇÃO INTEGRADA
A produção integrada tem por base os seguintes princípios (Decreto-Lei n.º 256/2009, de
24 de setembro):
MÓDULO I
a) Regulação do ecossistema, importância do bem-estar dos animais e preservação dos
recursos naturais;
MÓDULO II
d) Manutenção da estabilidade dos ecossistemas agrários;
g) Fomento da biodiversidade;
MÓDULO III
h) Entendimento da qualidade dos produtos agrícolas como tendo por base parâmetros
ecológicos, assim como critérios usuais de qualidade, externos e internos;
MÓDULO IV
A concretização de tais princípios passa obrigatoriamente pela gestão equilibrada dos
recursos naturais, com a utilização de tecnologias que reduzam a utilização de produtos
fitofarmacêuticos e que considerem a reciclagem dos elementos nutritivos, diminuindo, deste
modo, a utilização de fertilizantes e conduzindo, assim, a uma redução dos custos de produção.
Trata-se de um modelo que implica uma adequada planificação e um entendimento de longo
prazo por parte do agricultor.
MÓDULO V
III.1.4.1 EXERCÍCIO DA PRODUÇÃO INTEGRADA
1 Plano de exploração, é a definição de todos os aspetos relacionados com a(s) cultura(s) ou sistema(s)
cultural(ais) de uma exploração agrária, como escolha do local, rotação das culturas, escolha das cultivares,
qualidade da semente e do material de propagação vegetativa, escolha das técnicas e épocas de preparação do
solo e de plantação ou sementeira, condução da cultura (fertilização, mobilizações, operações em verde), tomada
de decisão em proteção das plantas, biodiversidade, bem estar animal, segurança alimentar e traceabilidade.
BIBLIOGRAFIA
180
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
os elementos referentes ao sistema agrícola e à estratégia de produção, designadamente:
MÓDULO I
c) A indicação de espécies e raças animais;
MÓDULO II
g) A seleção das técnicas culturais;
h) A estratégia de fertilização;
MÓDULO III
l) A profilaxia e saúde animal;
3 - No que respeita à componente vegetal são aplicadas técnicas culturais que estabeleçam
um adequado equilíbrio entre a localização da cultura, a variedade ou cultivar e o sistema
cultural, de modo que seja possível obter-se uma produção equilibrada em termos de
MÓDULO IV
qualidade e quantidade, devendo obedecer aos seguintes critérios:
necessita;
181
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
c) As características do solo e as condições meteorológicas prevalecentes, de forma
a obter a sua melhor eficácia e a reduzir os riscos de perdas em prejuízo do ambiente,
as quais influirão na escolha:
MÓDULO I
2. Das técnicas de regadio e das dotações de rega;
MÓDULO II
que necessário e conveniente, da análise da planta;
MÓDULO III
da proteção integrada.
MÓDULO IV
7 - Em cada exploração agrícola em produção integrada deve proceder-se ao registo, no
caderno de campo, devidamente datado, das informações relativas às práticas agrícolas
adotadas, nomeadamente tratamentos fitossanitários, fertilizações e outras operações
culturais, de forma a estimular a qualidade da produção através da autorregulação face ao
plano de exploração (Figura 1).
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
Figura 1 - Representa de forma resumida o Plano de Exploração | Fonte: Aguiar et al., 2005 (Adaptado)
182
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
III.2. AVALIAR A NECESSIDADE DE INTERVIR
A proteção fitossanitária das culturas em PRODI rege-se pelos princípios da PI. Assim, de
acordo com a DGADR (2021) para a prática da proteção integrada é essencial possuir um bom
conhecimento da cultura, dos seus inimigos e da intensidade do seu ataque, dos diversos
MÓDULO I
fatores que contribuem para a sua nocividade, tais como fatores bióticos, abióticos, culturais e
económicos, para que seja efetuada, adequadamente, a estimativa do risco permitindo, desta
forma, avaliar e selecionar os meios de proteção mais adequados. A chave no combate aos
inimigos das culturas, segundo os princípios da proteção integrada, centra-se nas observações
regulares uma vez que irão permitir determinar a necessidade de intervenção.
Os agricultores devem acompanhar o ciclo biológico dos inimigos das culturas, através de
uma avaliação do risco periódica, com o recurso a metodologias adequadas de diagnóstico,
MÓDULO II
monitorização e quantificação das populações dos inimigos das culturas. Estes conhecimentos
sobre os períodos de risco, são essenciais para se efetuar uma correta estimativa do risco.
MÓDULO III
e técnicas desenvolvidas pela investigação e pelos serviços agrícolas públicos, rigorosas, mas
de fácil execução, interpretação e custo acessível. Uma das técnicas a utilizar é a da observação
visual, onde importa saber o tipo (ramo, folha, fruto) e número de órgãos a observar bem
como a época de observação.
MÓDULO IV
folha, cacho floral, fruto ou outro) onde o inimigo da cultura ou os sintomas resultantes da sua
atividade podem ser observados.
ácaros
da parcela ou unidade cultural homogénea. afídeos
As observações de campo podem ser
complementadas
Diretas
183
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Exemplo de Aplicação
Técnica Descrição
Cultura Praga
MÓDULO I
pancadas frasco colocado na extremidade de um saco. Método fruteiras observação
muito usado para a deteção de auxiliares. visual
interceção
bichado
Indiretas
MÓDULO II
na resposta a estímulos de luz, cor, alimento ou hortícolas branca
acasalamento. Carácter seletivo. vinha traça
cigarrinha verde
MÓDULO III
armadilha para capturar larvas que se deslocam, normalmente em hortícolas da couve
busca de refúgio para hibernar.
Tabela 1 - Técnicas de amostragem (pragas e auxiliares) diretas e indiretas | Fonte: Aguiar et al., 2005 (Adaptado)
MÓDULO IV
Consiste na quantificação periódica de pragas e doenças ou dos seus estragos e/ou
prejuízos, bem como dos auxiliares ativos na cultura, através da observação de um certo
número de órgãos representativos das culturas nas parcelas consideradas. Este método é
realizado diretamente na parcela e nas culturas, contudo, para complementar a observação
visual pode proceder-se à colheita de um dado número de amostras de material vegetal a
examinar no laboratório.
MÓDULO V
A periodicidade, o tipo e o número de órgãos a observar variam com a cultura, com o
inimigo, com a época de observação e com a existência de risco.
Para o efeito deve percorrer-se a parcela em zig-zag entre duas linhas selecionadas na
cultura observando alternadamente de um lado e do outro da linha (Figura 2), perfazendo o
total de unidades de amostragem estipuladas na metodologia de estimativa do risco para a
cultura, através da sua observação ao acaso, de modo a percorrer a totalidade da parcela.
MÓDULO VI
184
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Para as pragas, de acordo com a cultura, regista-se o número total de indivíduos observados
por ramo/inflorescência/rebento/folha/fruto ou, calcula-se a percentagem de órgãos
ocupados/atacados no número de árvores observadas.
MÓDULO I
intensidade de ataque num percurso ao longo da parcela, de acordo com o esquema referido
na Figura 1, através da avaliação da presença de sintomas, adotando a seguinte escala:
0. Ausência;
MÓDULO II
3. > 25% do órgão atacado (ramo, folha, fruto).
0. Ausência,
MÓDULO III
1. Focos ou plantas isoladas (presença incipiente);
MÓDULO IV
Nas técnicas de amostragem indiretas, efetua-se a captura de fitófagos e auxiliares
entomófagos através de dispositivos apropriados (armadilhas de interceção e atração) e
procede-se, depois, à sua identificação e quantificação.
MÓDULO V
Com a técnica das pancadas, procede-se à captura de pragas e fauna auxiliar, difíceis de
observar de outro modo. Esta técnica baseia-se no princípio da captura de “surpresa” no seu
meio natural, de pragas e fauna auxiliar, através de batidas com bastão em ramos selecionados
e recolha de material para dentro de um frasco colocado na extremidade de um saco. Para
uma parcela até 4 ha esta técnica deve ser efetuada em 50 árvores/cepas, dando três pancadas
(rápidas e seguidas) em dois ramos de cada árvore. Para uma parcela de dimensão superior é
necessário aumentar o número de árvores. O registo é efetuado em fichas elaboradas para o
MÓDULO VI
III.2.1.2.2. ARMADILHAS
185
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
A estimativa do risco não deve ser feita apenas com base nas contagens dos indivíduos
capturados nas armadilhas, dado que nem sempre se verifica uma relação direta entre as
capturas e os estragos provocados pelas pragas.
Neste sentido, para alguns inimigos, como por exemplo a traça da oliveira, o modo mais
MÓDULO I
correto de efetuar a estimativa do risco é através da observação visual de órgãos atacados
(folhas/inflorescências/frutos) e conjugar esta informação com a obtida a partir das capturas
nas armadilhas sexuais.
A estimativa de risco correta é feita pela observação de órgãos nas árvores e pelas contagens
nas armadilhas. Entre as armadilhas/dispositivos que capturem insetos, podem ser utilizadas
armadilhas com base na resposta a estímulos de luz, cor, sexuais e de alimento que a seguir
se descrevem:
MÓDULO II
• Armadilha sexual individualizada, tipo delta (Figura 3) com base de cola e um difusor de
feromona específico para a espécie que se pretende monitorizar.
MÓDULO III
Figura 3 - Armadilha sexual tipo delta
Fonte: https://core.ac.uk/download/pdf/15439752.pdf
MÓDULO IV
Estas armadilhas, segundo Cavaco, 2012, podem ser utilizadas para captura de alguns
insetos tais como: anársia (A. lineatella); bichado da fruta (C. frunebana); traça oriental (G.
molesta); mosca do mediterrâneo, substituindo a feromona pela paraferomona de atração
de machos trimedlure, à semelhança do que se faz com outras culturas, nomeadamente os
citrinos.
• Armadilha tipo funil verde (Figura 4), ou bicolor (amarelo/branco), onde é colocada uma
pastilha inseticida.
MÓDULO V
MÓDULO VI
MANUAL-DE-PROT-FITOS-P-PROT-INTEGR-E-
AGRIC-BIOLOG-DO-OLIVAL.pdf
186
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Estas armadilhas são instaladas por cada 3 a 4 ha, na zona média da copa da árvore. As
observações semanais incidem sobre a contagem do número de indivíduos capturados,
em cada armadilha. O difusor com a feromona, assim como, a pastilha inseticida devem ser
substituídos de acordo com a periodicidade indicada na embalagem que, em regra, é de
cinco a seis semanas.
MÓDULO I
• Armadilha cromotrópica (amarela) com cola de ambos os lados (Figura 5). Esta armadilha
tem em consideração a resposta dos artrópodes aos estímulos visuais (tropismo visual), à
qual se pode juntar uma cápsula de feromona sexual para atrair os machos, funcionando
neste caso por dois tipos de tropismo (visual e sexual). Na cultura da oliveira pode ser
utilizada para monitorizar populações de mosca da azeitona e de auxiliares. É colocada
a partir da formação do fruto e deve ser substituída semanalmente. Na cultura das
prunóideas, a utilização desta armadilha, tem como objetivo monitorizar adultos da
MÓDULO II
mosca da cereja (R. cerasi), mosca do mediterrâneo e auxiliares.
MÓDULO III
Figura 5 - Armadilha cromotrópica
MÓDULO IV
amarela | Fonte: http://geo.drapn.
min-agricultura.pt/agri/archivos/
folletos/1285324880_MA.pdf
187
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
• A armadilha tipo Tephri (Figura 7), tem forma cilíndrica, cor amarela e no seu interior
são colocados três difusores distintos, cada um contendo um dos seguintes atrativos:
acetato de amónio (FFA), putrescina (FFP) e trimetilamina (FFT), aos quais se junta
um inseticida com ação fumigante (DDVP (vapona)). Esta armadilha apresenta como
vantagem uma maior captura de fêmeas de C. capitata (60% fêmeas). Acresce, ainda,
MÓDULO I
o fato de que neste tipo de armadilha as moscas morrem rapidamente e ficam secas,
o que permite um melhor manuseamento aquando da contabilização dos indivíduos
capturados.
MÓDULO II
Figura 7 - Armadilha tipo Tephri para
captura de mosca do mediterrâneo
MÓDULO III
| Fonte: http://proteccaointegrada.
biosani.com/default ProductViewOne.
asp?categoryID=309&productID
=500&productcategoryID=316
MÓDULO IV
MÓDULO V
188
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 9 - Cinta-armadilha em cartão canelado
Fonte: Cavaco e Pinto, 2006b
• Cinta adesiva de dupla face, armadilha para captura das primeiras ninfas móveis da
cochonilha de São José (Figura 10 a e b). Antes do início das eclosões colocam-se
cintas com cola branca, dos dois lados, em volta dos ramos atacados, com o objetivo
de detetar o início e pico das eclosões das ninfas.
MÓDULO III
A B
MÓDULO IV
Figura 10 - a) Cinta adesiva de dupla face; b) Sintomas de Cochonilha de S. José
Fonte: Cavaco e Pinto, 2006b; https://revistajardins.pt/combata-cochonilha-s-jose/
III.2.1.2.4. ASPIRADOR
É um processo, não seletivo, de fácil manuseamento, que funciona por sucção (aspiração)
de inúmeros insetos, nomeadamente, antocorídeos, coccinelídeos, crisopídeos, mirídeos,
nabídeos, tisanópteros, himenópteros e aranhas, existentes nas várias partes das árvores ou
plantas (Figura 11). A seleção da técnica depende do tipo de praga/auxiliar e do seu estado MÓDULO V
de desenvolvimento. Esta técnica pode ser utilizada nas culturas do milho, sorgo, fruteiras
entre outros. Este método poderá, ainda, revelar a abundância de grupos, que a observação
visual não permite detetar. Os artrópodes capturados por este método devem ser mortos,
introduzindo-se um algodão embebido em éter acético, dentro da câmara do aspirador e
levados para laboratório, de modo a proceder à sua separação, identificação e quantificação.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
189
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
III.2.1.2.5. MODELOS MATEMÁTICOS DE PREVISÃO
É possível estabelecer uma relação quantificável entre alguns fatores climáticos e o risco
de ataque de alguns inimigos das culturas, desenvolvendo-se modelos de simulação que
consistem em fórmulas matemáticas com variáveis ajustáveis, possíveis de se aplicar às várias
MÓDULO I
regiões onde o binómio inimigo/cultura são fundamentais, quer pela importância do inimigo,
quer pela importância da cultura.
MÓDULO II
dos mesmos, nomeadamente a ação da precipitação, temperatura e humidade relativa e,
particularmente em alguns fungos, o tempo em que a folha se encontra com água visível.
No que concerne à cultura devem ser conhecidos os estados fenológicos mais suscetíveis às
doenças ou pragas, e, portanto, é fundamental acompanhar a sua fenologia.
MÓDULO III
cuja informação prestada tem na sua génese estas e outras técnicas de diagnóstico e previsão
e que ajudam o agricultor à tomada de decisão consciente e devidamente fundamentada.
MÓDULO IV
Depois de efetuada a estimativa do risco e tendo em consideração o NEA deve-se,
previamente à tomada de decisão e seleção dos meios de controlo, ponderar a necessidade de
adotar medidas diretas (para reduzir a nocividade do inimigo), avaliar os fatores de nocividade
que podem influenciar positivamente ou negativamente o comportamento de um dado inimigo
da cultura. É desejável estabelecer os períodos de risco, durante o ciclo cultural, para cada
inimigo da cultura, de modo a reduzir o número de vezes que é necessário realizar a estimativa
do risco. É importante a ponderação dos fatores de nocividade que podem influenciar positiva
ou negativamente as populações dos inimigos das culturas e estes podem dividir-se em:
MÓDULO V
Históricos, é importante conhecer o historial da cultura ou parcela a nível fitossanitário, isto
é, a frequência e a intensidade com que nos últimos anos se registaram ataques dos vários
inimigos.
Culturais, considerando por exemplo a idade (ou fase de ciclo) da cultura, o modo de
condução, vigor das plantas, o estado fenológico, a diferença de suscetibilidade entre
BIBLIOGRAFIA
variedades e outros.
190
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Económicos, como por exemplo o valor da colheita e as exigências do mercado podem ser
também decisivos na altura da tomada de decisão.
MÓDULO I
fornecer uma decisão fundamentada sobre a indispensabilidade de intervenção, os meios
de luta a adotar, privilegiando a integração dos meios de luta cultural, genética, biológica e
biotécnico, relegando para ultima opção o recurso à luta química com a seleção e utilização
dos produtos fitofarmacêuticos de acordo com as melhores práticas na sua utilização. Na
Figura 12 é apresentado um resumo esquemático, sobre a tomada de decisão e a seleção dos
meios de controlo disponíveis para proteger uma cultura, segundo os princípios da PI.
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 12 - Resumo esquemático da utilização dos princípios da Proteção Integrada
em organismos não visados pelos tratamentos, entre outros (Oliveira et al, 2014).
191
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Luta Legislativa
Luta Genética
Indiretas/Profiláticas / Preventivas
Luta Cultural
Luta Biológica
MÓDULO I
Meios de luta:
medidas diretas e Luta Cultural
indiretas
Luta Física (térmica ou
mecânica)
Diretas/de Proteção/ Terapêuticas/
Curativas Luta Biológica
Luta Biotécnica
MÓDULO II
Luta Química
Tabela 2 - Meios de Luta - Medidas Diretas e Indiretas | Fonte: Oliveira et al, 2014. (Adaptado)
MÓDULO III
meio ambiente e auxiliares e optando por métodos de aplicação adequados e rigorosos.
MÓDULO IV
agrícolas. Verificam-se também constrangimentos na movimentação de material
vegetativo implicando rigorosos esquemas de inspeção sanitária que resultam em
certificados e passaportes fitossanitários, absolutamente obrigatórios no sentido de
reduzir o risco de disseminar agentes patogénicos exóticos.
II) Luta genética, aquando da instalação da cultura, deve selecionar-se variedades
tolerantes ou resistentes a determinados inimigos das culturas. Recorre-se à utilização
de plantas e porta-enxertos sãos e sempre que possível certificados com garantia
MÓDULO V
sanitária e clonal.
III) Luta cultural, consiste em combater direta ou indiretamente os inimigos das culturas,
mas sempre com a preocupação na proteção e no aumento dos auxiliares. Em Produção
Integrada, a luta cultural apresenta particular importância e os seus efeitos são mais
eficazes, já que o sistema é gerido de forma holística e considera na sua base o solo, a
água e as culturas. São promovidas as práticas culturais de carácter preventivo de modo
a fomentar condições desfavoráveis ao desenvolvimento dos inimigos das culturas e
MÓDULO VI
pela utilização dos recursos naturais, proteção e aumento dos auxiliares. As medidas
indiretas, aqui consideradas, permitem diminuir as fontes de inóculo e eliminar ou
reduzir fatores de stress, de forma a promover as condições de desenvolvimento da
cultura e torná-la capaz de melhor tolerar os ataques dos inimigos.
192
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
• Variedades/cultivares tolerantes ou resistentes aos inimigos das culturas;
• Consociações de diferentes variedades e culturas;
• Rotações culturais;
MÓDULO I
• Solarização;
• Enrelvamento, semeado ou espontâneo, através da cobertura do solo na entrelinha
com vegetação, no período outono-invernal, promovendo o enriquecimento do solo
em matéria orgânica, diminuindo a erosão e compactação dos solos e ainda a absorção
do excesso de água do solo no inverno. Esta técnica ainda pode estimular o aumento
de auxiliares.
MÓDULO II
• Podas devidamente conduzidas;
• Mobilização mínima;
• Cobertura do solo (“mulching”);
• Áreas de compensação ecológica;
• Plantas armadilhas;
MÓDULO III
• Práticas de fertilização e de irrigação/drenagem equilibradas;
• Prevenção da propagação dos inimigos das culturas através de medidas de higiene,
nomeadamente, da limpeza regular das máquinas e do equipamento;
• Densidade da sementeira e plantação adequadas;
• Eliminação de restos da cultura.
MÓDULO IV
Para além das práticas referidas, são também utilizados meios diretos de luta, como a
eliminação de órgãos atacados, apanha manual de insetos, monda manual de infestantes
e lavagem das plantas com detergentes ou água.
MÓDULO V
alternativos, alimento suplementar e abrigos para hibernação através da gestão das plantas
adventícias e cuidados nas intervenções em verde. Outras medidas, como mobilização de
solo, solarização, utilização de matéria orgânica e correção do pH do solo, e as relações
de competição e antibiose e supressividade dos solos, cuja base comum é a riqueza em
biodiversidade, promovem também a limitação natural.
IV) Luta Biológica, ação de agentes biológicos (parasitas2 e/ou predadores) que mantêm a
densidade de populações de inimigos da cultura a níveis inferiores aos que ocorreriam na sua
ausência e, portanto, permitem a redução dos prejuízos causados pela atividade dos inimigos.
2 Parasita – organismo que vive à custa do hospedeiro durante todo o ciclo de vida, enfraquece o hospedeiro
BIBLIOGRAFIA
193
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Os agentes de luta biológica utilizados no combate aos inimigos das culturas designam-
se, vulgarmente por auxiliares. Estes podem ser predadores, parasitoides, antagonistas,
competidores e herbívoros, conforme o seu modo de alimentação e atuação ou a natureza do
inimigo que combatem.
MÓDULO I
A Luta biológica, baseia-se, de forma simplista, no emprego de organismos vivos para
controlar inimigos nocivos às plantas (pragas e infestantes).
A luta biológica pode ser diferenciada em três modalidades: Limitação natural, luta
biológica clássica e tratamento biológico (Amaro, 2003).
MÓDULO II
populações de determinado inimigo abaixo do NEA. Em proteção integrada são
fundamentais todas as práticas que fomentam ou promovam a limitação natural, através
da introdução de alimento suplementar, hospedeiros alternativos, locais de abrigo
(infraestruturas ecológicas) ou pela sua preservação através da eliminação do recurso a
fitofarmacêuticos tóxicos para os organismos auxiliares (redução de doses e/ou número
de aplicações).
MÓDULO III
• Luta biológica clássica, é a introdução e manutenção de auxiliares, normalmente
provenientes de outros locais/regiões, para combater determinado inimigo de uma
cultura. Pretende-se a médio prazo, atingir o equilíbrio praga-auxiliar, capaz de dispensar
quaisquer outros meios de combate. Podem ser necessárias novas introduções, se o
equilíbrio for perturbado por qualquer causa de natureza abiótica ou pelo uso indevido
de fitofarmacêuticos.
MÓDULO IV
• Tratamento biológico, consiste no aumento das populações de auxiliares através de
largadas, normalmente presentes no ecossistema, embora em quantidades insuficientes
para combater os inimigos das culturas. Para tal, são feitas largadas inoculativas
(pretende aumentar-se a população do auxiliar no início do ciclo cultural) ou largadas
inundativas (largadas em grandes quantidades, ao longo do ciclo cultural). A adoção da
luta biológica para combater uma praga requer a substituição, total ou parcial, da luta
química contra os restantes inimigos. A luta biológica tem sido importante em sistemas
intensivos de produção, como as culturas hortícolas e ornamentais em estufa e ar livre, MÓDULO V
no combate da mosquinha-branca, afídeos, tripes, larvas mineiras e ácaros.
194
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
criar condições favoráveis para o desenvolvimento das populações de auxiliares. Na Tabela 3
apresentam-se as principais caraterísticas dos auxiliares (predadores e parasitoides).
Fauna auxiliar
(recurso renovável)
MÓDULO I
Predadores Parasitoides
• Têm vida livre em todos os estádios do seu • Insetos de tamanho muito reduzido, inferior
desenvolvimento. ao dos hospedeiros.
• Dimensões relativamente elevadas, por • Reproduzem-se normalmente à custa de um
vezes maiores que os insetos e ácaros que só inseto parasitado, ao qual provocam a
lhes servem de alimento. morte.
• Têm necessidade de consumir um grande • Muito especializados, parasitando apenas
número de presas. uma espécie ou grupo de espécies bem
MÓDULO II
• A maioria são insetos e ácaros polífagos definidos.
(determinadas preferências alimentares). • Inúmeras espécies de Himenópteros –
• Diversas ordens, famílias e géneros: Ácaros, parasitas de afídeos, de cochonilhas, de
Coccinelídeos, Sirfídeos, Crisopídeos, ovos de lepidópteros – e de Dípteros
Antocorídeos e outros. Taquinídeos – moscas parasitas de larvas
de lepidópteros, de coleópteros e de outros
insetos.
Tabela 3 – Fauna auxiliar: principais caraterísticas de predadores e parasitoides. | Fonte: Coutinho, 2007 (Adaptado)
MÓDULO III
Na Figura 13 encontram-se assinaladas as principais ordens e famílias dos artrópodes
auxiliares:
MÓDULO IV
MÓDULO V
195
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
algumas espécies fitófagas. Estes insetos, são de grande importância, atendendo ao papel
que representam na limitação natural de algumas espécies fitófagas. São dos auxiliares mais
utilizados em programas de luta biológica e esquemas de proteção integrada.
MÓDULO I
A B C
Figura 14 - Vários estados de desenvolvimento de Coccinella septempunctata, a e b – larva; c - adulto.
MÓDULO II
As joaninhas, são predadoras de numerosas pragas (Cavaco, 2012):
• Bipunctata e C. septempunctata, alimentam-se de afídeos, consumindo cerca de 60
afídeos por dia;
• Chilocorus bipustulatus é um coccidífago (joaninhas de grande dimensão) alimenta-se
de cochonilhas da família Coccidae e Diaspididae. Os adultos ou larvas, consomem
cerca de 20-40 cochonilhas por dia;
MÓDULO III
• Scymnus spp. (joaninhas de média dimensão), essencialmente afidófago, consumindo
cerca de 10 afídeos por dia;
• Stethorus punctillum (joaninhas de pequena dimensão), é considerado excelente
predador de colónias de ácaros tetraniquídeos. Tanto os adultos como as larvas devoram
rapidamente focos destes ácaros.
MÓDULO IV
• Espécies aleurodífagas, alimentam-se de mosquinhas brancas.
Espécies Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
A. bipunctata
C. septempunctat MÓDULO V
C. bipustulatus
Scymnus spp.
S. punctillum
MÓDULO VI
Legenda
196
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
A atividade dos adultos de A. bipunctata e C. septempunctata decorre de abril a julho.
Em climas amenos a C. septempunctata pode ter ainda alguma atividade em setembro. As
espécies do género Scymnus spp. entram em atividade de junho a setembro. As espécies C.
bipustulatus e S. punctillum entram em atividade de maio a setembro.
MÓDULO I
- Crisopídeos, hemerobídeos e coniopterigídeos, são predadores de afídios, polífagos,
pertencem à ordem dos Neuroptera e são insetos com o corpo alongado, apresentando dois
pares de asas membranosas com denso reticulado de nervuras. As antenas são compridas e a
armadura bucal é do tipo triturador (Figura 15).
MÓDULO II
maior atividade decorre entre maio e setembro (Tabela 5).
MÓDULO III
Figura 15 - Vários estados de desenvolvimento de crisopídeos | Fonte: Cavaco, 2012
Os insetos adultos dos coniopterigídeos são muito mais pequenos e revestidos duma
pruína cerosa. Os adultos e larvas são predadores de ácaros, afídeos, cochonilhas e tripes. Um
adulto pode consumir cerca de 30 fêmeas de ácaros numa hora. O período de maior atividade
decorre entre junho e agosto (Tabela 5).
Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MÓDULO IV
Crisopídeos e
Hemerobídeos
Coniopterigídeos
Legenda
Tabela 5 - Período de presença e atividade dos predadores crisopídeos, hemerobídeos e coniopterigídeos | Fonte: Cavaco, 2012
ainda podem alimentar-se de jovens lagartas, cochonilhas, aleirodídeos e psilas entre outros.
197
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Apresentam várias gerações ao longo do ano, mas a sua maior atividade decorre de
abril a setembro (Tabela 6). Contudo, algumas espécies do género Syrphus apresentam uma
diapausa4 larvar no verão.
MÓDULO I
Figura 16 - Vários estados de desenvolvimento de sirfídeos.
Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MÓDULO II
Episyrphus spp.
Syrphus spp.
Legenda
MÓDULO III
Presença com atividade menos intensa
MÓDULO IV
ácaros, afídeos, tripes e jovens lagartas.
MÓDULO V
MÓDULO VI
Os dois géneros mais importantes e que são produzidos em massa, para utilização em
Proteção Integrada, são Anthocoris e Orius. Durante o seu desenvolvimento (cerca de 20 dias),
4 Diapausa – dormência e é controlada por fatores fisiológicos endógenos e pode ou não envolver uma
diminuição do metabolismo. A diapausa pode ocorrer em diferentes fases do desenvolvimento, podendo ser
ativada por alterações hormonais intrínsecas do desenvolvimento do organismo ou por fatores preditivos de
BIBLIOGRAFIA
mudanças ambientais.
198
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
uma ninfa Anthocoris pode consumir em média 300 a 600 ácaros ou 100 a 200 afídeos. Um
adulto do género Orius consome cerca de 100 ácaros por dia (Cavaco et al, 2006b)
A sua atividade ocorre entre abril e outubro, sendo mais intensa entre junho e setembro
(Tabela 7).
MÓDULO I
Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Antocorídeos
Legenda
MÓDULO II
Presença com atividade menos intensa
Tabela 7 - Período de presença e atividade dos predadores Antocorídeos | Fonte: Cavaco et al, 2006b
MÓDULO III
também podem alimentar-se de pequenos insetos, pólen, micélio e esporos de fungos (Figura
18). Em determinadas culturas, vinha, pomóideas e prunóideas, entre outras, desempenham
um papel chave na limitação do aranhiço vermelho e têm uma eficácia potencial reduzida sobre
cicadelídeos. São muito móveis encontrando-se, preferencialmente, nas páginas inferiores das
folhas, normalmente junto à nervura central.
A sua atividade predadora decorre de abril a outubro. As suas populações são observadas
MÓDULO IV
com maior intensidade na primavera e no final do verão (Tabela 8). No início do outono as
fêmeas adultas hibernam, nos gomos e rugosidades dos troncos das árvores. O clima seco,
humidade relativa < 60% e temperaturas muito elevadas são fatores limitantes para o seu
desenvolvimento.
MÓDULO V
Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
MÓDULO VI
Fitoseídeos
Legenda
Tabela 8 - Período de atividade dos predadores Fitoseídeos | Fonte: Oliveira et al, 2014
199
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
- Carabídeos, exercem a sua atividade preferencialmente ao nível do solo, alimentando-se
de larvas e ovos de coleópteros, lagartas, afídeos, lesmas e caracóis (Figura 19). O período de
maior atividade decorre de maio a setembro (Tabela 9).
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 19 - Adulto de Carabídeos | Fonte: https://www.
biodiversity4all.org/taxa/49567-Carabidae
MÓDULO III
Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Carabídeos
Legenda
MÓDULO IV
Presença com atividade menos intensa
Tabela 9 - Período de atividade dos predadores Carabídeos | Fonte: Oliveira, et al, 2014
MÓDULO V
ativos na primavera e no verão sobre ácaros fitófagos (Figura 20).
MÓDULO VI
Os adultos das diferentes espécies podem ser observados em culturas anuais, de meados
de maio a meados de julho, se a humidade for elevada.
- Auxiliar Parasitoide - normalmente pertence à classe inseta e desenvolve parte ou a
BIBLIOGRAFIA
totalidade do seu ciclo biológico à custa de um outro indivíduo de outra espécie, acabando
200
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
por provocar a sua morte. Este desenvolvimento pode ser dentro (endoparasitóide) ou fora
(ectoparasitóide) de um organismo de outra espécie que lhe serve de alimento, acabando
por matar o hospedeiro no final do seu desenvolvimento. Na forma adulta alimenta-se de
substâncias açucaradas ou desenvolve hábitos de predador.
MÓDULO I
Os parasitóides fazem parte de um vasto conjunto de espécies pertencentes a famílias de
dípteros e himenópteros. Exemplos de parasitóides:
MÓDULO II
normalmente alimenta-se de substâncias açucaradas.
MÓDULO III
Figura 21 - Ordem Himenoptera.
MÓDULO IV
As espécies apresentam atividade importante durante a primavera a outono. No verão
as altas temperaturas conjugadas com baixas humidades são prejudiciais para o seu
desenvolvimento. Hibernam no estado de ninfa no interior do ovo do hospedeiro (Tabela 10).
Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Parasitóides de
afídeos
Parasitóides de MÓDULO V
cochonilhas
Tricogramas
Parasitóides de
coleópteros,
dípteros e
MÓDULO VI
lepidópteros
Legenda
Tabela 10 - Período de atividade dos Himenópteros Parasitoides | Fonte: Oliveira et al, 2014
201
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
- Taquinídeos, pertencem à família dos dípteros, e as espécies mais importantes nas
culturas de cereais são Lydella thompsoni Herting e Pseudoperichaeta nigrolineata Walk. Os
adultos dos taquinídeos são florícolas. Possuem pelo sobre o corpo assemelhando-se à mosca
doméstica (Figura 22).
MÓDULO I
A B C
Figura 22 - a) Taquinídeo pupa b) e c) larva
MÓDULO II
As fêmeas colocam os ovos no interior do hospedeiro ou sobre as folhas sendo depois
ingeridos pelas lagartas ou larvas do hospedeiro, desenvolvendo-se uma a cinco larvas, no
mesmo hospedeiro.
MÓDULO III
Hibernam no estado de larva no interior do hospedeiro ou de pupa próximo deste. O seu
período de maior atividade vai de abril a outubro (Tabela 11)
Nomes Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Taquinídeos
Legenda
MÓDULO IV
Período de maior atividade
Tabela 11 - Período de presença da atividade dos Taquinídeos Parasitoides | Fonte: Oliveira et al, 2014
202
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
agricultura e silvicultura, a bactérias B. thuringiensis é o microrganismo mais utilizado,
contra as lagartas de lepidópteros. Esta bactéria é produzida à escala industrial para
ser utilizada como bio-inseticida. Existem ainda outras estirpes como, B. thuringiensis
subsp. tenebrionis utilizadas contra outras espécies nocivas, como as larvas de dípteros
e coleópteros.
MÓDULO I
iii) Vírus entomopatogénicos, apresentam várias famílias, destacando-se o grupo
Baculovirus, onde as infeções se têm registado em lagartas de lepidópteros. Os
Baculovirus são considerados seguros na preservação da fauna auxiliar e existe em
Portugal autorização de utilização de bioinsecticidas com base nos granulovirus, para o
combate do bichado da fruta.
MÓDULO II
iv) Nemátodes entomopatogénicos, dos géneros Steinernema e Heterorhabditis
transmitem doenças aos insetos e lesmas, provocando a sua morte. Têm vindo a ser
registadas inúmeras aplicações dos géneros Steinernema e Heterorhabditis com
sucesso contra pragas pertencentes às ordens Coleoptera, Diptera e Lepidoptera.
Para além da utilização de luta biológica contra pragas, também existem alternativas para
combate a agentes patogénicos e infestantes, tais como os herbívoros (artrópodes, peixes,
MÓDULO III
outros vertebrados), micoherbicidas (fungos) ou bio herbicidas (bactérias ou nemátodes). Os
agentes utilizados em luta biológica são de natureza diversa: artrópodes pertencentes a várias
ordens, bactérias, fungos, vírus e nemátodos. (Amaro, 2003).
MÓDULO IV
Quando as medidas indiretas não são suficientes para combater os inimigos das culturas, é
necessário recorrer a meios diretos de proteção com o mínimo de impacte na saúde humana,
nos organismos e no ambiente, utilizando-os de forma integrada e recorrendo à luta química
apenas em último recurso.
Os meios de luta direta, incluem a luta cultural (já descrita), a luta física (mecânica ou
térmica), a luta biológica (já descrita), a luta biotécnica e a luta química.
I) Luta Física, são todos os meios de luta que utilizam vários tipos de energia, sem MÓDULO V
envolverem processos biológicos ou bioquímicos. Estes meios de luta envolvem a
destruição do inimigo ou a sua remoção do meio ou ainda a modificação do meio onde
o inimigo se desenvolve. Os meios de luta física disponíveis são:
É de salientar que, apesar de estes meios de luta serem permitidos em proteção integrada,
devem ser sempre utilizados de forma racional face aos problemas que possam originar na
BIBLIOGRAFIA
estrutura do solo.
203
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
II) Luta biotécnica, corresponde a todos os meios presentes no organismo ou seu habitat,
passíveis de manipulação, que permitem alterar negativamente certas funções vitais
que deles dependem, e que acabam por provocar a morte dos indivíduos afetados.
MÓDULO I
e a luta autocida. (Amaro, 2003).
MÓDULO II
Exercem atração entre machos e fêmeas, onde
se utilizam difusores com feromona feminina que
Sexuais Meio de luta: Confusão sexual.
provoca desordem nos acasalamentos (macho não
encontra as fêmeas).
MÓDULO III
reprodução ou hibernação.
MÓDULO IV
colónias e locais de captura de alimento. lepidópteros
MÓDULO V
repelência sobre outros organismos.
Tabela 12 - Feromonas e Aleloquímicos, classificação, definição e finalidade | Fonte: Aguiar et al., 2005
circulação interna do indivíduo e com efeitos na morfologia e fisiologia, longe do local onde foram sintetizadas.
204
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Mantêm o inseto em estádios juvenis
Juvenóides e este acaba por morrer sem atingir o
Reguladores de estado adulto;
crescimento dos
insetos (RCI) Provocam a antecipação da muda, sem
Miméticos da ecdisona que o inseto tenha atingido maturidade
MÓDULO I
suficiente
Inibem a síntese da
quitina e interferem no
Inibidores de processo da formação
crescimento de da nova cutícula durante
insetos (ICI) o desenvolvimento dos
insetos
MÓDULO II
Tabela 13 - Classificação, definição dos RCI e ICI | Fonte: Aguiar et al., 2005 (adaptado)
MÓDULO III
com elevado consumo de inseticidas.
III) Luta química, em proteção integrada, apenas se recorre à luta química quando nenhum
outro meio de proteção, ou outros em conjunto, resultam eficazmente na limitação das
populações dos inimigos das culturas, utilizando apenas os produtos fitofarmacêuticos
autorizados e nas condições aprovadas.
MÓDULO IV
Segundo a Lei n.º 26/2013 de 11 de abril, em proteção integrada só podem ser aplicados
produtos fitofarmacêuticos homologados em Portugal.
• Realizar as pulverizações sem ventos fortes e com temperatura e humidade relativa MÓDULO V
moderadas;
• Proteger, sempre que possível, as áreas sensíveis, como cursos de água e nascentes,
por áreas tampão (áreas não tratadas) exceto no caso de pragas, doenças e
infestantes declaradas perigosas ou muito perigosas, pelas autoridades oficiais;
MÓDULO VI
6 Luta autocida – procede-se a largadas de insetos estéreis, em grande quantidade, para competirem
sexualmente com a população existente no local. A médio prazo, conduz à diminuição progressiva da população
BIBLIOGRAFIA
205
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
• Armazenar os produtos fitofármacos nas embalagens de origem, em divisão fechada
e separada de outros produtos, em local de acesso limitado aos trabalhadores
diretamente envolvidos;
MÓDULO I
do utilizador e preparação das caldas; garantir a existência de ponto de água
próxima, primeiros socorros e plano de emergência (telefones de emergência), e
acautelar a formação adequada do operador;
MÓDULO II
• Os tratamentos aéreos são proibidos, exceto quando o acesso à parcela é impossível
devido a condições atmosféricas excecionais (por exemplo, longos períodos de
chuva) ou quando a topografia da parcela não permite outro tipo de pulverização;
MÓDULO III
• Utilizar as águas da lavagem do equipamento e restos de calda em zonas não
tratadas da cultura; sempre que utilizadas na pulverização de zonas não tratadas,
devem ser cumpridas as regras relacionadas com a dose máxima permitida por
unidade de área, para que não haja risco de contaminação de águas superficiais.
Contudo, existem alguns sistemas que podem ser utilizados ou implementados nas
explorações, para a degradação de caldas (por exemplo, o Héliosec7), Figura 23.
Segundo a Lei n.º 26/2013 de 11 de abril, os excedentes de calda, após diluídos,
MÓDULO IV
ou resultantes da sua lavagem, podem ser aplicados/pulverizados, sobre o coberto
vegetal não tratados, respeitando as distâncias de pelo menos 10 m afastados de
poços, cursos de água ou outras fontes. Ter em atenção que estas zonas deixam
de servir para recolha de plantas – uma vez que passam a ser zonas contaminadas.
MÓDULO V
perfurá-las para impedir possíveis reutilizações e colocá-las no saco de um agente
autorizado (Valorfito) com recolha posterior.
7 Héliosec - sistema de tratamento de efluentes fitossanitários por desidratação natural, entre as suas várias
vantagens, elimina definitivamente todos os produtos, incluindo o cobre e o enxofre. Este sistema é instalado nas
explorações agrícolas, tratando-se de um local de preparação da calda e lavagem do material de aplicação. No
fundo do deposito é acumulado um extrato seco, que é removido e embalado dentro de um saco, para recolha
BIBLIOGRAFIA
de agentes autorizados.
206
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 23 - Sistema de tratamento de efluentes
fitossanitários-Heliosec
MÓDULO II
III.5. TÉCNICAS DE PRODI
Em Produção Integrada obtêm-se alimentos de alta qualidade utilizando os recursos naturais
e mecanismos de regulação natural em substituição de fatores de produção prejudiciais ao
ambiente. Assumem particular importância a preservação e melhoria da fertilidade do solo,
a biodiversidade e a observação de critérios éticos e sociais. Assume-se a responsabilidade
nas explorações agrícolas, de preservação dos ecossistemas e biodiversidade, através da
MÓDULO III
realização de práticas agrícolas que reduzem os impactos ambientais, garantam a melhoria da
fertilidade do solo, mantenham o equilíbrio dos ciclos nutritivos, reduzam os fatores poluentes
e preservam o bem-estar de todas as espécies animais.
MÓDULO IV
tomar devem ser ponderadas e traduzidas em planos de gestão, nomeadamente ao nível da
conservação do solo (plano de conservação do solo), do equilíbrio dos ciclos nutritivos (plano
de fertilização) e das atividades culturais necessárias (Ver plano de exploração).
mobilização intensiva, pode ocorrer compactação do solo, destruição dos agregados e maior suscetibilidade à erosão hídrica e eólica.
207
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
por erosão.
Sempre que possível o solo deverá permanecer protegido da erosão durante o período
invernal, por coberto herbáceo, que poderá ser semeado, melhorado ou constituído
por vegetação espontânea – enrelvamento. Nas culturas permanentes, esta cobertura
MÓDULO I
pode existir só nas entrelinhas, com aplicação de herbicidas, nas linhas.
MÓDULO II
Deve dar-se preferência (Aguiar et al., 2005) à mobilização mínima ou não mobilização,
e procurar compensar os efeitos da mobilização através da incorporação de matéria
orgânica ou de resíduos das culturas ou pela rotação com pastagens temporárias ou
culturas forrageiras. Ter em atenção que as operações de mobilização do solo quando
não corretamente efetuadas, podem trazer grandes inconvenientes ao solo, às culturas
e ao ambiente. No entanto, muitas uma avaliação criteriosa das circunstâncias de forma
a agir corretamente.
MÓDULO III
Em casos de mobilização intensiva pode ocorrer a compactação e a erosão dos solos,
pelo que se deve recorrer a alfaias que interfiram o menos possível com a estrutura
do solo, através da mobilização superficial (uma a duas passagens), com escarificador
ou grade de discos para destorroar e enterrar o adubo de fundo. Evitar a passagem
frequente com fresa; aconselhado o uso de um subsolador ou charrua ao longo das
linhas, para quebrar sulcos (2 passagens cruzadas).
Não é permitida a queima dos resíduos da cultura anterior pelo que se devem incorporar
MÓDULO IV
através de uma mobilização ou manter à superfície;
Em parcelas com inclinação, convém que as linhas sejam orientadas de acordo com as
curvas de nível, de forma a melhorar o aproveitamento da água e prevenir a erosão. MÓDULO V
A aplicação de herbicidas deve ser limitada ao mínimo, utilizando-se apenas para
combate de infestantes vivazes de difícil controlo. Sempre que possível substituir o
herbicida por mobilizações ou cobertura do solo.
b) Desinfeção do solo, a instalação de uma nova cultura num solo agrícola cuja cultura
anterior apresentou sintomas da existência de microrganismos patogénicos, com
BIBLIOGRAFIA
capacidade para afetar esta nova cultura, obriga à realização de análises de sanidade
208
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
vegetal, entre as quais, nematodológicas e de pesquisa de fungos ou bactérias
patogénicas do solo. Se os resultados forem positivos, é necessário respeitar um período
de repouso do solo, até que novas análises demonstrem que o solo está novamente
apto para essa nova cultura.
MÓDULO I
recomendando-se, em alternativa, a solarização e/ou a biofumigação9 de acordo com os
inimigos a combater, ou outras técnicas naturais de desinfeção do solo (Figura 24 a e b).
MÓDULO II
A B
Figura 24 – a) Solarização do solo b) biofumigação | Fonte:http://www.infobibos.com/Artigos/2008_1/Solarizacao/Index.htmc)
MÓDULO III
variedades deve ser sempre sujeita ao conhecimento das suas características e do seu
comportamento agronómico e a correspondente sensibilidade a pragas e doenças,
sendo por isso desaconselhada a sua utilização em grandes áreas. É obrigatório o uso
de variedades inscritas no Catálogo Comum de Variedades de Espécies Hortícolas ou
de Espécies Agrícolas ou no Catálogo Nacional de Variedades. No caso de não estarem
inscritas nestas listas, devem constar em listas oficiais dos estados-membros ou em
listas de variedades de produtores (aplicável às fruteiras). Em hortícolas consideradas
no Catálogo Comum de Variedades de Espécies Hortícolas, é obrigatório o uso de
MÓDULO IV
sementes da categoria Certificada ou Standard.
O material vegetal deve ser produzido por fornecedores licenciados pela Direção Geral
de Alimentação e Veterinária (DGAV) bem como encontrar-se registado no Catálogo
Nacional de Variedades.
d) Rotação das culturas, a rotação apropriada de culturas constitui um processo eficaz de
reduzir substancialmente a ocorrência de inimigos das culturas (infestantes, pragas e
doenças), manter ou aumentar a fertilidade do solo, contribuindo para a melhoria do
rendimento económico da cultura.
MÓDULO V
e) Colheita de amostras de terra, serve para conhecer o teor do solo em nutrientes e as
suas características físicas e químicas, de modo a proceder a uma fertilização adequada
e racional. Interessa também conhecer as necessidades das culturas em termos de
9 A biofumigação é uma técnica de desinfeção do solo, procurando a redução da população de microrganismos
MÓDULO VI
patogénicos e de plantas infestantes, através da ação tóxica de compostos orgânicos voláteis resultantes
da decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos frescos. Esta técnicas é independente das condições
meteorológicas e portante pode ser efetuada em qualquer estação do ano. O seu tempo de atuação é de 1,5 a
2 meses. Os resíduos orgânicos usados para incorporação do solo, podem ser estrumes da atividade pecuária,
subprodutos agroindustriais (bagaço de azeitona e de uva, casca de arroz) ou resíduos de brássicas (couves,
nabos, colza). Estes resíduos são incorporados no solo a uma profundidade de 15 a 20 cm, a seguir a uma rega
para garantir as condições anaerobiose e a retenção de gases tóxicos, cobrindo depois o solo com um filme
polietileno transparente. O plástico deverá permanecer no solo durante 70 dias. É importante mobilizar o solo
BIBLIOGRAFIA
superficialmente, após a retirada dos plásticos e após alguns dias proceder à sementeira ou plantação.
209
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
nutriente, a qualidade da água da rega, a composição dos corretivos orgânicos e o
comportamento dos fertilizantes quando aplicados no solo. Em cultura ao ar livre, é
obrigatória a realização de uma análise de solo de 4 em 4 anos. Em cultura protegida,
é obrigatória a realização de uma análise de solo anualmente, aconselhando-se uma
segunda análise no fim do ciclo de cada cultura para avaliar o estado de fertilidade do
MÓDULO I
solo.
Procedimento de recolha de amostras de terra:
De acordo, com a DGADR (2010), a recolha de amostras de terra para análise deve
seguir os seguintes passos:
• Dividir o terreno em parcelas relativamente homogéneas (declive, drenagem,
culturas realizadas, etc.);
MÓDULO II
• Percorrer em ziguezague cada uma das parcelas anteriormente definidas, colhendo
ao acaso pequenas amostras de igual tamanho, em pelo menos 15 a 20 pontos
diferentes, na camada arável até 20 cm de profundidade;
• Colocar as amostras recolhidas num balde;
• No final, misturar bem as porções de solo e remover pedras e outros objetos sem
interesse;
MÓDULO III
• Recolher do balde uma amostra com cerca de 0,5 kg, colocando-a num saco de
plástico devidamente identificado, com duas etiquetas, uma colocada dentro do
saco (se a terra estiver seca) e outra, por fora, atada a este com um cordel, sendo
assim enviada ao laboratório para análise (Figura 25) e acompanhada por uma Ficha
Informativa para amostras de terra devidamente preenchida (https://wwwl.iniav.pt/
solos-nutricao-vegetal-fertilizantes).
MÓDULO IV
Evitar colher a amostra em locais encharcados, próximos de
caminhos, de habitações, ou de estábulos;
210
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Amostras de Solo - Determinações Analíticas Obrigatórias
Culturas ao ar livre Culturas protegidas
pH (H2O) pH (H2O)
MÓDULO I
Necessidade de cal (se necessário) Necessidade em cal
MÓDULO II
Magnésio extraível Potássio solúvel em água
Condutividade elétrica
MÓDULO III
Amostras de Solo - Determinações Analíticas Recomendadas
Calcário total e ativo;
MÓDULO IV
f) Colheita de amostras de material vegetal - as análises foliares são recomendadas
sempre que a cultura apresente aspetos anómalos ou não atinja os níveis de produção
considerados aceitáveis, tendo em conta a fitotecnia utilizada. A análise é feita
anualmente para pomares com mais de 5 anos e vinha com mais de 3 anos.
MÓDULO V
Em PRODI, de acordo com Cavaco 2006c, a colheita de material vegetal para análise,
deverá observar-se os seguintes princípios gerais:
• Colher a parte da planta a analisar de acordo com a espécie e época mais adequada.
No caso de não haver instruções, como regra geral, colher as folhas mais nova e
completamente desenvolvidas, um pouco antes ou no início da floração;
• O material vegetal deve estar limpo de terra, excrementos, ser isento de doenças e
BIBLIOGRAFIA
pragas, etc.;
211
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
• Caso seja solicitada a determinação de microelementos é necessário proceder,
previamente, à lavagem das folhas com água normal e depois com água
desmineralizada ou destilada. Não enviar amostras de material vegetal verde pelo
correio uma vez que o risco de se deteriorarem é muito elevado;
MÓDULO I
• Identificar devidamente as amostras. No caso de querer fazer a comparação entre
material afetado e não afetado, as amostras devem ser colhidas e acondicionadas
separadamente;
• Se possível, colher uma amostra de terra no mesmo local e na mesma altura em que
MÓDULO II
foram colhidas as plantas;
MÓDULO III
Amostras de Material Vegetal Determinações Analíticas
Azoto
Fósforo
Potássio
MÓDULO IV
Cálcio
Magnésio
Ferro
Manganês
Zinco
Cobre MÓDULO V
Boro
De acordo com Cavaco 2006c, a recolha de amostras de água para rega deverá ser
212
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
feita através da análise de amostras representativas, tendo em atenção os seguintes
cuidados:
MÓDULO I
• A amostra de água deve ser guardada em recipiente de vidro ou plástico, bem limpo,
lavado pelo menos 3 vezes com a água a colher;
MÓDULO II
• Identificar devidamente a amostra e a mesma deve ser acompanhada de uma
ficha informativa devidamente preenchida (https://www.iniav.pt/images/Servicos-
Laboratoriais/solos-nutricao-vegetal-fertilizantes/requisicao-analises/mod-lqars72_
requisicao_analise_agua_rega_v3.pdf);
MÓDULO III
seguintes determinações analíticas, constantes na Tabela 16.
Boro
Cloretos
MÓDULO IV
Condutividade elétrica
Magnésio
Nitratos
MÓDULO V
pH
Sódio
Ferro
Manganês
Sulfatos
Sólidos em Suspensão
Tabela 16 - Determinações analíticas nas análises à água da rega | Fonte: Cavaco, 2006c
BIBLIOGRAFIA
213
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
em Portugal os solos são pobres em matéria orgânica, aconselhando a sua aplicação
sempre que os seus teores sejam inferiores a 1.0%. Em produção integrada, é sempre
preferível recorrer à fertilização orgânica, que ajuda a melhorar a fertilidade do solo
pelo aumento do teor em matéria orgânica, disponibilidade de nutrientes, retenção
da água e redução da erosão. Existe grande diversidade de materiais de natureza
MÓDULO I
orgânica, alguns dos quais subprodutos das explorações agrícolas e agro-pecuárias,
como estrumes, chorumes e resíduos das culturas, e lamas de depuração resultantes do
tratamento dos efluentes, ou de indústrias agro-alimentares e florestais, bem como da
compostagem dos resíduos sólidos urbanos.
Contudo a aplicação desta fertilização orgânica deve ser precedida de uma análise para
determinar a sua disponibilidade em nutrientes e detetar a existência de metais pesados
MÓDULO II
e outros compostos tóxicos, que impeçam o seu uso como fertilizantes. (Cavaco, 2006c)
MÓDULO III
(Estações de Tratamento de Águas Residuais) tratadas, de acordo com as normas legais
em vigor, segundo o Decreto-Lei n.º 276/2009 de 2 de outubro.
MÓDULO IV
• Prados ou culturas forrageiras, nas três semanas anteriores do
pastoreio do gado ou à colheita de forragens;
MÓDULO V
consumidas em cru, durante um período de 10 meses antes da
colheita e durante a colheita.
214
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
devem obedecer aos seguintes cuidados:
MÓDULO I
• Recolhidas das amostras na época de maior produção de lamas ou após variações
significativas da qualidade dos efluentes;
As lamas devem ser analisadas pelo menos duas vezes por ano, uma no período outono-
inverno e outra no período primavera-verão.
MÓDULO II
No caso de, no período de dois anos consecutivos, os resultados das análises não
defiram de forma significativa entre si, as lamas poderão ser analisadas apenas uma vez
por ano.
MÓDULO III
análise após a primeira produção de lamas.
MÓDULO IV
outubro (http://www.drapal.min-agricultura.pt/drapal/images/servicos/lamas/DL_276.
pdf).
Azoto total
Fósforo total
Potássio total
Cálcio total
Magnésio total
Zinco total
BIBLIOGRAFIA
215
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Determinações Analíticas obrigatórias
Parâmetros agronómicos
pH
MÓDULO I
Determinações Analíticas obrigatórias
Metais pesados
Cádmio
Cobre
Níquel
MÓDULO II
Chumbo
Zinco
Mercúrio
Crómio
MÓDULO III
Determinações Analíticas obrigatórias
Microrganismos patogénicos
Salmonella spp
Escherichia coli
MÓDULO IV
Tabela 17 - Determinações analíticas nas análises estrumes e outros corretivos orgânicos | Fonte: Decreto-Lei nº º 276/2009 de 2 de outubro
MÓDULO V
pastam. Nas explorações situadas em zonas vulneráveis, é proibido
exceder esse limite. (Aguiar et al., 2005)
216
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
analíticos das amostras de terra e das amostras de folhas nas culturas perenes (solos
e plantas) e da produção pretendida/esperada e para isso é elaborado um plano de
fertilização10, sendo a aplicação de adubos e ou corretivo feita segundo este plano.
MÓDULO I
a eficácia e segurança da aplicação de fertilizantes, de modo a evitar perdas por
lixiviação, erosão e evaporação, e reduzir os riscos de poluição das águas superficiais e
subterrâneas, como rotações adequadas, incorporação superficial de palhas e restolhos
ou redução dos trabalhos de mobilização do solo, assim como avaliar o declive do
terreno e a localização e envolvimento das parcelas, devido à maior suscetibilidade de
contaminação com nitratos em locais perto de linhas de água.
MÓDULO II
As recomendações dos fertilizantes não devem exceder as doses máximas permitidas
em Produção Integrada. Tais ajustamentos, sobretudo no caso do azoto (N), deverão
fundamentar-se, essencialmente, em observações efetuadas ao longo do ciclo da cultura
(vigor das plantas, sensibilidade a pragas e doenças, níveis de precipitação, etc.). No
caso do calcário, a quantidade a aplicar é dependente do pH e do poder tampão do
solo, a sua aplicação deve ser feita a lanço e incorporação através de mobilização do
solo.
MÓDULO III
Nos casos em que haja necessidade de corrigir o pH do solo, quando o mesmo se
encontra ácido, com níveis de magnésio muito baixos, recomenda-se a aplicação de
calcário magnesiano. Quando o pH é básico recomenda-se aplicação de enxofre ou
gesso.
MÓDULO IV
ultrapassando as 48 horas, visto que as perdas mais elevadas ocorrem logo a seguir
à distribuição, prolongando-se por 2 a 8 dias (Despacho n.º 1230/2018), com os
trabalhos de mobilização do solo, de modo a evitar as perdas por volatilização do
azoto, entre outros elementos, na Tabela 18 indicam-se as classes de fertilidade para
os vários nutrientes, exceto azoto, para culturas ao ar livre, estabelecidas de acordo
com os métodos ali referenciados. As aplicações de fertilizações nas culturas devem
ser registadas na respetiva ficha de registo (http://www.drapn.min-agricultura.pt/drapn/
conteudos/zv/ajuda.pdf). MÓDULO V
Parâmetro Classes de Fertilidade Método de
mg/kg M. baixa Baixa Média Alta M. Alta extração
10 Plano de fertilização - definição de todos os aspetos de uma exploração agrária relacionados com a manutenção
e melhoria da qualidade do solo, como necessidades nutritivas das plantas, capacidade e características do solo,
condições meteorológicas da região, disponibilidade de matérias fertilizantes provenientes da própria exploração
e os tipos, quantidades, épocas e técnicas de aplicação de fertilizantes: deve ser revisto periodicamente e basear-
BIBLIOGRAFIA
217
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Parâmetro Classes de Fertilidade Método de
mg/kg M. baixa Baixa Média Alta M. Alta extração
Fe ≤ 10 11 - 25 26 - 40 41 - 80 > 80 (3)
MÓDULO I
Mn ≤7 8 - 15 16 - 45 46 - 100 > 100 (3)
B ≤ 0,2 0,2 - 0,3 0,4 – 1,0 1,1 – 2,5 > 2,5 (4)
MÓDULO II
(1) Egner-Riehm modificado (lactato de amónio + ácido acético);
MÓDULO III
Tabela 18 - Classes de fertilidade e classificação dos teores do solo em nutrientes (mg/kg) no caso de culturas ao ar livre | Fonte: LQARS, 2006 (Adaptado)
k) Rega, o crescimento vegetal depende da quantidade de água disponível, pelo que, nos
casos em que a água existente no solo não é suficiente para as necessidades hídricas da
cultura, é necessário regar. Em produção integrada, a rega é efetuada com a preocupação
de minimizar as perdas de água e otimizar a qualidade do produto. Deve estabelecer-
se um plano de rega para cada parcela, no qual os cálculos das quantidades de água
a utilizar devem basear-se em dados de estações meteorológicas locais. Sempre que
MÓDULO IV
possível, a realização de regas deve ser articulada com as fertilizações e tratamentos
fitossanitários. (Aguiar et al., 2005)
A gestão da água deve ser encarada de forma integrada e estar assente em princípios
de ecologia, economia e ética, que procurem assegurar, a longo prazo, reservas
adequadas de água que são uma das bases do equilíbrio dos ecossistemas agrários.
Em Portugal, a disponibilidade de água apresenta grandes assimetrias e irregularidades
espaciais, sazonais e inter-anuais, pelo que o recurso ao regadio constitui um instrumento MÓDULO V
importante para a melhoria da produtividade das culturas. (Aguiar et al., 2005)
218
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Neste sentido devem ser tomadas as medidas necessárias ao correto funcionamento da
rega, recomendando as seguintes situações:
MÓDULO I
• Sempre que possível, adotar o sistema de rega por gota-a-gota;
MÓDULO II
• A frequência de rega deve ser ajustada ao sistema existente, ao tipo de solo e à fase
do ciclo da cultura;
MÓDULO III
III.5.2. COMPONENTE ANIMAL
De acordo com o Decreto-Lei n.º 256/2009 de 24 de setembro, para a prática da produção
integrada na componente animal é necessária a aplicação de técnicas que estabelecem um
adequado equilíbrio e salvaguarda do bem-estar animal, de modo que seja possível obter
-se uma produção sustentável em termos de qualidade e quantidade, devendo ter em conta,
nomeadamente, o maneio e alimentação animal, a profilaxia e saúde animal e a gestão de
MÓDULO IV
efluentes de origem animal.
MÓDULO V
• Livre de desconforto: fornecimento de um ambiente adequado que inclua um abrigo
com uma zona de descanso confortável;
• Livre de dor, ferimentos e doença: prevenção de doenças, diagnóstico rápido e
tratamentos adequados;
• Ter liberdade de expressar comportamento normal: fornecimento de espaço adequado,
instalações adequadas e a companhia de animais da mesma espécie;
MÓDULO VI
11 Fertirrega, consiste na aplicação de fertilizantes nas culturas através da água da rega. As concentrações de
fertilizantes a injetar variam de cultura para cultura e são escolhidas pelo utilizador do sistema. Fisicamente a
dosagem desses fertilizantes é feita através bombas e válvulas injetores que doseiam a concentração numa
cuba de mistura. Posteriormente a mistura é injetada na conduta de rega por uma bomba para que possa ser
distribuída através da água. Esta técnica apresenta enormes vantagens na poupança da água, fertilizantes, e na
BIBLIOGRAFIA
219
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Assim, a Produção Integrada Animal tem como principal objetivo a alteração de padrões
de produção com vista a uma atividade em equilíbrio com o meio físico natural delimitado
pela unidade de produção agropecuária. Neste pressuposto os objetivos primordiais são os
do aumento da eficiência e minimização dos impactes ambientais e produção de alimentos
de qualidade (DGV, 2011).
MÓDULO I
Com base na publicação da DGV (2011) as normas do Modo de Produção Integrada Animal
consideram os seguintes aspetos:
I) Características gerais
MÓDULO II
III) Alimentação dos Animais
MÓDULO III
I – Características gerais
a) A unidade de produção agro-pecuária deverá estar integrada no seu meio físico natural
e com práticas que utilizem de forma sustentada os recursos e mecanismos de produção
naturais.
MÓDULO IV
b) A componente da atividade pecuária deverá estar licenciada ou registada em
conformidade com a legislação vigente para as respetivas atividades.
MÓDULO V
(CE) n.º 178/2002 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 28 de janeiro de 2002,
de forma a identificar a origem de todos os alimentos existentes ou utilizados na
exploração, bem como dos animais que entraram ou saíram da exploração., Extrato do
Artigo 18.º do Regulamento (CE) n.º 178/2002.
e) Ter em atenção que o MPB e a PRODI podem coexistir na mesma UP. Isto é, o produtor
pode fazer agricultura biológica em parte da área e PRODI na restante. Deve, no
MÓDULO VI
220
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
unidade de produção;
f) Por norma, têm de ser submetida toda a superfície agrícola ou agroflorestal da unidade
MÓDULO I
de produção e os respetivos animais ao modo de produção integrado ou ao modo de
produção biológico, de acordo com os respetivos normativos. No entanto, (alínea 3, do
Art.8º da Portaria 229-B/2008) numa exploração podem ser excecionadas da prática do
modo de produção integrado (ou biológico):
MÓDULO II
da unidade de produção, e os animais até 2 CN, desde que de espécies diferentes das
existentes na UP e não destinados a venda;
• Outras áreas ou animais que o OC considere como tecnicamente não aptos à prática de
um destes modos de produção.
MÓDULO III
II - Maneio dos animais, conservação do solo e ecossistemas
MÓDULO IV
b) Deverá ser estabelecido na unidade de produção agropecuária um programa de
pastoreio racional, estabelecendo uma carga animal, por forma a impedir o sobre
pastoreio com consequências a nível da erosão e contaminação do solo e da água,
assim como evitar a subutilização das pastagens o que acarreta a sua degradação e o
aumento do risco de incêndio.
2) Para efeitos da produção de ovos e leite PRODI, esta só é considerada após o animal
221
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
estar “integrado” na exploração, isto é, após o período de integração descrito em (1)
ou seja, um mês após ter entrado na exploração.
MÓDULO I
se tiverem permanecido na exploração PRODI um período de integração, tendo em
consideração os ciclos de produção mínimos normalmente associados às diferentes
espécies animais. Assim, o período de integração para a produção de carne será de 1
mês para o caso das aves; de 3 meses no caso dos suínos, ovinos e caprinos; de 6 meses
no caso de bovinos.
MÓDULO II
i. O encabeçamento (*) em pastoreio não poderá em caso algum
ultrapassar:
MÓDULO III
• 2,0 CN por hectare de superfície forrageira nos restantes casos.
MÓDULO IV
ar livre só serão permitidos em parcelas cujo Índice de Qualificação
Fisiográfica (IQFP) é inferior ou igual a 2; a obrigatoriedade da sua
existência e o seu modo de funcionamento obedece ao normativo
REAP.
produção.
222
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
i. A alimentação dos animais lactantes será assegurada com leite
natural e a idade mínima ao desmame é obrigatório e será a que
consta na tabela 19, em anexo. Excecionam-se as situações em
que a orientação económica da atividade seja a leiteira.
MÓDULO I
ii. É obrigatório fazer o registo das matérias primas, alimentos
compostos e forragens utilizados na alimentação dos animais, no
caderno de campo e conservar e anexar ao caderno de campo
as faturas (originais ou cópias) e guias de remessa das matérias
primas, alimentos compostos e forragens.
MÓDULO II
ração) dos animais de acordo com uma percentagem mínima de
10%.
MÓDULO III
que ser utilizada em PRODI é de 55% no primeiro ano, 65% no 2º
ano e 75% no 3º ano e seguintes. Excecionalmente, poderá ser
considerada a alteração temporária destas percentagens, quando
por condições climatéricas adversas, oficialmente reconhecidas,
não tenha sido possível assegurar as quantidades de alimentos
necessários, certificados em PRODI.
MÓDULO IV
vi. No mínimo metade da alimentação (em matéria seca), numa base
anual tem de ser proveniente da própria unidade de produção.
No caso dos ruminantes terá ainda de assentar essencialmente no
pastoreio direto, podendo ser complementado com forragens da
própria unidade de produção.
223
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
determinem tendo em vista a reposição do estatuto inicial.
MÓDULO I
resistência às doenças;
MÓDULO II
c) As práticas zootécnicas e de manejo não devem criar situações de stress e contribuir
para patologias da produção.
e) A exploração pecuária deve ainda possuir um plano escrito de boas práticas de higiene,
o qual contemple práticas de limpeza, desinfeção, desinsectização e desratização das
MÓDULO III
instalações de armazenamento de alimentos ou de alojamento dos animais.
• Tuberculose (Bovinos);
MÓDULO IV
• Brucelose (Bovinos, Ovinos e Caprinos);
• Leucose (Bovinos);
224
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
iii) A prescrição, administração de alimentos medicamentosos terá
em conta o normativo legal existente no Decreto – Lei n.º 151/2005
com as alterações que lhe são introduzidas pelo Decreto-lei
nº148/2008, que transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva
MÓDULO I
nº 90/167/CEE, do Conselho, de 26 de março, que estabelece o
regime jurídico do fabrico, colocação no mercado e utilização de
alimentos medicamentosos para animais, e os seus artigos 10º e
11, relativos à prescrição médico-veterinária e receita veterinária,
respetivamente.
MÓDULO II
se justificada por alguma circunstância especial e por prescrição
veterinária (neste caso deve ser objeto de registo em caderno de
campo).
MÓDULO III
debilidade ou dificuldade de locomoção por motivo de lesão.
MÓDULO IV
dias após a saída de cada lote de animais.
ix) Todos os animais que entrem na unidade de produção devem ser MÓDULO V
objeto de isolamento, quarentena e observação.
225
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
-Lei nº 314/2009, de 28 de outubro, integrando os requisitos
complementares previstos no número 9 , daquele artigo,
constantes do Despacho nº 3.277/2009, do Diretor Geral de
Veterinária.
MÓDULO I
xiii) O detentor da unidade de produção, obriga-se a dispor de um
plano de profilaxia médica e sanitária e de um plano de boas
práticas de higiene. O plano de profilaxia médica e sanitária e
o plano de boas práticas de higiene, fazem parte integrante do
caderno de campo.
MÓDULO II
tipo de produção e por espécie animal afetada, de medidas de
biossegurança, as instalações devem dispor de:
MÓDULO III
• Vestuário descartável para uso exclusivo das visitas
MÓDULO IV
V. BEM-ESTAR ANIMAL (REPRODUÇÃO, MANEIO E ALOJAMENTO DO EFETIVO)
b) A gestão zootécnica deve ter por base o maneio em lotes de acordo com a idade e
ou estado reprodutivo, finalidade produtiva, e a utilização de parcelas ou instalações,
de forma a reduzir situações que possam provocar danos, enfermidades ou sofrimento
desnecessários.
MÓDULO V
c) Assegurar a existência de equipamentos adequados que permitam o bem-estar dos
animais e a segurança dos intervenientes, durante as manipulações decorrentes do seu
manejo habitual e durante as cargas e descargas.
226
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Reprodução, o qual deve estar anexo ao caderno de campo.
MÓDULO I
só se necessárias e conforme os métodos adequados. No caso
dos suínos, o corte de caudas e a castração tem que obedecer aos
requisitos legais de proteção de suínos.
MÓDULO II
Os efluentes zootécnicos devem ser objeto de maximização da valorização agrícola,
na unidade de produção agropecuária, a qual, sempre que exigido no âmbito do Regime
de Exercício da atividade Pecuária (REAP) Decreto-lei nº 214/2008, de 10 de novembro e
Portaria n.º 79/2022, de 3 de fevereiro deve estar associada a um plano de gestão de efluentes
pecuários (Atividades pecuárias em sistema de exploração intensivo das classe 1 e 2, com um
volume de produção de efluentes superior a 200 m3 ou 200 t./ ano), tendo em consideração as
MÓDULO III
orientações previstas no Código de Boas Práticas Agrícolas (CBPA).
MÓDULO IV
Em relação à componente animal ter, ainda, em atenção:
• Intervalo de segurança
Este registo deve ser mantido atualizado, em bom estado de conservação e à disposição
das autoridades oficiais para efeitos de controlo por um período de 5 anos. O livro de registo
BIBLIOGRAFIA
deve apresentar-se:
227
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
• Com numeração identificativa;
• Paginado sequencialmente.
MÓDULO I
B- Suporte Informático
O registo pode ser mantido em suporte informático, mas devem ser elaborados relatórios,
pelo menos trimestrais, impressos com a informação requerida, a serem mantidos na
exploração e assinados sempre que exigido pelo veterinário. Ter em consideração que
“a detenção ou posse na exploração pecuária, de medicamentos e medicamentos
veterinários sujeitos a receita médico-veterinária, pelos detentores de animais numa
MÓDULO II
exploração pecuária, só é permitida desde que justificada por receita médico-veterinária
normalizada, requisição médico veterinária validada pelo médico veterinário responsável
clínico ou sanitário da exploração ou por declaração de médico veterinário de prescreveu
e administrou o referido medicamento.
MÓDULO III
Plano elaborado e assinado pelo médico veterinário responsável sanitário da exploração
ou Responsável da OPP, donde constem obrigatoriamente:
MÓDULO IV
Deverá ser indicada periodicidade das intervenções (vacinações) especificando o
medicamento veterinário imunológico a utilizar ou as doenças a proteger;
228
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
Idade ao desmame
Espécie Mínima Recomendada
Bovinos 3 meses => a 5 meses
MÓDULO I
Ovinos 35 dias => a 40 dias
MÓDULO II
Touros, vacas e outros bovinos c/ > de 2 anos /equídeos c/> de 6 meses. 1,00
MÓDULO III
Galinhas poedeiras 0,014
Outros suínos com mais de 3 meses (varrascos e porcos em recria /acabamento) 0,30
Tabela 20 - Tabela de conversão em cabeças normais (CN) | (Conforme Anexo I da Portaria nº 229-B/ 2008)
MÓDULO IV
Para além do respeito pelos princípios da Produção Integrada, o agricultor que opte por
este modo de produção agrícola é obrigado a ter o caderno de campo12 (https://www.dgadr.
gov.pt/producao-integrada/cadernos-de-campo) atualizado, sistema de certificação, formação
atualizada e respeitar as normas técnicas específicas para cada cultura. Caso não exista a norma
técnica para determinada cultura deve garantir-se o cumprimento dos requisitos mínimos
para o exercício de Produção Integrada (https://www.dgadr.gov.pt/images/docs/prod_sust/
MÓDULO V
normas_pi/i008503.pdf).
(DGADR, 2021).
informações prestadas.
229
Agricultura Sustentável
MÓDULO III - Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)
ÍNDICE
condições de produção, etc.) que lhe conferem um valor acrescentado.
MÓDULO I
atesta que um produto cumpre determinadas normas ou especificações, funcionando perante
terceiros como garantia da aplicação desses requisitos.
MÓDULO II
No site da DGADR, https://www.dgadr.gov.pt/producao-integrada/controlo-e-certificacao-
e-rotulagem, encontram-se referenciados os operadores sob controlo e os Organismos de
controlo e certificação (OC) reconhecidos pela DGADR.
O Despacho n.º 10935/2005, de 22 de abril, aprova o símbolo / logótipo (Figura 26) que se
destina a assinalar os produtos agrícolas e os produtos alimentícios obtidos de acordo com as
regras de produção integrada.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 26 - Símbolo para assinalar os produtos agrícolas e
os géneros alimentícios obtidos de acordo com as regras da
produção integrada
Fonte: DGADR - https://www.dgadr.gov.pt/sustentavel/ap-
tec-reconh-tecnicos/producao-integrada
A certificação dos produtos (vegetais ou animais) tendo por base a Produção Integrada
permite a comercialização desses produtos com o logótipo da Produção Integrada, o aumento MÓDULO V
da transparência na forma como são produzidos e, por conseguinte, o aumento de confiança
por parte dos consumidores contribuindo para o fortalecimento das relações na cadeia
alimentar, ter acesso a mercados restritos e a apoios comunitários a vários níveis.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
230
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO IV
AGRICULTURA BIOLÓGICA (AB)
MÓDULO II
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................232
MÓDULO III
IV.1.1. NO MUNDO..........................................................................................................................................................233
IV.2. LEGISLAÇÃO...................................................................................................................................................................235
MÓDULO IV
IV.4. ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A AGRICULTURA BIOLÓGICA (ENAB).......................................................................239
IV.6.1.7. COMPOSTAGEM.........................................................................................................................................267
IV.6.1.8. PROTEÇÃO DAS PLANTAS.........................................................................................................................271
IV.6.2. PARTE ANIMAL.....................................................................................................................................................280
231
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO IV
AGRICULTURA BIOLÓGICA (AB)
MÓDULO II
INTRODUÇÃO
Os conceitos, princípios e objetivos da agricultura biológica (AB) têm sido discutidos e
MÓDULO III
definidos pelos organismos privados do setor que, a nível mundial, integram a Federação
Internacional dos Movimentos de Agricultura Biológica (IFOAM - https://www.ifoam.bio/)
(Ferreira, 1999).
Contando com mais de 800 organizações associadas em 117 países a IFOAM é a organização
mundial que apoia a agricultura biológica. Foi fundada em 1972, em França, por pioneiros
da agricultura biológica de diferentes países, com a finalidade de coordenar as ações dos
MÓDULO IV
movimentos de agricultura biológica e contribuir para a divulgação de dados científicos e
experimentais.
232
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
• A agricultura biológioca deve ser gerida com precaução e
responsabilidade de modo a proteger a saúde e o bem estar das atuais
MÓDULO I
e futuras gerações e do ambiente.
MÓDULO II
todo, com elaboração cuidada de um plano de gestão da exploração, considerando todos os
fatores de produção, bem como a gestão dos efluentes, subprodutos e resíduos torna-se é
essencial (DGADR, 2017).
MÓDULO III
IV.1.1. NO MUNDO
De acordo com os dados publicados em 2021 pelo FIBL (Instituto de Investigação
de Agricultura Biológica), em https://www.organic-world.net/yearbook/yearbook-2021/
infographics.html, em 2019, 187 países do mundo tinham atividade ligada à agricultura
biológica.
MÓDULO IV
No mundo, em 2019, cerca de 72,3 milhões de hectares (mha) eram ocupados pela
agricultura biológica, encontrando-se 36,0 mha situados na Oceania, 16,5 mha na Europa e
8,3 mha na América Latina.
Ao nível do consumo per capita a Dinamarca é o país que apresenta maior consumo com
um valor de 344€.
Em termos de distribuição por países, 49,38 % da área em MPB está situada na Austrália
MÓDULO VI
(35,7 mha), seguida pela Argentina (3,6 mha) e Espanha (2,4 mha).
uma área de cerca de 13,8 milhões de hectares (mha), correspondendo a 8,5 % da área total
233
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
utilizada na UE27 observando-se um aumento de 0,5 % em relação a 2018.
Em termos absolutos, em 2019, os países com as maiores áreas em AB foram Espanha (2,35
mha), França (2,24 mha) e Itália (1,99 mha). A dimensão da área em AB difere consideravelmente
de um Estado-Membro para outro. Quatro Estados-Membros representavam mais de metade
MÓDULO I
da superfície cultivada em AB: Espanha (17,1 %), França (16,2 %), Itália (14,5 %) e Alemanha (9,4
%). Juntos, representam 57,1 % da área em AB da UE-27 valor semelhante ao de 2018 (57,5 %).
No que diz respeito à produção animal, a Letónia apresentou em 2019, o maior efetivo em
AB de ovelhas e cabras (36,2 %) e o segundo de bovinos (25,1 %). A Grécia regista o maior
efetivo de bovinos em AB (26,9 %).
MÓDULO II
IV.1.3. EM PORTUGAL (CONTINENTE E REGIÕES AUTÓNOMAS)
Em Portugal, no período de 2013-2020 pode observar-se uma tendência de crescimento,
da área e do número de produtores em MPB, apesar de alguma oscilação, no respeitante à
área, em 2018 (Figura 1). Em 2020 a área em MPB situava-se nos 322 039 ha (sendo em 2013
de 197 295 ha) e o número de produtores em 5945 (quase o dobro, comparativamente a 2013,
que era de 3104).
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 1 - Evolução da área e do número de produtores em MPB em Portugal (Continente e Regiões Autónomas) de 2013 a 2020
Fonte: https://www.dgadr.gov.pt/sustentavel/agricultura-e-producao-biologica. Adaptado. (2021)
De acordo com os dados publicados pela DGADR (2021) no que diz respeito à distribuição
por culturas, a maior parte da área, em 2020, encontra-se ocupada por prados e pastagens
permanentes (166 993 ha) seguindo-se as culturas permanentes para consumo humano com
49 816 ha (dados disponíveis em https://www.producaobiologica.pt/index.php/producao-
MÓDULO VI
biologica/indicadores-de-producao).
ha. As plantas aromáticas representavam, em 2017, a cultura com menor área (855 ha) sendo
234
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
a região do Alentejo que mais contribuiu para este valor com 383 ha ocupados pelas plantas
aromáticas.
MÓDULO I
MÓDULO II
Tabela 1 - Área (ha) e número de produtores em MPB, por tipo de cultura e por Região Agrária, em Portugal, em 2017 | Fonte: DGADR; GPP 2020
Ainda que as explorações em agricultura biológica tenham uma dimensão média elevada,
MÓDULO III
verifica se uma variabilidade regional algo acentuada, uma vez que na Beira Litoral a dimensão
média é cerca de 8 hectares e no Alentejo a dimensão média é de 169 hectares. Na região
da Beira Interior a dimensão média situava-se nos 69 hectares e no Ribatejo e Oeste nos 51
hectares.
Em relação aos efetivos animais o grupo com maior representatividade em MPB e em 2020,
são os ovinos, com cerca de 94 mil animais, seguidos dos bovinos com perto de 93 mil animais
MÓDULO IV
(Tabela 2). Comparativamente a 2013 verificou-se, em 2020, um aumento em todo o efetivo,
destacando-se em valor absoluto e por ordem decrescente os bovinos, as aves e os ovinos,
respetivamente.
Número de cabeças
Efetivo pecuário
2020 2013
Bovinos 92 673 69 095
MÓDULO V
Suínos 2 037 2 009
Tabela 2 - Efetivos animais em MPB, em Portugal, em 2020 e em 2013 | Fonte: https://www.dgadr.gov.pt/agricultura-e-producao-biologica (2021)
IV.2. LEGISLAÇÃO
Em 1991, no contexto da reforma da política agrícola da UE, o Conselho Europeu de
Ministros da Agricultura adotou o Regulamento (CEE) N.º 2092/91 relativo à agricultura
BIBLIOGRAFIA
235
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
regulamento abrangia apenas produtos vegetais, tendo sido introduzidas posteriormente
outras regras relativas aos produtos de origem animal. Simultaneamente, esta legislação
permitiu a importação de produtos biológicos de países terceiros com os critérios de produção
e sistemas de controlo em pé de igualdade com a UE. Este regulamento inicial estabeleceu
normas mínimas a nível europeu que vieram permitir aos consumidores comprar produtos de
MÓDULO I
MPB em qualquer país da UE com garantia do cumprimento dos mesmos requisitos mínimos.
MÓDULO II
Em 2007, o Conselho Europeu de Ministros de Agricultura acordou o novo Regulamento
(CE) N.º 834/2007 do Conselho, de 28 de junho, relativo à produção biológica e rotulagem
dos produtos biológicos. Este regulamento estabeleceu o quadro jurídico para todos os
níveis da cadeia de abastecimento, desde a produção, distribuição, controlo e à rotulagem
dos produtos biológicos que podem ser oferecidos e comercializados na UE, revogando em
simultâneo o anterior Regulamento (CEE) N.º 2092/91.
MÓDULO III
normas de execução do Regulamento (CE) N.º 834/2007:
MÓDULO IV
ii) Regulamento CE N.º 1235/2008 da Comissão, de 8 de dezembro de 2008 que estabelece
normas de execução do Regulamento (CE) N.º 834/2007 do Conselho no que respeita
ao regime de importação de produtos biológicos de países terceiros.
MÓDULO V
os princípios da produção biológica e define as regras relativas à produção biológica, à
certificação que lhe está associada e à utilização de indicações referentes à produção na
rotulagem e na publicidade, bem como as regras sobre os controlos suplementares em relação
aos previstos no Regulamento (UE) 2017/625. Visou ainda melhorar a legislação relativa a este
modo de produção com os objetivos de remover obstáculos ao desenvolvimento sustentável
da produção biológica na UE, garantir uma concorrência equitativa para os agricultores e
operadores, permitir que o mercado interno possa funcionar de forma mais eficiente e manter,
MÓDULO VI
236
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
- Novo modelo único de certificado;
- Agravamento de penalizações a atribuir pelas autoridades competentes (DGADR, no caso de Portugal) aos
MÓDULO I
OCC’s;
- Inexistência de LMR regulamentados além dos contemplados para os produtos convencionais. Todavia
surge a possibilidade de as autoridades nacionais estabelecerem LMR para os alimentos biológicos (ex:
DGADR estabelece um LMR de qualquer produto fitofarmacêutico homologado para a cultura convencional,
em alimentos biológicos, de 0,05 mg/Kg).
Tabela 3 -Algumas das principais novidades do Regulamento (UE) 2018/848
MÓDULO II
toda a regulamentação referente à produção biológica
MÓDULO III
melhores práticas ambientais, um elevado nível de biodiversidade, a preservação dos recursos
naturais, a aplicação de normas exigentes em matéria de bem-estar dos animais e método
de produção, em sintonia com a preferência de certos consumidores por produtos obtidos
utilizando substâncias e processos naturais.”
MÓDULO IV
recorrendo ao uso de métodos preventivos e culturais (como sejam as rotações culturais,
utilização de resíduos das culturas e estrumes de origem animal, de acordo com as respetivas
normas de utilização), por forma a minimizar os impactos sobre o ambiente. O Reg. (UE)
2018/848 do Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de maio de 2018 relativo à produção
biológica e à rotulagem dos produtos biológicos e que revoga o Regulamento (CE) nº 834/2007
do Conselho, enumera como objetivos da AB:
• Contribuir para a proteção do ambiente e do clima;
MÓDULO V
• Manter a fertilidade dos solos a longo prazo;
• Contribuir para um elevado nível de biodiversidade;
• Contribuir substancialmente para um ambiente não tóxico;
• Contribuir para normas exigentes de bem-estar dos animais e, em especial, satisfazer as
necessidades comportamentais dos animais que sejam próprias de cada espécie;
• Dar preferência aos circuitos curtos e às produções locais nas diversas regiões da União;
MÓDULO VI
237
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
O mesmo Regulamento, aponta como princípios gerais da AB:
a) Respeito pelos sistemas e ciclos da natureza e conservação e melhoria do estado dos
solos, da água e do ar, da saúde dos vegetais e dos animais, assim como do equilíbrio
entre eles;
b) A preservação de elementos da paisagem natural, como os sítios de património natural;
MÓDULO I
c) A utilização responsável da energia e dos recursos naturais, tais como a água, os solos,
a matéria orgânica e o ar;
d) A produção de uma ampla variedade de géneros alimentícios e de outros produtos
agrícolas e aquícolas de elevada qualidade que respondam à procura, por parte dos
consumidores, de bens produzidos por processos que não sejam nocivos para o
ambiente, a saúde humana, a fitossanidade ou a saúde e o bem-estar animal;
e) Salvaguarda da integridade da produção biológica em todas as fases de produção,
MÓDULO II
transformação e distribuição dos géneros alimentícios e dos alimentos para animais;
f) A conceção e gestão adequadas de processos biológicos baseados em sistemas
ecológicos que utilizem recursos naturais internos ao sistema de gestão;
g) A restrição da utilização de fatores de produção externos; quando forem necessários
fatores de produção externos ou quando não existirem as práticas e os métodos de
gestão adequados referidos na alínea f);
h) A adaptação do processo de produção, sempre que necessário e no âmbito do
MÓDULO III
presente regulamento, para ter em conta a situação sanitária, as diferenças regionais
no equilíbrio ecológico, o clima e as condições locais, as fases de desenvolvimento e as
práticas específicas de criação;
i) A exclusão, de toda a cadeia alimentar biológica, da clonagem animal, da criação de
animais poliploides obtidos artificialmente e de radiações ionizantes;
j) A observância de um elevado nível de bem-estar animal, respeitando as necessidades
próprias de cada espécie.
MÓDULO IV
No que respeita à produção biológica animal, referem-se os seguintes princípios:
238
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
IV.4. ESTRATÉGIA NACIONAL PARA A AGRICULTURA BIOLÓGICA
(ENAB)
Através do Despacho n.º 7665/2016 de 9 de junho de 2016, foi criado um Grupo de Trabalho
com o objetivo de avaliar, preparar e apresentar uma ENAB e colocar em execução um Plano
MÓDULO I
de Ação (PA) para a produção e promoção de produtos agrícolas e géneros alimentícios
biológicos. A ENAB tem um horizonte temporal de 10 anos com avaliação e revisão intercalar
ao fim de 5 anos (2022). Desta forma, em 2022 e em simultâneo com a revisão intercalar da
ENAB, deverá ser definido um segundo Plano de Ação, para o período 2022-2027, coincidente
com a vigência no novo programa de desenvolvimento rural.
MÓDULO II
de base à definição do próximo Programa de Desenvolvimento Rural, no âmbito da Política
Agrícola Comum pós 2020.
MÓDULO III
2) Triplicar as áreas de hortofrutícolas, leguminosas, proteaginosas, frutos secos, cereais e
outras culturas vegetais destinadas a consumo direto ou transformação;
MÓDULO IV
4) Duplicar a capacidade interna de transformação de produtos biológicos;
239
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
ii) Aumentar a oferta de produtos agrícolas e agroalimentares obtidos em Produção
Biológica, promovendo a sua competitividade e a sua rentabilidade comercial nos
mercados interno e externo.
MÓDULO I
abertura de novos mercados, a promoção da sua notoriedade, da sua disponibilidade
e do reforço da confiança e credibilidade junto do consumidor.
MÓDULO II
O Plano de Ação consubstancia os seus objetivos operacionais e determina um quadro de
execução de médio e longo prazo.
MÓDULO III
O Regulamento (UE) 2018/848, no ponto 6) do seu artigo 3º, define «Conversão», como
sendo a transição da produção não biológica para a produção biológica num determinado
período durante o qual se aplicam as disposições do mesmo regulamento relativas à produção
biológica. Assim, quando uma exploração agrícola pretende produzir produtos biológicos,
deve passar por um período de conversão no decurso do qual deve ser gerida de acordo com as
regras da produção biológica, ainda que os seus produtos não sejam, nesta fase, considerados
biológicos. Apenas poderá colocar os seus produtos no mercado como produtos biológicos
MÓDULO IV
assim que este período de conversão tenha terminado e tenha sido efetuado um controlo.
Após o período de conversão, qualquer exploração agrícola da UE que deseje passar para
a produção biológica deve ser gerida em total consonância com os requisitos da produção
biológica.
O regulamento permite ainda as explorações agrícolas paralelas (ou seja, não biológicas, em
conversão e biológicas) desde que essas atividades estejam clara e genuinamente separadas.
C) Não pode ser reconhecido retroativamente qualquer período anterior como parte
integrante do período de conversão exceto quando:
BIBLIOGRAFIA
i) As parcelas de terreno do operador tenham sido objeto das medidas definidas num
240
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
programa aplicado em conformidade com o Regulamento (UE) nº 1305/2013 para
garantir que não foram utilizados nessas parcelas de terreno produtos ou substâncias
diversas dos autorizados na produção biológica;
ii) O operador possa apresentar provas de que as parcelas de terreno tinham consistido
MÓDULO I
em superfícies naturais ou agrícolas que, durante um período de pelo menos três
anos, não tenham sido tratadas com produtos ou substâncias cuja utilização não é
autorizada na produção biológica.
E) São definidos períodos de conversão específicos para cada tipo de cultura ou produção
MÓDULO II
animal conforme definido, nas regras aplicáveis à conversão;
F) Afim de determinar o período de conversão acima referido, pode ser tido em conta
um período imediatamente anterior à data de início de período de conversão, desde
que estejam reunidas certas condições. Em alguns casos excecionais e em função dos
antecedentes das parcelas podese reduzir ou, pelo contrário, prolongar o período de
conversão.
MÓDULO III
O período de conversão para o MPB é, em geral, de 2 a 3 anos, respetivamente para
culturas anuais e perenes, e durante esse período os produtos não podem ser comercializados
como provenientes de MPB. No entanto, deve referir-se à possibilidade de certificação de
produtos vegetais ainda no decorrer da fase de conversão, a partir do final do primeiro ano de
conversão (12 meses). Durante o segundo ou terceiro ano de conversão, deverá estar indicado
“conversão à agricultura biológica” na rotulagem e/ou publicidade dos produtos a colocar no
MÓDULO IV
mercado (Serrador, 2009).
MÓDULO V
Para que a etapa da conversão para a Agricultura Biológica tenha êxito, deve ser
minimamente planeada e exposta num “plano de conversão”, realizado de acordo com uma
avaliação prévia da exploração agrícola:
laboratorial;
241
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
f) Histórico das produções, das fertilizações e dos tratamentos fitossanitários.
Neste plano, devem constar as medidas técnicas que vão ser implementadas de modo a:
MÓDULO I
ii) Diversificar o agro-sistema procurando um maior equilíbrio na gestão das pragas
tendo por base:
A) O resultado das análises (solo e material vegetal): quais as correções minerais (calcário,
fósforo, potássio, enxofre ou outros) a efetuar; estes resultados irão contribuir para o
estabelecimento de um plano de fertilização onde constam os fertilizantes a aplicar
(tipo e quantidade) bem como as épocas de aplicação.
MÓDULO II
B) A incorporação de matéria orgânica, como principal fonte de fertilizantes,
preferencialmente após o processo de compostagem;
MÓDULO III
D) O planeamento de rotações apropriadas à exploração;
MÓDULO IV
No que respeita à produção animal biológica, quando tiverem sido introduzidos numa
exploração animais de criação não biológica, para que os produtos animais possam ser
vendidos como produtos biológicos as regras de produção em MPB devem ter sido aplicadas
de acordo com os períodos referidos na Tabela 4.
MÓDULO V
Algas 6 meses
Coelhos 3 meses
BIBLIOGRAFIA
242
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Espécie Animal Período de Conversão
Cervídeos 12 meses
Apicultura 12 meses
MÓDULO I
(*) Introduzidos na exploração com menos de três dias
Tabela 4 -Períodos de conversão de espécies de animais | Fonte: Regulamento (UE) 2018/848, do Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de maio de 2018
MÓDULO II
A produção animal em Agricultura Biológica, rege-se pelo Regulamento (UE) 2018/848, do
Parlamento Europeu e do Conselho de 30 de maio de 2018, através dos artigos 2º, aplica-se a
produtos “produzidos, preparados, rotulados, distribuídos, colocados no mercado, importados
para a União Europeia ou exportados a partir da União Europeia”, nomeadamente: “Produtos
agrícolas vivos ou não transformados”
MÓDULO III
IV.6.1. PARTE VEGETAL
MÓDULO IV
a melhorar a sua fertilidade.
Um solo agrícola, para ter uma fertilidade média e adequada à maioria das culturas, deve
ter um teor de húmus de, pelo menos 3 %, o que é classificado como “médio” (3 % a 3,5 %
em culturas de ar livre). Um teor considerado alto é de 4,5 % a 6 % e, muito alto, maior que 6
% (Ferreira, 2021a).
• Rotações;
MÓDULO VI
• Consociações;
243
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
As propriedades físicas do solo: estrutura, densidade aparente e porosidade, capacidade
de armazenamento, infiltração e drenagem da água, textura e resistência à compactação;
afetam o crescimento e a proliferação das raízes e influenciam a disponibilidade de nutrientes.
Neste sentido, deve-se recorrer de preferência a mobilizações pouco profundas, que poderão
conservar a matéria orgânica do solo, mas as lavouras poderão também ser necessárias,
MÓDULO I
particularmente quando se pretende que o solo fique mais solto e arejado. Deve-se evitar
mobilizações profundas quando o solo está encharcado para evitar a compactação do terreno,
ou quando existe o risco de transportar pedras e material grosseiro para a superfície do solo
(Mourão, 2007).
Gestão do solo
MÓDULO II
As preocupações com a fertilidade do solo englobam medidas, que deverão funcionar
devidamente integradas:
I) Medidas de controlo da erosão, uma vez que a erosão é um dos principais fatores
responsáveis pela perda de fertilidade do solo;
MÓDULO III
existentes. As más técnicas de mobilização provocam no solo, entre outros efeitos:
MÓDULO IV
da matéria orgânica.
MÓDULO V
Deve evitar-se o recurso à fresa, dado que destrói os agregados do solo, contribuindo,
assim, para a diminuição da fertilidade do solo.
O estrume fresco é um excelente fertilizante em AB, uma vez que, fornece nutrientes e
matéria orgânica, e estimula os processos biológicos no solo contribuindo para melhorar
a fertilidade.
MÓDULO VI
Com vista a evitar a poluição ambiental de recursos naturais, tais como o solo e a água,
por nutrientes, está estabelecido um limite máximo para o estrume a utilizar por hectare.
Este limite está relacionado com o teor de azoto do estrume. Assim, a quantidade total
BIBLIOGRAFIA
de estrume animal aplicada na exploração não pode exceder 170 kg de azoto por ano
244
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
e por hectare de superfície agrícola utilizada (SAU). Este limite é apenas aplicável a
estrume, estrume seco e estrume de aves de capoeira desidratado, excrementos
compostados de animais, incluindo estrume de aves de capoeira, estrume compostado
e excrementos líquidos de animais.
MÓDULO I
Uma gestão cuidadosa permite um retorno máximo a partir de nutrientes provenientes
de estrumes, chorumes e compostos, minimizando perdas gasosas e por lixiviação.
Para obter melhores resultados é importante aplicar estrume quando a absorção pela
cultura é mais elevada e as perdas menores. As perdas de amónio na aplicação podem
ser reduzidas até 90 %, se se incorporar o chorume após 6 horas da aplicação e o
estrume após 24 horas.
MÓDULO II
Evitar aplicações no outono e no inverno e, se for aplicado estrume em terra mobilizada,
deve- se incorporá-lo o mais rápido possível para minimizar as perdas.
MÓDULO III
solo (estimulando assim, a atividade microbiana), a sua incorporação permite a retenção
de água e previne a degradação da estrutura do solo.
Nos pomares, olivais e vinhas, a lenha de poda (isenta de doenças) deve ser triturada
podendo ficar à superfície (Figura 2), ou ser incorporada com uma ligeira gradagem.
MÓDULO IV
Os resíduos urbanos não são permitidos em agricultura biológica.
MÓDULO V
MÓDULO VI
ação lenta, estamos a alimentar o solo, que por sua vez alimenta a cultura (Ferreira,
245
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
2021a).
Os nutrientes minerais são absorvidos, principalmente, pelas raízes das plantas a partir
do solo, exceto o C, O e H que são absorvidos a partir do ar e da água. Consideram-se
essenciais para o crescimento das plantas todos os nutrientes minerais que:
MÓDULO I
i) Na sua ausência a planta seja incapaz de completar o seu ciclo de vida;
ii) Possuam uma função na planta que não pode ser substituída por outro elemento
mineral;
MÓDULO II
Os nutrientes minerais considerados essenciais são: Azoto (N); Fósforo (P); Potássio (K);
Cálcio (Ca); Magnésio (Mg); Enxofre (S); Cloro (Cl); Boro (B); Molibdénio (Mo); Ferro (Fe), Zinco
(Zn), Manganês (Mn); Cobre (Cu); e Níquel (Ni).
Os elementos minerais absorvidos pelas plantas que podem beneficiar o crescimento, tais
como o sódio (Na), o silício (Si), o cobalto (Co) e o alumínio (Al) não são essenciais sendo
considerados como elementos benéficos.
MÓDULO III
Os macronutrientes são todos os elementos que as plantas necessitam em maiores
quantidades (ainda que variável entre diferentes culturas), e mesmo quando presentes em
excesso, não lhes causam intoxicação.
MÓDULO IV
forma de fertilizantes.
MÓDULO V
podendo causar-lhes intoxicação quando absorvidos em excesso. São considerados as
vitaminas das plantas e incluem os seguintes elementos: Fe, Mn, Zn, Cu, Ni, Mo e B. As
plantas para crescer requerem uma concentração mínima de cada nutriente que varia com a
espécie e o ambiente (Mourão, 2007).
“Fertilizantes” em https://www.dgadr.gov.pt/agricultura-e-producao-biologica
IV.6.1.2. A ÁGUA
que outras à presença de alguns sais. Permite também atuar no solo para corrigir eventuais
246
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
problemas (Ferreira, 2009).
MÓDULO I
devem ser tidos em conta nos cálculos de fertilização (Ferreira, 2009).
A realização de análises à água de rega constitui-se como uma medida essencial, sendo
que, a qualidade da água bem como os nutrientes por ela veiculados é importante para se
perceber se a sua utilização pode interferir no solo e se definirem as quantidades de nutrientes
a aplicar. A análise química e microbiológica deve ser feita periodicamente. A primeira (análise
química) tem mais importância no que diz respeito ao efeito da água no solo e na cultura.
A segunda (análise microbiológica) condiciona principalmente a qualidade do alimento,
MÓDULO II
principalmente no caso dos legumes consumidos em fresco (Ferreira, 2009).
A amostra de água deve, preferencialmente, ser colhida no cabeçal de rega, após ter
passado os filtros, numa zona do sistema não contaminada por adubos ou corretivos da água.
Deve realizar-se cerca de meia hora após o início da bombagem da água.
No caso de águas superficiais em movimento (rio, canal, etc.), a amostra deve ser colhida
MÓDULO III
onde a corrente seja normal, evitando remoinhos ou zonas de água estagnada. Colher a
amostra a cerca de 30 cm de profundidade e, se possível, no centro da corrente. Colocar o
recipiente no sentido contrário ao da corrente e evitar a entrada de materiais flutuantes.
A colheita das amostras de água deve realizar-se antes de se iniciar a época de rega, embora
se possa efetuar em qualquer época do ano.
Recomenda-se que a periodicidade da colheita das amostras seja de 4 anos, desde que
MÓDULO IV
não haja restrições ao uso da água. Nas zonas vulneráveis a determinação do teor de nitratos
da água deve realizar-se anualmente.
Nos casos em que a amostra apresente valores de alguns parâmetros que excedam os
limites máximos recomendados pela legislação em vigor, a monitorização desses parâmetros
deve ser feita anualmente.
dos solos e das águas superficiais e/ou subterrâneas com nitratos em culturas de regadio. A
escolha do método de rega deve ter em consideração as características do solo, a qualidade
e quantidade de água para rega, as condições climáticas, a cultura e fase do ciclo vegetativo
da mesma requerendo, para tal, um conhecimento profundo do solo (infiltração e retenção) e
dos sistemas de rega a adotar.
fornecida à parcela.
247
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
IV.6.1.3. ROTAÇÕES E CONSOCIAÇÕES
MÓDULO I
Obriga à divisão do terreno em folhas de cultura (afolhamento), em número igual ao dos anos
da rotação, de forma a que em cada ano, todas as culturas da rotação sejam cultivadas. Se
a dimensão das parcelas justificar, pode utilizar-se a rotação em faixas. Na rotação em faixas
pratica-se a consociação de culturas que tem múltiplas vantagens do ponto de vista sanitário,
e pode incluir o sistema de faixas de compensação ecológica que, tal como as bordaduras
e as sebes, se utilizam para aumentar a diversidade e atrair insetos auxiliares. No entanto,
este sistema pode tornar-se mais dispendioso a nível de práticas culturais específicas de cada
MÓDULO II
cultura. Na Figura 3 apresenta-se o esquema de uma rotação com afolhamento e de uma
rotação em faixas (Mourão, 2007).
MÓDULO III
Figura 3 - Rotação com afolhamento (esquerda) e rotação em faixas (direita)
MÓDULO IV
de produtos hortícolas disponíveis, para os quais existem oportunidades de mercado, que
devem ser previamente avaliadas (Ferreira, 2009; Mourão, 2007). Em culturas hortícolas é muito
usual o recurso a rotação em faixas (Figura 4).
MÓDULO V
MÓDULO VI
Numa rotação (Costa, 2016), cada cultura traz efeitos benéficos à cultura seguinte, tendo
como efeito consecutivo uma melhor produção. Em termos de gestão da fertilidade do
solo, há duas fases básicas da rotação. A primeira fase é a fase de armazenamento de azoto
(culturas melhoradoras), com base na utilização de espécies leguminosas. A segunda é a
BIBLIOGRAFIA
fase exploradora. Estas duas fases devem ser equilibradas relativamente à necessidade de
248
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
nutrientes das culturas e à sua disponibilidade. O azoto acumulado no solo durante a primeira
fase (armazenamento de azoto) é disponibilizado para as plantas através da mineralização,
durante a segunda fase. Em agricultura biológica pretende-se, ainda, aumentar o teor de
matéria orgânica do solo de modo a melhorar a sua fertilidade e estrutura. As diferentes
espécies têm, também, diferentes capacidades de extrair os nutrientes do solo, de acordo com
MÓDULO I
as suas necessidades. As leguminosas extraem melhor o fósforo, as crucíferas e as solanáceas
o potássio. Quando do estabelecimento de uma rotação, a quantidade de nutrientes retirada
pela cultura (exportação) deve ser tida em conta, uma vez que irá permitir alternar culturas
com diferentes exigências. Na Tabela 5 pode observar-se a classificação de algumas culturas
quanto à sua exigência em azoto.
MÓDULO II
Muito exigente Exigente Pouco exigente Melhoradora
(>120 kg/ha) (75-120 kg/ha) (<75 kg/ha) (leguminosa)
MÓDULO III
Alho Alho-francês Cerefólio Feijão
MÓDULO IV
Couve-flor Centeio Outras leguminosas
Couve-repolho Cevada
Endívia Chicória
Espargo Escarola
Milho Espinafre
MÓDULO V
Morango Nabo
Tabaco Pepino
Tomate Pimento
MÓDULO VI
Rabanete, rábano
Trigo
outro, quais as pragas e doenças que podem manter-se no solo por mais ou menos tempo.
249
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Geralmente uma doença ou praga ataca diferentes plantas da mesma família botânica e não
de família diferente constituindo, este, um dos critérios que permite colocar as culturas na
rotação na ordem certa, mesmo não conhecendo todas as doenças e pragas a que as culturas
estão sujeitas. No entanto, existem algumas exceções como seja o caso dos nemátodes das
galhas que atacam tomate, pepino e melão (Ferreira, 2009). Na Tabela 6 é indicado o risco de
MÓDULO I
nemátodes, fungos e insetos, consoante a cultura precedente.
MÓDULO II
A A AC C A C AC C A HR A N A AC H
frisada
4. Pepino AC A C AC A C A AC A C A A A C H
5. Beterraba AC A A A AC AC A A A C A A A A D
6. Couves A AC A RC A
7. Feijão C C A AC AC C A C R AC A C H
8. Ervilha A A AC AC AS AC AC AC A AC A A A A
9. Aipo-
MÓDULO III
A A C AC AC AC AC AC C A A A
rábano
10. Cenoura AC A A A A A A A A C A A A A A
11. Alho
A A C A C H
francês
12. Rabanete C A RC A RC RC
13. Alface A A AC C A C A C A HR AC N A AC H
14. Espinafre A HR A A A A A HR AC A A A H
MÓDULO IV
15. Fava A A C A AC AC A A A AC A
16. Cebola A A A A AS A AD A C A A A CA A
17. Endívia AN AC C A N CN A CN AN RN A N CN A AC N
18. Milho A A AD
19. Cereais A HR C
Legenda: Importância e natureza do risco
Verde-escuro : Forte risco de estragos;
MÓDULO V
Verde-claro : estragos eventuais;
Para os parâmetros em questão:
A – Nemátodos;
C – Fungos;
D – Insetos;
H – Efeito residual de herbicida (em período de conversão);
N – Efeito residual do azoto (em período de conversão);
MÓDULO VI
250
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
presente no solo (ex. Rhizoctonia solani, que ataca as culturas de cenoura, beterraba,
endívia, morangueiro, tomateiro e luzerna);
4) Introdução de um adubo verde, que contribui para a melhoria da estrutura do solo, para
MÓDULO I
a limitação de plantas infestantes e para o fornecimento de nutrientes;
5) Um afolhamento deve integrar pelo menos 20% da superfície total com adubo verde ou
prados, que incluam plantas leguminosas;
MÓDULO II
7) Suceder plantas que desenvolvem órgãos diferentes, pois apresentam diferentes
exigências em nutrientes, como as culturas de folhas que são muito exigentes em azoto
(N), as culturas de leguminosas em fósforo (P), as culturas de raízes em potássio (K) e as
bolbosas em K e enxofre (S).
Na Tabela 7 são indicadas para várias culturas agrupadas por famílias, as culturas precedentes
a evitar e as precedentes favoráveis.
MÓDULO III
Família/Cultura Precedente favorável Precedente a evitar Observação
Compostas: Alho, alho-francês, batata, Alface, beterraba, couve,
Alface, alcachofa cebola nabo, rábano
MÓDULO IV
Melão pepino aconselhável
Gramíneas:
feijão
251
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
As consociações ou associações de culturas, são sistemas de policultura em que duas ou
mais espécies de plantas estão suficientemente próximas para que haja uma competição ou
complementaridade entre elas (Figura 5).
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 5 - Consociação funcho rúcula
Fonte: André Oliveira
Estas interações podem ter efeitos negativos (inibidores) ou positivos (estimulantes). Numa
consociação positiva verifica-se um melhor combate às pragas (insetos e ácaros), menos ervas
infestantes devido ao sombreamento ou alelopatia e uma melhor utilização dos nutrientes do
solo com possibilidade de aumento da produtividade (Ferreira, 2009). Algumas consociações
MÓDULO IV
positivas podem deixar de o ser em presença de uma praga que ataque ambas as culturas (ex.
milho+batata – ambas as culturas são atacadas por alfinetes - Agriotes spp).
nesta técnica:
252
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Família botânica Espécies (nome vulgar)
Ervilha forrageira, ervilhaca, luzerna, serradela, tremocilha, tremoço branco, fava e trevo
Leguminosas
(subterrâneo, branco, encarnado e violeta)
Gramíneas Aveia, azevém anual, bromus, centeio, cevada, panasco, sorgo e trigo sarraceno
MÓDULO I
Crucíferas Colza forrageira, couve forrageira, mostarda e rábano forrageiro
Tabela 8 - Famílias botânicas e principais espécies utilizadas na técnica de adubação verde
Para além da fixação biológica do azoto, a adubação verde apresenta outras vantagens
(Ferreira, 2021b; Mourão, 2007):
MÓDULO II
aumenta a penetração da água, diminui o impacto das gotas de chuva e fixa o solo
através das raízes;
MÓDULO III
iii) Aumento da disponibilidade de fósforo, que se encontrava em formas não solúveis
no solo, nomeadamente através da acidificação que ocorre devido aos exsudados
radiculares e à decomposição do adubo verde;
MÓDULO IV
de retenção de água, do crescimento das raízes e da absorção de nutrientes;
vi) Produção de matéria orgânica para o solo (fotossíntese pela planta e humificação pelos
organismos decompositores do solo);
vii) Aumento da atividade biológica do solo quando da incorporação do adubo verde; MÓDULO V
viii) Desinfeção parcial do solo devido ao desenvolvimento de microrganismos
decompositores e antagonistas de doenças;
solo e clima. O rizóbio existe naturalmente no solo, mas com uma distribuição heterogénea
253
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
variável com diversas condições (humidade e presença ou ausência de minerais – fósforo,
potássio, cálcio…) assim como, com o cultivo, anterior, de leguminosas pelo que pode ser
necessário proceder à inoculação das sementes com determinada estirpe de rizóbio. A
capacidade de fixação de azoto por hectare varia de espécie para espécie de leguminosa
sendo, por exemplo, de 177-250 kg/ha/ano para a fava e de 2-215 kg/ha/ano para o feijão
MÓDULO I
comum, (Ferreira, 2021b).
a) Época de realização de acordo com as caraterísticas das plantas que se vão utilizar e
evitando os períodos de maior risco de erosão;
b) A inoculação das sementes com o Rhizobium específico, caso seja a primeira vez que
MÓDULO II
a leguminosa entra no terreno, misturando-se as sementes com o inóculo adquirido
comercialmente;
MÓDULO III
f) Semear e manter a humidade no solo necessária à germinação das sementes;
MÓDULO IV
A B
MÓDULO V
Figura 6 - Faveira em plena floração (A). Destroçamento com destroçador de correntes (B)
Fonte: Rosa Guilherme
254
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
i) Semear ou plantar 3-4 semanas após a incorporação.
MÓDULO I
quatro semanas após efetuar uma escarificação a 10 cm de profundidade. Ter em atenção que,
em culturas anuais, o adubo verde é um precedente cultural da cultura principal pelo que, de
forma geral, o procedimento descrito deve ser realizado cerca de um mês antes da sementeira
ou plantação da cultura que se pretende beneficiar.
MÓDULO II
A cobertura do solo pode ser feita com materiais vivos (culturas de cobertura) ou com
recurso a materiais não vivos de origem vegetal (palha, ervas secas, casca de árvores, engaço
de uva, entre outros) ou de origem sintética (plástico; telas têxteis). Na Tabela 9 enumeram-se
as vantagens e os inconvenientes da cobertura do solo.
MÓDULO III
Diminuição da evaporação de água
Fornecimento de nutrientes à cultura
MÓDULO IV
Maior facilidade de circulação de máquinas
Aumento do risco de geada
Maior possibilidade e propagação de doenças ao nível do solo
Inconvenientes da
Aumento da população de ratos
cobertura do solo
Custo do material a aplicar
Exigência em mão de obra na colocação do material
MÓDULO V
Tabela 9 - Vantagens e os inconvenientes da cobertura do solo
Leguminosas (Fabaceas), as culturas mais utilizadas incluem o trigo sarraceno, aveia, azevém
anual, colza e rábano forrageiro podendo ser usadas em consociação ou em cultura estreme.
O solo pode ficar coberto todo o ano ou apenas num determinado período destacando-se
como benefícios:
cobertura protege o solo do vento e as suas raízes contribuem para a fixação do solo.
255
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Eliminação de infestantes – o enrelvamento presente na parcela durante uma grande
parte ou todo o ano pode eliminar o aparecimento de infestantes anuais ou perenes. De
entre as gramíneas, o azevém anual apresenta propriedades alelopáticas1 que previnem a
germinação de sementes de outras espécies e o aparecimento de plântulas em toda a zona
do seu sistema radicular.
MÓDULO I
Fixação de azoto – as leguminosas promovem a fixação do azoto atmosférico favorecida
pela relação simbiótica com diferentes estirpes de Rhizobium.
MÓDULO II
Redução de pragas – o enrelvamento facilita o desenvolvimento de insetos auxiliares
contribuindo, muitas vezes, para minimizar ou eliminar a necessidade de utilizar outros meios de luta.
O enrelvamento permite, também, manter ou aumentar a matéria orgânica do solo o que
promove a agregação do solo, a disponibilidade de nutrientes e a capacidade de retenção de
água. Na Figura 8 podem ser observadas as principais caraterísticas das culturas de cobertura.
MÓDULO III
Características Gerais das Culturas de Cobertura
MÓDULO IV
• Capacidade de crescer em solos pobres em nutrientes
Figura 8 - principais caraterísticas das culturas de cobertura
A composição e durabilidade dos materiais utilizados são muito variáveis existindo várias
opções inorgânicas e orgânicas.
MÓDULO V
substituídos frequentemente. Por outro lado, não contribuem para melhorar a estrutura
do solo, disponibilizar matéria orgânica nem fornecer nutrientes. Por estas razões, muitos
produtores biológicos preferem utilizar materiais de cobertura orgânicos.
1 Alelopatia - capacidade de as plantas produzirem substâncias químicas que, libertadas no ambiente de outras,
BIBLIOGRAFIA
256
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
filmes plásticos na agricultura (Figura 9), principalmente os de polietileno de baixa
densidade, devido ao seu baixo custo, fácil manuseamento e propriedades elásticas.
Como benefícios na sua utilização assinalam-se o aumento da temperatura e da
conservação da humidade no solo, o aumento da precocidade e produtividade da
cultura, a redução das infestantes, algumas pragas e doenças, a utilização mais eficiente
MÓDULO I
de água e nutrientes no solo, a menor compactação do solo e a maior limpeza dos
frutos e hortaliças.
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 9 -Cobertura do solo com filmes de
plástico preto
MÓDULO IV
filmes plásticos biodegradáveis minimizando os custos de remoção e eliminação. Os
filmes de plástico preto apresentam um melhor efeito contra as plantas infestantes, em
comparação com os filmes transparentes, pela redução da radiação solar transmitida e
inibição da germinação.
ii) Tela têxtil, a sua utilização na cobertura dos camalhões de diversas culturas hortícolas
e permanentes é uma boa alternativa aos filmes plásticos não biodegradáveis uma
MÓDULO V
vez que apresenta uma durabilidade média de 7 anos (Figura 10). Entre as principais
vantagens na sua utilização considera-se o aumento da permeabilidade, a conservação
da humidade do solo e a diminuição da erosão. Entre as desvantagens apontam-se a
remoção e a eliminação/reciclagem.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
257
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
iii) Papel ou cartão, sem tintas pode ser utilizado na cobertura do solo em faixas, não
apresentando qualquer problema de poluição ambiental. As principais vantagens desta
técnica são a sua abundante disponibilidade e rápida biodegrabilidade. As desvantagens
prendem-se com a suscetibilidade ao vento e à chuva, assim como o risco de incêndio.
MÓDULO I
iv) Cobertura vegetal, consiste no revestimento do solo com palhas de cereais sem sementes
(empalhamento/“mulching2”) ou outros resíduos vegetais como plantas infestantes
cortadas e deixados à superfície do solo, resíduos das culturas, fetos, bagaços, matos,
cascas, aparas de madeira ou folhas e ramos de árvores (Figura 11). As vantagens da
cobertura vegetal/empalhamento são a limitação do desenvolvimento das infestantes
pela obstrução à entrada de luz, o aumento da fertilidade e permeabilidade do solo,
o aumento da incorporação de matéria orgânica e da biodiversidade, a diminuição da
MÓDULO II
erosão e perdas de água por evaporação do solo e a estabilização da temperatura do
solo.
MÓDULO III
Figura 11 - Exemplo de uma cobertura
vegetal | Fonte: André Oliveira
MÓDULO IV
As limitações da cobertura vegetal/empalhamento são a retenção de grandes quantidades
de água no solo (onde o aumento da humidade contribui para o aparecimento de doenças)
e a maior exigência de mão-de-obra na colocação do material e transporte, caso não seja
produzido localmente. Algumas espécies vegetais podem ser produzidas especificamente
para empalhamento, nomeadamente o centeio (Secale cereale), o trigo mourisco ou sarraceno
(Fagopyrum esculentum), o sorgo (Sorghum bicolor subsp. bicolor) e o trevo-branco (Trifolium
repens), pelo seu rápido crescimento e elevada produção de biomassa. O centeio é resistente
MÓDULO V
ao frio e os seus resíduos produzem grande quantidade de substâncias com efeito alelopático
que quando deixados à superfície do solo são lixiviadas e impedem a germinação de algumas
sementes.
designar plantas que se desenvolvem em locais onde não são desejadas. Lampkin (1990)
define infestante como qualquer planta que está adaptada ao habitat alterado pelo homem
e que interfere negativamente na sua atividade. As plantas infestantes apresentam-se como
um dos maiores problemas para qualquer agricultor. Ao competirem com as culturas por
água, nutrientes e luz as infestantes podem dar origem a perdas quantitativas e qualitativas na
produção (Figura 12).
2 Mulching” na língua inglesa. Camada protetora de um material orgânico ou inorgânico que é colocado à
BIBLIOGRAFIA
superfície do solo.
258
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 12 - Infestantes em culturas hortícolas | Fonte: Rosa Guilherme
MÓDULO III
um elevado número de sementes; tendem a associar-se a culturas com ciclos semelhantes e
apresentam capacidade de ocupar locais perturbados pela atividade humana.
Para o controlo das infestantes em AB, não é permitido o recurso a herbicidas sintéticos
sendo as infestantes controladas por outros métodos, na maioria das vezes, de forma
associada e que envolvem mão de obra, operações mecânicas ou outras de custos elevados.
A minimização dos danos causados pelas infestantes é conseguida, fundamentalmente,
recorrendo a métodos culturais, físicos e mecânicos, onde a eliminação das infestantes é feita
MÓDULO IV
através do arranque/corte ou mobilização do solo.
MÓDULO V
relativamente ao seu ciclo de vida e ao modo como se propagam. As anuais, de primavera-
verão ou de outono-inverno, são plantas herbáceas que germinam, desenvolvem, florescem
e frutificam num período inferior a um ano, reproduzindo-se exclusivamente por semente.
As bianuais, são plantas herbáceas que vivem mais de um ano e menos de dois, florescem e
produzem semente uma única vez. Durante o primeiro ano acumulam reservas, quase sempre
em raízes tuberosas e no segundo ciclo de desenvolvimento tem lugar a inflorescência e a
produção de sementes. As plantas plurianuais são plantas herbáceas ou lenhosas com um
MÓDULO VI
ciclo de vida superior a dois anos distinguindo-se dois grupos, as plantas vivazes que se
desenvolvem devido à presença de um órgão subterrâneo capaz de acumular substâncias
de reserva e regenerá-los indefinidamente (rizomas, tubérculos, bolbos, bolbilhos, raízes e
estolhos) e as plantas perenes, plantas herbáceas ou lenhosas, que mostram sempre órgãos
aéreos, podendo renová-los ativamente.
Vistas, na maioria das vezes, como um grande problema as infestantes podem, também,
BIBLIOGRAFIA
259
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
modificando o meio e estabelecem relações múltiplas com outros organismos vivos e com o
solo.
MÓDULO I
bem como, ajudar a controlar a erosão e a aumentar a capacidade de retenção de água no solo.
Algumas espécies podem servir de alimento para os animais, servir como atrativo para aves e
insetos úteis, ser utilizadas na extração de óleos e substâncias medicinais, servir de adubo verde
e ser utilizadas para compostagem (sem as sementes). Por sua vez, as leguminosas apresentam
capacidade de fixar o azoto atmosférico. As infestantes podem, ainda, fornecer indicações
acerca da natureza, estrutura e composição química dos solos (Tabela 10); ser hospedeiras
alternativas de pragas e doenças e constituírem um depósito de genes contribuindo para a
MÓDULO II
manutenção da biodiversidade.
MÓDULO III
Ranúnculo Ranunculus spp.
MÓDULO IV
Solo argiloso a franco-argiloso,
Erva-bonita Epilobium tetragonum
alcalino, compacto
MÓDULO V
Espargueta ou erva-aranha Spergula arvensis
Violetas (várias espécies) Viola spp.
260
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Nome vulgar da planta Nome científico Características do solo
MÓDULO I
Solo húmido, ácido e rico em
Feto Pteridium aquilinum
potássio
MÓDULO II
Erva-moira Solanum nigrum
Solo rico em azoto (nítrico)
Morugem-branca Stellaria media
Consolda-maior Symphytum officinale
Urtiga Urtica spp.
Verónica-da-Pérsia Veronica persica
Leguminosas de diversas
Trifolium spp., Medicago spp Solo pobre em azoto
espécies conforme o pH do solo
MÓDULO III
Solo esgotado, com fraco
Tasneirinha Senecio vulgaris
crescimento (até 10 cm)
Tabela 10 - Plantas indicadoras da fertilidade do solo | Fonte: Ferreira, 2009 (Adaptado)
MÓDULO IV
a utilização de telas para cobertura do solo; o empalhamento ou “mulching”; o recurso a
fertilizações azotadas de forma moderada; o ajuste das condições do solo (pH, drenagem,
entre outros) e a transplantação de plântulas de viveiro.
Revela-se importante numa fase inicial, identificar as espécies de infestantes com maior
incidência e avaliar os danos que estas podem causar de forma a relacionar a presença dessas
espécies com as práticas culturais e as características dos terrenos da exploração, para que
MÓDULO V
possam ser implementadas as medidas preventivas adequadas. Sugere-se um conjunto
de estratégias de proteção contra as infestantes que contemplem métodos preventivos
intervenção indireta e de intervenção direta (Tabela 11).
Monda térmica
micro-ondas e vapor.
Intervenção Direta
Inundação Em particular na cultura do arroz.
Monda biológica Recurso à utilização de organismos vivos.
Recurso à utilização de herbicidas e outros produtos
Monda química
fitofarmacêuticos.
Intervenção
Cobertura do solo “Mulching” Utilização de resíduos vegetais, orgânicos e plásticos.
BIBLIOGRAFIA
Indireta
261
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Utilização de diversas técnicas tanto em culturas
Técnicas culturais extensivas como intensivas (variedades, data de
sementeira/plantação, compasso, falsa sementeira).
Desinfeção do solo antes da sementeira/plantação.
Solarização
Muito utilizado em culturas hortícolas (estufa/ar livre).
MÓDULO I
Intervenção
Indireta Diferentes datas de plantação/sementeira e colheita
Rotação de culturas proporcionam a prevenção do estabelecimento e da
produção de sementes das infestantes.
Processo que envolve efeitos benéficos ou adversos,
Alelopatia diretos, indiretos ou ambos de uma planta sobre
outra.
Tabela 11 - Métodos preventivos intervenção indireta e de intervenção direta no controlo de infestantes | Fonte: Serrano, 2003
MÓDULO II
Os métodos de intervenção direta só deverão ser adotados quando as medidas preventivas
não são suficientes para um controlo eficaz das infestantes podendo recorrer-se a diversas
ferramentas e alfaias: enxadas, sachos, barras de corte, motocultivadores, mondador térmico,
multifresa, sachador de estrelas, vibrocultor, grade de dentes flexíveis, sachador de escovas,
entre outros. Por sua vez, a monda manual “arranque à mão” (Figura 13) é por vezes muito
útil no controlo de infestantes na linha das culturas, sendo uma operação que normalmente
é efetuada quando as plantas ainda são jovens, antes de atingirem a floração e a frutificação,
MÓDULO III
evitando a sua multiplicação por via seminal. Esta técnica realizada em boas condições de
humidade do solo, facilita a retirada das plantas infestantes jovens.
MÓDULO IV
Figura 13 - Monda manual | Fonte: Rosa Guilherme
A monda térmica recorre à utilização de fogo (Figura 14), água quente, vapor ou
congelamento, de modo a provocar a rutura dos vasos condutores das paredes celulares.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
262
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
As condições que contribuem para a eficácia deste método são, entre outras, uma distância
entre linhas de 20 cm, a presença de um solo com poucos torrões e pedras, a sua execução ser
feita sem vento e quando a superfície das plantas estiver seca.
MÓDULO I
sistema de produção integrada: equilíbrio entre as culturas e as plantas infestantes. Uma
abordagem integrada de gestão de infestantes combina o uso de métodos complementares,
sejam eles culturais, biológicos, mecânicos ou químicos (http://www.fao.org/agriculture).
MÓDULO II
b) Contribuam para remover ou reduzir o crescimento das infestantes nos estágios iniciais
críticos do desenvolvimento da cultura;
A monda biológica, recorre ao uso de organismos vivos para combater a problemática das
MÓDULO III
infestantes. Em teoria, todos os herbívoros podem sem considerados agentes biológicos de
controlo. Um espectro mais alargado poderá incluir vírus e bactérias.
Atualmente ainda existem muitas questões em aberto e poucos estudos sobre como
implementar um sistema eficaz de controlo biológico de infestantes.
Contudo, vários estudos referem o uso de galinhas da Índia para eliminação de infestantes
em estufas de tomate, salientando que estas, ao contrário das galinhas domésticas, alimentam-
MÓDULO IV
se também de insetos que se encontram nas plantas sem danificarem os frutos. Um exemplo
prático da aplicação de monda biológica, consiste na colocação, antes da plantação ou
sementeira, de estruturas tipo túnel por onde circulam galinhas, nas entrelinhas das culturas
(Figura 15). Estas alimentam-se das sementes e plantas infestantes contribuindo para o seu
controlo e fertilização do solo, o mesmo acontece nos pomares e vinhas, mas com utilização
de ovelhas nas entrelinhas, obtendo o mesmo efeito de controlo das infestantes.
MÓDULO V
MÓDULO VI
A monda mecânica, consiste numa mobilização do solo através das operações de lavoura
BIBLIOGRAFIA
263
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
fresagem ou mobilização com cavadora simples montada num motocultivador e também trator.
A maioria das ferramentas e alfaias utilizadas está constantemente a ser inovada, existindo
atualmente mondadores automáticos capazes de fazer a distinção entre planta infestante e
cultura.
MÓDULO I
Para as plantas infestantes vivazes devem utilizar-se alfaias de dentes, que tragam os órgãos
subterrâneos para a superfície sem serem fragmentados, para não provocar a sua propagação.
A falsa sementeira, consiste numa preparação do solo para a sementeira, seguida de rega, de
modo a estimular o desenvolvimento das infestantes e o seu crescimento durante pelo menos,
2 semanas após o que são eliminadas ou destruídas por uma sacha mecânica, queimadas ou
deixadas a secar (na ausência de precipitação), antes da sementeira ou plantação da cultura
MÓDULO II
principal. A técnica da falsa sementeira é a mais apropriada para reduzir o banco de sementes
do solo. O objetivo é preparar a cama de sementeira na altura certa: na primavera, logo que
possível, mas sem destruir a estrutura do solo, ou no outono, logo após a colheita da cultura
anterior.
MÓDULO III
culturais combinadas podem reduzir a biomassa infestante em 90 % enquanto isoladamente
apenas reduzem 5 a 10 %.
Para cada cultura existem variedades que têm maior competitividade contra as infestantes
por apresentarem características particulares. São disso exemplo plantas com folhas
mais largas, altas e com maior produção a data ótima de plantação varia de ano para ano
consoante a meteorologia e as condições do solo. Em alguns casos é preferível adiantar de
modo a um rápido estabelecimento da cultura. Noutros, é preferível atrasar com o objetivo de
MÓDULO IV
primeiramente controlar as infestantes e beneficiar a cultura principal com temperaturas mais
quentes. É recomendado plantações sucessivas com apenas duas a três semanas de intervalo
durante um período de 3 anos, isto, contribui para um controlo efetivo de muitas infestantes
perenes.
A solarização do solo (Figura 16) é um método não químico, não tóxico, não poluente e
eficiente, no controlo de pragas, doenças, agentes patogénicos e infestantes das culturas
agrícolas, através da desinfeção do solo. É um método que se baseia no aquecimento do solo
pela energia solar, onde a sua penetração é realizada através de um filme plástico transparente,
MÓDULO VI
bastante fino, que se coloca à superfície do solo previamente humedecida, durante os meses
mais quentes do ano. O plástico irá aumentar a temperatura do solo para níveis letais ou
subletais, destruindo a propagação de agentes patogénicos e infestantes.
264
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 16 - Solarização do solo | Fonte: Rosa Guilherme
Antes da colocação do plástico, a parcela solarizada deve ser regada até à capacidade de
campo de modo a permitir a condução do calor em profundidade através da água. O plástico
permite capturar a radiação solar no solo, e aquecer os primeiros 30 – 45 cm de profundidade,
podendo atingir temperaturas de valores até 55 ºC, eliminando ou reduzindo eficazmente o
número de fungos, nemátodos, bactérias e infestantes nocivos para as culturas.
MÓDULO III
A solarização não produz resíduos químicos e melhora a estrutura do solo através do
aumento de azoto e outros nutrientes essenciais necessários para o crescimento das culturas
e controla uma vasta gama de organismos indesejados. O efeito do aquecimento do solo
não é tão efetivo em dias nublados e ventosos, podendo dispersar o calor retido e danificar o
plástico.
MÓDULO IV
As bolsas de ar entre o plástico e o solo podem reduzir o aquecimento do solo e promover
a perda do plástico em dias com vento. A solarização pode ser efetuada em áreas planas ou
em canteiros. Em áreas planas, este método é mais fácil de aplicar (por exemplo antes da
instalação de relvados).
MÓDULO V
Em geral, durante a época mais quente do ano, 4 a 6 semanas de solarização são suficientes
para controlar os organismos indesejáveis. Em algumas situações, como em locais frios,
ventosos ou enublados, ou caso existam nos solo organismos de difícil controlo, pode ser
necessário manter o plástico no solo durante 6 a 8 semanas. Por outro lado, em condições
de temperaturas elevadas persistentes, algumas pragas podem ser controladas em períodos
de solarização mais curtos. O objetivo é manter sempre uma temperatura máxima diária, nos
primeiros 15 cm de solo, entre 42 a 50 ºC.
MÓDULO VI
265
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Fumaria officinalis, Lolium spp., Malva spp., Medicago spp., Mercurialis annua, Picris echioides,
Poa annua, Polygonum aviculare, Portulaca oleraceae, Raphanus raphanistrum, Rumex spp.,
Senecio vulgaris, Setaria spp., Solanum nigrum, Sonchus tenerrimus, Stellaria media, Urtica
spp.
MÓDULO I
Fungos e bactérias do solo incluindo os responsáveis pela Verticillium spp., Fusarium spp.,
Phytophthora spp., Plasmodiophara brassicae, Pythium ultimum, Sclerotinia spp, Pyrenochaeta
terrestres, Pyrenochaeta lycopersici, Rhyzoctonia solani e muitas outras. Alguns fungos e
bactérias toleram a solarização e, por isso, são mais difíceis de controlar.
MÓDULO II
relativamente móveis e podem recolonizar rapidamente o solo e as raízes das plantas. O
controlo de nemátodos é maior nos primeiros 30 cm de solo. Os nemátodos que habitam em
zonas mais profundas do solo podem sobreviver e danificar plantas com sistemas radiculares
mais profundos.
Bactérias e artrópodes - Alguns estudos têm sido realizados no que respeita à eficiência
da solarização no combate de bactérias e artrópodes. Assim, foi verificado um efeito positivo
MÓDULO III
contra a bactérias Agrobacterium tumefaciens e alguns artrópodes que habitam o solo.
MÓDULO IV
crescimento de plantas - BPCP) e microrganismos com atividade antagonista – colonizam
de imediato as raízes e a rizosfera das plantas em solos solarizados, permanecendo lá em
níveis mais elevados do que em solos não solarizados. O aumento das populações desses
organismos benéficos pode tornar os solos solarizados mais resistentes que os solos não
solarizados ou fumigados. As minhocas geralmente deslocam-se para zonas mais profundas
para assim escapar ao calor.
Em solos solarizados, as plantas geralmente crescem mais rápido, as produções são maiores
e com mais qualidade. Isto pode ser atribuído a um melhor controlo de doenças e infestantes,
ao aumento de nutrientes solúveis e à presença significativa de microrganismos benéficos. A
MÓDULO VI
As infestantes são agentes dinâmicos nos ecossistemas. Os métodos a utilizar devem ter em
conta, a conservação do solo (proteção contra a erosão), a gestão do teor de matéria orgânica
BIBLIOGRAFIA
266
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 17 - Principais métodos para o controlo das infestantes em AB | Fonte: Coutinho, 2016 (Adaptado)
MÓDULO IV
Em Agricultura Biológica, tendo em conta que:
1) Os custos do controlo das infestantes e os efeitos sobre os rendimentos são muito
variáveis, dependendo do agricultor, das espécies de plantas infestantes e da estratégia
ou estratégias adotadas para garantir a eficácia do controlo;
2) A redução da produtividade é a principal causa dos altos preços a que vulgarmente os
produtos biológicos são comercializados;
3) As infestantes são a maior ameaça e representam um enorme peso na decisão de MÓDULO V
conversão para AB.
IV.6.1.7. COMPOSTAGEM
267
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Os resíduos são armazenados em pilhas ou amontoados – a pilha de compostagem. As
pilhas de compostagem envolvem o empilhamento de matérias-primas em pilhas que são
viradas regularmente com um carregador frontal, balde carregador ou equipamento especial.
As pilhas podem ser construídas no campo (Figura 18), onde será usado o composto,
MÓDULO I
ou num local construído para o efeito (Figura 19). O reviramento frequente do material com
equipamento especializado, areja o composto. A temperatura da pilha deve ser controlada
para evitar problemas de odor e assegurar que os materiais estão a ser compostados.
MÓDULO II
Figura 18 - Pilha de resíduos agrícolas
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 19 -Compostagem na exploração | Fonte: André Oliveira
materiais);
268
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
iv) Relação Carbono/Azoto (C:N) adequada - Os materiais orgânicos são constituídos
por quantidades substanciais de carbono (C) combinado com quantidades menores
de azoto (N). O equilíbrio entre estes dois nutrientes chama-se a relação carbono-
azoto (C:N). Como já referido anteriormente, o processo de compostagem requer a
proporção adequada de carbono para a energia e azoto para a produção de proteína.
MÓDULO I
Se a relação (C:N) é demasiado alta atrasa a decomposição (excesso de carbono) e se
a relação (C: N) é muito baixa (excesso de azoto) a pilha de compostagem vai acabar
com mau odor. É ainda de referir que os materiais orgânicos têm índices diferentes de
(C: N) – “materiais castanhos” contêm grandes quantidades de carbono e os “materiais
verdes” contêm quantidades elevadas de azoto (Tabela 12).
Material (ordem
MÓDULO II
Tratamento
decrescente de Relação C/N Decomposição Restrições de uso
prévio
C/N)
Tintas com metais
Cartão 200-500 Rápida Triturar
pesados
Madeira sem
Serradura de
230 Lenta tratamento
pinho
químico
MÓDULO III
Serradura de faia 100 Lenta Idem
Cascas de árvores 100-150 Média Triturar Idem
Lenha verde de
100-150 Média Triturar
poda
Palha de trigo 100 Média Triturar grosseiro
Palha de cevada 100 Média Idem
MÓDULO IV
Palha de centeio 60 Média Idem
Palha de aveia 60 Média Idem
Palha de
40-50 Rápida Idem
leguminosas
Folhas de árvores 30-60 Rápida
Exclusivamente
resíduos vegetais
MÓDULO V
e animais
separados
Resíduos sólidos
30-40 Media Triturar na origem e
domésticos
produzidos
num sistema de
recolha fechado e
controlado
Estrume de cavalo
30-60 Média
com palha
MÓDULO VI
269
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Material (ordem
Tratamento
decrescente de Relação C/N Decomposição Restrições de uso
prévio
C/N)
Restos de
13 Rápida
hortícolas frescos
MÓDULO I
Estrume de
Estrume de
10 Rápida pecuária sem
galinha
terra proibido
Estrume de
Chorume (urina +
8-13 Rápida pecuária sem
fezes) de bovino
terra proibido
Bagaço de rícino 8 Rápida
MÓDULO II
Estrume de
Chorume (urina +
5-7 Rápida pecuária sem
fezes) de porco
terra proibido
Farinha de penas Origem em
de galinhas ou 5 Rápida animais doentes
frangos proibido
Origem em
MÓDULO III
Farinha de sangue 5 Rápida animais doentes
proibido
Origem em
Farinha de carne 5 Rápida animais doentes
proibido
Origem em
Farinha de osso 4 Rápida animais doentes
proibido
MÓDULO IV
Tabela 12 - Relação C/N de material que pode ser utilizado na pilha de compostagem | Fonte: Adaptado de Ferreira, (coord.) et al., 2009
O primeiro passo na produção de composto de alta qualidade para a agricultura biológica MÓDULO V
é identificar a fonte de todas as matérias-primas usadas para fazer o composto. Isso ajudará
a garantir a utilização de materiais vegetais e animais admissíveis, que os materiais não estão
contaminados com substâncias ou materiais proibidos, e que os materiais são misturados em
quantidades adequadas ao sistema de compostagem.
Nem todos os materiais orgânicos são adequados para compostagem Por exemplo, o
MÓDULO VI
1) Usar uma variedade de fontes de nutrientes, para evitar que excedam as necessidades
BIBLIOGRAFIA
das culturas;
270
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
2) Realizar análise de solo para controlar os níveis de nutrientes do solo;
MÓDULO I
azoto e fósforo, esta prática ajuda a evitar o excesso de aplicação e os custos associados
(custo do composto, custos ambientais);
6) A pilha de compostagem não deve ficar exposta diretamente ao sol ou ao vento, para
que não seque, nem à chuva, para não ficar sujeita à lixiviação de nutrientes, e nem
MÓDULO II
próximo de águas superficiais, para não contaminar as mesmas;
7) A pilha de compostagem deve ficar em local não muito declivoso até 5%, para
facilitar a sua preparação e maneio da pilha de composto. Deve ser evitado locais,
suscetíveis a encharcamentos. O composto pode ser feito em chão batido com uma
boa impermeabilização e drenagem de modo que a água possa escorrer e infiltrar-se
no solo quando chover. Evitar ao máximo superfícies de mosaicos ou de cimento;
MÓDULO III
8) Um local levemente ensombrado e com cortinas contra o vento é conveniente para não
deixar secar demasiado a pilha;
9) O local escolhido para a compostagem deve ser próximo daquele em que o composto irá
ser utilizado. Poderá ser necessário ter água para humedecer a pilha convenientemente
caso a percentagem de humidade da pilha seja inferior a 40 %;
MÓDULO IV
10) As pilhas devem ser cobertas preferencialmente com um filme de fibras de polipropileno
(tipo Geotêxtil da Toptex) que permite a entrada de ar, mas não de água, porque os
filmes de polietileno não permitem as trocas gasosas e podem resultar em excesso de
humidade nas pilhas.
271
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Pretende-se limitar ao máximo a aplicação de produtos fitofarmacêuticos autorizados e
recorrer de forma racional, programada e, principalmente, preventiva a todos os meios de
luta disponíveis.
Sempre que não seja possível proteger adequadamente as plantas das pragas e doenças
MÓDULO I
através de medidas preventivas, podem ser utilizados apenas os produtos referidos no Anexo
II do Regulamento (CE) n.º 889/2008 e que se encontrem homologados em Portugal. Ter em
atenção que um produto fitofarmacêutico é homologado para uma dada finalidade (cultura/
inimigo) e só deverá ser utilizado para este fim; no Anexo I do mesmo Regulamento, encontra-
se a listagem de produtos fitofarmacêuticos autorizados. Na página eletrónica da DGAV, em
https://sifito.dgav.pt/Account/Login?ReturnUrl=%2F, podem ser consultados os produtos
fitofarmacêuticos homologados em Portugal para a produção biológica. Em agricultura
MÓDULO II
biológica, está ainda prevista a possibilidade de serem utilizadas substâncias de base,
definidas nos termos do Regulamento (CE) n.º 1107/2009 como substâncias úteis na proteção
fitossanitária, mas que não são predominantemente utilizadas para esse efeito (https://www.
dgadr.gov.pt/images/docs/val/mpb/lista_substancias_base_AB.pdf).
MÓDULO III
Integrada desta coleção.
MÓDULO IV
praga ou doença
• Físicos – utilização de equipamentos ou outros métodos físicos de controlo de pragas (mobilização do
solo, queima, armadilhas, etc)
• Biológicos – utilização de inimigos naturais das pragas (auxiliares) – insetos benéficos, organismos
que causam doenças a insetos ou antagonistas de agentes patogénicos – e promoção do seu
desenvolvimento natural (luta biológica clássica, largadas inundativas ou aumentativas e limitação natural
ou conservação)
• Biotécnicos – utilização de mecanismos fisiológicos dos insetos ou seus comportamentos, que irão afetar
MÓDULO V
negativamente a sua sobrevivência
• Químicos – utilização de produtos fitofarmacêuticos provenientes de compostos naturais
Fonte: Amaro, 2016 (Adaptado)
I – Meios culturais
As práticas culturais como meio de proteção das plantas contra pragas, doenças e
infestantes constituem o processo mais antigo de combater estes inimigos. São muitas as
MÓDULO VI
272
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Rega (as técnicas de rega utilizadas podem promover a disseminação de doenças)
Densidade, compasso de plantação e desfolha (promover o arejamento e a entrada de
Medidas culturais luz)
indiretas Instalação de infraestruturas ecológicas, como sebes vivas e faixas de compensação,
para preservação dos inimigos naturais e colocação de ninhos artificiais para aves
MÓDULO I
insectívoras.
Eliminação de focos de doenças e pragas
Eliminação de infestantes / adventícias (monda manual, monda mecânica, monda
térmica)
Destruição de restos de culturas infetadas
MÓDULO II
Sementeira / plantação de plantas armadilha
Solarização
Biofumigação
Tratamentos com produtos fitofarmacêuticos autorizados em agricultura biológica
II – Meios biológicos
MÓDULO III
referidas e favorecendo o desenvolvimento dos auxiliares contra as pragas e doenças.
MÓDULO IV
limitação natural de pragas. Insetos e ácaros fazem parte do grupo dos artrópodes auxiliares,
que constituem parte da fauna auxiliar, sendo agrupados em parasitoides3 e predadores4
(Tabela 13)
Fauna auxiliar (Invertebrados)
Predadores Parasitoides
• Tabela 13livre
Têm vida - Fauna auxiliar
em todos invertebrada:
os estádios do seu principais caraterísticas
• Insetos de predadores
de tamanho e parasitoides
muito reduzido, inferior ao
desenvolvimento. dos hospedeiros.
• Dimensões relativamente elevadas, por vezes
maiores que os insetos e ácaros que lhes servem
• Reproduzem-se normalmente à custa de um só
inseto parasitado, ao qual provocam a morte.
MÓDULO V
de alimento. • Muito especializados, parasitando apenas uma
Fonte: Coutinho, 2007 (Adaptado)
• Têm necessidade de consumir um grande espécie ou grupo de espécies bem definidos.
número de presas. • Inúmeras espécies de Himenópteros – parasitas
• A maioria são insetos e ácaros polífagos de afídeos, de cochonilhas, de ovos de
(determinadas preferências alimentares). lepidópteros – e de Dípteros Taquinídeos –
Na Figura 20 podem observar-se as principais ordens e famílias de artrópodes auxiliares:
moscas parasitas de larvas de lepidópteros, de
• Diversas ordens, famílias e géneros: Ácaros,
MÓDULO VI
3 Parasitoide, organismo que vive, total ou parcialmente, dentro (endoparasitóide) ou fora (ectoparasitóide)
do organismo hospedeiro e causa a sua morte no final do seu desenvolvimento; em adultos têm vida livre e
alimentam-se de substâncias açucaradas ou têm hábitos predadores.
4 Predador, organismo que captura a presa e a mata para se alimentar de imediato; as larvas ou ninfas são muito
BIBLIOGRAFIA
móveis e os adultos podem ter hábitos alimentares semelhantes ou alimentar-se de pólen e néctar.
273
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Na Figura 20 podem observar-se as principais ordens e famílias de artrópodes auxiliares:
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 20 - Principais Ordens e Famílias de artrópodes auxiliares
A B C
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
D E F
Figura 21 - Exemplos de predadores invertebrados
A) Cetonia spp. B) Larva de Lepidóptero C) Aranha D) Euryderma ornata E) e F) Larva e adulto de Coccinella septempunctata
cultura afetada.
274
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Artrópodes auxiliares predadores
Inimigo a combater/cultura
Ordem Espécie
Coccinela septempunctata afídeos/citrinos
Cryptolaemus montrozieri cochonilhas/citrinos
MÓDULO I
Coleoptera
Harmonia axyridis
Stethorus puctilum ácaros/várias
Dicyphus cerasti generalista/hortícolas
Dicyphus tamanini generalista/hortícolas
Orius albidipennis tripes/hortícolas
Heteroptera
MÓDULO II
Orius laevigatus
Orius insidiosus
Macrolophus caliginosus generalista/hortícolas
Neuroptera Chrysoperla carnea afídeos/várias
Diptera Aphidoletes aphidimyza
Tabela 13 – Exemplos de artrópodes auxiliares predadores | Fonte: Costa, 2016 (Adaptado)
MÓDULO III
Na Tabela 14 indicam-se alguns exemplos de auxiliares parasitoides, inimigo a controlar e
cultura afetada
MÓDULO IV
Lysiphlebus testaceipes
Dacnusa sibirica
larvas mineiras/ hortícolas
Diglyphus iasea
Encarsia formosa
Eretmocerus mundus mosquinhas brancas/várias
Hymenoptera
Amitus fuscipenis
MÓDULO V
Leptomastix dactylopii cochonilhas/citrinos
Hyposoter didimator
Cotesia kasak
lagartas/várias
Telenomus laeviceps
Trichogramma evanescens
Tabela 14 - Exemplos de artrópodes auxiliares parasitoides | Fonte: Costa, 2016 (Adaptado)
MÓDULO VI
Existem muitos microrganismos auxiliares que, para além da sua importância como fator de
limitação natural de pragas e doenças, permitem a sua utilização como meio de luta biológica
(neste caso, microbiológica) seja através da sua aplicação nas culturas, seja pela aplicação de
substâncias tóxicas para os inimigos das culturas por eles produzidas e fazem parte do grupo
dos biopesticidas.
(pesticidas microbianos) e substâncias pesticidas produzidas por plantas pela adição de material
275
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
genético específico (proteínas incorporadas nas plantas – PIPs), que controlam pragas, doenças
e infestantes. Com base no tipo de substância ativa, os biopesticidas enquadram-se em três
categorias principais: microbianos, vegetais e bioquímicos. De entre estes biopesticidas os
mais utilizados são os que se encontram nas Tabelas 15, 16, 17 e 18.
MÓDULO I
Bactérias Categoria Inimigo(s) alvo Modo de ação
MÓDULO II
É usado para combater patógenos de
Bacillus Age contra patógenos raiz, como Ralstonia solanacearum,
Fungicida
amyloliquefaciens bacterianos e fúngicos Pythium, Rhizoctonia solani, Alternaria
tenuissima e Fusarium
Bactérias e fungos
Bacillus subtilis patogénicos como Coloniza a raiz da planta e compete
Bactericida
(Bs) Rhizoctonia, Fusarium e com a bactéria ou fungo
MÓDULO III
Aspergillus. Fungos do solo
MÓDULO IV
Atuam como um agente de
biocontrole contra certos patógenos
Pseudomonas
Fungicida Fungos do solo fúngicos de plantas por meio da
chlororaphis
produção de antibióticos do tipo
fenazina
Tabela 15 - Biopesticidas microbianos à base de bactérias, inimigo(s) alvo e modo de ação
Fonte: Amaro (2016); Ferreira (1999 e 2009); https://sifito.dgav.pt/divulgacao/produtos (Adaptado)
nuclear de Inseticida/
pertencente à ordem tratando a superfície foliar. As pragas
Helicoverpa acaricida
Lepidóptera ao alimentaremse das folhas, ingerem
armigera
o vírus e são contaminadas.
Vírus da polidrose
Controle de insetos
nuclear de Inseticida/
pertencente à ordem
Spodoptera acaricida
Lepidóptera
littoralis
BIBLIOGRAFIA
276
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Espécies de fungos Categoria Inimigo(s) alvo Modo de ação
MÓDULO I
Trichoderma sementes como a podridão radicular
Fungicida Micoparasíticas
viride/harzianum causada por organismos como o
Fusarium etc.
MÓDULO II
Combate várias pragas,
Paecilomyces
Inseticida nomeadamente a mosca-branca,
fumosoroseus
afídeos
MÓDULO III
atroviride fungos patogénicos
Trichoderma and Fungicida/ Fungos patogénicos do solo e Digere a parede celular dos
Paecilomyces Nematodicida nemátodos patogénicos
MÓDULO IV
Digestão pelos fungos
Beauveria bassiana da cutícula enzimática
Pseudomonas Inseticida Brocas, tripes, etc. dos insetos, parasitismo e
fluoresens controlo dos insetos em
cerca de 5 a 7 dias
Biopesticidas
Categoria Inimigo(s) alvo Modo de ação
botânicos
MÓDULO VI
Interrompe o processo de
Broca-das-cucurbitáceas, afídeos,
troca de iões de sódio e
cicadídeos, ácaros, insetos de
Pyrethrum Inseticida potássio nas fibras nervosas
Murgantia histrionica e larva do
e a normal transmissão dos
repolho.
impulsos nervosos.
hormonal.
277
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Espécies da família Cercopoidea,
afídeos, escaravelho da batata,
Rotenona Inseticida Inibe a respiração celular.
Murgantia histrionica, percevejos,
ácaros, formigas-carpinteiras.
Bichado-da-fruta, escaravelhos
MÓDULO I
japoneses, percevejo, afídios da Impede a contração
Ryania Inseticida
batata, Thrips tabaci, larva do milho, muscular causando paralisia.
bicho-da-seda
Gafanhotos, bichado-da-fruta, traças, Afeta o potencial de ação da
bichoda- seda, afídeos, Trichoplusia membrana da célula nervosa
Sabadilha Inseticida
ni, besouros, Anasa tristis, Murgantia causando perda da função e
histrionica. paralisia.
Toxina neurogénica de ação
MÓDULO II
Nicotina Inseticida Afídeos, tripes, lagartas.
rápida
Traças-da-couve, Trichoplusia ni, Repelente, tóxica ou impede
Óleo de alho Inseticida tesorinhas, cicadelidios, mosca-branca a alimentação
e afídeos dos insetos
Inseticida /
Fungicida Insetos, bactérias, fungos e
Óleos essenciais Destrói a membrana celular
Bactericida/ nemátodos.
Herbicida
MÓDULO III
Afídeos, gafanhotos, traças-da-couve,
Repelente de trips, Trichoplusia ni, tesorinhas, Repelente, tóxica ou anti-
Cera de pimenta
insetos cicadelídeos, mosca branca, ácaros e alimentação nos insetos
cochonilhas
Tabela 18 - Biopesticidas botânicos, inimigo(s) alvo e modo de ação
Fonte: Amaro (2016); Ferreira (1999 e 2009) https://sifito.dgav.pt/divulgacao/produtos (Adaptado)
MÓDULO IV
indutores de resistência – é, também, considerada uma medida profilática.
Com o objetivo de avaliar se uma praga ou doença está a pôr em risco a cultura, a monitorização
é fundamental. O ciclo biológico dos inimigos das culturas, deve ser acompanhado, através de
uma avaliação do risco periódica, com o recurso a metodologias adequadas de diagnóstico,
monitorização e quantificação das populações dos inimigos das culturas. Estes conhecimentos
sobre os períodos de risco, são essenciais para se efetuar uma correta estimativa do risco. A
estimativa de risco passa por identificar o inimigo, a intensidade do ataque e os fatores de
nocividade, nomeadamente o estado fenológico e respetiva sensibilidade da cultura, bem MÓDULO V
como as condições meteorológicas mais favoráveis ao seu desenvolvimento.
Assim, a chave no combate aos inimigos das culturas centra-se nas observações regulares
uma vez que irão permitir determinar o nível económico de ataque (NEA) e a necessidade de
intervenção indo ao encontro dos princípios e conceitos preconizados pela proteção integrada
que a seguir se apresentam:
MÓDULO VI
Estimativa do Risco
Avaliação quantitativa de inimigos das culturas e análise da influência de certos fatores nos prejuízos que
possam causar.
Intensidade de ataque de um inimigo da cultura a que se devem aplicar medidas limitativas ou de combate
278
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
para impedir que a cultura corra o risco de prejuízos superiores ao custo das medidas de luta a adoptar,
acrescidos dos efeitos indesejáveis que estas últimas possam provocar.
Tomada de Decisão
Baseia-se na análise global da estimativa do risco, na referência ao NEA e na seleção dos meios de proteção,
MÓDULO I
de modo a fornecer uma decisão fundamentada sobre a indispensabilidade de intervenção, os meios de luta
a adoptar, privilegiando a integração dos meios de luta cultural, genética, biológica e biotécnica e a seleção
dos produtos fitofarmacêuticos, se for o caso.
As infraestruturas ecológicas são uma das ferramentas mais importantes para promover
MÓDULO II
os serviços ecológicos e a biodiversidade funcional e asseguram a presença de diferentes
auxiliares através de: abrigo, locais de hibernação, presas/ hospedeiros alternativos, fonte de
alimento (por exemplo, néctar, pólen, melada), habitat para a sua dispersão (muitos artrópodes
têm pouca mobilidade).
MÓDULO III
armazenamento de carbono, entre outros.
MÓDULO IV
Entende-se por infra-estrutura ecológica (IEE), qualquer infraestrutura existente na
exploração agrícola, ou num raio de cerca de 150 m, com valor ecológico, e cuja utilização
aumente a biodiversidade funcional da exploração (i.e., a parte da biodiversidade que
pode ser diretamente utilizada pelo agricultor). A contribuição efetiva das IEEs no fomento
da biodiversidade depende da sua qualidade ecológica, localização e ligação a outras IEEs
situadas dentro e fora da exploração, sendo que a dimensão adequada das IEEs e a distância
entre elas depende do tamanho e capacidade de dispersão das espécies animais que as
utilizam. MÓDULO V
Uma rede de IEEs deverá ser composta por três elementos fundamentais, cada um com
diferentes funções (Franco, 2010):
As distâncias entre as IEEs e a cultura devem ser tidas em atenção, como forma de assegurar
BIBLIOGRAFIA
a efetiva dispersão dos inimigos naturais e colonização da última (p. ex. IEEs destinadas a
279
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
assegurar a colonização da vinha por parasitoides da traça-da-uva que se movimentem menos
de 100 m, devem ser instaladas a menor distância da cultura do que no caso de se pretender
incrementar a atuação do papel de aves insectívoras, que se podem deslocar centenas de
metros; uma IEE adequada para o primeiro caso poderá ser o enrelvamento, já para o segundo
poderá ser uma sebe). Entre os diversos tipos de infra-estruturas ecológicas, destaca-se a
MÓDULO I
cobertura vegetal do solo e as sebes e cortinas de abrigo.
Na Figura 22 pode observar-se uma faixa multifuncional constituída por espécies com
diferentes épocas de floração de forma a fornecer alimento aos auxiliares (Esqª) e a existência
de uma sebe composta por diferentes espécies arbóreas e arbustivas (Dtª).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 22 – Faixa multifuncional (Esq.ª) e sebe (Dt. ª).
MÓDULO IV
MÓDULO V
devem igualmente satisfazer condições específicas, tais como o respeito pelo bem-estar dos
280
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
animais, a alimentação dos animais em função das suas necessidades nutricionais e a proteção
da sua saúde e do ambiente. Estas normas também ajudam a reforçar a confiança do público,
uma vez que garantem uma separação entre animais de criação biológica e animais não
biológicos. As normas aplicáveis aos criadores de animais incluem o respeito pelos princípios
de produção biológica (https://ec.europa.eu/info/food-farming-fisheries/farming/organic-
MÓDULO I
farming/organic-production-and-products_pt#rulesonlivestock):
i) Os animais que não sejam de criação biológica não podem ser deslocados entre
explorações, salvo para fins de reprodução, devendo a partir daí cumprir exclusivamente
normas específicas
ii) Para comercializar os seus produtos como biológicos, os agricultores têm de alimentar
os seus animais com alimentos 100 % biológicos
MÓDULO II
iii) Os alimentos para animais devem provir principalmente da exploração agrícola em
que os animais são criados, ou de explorações da mesma região
iv) É estritamente proibida a clonagem de animais e/ou a transferência de embriões
v) São proibidos os estimuladores de crescimento e os aminoácidos sintéticos
vi) Os mamíferos lactantes têm de ser alimentados com leite natural, de preferência
MÓDULO III
materno
vii) Devem utilizar-se métodos de reprodução naturais, mas é permitida a inseminação
artificial
viii) Na alimentação dos animais só podem ser utilizadas matérias não biológicas de origem
vegetal, matérias de origem animal e mineral, aditivos, certos produtos utilizados na
nutrição animal e auxiliares tecnológicos especificamente autorizados na produção
MÓDULO IV
biológica
vi) Não são permitidas hormonas ou substâncias análogas, exceto como forma de
tratamento terapêutico veterinário de um animal específico
vii) Sempre que haja animais doentes, são autorizados, se necessário e sob condições
rigorosas, medicamentos veterinários alopáticos, incluindo antibióticos, mas apenas
quando não seja apropriada a utilização de produtos fitoterapêuticos, homeopáticos
e outros
BIBLIOGRAFIA
281
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Qualquer sofrimento, dor e agitação devem ser evitados e reduzidos ao mínimo durante
toda a vida do animal. Os animais devem ter acesso permanente a áreas ao ar livre, para lhes
permitir fazer exercício, de preferência a pastagens, desde que, as condições meteorológicas
e o estado do terreno o permitam. A depena das aves de capoeira é proibida.
MÓDULO I
A legislação aplicada à criação de animais, o seu manuseamento durante o transporte
e o abate, rege-se pelo Regulamento (CE) n.º 1/2005 do Conselho e do Regulamento (CE)
n.º 1099/2009 do Conselho, onde todas as pessoas envolvidas devem seguir uma formação
adequada e possuir os conhecimentos e competências básicas necessários para o bem-estar
animal.
MÓDULO II
a) Advir da exploração agrícola onde os animais são mantidos, ou de outras explorações
agrícolas com produção biológica ou em conversão da mesma região.
b) A maior parte dos animais, com exceção dos suínos e as aves de capoeira, devem ter
acesso permanente a pastos e forragens grosseiras.
MÓDULO III
proibida a alimentação forçada.
e) Os animais lactantes devem ser alimentados com leite na sua forma natural, da mãe.
Caso não seja possível podem ser alimentados de outra fêmea em lactação da mesma
exploração ou de outra exploração em MPB, na mesma região. É proibido a utilização
de leite de substituição que contenha componentes de síntese química ou de origem
MÓDULO IV
vegetal, como é o caso do leite em pó reconstituído.
MÓDULO V
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/
animais, desde que cumprem as
TXT/PDF/?uri=CELEX:32018R0848&from=PT
regras da produção biológica.
terrenos;
ii) Em situações, onde há pastagens nos mesmos terrenos, de animais de criação biológica
e não biológica, os produtos provenientes dos animais de criação biológica não são
considerados produtos biológicos.
282
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
A gestão da saúde animal deve basear-se essencialmente na prevenção dando especial
atenção aos seguintes pilares:
MÓDULO I
Escolha de alimentação com elevada qualidade
MÓDULO II
Alojamento adequado e mantido em boas condições de higiene (limpeza e
desinfeção)
MÓDULO III
O alojamento adequado para a produção biológica de animais não pode ser dotado de
um solo muito húmido ou pantanoso.
Deve ser respeitado uma densidade populacional que permita ao animal um espaço
suficiente para poder estar de pé naturalmente, deslocar-se, deitar-se com facilidade, virar-
se, limpar-se, praticar todas as posições naturais e fazer todos os movimentos naturais como,
esticar-se e bater as asas.
A densidade populacional total não pode ultrapassar o limite de 170 kg de azoto orgânico
MÓDULO IV
por ano e por hectare de superfície agrícola (Tabela 19).
Bovinos
• Vitelos para engorda - 5
• Outros bovinos com menos de um ano - 5
• Bovinos de um a menos de dois anos, machos - 3,3
• Bovinos de um a menos de dois anos, fêmeas - 3,3
• Bovinos com dois anos ou mais, machos - 2
MÓDULO V
• Novilhas para criação -2,5
• Novilhas para engorda - 2,5
• Vacas leiteiras - 2
• Vacas leiteiras de reforma - 2
• Outras vacas - 2,5
Suínos
• Leitões - 74
MÓDULO VI
Caprinos
• Cabras - 13,3
Ovinos
BIBLIOGRAFIA
• Ovelhas - 13,3
283
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Aves de capoeira
• Frangos de carne - 580
• Galinhas poedeiras - 230
Coelhos
MÓDULO I
• Coelhas reprodutoras - 100
Equídeos
• Equídeos com mais de seis meses - 2
Tabela 19 - Número máximo de animais por hectare de superfície agrícola utilizada equivalente a 170 kg/N/ha/ano.
Fonte: DGADR https://www.dgadr.gov.pt/images/docs/val/mpb/Guia_Producao_Animal_Agricultura_Biologica_.pdf
MÓDULO II
parte integrante do sistema agrícola, nomeadamente as superfícies de prados e pastagens
permanentes em produção biológica devem ser pastoreadas por animais igualmente
em produção biológica ou em conversão. Contudo, podem existir animais de criação não
biológica, inseridos numa exploração biológica e nestas situações têm que ser cumpridas as
seguintes regras:
i) Os animais têm que ser criados em unidades cujos edifícios e parcelas sejam separados
das unidades que produzem segundo as regras da produção biológica;
MÓDULO III
ii) Os animais de criação biológica pastam em superfícies de prados e pastagens de
produção biológica, enquanto os animais de criação não biológica pastam em superfícies
distintas, noutro modo de produção (que terão de ser de variedades distintas ou que
possam ser facilmente distinguidas);
iii) Os animais de criação não biológica, têm que pertencer a uma espécie diferente.
O maneio e alimentação, dos animais de produção biológica têm que respeitar as regras
MÓDULO IV
aplicáveis ao modo de produção biológico, de forma a atender, nomeadamente a, preocupações
com o sistema ambiental no seu todo, e com os animais e respetivas exigências de bem-estar.
Esta verificação do cumprimento das regras e princípios sob o sistema de controlo do MPB,
aplicáveis à produção vegetal e animal, são alvo de controlo e verificação periódica por parte
do OC. Este controlo é feito a todo o processo de produção e não especificamente ao produto.
Após verificação do cumprimento integral das regras aplicáveis ao modo de produção, o
produto, resultado do processo de produção, pode ser comercializado como biológico, isto
é, ser “certificado” como produto biológico. Mais informação em: https://www.dgadr.gov.pt/
images/docs/val/mpb/Guia_Producao_Animal_Agricultura_Biologica_.pdf. MÓDULO V
Profilaxia, Tratamentos e Uso de Medicamentos Veterinários
a) Os animais criados em MPB devem ser criados de acordo com os princípios do bem-
estar animal e de garantia da preservação da sua saúde e ok reforço da sua imunidade.
Estes devem dispor de condições que permitam a manifestação do seu comportamento
natural e condições que se aproximem das que teria se vivesse em liberdade, no seu
MÓDULO VI
284
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Serviços regionais representantes da DGAV – Direção Geral de Alimentação e Veterinária,
enquanto Autoridade Sanitária Nacional.
d) Nas intervenções veterinárias, devem ser preferencialmente usados medicamentos
naturais, fitoterápicos e homeopáticos.
MÓDULO I
e) Nos tratamentos de doenças, são autorizados os tratamentos relacionados com
a proteção da saúde humana ou animal impostos por força da legislação da União
Europeia e pelo Programa Epidemiológico Nacional em conformidade com as
orientações da DGAV. Os produtos fitoterapêuticos e os produtos homeopáticos,
são preferidos em relação aos tratamentos veterinários alopáticos de síntese química
tais como antibióticos, desde que os seus efeitos terapêuticos sejam eficazes para
a espécie animal e para o problema a que o tratamento se destina. Se a utilização
MÓDULO II
das medidas referidas não se revelar eficaz para curar a doença ou a lesão, e se for
essencial um tratamento para evitar o sofrimento ou a aflição do animal, podem ser
utilizados medicamentos veterinários alopáticos de síntese química ou antibióticos, sob
a responsabilidade de um médico veterinário. Nestas intervenções, deve ser feito um
diagnóstico em que se deve indicar o produto e a posologia, as substâncias ativas e
a via de administração do medicamento. A receita do médico veterinário assistente
da exploração deve ser guardada anexa ao caderno de campo. Nesta deve constar a
MÓDULO III
justificação para o uso de medicamentos alopáticos e indicar o intervalo de segurança.
f) Com exceção das vacinações e dos antiparasitários, assim como de planos de
erradicação obrigatórios, se forem administrados a um animal ou grupo de animais mais
de três tratamentos com medicamentos veterinários alopáticos de síntese química ou
antibióticos no prazo de doze meses, ou mais de um tratamento se o seu ciclo de vida
produtivo for inferior a um ano, os animais em questão, ou os produtos deles derivados,
MÓDULO IV
não podem ser vendidos sob a designação de produtos biológicos, devendo os animais
ser submetidos aos períodos de conversão. O intervalo de segurança entre a última
administração de um medicamento veterinário alopático a um animal em condições
de utilização normais e a produção de géneros alimentícios provenientes do modo
de produção biológico derivados desse animal deve ser o dobro do intervalo legal de
segurança referido no artigo 11.º da Diretiva 2001/82/CE ou, se esse período não estiver
especificado, de 48 horas.
MÓDULO V
VI.7. REGISTOS EM AGRICULTURA BIOLÓGICA
Numa exploração ou parte da exploração em Agricultura Biológica, ou em conversão, o
operador deve guardar registos da produção em Agricultura Biológica, e noutro sistema de
produção, separadamente ou facilmente separável, conservando registos que evidenciem
essa separação. O exercício da Agricultura Biológica implica por parte dos agricultores,
MÓDULO VI
OC verificar:
285
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
• O fornecedor e, se não for o mesmo, o vendedor ou o exportador dos produtos;
MÓDULO I
animais;
MÓDULO II
• A contabilidade documental inclui também os resultados da verificação dos produtos
biológicos aquando da sua receção e quaisquer outras informações exigidas pela
DGADR ou pelo OC para um controlo adequado. Os dados contabilísticos são apoiados
por documentos comprovativos. A contabilidade deve demonstrar a consistência entre
os fatores de produção utilizados e os produtos obtidos, nomeadamente de “balanço
de massa”.
MÓDULO III
O operador deve:
MÓDULO IV
de garantia da qualidade.
MÓDULO V
I) Registos específicos da produção vegetal
a) Ser estabelecida mesmo que a atividade do produtor se limite à colheita de plantas que
crescem espontaneamente;
c) Especificar a data da última aplicação, nas parcelas e/ou nas áreas de colheita em causa,
de produtos cuja utilização seja incompatível com as regras da produção biológica.
Todos os anos, antes da data indicada pelo OC, o produtor deve comunicar ao OC o
BIBLIOGRAFIA
286
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
Os dados relativos à produção vegetal devem ser coligidos sob a forma de um registo
e estar permanentemente acessíveis nas instalações da exploração. Esses dados devem
fornecer, pelo menos, as seguintes informações:
MÓDULO I
e parcelas em causa;
MÓDULO II
iv) No respeitante à colheita: data, tipo e quantidade de produto biológico ou em
conversão colhido.
a) Uma descrição completa dos edifícios pecuários, das pastagens, das áreas ao ar livre,
MÓDULO III
etc. e, se for caso disso, dos locais de armazenagem, acondicionamento e transformação
dos animais, produtos animais, matérias-primas e outros fatores de produção;
MÓDULO IV
i) Um plano de espalhamento de estrume, acordado com o OC, e uma descrição
completa das superfícies dedicadas à produção vegetal;
MÓDULO V
iii) Um plano de gestão da unidade pecuária que pratica a produção biológica.
iv) Os animais são identificados de forma permanente com técnicas adequadas a cada
espécie, individualmente para os mamíferos de grande porte e individualmente ou
por lote para as aves de capoeira e os mamíferos de pequeno porte.
Os dados relativos aos animais devem ser coligidos sob a forma de um registo e estar
permanentemente acessíveis nas instalações da exploração. Estes registos devem
MÓDULO VI
ii) Saídas de animais: idade, número de cabeças, peso no caso de saída para abate,
BIBLIOGRAFIA
287
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
iii) Eventuais perdas de animais e respetiva justificação;
MÓDULO I
v) Prevenção de doenças, tratamentos e assistência veterinária: data do tratamento,
indicação do diagnóstico e da posologia; natureza do produto utilizado no tratamento,
indicação das substâncias farmacológicas ativas, modalidades de tratamento, receita
do médico veterinário para a assistência veterinária, com indicação da respetiva
justificação e dos intervalos de segurança impostos antes da comercialização dos
produtos animais rotulados como biológicos.
MÓDULO II
Medidas de controlo dos medicamentos veterinários utilizados
MÓDULO III
lotes no caso das aves de capoeira, dos animais de pequeno porte.
MÓDULO IV
os regulamentos de agricultura biológica estão sujeitas a sanções, que incluem coimas ou
suspensões da certificação.
As entidades de certificação são acreditadas pelos serviços oficiais de cada País e são
responsáveis por assegurar que os produtos orgânicos têm ou excedem os parâmetros
exigidos em agricultura biológica.
MÓDULO V
O controlo na agricultura biológica é um controlo ao processo de produção e não
especificamente ao produto, sendo o Regulamento (UE) 2017/625 do Parlamento Europeu
e do Conselho de 15 de março de 2017, que assegura esse controlo e outras atividades em
matéria de géneros alimentícios e alimentos para animais e das regras sobre saúde e bem-
estar animal, fitossanidade e produtos fitofarmacêuticos.
controlo oficial específico. Estas atividades de controlo oficial são coordenadas pela DGADR
e incidem nas fases de produção, preparação, distribuição e importação até à colocação dos
produtos biológicos no consumidor final.
288
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 24 - Logotipo que identifica os produtos biológicos
Fonte: DGADR
MÓDULO II
• Os agricultores, transformadores, distribuidores, retalhistas e importadores que
pretendam utilizar o logótipo biológico da UE devem respeitar um conjunto de regras
rigorosas da União;
MÓDULO III
• Um organismo de controlo público ou privado faz uma visita de inspeção aos operadores.
Se o resultado for positivo, os operadores recebem um certificado e são autorizados a
comercializar os seus produtos como biológicos;
• Os operadores são alvo de uma inspeção, pelo menos uma vez por ano, de forma a
garantir que respeitam as regras de produção biológica.
De acordo com a Figura 25, o agricultor para se tornar um operador biológico tem que
MÓDULO IV
cumprir várias etapas, tais como:
MÓDULO V
Estes têm que ser reconhecidos e acreditados para a Certificação da Agricultura Biológica
em Portugal, tendo um papel de avaliação sobre as condições necessárias para a
conversão da exploração em Modo de Produção Biológico. As entidades certificadoras
são organismos privados que se regem pelas normas estabelecidas em cada país e são
responsáveis por assegurar que os produtos orgânicos têm ou excedem os parâmetros
BIBLIOGRAFIA
289
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
gov.pt/agricultura-e-producao-biologica É realizada uma visita inicial de controlo por
parte do organismo de certificação, para verificar a exploração e respetivas condições a
converter para modo de produção biológica.
MÓDULO I
inicia-se quando o agricultor procede à notificação como operador biológico à DGADR,
em formulário próprio (Figura 26) que se encontra disponível no sítio eletrónico da
DGADR, na página da produção biológica, e submete a sua exploração ao sistema de
controlo. No preenchimento do formulário, o agricultor, (1) Escolhe as culturas vegetais
existentes na exploração; (2) Refere as culturais vegetais que estão em conversão (ano
1, ano 2, etc.,); (3 e 4) Comunica as culturas e áreas vegetais existentes na exploração
(hectares) e o número de cabeças por espécie e/ou a cumprir o período de conversão
MÓDULO II
e em agricultura biológica na sua exploração; (5) Identificar o organismo de controlo.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 26 - Formulário obrigatório a preencher pelo agricultor para se tornar num operador biológico | Fonte: Adaptado da DGADR
iii) Cumprir o período de conversão, um produto só pode ser comercializado como MÓDULO V
biológico após o período de conversão para a agricultura biológica, existindo períodos
de conversão diferentes consoante o tipo de espécie. Durante este período, é necessário
utilizar métodos de produção biológica, mas o produto resultante não pode ser vendido
como biológico. Os prados ou forragens perenes exploradas para a alimentação animal,
devem ser submetidos a um período mínimo de conversão de 2 anos.
MÓDULO VI
sujeita;
290
Agricultura Sustentável
MÓDULO IV - Agricultura Biológica (AB)
ÍNDICE
b) Colher e analisar amostras para deteção de eventuais contaminações por produtos
não autorizados na produção biológica.
Após cada visita é elaborado um relatório de controlo, assinado pelo operador da unidade
ou pelo seu representante.
MÓDULO I
Sempre que ocorra uma alteração ao regime de controlo, o operador comunica à DGADR
a alteração e atualiza a notificação e a descrição da exploração.
Em caso de incumprimento:
Os OC informam a DGADR sempre que os resultados dos controlos oficiais revelem não
conformidades, conforme previsto em procedimento próprio relativo à comunicação de
MÓDULO II
infrações e irregularidades no regime de controlo MPB.
MÓDULO III
O certificado deve:
MÓDULO IV
c) Atestar que a atividade notificada está em conformidade com o presente regulamento;
d) Ser emitido de acordo com o modelo definido no anexo VI, do Regulamento (UE)
2018/848 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 30 de maio de 2018.
291
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO V
ECONOMIA CIRCULAR APLICADA À
AGRICULTURA
MÓDULO II
V.1. INTRODUÇÃO À ECONOMIA CIRCULAR.......................................................................................................................295
V.1.1. CONCEITO.............................................................................................................................................................295
V.1.2. ESTRATÉGIA...........................................................................................................................................................296
MÓDULO III
V.1.3. BENEFÍCIOS...........................................................................................................................................................298
MÓDULO IV
V.2.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................................................311
V.3.2. CONCEITOS...........................................................................................................................................................313
MÓDULO V
317
V.3.4.2. SUBPRODUTOS............................................................................................................................................324
V.4.1. CONCEITO.............................................................................................................................................................331
338
292
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................................................340
MÓDULO I
V.5.1.1. ARMAZENAMENTO E ENCAMINHAMENTO PELO AGRICULTOR............................................................341
V.5.2.3. A COMPOSTAGEM......................................................................................................................................354
MÓDULO II
V.5.2.3.1. TECNOLOGIA DA COMPOSTAGEM.................................................................................................354
MÓDULO III
V.5.2.3.6. QUALIDADE/PROPRIEDADES DO COMPOSTO...............................................................................367
MÓDULO IV
V.6.2.3. LAGOAS E SEU DIMENSIONAMENTO.......................................................................................................379
V.6.3.2. LAGUNAGEM...............................................................................................................................................383
V.6.3.3. COMPOSTAGEM..........................................................................................................................................384
MÓDULO V
V.6.3.4. SECAGEM TÉRMICA....................................................................................................................................385
V.6.4.1.2. FERTIRREGA.......................................................................................................................................391
MÓDULO VI
293
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.7. BOAS PRÁTICAS E SIMBIOSE INDUSTRIAL EM AGRICULTURA.....................................................................................399
V.7.2. CÓDIGO DE BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS NO CONTEXTO DOS RESÍDUOS E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS ....
400
MÓDULO I
V.7.4. INICIATIVAS INOVADORAS DE BOAS PRÁTICAS E SIMBIOSE INDUSTRIAL.......................................................412
MÓDULO II
ANEXO II - “PLANOS DE GESTÃO DE EFLUENTES PECUÁRIOS (PGEP)”...........................................................................421
ANEXO III - "LICENCIAMENTO DOS USOS ADMISSÍVEIS PARA OS EFLUENTES PECUÁRIOS (EP)".................................422
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
294
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO V
ECONOMIA CIRCULAR APLICADA À
AGRICULTURA
MÓDULO II
V.1. INTRODUÇÃO À ECONOMIA CIRCULAR
Os recursos do planeta estão a ser consumidos a uma taxa insustentável, verificando-se
MÓDULO III
que o aumento deste consumo ultrapassa aquilo que a Terra tem para nos dar. O modelo
económico linear, baseado na extração intensiva de recursos naturais, habituou a economia
e a sociedade a uma utilização excessiva e despreocupada de matérias-primas; desperdícios;
perdas frequentes; ineficiências sistémicas; e métodos ambientalmente nocivos por parte dos
processos produtivos e de consumo. Este modelo gera impactes ambientais negativos, entre
os quais as emissões de gases com efeito de estufa, conducentes às alterações climáticas e
aquecimento global. Para além disso, a consciencialização nas últimas décadas da finitude
MÓDULO IV
dos recursos naturais alertou o mundo para a insustentabilidade deste modelo económico e
necessidade de encontrar uma alternativa.
Face a esta realidade, tem vindo a crescer a consciência das empresas e da sociedade civil
para a necessária e, cada vez mais urgente, transição para um modelo económico circular.
Este promove ativamente o uso eficiente e a produtividade dos recursos por ele dinamizados,
através de produtos, processos e modelos de negócio assentes na desmaterialização,
reutilização, reciclagem e recuperação dos materiais. No entanto, esta transição acarreta
inúmeros desafios: tecnológicos, sociais e económicos, que só poderão ser ultrapassados de MÓDULO V
uma forma integrada e envolvendo todos os intervenientes.
V.1.1. CONCEITO
A Economia Circular substitui o conceito de fim-de-vida da economia linear (figura 1), por
MÓDULO VI
Figura 1 - Esquema ilustrativo do modelo de economia linear (Adaptado de: Ellen MacArthur Foundation, 2015)
295
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
A Economia Circular defende a necessidade de manter os materiais dentro do ciclo
produtivo durante mais tempo para um uso mais eficiente dos recursos e uma redução dos
impactes negativos ao nível ambiental e económico.
Este modelo económico (figura 2) é caracterizado pelo seu aspeto restaurador e regenerativo.
MÓDULO I
Tem como principal objetivo manter produtos, componentes e materiais em elevado nível
de utilidade ao longo do seu ciclo de vida. Ou seja, procura-se extrair valor económico e
utilidade dos materiais, equipamentos e bens pelo maior tempo possível, em ciclos contínuos
de desenvolvimento que preservem e melhorem o capital natural, otimizem a rentabilidade
dos recursos e minimizem os riscos do sistema através de uma gestão equilibrada de stocks
finitos e fluxos renováveis.
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 2 - Esquema ilustrativo do modelo de economia circular | Fonte: Adaptado
MÓDULO IV
de Ellen MacArthur Foundation, 2015
Neste sentido, a agricultura contribui para a circularidade da economia não só por incorporar
MÓDULO V
este tipo de práticas agrícolas e florestais, como também, pelo seu potencial para fechar ciclos
produtivos de outras atividades. Os agricultores integram, cada vez mais na sua atividade,
os princípios da Economia Circular através de boas práticas para a utilização eficiente dos
recursos (água, energia, solo, biodiversidade) e da valorização de resíduos/subprodutos.
MÓDULO VI
V.1.2. ESTRATÉGIA
296
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Tal permite: (i) otimizar fluxos de bens; (ii) minimizar a produção de resíduos; (iii) maximizar o
aproveitamento de recursos e o valor económico de produtos/serviços; (iv) preservar o capital
natural; (v) reduzir riscos / externalidades negativas.
MÓDULO I
competitividade e a criação de valor nas empresas, através de:
• Eco-concepção e design;
• Eco-eficiência/Produção limpa;
MÓDULO II
• Extensão dos ciclos de vida;
• Simbioses industriais;
MÓDULO III
Estas estratégias acarretam inúmeros desafios tecnológicos, sociais e económicos que só
poderão ser ultrapassados de uma forma integrada e envolvendo todos os intervenientes. De
forma a colaborar com este processo adaptativo, a Fundação Ellen MacArthur disponibilizou
a empresas e governos uma ferramenta de auxílio para a criação de estratégias e iniciativas
direcionadas para o crescimento apoiado na economia circular (Quadro ReSOLVE). Ou seja,
esta Organização identificou um conjunto de seis ações que de um modo podem ser adotadas,
pelas empresas e governos, na transição para uma economia circular. Estas ações (Quadro 1)
MÓDULO IV
são: Regenerar, Partilhar, Otimizar, Recircular, Virtualizar e Trocar (Schulze, 2016).
MÓDULO V
• Compartilhar ativos (p. ex.: automóveis, salas, eletrodomésticos);
• Reutilizar/usar produtos em segunda mão;
Partilhar
• Prolongar a vida dos produtos através da manutenção, projetar visando
a durabilidade, possibilidade de atualização, etc.
297
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
• Desmaterializar diretamente (livros, CDs, DVDs, viagens);
Virtualizar
• Desmaterializar indiretamente (compras on-line).
MÓDULO I
avançados;
Trocar
• Aplicar novas tecnologias (impressão 3D);
• Optar por novos produtos/serviços (transporte multimodal).
Quadro 1 - Conceito Quadro ReSOLVE | Fonte: Adaptado de Ellen MacArthur Foundation, 2015
V.1.3. BENEFÍCIOS
MÓDULO II
O conceito de Economia Circular vai muito para além do foco restrito em ações de gestão e
reciclagem de resíduos. Engloba também a reestruturação/reinvenção de processos, produtos
e modelos de negócios, de modo a otimizar a utilização de recursos, circulando mais produtos,
componentes e materiais em ciclos técnicos e/ou biológicos.
MÓDULO III
• Promover a “ecoinovação”;
MÓDULO IV
• Minimizar a produção de resíduos;
MÓDULO V
Em 2015, a Comissão Europeia estimou que as medidas de prevenção dos resíduos,
conceção ecológica, reutilização e outras ações “circulares” poderiam gerar poupanças
líquidas de cerca de 600 mil milhões de euros às empresas da UE (cerca de 8% do total do seu
volume de negócios anual); criar 170.000 empregos diretos no sector da gestão de resíduos;
e, ao mesmo tempo, viabilizar uma redução de 2 a 4% das emissões totais anuais de gases de
efeito de estufa.
dos recursos em 30% até 2030 poderá aumentar o PIB em cerca de 1%, criando simultaneamente
mais de 2 milhões de postos de trabalho na U.E. em comparação com um cenário de
manutenção da situação atual.
298
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
adoção de práticas de valorização de resíduos/subprodutos e utilização eficiente de recursos.
A utilização da água e energia no setor agrícola são fatores determinantes para uma gestão
sustentável, na medida em que são recursos, muitos deles, finitos e que apresentam elevados
custos associados. No seguinte quadro são apresentadas algumas práticas de utilização
MÓDULO I
eficiente dos recursos água e energia e de valorização de subprodutos em agricultura:
Recurso Práticas
MÓDULO II
Cobertura do solo através de enrelvamento e mulching
MÓDULO III
Adição de pós de rochas para melhoria de solos com textura ligeira
Água (melhoria da estrutura do solo o que promove uma maior capacidade de
retenção da água)
MÓDULO IV
a eliminação de dejetos e reduzam o volume de água de lavagem
299
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Recurso Práticas
MÓDULO I
Energia
Utilização do biogás
Subproduto Práticas
MÓDULO II
Valorização agrícola (incorporação direta no solo e/ou integração no
Engaço processo de compostagem);
Alimentação animal.
MÓDULO III
Borras Destilação (aguardentes).
MÓDULO IV
de compostagem);
Alimentação animal.
MÓDULO V
pecuários Compostagem;
Produção de energia.
Extração de plasma;
Sangue
Incorporação em adubos orgânicos.
Quadro 2 - Exemplos de aplicações de economia circular em agricultura | Fonte: Adaptado de Magalhães et al., 2017b
300
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.2. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DOS RECURSOS
Os problemas ambientais a nível global que enfrentamos atualmente são, em grande parte,
resultado da sobre-exploração humana dos recursos naturais da Terra, cuja disponibilidade
é limitada. O crescimento económico mundial e o aumento populacional (segundo a ONU,
MÓDULO I
esperam-se 9,7 mil milhões de habitantes até 2050) fazem prever um rápido esgotamento
destes recursos, uma vez que o planeta não tem capacidade de os regenerar à mesma
velocidade a que são consumidos.
Neste sentido, torna-se cada vez mais evidente que um modelo de desenvolvimento
económico baseado na utilização intensiva de recursos, na geração de resíduos e num
crescente aumento da poluição, não é sustentável a longo prazo. Deste modo, a produção
MÓDULO II
de bens deve ser pensada com o intuito de permitir a regeneração e restauração do capital
natural, ou seja, deve incorporar a noção de limites na oferta de recursos naturais e na
capacidade do planeta para absorver os impactes da ação humana. Reveste-se, assim, de
enorme importância a necessidade de uma gestão mais eficiente dos recursos durante todo
o seu ciclo de vida, desde a extração até à eliminação, passando pela produção de bens,
transporte, transformação e pelo consumo.
MÓDULO III
A eficiência de qualquer sistema está dependente dos resultados obtidos e dos recursos
utilizados. Ou seja, define-se como a medida segundo a qual um sistema transforma os seus
recursos (inputs) em resultados (outputs), de forma a atingir o máximo de outputs com o
mínimo possível de inputs.
MÓDULO IV
Decrescentes, que diz que à medida que se aumentam os inputs (recursos/fatores de produção)
de um sistema produtivo, verifica-se um consequente aumento dos outputs (resultados/produto
final). Porém, a partir de um determinado momento, o aumento dos outputs vai sendo cada vez
menor (gráfico 1). Por exemplo, à medida que aumentamos o nível de adubação numa parcela
(input), verifica-se um acréscimo da produção da cultura (output). Ou seja, aumentar 1 kg de
adubo pode representar um aumento de 100 kg da cultura. No entanto, a um determinado
ponto de incremento do fornecimento de adubo, aumentar um 1 kg de adubo já só representa
um aumento de 50 kg da cultura. Neste sentido, é importante compreender até que ponto é
economicamente vantajoso continuar a tentar aumentar a quantidade produzida. MÓDULO V
MÓDULO VI
blog.plataformatec.com.br/2017/01/a- lei-dos-rendimentos-decrescentes-e-seu-
impacte-em-projetos/
301
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
As diferentes atividades agropecuárias desenvolvidas no planeta Terra estão, de certo
modo, dependentes de diferentes fatores/recursos. Neste sentido, cada sistema produtivo
deve ser analisado como um só, pelo que, é importante compreender que os fatores e
recursos que limitam a eficiência de cada sistema dependem do próprio sistema. Por exemplo,
em todas as atividades pecuárias, o principal fator que pode limitar a eficiência produtiva
MÓDULO I
é a alimentação animal (rações, forragens e pastagens), da mesma forma que em sistemas
agrícolas de sequeiro, os principais fatores limitantes são a pluviosidade e os associados à
fertilidade do solo (quantidade, qualidade, precisão da técnica, etc.).
Embora existam diferentes fatores que possam limitar a produção, para que um sistema
agropecuário consiga aumentar a sua eficiência é necessário promover uma trajetória de
crescimento sustentável assente no aumento da eficiência de consumo de água, energia
e matérias-primas e que, ao mesmo tempo, gere novas oportunidades de emprego, crie
MÓDULO II
riqueza e reforce o conhecimento, numa perspetiva dinâmica que relacione competitividade
e sustentabilidade.
No que a uma política internacional climática diz respeito, em dezembro de 2015, todos os
países do mundo concordaram em unir esforços para manter o aquecimento global abaixo
dos 2ºC e combater os efeitos das alterações climáticas, através da assinatura do Acordo
de Paris. A União Europeia (UE) e todos os seus Estados-Membros contribuíram para fazer
MÓDULO III
avançar as negociações internacionais sobre as alterações climáticas, tendo sido intervenientes
fundamentais na elaboração deste documento.
As políticas públicas sobre alterações climáticas têm sido lideradas pela União Europeia
desde, pelo menos, o ano de 1990, cuja estratégia a longo prazo é causar um impacto neutro
no clima até 2050, assentando esse objetivo numa economia com zero emissões líquidas de
gases com efeito de estufa. Este propósito é um pilar do Pacto Ecológico Europeu e está em
MÓDULO IV
consonância com o compromisso assumido pela UE no plano da ação climática a nível mundial
(quadro do Acordo de Paris).
De acordo com a Comissão Europeia, para manter o aquecimento global abaixo dos 2°C,
será necessário reduzir para metade as emissões de dióxido de carbono e outros gases
com efeito de estufa até 2050. Neste sentido, foi apresentado em março de 2011 um Roteiro
Europeu para uma economia de baixo carbono no horizonte 2050, onde se iniciou um processo
de discussão sobre o mesmo. Em 2016, na Conferência das Partes da Convenção Quadro
MÓDULO V
das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, Portugal assumiu o objetivo de atingir a
Neutralidade Carbónica até 2050.
Para que estas estratégias e metas possam ser implementadas e cumpridas, cabe também
aos cidadãos adotar códigos de boas práticas na utilização dos recursos e fatores de produção,
devidamente enquadradas numa perspetiva de sustentabilidade. Estes comportamentos
assentam em princípios como poupar, reciclar, substituir, reduzir e valorizar os quais permitem
maximizar o crescimento económico e, simultaneamente, reduzir a pressão ao nível dos
BIBLIOGRAFIA
recursos.
302
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.2.1. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DA ÁGUA
Segundo o estudo “O Uso da Água em Portugal” da Fundação Calouste Gulbenkian
realizado no ano de 2020, o setor agrícola é responsável por 75% do total de água utilizada, um
número que contrasta com a média da União Europeia (24%) e chega a ser superior à média
MÓDULO I
mundial (69%). No entanto, esta percentagem está em linha com o que se verifica nos países
mediterrâneos, como Espanha (79%) e Grécia (81%), o que acontece devido à necessidade
destes países recorrerem ao regadio, devido ao clima que os caracteriza.
Na Península Ibérica no que respeita à precipitação registam-se, cada vez mais, episódios
extremos que agravam uma distribuição intra e inter anual já de si irregular, que se traduzem
em cheias e secas, por vezes, intensas e prolongadas. Em Portugal, nos últimos 30 anos
MÓDULO II
a temperatura tem aumentado, em termos médios, cerca de 0,4 a 0,5º C por década e as
amplitudes térmicas diárias são cada vez maiores. Estas alterações climáticas trouxeram um
elemento adicional de incerteza no que respeita à disponibilidade de recursos hídricos. Neste
sentido, torna-se essencial continuar a promover a regularização dos recursos hídricos e a
alteração dos comportamentos, de modo a conseguir uma gestão mais eficiente da água.
MÓDULO III
obter ganhos de eficiência significativos na utilização de recursos hídricos no setor agrícola.
Estas medidas passam, por exemplo, por:
O aprovisionamento das águas pluviais (figura 3) apesar de poder ter alguns impactes
negativos, traz benefícios ambientais e hídricos muito consideráveis, uma vez que
contribui, por exemplo, para a recarga de aquíferos; o abeberamento dos animais de
MÓDULO IV
produção e da fauna selvagem; o combate a incêndios; a conservação da biodiversidade
(flora e fauna, atraindo insetos e outros animais); a diminuição do recurso a outras
origens de água.
MÓDULO V
MÓDULO VI
Figura 3 - Aprovisionamento de água em charcas para rega localizada na região da Beira Baixa
Para além da otimização das técnicas de rega (ver ponto (iv)), é igualmente possível obter
ganhos em matéria de poupança na utilização/custos da água através da implementação
de programas de formação e de partilha de conhecimentos, que permitam familiarizar
BIBLIOGRAFIA
303
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
A alteração das práticas agrícolas pode também melhorar a qualidade da água
disponível nos ecossistemas com uma boa relação custo-eficácia. O recurso à fertirrega
(Ponto V.6.4.1.2) e a novas fórmulas de fertilizantes e de produtos fitofarmacêuticos, a
modificação da rotação das culturas e a criação de faixas-tampão ao longo dos cursos
de água são algumas das medidas que permitem potenciar, de forma significativa, a
MÓDULO I
melhoria da qualidade da água em toda a Europa e resolver muitos dos problemas de
poluição dos recursos hídricos.
MÓDULO II
ou subterrânea, para a agricultura. Desde que a qualidade da água recuperada seja
gerida de forma adequada e que sejam salvaguardadas determinadas condicionantes
(distância/custo, sazonalidade,….) as águas residuais tratadas apresentam-se como um
complemento eficaz para dar resposta às necessidades de fornecimento de água para
ao setor agrícola.
Por outro lado, em sistemas agropecuários que utilizem construções rurais (instalações
MÓDULO III
destinadas a alojar animais, adegas, lagares, etc.), a reutilização das águas de lavagem,
a utilização de equipamentos de lavagem com jato de água sob pressão e a instalação
de redutores de caudal nesses equipamentos são outras medidas que permitem reduzir
os consumos de água. Dentro deste tipo de unidades é possível reutilizar a água em
sistemas de cascata, o que permite reservar a água de melhor qualidade e com menos
quantidade de substâncias poluentes para outros processos. As águas residuais destes
sistemas, quando sujeitas a tratamentos eficazes, podem ser recicladas em cerca de
MÓDULO IV
99%, o que permite que sejam utilizadas, por exemplo, na rega de culturas.
A utilização da água de forma mais eficiente pode ser conseguida através da adoção
de diferentes práticas, das quais, a título de exemplo, se apresentam algumas: recurso a
técnicas de rega mais eficientes, tais como a rega de precisão, adoção da rega deficitária,
utilização de caudalímetros, recurso a sistemas de apoio à decisão como estações
meteorológicas, sondas de humidade e tecnologias NDVI (Índice de Vegetação por MÓDULO V
Diferença Normalizada).
à cultura).
304
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
hídricas e a água disponível no solo, que pode ser medida através de sondas de
humidade.
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 4 – Rega de precisão com Estação Meteorológica
Fonte: https://www.phosphorland.pt/rega-na-agricultura-estacoes-meteorologicas/
MÓDULO III
gota com baixa uniformidade e baixa eficiência de aplicação devido a diferentes fatores
tais como uma manutenção inadequada do sistema de rega, baixa pressão de entrada ou
variações de pressão no sistema, obstrução dos gotejadores ou elaboração inadequada
do projeto de rega. Desta forma, é muito importante projetar adequadamente o sistema
de rega, nomeadamente ao nível do seu dimensionamento e do seu funcionamento, de
forma a incrementar a eficiência do uso da água que se apresenta cada vez mais como
um fator diferenciador para a competitividade na agricultura.
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 5 - Sistema de rega gota-a-gota em vinha | Fonte: https://imperregas.pt/servico-rega-
gota-a-gota/
Existem algumas boas práticas que devem, cada vez mais, ser assimiladas e postas em
prática pelos agricultores, de modo a racionalizar o consumo da água. Alguns exemplos
são apresentados no seguinte quadro:
Medidas
MÓDULO VI
305
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Fazer a manutenção e aferição dos sistemas de rega
MÓDULO I
Reaproveitar a água dos sistemas de filtragem
Ter um bom conhecimento das culturas (ciclo, necessidades hídricas, estados críticos)
MÓDULO II
excessiva de nutrientes, de forma a minimizar a salinização do solo
MÓDULO III
…) para determinar a oportunidade de rega e as dotações a aplicar
Adotar, quando viável, métodos de rega mais eficientes como a rega localizada (ex: rega
gota-a-gota). Em terrenos de maior declive, sempre que possível deve ser este o sistema
de rega a adotar
MÓDULO IV
Fazer o controlo de caudal - linhas de rega de diferente caudal/caudalímetros parciais
Utilizar culturas com menores necessidades hídricas e/ou mais adequadas às condições
edafo-climáticas
306
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Utilizar estratégias de rega que tenham em conta a conservação dos solos
Criar faixas-tampão ao longo dos canais de rega, que são importantes para a manutenção
da qualidade da água, com efeito positivo sobre o funcionamento dos sistemas de rega
MÓDULO I
Recorrer a práticas agronómicas que promovam a retenção e infiltração da água no solo,
por exemplo através da armação do solo em covachos
Circundar a parcela com sebes, para criar o efeito de cortina de vento de modo a
minimizar a evaporação
MÓDULO II
Reutilização de águas
MÓDULO III
V.2.2. UTILIZAÇÃO EFICIENTE DA ENERGIA
As fontes energéticas podem ser classificadas, sob o ponto de vista do tipo de fonte, em
não renováveis e renováveis.
Tanto os combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), como os nucleares são
MÓDULO IV
considerados não renováveis porque a sua capacidade natural de renovação é muito reduzida
em comparação com a sua utilização, o que implicará, num futuro mais ou menos próximo, o
seu esgotamento. Este tipo de fontes de energias não renováveis são as mais utilizadas e são
fortemente poluidoras, possuindo um forte impacte ambiental.
Com a evolução do setor agrícola ao longo das últimas décadas, tem-se verificado que os
agricultores estão cada vez mais sensibilizados para as questões da energia, nomeadamente
BIBLIOGRAFIA
307
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
económica do seu negócio, quer na ótica ambiental. Deste modo, a necessidade de aumentar
a eficiência energética e de incorporar energias renováveis, tornou-se num desafio e numa
meta para o setor em geral.
MÓDULO I
e ambientalmente sustentáveis, é possível aumentar significativamente a eficiência na utilização
da energia no setor. Estas medidas passam, por exemplo, por:
MÓDULO II
por parte das empresas, que permitam atuar no controlo, diagnóstico e resolução
de desperdícios energéticos. Exemplo disso são as plataformas de gestão integrada
e centralizada de dispositivos, onde é possível visualizar os valores instantâneos e
acumulados das diversas grandezas energéticas, consultar o histórico em detalhe e/ou
aceder, de forma imediata, à informação gráfica dos valores.
MÓDULO III
alternativas mais aconselhadas, devido ao seu potencial para proporcionar reduções
substanciais nas emissões de gases com efeito de estufa e de outros poluentes
relacionados com o consumo de energia.
MÓDULO IV
a) A energia da biomassa utiliza matéria de origem vegetal e animal para produzir
energia. Esta fonte de energia, conhecida por bioenergia, aproveita o potencial
energético de qualquer matéria orgânica renovável (bagaços, engaços, podas,
folhas, etc.) e permite obter eletricidade, calor e combustíveis (bioetanol, biodiesel,
biogás, etc.). A bioenergia é muito utilizada para o aquecimento de instalações para
animais ou estufas. Em Portugal existem várias explorações avícolas que utilizam a
biomassa para o aquecimento do solo dos pavilhões (figura 6).
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
308
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
b) A energia solar consiste no aproveitamento dos raios solares para produzir energia.
Em Portugal, o potencial disponível para a utilização de energia solar é bastante
considerável, sendo um dos países da Europa com melhores condições para
aproveitamento deste recurso, dispondo de um número médio anual de horas de Sol,
variável entre 2200 e 3000, no continente, e entre 1700 e 2200, nos arquipélagos dos
MÓDULO I
Açores e da Madeira, respetivamente. Esta energia pode ser utilizada diretamente
para aquecer e iluminar edifícios (sistemas solares térmicos e fotovoltaicos) ou para
produzir eletricidade através de tecnologias de concentração da radiação (efeito
fotovoltaico).
MÓDULO II
energia em algumas atividades coloca ainda alguns desafios aos agricultores do
ponto de vista económico que importará aprofundar e desenvolver, no caminho do
aproveitamento eficiente e otimização do recurso solar disponível.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 7 - Sistema fotovoltaico para fornecimento de energia em
exploração agrícola na região da Beira Interior | Fonte: RuralSmart
c) A energia eólica é a energia gerada através da força do vento. Esta energia é utilizada
desde há séculos na bombagem de água através dos “cataventos” e na moagem
de grãos através dos moinhos eólicos. No entanto, a sua utilização na agricultura
parece ter caído em desuso embora mantenham grande potencial também nesta
vertente. A utilização desta energia para a bombagem de água (figura 8), seja para a
MÓDULO V
rega ou para sistemas de alimentação de água (poços/depósitos) é uma das formas
possíveis de conseguir ganhos energéticos na agricultura moderna. MÓDULO VI
309
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
d) A energia geotérmica é a energia calorífica que se encontra armazenada na Terra e
que pode ser utilizada para a produção de eletricidade ou para o aquecimento de
diversos tipos de instalações, como por exemplo instalações pecuárias ou estufas.
MÓDULO I
como uma potencial fonte de desenvolvimento regional e a implantação de centrais
geotérmicas prossegue a um ritmo acelerado (figura 9). Em território continental,
não parece justificar-se a exploração da energia geotérmica para produção de
eletricidade, fruto da sua geologia. No entanto, existem variadíssimas áreas onde
é possível o uso da geotermia para sistemas de aquecimento, sendo de destacar
toda a zona que acompanha a falha Penacova-Régua-Verín. Porém, a legislação
Portuguesa não permite que uma entidade particular, seja ela empresa ou não, possa
MÓDULO II
efetuar livremente o aproveitamento do potencial geotérmico para aquecimento.
Para que tal possa acontecer, será necessário a atribuição de uma concessão por
parte do Estado, impossibilitando, deste modo, a sua aplicação generalizada quer
aos regimes residenciais como industriais. Neste sentido, embora exista um enorme
potencial nesta fonte de energia renovável, torna-se necessário ultrapassar algumas
barreiras e modificar o presente quadro legal, de forma a facilitar o acesso a este
importante recurso.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 9 - Central Geotérmica da Ribeira Grande na região dos Açores
Fonte: http://geoelvas.blogspot.com/2012/04/energia-geotermica-ilha-s-mguel-
acores.html
Para concluir o ponto (i), atualmente todas as atividades do setor agrícola necessitam de MÓDULO V
energia ao longo do seu processo produtivo – considerando os produtos energéticos
petróleo, eletricidade, gás natural. Neste sentido, o recurso a tecnologias renováveis é
uma alternativa cada vez mais utilizada pelo setor e que permite reduzir os custos de
produção, bem como contribuir para a descarbonização da atividade e para as metas
ambientais nacionais, não obstante a agricultura representar menos de 3% na procura
nacional total de energia. Estes sistemas permitem alimentar máquinas, equipamentos
MÓDULO VI
agrícolas, sistemas de rega e fornecer luz, calor e arejamento nas habitações, instalações
pecuárias, estufas, sistemas de secagem, centrais de frio, entre outros.
Existe alguma diversidade de medidas, umas mais simples outras mais complexas, umas
representando quase meras alterações de comportamentos, outras exigindo investimento
BIBLIOGRAFIA
e, por isso, com custos muito variáveis, que permitem diminuir os consumos energéticos.
310
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
No quadro 4 são apresentados alguns exemplos de boas práticas que devem ser tidas em
consideração e que contribuem para o aumento da eficiência energética.
Medidas
MÓDULO I
Adoção de práticas de eficiência energética
MÓDULO II
Realização da bombagem em horário de vazio
MÓDULO III
Isolamento térmico de instalações para animais
MÓDULO IV
Manutenção periódica dos equipamentos de monitorização
Por fim, refere-se que o setor da Energia é muito regulado, sendo as principais entidades
com competências nesta matéria a DGEG – Direção Geral de Energia e Geologia e a ERSE –
MÓDULO V
Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
A água e a energia são dois dos recursos que apresentam maior importância para o setor,
uma vez que estão na base da atividade, quer pela extrema dependência destes fatores de
produção ao longo dos processos produtivos, quer pelos custos associados à sua aquisição.
Neste sentido, os agricultores são os principais interessados em utilizar eficientemente a água
e a energia e sentem este problema diariamente, pelo que estão cada vez mais sensibilizados
BIBLIOGRAFIA
311
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Face a esta realidade, torna-se cada vez mais necessário encontrar estratégias que permitam
preservar os recursos naturais, reduzir custos económicos e contribuir para um planeta mais
sustentável.
As boas práticas para a utilização eficiente destes recursos consistem, por vezes, na
simples adoção de pequenas medidas que contribuem, em muito, para esta estratégia. No
MÓDULO I
entanto, para além destas medidas, é fundamental que o setor agrícola recorra ao conjunto
de tecnologia que possui ao seu dispor o que implica conhecimento e disseminação, bem
como investimento, de modo a contribuir para o aumento da produtividade dos sistemas,
minimizar os custos, a intervenção humana e a variabilidade das condições naturais. Deste
modo, a solução pode passar pela transferência de conhecimento, potenciando a capacidade
de reconhecer os benefícios, e pela avaliação da viabilidade técnica e económica deste tipo de
ferramentas, sendo este um passo importante para alcançar uma agricultura tecnologicamente
MÓDULO II
mais avançada e social, económica e ambientalmente sustentável.
LEGISLAÇÃO RELEVANTE
MÓDULO III
Quadro de legislação (Ponto V.2.)
https://dre.pt/application/conteudo/75455175
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/
Política
PDF/?uri=CELEX:22016A1019(01)&from=PL
Internacional Acordo de Paris
MÓDULO IV
Climática https://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/ficheiro.
aspx?v=%3D%3DBQAAAB%2BLCAAAAAAABAAzNLA
0tgQAra2cKgUAAAA%3D
Comissão https://ec.europa.eu/environment/resource_efficiency/
Europeia documents/factsheet_pt.pdf
MÓDULO VI
Agência
Eficiência na Europeia do https://www.eea.europa.eu/pt/themes/waste/intro
utilização dos Ambiente
recursos
Roteiro para uma
Europa eficiente
https://ec.europa.eu/environment/resource_efficiency/
em termos de
recursos
BIBLIOGRAFIA
312
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.3. RESÍDUOS E SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS
MÓDULO I
Nos últimos quarenta anos assistiu-se a uma acentuada intensificação da atividade agrícola,
suportada pela evolução da tecnologia e dos fatores de produção, pretendendo responder
ao crescimento demográfico e económico a nível mundial, assim como para potenciar a
maximização dos rendimentos e a minimização de custos de produção.
MÓDULO II
mais responsável ao nível da segurança alimentar e da preservação dos recursos naturais.
Paralelamente foram sendo implementadas políticas de apoio a medidas que visam a
proteção dos recursos como, por exemplo, as medidas agroambientais e a obrigatoriedade de
cumprimento da condicionalidade - conjunto de regras ambientais, de saúde pública, saúde
animal, fitossanidade e bem-estar animal que os agricultores têm de cumprir para receberem
os pagamentos diretos e as ajudas do Desenvolvimento Rural da PAC.
O setor agrícola gera resíduos orgânicos e não orgânicos durante o ciclo de cada campanha
MÓDULO III
e a sua intensificação veio acentuar a quantidade e o tipo de resíduos produzidos. Com efeito,
apesar das melhorias que o setor tem vindo a integrar, tendo sido abandonadas práticas como
a queima, abandono ou enterramento de resíduos (Decreto-Lei n.º 239/97, de 9 de setembro),
subsistem procedimentos e técnicas de gestão de resíduos e subprodutos a melhorar, numa
perspetiva enquadrada o mais possível na lógica de economia circular.
De modo a dar seguimento a este desiderato, a gestão dos resíduos e subprodutos deve
MÓDULO IV
assentar no desenvolvimento de uma política nacional de resíduos que garanta uma estratégia
eficaz, integrada e abrangente de diminuição dos impactes associados à utilização dos
recursos naturais e que permita a eficiência da sua utilização e a proteção da saúde pública e
do ambiente.
V.3.2. CONCEITOS
Comecemos por clarificar alguns conceitos e contextualizar o seu significado neste manual. MÓDULO V
Conceito de “resíduo”
Conceito de “subproduto”
BIBLIOGRAFIA
313
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
é aplicável a substâncias ou objetos que resultam de um processo produtivo cujo principal
objetivo não seja a sua produção, e que são utilizados diretamente, sem qualquer outro
processamento, que não seja o da prática industrial normal.
MÓDULO I
novo RGGR, encontrando-se elencadas no seu Ponto n.º 1 as quatro condições a verificar
cumulativamente para que determinada substância ou objeto possa ser classificada dessa
forma:
MÓDULO II
• A produção da substância ou objeto ser parte integrante de um processo produtivo; e
MÓDULO III
Subproduto ou resíduo?
MÓDULO IV
comercialização, são considerados subprodutos.
Efetivamente, para uma mesma empresa, um desperdício pode, no espaço de alguns anos,
se não mesmo de alguns meses, perder o seu carácter de resíduo em função da evolução do MÓDULO V
conhecimento científico, das técnicas ou por razões económicas, na medida em que surgem
novas utilizações que lhes conferem um novo destino ou porque o aumento do preço das
matérias-primas virgens pode tornar comercializáveis algumas matérias-primas secundárias e
alguns subprodutos.
MÓDULO VI
No contexto agrícola, da utilização dos fatores de produção resultam materiais tais como:
• Embalagens de fertilizantes;
BIBLIOGRAFIA
314
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
tratamento de animais;
MÓDULO I
• Pneus usados;
• Óleos usados;
• ...
MÓDULO II
Estes componentes são considerados resíduos para o seu detentor, uma vez que não são
reutilizados nem valorizados no âmbito agrícola, não tendo um mercado definido para a sua
comercialização por parte do agricultor, que pretende efetivamente ver-se livre dos mesmos.
Estes produtos são considerados resíduos no âmbito RGGR.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 10 - Resíduos de produtos veterinários | Fonte: https://alavoura.com.br/colunas/
panorama/cooperativa- coleta-so-neste-ano-mais-de-19-toneladas-de-residuos-veterinarios/
Da produção agrícola resultam também outros materiais que não constituem o objetivo MÓDULO V
principal da produção, tal como referido anteriormente, que designamos como subprodutos.
Neste caso iremos distinguir os subprodutos resultantes da produção vegetal e os resultantes
da produção pecuária.
Estes materiais têm origem biológica (vegetal ou animal) e caraterizam-se por apresentarem
maioritariamente na sua composição substâncias orgânicas (95 a 99% do total da matéria seca),
MÓDULO VI
com elevada presença de carbono, hidrogénio, oxigénio e outros nutrientes (em menores
quantidades, como o azoto, potássio e fósforo).
Lei n.º 81/2013, de 14 de junho) como sendo constituída por materiais estruturantes
315
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
ou fontes, maioritariamente, de carbono, com origem na agricultura ou da silvicultura,
designadamente os provenientes:
MÓDULO I
na silvicultura ou na produção de energia através de processos ou métodos que não
prejudiquem o ambiente nem ponham em perigo a saúde humana;
MÓDULO II
de origem antropogénica (compostos orgânicos halogenados ou metais pesados),
que incluem todos os materiais lenhosos provenientes das indústrias da fileira da
madeira e da cortiça, resultantes da preparação das respetivas matérias-primas e
seu processamento e isentos de contaminantes.
A biomassa vegetal constitui um recurso valioso na medida em que pode ser reutilizado/
valorizado de diferentes formas devido às suas caraterísticas físico-químicas.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 11 - Resíduos resultantes da produção de hortaliças | Fonte: https://bichosdecampo.com/
el-gobierno-fijo-un-plan-de-accion-para-el-desarrollo-de-los-biomateriales/
316
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
doença grave transmissível.
Os subprodutos animais são classificados em três categorias com base no seu risco
potencial para a saúde pública e animal: Categoria 1- referente às matérias com risco
mais alto; Categoria 2 - referente às matérias com risco intermédio e Categoria 3 -
MÓDULO I
referente às matérias com o risco menor. Os destinos destes subprodutos têm em conta
a sua categoria (consultar Ponto V.6.5.).
MÓDULO II
compostagem ou de obtenção de biogás, ou quando o seu destino é a incineração,
coincineração ou aterro.
MÓDULO III
origem vegetal e a fração sólida do chorume, não apresentando
escorrências aquando da sua aplicação.
Mistura liquida ou semilíquida de fezes e urinas dos animais, bem
como de águas de lavagem e pluviais não desviadas da da área
Chorumes de estabulação dos animais, contendo por vezes desperdícios da
alimentação animal ou de camas e as escorrências provenientes das
nitreiras e silos.
MÓDULO IV
Quadro 5 - Caracterização dos principais efluentes pecuários | Fonte: Adaptado de: Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro
No Ponto V.6. a temática dos subprodutos animais e seus derivados será abordada com
maior pormenor.
MÓDULO VI
317
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Gestão de Resíduos de nível nacional, dos Programas de Prevenção de Resíduos e dos Planos
Municipais, Intermunicipais e Multimunicipais de Resíduos.
MÓDULO I
Resíduos Urbanos e de Resíduos Não Urbanos. Este planeamento encontra-se refletido no
Regulamento Geral de Gestão de Resíduos, que atualmente inclui as matérias relativas aos
fluxos específicos de resíduos (ex: plásticos, pneus usados, …).
No que diz respeito aos resíduos agrícolas, não existe um plano de gestão nacional
específico para os mesmos, ou seja, alguns resíduos agrícolas enquadram-se nos Planos de
Gestão de Resíduos Não Urbanos e de Resíduos Urbanos, a outros aplica-se legislação própria.
MÓDULO II
No que respeita à gestão dos subprodutos agrícolas, têm de ser cumpridas as orientações
contidas nos normativos legais comunitários e nacionais, nomeadamente as relativas aos
subprodutos animais e aos produtos derivados, cuja aplicação e controle são fundamentalmente
da responsabilidade do Ministério da Agricultura, através da Direção Geral de Agricultura e
Desenvolvimento Rural (DGADR) e da Direção Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV) ou,
para certos produtos e em certas circunstâncias, conjuntamente com o Ministério do Ambiente.
MÓDULO III
Os produtores pecuários quando procedem ao licenciamento da sua atividade pecuária
têm de ter em conta os normativos legais em vigor sobre a gestão dos subprodutos resultantes,
evidenciando a aplicação das normas associadas ao armazenamento, transporte e valorização
destes subprodutos, nomeadamente e de forma muito pertinente em relação aos Efluentes
Pecuários, cuja gestão é regulada por legislação específica.
MÓDULO IV
agrícolas, diversos fatores incitam os agricultores a melhorar as atuais práticas de gestão.
Para além do crescimento das preocupações em preservar o ambiente e os recursos, a maior
consciencialização da sociedade em geral e dos agricultores, em particular, relativamente
à boa gestão dos resíduos, a adoção de melhores práticas de resíduos e subprodutos são
induzidas, nomeadamente, por:
i) Fatores legais:
A legislação nacional referente à gestão de resíduos proíbe algumas das antigas MÓDULO V
práticas de eliminação de resíduos agrícolas e, conforme mais adiante será explicado,
centra a responsabilidade pelo destino final dos resíduos no seu produtor inicial ou, em
algumas situações, no seu detentor. Esta responsabilidade determina uma preocupação
por parte do agricultor em direcionar os resíduos para locais/entidades que depois os
encaminham segundo os princípios gerais da gestão de resíduos, que por sua vez devem
tem em consideração os princípios da economia circular. No caso dos subprodutos de
MÓDULO VI
• As ajudas diretas e/ou alguns apoios para o desenvolvimento rural podem ser
condicionadas, penalizando os agricultores que não procedam à recolha e
BIBLIOGRAFIA
318
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
estando definidas regras específicas, por exemplo, para o caso dos resíduos de
embalagens e excedentes de produtos fitofarmacêuticos, bem como para os óleos
usados, como referido anteriormente;
• A PAC integra algumas medidas que incentivam práticas agrícolas mais sustentáveis;
MÓDULO I
• Existe uma pressão dos consumidores, relacionada com a qualidade do produto e
com a proteção ambiental (exigências de mercado).
MÓDULO II
A predisposição por parte dos agricultores para a adoção de boas práticas de gestão de
resíduos agrícolas e subprodutos agrícolas nas suas explorações, bem como a capacidade
de mobilização ao nível associativo são dois fatores que apontam para o desenvolvimento
de possíveis soluções para a resolução de alguns dos problemas resultantes da produção de
certos resíduos/subprodutos.
MÓDULO III
• Desenvolvimento de sistemas locais para a gestão coletiva dos resíduos agrícolas/
subprodutos, resultantes de parcerias entre Organizações de Agricultores, entidades
da Administração Pública e entidades com competências técnicas no tema em causa;
MÓDULO IV
exploração ao nível do manuseamento, acondicionamento, separação e deposição dos
resíduos e subprodutos produzidos permitindo, deste modo, maximizar os quantitativos
encaminhados para reciclagem e minimizar os respetivos custos de gestão.
Em Portugal o diploma que estabeleceu o Regime Geral de Gestão de Resíduos (RGGR) foi
o Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro. Este decreto-lei foi posteriormente atualizado
pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, de modo a ir ao encontro das diretivas da União
Europeia (UE). Esta atualização pretendeu estabelecer medidas de proteção do ambiente e
da saúde humana, prevenindo ou reduzindo os impactes adversos decorrentes da produção,
utilização e gestão de resíduos e melhorando a eficiência dessa utilização. Este Decreto-Lei
estabeleceu não só o regime geral para a gestão de resíduos, mas também para a prevenção
BIBLIOGRAFIA
319
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Em dezembro de 2020, quer por força do desenvolvimento económico do setor dos resíduos,
da natural evolução das suas características e particularidades, quer por força da transposição
de atos jurídicos da União Europeia, este documento foi alvo de uma nova atualização através
do Decreto-lei n.º 102-D/2020 de 10 de dezembro. Este diploma integra no seu Anexo I (ao
qual se refere o artigo 2.º) o novo Regime Geral da Gestão de Resíduos. Pretendeu-se com
MÓDULO I
esta atualização promover e dar especial ênfase às abordagens circulares que dão prioridade
aos produtos reutilizáveis e aos sistemas de reutilização sustentáveis e não tóxicos em vez dos
produtos de utilização única, tendo primordialmente em vista a redução dos resíduos gerados.
MÓDULO II
designaremos como subprodutos agrícolas.
Efetivamente, de acordo com a alínea f) do n.º 2 do Artigo 2.º do RGGR, estão excluídos
do RGGR as matérias fecais, as palhas e outro material natural não perigoso com origem na
agricultura, pecuária ou na atividade silvícola, desde que sejam utilizados nessas atividades
(exemplos de utilizações: aplicação direta ao solo ou após compostagem, camas para animais,
alimentação direta dos animais, …) ou na produção de energia através de processos ou
MÓDULO III
métodos que não prejudiquem o meio ambiente nem ponham em risco a saúde humana
(exemplo: produção de combustíveis a partir dessa biomassa por processos físicos – pellets).
MÓDULO IV
como por exemplo de cogumelos; material vegetal de origem silvícola resultante de limpezas
e da exploração florestal; entre outros.
Por fim, no âmbito agrícola, são também referidas como exceções ao RGGR, as substâncias
que se destinam a ser utilizadas como matérias-primas para alimentação animal e que não são,
nem contêm, subprodutos animais (alínea e), n.º3, artigo 2.º do NRGGR).
Importa ainda referir que os materiais acima identificados e que estão excluídos RGGR,
não necessitam de registo no Mapa Integrado de Registo de Resíduos (MIRR) referido no cap.
MÓDULO VI
320
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
PRINCÍPIOS GERAIS DO RGGR
A estratégia para a gestão de resíduos rege-se por alguns princípios gerais definidos no
Artigo 4.º do RGGR:
MÓDULO I
A gestão de resíduos é realizada de acordo com os princípios gerais fixados nos
termos do RGGR e outra legislação aplicável e em respeito dos critérios qualitativos e
quantitativos fixados nos instrumentos regulamentares e de planeamento.
MÓDULO II
solo, a queima a céu aberto, bem como a deposição ou gestão não autorizada de
resíduos, incluindo a deposição de resíduos em espaços públicos são proibidas por lei.
MÓDULO III
preferencialmente em território nacional e obedecendo a critérios de proximidade.
MÓDULO IV
nomeadamente poluição da água, do ar, do solo, afetação da fauna ou da flora, ruído
ou odores ou danos em quaisquer locais de interesse e na paisagem.
MÓDULO V
devem respeitar, no que se refere às opções de prevenção e gestão de resíduos, a
seguinte ordem de prioridades:
a) Prevenção;
b) Preparação para a reutilização;
c) Reciclagem;
MÓDULO VI
321
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Dada a relevância deste princípio relativo à hierarquia das opções de prevenção e
gestão de resíduos nas políticas europeias e, consequentemente, no contexto nacional,
este tema será abordado de forma mais detalhada no capítulo seguinte (ver Ponto V.4.).
MÓDULO I
O regime económico e financeiro das atividades de gestão de resíduos visa a
compensação total dos custos económicos e tendencial dos custos sociais e ambientais
que o produtor gera à comunidade ou dos benefícios que a comunidade lhe faculta, de
acordo com o princípio geral da equivalência.
De acordo com este princípio, a gestão dos resíduos deve ter em conta também o valor
económico dos mesmos, reconhecendo o seu potencial enquanto recurso.
MÓDULO II
Constituem ainda princípios fundamentais da política de gestão de resíduos a promoção
de níveis crescentes de eficiência e de eficácia na gestão dos sistemas integrados.
Para além destes princípios gerais nos quais assenta a gestão de resíduos, importa referir
MÓDULO III
outros aspetos do RGGR que consideramos relevantes, no contexto do presente manual.
MÓDULO IV
específica aplicável. Em caso de impossibilidade de determinar o produtor do resíduo,
a responsabilidade pela respetiva gestão recai sobre o seu detentor.
iii) A uma entidade responsável por sistemas de gestão de fluxos específicos de resíduos;
da legislação específica.
322
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
A responsabilidade pela gestão dos resíduos, por parte do produtor dos produtos que
dão origem a esses resíduos, pode ser assumida a título individual ou ser transferida
para um sistema integrado.
É neste contexto que têm sido criados alguns sistemas integrados de gestão de resíduos,
MÓDULO I
em que várias empresas vinculadas pela responsabilidade alargada do produtor
cooperam de forma a estabelecer sistemas devidamente licenciados que atuam ao
nível da recolha, transporte, triagem, valorização e eliminação de determinados fluxos
específicos de resíduos.
MÓDULO II
mediante uma prestação financeira.
Alguns dos resíduos não orgânicos originados pela utilização de fatores de produção
aplicados na agricultura (plásticos não perigosos, papel, cartão, pilhas, acumuladores,
baterias, sucata metálica, equipamentos elétricos e eletrónicos usados, pneus usados,
óleos de motor, embalagens e restos de produtos fitofarmacêuticos, restos de
medicamentos para uso veterinário, ...) são entregues pelo agricultor a Operadores de
MÓDULO III
Gestão de Resíduos (OGR) especializados e acreditados para o efeito, de acordo com
o fluxo específico respetivo.
MÓDULO IV
Gestão de Resíduos), gerida pela APA - Agência Portuguesa do Ambiente, facilita aos
produtores/detentores de resíduos o acesso à informação relevante sobre as entidades que
efetuam operações de gestão de resíduos, as quais têm o dever de prosseguir com o seu
correto encaminhamento para tratamento, valorização e, em último caso, eliminação. Nesta
plataforma também é possível pesquisar as empresas qualificadas para tratamento de cada
tipo de resíduo, isto é, de acordo com a sua classificação pela Lista Europeia de Resíduos
(LER). Esta plataforma pode ser acedida através do link: https://silogr.apambiente.pt/pages/
publico/index.php MÓDULO V
que o seu destino final possa ser o mais adequado e o menos nefasto possível, para a saúde
humana e para o ambiente.
323
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
1) Classificação de acordo com a Lista Europeia de Resíduos (LER);
MÓDULO I
caracteriza um determinado resíduo, o que possibilita que o mesmo possa ser encaminhado
para o destino mais apropriado. Em função desta classificação, no caso de resíduos específicos,
o agricultor é responsável por selecionar as entidades, devidamente licenciadas, para o seu
tratamento.
MÓDULO II
Resíduos, podendo a ANR, em certas situações, definir, após consulta prévia dos operadores
económicos, que determinada substância ou objetos específicos passem a ser considerados
subprodutos. A desclassificação também pode acontecer na sequência de determinadas
operações de valorização.
Refere-se ainda que a publicação da Portaria n.º79/2002 de 3 de fevereiro veio clarificar que
os produtos obtidos em resultado a transformação por compostagem ou digestão anaeróbia
MÓDULO III
de efluentes pecuários (EP) e outros subprodutos de origem animal (SPA) e produtos derivados
(PD) de forma estreme ou combinada com EP não têm o estatuto de resíduos.
V.3.4.2. SUBPRODUTOS
O agricultor necessita de ter em conta, por um lado, as orientações e normas legais relativas
MÓDULO IV
aos subprodutos agrícolas, mas também as relativas aos resíduos uma vez que, como se referiu
anteriormente, em algumas situações os subprodutos adquirem esse estatuto.
Em relação aos subprodutos pecuários, a sua gestão está refletida no licenciamento da MÓDULO V
exploração pecuária, através do novo Regime do Exercício da Atividade Pecuária (NREAP),
enquadrado pelo Decreto-Lei n.º 81/2013, de 14 de junho.
Por outro lado, a gestão dos subprodutos animais e dos subprodutos seus derivados obedece
ao Regulamento (CE) n.º 1069/2009 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21 de Outubro
de 2009, que define regras sanitárias relativas a subprodutos animais e produtos derivados
BIBLIOGRAFIA
não destinados ao consumo humano, cuja aplicação no nosso país tem vindo a determinar a
324
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
publicação no quadro legal nacional de vários normativos, entre eles a anteriormente referida
Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro, relativa à gestão de efluentes pecuários e o Decreto-Lei
n.º 33/2017, de 23 de março, relativo ao sistema de recolha de cadáveres de animais mortos
nas explorações (SIRCA).
MÓDULO I
Podemos concluir que, principalmente no caso da atividade pecuária, é importante ter em
conta diversos contextos produtivos que geram diferentes resíduos e subprodutos, aos quais
deve ser dado um destino adequado, no respeito pelos princípios da economia circular, e
pelos normativos legais e orientações em vigor. O agricultor deve informar-se acerca destes em
primeira instância junto da DGADR/Direções Regionais de Agricultura e da DGAV e, quando
necessário e aplicável, ter em consideração a articulação com as estruturas do Ministério do
Ambiente, nomeadamente com a APA.
MÓDULO II
V.3.5. LICENCIAMENTO DAS ATIVIDADES DE GESTÃO DE RESÍDUOS E DE
SUBPRODUTOS AGRÍCOLAS
i) Resíduos
As atividades associadas à gestão de resíduos, que integram o seu tratamento, estão
MÓDULO III
sujeitas a licenciamento, nos termos do Artigo 59.º do novo Regime Geral de Gestão
de Resíduos – Anexo I do Decreto-Lei 102-D/2020, de 10 de dezembro, aplicando-
se nomeadamente às operações de valorização agrícola de resíduos (excluindo a
compostagem doméstica, nos termos do artigo 66.º).
No caso do setor agrícola, os resíduos associados à utilização de fatores de produção,
de natureza não orgânica, entregues nas estruturas de receção dos sistemas de gestão
integrada de resíduos, não são objeto de tratamento, ou valorização pelo agricultor,
MÓDULO IV
pelo que, neste caso, são as empresas gestoras de resíduos que têm de solicitar
licenciamento respetivo.
Quando estamos perante resíduos com enquadramento no RGGR, as operações
de valorização e eliminação, incluindo a respetiva preparação prévia, são sujeitas a
licenciamento com enquadramento no RGGR. Estas operações encontram-se elencadas
nos anexos I – “Operações de tratamento por eliminação” e II – “Operações de
tratamento de valorização” do RGGR. O licenciamento é aplicado, com as necessárias
adaptações e sem prejuízo do disposto em legislação específica, entre outras, a MÓDULO V
operações como:
i) Lagunagem;
ii) Tratamentos biológicos;
iii) Secagem térmica;
MÓDULO VI
iv) Compostagem;
v) Digestão anaeróbia;
vi) Remediação dos solos para efeitos da sua valorização;
vii) Tratamento do solo para benefício agrícola ou melhoramento ambiental;
viii) Valorização de resíduos em solos agrícolas, florestais e na jardinagem;
BIBLIOGRAFIA
325
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
x) Tratamentos mecânicos e químicos de resíduos;
xi) Armazenagem de resíduos em função da sua futura utilização.
MÓDULO I
Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Autoridade Regional de Resíduos (ARR)
territorialmente competente, que é desempenhada pela respetiva Comissão de
Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).
MÓDULO II
as operações de acompanhamento e controlo e a identificação do responsável técnico
ambiental pelo tratamento de resíduos.
MÓDULO III
O sistema online SILiAmb permite, ao nível dos licenciamentos:
• Efetuar pedidos de licenciamento;
• Acompanhar o processo de licenciamento e consultar utilizações;
• Comunicar com a APA/ARH (Administração de Região Hidrográfica);
MÓDULO IV
• Alterar dados pessoais.
Esta plataforma possibilita ao agricultor interagir com a APA neste e noutros assuntos
para além dos resíduos, tais como o licenciamento das utilizações dos recursos hídricos.
ii) Subprodutos
Todas as unidades com produção pecuária têm de proceder ao seu registo e
licenciamento, de acordo o Decreto-Lei nº 81/2013, de 14 de junho (NREAP). Quando MÓDULO V
aplicável, é igualmente necessário proceder ao licenciamento das atividades de
valorização de efluentes pecuários, de acordo com a Portaria n.º79/2022 de 3 de
fevereiro, a qual regulamenta a gestão dos efluentes pecuários (EP).
Esta portaria estabelece as normas regulamentares aplicáveis à gestão sustentável
dos EP e as normas técnicas a observar no âmbito do processo de autorização das
MÓDULO VI
326
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
como dos fertilizantes que os contenham, cuja utilização é autorizada nas seguintes
situações:
• a) Valorização agrícolas de outros SPA e PD das categorias 2 e 3, de forma estreme
ou combinada com efluentes pecuários;
MÓDULO I
• b) Transformação de outros SPA e PD das categorias 2 e 3, de forma estreme
ou combinada com efluentes pecuários, em unidades autónomas de efluentes
pecuários, designadamente unidades intermédias, de compostagem, de produção
de biogás e ETEP.
Estão definidas pela DGADR (Quadro 1 – Licenciamento dos usos admissíveis para os
efluentes pecuários (EP)), que constitui um anexo da Nota Informativa 17/2019 emitida
MÓDULO II
pela DGADR, as várias formas de valorização e eliminação admissíveis para os efluentes
pecuários (em anexo - Anexo III), bem como as respetivas entidades envolvidas no
licenciamento dessas atividades.
Tal como refere este quadro, no caso da valorização agrícola e orgânica, com exceção
das Unidades de Valorização de EP associados às matérias fertilizantes, e das unidades
de combustão anexas à exploração, o licenciamento é feito através do NREAP, não
obstante o envolvimento de outras entidades (DGAV, CCDR, …).
MÓDULO III
No caso da valorização energética por combustão em unidades autónomas e por
incineração e coincineração, o licenciamento já não tem lugar via NREAP.
MÓDULO IV
licenciamento de atividades complementares de gestão de efluentes pecuários constitui
parte integrante do processo de autorização da exploração pecuária, nos termos do
Decreto-Lei n.º 81/2013 de 14 de junho (NREAP) e tendo em conta o Anexo I da Portaria
n.º 79/2022,de 3 de fevereiro, onde se identifica a capacidade máxima permitida para
as diferentes atividades complementares de gestão dos efluentes pecuários de acordo
com a classe da exploração pecuária.
No caso das explorações pecuárias que produzem SPA não destinados ao consumo
humano, bem como das unidades de tratamento (eliminação e/ou valorização) destes
subprodutos, para além da intervenção das estruturas do Ministério da Agricultura (DGAV, MÓDULO V
DGADR, Direções Regionais territorialmente competentes) ao nível do licenciamento e
autorizações inerentes à atividade, importa ter em conta o escrutínio das autoridades
do Ministério do Ambiente. Por exemplo as aviculturas e suiniculturas em regime de
produção intensiva, produtoras de SPA, têm que considerar: se na instalação é efetuado
o acondicionamento adequado destes subprodutos (em termos de temperatura e em
local destinado para o efeito, afastado dos locais de produção), qual a frequência
MÓDULO VI
com que os cadáveres e outros materiais (fetos, nados mortos, placentas, etc.) são
encaminhados para fora das instalações; se o destino desses materiais é licenciado para
o tratamento de SPA ou, no caso de destino alternativo para enterramento ou outro, se
existe autorização da DGAV; quais as evidências de que o meio de transporte dos SPA
está licenciado pela DGAV para o efeito, entre outros aspetos.
327
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.3.6. REGISTO DE INFORMAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO DE
RESÍDUOS E DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM AGRÍCOLA
De modo a registar toda a informação e acompanhar o processo de gestão de resíduos, foi
criado em Portugal um Sistema Integrado de Registo Eletrónico de Resíduos (SIRER). Este
sistema engloba informação sobre os sistemas de gestão de resíduos, sobre os resíduos
MÓDULO I
produzidos, tratados e transferidos. O SIRER integra ainda informação sobre subprodutos e
sobre resíduos abrangidos pelos regimes de desclassificação.
Esta plataforma eletrónica permite efetuar o registo de entidades e pessoas, a submissão
de dados, bem como a sua transmissão, consulta de informação e a sua disponibilização ao
público.
MÓDULO II
Ambiente) e é composto por módulos que permitem dar resposta às diferentes obrigações de
registo e reporte (figura 12).
MÓDULO III
Figura 12 - Estrutura organizativa da plataforma SILIAMB
Fonte: https://apambiente.pt/index.php?ref=16&subref=84&sub2ref=212
Dentro dos módulos que compõem o SIRER, aqueles que mais importância podem ter
MÓDULO IV
para o agricultor são os seguintes:
• MIRR – Mapa Integrado de Registo de Resíduos: a preencher por produtores,
transportadores, comerciantes/corretores e operadores de tratamento de resíduos,
desde que abrangidos pela obrigação legal;
• SILOGR – Sistema de Informação de Operadores de Gestão de Resíduos: um diretório
dos operadores de tratamento de resíduos licenciados;
• e-GAR - Desmaterialização das Guias de Acompanhamento de Resíduos; MÓDULO V
• Fluxos Específicos: Registo de Produtores de Produto + Entidades Gestoras;
• Declaração de Subproduto
Também existem igualmente exceções no que respeita aos registos, tendo em conta
as exceções ao RGGR dos efluentes pecuários e de outros subprodutos produzidos
nas explorações pecuárias. Uma vez que estas exceções estão associadas a condições
específicas, nomeadamente quanto à origem e destino destes subprodutos, a necessidade
e procedimentos de registo devem ser analisadas casuisticamente, avaliando a necessidade
BIBLIOGRAFIA
328
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
registos associados à gestão e ao transporte de Efluentes pecuários, outros SPA e PD (artigos
8.º, 9.º, 15.º e 16.º). Seguidamente salientam-se alguns aspetos mais relevantes sobre o que é
preconizado neste diploma legal.
MÓDULO I
pecuários (PGEP), a aprovar pela entidade coordenadora do NREAP. Este plano deve ser
permanentemente atualizado e deve referir a estimativa dos efluentes pecuários, outros SPA e
ou PD, que se prevê produzir/utilizar, e deve incluir uma descrição das instalações pecuárias,
de armazenamento, transporte e destino dos mesmos.
MÓDULO II
devendo indicar no caso da valorização agrícola na exploração as áreas valorizadas e a sua
georeferenciação e a quantidade de EP valorizado. Por outro lado devem ser feitos registos
no caderno de campo, sendo os mesmos obrigatórios no caso, por exemplo, de explorações
autorizadas a efetuar valorização agrícola de EP em quantidade superior a 200T ou m3.
MÓDULO III
deve estar associada uma guia eletrónica de transporte de efluentes pecuários (e-GTEP), no
caso dos EP, e uma Guia eletrónica de outros subprodutos animais (e-GAS).
Em resumo, quer no caso dos resíduos, quer no caso dos EP e outros SPA e PD, estão
previstos registos nas várias fases da sua gestão e ao nível dos diversos intervenientes, o que
apresenta importância fulcral para o controlo e planeamento das políticas e ações de proteção
do ambiente da saúde pública.
LEGISLAÇÃO RELEVANTE
MÓDULO IV
Quadro de legislação (Ponto V.3.)
TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA
Decreto-Lei n.º
Gestão de
239/97, de 9 de https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/239-1997-644295
Resíduos
setembro
Decreto-Lei n.º
178/2006, de 5
de setembro
https://dre.pt/application/conteudo/540016
MÓDULO V
Regime Geral
Gestão Resíduos Decreto-Lei n.º
73/2011, de 17 https://dre.pt/application/conteudo/670034
de junho
Novo Regime Decreto-Lei n.º
Geral Gestão 102-D/2020 de https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/102-d-2020-150908012
MÓDULO VI
Resíduos 10 de dezembro
Regime Exercício Decreto-Lei n.º
https://dre.pt/application/dir/
Atividade 214/2008, de 10
pdf1sdip/2008/11/21800/0782007854.pdf
Pecuária de novembro
Novo Regime
Decreto-Lei n.º
Exercício https://dre.pt/application/dir/
81/2013, de 14
Atividade pdf1sdip/2013/06/11300/0330403329.pdf
de junho
BIBLIOGRAFIA
Pecuária
329
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Quadro de legislação (Ponto V.3.)
Portaria n.º
MÓDULO I
42/2015 de 19 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/42-2015-66536462
de fevereiro
Portaria n.º
634/2009, de 9 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/634-2009-494528
de junho
Portaria n.º
MÓDULO II
635/2009, de 9 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/635-2009-494529
de junho
Portaria n.º
637/2009, de 9 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/637-2009-494515
MÓDULO III
de junho
Portaria n.º
79/2022 de 3 de https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/79-2022-178602023
fevereiro
Decreto-Lei n.º
33/2017, de 23 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/33-2017-106647823
MÓDULO IV
de março
Gestão de Regulamento
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/pt/
Subprodutos (CE) nº
TXT/?uri=CELEX%3A32009R1069
Animais 1069/2009
Decreto-Lei n.º
https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-/search/67185043/details/
75/2015, de 11
normal?l=1
de maio
Licenciamento
Único Ambiental
Agência MÓDULO V
Portuguesa do https://www.apambiente.pt/index.php?ref=17&subref=1262
Ambiente
A preocupação com a preservação ambiental tem sido, cada vez mais, o foco principal
em debates sobre os procedimentos mais adequados para minimizar os impactes que as
atividades rurais ou urbanas podem causar no ambiente. De entre estes impactes, a produção
de resíduos é aquela que maior apreensão tem causado, uma vez que praticamente todas as
atividades económicas produzem algum tipo de resíduo.
na sua queima ou deposição em cursos de água, nos oceanos ou em lixeiras a céu aberto.
330
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
No entanto, o aumento da produção de resíduos, a diminuição dos locais de deposição e
a crescente pressão por parte da opinião pública, em conjunto com a significativa evolução
tecnológica, a integração de novos materiais na composição dos resíduos e a evolução de
políticas nacionais e internacionais, veio exigir uma nova abordagem à gestão dos resíduos.
MÓDULO I
Esta nova abordagem visa uma integração dos processos de gestão de resíduos, com
vista à preservação dos recursos e da saúde pública, à diminuição dos riscos ambientais e à
responsabilização dos diferentes agentes envolvidos, podendo também contribuir para uma
redução de custos operacionais.
V.4.1. CONCEITO
MÓDULO II
Existem duas abordagens para analisar o conceito de Gestão Integrada de Resíduos1:
MÓDULO III
no que diz respeito à atribuição de responsabilidade pela sua gestão.
ABORDAGEM 1
MÓDULO IV
sua produção, procurando atingir um equilíbrio entre a necessidade de produção de resíduos
e o seu impacte ambiental. Assenta no conceito da Hierarquia das operações de gestão
(figura 13).
MÓDULO V
MÓDULO VI
Figura 13 - Conceito da Hierarquia das Opções de Gestão de Resíduos | Fonte: Lopes, 2010
De acordo com este conceito, a Prevenção e a Redução surgem no topo de uma pirâmide
invertida. Estas são as etapas de maior importância e às quais se deve dar primazia, seguindo-
se depois a Reutilização. No caso de não ser possível reutilizar deve-se optar pela Reciclagem
ou outra forma de Valorização. A Eliminação deve ser encarada como a última opção de
1 Neste contexto consideramos os resíduos em termos genéricos, ou seja, como “quaisquer substâncias ou
BIBLIOGRAFIA
331
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
gestão. Este princípio visa a minimização de deposição em aterro sanitário ou no meio
envolvente de resíduos que apresentem potencial de reciclagem e valorização.
MÓDULO I
i) Prevenção/Redução:
MÓDULO II
das substâncias potencialmente poluentes que os integram.
MÓDULO III
diminuição da quantidade e/ou perigosidade dos resíduos produzidos, geralmente no
local onde são gerados. De certa forma, o conceito de prevenção engloba o conceito
de redução.
MÓDULO IV
das formas que permitem uma redução da produção de resíduos.
ii) Reutilização:
dita do resíduo, como acontece, por exemplo, com as garrafas de vidro ou de leite com
332
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
depósito, com a reintrodução nos sistemas de lavagem de algumas águas sujas geradas
nas explorações pecuárias e com a reincorporação dos lixiviados da compostagem nos
resíduos submetidos a este tratamento, nas fases iniciais do processo. Uma outra forma
de reutilização consiste na utilização do resíduo ou componente do resíduo com outra
finalidade que não a inicial, como é o caso da colocação de pneus sobre a cobertura
MÓDULO I
dos silos.
iii) Reciclagem:
MÓDULO II
o aumento da eficiência de outros processos como a compostagem ou a combustão.
Confere, além disso, aos cidadãos um papel ativo na melhoria da qualidade do ambiente.
MÓDULO III
iv) Valorização:
MÓDULO IV
ser recuperados e de novo integrados nos circuitos de mercado, tal como acontece,
por exemplo, com metais recuperados a partir de resíduos de equipamentos elétricos
e eletrónicos (REEE), de veículos em fim de vida (VFV), com o papel e cartão, com o
plástico recuperado a partir de resíduos de embalagens ou com a borracha recuperada
de pneus em fim de vida útil.
Ao longo dos anos têm emergido outras técnicas de valorização de resíduos, baseadas
em processos biotecnológicos ou biológicos. Os conteúdos polifenólicos de alguns
dos resíduos agroalimentares e a sua atividade antioxidante revelam o potencial de
BIBLIOGRAFIA
333
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Como vimos anteriormente, muitos destes produtos orgânicos que resultam dos
processos de produção e que não constituem o objetivo da produção, podem ser
considerados subprodutos e não resíduos, uma vez que podem ser utilizados sem serem
alvo de uma transformação adicional, podendo vir a integrar um processo produtivo
subsequente.
MÓDULO I
v) Eliminação:
MÓDULO II
das Normas exigentes que esta estabelece num futuro muito próximo e que apontam
no sentido da redução em grande escala da deposição em aterro de todos os resíduos
adequados para reciclagem ou outra valorização energética ou de materiais.
MÓDULO III
lixiviados e são libertados gases com efeito de estufa, como metano e dióxido de
carbono, motivo pelo qual a deposição de resíduos em aterro sanitário deve ser vista
como a última opção na hierarquia das opções de gestão de resíduos e só se deverá
realizar quando não houver a possibilidade de se aplicarem as alternativas anteriormente
discriminadas. Por esse motivo, a título exemplificativo, até 2035 irá ser limitada a 10 %
a quantidade de resíduos urbanos depositados em aterros.
MÓDULO IV
ABORDAGEM 2
De acordo com esta abordagem, o foco centra-se na gestão integrada de resíduos, entendida
como um modo de conceber, implementar e articular – de forma integrada e sistemática –
diversos procedimentos da sua gestão, os quais tocam aspetos ambientais, socioeconómicos,
tecnológicos e legais. Isto significa articular políticas e atores de várias áreas envolvendo a
legislação e as comunidades; reunir recursos; e identificar soluções e tecnologias adequadas
MÓDULO V
às realidades de cada caso.
mercado fica obrigado a submeter a gestão dos resíduos a um sistema individual, a transferir
a sua responsabilidade para um sistema integrado, ou a celebrar acordos voluntários com a
APA para o efeito.
em causa, mediante o pagamento de prestações financeiras (ou eco valor) pelos produtos
334
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
colocados no mercado.
MÓDULO I
integrados de gestão para fluxos específicos de resíduos, no âmbito dos quais o produtor, o
embalador ou o importador podem optar por transferir a sua responsabilidade pela gestão
do resíduo para uma das entidades gestoras licenciadas, que operam no âmbito do respetivo
sistemas integrado de gestão.
Quer isto dizer que, no caso de não ser possível tratar/valorizar um determinado resíduo
ou se tal não se revelar economicamente viável é possível ao agricultor recorrer a entidades
MÓDULO II
licenciadas para a gestão dos resíduos produzidos nas explorações agrícolas. Não havendo
possibilidade de integrar os resíduos na própria exploração, como vimos anteriormente no
caso da reutilização de resíduos ou da valorização de resíduos orgânicos, o encaminhamento
para as entidades licenciadas para a gestão de determinados fluxos específicos de resíduos
vai ao encontro dos princípios da Economia Circular, uma vez que através destes sistemas será
possível prolongar o ciclo de vida ou contribuir para o “fecho de ciclo” de alguns materiais,
que é o que se pretende num modelo produtivo sustentável.
MÓDULO III
O recurso a estas entidades gestoras de resíduos confere algum grau de conforto aos
agricultores, na medida em que assegura um destino adequado para os resíduos produzidos.
Algumas das entidades gestoras licenciadas pela APA no âmbito dos diferentes sistemas
integrados de gestão de resíduos e que podem interessar aos agricultores são:
MÓDULO IV
• Sociedade Ponto Verde (Sociedade Gestora de Resíduos de Embalagens, S.A);
Lda.).
335
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
• Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos
(SIGREEE):
MÓDULO I
• ERP Portugal (Associação Gestora de Resíduos).
MÓDULO II
• Eco pilhas (Sociedade Gestora de Resíduos de Pilhas e Acumuladores, Lda.);
MÓDULO III
• Sistema Integrado de Gestão de Veículos em Fim de Vida (SIGVFV):
MÓDULO IV
a desenvolver trabalho para dar resposta às necessidades específicas do setor agrícola, uma
vez que este setor engloba uma diversidade considerável de resíduos, muitos deles carecendo
de soluções viáveis em termos de destino.
MÓDULO V
agrícolas, ou seja, ambientalmente eficazes, operacionalmente exequíveis e economicamente
eficientes.
Existem países europeus, tais como a Alemanha e Holanda, cuja estratégia assentou
BIBLIOGRAFIA
336
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
principalmente os Filmes Plásticos e as Embalagens Residuais de Agroquímicos,
em conjugação com a utilização de infraestruturas municipais para os resíduos não
abrangidos e com características similares aos resíduos sólidos urbanos (RSU’s),
nomeadamente pneus usados, baterias, etc.
MÓDULO I
ii) Modelo de Gestão assente no desenvolvimento de sistemas de gestão especializados
apenas para alguns fluxos agrícolas
iii) Modelo de gestão de resíduos agrícolas assente apenas na utilização das infraestruturas
MÓDULO II
municipais de gestão de resíduos
O conceito de gestão integrada, pode abranger vários operadores, mas também tem
MÓDULO III
subjacente a integração de diferentes tecnologias face a certos resíduos/subprodutos, de
forma a proceder à sua valorização, retirando o máximo valor destes produtos, de forma a
conduzir a consumos mais baixos de fatores de produção e à implementação do conceito de
circularidade, tal como se explicita seguidamente.
MÓDULO IV
Depois de entender as opções de gestão e os princípios de uma gestão integradora de
resíduos, é importante conhecer quais são as etapas do próprio processo de gestão de resíduos.
Estas etapas, retratadas de uma forma resumida e esquematizada na Figura 14 compreendem
a recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação (bem como
as operações de descontaminação de solos/águas).
MÓDULO V
MÓDULO VI
e viável. Após esta operação, os resíduos deverão ser transferidos para um local destinado ao
337
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
seu armazenamento ou diretamente para os locais de tratamento, em função das características
e do tipo de resíduos.
MÓDULO I
máximo determinado, nas instalações onde são produzidos, a fim de serem transportados
e tratados em local apropriado. No caso dos resíduos de embalagens e de excedentes de
produtos fitofarmacêuticos, esta armazenagem nas explorações agrícolas obedece a regras
que o agricultor terá obrigatoriamente de cumprir.
A última etapa de gestão está relacionada com o destino final que é dado aos resíduos
através do seu tratamento. Este processo consiste nas diferentes operações de valorização
MÓDULO II
ou eliminação, incluindo também a preparação prévia que alguns resíduos necessitam. Ou
seja, alguns resíduos necessitam de ser sujeitos a um tratamento (mecânico, físico, químico ou
biológico) para que possam posteriormente ser valorizados ou eliminados.
MÓDULO III
plásticos).
MÓDULO IV
potencial de valorização de alguns resíduos/subprodutos durante a sua atividade. Está claro
que nem todos os empresários têm possibilidades de desenvolver este tipo de sistemas nas
suas explorações. Esta eventual impossibilidade pode ser devida à incapacidade de tratar
determinados resíduos/subprodutos (estruturas de armazenamento, equipamentos para
tratamento, conhecimento tecnológico, etc.) ou aos reduzidos volumes produzidos destes
materiais, o que não permite a viabilidade económica do seu tratamento.
No entanto, ainda que não seja possível desenvolver em todas as explorações um sistema MÓDULO V
“ideal” de gestão que integre todos os resíduos/subprodutos numa ótica circular e sustentável
– é fundamental que o agricultor perceba a importância da adoção e implementação deste
tipo de conceitos ao longo do seu processo produtivo. Para tal deve articular as lacunas do seu
sistema com a disponibilidade de serviços prestados por entidades externas que proporcionem
a valorização material, agrícola, orgânica ou energética dos resíduos/subprodutos gerados na
exploração agrícola.
MÓDULO VI
com taça, dietas equilibradas, pisos adaptados, etc.) – são encaminhados diretamente para
338
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 15 - Sistema de Gestão Integrada de Efluentes pecuários em exploração de suínos na ilha da Madeira
Fonte: Marques, Ferreira e Cruz, 2004
um biodigestor, para valorização através da produção de biogás. Este biogás é utilizado para
MÓDULO III
aquecimento de águas e da própria instalação. O material que fica no biodigestor, após o
processo, depois de passar num separador de sólidos, é valorizado de duas formas: a fração
sólida é submetida a um processo de compostagem, para posterior aplicação nos solos; a
fração líquida sofre um processo de lagunagem, permitindo a utilização da água, depois de
devidamente tratada, em sistemas de rega.
MÓDULO IV
conceito de integração na gestão dos subprodutos pecuários. Neste exemplo, os efluentes
pecuários que poderiam ser simplesmente depositados em sistemas de lagunagem para
efetuar o seu tratamento, são encaminhados para um biodigestor onde é produzido biogás, o
que permite suprir algumas das necessidades de aquecimento e, consequentemente, diminuir
a fatura anual de energia da instalação. Esta exploração ainda vai mais além, uma vez que, do
material que fica no biodigestor após produção do biogás é feita uma separação da fração
sólida e líquida. A fração sólida é valorizada pelo processo de compostagem, o qual permitirá
a sua utilização como fertilizante orgânico nos terrenos agrícolas, e a fração líquida, agora sim,
é submetida a um processo de lagunagem que apresenta uma eficiência bastante superior, MÓDULO V
uma vez que as águas se encontram muito menos contaminadas.
Existem também outros exemplos que permitem perceber como se pode efetuar uma
gestão integrada de resíduos/subprodutos dentro das limitações das próprias empresas.
Atualmente, muitas empresas de produção e processamento de azeitona (olival e lagar) iniciam
o seu processo de circularidade pela manutenção no solo dos ramos e folhas resultantes do
MÓDULO VI
processo de poda.
deste material.
339
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Estes exemplos permitem compreender que, embora não seja possível ao empresário
efetuar uma gestão integradora de todos os resíduos/subprodutos resultantes do processo
produtivo, deve existir a preocupação de: (i) reduzir a sua produção através da adoção de boas
práticas de gestão eficiente de recursos; (ii) dar o melhor destino possível aos resíduos através
de práticas de valorização mais adequadas; e (iii) no caso dos resíduos que ultrapassam a
MÓDULO I
vocação e a capacidade da exploração agrícola, recorrer a operadores licenciados para a
gestão dos mesmos.
MÓDULO II
climáticas e para não pormos em causa a sustentabilidade do planeta Terra, a necessidade
de encontrar soluções que promovam a preservação dos recursos, a diminuição dos riscos
ambientais e a responsabilização dos diferentes agentes envolvidos é imperativa.
A gestão integrada de resíduos é uma estratégia fundamental que o agricultor tem à sua
disposição para contribuir para pôr em prática o conceito de economia circular.
LEGISLAÇÃO RELEVANTE
MÓDULO III
Quadro de legislação (Ponto V.4.)
Diretiva 2018/850
Resíduos em do Parlamento https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/
MÓDULO IV
Aterros Europeu e do PDF/?uri=CELEX:32018L0850&from=EN
Conselho
https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada/-/
Decreto-Lei n.º
lc/132506099/202005201442/exportPdf/normal/1/
152-D/2017, de
cacheLevelPage?_LegislacaoConsolidada_WAR_
11 de dezembro
drefrontofficeportlet_rp=indice
Agência
Portuguesa do https://apambiente.pt/residuos/fluxos-especificos-de-residuos-0
MÓDULO VI
Ambiente
como dos subprodutos de origem vegetal, com origem nas explorações agrícolas.
340
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.5.1. GESTÃO DOS RESÍDUOS AGRÍCOLAS
A agricultura gera quantidades consideráveis de resíduos durante todo o ciclo de cada
campanha. Neste capítulo iremos abordar os resíduos agrícolas, enquadrados no RGGR, que
na sua grande maioria resultam da utilização de fatores de produção.
MÓDULO I
De acordo com o referido no Ponto V.3., os resíduos agrícolas dizem respeito sobretudo a
fatores de produção entretanto aplicados e em fim de vida útil, tais como resíduos resultantes
da aplicação de produtos fitofarmacêuticos (excedentes/embalagens), plásticos (fitas de
rega, estufas/estufins, coberturas), papel/cartão e materiais associados às máquinas agrícolas
(pneus, óleos, etc.), entre outros.
MÓDULO II
De uma forma empírica, poderemos dizer que apenas são considerados resíduos os
produtos que não voltam a ser utilizados. Desta forma existem produtos que o agricultor
considera resíduo, mas que na verdade, se forem reutilizados, valorizados ou reciclados na
exploração deixam de ser considerados como tal.
Embora de acordo com a legislação em vigor, o produtor dos resíduos seja responsável
pelo seu destino final, a deficiente ou insuficiente gestão destes materiais, no que respeita
ao seu destino constitui uma preocupação atual, devido aos impactes no meio ambiente que
MÓDULO III
estes podem causar, no curto ou longo prazo. Neste sentido, todos estes produtos devem ser
alvo de uma gestão própria e de um destino adequado, em função das suas características,
que contemple todas as etapas e procedimentos adequados de recolha, transporte,
armazenamento, tratamento, valorização e eliminação, de modo a não constituírem perigo ou
causar prejuízo para a saúde humana ou para o ambiente.
MÓDULO IV
acordo com as orientações dos sistemas de gestão nos quais se enquadram, devendo ser
encaminhados para sistemas de gestão que preferencialmente promovam a sua reutilização,
reciclagem ou valorização, e apenas em último caso a sua eliminação.
A eliminação de resíduos deve ser sempre evitada, no entanto, no caso de não existirem
alternativas, este processo deve ser gerido apenas por entidades/instalações autorizadas
e capacitadas para tal. As entidades licenciadas para a gestão dos fluxos específicos de
MÓDULO V
resíduos que podem interessar aos agricultores encontram-se listadas no Ponto V.4. (sistemas
integrados de gestão de resíduos). No site destas entidades encontra-se informação detalhada
sobre os procedimentos e especificações relativamente à gestão dos resíduos enquadrados
na sua atividade.
Em suma, a gestão de resíduos visa, por um lado, prevenir e reduzir a sua produção e
nocividade, nomeadamente através da reutilização e da alteração de processos produtivos;
MÓDULO VI
341
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
O armazenamento na exploração agrícola deve ser temporário e concentrar todos os resíduos
num local adequado, de acordo com as recomendações ou obrigações de armazenamento
para cada tipo de resíduo. Quando o período de armazenamento é igual ou superior a um
ano, é obrigatório requerer o licenciamento ao abrigo do Decreto-Lei n.º 102-D/2020 de 10
de dezembro.
MÓDULO I
O armazenamento dos resíduos produzidos nas instalações agrícolas e que aguardam
encaminhamento para destino final, deve ser efetuado em estruturas construídas para o efeito
ou, em alguns casos, em contentores/recipientes especificamente dedicados a essa finalidade.
O seu manuseamento deve ser feito de modo a impedir a ocorrência de qualquer derrame ou
fuga, evitando situações que possam prejudicar a saúde dos operadores ou de contaminar o
solo, a água e/ou a atmosfera. Estas áreas devem ser adaptadas e apresentar determinadas
MÓDULO II
características em função do tipo de resíduo a armazenar. São exemplos destas adaptações
os pisos impermeabilizados, as coberturas, as bacias de retenção, as redes de drenagem, etc.
MÓDULO III
O armazenamento de produtos fitofarmacêuticos nas explorações agrícolas deve ser feito
em local isolado e fechado, exclusivamente dedicado ao armazenamento destes produtos,
devidamente sinalizado, com piso impermeável, afastado de fontes de ignição e com ventilação
adequada. Estas instalações devem cumprir o estabelecido na Parte B do Anexo I da Lei
26/2013 de 11 de abril, tal como referido anteriormente. A necessidade de cumprimento
destas condições de armazenamento é também referida ao nível da Condicionalidade, no
MÓDULO IV
tópico das Boas Condições Agrícolas e Ambientais (BCAA), aplicáveis a todos os agricultores
que recebem apoios comunitários diretos.
obsoletos).
342
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
permita, nos sacos de recolha que são fornecidos no ato de venda;
• Guardar os sacos de recolha que contêm os resíduos de embalagens nos espaços
destinados ao armazenamento dos produtos fitofarmacêuticos em uso mas
separados destes.
MÓDULO I
Resíduos de excedentes de produtos fitofarmacêuticos (produtos obsoletos):
• Fazer a sua recolha e concentração;
• Manter os resíduos de excedentes na embalagem original que deve manter
o rótulo intacto. A embalagem deve encontrar-se fechada de modo a evitar
derrames ou mistura com outros produtos fitofarmacêuticos;
• Guardar os resíduos de excedentes nos espaços destinados ao armazenamento
MÓDULO II
dos resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos, assegurando que
estão separados dos produtos fitofarmacêuticos em uso.
Para além destas orientações gerais, o agricultor deve seguir as orientações do sistema de
gestão integrada, que no caso das embalagens de resíduos dos produtos fitofarmacêuticos é
a Valorfito, designadamente:
MÓDULO III
• Todas as embalagens rígidas com capacidade inferior a 25 litros e que tenham contido
um produto para aplicar em forma de calda, devem ser triplamente lavadas aquando
da última utilização, devendo as águas de lavagem ser utilizadas para completar a calda
de pulverização. As restantes devem ser esvaziadas do seu conteúdo e acondicionadas
como tal. A indicação do procedimento a seguir, nomeadamente se deve ou não ser
efetuada a operação de tripla lavagem está indicada no rótulo da embalagem.
MÓDULO IV
• As embalagens rígidas de capacidade inferior a 25 litros devem ser colocadas nos
sacos Valorfito, retirando a tampa, que deve também ser colocada no mesmo saco.
É aconselhável comprimir as embalagens antes de as colocar no saco de forma a
economizar espaço. As embalagens devem ser armazenadas na exploração agrícola,
em condições de segurança, no mesmo espaço dos produtos fitofarmacêuticos, bem
limpas e lavadas e sem quaisquer restos de produto ou a escorrer.
Os sacos Valorfito com as embalagens vazias devem ser entregues nos Pontos de Retoma
depois de cheios, devidamente fechados e em boas condições de conservação, por exemplo,
MÓDULO VI
Relativamente aos óleos usados, o seu abandono é proibido sendo obrigatório proceder ao
343
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
armazenamento adequado dos mesmos, com vista ao seu posterior encaminhamento para o
circuito de gestão dos óleos usados. O seu local de armazenamento tem de estar afastado de
fontes de ignição e o solo/pavimento deve ser impermeabilizado, além de outras disposições.
Os óleos usados são considerados resíduos perigosos, que se encontram sujeitos a gestão
específica, atualmente definida no Decreto-Lei n.º 152-D/2017, de 11 de dezembro, tendo
MÓDULO I
sido definidas normas que integram as regras da Condicionalidade (Boas Condições Agrícolas
e Ambientais), tendo em vista prevenir e limitar a poluição das águas subterrâneas. (consultar a
Orientação Técnica da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) – Gestão de Óleos Resultantes
da Atividade Agrícola).
MÓDULO II
gestão destes fluxos específicos. Esta sociedade sem fins lucrativos enquadra-se no SIGREM –
Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens e Medicamentos. Este subsistema
é prioritariamente destinado a assegurar a recolha e valorização de resíduos de embalagens,
quaisquer que sejam os materiais utilizados no fabrico das mesmas, sendo aplicável a definição
legal de embalagem dada pelo Decreto-Lei n.o 366-A/97 de 20 de dezembro. São abrangidas
neste subsistema embalagens dos Medicamentos Veterinários (MV) e, acessoriamente,
Produtos de Uso Veterinário (PUV), colocados no mercado nacional, cujo medicamento esteja
MÓDULO III
sujeito ao registo obrigatório na DGAV (Direção Geral de Alimentação e Veterinária).
MÓDULO IV
(figura 16).
MÓDULO V
Figura 16 - Armazenamento de plásticos e produtos fitofármacos de acordo com as Boas Práticas de Gestão de Resíduos em Samora Correia
Fonte: https://www.flfrevista.pt/2016/11/smart-farm-promove-boas-praticas-agricolas/
MÓDULO VI
Exemplos de Entidade(s)
Armazenamento / Encaminhamento
Resíduo Licenciada(s)
344
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Exemplos de Entidade(s)
Armazenamento / Encaminhamento
Resíduo Licenciada(s)
MÓDULO I
Óleos Usados SOGILUB
- A armazenagem de óleos usados em quantidades
superiores a 200 litros necessita de autorização legal.
Plásticos não
perigosos
Plásticos
- Entregar no ecocentro ou, quando em quantidades muito
Recicláveis (até
reduzidas, no ecoponto mais próximo da exploração.
MÓDULO II
1100 l/dia)
Operadores de gestão
Plásticos não
- Depositar em contentor de recolha de resíduos de resíduos disponíveis
MÓDULO III
Recicláveis (até
domésticos e urbanos, mais próximo da exploração. em cada zona do país
1100 l/dia)
(SILOGR)
Plásticos não
Entidades recetoras
Recicláveis - Local de entrega do Sistema de Resíduos Urbanos
disponíveis em cada
(quantidades disponível para receção de plásticos.
zona do país
superiores)
MÓDULO IV
Papel/Cartão
(pequenas - Depositar no ecoponto mais próximo da exploração.
quantidades)
Operadores de gestão
Papel/Cartão
- Quantidades superiores a 1100 l/dia entregar ao Sistema de resíduos disponíveis
(quantidades
de Resíduos Urbanos disponível para receção. em cada zona do país
superiores)
(SILOGR)
MÓDULO V
- Contactar operadores e indústria transformadora destes Operadores de gestão
Madeira / resíduos. de resíduos disponíveis
Cortiça - Reciclagem e trituração da madeira para aproveitamento em cada zona do país
industrial (madeiras prensadas). (SILOGR)
VALORCAR
Sucatas / Restos Operadores de gestão
- Contactar os operadores de recolha de sucatas, restos de
de construção e de resíduos disponíveis
construção e demolição.
demolição em cada zona do país
MÓDULO VI
(SILOGR)
ERP PORTUGAL
- Os utilizadores finais são obrigados a entregar os
ECOPILHAS
Pilhas / resíduos nos pontos de recolha seletiva, que devem
Acumuladores / ser assegurados pelos produtores (importadores), ELECTRÃO
Baterias individualmente ou através de entidade gestora licenciada.
VALORCAR
(Dec. Lei 6/2009 de 6 de janeiro).
GVB
BIBLIOGRAFIA
345
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Plásticos não
perigosos
MÓDULO I
para uso de serem recolhidas pelo respetivo sistema integrado de (Sistema SIGREM)
veterinário gestão.
Embalagens de
Produtos
Fitofarmacêuticos
MÓDULO II
(Não danificar o rótulo);
Produtos - Usar as águas de lavagem na preparação da calda;
Fitofarmacêuticos - Guardar as embalagens vazias em sacos transparentes SIGERU
que se destinam de recolha específicos para este fim e fornecidos no acto
à preparação da da venda dos produtos. Os sacos devem ser guardados (Sistema VALORFITO)
calda nos espaços destinados ao armazenamento dos produtos
fitofarmacêuticos (local coberto, piso impermeável e longe
do acesso de crianças e animais).
MÓDULO III
- Guardar as embalagens vazias em sacos transparentes
Produtos
de recolha específicos para este fim e fornecidos no acto
Fitofarmacêuticos
da venda dos produtos. Os sacos devem ser guardados SIGERU
que não se
nos espaços destinados ao armazenamento dos produtos
destinam à (Sistema VALORFITO)
fitofarmacêuticos (ao abrigo do calor e chuva, sob coberto,
preparação da
piso impermeável e longe do acesso de crianças e
calda
animais).
MÓDULO IV
Quadro 6 - Boas Práticas de Gestão de Resíduos ao nível do armazenamento e correto encaminhamento dos diferentes resíduos agrícolas
Fonte: Adaptado de: EDIA, 2019
Tal como referido anteriormente, uma parte significativa dos resíduos agrícolas podem
ser encaminhados para os sistemas de gestão integrada de certos fluxos específicos, outra
parte pode ser integrada nos sistemas de recolha de resíduos urbanos. Não obstante, existem
resíduos, como os plásticos não recicláveis, para os quais o agricultor deverá procurar soluções
junto de empresas especializadas e deverá equacionar, o mais possível, alterar a sua prática
MÓDULO V
agrícola, selecionando fatores de produção recicláveis e biodegradáveis.
anteriormente.
346
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
reutilizados, em produtos ou matérias-primas de valor equivalente, superior ou inferior
ao original.
No que diz respeito aos efeitos da reciclagem, esta apresenta benefícios mas também
tem associadas limitações. Os materiais obtidos através da reciclagem de resíduos
MÓDULO I
substituem matérias-primas naturais, o que possibilita a preservação dos recursos naturais
e a redução do consumo energético associado à extração de matérias-primas virgens.
Para além disso, a reciclagem permite reduzir a quantidade de resíduos eliminados e
destinados a aterros, o que se traduz, consequentemente, numa redução dos impactes
ambientais. Para além dos aspetos ambientais, este processo também apresenta
algumas vantagens a nível económico, pois permite reduzir os custos de produção.
Porém, é importante compreender que cada caso deve ser analisado em particular,
MÓDULO II
uma vez que aquilo que é economicamente viável numa situação pode não o ser num
contexto distinto. Por outro lado, os produtos produzidos a partir de matérias-primas
secundárias poderão não garantir a mesma qualidade, durabilidade e resistência que
produtos de matérias virgens e são normalmente de menor custo e menos eficientes.
Um dos resíduos agrícolas que é alvo de maior preocupação ambiental são os plásticos.
Neste sentido, têm sido feitos esforços entre empresas e empresários agrícolas no
sentido de encontrar soluções que diminuam esta problemática. Algumas películas de
MÓDULO III
silagem são um exemplo deste trabalho, uma vez que atualmente já é possível serem
recicladas desde que estejam classificadas como plásticos não perigosos recicláveis. Os
resíduos de alguns tipos de plásticos, depois de entregues aos operadores de gestão
de resíduos disponíveis em cada zona do país, podem ser alvo de transformação dando
origem a novos produtos como membranas de proteção contra humidade, mobiliário
de jardim/exterior, sacos do lixo, etc.
MÓDULO IV
Para além dos plásticos, todo o papel/cartão que não resulte de embalagens de produtos
fitofarmacêuticos, tal como o material resultante de embalagens de sementes, sacas
de ração, caixas de papelão, por exemplo, desde que devidamente encaminhado, é
facilmente reciclável para diversos fins.
• Eliminação
347
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
ser eliminados na própria exploração agrícola, sendo por vezes necessário contratar
empresas especializadas para efetuar este processo ao nível da exploração agrícola, o
que pode representar custos associados para o detentor (agricultor).
MÓDULO I
V.5.2. GESTÃO DE SUBPRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL
A agricultura gera quantidades consideráveis de subprodutos vegetais durante todo o
ciclo de cada campanha. Os principais subprodutos produzidos em explorações agrícolas, na
vertente da produção vegetal, são a biomassa (restos de culturas e de podas, palha, …).
MÓDULO II
da agricultura ou da silvicultura, que podem ser utilizados nas atividades complementares de
gestão de efluentes pecuários, para efeitos da respetiva valorização orgânica, designadamente,
os provenientes:
i) Da agricultura e da silvicultura (que incluem as palhas, e outro material natural não
perigoso de origem agrícola ou silvícola) que sejam utilizados na agricultura/pecuária,
na silvicultura ou na produção de energia a partir desses materiais através de processos
MÓDULO III
ou métodos que não prejudiquem o ambiente nem ponham em perigo a saúde humana,
são resíduos que se encontram excluídos do âmbito de aplicação do RGGR;
ii) Da preparação de produtos alimentares, de origem agrícola ou silvícola, provenientes
da indústria alimentar, gerados na preparação das matérias-primas a alimentar ao
processo produtivo;
iii) Da preparação e do processamento da madeira e da cortiça, isentos de contaminantes
de origem antropogénica (compostos orgânicos halogenados ou metais pesados),
MÓDULO IV
que incluem todos os materiais lenhosos provenientes das indústrias da fileira da
madeira e da cortiça, resultantes da preparação das respetivas matérias-primas e seu
processamento e isentos de contaminantes.”
MÓDULO V
ciclo produtivo. Para isto é necessário definir estratégias e encontrar as melhores opções de
valorização destes subprodutos em função da sua origem e das suas características.
Conforme já foi referido, produtos que seriam potenciais resíduos ao serem aproveitados
348
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
na exploração passam a ser referidos como subprodutos.
MÓDULO I
componentes minerais e a matéria orgânica necessários ao desenvolvimento vegetal,
promovendo a redução da necessidade de outras formas de fertilização e minimizando
os impactes negativos sobre o ambiente.
MÓDULO II
aproveitamento dos mesmos.
MÓDULO III
destes como fertilizantes, depois de transformados. De um modo geral, estes processos
de transformação baseiam-se na decomposição aeróbia.
MÓDULO IV
quando os transforma num produto com valor económico (o composto). Estes resíduos,
na verdade, são subprodutos uma vez que são valorizados. Dada a sua relevância, o
processo da compostagem é abordado no ponto V.5.2.3. de forma pormenorizada.
seja desejável, não pode ser ignorado o fato de que tais produtos podem possuir um
carácter poluente, nomeadamente quando usados indevidamente ou em excesso. Neste
sentido, é importante identificar, para cada situação que material orgânico/fertilizante
orgânico se está a aplicar, que quantidades, de que modo e quando fazê-lo. Para isso,
torna-se necessário procurar conhecer a sua composição, o seu comportamento no
solo e os efeitos agroambientais decorrentes da sua incorporação.
BIBLIOGRAFIA
349
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
das alterações climáticas, um dos efeitos que importa ter em conta na valorização
orgânica são as emissões de gases com efeito de estufa (GEE). A redução dessas
emissões pode ser conseguida de acordo com práticas ambientais que contribuam
para esse objetivo.
MÓDULO I
Outra forma de valorização orgânica dos componentes orgânicos que não constituem o
objetivo principal da atividade agrícola é a obtenção de matérias combustíveis a partir
dos mesmos.
• Valorização Energética
MÓDULO II
em energia, nomeadamente, calor e eletricidade. Trata-se de processos que decorrem
em unidades devidamente licenciadas para tal: centrais de biomassa vegetal (centrais
industriais); unidades de incineração e coincineração. Estas últimas podem estar
também associadas à valorização de subprodutos animais e seus derivados, onde se
incluem os efluentes pecuários.
MÓDULO III
apresenta tanto benefícios como limitações, os quais dependem de diversos fatores,
tais como o tipo de resíduo/subproduto, as tecnologias existentes, a relação custo-
benefício, entre outros.
MÓDULO IV
De um modo geral, o principal benefício da valorização energética é o aproveitamento
do conteúdo energético dos materiais, o que permite poupar recursos reduzir o consumo
de combustíveis fósseis e evitar emissões resultantes da sua extração, tratamento,
transporte e, principalmente, da sua combustão.
controlo, podem provocar elevados riscos para o ambiente e saúde pública, bem
como libertar gases perigosos para a atmosfera. Assim, estas soluções têm de ser bem
estudadas e aplicadas criteriosamente.
suas limitações e impactes provocados. Neste sentido, aquilo que se pretende atingir
350
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
com este tipo de práticas é um sistema económica, ambiental e energeticamente viável
e eficiente.
A título de exemplo, refere-se o caso dos resíduos de podas das vinhas e olivais
que atualmente não estão sujeitas a processos muito desenvolvidos de gestão e
MÓDULO I
aproveitamento. Embora possam ser mantidos no terreno agrícola, por forma a
incrementar o teor de matéria orgânica, possuem um elevado potencial na valorização
energética dadas as suas características (poder calorífico e densidade). Existe uma
enorme procura de matéria-prima para centrais de biomassa. Deste modo, a possível
utilização destes resíduos como matéria-prima apresenta-se como uma solução
economicamente viável e integrada no conceito de economia circular, apesar de poder
ter associados alguns impactos negativos para o ambiente (figura 17).
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 17 - Armazenamento de folhas de oliveira para valorização energética em Espanha
Fonte: RuralSmart
MÓDULO IV
O sector da bioenergia, onde se insere também o biodiesel e o bioetanol, possui duas
vertentes: a geração de energia por queima de biomassa, onde os resíduos orgânicos
resultantes das atividades agrícolas (podas das vinhas, olivais, etc.) apresentam um
enorme potencial de valorização seja através da geração de energia térmica e elétrica
(valorização energética) seja através da cogeração de energia a partir dos gases
provenientes dos processos de digestão anaeróbia (valorização orgânica).
existem matérias-primas que ainda não são exploradas e que possuem um enorme
potencial, independentemente das suas propriedades, para esta prática.
de uma bio economia, substituir recursos fósseis e encontrar novas estratégias para a
351
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
gestão daqueles materiais.
MÓDULO I
Estes produtos para além de serem promissores para a economia de base biológica
portuguesa, possuem compostos com propriedades antioxidantes e repelentes, o
que permite que possam ser incorporados, por exemplo, em produtos de cosmética,
inseticidas, pellets (figura 18) ou produtos alimentares e farmacêuticos.
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 18 - Pellets produzidos a partir do bagaço de azeitona | Fonte: RuralSmart
MÓDULO IV
São exemplos deste tipo de valorização os seguintes resíduos (quadro 7):
Engaços
Alimentação animal (rações para animais).
Restos de podas, folhas verdes, etc.
Engaços vinícolas
Produção de farinha para a alimentação MÓDULO V
animal.
Bagaço de uva
Matéria-prima para alimentação animal;
Fabrico de pellets.
Bagaço de azeitona
352
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
No entanto o tipo de valorização e a seleção dos processos a utilizar devem ser equacionados
de acordo com as características dos materiais e os recursos disponíveis em cada exploração
agrícola.
No caso da valorização energética, como já foi referido, esta pode permitir a redução dos
MÓDULO I
custos de energia adquirida no exterior, contribuindo também para uma menor utilização de
combustíveis fósseis.
MÓDULO II
que será caraterizado de forma individualizada.
MÓDULO III
Energia Renovável.
MÓDULO IV
a céu aberto (regulamentadas pelo Decreto-Lei nº39/2018 de 11 de junho). Este
processo, embora deva ser evitado, é sujeito a controlo e efetuado em locais
adequados para a prática de combustão, não libertando as mesmas quantidades de
emissões para a atmosfera.
MÓDULO V
a produção de energia térmica a ser utilizada localmente nos processos industriais.
Estes resíduos são utilizados como combustíveis alternativos. Este processo permite
igualmente gerar energia, mas normalmente tem coo objetivo principal a redução
do volume de resíduos e a eliminação de resíduos perigosos.
redutivo (défice de oxigénio) e sem que ocorra combustão. Este processo necessita
de calor e de um ambiente deficiente em oxigénio, ao contrário do processo de
combustão, que liberta calor e necessita de um ambiente que contenha oxigénio.
353
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.5.2.3. A COMPOSTAGEM
MÓDULO I
pelos agricultores e que é adotada em muitas explorações agropecuárias, é importante ser
caraterizada de forma particular.
MÓDULO II
do qual o material orgânico é transformado e degradado de forma controlada, pela ação
de microrganismos (bactérias e fungos), em material estabilizado e utilizável na preparação
de corretivos orgânicos do solo e de substratos para as culturas. Durante a compostagem
liberta-se, principalmente, dióxido de carbono, vapor de água, mas também outros gases, em
menores quantidades, conduzindo à produção de húmus.
MÓDULO III
material estabilizado e em condições de ser incorporado no solo. O processo de compostagem,
para além de ser utilizado para reduzir e estabilizar matéria orgânica, também permite destruir
a viabilidade das sementes de infestantes e os microrganismos patogénicos.
MÓDULO IV
aspeto inicial dos materiais que lhe deram origem uma vez que, para além da cor mais escura
e da ausência de odor desagradável, apresenta uma consistência friável, sendo constituído
por partículas finas e soltas, o que permite diminuir os custos de transporte e de aplicação ao
solo.
a fauna indígena.
354
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Durante o processo de compostagem, podem identificar-se diferentes fases, em que
em cada uma delas os materiais presentes na mistura se vão degradando, em função das
suas características e dos microrganismos existentes. Em condições ótimas, a compostagem
decorre em três fases: fase mesófila, fase termófila e fase de maturação.
MÓDULO I
Fase Mesófila: Fase inicial do processo realizada por microrganismos mesófilos (bactérias
e fungos), em que a temperatura sobe rapidamente (cerca de 2 dias) até aos 40- 45°C, devido à
degradação exotérmica dos componentes solúveis, como os açúcares e os aminoácidos. Nesta
etapa é frequente dar-se uma descida dos valores de pH devido à produção de compostos de
natureza ácida.
Fase Termófila: A temperatura no interior da pilha atinge valores acima dos 45°C. Degradam-
MÓDULO II
se as proteínas, gorduras, celuloses e hemiceluloses, assim como parte da lenhina e dos
compostos fenólicos, por ação de bactérias termofílicas, actinomicetes e fungos tolerantes
a altas temperaturas. Esta fase pode durar várias semanas (um a dois meses, dependendo
de vários fatores) provocando a destruição de agentes patogénicos (bactérias, fungos e
nematodes), bem como de larvas de insetos e sementes de infestantes. Ocorre normalmente
um aumento do valor do pH da pilha.
MÓDULO III
Fase de Maturação: Fase final, mais longa (dois a quatro meses, dependendo de vários
fatores), em que a temperatura decresce gradualmente atingindo valores próximos da
temperatura ambiente, à medida que as reservas de carbono diminuem. Na humificação do
composto atuam novamente as populações microbianas mesófilas, que continuam a degradar,
a um ritmo mais lento, polímeros complexos muito resistentes à degradação, levando à
obtenção de um produto estável e humificado.
MÓDULO IV
fiáveis para identificar se o composto está estabilizado, uma vez que estando o produto
estabilizado não ocorrem mais reações químicas e a temperatura não sofre variações.
Dentro dos materiais ricos em carbono podemos considerar os materiais lenhosos (casca de
árvores, aparas de madeira, podas, etc.), as palhas e fenos, o papel, etc. Dentro dos materiais
azotados incluem-se as folhas verdes, estrumes animais, urinas, restos de plantas hortícolas,
MÓDULO VI
erva, etc.
Os materiais para compostagem não devem conter resíduos inorgânicos como, por
exemplo, vidros, plásticos, óleos, metais, pedras, etc., e não devem ser utilizadas gorduras,
ossos inteiros ou outras substâncias que prejudiquem o processo de compostagem, como
a carne porque pode atrair animais, para além de atrasar a decomposição e causar maus
cheiros. Embora o papel possa ser utilizado, este não deve exceder 10% da pilha e o papel
BIBLIOGRAFIA
encerado e de cor deve ser evitado por ser de difícil decomposição e conter metais pesados.
355
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Outra característica que é fundamental para o processo de compostagem é a dimensão
das partículas dos materiais. Estas, não devem exceder os 8 cm, nem ser inferiores a 1 cm,
porque abaixo deste tamanho é necessário utilizar sistemas de arejamento forçado. Quanto
menor for o tamanho das partículas mais fácil é a atividade microbiana porque a superfície
específica aumenta, no entanto, em contrapartida, os riscos de compactação e de falta de
MÓDULO I
oxigénio aumentam.
O Quadro 8 lista algumas das matérias-primas que podem ser utilizadas para compostagem
(ver também Tabela 12 do Ponto IV.6.1.7.):
MÓDULO II
Biomassa vegetal (palhas, materiais lenhosos das indústrias da madeira e cortiça)
Embalagens biodegradáveis
MÓDULO III
Ossos, cascos e chifres (pequenas dimensões)
MÓDULO IV
Resíduos de curtume e raspas de couro
Restos de cultura
MÓDULO V
Palhas e fenos
Resíduos florestais
Polpa de papel
Papel e derivados
356
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.5.2.3.3. ESCOLHA DO MÉTODO E DO LOCAL PARA A COMPOSTAGEM
MÓDULO I
Para a utilização dos compostores domésticos os passos são os seguintes: escolher o local
(no jardim ou na horta, abrigado do vento e idealmente debaixo de uma árvore de folha
caduca, o que permite sombra no verão e sol no inverno), preparar o fundo (no fundo do
compostor, colocar uma camada de ramos para permitir a circulação de ar, a entrada de
organismos e a drenagem das águas), fazer uma boa mistura de materiais (para satisfazer os
requisitos nutricionais dos organismos, o enchimento do compostor deve ser feito por camadas,
MÓDULO II
intercalando resíduos verdes, ricos em azoto, e resíduos castanhos, ricos em carbono), garantir
arejamento (remexer o conteúdo do compostor quando compactado), garantir humidade (se
a pilha estiver muito seca, adicionar água ou resíduos verdes, se estiver muito húmida juntar
resíduos castanhos).
MÓDULO III
1) Sistemas de compostagem abertos (figura 19): estes sistemas são frequentemente
agrupados nas seguintes categorias: (i) pilhas longas (windrow) reviráveis; (ii) pilhas
estáticas; e (iii) pilhas estáticas com arejamento forçado (Quadro 9).
MÓDULO IV
Pilhas que são geralmente reviradas na fase em que
o processo de compostagem requer mais oxigénio
Pilhas longas reviráveis
e atinge maiores temperaturas (fase
termófila).
MÓDULO V
são arejadas passivamente.
Figura 19 - Pilhas longas reviráveis, pilhas estáticas e pilhas estáticas com arejamento forçado, da esquerda para a direita respetivamente
Fonte: https://ww2.arb.ca.gov/sites/default/files/classic//cc/dairy/documents/12-08-17/dsg1_csuchico_presentation_120817.pdf
357
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
2) Sistemas de compostagem fechados ou em contentores (figura 20): estes sistemas são
frequentemente agrupados nas seguintes categorias: (i) camas horizontais agitadas; (ii)
contentores arejados; (iii) contentores arejados e agitados; (iv) silos de compostagem; e
(v) tambores rotativos (Quadro 10).
MÓDULO I
Sistemas fechados ou em
Descrição
contentores
MÓDULO II
contentores com arejamento forçado.
MÓDULO III
na parte superior ou inferior.
MÓDULO IV
MÓDULO V
A grande diferença entre os métodos abertos e fechados prende-se com o facto de,
MÓDULO VI
358
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 21 - Contentores arejados e Contentores rotativos e arejados, à esquerda e direita
MÓDULO II
respetivamente em cima; Silos de compostagem e Tambores rotativos, à esquerda e direita
respetivamente em baixo | Fonte: RuralSmart; https://biofactor.pt/compostagem-industrial/
Outro fator que tem bastante influência sobre a compostagem é o local onde ocorre o
processo. Neste sentido, a pilha de compostagem não deve ficar nem exposta diretamente
ao sol ou ao vento, para que o composto não seque demasiado, nem à chuva, para não ficar
sujeita à lixiviação de nutrientes.
MÓDULO III
O local escolhido para a compostagem deve ser próximo daquele em que o composto
irá ser utilizado e poderá ser necessário ter água à disposição para humedecer a pilha
convenientemente, caso a percentagem de humidade da pilha atinja valores inferiores a 40%.
MÓDULO IV
MÓDULO V
Figura 22 - Pilha coberta com tecido de polipropileno durante
a compostagem | Fonte: http://www.ci.esapl.pt/mbrito/
Manual%20de%20AB%20%20compostagem.pdf
359
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
ii) Quantidade e diversidade dos microrganismos atuantes no processo e que constituem
o suporte biológico do processo;
iii) Fatores ambientais que vigoram à partida e no decurso do processo, influenciando
as condições de vida desses microrganismos e que constituem o suporte químico do
processo;
MÓDULO I
iv) Condição ótimas para a atividade microbiana, tanto ao nível de temperatura,
arejamento, granulometria, humidade, como em nutrientes, razão carbono-azoto
(C/N) e pH, entre outros.
a) Relação carbono-azoto
MÓDULO II
assegurar as suas funções metabólicas, sendo que um dos principais balanços de nutrientes é
o que se refere à razão C/N. Na compostagem, a atividade dos microrganismos depende da
disponibilidade de carbono (C) como fonte de energia e de igual modo da disponibilidade de
azoto (N) para a síntese de proteínas e para o aceleramento do processo.
MÓDULO III
para efeito de balanço de nutrientes e, no produto final, para efeito de avaliação da qualidade
do composto. Uma razão (C/N) próxima de 30 é considerada ótima para o processo de
compostagem, o que significa que, para que a compostagem se realize com eficiência, para
cada parte de N, devem estar presentes 30 partes de C.
No entanto, importa frisar que esta relação poderá variar em função das características
específicas dos materiais utilizados. Ou seja, durante o processo de compostagem, embora
MÓDULO IV
quase todo o N esteja disponível para ser utilizado pelos microrganismos, o mesmo pode
não se verificar relativamente ao C de determinados materiais, devido à sua resistência à
degradação biológica (materiais ricos em lenhina). Neste tipo de situações, a relação C/N da
mistura a compostar deve ser ajustada em função da disponibilidade destes nutrientes.
Quando os resíduos orgânicos possuem uma razão C/N elevada, é vulgar recorrer- se a
resíduos ricos em azoto de modo a favorecer o processo. O Quadro 11 apresenta a relação
C/N de alguns materiais utilizados no processo de compostagem (ver também Tabela 12 do
Ponto IV.6.1.7)": MÓDULO V
Material Relação C/N
Palhas 60 – 100
Folhas de árvores 30 – 60
Aparas de relva 20
Quadro 11 - Relação C/N de alguns materiais para compostagem | Fonte: Adaptado de: Santos, 2012
com a decomposição dos materiais. Regra geral, o C é perdido mais rapidamente que o N
360
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
e, por isso, a relação C/N diminui à medida que evoluímos no processo. Neste sentido, é
importante determinar a razão C/N dos diferentes materiais antes de se proceder à mistura,
bem como determinar a C/N no início do processo e no produto final. Deste modo, uma vez
que o composto “produto final” vai ser utilizado como fertilizante orgânico, aconselha-se que
se faça uma análise química à sua composição antes da sua utilização na própria exploração.
MÓDULO I
Quando o composto vai ser comercializado esta análise química é obrigatória.
b) Temperatura
MÓDULO II
microbiana e está dependente de vários fatores tais como a velocidade de decomposição
do material, a humidade e o arejamento, a razão C/N da mistura do material e o tamanho da
pilha.
MÓDULO III
se rapidamente, o que gera uma intensa produção de calor aumentando, deste modo, a
temperatura do composto até valores que inibem a própria atividade dos microrganismos
mesófilos.
Quando a temperatura atinge valores superiores a 45ºC dá-se então início à fase termófila.
Nesta etapa, os microrganismos termófilos – cuja temperatura ótima de crescimento está
compreendida entre 50 e 70ºC – continuam o processo de degradação, o que aumenta,
consequentemente, a temperatura do composto para valores bastante elevados. Este aumento
MÓDULO IV
da temperatura é crucial para definir a qualidade do composto porque as temperaturas elevadas
favorecem a eliminação de agentes patogénicos, bem como a destruição de sementes de
plantas infestantes. No entanto, as temperaturas não devem ultrapassar os 65ºC, uma vez
que valores desta ordem podem afetar alguns grupos de microrganismos que têm um papel
importante no processo e, consequentemente, reduzir a taxa de decomposição da matéria
orgânica. Para além disso, temperaturas extremas podem conduzir à própria inflamação dos
materiais em compostagem. Como forma de contrariar este aumento pode recorrer-se à rega,
à reintrodução de materiais com relação C/N mais elevada ou ao arejamento da pilha através MÓDULO V
do revolvimento do material.
Concluído o processo de
degradação rápida ocorrido
nas duas fases anteriores, a
temperatura da pilha sofre
MÓDULO VI
361
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
c) Humidade
MÓDULO I
como a erva verde - e que tendem, quando molhados, a constituir uma massa compacta,
devem ser compostados com teores de humidade mais reduzidos (50 a 60%); por outro lado,
os materiais estruturalmente mais firmes, como a palha e a serradura, necessitam de um teor
de água mais elevado (75 a 90 %).
MÓDULO II
pode variar ao longo do processo, uma vez que os microrganismos aeróbios produzem
água quando decompõem a matéria orgânica, o que contribui para aumentar a humidade
do composto. Por outro lado, devido ao aumento de temperatura, da ventilação ou do
revolvimento do composto, poderão ocorrer perdas sob a forma de vapor de água.
De um modo geral, o substrato não deve atingir teores de humidade abaixo de 40%, uma
vez que níveis na ordem dos 30% afetam a atividade de alguns grupos microbianos. A atividade
microbiológica é totalmente cessada quando tais níveis são inferiores a 8-12%.
MÓDULO III
d) Arejamento
MÓDULO IV
a temperatura da massa em compostagem. A falta de oxigénio causa um ambiente redutor,
resultando compostos incompletamente oxidados como ácidos voláteis, metano (CH4),
amoníaco (NH3) e gás sulfídrico (H2S).
e) Valor de pH
BIBLIOGRAFIA
362
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
podem ser indicativos do estado de compostagem em que os resíduos orgânicos se encontram.
MÓDULO I
a evolução do processo de compostagem, alcançando, finalmente, valores entre 7 e 8. À
medida que os fungos e as bactérias digerem a matéria orgânica, libertam-se ácidos que se
acumulam e acidificam o meio. Esta diminuição do pH favorece o crescimento de fungos e a
decomposição da celulose e da lenhina. Posteriormente estes ácidos são decompostos até
serem completamente oxidados. Neste sentido, o valor de pH que se considera ser ótimo
para o processo de compostagem situa-se entre 5,5 no início e 8,5 no final.
MÓDULO II
A adição de calcário ou de outras substâncias alcalinizantes, como as cinzas, pode ser
prejudicial para o processo, uma vez que o aumento de pH causa a formação de amoníaco
(NH3) em detrimento do ião amoniacal (NH4+). O amoníaco é altamente tóxico e pode ser
volatilizado, contribuindo assim para os odores desagradáveis e para a diminuição de azoto
disponível para a nutrição das plantas.
f) Granulometria
MÓDULO III
A granulometria ou dimensão das partículas do material a compostar é outro fator que pode
afetar o desenvolvimento do processo, uma vez que a intensidade do processo depende da
superfície específica de contacto entre o material e os microrganismos. Deste modo, quanto
menor for a granulometria, maior será a superfície de contacto e mais elevado será o ataque
por parte dos microrganismos, acelerando assim o processo de decomposição, embora
possam gerar menor porosidade e maior compactação, dificultando a oxigenação da pilha.
MÓDULO IV
Geralmente utilizam-se partículas com tamanho entre 1,3 e 7,6 cm, no entanto, não é
fácil estabelecer uma dimensão ótima das partículas, uma vez que cada material apresenta
características particulares. Da mesma forma como acontece com a razão C/N, o ideal
será recorrer a uma mistura de materiais de forma a favorecer a porosidade e diminuir a
compactação. Deste modo, as partículas de menor dimensão (com maior superfície específica)
poderão ser degradadas com maior rapidez, enquanto que as de maior dimensão, contribuem
para melhorar a estrutura do material em compostagem, favorecendo um bom arejamento.
No que diz respeito à forma, estas deverão ter uma secção vertical triangular ou trapezoidal
(figura 23). Em climas maioritariamente chuvosos, as pilhas requerem um formato que permita
BIBLIOGRAFIA
o escoamento da água. Pelo contrário, em climas secos as pilhas deverão ter um formato
363
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
que lhes permita reter água por forma a manter o teor de humidade da pilha. Neste sentido,
deve-se privilegiar a secção triangular se os materiais a compostar forem predominantemente
de fraca estrutura e na estação de maior ocorrência de pluviosidade, enquanto que a secção
trapezoidal será reservada à estação seca.
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 23 - 1: Secção vertical triangular; 2: secção vertical trapezoidal | Fonte: RuralSmart
Relativamente às dimensões, a largura deverá ser o dobro da altura (que convirá não
exceder os 2 – 2,5 metros), não havendo restrições no que se refere ao comprimento. Se o
MÓDULO III
substrato a compostar tiver grande percentagem de materiais estruturalmente resistentes,
a altura das pilhas poderá exceder em cerca de 1/3 a das pilhas constituídas por materiais
brandos. Nas regiões caracterizadas por temperaturas muito baixas haverá vantagem em
aumentar as dimensões das pilhas, possibilitando, assim, a conservação do calor.
Quanto ao local escolhido para se fazer a compostagem este deverá ser de fácil acesso,
preferencialmente com um declive pouco acentuado, até 3%, para facilitar toda a gestão
MÓDULO IV
(preparação e reviramento da pilha) mas de modo a permitir a drenagem da água da chuva.
Deve situar-se próximo de um ponto de água, uma vez que o material poderá ter que ser
molhado à medida que as camadas vão sendo colocadas ou até mesmo quando for revolvido.
h) Vermicompostagem
MÓDULO V
minhocas específicas para decompor a matéria orgânica do substrato, transformando-a num
fertilizante natural e rico em ácidos húmicos denominados de vermicomposto.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
364
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
O vermicomposto é o resultado do metabolismo e consequentes excrementos de minhocas
da espécie Eisenia Fetida, mais conhecidas por minhocas vermelhas californianas. Estas
minhocas consomem diariamente o equivalente ao seu peso em nutrientes (aproximadamente
1 grama), expelindo 50% do alimento consumido, sob a forma de húmus. Em condições ótimas,
um quilograma de minhocas consome diariamente um quilograma de matéria orgânica.
MÓDULO I
O vermicomposto melhora as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo,
possibilitando uma melhoria nas suas caraterísticas, nomeadamente ao nível da fertilidade
e, consequentemente, da sua produtividade, potenciada pelo aumento da capacidade de
retenção/circulação de água e de nutrientes.
Por outro lado, este processo pode apresentar algumas dificuldades acrescidas, tais como
MÓDULO II
a disponibilidade de minhocas no mercado e o seu custo de aquisição.
Vermicompostagem Compostagem
MÓDULO III
Estritamente aeróbio: aumenta a qualidade aeróbio, poderão ser originadas zonas
do produto anaeróbias: atrasa o processo e reduz a
qualidade do produto
MÓDULO IV
Processo essencialmente mesófilo (20 – 40º As temperaturas termófilas (> 40ºC) são
C) essenciais para o processo
O arejamento é efetuado pela ação das Poderá ser necessário arejamento manual
minhocas ou mecanizado
a) Lentidão do processo
das características dos vários compostos que os constituem. Neste sentido, os resíduos deverão
365
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
conter níveis adequados de matéria orgânica e de elementos essenciais ao crescimento e
multiplicação dos microrganismos intervenientes no processo, sendo que, conforme já foi
referido no Ponto V.5.2.3.4.a), a razão C/N próxima de 30 é aquela que se considera ótima
para o processo de compostagem.
MÓDULO I
Nos resíduos de natureza vegetal e animal, cuja relação C/N é reduzida, o processo de
decomposição torna-se muito rápido porque a matéria orgânica mineraliza-se num curto
período de tempo, contribuindo pouco para a produção de húmus.
Quando a relação C/N é muito elevada, como é o caso dos resíduos dificilmente
biodegradáveis (elevada componente lenhocelulósica), o processo de decomposição torna-
se muito lento porque são ricos em compostos fenilpropanos e polifenóis, resistentes à
MÓDULO II
decomposição microbiana.
Neste sentido, conhecer a razão de C/N dos diferentes materiais utilizados no processo
de compostagem é fundamental para que a decomposição da matéria orgânica ocorra com a
cadência desejada.
b) Odores
MÓDULO III
O excesso de humidade, a falta de porosidade, a rápida degradação do substrato e o
tamanho excessivo da pilha, podem criar condições de anaerobiose no interior da pilha de
compostagem. Estas condições resultam na formação de compostos que provocam odores
desagradáveis quando se volatilizam.
MÓDULO IV
enxofre, como o gás sulfídrico.
O odor intenso e desagradável dos resíduos orgânicos diminui durante a fase inicial da
compostagem e tende a desaparecer praticamente no final do processo.
MÓDULO V
O problema das variações de temperatura na pilha de compostagem é bastante
complexo por motivo de as temperaturas assumirem, no interior da pilha, valores localmente
distintos, influenciadas pela temperatura ambiente, arejamento, e humidade que se acumula
habitualmente na base da pilha. Neste sentido, a temperatura deve ser medida periodicamente,
com o intuito de verificar se a sua evolução é a adequada. Essa medição deve ser feita em
vários pontos da pilha.
Tal como já foi referido no Ponto V.5.2.3.4.c), se o teor de humidade descer abaixo dos
40%, a pilha fica demasiado seca para a atividade microbiana. Uma vez que a temperatura
atingida é elevada, é normal que ocorra evaporação e, como resultado, pode ser necessário
BIBLIOGRAFIA
366
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
A figura seguinte ilustra as variações de temperatura que geralmente ocorrem no interior
da pilha:
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 25 - Corte transversal de uma pilha estática; variações de temperaturas típicas em vários locais da pilha
Fonte: Gonçalves, 2005
MÓDULO III
vida microbiológica de um material submetido a uma determinada temperatura e pressão
durante um determinado tempo). Neste sentido, vários organismos patogénicos podem estar
presentes no composto se não se deixar que o processo alcance temperaturas suficientemente
altas para os destruir. A presença dos organismos patogénicos também varia com os tipos de
resíduos utilizados como matéria-prima para o composto.
Por outro lado, existem por vezes materiais contaminados por pragas ou doenças que se
MÓDULO IV
desenvolvem bastante bem em condições de elevada humidade e temperatura.
Neste sentido, deve ter-se muito cuidado com os materiais que se colocam nas pilhas e
proceder, se necessário, a uma correta higienização prévia.
MÓDULO V
fisiológicas e metabólicas dos microrganismos e para a difusão dos microrganismos ao longo
da matéria de compostagem.
Embora não seja uma regra, o recurso à rega nas pilhas de compostagem é uma prática
utilizada várias vezes como medida corretiva. Esta prática deve ser realizada de forma
controlada, de modo a evitar excessos e, consequentemente, a percolação do sistema. Ou
seja, quando os níveis de humidade são elevados, a água preenche as fendas das partículas da
MÓDULO VI
biomassa, o que dificulta a difusão do ar, e aumenta a espessura dos filmes na superfície das
partículas, diminuindo as taxas metabólicas. Neste tipo de situações, deve arejar-se a mistura
para promover a libertação de vapor de água do interior.
367
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
nomeadamente, o cumprimento dos seguintes requisitos:
• Teor de matéria orgânica: O composto deve conter um teor mínimo de 30% de matéria
orgânica (reportado à matéria seca);
MÓDULO I
percentagem em massa, é de 40%;
MÓDULO II
• Salmonella spp: O composto deve estar isento de Salmonella spp numa amostra de
25 g;
MÓDULO III
• Metais pesados, materiais inertes antropogénicos e pedras: O composto não pode
ultrapassar, de acordo com a classe correspondente, o conteúdo em metais pesados,
materiais inertes antropogénicos e pedras indicado no seguinte quadro:
MÓDULO IV
Chumbo 100 150 300 500
Quadro 13 - Valores máximos admissíveis para os teores totais de metais pesados inertes antropogénicos e pedras, no composto orgânico, por classe
Fonte: Sempiterno, 2016
368
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
máxima de 10 t/ha e ano. Os de classe III só podem ser utilizados em solos que não se
destinem a instalar culturas para alimentação humana ou animal e em quantidades que
não excedam as 200 t/ha, em cada 10 anos.
MÓDULO I
de maturação. Este é medido em função do teste de auto aquecimento como indica o
Quadro 14.
Espalhamento e incorporação
MÓDULO II
T < 40º C IV e V Maturada até 3 semanas antes da
sementeira ou plantação
MÓDULO III
Incorporação até 48 horas
após o espalhamento
Quadro 14 - Categorias do composto orgânico em função do grau de maturação e respetivas condições de aplicação
Fonte: Sempiterno, 2016
MÓDULO IV
A compostagem sendo um processo de biodegradação de matéria orgânica por ação de
microrganismos é considerado como uma valorização orgânica.
LEGISLAÇÃO RELEVANTE
MÓDULO V
TEMÁTICA LEGISLAÇÃO LINK PARA CONSULTA
Licenciamento Decreto-Lei
para n.º 102-D/2020
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/102-d-2020-150908012
armazenamento de 10 de
de resíduos dezembro
Licenciamento
Lei nº 26/2013,
para resíduos https://dre.pt/dre/detalhe/lei/26-2013-260454
de 11 de abril
MÓDULO VI
perigosos
Gestão de Decreto-Lei nº
Resíduos 187/2006 de 19 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/187-2006-541635b
Fitofarmacêuticos de setembro
Decreto-Lei n.º
Gestão de Óleos 152-D/2017, de
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/152-d-2017-114337042
usados 11
de dezembro
BIBLIOGRAFIA
369
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Quadro de legislação (Ponto V.5.)
Gestão de
Decreto-Lei n.º
MÓDULO I
embalagens https://dre.pt/dre/legislacao-consolidada/decreto-
366-A/97 de 20
e resíduos de lei/1997-73665155
de dezembro
embalagens
Anexo I da
Decisão
Lista Europeia https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/
2014/955/UE, da
de Resíduos (LER) TXT/?uri=celex:32014D0955
Comissão, de 18
MÓDULO II
de dezembro
Decreto-Lei n.º
Compostagem 103/2015, de 15 https://dre.pt/home/-/dre/67485179/details/maximized
de junho
Decreto-Lei
Eliminação de n.º 102-D/2020
https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/102-d-2020-150908012
resíduos agrícolas de 10 de
MÓDULO III
dezembro
Prevenção e
controlo das Decreto-Lei
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_mostra_articulado.
emissões de nº39/2018, de 11
php?nid=2904&tabela=leis&ficha=1&pagina=1&so_miolo=
poluentes para de junho
o ar
MÓDULO IV
Prevenção e Decreto-Lei n.º
gestão dos 73/2011, de 17 https://dre.pt/pesquisa/-/search/670034/details/maximized
resíduos de junho
MÓDULO V
A intensificação dos sistemas de produção animal aumentou a eficiência das explorações,
no entanto criou potenciais problemas de saúde pública e ambiental ao longo dos anos, devido
à contaminação das massas de água, solo e ar e ao volume de efluentes produzidos. Por outro
lado, a concentração geográfica de explorações pecuárias e a sua dissociação da produção
vegetal também tem contribuído para o incremento das preocupações com o destino a dar
aos efluentes pecuários, preservando o meio ambiente e a saúde pública.
A gestão dos Efluentes pecuários e de outros subprodutos de origem animal está suportada
MÓDULO VI
em vários diplomas legais articulados entre si, e que confluem no licenciamento da atividade
pecuária.
370
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Todas as fases deste processo (recolha, armazenamento, transporte, tratamento e destino
final) têm que ser efetuadas de acordo com as regras em vigor e segundo as boas práticas.
Existe uma enorme variedade de métodos (físicos, químicos e biológicos) utilizados para
o tratamento de efluentes, os quais se podem complementar mutuamente, tais como: (i)
separação de fases (sedimentação, mecânica ou química); (ii) tratamentos biológicos (aeróbios
MÓDULO I
e anaeróbios), aos quais já se fez referência a propósito da gestão dos subprodutos de origem
vegetal; (iii) compostagem, que constitui um processo também já descrito pormenorizadamente
no subcapítulo anterior, (iv) desidratação (tratamento térmico); (v) incineração e coincineração
(também considerados tratamentos térmicos), também já referidos anteriormente.
MÓDULO II
analíticos (pH, temperatura, teor de humidade, etc.). Esta variedade de tratamentos possibilita
que ocorram diferentes formas de valorização dos efluentes pecuários, nomeadamente a
valorização agrícola, orgânica e energética, bem como outros tipos de valorização como a
biológica e biotecnológica.
MÓDULO III
pecuários nas explorações agropecuárias/pecuárias.
MÓDULO IV
pretenda exercer atividade pecuária. Em 2013, foi instituída uma nova versão deste regulamento
denominada Novo Regulamento do Exercício da Atividade Pecuária “NREAP” (Decreto-
Lei nº 81/2013, de 14 de junho).
De acordo com o Glossário NREAP (da DGADR), as unidades de tratamento dos efluentes
pecuários, que permitem o desenvolvimento das atividades complementares de gestão de
efluentes pecuários, são definidas da seguinte forma:
371
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
de origem animal da categoria 2 ou 3, em condições anaeróbias com vista à produção
de biogás.
• Unidade técnica de efluentes pecuários: unidade autónoma que utiliza efluentes
pecuários de diversas origens, tendo em vista o armazenamento, mistura ou
transformação dos efluentes pecuários de forma adequada ao seu destino final,
MÓDULO I
podendo também incorporar:
i) Outros produtos derivados de subprodutos de origem animal transformados (PD)
destinados a fins que não o consumo humano ou animal;
ii) A biomassa para valorização agrícola; ou
iii) Cinzas de unidades de incineração de cadáveres; Com vista à produção de estrumes
e chorumes transformados.
MÓDULO II
• Unidade térmica de efluentes pecuários: unidade em que se procede ao tratamento
de efluentes pecuários com o objetivo da sua valorização energética (com recuperação
energética) através da combustão ou coincineração, ou da sua eliminação, por
incineração.
Assim, a regulamentação em matéria do ambiente encontra-se prevista na arquitetura
organizacional do NREAP. Por outro lado, tal como referido anteriormente, a portaria referente
MÓDULO III
à gestão dos efluentes pecuários (Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro) não pode ser
vista de forma desintegrada da totalidade do quadro regulamentar do NREAP. Esta portaria
pretende clarificar os destinos admitidos para os efluentes pecuários e quais os requisitos a
cumprir quando os mesmos são destinados a valorização agrícola; obrigar os Gestores de
Efluentes Pecuários à apresentação de um Plano de Gestão de Efluentes Pecuários (PGEP),
o qual deve estar permanentemente atualizado; e definir o seu regime de licenciamento no
quadro do NREAP.
MÓDULO IV
Ao abrigo da portaria relativa à Gestão dos Efluentes Pecuários, o titular de um dos seguintes
tipos de atividade ou de instalação são classificados como Gestor de efluentes pecuários e de
outros SPA e PD, categorias 2 e 3:
iii) Unidade autónoma que utiliza efluentes pecuários e/ou outros SPA e PD, de categorias 2
e 3 (designadamente de compostagem, de produção de biogás, estação de tratamento
MÓDULO VI
372
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
NREAP. Portanto o licenciamento das atividades relativas ao tratamento, transformação
e eliminação de efluentes pecuários enquadra-se, tal como referido anteriormente, no
licenciamento da atividade pecuária e o seu funcionamento tem de obedecer à legislação em
vigor, bem como à legislação complementar aplicável.
MÓDULO I
Uma das condições previstas para o licenciamento e funcionamento da atividade dos
Gestores de Efluentes Pecuários, a que nos referimos anteriormente, é a submissão para
aprovação na respetiva DRAP, de um Plano de Gestão de Efluentes Pecuários (ver anexo IV da
Portaria n.º 632/2009, de 9 de junho), tendo igualmente a obrigação de manter os seus PGEP
permanentemente atualizados.
Para além dos aspetos referidos no NREAP e especificamente na Portaria n.º 79/2022 de
3 de fevereiro, existe a nível nacional mais alguma regulamentação que o agricultor deve ter
MÓDULO II
em conta na gestão sustentável dos efluentes pecuários, nomeadamente o Programa de Ação
(Portaria n.º 259/2012, de 28 de agosto) para as Zonas vulneráveis à poluição por nitratos de
origem agrícola e o Código de Boas Práticas Agrícolas (Despacho n.º 1230/2018, de 5 de
fevereiro) que é de aplicação obrigatória nas Zonas vulneráveis.
MÓDULO III
formas de encaminhamento, tratamento e destino final previstos para estes subprodutos. São
igualmente referidos neste diploma os procedimentos a ter em conta ao nível do transporte e
registo de efluentes pecuários e dos fertilizantes pecuários que contenham produtos derivados
de subprodutos animais (PD) e os aspetos a cumprir para o licenciamento e funcionamento
das unidades técnicas, de tratamento e de eliminação de efluentes pecuários. Este diploma
refere também as condições a cumprir quanto à valorização agrícola de efluentes pecuários e
de fertilizantes orgânicos deles derivados ou que contenham PD.
MÓDULO IV
Seguidamente caraterizam-se alguns dos aspetos focados neste diploma legal com maior
relevância para os produtores pecuários e agropecuários.
MÓDULO V
fase de recolha dos efluentes procura-se, sempre que possível, separar as águas pluviais.
373
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
• Para o período referido anteriormente (3 meses) deve atender-se:
a) à quantidade total de efluentes pecuários produzidos, incluindo o volume de águas e
escorrências que drenam para as infraestruturas de armazenamento, nomeadamente
as águas de lavagem dos alojamentos e equipamentos das atividades pecuárias,
bem como as escorrências de nitreiras e silos.
MÓDULO I
b) ao volume de águas pluviais não separadas das águas residuais que incidam nas áreas
descobertas dos alojamento dos animais e de infraestruturas de armazenamento;
c) Uma capacidade de reserva de segurança mínima, de forma a evitar derrames por
transbordo, equivalente à pluviosidade máxima observada em 24 horas na região,
nos últimos 30 anos referenciada pelo Instituto Português do mar e Atmosfera, I. P.
MÓDULO II
(IPMA, I.P.).
Deve ser aplicado o disposto no Código de Boas práticas Agrícolas (CBPA) e nas situações
omissas ou que careçam de clarificação e devem ser consultadas as normas divulgadas pela
DGADR, designadamente no seu site.
MÓDULO III
estabelecimento de um contrato escritos relativo ao armazenamento externo à instalação.
Neste caso, alerta-se para o cumprimento das orientações relativas ao transporte de efluentes
pecuários.
MÓDULO IV
O período de armazenamento de EP não pode exceder um período superior a 12
meses. Assim, o operador pecuário deve possuir documentação que demonstre a utilização,
encaminhamento ou destino adequado dos EP produzidos no decurso de cada ano civil. Porém,
em casos devidamente justificados e previamente autorizados pela entidade coordenadora
do NREAP o armazenamento de EP pode ser mantido por um período máximo de 24 meses,
desde que sejam asseguradas as condições adequadas de armazenamento. O pedido de
MÓDULO V
autorização deve ser submetido com a antecedência mínima de 30 dias relativamente ao
termo do período normal de meses para o armazenamento de efluentes, sendo decidido no
prazo de dias.
licenciamento.
374
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Estas estruturas não podem ser implantadas a menos de 10 m das margens das linhas de
água e a menos de 25m dos locais onde são efetuadas captações de água, sem prejuízo da
demais legislação aplicável; em zonas ameaçadas por cheias de acordo com o previsto na
Lei da Água; e numa faixa, medida na horizontal, com a largura de 100 metros contados a
partir da linha do nível de pleno armazenamento no caso das albufeiras de águas públicas de
MÓDULO I
serviço público e da linha limite do leito das lagoas ou lagos de águas públicas. Estas e outras
condicionantes ao armazenamento de efluentes pecuários encontram-se indicados no Artigo
5.º da Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro.
MÓDULO II
devendo o responsável técnico assegurar a estabilidade e estanquicidade, imprescindíveis a
estas unidades. Para além disso, devem ser isoladas por vedação, de forma a evitar a queda de
pessoas ou animais nos órgãos de retenção, bem como o seu resguardo a acessos indevidos.
MÓDULO III
Regulamento Geral das Edificações Urbanas (RGEU);
b) No armazenamento em sistemas lagunares é necessário garantir as seguintes condições:
• Salvaguardar a sua implantação fora de áreas sujeitas a inundações;
• A quota de implantação deve ser definida em função do nível piezométrico;
• Os declives dos taludes devem ser definidos em função das características geológicas
MÓDULO IV
do solo, devendo ser dimensionados de forma a garantir a sua estabilidade;
• As infraestruturas devem ser circundadas por um sistema de drenagem lateral/
de fundo que assegure o escoamento de águas laterais e que, simultaneamente,
permita sinalizar qualquer risco de rutura do sistema;
c) No armazenamento em depósitos amovíveis deve ser observado o seguinte:
• As infraestruturas podem ser construídas em fibra ou ser metálicas com revestimentos
de PVC;
MÓDULO V
• Os depósitos devem possuir certificado de conformidade para armazenamento
destes produtos.
Nas Zonas Vulneráveis à poluição por nitratos de origem agrícola a gestão dos efluentes
pecuários obedece ao disposto no Programa de Ação em vigor (Decreto-Lei n.º 235/97, de 3
de setembro).
375
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
anualmente (Quadro 15); a quantidade de material utilizado para camas (Quadro 16); a
quantidade de água utilizada nas operações de limpeza (Quadro 17); e também o volume
correspondente a um quarto da pluviosidade anual média da região.
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
Quadro 15 - Quantidade e composição média de chorume e estrumes não diluídos produzidos anualmente
por diferentes espécies pecuárias e sua conversão em cabeça normal (CN) | Fonte: Despacho n.º 1230/2018
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
376
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
Quadro 17 - Valores de referência para o cálculo das quantidades de água de lavagem utilizadas na atividade
MÓDULO II
pecuária que escoam para a fossa de receção dos dejetos | Fonte: Despacho n.º 1230/2018
MÓDULO III
dois dias de
MÓDULO IV
Por razões de segurança, a capacidade das estruturas de armazenamento de efluentes
pecuários, líquidos e semilíquidos, não deve exceder os 5000 m3 e, nas nitreiras, o estrume não
deve exceder os 3 m de altura.
As fossas e tanques são estruturas de retenção para onde são encaminhados os chorumes
MÓDULO V
provenientes das instalações pecuárias e são utilizados para o seu armazenamento e posterior
tratamento ou posterior aplicação direta no solo (valorização agrícola) (figura 26). MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
377
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
De forma a garantir a inexistência de fugas de líquidos, com risco de contaminação do solo e
das águas – sobretudo das águas subterrâneas – é necessário impermeabilizar estas estruturas.
Para além disso, as fossas, pelo facto de possuírem abertura ao nível do solo, devem estar
providas de um dreno ou de outros dispositivos em todo o seu perímetro, de modo a impedir
o escoamento para o seu interior de águas pluviais e materiais por elas arrastados (estrumes,
MÓDULO I
terra, etc.). Com este procedimento evitam-se situações indesejáveis de transbordo.
Estes reservatórios devem ser construídos no exterior das instalações, de modo a evitar o
risco de acumulação de gases nocivos (amoníaco, dióxido de carbono, metano e gás sulfídrico),
prejudiciais para o ambiente, saúde e bem-estar dos animais. Outras soluções passam pelo
aumento da relação altura:largura da fossa (menor superfície em contato com o ar) ou pela
aplicação de coberturas impermeáveis (polietileno, por exemplo) ou permeáveis (camada de
MÓDULO II
palha triturada à superfície, por exemplo). No caso da aplicação de coberturas impermeáveis,
deve ser assegurada a existência de um sistema de remoção e utilização do biogás que se
acumula, pois este, para além de ser um gás com efeito de estufa, é também inflamável.
MÓDULO III
5000 m3.
Para o cálculo do volume da fossa deve ser utilizado o número de animais presente na
exploração e a quantidade média de chorume produzido anualmente por animal. Para isto
deve proceder-se à análise dos valores de referência oficiais constantes no Quadro 15.
MÓDULO IV
NxC
V – volume da fossa (m3); N – nº animais; C – chorume
V=
T produzido/animal e ano (m3); T – nº de tiradas/ano.
para estruturas adequadas. Nas Zonas Vulneráveis à poluição por nitratos de origem agrícola,
378
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
as nitreiras das explorações pecuárias devem assegurar um período mínimo de retenção de
120 dias, o que significa que devem ser dimensionadas de forma a assegurar uma capacidade
de armazenamento do estrume produzido durante esse período.
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 27 - Nitreira para estrume | Fonte: http://www.omafra.gov.on.ca/english/engineer/facts/12-067.htm
O empilhamento das nitreiras deve iniciar-se a partir das extremidades de maior cota do
pavimento, sendo conveniente que a pilha constituída, por razões de segurança, não ultrapasse
os três metros de altura na vertical. As pilhas de estrume são, periodicamente, revolvidas para
facilitar um conjunto de transformações microbianas aeróbias através das quais se conseguirá
MÓDULO IV
a sua maturação. Durante este processo verifica- se, em condições normais, uma abundante
libertação de calor, atingindo a temperatura do estrume valores suficientemente elevados
para destruir a maior parte dos microrganismos patogénicos e as sementes de ervas daninhas
eventualmente presentes.
379
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO II
Figura 28 - Lagoa localizada no concelho de Montemor-o-Novo
MÓDULO III
Fonte: https://siaia.apambiente.pt/AIADOC/AIA2799/rnt2799%2020141017124110.pdf
A impermeabilização destas estruturas poderá ser natural (solos com elevados teores de
argila) ou artificial (filmes plásticos e geomembranas), devendo o responsável técnico assegurar
a sua estabilidade e estanquicidade, imprescindíveis para estas unidades. Para além disso, ao
nível da construção estas lagoas devem ser implantadas fora de áreas sujeitas a inundações;
os declives dos taludes devem ser definidos em função das características geológicas do solo,
devendo ser dimensionados de forma a garantir a sua estabilidade; e as infraestruturas devem
MÓDULO IV
ser circundadas por um sistema de drenagem lateral/de fundo que assegure o escoamento de
águas laterais e que, simultaneamente permita sinalizar qualquer risco de rutura do sistema.
No que diz respeito ao dimensionamento das lagoas, não existe legislação objetiva. No
entanto, para o seu licenciamento deverá ser efetuado um projeto, por técnico especializado,
devendo o processo dar entrada na Direção Regional de Agricultura territorialmente
competente onde se localiza a exploração. Tecnicamente para se fazer o dimensionamento
MÓDULO V
deve ter-se em atenção os aspetos que constam na seguinte figura:
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
380
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.6.3. ENCAMINHAMENTO E PROCESSOS DE TRATAMENTO DE
EFLUENTES PECUÁRIOS
Um aspeto importante a reter sobre a gestão dos efluentes pecuários é que, por vezes, para
proceder ao seu encaminhamento ou mesmo eliminação é necessário tratá-los previamente.
MÓDULO I
Regra geral, o efluente não é processado por uma única técnica de tratamento, mas
sim por uma sequência/conjunto integrado de técnicas e/ou biotecnologias distintas, cujo
desempenho, quer técnico quer ambiental, pode ser afetado pelas características do efluente
e dos tratamentos individuais aplicados, bem como pelo modo como as técnicas são operadas.
O operador pecuário deve assegurar que os efluentes pecuários apenas sejam encaminhados
para os seguintes destinos finais, de acordo com a seguinte hierarquia, tendo por base a
MÓDULO II
sustentabilidade, técnica, ambiental e socioeconómica:
a) Utilização preferencial, pelo próprio ou mediante transporte para terceiros para efeitos
de valorização agrícola;
b) Valorização orgânica em unidades de compostagem;
c) Valorização orgânica e energética em unidades de biogás;
d) Valorização orgânica e/ou energética em sistemas integrados, nomeadamente em
MÓDULO III
ETEP;
e) Valorização energética em unidades de combustão ou de coincineração;
f) Tratamento em ETAR;
g) Outros destinos sustentáveis, que sejam reconhecidos como adequados pelas entidades
competentes, em conformidade com as estratégias ou orientações existentes em
matéria de tratamento de efluentes pecuários;
MÓDULO IV
h) Eliminação em aterro após esterilização sob pressão ou em unidade de incineração.
O titular de uma atividade pecuária poderá ainda encaminhar o efluente pecuário para
destino intermediário, nomeadamente a Unidade Intermédia de Efluente Pecuário (UIEP).
• Diminuir o teor de azoto com o objetivo de prevenir uma eventual poluição do solo e
das massas de água superficiais e subterrâneas em resultado do espalhamento no solo,
bem como reduzir o odor desagradável;
• Permitir o transporte mais fácil e seguro dos efluentes pecuários para regiões mais
distantes ou quando tenha de ser aplicado noutros processos (secagem).
Para além do tratamento nas explorações os efluentes pecuários podem ser (re)processados
BIBLIOGRAFIA
381
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
combustão, compostagem ou secagem.
Algumas das técnicas ou processos para tratamento de efluentes pecuários que mais se
utilizam na prática são: (i) separação de fases (ii) lagunagem; (iii) compostagem; (iv) secagem
térmica; e (v) Tratamento térmico com combustão.
MÓDULO I
V.6.3.1. SEPARAÇÃO DE FASES
Existem hoje diversas alternativas para o tratamento dos efluentes no seu local de produção.
Uma dessas alternativas é a separação da água dos sólidos que se encontram em suspensão ou
que ficam a flutuar, seja por processos físicos (gravitacionais e mecânicos), seja por processos
químicos ou biológicos. O processo de separação de sólidos consiste na remoção parcial de
matéria orgânica e inorgânica contida nos efluentes. Esta separação tem-se revelado bastante
MÓDULO II
eficiente no controlo dos impactes ambientais, possibilitando o reaproveitamento da água e
a reciclagem de nutrientes.
A separação entre a fração líquida e sólida dos efluentes requer alguma ação ou força
externa para quebrar a tensão do líquido. A gravidade é a força mais comum utilizada, uma
vez que necessita de pouca ou nenhuma entrada de energia. Porém, também são utilizadas a
pressão e a força centrífuga, bem como combinações de todas essas forças.
MÓDULO III
Os diferentes métodos desenvolvidos para a separação de sólidos podem ser divididos
nas seguintes categorias:
• Sedimentação;
• Triagem ou Peneiramento;
• Filtração pressurizada;
MÓDULO IV
• Centrifugação.
Existem diversas tecnologias para a separação mecânica de sólidos tais como: grades de
retenção de detritos, tamisadores, prensas e centrífugas (figura 30).
MÓDULO V
MÓDULO VI
382
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Para melhorar a eficiência de remoção de material em suspensão, podem ser empregues
processos de coagulação e floculação através de substâncias químicas. Esta prática para além
de diminuir a concentração de nutrientes (matéria orgânica, fósforo, azoto) da fração líquida,
facilita o tratamento da fração sólida devido à redução do seu volume, sendo todavia esta prática
realizada com um inevitável aumento dos custos de tratamento. Os mecanismos utilizados
MÓDULO I
ou suas combinações devem estar adaptados ao tipo de efluente e às suas perspetivas de
armazenamento e utilização posterior (valorização).
Tanto a fração sólida como a fração líquida podem ser valorizadas através da aplicação
direta ao solo (valorização agrícola), com recurso a diferentes práticas agronómicas para a
sua aplicação. Esta aplicação implica um tratamento prévio dos chorumes, a separação de
fases, em que a parte líquida pode ser aplicada através da fertirrega ou encaminhada para
MÓDULO II
reutilização, e a fração sólida pode ser encaminhada para compostagem. Estas práticas são as
mais utilizadas para a valorização agrícola de efluentes pecuários na exploração.
MÓDULO III
V.6.3.2. LAGUNAGEM
MÓDULO IV
baixos custos operacionais que implica.
Normalmente neste método de tratamento de efluentes utiliza-se mais do que uma lagoa
em série e/ou em paralelo, de forma a aumentar a eficiência do processo. Este processo pode
ser utilizado para estabilizar os chorumes, antes da sua aplicação no solo, e para adequar as
características dos efluentes, possibilitando a sua descarga em meio hídrico, caso cumpram os
requisitos legais.
A degradação da carga orgânica do efluente, realizada por diversos microrganismos, dá- MÓDULO V
se em condições aeróbias ou anaeróbias, consoante o nível de oxigénio dissolvido no meio.
Neste sentido, de acordo com as condições em que este processo é desenvolvido, as lagoas
podem classificar-se em anaeróbias, aeróbias e facultativas.
Nas lagoas aeróbias verifica-se uma degradação aeróbia da matéria orgânica devido às
condições de aerobiose proporcionadas pelo processo fotossintético das algas. Estas lagoas
BIBLIOGRAFIA
caracterizam-se por possuírem oxigénio dissolvido por todo o seu conteúdo. Neste tipo de
383
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
lagoas, pode introduzir-se uma fonte adicional de oxigénio no meio líquido através de um
sistema mecanizado de arejamento.
MÓDULO I
é a reciclagem de nutrientes, ao invés da remoção de matéria orgânica. Essa reciclagem
é realizada por microalgas e bactérias (aeróbias, anaeróbias e facultativas), tornando-se
fundamentais no funcionamento deste sistema. A camada aeróbia superficial é mantida pela
difusão do oxigénio atmosférico e pelo processo fotossintético das algas. Entre esta camada
e a camada anaeróbia, existe uma camada com um baixo teor em oxigénio onde predominam
bactérias facultativas.
MÓDULO II
Como etapa complementar a este sistema de tratamento existem lagoas de maturação e
afinação. Nestas lagoas (aeróbias) pretende-se afinar o afluente removendo microrganismos
e parasitas potencialmente perigosos para o Homem e, eventualmente, baixando os níveis de
nutrientes e de algas, proporcionando um tratamento terciário que preferencialmente pode
ter o solo como corpo recetor (figura 31).
MÓDULO III
Figura 31 - Esquema do processo de tratamento biológico de efluentes pecuários | Fonte: Adaptado de Pacheco, J. A. S., & Wolff, D. B., 2004
MÓDULO IV
V.6.3.3. COMPOSTAGEM
A compostagem é o processo biológico de tratamento de resíduos orgânicos, caracterizado
pela transformação e decomposição controlada do material orgânico através da ação de
microrganismos (ver Ponto V.5.). Como resultado deste processo é produzido um material
estabilizado (composto) e utilizável diretamente na preparação de corretivos orgânicos do
solo e de substratos para as culturas (figura 32).
MÓDULO V
MÓDULO VI
No que diz respeito aos efluentes pecuários, é importante compreender que à exceção
BIBLIOGRAFIA
dos estrumes de aves de capoeira, equilibrados na relação C/N, esta técnica apenas pode
384
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
ser aplicada após um tratamento prévio, como a secagem do estrume fresco; a separação
mecânica; ou a adição de material orgânico seco a uma fração sólida relativamente húmida.
Neste sentido, embora esta técnica apresente um enorme potencial de valorização, no que diz
respeito aos chorumes, está sempre dependente de, pelo menos, um processo de separação
de fases. O processo de compostagem foi anteriormente caraterizado (Ponto V.5.2.).
MÓDULO I
V.6.3.4. SECAGEM TÉRMICA
A secagem térmica (figura 33), tal como o nome indica, implica o fornecimento de energia
térmica, processando a fração sólida dos efluentes (estrume) de modo a evaporar a água
presente nos mesmos, obtendo-se um produto final seco contendo muito pouca água (<15%).
É economicamente sustentável apenas se houver energia térmica disponível produzida por
MÓDULO II
uma unidade de cogeração.
MÓDULO III
Figura 33 - Secador térmico giratório | Fonte: http://portuguese.grain-dryermachine.
com/sale-12039745-high-performance-rotary-tube-bundle-dryer-machine-50-1000m2-
heat-exchange-area.html
MÓDULO IV
Este tratamento aplica-se, frequentemente, a efluentes cujo teor de matéria seca varie entre
14 e 22%, sendo necessário o efluente passar primeiro pelo processo de separação de sólidos,
a fim de garantir essa percentagem de matéria seca, e só depois dar entrada na câmara de
secagem, onde é produzido um fluxo de ar quente que utiliza a energia térmica.
As vantagens deste processo incluem a redução dos custos de transporte, uma maior
redução dos organismos patogénicos, uma maior capacidade de armazenamento, a produção
MÓDULO V
de um fertilizante orgânico com um maior potencial para venda e/ou aplicação no solo.
finais como dióxido de carbono, dióxido de enxofre, A vapor de água e cinzas. Embora deva
ser evitado, o tratamento térmico é sujeito a controlo e efetuado em locais adequados para a
sua prática.
385
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
passam pelos elevados custos que estes processos implicam, a necessidade de mão-de-
obra especializada para a operação e manutenção e, por fim, as emissões (cinzas e poluentes
gasosos) e os resíduos gerados para o ambiente.
MÓDULO I
Isto deve-se ao facto de a carga poluente ser tão elevada que outro tipo de tratamento se
torna ineficaz e/ou economicamente inviável. O processo de combustão está presente nas
unidades de combustão, de incineração e coincineração, variando a potência associada a
estas opções, e os objetivos e tecnologia associados a cada uma delas. No caso do destino
dos EP ser a incineração ou coincineração, estes são considerados como resíduos. Para além
dos biossólidos, poderá também ser considerada a combustão de camas de aves de capoeira
(figura 34), como referido na Nota Informativa 17/2019 publicada pela DGADR e que se
MÓDULO II
anexa.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 34 - Incinerador de resíduos para aves | Fonte: https://www.agriexpo.
online/pt/prod/addfield-environmental-systems/product-176816-25690.html
De acordo com esta Nota Informativa, o licenciamento dos vários tipos de uso admissíveis
dos efluentes pecuários é feito em função do seu destino, nomeadamente: valorização agrícola;
Unidades Técnicas de Efluentes Pecuários – UTEP; valorização orgânica, em unidades de biogás
e compostagem; valorização energética, em instalações de incineração, de coincineração e de
combustão de estrume; Estação de Tratamento de águas residuais (ETAR); e aterro sanitário.
No anexo III é apresentado um quadro resumo com as diferentes valorizações de acordo com
BIBLIOGRAFIA
386
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Dos diferentes tipos de valorização de efluentes pecuários, dá-se prioridade à valorização
agrícola (valorização direta, na perspetiva de devolver ao solo os componentes minerais e
a matéria orgânica necessária ao desenvolvimento vegetal, promovendo a redução da
necessidade de adubações minerais e minimizando os impactes negativos desses efluentes
sobre o ambiente. Por outro lado será o tipo de valorização mais acessível ao agricultor uma
MÓDULO I
vez que envolve menos gastos em tecnologia e equipamentos.
MÓDULO II
efluentes pecuários em condições anaeróbias, podendo ainda incorporar biomassa
vegetal e nas unidades autónomas outros subprodutos animais (SPA) e produtos
derivados (PD), da categoria 2 ou 3 (Regulamento (CE) nº 1069/2009, do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 21 de outubro), com vista à produção de biogás e tendo
como produto secundário, o digerido;
MÓDULO III
controlada de efluentes pecuários, podendo ainda incorporar biomassa vegetal e
nas unidades autónomas outros SPA e produtos derivados (PD) da categoria 2 ou 3
para valorização agrícola, em condições aeróbias com vista à produção de composto
orgânico;
MÓDULO IV
armazenamento ou mistura de forma adequada ao seu destino final, podendo também
incorporar:
• Biomassa vegetal; ou
MÓDULO V
• A mistura de efluentes pecuários com as matérias identificadas nos dois pontos
anteriores, efetuada nas UIEP, é equiparada a efluente pecuário.
Se a valorização agrícola direta dos efluentes pecuários não for possível ou adequada,
387
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
por exemplo, por dificuldades de aplicação ou devido aos efluentes pecuários estarem muito
pouco estabilizados, a solução a priorizar será a compostagem ou a produção de biogás. Os
subprodutos resultantes deste último processo podem ter como destino a valorização agrícola
ou a compostagem.
MÓDULO I
A combustão, incineração ou coincineração deverão ser destinos a considerar quando não
sejam viáveis os destinos anteriormente referidos.
MÓDULO II
de biossólidos (ver definição no V.6.3.5.).
Quer isto dizer que, de acordo com a Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro na sua atual
MÓDULO III
redação, na valorização agrícola recorrendo a efluentes pecuários na fertilização das culturas, as
quantidades de azoto e fósforo veiculadas pelos fertilizantes aplicados devem ser avaliadas
de forma a não exceder a quantidade desses nutrientes necessária às culturas, devendo
para efeito deste cálculo ser utilizadas as tabelas existentes no Manual de Fertilização de
Culturas e no Código de Boas Práticas Agrícolas. Devem também ser tidos em consideração
os constituintes minerais disponíveis nos efluentes pecuários.
MÓDULO IV
procedam à sua valorização agrícola devem arquivar os registos de fertilização realizados na
sua exploração durante três anos.
de 15 de maio; nas parcelas classificadas com IQFP igual ou superior a 4, exceto em parcelas
armadas em socalcos ou terraços e nas áreas integradas em várzeas destas parcelas; em
solos agrícolas em que não exista uma cultura instalada ou esteja prevista a sua instalação e a
consequente utilização próxima dos nutrientes dos efluentes e em dias ventosos ou durante
os períodos de elevada temperatura diária, com exceção da aplicação por injeção direta.
de origem agrícola, bem como em solo agrícola sujeito a regime de proteção previsto em legislação
388
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
específica, encontra-se também condicionada ao estipulado nos respetivos programas de
ação em vigor e ao cumprimento das normas previstas no Código de Boas Práticas Agrícolas
(http://www.drapn.min-agricultura.pt/drapn/conteudos/zv/BPA/CodigoBPA.pdf).
Outra valorização em solos agrícolas pode ser realizada através de Lamas de depuração3
MÓDULO I
(Decreto-Lei n.º 276/2009, de 2 de outubro). Este tipo de valorização fica sujeita a um Plano
de Gestão de Lamas (PGL) aprovado pela Direção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP)
territorialmente competente, com parecer favorável da CCDR e ARH territorialmente
competentes. Quer isto dizer que quando existem ETAR de atividades pecuárias é possível
que as lamas de depuração resultantes sejam direcionadas para valorização agrícola ou pode
o agricultor receber lamas do exterior para as valorizar. Não obstante, o PGL aprovado ter
uma validade de 5 anos, o seu titular deve apresentar anualmente à DRAP territorialmente
MÓDULO II
competente uma declaração do planeamento das operações (DPO) no qual são definidas as
parcelas que irão ser sujeitas a utilização e a sua conformidade com o PGL.
MÓDULO III
sobre o solo destes fertilizantes não é permitido em locais a que possam ter acesso animais de
criação e na sua aplicação ao solo devem ser respeitadas as normas de valorização agrícola,
bem como as demais disposições previstas para a valorização agrícola de efluentes pecuários.
Os efluentes pecuários apresentam um elevado valor fertilizante, que advém dos teores em
MÓDULO IV
matéria orgânica e nutrientes que lhes são característicos.
MÓDULO V
microrganismos e da sua atividade, visto ser fonte de energia e de alimento dos mesmos.
De salientar ainda a contribuição da matéria orgânica para a manutenção do equilíbrio ar/
água favorável ao desenvolvimento das raízes das plantas e à absorção de água e nutrientes,
assim como para a viabilização de processos de mineralização que libertam, de forma gradual,
nutrientes essenciais para as culturas (azoto, fósforo e potássio).
No entanto, apesar do seu valor nutricional, a incorporação direta dos efluentes no solo
(figura 36) obedece a legislação específica (Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro, Artigos
MÓDULO VI
12.º, 13.º e 14.º), uma vez que esta prática, sem tratamento prévio, não implica apenas
vantagens, devido à sua potencial carga poluente. Neste sentido, deve ser elaborado um
plano de fertilização em função da análise de terra, de água de rega e foliar (quando aplicável),
3 As lamas provenientes de estações de tratamento de águas residuais domésticas, urbanas e de outras estações
de tratamento de águas residuais de composição similar às águas residuais domésticas e urbanas; ii) As lamas de
fossas sépticas e de outras instalações similares para o tratamento de águas residuais; iii) As lamas provenientes
BIBLIOGRAFIA
389
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
considerando a produtividade esperada para a cultura, de modo a fornecer os nutrientes à
planta de acordo com as suas necessidades nutritivas ao longo do seu ciclo vegetativo.
MÓDULO I
na fertilização tem que se entrar em linha de conta com o fator limitante, dependendo das
situações este fator pode ser os metais pesados ou os microrganismos patogénicos, sendo
estabelecidos valores máximos para cada uma das situações. Nas Zonas Vulneráveis, estão
também estabelecidos limites às quantidades de matérias fertilizantes de natureza orgânica a
aplicar, além de diversas outras condicionantes (v. Ponto V.7.2.).
Importa salientar que na Portaria n.º 79/2022, de 3 de fevereiro (capítulo III) se encontram
MÓDULO II
especificadas as condições e as especificações técnicas a cumprir para a valorização agrícola
dos efluentes pecuários. Esta portaria refere os procedimentos a ter quanto à obtenção
de autorização para proceder a essa valorização de EP, bem como aos cuidados a ter na
aplicação dos EP e dos fertilizantes orgânicos deles resultantes, referindo as interdições e
as condicionantes a esta forma de valorização dos EP e dos fertilizantes orgânicos deles
resultantes. No âmbito das condicionantes chama-se a atenção, por exemplo, ao cumprimento
das faixas tampão mínimas referidas na legislação, de forma a minimizar o risco de poluição dos
MÓDULO III
recursos hídricos e a saúde pública, de acordo com as caraterísticas da parcela onde é feita a
valorização agrícola dos EP. Outros exemplos são a aplicação preferencial dos chorumes com
equipamentos de injeção ou sistema de baixa pressão que minimizem a dispersão do produto
a aplicar e o limite de 12 horas para a sua incorporação no solo. A aplicação de chorumes deve,
assim, ser realizada com alfaia apropriada a estas orientações. No que respeita à valorização
agrícola de estrume, a sua incorporação no solo deve ser realizada até ao limite de 24 horas
após a sua aplicação.
MÓDULO IV
Nas explorações agropecuárias em que é efetuada a valorização agrícola de efluentes
pecuários, em sede de licenciamento para o exercício da atividade de valorização agrícola,
são identificados dados sobre a estimativa global no primeiro ano da quantidade de EP
a valorizar e sobre as parcelas onde será feita essa valorização. Para além disso, deve ser
anualmente comunicado à entidade coordenadora do NREAP a valorização de EP efetuada,
quer pelas explorações agropecuárias, quer pelas explorações agrícolas que procedam a esta
valorização.
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
390
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.6.4.1.2. FERTIRREGA
MÓDULO I
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 36 - Fertirrega com sistema de gota a gota
Fonte: https://irrigazine.files.wordpress.com/2015/08/gota-ok.jpg
Com a fertirrega é possível utilizar a fração líquida dos efluentes pecuários (água, matéria
orgânica e nutrientes) após um processo de separação de sólidos. Uma vez que o teor em
água é bastante elevado na fração líquida dos efluentes (1 a 6% de matéria seca), este método
MÓDULO IV
apresenta-se como uma solução bastante interessante do ponto de vista da redução do
consumo de água na agricultura.
Este processo permite aplicar os fertilizantes em menor quantidade e com maior frequência,
o que permite manter o teor de nutrientes no solo nas quantidades certas e na fase do ciclo da
cultura em que estes são mais necessários aumentando, deste modo, a eficiência da utilização
de nutrientes do solo e a produtividade da planta. No entanto, é necessário ter em atenção
que a aplicação em excesso de fertilizantes/nutrientes pode provocar a poluição das águas
subterrâneas e superficiais. MÓDULO V
Tal como referido, de acordo com o glossário NREAP entende-se por biossólidos a matéria
orgânica resultante do tratamento físico dos efluentes pecuários, cujo teor de humidade lhe
proporcione condições de preparação como sólido.
MÓDULO VI
pesados. Neste sentido, a sua aplicação no solo, possibilita uma reciclagem de nutrientes
391
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
(necessários ao crescimento das plantas) e um aumento do teor de matéria orgânica presente
o que, consequentemente, vai potenciar o desenvolvimento de microrganismos benéficos e
melhorar a fertilidade e a estrutura do solo.
MÓDULO I
de estabilização, tendo por objetivo: (i) reduzir o poder de fermentação (diminuição da
concentração de gases e odores); (ii) reduzir o volume (facilitar o manuseamento, transporte e
armazenamento); e (iii) purificar (eliminar microorganismos patogénicos e elementos tóxicos).
MÓDULO II
V.6.4.2.1. COMPOSTAGEM
MÓDULO III
de síntese. A utilização destes compostos orgânicos tem diversos benefícios inerentes à
incorporação de matéria orgânica no solo (ver Ponto V.5.). Os estrumes e os biossólidos
podem ser direcionados para esta forma de valorização.
MÓDULO IV
O processo de digestão anaeróbia origina gases (metano e em menor quantidade dióxido
de carbono) prejudiciais para o ambiente. No entanto, estes gases podem ser retidos e
aproveitados para produzir energia térmica e, através de processos de cogeração, outras
formas de energia (mecânica ou elétrica).
O biogás é definido como um gás inflamável, incolor, geralmente inodoro, produzido por
microrganismos quando a matéria orgânica é fermentada dentro de determinados limites de
temperatura, humidade e pH. Idealmente o biogás deve ser constituído por 35% de dióxido
de carbono (CO2) e no mínimo 65% de metano (CH4). O biogás produzido a partir dos efluentes MÓDULO V
pecuários é constituído maioritariamente por metano (50 a 75%) e dióxido de carbono (25 a
40%).
biodigestivo, deve estar a uma temperatura entre 28 e 35ºC. A energia elétrica, obtida por
processo de cogeração de energia, é utilizada para consumo na própria instalação e/ou venda
à rede pública de distribuição de energia elétrica.
direta no solo. Se for sujeito a um processo de separação de fases, a sua componente sólida
392
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
poderá ser encaminhada para compostagem ou valorização agrícola e a sua componente
líquida poderá ser aplicada em fertirrega.
Com este sistema, é possível transformar a fração orgânica dos efluentes pecuários
produzidos nas instalações pecuárias num composto que poderá ser utilizado com segurança
MÓDULO I
nos solos agrícolas como fertilizante e, ao mesmo tempo, minimizar os efeitos negativos
dos efluentes sobre o ambiente, além de resolver os problemas relacionados com os odores
desagradáveis.
A gestão dos efluentes para valorização varia principalmente com a espécie animal
(produção e constituição dos seus dejetos) e com os sistemas de estabulação. Neste sentido,
devem ser adotadas soluções individuais para cada caso, sendo que as instalações necessitam
MÓDULO II
de uma dimensão mínima para que a viabilidade da produção de biogás seja assegurada.
MÓDULO III
não apresentem risco de propagação de uma doença transmissível, quer a) utilizadas
sem transformação, como matéria-prima numa unidade de biogás ou numa unidade de
compostagem, ou tratadas numa unidade técnica; quer b) espalhadas no solo.
V.6.4.2.3. COMBUSTÃO
MÓDULO IV
O tratamento térmico em instalações de combustão, incineração e coincineração é aplicado
principalmente a estrumes de aves de capoeira, mas também aos estrumes de outras espécies
pecuárias. Este tipo de valorização é considerado como valorização energética de efluentes
pecuários.
MÓDULO V
incineração, coincineração ou combustão destes estrumes.
O processamento das cinzas pode ser efetuado em quatro situações: (i) pelo respetivo
produtor na exploração pecuária de origem das mesmas; (ii) pelo respetivo produtor em
parcelas próprias ou por ele exploradas fora do local de origem das mesmas; (iii) pelo
produtor num local de terceiros; e (iv) por terceiros fora do local em que são produzidas.
Esta valorização carece de parecer da DRAP emitido em função da melhoria da capacidade
produtiva e proteção dos solos.
MÓDULO VI
393
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
animal e outros produtos que provenham de animais que não se destinam ao consumo
humano, incluindo oócitos, embriões e sémen.”
Para além dos subprodutos animais, é importante referir também os produtos seus derivados,
obtidos a partir do seu tratamento, transformação ou processamento. São exemplos destes
MÓDULO I
produtos derivados:
MÓDULO II
• A glicerina resultante do fabrico de biocombustíveis a partir de subprodutos animais.
Tal como referido no Ponto V.3., de modo a evitar a duplicação de regras os subprodutos
animais foram excluídos do âmbito de aplicação do Regime Geral de Gestão de Resíduos,
com exceção dos destinados à incineração, ou à utilização em unidades de biogás ou de
compostagem (alínea c) do nº3, do artigo 2º do RGGR) ou à deposição em aterros (embora
este destino não deva ser considerado em regra).
MÓDULO III
A gestão dos subprodutos animais obedece ao Regulamento (CE) n.º 1069/2009 de 21
de outubro do Parlamento Europeu e do Conselho, que define regras sanitárias relativas aos
subprodutos animais e produtos derivados não destinados ao consumo humano. Ao nível
nacional, foram já publicados alguns normativos legais que têm em vista a execução das
orientações daquele regulamento:
MÓDULO IV
• Decreto-Lei n.º 33/2017 de 23 de março, que assegura a execução e garante o
cumprimento das disposições dos Regulamento (CE) n.º 1069/2009 de 21 de outubro
e do Regulamento (UE) n.º 142/2011 de 25 de fevereiro de 2011, relativamente aos
cadáveres de animais;
MÓDULO V
Decreto-Lei n.º 33/2017 de 23 de março;
• Despacho n.º 2905-A/2017, de 6 de abril, que fixa o valor da taxa (taxa SIRCA) a cobrar
no abate como na certificação sanitária para comércio intracomunitário ou exportação
por animal da espécie bovina, ovina, caprina e suína;
• Despacho n.º 3844/2017, de 8 de maio, que estabelece as áreas remotas, para efeitos
de enterramento no local de cadáveres de animais espécies bovina, ovina, caprina e
MÓDULO VI
suína.
categorias de acordo com o grau de risco para a saúde pública e animal, pelo que o seu
394
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
encaminhamento tem em conta essa classificação. Os produtos derivados estão sujeitos às
regras para a categoria específica de subprodutos animais dos quais são derivados, salvo
indicação em contrário na legislação em vigor.
MÓDULO I
• Corpos inteiros e todas as partes do corpo, incluindo couros e peles de animais suspeitos
de estarem infetados ou que tenham sido mortos no âmbito de medidas de erradicação
de doenças denominadas Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (EET´s);
MÓDULO II
• Misturas de matérias de categoria 1 com matérias de categoria 2 ou matérias de
categoria 3, ou ambas;
• (…)
MÓDULO III
• Chorume, guano não mineralizado e conteúdo do aparelho digestivo;
• Animais e partes de animais mortos e não abatidos ou mortos para consumo humano (ou
seja, incluem-se aqui os cadáveres da maioria dos animais que morrem nas explorações
pecuárias, sem serem abatidos);
MÓDULO IV
• Fetos, oócitos, embriões e sémen que não se destinem a reprodução;
• (…)
MÓDULO V
Na categoria 3 enquadram-se, a título de exemplo, os seguintes subprodutos:
• Carcaças e partes de animais abatidos ou, no caso da caça, corpos e partes de animais
mortos, próprios para consumo humano de acordo com a legislação comunitária, mas
que, por motivos comerciais, não se destinem ao consumo humano;
• Sangue de animais que não revelem quaisquer sinais de doença transmissível através
do sangue aos seres humanos ou aos animais,
395
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
• Sangue, placenta, lã, penas, pêlo, chifres, cascos e leite cru provenientes de animais
vivos que não revelem sinais de doença transmissível através desse produto a seres
humanos ou animais;
MÓDULO I
• Pintos do dia abatidos por razões comerciais,
• (…)
MÓDULO II
tratamento ou processamento prévio dos subprodutos) e determina as circunstâncias em que
estes materiais devem ser eliminados, a fim de impedir a propagação de riscos para a saúde
pública e dos animais e, de acordo com a sua categoria, especifica igualmente as condições
em que estes subprodutos podem ser utilizados em setores de produção tais como alimentos
para animais, cosméticos, medicamentos, energia (produção de biodiesel e biocombustíveis),
curtumes, adubos e corretivos orgânicos do solo.
MÓDULO III
Os subprodutos animais devem ser encaminhados para unidades devidamente licenciadas
e autorizadas para efetuarem o seu tratamento, eliminação ou transformação em subprodutos
derivados. A Portaria n.º 79, 2022 de 3 de fevereiro, no seu capítulo IV refere-se ao transporte,
registo e armazenamento de outros SPA e PD das categorias 2 e 3, no âmbito da valorização
agrícola. Refere igualmente as condições que devem ser cumpridas para obter autorização
para a atividade de valorização agrícola de outros SPA (para além dos EP) e PD, das categorias
2 e 3, em conformidade com o Regulamento (CE) n.º 1069/2009, do Parlamento Europeu e do
MÓDULO IV
Conselho, de 21 de outubro de 2009.
Por outro lado, a legislação define que os fertilizantes orgânicos que contenham SPA e
PD tenham essa indicação no rótulo e ou sejam acompanhados com informação sobre a sua
composição e regras de utilização.
MÓDULO VI
No contexto das explorações pecuárias, a questão mais comum a ter em conta é o correto
encaminhamento dos cadáveres de animais, referida de forma mais desenvolvida no subponto
BIBLIOGRAFIA
seguinte.
396
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.6.5.1. GESTÃO DE CADÁVERES DE ANIMAIS MORTOS NA EXPLORAÇÃO
A gestão dos cadáveres de animais é objeto de legislação própria (Decreto-Lei n.º 33/2017
de 23 de março), na qual se estabelece que compete à Direção-Geral de Alimentação e
Veterinária (DGAV), através do SIRCA (Sistema de Recolha de Cadáveres de Animais Mortos
MÓDULO I
na Exploração), assegurar a recolha, transporte e destruição dos cadáveres.
MÓDULO II
Este sistema é coordenado pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) e
pelo Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas (IFAP), intervindo ainda o Laboratório
Nacional de Investigação Veterinária (LNIV) e as Unidades de Transformação de Subprodutos
(UTS).
MÓDULO III
relativamente às mortes dos animais nas suas explorações.
MÓDULO IV
de 9 de junho, que prevê a existência de um necrotério para o depósito dos cadáveres de
aves que aguardam a respetiva eliminação. Os cadáveres são recolhidos periodicamente
por uma empresa especializada, devidamente acreditada para o efeito, que promove o
encaminhamento para fábricas de subprodutos ou locais de eliminação, normalmente por
incineração, devidamente licenciados para o efeito.
À semelhança do que está previsto para as aviculturas também no caso das suiniculturas
em regime intensivo de produção está previsto necrotério (Portaria n.º 636/2009, de 9 de
junho) e os subprodutos como os fetos e nados mortos, restos de tecidos também têm de ser MÓDULO V
devidamente acondicionados e encaminhados, para eliminação ou transformação.
397
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
LEGISLAÇÃO RELEVANTE
MÓDULO I
Regulamento do
Decreto-Lei nº
Exercício da
214/2008, de 10 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/214-2008-439393
Atividade
de novembro
Pecuária (REAP)
Novo Decreto-Lei nº
Regulamento do 81/2013, de 14 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/81-2013-496729
Exercício da de junho
Atividade
MÓDULO II
Pecuária (NREAP) Glossário NREAP https://www.dgadr.gov.pt/reap/glossario-nreap-termos-de-a-z
Gestão de
Efluentes
Pecuários nas Decreto-Lei n.º
MÓDULO III
Zonas vulneráveis 235/97, de 3 de https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/235-1997-641126
à poluição por setembro
nitratos de origem
agrícola
Programa de
Ação para as
Portaria n.º
Zonas vulneráveis
259/2012, de 28 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/259-2012-174783
à poluição por
de agosto
nitratos de origem
MÓDULO IV
agrícola
Despacho n.º
Código de Boas
1230/2018, de 5 https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/1230-2018-114627305
Práticas Agrícolas
de fevereiro
Licenciamento
Nota Informativa
dos usos
17/2019 https://www.dgadr.gov.pt/images/docs/REAP/NI_
admissíveis para
publicada pela NREAP_17_2019.pdf
os efluentes
DGADR
MÓDULO V
pecuários
Decreto-Lei n.º
Utilização dos
226-A/2007, de https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/226-a-2007-340237
recursos hídricos
31 de maio
Regime de
proteção das
albufeiras de
Decreto-Lei n.º
águas públicas de
MÓDULO VI
107/2009, de 15 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/107-2009-608704
serviço público
de maio
e das lagoas ou
lagos de águas
públicas
Regime de
utilização Decreto-Lei n.º
de lamas de 276/2009, de 2 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/276-2009-490974
depuração em de outubro
solos agrícolas
BIBLIOGRAFIA
398
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Quadro de legislação (Ponto V.6.)
Regulamento
MÓDULO I
(CE) nº
1069/2009, do
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/pt/
Parlamento
TXT/?uri=CELEX%3A32009R1069
Europeu e do
Conselho, de 21
de outubro
Regras sanitárias Decreto-Lei n.º
relativas a 33/2017, de 23 https://dre.pt/dre/detalhe/decreto-lei/33-2017-106647823
subprodutos de março
MÓDULO II
animais e
produtos
Despacho n.º
derivados não
8442/2017, de 26 https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/8442-2017-108212577
destinados ao
de setembro
consumo humano
Despacho n.º
2905-A/2017, de https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/2905-a-2017-106846683
6 de abril
MÓDULO III
Despacho n.º
3844/2017, de 8 https://dre.pt/dre/detalhe/despacho/3844-2017-106980596
de maio
Detenção
e produção
MÓDULO IV
pecuária ou Portaria
atividades 637/2009, de 9 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/637-2009-494515
complementares de junho
de espécies
avícolas
No contexto agrícola, a Simbiose Industrial é uma forma de mediação para reunir agricultores
e empresas em colaborações inovadoras, encontrando maneiras de utilizar os resíduos de um
setor de atividade como matéria-prima de outro. Ou seja, o conceito de Simbiose Industrial
pode definir-se como uma relação mutuamente benéfica entre empresas e/ou setores, com
proximidade geográfica, que cooperam entre si de forma eficiente através de uma partilha
de recursos humanos e materiais (resíduos/subprodutos); serviços; conhecimento; e fatores
de produção (energia, água, etc.), resultando em vantagens económicas e de preservação do
BIBLIOGRAFIA
ambiente.
399
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
A cooperação resultante da Simbiose Industrial pode reduzir a necessidade de matérias-
primas virgens e evitar a eliminação de resíduos, fechando assim o ciclo de materiais – uma
característica fundamental da economia circular e um motor para o crescimento verde e para
soluções ecoinovadoras.
MÓDULO I
Este tipo de simbiose permite também aumentar a competitividade das empresas; diminuir
a exploração de recursos naturais; reduzir as emissões para a atmosfera e a utilização de
energia; e criar novos fluxos de receita.
MÓDULO II
O primeiro Código de Boas Práticas Agrícolas elaborado foi publicado no ano de 1997.
Este documento foi atualizado pelo Despacho n.º 1230/2018, de 5 de fevereiro, e deve ser
aplicado obrigatoriamente nas atuais Zonas Vulneráveis de Portugal Continental.
MÓDULO III
• Adubos contendo azoto e seu comportamento no solo;
MÓDULO IV
• Aplicação de corretivos orgânicos;
MÓDULO V
fósforo;
• Gestão da rega;
400
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
documento aborda sobretudo a utilização, armazenamento e manuseamento de efluentes
pecuários.
Desta forma, será importante referir princípios e práticas respeitantes a outros subprodutos
agrícolas, bem como exemplos concretos da sua aplicação.
MÓDULO I
PRINCÍPIOS
MÓDULO II
o desperdício de alimentos.
MÓDULO III
Um dos objetivos do Pacto Ecológico Europeu é melhorar o bem-estar e a saúde
dos cidadãos e das gerações futuras, nomeadamente através do acesso a alimentos
saudáveis e a preços acessíveis, pelo que uma das principais medidas deste Pacto é a
Estratégia do Prado ao Prato, que tem como principais objetivos:
MÓDULO IV
• Reduzir para metade a utilização de pesticidas e fertilizantes e a venda de agentes
antimicrobianos;
Assim, os projetos que integrem este objetivo, nomeadamente pelo seu contributo
para a diminuição do desperdício alimentar, apresentam uma relevância acrescida na
MÓDULO V
atualidade.
MÓDULO VI
Fonte: https://nationalgeographic.sapo.pt/historia/grandes-
reportagens/1292-desperdicio-alimentos-2
401
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste
princípio:
MÓDULO I
- Aumento das receitas;
- Redução dos custos de tratamento de resíduos.
- Eventual dificuldade na identificação e manutenção de canais alternativos de
escoamento;
Restrições
- Necessidade de implementar práticas e procedimentos que garantam a
segregação e valorização dos produtos em causa.
MÓDULO II
Este princípio pode ser aplicado a qualquer atividade agrícola, desde que os
Observações produtos que se pretendem valorizar não tenham sido rejeitados por motivos
de segurança alimentar.
Quadro 18 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio do combate ao desperdício alimentar
Como exemplo desta prática referimos o caso da Cooperativa Fruta Feia, fundada
em 2013 na região de Lisboa e Vale do Tejo e que “salva” todas as semanas quatro
toneladas de fruta e legumes com formatos invulgares que, embora não por motivos
MÓDULO III
de segurança ou de qualidade alimentar, são rejeitados pelas grandes superfícies. Este
projeto visa combater uma ineficiência de mercado, criando um mercado alternativo
para a fruta e hortícolas “feias” pretendendo alterar padrões de consumo, gerar valor
para os agricultores e consumidores e combatendo tanto o desperdício alimentar como
o gasto desnecessário dos recursos utilizados na sua produção.
MÓDULO IV
Para maximizar a sustentabilidade do sistema produtivo relativamente à gestão dos
resíduos este princípio terá de ser respeitado. O ideal será que todos os resíduos
gerados sejam biodegradáveis. No entanto, é importante compreender primeiro a
diferença entre produtos biodegradáveis e não-biodegradáveis.
Assim, importa seguir o princípio anteriormente enunciado, produzindo cada vez menos
MÓDULO VI
402
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
- Dificuldade na garantia de que 100% dos resíduos sejam biodegradáveis,
uma vez que o mercado é ainda escasso em matérias-primas com essas
características;
Restrições - A aquisição de materiais biodegradáveis poderá implicar custos mais
MÓDULO I
elevados;
- A produção de um sistema que garanta trabalhar com elevada percentagem
de materiais biodegradáveis tem, em geral, maior custos associados.
MÓDULO II
Além do «Roteiro para uma Europa Eficiente na utilização de recursos» da União
Europeia, que tinha como um dos seus principais objetivos a transformação dos resíduos
num recurso até 2020, a Comissão Europeia adotou em maio de 2021 o «Plano de ação
da UE: Rumo à poluição zero no ar, na água e no solo», que é já um dos primeiros
resultados do Pacto Ecológico Europeu e que aflora a problemática dos resíduos.
Um dos principais resíduos que causam danos ao meio ambiente e à saúde de seres
MÓDULO III
humanos e animais é o plástico que, pelas suas propriedades, demora dezenas de anos
a decompor-se na natureza deixando-a irreversivelmente contaminada (microplásticos)
e onde o processo de reciclagem apenas é aplicável a alguns tipos deste material. No
que respeita aos plásticos, são já do conhecimento público os perigos que os seus
resíduos representam para o ambiente. É também alarmante a quantidade de resíduos
de plástico que é lançada anualmente nos oceanos e mares, que se estima em cerca de
10 milhões de toneladas. Por outro lado, a produção mundial anual de plásticos passou
MÓDULO IV
de 1,5 milhões de toneladas em 1950 para 245 milhões de toneladas em 2008!
MÓDULO V
11.3.2020.
Desde então, tem sido produzida legislação pelas instâncias europeias sobre este
tema, nomeadamente a Diretiva (UE) 2019/904 do Parlamento Europeu e do Conselho,
de 5 de junho de 2019, relativa à redução do impacte de certos produtos de plástico
no ambiente, a qual vem estabelecer medidas com o objetivo de prevenir e reduzir o
impacto de determinados produtos de plástico no ambiente, mais particularmente no
meio aquático, e na saúde humana, bem como promover a transição para uma economia
MÓDULO VI
403
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Lei n.º 152-D/2017, de 11 de dezembro, relativo ao Regime Unificado dos Fluxos
Específicos de Resíduos, instituindo um sistema de incentivo à devolução de
embalagens de bebidas em plástico não reutilizáveis, a implementar até 31/12/2019,
e um sistema de depósito de embalagens de bebidas em plástico, vidro, metais
ferrosos e alumínio não reutilizáveis, obrigatório a partir de 01/01/2022;
MÓDULO I
• Portaria n.º 202/2019, de 3 de julho, que define os termos e os critérios aplicáveis
ao projeto-piloto a adotar no âmbito do sistema de incentivo ao consumidor para
devolução de embalagens de bebidas em plástico não reutilizáveis;
MÓDULO II
• Declaração de Retificação n.º 37/2018 - Diário da República n.º 214/2018, Série I de
2018-11-07, que retifica a Resolução do Conselho de Ministros n.º 141/2018, que
promove uma utilização mais sustentável de recursos na Administração Pública
através da redução do consumo de papel e de produtos de plástico.
MÓDULO III
do plástico nos ecossistemas e na saúde pública, o mercado tem vindo a apresentar
alternativas aos plásticos convencionais elaborados maioritariamente a partir de
matérias-primas com origem fóssil (petróleo).
MÓDULO IV
indicado para os plásticos biodegradáveis pode ser a compostagem, doméstica ou
industrial, devendo ser promovidos locais apropriados para o seu armazenamento.
No entanto, estes materiais não são visualmente distinguíveis, pelo que é relevante
encontrar formas de diferenciar plásticos biodegradáveis e plásticos de origem
renovável, de plásticos convencionais. Para isto, a sua marcação é necessária para que
os consumidores possam identificar, utilizar e, posteriormente, encaminhar de forma
MÓDULO V
adequada.
404
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Em Portugal começa a existir alguma preocupação com esta problemática, no entanto
ainda não foi definido um modelo de certificação e identificação que permita oferecer aos
consumidores/produtores a opção de escolha por materiais diferenciados. A utilização
deste tipo de materiais contribui para a redução de resíduos não biodegradáveis.
3) Preferência por materiais recicláveis ou reciclados
MÓDULO I
A preferência por materiais recicláveis ou reciclados aumenta a sustentabilidade do
sistema de produção porque não se perde toda a energia utilizada para os produzir e
prolonga-se o tempo de vida da matéria-prima, que vai adquirindo utilizações diferentes
reduzindo-se assim a necessidade de consumir novos recursos.
No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste
princípio:
MÓDULO II
- Aumenta a sustentabilidade do sistema de produção na gestão de resíduos;
- Reduz a utilização de recursos no fabrico de novos materiais;
- Melhora o controlo da poluição potencial, uma vez que os resíduos são
Vantagens
encaminhados para reciclagem;
- Reduz, na generalidade, os custos de aquisição porque se tratam de
MÓDULO III
materiais com menos valor comercial.
MÓDULO IV
- Eventuais deficiências locais ou regionais com a recolha e encaminhamento
dos resíduos a reciclar.
MÓDULO V
Quadro 20 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio da preferência por materiais recicláveis ou reciclados
Existem muitas empresas a atuar neste campo. A título de exemplo, citamos, a empresa
Resíduos do Nordeste EIM, SA, que é uma entidade intermunicipal que procede ao
tratamento e eliminação dos resíduos urbanos de 12 municípios do distrito de Bragança
e de Vila Nova de Foz Côa do distrito da Guarda. Esta região produz, em média, 50.000t
de resíduos por ano, onde cerca de 40% são de natureza orgânica, pelo que possuem
um forte potencial de valorização. Neste sentido e enquanto não é implementada na
MÓDULO VI
região uma recolha seletiva dos biorresíduos (que será obrigatória até 31/12/2023), os
resíduos indiferenciados são submetidos a um processo de separação mecânica onde
são separados metais, vidro, cartão e plásticos – materiais conduzidos para a reciclagem
– sendo a fração orgânica encaminhada para biometanização e para compostagem em
função do tamanho das partículas.
405
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Após análises e de acordo com o Decreto – Lei nº 103/2015, que estabelece as regras
a que deve obedecer a colocação no mercado de matérias fertilizantes, o composto
«Ferti Trás-os-Montes» obteve a classificação de Matéria Fertilizante de Classe IIA, pelo
que pode ser utilizado em culturas arbóreas e arbustivas, nomeadamente em pomares,
olivais, vinhas, espaços florestais e relvados desportivos. De acordo com as suas
MÓDULO I
caraterísticas, este corretivo «Ferti Trás-os-Montes» destina-se a ser aplicado às culturas
perenes dominantes na região, designadamente vinha, olival, amendoal e soutos de
castanheiros (figura 39).
MÓDULO II
Figura 39 - Aplicação do composto Ferti Trás-os-Montes em olival na região
MÓDULO III
Fonte: https://negociosdocampo.pt/2019/11/21/composto-ferti-tras-os-
montes-aplicacao-em-culturas-da-regiao/
MÓDULO IV
A prática de reincorporar os resíduos gerados pela produção agrícola no sistema de
produção assenta no princípio de maximizar a vida útil do recurso e manter os ciclos de
produção fechados, sem perdas para além das fronteiras da exploração agrícola.
No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste
princípio:
MÓDULO V
- Contribui para a poupança de fatores de produção e recursos naturais;
- Maximiza a utilização dos fatores e recursos no tempo;
Vantagens - Aumenta a sustentabilidade económica e ambiental do sistema produtivo;
- Reduz o impacte ambiental inerente à gestão dos resíduos gerados na
exploração, incluindo o transporte, tratamento e destino final de resíduos.
- Poderá implicar a necessidade de pré-tratamento antes da incorporação
no solo, nomeadamente de compostagem ou do destroçamento de alguns
MÓDULO VI
Quadro 21 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio da reincorporação dos resíduos no sistema de produção
406
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Este princípio é já aplicado, embora por vezes apenas de forma parcial, em muitas
explorações agrícolas. A título de exemplo podemos referir a Herdade do Ramalhão,
uma unidade de produção pecuária localizada no concelho de Montemor-o-Novo que
possui uma vacaria leiteira e um pavilhão de suínos. A limpeza dos estábulos da vacaria
é feita pela técnica de flushing (Figura 40), ou seja, é feito o lançamento de um fluxo
MÓDULO I
de água sob pressão, a partir de reservatórios, arrastando os excrementos sólidos e
líquidos.
Neste caso, a água utilizada para esta técnica de limpeza provém da última lagoa do
sistema de tratamento dos chorumes dos suínos. A reincorporação destas águas no
sistema produtivo permite maximizar a vida útil do recurso e, consequentemente,
otimizar a sua utilização, sem que seja necessário recorrer a outras origens de água.
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 40 - Sistema "flushing" de limpeza dos corredores da Herdade do
Ramalhão | Fonte: https://siaia.apambiente.pt/AIADOC/DA9/PDA9.pdf
MÓDULO IV
5) Maximização da reutilização e da valorização dos resíduos
Todos os resíduos que não possam ser reutilizados ou reincorporados no próprio sistema
produtivo, deverão ser encaminhados para valorização.
MÓDULO V
sempre numa ótica preventiva, na qual a eliminação deve ser vista como a última opção
de gestão.
407
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
- Eventuais dificuldades e elevados custos de acesso às soluções de
Restrições valorização de resíduos, face à localização das explorações agrícolas e às
quantidades geradas;
Apesar de já terem sido dados passos importantes em Portugal para a
MÓDULO I
valorização integrada dos resíduos, existem ainda algumas categorias de
Observações
resíduos agrícolas (caso dos plásticos não embalagem) que não estão
enquadrados por sistemas integrados de gestão de resíduos.
Quadro 22 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio da maximização da reutilização ou valorização dos resíduos
MÓDULO II
No transporte dos produtos agrícolas tem de ser considerado o acondicionamento com
soluções que confiram o melhor conforto e proteção do produto, mas que sejam tanto
quanto possível reutilizáveis, reduzindo de modo significativo o volume de resíduos
gerados na atividade agrícola.
MÓDULO III
- Reduz os custos de aquisição, eliminação e armazenamento de embalagens
descartáveis;
Vantagens
- Otimiza os custos de transporte, se as embalagens forem facilmente
empilháveis e permitirem a otimização do espaço nas viaturas.
- Custos inerentes ao retorno e higienização das caixas;
Restrições - Necessidade de rotinas de gestão das embalagens reutilizáveis entre
MÓDULO IV
fornecedores retalhistas.
É um princípio especialmente importante para os produtores que fazem
apenas o transporte dos produtos para as centrais de transformação e
Observações embalamento, antes da comercialização. Os produtores que fazem a
transformação e embalamento dos próprios produtos, deverão dar preferência
às embalagens reutilizáveis e, sempre que aplicável, às embalagens recicláveis.
MÓDULO V
Quadro 23 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio da opção por embalagens de transporte reutilizáveis
Existem iniciativas a decorrer no sentido de dinamizar esta prática, nas quais o nosso país
participa. Uma destas iniciativas foi promovida pela Associação Smart Waste Portugal,
que reúne mais de 100 empresas preocupadas com a economia circular e que criou
um grupo de trabalho para os plásticos, cujo trabalho resultou na assinatura em 2020
do primeiro Pacto Português para os Plásticos (Figura 41). Esta iniciativa conta com
o apoio do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, em parceria com a rede dos
MÓDULO VI
Este Pacto tem o compromisso da indústria, onde todos vão trabalhar de forma diferente,
desde o ecodesign à incorporação de plástico reciclado na produção. O objetivo é
começar a mudança pelo início da fileira e pela criação de novas embalagens que não
fiquem contaminadas e possam ser devolvidas para reutilização no final do seu tempo
BIBLIOGRAFIA
de vida.
408
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
MÓDULO I
Figura 41 - Publicidade realizada pelo Pacto Português para os Plásticos
Fonte: https://greensavers.sapo.pt/arranca-hoje-a-campanha-vamos-reinventar-o-
plastico-do-pacto-portugues-para-os-plasticos/
MÓDULO II
utilização da água não tratada e de águas residuais tratadas)
MÓDULO III
No seguinte quadro referem-se algumas das vantagens e restrições à adoção deste
princípio:
MÓDULO IV
- Previne a degradação da qualidade das massas de água;
- Minimiza e contribui para colmatar a escassez de recursos hídricos.
- Há que cumprir o normativo nacional e europeu em matéria de utilização de
águas residuais tratadas;
- Necessidade de infraestruturas que permitam o encaminhamento da água
utilizada em lavagens para estruturas de armazenamento e bombagem a
jusante e para o sistema de rega na parcela;
- Implica a instalação de um bom sistema de filtragem da água a montante dos
MÓDULO V
Restrições difusores, gotejadores, microaspersores ou aspersores, de forma a reduzir o
risco de entupimentos, dado que a água reaproveitada / não tratada contém
mais impurezas.
- É necessário equacionar os custos associados à reutilização de águas
residuais tratadas.
- Falta de regularidade na utilização desta água ao longo do ano, ou seja,
MÓDULO VI
Quadro 24 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio do reaproveitamento da água resultante de efluentes da própria exploração e utilização da água não tratada
409
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Mais uma vez, a título de exemplo prático real no nosso país, referimos a Herdade do
Vale da Lama d’Atela, que é uma propriedade localizada no concelho da Chamusca
que se dedica à produção e comercialização de leite de bovinos. As águas de lavagem
e os chorumes da sua vacaria são encaminhados para uma fossa de homogeneização
e bombeados para um separador de sólidos e líquidos. A fração sólida é armazenada
MÓDULO I
em pilhas de estrume e a fração líquida é direcionada para as lagoas de tratamento. Da
terceira e última lagoa procede-se à reutilização da água para fertirrega.
MÓDULO II
preferência à utilização de fontes de energias renováveis.
MÓDULO III
valorização;
Vantagens - Diminui a dependência energética para dar resposta a picos de produção;
- Incrementa a sustentabilidade ambiental (ex: deixa de ser necessário o
tratamento de um conjunto de resíduos de materiais vegetais e poupa-se na
queima de combustíveis fósseis).
- Exige um maior controlo sobre as entradas e saídas de energia;
MÓDULO IV
- É necessário estimar as quantidades de resíduos de subprodutos agrícolas
produzidos e respetiva distribuição ao longo do ano, de modo a prever as
Restrições
necessidades externas de energia;
- Necessidade de estruturas para armazenamento temporário dos
subprodutos.
Os sistemas que produzem maior volume de subprodutos poderão ter maior
facilidade em aumentar a autossuficiência energética. No entanto, o recurso a
MÓDULO V
Observações
outras fontes alternativas, nomeadamente, renováveis como a solar, eólica ou
hídrica, também contribuem para a autossuficiência.
Quadro 25 - Aspetos relevantes relativamente à adoção do princípio do aumento da autossuficiência energética
410
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
V.7.3. EXEMPLOS DE SIMBIOSES INDUSTRIAIS NO SETOR
AGROALIMENTAR
Embora atualmente já seja possível identificar algumas práticas de simbiose industrial
implementadas no nosso país, deverão ser dados mais alguns passos neste sentido,
MÓDULO I
principalmente ao nível da identificação dos resíduos/subprodutos com potencial para
serem utilizados como recursos; e na sensibilização e abertura das indústrias para estas
práticas benéficas para todos os envolvidos. A interação entre indústrias irá possibilitar o
reaproveitamento de materiais, até agora vistos como resíduos, em energia e matérias-primas.
MÓDULO II
entre as duas agroindústrias no que respeita às áreas sociais, gestão de resíduos, escritórios,
armazéns, laboratório e equipamentos. Por outro lado, a produção pecuária e agrícola são
atividades económicas muito relevantes no nosso país.
MÓDULO III
No entanto, é importante que as relações de Simbiose Industrial ultrapassem as barreiras do
setor agrícola, uma vez que numa ótica de circularidade ambiental e económica é necessário e
fundamental atuar a uma escala global e multidisciplinar que contribua de forma significativa
para a sustentabilidade do planeta Terra.
MÓDULO IV
Um agente económico das fileiras do vinho e do azeite encontra-se instalado
num complexo industrial com outra empresa do grupo com a qual aplica
alguns princípios da simbiose industrial. Trata-se de duas empresas de fileiras
distintas que partilham infraestruturas e recursos humanos, diminuindo assim
Exemplo 1 os custos e tornando-se ambas mais competitivas. Neste complexo industrial é
partilhada a gestão de resíduos, com um parque de resíduos e uma estação de
tratamento de águas residuais (ETAR) comum. Também a gestão de recursos
humanos é centralizada, com vantagens na otimização de processos e de
conhecimento. MÓDULO V
Alguns agentes que atuam na fileira do vinho e do azeite utilizam o caroço da
azeitona para produzir energia térmica para utilizar no aquecimento de águas
nas adegas e produzem composto orgânico com os subprodutos de diversas
Exemplo 2
origens, nomeadamente as podas das videiras e oliveiras, engaços e bagaço
de azeitona. O composto orgânico é posteriormente utilizado como corretivo
MÓDULO VI
411
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Estas práticas terão, entre outras vantagens, a melhoria da estrutura dos solos,
Exemplo 4 redução da necessidade de aporte de fertilizantes químicos e um investimento
inferior em fatores de produção.
Alguns produtores partilham instalações e recursos humanos entre as fileiras
MÓDULO I
da produção animal e agrícola. Nestes casos, o efluente animal (estrume e/ou
Exemplo 5
chorume) é utilizado como fertilizante orgânico nos próprios solos agrícolas
através de espalhamento e fertirrega.
No setor suinícola, existem agentes económicos licenciados que efetuam uma
gestão dos efluentes líquidos e sólidos através da sua utilização como adubo
Exemplo 6 natural em solos agrícolas da região. Os agricultores adubam os seus terrenos
MÓDULO II
agrícolas a custo reduzido e os produtores de suínos dispõem de uma solução
para o destino final dos efluentes pecuários.
Em Reguengos de Monsaraz, distrito de Évora, com o crescimento das
instalações do matadouro para o abate de suínos, estima-se um volume diário
de produção de água residual tratada e rejeitada no meio hídrico de 700
metros cúbicos (700 mil litros). De modo a reutilizar esta água, a autarquia vai
avançar com um investimento que permitirá reutilizar estas águas residuais
MÓDULO III
Exemplo 7
para rega e águas de serviço. Este processo de Simbiose Industrial permitirá
reduzir os consumos de água potável em usos como a rega de espaços verdes,
lavagem de ruas e de viaturas, assim como a utilização da água tratada para
águas de serviço, nomeadamente em higiene urbana e infraestruturas de
esgotos domésticos e pluviais.
Quadro 26 - Casos práticos de relações de Simbiose Industrial no setor agrícola em Portugal e na Europa
MÓDULO IV
Chama-se a atenção para o facto de estes exemplos de Simbiose Industrial se encontrarem
enquadrados por legislação específica, nacional e europeia, que deverá ser respeitada.
MÓDULO V
Neste ponto serão enunciados alguns projetos/iniciativas inovadoras de boas práticas e
Simbiose Industrial que estão em curso e que permitem contribuir para uma agricultura mais
sustentável e circular.
PROJETO URSA
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
412
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
A promoção da fertilidade do solo e o uso eficiente da água de rega são princípios basilares da
EDIA (Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, S.A.) no contexto da gestão
ambientalmente sustentável do regadio de Alqueva. A valorização dos subprodutos orgânicos da
agricultura e o seu regresso ao solo apresenta-se como a mais forte e duradoura possibilidade de
recuperar a qualidade do solo, proteger a água e promover o uso eficiente dos recursos. Neste
MÓDULO I
âmbito a EDIA desenvolveu o conceito URSA – Unidades de Recirculação de Subprodutos de
Alqueva.
A vasta área de regadio abrangida pelo perímetro do Sistema Global de Rega de Alqueva – cuja
monitorização indica teores de matéria orgânica no solo inferiores a 1% – representa anualmente
centenas de milhares de toneladas de subprodutos agrícolas ou agroindustriais. Este fator
MÓDULO II
robustece a viabilidade do processo de valorização orgânica e produção de composto para
fertilização agrícola e reabilitação da qualidade do solo, elemento essencial para a melhoria do
desempenho ambiental do regadio.
MÓDULO III
de regadio, que produzam um fertilizante orgânico por compostagem, devolvido aos agricultores
por permuta com os subprodutos agrícolas entregues, para fertilização das culturas, contribuindo
para o incremento da fertilidade do solo e a sua reabilitação como barreira filtrante, que promova a
qualidade da água a jusante e a sustentabilidade do regadio a longo prazo.
- Reabilitação do solo como suporte agrícola de qualidade e como barreira
filtrante;
- Favorecimento do uso eficiente de água e nutrientes, reduzindo as
MÓDULO IV
necessidades;
- Redução da aplicação de adubos minerais e aumento da rentabilidade agrícola;
- Aumento da coesão do solo, com menor vulnerabilidade à erosão e à
desertificação;
Objetivos
- Utilização circular conservativa dos subprodutos orgânicos produzidos no EFMA
(Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva);
- Melhoria qualidade da água e menor suscetibilidade a espécies aquáticas
MÓDULO V
invasoras;
- Promoção da vida do solo, regeneradora da fertilidade e potenciadora da
sanidade vegetal;
- Sequestro de carbono no solo, com redução dos gases com efeito estufa.
PROJETO GOEFLUENTES
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
413
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
A produção animal sempre foi uma atividade decisiva para a sustentabilidade dos sistemas
agrícolas tradicionais, não só pela utilização e transformação de alimentos, como também, pelo
fornecimento de corretivos para o solo (estrumes) que reciclam cerca de 70% dos nutrientes que,
não sendo digeridos, se perdem por excreção. No entanto, a intensificação destes sistemas,
MÓDULO I
originou uma perda global destes nutrientes a vários níveis, quer pela qualidade das matérias-
primas utilizadas na alimentação animal; pela própria eficiência alimentar dos animais; ou pela
gestão incorreta dos efluentes pecuários que possuem um forte e negativo impacte ambiental.
MÓDULO II
do sector agropecuário e os desafios que este enfrenta, surgiu uma iniciativa que envolve
instituições relevantes do setor e que pretende criar oportunidades de implementação de soluções
concretas para aumentar a eficiência da utilização de água e nutrientes, reduzir efeitos ambientais
e valorizar o que até há pouco tempo era considerado desperdício.
Foi neste enquadramento que surgiu o Projeto GoEfluentes, que visa uma abordagem de
valorização do recurso – efluente pecuário – focada nos diferentes interesses que convergem na
MÓDULO III
produção e gestão adequada e integrada dos fluxos gerados nos sistemas agropecuários (sociais,
políticos, económicos, técnicos e ambientais). Em todas as fases associadas à gestão destes fluxos
(produção, recolha, armazenamento, valorização e reutilização), o objetivo da valorização
não será apenas evitar a sua eliminação, mas também reduzir a exploração de recursos
naturais, e fechar o círculo, em consonância com os princípios da economia circular.
MÓDULO IV
dos fluxos gerados nos sistemas agropecuários, focada em informação
descritiva, no desenvolvimento de relações entre os sistemas de produção
e de gestão de efluentes e na legislação e constrangimentos à sua
aplicação.
- Desenvolvimento de uma visão geral sistemática da gestão dos fluxos
gerados nos sistemas agropecuários, visando estabelecer um padrão
MÓDULO V
de previsão do cenário de produção e caraterização, a longo prazo, dos
ecossistemas e das atividades pecuárias, em regiões específicas.
- Instalação de Unidades de Experimentação/ Demonstração que
Objetivos respondam a questões específicas de gestão/valorização de efluentes
e ajudem os diferentes atores no cumprimento das imposições legais/
normativos.
- Contributo para o Inventário Nacional de Emissões com dados nacionais
MÓDULO VI
414
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
PROJETO URSA
MÓDULO I
Diferentes estudos mostram que uma grande percentagem do gás amoníaco (NH3) que é
libertado para a atmosfera provém do setor agrícola e, mais especificamente, da produção
de suínos e aves onde, em 2011, os resíduos animais (sólidos e líquidos) representaram
cerca de 94% das emissões totais na Europa. Neste sentido, de modo a encontrar
soluções para esta problemática, surgiu o Projeto Ammonia Traping, que pretendia
MÓDULO II
recuperar o amoníaco dos efluentes de suiniculturas e aviários. Este processo, totalmente
inovador, consistiu no desenvolvimento de uma membrana com capacidade de aprisionar
moléculas de NH3 libertadas na atmosfera. Após este processo, o amoníaco resultante é
transformado em sal de amoníaco, um fertilizante de grande valor agrícola e económico.
Atualmente, esta tecnologia já foi testada numa instalação de suínos, aves e numa estação
de biogás na região de Castilla y León, tendo sido obtidos resultados positivos e muito
MÓDULO III
promissores: 98% do amoníaco presente nos dejetos de animais foram recuperados.
Este Projeto permitiu desenvolver ferramentas que poderão ser utilizadas para resolver
a problemática do amoníaco nas explorações, representando consequentes benefícios
económicos e ambientais.
MÓDULO IV
Tranfer 2020, concedido pelo FLC (Federal Laboratory Consortium) dos Estados Unidos.
Esta entidade tem a tutela do Congresso Estadunidense para a educação, promoção e
facilitação de transferência de tecnologia a nível nacional.
MÓDULO V
impacte ambiental. Para além disso, o armazenamento e tratamento destes materiais
representam também enormes custos que muitas vezes acabam por ser, total ou parcialmente,
suportados pelo agricultor. Neste sentido e respeitando a hierarquia da gestão integrada dos
resíduos, a Economia Circular oferece bastantes oportunidades para resolver esta situação, de
um modo sustentável.
O setor da agricultura é um dos setores que mais pode beneficiar deste contexto, uma vez
que já se encontra definido um conjunto de Boas Práticas Agrícolas que permitem a melhoria
da eficiência da utilização dos fatores de produção. Estas boas práticas apontam para uma
transformação dos resíduos e subprodutos em matérias-primas secundárias que podem
facilmente ser reintegradas dentro do mesmo ciclo ou sistema de produção, permitindo fazer
mais com menos. A aplicação dos restos de poda nos terrenos agrícolas onde as culturas
estão instaladas é apenas um exemplo de uma prática que pode contribuir para uma menor
BIBLIOGRAFIA
415
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
A Simbiose Industrial ao incluir diferentes atividades com diferentes sistemas de produção,
permite alargar esta integração de uma maneira mais efetiva pois adia o fim do ciclo de vida das
matérias primas virgens, uma vez que aquilo que está esgotado para uma atividade ou sistema
de produção pode ser (re)utilizado numa outra atividade. A incorporação dos chorumes dos
animais em terrenos agrícolas é um exemplo simples destas interações, permitindo aumentar
MÓDULO I
a quantidade de matéria orgânica dos solos, diminuindo também a necessidade de adubos.
A adoção destas práticas pretende que se chegue muito próximo da situação ideal de
resíduos zero – “zero waste” – constituindo uma importante base para uma agricultura que
se quer cada vez mais sustentável. Os problemas existem e as soluções também, cabe-nos
decidir que futuro queremos proporcionar às próximas gerações.
MÓDULO II
LEGISLAÇÃO RELEVANTE
Despacho n.º
Código de Boas
1230/2018, de 5 https://dre.pt/pesquisa/-/search/114627305/details/normal
Práticas Agrícolas
MÓDULO III
de fevereiro
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/
Livro Verde
TXT/?uri=CELEX%3A52013DC0123
MÓDULO IV
Estratégia
Europeia para Diretiva (UE)
os Resíduos 2019/904 do
de Plástico no Parlamento
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/
Ambiente Europeu e do
TXT/?uri=CELEX:32019L0904
Conselho, de
5 de junho de
2019
MÓDULO V
Lei n.º 69/2018,
de 26 de https://dre.pt/dre/detalhe/lei/69-2018-117484671
dezembro
Portaria n.º
202/2019, de 3 https://dre.pt/dre/detalhe/portaria/202-2019-122891077
de julho
Estratégia
Nacional para Resolução do
Conselho de
MÓDULO VI
os Resíduos https://dre.pt/dre/detalhe/resolucao-conselho-
de Plástico no Ministros n.º
ministros/141-2018-116794199
Ambiente 141/2018, de 26
de outubro
Declaração de
Retificação n.º
37/2018 - Diário https://dre.pt/dre/detalhe/declaracao-
da República n.º retificacao/37-2018-116903098
214/2018, Série I
de 2018-11-07
BIBLIOGRAFIA
416
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
Quadro de legislação (Ponto V.7.)
Decreto–Lei nº
Matérias
MÓDULO I
103/2015, de 15 https://dre.pt/home/-/dre/67485179/details/maximized
fertilizantes
de junho
Iniciativas para
a utilização Pacto Português
https://www.pactoplasticos.pt/
de plásticos para os Plásticos
reutilizáveis
MÓDULO II
Iniciativas
Projeto
inovadoras de https://projects.iniav.pt/goefluentes/
GoEfluentes
Boas Práticas
e Simbiose
Industrial Projeto
Ammonia http://ammoniatrapping.com/?lang=en
Trapping
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
417
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
ANEXO I - “INFORMAÇÃO SOBRE O CÁLCULO DA CAPACIDADE
DOS NÚCLEOS DE PRODUÇÃO E DA CLASSE DA EXPLORAÇÃO
PECUÁRIA”
O procedimento a adotar no âmbito do processo de autorização do exercício da atividade
MÓDULO I
pecuária (REAP) é diferenciado de acordo com a classe em que a exploração pecuária se
enquadra. A classe é determinada em função da Capacidade da exploração, (expressa em
cabeças normais — CN), do sistema de exploração (Intensiva ou extensiva), e eventualmente
do tipo de produção especial).
MÓDULO II
de excreção de azoto).
MÓDULO III
permite a obtenção da capacidade da exploração, em CN, introduzindo na coluna “Nº de
animais” na coluna sombreada, tendo em consideração:
MÓDULO IV
que são previstos, bem como a capacidade máxima de leitões e porcos em engorda
que são alojados num dado momento.
• No caso das espécies animais que são exploradas em vários ciclos por ano, (ex. frangos
de engorda) deve ser registado o número de animais que a exploração comporta na
entrada de cada ciclo e este valor será convertido em CN pelo coeficiente específico
da tabela.
MÓDULO V
Esta tabela possui dois tipos de registos:
Para perspetivar a Classe da exploração pecuária, que determinará o procedimento que será
BIBLIOGRAFIA
aplicado no processo REAP, deve depois ser indicado se o sistema de exploração é Intensivo
418
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
ou Extensivo, tendo em consideração o núcleo de produção (NP) mais representativo da
exploração, caso possua diferentes tipos de animais / NP, na exploração.
MÓDULO I
REAP, bem como, por determinação da DGADR, não estando estas situações previstas na
folha de cálculo disponibilizada.
São da Classe 1
MÓDULO II
Produção (NP)* com capacidade superior a 260 cabeças normais (CN);
• Todos os Centros de Colheita de Sémen e os Centros de Testagem de
Reprodutores, das diferentes espécies animais;
• Explorações de Suínos dedicadas à Selecção e/ou Multiplicação, ou de
Quarentena;
• Explorações de Aves dedicadas à Selecção e Multiplicação, à Reprodução de
espécies de aves cinegéticas com capacidade superior a 75 CN;
MÓDULO III
• Centros de incubação de Aves com capacidade superior a 1000 ovos; a
exploração ou núcleo de produção com área útil coberta para produção superior
a 2.500 m2;
• Núcleos especiais de preservação do património genético de equídeos;
Explorações de Coelhos dedicadas à Selecção e/ou Multiplicação de
Explorações Pecuárias reprodutores.
• As explorações pecuárias intensivas de suínos, aves (frangos, galinhas, patos e
perus), e bovinos, sujeitos ao regime jurídico de Avaliação de Impacto Ambiental
MÓDULO IV
(AIA), em face de uma capacidade superior a:
• 40.000 frangos, galinhas, patos ou perus; ou 20.000 nas áreas sensíveis;
• 3.000 porcos c/ + 45 kg; ou 750 nas áreas sensíveis;
• 400 porcas reprodutoras: ou 200 nas áreas sensíveis;
• 500 bovinos; ou 250 nas áreas sensíveis.
• As explorações pecuárias intensivas de suínos e aves de capoeira sujeitos a
Licença Ambiental (LA), em face de uma capacidade superior a:
• 40.000 aves; MÓDULO V
• 2.000 porcos de produção (de mais de 30 kg);
• 750 porcas reprodutoras.
Entreposto ou centro
de agrupamento Com capacidade igual ou superior 75 CN
pecuário
MÓDULO VI
Unidade intermédia de
efluentes pecuários;
Entreposto de
Com capacidade instalada superior a 500 m3 ou toneladas de capacidade
fertilizantes orgânicos;
Instalação de
compostagem
Unidade de produção
Com capacidade instalada superior a 100 m3 ou toneladas
de Biogás
BIBLIOGRAFIA
419
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
São de Classe 2
MÓDULO I
Explorações Pecuárias
• de exploração extensiva ** — capacidade superior a 15 CN e sem limite;
• Todos os Centros Hípicos, os Hipódromo e os Postos de cobrição de
Equídeos.
Entreposto ou centro
de agrupamento Capacidade inferior a 75 CN
pecuário
MÓDULO II
Unidade intermédia de
efluentes pecuários;
Entreposto de
Capacidade instalada inferior a 500 m3 ou toneladas
fertilizantes orgânicos;
Instalação de
compostagem
Unidade de produção
Capacidade instalada inferior a 100 m3 ou toneladas.
de Biogás
MÓDULO III
São de Classe 3
MÓDULO IV
*Núcleo de produção (NP): estrutura produtiva integrada numa exploração pecuária,
orientada para a produção ou detenção de animais de uma espécie pecuária ou de um tipo de
produção, sujeita a maneio produtivo e sanitário próprio e segregado das restantes atividades
da exploração.
** Exploração extensiva: a que utiliza o pastoreio no seu processo produtivo e cujo
encabeçamento não ultrapassa 1,4 CN/ha, podendo este valor ser estendido até 2,8 CN/ha,
MÓDULO V
desde que sejam assegurados 2/3 das necessidades alimentares do efetivo em pastoreio, bem
como a que desenvolve a atividade pecuária com baixa intensidade produtiva ou com baixa
densidade animal, no caso das espécies não herbívoras.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
420
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
ANEXO II - “PLANOS DE GESTÃO DE EFLUENTES PECUÁRIOS
(PGEP)”
A Portaria n.º 79/2022 de 3 de fevereiro estabelece as normas relativas à elaboração do
Plano de Gestão de Efluentes Pecuários (PGEP) que articulam complementarmente com
MÓDULO I
disposições regulamentares constantes dos seguintes documentos:
• Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva - LQARS (2006) . MADRP, Lisboa, 282 pp.
MÓDULO II
• Disponível em papel, pode ser adquirido em:
MÓDULO III
• Ou, através do site do INIAV.
MÓDULO IV
• Explorações pecuárias em regime intensivo, das classes 1 e 2, que produzem mais de
200 m3 ou 200 ton/ano, calculados de acordo com o efetivo pecuário da exploração;
• Exploração agrícola que valoriza nos seus terrenos qualquer quantidade de produtos
MÓDULO V
derivados da transformação de subprodutos de origem animal (SPOAT) ou dos
fertilizantes que os contenham;
Tendo em vista apoiar a elaboração deste documento, podem ser utilizados os seguintes
MÓDULO VI
instrumentos:
421
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
ANEXO III - "LICENCIAMENTO DOS USOS ADMISSÍVEIS PARA OS
EFLUENTES PECUÁRIOS (EP)"
TTIPO DE ENTIDADES
DESTINO CLASSIFICAÇÃO LEGISLAÇÃO
USO ENVOLVIDAS
EP (estrume e
MÓDULO I
- Port. nº 79/2022 de 3 de fevereiro
chorume) (GEP) Entidade licenciadora
Direta Valorização Agrícola (solo)
SPA 2 - DL nº 81/2013, de 14 de junho NREAP - DRAP
MÓDULO II
NREAP – DRAP
(GEP)
UTEP (Unidade Técnica de Efluentes Pecuários) Unidade autónoma CCDR emite Alvará,
com EP + EP (estrume e - DL nº 81/2013, de 14 de junho nos termos do RGGR,
biomassa vegetal chorume) (NREAP) nos casos em que a
e/ou resíduos UTEP recebe resíduos
SPA 2 - DL nº 33/2017, de 23 de março
(cinzas de unidades (cinzas, biomassa
de incineração de Resíduo (cinzas) - DL nº 73/2011, de 17 de junho vegetal)
cadáveres) (RGGR)
DGAV emite Número
Controlo Veterinário
(NCV)
Unidades que Unidades Anexas
processam efluentes a explorações
MÓDULO III
pecuários, podendo Pecuárias s/ CAE
incorporar: atribuído
- DL nº 81/2013, de 14 de junho
a) Biomassa vegetal, (NREAP)
outros subprodutos Entidade licenciadora
animais de - DL nº 73/2011, de 17 de junho
NREAP – DRAP
categoria 2 e 3e (RGGR)
produtos derivados Unidades CCDR emite parecer
- Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out
das categorias 2 e Autónomas a vinculativo
– artº3 – h-a))
3 (nas unidades de Explorações
compostagem) pecuárias DGAV emite Número
- DL nº 33/2017, de 23 de março
Controlo Veterinário
b) Biomassa CAE 20152 - Não se aplica o disposto no DL (NCV)
vegetal, outros 103/2015, de 15 junho (matérias
MÓDULO IV
subprodutos fertilizantes)
animais de
categoria 2 ou 3 EP (Estrumes e
Unidades de
Indireta (nas unidades de chorumes)
Valorização compostagem
biogás)
orgânica /Biogás de EP SPA 2
- DL nº 73/2011, de 17 de junho Entidade licenciadora
Unidades que Resíduos
Resíduo (RGGR) – artº 23º RGGR – CCDR
processam EP elencados no
associados a outros Anexo IV, do DL - Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out A DGAV emite Número
resíduos, e que nº 103/2015, de – artº3 – h-a)) Controlo Veterinário
não desenvolvam 15 junho (matérias
- DL 103/2015, de 15 junho (NCV)
atividade fertilizantes)
da indústria (matérias fertilizantes) DGAE (inscrição prévia
transformadora CAE 38322 no registo)
MÓDULO V
- DL nº 33/2017, de 23 de março
Entidade Licenciadora
Unidades que Resíduos SIR – Entidade
processem EP elencados no - DL 169/2012, de1 agosto, alterado coordenadora do
associados a Anexo IV, do DL pelo DL 73/2015, de 11 maio diploma SIR (anexo III)
outros resíduos, e nº 103/2015, de - DL nº 103/2015, de 15 junho A DGAV emite Número
que desenvolvam 15 junho (matérias (matérias fertilizantes) art. 2º e 9º Controlo Veterinário
atividade fertilizantes) (NCV)
da indústria - DL nº 33/2017, de23 março
transformadora CAE 20152 DGAE (inscrição prévia
no registo)
- DL nº 81/2013, de 14 de junho
Instalações anexas EP (Estrumes de (NREAP)
MÓDULO VI
- DL nº 33/2017, de 23 de março
422
Agricultura Sustentável
MÓDULO V - Economia circular aplicada à agricultura
ÍNDICE
TTIPO DE ENTIDADES
DESTINO CLASSIFICAÇÃO LEGISLAÇÃO
USO ENVOLVIDAS
MÓDULO I
térmica nominal) - DL nº 33/2017, de 23 de março
- DL nº 81/2013, de 14 de junho
(NREAP)
- DL nº 33/2017, de 23 de março
Entidade licenciadora
Instalações anexas - Reg. (UE) 2017/1262, de 12 de NREAP – DRAP
a Explorações julho (combustão, estrume animais
Pecuárias (Potência A DGAV emite NCV. A
criação, exceto aves de capoeira-
Térmica Nominal < APA ou a CCDR emite
Cap.V-ponto C)
50MW) o título de emissões
- Reg. (UE) 592/2014, de 3 junho para o ar (TEAR)
MÓDULO II
EP (Estrumes de (Cap.V-ponto B3, B4 e B5)
outras espécies
pecuárias, exceto - DL nº 39/2018, de 11 de junho
Instalações de aves de capoeira) (REAR) (Potência Térmica nominal
combustão >=1MW e < 50 MW)
Valorização SPA 2
- Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out
Energética
Não resíduo
- DL nº 33/2017, de 23 de março
Tratamento
Indireta térmico, Instalações - Reg. (UE) 2017/1262, de 12 de
Instalações de Estrume autónomas e julho (combustão, estrume animais
combustão, de outras A DGAV emite NCV. A
explorações criação, exceto aves de capoeira-
Incineração e espécies APA ou a CCDR emite
pecuárias Cap.V-ponto C)
co-incineração pecuárias o título de emissões
MÓDULO III
(exceto aves (Potência Térmica - Reg. (UE) 592/2014, de 3 junho para o ar (TEAR)
de capoeira) Nominal < 50MW) (Cap.V-ponto B3, B4 e B5)
- DL nº 39/2018, de 11 de junho
(REAR) (Potência Térmica nominal
>=1MW e < 50 MW)
- DL nº 81/2013, de 14 de junho
(NREAP)
Instalações anexas
a Explorações - DL nº 73/2011, de 17 de junho
Pecuárias (Potência (RGGR) e DL 127/2013, de 30
Térmica Nominal EP (Estrumes de agosto (cap.IV-REI)
>= 50MW) outras espécies
- Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 out Entidade licenciadora
Instalações de pecuárias, exceto
MÓDULO IV
Incineração ou Co- aves de capoeira) REI - APA
- DL nº 33/2017, de 23 de março
incineração Instalações DGAV emite NCV
SPA 2
autónomas e - DL nº 73/2011, de 17 de junho
explorações Resíduo (RGGR) e DL 127/2013, de 30 agost
pecuárias (cap.IV-REI)
MÓDULO V
adequado
- DL nº276/2009, de 2 de agosto
(Lamas)
Efluente Pecuário - DL nº 183/2009, de 10 de agosto
tratado (Regime Jurídico da Deposição de
Resíduos em Aterro) Entidade licenciadora
Eliminação Aterro
Resíduo Aterros - CCDR
- Reg. (CE) nº 1069/2009, de 21 de
SPA 2 outubro (art.º 13)
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
423
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO VI
AGRICULTURA DE PRECISÃO PARA A
SUSTENTABILIDADE
MÓDULO II
INTRODUÇÃO........................................................................................................................................................................425
MÓDULO III
VI 1.2 OPORTUNIDADES E AMEAÇAS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO.............................................................427
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
424
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
MÓDULO I
MÓDULO VI
AGRICULTURA DE PRECISÃO PARA A
SUSTENTABILIDADE
MÓDULO II
INTRODUÇÃO
A Agricultura como atividade económica determinante para a sobrevivência da espécie
MÓDULO III
humana tem ao longo da sua história evoluído, adaptando-se a novos desafios e a novas
realidades. Desde o período 20000a.c em que o homem era nómada e recolector passando
depois à domesticação de animais e ao domínio de técnicas de cultivo de plantas, da mão de
obra humana à tração animal seguida da tração mecânica proporcionada pelo desenvolvimento
de motores térmicos; até aos nossos dias a agricultura foi capaz de responder às necessidades
alimentares de base familiar, à necessidade de produção de alimentos em escala “industrial”
no pós guerra num cenário de uma Europa devastada, e enfrenta agora a necessidade de
MÓDULO IV
satisfazer as necessidades alimentares da população mundial que de acordo com a FAO
deverá aumentar para 9 mil milhões de pessoas em 2050.
425
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
VI.1. O QUE É A AGRICULTURA DE PRECISÃO
De acordo com a ISPA - International Society of Precision Agriculture a agricultura de
precisão é definida como: “Agricultura de Precisão (AP) é uma estratégia de gestão que
reúne, processa e analisa dados temporais, individuais e espaciais e os combina com outras
MÓDULO I
informações para apoiar as decisões de gestão de acordo com a variabilidade estimada
para melhorar a eficiência no uso de recursos, produtividade, qualidade, rentabilidade e
sustentabilidade da produção agropecuária.“ A interpretação do conceito supõe um modelo
de gestão das culturas considerando a sua variação no tempo e no espaço dentro da parcela,
e possibilidade desta abordagem contribuir para adequação caso a caso do uso de fatores de
produção relativamente às necessidades identificadas.
MÓDULO II
A implementação deste modelo de gestão pode seguir as etapas apresentada na Figura 1.
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 1 - Fases do ciclo de adoção da Agricultura de Precisão (CNH,s.d)
A adoção pode iniciar pela recolha de dados resultantes de uma carta de produtividade
(1) que posteriormente processados e convertidos em informação (2) podem permitir a
interpretação da variabilidade espacial de uma cultura (3) e determinar formas de atuação
diferenciada no uso e aplicação de fatores de produção (4). Da fase 1 fazem parte vários tipos MÓDULO V
de sensores hoje possíveis de serem utilizados na monitorização e recolha de informação das
culturas, alguns deles fazendo parte do hardware das máquinas de colheita, da fase 2 constam
principalmente os softwares de informação geográfica para que dados possam ser convertidos
em informação e discutidos pela equipa de gestão ou consultoria da exploração agrícola (3)
permitam a implementação de soluções (4) assente em máquinas ou sistemas de automação.
MÓDULO VI
para instalação e condução das culturas que permite maximizar a eficiência dos recursos,
426
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
aumentar a rentabilidade e minimizar os impactos ambientais.
MÓDULO I
pelo seu uso em excesso. Da mesma forma o aumento de rentabilidade pode resultar da
tentativa de uniformização das diferentes áreas encontradas, exemplo da gestão para uma
cultura de cereais em que o objetivo é garantir a maior produtividade da parcela, ou resultar de
se tirar partido das diferenças existentes, exemplo da gestão de uma vinha quando a vindima
segmentada pode dar origem a produtos finais de diferente valor acrescentado.
MÓDULO II
VI 1.2 OPORTUNIDADES E AMEAÇAS DA AGRICULTURA DE PRECISÃO
MÓDULO III
dessa variabilidade e os fatores de produção podem ser usados a taxas variáveis de aplicação.
MÓDULO IV
remuneração do capital investido na adoção do modelo de gestão em AP.
de solo, entre outros), para criarmos as condições para um ótimo desenvolvimento das plantas.
Gestão (SAG) num contexto de Gestão da Exploração Agrícola, as melhores condições para um
427
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
determinado tipo de solo ou espécie de plantas específicas são automaticamente sugeridas,
tendo como base a informação dos sensores. O SAG sugere o melhor momento para a rega (ou
indica se é ou não necessária naquele exato momento) bem como as necessidades nutritivas,
entre outros aspetos, facilitando a tomada de decisão e a gestão do negócio.
MÓDULO I
Na prática, a agricultura de precisão pode proporcionar ao agricultor:
MÓDULO II
• Fertilização para aplicação diferenciada;
MÓDULO III
• Produtividade;
MÓDULO IV
d) Menor necessidade de mão de obra;
Para obviar estas circunstâncias torna-se importante a atitude proativa de criar soluções de
aluguer de equipamentos, de prestação de serviço e consultoria em AP que com o agricultor
MÓDULO VI
associados nas áreas temáticas relacionadas com a AP, desde logo nos conceitos de base
428
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
agronómica e de literacia digital. Desde logo obviam-se obstáculos como a dimensão da
parcela que só por si não o deve ser, e torna-se facilitador e transversal o conhecimento
independentemente da fileira de produção.
MÓDULO I
5G e a sua expansão a nível nacional que poderá decididamente contribuir para o melhor
funcionamento dos instrumentos de AP já em uso e abrir oportunidades a novas formas de
monitorização e transmissão de dados – IoT, conceito da Internet das coisas.
MÓDULO II
as quais vários tipos de sensores e plataformas para monitorização e medição de diferentes
grandezas, e varos tipos de atuadores que conduzem a resposta processada a partir da
informação medida pelos sensores. Enumeram-se alguns exemplos:
MÓDULO III
GNSS (Figura 2), vulgarmente conhecido por GPS permite em tempo real conhecer a sua
localização geográfica. Dependendo do tipo de instrumento e tarefa que se pretenda
georreferenciar podem utilizar-se dispositivos de GNSS com diferentes graus de precisão e
exatidão. São estes sensores os responsáveis por auxiliar a condução eletrónica em tratores e
máquinas agrícolas, desencadear o funcionamento de atuadores para a aplicação de produtos
a taxa variável e quando conjugados com outro tipo de sensores permitem obter informação
georreferenciada da quantidade do produto que é colhida, da condutividade elétrica do solo
MÓDULO IV
ou dos locais para amostra de solo, entre outros. No caso de colares para animais com sensores
GNSS, os mesmo tornam possível conhecer em tempo real onde esses animais se encontram,
quais os trajetos que realizam ou simplesmente a marcação de geo cercas.
MÓDULO V
A B
Figura 2 - a) Colar de GNSS para georreferenciação de animais - b) Sensor montado em moto quatro para auxílio à
condução | Fonte: a) Digitanimal, s.d - b)Trimble, 2021a
MÓDULO VI
Os drones de asa fixa ou rotativa são plataformas para deteção remota já que a bordo
podem transportar camaras capazes de analisar as parcelas e, por conseguinte, as culturas
auxiliando na deteção e presença de pragas e doenças, falhas de sementeira, entre outros. Os
seus sensores captando as imagens a baixa altitude oferecem assim, indicadores agronómicos
com precisão centimétrica proporcionando uma altíssima resolução espacial. Um exemplo
BIBLIOGRAFIA
frequente da sua utilização é o uso de imagens obtidas por camaras de infravermelhos que
429
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
permitem a construção de cartas de NDVI - Índice de Vegetação com Diferença Normalizada e
com estas ser avaliado o vigor vegetativo de uma cultura (Figura 3). Poderão ainda representar
um auxílio na aplicação precisa de fertilizantes e fitofármacos.
MÓDULO I
Figura 3 - Utilização de drones para analisar as culturas
MÓDULO II
3) Motores elétricos, pneumáticos ou electro-hidráulicos
MÓDULO III
MÓDULO IV
Figura 4 - Conjunto de dispositivos para georreferenciação (GPS) e aplicação de um produto a
taxa variável através da leitura num terminal virtual (VT) e o controlo eletrónico de uma unidade e
processamento (ECU) por protocolo ISOBUS (IBBC) para atuação num motor elétrico de controlo de
caudal de um pulverizador (John Deere)
Existem variadíssimos sensores direcionados para o solo ou para as plantas (de humidade,
de pH, de condutividade elétrica, etc.). no caso dos sensores de condutividade elétrica existem
sensores expeditos de contacto e de indução magnética (Figura 5). Ambos funcionam pelo
princípio de infiltração de um feixe de corrente elétrica no solo que é refletido e recebido MÓDULO V
com maior ou menor intensidade consoante o grau de salinidade do solo. Com a utilização de
sensores os agricultores podem monitorizar o desenvolvimento das suas culturas, adaptando-
se a diferentes fatores ambientais já que existem várias relações possíveis de avaliar entre
a condutividade elétrica medida por estes sensores e os parâmetros físicos, químicos ou
biológicos do solo. Normalmente estes sensores trabalham em conjunto com data loggers e
sensores GNSS permitindo a construção de cartas de condutividade elétrica (CEa) aparente
MÓDULO VI
do solo. A elevada relação entre a CEa do solo e as análises de textura permitem por exemplo
a colocação com maior precisão de sensores de medição da humidade do solo, já que
zonas de maior condutividade estão em regra associadas a zonas de textura mais fina, e de
condutividade baixa a zonas de textura grosseira.
430
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
• Plataformas autónomas (robots) multissensoriais que percorrendo diariamente as
culturas informam o agricultor sobre o seu estado e emitem avisos no caso de situações
de alerta, por exemplo do aparecimento de doenças (a);
MÓDULO I
produção a cada momento da colheita, e de humidade do grão no caso do milho (b);
MÓDULO II
• Sensores para determinação do vigor vegetativo por NDVI (d).
MÓDULO III
A B
MÓDULO IV
C D
Figura 6 - a) Robot do projeto Vinescout (Vinescout, s.d); b) Distribuição de sensores e instrumentação eletrónica numa
ceifeira debulhadora para a criação de cartas de produtividade (Ad. De Coelho e da Silva, 2009); c) Sensor para deteção
de ervas infestantes (Trimble, 2021b); d) Sensor de mão para determinação do vigor vegetativo da cultura por leitura do
índice de NDVI (Trimble, 2021a)
MÓDULO V
6) Estações meteorológicas
relatórios.
431
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
Alguns destes softwares são gratuitos como o QGIS, compatíveis com ficheiros
georreferenciados utlizados por diversos fabricantes de instrumentos para a AP, sendo
utilizados por exemplo na construção de cartografia para aplicação de produtos a taxa variável.
MÓDULO I
Outra ferramenta em AP é a existência de plataformas digitais de acesso aberto ou
contratualizado (Figura 7). Em qualquer das versões existem funcionalidades para delimitação
de parcelas permitindo a leitura de índices vegetativos a partir de imagens de satélite. Algumas
destas, permitem a parametrização de alertas, criação de cartas de prescrição, impressão de
mapas e conciliação de informação relativa aos estados meteorológicos ou a informação de
sensores de humidade do solo. A grande vantagem do uso destas plataformas prende-se com
MÓDULO II
o processo de digitalização que permite o envio de informação à distância, sendo possível
ao agricultor ter informação em tempo real sobre o estado das suas culturas, nomeadamente
em termos de doenças, maturação, necessidades de água, de fertilização e de produtos
fitofarmacêuticos, no caso da deteção remota, sem a necessidade da logística necessária a
realização de voo com um drone. O uso de uma plataforma não dispensa a necessária visita
ao campo para confirmação in situ da informação que é enviada à distância.
MÓDULO III
Alguns exemplos de plataformas são disponibilizados online nos seguintes endereços:
https://apps.sentinel-hub.com/sentinel-playground/
https://crop-monitoring.eos.com/login
https://onesoil.ai/en/
http://agroinsider.com/home
MÓDULO IV
http://www.hidrosoph.com/PT/irristrat.html
MÓDULO V
MÓDULO VI
Figura 7 - Exemplo do layout de uma plataforma de acesso aberto (Sentinel-hub playground, s.d)
sempre um upgrade disponível para aplicar na sua exploração e dessa forma ir ao encontro do
432
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
princípio da AP de gestão da cultura de forma personalizada. Mais, é importante ter em conta
que a AP só por si não é geradora de lucro. Ainda antes da sua adoção importa ter presente
o rigor das operações a realizar, o bom estado de funcionamento e calibração de máquinas
e equipamentos e o recurso a possíveis soluções clássicas que pelo rigor da informação que
permitem podem ter um importante rácio custo benefício.
MÓDULO I
A título de exemplo cite-se em sistemas de rega e fertirrigação o uso de tensiómetros
clássico (Figura 8) que permitem a gestão de rega em função de dados concretos e não de
sensações empíricas ou por tentativa e erro.
MÓDULO II
MÓDULO III
Figura 8 - Tensiómetro no solo e o pormenor da cápsula (DRAPN, s.d)
MÓDULO IV
Um outro exemplo prende-se com o uso de sistemas DPA em máquinas agrícolas (Figura 9).
Estes sistemas, equipados com electroválvulas, permitem a aplicação de doses fixas ajustando
a dose em função da velocidade de trabalho. Em regra, os controladores destes sistemas
permitem ao operador da máquina a sua programação para uma dose acima e abaixo da
pretendida de ser aplicada. Assim o operador ao chegar ao local onde observa a necessidade
de uma dose superior ou inferior à calibrada, tem possibilidade de eletricamente acionar o
mecanismo que abre ou fecha o atuador realizando uma “taxa variável” com a sua intervenção.
Pode ser uma solução de recurso, principalmente em áreas de menor dimensão em que o MÓDULO V
custo deste tipo de equipamento se torna inferior ao de um VRT clássico.
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
433
Agricultura Sustentável
MÓDULO VI - Agricultura de precisão para a sustentabilidade
ÍNDICE
É importante considerar que de forma geral o agricultor reconhece a importância da rigorosa
gestão dos recursos e fatores de produção, da necessidade dos incrementos tecnológicos
para o efeito e da importância económico-financeira e ecológica da boa aplicação destes
modelos. Em simultâneo, e por regra, reconhece alguma incapacidade na utilização autónoma
destas ferramentas, pelo que pode e deve olhar para o mercado da prestação de serviços
MÓDULO I
da especialidade como uma alternativa viável para o ajudar na aplicação dos métodos e
procedimentos de Agricultura de Precisão, devidamente ajustados à sua realidade produtiva
e de mercado.
MÓDULO II
MÓDULO III
MÓDULO IV
MÓDULO V
MÓDULO VI
BIBLIOGRAFIA
434
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas
ÍNDICE
MÓDULO I
BIBLIOGRAFIA/
ACRÓNIMOS E SIGLAS
MÓDULO II
BIBLIOGRAFIA MÓDULO I.....................................................................................................................................................436
CAPÍTULO I.1...................................................................................................................................................................436
CAPÍTULO I.2...................................................................................................................................................................439
MÓDULO III
CAPÍTULO I.3...................................................................................................................................................................440
CAPÍTULO I.4...................................................................................................................................................................442
MÓDULO IV
BIBLIOGRAFIA MÓDULO IV...................................................................................................................................................449
CAPÍTULO V.1..................................................................................................................................................................451
CAPÍTULO V.2..................................................................................................................................................................452
MÓDULO V
CAPÍTULO V.3..................................................................................................................................................................453
CAPÍTULO V.4..................................................................................................................................................................454
CAPÍTULO V.5..................................................................................................................................................................454
CAPÍTULO V.6..................................................................................................................................................................455
CAPÍTULO V.7..................................................................................................................................................................456
MÓDULO VI
ACRÓNIMOS E SIGLAS..........................................................................................................................................................458
BIBLIOGRAFIA
435
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas
ÍNDICE
BIBLIOGRAFIA MÓDULO I
CAPÍTULO I.1.
Alves, J. Almeida e Cardoso, J.C. 1967 Empreendimento de fertilização mineral e correcção do solo-fertilização mineral.
MÓDULO I
II Plano de Fomento (1954-1964). Dir. Ger.Servs. Agri., Lisboa.
Arya, L. M.; D. A. Farrell e G. R. Blake. 1975. A field study of soil water depletion patterns in presence of growing soybean
roots. I. Determination of hydraulic properties of the soil. Soil Sci. Soc. Am. J., 45: 1023-1030.
Bouma, J.; C. Belmans; L. W. Dekker e W. J. M. Jeurissen. 1983. Assessing the suitability of soils with macropores for
subsurface liquid waste disposal. Journal of Environmental Quality, 12 (3): 305-311.
Brady, N.C. e Weil, R.R. 2008. The nature and properties of soils. Pearson Education Inc., Upper Saddle River, NJ, USA,
MÓDULO II
965 p.
Cardoso, J. Carvalho. 1965. Os solos de Portugal. I. A sul do rio Tejo. D.G.S.A., Lisboa.
Castro, I. V. Fareleira, P. 2017. Papel dos microrganismos do solo na recuperação de solos degradados. Vida Rural, nº 1827,
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FAO. 1970. Classificação textural dos solos pela FAO. In: Cardoso, J. C.; F. C. Vasconcelos e M. R. T. Bessa, 1970. Carta dos
solos de Portugal. Classificação e características morfológicas dos solos. Boletim dos Solos, 7: 1-162, Lisboa.
MÓDULO III
Gomes, M. P., e A. A. Silva. 1962. Um novo diagrama triangular para a classificação básica da textura do solo. Garcia de
Orta, 10: 171-179.
Gonçalves, M. C. 1994. Características hidrodinâmicas dos solos: sua determinação e funções de pedo-transferência.
Dissertação de doutoramento. Instituto Superior de Agronomia, UTL, Lisboa.
Hillel, D. 1984. L'eau et le sol. Principes et processus physiques. Cabay (ed.), Louvain-la- Neuve, 288pp.
MÓDULO IV
Huber, S., Prokop, G., Arrouays, D., Banko, G., Bispo, A., Jones, R., Kibblewhite, M., Lexer, W., Möller, A., Rickson, J.,
Shishkov, T., Stephens, M., Van den Akker, J., Varallyay, G., Verheijen, F. 2007. Indicators and Criteria report. ENVASSO
Project (Contract 022713) coordinated by Cranfield University, UK, for Scientific Support to Policy, European Commission
6th Framework Research Programme.
Lagatu, H. e Maume, L. 1926. Diagnostique de l'alimentation d'un végétal par l'évolution chimique d'une feuille
convenablement choisie. In: Compte Rendues de l'Académie des Sciences nº 182, 635-655.
Lourenço, A. 2012. Caracterização de solos entre Coimbra e Montemor-o-Velho, Portugal Central. Um estudo de
magnetismo ambiental. Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra
para a obtenção do grau de Doutor em Geologia, especialidade em Geodinâmica Externa. Coimbra.
MÓDULO V
LQARS, 2006. Manual de Fertilização das Culturas. INIAP – Laboratório Químico Agrícola Rebelo da Silva, Apartado 3228
- 1301-903 Lisboa
Mengel, K. e Kirkby, E.A. 2001. Principles of Plant Nutrition. 5ª ed. Boston/London: Kluwer Academic Publishers.
Perdigão, A. 2019. Apontamentos teóricos de Ciências do Solo/ Solos. Curso: Eng.ª Agronómica CTeSP Agricultura
Biológica. Instituto Politécnico de Viseu. Escola Superior Agrária de Viseu. Viseu.
MÓDULO VI
Stolte, J. 1997. Determination of the saturated hydraulic conductivity using the constant head method, in: Stolte, J.
(Ed.), Manual for soil physical measurements. Technical document 37, DLO Winand Staring Centre, Wageningen, The
Netherlands.
Wind, G. P. 1968. Capillary conductivity data estimated by a simple method, in: Rijtema, P. E., Wassink, H. (Eds.), Water in
the unsaturaded zone. Proceedings of a Symposium, June 1966, Wagningen, The Netherlands. IASH/AIHS – UNESCO,
BIBLIOGRAFIA
436
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas
ÍNDICE
Legislação referida neste documento
Decreto-Lei 103/2015 de 15 de junho. Diário da República n.º 114/2015, Série I de 2015-06-15, páginas 3756 – 3788.
Estabelece as regras a que deve obedecer a colocação no mercado de matérias fertilizantes, assegurando a execução
na ordem jurídica interna das obrigações decorrentes do Regulamento (CE) n.º 2003/2003, do Parlamento Europeu e do
Conselho, de 13 de outubro de 2003, relativo aos adubos.
MÓDULO I
Decreto-Lei nº 37/2013 de 13 de março. Diário da República, 1.ª série — N.º 51 — 13 de março de 2013. Procede à primeira
alteração ao Decreto-Lei n.º 256/2009, de 24 de setembro, que estabelece o regime das normas técnicas aplicáveis à
proteção integrada, à produção integrada e ao modo de produção biológico, conformando-o com a disciplina da Lei
n.º 9/2009, de 4 de março, e do Decreto-Lei n.º 92/2010, de 26 de julho, que transpuseram as Diretivas nos 2005/36/CE,
de 7 de setembro, e 2006/123/CE, de 12 de dezembro, relativas ao reconhecimento das qualificações profissionais e aos
serviços no mercado interno.
Decreto-Lei nº 276/2009 de 2 de outubro. Diário da República, 1.ª série — N.º 192 — 2 de outubro de 2009. Estabelece o
MÓDULO II
regime de utilização de lamas de depuração em solos agrícolas, de forma a evitar efeitos nocivos para o homem, para a
água, para os solos, para a vegetação e para os animais, promovendo a sua correta utilização, transpondo para a ordem
jurídica interna a Diretiva n.º 86/278/CEE, do Conselho, de 12 de Junho.
Despacho n.º 1230/2018, de 5 de fevereiro. Ambiente e Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Gabinetes dos
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Portaria nº 25/2015 de 9 de fevereiro. Diário da República, 1.ª série — N.º 27 — 9 de fevereiro de 2015. Estabelece o
MÓDULO III
regime de aplicação da ação n.º 7.1, «Agricultura biológica», e da ação n.º 7.2, «Produção integrada», ambas da medida
n.º 7, «Agricultura e recursos naturais», integrada na área n.º 3, «Ambiente, eficiência no uso dos recursos e clima», do
Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, abreviadamente designado por PDR 2020.
Portaria nº 153/2015 de 27 de maio. Diário da República, 1.ª série — N.º 102 — 27 de maio de 2015. Estabelece os termos
e os critérios aplicáveis à avaliação dos incumprimentos de compromissos ou outras obrigações, para efeitos da aplicação
das reduções e exclusões previstas no n.º 5 do artigo 24.º da Portaria n.º 25/2015, de 9 de fevereiro, que estabelece o
regime de aplicação da ação n.º 7.1, «Agricultura biológica» e da ação n.º 7.2, «Produção integrada» do Programa de
Desenvolvimento Rural do Continente.
MÓDULO IV
Portaria n.º 259/2012 de 28 de agosto. Diário da República, 1.ª série — N.º 166 — 28 de agosto de 2012. Estabelece o
programa de ação para as zonas vulneráveis de Portugal continental.
Regulamento (UE) 2019/1009 do Parlamento Europeu e do Conselho de 5 de junho de 2019, que estabelece regras
relativas à disponibilização no mercado de produtos fertilizantes UE e que altera os Regulamentos (CE) n.º 1069/2009 e
(CE) n.º 1107/2009 e revoga o Regulamento (CE) n.º 2003/2003 (JO L 170, 25.6.2019, p. 1–114).
Regulamento (UE) n.º 463/2013 da Comissão de 17 de maio de 2013 que altera o Regulamento (CE) n.º 2003/2003 do
Parlamento Europeu e do Conselho relativo aos adubos, para efeitos de adaptação ao progresso técnico dos seus anexos
MÓDULO V
I, II e IV (JO L 134/1, 18.05.2013, p. 1–14).
Regulamento (CE) n.º 2003/2003, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de outubro de 2003, relativo aos adubos
(Jornal Oficial nº L 304 de 21/11/2003 p. 0001 – 0194).
Resolução do Conselho de Ministros n.º 78/2014, de 24 de dezembro. Diário da República, 1.ª série — N.º 248 — 24 de
dezembro de 2014. Aprova o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PANCD), decorrente da primeira
revisão e atualização do PANCD aprovado pela Resolução de Conselho de Ministros n.º 69/99, de 9 de julho.
MÓDULO VI
Portaria nº 631/2009 de 9 de junho. Diário da República n.º 111/2009, Série I de 2009-06-09, p. 3580 – 3594. Estabelece
as normas regulamentares a que obedece a gestão dos efluentes das atividades pecuárias e as normas regulamentares
relativas ao armazenamento, transporte e valorização de outros fertilizantes orgânicos.
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de 24 de setembro, que estabelece o regime das normas técnicas aplicáveis à proteção integrada, à produção integrada
e ao modo de produção biológico, conformando-o com a disciplina da Lei n.º 9/2009, de 4 de março, e do Decreto-Lei
n.º 92/2010, de 26 de julho, que transpuseram as Diretivas n.ºs 2005/36/CE, de 7 de setembro, e 2006/123/CE, de 12 de
MÓDULO IV
dezembro, relativas ao reconhecimento das qualificações profissionais e aos serviços no mercado interno. pp 1608 – 1619
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agricultura, do desenvolvimento rural e das pescas. Lisboa que transpõe a Diretiva 2009/128/CE, 21 de outubro de
2009, do Parlamento Europeu e do Conselho. Estabelece um quadro de ação a nível comunitário para uma utilização
sustentável dos pesticidas. pp 2634 - 2641
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da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Estabelece os princípios e orientações para a prática da proteção
MÓDULO V
integrada e produção integrada, bem como o regime das normas técnicas aplicáveis à proteção integrada, produção
integrada e modo de produção biológico, e cria, igualmente, um regime de reconhecimento de técnicos em proteção
integrada, produção integrada e modo de produção biológico, no âmbito da produção agrícola primária, e revoga
o Decreto-Lei n.º 180/95, de 26 de julho. pp 6852 – 6857
Diretiva 2009/128/CE do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de outubro de 2009, que estabelece um quadro de
ação a nível comunitário para uma utilização sustentável dos pesticidas (JO L 309, 24.11.2009, p.71).
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MÓDULO VI
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uso profissional e de adjuvantes de produtos fitofarmacêuticos e define os procedimentos de monitorização à utilização
dos produtos fitofarmacêuticos, transpondo a Diretiva n.º 2009/128/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 21
de outubro, que estabelece um quadro de ação a nível comunitário para uma utilização sustentável dos pesticidas, e
revogando a Lei n.º 10/93, de 6 de abril, e o Decreto-Lei n.º 173/2005, de 21 de outubro. pp 2100 – 2125
Regulamento de Execução (UE) 2019/2164 da Comissão de 17 de dezembro de 2019, que altera o Regulamento (CE)
n.º 889/2008 que estabelece normas de execução do Regulamento (CE) n.º 834/2007 do Conselho relativo à produção
biológica e à rotulagem dos produtos biológicos, no respeitante à produção biológica, à rotulagem e ao controlo (JO L
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Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas
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dos produtos fitofarmacêuticos no mercado e que revoga as Diretivas 79/117/CEE e 91/414/CEE do Conselho (JO L 309/1
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produtos biológicos, no que respeita à produção biológica, à rotulagem e ao controlo (JO L 250 de 18.9.2008, p.1).
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produtos biológicos e que revoga o Regulamento (CEE) n.º 2092/91 (JO L 189 de 20.7.2007, p.1).
MÓDULO II
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Legislação referida neste documento
Decreto-Lei n.º 82/2017 de 18 de julho. Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Diário da República, 1.ª série —
N.º 137 — 18 de julho de 2017. Estabelece o regime jurídico das fruteiras e cria o Registo Nacional de Variedades de
Fruteiras, transpondo as Diretivas de Execução n.ºs 2014/96/UE, 2014/97/UE e 2014/98/UE, da Comissão.
Decreto-Lei n.º 81/2013 de 14 de junho. Diário da República n.º 113/2013, Série I de 2013-06-14. Aprova o novo regime
de exercício da atividade pecuária e altera os Decretos-Leis n.º 202/2004, de 18 de agosto, e n.º 142/2006, de 27 de julho.
MÓDULO V
Decreto-Lei n.º 314/2009, de 28 de outubro. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da
República, 1.ª série — N.º 209 — 28 de outubro de 2009. Transpõe para a ordem jurídica nacional a Diretiva n.º 2009/9/
CE, da Comissão, de 10 de fevereiro, que altera a Diretiva n.º 2001/82/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de
6 de novembro, que estabelece um código comunitário relativo aos medicamentos veterinários, e procede à primeira
alteração ao Decreto-Lei n.º 148/2008, de 29 de julho.
Decreto-lei n.º 256/2009, de 24 de setembro. Diário da República - 1ª Série - N.º 186 - 24 de setembro de 2009. Lisboa.
MÓDULO VI
Estabelece os princípios e orientações para a prática da proteção integrada e produção integrada, bem como o regime das
normas técnicas aplicáveis à proteção integrada, produção integrada e modo de produção biológico, e cria, igualmente,
um regime de reconhecimento de técnicos em proteção integrada, produção integrada e modo de produção biológico,
no âmbito da produção agrícola primária, e revoga o Decreto-Lei n.º 180/95, de 26 de julho. Alterado e republicado pelo
Decreto-lei n.º 37/2013, de 13 de março.
Decreto-lei nº148/2008, de 29 de julho. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da
República - I Série- N.º 145 — 29 de julho de 2008. Transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 2004/28/CE, do
Parlamento Europeu e do Conselho, de 31 de março, e parcialmente a Diretiva n.º 2001/82/CE, do Parlamento Europeu
BIBLIOGRAFIA
e do Conselho, de 6 de novembro, que estabelece um código comunitário relativo aos medicamentos veterinários, e a
447
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas
ÍNDICE
Diretiva n.º 2006/130/CE, da Comissão, de 11 de dezembro, que determina os critérios de isenção da receita veterinária
para determinados medicamentos veterinários aplicáveis a animais produtores de alimentos, e revoga os Decretos-Leis
n.ºs 146/97, de 11 de junho, 184/97, de 26 de julho, 232/99, de 24 de junho, 245/2000, de 29 de setembro, 185/2004, de
29 de julho, e 175/2005, de 25 de outubro.
Decreto – Lei n.º 151/2005 de 30 de agosto. Diário da República - I Série- A - N.º 166 - 30 de agosto de 2005. Transpõe
MÓDULO I
para a ordem jurídica interna a Diretiva n.º 90/167/CEE, do Conselho, de 26 de março, que estabelece o regime jurídico
do fabrico, colocação no mercado e utilização de alimentos medicamentosos para animais, revogando a Portaria n.º
327/90, de 28 de abril.
Decreto-Lei n.º 94/98, de 15 de abril. Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Diário da
República — I Série- A - N.º 88 — 15-4-1998.
Decreto-Lei nº 236/98, de 01 de agosto. Ministério do Ambiente. Diário da República — I Série- A - N.º 176 - 1-8-1998.
Estabelece normas, critérios e objetivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a
MÓDULO II
qualidade das águas em função dos seus principais usos. Revoga o Decreto-Lei n.º 74/90, de 7 de março.
Despacho n.º 1230/2018, de 5 de fevereiro. Ambiente e Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural. Gabinetes dos
Secretários de Estado do Ambiente e das Florestas e do Desenvolvimento Rural. Diário da República, 2.ª série — N.º 25
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complementares sobre o registo dos medicamentos veterinários, de prescrição obrigatória, destinados a animais de
exploração cujo fim é o consumo humano.
MÓDULO III
Despacho n.º 10935/2005, de 22 de abril. Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica. Diário da República — II
Série - N.º 94 — 16 de maio de 2005. Aprova o símbolo que se destina a assinalar os produtos agrícolas e os produtos
alimentícios obtidos de acordo com as regras de produção integrada.
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MÓDULO III
ACRÓNIMOS E SIGLAS
°C – Grau Celsius CH4 – Metano
A - Arenosa cm – Centímetros
MÓDULO IV
AC - Alterações Climáticas CNPPA - Centro Nacional de Proteção da Produção
Agrícola
AEA -Agência Europeia do Ambiente
CNUCD - Convenção das Nações Unidas de Combate à
AF - Areno-franca Desertificação
Ca – Cálcio
458
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas
ÍNDICE
ECe - Condutividade elétrica do extrato de saturação do hPa - hectopascais
solo
IBBC - Implement Bus Breakaway Connector
ECU - Engine Control Unit - Unidade de controle do motor
ICI - Inibidores de Crescimento de Insetos
ENAB - Estratégia Nacional para a Agricultura Biológica
MÓDULO I
ICNF – Instituto de Conservação da Natureza e Floresta
EP - Eficiência potencial
IEE - Infra-estrutura ecológica
ERR - Entidade Reconhecedora de Regantes
IFN - Inventário Florestal Nacional
ESP - Percentagem de sódio de troca
IFOAM - International Federation of Organic Agriculture
ETAR’s - Estacoes de Tratamento de Águas Residuais Movements
MÓDULO II
F - Fahrenheit IPAC - Instituto Português da Acreditação e da Certificação
FAO - “Food and Agriculture Organization” - Organização IQFP - Índice de Qualificação Fisiográfica
das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura
MÓDULO III
IS - Índice de saturação
FB - Fibra Bruta
ISPA - International Society of Precision Agriculture
FG - Franco-argilosa
K - kelvin
FGA - Franco-argilo-arenosa
K - Potássio
FGL - Franco-argilo-limosa
Kcal/cm2 – Quilocaloria por centímetro quadrado
MÓDULO IV
FIBL - Research Institute of Organic Agriculture
kcal/cm2/min - Quilocaloria por centímetro quadrado e
FL - Franco-limosa minuto
G - Argilosa Kg - Quilograma
GA - Argilo-arenosa Km – Quilometro
MÓDULO V
GL - Argilo-limosa L - Litros
GNSS - Global Navigation Satellite System l/m2 – Litro por metro quadrado
Gt - Gigatoneladas
M.O. – Matéria Orgânica
GV- Vírus da Granulose
m/s – Metro por segundo
h – Horas
m2 – Metro quadrado
H2O – Água
m3/ha – metro cubico por hectare
ha - Hectares
MADRP - Ministério da Agricultura do Desenvolvimento
BIBLIOGRAFIA
459
Agricultura Sustentável
Bibliografias/Acrónimos e Siglas
ÍNDICE
mbar - Milibares PU - Pedido Único
MÓDULO I
mm Hg - milímetros de mercúrio REAP - Regime de exercício da atividade pecuária
MÓDULO II
Mt CO2eq – Mil toneladas de dióxido de carbono SAG - Sistema de Apoio à Gestão
equivalente
SAR - Razão de adsorção de sódio
N2O – Óxido Nitroso
SAU - Superfície agrícola utilizada
NDVI - Normalized Difference Vegetation Index - Índice de
Vegetação com Diferença Normalizada SIG - Sistema de informação geográfica
MÓDULO III
NPA - Nível Prejudicial de Ataque SIRCA - Sistema de Informação Recolha de Cadáveres
Animais
NPV - Vírus da Poliedrose Nuclear
SNAA - Serviço Nacional de Avisos Agrícolas
OC - Organismo de Controlo
t/ha - Tonelada por hectare
OCC - Organismo de Controlo e Certificado
TB – Temperatura Acumulada
MÓDULO IV
OFIS - Organic Farming Information System
TDRs – “Time domain reflectometry”
OGM - Organismos Geneticamente Modificados
UA - Unidade de amostragem
OILB - Organização Internacional de Luta Biológica
UE - União Europeia
OMM - Organização Meteorológica Mundial
UN - Nações Unidas
OPC - Organismo Privado de Controlo
UP - Unidade de Produção
MÓDULO V
p.p. - Ponto percentual
USDA – “United States Department of Agriculture”
Pa - Pascal
UV - Ultravioleta
PA - Plano de Ação
VANT - Veículo Aéreo Não Tripulado
PAC - Politica Agrícola Comum
VMA - Valor máximo admissível
PANCD - Programa de Ação Nacional de Combate à
MÓDULO VI
PRODI - Produção Integrada WRB – “World Reference Base for Soil Resources”
BIBLIOGRAFIA
460
Título: Agrícultura Sustentável
Revisão Técnica:
- Módulo I.1: Maria da Conceição Gonçalves, Isabel Videira e Castro, e Pedro Jordão (INIAV)
- Módulos I.2, I.3 e I.4: Luís Conceição (ESA/IPP)
- Módulo II e III: Bárbara Oliveira (DGAV)
- Módulo IV: CNA e DGADR
- Módulo V: CAP
- Modulo VI: Luís Conceição (ESA/IPP)
ISBN: 978-989-8539-13-7
03/2022
Entidades Financiadoras
Parceiros