A Eucaristia Iv
A Eucaristia Iv
A Eucaristia Iv
I.(Pg. 63.)
Não há de acreditar que tal atitude releva apenas do ocidente. Pode ser
observado o mesmo fenômeno, mais ou menos mesclado, na Ortodoxia.
De fato, se os teólogos ortodoxos estão apegados a um principio formal, a
saber; pertence à Igreja interpretar a Escritura e Ela o faz à luz da
Tradição, o conteúdo vivificante e a aplicação “prática” deste princípio são
bem longe de serem evidentes. Na vida da Igreja, a “compreensão das
Escrituras” permanece um pouco paralisada. Se é que ela existe, nossa
“Ciência bíblica” continua debaixo do império das premissas ocidentais e
ela repete temerosamente “a parte final” (seguindo as teorias
“moderadas”, ou seja, na realidade as penúltimas). Pelo que é da
predicação e da piedade, já faz muito tempo que elas não mais se
alimentam da Escritura como a sua verdadeira fonte...
V. Pg.76.
Pode ser observada uma decadência inegável, ver uma crise da predicação
na vida eclesial em nossos dias. Não é por uma incapacidade oratória, uma
perda de “estilo”, uma falta de preparo nos predicadores; é questão de
algo bem mais profundo. Esqueceu – se do que representa a predicação
na assembleia eclesial. Uma homilia pode ainda ser interessante,
inteligente, instrutiva, consoladora, e frequentemente o é; não é esse
conjunto de qualidades, permitindo discernir os “bons” predicadores dos
“maus” que constitui aqui o essencial; é a relação viva com o
Evangelho lido na assembleia. Uma verdadeira homilia não consiste
em uma explicação do texto por uma pessoa competente, em uma
comunicação para um auditório de conhecimentos teológicos do orador,
nem uma reflexão “sobre o assunto” da lição. E questão em geral de
pregar não a respeito do Evangelho, sobre um tema evangélico, mas
o próprio Evangelho. A crise da predicação hoje tem a ver antes de
tudo com o fato dela ter se tornado como que um negocio privado do
predicador, do qual então podemos dizer se ele tem ou não o dom da
eloquência. O verdadeiro dom da palavra, o do anuncio do
Evangelho, não é um talento “imanente” do orador, mas sim um
carisma do Espírito Santo dado numa Igreja e a Igreja. Não há
verdadeira proclamação evangélica sem a fé no que “a assembleia em
Igreja“ seja autenticamente uma assembleia no Espírito Santo, onde o
mesmo único Espírito abre os lábios para proclamar e as
inteligências para receber a predicação.
Assim a condição primaria dessa é que o predicador despoje – se
inteiramente, que ele renuncie ao que apenas é dele até e incluindo o seu
talento pessoal. O mistério do anuncio evangélico na Igreja, a diferencia
da eloquência puramente humana, realiza – se, segundo Sâo Paolo, “não
com o prestigio da palavra ou da sabedoria... pois eu decidi de não saber
de nada no meio de vos, senão Jésus Cristo, e , alias, crucificado... E minha
palavra ou minha predicação não consistam em discursos persuasivos da
sabedoria humana, mas na manifestação do Espírito e na força... afim de
que vossa fé não seja fundamentada sobre a sabedoria dos homens, mas
sim sobre o poder de Deus”(I Cor. II, 1-5). “Testemunhar de Jésus
Cristo pelo Espírito Santo; tal é o conteúdo da Palavra de Deus e
é isso a única substancia da predicação; E é o Espírito que dà
testemunho, pois o Espírito é a Verdade” (I JOÂO. V, 6 ).
O que ele afirmava, era justamente a relação viva, e não formal, entre a
Tradição e a Escritura; a Tradição como leitura e a escuta da Escritura pelo
Espírito Santo. Se apenas a Igreja conhece e guarda o sentido da Escritura,
é unicamente porque, no sacramento da Palavra, realizado na assembleia
eclesial, o Santo Espírito não cessa de tornar viva a “carne” da Escritura
para transformar ela em “espírito e vida”. A autêntica e eclesial teologia
estâ enraizada neste sacramento, nesta assembleia, onde o Espírito de
Deus instrui a Igreja mesmo, e não tais ou outros membros individuais, em
toda verdade. Assim cada leitura “pessoal” da Escritura deve ser
fundamentada sobre a da Igreja. Fora da inteligência da Igreja e de sua
vida teantropica, não se pode ouvir e nem compreender a leitura da
Escritura. Pelo ato duplo da leitura e do anuncio, o sacramento da Palavra
em assembleia é a fonte do crescimento de cada um e de todos juntos até
a plenitude do conhecimento da Verdade.