Neuropatologia

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@veterinariando_

Parte I

➢ O sistema nervoso é dividido em: central e periférico


➢ Sistema nervoso central: composto pelo encéfalo e pela medula
espinhal – envolto pelas meninges (dura-máter, aracnoide e pia-
máter) –abaixo da aracnoide há um espaço preenchido pelo líquido
cefalorraquidiano, que tem como função amortecer impactos
mecânicos e produzido pelas células ependimárias e pelo plexo coroide
➢ Sistema nervoso periférico: comporto por nervos, gânglios e sistema
nervoso simpático
o Nervos: é um conjunto de axônios unidos pelo epineuro, perineuro
e endoneuro
o Gânglio: presença de corpos celulares de neurônios fora do
sistema nervoso central
o Núcleos: presença de corpos celulares de neurônios na substância
branca do cérebro

Meninges
O encéfalo e a medula espinhal são
envolvidas por membranas denominadas
meninges. Essas membranas são
classificadas como: leptomeninges (pia-
máter), aracnoide e paquimeninge (dura-
máter).
➢ Dura-máter – é a meninge mais extensa e a mais resistente, consiste numa
camada de tecido conjuntivo denso.
➢ Aracnoide – é uma camada interna a pia-máter, possui espessura variável,
e a face pial produz trabéculas que anastomosam para formar o espaço
subaracnóideo
✓ No espaço subaracnóideo é encontrado líquido cefalorraquidiano
➢ Pia-máter – é a camada mais fina que reveste externamente a massa
encefálica
Meningites

o Bacteriana – ocorre quando bactérias alcançam as meninges por


disseminação hematogênica, podem acometer a pia-máter (leptomeningite)
ou a dura-máter (paquimeningite)
o Viral – é uma infecção causado por enterovírus, se não houver contaminação
bacteriana secundária, não haverá lesão evidente. Desta maneira a
resolução se dá pela estudo do líquido cefalorraquidiano que demonstra
presença de linfócitos e aumento da proteína – a maioria dos casos sofre
resolução sem sequela

Sistema nervoso central


➢ Substância branca
➢ Presença dos prolongamentos dos
neurônios e células da Glia
➢ Substância cinzenta
➢ Presença de corpos celulares dos
neurônios, células da Glia e
prolongamentos de neurônios
➢ No citoplasma do neurônio há granulações
denominadas substância/corpúsculo de Nissl que
representam o reticulo endoplasmático rugoso e
complexo de Golgi bem desenvolvidos, numerosas
mitocôndrias, lisossomos e corpos residuais e um
citoesqueleto constituído por microtúbulos e
neurofilamentos, que são responsáveis por
manter a forma celular e pelo transporte de
moléculas e organelas.

➢ Os neurônios podem apresentar alterações degenerativas, como


vacuolização do citoplasma (doenças de depósito, doenças priônicas) e
necróticas – ambos os casos é possível observar picnose nuclear e o
citoplasma vermelho ou arroxeado
➢ Os neurônios danificados não são repostos, em seu lugar se forma uma
cicatriz glial constituída por processos astrocitário
➢ Quando a lesão compreende uma área de malácia, pode-se formar uma
cavidade cística (lesão tecidual). A proliferação de astrócitos é chamada
astrocitose e a expansão dos processos é chamada astrogliose ou gliose
➢ A proliferação da micróglia é denominada microgliose, podendo ser difusa ou
em nódulos micróglias
➢ O processo de degeneração das fibras nervosas após lesão direta ou após
alteração metabólica do neurônio é chamada de degeneração walleriana
➢ Injuria neuronal discreta – não leva a célula a necrose, há agressão células
mas ela continua viável – cromatólise (dissolução da substância de Nissl) e o
citoplasma da célula se torna vítreo e amorfo

Neurônios
➢ Transmitem informações ao longo de redes neurais intricadas e maleáveis
➢ Os sinais possuem origem no corpo da célula e são transmitidos por meio dos
axônios até os dendritos de neurônios vizinhos
➢ O número de neurônios presentes no SNC diminui com a idade e apenas uma
pequena quantidade de neurônios é criada durante a vida adulta
➢ São extremamente sensíveis a lesão, com uma habilidade limitada de
regenerar axônios após dano e possui habilidade limitada de recuperação
após desmielinização
➢ A lesão neuronal pode se manifestar como:
1. Cromatólise – processo reversível que envolve tumefação neuronal,
expansão citoplasmática e posicionamento excêntrico do núcleo
2. Atrofia - redução do volume ou do peso do cérebro – neurônios
hipercromáticos e redução do tamanho do neurônio
3. Neurofagia – fagocitose de fragmentos neuronais por macrófagos
cerebrais ou micróglia
4. Inclusões intraneuronais – inclusões citoplasmáticas e nucleares que
ocorrem em determinadas infecções ou doenças neurodegenerativas

Astrócitos
• São células da glia que desempenham funções de suporte e sinalização, e
também de resposta a lesão no sistema nervoso central
• Tipo II estão presente na substância branca e tipo I na substância cinzenta
• Possuem forma de estrela, com núcleo redondo e cromatina homogênea
• Quando ocorre lesões, os astrócitos se proliferam localmente, levando à
formação de uma cicatriz – processo denominado de gliose
• São responsáveis pela formação dos corpos amiláceos, que são conjuntos de
carboidratos e proteínas acumulados durante o envelhecimento normal
• Os astrócitos podem sofre transformações neoplásicas

Oligodendrócitos
• São células gliais responsáveis pela formação da bainha de mielina que
circunda axônios
• Essas células podem sofrer transformação neoplásica ou desmielinização
Células ependimárias
• Essas células regulam a transferência de líquido entre o líquido
cefalorraquidiano e o sistema nervoso central
• São células que revestem o sistema ventricular, incluindo câmara
ventriculares, aqueduto de Sylvious, canal central da medula espinhal e
filamento terminal, e também produzem o líquido cefalorraquidiano (20%)
• Essas células podem sofrer transformações malignas

Micróglia
• São células fagocíticas do sistema nervoso central
• Após lesão, a proliferação de micróglia resulta na formação de nódulos
micróglias (micróglia + astrócitos) ou microgliose difusa
• O acúmulo de fragmentos celulares e lipídicos pela micróglia leva a formação
de células granulosas compostas (células gitter) – macrófagos espumosos
que caracterizam a remoção de detritos do sistema nervoso central

Hidrocefalia
• A hidrocefalia se refere ao acúmulo exagerado de líquido cefalorraquidiano
dentro do sistema ventricular do cérebro
• Se a hidrocefalia se desenvolve antes do
fechamento das suturas cranianas, há o aumento
da cabeça, manifestado pela elevação da
circunferência
• Se a hidrocefalia ocorre após a fusão das suturas,
está associada à dilatação dos ventrículos e ao aumento da pressão
intracraniana, sem alteração da circunferência da cabeça
• Dois mecanismos básicos podem causar aumento no volume do líquido
cefalorraquidiano:
1. Mecanismos compensatórios – ocorre quando o parênquima cerebral é
destruído ou não chega a se desenvolver adequadamente
2. Mecanismos obstrutivos – ocorre em decorrência do fluxo irregular do
líquido cefalorraquidiano (hidrocéfalo interno) no encéfalo ou pela
diminuição na reabsorção do líquido pelo sistema venoso (hidrocéfalo
comunicante). O aqueduto mesencefálico é o local mais comum de
malformação que ocasiona a hidrocefalia obstrutiva, e quando isso ocorre
é chamado de estenose do aqueduto (está relacionada com a fusão dos
dois colículos rostrais, sendo a causa mais frequente de obstrução). A
estenose do aqueduto pode ocorrer por inflamações pré e pós-natais que
lesionam a superfície ependimárias do aqueduto ou pode ser consequência
de malformação no tronco encefálico ou processos neoplásicos.
✓ Hidrocefalia não-comunicante: obstrução ao fluxo do líquido
cefalorraquidiano, que pode ocorrer devido a malformações
congênitas, neoplasias, inflamação ou hemorragia
✓ Hidrocefalia comunicante: o líquido cefalorraquidiano não consegue
ser reabsorvido pelas vilosidades aracnoides, estando associadas a
hemorragia subaracnóidea, meningite e disseminação de tumor

➢ O acúmulo anormal de líquido irá promover atrofia por compressão da massa


encefálica, resultando adelgaçamento da parte periférica do sistema nervosos
➢ Um animal nessa condição certamente terá perda de função motora e cefaleia
➢ O sistema nervoso central é propenso a infecções por bactérias, podendo
ocasionar um quadro de encefalite
➢ Estenose – dificuldade da drenagem do líquido cefalorraquidiano, tendo como
consequência o acúmulo desse líquido e promovendo a atrofia por compressão da
massa encefálica

Condições disráficas
• São caracterizadas por malformações que ocorrem por fechamento
defeituoso do tubo neural durante o desenvolvimento e podem ocorrer em
qualquer ponto ao longo do tubo
• Exemplo: espinha bífida
que se dá por defeito
dorsal da coluna
vertebral, em geral
caudal com ou sem
herniação das meninges
• Exemplo: crânio bífido, em que o defeito da
linha média do crânio possibilita a projeção
de meninges e/ou cérebro (Encefalocele,
meningocele ou meningoencefalocele)

Anencefalia
• É caracterizada pela má formação da extremidade cranial do tubo neural
decorrente da ausência do cérebro ou do cranial
• O desenvolvimento do prosencéfalo é prejudicado, restando em seu lugar é
uma área cerebrovascular, um resto achatado de tecido cerebral sem
organização, plexo coroide e células meningoteliais
• É um condição bastante rara nos animais domésticos

Megalencefalia e microencefalia
• Megalencefalia – caracterizada por um cérebro anormalmente grande
• Microencefalia – caracterizada por um cérebro anormalmente pequeno
• Essas malformações são observadas especialmente nos hemisférios cerebrais
• A microencefalia é uma das numerosas manifestações induzidas por vírus,
ela já foi observada em fetos de ruminantes infectados com os vírus
Akabane responsável pela diarreia viral bovina (BVD) e da doença da
fronteira e o vírus Cache Valley

Hidranencefalia
• É a ausência completa ou quase total dos hemisférios cerebrais, a cavidade
craniana é repleta de líquido cefalorraquidiano, que é envolto pela
leptomeninge, formando uma estrutura cística
• As deformidades dos ossos da caixa craniana são mínimas ou ausentes
• O líquido cefalorraquidiano comprime o encéfalo, o que resulta em atrofia –
pode haver hipoplasia cerebelar
• A causa mais comum é infecção viral durante a gestação – vírus da BVD,
língua azul e panleucopenia felina

Infecções virais como causas de anormalidades

o Anormalidade cerebelares são comuns nos animais domésticos, existindo


duas causas principais de malformações: uma rara que está relacionada
com as malformações primárias da embriogênese e outra que ocorre com
maior frequência que estão relacionada com as infecções virais perinatais,
que causam quadros de hipoplasia e atrofia cerebelar
o Diversos vírus estão relacionados com a hipoplasia cerebelar, como: vírus da
panleucopenia felina, BVD, peste suína, herpes-vírus canino, vírus da língua
azul e o vírus de Akabane
o Esse vírus possuem preferência por células que proliferam ativamente, como
as células da camada germinativa externa do cerebelo – a proliferação viral
causa hipoplasia da camada granular e desorganização da células de
Purkinje, o vírus e a inflamação causam destruição dos neurônios de Purkinje
= atrofia do cerebelo

• Ataxia - incoordenação motora


• O animal com esse sinal vai apresentar dismetria (animal que apresenta
certo grau de afastamento dos membros anteriores) podendo ser em menor
(hipometria) ou maior (hipermetria) grau
• Eventualmente pode ocorrer tremor muscular

• Incoordenação motora (ataxia)


• O animal começa a apresentar quadros de inclinação da cabeça
(característico de doenças que aventam o sistema vestibular)
• Nistagmo – movimento do globo ocular de lateralidade (presente apenas em
doença vestibular)
• São doenças que ocorrem devido a falta de expressão gênica (erro inato do
metabolismo)
o Lipofucsinose ceróide
o Gangliosidose GM1 e GM2
o Leucodistrofia das células globóides – ocorre devido a deficiência da
galactocerebrosidase
o Glicogenose – ocorre por deficiência das enzimas que desdobram glicose,
os animais afetados mostram fraqueza muscular progressiva e ataxia
o Manosidose – decorrente da deficiência de alfa e beta-manosidase

• Paresia – é caracterizada pela perda parcial da motricidade


o Paraparesia – perda parcial das funções motoras dos membros
superiores
o Tetraparesia – todos os membros apresentam fraqueza anormal
• Plegia – é caracterizada pela perda total da motricidade
o Paraplegia – perda total das funções motoras dos membros
superiores
o Tetraplegia – perda total da movimentação de todos os membros
• Paralisia – é a perda da capacidade de movimento voluntário de um músculo

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