Doc. 11 - Sentença

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PROCESSO Nº: 0802237-40.2017.4.05.

8200 - MANDADO DE SEGURANÇA


IMPETRANTE: JOSEILMA DANTAS DE SOUSA PAIVA
ADVOGADO: Charlys Augusto Pinto De Alencar Freire
IMPETRADO: CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DA PARAIBA - COREN
AUTORIDADE COATORA: PRESIDENTE DO CONSELHO DE ENFERMAGEM DO ESTADO
DA PARAÍBA - COREN PB
2ª VARA FEDERAL - PB (JUIZ FEDERAL TITULAR)

SENTENÇA

I. Relatório

Trata-se de mandado de segurança, com pedido liminar, impetrado por Joseilma Dantas de
Sousa Paiva em face de ato atribuído ao Presidente do Conselho Regional de Enfermagem
da Paraíba - COREN-PB objetivando a averbação do seu título de pós-graduação em
Enfermagem Obstetrícia junto ao conselho profissional, sem as exigências da Resolução
COFEN nº 479/2015, ou qualquer óbice relacionado à data de início da aludida especialização.

A impetrante alega que:

- é enfermeira inscrita junto ao COREN/PB, graduada pela Faculdade Santa Emília de


Rodat, tendo concluído o curso em 15/06/2010, conforme diploma reconhecido pelo
Ministério da Educação e Cultura - MEC; ,

- antes do término da graduação, iniciou curso de pós-graduação em Enfermagem Obstetrícia


junto à mesma instituição de ensino, o qual foi concluído em 27/03/2012, conforme diploma
reconhecido pelo MEC;

- requereu a averbação de sua especialização junto ao COREN/PB, contudo, seu pleito foi
indeferido, sob o fundamento de que teria iniciado o curso de pós-graduação sem haver
concluído a graduação em Enfermagem (Decisão COREN/PB nº. 43/2017);

- quando da conclusão da pós-graduação, já havia concluído a graduação há mais de dois anos


.

Com a inicial, juntou procuração e documentos, e requereu a concessão de justiça gratuita (fls.
10/17).

A decisão de fls. 22/24 concedeu a tutela liminar.

As informações foram prestadas pela autoridade impetrada às fls. 35/37.

Às fls. 42/43, a impetrante informou nos autos que a autoridade coatora não havia cumprido a
decisão liminar, apesar do transcurso de 26 dias do recebimento da notificação.

O Despacho de fl. 47 determinou a intimação da autoridade coatora para dar cumprimento à


decisão liminar, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena da aplicação de multa diária de R$
500,00 (quinhentos reais).

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A autoridade impetrada comunicou nos autos o cumprimento da decisão liminar (fls. 72/73).

Às fls. 77/78, comprovação de interposição de agravo de instrumento.

O Ministério Público Federal ofertou parecer opinando pela concessão da segurança pleiteada
(fls. 85/89).

É o relatório. Decido.

II. Fundamentação

As questões discutidas nesta ação foram analisadas inicialmente na decisão que deferiu o
pedido liminar (fls. 22/24).

Sabe-se que os tribunais pátrios admitem a utilização da chamada fundamentação por


motivação referenciada, ou fundamentação "per relationem" , que consiste na possibilidade de
que decisões judiciais adotem manifestações exaradas no processo em outras peças, desde
que haja um mínimo de fundamento, com transcrição de trechos das peças às quais há
indicação ( AGARESP 201300367930 , Relator: Paulo de Tarso Sanseverino, STJ - Terceira
Turma, DJE Data: 01/09/2014; RESP 201302823424 , Relator: Mauro Campbell Marques, STJ -
Segunda Turma, DJE Data: 24/10/2013).

Desta forma, adoto, como razões de decidir desta sentença, os mesmos fundamentos já
expostos na aludida decisão que indeferiu o pedido de liminar, os quais seguem abaixo
transcritos:

"A controvérsia dos autos cinge-se à possibilidade de se cursar, concomitante, o curso de


enfermagem e de pós-graduação na aludida área.

A fiscalização por conselhos profissionais objetiva a regularidade técnica e ética do profissional,


mediante a aferição das condições e habilitações necessárias para o desenvolvimento
adequado de atividades qualificadas como de interesse público, determinando-se, assim, a
compulsoriedade da inscrição junto ao respectivo órgão fiscalizador para o legítimo exercício
profissional.

A Resolução COFEN nº 389/2011, que fundamentou o indeferimento do pedido administrativo


da impetrante, estabelece que somente serão registrados os títulos de pós-graduação iniciados
após a conclusão da graduação. Vejamos:

" Art. 3º O título de pós-graduação emitido por instituições credenciadas pelo MEC será
registrado mediante apresentação de: (...)

§ 2º - O Sistema Cofen / Conselhos Regionais de Enfermagem somente procedera o registro


de títulos de pós-graduação lato sensu, quando iniciado, após conclusão da graduação,
conforme inciso III do art. 44 da LDB."

O art. 44, inciso III, da Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação
Nacional estabelece:

Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e programas: (Regulamento)


(...)

III - de pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e doutorado, cursos de


especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de
graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino;

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Ocorre que, se, por um lado, a lei veda o ingresso de aluno que não tenha concluído a
graduação nos cursos de pós-graduação, também atribui às instituições de educação que
verifiquem a satisfação da condição.

Tenho que à impetrante não podem ser atribuídas eventuais faltas cometidas pela instituição de
ensino, que não observou a exigência contida na norma regulamentadora da profissão, e pela
própria ré, que não procedeu à devida fiscalização.

Assim, embora tenha havido concomitância da graduação com o curso de pós-graduação, isso
não pode obstar o registro/averbação do diploma de especialista da impetrante, mormente
porque a especialização findou após a conclusão da graduação, bem como a requerente
demonstrou haver cumprido todas as exigências regulamentares, conforme denota o certificado
de fl. 15.

Entendo, ainda, que feriria a razoabilidade penalizar a impetrante por um ato praticado pela
instituição de ensino, que aceitou a sua matrícula sem a apresentação do certificado de
conclusão da graduação, principalmente quando não restou comprovado que ela concorreu
para isso."

III. Dispositivo

Ante o exposto, concedo a segurança , apreciando a lide com resolução do mérito (art. 487, I,
CPC) para, ratificando os termos da decisão liminar, determinar ao impetrado que averbe em
seus cadastros o título de especialista da impetrante, caso o único impedimento seja a
concomitância da freqüência à graduação e pós-graduação.

Honorários advocatícios incabíveis na espécie (Lei nº 12.016/2009, art. 25).

Sem custas processuais em face da isenção legal em favor da UFPB.

Sentença sujeita ao duplo grau de jurisdição, nos termos da Lei n. 12.016/2009, art. 14, § 1º.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

João Pessoa (PB), na data da validação no sistema.

[DOCUMENTO ASSINADO ELETRONICAMENTE]

BRUNO TEIXEIRA DE PAIVA

Juiz Federal Titular da 2ª Vara

Processo: 0802237-40.2017.4.05.8200
Assinado eletronicamente por:
BRUNO TEIXEIRA DE PAIVA - Magistrado
17081810530539000000001723908
Data e hora da assinatura: 20/08/2017 20:14:12
Identificador: 4058200.1714645
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfpb.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 3/3

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