Castells - A Questão Urbana
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“Se o progresso técnico permite, por um lado, a evolução das formas urbanas
para um sistema regional de interdependência, graças às mudanças
intervenientes nos meios de comunicação, por outro lado, ele reforça
diretamente esta evolução, pelas transformações suscitadas nas atividades
sociais fundamentais, em particular no que concerne à produção”. P. 55
“Como a migração para as cidades não responde a uma demanda por mão-de-
obra, mas à tentativa de encontrar uma saída vital num meio mais diversificado,
o processo só pode ser cumulativo e desequilibrado”. P. 87
“Na base das análises espaciais, há uma teoria geral da organização social que
consideramos dirigida por dois princípios essenciais: 1. O princípio da
interdependência entre os indivíduos, fundado nas diferenças complementares
(relações de simbiose) e suas semelhanças suplementares (relações de
comensalismo) e 2. O princípio da função central: em todo sistema de relação
com um ambiente, a coordenação é assegurada pelo intermediário de um
pequeno número de funções centrais. A posição de cada indivíduo com relação
a esta função determina sua posição no sistema e suas relações de domínio”.
P. 185
“Da mesma forma que existe uma leitura econômica do espaço urbano, há uma
leitura possível deste espaço em termos de sistema institucional, a saber, do
aparelho político-jurídico da formação social considerada”. P 294
O simbólico urbano
“O espaço está carregado de sentido. Suas formas e seu traçado se remetem
entre si e se articulam numa estrutura simbólica, cuja eficácia sobre as práticas
sociais revela-se em toda análise concreta”. 304
“O conjunto dos processos não são nem as ‘vontades’ nem as estratégias, mas
os efeitos sociais necessários produzidos na ideologia por uma relação social
com o espaço. Às vezes, os efeitos ideológicos contradirão os efeitos
econômicos de uma operação”. P. 310
“Onde existe um corte das relações sociais ou fraca interiorização dos valores,
trata-se de criar um polo integrador, visível e organizado em função das
unidades urbanas que queremos integrar. As características ecológicas deste
centro são: concentração das atividades destinadas a favorecer a
comunicação, acessibilidade com referência ao conjunto da zona urbana da
qual assume a centralidade, divisão interior dos espaços centrais”. P. 312
“Este tipo de centro é essencialmente funcional, sob seu duplo aspecto. Por um
lado, representa a especialização do processo de divisão técnica e social do
trabalho, com a gestão centralizada das atividades produtivas executivas nos
estabelecimentos industriais. Por outro lado, podemos defini-lo como
especialização geográfica de um certo tipo de unidades de consumo e de
serviços”. P. 312
“O centro é esta parte da cidade onde estão implantados serviços que se
endereçam ao maior número de consumidores ou usuários específicos, e a
proximidade espacial não intervém absolutamente na utilização dos serviços
oferecidos”. P. 312
“O centro urbano não tem na a ver com a centralidade geográfica numa área
urbana”. P. 314
“O centro urbano então não é uma entidade espacial definida de uma vez por
todas, mas a ligação de certas funções ou atividades que preenchem um papel
de comunicação entre os elementos de uma estrutura urbana”. P. 314
Em resumo, é conveniente:
1. Distinguir entre o elemento centro definido em relação à estrutura urbana e o
que chamamos os “centros” ou o “centro” numa aglomeração;
2. Estabelecer os níveis de análise da estrutura urbana e deduzir a noção de
centro para cada um destes níveis;
3. Assegurar a passagem entre cada noção de centro nos diferentes níveis de
sua expressão espacial mais ou menos mediatizada. Ou, mais concretamente,
mostrar o sentido exato, com relação a uma decomposição analítica da
estrutura urbana, das formas espaciais consideradas como centros numa
aglomeração.
“Seja qual for a tradução espacial numa forma histórica determinada, podemos
reter uma primeira noção fundamental do centro, enquanto intermediário entre
os processos de produção e de consumo na cidade; ou, mais simplesmente
entre a atividade econômica e a organização social urbanas”. P. 316
“Cada vez mais ocorre uma perda do papel propriamente comercial do centro
em razão de surgirem outras formas de compra além do contato direto”. P. 320
“O espaço urbano torna-se então o espaço definido por uma certa parte da
força de trabalho, delimitada, ao memso tempo, por um mercado de emprego e
para uma unidade (relativa) de seu cotidiano”. P. 336
O sistema urbano