Bol Bepa2606
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Nesta Edição
Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Notes
Expediente
Maria Clara Gianna
Centro de Referência e
Treina
COORDENADORIA
DE CONTROLE
DE DOENÇAS
Polido Garcia
O Boletim Epidemiológico Paulista é uma Centro de Vigilância Epidemiológica
publicação mensal da Coordenadoria de Maria Cristina Megid
Controle de Doenças (CCD), Centro de Vigilância Sanitária
da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Carlos Adalberto
Av. Dr. Arnaldo, 351 - 1º andar, sl. 135
CEP: 01246-902
Tel.:(11) 3066-8823 e 3066-8825
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Ambulatório de Leishmanioses da Divisão de Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias, do Hospital das Clínicas,
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP)
Resumo
A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é um importante problema de
saúde pública em vários países. No Brasil ocorrem cerca de 45.000 casos
anualmente. A LTA apresenta importante morbidade, especialmente na sua
forma mucosa, podendo ocasionar até mesmo risco de vida para o paciente. O
tratamento da LTA, em algumas situações, persiste como um desafio de alta
complexidade, seja para o clínico ou para o especialista, principalmente no
tocante aos indivíduos idosos portadores de co-morbidades como miocardiopa-
tias, nefropatias e diabetes mellitus, dificultando sobremaneira o manejo
terapêutico com as drogas atualmente disponíveis. A presente revisão tem,
pois, o intuito de deli-near a atual situação do tratamento da LTA, corroborando
assim para o correto manuseio das drogas utilizadas no seu tratamento.
Abstract
American Cutaneous Leishmania (LTA) is an important problem in public he-
alth in many different countries. In Brazil, approximately 45.000 cases occur per
year. This disease presents significant morbidity, especially when occurring in
mucosa form, and may even risk the patient's life. Treatment of LTA, in some
situations, remains as a highly complex challenge for the physician as well as for
the specialist, mainly when dealing with aging patients who also suffer from co-
morbidities such as miocardiopathy, nefropathy and diabetes mellitus, which
make therapeutic management increasingly harder, with the currently available
drugs. This review intends to trace the state of the art in treating LTA, concurring
to the adequate management of drugs employed in the treatment of this disease.
Pacientes que receberam doses superiores a 1 g de- utilizando a miltefosina no tratamento da forma cutâ-
vem ter a glicemia monitorizada por seis meses após nea da doença resultaram em boa eficácia contra L
14
o término do tratamento . (V.) panamensis, mas para L (V.) braziliensis, não
20
A pentamidina é droga extremamente eficaz no tra- houve eficiência adequada . São necessários maio-
tamento da LTA, especialmente em lesões cutâneas, res estudos com esta medicação para verificar sua
cuja dose acumulada aparentemente não necessita eficiência em relação às espécies de leishmânias
ser tão expressiva. Esta droga pode ser eficaz na forma existentes no Brasil.
cutânea, seja causada por Leishmania (Viannia) brazi-
9
liensis ou por Leishmania (Viannia) gyuanensis . Critério de cura na LTA
13
Na forma mucosa ou cutâneo-mucosa o limite de Na forma cutânea da LTA o critério de cura é defi-
dose para evitar a toxicidade, especialmente pan- nido pelo aspecto clínico das lesões, reepitelização
creática, pode comprometer a eficácia do tratamento. das lesões ulceradas ou não ulceradas, regressão
Em nosso meio faltam estudos para comprovar que 2 total da infiltração e eritema até três meses após a
g de dose total de pentamidina seriam suficientes conclusão do esquema terapêutico. Na forma muco-
para o tratamento da leishmaniose mucosa. Doses sa, o controle é definido pela regressão de todos os
maiores de pentamidina, embora aumentem o risco sinais clínicos ao exame otorrinolaringológico, até
de toxicidade pancreática, evidenciaram em um estu- seis meses após a conclusão do tratamento. Senão
do expressivo sucesso terapêutico na forma mucosa houver cicatrização, no período de tempo estipula-
da LTA1. do para qualquer das duas formas de LTA descritas
acima, novo esquema terapêutico com antimônio
Outras alternativas terapêuticas pentavalente deve ser instituído. No caso de nova
falha terapêutica, droga de segunda escolha deve
ser utilizada.
! Formulações lipídicas da anfotericina B
Formulações lipídicas da anfotericina B (FLAB)
têm sido utilizadas esporadicamente no tratamento Referências bibliográficas
das formas cutâneas e mucosas da LTA, seja em pa- 1. Amato V, Amato J, Nicodemo A, Uip D, Amato-
cientes imunocompetentes ou com alguma forma de Neto V, Duarte M. Treatment of mucocutaneous
imunossupressão, incluindo indivíduos infectados leishmaniasis with pentamidine isothionate.
pelo vírus da imunodeficiência humana
2,3,6,19
. As FLAB Annales de Dermatologie et de Vénérélogie
têm apresentado resultados promissores, embora 125:492-495,1998.
estudos com maior casuística sejam necessários, 2. Amato VS, Nicodemo AC, Amato JG, Boulos M,
especialmente para se determinar a dose adequada Neto VA. Mucocutaneous leishmaniasis associa-
para cada forma de leishmaniose. A despeito da dose ted with HIV infection treated successfully with
por quilo de peso das FLAB não estar estabelecida liposomal amphotericin B (AmBisome) The
com precisão, utilizamos para a forma cutânea dose Journal of Antimicrobial Chemotherapy 2000;
total acumulada de 1,5 g da anfotericina B de disper- 46:341-342.
são coloidal, e 2 g para a forma mucosa e cutâneo- 3. Amato VS, Rabello A, Rotondo-Silva A, Kono A,
mucosa (VS Amato: dados não publicados). O em- Maldonado TPH, Alves IC et al. Successful treat-
prego das FLAB no tratamento da leishmaniose cons- ment of cutaneous leishmaniasis with lipid formu-
titui-se em alternativa terapêutica nos casos de falha lations of amphotericin B in two immunocompromi-
ou contra-indicações dos antimoniais, e medicações sed patients. Acta Tropica 92:127-132, 2004.
de segunda escolha. 4. Berman JD, Waddell D, Hanson BD.
Biochemical mechanisms of the antileishmanial
Miltefosina activity of sodium stibogluconate. Antimicrobial
A miltefosina foi a primeira droga de uso oral usada Agents and Chemotherapy 27:916-920, 1985.
no tratamento da Leishmaniose Visceral (LV). Na LV 5. Berman JD. Human leishmaniasis: clinical, diag-
causada por L. donovani, na Índia, os resultados fo- nostic and chemotherapeutic developments in the
ram bastante promissores. Os mecanismos de ação last 10 years. Clinical Infections Diseases 24: 684-
da miltefosina contra a leishmânia ainda não são bem 703, 1997.
entendidos. Sabe-se que esta droga é capaz de blo- 6. Brown M, Noursadeghi M, Boyle J, Davidson
quear a síntese e alterar a composição da membrana RN. Successful lipossomal amphotericin B
do parasita. Existem poucos efeitos adversos, tais treatment of Leishmania braziliensis cutaneous
como vômito e diarréia. Em relação à LTA, estudos leishmaniasis. The British Journal of
Correspondência/Correspondence:
Dr. Vadlir Sabbaga Amato – Divisão de Clínica de Moléstias Infecciosas e Parasitárias, do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (FMUSP).
Avenida Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 255, 4º andar – Cerqueira César, São Paulo-SP – CEP: 05403-010 – Tel: (11) 3069-6530 – Fax: (11) 3256-2389
[email protected]
1. Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo (LIM-HC/FMUSP) e Instituto de Infectologia
Emílio Ribas da Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP); 2. Instituto de Medicina Tropical de São Paulo-USP e
Departamento de Medicina Preventiva-FMUSP.
Resumo
A leishmaniose visceral ocorre em quatro continentes, em 65 países, atingin-
do principalmente as regiões tropicais e subtropicais; 90% dos casos ocorrem
na Índia, Sudão, Bangladesh, Nepal e Brasil. Alterações climáticas, fluxo popu-
lacional migratório, migração devido à fome e guerra e alteração do ecossiste-
ma causada pelo homem são importantes fatores de risco para ocorrência da
doença. O espectro de manifestação clínica varia desde a forma assintomática
até a doença plenamente manifesta, entretanto, em pacientes imunodeficientes
pode haver manifestações clínicas atípicas com comprometimento de órgãos
usualmente não afetados. O arsenal terapêutico, apesar de eficaz, é limitado.
As ferramentas atualmente utilizadas para inibir o avanço da leishmaniose vis-
ceral, quer seja atuando na eliminação dos hospedeiros domésticos, quer seja
na luta antivetorial, não têm se mostrado eficazes. Desta forma, a busca por
outros instrumentos tem sido a tônica nos últimos tempos, com avanços no cam-
po da vacina e, mais ainda, a busca por porções antigênicas do parasito capa-
zes de induzir resposta imunológica eficaz no hospedeiro. Apesar de todo esfor-
ço, a leishmaniose continua avançando, com modificações importantes na sua
epidemiologia, atingindo centros urbanos populosos, o que nos levar a pensar
numa adaptação do vetor a essas novas situações epidemiológicas. Diante do
cenário atual da LV é necessário inseri-la cada vez mais no campo da discussão
de saúde pública no Brasil e intensificar ações coletivas de combate ao avanço
da doença, minimizando os seus efeitos sobre a população mais carente e bus-
cando-se reduzir os efeitos danosos na economia de determinadas regiões.
Abstract
Visceral leishmaniasis (VL) is present in 65 countries, mainly in tropical and
subtropical region. The majority (90%) of VL occur in Bangladesh, India, Nepal,
Sudan and Brazil. Climatic alteration, massive migrations due war and misery
and environmental disorder caused by human being are risk factors to VL. The
are different clinical manifestation of VL, since assintomatic form until hepatos-
plenomegaly associated to fever, loss of weigh and anaemia, however it is possi-
ble presence of atypical manifestation in immunosupression patient with com-
promise of different organ, usually non affected. The therapeutic is limited and
the tools used to control of disease progression are not efficient. Nowadays, the
research to control of disease advancement is based on development of vacci-
nes; it found new epitopes from Leishmania that induce efficient immunological
response. Despite of efforts, VL is improvement, with important epidemiological
modification. Nowadays, the disease occurs in urbanization area. This fact can
be secondary to vector adaptation. Consequently Leishmaniasis is part of those
3000
300
Número de casos
Número de casos
200
1500
100
0 0
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Ano
Fonte: MS/SVS; SES e Sinan, disponível em http://portal.saude.gov.br.
Figura 1. Série histórica de dez anos. Distribuição dos casos de leishmaniose visceral notificados, segundo região de ocorrência no Brasil.
Tratamento
0 Apesar da LV ser conhecida há algum tempo, o
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 arsenal terapêutico é lmitado. As drogas utilizadas
Ano
para o tratamento da LV no Brasil são os antimoniais
Fonte: CVE/SES-SP, disponível em: http://www.cve.saude.sp.gov.br. pentavalentes: antimoniato-N-metil glucamina e esti-
bogluconato de sódio e a anfotericina B, havendo três
Figura 2. Série histórica de 1999 a 2005. Distribuição dos casos de
leishmaniose visceral (LV) no Estado de São Paulo, segundo o
diferentes formulações para uso (desoxicolato de
número de casos, número de municípios com casos de LV e anfotericina B; anfotericina B de dispersão coloidal e
letalidade da doença. anfotericina B de dispersão lipossomal). O desenvol-
Diversos fatores contribuem para a expansão e vimento de novos fármacos eficazes contra
modificação das características epidemiológicas da Leishmania é perseguido ao longo dos anos.
LV. Situação esta que está intimamente relacionada Pentamidina é fármaco de segunda linha no trata-
ao fluxo migratório, com introdução de hospedeiros mento da LV, entretanto, devido ao potente efeito tóxi-
infectados onde já havia a presença do vetor, desma- co, seu uso é cada vez menos freqüente7.
tamento e alterações no ecossistema provocadas Recentemente, a miltefosina está sendo emprega-
pelo homem5. Outro fator intimamente relacionado da no tratamento do calazar indiano resistente aos
10,11,12
com o aparecimento da leishmaniose visceral é a antimoniais, com sucesso . No entanto, é mister
susceptibilidade do hospedeiro. Desnutrição, imu- que ensaios terapêuticos sejam realizados para ava-
nossupressão relacionada ao uso de drogas imunos- liar a eficácia da miltefosina no tratamento da leish-
supressoras e transplante de órgãos são condições maniose visceral no Brasil, devido ao fato de não se
que facilitam o desenvolvimento da doença, assim conhecer a efetividade sobre a espécie prevalente no
como a co-infecção com HIV ratificado pelo aumento nosso meio, que é Leishmania (L.) chagasi.
considerável nos casos humanos de leishmaniose Um ponto a considerar é a associação de drogas,
visceral associada à síndrome da imunodeficiência utilizando-se baixas doses de antimonal associado a
adquirida (Aids) nos países do Mediterrâneo (França, anfotericina B, o que poderia reduzir os efeitos adver-
Portugal, Itália e, principalmente, Espanha)1. sos das drogas utilizadas. Assim também é a utiliza-
ção, cada vez mais freqüente, de drogas sabidamen-
Manifestações clínicas te eficazes contra leishmaniose e que reduzem o tem-
po de tratamento da LV, bem como o tempo de inter-
A leishmaniose visceral é uma doença espectral, nação dos pacientes que assim requererem.
manifestando-se sob três formas clínicas distintas:
forma assintomática, forma oligossintomática e forma
2
clássica . No Sudão, na Etiópia e, principalmente, na Controle da leishmaniose visceral
Índia encontra-se, ainda, a leishmaniose dérmica O controle da transmissão da LV baseia-se em
pós-calazar, que se manifesta após a cura da doença ações que atuam no inseto vetor, no hospedeiro
com o tratamento e é caracterizada por lesões cutâ- vertebrado e no diagnóstico e tratamento precoces
neas com presença do parasito3. A forma clássica de dos casos humanos. A luta antivetorial é um dos
doença plenamente manifesta ocorre em todas as principais pilares, com aplicação de inseticidas e uso
faixas etárias; entretanto, em crianças pode ser co- de equipamentos de proteção individual (barreiras
mum a associação com infecções bacterianas. que empeçam o acesso de vetores, tais como redes)
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Leishmaniasis. J Postgrad. Med. 2003 49: cutaneous Leishmaniasis in Iran. Vaccine 1998;
61-82. 17: 466-472.
Correspondência/Correspondence
José Angelo Lauletta Lindoso – Instituto de Medicina Trpocal
Avenida Dr. Enéas Carvalho Aguiar, 500, Sala 3, 4º andar – Prédio II – CEP: 05403-000 – Telefone: (+55) 11 3865 2040 – Email: [email protected]
Resumo
Entre os diversos efeitos da violência na saúde das pessoas encontra-se o
estresse pós-traumático, que vem ganhando espaço na literatura científica in-
ternacional. A população que vive nas grandes cidades brasileiras é submetida
à situação de sensação de insegurança e violência crônicas. O presente artigo
tem como propósito apresentar e discutir o problema do estresse pós-
traumático do ponto de vista da saúde pública. Trata-se de um estudo de revi-
são bibliográfica, que procura levantar as principais definições e conceitos acer-
ca do tema. O estresse pode ser agudo ou crônico, dependendo do tempo em
que os sintomas iniciam ou duram, e os sintomas vão desde quadros leves até
mais intensos, podendo se resolver rapidamente ou demandar cuidados de
saúde. O tipo de reação pode variar de pessoa para pessoa. As reações podem
ser físicas, emocionais cognitivas e comportamentais. A sensação de insegu-
rança, medo e desesperança pode estar presente.
Abstract
Among the many diverse effects of violence over people's health, there is
post traumatic stress, which is gaining space in the international scientific litera-
ture. People living in the large Brazilian cities is subjected to a feeling of chronic
insecurity and violence. This paper intends to present and to discuss the pro-
blem of post traumatic stress from the point of view of public health. This is a bi-
bliographical review study, designed to collect major definitions and concepts on
this subject. Stress may be acute or chronic, depending on the time during which
the symptoms start or last, and symptoms vary from light manifestations to more
intense forms; they may also solve themselves quickly or demand health care.
The type of reaction may vary from person to person. Reactions can be physical,
emotional, cognitive and behavioral. Feelings of insecurity, fear and hopeless-
ness may be present.
rente de nós não é uma ameaça, é apenas Contractual report of findings from the National
um dado natural da vida, e por todo o cuidado e cari- Vietnam veterans readjustment study. Research
nho que pudermos oferecer às nossas crianças Triangle Park, NC: Research Triangle Institute,
e jovens. 1988.
5. National Institute of Mental Health, USA.
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3. Centers for Disease Control and Prevention, v.39 (2).
USA. Coping With a Traumatic Event: Information 9. Junqueira MFPS, Deslandes FS. Resiliência e
for Health Professionals. maus-tratos a crianças. Cad. Saúde Pública, Rio
4. Kulka RA, Schlenger WE, Fairbank JA et al. de Janeiro, 19 (1):227-235, jan-fev, 2003.
Correspondência/Correspondence:
Vilma Pinheiro Grawryszewswi – Avenida Dr. Arnaldo, 359 – sala 609
Cerqueira César, São Paulo-SP – CEP: 01246-902 – [email protected]
Introdução Disfonia
A melhoria do nível geral de saúde dos trabalhado- A voz é fundamental para que o ser humano pos-
res constitui-se em objetivo imediato e permanente sa se comunicar, transmitindo seus pensamentos e
para o desenvolvimento sustentável de todas as re- idéias, e constitui uma das extensões mais fortes da
giões do Estado de São Paulo. As questões ligadas à personalidade. Ela é peculiar ao sujeito e varia
saúde dos trabalhadores e, em particular, sua relação de acordo com o sexo, a idade, a profissão, a perso-
com as condições de trabalho, devem ser considera- nalidade e o estado emocional do falante, bem co-
das de forma indissociável de um modelo de desen- mo com a intenção com a qual é utilizada e o tipo
volvimento econômico que tenha como um de seus de interlocutor¹.
pontos de base a inclusão social.
A importância da voz e da comunicação humana
O poder decisório que compõe a atual estrutura do é inquestionável. É visível nos dias atuais um au-
Ministério da Saúde defendeu a saúde do trabalhador mento progressivo dos profissionais que dependem
como eixo orientador das políticas de saúde e segu- da voz como instrumento de trabalho. Grande parte
rança do trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS) dessas atividades decorre das mudanças tecnológi-
e consolidou a Rede Nacional de Saúde Integral do cas, que permitem uma comunicação mais amplia-
Trabalhador (Renast) como ferramenta estratégica da, como o telemarketing. Para esses profissionais,
para as práticas diferenciadas nesta área. O
ter uma voz saudável possibilita maior eficiência na
Ministério da Saúde considera a “Renast como parte
relação interpessoal, o que é fundamental para o
de um esforço de construção no interior do SUS de
bom desempenho profissional, assim como para o
uma cultura de reconhecimento da sua competência
relacionamento social.
para a saúde do trabalhador”.
Definida como uma rede de abrangência nacio- A voz profissional foi conceituada como uma “for-
nal, com conexões organizadas nos diferentes ní- ma de comunicação oral utilizada por indivíduos que
veis de gestão para a produção de informação e dela dependem para exercer sua atividade ocupacio-
uma estratégia de estruturação baseada na implan- nal”². A caracterização do uso profissional da voz pres-
tação, até o fim de governo, de 350 Núcleos Inter- cinde da necessidade de que o indivíduo ganhe seu
municipais de Saúde do Trabalhador (NISATs) nas sustento por meio dela³.
microrregiões e 103 Centros de Referência em É bastante comum a ocorrência de alterações de
Saúde do Trabalhador (CRST) nas regiões do País, voz nas atividades nas quais ela é exigida como ins-
a Renast poderá representar a mais completa tradu- trumento de trabalho. As alterações de voz, em geral,
ção da institucionalização da saúde do trabalhador são chamadas de disfonias. A disfonia “representa
no SUS. qualquer dificuldade na emissão vocal que impeça a
Respeitadas as responsabilidades e prerrogativas produção natural da voz”¹.
dos municípios, dentre as ações de saúde do trabalha- Para melhor caracterizar o quadro, as disfonias
dor do gestor estadual destaca-se: “O Estabelecimento são divididas em três grandes categorias etiológicas:
de normas técnicas, com base na organização de co-
nhecimentos, e, se necessário, no desenvolvimento de ! Disfonia orgânica: independe do uso vocal, poden-
projetos específicos, e apoiar os municípios e regiões do ser causada por diversos processos, com con-
do Estado a adaptá-las às suas realidades”. seqüência direta sobre a voz. Como exemplos,
podemos citar alterações vocais por carcinoma da
Dessa forma, o Centro de Referência em Saúde
laringe, doenças neurológicas, inflamações ou
do Trabalhador de São Paulo (Cerest/SP), com base
infecções agudas relacionadas a gripes, laringites
nos preceitos da Renast de institucionalização da
e faringites.
saúde do trabalhador, tem voltado sua atenção tam-
bém para a questão da saúde vocal de profissionais ! Disfonia funcional: é uma alteração vocal decor-
que utilizam a voz como instrumento de trabalho. rente do próprio uso da voz, ou seja, um distúrbio
do comportamento vocal. Pode ter como etiologia privadas que prestam consultoria em saúde ocupacio-
o uso incorreto da voz, inadaptações vocais e alte- nal; médicos do trabalho da Associação Brasileira de
rações psicogênicas, que podem atuar de modo Telemarketing (ABT) e do Cerest/SP; o Sindicato dos
isolado ou concomitantemente. Professores e Funcionários Municipais (Aprofem); o
! Disfonia organofuncional: é uma lesão estrutural Sindicato dos Artistas e Dubladores (Sated) e o
benigna secundária ao comportamento vocal ina- Sindicato dos Radialistas.
dequado ou alterado. Geralmente, é uma disfonia Além disso, foram convidados profissionais repre-
funcional não tratada, ou seja, por diversas cir- sentantes de diversos segmentos da sociedade, enti-
cunstâncias a sobrecarga do aparelho fonador dades de classes e sindicais, entre eles: Delegacia
acarreta uma lesão histológica benigna das pre- Regional do Trabalho (DRT), Associação Nacional de
gas vocais. Medicina do Trabalho (Anamt), Fundação Nacional de
Para aprimorar o diagnóstico e o tratamento do Saúde (Funasa), Sociedade Brasileira de
distúrbio de voz, verificando sua relação com o am- Otorrinolaringologia (SBORL), Academia Brasileira de
biente e a organização do trabalho, propõe-se a clas- Laringologia e Voz (ABLV), Centros de Referência em
sificação de uma nova categoria: o distúrbio de voz Saúde do Trabalhador do Município de São Paulo,
relacionado ao trabalho. Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), Força
Sindical e Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O documento final foi apresentado em 2005, du-
Elaboração de normas técnicas rante o IX Seminário sobre Voz, organizado pela
As alterações vocais ocasionadas principalmente PUC-SP. Uma das grandes conquistas deste docu-
pelas questões relacionadas à organização do traba- mento é a determinação do papel dos fatores am-
lho têm levado diversas categorias, como professo- bientais e organizacionais do trabalho e a forma
res, operadores de telemarketing e radialistas, a com que atuam como fatores de risco para o desen-
situações de afastamento e incapacidade para o volvimento do distúrbio de voz relacionado ao traba-
desempenho de suas funções, o que implica custos lho, bem como os impactos gerados na vida do tra-
financeiros e sociais. balhador. Portanto, o que se pretende, a partir des-
Por outro lado, as ações de vigilância e a elabora- se trabalho, é conquistar novas formas de lidar com
ção de normas técnicas que adequem o conhecimen- as repercussões que esses impactos causam na
to científico acumulado às novas condições e deman- saúde do trabalhador.
das de trabalho são praticamente inexistentes e fa- O texto apresentado a seguir foi elaborado a partir
zem-se necessárias, urgentemente, uma vez que um desse documento, que se encontra disponível, na
número crescente de trabalhadores ingressa em cate- íntegra, no Cerest/SP e pode ser solicitado via e-mail:
gorias profissionais que utilizam a voz como instru- [email protected].
mento de trabalho.
Acreditamos que esforços conjuntos entre
Ministério da Saúde, do Trabalho e da Previdência Distúrbios de voz: impacto nas atividades
Social são a única forma que se faz necessária e ur- profissionais
gente de regulamentar legislações para prevenir os Entende-se por distúrbio de voz relacionado ao
agravos à saúde vocal de trabalhadores dessas cate- trabalho qualquer alteração vocal diretamente rela-
gorias, incluindo o distúrbio da voz relacionado ao cionada ao uso da voz durante a atividade profissio-
trabalho no quadro das doenças ocupacionais do nal que diminua, comprometa ou impeça a atuação
INSS e do Ministério. e/ou a comunicação do trabalhador. Os fatores ambi-
Dessa forma, em abril de 2004, o Cerest/SP organi- entais e organizacionais do trabalho atuam como
zou um fórum de debates a fim de discutir o distúrbio de fatores de risco para o desenvolvimento desse distúr-
voz como dano relacionado ao trabalho e produzir um bio, que freqüentemente ocasiona incapacidade labo-
documento técnico que pudesse orientar todos os en- ral temporária. Pode ou não haver uma lesão histoló-
volvidos nesse processo. Participaram das reuniões: o gica nas pregas vocais secundária ao uso vocal.
superintendente do INSS; a Sociedade Brasileira de Os distúrbios de voz podem ter diversos impactos
Fonoaudiologia (SBFa), com representantes do na atividade profissional. Destaca-se o próprio impac-
Comitê de Voz e do Comitê de Telemarketing; o to vocal, que gera limitações na expressão vocal, e o
Conselho Regional de Fonoaudiologia 2ª Região impacto emocional, que causa forte estresse e ansie-
(CRFa); o Departamento de Saúde do Trabalhador dade, colocando em risco a carreira e a sobrevivência
5
Municipal (Desat); o Hospital do Servidor Público do trabalhador . A consideração de que a voz é o pro-
Municipal (HSPM); a Pontifícia Universidade Católica duto da história e da dinâmica entre os aspectos psí-
de São Paulo (PUC-SP); representantes de empresas quico e social do sujeito acrescenta o impacto social
como o ruído, entre outros. Professores que têm um referiram um ou mais sintomas, representados por
segundo emprego podem estar expostos a fatores de rouquidão e cansaço vocal, entre outros. Os operado-
riscos adicionais que podem afetar a saúde, incluindo res de telemarketing apresentaram relação estatísti-
a voz e a saúde mental32. ca significativa para a presença de 8 em 14 sintomas,
Quanto aos operadores de telemarketing, outra quando comparados aos estudantes. Os operadores
categoria profissional também bastante pesquisada, demonstraram possuir 2,1 vezes o risco de apresen-
observa-se demanda vocal de seis horas diárias ou tar um ou mais sintomas vocais, quando comparados
mais, quando realizam horas extras. O fato, aliado a aos estudantes.
fatores ergonômicos e organizacionais desfavoráve- Estudos epidemiológicos em outras categorias pro-
is, pode gerar comprometimento da voz, dificultar ou fissionais ainda são poucos e devem ser ampliados.
mesmo impedir o exercício da função. Estudo33 apon- O desenvolvimento do distúrbio de voz relaciona-
ta como principais queixas relatadas, em ordem de- do ao trabalho é multicausal, podendo estar associa-
crescente: ressecamento da garganta, cansaço ao do a diversos fatores, que podem desencadear ou
falar, rouquidão, perda da voz, pigarro constante, agravar o quadro de alteração vocal do trabalhador,
falta de ar, tosse constante, dor ao falar e ao engolir. de forma direta ou indireta. Os fatores de risco não
São apontados como sintomas relatados por traba- são independentes, já que existe a interação destes
lhadores de call center tensão na região de pescoço, nos locais de trabalho.
ombros e coluna, pigarro, cansaço ao falar e rouqui-
dão34. Foi demonstrado35 que o operador de telemar-
Fatores de risco
keting pode ser caracterizado como um profissional
da voz que possui especificidades tais como deman- Na caracterização dos fatores de risco devem
da vocal e operacional, ou seja, está inserido em uma ser considerados os seguintes aspectos: a intensi-
realidade de trabalho que envolve metas, desafios e dade, o tempo de exposição a esses fatores e a orga-
tempos de atendimento a serem seguidos, entre ou- nização temporal da atividade, como a duração do
tros aspectos como produção e exigência vocal, com ciclo de trabalho, a distribuição das pausas ou a
possíveis queixas e alterações vocais e laríngeas estrutura de horários.
relacionadas ao trabalho. Os fatores de risco dos distúrbios de voz relaciona-
Sabe-se que a prevalência de distúrbios de voz dos ao trabalho podem ser agrupados da seguin-
relacionados ao trabalho em operadores de tele- te forma:
marketing pode ser explicada por transformações a) Organizacionais do processo de trabalho –
no trabalho, caracterizadas pelo estabelecimento Jornada de trabalho prolongada; sobrecarga, acúmulo
de metas, considerando apenas sua produtividade, de atividades ou de funções; demanda vocal excessi-
sem levar em consideração os limites físicos e psi- va; ausência de pausas e de locais de descanso duran-
cossociais dos trabalhadores. Há forte exigência de te a jornada; falta de autonomia; ritmo de trabalho es-
adequação dos trabalhadores às características tressante; trabalho sob forte pressão e insatisfação
38
organizacionais das empresas, com intensificação com o trabalho e/ou com a remuneração .
do trabalho e padronização dos procedimentos, b) Ambientais –
ausência e impossibilidade de pausas espontâ-
neas, necessidade de permanecer em posturas
! Riscos físicos: nível de pressão sonora acima de
65 dB (A) (limite aceitável para efeito de confor-
inadequadas por tempo prolongado, exigência de 39
informações específicas, necessidade de concen- to ); falta de planejamento em relação ao mobiliá-
39
tração para não cometer erros, além de mobiliário, rio e aos recursos materiais ; desconforto e cho-
equipamentos e instrumentos inadequados ao de- que térmico; ventilação inadequada do ambiente e
senvolvimento da atividade, dificultando qualquer utilização de aparelhos de ar condicionado.
manifestação de criatividade e flexibilidade .
36
! Riscos químicos: exposição a produtos químicos
Estudo37 com operadores de telemarketing e estu- irritativos de vias aéreas superiores (solventes,
dantes colegiais similares em idade, gênero, nível de vapores metálicos, gases asfixiantes) e presença
escolaridade e consumo de cigarro, investigou a pre- de poeira e/ou fumaça no local de trabalho.
valência de problemas vocais nesses operadores em Além dos riscos diretamente relacionados ao
comparação com os estudantes (população em ge- trabalho, outros podem estar presentes e devem
ral). Os resultados revelaram que os dois grupos com- ser considerados. Os principais inimigos biológi-
portaram-se de maneira semelhante quanto ao con- cos da voz são as alterações advindas da idade,
sumo de cigarro (45% dos operadores e 40% dos alergias, infecções de vias aéreas superiores, in-
estudantes). Em relação à presença de sintomas fluências hormonais, medicações, etilismo, taba-
vocais, 68% dos operadores e 48% dos estudantes gismo e falta de hidratação. Além dessas, há a
A Divisão de Infecção Hospitalar realizou, no No último dia 23, com o objetivo de atualizar as
último dia 16 de fevereiro, no Instituto de Infectologia informações sobre a vacina contra o rotavírus, a
Emílio Ribas, o debate “Vigilância Epidemiológica Coordenadoria de Controle de Doenças – por meio da
das Infecções Hospitalares no Estado de São Paulo: Divisão de Imunização, do Centro de Vigilância
Limites e Possibilidades”, no qual apresentou os Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac” (CCD/CVE)
resultados preliminares do sistema de vigilância – promoveu o “Simpósio Estadual - Vacina Contra
epidemiológica das IH do Estado. Durante o evento, Rotavírus”. Voltado para os profissionais de saúde que
foram discutidas as possíveis limitações e sugestões atuam diretamente na área de vacinação, o evento,
para aprimoramento do sistema, bem como as ações realizado em São Paulo, foi organizado pelo Fesima,
governamentais direcionadas pelos dados obtidos. com apoio da Furp e das Sociedades de Pediatria de
Participaram do encontro 120 profissionais de São Paulo e de Cirurgia Pediátrica.
diversas regiões do Estado, envolvidos com o contro- A vacina contra o rotavírus será incluída no
le de infecção hospitalar, que atuam nos hospitais e calendário de vacinação nacional e estará disponí-
nas equipes de vigilância epidemiológica e sanitária vel em todos os centros de saúde do País a partir
das Diretorias Regionais de Saúde (DIR) e dos deste mês. A Rotarix®, do laboratório
municípios. O debate, uma das etapas de retro- GlaxoSmithKline Biologicals, foi escolhida por não
alimentação previstas no sistema de vigilância das ter apresentado risco aumentado de invaginação
infecções hospitalares, contou com apoio da intestinal nos estudos com 63.225 lactentes, dos
Associação Paulista de Controle de Infecção quais 31.673 receberam as duas doses da vacina e
Hospitalar (Apecih), que indicou os especialistas 31.552, placebo.
participantes: as médicas Ana Sara Levin, da A utilização da primeira vacina contra rotavírus (a
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do RotaShield®, Wyeth-Lederle, licenciada nos Estados
Hospital das Clínicas da USP (FMUSP), e Nédia Unidos, em 1998) foi suspensa no ano seguinte. A
Maria Hallage, professora da Faculdade de Medicina RotaShield® oral, atenuada, tetravalente, com
do ABC, e a enfermeira Vera Lúcia Borrasca, membro rearranjo símio e humano, aplicada no esquema de
da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do três doses aos 2, 4 e 6 meses de idade, apresentou
Hospital Sírio Libanês. aumento de casos de invaginação intestinal.
Cilmara Polido Garcia, diretora do Centro de A Rotarix® também é uma vacina oral, atenuada,
Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac” monovalente (G1P[8]), com eficácia para diarréia
(CVE), apresentou o modelo de inserção do progra- grave foi de 84,7% (IC95%:71,7-92,4%) e hospitali-
ma de vigilância da IH na estrutura da saúde em São zação de 85% (IC95%:69,6-93,5%). A proteção tem
Paulo, suas interfaces institucionais e seus objeti- início cerca de duas semanas após a segunda dose.
vos. Maria Clara Padoveze, diretora da Divisão de O esquema vacinal recomendado é de duas doses,
Infecção Hospitalar, mostrou os dados preliminares aos 2 e 4 meses de idade, com intervalo mínimo de
do sistema, referentes a 2004. Os dados foram quatro semanas entre elas.
debatidos pelas especialistas e público presente. A primeira dose deve ser aplicada aos 2 meses
As próximas etapas da fase de retro-alimentação (idade mínima 1 mês e 15 dias de vida, máximo de 3
do sistema prevêem, entre outras ações, a publica- meses e 7 dias de vida. Já a segunda, 4 meses (idade
ção dos resultados, com disseminação em todos os mínima 3 meses e 7 dias de vida, máximo de 5 meses
hospitais das redes pública e privada, e a promoção e 15 dias de vida.
de outros eventos envolvendo os profissionais que A vacina não deve, de forma alguma, ser aplicada
irão utilizar os dados obtidos como ferramentas fora destes prazos. Em função do risco aumentado de
para a prevenção das IH. O documento será dispo- invaginação intestinal observado com a vacina
nibilizado na íntegra na próxima edição do Bepa, em RotaShield, os estudos realizados com as novas
abril, e também em versão impressa que será distri- vacinas contra rotavírus não foram feitos fora das
buída aos hospitais do Estado e às DIRs. faixas etária.