Lectio Divina
Lectio Divina
Lectio Divina
“Deus dispôs com suma benignidade que aquelas coisas que revelara para a
salvação de todos os povos permanecessem sempre integras e fossem
transmitidas a todas as gerações” (Cf. DV 7).
Quanto à Sagrada Tradição, ela “transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos
a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob
a luz do Espírito da verdade, eles, por sua pregação, fielmente a conservem, exponham e
difundam” (Cf. DV 9.).
Daí resulta que a Igreja, à qual estão confiadas a transmissão e a interpretação da
Revelação, “não deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente da Sagrada
1
Jo 16, 6.
2
Mt 28, 20.
Alan Lucas de Lima, formação ao Postulando, Cambuquira, 21/09/2019
Escritura. Por isso, ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e
reverencia” (Cf. DV 9.).
OS SENTIDOS DA ESCRITURA
Conforme uma antiga tradição, podemos distinguir dois sentidos da Escritura: o sentido
literal e o sentido espiritual, sendo este último subdividido em sentido alegórico, moral e
anagógico. A concordância profunda entre os quatro sentidos garante toda a sua riqueza à leitura
viva da Escritura na Igreja.
O sentido literal: é o sentido significado pelas palavras da Escritura e descoberto pala
exegese que segue as regras da correta interpretação. “Omnes sensos fundantur super litteralem
– todos os sentidos (da Sagrada Escritura) devem estar fundados no literal” 3.
O sentido espiritual: graças à unidade do projeto de Deus, não somente o texto da
Escritura, mas também as realidades e os acontecimentos de que ele fala, podem ser sinais:
3
Sto. Tomás de Aquino, S. Th. I, 1,10, ad 1.
4
1Cor 10, 2.
5
Hb 3-4, 11.
6
Ap 21, 1-22, 5.
Alan Lucas de Lima, formação ao Postulando, Cambuquira, 21/09/2019
LECTIO DIVINA
A Lectio Divina tem uma história de pelo menos 2.500 anos. No Antigo Testamento o
povo de Israel rezava a Palavra e usava a Palavra para rezar. No livro de Neemias cap 8, 2-10.
O povo se reuniu. Esdras leu o livro desde a manhã até ao meio dia. Todo o povo ouvia
atentamente a leitura do livro da Lei. Este texto tão antigo é o precursor da lectio… E isso durou
durante gerações. Todos os Padres da Igreja tanto no Oriente como no Ocidente praticavam
esse método e encorajavam o fiéis a fazerem o mesmo em suas casas. Os monges fizeram da
Lectio o centro de suas vidas. Santo Antão séc II, sabia a Escritura de cor. Para São Pacomio,
São Basílio, São Jeronimo a leitura frequente da Bíblia era o “alimento celestial”, “pão descido
do céu”. São Cipriano escrevia a respeito da Bíblia: “tendes sempre a Lectio Divina entre as
mãos”. São Bento na Regra no cap IV diz: ouvir de boa vontade as santas leituras e dar-se
frequentemente à oração… Como podemos passar por cima dessa tradição? Num dado
momento acharam melhor colocar por escrito esse método para ajudar os noviços a
interiorizarem a Palavra através do Espirito Santo.
O Método que vamos falar aqui nasceu no séc XII com o monge Guigo, cartucho. Ele
escreve ao seu amigo Gervásio e fala de 4 degraus: Leitura meditação, oração e
contemplação.
Qual é a nossa disposição para uma boa Lectio? Antes de mais é importante escolher
um lugar onde possamos ficar tranquilos. É importante escolher uma hora de manhã ou à tarde.
São as melhores horas para rezar onde o silencio é mais provável que em outras horas. Os
Padres da Igreja dizem que precisamos no mínimo uma hora de oração para rezar bem.
Outra atitude para uma boa Lectio é ficar desarmado como uma criança. Peça a Deus
um coração sábio, um coração que escute como pedia o rei Salomão a Deus. Quando iniciamos
a nossa Lectio devemos nos lembrar da parábola do semeador. Somos um dos 4 tipos de terreno:
pedregoso, aberto a tudo o que passa, espinhoso ou um terreno fértil. A Palavra deve encontrar
em nós esse terreno bom para poder dar fruto. Aqui pensamos de novo em Maria durante a festa
das Bodas: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.
Os passos a seguir de Meditação para a Oração, segue em conformidade com os
Exercícios Espirituais Inaciano:
Considerações
Nós que desejamos nos consagrar legitimamente ao Senhor, devemos nos manter um
contato íntimo com as Escritura, mediante a leitura assídua e o estudo aturado, a fim de que
nenhum deles se torne «pregador vão e superficial da palavra de Deus. por não a ouvir de
dentro» (S. Agostinho, Serm. 179, 1: PL 38, 966.), tendo, como têm, a obrigação de comunicar a todos
que lhes estão confiadas as grandíssimas riquezas da palavra divina, sobretudo na sagrada
Liturgia. Do mesmo modo, o Concílio Vaticano II, exorta com ardor e insistência de todos os
fiéis, mormente os religiosos, a que aprendam «a sublime ciência de Jesus Cristo» (Fl 3, 8) com
a leitura frequente das divinas Escrituras, porque «a ignorância das Escrituras é ignorância de
Cristo» (S. Jerónimo, Comm. in Is. Prol.: PL 24, 17. — Cfr. Bento XV, Enc. Spiritus Paraclitus: EB 475-480;
Pio XII, Enc. Divino afflante: EB 544). Debrucem-se, pois, gostosamente sobre o texto sagrado, quer
Alan Lucas de Lima, formação ao Postulando, Cambuquira, 21/09/2019
através da sagrada Liturgia, rica de palavras divinas, quer pela leitura espiritual, quer por outros
meios que se vão espalhando tão louvavelmente por toda a parte, com a aprovação e estímulo
dos pastores da Igreja. Lembrem-se, porém, que a leitura da Sagrada Escritura deve ser
acompanhada de oração para que seja possível o diálogo entre Deus e o homem; porque «a Ele
falamos, quando rezamos, a Ele ouvimos, quando lemos os divinos oráculos» (S. Ambrósio, De
officiis ministrorum I, 20, 88: PL 16, 50.).