Tema 03 - Introdução À Epidemiologia

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Introdução à Epidemiologia

Profª. Cheryl Gouveia Almada

Descrição História da Epidemiologia; coeficientes e índices epidemiológicos;


indicadores epidemiológicos.

Propósito Conhecer a história da Epidemiologia e sua aplicação no campo da


saúde é fundamental para a análise crítica de dados e a geração de
informações, uma vez que os indicadores epidemiológicos permitem
investigar o estado de saúde das populações para propor medidas de
prevenção, promoção e recuperação da saúde adequadas à realidade
local.

Preparação Tenha em mãos uma calculadora.

Objetivos

Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3

Conceitos Coeficientes e Indicadores


básicos em índices em epidemiológicos
Epidemiologia Epidemiologia
Listar os indicadores
epidemiológicos mais
Reconhecer os objetivos e Relacionar a construção e
utilizados e suas
a importância da a análise de coeficientes e
contribuições para a
Epidemiologia e a sua índices com sua aplicação
análise da situação de
construção histórica. nas políticas públicas de
saúde.
saúde.
Introdução
O termo epidemiologia deriva de epi (sobre) + demo (população) + logos
(estudo). Quando aplicamos os conceitos de epidemiologia à área da saúde,
temos um campo do saber voltado para o estudo dos fatores que afetam a
saúde das coletividades. Assim, a Epidemiologia pode ser definida como a
ciência que estuda o processo saúde-doença das populações, por meio da
análise de dados para a produção de indicadores, taxas e índices que
contribuem para a geração de informações. Essas informações são
aplicadas tanto para o entendimento da situação de saúde de determinada
população quanto para o delineamento de medidas de prevenção, promoção
e recuperação da saúde.

Veremos em nosso estudo que o processo saúde-doença ocorre da


interação entre determinantes biológicos, socioeconômicos, culturais e
ambientais. A Epidemiologia integra diversos saberes com o objetivo de
delinear os aspectos relacionados ao bem-estar de um grupo social.

Você já percebeu como o conhecimento da Epidemiologia é importante para


os profissionais da saúde, não é mesmo? Então vamos aprofundar nossos
estudos nesse incrível mundo de dados e informações!
AVISO: orientações sobre unidades de medida.

Orientações sobre unidades de medida


Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões
de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o
número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por
você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades.
1 - Conceitos básicos em Epidemiologia
Ao final desse módulo você será capaz de reconhecer os objetivos e a importância da Epidemiologia e
a sua construção histórica.

Epidemiologia
Doença não ocorre por acaso, pode ser compreendida como uma desordem e,
como toda desordem, precisa adquirir significação para o ser humano. Assim, ao
longo da história, a humanidade buscou compreender a doença usando desde
teorias sobrenaturais até científicas.

Epidemiologia é a ciência que busca compreender como os


agravos à saúde não se distribuem ao acaso entre as populações.

Isto é, a Epidemiologia estuda como e por que os agravos ocorrem em uma


população em determinado tempo e específica área geográfica.

A área de atuação da Epidemiologia inclui o ensino e a pesquisa em saúde, a


avaliação de políticas e serviços de saúde, a vigilância epidemiológica e o
diagnóstico da situação de saúde das populações. Para tanto, reúne
conhecimentos e métodos de outros campos do conhecimento, principalmente
da Estatística e das Ciências Biológicas e Sociais.
A história da Epidemiologia mostra como a percepção de saúde é moldada por
diversos fatores, incluindo os de ordem filosófica, política e religiosa, e como
essa percepção influencia os métodos científicos ao longo do tempo.

Vamos conhecê-la?

Evolução histórica da
Epidemiologia
Na Antiguidade, a doença era vista como punição, um castigo advindo dos
deuses. Portanto, não fazia sentido estudar outras causas para sua ocorrência,
já que o sobrenatural respondia à indagação dos homens.

Algumas sociedades acreditavam na


teoria Metafísica, que considerava que
os corpos celestes, como os planetas,
a lua e as estrelas, influenciavam na
saúde da população — teoria
conhecida atualmente como
Astrologia.

A seguir, vamos conhecer a evolução histórica da Epidemiologia.


coronavirus Há cerca de 2.500 anos

(460-370 a.C.)

Foi quando Hipócrates, conhecido como o pai da


Medicina, estruturou os conceitos epidemiológicos
básicos em sua obra Dos ares, águas e lugares, que
relacionava o ambiente à ocorrência de doenças. Foi o
primeiro a associar o modo de vida das populações à
ocorrência de doenças, conferindo um sentido coletivo
ao fato de adoecer ou estar sadio. O termo “epidêmico”
foi empregado por Hipócrates, que introduziu também
a ideia de população e ocorrência de doenças, pois a
palavra grega epidemeion, da qual o termo deriva,
significa “visitar” e era referida às doenças que
chegavam às comunidades.

Na época, predominava a “teoria do miasma”, que


considerava a doença decorrente de um desequilíbrio
entre os humores do corpo (sangue-coração, fleuma-
cérebro, bile amarela-fígado, bile negra-baço),
relacionados às propriedades do ar (temperatura e
umidade) e aos quatro elementos: ar, terra, água e
fogo.
coronavirus Na era Romana

(199-217 a.C.)

Galeno era um médico grego que reforçava as ideias


de Hipócrates em suas obras, contribuindo para o
avanço da Medicina científica em Roma. Nessa época,
os nascimentos e óbitos eram obrigatoriamente
registrados. Foi a primeira sociedade a manter dados
atualmente conceituados como epidemiológicos.

coronavirus A partir da Idade Média

(séculos V-XV)

Houve uma dicotomização entre as ideias do Ocidente


e do Oriente. No Ocidente, com a hegemonia da Igreja
Católica, houve retorno à percepção religiosa de que a
doença era resultado do pecado, prevalecendo a
Medicina individual curativa, baseada em crenças e
l i i d M di i i tífi
valores, e o negacionismo da Medicina científica.
Enquanto no Oriente, considerado o berço da saúde
pública, a valorização dos estudos de Hipócrates
reforçava a importância da Medicina coletiva
preventiva e científica.

coronavirus No século X

(98-1037)

O médico persa Avicena trouxe novamente à tona as


ideias hipocráticas e galênicas para a Medicina
ocidental, um avanço da ciência em desfavor da
hegemonia religiosa.

coronavirus Na Idade Moderna

(1453-1789)

Ai ti ã d d
A investigação acerca de uma doença que causava a
morte de ovinos colocou a Medicina Veterinária como
precursora desse movimento — iniciava-se a contagem
dos indivíduos doentes para o controle de tal doença.

Thomas Sydenham (1624-1689), médico inglês, publicou a obra intitulada


História natural das doenças, que estabelece a relação temporal da evolução do
processo de adoecimento de um indivíduo até sua cura ou morte, apontando
momentos e mecanismos nos quais a prevenção e o controle das doenças
deviam ser empregados.

Essa publicação levou Sydenham a ser considerado um dos principais nomes da


ciência epidemiológica.

Retrato de Thomas Sydenham.


Paralelo a isso, o capitalismo trouxe a necessidade de contabilizar o exército e
os cidadãos. William Petty (1623-1687), economista inglês, propôs a utilização
de métodos estatísticos para quantificar a riqueza do país, conhecido como
Aritmética Política. Para isso, eram necessários dados que seriam subsídios da
análise.

Retrato de William Petty.

Um dos precursores da coleta de dados sobre óbitos e considerado o pai das


estatísticas vitais, foi John Graunt (1620-1674), demógrafo inglês que publicou a
obra Observações naturais e políticas sobre as contas de mortalidade.

Na obra, Graunt coleta, organiza e


analisa dados de mortalidade,
estabelecendo hipóteses sobre o
tamanho da população da Inglaterra,
as taxas de natalidade e mortalidade
por sexo e a propagação de doenças.
Em suas análises, notou maior número Publicação do inglês John Graunt no ano de 1662.

de óbitos entre homens, alta taxa de


mortalidade entre lactentes, variação
estacional nas taxas de mortalidade,
entre outros aspectos.

Curiosidade
O termo epidemiologia foi utilizado pela primeira vez por Quinto Tiberio Angelerio
(1532-1617) em seu trabalho sobre a prevenção da peste bubônica, no século
XVI, na Espanha.

Ainda na Idade Moderna, Daniel Bernoulli (1700-1782), físico, matemático e


médico suíço, utilizou a teoria das probabilidades advinda de estudos
matemáticos para estimar anos de vida ganhos com a vacinação contra varíola.

Retrato de Daniel Bernoulli.

Outra contribuição importante para a história da Epidemiologia foi realizada por


William Farr (1807-1883), médico inglês responsável pelas estatísticas médicas
no país. Em seus estudos, analisou dados de mortalidade em diferentes
ambientes de trabalho e prisões.

Na imagem a seguir, vemos uma tabela de contagem de mortalidade presente na


publicação de William Farr intitulada Carta ao registrador geral sobre a
mortalidade nos distritos de registro da Inglaterra durante os anos de 1861-1870 e
datada de 1875.

Publicação do médico inglês William Farr em 1875.

Também em meados do século XIX, Louis René Villermé (1782-1863), médico


francês, desenvolveu estudos sobre a relação da ocorrência de doenças e as
desigualdades sociais, relacionando taxas de mortalidade e nível de renda da
população de Paris.

John Snow (1813 - 1858), médico inglês, é considerado o pai da Epidemiologia


em razão de seus estudos sobre a transmissão do cólera em Londres
(Inglaterra). Na imagem a seguir, vemos o mapa presente na publicação de Snow
intitulada Relatório sobre o surto de cólera na paróquia de St. James, Westminster,
durante o outono de 1854, datada de 1855.

Mapa do surto de cólera em 1855.

video_library Os trabalhos de John Snow sobre a cólera


Assista ao vídeo e perceba como o pensamento de John Snow contribuiu para o
desenvolvimento da Epidemiologia como instrumento das políticas de saúde.
Apesar de John Snow ser considerado por muitos o pai da Epidemiologia, vários
estudiosos conferem o título ao médico francês Pierre Charles Alexandre Louis
(1787-1872). Isso porque Pierre Louis publicou, no ano de 1825, um estudo
sobre a eficácia do tratamento clínico da tuberculose analisando 1.960 casos
por meio de métodos estatísticos.

Retrato de John Snow.

Retrato de Pierre Charles Alexandre Louis.

Saiba mais
Outros estudos importantes para a afirmação da Epidemiologia como ciência
foram desenvolvidos ao longo do século XIX, como o realizado pelo médico
húngaro Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865), que observou que havia uma
grande diferença de mortalidade entre as mulheres puérperas atendidas em
duas diferentes maternidades. Semmelweis identificou que, na clínica com maior
concentração de óbitos, as mulheres eram atendidas por alunos de Medicina
logo após a aula de dissecção de cadáveres. O médico solicitou que os
estudantes lavassem as mãos antes do atendimento, e esse procedimento
diminuiu consideravelmente a taxa de mortalidade entre as mulheres no período
pós-parto.

Lembre-se de que à época ainda não se sabia sobre a transmissibilidade dos


microrganismos, logo, suas ideias não foram aceitas pela sociedade científica.

O médico inglês James Lind (1716-


1794), outro estudioso que contribuiu
para o avanço da Epidemiologia,
percebeu que os marinheiros que não
se alimentavam de frutas cítricas
durante as expedições marítimas
sofriam mais de escorbuto do que
aqueles que recebiam esse alimento Retrato de James Lind.

durante a viagem.

Na época, o médico então


recomendou o consumo de limões e,
assim, o número de casos e óbitos
pela doença reduziu. Logo, o consumo
de limões reduziu o número de casos
e óbitos pela doença.

Depois, a ausência de vitamina C


(presente em alimentos, como couve,
brócolis, pimentão amarelo e frutas
cítricas) foi identificada como a
causadora do escorbuto.

Seguindo o nosso histórico, o médico japonês Kanehiro Takaki (1849-1915)


analisou a dieta de marinheiros que sofriam de beribéri. À época, esses
marinheiros comiam apenas arroz branco durante as expedições. Takaki sugeriu
a inclusão de outros alimentos nas refeições, como maçã e cereais integrais,
reduzindo a zero o número de casos da doença. Assim como no escorbuto,
apenas anos mais tarde a ausência de vitamina B1 (presente na carne de porco,
maçã, espinafre, feijão, nozes e cereais integrais) foi identificada como a
causadora do distúrbio.
Exemplo
Um caso que ilustra a importância do estudo das epidemias é o da
pleuropneumonia contagiosa dos bovinos que acometeu os Estados Unidos da
América em 1843. Nessa época, o médico veterinário estadunidense Daniel
Elmer Salmon (1850-1914) e seus colaboradores investigaram os casos e
perceberam que os bovinos importados da Europa possivelmente seriam a fonte
da doença. Sugeriram, entre outras medidas, o abate dos animais doentes e a
quarentena dos recém-chegados. A medida reduziu o número de casos e os
óbitos causados pela doença.

Perceba que a evolução do pensamento do contágio, a despeito da ideia da


causalidade sobrenatural das enfermidades, aconteceu antes da confirmação
dos microrganismos como agentes etiológicos de doenças.

Somente em 1876, a teoria microbiana das doenças, a que considera os


microrganismos como os agentes causadores de diversas doenças, foi
confirmada por Robert Koch (1843-1910), médico alemão que comprovou a
transmissibilidade do Bacillus anthracis e sua atividade como agente etiológico
do antraz, garantindo o avanço da compreensão da epidemiologia das doenças
transmissíveis.

Bacillus anthracis.

Foi no início do século XX, com a crise econômica de 1929, a qual tornou os
custos dos cuidados com a saúde individual muito altos, que a importância da
Epidemiologia se firmou, baseando-se nos conceitos de risco e prevenção
associados, majoritariamente, à transmissão de doenças infecciosas.

Durante e depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a preocupação com a


saúde física e mental das tropas militares reforçaram a relevância dos estudos
epidemiológicos também para os casos de doenças não transmissíveis.

Saiba mais
Na Grécia Antiga, o culto aos deuses e às deusas fazia parte da cultura helênica.
Havia duas deusas que nos interessam: Panaceia e Higeia. A deusa Panaceia era
adorada por aqueles que acreditavam na Medicina individual curativa, enquanto
Higeia era adorada pelos que acreditavam na Medicina do coletivo, no equilíbrio
entre o ser humano e o ambiente que o cerca. O conflito entre a Medicina
individual e a coletiva parece ser mais antiga do que imaginamos!

Vamos conhecer agora a evolução epidemiológica no Brasil.

flag Início do século XX

Foi marcado pela ocorrência


das epidemias de febre
amarela, peste bubônica e
varíola no Rio de Janeiro. A
adoção de medidas
preventivas planejadas pelo
médico paulista Oswaldo
Gonçalves Cruz (1872-1917)
e impostas pelo governo de
modo autoritário culminou
com a conhecida Revolta da
Vacina no Rio de Janeiro (10
a 16 de novembro de 1904).
1878-1934
flag
Paralelamente aos estudos
de Oswaldo Cruz, o biólogo
e médico mineiro Carlos
Ribeiro Justiniano das
Chagas também se
destacou na descrição
epidemiológica da
transmissão de doenças
infecciosas, especialmente
a malária e a doença de
Chagas.

No início do século XX, a disciplina de Epidemiologia foi incluída nos currículos


das faculdades de Medicina e diversas associações científicas de
epidemiologistas surgiram em todo o mundo. Os estudos epidemiológicos
dividiam-se em duas vertentes: a Epidemiologia clínica e a Epidemiologia social.
A seguir, vamos entender a diferença.

biotech biotech
Epidemiologia clínica Epidemiologia social

Ocupava-se em investigar Analisava os determinantes


os melhores métodos close sociais associados à
diagnósticos e terapêuticos ocorrência das doenças em
para as doenças com base nível coletivo.
na análise de grupo de
indivíduos.

A partir da segunda metade do século XX, os métodos da análise epidemiológica


foram sistematizados e o advento da computação incrementou suas técnicas e
análises. Desde então, a Epidemiologia vem ampliando suas aplicações e, assim,
novos subcampos de pesquisa surgiram, como:

Epidemiologia molecular Farmacoepidemiologia


Estuda como os fatores genéticos Estuda os efeitos benéficos, colaterais
interagem com os fatores ambientais e adversos relacionados ao uso de
e influenciam em ocorrência e fármacos em populações.
distribuição de doenças em
populações.
Definição, conceitos, objetivos e
importância da Epidemiologia

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a Epidemiologia como:

o estudo dos fatores que determinam a


frequência e a distribuição das doenças
nas coletividades.

(OMS, 1973)
Em 2003, o termo Epidemiologia também foi definido por Rouquayrol e
Goldbaum como:

“a ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas,


analisando a distribuição e os fatores determinantes das enfermidades, danos à
saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de
prevenção, controle ou erradicação de doenças, e fornecendo indicadores que
sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações de
saúde”.

Assim, para iniciarmos nossa viagem ao mundo da Epidemiologia, é importante


conhecer os conceitos mais aplicados no estudo da ocorrência das doenças em
nível coletivo. São eles:

1. Agravo: dano.

2. Caso: indivíduo acometido por determinado agravo à saúde comprovado


por meios diagnósticos aceitáveis pela comunidade científica.
3. Caso índice: primeiro caso registrado de um agravo à saúde em
determinada localidade.

4. Caso primário: primeiro caso de um agravo à saúde em determinada


localidade.

5. Caso suspeito: indivíduo que apresenta história clínica, sintomas e possível


exposição a uma fonte de infecção, sugerindo que seja um caso do agravo
à saúde, porém sem diagnóstico confirmado.

6. Dado: representação quantitativa de determinado evento.

7. Doença: alteração do estado de saúde de um indivíduo.

8. Eliminação: redução a zero da incidência de um agravo, com manutenção


indefinidamente no tempo das medidas de controle.

9. Erradicação: redução a zero da transmissão de um agente patogênico


provocada por sua extinção artificial em determinado local, não
necessitando manter medidas de controle.

10. Endemia: agravo à saúde habitualmente presente em determinada


população, ocorrendo nos limites esperados para a localidade.
11. Epidemia: elevação brusca, inesperada e temporária da incidência de
determinado agravo à saúde, que ultrapassa os valores esperados para a
população no período avaliado;

12. Fator de risco: toda característica ou circunstância que acompanhe


aumento de probabilidade de ocorrência do fato indesejado.

13. Frequência: número de casos em um período em determinada área


geográfica.

14. Incidência: número de novos casos em um período em determinada área


geográfica.

15. Indicador: instrumento utilizado como parâmetro de planejamento,


monitoramento e avaliação de ações.

16. Informação: ideia obtida por meio da análise de dados e indicadores.

17. Pandemia: epidemia de larga distribuição espacial, atingindo várias


nações.

18. Período de incubação: intervalo entre a infecção e o aparecimento dos


primeiros sintomas e sinais da doença.
19. Período prodrômico: intervalo entre o aparecimento dos primeiros
sintomas e sinais da doença até que surjam aqueles que os são
característicos.

20. População: grupo de indivíduos que compartilham características


socioeconômicas, culturais, históricas e geográficas comuns.

21. Processo saúde-doença: todas as variáveis envolvidas no processo de


adoecimento e de recuperação da saúde ou morte.

22. Saúde: estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas
a ausência de doença.

23. Saúde pública: práticas e medidas de responsabilidade do Estado que tem


por objetivo a promoção, proteção e recuperação da saúde por meio de
ações de caráter coletivo.

24. Surto: aumento inesperado do número de casos de determinado agravo em


uma região específica, como escolas, maternidades e bairros.

Com base nesses conceitos básicos, o método epidemiológico busca as


características próprias presentes no grupo de indivíduos acometidos por
determinado agravo à saúde que auxiliem na investigação da sua ocorrência e,
assim, contribuam para o planejamento, o monitoramento e a avaliação das
medidas preventivas e de controle.

Perspectivas metodológicas da Epidemiologia


A investigação epidemiológica pode se dar por meio de diferentes perspectivas
metodológicas:

Descritiva

Ocupa-se do estudo da distribuição do agravo na população; observa,


coleta dados e organiza as variáveis relacionadas. Seu objetivo principal é
informar sobre a distribuição e a frequência dos casos na população.

Epidemiologia Descritiva.
Analítica

Ocupa-se da análise das informações obtidas pela Epidemiologia


Descritiva, com o objetivo de formular hipóteses que expliquem a
ocorrência do agravo e de identificar fatores de risco associados a ele.

Epidemiologia Analítica.

Experimental

Chamado também de Intervenção, ocupa-se da investigação de


determinadas ações sobre a ocorrência do agravo, por meio de
experimentos controlados, com o objetivo de determinar métodos
preventivos e de controle, além de fatores prognósticos.
Epidemiologia Experimental.

Teórica

Ocupa-se de simular padrões de ocorrência do agravo por meio de


modelos matemáticos com objetivo de predizer cenários.

Epidemiologia Teórica.
Objetivos da Epidemiologia

Como vimos, a Epidemiologia estuda o processo saúde-doença das populações


para colaborar com o trabalho de definição de estratégias, prevenção e controle.
Os objetivos da Epidemiologia são:

coronavirus Descrever a história natural das doenças.

coronavirus Investigar os padrões de distribuição das doenças no


tempo e no espaço.

coronavirus Determinar os fatores associados à ocorrência de


determinada condição de enfermidade.
coronavirus Estimar a frequência das doenças na população.

coronavirus Identificar os efeitos econômicos e sociais negativos


de determinado agravo à saúde para a população.

coronavirus Contribuir para o bem-estar e a melhoria da qualidade


de vida da população.

coronavirus Oferecer suporte para o planejamento, o


monitoramento e a análise das ações de prevenção e
controle de doenças.
Os estudos epidemiológicos buscam identificar:

Atenção
O quê?

O agravo à saúde que afeta determinada população.

Quem?

Como os casos da doença se apresentam distribuídos na população, segundo


sexo, faixa etária e renda, por exemplo.

Onde?

Como os casos da doença se apresentam distribuídos em determinado espaço


geográfico.

Quando?

Como os casos da doença se apresentam distribuídos ao longo do tempo em


determinado lugar.

Por quê?

Fatores de risco associados à ocorrência da doença.

Quanto?

Os recursos necessários e os custos que envolvem o controle e a prevenção da


doença.

Respondendo a essas questões, é possível descrever as condições de saúde de


uma população e investigar os fatores determinantes da situação de saúde,
produzindo informações suficientes para propor intervenções que busquem
minimizar a ocorrência da doença ou os seus impactos negativos.

Assim, reside a importância da Epidemiologia!

Aplicações da Epidemiologia

Vamos conhecer a seguir as principais aplicações da Epidemiologia.

Diagnóstico da situação de saúde de determinada população expand_more

É necessário estabelecer uma rotina de coleta de dados de determinado


agravo à saúde. Como a Epidemiologia está intrinsecamente relacionada
com outros campos de saber, é também imprescindível a coleta rotineira
de dados demográficos, socioeconômicos, ambientais, culturais, entre
outros. Todos esses dados são trabalhados estatisticamente para
compor indicadores de saúde que fomentarão a construção de
informações úteis para o estabelecimento de ações de prevenção e
controle de determinado agravo à saúde.

Dessa forma, para diagnosticar a situação de saúde de uma população, é


preciso estar atento aos possíveis erros metodológicos desde a fase de
planejamento até a análise dos dados, incluindo a fase de execução da
coleta.

Possíveis erros, na fase de planejamento, estão relacionados com a


definição da amostra, por exemplo, devendo ser capaz de representar
toda a população, para que seja possível considerar que os resultados
encontrados nas amostras possam ser extrapolados para a população.
Durante a execução da coleta de dados, erros comuns estão relacionados
com a coleta de dados incompletos ou de dados que não auxiliam nas
análises. Já durante a fase de análise dos dados são comuns os erros
nos cálculos dos indicadores.

Todos esses erros geram vieses ao estudo e comprometem a validade de


seus resultados, o que pode prejudicar a efetividade de todas as ações de
prevenção e controle neles pautadas.

Investigação dos fatores etiológicos de um agravo à saúde em


determinada população expand_more

É fundamental a determinação dos fatores que causam as doenças, para


que seja possível estabelecer medidas preventivas e de controle. A teoria
da multicausalidade determina que vários fatores combinados entre si
são responsáveis pela ocorrência de determinada doença. Isso ocorre
mesmo no caso de doenças infecciosas.
Pense na dengue, por exemplo, não basta que tenhamos o vírus
circulando no ambiente, é necessária a presença do mosquito vetor
(Aedes aegypti) em uma densidade suficiente para transmitir o vírus. Essa
densidade de mosquitos está relacionada com fatores ambientais
(coleção de águas na qual o vetor possa desenvolver seu ciclo de vida),
socioeconômicos (necessidade de estocar água para as necessidades
individuais e domésticas em locais com abastecimento de água
precário), culturais (despejo de lixo em vias públicas e terrenos baldios)
etc.

Determinação do risco de ocorrência de um agravo à saúde em


determinada população expand_more

O conceito de risco foi definido pela Organização Pan-Americana de


Saúde (OPAS) em associação com a Organização Mundial de Saúde
(OMS) no ano de 1988 como “a probabilidade de ocorrência de um
resultado desfavorável, um dano ou um fenômeno indesejado. Deste
modo, estima-se o risco ou a probabilidade de que uma doença exista por
meio dos coeficientes de incidência e prevalência”.

Tomando a teoria da causalidade explicada anteriormente, os estudos


epidemiológicos precisam ser capazes de não somente identificar os
fatores de risco associados, mas também de estabelecer relação entre
eles.
Determinação de prognósticos acerca da situação de saúde expand_more

Com base nas informações sobre a situação da saúde de determinada


população, sobre os fatores etiológicos de um agravo à saúde e sobre os
fatores de risco associados, torna-se possível estabelecer previsões
acerca da capacidade de recuperação da saúde dos indivíduos
acometidos.

Planejamento das políticas públicas e organização dos serviços de


saúde expand_more

Os indicadores epidemiológicos são úteis para o planejamento das


políticas públicas de saúde que envolvem determinado agravo, tanto para
minimizar ou erradicar o agravo quanto para diminuir seus efeitos
negativos sobre a qualidade de vida da população. Além disso, os
serviços de saúde são organizados com base nesses indicadores,
também usados para identificar áreas e ações prioritárias a fim de
atender às demandas de saúde da população.

Saiba mais
Segundo o epidemiologista escocês Jeremiah Noah Morris (1975), a
Epidemiologia apresenta diferentes usos: a realização de estudos históricos da
doença, o diagnóstico de saúde da comunidade, a avaliação do funcionamento
dos serviços de saúde, o estabelecimento de riscos e probabilidades individuais
de sofrer agravos à saúde, a identificação de síndromes, a complementação do
quadro clínico e a busca das causas da doença. Até hoje, os usos da
Epidemiologia propostos por Morris são utilizados didática e operacionalmente
pelos epidemiologistas.

playlist_play Vem que eu te explico!


Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você
acabou de estudar.

Módulo 1 - Vem que eu te explico!

Conceitos básicos em epidemiologia

Módulo 1 - Vem que eu te explico!

Investigação epidemiológica

Módulo 1 - Vem que eu te explico!


Objetivos da epidemiologia

Todos

keyboard_arrow_left Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3


keyboard_arrow_right
Módulo 1 - Video

Os trabalhos de John Snow sobre a cólera

Módulo 2 - Video

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1
Vimos que a Epidemiologia busca estudar o processo saúde-doença das
populações para colaborar no trabalho de definição de estratégias de prevenção
e controle. Diante disso, analise as afirmativas sobre a Epidemiologia:

I - Ela investiga os padrões de distribuição dos agravos à saúde no tempo e no


espaço.

II - Ela reúne conhecimentos e métodos da Estatística e das Ciências Biológicas e


Sociais.

III - Sua área de atuação inclui apenas a pesquisa na situação de saúde das
populações.

Considera-se correto o que está descrito em:

A I, apenas.

B II, apenas.

C III, apenas.

D I e II, apenas.

E II e III, apenas.
éns! A alternativa D está correta.

emiologia é a ciência que se ocupa da coleta, organização e interpretação de dados relacionados à ocorrência de determinado agravo à
para propor, monitorar e avaliar medidas de controle. Sua área de atuação inclui o ensino e a pesquisa em saúde, a avaliação de políticas e
s de saúde, a vigilância epidemiológica e o diagnóstico da situação de saúde das populações. A Epidemiologia reúne os conhecimentos e
Questão 2
os de outros campos de conhecimento, principalmente da Estatística e das Ciências Biológicas e Sociais.

Para o estudo epidemiológico, são muito importantes a definição e a


identificação dos casos do agravo em saúde a ser analisado. Depois dessa etapa,
torna-se possível investigar fatores relacionados à ocorrência da doença para
propor medidas e ações preventivas e de controle. Nesse contexto, analise as
assertivas a seguir.

I - Caso: corresponde a todo indivíduo acometido pelo agravo à saúde.

II - Caso índice: primeiro caso do agravo à saúde ocorrido em determinada


localidade.

III - Caso primário: primeiro caso do agravo à saúde registrado em determinada


localidade.

Considera-se correto o que está descrito em:

A I, apenas.
B II, apenas.

C III, apenas.

D I e II, apenas.

E II e III, apenas.

éns! A alternativa A está correta.

primário corresponde ao primeiro caso de agravo à saúde ocorrido em determinada localidade, não significa que esse caso tenha sido o
o a ser registrado. Ele pode ter sido identificado por meio de investigações realizadas após o primeiro caso registrado da doença, que é
o como caso índice.

starstarstarstarstar
2 - Coeficientes e índices em Epidemiologia
Ao final desse módulo você será capaz de relacionar a construção e a análise de coeficientes e
índices com sua aplicação nas políticas públicas de saúde.

Estatística aplicada à Epidemiologia


Como vimos, a Epidemiologia busca compreender os eventos relacionados ao
processo saúde-doença, a fim de apontar ações de intervenção. Para isso, a
ciência epidemiológica usa os saberes da ciência estatística.

Podemos dizer que a estatística é o campo do saber que


apresenta as ferramentas básicas para o entendimento de
situações de saúde que exigem tomada de decisão.

Em Epidemiologia, a estatística é a
chave para o levantamento, a
descrição e a representação de dados
(estatística descritiva ou dedutiva)
para posterior geração de informações
úteis à definição de práticas a partir da
análise, interpretação e extrapolação
dos resultados (estatística inferencial
ou indutiva).

Vamos conhecer a seguir a importância dos dados para a construção de


coeficientes e índices que contribuem para as ações em saúde!

Séries estatísticas: dados absolutos e relativos


Os dados são ferramentas fundamentais em um estudo epidemiológico, pois as
informações resultam da coleta, da organização e da análise. É com base nos
dados que se constrói uma série estatística para interpretar o evento que se
deseja investigar.

Mas o que é uma série estatística?

Uma série estatística nada mais é do que uma tabela que apresenta a
distribuição de um conjunto de dados em função de diferentes fatores, como:
local, tempo, sexo etc. Existem vários tipos de séries estatísticas, dependendo
de como os dados são apresentados nas tabelas. Vejamos a seguir.

Série estatística temporal, cronológica, evolutiva ou histórica

Os dados são apresentados de acordo com a época de ocorrência. Exemplo:


casos de AIDS identificados no Brasil, segundo o ano de diagnóstico (período:
2000-2010).
Frequência (nº de
Ano de diagnóstico
casos)

2000 36.483

2001 34.942

2002 39.398

2003 38.185

2004 38.355

2005 38.230

2006 37.643

2007 38.712

2008 41.225

2009 41.192

2010 40.775
Tabela: Casos de AIDS identificados no Brasil.

Adaptado de Ministério da
Saúde/Datasus, 2021.

Série geográfica, espacial, territorial ou de localização

Os dados são apresentados segundo o local de ocorrência. Exemplo: casos de


tuberculose identificados na região Sudeste em 2018, segundo UF de
notificação.

Frequência (nº de
UF de notificação
casos)

Espírito Santo 1.484

Minas Gerais 4.218

Rio de Janeiro 14.814

São Paulo 22.257

Tabela: Casos de tuberculose identificados na região Sudeste.

Adaptado de: Ministério da Saúde/Datasus, 2021.

Série específica ou categórica


Os dados são apresentados segundo o evento ou a espécie, com tempo e local
fixos. Exemplo: cobertura vacinal no Brasil em 2019, segundo o tipo de vacina.

Cobertura vacinal
Tipo de vacina
(%)

BCG 86,67

Hepatite B em
crianças até 30 78,57
dias

Rotavírus humano 85,40

Meningococo C 87,41

Hepatite B 70,77

Penta 70,76

Tabela: Cobertura vacinal no Brasil.

Adaptado de Ministério da
Saúde/Datasus,
2021.

Séries conjugadas
Os dados são apresentados segundo duas ou mais séries concomitantemente.
Exemplo: casos de acidentes com animais peçonhentos no Brasil, na região
Norte, no período de 2015 a 2020.

UF de notificação 2015

Acre 1.071

Pará 7.727

Rondônia 1.033

Roraima 520

Tocantins 2.593

Tabela: Casos de acidentes com animais peçonhentos no


Brasil.

Adaptado de
Ministério da Saúde/Datasus, 2021.

Os dados para a análise epidemiológica podem ser naturais ou experimentais.


Veja as diferenças:
Dados naturais Dados experimentais

São aqueles que existem São aqueles produzidos em


sem a intervenção do condições controladas,
pesquisador, como o peso como a eficácia de um
de um indivíduo ou a medicamento ou a
incidência de uma doença. close efetividade de um
tratamento clínico. Os
dados podem ser expressos
com base em números
(quantidade) ou categorias
(qualidade).

Atenção
No momento da coleta de dados, é necessário utilizar um instrumento calibrado
e/ou um método validado, para evitar a ocorrência de erros que possam
comprometer os resultados do estudo epidemiológico. Desse modo, a coleta de
dados deve ser cuidadosa e baseada no tipo de variável de interesse ao estudo.
Variável pode ser compreendida como uma característica quantitativa ou
qualitativa que varia entre os indivíduos, enquanto o dado é a expressão
numérica ou categórica dessa variação. Por exemplo, o peso do indivíduo ao
nascer é uma variável cujos dados são coletados em quilogramas.

Os dados podem ser coletados continuamente (nascimentos e óbitos, por


exemplo), periodicamente (censo populacional, por exemplo) ou ocasionalmente
(para fins específicos de pesquisa de determinada situação de saúde).

Em Epidemiologia, costumamos utilizar:

people_alt monetization_on local_drink


Dados Socioeconômicos Ambientais
populacionais Renda, escolaridade e Uso do solo e

Número de habitantes, ocupação. saneamento básico.

idade e sexo.

fitness_center coronavirus baby_changing_station


Oferta de Morbidade Eventos vitais
serviços de Doenças. Nascimentos e óbitos.
saúde
Unidades de saúde
presentes na região.

Agora que você conhece um pouco mais sobre os dados epidemiológicos,


retorne às séries estatísticas apresentadas nos exemplos anteriores e perceba
que as séries sobre AIDS, tuberculose e acidentes com animais peçonhentos
apresentam o número de casos, ou seja, a frequência desses eventos. Já a série
sobre cobertura vacinal apresenta um percentual de indivíduos vacinados, ou
seja, o número de vacinados em relação ao total de indivíduos.

Os dados podem ser expressos de maneira absoluta ou relativa. Os dados


absolutos referem-se à contagem dos dados brutos, enquanto os dados
relativos, à relação entre dados absolutos.

Exemplo
O número de casos de determinada doença em dado local é expresso em
número absoluto. Se relacionarmos matematicamente esse número de casos ao
número total de habitantes do local, teremos um dado relativo.

A seguir, vamos entender melhor com um caso prático.

Segundo o Datasus, em 2010, foram


registrados 40.202 casos de
hanseníase no Brasil. Segundo o IBGE,
o número de habitantes no país nesse
ano era de 190.755.799. Temos,
portanto, dois dados absolutos do
país: o número de casos da doença e
o número de habitantes. Ao
relacionarmos esses dois dados,
podemos dizer que, no ano de 2010,
ocorreram no Brasil 2,1 casos a cada
10 mil habitantes. Temos, portanto,
um dado relativo.

O Brasil hoje conta com cinco grandes bancos de dados coletados de forma
contínua, organizados e disponibilizados pelo Departamento de Informática do
Sistema Único de Saúde (Datasus), tais quais:

1. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM);

2. Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC);

3. Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação (SINAN);

4. Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde


(SIA/SUS);

5. Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde


(SIH/SUS).

Esses bancos de dados têm como vantagem ofertar séries estatísticas de


interesse em saúde coletiva sobre as quais as ações de prevenção e controle
podem ser planejadas. No entanto, devemos ter em mente que esses dados
correspondem apenas ao que foi possível ser coletado, ou seja, aos eventos
contabilizados.

Para que você entenda melhor, imagine o exemplo:

Uma gestante residente em uma


localidade afastada do centro urbano
e sem acesso aos serviços de saúde
teve seu parto realizado em casa e
seu bebê veio a óbito logo após o
nascimento. Esse óbito não será
registrado, portanto, não fará parte do
banco de dados nacional sobre
mortalidade.

Temos sempre que pensar que existe uma provável subnotificação de dados
nesses sistemas.

Importância da análise estatística para a


video_library epidemiologia
Assista ao vídeo a seguir, em que o especialista explica como os conhecimentos
estatísticos contribuem para a ciência epidemiológica, dando respaldo às
políticas públicas de saúde.

Coeficientes e índices
Depois de coletados, os dados devem ser utilizados para a construção de
indicadores epidemiológicos, também conhecidos como indicadores de saúde.
Para isso, os coeficientes e os índices são utilizados para cálculo.

Coeficientes ou taxas Índices ou proporções

Têm por objetivo mensurar Não mensuram a


uma probabilidade, ou seja, probabilidade de um evento
o risco de um indivíduo ser close ocorrer, apenas indicam a
acometido pelo evento importância de um evento
estudado. em relação ao todo.
Agora, vamos conhecer cada um separadamente.

Índices

Já vimos que os índices refletem a importância de um evento em relação ao


todo. Mas o que isso significa?

Se quisermos saber quantas pessoas vivem em determinado local, precisamos


construir um índice demográfico que expresse o número de pessoas que vive na
região de interesse em relação ao tamanho da área geográfica, também
conhecido como densidade populacional. Vejamos:

$$
\text { Densidade populacional }=\frac{\text { número de habitantes
}}{\text { área geográfica }}
$$

Exemplo
Sabendo-se que, segundo o IBGE, a população do Acre, em 2021, é de 906.876
habitantes e que a área total do estado é de 152.581km², o índice demográfico
que expressa a densidade populacional seria calculado da seguinte maneira:

$$
\text { Densidade populacional (Acre) }=\frac{906786}{152581}=5,94 \text {
habitantes } / \mathrm{Km}^{2}
$$

Os índices também podem ser expressos proporcionalmente, ou seja, de acordo


com uma característica específica. Seguindo o mesmo exemplo da densidade
populacional, caso precisássemos do número de habitantes mulheres em
relação à localidade, calcularíamos a densidade populacional do seguinte modo:

$$
\text { Densidade populacional proporcional }=\frac{\text { número de
habitantes do sexo feminino }}{\text { área geográfica }}
$$

Seguindo o exemplo do Acre, que tem 451.579 mulheres, teríamos:

$$
\text { Densidade populacional proporcional }(\text { Acre })=\frac{451579}
{152581}=2,95 \text { habitantes } / \mathrm{km}^{2} $$

Segundo o IBGE, a população do Acre, em 2021


O site do IBGE atualiza seus dados a cada 40 minutos aproximadamente. Isso significa que os números estarão discrepantes quando forem
checados. Dia 6 de outubro, às 16h51, o estado do Acre tinha 910.183 habitantes.

Fonte: IBGE, 2021.


Um outro exemplo: para calcularmos o índice de médicos por habitantes,
precisamos ter conhecimento do número de médicos existentes em
determinada localidade e do seu número de habitantes.

Atenção
Os índices oferecem uma visão de alguma situação em relação ao todo.

Coeficientes

Os coeficientes indicam uma probabilidade, portanto, correspondem à


frequência de um evento em determinado período na população total ou em
parte específica dela no período estudado (mulheres, homens ou crianças, por
exemplo).

Como as populações de determinada localidade são dinâmicas (aumentam ou


diminuem com o tempo) e influenciadas por migrações, nascimentos e óbitos, é
necessário ter uma estratégia para poder comparar a frequência do evento ao
longo do tempo. Além disso, essa estratégia permite comparar a frequência do
evento em localidades distintas, que apresentam, portanto, número de
habitantes diferentes entre si.

Atenção
A estratégia utilizada para isso é a expressão do tamanho da população em
potência de 10, que é chamada de base do coeficiente. Portanto, podemos
expressar o evento para cada mil habitantes ou dez mil habitantes ou cem mil
habitantes, por exemplo.

Um bom coeficiente deve incluir, no numerador, o número de indivíduos afetados


pelo evento e, no denominador, o número de habitantes, obtendo-se um
resultado expresso em potência de 10.

$$
\text { Coeficiente ou Taxa }=\frac{\text { número de individuos
afetados pelo evento }}{\text { número de habitantes }} \cdot 10^{x}
$$

Exemplo
Segundo o Datasus, no ano de 2018, foram notificados 35.403 óbitos
provocados por violência interpessoal e autoprovocada no estado do Rio de
Janeiro. Sabendo-se que a população estimada, segundo o IBGE, para o estado
do Rio de Janeiro nesse ano, era de 17,2 milhões de habitantes, o coeficiente de
óbitos por violência em 2018 pode ser calculado do seguinte modo:

$$
\text { Mortalidade por violência }(R J)=\frac{35403}{17200000} \cdot 10^{3}
$$
Mortalidade por violência (RJ) = 2 mortes por violência/1000 habitantes

Esse coeficiente é classificado como um coeficiente geral, no qual existe a


especificação apenas de tempo e de espaço, o que permite uma visão global do
fato analisado, ou seja, da violência no estado em 2018. Se o nosso interesse
fosse investigar as mortes por violência ocorridas contra mulheres e homens
nesse local no ano de 2018, precisaríamos calcular um coeficiente específico.
Nesse caso, a especificação feita no numerador (casos de óbito por violência em
mulheres ou homens no ano determinado) também deveria estar no
denominador (número de habitantes do sexo feminino ou masculino do estado
no ano determinado).

Por exemplo, considerando que, no estado do Rio de Janeiro, temos 25.201


óbitos de mulheres provocados por violência em um total de 9.356.800
mulheres, temos:

$$
\text { Mortalidade por violência }-\text { Mulheres }(R J)=\frac{25201}
{9356800} \cdot 10^{3} $$

Mortalidade por violência - Mulheres (RJ) = 2,7 mortes por violência/1000


habitantes

Agora, considerando que, no estado do Rio de Janeiro, temos 10.178 óbitos de


homens provocados por violência em um total de 7.843.200 homens, temos:
$$
\text { Mortalidade por violência }-\text { Homens }(R J)=\frac{10178}
{7843200} \cdot 10^{3}
$$

Mortalidade por violência - Homens (RJ) = 1,3 mortes por violência/1000


habitantes

2 mortes por violência/1000 habitantes


É importante mencionar que 10³ na fórmula indica que são 1000 habitantes, por isso que o resultado foi dado a cada 1000 habitantes.

playlist_play Vem que eu te explico!


Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você
acabou de estudar.

Módulo 2 - Vem que eu te explico!

Série estatística: dados absolutos e relativos

Módulo 2 - Vem que eu te explico!

Coeficientes e índices
Todos

keyboard_arrow_left Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3


keyboard_arrow_right
Módulo 1 - Video

Os trabalhos de John Snow sobre a cólera

Módulo 2 - Video

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Uma série estatística corresponde a uma tabela que apresenta a distribuição de


um conjunto de dados em função de diferentes fatores, tornando possível
construir coeficientes e índices que darão subsídios para interpretar o evento que
se deseja investigar. Assim, observe a série estatística mostrada a seguir.

Tipo de parto 2019

Vaginal 1.243.104

Cesário 1.604.189

Ignorado 1.853

Tabela: Nascidos vivos segundo tipo de parto, no


Brasil, em 2019.

Extraída
de
MS/SVS/Dasis/Sinasc, Datasus, 2021.

Com base nos tipos de séries estatísticas existentes, a apresentada


anteriormente pode ser classificada como uma:

A Série estatística temporal

B Série estatística geográfica

C Série estatística específica


D Série estatística conjugada

E Série estatística histórica

éns! A alternativa C está correta.

es estatísticas do tipo específicas, também chamadas de categóricas, apresentam os dados segundo o evento ou a espécie que se deseja
Questão 2
gar (no caso, nascidos vivos segundo o tipo de parto) com tempo (no caso, o ano de 2019) e local fixos (no caso, o Brasil).

Os dados permitem o cálculo de índices e coeficientes úteis para a construção de


indicadores a serem analisados a fim de interpretar determinada situação de
saúde e propor medidas preventivas e de controle. Sobre os índices e as taxas,
avalie as assertivas a seguir.

I - Índices: indicam a importância do evento em relação ao todo.

II - Coeficientes: mensuram a probabilidade de um evento ocorrer.

III - Apenas os índices podem ser calculados de maneira proporcional, os


coeficientes são sempre gerais.

Considera-se correto o que está descrito em:

A
A I, apenas.

B II, apenas.

C III, apenas.

D I e II, apenas.

E II e III, apenas.

éns! A alternativa D está correta.

os índices quanto os coeficientes podem ser calculados de modo geral ou específico. Quando os índices são calculados especificamente,
amados proporcionais; e quando os coeficientes são calculados especificamente, são chamados específicos.

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3 - Indicadores epidemiológicos
Ao final desse módulo você será capaz de listar os indicadores epidemiológicos mais utilizados e suas
contribuições para a análise da situação de saúde.

Introdução aos indicadores


epidemiológicos
Os indicadores epidemiológicos ou indicadores de saúde são medidas síntese
que revelam um determinado aspecto epidemiológico da situação de saúde de
uma população. Esses indicadores são construídos com base em observações,
principalmente, quantitativas.

Os indicadores epidemiológicos contribuem para:

check_circle check_circle check_circle


Compreender a Identificar a Estabelecer
dinâmica da presença do comparações
doença. agente. com outras
populações.

check_circle check_circle check_circle


Avaliar Direcionar Estimar o
mudanças ao medidas impacto
longo do preventivas e socioeconômico.
tempo. de controle.
Atenção
Para isso, um bom indicador deve apresentar:
Integridade (ser construído a partir de dados completos).
Consistência interna (possuir valores coerentes).
Mensurabilidade (estar disponível ou ser fácil de se conseguir).
Validade (ser adequado para medir ou representar o evento estudado).
Confiabilidade (refletir a característica e apresentar resultados
semelhantes quando aplicados).
Representatividade (ser capaz de refletir o que ocorre na população).
Relevância e boa relação custo-efetividade (ser simples, flexível, de fácil
obtenção e de baixo custo operacional).
Respeito aos critérios éticos quanto à coleta de dados.

Os indicadores precisam ser organizados e haver constante atualização. Podem


ser classificados como negativos (taxa de mortalidade, por exemplo) ou
positivos (expectativa de vida, por exemplo). Os mais utilizados na área da saúde
são as Estatísticas Vitais, os Indicadores de Saúde e o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH).

Vamos agora estudar cada um deles!

Estatísticas Vitais
No Brasil, existem dois grandes sistemas de indicadores sobre Estatísticas
Vitais, tais quais: IBGE e Ministério da Saúde. Vamos entender melhor a seguir.
Logo do IBGE.

Os indicadores do IBGE estão relacionados às estatísticas do registro civil, que


contemplam informações sobre número de nascidos vivos, casamentos, óbitos e
óbitos fetais. Os dados para construção desses indicadores são coletados e
repassados ao IBGE pelos Cartórios de Registro Civil de Pessoas Naturais. Com
base nesses indicadores, é possível acompanhar a evolução da população
brasileira.

Saiba mais
Outros indicadores construídos pelo IBGE são os que utilizam dados censitários.
O censo demográfico corresponde à contagem de toda a população brasileira e
à identificação de suas características. Ele ocorre a cada dez anos,
aproximadamente, e reúne informações sobre domicílios (iluminação,
abastecimento de água, coleta de lixo, coleta e tratamento de esgoto,
saneamento básico, existência de computador com acesso à internet etc.) e
moradores (escolaridade, trabalho, renda, idade, cor/raça, deficiência etc.).
Todos os indicadores construídos com base nos dados coletados pelo censo
demográfico e pelos Cartórios de Registro Civil são imprescindíveis para estudos
demográficos e para relacionar a situação socioeconômica de determinada
população com a ocorrência de agravos à saúde.

Atenção

Os indicadores socioeconômicos podem ser considerados como indicadores de


saúde indiretos, pois são imprescindíveis para refletir sobre os fatores de risco a
determinado agravo à saúde.

Logo do Ministério da Saúde.

Os indicadores do Ministério da Saúde contam com registros administrativos do


Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) e do Sistema de
Informação sobre Mortalidade (SIM), produzindo indicadores de nascimentos
(geral e proporcionais) e mortalidade (geral e proporcionais).

Atenção
Os indicadores que veremos são multiplicados por uma potência de 10, em geral
1.000, para que tenhamos os resultados referente a 1.000 habitantes.

Abaixo, apresentamos os principais coeficientes de mortalidade:

Coeficiente Geral de Mortalidade (CGM)

Representa o risco de óbito na comunidade. É expresso por uma razão, na


qual o número de óbitos ocorridos em determinado local é expresso no
numerador e o número de habitantes desse local é expresso no
denominador.

$$
C G M=\frac{\text { número de óbitos }}{\text { número de habitantes }}
\cdot 1000
$$

Os indicadores de mortalidade permitem observar e comparar as


condições de vida e saúde das populações, ajudam a definir prioridades
de estudos epidemiológicos e a avaliar a efetividade das políticas de
saúde. Para minimizar os efeitos de outras variáveis sobre os óbitos em
geral, como os efeitos do sexo e da idade, podem ser construídos
indicadores de mortalidade específicos, vide o Coeficiente de Mortalidade
Específico por Gênero e o Coeficiente de Mortalidade Específico por
Idadeprot.
Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI)

Outro indicador proporcional de mortalidade que representa o risco de


óbito para crianças menores de um ano de idade. Esse indicador ajuda a
refletir sobre as condições de vida e saúde de determinado local. Assim
como o CGM, também é expresso por uma razão, porém, o número de
óbitos em menores de um ano de idade em determinado local é expresso
no numerador e o número de nascidos vivos nesse local é expresso no
denominador.

$$
C M I=\frac{\text { número de óbitos em menores de } 1 \text { ano }}
{\text { número de nascidos vivos }} .1000
$$

O CMI sofre as seguintes subdivisões:


Subdivisões do Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI).

Essas subdivisões são importantes, pois permitem perceber a diferença


entre os óbitos relacionados a problemas da gestação e do parto, que,
geralmente, ocorrem na primeira semana de vida, e os óbitos relacionados
ao ambiente, condições de vida e acesso aos serviços de saúde, que,
geralmente, ocorrem após uma semana do nascimento.

Vejamos outros indicadores de mortalidade:

Coeficiente de Mortalidade Perinatal (CMP) expand_more


Fornece informações sobre óbitos fetais ocorridos a partir da 22ª
semana de gestação até os óbitos que ocorrem na primeira semana de
vida.

Coeficiente de Mortalidade Materna (CMM) expand_more

Indicador negativo que informa sobre o risco de óbito relacionado à


gestação, ao parto ou ao puerpério. Contribui para o conhecimento sobre
as medidas pré e perinatais de assistência à gestante. É obtido por uma
razão, na qual o número de óbitos relacionados a causas ligadas à
gestação, parto e puerpério (até 42 dias após o parto) ocorridos em
determinado local é expresso no numerador e o número de nascidos
vivos desse local é expresso no denominador.

Razão de Mortalidade Proporcional (RMP) ou Indicador de


Swaroop-Uemura expand_more

Expressa o número de óbitos em pessoas maiores de 50 anos em relação


ao número de habitantes. Quanto menor o valor do RMP, piores devem
ser as condições de vida e acesso aos serviços de saúde. Isso significa
que as pessoas estão morrendo antes dos 50 anos. Esse indicador
permite a classificação das localidades em quatro níveis de
desenvolvimento:

- Nível 1 (RMP ≥75%): locais desenvolvidos, nos quais a maior parte da


população tem óbito a partir dos 50 anos de vida.

- Nível 2 (RMP entre 50% e 74%): locais com certo grau de


desenvolvimento econômico e regular na organização dos serviços de
saúde.

- Nível 3 (RMP entre 25% e 49%): locais em estágio atrasado de


desenvolvimento econômico e sanitário.

- Nível 4 (RMP < 25%): locais com características de subdesenvolvimento,


pois mais de 75% dos habitantes morrem antes dos 50 anos.

Coeficiente de Mortalidade por Doenças Transmissíveis (CMDT) expand_more

Informa sobre o risco de óbito relacionado a doenças infecciosas e


parasitárias (DIP). É obtido por uma razão, na qual o número de óbitos
relacionados a enfermidades infecciosas e parasitárias ocorridos em
determinado local é expresso no numerador e o número de habitantes
desse local é expresso no denominador.
$$
\text { CMDT }=\frac{\text { número de óbitos por DIP }}{\text { número
de habitantes }} \cdot 10^{x}
$$

Outros indicadores proporcionais de mortalidade podem ser construídos


considerando, no numerador, o número de óbitos por determinada causa, como o
câncer de mama ou as doenças cardiovasculares.

Um indicador interessante para avaliar a mortalidade em uma população é a


Curva de Mortalidade Proporcional ou Curva de Nelson Moraes. Para construir
esse indicador, é necessário calcular os percentuais de óbito ocorridos em cada
faixa etária (menor de 1 ano, de 1 a 4 anos, de 5 a 19 anos, de 20 a 49 anos e de
50 anos e mais) e construir um gráfico com esses valores. A informação visual
do gráfico permite uma percepção sobre os serviços de saúde e as condições de
vida de determinada população, como mostra a imagem a seguir.

Curvas de mortalidade proporcional por idades em diferentes situações de saúde.


Ao contrário desses indicadores de mortalidade classificados como negativos,
há indicadores positivos: o Coeficiente de Natalidade (CN) e o Coeficiente de
Fecundidade (CF), expressos segundo as equações a seguir.

$$ CN=\frac{\text { número de nascidos vivos }}{\text { número de


habitantes }} \cdot 10^{x} $$

$$
C F=\frac{\text { número de nascidos vivos }}{\text { número de
mulheres }(15-49 \text { anos })} \cdot 10^{x}
$$

Também podem ser construídos indicadores proporcionais de natalidade, como:

pregnant_woman Coeficiente de Nascidos Vivos com Baixo Peso


ao Nascer

Nascidos vivos com peso ao nascer inferior a 2,5kg em


relação ao total de nascidos vivos em determinado

í d l l
período e local.

pregnant_woman Coeficiente de Nascidos Vivos com Mães


Adolescentes

Nascidos vivos de mães com idade inferior a 19 anos


de idade em relação ao total de nascidos vivos em
determinado período e local.

pregnant_woman Coeficiente de Nascidos Vivos por Cesárea

Nascidos vivos por cesárea em relação ao total de


nascidos vivos em determinado período e local.

pregnant_woman Coeficiente de Nascidos Vivos Prematuros

N id i t t i li f i 37
Nascidos vivos com tempo gestacional inferior a 37
semanas ao total de nascidos vivos em determinado
período e local.

Indicadores de saúde

Os indicadores de saúde estão relacionados com a esperança de vida ao nascer,


com a ocorrência de agravos à saúde, com os anos de vida perdidos em função
desses agravos e com os ganhos em função de estratégias preventivas.

O indicador Esperança de Vida ao Nascer (Expectativa de Vida) corresponde ao


número médio de anos de vida esperados para um indivíduo recém-nascido em
determinada localidade e período. Ele expressa a longevidade da população e
indica as condições de vida, dados úteis para avaliar a situação de saúde e para
o planejamento, a gestão e a avaliação das políticas de saúde. Esse indicador é
construído com o número de nascidos vivos de uma geração e do tempo
cumulativo vivido por ela.

Saiba mais

No Brasil, por exemplo, em 2020, o IBGE estimou a esperança de vida ao nascer


em 74,8 anos. Apesar de ser inferior à estimada de 2019, a esperança de vida ao
nascer do brasileiro vem crescendo desde 1940, quando era de 45,5 anos. A
queda de 76,7 anos estimados em 2019 para os 74,8 anos estimados em 2020,
provavelmente, está relacionada à pandemia da covid-19.

Indicadores de morbidade

Os indicadores de morbidade são construídos com o objetivo de mensurar a


ocorrência de doenças na população. São eles: incidência, prevalência,
letalidade, anos potenciais de vida perdidos, morbimortalidade.

Vamos conhecê-los a seguir.

Coeficiente de Incidência

Corresponde ao número de casos novos de determinada doença em dado


período em determinada população. A incidência reflete o risco de ocorrência de
uma doença na população.

$$
\text { Incidência }=\frac{\text { número de casos novos }}{\text {
número de habitantes }} \cdot 10^{x}
$$

Exemplo

Segundo o Ministério da Saúde, o número de casos de dengue registrados no


Brasil em 2019 foi de 1.544.987, quando a população estimada para o país era
de 210.147.125 habitantes. Dessa forma, a incidência de dengue no Brasil no
ano de 2019 foi de:

$$
\text { Incidência }=\frac{1.544 .987}{210.147 .125} \cdot 1000=7,352 \text {
casos } / 1.000 \text { habitantes }
$$

Como a incidência está relacionada com novos casos de um agravo à saúde, ela
considera o período em que os indivíduos estão sob o risco de adoecer.
Portanto, o modo mais indicado para calcular esse coeficiente é pelo cálculo da
densidade de incidência, que considera o tempo que cada indivíduo esteve sob o
risco de desenvolver o agravo até o momento no qual adoeceu e passou a contar
como um novo caso.

O nome desse componente é pessoa-tempo (mesmo em estudos


epidemiológicos voltados para animais não humanos) e corresponde à soma
dos períodos nos quais os indivíduos estão livres do agravo à saúde, porém sob
risco de desenvolvê-lo.

$$
\text { Densidade de Incidência }=\frac{\text { número de casos novos }}{\text
{ pessoa }-\text { tempo }} .10^{x}
$$

Vejamos um exemplo:

Suponha um estudo epidemiológico hipotético, com duração de cinco anos, no


qual dez indivíduos foram acompanhados para avaliar a incidência de
determinada doença, conforme a imagem a seguir.

Estudo epidemiológico hipotético.


No exemplo, D corresponde ao momento de ocorrência da doença e P
corresponde ao momento no qual os indivíduos deixaram de ser acompanhados,
ou seja, foram perdidos por causa não relacionada à doença.

Assim, qual a densidade de incidência da doença no período estudado?

Inicialmente, precisamos saber o número de novos casos da doença para


compor o numerador do nosso cálculo. Esse número é facilmente identificado,
pois, pela observação da imagem, percebemos que ocorreram quatro casos da
doença durante os cinco anos de acompanhamento dos dez indivíduos.

Agora, é preciso saber o número pessoa-tempo para incluir no denominador e,


assim, calcularmos a densidade de incidência para o período proposto. A fim de
calcular pessoa-tempo, precisamos somar o tempo que cada indivíduo
contribuiu para o estudo. Dessa forma, temos:

1: 3,5 anos e depois deixou de ser acompanhado.


2: 5 anos.
3: 4,5 e depois deixou de ser acompanhado.
4: 3,5 anos até adoecer.
5: 4 anos.
6: 1,5 anos até adoecer.
7: 3 anos.
8: 2,5 anos até adoecer.
9: 0,5 ano até adoecer.
10: 3 anos.
Realizando o somatório do tempo que cada indivíduo contribuiu para o estudo
(3,5 + 5,0 + 4,5 + 3,5 + 4,0 + 1,5 + 3,0 + 2,5 + 0,5 + 3,0), temos que a pessoa-
tempo total é de 31.

Densidade de Incidência $$$ =\frac{4}{31} .100= $$$ 12,9 casos por


100 pessoas_ano de seguimento

Coeficiente de Prevalência

Corresponde ao número total de casos da doença em uma população em dado


período, refletindo o total de doentes no momento estudado.

$$
\text { Prevalência }=\frac{\text { número de casos (novos e
antigos) }}{\text { número de habitantes }} .10^{x}
$$
O Coeficiente de Prevalência é influenciado pelo tempo de duração da doença,
ou seja, quanto mais longa a doença, maior será a prevalência. Isso também está
muito relacionado ao acesso aos serviços de saúde e à qualidade dos serviços
prestados e das políticas públicas de prevenção e controle.

Nessas situações, se os casos novos não são resolvidos e continuam por todo o
tempo do estudo, eles tornam-se casos prevalentes. Então, temos que:

$$
Prevalência=Incidência.tempo
$$

Mas essa aproximação entre prevalência e incidência só é válida se o período de


estudo for curto. Nesse sentido, imagine que a incidência para uma doença
qualquer seja 0,6 casos novos em um ano, o risco de ocorrer um novo caso em
uma semana seria:
$$
\text { Prevalência }=\frac{0,6 \text { novos casos }}{365 \text { dias
}} .7 \text { dias }=0,0016.7=0,0115
$$

Além disso, a prevalência é influenciada pelos óbitos, pelas curas e pela


migração que ocorre na população. Assim, a prevalência não reflete o risco de
adoecer, mas pode ser utilizada para o planejamento e o direcionamento de
estratégias e políticas de saúde.

Existem três tipos de medidas de prevalência:

Prevalência Prevalência de Prevalência na


pontual ou período vida
instantânea Casos existentes em Indivíduos que

Casos existentes em determinado período apresentaram pelo

determinado período longo, como em um ano, menos um episódio da

curto, como um dia do por exemplo. doença ao longo da

ano, por exemplo. vida.

Exemplo
Um posto de saúde está realizando triagem laboratorial para dosagem de glicose
em 180 indivíduos idosos a fim de identificar casos de diabetes mellitus. Desses
indivíduos, 20 foram diagnosticados com a doença. Com a fórmula, calculamos:

$$
\text { Prevalência }=\frac{20}{180} \cdot 100=11,1 \%
$$

Assim, a prevalência de diabetes nesse grupo de idosos é de 11,1%. Note que


falamos de prevalência e não de incidência, pois não sabemos quando esses
indivíduos iniciaram o quadro de diabetes e nem se esses casos diagnosticados
na triagem são novos ou antigos.

Agora, suponha que, em determinada cidade, em 31/12/2007, havia 470 casos


de uma doença específica. Nessa localidade, durante o ano de 2008, foram
diagnosticados 60 novos casos dessa doença entre seus habitantes. Ainda em
2008, oito indivíduos, já com a doença, mudaram-se para a cidade e 55
faleceram pela doença. O número de habitantes estimado da cidade era de
300.000 habitantes.

A partir desses dados, para calcular a incidência da doença em 2008, devemos


apenas considerar os casos ocorridos no ano de referência e não os casos já
existentes no ano anterior:

$$
\text { Incidência }=\frac{60}{300.000} \cdot 1000=0,2 \text { casos
} / \text { mil habitantes }
$$

Mas a prevalência da doença ao final do ano de 2008 deve considerar todos os


casos (antigos e novos) e os imigrantes, além de descontar os óbitos. Dessa
forma, temos que:

Prevalência $$$ =\frac{470+60+8-55}{300.000} \cdot 1000=\frac{483}


{300.000} $$$
$$$ =1,61 $$$ casos $$$ / $$$ mil habitantes

O quadro a seguir apresenta um resumo comparativo entre prevalência e


incidência.

Incidência Prevalência
Incidência Prevalência

Casos (novos e
Casos novos de um
antigos) de um
agravo à saúde
agravo à saúde
ocorridos em
Definição ocorridos em
determinado local e
determinado local e
em período
em período
específico.
específico.

Mensurar a Mensurar a
velocidade na qual proporção da
Objetivo
indivíduos estão população que
adoecendo. apresenta a doença.

População em
Denominador População total
risco

Necessário para
Acompanhamento
identificar novos Não necessário.
da população
casos.

Quadro: Comparativo entre prevalência e incidência.

Elaborado por: Cheryl


Gouveia Almada.
Coeficiente de Letalidade

Reflete a proporção de óbitos ocorridos entre os casos da doença em


determinado local e período.

Este indicador reflete a gravidade da doença em determinada população. A


letalidade não é apenas um fator relacionado à capacidade da própria doença
causar a morte, mas pode estar relacionada também às condições de vida da
população, por exemplo, a dificuldade de acesso aos serviços de saúde.

$$
\text { Letalidade }=\frac{\text { número de óbitos pela doença }}
{\text { número de doentes }} .100
$$

Exemplo

A raiva é uma doença de alta letalidade. De acordo com o Ministério da Saúde,


entre 2016 e 2018, ocorreram 19 casos de raiva humana no país, entre os quais
15 pacientes faleceram. Nesse caso, a taxa de letalidade da raiva no Brasil entre
os anos de 2015 e 2019 chegou a quase 79%.
$$
\text { Letalidade }=\frac{15}{19} \cdot 100=78,95 \%
$$

Coeficiente de Anos Potenciais de Vida Perdidos (APVP)

É um importante indicador de saúde que expressa o quanto a pessoa poderia ter


vivido se não morresse prematuramente por determinada causa. Este coeficiente
auxilia, portanto, na redefinição das prioridades em saúde.

Para o cálculo do APVP, deve-se considerar a diferença entre a idade do óbito de


cada indivíduo de uma população em determinado tempo por uma causa
específica e sua esperança de vida ao nascer. A partir daí, deve-se somar todos
os resultados obtidos para cada indivíduo estudado a fim de obter o APVP.

Lucena e Souza (2019) estimaram o


APVP para a AIDS no estado de
Pernambuco no ano de 2005.

No estudo, os pesquisadores
realizaram a distribuição dos óbitos
por agrupamentos de idade entre 1 e
menos de 70 anos e multiplicaram o
número de óbitos em cada intervalo
de idade pelo número de anos
restantes para atingir a idade limite
(esperança de vida ao nascer para o
período). Assim, concluíram que, em
1996, os anos potenciais de vida
perdidos pela AIDS chegavam a 33,9.

Você já ouviu falar em morbimortalidade? expand_more

Morbimortalidade é um conceito que combina a morbidade e a


mortalidade. Refere-se às mortes causadas por uma doença em
determinada população, espaço e tempo. Por exemplo, para calcular a
morbimortalidade da infecção pelo novo coronavírus, no Rio de Janeiro,
durante o ano de 2020, utilizaremos a quantidade de óbitos pela doença,
em relação à quantidade de habitantes do estado do Rio de Janeiro no
ano de 2020.

Índice de Desenvolvimento
Humano
A situação de saúde deve considerar que ela é produzida nas relações com o
meio físico, social e cultural no qual vivemos. Como vimos, os indicadores
socioeconômicos e ambientais ajudam a relacionar as informações do meio no
qual uma população vive com suas condições de saúde.

Para medir a qualidade de vida e desenvolvimento social e econômico dos


países, estados e municípios, a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio
do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), construiu um
indicador denominado Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

O IDH incorpora três dimensões:

Saúde

Ter uma vida longa e saudável reflete a qualidade do acesso aos


serviços de saúde e a qualidade dos próprios serviços de saúde.
Portanto, essa dimensão não poderia deixar de ser um dos
componentes de um indicador de desenvolvimento, já que saúde e
desenvolvimento estão interligados. Não existe nenhum processo de
desenvolvimento sem a consolidação do direito à saúde, que é um
direito fundamental do ser humano. Essa dimensão é calculada a partir
do indicador denominado Esperança de Vida ao Nascer.

Educação

O acesso ao conhecimento é fundamental para o exercício da liberdade,


autonomia e autoestima. A educação amplia a capacidade de analisar
criticamente a realidade na qual se vive. Portanto, essa dimensão é
fundamental para medir o progresso social de uma população. Ela é
calculada a partir de dois indicadores com pesos diferentes:

Coeficiente de Adultos Alfabetizados: percentual de indivíduos com


idade superior a 15 anos capazes de ler e escrever em relação ao
número de habitantes na mesma faixa etária. Este coeficiente tem peso
2.
Coeficiente Bruto de Frequência à Escola: percentual de indivíduos que
frequentam o ensino fundamental, médio e superior relacionado com o
número de habitantes com idade entre 7 e 22 anos da localidade. Este
coeficiente tem peso 1.

Renda

Ter uma renda mensal é determinante para que os indivíduos consigam


atender suas necessidades básicas, como acesso à água, à moradia, ao
alimento e ao vestuário. A pouca renda ou a ausência dela limita as
oportunidades e impede o exercício da liberdade. Portanto, essa
dimensão é fundamental para medir o progresso econômico de uma
localidade e tem como parâmetro o dólar estadunidense. A renda é
calculada a partir de dois indicadores:
- Produto Interno Bruto (PIB) Per Capita: é a soma de todos os bens e
serviços finais produzidos em um ano por um país, estado ou município
em relação ao número de habitantes do local.

- Paridade do Poder de Compra: indicador que compara o quanto


determinada moeda pode comprar em termos internacionais (dólar
estadunidense).

Calculados os valores para as três dimensões do IDH, é preciso realizar uma


ponderação média entre eles, pois todos devem apresentar o mesmo peso, já
que saúde, educação e renda são elementos igualmente importantes para o
desenvolvimento de uma população. O resultado a ser obtido varia de 0 a 1.
Quanto mais próximo do zero, menor é o desenvolvimento humano de
determinada localidade.

Para facilitar a comparação entre localidades, os valores do IDH são agrupados


em quatro categorias:

1. De 0,8000 a 1: local de muito alto desenvolvimento humano;

2. De 0,700 a 0,799: local de alto desenvolvimento humano;

3. De 0,557 a 0,699: local de médio desenvolvimento humano;

4. De 0,549 a 0: local de baixo desenvolvimento humano.


O mapa a seguir mostra o IDH calculado para os países, com dados de 2019.

IDH dos países com base no Relatório de Desenvolvimento Humano da OMS.

Além do IDH dos países, também são calculados o IDH de estados e municípios,
o que auxilia na priorização de estratégias e políticas públicas para o
desenvolvimento. O mapa a seguir mostra o IDH de cada estado brasileiro no
ano de 2000.

Mapa indicativo do IDH dos estados brasileiros.


Apesar de o IDH ser amplamente utilizado na comparação do estado de
desenvolvimento entre localidades, esse indicador apresenta limitações por não
considerar aspectos como a distribuição de renda e a sustentabilidade, entre
outros. Porém, ele ajuda a refletir sobre as condições de vida das populações e a
perceber que o desenvolvimento deve incorporar variáveis sociais, econômicas e
ambientais, com vistas a melhorar as condições de vida da população.

Reflexões sobre o IDH no mundo e no


video_library Brasil
Assista ao vídeo a seguir, em que o especialista explicará os últimos resultados
do IDH, sua importância e seu significado em saúde e desenvolvimento.

playlist_play Vem que eu te explico!


Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você
acabou de estudar.

Módulo 3 - Vem que eu te explico!

Introdução aos indicadores epidemiológicos

Módulo 3 - Vem que eu te explico!

Estatísticas vitais

Módulo 3 - Vem que eu te explico!

Indicadores de saúde

Todos

keyboard_arrow_left Todos Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3


keyboard_arrow_right
Módulo 1 - Video
Os trabalhos de John Snow sobre a cólera

Módulo 2 - Video

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?


Questão 1

Sobre os conceitos de prevalência e incidência, analise as afirmativas a seguir:

I. A incidência considera casos novos de um agravo à saúde ocorridos em


determinado local e em período específico.

II. A prevalência mensura a proporção da população que apresenta a doença.

III. No cálculo da incidência de um agravo à saúde, considera-se toda a


população de determinada região.

Assinale a opção que traz as afirmativas verdadeiras:

A I, apenas.
B II, apenas.

C III, apenas.

D I e II, apenas.

E I e III, apenas.

éns! A alternativa D está correta.

ativa I reflete corretamente a definição da análise de incidência e a II o objetivo da análise de prevalência. No entanto, no cálculo da
Questão 2
cia de um agravo à saúde, considera-se apenas a população de risco.

Algumas características são essenciais para que se tenha um bom indicador


epidemiológico. Assinale a alternativa que traz corretamente essas
características:

A Integridade, consistência externa e mensurabilidade.

B V lid d fi bilid d i ibilid d


B Validade, confiabilidade e previsibilidade.

C Previsibilidade, confiabilidade e integridade.

D Respeitar critérios éticos, consistência externa e relevância.

E Representatividade, integridade e confiabilidade.

éns! A alternativa E está correta.

ue um indicador seja considerado bom, ele deve ser construído a partir de dados completos (integridade), possuir valores coerentes
tência interna), ter dados disponíveis ou fáceis de conseguir (mensurabilidade), ser adequado para medir ou representar o evento estudado
de), refletir a característica e apresentar resultados semelhantes quando aplicados (confiabilidade), ser capaz de refletir o que ocorre na
ção (representatividade), ser simples, flexível e de baixo custo operacional (relevância e boa relação custo-efetividade), além de respeitar
s éticos em relação à coleta de dados.

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Considerações finais
Vimos que a história da Epidemiologia está muito ligada à evolução do próprio
conceito de saúde. A percepção de saúde depende da época, do lugar, da classe
social, de valores individuais, concepções científicas, políticas, religiosas e
filosóficas — da mesma maneira, a percepção de doença também depende
desses fatores, que influenciam na valorização do método científico, no
planejamento e na adoção das ações de prevenção e controle de agravos à
saúde.

A Epidemiologia utiliza dados (absolutos ou relativos) para produzir as


informações da área de saúde. Esses dados são utilizados para a construção de
taxas e coeficientes que, por sua vez, compõem os indicadores e os índices
interpretados, com os quais é possível planejar, organizar, aplicar, monitorar e
avaliar as ações, as medidas e as políticas de prevenção e controle dos agravos.

Diante do exposto, podemos afirmar que, sem os estudos epidemiológicos, as


políticas públicas de saúde não teriam a efetividade esperada sobre a melhoria
da qualidade de vida das pessoas.

headset Podcast
Está na hora do nosso bate-papo, com o intuito de correlacionar os indicadores
epidemiológicos aplicados a doenças específicas para a criação e formação de
políticas públicas para melhoria da qualidade de vida da população.

Referências
BRASIL. Ministério da Saúde/SVS. Boletim epidemiológico. v. 51, jan. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas


e Infecções Sexualmente Transmissíveis (DCCI). Datasus, 2021. Consultado na
internet em: 22 set. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Informações de Saúde. Ministério da Saúde, 2010.


Consultado na internet em: 27 out. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Rede Interagencial de Informações para a Saúde
(RIPSA). Indicadores de morbidade. Ministério da Saúde, 2010. Consultado na
internet em: 27 out. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação de Agravos de Notificação


- Sinan Net. Datasus, 2021. Consultado na internet em: 22 set. 2021.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação do Programa Nacional de


Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS). Datasus, 2021. Consultado na
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BRASIL. Ministério da Saúde. DASIS. Sistema de Informações sobre Nascidos


Vivos - SINASC. Datasus, 2021. Consultado na internet em: 27 out. 2021.

CENTRO LATINO-AMERICANO DE PERINATOLOGIA-ORGANIZAÇÃO PAN-


AMERICANA DE SAÚDE. CLAP-OPAS/OMS. Saúde perinatal. Montevidéu:
OPAS/OMS, 1988.

GOMES, E. C. de S. Conceitos e ferramentas da epidemiologia. Recife: UFPE,


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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Estimativas da


população residente no brasil e Unidades da Federação. Consultado na internet
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LAURENTI, R. et al. Estatísticas de saúde. São Paulo: EPU/Edusp, 1987.

LUCENA, R. M. de; SOUSA, J. L. de. Anos potenciais de vida perdidos (APVP) por
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MEDRONHO, R. de A.; BLOCH, K. V.; LUIZ, R. R.; WERNECK, G. L. Epidemiologia. 2.


ed. São Paulo: Atheneu, 2009.

MORRIS, J. N. Uses of epidemiology. London: Churchill Livingstone, 1975.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. OMS. Epidemiologia: guia de métodos de


ensino. Washington, 1973.

ROUQUAYROL, M. Z.; GOLDBAUM, M. Epidemiologia, história natural e


prevenção de doenças. In: ROUQUAYROL, M. Z.; ALMEIDA FILHO, N. de.
Epidemiologia e saúde. 6. ed. Rio de Janeiro: Medsi, 2003.

SILVA, M. G. C. da. 500 questões comentadas para provas e concursos em


saúde pública. Salvador: Sanar, 2016.

SOARES, D. A.; ANDRADE, S. M.; CAMPOS, J. J. B. de. Epidemiologia e


indicadores de saúde. In: ANDRADE, S. M. de A.; CORDNI JR., L.; CARVALHO, B.
G. et al. (org.). Bases da Saúde Coletiva. 2. ed. Londrina: EDUEL, 2017.
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Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo:

Consulte o portal Datasus, para ter acesso à tabulação TabNet com dados
diversos: estatísticas epidemiológicas e morbidade, rede assistencial,
estatísticas vitais, entre outros.

Visite o site do Sistema de Informação em Saúde Animal do Ministério da


Agricultura, Pecuária e Abastecimento — Coordenação de Informação e
Epidemiologia — Saúde Animal, lá você vai encontrar dados sobre a
ocorrência de doenças em animais não humanos de notificação obrigatória,
separados por espécie, local e ano.

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