Biocorrosão Conceito e Microrganismos Associados
Biocorrosão Conceito e Microrganismos Associados
Biocorrosão Conceito e Microrganismos Associados
Rio de Janeiro
Julho de 2015
NILSON FELIPE COUTINHO LUIZ
Matrícula: 1221321043
Rio de Janeiro
Julho de 2015
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Biocorrosão: conceitos e microrganismos associados.
Aprovado em de de 2015
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Profa. Jessica Manya Bittencourt Dias Vieira, Dsc - UEZO - Presidente, Orientadora
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DEDICATÓRIA
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AGRADECIMENTOS
Aos meus Pais, por todo amor, tempo dedicado a mim e pelo total incentivo durante
toda a minha vida acadêmica.
À minha orientadora, profa. Jessica Vieira por sua paciência, dedicação, amizade e
orientação e, principalmente, por acreditar em mim.
Ao meu co-orientador, prof. Carlos Falcão por ajudar na realização deste trabalho.
À todos os meus amigos de laboratório, Aline Lorete, Camila Guardiano, Cinara Souza,
Isabella Soares, Magno Mendes, Luciano Mynssen, pelo carinho e ajuda nos momentos
mais difíceis durante esta jornada.
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RESUMO
7
ABSTRACT
8
SUMÁRIO
RESUMO 7
ABSTRACT 8
I . INTRODUÇÃO 13
II. OBJETIVOS 16
III. METODOLOGIAS 17
IV.REVISÃO DE LITERATURA 18
IV.1.1 Latossolo 20
IV.1.2 Gleissolo 20
II.3. Corrosão 22
IV.4. Biocorrosão 23
IV.5. Biofilme 24
9
IV.8.2 Bactérias produtoras de Ácido 30
V. CONCLUSÃO 36
10
LISTA DE FIGURAS
ciência do solo 18
BRS com H2 como fonte de energia e sulfato como aceptor final de elétrons 32
11
LISTA DE TABELAS
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I. Introdução
13
1986). Por este motivo os variados tipos de microrganismos devem ser
estudados quantitativa e qualitativamente, com base em seus mecanismos de ação.
Vários tipos de metal são passíveis de sofrer biocorrosão, inclusive o aço
carbono usualmente utilizado na indústria para produção de dutos. Este tipo de aço
possui como componente principal o carbono que está ligado diretamente ao processo
de melhora da resistência mecânica, assim como outros elementos como o manganês, o
silício e o fósforo. Todavia, o aço carbono possui baixa resistência a biocorrosão
(SILVA, 2009).
Flemming (1996) concluiu que aproximadamente 20% da corrosão que ocorre
em materiais metálicos são ocasionados por microrganismos, o que gera grandes perdas
econômicas. Na década de 50 nos EUA, por exemplo, os gastos com reparo e
manutenção das tubulações que sofreram com a biocorrosão, foram estimados em US$
0,5 – 2 bilhões por ano. No Reino Unido há décadas já se acreditava que 50% dos casos
de corrosão em tubulações se devesse a biocorrosão (BOOTH, 1964).
A Zona Oeste do município do Rio de janeiro detém um potencial crescente para
o desenvolvimento industrial e tecnológico. Dentre as indústrias presentes na região
estão àquelas voltadas a produção de materiais metálicos direcionados para os mais
diversos fins (Grupo Economia de Inovação- UFRJ, 2009). Ainda não há dados
específicos sobre o nível de corrosão ocasionado por microrganismos do solo da região
industrial na zona oeste-Santa Cruz RJ, porém deve-se levar em consideração a
prevenção deste processo como um passo importante para o desenvolvimento industrial
da região. Isto posto, o estudo da deterioração, que é característica da superfície que está
sendo exposta (FERREIRA, 2005), é de extrema importância para o avanço de técnicas
para o controle de tal processo. Para isso se faz necessário estudar as relações entre os
diversos microrganismos presentes e analisar as suas atividades fisiológicas associadas
as propriedades eletroquímicas do material exposto.
Os mecanismos de biocorrosão estão associados a forças eletroquímicas, que
induzem a formação de áreas de oxidação e redução na superfície metálica, com o
consequente fluxo de elétrons (Fig 1).
14
Figura 1: Processo de corrosão por forças eletroquímicas (QUIUMENTO, 2011).
15
II. Objetivos
16
III. Metodologia
17
IV. Revisão de literatura
18
Segundo a Embrapa (2009) existem cerca de treze classes de solo: Argissolos,
Cambissolos, Chernossolos, Espodossolos, Gleissolos, Latossolos, Luvissolos,
Neossolos, Nitossolos, Organossolos, Planossolos, Plintossolos, Vertissolos. Tais solos
foram classificados de acordo com os critérios da sua natureza. O perfil do solo da
região sudeste do Brasil se caracteriza 56% de latossolo, que somados aos Argissolos,
perfazem cerca de 78% do total (Fig. 3, EMBRAPA, 2002). No município do Rio de
Janeiro, 19,83% do território é do tipo podzólico (argissolo) associado ao latossolo. No
entanto, a zona oeste do Rio de Janeiro o solo do tipo glei (Gleissolos) (Embrapa, 2006)
é característico. E por este motivo, uma análise dessas classes de solo referente a região
da zona oeste do município do Rio de Janeiro e aos que predominam na região sudeste,
é de grande importância para que se determine assim os perfis microbiológicos a partir
do conhecimento do solo.
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IV.1.1 Latossolo
Os latossolos são constituídos por material mineral tais como, cálcio (Ca2+),
potássio (K+) e magnésio (Mg2+), sendo em geral solos fortemente ácidos, com baixa
saturação por bases, distróficos ou alumínios. Apresentam teor de silte inferior a 20%, e
argila variando entre 15% e 80%. São solos com alta permeabilidade à àgua, podendo
ser trabalhados em grande amplitude de umidade. Os latossolos são muito
intemperizados, com pequena reserva de nutrientes para plantas, representados
normalmente por sua baixa a média capacidade de troca de cátions. Mais de 95% dos
latossolos são distróficos e ácidos, com pH entre 4,0 e 5,5 e teores de fósforo disponível
extremamente baixos, quase sempre inferiores a 1 mg/dm³. Em geral são solos com
grandes problemas de fertilidade. A fração de argila dos latossolos é composta
principalmente por caulinita, óxidos de ferro e óxidos de alumínio. Alguns latossolos
formados de rochas ricas em ferro apresentam, na fração argila, a maghemita e na fração
areia, a magnetita e a ilmenita. A esses últimos, estão associados aos micronutrientes
como cobre e o zinco (EMBRAPA, 2009).
IV.1.2 Gleissolo
Os gleissolos são solos hidromórficos, desenvolvidos de sedimentos recentes
não consolidados, de constituição argilosa, argilo-arenosa e arenosa, pode ocorrer
acúmulo de material orgânico. Compreende solos mal drenados e que possuem
características resultantes da influência do excesso de umidade permanente ou
temporário, devido a presença do lençol freático próximo à superfície durante um
período determinado do ano. Possui uma coloração cinzenta, com mosqueados
amarelados ou avermelhados, oriundos da oxidação do ferro na matriz do solo,
consequência dos fenômenos de oxi redução. São solos bastante diversificados quanto
as suas características físicas e químicas (EMBRAPA, 2009).
20
(aeração limitada), presença de sulfato, ferro, matéria orgânica metabolizável e bactérias
redutoras de sulfato (PONS et al., 1982).
21
IV.2 Corrosividade dos solos
A corrosividade dos solos pode ser compreendida como a sua capacidade de
promover corrosão em estruturas metálicas (FERREIRA,2005). O solo possui a
propriedade de atuar na corrosão eletroquímica, mudando as características dos
processos anódicos e catódicos sofridos pelos metais. Existem diversas tubulações
enterradas e reservatórios instalados sob o solo, sendo que sua deterioração pode
acarretar problemas ambientais e econômicos. Assim, os solos passam a ser
considerados meios corrosivos, sendo então muito investigada a relação das
propriedades do solo e corrosão dos metais enterrados (SERRA, 2006).
A agressividade específica de um solo depende de suas características físicas
como tipo de textura, estrutura e espécies iônicas e biológicas, tais como as bactérias
aeróbias ou anaeróbias (TRABANELLI et al., 1972). Para Lopez et al. (2005), o que
mais influencia a corrosão pelo solo é a condutividade ou resistividade, e a atividade
microbiana na presença de cloreto, sulfeto e sulfato que aumentam o risco de corrosão.
Condições climáticas como chuva, temperatura, umidade relativa do ar e ventos, além
doemprego de fertilizantes e os despejos industriais são ações que podem determinar a
ação corrosiva dos solos (GENTIL, 2007).
II.3. Corrosão
22
corrosão nas atividades ambientais e na vida, sendo o próprio Homem dependente da
utilização destes materiais. No mercado, o aço carbono tem sido empregado com
bastante frequência por conferir propriedades diversas e por ser um produto mais barato,
correspondendo a 90% das tubulações industriais (SILVA, 2009). O Aço carbono é
formado por ferro e carbono, com percentagens de carbono que variam de 0,008 a
2,11% (GENTIL, 2007). A sua composição confere baixa resistência à corrosão, assim
sendo, é preciso proteger estes materiais a fim de minimizar tal processo.
IV.4. Biocorrosão
Estudos deste processo têm sido realizados utilizando técnicas mais atuais, como
microscopia eletrônica e micro eletrodos específicos, capazes de investigar a interface
entre o metal e a solução. Esses avanços no campo da pesquisa têm sido muito
importantes para a ampliação do entendimento do processo, assim como análises
microbiológicas e metodologias específicas para a detecção de corrosão. Através desse
entendimento é possível avaliar a real participação dos microrganismos na deterioração
de materiais, o que contribui para o controle da corrosão (VIDELA, 2003). Os
microrganismos sésseis, ou seja, que ficam aderidos a uma superfície sem se locomover
são os mais atuantes em causar danos quando comparados aos microrganismos livres no
eletrólito (JEFREY & MELCHERS, 2003). A fixação do microrganismo no metal gera
alterações físico-químicas tanto em condições aeróbias quanto anaeróbias, sendo a
23
modificação da interface metal/solução decorrente da formação do biofilme a mais
significativa (VIDELA & HERRERA, 2005).
IV.5. Biofilme
24
a velocidade dos processos eletroquímicos na interface biofilme/metal (RODRIGUES,
2011). Contudo, o número da população de microrganismos em um biofilme não pode
ser correlacionado ao nível de deterioração no metal (VIDELA & HERRERA, 2005).
Mesmo não havendo um consenso sobre o assunto, um dos parâmetros para fazer dada
correlação é avaliar a relação das taxas metabólicas dos microrganismos com as taxas
de corrosão alcançadas (BEECH &GAYLARD, 1999).
25
Outro processo da formação do Biofilme é a fase de maturação que é regulado
por fatores como a difusão de oxigênio, fonte de carbono e osmolaridade. Quando
maduro, as células que compõe este ambiente passarão a ter outras características como
crescimento populacional alterado, cooperação fisiológica e eficiência metabólica, e até
mesmo apresentarão padrões de expressão gênica (IST, 2008). Nesta fase de maturação,
ocorre também a dispersão de algumas células individuais, o que permite a estas
alcançar novas superfícies e assim coloniza-las, formando um novo biofilme. Os fatores
genéticos que estão associados à dispersão não são ainda bem conhecidos. Todavia, já
se sabe que existem três modalidades de dispersão: a expansiva, quando alguns
microrganismos presentes sofrem lise e outras voltam a sua locomoção; a fragmentação
do biofilme, onde parte de matriz extracelular junto a células é liberada; e a superficial,
que ocorre a partir do crescimento do próprio biofilme como um todo (Kyan, 2011).
26
Dependendo do eletrólito em que o material está exposto, pode acontecer o
desprendimento das camadas mais externas (RODRIGUES, 2010).
27
Figura 6: Algumas formas de pite (GENTIL, 2007).
28
Os microrganismos podem intensificar o processo corrosivo do solo devido a
alguns fatores como a influência direta na velocidade das reações anódicas e catódicas,
mudando a resistência das películas existentes na superfície metálica, através dos
produtos seu metabolismo, liberando meios corrosivos (GENTIL, 2007).Estudos
relatam que a predominância do processo corrosivo microbiológico se dá através de
materiais metálicos enterrados, e principalmente quando há presença de bactérias
anaeróbias, sendo estas associadas a solos argilosos (TILLER, 1982).
29
IV.8. Microrganismos Envolvidos na Biocorrosão
Diversas espécies de microrganismos podem estar associadas ao processo de
biocorrosão, porém alguns em menor ou maior grau (VIDELA, 2003). Por este motivo
os métodos de identificação e quantificação são analisados de acordo com as
características que o consórcio microbiológico tem em comum. Os microrganismos
através dos biofilmes, coletivamente, favorecem atividades microbianas que não seriam
possíveis de ocorrer por apenas uma das espécies componentes dos biofilmes.
30
crescimento dessas bactérias é proveniente da oxidação de compostos inorgânicos, tais
como: sulfetos, sulfito, tiossulfato (TANG, BASKARAN & NEMATI, 2009). Estas
bactérias levam a produção de ácido sulfúrico, que promove a acidificação do ambiente.
Esse elevado nível de acidez confere uma agressividade não só ao metal exposto, mas
também a pedras e concreto (WARSCHEID & BRAAMS, 2000).
31
Figura 7: Representação esquemática da cadeia de transferência de elétrons em BRS
com H2 como fonte de energia e sulfato como aceptor final de elétrons (RODRIGUES,
2010).
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(tiossulfatos, tetrationatos, politionatos), que possuem um papel importante na corrosão
anaeróbia do ferro (GONZÁLEZ et al.,1998).
33
formados por esta liga que protegem o material contra esta ação. Contudo, devido à
vasta atividade metabólica dos microrganismos, é comum observar a deterioração destes
revestimentos, colocando o material metálico sob ataque corrosivo (CHAN et al., 2002).
As bactérias como Butirybacterium rettgeri degradam material derivado de
celulose que é utilizado como revestimento em estruturas metálicas como tubulações.
Quando a celulose é oxidada ela produz ácido acético, butírico e CO2, fazendo com que
além da degradação do revestimento do metal, acabe ocorrendo a corrosão da estrutura
devido aos ácidos liberados (GENTIL, 2007).
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IV.10. Detecção e monitoramento de Biocorrosão
A origem da corrosão em materiais metálicos tem relação direta com as
atividades dos microrganismos. Em alguns meios, como os dutos, o monitoramento de
corrosão se dá através do emprego de pigs inteligentes ou instrumentados internamente
ao duto, permitindo estimar a área corroída, a sua localização, e a aquisição de dados
para a classificação da corrosão (TORRES, 2001). Entretanto, estes instrumentos nem
sempre conseguem encontrar a corrosão microbiológica, uma vez que esta se dá em
regiões localizadas (pites) (RODRIGUES, 2010). Para que a prevenção seja
implementada é necessário utilizar metodologias que permitem melhor compreensão
dos efeitos microbiológicos e o papel do biofilme no processo de biocorrosão.
35
V. CONCLUSÃO
36
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