AULA 1 - A Trajetória Da Administração de Recursos
AULA 1 - A Trajetória Da Administração de Recursos
AULA 1 - A Trajetória Da Administração de Recursos
Recursos Humanos
A Trajetória da Administração de Recursos
Humanos ao Longo das Décadas
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
A Trajetória da Administração de Recursos
Humanos ao Longo das Décadas
• Introdução;
• Fases da Administração de Recursos Humanos:
do Contábil ao Estratégico;
• O Modelo Gestão de Pessoas: Elementos de Sua Composição;
• Evolução do Perfil dos Profissionais de Recursos Humanos;
• Endomarketing: Tendências da Atuação
da Gestão de Pessoas na Atualidade.
OBJETIVOS
DE APRENDIZADO
• Conhecer a evolução da Administração de Recursos Humanos e entender os impactos pro-
vocados em suas diferentes fases, em especial no(a): Surgimento de novos processos e mé-
todos de trabalho; Novo modelo de Gestão de Pessoas; Papel dos profissionais dessa Área; e
Valorização dos talentos humanos a partir da visão do Endomarketing;
• Compreender a importância dessa transformação proporcionará a você, estudante, a opor-
tunidade de percorrer a trajetória da atuação em uma Área em evolução.
UNIDADE A Trajetória da Administração de
Recursos Humanos ao Longo das Décadas
Introdução
Para compreender a trajetória da Administração de Recursos Humanos é importante
voltar no tempo e lembrar, por exemplo, do movimento da Administração Científica ou
Escola Clássica, que teve como principais representantes o americano Taylor e o francês
Fayol, que apresentavam a ideia da otimização dos processos de trabalho.
Figura 1
Fonte: Getty Images
Para que se produzisse mais, eram necessárias pessoas que se dedicassem ao traba-
lho, em longas jornadas, que podiam chegar a 18 horas diárias!
Você já imaginou como se sentiam esses trabalhadores dentro das fábricas, tendo suas
energias totalmente sugadas pelo trabalho árduo, cujo ambiente era formado por mão de
obra infantil, de idosos e de mulheres submetidos a riscos dos mais elevados?
Não devia ser nada fácil, não é mesmo?
Voce Sabia?
Você sabia que o dia do trabalho, comemorado em 1º. de maio, foi escolhido para home-
nagear operários que participavam de uma greve para reivindicar a redução da jornada
de trabalho para oito horas, em Chicago, nos EUA, em 1886?
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Nesse período, ainda incipiente na Administração de Recursos Humanos (se é que
já poderíamos assim chamar) alguém precisava pelo menos contratar, controlar faltas e
atrasos, fazer a folha de pagamento, demitir, ou seja, “contabilizar” todas as informações
relacionadas aos empregados.
O foco era o controle puro e simples, pois não havia a sensibilidade para fazer gestão
nesse momento. No início, era esse o papel da Área de Recursos Humanos (RH) – uma
postura bastante limitada.
Com o tempo, muita coisa mudou.
Ainda bem, não é mesmo?
Já imaginou se essa forma de tratar os funcionários permanecesse até os dias de hoje?
Estaríamos em uma situação bem delicada, não acha?
As atividades ligadas ao RH, que antes eram apenas operacionais, ampliaram-se,
sofrendo muitas alterações, influenciadas por questões como as descritas a seguir:
Mudanças Avanços
Culturais Tecnológicos
Administração
de Recursos
HumanoS
Responsabilidade
Empresarial
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UNIDADE A Trajetória da Administração de
Recursos Humanos ao Longo das Décadas
Veja a Figura 3:
Estratégica
1985 até os
Administrativa dias atuais
1965 a 1985
Tecnicista
1950 a 1965
Legal
1930 a 1950
Contábil
Antes 1930
Figura 3 – Fases Evolutivas da Gestão de Pessoal
De acordo com França (2011), no Brasil, essa fase também é conhecida como período
pré-jurídico-trabalhista, pois ainda não havia sido elaborada a Legislação trabalhista no país.
Faziam parte da mão de obra dessa época mulheres e crianças, que trabalhavam em
condições extremamente precárias.
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Nesse momento, surge a função de Chefe de Pessoal.
Entradas
Advertências Chefe de
Pagamentos
e Demissões Pessoal
Faltas e
Atrasos
Voce Sabia?
A palavra trabalho, em sua origem latina, Tripallium, é uma denominação que parte de
um instrumento de tortura composto de 3 paus (tri – três e pallium – pau)?
Essa configuração inicial da leitura do trabalho perdura até os dias de hoje, exata-
mente por fazer parte de um paradigma que constitui a forma como o trabalho era
visto historicamente.
É também importante lembrar que o trabalho, na época da escravidão, era considerado
indigno e, por isso, deveria ser exercido apenas por escravos negros. Ao branco não cabia
o trabalho, por este não ser um escravo.
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Recursos Humanos ao Longo das Décadas
Figura 6
Fonte: Getty Images
Antes desse período, o poder estava centralizado nas mãos dos Chefes de Produção.
A partir da vigência da CLT, o poder vai para as mãos dos Chefes de Pessoal, pois
eram eles que detinham o conhecimento, ou seja, tinham o domínio das Regras e das
Normas recém-criadas.
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Cumprimento da CLT Registro Cumprimento da CLT
de Ponto
Apontamentos
Admissões Chefe de
de Frequência,
e Demissões Pessoal
Absenteísmo
Folha de
Pagamento
Cumprimento da CLT Cumprimento da CLT
A Figura 7 mostra como era a rotina da Área de Recursos Humanos nesse período.
Absenteísmo: caracteriza a pessoa que falta ao trabalho, à Escola etc., que vive ou está,
via de regra, ausente. No RH, o termo se refere à ausência no trabalho (como por motivo de
afastamento médico), somando-se as faltas e os atrasos.
Figura 8
Fonte: Getty Images
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Recursos Humanos ao Longo das Décadas
Figura 9
Fonte: Getty Images
O GRI precisava garantir que essas novas Empresas recebessem a mão de obra ne-
cessária à sua sobrevivência.
Recrutamento
e Seleção
Treinamento e
Benefícios
Desenvolvimento
Gerente de
Relações
Industriais
Higiene e
Departamento
Segurança
Pessoal
do Trabalho
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Fase administrativa – de 1965 a 1985
Na Fase administrativa, uma profunda mudança acontece na Área de Recursos
Humanos. O Movimento Sindical implementado pelas bases trabalhadoras trouxe no-
vas responsabilidades, mais humanísticas, voltadas para os indivíduos e suas relações
(MARRAS, 2011).
Figura 11
Fonte: Adaptada de Getty Images
Tamanho pequeno
O cargo Gerente de Relações Industriais é alterado para Gerente de Recursos Huma-
Tamanho pequenino
nos, que tinha como ênfase trabalhar as relações entre os indivíduos e os sindicados e a
Sociedade, entre outros.
Relações com
os Sindicatos
Cumprir a
Benefícios
CLT
Gerente de
Recursos
Higiene e Humanos
Recrutamento
Segurança do e Seleção
Trabalho
Departamento Treinamento e
Pessoal Desenvolvimento
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Recursos Humanos ao Longo das Décadas
A Área de Gestão de Pessoas passa a ser vista como staff e apoio a toda Empresa.
Ganha destaque e valor. Torna-se respeitada e bem-vinda.
Higiene e
Relações com Estrutura Desenvolvimento Cumprir Treinamento e
Segurança do
os Sindicatos Organizacional Gerencial CLT Desenvolvimento
Trabalho
Figura 14
Fonte: Getty Images
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O Modelo Gestão de Pessoas:
Elementos de Sua Composição
As Empresas buscam uma forma de atuar sobre o desempenho humano, pois a ele
está sujeito o seu sucesso. Essa atuação é denominada “Modelo de Gestão de Pessoas”,
que se consolidou a partir da evolução da Administração de Recursos Humanos no
Brasil, conforme você acompanhou neste estudo.
Para Fischer (2002), “Modelo de gestão de pessoas” é a maneira que uma Empresa
se organiza para gerenciar e orientar o comportamento humano no trabalho.
A Empresa precisa definir princípios, estratégias, políticas e processos de gestão
para orientar as diretrizes que irá implementar e a maneira como os gerentes condu-
zirão seus funcionários.
A Figura 15 indica alguns dos elementos que formam um Modelo de Gestão de Pessoas:
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Recursos Humanos ao Longo das Décadas
Área de Recursos Humanos, pois as diferentes necessidades desses grupos devem ser
consideradas para um total aproveitamento das suas habilidades e, por conseguinte,
para o alcance dos objetivos da Organização.
Figura 16
Fonte: Getty Images
O número de mulheres que ocupam cargos de liderança no Brasil cresceu 300% nos últimos
anos. E a maioria dessas líderes está na Área de Recursos Humanos. Veja mais no link a
seguir. Disponível em: https://bit.ly/3d6p7wu
Voce Sabia?
A Área de Recursos Humanos, atualmente, busca profissionais que conheçam verdadei-
ramente o seu potencial e que compreendam o que a Empresa espera deles e, para isso,
entende que os processos devem ser elaborados com a eficiência necessária para contra-
tar a melhor pessoa e mantê-la na Organização.
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Vejamos, agora, no Quadro a seguir, como essas mudanças alteraram as responsabi-
lidades desse profissional:
Quadro 1 – Áreas de responsabilidade do profissional de Recursos Humanos
• Controles de Frequência;
• Faltas ao trabalho;
Chefe de pessoal • Pagamentos;
Até 1950 • Admissões e Demissões
• Cumprimento da CLT.
• Controles de Frequência;
• Faltas ao trabalho;
• Pagamentos;
• Admissões e Demissões
• Cumprimento da CLT;
• Serviços Gerais;
Gerente de Relações • Medicina e Higiene;
Industriais • Segurança Patrimonial
De 1950 a 1970 • Segurança Industrial;
• Contencioso Trabalhista;
• Cargos e Salários;
• Benefícios;
• Recrutamento e Seleção;
• Treinamento.
• Controles de Frequência;
• Faltas ao trabalho;
• Pagamentos;
• Admissões e Demissões
• Cumprimento da CLT;
• Serviços Gerais;
• Medicina e Higiene;
• Segurança Patrimonial
• Segurança Industrial;
Gerente de • Contencioso Trabalhista;
Recursos Humanos • Cargos e Salários;
De 1970 até hoje • Benefícios;
• Recrutamento e Seleção;
• Treinamento;
• Avaliação de Desempenho;
• Qualidade de vida;
• Desenvolvimento Gerencial;
• Relações Trabalhistas;
• Sindicalismo;
• Desenvolvimento Organizacional;
• Estrutura Organizacional.
Fonte: Adaptado de MARRAS, 2011
Esse quadro causa impacto porque, certamente, a primeira impressão que fica é o
quanto aumentaram as responsabilidades do profissional de Recursos.
Será que o salário desse profissional acompanhou esse crescimento?
Fica a reflexão....
Outros ganhos (além das tarefas) acompanharam essa evolução: a legalização dos
direitos trabalhistas, a possibilidade de transitar em outros Departamentos da Organiza-
ção, além de viabilizar a promoção, o respeito e a valorização do indivíduo.
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Recursos Humanos ao Longo das Décadas
Figura 17
Fonte: Getty Images
Após 1950, já na fase tecnicista e para atender às novas práticas das indústrias
recém-chegadas ao Brasil, principalmente, as automobilísticas, surgiu o verdadeiro ad-
ministrador de pessoal.
Importante!
Foi na fase estratégica (1985 até os dias atuais), que o papel do Gerente de Recursos
Humanos foi finalmente atrelado ao Administrador de Empresas, com conhecimentos
profundos das diversas Áreas, visão abrangente tanto do negócio como em relação ao
indivíduo como ser humano.
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A partir da fase estratégica (1985 até os dias atuais), os indivíduos são vistos não apenas
como meros recursos, mas como parceiros do negócio, responsáveis por uma grande
parcela dos resultados planejados.
O profissional de Recursos Humanos deve administrar as relações entre os funcionários e
a Empresa, considerando que as pessoas possuem personalidades particulares, histórias
de vida, conhecimentos, habilidades e tantos outros aspectos próprios dos indivíduos.
Ele precisa, acima de tudo, contribuir para o alcance dos objetivos da Organização, pro-
vendo funcionários bem treinados e motivados, desenvolvendo e mantendo a qualidade
de vida no trabalho e incentivando a ética e a responsabilidade social (RIBEIRO, 2006).
Figura 18
Fonte: Getty Images
Pois então...
O Endomarketing é um marketing que se faz com os colaboradores para que possa ha-
ver relacionamento de satisfação e atendimento de ambas as partes: Empresa e funcionário.
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Voce Sabia?
O que é Empowerment?
Empowerment é um conceito de Administração de Empresas que significa “descentra-
lização de poderes”, ou seja, sugere uma maior participação dos trabalhadores nas ati-
vidades da Empresa ao lhes ser dada maior autonomia de decisão e responsabilidades.
Fonte: https://bit.ly/3f6wXJn
Figura 19
Fonte: Getty Images
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Trabalhar os processos internos da Empresa, como a comunicação e as condições de
trabalho, são itens primordiais para a existência do Endomarketing.
De acordo com França (2001), alguns objetivos podem ser alcançados com a aplica-
ção de um programa de Marketing Interno, sendo eles:
• Integração e participação de todos os elementos da Organização;
• Criação, encorajamento e destaque contínuo aos papéis dos empregados na Orga-
nização;
• Desenvolvimento de um produto que seja, ao mesmo tempo, orientado para o re-
conhecimento dos empregados e capaz de desenvolver nos mesmos, valores orien-
tados para satisfação do cliente;
• Identificação das necessidades dos empregados e desenvolvimento de programas
ou produtos para satisfazer tais necessidades;
• Seleção e retenção dos melhores profissionais;
• Estabelecimento de canais adequados de comunicação interpessoal, a fim de elimi-
nar conflitos e fatores de insatisfação entre os funcionários;
• Implementação de uma administração participativa;
• Gerenciamento dos Recursos Humanos da Organização, com base em uma pers-
pectiva de Marketing;
• Criação e promoção de ideias, projetos ou valores úteis à Empresa;
• Questionamento e resolução de problemas de estrutura, funcionamento, comuni-
cação e Organização;
• Identificação de fatores de satisfação e insatisfação dos clientes em relação à sua
interação com a Organização.
Viabilizar a lealdade e a harmonia no contexto de trabalho está na pauta do bom
Endomarketing.
O alinhamento do profissional com os objetivos da Empresa é uma das chaves do su-
cesso. Dessa forma, se a Empresa estuda e se preocupa com o cliente externo para rece-
ber dele o seu melhor, porque não o deveria fazer com seu cliente interno (o colaborador)?
Atender à necessidade de um funcionário é o caminho mais rápido e direto para o lucro.
A interação sadia entre Empresa e colaborador é o sonho de toda boa Gestão de Pessoas.
Daniel Costa (2010) define Endomarketing como:
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Gestão de RH por Competências e a Empregabilidade
NERI, A. Gestão de RH por Competências e a Empregabilidade. São Paulo:
Papirus, 2011.
Leitura
Endomarketing como ferramenta de comunicação com o público interno
https://bit.ly/3tQHdcU
O endomarketing como estratégia de gestão e crescimento organizacional
https://bit.ly/3lIcMTm
Perfil dos Gestores de Pessoas e Suas Práticas
https://bit.ly/39b9ZwM
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Referências
BEKIN, S. F. Endomarketing: como praticá-lo com sucesso. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
FRANÇA, F. Públicos: como identificá-los em uma nova visão estratégica. São Caetano
do Sul: Yendis, 2001.
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