Segurança Do Paciente e Do Trabalhador

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SEGURANÇA DO PACIENTE E DO

TRABALHADOR DE SAÚDE
P rof.ª
rof.ª Dr.
D r.ª
r. ª DANIELA CAMPOS DE ANDRADE LOURENÇÃO
O Brasil está em 9º
lugar no mundo em
gastos com saúde.

Dados de 2018

Fonte: https://www.hospitalar.com/pt/o-evento/setor-da-saude
O RISCO

https://pt.slideshare.net/Proqualis/como-avaliar-a-cultura-de-segurana-do-paciente
O RISCO

https://pt.slideshare.net/Proqualis/como-avaliar-a-cultura-de-segurana-do-paciente
O RISCO

Dar entrada em um hospital é considerado mais arriscado do que fazer uma viagem de avião. De
acordo com dados da Organização de Mundial de Saúde (OMS), milhões de pessoas morrem
todos os anos em função de erros e infecções adquiridas em hospitais. Os riscos de morrer são
de um para 300 internações, enquanto em um acidente aéreo ele seria de um em 10 milhões de
passageiros.

https://pt.slideshare.net/Proqualis/como-avaliar-a-cultura-de-segurana-do-paciente
Organizações de saúde, independente do tamanho, são
sempre complexas.

Seus processos são padronizados por regras impostas pelo


governo, compradoras de serviços e representantes de classe.

A sua mão de obra é especializada composta por profissionais


de diferentes áreas no mesmo ambiente de trabalho, com
forte hierarquia entre as profissões de saúde.
SEGURANÇA DO PACIENTE
Durante a assistência podem ocorrer erros que levam a eventos adversos e que
afetam diretamente a saúde do paciente e sua experiência no cuidado
hospitalar.

As consequências da insegurança do paciente vão além dos óbitos e inclui a


morbidade e formas mais sutis de prejuízos como a perda da dignidade, do
respeito e o sofrimento psíquico (NPSF, 2015).

Acarretam, ainda, implicações para os profissionais e para as instituições.


SEGURANÇA DO PACIENTE NO BRASIL
Estudos recentes mostram que a incidência de Eventos Adversos (EAs) no Brasil é alta. A
ocorrência desse tipo de incidente no País é de 7,6%, dos quais 66% são considerados evitáveis
(ANVISA, 2019).

No Brasil, em estudo retrospectivo, Mendes et al. (2009) estudaram uma amostra randômica
de 1.103 adultos de uma população de 27.350 internados, e a incidência de eventos adversos foi
de 7,6%, sendo 66,7% deles preveníeis. A mortalidade relacionada a evento adverso prevenível é
de 2,3% (MARTINS et al., 2011).
SEGURANÇA DO PACIENTE NA SAÚDE
SUPLEMENTAR
Num estudo recente de caso controle, pareado pela complexidade dos
pacientes usando a metodologia do Diagnosis Related Groups adaptada aos
códigos de saúde brasileiros (DRG Brasil), realizado por Daibert (2015) em
hospitais que atendem exclusivamente à saúde suplementar, encontrou
incidência de 4,0% de eventos adversos em 57.215 pacientes. Foi também
detectada uma diferença estatisticamente significativa em relação à evolução
para óbito. Pacientes com condições adquiridas (os casos) evoluíram para óbito
em 23,7% e pacientes sem condições adquiridas (os controles) em 7,1% (p <
0,05).
SEGURANÇA DO PACIENTE NA SAÚDE
SUPLEMENTAR

As diferenças de incidências de eventos adversos entre o trabalho de Daibert


(2015) (incidência 4,0%) os do estudo de Mendes et al. (2009) (7,6%) poderiam
ser atribuídas à diferença na metodologia de coleta da informação ou às
diferenças de estrutura e processos, uma vez que a rede estudada por Daibert é
composta por hospitais com sistemas de gestão da qualidade, que inclui gestão
de riscos, acreditados (ONA, NIAHO) e/ou certificados (ISO 9001).
ANUÁRIO DA SEGURANÇA
ASSISTENCIAL HOSPITALAR NO BRASIL
No estudo desenvolvido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS)
em parceria com a na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) identificou
que, em 2016, as condições adquiridas hospitalares poderiam oscilar de 120.514
a 302.610 óbitos intra-hospitalar. O estudo considera o padrão de 302.610
óbitos como representativo da realidade brasileira.
Foram avaliados 133 hospitais, que prestam serviços a operadoras de saúde
suplementar do Brasil.

(Couto, Pedrosa, Roberto, Daibert, 2017)

Fonte: https://www.caism.unicamp.br/PDF/ASAH.pdf
ANUÁRIO DA SEGURANÇA
ASSISTENCIAL HOSPITALAR NO BRASIL
Os autores do estudo consideraram que as condições adquiridas intra-
hospitalares seriam a segunda causa de morte mais comum no Brasil.
As condições adquiridas com dano mais frequentes foram: a ulcera de pressão,
infecção urinária associada ao uso sonda vesical, infecção de sítio cirúrgico,
fraturas/outras lesões decorrentes de quedas ou traumatismos dentro do
hospital, trombose venosa profunda ou embolia pulmonar, infecção relacionada
à cateter venoso central.
As condições adquiridas hospitalares determinaram um custo de 15,57 bilhões
de reais na saúde suplementar em 2016.

(Couto, Pedrosa, Roberto, Daibert, 2017)

Fonte: https://www.caism.unicamp.br/PDF/ASAH.pdf
SEGURANÇA DO PACIENTE NO BRASIL
Outro estudo brasileiro de caso-controle estudou o impacto das infecções relacionadas à
assistência na permanência hospitalar e na mortalidade com pacientes pareados para ajuste de
risco por instituição hospitalar, ano de admissão, categoria DRG e idade.

Os hospitais participantes atendem pacientes da saúde suplementar brasileira e somam 500


leitos de alta complexidade, com certificados de qualidade pela ISO 9001 e ONA nível 3. O
estudo envolveu 62.567 pacientes. A mortalidade global nos casos foi de 18,2% e 7,2% nos
controles, estando esta diferença de mortalidade localizada nos casos de pneumonia (32,6% de
óbito no grupo caso enquanto nos controles a ocorrência foi de 11,2%).

(BRAGA, 2015)
Estimativa dos impactos assistenciais e econômicos dos
eventos adversos no Brasil – 2016

No ano de 2016, 7.833.282 pacientes foram assistidos pela rede hospitalar da


saúde suplementar e 11.295.100 pela rede hospitalar do SUS, totalizando
19.128.382 de brasileiros internados na rede hospitalar Brasileira.

Daibert (2015) inferiu em seu estudo que 1.377.243 brasileiros foram vítimas
de pelo menos uma condição adquirida intra-hospitalar em 2016.
CULTURA DE SEGURANÇA NO BRASIL
JUDICIALIZAÇÃO DOS ERROS NA SAÚDE
JUDICIALIZAÇÃO DOS ERROS NA SAÚDE
No estudo desenvolvido por Souza (2019) foram analisadas as implicações legais e
sociais do erro do profissional de enfermagem, no Estado do Paraná/Brasil. Foram
entrevistadas profissionais de enfermagem que foram julgados pelo sistema judiciário
paranaense e foram analisadas as vivências do erro no cotidiano do profissional,
mesmo que praticado por colegas e a influência na prática assistencial.
Dessa forma, a experiência da judicialização por erro na enfermagem resulta em
condenações cíveis e as implicações sociais da judicialização no cotidiano do
profissional de enfermagem contribuem para o sofrimento mental, evidenciado pelo
sentimento de omissão e de falta de apoio social no enfrentamento da situação.
IMPACTO DOS EVENTOS ADVERSOS NA
SAÚDE DOS TRABALHADORES
Entre os pontos, do referido estudo, que indicam sofrimento mental destacam-se a
sensação de inércia na prevenção do erro, falta de apoio institucional e também, do
conselho de classe, que resultou em sentimento de injustiça.

Dessa forma, a experiência da judicialização por erro na enfermagem resulta em


condenações cíveis e as implicações sociais da judicialização no cotidiano do
profissional de enfermagem contribuem para o sofrimento mental, evidenciado pelo
sentimento de omissão e de falta de apoio social no enfrentamento da situação.
IMPACTO DOS EVENTOS ADVERSOS NA
SAÚDE DOS TRABALHADORES
Outro estudo que analisou reportagens de erros de medicação na
enfermagem, divulgada pela mídia brasileira, constatou que todos os
erros (n=14) ocorreram em hospitais e foram noticiados demonstrando
culpabilização dos profissionais, o que pode reforçar no imaginário social
a sensação de insegurança associada aos serviços de saúde (Souza et al.,
2018).
Os erros são amplamente divulgados na mídia e redes sociais brasileiras
e os processos judiciais com envolvimento de profissionais de saúde são
discutidos na literatura e apontados como uma das causas de estresse, de
diminuição da satisfação na carreira e exercício da medicina defensiva
para se evitar processos litigiosos.
IMPACTO DOS EVENTOS ADVERSOS NA
SAÚDE DOS TRABALHADORES
No Brasil, na maior parte do tempo, a enfermagem atua sob vínculo
empregatício com alguma instituição de saúde, o que denota ao serviço a
responsabilidade solidária.
Geralmente os médicos trabalham de forma autônoma, diferenciando-se dos
demais profissionais de saúde que, em geral, possuem respaldo institucional
devido ao vínculo empregatício.
SEGURANÇA DO
PACIENTE

EVENTO
ADVERSO

SEGURANÇA SEGURANÇA DA
DO INSTITUIÇÃO DE
TRABALHADOR SAÚDE
Nas organizações de saúde os avanços tecnológicos, a complexidade da assistência, as políticas
públicas e a preocupação com a realização profissional e pessoal do profissional de saúde, demandam
um novo olhar para a gestão em saúde.

Torna-se imperativo a implementação de programas e iniciativas para avaliar e buscar continuamente o


atendimento seguro e com qualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
OBRIGADA!!!!!
[email protected]
Referências
AHRQ. Agency for Healthcare Research and Quality. Patient Safety Indicators. http://www.ahrq.gov/.

ANVISA, Ministério da Saúde. Sistema de Notificação em Vigilância Sanitária (Notivisa). 2004b. http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/apresenta.htm (acesso em
Julho de 2011).AHRQ Patient Safety Network http://www.psnet.ahrq.gov

BRAGA, M. A. Influência das infecções relacionadas à assistência no tempo de permanência e na mortalidade hospitalar utilizando a classificação do Diagnosis Related
Groups como ajuste de risco clínico. 2015. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) - Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Programa de Pós-
graduação em. Belo Horizonte. 2015.

Brasil. Ministério da Saúde. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente / Ministério da Saúde; Fundação Oswaldo Cruz; Agência
Nacional de Vigilância Sanitária. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. Boletim Informativo sobre a Segurança do Paciente e Qualidade Assistencial em Serviços de Saúde.
v.1 n. 1 Janjul 2011. Brasília: GGTES/Anvisa, 2011

DAIBERT, P. B. Impacto econômico e assistencial das complicações relacionadas à internação hospitalar. 2015. 89f. Dissertação (Mestrado em Infectologia e Medicina
Tropical) - Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.

WHO, World Health Organization. World Alliance for Patient Safety. Global Patient Safety Challenge: 2005-2006. WHO, 2005.

WHO, World Health Organization. Sumary of the evidence on patient safety: implications for research. Edição: Ashish Jha.2008.
Investigação em Segurança do Paciente/Doente. WHO Patient Safety www.who.int/patientsafety

MARTINS, M. et al. Hospital deaths and adverse events in Brazil. BMC Health Serv. Res., v.11, p.223, 2011.

NPSF - NATIONAL PATIENT SAFETY FOUNDATION. Accelerating patient safety improvement fifteen years after to err is human. Expert panel. National Patient Safety
Foundation, 2015.

Rozenfeld, S. et al. Efeitos adversos a medicamentos em hospital público: estudo piloto. Rev Saúde Pública 2009;43(5):887-90.

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