Teatro Contemporâneo, Moderno e Pós Moderno

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Universidade Federal da Paraíba

Centro de Comunicação Turismo e Artes

Grupo: Miguel dos Santos ; Flávia Paiva; Alesson Felipe; Melquisedec Abrantes; Hellem
Barreto

DISCUSSÕES SOBRE TEATRO CONTEMPORÂNEO, MODERNO E PÓS MODERNO

Moderno

Do ponto de vista histórico teatral, os parâmetros ou a discussão sobre o moderno estão


apontados para um olhar além do senso comum. Não podemos, neste caso, classificar moderno
ou contemporâneo apenas como o que vem antes ou depois de algo, tão somente. Cada
movimento artístico ou era, representa uma ruptura e esta ruptura está inteiramente ligada à
sociedade, cultura e mudança do pensamento coletivo, é o reflexo destes elementos que vão
influenciar o teatro.

Com o renascentismo, as grandes navegações, incrementos do transporte, iluminismo,


revolução francesa, revolução industrial e surgimento da luz elétrica todos esses elementos
influenciam o teatro.

[...] rompe com o palco simultâneo da idade média que é a centralização precisa
de uma concepção teocêntrica; é a expressão de um pensamento que concebe
o temporal [...] O palco italiano, que cria a ilusão cênica, representa a ruptura
(historicamente gradativa) e reflete o pensamento renascentista que desloca o
centro da cosmovisão de Deus para o homem. A realidade experimentada pelos
sentidos adquire nova importância: o mundo passa a ser relativizado ao
homem. (GOMES, 1991, p. 82)

Pós-moderno

Diante de mudanças significativas que ocorreram em vários campos da sociedade na


década de 60, adquiriu-se o termo de pós-moderno. Momento de alto nível e progresso
acelerado da tecnologia e da expansão digital e de diferentes meios de comunicação que chega
transformando os valores da sociedade e proporcionando outras formas de ver o mundo. Na arte
esse movimento teve início com o PopArt, a crítica irônica do bombardeamento da sociedade
capitalista pelos objetos de consumo, trazendo também o esgotamento dos “ismos” e de códigos
estéticos do modernismo, colocando fim à beleza como valor supremo da arte. O momento pós-
moderno não apresenta propostas definidas, nem coerências, tampouco linhas evolutivas. Deste
modo, diferentes estilos convivem sem choques formando ecletismos e pluralismos culturais.
O crítico brasileiro Mário Pedrosa foi um dos primeiros a utilizar este termo, em 1966. Em
importante artigo sobre a arte de Hélio Oiticica, publicado no Correio da Manhã de 26 de junho
de 1966, Pedrosa afirmava:

Hoje, em que chegamos ao fim do que se chamou de arte moderna […], os


critérios de juízo para apreciação já não são os mesmos [...] fundados na
experiência do cubismo. Estamos agora em outro ciclo, que não é mais
puramente artístico, mas cultural, radicalmente diferente do anterior e iniciado,
digamos, pela pop art. A esse novo ciclo de vocação antiarte, chamaria de arte
pós-moderna. A arte pós-modernista é uma arte essencialmente eclética,
híbrida e sem hierarquizações. (SOBRENOME, ano, p.x)

O momento pós-moderno não apresenta propostas definidas, nem coerências, tampouco


linhas evolutivas. Deste modo, diferentes estilos convivem sem choques formando ecletismos
e pluralismos culturais. Não há grupos ou movimentos unificados. Além disso, ele não se desfaz
do passado que é agregado ao pós-moderno, apenas o tradicional foi eliminado. Um clima de
incertezas e uma dificuldade de sentir ou representar o mundo são as condições do pós-
moderno. Diante da sensação de irrealidade, da desordem e do vazio, a sociedade cada vez mais
se individualiza e se torna apática. Ela não encontra valores e sentido para a vida, somente se
entrega ao prazer imediato e ao consumismo. Portanto, ela não desenvolve pensamentos
profundos ou existenciais, mas apenas repostas rápidas e adequadas à era do consumismo
exacerbado.

O indivíduo pós-moderno, símbolo maior e centro da decadência de valores humanos,


que será atingido e tematizado pela arte contemporânea. A arte atual, ao criticar a tecno-ciência
aliada ao poder político e econômico, desconstrói o mundo para revelar o que está por trás do
sistema, buscar liberação individual e aumentar a percepção do mundo em que se vive. Para
tanto, o público passa ser a chave central da realização da arte. O espectador entra e faz
intervenções na obra. Em uma manobra onde artista é suprimido, o observador pode recompor
a obra em qualquer ordem que faça sentido para si próprio.
Contemporâneo

Conceitualmente contemporâneo diz-se daquilo que pertence ou que é relativo à época


em que se vive. Historicamente é a fase atual que estamos vivendo da história da humanidade,
e sucede a história moderna. Se considerarmos que a arte contemporânea é aquela que ocorreu
no último século, encontraremos correntes e estilos como o expressionismo, o cubismo, o
dadaísmo, o surrealismo, o pop-art e a arte conceptual, com referentes como Henri Matisse,
Pablo Picasso, Piet Mondrian, Marcel Duchamp, Salvador Dalí e Joan Miró. Uma versão mais
ampla da noção estende-se à arte contemporânea ao longo de todo o século XX e, inclusive, há
quem acredite que a arte contemporânea é aquela que surgiu na Idade Contemporânea (que se
inicia em finais do século XVIII).

Arte Contemporânea é um conceito que tem duas acepções: ou se reporta à arte


do período moderno, ou seja, à arte desde o século XVIII, ou como é
comumente aceite, à arte do pós-guerra, também denominada como segundas
vanguardas do século XX. Numa acepção mais atual, a arte do pós-guerra veio
a encaminhar-se para um entendimento da prática artística que sai para lá da
tradição das disciplinas históricas, definindo-se como uma disciplina ampla e
sem tipologia de género ou médium. Assim, a arte contemporânea tanto é
tomada, em termos gerais, como a arte dos nossos dias, como é localizada no
período que se segue à segunda guerra com uma afirmação nas décadas de
sessenta e setenta. Nessa acepção, a arte contemporânea daria lugar a uma arte
pós-histórica, ou seja, a uma formulação artística que radicaria no abandono
das categorias, das narrativas e dos paradigmas que tinham enformado a arte
até ao modernismo, para se assumir como uma prática social de contornos mais
fluidos e mais próxima da ciência e das disciplinas das ciências sociais
e humanas. Em qualquer um dos casos, a arte contemporânea está intimamente
ligada ao surgimento das perspectivas conceptuais, bem como ao abandono das
distinções tipológicas da história da arte. (DELFIM, ano, p.)

Teatro contemporâneo é o teatro feito na contemporaneidade, hoje e em qualquer lugar


do mundo. É como história: uma se vive e outra se conta. Diferentemente da historicização
estética das artes, que ilustra bem as diferentes épocas da história antiga e moderna, as
inquietações dos artistas envolvidos e o contexto da sociedade existente no momento, o teatro
produzido hoje não reflete uma estética definida, mesmo porque, a efemeridade do teatro difere
das outras artes, que têm como sustentar-se no tempo: um livro impresso, uma tela pintada, uma
escultura preservada.
No século XIX, o teatro estava se expandindo em experiências e inovações. O drama
burguês, por exemplo, privilegiava o cotidiano das pessoas, personagens comuns, que
posteriormente veio dar surgimento ao realismo. Tchekhov foi um dos grandes autores realistas,
representando o dia-a-dia do povo russo, e retratando o declínio da burguesia. Logo após, o
naturalismo surge dando espaço ao diretor e encenador. Constantin Stanislavski é o maior
representante naturalista, que criou uma técnica de interpretação, em que o principal objetivo
era fazer com que o público se identificasse com os personagens.

A dramaturgia contemporânea é diversa, composta com textos e linguagens bem


variados. Diferente da dramaturgia clássica, por exemplo, que os autores escreviam de forma
bem estruturada para que os leitores tivessem informações suficientes para compreender a
história. O fazer teatral era focado especificamente no texto. Era ele quem conduzia a
encenação. Com isso, o texto tinha definição temporal, classificável. No contemporâneo, o
leitor tem a capacidade de entender com sua própria visão do mundo, sem a busca de entender
uma história contada. É comum, no teatro pós-dramático que o espectador se depare com a falta
de fábula tradicional (com começo, meio e fim). A experiência teatral acaba sendo mais pessoal
e individualizada. Dentro dessa estética, Lehmann diz que:

[...] Foi determinante para a estética teatral o deslocamento da obra para o


acontecimento. É certo que o ato da observação, as reações e as “repostas”
latentes, ou mais incisivas dos espectadores desde sempre haviam constituído
um fator essencial da realidade teatral, mas nesse momento se tornam um
componente ativo do acontecimento, de modo que a idéia de uma construção
coerente de uma obra teatral acaba por se tornar obsoleta: um teatro que inclui
as ações e expressões dos espectadores como um elemento de sua própria
constituição não pode se fechar em um todo nem do ponto de vista prático nem
teórico. Assim, o acontecimento teatral torna explícitas tanto a processualidade
que lhe é própria quanto a imprevisibilidade nela implícita. (Ibidem, ano p.
100)

O teatro, enquanto encenação, pode até ter classificação, mas não se restringe ao/no
tempo. José da Costa no seu artigo; Teatro contemporâneo: presença dividida e sentido em
deriva, faz a seguinte afirmativa:

Penso que é possível localizar em boa parte do teatro contemporâneo um


movimento paradoxal. Movimento esse que se configura pela dinâmica que
envolve duas tendências simultâneas e, em certa medida, contrapostas. Em
primeiro lugar, verifica-se uma clara narrativização da cena (desfazimento da
concepção unificada e fechada do drama, da compreensão tradicional de
personagem, dos diálogos e da ação, em favor de uma valorização do diálogo
direto do artista com o público e de uma concepção do trabalho do ator como
uma espécie de rapsodo, de jogral ou de performer). Ao lado desse traço
narrativizador, figura a segunda das duas tendências paratáticas: a
problematização irônica da narrativa entendida como reconstituição ou
representação estável de fatos. (COSTA, ano, p.)
Hans Thies Lehmann, teórico alemão, foi o responsável por cunhar o termo pós-
dramático para o teatro. Essa ruptura se deu dentro na dramaturgia textual a partir de Beckett,
dramaturgo irlandês. Com isso, as possibilidades de um teatro focado mais especificamente na
encenação e não no texto se expandiu. Deu lugar a outras dramaturgias que não a do autor,
como a do ator, da cenografia, da iluminação, do figurino.

Nessa perspectiva o teatro contemporâneo, então, deveria mostrar os conflitos do homem


e da sociedade contemporânea num universo em que o texto dramático não existiria mais, não
fosse mais possível montar com ele, dada a urgência de outras questões que o texto literário não
fosse mais capaz de dar conta. Porém, essa ruptura é ineficaz quando percebemos que o teatro,
hoje, a partir desse distanciamento do texto dramático, passou a ser múltiplo em demasia. Muita
informação, muito signo. Isso em teoria, pois na prática, o que ocorre, é uma repetição de
práticas antigas. Sugere-me que o homem de hoje não se apercebeu da real dimensão do teatro
pós-texto literário-dramático.

Inevitável dizer que por essa multiplicidade de possibilidades, o jargão “vários teatros
possíveis” existem para dar sustentação a uma prática ineficaz e ineficiente do teatro que se faz
hoje, mas que é datado no passado. Por hoje nada diz, nada sugere, nada propõe.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BERTHOLD, Margot. História Mundial do Teatro. 5 ed. São Paulo: Perspec

COSTA, José da. Teatro contemporâneo: presença dividida e sentido em deriva. Sala Preta
PPGAC. Universidade São Paulo. 2004.

GOMES, Renato. Vanguarda e Ilusionismo Teatral: Algumas Pistas. Rio de Janeiro,.


Matraga, Instituto de Letras da UERJ. Disponivel em:
http://www.pgletras.uerj.br/matraga/matraga06_07/matraga6e7a10.pdf Acesso < 29 de Mar
de 20018>
SARDO, Delfim. Arte Contemporânea; Fundação CoaParque. CECL - Centro de Estudos
Comunicação e Linguagem, Universidade Nova de Lisboa

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