Por Que Avaliar - Como Avaliar - Sant'Anna

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Ilza Martins Sant' Anna

POR QUE AVALIAR?


COMO AVALIAR?
Critérios e instrumentos

7• Edição

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

---
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Sant' Anna, llza Martins


Por que avaliar? : como avaliar? : critérios e instrumentos / F

Ilza Martins Sant' Anna. - Petrópolis, RJ : Vozes, 1995. /

ISBN 85-326-1426-4

1. Avaliação educacional 2. Educação I. Título.


"'EDITORA
L95-1460 CDD-370.783 J Y VOZES
Índices para catálogo sistemático: Petrópolis
1. Avaliação escolar: Educação 370.783 2001

...
,
,t
O PROFESSOR E A AVALIAÇÃO
O professor é .um educador. Educação é um ato essencial-
mente humano.
O homem, porém, é um ser limitado, precisa do outro para
viver, para se realizar, para construir um "mundo melhor", e
este "mundo melhor" está condicionado aos valores da socie-
dade que o homem construiu e reconstrói permanentemente.
O educador será um agente produtivo e renovador se
trabalhar com o aluno, de forma a desenvolver integralmente
suas capacidades, acreditando na existência de uma vitalidade
interior que se direciona para a criatividade.
É preciso, porém, admitir que a educação está relacionada
às dimensões biológicas, psicológicas (cognitiva e afetiva),
sociais e espirituais, e que estas não coabitam isoladamente, e
sim de forma integrada, além de se manifestarem num fluxo
global, somativo.
Queremos, com isso, dizer que a aprendizagem se processa
por uma interação do indivíduo que aprende com o objeto a ser
conhecido, o que ocorre pela ação do sujeito frente ao objeto.
Segundo Piaget, "não há operação sem cooperação", o que
indica a importância da participação dos colegas e do professor
como problematizador.
O professor organizará as situações de aprendizagem,
oportunizando contato do aluno com o ambiente, de forma real,
significativa. É preciso conhecer a clientela para utilizar técni-
cas de acordo com a realidade interna e externa do sujeito.
'
A isto chamamos construtivismo. A avaliação consistirá
em estabelecer uma comparação do que foi alcançado com o
que se pretende atingir. Estaremos avaliando quando estiver-

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. d que queremos, o que ~stamos construindo Para tanto é necessário que o professor volte-se para dentro
0
mos examinan s analisando sua vahdade e eficiência (-
onsegu1mo , - de si próprio, conhecendo-se, aceitando-se, observando: o "eu"
e o que e d _ om um mínimo de esforço) . que sou, o "eu" que gostaria de ser, o "eu" que pensam que sou.
máxima pro uçao e
. - nos dá resposta a estas perguntas: A avaliação será bem-sucedida só após o professor eliminar
A ava 1iaçao seus preconceitos, distorções, temores, necessidades; só quan-
- Os objetivos foram alcançados? do estiver em harmonia consigo mesmo, estabelecendo um
_ 0 tempo previsto foi suficiente? clima de fé e confiança na realidade que o cerca e caminhar a
passos firmes em direção a metas que serão atingidas através:
_ 0 programa foi cumprido? (tarefa)
- "Da articulação de toda a vida escolar em torno da
_ Outros objetivos foram alcançados de maneira indireta? atividade dos alunos".
o professor, ao avaliar, dev~rá ter em vista o desen- - Do privilegiar a evolução sócio-afetiva, caracterizada
volvimento integral do aluno. Assim, comparando os resulta- por uma progressão de estágios ou de etapas construtivas de
dos obtidos, ao final, com a sondagem inicial, observando 0 sua personalidade (orientação pedagógica constantemente
esforço do aluno de acordo com suas condições permanentes preocupada em reinventar a prática escolar à base da elucida-
e temporárias, constatará o que ele alcançou e quais as suas ção das necessidades próprias às crianças e, de maneira mais
possibilidades para um trabalho futuro. genérica, dos participantes de qualquer processo de formação).
A avaliação também tem como pressuposto oferecer ao - Do "favorecimento à constituição de diferentes grupos
professor oportunidade de verificar, continuamente, se as ati- de trabalho, responsáveis coletivamente pela realização das
vidades, métodos, procedimentos, recursos e técnicas que ele tarefas escolares" (Cuidado Esc., Paulo Freire, p. 112-14).
utiliza estão possibilitando ao aluno alcance dos objetivos
-Da avaliação formativa que terá por pressuposto o acom-
propostos.
panhamento no processo de desenvolvimento em direção às
Assim, o professor avalia a si, o aluno e, ainda, o processo metas previstas, com base na observação e reflexão crítica de
ensino-aprendizagem. novos desafios que serão oportunizados. Deverão sempre estar
Também ao aluno devem ser oferecidas oportunidades de
presentes no processo, professores e alunos, mais pais ou
responsáveis, que através de uma participação ativa e diálogo
a~al_iar, não somente a si, mas o trabalho do professor e as
permanente buscarão defender resultados condignos com a
at1v1dades desenvolvidas. Mas, para acreditarmos na presença
educação dos novos tempos.
do aluno no processo de avaliação precisamos também acredi-
tar q~e sua ação será tanto mais produtiva quanto maior signi-
ficaçao os objetivos tiverem para ele levando-o a buscar meios
de alcançá-los. Os alunos se sentirão estimulados para novas O ALUNO E A AVALIAÇÃO
ap~e~dizagens ao verificarem o alcance gradativo de seus
obJetivos. Será que o aluno reconhece para que serve a avaliação?
Cremos que a percentagem das escolas que informa ao aluno
Jersi_ld (~ 965, p. 8-9) afirma que a "autocompreensão e a seus objetivos dá para contar apenas usando os dedos das mãos.
auto-ace1taçao d O e . . . . . Isto é profundamente lamentável. Será que algum educador já
ta t proiessor constituem o reqms1to mais 1mpor-
n e em todo O e f . foi encapuzado, obrigado a encontrar um caminho ou alcançar
compr d s orço destinado a ajudar os alunos a
een erem-se f . . . alguma coisa?
aceitação". e orJar neles atitudes sadias de auto-

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-- No entanto, 0 aluno, precisa, deve, é cobrado de coisas que
que propicie uma vivência hannoniosa com a realidade pessoal
desconhece, que não sabe para qu~ se~vem e qu~ servirão de
e social que o envolve.
prova de sua habilidade o~ competencia. Outro dia presenciei
uma mãe falar: fulano, poe o casaco. O rapaz, de 17 ano O aluno, a meu ver, é uma vítima.
pergunta: _ Por quê? - ~orque eu estou com frio; põe log~ Os professores, em sua maioria, cansados, carentes finan-
senão vais pegar um resfnado. O esposo desta mesma senho , ceiramente, enfrentando uma fase de transição social da huma-
alto funcionário, fo~ viajar e pre~isou telefonar para cars~ nidade, não estão dispostos a arriscar e permitir ao educando
caminhar com suas próprias pernas. Muitos mestres, se é que
porque havia esquecido qual a ~amis~ e~ ?ravata que deveria
merecem este nome, usam a avaliação como uma ameaça e até
usar no 3° dia. Sabem o que isto sig01f1ca? Simplesmente
se vangloriam de reprovar a classe toda, levando alunos e
que O professor, pais,· escola,
d
enfim, todos os responsávei
' dos, tecnologias com-s familiares ao desespero. Há professores radicais em suas opi-
pela educação necessitam a atar meto niões - só eles sabem, o aluno é imbecil - cuja presença só
patíveis com valores definidos que favoreçam o desen- serve para garantir o miserável salário do detentor do poder.
volvimento pessoal. Supondo que os alunos sejam realmente incompetentes, não
deveriam ser encaminhados para especialistas em educação
Sérgio Kieling argumenta: "Toda sociedade humana de-
tomarem alguma providência?
pende da educação, assim como a educação depende de todas
as dimensões do ser humano. O trabalho em educação, que Bem, uma coisa é certa, enquanto todos os dedos estiverem
queira atingir a profundidade a ponto de contribuir para uma apontados para o aluno, apenas para condená-lo, classificá-lo,
transformação da sociedade, precisa levar em conta essa di- conscientizá-lo de sua derrota, a educação continuará tendo
mensão de totalidade. Recomendamos ao professor se basear"' como produto uma sociedade e políticos da categoria que
estamos vendo.
no construtivismo em qualquer nível, desde o pré-escolar até
a universidade." Afirmo, e não é exagero o que digo, tanto o que construí-
mos até então pode nos destruir, quanto o esforço para uma
Lembra Sérgio Franco que o construtivismo não é um avaliação comprometida com uma pedagogia crítica e respon-
método ou um conjunto de receitas para se dar aulas; é, sim, sável de todos permitirá, com certeza, uma sociedade mais
uma teoria científica que explica o processo do conhecimento justa e um mundo bem melhor.
do ser humano. A avaliação só será eficiente e eficaz se ocorrer de forma
Jussara Hoffmann em sua obra Avaliação, Mito & Desafi.o, interativa entre professor e aluno, ambos caminhando na mes-
afirma: "A função seletiva e eliminatória da avaliação é res- ma direção, em busca dos mesmos objetivos.
ponsabilidade de todos! A avaliação, na perspectiva de_uma O aluno não será um indivíduo passivo; e o professor, a
pedagogia libertadora, é uma prática coletiva que exige~ª autoridade que decide o que o aluno precisa e deve saber. O
consciência crítica e responsável de todos na problematizaçao professor não irá apresentar verdades, mas com o aluno irá
das situações". investigar, problematizar, descortinar horizontes, e juntos ava-
liarão o sucesso das novas descobertas e, pelos erros, as me-
É fundamental ver o aluno como um ser social e político lhores alternativas para superá-los.
s~jeito do seu próprio desenvolvimento. O professor não ~re-
cisa Uma avaliação precisa se alicerçar em objetivos claros,
. mudar
. suas técnicas , seus métodos de trabalho; precisa,a
simples, precisos, que conduzam, inclusive, à melhoria do
1st0 sim, ver o aluno como alguém capaz de estabelecer um
d currículo.
relação cognitiva e afetiva com o meio circundante, manteo º
uma ação interativa capaz de uma transformação libertadora,
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É preciso selecionar situações qu~ oportunizem ao aluno
s comportamentos deseJados. Por exemplo h novo de ensino-aprendizagem alcance resultados tão bons ou
demonstrar O s que envolvem re 1açoes · • como part·, .á
- sociais, melhores que os anteriores."
comportamento e ti • 1c1- (Bloom, Hasting, Madaus)
ar de um trabalho de grupo de ,orma e ,_ciente, ser capaz de
P . opi·n,·ão de um colega ou solucionar
ouvir a .
um proble
. ma
(através de um teste ~u, por exemplo, ~P!tcan~o mformações "Avaliação em educação significa descrever algo em termos
e princípios já conhecidos, usando um d1c1onário, consultando de atributos selecionados e julgar o grau de aceitabilidade do
uma lista telefônica etc.). que foi descrito. O algo, que deve ser descrito e julgado, pode
ser qualquer aspecto educacional, mas é, tipicamente: (a) um
No caso de se perceber alguma dificuldade é preciso programa escolar, (b) um procedimento curricular ou (c) o
analisar suas causas dentro do esquema total do rendimento A comportamento de um indivíduo ou de um grupo."
falha poderá estar na metodo!ogi~ ~tilizada, mas poderá, ta~- (Thomdike e Hagen 1960)
bém, estar em algum fator ps1cof1s1co ou outro qualquer (falta
de tempo para estudar, desinteresse etc.).
"Avaliação significa atribuir um valor a uma dimensão men-
É preciso, para realizar uma avaliação coerente com os surável do comportamento em relação a um padrão de natu-
objetivos educacionais, levar em consideração a necessidade reza social ou científica."
(Bradfield e Moredock 1963)
de uma ação cooperativa entre os participantes do processo,
uma ação coletiva consensual, uma consciência crítica e res-
ponsável de todos. "Avaliação é o processo de delinear, obter e fornecer informa-
ções úteis para julgar decisões alternativas."
(Apud Silva 1977 p. 7)
DEFINIÇÕES DE AVALIAÇÃO
"A avaliação educativa é um processo complexo, que começa "É um processo contínuo, sistemático, compreensivo, compa-
com a formulação de objetivos e requer a elaboração de meios rativo, cumulativo, informativo e global, que permite avaliar
para obter evidência de resultados, interpretação dos resulta- o conhecimento do aluno."
dos para saber em que medida foram os objetivos alcançados (Juracy C. Marques 1976)
e formulação de um juízo de valor".
(Sarabbi 1971)
"Avaliação é a coleta sistemática de dados, por meio da qual
se determinam as mudanças de comportamento do aluno e em
"A avaliação é essencialmente um processo centralizado em que medida estas mudanças ocorrem."
(Bloom et alii)
valores."
(Penna Firme 1976, P· 17>
Nas definições selecionadas sobre avaliação, constatamos
a ênfase ao desempenho do aluno. Nosso pensamento é que,
"O crescimento
· ·
profissional do pro1essor
ç depende
. de sua
ões enquanto a avaliação estiver voltada exclusivamente para o
habilidade em garantir evidências de avaliação, mfont?aç e a aluno, isto é, enquanto não houver um despertar, uma conscien-
e materiais, a fim de constantemente melhorar seu en~tn~mo tização da necessidade de uma nova metodologia para o aluno
apr~ndizagem do aluno. Ainda, a avaliação pode serv;/ciclo
me10 de controle de qualidade, para assegurar que ca
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_ , ia escola no processo, a qualidade do ensin
e inclusao da propr .d o constatamos: todos os alunos são fisicamente normais. N_ão
pennanecerá comprometi a. . - . questiono o ritmo de aprendizagem de cada educando, e sim
. , . Nacional sobre Avahaçao Educacional
o I S1mpos10 . ' pro- seu potencial. Inúmeras escolas para deficientes conseguem
. I f dação CESGRANRIO e pela Associação Bra- êxito quanto às aprendizagens a que se propõem, e nossos
mov1do pe ª un · b d 93
silelía e ucação ' ocomdo
. . d Ed , . em setem ·ro · e concluiu·· alunos que vêem, ouvem e andam são inúmeras vezes repro-
"HoJe . nao
- se tem mais duvida de que o prmc1pal problema na vados. Será que realmente não têm capacidade? Um teste pode
º grau é a repetenc1a, e nao a evasao , conforme
A • - - ,,

esco1a de ) , . N . 1d C medir a capacidade do aluno? Creio que não. O teste é um


.
af1nnao pesquisador do Laboratono
. . .. ac10na b e amputação instrumento através do qual podemos medir o rendimento de
. 'f.1ca Sérgio Costa R1be1ro.d 0 ,,a 1uno aca a sendo O único
C1ent1 uma capacidade, mas não a capacidade em si. Testar significa
responsável pelos maus res:1 Ita os ' comp 1ementa a diretora verificar alguma coisa, através de situações previamente arran-
dos cursos de pós-graduaçao da Faculdade de Educação da jadas, as quais denominamos testes. Os testes são instrumentos
UFRJ Thereza Penna Firme, uma das conferencistas e na de medida. A partir da constatação de que, embora sendo
minha opinião uma das maiores autoridades sobre o assunto. ótimos instrumentos de verificação, os testes não satisfaziam
a todos os propósitos da educação, novos instrumentos de
Uma vez constatado este fator, desejamos reforçar nosso
medida foram buscados como: observação sistemática, escalas
posicionamento esclarecendo que o professor e o pessoal da de classificação etc. Considerando que medir é determinar a
escola devem estar continuamente investigando as melhores extensão, as dimensões (régua), a quantidade (balanço), o grau
situações de avaliação, as mais eficientes formas de coleta e ou capacidade de uma coisa ou objeto e em termos de ensino
sistematização dos dados, sua compreensão e utilização, bem x aprendizagem, atribuição de valores segundo determinadas
como o processo mais eficiente de capacitação de professores regras anteriormente estabelecidas nem sempre é possível;
em avaliação. visto que o resultado de uma medida é sempre expresso em
Conforme as definições expressas anteriormente, consta- números e não por descrição, e que os resultados educacionais
tamos a unanimidade dos autores em considerá-la um processo, envolvem não só quantidade, mas qualidade, testes e medidas
e conseqüentemente deve ser percebida como aquela condição passaram a não satisfazer como únicos instrumentos. Passou-
que imprime dinamismo ao trabalho escolar, pois diagnostica se, então, a partir dessa constatação, a utilizar-se da avaliação.
uma situação e permite modificá-la de acordo com as necessi- Os resultados da avaliação são expressos em julgamentos,
dades detectadas. Urna das dificuldades, porém, relaciona-se descrições e opiniões e se processam na interpretação dos
com a ausência de orientações claramente explicitadas para resultados de testes e medidas. A ênfase em medida é na
elaboração de um programa de avaliação. Isto nos conduz a aquisição de conhecimentos ou em aptidões específicas e ha-
questões do tipo: O que deve ser avaliado? Quando fazer a bilidades, enquanto a avaliação volta-se para as modificações
avaliação? Quem deve fazer a avaliação? Que instrumental que a aprendizagem provoca no educando e nos objetivos do
pode ser usado para coletar e registrar informações? O que se prpgrama educacional. Isto inclui não apenas conhecimento do
pode faz:r com as informações obtidas? Sugestões em te~os conteúdo da matéria, mas também atitudes, interesses, idéias,
de soluçoes alternativas para ir ao encontro de tais quesuo- hábitos de trabalho, modo de pensar e agir, bem como adapta-
nam~nt?s é o propósito de nosso trabalho. Procurando d~ ção social.
contm~tdade à interpretação das definições, desejamos enfati- Concluímos: Avaliação é um processo pelo qual se procura
zar a diferença entre testar, medir e avaliar. identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do
Muitos professores rotulam seus alunos dizendo: -Fulano comportamento e rendimento do aluno, do educador, do siste-
ou Beltrano não têm capacidade. Ao observarmos a classe

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• se a construção do conhecimento se proces-
ma confi,nnando á. DIAGNÓSTICA
• . t teórico (mental) ou pr uco.
sou, seJa es e . _ . ,, Visa determinar a presença ou ausência de conhecimentos
"Avaliar é conscienuzar a açao educativa.
e habilidades, inclusive buscando detectar pré-requisitos para
As definições levam-nos a _concluir da importância da novas experiências de aprendizagem. Permite averiguar as
. - no sistema escolar, pois é através da mesma que 0 causas de repetidas dificuldades de aprendizagem.
av ai1aça0 b' . d
professor e a escola verificarão se os o ~et1vos o ensino e do A partir de uma avaliação diagnóstica segura, providências
sistema foram alcançados. para estabelecimento de novos objetivos, retomada de objeti-
Constatamos também que, como processo, apresenta ca- vos não atingidos, elaboração de diferentes estratégias de
racterísticas de continuidade, temporali~ade, totalidade, orga- reforço (feedback), levantamento de situações alternativas em
nicidade e orientação para fim, ou seJa, se fundamenta em termos de tempo e espaço poderão e deverão ser providencia-
pressupostos como: dos para que a maioria, ou quem sabe todos os estudantes
aprendam de modo completo as habilidades e os conteúdos que
- É dinâmica: não é estática.
se pretenda ensinar-lhes.
- É contínua: não é terminal. A auto-avaliação deverá estar presente, inclusive neste
- É integrada: não é isolada do ensino. momento.
- É progressiva: não é estanque. Acreditamos, inclusive, que esta deverá ser utilizada do 1º
ao 3º grau. Atualmente esta tem sido pouco explorada, e quando
- É voltada para o aluno: não para os conteúdos.
utilizada a tendência é de que alunos brilhantes se atribuem
- É abrangente: não restrita a alguns aspectos da persona- graus menos elevados do que aqueles que não adquirem o
lidade do aluno. conhecimento ou habilidade almejada.
-É cooperativa: não realizada somente pelos professores. Auto-avaliação deve ser uma aprendizagem já explorada
-É versátil: não se efetiva sempre da mesma forma. nas séries iniciais para que, através da educação, o aluno seja
capaz de parar, pensar, concluir e continuar a escalada do
conhecimento com pés firmes, consciência tranqüila e garan-
tindo seu próprio progresso. Afirma-se que o educando é o
MODALIDADES DE AVALIAÇÃO sujeito, e não o objeto da ação educativa; no entanto, ele
Segundo Bloom, conforme as funções que desempenha, próprio não participa do processo de sua avaliação, apenas
classifica-se a avaliação em três modalidades: recebe, direta ou indiretamente, o resultado de sua vitória ou
fracasso.
Diagnóstica É-lhe comunicada apenas a sentença final.
O diagnóstico se constitui por uma sonda em, projeção e
Formativa retrospecção da situação de desenvolvimento aluno, dando-
lhe elementos para verificar o que aprendeu e orno aprendeu.
Somativa É uma etapa do processo educacional ue t por objetivo
verificar em que medida os conhecimento a t iores ocorre-
feedback ram e o que se faz necessário planejar para sele ·onar dificul-
dades encontradas.
.
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t
Alunos e professores, a partir da avaliação diagnóstica d
forma integrada, reajustarão seus planos de ação. e 6) Conforme Erica Grassau, para que se processe a avalia-
Esta avaliação deverá ocorrer no início de cada ciclo d ção formativa devemos:
estudos, pois a variável tempo pode favorecer ou prejudicar e a) Saber o que se quer avaliar e para que servem os
trajetórias subseqüentes, caso não se faça uma reflexão co as resultados.
tante, crítica, participativa. ns- '
b) Obter as evidências que descrevem o evento que nos
interessa.
FORMATIVA
c) Estabelecer os critérios e os níveis de eficiência para
É realizada com o propósito de informar o professor e 0
comparar os resultados.
aluno sobre o resultado da aprendizagem, durante o desenvol-
vimento das atividades escolares. Localiza deficiências na d) Emitir um juízo de valor que sirva de base para ações
organização do ensino-aprendizagem, de modo a possibilitar futuras (Grassau 1975, p. 29).
reformulações no mesmo e assegurar o alcance dos objetivos.
É chamada formativa no sentido que indica como os alunos A mesma autora apresenta as tarefas que devem ser desen-
estão se modificando em direção aos objetivos. cadeadas para que o processo formativo ocorra:
Para que se processe a avaliação formativa deve-se observar: !)Especificar o que deseja avaliar e a razão por que se
avalia.
1) Seleção dos objetivos e conteúdos distribuídos em pe-
quenas unidades de ensino. As unidades previstas deverão 2) Determinar os objetivos que se deseja alcançar.
contar com a participação dos alunos. O aluno deverá não 3) Selecionar as variáveis relevantes para se obter uma
apenas conhecer, mas ver os objetivos, para que se engaje no informação objetiva.
processo.
4) Traduzir os objetivos educacionais e estabelecer crité-
2) Formulação de objetivos com vista à avaliação em rios para se emitirem juízos valorativos.
termos de comportamento observáveis, estabelecendo critérios 5) Construir instrumentos para obter as informações.
de tempo, qualidade e/ou quantidade.
6) Fixar uma amostra que servirá de base para obter as
3) Elaboração de um quadro ou um esquema teórico que informações relevantes.
permita a identificação das áreas de maiores dificuldades.
7) Processar e analisar os dados coletados para obter
4) Correção de erros e insuficiências para reforço dos informações que permitam um diagnóstico do que desejamos
comportamentos bem-sucedidos e eliminação dos desacertos, avaliar.
assegurando uma ótima seqüência do ensino-aprendizagem
(Jeedback de ação). 8) Tomar decisões para executar a ação desejada (Grassau
1973, p. 30).
5) Seleção adequada de alternativas terapêuticas para aju-
dar.º aluno a se recuperar de alguma insuficiência no processo SOMATIVA
en si~o~aprendizagem. Ex. : utilização de estudos dirigidos que
Sua função é classificar os alunos ao final da unidade,
prop~cie_ revisão de pré-requisitos. Organização de grupos de
semestre ou ano letivo, segundo níveis de aproveitamento
momtona para assessoramento e elaboração de atividades de apresentados.
reforço, etc.

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J 34
1 alii a avaliação somativa "objetiva
Segundo Bl~m e 1 0 'grau em que os resultados mais Segundo Robert Stalze (1967), a avaliação educacional
avaliar de m~neiral gerados ao longo e ao final de um curso". tem seu aspecto formal e informal.
los têm sido a cança
amp t ai a classificação do aluno se processa O aspecto informal se evidencia em sua dependência aos
N0 momento a u d A
objetivos implícitos, as normas intuitivas e julgamentos subje-
d' mento alcançado, ten o por parametro os
segundo o re~ i tivos; o aspecto formal, por sua vez, decorre de objetivos bem
objetivos previstos. . . . . . formulados, de comparações controladas de instrumentos fide-
. •- é de que não apenas os obJet1vos mdiv1duais dignos. ·
Nossa opmiao d'
. d base mas também o ren 1mento apresentado
devam servir e ' , d - Um programa de avaliação se constitui por funções gerais
r exemplo, se em numero x e questoes a classe
pelo grupo. P0 'fi · d 1 - corres- e específicas.
rcentagem sigm icauva e a unos nao
toda ou uma pe h b'l'd d . São funções gerais da avaliação:
ode aos resultados desejados: esta a 1 i a e, atitude ou
!'m1onnaça
°& -0 deveria ser desconsiderada e retomada . no novo_ 1) fornecer as bases para o planejamento;
planejamento, pois ficou constatado que a aprendizagem nao
2) possibilitar a seleção e a classificação de pessoal (pro-
ocorreu. fessores, alunos, especialistas etc.);
Concluindo, a classificação deve se processar conforme
3) ajustar políticas e práticas curriculares.
parâmetros individuais e grupais.

São funções específicas da avaliação:


FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO 1) facilitar o diagnóstico;
Tomando por base a definição de J.L. Mursell, "a avaliação 2) melhorar a aprendizagem e o ensino (controle);
é um sistema intencional e discriminatório de verificação que
3) estabelecer situações individuais de aprendizagem;
tem por objetivo tornar a aprendizagem mais efetiva", conc~uí-
mos que esta, como processo, objetiva melhorar a apre~diza- 4) interpretar os resultados;
gem; a validade deste posicionamento, embora parcial, é 5) promover, agrupar alunos (classificação).
significativa quanto à ênfase dada à avaliação como processo
Segundo Cook, 1961, essas funções estão intimamente
educativo.
relacionadas às funções primordiais da educação, que são a
A importância da avaliação, bem como seus pr~cedi?1e~- integrativa e a diferenciada.
tos, têm variado no decorrer dos tempos, sofrendo a influencia
Quando cumpre a educação sua função integrativa, busca
das tendências de valoração que se acentuam em cada época, tornar as pessoas semelhantes em idéias, valores, linguagem,
em decorrência dos desenvolvimentos da ciência e da tecnolo- ajustamento intelectual e social. Unifica e dá coesão ao grupo.
gia. Em sua função diferenciada, no entanto, visa a salientar as
Considera-se a avaliação dos resultados do ensino-apren- diferenças individuais, preparar as pessoas segundo suas com-
dizagem de grande relevância porque permite: petências particulares, formando-as para profissões e ativida-
des específicas.
1) oferecer informações fundamentais para o processo de
tomada de decisões quanto ao currículo; Para uma visualização mais clara do processo, observemos
o quadro a seguir:
2) melhorar o processo ensino-aprendizagem.

37
36
Embora nos pareça desnecessário, registramos alguns es-
clarecimentos sobre o referencial teórico proposto por Bloom.

J) Função diagnóstica objetiva


a) Verificar se o aluno apresenta ou não determinados
conhecimentos ou habilidades necessários para aprender algo
novo (pré-requisitos).
b) Identificar, discriminar, caracterizar as causas determi-
nantes das dificuldades de aprendizagem ou essas próprias
=
"'"'º
"' E
§o dificuldades para uma prescrição.
u u
i.::
·- o
u -o
c) Comprovar as hipóteses sobre as quais se baseia o
"'Q. ...o
. currículo.
ó V: u V,
e "' cs o
·;;; Vl Q.) ê,;; d) Obter informações sobre o rendimento do aluno.
e 3 -o 8.
"'o e
"'
o
"'o ...e.
E
"' 2) Função formativa ou de controle
=
e
::,
...
-Vl -~
-o
cs "'
o
>
::,
o -
C
Q.) • -
C !j a) Informar o aluno e o professor sobre os resultados que
C-,-~
-..o
1 e. o estão sendo alcançados durante o desenvolvimento das ativi-
dades.
b) Melhorar o ensino e aprendizagem.
·.;;
Q. 2e eo.
"' o c) Localizar, apontar, discriminar deficiências, insuficiên-
E i cias, no desenvolvimento do ensino-aprendizagem para elimi-
.~
·a
blJ
ná-las.
ou
o d) Propiciar feedback de ação (leituras, explicações, exer-
=
E
cícios etc.).
cs
t:
g_ 3) Função classijicatória
§õ
u E a) Classificar o aluno segundo o nível de aproveitamento
1 8 ou rendimento alcançado.
y d b) Buscar uma consciência coletiva quanto aos resultados
alcançados. (Temos certeza de que as solicitações ou situações
de aprendizagem não se limitaram a exigências de memoriza-
ção e reprodução de dados pelo aluno?)
As lacunas de aprendizagem realmente desapareceram? A
construção do conhecimento de fato ocorreu?

1 A confirmação positiva a estes questionamentos nos leva


a expectativas realmente gratificantes.

1
39
\ l
\

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