Diretrizes de Segurança - Divaldo Franco E Raul Teixeira
Diretrizes de Segurança - Divaldo Franco E Raul Teixeira
Diretrizes de Segurança - Divaldo Franco E Raul Teixeira
Raul Teixeira
Divaldo P. Franco
Diretrizes de Segurança
Um diálogo em torno das
múltiplas questões da mediunidade
Conteúdo resumido
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Reúne 104 perguntas, respondidas pelos autores, enfocando
questões essenciais em torno do tema central, que é a atividade
mediúnica. Destacam-se os cuidados básicos a serem observados
pelos médiuns e pelos grupos mediúnicos, especialmente com
relação à vivência evangélica que deve nortear a vida do
tarefeiro mediúnico.
Divaldo P. Franco
Nascido em Feira de Santana, no Estado da Bahia,
no dia 5 de maio de 1927, filho de Francisco Franco e
de Ana Pereira Franco, desde muito jovem adotou a
Doutrina Espírita como roteiro para sua vida, assumindo
a tarefa mediúnica e associando-a aos relevantes labores
da pregação da mensagem espírita, para os corações
sequiosos de conhecimento e de consolação, em toda
parte.
Fundou, em 7 de setembro de 1947, com um grupo
de companheiros, o Centro Espírita “Caminho da
Redenção”, em Salvador, e logo depois criou a Mansão
do Caminho, obra modelar de educação de crianças
socialmente órfãs, sob a égide do pensamento espírita.
Tendo viajado e levado a sua palavra, firme e
empolgante, por todo o Brasil e a cerca de 45 países,
avança Divaldo para mais notáveis realizações na Seara
Espírita.
J. Raul Teixeira
Nascido em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, no
dia 7 de outubro de 1949, filho de Raul dos Santos
Teixeira e de Benedicta Maria da Conceição, a partir
dos tenros anos da mocidade, ao travar contato com a
Doutrina Espírita, entusiasmou-se com ela e iniciou seu
caminho de pregação doutrinária, ao mesmo tempo em
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que a dedicação à mediunidade foi-lhe abrindo veredas
e visão novas nos arraiais do Movimento Espírita.
Junto de alguns companheiros, fundou, em 4 de
setembro de 1980, a Sociedade Espírita Fraternidade,
em Niterói, desenvolvendo, a seguir, um trabalho de
assistência a crianças faveladas e seus familiares,
atividade hoje transferida para os labores do Remanso
Fraterno, em fase de estruturação.
Conhecido por sua vibrante pregação em todo o
Brasil e em diversos países estrangeiros, prossegue
Raul, buscando atender aos objetivos do Espiritismo.
Sumário
Nota dos Autores ........................................................... 4
Diretrizes de Segurança ................................................ 4
Segura Diretriz .............................................................. 7
I – Mediunidade .................................................................. 9
II – Grupo Mediúnico......................................................... 34
III – Desenvolvimento Mediúnico ....................................... 52
IV – Comunicações .............................................................. 55
V – Doutrinação .................................................................. 59
VI – Mentores ....................................................................... 63
VII – Passes ............................................................................ 67
VIII – Alimentação ................................................................. 76
IX – Estudos, Participação, Receituário ............................ 79
X – Escolhos da Mediunidade ........................................... 83
XI – Usos e Costumes ........................................................... 88
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Nota dos Autores
Diretrizes de Segurança
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Exorando ao Senhor que a todos nos abençoe,
formulamos votos de paz e plenitude para os nossos caros
leitores.
Joanna de Ângelis
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Segura Diretriz
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Perguntas, profundas ou simples, compuseram a pauta de
formidáveis ocasiões de aprendizado feliz, ao longo de todo
o Evangelho de Jesus Cristo.
Desse modo, quando, no Movimento Espírita, vemos os
irmãos das lides terrenas se encontrarem para o estudo e,
dentro dele, dedicarem algum tempo para dissiparem
dúvidas, de modo honesto e salutar, vibramos com a
possibilidade de que tais questões e suas respectivas
respostas apareçam documentadas para a elucidação de
muitos, em torno de diversos pontos da doutrina veneranda
do Espiritismo.
Louvamos ao Senhor, frente a esse pequeno trabalho,
que, com certeza, se não representa novidade no contexto
espírita, será segura diretriz, para tantos que anseiam por
entender melhor ou ampliar reflexões e conhecimentos sobre
a prática espiritista.
Certo da bênção do Excelente Mestre para este singelo
livro, anelamos por prosseguir estudando e avançando a
serviço da Seara do Bem, na qual nos encontramos
engajados, pela misericórdia de nosso Pai.
Camilo
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Primeira parte
Mediunidade
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1. Qual a finalidade da mediunidade na Terra?
Divaldo – A mediunidade é, antes de tudo, uma oportunidade
de servir, bênção de Deus, que faculta manter o contato com a
vida espiritual. Graças ao intercâmbio, podemos ter aqui, não
apenas a certeza da sobrevivência da vida após a morte, mas
também o equilíbrio para resgatarmos com proficiência os
débitos adquiridos nas encarnações anteriores. É graças à
mediunidade que o homem tem a antevisão do seu futuro
espiritual e, ao mesmo tempo, o relato daqueles que o
precederam na viagem de volta à erraticidade, trazendo-lhe
informes de segurança, diretrizes de equilíbrio e a oportunidade
de refazer o caminho pelas lições que ele absorve do contato
mantido com os desencarnados.
Assim, a mediunidade tem uma finalidade de alta
importância, porque é graças a ela que o homem se conscientiza
das suas responsabilidades de Espírito imortal. Conforme
afirmava o Apóstolo Paulo, se não houvesse a ressurreição do
Cristo, para nos trazer a certeza da vida espiritual, de nada
valeria a mensagem que Ele nos deu.
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Não existem, na Doutrina Espírita, médiuns mais fortes que
outros, mas, sim, os que são mais dedicados que outros, mais
afervorados que outros, que estão renunciando à matéria e
efetuando o esforço do auto-aprimoramento mais que outros.
Isso ocorre. E é esse esforço para algo mais alto que confere ao
médium, ou a outro servidor qualquer, melhores condições de
estar à frente na lide. Mas isso não significa que o que venha na
retaguarda não poderá alcançá-lo, realizando os mesmos
esforços.
Conversando, oportunamente, com um grupo de amigos, o
nosso venerável Chico Xavier dizia para os companheiros que o
questionavam que o dia em que não chora, não viveu.
Depreendemos disso que quanto mais se alteia a mediunidade,
colocando aquele que dela é portador numa posição de destaque,
numa posição de claridade, naturalmente, os que não desejam a
luz mais atirarão pedras à “lâmpada”, tentando quebrá-la, quando
não desejam derrubar o “poste” que a sustenta.
Daí, o médium mais importante ser aquele que mais disposto
esteja para enfrentar essas lutas em nome do Cristo, Médium de
Deus por excelência, e o mais importante Senhor da
mediunidade que conhecemos.
Não caberá nenhum desânimo a nenhum de nós outros que
ainda nos localizamos numa faixa singela de mediunidade,
galgando os primeiros passos. Isto porque já ouvimos
companheiros que gostariam de receber mensagens como o
Chico recebe, desejariam receber obras daquele talante,
desejariam ser médiuns da envergadura desse ou daquele
companheiro que se projeta na sociedade, mas desconhecem a
cota de sacrifícios diários, de lutas, de lágrimas, de renúncias a
que eles têm de se predispor e se dispor. Por isso, em
Espiritismo, não há médiuns superiores a outros, nem
mediunidades mais importantes que outras; existem
oportunidades para que todos nós tomemos a charrua da
evolução sem olharmos para trás, crescendo sempre.
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3. Existe mediunidade inconsciente?
Divaldo – Sem dúvida. Kardec classificava os médiuns,
genericamente, em dois tipos: seguros e inseguros. Dentro dessa
classificação, os seguros são aqueles que filtram com fidelidade
a mensagem, aqueles que são automáticos, sonambúlicos,
inconscientes portanto, por meio dos quais o fenômeno ocorre
dentro de um clima de profundidade, sem que a consciência atual
tome conhecimento.
Podem ser os médiuns conscientes, semiconscientes e
inconscientes. Quanto às suas aptidões e qualidades morais, eles
têm vasta classificação.
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de fora, ficando dentro do Centro, porém ligado aos espíritos
com os quais se afina, mantendo vinculação hipnótica, telepática.
Há pessoas que não conseguem orar, e, quando vão orar,
ocorrem-lhes pensamentos de teor vibratório muito baixo. Na
hora da prece são assistidas essas pessoas por lembranças de
coisas desagradáveis vulgares, sensuais, e não sabem
compreender como isso lhes sucede. É resultado de hábito
mental.
Se nós, a vida inteira, jogamos para o inconsciente idéias
depressivas, vulgaridades, criamos ideoplastias perniciosas. A
nossa memória anterior ou subconsciente fica encharcada
daquelas fixações. Na hora em que vamos exercitar um
pensamento ao qual não estamos habituados, é lógico que,
primeiro, aflorem os que são freqüentes. Ilustraremos melhor:
Imaginemos aqui um vaso comunicante em forma de letra
“U” De repente vamos orar ou sintonizar com os espíritos
nobres. Pelo superconsciente vem a idéia, passa pelo consciente
e desce ao inconsciente. Ao passar por ali recebe o enxerto das
idéias arquivadas e chega novamente à razão, influenciada pela
mescla do que está em depósito. Se pegamos um vaso que está
com fuligem, com poeira e colocamos água limpa, ela entra
cristalina, porém sai suja, até que, se perseverarmos e
continuarmos colocando água limpa, ela irá assear aquele
depósito e sairá, por fim, como entrou. É necessário, então,
porfiar na idéia, insistir nos planos positivos, permanecer nos
pensamentos superiores.
Somos sempre responsáveis por quaisquer comunicações,
desde que somos o fator que atrai a entidade que se vai
apresentar, graças às nossas vibrações e conduta intelecto-moral.
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Na minha terra, vi senhoras que se jogavam no chão, e
vinham os cavalheiros prestimosos ajudá-las... Graças a Deus
eram todas magrinhas...
O médium deve controlar o espírito que se comunica, para
que este lhe respeite a instrumentalidade, mesmo porque o
espírito não entra no médium.
A comunicação é sempre através do perispírito, que vai
oferecer campo ao desencarnado. Todavia, a diretriz é do
encarnado.
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empenhados em nos ajudar para o bom discernimento das nossas
realizações.
Registro, outrossim, a presença de vários desses amigos que
prosseguem colaborando, vivamente empenhados no trabalho de
educação e de iluminação das almas. Eles hoje aqui capitaneados
pelo espírito Dr. Camilo Chaves, que também convidou um
número muito grande de antigos colaboradores da Doutrina
Espírita nesta cidade, tais como Pascoal Comanducci, Henriot,
Bady Elias Guri, Dolores Abreu, professor Cícero Pereira,
Virgílio Almeida, Célia Xavier, Schembri e outros trabalhadores
afeiçoados ao bem, que se encontram empenhados em promover
o Consolador em nossas vidas para que as mesmas sigam, por
acréscimo de misericórdia, na direção de Jesus.
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18. Por que dois médiuns enxergam, ao mesmo tempo,
quadros diferentes?
Divaldo – Porque as percepções visuais são em faixas
vibratórias, que oscilam de acordo com o grau de adiantamento
do espírito do médium.
Um registra uma faixa, na qual se manifestam os espíritos, e
outro registra um tipo de faixa diversa.
Ocorre, também, que a maioria dos médiuns videntes é
clarividente e, nesse caso, a imaginação, quando indisciplinada,
elabora construções e imagens que ele não sabe traduzir,
perturbando-se com aquilo que capta.
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O médium curador é o intermediário para o chamamento aos
que sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do
comportamento, integrando-se na esfera do bem.
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Segunda parte
Grupo Mediúnico
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30. O que é um grupo mediúnico e qual o número adequado
de pessoas que deve constituí-lo?
Divaldo – Entendemos por grupo mediúnico a associação de
pessoas que têm conhecimento da Doutrina Espírita e que
pretendem dedicar-se ao estudo da fenomenologia medianímica
e, simultaneamente, praticar a excelente lição do próprio
Espiritismo, que é a caridade.
O número de pessoas oscila de acordo com as possibilidades
dos que dirigem o grupo. Ideal é que este seja constituído de
elementos, como diz Allan Kardec,15 simpáticos entre si, que
persigam objetivos superiores, que desejem instruir-se e que
estejam dispostos ao ministério do serviço contínuo; entretanto,
merece considerar que todo grupo de experiências mediúnicas
fundamentado num número excessivo de membros está
relativamente fadado ao fracasso. Os espíritos prescrevem um
número em torno de 15 (quinze), no máximo 20 (vinte), ou não
inferior a 6 (seis), para que haja a equipe dos que trabalharão na
mediunidade propriamente chamada, bem como a equipe dos que
atenderão no socorro dos passes e através da mediunidade de
doutrinação, e, ao mesmo tempo, o grupo dos que poderão
atender como assessores para qualquer outra cooperação
necessária.
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33. Os participantes de uma sessão mediúnica devem fazer
algum tipo de preparo íntimo durante o dia, antes mesmo
do início da reunião?
Divaldo – O espírita deve fazer um preparo normal, porque é
um dever que lhe compete, uma vez que nunca sabe a hora em
que será convocado ao retorno à consciência livre.
O espírita que freqüenta o labor mediúnico, além de espírita,
é peça importante no mecanismo de ação dos espíritos na direção
da Terra. Ele deve fazer uma preparação, não somente nos dias
da reunião, mas sempre, porque tal preparação seria insuficiente
e ineficaz, já que ninguém muda de hábitos, apenas por alterar
sua atitude momentânea.
Nos trabalhos mediúnicos, são exigíveis hábitos mentais de
comportamento moral enobrecido, e estes não podem ser
improvisados. Então, os membros de uma sessão mediúnica são
pessoas que devem estar normalmente vigilantes todos os dias e,
em especial, nos reservados ao labor, para que se poupem às
incursões dos espíritos levianos e adversários do bem, que, nesse
dia, tentarão prejudicar a colaboração e perturbar-lhes o estado
interior, levando distúrbios ao trabalho geral, que é o que eles
objetivam destruir. Então, nesse dia, a vigilância deve ser maior:
orar, ler uma página salutar, meditar nela, reflexionar, evitar
atitudes da chamada reação e cultivar as da ação, pensar antes de
agir, espairecer e se, eventualmente, for colhido pela tempestade
da ira, pela tentação do revide, que às vezes nos chega, manter a
atitude recomendada pelo Evangelho de Jesus.
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35. Alguns grupos mediúnicos exigem a manifestação dos
Mentores Espirituais para declararem iniciados os
trabalhos. É isto necessário?
Divaldo – Exigir a manifestação do Mentor é inverter a
ordem do trabalho. Quem somos nós para exigir alguma coisa
dos Mentores? Quando o trabalho está realmente dirigido, são os
Mentores que, espontaneamente, quando convém, se apressam
em dar instruções iniciais, objetivando maior aproveitamento da
própria experiência mediúnica.
Ocorre que, se o início do trabalho for condicionado a
incorporações dos chamados Espíritos guias, criar-se-á um
estado de animismo nos médiuns que, enquanto não ouçam as
palavras sacramentais, não se sentirão inclinados a uma boa
receptividade. Isso é criação nossa, não é da Doutrina Espírita.
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37. Por que acontece, às vezes, nas sessões mediúnicas, não
haver nenhuma manifestação? O que determina ou
impede as manifestações?
Divaldo – O baixo padrão vibratório reinante no ambiente. A
sintonia psíquica dos membros da reunião responde pelos
resultados da mesma.
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Na condição de condutor encarnado do cometimento
mediúnico, deverá preparar-se para filtrar as inspirações do
Invisível Superior, por meio das indispensáveis disciplinas do
caráter, de uma vida enobrecida pelo cumprimento do dever, pela
renúncia aos vícios de todos os tipos, que enodoam tanto seu
psiquismo quanto seu organismo físico.
Será de grande valia, tanto para o dirigente quanto para
aqueles que se candidatam a tal direção de trabalhos mediúnicos,
o gosto por estudar as obras literárias do Espiritismo, assim
como o hábito das meditações em redor do que haja lido,
facilitando a identificação das diversas ocorrências que poderão
se dar nas sessões, como permitindo interferências
indispensáveis nessas ocasiões, com conhecimento de causa.
O fenômeno do animismo, assim como o das mistificações,
somente às custas de muita reflexão em torno de muito estudo e
amadurecimento, com o conseqüente conhecimento do ser
humano, poderão ser identificados satisfatoriamente.
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44. E aqueles grupos que se fecham em torno deles mesmos e
seus membros não freqüentam palestras, reuniões
doutrinárias e se dedicam tão somente ao fenômeno em si,
ao intercâmbio mediúnico? Estarão procedendo
corretamente?
Divaldo – O mandamento é este: que vos ameis uns aos
outros como eu vos amei e que façais ao próximo quanto
desejardes que o próximo vos faça, equivalendo a dizer que todo
aquele que se isola perde a oportunidade de evoluir, porque todo
enquistamento degenera em enfermidade.
44
estudos, para primeiro evangelizar-se, conhecendo a doutrina, a
fim de que, mais tarde, canalize as suas forças mediúnicas num
bom direcionamento.
Há uma praxe entre as pessoas pouco esclarecidas a respeito
da Codificação Espírita, que induz se leve o indivíduo a uma sala
mediúnica para poder equacionar problemas, como quem tira
uma coisa incômoda de cima da pessoa.
O problema de que a criatura se vê objeto pode ser o
chamamento para mudança de rota moral. A mediunidade que
aturde é um apelo para retificação das falhas. E é necessário ir-se
às bases para modificar aqueles efeitos perniciosos.
Daí, diante de uma pessoa com problemas mediúnicos, a
primeira atitude nossa será encaminhar o necessitado à
aprendizagem da Doutrina Espírita, que é a terapêutica para seus
problemas. A mediunidade será educada a posteriori como
instrumento de exercício para o bem, mediante o qual granjeará
títulos para curar o mal de que se é portador.
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Já que temos o Centro, por que desrespeitá-lo, fazendo
sessões mediúnicas noutro lugar, se ele é o determinado para tal?
Se o problema é ir-se a um lugar, por que não ao ideal?
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52. Que pensar dos médiuns psicofônicos que recebem
Espíritos durante a sessão, um atrás do outro? Será
indício de grande mediunidade?
Raul – A mediunidade amadurecida não é identificada pelo
número de desencarnados que se comuniquem por um único
médium, numa mesma sessão, mas será identificada pelo teor das
comunicações, pela qualidade do fenômeno, que demonstrará a
maior ou menor afinação do médium com as responsabilidades
da tarefa.
Cada médium, quando devidamente esclarecido e maduro
para o desempenho dos seus compromissos, saberá que o número
avultado de comunicações por sessão poderá indicar descontrole
do instrumento encarnado e não a sua pujança mediúnica. Há
médiuns que prosseguem dando passividade a entidades durante
a prece de encerramento, sem qualquer disciplina, quando não
justificam que tais entidades estavam programadas, como se os
Emissários do Além, responsáveis por lides tão graves, tivessem
menor grau de bom senso do que nós, os encarnados.
Um número de até duas comunicações, ou até três, em caso
de grande necessidade e carência de outros médiuns, parece
bastante coerente.
Todos os médiuns, assim, terão chance de atender aos irmãos
desencarnados, sem desgastes desnecessários.
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O sono pode, ainda, ser provocado por entidades espirituais
que nos espreitam e que não têm nenhum interesse em nosso
aprendizado para o nosso equilíbrio e crescimento.
Muitas vezes, os companheiros questionam: “– Mas nós
estamos no Centro Espírita, estamos num campo protegido.
Como o sono nos perturba?” Temos que entender que tais
entidades hipnotizadoras podem não penetrar o circuito de forças
vibratórias da Instituição, ficam do lado de fora. Mas, a pessoa
que entrou no Centro, na reunião, não sintonizou-se com o
ambiente, continua vinculada aos que se conservam fora, e
através dessa porta, desse plug aberto, ou dessa tomada, as
entidades que ficaram lá de fora lançam seus tentáculos mentais,
formando uma ponte. Então, estabelecida a ligação, atuam na
intimidade dos centros neuroniais desses incautos, que dormem,
que se dizem desdobrar: “– Eu não estava dormindo... apenas
desdobrei, eu ouvi tudo...” Eles viram e ouviram tudo o que não
fazia parte da reunião. Foram fazer a viagem com as entidades
que os narcotizaram.
Deparamos aí com distúrbios graves, porque quando termina
a reunião o indivíduo está fagueiro, ótimo e sem sono, e vai
assistir à televisão até altas horas, depois de se haver submetido
aos fluidos enfermiços. Por isso recomendamos àqueles que
estão cansados fisicamente, que façam um ligeiro repouso antes
da reunião, ainda que seja por poucos minutos, para que o
organismo possa beneficiar-se do encontro, para que fiquem
mais atentos durante o trabalho doutrinário. Levantar-se, borrifar
o rosto com água fria, colocar-se em uma posição discreta,
sempre que possível ao fundo do salão, em pé, sem encostar-se, a
fim de lutar contra o sono.
Apelar para a prece, porque sempre que estamos desejosos de
participar do trabalho do bem, contamos com a eficiente
colaboração dos Espíritos Bondosos. Faze a tua parte que o céu
te ajudará.
Temos, então, o sono como esse terrível adversário de nossa
participação, de nosso aprendizado, de nosso crescimento
espiritual. Não permitamos que ele se apodere de nós. Lutemos o
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quanto conseguirmos, e deveremos conseguir sempre, para
combatê-lo, para termos bons frutos no bom aprendizado.
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Terceira parte
Desenvolvimento Mediúnico
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54. Quais seriam as etapas a serem percorridas pelo médium
na sua educação mediúnica?
Raul – Segundo Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns,20 a
mediunidade não deverá ser explorada antes que venha a eclodir.
Dever-se-ia esperar que ela brotasse e, a partir de então, se lhe
daria o devido trato. Sendo assim, embora encontremos muitos
companheiros que se candidatam ao exercício da mediunidade,
sem que jamais hajam sentido coisa alguma que lhes demonstre
serem portadores desse grau ostensivo de mediunidade, as nossas
Instituições Espíritas devem estar sempre em guarda cuidadosa,
para que não inaugurem o sistema de fabricação mediúnica
destituída de qualquer valor doutrinário, uma vez que há
companheiros que se aproximam das Instituições Espíritas,
portando tais peculiaridades mediúnicas já em processo de
desabrochamento.
A Instituição orientada pela Doutrina deverá aproximá-los
dos estudos doutrinários, das reuniões doutrinárias, do trabalho
assistencial em favor de necessitados, daqueles labores que
possam gradativamente disciplinar a criatura. Não é oportuno
que ela chegue ao Centro e seja, de imediato, encaminhada à
mesa de trabalhos mediúnicos, mas, sim, introduzida no campo
de estudo, de conhecimento doutrinário espírita.
Se a pessoa estiver com a mediunidade atormentada será
encaminhada para tratamento através de passes, explicações
doutrinárias e da participação nas reuniões de estudos, para que
possa, gradualmente, ir assentando essas energias revoltas,
equilibrando-se até que possa chegar à atividade propriamente
mediúnica. Isto porque, se aproximarmos a criatura, sem nenhum
conhecimento espírita da mediunidade, aquilo não lhe sendo
compreensível poderá afastá-la ou perturbá-la ainda mais. Não
sabendo o que ocorre consigo mesma, a pessoa, ao invés de
entregar-se ao labor, procura fugir, procura criar empecilhos de
maneira consciente ou inconsciente. E é exatamente por isso que,
não oferecendo a mediunidade nenhum espetáculo, sendo um
fenômeno natural, exigirá que o companheiro tenha, pelo menos,
as primeiras noções basilares do que a Doutrina Espírita nos fala
a respeito desse tentame. Por isso, aqueles que se aproximam da
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mediunidade deverão encontrar, nas Instituições Espíritas, a
orientação para o tratamento, para o trabalho e para o estudo,
conforme Allan Kardec nos preceitua.
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Quarta parte
Comunicações
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57. Quantas comunicações um mesmo médium pode receber
durante a sessão mediúnica de atendimento a espíritos
sofredores?
Divaldo – Um médium seguro, num trabalho bem organizado,
deve receber de duas a três comunicações, quando muito, para
que dê oportunidade a outros companheiros de tarefas, e para
que não tenha um desgaste exagerado.
Tenho tido o hábito de observar, em médiuns seguros,
conhecidos nossos, que eles incorporam, em média, três
entidades sofredoras ou perturbadoras e o mentor espiritual;
raramente ocorrem cinco manifestações pelo mesmo
instrumento, principalmente num grupo.
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Quinta parte
Doutrinação
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61. Como deve processar-se a doutrinação dos desencarnados
nas reuniões mediúnicas?
Raul – A doutrinação, ou esclarecimento, dirigida aos
companheiros desencarnados que se apresentam nas reuniões de
intercâmbio mediúnico, deve ser processada dentro de um clima
de entendimento e respeito, estando certo o doutrinador, ou
esclarecedor, de estar dialogando com um ser humano, cuja
diferença mais notável é a de estar o espírito despojado do corpo
físico.
Refletindo sobre tal verdade, o doutrinador não ignorará que
o desencarnado continua com possibilidades de sentir simpatia
ou antipatia, de nutrir amor ou ódio, alegria ou tristeza, euforia
ou depressão.
Que ele pode ainda ser lúcido ou embotado, zombeteiro,
leviano, emotivo ou frio de sentimentos.
A doutrinação, a partir dessa reflexão, se desenvolverá como
um diálogo com outro ser humano, quando pelo menos um dos
conversadores é nobre e atencioso. Assim, evitar-se-ão, por parte
do doutrinador, ameaças, chantagens, irritação ou desdém.
Em tudo, o bom senso. O doutrinador deixa a entidade falar,
dizer a que veio, o que deseja, e, daí, vai conversando,
perguntando sem agressão, chamando o desencarnado à
meditação, à compreensão, admitindo, contudo, que nem sempre
será tarefa muito fácil ou imediata, como entre pessoas
encarnadas que têm dificuldade de entender as coisas, por
múltiplas razões, e passam longos meses ou mesmo anos, às
vezes, para reformar uma opinião ou abrir mão de determinados
costumes ou procedimentos.
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Não podemos ter a presunção de fazer o que a Divindade tem
paciência em realizar. Essa questão de esclarecer o espírito no
primeiro encontro é um ato de invigilância e, às vezes, de
leviandade, porque é muito fácil dizer a alguém que está em
perturbação: Você já morreu! É muito difícil escutar-se esta frase
e recebê-la serenamente.
Dizer-se a alguém que deixou a família na Terra e foi colhido
numa circunstância trágica, que aquilo é a morte, necessita de
habilidade e carinho, preparando primeiro o ouvinte, a fim de
evitar-lhe choques, ulcerações da alma.
Considerando-se que a terapêutica moderna, principalmente
no capítulo das psicoterapias, objetiva sempre libertar o homem
de quaisquer traumas e não lhe criar novos, por que, na Vida
Espiritual, se deverá usar uma metodologia diferente ?
A nossa tarefa não é a de dizer verdades, mas, a de consolar,
porque, dizer simplesmente que o comunicante já desencarnou,
os Guias também poderiam fazê-lo. Deve-se entrar em contato
com a entidade, participar da sua dor, consolá-la e, na
oportunidade que se faça lógica e própria, esclarecer-lhe que já
ocorreu o fenômeno da morte, mas somente quando o espírito
possa receber a notícia com a necessária serenidade, a fim de que
disso retire o proveito indispensável à sua paz. Do contrário, será
perturbá-lo, prejudicá-lo gravemente, criando embaraços para os
Mentores Espirituais.
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O diálogo com os desencarnados deverá ser sóbrio e
consistente, ponderado e clarificador, permitindo boa
assimilação por parte do espírito e excelente treino lógico para o
doutrinador.
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Sexta parte
Mentores
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65. Haverá necessidade de que, no início das sessões
mediúnicas, todos os médiuns recebam seus mentores
particulares, para garantirem suas presenças ou para
deixar cada qual sua mensagem?
Raul – Não há, evidentemente, essa necessidade. As leituras e
meditações feitas na abertura da sessão, seguidas pela oração
contrita e objetiva, assim como a predisposição positiva dos
participantes, dão-nos a garantia da presença e da conseqüente
assistência dos Espíritos-Guias, sem necessidade de que cada
médium receba o seu mentor em particular.
Há circunstâncias em que o espírito responsável pelo labor a
desenrolar-se comunica-se, após a abertura da sessão, para
alguma mensagem orientadora, comumente versando sobre as
lides a se processarem, concitando à atenção, ao aproveitamento,
etc. Doutras vezes, vem ao final das tarefas para alguma
explicação, conclamação ao encorajamento e à perseverança,
desfazendo quaisquer temores em função de alguma
comunicação mais preocupante. Contudo, a comunicação de
todos os guias, no mínimo, é desnecessária e sem propósito.
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não a nós. Se o professor solucionar todos os problemas dos
alunos, estes não adquirirão experiência nem conhecimento para
um dia serem livres e lúcidos. A tarefa dos Benfeitores é a de
inspirar, guiar, de apontar os caminhos. E a do homem é a de
reconquistar a Terra, vencer os empeços, discernir e aprimorar-se
cada vez mais.
Quando alguém diz que o seu Guia lhe resolve os problemas,
esses são Guias que necessitam ser guiados. São entidades terra-
a-terra, mais preocupadas com as soluções materiais, em
detrimento das questões relevantes, que são as questões do
espírito.
Referiu-se Raul às lágrimas diárias de Chico Xavier, 21
demonstrando que os Benfeitores não lhe resolvem os
problemas. Ensinam-no a solucioná-los mediante sua
autodoação, que lhe exige o patrimônio das lágrimas.
O médium que não haja chorado por amor, por solidariedade,
que não haja padecido o escárnio da incompreensão e ainda não
tenha sido crucificado no madeiro da infâmia é apenas candidato,
ainda não tem as condecorações do Cristo, isto sem qualquer
masoquismo de nossa parte, mas fruto de observações e
experiências.
65
o atendimento aos sofredores, aos infelizes dos dois hemisférios
da vida, ou seja, encarnados e desencarnados.
Os guias se comunicam sim, sem que, contudo, impeçam-nos
de atender os caídos como nós ou mais do que nós. Comunicam-
se justamente para nos fortalecer a fé e nos impulsionar à
perseverança no bem. É pelos caminhos da caridade, do serviço
do amor prestado aos espíritos sofredores que a mediunidade e
os médiuns se aprimoram. Fora dessa diretriz, os fenômenos, por
mais impressionantes, deixam no ar um odor de impostura, de
presunção, de exibição vaidosa, alimentado por tormentosa e
disfarçada fascinação.
66
Sétima parte
Passes
1. conceito de passe;
2. aplicação de passes e mediunização;
3. passe magnético;
4. passe espiritual;
5. necessidade de fluido material;
6. diminuição da claridade dos ambientes para os passes;
7. conselhos, estalidos de dedos, gemidos e sopros ruidosos
durante os passes;
8. lavar as mãos após os passes;
9. toques corporais durante os passes;
10. médiuns ofegantes na aplicação de passes;
11. sobre adornos, pulseiras, relógios e anéis durante os passes;
12. aplicação de passes em pacientes de costas;
13. recebimento de passes após tê-los oferecido para evitar
desgastes;
14. passes a domicílio;
15. valor terapêutico da água fluidificada;
16. manifestação psicofônica durante o passe;
17. magnetismo;
18. fluidos espirituais-materiais;
19. fluidos espirituais;
20. fluidos dos passes circulam em torno da cabeça do seu
aplicador;
21. desnecessidade de incorporação mediúnica na tarefa dos
passes;
22. cacoetes psicológicos e gestos bruscos;
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69. O que é o passe? Para ministrar um passe a pessoa deve
estar mediunizada? Que você pensa do passe magnético?
Divaldo – O passe significa, no capítulo da troca de energias,
o que a transfusão de sangue representa para a permuta das
hemácias, ajudando o aparelho circulatório. O passe é essa
doação de energias que nós colocamos ao alcance dos que se
encontram com deficiências, de modo que eles possam ter seus
centros vitais reestimulados e, em conseqüência disso, recobrem
o equilíbrio ou a saúde, se for o caso.
O passe magnético tem uma técnica especial, conhecida por
todos aqueles que leram alguma coisa sobre o mesmerismo. É
transfusão da energia do doador, do agente.
O passe que nós aplicamos, nos Centros Espíritas, decorre da
sintonia com os Espíritos Superiores, o que convém considerar
sintonia mental, não uma vinculação para a incorporação.
O passe deve ser sempre dado em estado de lucidez e
absoluta tranqüilidade, no qual o passista se encontre com saúde
e com perfeito tirocínio, a fim de que possa atuar na condição de
agente, não como paciente. Então, acreditamos que os passes
praticados sob a ação de uma incorporação propiciam resultados
menos valiosos, porque, enquanto o médium está em transe, ele
sofre um desgaste. Aplicando passe, ele sofre outro desgaste,
então experimenta uma despesa dupla.
Os espíritos, para ajudarem, principalmente no socorro pelo
passe, não necessitam, compulsoriamente, de retirar o fluido do
médium, nele incorporando. Podem manipular, extrair energia,
sem o desgastar, não sendo, pois, necessário o transe.
69
73. Para a aplicação do passe, o médium deve resfolegar,
gemer, estalar os dedos, soprar ruidosamente, dar
conselhos?
Divaldo – Todo e qualquer passe, como toda técnica espírita,
se caracteriza pela elevação, pelo equilíbrio. Se uma pessoa
cortês se esforça para ser gentil, na vida normal, por que, na hora
das questões transcendentais, deverá permitir-se desequilíbrios?
Se é um labor de paz, não há razão para que ocorram
desarmonias ou se dêem conselhos mediúnicos.
Se se trata, porém, de aconselhamento, não se justificará que
haja o passe. É necessário situar as coisas nos seus devidos
lugares. A hora do passe é especial. Se se pretende adentrar em
conselhos e orientações, tome-se de um bom livro e leia-se,
porque não pode haver melhores diretrizes do que as que estão
exaradas em O Evangelho Segundo o Espiritismo e nas obras
subsidiárias da Doutrina Espírita.
70
exageros e invencionices os elementos capazes de assegurar
grandeza e autenticidade do fenômeno.
Nos momentos dos passes, todo o recolhimento é importante.
O silêncio para a oração profunda, silêncio do aplicador e
silêncio por parte de quem recebe, facilitando a penetração nas
ondas de harmonia que o passe propicia.
Evitando os gestos bruscos, totalmente desnecessários, e
exercendo um controle sobre si mesmos, os aplicadores de
passes observarão a necessidade do relax e da sintonia positiva e
boa com os Espíritos que supervisionam tais atividades.
71
79. Decorrerá algum problema do fato de se aplicar passes
em alguém que esteja de costas?
Raul – Absolutamente. Se a circunstância obrigar a que se
apliquem passes em alguém que esteja de costas, aplicá-los-emos
com a mesma disposição, a mesma fé no auxílio que vem do
Mais Alto, vibrando o melhor para o paciente.
72
atender a uma solicitação, vez que outra. Mas, se um paciente
tem um problema orgânico muito grave, chama o médico e este
faz o exame local, encaminhando-o ao hospital para os exames
complementares, tais como as radiografias, os
eletrocardiogramas, eletroencefalogramas e outros, o paciente
vai, e por quê? Porque acredita no médico. Se, porém, não vai ao
Centro Espírita é porque não acredita, por desprezo ou
preconceito. Crê mais na falsa pudicícia do que na necessidade
legítima.
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ver, evidentemente, com a realidade dos fluidos, da sua natureza,
do seu contato com os espíritos que se faz em nível mental.
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Oitava parte
Alimentação
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84. Como deve ser a dieta alimentar dos médiuns nos dias de
trabalho mediúnico?
Raul – A dieta alimentar dos médiuns deverá constituir-se
daquilo que lhes possa atender às necessidades sem descambar
para os excessos ou tipos de alimentos que, por suas
características, poderão provocar implicações digestivas,
perturbando o trabalhador e, conseguintemente, os labores dos
quais participe. Desse modo, torna-se viável uma alimentação
normal, evitando-se os excessivos condimentos e gorduras que,
independente das atividades mediúnicas, prejudicam bastante o
funcionamento orgânico.
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86. A alimentação vegetariana será a mais aconselhável para
os médiuns em geral?
Raul – A questão da dieta alimentar é fundamentalmente de
foro íntimo ou acatará a alguma necessidade de saúde,
devidamente prescrita. Afora isto, para o médium verdadeiro não
há a chamada alimentação ideal, embora recomende o bom senso
que se utilize de uma alimentação que lhe não sobrecarregue o
organismo, principalmente nos dias da reunião mediúnica, a fim
de que não seja perturbado por qualquer processo de conturbada
digestão que, com certeza, lhe traria diversos inconvenientes.
A alimentação não define, por si só, o potencial mediúnico
dos médiuns, que deverão dar muito maior validade à sua vida
moral do que à comida, obviamente.
Algumas pessoas recomendam que não se comam carnes, nos
dias de tarefa mediúnica, enquanto outras recomendam que não
se deve tomar café ou chocolate, alegando problemas das
toxinas, da cafeína, etc., esquecendo-se que deveremos manter
uma alimentação mais frugal, a partir do período em que já não
tenha tempo o organismo para uma digestão eficiente.
É mais compreensível, e me parece mais lógico, que a pessoa
coma no almoço o seu bife, se for o caso, ou tome seu cafezinho
pela manhã, do que passar todo o dia atormentada pela vontade
desses alimentos, sem conseguir retirar da cabeça o seu uso,
deixando de concentrar-se na tarefa, em razão da ansiedade para
chegar em casa, após a reunião, e comer ou beber aquilo de que
tem vontade.
Por outro lado, a resposta dos espíritos à questão 723 de O
Livro dos Espíritos é bastante nítida a esse respeito, deixando o
espírita bem à vontade para a necessária compreensão, até
porque a alimentação vegetariana não indica nada sobre o caráter
do vegetariano. Lembremo-nos que o “médium” Hitler era
vegetariano e que o médium Francisco Cândido Xavier se
alimenta com carne.
78
Nona parte
Estudos, Participação, Receituário
79
87. O espírita, médium ou não, deve ler livros espíritas?
Divaldo – Seria o mesmo que perguntar-se se o médico deve
parar de estudar ou de ler livros sobre Medicina.
82
Décima parte
Escolhos da Mediunidade
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95. Qual a diferença entre animismo e mistificação?
Raul – Encontramos em O Livro dos Médiuns, mais
exatamente no capítulo 19º, item 223 (1ª a 5ª, Allan Kardec
discutindo e apresentando uma questão muito importante e muito
grave, que é a circunstância em que o espírito do próprio
percipiente, do próprio médium, no estado de excitação de
variada ordem, transmite a sua mensagem.
Nos processos de regressões, de múltiplas procedências, a
alma do encarnado se expressa, chora suas angústias, deplora
suas mágoas guardadas na intimidade, ou apresenta suas virtudes
e conquistas, suas grandezas, também guardadas no íntimo. Esse
fenômeno em que o próprio espírito do médium se expressa, com
qualquer tipo de bagagem, nós o chamaremos de “anímico”,
conforme Allan Kardec, em O Livro dos Médiuns. E aqueles
outros fenômenos através dos quais entidades espirituais se
manifestem por meio de médiuns, e dizem ser personalidades
que verdadeiramente não foram na Terra, esses denominaremos
de “mistificação”.
Allan Kardec teve a oportunidade de estudar em O Livro dos
Médiuns, na parte em que apresenta as dissertações mediúnicas
(capítulo 31º), diversas mensagens, das quais ele, depois de tê-
las analisado, anota que jamais poderiam proceder de Vicente de
Paula, de Maria de Nazaré e de outros tantos espíritos
respeitados e considerados pela Humanidade. É o caso em que
certas entidades banais dão nomes de vultos que gozam ou que
gozaram no mundo de respeitosa projeção.
Mas, temos ainda um outro tipo de mistificação, que é a
mistificação do indivíduo, do médium, quando, por motivos
diversos, não sendo portador de faculdades mediúnicas, ou ainda
que seja, mas não sendo dotado da capacidade de comunicar, de
permitir a comunicação de tal e qual espírito, ele a forja, com
interesses os mais estranhos. Aí encontramos a mistificação por
parte do suposto médium.
É importante, porém, que nos lembremos de que todas as
nossas ações, como se reporta O Livro dos Espíritos, são
conduzidas pelos espíritos. Normalmente são eles que nos
84
dirigem, conforme o item 459, da citada obra. Logo, quando se
começa a fraudar, a mistificar por quaisquer interesses, no início
é o próprio indivíduo com a sua mente doente, mas, a partir daí,
passa a atrelar-se a entidades mistificadoras, submetido, então, à
influência espiritual. A princípio, a criatura é mistificadora sem
ser propriamente médium. Depois advém a “sociedade” de
forças, surgindo o engodo. No primeiro impulso era fruto do
encarnado, depois os espíritos complementam.
Foi perguntado a Chico Xavier, e publicado no livro No
Mundo de Chico Xavier,26 se alguma vez ele teria sido alvo de
mistificação da parte de espíritos. Ele disse que sim. E quando
foi inquirido sobre qual a razão pela qual Emmanuel lhe
permitira essa vivência de algum espírito comunicar-se e dizer-se
quem não era, ele afirmou que aquilo se destinava a que ele visse
que não estava invulnerável à insuflação negativa.
Jesus Cristo teve ensejo de dizer que, se possível fosse, essas
entidades, os falsos profetas, enganariam aos próprios eleitos. De
nossa parte, costumamos nos indagar: “E nós que ainda somos
apenas candidatos?”
85
Nos casos de epilepsias, tudo nos leva a crer que as entidades
credoras, em se aproximando do devedor, diretamente ou por
meio de seu pensamento, promovem como que um acordamento
da culpa, e ele mergulha, então, no chamado transe epiléptico.
Nesse particular do transe, por ação de espíritos, encontramos
correspondentes com o processo mediúnico, porque não deixam
de ser, esses indivíduos, médiuns enfermos, desequilibrados,
apresentando, por isso, uma expressão mediúnica atormentada,
doente. Convenhamos que o exame da Doutrina Espírita, com
relação a esses diversos casos, nos dará gradativamente as
dimensões para que saibamos avaliar, analisar os problemas de
enfermidades psicopatológicas, tais como as que acompanham a
esquizofrenia, que é esse conjunto de tormentos, de
perturbações, de doenças, que verdadeiramente não têm uma
etiologia definida.
Nos casos de patologia psicológica ou psiquiátrica,
deveremos nos valer dos conhecimentos específicos na área
médica, para que não coloquemos pessoas doentes nas atividades
mediúnicas, o que seria um desastre. Muitas pessoas se mostram
com diversas síndromes e sintomas de problemas psíquicos,
quando a invigilância e o desconhecimento espírita de alguns os
leva a afirmar que é mediunidade e levar a criatura para o
exercício mediúnico. Esses graves equívocos determinarão
graves ocorrências.
O nosso Divaldo, oportunamente, narrou-nos um episódio por
ele conhecido, a respeito de um cidadão que sofrendo de intensas
e continuadas cefaléias foi “orientado” por alguém irresponsável
a “desenvolver-se”, porque era médium, e que nisso encontraria
a cura esperada.
Buscados núcleos de mediunismo sem orientação cristã,
feitos os “trabalhos”, etc., o problema não cedeu, ao contrário,
agravou-se. Após frustradas tentativas lá e cá, o moço foi levado
a uma instituição séria, onde o servidor da mediunidade que o
atendeu constatou, pela informação dos Benfeitores Espirituais,
que a família deveria providenciar atendimento médico para o
rapaz. Feito o eletroencefalograma, verificou-se uma tumoração
86
cerebral já sem possibilidade de cura, devido ao estado adiantado
do problema.
Muitas vezes estamos atrelados a enfermidades espirituais
que oferecem respostas somáticas, que estão ligadas a dramas
profundos e graves, que não podem ser atendidos como se
fossem mediunidade, numa leviandade que não se permite, em se
tratando de Entidade Espírita. Noutros campos, registramos nos
hospitais psiquiátricos diversos médiuns em aturdimento,
obsidiados que poderiam ser devidamente tratados com a terapia
evangélico-espírita, para depois abraçarem a tarefa mediúnica.
Então, é necessário que estudemos e assimilemos os
conceitos e lições da Doutrina Espírita, conhecendo a prática do
bom senso, para que saibamos distinguir aquilo que é
mediunidade, precisando de educação, daquilo que seja
enfermidade psicopatológica, a exigir tratamento médico.
87
Décima primeira parte
Usos e Costumes
88
98. Quanto aos variados cursos de formação de médiuns,
espalhados por toda parte, são úteis, de fato, para os
indivíduos?
Raul – Sempre que nos reunimos com o objetivo de estudar o
Espiritismo, encontramos razões para alegrias imensas.
O Espiritismo é um filão notável, aclarando a nossa visão,
desenvolvendo-nos o intelecto e ajustando-nos às experiências
amadurecedoras.
O que nos deve chamar a atenção, a fim de que nos
precatemos, é o fato de entendermos os cursos de formação de
médiuns como curso formal, com graduações e notas, provas e
formaturas. Isto porque o sentido do curso, se desenvolvido
nessas bases, fará entender ao cursando, ou aluno, que, quando
ele o concluir estará formado. Então, terá que ser médium a
qualquer custo, podendo surgir fortes predisposições à
mistificação ou excitações que levem o indivíduo às bordas dos
fenômenos anímicos, pela ansiedade de dar comunicações.
Os estudos espíritas devem ser descontraídos e agradáveis,
permitindo trocas de experiências, facultando o crescimento
geral. O estudo da mediunidade, por outro lado, não passa do
estudo de uma parte do conhecimento espírita, devendo ser feito,
por isto, associado aos demais temas da Doutrina Espírita.
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100. Alguma necessidade particular existe para que se
recomende aos médiuns o uso de aventais, jalecos ou
outras roupas especiais, nos trabalhos mediúnicos do
Espiritismo?
Raul – À luz do pensamento espírita, nenhuma necessidade
existe para o uso de roupas especiais, ou vestes de quaisquer
naturezas, nos cometimentos mediúnicos espíritas, que possam
designar símbolos ou paramentação inadequada aos eventos
doutrinários. Até porque, perante a expressão de Jesus, trazendo-
nos a imagem do “túmulo caiado por fora escondendo putrefação
na intimidade”, notamos a importância de cada um alimpar-se
por dentro, tecendo, com os esforços da sua transformação
moral, a anelada “túnica nupcial”, a que Jesus se referiu na
parábola do festim de bodas.
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As entidades que solicitam ou exigem coisas ou comidas e
bebidas, reportando-se a seus gostos ou necessidades, são,
indubitavelmente, companheiros desencarnados ainda em grande
atraso moral e os indivíduos que os atendem nessas transações
mundanas passam a se lhes associar, num circuito de
interdependência de funestas conseqüências. A espíritos
ofertemos tão só as coisas do espírito.
FIM
Notas:
1
Lucas, 10: 25.
2
Marcos, 9: 11.
3
Marcos, 5: 7.
4
Marcos, 8: 27.
5
João, 18: 23.
6
Marcos, 10: 51.
7
Paulo (I Coríntios, 12: 1 a 11).
8
Jesus (João, 5: 14).
9
Francisco Cândido Xavier, Paz e Renovação, diversos
espíritos, capítulo 34, 4ª edição, CEC, Uberaba-MG, 1979.
10
Referência ao Simpósio sobre Mediunidade realizado pela
Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte – MG e pela
Associação Espírita Célia Xavier, da mesma cidade, nos dias
16 e 17 de junho de 1984, com a participação de Divaldo
Franco e Raul Teixeira.
11
Francisco Cândido Xavier, Seara dos Médiuns, Emmanuel,
capítulo 38, 2ª edição, FEB, Rio de Janeiro – RJ, 1973.
12
Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo
24º, item 12, 92ª edição, FEB, Brasília – DF, 1986.
93
13
Divaldo P. Franco, Párias em Redenção, Victor Hugo, 2ª ed,
FEB, Rio de Janeiro – RJ, 1976
14
Divaldo P. Franco, Painéis da obsessão, Manoel Philomeno de
Miranda, 1º edição, LEAL, Salvador-BA, 1983.
15
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo 29º, item 331,
53ª edição, FEB, Brasilia-DF, 1986.
16
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo 4º, item 74 (5º e
14º), 53ª edição, FEB, Brasília – DF, 1986.
17
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns capítulo 29º, itens 324 e
331, 53ª ed. FEB, Brasília – DF, 1986.
18
Água Régia, substância altamente corrosiva.
19
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo 24º, item 267 (1º
a 26º), 53ª ed. FEB, Brasília – DF, 1986.
20
Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, capítulo 16º, item 198,
53ª edição, FEB, Brasília – DF, 1986.
21
Ver questão nº 2.
22
Allan Kardec, A Gênese, capítulo 14º, item 33, 29ª ed. FEB –
Brasília – DF, 1986.
23
Allan Kardec, A Gênese, capítulo 14º, item 33, 29ª edição,
FEB, Brasília – DF 1986.
24
Francisco Cândido Xavier, Nos Domínios da Mediunidade,
André Luiz, Capítulo 17º (página 165), 8ª edição, FEB, Rio de
Janeiro – RJ. 1976.
25
João (Apocalipse, 3: 15,16).
26
Francisco Cândido Xavier, No Mundo de Chico Xavier, Elias
Barbosa, itens 35, 36 e 37, 5ª edição, IDE, Araras – SP, 1983.
27
Francisco Cândido Xavier, No Mundo Maior, André Luiz, 12ª
edição, FEB, Brasília – DF, 1984.
94