Projecto de Monografia Tomateiro. Versao Final

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Faculdade de ciências agrárias

Direcção Pedagógica e Científica

Projecto de pesquisa

Avaliação a adaptabilidade de quatro (4) variedades (Tylka F1, Kilele F1,


Rodade e Roma VF) da cultura de Tomate (Lycopersicon esculentum) no
distrito de Mecubúri.

Autor:
Pedro Hilario Nova
Supervisor
Eng.º José Tiago João Manhengue (MSc)

Mecubúri
2021
2

ÍNDICE

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.................................................................................................... 5
1.1. Generalização ................................................................................................................. 5
1.2. Problema.......................................................................................................................... 7
1.3. Justificativa ...................................................................................................................... 7
1.4. Objectivos ........................................................................................................................ 8
1.4.1. Geral ............................................................................................................................. 8
1.4.2. Específicos .................................................................................................................. 8
1.5. Hipóteses ......................................................................................................................... 8
CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................ 9
2. Descrição da cultura de tomate.................................................................................... 9
2.1. Descrição botânica do tomateiro ............................................................................ 10
2.2. Condições Climáticas .............................................................................................. 11
2.2.1. Temperatura e luz................................................................................................. 11
2.2.2. Água e humidade.................................................................................................. 12
2.2.3. Solo......................................................................................................................... 12
2.3. Escolha de variedades............................................................................................. 13
2.4. Preparação do solo e plantio .................................................................................. 13
2.4.1. Preparação do solo .............................................................................................. 13
2.4.2. Preparação do viveiro .......................................................................................... 14
2.4.3. Transplante............................................................................................................ 14
2.5. Tratos culturais ......................................................................................................... 15
2.5.1. Estrumes e fertilizantes........................................................................................ 15
2.5.1.1. Estrumes orgânicos.......................................................................................... 15
2.5.1.2. Fertilizantes químicos ...................................................................................... 16
2.5.2. Rega ....................................................................................................................... 16
2.5.3. Poda ....................................................................................................................... 16
2.5.3.1. Desponta lateral ................................................................................................ 17
2.5.3.2. Desponta apical ................................................................................................ 17
2.5.3.3. Poda das folhas ................................................................................................ 17
2.5.4. Sistemas de suporte............................................................................................. 18
2.5.5. Controlo das ervas daninhas .............................................................................. 18
2.6. Pragas e doenças..................................................................................................... 19
3

2.6.1. Pragas .................................................................................................................... 19


2.6.1.1. Nemátodos ........................................................................................................ 19
2.6.1.2. Insectos.............................................................................................................. 21
2.6.2. Doenças ................................................................................................................. 21
2.6.2.1. Bactérias ............................................................................................................ 21
2.6.2.2. Vírus ................................................................................................................... 23
2.6.2.3. Fungos ............................................................................................................... 23
2.6.3. Outras causas da danificação de culturas ........................................................ 24
2.6.3.1. Racha dos frutos............................................................................................... 24
2.6.3.2. Queima solar ..................................................................................................... 24
2.6.3.3. Apodrecimento apical....................................................................................... 24
2.6.4. Controlo de pragas e doenças............................................................................ 25
2.6.4.1. Pesticidas químicos sintéticos ........................................................................ 25
2.6.4.2. Pesticidas naturais................................................................................................ 25
2.6.4.3. Controlo biológico ............................................................................................. 26
2.7. Colheita e produção de sementes ......................................................................... 26
2.7.1. Tratamentos pós-colheita.................................................................................... 26
CAPÍTULO III: METODOLOGIA ............................................................................................ 27
3. Localização e descrição da Área experimental ....................................................... 27
3.2. Delineamento Experimental.................................................................................... 28
3.3. Métodos ..................................................................................................................... 29
3.4. Materiais..................................................................................................................... 29
3.5. Condução do ensaio ................................................................................................ 30
3.5.1. Origem da Semente ............................................................................................. 30
3.5.1.1. Descrição das variedades............................................................................... 30
3.5.2. Sementeira ............................................................................................................ 31
3.5.2.1. Substrato............................................................................................................ 31
3.5.3. Preparação do solo .............................................................................................. 31
3.5.4. Maneios Culturais................................................................................................. 31
3.5.4.1. Transplante........................................................................................................ 32
3.5.4.2. Retancha............................................................................................................ 32
3.5.4.3. Rega ................................................................................................................... 32
3.5.4.4. Sacha ................................................................................................................. 32
3.5.4.5. Monda................................................................................................................. 32
4

3.5.4.6. Escarificação ..................................................................................................... 32


3.5.4.7. Amontoa............................................................................................................. 32
3.5.4.8. Poda ou Desladroamento................................................................................ 33
3.5.4.9. Tutoramento ...................................................................................................... 33
3.5.4.10. Desponta............................................................................................................ 33
3.5.4.11. Adubação de cobertura e foliar ...................................................................... 33
3.5.4.12. Controle de pragas e doenças ....................................................................... 33
3.5.4.12.1. Controle físico ............................................................................................... 34
3.5.4.12.2. Controle químico........................................................................................... 34
3.5.5. Colheita .................................................................................................................. 34
3.6. Parâmetros a serem avaliados............................................................................... 34
3.6.1. Desempenho das mudas .................................................................................... 34
3.6.2. Período de Floração e frutificação..................................................................... 34
3.6.3. Tamanho e peso médio do fruto de cada variedade ...................................... 35
3.6.4. Resistência pragas e doenças ........................................................................... 35
3.6.5. Rendimento e valor económico de cada variedade ........................................ 35
CAPITULO IV: CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES .......................................................... 36
4. Plano de actividades .................................................................................................... 36
4.1. Orçamento ................................................................................................................. 40
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA......................................................................... 42
7. Apêndice .................................................................................................................... 44
7.1. Esquema do campo ............................................................................................. 44
5

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

1.1. Generalização
O tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) é uma planta anual, que pode atingir
uma altura de mais de dois metros. Contudo, na América do Sul, pode-se
colher frutos das mesmas plantas durante vários anos consecutivos. A primeira
colheita pode-se realizar 45-55 dias após a florescência, ou 90-120 dias depois
da sementeira. A forma dos frutos difere conforme a cultivar (variedade
cultivada). A cor dos frutos varia entre amarelo e vermelho. (Naika, et al, 2016)

O tomate tem a sua origem na zona andina de América do Sul, mas foi
domesticado no México e introduzido na Europa em 1544. Mais tarde,
disseminou-se da Europa para a Ásia meridional e oriental, África e Oriente
Médio. Mais recentemente, distribuiu-se o tomate silvestre para outras partes
da América do Sul e do México (Naika, et al, 2016).

O tomate tornou-se num dos legumes mais importantes do mundo. Em 2001, a


produção mundial do tomate atingiu um nível de, aproximadamente, 105
milhões de toneladas de frutos frescos produzidos numa área estimada de 3,9
milhões de hectare. Como se trata de uma cultura com um ciclo relativamente
curto e de altos rendimentos, a cultura do tomate tem boas perspectivas
económicas e a área cultivada está a aumentar cada dia. O tomate pertence à
família das Solanáceas. Esta família inclui também outras espécies
conhecidas, como sejam a batata, o tabaco, os pimentos e a beringela. (Naika,
et al, 2016).

A produção de hortícolas acontece fundamentalmente nas baixas ao longo das


margens dos rios e em todo o País. Entretanto a sua distribuição espacial está
dependente de diversos factores destacando-se as condições agro-geológicas
de cada região, a proximidade aos mercados, os hábitos alimentares dos
produtores e a renda dos consumidores (Calima, 2015 citado por Govanhica,
2019). No que concerne à produção de hortícolas, em 2017, foram cultivados
6

um total de 194.230ha de hortícolas com uma produção total de 2.681.479 ton.


Quando comparado com o ano 2016 o volume de produção aumentou 13.3%
(MASA, 2017; GRM, 2017 citados por Govanhica, 2019).

Entre as hortícolas, a cultura de tomate é uma das hortícolas mais importantes.


Representa cerca de 80% da área cultivada e do mercado das hortícolas,
sendo o seu cultivo realizado no inverno (PNISA, 2013; Ecole & Malia, 2015
citado por Govanhica, 2019). Em relação a esta cultura verifica-se uma
acentuada preferência para variedades de tomate com baixo teor de água,
porque este pode ser armazenado por períodos muito longos (Ribeiro &
Rulkens, 1999 citado por Govanhica, 2019). De acordo com MINAG, (2010) no
ar livre, a sementeira é feita nos meses de Fevereiro a Agosto e as variedades
mais produzidas tem o ciclo de produção entre 89 a 99 dias.

De acordo com o calendário de produção em Moçambique do MINAG (2010) o


tomate é cultivado na estação seca e fresca a produção ocorre nos meses de
Março a Setembro. Devido a alta temperatura e humidade relativa do ar e a
frequente ocorrência de chuvas durante o verão verificam-se baixos níveis de
produtividade, causando escassez de tomate no mercado agravado com o
aumento da procura desta hortícola no período da quadra festiva, pelo que o
país recorre às importações para suprir o défice da produção interna que não é
suficiente para satisfazer a procura. A escassez agrava-se com maior
severidade, a partir do mês de Novembro acentuando-se nos meses de Janeiro
e Fevereiro em que as temperaturas atingem o pico mais alto, coincidindo com
a época da chuva. (Govanhica, (2019)
7

1.2. Problema

A queda de produção da cultura de tomate verificada no distrito de Mecubúri,


especificamente no Instituto Profissional Familiar Rural de Mecubúri, que estão
ligados a murcha das plantas, deformação do fruto (podridão, queima e seca
apical) e ataque de pragas tais como ácaros vermelhos e nematódos, faz
clamar por possíveis soluções destes problemas. Com a introdução de novas
variedades nos pais, questiona-se se não será possível enfrentar esses
problemas identificando um variedade que seja resistente as estes
constrangimentos proporcionar bons rendimentos.

1.3. Justificativa

O tomate é uma das hortícolas mais consumidas no País, verificando-se


escassez desta hortícola no mercado, apesar do aumento acentuado das
importações. De 2010 para 2014 as importações duplicaram tendo passado de
cerca de 10 milhões de Dólares para cerca de 24 milhões de Dólares. O
mesmo cenário verificou-se nos anos de 2017 e 2018. Houve um aumento de
524.228 Dólares em importação de tomate e em 2018 foram importadas
823.914ton de tomate não se tendo disponibilizado dados relativos à
quantidade de importação do ano 2017 (ITC, 2019 citado por Govanhica,
2019).

Nesse contexto, a pesquisa surge na vertente de identificar variedade que seja


adaptável nas condições do distrito, resistente a pragas e doenças, e o
conhecer método de maneio para dar melhor rendimento na sua produção.
Para que também possa se recomendar aos produtores de hortícolas locais,
especificamente os que produzem a cultura de tomate principalmente como
fonte de renda, para reduzir suas perdas e intensificar os rendimentos.
8

1.4. Objectivos
1.4.1. Geral
 Avaliar a adaptabilidade de quatro (4) variedades (Tylka F1, Kilele F1,
Rodade e Roma VFN) da cultura de Tomate (Lycopersicon esculentum)
no distrito de Mecubúri.

1.4.2. Específicos
 Descrever o desempenho das mudas no seu primeiro estado de vida
(alfobre);
 Comparar o período floração e frutificação das diferentes variedades;
 Mensurar os parâmetros morfológicos da cultura (altura, diâmetro do
caule).
 Estimar o número de frutos comerciais e não comerciais
 Determinar a percentagem de plantas infestadas e o nível médio de
ataque por Nematodo e Ácaros vermelhos.
 Quantificar o peso médio dos frutos de cada variedade;
 Determinar o rendimento e o valor económico de cada variedade.

1.5. Hipóteses

O uso de quatro (4) variedades levara a identificar:

 A/s variedade/s com mais vigor, produtiva/s e rentável para o distrito de


Mecubúri
9

CAPÍTULO II: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2. Descrição da cultura de tomate

O tomate (Lycopersicon esculentum Mill.) tornou-se num dos legumes mais


importantes do mundo. Em 2001, a produção mundial do tomate atingiu um
nível de, aproximadamente, 105 milhões de toneladas de frutos frescos
produzidos numa área estimada de 3,9 milhões de ha. Como se trata de uma
cultura com um ciclo relativamente curto e de altos rendimentos, a cultura do
tomate tem boas perspectivas económicas e a área cultivada está a aumentar
cada dia. O tomate pertence à família das Solanáceas. Esta família inclui
também outras espécies conhecidas, como sejam a batata, o tabaco, os
pimentos e a beringela. (Naika, et al, 2016)

O tomate tem a sua origem na zona andina de América do Sul, mas foi
domesticado no México e introduzido na Europa em 1544. Mais tarde,
disseminou-se da Europa para a Ásia meridional e oriental, África e Oriente
Médio. Mais recentemente, distribuiu-se o tomate silvestre para outras
partes da América do Sul e do México. (Naika, et al, 2016)

Alguns nomes comuns locais do tomate são: tomate (português, espanhol,


francês), tomat (indonésio), faan ke’e ( chinês), tomati (africano ocidental),
tomatl (nauatle), jitomate (espanhol mexicano), pomodoro (italiano), nyanya
(swahili). (Naika, et al, 2016)

O consumo dos frutos contribui para uma dieta saudável e bem equilibrada.
Estes são ricos em minerais, vitaminas, aminoácidos essenciais, açúcares e
fibras dietéticas. O tomate contém grandes quantidades de vitaminas B e C,
ferro e fósforo. Consomem-se os frutos do tomate frescos, em saladas, ou
cozidos, em molhos, sopas e carnes ou pratos de peixe. Podem ser
processados em purés, sumos e molho de tomate (ketchup). Também os
frutos enlatados e secos constituem produtos processados de importância
económica.
10

Pode-se distinguir entre dois tipos de tomateiro:

 O tipo alto ou tipo indeterminado


 O tipo arbusto o tipo determinado. (Naika, et al, 2016)

2.1. Descrição botânica do tomateiro

Raízes: sistema radicular vigoroso com raiz axial que se desenvolve até
atingir uma profundidade de 50 cm ou mais. A raiz principal produz um
denso conjunto de raízes laterais e adventícias.

Caule: o seu porte varia entre erecto a prostrado. Cresce até atingir uma
altura de 2-4 m. O caule é sólido, áspero, peludo e glandular.

Folhagem: folhas dispostas de forma helicoidal, com 15-50 cm de


comprimento e 10-30 cm de largo. As folhas são de forma oval até oblonga,
cobertas com pêlos glandulares. Entre as folhas maiores encontram-se
pequenas folhas pinadas. A inflorescência é de forma agrupada (cacho),
produzindo 6-12 flores. O pecíolo tem um comprimento de 3-6 cm.

Flores: As flores são bissexuais, regulares e têm um diâmetro de 1,5 -2 cm.


Desenvolvem-se opostos ou entre as folhas. O tubo de cálice é curto e
peludo, e as sépalas são persistentes. No geral, há 6 pétalas com um
comprimento que pode atingir 1 cm, de cor amarela e recurvas quando
maduras. Há 6 estames, e as anteras são de cor amarela clara dispostas em
redor do estile- te previsto de uma ponta alongada estéril. O ovário tem uma
posição superior e contém 2-9 compartimentos. Na maioria dos casos há
autopolinização, mas em parte também há polinização cruzada. Os
polinizadores mais importantes são as abelhas e os abelhões.

Fruto: uma baga carnosa, de forma globular a achatada e com 2-15 cm de


diâmetro. O fruto não maduro é verde e peludo. A cor do fruto maduro varia
entre amarelo, cor-de-laranja a vermelho. No geral, o fruto é redondo, com
uma superfície lisa ou canelada.
11

Sementes: abundantes, com forma de rim ou de pêra. São peludas, de cor


castanha clara, com 3-5 mm de comprimento e 2-4 mm de largura. O
embrião está envolto no endosperma. O peso de 1000 sementes é,
aproximadamente, de 2,5 – 3,5 g. (Naika, et al, 2016)

2.2. Condições Climáticas


2.2.1. Temperatura e luz

O tomate requer um clima relativamente fresco, árido, para dar uma produção
elevada de primeira qualidade. Contudo, esta planta adaptou-se a um amplo
leque de condições climáticas, variando entre tem- perada a quente e húmida
tropical. A temperatura óptima da maioria das variedades situa-se entre 21 a
24 °C. As plantas podem sobreviver certa amplitude de temperatura, mas
abaixo de 10 °C e acima de 38 °C danificam-se os tecidos das mesmas. Os
tomateiros reagem às variações da temperatura que têm lugar durante o ciclo
de crescimento, de forma que são afectadas p.ex. a germinação de se-
mentes, o desenvolvimento de plântulas, a florescência, a frutificação e a
qualidade dos frutos. Quando durante a florescência há períodos persistentes
de tempo fresco ou quente, reduz-se a produção de pólen e isto terá
influência na frutificação. Quando há gelo, as plantas serão destruídas. Para
prevenir danos provocados pelo gelo, é recomendável adiar a sementeira até o
inverno ter acabado completamente. É possível semear antes desse momento,
mas então deve ser feito dentro (em vasos ou tabuleiros). A intensidade da luz
afecta a cor das folhas, a frutificação e a cor dos frutos. (Naika, et al, 2016)

Fases Temperatura (° C)
Mínima Amplitud Máxima

Germinação de sementes 11 e óptima


16-29 34
Desenvolvimento de plântulas 18 21-24 32
Frutificação 18 20-24 30
Desenvolvimento da coloração 10 20-24 30
Tabela 1: Temperaturas requeridas param as diferentes fases de
vermelha
desenvolvimento do tomate. (Naika, et al, 2016)
12

2.2.2. Água e humidade

Pode-se usar uma simples regra prática para determinar se o abasteci- mento
local de água é suficiente para cultivar o tomate. Se houver plantas herbáceas
(plantas com muitas folhas finas) a crescerem no ambiente natural, será
possível cultivar-se tomate. De qualquer maneira, é necessário que se possa
contar com um período de chuvas de três meses, no mínimo. O stress devido
à escassez de humidade e períodos secos prolongados provocam a queda de
botões e flores e a racha dos frutos. Contudo, quando há chuvas muito fortes
e a humidade é demasiadamente alta, incrementar-se-ão o desenvolvimento
de fungos e o apodrecimento dos frutos. Além disso, embora a nebulosidade
abrande o amadurecimento dos tomates, existem cultivares adaptadas para
uso nestas circunstâncias. As companhias produtoras de sementes fornecem
variedades especiais de tomate apropriadas param o cultivo do mesmo em
climas quentes e húmidos. (Naika, et al, 2016)

2.2.3. Solo

O tomate cresce bem na maioria dos solos minerais com uma capacidade
apropriada de retenção de água, arejamento, e isentos de salinidade. A planta
prefere solos franco-arenosos profundos, bem drenados. A camada superficial
deve ser permeável. Uma espessura do solo de 15 até 20 cm é favorável
para o desenvolvimento de uma cultura saudável. Caso se trate de solos
argilosos pesados, uma lavoura profunda permite uma melhor penetração das
raízes.

O tomate é moderadamente tolerante a valores de pH de uma amplitude


ampla (nível de acidez), mas desenvolve-se bem em solos com um pH= 5,5 –
6,8 com uma disponibilidade e abastecimento apropriados de nutrientes. A
adição de matéria orgânica é, geralmente, favorável para um crescimento
adequado. Os solos com um teor muito alto de matéria orgânica, como sejam
terras turfosas, são menos apropriados devido à sua alta capacidade de
retenção de água e as deficiências de nutrientes. (Naika, et al, 2016)
13

2.3. Escolha de variedades

A escolha da variedade depende das condições locais e do objectivo do


cultivo. Podem-se distinguir entre variedades locais (castas regionais, não
melhoradas) e variedades melhoradas (ou comerciais). Estas tiveram a sua
origem num processo contínuo de selecção de plantas. Os critérios de
selecção baseiam-se em características como sejam o tipo de fruto, a forma
da planta, a vitalidade e a resistência a pragas e doenças, mas também em
factores relativos ao clima e ao maneio do cultivo. Os agricultores
seleccionaram variedades que mostraram ter o melhor desempenho sob
condições locais. Dever-se-ão escolher apenas os frutos das melhores plantas
e guardá-los de forma a se obterem sementes para a estação seguinte. Os
agricultores podem criar as suas próprias variedades, mas tal é um processo
dispendioso e arriscado. (Naika, et al, 2016)

2.4. Preparação do solo e plantio


2.4.1. Preparação do solo

É necessário lavrar o terreno com charrua (ou sachá-lo) de forma a prepará-lo


para uma nova cultura. Desta maneira, melhora-se a estrutura e aumenta a
capacidade de retenção de humidade. Em zonas onde a água constitui um
factor limitante, a lavra do terreno aumenta também a conservação de água. A
lavra do terreno depois da colheita da cultura anterior também melhora a
estrutura do solo e a capacidade de retenção de humidade. Além disso, a
exposição do solo ao sol ardente também ajuda a reduzir pragas e doenças
transmitidas através do solo. É necessário aplicar uma lavoura profunda para
quebrar uma camada dura, impermeável do subsolo (calo de lavoura), remover
as ervas da- ninhas e fazer com que o solo obtenha uma estrutura friável.
Também estimula o crescimento das raízes (desenvolvimento radicular). É,
geralmente, necessário passar o rastelo duas vezes para aplanar o terreno,
desfazendo os torrões e removendo os restos da cultura anterior.

O tomate pode ser cultivado em canteiros levantados, cômoros ou sul- cos,


para facilitar a drenagem ou a rega, respectivamente. Apesar disto, mais de
14

60% das culturas é ainda cultivada com uso da rega por inundação. (Naika, et
al, 2016)

2.4.2. Preparação do viveiro

A cama de sementes deve ter uma largura de 60 - 120 cm e uma altura de


20-25 cm. O seu comprimento depende da quantidade desejada de plântulas.
Devem-se remover torrões e restolhos. Acrescentar estrume de estábulo,
bem decomposto, e areia fina. Fazer com que a cama de sementes obtenha
uma estrutura friável. A fim de cultivar uma quantidade de plantas que seja
suficiente para um hectare, dever-se-ão semear 150-200 g de sementes em

250 m2 de camas de sementes.

Traçar linhas, a uma distância de 10-15 cm, ao longo do comprimento da


cama de sementes. Semear as sementes raramente nas linhas e pressionar
ligeiramente. Cobrir as sementes com areia fina e palha. Regar a cama de
sementes duas vezes por dia para fazer com que haja suficiente humidade
para a germinação. Depois da germinação a palha deve ser removida. (Naika,
et al, 2016)

2.4.3. Transplante

A Transplante duma plântula para o campo tem lugar após 3 a 6 semanas


depois da sementeira. Uma semana antes da repicagem, as plântulas devem
ser endurecidas por meio de uma redução do abastecimento de água, mas
12-14 horas antes de serem retiradas da cama de sementes dever-se-ão
regar de novo, com abundância, de forma a evitar que as raízes sofram
danos excessivos durante o transplante. As plântulas de 15-25 cm de altura
com 3-5 folhas autênticas são as mais apropria- das para serem
transplantadas. O transplante deve ser feito à tarde ou durante um dia
nublado de forma a reduzir o trauma provocado pela repicagem e, depois, é
necessário regar imediatamente. Ao retirar as plântulas, manter um grande
torrão atado às raízes das mesmas, de forma a prevenir que sejam
danificadas. O espaçamento entre as plantas e as fileiras depende do porte
15

da cultivar, do tipo do solo, do sis- tema de cultivo e também das plantas


estarem suportadas por estacas ou crescerem rasteiramente. O
espaçamento comum é de 50 cm entre as plantas e de 75 - 100 cm entre as
fileiras. (Naika, et al, 2016)

Tipo de planta Distância entre as fileiras e as


Tipo determinado (arbusto) plantas
1,0 x 0,5 m
Tipo semideterminado 0,75 x 0,5 m
Tipo indeterminado (alto) 0,75 x 0,5 m
Tabela2: Espaçamento de plantio para três tipos de tomateiros. (Naika, et
al, 2016)

2.5. Tratos culturais


2.5.1. Estrumes e fertilizantes

A fim de obter rendimentos elevados, os tomateiros precisam de fertilizantes.


Há dois grupos de nutrientes para aplicar nas culturas: estrumes orgânicos e
fertilizantes químicos. (Naika, et al, 2016)

2.5.1.1. Estrumes orgânicos

Estrume de estábulo, estrume das galinhas e composto são três tipos de


estrumes orgânicos, que são descritos nesta secção.

Os tipos mais comuns do estrume de estábulo são estrume dos cavalos,


estrume das vacas e estrume dos porcos. Entre estes três tipos, o estrume
dos cavalos tem o melhor equilíbrio de nutrientes. O estrume das vacas
contêm relativamente pouco fosfato. O estrume dos porcos é, geralmente,
rico em minerais mas contém relativamente pouco potássio. O estrume das
cabras e ovelhas também é um estrume orgânico de boa qualidade. É
preferível usar o estrume de estábulo em solos arenosos em vez de em solos
argilosos, visto que este estrume é muito pegajoso. A aplicação do estrume a
solos arenosos faz com que estes já não se desagreguem tão facilmente e,
por conseguinte, serão capazes de reterem uma maior quantidade de água.
Se apenas se usar estrume de estábulo, será razoável aplicar uma quantidade
de 12,5-25 toneladas/ha/ano. Caso as condições de cultivo não sejam tão
16

apropriadas ou se se aplicarem também fertilizantes químicos, a aplicação de


menores quantidades de estrume poderá ser suficiente. (Naika, et al, 2016)

2.5.1.2. Fertilizantes químicos

Os fertilizantes químicos (com excepção do cálcio) não melhoram a estrutura


do solo mas enriquecem o solo fornecendo nutrientes. Os fertilizantes químicos
são relativamente dispendiosos mas, desde o ponto de vista de teor de
nutrientes, em algumas zonas o fertilizante é menos dispendioso do que o
estrume. Num sistema de cultivo em pequena escala e em situações de preços
variáveis e rendimentos limita- dos (devido à presença de doenças, um clima
desfavorável ou solos deficientes) não vale a pena usar grandes quantidades
de fertilizantes Químicos. (Naika, et al, 2016)

2.5.2. Rega

O tomate não é resistente à seca. Por conseguinte, os rendimentos diminuem


consideravelmente após curtos períodos de escassez de água. É importante
regar as plantas com frequência, particularmente durante a florescência e a
frutificação. A quantidade de água necessária depende do tipo de solo e das
condições climáticas (pluviosidade, humidade e temperatura). Em solos
arenosos é particularmente importante regar com frequência (p.ex. 3 vezes por
semana). Em boas circunstâncias uma rega por semana deve ser suficiente.

É necessário regar, aproximadamente, 20 mm de água por semana em


condições frescas e, aproximadamente, 70 mm durante os períodos quentes e
secos. A aplicação de água desempenha um papel crucial para a obtenção
duma maturidade uniforme e para a redução da ocorrência do apodrecimento
apical, uma desordem fisiológica associada com o abastecimento irregular de
água e, por conseguinte, uma deficiência de cálcio nos frutos durante o seu
crescimento. (Naika, et al, 2016)

2.5.3. Poda

É importante que os tomateiros sejam podados, particularmente no caso de


se tratar de arbustos densos e tipos indeterminados. Desta maneira,
melhoram-se a intercepção da luz e a circulação do ar. À poda dos rebentos
17

laterais chama-se desponta lateral. À poda da cabeça do caule chama-se


desponta apical.

A necessidade da poda depende do tipo da planta e do tamanho e da


qualidade dos frutos (se as plantas não forem podadas, crescerão de forma
aleatória e os frutos serão mais pequenos). (Naika, et al, 2016)

2.5.3.1. Desponta lateral

É importante remover, por beliscões, os rebentos laterais do tomateiro. Ao


aplicar-se uma desponta lateral, removem-se os pequenos rebentos laterais e
deixa-se intacto apenas um caule principal. Os cachos de frutos
desenvolvem-se ao longo deste caule principal. A desponta lateral faz com
que aumentem a qualidade e o tamanho dos frutos. (Naika, et al, 2016)

2.5.3.2. Desponta apical

A ponta do caule principal do tipo alto é removida por beliscão quando 3 até 5
folhas estão completamente desenvolvidas. Os rebentos que se desenvolvem
dos 2 até 4 gomos superiores são deixados intactos para crescerem. Desta
maneira, haverá 2 - 4 rebentos laterais que se tornarão em caules principais,
suportados por estacas. Quando estes caules tiverem um comprimento de 1
– 1,25 m, dever-se-ão remover, por beliscões, também as pontas. Os novos
rebentos laterais deverão ser removidos com frequência, por beliscões. No
geral, formam-se 3 a 4 cachos de frutos a crescerem ao longo de cada caule.
(Naika, et al, 2016)

2.5.3.3. Poda das folhas

Dever-se-ão remover as folhas velhas, amarelas ou doentes dos tomateiros.


Desta maneira, controlar-se-á o desenvolvimento e a difusão de doenças. É
necessário ter cuidado durante a poda das plantas, visto que uma doença
se difunde muito facilmente através das mãos ou qualquer ferramenta
utilizada. Por conseguinte, dever-se-á prevenir a presença de plantas doentes
e limpar as ferramentas com frequência. (Naika, et al, 2016)
18

2.5.4. Sistemas de suporte

Paus de bambu, estacas de madeira, estacas ou latadas de outros materiais


robustos fornecem o suporte necessário para manter a folhagem e os frutos
afastados do chão. Graças ao suporte com estacas aumentarão o
rendimento e o tamanho dos frutos; reduzir-se-á o apodrecimento de frutos e
facilitar-se-ão a pulverização e a colheita. As variedades indeterminadas
deverão ser suportadas com estacas para facilitar a poda, a desponta por
beliscões, a colheita, e outras práticas de cultivo. As variedades determinadas
deverão ser suportadas com estacas, durante a estação das chuvas, para
prevenir que os frutos estejam em contacto com o solo. Há muitas
possibilidades de disposição do suporte com estacas. Contudo, as plantas
devem ser atadas de forma segura às estacas ou suportes de corda, a partir
de, aproximadamente, duas semanas após o transplante. Para se atarem
podem-se utilizar palha de arroz, tiras de plástico, fita de atar para uso
hortícola, ou outros materiais. A atadura também serve para suportar os
cachos de frutos. (Naika, et al, 2016)

2.5.5. Controlo das ervas daninhas

As ervas daninhas competem com os tomateiros pela luz, a água e os


nutrientes. Às vezes, fornecem abrigo aos organismos patogénicos para os
tomateiros, como sejam o vírus do frisado amarelo do tomateiro (TYLCV),
reduzindo o rendimento. Um maneio eficaz, não químico, das ervas daninhas
começa por uma lavoura profunda, várias rotações de culturas, e culturas de
cobertura competitivas. As seguintes práticas integradas são úteis para
controlar, de forma eficaz, as ervas daninhas:

 A remoção dos restos vegetais da cultura anterior e as práticas de


saneamento do campo ajudam a prevenir a introdução de sementes
das ervas daninhas.
 Por meio de uma lavoura profunda com o cultivador e a exposição do
solo à luz do sol antes do transplante, destroem-se as sementes das
ervas daninhas.
 É importante que o campo se mantenha sem ervas daninhas durante
19

4-5 Semanas depois do transplante. É durante este período que se deve


suprimir a competição das ervas daninhas de forma a prevenir a redução
do rendimento.

As ervas daninhas que crescem entre as fileiras da cultura controlam-se


mais facilmente. Removem-se, geralmente, por meio de uma lavoura
superficial ou através da aplicação de uma cobertura morta. (Naika, et al,
2016)

2.6. Pragas e doenças

A prevenção de pragas e doenças na cultura do tomate reveste-se de


primordial importância. Neste capítulo apresentam-se as pragas e doenças
mais importantes e também se recomendam métodos para a prevenção e o
controlo.

2.6.1. Pragas
2.6.1.1. Nemátodos

São vermes minúsculos que vivem no solo, alimentando-se das raízes de


plantas. Devido ao seu tamanho reduzido (têm apenas alguns mm de
comprimento), não podem ser vistos a olho nu. Têm uma armadura bucal
perfuradora, que utilizam para sugar a seiva das plantas. Por conseguinte,
podem provocar uma redução da capacidade produtiva das plantas e também
prejuízos ainda mais graves de- vido a vírus ou fungos penetrarem nas plantas
através das feridas feitas pelos nemátodos. Os ditos invasores provocam
doenças nas plantas e, por fim, a sua morte. (Naika, et al, 2016)

Se se descobrir uma área no campo cultivado onde uma parte da cultura


mostra claros sintomas de ter um desenvolvimento atrasado, onde as plantas
são de cor mais clara e têm folhas com formas anormais, mas não
mostrando indícios de um padrão de mosaico, dever-se-á suspeitar de uma
infestação de nemátodos. Começa, geralmente, numa parte reduzida da área
cultivada e difunde-se lentamente por toda a cultura. (Naika, et al, 2016)
20

No cultivo do tomate, os nemátodos dos nódulos radiculares constituem um


grande problema. Provocam o desenvolvimento de galhas (tu- mores
cancerosos) nas raízes das plantas. Três tipos comuns dos nemátodos dos
nódulos radiculares são: Meloidogyne in- cognita, M. javanica e M. arenaria. As
plantas afectadas continuam a ser pequenas e são susceptíveis a doenças
fúngicas e bacterianas, transmitidas através do solo. (Naika, et al, 2016)

Nas regiões tropicais, perde-se, aproximadamente, 30% da colheita do tomate


devido a nemátodos.

O uso de pesticidas químicos (nematicidas) e esterilizantes do solo (de


que faz parte um tratamento com vapor) é eficaz mas também dispendioso.
Tentar aplicar também as seguintes medidas de MIP para suprimir ou limitar
a infestação de nemátodos:

 A rotação do tomate com outras culturas como sejam cereais, couve,


cebola, amendoim, mandioca, gergelim, etc. Não alternar com
Solanáceas (ver o Capítulo 4)! Recomenda-se não alternar com
culturas pertencentes à família das Cucurbitáceas (p.ex. pepino ou
abóbora) nem com a papaia, visto que também estas podem causar a
transmissão de doenças). (Naika, et al, 2016)

 A remoção das ervas daninhas e de restos vegetais (folhas e frutos


podres). Intercalar plantas que, através das suas raízes, emitem
substâncias que repelem ou destroem os nemátodos, como sejam o
gergelim ou espécies de Tagetes (um tipo de cravo de defunto; podem-
se encontrar ervas daninhas parecidas em muitos países). (Naika, et
al, 2016)

 Exposição do solo ao sol e ao vento. Lavrar o solo várias vezes com


charrua. Devido à lavoura, os nemátodos serão transportados para a
superfície do solo e, por conseguinte, estarão expostos ao sol e a
temperaturas altas, para que sejam destruídos. (Naika, et al, 2016)
21

2.6.1.2. Insectos

Todos os insectos picadores e sugadores, como sejam as moscas brancas, os


tripes e os afídios (pulgões) apenas provocam danos mecânicos se se
manifestarem em grandes quantidades. Contudo, os vírus possivelmente
transmitidos por estes insectos podem causar prejuízos muito mais graves.
Estes insectos podem vir de fora do campo cultivado e provocar, finalmente, a
infestação de toda a cultura. Além disso, as folhas danificadas por insectos
tornam-se mais susceptíveis a infecções por doenças fúngicas e bacterianas.
(Naika, et al, 2016)

2.6.2. Doenças
Os tomateiros são susceptíveis a vários fungos, bactérias e vírus. Fungos e
bactérias causam a ocorrência de doenças nas folhas, nos frutos, nos caules e
nas raízes. Uma infecção de vírus provoca, geralmente, um crescimento
retardado (nanismo) e uma produção reduzida. Os danos provocados por
doenças podem levar a uma redução considerável de rendimentos para o
agricultor. (Naika, et al, 2016)

2.6.2.1. Bactérias

As bactérias são organismos unicelulares minúsculos que não podem ser


vistas a olho nu, mas apenas com microscópio. Ao contrário dos fungos,
cujos esporos germinam e, depois, são capazes de penetrarem pela
epiderme intacta da planta, as bactérias infectam apenas uma planta através
de pontos débeis, como sejam cicatrizes, estomas e lenticelas (pequenos
poros na superfície de caules e raízes) e feridas (p.ex. devido à poda) ou
outras lesões físicas. No solo podem penetrar na planta através de lesões
nas raízes, provocadas p.ex. por nemátodos. As bactérias encontram-se em
todos lados, no ar e em objectos. As bactérias podem chegar ao ponto onde
penetram a planta devido a actividades humanas, pegadas aos sapatos, e
nas patas de insectos, pelos salpicos das gotas de chuva ou o movimento de
pó/poeiras pelo vento. (Naika, et al, 2016)
22

2.6.2.1.1. Murcha-bacteriana (provocada por Ralstonia


solanacearum)

Esta bactéria é particularmente comum nas planícies tropicais húmidas,


onde as temperaturas são relativamente altas. Trata-se de uma doença
que se transmite através do solo. Nas plantas infectadas, os sintomas
iniciais são o emurchecimento das folhas terminais, a que se segue dentro
de 2-3 dias um emurchecimento repentino e permanente, mas sem
amarelecimento. Podem-se desenvolver raízes adventícias nos caules
principais. O sistema vascular (vasos) nos caules das plantas infectadas
tem uma cor castanha clara num corte transversal ou longitudinal; torna-
se de cor castanha mais escura durante uma fase posterior da infecção.
Quando a planta está completamente murcha, a medula e o córtex (córtice)
tornam-se também castanhos, perto do nível do chão. Quando se
suspendem secções do caule duma planta infectada, em água, os
elementos do xilema (tecido lenhoso) ressudam um fluxo branco, leitoso, de
bactérias. (Naika, et al, 2016)

2.6.2.1.2. Mancha-bacteriana (provocado por Xanthomonas


axonopodis p.v. vesicatoria)

Esta bactéria está difundida em todo o mundo, mas o nível de difusão é mais
elevado nas regiões tropicais e subtropicais. Estes organismos patogénicos
difundem-se através de sementes, insectos, gotas de chuva, restos vegetais
infectados e ervas daninhas pertencentes à família das Solanáceas. Chuvas
fortes e uma humidade alta favorecem o desenvolvimento desta doença. As
bactérias entram na planta através de estomas e feridas. Os organismos
patogénicos afectam as folhas, os frutos e os caules. Aparecem pequenas
manchas nas folhas e nos frutos das plantas infectadas. As ditas manchas
são, geralmente, de cor castanha e circulares. As folhas tornam-se amarelas
e, depois, caiem no chão. As lesões nos caules e nos pecíolos são elípticas.
(Naika, et al, 2016)
23

2.6.2.2. Vírus

O tomateiro é muito susceptível a doenças de vírus. Um vírus é um organismo


patogénico submicroscópico, com uma estrutura de proteínas, que não pode
ser visto a olho nu ou através de um microscópio ordinário. Difunde-se,
geralmente, na cultura através de insectos portadores como sejam as moscas
brancas, tripes e afídios (pulgões). Os prejuízos causados pelos vírus são,
geralmente, muito mais graves que os danos físicos provocados pelos
insectos portadores. (Naika, et al, 2016)

Alguns vírus encontrados nas culturas do tomateiro são:

 Vírus do mosaico do tabaco/tomateiro (tobacco/tomato mosaic vírus,


TMV/ToMV)
 Vírus do mosaico amarelo das cucurbitáceas (cucumber mosaic vírus,
CMV)
 Vírus etch do tabaco/fumo (tobacco etch virus, TEV)
 Vírus Y da batateira (potato virus-Y, PVY)
 Vírus do enrolamento da batateira (potato leafroll virus, PLRV)
 Vírus do bronzeamento do tomateiro (tomato spotted wilt virus, TSWV)
 pepper veinal mottle virus (termo inglês, também PVMV)
 chilli veinal mottle vírus (termo inglês, também CVMV ou
ChiVMV)
 Vírus do frisado amarelo do tomateiro (tomato yellow leaf curl vi- rus,
TYLCV) tomato big-bud mycoplasma (termo inglês, também TBB).
(Naika, et al, 2016)

2.6.2.3. Fungos
Fungos são organismos que consistem, geralmente, de filamentos
discerníveis (hifas). Os conjuntos de hifas (micélio) são visíveis a olho nu e
têm a aparência de chumaços de algodão muito fino. O micélio é,
geralmente, de cor esbranquiçada. Os conjuntos de esporos e os frutos têm,
geralmente, cores vivas. Um exemplo bem conhecido é o dos conjuntos de
esporos verdes ou esbranquiçados que se desenvolvem em pão que já não
é fresco e fruta estragada.
24

2.6.3. Outras causas da danificação de culturas

As seguintes anomalias não são provocadas por insectos ou doenças mas,


na maior parte, por deficiências nutricionais e condições climáticas
desfavoráveis. (Naika, et al, 2016)

2.6.3.1. Racha dos frutos


A racha dos frutos implica a aparição de pequenos rasgões nos frutos
(geralmente maduros) do tomate devido a grandes flutuações do teor de
humidade do solo ou da temperatura e, por conseguinte, reduz-se a
qualidade dos frutos. A susceptibilidade a estas flutuações depende da
cultivar. Os rasgões também facilitam a entrada de pragas e doenças. Dois
procedimentos preventivos são a cobertura do chão com uso de uma camada
de mulch (cobertura morta) e a rega ligeira mas mais fre- quente; ou a recolha
dos frutos mesmo antes de amadurecerem, deixando-os amadurecer num
local fechado, seco (p.ex. em palha). (Naika, et al, 2016)

2.6.3.2. Queima solar


Nos frutos aparecem entalhes castanhos ou cinzentos. A parte dos frutos que
está mais exposta ao sol apodrece mais rapidamente. Pode-se prevenir isto
fornecendo mais sombra durante o amadurecimento dos frutos, através do
plantio de árvores ou de uma cultura intercalar judiciosa. A queima solar ocorre
mais frequentemente nos tomateiros não empados. (Naika, et al, 2016)

2.6.3.3. Apodrecimento apical


Esta doença é causada por deficiência de cálcio, que é, geralmente, o
resultado duma quantidade excessiva de sal presente no solo, devido ao uso
de água salina ou à rega com quantidades insuficientes de água durante a
estação seca. A quantidade de sal presente no solo pode ser reduzida com
uso de lavagens, quer dizer, uma ou mais aplicações abundantes de água de
rega que não contém sal (normalmente durante a estação das chuvas) e sob
condições de boa drenagem). (Naika, et al, 2016)
25

2.6.4. Controlo de pragas e doenças

Nos capítulos anteriores discutiram-se as medidas culturais para limitar os


danos provocados por pragas e doenças. As ditas medidas estão baseadas
nos princípios do Maneio Integrado de Pragas (MIP). Contudo, em casos de
emergência também se podem controlar as pragas e doenças com uso de
pesticidas sintéticos químicos ou alguns tipos de pesticidas naturais e por
controlo biológico.

Ter em conta que os pesticidas têm, geralmente, uma actividade específica,


quer dizer, os insecticidas apenas exterminam insectos, mas não exterminam
ácaros, doenças ou nemátodos. Os fungicidas apenas destroem fungos e
algumas bactérias. (Naika, et al, 2016)

2.6.4.1. Pesticidas químicos sintéticos

Os pesticidas químicos sintéticos foram desenvolvidos por investiga- dores de


empresas químicas e, por conseguinte, são vendidos por estas companhias.
Estes produtos químicos podem ser tóxicos (às vezes, muito tóxicos) para
seres humanos e animais. Embora os ditos produtos sejam muito eficazes
para controlar as pragas e doenças, também destroem os predadores naturais
das pragas, causando um ressurgi- mento grave de alguma praga quando não
são aplicados no momento e na forma adequados e com a dose apropriada
por hectare. Devido aos seus efeitos residuais, podem prejudicar, também,
consumidores e o meio- ambiente e, por conseguinte, deverão ser aplicados
judiciosamente e só em casos de emergência. Para limitar o uso de pesticidas
químicos, recomenda-se aos agricultores que se atenham aos princípios do
Maneio Integrado de Pragas (MIP), que se apresentam em outras publicações.
(Naika, et al, 2016)

2.6.4.2.Pesticidas naturais
Os pesticidas naturais são produtos como o piretro e o derris (rotenone).
Denominam-se “naturais” visto que são recolhidos na vegetação natural. Estes
insecticidas são conhecidos e usados desde tempos. A sua aplicação tem
efeitos rápidos. Através da melhora das suas fórmulas, os investigadores
químicos também aumentaram a sua eficácia. Para os inimigos naturais das
26

pragas de culturas podem ser igualmente tóxicos como os pesticidas químicos


sintéticos.

2.6.4.3. Controlo biológico


Ao controlo duma praga de insectos por meio do emprego dos seus inimigos
naturais chama-se controlo biológico. Estes inimigos naturais podem ser aves,
aranhas, outros insectos e até fungos ou bactérias. (Naika, et al, 2016)

2.7. Colheita e produção de sementes

É muito importante que a colheita seja feita no momento apropriado e que os


frutos sejam tratados de forma adequada depois da colheita (tratamentos pós-
colheita). O alto teor de água dos tomates torna-os susceptíveis a perdas pós-
colheita. Os frutos demasiadamente maduros são facilmente danificados ou
começam a apodrecer. A primeira medida de forma a reduzir o nível dos danos
pós-colheita é efectuar a colheita no momento apropriado. Será necessário
repetir a colheita por várias vezes visto que nem todos os frutos dos tomateiros
amadurecem no mesmo momento. A primeira colheita dos tomates pode ser
efectuada entre 3 a 4 meses depois da sementeira. A colheita continua dura-
te, aproximadamente, um mês dependendo do clima, de doenças e pragas e
da cultivar plantada. No decorrer dum período de cultivo de- ver-se-á colher os
tomates entre 4 até 15 vezes. (Naika, et al, 2016)

2.7.1. Tratamentos pós-colheita


Os tomates são frutos delicados e devem ser transportados rapidamente para
o mercado. Quando não são tratados cuidadosamente, deterioram-se
rapidamente, o que afecta o sabor, a aroma e o valor nutritivo. (Naika, et al,
2016)
27

CAPÍTULO III: METODOLOGIA

3. Localização e descrição da Área experimental

O ensaio será realizado no Instituto Politécnico Familiar Rural de Mecubúri, que


localiza-se no distrito de Mecubúri no Bairro de Nacuacuali, na berma da
estrada que liga a cidade de Nampula e o distrito de Mecubúri numa distância
de 80km. A região onde será implantado o ensaio (IPFRM) apresenta um solo
argiloarenoso, incorporado com matéria orgânica decomposta proveniente de
restos de vegetais (restos de culturas, folhas, capins, galhos), estercos (de
frangos, caprinos, suínos e bovinos) e compostos orgânicos (resultantes de
pilhas de compostagem) produzidos localmente.

3.1. Perfil e localização geográfica do distrito de Mecubúri

O distrito de Mecubúri localiza-se na parte norte da província de Nampula, o


distrito estende-se sobre 135km2. (Labranche, 2016)

O distrito tem como a localização geográfica e limites em seguintes pontos:

Distrito Distrito de Mecubúri


Pontos Norte Sul Este Oeste
cardiais
Província de Ribaue e Erati e Lalaua e
cabo delgado Nampula Muecate Ribaue
Limites (Namuno)

Tabela 3: localização geográfica do Distrito (dados do SDAE de Mecubúri)

O clima do distrito de Mecubúri é caracterizado por um período chuvoso de


cinco meses (fim de Novembro até Abril), durante esse período, a zona recebe
cerca de 1000mm de chuva. (Labranche, 2016)
28

3.1.1. Mapa do distrito de Mecubúri

Fonte: Labranche, 2016

3.2. Delineamento Experimental

Para a realização do ensaio, será usado o delineamento de blocos


causalizados, com quatro (4) tratamentos. Os tratamentos serão compostos por
quatro diferentes variedades (T1: Tyilka F1, T2: Rodade, T3: Kilele e T4: Roma
VFN).
A dimensão de área experimental será de 625 m², divididas em quatro blocos
com 100m2. A área útil total será de 400m2. A distância entre bloco será de 1m
e o espaçamento será de 0,45m entre linhas 1,20m entre plantas (paras as
híbridas) e será usado o compasso de 0,80m entre linhas e 0,60m entre linhas
(para as OPV’s). E nas bordaduras será usada a cultura de cebola pelo facto
de ser repelente de algumas pragas.
29

3.2.1. Número de plantas por bloco


A área útil de cada bloco será de 100m2. Nesse caso o número de plantas que
ocuparão no bloco de variedades de Híbridas (Tylka F1 e Kilele F1) será de
185plantas. Para as variedades OPVs (Rodade e Roma VF) será de 208
plantas.

3.3. Métodos
Durante a execução as actividades do ensaio, serão usados os seguintes
métodos:
- Observação directa;
- Inquérito aos produtores de tomate;
- Medições de áreas e agrotóxicos;
- Pesagem de produtos agrícolas
- Colecta de dados e composição o relatório final.

3.4. Materiais
Para a execução das actividades serão usados os seguintes materiais:
- Uma (1) enxada;
- Um (1) Ancinho;
- Quatro (4) Pacotes de sementes de 20g (Tylka F1, Kilele F1, Rodade e
Roma VFN);
- Um (1) Fita métrica (100m);
- Dois (2) Regador;
- Duas (2) Rolo de corda sisal (100m):
- Estacas (para demarcação e tutoramento);
- Um (1) Pulverizador;
- Um (1) pacote Mancozeb (500g);
- Um (1) Frasco de Karate Zeon (250ml);
- Um (3) Sacos de adubos (NPK, Ureira e Nitrato de Calcio);
- Quatro (4) Bandejas;
- Uma (1) Tonelada de esterco de bovino e Frango;
- Um (1) Crivo;
- Um (1) Tambor metálico de 200litro;
30

- Uma (1) Carrinha de Mão;


- Um (1) Balde de 20 litro:
- Três (3) Sacos (dois de ráfia e um plástico);
- Quatro (4) Cestos;
- EPI (Fato, botas, luvas e mascara)
- Plásticos de cor amarelos e brancos.

3.5. Condução do ensaio

As actividades do ensaio, serão realizadas a partir do mês Abril a Outubro que


incluirão actividades de preparação do solo ate a pós-colheita. Numa área
625m2 (25m x 25m)

3.5.1. Origem da Semente

A semente será adquirida na loja de insumos agrícolas "Proma Comercial"


localizada no na cidade de Nampula, na antiga Waresta.

3.5.1.1. Descrição das variedades

Tylka F1 – é uma variedade hídrica e de crescimento indeterminado.


Apresenta um fruto alongado com peso de 90 gramas e produz cerca de 170 a
190ton/ha sob boas práticas culturais. A variedade é resistente a Nematodos,
vírus do mosaico do tomate, fusarium oxysporum, verticilium, etc. (Catalogo da
syngenta)

Kilele F1 - é uma variedade hídrica e de crescimento determinado. Apresenta


um fruto quadrangular com peso de 110-120 gramas e produz mais de
110ton/ha sob boas práticas culturais. A variedade é resistente a Nematodos,
vírus do mosaico do tomate, fusarium oxysporum, verticilium, vírus do
enrolamento amarelo da folha do tomate, etc. (Catalogo da syngenta)

Rodade – é uma variedade de polinização aberta com um crescimento


determinado com uma altura de 100cm. Apresenta um fruto grande e achatado
com peso de 100-150 gramas. A variedade é resistente a bactérias, fusarium
oxysporum, verticilium,etc (Catalogo da Sakata, 2014)
31

Roma VF – é uma variedade OPV de crescimento determinado que atinge a


altura 60 a 70 cm. Os frutos do tomate variedade Roma são de forma cilíndrica
de ameixa (creme) com uma ponta acentuada, vermelho. Como desvantagem
a variedade é susceptível a doenças fúngicas e requeima (Hiperligação 1)

3.5.2. Sementeira

A sementeira será feita em bandejas pretas de plástico (alfobres móveis), com


uma densidade de uma semente por espaço.

3.5.2.1. Substrato

As bandejas serão enchidas com um substrato produzido na base esterco de


bovino, e o substrato será desinfectado a vapor.

3.5.3. Preparação do solo

Para manter o solo preparado para receber as culturas, serão realizadas as


seguintes actividades:

 Demarcação da área e limpeza da área;


 Lavoura media (de 30cm) – um mês antes do transplante;
 Gradagem – ser realizada duas antes do transplante,
 Nivelamento e Parcelamento – realizada uma semana antes do
transplante, o parcelamento serão de acordo com os blocos e
tratamentos
 Abertura de covacho e incorporação de composto orgânico.
 Adubações – será uma adubação de fundo com o adubo NPK logo na
gradagem, e uma série de adubações de cobertura com Nitrogénio,
Sulfato de Potássio e Nitrato de Cálcio.

3.5.4. Maneios Culturais

Para garantir o melhor, desempenho, desenvolvimento e obter bons resultados


de produção devera se observar boas práticas agrícolas, das quais seguem-se:
32

3.5.4.1. Transplante

O transplante será efectuado no intervalo de 21 a 30 dias, de acordo com a


recomendação de transplantação de cada variedade.

3.5.4.2. Retancha

Após o transplante, haverá necessidade de se realizar a retancha caso haja


locais com falhas de pegamento da muda, substituindo-se com uma nova.

3.5.4.3. Rega

A água é um dos factores mais importantes quando se trata de produção


agrícola. Para suprir as necessidades hídricas vai-se realizar a rega localizada
(manual) em dois períodos (de manha e de tarde) por dia.

3.5.4.4. Sacha

Para evitar a competitividade se realizar sachas em cada 15 dias, eliminando


as ervas daninhas no campo do ensaio.

3.5.4.5. Monda

Esta actividade será realizada principalmente nos alfobres (retirando pequenas


infestantes) e no local definitivo sempre necessário.

3.5.4.6. Escarificação

Para permitir uma boa infiltração da água e circulação do oxigénio nas raízes,
será realizada esta actividade em cada 7dias, para modo a desfazer a crosta
causada pela água durante a rega.

3.5.4.7. Amontoa

Caso haja necessidade (durante a adubação, ou dispersão das raízes) será


feita uma amontoa ou redor das plantas para cobrir o adubo e proteger as
raízes.
33

3.5.4.8. Poda ou Desladroamento

Para as variedades híbridas esta técnica é indispensável, pois ajuda no seu


desenvolvimento, durante o seu desenvolvimento será realizada esta
actividade com o objectivo de retirar os ramos ladrões (ramos desnecessários).
Para as OPVs também será realizada esta actividade em casos de ter ramos
com problemas (defeitos, doenças ou ataque de pragas).

3.5.4.9. Tutoramento

Esta actividade é também indispensável na produção da cultura de tomate, pôs


ajuda a manter a postura do seu crescimento. O tutoramento será realizado
quando as plantas atingirem uma altura de 30cm. Vai se usar duas técnicas de
tutoragem:

- Para as variedades com crescimento indeterminado (geralmente


"Hibridas") que é o caso da Tylka F1 e Kilele F1 será usadas estacas
maiores e cordas em forma de estendal.
- Para OPV serão usadas estacas menores com 1,5m de altura.

3.5.4.10. Desponta

Para permitir um bom desenvolvimento e ramificação da copa, será feita a


desponta na fase de floração, apenas para as variedades OPV's.

3.5.4.11. Adubação de cobertura e foliar

Em cada 15 em 15 dias será realizada a adubação de cobertura com ureia,


cálcio e potássio (principalmente na frutificação). Será usada também uma
adubação foliar para fortalecer a nutrição das plantas.

3.5.4.12. Controle de pragas e doenças

A monitoria de pragas e doenças será realizada todos dias, por será vigorosa
em cada semana.
34

3.5.4.12.1. Controle físico

Vai se usar armadilhas de cores, para controlar as pragas com, moscas, tripés,
etc.

3.5.4.12.2. Controle químico

Serão realizadas uma série pulverizações em cada 7 dias com pesticidas


químicos diferentes, ate a floração, como método preventivo, esta actividade
será realizada ate a floração. Em caso de manifestação intensa de pragas será
realizada pulverização curativa.

3.5.5. Colheita

Para as variedades Híbridas, a maturação ate aos 90 dias e para as OPV's


atingem a maturação aos 120 dias. Nesse caso logo que as culturas atingirem
a maturação fisiológica será realizada a colheita, e direccionado o produto ao
mercado.

3.6. Parâmetros a serem avaliados

Para obtenção dos resultados do estudo, serão colectadas 40% de plantas,


removidas de forma alternada em cada linha e tratamento, estas plantas serão
estudadas os seguintes parâmetros

3.6.1. Desempenho das mudas

Vai se monitorar o período de emergência, o nível de desenvolvimento e a


altura das mudas nos seus 21 dias de vida.

3.6.2. Período de Floração e frutificação

Vai se verificar a precocidade de floração, estimado em dias após o transplante


e a quantidade de flores por cacho.
35

3.6.3. Tamanho e peso médio do fruto de cada variedade

Fara-se o pesagem do fruto mais desenvolvidos por plantas e vai se achar a


média usando-se a seguinte formula:

1 1
̅= = ( + ⋯+ )

3.6.4. Resistência pragas e doenças


Vai se monitorar o campo, de modo a se verificar a incidência de pragas e
doenças por variedade.

3.6.5. Rendimento e valor económico de cada variedade

Para quantificar o rendimento serão colhidas os frutos de cada variedade em


diferentes tratamentos para cada bloco, depois serão pesadas e por fim os
rendimentos serão determinados em função do peso por unidade de área útil
correspondente a este peso, em quilograma por hectare que depois serão
convertidos em toneladas por hectare; usando a fórmula 1.

Fórmula (1) Rendimento (Kg/ha) = onde: P=peso


36

CAPITULO IV: CRONOGRAMA DE ACTIVIDADES

Para melhor acompanhamento das actividades que serão realizadas no ensaio, vai se seguir o seguinte cronograma de
actividades:

4. Plano de actividades

Meses
Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro
ACTIVIDADES Semanas
1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª 2ª 3ª 4ª
Elaboração do anteprojecto
DO PLANO

Aquisição do material e
equipamentos
Identificação da área e
demarcação
Preparação do substrato
PREPARAÇÃO

(selecção, crivação
desinfecção)
SOLO

Preparação do alfobre
(Enchimento das bandejas e
37

sementeira)

Limpeza da área
Demarcação dos blocos
Lavoura
Gradagem (e incorporação
do adubo)
Nivelamento
Abertura de covachos,
enchimento e desinfecção do
solo enchido
Transplante
Retancha
Rega
MANEIOS CULTURAIS

Com ureia
Adubação de

Com nitrato de
cobertura

cálcio
Foliar
Amontoa
Escarificação
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Sacha
Monda
Poda / desladroamento
Desponta
Tutoramento
Monitoramento de pragas e
doenças
Montagem de armadilhas de
cores
Fungicida (Mancozeb)
Insecticida (Karate
Pulverizações

Zeon)
Insecticida
(Abametina)
Colheita
PRÉ E PÓS
COLHEITA

Pesagem do produto
Armazenamento
Comercialização
Colecta e análise de dados
Redacção do relatório final
39

(Monografia)
Tabela 4: Cronograma de actividades
40

4.1. Orçamento
Categoria Material/Insumos Quant. Unidade Preço. unit. Preço Total Obs.
Enxada; 1 170,00 170,00
Ancinho 1 3400,00 3400,00
Fita métrica; 1 100m 550,00 550,00
Regador; 2 600,00 1200,00
Ferramentas e Materiais

Rolo de corda 2 100m 100,00 200,00


Pulverizador; 1 1300,00 1300,00
Bandejas de sementeira; 4 450,00 1800,00
Carrinha de Mão; 1 1500,00 1500,00
Cestos; 1 1000,00 1000,00
Balde de 20 litro: 1 100,00 100,00
Sacos (dois de ráfia e um 3 25,00 75,00
plástico);
Plásticos de cor amarelos 2 300 600
e brancos.
Tylka F1 1 20g 1750,00 1750,00
Kilele F1 1 20g 1600,00 1600,00
Sementes
Rodade 1 20g 250,00 250,00
Roma VFN 1 20g 250,00 250,00
Fungicida Mancozeb 1 1kg 650,00 650,00
Pesticidas
Cipermetrina 1 1l 650,00 650,00
NPK 1 50kg 2300,00 2300,00
Ureia 1 50kg 2300,00 2300,00
Fertilizantes
Nitrato de Cálcio 1 50kg 3000 3000
Sulfato de potássio 50kg 3000 3000
EPI Fato 1 750,00 750,00
Botas 1 700,00 700,00
Mascara 1 350,00 350,00
Luvas 1 250,00 250,00
SubTotal 29695,00
Tabela 5: Orçamento para produção cultura tomate.
41

5. RESULTADOS ESPERADOS
5.1. Adaptabilidade

Em termos de adaptabilidade espera-se que uma das variedades seja


adaptável nas condições locais. Pelo histórico de cada variedade as
espectativas de bons resultados apontam para as seguintes variedades:

Tylka F1 e Kilele F1 – Por serem variedades resistentes a nematodos, e certas


doenças virose como mosaico do tomate, fusarium oxysporum e verticilium.

5.2. Rendimento

Em termos de rendimento espera-se que uma das variedades seja mais


produtiva nas condições locais. Em caso de todas culturas variedades
apresentar bom desempenho espera-se o seguinte rendimento:

Variedade Produtividade Área planificada Produção Produção esperada


(útil) esperada (mínima)
2
Tylka F1 170 ton/há 100m 1,7ton 1ton
Kilele F1 110ton/há 100m2 1,1ton 0,9ton
Rodade 15 ton/há 100m2 0,15ton 0,10ton
Roma VF 15 ton/há 100m2 0,15ton 0,10ton
Total -------- 400m2. 3,1ton 2,1ton
Tabela 6: Produção esperada (rendimentos)

A tabela acima prevê a produção ou rendimento de acordo com a produtividade


da cultura em condições óptimas e sob boas práticas agrícolas. A última coluna
especifica uma produção mínima esperada.
42

6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA

Calima, J. S. (2015). Estudo Sobre a Cadeia de Valor de Hortícolas no Distrito


de Mocuba e Cidade de Quelimane. 38 pp.

CAP. (2011). Censo agropecurio 2009-2010. Resultados definitivos. INE,


Maputo.115 pp.

Ecole, C. C., & Malia, H. A. (2015). Caracterização da horticultura em


Moçambique. In L. L. Haber, C. C. Ecole, W. Bowen, & F. V. Resende,
Horticultura em Moçambique: características, tecnologias de produção e de
pós-colheita (1º ed., Vol. I, pp. 21-30). Brasilia,DF, Brasil: Embrapa

FAO, & GRM. (2009). Quadro das Demandas e Propostas de Guiné-Bissau


para o Desenvolvimento de um Programa Regional de Cooperação entre
Países da CPLP no domínio da Luta contra a Desertificação e Gestão
Sustentável das Terras. Sector Ambiente – Convenção das Nações Unidas de
Combate a Desertificação, Maputo. 195 pp.

Govanhica, G. J. M., (2019) Avaliação do potencial para a produção de tomate


em ambiente protegido em Moçambique, Universidade de Évora – Escola de
Ciencias e Tecnologia, Dissertacao de Mestrado em Engenharia agronómica.

Hiperligação 1: https://pt.blabto.com/5797-tomato-roma-vf-description-and-
photo.html acessado 19/03/2021 pelas 09:45min.

Labranche, S. (2016), Diagnostico Agrário No Distrito de Mecuburi-


Mozambique, Dissertação de Mestrado.

Malia, H., Silva, H., & Resende, F. (2015). Estrutura para produção de mudas
de hortícolas. In L. E. Haber, In Horticultura em Moçambique:Características,
Tecnologias de Produção e de Pós-Colheita (pp. 78-84). Brasilia: Embrapa.
43

Naika, S., Jeude, J. v. L., Goffau, M., Hilmi, M., Dam, B. v. A cultura do tomate
(produção, processamento e comercialização), Agrodok 17, Fundação
Agromisa e CTA, Wageningen, 2006.

PNISA. (2013). Plano nacional de investimento do sector agrário 2013-2017.


Ministerio de Agricultura, Maputo. 89 pp.

Ribeiro, J., & Rulkens, T. (1999). Cultura de Tomate. Universidade Eduardo


Mondlane-Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal. Maputo: Imprensa
aniversitaria da UEM. 92 pp.

Syngenta, Catalogo de Variedades de Vegetais e Horticolas,


www.syngenta.com, syngenta Agro AG – Mocambique.

TIA. (2008). Tratado de Inquérito Agrícola. MINAG, Maputo. 34 pp.


44

7. Apêndice
7.1. Esquema do campo

T1: Tylka F1 T2: Rodade

T3: Roma VF T2: Kilele F1

Dimensão de área experimental:


Comprimento: 25m Dimensões dos Tratamentos:
Largura: 25m Comprimento: 10m
Área total: 625 m² Largura 10m
Espaçamentos entre Blocos: 1m Área total: 100m2

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