Teste 3-Direito Das Obrigações

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FACULDADE DE DIREITO

Curso: Licenciatura em Direito


Cadeira: Direito das Obrigações
Ano de frequência: 2º ano

Tema:

RESPONSABILIDADE CIVIL

Amina Amade Caeva

Nampula, 21 de Maio de 2022


ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

1.1 Objectivos .......................................................................................................... 1

1.1.1 Geral ............................................................................................................... 1

1.1.2 Específicos ..................................................................................................... 1

2 RESPONSABILIDADE CIVIL ............................................................................. 2

2.1 Responsabilidade Civil: Origem do Instituto e Pressupostos Gerais ................. 2

2.2 Evolução histórica da responsabilidade civil ..................................................... 3

2.3 Espécies da responsabilidade civil ..................................................................... 4

2.4 Responsabilidade civil subjectiva e objectiva.................................................... 4

2.5 Responsabilidade Civil contratual e extracontratual ......................................... 5

2.6 Pressupostos gerais da responsabilidade civil ................................................... 6

2.7 Conduta .............................................................................................................. 7

2.8 Dano ................................................................................................................... 7

2.9 Nexo de causalidade .......................................................................................... 9

2.10 Culpa .................................................................................................................. 9

2.11 Cláusula de fixação de indemnização .............................................................. 10

2.12 Natureza Jurídica ............................................................................................. 11

2.13 Funções da Cláusula Penal .............................................................................. 11

2.14 Valor da Cláusula Penal ................................................................................... 12

2.15 Utilidade da Cláusula Penal ............................................................................. 13

3 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 14

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 15

4.1 Legislação ........................................................................................................ 15

4.2 Manuais ............................................................................................................ 15


1 INTRODUÇÃO

Entre as fontes das obrigações, o legislador inclui a responsabilidade civil. Tendo em


conta o regime específico da responsabilidade civil e as suas consequências, a fonte da
obrigação de indemnizar é exclusivamente legal, não cabendo à doutrina ou à
jurisprudência criar situações de responsabilidade civil não previstas na lei. Razão pela
qual não de admitir novidades jurisprudenciais ou doutrinarias que levem a constituir
situações de responsabilidade civil não prevista ou com contornos diversos da previsão
legal.

O termo responsabilidade é dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude de


contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a
prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas. Onde
quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir
danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da
qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção.

1.1 Objectivos
1.1.1 Geral
O trabalho tem como objectivo geral, retratar o entendimento sobre Responsabilidade
Civil

1.1.2 Específicos
➢ Conceituar a Responsabilidade Civil;
➢ Identificar as clausulas;
➢ Detalhar sobre a natureza jurídica;

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2 RESPONSABILIDADE CIVIL
2.1 Responsabilidade Civil: Origem do Instituto e Pressupostos Gerais

Conceito
De acordo com Rui Stoco, a ideia de responsabilidade civil está relacionada à noção de
não prejudicar outro. A responsabilidade pode ser definida como a aplicação de medidas
que obriguem alguém a reparar o dano causado a outrem em razão de sua acção ou
omissão.

“A noção da responsabilidade pode ser haurida da própria origem da palavra, que vem do
latim respondere, responder a alguma coisa, ou seja, a necessidade que existe de
responsabilizar alguém pelos seus actos danosos. Essa imposição estabelecida pelo meio
social regrado, através dos integrantes da sociedade humana, de impor a todos o dever de
responder por seus actos, traduz a própria noção de justiça existente no grupo social
estratificado. Revela-se, pois, como algo inarredável da natureza humana”

Segundo Sílvio Rodrigues “A responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir


uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por facto de pessoas
ou coisas que dela dependam”.

"O termo responsabilidade é Dever jurídico, em que se coloca a pessoa, seja em virtude
de contrato, seja em face de fato ou omissão, que lhe seja imputado, para satisfazer a
prestação convencionada ou para suportar as sanções legais, que lhe são impostas. Onde
quer, portanto, que haja obrigação de fazer, dar ou não fazer alguma coisa, de ressarcir
danos, de suportar sanções legais ou penalidades, há a responsabilidade, em virtude da
qual se exige a satisfação ou o cumprimento da obrigação ou da sanção”.

“No direito actual, a tendência é de não deixar a vítima de actos ilícitos sem
ressarcimento, de forma a restaurar seu equilíbrio moral e patrimonial O lesionamento a
elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta ao agente a necessidade de
reparação dos danos provocados. É a responsabilidade civil, ou obrigação de indemnizar,
que compele o causador a arcar com as consequências advindas da acção violadora,
ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de facto ilícito
próprio, ou de outrem a ele relacionado”.

Em seu sentido etimológico e também no sentido jurídico, a responsabilidade civil está


atrelada a ideia de contraprestação, encargo e obrigação. Entretanto é importante

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distinguir a obrigação da responsabilidade. “A obrigação é sempre um dever jurídico
originário; responsabilidade é um dever jurídico sucessivo consequente à violação do
primeiro”.

2.2 Evolução histórica da responsabilidade civil


A responsabilidade civil é matéria viva e dinâmica que constantemente se renova de modo
que, a cada momento, surgem novas teses jurídicas a fim de atender às necessidades
sociais emergentes. A responsabilidade civil é o instituto de direito civil que teve maior
desenvolvimento nos últimos 100 anos. Este instituto sofreu uma evolução
pluridimensional, tendo em vista que sua expansão se deu quanto a sua história, a seus
fundamentos, a sua área de incidência e a sua profundidade.

O conceito de responsabilidade, em reparar o dano injustamente causado, por ser próprio


da natureza humana, sempre existiu. A forma de reparação deste dano, entretanto, foi
transformando-se ao longo do tempo, sofrendo desta forma uma evolução.

“A origem do instituto da responsabilidade civil parte do Direito Romano, e esta calcada


na concepção de vingança pessoal, sendo uma forma por certo rudimentar, mas
compreensível do ponto de vista humano como lídima reacção pessoal contra o mal
sofrido mesmo após o surgimento da Lei das XII Tábuas, que foi um marco do Direito
Romano, ainda era possível identificar a presença da chamada Pena do Talião, que traz o
princípio Olho por olho, e dente por dente”.

Com o passar do tempo a aplicação desta pena, entretanto, passou a ser marcada pela
intervenção do poder público, que poderia permiti-la ou proibi-la. Posteriormente, ainda
vigorando a Lei das XII Tábuas, inicia-se o período da composição tarifada, onde a
própria lei determinava o quantum para a indemnização, regulando o caso concreto. Nas
palavras de Alvino Lima, esta fase “é a reacção contra a vingança privada, que é assim
abolida e substituída pela composição obrigatória”

Conforme a doutrina maioritária lecciona, a maior evolução do instituto ocorreu com o


advento da Lex Aquilia, que deu origem a denominação da responsabilidade civil delitual
ou extracontratual, que é também chamada de responsabilidade aquiliana. Como ensina
Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho: “Um marco na evolução histórica da
responsabilidade civil se dá, porém, com a edição da Lex Aquilia, cuja importância foi
tão grande que deu nome a nova designação da responsabilidade civil delitual ou
extracontratual”.

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Esta legislação destacou-se por trazer a substituição da multa fixa por uma pena
proporcional ao dano causado. O intitulado dammun injúria datum, regulado por esta lei,
definia o delito praticado por alguém que prejudicasse a outrem, injustificadamente, por
dolo ou culpa, tanto física como materialmente.

“A indemnização permanecia substituindo o carácter da pena, sendo que os textos


relativos a acções de responsabilidade se espraiaram de tal forma que, em ultimo grau do
direito romano, já não mais faziam menção apenas aos danos materiais, mas também aos
danos morais.”

Na legislação francesa, mais precisamente no Código Civil de Napoleão, a culpa foi


inserida como pressuposto da responsabilidade civil aquiliana, influenciando diversas
legislações, até mesmo o Código Civil Moçambicano actualizado pelo Decreto-Lei n.º
3/2006, de 23 de Agosto. Entretanto, esta teoria da culpa trazida pela legislação francesa
não foi suficiente para regular todos os casos concretos ao longo do tempo, o que fez
surgir outras teorias. Tais teorias são amparadas em várias legislações mundiais, sem,
contudo, fazer desaparecer totalmente a teoria clássica da culpa, o que ocorreu inclusive
com o Código Civil brasileiro.

2.3 Espécies da responsabilidade civil


A responsabilidade civil costuma ser classificada pela doutrina em razão da culpa e
quanto a natureza jurídica da norma violada.

Quanto ao primeiro critério a responsabilidade é dividida em objectiva e subjectiva. Em


razão do segundo critério ela pode ser dividida em responsabilidade contratual e
extracontratual.

2.4 Responsabilidade civil subjectiva e objectiva


Denomina-se responsabilidade civil subjectiva aquela causada por conduta culposa lato
sensu, que envolve a culpa stricto sensu e o dolo. A culpa (stricto sensu) caracteriza-se
quando o agente causador do dano praticar o acto com negligência ou imprudência. Já o
dolo é a vontade conscientemente dirigida à produção do resultado ilícito.

Até determinado momento da história, a responsabilidade civil subjectiva foi suficiente


para a resolução de todos os casos. Contudo, com o passar do tempo, tanto a doutrina
quanto a jurisprudência passaram a entender que este modelo de responsabilidade,
baseado na culpa não era suficiente para solucionar todos os casos existentes. Este

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declínio da responsabilidade civil subjectiva se deu principalmente em função da
evolução da sociedade industrial e o consequente aumento dos riscos de acidentes de
trabalho.

“A necessidade de maior protecção a vítima fez nascer a culpa presumida, de sorte a


inverter o ónus da prova e solucionar a grande dificuldade daquele que sofreu um dano
demonstrar a culpa do responsável pela acção ou omissão, o próximo passo foi
desconsiderar a culpa como elemento indispensável, nos casos expressos em lei, surgindo
a responsabilidade objectiva, quando então não se indaga se o acto é culpável”

Nesse contexto, surge a denominada responsabilidade civil objectiva, que prescinde da


culpa. A teoria do risco é o fundamente dessa espécie de responsabilidade, sendo
resumida por Sérgio Cavalieri nas seguintes palavras: “De acordo com Cavalieri Filho
Todo prejuízo deve ser atribuído ao seu autor e reparado por quem o causou independente
de ter ou não agido com culpa. Resolve-se o problema na relação de nexo de causalidade,
dispensável qualquer juízo de valor sobre a culpa”

2.5 Responsabilidade Civil contratual e extracontratual


A responsabilidade civil pode ser classificada, de acordo com a natureza do dever jurídico
violado pelo causador do dano, em contratual ou extracontratual. Na primeira, configura-
se o dano em decorrência da celebração ou da execução de um contrato. O dever violado
é oriundo ou de um contrato ou de um negócio jurídico unilateral. Se duas pessoas
celebram um contrato, tornam-se responsáveis por cumprir as obrigações que
convencionaram. Acerca da responsabilidade por actos unilaterais de vontade César Fiúza
lecciona:

“A responsabilidade por actos unilaterais de vontade, como a promessa de recompensa é


também contratual, por assemelhação, uma vez que os actos unilaterais só geram efeitos
e, portanto, responsabilidade, após se bilateralizarem, Se um indivíduo promete pagar
uma recompensa a que lhe restitui os documentos perdidos, só será efectivamente
responsável, se e quando alguém encontrar e restituir os documentos, ou seja, depois da
bilaterização da promessa.”

Já a responsabilidade propriamente dita, a extracontratual, que também é denominada de


aquiliana, tem por fonte deveres jurídicos originados da lei ou do ordenamento jurídico
considerado como um todo. O dever jurídico violado não está previsto em nenhum
contrato e sem existir qualquer relação jurídica anterior entre o lesante e a vítima; o

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exemplo mais comum na doutrina é o clássico caso da obrigação de reparar os danos
oriundos de acidente entre veículos. Esta categoria de responsabilidade civil - que visa a
reparar os danos decorrentes da violação de deveres gerais de respeito pela pessoa e bens
alheios – costuma ser denominada de responsabilidade em sentido estrito ou técnico ou,
ainda, responsabilidade civil geral.

Na prática, tanto a responsabilidade contratual como a extracontratual dão ensejo à


mesma consequência jurídica: a obrigação de reparar o dano. Desta forma, aquele que,
mediante conduta voluntária, transgredir um dever jurídico, existindo ou não negócio
jurídico, causando dano a outrem, deverá repará-lo.

2.6 Pressupostos gerais da responsabilidade civil


Os actos ilícitos são aqueles que contrariam o ordenamento jurídico lesando o direito
subjectivo de alguém. É ele que faz nascer à obrigação de reparar o dano e que é imposto
pelo ordenamento jurídico.

O Código Civil Moçambicano estabelece a definição de factos ilícito em seu artigo 483:
“Aquele que, com dolo ou mera culpa, violar ilicitamente o direito de outrem ou qualquer
disposição legal destinada a proteger interesses alheios fica obrigado a indemnizar o
lesado pelos danos resultantes da violação.”.

Através da análise deste artigo é possível identificar os elementos da responsabilidade


civil, que são: ilicitude, a conduta culposa do agente, nexo causal, dano e culpa. Este
artigo é a base fundamental da responsabilidade civil, e consagra o princípio de que a
ninguém é dado o direito de causar prejuízo a outrem. Na lição de Fernando Noronha,
para que surja a obrigação de indenizar é necessário os seguintes pressupostos:

1. Que haja um facto (uma acção ou omissão humana, ou um facto humano, mas
independente da vontade, ou ainda um facto da natureza), que seja antijurídico, isto é, que
não seja permitido pelo Direito, em si mesmo ou nas suas consequências;

2.Que o facto possa ser imputado a alguém, seja por dever a actuação culposa da pessoa,
seja por simplesmente ter acontecido no decurso de uma actividade realizada no interesse
dela;

3.Que tenham sido produzidos danos;

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4. Que tais danos possam ser juridicamente considerados como causados pelo acto ou
facto praticado, embora em casos excepcionais seja suficiente que o dano constitua risco
próprio da actividade do responsável, sem propriamente ter sido causado por esta

2.7 Conduta
O elemento primário de todo acto ilícito, e por consequência da responsabilidade civil é
uma conduta humana. Entende-se por conduta o comportamento humano voluntário, que
se exterioriza através de uma acção ou omissão, produzindo consequências jurídicas. No
entendimento de Maria Helena Diniz a conduta é:

“A acção, elemento constitutivo da responsabilidade, vem a ser o acto humano,


comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objectivamente imputável do próprio
agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem,
gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado.”

A responsabilidade decorrente do acto ilícito baseia-se na ideia de culpa, enquanto a


responsabilidade sem culpa baseia-se no risco. O acto comissivo é aquele que não deveria,
enquanto a omissão é a não observância de um dever.

A voluntariedade é qualidade essencial da conduta humana, representando a liberdade de


escolha do agente. Sem este elemento não haveria de se falar em acção humana ou
responsabilidade civil.

O ato de vontade, em sede de responsabilidade civil, deve ser contrário ao ordenamento


jurídico. É importante ressaltar que voluntariedade significa pura e simplesmente o
discernimento, a consciência da acção, e não a consciência de causar um resultado danoso
sendo este o conceito de dolo. Cabe destacar ainda, que a voluntariedade deve estar
presente tanto na responsabilidade civil subjectiva quanto na responsabilidade objectiva.

2.8 Dano
A existência de dano é requisito essencial para a responsabilidade civil. Não seria possível
se falar em indemnização, nem em ressarcimento se não existisse o dano.

“O acto ilícito nunca será aquilo que os penalistas chamam de crime de mera conduta;
será sempre um delito material, com resultado de dano. Sem dano pode haver
responsabilidade penal, mas não há responsabilidade civil. Indemnização sem dano
importaria enriquecimento ilícito; enriquecimento sem causa para quem a recebesse e
pena para quem a pagasse, porquanto o objectivo da indemnização, sabemos todos, é

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reparar o prejuízo sofrido pela vítima, reintegrá-la ao estado em que se encontrava antes
da prática do ato ilícito. E, se a vítima não sofreu nenhum prejuízo, a toda evidência, não
haverá o que ressarcir. Daí a afirmação, comum a praticamente todos os autores, de que
o dano é não somente o fato constitutivo, mas, também, determinante do dever de
indemnizar”

Segundo Maria Helena Diniz “o dano pode ser definido como a lesão (diminuição ou
destruição) que, devido a um certo evento, sofre uma pessoa, contra a sua vontade, em
qualquer bem ou interesse jurídico, patrimonial ou moral.”

“O dano é, pois, elemento essencial e indispensável à responsabilização do agente, seja


essa obrigação originada de acto ilícito ou de inadimplemento contratual, independente,
ainda, de se tratar de responsabilidade objectiva ou subjectiva.”

Para que o dano seja indemnizável é necessária à existência de alguns requisitos.


Primeiramente é preciso que haja a violação de um interesse jurídico patrimonial ou
extrapatrimonial de uma pessoa física ou jurídica.

Desta forma, o dano pode ser dividido em patrimonial e extrapatrimonial. O primeiro


também conhecido como material é aquele que causa destruição ou diminuição de um
bem de valor económico. O segundo também chamado de moral é aquele que está afecto
a um bem que não tem carácter económico não é mensurável e não pode retornar ao estado
anterior.

Os bens extrapatrimoniais são aqueles inerentes aos direitos da personalidade, quais


sejam, direito a vida a integridade moral, física ou psíquica. Por essa espécie de bem
possuir valor imensurável, é difícil valorar a sua reparação, nos termos do artigo 70 do
CC.

O dano patrimonial subdivide-se em danos emergentes e lucros cessantes.

O Código Moçambicano estabelece no art. 564/1: “ O dever de indemnizar compreende


não só o prejuízo causado, como os benefícios que o lesado deixou de obter em
consequência da lesão”.

Cabe citar Agostinho Alvim: “pode-se dizer que o dano ora produz o efeito de diminuir
o património do credor, ora o de impedir-lhe o aumento, ou acrescentamento, pela
cessação de lucros, que poderia esperar.”

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O dano emergente consiste no efectivo prejuízo suportado pela vítima, ou seja, o que ela
efectivamente perdeu em razão da lesão. É o dano que vem à tona de imediato, em razão
de um desfalque concreto do património da pessoa lesada, e, por esse motivo, não há
grandes dificuldades para a mensuração da indemnização.

2.9 Nexo de causalidade


O nexo de causalidade é a relação de causa e efeito entre a conduta praticada e o resultado.
Para que se possa caracterizar a responsabilidade civil do agente, não basta que o mesmo
tenha praticado uma conduta ilícita, e nem mesma que a vítima tenha sofrido o dano. É
imprescindível que o dano tenha sido causado pela conduta ilícita do agente e que exista
entre ambos uma necessária relação de causa e efeito.

O nexo de causalidade é requisito essencial para qualquer espécie de responsabilidade, ao


contrário do que acontece com a culpa, que não estar presente na responsabilidade
objectiva. A igual relevância entre todas as condições justifica-se por um simples
exercício de exclusão: sem cada uma delas o resultado não teria ocorrido. Esta teoria é
alvo de inúmeras críticas, pois pode levar a uma regressão infinita. Caso essa teoria fosse
adoptada na órbita civil, conforme ensina Sérgio Cavalieri, teria que se indemnizar a
vítima de atropelamento não só quem dirigia o veículo com imprudência, mas também
quem lhe vendeu o automóvel, que o fabricou, que forneceu a matéria-prima.

2.10 Culpa
A culpa não é definida e nem conceituada no Código Civil de Moçambique. A regra geral
do Código Civil Moçambicano para caracterizar o acto ilícito, contida no artigo 483,
estabelece que este somente se materializará se o comportamento for culposo. Neste
artigo está presente a culpa lato sensu, que abrande tanto o dolo quanto a culpa em sentido
estrito. Por dolo entende-se, em síntese, a conduta intencional, na qual o agente actua
conscientemente de forma que deseja que ocorra o resultado antijurídico ou assume o
risco de produzi-lo. Já na culpa stricto sensu, não existe a intenção de lesar. A conduta é
voluntária, já o resultado alcançado, não. O agente não deseja o resultado, mas acaba por
atingi-lo ao agir sem o dever de cuidado. A inobservância do dever de cuidado revela-se
pela imprudência, negligência ou imperícia.

“Quando existe a intenção deliberada de ofender o direito, ou de ocasionar prejuízo a


outrem, há o dolo, isto é, o pleno conhecimento do mal e o directo propósito de o praticar.

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Se não houvesse esse intento deliberado, proposital, mas o prejuízo veio a surgir, por
imprudência ou negligencia, existe a culpa (stricto sensu)”

2.11 Cláusula de fixação de indemnização


No campo do direito, em um contexto comercial, entre outros, uma cláusula torna-se cada
uma das disposições ou condições de um contrato, de um direito, um Tratado, entre outros
documentos. Entretanto, estas cláusulas contidas nestes textos são de observação rigorosa
e, portanto, no caso de luta contra qualquer uma ou várias dessas, certamente, será
accionado uma punição para o que está faltando para eles. Uma das cláusulas do contrato
do jogador estipulou que ele poderia fazer referência a líderes agressivamente, para este
clube é que é a mesma liderança decidiu rescindir seu contrato. Ou seja, é toda a
disposição de um contrato, ou seja, todos os artigos de um contrato, tratado, testamento,
ou qualquer outro documento semelhante, político ou privado, em suma, qualquer
negócio jurídico.

Entre as cláusulas, geralmente, se convencionam a forma de entrega e pagamento, o foro


competente para dirimir dúvidas, as especificações precisas do bem objecto do contrato,
as possibilidades de arrependimento, as multas em caso de descumprimento

Cláusula penal é obrigação acessória, pela qual se estipula pena ou multa destinada a
evitar o inadimplemento da principal, ou o retardamento de seu cumprimento. É também
denominada pena convencional ou multa contratual. Adapta-se aos contratos em geral e
pode ser inserida, também, em negócios jurídicos unilaterais, como o testamento, para
compelir, por exemplo, o herdeiro a cumprir fielmente o legado. A cláusula penal
consiste, pois, em previsão, sempre abjecto a um contrato, de natureza acessória,
estabelecida como reforço ao pacto obrigacional, com a finalidade de fixar previamente
a liquidação de eventuais perdas e danos devidas por quem descumpri-lo.

De acordo com ANTUNES VARELA, a cláusula penal — stipulatio penae dos romanos
— “consiste na convenção pela qual o devedor, no caso de não cumprimento da
obrigação, de mora no cumprimento ou de outra violação do contrato, se obriga para com
o credor a efectuar uma prestação, diferente da devida, por via de regra em dinheiro, com
carácter de uma sanção civil”.

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2.12 Natureza Jurídica
A pena convencional tem a natureza de um pacto secundário e acessório, pois a sua
existência e eficácia dependem da obrigação principal. Os números 1 e 2 do artigo 810
do Código Civil Moçambicano distinguem a cláusula penal da obrigação principal. Por
sua vez, o número 1 do mesmo artigo do mesmo diploma prevê a possibilidade de ser
estipulada em acto posterior, reconhecendo tratar-se de duas obrigações diversas. Desse
modo, a invalidade da obrigação principal importa a da cláusula penal, mas a desta não
induz a daquela, como preceitua o art. 811 do mesmo diploma.

2.13 Funções da Cláusula Penal


A cláusula penal tem dupla função: a) actua como meio de coerção (intimidação), para
compelir o devedor a cumprir a obrigação e, assim, não ter de pagá-la; e ainda b) como
prefixação das perdas e danos (ressarcimento) devidos em razão do inadimplemento do
contrato.

De acordo com KARL LARENZ “ressalta esses aspectos, assinalando que a finalidade
de semelhante pena contratual ou pena convencional é, em primeiro lugar, estimular o
devedor ao cumprimento do contrato. Ademais, por intermédio dessa instituição se
garante ao credor uma indemnização pelos danos ocasionados pela infracção contratual
de natureza não patrimonial ou cujo montante, no caso, lhe seria difícil provar”.

Com a estipulação da cláusula penal, expressam os contratantes a intenção de livrar-se


dos incómodos da comprovação dos prejuízos e de sua liquidação. A convenção que a
estabeleceu pressupõe a existência de prejuízo decorrente do inadimplemento e prefixa o
seu valor. Desse modo, basta ao credor provar o inadimplemento, ficando dispensado da
prova do prejuízo, para que tenha direito à multa. É o que proclama o art. 810 do Código
Civil, verbis:

“1. As partes podem, porém, fixar por acordo o montante da indemnização exigível: é o
que se chama de cláusula penal.

2. A cláusula penal está sujeita às formalidades exigidas para a obrigação principal, e é


nula se for nula esta obrigação”. Sustentavam alguns que, neste caso, poderia a diferença
ser cobrada, a título de perdas e danos.

Proclama o artigo. 813 do mesmo diploma elenca que “o credor incorre em mora quando
sem motivo justificado, não aceita a prestação que lhe é oferecida nos termos legais ou

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não pratica os actos necessários ao cumprimento da obrigação”. A cláusula penal é a
prefixação das perdas e danos resultantes de culpa contratual, apenas. Assim, se há outros
prejuízos decorrentes de culpa extracontratual, o seu ressarcimento pode ser pleiteado,
independentemente daquela.

2.14 Valor da Cláusula Penal


Simples alegação de que a cláusula penal é elevada não autoriza o juiz a reduzi-la.
Entretanto, a sua redução pode ocorrer em dois casos: a) quando ultrapassar o limite legal;
b) nas hipóteses do art. 812 do estatuto civil.

“O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação


principal”.

Se tal acontecer, o juiz determinará a sua redução, não declarando a ineficácia da cláusula,
mas somente do excesso, nos termos do n.º1 do artigo 812 do CC. A cláusula penal pode
ser compensatória e moratória. É da primeira espécie quando estipulada para a hipótese
de total inadimplemento da obrigação (CC, art. 814). ; ou b) a evitar o retardamento, a
mora (art. 813).

Muitas vezes o interesse do credor é assegurar a observância de alguma cláusula especial


(referente a determinada característica da coisa, p. ex.). Se a obrigação for cumprida, mas
de forma diversa da convencionada (não observada a característica exigida), a cláusula
penal estipulada para esse caso será moratória. Embora rara a hipótese, um contrato pode
conter três cláusulas penais de valores diferentes: uma, de valor elevado, para o caso de
total inadimplemento da obrigação (compensatória); outra, para garantir o cumprimento
de alguma cláusula especial, como, por exemplo, a cor ou o modelo do veículo adquirido
(moratória); e outra, ainda, somente para evitar atraso (também moratória).

Quando o contrato não se mostra muito claro, costuma-se atentar para o montante da
multa, a fim de apurar a natureza da disposição. Se de valor elevado, próximo do atribuído
à obrigação principal, entende-se que foi estipulada para compensar eventual
inadimplemento de toda a obrigação. Se, entretanto, o seu valor é reduzido, presume-se
que é moratória, porque os contratantes certamente não iriam fixar um montante modesto
para substituir as perdas e danos decorrentes da inexecução total da avença. Tal critério,
contudo, somente pode ser aplicado em caso de dúvida, por falta de clareza e precisão do
contrato.

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2.15 Utilidade da Cláusula Penal
A Cláusula penal oferece grande utilidade e daí a enorme frequência do seu emprego.
Com efeito, dispensa a prova de existência de prejuízos e do seu montante e, obviamente,
também na existência de nexo causal. Todas as dificuldades e incertezas inerentes a esta
prova ficam afastadas. Obtém-se assim importante vantagem de segurança e
simplicidade.

Por outro lado, a cláusula penal, se for de quantitativo apreciável, dá enormes valores
práticos a obrigação, visto que a mune de sanção certa. Muitas vezes o direito do credor
carece de valores efectivos porque a sua violação não causa prejuízos facilmente
demostráveis ou de montantes apreciáveis. Em tais casos o devedor, se não for
escrupuloso, sentir-se-á tentado a faltar ao cumprimento da obrigação. Não sucederá
assim se existir cláusula penal. Esta pode mesmo evitar um processo, compelindo o
devedor a pagar perante a evidência da violação do contrato, uma vez que não há um
problema de prejuízo e a discutir.

Hoje as coisas não se apresentam inteiramente assim. Podem as partes estabelecerem a


indemnização em x, mas com a faculdade, para o devedor, de faze-la reduzir ao valor real
dos prejuízos se provar que é inferior ou com a faculdade para o credor de a elevar a esse
valor real. Se provar que é superior. Em qualquer destas hipóteses não estamos
verdadeiramente na presença de uma cláusula penal. No primeiro caso, há uma cláusula
de limitação de responsabilidade: fixa-se um máximo de indemnização, embora com a
particularidade de se inverter o encargo probatório quanto ao valor dos danos pois não
cabe ao credor provar esse valor, que se presume igual ao máximo convencionado, antes
ao devedor compete provar que ele fica a quem.

No segundo caso, há uma cláusula de agravamento de responsabilidade: fixa-se um


mínimo de indemnização, tendo, pois, o credor a possibilidade de demostrar que o dano
é mais elevado e de exigir, correspondentemente indemnização mais alta. Tanto além
como aqui a convenção não merece o qualificativo de cláusula penal, não obstante no
referente à segunda situação, a fórmula já por nos criticada do artigo 811 n.º 2 do CC.

Quanto à cláusula penal, é ela, segundo o actual código, susceptível de ser reduzida pelo
tribunal, a pedido do devedor e de acordo com a equidade, quando for manifestamente
excessiva ainda que por causa superveniente artig 812, n.º1 do CC.

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3 CONCLUSÃO

Conclui – se que, Ao epilogar este trabalho importa salientar que, segundo Sílvio
Rodrigues “A responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma pessoa a
reparar o prejuízo causado a outra, por fato próprio, ou por facto de pessoas ou coisas que
dela dependam. Olhando este conceito de forma mais profunda, importa salientar que, de
forma mais clara, se notabiliza uma proibição de causar prejuízos a outrem, e quando caso
acontecer, carecerá de uma responsabilidade, como exposto pelo autor.

No que refere a cláusula de fixação de indemnização e a cláusula penal, concebe-se que,


o mesmo para o caso de incumprimento total, e ao abrigo do princípio da liberdade
contratual, se estipule uma verba a acumular com uma indemnização respectiva,
calculada nos termos normais.

A verba não terá então um carácter indemnizatório, não se inserindo no conceito de


cláusula penal, tal como se acha concebida na lei. Será uma autêntica pena no sentido
próprio da terminologia, como um mal não destinado a reparar o mal sofrido.

Neste caso, tratar-se-á de mal infligido ao infractor em acréscimo a essa reparação, com
uma função essencialmente preventiva, destinando-se a constituir forte estímulo ao
cumprimento específico. O interessado perante a ameaça de ter de pagar uma
indemnização e de ter suportar ainda uma pena, sentir-se-á fortemente compelido a não
faltar ao seu compromisso.

Nestes termos, podemos entender que a cláusula penal se distingue com medidas
compulsórias na medida em que a cláusula penal fixa o quanto da indemnização, não é
algo que se some a esta enquanto a medida compulsória tem natureza e finalidades
diversas, acrescendo a indemnização se ela houver lugar. Visam a compelir
psicologicamente o infractor a cumprir, ainda que tardiamente, mediante a inflicção de
um mal continuado ou reiterado que cessará com tal cumprimento.

Portanto, não seria possível falar deste magnífico tema sem abordar sobre a
responsabilidade civil e os seus pressupostos gerais.

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4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

4.1 Legislação

1. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Código Civil, actualizado pelo Decreto-Lei


n.º 2/2009, de 24 de Abril.

4.2 Manuais

1. ALVIM, Agostinho, Da inexecução das obrigações e suas consequências. São


Paulo: Saraiva, 1980.
2. BITTAR, Carlos Alberto. Curso de direito civil. 1 ed. Rio de Janeiro: Forense,
1994.
3. CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 9. ed. rev. e
ampl. Atlas Editora, São Paulo, 2010.
4. DIAS, José de Aguiar. Da responsabilidade civil. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1987, v. 2.
5. FIUZA, Cesár. Direito Civil: curso completo. 15 ed. Belo Horizonte: Del Rey,
2011.
6. PRATA, Ana, Dicionário Jurídico, 5ªedicao, Almedina editores, Coimbra 2013
7. SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico conciso. 1 ed. Rio de Janeiro. Forense,
2008.
8. STOCO, Rui. Tratado de responsabilidade civil :doutrina e jurisprudência, 7 ed..
São Paulo Editora Revista dos Tribunais, 2007.
9. TELLES, Inocêncio Galvão, Direito das Obrigações, 7.ª Edição, Coimbra Editora,
Coimbra 2014.

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