Apostila CPA-10 Sicoob

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CURSO

PREPARATÓRIO
CPA-10
Por Eliane Jaqueline D. Metzner, CFP®

Atualizado de acordo com o Programa Detalhado CPA 10 - Versão 6.3


Vigente a partir de 01/04/2021
Eliane Jaqueline Debesaitis Metzner, CFP®

Planejadora Financeira CFP ® pelo Instituto Brasileiro de Planejadores


Financeiros – Planejar.
Certificações Anbima: CPA10, CPA20 e CEA.
Formada em Direito, UNIC, Pós-Graduação em Processo Civil – UNIC.
MBA em Gestão Empresarial, Gestão em Marketing e Gestão Estratégica de
Negócios, FGV. MBA Finanças, Investimentos e Banking, PUCRS.
Formação em Coaching Financeiro, Inteligência Financeira, Coaching com
PNL, Planejamento Financeiro e Coaching Evolution, pelo Instituto de
Coaching Financeiro. Master Coach pela International School of Coaching
– Orlando, Florida USA. Psicologia econômica e Arquitetura de Escolhas
pela B3. Mentoria Organizacional pela SBDC.
Autora dos livros: Finanças na Prática: como planejar sua renda, cuidar de
seu dinheiro e investir com inteligência, Mais que dinheiro: uma vida
financeira saudável a partir das Escrituras, Finanças em família: como falar
de dinheiro e enriquecer os seus filhos. Coautora dos livros: Moneybook
agenda de finanças pessoais, O Código da inteligência financeira, Manual
do Crescimento, Crise para alguns, soluções para outros, Juntas brilhamos
mais.
Instrutora de cursos e formações em educação financeira, mercado
financeiro, Certificações Profissionais Anbima (CPA-10, CPA20 e CEA) e
vendas cooperativas.

Contatos
[email protected]

www.financasnapratica.com

www.linkedin.com/eliane-jaqueline-debesaitis-metzner

www.facebook.com/FinancasNaPratica

@jaquemetzner

1
SISTEMA FINANCEIRO
NACIONAL E
PARTICIPANTES DO
MERCADO

Proporção: De 5 a 10%

Objetivo: Conhecer a estrutura do Sistema Financeiro Nacional, seus participantes e funções.

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1.1 Funções Básicas

O Sistema Financeiro Nacional é o conjunto de Instituições que fazem a intermediação


financeira, realizada através de captação de recursos de agentes superavitários (aplicadores)
e o repasse para agentes deficitários (tomadores de crédito).

Funções básicas do SFN:

a. Intermediação financeira:
a. Captação de recursos
b. Crédito
b. Prestação de serviços de gerenciamento de recursos:
a. Sistema de pagamentos
b. Serviços de Custódia
c. Meios de pagamento
a. Outros serviços. Intermediação financeira:

1.2 Estrutura

1.2.1 Órgãos de regulação, autorregulação e fiscalização

1.2.1.1 Conselho Monetário Nacional – CMN: Órgão máximo do SFN.

É formado por três membros: ministro da Economia, que o presidirá, o presidente do Banco Central e o
secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia.

Principais Atribuições:
• Regular as condições de constituição, funcionamento e fiscalização das CMN: M de Máximo, N
instituições financeiras; de normativo.
• Estabelecer as medidas de prevenção ou correção de desequilíbrios
econômicos através de diretrizes gerais das políticas monetária, cambial Memorize os verbos
e creditícia; de comando (REDD):
• Disciplinar todos os tipos de crédito; Regula, Estabelece,
• Definir a meta de inflação no País. Disciplina, Define.

Veja o que diz a Lei 4595/64, que criou o CMN:


Objetivos do CMN:
a. Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, quer públicas, quer privadas; tendo
em vista propiciar, nas diferentes regiões do País, condições favoráveis ao desenvolvimento
harmônico da economia nacional;
b. Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, com vistas à maior
eficiência do sistema de pagamentos e de mobilização de recursos;
c. Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
d. Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e
externa.
Obs.: Seus objetivos são normatizadores.

1.2.1.2 Banco Central do Brasil – Bacen: Principal órgão executor do Sistema Financeiro Nacional
BACEN: Fiscaliza, Executa e Supervisiona.
O BACEN é principal órgão
Principais Atribuições:
executor. Coloca em
prática as normas • Fiscaliza as instituições financeiras, autoriza o funcionamento e
determinadas pelo CMN. liquida extrajudicialmente;
• Executa a Política Monetária, creditícia e Cambial;
• Determina a meta de taxa de juros, através do COPOM Comitê de
Política Monetária, que é constituído por seu presidente e diretores;

3
• Administra o Sistema de Pagamentos Brasileiro e o meio circulante (casa da moeda);
• Banco do Governo: administra as contas do Tesouro Nacional, mediante a compra e venda de
títulos da dívida pública interna e externa, chamado de open Market, que é quando um Banco Central
negocia os títulos do governo com o mercado;
• Banco dos Bancos: recebe os recolhimentos compulsórios dos bancos (é uma parte de seus
depósitos que não pode ser emprestada) e fornece empréstimos de liquidez (Redesconto, que é uma linha
de crédito emergencial que o Banco Central oferece aos bancos).
Iniciais das atribuições: FED ABB.

As atribuições do BCB estão listadas na Lei 4595/64, atualizada pela Lei Complementar 179/21:
Compete privativamente ao Banco Central da República do Brasil:
a. Executar os serviços do meio-circulante;
b. Recolher o depósito compulsório.
c. Emitir moeda quando necessário (não é mais necessário a autorização do CMN);
d. Realizar operações de redesconto (socorro de liquidez às IF);
e. Exercer o controle do crédito;
f. Efetuar o controle de entrada e saída de capitais estrangeiros;
g. Ser depositário das reservas oficiais (Banco do Governo);
h. Exercer a fiscalização das instituições financeiras, conceder autorização de funcionamento e
efetuar liquidação extrajudicial;
i. Estabelecer condições para posse de diretores;
j. Efetuar a compra e venda de moeda estrangeira;
k. Entender-se, em nome do Governo Brasileiro, com as instituições financeiras estrangeiras e
internacionais;
l. Promover, como agente do Governo Federal, a colocação de empréstimos internos ou externos,
podendo, também, encarregar-se dos respectivos serviços (negociação de títulos públicos).

1.2.1.3 Comissão de Valores Mobiliários – CVM: Órgão voltado para o desenvolvimento do mercado de
títulos e valores mobiliários (mercado de capitais).

Principais atribuições: CVM: Bolsa FAEI (Bolsa,


Fundos, ações, empresas e
• Promover medidas incentivadoras à formação de poupança (não o investidores). O verbo
produto, mas do verbo poupar) e sua aplicação em valores mobiliários; regular, apesar de ser
• Estimular o funcionamento das bolsas de valores e das instituições verbo de chefia, é
operadoras no mercado de capitais; utilizado na função de
• Proteger os interesses dos investidores de valores mobiliários; organizar, executar.
• Regular e fiscalizar as companhias abertas e Fundos de
Investimento.

O que é valor mobiliário? É um ativo que pode valorizar ou desvalorizar.

1.2.1.4 SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) é o órgão responsável pelo controle e fiscalização
dos mercados de seguros, previdência privada aberta, capitalização e resseguro. Autarquia vinculada ao
Ministério da Economia. Subordinada ao Conselho Nacional de Seguros Privados.

4
Atribuições da SUSEP
Susep: Seguros e
Previdência Privada 1. Fiscalizar a constituição, organização, funcionamento e operação das
Aberta. (Lembrete: o SUS Sociedades Seguradoras, de Capitalização, Entidades de Previdência
atende todo mundo, Privada Aberta e Resseguradores, na qualidade de executora da política
aberta) traçada pelo Conselho Nacional de Seguros Privados CNSP;
2. Atuar no sentido de proteger a captação de poupança popular que se
Previc: responsável por efetua através das operações de previdência privada aberta e de
previdência fechada e capitalização;
fundos de pensões (não 3. Zelar pela defesa dos interesses dos consumidores dos mercados
faz parte do conteúdo da supervisionados e estabilidade dos mercados sob sua jurisdição;
prova da CPA10). 6. Zelar pela liquidez e solvência das sociedades que integram o
mercado;
Lembrete: Pre de preso, 7. Disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em
está fechado. especial os efetuados em bens
Susep: Supervisora
garantidores de provisões técnicas;
Seguradora: Operadora
A SUSEP supervisiona as EAPC (entidades abertas de previdência
complementar), ou seguradoras, que emitem as apólices de previdência
aberta.

1.2.1.5 ANBIMA - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. Representa
as Instituições Financeiras que atuam no mercado financeiro e de capitais. A adesão aos códigos é
obrigatória para as Instituições filiadas. As demais entidades e Pessoas
Físicas que não são associadas podem aderir aos códigos, como por Anbima é associação,
exemplo um profissional que deseja fazer o teste de Certificação entidade de apoio à CVM.
Profissional Anbima.

1.2.1.5.1 O papel da ANBIMA e atividades desenvolvidas:

- Representar: promover o diálogo, apresentar propostas, propor boas práticas de


Compromissos mercado;
da Anbima: - Autorregular: regras de atuação no mercado, através dos códigos de autorregulação,
diretrizes, deliberações e pareceres;
R –A – I –E - Informar: divulgar preços, índices, relatórios, auxiliar o acompanhamento do
mercado;
- Educar: programas de certificação, cursos para educação continuada, educação
financeira).

Instituições Participantes: são as instituições Associadas à ANBIMA.


Instituições aderentes: são as instituições que aderem aos Códigos de autorregulação e se vinculam à
Associação por meio contratual, ficando sujeitas às regras específicas da entidade.

As instituições participantes que descumprirem as regras dos Códigos estão sujeitas às seguintes
penalidades:
1. Advertência pública;
2. Multa;
3. Proibição temporária de uso do Selo ANBIMA;
4. Desligamento da ANBIMA.

1.2.1.5.1.1 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para o Programa de Certificação Continuada
– seu principal objetivo é estabelecer princípios e regras para elevação e capacitação técnica dos
profissionais das Instituições Participantes que desempenham as atividades elegíveis (que é a distribuição
de produtos de investimento e de gestão de recursos de terceiros/Fundos de Investimento).
As certificações exigidas para o desempenho das Atividades Elegíveis são obrigatórias para todos os
profissionais que realizam a Distribuição de Produtos de Investimento e/ou a Gestão de Recursos de
Terceiros, independentemente do cargo que ocupam na Instituição Participante (art.22).

O código exige dois grandes grupos de obrigações:

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I. Supervisão de seus profissionais. Um profissional vinculado a uma Instituição Financeira deve:
a. Ter reputação ilibada.
b. Cumprir suas obrigações.
c. Estar certificado para cumprir as atividades elegíveis (distribuição de produtos e gestão de
recursos de terceiros)
II. Estabelecer e implementar adequadamente os controles internos:
a. Identificar profissionais certificados, mantendo base de dados na Anbima atualizada;
b. Vencimento das certificações;
c. Ter assinatura dos profissionais no código de ética e assegurar que o cumpram em sua
totalidade;
d. Cuidar do aperfeiçoamento e atualização dos seus funcionários.

Certificação Profissional e público-alvo:

• Certificação Profissional Anbima série 10 - CPA 10: Destinado aos profissionais de instituições
financeiras, com exceção dos profissionais que atendem o púbico que exige CPA 20.
• Certificação Profissional Anbima série 20 - CPA 20: destinado a profissionais que atendem o varejo
alta renda (não necessariamente investidores qualificados), private, corporate e investidores
institucionais.
• Certificação Especialista em Investimentos Anbima - CEA: Profissionais que assessoram os gerentes
de contas de investidores pessoas físicas em investimentos, podendo indicar Produtos de
Investimento.
• Certificação ANBIMA de Fundamentos em Gestão – CFG: é uma certificação para a área de gestão
de recursos de terceiros. É pré-requisito para a CGA e/ou a CGE A CFG não é obrigatória para
nenhuma função e nem habilita o profissional a ser gestor.
• Certificação de Gestores ANBIMA - CGA: obrigatória para Gestores de Recursos de Terceiros (fundos
e carteiras administradas).
• Certificação de Gestores ANBIMA para Fundos Estruturados – CGE: habilita profissionais para
atuarem com gestão de recursos de terceiros em produtos estruturados.

1.2.1.5.1.2 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de produtos de


investimentos– dispõe sobre as regras de distribuição de produtos e orientação ao investidor, de forma
individual ou coletiva, em plataformas de atendimento, agências bancárias, centrais de atendimento,
canais digitais ou qualquer outro canal de contato com o investidor, assim como todas as atividades
acessórias necessárias, como informações relativas a investimentos, formação e manutenção de portfólios.

Objetivos:
I. A manutenção dos mais elevados padrões éticos e práticas equitativas no mercado financeiro e de
capitais;
II. A concorrência leal;
III. A padronização de seus procedimentos;
IV. O estímulo ao adequado funcionamento da Distribuição de Produtos de Investimento;
V. A transparência no relacionamento com os investidores, de acordo com o canal utilizado e as
características dos investimentos; e
VI. A qualificação das instituições e de seus profissionais envolvidos na Distribuição de Produtos de
Investimento.

O Código de Distribuição possui regras e disposições, se destacando:


a. Exigências institucionais mínimas;
b. Regras para contratação de terceiros (gestores de investimentos);
c. Regras de publicidade e divulgação de produtos de investimento;
d. Dever de conhecer seu cliente (princípio conheça seu cliente);
e. Dever de verificar a adequação das recomendações de investimento, operações e serviços ao perfil
do investidor (suitability).

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1.2.2 Principais Intermediários Financeiros:

1.2.2.1 Bancos Múltiplos- Realizam operações de crédito, captação e outros serviços, através das seguintes
carteiras:
• Comercial; Banco múltiplo: no mínimo
• Investimentos; 2 carteiras, sendo uma
• Crédito Imobiliário; delas ou comercial ou de
• Desenvolvimento (bancos públicos); investimento.
• Arrendamento Mercantil (Leasing);
• Crédito, financiamento e investimento.
Para que um banco seja considerado múltiplo, precisa ter no mínimo duas carteiras, sendo uma delas
Comercial ou Investimento. Podem ter 1 CNPJ por carteira, desde que façam balanço consolidado.

1.2.2.2 Bancos Comerciais - Captam Depósito a Vista e Depósito a Prazo e realizam operações de crédito,
em ambos os casos só podem atuar no Curto e Médio Prazo.

1.2.2.3 Bancos de Investimento - Captam Depósito a Prazo, operações de crédito de Médio/Longo Prazo,
operações no mercado de capitais (por exemplo Ofertas públicas de ações ou debêntures) e repasses de
recursos externos. Não possuem conta corrente (depósito à vista). Podem administrar e distribuir fundos
de investimento.

1.2.3 Outros Intermediários ou Auxiliares Financeiros:

1.2.3.1 B3 S/A – Brasil, Bolsa e Balcão é uma empresa de infraestrutura para o mercado financeiro, criada
em março de 2017, através da união da BM&FBovespa (Bolsa de Mercadorias e Futuros Bovespa) e Cetip
(Câmara de custódia de títulos privados).
A B3 possui uma ampla oferta de produtos e serviços, tais como: negociação de Ações, Títulos
de Renda Fixa, Câmbio Pronto e Contratos Derivativos referenciados em Ações, Ativos
Financeiros, Índices, Taxas, Mercadorias, Moedas, entre outros; listagem de empresas e outros
emissores de Valores Mobiliários, depositária de Ativos, empréstimo de Títulos e licença de
softwares. As negociações são realizadas exclusivamente por meio eletrônico.

Com suas ofertas, a B3 possui duas principais atividades:

a. Negociação: compra e venda de ativos, através da Bolsa de Valores; e


b. Pós-negociação: registro dos ativos, central depositária, compensação, contraparte garantidora da
realização das operações que ocorrem em seu âmbito e outras atividades, através da Câmara
Central Depositária de Ativos.

1.2.3.2 Sociedades Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários: é uma pessoa jurídica que intermedeia a
compra e venda de títulos financeiros para seus clientes, onde
Para negociar ações na Bolsa de
geralmente cobra taxa de corretagem ou comissões. Sua
valores, é necessário ter uma conta
constituição depende de autorização do BACEN e o exercício de sua
em uma Corretora ou Distribuidora
atividade depende de autorização do CVM.
de Títulos e Valores mobiliários.
- Operam na Bolsa de Valores com compra, venda e distribuição de
títulos e valores mobiliários;

- Administram e organizam fundos e clubes de investimento;

- Administração de carteiras e custódia de títulos junto às “clearing house” (câmaras de custódia).

- Intermedeiam operações de câmbio;

- Emitir certificados de depósitos de ações;

- Realizar operações compromissadas;

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- Realizar operações de compra e venda de metais preciosos no mercado físico ou financeiro;

- Promovem/participam lançamento público de ações.

1.2.3.3 Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários: As Distribuidoras não podiam operar
diretamente em Bolsas de Valores, o que foi alterado pela Decisão Conjunta Bacen-CVM nº 17,
de 02/03/2009. A partir de então, realiza praticamente as mesmas operações da corretora de
títulos e valores mobiliários. Geralmente atuam como agentes de volumes maiores. Exemplo:
uma pessoa física negocia através de uma corretora; um fundo de investimento pode fazer suas
operações em bolsa por uma distribuidora.

1.2.4 Sistemas e Câmaras de Liquidação e Custódia (Clearing) Possuem a atribuição de garantir a


liquidação financeira dos contratos, assim como de realizar a custódia de ativos, dando segurança ao
investidor tanto no aspecto de guarda dos ativos, como na mitigação dos riscos de liquidação.
Principal objetivo: Mitigar o risco de liquidez.

1.2.4.1 Sistema especial de liquidação e de custódia – Selic: O Selic é o depositário central dos títulos da
dívida pública federal interna de emissão do Tesouro Nacional, através de um sistema eletrônico que
processa o registro e a liquidação financeira das operações realizadas com esses títulos, garantindo
segurança, agilidade e transparência aos negócios. O sistema do Selic é gerido pelo BACEN e operado em
parceria com a ANBIMA.

É responsável por processar a emissão, o resgate, o pagamento dos juros e a custódia dos títulos públicos.

Os principais títulos são:


a. Tesouro Selic (LFT): título público com rentabilidade atrelada à taxa Selic diária.
b. Tesouro prefixado (LTN e NTN-F): títulos públicos com taxas prefixadas.
c. Tesouro IPCA+ (NTN-B, NTN-B Principal): Títulos públicos com rentabilidade mista, sendo o IPCA mais
uma rentabilidade prefixada.

Os tipos de títulos serão abordados com mais profundidade no capítulo 6. Nesta parte do estudo nos
interessa o papel da instituição custodiante.

1.2.4.2 Câmara de liquidação, compensação e custódia da B3 S/A: Registro, a compensação, a liquidação e


o gerenciamento de risco de operações com derivativos financeiros e de commodities, mercado de balcão
(swaps, termo de moeda e opções flexíveis), renda fixa privada, mercado à vista de ouro e operações de
câmbio. Exemplo: Títulos Privados CDI CDB, LCI, LCA, CPR, Debêntures (Renda Fixa) e ações e derivativos
(Renda Variável).

Garantias e benefícios para o investidor: além de proporcionar um ambiente seguro e confiável de


negociação, a B3 atua como “contraparte”, ou seja, se uma das partes não honrar com os seus
compromissos (entregar a ação ou depositar o valor correspondente), a operação é automaticamente
realizada, transferindo a titularidade do ativo na conta de custódia se houve a venda, ou o valor da conta
da corretora, se houve aquisição de ativos.

SELIC: Títulos Públicos LTN, LFT, NTN-B, NTN-F.

Câmara B3: Títulos Privados CDI CDB, LCI, LCA, CPR, Debêntures (Renda Fixa) e
ações e derivativos (Renda Variável)

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1.2.4.3 Sistema de Pagamentos Brasileiro – SPB: É o conjunto de entidades, regras, sistemas e mecanismos
utilizados para transferir recursos e liquidar operações financeiras entre empresas, órgãos
governamentais e pessoas físicas.
A função básica do SPB, de acordo com o Banco Central do Brasil, é “transferir recursos, bem como
processar e liquidar pagamentos para pessoas, empresas, governo, Banco Central e instituições
financeiras. Ou seja, praticamente todos os agentes atuantes em nossa
Economia”.

Traz segurança, agilidade e redução do risco sistêmico, estimulando as transferências online e


desestimulando o uso de instrumentos sujeitos a compensação.

O SPB pode operar das seguintes formas:


a. Compensação: Cheques, boletos, DOC (até R$ 4.999,99), SPB: terrível contra os
compensação e liquidação de ordens de pagamento, títulos de riscos!
operações com títulos e valores mobiliários e operações em bolsa.
b. Eletrônico: TED (a partir de R$ 0,01), Cartão.
c. Sistema de Pagamentos Instantâneo: PIX

O Pix é o pagamento instantâneo brasileiro, criado pelo Banco Central (BC) onde os recursos são
transferidos entre contas de forma instantânea, a qualquer hora ou dia. Pode ser realizado a partir de uma
conta corrente, conta poupança ou conta de pagamento pré-paga.

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ÉTICA,
REGULAMENTAÇÃO
E ANÁLISE DO
PERFIL DO
INVESTIDOR

Proporção: De 15 a 20%

Objetivo: Demonstrar medidas regulatórias ao profissional do mercado financeiro, em geral relacionadas


à ética. Orienta para o atendimento de forma transparente, qualificada e lícita.

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A Anbima, em sua função de autorregulação, institui os códigos, que deverão ser seguidos por todas as
Instituições Financeiras participantes e que aderirem a eles.

A adesão aos códigos é automática e obrigatória para todas as instituições filiadas à ANBIMA
(participantes), sendo que as demais Instituições podem aderir voluntariamente aos códigos (aderentes).
Os códigos destacam:
• Proteção ao investidor – equidade no atendimento deste público;
• A transparência do processo de prestação de informações aos investidores;
• A ética na condução dos negócios;
• O adequado monitoramento dos riscos a que estão sujeitas as atividades relacionadas à
indústria de Fundos de Investimento.

2.1. Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Distribuição de produtos de investimento
O Código de Distribuição direciona a relação dos intermediários financeiros com os investidores na
comercialização de produtos de investimento, tendo a ética como principal pilar.

2.1.1. Principais Definições (glossário):


I. Carta de Recomendação: documento expedido pela Supervisão de Mercados e aceito pela
Instituição Participante que contém as medidas a serem adotadas a fim de sanar a(s) infração(ões)
de pequeno potencial de dano e de fácil reparabilidade cometida(s) pelas Instituições
Participantes, conforme previsto no Código dos Processos;
II. Conglomerado ou Grupo Econômico: conjunto de entidades controladoras diretas ou indiretas,
controladas, coligadas ou submetidas a controle comum;
III. Distribuição de Produtos de Investimento: (i) oferta de Produtos de Investimento de forma
individual ou coletiva, resultando ou não em aplicação de recursos, assim como a aceitação de
pedido de aplicação por meio de agências bancárias, plataformas de atendimento, centrais de
atendimento, Canais Digitais, ou qualquer outro canal estabelecido para este fim; e (ii) atividades
acessórias prestadas aos investidores, tais como manutenção do portfólio de investimentos e
fornecimento de informações periódicas acerca dos investimentos realizados;
IV. Material Publicitário: material sobre Produtos de Investimento (folder) ou sobre a atividade de
Distribuição de Produtos de Investimento divulgado pelas Instituições Participantes por qualquer
meio de comunicação disponível, que seja destinado a investidores ou potenciais investidores com
o objetivo de estratégia comercial e mercadológica;
V. Material Técnico: material sobre Produtos de Investimento divulgado pelas Instituições
Participantes por qualquer meio de comunicação disponível, que seja destinado a investidores ou
potenciais investidores com o objetivo de dar suporte técnico a uma decisão de investimento.
VI. Produtos Automáticos: aqueles que possuem a funcionalidade de aplicação e resgate automático,
conforme saldo disponível na conta corrente do investidor;
VII. Produtos de Investimento: valores mobiliários e ativos financeiros definidos pela Comissão de
Valores Mobiliários e/ou pelo Banco Central do Brasil;
VIII. Regulação: normas legais e infralegais que abrangem a Distribuição de Produtos de Investimento;
IX. Supervisão de Mercados: é o setor da Anbima responsável por supervisionar o atendimento das
normas do código, fazer relatórios e cartas de recomendação às instituições participantes.
X. Termo de Compromisso: instrumento pelo qual a Instituição Participante compromete-se perante
a ANBIMA a cessar e corrigir os atos que possam caracterizar indícios de irregularidades em face
deste Código.

2.1.2. Objetivos do código:


I. A manutenção dos mais elevados padrões éticos e a consagração da instituciona-lização de
práticas equitativas no mercado financeiro e de capitais;
II. A concorrência leal;
III. A padronização de seus procedimentos;
IV. O estímulo ao adequado funcionamento da Distribuição de Produtos de Investi-mento;
V. transparência no relacionamento com os investidores, de acordo com o canal utilizado e as
características dos investimentos; e
VI. A qualificação das instituições e de seus profissionais envolvidos na Distribuição de Produtos de
Investimento.

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2.1.3. Princípios Gerais de Conduta
As Instituições e seus profissionais devem cumprir todas as suas obrigações com ética e diligência, com
idoneidade moral e profissional, mantendo a confiança e o bom funcionamento do sistema.

2.1.4 Regras, Procedimentos e Controles


Controles efetivos e consistentes, acessíveis a todos os seus profissionais, evitando conflitos de interesses,
com vistas ao gerenciamento do risco. Deverá ter uma estrutura adequada ao porte de cada instituição,
com qualificação técnica e experiência e autonomia e autoridade para questionar os riscos. Segregação
de atividades para evitar conflitos de interesses, deve manter segregação de responsabilidades.
As atividades de controles internos e de Compliance podem ser desempenhadas dentro da mesma
estrutura ou por unidade específica, sendo obrigatório, contudo, a indicação de um diretor responsável, e
que deve ser exclusivo, ou seja, não pode atuar na função de administração de recursos de terceiros,
intermediação, distribuição ou consultoria de valores mobiliários.

2.1.4.1 Segurança e Sigilo das Informações


Controle de informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas, testes periódicos de segurança e
treinamento para o tratamento de informações confidenciais. Também é exigido que a Instituição
Financeira tenha regras específicas para a proteção da base de dados, regras de restrição de uso de
sistemas e procedimentos para caso de vazamento de informações confidenciais.

2.1.5 Publicidade
Materiais adequados, com clareza e objetividade, minimizando incompreensões e privilegiando
informações necessárias para a tomada de decisão de investidores. É vedado a comparação com produtos
diferentes.

2.1.5.1 Material Publicitário


São os materiais para divulgar o produto, e devem ter, em destaque, link ou caminho direcionando os
investidores ou potenciais investidores ao Material Técnico e site da instituição.

2.1.5.2 Material Técnico


O material técnico do fundo deve possuir:
I. Descrição do objetivo e/ou estratégia;
II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos;
III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Tributação aplicável;
V. Informações sobre os canais de atendimento;
VI. Nome do emissor, quando aplicável;
VII. Classificação do Produto de Investimento; e
VIII. Descrição resumida dos principais fatores de risco, incluindo, no mínimo, os riscos de liquidez,
de mercado e de crédito.

2.1.5.3 Avisos Obrigatórios


I. Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros;
II. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos;
III. O investimento em Fundo não é garantido pelo FGC;
IV. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos;
V. “Leia a lâmina de informações essenciais, se houver, e o regulamento antes de investir".

2.1.6 Regras Gerais (Cap. IX)


É proibido induzir os investidores a erro ao dar a entender que atuam como prestadores de serviço de
consultoria independente de valores mobiliários de forma autônoma à atividade de Distribuição de
Produtos de Investimento.

2.1.6.1 Divulgação de informações por meios eletrônicos:


Devem ser disponibilizados no site da Instituição as informações do material técnico:
I. Descrição do objetivo e/ou estratégia de investimento;
II. Público-alvo, quando destinado a investidores específicos;
III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Nome do emissor, quando aplicável;

12
V. Tributação aplicável;
VI. Classificação do Produto de Investimento;
Lavagem de dinheiro é o
VII. Descrição resumida dos principais fatores de risco,
incluindo, no mínimo, os riscos de liquidez, de mercado e de processo pelo qual o
crédito; e criminoso transforma
VIII. Informações sobre os canais de atendimento. recursos ganhos em
atividades ilegais em ativos
2.1.6.2 Conheça seu cliente com uma origem
As Instituições Financeiras devem conhecer seus investidores no início aparentemente legal.
do relacionamento e durante o processo cadastral, identificando a necessidade de visitas pessoais em suas
residências, seus locais de trabalho e em suas instalações comerciais. KYC é a sigla da expressão em inglês
Know Your Customer.

As Instituições Participantes devem manter as informações


Estão sujeitas ao princípio Conheça seu cadastrais atualizadas, de modo a permitir que haja
Cliente todas as Instituições Financeiras e
identificação, a qualquer tempo, de cada um dos
não financeiras obrigadas ao controle de beneficiários finais, bem como do registro atualizado de
Lavagem de Dinheiro. todas as aplicações e resgates realizados em nome dos
investidores, quando aplicável.
Deve indicar os casos em que há necessidade de visitas, busca de informações por diversos meios legais e
atualização cadastral periódica.

2.1.6.3 Suitability
As Instituições Participantes não podem recomendar Produtos de Investimento, realizar operações ou
prestar serviços sem que verifiquem sua adequação ao perfil do investidor.
A IF deve obter: coleta de informações, classificação de perfil, classificação dos produtos de investimento,
procedimento operacional e comunicação com o investidor da adequação dos investimentos a seu perfil
(suitability).
O Código impõe a obrigação de observância de Suitability para a classificação do perfil do investidor,
definição de categoria do ativo, consideração dos riscos dos produtos e definição de regras e
procedimentos para a recomendação e classificação de produtos de investimento.

2.1.7 Selo ANBIMA


O selo Anbima demonstra o compromisso das Instituições Participantes em atender às disposições do
Código de Distribuição. Não representa responsabilização pelas informações constantes dos documentos
divulgados pelas Instituições Participantes, ainda que façam uso do selo ANBIMA, nem tampouco pela
qualidade da prestação de suas atividades.

2.1.8 Distribuição de Fundos de Investimento


As Instituições Financeiras devem manter em seus sites as seguintes informações de fundos de
investimento:
I. Política de investimentos;
II. Classificação de risco do Fundo;
III. Condições de aplicação, amortização (se for o caso) e resgate (cotização);
IV. Limites mínimos e máximos de investimento e valores mínimos para movimentação e
permanência no Fundo;
V. Taxa de administração, de performance e demais taxas;
VI. Rentabilidade, observado o disposto nas regras de Publicidade previstas nos anexos do Código
ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros,
quando aplicável;
VII. Avisos obrigatórios, observado o disposto nas regras de Publicidade
Os códigos de previstas nos anexos do Código ANBIMA de Regulação e Melhores Práticas
autorregulação buscam
para Administração de Recursos de Terceiros, quando aplicável; e
VIII. Referência ao local de acesso aos documentos do Fundo com
transparência, ética e
explicitação do canal destinado ao atendimento a investidores.
proteção ao investidor.
Para saber mais, leia o Código de Distribuição disponível no site da Anbima.

13
2.2 Prevenção Contra a Lavagem de Dinheiro
Em 1988, a Organização das Nações Unidas aprovou a Convenção de Viena, onde os
participantes se comprometeram a se esforçar para penalizar a conversão, transferência,
ocultação ou encobrimento de bens provenientes de atividades ilícitas relacionadas a crimes,
inicialmente tráfico de drogas, terrorismo e corrupção e depois ampliado para qualquer crime
antecedente que levasse a uma vantagem financeira ilícita.

2.2.1 Legislação e regulamentação


A Lavagem de dinheiro é regulamentada pela Lei 9.613, alterada pela lei 12. 683/12, conhecida por “Lei de
Prevenção e ao combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo (PLD/FT)”.
A Lei nº 13.810/19 e sua regulamentação fortaleceram o sistema de combate à
O número das leis, lavagem de dinheiro, estabelecendo sanções como a indisponibilidade de ativos
decretos e circulares de pessoas físicas e jurídicas.
não costuma ser A Circular nº 3.978/2020 dispõe sobre a política, procedimentos e controles
cobrado nas provas. internos a serem adotados pelas instituições autorizadas a funcionar pelo
Banco Central do Brasil visando à prevenção da utilização do sistema financeiro
para a prática dos crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores.
A Instrução CVM Nº50/21 dispõe sobre a prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do
terrorismo – PLDFT no âmbito do mercado de valores mobiliários.

2.2.2. Caracterização do crime de lavagem de dinheiro


É crime de lavagem de dinheiro “ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de qualquer infração penal”.

O processo de lavagem de dinheiro tem, normalmente, três etapas:


1. Colocação: é a fase de ingresso do dinheiro no sistema econômico, onde o dinheiro passa pelo caixa ou
balcão dos bancos. Também é considerado como colocação a compra de bens (compra em espécie de
joias, obras de arte, carros, imóveis, etc.) ou instrumentos negociáveis (outras moedas), sem que haja o
depósito anterior, pois é onde o recurso entra na economia.
2. Ocultação: Visa dificultar o rastreamento em caso de investigações, ou confundir o rastreamento por
meio de transferências e/ou aplicações múltiplas. Pode ser utilizado empresas fictícias ou os famosos
“laranjas”, pessoas que emprestam ou alugam seus nomes para as movimentações, para a colocação
inicial ou mesmo nas transferências.
3. Integração: é a fase onde o dinheiro volta à economia, agora com origem aparentemente legítima.

Penalidade para quem pratica o crime: reclusão de três a 10 anos, e multa.


O crime é afiançável, ou seja, se houver prisão anterior ao julgamento, o juiz pode estabelecer fiança para
que o acusado responda o processo em liberdade, desde que não haja risco de fuga e destruição de provas.
A lei estabelece as situações em que os valores podem ser abatidos da multa da condenação ou se haverá
perda dos valores pagos por fiança.

“As mesmas penas são aplicáveis também aos agentes que possibilitaram a ocorrência da lavagem de
dinheiro em todo o seu ciclo”.
Por isso incorre na mesma pena quem:
• Ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores provenientes de infração penal, os
converte em ativos lícitos, comercializa ou os guarda.
• Utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração penal
ou for sócio de empresa que o faz.
A pena poderá ser reduzida de um a dois terços, ou ser aplicada pena administrativa se o autor, coautor
ou participante colaborar espontaneamente com as autoridades (delação premiada).
A pena poderá ser aumentada de um a dois terços se praticada de forma reiterada ou por organização
criminosa.

2.2.3 Modelo de abordagem baseada em risco


As instituições supervisionadas pelo Banco Central do Brasil devem implementar e manter política de
prevenção de práticas de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo.

A política de prevenção de lavagem de dinheiro deve conter a definição de:


14
a) Papéis e responsabilidades.
b) Procedimentos de avaliação e análise prévia de novos produtos e serviços, e utilização de novas
tecnologias.
c) Avaliação interna de risco.
d) Verificação do cumprimento da política, procedimentos e controles internos da mesma, assim como a
identificação e a correção das deficiências verificadas.
e) Promoção de cultura organizacional, contemplando funcionários, parceiros e prestadores de serviços
terceirizados.
f) Seleção e a contratação de funcionários e de prestadores de serviços terceirizados, tendo em vista o
risco de lavagem de dinheiro e de financiamento do terrorismo.
g) Capacitação dos funcionários sobre o assunto.

Também deverá definir as diretrizes para implementação de procedimentos de:


a) Coleta, verificação, validação e atualização de informações cadastrais de funcionários,
parceiros e prestadores de serviços terceirizados;
b) Registro de operações e de serviços financeiros;
c) Monitoramento, seleção e análise de operações e situações suspeitas; e
d) Comunicação de operações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

As instituições devem indicar formalmente ao Banco Central do Brasil um diretor responsável pela PLD/FT.

Da avaliação interna de risco


As instituições supervisionadas pelo BCB devem realizar avaliação interna com o objetivo de identificar e
mensurar o risco de utilização de seus produtos e serviços na prática da lavagem de dinheiro e do
financiamento do terrorismo.

A avaliação interna deve considerar, no mínimo, os perfis de risco:


I - Dos clientes;
II - Da instituição, incluindo o modelo de negócio e a área geográfica de atuação;
III - Das operações, transações, produtos e serviços, abrangendo todos os canais de distribuição e a
utilização de novas tecnologias; e
IV - Das atividades exercidas pelos funcionários, parceiros e prestadores de serviços terceirizados.
A avaliação interna de risco deve ser revisada a cada dois anos, bem como quando ocorrerem alterações
significativas nos perfis de risco.

2.2.4. Ações preventivas: princípio do “conheça seu cliente”


O princípio “conheça o seu cliente” determina que as Instituições Financeiras e demais entidades
obrigadas ao controle de lavagem de dinheiro (veja lista abaixo) devem manter cadastros atualizados com
o objetivo de verificar a procedência dos valores, assim como acompanhar as movimentações
financeiras, proporcionando a possibilidade de identificação das suspeitas no crime de lavagem
de dinheiro.

Função do cadastro: auxiliar a identificação da origem e destinação dos recursos.

Implicações de um cadastro desatualizado: a análise da capacidade financeira fica comprometida, pois


não há dados suficientes para verificar as movimentações financeiras.

Os registros devem ser mantidos pelo prazo de dez anos, dependendo das características da operação.

Princípio do “conheça seu parceiro”


Os setores obrigados à Lei de Prevenção à Lavagem de Dinheiro, instituições financeiras e atividades como
seguradoras, transações de imóveis, bens de luxo, precisam certificar-se de que não apenas a atividade da
instituição esteja correta, mas também a de seus clientes e parceiros.

O princípio “Conheça o seu Parceiro” é a obrigação de conhecer o parceiro comercial, inclusive


correspondentes no país e no exterior, com o objetivo de prevenir a realização de negócios com
contrapartes inidôneas ou suspeitas de envolvimento com atividades de lavagem de dinheiro ou
financiamento do terrorismo, bem como de assegurar que eles possuam procedimentos
adequados de PLD/FT, quando aplicáveis.

15
Pessoas Expostas Politicamente (PEPs)
As Instituições devem manter registro de seus clientes que forem pessoas politicamente expostas.
Consideram-se pessoas expostas politicamente os detentores de mandatos eletivos dos Poderes Executivo
e Legislativo da União, Estados e Municípios, ministros, assessores, membros de tribunais, procuradores-
gerais, presidentes e tesoureiros de partidos políticos, presidentes de entidades da administração pública
indireta estadual e distrital e os presidentes de Tribunais de Justiça, Militares, de Contas ou equivalente de
Estado e do Distrito Federal.
Além das PPEs, também devem ser monitorados os seus familiares (parentes, na linha direta, até o segundo
grau, o cônjuge, o companheiro, a companheira, o enteado e a enteada), colaboradores diretos e pessoas
jurídicas de que façam parte.

2.2.5. Identificação e registros de operações


As instituições financeiras devem manter registros de todas as operações realizadas, produtos e serviços
contratados, inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos, recebimentos e transferências de recursos.

Estão sujeitas ao controle da lavagem de dinheiro: Pessoas Físicas e Jurídicas que exercem a
gestão de recursos de terceiros, sendo entidades reguladas e supervisionadas pelo Sistema
Financeiro Nacional e entidades não pertencentes ao SFN, mas que respondem ao COAF por
movimentarem recursos de terceiros:

I. Entidades reguladas e supervisionadas pelo Sistema Financeiro Nacional: Os participantes do sistema


financeiro nacional, supervisionados pelo Bacen (Bancos, Cooperativas de Crédito, financeiras, corretoras
instituições de pagamentos, administradoras de consórcio, fintech, etc.), CVM (bolsas, corretoras,
administradores de fundos, consultores e auditores de valores mobiliários, etc.) e demais entidades cujo
funcionamento dependa de autorização de órgão regulador dos mercados financeiro, de câmbio, de
capitais e de seguros.

II. Entidades não pertencentes ao SFN, mas regulados pelo COAF: Também possuem a obrigatoriedade de
manter registro das operações e comunicar ocorrências suspeitas: corretoras de imóveis, pessoas físicas e
jurídicas que comercializam bens de alto valor, transporte altos valores, cartórios, representantes de
atletas e artistas, feiras, ou seja, gestão ou intermediação de recursos de terceiros.

Veja a lista completa de acordo com a Lei 9.613:


I. Sociedades que efetuem distribuição de dinheiro ou quaisquer bens móveis, imóveis,
mercadorias, serviços, ou, ainda, concedam descontos na sua aquisição, mediante sorteio ou
método assemelhado;
II. Filiais ou representações de entes estrangeiros que exerçam no Brasil atividades sujeitas ao
controle;
III. Pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que operem no Brasil como agentes,
dirigentes, procuradoras, comissionárias ou por qualquer forma representem interesses de ente
estrangeiro que exerça qualquer das atividades listadas;
IV. Pessoas físicas ou jurídicas que exerçam atividades de promoção imobiliária ou compra e
venda de imóveis;
V. Pessoas físicas ou jurídicas que comercializem joias, pedras e metais preciosos, objetos de arte
e antiguidades
VI. Pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de luxo ou de alto valor, intermedeiem a
sua comercialização ou exerçam atividades que envolvam grande volume de recursos em
espécie;
VII. Juntas comerciais e os registros públicos
VIII. Pessoas físicas ou jurídicas que prestem, mesmo que eventualmente, serviços de assessoria,
consultoria, contadoria, auditoria, aconselhamento ou assistência, de qualquer natureza, em
operações:
a) de compra e venda de imóveis, estabelecimentos comerciais ou industriais ou participações
societárias de qualquer natureza;
b) de gestão de fundos, valores mobiliários ou outros ativos
c) de abertura ou gestão de contas bancárias, de poupança, investimento ou de valores
mobiliários

16
d) de criação, exploração ou gestão de sociedades de qualquer natureza, fundações, fundos
fiduciários ou estruturas análogas
e) financeiras, societárias ou imobiliárias.
f) de alienação ou aquisição de direitos sobre contratos relacionados a atividades desportivas
ou artísticas profissionais.
IX. Pessoas físicas ou jurídicas que atuem na promoção, intermediação, comercialização,
agenciamento ou negociação de direitos de transferência de atletas, artistas ou feiras,
exposições ou eventos similares;
X. Empresas de transporte e guarda de valores.
XI. Pessoas físicas ou jurídicas que comercializem bens de alto valor de origem rural ou animal ou
intermedeiem a sua comercialização;
XII. Dependências no exterior das entidades mencionadas neste artigo, por meio de sua matriz no
Brasil, relativamente a residentes no País.

As entidades acima, que possuem a obrigação de registro e comunicação de operações, atendem às


seguintes regras:
a. Registro: As Instituições devem manter registros de todas as operações realizadas, produtos e
serviços contratados, inclusive saques, depósitos, aportes, pagamentos, recebimentos e
transferências de recursos. Se o cliente for Pessoa Jurídica, a identificação deverá abranger as
pessoas físicas autorizadas a representá-la, bem como seus proprietários.
As operações em espécie com valor superior a R$ 2.000,00 devem ser registradas internamente com
dados do portador e destinatário (nome, CPF/CNPJ).
As operações acima de R$ 50.000,00 em espécie devem conter, além do nome e CPF/CNPJ do
portador dos recursos e destinatário, o tipo de operação, valor, data, canal e origem dos recursos.

b. Comunicação: As instituições deverão comunicar ao Conselho de Controle de Atividades


Financeiras - COAF:
1. As operações suspeitas de qualquer valor. São operações suspeitas:
I. Aquelas incompatíveis com a renda, ocupação profissional e situação patrimonial.
II. Operações com oscilações significativas em volume ou frequência.
III. Operações sem fundamentação econômica.
IV. Operações com indicio de burla a procedimentos padrões.

As transferências internacionais deverão ser


As transferências Internacionais devem ser
previamente comunicadas à instituição financeira, e se
informadas à IF. Só serão comunicadas ao COAF
não tiver justificativa da origem dos fundos envolvidos
se houver incompatibilidade com o cadastro ou
ou se forem incompatíveis com o cadastro, deverão ser
não haver justificativa de transferência.
comunicados ao COAF.

2. Movimentações em espécie: saques, pagamentos, recebimentos e transferências de recursos,


por meio de qualquer instrumento, contra pagamento em espécie, assim como também a
solicitação de provisionamento de saques em espécie de valor igual ou superior a R$50.000,00
(cinquenta mil reais). São chamadas de comunicações automáticas, pois não dependem de
análise, devem ser comunicadas indistintamente.

As comunicações de boa-fé não acarretarão responsabilidade civil ou administrativa.

2.2.6 Responsabilidades administrativas e legais.


O COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras é a UIF - Unidade de Inteligência financeira no
Brasil.
É a entidade responsável por receber, examinar e identificar as ocorrências suspeitas. Também
aplica penas administrativas.
Sua missão é “prevenir a utilização dos setores econômicos para a lavagem de dinheiro e
financiamento do terrorismo, promovendo a cooperação e o intercâmbio de informações entre
os Setores Público e Privado”.

2.2.6.1. Processo Administrativo Sancionador (PAS)


O Processo Administrativo Sancionador (PAS) é o instrumento de supervisão do COAF instaurado com o
fim de apurar responsabilidades e, se for o caso, aplicar penalidades por infrações administrativas,

17
praticadas por pessoas físicas e jurídicas supervisionadas pelo COAF. São asseguradas às partes o direito
à ampla defesa e ao contraditório.
O processo é julgado, na forma do Regimento Interno. Contra as decisões, pode ser apresentado recurso
ao Coaf e endereçada ao presidente do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN),
órgão de segunda e última instância administrativa.

As pessoas sujeitas ao controle da lavagem de dinheiro poderão


receber as seguintes penalidades: O criminoso é encaminhado para
I – Advertência;
a Justiça comum ou Federal.
II - Multa não superior a:
a) ao dobro do valor da operação; A Instituição que tem o dever de
b) Ao dobro do lucro que presumidamente acarretaria a controle e seus administradores
operação; respondem o PAS.
c) Ao valor de R$ 20 milhões;
III- Inabilitação temporária até 10 anos;
IV – Cassação da autorização de funcionamento.

Penalidades para quem tem o dever de


Penalidades para quem pratica
controlar
Advertência
Reclusão de 3 a 10 anos Multa
Inabilitação temporária
Multa Cassação da autorização de funcionamento

As autoridades policiais, Receita Federal e Ministério Público atuam conjuntamente ao COAF no combate
ao crime e recuperação do patrimônio, e podem compartilhar dados sigilosos entre si. Terão acesso aos
dados cadastrais do investigado, como qualificação pessoal, filiação e endereço, independentemente de
autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, Instituições Financeiras,
provedores de internet e administradoras de cartão de crédito.

2.2.6.2. Indisponibilidade de bens, direitos e valores em decorrência de resoluções do Conselho de


Segurança das Nações Unidas
O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) foi criado em 1945, no fim
da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de manter a paz e a segurança internacionais. É
ele que autoriza sanções econômicas, o envio de missões de paz e o uso da força quando
necessário.
No Brasil, a Lei nº 13.810/19 dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do Conselho
de Segurança da ONU, como a indisponibilidade de ativos de pessoas físicas, jurídicas e de entidades
investigadas ou acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados.
Eventuais tentativas de transferências de bens indisponíveis por suspeita de terrorismo deverão ser
comunicadas ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, aos órgãos reguladores ou fiscalizadores e ao
COAF.

Listas restritivas
Para facilitar a identificação de operações suspeitas, há listas restritivas, com a relação de pessoas e
entidades que tiveram alguma ligação ou suspeita de atos terroristas. Visam proibir, restringir ou
constranger transações financeiras, comerciais, de serviço ou de tecnologia envolvendo os setores ou
pessoas das relações, podendo inclusive haver o congelamento de bens e ativos de um indivíduo ou
entidade.

Há diversas listas restritivas, nacionais e internacionais. As listas restritivas podem conter nomes de
pessoas e entidades que supostamente tenham ligação com o terrorismo, setores, atividades e tipos de
transação proibidos, e até listar países que se encontram sob sanções.

2.3. Ética na Venda - Um vendedor ou consultor ético tem foco no relacionamento com o cliente bancário
ou associado de cooperativa de crédito e não apenas no produto que vende. Seu foco é relacionamento
de longo prazo, para vender no presente e continuar vendendo ao longo do tempo. Isso só será possível
se fortalecer a confiança entre ambos, através de orientações éticas e comprometidas.

18
2.3.1. Venda Casada: É proibido condicionar/obrigar a contratação de quaisquer operações à realização
de outras operações, ou à aquisição de outros bens e serviços. É considerada prática abusiva pelo Código
de Defesa do Consumidor.
A venda casada é uma infração à ordem econômica, porque permite ao vendedor abusar da
fragilidade do comprador. Exemplo: só vender um cartão de crédito se o cliente também
adquirir um seguro de vida.

É importante separar o que é um condicionamento ou obrigação de outras situações, que não configuram
venda casada:
a. Promoções, combos ou vantagens na precificação: não é venda casada porque dá a liberdade de
adquirir separadamente ou simplesmente não adquirir. Neste caso seria uma venda promocional,
também chamada de venda cruzada ou “cross selling”, o que não constitui irregularidade.
b. Condições de garantia: Um financiamento com garantia do bem pode exigir o seguro, pois se
houver perda do mesmo (exemplo: incêndio) não haverá mais o bem para garantir a devolução do
recurso.

2.3.2. Restrições do investidor: Todo profissional que vende produtos de investimento deve procurar seguir
um Processo de Avaliação do cliente visando adequar melhor os objetivos e as necessidades dos clientes
aos produtos:
a. Conhecimento do produto: entender o produto evita frustrações.
b. Tolerância a Risco: há pessoas que ficam angustiadas com oscilações e incertezas, ou que não
aceitam possíveis perdas, onde preferem ganhar menos e não arriscar.
c. Idade: caso algo dê errado, deve-se ter tempo para recuperar o prejuízo. Por isso, um idoso deve
ter uma boa parte de seus investimentos em ativos conservadores.
d. Horizonte de Tempo: Independentemente de perfil do investidor, há investimentos com objetivos
de curto prazo, não sendo recomendado assumir riscos. Exemplo: se alguém vai utilizar um recurso
no prazo de 1 ano para viajar, deverá deixar o recurso aplicado em investimentos atrelados ao CDI.

2.4 Análise do Perfil do Investidor


A Instrução CVM 30 dispõe sobre o dever de verificação da adequação dos produtos, serviços
e operações ao perfil do cliente, também constante no Código de distribuição de produtos de
investimento. Esta prática é chamada de Suitability e é obrigatória às pessoas habilitadas a
atuar como integrantes do sistema de distribuição e os consultores de valores mobiliários.

2.4.1. Metodologia
A metodologia de captação de informações, Análise do Perfil de Investidor, deve considerar três itens:
I – o cliente possui conhecimento necessário para compreender os riscos relacionados ao produto,
serviço ou operação.
• Os tipos de produtos, serviços e operações com os quais o cliente tem familiaridade;
• A natureza, o volume e a frequência das operações já realizadas pelo cliente no mercado
de
• Valores mobiliários, bem como o período em que tais operações foram realizadas; e
• A formação acadêmica e a experiência profissional do cliente (não se aplica à pessoa
jurídica).
II - o produto, serviço ou operação é adequado aos objetivos de investimento do cliente;
• O período em que o cliente deseja manter o investimento;
• As preferências declaradas do cliente quanto à assunção de riscos;
• As finalidades do investimento.
O questionário do API
III – a situação financeira do cliente é compatível com o produto,
analisa COS:
serviço ou operação;
1. Conhecimento • O valor das receitas regulares declaradas pelo cliente;
2. Objetivo • O valor e os ativos que compõem o patrimônio do cliente; e
3. Situação • A necessidade futura de recursos declarada pelo cliente.

19
2.4.2. Perfis:
a) Conservador: Não aceita assumir riscos no principal, prefere ganhar pouco mas sem oscilações
significativas;
b) Moderado: Aceita assumir médios riscos no curto prazo para ganhar um pouco mais;
c) Arrojado ou agressivo: Disposto a correr grandes riscos para obter ganhos maiores.

2.4.3. Categorias de produtos para recomendação


Na análise e classificação das categorias de produtos devem ser considerados, no mínimo:
I – Os riscos associados ao produto e seus ativos subjacentes;
II – O perfil dos emissores e prestadores de serviços associados ao produto;
III – A existência de garantias; e
IV – Os prazos de carência.

2.4.4. Vedações
É vedado recomendar produtos ou serviços ao cliente quando:
I – O perfil do cliente não seja adequado ao produto ou serviço;
II – Não sejam obtidas as informações que permitam a identificação do perfil do cliente;
III – As informações relativas ao perfil do cliente não estejam atualizadas.

E se o investidor se negar a responder ou não acatar a recomendação? Vale: 2 anos


• O consultor deverá alertar o investidor dos riscos e adequação ao perfil; Guarda: 5 anos
• O investidor deve prestar declaração expressa de sua decisão.

A API deve ser aplicada em intervalos não superiores a 24 meses.


Os questionários devem ser guardados pelo prazo de 5 anos, por meio físico ou eletrônico.
A não observância da aplicação do API constitui falta grave à Instituição Financeira.

2.4.5. Dispensa de Suitability


Para que a adequação da recomendação ao perfil seja dispensada, deve-se observar as regras
da IN 30 da CVM, Código de distribuição e outras normas complementares.

Não se aplica a (IN 30 CVM):


1. Investidores qualificados;
2. Pessoa jurídica de direito público;
3. Investidor que possui carteira administrada por consultor ou entidade autorizado pela CVM;
4. Investidor que fez o API com seu consultor e está implementando a estratégia.

Não se aplica (código de distribuição art. 3):


1. Pessoa jurídica dos segmentos classificados como middle e corporate;
2. União, Estados, Municípios e Distrito Federal (pessoas jurídicas de direito público);
3. Caderneta de poupança.

Não se aplica (produtos):


1. Fundo de investimento renda fixa simples (IN 555 CVM, art. 113, &2).

Obs.: A legislação é para referência, não é cobrada na prova.

20
2.5. Conceitos de ASG (Ambiental, Social e Governança)

ASG é a sigla para empresas que seguem padrões de sustentabilidade, respeitando aspectos ambientais,
de responsabilidade social e de boas práticas de governança corporativa. São conhecidos mundialmente
pela sigla em inglês ESG: Environmental, Social e Governance. Na prática, as empresas se guiam por esses
direcionadores na tomada de decisões e nas políticas da empresa, para que sejam ambientalmente
sustentáveis, socialmente responsáveis e administradas com base em critérios de transparência e proteção
ao investidor, o que impacta em reputação e credibilidade.

Os investidores estão cada vez mais atentos a esses critérios, e podem escolher, para seus investimentos,
emissores que utilizam esses critérios e são classificados como ASG.

Para facilitar a análise dos investidores, existem selos de sustentabilidade, nacionais e internacionais, não
obrigatórios, mas que facilitam a tomada de decisão. Os critérios de avaliação são públicos, transparentes
e atualizados constantemente, considerando boas práticas ASG adotadas pela empresa.

A materialidade define os aspectos que influenciam as avaliações e decisões de investidores,


administradores e gestores, e podem influenciar a tomada de decisão de investimentos, como por
exemplo:

• Quais fatores ASG que possuem mais impacto em sustentabilidade.


• Como contribuem na identificação de oportunidades; tendências e riscos dos investimentos;
• Quais as informações são essenciais para a realização da análise e divulgação dos resultados da
empresa.

Filtro negativo: Ocorre quando alguém deixa de investir em uma empresa porque ela adota alguma
política que não reflete os valores éticos do investidor, como armamento, tabaco, poluentes e outros.

Filtro positivo: Ocorre quando um investidor inclui em seu portfólio investimentos cujo emissor adota
critérios ASG, como por exemplo: repovoamento de rios, igualdade de remuneração entre gêneros e
diversidade de composição de conselho.

2.5.1 Aspectos Ambientais

As empresas que adotam padrões de atenção à causa ambiental tomam medidas para reduzir impactos
ambientais no planeta, como, por exemplo, medidas para redução de emissão de gases e aquecimento
global, projetos para evitar o esgotamento dos recursos naturais, armazenamento e descarte de resíduos
que podem ser poluentes.

2.5.2 Aspectos Sociais

Nos aspectos de responsabilidade social, as empresas buscam aplicar ações voltadas a melhorar a
qualidade de vida dos funcionários e condições justas de trabalho.

A empresa também pode promover, criar ou financiar projetos para amparo de pessoas necessitadas e
direitos de minorias, direcionadas para a inclusão social e melhoria da diversidade.

2.5.3 Aspectos de Governança Corporativa

A governança corporativa promove a transparência em procedimentos e práticas anticorrupção e fraudes.


Para isso, contratam conselheiros independentes, realizam auditorias específicas e adotam boas práticas
de gestão com relevância para os princípios de governança.

21
2.5.4 Conceitos de Investimentos ASG

Os investimentos ASG são investimentos que visam estimular negócios que consideram resultados
financeiros aliados a um impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. Além do interesse dos
investidores por incentivar empresas que investem em sustentabilidade, estudos mostram que as práticas
de ASG interferem diretamente no desempenho, na confiança do mercado e na reputação das
Companhias.

A Anbima classifica os produtos financeiros ASG em quatro grupos.

1. Ações: são partes do capital de empresas classificadas como ASG. O investidor avalia esses critérios
na sua decisão de compra. As empresas que adotam critérios ASG adotam procedimentos que
podem impactar na valorização e rentabilidade de suas ações.

2. Fundos de Investimento IS (Investimentos Sustentáveis): o regulamento deve conter em sua política


investimentos em ASG (ativos emitidos por empresas sustentáveis, fundos de ações de empresas
que seguem as práticas ASG ou fundos de índices de sustentabilidade). Podem ser fundos de ações,
renda fixa ou multimercado, classificados como fundos de investimentos sustentáveis (IS), desde
que adotem práticas compatíveis na seleção de seus ativos. Os fundos indexados a índices de
sustentabilidade, como por exemplo o ISE Índice de Sustentabilidade Empresarial, adquirem ativos
de empresas que fazem parte do indicador.

3. Títulos verdes: são alternativas de investimento sustentável focadas nas práticas ASG. São títulos
de renda fixa com os quais empresas captam recursos para o financiamento de projetos
sustentáveis, como investimento em reflorestamento, energia solar, aperfeiçoamento de processos
produtivos industriais com menos poluentes, uso de tecnologias verdes. São emitidos por empresas
públicas e privadas, como Letras Financeiras e Certificados de Recebíveis, com a obrigatoriedade
de destinar os recursos para temas ligados ao desenvolvimento sustentável.

4. Debêntures: títulos de crédito para captação de recursos das companhias que seguem as práticas
recomendadas. Podem ser utilizados nos projetos de desenvolvimento da empresa ou direcionados
para ações específicas de sustentabilidade.

Tendências sobre investimentos ASG:


I. Consistência entre os compromissos assumidos e as práticas adotadas;
II. Utilização de indicadores de desempenho compatíveis com as práticas ASG;
III. Monitoramento dos resultados de longo prazo;
IV. Identificar limitações das metodologias, dos dados e dos índices utilizados, com o objetivo
de aperfeiçoar indicadores.

Exemplos de questões que podem ser consideradas em cada fator ASG:

Ambiental: Uso de recursos naturais, emissão de carbono, eficiência energética, poluição,


tecnologia limpa.

Social: políticas e relação de trabalho, política de inclusão e diversidade, treinamento da força de


trabalho, direitos humanos, privacidade e segurança de dados.

Governança: independência do Conselho e diversidade de composição, remuneração do conselho


de administração, ética e transparência.

*Fonte: GUIA ASG 2020 Anbima

22
NOÇÕES DE
ECONOMIA E
FINANÇAS

Proporção: De 5 a 10%

Objetivo: conhecer conceitos básicos sobre a economia nacional e finanças.

23
3.1 Conceitos Básicos de Economia

3.1.1 PIB – Produto Interno Bruto: É o conjunto da produção final de bens e serviços realizada em
território nacional, independentemente da nacionalidade dos agentes econômicos, num
determinado período de tempo. O índice considera o valor dos bens e serviços adicionados, de
modo a não calcular a mesma coisa duas vezes. Com isso, a matéria-prima usada na fabricação
é descontada do valor final.

Componentes do PIB (sob a óptica da despesa):


C - Consumo privado ou das famílias.
I - Investimentos privados das empresas.
G - Gastos públicos do governo.
X - Volume de exportações
M - Volume de importações
Y= C + I + G + X – M (todos somam menos M)

A expressão X-M (exportações menos importações) pode ser substituída por NX:
Y= C + I + G + NX (todos somam)

3.1.2 Inflação: É uma elevação do nível geral de preços. Os índices de inflação demonstram o
comportamento da variação dos preços dos bens e serviços.
3.1.2.1. IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo:
IPCA: índice oficial da inflação no Seu cálculo considera os produtos e serviços consumidos pelas
Brasil. Mede o CONSUMO de famílias com rendas de 1 a 40 salários mínimos, nas principais
determinada faixa de renda nas regiões metropolitanas do Brasil. É calculado e divulgado pelo
principais cidades do país. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e é utilizado
como referência para acompanhar a meta da inflação, definida
IGPM: média ponderada de três
índices, IPA, IPC e INCC, onde o
pelo CMN, para que o Copom (Comitê de política monetária)
principal peso é ATACADO. implemente a política monetária com a definição da taxa básica
de juros Selic Meta.

3.1.2.2. IGP-M : Índice Geral de preços do mercado


O IGP-M é a média ponderada de três índices:
a. IPA Índice de Preços ao Produtor Amplo/atacado (peso de 60% no índice) +
b. IPC índice de Preços ao consumidor (peso de 30% no índice) +
c. INCC Índice Nacional de Construção Civil (peso de 10% no índice).
É calculado e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas FGV,
utilizando como base de cálculo o as variações medidas entre o dia 21 do mês anterior ao dia 20 do mês
de referência.

3.1.3 Taxa de câmbio


A Taxa de câmbio é a equivalência de uma moeda em relação a outra.

PTAX: é a taxa média das taxas de câmbio em relação ao Real, onde o Banco Central consulta
os dealers (instituições autorizadas a operar em câmbio, segundo critérios de volume de
negócios e qualidade na prestação de informações), em quatro janelas de consulta ao longo de
cada dia, e divulga a média ao final da 4ª. consulta. As moedas mais conhecidas e cotadas são
dólar e euro.

SPOT: é a cotação das moedas estrangeiras à vista, no momento da negociação. É atualizada


constantemente ao longo do dia.

24
A taxa de câmbio rege contratos de importação e exportação, derivativos e outros. Com isso, impacta
diretamente no custo de mercadorias, o que prejudica o controle da inflação, porque os produtos possuem
referência em dólar (custo da matéria prima, componentes, combustível, ou mesmo exportação, onde o
valor internacional é referência para venda interna).

Regimes cambiais:
Arranjos sem moeda distinta: onde um país abre mão de sua própria moeda. Exemplo: zona do Euro.
Controlado ou fixo: o governo define a cotação da moeda, também chamado de âncora cambial. Ex.: China.
Flutuante: o mercado livremente define a cotação das moedas, pela lei da oferta e demanda. Exemplo:
Estados Unidos.
Flutuante administrado: No passado era chamado de regime flutuante sujo. O mercado livremente define
a cotação das moedas, pela lei da oferta e demanda. No entanto, em caso de desiquilíbrio, o governo
intervém comprando ou vendendo a moeda para reestabelecer o equilíbrio entre elas. Ex. Brasil.

Taxa cambial desvalorizada: Quando é necessário maior quantidade da moeda local para comprar a
moeda estrangeira. O dólar sobe, o real se desvaloriza, sempre na perspectiva da moeda local. É bom para
o exportador, porque haverá mais reais pela sua venda, e ruim para o importador, que pagará mais pela
sua aquisição. Também dificulta o controle da inflação, pois há uma alta de preços em geral por causa do
aumento da moeda estrangeira (em especial o dólar, por ser moeda de referência nacional).
Taxa cambial valorizada: Acontece quando é necessária uma quantidade menor de moeda local para
adquirir uma moeda estrangeira. O dólar cai, o real se valoriza, pois é necessário menos reais para adquirir
um dólar. Esse cenário é ruim para o exportador, que receberá menos pela sua venda, e bom para o
importador, que pagará mais barato pelos bens adquiridos. Facilita o controle da inflação, pois não há
reflexos externos na formação de preço.
Ex.: Ontem precisava-se de R$ 6,00 para comprar um dólar. Hoje precisa-se de R$ 5,50. O Real VALORIZOU-
SE frente ao Dólar. É preciso uma menor quantidade de reais para comprar 1 dólar.

TAXA CAMBIAL Taxa cambial: VIDE


DESVALORIZA VALORIZA
Importador Ruim Bom Valorizou, bom para o...
Exportador Bom Ruim Importador.
Controle
Dificulta Facilita
Inflação Desvalorizou, bom para o...

Exportador
Taxa cambial: DESVALORIZA VALORIZA
REAL Cai Sobe
DÓLAR Sobe Cai

Impactos na taxa de câmbio


A taxa de câmbio é influenciada pela oferta e demanda da moeda de um país, ocasionando alteração na
cotação das moedas. Com isso é impactada por:

Taxa de juros: Quando os juros de um país, principalmente se for emergente como o Brasil, estão baixos e
pouco atrativos, os investidores (que possuem capital especulativo) levam o dinheiro para outros países,
que possuem menos riscos. Com muitas pessoas comprando dólar, aumenta a demanda pela moeda e seu
preço sobe. Dólar sobe, taxa cambial brasileira desvaloriza.
Inflação: quando a inflação aumenta, desvaloriza a taxa cambial. Imagine uma caneta sendo vendida por
U$$ 1. Quando o dólar vale R$ 5,00, significa que a caneta custa R$ 5,00, mas se a taxa cambial desvalorizar,

25
fazendo o dólar subir para R$ 8,00 por exemplo, o preço da caneta no Brasil vai subir, aumentando a
inflação.
Balança de pagamentos: a balança de pagamentos é a relação de capital de um país com outros. Envolve
exportação e importações, serviços (como turismo), aquisição de bens e investimentos. Quando a balança
de pagamentos está positiva, ou seja, o país está vendendo mais do que comprando, são mais dólares
entrando no país. Muita oferta de uma moeda pressiona seu preço para baixo, valorizando a taxa cambial
local. E se a balança de pagamentos está negativa, o país está comprando mais do que vendendo, aumenta
a demanda por dólar, o que sobe o seu preço e desvaloriza a taxa cambial no Brasil.
Transações de investimentos especulativos: operações estruturadas com moedas podem aumentar a
oferta ou demanda de moeda estrangeira, impactando no preço.
Situações políticas: reformas fiscais, tendências de governo e outros fatores podem melhorar ou piorar um
cenário econômico. Por exemplo, se a situação estiver ruim, aumenta o risco e há fuga de capital, para
isso, as pessoas compram dólares (aumenta a demanda) causando aumento da moeda estrangeira,
ocorrendo o inverso se a situação for boa.

3.1.4 COPOM: O COPOM – Comitê de Política Monetária, é composto pelo Presidente do Banco Central e
seus diretores, e tem o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa
de juros básica da economia. Reúne-se periodicamente para definir a meta para a taxa básica
de juros.
Os objetivos do COPOM são:
• Analisar o Relatório de Inflação (IPCA);
• Definir a meta da taxa SELIC;
• Implementar diretrizes de política monetária.
O COPOM analisa o IPCA para definir a SELIC Meta. Definindo a meta da taxa de juros, implementa um
perfil de utilização de crédito (se estiver caro, usam pouco, se estiver barato
CMN: meta da inflação. usam mais) ou investimentos (se a taxa está alta, deixam de consumir para
investir, se a taxa está baixa, preferem consumir a investir) e
COPOM: Meta da taxa de
juros (Selic Meta).
consequentemente de consumo, impactando a inflação e complementando
o ciclo contínuo.
A taxa básica de juros é uma forma do governo regular a liquidez do mercado através da oferta e demanda
de liquidez. O grande desafio de um país é crescer com a menor taxa de juros e inflação possível.
Com taxas altas, os consumidores compram menos (pelo custo do crédito ou
Meta Selic:
porque preferem aplicar), fazem menos empréstimos, reduzindo a inflação e instrumento de
impactando negativamente o crescimento do país. controle da
Com taxas mais baixas, os consumidores aquecem a economia, buscam mais inflação.
empréstimos e compram mais, aumentando o crescimento do país e também a inflação.

3.1.5 Taxas de Juros


3.1.5.1. Taxa SELIC – Meta – Divulgada pelo COPOM, é expressa na forma anual para 252 dias
úteis e representa o nível de taxa de juros que o governo considera adequada para atingir a
meta de inflação definida pelo CMN. É um instrumento para direcionar o mercado.

3.1.5.2. Taxa SELIC – Over ou diária - É a taxa média ponderada pelo volume das operações de
financiamento por um dia, lastreadas em títulos públicos federais e registradas no sistema
SELIC. Expressa na forma anual para 252 dias úteis, é a taxa efetivamente praticada no mercado,
que irá remunerar os títulos indexados à taxa SELIC, como por exemplo o Tesouro Selic.
O Sistema Especial de Liquidação e Custódia, administrado pelo BCB, possui a custódia de praticamente
todos os títulos públicos do país, registrado em nome das Instituições Financeiras que os detêm. Essas
Instituições Financeiras, emprestam e captam recursos ao longo do dia, e quem tiver falta de liquidez
deverá fazer uma operação para suprir, enquanto que as IF que possuem dinheiro de sobra podem ser a

26
contraparte. Essas operações, quando tiverem o lastro em títulos públicos, são registradas no Selic e dão
origem à taxa SELIC Over ou diária.
Exemplo: Banco A precisa de recursos e faz uma operação de financiamento (empréstimo) com lastro em
títulos públicos hoje (D+0) com o compromisso de liquidá-lo amanhã (D+1). A outra parte, que cede o
recurso, pode ser o Banco Central, ou outra Instituição Financeira ou até um Fundo de Investimento. As
operações são registradas no SELIC, que divulga diariamente as taxas praticadas nesses contratos.

3.1.5.3. CDI Certificado de Depósito


Interfinanceiro: São operações As taxas DI e Selic diária são similares: ambas vêm
realizadas entre bancos com o objetivo de operações de financiamento entre Instituições
de captar recursos, geralmente para Financeiras, considerando 1 dia útil. A principal
suprir insuficiência de liquidez. Diariamente há diferença é que a Selic diária vem de operações
com lastro em títulos públicos.
bancos com excesso de recursos e outros com falta
de recursos, que realizam operações entre si.

TAXA DI – É a taxa média do CDI, divulgada diariamente pela B3, que faz a custódia dos contratos privados.
Tem como base as operações de Depósitos Interfinanceiros, pactuadas por um dia útil. Sua taxa é expressa
ao ano, considerando 252 dias úteis.

3.1.5.4. TR – Taxa Referencial: calculada a partir da média das taxas


praticadas nos títulos do tesouro nacional Tesouro Prefixado, na A TR é formada a
modalidade vendida com desconto, antigamente chamadas de LTN- partir da média dos
Letras do Tesouro Nacional (veremos as características deste ativo títulos públicos
no capítulo 6). A média das taxas praticadas nesses títulos dá origem à TBF - prefixados.
Taxa Básica Financeira, quando então aplica-se um redutor, resultando a TR,
que é utilizada no cálculo da poupança, FGTS, financiamentos habitacionais e outros.

3.2 Conceitos Básicos de Finanças


3.2.1 Taxa de juros nominal e taxa de juros real
Taxa de juros Nominal é a taxa visível aos participantes de uma transação, que é negociada nas
aplicações e empréstimos. É a taxa que usamos para atualizar um valor. Exemplo: Um CDB tem
uma taxa de 5%. Essa taxa é uma taxa nominal, a taxa que será cadastrada no sistema.
Taxa de juros Real é a taxa de juros nominal descontando a inflação do mesmo período por um
de seus índices (IPCA, IGP-M etc.). A fórmula da taxa de juros real, chamada de fórmula de Fisher, faz a
divisão da taxa nominal pela taxa de inflação, em vez de subtrair. Isto faz com que o resultado seja um
pouco diferente.

Exemplo 1: Taxa nominal: 5% e IPCA: 2%. Se subtrair, a resposta seria 3.


Inflação: um pouco menos.
Deflação: um pouco mais.
Na fórmula: (1,05/1,02) - 1 . 100 = 2,94%
Exemplo 2: Taxa nominal: 5% e IPCA: -2%. Se subtrair: 5 – (-2)= 7
Na fórmula: (1,05/0,98) - 1 . 100= 7,14%

3.2.2 Taxa de juros equivalentes versus taxa de juros proporcional


Equivalente: Diz-se que duas taxas são equivalentes quando é utilizada a
CE: Composto, equivalente.
capitalização composta e, se forem aplicadas sobre um mesmo capital, no
mesmo tempo, chegam ao mesmo resultado. SP: Simples, proporcional.
Exemplo: 2% ao mês é equivalente a 26,82% ao ano.

Proporcional: Duas taxas são proporcionais quando é utilizado o regime de capitalização simples. Basta
multiplicar ou dividir a taxa entre os períodos para chegar ao resultado.
27
Exemplo: 2% ao mês é proporcional a 24% ao ano.

3.2.3 Capitalização Simples versus Capitalização Composta


Juros Simples: é um percentual de remuneração que incide sobre o capital inicial. É sempre calculado
tendo por base o valor do início do investimento (capital).
J= VP x i x n (juros simples é igual a valor presente vezes taxa linear, dividida por 100, vezes o tempo). Se
quiser saber o valor do saldo total, é só somar com o capital.
Exemplo de conversão de taxas:
Juros compostos incide sobre capital atualizado, ou seja, sobre o
Taxa de 6% ao mês:
valor inicial + juros de cada período. É exponencial, pois em vez
Juros simples: 0,20% ao dia. de multiplicar, eleva-se ao tempo, com isso tem-se o capital
atualizado pelos juros para o cálculo do período seguinte.
72% ao ano. J= VP x ((1+i)^n) – 1
Juros compostos: 0,19% ao dia.
VF= VP x (1+i)^n
Obs.: a taxa sempre tem que estar linear, ou seja, dividida por 100
101,22% ao ano. = por cento.
Onde J=juros, VP= valor presente, VF= valor futuro, i=taxa,
n=prazo.

Preste atenção na orientação ao investidor. Se fosse possível escolher, qual taxa traria maior retorno em
um determinado cenário:
a. Juro simples é maior: quando a unidade de tempo requerida é menor que a unidade de
tempo em que a taxa está expressa. Exemplo: O problema apresenta uma taxa ao mês e a
aplicação é para um dia (veja no quadro acima, a uma taxa de 6% ao mês, a taxa ao dia nos juros
simples é 0,20%, maior que no cálculo de juros compostos).
b. Juro composto é maior: quando a unidade de tempo requerida é maior que a unidade de tempo
em que a taxa está expressa. Exemplo: A questão apresenta uma taxa ao mês e a aplicação é para
um ano (veja no quadro acima, a uma taxa de 6% ao mês, a taxa ao ano nos juros compostos é
101,22%, maior que no cálculo de juros simples).

3.2.4 Índice de referência (benchmark) aplicado a produtos de investimento: este termo é utilizado quando
um índice de mercado conhecido é escolhido como objetivo ou parâmetro de avaliação da gestão dos
fundos de investimento ou mesmo outros investimentos, permitindo a comparação entre os mesmos.
Exemplo:
Fundos de renda fixa: CDI, Selic, IGP-M.
Fundos de renda variável: Ibovespa, IBR-X.

3.2.5 Volatilidade: é uma medida de risco que indica a intensidade da oscilação de preços de um ativo ou
carteira de ativos. Quanto mais volátil, mais oscila, dessa forma o risco de um ativo ou carteira será maior.
A expectativa de rendimento será proporcionalmente maior.
: O investidor só aceita correr um risco maior (volatilidade) se tiver uma probabilidade de
rendimento que compense o risco.

3.2.6 Prazo médio ponderado de uma carteira de títulos - É o prazo médio ponderado do valor presente
dos títulos de uma carteira de renda fixa, descontados pela taxa de juros vigente, pelos seus respectivos
prazos a decorrer até o vencimento.
Porque é importante conhecer o prazo médio de uma carteira?
• Ele determinará maior ou menor grau de exposição ao risco de mercado.
• Uma carteira de títulos de taxa prefixada está exposta ao risco da elevação da taxa de juros.
A carteira estará tanto mais exposta a esse risco quanto maior for o prazo médio de seus ativos.

28
• As carteiras de prazo mais longo se caracterizam por apresentarem maiores oscilações de preço.
Por serem mais arriscadas, no longo prazo tendem a apresentar maior rentabilidade.

3.2.7 Marcação a Mercado como valor presente de um fluxo de pagamentos (apreçamento de ativos)
As Instituições Participantes devem utilizar a marcação a mercado (MaM), também chamada de
apreçamento de ativos, no registro de todos os papéis que compõem os fundos de investimento que
administram.
Também é possível perceber a marcação a mercado no extrato de um título público, onde é
registrado quanto um título vale se fosse vendido no momento, antes de seu vencimento.
Para o cálculo do valor de um ativo marcado a mercado, não importa o valor da aquisição
(compra) ou mesmo o valor no vencimento, mas sim qual a cotação daquele ativo no mercado
no momento da consulta. Considerando que em um fundo de investimento todos os dias pode haver
cotistas realizando aplicações ou resgates, ocorre que o fundo nem sempre leva os papéis até seu
vencimento, e ao vender, se não fizesse essa cotação diária, poderia ter um preço diferente do que estava
registrado, o que acarretaria em desigualdade entre os cotistas. Dessa forma, esse procedimento é
obrigatório, para dar maior transparência aos riscos e evitar a transferência de riquezas entre os cotistas
do fundo.

Apreçamento de ativos ou marcação a mercado: consiste em registrar todos os ativos, para efeito de
valorização e cálculo de cotas dos fundos de investimento, pelos preços negociados diariamente no
mercado.
Marcação a Mercado é reconhecer o valor do ativo no momento
Marcação a mercado: valor presente, independentemente de seu valor de aquisição ou de
do título negociado no vencimento.
mercado,
independentemente do Exemplo simplificado:
preço de aquisição ou Joao tem um cheque pré-datado para 30 dias de R$ 1.000,00 e pede para
vencimento. seu amigo Pedro lhe emprestar o valor e ficar com o cheque como
pagamento. Pedro cobra 3%, e lhe dá R$ 970,80. Mais tarde, se arrepende,
e resolve passar o cheque adiante para recuperar o seu dinheiro. Encontra Maria, que analisando o
emissor, diz que só aceita se receber 5%. Pedro aceita e recebe R$ 952,38 pelo cheque. Mais tarde Maria
encontra Sebastião, que tem bastante dinheiro aplicado a juros baixos, e compra o cheque cobrando 2%
do valor. Então Maria vende o cheque por R$ 980,40.
Valor de face Juros Valor a mercado Quem investiu
R$ 1.000,00 3% R$ 970,80 Pedro
R$ 1.000,00 5% R$ 952,38 Maria
R$ 1.000,000 2% R$ 980,40 Sebastião
*Obs.: o cálculo da marcação a mercado é mais complexo, considerando a taxa de emissão, o prazo em
dias úteis e as perspectivas de mercado. O exemplo se destina somente a fixar o conceito.

Como podemos perceber no exemplo, à medida que a taxa de juros sobe, o valor de mercado do título cai,
porque não haverá investidores dispostos a aceitar a remuneração original do título, se no mercado há
títulos mais rentáveis, ou porque se exige mais por haver aumento de risco, nesse caso o título é
contabilizado com deságio, por um preço menor. O raciocínio é o mesmo para quando a taxa de juros de
mercado cair. O preço do título se elevará, será contabilizado com ágio, por um preço maior, com ágio.
Por isso, uma das formas de memorizar é imaginar uma gangorra, onde em uma parte está o preço do
ativo e na outra a taxa de juros, quando uma sobe, a outra cai.

Outro exemplo de marcação a mercado:


Um título Público Tesouro IPCA+ paga 6% ao ano mais o IPCA. São emitidos novos títulos a 8% + IPCA. Qual
deles você compraria?

Para que um Tesouro IPCA+ com o rendimento menor que o mercado atual se torne atrativo, terá que ser
vendido com deságio. Digamos que o título tenha valor de face de R$ 1.000,00, e for vendido por R$ 900,00,
os R$ 100,00 de deságio mais os 6% empataria com os 8% que o mercado está exigindo (exemplo
hipotético).

29
Não se pode modificar o cupom original do ativo, ou seja, a taxa de juros que foi combinada na emissão.
Para que tenha atratividade resta vendê-lo por um preço menor, que garanta ao seu novo titular a
remuneração vigente de mercado.

3.2.8 Mercado Primário e Mercado Secundário:


Mercado primário: é quando o emissor do título coloca à venda os seus papéis, ou os recompra,
o que ocorre na aplicação e resgate de um investimento, com captação de novos recursos ou
pagamento, alterando o fluxo de caixa. Exemplo: uma empresa emite uma debênture para
captar recursos para um projeto de investimento. O objetivo da empresa emissora do papel é
captar recursos, ou seja, ter mais dinheiro em caixa.
Exemplo 2: A cooperativa capta em RDC, aumenta os recursos administrados.

Mercado secundário: quando um investidor vende a outro investidor os papéis, não altera o fluxo de caixa
do emissor, não há entrada ou saída de recursos, o emissor não se MERCADO
envolve.PRIMÁRIO
Exemplo: Um título público
E SECUNDÁRIO
possui vencimento em 2055 (o resgate só pode ocorrer nessa data, acessando o mercado primário, quando
o Tesouro Nacional pagará o valor e taxa
combinados ao detentor do título). No entanto,
Mercado
como não consegue resgatar porque não é a data do Pri rio Emissor Investidor

vencimento, o investidor que o detém poderá vendê-


lo no mercado secundário para outro investidor,
quando então o título apenas troca de mãos. A
função do mercado secundário é proporcionar Mercado
Secund rio Investidor
Investidor
liquidez ao mercado, quando um investidor não
consegue resgatar o seu dinheiro, o vende para
outro investidor.

30
PRINCÍPIOS DE
INVESTIMENTO

Proporção: De 10 a 20% (3 a 5 questões)

Objetivo: conhecer os principais fatores relacionadas à análise de investimentos: rentabilidade, risco e


liquidez em renda fixa e renda variável, assim como os assuntos principais de finanças pessoais.

31
4.1 Principais Fatores de Análise de Investimentos
4.1.1 Rentabilidade
Ao analisar um investimento, é preciso verificar o valor de resgate e o valor da aplicação, sendo que a
diferença é o rendimento do período.
4.1.1.1 Rentabilidade Absoluta: é medida em valores ou percentual, mas não demonstra um
critério de avaliação, pois não há parâmetros de comparação. Uma taxa nominal é considerada
absoluta, pois não está sendo comparada com outro indicador. Exemplo: 10%.
4.1.1.2 Rentabilidade Relativa: é a rentabilidade comparada a um benchmark de mercado, é
avaliada em percentual sobre um indicador de referência. Exemplo: 98% do CDI, 110% do Ibovespa.

4.1.1.3 Rentabilidade Bruta: não está descontado os impostos. Os juros descritos no contrato são
rentabilidade bruta, e incidirão sobre o capital. Os impostos são obrigações do investidor sobre seus
ganhos de capital, e podem modificar ao longo do tempo de acordo com a tabela de aplicação.

4.1.1.4 Rentabilidade Líquida: é quando os impostos são descontados do valor divulgado. A rentabilidade
líquida exige alguns cuidados na divulgação, pois em alguns produtos há alíquota única de imposto de
renda, mas em outros, há redução de alíquotas de acordo com o tempo, o que poderia causar confusão em
comparações, por isso não costuma ser utilizada como parâmetro de referência. Quando for utilizado para
comparação de produtos diferentes, onde um deles tenha isenção de IR (Ex.: CDB com LCA), é obrigatório
conter os avisos das diferenças dos produtos.

4.1.2 Liquidez
Liquidez é a capacidade de transformar um investimento em dinheiro, a qualquer momento,
por um preço justo. A falta de liquidez faz com que seja difícil vender um ativo, ou porque há
pouco dinheiro no mercado, ou porque há poucos compradores interessados. Já um mercado
líquido significa que há abundância de recursos e as pessoas estão comprando mais. Com mais liquidez,
aumenta-se o fluxo de recursos na economia, o que pode trazer aumento de inflação, pois com mais
dinheiro circulando, há maior demanda por produtos e serviços.

4.1.3 Risco
Risco é a possibilidade de obter perda parcial ou total do capital investido por fatores adversos aos
inicialmente previstos.

4.1.3.1 Principais Riscos do Investidor


Risco de Crédito: ocorre quando o devedor ou emissor de um título não honra seus compromissos
(inadimplência). Também chamado de risco de emissor.

4.1.3.2 Risco de Liquidez: é a dificuldade de converter um investimento em dinheiro. Quando um investidor


quer vender um ativo e não há compradores, incorre em risco de liquidez, pois não consegue vender.
Algumas vezes, aceita-se um valor menor do que o ativo vale pela necessidade do dinheiro
(negociação). Continua valendo o preço integral, mas aceita um preço injusto para se desfazer do
ativo.
*Preste atenção na diferença dos conceitos: liquidez é a facilidade de converter um ativo em
dinheiro, é dinheiro circulando no mercado; já o risco de liquidez é a dificuldade de converter um ativo em
dinheiro, é restrição.

4.1.3.3 Risco de Mercado: são oscilações das taxas de juros ou preço de um ativo (volatilidade); ocorre em
ativos com juros prefixados, devido a duas situações:
1. A taxa prefixada trava uma rentabilidade. Se os juros no mercado subirem, o investidor recebe
menos que o mercado;

32
2. Se o investidor precisar vender o ativo antes do vencimento, e as condições de mercado forem
diferentes, terá o valor do ativo impactado pela marcação a mercado (veja o conceito no capítulo
3).

Risco de mercado externo: O mercado externo interfere diretamente no comportamento dos ativos.
Eventos como alteração na taxa de juros de outros países, taxa de câmbio, questões internacionais
tributárias, regulatórias e legais, assim como questões políticas internacionais podem acarretar em
valorização ou desvalorização dos ativos nacionais.

4.1.3.4 Riscos ASG (Ambiental, Social e Governança)

As classificações e análises de crédito devem incorporar em suas análises, de forma sistemática e


transparente, os fatores ASG (em inglês: ESG Environmental, social and corporate governance). Os fatores
ambientais, sociais e de governança (ASG) podem afetar os fluxos de caixa e adimplência dos emissores
de dívida (títulos de renda fixa), assim como o desempenho das ações em valorização e distribuição de
lucros (renda variável).

A inclusão de fatores ASG na análise da empresa ajuda a obter melhores avaliações de risco e a perceber
ameaças e oportunidades de crescimento da empresa. A implementação de critérios de avaliação ASG na
política de investimento complementa as avaliações convencionais ao destacar os riscos que não são
percebidos pela análise tradicional, principalmente os riscos de longo prazo. Dessa forma, a análise fica
mais completa e eficaz.

Para as empresas, cuidados com mudanças climáticas, relações trabalhistas inapropriadas ou a falta de
transparência em práticas contábeis podem causar perdas e ineficiências, pressões regulatórias e
impactos reputacionais.

Para o governo, na emissão de títulos públicos, os riscos relacionados com a gestão dos recursos naturais,
às normas de saúde pública, corrupção e outros, podem afetar as receitas fiscais, exportações e
importações e até os investimentos estrangeiros no país.

Riscos ASG em Renda fixa


a. Análise de crédito: o rating do emissor deve conter itens sobre as estratégias de investimento que
possam impactar a capacidade de pagamento da empresa, como por exemplo riscos de desastres
ambientais, rotatividade e riscos trabalhistas, etc.
b. Prazo dos títulos e adequação a projetos de curto, médio e longo prazos, considerando o fluxo de
caixa e planejamento das empresas emissoras. Por exemplo, se uma empresa emite títulos com
prazo não compatível com o retorno dos projetos, pode ter dificuldade de adimplência.
c. Rentabilidade: realizar comparativos com relação aos resultados de empresas do mesmo setor que
não adotam critérios ASG, e identificar os fatores de impacto, com relação a produtividade,
eficiência e administração de riscos, entre outros.

Risco ASG em renda fixa: impacto na


Riscos ASG em Renda variável
adimplência, prazos compatíveis e
a. Valor da empresa (Valuation): modelos que
rentabilidade.
agregam descontos ou prêmios na avaliação da
empresa, de acordo com a adesão a critérios de Risco ASG em renda variável: valorização
sustentabilidade. da empresa, adequação a novas realidades
b. Orçamento dinâmico ou revisado (Forecasts): é uma e efetividade dos critérios adotados.
expressão usada na área administrativa financeira
das empresas, também chamado de “orçamento revisado”, é um método de previsão, análise e

33
revisão de um orçamento, e leva em consideração estratégias de investimento que impactam em
receitas, custos, fluxo de caixa e outros indicadores.
c. Análise de sensibilidade: desenvolver simulações de cenários complexos para identificar quais
critérios e políticas ASG serão mais efetivas na gestão de riscos.

4. 2 Fatores Determinantes para Adequação dos Produtos de Investimento às Necessidades dos


Investidores
4.2.1 Objetivos de investimento: ao fazer um plano de investimentos, o investidor, além de considerar o
seu perfil, deverá observar questões específicas aos objetivos dos investimentos. Cada objetivo traz uma
necessidade e uma indicação de produtos. Entenda o objetivo para saber as necessidades e com isso
indicar produtos compatíveis.

Veja os exemplos abaixo:


Ob eti o Necessidade Produtos indicados

Reservas Bai o risco e alta liquidez Produtos inde ados ao CDI ou Selic.

Projetos Acumulação de recursos Fundos de renda a e multimercados.

Aposentadoria Render mais do que a in ação Produtos atrelados ao IGP-M ou IPCA.

Alavancagem Alto risco e bai a liquidez Ações, fundo de ações, multimercados, derivativos.

Capacidade de assu ir risco situação nanceira, prazo dos projetos.

Toler ncia a risco depende do per l

4.2.2 Horizonte de tempo: O investidor, ao definir sua carteira de acordo com os seus objetivos, possui
horizontes de tempo para cada um deles, ou seja, um prazo adequado para a utilização do recurso.

Exemplos:
• Reservas para emergência precisam ter liquidez diária, ou horizonte de tempo curto, porque
podem ser utilizados a qualquer momento.
• Aposentadoria: o horizonte deve ser superior a 10 anos, para ter tempo de juntar o montante e
buscar rentabilidade compatível aos objetivos.
• Ações: horizonte de tempo superior a 2 anos, pois pode haver períodos de oscilações e é preciso
ter tempo para escolher o melhor momento de comprar ou vender.

4.2.3 Relação entre risco X retorno X liquidez


Risco, retorno e liquidez são três fatores importantes na escolha de investimentos, e devem ser analisados
para chegar a uma alternativa em que se busque a melhor relação para o investidor de acordo com cada
situação.

Sobre risco é importante avaliar:


a. Capacidade de tomar risco: depende do montante total dos recursos disponíveis, sua estrutura de
gastos e quando irá utilizar o recurso. É preciso entender os objetivos e necessidades de curto,
médio e longo prazos e as consequências de uma eventual perda em um momento em que poderia
precisar do dinheiro.

34
b. Disposição de tomar risco: é o perfil do investidor, que engloba questões pessoais e subjetivas. É o
quanto o investidor se sente confortável com o risco de um
+ risco = + retorno investimento para o retorno que pretende alcançar.
Quanto maior o risco, maior a probabilidade de rentabilidade
- liquidez = + retorno
(retorno).
- liquidez = + risco Quanto menor a liquidez, maior a probabilidade de rentabilidade.
Quanto menor a liquidez, maior o risco assumido, pois pode precisar
+ liquidez = - risco - retorno
do dinheiro e não conseguir sacar.
Quanto mais liquidez, menos risco e menos retorno.

4.3 Risco em ações


Em ações, não há risco de crédito, pois o investidor não é credor, não emprestou dinheiro para a empresa;
ele, ao adquirir ações, se tornou dono do negócio, assumindo o risco pelo mesmo.

4.3.1 Risco de Liquidez


O risco de liquidez se expressa no momento em que um investidor quer vender suas ações e não encontra
compradores com facilidade. Há empresas cujas ações têm mais negociação, consideradas ações líquidas,
e as ações de baixa liquidez, que possuem poucos negócios. As ações que compõem o índice Ibovespa
possuem alta liquidez, porque são facilmente negociadas nos pregões diários da bolsa.

4.3.2 Risco de Mercado


O risco de mercado, de oscilação de preços, se subdivide em:
a. Risco sistemático: Refere-se a fatores externos da Risco sistemático: não diversificável,
empresa, como mudanças na economia nacional e dificulta se proteger das oscilações.
internacional, crises, questões políticas e de Risco não sistemático ou específico:
relacionamento entre países. Atinge o mercado em maior diversificável, os “ovos em várias
ou menor escala, e não há como se proteger, porque afeta cestas”.
todo o mercado. Por isso, é chamado de risco não
diversificável.
b. Risco não-sistemático ou específico: é o risco que depende de fatores relativos a um setor da
economia ou específicos de uma empresa. Se um setor ou empresa for atingido, não afeta as
demais. Exemplo: uma empresa tem seus executivos processados por fraude, atingirá apenas a ela.
Por isso, esse risco é diversificável, ou seja, ao adquirir ações de diferentes segmentos, o investidor
poderá diversificar os riscos específicos.

Modelos matemáticos e estatísticos comprovam que carteiras diversificadas possuem risco menor do que
se cada ativo fosse analisado separadamente, em virtude das combinações dos riscos e retornos de ambos.

4.4 Finanças Pessoais


O planejamento financeiro é o primeiro passo para estabelecer a situação financeira e
patrimonial, individual ou familiar. O orçamento é uma importante ferramenta para a obtenção
dos objetivos, pois permite controlar melhor o dinheiro e planejar o futuro com segurança e
confiança.

4.4.1 Orçamento e acompanhamento


O primeiro passo do planejamento financeiro é identificar todos os rendimentos e todas as despesas. Esta
tarefa consiste em calcular quanto se ganha e quanto se gasta.

Itens que devem ser previstos em um orçamento:


• Receitas: qual a estimativa de recebimento mensal e anual, entradas periódicas e eventuais;
• Despesas: separar despesas de manutenção e consumo, assim como as despesas fixas e variáveis;

35
• Investimentos: é indicado que o orçamento familiar preveja uma parcela para os investimentos, não
inferior a 10%, para a formação de reservas para emergências, aposentadoria e projetos;
• Dívidas: se houver, especificar o valor comprometido com todas as dívidas, como empréstimos,
financiamentos, parcelamentos no cartão de crédito ou outros meios. As parcelas das dívidas não
devem ultrapassar 30% da renda.

Além do orçamento, é importante fazer o acompanhamento das receitas e despesas mensais, ou seja, do
fluxo de caixa, as reais entradas e saídas, para as devidas adequações e ajustes ao que foi planejado, ou
em frente a eventuais modificações de cenários.

Fluxo de caixa e situação financeira


O fluxo de caixa é a entrada e saída de dinheiro, efetivamente. Enquanto o regime de competência é o
período em que uma receita ou despesa foi gerada, o regime
de caixa significa quando efetivamente impactou no saldo. Atenção: Jamais parcele contas de
consumo, como combustível,
Nem sempre ocorre o recebimento das receitas geradas durante supermercado, energia, educação,
etc., pois ocorrem todos os meses.
o mês. Pode haver parcelamento ou então inadimplência. Da
mesma forma, as despesas realizadas em um mês podem ter
vencimento em meses seguintes, através de prazo ou parcelamentos.

O descuido com o fluxo de caixa pode acarretar em problemas financeiros, com o não recebimento de
receitas por trabalhos já realizados ou pelo acúmulo de despesas realizadas a prazo. Imagine um
consumidor que parcela a conta do supermercado em 3 vezes. No mês seguinte, terá a nova compra mais
a parcela do mês anterior, e essa atitude pode virar uma bola de neve, com impactos significativos na
construção do patrimônio e gestão das finanças pessoais.

Por isso é importante ter um valor de reserva, que possa ser utilizado em eventuais
desencaixes, sazonalidades ou mesmo em emergências, lembrando que os recursos em
reserva de emergência devem ser aplicados em investimentos com liquidez e baixo risco,
como, por exemplo, investimentos atrelados à taxa DI.

4.4.2 Balanço Patrimonial


O Balanço Patrimonial é o levantamento patrimonial de uma pessoa ou família, anotando todos os bens e
dívidas, onde a diferença entre estas duas contas será o patrimônio líquido.

Ativos: é o valor de todos os bens, calculados pelo seu valor de mercado.

Passivos: o passivo é composto por capital de terceiros (dívidas) e capital próprio. Na contabilidade, o valor
dos ativos é igual ao valor dos passivos, isso porque o passivo, considerado
obrigações, é subdividido entre obrigações com terceiros e patrimônio
próprio, aquilo que pertence de fato ao proprietário. Se
fosse uma empresa, seria o capital que a empresa deve
para o dono. O saldo de todas as dívidas, formais e
informais é o passivo exigível, a origem de recursos que
pertence a terceiros.

Patrimônio Líquido: é a diferença entre os bens (ativos) e


as dívidas (passivo exigível).

4.4.3 Índices de endividamento


Cálculo do Índice de endividamento (ou Grau de endividamento GE):
O endividamento pode ser calculado de duas formas:
a) Índice de endividamento mensal (ou índice de comprometimento mensal): é o quanto da renda
mensal está comprometida com dívidas e parcelamentos. É o cálculo da capacidade de
pagamento.

36
1. Some todas as suas dívidas (parcelas mensais);
2. Calcule o seu salário mensal; O índice de endividamento
mensal, para ser
3. Divida o total das dívidas pelo salário;
considerado administrável,
4. O resultado, multiplicado por 100 (para ser apresentado de não pode ser superior a 30%
forma percentual), é o índice de endividamento mensal. da renda.

b) Índice de endividamento patrimonial: é obtido através


Se o índice de endividamento patrimonial
do cálculo das dívidas totais (que são o passivo exigível)
(GE) for superior a 100%, significa que o
dividido pelo total dos bens.
patrimônio não é suficiente para pagar as 1. Some o total das dívidas;
dívidas, e deverá gerar mais receitas para 2. Some o total dos bens;
esse fim. 3. Divida o total das dívidas pelo total dos bens;
4. O resultado, multiplicado por 100 (percentual), é o
índice de endividamento patrimonial.

37
FUNDOS DE
INVESTIMENTO

Proporção: 20% a 30% (10 a 15 questões)

Objetivo: Conhecer a forma de constituição e funcionamento dos fundos de investimento, suas


classificações e tributação.

38
5.1 Definições Legais
Um Fundo de Investimento é um condomínio que reúne recursos de um conjunto de investidores, com o
objetivo de realizar investimentos financeiros dos recursos de seus participantes.

Os cotistas são os titulares (proprietários) das cotas dos Fundos de Investimento. Um fundo pode ter um
único investidor, quando então é chamado de fundo exclusivo, ou vários investidores, onde o número de
participantes é ilimitado.
Caracteriza-se por ser uma prestação de serviços sob regime de melhores esforços, ou seja, a instituição
financeira, que administra o fundo, cobra uma taxa de administração dos recursos dos investidores, de
acordo com a política de investimentos de cada fundo.

Não conta com nenhuma garantia do Fundo Garantidor de Créditos- FGC, da Anbima ou do administrador.
Se ocorrer de o administrador entrar em liquidação financeira (como se fosse uma falência), os cotistas
farão assembleia trocando o administrador, por isso não há necessidade da garantia do FGC.

Eventuais perdas que o fundo possa ter são de responsabilidade do cotista (investidor), porque o fundo
tem uma personalidade jurídica, e o cotista, ao aplicar, se torna “sócio do negócio”. O que o investidor deve
observar é o regulamento do fundo, em especial a sua classificação de risco e política de investimentos.
Caso o fundo tenha perdas em virtude de explorar mercados e riscos não autorizados, o investidor arcará
com o prejuízo, mas poderá executar judicialmente o administrador pela perda.
A Anbima, entidade de apoio e autorregulação, possui
a função de receber os documentos (regulamento,
formulário), analisar e certificar se está de acordo com
Fundos de
In esti ento
as regras. Isso não representa uma garantia do
investimento.
O investimento através de fundos dilui os custos de
administração da carteira entre os participantes, o que
é um benefício importante.

Debêntures ítulos
Públicos
CDB Ações Patrimônio Líquido de um fundo: é o recurso total
investido. Esse recurso tem origem na soma dos saldos
individuais dos investidores, que se torna um único
montante para investir no mercado de acordo com os objetivos constantes em cada regulamento.

Riscos dos ativos individuais versus riscos da carteira: se considerarmos os valores individualmente de
ativos no investimento eles possuem riscos maiores do que se forem correlacionados em uma carteira.
Exemplo: Imagine um investimento único de R$ 100.000,00. Se, por exemplo, houver inadimplência do
emissor, a perda é total. Agora considere esse título dentro de um fundo, com patrimônio líquido de R$
100.000.000,00, havendo a inadimplência, representará 0,1% de perda.

O investimento em fundos traz como benefícios:


a. Diversificação: Possibilita o acesso a diversas modalidades de investimento, com baixos valores.
b. Acessibilidade: acesso a diversos mercados, que individualmente não conseguiria nas mesmas
condições.
c. Profissionalização: Possibilita ter os investimentos administrados profissionalmente, sem que o
investidor tenha que dominar a utilização de sofisticado instrumental de análise.

5.1.1 Fundos de Investimento (FI) e Fundos de Investimento em Cotas (FIC):


5.1.1.1 Fundos de Investimento: Em sua política de investimento, estipula que o FI - Fundo de Investimento
pode investir em ativos livremente, escolhendo diretamente seus papéis, como títulos públicos, CDB’s,
ações, debêntures, etc;

39
5.1.1.2 Fundos de investimento em Cotas: Os FICs possuem em sua política de investimento a
obrigatoriedade de comprar no mínimo 95% de seu Patrimônio Líquido, em cotas de outros
Fundos de Investimento. Os outros 5% são de livre administração. Ao invés de escolher
diretamente os papéis no mercado para a composição de sua carteira, o fundo adquire cotas de
fundos, sendo permitido comprar cotas de um único FI ou de vários FIs. Nesse formato, a taxa de
administração do fundo não é fixa. Ela pode ser prevista com uma banda (Exemplo: taxa de administração
de 1,2% a 2,2%), porque em sua cobrança irá considerar a taxa de administração dos fundos onde irá
comprar as cotas, mais a taxa de administração do próprio fundo (exemplificando: poderia ser a taxa de
administração dos fundos que adquire as cotas entre 1% e 2% mais 0,2% de sua taxa).

5.1.2 Fundos Abertos e Fundos Fechados


5.1.2.1 Fundo Aberto: Admite movimentações a qualquer momento (Aplicação e Resgate). O
número de cotas é variável, sendo que aumenta com as aplicações e diminui com os resgates e
come-cotas (que veremos no item tributação em fundos).

5.1.2.2 Fundo Fechado: Nesse tipo de fundo, aquisição de cotas é limitada por um prazo, na
abertura do fundo, para o início de suas atividades. Depois disso, os fundos começam a operar
e não recebem novos aportes. Alguns fundos fechados não possuem período de resgate
(Exemplo: fundo imobiliário) e outros possuem a possibilidade de vencimento para retirada do recurso
(Exemplo: fundo de direitos creditórios). Se o investidor quiser o seu dinheiro, poderá vender suas cotas no
mercado secundário, para outro investidor.

Imagine o seguinte cenário: para construir uma casa, é preciso recurso para adquirir os materiais de
construção e construir o imóvel. Se após o bem ficar pronto, o investidor quiser seu dinheiro de volta, não
poderá destruir a casa e vender o material utilizado. Para reaver seu dinheiro, poderá vender o imóvel
para outra pessoa (o que é chamado de mercado secundário, onde o dinheiro não voltou à origem, mas o
bem trocou de mãos).
Os fundos fechados podem vender suas cotas na Bolsa de valores, como se fossem ações. Por exemplo, em
um fundo imobiliário, onde, mesmo com valores pequenos, um investidor pode ter uma fração de um
imóvel e receber os aluguéis e valorização proporcionais ao valor investido.

5.1.3 Constituição e registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM)


Um fundo precisa da autorização da CVM para funcionar, pois cabe a ela a regulação e fiscalização dos
fundos de investimento, buscando a proteção do investidor. A Instrução CVM No. 555 dispõe sobre a
constituição, a administração, o funcionamento e a divulgação de informações dos fundos de investimento.

Cabe à ANBIMA auxiliar na construção, modernização e aperfeiçoamento da legislação de fundos de


investimento, influenciar e dar suporte à indústria de fundos para explorar adequadamente as
oportunidades de crescimento e melhorar constantemente seus pilares. O administrador deverá enviar os
documentos do fundo à Anbima para avaliação prévia e conferência de adesão às normas. Somente após
a conferência da Anbima, o administrador enviará a documentação à CVM para buscar a autorização de
funcionamento e captação de recursos.

5.1.4 Comunicação com o cotista


As informações ao cotistas, como comunicações, envio de documentos, divulgação ou disponibilização de
fatos relevantes e informações dos investimentos podem ser feitas por meio físico ou eletrônico.
As despesas do fundo são debitadas do patrimônio do fundo, afetando a rentabilidade do cotista.

5.1.5 Cota. Valor da cota e transferência de titularidade


Cota: É um valor mobiliário que corresponde à fração do patrimônio líquido do fundo. São regulados e
fiscalizados pela CVM. Quando um fundo inicia suas atividades, uma cota vale R$ 1,00. Após isso,

40
diariamente, terá impacto da valorização ou desvalorização dos ativos que o compõe, junto com as
despesas do fundo que são debitadas (deduzidas) do Patrimônio Líquido do mesmo.
O valor da cota é calculado dividindo o
Valor dos ativos – despesas do fundo valor do patrimônio líquido (que é
Valor diário da cota = composto do valor dos ativos marcados a
mercado menos as despesas do fundo)
Número de cotas
pela quantidade de cotas. Dessa forma,
diariamente, o valor da cota é impactado
pelas despesas e rendimentos.

O número de cotas é impactado de três formas:


a. Novo aporte: quando um investidor faz um aporte, ele adquire cotas, aumentando a quantidade.
b. Resgate de cotas: a quantidade de cotas diminui com o resgate.
c. Pagamento de imposto de renda: são resgatadas cotas (evento chamado de come-cotas) para o
pagamento semestral de imposto de renda nos fundos de investimento, com exceção dos fundos
de ações e fundos fechados que não possuem o come-cotas.

Transferência de titularidade:
a. Fundos fechados: as cotas de fundos fechados podem ser vendidas para terceiros (mercado
secundário), havendo a troca da titularidade. A formalização implica em assinatura de termo de
cessão e transferência ou em bolsa, quando já é previamente autorizado.
b. Fundos abertos: normalmente há aplicação e resgate. No entanto, a transferência de cotas é
permitida nos seguintes casos: decisão judicial ou arbitral, operações de cessão fiduciária,
execução de garantia, sucessão universal, dissolução de sociedade conjugal ou união estável por
via judicial ou escritura pública que disponha sobre a partilha de bens e transferência de
administração dos bens.

5.1.6 Propriedade dos ativos dos fundos de investimento – excluindo fundos imobiliários
Os ativos que compõem um fundo de investimento são de propriedade dos cotistas, onde o administrador
recebe uma taxa pela administração dos recursos. Para caracterizar a propriedade dos ativos, cada fundo
tem um CNPJ, com exceção dos fundos imobiliários.

*FII - Fundos de Investimento Imobiliário: possuem características diferentes dos demais fundos,
onde a propriedade fiduciária dos ativos é do administrador. Ou seja, os recursos captados são
reunidos e investidos em imóveis ou títulos, não há segregação de recursos, ou seja, há risco de
crédito se o administrador for liquidado.

5.1.7 Segregação entre gestão de recursos próprios e de terceiros: barreira de informação


Chinese Wall ou barreira de informação – É a exigência de segregação entre os recursos da instituição e
os recursos de terceiros. O objetivo é evitar conflito de interesse, através da segregação financeira e
administrativa entre a tesouraria do banco e o patrimônio líquido de cada fundo de investimento. Com
isso, o dinheiro dos cotistas não se mistura com os recursos captados pela Instituição Financeira e é
destinado exclusivamente ao objetivo do fundo.

Por exemplo, o dinheiro que uma Instituição Financeira capta em CDB, que veremos no capítulo 6, ou RDC
na Cooperativa, pode ser emprestado a outros clientes/associados, onde a Instituição Financeira ganha
um spread (ganho financeiro entre custo de captação de recursos e rendimento no empréstimo do mesmo).
Já o dinheiro captado para um fundo de investimento deverá comprar papéis de acordo com a política de
investimento. Já imaginou se os valores ficassem misturados, como faria para verificar qual rentabilidade
é de que fonte, se é da instituição ou do fundo? Por isso a barreira de informação é obrigatória, para
segregar e evitar conflitos.

41
Segregação de funções e responsabilidades
Assim como os recursos devem ser segregados, há a exigência de segregação de funções. A Pessoa Jurídica
pode ser a mesma nas diversas funções, mas na organização interna, pessoas distintas devem
desempenhar os diferentes papéis. São eles:
Administrador – Responde por toda a parte administrativa do fundo. É o representante legal dos
investidores. Responde civil e criminalmente pela gestão, supervisão, acompanhamento e
informações do fundo. Responde à CVM e ao mercado. Faz a marcação a mercado a partir das
informações enviadas pelo custodiante, somando o valor dos ativos e deduzindo as despesas a
provisionar. Divulga a rentabilidade dos fundos e dá publicidade às informações.

Gestor – É o responsável pela escolha e negociação dos ativos que compõem a carteira, de
acordo com a política de investimento. Quando um investidor adquire cotas, o gestor compra
papeis no mercado para valorizar o PL. Quando um investidor resgata do fundo, o gestor deverá
vender ativos para pagar o resgate.

Distribuidor – É o responsável pelo contato com os cotistas, cadastro e atualização cadastral,


análise de perfil do investidor, guarda do termo de adesão e demais documentos. Realiza as
aplicações e resgate junto ao administrador por conta e ordem do investidor.

Custodiante: É o responsável pela "guarda" dos ativos do fundo, nas respectivas câmaras de
liquidação e custódia. Responde pelos dados e envio de informações dos fundos para os gestores
e administradores.

Auditor independente: Audita anualmente as demonstrações financeiras dos fundos e notas


explicativas.

5.1.8 Assembleia geral de cotistas (convocação, competências e deliberações)


Assembleia Geral de Cotistas é a reunião dos cotistas para deliberarem sobre assuntos referentes ao
Fundo. A convocação é obrigatória a todos os cotistas com pelo menos 10 dias de antecedência, e deve
ser realizada em até 120 dias (primeiro quadrimestre) após o término do exercício social do fundo.

Quem pode convocar uma assembleia:


a. O administrador;
b. O gestor;
c. O custodiante;
d. O cotista ou grupo de cotistas que detenham no mínimo, 5% do total das cotas.

A Assembleia Geral delibera sobre:


a. As demonstrações contábeis apresentadas pelo administrador;
b. A substituição do administrador, gestor ou custodiante do fundo;
c. A fusão, incorporação, cisão, transformação ou liquidação do fundo;
d. O aumento da taxa de administração, da taxa de performance ou das taxas máximas de custódia;
e. A alteração da política de investimento do fundo;
f. A emissão de novas cotas, no fundo fechado;
g. A amortização e o resgate compulsório de cotas, caso não previstos no regulamento; e
h. A alteração do regulamento.

Os seguintes itens NÃO precisam de assembleia geral:


• Redução da taxa de administração.
• Atualização de dados cadastrais do administrador ou dos demais prestadores de serviços.
• Exigências legais ou de regulamentação.
As alterações devem ser informadas imediatamente aos cotistas e à CVM.

42
5.1.9 Direitos e obrigações dos cotistas
Direitos do cotista:
Ao investir em um fundo, o cotista adquire cotas, se tornando uma espécie de “sócio” do fundo, assina o
termo de adesão, ou seja, adere às regras, concordando com o regulamento e adquire os mesmos direitos
e deveres dos demais cotistas, independentemente da quantidade de cotas que possui.

Deveres do cotista:
- Atestar que tem ciência dos riscos e termos do regulamento;
- Aportar recursos em caso de PL negativo do fundo;
- Pagar taxa de administração e outras despesas do fundo;
- Observar as recomendações de prazo mínimo e riscos;
- Comparecer nas Assembleias;
- Fornecer dados cadastrais e documentações atualizados.

5.1.10 Divulgação de informações e de resultados


Os administradores dos fundos de investimento devem divulgar informações para os cotistas, a CVM e as
entidades do mercado como por exemplo a ANBIMA.

5.1.10.1 Informações periódicas


O administrador deve:
- Divulgar diariamente o valor da cota e o desempenho do fundo no site;
- Disponibilizar extrato mensal, composição da carteira e remeter à CVM o balancete e a composição da
carteira.
- Disponibilizar anualmente a demonstração do desempenho do fundo para os cotistas, assim como enviar
à CVM as demonstrações contábeis com parecer do auditor independente.

5.1.10.2 Atos ou fatos relevantes


O administrador deve informar aos cotistas e à CVM todos os fatos relevantes ocorridos ou relacionados
ao fundo, que possam impactar o valor das cotas ou na decisão do cotista de adquirir, vender ou manter
suas cotas. Os fatos relevantes devem ser mantidos nos sites do administrador e do distribuidor sendo
divulgados eletronicamente aos cotistas.

5.1.11 Administração
5.1.11.1 Direitos, obrigações e vedações do administrador
O administrador tem poderes para praticar os atos necessários ao funcionamento do fundo, sendo
responsável pela constituição do fundo, pela prestação de informações à CVM e contratação de terceiros,
sendo responsável por seus atos.

Direitos do administrador: receber a remuneração pactuada, cobrar as obrigações do cotista e exercer


suas atividades de acordo com o regulamento.

Obrigações do administrador:
• Fornecer o regulamento e a lâmina, quando houver, a todos os cotistas.
• Diligenciar para que toda a documentação e registros do fundo sejam mantidos atualizados e em
perfeita ordem.
• Manter serviço de atendimento ao cotista.
• Fiscalizar os serviços dos prestadores de serviços.
• Observar as disposições dos normativos que regulamentam o mercado.
• Adotar políticas e procedimentos para que a composição da carteira e liquidez estejam de acordo com
o previsto no regulamento.

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Vedações do administrador: realizar atos de liberalidade que prejudiquem o fundo ou que contrariem seu
regulamento.

5.1.11.2 Normas de conduta


O administrador e o gestor devem adotar normas de conduta que possibilitem a:
• Buscar as melhores condições para o fundo de acordo com o regulamento;
• Exercer ou certificar-se do exercício de todas as atividades do fundo;
• Adotar diligências para assegurar os direitos do fundo, adotando medidas judiciais se necessário.

O administrador e gestor devem zelar pela integridade do fundo, assegurar que as ações tomadas estejam
de acordo com a política de investimento e proteger os interesses dos cotistas.

5.2 Dinâmica de aplicação e resgate


Ao aplicar em um fundo, o valor deverá ser convertido em quantidade de cotas pelo valor correspondente,
assim como a quantidade de cotas será convertida em reais por ocasião do resgate.
Exemplo: imagine que você vá comprar leite, você tem R$ 100,00 e cada caixa custa R$ 5,00. Você comprará
20 caixas de leite. Se ao final de 2 meses você for vender suas 20 caixas de leite e elas estiverem com valor
de R$ 5,50 você receberá R$ 110,00. O mesmo acontece em fundos, o investidor compra cotas do fundo
pelo valor de cada cota.
O valor da cota para a conversão em quantidade de cotas, ou a operação inversa por ocasião do resgate,
respeitará o prazo de cotização, ou seja, qual a cotação a ser utilizada para realizar a conversão de
dinheiro em ativo na aplicação e de ativo em dinheiro no resgate.

Prazo de cotização: É o prazo a partir da aplicação ou pedido do resgate para conversão do valor investido
em quantidade de cotas ou das cotas em dinheiro.
Na aplicação, o prazo e cotização poderá ser:
a. D+0 (valor da cota do dia da aplicação); ou
b. D+1 (valor da cota do dia seguinte à aplicação).
No resgate, o prazo para a conversão de cotas será de acordo com o regulamento do fundo, não há
delimitador na legislação. Por isso, a cotização ocorrerá conforme a previsão do regulamento.

Importante lembrar que dentro do prazo de cotização, todas as oscilações, sejam positivas ou negativas,
incidem sobre o valor da cota.

Outro aspecto relevante é se o valor da cota será o da cota de abertura ou de fechamento:


Cota de Abertura: Calculada no início do dia (considerando o Patrimônio Líquido do dia anterior + CDI de
um dia). Usado em fundos conservadores de Renda Fixa.
Cota de fechamento: Apurado no encerramento do dia, reflete mais fielmente o Patrimônio Líquido do
fundo. Obrigatório para fundos de ações, cambial, multimercado, FIEX (Fundos com maior risco e
oscilações).

Exemplo: no exemplo acima, da compra do leite, o armazém diz que você poderá comprar o produto, mas
que a cotação da caixa será o valor do final do dia seguinte, equivale a dizer: D1 cota de fechamento. Se
no final do dia seguinte, a caixa de leite estiver R$ 5,56, você só conseguirá 18 caixas de leite (no dia da
ordem de compra custava 5,00, e dava 20 litros). Se o valor da cota tivesse caído, a lógica seria a mesma,
poderia comprar mais litros de leite.
Agora digamos que você vai revender este leite, transformando o produto em dinheiro novamente. Aí pede
o “resgate”, e vamos considerar que o “regulamento do e emplo”, prevê a cotização no resgate de D5 cota
de fechamento. Você só saberá o valor do resgate no final do quinto dia. O regulamento também deve
deixar claro se são dias úteis ou corridos.

44
Prazo de liquidação financeira -É o tempo que demora para o dinheiro (do resgate) ser creditado na conta
do investidor. O mais comum é o pagamento das cotas em D0 (mesmo dia do pedido) ou D+1
(dia seguinte à conversão das cotas). Entretanto, A CVM admite que o prazo de pagamento do
resgate seja processado em até 5 dias úteis, ou seja, após converter as cotas tem até 5 dias para
pagar ao investidor (lembrando deve constar no regulamento).

5.3. Carência e fechamento do fundo


Prazo de carência para resgate: um fundo pode ter liquidez diária, onde pode ser resgatado a qualquer
tempo, com direito aos rendimentos, ou pode ter prazo de carência, que é um período contratado para
que, se houver resgates, o cotista não fará jus aos rendimentos do período. Após o vencimento da carência,
o fundo terá liquidez diária, com direito aos rendimentos desde a aplicação.

Fechamento dos fundos para resgates e aplicações: o administrador de um fundo pode, para proteger seus
interesses ou de seus cotistas, fechar o fundo para novas aplicações ou resgates.
• O fundo fecha para novas aplicações: quando por exemplo, o aumento do patrimônio inviabiliza
alguma estratégia de gestão, quando houver previsão de liquidação do fundo ou quando não houver
mais interesse na captação de novos investimentos. Também pode ocorrer em fundos fechados que
possuem um período estipulado para aquisição de cotas.
• O fundo fecha para resgates: é uma possibilidade que deve estar prevista no regulamento, para casos
de extrema instabilidade do mercado e calamidades. Outra possibilidade é a previsão no regulamento
de fundos fechados, onde o cotista poderá vender suas cotas no mercado secundário.

5.4 Diferenciais do Produto para o Investidor


5.4.1 Acessibilidade ao mercado financeiro
O fundo de investimento permite ao investidor o acesso a mercados que individualmente
poderia não ter capacidade de investir. Por exemplo, investidores qualificados e profissionais
possuem acesso a mercados diferentes, mais complexos e com mais possibilidades, o que pode
acarretar em vantagens aos investidores.

5.4.2 Diversificação
O investimento em condomínio permite diversificar. Por exemplo, se um investidor tem R$ 1.000,00,
conseguirá investir em um ou poucos investimentos. Se juntar com outros investidores, via
fundos, poderá ter diversos papéis na sua carteira. Considere um fundo de renda fixa, que pode
investir em títulos públicos e privados, atrelados a juros ou inflação. Cada título poderá ter
características diferentes de risco, liquidez e rentabilidade. Investindo no fundo, terá cotas do todo, ou
seja, uma fatia de cada um dos ativos do fundo.

5.4.3. Profissionalização
Ao investir em um fundo de investimento, o cotista adere ao regulamento e à política de
investimentos, com isso tem acesso à gestão especializada dos fundos.

5.4.2.1 Riscos dos ativos individuais versus riscos da carteira


O risco de um ativo é medido pela volatilidade, ou seja, o quanto o retorno oscila com relação à sua média.
Um investimento que tem maiores oscilações diz-se que tem maior risco, porque quando quiser sacar pode
ser um período desfavorável, em que esteja com o preço desfavorável ao investidor.
Considerando um conjunto de ativos com riscos e rentabilidades diferentes, a média de seu rendimento
será diferente, terá menos oscilação em relação à média, por isso, uma carteira tem risco menor do que
um ativo analisado individualmente.

45
5.4.2.2 Limites de alocação por emissor e por tipo de ativo: é uma forma de reduzir o risco de concentração
por mercado e por emissor.
5.4.2.2.1 Limite de alocação por emissor: A concentração de ativos em um mesmo emissor
aumenta o risco da carteira, pois se houver inadimplência (se o emissor falir) haverá perdas
para o fundo. Para administrar este risco, há um limite máximo de ativos por emissor, de
acordo com a sua característica:

a. União Federal: máximo de 100% do PL do fundo pode estar aplicado em títulos públicos, porque a
União é considerada zero risco de crédito. Quando um país não paga suas dívidas, entra em
moratória, o país todo sofre, pois ficando inadimplente dá calote a todos os detentores de seus
papéis, como por exemplo investidores individuais, fundos de investimento ou bancos, que
compram estes títulos para rentabilizar suas carteiras.
b. Instituições financeiras: máximo de 20% do PL pode ser aplicado em títulos de emissão de
instituições financeiras, inclusive do próprio administrador, gestor ou empresas a ele coligadas,
como por exemplo CDB, LCA, LCI.
c. Instituições não financeiras de capital aberto: o fundo pode comprar até 10% do PL do fundo em
papéis de emissão de empresas não financeiras de capital aberto, como por exemplo debêntures
e notas promissórias.
d. Instituições não financeiras de capital fechado ou pessoa física: um fundo pode investir até 5% do
PL em um emissor que seja PJ de capital fechado ou pessoa física. Por exemplo, os fundos compram
no mercado secundário CPR Cédula de Produtor Rural, CCB Cédula de Créditos Bancários de PJ ou
PF e outros papéis, possibilitando aos mesmos aumentarem sua rentabilidade.

Quadro limites de concentração por Emissor:

Emissor % Máximo do PL
União Federal (Tesouro Nacional) 100%
Ações de uma única empresa 100%
Instituições Financeiras (inclusive o
20%
próprio administrador) - LCA, LCI, CDB
Instituições não financeiras de capital
10%
aberto – debêntures, notas promissórias
Instituições não financeiras de capital
5%
fechado e pessoa física – CCB, CCI, CPR

5.4.2.2.2 Limites por modalidade de ativos: Além da concentração de ativos por emissor, há a limitação por
tipo de ativos. Praticamente não há limitações, por exemplo, um fundo pode comprar todo o
PL em ações, ou em títulos públicos ou privados.

As limitações são apenas em:

a. Cotas de fundos, se o fundo não for um FIC. Lembre-se que um FIC deve comprar no mínimo 95%
de cotas de um ou vários FIs, é sua essência. Se um fundo não é um FIC Fundo de Investimento em
Cotas (é FI Fundo de Investimento), poderá adquirir apenas 20% de cotas de outros FI. Incluem-se
na limitação todos os demais fundos, como Fundos de índices, Fundos de Direitos Creditórios e
outros fundos estruturados.
b. Certificados de Recebíveis Imobiliários, que são certificados emitidos por empresas
securitizadoras, lastreadas em crédito imobiliário.

Nos demais mercados, não há limitação por modalidade de ativo, ou tipo de papel.

46
Quadro limites por modalidades de ativos:

Tipo de ativo % Máximo do PL


Cotas de FI ou CRI. 20%
Títulos públicos Ilimitado
Ouro Ilimitado
Títulos emitidos por Instituição financeira Ilimitado
Títulos emitidos por Instituição não
Ilimitado
financeira
Derivativos Ilimitado

Exemplo: um fundo pode comprar até 100% de seu PL em CDBs, porém não pode ultrapassar o limite de
20% de cada banco emissor (deve comprar CDB de diversos bancos).

5.4.2.2.3 Limite de exposição em ativos no exterior:


Os fundos de investimento podem comprar ativos no Brasil ou no exterior; no entanto, quanto
a ativos internacionais, possuem algumas limitações de percentuais:

Fundos de investimento no exterior ou FIEX Fundos de Investimento da Dívida Externa: podem investir até
100% de seu patrimônio líquido em ativos no exterior.
Demais fundos: podem adquirir até 20% de seu PL em ativos no exterior, desde que previsto em
regulamento e os mesmos sejam negociados em bolsa.
Investidor qualificado: o limite para fundos destinados exclusivamente a investidores qualificados é de
40% do PL.

Quadro limites de exposição em ativos no exterior


Tipo de ativo % Máximo do PL
Fundos em geral 20%
Fundos para investidor qualificado 40%
Fundos de Investimento no exterior e FIEX 100%

5.4.2.2.4 Fundo de Crédito Privado


Além das regras de concentração por modalidade e emissor, a CVM também definiu um aviso adicional
para os fundos de Investimento (com exceção dos fundos de ações) que tenham mais de 50% de seus ativos
em risco de crédito privado, ou seja, que não sejam de emissão da União Federal.
O fundo de investimento classificado como Curto Prazo, Referenciado, Renda Fixa, Cambial e
Multimercado, que realizar aplicações em quaisquer ativos ou modalidades operacionais de
responsabilidade de pessoas físicas ou jurídicas de direito privado que, em seu conjunto, exceda o
percentual de 50% de seu patrimônio líquido, deverá observar as seguintes regras, cumulativamente
àquelas previstas para sua classe:
I. Na denominação do fundo deverá constar a e pressão “Crédito Privado”;
II. O regulamento, o formulário de informações complementares e o material de venda do fundo
deverão conter, com destaque, alerta de que o fundo está sujeito a risco de perda substancial de
seu patrimônio líquido; e
III. O ingresso no fundo será condicionado à assinatura de termo de ciência dos riscos inerentes à
composição da carteira do fundo.

5.5 Política de Investimento


A política de investimento de um fundo abrange todos os critérios que vão nortear os
investimentos de um fundo de investimento. Nela são definidos o objetivo do fundo, os tipos de

47
papéis e mercados em que o fundo pode aplicar, os percentuais mínimos e máximos em cada papel e quais
os riscos a que o fundo está exposto.

5.5.1 Objetivo de um fundo de investimento:


É o que o fundo quer alcançar de resultados ao investidor, a meta de rentabilidade que servirá como
parâmetro para o fundo trabalhar. Determina o tipo de gestão com relação ao risco do fundo, pois quanto
maior a rentabilidade almejada, maior o risco dos ativos, pois risco e retorno são proporcionais.

5.5.2 Fundos com gestão ativa ou gestão passiva:


5.5.2.1 Fundos com gestão ativa: visam superar um índice de referência. Como sabemos, para melhorar a
rentabilidade, é necessário assumir mais riscos. Pode ser através de estratégias de posicionamento,
alavancagem, através da aquisição de títulos com pouca liquidez ou de emissores com baixo rating. Pode
ocasionar perdas patrimoniais aos cotistas. Exemplo: títulos privados de maior risco de mercado, ativos de
baixo rating, duration (prazo médio) mais longa, ações de segunda ou terceira linha (de empresas menores
ou menos conhecidas), derivativos.

5.5.2.2 Fundos com gestão passiva: também são chamados fundos indexados. O gestor tem menos
liberdade na escolha de ativos, pois o objetivo é acompanhar o benchmark. Desta forma, escolherá apenas
os ativos que fazem parte da carteira do indexador. Exemplo:
• Renda Fixa: acompanham o CDI, Selic, IGPM, etc.
• Renda variável: acompanham o IBOVESPA, IBRX, etc.

5.5.3 Dificuldades de replicação dos índices de referência (benchmarks)


Se um fundo passivo compra papéis atrelados a um índice, não deveria render a mesma coisa?
Porque um fundo DI, muitas vezes, rende menos que o DI, que é seu benchmark, se ele compra
papéis desta classe?
Devido os seguintes eventos:
• Custos: a taxa de administração e outras despesas são descontadas do saldo, incidem sobre o PL, e
com isso impactam a rentabilidade;
• Composição da carteira: Uma carteira pode ter ativos diferentes em sua composição, como
diferentes riscos de crédito, prazo e aderência. Além disso, há um percentual que não precisa
necessariamente estar vinculado ao indexador;
• Marcação a mercado: os ativos diariamente são marcados a mercado, pelo preço que seriam
negociados se fossem vendidos no mercado, o que pode acarretar diferença de rentabilidade, em
comparação ao indicador.
• Preço de compra e venda: O preço de aquisição ou alienação de um título pode ter ágio ou deságio,
e este valor impactará a rentabilidade. Exemplo: um investidor solicitou resgate, e para pagá-lo o
gestor do fundo vendeu um título de R$ 1.000,00 por R$ 990,00 por causa do risco de instabilidade
econômica em um determinado momento, que depois se normalizou. Esses 10,00 são prejuízo do
fundo, neste caso afeta a rentabilidade de todos os cotistas.

5.5.4 Instrumentos de divulgação das políticas de investimento e rentabilidade

5.5.4.1 Regulamento
É o documento completo, registrado em cartório, que dá vida jurídica ao fundo. Cada fundo tem um CNPJ,
tecnicamente é uma empresa, onde seus cotistas (sócios) possuem direitos e obrigações. Só pode ser
alterado com assembleia de cotista, com exceção da redução da taxa de administração, alterações
cadastrais ou exigências legais, onde o administrador pode fazê-lo sem assembleia, mas comunicando
imediatamente a CVM e cotistas.

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5.5.4.2. Formulário de informações complementares
É o documento que contém as informações relevantes do fundo. É um resumo do regulamento, contendo
a política de investimento e principais regras do fundo.

5.5.4.3. Lâmina de informações essenciais


É um documento resumido, com as informações essenciais, política de investimento, regras de aplicação
e resgate e rentabilidade.

5.5.4.4. Termos
O ingresso ao fundo se dá mediante a assinatura do termo de adesão e ciência de riscos: O investidor atesta
que está ciente da política de investimentos e riscos do fundo. O termo de adesão é obrigatório em todos
os fundos de investimento, com exceção do fundo simples. Se o fundo for de crédito privado (possuir mais
de 50% de seu patrimônio líquido em crédito privado), deve incluir destaques do maior risco assumido.

5.5.5. Demonstração de desempenho do fundo


É o documento com as informações periódicas do fundo: rentabilidade mensal, nos últimos 12 meses e
anual, além das despesas que são debitadas do patrimônio do fundo e reduzem a rentabilidade. Traz
também comparativos para facilitar as análises.

5.6 Carteira de Investimentos


Assim como a política de investimentos contém quais papéis o fundo pode ter, quais mercados pode atuar
e quais limites de exposição e riscos pode correr, a composição da carteira possui a lista dos ativos que
efetivamente fazem parte daquele fundo no momento da análise.
Todos os dias pode ter investidores aplicando ou resgatando do fundo, quando então o gestor compra ou
vende papéis de acordo com a necessidade de fluxo de caixa, e com isso, a composição da carteira muda
a todo momento.
O gestor deve respeitar os limites da política de investimentos ao adquirir os papéis. Eventuais
desenquadramentos serão notificados e podem causar sanções ao fundo.
Exemplo: Um fundo de renda fixa, como veremos adiante, deve ter em sua carteira no mínimo 80% dos
ativos em títulos atrelados à taxa de juros ou índice de preços. Se desenquadrar, ou seja, se sua composição
de carteira tiver menos de 80% nos ativos de sua classe, terá 15 dias para se reenquadrar, e se não corrigir
no prazo legal (60 dias para fundo aberto e 180 dias para fundo fechado) deverá convocar assembleia
para transferir o administrador, incorporação com outro fundo ou liquidação do mesmo.

Obs.: Os limites devem ser respeitados para enquadramento legal: modalidade de ativos, diversificação de
carteira e concentração de risco definidos nas diferentes classes de fundos de investimento.

5.6.1 Principais mercados


Juros prefixados: um título possui a rentabilidade prefixada quando é carregado até seu
vencimento. Caso precise vender antes, seu preço será o valor negociado no mercado naquele
dia. Como os fundos são obrigados a fazer o apreçamento de ativos ou marcação a mercado,
quando os juros caem, o valor dos títulos prefixados sobe, dando mais rentabilidade ao fundo, e quando
as taxas de juros no mercado sobem, o valor dos títulos cai, pela aplicação do deságio, para compensar a
rentabilidade nominal. Deve-se também considerar o risco de o emissor falir (risco de crédito) e o risco de
liquidez dos títulos da carteira. Os juros prefi ados são indicados em cenário de queda, porque “travam” a
rentabilidade.
Juros pós-fixados: As taxas pós-fixadas acompanham o mercado, oferecendo menos oscilações,
por isso é considerado mais conservador. Praticamente não sente os efeitos da marcação a
mercado, porque acompanha os seus indexadores. No entanto, deve-se sempre observar,
juntamente com o risco de mercado que neste caso é baixo, os riscos de crédito e liquidez. Os
juros pós-fixados são indicados em cenário de alta da taxa básica de juros no mercado.

49
Câmbio: o risco cambial está presente na oscilação dos preços de uma moeda, e também no cupom de
juros dos ativos. Imagine um caso hipotético onde o dólar é cotado a R$ 3,00, e um ano após seu valor está
R$ 6,00. Neste caso, investimentos atrelados à moeda subiram 100% no período.
Inflação: alguns títulos podem estar atrelados aos indicadores de inflação (IPCA e IGP-M).
Geralmente, pagam uma taxa adicional, um ganho real, como vimos no capítulo 3, sendo uma
taxa prefixada adicional, garantindo uma remuneração acima da inflação. Esses títulos, por
serem mistos, possuem dois riscos: risco da taxa de juros prefixada que compõe a remuneração e risco de
oscilações do indexador de inflação.
Ações: são participações na sociedade de uma empresa, que podem valorizar ou desvalorizar.
Além disso, podem distribuir lucros e proporcionar direitos, como por exemplo subscrições de
novas emissões como vantagens adicionais. O risco da desvalorização ou resultado negativo
deve ser avaliado de acordo com a análise da empresa e condições de mercado.

5.6.2 Apreçamento de ativos ou marcação a mercado: É o ato de atualizar o valor dos ativos dos fundos
para o valor que esses ativos seriam negociados em determinado dia. É a cotação diária de todos os títulos
que compõem a carteira, e é obrigatório para todos os fundos de investimento.

A exceção da obrigatoriedade da marcação a mercado é o fundo exclusivo, pois possui apenas um cotista.
O objetivo da marcação a mercado é evitar a transferência de ativos entre os cotistas, registrando o preço
diário. Se houver apenas um cotista, não é necessário realizar o procedimento. No entanto, poderá ser
realizado para ter mais clareza dos riscos da carteira.

5.6.3 Estratégias de gestão: Alavancagem, posicionamento e proteção (Hedge)


Um fundo pode assumir diversos riscos, assim como utilizar derivativos com diferentes objetivos, de acordo
com sua estratégia de gestão:
5.6.3.1 Alavancagem: é uma técnica que aumenta a possibilidade de retorno através de
investimentos de risco, comprometendo mais do que o capital. Exemplo: vender um
contrato futuro de uma commodity agrícola (soja) sem ter o produto a R$ 150,00 a saca,
e o valor do mesmo disparar no mercado a R$ 190,00 a saca. No vencimento, terá que
comprar o produto no mercado pelo preço de R$ 190,00 e entregar pelo preço do contrato futuro
ao qual se comprometeu R$ 150,00, assumindo o prejuízo. Agora imagine que só tenha R$ 20,00 de
saldo, o prejuízo foi de R$ 40,00, terá que depositar a diferença.

5.6.3.2 Posicionamento: é uma estratégia que permite aumentar os investimentos de risco até um
percentual do PL de um fundo, buscando aumentar a rentabilidade. Exemplo: usar uma parte do
saldo com ativos de maior risco de crédito, ou seja, uma debênture
de uma empresa com classificação de risco elevado. Isto aumenta Os tipos de derivativos
a rentabilidade, mas também pode não receber o principal no caso não fazem parte do
de inadimplência do emissor. conteúdo da CPA10.
Basta saber que são
instrumentos de
5.6.3.3 Hedge: são estratégias utilizadas para proteção
proteção,
de um investimento. Por exemplo, se a taxa de juros posicionamento ou
tende a subir e a carteira possui muitos títulos alavancagem de uma
prefixados, o gestor pode trocar esses títulos por outros, carteira.
pós-fixados, que acompanharão o mercado. Outro exemplo
poderia ser um agricultor que tem uma dívida de custeio agrícola, por segurança, pode vender uma
parte da produção para garantir o preço, com isso ele fez um hedge. Ou seja, protegeu-se de
cenários adversos.

50
5.7 Taxas: de Administração e Outras

As taxas e as despesas do fundo são descontadas diariamente. A rentabilidade divulgada dos


fundos já considera essas deduções, desta forma, é líquida de taxas, porém sempre será bruta
de impostos, como veremos adiante.

5.7.1 Taxa de administração: É a remuneração do administrador. É cobrada pelo gerenciamento do fundo,


expressa ao ano e provisionada diariamente, ou seja, impacta diariamente o valor da cota, e é recolhida
mensalmente. A base de cálculo é o patrimônio líquido diário, por isso, mesmo se houver rentabilidade
negativa, será cobrada, pois o rendimento foi negativo, mas o saldo que é a base de cálculo é positivo.
Quanto maior a taxa de administração, maior o impacto no resultado do fundo.

Exemplo: Um fundo DI tem taxa de administração de 1% ao ano e PL médio em um determinado ano de


R$ 1.000.000,00, a taxa de administração cobrada no ano foi de R$ 10.000,00 (1%). A rentabilidade do DI, o
qual é benchmark do referido fundo, rendeu 4% no ano, sobre o PL diário, R$ 40.000,00. Considerando que
o fundo adquiriu papéis que renderam 100% do DI, considerando apenas a taxa de administração (R$
10.000,00 sobre os R$ 40.000,00), e sem considerar outras despesas do fundo, reduziu 25% da rentabilidade,
sobrando 75% do DI para o fundo.

5.7.2 Taxa de performance: Incide sobre a rentabilidade que exceder a meta, que será um benchmark
definido na política de investimentos do fundo. A meta deve ser no mínimo 100% do benchmark. Este
conceito é chamado de “linha d´água”, onde se os rendimentos forem abai o da meta, a ta a de
performance não é cobrada. Caso ultrapasse a meta, a base de cálculo é a rentabilidade que exceder esse
objetivo. A taxa de performance tem periodicidade no mínimo semestral, mas é provisionada ou revertida
diariamente. Como é cobrada sobre o que ultrapassar a meta, quando a ultrapassar, provisiona, e se ficar
abaixo da meta é revertida. No fim do semestre é recolhida e o cálculo inicia novamente. Só pode ser
cobrada em fundos ativos, que visam superar seu benchmark, pois os fundos passivos dificilmente terão
base de cálculo para a mesma, pois possuem por objetivo acompanhar o indicador.

5.7.3 Taxa de carregamento: incide sobre o valor de cada contribuição, é a importância destinada a atender
às despesas administrativas e de comercialização do plano.
Taxa de entrada: é um percentual cobrado sobre cada depósito;
Taxa de saída: pode incidir em alguns planos, incide sobre o valor do resgate, descontados os
rendimentos.
TAXAS DOS FUNDOS
TAXA
ADMINISTRAÇÃO TAXA PERFORMANCE TAXA DE ENTRADA TAXA DE SAÍDA
Provisão Diária Diária
Recolhimento Mensal Semestral Por evento Por evento
Base de cálculo PL (saldo) O que excede o benchmark Depósitos Capital
Expressa em: Ao ano Percentual Percentual Percentual

5.8 Classificação CVM:

Em 01/10/2015 entrou em vigor a Instrução CVM nº 555, que dispõe sobre a constituição, a administração,
o funcionamento e a divulgação de informações dos fundos de investimento, com as alterações inseridas
pelas Instruções CVM nº 563 e 564. A Instrução normativa classifica os fundos quatro grandes classes, com
o objetivo de facilitar o entendimento dos mercados, riscos e estratégias e auxiliar a escolha do investidor.

Os Fundos de investimentos, de acordo com a CVM, são classificados em:

1. Renda Fixa - Fundos que buscam retorno por meio de investimentos em ativos de renda fixa,
no mínimo 80% dos papéis da carteira devem estar atrelados à taxa de juros (prefixada ou pós-
fixada) ou índice de preços (IPCA, IGP-M, etc.).

51
2. Fundo de ações - Fundos que possuem, no mínimo, 67% de sua carteira em ações negociadas
em bolsa de valores, bônus ou recibos de subscrição e certificados de depósito de ações.

3. Fundos Multimercados - Fundos com políticas de investimento que envolvam vários fatores
de risco, sem o compromisso de concentração em nenhum fator em especial (muitos mercados).
Possuem flexibilidade de gestão para escolher o melhor momento de alocar os ativos.

4. Fundos cambiais- A classificação agrega os fundos que aplicam pelo menos 80% da carteira
em ativos - de qualquer risco de crédito - relacionados diretamente ou sintetizados, via deri-
vativos, à moeda estrangeira. Seu risco está relacionado tanto à variação da moeda quanto ao
cupom cambial, que é a taxa de juros agregada dos títulos. Exemplo: na carteira de um fundo
cambial há títulos que pagam variação cambial + 2% ao ano. O risco está na variação cambial e
também na marcação a mercado da taxa prefixada que compõe o rendimento.

Os fundos de investimento, de acordo com a CVM, se desdobram em subclassificações:

Características Características de gestão Risco da


Classe Subclassificações
das classes: e risco: Subclassificação:
100% baixo risco
Prazo médio dos títulos: de crédito,
60 dias, o mais longo mercado e
Curto Prazo
não pode ultrapassar liquidez.
375 dias. Derivativos apenas
para hedge.
No mínimo 95% do PL 80% baixo risco de
Referenciado atrelado ao indicador de crédito, mercado e
referência. liquidez.
No mínimo 95% em
títulos públicos ou 95% baixo risco de
Simples privados de baixo risco. crédito, mercado e
Mínimo 80% em
Não precisa termo de liquidez.
Renda fixa taxa de juros ou
adesão nem API.
índice de preços.
Visa superar o seu
O regulamento
indicador de referência,
definirá o
Ativo seus ativos podem ter
percentual de
duração baixa, média,
risco.
longa ou livre.
Mínimo de 80% em
Risco cambial e
Dívida externa títulos da dívida externa
risco do país.
do Brasil.
Maior risco de
Mais de 50% dos ativos crédito. Risco de
Crédito Privado
em crédito privado. mercado e
liquidez.
Ações de riscos diversos
Mercado de de acordo com sua Risco de mercado
acesso política de e liquidez.
investimentos.
Mínimo 67% em Visa acompanhar um
Ações Risco de mercado
ações e similares. Indexado benchmark de renda
é menor.
variável.
Estratégias variadas
Risco de mercado
Ativos para superar seu
e liquidez.
benchmark, como por
52
exemplo ações boas
pagadoras de
dividendos, setoriais,
pequenas empresas, etc.
Mínimo 80% em Risco cambial e do
Mínimo 80% em moeda
Cambial moeda Cambial cupom/taxa de
estrangeira.
estrangeira. juros.
Sem Risco moderado a
Objetivo de maiores
concentração, alto de crédito,
Multimercado Ativos ganhos de acordo com
diversos mercado e
os riscos e estratégias.
mercados. liquidez.
Risco de crédito,
Investem no mínimo 40%
Todas as Investimentos no mercado e
do PL em ativos no
classes exterior liquidez. Risco de
exterior.
câmbio.

A Anbima, complementando a legislação, ampliou as subclassificações dos fundos e as publicou através


da cartilha de Classificação de Fundos:

Primeiro nível: de acordo com o tipo de fundo: Renda Fixa, Cambial, Ações e Multimercado.
Segundo nível: de acordo com o risco: ativo, indexado, investimentos no exterior.
Terceiro nível: de acordo com a estratégia para alcançar os objetivos do fundo.
As demais subclassificações não fazem parte do conteúdo programático da prova de Certificação CPA-10.

5.9 Tributação

5.9.1 IOF – Imposto sobre operações financeiras


O IOF é um imposto federal que incide sobre transações
financeiras.

O Fundo de ações não tem IOF. Os demais fundos, se houver


resgate em até 29 dias, os fundos terão IOF de acordo com
uma tabela decrescente, reduzindo a unidade na sequência
6-3-0, iniciando de 96% e chegando a 0% em 30 dias.

Os fundos com carência, se resgatados dentro do prazo de


carência, terão o rendimento recolhido à receitas federal
como IOF.

5.9.2 IR - Imposto de renda


5.9.2.1 Fundo de Ações:
Os fundos que possuem em sua carteira mais de 67% do PL em ações serão tributados apenas no
resgate, não há o recolhimento semestral (come-cotas). A alíquota será sempre de 15%, e
independe do prazo do investimento. É retido pelo administrador do fundo por ocasião do
resgate.

5.9.2.2 Fundos Curto Prazo e Longo Prazo


Tributação semestral: Os fundos de investimentos são tributados na fonte no último dia útil de maio e
novembro, ou resgate, o que ocorrer primeiro, pela menor alíquota possível em sua classificação. Para os
pagamentos semestrais de impostos à Receita federal, haverá resgate de cotas, o que é chamado de come-
cotas. Esse imposto é recolhido a título de antecipação, e será compensado do IR devido por ocasião do
resgate.
53
Os fundos são classificados em curto prazo e longo prazo, de acordo com o prazo médio dos ativos que
compõem a carteira.

Fundo curto prazo: o prazo médio da carteira deve IR FUNDOS


ser igual ou inferior a 365 dias. No recolhimento Inversamente
semestral, a alíquota será de 20% sobre o PRAZO ALIQUOTA proporcional
rendimento do período. Curto Prazo 20% Curto = Maior
Longo Prazo 15% Longo = Menor
Fundo longo prazo: o prazo médio da carteira deve
ser maior do que 365 dias. No recolhimento semestral, a alíquota será de 15% sobre o rendimento
do período.

Obs.: São dois tipos de fundo curto prazo: os fundos classificados na CVM como curto prazo possuem prazo
médio de 60 dias e estão relacionados ao risco da carteira. Os fundos classificados na receita federal como
curto prazo devem ter prazo médio igual ou inferior a 365 dias e estão relacionados ao pagamento de
imposto de renda.
Tributação no resgate: Por
ocasião do resgate, o IR será
calculado desde o início da
aplicação até o dia do saque,
considerando o prazo de
permanência do recurso. No
entanto, os valores recolhidos
no come-cotas, a título de
antecipação, deverão ser
descontados do imposto
devido.
O Fundo curto prazo possui 2
faixas de percentuais de
imposto de renda sobre o rendimento, enquanto o fundo longo prazo possui 4 faixas de percentuais
(idênticas à tabela de IR de renda fixa).

Alíquota come-cotas: Se o valor devido no resgate, calculado pela alíquota do tempo de


considera o prazo médio permanência, for maior do que o valor retido em virtude da alíquota do come-
da carteira.
cotas semestral, o investidor paga a diferença, que será retida na fonte pelo
Alíquota de resgate: administrador.
considera o prazo de
aplicação. Exemplo 1: Um fundo curto prazo retém semestralmente 20% do rendimento
a título de IR. Caso o investidor resgate em 150 dias, a alíquota devida será
22,50%. Calcula-se o imposto devido desde o início da aplicação e então desconta-se os 20% já retidos
semestralmente, pagando a diferença.

Exemplo 2: Um investidor aplica em um fundo longo prazo, e resgata 3 anos após, no dia 15 de julho. Qual
a tributação devida?
Lembre-se que no último dia útil de maio e novembro há a retenção do IR na fonte, através do come-cotas,
na menor alíquota possível. No caso do fundo longo prazo, foi retido 15%. Como o investimento ficou
aplicado 3 anos, o investidor não tem diferença a pagar pelo período retido, no entanto, ainda precisa
pagar o IR da última retenção (último dia útil de maio) até a data do resgate (15 de julho).

54
5.9.3.3 Compensação de perdas
As perdas apuradas no resgate de quotas de fundos de investimento poderão ser compensadas com
rendimentos auferidos em resgates ou incidências posteriores:
1. No mesmo ou em outro fundo de investimento;
2. Desde que administrado pela mesma pessoa jurídica (há um entendimento da Receita
Federal que é possível compensar produtos de diferentes administradores comercializados
em uma única intermediadora ou corretora);
3. Desde que sujeitos à mesma classificação de perfil de prazo da carteira do fundo, ou seja,
curto prazo e longo prazo:
i. Fundos de curto prazo compensam com fundos de curto prazo;
ii. Fundos de longo prazo compensam com fundos de longo prazo;
iii. Fundos de Ações compensam com fundos
de ações. Quando houver resgate total de cotas
com perda, o valor dessa perda deve
A instituição administradora deve manter sistema de controle e permanecer registrado e passível de
registro em meio magnético que permita a identificação, em compensação até o final do ano-
relação a cada quotista, dos valores compensáveis. calendário seguinte ao do resgate.

E se um fundo teve retenção semestral de come-cotas, e quando for resgatar, o saldo estiver menor que o
capital investido? O investidor poderá compensar a perda em ganhos futuros.

5.10 Código Anbima de Regulação e Melhores Práticas para Administração de Recursos de Terceiros

Objetivo: O Código se destina às instituições que desempenham o exercício profissional de


Administração e Gestão de Recursos de Terceiros de Investimentos (via fundos de investimento).

Princípios gerais: as Instituições e seus profissionais devem cumprir todas as suas obrigações
com ética e diligência, com idoneidade moral e profissional, mantendo a confiança e o bom
funcionamento do sistema. Se a instituição participante ou aderente tiver inexistência de regras e
procedimentos ou a sua não implementação, ou implementação inadequada estará em descumprimento
do código.

Controles internos: controles efetivos e consistentes, acessíveis a todos os seus profissionais, evitando
conflitos de interesses, com vistas ao gerenciamento do risco.

Estrutura de compliance: adequada ao porte de cada instituição, com qualificação técnica e experiência e
autonomia e autoridade para questionar os riscos.

Segregação de atividades: para evitar conflitos de interesses, deve manter segregação de


responsabilidades, com pessoas diferentes exercendo cada papel.

Segurança e sigilo de informações: controle de informações confidenciais, reservadas ou privilegiadas,


testes periódicos de segurança e treinamento para o tratamento de informações confidenciais.

Administração Fiduciária: é o conjunto de serviços relacionados ao funcionamento e à manutenção dos


Fundos de Investimento.
a) Obrigações gerais do administrador fiduciário: elaboração de documentos, supervisão das regras,
limites de operação e da prestação de serviços de terceiros e gestão do risco de liquidez.
b) Gestão de recursos de terceiros: deve ser exercida por profissional habilitado (ter CGA –
Certificação de gestor Anbima) e autorizado pela CVM.

55
c) Obrigações Gerais do Gestor de Recursos de Terceiros: o gestor é responsável pelas decisões de
investimento, manutenção e desinvestimento de acordo com a política de investimento de cada
fundo.

Selo ANBIMA: demonstra o compromisso das Instituições Participantes em atender às disposições do


Código de administração de recursos de terceiros. A Anbima não se responsabiliza pelas informações ou
qualidade da prestação de serviços.

Fundos de Investimento 555: Os fundos devem ser classificados de acordo com a Instrução Normativa n.
555, nos três níveis, de acordo com a classe, tipo de gestão e estratégia. Para o registro na Anbima e
autorização de funcionamento da CVM, o administrador deverá apresentar:
I. Regulamento do Fundo 555; e
II. Comprovante de pagamento da taxa de registro.

Publicidade dos Fundos: materiais adequados, minimizando incompreensões e privilegiando informações


necessárias para a tomada de decisão de investidores;

Material Publicitário: deve incluir, em destaque, link ou caminho direcionando os investidores ou


potenciais investidores ao material técnico sobre o Fundo.

Material Técnico: o material técnico do fundo deve possuir: I. Descrição do objetivo e/ou estratégia; II.
Público-alvo, quando destinado a investidores específicos; III. Carência para resgate e prazo de operação;
IV. Tributação aplicável; e V. Informações sobre os canais de atendimento.

Histórico da Rentabilidade: a rentabilidade deve ser divulgada com as seguintes informações: mês atual,
mês anterior, ano atual, 12 meses e anos anteriores. Também deve ser divulgado o benchmark do fundo.

Avisos Obrigatórios:
Caso o fundo faça referência a histórico de rentabilidade e tenha outras taxas, deverá avisar o investidor:
I. Rentabilidade obtida no passado não representa garantia de resultados futuros;
II. A rentabilidade divulgada não é líquida de impostos;
III. O investimento em Fundo não é garantido pelo FGC;
IV. Não é líquida das taxas de entrada e saída;
V. Riscos do Fundo;
VI. As informações do material técnico são baseadas em simulações e os resultados reais poderão ser
significativamente diferentes.
VII. Datas de alterações na classificação do fundo;
VIII. Leia a lâmina de informações essenciais, se houver, e o regulamento antes de investir.

Apreçamento dos Ativos ou Marcação a Mercado: consiste em precificar os ativos dos Fundos
de Investimento, pelos respectivos preços negociados no mercado (marcação a mercado). O
Apreçamento tem como principal objetivo evitar a transferência de riquezas entre os
investidores dos Fundos e dar transparência aos riscos.

56
INSTRUMENTOS
DE RENDA FIXA
E RENDA
VARIÁVEL

Proporção: De 15 a 25%

Objetivo: conhecer os produtos de renda fixa e renda variável, para uma melhor orientação ao investidor.

57
Instrumentos de renda fixa e renda variável
Os investimentos se dividem em dois grandes grupos:
Renda fixa: são promessas de pagamento, o investidor empresta o seu dinheiro para o
emissor de um título representativo da dívida. O emissor pode ser o governo (emite títulos
públicos), bancos (emitem Certificado de Depósito Bancário - CDB, poupança, LCI/LCA),
empresas (emitem debêntures), pessoas físicas e jurídicas (podem emitir Cédula de Crédito Bancário - CCB,
Cédula de Crédito Imobiliário - CCI). Podem ser negociados no mercado primário ou no mercado
secundário, quando são vendidos para outros investidores antes de seu vencimento.
Exemplo: Um título público com vencimento em 20 anos pode ser vendido a qualquer momento a outro
investidor, através do tesouro direto.
Nos títulos de renda fixa há uma remuneração determinada, que pode ser taxa de juros (prefixada ou pós-
fixada) ou inflação (IPCA, IGP-M, etc.).

Renda variável: são ativos que não possuem uma remuneração determinada, mas uma
expectativa de valorização, também chamados de valores mobiliários. Desta forma,
valorizam ou desvalorizam e distribuem seus resultados e outros benefícios aos acionistas.
Como exemplo, temos as ações, que oferecem a seus detentores a participação societária
das empresas que as emitem. Quando um investidor adquire ações, está se tornando sócio da empresa. As
ações formam o capital social da companhia, que junto com as demais contas (resultado, reservas) formam
o patrimônio líquido da mesma.

Captação de recursos por empresas:


As empresas, ao iniciarem suas atividades, precisam captar recursos através do capital inicial. Quando
possuem a necessidade de captar recursos para seus projetos, capital de giro ou mesmo desencaixes,
podem fazê-lo através de:
• Emissão de novas ações: captação de recursos através do aumento do Patrimônio Líquido (capital
de sócios, renda variável). Nesse caso aumentará o capital dos sócios;
• Empréstimo em Bancos: pode ocorrer através de linhas de crédito especiais para capital de giro ou
financiamentos, como o BNDES, ou outros créditos com um custo mais elevado, como um crédito
rotativo, crédito parcelado ou outro;
• Captação de recursos diretamente de investidores: ocorre quando a empresa busca capital de
terceiros, emitindo títulos como debêntures e notas promissórias, que são instrumentos de renda
fixa com taxas determinadas contratualmente, e os colocando à venda diretamente ou através de
corretoras na Bolsa.
Das opções acima, faz parte do conteúdo da CPA10 ações (renda variável) e debêntures (renda fixa).

6.1 Ações
6.1.1 Conceito
São títulos emitidos por sociedades anônimas que representam a propriedade de uma fração do capital
social da companhia. Quem investe em ações é proprietário de uma parte da sociedade anônima,
tornando-se acionista e participando de seus resultados. Para a negociação pública no mercado
de valores mobiliários, é necessário o registro na CVM.
Negociação pública: é quando a negociação dos ativos aos investidores ocorre através de
mercados organizados, como a Bolsa de Valores. Outra forma, negociação privada, ocorreria diretamente
entre o interessado e o acionista da empresa, sem passar pelo ambiente de bolsa.

6.1.2 Tipos de ação: ordinária e preferencial – definição e direito dos acionistas


As ações podem ser:
6.1.2.1 Ordinárias Nominativas ON- Garantem o direito a voto nas assembleias de acionistas, onde são
tomadas as decisões estratégicas da Companhia.

58
6.1.2.2 Preferenciais Nominativas PN – garantem a preferência no recebimento de dividendos em relação
às ordinárias. Recebem um percentual de no mínimo 10% a mais de
remuneração em relação às ordinárias, mas não dão direito a voto. Ações ordinárias: dá ordens,
Caso não haja distribuição de resultados por 3 anos consecutivos, as direito a voto.
ações preferenciais adquirem o direito a voto até a regularização da
Ações preferenciais: preferência
situação.
nos dividendos.
Diz-se nominativas porque estão em nome do acionista.

6.1.3 Canais de distribuição. Tipos e principais características. CTVM, DTVM, agências bancárias e internet
A negociação de ações na Bolsa de valores necessita de canais de distribuição específicos. São eles:
CTVM – Corretora de Títulos e Valores Mobiliários e DTVM – Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários
– Como vimos no capítulo 1, as corretoras e distribuidoras realizam a compra e venda de valores
mobiliários para o investidor, sendo que operam com exclusividade no sistema eletrônico da B3.
Agências Bancárias: orientam o cliente interessado em investir do mercado de ações a contatar a equipe
da Corretora de Valores, ou a utilizar o home broker para transmitir suas ordens de compra e venda de
ações.
Home broker – são sistemas eletrônicos oferecidos pelas corretoras, que permitem ao investidor enviar
diretamente, através da Internet, ordens de compra e venda de ações à B3. Deve-se fazer o cadastramento
em uma Corretora de Valores e conhecer suas condições de custos e eventuais restrições de execução de
ordens.
Ordens à corretora: também podem ser efetuadas por telefone ou e-mail, quando então o consultor
cadastra a ordem em nome do investidor. Geralmente é utilizada em operações estruturadas, que
precisam do apoio do assessor para montar a operação e criar a oferta (exemplo: opções de venda de um
ativo de menor liquidez).

6.1.4 Oferta Pública Inicial de Ações (IPO) – definição e entendimento dos conceitos: período de reserva,
possibilidade de ocorrência de rateio, ordem limitada e a mercado
IPO -Initial Public Offering: é quando uma empresa decide negociar suas ações na Bolsa de Valores. Para
isso, primeiramente precisa avaliar quanto vale. Para isso,
O termo “inicial” vem de “primeira contrata uma empresa de “due diligence”, que faz uma diligência
vez na Bolsa”, não necessariamente para essa avaliação criteriosa, divide o seu valor total em frações
mercado primário. (que serão as ações) e as oferece na bolsa de valores.
A IPO pode ocorrer no mercado primário, quando a empresa
decide aumentar o seu capital e emitir novas ações, ou no mercado secundário, quando um ou mais
acionistas cedem suas ações para a negociação pública, vendendo a outros investidores.
As corretoras enviam e-mail a seus clientes, avisando do evento, e quem tem interesse responde com o
valor e quantidade que está disposto a comprar.
As reservas de ações possuem um período, definido na escritura de lançamento das ações (exemplo: para
efetuar sua reserva, responda o e-mail até xx/xx/xx).
Caso a demanda por ações seja superior à quantidade ofertada pela empresa, pode ocorrer um aumento
exagerado de preços. Para a estabilidade da oferta, a empresa poderá ser emitido um lote suplementar
de até 15%, nas mesmas condições originais. Se a demanda ainda for maior, será feito rateio, ou seja,
limitações aos pedidos de compra.
A taxa de corretagem da operação, por ocasião da IPO, é paga pela empresa que está abrindo o seu capital.

O investidor, ao dar a ordem de compra, poderá fixar ou não limites de preços a ela:
Ordem limitada: o investidor define um preço máximo a que está disposto a comprar o ativo, caso o preço
de mercado fique acima do preço definido pelo investidor, ela não será executada.
Ordem a mercado: o investidor envia a reserva de ações onde aceita pagar o preço definido pelo mercado,
qualquer que seja.

59
6.1.5. Remuneração dos acionistas: ganhos de capital; dividendos; juros sobre capital próprio; bonificação;
subscrição; desdobramento e grupamento.
6.1.5.2 Ganhos de capital: é a diferença positiva entre o preço de venda e o preço de compra de uma ação.
Um acionista tem ganho de capital quando efetivamente vende o ativo por um valor superior ao que pagou
na compra, pois enquanto não o vender, poderá sofrer oscilações.

6.1.5.3 Distribuição dos lucros:


a. Dividendos: é a distribuição dos lucros da Companhia. É a única forma de distribuição de
lucros que é obrigatória. Não há um mínimo legal, o percentual do lucro a ser distribuído como
dividendos deve estar previsto no Estatuto Social. Caso não haja previsão estatutária, será de
no mínimo 50% do lucro líquido. Os dividendos são distribuídos na conta corrente do acionista.
Não incide Imposto de Renda para os investidores, pois é apurado após o pagamento dos
impostos, que já foi pago pela empresa.

b. Bonificações: é uma forma de distribuição de lucros facultativa, onde são disponibilizadas,


proporcionalmente ao capital de cada acionista, novas ações, de forma gratuita, aumentando
o capital por incorporação de reservas e lucros. Não incide Imposto de Renda ao investidor.

c. Juros sobre Capital Próprio: é uma forma de distribuição facultativa de lucros. Incide 15%
de imposto de renda na fonte, ou seja, o valor creditado em conta corrente é líquido de IR. No
entanto, a empresa, ao pagar juros sobre o capital próprio, poderá contabilizar este valor como
despesa, o que reduzirá a sua própria base de cálculo para tributação. Enquanto que em
dividendos e bonificações não há o IR para o investidor, porque a empresa já tributou este valor,
nos juros ao capital quem paga o imposto é o investidor.

Quadro resumo de distribuição de lucros das S.A.s

6.1.5.4 Subscrição
É uma operação para o aumento do capital de uma empresa que já possui as ações à venda na Bolsa.
Ocorre quando a empresa necessita de recursos para financiar investimentos ou modificar sua estrutura
de capital e decide lançar novas ações no mercado.

Para não haver prejuízo em seu percentual total sobre o capital da sociedade, o acionista tem
o direito de adquirir ações em quantidade proporcional a que possui. Para incentivar o
investimento adicional nas novas ações a empresa procura estabelecer um preço de aquisição
para os acionistas inferior à cotação em bolsa de valores.
Caso o investidor não queira adquirir as novas ações, poderá vender o seu direito, que é formalizado como
“direito de subscrição”. E se não exercer e não vender seu direito, o perderá.

60
6.1.5.5 Processos de desdobramento e grupamento de ações
As negociações em bolsa ocorrem, na sua maioria, em lotes. No Brasil, o lote padrão é 100 ações. Existe o
mercado fracionado, onde inclui-se a letra “F” no código do ativo, para negociar quantidades inferiores a
um lote (de 1 a 99 ações). No entanto, o mercado fracionário, por ter um volume menor, tem menos
liquidez.
Se uma ação tem um valor muito alto, pode dificultar a negociação. Por outro lado, ações com valores
muito baixos podem trazer um efeito psicológico negativo, de ações que não têm valor. Para evitar sansões
e restrições, há dois eventos que têm como objetivo aumentar a liquidez de suas ações no mercado:

a. Split: É o desdobramento de ações que possuem cotação em valores elevados, Com esse
procedimento, há um aumento da quantidade de ações, sem alterar o valor do patrimônio
líquido. É como se trocasse uma nota de R$ 100,00 por 10 notas de R$ 10,00, o valor total
continua o mesmo.
Exemplo: as ações da empresa XXX são negociadas a 300,00. Como o lote padrão é de 100 ações,
é preciso R$ 30.000,00 para adquirir um lote de ações. Para melhorar a negociação, a empresa
resolve fazer um Split, onde uma ação de R$ 300,00 será desdobrada
Split: DeSdobramento
em 12 ações de R$ 25,00 cada, preservando o valor total e com isso
melhorando sua liquidez. Inplit: Grupamento

b. Inplit: É o grupamento de ações de menor valor, reduzindo o número de ações em


circulação sem alterar o valor do patrimônio líquido. O grupamento das ações é uma alternativa
viável, reduzindo a quantidade, mas mantendo o valor patrimonial total. É como se trocasse
100 moedas de R$ 1,00 por 10 notas de R$ 10,00. O valor total continua o mesmo, o que muda é a
quantidade de ativos em circulação.

Resumo desdobramento e grupamento de ações

6.1.6 Riscos inerentes ao produto


As ações não possuem risco de crédito, pois o acionista não é credor, é dono de uma parte da empresa. Se
a empresa não tiver um bom desempenho, suas ações desvalorizam. Se a empresa falir, perde seus
investimentos. Não há cobertura do FGC, que garante títulos de crédito em bancos.

O risco de liquidez refere-se à dificuldade de vender o ativo. Na bolsa há ações mais negociadas, presentes
em praticamente todos os pregões (assim são chamados os dias de negociações) e outras menos
negociadas. As empresas com mais liquidez fazem parte da composição dos índices de renda variável
Ibovespa e IBRx.

O risco de mercado refere-se às oscilações de preço, onde suas origens podem estar ligadas ao risco
sistemático, que é macroeconômico, atinge todo o mercado e não há como diversificar, e o risco não-
sistemático, específico de uma empresa ou setor, que pode ser diversificado.

61
6.1.7 Despesas em negociação de ações
Ao negociar ações na bolsa de valores, o investidor terá as seguintes taxas:
Corretagem - Cobrada pela Corretora de valores sobre as ordens de compra e de venda. Pode ser
um valor fixo ou percentual, sendo que o mais habitual é a cobrança de um valor fixo por ordem.
Se o investidor comprar ações de 3 empresas, pagará 3 ordens de corretagem; ao vender, pagará
novamente.

Emolumento - É a taxa cobrada pela Bolsa de Valores na negociação de ações, tanto na compra
como na venda, em percentual, sobre o valor financeiro da operação.

Custódia – é a taxa cobrada pelo serviço de guarda e manutenção das ações e outros ativos e do
exercício de direitos (bonificações, dividendos, juros ao capital, direitos de subscrição) junto à
Câmara de compensação e liquidação (B3). É pago para a Instituição Financeira Custodiante que
se encarrega da abertura e manutenção da conta de custódia. Alguns custodiantes não cobram a taxa de
custódia, por reciprocidade, volume ou política de captação.

6.1.8 Tributação em ações:


Para a negociação de ações, o investidor deve possuir conta em uma corretora, onde realiza
suas movimentações. Ao vender suas posições, precisa calcular e recolher o imposto de renda,
de acordo com as regras abaixo:

6.1.8.1 Negociação de ações no mercado à vista


1. O imposto de renda será de 15% sobre os ganhos líquidos (diferença entre o valor de compra e o valor
de venda, descontando as despesas de negociação), calculado e recolhido através de DARF, pelo próprio
Contribuinte.
2. Se o investidor for Pessoa Física e vender até R$ 20.000,00 por mês, terá isenção de Imposto de Renda. A
regra não se aplica para Pessoas Jurídicas.
3. Com o objetivo de controlar o Imposto de Renda a pagar, que é calculado e recolhido pelo investidor
através de DARF, será retido na fonte a alíquota de 0,005% sobre o valor da venda das ações, a título de
antecipação, valor que poderá ser deduzido da tributação total do DARF a recolher, ou restituída na
declaração anual de IRRF.
O Imposto de renda deverá ser recolhido, via DARF, até o último dia do mês seguinte ao fato gerador.
Não há incidência de IOF.

6.1.8.2 Operações Day Trade


Em operações de compra e venda do mesmo ativo no mesmo dia, o Imposto de Renda retido na fonte, a
título de antecipação, será de 1% sobre resultado positivo diário (diferença entre o valor de compra e o
valor de venda). A tributação total de IR será de 20% sobre os ganhos, recolhidos mensalmente via DARF.
Em operações day trade, não há isenção de IR para Pessoa Física.

Quadro tributação de IR

62
6.1.8.3 Compensação de perdas e despesas
Prejuízos acumulados nas operações realizadas em bolsa de valores podem ser deduzidos dos lucros
auferidos em operações de mesma natureza, ou seja, operações à vista com operações à vista, day trade
com day trade e fundos imobiliários negociados em bolsa com fundos imobiliários negociados
em bolsa.
Não há prazo para a compensação das operações realizadas em bolsa, desde que haja o
registro das mesmas. Para que a compensação seja feita em anos seguintes, o prejuízo deve ser informado
na declaração anual de IR.
Também poderá ser deduzido da base de cálculo do IR as despesas de corretagem, emolumentos e
custódia.

6.1.9 Clube de investimento em ações: conceito e características


O Clube de Investimento é um condomínio constituído por no mínimo 3 e no máximo 50 pessoas físicas,
para aplicação de recursos prioritariamente em ações. Caso os investidores possuam algum
vínculo empregatício ou associativo, não haverá limitação de número máximo de integrantes.
O objetivo é juntar recursos para ganhar volume, diluindo os custos de negociação. Em um clube
de investimentos, o investidor pode participar das decisões na escolha dos ativos.
Um único investidor não poderá concentrar mais de 40% do patrimônio líquido.

Composição carteira: Mínimo de 67% em ações. O restante pode estar em outros ativos, ou a totalidade
em ações.

Imposto de renda: 15% no resgate, retido na fonte. Não há isenção de IR para pessoa física. Não incide
IOF.

Os clubes de investimentos são alternativas para pequenos investidores que querem debater ideias para
investir em ações, ou então soluções para grupos familiares que movimentam grandes fortunas, pois
enquanto que, ao comprar diretamente ações, em cada operação de troca de ativo (vender um para
comprar outro) haverá incidência de imposto de renda, em um clube de investimentos as trocas de ativos
não são tributadas, sendo que o IR só será devido se houver resgate.

Qual a diferença de um fundo de ações e de um clube de investimentos?


Fundo de ações Clube de investimentos
Número de cotistas Ilimitado. 3 a 50.
Concentração de recursos Não tem. Máximo de 40% do PL.
por cotista
Escolha dos ativos Por adesão à política de Pode opinar na escolha dos ativos.
investimentos.
Percentual mínimo em 67% 67%
ações
Tributação de IR 15% sobre rendimentos na fonte 15% sobre rendimentos na fonte
IOF Não tem. Não tem.
Isenção de IR para PF Não tem. Não tem.

6.2 Instrumentos de Renda Fixa


São títulos emitidos pelo Governo, Instituições Financeiras e Instituições não financeiras com o objetivo de
captar recursos. A remuneração, que pode ser prefixada ou pós-fixada, é determinada no momento de
emissão do título, onde o investidor o adquire, fazendo a aplicação de recursos. São chamados de títulos
de crédito, porque o investidor “empresta” seus recursos ao emissor, e representam promessas de
pagamento na data e condições acordadas.

63
Exemplos de emissores de títulos de crédito:
1. Governo Federal: Títulos Públicos do Tesouro Nacional.
2. Instituições Financeiras: CDB, RDB, LCA, LCI, Poupança.
3. Instituições não-financeiras: Debêntures, Notas Comerciais.

6.2.1 Fundo Garantidor de Crédito FGC


O Fundo Garantidor de Crédito é uma associação civil, sem fins lucrativos e de direito privado,
que administra um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores das
Instituições Financeiras participantes, garantindo depósitos até o limite de R$ 250.000,00 por
CPF ou CNPJ, por Instituição Financeira ou Conglomerado Financeiro, no caso de liquidação
financeira das Instituições. Se houver contas conjuntas, o limite é por conta, dividido pelo número de
titulares. Se houver mais de uma conta, soma-se os valores até o limite de R$ 250.000 por CPF ou CNPJ.
Cada investidor tem um teto para utilização de R$ 1 milhão, para cada período de 4 anos, contados a partir
do primeiro uso, por CPF ou CNPJ. Após 4 anos, o teto é restabelecido.
Para manter o FGC, as Instituições financeiras participantes contribuem mensalmente com um percentual
sobre seus depósitos.
O FGC também age de maneira preventiva em todo o sistema bancário e financeiro, para evitar as
situações dramáticas em que ocorre a utilização da garantia.

Objetivos:
• Proteger o pequeno poupador;
• Promover a estabilidade do sistema financeiro;
• Evitar crise bancária sistêmica.

Valores cobertos:
• Depósitos a prazo, (CDB, LCI, LCA, LC, Poupança);
• Depósitos à vista (conta corrente e conta salário).
O FGC não cobre títulos públicos (emitidos pelo governo), debentures, notas promissõrias e ações (emitidos
por empresas), fundos de investimento (o administrador apenas administra os recursos, os ativos são de
propriedade dos cotistas).

6.2.2 Títulos de Crédito Imobiliário e do Agronegócio


6.2.2.1 LCA - Letra de Crédito do Agronegócio é um título de crédito emitido por instituições
financeiras públicas ou privadas (bancos e cooperativas de crédito) com o objetivo de obter
recursos para financiar o setor agrícola.
LCA e LCI são emitidas por Deve ser registrada na B3, tendo como lastro um título
instituições financeiras autorizadas de crédito do agronegócio, que serve como garantia do
pelo BCB. Podem ser negociadas investimento.
na própria Instituição financeira ou
São negociados por bancos, cooperativas de crédito ou corretoras
através de Distribuidor (corretora,
com seus clientes ou associados. O investidor adquire o produto de
cooperativa de crédito).
emissão da instituição Financeira, ou seja, o risco de crédito se
restringe a ela. Por se tratar de depósito a prazo, possuem a garantia do Fundo Garantidor de Crédito -
FGC.
Há isenção de Imposto de Renda para pessoa física. Se for pessoa jurídica terá IR de acordo com a tabela
decrescente de imposto de renda para renda fixa, que veremos mais adiante. Possuem carência mínima
de 90 dias. Não há IOF.

64
6.2.2.2 LCI - Letra de Crédito Imobiliária: é um título de renda fixa, similar ao LCA, mas com lastro em
créditos imobiliários, garantidos por hipoteca ou alienação fiduciária de bem imóvel. Possuem
emissão exclusiva de instituições financeiras públicas ou privadas autorizadas pelo Banco
Central, são garantidas pelo FGC. Há isenção de Imposto de Renda para pessoa física. Se for
pessoa jurídica, o IR será cobrado de acordo com a tabela decrescente de impostos de renda para renda
fixa. Como a carência mínima é 90 dias, não há IOF.
Risco de crédito: No caso de inadimplência, as LCA/LCI contam com a garantia do FGC, pois são emitidas
por bancos. Possuem, também, a garantia dos lastros, registrados na B3.
Risco de liquidez: as LCA/LCI são emitidas com um prazo de carência de no mínimo 90 dias. Após a
carência, possuem liquidez diária. No entanto, mesmo durante a carência, podem ser comercializadas no
mercado secundário, onde não há resgate, mas troca de titularidade do investidor.
Risco de mercado: as LCA/LCI possuem remuneração determinada na emissão, podendo ser prefixada ou
pós-fixada. Os papéis com remuneração pós-fixada acompanham o mercado. Os papéis com remuneração
prefi ada possuem risco de mercado quando as ta as de juros no mercado subirem, pois está “travada” na
remuneração pactuada.

6.2.3 CDB – Certificado de Depósito Bancário:

São títulos emitidos por bancos para captação de recursos (Depósitos a prazo). A remuneração
pode ser pós-fixada (TR, CDI ou Selic) ou prefixada.

Podem ser emitidos com período de carência ou com Vencimento: prazo do título.
liquidez diária.
Carência: período em que, se
Os CDBs possuem data de vencimento. No entanto, podem ser houver resgate antecipado, não
resgatados antes, quando tiverem a cláusula de resgate haverá rendimentos.
antecipado, o que ocorre na maioria das situações. Se houver
resgate durante o período de carência, haverá perda dos rendimentos. No vencimento, o valor corrigido
tem a retenção do imposto de renda e é creditado na conta corrente do investidor. Caso deseje
permanecer com o valor aplicado, precisa fazer um novo CDB.

O Imposto de renda será de acordo com o prazo, tabela decrescente de renda fixa, e haverá IOF no caso
de resgate até 29 dias.

Uma de suas vantagens é que, como após a carência poderá ser realizado o resgate com rendimentos, o
investidor não tem marcação a mercado. Como o resgate é no mercado primário, o valor do saque é o
saldo, descontando os impostos. Se o título fosse negociado no mercado secundário, para outro investidor,
teria que verificar quanto o outro investidor estaria disposto a pagar, havendo a possibilidade de ser
negociado com ágio ou deságio. Em épocas de instabilidade econômica é um dos produtos mais utilizados,
justamente por fornecer essa segurança ao investidor.

Risco de crédito: possuem cobertura do FGC até o limite de R$ 250.000,00 por CPF/CNPJ de acordo com as
regras.
Risco de liquidez: após a carência possuem liquidez diária.
Risco de mercado: risco de oscilação de taxas de juros.

6.2.4 Caderneta de Poupança:


A poupança é o mais tradicional de todos os investimentos e consiste em uma conta de
depósito com crédito periódico de rendimentos. Em 12 de janeiro de 1861, Dom Pedro II
assinou o decreto criando a poupança na Caixa Econômica Federal, para desenvolver as
economias das classes menos abastadas, e após foi estendido a outras instituições financeiras.
O produto persiste ao longo do tempo como o investimento mais popular do Brasil.

65
Características:
1. Investimento acessível, que admite depósitos de pequenas quantias.
2. Rendimento padronizado, definido por lei ou decreto do governo federal (é igual em todas as
instituições financeiras).
3. O rendimento é creditado na data de aniversário da conta:
a. Mensalmente para Pessoas Físicas e Pessoas jurídicas isentas ou imunes (As pessoas
jurídicas sem fins lucrativos podem ser imunes ou isentas. A imunidade é concedida pela
Constituição Federal, enquanto a isenção é concedida pelas leis ordinárias. Exemplo:
organizações religiosas, partidos políticos, ONGs, etc.);
b. Trimestral para as demais Pessoas Jurídicas.
4. Se resgatar antes do aniversário, há perda de rendimentos. Com isso, temos que a base de cálculo
é o menor saldo do período, porque o valor que resgatar antes do aniversário não será considerado
no cálculo.
5. Se for Pessoa Física, não terá Imposto de Renda. Para pessoas jurídicas, o cálculo do imposto segue
a tabela decrescente de IR para Renda Fixa. Como não há rendimentos antes de 30 dias, não há
IOF.

Remuneração da poupança:
Em 2012, com a queda da taxa básica de juros da economia, a poupança começou a se destacar em
rentabilidade, pelo fato de ter sua maior parcela de remuneração prefixada. Com isso,
aumentou o risco de investimentos migrarem para a poupança de forma desproporcional e
atingir outros emissores, como o Tesouro Nacional com os títulos públicos. Para atender o
mercado, mantendo a relação entre baixos risco e retorno, houve a alteração da regra de
rentabilidade, sendo que:
a. Para os saldos anteriores, cujos depósitos foram efetuados até 3 de maio de 2012:
• Pessoas físicas e jurídicas sem fins lucrativos: TR + 0,5% ao mês.
• Pessoas jurídicas com fins lucrativos: TR + 1,5% ao trimestre.

b. Para novos depósitos ou contas abertas a partir de 4 de maio de 2012:


• Quando a taxa Selic meta for superior a 8,5% ao ano: a remuneração continua TR + 0,5% ao mês ou
TR + 1,5% ao trimestre.
• Quando a taxa Selic meta for igual ou inferior a 8,5% ao ano: a remuneração da poupança é de 70%
da Selic meta + TR (mensal ou trimestral).

6.2.5 Debêntures e Debêntures Incentivadas:


Debêntures são papéis de renda fixa de médio e longo prazo, emitidos por sociedades anônimas
não financeiras (capital aberto ou fechado) para captação de recursos para projetos da
companhia.
Apenas as companhias abertas com registro na CVM poderão realizar emissões públicas, ou
seja, vender para o público em geral através da bolsa de valores.
Já as emissões privadas, que não envolvem colocação pública e são destinadas a um grupo restrito de
investidores, não precisam do registro na CVM.
Para que uma empresa possa emitir debêntures, é necessário contratar um agente fiduciário, que é
responsável por proteger os direitos e interesses dos debenturistas, fiscalizando e administrando bens de
terceiros.
O principal documento legal da emissão de debêntures é a escritura de emissão, onde constam todas as
informações do título de dívida. Possuem vencimento definido na escritura, e pode conter cláusula de
vencimento antecipado. As taxas podem ser prefixadas ou pós-fixadas, definidas em taxas de juros, índices
de inflação ou mistas.

66
Classificação:
Debêntures: Haverá Imposto de Renda para todas as classes de investidores.
Debêntures incentivadas: são debêntures emitidas por empresas de infraestrutura, isentas de
Imposto de Renda para Pessoa Física. O produto foi instituído pelo governo em 2011, definindo
os setores que podem emitir: logística e transporte, mobilidade urbana, energia,
telecomunicações, radiodifusão, saneamento básico e irrigação.

As debêntures podem ser:


a. Debênture não conversível ou simples – o capital é resgatado em dinheiro no vencimento. O prazo
mínimo de emissão é 1 ano.
b. Debênture conversível em ações (DCA) – o debenturista tem o direito de receber o capital em
dinheiro ou em ações da companhia. Existe a modalidade de debênture permutável, onde a
escritura prevê a permuta por ações das companhias listadas no documento. O prazo mínimo de
emissão é 3 anos.

Imposto de renda: O imposto de renda em debêntures segue a tabela decrescente de renda fixa, que
veremos no final desse capítulo, com exceção da debênture incentivada para investidor Pessoa Física, o
qual tem isenção de IR.

Quadro resumo de debêntures


Tipo de Característica IR
debênture
Simples ou não Resgatável no vencimento De acordo com o prazo: 22,50 a 15%
conversíveis em dinheiro.
Conversível em Resgatável em dinheiro ou De acordo com o prazo: 22,50 a 15%
ações permuta em ações.
Incentivada Emitida por empresa de PF: Zero
infraestrutura. PJ: De acordo com o prazo de permanência.

O vencimento das debêntures está descrito em suas escrituras, sendo que normalmente são de longo
prazo. Também há as chamadas debêntures perpétuas, ou seja, sem data de vencimento, que, após seu
lançamento, poderão ser negociadas apenas no mercado secundário.

Poderá haver pagamento periódico de juros (também chamado de cupom), em intervalos de no mínimo
180 dias.

Garantias:
a. Real: O contrato deve ser registrado no órgão competente. Exemplo: Contrato com garantia
real de imóveis deve ser registrado no cartório de registro de imóveis.

b. Flutuante: Representada por bens e direitos do ativo líquido da sociedade emitente, sem
identificação específica dos mesmos. No caso de inadimplência do emissor, o debenturista irá
buscar as garantias dentre os bens do emissor.

c. Quirografária: Sem as vantagens dos dois tipos anteriores, sendo que nenhum ativo da
empresa é reservado para ser penhorado. Equivale a um credor por duplicata.

d. Subordinada: A debênture não goza de garantia e, em caso de liquidação da companhia, o


debenturista preterirá apenas aos acionistas no ativo remanescente. Como possui menos
garantias, geralmente apresenta uma remuneração maior.

67
Riscos em debêntures:
Risco de crédito: as debêntures são emitidas por empresas sociedades anônimas, não possuem garantia
de FGC. O risco de crédito está relacionado à solvência dos emissores.

Risco de liquidez: Se não houver cláusula que preveja, a debenture não poderá ser resgatada antes do
vencimento. No entanto, o debenturista poderá vender seus títulos no mercado secundário, o que melhora
a liquidez, mas somente se o emissor for Companhia de capital aberto, para colocação pública.

Risco de mercado: poderá ter oscilação nas taxas de juros, além da marcação a mercado caso sejam
vendidas no mercado secundário, antes de seu vencimento.

6.2.6 Títulos Públicos:


Os títulos públicos são papéis de renda fixa emitidos pelo Tesouro Nacional com o objetivo de cobrir o
déficit público da União. Representa a dívida interna do Brasil. Por ser emissão do governo, não contam
com garantia do FGC. São considerados “zero risco de crédito”, ou na linguagem internacional, Risk free,
porque são considerados os títulos mais seguros de um país.
Os títulos são emitidos com taxas atreladas ao IPCA, prefixadas ou pós-fixadas. São emitidos com prazos
entre 1 e 30 anos. Podem ser vendidos no mercado secundário, o que garante maior liquidez. Além da
rentabilidade definida em cada papel, sofrem os impactos da marcação a mercado, onde se vender antes
do vencimento, seu preço será o valor a que o mercado está disposto a pagar, considerando as demais
opções que possui, os riscos e oscilações no mercado.

Tipos de títulos públicos:


6.2.6.1 Tesouro Selic (antiga Letra Financeira do Tesouro – LFT): sua remuneração é definida pela
taxa Selic diária, acompanha as oscilações do mercado, por isso é considerado o título mais
conservador do mercado. É indicado em cenários de alta da taxa de juros, pois acompanha as
mesmas.

6.2.6.2 Tesouro prefixado: são títulos públicos com remuneração prefixada. Por travarem a
rentabilidade do papel, são indicados em cenários de queda de taxa de juros. Se subdividem com
relação ao tempo de pagamento de juros:
1. Tesouro prefixado (antiga Letra do Tesouro Nacional – LTN): a remuneração é prefixada,
porém o título é vendido com desconto, como se fosse uma antecipação de recebível.
2. Tesouro prefixado com pagamentos semestrais (antiga Nota do Tesouro Nacional série F -
NTN-F): a remuneração é prefixada, porém os pagamentos dos juros são semestrais
(também chamado de cupom semestral de juros) e o principal será pago no vencimento.

6.2.6.3 Tesouro IPCA+: são títulos públicos com taxa mista, sendo corrigidos pelo IPCA mais uma
taxa de juros prefixada, o que garante um ganho real, acima da inflação, preservando o poder
de compra. Há duas modalidades:
1. Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B Principal): corrigida por um cupom de juros e o IPCA, nessa
modalidade, a remuneração total é paga no vencimento (principal: juros no final).
2. Tesouro IPCA+ com juros semestrais (antiga Nota do Tesouro Nacional série B - NTN-B):
Será corrigido pelo IPCA mais uma taxa de juros. Nesta modalidade, paga os juros
semestralmente (cupom de juros).
Os títulos com cupom semestral, que são os pagamentos periódicos de juros, possuem risco de
reinvestimento, pois como os rendimentos são pagos em conta, deverão ser reinvestidos pelas novas
condições de mercado.

68
Quadro resumo de títulos públicos:

Tesouro Tesouro
Tesouro Tesouro prefixado Tesouro IPCA+ com
Título Público:
Selic prefixado com juros IPCA+ juros
semestrais semestrais
Denominação NTN-B
LFT LTN NTN-F NTN-B
antiga: Principal
Prefixada,
Prefixada, IPCA + juros
Selic vendida IPCA + Juros
Rentabilidade: com juros semestrais
diária. com prefixados.
semestrais. prefixados.
desconto.

O Tesouro Nacional é o órgão central responsável pela administração financeira do país. O órgão
responsável pela emissão e controle dos títulos, e pela administração da dívida mobiliária federal, é a
Secretaria do Tesouro Nacional. O Banco Central, como banco do governo, faz as negociações dos títulos
através de leilões.
O Tesouro Direto é um Programa do Tesouro Nacional desenvolvido em parceria com a B3 para venda de
títulos públicos federais para pessoas físicas, por meio da internet. O valor mínimo para as negociações é
de 0,01 título, respeitado um mínimo de R$ 30,00.
Custos para o investidor: São 2 as taxas cobradas ao investir em títulos públicos:
a. Taxa de custódia cobrada pela Instituição Financeira, de livre negociação. Várias corretoras
isentam o investidor dessa taxa.
b. Taxa de custódia cobrada pela B3 em função do uso do sistema, de 0,20% ao ano, calculada
diariamente sobre o saldo.
É importante o investidor conhecer o seu perfil, riscos de mercado e características de cada título, assim
como a adequação a seus objetivos antes de investir.

Riscos de oscilação
Os títulos públicos prefixados ou que possuem uma parte da remuneração prefixada possuem risco de
mercado, com a oscilação de seus preços. Isto porque uma taxa prefixada trava a rentabilidade até seu
vencimento. Caso os juros subam no mercado, o rendimento do título está travado na taxa pactuada, não
acompanha a alta. E, principalmente, os títulos são marcados a mercado. A marcação a mercado impacta
a remuneração dos títulos e é informada no extrato do investidor (veja marcação a mercado capítulo 3).
Possuem risco de oscilação:
• Tesouro prefixado.
• Tesouro IPCA +.

Os títulos pós-fixados não têm risco de oscilação, pois acompanham o mercado. Se o mercado subir, o
rendimento desses títulos acompanha, se cair, ocorre da mesma forma.

Não possuem risco de oscilação:


• Tesouro Selic, DI.

6.2.7 Operações Compromissadas


É uma operação de venda de um título com o compromisso de recompra depois de um tempo,
pode ser um ou mais dias. É como se fosse um empréstimo com garantia de um título, porque o
detentor do título o vende para recomprar, é como se pegasse um empréstimo para liquidar no
vencimento, sendo que se não o fizer, o lastro garante a operação.
A operação compromissada pode ser feita entre Instituições ou até mesmo com uma das partes sendo
pessoa física, desde que a outra seja Instituição Financeira.
Os títulos que podem servir de lastro a operações compromissadas são:
69
• Títulos públicos;
• CDBs;
• Letras de Crédito Imobiliário (LCI);
• Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI);
• Letras Hipotecárias; e
• Debêntures.

O prazo de uma operação compromissada deve ser igual ou inferior ao prazo do título utilizado para
lastro. Se o lastro for título público, a operação compromissada será registrada no SELIC, dando origem à
taxa Selic Diária. Nos demais casos, o registro ocorre na B3, por se tratar de contratos privados com lastro
privado.

6.2.8 Tributação em Renda Fixa:


Em renda fixa, os rendimentos são tributados em IOF e IR, nesta ordem, onde primeiro é
debitado o IOF e sobre o restante incide o Imposto de Renda.

5.2.8.1 IOF: Segue a tabela decrescente de 1 até 29 dias. A partir de 30 dias, o IOF é zero.

6.2.8.2 Imposto de Renda


O Imposto de Renda será cobrado no resgate, sobre rendimentos, de acordo com o prazo de permanência
dos recursos:
• Até 180 dias: 22,50%
• De 181 a 360 dias: 20,00%
• De 361 a 720 dias: 17,50%
• Acima de 720 dias: 15,00%

70
PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR
ABERTA

Proporção: 5% a 10% (3 a 5 questões)

Objetivo: Entender o mercado de previdência complementar no Brasil, principais produtos, vantagens,


necessidade e alternativas de planejamento fiscal.

71
7.1 Conceitos
7.1.1 Previdência Social x Previdência Privada: Avaliação da Necessidade do Cliente
O cidadão, ao longo de sua vida, objetiva construir um futuro com segurança financeira, para
após um período de trabalho viver de renda ou então de benefícios conquistados ao longo do
tempo. Para isso, ele pode participar de um ou mais regimes previdenciários, de acordo com sua
opção.

São eles:
a. Previdência oficial, que abrange dois grandes grupos:
a. RPPS Regimes Próprios de Previdência Social, destinado a servidores públicos municipais,
estaduais ou da União, segregados por ente administrativo, onde a Instituição pode optar
em destinar os recolhimentos próprios e de seus participantes para um regime próprio, com
gestão específica, para que os servidores vinculados possam usufruir das coberturas de
forma segregada dos demais;
b. RGPS Regime Geral de Previdência Social, destinado ao público em geral, administrada
pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS, tem o objetivo de proporcionar meios de
subsistência aos trabalhadores e suas famílias após determinada idade ou tempo de
contribuição, ou em caso de morte ou invalidez. A partir dos 16 anos é possível contribuir
para o INSS, para proteção previdenciária.
Fontes de recursos do RGPS: recolhimentos do empregado e empregador ao Regime Geral
de Previdência Social (RGPS) e demais contribuintes (autônomos, estudantes, pessoas do
lar, etc.), Cofins, Contribuição Social sobre o lucro líquido das empresas - CSLL, percentual
de loterias, apostas e outros valores.

b. Previdência privada complementar, que se subdivide em:


a. Previdência complementar aberta: qualquer investidor pode adquirir um produto de
previdência, onde as mais utilizadas são o PGBL e VGBL, objeto do estudo desse capítulo.
As operadoras, que emitem as apólices de previdência, são as EAPC - Entidades Abertas de
Previdência Complementar, supervisionadas pela SUSEP.
b. Previdência complementar fechada, destinado a funcionários de uma mesma empresa ou
associados de uma organização. São administradas pelas EFPC - Entidades fechadas de
Previdência complementar, supervisionadas pela PREVIC. Na CPA10, o conteúdo aborda
apenas a previdência complementar aberta.

Todos os trabalhadores que fazem parte do sistema formal de empregos no país contribuem para o INSS.
Os profissionais liberais, estudantes, donas de casa e outros também podem contribuir, para que possam
ter os benefícios. No caso de empregados pelo regime de CLT, o recolhimento é obrigatório e realizado
pelo empregador, que retém uma parte do empregado e a complementa.

O valor do benefício pago pelo INSS é limitado, e pode ser menor do que a renda por ocasião da
aposentadoria, pois a fórmula de cálculo utiliza um fator previdenciário, que dificulta receber o teto
máximo, e as regras mudam constantemente. Deve-se então perguntar ao investidor se esse recurso será
suficiente para arcar com os custos da sua aposentadoria.

O sistema previdenciário brasileiro adota o regime de caixa ou repartição simples, ou seja, os ativos
contribuem para pagar os inativos. Os cálculos possuem uma fórmula complexa e com alterações
periódicas, o que aumenta a necessidade de ter outras formas de renda para o período da aposentadoria.
Só poderá utilizar o PGBL como benefício fiscal (dedução) na declaração de IR o indivíduo que também
contribui para os regimes oficiais de previdência social (RGPS/INSS ou RPPS).

Pelo modelo de cálculo do benefício no Brasil e o aumento da longevidade, aliados à redução da taxa de
natalidade do país, a previdência social nem sempre atende as necessidades dos cidadãos, principalmente
da parcela que se apresenta com renda acima de um salário mínimo. Com isso, faz-se necessário planejar
e executar alternativas complementares de renda.

Motivos que impactam na necessidade de ter um plano de previdência:


• Provável renda menor por ocasião da aposentadoria, em virtude da metodologia de cálculo
e teto.

72
• Não existência ou insuficiência de outros rendimentos, como aluguéis, royalties, lucros de
empresas.
• Gastos adicionais com saúde, viagens e outros.

7.1.2 Previdência Privada e FIE


Os recursos captados em produtos de previdência privada são aplicados em um Fundo de Investimento
Especialmente Constituído (FIE), que são fundos exclusivos onde o cotista é a Entidade Aberta de
Previdência Complementar ou Seguradora.
Apesar da regulação e mecanismos de segurança e reservas técnicas exigidas pelos órgãos de supervisão,
o investidor deve avaliar o risco da seguradora, pois apesar de que cada FIE tenha um CNPJ próprio, é um
fundo exclusivo onde a seguradora é a investidora, ou seja, os ativos do fundo são de sua propriedade. Por
outro lado, quando o investidor transforma as reservas em renda, o risco da seguradora aumenta, pois ela
assume a responsabilidade pelo pagamento do recurso e sua solidez se torna mais importante ainda.

Investidor Seguradora FIE

Tipos de Fundos Especialmente Constituídos


A Anbima organizou os fundos previdenciários (FIE Fundos de Investimentos Especialmente Constituídos)
em classes de ativos, para deixar mais claro em sua denominação e regulamento as estratégias e riscos de
cada um, utilizando a classificação de fundos, que vimos no capítulo 5, como referência.

Os FIEs podem ser:


a. Renda fixa: constituído por papéis de renda fixa (taxas de juros
Se um investidor possui seus e índices de preços) de diversos riscos e duração dos ativos (prazo
recursos em um FIE, por exemplo, médio), definidos na política de investimentos de cada fundo.
classificado como multimercado, e
quiser migrar para outro, renda b. Ações: deve ter em sua composição no mínimo 67% do PL em
fixa, por exemplo, poderá fazer
renda variável, podem ser ativos (superar o Ibovespa) ou passivos
(acompanhar o Ibovespa).
portabilidade interna sem que
haja resgate.
c. Multimercado: investe em diversas classes de ativos, com o
objetivo de ganhos através da diversificação.

7.1.3 Idade de início de contribuição e idade de aposentadoria

Idade de início de contribuição: Não há uma idade limite para o início das contribuições, os produtos de
previdência são utilizados para juntar recursos, inclusive para crianças recém-nascidas. Caso o menor,
titular de uma previdência privada, seja dependente na declaração de IR, os recursos aportados em PGBL
em seu nome poderão ser deduzidos da base de cálculo do declarante.

Idade de aposentadoria: o contribuinte fará a opção para o início do recebimento do benefício, de acordo
com seus objetivos e montante acumulado, não há uma idade mínima ou limite.

7.1.4 Principais produtos de previdência complementar aberta:

7.1.4.1 PGBL
Plano Gerador de Benefício Livre. É a modalidade ideal para quem declara o Imposto de Renda pelo
formulário completo, pois as contribuições ou aportes do ano poderão ser abatidos da base de cálculo da
declaração anual de IR, até o limite máximo de 12% da renda bruta anual tributável, desde que o
participante também seja contribuinte da previdência social (INSS). Quando houver o resgate do recurso,
será tributado o valor total do resgate (capital + rendimentos).

73
Exemplo de vantagem do PGBL em uma declaração pelo formulário completo de IR:
Item Sem PGBL Com PGBL
Renda Bruta anual R$100.000,00 R$100.000,00
INSS R$8.556,96 R$8.556,96
Dependentes (2) R$4.550,16 R$4.550,16
Despesas médicas R$7.300,00 R$7.300,00
Educação (2) R$7.123,00 R$7.123,00
Previdência privada R$0,00 R$12.000,00
Total deduções de despesas R$27.530,12 R$39.530,12
Base de cálculo para o IR R$72.469,88 R$60.469,88
IR (27,5%) R$19.929,22 R$16.629,22
Valor a deduzir* R$10.432,32 R$10.432,32
IR final: R$9.496,90 R$6.196,90
VANTAGEM DO PGBL: - R$3.300,00

*Curiosidade: O valor a deduzir significa que a renda é “fatiada”. Até um limite de renda, a alíquota é zero
e nas fatias seguintes a alíquota aumenta a cada faixa. Como o cálculo “fatiado” dá muito trabalho, a forma
mais prática é calcular a alíquota da última faixa sobre toda a renda e depois deduzir o valor constante
na tabela, o resultado é o mesmo.

Então, como exemplo, vamos “fatiar” a renda da tabela acima (renda sem PGBL) para validar o cálculo:

Faixas de renda (teto/saldo da faixa menos início da Base de cálculo Alíquota IR


faixa):
22.847,76 – 0,00 22.847,76 0% 0,00
33.919,80 – 22.847,77 11.072,03 7,50% 830,40
45.012,60 – 33.919,80 11.092,79 15,00% 1.663,90
55.976,16 – 45.012,60 10.963,55 22,50% 2.466,80
72.469,99 – 55.976,16 16.493,83 27,50% 4.535,80
SOMA IR TOTAL R$ 9.496,90
*elaborado pela autora com dados referentes à declaração de IR 2021/2022.

Percebeu? Calcular sobre cada faixa de renda ou usar a alíquota do valor total sobre o montante,
diminuindo o valor correspondente à parcela a deduzir traz o mesmo resultado!

Os dados da tabela acima foram extraídos da tabela de IR da Declaração de IR referente à renda recebida
em 2021:

*Fonte: https://impostoderenda2022.com.br/tabela-do-imposto-de-renda-2022/

74
Curiosidade sobre declaração completa e declaração simplificada: O modelo de declaração completa é
vantajoso quando o indivíduo possui deduções legais (despesas médicas, dependentes, educação, etc.)
maiores do que o desconto da declaração simplificada. A declaração simplificada pressupõe uma dedução
sem comprovação de 20% da renda bruta, limitando a um valor (como referência, R$ 16.754,34 em 2021)
que pode ser atualizado anualmente. Se as despesas dedutíveis forem menores do que os 20% da renda
bruta ou limite de dedução, deve-se fazer a declaração simplificada. Se as despesas dedutíveis forem
maiores que este valor, deve-se fazer a declaração completa, onde o planejamento financeiro e fiscal,
realizado antes ou durante o exercício, é essencial para realizar os aportes de PGBL e aumentar os valores
dedutíveis.

7.1.4.2 VGBL - Vida Gerador de Benefício Livre: É indicado para quem declara o IR pelo formulário
simplificado, é isento ou já atingiu o limite máximo de
Curiosidade: O VGBL é uma espécie de seguro benefício fiscal. Os depósitos em VGBL não podem ser
de sobrevivência, que foi adaptado para fins
utilizados como benefício fiscal para deduções na
de planejamento de aposentadoria.
declaração do imposto de renda. Ao resgatar, o imposto de
renda incidirá somente sobre os rendimentos.

7.1.5 Planejamento Sucessório


A previdência privada também é utilizada no planejamento sucessório, pois não há necessidade de os
produtos de previdência entrar em inventário; ocorrendo o óbito, são direcionados aos beneficiários
indicados no plano.

Qual produto é melhor para o planejamento sucessório?


Depende. Se os depósitos puderem ser aproveitados na declaração completa, até 12% da renda bruta, o
PGBL é uma opção relevante até esse valor. Para declarações simplificadas ou acima dos 12% da renda
bruta tributável, o VGBL tem mais vantagem, porque, por ocasião do resgate, a base de cálculo do PGBL é
o valor total, e no VGBL é o valor do rendimento.
Em caso de óbito, os recursos recebidos pelos beneficiários serão tributados de acordo com regras
específicas de sucessão, considerando o Imposto de renda da tabela de IR aderida no plano e o Imposto
de transmissão de bens (que pode ser diferente em cada estado).
Cabe lembrar que no seguro de vida, por ser verba de natureza indenizatória, não tem Imposto de Renda.

Quadro resumo de produtos de previdência


PGBL VGBL
Indicado para declaração completa de Declaração simplificada de IR ou acima dos 12% da renda
IR bruta
Pode abater até 12% da renda bruta Não deduz da declaração anual de IR
No resgate o valor total é tributado No resgate apenas o rendimento é tributado

7.2 Características técnicas que influenciam o produto


7.2.1. Taxas
7.2.1.1 Taxa de administração: expressa em percentual ao ano, é provisionada diariamente e recolhida
mensalmente. Incide sobre o patrimônio líquido (saldo). Quanto maior a taxa de administração, mais
impacto terá sobre os valores acumulados, pois é descontada do patrimônio líquido diariamente.
7.2.1.2 Taxa de carregamento: incidem sobre o capital e podem ser antecipadas ou postergadas:
a. De entrada ou ingresso: é antecipada porque incide na entrada da reserva, é prevista no
regulamento. Incide sobre o valor de cada contribuição ou aporte. Quanto maior a taxa,
menor será o aporte no fundo.
b. De saída: é postecipada porque incide no resgate. Pode incidir em alguns planos, deve ser
prevista no regulamento, é calculada sobre o capital, no resgate, descontando os
rendimentos do período.

75
7.2.1.3 Taxa de performance: pode ser cobrada em fundos de previdência ativos, sobre a rentabilidade que
exceder a meta de remuneração.

7.2.2 Portabilidade
Na fase de acumulação, é possível mudar de instituição ou de tipo de fundo de previdência,
evento chamado de portabilidade. Quando os recursos são transferidos por portabilidade, não
incide imposto de renda, pois não há resgate.

7.2.2.1 Portabilidade externa: é a possibilidade de transferir o saldo para outro administrador. Ocorre
quando o investidor encontra uma solução mais adequada aos seus objetivos, por preço, condições ou
relacionamento.
7.2.2.2 Portabilidade interna: é a possibilidade de trocar o tipo de risco de investimento (Fundo
Especialmente Constituído – FIE) em virtude das características da política de investimento. Cada fundo
de previdência possui características próprias de mercado de acesso, com risco e retorno de acordo com
a política de investimento, assim como podem ter diferença de custos, como as taxas de administração e
carregamento.

E emplo: Um investidor possui um PGBL cujos recursos estão aplicados no fundo “A”, que tem por custo
uma ta a de administração de 1%. Na mesma instituição, há um fundo de previdência “B” com a ta a de
administração de 0,50%, mas com um valor inicial maior de aporte. Ao completar o montante de recursos
necessários para o aporte inicial do produto com menor custo, o investidor solicita a portabilidade interna,
com isso terá menos impacto em sua rentabilidade, melhorando seus resultados.

A portabilidade, interna ou externa, poderá ser realizada, mantendo uma carência mínima de 60 dias. O
regime tributário e as datas dos depósitos são mantidos.

7.2.3 Transferência entre planos


A transferência entre planos de previdência deve respeitar a modalidade do plano, sendo permitido
realizar a portabilidade de:
• PGBL para PGBL
• VGBL para VGBL
Não é permitido a troca de PGBL para VGBL ou vice-versa, porque o PGBL em seus aportes é
dedutível do Imposto de Renda, mas no resgate o IR será calculado sobre o valor total. Já no
VGBL não há a possibilidade de dedução legal, no entanto o IR no resgate será apenas sobre rendimentos.
Se a troca fosse permitida, poderia trazer dupla vantagem em prejuízo do fisco. Poderia ser feito o aporte
em PGBL, utilizando o valor depositado para abatimento na base de cálculo da declaração de IR, e ao
transferir para o VGBL traria os recursos para a modalidade que, ao resgatar, somente tributa os
rendimentos. Para evitar burlar a Fazenda Pública, esta troca de modalidade é proibida. A troca de VGBL
para PGBL também não é permitida, para evitar prejuízos ao investidor, pois nos aportes em VGBL não há
a vantagem da dedução legal e no PGBL o IR é calculado sobre o valor total do resgate.

A troca de titularidade também não é permitida, exceto em casos específicos onde o beneficiário era
dependente na declaração de IR por ocasião da aderência ao plano e também da transferência.

7.2.4 Regimes de tributação (compensável ou definitivo) e as tabelas de imposto de renda progressivas e


regressivas. Base de cálculo na incidência do imposto

7.2.4.1 Tabela Progressiva: Incidirá a alíquota de IR de 15% na fonte, independentemente do prazo do


investimento por ocasião do resgate. Na Declaração Anual de IR o investidor deverá fazer o
ajuste (se torna progressiva) de acordo com a renda obtida no ano.
Isso significa que se o investidor, ao somar as rendas tributáveis que teve no decorrer do ano
com a base tributável da previdência resgatada ou recebida como benefício (valor total se PGBL
e rendimentos se VGBL), deverá fazer o cálculo:
a. Se o montante for um valor que possui a alíquota zerada ou menor que 15% (que já foi retido na
fonte), terá restituição em sua declaração.
b. Se a alíquota na declaração anual for 15% permanecerá igual, não haverá imposto a restituir e nem
a pagar.

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c. Se a sua alíquota devida ficar acima de 15%, terá que pagar a diferença através de DARF.

Desta forma:
Tabela Progressiva
Imposto de Renda na
15%
fonte:
Ajuste na declaração de
De 0 a 27,50%
IR:

A tabela progressiva é indicada para quem planeja ter renda equivalente ao que seria tributado
em alíquota inferior a 10% (considerando as faixas de renda para alíquota zero ou 7,50%), ou se
for resgatar no curto prazo.

7.2.4.2 Tabela regressiva: a alíquota do imposto será calculada de acordo com o prazo de permanência do
recurso. Quanto maior o tempo de investimento, menor a alíquota do IR. Começa em 35% se o
resgate ocorrer em até 2 anos, e vai reduzindo 5% a cada 2 anos, até chegar a uma alíquota
mínima de 10%, no prazo superior a 10 anos.
É definitiva, ou seja, não haverá ajuste na declaração de imposto de renda, o resgate deve ser
informado no item: renda de tributação exclusiva.

Lembrete: Em ambos os
regimes:

PGBL: IR sobre valor de resgate

VGBL: IR sobre valor dos


rendimentos

A tabela regressiva é indicada para os investidores que desejam ter renda anual equivalente a
valores que na declaração anual tenham tributação acima de 10% e para saques no longo
prazo, onde ambas as condições devem ser concomitantes.

7.2.4.3 Troca de regime tributário: Se a escolha do regime tributário na adesão ao plano foi a tabela
regressiva, será definitiva, não há a possibilidade de trocar de tabela.
Já se a opção inicial foi pela tabela progressiva, é possível a troca para a tabela regressiva, no entanto, a
contagem do prazo para redução de alíquota passa a contar a partir da data da nova opção.

7.3 Valor das contribuições e o valor do benefício: o investidor define os valores das contribuições, pois
está constituindo uma reserva. Quando for utilizar o benefício, a seguradora irá compor o valor do
benefício, de acordo com o montante, tábua atuarial (expectativa de vida) e garantias contratadas.

7.4 Fases da previdência complementar


a) Período de diferimento ou acumulação: data de início das contribuições até a data prevista para
início do pagamento do benefício.

b) Período de cobertura ou recebimento do benefício: ocorre quando o contribuinte opta por começar
a receber seu benefício sob forma de renda, após atingir o montante desejado.

77
7.5 Resgates:
É possível realizar resgates durante o período de acumulação, respeitando eventuais regras de carência
de resgate dos planos.
c) Resgate total: o saldo total do plano é resgatado.
d) Resgate parcial: apenas uma parte dos recursos são resgatados. Deve-se observar a carência
mínima de 60 dias entre os resgates.
e) Resgate programado: os resgates podem ser programados para serem resgatados, com carência
de 60 dias entre cada resgate, que é a carência mínima entre movimentações em planos de
previdência.

7.6 Benefício ou renda


O participante poderá transformar o montante acumulado em uma das modalidades de renda:
a. Renda temporária: Calcula o valor para pagamento em um prazo definido ao contribuinte.
O benefício cessa com o falecimento do titular ou o fim do tempo contratado, o que ocorrer
primeiro.
b. Renda vitalícia: é uma renda paga até o falecimento do participante. Se viver por um longo
tempo, a seguradora se obriga a pagar até o final. Se ocorrer o óbito, independentemente
do tempo de utilização, cessa o benefício, pois o montante acumulado foi trocado pela
renda vitalícia.
c. Renda mensal vitalícia com prazo mínimo garantido: Garante um prazo de pagamento aos
beneficiários caso ocorra o óbito antes do prazo mínimo contratado. É uma garantia de
tempo mínimo de recebimento.
d. Renda mensal vitalícia reversível ao beneficiário indicado: em caso de óbito, o valor será
pago ao beneficiário indicado enquanto este viver. Ocorrendo o óbito do beneficiário, cessa
o benefício. Difere da situação anterior pois nesta opção o benefício só cessa com a morte
do titular e do beneficiário.
e. Renda mensal vitalícia reversível ao cônjuge com continuidade aos filhos menores: é uma
renda vitalícia ao participante, e, ocorrendo o óbito, um percentual contratado na proposta
é revertido vitaliciamente ao cônjuge, e no óbito deste, reversível aos beneficiários até a
maioridade. Ocorrendo o óbito do beneficiário, cessa o benefício.
f. Pecúlio: contratação no ingresso de um pagamento aos beneficiários em caso de morte ou
invalidez do participante, conforme contratado. Por ser acessível aos beneficiários apenas
em caso de óbito e ao titular em caso de invalidez, assemelha-se a um seguro de vida.
Obs.: O valor do benefício é calculado pelo montante, considerando a expectativa de vida (tábua atuarial)
e garantias contratadas, pois aumentam a obrigação da seguradora e consequentemente reduzem o valor
mensal do benefício.

Referências Bibliográficas

www.anbima.com.br
www.bcb.gov.br
www.b3.com.br
www.comoinvestir.anbima.com.br
https://www.gov.br/cvm/pt-br
www.ibge.gov.br
www.susep.gov.br
https://www.gov.br/tesouronacional/pt-br

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Dica final:

Estude a matéria com atenção, concentração e disciplina, em caso de dúvidas, busque as palavras-chave
na internet, sempre preferindo a busca na legislação e em fontes oficiais.

Faça os simulados, buscando compreender os conceitos, com atenção para expressões que podem alterar
o significado da frase, como “e ceto”, “não é”, “apenas” e “outras”.

Marque a sua prova em um espaço de tempo não superior a 45 dias após o início dos estudos, utilize o guia
de estudos para monitorar seu tempo diário de foco e conclua todas as atividades.

Ao fazer a sua prova de certificação, leia todo o enunciado das perguntas com atenção e até o final, mesmo
que já tenha visto questão parecida em simulados, pois pode ter informação ou palavra que inverta a
resposta.

Interprete as questões antes de responder. Procure o erro nas outras alternativas.

Respire fundo, acalme sua mente.

Desejo sucesso na certificação e na sua atuação profissional!

Eliane Jaqueline Debesaitis Metzner, CFP®

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