Tecnologia Educacional Na Educação Inclusiva

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SUMÁRIO

1. A IMPORTÂNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO PROCESSO DE


INCLUSÃO ESCOLAR ................................................................................................ 2

2. A IMPORTÂNCIA DO COMPUTADOR NA ESCOLA COMO


FERRAMENTA DO PROFESSOR EM SEU PROCESSO MEDIADOR NO
PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO ......................................... 10

3. RECEIO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS ................................................... 14

4. O PAPEL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA FRENTE ÀS NOVAS


TECNOLOGIAS ........................................................................................................ 21

5. LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 27

Eletrônicas .................................................................................................... 37

6. LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 38

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 48

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1. A IMPORTÂNCIA DAS NOVAS TECNOLOGIAS NO PROCESSO DE
INCLUSÃO ESCOLAR

Nossa sociedade recebe a cada dia um número maior de seres humanos que
precisam de uma organização pessoal, familiar e educacional. Os estudos apontam
que tem crescido nas escolas, o número de crianças que apresentam dificuldade de
aprendizagem de origem orgânica e secundária. Esse problema suscita a
possibilidade do uso de recursos tecnológicos da informática como auxílio direto ou
indireto para as atividades tanto das Salas de Recursos, como também nas demais
modalidades da Educação Especial.

Fonte: apaesp.blog.br

São muitos os desafios em busca da melhoria da aprendizagem na educação


brasileira. Sabe-se que a Educação procura intercâmbio com outras áreas do saber
como a Medicina, Engenharia, Arte, Informática, Psicopedagogia, Fonoaudiologia,
Terapia Educacional, Fisioterapia, dentre outras áreas do conhecimento.
A informática é um riquíssimo recurso aliado à construção do conhecimento. A
Educação é um campo rico em experiências de desenvolvimento e aprendizagem,
sendo a Informática uma área do conhecimento humano que pode contribuir de
maneira positiva para a Educação Especial. A questão é de que maneira apropriar-se
da Informática como mais um recurso disponível para o almejado “vencer obstáculos
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e lacunas” e ter sucesso na aprendizagem. Sabe-se que a instituição educacional
deve ter base bem estruturada e para isso, necessita-se de profissionais
especializados em Educação, como também de profissionais habilitados de outras
áreas e, que cada profissional contribua com o seu melhor conhecimento local,
conectado com o universal.
A tecnologia da informação e comunicação trouxe novas concepções através
de interações e reflexões profundas sobre a participação de cada indivíduo na
formação da história contemporânea. A sociedade mundial tende a ser informatizada,
o que exige estudo e entendimento de sua linguagem tecnológica digital no meio
educacional. A Educação deve ter conexão com a realidade, tanto a já registrada,
como a presente. A História aponta que nas atividades das mais variadas sociedades,
as ferramentas, os instrumentos são importantes para o desenvolvimento do
indivíduo, auxiliando-o a conhecer e a dominar o ambiente, de forma semiótica ou
material, num tempo e espaço, sendo desenvolvido segundo observações, pesquisa,
habilidades, criatividade, consciência e necessidades humanas. Cada artefato,
ambiente, meio tecnológico desenvolvido por determinada sociedade traz vantagens
e limites sobre outras tecnologias conhecidas. Nas últimas décadas, vários autores
desenvolveram pesquisas relacionadas aos recursos da informática e
desenvolvimento/aprendizagem humana, tais como: TAYLOR (1980); MENDONÇA e
RAMOS (1991); PIERE LÉVY (1993); FERREIRA (1998); GRAVINA e SANTA ROSA
(1998); CAMPOS, CUNHA e SANTOS (1999); PAULA e REIS (1999); COSTA,
OLIVEIRA e MOREIRA (2001); COELHO, FLEMING e LUZ (2002); MELO, SANTOS
e SEGRE (2002) dentre outros.

Fonte: www.gazetadopovo.com.br
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Através dos tempos, o ser humano utiliza-se da extensão de seus sentidos para
aperfeiçoar suas atividades cotidianas em seu universo tecnológico através da
pesquisa de ferramentas dentre outras atividades. Cada uma das técnicas inventadas
exige uma forma de registrar e representar o conhecimento em seu momento
histórico. A tecnologia é um fazer, tendo como propulsor o raciocínio e os sentidos.
Flusser (2002, p. 13) defende que as imagens técnicas produzidas por “...aparelhos
fazem parte de determinadas culturas, conferindo a estas certas características.” As
novidades da tecnologia possuem forte vinculação com o desenvolvimento social,
econômico e cultural de certa época. Estudos apontam que a transmissão primitiva
dos conhecimentos teve a sequência: oral – desenho - escrita. Já os computadores
foram projetados a partir dos registros escritos. Inicialmente o ser humano e o
computador se comunicavam por meio de códigos que precisavam ser digitados a
cada novo comando; posteriormente criaram-se as interfaces gráficas, baseadas em
imagens. Os pesquisadores desde a antiguidade buscam sempre desenvolver novas
tecnologias, almejando - melhorias.
Segundo Nascimento (1990, p. 2) acredita-se que a informática tenha seus
primórdios nos povos do Egito, Mesopotâmia e China, que iniciaram os processos e
registros de: contagem, medidas, análise, cálculos e escrita. Sabe-se que novas
tecnologias podem gerar inovações nas relações de aprendizagem. Cada época
constrói seus pensamentos e conceitos, sendo hoje quase impossível pensar num
mundo desvinculado da informática.
É possível nos conscientizar sobre o momento em que vivemos, encarando o
desafio da informática educacional de forma real, verificando quais tecnologias podem
ser acopladas à Educação tendo como meta a busca do desenvolvimento da
aprendizagem. A tendência educacional contemporânea defende a implantação das
tecnologias da informática na Educação, minimizando a diferença entre a escola
pública e a particular. Os computadores fazem parte do ensino/aprendizagem dos
países desenvolvidos.
A utilização do computador estimula mudanças profundas na educação
contemporânea. É hora dos profissionais da Educação estudar formas de construção
do conhecimento. O docente precisa estar ciente de que, aprimorar-se em
conhecimentos que integram sua atuação, faz parte de seu dever e também é seu
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direito como profissional na Educação. O fenômeno informático provoca curiosidade,
pesquisa, deslumbramento e dúvidas; está alargando a percepção e a inteligência em
códigos digitais de linguagem computacional, reunindo em sistemas artificiais de
intelecção, abrindo caminhos antes nunca imaginados. Camargo e Bellini (1995, p.
10) apontam que “O computador não melhora o ensino apenas por estar ali. A
informatização de uma escola só dará bons resultados se conduzida por professores
que saibam exatamente o que querem”. É necessário estender a tecnologia
educacional para além dos suportes materiais. O docente deve conhecer e dominar
os procedimentos da tecnologia que deseja colocar em ação, sendo o currículo, as
disciplinas, tecnologias organizadoras do conhecimento construído pela sociedade.
Santos (2007, p. 6) salienta que a “... consciência do professor está
condicionada, primeiramente ao domínio do conteúdo e do método, além do
conhecimento sobre as possibilidades facilitadoras para a sua prática, permitindo
assim operar as tecnologias e operar sobre as tecnologias, superando a passividade
pela atividade criativa.” O uso da tecnologia na aprendizagem é mais do que objetos,
ferramentas, conhecimentos técnicos e conceituais, pois envolve postura afetiva,
social, simbólica e conceitual por parte do docente.

Fonte: cursosindesfor.com.br

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Nossa sociedade está a cada dia mais se relacionando com símbolos da
linguagem digital. Sabe-se que muitas pessoas sonharam com bibliotecas onde o
saber da humanidade fosse armazenado e compartilhado com sujeitos das mais
diferentes localidades. Vivemos esse tempo e devemos usufruir dessa nova facilidade
de acesso ao conhecimento real e virtual. Chaui (2004, p. 303) salienta que: “agora,
com os satélites e a informática, é o nosso cérebro ou nosso sistema nervoso central
que, por meio das novas máquinas, se expande sem limites, diminuindo distâncias
espaciais e intervalos temporais até abolir o espaço e o tempo.” O ser humano está
se tornando parte do corpo da alta tecnologia, com os órgãos dos sentidos e cérebro
conectados com o mundo, ou seja, o corpo como sujeito e objeto das novas
tecnologias. A tecnologia da informática favorece a renovação que pode ser ao
estudante a chance de melhorar a conexão de informações e ampliar conhecimentos.
As pesquisas apontam que as tecnologias influenciam as pessoas, a Educação e a
sociedade. A escola ao diversificar as opções de aprendizagem tecnológica pode
auxiliar a sociedade a desenvolver um ambiente cultural e também científico.
O mundo contemporâneo vive o momento de reflexões multimídia. Países
potenciais como a China, EUA e Canadá têm suas escolas conectadas à Internet.
Madov (2000, p. 35) destaca que “Israel, que tem uma das populações mais
escolarizadas do mundo, procura empresas de software que queiram testar produtos
em suas salas de aula.” Atualmente a computação traz possibilidades de
desenvolvimento da aprendizagem, pois pode ser programada para atividades
educacionais cada vez mais complexas. Há um número elevado de pesquisa no
campo da informática, e isso causa o surgimento de novos programas praticamente a
cada dia.
É necessário perceber que mesmo com toda a tecnologia de comunicação e
informática de que dispomos, faz-se necessário o desenvolvimento do ser humano. O
computador deve ser utilizado de forma estratégica para que possa desempenhar o
papel de desenvolver o indivíduo, dando alternativas para que escolha qual a via mais
adequada para o desenvolvimento e aprendizagem. A informática pode auxiliar a
desenvolver a aprendizagem do estudante através de programas, os quais se dividem
em: tutoriais, exercícios, prática, jogos dentre outros componentes.

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Camargo e Bellini (1995, p. 13) apontam para atividades e benefícios que
podem ser produzidas com a mediação do computador:
 Simulações: Estão entre os mais interessantes usos da informática na educação.
Estes softwares permitem estudar conteúdos difíceis de demonstrar com giz e
palavras como (...) reações bioquímicas. Benefícios: as simulações expandem o
universo do aluno. Permitem o tratamento de conceitos complexos abstratos.
 Apoio: Existem softwares (programas) que, embora não tenham sido desenvolvidos
para a educação, podem ser úteis. São editores de texto (que transformam os micros
em máquinas de escrever muito mais versáteis) e planilhas (para fazer tabelas e
cálculos). Benefícios: permitem a elaboração de relatórios e de textos.
 Jogos: Os jogos têm estreita ligação com o lazer e a descontração. Mas podem ser
muito instrutivos em sala de aula. Alguns jogos favorecem atividades multidisciplinares
e permitem exercícios paralelos, pois vêm com material de apoio para trabalho em
sala. Benefícios: são muito motivadores e servem para quebrar resistência às novas
tecnologias.
 Logo: Especialmente criada para o ensino, o Logo é uma linguagem matemática
muito simples desenvolvida segundo preceitos do construtivismo. Com esta
linguagem, os alunos aprendem a desenvolver seus próprios programas. O trabalho
com o Logo exige o treinamento constante dos professores. Muitas escolas o
abandonaram por outros softwares.
 Telemática: Um dos usos mais promissores da informática. Os sinais elétricos do
computador são transformados em sinais digitais e enviados à distância – como um
telefonema. (...) laboratório da Nasa, sem sair da escola. Benefícios: troca de
experiências, acesso a informações remotas.
 Enciclopédias: A informática mudou as enciclopédias. Especialmente as que vêm
gravadas em CD-ROM. Nelas, podem-se ver algumas imagens que têm movimento
ou comparar versões sonoras sobre um mesmo tema, como ouvir um soneto de
Shakespeare recitado por vários atores. Benefícios: informações mais completas e
atraentes do que as enciclopédias de papel.
A informática possui a capacidade de mostrar como o estudante constrói
relacionamentos entre informações e conhecimentos; com o uso da Informática, a
representação simbólica é demonstrada através das práticas intencionais do
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educando. Marques, Mattos e Taille (1986, p. 36) apontam que o computador pode
ser uma ferramenta importante “nas primeiras etapas da aprendizagem: perceber (...)
conceitos linguísticos, matemáticos, geográficos e muitos outros podem tornar-se
mais ‘perceptíveis’. (...) Fica a cargo do professor que concebe o programa a
engenhosidade de aproveitar as características do recurso, concretizando
visualmente conceitos e suas relações para seus alunos.” O computador é para o ser
humano criativo um amplificador da mente, dando suporte para as mais diferentes
linguagens. Há várias propostas de desenvolvimento e aprendizagem, por exemplo,
quando o estudante procura através da informática somar ou modificar suas ideias
está manipulando informações, construindo conceitos e ampliando seu conhecimento.
Quando o estudante, frente ao computador passa a querer interferir, busca
soluções. Kalinke (2003, p. 56) descreve que “se o indivíduo é tomado por uma
excitação mental, então ele está pensando, raciocinando, desenvolvendo a sua
capacidade mental.” Então, pode-se deduzir que a informática pode ativar circuitos
cerebrais. Moraes (2005, p. s/n.º) acrescenta que “...não é possível ignorar os avanços
tecnológicos. Para produzir, entender, aprender e educar, é cada vez mais necessário
conhecer a linguagem digital.” Diariamente vê-se a transferência do conhecimento
humano para os suportes digitais. Num clicar do mouse acessamos imagens reais do
universo, via satélite. Um ambiente informatizado pode contribuir para desenvolver a
comunicação, a troca de ideias, opiniões, reflexões, num constante aprender e
desenvolver aprendizagem.
Vivemos na sociedade em que o uso da Internet faz parte da interconexão
planetária, num tempo que apresenta espaço para organização de informações e
conhecimento. A Internet é uma ferramenta da Informática que traz informações
atualizadas de forma rápida, despertando o interesse do estudante. Pensar
escrevendo é a grande contribuição da informática para o desenvolvimento intelectual
em intercâmbio cultural e também na estimulação da capacidade de analisar e
solucionar situações-problemas.

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Fonte: www.maxximiza.com.br

Araújo (2007, p. 15) destaca que a internet tem despertado a atenção de


linguistas, pedagogos, psicólogos, sociólogos e antropólogos “preocupados em
compreender o fenômeno da comunicação digital”, uma nova visão de formas e
linguagem, até então inimaginável, por exemplo, escrita, conversa e imagem em
tempo real.
Almeida (2005, p. 42) cita que “O uso de hipertexto rompe com as sequências
estáticas e lineares de caminho único, com início, meio e fim fixados previamente.”
Através das TIC’s, por exemplo, o autor de um texto disponibiliza possibilidades
computacionais que permite ao leitor: “(...) interligar as informações segundo seus
interesses e necessidades (...) navegando e construindo suas próprias sequências e
rotas.” O recurso do hipertexto “comparado” a um dicionário – mas sem uma ordem
sequencial rígida - oportuniza navegação mais atrativa na pesquisa, pois ao unir
imagem, animações, vídeos e sons, leva o estudante a assimilar o conteúdo de forma
rápida, lúdica, oportunizando a interação, valorizando o indivíduo e suas
particularidades.
Tornaghi (2005, p. 168) aponta que “A ligação em rede mundial, por si só, já
indica que essas tecnologias reunidas – computadores e redes de comunicação – têm

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grande potencial para a educação, seja ela a distância ou presencial.” Na Educação,
a Internet tem marcado presença desde que foi concebida, como inovação
tecnológica, criando a difusão do conhecimento de forma democrática. Valente (2005,
p. 27) analisa: “A interação entre o aprendiz e o computador consiste na leitura da tela
(ou escuta da informação fornecida), no avanço na sequência de informação, na
escolha de informação e/ou na resposta de perguntas que são fornecidas ao sistema”
sendo importante a intervenção dos recursos informáticos por parte do docente, dando
oportunidade para o processo educacional ser mais interativo, dinâmico.

2. A IMPORTÂNCIA DO COMPUTADOR NA ESCOLA COMO FERRAMENTA


DO PROFESSOR EM SEU PROCESSO MEDIADOR NO PROCESSO DE
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Fonte: www.educacaoinclusiva.jex.com.br

Se adequadamente usado, torna-se um instrumento capaz de favorecer a


reflexão do aluno, viabilizando a sua interação ativa com determinado conteúdo de
uma disciplina ou de um conjunto de disciplinas. A Internet mostra-se como um

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recurso significativo para a aprendizagem, pois possibilita o acesso à informação em
horários mais adequados ao usuário. Na estrutura da internet pode-se enviar ao
receptor novas informações e, o usuário ao modificá-lo, passa a valorizar-se como
autor, num direcionamento para a formação contínua. O computador viabiliza a
comunicação de estudantes de localidades diferentes. Sabe-se que um site
educacional pode ser utilizado por diversos usuários e cada um analisará conforme
sua expectativa individual.
Para Heide e Stilborne, idem (2003, p. 42) a Internet auxilia no processo de
construção e produção de conhecimento nos quais os estudantes “podem explorar
ambientes, gerar perguntas e questões, colaborar com os outros e produzir
conhecimento, em vez de recebê-lo passivamente.” A Internet proporciona que
realidades vividas em localidades e tempos diferentes sejam comparadas. O professor
deve orientar as atividades, auxiliar na organização, contextualização e reflexão sobre
as informações buscando ampliar o conhecimento do educando.
Almeida (2005, p. 42) aponta que “Descrever ideias com o uso das mídias
digitais cria um movimento entre o escritor e o texto que os aproxima, criando vínculos
que seduzem o leitor para ler, refletir, reescrever, atribuir significados, trocar
informações e experiências, divulgar fatos do cotidiano, produzir histórias, criar
hipertextos e desenvolver projetos.”
Há no campo educacional a preocupação com a formação do ser humano e
reflexões sobre os impactos da tecnologia da informática sobre o meio social, pois é
uma tecnologia que onde se insere, modifica a vida. A interação do estudante com a
tecnologia modifica o próprio estudante. Na escola, a orientação e conscientização
podem auxiliar o educando a usufruir dos benefícios da informática, pois a Internet
pode apresentar finalidades pouco interessantes à Educação, por exemplo,
infidelidade de algumas informações ou, pela quantidade de informações, o leitor se
dispersar da essência do assunto proposto ou ter “achatamento” da capacidade
intelectiva diante de tanta informação, com efeitos como: canseira mental e/ou visual
e esgotamento físico. O docente pode estabelecer critérios como - a indicação de links
e sites específicos. Para avaliar essa tecnologia é preciso embasamento das
informações, pois há possibilidades valiosas, como também vias desnecessárias,

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prejudiciais. É imprescindível a interação entre a tecnologia e as pessoas para que se
produza uma aprendizagem dinâmica e eficaz.

Fonte: aeeclaudinha2013.blogspot.com.br

Sabe-se que há limitações na máquina informatizada, pois não foi concebida


especificamente para uso educacional. Marques, Mattos e Taille (1986, p. 38)
salientam que pela sua programação os comandos computacionais foram gerados
pela matemática binária e por isso apresentam limitação de resposta “só pode lidar
com informações precisas, não ambíguas, como sim e não ou certo e errado. Da
mesma forma, só pode devolver informações deste tipo.” Mas, sabemos que a
informática é uma das áreas do conhecimento humano que mais rapidamente se
aperfeiçoa. Cabe ao professor prever as possibilidades de lime, buscando maneiras
de adaptar as respostas à sua realidade educacional. Fazendo um paralelo entre a
informática e o nosso cérebro: a programação do computador é linear, mas a internet
não é linear e mostra-se incrivelmente flexível, permitindo a interação entre milhares
de páginas com textos, imagens e sons.
Para Gimeno (1998, p. 47) no ser humano não existe uma relação linear “Ao
contrário do modo de processar as rotinas por parte da máquina, entre o conhecimento
e a ação, no aluno intercalam-se complexos e contraditórios processos de tomada de

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decisões, entre os quais aparece com especial relevância a forma de sentir, o rico e
complicado terreno das emoções, as tendências e as expectativas individuais e
sociais.” A Internet caracteriza-se no ambiente educativo como mais uma
possibilidade de aprendizagem e não como a única fonte de pesquisa. A escola como
elemento da sociedade deve proporcionar experiências e construção de
conhecimento, preparando os estudantes para essa nova realidade que tem a
informação e a comunicação cada vez mais elaborada, sendo a capacidade de
interpretação e de organização, requisitos da sociedade global. Quanto a linguagem
digital, Moraes (2005, p. s/n.º) cita que “É nela que, hoje em dia, a informação é
gerada, processada, armazenada e transmitida. Queiramos ou não, o novo ‘idioma’
está mudando o modo de ver o mundo. ‘A tendência é que, mais rapidamente do que
podemos imaginar, essa mudança atinja a todos’.” A nova sociedade de conhecimento
tem como suporte principal o desenvolvimento digital. O docente precisa refletir como
os recursos da informática podem promover aprendizagem em sua realidade escolar.
Percebe-se que, muitas vezes há um descompasso entre o que aprendemos
na escola e o que necessitamos na vida. A educação brasileira precisa estar
conectada com o conhecimento universal e estar atento à mudança tecnológica
mundial. Há grande futuro na Educação que busca na informática recursos para o
desenvolvimento da aprendizagem. Vários pesquisadores preocupam-se com a
lacuna que pode vir a existir entre aqueles que dominam a informática e aqueles que
não têm acesso. Ao docente compete buscar conhecimentos, pois trabalha com seres
humanos que precisam ser inseridos no diálogo entre escola e vida. Ao referir-se à
informática educacional, Freire citado por Camargo e Bellini (1995, p.11), salientou
que “A tecnologia é maravilhosa. Mas é preciso que ela chegue à escola pública,
senão as diferenças sociais vão se aprofundar.” Na educação contemporânea, busca-
se que a parceria com a informática transponha os limites do ensino convencional,
rompendo paradigmas. A tecnologia da informática é um segmento que está em
constante modificação e atrai profissionais ligados à pesquisa, pois se mostra ao
mesmo tempo: prática, complexa e também em constante metamorfose.

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3. RECEIO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS

Fonte: www.bitmag.com.br

Em nossos dias há uma invasão de tecnologias em todas as áreas da vida


humana, levando o ser humano a pensar sobre sua própria condição humana e
profissional. Há docentes que receiam as TIC e sentem-se despreparados para o
manuseio do computador, porém precisam estar cientes que é um recurso poderoso
no processo educacional. Camargo e Bellini (1995, p.11) apontam que há situações
em que o estudante é iniciante na tecnologia informatizada, ou seja, envolveu-se
pouco com a máquina: “...esse primeiro contato é essencial para quebrar resistências.
E por isso, deve ser feito com cuidado. Ele pode marcar o início de um bom
relacionamento ou de uma antipatia incurável.” Em outras palavras não se deve
obrigar o indivíduo a trabalhar com o computador, mas em geral o estudante é atraído
pelos recursos que a informática proporciona. Mesmo que o estudante já tenha
contato com o computador, há sempre o convite aberto para novos contatos com a
Informática. Em geral, os estudantes mostram-se receptivos iniciando a busca a novas
alternativas que o computador possa proporcionar, pois o virtual faz parte do campo
da curiosidade.
Almeida (2005, p. 72) salienta que trabalhar com a Informática é “utilizá-la para
a representação, a articulação entre pensamentos, a realização de ações, o
desenvolvimento de reflexões que questionam constantemente as ações e as
submetem a uma avaliação contínua.” As tecnologias da informática levam o indivíduo
a desenvolver a imaginação, observação, criatividade, formar julgamento, pesquisa,
classificação, leitura, análise de imagens, pensamento experimental e hipotético.
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A tecnologia informatizada está disponível em inúmeros espaços e pode
contribuir para a eficácia da aprendizagem escolar e da vida prática. No computador
podem-se criar estruturas que oportunizem efeitos de simulação, levando o ser
humano a fazer experiências virtuais inviáveis no mundo real, possibilitando a
verificação dos resultados. O computador é uma das grandes invenções do ser
humano e tem transformado a vida do planeta. A informática na escola é um sonho
que muitos estudantes de algumas décadas atrás não conseguiram concretizar em
sua experiência acadêmica. As TIC’s trazem em si a descoberta, e isso faz com que
além do conhecimento historicamente organizado pela instituição escolar, amplie-se
a visão para a realidade mundial do tempo em que se vive, abrindo novos significados.
Armstrong e Casement (2001, p. 197) alertam que muitas vezes os programas
de computador podem dar ao educando “a falsa ideia de seu relacionamento com o
mundo natural. (...) as crianças desenvolvem a impressão de que a natureza está
convenientemente na ponta de seus dedos e de que seus processos podem ser
manipulados ou acelerados e servidos para elas...” É preciso perceber que os
programas trazem as percepções, padrões e julgamentos do projetista que construiu
aquele software. O docente que utiliza a informática deve preocupar-se com as
possibilidades e limitações da tecnologia, buscando desenvolver no estudante o
processo crítico, imaginativo, pesquisador, criativo num ambiente que leve a um
processo contínuo, buscando o desenvolvimento da aprendizagem.
A informática é um instrumento contemporâneo de aprendizagem que pode
ajudar na construção do conhecimento de muitas áreas, sendo também uma das
linguagens mais importantes para a inserção no mundo do trabalho. Com a utilização
das novas tecnologias, percebe-se que a matéria, o tempo e o espaço têm conotação
diferente de algumas décadas atrás. Através da tecnologia da informática, passado,
presente e futuro podem ser trabalhados ao mesmo tempo. As TIC’s abrem
perspectivas para o futuro, isso quer dizer crise de paradigmas sem precedentes na
História. Em nossos dias, a informática tem se desenvolvido na captação do real que
se mostra com roupagem de “pura” realidade (se não soubéssemos do subsídio
técnico que dá sustentação à imagem virtual), quanto também a imagem criada e
gerada pelos profissionais da informática.

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Santaella (1995, p.14) salienta que “... não apenas a vida é uma espécie de
linguagem, mas também todos os sistemas e formas de linguagem tendem a se
comportar como sistemas vivos, ou seja, eles: reproduzem, se readaptam, se
transformam e se regeneram como coisas vivas.” Devemos criar ambientes
modificadores com tecnologias que incitem as potencialidades do estudante,
despertando atenção e disposição à aprendizagem. Não encontramos a
aprendizagem pronta, é um processo construído a cada momento.
Marques, Mattos e Taille (1986, p. 35) citam as vantagens da utilização do
computador:
• É um recurso audiovisual superior aos demais por ser interativo. (...) pode solicitar e
responder às intervenções do aluno, evitando que este permaneça passivo e,
consequentemente, que se disperse para outros aspectos não relevantes da situação;
• (...) possui a vantagem de poder obedecer ao ritmo próprio de cada aluno, por
exemplo, repetindo uma mesma explicação o número de vezes que o aluno desejar,
ou, esperando o tempo necessário por uma resposta do aluno;
• (...) ao trabalhar com um determinado conteúdo, digamos, por exemplo, fixação da
ortografia de determinadas palavras, o aluno tem uma avaliação imediata sobre
aquelas que precisa exercitar mais para um completo domínio do assunto.
Para muitas pessoas o computador é uma forma inovadora de representar o
conhecimento. Os computadores têm auxiliado no ato físico de escrever, bem como
na preparação de cópias, estimulando no planejamento, na organização do
pensamento e no estímulo à escrita e à leitura, porém não devem ser considerados
como instrumentos mágicos que vão resolver todos os problemas de aprendizagem.
A tecnologia da informática auxilia a flexibilidade de ideias, o desenvolvimento do
pensamento, as linguagens, dando abertura a descobertas e possibilitando a
utilização de diversas vias na busca de um resultado final. O computador auxilia na
mediação da aprendizagem, trazendo à mostra os conhecimentos que o estudante já
possui e sua forma de perceber o mundo.
Lamiral citado por Castanheira (1986, p. 17) salienta a importância do
computador no trabalho de recuperação acadêmica de estudantes: “... com
dificuldades de aprendizagem passaram a ter suas aulas reforçadas com programas
educacionais fora do horário escolar. ‘Isso desbloqueou essas crianças.’ O
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computador, (...) acompanha o ritmo de assimilação (...) Essa atividade apresenta
outras vantagens. Todos os erros dos alunos ficam registrados. De posse dessas
informações, a professora pode identificar os pontos de maior dificuldade...” O uso da
tecnologia da informática é uma forma de recompor, reavaliar, redirecionar ideias,
conceitos transformando em novos conhecimentos. O conhecimento em nossos dias
desenvolveu-se em escala geométrica e necessita de novos suportes como a
informatização. A Revolução Digital proporciona reflexões de como podemos utilizar
as novas tecnologias para melhorar a qualidade de vida dos seres humanos. Porém,
destacamos: o ser humano precisa preservar sua história real, sem ruptura com a
vida. White (1993, p. 300) aconselha que a criança “deve ser rodeada das condições
mais favoráveis, tanto para o crescimento físico como para o mental.” Sendo na
maioria dos casos da realidade brasileira, a escola - a provedora de conhecimento é
sua responsabilidade oportunizar a aprendizagem e desenvolvimento integral do
educando.
O que precisamos entender é que a nova tecnologia é importante para a nossa
época e nos estrutura para um futuro educacional inimaginável. Sabe-se que a
capacidade de pensar é diferente do clique de um mouse e a capacidade da
inteligência é diferente do avanço tecnológico. Assim sendo, para o embasamento
deste trabalho científico, articulamos a pesquisa com estudos de pensadores como
Piaget, Vygotsky e Feuerstein, sendo que em cada abordagem há contribuições de
natureza diferente, mas que se unem num mesmo objetivo: conhecer o ser humano.
O ambiente computacional, visto através do estudo de VYGOTSKY contém o
ambiente de aprendizagem colaborativo - relacionado com a interação social. Oliveira
(1993, p. 57) referindo-se a VYGOTSKY salienta que “Aprendizagem é o processo
pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc., a partir
de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas, ou seja, envolve
interação social”, pois é o envolvimento do sujeito inteiro em seu emocional e social,
mesmo na aprendizagem puramente intelectual.
Segundo Passerino e Santarosa (2000, p. 8) o ambiente computacional: ... se
constituem em instrumentos de mediação, socialmente criados e dotados
culturalmente de significados, constituindo verdadeiras ferramentas cognitivas que
possibilitam o desenvolvimento cognitivo dos sujeitos ao permitir-lhes não apenas
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interpretar e organizar o conhecimento pessoal, mas interagir e trabalhar em grupo
para resolução de problemas constituindo verdadeiras comunidades cognitivas e
possibilitando criar uma atmosfera de responsabilidade individual/social na resolução
de tarefas compartilhadas que envolvem pessoas mais experientes juntamente com
pessoas menos experientes dentro de um sistema social no qual a argumentação,
atenção, respeito, encontram-se presentes.

Fonte: tecnologia.culturamix.com

Os pesquisadores da teoria sócio histórica sustentam que a informática pode


complementar o ser humano, ao oferecer rapidez na resolução de situações-
problemas. Os procedimentos na utilização da informática visam interações,
processos criativos próximos da realidade social. Apontam de que o computador
regula a atividade humana, põe em ação o ser humano, reorganizando o campo de
ação, assumindo similitude com a teoria de VIGOTSKY referente à linguagem. Na
abordagem de VYGOTSKY o desenvolvimento do indivíduo está intrinsecamente
envolvido com a aprendizagem, se o uso da tecnologia da informática propõe
atividades com a linguagem, envolvendo o histórico-social do indivíduo, esta é fonte
de desenvolvimento do indivíduo. Na estruturação do conhecimento, a análise das
informações pode ser mediada pelo (a) docente, promovendo e transformando o
processo de aprendizagem, o que resulta em desenvolvimento. Então, os recursos
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tecnológicos da informática auxiliam na organização mental e na construção do
conhecimento, o qual é elaborado no cérebro e representado exteriormente através
de signo, símbolo, notação, sinais que podem mediar o meio material e também
desenvolver as estruturas cognitivas, ao mesmo tempo. Na interação através do
computador muito potencial pode ser desenvolvido.
Assim sendo, as tecnologias de informática na construção do conhecimento,
podem modificar o desenvolvimento, a forma de aprender. A utilização dos recursos
da informática, visto através da epistemologia de PIAGET pressupõe sujeito e objeto,
ou seja, que o estudante ao interagir com o computador através da construção e
reconstrução do conhecimento, desenvolva suas estruturas mentais em atividades
que auxiliem a desenvolver raciocínios cada vez mais complexos. As utilizações dos
recursos da informática podem contribuir para a movimentação das estruturas
operatórias de pensamento, na relação entre o concreto e o formal. Os defensores
desta abordagem propõem que o estudante programe o que fazer no computador,
com isso construindo seu conhecimento; que vá além das informações, dialogando
com o pensamento, por vezes, objetivamente, ora subjetivamente.
O computador passa a ser uma máquina que proporciona ao estudante colocar
a situação problema, buscar estratégia, refletir sobre que caminho percorrer para
obtenção do resultado satisfatório, o que proporciona direito de decidir e agir,
aumentando a autoestima e desenvolvimento do senso de pesquisa e crítica. O
ambiente virtual deve oportunizar a interação entre sujeito e objeto, ou seja, para que
ocorra o desenvolvimento cognitivo é preciso que alguma característica do objeto
desnorteie as estruturas mentais do sujeito, gerando adaptações e a ampliação do
desenvolvimento cognitivo. Numa abordagem construtivista o docente deve saber
encaminhar o processo de aprendizagem e estar presente para mediar quando
problemas possam aparecer.
Santarosa (1996, p. 4) destaca aspectos teóricos da teoria de Piaget ao utilizar
a linguagem Logo em estudo com pessoas que apresentam dificuldades de
aprendizagem, estudo baseado nas pesquisas do matemático sul-africano Seymour
PAPERT apud TORNAGHI (2005, p. 167) que ao estudar PIAGET, defende de que
os computadores “ampliam a inteligência dos seres humanos, ligados em rede
permitem que as inteligências trabalhem em cooperação” A ideia do LOGO imergiu
19
quando PAPERT estudou no centro de Epistemologia Genética com Jean PIAGET,
no final dos anos 60 no Massachusetts Institute of Tecnology. PAPERT e Marvin
MINSKY lideraram um grupo de pesquisadores em informática educacional.
Oliveira (1999, p. 26) apud Fagundes (1994) com base nas pesquisas de
PIAGET, busca comprovar que “... é na interação que se constrói o conhecimento.
Essa interação se dá entre o sujeito e os objetos de seu meio social: ele próprio, as
outras pessoas, o ambiente natural, físico, mental, simbólico, cultural... O
conhecimento avança na medida em que avança a tomada de consciência da ação
sobre o ambiente em que os sujeitos interatuam.” Ao simbolizar suas relações,
construir sua identidade, expressar seus pensamentos e sentimentos, desenvolve a
autonomia.
Oliveira (1999, p. 156) salienta que:
• Ele trabalha com representações virtuais de forma coerente, mas extremamente
flexível, possibilitando a descoberta e criação de novas relações;
• Exige que o usuário tenha consciência do que quer, se organize e informe de modo
ordenado o que quer fazer, digitando corretamente;
• Dá um retorno extremamente rápido e objetivo do processo em construção,
favorecendo a autocorreção, a inserção da “desordem” na ordem global;
• Trabalha com uma disposição espacial das informações, que pode ser controlada
continuamente pela criança através de seu campo perceptivo visual, apoiando o
raciocínio lógico.
A diversidade de sujeitos implica em práticas de ensino/aprendizagem
adaptada ao sujeito que apresenta dificuldades na aprendizagem. Na Educação, a
informática pode ser um excelente agente na prevenção do fracasso escolar, trazendo
possíveis soluções.
Valente (2005, p.24) destaca que “o conhecimento é o que cada indivíduo
constrói como produto do processamento, da interpretação, da compreensão da
informação.” É o significado que atribuímos ao mundo e representamos em nosso
cérebro sobre a realidade que a nós interessa.

20
4. O PAPEL DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA FRENTE ÀS NOVAS TECNOLOGIAS

Fonte: www.indaiatuba.sp.gov.br

A Educação deve buscar aproximação com o que há de mais inovador nas


pesquisas: tanto internamente (trabalhar com suas estruturas mentais) como
externamente (ampliar e estender os sentidos do corpo). Litwin (1997, p. 9) sugere
que “Na hora de pensar inovações, é importante reconhecer a necessidade de criá-
las nos contextos educacionais específicos, a fim de que a sua implantação seja
significativa.” Em busca da aprendizagem eficaz, comportamentos perceptivos devem
ser desenvolvidos através das vias de acesso ao mundo exterior. O mais complexo
mecanismo existente no universo é o cérebro, sendo que para Stencel (2003, p. 3) “é
milhares de vezes mais potente do que o maior e mais desenvolvido computador do
mundo.” O cérebro é um dos órgãos que merece ser pesquisado pois está relacionado
intrinsecamente com o desenvolvimento, aprendizagem e tecnologias inovadoras.
O ensino/aprendizagem com mediação da docente, utilizando a informática
pode trabalhar a sinestesia, ou seja, vários sentidos interconectados ao mesmo
tempo, sendo que a Neurociência e a Psicopedagogia dão suporte, revelando que se
aprende melhor quando o cérebro é ativado por mais de um dos órgãos dos sentidos.

21
Para Morin (2000, p. 52) “A mente humana é uma criação que emerge e se afirma na
relação cérebro-cultura.” Neste caso, cérebro e a tecnologia da informática – tendo
como suporte os programas, acessórios e recursos da informática.
Parece possível pensar que os recursos da Informática fazem intercâmbios
com as funções básicas e geram desenvolvimento e aprendizagem, proporcionando
mudança, crescimento e ampliação do modo de atuar perante a vida, pois instiga a
curiosidade nas descobertas, o desenvolvimento do pensamento. Motivam o prazer
em saber, abrindo espaços para a aprendizagem, possibilitando a criação de novos
sistemas integrados de informações, gerando novos conhecimentos. Dão subsídios
para resgatar a vontade de iniciar, desenvolver e concluir a atividade, construindo o
conhecimento, transformando o indivíduo e a própria sociedade.
Brasil (2000, p. 12) salienta de que “os computadores possibilitam representar
e testar ideias ou hipóteses, que levam à criação de um mundo abstrato e simbólico,
ao mesmo tempo que introduzem diferentes formas de atuação e de interação entre
pessoas.” O profissional que atua em Educação Especial deve considerar o progresso
individual do seu aluno, dando abertura às potencialidades, fazendo nascer,
desenvolver; respeitando e permitindo a liberdade do pensamento, da aprendizagem
e desenvolvimento.

Fonte: inclusodepneesnaescola.blogspot.com.br

22
A busca do sucesso na aprendizagem dos educandos deve ser a meta da
Educação. ARENDT In PFDC (2004, p. 30) salienta que “A educação é também onde
decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las [...] arrancar
de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para
nós,...” Informática na Educação Especial é ampliar o conceito de pluralidade de
intercâmbio entre saberes e experiências de diferentes profissionais interessados no
desenvolvimento do ensino/aprendizagem e a abertura de um amplo campo de
observação para os mais diferentes desafios informáticos na prática, pois
conhecimento passa a ser de interconexão e muita pesquisa, ressignificando sua
prática educacional.
Para Kenski (2007, p. 124) “na nova realidade tecnológica, o tempo da
educação é o tempo da vida.” A construção do conhecimento e do saber deve ser
visto com lentes macroscópicas e microscópicas, promovendo a aprendizagem e
instigando o desejo de encontrar maneiras que levem ao conhecimento, através da
conscientização e organização num espaço escolar que inclua a todos, onde se criem
oportunidades para novas opiniões e busca de novas soluções. Acredita-se que todo
ser humano têm potencial de aprendizagem a ser detectado, o qual pode se
desenvolver através do vínculo afetivo que se estabelece entre quem aprende, a
tecnologia e quem está realmente interessado em pesquisar e buscar desenvolver a
aprendizagem.

Fonte: ticsetecnologiaeducacional.blogspot.com.br
23
5. BIBLIOGRAFIA

_________. Dificuldades com a aprendizagem um olhar clínico. Psicologia Brasil, n.


1, p. 20-21, 2003.

_________. O projeto de trabalho: uma forma de atuação psicopedagógica. 2. ed.


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25
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TEIXEIRA, Sirlandia. Jogos, brinquedos, brincadeiras e brinquedoteca. São Paulo:


WAK, 2010.

26
6. LEITURA COMPLEMENTAR

AUTORA: MARTORELLI
DISPONÍVEL EM: http://www.faculdadededuquedecaxias.edu.br/educ/downloads/numero2/8-o-uso-
das-tecnologias-em-uma-perspectiva-inclusiva.pdf
ACESSO: 13 de dezembro de 2016

O USO DAS TECNOLOGIAS EM UMA PERSPECTIVA INCLUSIVA

Bárbara Cristina Paulucci Cordeiro Martorelli


Mestre em Sistemas de Gestão-UFF/RJ e Especialista em Psicopedagogia-UERJ
Docente da Faculdade de Duque de Caxias
Pesquisadora e Procuradora Institucional, Coordenadora do NAPp e docente da FRASCE
Email: [email protected]

Resumo: Este artigo apresenta uma reflexão, sob a luz de referenciais teóricos que debatem de que
modo as tecnologias, a formação de professores e a educação inclusiva se integram, hoje, e como
influenciam nas práticas e no comportamento pedagógico nas escolas de Educação Básica. Interessa-
nos, assim, refletir sobre a cultura tecnológica e o hiato, ainda identificado quando do processo de
formação de professores, entre a intenção daqueles atores de romperem com os modelos burocráticos,
previstos normalmente nos planejamentos e práticas de ensino, e a exploração ativa das novas
possibilidades que aí se abrem.

Palavras-chave: Educação Inclusiva. Tecnologias. Formação de Professores.


Práticas Pedagógicas.

Abstract: This article presents a reflection, under the light of theoretical references that discuss how
the technologies, teacher training and inclusive education integrates today, and how they influence
practices and pedagogical behavior in schools of basic education. We are interested in reflect on the
technological culture and the gap, still identified in the teacher training process, between the intention

27
of those actors to break with the bureaucratic models, contained in planning and teaching practices, and
the active exploration of new possibilities that are opening up.
Keywords: Inclusive Education. Technologies. Teacher Training. Pedagogical
Practices.

INTRODUÇÃO

A formação do professor para o ensino dos alunos com necessidades


educativas especiais sempre foi um tema que esteve em pauta na discussão sobre
inclusão.
A crescente evolução e utilização das tecnologias associadas à educação vêm
causando grandes transformações nas concepções de ensino e fazendo com que as
pessoas passem a conviver com a ideia de aprendizagem sem barreiras e sem
prérequisitos. Isso implica novos conceitos do conhecimento, do processo de ensino
e de aprendizagem, fazendo com que repensemos as práticas pedagógicas, a ação
da escola, o papel do professor e do aluno diante desse novo contexto.
Aliado a esse tema também existe a defesa de que o professor deve incorporar,
em sua prática, as novas tecnologias educacionais, cujo conceito subjacente é que
essa tecnologia seria uma forma de auxílio para a inclusão de alunos com deficiências.
(TEZTCNER, 2005; PELOSI, 2007; GALVÃO FILHO, 2009).
A Psicopedagogia, segundo a Epistemologia Convergente, define
aprendizagem como o resultado de uma construção (princípio construtivista) dada em
virtude de uma interação (princípio interacionista) que coloca em jogo a pessoa total
(princípio estruturalista) com homogeneidade funcional e heterogeneidade estrutural
(VISCA, 1987). No contexto educacional, a utilização dos recursos tecnológicos como
instrumento na busca do conhecimento a cada dia vem se ampliando, assim, essa
nova tecnologia que dispõe o mundo moderno redimensionou em nível qualitativo a
comunicação e a expressão humana.
Revela-se, então, a necessidade de se repensar a filosofia educacional
e a urgência de se democratizar o processo de inclusão nas escolas brasileiras,
buscando uma sociedade mais justa e igualitária. Porém, o uso dos recursos

28
tecnológicos por si só não é suficiente para que essas mudanças ocorram, podendo
inclusive ser obstáculo se for introduzido de forma a reforçar o modelo vigente.

LEGISLAÇÃO, EDUCAÇÃO INCLUISIVA E POLÍTICAS PÚBLICAS

O cenário educacional brasileiro, no decorrer do seu processo histórico, passou


por inúmeras transformações, então, não podemos falar em educação inclusiva sem
fazer uma retrospectiva histórica da legislação brasileira no que diz respeito ao tema.
A Constituição Federal de 1988 (Art. 208, III) estabelece o direito das pessoas com
necessidades especiais de receberem educação, preferencialmente na rede regular
de ensino. Na década de 90, de uma forma mais efetiva, surgiram discussões sobre
a inclusão, ressaltando que politicas anteriores nessa área sempre foram
descontinuadas e estavam em segundo plano nas ações governamentais.
A LDB 9.394/96 em seu Capítulo V estabelece que a educação dos portadores de
necessidades especiais deve se dar, de preferência, na rede regular de ensino, o que
traz uma nova concepção na forma de entender a educação e integração dessas
pessoas:
LDB 9.394/96 - CAPITULO V
Da Educação Especial
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação
escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de
necessidades especiais.
§1°. Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às
peculiaridades da clientela de educação especial.
§2°. O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que,
em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns
de ensino regular.
§3°. A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a
seis anos, durante a educação infantil.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender
às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor
tempo o programa escolar para os superdotados;
29
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento
especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses
educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade,
inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam
uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o
respectivo nível do ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de características das
instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação
especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do atendimento
aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de ensino,
independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.

Apesar de já ter sido um grande passo no caminho da inclusão, o mero fato de


constar em Lei, não garantiu que as ações para a inclusão das pessoas com
necessidades especiais tenham sido planejadas e estruturadas de modo que elas
tivessem seus direitos plenamente respeitados.
Nos anos 80, os grandes debates centravam-se na questão da universalização
do acesso à educação, ou seja, escolas para todos, mas esse processo só se
consolidou na década seguinte. Universalizar a educação foi um passo importante,
mas a falta de estrutura das escolas e dos profissionais abriu um grande hiato na
educação nacional, ora visto pelos altos níveis de evasão e reprovação. O pensar e o
agir pedagógico foram esquecidos, o que sugere que, embora o acesso da população
brasileira à educação tenha se elevado muito nos últimos tempos, a qualidade desta
educação está deixando a desejar. Cury (2010) define qualidade, afirmando que:

[...] pode-se dizer que ela supõe uma certa quantidade capaz de ser
mensurada, na qual reside um modo de ela ser de tal forma distinta que ela
se veja enriquecida ao ponto de sua realidade apresentar um salto agregando
valor àquilo que a sustém. E essa realidade qualificada pode ser conhecida
pelo sujeito que pode então agir sobre ela. Essa indicação definidora da
qualidade, ainda que ela mesma se preste a muitas outras determinações,
pode nos ser útil no desvendamento de aspectos da educação escolar que
nos preocupam (CURRY, 2010, p. 3).

30
Se falarmos na formação de professores, esse cenário ainda é mais
preocupante, principalmente no caso da educação inclusiva. Entendemos que incluir
não é somente matricular o aluno com necessidades educacionais especiais em um
ambiente escolar, ele até pode estar inserido, mas para acontecer de fato a inclusão,
todos os atores que compõem a equipe escolar, direta ou indiretamente, precisam
estar interligados. Isso envolve questões inerentes às políticas de inclusão, à
flexibilização curricular, à preparação da escola, à utilização de técnicas e/ou recursos
apropriados e à capacitação docente. A necessidade de investimento na formação do
professor é consenso. A escola inclusiva tem como lema “a educação para todos”,
dentre as mais variadas formas de diversidade, para tanto precisamos pensar na
qualidade como fator primordial.

NOVAS COMPETÊNCIAS E OS DESAFIOS EDUCACIONAIS

É impossível conceber a escola sem pessoas e há que se pensar como fator


primordial a qualidade das relações entre elas ali constatada. As pessoas, por
exemplo, tendem a ser fiéis se forem tratadas de forma justa e tiverem a sensação de
valorização de seus potenciais individuais. Também apreciam participar de um
ambiente onde a responsabilidade é compartilhada.
É assim que justificamos a necessidade de repensarmos os espaços
pedagógicos: escolas que aprendem e, assim, se diferenciam daquelas com perfil
meramente funcional, ou seja, que se singularizam.
No que tange, especificamente, ao gerenciamento dos espaços inclusivos ou
da escola inclusiva, este tem como enfoque básico os profissionais e, em particular,
os professores – pessoas cruciais, qualificadas, com habilidades e conhecimentos
para solucionar os problemas, gerenciar conflitos e aumentar o relacionamento entre
os professores e seus alunos e entre os próprios profissionais.
É assim que ressaltamos a importância do gerenciamento de uma competência
em particular neste tipo de escola: aquela que incide sobre a capacidade de refletir
sobre como o futuro é construído e de repensar novas formas de organização das
atividades pedagógicas. Garantir a prática de novos valores é urgente e isso

31
acontecerá à medida que se elevar o grau de conscientização sobre importantes
questões que se apresentam no contexto de uma sociedade inclusiva.

APRENDIZAGEM: TECNOLOGIA E NOVA CULTURA PEDAGÓGICA

Do nosso ponto de vista, uma escola deve sempre ser vista como um lugar em
movimento constante, um organismo vivo totalmente interligado e interdependente,
cuja capacidade de adaptação constante precisa estar em sintonia com sua vocação
maior que é a promoção de saberes transformadores. Segundo Senge (1990), as
organizações que aprendem são aquelas:

(...) nas quais as pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar


os resultados que realmente desejam, onde surgem novos e elevados
padrões de raciocínio, onde a aspiração coletiva é libertada e onde as
pessoas aprendem continuamente a aprender em grupo. (SENGE 1990, p.)

O tipo de competência que se pretende aqui promover é a que reside na


capacidade de extrair a informação que se encontra isolada nos indivíduos e torná-la
acessível, explícita, eficaz e válida para todos.
A articulação destes ideais com a tecnologia, justifica-se a partir da observação
de que algumas escolas já contam com ambientes virtuais de aprendizagem, espaços
de produção de vídeos, núcleos de comunicação, laboratórios de informática
adaptados para processos inclusivos, mas principalmente pelo fato de que, nela, a
própria cultura pedagógica se viu transformada, em todo o seu potencial, a partir
destas novas ferramentas.
Por “cultura pedagógica” referimo-nos aqui às práticas cotidianas que regulam
a dinâmica da sala de aula e o próprio modo de viver o ensino e a aprendizagem.
Ponto importante é percebermos que estas novas ferramentas tecnológicas que
constituem a “sociedade da informação” não devem ser vistas como meros meios que
trabalham para tornar mais ágil o fluxo de dados já prontos. De forma muito mais
interessante, elas podem ser percebidas como trazendo consigo possibilidades de
interação, de diálogo e da própria construção de uma voz por parte do educando, à
medida que este comece a criar narrativas mais próprias, mais autorais.

32
Pensamos que este aluno, exposto à tal nova cultura pedagógica, pode
desenvolver seu pensamento crítico, sua capacidade de leitura do mundo e das
informações que lhe são passadas. Isto se dará à medida que tais tecnologias
ensejam a oportunidade para o educador provocar, junto a seus alunos, pesquisas
acerca de como são constituídos os sentidos, os discursos, enfim, que circulam na
cultura ou de como as informações são editadas. De forma otimista, pensamos que,
longe de necessariamente contribuir para um pensamento hegemônico, as novas
tecnologias abrem um espaço para a inserção da crítica e da transformação, para o
pluralismo informado das vozes que constituem o ideal de uma sociedade democrática
e inclusiva.

FORMAÇÃO DO PROFESSOR, EDUCAÇÃO INCLUISVA E A CULTURA


TECNOLÓGICA

Travamos uma luta por responsabilidade contra um ser mascarado. A


máscara do adulto chama-se “experiência”. Ela é inexpressiva, impenetrável,
sempre a mesma. (BENJAMIN, 2002, p. 21)

No contexto educativo, a utilização da tecnologia, como recurso de busca de


conhecimento, a cada dia vem se ampliando, com distintos objetivos e de diferentes
formas. A reflexão que devemos fazer é sobre qual perspectiva as escolas de
educação básica vão incorporar tal tecnologia e dessa forma levantamos a questão
da formação do professor/educador.
Não se trata de fazer desse profissional um tecnólogo, mas sim buscar a
apropriação crítica e criteriosa da utilização dessa ferramenta para desenvolver
atividades pedagógicas, independentemente do tipo ou grau de deficiência, pois
dessa forma todos os alunos serão beneficiados. Para isso a escola deve ser local de
discussão permanente e a capacitação dos profissionais contínua.
Diante do uso das tecnologias em ambientes educacionais, encontramos
também aqueles que defendem e o consideram como um evento mágico para ser
devorado pelos educadores. Presenciamos, então, uma espécie de antropofagismo
pedagógico. Por outro lado, há os que criticam sem considerar aspectos positivos ou
mesmo sem levar em conta o contexto social no qual a escola está inserida. Isto ocorre
pelo fato do professor/educador não refletir de forma crítica, sendo assim, sua busca
33
será motivada somente por uma situação mercadológica, sem apropriação das
verdadeiras potencialidades e limitações da tecnologia.
Há um certo senso comum que diz: “A escola é velha, a tecnologia é nova, os
professores são ultrapassados, os métodos tecnológicos são inovadores, os alunos
estão desmotivados, a tecnologia dos botões e telinhas trará aos jovens o desejo de
conhecer”. Com base nesse pensamento, identifica-se, assim, que existe uma ideia
preconcebida, simplista, que esquece que o determinante para a eficácia do ensino e
da aprendizagem é a existência de um plano de ação escolar adequado, rico,
consistente, motivador, crítico e inovador:
A tecnologia por si só não formará o homem social, integrado, incluído e
participativo com que tanto sonhamos, ou seja, a forma pela qual ela será utilizada
fará esse diferencial. Levantamos uma reflexão sobre o papel da escola como
instituição social a partir da seguinte citação:

As tecnologias da comunicação são os utensílios com os quais o homem


constrói realmente a representação, que mais tarde será incorporada
mentalmente, se interiorizará. Deste modo, nossos sistemas de pensamento
seriam fruto da interiorização de processos de mediação desenvolvidos por e
em nossa cultura. (VYGOSTSKY, 1989, p. 87).

As escolas, como instituição social inclusiva, devem promover o acesso aos


saberes e às formas culturais da sociedade a que pertencem. Assim, a tecnologia não
poderia ficar de fora desse contexto, principalmente se levarmos em conta que a
criança e o jovem da atualidade são criados imersos neste mundo tecnológico. Assim
como foi outrora com o surgimento das mais variadas formas de comunicação.
O mundo contemporâneo é sustentado pela tecnologia que está presente em
nossas vidas de forma direta ou indireta, seja na utilização ou nos serviços. Cabe às
escolas romperem com o óbvio, incorporar as tecnologias com sentido pedagógico,
pois ela não conserta nada, apenas potencializa o que já existe. Para não cair na
utilização da máquina pela máquina, devem estar claros alguns questionamentos
prévios: “o para quê”, “o como” e “o por que” e não apenas aplicá-la. Assim, estaremos
dando um sentido didático-pedagógico e criando um referencial metodológico que leve
em consideração as representações simbólicas, instrumentalizando de forma crítica,
ética, social e política o manejo destes instrumentos.

34
Diante disso, também é papel fundamental da escola proporcionar ao aluno
(todos) o contato com as novas tecnologias e usá-las para maior desenvolvimento de
sua própria aprendizagem, redimensionando em nível qualitativo a comunicação e a
expressão humana. Contudo, o ensinar e o aprender ainda são questões complexas,
responsáveis, em sua maioria, pelo fracasso escolar, principalmente na educação
inclusiva, o que nos leva a olhar para a tecnologia como uma aliada importante dentro
de uma proposta pedagógica séria.
Verificamos, então, que é necessária a mudança de
“olhar” do professor/educador para o uso das novas tecnologias na Educação,
em que a participação de todos é fator essencial para a inovação, interação e inclusão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora tenhamos inúmeras inquietações a respeito dos processos de inclusão,


entendemos que a reestruturação dos espaços de aprendizagem nas escolas de
Educação Básica é absolutamente fundamental e que a formação adequada dos
professores aliada ao uso das tecnologias, transformará nossas dificuldades em força,
pois nos dará subsídios teóricos e metodológicos na construção de uma nova maneira
de se pensar a educação, apresentando-nos caminhos absolutamente possíveis, sob
o ponto de vista técnico.
O tempo passa e as coisas mudam, o que era bom não corresponde mais às
novas expectativas, sendo imprescindíveis novos caminhos que contemplem as
competências do mundo contemporâneo. Conclui-se, então, que a capacidade de
gerenciar as diferenças permitirá novas interações do ponto de vista da inclusão.
Repensar os espaços de aprendizagem nas escolas só é possível através de
um trabalho conjunto, coletivo, compromissado, numa visão sistêmica, que permita a
construção de um processo educacional mais igualitário e democrático, pautado no
ideal de uma “Escola para Todos”.

35
BIBLIOGRAFIA

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20 de dezembro de 1996. Disponível em: www.mec.gov.br.

37
7. LEITURA COMPLEMENTAR

AUTORES: BORTOLOZZO, CANTINI e ALCANTARA


DISPONÍVEL EM: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2006/anaisEvento/docs/CI-
151-TC.pdf
ACESSO: 13 de dezembro de 2016

O USO DAS TICs NAS NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS


(UMA PESQUISA NO ESTADO DO PARANÁ)

BORTOLOZZO, Ana Rita Serenato – Mestranda PUC/[email protected]


CANTINI, Marcos César – Mestrando PUC [email protected]
ALCANTARA, Paulo Roberto - Prof. PhD PUC [email protected]

Resumo – Este artigo apresenta uma pesquisa realizada pelos Assessores de Tecnologia
na Educação do Estado do Paraná. Por meio da aplicação de um questionário foram levantados dados
referentes ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) pelos professores que
atendem alunos com necessidades educacionais especiais em instituições de ensino de dezenove
cidades do Estado do Paraná. A pesquisa buscou coletar dados em relação ao número de alunos com
necessidades educacionais especiais atendidos por escolas regulares; escolas especiais e APAES; as
áreas de deficiências; as dificuldades e/ou necessidades encontradas pelos professores no uso de
tecnologias da informação e comunicação e o que os professores gostariam de estudar
colaborativamente com os Assessores de Tecnologia, como alternativas para a melhoria do
atendimento dos seus alunos com necessidades educacionais especiais. Os dados coletados
resultaram numa lista de dificuldades/necessidades, que entre os principais problemas, se constatou a
deficitária formação do professor tanto em relação ao atendimento aos alunos com necessidades
educacionais especiais, quanto em relação à utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação
em suas práticas pedagógicas com os referidos alunos. Outra constatação que mereceu destaque foi
a relevância da necessidade de formação continuada dos professores, tanto no âmbito das

38
necessidades educacionais especiais como no uso significativo das Tecnologias de Informação e
Comunicação com estes alunos. Os dados coletados servem de referência para as ações e futuras
pesquisas do Grupo de Trabalho Educação Especial e Tecnologias de Informação e Comunicação –
GT EDESTIC, composto por Assessores Pedagógicos de Tecnologia na Educação das Coordenações
Estadual e Regionais do Estado do Paraná.
Palavras-chave. Tecnologias de Informação e Comunicação; Necessidades
Educacionais Especiais; Prática Pedagógica.

Abstract – This article presents a research done by the Education Technology Advisers of
the State of Paraná. Through the application of a questionnaire, data referring to the Information and
Communication Technologies use by the teachers that attend students with special educational needs
in teaching institutions of nineteen State of Paraná's cities were collected. The research sought to collect
data regarding the students' number with special educational needs that attended regular schools,
special schools and APAES; the deficiency areas; the difficulties and/or needs found by the teachers
regarding the information and communication technologies use and what the teachers wanted to
collaboratively study with the Education Technology Advisers, as alternatives for the assistance
improvement of their students with special educational needs. The data collected resulted in a
difficulties/necessities list, which among the main problems, confirmed the teacher's deficient education
regarding the assistance to students with special educational needs and the Information and
Communication Technologies use in their pedagogical practices with the referred students. Other
evidence that deserved highlight was the relevance need to the teachers’ continued education;
regarding the special educational needs scope, as well as the significant use of the Information and
Communication Technologies with these students. The collected data serve as a frame of reference for
the actions and future researches of the Working Group Special Education and Information and
Communication Technologies – GT EDESTIC, joined by Pedagogical Advisers of Technology in
Education of the State and Regional Coordinations of the State of Paraná.

Keywords: Information and Communication Technologies; Special Educational


Needs; Pedagogical Practice

Introdução

As mudanças que vem ocorrendo na sociedade, principalmente decorrente das


novas descobertas e inovações tecnológicas vêm exigindo uma reorganização nas
39
atividades escolares, uma educação de qualidade e um professor preparado para
enfrentar desafios e propor soluções.
O professor não é mais o detentor do conhecimento, precisa entender como se
dá a aprendizagem e mediar a avalanche de informações disponíveis, a fim de que
seus alunos saibam como processá-las e utilizá-las de forma crítica e em prol da
construção de seu conhecimento e necessidades, pois como afirma Gadotti
(GADOTTI apud LINHARES, TRINDADE, 2003, p. 115) “hoje as teorias do
conhecimento na educação estão centradas na aprendizagem”.
As TICs invadiram a vida das pessoas e estão servindo como instrumentos de
suporte à veiculação dessas informações, passando até a ser consideradas como
necessidades de sobrevivência.
A utilização das TICs como práticas pedagógicas estão sendo cada vez mais
incorporadas ao cotidiano da escola. Porém, o uso significativo, como ferramenta que
contribua para a construção de conhecimento, está longe de ser efetivada, pois
percebe-se ainda que sua utilização está servindo apenas como ferramenta para
incrementar a aula, como um instrumento para se repassar determinado conteúdo,
não para o aluno construir por meio e com ele o seu conhecimento.
A formação atual do professor não o prepara para uma cultura de uso das
tecnologias como meio de produção do conhecimento, dificultando assim sua
utilização e provocando até resistência por parte de alguns que receiam aprendê-las
e fazer uso delas.
O quadro é ainda mais agravante quando se questiona sobre a utilização por
professores que atendem alunos com necessidades educacionais especiais
principalmente com aqueles do ensino regular que recebem alunos inclusos, pois além
da dificuldade de não conhecer as necessidades desse aluno e nem como promover
sua aprendizagem, sua prática pedagógica não traz nada de muito inovador e por
vezes, acabam igualando o aprendizado destes alunos aos demais da classe.
Não podemos deixar de admitir que a heterogeneidade dos alunos nas escolas
é um desafio posto e a LDB 9394/96 garante a esses alunos sua inclusão em escola
regular e o professor que lá se encontra, tem se deparado com dificuldades de várias
ordens, sendo uma delas a utilização de estratégias diferenciadas de ensino.

40
Para tanto, faz-se necessário diagnosticar as dificuldades que esse professor
se depara, e propor sugestões para dirimi-las.

O contexto das TICs para a Educação Especial

Atualmente, muito está se discutindo sobre a prática docente através do uso


de Tecnologias da Informação e da Comunicação que, além de favorecer
determinados comportamentos, influência nos processos de aprendizagem. A
utilização devidamente planejada e adequada pode viabilizar e favorecer o
desenvolvimento e aprendizado do aluno com necessidade educacional especial, e
ainda pode contribuir no seu processo de inclusão no contexto da escola regular.
Conforme Maria Teresa Eglér Mantoan (2000),

“para se tornarem inclusivas, acessíveis a todos os seus alunos, as escolas


precisam se organizar como sistemas abertos, em função das trocas entre
seus elementos e com aqueles que lhe são externos. Os professores
precisam dotar as salas de aula e os demais espaços pedagógicos de
recursos variados, propiciando atividades flexíveis, abrangentes em seus
objetivos e conteúdos, nas quais os alunos se encaixam, segundo seus
interesses, inclinações e habilidades...” (p.02)

Ou seja, as TICs são recursos altamente atrativos, instigantes e estimulantes


para que o aprendizado dos alunos inclusos consiga inserir-se sem traumas nas
escolas regulares, inclusive favorecendo a cooperatividade. Segundo Margaret
Simone Zulian e Soraia Napoleão Freitas (2000),

...os ambientes de aprendizagem baseados nas tecnologias da informação


e da comunicação, que compreendem o uso da informática, do computador,
da Internet, das ferramentas para a Educação a Distância e de outros
recursos e linguagens digitais, proporcionam atividades com propósitos
educacionais, interessantes e desafiadoras, favorecendo a construção do
conhecimento, no qual o aluno busca, explora, questiona, tem curiosidade,
procura e propõe soluções. O computador é um meio de atrair o aluno com
necessidades educacionais especiais à escola, pois, à medida que ele tem
contato com este equipamento, consegue abstrair e verificar a aplicabilidade
do que está sendo estudado, sem medo de errar, construindo o conhecimento
pela tentativa de ensaio e erro. (p. s/n)

Promover uma aprendizagem contextualizada, significativa e atrativa é


necessidade numa proposta inclusiva, situando o aluno com necessidades

41
educacionais especiais no mundo em que se encontra e onde atua. É necessário
propiciar-lhe a oportunidade de aprender, interagir, criar, pensar e ter acesso a todas
as tecnologias que o auxiliem a superar as barreiras que encontra em razão de sua
limitação e valorizando suas potencialidades.
Cabe ao professor, utilizar-se dos meios e instrumentos mais variados que
dispuser, de forma responsável e criativa, valorizando as diferenças de cada um,
aproximando-os dos demais alunos e à realidade que o cerca.
A prática docente através do uso de Tecnologias da Informação e de
Comunicação se apresenta como um desses meios, sendo já atestada por vários
autores, por exemplo, Valente (1991, 1997), que pesquisam, a validade do uso do
computador pelos alunos com necessidades educacionais especiais, e que acreditam
que este recurso auxilia qualquer que seja o grau de necessidade do aluno, até porque
é composto de diversas ferramentas, e estas propiciam um trabalho lúdico-
pedagógico, desde que mediado por profissionais qualificados. Valente (1997 apud
ZULIAN e FREITAS) coloca que,

O computador significa para o deficiente físico um caderno eletrônico; para o


deficiente auditivo, a ponte entre o concreto e o abstrato; para o deficiente
visual, o integrador de conhecimento; para o autista, o mediador da interação
com a realidade; e, para o deficiente mental, um objeto desafiador de suas
capacidades intelectuais. (s/p)

Outro autor que há mais de dez anos, traz à tona a validade do uso do
computador é Papert (1994 apud ZULIAN e FREITAS), quando afirma que,

... é uma ferramenta de trabalho com a qual o professor pode utilizar diversos
cenários de ensino e aprendizagem, entre eles, tutores, simuladores,
demonstrações, jogos educativos, ferramentas de textos, desenhos e
imagens, dependendo de seus reais objetivos educacionais. (s/p)

Não só o computador, mas as diversas mídias existentes, podem promover


situações de aprendizagem que favoreçam a construção do conhecimento de forma
mais atrativa, significativa, participativa e colaborativa tanto para os alunos de escolas
regulares como para aqueles com necessidades educacionais especiais.
Promovendo estas situações estaremos colaborando para uma escola
inclusiva, comprometida com os ideais de formação de indivíduos numa sociedade

42
igualitária, colaborativa, independente e responsável, tal como Mantoan (2000)
comenta,

... em uma palavra, precisamos somar competências, produzir tecnologia,


aplicá-la à educação, à reabilitação, mas com propósitos muito bem definidos
e a partir de princípios que recusam toda e qualquer forma de exclusão social
e toda e qualquer atitude que discrimine e segregue as pessoas, mesmo em
se tratando das situações mais cruciais de apoio às suas necessidades.
(p.58)

Acredita-se que esta deveria ser a tarefa de todos, tanto dos profissionais da
educação como de todo cidadão. Com essa premissa, a proposição foi de investigar
junto aos professores, principalmente, àqueles da escola regular que recebem o aluno
com necessidade educacional especial, sobre as dificuldades e necessidades que se
deparam em relação à utilização das tecnologias da informação e comunicação como
prática pedagógica.
Expectativas iniciais e mudanças de rumo da pesquisa
Inicialmente, esperava-se com a pesquisa levantar informações do número de
alunos com necessidades educacionais especiais atendidas nas instituições
pesquisadas, saber da existência de tecnologias e sobre a utilização ou não delas, a
fim de levantar subsídios para pesquisas futuras pelos Assessores Pedagógicos das
Coordenações Regionais de Tecnologia na Educação do Paraná (CRTEs) que
posteriormente vieram a criar e integrar um Grupo de Trabalho (GT EDESTIC) com o
objetivo precípuo de pesquisas sobre TICs e N.E.E. Entretanto, em contato com
alguns professores durante a elaboração do instrumento de pesquisa, percebeu-se a
necessidade de se buscar levantar ainda as dificuldades e necessidades encontradas
pelos professores em relação às tecnologias da informação e comunicação que
passaram a objetivar a referida pesquisa.
Metodologia do desenvolvimento da pesquisa
A pesquisa de caráter exploratória foi desenvolvida por dezenove Assessores
Pedagógicos de Tecnologia do Estado do Paraná das Coordenações Regionais de
Tecnologias na Educação de Apucarana, Área Metropolitana Norte, Campo Mourão,
Cascavel, Curitiba, Cornélio Procópio, Guarapuava, Dois Vizinhos, Ibaiti, Irati,
Ivaiporã, Loanda, Maringá, Paranaguá, Paranavaí, Pato Branco, Pitanga, Umuarama
e Toledo. A pesquisa aconteceu no segundo semestre de 2005, sendo utilizado como
43
instrumento um questionário diagnóstico com dezesseis questões abertas, ora
aplicado in loco, ora enviado para preenchimento pelo professor que atendia os alunos
com N.E.E. em escolas públicas estaduais regulares com alunos inclusos, escolas
especiais e APAEs, visando levantar dados sobre as Tecnologias de Informação e
Comunicação e as necessidades educacionais especiais para desenvolvimento de
pesquisas futuras. Participaram da pesquisa um professor de cada umas das 258
instituições de ensino pesquisadas.
Para realização da pesquisa foi elaborado pela Coordenação Estadual de
Tecnologia na Educação um ofício ao diretor da instituição explicitando o objetivo da
pesquisa e um questionário com 16 questões. As questões 1 a 4 indagavam sobre a
identificação da instituição e do responsável pelas respostas; as questões 5 a 11
averiguavam sobre o número de alunos atendidos; a questão 12 perguntava sobre as
tecnologias que a instituição dispõe, e as questões 13 e 14 complementavam se a
escola possui recursos/adaptações de acessibilidade e softwares específicos para
N.E.E; já a questão 15 indagava se os professores se dispõem a trabalhar
colaborativamente com a CRTE e por fim a questão 16 solicitava que o respondente
listasse as dificuldades e necessidades que se depara em relação à utilização das
tecnologias da informação e comunicação como prática pedagógica para atender os
alunos com necessidades educacionais especiais.
Os questionários em sua maioria foram preenchidos pelos Assessores das
CRTEs, juntamente com os professores que atendiam os alunos com N.E.E e/ou
pedagogo da instituição.
Após a aplicação, os questionários respondidos foram enviados à Assessora
Pedagógica da Coordenação Estadual de Tecnologia na Educação do Paraná e uma
das autoras deste artigo, a qual ficou responsável pela tabulação dos dados coletados.
Cabe ainda ressaltar que todos os dados coletados refletem as informações
prestadas pelos profissionais questionados na amostragem, podendo ou não se
revelar com exatidão e veracidade em relação à realidade existente.

Apresentação dos resultados

44
Os resultados da pesquisa apontaram 258 instituições de ensino pesquisadas,
sendo em algumas cidades em menor número do que em outras. Em relação ao total
de 9212 alunos com N.E.E. atendidos, a maior incidência se dá na área de deficiência
mental, perfazendo 78,62% do total indicado, seguida por 8,85% na deficiência
auditiva, 4,49% na deficiência visual, 3,46% na deficiência física, 3,00% nas condutas
típicas e finalmente 1,58% na superdotação e altas habilidades. É importante salientar
que constam ainda alunos com múltiplas deficiências, porém devido ao reduzido
número apontado, não foi contemplado neste artigo.
Sobre as tecnologias constantes das escolas, as que são encontradas em
praticamente todas elas, são a televisão e o vídeo, sendo em 97%, seguido em menor
número pelo retroprojetor, em 59%. Os computadores são ainda escassos e
normalmente as instituições que os possuem são para uso administrativo, sendo
somente 10% do total para uso de seus alunos. Ainda em 8% do total das instituições
encontra-se o projetor de slides.
Em relação ao item sobre as adaptações de acessibilidade e softwares com
licença que as instituições dispunham, o índice atestado foi ínfimo, não merecendo
consideração.
Quanto às dificuldades e/ou necessidades que os professores se deparam em
relação às tecnologias da informação e comunicação que gostariam de estar
pesquisando e buscando alternativas, colaborativamente com os Assessores
Pedagógicos das CRTEs, para melhoria no atendimento dos alunos com
necessidades educacionais especiais, considerou-se imprescindível citá-las na
íntegra, sendo que muitas pessoas reincidiram em vários questionários. Foram elas:
1) Recursos materiais e tecnológicos (computador para a sala de recursos;
laboratório com Internet; softwares específicos para as deficiências; melhorar o
espaço físico (adequação), material didático específico, jogos didáticos, material
alternativo para sala de aula; programas educativos; recursos de
acessibilidade/adaptação; necessidade de auxiliar no laboratório de informática;
acervo bibliográfico para cegos; programas e filmes adaptados com legenda).
2) Aperfeiçoamento profissional (práticas pedagógicas
diferenciadas/diversificadas, conhecimento referente ao atendimento de alunos
com N.E.E., capacitação dos professores para uso de tecnologias; vídeos com
45
palestras referentes a temas de educação especial; capacitação para professores das
salas regulares que atendem alunos com N.E.E, troca de informações sobre
procedimentos no atendimento com alunos de outras escolas; profissionais
especializados; maior esclarecimento sobre as deficiências (limites, possibilidades,
cuidados); informações sobre recursos tecnológicos e pedagógicos que se possam
utilizar nas diversas áreas de deficiências).
3) Espaço físico adequado (recursos de acessibilidade/adaptação).

Por fim, do total de instituições pesquisadas, somente uma não respondeu à


questão de dispor-se a trabalhar colaborativamente com as CRTEs a fim de buscar
alternativas pedagógicas para melhoria na qualidade de atendimento dos alunos com
N.E.E. e as demais responderam afirmativamente, o que demonstra o interesse e a
necessidade de constante atualização e formação continuada dos professores.

Considerações finais

Por meio da pesquisa realizada pôde-se ter uma noção abreviada, mas uma
expressiva referência em relação as TICs nas escolas/instituições do Estado do
Paraná que atendem alunos com necessidades educacionais especiais, bem como as
necessidades e dificuldades encontradas pelos professores para sua utilização com
aqueles alunos.
Considerando-se as cidades pesquisadas, foi possível perceber que as TICs
são ainda pouco utilizadas com alunos com necessidades educacionais no Estado do
Paraná, constatando-se que isso se dá principalmente pela falta de recursos
tecnológicos nas escolas e pela deficitária formação do professor em como utilizá-las
pedagogicamente.
A maioria dos professores demonstram estarem abertos e interessados em
apropriar-se do uso das TICs na sua prática pedagógica, favorecendo a busca de
pesquisas que os apóiem em propostas de formação continuada nessa área.
Por fim considerou-se que os objetivos da pesquisa foram atingidos, pois além
das informações sobre os números de alunos atendidos e sobre as TICs nas N.E.E,
vários itens foram indicados como dificuldades/necessidades pelos professores, que
46
estão servindo como referência para subsidiar pesquisas e projetos de formação
continuada aos professores do Estado do Paraná , visando a utilização dessas TICs
como estratégias de aprendizagem e práticas pedagógicas significativas aos alunos
com necessidades educacionais especiais.
Recomendações para pesquisa futura
Considerando que este estudo preliminar foi de relevância para apontar que as
TICs em conjunto com estratégias pedagógicas adequadas de ensino podem
subsidiar a aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais e
ainda considerando a pouca utilização pelos professores do Estado do Paraná, esta
pesquisa constitui-se como uma referência para as futuras ações dos Assessores das
CRTEs, assim como para a continuidade e o aprofundamento de outras investigações
que envolvam uma maior amostragem dentro do Estado, bem como a proposição de
projetos que venham fortalecer e promover a formação continuada aos professores
para a utilização dessas TICs como estratégias de aprendizagem significativas e
adequadas às necessidades educacionais de nossos alunos com N.E.E.

47
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Maria. Disponível http://www.ufsm.br/ce/revista/ceesp/2001/02/r5.htm. Acessado em
25/10/2005.

49

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