Apostila Do Curso Prevenção de Incendio Florestais
Apostila Do Curso Prevenção de Incendio Florestais
Apostila Do Curso Prevenção de Incendio Florestais
COORDENAÇÃO-GERAL DE ENSINO
COORDENAÇÃO DE ENSINO A DISTÂNCIA
CONTEUDISTAS
Jefferson de Souza
Davi Lucas Soares
REVISÃO DE CONTEÚDO
Manoel Félix Neto
REVISÃO ORTOGRÁFICA
Andreia Olivo
REVISÃO PEDAGÓGICA
Daniele Rosendo dos Santos
Márcio Raphael Nascimento Maia
PROGRAMAÇÃO E EDIÇÃO
Lúcio André Amorim
Renato Antunes dos Santos
DESIGNER
Ozandia Castilho Martins
Renato Antunes dos Santos
DESIGNER INSTRUCIONAL
Ozandia Castilho Martins
2
Apresentação do Curso ..........................................................................................................7
Objetivos do Curso .................................................................................................................8
Estrutura do Curso .................................................................................................................8
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS ........................9
Apresentação do módulo ....................................................................................................9
Objetivos do módulo ...........................................................................................................9
Estrutura do módulo ...........................................................................................................9
Aula 1 - INCÊNDIOS FLORESTAIS NO BRASIL ..............................................................10
1.1 Histórico dos Incêndios Florestais no Brasil ............................................................10
Aula 2 - BIOMAS BRASILEIROS ......................................................................................12
Finalizando .......................................................................................................................15
MÓDULO 2 - TEORIA BÁSICA ............................................................................................16
Apresentação do módulo ..................................................................................................16
Objetivos do módulo .........................................................................................................16
Estrutura do módulo .........................................................................................................17
Aula 1 – CONCEITOS BÁSICOS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS ..................................18
1.1. Triângulo do fogo....................................................................................................18
1.2. Métodos de extinção ..............................................................................................19
1.3. Combustão do material florestal .............................................................................20
1.4. Partes de um incêndio florestal ..............................................................................21
1.5. Classificação ..........................................................................................................22
1.6. Causas ...................................................................................................................24
1.7. Consequências.......................................................................................................25
Aula 2 - COMPORTAMENTO DO FOGO .........................................................................27
2.1. Transferência de calor ............................................................................................27
2.2. Evolução de um incêndio florestal ..........................................................................29
2.3. Variação da propagação .........................................................................................30
2.4. Velocidade de propagação .....................................................................................30
2.5. Intensidade do fogo ................................................................................................30
2.6. Fatores que influenciam na propagação .................................................................31
2.6.1. Combustíveis .......................................................................................................................................... 31
2.6.2. Classificação dos combustíveis ....................................................................................................... 31
2.6.3. Umidade do combustível ................................................................................................................... 32
2.6.4. Continuidade horizontal e vertical ................................................................................................ 32
2.7. Condições meteorológicas .....................................................................................33
2.8. Topografia ..............................................................................................................33
3
Finalizando .......................................................................................................................35
MÓDULO 3 — COMBATE ...................................................................................................36
Apresentação do módulo ..................................................................................................36
Objetivos do módulo .........................................................................................................36
Estrutura do módulo .........................................................................................................37
Aula 1 - GRUPO DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS ........................................38
1.1. Guarnição de Combate a Incêndio Florestal ...........................................................38
1.1.1. Atribuições do comandante de uma GCIF .................................................................................. 39
1.1.2. Atribuições dos combatentes de uma GCIF ............................................................................... 39
1.1.3. Características físicas.......................................................................................................................... 39
Aula 2 - MATERIAIS, VIATURAS E AERONAVES ...........................................................40
2.1. Equipamento de Proteção Individual (EPI) .............................................................40
2.2. Kit de sobrevivência ...............................................................................................45
2.3. Ferramentas ...........................................................................................................45
2.4. Equipamentos ........................................................................................................50
2.5. Acessórios..............................................................................................................53
2.6. Veículos .................................................................................................................53
2.7. Meios Aéreos .........................................................................................................53
Aula 3 - MÉTODOS DE COMBATE TERRESTRES E AÉREO .........................................54
3.1. Método de combate direto ......................................................................................54
3.1.1. Uso de á gua no combate direto....................................................................................................... 55
3.1.2. Ângulo de ataque ............................................................................................................................. 55
3.1.3. Há algumas regras que, geralmente, se aplicam, como as seguintes: ........................ 56
3.1.4. Utilizaçã o de ferramentas ................................................................................................................. 57
3.1.5. Utilizaçã o de soprador/pulverizador........................................................................................... 58
3.2. Método de combate indireto, paralelo ou misto ......................................................59
3.3. Método de combate indireto ...................................................................................60
3.3.1. Contrafogo ............................................................................................................................................... 61
3.3.2. Linha de defesa/aceiro de combate .............................................................................................. 62
3.3.2.1. Como construir uma linha de defesa ................................................................................... 62
3.3.2.2. Como os incêndios podem ultrapassar as linhas de defesa........................................ 64
3.4. Operações Aéreas .................................................................................................64
3.4.1. Níveis de empenho dos Meios Aéreos ......................................................................................... 65
3.4.2. Classificação dos Meios Aéreos....................................................................................................... 66
Aula 4 - SEGURANÇA EM OPERAÇÕES DE COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS
.........................................................................................................................................71
4
4.1. Aspectos gerais ......................................................................................................71
4.2. No combate ao incêndio .........................................................................................71
4.3. No deslocamento ...................................................................................................72
4.4. No transporte e uso de ferramentas .......................................................................73
4.5. No transporte e uso dos equipamentos ..................................................................73
4.6. Na operação de máquinas pesadas .......................................................................73
4.7. As 10 normas de segurança no combate a incêndio florestal .................................74
4.8. As 18 situações de perigo no combate a incêndio florestal.....................................74
4.9. Procedimento ao ser cercado pelas chamas ..........................................................75
4.10. Segurança em Operações Florestais com emprego de Meios Aéreos.................76
4.11. Enquanto os meios aéreos realizam o lançamento de água .................................77
4.12. Próximo às áreas de pouso e decolagem .............................................................77
4.13. Na aproximação ou afastamento de aeronaves ....................................................78
4.14 Enquanto estiver embarcado .................................................................................81
Aula 5 - FASES DE UMA OPERAÇÃO DE COMBATE AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS .83
5.1. Preparação .............................................................................................................83
5.2. Pré-operação..........................................................................................................84
5.3. Operações na zona de incêndio .............................................................................85
5.3.1. Estabelecimento da estrutura de comando ............................................................................... 85
5.3.2. Reconhecimento ................................................................................................................................... 85
5.3.3. Recursos disponíveis .......................................................................................................................... 87
5.3.4. Gerenciamento dos riscos ................................................................................................................. 87
5.3.5. Definição do método de combate .................................................................................................. 87
5.4. Rescaldo ................................................................................................................88
5.5. Desmobilização ......................................................................................................88
5.6. Perícia ....................................................................................................................88
Finalizando .......................................................................................................................89
MÓDULO 4 – PREVENÇÃO ................................................................................................90
Apresentação do módulo ..................................................................................................90
Objetivos do módulo .........................................................................................................90
Estrutura do Curso ............................................................................................................91
Aula 1 - SISTEMAS PREVENTIVOS CONTRA INCÊNDIOS FLORESTAIS .....................92
1.1. Prevenção das fontes do fogo ................................................................................92
1.2. Prevenção da propagação do fogo .........................................................................93
1.2.1. Sistema de compartimentação por talhão.................................................................................. 94
1.2.2. Sistemas de acessos ............................................................................................................................. 94
5
1.2.3. Sistema de manancial ......................................................................................................................... 95
1.2.4. Sistema de vigilância e detecção .................................................................................................... 95
1.2.5. Redução do material combustível ................................................................................................. 96
1.2.6. Sistema de apoio a operações de combate a incêndio .......................................................... 96
1.3. Silvicultura preventiva.............................................................................................96
1.4. Índices de perigo de incêndio .................................................................................97
Aula 2 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA ...........................................................98
2.1. Introdução ..............................................................................................................98
2.2. Direito ambiental ....................................................................................................99
2.3. O Brasil e o direito ambiental..................................................................................99
2.3. Incêndios, queimadas e desenvolvimento sustentável .........................................101
Aula 3 - SALVAMENTO DE ANIMAIS SILVESTRES ......................................................103
3.1. Fatores que influenciam no salvamento de animais silvestres ..............................103
3.2. Da contenção .......................................................................................................104
3.2.1. Contenção física ................................................................................................................................. 104
3.2.2. Contenção química............................................................................................................................ 105
3.3. Exemplos de materiais utilizados para a contenção de animais: ..........................105
3.4. Destinação dos animais salvos ............................................................................111
Finalizando .....................................................................................................................113
GLOSSÁRIO ..................................................................................................................114
Referências Bibliográficas ..................................................................................................116
6
Apresentação do Curso
Bons estudos!
7
Objetivos do Curso
Estrutura do Curso
8
MÓDULO 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS INCÊNDIOS
FLORESTAIS
Apresentação do módulo
Objetivos do módulo
Estrutura do módulo
9
Aula 1 - INCÊNDIOS FLORESTAIS NO BRASIL
SAIBA MAIS!
Atualmente os incêndios florestais mais severos têm ocorrido na região
amazônica e no Pantanal. Em 2019 foram registrados mais de 160 mil focos de
incêndio, já em 2020, entre os meses de janeiro e outubro, foi registrado 45%
a mais do que no ano anterior, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE). Em agosto de 2019 foram registrados mais de 59 mil focos
de incêndio na região amazônica, o que representa quase 50% dos incêndios
florestais ocorridos em todo o território nacional no mês. Estima-se que 906 mil
hectares de florestas foram consumidos em 2019, apenas na região amazônica
que é composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia,
Roraima, Maranhão, Mato Grosso, Pará e Tocantins. Segundo a Agência
Espacial Norte-Americana (NASA), a quantidade de incêndios florestais
registrados no Brasil em 2019, assemelham-se aos registros de 2004 e 2010.
(Ministério do Meio Ambiente, 2021).
10
No Pantanal, os incêndios florestais consumiram mais de 2,3 milhões de
hectares, em 2020, nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, conforme os
dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA). Esse registro
representa a maior área consumida por incêndios florestais nos últimos 14 anos.
Nesse ano, todos os municípios do Pantanal registraram focos de incêndio, entre julho
e setembro, atingindo uma área superior a 1.654.000 hectares, dentre parques
nacionais e estaduais, área de proteção ambiental, reservas particulares, estações
ecológicas, além de terras indígenas (Ministério do Meio Ambiente, 2021).
11
Aula 2 - BIOMAS BRASILEIROS
O Brasil possui seis biomas (Figura 01), são eles: Amazônia, Mata Atlântica,
Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal. A seguir serão apresentadas as principais
características de cada um.
12
Amazônia:
É o maior bioma brasileiro, presente nos estados do Acre, Amapá, Amazonas,
Pará, Roraima, parte de Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins. O bioma
amazônico estende-se por cerca de 4.196.943 de km² (IBGE, 2004), ocupando 49%
do território nacional. A Amazônia representa a maior floresta tropical do mundo,
contendo ainda a maior quantidade de espécies da flora e da fauna. A fauna, no bioma
amazônico, corresponde a cerca de 20% de todas as espécies do planeta Terra. A
região representa 20% do estoque mundial de água doce, possuindo também grandes
reservas minerais. Devido às condições do solo, a floresta amazônica se mantém a
partir do material orgânico depositado nas camadas superficiais, muito sensível aos
danos causados pelos incêndios florestais (Ministério do Meio Ambiente, 2021).
Mata Atlântica:
Esse bioma ocupa cerca de 13% do território nacional, abrangendo 17 estados
brasileiros, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. Devido à presença
costeira, numa faixa do território ocupada por mais de 50% da população brasileira, a
Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado no Brasil. Apenas cerca de 29% da sua
cobertura florestal original ainda está preservada. A Mata Atlântica está inserida num
contexto de estações climáticas bem definidas, com períodos de seca e chuva, além
da alta pluviosidade e umidade. O bioma da Mata Atlântica possui uma flora com cerca
de 20 mil espécies vegetais, ou seja, cerca de 35% das espécies existentes no Brasil.
A fauna reúne cerca de 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de
mamíferos e 350 de peixes. Ele é composto por formações florestais nativas, tais
como a Floresta Ombrófila Densa e a Floresta Ombrófila Mista, também denominada
Mata de Araucárias, a Floresta Ombrófila Aberta, a Floresta Estacional Semidecidual
e a Floresta Estacional Decidual, além de ecossistemas associados: Manguezais,
Restingas, Campos de Altitude, Brejos e encraves florestais do Nordeste (Ministério
do Meio Ambiente, 2021).
Cerrado:
Cerca de 24% do território brasileiro registra a presença desse bioma,
tornando-o o segundo maior do país. Ele está presente nos estados da Bahia, Goiás,
Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Maranhão, Piauí,
Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal. Reconhecido também como a
Savana brasileira, o Cerrado é o bioma com a maior concentração de biodiversidade
no planeta Terra, com mais de 11.600 espécies de plantas e 137 espécies de animais
13
listados, muitos sob risco de extinção. Até a década de 1950, o Cerrado manteve-se
bastante preservado, contudo, com a construção da nova capital federal, a partir da
construção de Brasília-DF, e a abertura de uma nova rede rodoviária para o interior
do país, a partir da década de 60 a cobertura vegetal natural deu lugar à pecuária e à
agricultura intensiva. O Cerrado é segundo bioma brasileiro que mais sofreu
alterações com a ocupação humana, restando a indesejável liderança para a Mata
Atlântica. A partir da expansão das atividades agrícolas para a produção de carne e
grãos e da exploração de madeira e mineração, o Cerrado tem evoluído para o
escasseamento dos recursos naturais da região (Ministério do Meio Ambiente, 2021).
Caatinga:
Esse bioma ocupa uma área aproximada de 11% do território nacional e se
estende pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Embora esteja
localizado em área de clima semiárido, com temperaturas médias anuais entre 25°C
e 30°C, apresenta grande variedade de paisagens, relativa riqueza biológica e
espécies só encontradas nesse bioma. Os tipos de vegetação da Caatinga encontram-
se bastante alterados, com a substituição de espécies vegetais nativas por pastagens
e agricultura. O desmatamento e as queimadas são práticas comuns no preparo da
terra para a agropecuária, potencializando a destruição da cobertura vegetal natural e
a manutenção de animais silvestres, além da qualidade da água e o equilíbrio do clima
e do solo. Da área original ocupada por esse bioma, cerca de 36% já foram alterados
pelo homem. A fauna é bastante diversificada, com 178 espécies de mamíferos, 591
de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas. A
vegetação é composta principalmente por plantas xerófitas, que se adaptaram ao
ambiente com poucas chuvas e baixa umidade (Ministério do Meio Ambiente, 2021).
Pampa:
Esse bioma ocupa cerca de 2% do território nacional, mais da metade do
território do Rio Grande do Sul, cerca de 63% da extensão territorial daquele Estado.
É caracterizado por clima chuvoso, sem período seco, mas com temperaturas
negativas no inverno, que influenciam a vegetação, com temperatura entre 10°C e
14°C e no verão entre 20°C e 23°C. O bioma apresenta paisagens naturais de campos
nativos, matas ciliares, matas de encosta, matas de pau-ferro, afloramentos rochosos,
formações arbustivas, entre outros. A fauna é composta por 500 espécies de aves,
14
100 espécies de mamíferos e grande variedade de insetos e a flora por 3.000 espécies
de plantas. (Ministério do Meio Ambiente, 2021).
Pantanal:
Esse bioma ocupa cerca de 2% do território brasileiro, e se estende pelos
estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É reconhecido como a maior planície
de inundação contínua no mundo, fator que o diferencia dos demais biomas. O Bioma
Pantanal é o mais preservado no Brasil. A criação de gado e o turismo destacam-se
nessa região. O clima é tropical, com temperatura média de 17°C, com chuvas
concentradas no verão e estiagem no inverno. A vegetação do Pantanal é bastante
variada, pois se localiza na faixa de transição entre o cerrado, floresta amazônica e a
floresta tropical. A fauna é composta por aproximadamente 260 espécies de peixes,
41 de anfíbios, 113 de répteis, 463 de aves e 132 de mamíferos. A flora apresenta
quase duas mil espécies de plantas já identificadas, algumas com potencial medicinal.
O bioma vem sendo muito impactado pela ação humana, principalmente pela
atividade agropecuária, contudo mantêm 83,07% de sua cobertura vegetal nativa
(Ministério do Meio Ambiente, 2021).
Finalizando
15
MÓDULO 2 - TEORIA BÁSICA
Apresentação do módulo
Objetivos do módulo
16
Estrutura do módulo
17
Aula 1 – CONCEITOS BÁSICOS DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS
18
Comburente: é a substância capaz de reagir com os produtos combustíveis
para transformar em energia.
Além dos três elementos que formam o triângulo do fogo, é importante destacar
que, para que o fogo se sustente, a energia liberada deve ser suficiente para
desencadear a sequência de outras reações. Esta ação é chamada reação em
cadeia. Alguns estudos apontam que seria um quarto elemento, portanto, um
tetraedro do fogo. Para extinguir o fogo, é necessário realizar uma intervenção em
qualquer um dos elementos do triângulo do fogo, ou mesmo na quebra da reação em
cadeia.
19
Abafamento: consiste em cessar/inibir a oferta do comburente. Ex.: utilização
de abafadores e/ou batedores.
Quebra da reação química em cadeia: interferência direta na combinação
dos gases quentes e inflamáveis com o comburente. Ex.: utilização de produtos
químicos aplicados no combustível.
Retirada do material combustível: objetiva retirar/afastar o material
combustível que se encontra próximo ao incêndio ou em direção a este. Ex.:
construção de aceiros/linhas de defesa.
20
1.4. Partes de um incêndio florestal
21
1.5. Classificação
22
Incêndios superficiais:
Propagam-se na superfície do piso da floresta, queimando os restos vegetais
não decompostos, tais como folhas e galhos caídos, gramíneas, arbustos, enfim todo
o material combustível (figura 6). Características: propagação relativamente rápida,
abundância de chamas, muito calor e normalmente o combate é mais fácil, mas dão
origem aos outros tipos de incêndios.
Incêndios de copa:
Propagam-se nas copas das árvores, em que a velocidade e a intensidade do
fogo são maiores e mais rápidas, devido à grande circulação do vento (figura 6). São
assim classificados independentemente do fogo ser superficial. Características: toda
a folhagem do estrato arbóreo é consumida pelo fogo; libera excesso de calor; em sua
grande maioria são originados por incêndios de superfície (com exceção as descargas
elétricas); favorecido pela continuidade vertical do material combustível e em locais
de grande inclinação por meio das correntes de convecção.
23
Incêndios subterrâneos:
Propagam-se pelas camadas de húmus ou turfa existentes sobre o solo mineral
e abaixo do piso da floresta. Esses combustíveis são de textura fina, relativamente
compactados e isolados da atmosfera (figura 7). Características: devido ao seu
isolamento com a camada atmosférica (pouco oxigênio disponível) o fogo nesse tipo
de incêndio se propaga com maior lentidão; sem presença de chamas; geralmente
com pouca fumaça; difícil detecção; intensidade de calor elevada e causam a morte
das raízes.
1.6. Causas
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, aponta que
na América do Sul cerca de 85% dos incêndios florestais são causados pela ação
humana. A lista destas ações inclui desde a limpeza para cultivo e agricultura,
desenvolvimento industrial, extração de produtos diversos da madeira, até negligência
e ações criminosas. Conhecer as causas é importante para atuar na prevenção, ou
seja, combater diretamente o porquê de os incêndios florestais estarem a ocorrer.
Sugere-se, para fins estatísticos e de parametrização, a adoção de uma lista de
causas para a ocorrência dos incêndios florestais, dentre elas:
● acampamento ou atividade recreativa;
● apicultura;
● atividade ferroviária;
● balão de festa junina;
24
● caça de animais;
● combustão espontânea;
● crianças;
● fogos de artifício;
● foguete sinalizador;
● fumantes;
● incendiário;
● linha de transmissão de energia elétrica de alta tensão;
● munição incendiária;
● queima de lixo;
● queima de resíduos agrícolas;
● queima em trabalhos rurais;
● raio;
● rituais religiosos;
1.7. Consequências
25
desemprego, extinção de espécies e outros, podem resultar em prejuízos financeiros
e ambientais relevantes, dependendo da severidade do incêndio florestal.
26
Aula 2 - COMPORTAMENTO DO FOGO
Dado que se inicia o fogo, o calor deve ser transferido da zona de combustão
para os combustíveis próximos para que o incêndio tenha continuidade. O calor pode
ser propagado nos ambientes a partir de três diferentes meios:
Condução:
É a transferência do calor em corpos sólidos, de molécula a molécula, sem que
haja a transferência de matéria durante o processo (Figura 9). Pode ser facilmente
entendido observando a ponta de barra de ferro ficar quente quando a outra
extremidade é exposta a uma fonte de calor.
Radiação:
É a transferência de calor por ondas eletromagnéticas sem que haja a
necessidade da presença de matéria (sólida, líquida ou gasosa).
27
Figura 10: Exemplo de transferência de calor por radiação
Fonte: SCD/EaD/Segen.
Convecção:
É a transferência de calor por meio do movimento circular ascendente de
massas de ar aquecida (figura 11).
28
Apesar de não ser considerada uma forma de transferência de calor, as
projeções de partículas incandescentes possuem grande incidência nos incêndios
florestais. Incêndios de grande intensidade produzem um alto número de fagulhas que
podem se deslocar por longas distâncias, produzindo novos focos de incêndio (Figura
13).
Você sabia que um incêndio superficial sempre tem início por um pequeno
foco? Sim, essa afirmativa é verdadeira. Inicialmente, o incêndio tende a se propagar
para todos os lados de formando uma cerca com característica circular (Figura 14). O
vento é considerado o principal elemento que dá forma e direção de propagação da
maioria dos incêndios, outros elementos também influenciam, dentre eles os
combustíveis e a topografia.
29
2.3. Variação da propagação
Os incêndios possuem variações diferentes no decorrer do dia, pois a
intensidade do fogo e a velocidade de propagação reage às variações meteorológicas
diurnas ou noturnas, conforme figura 15. Por meio da variação da propagação, pode-
se observar que existem horas do dia mais propícias para o combate. Os incêndios
são mais facilmente combatidos nas madrugadas.
30
intensidade pode também ser associada ao comprimento médio das chamas. Dada a
dificuldade na obtenção desta, sugere-se identificá-la por meio da carbonização na
casca das árvores.
2.6.1. Combustíveis
O combustível é o principal elemento dos incêndios florestais, porque sobre ele
é que se tem maior facilidade de se auferir modificações.
Perigoso:
É aquele de combustão rápida, constitui-se principalmente de materiais leves e
finos como folhas, pequenos galhos, acículas mortas, capim seco e pequenos
arbustos. Por serem finos, perdem umidade mais facilmente e absorvem calor com
mais facilidade, o que implica em ignição rápida e a combustão também ocorre de
forma rápida acelerando a propagação.
Semi perigoso:
Constitui-se de materiais mais espessos que os perigosos. São materiais
lenhosos, húmus e turfa. Possuem a característica de queima lenta. Apresentam risco
de reignição do incêndio, dado que desenvolvem intenso calor.
Verde:
É todo o material vivo, que apresenta um alto teor de água. Nota-se que, uma
vez submetido a intensas fontes de calor, se tornam inflamáveis e de difícil extinção.
Por vezes são responsáveis pela reignição dos focos de incêndio, quando o rescaldo
não é realizado na forma adequada.
31
2.6.3. Umidade do combustível
A umidade no combustível é determinada em razão do porcentual de água em
relação ao peso seco. A presença ou não de água e a quantidade disponível no
material combustível é o fator decisivo do processo de combustão. Caso o material
combustível esteja úmido a combustão só irá ocorrer após a evaporação da água.
Para isso é preciso que haja uma fonte de calor suficiente e de forma contínua agindo
sobre o material combustível, com isso parte de energia que seria utilizada para
desencadear o processo de combustão e interagir no processo de pré-aquecimento
acaba sendo consumida para o processo de evaporação de umidade.
32
2.7. Condições meteorológicas
São importantes na propagação dos incêndios, sendo elas:
Temperatura do ar: influencia diretamente na combustão e propagação dos
incêndios, porque a temperatura de ignição depende da própria temperatura inicial do
combustível e da temperatura do ar em volta dele. A temperatura age também sobre
os outros fatores que atuam na propagação do fogo, como os ventos e a estabilidade
atmosférica.
Umidade relativa do ar:
Teor da umidade do material combustível em floresta é controlado, em grande
parte, pela umidade atmosférica. A umidade relativa do ar é também um elemento
importante na avaliação do grau de dificuldade de combate aos incêndios, quando a
umidade relativa do ar desce ao nível de 30% ou menos se torna extremamente difícil
combater um incêndio.
Vento:
Influência na propagação dos incêndios de várias maneiras, ele desloca o ar
úmido do interior da floresta, aumentando a evaporação e favorecendo a secagem do
material combustível. Ventos suaves certamente ajudam na ignição do material
combustível. Constitui-se num dos principais fatores de direcionamento do incêndio,
dado que inclina as chamas influenciando na fase de pré-aquecimento, além de
projetar fagulhas a longas distâncias.
Precipitação:
As condições de inflamabilidade podem ser revertidas pelas chuvas e o
contrário, pois em longos períodos de estiagem aumentam o potencial de propagação,
dado que ocorre a secagem progressiva do material morto o que afeta o teor de
umidade da vegetação verde, com isso aumenta a probabilidade de ignição e a
facilidade de propagação do incêndio.
2.8. Topografia
Exerce grande influência sobre o clima e vegetação. A influência da topografia
nos incêndios pode ser mais bem compreendida por meio da análise de três fatores
básicos: elevação, exposição e inclinação.
Elevação:
33
Altas elevações na superfície da terra apresentam ar mais rarefeito e
temperaturas mais baixas. Baixas elevações possuem a tendência de apresentar
estações de risco de incêndio mais longas do que altas elevações.
Exposição:
É a direção do lado da montanha em relação aos pontos cardeais, ao sul do
Equador, os raios solares incidem mais diretamente sobre as faces voltadas para o
norte e consequentemente transmitem mais calor para essa exposição que para
qualquer outra. A face oeste é a segunda a receber a maior quantidade de energia
seguida depois da face leste.
Inclinação:
O fogo se propaga mais rapidamente nos aclives e lentamente nos declives,
uma vez que a vegetação que será queimada está mais perto das chamas, sendo
afetada pelo contato direto com o fogo e também pelo pré-aquecimento, que ocorre a
partir das nuvens de convecção.
34
Finalizando
35
MÓDULO 3 — COMBATE
Apresentação do módulo
Objetivos do módulo
36
● Identificar os fatores de risco em operações helitransportadas;
● Conhecer as fases de uma operação de combate aos incêndios florestais.
Estrutura do módulo
37
Aula 1 - GRUPO DE COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS
Podemos afirmar que não existe número ideal de combatentes para compor
uma Guarnição de Combate a Incêndio Florestal (GCIF). O padrão mínimo sugerido
é de 6 a 10 combatentes, divididos nas seguintes funções:
● 01 comandante;
● 04 a 08 combatentes.
NA PRÁTICA!
É admitido o trabalho com a equipe de primeira resposta para pequenos
incêndios ou quando o incêndio ainda está no início, porém são admitidas e
esperadas alterações quando há evolução nos incêndios florestais, sobretudo
quando tomam proporções maiores do que a capacidade de resposta inicial, caso
isso ocorra, o grupo deverá organizar a cena, prestar o primeiro atendimento e
solicitar reforço.
38
instituições, de forma que a capacidade de resposta seja adequada ao(s) incêndio(s)
existente(s), contudo, essas equipes devem possuir estrutura de enfrentamento aos
incêndios, dentre elas: contingente capacitado e treinado, equipamentos, veículos e
aeronaves, específicos para missão, equipamentos de proteção individual, de
sobrevivência e comunicação.
39
Aula 2 - MATERIAIS, VIATURAS E AERONAVES
40
utilizados em CIF, são semelhantes aos utilizados em qualquer outro tipo de combate
a incêndio, porém, com algumas diferenças de modo que abranjam as especificidades
de um incêndio florestal, que necessitam de uma roupa mais leve que o incêndio
estrutural, permitindo um deslocamento mais rápido e um desgaste muito menor.
Vestimenta de Proteção:
Equipamento destinado a proteção do corpo contra impactos perfurocortantes,
descargas elétricas, calor e contato direto com o fogo. Proporciona maior sensação
de segurança durante o combate, favorecendo maior aproximação das chamas para
o combate direto, composta de calça comprida e camisa de manga comprida ou
jaqueta de proteção ou macacão com manga comprida. Determinadas cores podem
favorecer a visualização aérea ou terrestre dos combatentes, para isso é
recomendado cores como amarelas, verde limão, laranja, ou vermelho e faixas
refletivas (conforme a ABNT NBR 15292). Deve ser adequado e ajustado ao tamanho
do combatente, possibilitando a execução de todos os movimentos, deve ser usado
sempre com a manga estendida e em conjunto com os demais EPI’s.
Perneiras:
Equipamento destinado a garantir a proteção dos membros inferiores contra-
ataques de animais peçonhentos. As talas ou outro material resistente em sua parte
frontal, garante proteção contra agentes abrasivos, escoriantes, e impactos
perfurocortantes. Deve ser ajustável e vestida para não se desprender. Deve ser
utilizada sobre o cano do calçado de segurança (o calçado não substitui o uso da
perneira).
41
Figura 18: Perneiras
Fonte: SCD/EaD/Segen.
Óculos de proteção:
Equipamento destinado a proteção da visão contra impactos, luminosidade
intensa, radiação solar, poeira, galhos, vidros, calor, fagulhas e brasas. Os óculos de
proteção de ampla visão possibilitam uma visão panorâmica e oferece vedação e
proteção multidirecional contra agentes externos. usuários que usam óculos de grau
devem utilizar óculos de proteção adaptados. O EPI deve permitir ajuste para atender
o usuário.
Botas de combate:
Equipamento destinado a garantir a proteção dos pés contra impactos, perfuro
cortantes, descargas elétricas, calor e contato direto com o fogo. O seu solado deve
42
ser adequado para a superfície do terreno, evitando quedas ao caminhar e
queimaduras. Proporciona ergonomia, evita torções e o seu cano oferece certo nível
de proteção contra animais peçonhentos. Deve ser leve e sempre ajustado ao usuário.
Deve proporcionar o fechamento na perna a fim de evitar a entrada de material
incandescente na parte interna do calçado.
O calçado deve ser fechado de cano alto, confeccionado em material resistente
ao calor e com sola antiderrapante.
43
Capacete:
Equipamento destinado a garantir a proteção da cabeça contra impactos
mecânicos e radiação solar. Recomenda-se a utilização de determinadas cores que
podem favorecer a visualização aérea ou terrestre dos combatentes, sugere-se cores
como amarelo, verde limão, laranja, ou vermelho e faixas refletivas. Faz-se necessário
a adição de acessórios, como óculos e protetor de nuca. O capacete deve ser leve e
sempre ajustado ao usuário. Com fixação de três pontos.
Luvas de proteção:
Equipamento destinado a proteger as mãos do combatente, principalmente
contra acidentes relacionadas ao calor e abrasão. Preferencialmente feita de materiais
ignífugos, podendo ser utilizada as de couro ou vaqueta, ou outros materiais
comprovadamente apropriados. A manga deve ser comprida além do punho,
protegendo-o, sendo o fechamento em tirante de velcro e se possível com reforço da
palma da mão.
44
2.2. Kit de sobrevivência
2.3. Ferramentas
45
Ancinho: utilizado para remover vegetação leve já cortada. Em alguns estados
é conhecido por Rastelo e/ou ciscador.
46
Enxada: utilizada para construir aceiros, raspar solo, cavar e cortar vegetação
leve.
47
Figura 30: Mcleod
Fonte: SCD/EaD/Segen.
Pás de corte: material utilizado para a limpeza dos aceiros e para jogar terra
ou areia nos pequenos focos de incêndio. Deve ser composta de material resistente
ao calor e à quebra.
48
Figura 32: Pás de corte
Fonte: SCD/EaD/Segen.
49
2.4. Equipamentos
50
Soprador: equipamento utilizado na limpeza de aceiro após uso da roçadeira.
Pode ser utilizado no combate a incêndio direto ou paralelo, caso a vegetação seja
rasteira e o incêndio de baixa intensidade. Pode ser elétrico ou a combustão.
51
Moto-bomba flutuante: moto-bomba flutuante, com descarga de 1 1⁄2” e com
vazão mínima de 220 litros/minuto, operando a 50 PSI.
52
2.5. Acessórios
2.6. Veículos
Os veículos utilizados em CIF variam de acordo com sua função no combate,
transporte de água, de tropa ou equipamentos. Normalmente são empregadas
camionetes com tração nas 4 rodas e que permitem o transporte de 5 combatentes e
seus materiais.
53
Aula 3 - MÉTODOS DE COMBATE TERRESTRES E AÉREO
54
evitando o controle por linha de defesa/aceiro de combate ou mesmo o uso do
contrafogo, minimizando os danos. A desvantagem está na impossibilidade de aplicar
o método quando a intensidade do incêndio é muito alta ou quando a fumaça torna o
trabalho muito difícil.
55
c) Quando a queima for em serrapilheiras, a água deve ser aplicada de modo
a penetrar na vegetação (figura 42).
56
e. Quando em operação junto da frente do fogo ou tendo necessidade de
passar mangueiras sobre a área já́ queimada, deve ter-se sempre pessoal distribuído
ao longo da linha de mangueiras. É importante não abandonar essa linha para evitar
que as mangueiras permaneçam sobre pontos quentes, queimando-as e danificando-
as (figura 43).
57
Figura 44: Combate direto com abafadores
Fonte: CBMSC (2019).
58
Figura 45: Combate direto com soprador
Fonte: CBMSC (2019).
59
conjuntamente. Não esquecer de trabalhar sempre com alguma margem de
segurança temporal.
60
c) quando se requer construir uma linha excessivamente larga pela
intensidade e força da emissão de fagulhas desde a frente de avanço.
3.3.1. Contrafogo
O método do contrafogo é uma ação agressiva que se traduz no ato de provocar
fogo, aplicando-o a partir de uma linha de defesa (natural ou construída) antes da
frente do fogo, para que ele se propague contra o vento. O fogo que lentamente se
propagará na direção contrária ao incêndio irá consumir o material combustível
existente, abrindo um espaço entre a linha de defesa impedindo a propagação do
incêndio florestal (figura 47).
61
3.3.2. Linha de defesa/aceiro de combate
A linha de defesa ou aceiro de combate pode ser definida como uma faixa limpa
de material combustível, construída a uma distância calculada da frente do incêndio.
Para isso se corta e extrai o combustível até o solo, em seguida o combustível extraído
é separado ao lado oposto de onde avança o fogo. A construção é realizada
manualmente, com ferramentas apropriadas ao tipo de combustível e terreno ou com
tratores se o terreno permitir tal utilização (figura 48).
62
• roçar o combustível aéreo e superficial com ferramentas cortantes;
• cortar e raspar o combustível, superficial e subterrâneo utilizando
ferramentas raspantes e mistas;
• derrubar árvores próximas à linha, utilizando motosserra e/ou machado;
• realizar queima de alargamento, dependendo do método de combate;
• vigiar a construção da linha e sempre que possível ter a disposição bombas
costais e abafadores;
• construí-la no tempo adequado, de modo que a frente do fogo não a
alcance antes de terminada, porém o mais próximo possível da frente do fogo,
minimizando os seus efeitos;
• escolher o caminho mais fácil;
• evitar linhas sinuosas;
• utilizar barreiras naturais;
• usar máquina onde é possível;
• observar a segurança do pessoal;
• isolar a área de fogos secundários;
• assegurar rota de fuga e zonas de segurança;
• utilizar a largura ideal, não mais do que o necessário;
• limpar a área até o solo;
• não espalhar materiais que queimam na área de incêndio;
• aumentar a largura utilizando terra e água;
• baixar a altura do combustível logo a frente da linha;
• reforçar a proteção aplicando ao combustível próximo à linha, produtos
químicos retardantes.
63
3.3.2.2. Como os incêndios podem ultrapassar as linhas de defesa
As chamas ou o calor alcançam o lado oposto da linha, por isso, devemos estar
atentos e verificar se a intensidade liberada pela convecção e radiação são suficientes
para gerar a ignição na vegetação a ser protegida.
Fagulhas e brasas: ao longo de todo o combate devemos estar sempre
atentos ao vento, principalmente ao dinamismo da coluna de convecção e à presença
de redemoinhos de fogo, de forma que sejam aplicadas técnicas adicionais para
eliminação dos focos secundários.
Por meio do solo: o incêndio subterrâneo, que ocorre em solos de turfa ou
áreas com grande acúmulo de material vegetal morto, pode ultrapassar a linha de
defesa, de forma que a construção da linha deve ser realizada até o solo mineral e,
adicionalmente, inundá-las com o uso de moto bombas. Similarmente, quando temos
a presença de árvores mortas, próximas as linhas de defesa, devemos escavar o solo
à procura de raízes podres, pois servem de combustível e permitirão a propagação do
incêndio.
64
• sugerir quais aeronaves são necessárias na operação de combate;
• indicar locais seguros para embarque/desembarque de materiais e pessoal;
• instruir onde e como será o abastecimento e lançamento de material
extintor (água ou mistura retardante);
• definir e sustentar o reabastecimento de combustível;
• analisar a necessidade de permanência dos meios aéreos no combate,
encarregado de propor a desmobilização ou reforço;
• garantir a melhor articulação de ordens e informações entre o PC e o(s)
piloto(s).
65
3.4.2. Classificação dos Meios Aéreos
Os meios aéreos podem ser classificados em 07 grupos:
Helicópteros leves: são aeronaves do tipo asas rotativas com capacidade de
embarcar até seis passageiros e dois pilotos e de lançar uma carga de água ou
solução, limitada a 1 200 L, desde que esteja equipada com acessório para acoplar o
helibalde, conhecido como “Bambi Bucket” (nome comercial) (figura 49).
66
Figura 50: Helicópteros pesados
Fonte: Pixabay.
67
Figura 51: Aviões leves ou rápidos
Fonte: Pixabay
68
Figura 52: Aviões médios ou intermediários.
Fonte: Pixabay.
69
Figura 53: Aviões pesados.
Fonte: Pixabay.
70
Aula 4 - SEGURANÇA EM OPERAÇÕES DE COMBATE AOS
INCÊNDIOS FLORESTAIS
71
● manter a distância mínima de segurança entre combatentes, quando se
trabalha na linha ou quando se deslocam. Não deve haver uma distância menor do
que três metros em terrenos acidentados ou com vegetação alta, além de sempre
manter contato visual com quem vai à frente ou atrás;
● se há risco de rolamento de pedras ou troncos, buscar lugares de proteção,
tais como árvores ou rochas grandes;
● ao passar junto a uma árvore em pé queimando ou debilitada pelo fogo,
passar pela parte de cima e com atenção;
● prestar atenção quando estão queimando tocos, raízes em solos com muita
capa orgânica já que se podem formar poças de brasas;
● não se deve fugir do fogo ladeira acima, procurar atravessar por meio dos
flancos, se não for possível, tentar passar para a zona queimada ou buscar uma
clareira e cobrir-se com terra se for possível;
● se as táticas de trabalho estipulam que se faça um contrafogo ou queima
de expansão nada deve estar localizado entre a borda do incêndio e a linha de defesa
onde se iniciará o fogo.
4.3. No deslocamento
72
● ao se deslocar em lanchas ou botes utilizar o colete salva-vidas e respeitar
as recomendações do pessoal capacitado, habilitado e experimentado, para navegar.
73
● só deve ir sobre o trator o operário, e no caso de que seja necessário
designar um combatente para auxiliar o maquinista, só será permitido se este puder ir
à cabine;
● não deslocar em estribos, escadas ou na pá enquanto as máquinas se
deslocam ou estejam trabalhando;
● em terrenos com pendentes, o pessoal não deve se posicionar justamente
debaixo ou por sobre a máquina, para evitar escorregar e cair diante da máquina ou
que caiam pedras, troncos etc., que possa fazer rolar.
74
situações, devem ser encaradas como situações que demandam cuidado. Em
determinados casos requerem de imediato que o perigo seja reduzido ou eliminado.
São elas:
1. o incêndio não é conhecido, nem foi avaliado;
2. combate feito a noite em terreno que não foi visto à luz do dia;
3. áreas de segurança e rotas de fuga não definidas e/ou identificadas;
4. não estar informado acerca da meteorologia e dos fatores locais que
influenciam o comportamento do fogo;
5. não estar informado acerca dos fatores que influenciam o comportamento
do fogo;
6. não estar informado acerca da estratégia, métodos e perigos;
7. as instruções e tarefas atribuídas não foram claras;
8. não existe comunicação com a guarnição e/ou comandante;
9. construção de aceiro incompleto ou mal realizado;
10. construção de aceiro em aclive, onde o fogo desloca morro acima;
11. combater o incêndio pela cabeça;
12. não consegue observar o incêndio principal e não está em contato com
quem possa ver;
13. combater incêndio em encosta que materiais incandescentes podem rolar
e iniciar novos focos abaixo do local de serviço da guarnição;
14. o ar torna-se mais quente e seco;
15. o vento aumenta ou muda de direção;
16. ignição frequente de focos secundários à frente da linha de fogo;
17. o terreno e os combustíveis dificultam a fuga para as áreas de segurança;
18. descansar em áreas por queimar e próximo ao incêndio.
75
● antes de passar para a área queimada, certificar-se de que não há outro
caminho seguro de fuga;
● entrar para a área queimada por onde o calor e as chamas forem menores
e a vegetação estiver menos densa;
● manter a face e a boca protegidas;
● não respirar o ar quente junto às chamas;
● proteger-se o melhor possível e passar rapidamente;
● procurar, na área queimada, o local em que o ambiente for mais fresco e
respirável;
● primeiro, deve manter sempre a calma e tentar transmiti-la aos outros.
76
4.11. Enquanto os meios aéreos realizam o lançamento de água
Os combatentes devem ter muita atenção quando houver a presença de meios
aéreos na operação, pois os lançamentos de água (ou mistura retardante), em
especial os provenientes dos aviões, podem ser muito perigosos para as guarnições
em solo, pois esta é uma condição como um “bombardeio”, com os seguintes riscos:
a) o(s) combatente(s) pode(m) ser lançado(s) contra pedras, árvores ou
outros objetos (senão o contrário);
b) o impacto direto da massa de água poderá causar traumas importantes ou
até mesmo a morte do(s) combatente(s) atingido(s).
O combatente “sob bombardeio” deverá deitar-se em decúbito ventral, no
sentido oposto ao deslocamento da aeronave, conforme ilustra a figura 54:
77
dentro ou nas proximidades desse tipo de instalação, bem como as condutas
obrigatórias ou as proibidas (figura 55).
Figura 55: Exemplo de painel de segurança para áreas de pouso e decolagem de meios
aéreos
Fonte: ENB, 2006.
Todo o efetivo destacado para as operações deve estar equipado com óculos
de proteção e protetor auricular, quando empregado em missões que envolvam o
embarque em aeronaves, bem como a permanência em áreas próximas a Zonas de
Pouso de Helicópteros (ZPH) ou a pista para pouso e decolagem de aviões. A
turbulência do ar próximo à superfície, provocada pela presença de meios aéreos em
baixa altura, especialmente quando houver helicópteros em voo pairado ou em
passagens baixas de aviões, conseguem provocar mudanças bruscas no
comportamento do fogo, alterando a direção, intensidade e velocidade de propagação:
estejam atentos ao comportamento do fogo!
78
(figura 56), deve ser lembrada e respeitada por todos os combatentes que estejam
participando de missões com o emprego de meios aéreos.
79
Fonte: ENB (2006).
80
Fonte: Pixabay.
d) não permanecer em pontos que estejam sob a rota de voo dos meios
aéreos, evitando manter-se em posição vulnerável aos lançamentos de água (ou
mistura retardante) ou objetos que inadvertidamente venham a se desprender das
aeronaves, além de manter distância da área sujeita a pouso de emergência.
Figura 60: Conduta incorreta - brigadista puxa o cinto de segurança e segura o banco do
piloto
Fonte: Instituto Estadual de Florestas aos Brigadistas Minas Gerais.
81
c) em caso de mal-estar durante o voo, avise ao observador aéreo e, na
ausência deste, fale ao piloto. Se for vomitar, faça-o num saco plástico, luva
descartável ou na própria camiseta: jamais no piso da aeronave;
d) mantenha as pernas recolhidas, jamais as estendendo entre ou ao lado dos
bancos dos pilotos, evitando tocar os pés inadvertidamente nos comandos da
aeronave (figura 61).
82
Aula 5 - FASES DE UMA OPERAÇÃO DE COMBATE AOS
INCÊNDIOS FLORESTAIS
5.1. Preparação
Uma operação de combate a incêndio florestal inicia muito antes do incêndio
começar. É preciso formar pessoas e instrumentalizá-las para então, confiar a missão
de salvar vidas, patrimônio e minimizar os efeitos do incêndio na floresta. Para haver
uma preparação adequada, destacamos quatro momentos:
Capacitação:
Não rara às vezes em que os incêndios florestais oferecem riscos à vida dos
bombeiros envolvidos na operação, por isso é fundamental a capacitação prévia para
esse tipo de operação. Qualquer ação voltada para um programa de combate aos
incêndios florestais passa pela formação das equipes envolvidas e nos conhecimentos
mínimos que devem ser analisados cuidadosamente para a formação de pessoal
especializado.
Treinamento:
Uma vez adquirida a técnica, é fundamental que ocorram treinamentos
constantes. Os incêndios florestais têm seu comportamento alterado em função de
uma série de fatores, por isso é preciso acostumar-se com o comportamento do fogo,
com as variações sofridas pelos efeitos da atmosfera e do meio e isso só se obtém
com muito treinamento. O condicionamento físico é variável importante neste quesito.
Aquisição e manutenção de ferramentas, equipamento e acessórios:
Deverá ser priorizada a aquisição de ferramentas, equipamento e acessórios
próprios de combate aos incêndios florestais. De igual forma, a manutenção correta é
de suma importância. O sucesso do combate de um incêndio florestal depende da
combinação de pessoal preparado com os equipamentos corretos.
Procedimentos operacionais padronizados:
A padronização das condutas é um fator importante para o sucesso no
combate aos incêndios florestais.
83
5.2. Pré-operação
84
Chegada ao incêndio: os incêndios tendem a atingir grandes áreas e não rara
às vezes a frente do fogo atinge vários quilômetros de extensão, dessa forma, ao se
chegar no incêndio é fundamental que as viaturas e os equipamentos sejam
posicionados em local de fácil acesso para combatê-lo, estabelecer a estrutura de
comunicação, definir as regras de descanso e revezamento das equipes,
reabastecimento dos reservatórios de água, acesso aos primeiros socorros, realizar a
alimentação e hidratação. O local deverá ser seguro e sem vegetação por queimar.
5.3.2. Reconhecimento
Para uma acertada tomada de decisão em relação à estratégia de combate,
diversos aspectos deverão ser analisados. Esse reconhecimento deve ser realizado
desde o recebimento da comunicação do incêndio, durante o deslocamento e,
principalmente, na chegada ao incêndio. Utilizar-se de drone ou helicópteros são
importantes ferramentas. Deverá ser observado:
85
Direção, velocidade e intensidade do incêndio: normalmente determinam os
métodos possíveis para o seu ataque são fatores fundamentais para dimensionar que
riscos ela apresentará.
Zonas prioritárias: após verificar a velocidade do fogo, intensidade do incêndio
e para onde avança, o comandante da GCIF verificará o que está no caminho do fogo
ou paralelo a ele. Nesse caminho poderão ser encontradas: residências;
aglomerações urbanas; redes de transmissão de energia; estradas; etc. Um fator
importante a ser definido é que nem sempre a zona prioritária está na linha de frente
do fogo, mas pode ser atingido por ele, dessa forma ao se estabelecer a zona
prioritária, protegê-la deve ser prioridade das equipes de combate.
Fatores climáticos (vento, temperatura, umidade relativa do ar,
precipitação): os fatores climáticos, como já estudado, podem modificar a qualquer
momento as condições de propagação do incêndio. É preciso sempre acompanhar
essas condições, principalmente do vento, pois ele é fundamental e determinante para
dar forma, direção e velocidade aos incêndios.
Topografia: o fogo se propaga mais rapidamente nos aclives e lentamente nos
declives, pois os combustíveis estão mais perto das chamas são secados pelas
nuvens de convecção e dependendo do acidente do terreno, o método de combate
precisará ser alterado.
Combustíveis: o tipo e a disposição dos combustíveis são fundamentais para
definir a velocidade de propagação e intensidade do fogo.
Acesso: deve-se realizar o levantamento da área visando identificar acessos
(estradas, picadas etc.), que permitirão a aproximação das equipes de combate, bem
como funcionarão como rotas de fuga.
Horário: os melhores horários para o combate ao incêndio florestal são no
início da manhã e no fim da tarde, momento em que as condições meteorológicas são
favoráveis ao combatente e a visibilidade é maior. Combates noturnos devem ser
evitados pelo perigo que representa a falta de visibilidade, mesmo sendo o período
em que as condições meteorológicas melhor se apresentam, contudo, se houver
segurança para o combate o mesmo deve ser realizado.
86
5.3.3. Recursos disponíveis
A definição da estratégia a ser utilizada para combater um incêndio deve
considerar a situação e os meios disponíveis. Caso os recursos disponíveis não sejam
suficientes, os meios adicionais devem ser solicitados imediatamente após
identificada a necessidade.
87
5.4. Rescaldo
As ações fundamentais de rescaldo compreendem principalmente:
● realizar acompanhamento no perímetro para descobrir e suprimir incêndio
de manchas (fagulhas que foram lançadas para fora da área queimada e que poderão
posteriormente iniciar novos focos);
● ampliar o aceiro em torno da área queimada visando melhorar o
isolamento, principalmente se houver vento. Uma boa medida é pulverizar o perímetro
com algum produto retardante à propagação do fogo;
● derrubar árvores e/ou arbustos que estejam queimando;
● eliminar, por meio da aplicação de água e/ou terra os resíduos de fogo na
área queimada, que estejam acesos ou em brasas.
5.5. Desmobilização
A fase de desmobilização não marca apenas o término de uma operação, mas
sim os preparativos para o início de uma nova operação. Assim, é fundamental a
conferência dos bombeiros, veículos e materiais, a manutenção dos equipamentos
danificados, a limpeza e reabastecimento (veículos e equipamentos a combustão ou
recipientes com água) e recolocar tudo em estado de pronto emprego.
5.6. Perícia
Na perícia é que serão apontadas as causas do incêndio. Sobre as causas
repousarão as ações preventivas. Desta forma, é de vital importância que sejam
realizadas as perícias em todos os incêndios florestais.
É recomendado que após uma operação de combate a incêndio florestal,
sobretudo naquelas que reúnam diferentes instituições ou grandes áreas atingidas, se
apontem as ações que precisem ser melhoradas e as ações que obtiveram êxito:
procedimentos inadequados deverão ser evitados e boas práticas fortalecidas. É
nesse momento que a operação evolui.
88
Finalizando
89
MÓDULO 4 – PREVENÇÃO
Apresentação do módulo
Objetivos do módulo
90
Estrutura do Curso
91
Aula 1 - SISTEMAS PREVENTIVOS CONTRA INCÊNDIOS
FLORESTAIS
92
diferentes ações de prevenção com base no clima local, tipo de floresta, festas
regionais, estações climatológicas e outros;
● aplicação da legislação sobre incêndios: são definidos como medidas
legais, de caráter punitivo, visando evitar que o incêndio florestal ocorra. São
exemplos: tipificação para quem causa incêndio como crime e as respectivas sanções,
aplicação das penas de multa pecuniária, sanções administrativas, entre outros.
Embora existam no Brasil leis rigorosas contra infrações dessa natureza, é necessário
que o ciclo judicial se complete, ou seja, é preciso que ao se constatar um incêndio se
aponte sua causa, se encontre o responsável e ele ser conduzido, com a instrução
das provas, para os tribunais para seja julgado.
93
Discorreremos um pouco sobre cada sistema.
Tabela 01: Relação da largura mínima dos aceiros em função da declividade do terreno
Fonte: CBMSC, 2019.
94
Consiste em acessos viários que facilitarão as ações dos GCIF’s, realização de
patrulha móvel de vigilância, além de poder ser utilizado como linha de defesa.
Recomenda-se a adoção de um acesso principal e um secundário de modo a permitir
o tráfego dos veículos de combate. Os acessos principais devem ser largos o
suficiente para que veículos de grande porte, como caminhões e tratores possam
transitar, em ambos os sentidos, por eles. É fundamental que todos os acessos,
principalmente estradas e cruzamentos, possuam sinalização indicando a posição
(distância e sentido) de pontos considerados de interesse ou de risco, tais como
saídas e acessos alternativos, mananciais, torres ou pontos de observação, centrais
de controle e operação, habitações, linhas de transmissão, refúgios naturais ou outros
específicos de cada zona de proteção. O ideal é que sejam introduzidos antes da
implantação das florestas comerciais (quando for o caso), de modo a se constituírem
em dispositivos preventivos desde a primeira idade das árvores.
95
de detecção é fundamental para o gerenciamento de um combate a um incêndio. Os
sistemas podem ser automatizados (satélites fixos, torres ou pontos de observação)
ou ainda por patrulhamento móvel com aeronaves, veículos, motos etc.
Uma vez observado/identificado fumaça ou pontos de calor no terreno, devem
ser acionadas equipes de solo para confirmação do incêndio. As GCIF’s podem
cumprir essa função. Caso sejam utilizadas equipes próprias de detecção, essas
deverão iniciar o combate primário (quando possível) e acionar as GCIF’s com
homens, equipamentos e veículos especializados.
96
estruturas menos vulneráveis ao fogo e mais resistentes à sua propagação. Os
princípios da silvicultura preventiva são: modificação da estrutura da floresta,
diversificação, criação de descontinuidade linear perimetral, conservação de espécies
menos inflamáveis, mistura de espécies, associação das ações humanas com o risco
florestal e criação de mecanismos que facilitem o combate.
97
Aula 2 - LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA
2.1. Introdução
98
§ 2.º Excetuam-se da proibição constante no caput as práticas de prevenção
e combate aos incêndios e as de agricultura de subsistência exercidas pelas
populações tradicionais e indígenas.
Até o início dos anos oitenta, pode-se dizer que não havia uma legislação de
proteção do meio ambiente, pois o ordenamento jurídico, até então relativo às águas
e florestas, tinha o objetivo de proteção econômica e não ambiental, com o advento
da Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que criou a Política Nacional do
Meio Ambiente, inicia-se uma visão protecionista, instituindo as responsabilidades
àqueles que direta ou indiretamente causarem degradação ambiental, sejam estas
pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado. É o chamado princípio do
poluidor pagador, independentemente de culpa, em que se adota a teoria da
99
responsabilidade objetiva, em que o risco é que determina o dever de responder pelo
dano.
Esta lei foi recepcionada pela CF, cujo art. 225 fixou os princípios gerais em
relação ao meio ambiente, estabelecendo no parágrafo terceiro que as condutas e
atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores às sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano causado. A
inovação, no entanto, é que a responsabilidade penal também é direcionada à pessoa
jurídica e não somente, como era até então, à pessoa física. Entretanto, somente em
1998 foi editada a Lei Federal nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que estabeleceu
estas sanções penais e administrativas, regulamentando, portanto, §3º o art. 225, da
Constituição Federal de 1988. A partir daí, com os poderes atribuídos ao Ministério
Público, pela própria Constituição e depois pelo Código de Defesa do Consumidor,
somado à atividade dos órgãos ambientais, começa a haver a efetividade desta lei.
Por conseguinte, as empresas, principalmente, começam a correr sérios riscos
quando não observadas as regras ambientais, podendo sofrer severas e pesadas
penas, tanto administrativas, civis e penais, que vão desde a interrupção das
atividades, suspensão de direitos (não participar de licitações, não receberem
incentivos fiscais, ou financiamentos oficiais, ou ainda, trabalhos comunitários), como
a prisão de todos que colaboraram para o delito (dirigentes ou não); mais multa,
independentemente do dever de reparar os danos.
Outras leis e normas importantes foram editadas no mesmo período,
ressaltando-se a Lei das Águas, que criou os comitês de gerenciamento de bacias, a
legislação de embalagens dos agrotóxicos e as resoluções do Conselho Nacional do
Meio Ambiente - CONAMA, editadas a partir de 1986. Esta legislação exige uma
mudança imediata nos paradigmas das atividades produtivas, buscando a
sustentabilidade, com a aplicação de processos de produção mais limpa e/ou
tecnologias limpas. Deve-se atentar, entretanto, para a necessidade de um tempo
para ajustamentos, um tempo para informação, um tempo para que exigências
desmesuradas ou fora de nossa realidade, impeçam o progresso, mas é importante
que nossos empresários comecem a se adequar ao novo modelo, para não serem
pegos de surpresa, até pelo mercado que também exige uma nova postura em relação
ao meio ambiente.
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2.3. Incêndios, queimadas e desenvolvimento sustentável
101
VII - prever a realização da queima em dia e horário apropriados, evitando-se
os períodos de temperatura mais elevadas e respeitando-se as condições dos
ventos predominantes no momento da operação:
VIII - providenciar o oportuno acompanhamento de toda a operação de
queima, até sua extinção, com vistas à adoção de medidas adequadas de
contenção do fogo na área definida para o emprego do fogo.
§ 1.º - O aceiro de que trata o inciso IV deste artigo deverá ter sua largura
duplicada quando se destinar à proteção de áreas de florestas e de vegetação
natural, de preservação permanente, de reserva legal, aquelas especialmente
protegidas em ato do poder público e de imóveis confrontantes pertencentes
a terceiros.
§ 2.º - Os procedimentos de que tratam os incisos deste artigo devem ser
adequados às peculiaridades de cada queima a se realizar, sendo
imprescindíveis aqueles necessários à segurança da operação, sem prejuízo
da adoção de outras medidas de caráter preventivo.
Art. 5.º - Cumpridos os requisitos e as exigências previstas no artigo anterior,
o interessado no emprego de fogo deverá requerer, por meio da comunicação
de Queima Controlada, junto ao órgão competente do SISNAMA, a emissão
de Autorização de Queima Controlada.
E ainda:
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Parágrafo único. Se é crime culposo, a pena é de detenção de seis meses a
um ano, e multa.
Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou
qualquer tipo de assentamento humano:
Pena - detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente.
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3.2. Da contenção
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● gancho para ofídios;
● puçá ou passaguá;
● saco de pano;
● luva de raspa;
● forca ou forquilha;
● rede;
● caixa de contenção ou prensa;
● cano de PVC ou mangueira transparente.
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Figura 63: Cambão com laço
Fonte: SCD/EaD/Segen.
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Figura 64: Gancho para ofídio
Fonte: SCD/EaD/Segen.
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Rede:
Geralmente são de corda de nylon, de diferentes tipos de malhas, dependendo
do tamanho e fragilidade do animal a ser capturado. Às vezes costuma-se usar, ao
invés das redes de corda de nylon, sacos de lona adaptados às armações de metal.
São utilizadas para conter animais velozes, de pequeno e médio porte, tais como
cervídeos e caprinos selvagens.
Caixa de transporte:
Utilizadas para transportar animais de pequeno e médio porte, como aves,
répteis e mamíferos. Confeccionadas geralmente, com tela de arame, malha 16 de
uma polegada, com portas do tipo guilhotina.
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Fonte: SCD/EaD/Segen.
Pano opaco:
Para controle de stress e manejo em geral. Utilizar tecido de cor escura e
resistente, cortado em pedaços de 03 metros ou mais se for usado para manejo de
condução de animais.
Saco de pano:
É um saco comum, com capacidade para 60 kg, como os utilizados para
acondicionamento e transporte de açúcar. Muito utilizada para pesagem e
acondicionamento de animais. O capturador deverá introduzir uma de suas mãos até
o fundo do saco e por meio dele prender o animal, com a outra mão, deve-se virar o
saco, cobrindo o animal. Em seguida fecha-se a boca do saco e libera o animal. Para
evitar-se risco de abafamento, os animais devem ficar contidos em sacos, o menor
tempo possível.
Luva de raspa:
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É uma luva de raspa de couro de cano longo, com boa maleabilidade. Devem
ser sempre utilizadas quando se manipula os animais diretamente com as mãos ou
por equipamentos. Embora elas atrapalhem durante o manejo de animais de pequeno
porte, são necessárias para proteger de picadas, mordidas etc.
Mangueira:
Deve ser transparente e seu diâmetro um pouco maior do que o diâmetro da
serpente, para evitar que o animal consiga virar na mangueira.
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Outros equipamentos:
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● centros de triagem de animais silvestres;
● zoológicos;
● criadores autorizados (conservacionistas, científicos, comerciais);
● museus;
● instituições científicas de pesquisa e ensino.
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Finalizando
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GLOSSÁRIO
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Fagulhamento: ocorre quando fagulhas provenientes de material combustível
incendiado são expelidas e podem, quando em contato com outros combustíveis,
provocar novos incêndios.
Ferramentas: objetos manuais que servem para realizar uma tarefa com a energia
que provém diretamente do operador. Exemplos: Batedor, abafador e mcload.
Flancos: são as laterais do incêndio e se propagam perpendicularmente à “cabeça”.
Cabeça ou frente do fogo: também chamada de “linha de fogo” ou “cabeça”. É a
parte frontal do incêndio, que avança com maior velocidade e segue a direção do
vento.
GCIF: guarnição de combate ao incêndio florestal.
Incêndio florestal: é o fogo sem controle em florestas e demais formas de vegetação
Incêndio de copa: são incêndios que se propagam por meio das copas das árvores,
onde a velocidade e a intensidade do fogo são maiores e mais rápidas, devido à
grande circulação do vento.
Incêndio em terrenos baldios: são incêndios que ocorrem em terrenos baldios (sem
construção) no meio urbano, geralmente suas chamas não atingem grande altura em
razão do material combustível florestal disponível.
Incêndio subterrâneo: são incêndios que se propagam por meio das camadas de
húmus ou turfa existentes sobre o solo mineral e abaixo do piso da floresta. Esses
combustíveis são de textura fina, relativamente compactados e isolados da atmosfera.
Incêndio superficial: são incêndios que se propagam na superfície do piso da
floresta, queimando os restos vegetais não decompostos, tais como folhas e galhos
caídos, gramíneas, arbustos, enfim todo material combustível até cerca de 1,80
metros de altura.
Índice de perigo de incêndio florestal: indicam a probabilidade de ocorrer um
incêndio florestal.
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Referências Bibliográficas
BYRAM, G. M. Combustion of forest fuel. In: Davis, K.P., ed. Forest Fire: control and
use. New York: McxGrawHill, 1959, p. 61/89.
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INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Manual
para Formação de Brigadista de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais.
Brasília: ICMBio, 2010.
LOURENÇO, L.; SERRA, G.; MOTA, L.; CUBO, M. Manual de Combate a Incêndios
Florestais para Equipas de Primeira Intervenção. Portugal: Escola Nacional de
Bombeiros, 2006.
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