ACVE

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PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA


SECRETARIA DE GESTÃO E ENSINO EM SEGURANÇA PÚBLICA
DIRETORIA DE ENSINO E PESQUISA

COORDENAÇÃO-GERAL DE ENSINO
COORDENAÇÃO DE ENSINO A DISTÂNCIA

CONTEUDISTA
Marcelo Dullius Saturnino

REVISÃO DE CONTEÚDO
Leonardo Rozwalka Vieira

REVISÃO PEDAGÓGICA
Gizele Ferreira dos Santos Siste

SETOR DE CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

PROGRAMAÇÃO E EDIÇÃO
Ozandia Castilho Martins
Fagner Fernandes Douetts
Renato Antunes dos Santos

DESIGNER
Ozandia Castilho Martins
Fagner Fernandes Douetts
Renato Antunes dos Santos

DESIGNER INSTRUCIONAL
Anne Caroline Bogarin Manzolli
Wagner Henrique Varela da Silva

2
Sumário
Apresentação do Curso ............................................................................................... 7

Objetivos do Curso ...................................................................................................... 9

Estrutura do Curso .................................................................................................... 10

Módulo I - Legislação de Trânsito ............................................................................. 11

Apresentação do módulo ....................................................................................... 11

Objetivos do módulo .............................................................................................. 11

Estrutura do módulo .............................................................................................. 11

Aula 1 - Sobre o serviço de urgência ..................................................................... 12

1.1 Urgência x Emergência ................................................................................ 13

1.2 Veículos de emergência x Utilidade Pública ................................................ 13

1.3 Serviço de urgência...................................................................................... 14

1.4 Dispositivo de prerrogativas ......................................................................... 15

Aula 2 - Sobre as normas de circulação e conduta ............................................... 19

2.1 Começando do início: O que é “Trânsito”?................................................... 19

2.2 Quais são os deveres básicos do condutor?................................................ 20

2.3 Novas regras de circulação, estacionamento e parada ............................... 21

2.4 - E quanto ao uso desnecessário dos dispositivos de prerrogativa? ............ 25

2.5 - E quanto à prerrogativa de circulação? Posso fazer qualquer coisa?........ 26

2.6 - Sobre os crimes de trânsito ....................................................................... 28

Aula 3 - Sobre a devida habilitação ....................................................................... 30

3.1 Requisitos básicos para conduzir um veículo de emergência ...................... 30

3.2 Categoria de habilitação............................................................................... 30

3.3 Porte do documento de habilitação .............................................................. 32

3.4 Comprovação do curso ................................................................................ 33

Finalizando ............................................................................................................ 36

Módulo II - Direção Defensiva ................................................................................... 37

3
Apresentação do módulo ....................................................................................... 37

Objetivos do módulo .............................................................................................. 38

Estrutura do módulo .............................................................................................. 38

Aula 1 - Segurança Viária: existe afinal? ............................................................... 39

1.1 Situação no Brasil ........................................................................................ 39

1.2 Frota de veículos .......................................................................................... 40

1.3 Situação no mundo ...................................................................................... 40

Aula 2 - Acidentes de Trânsito são sempre inevitáveis? ....................................... 41

2.1 Definindo acidente de trânsito ...................................................................... 42

2.2 Principais tipos de acidentes e como acontecem ......................................... 43

Aula 3 - Relembrando os conceitos de Direção Defensiva .................................... 50

3.1 Definição ...................................................................................................... 50

3.2 Erros que devem ser evitados no trânsito .................................................... 51

3.3 Elementos da Direção Defensiva ................................................................. 52

Aula 4 - Adaptando-se às condições adversas ...................................................... 55

4.1 Condições adversas de luz .......................................................................... 55

4.2 Condições adversas de clima ...................................................................... 56

4.3 Condições adversas da via .......................................................................... 58

4.4 Condições adversas de trânsito ................................................................... 60

4.5 Condições Adversas de Veículo .................................................................. 61

4.6 Condições adversas do condutor ................................................................. 62

Aula 5 - O condutor: a peça-chave ........................................................................ 63

5.1 As condições adversas do condutor............................................................. 63

5.2 O uso de álcool e outras drogas .................................................................. 64

5.3 O estado físico e mental............................................................................... 65

5.4 O comprometimento da atenção .................................................................. 66

Finalizando ............................................................................................................ 70

4
Módulo III - Noções de Primeiros Socorros, Respeito ao Meio Ambiente e Convívio
Social ........................................................................................................................ 71

Apresentação do módulo ....................................................................................... 71

Bons estudos!! ........................................................................................................ 71

Objetivos do módulo .............................................................................................. 71

Estrutura do módulo .............................................................................................. 71

Aula 1 - Local do acidente: primeiras providências................................................ 73

1.1 Sinalização ................................................................................................... 73

1.2 Gerenciamento de riscos ............................................................................. 76

1.3 Acionamento de recursos especializados .................................................... 77

Aula 2 - Abordagem à vítima ................................................................................. 79

2.1 O que são Primeiros Socorros? ................................................................... 79

2.2 Avaliação primária da vítima ........................................................................ 80

2.3 O uso de EPI ................................................................................................ 82

2.4 O que não fazer durante um atendimento .................................................... 83

Aula 3 - Respeito ao Meio Ambiente e Convívio Social ......................................... 84

3.1 Legislação e normas .................................................................................... 85

3.2 Ações para contribuir com a redução da poluição ....................................... 86

3.3 O que mais você pode fazer pelo planeta? .................................................. 87

3.4 Você e sua relação com o outro................................................................... 89

Finalizando ............................................................................................................ 91

Módulo IV - Relacionamento Interpessoal ................................................................. 92

Apresentação do módulo ....................................................................................... 92

Objetivos do módulo .............................................................................................. 92

Estrutura do módulo .............................................................................................. 93

Aula 1 - Comportamento e Segurança .................................................................. 94

1.1 Comportamento preventivo versus comportamento de risco ....................... 94

5
1.2 Equilíbrio emocional ..................................................................................... 95

1.3 Segurança .................................................................................................... 96

1.4 Agressividade e fatores relacionados........................................................... 96

Aula 2 - Solidariedade e Regras de Convivência................................................... 98

2.1 A convivência ............................................................................................... 98

2.2 Por que conviver? ........................................................................................ 99

Aula 3 - A Responsabilidade e a Tolerância ........................................................ 102

3.1 A responsabilidade do servidor público ...................................................... 102

3.2 Tolerância .................................................................................................. 102

Aula 4 - Respeito às Normas de Trânsito e à Fiscalização ................................. 105

4.1 Respeito aos outros ................................................................................... 105

4.2 Respeito às normas de trânsito .................................................................. 107

4.3 Papel dos Agentes da Autoridade de Trânsito ........................................... 107

Aula 5 - Atendimento aos Usuários ..................................................................... 110

5.1 Pontos importantes da relação com os usuários ........................................ 110

5.2 Expectativas dos usuários.......................................................................... 111

5.3 Atendimento X Tipos de usuários .............................................................. 112

Finalizando .......................................................................................................... 114

Referências Bibliográficas ....................................................................................... 115

6
Apresentação do Curso

Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo ao Curso de Atualização para Condutores de Veículos de


Emergência (ACVE).

A capacitação tem carga-horária de 16 h/a e será desenvolvida em quatro


módulos, estruturados em uma metodologia de estudo autônoma e alinhada à
experiência do profissional que compõe o Sistema Único de Segurança Pública
(Susp).

O curso é voltado para a atualização dos profissionais que conduzem veículos


de emergência e que tenham frequentado o curso de CONDUTORES DE VEÍCULOS
DE EMERGÊNCIA (CVE).

Como você deve saber, a capacitação é uma exigência prevista no Código de


Trânsito Brasileiro (CTB) para todos aqueles que conduzem esse tipo especial de
veículo, mas você já se perguntou por que dessa obrigação?

Saiba que não se trata de mera formalidade, é uma estratégia, na verdade, que
busca reduzir a violência e as fatalidades registradas no trânsito. Assim, a lei
considera essencial preparar o condutor para o adequado exercício da atividade
profissional.

O treinamento e a constante capacitação dos agentes por meio


de cursos de atualização são importantes medidas de segurança para
si e terceiros.

O transporte de viaturas, ambulâncias ou unidades de resgate, por exemplo,


são atividades especializadas, isto é, possuem prerrogativas que outros veículos não
detêm. As excepcionalidades, portanto, demandaram tratamento especial pelo
legislador.

Haja vista a natureza emergencial dos serviços prestados por determinados


profissionais, o atendimento ao cidadão deverá se dar num curto espaço de tempo. A

7
demora em responder alguns pedidos de ajuda pode significar a diferença entre a vida
e a morte de alguém. O CTB, ciente dessa necessidade, conferiu algumas
prerrogativas para trânsito e circulação desses veículos.

No atendimento de emergências, o legislador definiu que algumas normas não


são aplicáveis aos seus condutores. Trata-se, portanto, de uma previsão que deve
obedecer à condicionalidades que devem ser analisadas pelo condutor, quase sempre
em situações de estresse, sob forte emoção.

Determinar a velocidade, a escolha da faixa, a mudança na direção ou a parada


repentina de um veículo de emergência deve ocorrer, na maioria das vezes, em
frações de segundos. Trata-se de decisão técnica que requer perícia e treinamento
do condutor, sempre em busca da segurança pessoal e de terceiros.

Você deve ter percebido a essa altura que a condução desses veículos envolve
grandes responsabilidades e a atividade, portanto, exige a aprovação em curso
especializado.

A característica principal da especialização é a qualificação prévia para seu


exercício.

Atualmente, o Brasil sofre com um tipo de violência diferente daquela abordada


nas páginas policiais dos jornais, uma violência distinta daquela comumente
combatida na segurança pública. Trata-se da violência no trânsito.

Acidentes no trânsito são a terceira causa de morte no mundo,


ficando atrás apenas das doenças cardíacas e câncer. Com base
nessas estatísticas, a Organização Mundial da Saúde lançou a
década contra a violência no trânsito, ações que visam ao
esclarecimento e orientação da população para tentar reverter os
números, que aumentam ano a ano.

O número de mortes decorrentes da violência pública no Brasil praticamente se


iguala àquelas registradas nos acidentes de trânsito, conforme levantamento feito pelo
Observatório Nacional de Segurança Viária.

8
Como vimos acima, diariamente, um número imenso de pessoas são vítimas dos
acidentes de trânsito, que trazem prejuízos sociais, culturais, materiais e financeiros.
Grande parte dessas pessoas morrem ou ficam com sequelas pelo resto da vida,
alterando o curso de famílias inteiras.

Muitas dessas vítimas sequer cometeram algum erro, apenas estavam no lugar
errado e na hora errada, sofrendo as consequências da imprudência, negligência ou
imperícia de outras pessoas, que acabaram provocando ou possibilitando um
acidente.

Levando isso em consideração, pode-se afirmar que o condutor de veículos de


emergência também tem que ser ESPECIAL. E se não for, precisa fazer o máximo
para caminhar nessa direção. Esse curso de atualização é um dos passos para chegar
lá, desde que feito com dedicação e seriedade, como se espera de qualquer
profissional que serve a coletividade.

Logo, empenhe-se nos estudos. Escolha um lugar tranquilo, afaste-se das


redes sociais, leia o conteúdo com atenção, navegue nos links indicados, realize os
exercícios e reflita sobre as possibilidades de aplicação daquilo que você relembrará
ou aprenderá nas próximas páginas.

Tenha um excelente curso!!!

Objetivos do Curso
Este curso de atualização criará condições para que você possa atualizar-se sobre:

 A legislação e as normas relacionadas aos veículos de emergência, assim


como a correta utilização dos dispositivos de prerrogativa;
 Os fundamentos da Direção Defensiva, de forma a minimizar a chance de
envolvimento em acidentes típicos dos serviços de urgência;
 Os principais cuidados no dimensionamento de uma cena de acidente,
incluindo a sinalização, análise dos riscos e os Primeiros Socorros às vítimas;

9
 Os principais aspectos relacionados à convivência em sociedade e respeito ao
meio ambiente; e
 A importância de ser solidário no trânsito, respeitando as diferenças e sendo
tolerante com as falhas que todos têm.

Estrutura do Curso

Este curso compreende os seguintes módulos:

Módulo 1 - Legislação de Trânsito.

Módulo 2 - Direção Defensiva.

Módulo 3 - Noções de Primeiros Socorros, Respeito ao Meio Ambiente e Convívio


Social.

Módulo 4 - Relacionamento Interpessoal.

Ouça o ÁUDIO 1

10
Módulo I - Legislação de Trânsito

Apresentação do módulo
Neste módulo, você relembrará as normas relacionadas à condução de
veículos de emergência, além de conhecer as mudanças trazidas pela Lei 14.071/20,
que alterou a Lei 9.503/97 (Código de Trânsito Brasileiro - CTB), promovendo algumas
alterações relativas às regras de circulação, estacionamento e parada específicos
para os serviços de urgência.

Irá relembrar também aspectos relacionados à documentação necessária para


condutor e veículo, já dentro da era da digitalização do CRLV e da CNH e ainda sobre
infrações que guardam relação com a condução de veículos de emergência.

Objetivos do módulo
Este módulo criará condições para que você possa atualizar-se sobre:

 A legislação e as normas que tratam dos veículos de emergência;


 A correta utilização dos dispositivos de prerrogativa, buscando inferir como a
condução de um veículo de emergência afeta os demais usuários das vias
públicas; e
 As irregularidades mais comuns com os respectivos tipos infracionais e
criminais previstos pelo CTB.

Estrutura do módulo
Este módulo compreende as seguintes aulas:

Aula 1 - Sobre o serviço de urgência

Aula 2 - Sobre as normas de circulação e conduta

Aula 3 - Sobre a habilitação

Ouça o ÁUDIO2

11
Aula 1 - Sobre o serviço de urgência

O que você acha? Urgência e Emergência são a mesma coisa?

Qual a diferença das luzes intermitentes de cor vermelha, azul e âmbar?

Qualquer veículo pode usar uma sirene?

Parecem perguntas simples. Porém, muitos profissionais ainda guardam


dúvidas sobre essas questões.

Nesta aula você vai esclarecer estes e outros pontos importantes para o
trabalho do condutor de veículos de emergência.

Figura 1: Veículo de emergência e deslocamento


Fonte: SCD/EaD/Segen.

12
1.1 Urgência x Emergência
Para a legislação de trânsito, não há muita diferença entre os termos
“urgência” e “emergência”, que são utilizados indistintamente no CTB e Resoluções
complementares do CONTRAN.

Porém, para efeito das atividades relacionadas aos serviços de socorro e


salvamento propriamente ditos, infere-se da Portaria nº 354/10 do Ministério da Saúde
as seguintes características:

Figura 2: Urgência X Emergência


Fonte: Portaria nº 354/10 do Ministério da Saúde; SCD/EaD/Segen.

1.2 Veículos de emergência x Utilidade Pública


Vários tipos de veículos, conforme o serviço a que foram destinados, podem
fazer uso de dispositivos de sinalização rotativos ou intermitentes e/ou dispositivos de
alarme sonoro.

Inicialmente, você irá relembrar as diferenças entre eles.

O art. 29 do CTB os divide em dois grupos, cujos detalhes foram


regulamentados pela Resolução Contran nº 268/08, e suas alterações posteriores.

Veja um resumo de cada um no quadro a seguir:

13
Figura 3: Diferenças entre os veículos de emergência e de utilidade pública
Fonte: acervo do conteudista.

Após relembrar essas diferenças básicas, você concentrará os estudos apenas


nos veículos de emergência em serviços de urgência e outros tipos de atendimento,
definidos pelo CTB.

1.3 Serviço de urgência


Não há no CTB uma definição exata do que seria um serviço de urgência. Porém,
a Resolução Contran nº 268/08 diz que “entende-se por prestação de serviço de
urgência os deslocamentos realizados pelos veículos de emergência, em
circunstâncias que necessitem de brevidade para o atendimento, sem a qual haverá
grande prejuízo à incolumidade pública”.

14
Ou seja, para ser considerado “de urgência” e gozar de todas as prerrogativas, o
serviço precisa possuir os seguintes requisitos básicos, os quais você estudará melhor
mais adiante:

Figura 4: Requisitos mínimos para um serviço de urgência


Fonte: do conteudista; SCD;EaD/Segen.

1.4 Dispositivo de prerrogativas

Paulus (2016) chama o conjunto formado pelo dispositivo luminoso intermitente


ou rotativo vermelho e/ou azul e os dispositivos de alarmes sonoros de “dispositivos
de prerrogativas”, que é a denominação que você utilizará daqui para frente.

Figura 5: Reflexão
Fonte: SCD/EaD/Segen.

E para gozar dessas prerrogativas, os veículos de emergência devem


satisfazer as seguintes condições:

15
Figura 6: Condições para usufruto das prerrogativas no trânsito
Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

E qual a utilidade de tais dispositivos?


Servem justamente para garantir que o maior número de pessoas possíveis,
percebam que está ocorrendo um deslocamento de urgência, ou então um
atendimento de ocorrência sobre a via pública, com circunstâncias diferenciadas e
que exijam um reforço na atenção dos pedestres, condutores e demais usuários da
via.

Figura 7: Complementaridade dos dispositivos de prerrogativas


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

16
Para isso, tanto os sinais luminosos, quanto os sinais sonoros, possuem um
padrão que é familiar para a grande maioria das pessoas.

Assista o vídeo:
Dificuldades durante o deslocamento de veículos de
emergência. Disponível em:
www.youtube.com/watch?v=bemIJoQ6qRM

Figura 8: Reflexão
Fonte: SCD/EaD/Segen.

Bem, essa foi uma novidade trazida pela Resolução nº 667/17, assim como o
uso de luzes estroboscópicas, que servem de reforço especialmente em imobilizações
em locais de risco para acidentes, onde é desejável a maior visibilidade possível.

O artigo 2º, parágrafo 1º da Resolução nº 667/17 traz a seguinte redação:

§ 1º As lanternas especiais de emergência que emitem luz de


cor azul, conforme Anexo XVI, poderão ser utilizadas
exclusivamente em veículos destinados a socorro de incêndio e
salvamento, os de polícia, os de fiscalização e operação de

17
trânsito e as ambulâncias, quando em efetiva prestação do
serviço de urgência e devidamente identificados

Essa competência de regulamentação dos dispositivos de prerrogativa por


parte do Contran foi mais uma das novidades trazidas pela Lei 14.071/20.

Saiba mais:
Conforme um artigo publicado em 2012 pela Federal Signal Corporation,
estudos revelaram que a luz VERMELHA pode ser melhor percebida
durante o período diurno, enquanto a luz AZUL é melhor percebida no
período noturno.

(leia a versão traduzida disponível nos materiais complementares ou a


versão original, em inglês, disponível em bit.ly/fedsigrb).

18
Aula 2 - Sobre as normas de circulação e conduta
Será que o uso de dispositivos de prerrogativas acionados, durante um
serviço de urgência, dá direito a qualquer privilégio no deslocamento?

E quando em atendimento de ocorrência ou em simples presença


ostensiva, posso posicionar a viatura em qualquer lugar?

Você verá a resposta dessa e de outras questões durante esta aula, além de
relembrar conceitos importantes presentes no CTB.

2.1 Começando do início: O que é “Trânsito”?


A compreensão do conceito de trânsito é fundamental para o entendimento das
normas gerais de circulação e conduta aplicáveis aos veículos de emergência.

Trânsito é...
Segundo o art. 1º, §1º, do CTB,

“considera-se trânsito a utilização das vias por pessoas,


veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não,
para fins de circulação, parada, estacionamento e operação de
carga ou descarga.”

Via é...
Segundo o Anexo I do CTB,

“é a superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais,


compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e
canteiro central.”

19
Pode-se dizer que “trânsito é o compartilhamento do espaço comum”. Ou seja,
a simples presença de pessoas, veículos ou animais na via pública, sejam
imobilizados ou em movimento.

Esse compartilhamento, por óbvio, traz um ambiente propício para o


surgimento de conflitos, pois reúne os mais diversos tipos de pessoas e meios de
transporte, cada um com suas necessidades peculiares.

Dessa forma, existe a necessidade estabelecer requisitos mínimos para


assegurar a harmonia nesse espaço, o que é feito pelo próprio CTB, mediante as
normas gerais de circulação e conduta e também por meio das sanções, destinadas
aqueles que não seguem as regras.

2.2 Quais são os deveres básicos do condutor?


Conforme os artigos iniciais do CTB, todo condutor, especialmente quando o
veículo for de emergência, tem alguns deveres importantíssimos, que estão descritos
no quadro a seguir:

Figura 9: Deveres de todo condutor, segundo o CTB


Fonte: do Conteudista; SCD/EaD/Segen.

20
2.3 Novas regras de circulação, estacionamento e
parada
Considerando que você já possui habilitação, presume-se que a maioria das
normas de circulação e conduta já não são novidades.

Entretanto, a Lei 14.071/20, que entrou em vigor em abril de 2021, trouxe


algumas mudanças nessas normas, e diversas delas estão relacionadas diretamente
aos veículos de emergência. Veja algumas:

Regras para os veículos de emergência

A partir de agora, além do serviço de urgência propriamente dito, os serviços


de policiamento ostensivo e preservação da ordem pública gozam das mesmas
prerrogativas.

Por exemplo: nos arredores de uma determinada escola foi


constatado um aumento no número de assaltos a pedestres nos
horários de saída e entrada de alunos. Tal escola situa-se em avenida
movimentada, com pouco espaço regulamentado para
estacionamento. Logo, em tese, uma equipe em viatura não teria como
ficar próxima sem infringir alguma norma de trânsito. Porém, com a
alteração do CTB, é possível que ela seja posicionada sobre outros
pontos da via, como a calçada, canteiro, marcas de canalização, ou
qualquer outro espaço disponível, a fim de propiciar a necessária
ostensividade.

Obviamente, esse posicionamento deve ser avaliado de forma a não trazer mais
riscos que benefícios em relação aos pedestres e demais usuários da via, além de ser
obrigatório o uso concomitante dos dispositivos regulamentares de iluminação
intermitente.

Veja, a seguir, como ficaram as alterações:

21
CTB - ANTES

Art. 29

[...]

VII - Os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de


fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade de trânsito,
gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência
e devidamente identificados por dispositivos regulamentares de alarme sonoro e
iluminação vermelha intermitente, observadas as seguintes disposições:

[...]

CTB - A PARTIR DE ABRIL DE 2021

Art. 29

[...]

VII - Os veículos destinados a socorro de incêndio e salvamento, os de polícia, os de


fiscalização e operação de trânsito e as ambulâncias, além de prioridade no trânsito,
gozam de livre circulação, estacionamento e parada, quando em serviço de urgência,
de policiamento ostensivo ou de preservação da ordem pública, observadas as
seguintes disposições:

[...]

e) as prerrogativas de livre circulação e de parada serão aplicadas somente quando


os veículos estiverem identificados por dispositivos regulamentares de alarme sonoro
e iluminação intermitente;

f) a prerrogativa de livre estacionamento será aplicada somente quando os


veículos estiverem identificados por dispositivos regulamentares de iluminação
intermitente;

22
Observe que a menção à cor vermelha do dispositivo de iluminação intermitente
foi retirada no texto novo, justamente para abrir espaço para a regulamentação do
Contran, que agora prevê também a cor azul, como você viu na aula anterior.

No caso específico do atendimento de emergência, o não uso dos dispositivos


de iluminação intermitente, sujeita os respectivos veículos ao enquadramento na
seguinte infração prevista no CTB:

Art. 222. Deixar de manter ligado, nas situações de atendimento de


emergência, o sistema de iluminação vermelha intermitente dos
veículos de polícia, de socorro de incêndio e salvamento, de
fiscalização de trânsito e das ambulâncias, ainda que parados:
Infração - média;
Penalidade - multa.

Regras para os demais condutores da via

Aqui as mudanças foram apenas no sentido de reforçar que a prerrogativa de


passagem só existe quanto o veículo de emergência está com AMBOS dispositivos
acionados, alarme sonoro e iluminação intermitente.

CTB - ANTES

Art. 29, inciso VII


[...]
a) quando os dispositivos estiverem acionados, indicando a proximidade dos veículos,
todos os condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo
para a direita da via e parando, se necessário;

CTB - A PARTIR DE ABRIL DE 2021

Art. 29, inciso VII


[...]
a) quando os dispositivos regulamentares de alarme sonoro e iluminação
intermitente estiverem acionados, indicando a proximidade dos veículos, todos os

23
condutores deverão deixar livre a passagem pela faixa da esquerda, indo para a direita
da via e parando, se necessário.

Os condutores que não abrem passagem para os veículos de emergência,


quando o caso exigir, estão sujeitos ao enquadramento na seguinte infração:

Art. 189. Deixar de dar passagem aos veículos precedidos de


batedores, de socorro de incêndio e salvamento, de polícia, de
operação e fiscalização de trânsito e às ambulâncias, quando em
serviço de urgência e devidamente identificados por dispositivos
regulamentados de alarme sonoro e iluminação vermelha
intermitentes:
Infração - gravíssima;
Penalidade - multa.

‘ Por outro lado, quando o condutor tirar vantagem da passagem aberta pelo
veículo de emergência, ele será enquadrado na seguinte infração:

Art. 190. Seguir veículo em serviço de urgência, estando este com


prioridade de passagem devidamente identificada por dispositivos
regulamentares de alarme sonoro e iluminação vermelha
intermitentes:
Infração - grave;
Penalidade - multa.

Regras para os pedestres

Com relação aos pedestres, a nova redação corrobora o que você viu na aula
anterior. Os pedestres podem OUVIR o alarme sonoro, ou VER a luz intermitente,
conforme o local onde estiverem.

Anteriormente, a obrigação de aguardar no passeio era vinculado somente ao


alarme sonoro.

CTB – ANTES

Art. 29, inciso VII


[...]

24
b) os pedestres, ao ouvir o alarme sonoro, deverão aguardar no passeio, só
atravessando a via quando o veículo já tiver passado pelo local;

CTB - A PARTIR DE ABRIL DE 2021

Art. 29, inciso VII


[...]
b) os pedestres, ao ouvirem o alarme sonoro ou avistarem a luz intermitente,
deverão aguardar no passeio e somente atravessar a via quando o veículo já tiver
passado pelo local.

Os pedestres podem ser penalizados por não cumprir o disposto acima?

Em tese sim. Porém, a forma de autuação ainda não foi regulamentada.

2.4 - E quanto ao uso desnecessário dos dispositivos de


prerrogativa?

Apesar de não estar tipificado, as instituições regulam administrativamente


essa prática, em geral, prevê sanções em seus códigos de conduta ou de disciplina.
Todavia, não há penalidade maior que aquela sofrida pelos próprios órgãos que
prestam serviços de emergência.

A consequência é de difícil reversão: além dos danos à imagem da instituição


e dos profissionais vai mais além:

Imagine você parado num congestionamento em uma rodovia. De repente


surge um veículo de emergência em alta velocidade pelo acostamento, com os
dispositivos de prerrogativa acionados. O que você imagina? Que aconteceu alguma
coisa muito grave mais adiante. Correto? Entretanto, logo em seguida a fila começa a
andar e você avista o tal veículo de emergência... parado em um restaurante, com a
equipe almoçando!

25
Esse é apenas um exemplo. Ações como essa acabam por reduzir muito a
credibilidade dos dispositivos, que podem acabar sendo ignorados quando realmente
precisarmos deles.

2.5 - E quanto à prerrogativa de circulação? Posso fazer


qualquer coisa?

Seria ótimo poder fazer qualquer coisa quando os dispositivos de prerrogativa


estão acionados, mas é impossível.

Cada pedestre, cada ciclista, cada condutor, pode agir de forma diferente e
imprevisível ao escutar o alarme sonoro ou avistar as luzes intermitentes. Fora os que
estão distraídos com fones nos ouvidos, usando o celular para falar com alguém ou
digitar uma mensagem, com os vidros do veículo fechados, com música alta etc.

Figura 10: Pedestre distraído com celular: cena comum hoje em dia
Fonte: Guillaume Meurice - Pexels

Então, algumas regras de trânsito até podem ser flexibilizadas, porém com o
máximo de cautela e com os dispositivos de prerrogativa acionados (alarme sonoro e
iluminação intermitente).

26
Por exemplo:

 ter a preferência onde ela não é sua;


 deixar de parar quando a sinalização assim o exigir;
 exceder a velocidade de forma coerente com o local e o grau de urgência;
 transitar em locais não permitidos para a maioria dos veículos, como faixas
exclusivas, acostamentos e outros locais diferenciados da pista de rolamento.

Porém, existem outras que não podem ser quebradas, sob pena de causar
um acidente ou agravar os que porventura vierem a ocorrer:

 ultrapassar em curvas, aclives e outros locais sem visibilidade nenhuma;


 forçar passagem entre veículos que se deslocam em sentido contrário;
 não utilizar o cinto de segurança (segurança passiva);
 desrespeitar ordem emanada por agente de trânsito.

Pense sempre no seguinte: o benefício que você busca


proporcionar a alguém, em um deslocamento de urgência, jamais
poderá se sobrepor ao prejuízo que a coletividade poderá sofrer.

Ou seja, um deslocamento mal feito poderá resultar na simples troca de uma


vida por outra. Ou então pior, a troca de mais vidas por nenhuma, caso você não
consiga completar o deslocamento por conta de um acidente sofrido no caminho, e
ainda acabe envolvendo terceiros.

27
Figura 11: Acidente envolvendo viatura
Fonte: Arquivo PRF.

2.6 - Sobre os crimes de trânsito


Os crimes de trânsito fazem parte da legislação penal especial, aquela que está
prevista fora do código penal e foram elaboradas pelo legislador como forma de
proteger a vida e trazer maior segurança no trânsito. Na elaboração da norma, o
legislador considerou a condição diferenciada daquele que conduz um veículo
automotor e a responsabilidade que possui com a coletividade, tipificando condutas
delitivas como o homicídio culposo e a lesão corporal com penas mais severas,
quando ocorridas no trânsito. Classificou ainda algumas condutas já previstas como
infração, também como crimes: embriaguez ao volante; exibição de manobras
perigosas; condução sem CNH gerando perigo de dano, entre outros.

Durante o serviço de urgência, devido às características peculiares do


deslocamento, há a chance dos condutores cometerem infrações de trânsito e até
mesmo alguns crimes de trânsito, previstos no Capítulo XIX do CTB. Por isso, a
atenção dos condutores de veículos de emergência, o respeito ao Código de Trânsito
Brasileiro e o correto uso dos dispositivos de prerrogativa são indispensáveis. Afinal,
nenhum condutor deseja responder a um processo criminal devido a um acidente, ou
pior, carregar consigo o peso de ter lesionado ou matado alguém.

28
Os crimes de trânsito em que os condutores de veículos de emergência têm a
maior probabilidade de se envolver são os seguintes:

Figura 12: Crimes de Trânsito


Fonte: SCD/EaD/Segen.

AMPLIE SEU CONHECIMENTO!!

Leia um resumo das principais alterações do CTB, que entraram


em vigor a partir do dia 12 de abril de 2021, em:
bit.ly/portaltransito14071.

Revisando...

Você relembrou então quais são as principais normas de circulação e


conduta relacionadas aos veículos de emergência, e as novidades que chegaram.
Na próxima aula estudar um pouco sobre a habilitação requerida o nosso
trabalho, e quais são os requisitos para obtê-la.

29
Aula 3 - Sobre a devida habilitação
Você chegou finalmente na parte mais importante do serviço de urgência:

Aquela que fica entre o banco e o volante.

Qualquer um pode ser um condutor de um veículo de emergência?

Sim, pode. Mas desde que atenda algumas exigências, que explicaremos na
sequência.

3.1 Requisitos básicos para conduzir um veículo de


emergência
Conforme o Art. 145 do CTB, para conduzir veículo de emergência, o candidato
deverá preencher os seguintes requisitos:

Figura 13: Requisitos do candidato a condutor de veículos de emergência


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

3.2 Categoria de habilitação


Uma das dúvidas mais recorrentes no meio dos que conduzem veículos de
emergência ou têm alguma relação com esse tipo de transporte, é sobre a categoria
de habilitação necessária.

30
Muitos afirmam que existiria uma categoria mínima, como a “D”
para ambulâncias, por exemplo. Entretanto, isso não passa de um
MITO.

Na verdade, a categoria depende do tipo de veículo conduzido, além de suas


características técnicas, como o Peso Bruto Total (PBT) e a lotação de pessoas.

Você também tem essa dúvida? Veja os principais exemplos na figura a seguir:

Figura 14: Categorias de habilitação


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

Mas o que é o PBT mesmo?

Simplificando, o PBT é o máximo que o fabricante diz que o veículo pode pesar
em uma balança, depois de ter sido carregado com toda bagagem/carga que cabe
no porta-malas/carroceria e todas as pessoas ocuparem os seus assentos, enquanto
a TARA é o peso do veículo vazio. Logo:

TARA + PESSOAS + BAGAGEM/CARGA = PBT

31
3.3 Porte do documento de habilitação
E quanto ao porte do documento de habilitação?

Bem, esta é outra alteração recente, conforme mudanças trazidas no CTB pela
Lei 14.071/20: caso o condutor não porte o documento de habilitação físico (CNH), ou
então a versão digital (CNH-e), por intermédio do aplicativo CDT (Carteira Digital de
Trânsito), o documento não será exigido caso o agente que efetuar a fiscalização
consiga consultar o condutor no sistema, para verificação da sua regularidade.

Figura 15: Interface atual da CDT (Carteira Digital de Trânsito)


Fonte: acervo do conteudista.

Assista o vídeo:

Carteira Digital de Trânsito: a sua CNH e o documento do seu


veículo na palma da mão (Canal do Serpro no Youtube).
www.youtube.com/watch?v=LylTyr8Ol9w

32
3.4 Comprovação do curso
Conforme o art. 145 do CTB, os condutores de veículos de emergência
precisam ser aprovados em curso especializado, que atualmente está regulamentado
pela Resolução Contran nº 789/20.

E como portar a comprovação do curso?

Bem, se ele foi realizado em momento anterior à emissão do atual documento


de habilitação, o curso constará em seu verso (para as habilitações mais antigas), ou
então diretamente no Registro Nacional de Condutores Habilitados (Renach), onde
ficará disponível para consulta dos agentes, e do próprio condutor, através do
aplicativo CDT.

Caso a informação não tenha sido inserida no Renach ainda, o


condutor deverá portar o certificado fornecido pela instituição que
ministrou o curso, até que isso ocorra, conforme determina o Contran.

Lembre-se: mesmo que o curso conste no verso de sua CNH, procure


certificar-se de sua validade, que é no máximo de 5 (cinco) anos. Caso tenha vencido,
busque a renovação assim que possível.

Figura 16: Meios de comprovação aceitos para os cursos especializados


Fonte: do conteudista.

33
Lembrando que...
A validade de qualquer curso continua em 5 (cinco) anos,
embora o período de renovação da CNH (que está condicionada
ao prazo de vigência do exame de aptidão física e mental) tenha
sido estendido, conforme a atual redação do art. 147, § 2º, do
CTB, trazida pela Lei 14.071/20):
I - a cada 10 anos, para condutores com idade inferior a 50
anos;
II - a cada 5 anos, para condutores com idade igual ou
superior a 50 anos e inferior a 70 anos;
III - a cada 3 anos, para condutores com idade igual ou superior
a 70 anos.

Somente nas hipóteses abaixo, a falta da habilitação ou da comprovação do


curso irá gerar uma infração de trânsito:

a) Não portar o documento de habilitação e não for possível a confirmação da


regularidade do condutor junto ao sistema; ou

b) Portar o documento de habilitação sem a anotação do curso especializado no


verso, sem o registro do curso no Renach e/ou sem portar o certificado
original.

Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte


obrigatório referidos neste Código:
Infração - leve;
Penalidade - multa;
Medida administrativa - retenção do veículo até a apresentação
do documento.

Lembrando que a infração acima poderá não acumular pontos para a habilitação,
conforme alteração recente do CTB, promovida pela Lei 14.071/20.

34
Revisando...

Você acabou de estudar um pouco sobre a habilitação requerida no trabalho e


quais são os requisitos para obtê-la, incluindo as novas formas de portá-la, com vistas
à fiscalização exercida pelos agentes da autoridade de trânsito, assim como os
demais agentes de segurança pública.

No próximo módulo você ponderará sobre a condução em si e tudo que a ela


se relaciona, como acidentes, direção defensiva, condições adversas, especialmente
aquelas relacionadas ao condutor.

35
Finalizando
Neste módulo, você relembrou que:

 Os veículos possuidores de prerrogativas no trânsito subdividem-se em


veículos de emergência e veículos prestadores de serviços de utilidade pública;
 Todo serviço de urgência, para ser considerado como tal, deve ser realizado
com um veículo de emergência, devidamente identificado com dispositivos
luminosos e sonoros, em atendimento de uma situação especial, que justifique
o uso prerrogativas sobre as normas de trânsito;
 Mesmo com os dispositivos de prerrogativas acionados, nunca espere que
todas as pessoas estejam totalmente atentas;
 O trânsito é o compartilhamento do espaço, com conflitos constantes, dotado
de regras que precisam ser seguidas, sob pena de risco à segurança própria e
alheia;
 Para conduzir veículos de emergência, o condutor precisa atender requisitos
diferenciados de habilitação.

36
Módulo II - Direção Defensiva

Apresentação do módulo

Como você estudou no módulo anterior, a legislação de trânsito regulamenta


aspectos importantes para a condução de veículos de emergência, sendo ressaltada
que a correta observância às regras de circulação e de conduta, mesmo que em
situação diferenciada, é preponderante para reduzir os riscos de acidentes de trânsito.
Neste módulo você analisará diversos aspectos sobre acidentes (quando e
como acontecem) e relembrará os fundamentos de direção defensiva, com enfoque
nas condições adversas, especialmente aquelas relacionadas ao condutor.
A partir do conhecimento dos riscos das condições adversas, técnicas de
condução segura e da dinâmica dos acidentes, você acrescentará à sua vivência
ferramentas e atitudes importantes para evitar esse tipo de ocorrência, em uma
convivência mais harmoniosa, com foco no respeito e preservação da vida humana.
Pronto para começar?

Figura 17: Acidente em serviço: tudo o que queremos evitar


Fonte: Jornal Voz do Planalto. Disponível em:<https://vozdoplanalto.com.br/acidente-co-bombeiro-
militar-e-registrado-em-condado/>. Acesso em: 03 maio 2021.

37
Objetivos do módulo

Este módulo criará condições para que você possa se atualizar sobre:

 Informações sobre o cenário do trânsito brasileiro e a atuação dos agentes de


segurança pública neste contexto;
 Os principais tipos e causas de acidentes envolvendo os veículos de
emergência;
 A importância da direção defensiva na condução de veículos de emergência;
 Procedimentos e comportamentos que visam à segurança na condução de
veículos especializados; e
 Os sinais de alterações física e mental mais comuns que afetam condutores
sob o efeito de bebida alcoólica e de substâncias psicoativas, além de outros
fatores que interferem na atenção.

Estrutura do módulo

Este módulo compreende as seguintes aulas:

Aula 1 - Segurança viária: existe afinal?

Aula 2 - Acidentes de trânsito são sempre inevitáveis?

Aula 3 - Relembrando os conceitos básicos da Direção Defensiva.

Aula 4 - Adaptando-se às condições adversas.

Aula 5 - O condutor: a peça-chave.

Ouça o ÁUDIO3

38
Aula 1 - Segurança Viária: existe afinal?
Você sabe quantas pessoas morrem ou ficam permanentemente afetadas por
conta dos acidentes de trânsito todos os anos no Brasil e no mundo?
Você tem ideia qual é uma das classes que está mais exposta aos acidentes em
seu dia a dia de trabalho?

1.1 Situação no Brasil

No Brasil, os acidentes de trânsito apresentam um alto custo social, cultural e


intelectual. Profissionais no auge de sua capacidade produtiva e jovens promissores
encontram-se entre os que mais morrem no trânsito.

Figura 18: Mortos em acidente de trânsito


Fonte: Dados do Denatran (elaborado pelo conteudista).

Saiba mais:

39
De acordo com a Nota Técnica publicada em setembro de 2020 pelo
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, o valor total dos custos
dos acidentes com transportes no Brasil, no período de 2007 a 2018, foi
mais de:

R$ 1.584.000.000.000,00 (um trilhão e meio de reais)

Leia a matéria sobre o assunto e o estudo completo do IPEA em:


bit.ly/notaipea2020.

1.2 Frota de veículos


Hoje há no país uma frota circulante de mais de 107 milhões de veículos, entre
caminhões, ônibus, automóveis, motocicletas, dentre outros.
Como pode-se observar no gráfico a seguir, ela quase quadruplicou de
tamanho nos últimos 20 anos. Todavia, infelizmente, a estrutura viária urbana e rural
disponível não cresceu na mesma medida, o que agrava mais ainda os conflitos
gerados pela falta de espaço para todos transitarem, incluindo os pedestres, ciclistas
e usuários de novas tecnologias de mobilidade individual.

Figura 19: Evolução da frota total de veículos no Brasil


Fonte: Dados do Denatran (elaborado pelo conteudista).
1.3 Situação no mundo
Estima-se que a cada ano, no mundo todo, quase um milhão e meio de pessoas
são mortas e que outras cinquenta milhões são feridas em decorrência de acidentes

40
de trânsito, de acordo com estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS,
2018).
É um problema mundial e, obviamente, está ligado diretamente ao tamanho da
população, da malha viária e da frota de veículos. Porém, a situação é mais
preocupante nos países menos desenvolvidos, onde a legislação, a fiscalização, a
infraestrutura das vias, o socorro em acidentes e a formação dos condutores tendem
a ser mais precários.

Figura 20: Mortes no mundo em acidentes de trânsito em 2017 (em milhares)


Fonte: OMS (2018).

Revisando...

Como profissional de segurança pública, a contribuição e o exemplo que você


pode dar em relação à segurança do trânsito em sua cidade e em seu local de
trabalho é fundamental para mudarmos esses números.

A seguir, você analisará os principais tipos de acidentes que os veículos de


emergência estão mais propensos a se envolver e suas causas mais comuns.

Aula 2 - Acidentes de Trânsito são sempre inevitáveis?

41
Esta aula inicia com um desafio:

Figura 21: Reflexão


Fonte: SCD/EaD/Segen.

É possível pensar em poucas possibilidades: um raio ou um meteorito caem no


carro, um terremoto abre uma fenda e o carro cai dentro, uma rajada de vento tomba
um caminhão, e por aí vai.
Todo o restante, inclusive um buraco na via ou uma falha no veículo, está
associado à ação ou omissão de alguém.
Nessa aula você analisará os principais tipos de acidentes e as maneiras de
reduzirmos ao máximo a possibilidade de nos envolvermos com eles.

2.1 Definindo acidente de trânsito


Mas o que é acidente de trânsito afinal? Mesclando vários conceitos
encontrados na literatura de trânsito e transporte, chegamos à seguinte definição:

Acidente de trânsito é...


Uma ocorrência danosa, não premeditada, envolvendo veículos em
circulação ou parados, respectivos ocupantes, pedestres ou objetos móveis
ou fixos. Pode ocorrer de forma inesperada, em decorrência de alguma
condição adversa, ou de forma culposa, por negligência, imprudência ou
imperícia.

Analisando o que foi dito acima, fica fácil deduzir que, infelizmente, boa parte
dos acidentes acontece por falha humana, como melhor explicado no artigo a seguir:

42
Leia o artigo sobre causas dos acidentes, publicado pelo
Observatório Nacional de Trânsito - ONSV:
bit.ly/onsvfalhashumanas

2.2 Principais tipos de acidentes e como acontecem


No desempenho da atividade de condução de veículos de emergência, os
riscos de envolver-se (ou ser envolvido) em acidentes de trânsito aumentam
exponencialmente.
A urgência da ocorrência, o som agudo da sirene, o estresse do motorista e,
dependendo da velocidade, uma redução significativa da visão periférica, são fatores
que podem alterar o senso crítico do agente que conduz o veículo.
Agora você analisará os principais tipos de acidentes nos quais os veículos de
emergência estão mais propensos a se envolver, além de suas causas mais comuns.

Colisão Frontal

A principal causa da colisão frontal é a ultrapassagem em retas, sem espaço


suficiente, e em locais de pouca visibilidade, como em curvas e aclives.
O encontro de dois veículos frente a frente é um dos piores tipos de colisão
devido à soma das velocidades na hora do impacto.

Colisão Traseira

De acordo com os Boletins de Acidentes de Trânsito da PRF, uma das


principais causas deste tipo de acidente é motivada por condutores que têm o hábito
de dirigir muito próximo ao veículo da frente (“colado”) e por isso, nem sempre é

43
possível avisá-lo a tempo da manobra que se pretende fazer, principalmente em
situações de emergência.

Atropelamento de pedestre

Os impactos de veículos com pedestres são responsáveis por muitas mortes


anualmente. A diferença de peso e resistência que há entre uma pessoa e um veículo
provoca um encontro bem desigual, resultando, na maioria dos casos, em ferimentos
graves.
Quase todos os adultos atropelados são pessoas que não sabem dirigir,
portanto, não têm noção da distância de parada ou desconhecem seus deveres como
parte do trânsito no tocante à legislação.

Colisão transversal

É o acidente caracterizado pelo “impacto transversal, entre veículos que


transitavam em direções que se cruzam, ortogonal ou obliquamente” (PRF, 2021).
Ocorre especialmente em cruzamentos, retornos e travessias de rodovias.
Quando envolve veículos de emergência, a causa pode estar relacionada tanto à
viatura (uso inadequado dos dispositivos de prerrogativa ou não redução da
velocidade em pontos críticos) quanto aos demais veículos envolvidos (velocidade e
falta de atenção).
Quanto maior a velocidade, mais o motorista perde a visão periférica (para as
laterais), acabando por priorizar somente o que está imediatamente à frente, deixando
de perceber, por exemplo, a presença de ciclistas, pedestres e outros veículos que
possam interceptar sua trajetória.

O acidente de difícil identificação da causa

44
Também conhecida como “colisão misteriosa” ou ainda “acidente de causa não-
identificada” é aquele que envolve apenas um veículo e apresenta dificuldade no
estabelecimento da causa provável, seja pela falta de testemunhas, seja por conta da
hospitalização ou óbito dos envolvidos.

Os principais elementos causadores podem envolver:


 Pista de rolamento;
 Condições climáticas;
 Correntes aerodinâmicas;
 Veículo;
 Outro condutor;
 Estado físico e mental.

Veja as imagens de acidentes, conforme citado acima:

Figura 22: Colisão frontal em deslocamento de viatura


Fonte: Divulgação CBMDF.

45
Figura 23: Condições técnicas e legais desfavoráveis para ultrapassagem
Fonte: acervo do conteudista.

Figura 24: Colisão traseira em viatura


Fonte: Arquivo PRF.

46
Figura 25: Atropelamento de pedestre
Fonte: Arquivo PRF.

Figura 26: Colisão transversal em cruzamento urbano


Fonte: CGN. Disponível em:<https://cdn.cgn.inf.br/cgn-cdn/fotos-cgn/2020/12/24180146/acidente-
guarda.jpg>. Acesso em: 03 mai. 2021.

47
Figura 27: Veículo sozinho no acidente
Fonte: Paulo Pinto/ Fotos Públicas.

IMPORTANTE!
Para que a ultrapassagem ocorra com segurança, você deve
observar sempre:
Δ Não fique muito próximo do veículo que quer ultrapassar,
isso reduz o campo de visão;
Δ Calcule, com base no tamanho do veículo a ser
ultrapassado e na capacidade de aceleração da viatura, se o
espaço é suficiente para completar o retorno à pista de origem;
Δ Nunca inicie a ultrapassagem sem verificar se o veículo
de trás não começou antes;
Δ Nunca esqueça de acionar o indicador de direção antes
de iniciar a ultrapassagem, para que fique clara sua intenção
para os demais condutores;
Δ Quando for sua vez de ser ultrapassado, coloque-se no
lugar do outro. Dê espaço, se for preciso, e nunca aumente a
velocidade deliberadamente.

48
Revisando...

No desempenho da atividade de condução de veículos de emergência, os


riscos de ser envolvido em acidentes de trânsito aumentam exponencialmente.

Para que você possa reduzir esses riscos, além da atenção redobrada, deve
praticar a Direção Defensiva, que é o assunto da nossa próxima aula.

49
Aula 3 - Relembrando os conceitos de Direção Defensiva

3.1 Definição
Se te perguntarem o significado de direção defensiva, com certeza saberá
responder, como a grande maioria dos condutores brasileiros. Normalmente, como
resposta, é proferida a famosa frase: “dirigir por si e pelos outros”. É uma resposta
automática, está na ponta da língua. Mas você realmente faz isso?
Leia a definição em destaque e em seguida compare com as suas ações na
condução de seu veículo particular e de veículos de emergência.

Direção defensiva é...

“Um conjunto de técnicas, ideias e procedimentos que trata da


forma de pensar e se comportar durante a complexa tarefa de
dirigir, com o objetivo principal de evitar acidentes ou de reduzir
os danos de um acidente inevitável” (PRF, 2020, p. 11).

A definição de dirigir defensivamente transcende ao ato de dirigir em si, pois


vai muito além do mecanicismo de conduzir um veículo. É um estado de espírito!
Dirigir defensivamente é buscar evitar acidentes, independentemente de estar
certo ou errado no trânsito. É dirigir corretamente, seguir as regras de trânsito, agir
com perícia e prudência. É evitar acidentes mesmo quando o outro esteja errado, seja
ao conceder a passagem a um veículo ou reagir a uma frenagem.

50
Figura 28: O trânsito e a necessidade de atenção constante
Fonte: do conteudista.

O ato de dirigir é quase automático para muitos condutores. Você entra no


veículo e desloca-se de um ponto ao outro e muitas vezes não percebe o quanto
complexo e cansativo é dirigir. Para auxiliá-lo em uma condução segura de veículos
de emergência, você deve evitar cometer erros e se valer dos elementos da direção
defensiva.

3.2 Erros que devem ser evitados no trânsito


Todo condutor e, especialmente o de veículo de emergência, deve estar atento
para não cometer alguns erros que vão invariavelmente lhe prejudicar em algum
momento.
Relembre na figura abaixo as principais ações e omissões mais propensas a
ocorrer e que devem ser evitadas ao máximo.

51
Figura 29: Erros mais comuns de todo condutor
Fonte: do conteudista.

3.3 Elementos da Direção Defensiva


São cinco os elementos que precisam ser considerados na prática da direção
defensiva. Relembre os detalhes de cada um na figura a seguir:

52
Figura 30: Elementos da Direção Defensiva
Fonte: acervo do conteudista.

53
Assista o vídeo:
Direção defensiva: manobras simuladas e dicas técnicas para
evitar acidentes.
https://bit.ly/3bPeQ8J

Revisando...

Praticar a direção defensiva exige uma boa dose de comprometimento, a


fim de que você não cometa erros conhecidos e que possam tornar a condução
insegura.

Porém, existem outros fatores, internos e externos, nem sempre controláveis,


que interferem diretamente nessa questão: as “condições adversas”, assunto da
nossa próxima aula.

54
Aula 4 - Adaptando-se às condições adversas
O condutor de veículos de emergência, em muitas situações, tem de trafegar
sem as condições ideais de segurança para atender as mais diversas ocorrências,
sejam quais forem as condições climáticas, de luminosidade, de trânsito e qualidade
da via.
É importante que você seja capaz de identificar esses riscos rapidamente e agir
corretamente diante dessas situações, adotando os procedimentos adequados para
cada uma delas. Veja o resumo na figura a seguir:

Figura 31: Resumo dos tipos de condições adversas


Fonte: acervo do conteudista.

4.1 Condições adversas de luz

A iluminação é um dos fatores que mais influenciam na condução, pois é


essencial para vermos e sermos vistos, seja com iluminação natural (dia e noite) ou
artificial (sistema de sinalização e iluminação dos veículos e da própria via).

Porém, a luz torna-se uma condição adversa quando está em falta ou em


excesso. A falta de luz provoca a penumbra (falta de iluminação pública, por

55
exemplo), e o excesso provoca o ofuscamento (luz do sol direta ou refletida nos
espelhos, farol dos outros veículos, anúncios luminosos etc.), conforme exemplo da
figura a seguir.

Figura 32: Ofuscamento noturno causado por faróis altos


Fonte: acervo do conteudista.

4.2 Condições adversas de clima


Algumas condições climáticas podem interferir diretamente na segurança do
trânsito, pois alteram as condições da via, diminuindo a sua capacidade visual,
alterando padrões de comportamento do veículo em relação à aderência dos pneus e
à estabilidade. Veja algumas:

56
CHUVA

Reduz a visibilidade externa e interna, através do embaçamento dos vidros,


diminui a aderência dos pneus, principalmente nas curvas, aumenta o espaço
percorrido nas frenagens e dificulta as manobras de emergência.

Além disso, quanto maior a quantidade de água na pista e maior a velocidade,


mais provável é a ocorrência de aquaplanagem, que é o “fenômeno no qual os pneus
dos veículos não conseguem remover a lâmina d’água sob eles e perdem o contato
com a pista” (PRF, 2020). Entenda melhor do que se trata assistindo o vídeo logo
abaixo.

Figura 33: Chuva + velocidade excessiva = aquaplanagem


Fonte: Arquivo PRF.

NEBLINA

Você deve redobrar o cuidado nestas condições, por conta da baixa


visibilidade. Jamais esqueça, assim como ocorre na chuva, de manter ligados os faróis
de luz baixa, conforme determina a nova redação do art. 40 do CTB, de forma que
seu veículo fique visível por todos os lados.
Grave isso: se o trânsito parar, acione imediatamente o pisca-alerta. Nos dias de
neblina, os engavetamentos são comuns por conta da falta desse cuidado básico.

57
Figura 34: Os perigos da neblina
Fonte: acervo do conteudista.

Assista o vídeo:
O que fazer em caso de aquaplanagem.
www.youtube.com/watch?v=Ifq0VhNqNCI

4.3 Condições adversas da via


O condutor de veículo de emergência deve estar sempre atento às condições
adversas que possam surgir nas vias pavimentadas, ou não. Mesmo que você
conheça o percurso, não deve desconsiderar a possibilidade de ser surpreendido, sob
risco de causar danos ao veículo ou até mesmo se envolver em acidente de trânsito.
A realidade nos mostra uma série de deficiências que aumentam as
probabilidades do condutor se acidentar.

58
Figura 35: Buraco na via
Fonte: SCD/EaD/Segen

Figura 36: Árvore caída na via


Fonte: SCD/EaD/Segen.

59
Figura 37: Veículo desviando de buraco na borda da pista de rolamento
Fonte: acervo do conteudista.

4.4 Condições adversas de trânsito


As condições adversas de trânsito estão relacionadas à quantidade, ao tipo, ao
tamanho de veículos e ainda aos horários de circulação, podendo estar associadas
ou não a congestionamentos.
Obviamente, como você já viu, quanto mais pedestres e veículos estiverem
compartilhando o espaço, e competindo por ele, maior a probabilidade de demora no
deslocamento e maior o cuidado necessário para evitar incidentes.

60
Figura 38: Veículo de emergência preso no congestionamento
Fonte: Ambulância Curitiba Emergências 24 horas. Disponível
em:<https://ambulanciaemergencias.files.wordpress.com/2020/07/0057__mg_0058_njr.jpg?w=1568>.
Acesso em: 04 maio 2021.

4.5 Condições Adversas de Veículo


Todo veículo possui equipamentos e sistemas que atuam ativamente para
evitar situações de perigo que podem levar a acidentes, como freios, suspensão,
sistema de direção, iluminação, pneus e outros. Já outros equipamentos e sistemas
são destinados a atenuar os impactos causados em caso de acidente, como cinto de
segurança, airbags e a própria carroceria.
Como um condutor defensivo, você deve observar se esses equipamentos
estão em boas condições de funcionamento, e isso é essencial para que eles
cumpram suas funções de forma adequada na hora que você precisar.

61
Figura 39: Veículo com pane mecânica, antes da chuva
Fonte: acervo do conteudista.

4.6 Condições adversas do condutor


As condições adversas relacionadas aos condutores são, sem dúvida, as que
mais influenciam na possibilidade de acidentes.

Considerando a importância do estudo dessas condições, reservamos a última


aula deste módulo exclusivamente para esse assunto.

Revisando...

Você até pode ser surpreendido por uma condição adversa, especialmente
as de luz ou clima. Outras, talvez, sejam um pouco mais previsíveis, dependendo
do nosso conhecimento prévio, como as condições adversas da via, do trânsito e
do veículo.

Porém, tem uma que depende diretamente do ser humano, e talvez seja a
mais difícil de lidar: as condições adversas do condutor, tema da nossa próxima
aula.

62
Aula 5 - O condutor: a peça-chave

5.1 As condições adversas do condutor


Todas as condições físicas ou psicológicas associadas aos condutores, sejam
elas permanentes ou temporárias, vão influenciar diretamente o modo de conduzir.
Além das condições, existem comportamentos, associados ou não, que influenciam
na segurança da direção, conforme representado:

Figura 40: Fatores que prejudicam a condução


Fonte: acervo do conteudista.

63
5.2 O uso de álcool e outras drogas
Ingerir álcool, que é uma droga depressora do Sistema Nervoso Central (SNC),
ou seja, provoca a redução a atividade cerebral e, por consequência, diminui a
concentração, afeta a coordenação motora, muda o comportamento e prejudica o
desempenho, limitando a percepção de situações de perigo e reduzindo a capacidade
de ação e reação.
Outras drogas ilícitas e lícitas (medicamentos), podem afetar o SNC de diversas
maneiras, produzindo sinais como sono, vigília, euforia, confusão mental,
desvirtuamento sensorial, perda do equilíbrio, psicoses e delírios, conforme o tipo de
substância utilizada.

IMPORTANTE!
Como profissional consciente, você deve evitar a
automedicação e sempre perguntar ao seu médico quais os
efeitos colaterais dos medicamentos prescritos, principalmente
para a condução de veículos.

Figura 41: Fiscalização de alcoolemia


Fonte: Arquivo PRF.

64
Assista o vídeo:
Simulação dos efeitos do álcool ao volante em um ambiente
controlado.
www.youtube.com/watch?v=zGQ5FomMPRU&t=1s

5.3 O estado físico e mental


Alterações no estado físico e mental do condutor afetam diretamente a
capacidade de dirigir com plena segurança.
Alguns exemplos de estados psicológicos alterados e fatores comportamentais
de risco são: a pressa, a distração, a agressividade, o espírito competitivo e o
estresse. O estado de espírito pode ser facilmente influenciado por acontecimentos
ligados ou não à condução, como desentendimentos no trabalho, brigas no trânsito,
expectativa de algum acontecimento, euforia por conta de alguma conquista ou
apenas preocupação com algum assunto particular.
Por sua vez, as deficiências visual, motora e auditiva, mesmo que temporárias,
podem constituir um grave risco de acidente.
Outros fatores como o sono e fadiga são igualmente relevantes e que podem
ser agravados até pela posição incorreta ao conduzir o veículo. Se você estiver pouco
disposto e não puder se concentrar totalmente na condução, seu tempo normal de
reação vai aumentar, transformando os riscos em perigos iminentes.

65
Figura 42: Acidente causado pelo sono ao volante
Fonte: Arquivo PRF.

5.4 O comprometimento da atenção


Segundo o art. 28 do CTB...

“O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo,


dirigindo-o com atenção e cuidados indispensáveis à segurança
do trânsito.”

Ressaltando: o tempo todo! Não só uma parte do tempo. Entretanto, sabe-se


que isso é bastante difícil de fazer, pois tendemos a desviar o pensamento para outros
lugares e outras coisas, mesmo estando com os olhos na pista. É o equivalente a
sonhar acordado, às vezes.
Sabe-se também que o consumo de álcool e qualquer outra substância
psicoativa, colabora para que a atenção seja comprometida, assim como os tópicos
que você estudou anteriormente, relacionados aos estados físicos ou mentais.
Temos ainda as distrações deliberadas ou permitidas pelo condutor, como
objetos soltos dentro do veículo que podem se movimentar e exigir a atenção
inesperada, animas desacompanhados que podem eventualmente “querer colo” e

66
atrapalhar o uso dos comandos e o uso do som demasiadamente alto que impede que
o condutor escute buzinas, alarmes sonoros e até os sons do próprio veículo.
Todavia, a pior distração de todas hoje em dia é o uso do celular, seja para falar
(inclusive no viva-voz) quanto para ler ou até digitar mensagens em aplicativos de
comunicação ou redes sociais.
Um condutor falando ou digitando no celular equivale
a um condutor bêbado ou dormindo. O efeito prático é o
mesmo.

Assista o vídeo:
Celular é a terceira maior causa de mortes no trânsito no Brasil,
diz pesquisa.
https://glo.bo/3toFwD0

Figura 43: Representação gráfica da importância do celular para algumas pessoas


Fonte: Blog do Amarildo. Disponível em:<https://amarildocharge.wordpress.com/>. Acesso em: 04
maio 2021.

67
Você sabe que tipo de atenção o condutor deve mais utilizar
durante a direção?

Conforme o Anexo XIII da Resolução Contran nº 425/12, a “atenção” consiste


na manutenção da visão consciente dos estímulos ou situações, e pode ser dividida
em três tipos principais:

Atenção difusa ou vigilância

Esforço voluntário para varrer o campo visual na sua frente à procura de algum
indício de perigo ou de orientação;

Atenção concentrada seletiva

Fixação da atenção sobre determinados pontos de importância para a direção,


identificando-os dentro do campo geral do meio ambiente;

Atenção distribuída

Capacidade de atenção a vários estímulos ao mesmo tempo.

Lendo as definições acima, você percebeu que o tipo de atenção mais


presente, durante a condução de veículos de emergência, é a difusa.

Assista o vídeo:
Série Dicas com o João da Nica, sobre o contato visual no
trânsito (Publicado no site do ONSV).
youtu.be/DGnmNGXTIzs

68
Revisando...

Como você viu, os condutores são as peças-chave do trânsito, sejam os


condutores dos veículos de emergência, sejam os demais condutores que
compartilham a via.

Qualquer item que afete a percepção ou a atenção desses condutores, afeta


diretamente a segurança da via.

69
Finalizando
Neste módulo, você relembrou que:

 É muito preocupante o quadro mundial e, particularmente o brasileiro, no que


se refere à violência no trânsito.
 Os veículos de emergência têm uma probabilidade maior de se envolver em
determinados tipos de acidentes, como colisões frontais, traseiras e
transversais, atropelamento de pedestres, incluindo acidentes com causas
difíceis de se determinar.
 O uso de procedimentos e técnicas de direção defensiva, você reduzirá
significativamente a chance de se envolver em acidentes.
 É preciso conhecer as restrições impostas pelas condições adversas e as
ações necessárias para se adaptar rapidamente diante do novo cenário e
enfrentar as mudanças com mais confiança e segurança.
 Você tem uma importante tarefa no desempenho de sua profissão: servir à
sociedade e proteger vidas. Não coloque a sua vida ou a vida da sua equipe
em risco e se lembre de sempre proteger os demais no trânsito.
 O condutor é a peça-chave da segurança do trânsito que precisa estar em
plenas condições físicas e mentais para o desempenho das funções, caso
contrário a segurança viária se perde.

70
Módulo III - Noções de Primeiros Socorros, Respeito
ao Meio Ambiente e Convívio Social

Apresentação do módulo

Caro Aluno,

Nos módulos anteriores, você relembrou conhecimentos relacionados à


legislação que envolve os veículos de emergência e como agir defensivamente no
trânsito.

Neste módulo, você estudará a conduta mais adequada de um agente de


segurança pública frente a uma situação que exija o socorro de vítimas. Estudará
também como prover a segurança do local, preservando a sua vida e a de terceiros.

Por fim, você irá rever algumas questões ambientais e elementos importantes
de convívio social relacionados à utilização de veículos nas vias públicas.

Bons estudos!!

Objetivos do módulo
Este módulo criará condições para que você possa atualizar-se sobre:

 A importância das primeiras ações no local de um acidente, desde a sinalização


e cuidados básicos ao acionamento dos meios de segurança;
 Os procedimentos de avaliação primária da vítima, bem como a adoção de
medidas para evitar o agravamento das lesões; e
 Conceitos relacionados à proteção do meio ambiente e convívio social no
trânsito.

Estrutura do módulo
Este módulo compreende as seguintes aulas:

71
 Aula 1 - Local do acidente: primeiras providências
 Aula 2 - Abordagem à vítima
 Aula 3 - Meio ambiente e convívio social

Ouça o ÁUDIO 4

72
Aula 1 - Local do acidente: primeiras providências
As pessoas presentes no local da ocorrência (os próprios envolvidos, os
familiares, as testemunhas ou a comunidade em geral), ao perceberem a chegada
dos agentes públicos, sejam eles policiais, bombeiros ou socorristas, naturalmente
esperam que esses resolvam todos os problemas, principalmente no que concerne
ao socorro dos feridos e à segurança do local.

Levando isso em conta, você irá examinar nessa aula quais são as primeiras
ações a serem tomadas logo após à chegada ao local da ocorrência.

Importante!
A sua segurança inicia antes mesmo do deslocamento à
ocorrência e deve ser observada ao longo de todo o trajeto.
Certifique-se de utilizar corretamente os itens de segurança. Não
se esqueça dos dispositivos de prerrogativa e mantenha-se
atento à sinalização da via. Sempre assuma uma postura
defensiva!

1.1 Sinalização
Após uma rápida avaliação do cenário, você deve priorizar a sinalização
imediata do local, de forma a prevenir a ocorrência de outros acidentes, especialmente
envolvendo os condutores que se aproximam sem ainda ter percebido a situação.

Veja a imagem abaixo, ela mostra um exemplo de sinalização em um acidente


em rodovia.

73
Figura 44: Exemplo de sinalização com cones em rodovia.
Fonte: Comando Notícia. Disponível em:<https://comandonoticia.com.br/wp-
content/uploads/2017/10/caminh%C3%A3o-tombado-rodovia-acidente-pol%C3%ADcia-
rodovi%C3%A1ria-colinas11.jpg>. Acesso em: 04 mai. 2021.

Possíveis formas de sinalização:

Figura 45: Formas de sinalização


Fonte: acervo do conteudista.

74
Você deve colocar a sinalização a uma distância que permita aos condutores
perceber, sem equívoco, a presença de “algo diferente” na pista e com isso reduzir a
velocidade com segurança.

Havendo curvas, a sinalização deve ficar antes desta, de modo que os


condutores observem a sinalização antes de ver o acidente.

Caso existam condições adversas de luz ou clima, coloque a sinalização mais


afastada, usando os parâmetros a seguir:

Figura 46: Tabela de distâncias recomendadas para o início da sinalização a partir do local do
acidente
Fonte: Abramet (2005).

Assista o vídeo:
Estrada de Minas Gerais registra três acidentes em apenas três
horas (Matéria publicada pela TV Record)
bit.ly/2OLKKdr

75
1.2 Gerenciamento de riscos
Depois de sinalizar o local, a próxima providência é identificar os elementos que
possam agravar a ocorrência ou gerar outros riscos, seja para os envolvidos no
acidente, seja para as equipes de atendimento ou curiosos (que sempre surgem).

Os principais elementos que podem gerar riscos secundários ao acidente estão


resumidos no diagrama a seguir:

Figura 47: Riscos a serem observados durante o atendimento de acidentes


Fonte: acervo do conteudista.

IMPORTANTE!
Se houve riscos iminentes no local da cena, só efetue o socorro se isso não
for comprometer a sua integridade. Caso contrário, acione e aguarde a
chegada de recurso especializado, como você verá no próximo item.

76
1.3 Acionamento de recursos especializados
Quanto mais complexo o acidente maior a chance de vários órgãos acabarem
trabalhando no atendimento de forma simultânea (ou sequencial).

Procure conhecer os meios disponíveis em sua região, mantendo os contatos


sempre atualizados, de forma a agilizar o trabalho quando precisar de apoio.

Abaixo estão os números de emergência mais comuns.

Figura 48: número de emergência


Fonte: acervo do conteudista.

Além dos órgãos de segurança, salvamento e controle de trânsito, também


poderão trabalhar na ocorrência a companhia de energia, empresas especializadas
em remoção de veículos ou manuseio de produtos perigosos, prefeituras
(fornecimento de maquinário, remoção de animais etc.), além das concessionárias de
rodovias e outros.

77
Figura 49: Órgãos em treinamento para atendimento de acidente com produtos perigosos
Fonte: A Crítica. Disponível em:
<https://cdn.acritica.net/img/pc/920/600/dn_noticia/2019/08/1567189466.jpg>. Acesso em: 04 mai.
2021.

Revisando...

Ao longo dessa aula você relembrou as primeiras providências a serem


tomadas após a chegada no local do acidente, incluindo a sinalização, o
gerenciamento dos riscos presentes na cena e o acionamento de recursos, quando
necessário.

Na próxima aula você irá repassar resumidamente a principais etapas da


abordagem de uma vítima ferida ou enferma.

78
Aula 2 - Abordagem à vítima
Nas aulas anteriores, você relembrou as primeiras providências a serem
tomadas após a chegada ao local do acidente, agora estudará como efetuar a
abordagem a uma vítima de acidente de trânsito de forma correta, providenciando os
Primeiros Socorros.

2.1 O que são Primeiros Socorros?


Conforme a Abramet (2005), os Primeiros Socorros são as primeiras
providências tomadas no local do acidente. É o atendimento inicial e temporário, até
a chegada de um socorro profissional.

Quais são essas providências?

Figura 50: Primeiras providências de primeiros socorros


Fonte: do Conteudista; SCD/EaD/Segen.

79
Figura 51: PRF e Bombeiros numa abordagem a vitimado
Fonte: Arquivo PRF.

2.2 Avaliação primária da vítima


A avaliação primária da vítima, ou exame primário, é o passo seguinte à
sinalização e gerenciamento dos riscos. Constitui-se em um processo ordenado para
identificar e corrigir problemas que ameacem a vida em curto prazo, iniciando por
aqueles que podem levar à morte mais rapidamente.

A avaliação primária é dividida em seis etapas, por ordem de prioridade, como


segue:

80
Figura 52: Etapas da avaliação primária da vítima
Fonte: acervo do conteudista (Adaptado de PRF, 2020, p. 59).

Obviamente, nem todos os agentes estão aptos a realizar a avaliação primária


de forma tão completa como um socorrista profissional. Porém, é importante que você
consiga pelo menos compreender e mitigar os principais riscos imediatos à vida, como
hemorragias graves e paradas cardiorrespiratórias, além de conseguir passar um

81
panorama mais detalhado das condições da vítima ao acionar o socorro
especializado.

Assista esses vídeos curtos sobre:


1 - Dicas básicas para avaliação inicial (XABCDE):
www.youtube.com/watch?v=jOFWyuOZBWE
2 - Controle de sangramento com compressão (curativo)
www.youtube.com/watch?v=9EkTK0mgg4U
3 - Controle de hemorragia externa grave (torniquete)
www.youtube.com/watch?v=ZjMLFstsEY4
4 - Atendimento à parada cardiorrespiratória:
www.youtube.com/watch?v=dnN_G4QDHRA

2.3 O uso de EPI


Antes de atender uma ocorrência/acidente, o profissional deverá tomar as
precauções universais, medidas de proteção contra agentes biológicos. O
equipamento de proteção individual (EPI) básico para efetuar qualquer intervenção,
especialmente se a vítima apresenta trauma com sangramento, é a luva de
procedimentos.

Mesmo que você não seja um socorrista, outros equipamentos como máscara
facial e óculos de segurança também são importantes para evitar contaminação.
Procure ter um Kit de EPI em seu material de trabalho, pois será sempre útil.

Figura 53: EPIs básico


Fonte: SCD/EaD/Segen.

82
2.4 O que não fazer durante um atendimento
Ao abordar uma vítima, além de efetuar a avaliação primária e atendê-la com
ética e profissionalismo, você deve atentar para o seguinte:

I. Como já visto, NÃO se aproxime se o local não oferecer segurança;


II. NÃO retire a vítima do automóvel ou da posição que se encontra se você não
tiver equipamentos ou a habilidade necessária, a não em caso de parada
cardiorrespiratória ou outros casos excepcionais;
III. Quando atender motociclistas, NÃO tente retirar o capacete antes da chegada
do socorro especializado, podendo, no máximo, abrir a viseira;
IV. NÃO saia de perto da vítima durante o atendimento, a não ser para pedir
auxílio;
V. NÃO exponha a vítima em sua intimidade, pois em qualquer ocorrência poderá
haver registro de imagens, especialmente por curiosos;
VI. NÃO permita que a vítima faça a ingestão alimentos ou qualquer tipo de líquido.

Assista o vídeo:
Bombeiros explicam cuidados básicos nos primeiros socorros à
vítima de acidente de trânsito, e o que não fazer também.
globoplay.globo.com/v/7563618/

83
Aula 3 - Respeito ao Meio Ambiente e Convívio Social
Os veículos automotores representam uma das principais fontes de poluição
atmosférica nos centros urbanos. A queima incompleta dos combustíveis fósseis,
utilizados como fonte de energia, é responsável pela emissão de poluentes
conhecidos por causar efeitos adversos à saúde humana. Como agravante, as
populações das cidades vivem e transitam próximas a essa fonte de poluição

São várias as formas de poluição causadas pelos veículos automotores, haja


vista que a sua própria utilização já emite agentes poluentes. Além disso, o processo
de fabricação de seus componentes e a destinação final de seus subprodutos (rejeitos
ou dejetos) podem agravar a situação ao depositar de maneira inadequada poluentes
no ar, água ou solo, por exemplo.

Figura 54: Poluição atmosférica gerada nos núcleos urbanos


Fonte: acervo do conteudista.

Falando de veículos, cabe destacar outro tipo de poluição existente: a


SONORA. Degradação que traz uma série de prejuízos à saúde física e mental dos
indivíduos.

84
Poluição é...
Segundo o art. 3º, inciso III, da Lei 6.938/81, poluição é “a degradação
da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos.”

3.1 Legislação e normas


No Brasil temos o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos
Automotores (Proconve), criado pela Resolução CONAMA nº 18/86, para veículos
leves e pesados, bem como a Lei 6.938/81, que instituiu a política nacional do meio
ambiente, e também legislações e normas esparsas.

O Proconve está dividido em etapas, que estabelecem os limites de emissão


de poluentes e o uso de tecnologias específicas para garantia de uma queima eficiente
das substâncias, como, por exemplo, a injeção de combustível ou a sonda lambda
(sensor de oxigênio).

Existe também o Promot, programa de controle das emissões das motocicletas


e veículos similares, criado por meio da Resolução CONAMA nº 297/02.

85
Figura 55: Uso do ARLA 32 em veículo movidos a diesel com sistema SCR
Fonte: Revista Carga Pesada. Disponível em:<https://cargapesada.com.br/wp-
content/uploads/2016/10/revista-carga-pesada-arla-32-702x336.jpg>. Acesso em: 04 mai. 2021.

3.2 Ações para contribuir com a redução da poluição


Preservar o meio ambiente é uma necessidade e obrigação que deve ser
executada por todos.

Os condutores e os proprietários de veículos também devem ajudar na redução


da poluição atmosférica e sonora. Existem procedimentos simples que contribuem
para a preservação da saúde e do meio ambiente:

86
Figura 56: Como contribuir com a redução da poluição
Fonte: acervo do conteudista.

3.3 O que mais você pode fazer pelo planeta?


A sujeira jogada na via pública, ou nas margens das rodovias, estimula a
proliferação de insetos e de roedores, o que favorece a transmissão de doenças
contagiosas.

Materiais jogados no meio ambiente, como latas e garrafas plásticas, levam


muito tempo para serem absorvidos pela natureza. Custa muito caro para a sociedade
manter limpos os espaços públicos e recuperar o espaço degradado.

Dessa forma:

87
Mantenha sempre sacos de lixo dentro do veículo. Não jogue lixo na via,
nos terrenos baldios ou na vegetação à margem das rodovias;

Entulhos devem ser transportados para locais próprios. Não jogue entulho
nas vias ou em suas margens;

Faça a manutenção, conservação e limpeza do veículo em local próprio.


Não derrame óleo ou descarte materiais nos espaços públicos;

Ao observar situações que agridam a natureza, sujem os espaços públicos


ou que também possam causar riscos para o trânsito, solicite ou colabore
na sua remoção ou limpeza; e

O espaço público é de todos, faça a sua parte mantendo-o limpo e


conservado.

Assista o vídeo:
Quais os tipos de poluição que existem?
www.youtube.com/watch?v=szR2M5QYPXk

Figura 57: Cena comum em qualquer lugar


Fonte: Divulgação Detran/PR.

88
3.4 Você e sua relação com o outro
Tão antiga quanto a própria humanidade, a convivência social é marca
constante no desenvolvimento do homem. Consiste em atividade essencial para a
autoconservação dos indivíduos e pode ser percebida nas mínimas ações diariamente
desenvolvidas. Do deslocamento ao supermercado até um passeio pela vizinhança,
relacionar-se é essencial.

Para melhorar o convívio e a qualidade de vida, existem alguns princípios que


devem ser a base das nossas relações na vida e no trânsito:

Dignidade da pessoa humana

Princípio universal do qual derivam os Direitos Humanos e os valores e atitudes


fundamentais para o convívio social democrático.

Igualdade de direitos

É a possibilidade de exercer a cidadania plenamente através da equidade, isto


é, a necessidade de considerar as diferenças das pessoas para garantir a igualdade,
fundamentando a solidariedade.

Participação

É o princípio que fundamenta a mobilização das pessoas para organizar-se em


torno dos problemas de trânsito e suas consequências para a sociedade.

Corresponsabilidade pela vida social

Valorizar comportamentos necessários à segurança no trânsito e à efetivação


do direito de mobilidade a todos os cidadãos. Tanto o Governo quando a população
tem sua parcela de contribuição para um trânsito melhor e mais seguro. Faça sua
parte.

89
Revisando...

Ao longo dessa aula você relembrou as principais consequências que a


produção e utilização dos veículos trazem ao meio ambiente.

Você também refletiu sobre a legislação e normas relacionadas ao tema, assim


como aquilo que todos devemos fazer, ou não, para ajudar a “economizar” o planeta.

Por fim, a aula terminou tratando sobre alguns aspectos do convívio em


sociedade, o que é intrinsecamente relacionado com a noção de preservação da
espécie, através da solução conjunta de problemas, da igualdade de direitos e de
respeito à coletividade, especialmente no trânsito.

90
Finalizando
Neste módulo, você relembrou que:

 No atendimento de acidentes, umas das primeiras coisas a se fazer é a


sinalização adequada do local, o que evitará outras ocorrências.
 Nunca se aproxime dos veículos e vítimas sem avaliar os riscos de incêndio,
intoxicação, choque, e contaminação, por exemplo. Procure acionar
rapidamente algum recurso de apoio especializado, caso necessário.
 Mesmo não sendo um socorrista profissional, você deve executar a avaliação
primária da vítima em busca de traumas ou problemas visíveis que podem ser
mitigados até que o socorro especializado chegue.
 Fique sempre atento à cena do acidente, no controle da situação, a fim de evitar
a exposição das vítimas a outros riscos ou à intervenção indesejada de
qualquer pessoa que não esteja envolvida no atendimento.
 Os veículos são agentes poluidores, desde a fabricação, circulação e o próprio
descarte. Porém, podemos reduzir esse impacto adotando medidas
relacionadas ao uso e manutenção.
 O conhecimento da obrigação legal de socorrer o próximo, o respeito à vida, o
discernimento de que um trânsito seguro é responsabilidade de todos e a
consciência de que o planeta é finito de recursos, são algumas das noções de
convívio social indispensáveis aos seres humanos.

91
Módulo IV - Relacionamento Interpessoal

Apresentação do módulo
Como você relembrou nos módulos anteriores, a legislação de trânsito
regulamenta aspectos importantes para a circulação de veículos de emergência. A
direção defensiva orienta a forma e as técnicas mais seguras de condução dos
veículos para minimizar os riscos de acidentes. Assim como a noção de primeiros
socorros é uma ferramenta importante para ajudar a preservar a vida das vítimas de
acidentes.
Neste módulo, você é convidado a refletir sobre as relações interpessoais, a
postura mais adequada, as causas que podem levar aos conflitos e possíveis atitudes
que os previnem, resultando em uma relação harmoniosa, um convívio de respeito,
tolerância e de cuidado com o outro.
A qualidade dos nossos relacionamentos, e a capacidade de mantê-los, são
fatores determinantes para nossa qualidade de vida.
Lembrando que somente o próprio agente de segurança pública pode modificar
o seu comportamento. O trabalho de capacitação limita-se a criar situações que
facilitam esse aperfeiçoamento. A mudança depende da internalização e adoção de
uma postura adequada.

Objetivos do módulo

Este módulo criará condições para que você possa atualizar-se sobre:

 A importância do comportamento solidário no trânsito;


 A necessidade de valorizar a responsabilidade do condutor em relação aos
demais atores do processo de circulação;
 A identificação do papel dos Agentes da Autoridade Trânsito; e
 O reconhecimento da importância do atendimento adequado às diferenças e
especificidades dos usuários.

92
Estrutura do módulo

Este módulo compreende as seguintes aulas:

Aula 1 - Comportamento e Segurança

Aula 2- Solidariedade e Regras de Convivência

Aula 3- Responsabilidade e a Tolerância

Aula 4- Respeito às Normas de Trânsito à Fiscalização

Aula 5 - Atendimento aos Usuários

Ouça o ÁUDIO5

93
Aula 1 - Comportamento e Segurança
Todas as relações interpessoais desenvolvem-se a partir da interação entre as
pessoas.
Nesse sentido, sentimentos positivos provocarão o aumento da interação e
cooperação entre as pessoas, resultando no aumento da qualidade desse trabalho.
Em compensação, sentimentos negativos, como antipatia e rejeição, resultarão
em distanciamento dos envolvidos e, por consequência, diminuição da qualidade de
qualquer atividade.
Assim, o seu comportamento irá definir sua interação com o outro.
Além das questões relacionais definidas pelo seu comportamento, esse
também deve ser seguro, pois existem muitos riscos na condução de veículo de
emergência.
Conheça, na sequência, alguns conceitos para serem tomados por base.

Figura 58: Cada um no seu quadrado


Fonte: acervo do conteudista.

1.1 Comportamento preventivo versus comportamento


de risco
Você é um Agente de Segurança Pública.
Qual deve ser seu papel no trânsito?

94
O seu comportamento é um desdobramento de sua personalidade. Você pode
sofrer influências externas, devido aos mais diversos acontecimentos, no entanto suas
decisões levam em consideração também suas crenças pessoais.
Dessa forma, é importante manter o comportamento preventivo, visto que ao
antecipar possíveis problemas, você pode evitar atitudes inadequadas quando
ocorrerem situações adversas. Uma ação indevida não é esperada por ninguém,
ainda mais vindo de um agente de segurança pública.

1.2 Equilíbrio emocional


O equilíbrio emocional está diretamente ligado à inteligência emocional que,
conforme COVEY (2005), possui cinco elementos comumente aceitos:

Autoconsciência

Isto é, sua capacidade de refletir sobre a própria vida, aumentar o


autoconhecimento e usar esse conhecimento para se aprimorar e até superar ou
compensar fraquezas;

Motivação pessoal

Tem a ver com o que realmente te empolga – a visão, os valores, os objetivos,


as esperanças, os desejos e as paixões que formam suas prioridades;

Autorregulação

Capacidade de se gerenciar no sentido de atingir sua visão e valores;

Empatia

Capacidade de ver como outras pessoas veem e sentem as coisas;

Habilidades de comunicação social

Forma como você resolve suas diferenças, os problemas, chega a soluções


criativas e interage de modo satisfatório com os outros para alcançar os objetivos
comuns.

95
No cotidiano do profissional de segurança pública, o equilíbrio emocional torna-
se um importante fator de sucesso no desempenho de suas funções e o mesmo ocorre
nos diversos campos da vida pessoal, isso porque permite o distanciamento de
posicionamentos desapropriados e o afasta de condições de sofrimento psicológico,
como por exemplo, a ansiedade e a neurose do trabalho, denominada de Síndrome
de Bournout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional.

SAIBA MAIS!
Síndrome de Bournout, ou Síndrome do Esgotamento Profissional
é um distúrbio psíquico, com sintomas de estresse e esgotamento físico,
manifestado mais comumente em profissionais que atuam em condições
muito desgastantes, especialmente na área da saúde, educação e
segurança pública.

1.3 Segurança

Existem diversos fatores que trazem riscos à segurança na condução dos


veículos de emergência, entre eles a agressividade, inclusive em pessoas que em
situações cotidianas costumam manter uma atitude tranquila.
Você percebe diariamente a violência presente no trânsito, não só por conta
dos acidentes causados pela condução ofensiva, mas também por conta do
desrespeito e da agressividade entre os usuários do sistema, culminando muitas
vezes em agressões verbais e/ou físicas.

1.4 Agressividade e fatores relacionados

Você se considera uma pessoa calma? O que te deixa agressivo(a)? No


trânsito você tende a assumir uma postura mais pacífica ou explosiva?

96
Entre os estudiosos, há uma grande discussão acerca da origem da
agressividade: se herdada (definida no nascimento) ou desenvolvida, como resultado
do meio externo (local de criação, experiência de vida e educação, por exemplo).
Para compreender mais sobre esta questão, veja dois fatores relacionados
diretamente à agressividade nas relações interpessoais:

Figura 59: Fatores relacionados à agressividade


Fonte: acervo do conteudista.

Na raiva, como também na emoção do medo, há situações em que agimos


primeiro e pensamos depois, como demonstrado do vídeo a seguir:

Assista o vídeo:
Brigas no trânsito ficam cada vez mais corriqueiras no Brasil
www.youtube.com/watch?v=1gPNouq1RUM

97
Aula 2 - Solidariedade e Regras de Convivência

Como você já estudou anteriormente, o seu comportamento em relação ao


outro gera consequências positivas ou negativas. Nesta aula, você estudará a base
do comportamento solidário, através da compreensão de como ocorre a convivência
para oportunizar relacionamentos interpessoais saudáveis e harmônicos.

Figura 60: Exemplo do que não deve acontecer


Fonte: Blog do Amarildo. Disponível em:<https://amarildocharge.wordpress.com/>. Acesso em: 04
maio 2021.

2.1 A convivência
Vimos que o ser humano é um animal eminentemente social, vive-se em
grupos. A relação com o outro é parte essencial da nossa sobrevivência. Ao mesmo
tempo, somos todos diferentes, únicos.
Chamamos os outros de semelhantes, mas não totalmente iguais.

Como pode haver a convivência sem invasão do espaço do outro?

98
Visto desta maneira, a convivência ocorre sempre com base na noção do limite.
Preciso ir até o meu limite para alcançar o outro, mas sem ultrapassá-lo.
Assim, quando o encontro tem êxito, os limites não são mais rígidos, tornam-
se fluidos e passam a ser negociados saudavelmente. Cada um retorna desse
encontro enriquecido pela experiência de acordo com seu espaço. Em última
instância, você é responsável por eventual aborrecimento.

2.2 Por que conviver?


O convívio permite compartilhar espaços e ideias, coexistir, intercambiar. A
convivência é uma experiência enriquecedora, pois lhe proporciona conhecer o outro,
seu perfil, sua postura perante as situações, fazendo com que você possa lidar melhor
com as suas questões.
Você é responsável em fazer ou não do outro um ser próximo. A partir desta
concepção é possível seguir alguns passos rumo a esse entendimento.

Exemplificando...
Se o condutor do outro veículo realiza uma manobra errada ou até
mesmo de forma muito lenta, você mantém a calma e entende que somos
humanos e falhamos. Talvez não ajude em nada uma reclamação ou
qualquer forma de manifestação, podendo até provocar um risco ainda
maior.
Fazendo isto, você exercitará a compreensão em relação ao outro,
exercício essencial para uma convivência pacífica.

Convívio Social, saiba mais...

O convívio social que ocorre por meio dos espaços públicos é responsável
pelas grandes conquistas e avanços científicos registrados, por outro lado, a mesma
prática já despertou conflitos que colocaram quase fim à existência humana. Por quê?

99
A maioria dos conflitos tem a sua origem no impasse, na divergência. Seja na
diferença de crenças, cultura ou personalidades, as disputas acabam por assumir
características positivas ou destrutivas conforme a reação dos envolvidos. Perceber
esse protagonismo de dentro da espiral do conflito, não é tarefa fácil, vez que a noção
de direito passa a se confundir com orgulho e a força passa a substituir a razão. Por
vezes a comunicação é falha, pontos de vista são mal interpretados e geram ações
equivocadas.

Lembre-se que sob o olhar dos outros você também é um ser diferente e que a
consequência pacífica ou beligerante de um conflito depende do comportamento
adotado pelo indivíduo na compreensão da diversidade. Valores como o respeito e a
liberdade assumem importantes papéis no convívio social.

Lidar com alguém que tenha utilizado a buzina de forma inadequada ou


cometido erro no trânsito é reagir diante de um impasse. A consequência depende do
comportamento adotado. Aja com prudência, dirija defensivamente e deixe que a
autoridade de trânsito atue na situação. Se você for a autoridade de trânsito, seja
imparcial, atue dentro da legalidade e paute suas ações na resolução pacífica dos
conflitos.

Para Refletir...

Agora que você já estudou as origens da agressividade e a importância de uma


boa convivência, pode criar estratégias de controle para sua canalização mais
adequada.
Os indivíduos costumam assumir diferentes papéis no convívio social, que
podem variar de “vítima” (aquele que sofre, que é ofendido), “algoz” (o agressor, o
cruel) ou “curador” (aquele que trata e cura). É importante destacar que as pessoas
tendem a enxergar tais figuras de forma parcial, por meio de uma análise
profundamente pessoal e emocional. Se esquecem, porém, que essas figuras se
alternam e coabitam em um mesmo indivíduo, modificando-se a cada situação
enfrentada.

100
Das opções, qual você entende melhor se encaixar no desempenho da
atividade profissional?

Lembre-se que todos circulam pelos três papéis, mas você, agente de
segurança pública, que precisa vencer todas as dificuldades relacionais para bem
conduzir um veículo de emergência com efetividade, deve perceber a agressividade,
controlando-a e a dissipando.
Assim você se afastará da visão de “vítima” e “algoz” e assumirá uma postura
de “restaurador”. Afinal de contas você é um servidor público.

Saiba mais:
Leia o artigo “Afinal, o que é trânsito? Uma contribuição da psicologia”,
disponível nos materiais complementares.

Revisando...

Você viu nessa aula que a convivência saudável é a chave para oportunizar
relacionamentos interpessoais saudáveis e harmônicos.

Na próxima aula você examinará aspectos sobre tolerância e responsabilidade.

101
Aula 3 - A Responsabilidade e a Tolerância

3.1 A responsabilidade do servidor público


Enquanto agente de segurança pública, você desenvolve um comportamento
diferente daquele identificado no cidadão comum. Os níveis de alerta são distintos,
mesmo em situações cotidianas, como por exemplo: escolher um lugar dentro de um
restaurante ou entrar e sair de seu veículo.
Quando em serviço, isso se intensifica, pois o agente é visto como responsável
pela segurança alheia, o que gera situações ainda mais complexas.
A postura na condução de um veículo especial e destinado ao uso em
situações-limite, altera seu nível de alerta, gerando uma prontidão permanente,
elevando o estresse e a possibilidade de alteração súbita de humor, o que pode
resultar em uma reação agressiva, considerada desproporcional e capaz de gerar
consequências negativas para você.
As decisões que você toma em cada instante é que o levarão à conduta certa
e justa ou à falha em sua missão de sempre assegurar a segurança dos cidadãos.
Pois, no trânsito, os espaços são sempre coletivos.

IMPORTANTE!
Os veículos de emergência possuem preferência garantida pelo
Código de Trânsito, mas isso não os tornam superiores aos
demais. A conduta do agente de segurança pública tem que ser
equilibrada para não assumir uma falsa condição de poder,
principalmente fora das emergências.

3.2 Tolerância
A tolerância é entendida como:

102
“a capacidade de manter, positivamente, a coexistência difícil e
tensa dos dois polos, sabendo que eles se opõem, mas que
compõem a mesma e única realidade” (BOFF, 2006, p. 79)

A convivência, o respeito, o pluralismo do encontro das culturas no processo


de globalização, não eliminam completamente a possibilidade de conflitos e tensões
entre pessoas e grupos. Nem todas as coisas agradam a todo mundo, assim como
nem todas as filosofias de vida e religiões respondem aos anseios das pessoas e das
comunidades concretas. No trânsito aparecem representantes de várias culturas,
podendo assim gerar conflitos. É aqui que entra a tolerância.

Em que momento se faz necessário ser mais tolerante?


Essa é uma tarefa fácil?

Imagine agora alguns pensamentos que flutuam e passam pela cabeça de


muitos usuários da via:

Figura 61: Teoria dos problemas em uma ótica míope


Fonte: do conteudista; SCD/EaD/Segen.

103
E assim o jogo de acusações acontece, mostrando que a maioria quer
encontrar um culpado, perpetuando a intolerância.
Sempre que existe um conflito, existem ideias divergentes e pessoas que não
conseguem aceitar a opinião do outro. Ao aceitar e respeitar o espaço que é de todos,
você está exercitando a tolerância e, além disso, gerando bons sentimentos,
demonstrando uma postura socialmente adequada e respeitável.
Isso tende a gerar o respeito. Afinal de contas, não se pode cobrar gentileza e
respeito, sem primeiro ter demonstrado esses sentimentos.

Assista o vídeo:

Compare o trânsito de hoje e como ele era há 70 anos.


www.youtube.com/watch?v=_Tlk6e61E6w

Revisando...

Nessa aula você recapitulou aspectos sobre a responsabilidade dos


servidores públicos, especialmente os que conduzem veículos de emergência,
além de relembrar alguns aspectos sobre o tema da tolerância no trânsito.

Na próxima aula você explorará um pouco sobre o respeito às normas de


trânsito, aos Agentes da Autoridade de Trânsito e às demais pessoas que utilizam as
vias.

104
Aula 4 - Respeito às Normas de Trânsito e à Fiscalização
Você como agente de segurança pública, responsável pela condução de
veículos de emergência possui, como todos os indivíduos, condicionamentos
adquiridos pela sua história pessoal, recebe influência da lei que regulamenta sua
atividade e se depara com inúmeras situações que exigirão decisão sobre como agir.
Nesta aula, você irá identificar seu papel de agente de segurança pública, como
condutor de veículo de emergência, em relação às normas legais e aos demais
usuários e o papel dos Agentes da Autoridade de Trânsito, destacando sua
importância na prevenção de acidentes e manutenção das condições mais seguras.

4.1 Respeito aos outros


Quando você era criança, provavelmente ouviu de seus pais e foi orientado a
“respeitar os mais velhos”, não é mesmo? E hoje, de uma forma ou de outra, você
espera que as outras pessoas lhe respeitem. Mas, você já parou para pensar que
esse sentimento precisa ser recíproco? Reflita sobre as seguintes questões:

O que significa respeito?


Você é sempre respeitado em seu dia a dia?
Se não se sente respeitado, o que pode ser feito para que isso aconteça?
E no trânsito em especial, como podemos manter o respeito?
Você respeita todas as pessoas com as quais convive?
É possível impor o respeito?

Você, com certeza, sabe a importância do respeito, principalmente quando se


sente aviltado por qualquer pessoa ou circunstância.

Preste atenção na história a seguir:

105
O MITO DE PROCUSTO

Originado na Mitologia grega, o mito conta que Procusto era um


gigante que trabalhava em uma estalagem, onde oferecia hospedagem
para os viajantes. No entanto, sob os tetos simpáticos que convidavam ao
descanso e ao conforto, se escondia um segredo terrível.

Procusto tinha uma cama de ferro, na qual convidava seus hóspedes


a se deitarem à noite e enquanto dormiam, ele aproveitava para amordaçar
e amarrar suas vítimas. Se a pessoa fosse mais alta e seus pés, mãos ou
cabeça não coubessem exatamente nas dimensões da cama, Procusto os
cortava. no contrário, se a pessoa fosse menor, ele quebrava seus ossos
para esticar e ajustar as medidas. (fonte: www.sbie.com.br)

O mito do leito de Procusto é muitas vezes utilizado como uma metáfora para
situações em que se pretende impor um determinado padrão ou querer a todo o custo
obrigar que algo se encaixe em uma matriz pré-estabelecida e, por isso, representa o
desrespeito ao que os outros são (Síndrome de Procusto).

A verdade é que grande parte dos atritos que existem nas relações humanas
acontece quando você tenta impor seu padrão aos outros, como fazia Procusto.

Figura 62: O mito de Procusto aplicado ao trânsito


Fonte: Blog do Amarildo. Disponível em:<https://amarildocharge.wordpress.com/>. Acesso em: 04
maio 2021.

106
4.2 Respeito às normas de trânsito
O Código de Trânsito Brasileiro em seu artigo 1º define que:

O trânsito, em condições seguras, é um direito de todos e dever


dos órgãos e entidades componentes do Sistema Nacional de
Trânsito, a estes cabendo, no âmbito das respectivas
competências, adotar as medidas destinadas a assegurar esse
direito.

É neste sentido que você deve refletir sobre seu papel em relação ao
cumprimento das Leis e normas de trânsito, pois ninguém está acima da lei e no seu
caso, como agente de segurança pública, torna-se alvo da observação constante e
deve ser exemplo de postura ética.

IMPORTANTE!

Lembre-se, a sua atuação como agente de segurança pública,


condutor de veículo de emergência, faz a diferença na
segurança e preservação da vida de muitas pessoas. Você é
muito IMPORTANTE!

4.3 Papel dos Agentes da Autoridade de Trânsito


De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro em seu Anexo I, o Agente da
Autoridade de Trânsito é pessoa civil ou policial militar, credenciada pela autoridade
de trânsito para o exercício das atividades de fiscalização, operação, policiamento
ostensivo de trânsito ou patrulhamento.

Os agentes de trânsito ou “Agentes da Autoridade de Trânsito” são profissionais


de segurança pública que integram o Sistema Único de Segurança Pública (Susp).

107
A tarefa de fiscalizar (que em alguns casos resulta em autuações e posteriores
aplicações de multas) costuma ser a atividade mais lembrada pelos condutores, que
enxergam como mera sanção/punição. Por vezes, associa a imagem do agente
fiscalizador a de um carrasco.

A função da “multa”, porém, de forma imediata é preventiva. Ou seja, pretende


coibir, desestimular a transgressão. Dispõe de um caráter pedagógico, isso porque
pretende fomentar o cumprimento das normas pelos usuários do trânsito e garantir a
segurança viária, a organização dos espaços e, em última instância, evitar conflitos.

Figura 63: Reflexão


Fonte: SCD/EaD/Segen.

IMPORTANTE!

O agente de trânsito possui um papel de educador na medida em


que orienta, auxilia e apoia os transeuntes. Sua atuação permite a
organização deste espaço complexo, que é o trânsito.

108
Ele socorre vítimas e auxilia usuários em caso de acidentes. Atua na
sinalização das vias e garante o exercício regular de direitos e garantias
fundamentais (preserva a integridade e o direito de ir vir, por exemplo).

Trata-se, portanto, de uma função essencial para a promoção da


cidadania. Todavia, infelizmente é mais lembrado quando precisa atuar na
repressão, por meio das autuações.

É preciso ressignificar a sua compreensão e percebê-lo como um


promotor da segurança, ou “pedagogo da cidadania”, como assevera
Balestreri (2003), é figura indispensável à fluidez do trânsito e atua como
multiplicador de boas condutas, visto ser um “espelho” para os demais
cidadãos.

Revisando...

Nessa aula você relembrou o papel enquanto agente de segurança pública,


pedagogo da cidadania e condutor de veículo de emergência, a importância das
normas e o cumprimento por todos os atores.

Na próxima aula, última do curso, você refletirá sobre a sua atuação frente
aos usuários por ocasião da execução de um serviço de urgência.

109
Aula 5 - Atendimento aos Usuários
5.1 Pontos importantes da relação com os usuários
Lidar com emergências exige, sobretudo, uma boa capacidade de se relacionar
com seres humanos, pois em situações-limite o desafio é a superação da impotência
e do desamparo que, quase sempre, estão presentes nas vítimas e demais
envolvidos.
Todo trabalho com urgência e emergência, exige do profissional preparo, a ser
desenvolvido por competências bem fundamentadas. Trata-se de uma atividade com
diversas implicações por encontrar-se exatamente no limiar entre a vida e a morte.
Veja o tripé de competência:

Figura 64:Tripé da competência


Fonte: SCD/EaD/Segen.

Cortesia, boas maneiras e educação, obviamente são essenciais, mas


principalmente nesses casos, não são substitutos para competência e capacidade.

110
Figura 65: Necessidade de tato com os familiares das vítimas
Fonte: Nominuto. Disponível em:<https://nominuto.com/_assets/modules/artigos/artigo_270.jpg>.
Acesso em: 04 maio 2021.

5.2 Expectativas dos usuários


O usuário espera que você conheça as peculiaridades da sua função e que
atue de acordo com o previsto, proporcionando-lhe confiança e segurança. Acredita
que você sabe como funciona toda a rotina de emergência e que está apto a realizá-
la da melhor forma.
Além disso, ele tem a expectativa de que você o ouça, preste atenção e entenda
que ele está sob forte estresse, fazendo algo para solucionar o problema. Espera
também que você esteja atento, que entenda o que ele está lhe perguntando e
responda da forma mais simples e clara possível.
Na expectativa do usuário, você é capaz de reconhecer as necessidades dele,
atendendo-as sempre de forma segura e tranquila, sendo ágil nas suas ações, e ainda,
esclarecendo as suas dúvidas sobre os procedimentos.

IMPORTANTE!

Para atender as expectativas dos usuários é imprescindível que


você esteja preparado e equilibrado suficientemente para
conseguir se colocar no lugar do outro.

111
Utilizando a empatia, será mais fácil exercitar a tolerância,
compreendendo seu nervosismo, não deixando se influenciar e
mantendo mais uma vez o foco do seu trabalho: atender o
usuário, conduzindo a situação da melhor forma possível.

5.3 Atendimento X Tipos de usuários


Muitas vezes, o usuário está com acompanhantes: familiares ou amigos que,
naquele momento, apresentam-se alterados, o que é natural, visto o estado físico e
emocional. Mas é necessário, mais uma vez, manter-se em equilíbrio, seguindo os
procedimentos e as normas de segurança, a fim de que o objetivo seja atingido. Nos
casos de acompanhantes, também é necessário manter a atenção e solicitar que siga
as normas de segurança previstas para a ocasião, evitando transtornos.
É essencial que o condutor esteja preparado para atender a todos os tipos de
usuários, como crianças, adultos, idosos e pessoas com necessidades especiais,
mantendo o cuidado para respeitar suas limitações e, quando for necessário, solicitar
o auxílio de algum acompanhante que possa dar o suporte na comunicação e na
assistência deste indivíduo.
Veja, a seguir, alguns exemplos:

Usuário criança

Nesse caso você precisa ter o cuidado de não deixar transparecer o seu
nervosismo, utilizando uma linguagem mais pausada e em tom mais ameno, evitando
assustá-lo. Caso ele esteja acompanhado de um adulto, dirija-se ao adulto para fazer
as orientações de segurança e certifique-se de que ele (o adulto) esteja em condições
de segui-las.

Usuário adulto

É essencial compreender que ele está tenso e estressado, visto a situação de


emergência.

112
Usuário idoso

É necessário manter o cuidado para lhe explicar todo o procedimento,


respeitando-o e ouvindo-o, procurando mantê-lo calmo, sendo também importante
não o tratar como criança, afinal ele tem mais experiência de vida do que você.

Usuário deficiente

É imprescindível manter o respeito e procurar atender de forma diferenciada


somente à necessidade, evitando infantilizá-los, o que poderá causar constrangimento
desnecessário para ambas as partes, também em alguns casos é importante, quando
este estiver acompanhado, solicitar a ajuda do acompanhante, sempre de forma clara
e precisa, mantendo-os informados sobre todos os passos que estão sendo tomados
para a segurança e agilidade dos procedimentos.

IMPORTANTE!

Uma situação inesperada significa um momento de dor e


sofrimento, mas também pode representar uma oportunidade de
crescimento, contribuindo para a formação de novas posturas
em relação à vida.

Revisando...

Como você viu, não é nada fácil lidar profissionalmente em situações de


estresse envolvendo pessoas que precisam dos serviços de urgência.

Tenha sempre bastante tato com todos e conduza a situação de forma que
nada saia do controle da equipe.

113
Finalizando
Neste módulo, você relembrou que:

 O trânsito é um espaço onde ocorrem diversas formas de relações


interpessoais e de convívio social.
 O medo é um elemento determinante para a agressividade assim como a raiva.
Cabe a você controlar e dissipar a agressividade que o leva ao conflito e à
dificuldade para as relações interpessoais saudáveis.
 O respeito e a tolerância com os outros são atributos necessários para uma
relação interpessoal saudável.
 Seu comportamento positivo irá humanizar o trânsito e suas boas condutas
serão sempre exemplo para os demais utilizadores da via.
 Nas situações de emergência, de onde se originam muitos traumas, sua ação
pode minimizar o sofrimento das vítimas, no momento e após as situações-
limites.
 No desempenho de sua profissão deve evitar colocar-se em risco, sua equipe
e as demais pessoas, mantendo sempre suas decisões voltadas à relação
interpessoal equilibrada e buscando a segurança no trânsito.

Você chegou ao final do Curso de Atualização de Condutores de Veículos de


Emergência (CACVE)! Parabéns!

Lembre-se de consultar o material complementar e se matricular nas demais


capacitações ofertadas pela Rede EaD-Segen.

Obrigado!

Rede EaD-Segen

114
Referências Bibliográficas

ABRAMET, Associação Brasileira de Medicina de Tráfego. Noções de Primeiros


Socorros no Trânsito. São Paulo, 2005. Disponível em:
http://www.abramet.com.br/files/cartillha_primeiros_socorros.pdf. Acesso em 21 de
mar. 2021.

BOFF, L. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante,


2006.

BRASIL. Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito


Brasileiro. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 24 set. 1997.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em 21 mar. 2021.

BRASIL. Lei nº 14.071, de 13 de outubro de 2020. Diário Oficial [da] República


Federativa do Brasil, Brasília, 14 out. 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br.
Acesso em 21 mar. 2021.

BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Conselho Nacional de Trânsito. MBFT Volume


I (Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito). Brasília. 2010.

BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Conselho Nacional de Trânsito. MBFT Volume


II (Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito). Brasília. 2015.

BRASIL. Resoluções do Contran. Disponíveis em:


http://www.http://www.infraestrutura.gov.br/resolucoes-contran.html. Acesso em: 21
mar. 2021.

BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Departamento Nacional de Trânsito. Direção


Defensiva – Trânsito Seguro é um Direito de Todos. Brasília, 2005. 61 p.

COVEY, S. R. O 8º Hábito: da eficácia à grandeza. São Paulo: Frankley Covey, 2005.

PAULUS, A. A.; WALTER, E. L. Manual de Legislação de Trânsito. 10ª edição -


Santo Ângelo/RS: Nova Geração do Trânsito, 2016.

115
PRF. Apostila de Atendimento em Primeiros Socorros (Curso de Formação
Profissional 2020), Florianópolis/SC, 2020.

PRF. Apostila de Condução Veicular Policial (Curso de Formação Profissional


2020), Florianópolis/SC, 2020.

PRF. Manual de Atendimento de Acidentes de Trânsito (M-015), Brasília/DF, 2021.

116

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