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NEUROPSICOPEDAGOGIA

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SUMÁRIO

O CÉREBRO HUMANO ........................................................................................................ 3


CONHECENDO AS PARTES DO CÉREBRO ....................................................................... 3
Neuropsicopedagogia Clínica .............................................................................................. 13
OBJETIVOS DO ESTÁGIO CLÍNICO .................................................................................. 17
O PAPEL DO NEUROPSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR........................... 19
A ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROPSCIOPEDAGOGIA ...................................................... 20
Neuropsicopedagogia: novas perspectivas para a aprendizagem........................................ 21
Neuropsicopedagogia .......................................................................................................... 25
Pesquisa neuropsicopedagógica ......................................................................................... 28
Finalizando .......................................................................................................................... 33
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 35

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O CÉREBRO HUMANO

O cérebro humano é particularmente complexo e extenso. Este é imóvel e


representa apenas 2% da massa do corpo, mas, apesar disso, recebe
aproximadamente 25% de todo o sangue que é bombeado pelo coração. Divide-se
em dois hemisférios: esquerdo e o direito. O seu aspecto se assemelha ao miolo de
uma noz. É um conjunto distribuído de milhares de milhões de células que se estende
por uma área de mais de 1 metro quadrado dentro do qual conseguimos diferenciar
certas estruturas correspondendo às chamadas áreas funcionais, que podem cada
uma abranger até um décimo dessa área.

CONHECENDO AS PARTES DO CÉREBRO

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Diagrama lateral do cérebro.

O hemisfério dominante em 98% dos humanos é o hemisfério esquerdo, é


responsável pelopensamento lógico e competência comunicativa. Enquanto o
hemisfério direito, é responsável pelo pensamento simbólico e criatividade, embora
pesquisas recentes estejam contradizendo isso, comprovando que existem partes do
hemisfério esquerdo destinados a criatividade e vice-versa. Nos canhotos as funções
estão invertidas. O hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois nele localiza-se 2
áreas especializadas: a Área de Broca (B), o córtex responsável pela motricidade da
fala, e a Área de Wernicke (W), o córtex responsável pela compreensão verbal.

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O corpo caloso, localiza-se no fundo da fissura inter-hemisférica, ou fissura


sagital, é a estrutura responsável pela conexão entre os dois hemisférios cerebrais.
Essa estrutura, composta por fibras nervosas de cor branca (freixes
de axónios envolvidos em mielina), é responsável pela troca de informações entre as
diversas áreas do córtex cerebral.

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O córtex motor é responsável pelo controle e coordenação


da motricidade voluntária. Traumas nesta área causam fraqueza muscular ou até
mesmo paralisia. O córtex motor do hemisfério esquerdo controla o lado direito do
corpo, e o córtex motor do hemisférios direito controla o lado esquerdo do corpo. Cada
córtex motor contém um mapa da superfície do corpo: perto da orelha, está a zona
que controla os músculos da garganta e da língua, segue-se depois a zona dos dedos,
mão e braço; a zona do tronco fica ao alto e as pernas e pés vêm depois, na linha
média do hemisfério.
O córtex pré-motor é responsável pela aprendizagem motora e pelos
movimentos de precisão. É na parte em frente da área do córtex motor correspondente
à boca que reside a Área de Broca, que tem a ver com a linguagem. A área pré-motora
fica mais ativa do que o resto do cérebro quando se imagina um movimento, sem o
executar. Se se executa, a área motora fica também ativa. A área pré-motora parece
ser a área que em grande medida controla o sequenciamento de ações em ambos os
lados do corpo. Traumas nesta área não causam nem paralisia nem problemas na
intenção para agir ou planear, mas a velocidade e suavidade dos movimentos
automáticos (ex. fala e gestos)fica perturbada. A prática de piano, ténis ou golfe

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envolve o «afinar» da zona pré-motora - sobretudo a esquerda, especializada


largamente em atividades sequenciais tipo série.
Cabe ao córtex do cerebelo, fazer a coordenação geral da motricidade,
manutenção do equilíbrio e postura corporal. O cerebelo representacerca de 10% do
peso total do encéfalo e contém mais neurônios do que os dois hemisférios juntos.
O eixo formado pela adeno-hipófise e o hipotálamo, são responsáveis pela
auto regulação do funcionamento interno do organismo. As funções homeostáticas do
organismo (função cárdio-respiratória, circulatória, regulação do nível hídrico,
nutrientes, da temperaturainterna, etc) são controladas automaticamente.

Os Lobos Cerebrais:

A) Lobo frontal
B) Lobo parietal
C) Lobo temporal
D) Lobo occipital

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No cérebro há uma distinção visível entre a chamada massa cinzenta e


a massa branca, constituída pelas fibras (axónios) que entreligam os neurónios.
A substância cinzenta do cerebro, o córtex cerebral, é constituído corpos celulares de
dois tipos de células: as células de Glia - também chamadas de neurôglias - e
os neurônios. O córtex cerebral humano é um tecido fino (como uma membrana) que
tem uma espessura entre 1 e 4 mm e uma estrutura laminar formada por 6 camadas
distintas de diferentes tipos de corpos celulares de neurônios. Perpendicularmente às
camadas, existem grandes neurônios chamados neurônios piramidais que ligam as
várias camadas entre si e representam cerca de 85% dos neurônios no córtex. Os
neurônios piramidais estão entreligados uns aos outros através de ligações
excitatórias e pensa-se que a sua rede é o «esqueleto» da organização cortical.
Podem receber entradas de milhares de outros neurônios e podem transmitir sinais a
distâncias da ordem dos centímetros e atravessando várias camadas do córtex. Os
estudos realizados indicam que cada célula piramidal está ligada a quase tantas
outras células piramidais quantas as suas sinapses (cerca de 4 mil); o que implica que
nenhum neurônio está a mais de um número pequeno de sinapses de distância de
qualquer outro neurônio no córtex.
Embora até há poucos anos se pensasse que a função das células de Glia é
essencialmente a de nutrir, isolar e proteger os neurônios, estudos mais recentes

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sugerem que os astrócitos podem ser tão críticos para certas funções corticais quanto
os neurônios.

As diferentes partes do córtex cerebral são divididas em quatro áreas


chamadas de lobos cerebrais, tendo cada uma funções diferenciadas e
especializadas. Os lobos cerebrais são designados pelos nomes dos ossos cranianos
nas suas proximidades e que os recobrem. O lobo frontal fica localizado na região da
testa; o lobo occipital, na região da nuca; o lobo parietal, na parte superior central da
cabeça; e os lobos temporais, nas regiões laterais da cabeça, por cima das orelhas.
Os lobos parietais, temporais e occipitais estão envolvidos na produção das
percepções resultantes daquilo que os nossos órgãos sensoriais detectam no meio
exterior e da informação que fornecem sobre a posição e relação com objetos
exteriores das diferentes partes do nosso corpo.

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Lobo Frontal - O lobo frontal, que inclui o córtex motor e pré-motor e o córtex
pré-frontal, está envolvido no planejamento de ações e movimento, assim como no
pensamento abstrato. A atividade no lobo frontal aumenta nas pessoas normais
somente quando temos que executar uma tarefa difícil em que temos que descobrir
uma sequência de ações que minimize o número de manipulações necessárias. A
parte da frente do lobo frontal, o córtex pré-frontal, tem que ver com estratégia: decidir
que sequências de movimento ativar e em que ordem e avaliar o seu resultado. As
suas funções parecem incluir o pensamento abstrato e criativo, a fluência do
pensamento e da linguagem, respostas afetivas e capacidade para ligações
emocionais, julgamento social, vontade e determinação para ação e atenção seletiva.
Traumas no córtex pré-frontal fazem com que uma pessoa fique presa
obstinadamente a estratégias que não funcionam ou que não consigam desenvolver
uma sequência de ações correta.

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Os lobo occipital estão localizados na parte póstero-inferior do cérebro.


Coberta pelo córtex cerebral, esta área é também designada por córtex visual, porque
processa os estímulos visuais. É constituida por várias sub áreas que processam os
dados visuais recebidos do exterior depois de terem passado pelo tálamo: há zonas
especializadas em processar a visão da cor, do movimento, da profundidade, da
distância, etc. Depois de percebidas por esta área - área visual primária- estes dados
passam para a área visual secundária. É aqui que a informação recebida é
comparada com os dados anteriores que permite, por exemplo, identificar um cão, um
automóvel, uma caneta. A área visual comunica com outras areas do cérebro que dão
significado ao que vemos tendo em conta a nossa experiencia passada, as nossas
expectativas. Por isso é que o mesmo objeto nao é percepcionado da mesma forma
por diferentes sujeitos. Para além disso, muitas vezes o cérebro é orientado para
discriminar estímulos. Uma lesão nesta área provoca agnosia, que consiste na
impossibilidade de reconhecer objetos, palavras e, em alguns casos, os rostos de
pessoas conhecidas ou de familiares.

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Os lobos temporais estão localizados na zona por cima das orelhas tendo como
principal função processar os estímulos auditivos. Os sons produzem-se quando
a área auditiva primária é estimulada. Tal como nos lobos occipitais, é uma área de
associação - área auditiva secundária- que recebe os dados e que, em interação com
outras zonas do cérebro, lhes atribui um significado permitindo ao Homem reconhecer
o que ouve.
Os lobos parietais, localizados na parte superior do cérebro, são constituidos
por duas subdivisões - a anterior e a posterior. A zona anterior designa-se por córtex
somatossensorial e tem por função possibilitar a recepção de sensações, como o tato,
a dor, atemperatura do corpo. Nesta área primária, que é responsavel por receber os
estimulos que têm origem no ambiente, estao representadas todas as áreas do corpo.
São as zonas mais sensiveis que ocupam mais espaço nesta área, porque têm mais
dados para interpretar. Os lábios, a língua e a garganta recebem um grande número
de estímulos, precisando, por isso, de uma maior área. A área posterior dos lobos
parietais é uma área secundária que analisa, interpreta e integra as informações
recebidas pela área anterior ou primária, permitindo-nos a localização do nosso corpo
no espaço, o reconhecimento dos objetos através do tato, etc.

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Área de Wernicke é na zona onde convergem os lobos occipital, temporal e


parietal que se localiza a área de Wernicke, que desempenha um papel muito
importante na produção de discurso. É esta área que nos permite compreender o que
os outros dizem e que nos faculta a possibilidade de organizarmos as palavras
sintaticamente corretas.

Neuropsicopedagogia Clínica

A Neuropsicopedagogia Clínica, aos poucos vem conquistando espaço no


território brasileiro surgindo como uma nova área do conhecimento e pesquisa na
atuação interdisciplinar, abarcando conhecimentos neurocientíficos e tendo seu foco
nos processos de ensino aprendizagem. Está pautada em atividades que avaliam e
intervêm nos processos de aprendizagem procurando obter informações de todas as
ciências que possam contribuir para formar o entendimento mais detalhado da
aprendizagem de cada indivíduo. Assim sendo, a Neuropsicopedagogia, que agrega
conhecimentos da neurociência, psicologia e pedagogia realiza um trabalho de
prevenção, pois avalia e auxilia nos processos didático-metodológicos e na dinâmica
institucional para que ocorra um melhor processo de ensino-aprendizagem.
Na atualidade, o conceito de Neuropsicopedagogia provém de formulações
feitas por outros países, pois em consulta aos dicionários brasileiros, ainda não é

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possível encontrar esta terminologia; sendo assim, o portal mexicano de


Psicopedagogia, voltado para definições de conceitos acerca das ciências, tendo
como referência o Dr Alberto Montes de Oca Tamez (2006), PhD em Neurociência,
define a Neuropsicopedagogia como:
... um exercício de trabalho interdisciplinar sobre o processamento de
informações e modularidade da mente em termos de Neurociência Cognitiva,
Psicologia, Pedagogia e Educação, que ocorre na formação multidisciplinar de
profissionais voltados à área educacional. O neuropsicopedagogo deve ter amplo
conhecimento dos diferentes modelos, teorias e métodos de avaliação, planejamento,
currículo dos diferentes níveis de ensino. Além disso, deve ter amplo conhecimento
da base neurobiológica do comportamento psico-educacional e da reabilitação
neurocognitiva tanto em crianças, adolescentes, sujeitos idosos e pessoas com
necessidades especiais.
No mesmo ano que TAMEZ elabora esta definição de Neuropsicopedagogia,
Suárez publicou um artigo intitulado “Desmitificación de La Neuropsicopedagogía”,
sendo que o mesmo traz toda evolução histórica da Neuropsicopedagogia,
constituindo-se assim um documento importante dentro dessa área de conhecimento.
Suárez (2006 apud De La Peña 2005), no transcorrer de seu trabalho científico nos
traz essa importante contribuição:
A Neuropsicopedagogia agrega os conhecimentos da Psicologia e
Neuropsicologia, compreendendo o funcionamento dos processos mentais superiores
(atenção, memória, função executiva,…) de explicações psicológicas e instruções
pedagógicas tem como objetivo fornecer uma estrutura de conhecimento e de ação
para a descrição completa: o tratamento, explicação e valorização do ensino -
aprendizagem que ocorrem ao longo da vida do aluno, promovendo uma educação
integral com impacto além da escola e o período de tempo e tipo de aprendizagem
estabelecido como válido.
No Brasil a Especialização em Neuropsicopedagogia é muito recente, mas em
países tais como Espanha, através da Universidade de Girona, o curso de Mestre em
Diagnóstico e Intervenção Neuropsicopedagógica irá para sua 14ª edição e em
Barcelona ocorrerá a 5ª edição. Nestes dois municípios também constam o curso em
Especialização em Neuropsicopedagogia Clínica na modalidade à distância.

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Na Colômbia, através da Universidade de Manizales, desde 2007 já se tem


notícias de especializações nesta área. Inclusive numa das páginas do site desta
Universidade, a Neuropsicopedagogia é citada da seguinte maneira: um campo
interdisciplinar de ação, em que as contribuições da Psicologia e Neuropsicologia
permitem uma maior compreensão dos processos de ensino-aprendizagem
proporcionando ao ser humano melhores condições educacionais e sociais. Partindo
de uma reflexão conceitual particular, disciplinar, social e cultural no processo de
aprendizagem escolar, exigindo uma abordagem que não pode ser concebida através
da fragmentação do indivíduo, mas a partir da necessidade de análise crítica de
fenômenos complexos que influenciam e afetam a capacidade de aprender e suas
demandas clínicas e educacionais. A Neuropsicopedagogia está se tornando uma
prioridade, através da integração de diferentes abordagens e colaboração de várias
disciplinas que ampliam a compreensão e as estratégias de intervenção clínica e / ou
educacional, obtendo assim respostas práticas, conceituais e metodológicas.
No Brasil, por volta do ano 2007, surgem relatos de um trabalho, a nível de
mestrado, intitulado “A avaliação neuropsicopedagógica de crianças surdas: O estudo
dos processos corticais simultâneos de sucessivos, visuo-motores e verbais, através
de testes neuropsicológicos”. O presente trabalho promovido pelo Laboratório de
Neuropsicologia Cognitiva e Neurociências da Surdez do INES (NEUROLAB – INES)
em parceria com o Centro de Informação das Nações Unidas (UNIC Rio) e com o
NCE-LABASE-UFRJ apresentava várias linhas de pesquisa tendo como base o
desenvolvimento de dez plataformas computadorizadas. A metodologia consistia em
“um conjunto de mil jogos neuropsicopedagógicos e metacognitivos, construídos de
acordo com um modelo lúdico isomórfico às funções mentais superiores e aos
sistemas de processamento da consciência”, porém o objetivo era oferecer meios que
facilitassem o desenvolvimento cognitivo-linguístico de crianças com deficiência,
patologias ou atrasos no desenvolvimento, através da ludicidade e da informática.
Este projeto na área tecnológica contribuiu e muito para o processo de inclusão
utilizando dos conhecimentos neurocientíficos, sendo que uma das colaboradoras do
projeto menciona a Neuropsicopedagogia como uma área que: estuda a interação
entre o cérebro, a mente e o aprendizado, possibilitando, através de métodos
rigorosamente científicos, o planejamento de intervenções precisas que promovam o
desenvolvimento de sujeitos epistêmicos. (MARQUES, 2008, p.11)

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Em 2009, percebendo a necessidade de um curso que resgatasse as interfaces


do cérebro e do desenvolvimento humano, a Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul, apresenta como curso de extensão, na condição de Educação à
Distância, o curso “Desenvolvimento Neuropsicopedagógico: Contribuições das
Neurociências para a Educação”. Para referido evento, consta na apresentação do
curso o conceito de Neuropsicopedagogia, entendida como: contribuições da
neurociência no processo de ensino e aprendizagem, como uma possibilidade de
aproximar as descobertas sobre as funções cerebrais que interferem na cognição e
como podemos explorar determinadas características do funcionamento cerebral em
diferentes contextos de ensino. [...] visa discutir o desenvolvimento neurológico, a
plasticidade cerebral e alguns desvios a fim de repensar estratégias e recursos que
possam interferir de modo positivo nos processos de desenvolvimento humano,
aprendizagem e ensino. (PUCRSVIRTUAL, 2009)
E nesta linha de concepção Krug (2011 apud Rodrigues 1996, p.40) apresenta
o conceito de Neuropsicopedagogia com as seguintes palavras: Abordagem
neurológica de distúrbios e de incapacidades de aprendizagem. A
Neuropsicopedagogia é de grande utilidade para o psicopedagogo clínico, pois
possibilita o diagnóstico de processos anormais na estrutura, na organização e no
funcionamento do sistema nervoso central, por meio de testes de avaliação
neuropsicológica, aplicáveis a indivíduos portadores de problemas de aprendizagem.
Pode-se perceber que a terminologia Neuropsicopedagogia, apesar de não
estar explicita em nenhum dos dicionários já vem sendo utilizada no contexto
brasileiro. Nos estados do sul do Brasil, universidades tais como: PUC e UFRGS
apresentam como disciplina nos cursos de graduação, voltados a Pedagogia, os
Estudos Neuropsicopedagógicos, os quais Forner (2009, p71-72) faz a seguinte
referência:
No nível I, a disciplina Estudos Neuropsicopedagógicos chama a atenção, por
enfatizar aspectos que contemplam as ideias do estudo. Eis a sua ementa: Estudo do
desenvolvimento humano na perspectiva da genética e da Neuropsicopedagogia,
aproximando estes saberes com foco nas bases biológicas da aprendizagem, na
busca de melhores formas de ensinar e de aprender. Os objetivos da disciplina
convertem para a real necessidade de os futuros professores reconhecerem as
dificuldades de aprendizagem de seus alunos, bem como as possíveis alternativas de

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trabalho. Isto é, terem subsídios para planejamento que atenda às demandas que
surgem nas salas de aula. A disciplina se propõe a fazer com que os estudantes de
Pedagogia conheçam o funcionamento neural, o desenvolvimento neuropsicológico,
desde a concepção até a morte, destacando a neuroplasticidade, bem como as bases
biológicas e influência do uso de drogas pelos pais de crianças, bases neurológicas
da entrada, processamento e saída da visão, audição, tato, movimento e atenção. A
partir desses conhecimentos, enfim, busca contribuir para que os professores possam
realizar as intervenções, considerando aspectos do desenvolvimento normal e das
dificuldades de aprendizagem.
O grande avanço da Neuropsicopedagogia no Brasil se deu através do Centro
Sul Brasileiro de Pesquisa e Extensão - CENSUPEG. Dentro deste contexto
educacional os profissionais da Neuropsicopedagogia Clínica são capacitados para:
• Compreender o papel do cérebro do ser humano em relação aos
processos neurocognitivos na aplicação de estratégias pedagógicas nos
diferentes espaços da escola, cuja eficiência científica é comprovada
pela literatura, que potencializarão o processo de aprendizagem.
• Intervir no desenvolvimento da linguagem, neuropsicomotor, psíquico e
cognitivo do indivíduo.
• Adquirir clareza política e pedagógica sobre as questões educacionais e
capacidade de interferir no estabelecimento de novas alternativas
neuropsicopedagógicas e encaminhamentos no processo educativo.
• Compreender e analisar o aspecto da inclusão de forma sistêmica,
abrangendo educandos com dificuldades de aprendizagem e sujeitos
em risco social.
Dessa forma, na releitura das citações anteriores pode-se afirmar que a
Neuropsicopedagogia apresenta-se como um novo campo de conhecimento que
através dos conhecimentos neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da
pedagogia e psicologia vem contribuir para os processos de ensino-aprendizagem de
indivíduos que apresentem dificuldades de aprendizagem.

OBJETIVOS DO ESTÁGIO CLÍNICO

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O estágio clínico apresenta-se como um elemento indispensável que


proporciona aprendizagens significativas reforçando a importância do olhar
Neuropsicopedagógico, que pautado na aprendizagem do indivíduo e na estimulação
das áreas “debilitadas”, visará o intercâmbio das produções teóricas apreendidas na
Pós-Graduação através das práticas ofertadas.
O enfoque Neuropsicopedagógico ainda carece de bibliografia com mais efetivo
reconhecimento científico, entretanto ressalto as palavras de Andrade (1998, p.40) ao
contextualizar a Psicopedagogia Clínica e enfatizo que a Neuropsicopedagogia
Clínica contempla esta mesma prática,
A Psicopedagogia Clínica não é uma prática confinada a consultórios
particulares. Ela é muito mais uma maneira de olhar o processo ensino/aprendizagem,
maneira esta que não se limita ao sintoma, mas busca as causas deste sintoma. Desta
forma sua prática tanto pode se dar no consultório particular, como na escola ou no
hospital.
O estágio neuropsicopedagógico vem trazer um novo olhar sobre as
dificuldades de aprendizagem, uma visão neurocientífica, contemplando o que Chedid
(2007, p.298) já escrevia acerca da neurociência no contexto educativo,
Para a sala de aula, para a educação, as Neurociências são e serão grandes
aliadas, identificando cada ser humano como único e descobrindo a regularidade, o
desenvolvimento, o tempo de cada um. [...] Em pleno século XXI, nos deparamos com
outras formas de informação além do letramento formal, é necessário conhecer e
ensinar outras linguagens que dão acesso a informações imprescindíveis para a

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comunicação. [...] precisamos conhecê-las e entender as modificações que estão


ocorrendo, olhar estes cérebros para saber como eles funcionam e determinar
mudanças em como ensiná-los.
Dentro da mesma estrutura proposta por Chedid, a Universidade de
Manizales(2007), citada anteriormente, classifica o estágio de Neuropsicopedagogia
como forma de consolidar equipes interdisciplinares alavancando assim as
competências e habilidades cognitivas, emocionais e aspectos sociais procurando
aprofundar o teórico com a pergunta, com a prática mas ao mesmo tempo praticar os
aspectos transcendentais, clínicos e educacionais, relacionados a cada tipo de
experiência e na individualidade de cada caso.

O PAPEL DO NEUROPSICOPEDAGOGO NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

Socialização das crianças por meio de sua participação e inserção nas mais
diversificadas práticas sociais é o objetivo de qualquer ambiente educativo. É na
escola em que a inserção das crianças nos grupos podem ser avaliadas e onde elas
podem ser comparados com seus pares, com seu grupo etário e social. Com preparo
e sensibilidade, o professor, melhor do que qualquer outro profissional está preparado
para detectar problemas cruciais na vida de toda e qualquer criança que por ele
passar. Entretanto, o ato de educar e incluir não são atos solitários, eles necessitam
de parcerias, de trocas, de profissionais que percebam cada indivíduo nos mais
diferentes modos de ser e estar no grupo, enfim uma equipe multidisciplinar.
A inclusão no contexto educativo traz como metáfora um diamante, ele tem
diferentes lados; é “multifacetado”. Muitos, ao contemplar um diamante, percebem
somente o seu brilho, outros percebem somente sua superfície, alguns voltam seus
olhos para a profundidade, mas há aqueles que têm a visão mais ampla, observam as
“multifacetas” (brilho, superfície, profundidade, fragilidade e por ai a diante). Isso é um
trabalho multidisciplinar, um trabalho de equipe onde cada um na sua especialidade
consegue ver focos diferentes dentro de um mesmo contexto e por consequência
disso, o brilho final aparece reluzindo o trabalho de todos.
Percebendo a importância do psicopedagogo na instituição escolar, mas
acompanhando as novas descobertas neurocientíficas, DEWEY (1943) já fazia relatos
de aprendizagem comunitária, ele preocupava-se com o isolamento escolar da vida

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comunitária típica e com a rotina natural da aprendizagem na sala de aula, e pregou


a utilização do trabalho e das atividades comunitárias como o foco de aprendizagem.
Fazendo isso, Dewey exigia que as escolas unissem as crianças e criassem
oportunidades para a aprendizagem por meio da ação e de relacionamentos de apoio
mútuo. Assim como na sociedade, a escola também necessita ser remodelada para
que as pessoas tenham cada vez mais relacionamentos interpessoais, trocas entre os
diferentes profissionais, ter uma visão de que se faz necessário profissionais que
tenham conhecimentos neurocientíficos, pois a vida está se reciclando, a cada dia
novos conhecimentos vem surgindo, a neurociência a cada dia mais vem abrindo seu
espaço.
A atuação do neuropsicopedagogo na instituição escolar contribui para que se
desenvolvam metodologias que abordam as várias barreiras para aprendizagem
apresentadas pelas crianças no ambiente escolar, procurando ligar vários
intervenientes deste processo, tais como: pais, professores e colaboradores que
juntos almejam uma melhoria significativa no desempenho acadêmico, social e
emocional da criança.

A ESPECIALIZAÇÃO EM NEUROPSCIOPEDAGOGIA

Em meio aos debates sobre a educação inclusiva, um profissional vem sendo


cada vez mais procurado por instituições que objetivam oferecer educação de
qualidade para crianças e adolescentes com alguma deficiência cognitiva: o
neuropsicopedagogo. Aliado a psicopedagogia à neurociência, este especialista
possui conhecimento amplo das bases neurológicas do aprendizado e do
comportamento, facilitando assim seu estímulo nos diversos contextos e,
consequentemente, o sucesso no processo educacional.
A especialização em neuropsicopedagogia é destinada a profissionais que
desejam ampliar as dificuldades de aprendizagem, buscando assim o entendimento
da complexidade do ato de aprender. Segundo Fernanda Garcia Perez, especialista
em neuropsicologia, a neurociência permite investigar as funções do cérebro:
linguagem, atenção, memória de curto prazo, memória de longo prazo, condutas
motoras, funções executivas, cognição, além dos aspectos emocionais. “Ela fornece
dados objetivos e formula hipóteses sobre o funcionamento cognitivo, atuando como

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auxiliar na tomada de decisões, fornecendo dados que contribuam para as escolhas


de tratamento”, afirma ela.
O neuropsicopedagogo é o profissional mais capacitado para intervir e reabilitar
as funções neurofuncionais alteradas, para que assim seja alcançado o sucesso no
processo educacional, conforme Fernanda. Com seu conhecimento em relação às
dimensões neurológicas, psicológicas e cognitivas do sujeito, bem como os aspectos
afetivos e culturais em que está inserido, esse especialista é capaz de desenvolver
um trabalho de acompanhamento mais eficaz, proporcionando assim um processo de
aprendizagem eficiente.
Compreender o cérebro da criança ou do adolescente e e seus processos
cognitivos colabora na intervenção, quando necessária, no desenvolvimento
linguístico, psicomotor, psíquico e cognitivo destes, estabelecendo, dessa maneira,
alternativas no processo educativo para que se tornem possíveis a inclusão e o
aprendizagem das crianças com deficiência. Contudo, é importante ressaltar que essa
inclusão só acontece quando há um trabalho conjunto de toda uma equipe
multidisciplinar, formada por profissionais que atuam coletivamente para que esse
processo aconteça de forma tranquila e segura, respeitando, desse modo, as
limitações de cada indivíduo.

Neuropsicopedagogia: novas perspectivas para a aprendizagem

Novo século, novas mudanças, novos desafios, não se pode olhar mais a
educação com uma perspectiva de educação inclusiva, pois ela já está inserida neste
contexto. Nossos olhares devem se voltar em como atender melhor a todos os
indivíduos dentro do ambiente escolar, através de práticas de ensino que melhor se
adequam a cada um. Ter a clareza que os conteúdos são comuns a todos, mas a
metodologia de trabalho deve estar pautada em práticas que contemplem o indivíduo
como seres únicos, capazes de aprender independente de suas limitações.
A educação, mesmo que num primeiro olhar não pareça, sempre está ligada a
mudanças, a reorganizações, a reaprendizagens, a novos olhares. Na mesma
proporção que o mundo vem se transformando, a educação também se encontra em
constantes buscas. Os cursos voltados à área educacional têm significativos avanços;
profissionais da área buscam, na medida do possível, constantes atualizações. A
educação continuada destes indivíduos cada vez mais tem se intensificando, pois não

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basta apenas ter o conhecimento, se faz necessário profissionais que saibam interagir
com o mesmo.
Um dos grandes referenciais da mudança educacional da última década, não
traz nenhum nome de teórico específico, mas sim, está pautado nos avanços
neurocientíficos, representados pela palavra “Neurociências”, que conforme
Herculano-Houzel (2004), ainda é uma ciência nova, tendo em torno de 150 anos,
mas que a partir da década de 90 alcançou um maior auge e vem proporcionando
mudanças significativas na forma de perceber o funcionamento cerebral. Estes
avanços ocorreram devido a neuroimagem, ou seja, o imageamento do cérebro. As
contribuições provindas das Neurociências despertaram interesse de vários
seguimentos e entre estes a Educação, no sentido da maior compreensão de como
se processa a aprendizagem em cada indivíduo.
Para maior entendimento deste processo, se faz necessário que os
profissionais envolvidos tenham bem claro que as ações comportamentais de seus
educandos provêm de atividades cerebrais dinâmicas e que os conhecimentos das
neurociências contribuem para que sejam elaboradas atividades que desenvolvam
tais funções.

Neurociências

Imagem: BEAR, 2008

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Entender o funcionamento cerebral faz parte de um processo que vem de


longas datas. Há cerca de 7.000 anos já havia indícios de trepanações, processo pelo
qual as pessoas faziam orifícios no crânio de outras. Bear (2008) menciona que estes
crânios não apresentavam sinais de cura, então esse procedimento era realizado em
sujeitos vivos e não era considerado um ritual de morte, pois em alguns casos os
indivíduos sobreviviam. Não havia registro do motivo destas cirurgias, mas existem
especulações que tal procedimento poderia ter sido utilizado para tratar dores de
cabeça ou transtornos mentais.
Durante séculos muitos estudos foram realizados para entender o
funcionamento do cérebro, entretanto nomes tais como dos frenologistas Franz
Joseph Gall e J. G Spurzheim (entre 1810 e 1819) e o neurologista John
Hughlings Jackson, fizeram significativos avanços proporcionando que Paul Broca e
Carl Wernicke chegassem as localizações da área de Broca e de Wernicke. Cabe
ressaltar que as descobertas de Broca ocorreram em 1861 e as de Wernicke em 1876,
e ambos tiveram seus estudos pautados em pacientes lecionados e vivos, onde
Gazzaniga (2006, p.23) enfatiza a importância destas descobertas, pois na atualidade
isso já não é mais novidade para profissionais voltados às áreas neurocientíficas, mas
há pouco mais de 100 anos, as descobertas de Broca e Wernicke fizeram “tremer a
Terra”. Filósofos, médicos e os primeiros psicólogos assumiram um ponto de partida
fundamental: doenças focais causam déficits específicos. Naquela época, os
investigadores eram limitados em sua habilidade para identificar as lesões dos
pacientes. Os médicos podiam observar o local do dano – por exemplo, uma lesão
penetrante provocada por uma bala -, mas eles tinham que esperar o paciente morrer
para determinar o local da lesão. A morte podia levar meses ou anos, e, em alguns
casos, geralmente não era possível realizar a observação: o médico perdia contato
com o paciente após sua recuperação, e, quando este finalmente morria, o médico
não era informado e assim não podia examinar o encéfalo e correlacionar a lesão
cerebral com os déficits de comportamento da pessoa.
Porém, o entendimento maior se deu através dos estudos de Luria. Alexander
Romanovich Luria (1901–1978), durante a Segunda Guerra Mundial, desenvolveu
estudos com indivíduos portadores de lesão cerebral, no qual catalogou cada
paciente, mapeou as respectivas lesões cerebrais e anotou as alterações no
comportamento, tendo como objetivo específico o estudo das bases neurológicas do

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comportamento. Estes estudos, de certa forma simbolizaram um elo entre a psicologia


e a neurociência, denominada neuropsicologia.
Através disso Luria constatou que o cérebro humano é composto por três
unidades funcionais básicas, sendo estas, necessárias para qualquer tipo de atividade
mental.

A primeira unidade funcional é responsável para regular o tônus cortical, a


vigília e os estados mentais e é composta pela formação reticular e pelo tronco
encefálico.
A segunda unidade funcional, que é responsável por receber, processar e
armazenar as informações, que se compõe das partes posteriores do cérebro (lobo
parietal, occipital e temporal).
A terceira é a unidade para programar, regular e verificar a atividade mental,
constituindo-se pelas partes anteriores do cérebro (lobo frontal).
Dessa forma, evidenciando as importantes contribuições de Luria no processo
ensino aprendizagem Tabaquim (2003, p. 91) destaca que: O cérebro é o órgão
privilegiado da aprendizagem. Conhecer sua estrutura e funcionamento é fundamental
na compreensão das relações dinâmicas e complexas da aprendizagem. Na busca
pela compreensão dos processor de aprendizagem e seus distúrbios, é necessário
considerar os aspectos neuropsicológicos, pois as manifestações são, em sua
maioria, reflexo de funções alteradas. As disfunções podem ocorrer em áreas
de input (recepção do estímulo), integração (processamento da informação)
e output (expressão da resposta). O cérebro é o sistema integrador, coordenador e
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regulador entre o meio ambiente e o organismo, entre o comportamento e a


aprendizagem.
Assim como cada ser humano tem impressões digitais diferentes, também
possui sinapses cerebrais diferentes, pois cada um tem suas vivências, o seu
aprender do mundo e com o mundo. E nesse sentido Ventura (2010, p.123), ao retratar
sobre a neurociência e comportamento no Brasil, enfatiza que a mesma possui uma
importante interface com a Psicologia e a define do seguinte modo:
A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com
toda a fisiologia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e comportamento. O
controle neural das funções vegetativas – digestão, circulação, respiração,
homeostase, temperatura-, das funções sensoriais e motoras, da locomoção,
reprodução, alimentação e ingestão de água, os mecanismos da atenção e memória,
aprendizagem, emoção, linguagem e comunicação, são temas de estudo da
neurociência.
Faz-se necessário destacar que a neurociência pode ajudar muito a todos
indivíduos, mas especialmente aqueles com transtornos, síndromes e dificuldades de
aprendizagem uma vez que se tem o entendimento da plasticidade cerebral, da busca
de novos caminhos para o aprender, das múltiplas inteligências propostas por
Gardner.

Neuropsicopedagogia

Entender a conexão cérebro x aprendizagem, proposta a partir do


conhecimento da Neurociência, apresenta-se como um dos assuntos mais procurados
e um dos grandes desafios educativos. Entretanto, considerando que a neurociência
é uma ciência nova, pode-se dizer que: a interface cérebro x aprendizagem necessita
de muito investimento científico, mas são profissionais das mais diversas áreas que
tem voltado seus estudos para este enfoque. Conforme estudos de Tokuhama-
Espinosa (2008, apud Zaro, 2010, p. 205), demonstraram que: enquanto milhares de
estudos foram devotados para explicar vários aspectos da neurociência (como
animais incluindo humanos, aprendem), apenas uns poucos estudos neurocientíficos
tentaram explicar como os humanos deveriam ser ensinados, para maximizar o
aprendizado. (...) das centenas de dissertações devotadas ao ‘ensino baseado no

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cérebro’, ou ‘métodos neurocientíficos de aprendizado’, nos últimos cinco anos, a


maioria documentou a aplicação destas técnicas, ao invés de justificá-las. ”
Uma das áreas que vem abrindo espaço dentro âmbito de conhecimento é a
Neuropsicopedagogia. Sua primeira descrição no campo científico se deu através de
Jennifer Delgado Suárez, no artigo intitulado “Desmistificacion de la
neuropsicopedagogía” onde apresentou uma composição histórica da trajetória
neuropsicopedagógica e ressaltou sua importância para o contexto educativo.
FERNANDEZ (2010) aponta para três pontos elucidativos da
Neuropsicopedagogia, abordada por Suárez: 1º Educação; 2º Psicologia e 3º
Neuropsicologia. Educação no intuito de promover a instrução, o treinamento e a
educação dos cidadãos. A Psicologia com os aspectos psicológicos do indivíduo. E,
finalmente, a Neuropsicologia com a teoria do cérebro trino, sendo que aqui
oportunizou a teoria das múltiplas inteligências, propostas por Gardner.
Conforme as autoras colombianas, a Neuropsicopedagogia traz importantes
contribuições à educação, pois existe a possibilidade de se perceber o indivíduo em
sua totalidade. Mas, afinal do que se trata a Neuropsicopedagogia? Para Hennemann
(2012, p.11) a mesma apresenta-se: como um novo campo de conhecimento que
através dos conhecimentos neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da
pedagogia e psicologia vem contribuir para os processos de ensino-aprendizagem de
indivíduos que apresentem dificuldades de aprendizagem.
Através dos conhecimentos neuropsicopedagógicos existe a possiblidade de
entender como se processa o desenvolvimento de aprendizagem de cada indivíduo,
proporcionando-lhe melhoras nas perspectivas educacionais e dessa forma
desmistificar a ideia de que a aprendizagem não ocorre para alguns; na verdade
sempre acontecerá a aprendizagem, entretanto para uns ela vem acompanhada de
muita estimulação, atividades diferenciadas, respeitando o ritmo de desenvolvimento
do indivíduo.
Dentro desta linha de pensamento as contribuições de Tokuhama-Espinosa
(2008, apud Zaro, 2010, p. 204), podem ser consideradas de significativa importância
e utilizadas como elementos importantes nas intervenções neuropsicopedagógicas,
que são elas:
a) Estudantes aprendem melhor quando são altamente motivados do que
quando não têm motivação;

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b) stress impacta aprendizado;


c) ansiedade bloqueia oportunidades de aprendizado;
d) estados depressivos podem impedir aprendizado;
e) o tom de voz de outras pessoas é rapidamente julgado no cérebro como
ameaçador ou não-ameaçador;
f) as faces das pessoas são julgadas quase que instantaneamente (i.e.
intenções boas ou más);
g) feedback é importante para o aprendizado;
h) emoções têm papel-chave no aprendizado;
i) movimento pode potencializar as oportunidades de aprendizado;
k) nutrição impacta o aprendizado;
l) sono impacta consolidação de memória;
m) estilos de aprendizado (preferencias cognitivas) são devidas à estrutura
única do cérebro de cada indivíduo;
n) diferenciação nas práticas de sala de aula são justificadas pelas diferentes
inteligências dos alunos.
Segundo as considerações acima é possível afirmar que o ato de aprender é
um ato complexo, não envolve somente a questão de memorizar os conteúdos, é
muito mais do que isso; aprender envolve emoção, interação, alimentação, descanso,
motivação entre outros.
O espaço educativo deve estar aberto para novos profissionais que venham a
somatizar a equipe multidisciplinar que atendem o educando, por isso
neuropsicopedagogos além de ter uma visão de como ocorre a aprendizagem do
educando, também possuem vistas para a metodologia de ensino do professor,
pautados nos estudos descritos acima, possuem competência para orientar de que
forma a aprendizagem pode se tornar mais significativa tanto na metodologia do
professor quanto no processo de aprendizagem do aluno.
Também, cabe aqui ressaltar, o enunciado feito por Hennemann (2012, p.11)
descrevendo as práticas neuropsicopedagógicas, atribuídas a estes profissionais...
O grande avanço da Neuropsicopedagogia no Brasil se deu através do Centro
Sul Brasileiro de Pesquisa e Extensão - CENSUPEG. Dentro deste contexto
educacional os profissionais da Neuropsicologia Clínica são capacitados para:

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• Compreender o papel do cérebro do ser humano em relação aos


processos neurocognitivos na aplicação de estratégias pedagógicas nos
diferentes espaços da escola, cuja eficiência científica é comprovada
pela literatura, que potencializarão o processo de aprendizagem.
• Intervir no desenvolvimento da linguagem, neuropsicomotor, psíquico e
cognitivo do indivíduo.
• Adquirir clareza política e pedagógica sobre as questões educacionais e
capacidade de interferir no estabelecimento de novas alternativas
neuropsicopedagógicas e encaminhamentos no processo educativo.
• Compreender e analisar o aspecto da inclusão de forma sistêmica,
abrangendo educandos com dificuldades de aprendizagem e sujeitos
em risco social.

O neuropsicopedagogo, profissional que está em constantes buscas de


conhecimentos acerca dos transtornos, síndromes, patologias e distúrbios a qual o
indivíduo possa estar relacionado, terá ter condições de identificar nos indivíduos tais
sintomalogias, procurar identificar quais competências e habilidades que tais
indivíduos possuem, e propor uma intervenção neuropsicopedagógica, que com
certeza se fará acompanhada junto aos familiares, professores e equipe pedagógica
e demais profissionais que se fazem presentes na vida destes indivíduos.

Pesquisa neuropsicopedagógica

Como abordado anteriormente tanto a Neurociência quanto a


Neuropsicopedagogia ainda são terminologias em que o campo educacional está
presente, mas se faz necessário maior divulgação e compreensão destas áreas. Em
pesquisa feita, através de dispositivos da web, objetivando abordar profissionais que
tivessem algum conhecimento acerca da Neurociência, envolvendo nove questões,
cinco objetivas e quatro subjetivas, procurou-se investigar qual o entendimento que
os profissionais estão tendo acerca do assunto. Quinze profissionais responderam ao
questionário, porém, através da análise das respostas, pode-se perceber a seriedade
e o comprometimento dos mesmos neste processo educativo.

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Uma das perguntas iniciais foi a idade dos participantes, sendo que o maior
índice estava na faixa etária dos 41 aos 50 anos.

A segunda questão perguntando sobre sexo do entrevistado, os profissionais


femininos mostraram-se mais participativos, o que pode ser observado no gráfico:

A profissão que maior teve destaque na terceira questão foi professor, porém
os psicopedagogos também tiveram um número bastante significativo.

Na questão envolvendo o grau de instrução dos entrevistados o que mais


apareceu foram profissionais pós-graduados.

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Na quinta e última pergunta objetiva, todos demonstraram ter conhecimento


sobre Neurociências.

Numa breve análise desta primeira etapa pode se constatar que no universo
educativo, ainda existe a predominância feminina; contudo, também se pode afirmar
que através dos dados obtidos, os profissionais têm buscado sua qualificação
continuada, pois comparando o gráfico da idade com o gráfico do grau de instrução,
pode se perceber que: os profissionais não têm restringindo seus estudos somente na
graduação, mas sim, buscando novas etapas de estudos.
As próximas questões, pautadas na subjetividade, se fez necessário extrair as
respostas que tiveram maiores semelhanças. Portanto, quando questionados sobre a
maior contribuição que as Neurociências trouxeram para a Educação, o que mais
predominou foi a questão da aprendizagem, da plasticidade, o entendimento dos
mecanismos neurais que levam o indivíduo à aprendizagem. Sendo assim, será feito
o relato de algumas respostas que venham a comprovar esta predominância...

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“As neurociências podem contribuir muito para a compreensão dos processos


de aprendizagem e não aprendizagem dos educandos, auxiliando o professor nas
intervenções e metodologias de trabalho mais efetivas. Agem que possibilitem atender
às diferenças para educar na diversidade”.
"Revelar a importância do conhecimento das bases neurobiológicas da
aprendizagem, objetivando a construção de práticas pedagógicas mais consistentes
e assertivas, pautadas em evidências científicas, visando à promoção da
aprendizagem.”
“Apesar, de se tratar de conhecimentos científicos recentes, a neurociências
contribui para o entendimento dos profissionais de educação, que todos os indivíduos
são capazes de se desenvolverem e que há estratégias específicas possibilitando a
plasticidade cerebral e assim alcançando resultados positivos nos processos de
aprendizagem, que também nos apresenta novas visões em seu entendimento. Além
do mais, a neurociência também contribui nas questões referentes às políticas de
inclusão, favorecendo a socialização dos portadores de atenção diferenciada.
Possibilitando profissionais mais capacitados e atualizados nas instituições de ensino.
Objetivando a aprendizagem de todos, visando mais oportunidades de igualdade nos
bancos escolares.”
Perguntados sobre sua opinião em qual o diferencial de um professor que tem
o conhecimento de Neurociências, as repostas mostraram-se novamente
correlacionadas enfocando o aspecto do modo de aprendizagem do aluno. Que o
professor com esse conhecimento é capaz de...
“O professor com conhecimento de neurociências é mais consciente em
relação às limitações e potencialidades dos alunos e sabe como aproveitá-las de
modo positivo.”
“Ser capaz de correlacionar os objetivos de formação educacional com os
mecanismos neurobiológicos envolvidos na aquisição de conhecimento, de forma a
facilitar e persistência da informação transmitida.”
“O professor que começa a ter conhecimento da neurociência faz um
diferencial, pois começa a perceber que é preciso “ensinar o indivíduo a aprender a
aprender, a aprender a pensar, a aprender a estudar, a aprender a se comunicar, e
não apenas reproduzir e memorizar informações, mas, sim, desenvolver

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competências de resolução de problemas”. Com as informações adquiridas sobre o


funcionamento do cérebro a aprendizagem será mais eficaz."
Quando questionados sobre a Neuropsicopedagogia, os quinze entrevistados
relataram ter conhecimentos sobre a mesma, sendo que se fará menção as seguintes
contribuições:
“Já ouvi falar, mas não com uma definição formal. Pela formação da palavra
concluo que seja uma abordagem neurológica aplicada à aprendizagem, e como essa
é um processo que tem a participação de processos psicológicos e da pedagogia
envolvida no ensino-estimulação, daí explica-se o porquê do psicopedagógico. Já vi
que essa abordagem associa os conhecimentos de neurologia com os estudos de
psicologia do desenvolvimento (Piaget, Vygotsky, Wallon).”
“É um estudo mais avançado sobre pedagogia, psicopedagogia e neuro, na
realidade é junção dos três. Já que a pedagogia trabalha como ensinar, a psico estuda
os déficits e a neuro tudo sobre cérebro e quais soluções cabíveis a situação.”
Na última questão abordando sobre a importância de um neuropsicopedagogo
no contexto educativo, pode-se afirmar a grande maioria elencou aspectos favoráveis
à figura deste profissional, uma vez que esse tem o entendimento das questões
pedagógicas e paralelo a isso, tem o entendimento das questões neuropsicológicas,
sendo que novamente se faz destaque a algumas colocações...
"Com base em tudo que foi falado, fica clara a importância deste profissional
no contexto educativo, pois o neuropsicopedagogo é um profissional que oferece um
grande potencial para nortear a pesquisa educacional e futura aplicação em sala de
aula se constituindo hoje, como um grande aliado do professor, diante deste cenário
tão diverso com a qual iremos nos deparar.”
“O ideal seria tornar cada professor um neuroeducador, mas se tiver em cada
escola um neuropsicopedagogo já seria muito bom. O ensino com essas novas
descobertas provavelmente terão novas diretrizes. Muitas pesquisas estão em
andamento sobre a neuropsicologia. Temos que ter cautela ainda sobre tudo que
aparece sobre essas questões. Até chegar as pesquisas sobre a
neuropsicopedagogia (descobertas ligadas as aprendizagens do cérebro no aprender)
é preciso muita cautela.”
Todas as respostas do questionário poderão ser visualizadas no link descrito
nas referências, sendo que aqui se procurou dar um feedback daquelas que

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representassem as demais e compartilhassem da mesma estrutura escritural.


Também como foi mencionado incialmente, através das respostas obtidas se pode
comprovar o envolvimento e a preocupação dos participantes com a qualidade
educativa. O que vem a ser uma das propostas da Neuropsicopedagogia, a de
proporcionar benefícios para o processo ensino-aprendizagem.

Finalizando...

O contexto educativo deve estar pautado em formas diferentes de


aprendizagem, pois já é comprovado que um único método de ensino não contempla
a todos, pesquisas da área de neurociência mostram as diversas áreas ativadas nos
indivíduos nos processos de aprendizagem, porém as grandes pesquisas giram em
torno da área da linguagem, principalmente nos casos de dislexia, porém Rotta (2006,
p.18) enfatiza que:
O avanço das neurociências, em especial da neurologia, é de suma importância
para o entendimento das funções corticais superiores envolvidos no processo da
aprendizagem. Sabe-se que o indivíduo aprende por meio de modificações funcionais
do SNC, principalmente nas áreas da linguagem, das gnosias, das praxias, da atenção
e da memória. Para que o processo de aprendizagem se estabeleça corretamente, é
necessário que as interligações entre as diversas áreas corticais e delas com outros
níveis do SNC sejam efetivas.
Normalmente observamos que todos comentam apenas as deficiências e as
dificuldades da criança, fazendo comparações com as crianças consideradas normais.
Para o trabalho neuropsicopedagógico precisamos elencar os aspectos positivos de
seu comportamento e habilidades, já que todo trabalho se baseia no desenvolvimento
dessas habilidades.
A neurociência, conforme dito anteriormente, ainda é uma área muito nova,
principalmente no contexto educativo. Muitos são os cursos voltados a ela, mas
percebe-se que no cenário educativo, as práticas neurocientíficas ainda se mostram
desconhecidas e vistas com indagações por aqueles que as desconhecem. O conforto
das práticas “conteúdistas” se contrapõe aos princípios da neurociência, uma vez que
dentro dessa abordagem o mais importante seria a aprendizagem do educando e não
ao acúmulo de conteúdos.

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Por outro lado, a era da informação tem permitido que um maior número de
profissionais tivesse acesso a conhecimentos ligados a neurociências, assim como
tem surgido maior oferta de cursos de atualização, seja em nível de extensão ou pós-
graduação que facilitam o acesso à informação. Frente a isso, ainda são poucas as
pesquisas publicadas sobre o assunto neurociência x educação e quando se une a
questão neurociência à questão Neuropsicopedagogia, mais restrito ainda se torna o
assunto. A essência existe, mas falta a coragem dos neuropsicopedagogos de
mostrarem seus trabalhos, expor suas práticas.
Também se faz interessante perceber que no contexto educativo, não somente
com a vinda da inclusão, mas também com todo modo de vida contemporânea, outros
aportes vieram consigo: são laudos médicos, medicações diversas, dúvidas na
metodologia ensino-aprendizagem. Tudo isso, necessita de profissionais capacitados,
que saibam indicar caminhos para que cada um realmente seja visto na sua essência,
na sua individualidade.
A Neuropsicopedagogia ainda é um livro com muitas páginas em branco, sua
importância já aparece bem nítida nos depoimentos respondidos através do
questionário, mas os profissionais desta área precisam mostrar aos demais o que
estão fazendo, como o estão fazendo. O livro precisa ocupar lugar no tempo e no
espaço das livrarias de nosso país.

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REFERÊNCIAS:

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