Manejo Da Vaca Seca

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Título: MANEJO DA VACA SECA

Palavras-chave: VACA SECA. MANEJO. CUIDADOS.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

PERÍODO SECO

SECAGEM DA VACA

DIETA DE VACAS SECAS

CUIDADOS COM A VACA SECA

CONSIDERAÇÕES

REFERÊNCIAS

INTRODUÇÃO

Um dos principais fatores de produção é o mérito genético da vaca, ou seja,


seu potencial de produção que só será atingido se a nutrição e o manejo forem
executados corretamente. As vacas secas requerem manejo e nutrição específica
para essa fase, mesmo sem produção leiteira deve-se dar a máxima atenção, pois a
próxima lactação e a saúde do animal quando nasce o filhote dependem da fase de
vaca seca.

Também é no período seco em que há maior desenvolvimento do feto, cerca


de dois terços do peso do feto ao nascer é desenvolvido nessa fase. Além de
ocorrer à síntese do colostro, vacas que não passam por um período seco adequado
produzem colostro fraco e que podem não garantir imunidade e energia suficientes
ao bezerro recém nascido (para mais formações ver relatório SIS – Criação de
Novilhas e Bezerras).

Geralmente, no período seco, fase em que a vaca não produz leite, é dada
pouca importância aos animais. Porém, os cuidados dispensados nesse período
refletirão na lactação seguinte, já que a vaca está se preparando para o parto e
para produção de leite da próxima lactação.
Nesse relatório veremos como deve ser secada a vaca, qual é a alimentação
ideal para o período seco e quais os cuidados que o empresário do leite deve ter
com a vaca seca para obter maior produção por vaca e consequentemente maior
produtividade por área, além de prevenir doenças e diminuir os gastos com a saúde
animal.

PERÍODO SECO

O período seco, fase em que a vaca não produz leite e se prepara para a
próxima lactação, é fundamental para que se obtenham ótimas produções nas
lactações seguintes. Tendo os cuidados necessários com a vaca seca é possível
curar enfermidades, dar um descanso ao aparelho mamário e aumentar a
longevidade da vaca.

Segundo Córdova (2012), o período seco deve durar mais de 42 dias e


menos de 70 dias, vacas que não passam por esse período produzem menos leite
na lactação seguinte.

De acordo com Alves (2008), em pesquisas feitas com vacas gêmeas


idênticas, onde foi eliminado o período seco, ou seja, as vacas foram ordenhadas
ininterruptamente, houve redução na produção de 20 a 25% em relação às gêmeas
que passaram por período seco de 60 dias.

O programa de vaca seca da propriedade deve durar 60 dias, a vaca deve


ser seca no final do sétimo mês de gestação, para que além da regeneração das
células secretoras de leite haja um bom acúmulo de colostro, bom desenvolvimento
do feto e aumento das reservas corporais da vaca.

Períodos secos maiores causam pouca diminuição na produção, mas


períodos menores causam muita redução. Como exemplo, Córdova (2012), cita que
vacas que passaram por período seco de apenas 21 dias tiveram diminuição de 590
kg a menos de leite do que vacas que passaram por 60 dias de período seco, quer
dizer que em um rebanho de 20 vacas essa perda representa quase 12 mil litros de
leite a menos por ano, aproximadamente.

A vaca deverá ganhar no período seco cerca de 50 a 120 kg de peso vivo, o


aumento de 1 kg de peso pode significar aumento de 100 kg de leite na próxima
lactação (GESTEIRA, 2011 apud Gonçalves, 2012).

É nesse descanso de cerca de dois meses em que há reposição das reservas


corporais do animal, que são fundamentais para o período pós-parto em que os
desafios para o animal são muitos, principalmente devido ao Balanço Energético
Negativo (BEN), que é o período em que a energia gasta pelo animal é maior que o
consumo.

Ciclo produtivo de um ano de uma vaca leiteira.

Fonte: Muller (1992), apud Alves (2008).

SECAGEM DA VACA

A ordenha estimula a produção de leite e ao parar de retirar o leite cessa-se


o estímulo e há primeiramente a reabsorção do leite residual da glândula mamária
e posterior interrupção da secreção de leite.

Recomendações para a correta secagem da vaca de acordo com (CÓRDOVA,


2012):

- em torno de 65 dias antes do parto previsto deve-se tirar o concentrado da dieta


da vaca para diminuir a produção de leite;

- ofertar pastos de média qualidade com o objetivo de diminuir o consumo e por


consequência a produção o que facilita a secagem, mas nunca retirar a água;

- fazer o teste da caneca de fundo escuro para verificar se há mastite clínica e se


houver tratá-la antes da secagem;

- 60 dias antes do parto previsto deve ser feita a secagem propriamente dita;
- no dia da secagem, após a última ordenha deve-se esgotar ao máximo o leite,
aplicar álcool com um chumaço de algodão na ponta do teto e depois aplicar o
tratamento antibiótico intramamário específico para vaca seca e em cada teto, com
tempo de ação prolongado e longa carência, após a aplicação deve ser feita a
massagem da ponta dos tetos em direção ao úbere e por último deve ser feito o
pós-dipping;

- as vacas recém-secas devem permanecer em um piquete com pastagem de baixa


qualidade e pouca disponibilidade de forragem, por uma ou duas semanas e
preferencialmente próximo a sede para que possam ser observadas
frequentemente.

Teste da caneca de fundo escuro e pós-dipping, fundamentais para secar a vaca.

Fonte: Jonas Ramon

O principal objetivo do uso de bisnagas intramamárias com antibióticos é o


tratamento de mastites sub-clínicas crônicas de difícil controle, já que os
antibióticos usados são de longa ação e carência de mais de 45 dias.

Vale lembrar que demora cerca de duas semanas para que a vaca, após a
secagem, cesse por completo a produção de leite. Portanto, logo após a secagem é
normal que o úbere fique cheio novamente, mas esse leite será absorvido pelo
animal. Só deve-se intervir se houver úbere muito inchado, avermelhado e
dolorido.

Outra prática recomendada para o período seco é dividir as vacas secas em


dois grupos, um com vacas recém-secas até 21 dias antes do parto e outro grupo
com as vacas de 21 dias antes do parto ao parto. O objetivo é fornecer dieta
diferente a esses dois grupos já que suas necessidades são distintas.
DIETA DE VACAS SECAS

No período seco a vaca passa por mudanças em seu estado fisiológico e por
isso necessita de uma dieta diferenciada nessa fase, já que sua exigência
nutricional é diferente.

Nesse período as vacas devem receber uma dieta com aproximadamente


60% de Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) e 13% de Proteína Bruta (PB), que é a
composição média da maioria das pastagens como tifton, hemártria, pioneiro,
missioneira-gigante. Portanto, na primeira etapa após a secagem é possível
alimentar as vacas apenas com pastagem (para mais informações ver relatório
SIS/SEBRAE - Pastagens de Verão).

Entre 21 dias antes do parto até o parto, o metabolismo da vaca é alterado,


o que pode afetar a produção se não forem observados os devidos cuidados. É uma
fase crítica em que há queda no consumo de pasto, crescimento acelerado do feto e
início da síntese do leite. Portanto, desatenção nessa fase fará com que haja queda
na produção futura, doenças no pós-parto e problemas reprodutivos.

Nas últimas semanas de gestação, há um grande aumento do feto, que


diminui o espaço antes ocupado pelo sistema digestivo da vaca e ainda uma grande
variação hormonal que diminui o consumo de alimento. Por isso, é recomendado
cerca de 2 kg por dia por animal de concentrado para compensar a queda no
consumo.

Não deve ser esquecido que a mineralização, deve ser feita com sal para
vacas em pré-parto com baixo teor de Na, que contenha vitamina A e E, cálcio,
magnésio, zinco, cobre e selênio, nutrientes importantes que previnem uma série
de distúrbios no metabolismo das vacas.

Na fase final do período seco as necessidades nutricionais da vaca


aumentam, sendo necessária uma dieta com cerca de 14% de PB e 65% de NDT.
Só com pastagens fica difícil suprir toda a necessidade animal, até porque o
consumo tende a decrescer, cerca de 30% nos últimos 14 dias, daí a necessidade
do fornecimento de alimentos concentrados que também tem a importante função
de acostumar as vacas à dieta pós-parto, principalmente os microrganismos do
rúmen.

Além de concentrado, quando não houver pastagem suficiente, deve ser


fornecida silagem nessa fase, cerca de 10 kg por dia e também feno que é uma
fibra de alta qualidade, com fornecimento de cerca de 4 kg por dia e por animal.
Para acompanhar o bom desenvolvimento das vacas na fase seca e se a
dieta está sendo bem feita, deve-se analisar o Escore de Condição Corporal (ECC),
onde 1 é muito magra e 5 é muito gorda, é a forma de avaliação do estado corporal
dos animais. A vaca ao parir deve estar levemente gorda com ECC de no mínimo
3,25 e no máximo 3,75 pontos. Vacas com ECC próximo a 3,25 tem maior ingestão
de pasto, já vacas próxima a 3,75 tem potencial para produzir mais leite
(CÓRDOVA, 2012).

Mas a vaca gorda em excesso, com ECC de 4 ou mais, esse animal fica mais
suscetível a ter dificuldades no parto e depois dele, como retenção de placenta,
cetose, menor ingestão de pasto, síndrome do fígado gorduroso, maios incidência
de mastite, ovários císticos e menor produção de leite.

A vaca magra, com ECC abaixo de 2,75, aumenta os riscos de retenção de


placenta e dificuldades no parto, além de ser mais propensa a doenças, menor
eficiência reprodutiva, maior intervalo entre partos e por consequência menor
produtividade.

Mudança do ECC conforme a fase produtiva.

Fonte: Piekarski, 20--, apud Beraldo e Araújo, 2010.

CUIDADOS COM A VACA SECA


No período pré-parto e início da lactação a imunidade das vacas é menor, já
que o aparelho reprodutivo encontra-se aberto e há muitas desordens metabólicas.

Cerca de 70% dos distúrbios metabólicos de vacas leiteiras acontecem 21


dias antes do parto e 21 dias após o parto, assim sendo, esse é o principal período
crítico devido à queda na imunidade da vaca.

Cerca de trinta dias antes do parto as vacas secas devem ser everminadas
(controle dos vermes), além de receber vacina contra pneumoenterite, leptospirose
e em regiões de alta incidência deve-se fazer a vacina para carbúnculo e gangrena.
Uma simples everminação feita nessa fase pode garantir cerca de 225 kg de leite a
mais segundo (CÓRDOVA, 2012).

Nas últimas três semanas antes do parto as vacas devem estar em um


piquete pré-parto, com pastagens de média qualidade. Nesses piquetes deve-se
restringir a adubação com potássio (K) que pode prejudicar a absorção do cálcio
(Ca), pois alimentos com altos teores de K e sódio (Na) aumentam os riscos de
febre do leite (hipocalcemia). Além de não ser recomendado o uso de pastos com
altos teores de proteína e cálcio como é o caso das pastagens tenras de inverno
como aveia e azevém e as leguminosas como o trevo.

Em vacas de alta produção, mais de 32 kg de leite por dia, há um grande


fluxo de cálcio para a glândula mamária, o que diminui o teor de cálcio no sangue,
ocasionando a hipocalcemia, que muitas vezes pode passar despercebida por ser
subclínica, sem sintomas visíveis, mas que traz prejuízos à produção e reprodução.
Cerca de 75% das vacas de alta produção são afetadas em maior ou menor
intensidade pela hipocalcemia (Gonçalves, 2012).

A utilização de sais aniônicos, sulfato de cálcio, pode evitar ou minimizar a


hipocalcemia, pois aumenta a mobilização de cálcio dos ossos. Mas, os sais
aniônicos não são palatáveis e devem ser usadas estratégias para não restringir o
consumo, como o uso de palatabilizantes ou consumo forçado na mistura com a
forragem, por exemplo.

CONSIDERAÇÕES

É importante que os empresários do leite deem cada vez mais importância


ao período seco, pois é bem mais caro o tratamento de uma retenção de placenta
ou um deslocamento de abomaso do que fazer bem feito o manejo da vaca seca.
Porque o local, a alimentação e o tempo adequados para essa fase vão garantir boa
reprodução e produção futura.

Quando fornecido um alimento de qualidade que forneça a quantidade


adequada de energia, proteína, minerais e vitaminas para a fase seca, existirão
menos partos com problemas e melhores lactações.

É no período seco que há regeneração da glândula mamária e como o


número de células secretoras de leite é diretamente proporcional a produção,
quanto mais células maior será a produção de leite.

Tanto a obesidade das vacas quanto vacas muito magras podem causar
sérios prejuízos a produção, por isso, é fundamental o acompanhamento do estado
corporal de cada vaca para corrigir problemas de excesso ou falta em cada animal.

A vaca leiteira deve ter um parto a cada 12 meses, produzir leite por cerca
de 10 meses e descansar 2 meses, que é o período seco. Vacas que não passam
por esse descanso produzem bezerros fracos e possuem maiores chances de
desenvolver problemas durante e após o parto, além de afetar negativamente sua
vida produtiva.

REFERÊNCIAS

ALVES, Nadja Gomes. Fatores Determinantes da Produção de Leite. Lavras:


UFLA/FAEPE, 2008. 1ª Ed. 41p.

BERALDO, Angelo Antonio; ARAÚJO, Samanta Luiza de. Análise bromatológica dos
alimentos consumidos pelo rebanho leiteiro do Planalto Norte Catarinense – região
de Canoinhas – SC. Publicado em: 21 set. 2010. Disponível em:
<www.periodicos.unc.br/index.php/agora/article/download/119/197>. Acesso em:
11 dez. 2012.

COELHO, Sandra Gesteira. Manejo de vacas secas. Departamento de Zootecnia -


Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em:
<http://ow.ly/fOOxI>. Acesso em: 09 dez. 2012.

CÓRDOVA, U. de A. (Org.) Produção de leite a base de pasto em Santa Catarina.


Florianópolis: Epagri, 2012. 626p.
Departamento de Zootecnia - Escola de Veterinária da Universidade Federal de
Minas Gerais. Manejo de vacas secas. Disponível em: <http://ow.ly/fOOxI>. Acesso
em: 08 dez. 2012.

GONÇALVES, Eurides. Bovinocultura Leiteira. Manejo de vacas secas. Disponível


em: <http://bovileite.blogspot.com.br/2012/09/manejo-de-vacas-secas.html>.
Acesso em: 08 dez. 2012.

GONÇALVES, Mayara Rosa. Bio San. Secagem das vacas: maior produtividade
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<http://www.biosan.ind.br/Artigos/secagem_das_vacas.pdf>. Acesso em: 09 dez.
2012.

PORTAL Agropecuário. Secagem de vacas. Disponível em:


<http://www.portalagropecuario.com.br/bovinos/pecuaria-de-leite/secagem-de-
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RAMON, Jonas M. Criação de Novilhas e Bezerras. SIS – Sistema de Inteligência


Setorial, SEBRAE-SC, Seção: Leite, mar. 2012. Disponível em: <http://sis.sebrae-
sc.com.br>. Acesso em: 08 dez. 2012.

RAMON, Jonas M. Pastagens de Verão. SIS – Sistema de Inteligência Setorial,


SEBRAE-SC, Seção: Leite, out 2012. Disponível em: <http://sis.sebrae-sc.com.br>.
Acesso em: 09 dez. 2012.

VANDERWAL, Dr. Rich. Rural pecuária. Manejo da Vaca Seca. Disponível em:
<http://www.ruralpecuaria.com.br/2011/12/maneio-da-vaca-seca.html>. Acesso
em: 08 dez. 2012.

WESSHEIMER, Christiano Fanck. Embrapa Clima temperado. MANEJO NA SECAGEM


DE VACAS. Disponível em:
<http://www.cpact.embrapa.br/eventos/2012/producao_de_leite/panfletos/09.pdf
>. Acesso em: 09 dez. 2012.

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