Manejo Alimentar

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Manejo Alimentar

Como essa fazenda faz uso do sistema CBL, a alimentação dos ovinos
consiste basicamente no consumo da caatinga enriquecida, da cultivar Biloela
de capim buffel (Cenchrus ciliaris) e da leucena (Leucaena leucocephala)
durante a cria, recria e terminação.
No início da fase de cria, nas primeiras horas de vida, os recém-nascidos são
alimentados com o colostro. Posteriormente, durante os primeiros dias após o
nascimento, os cordeiros são alimentados apenas com leite materno. Depois
do décimo dia, começam a ser suplementados com concentrados, através do
creep feeding, com uma mistura composta de 70% de milho moído, 28% de
farelo de soja, 1% de calcário calcítico e 1% de sal mineral. Esse manejo
melhora o desempenho das crias, aumentando o peso à desmama, e reduz o
ritmo das mamadas, auxiliando as matrizes a recuperar mais rápido sua
condição reprodutiva e retornar mais cedo para a estação de monta.
Na fase de recria, a fazenda busca melhorar a qualidade da carne, através do
aumento muscular e do ganho de peso rápido e barato. Assim, não é feita a
suplementação com concentrados. A caatinga é utilizada por dois a quatro
meses no ano, e, em todos meses restantes, utiliza-se o pastejo em capim
buffel, pastagem cultivada resistente à seca, em sistema rotacional flexível para
complementar a alimentação volumosa dos animais. Nos períodos mais
críticos, são utilizados feno ou silagem de Leucena, produzidos na fazenda,
com bom valor nutritivo para enriquecer com proteína a dieta desse rebanho.
Também é realizada a mineralização, que consiste no fornecimento à vontade
de mistura mineral específica para ovinos. Esse mesmo manejo nutricional é
dado às ovelhas solteiras, que possuem uma menor exigência alimentar, pois
necessitam apenas de manutenção do peso.
Na última fase, chamada de terminação ou engorda, na qual o crescimento
está praticamente concluído e só precisa finalizar a formação das massas
musculares e deposição de gordura, a nutrição dos animais é feita através do
pastejo rotacional descrito na recria, suplementado por sal mineral e ração
concentrada com 14 a 16% de proteína bruta, quando necessário.
Ovelhas antes da estação de monta têm alta exigência alimentar, pois
precisam ganhar peso. Assim a propriedade utiliza o Flushing por 3 semanas
antes e 2 semanas depois do parto com dieta de maior teor nutritivo, através de
200 a 250g/ovelha/dia de uma ração bem balanceada, buscando altas taxas de
apresentação de cio e de ovulação, assim como maior concepção; maior
prolificidade e maior sobrevivência embrionária.
As ovelhas ainda não lactantes, ou seja, até a décima quinta semana de
gestação, não possuem uma alta exigência alimentar, necessitando ganhar
apenas um pouco mais peso acima da mantença. Diante disso, são apenas
colocadas para o pastejo em forragens de boa qualidade, conforme descrito da
fase de recria, e suplementadas com mistura mineral. Já as ovelhas no terço
final da gestação possuem exigências nutricionais elevadas, pois 70% do
consumo, que é reduzido nesse período, é destinado ao feto. Assim é
disponibilizado para elas, as forragens de melhores qualidade e suplementação
com 300 a 600 g/dia de ração concentrada com 14 a 16% de proteína bruta.
Assim como as gestantes, as ovelhas em lactação também possuem elevada
exigência nutricional energética e proteica, devido a produção de leite. Dessa
forma, do parto até o desmame das crias, elas são alimentadas com pastagens
de boa qualidade e suplementadas com ração com 14 a 16% de proteína. A
quantidade de ração fornecida varia de 400 a 800g/dia, de acordo com o
tamanho da ovelha, o número de crias e seu estado corporal. Normalmente
essa quantidade de ração é fornecida nos primeiros 30 a 45 dias pós parto,
quando a ovelha concentra 75% de sua produção de leite e, posteriormente,
esse fornecimento vai reduzindo gradativamente para facilitar o processo de
secagem da glândula mamaria e estimular o cordeiro a procurar alimentos
sólidos no creep-feeding. No entanto, na raça Santa Inês, esse desmame
precoce é mais difícil. E, por isso, é feita uma diminuição acentuada da
alimentação cerca de 20 a 30 dias antes do desmame. E após o desmame, é
realizado um jejum de alimento sólido por 48 horas e hídrico por 24 horas.
As fêmeas para reposição devem ter um manejo nutricional adequado para
apresentarem bom escore corporal, já que baixo peso causa retardo do
crescimento e da puberdade e o excesso de peso reduz produção de leite e a
reprodução. Assim pode ser realizado apenas o pastejo e a mineração ou,
quando necessária, a suplementação com 1,5 a 2% do peso vivo de ração
concentrada com 14 a 16% de proteína bruta.
Os reprodutores também devem apresentar manejo adequado para
apresentarem boa produção de sêmen e eficiente capacidade de monta. Neste
período, a alimentação deve fornecer mais energia e proteína, sendo, portanto,
suplementados pela combinação de cana-de-açúcar, ureia e sulfato de amônia,
na quantidade máxima de 0,5 a 0,7 kg/dia dependendo da idade e do peso dos
animais.
Essa combinação é preparada misturando, inicialmente, 10kg de Sulfato de
amônia a 90kg de ureia. Na primeira semana, na fase de adaptação, dilui 0,5kg
dessa mistura em 4L de água e adiciona a 100kg de cana-de-acúcar picada. A
partir da segunda semana, pode-se utilizar 1kg da mistura.
Essa alimentação diversificada reduz o custo da produção e melhora sua
eficiência, com o ganho de peso vivo dos animais variando de 95 a 140
kg/cab./ano.
Mas para manter a qualidade e produtividade do pasto, é muito importante
realizar o manejo das pastagens. Logo, este estabelecimento realiza o
enriquecimento da caatinga, através do controle seletivo de árvores e arbustos
para manter o conforto animal, aumentar a disponibilidade, melhorar a
qualidade da forragem e aumentar a produtividade e a capacidade de suporte
(2,5 a 3,0 cabeça/ha/ano).
Quanto ao capim buffel, o manejo é realizado através do pastejo controlado
com altura mínima de 10 a 15 cm de saída; controle manual ou químico com
herbicidas de plantas invasoras; controle de pragas; aplicação de adubos
fosfatados; recuperação e ressemeio da pastagem, mantendo seu valor
nutritivo e produtivo; uso uniforme do pasto com manejo rotacional flexível,
adequando a taxa de lotação suportada (2 a 6 ha/ano de matéria seca); e a
distribuição de cochos e bebedouros, com distância máxima de 300m.
No que se refere à leucena (Leucaena leucocephala), que representa 10% a
20% da área total da pastagem, é realizado o primeiro corte aos quatro anos de
idade, seguido de cortes periódicos a cada 60 a 90 dias, de 50 a 80 cm acima
do solo ou quando as plantas atingirem entre 1,4 a 1,6m de altura, garantindo a
manutenção contínua da produtividade (2 a 5 t ha-1 ano-1 de matéria seca no
período seco) e a persistência das plantas; raleio daquelas que viraram árvores
e corte das hastes lenhosas remanescentes de 15 a 20 cm de altura, para
estimular a rebrota; adubação; controle de pragas e plantas invasoras; pastejo
controlado, com a altura de entrada de 1,0 a 1,5 m e de saída de 50 a 70 cm do
solo; e respeito à taxa de lotação suportada (6 U.A/ha mesmo durante a
estação seca).

REFERÊNCIAS

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<https://www.milkpoint.com.br/artigos/producao-de-leite/flushing-como-
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