1) A empresa autora pede gratuidade de justiça devido à situação financeira frágil causada pela pandemia.
2) A autora forneceu peças têxteis para a empresa da ré, que pagou com 2 cheques que não foram honrados.
3) Solicita-se o pagamento dos valores dos cheques mais juros e correção monetária.
1) A empresa autora pede gratuidade de justiça devido à situação financeira frágil causada pela pandemia.
2) A autora forneceu peças têxteis para a empresa da ré, que pagou com 2 cheques que não foram honrados.
3) Solicita-se o pagamento dos valores dos cheques mais juros e correção monetária.
1) A empresa autora pede gratuidade de justiça devido à situação financeira frágil causada pela pandemia.
2) A autora forneceu peças têxteis para a empresa da ré, que pagou com 2 cheques que não foram honrados.
3) Solicita-se o pagamento dos valores dos cheques mais juros e correção monetária.
1) A empresa autora pede gratuidade de justiça devido à situação financeira frágil causada pela pandemia.
2) A autora forneceu peças têxteis para a empresa da ré, que pagou com 2 cheques que não foram honrados.
3) Solicita-se o pagamento dos valores dos cheques mais juros e correção monetária.
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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUÍZ(A) DE DIREITO DA _ª
VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARACATI - CE.
BEMOL CONFECÇOES LTDA - ME, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 41.296.575/0001-80, sito à Rua Antônio Correia Lima, n° 3565, Montese, Fortaleza – CE, CEP: 60.410-221, vem, perante Vossa Excelência, por intermédio de seu procurador in fine assinado (procuração em anexo), com base no art. 700º do Código de Processo Civil, propor a presente:
AÇÃO MONITÓRIA
em face de ELAYNE DE OLIVEIRA ARRUDA, brasileira, inscrita no CPF
sob o n° 072.481.783-22, residente e domiciliada à S/R, nº 225, Várzea da Matriz, Aracati – CE, CEP: 62.800-000, pelos fatos a seguir delineados:
WSTC – Washington Soares Trade Center Av.
Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 I – PRELIMINARMENTE DA JUSTIÇA GRATUITA
Trata-se de Pessoa Jurídica microempresária, com
despesas superiores à receita, pois com o advento do novo coronavírus as atividades de cunho não essencial tiveram que paralisar suas atividades.
Ademais, em razão da pandemia, após a política de
distanciamento social imposta pelos Decretos, a situação econômica da empresa se agravou drasticamente.
Trata-se de situação excepcional que deve ser
considerada, conforme precedentes sobre o tema:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Pedido de justiça
gratuita ou diferimento do pagamento das custas. Possibilidade de parcelamento do valor, tendo em vista a atual circunstância social de enfrentamento da pandemia que presumidamente impôs significativa redução de receita às empresas. Embargos acolhidos, com efeito parcialmente modificativo do julgado. (TJSP; Embargos de Declaração Cível 2061096- 84.2020.8.26.0000; Relator (a): Marcelo Semer; Órgão Julgador: 10ª Câmara de Direito Público; Foro de Mauá - 4ª Vara Cível; Data do Julgamento: 27/04/2020; Data de Registro: 27/04/2020)
Ou seja, a empresa Requerente não dispõe de
condições financeiras para arcar com as custas processuais sem prejuízo da saúde financeira já abalada da empresa, conforme declaração de hipossuficiência.
"Na mesma direção apontou a Corte Especial do
mesmo Tribunal, julgando os Embargos de Divergência no Recurso Especial 653.287/RS: "Se provar que não tem condições de arcar com as despesas do processo, a pessoa jurídica,
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 independentemente de seu objeto social, pode obter o benefício da justiça gratuita. Embargos de divergência conhecidos e providos." Seguem- se incontáveis outros precedentes de mesmo teor. Nesta senda, parece-me que as situações de crise econômico-financeira que justificam a decretação da falência ou o deferimento do processamento da recuperação judicial amoldam- se confortavelmente à excepcionalidade que justifica a concessão dos benefícios da gratuidade. (...) É no mínimo paradoxal considerar o insolvente capaz de suportar os ônus do processo; seria preciso não ser insolvente, por certo, para poder suportá- los." (MAMEDE, Gladson. Direito empresarial brasileiro. Falência e Recuperação de empresas. 9ª ed. Editora Atlas, 2017. Versão Kindle, p. 1325)
A possibilidade da gratuidade de justiça à empresa
já foi sumulada pelo STJ, nos seguintes termos:
Súmula 481 - Faz jus ao benefício da justiça
gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais. (Súmula 481, CORTE ESPECIAL)
Por não ser considerada um serviço essencial, foi
obrigada a fechar a suas portas por um determinado período.
Trata-se de uma situação excepcional que deve ser
considerada, conforme precedentes sobre o tema:
COVID-19. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL QUE DEMANDA
RESPOSTAS EXCEPCIONAIS. JUSTIÇA GRATUITA. A Excepcionalidade do momento atual – estamos vivendo a pandemia do coronavírus (covid-19) – pode justificar a adoção de tratamento excepcional às partes, inclusive no que concerne à concessão dos benefícios da justiça gratuita à pessoa jurídica. Mas a invocação dessa situação não é um álibi argumentativo: é necessário justificar a necessidade de tratamento excepcional.
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 (TRT18, RORSum – 0010211-44.2020.5.18.0010, Rel. MARIO SERGIO BOTTAZZO, 3ª TURMA, 19/08/2020) No mesmo sentido é o entendimento firmado em inúmeros precedentes:
AGRAVO DE INSTRUMENTO – EMBARGOS À EXECUÇÃO –
PEDIDO DE ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA – PESSOA JURÍDICA E PESSOA FÍSICA – DOCUMENTAÇÃO JUNTADA AOS AUTOS QUE SE MOSTRA SUFICIENTE PARA A COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DA EMPRESA AGRAVANTE – EMPRESA INATIVA – AUSÊNCIA DE FATURAMENTO – PESSOA FÍSICA DESEMPREGADA – COMPROVAÇÃO PELA CTPS – JUSTIÇA GRATUITA DEFERIDA – DECISÃO REFORMADA – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. (TJPR - 16ª C. Cível - 0051668- 28.2019.8.16.0000 - Maringá - Rel.: Desembargadora Maria Mércis Gomes Aniceto - J. 25.05.2020) (TJ-PR - AI: 00516682820198160000 PR 0051668-28.2019.8.16.0000 (Acórdão), Relator: Desembargadora Maria Mércis Gomes Aniceto, Data de Julgamento: 25/05/2020, 16ª Câmara Cível, Data de Publicação: 29/05/2020)
JUSTIÇA GRATUITA - PESSOA JURÍDICA -
COMPROVAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA - DEFERIMENTO. - Para a concessão da gratuidade de justiça para pessoa jurídica, faz-se necessária a apresentação de documentação que comprove a condição de hipossuficiência da empresa -Demonstrada a impossibilidade financeira de arcar com as despesas do processo, deve ser deferido o benefício para a pessoa jurídica. (TJ-MG - AI: 10000190283739001 MG, Relator: Pedro Aleixo, Data de Julgamento: 17/07/2019, Data de Publicação: 18/07/2019)
Ao disciplinar sobre o tema, grandes doutrinadores
corroboram com este entendimento:
"Pessoa Jurídica e Assistência Judiciária
Gratuita. A pessoa jurídica que não puder fazer frente às despesas do processo sem prejuízo de WSTC – Washington Soares Trade Center Av. Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 seu funcionamento também pode beneficiar-se das isenções de que trata a gratuidade da justiça.
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 "Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os encargos processuais" (Súmula 481, STJ)." (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art. 98) Por tais razões, com fulcro no art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e pelo artigo 98º do CPC, requer que seja deferida a gratuidade de justiça à empresa Requerente nesta ação.
II – BREVE SÍNTESE DOS FATOS
Inicialmente, salienta-se que a empresa Requerente
atua no ramo têxtil, confeccionando peças de vestuário e fornecendo essas peças para diversas empresas do ramo varejista.
A Sra. Elayne de Oliveira, Requerida nesta ação,
adquiria as peças fornecidas pela empresa Requerente através de sua própria empresa, ELAYNE DE OLIVEIRA ARRUDA ME – empresa esta que encontra-se baixada -.
As empresas mantinham entre si uma boa relação
comercial, no entanto, a extinta empresa da Sra. Elayne realizou uma compra com a Bemol e repassou-lhe 2 (dois) cheques, estes datados de 14 de junho de 2019 e 14 de julho de 2019. Ambos com o mesmo valor de R$: 1.017,00 (hum mil e dezessete reais), cada.
a) Cheque nº 001019, no valor de R$: 1.017,00,
emitido em 14 de junho de 2019. b) Cheque nº 001020, no valor de R$: 1.017,00, emitido em 14 de julho de 2019.
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 Ocorre, Excelência, que tais cheques repassados pela Requerida foram sustados pelo banco da empresa Bemol, tendo em vista não terem provisão de fundos suficientes para obter o saque.
Sabe-se, Nobre Julgador, que emitir cheque sem que
este tenha fundos suficientes para quitar o débito no qual este visa adimplir é crime previsto no ordenamento jurídico brasileiro, tipificado como estelionato.
Ademais, a empresa Bemol, acreditando na boa-fé da
Requerida, tentou diversas vezes obter a resolução extrajudicial desta lide. Inclusive, enviou-lhe 2 (duas) notificações extrajudiciais e um aviso sobre o ingresso da presente ação (comprovantes em anexo), a fim de que a Sra. Elaynes prontificar-se a resolver este impasse; no entanto, todas as tentativas restaram-se infrutíferas.
Salienta-se, ainda, que a dívida atualizada
encontra- se no importe descrito abaixo:
VALOR R$: 2.034,00
CORREÇÃO MONETÁRIA (INPC) R$: 196,30 JUROS SIMPLES (1% AO MÊS) R$: 487,69 MULTA (2%) R$: 44,61 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS (20%) R$: 552,52 VALOR ATUALIZADO R$: 3.315,12
Sempre procurando respeitar as inúmeras promessas de
pagamento por parte da Requerida, a parte Autora fora penalizada com a prescrição dos títulos para fins de execução, devido a mora da Requerida, conforme art. 394º do Código Civil.
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 Destarte, na ausência de interesse da parte ré em resolver este conflito e como esgotaram-se todos os meios administrativos possíveis para obter quitação do débito pendente, a empresa Requerente ingressa com a presente Ação Monitória visando obter do judiciário a satisfação do seu direito e a realização da lídima justiça.
III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
1) DA VIABILIDADE DO PRESENTE INSTRUMENTO PROCESSUAL
Nos termos do inciso I, do art. 784º do Código de
Processo Civil, o cheque traduz-se como título executivo extrajudicial. O prazo prescricional para a execução de cheque emitido na mesma praça de pagamento é de 6 (seis) meses contados, nesse caso, do término do prazo de 30 dias para apresentação, conforme arts. 33º e 59º da Lei nº 7.357/85.
Art. 33 O cheque deve ser apresentado para pagamento,
a contar do dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.
Art. 59 Prescrevem em 6 (seis) meses, contados da
expiração do prazo de apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador.
Neste sentido, os prazos para as execuções dos cheques
findaram-se, respectivamente, em 14 de janeiro de 2020 e 14 de fevereiro de 2020.
Na hipótese em liça, dispondo a parte autora de prova
escrita sem eficácia de título executivo, é cabível a ação monitória, conforme redação clara do Código de Processo Civil.
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 Art. 700. A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz:
I - o pagamento de quantia em dinheiro;
II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de
bem móvel ou imóvel;
III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não
fazer.
Cumpre-nos ressaltar as lições de Luiz Guilherme
Marinoni, o qual, sobre o tema, professa que:
“O procedimento monitório foi pensado como
alternativa para uma mais tempestiva prestação jurisdicional, podendo ser usado por quem tem prova escrita, sem eficácia executiva, de obrigação, e pretende obter soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel ou imóvel ou ainda a prestação de fazer e não fazer. Diante da petição inicial devidamente acompanhada com a prova escrita, o juiz deve mandar expedir o mandado de pagamento ou de entrega de coisa. O devedor, no prazo de quinze dias, poderá cumprir o mandado – caso em que ficará isento do pagamento de custas e obterá uma redução no valor dos honorários advocatícios para cinco por cento do valor da causa (art. 701, e seu § 1º, CPC)-, restar inerte ou apresentar embargos ao mandado. Não apresentados ou rejeitados os embargos, o título executivo é constituído” (MARINONI, Luiz Guilherme, Novo Código de Processo Civil comentado, 3ª Edição, 2017, p.796)
Neste azo, é perfeitamente viável que a empresa credora
de um cheque prescrito se utilize da via monitória para recebimento da quantia, pois o título é prova escrita da dívida, cuja admissão é pacífica diante da redação do enunciado da Súmula nº 299 do Superior Tribunal de Justiça.
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 STJ Súmula: 299
É admissível a ação monitória fundada em cheque
prescrito.
Ademais, vejamos um entendimento recente acerca da
aplicação da ação monitória em um caso análogo à este:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE PRESCRITO.
Desnecessidade de declinar a causa debendi. Cheque que circulou. Princípio da inoponibilidade das exceções pessoais. Ação monitória procedente.Gratuidade judiciária mantida ao embargante.APELAÇÃO DESPROVIDA.
(TJ-RS - AC: 70081783078 RS, Relator: Antônio Maria
Rodrigues de Freitas Iserhard, Data de Julgamento: 14/04/2020, Décima Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: 08/09/2020)
Portanto, tem-se que perfeitamente cabível a presente
demanda.
2) DO PRAZO PRESCRICIONAL
Ressalta-se, inicialmente, que a prescrição em tablado
não se refere ao título extrajudicial, mas sim à própria pretensão de cobrança do débito, via ação monitória. Destarte, o prazo deve ser contado a partir da emissão da cártula e não após o prazo de apresentação, já que o cheque passou a ser mero elemento de prova.
Neste enfoque, temos que a ação monitória, fundada em
cheque prescrito, está subordinada ao prazo prescricional de 5 (cinco) anos de que trata o art. 206º, § 5º, I, do Código Civil.
Art. 206. Prescreve:
WSTC – Washington Soares Trade Center Av. Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 (...)
WSTC – Washington Soares Trade Center Av.
Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 § 5 o Em cinco anos: I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou particular;
A propósito, vejamos a seguinte decisão do Superior
Tribunal de Justiça:
EMENTA: AÇÃO MONITÓRIA - CHEQUES - PRAZO
PRESCRICIONAL DE 5 ANOS CONTADOS DA EMISSÃO DOS TÍTULOS - CITAÇÃO NÃO EFETIVADA QUATRO ANOS APÓS O AJUIZAMENTO - DEMORA DECORRENTE DO TRÂMITE PROCESSUAL E DE FALHA DO JUDICIÁRIO - PRESCRIÇÃO - AFASTAMENTO. I - O prazo prescricional para a propositura de ação monitória de cheques sem eficácia executiva é de 05 anos, contados do dia seguinte à emissão dos títulos. Inteligência da Súmula 503, STJ. II - Ajuizada a tempo e modo a ação monitoria, e não efetivada a citação do réu, ao longo de quatro anos, pelas dificuldades decorrentes da própria máquina judiciária e de erro do Juízo ao qual deprecada a realização do ato citatório, não há falar- se em prescrição, pois a parte não pode ser prejudicada pela demora a que não deu causa.
(TJ-MG - AC: 10024142526235001 MG, Relator: João
Cancio, Data de Julgamento: 12/03/2019, Data de Publicação: 14/03/2019)
Portanto, à luz da decisão supra aludida, ultrapassado o
prazo de execução, os cheques perdem sua natureza de título de crédito, consubstanciando, tão somente, documento representativo de determinada dívida, que pode ser objeto de ação de cobrança, ou mesmo de ação monitória, essas últimas reguladas pelo prazo prescricional cinco anos, nos termos do art. 206º, § 5º, inciso I, do Código Civil.
3) DA PRESCINDIBILIDADE DE DEMONSTRAÇÃO DA CAUSA DEBENDI
Por outro lado, destaca-se que, tratando-se de ação
monitória, é imprescindível que a parte autora comprove os fatos constitutivos de seu direito.
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 Desta forma, a pretensão autoral está devidamente fundamentada nesta peça, uma vez que os cheques prescritos e assinados pela Requerida foram devidamente colacionados aos autos, demonstrando a causa debendi, consoante reiterada jurisprudência. E, muito embora possa a Ré instaurar o contraditório com a discussão da causa subjacente, cabe à ela o ônus de sua demonstração.
Nesse sentido tem decidido os tribunais:
EMENTA: APELAÇÃO - AÇÃO MONITÓRIA - CHEQUE - CAUSA
DEBENDI - PAGAMENTO - ÔNUS DO DEVEDOR - QUITAÇÃO. Ao embargar a monitória o devedor instaura um procedimento incidental de natureza cognitiva exauriente, sujeito ao procedimento comum, cabendo- lhe o ônus da prova quanto ao pagamento da dívida. Comprovada a quitação do débito por escritura pública, devem ser acolhidos os embargos monitórios.
(TJ-MG - AC: 10000205740079001 MG, Relator:
Evangelina Castilho Duarte, Data de Julgamento: 21/01/2021, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 22/01/2021)
Salienta-se, ainda, que o entendimento dos tribunais é
firmado no sentido de ser cabível a ação monitória para cobrança de cheque prescrito, exigindo-se apenas "prova escrita sem eficácia de título executivo", conforme o art. 1.102º - A do Código de Processo Civil.
Art. 1.102 - A. A ação monitória compete a quem
pretender, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, pagamento de soma em dinheiro, entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 E nesse mesmo sentido, as mais recentes decisões jurisprudenciais de diversos tribunais pátrios:
NECESSÁRIO. REJEIÇÃO. AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE PRESCRITO. PROVA ESCRITA. DOCUMENTO HÁBIL. DESCONSTITUIÇÃO DA DÍVIDA. ÔNUS DO DEVEDOR. SENTENÇA MANTIDA. - Não há que se falar em litisconsórcio passivo necessário, pois o emitente do cheque tem legitimidade para figurar no polo passivo da monitória, como responsável pelo seu pagamento, devendo buscar eventual responsabilização de terceiros por meio de ação adequada. - O cheque prescrito é documento escrito apto a embasar a admissibilidade da ação monitória, independentemente de se investigar a causa de sua origem, a qual pode ser discutida em embargos monitórios. - Havendo início de prova escrita, caberá ao devedor desconstituir a pretensão do credor, nos termos do art. 373, inc. II, do CPC.
(TJ-MG - Apelação Cível 1.0625.13.015419-2/001,
Relator (a): Des.(a) Aparecida Grossi, julgamento em 12/12/2019, publicação da sumula em 22/01/2020)
À DEMONSTRAÇÃO DO CRÉDITO. CHEQUE PRESCRITO. CAUSA SUBJACENTE NÃO INFIRMADA PELA PARTE RÉ. CONSTITUIÇÃO DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. RECURSO DESPROVIDO. 1. Se a parte autora apresenta prova escrita hábil à demonstração do crédito reclamado, consubstanciada em cheque referente a operação de empréstimo, cuja regularidade não foi infirmada, e.g., com a demonstração do adimplemento, deve ser constituído o título executivo judicial. 2. Recurso desprovido. (TJ- MG - Apelação Cível 1.0024.12.103827-7/006, Relator (a): Des.(a) Otávio Portes, julgamento em 18/12/2019, publicação da sumula em 22/01/2020)
Destarte, torna-se desnecessário que o autor/credor
comprove a causa debendi que originou os cheques ora cobrados.
4) DIES A QUO DOS JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 - CORREÇÃO MONETÁRIA
Na ação monitória para cobrança de cheque prescrito, a
correção monetária corre a partir da data em que foi emitida a ordem de pagamento à vista. É que, apesar de carecer de força executiva, o cheque não pago é título líquido e certo.
Lei nº 6.899/81
Art 1º - A correção monetária incide sobre qualquer
débito resultante de decisão judicial, inclusive sobre custas e honorários advocatícios.
§ 1º - Nas execuções de títulos de dívida líquida e
certa, a correção será calculada a contar do respectivo vencimento.
Ademais, prescreve a legislação cível que:
Art. 397. O inadimplemento da obrigação, positiva e
líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor.
MONETÁRIA. "A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a correção monetária incide para manutenção do poder aquisitivo, motivo pelo qual, o termo inicial, na ação monitória, é a data do vencimento do título, a fim de não gerar um enriquecimento da parte contrária" (STJ, AgRg no AREsp 679.160/SP).
(TJ-MG - AC: 10512160078931001 MG, Relator: José
Augusto Lourenço dos Santos, Data de Julgamento: 28/05/2020, Data de Publicação: 16/06/2020)
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 Portanto, requer que seja reconhecida a correção monetária a partir da data em que foi emitida a ordem de pagamento dos 2 (dois) cheques ora cobrados via procedimento monitório.
- JUROS MORATÓRIOS
No que diz respeito aos juros moratórios, estes devem
incidir a partir do ato citatório, conforme preceitua o Código Civil.
Art. 405 - Contam-se os juros de mora desde a citação
inicial.
Dessa forma, vejamos o seguinte julgado:
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO MONITÓRIA - JUROS DE MORA E
CORREÇÃO MONETÁRIA - TERMO INICIAL. APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO MONITÓRIA - JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA - TERMO INICIAL. APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO MONITÓRIA - JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA - TERMO INICIAL. APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO MONITÓRIA -- JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA - TERMO INICIAL. Conforme o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no REsp 1556834/SP, submetido à sistemática do art. 1.036 do CPC/2015, em qualquer ação que haja a cobrança de cheque, os juros de mora e a correção monetária deve incidir a partir da emissão da cártula e os juros de mora a contar da primeira apresentação do título.
Lucchesi, Data de Julgamento: 18/07/2019, Data de Publicação: 19/07/2019)
Portanto, requer que seja reconhecida a contagem de juros
moratórios a partir da citação.
IV - DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 Manifesta-se a parte autora sobre seu interesse na realização de audiência de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319º, inciso VII do Código de Processo Civil.
Art. 319. A petição inicial indicará:
(...) VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
V – DOS PEDIDOS
Diante o exposto, requer que Vossa Excelência digne-se a:
a) Conceder a gratuidade da justiça à empresa Requerente,
nos moldes do art. 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal;
b) Requerer a citação da parte ré, para que, desejando,
conteste a presente ação no momento processual oportuno, sob pena de revelia e confissão;
c) Reconhecer a qualidade de credora da empresa
Promovente e de devedora da parte Promovida, assim como a validade dos documentos atrelados à presente e efetive as seguintes providências:
1 - Deferir, de plano, a expedição do competente MANDADO
DE PAGAMENTO, visando instar a parte ré para que pague, no prazo de 15 (quinze dias), a quantia reclamada de R$ 3.315,12 (três mil, trezentos e quinze reais e doze centavos) – consoante memorial anexo -, acrescida dos encargos moratórios legais, declinando à mesma, neste mesmo mandado, que esta poderá ofertar Embargos,
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Washington Soares, 3663 - Edson Queiroz, Fortaleza - CE, 60811-341 | Sala, 505 querendo, no prazo antes citado, sob pena de não os apresentando, ser constituído de pleno direito em título executivo judicial;
d) Condenar a parte ré ao pagamento das custas e demais
despesas processuais, inclusive em honorários advocatícios sucumbenciais, que deverão ser arbitrados por este Juízo, conforme norma do art. 85º do CPC;
e) Atender a manifestação da parte autora sobre seu
interesse na realização de audiência de conciliação ou mediação, nos termos do art. 319º, inciso VII do CPC.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em
direitos admitidos, por mais especiais que sejam, sobretudo com a oitiva de testemunhas, o que desde já requer, sob pena de confissão.
Dá-se à causa o valor de R$ 3.315,12 (três mil,
trezentos e quinze reais e doze centavos).
Nestes termos, pede e espera provimento.
Aracati, 30 de abril de 2021.
RENAN BARBOSA DE AZEVEDO
OAB/CE Nº 23.112
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