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EXMO(A) SR(A) DR(A) DESEMBARGADOR(A) FEDERAL PRESIDENTE DO

TRT 15a REGIÃO

URUTU SISTEMA DE SEGURANCA E VIGILANCIA EIRELI, pessoa jurídica de


direito privado, estabelecida a Rua Engenheiro Francisco de Azevedo 243 - São Paulo- SP,
inscrita no CNPJ sob o nº 01.721.355/0001-32, neste ato por seu procurador signatário,
conforme instrumento de mandato, o qual recebe intimações à Rua Dom Bernardo
Nogueira, 435, ap. 32, bairro Vila Gumercindo, São Paulo –SP, fone: 11-944017286,
email [email protected], vem, respeitosamente à presença de V. Exa. apresentar
os seus motivos de
RECURSO DE REVISTA

em face do acórdão sentença prolatado nos autos da reclamação trabalhista ajuizada, pelas
razões a seguir alinhadas.

Informa-se que as custas e depósito recursal foram devidamente recolhidos.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

São Paulo, 02 de fevereiro de 2024.

BRENO FRAGA MIRANDA E SILVA

OAB SP 343673
RAZÕES DE RECURSO DE REVISTA

EGRÉGIO TRIBUNAL,

COLENDA TURMA,

NOBRES JULGADORES,

O juízo a quo entendeu pela parcial procedência da reclamação trabalhista, para condenar
a reclamada em horas extras, intrajornada, indenização por danos morais e tíquetes
refeição em suposto trabalho em folgas. Com a devida vênia, o entendimento merece
reforma, pelo fatos e motivos a seguir expostos.

1. PRELIMINARMENTE:

1.1 – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

1. Requer-se desde já, deferimento por parte de V. Exa. do pedido de gratuidade da


justiça por parte da empresa Reclamada. A Lei nº 1.060/50 dispõe acerca da
assistência judiciária aos necessitados, estabelecendo em seu art. 2º que gozarão
dos seus benefícios os nacionais ou estrangeiros residentes no país, que
necessitarem recorrer à Justiça penal, civil, militar ou do trabalho, considerando-
se necessitado todo aquele cuja situação econômica não lhe permita pagar as
custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo do sustento próprio.

2. Outrossim, prescreve o art. 3º da referida Lei, que a assistência judiciária


compreenderá a isenção:

I - das taxas judiciárias e dos selos;

II - dos emolumentos e custas devidos aos Juízes, órgãos do Ministério


Público e serventuários da justiça;

2
III - das despesas com as publicações indispensáveis no jornal
encarregado da divulgação dos atos oficiais;

IV - das indenizações devidas às testemunhas que, quando empregados,


receberão do empregador salário integral, como se em serviço
estivessem, ressalvado o direito regressivo contra o poder público
federal, no Distrito Federal e nos Territórios; ou contra o poder
público estadual, nos Estados;

V - dos honorários de advogado e peritos. (...)

VII – dos depósitos previstos em lei para interposição de recurso,


ajuizamento de ação e demais atos processuais inerentes ao exercício
da ampla defesa e do contraditório.

3. Ademais, conforme seu art. 4º, alterado pela Lei nº 7.510/86, a simples afirmação
do alegado estado de pobreza, ou seja, de que faz jus aos benefícios da justiça
gratuita, acompanhada de requerimento, é suficiente para caracterizar a exigência
informada, sendo lícito o indeferimento do pedido pelo magistrado apenas quando
houver nos autos prova em contrário, encarregando-se a própria lei de infligir
penalidades às afirmações falsas.

4. Tal posicionamento justifica-se em razão da observância do princípio do acesso à


justiça em detrimento da exigência do custeamento dos encargos processuais.
Caso se configure dúvida quanto à veracidade da afirmação, de presunção juris
tantum, deve, quem se insurge, provar com robustez que o requerente do benefício
possui efetiva condição econômica de arcar com as custas processuais.

5. Entretanto, tratando-se de requerente pessoa jurídica a simples afirmação do


alegado estado de pobreza, ou seja, de que faz jus aos benefícios da justiça
gratuita, acompanhada de requerimento, também é passível de deferimento.

6. Nesse sentido, os tribunais pátrios, inclusive o Colendo Superior Tribunal de


Justiça, com entendimento já sumulado (súmula nº 481), já se pronunciaram:

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Súmula 481: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica
com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar
com os encargos processuais

PROCESSO CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM


RECURSO ESPECIAL - CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA
JUSTIÇA GRATUITA A PESSOA JURÍDICA DE DIREITO
PRIVADO - DESCABIMENTO - NÃO COMPROVAÇÃO DOS
REQUISITOS LEGAIS.1. É inviável a concessão do benefício da
assistência judiciária gratuita quando o interessado não comprova sua
situação financeira precária.2. A alegação de a empresa estar em
dificuldades financeiras, por si só, não tem o condão de justificar o
deferimento do pedido de justiça gratuita, não sendo possível ao STJ
rever o entendimento das instâncias ordinárias, quando fundamentado
no acervo probatório dos autos, sem esbarrar no óbice da Súmula
7/STJ.3. Agravo regimental não provido.(STJ AgRg no AREsp
360.576/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA
TURMA, julgado em 19/11/2013, DJe 29/11/2013)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REVISÃO. CONTRATO


BANCÁRIO. INDEFERIMENTO DO PLEITO DE CONCESSÃO DO
BENEFÍCIO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA À
PESSOA JURÍDICA. LEI N. 1.060, DE 5.2.1950. SIMPLES
ALEGAÇÃO DE HIPOSSUFICIÊNCIA QUE NÃO SE MOSTRA
SUFICIENTE PARA O DEFERIMENTO DA BENESSE.
RESOLUÇÃO N. 04/06-CM. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA
PRECARIEDADE DE RECURSOS FINANCEIROS QUE IMPÕE O
SEU INDEFERIMENTO. RECURSO DESPROVIDO. Ausente a
prova de que a pessoa jurídica exploradora da atividade mercantil não
possui condições de suportar o ônus da sucumbência, persiste o que foi
decidido no primeiro grau. (TJSC, Agravo de Instrumento n.
2013.015808-8, de Palhoça, rel. Des. Jânio Machado, j. 07-11-2013).

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7. De fato, impedir à concessão do benefício às pessoas jurídicas, vai de encontro a
norma constitucional insculpida no art. 5º, inciso LXXIV, a qual estabelece que
“Estado prestará assistência jurídica e integral aos que comprovarem insuficiência
de Recursos”.

8. Ao discorrer acerca do assunto, José Augusto Rodrigues Pinto[1] assim preceituou


quanto à concessão de assistência judiciária tanto ao empregado quanto ao
empregador na Justiça do Trabalho:

9. Conforme a Lei nº 1060/50, observamos que o benefício da Assistência Judiciária


gratuita, abrangente da Gratuidade da Justiça, é devido “aos necessitados”.
Conforme conceito da mesma Lei, são necessitados aqueles cuja situação
econômica não lhes permita pagar as custas do processo e os honorários de
advogado sem prejuízo do sustento próprio e da família [...] as normas não se
interpretam isoladamente, em compartimentos estanques, mas sim pela harmonia
lógica de sua expressão dentro do sistema específico que integram ou do sistema
amplo do ordenamento jurídico [...] No caso, o amparo financeiro ao miserável
jurídico no processo em geral decorre do alto interesse social, firmemente
conectado aos princípios constitucionais da garantia ao acesso ao judiciário e do
exercício da ampla defesa. Esse interesse social socorre igualmente empregador e
empregado que, num dissídio individual, estiver desprovido de condição
econômica para arrostar os encargos tributários do processo [...] Afigura-se por
outro lado, que a referência a salário foi um ato falho do legislador trabalhista,
voltado como estava, ao elaborar a norma, com o resguardo do empregado,
destinatário específico de sua preocupação protetora [...] Mesmo, porém, que não
tenha sido assim, a omissão de referência ao empregador não poderia traduzir o
propósito de excluí-lo do benefício, por que a exclusão violaria garantias
constitucionais que também o abrigam [...] Portanto, só podemos concluir
estarmos em face de omissão lei processual trabalhista que, em não havendo
incompatibilidade, pode ser suprida pela regra processual civil, existente, para o
caso, na Lei nº 1.060/50[...] Segue-se daí nossa sustentação de que o benefício da
Gratuidade da Justiça é extensível ao empregador, na forma e nas condições do
art. 1º da Lei nº. 1.060/50.

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10. De todo o exposto, não se vislumbra haver possibilidade de se negar o
deferimento de assistência judiciária às pessoas jurídicas, mas, ao contrário das
pessoas físicas em que se faz necessária apenas a declaração de que não pode
arcar com as despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, para a
pessoa jurídica, exige-se a comprovação de que esta não possui condições
financeiras, sob pena de até mesmo comprometer a própria manutenção da
atividade econômica que desenvolve.

11. Destarte, às pessoas jurídicas, para deferimento do benefício da assistência


judiciária, é necessário além do requerimento, a comprovação desse estado de
penúria financeira para a obtenção do benefício.

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1.2 - VALOR DA CAUSA

12. Impugna-se, o valor dado à causa, eis que exorbitante, pois todas as verbas
líquidas pleiteadas foram aleatoriamente apuradas, com valores irreais, assim,
aleatoriamente chegou-se a um valor absurdo.

13. Dessa maneira, o acolhimento à preliminar suscitada encontra fundamento na


medida em que, obviamente, o valor da causa, não reflete o direito que se pretende
buscar, e sim, se fixa o valor da causa apenas para fins de custas, o qual não
influirá e nem delimitará o direito, porventura, deferido ao reclamante. E, o não
entendimento, nesses moldes, "data venia", teria apenas o intuito, de onerar a
reclamada.

14. Assim requer-se que se fixe o valor da causa em dois salários mínimos e meio, eis
que mais condizente com todo o pedido e o tempo do pacto laboral, até mesmo
porque, se acaso a reclamada for condenada em algum pedido, hipótese que se
admite apenas para argumentar, sem se aceitar, deverá ser apurado em regular
execução de sentença, compensando-se todos os valores pagos sob o mesmo
título.

1.3 – DO DEPÓSITO RECURSAL

Deve ser considerada válida a comprovação do depósito recursal mediante


apresentação de apólice de seguro garantia judicial com prazo de validade, uma
vez que a legislação não exige que o seguro garantia tenha prazo indeterminado.

Para que o empregador possa interpor recursos no processo do trabalho, a CLT


prevê, em seu art. 899 e parágrafos, a necessidade de que este faça um depósito
recursal, uma espécie de caução de pagamento da condenação. Para recorrer, a
parte necessita depositar certa quantia. O §§ 11 do art. 899, por sua vez (norma
incluída pela Reforma Trabalhista), permite que esse depósito seja substituído por
seguro garantia, o que se faz por meio da presente, e requer-se deferimento do
seguro depósito na condição de depósito recursal.

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1.4 - DO INCIDENTAL DE FALSIDADE DOCUMENTAL

15. O artigo 430 do Novo CPC acentua que a falsidade deve ser suscitada pelo réu na
contestação, pelo autor na réplica, no prazo de 15 dias, contados a partir da
intimação da juntada dos documentos aos autos.

16. O parágrafo único do mesmo artigo 430 informa que a arguição de falsidade deve
ser resolvida incidentalmente, salvo se a parte requerer que o juiz a decida como
questão principal, como autoriza o inciso II do artigo 19 também do Novo CPC:

“Art. 430. A falsidade deve ser suscitada na contestação,


na réplica ou no prazo de 15 (quinze) dias, contado a
partir da intimação da juntada do documento aos autos.

Parágrafo único. Uma vez arguida, a falsidade será


resolvida como questão incidental, salvo se a parte
requerer que o juiz a decida como questão principal, nos
termos do inciso II do art. 19.

Art. 19. O interesse do autor pode limitar-se à declaração:

II – da autenticidade ou da falsidade de documento.”

Por sua vez, o artigo 431 do Novo CPC determina que a


arguição de falsidade deve estar devidamente
fundamentada com a exposição dos motivos da pretensão e
quais os meios com que provará o alegado.

“Art. 431. A parte arguirá a falsidade expondo os motivos


em que funda a sua pretensão e os meios com que provará
o alegado.”

17. Desta forma, cumpre observar que os documentos constantes nos presentes autos
SÃO FALSOS, dado que (i) não há cadeia de custódia sobre quem registrou
as fotos, onde elas foram tiradas e quando; (ii) as fotos não são condizentes
com o local de trabalho do Reclamante; (iii) as fotos não foram tiradas
quando da existência de contrato de trabalho mantido com a Urutu
Vigilância, ora Reclamada, dado que está explícito que a Reclamada
encerrou o posto em 2020 e as fotos foram retiradas em 2021, veja:

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18. Deste modo, requer-se desde já que V. Exa. oficie as companhias telefônicas
(TIM, Claro, Vivo e OI) para comprovar de quem é o telefone de número +55 12
99676-1630, para que seja possível a realização de perícia sobre a validade e
quanto a esta produção de prova as fotos apresentadas.

19. Ademais, reitera-se pela falsidade dos documentos, pelo desentranhamento


dos documentos dos autos, assim como pela condenação em litigância de má-
fé do Reclamante, por tentar induzir o juízo em erro neste ponto.

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1.5 DAS INCONSISTÊNCIAS OBSERVADAS NA INSTRUÇÃO
PROCESSUAL

20. Com a devida vênia, deve-se ter em conta a enorme quantidade de contradições
quanto aos horários de trabalho apontados pelas testemunhas e pelo reclamante,
especialmente no que diz respeito aos horários de entrada, saída e intervalo.

21. Observe-se que, diferente das alegações, restou evidenciada a distância entre os
postos, a existência de refeitório na DERSA, a efetiva marcação de ponto de
forma correta, o formato das rondas de vigilantes e o tempo que elas levavam.
Ademais, restou evidente ainda que os empregados poderiam se alimentar no
tempo designado para seu intervalo sem qualquer interferência da Reclamada,
considerando que os pontos estavam ao longo de uma rodovia.

22. Desta forma, requer-se a acurada análise acerca das contradições existentes entre
os depoimentos do reclamante e da testemunha apresentada, valendo-se disso para
anular as informações ali prestadas.

23. Considerando os depoimentos do reclamante e suas testemunhas em audiência


realizada esta reclamada vem esclarecer que os mesmos não condizem com a
verdade e não merecem ser levados em consideração por este d.juizo. Isso porque,
conforme verifica-se em inicial o reclamante informa e junta fotos após 1 ano o
término do contrato com a reclamada nas 40 ações ajuizadas pelo mesmo patrono.

24. Ora Excelência, a testemunha se contradiz, e não pode ser levada em consideração
para fins de produção de prova, motivo pelo qual requer a desconstituição dessa
prova, para todos os fins de direito.

25. Tendo em vista a ausência de julgamento do incidental de falsidade documental,


reitera-se aqui o pleito para a aplicação do artigo 430 do Novo CPC acentua que a
falsidade deveser suscitada pelo réu na contestação, pelo autor na réplica, no prazo
de 15 dias, contados a partir da intimação da juntada dos documentos aos autos.

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26. O parágrafo único do mesmo artigo 430 informa que a arguição de falsidade deve
ser resolvida incidentalmente, salvo se a parte requerer que o juiz a decida como
questão principal, como autoriza o inciso II do artigo 19 também do Novo CPC.

27. Por este motivo, reitera-se o pedido de julgamento antecedente à sentença.

DOS FATOS

28. Aduz o Reclamante alega descaracterização de escala 12x36; fazia folgas


trabalhadas, não tinha intervalo intrajornada; fazia horas extras; recebia vale
alimentação/refeição incorretamente e que seria cabível o pagamento por dano
moral.
29. Cumpre observar que o Reclamante trabalhou com 30 minutos de intrajornada
devidamente paga na rubrica 2235/255 do hollerith.

30. Deve-se observar que o Reclamante sustenta, em inicial a necessidade de propor


reclamação trabalhista para tratar do assunto. Ora Excelência, não há qualquer
motivação para tal tipo de reclamação, uma vez a Reclamada sempre cumpriu as
suas obrigações legais.

31. Observe ainda, Excelência, que o intervalo para refeição, era devidamente
indenizado, conforme consta em documentação anexa e está previsto na
Convenção Coletiva cláusula 40, V e VI e artigo 71 parágrafo 4º da CLT (A
intrajornada de 30 minutos era paga na rubrica 2235/255). O Reclamante nunca
trabalhou em folgas ou em plantão diverso da sua foilha de ponto, sendo que
o posto de trabalho dele não havia controle e acesso de pessoas.

32. No que diz respeito à jornada de trabalho, cumpre observar que o reclamante
recebia cartão de alimentação e cesta básica, enquanto o intervalo intrajornada de
30 minutos era efetivamente pago na rubrica 2235/255, conforme previsto na
CCT.

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33. Assim, não há o que se falar em eventuais diferenças de verbas e/ou valores a
serem devidos ao obreiro, por conta de suas verbas rescisórias.

34. No que diz respeito aos extratos de FGTS, cumpre observar que o reclamante
juntou o extrato de FGTS no qual aparece o crédito efetuado. Os meses que
eventualmente não aparecem no extrato de FGTS, tem relação direta com o
parcelamento deferido pelo governo federal, devido à pandemia Covid-19, sendo
que os créditos foram devidamente pagos. Postula-se desde já que o Reclamante
apresente extrato atualizado, dado que a empresa não tem mais acesso ao
documento, por conta do desligamento do Reclamante.
35. Desde logo, eventuais créditos deferidos deverão observar fielmente a evolução
salarial do Reclamante, sendo que, de meridiano conhecimento, as horas extras
somente integram o salário para fins de pagamento de natalinas, férias, FGTS, não
podendo haver a soma ao salário da média de horas extras, para cálculos de
suplementares, como pretende fazer crer o Reclamante, já que haveria o inefável
bis in idem.

JORNADA DE TRABALHO

36. Alega o Reclamante que laborou em horas extras.

37. Em verdade, o Reclamante laborou nas escalas e períodos apontados na


contestação, sempre em conformidade com o regimento interno da empresa e a
legislação sobre jornada de trabalho.

38. Conforme folha de ponto, observa-se que o Reclamante nunca excedia


sua jornada sendo o horário, com intervalo intrajornada de 30 minutos para
repouso e recebia os outros 30 minutos de forma indenizada pago na rubrica
2235/255 do hollerith, conforme previsto na CCT.

39. Por fim, cabe esclarecer que a empresa tem reserva técnica para fins de
substituição, portanto impossível trabalhar nos dias alternados ou folgas, como alega
na inicial.

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40. No horário de trabalho, o reclamante sempre foi remunerado pela sua hora de
descanso, conforme a Convenção Coletiva cláusula 40, V e VI. e o artigo 71 da
CLT, parágrafo 4º da CLT, diante do que depreende-se dos holerites anexados.

41. São descabidas as alegações do reclamante, que têm o único intuito de obter
vantagem pecuniária, alegando fatos que sabidamente não aconteceram.

42. O reclamante quando excedeu seu horário de trabalho, recebeu as horas extras
efetuadas, conforme consignados no controle de jornada e recibos de pagamentos
anexos. Não há registro de horas extras efetuadas sem a contrapartida do
recebimento em seus holerites.

43. Portanto, não há que se falar em horas extraordinárias, por não exceder o
reclamante sua carga horária diária, bem como não há que se falar em pagamento
de Horas extras feriados, por já haver ocorrido o referido pagamento, conforme
constam nos holerites, portanto, todas as horas extras executadas pelo reclamante,
foram devidamente pagas e restam cabalmente comprovadas seu pagamento nos
recibos de pagamentos. Ficam portanto, impugnados os pedidos de horas extras
acima da 8ª diária e acima da 44 semanal, acrescidos de 60%, com integrações e
reflexos nos DSR, férias +1/3, 13° salários, nos depósitos fundiários, conforme
exposto na exordial.

DA AUSÊNCIA DE FOLGAS TRABALHADAS

44. Impugna-se a alegação de existência de folgas trabalhadas, uma vez que não há
qualquer produção de prova neste sentido e que a Reclamada mantém reserva
técnica de empregados, de modo que não utiliza desse expediente no cumprimento
dos seus contratos.

45. Deve-se ter em conta que a escala de trabalho 12x36 foi ajustada mediante Acordo
Coletivo de Trabalho e o TST entende não ser devida a dobra salarial para o labor
nos feriados, uma vez que o descanso está inserido nas horas consecutivas à

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jornada, que pela sua natureza, inevitavelmente recairá em alguns domingos ou
feriados.
46. Por fim, em atenção à concentração da matéria de defesa, requer-se desde já, que,
no caso de reconhecimento de horas extras, que seja observada a vigência da
Súmula nº 444/TST.

DO DESCABIMENTO DE QUEBRA DE ESCALA E AUSÊNCIA DE


TRABALHO EM FOLGAS

47. O Reclamante postula pela quebra de escala 12x36, ao alegar que trabalhava em
feriados e folgas.
48. O
ra, Excelência, o Reclamante simplesmente falta com a verdade dos fatos, na
medida em que nunca trabalhou fora da sua escala, como se depreende, inclusive
da folha de ponta juntada aos autos.

49. Antes de apreciar o pedido de descaracterização do regime de compensação,


necessária a análise das demais questões que envolvem as horas extras postuladas.
50. No que concerne ao tempo que antecede o início da jornada, a Reclamada se
desincumbiu ônus da prova, que inclusive é do Reclamante.

51. Ademais, a comprovação das alegações é incumbência do reclamante, a teor do


disposto no art. 818 da CLT c/c art. 371, I, do CPC/2015, o que não aconteceu,
pois não produziu qualquer prova.

52. Quanto ao mais, cumpre destacar que inexiste controvérsia acerca da existência de
norma coletiva a amparar a adoção das escalas de trabalho 12x36.

53. Neste ponto, imperioso observar que o artigo 7.°, inciso XIII, da Constituição
Federal, embora estabeleça jornada máxima de 8 horas diárias e 44 horas
semanais, permite a compensação de horário mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho, tendo o inciso XXVI, ainda reconhecido os instrumentos

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coletivos de trabalho, sobretudo se instituídas condições mais benéficas aos
trabalhadores.

54. Se os sindicatos podem até reduzir salários, ante o proeminente papel


desempenhado a partir da Constituição Federal de 1988, certamente podem
pactuar quanto ao elastecimento da jornada diária.

55. Com efeito, tendo a matéria sido submetida à negociação coletiva, entendo que
esta deve prevalecer, pois é uma das melhores medidas para a pacificação dos
conflitos, estando prevista constitucionalmente. Assim, é válida a negociação
coletiva onde as partes convencionam que a jornada será de 12 horas de labor por
36 horas de folga.

56. É a adoção dos fundamentos do Princípio da Adequação Setorial Negociada, sem


afrontar à CF, conforme os permissivos dos incisos XIII e XXVI do art. 7.° da
Carta Maior.

57. Assim, frente a eventual argumento da invalidade da jornada 12x36 fixada nos
instrumentos coletivos por suposta afronta à CF, não haveria motivo para se
condenar a reclamada em horas extras.

58. Vale ressaltar que o regime de 12X36 é uma escala diferenciada, diverso do
clássico acordo de compensação.

59. No caso dos autos, além de não existir horas extras, uma vez que não houve
comprovação, os documentos apresentados são insuficientes para descaracterizar a
jornada 12x36, mais benéfica e devidamente respaldada em normas coletivas.

60. Portanto, deve esse juízo reconhecer que não houve elastecimento da jornada de
trabalho do reclamante, impondo-se a inaplicabilidade da Súmula n.º 85, IV, do

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TST.

DO INTERVALO INTRAJORNADA

61. O reclamante sempre recebeu pelo seu intervalo, conforme consta da folha de
pagamento, especificamente na rubrica 2235/255, em atenção a convenção
coletiva cláusula e ao artigo 71 CLT parágrafo 4º.

62. O reclamante sempre usufruiu hora de intervalo indenizada para refeição e


descanso, conforme determina o artigo 71 da CLT e cláusula 16ª da convenção
coletiva, portanto sem razão de ser o pedido de horas extras mensais em razão do
intervalo. Verifica-se que o próprio reclamante apontava em seu controle de
jornada a fruição do intervalo intrajornada.

63. Resta, portanto, impugnado o pedido de pagamento do intervalo de refeição e


descanso.

64. Ademais, vale argumentar também sobre a impossibilidade de qualquer outro ex-
empregado testemunhar em favor do Reclamante, tendo em vista que os postos de
trabalho eram espaçados ao longo da rodovia e não tinham interconexão ou
comunicação entre si. Veja-se imagem de satélite para a total compreensão sobre
o local dos postos de trabalho:

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18
Desta forma, reitera-se o pedido de improcedência sobre os pontos levantados em
sede de oitiva de testemunha, tendo em vista a impossibilidade de comprovação
testemunhal seja no que diz respeito às supostas horas extras, seja no que diz
respeito aos demais pontos da reclamação trabalhista.

DA VALIDADE DA REDUÇÃO DE INTERVALO INTRAJORNADA

65. A Reforma Trabalhista trouxe uma novidade quanto ao tempo mínimo de


intervalo ao dispor, no inciso III do art. 611-A da CLT, que o intervalo mínimo
para jornada acima de 6 horas pode ser reduzido por meio de acordo ou
convenção, desde que respeitado o limite mínimo de 30 minutos.

66. Isto porque a Lei 13.497/2017 estabeleceu que a convenção coletiva e o acordo
coletivo têm prevalência sobre a lei, quando dispuser sobre os direitos
mencionados nos incisos I a XV do referido artigo.

67. Significa dizer que a empresa poderá, mediante acordo coletivo ou convenção
coletiva, reduzir o intervalo para refeição dos empregados de 1 hora para 45
minutos ou para 35 minutos (limitado a 30 minutos), considerando a adequação de
escala de serviços ou de produção, sem a necessidade de interferência do
Ministério do Trabalho ou a necessidade de ouvir a Secretaria de Segurança e
Saúde no Trabalho (SSST).

68. No caso exposto nos autos, cumpre observar que a redução do intervalo
intrajornada está devidamente prevista no acordo coletivo de trabalho, motivo
pelo qual reitera-se a validade do intervalo intrajornada indenizado ao
Reclamante. Veja-se

21
DO PAGAMENTO LIMITADO AO ADICIONAL EXTRAORDINÁRIO

69. Cumpre observar que todo o serviço prestado de forma extraordinária fora
devidamente remunerado pela Reclamada, conforme resta documentado.

70. Ademais, apenas por amor debate, caso V. Exa. erroneamente entenda ainda que
não houve a justa remuneração da pausa de intervalo (o que se admite pelo
Princípio da Eventualidade), restaria ao obreiro apenas o direito ao adicional legal
incidente sobre os minutos de intervalo. A imposição de pagamento dos minutos
mais o adicional importa em bis in idem, sendo que o duplo pagamento deve ser
extirpado, até mesmo por dever de ofício, pois o processo não pode gerar
enriquecimento sem causa (analogia ao Enunciado da Súmula 85/TST).

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“Intervalo intrajornada – verificada nos autos a ausência da concessão
do intervalo intrajornada, legalmente imposto, é devido apenas o
adicional de horas extras.” (TRT 9ª.Reg. 5ª. Turma, RO 0288/98, Ac.
017894/98, Rel. Luiz Felipe Haj Mussi).

“Ocorrendo a supressão do intervalo destinado a descanso e refeição, o


tempo a este destinado não poderá ser considerado como jornada
extraordinária, uma vez que o parágrafo 2º, do art. 71, da CLT,
estabelece que tais intervalos não serão acrescidos à duração do
trabalho. Assim, seja o intervalo intrajornada usufruído ou não, as horas
laboradas já estão pagas, não podendo ser, caso suprimido, considerado
como elastecimento da jornada laboral, ensejando o pagamento de horas
extras. Só cabe o respectivo adicional, como indenização. É que tal
supressão é infração legal a ser indenizada nos termos do parágrafo 4º
do art. supra mencionado.” (TRT 15ª R. – 5ªT. -Ac. 39305/2000- SPAJ
- Rel. Juíza Olga Aida Joaquim Gomieri)

“Intervalo para refeição não observado – remuneração de 50% - A


ausência de intervalo para refeição lesa a disposição do art. 71 caput da
CLT. No entanto, será remunerado ao empregado apenas o adicional de
50% , eis que a hora normal já se reputa ressarcida no salário mensal
(art. 71 § 4º. da CLT)”. (TRT 2ª. Reg. – 7ª. Turma, RO 02960082820,
ac. 029702111410, Rel. Gualdo Formica,
DOE 12/06/97).

Inobservância do intervalo intrajornada. Acréscimo. CLT, art. 74,


parágrafo 2º. "Estando remuneradas todas as horas trabalhadas, normais
e extraordinárias, a não concessão do intervalo implica, tão somente, no
pagamento do acréscimo de hora extraordinária, incidente sobre o
período do intervalo mínimo legal, e não no pagamento da hora com o
acréscimo, posto que isso encerraria 'bis in idem'." (TRT 2ª Região, ac
02970549098, decisão 14/10/97, RO 02960385688, 10ª Turma,
DOE/SP/PJ/TRT 2ª de 24/10/1997, Rel.
Eduardo Azevedo Silva).

23
71. Portanto, em havendo condenação (o que anui pelo princípio da ampla defesa),
que seja determinado apenas o pagamento do adicional constitucional de 50% pela
supressão do intervalo.

72. Temos ainda que o Reclamante laborou nas jornadas e escalas acima destacadas,
era empregado mensalista e independentemente da fruição do intervalo e diante da
premissa de que o intervalo não é cumputado na jornada, recebia pelas horas
mensais.

73. Assim repisa a reclamada, o salário mensal do reclamante remunerava toda a


jornada, sendo certo que ainda que o período de intervalo não fosse computado na
jornada, os pagamento efetuados também serviram para saldar o labor prestado em
tais ocasiões, havendo que se falar em pagamento de mero adicional, já que a
jornada diária foi integralmente paga, o que faz pressupor o pagamento da hora de
intervalo.

DA LIMITAÇÃO AOS MINUTOS NÃO FRUÍDOS

74. E mais, logrando êxito o Reclamante em provar seu intento (arts. 818 da CLT e
333, I do CPC), e acarrete a conclusão de que devido o intervalo, aqui admitido
frente ao Princípio da Eventualidade, não há se falar em paga integral de 1 hora
diária, já que somente há se falar no pagamento dos minutos residuais.

75. Assim, caso confirmada a existência de 00:30h; 00:40h ou 00:50hs de intervalo,


por exemplificação, a reclamada somente pode efetuar o pagamento da jornada
extraordinária apenas quanto ao intervalo não gozado pelo Reclamante, vale dizer,
intervalo que não foi concedido, pois o parágrafo 2 º do artigo 71 da CLT
estabelece que os intervalos de descanso não serão computados na duração do
trabalho, fatos apenas admitidos por força dos princípios da ampla defesa e do
contraditório.

24
76. Mais ainda, pois o próprio § 4º do artigo 71 da CLT menciona que o adicional é
devido pelo “período correspondente” ao intervalo não concedido, que quer dizer
que o período concedido de intervalo, ainda que não integral, será válido e não
será remunerado como hora extra.

77. Repisa a reclamada, a concessão de intervalo intrajornada inferior a uma hora dá


direito apenas ao período faltante para completar a hora integral. Fere o senso de
justiça o deferimento de 01 hora inteira, se o intervalo é concedido de forma
parcial, eis que não podem ser tratados da mesma maneira o empregador que
concede 30, 40 ou 50 minutos de intervalo e aquele que não concede intervalo
algum.

“Intervalo concedido parcialmente. Se o intervalo é concedido de forma


parcial, não se pode determinar o pagamento de 1 hora extra pela
ausência de intervalo, com o argumento de ser inferior ao mínimo legal,
deixando de ser intervalo regular. Gozando o empregado de parte do
intervalo, apenas os minutos faltantes para 1 hora é que podem ser
considerados como extras. O parágrafo 2º, do artigo 71 da CLT é claro
no sentido de que o intervalo não é computado na jornada de trabalho”.
(Ac. 02970621007, 3ª T., Sérgio Pinto Martins).

“HORAS EXTRAS – AUSÊNCIA DE


INTERVALO PARA
REFEIÇÕES – Na condenação em horas extras por ausência de
intervalo, deve a MM. Junta descontar os minutos declarados pelas
testemunhas como de efetiva paralisação para a refeição, pena de
locupletamento indevido do empregado”. (Ac. 02980663381, 7ª T.,
Gualdo Formica)

25
Art. 71, § 4º da CLT. Concessão parcial de intervalo. Direito apenas ao
período remanescente. A concessão de intervalo intrajornada inferior a
uma hora dá direito apenas ao período faltante para completar a hora
integral. Fere o senso de justiça o deferimento de uma hora inteira se o
intervalo é concedido de forma parcial, eis que não podem ser tratados
da mesma maneira o empregador que concede trinta minutos de
intervalo e aquele que não concede intervalo algum. (TRT 2a Região,
ac. 20040155867, decisão 01/04/2004, RO 00044-2003-471-02-00, 1ª.
Turma, fonte DOE/SP/PJ/TRT 2ª de
20/04/2004, Rel. Wilson Fernandes

DA NATUREZA JURÍDICA DO INTERVALO PARA ALIMENTAÇÃO

78. Em havendo condenação ao pagamento de intervalo para alimentação (aqui


levantado apenas por argumentar), há se firmar o entendimento de que o período
de intervalo para refeição não fruído não se reveste da natureza jurídica de
hora suplementar.

79. Primeiramente, o texto do parágrafo 4º, do art. 71, da CLT, não faz qualquer
alusão à hora extraordinária, determinado tão somente, para efeito de
ressarcimento ao empregado que cumpriu jornada contínua, em afronta ao
disposto no “caput”, um acréscimo de no mínimo 50% sobre o valor da hora
normal para o período correspondente ao intervalo não concedido.

80. Por segundo, prelecionam doutrinadores e magistrados que se o legislador tivesse


a intenção de considerar o período de intervalo não usufruído como hora
suplementar, teria inserido esta disposição nos artigos que tratam dos limites da
jornada e suas prorrogações, e não naquele que regula os intervalos intrajornada.

26
81. Conclui-se, portanto, que a norma insculpida no parágrafo 4º, do art. 71 celetizado
possui índole indenizatória, pois criada como forma de compensar o empregado
pela perda do descanso e, em última análise, punir o empregador. Por não se tratar
de verba salarial, indevidos os reflexos nas demais verbas.

82. Nesse sentido, temos o entendimento do Ilustre e Saudoso Magistrado do Egrégio


TRT - 2ª Região VALENTIN CARRION, quando em comentário ao parágrafo
4º, do Artigo 71, do Diploma Consolidado, prelecionou que:

“1.Trabalho contínuo da empresa, mesmo que o empregado esteja


simplesmente à disposição. Não se confundem trabalho contínuo e
consecutivo; neste leva-se em consideração o permanente esforço do
trabalhador; é o caso da mecanógrafa; daí a diferença estabelecida: lá o
intervalo não se conta com trabalho; aqui, sim. Afirma-se que o
empregador não poderá conceder outros intervalos que alonguem o
início e o fim de sua jornada (Amaro, Tutela, v. 2). Anteriormente à
vigência do § 4º entendia-se que a violação na fixação dos intervalos
apenas acarretava multa administrativa singular (Süssekind,
Cometários). A norma atual prevê indenização para quem não
usufrui intervalo; é indenização e não remuneração por inexistência
de proteção de trabalho.” – destacamos e grifamos – “IN –
COMENTÁRIOS À CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO
TRABALHO – 25ª ED – ANO 2000 – ED. SARAIVA”

83. Destarte, com a devida vênia, transcreve a seguir, entendimentos jurisprudenciais,


que corroboram com a tese defensal.

HORAS EXTRAS. INTERVALOS


INTRAJORNADAS. AUSÊNCIA DE PROVA DAS
ALEGAÇÕES.
IMPROCEDÊNCIA. Torna-se impossível delimitar o período de não
concessão do intervalo intrajornada quando as testemunhas não o

27
declaram, tampouco quantos dias na semana ou no mês não o
usufruíam. Deixando o autor de provar os fatos constitutivos de seu
direito, há que restar improcedente sua pretensão.Ademais, entendo
que a não concessão do intervalo intrajornada não gera o direito ao
pagamento de horas extras e reflexos, mas tão-somente do
adicional, na forma indenizada, pelo descumprimento da norma.
Assim, por não se tratar de verba com natureza salarial, mas sim
indenizatória, não há se falar em reflexos. (TRT 15ª, Ac:
019510/2001, dec: 21/05/01 ROS 035533/2000 – 5ª Turma) gn

INTERVALOS INTRAJORNADA -
NÃO-CONCESSÃO - ARTIGO 71, § 4º, DA CLT - NATUREZA
JURÍDICA
INDENIZATÓRIA. A não-concessão de intervalo intrajornada, sem
resultar em acréscimo da jornada, tem natureza indenizatória, nos
termos do que dispõe o artigo 71, § 4º, da CLT, de forma que não há
suporte jurídico que autorize seu reflexo em outras parcelas, salvo
ajuste expresso, individual ou coletivo, em sentido contrário. Recurso
de revista conhecido e provido. (TST, processo RR - 2499/2001-069-
02-00, publicação DJ - 12/08/2005, 4ª Turma, Rel. Juiz Convocado
José Antonio Pancotti)

“INTERVALO INTRAJORNADA -
DESCUMPRIMENTO -
DIREITO À INDENIZAÇÃO. Se a Empresa exige o retorno do
trabalhador ao serviço antes do intervalo de descanso assegurado pela
lei, ocasionando um desgaste maior ao empregado, por ainda não se
haver recuperado do esforço despendido, deve indenizá-lo pela
exigência suplementar. Convém destacar que o pagamento do intervalo
não gozado não se confunde com o de horas extras, quando a jornada
continua inalterada no seu cômputo geral. Não se trata de
reconhecimento de sobrejornada, mas do direito à indenização prevista
em lei (CLT, art. 71, § 4º)” (TST-RR- 35.629/2002-900-03-00.8, Rel.
Min. Ives Gandra Martins Filho, 4ª Turma,
“in” DJ de 30/05/03).
28
84. Portanto, mais uma vez, falece a pretensão na exordial, pelo que, não há que se
falar em pagamento de horas extras e reflexos a esse título.

DA FIXAÇÃO DO ADICIONAL – INTERVALO PARA ALIMENTAÇÃO

85. Finalmente, não há se determinar a adoção dos adicionais normativos para o


pagamento referente ao intervalo para alimentação. Isto porque, o pagamento da
remuneração prevista no art. 71, § 4º, da CLT é efetuado a título diverso do
pagamento de horas extras.

86. Sabido, a concessão de intervalo não é exigência vinculada diretamente à


limitação da duração da jornada, mas sim a princípios de higiene e de segurança
do trabalho, tratando-se de norma de direito tutelar do trabalho, cujo eventual
descumprimento acarreta sanção própria. Assim, não se pode cogitar da aplicação
do adicional normativo de 60% que somente se aplica na hipótese de horas
extraordinárias prestadas pelo empregado.

87. A CLT estabelece que as horas extras têm de ser remuneradas com adicional de no
mínimo 50%. Prevê também (art. 71, § 4º) que o empregador, não concedendo o
intervalo para repouso e descanso, fica obrigado a remunerar o período
correspondente com o mesmo acréscimo de 50%.

88. Com base nas convenções coletivas, os empregados recebiam adicional de 60%
nas horas trabalhadas além da jornada regular.

89. Os adicionais em questão possuem natureza jurídica diversa. O intervalo não


usufruído, não corresponde a hora extra prestada pelo empregado. O adicional
normativo refere-se à jornada extraordinária efetivamente prestada, ao passo que,

29
a supressão total ou parcial do intervalo intrajornada implica no cumprimento de
uma obrigação, qual seja, o pagamento total do intervalo com acréscimo de no
mínimo 50%.

90. Destarte, não se pode aplicar o adicional normativo de horas extras, e ainda,
inexistindo na norma, adicional específico superior a 50% para incidir sobre a
remuneração do período do intervalo intrajornada, deve ser aplicado o percentual
mínimo de acréscimo previsto no § 4º, do art. 71, consolidado, ou seja, 50%.

DO TRABALHO EM FERIADOS

91. O Reclamante postula o pagamento de trabalho em feriados. Com a devida vênia,


não merece prosperar o argumento, tendo em vista a cláusula 48 da CCT
2019/2020, a qual afirma que existe exceção quanto à jornada especial 12X36,
no que diz respeito aos domingos e feriados, que já estão compensados na
escala, nos termos do parágrafo único do Artigo 59-A, da CLT.

92. Desta forma, em todas as escalas, excluindo-se a Jornada 12x36, e com as suas
folgas devidamente gozadas, não há implicação em pagamento de 100% sobre o
domingo trabalhado, uma vez que devidamente compensado, mas desde que pelo
menos uma folga no mês coincida com o dia de domingo.

93. Desta forma deve-se ter em conta que o reclamante trabalhava na escala 12 x
36, sua hora extra foi paga na rubrica 2799 do hollerith.

94. Por conta disto, a Reclamada pleiteia, desde já, o indeferimento do pedido.

30
DA AUSÊNCIA DE DIFERENÇAS DE VALE
REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO

95. O Reclamante pleiteia as diferenças de vale refeição e alimentação. Novamente,


não merece prosperar, uma vez que os direitos supramencionados foram
devidamente pagos ao Reclamante, sendo que em alguns momentos, foi pago
inclusive a maior, como será demonstrado a seguir.

96. Ademais, cumpre observar que o reclamante não demonstra o que não foi pago,
faz um pedido genérico, de modo que é impossível fazer prova contrária diante
das alegações abstratas apresentadas.
97. Desta forma, impugna-se o pedido e reitera pedido de improcedência deste ponto
em específico.

REFLEXOS LEGAIS

98. Indevida é a integração do adicional de periculosidade e adicional noturno, uma


vez que a Reclamada já considerava o adicional de periculosidade na composição
da base de cálculo do adicional noturno e destes nos demais direitos trabalhistas,
conforme depreende-se dos holerites.

99. Ademais, alguma das parcelas anteriormente citadas também não devem ser
incluídas em quaisquer verbas de direito, pois, em consonância com o princípio
emergente do brocardo jurídico “assessorium sui principalis naturam sequitur”
(artigo 92 do Código Civil), inexistindo principal a ser deferido (como exposto à
saciedade), inexistentes são todos os correspondentes acessórios.

100. Com efeito, sabido que não há se falar em


inclusão de DSR´s na média, o que configura bis in idem, efeito cascata e reflexos
sobre reflexos, o que é defeso e certamente não comunga com o entendimento
desta D.Vara.

31
101. Ora, a integração dos reflexos das horas extras em DSR´s e desse resultado
em outras verbas, carece de respaldo e fundamento legal.

102. Trata-se do reflexo do reflexo. No mais o artigo 7 o., da Lei 605/49, não
dispõe que haja novos reflexos, pois do contrário os reflexos dos reflexos seriam
indefinidos, como se estivéssemos diante de espelhos, além do que não haveria
uma fórmula de como calculá-los. (argumentos in Ac. 02990035260, Rel. Sérgio
Pinto Martins, TRT/SP).

103. Neste diapasão, tem plena ciência a Recorrente de que o trabalho


extraordinário habitualmente prestado, repercute, enquanto parcela principal, para
o pagamento dos repousos semanais remunerados (DSR e feriados), bem como
das parcelas contratuais e legais (férias, gratificações natalinas, aviso prévio, etc).

104. Mas, igualmente sabido, o DSR é verba reflexa que, dada a sua natureza,
não repercute em qualquer outra, sob pena de restar configura bis in idem, efeito
cascata e reflexos sobre reflexos, o que é defeso e leva à configuração do inefável
enriquecimento sem causa. Julgados oportunos:

“Horas Extras. Integração. DSR. O trabalho extraordinário,


habitualmente prestado, repercute, enquanto parcela principal, para o
pagamento dos repousos semanais remunerados (DSR e feriados), cem
como das parcelas contratuais e legais (férias, gratificações natalinas,
aviso prévio, etc). O DSR pago, entretanto, é verba reflexa que, dada a
sua natureza, não repercute em qualquer outra, sob pena de ocorrência
de bis in idem” (TRT 2a. Reg. Ac. 20010281147, Rel. Rafael E.
Pugliese Ribeiro).

105. Portanto, impõe-se a rejeição da pretensão.

DO PAGAMENTO DO FGTS E MULTA

32
106. O Reclamante aduz que deve receber a multa de 40% do FGTS, por conta
da forma de rescisão que ele postula. Os pedidos, novamente, não devem
prosperar.

107. Observa-se, Excelência, que o Reclamante não produziu nenhuma prova


do que argumenta, mesmo sendo de fácil acesso os extratos através da internet.
Sem a produção dessa prova e sem apontar em quais meses supostamente houve
pagamento a menor, fica difícil fazer a defesa, a ponto de impossibilitá-la.

108. De todo modo, requer-se juntada de documento probatório de que houve o


efetivo pagamento do FGTS do Reclamante pela Reclamada.

109. Desta forma, o FGTS foi pago na sua completude, tendo me vista a forma
de rescisão do contrato de trabalho.

110. Prezando pelo direito ao contraditório, a Reclamada refuta todo e qualquer


requerimento do Reclamante sobre estes créditos, uma vez que pagos na sua
totalidade. Por fim, não há que se falar em multa do FGTS pois ao caso não cabe o
instituto da rescisão postulada.
111. Por fim, observa-se que o reclamante deve juntar o extrato atualizado em
2022, para fins de produção de prova, uma vez que a empresa não tem mais
acesso ao documento, por conta do desligamento do Reclamante.

DO AVISO PRÉVIO

112. O Reclamante aduz que as Reclamadas não submeteram o Reclamante ao


aviso prévio, uma vez que não teria gozados de redução da jornada e que o
documento fora entregue de maneira indevida. Por conta disto, requer a
condenação das Reclamadas ao pagamento do aviso prévio indenizado.

113. Não merece prosperar o pedido do Reclamante, tendo


em vista que o Reclamante não tem direito ao aviso prévio com redução dos 7

33
dias, uma vez que foi diretamente contratado na empresa que assumiu o contrato
com a tomadora dos serviços (DERSA), a Prosperus, o qual ajuizou a mesma
demanda, com mesmo pedido e causa de pedir. Desta forma, não há que se falar
em condenação de aviso prévio, dada a continuidade do contrato.

DA AUSÊNCIA DE DANOS MORAIS


114. Em síntese, o Reclamante alega existência de danos morais pelos fatso
relatados:

o Reclamante se via obrigado a ficar 12 horas no mínimo


por dia numa guarita de madeirite, medindo 1,5m por
1,5m, exposto a sol, chuvas, e todas as intempéries
climáticas

115. Inicialmente, veja-se que o Reclamante falta com a verdade dos fatos. A
Reclamada não deu causa, em momento algum, ao dano moral o qual o
Reclamante exige. Ademais, a parte autora não demonstrou o dano que
supostamente tenha ocorrido.
116. Para que se possa comprovar o que se alega, a Reclamada requer juntada
de vídeo demonstrando o justo asseio do local de trabalho do Reclamante:

https://drive.google.com/file/d/1-XXpIHj-
q1bGmqwJbTxKopAUgi1xMSTl/view?usp=sharing

117. Como se não bastasse, veja-se ainda fotografias verdadeiras do local de


trabalho, evidenciando que não há qualquer intempérie ou insalubridade
relacionada ao local:

34
118. Quanto ao ônus da prova, há que se esclarecer que cabe a parte autora
provar os fatos constitutivos de seu direito, consoante preconiza o art. 333, I do
CPC, in verbis:

Art. 333, I, CPC: O ônus da prova


incumbe: ao autor quanto ao fato constitutivo do seu
direito;

119. Pedimos vênia para transcrevermos os ensinamentos de Cristóvão Piragibe


Tostes Malta, inseridos na sua obra Prática do Processo Trabalhista, ed. LTR, 24ª
edição, pg. 448, como segue:

"O Ônus da prova incumbe à parte que alega um fato do qual


pretende que lhe resulte um direito. Em outras palavras se o
Reclamante sustenta que determinado (fato constitutivo) ocorreu,
desse fato lhe nascendo um direito, cumpre-lhe demonstrar o que
alegou, salvo se o Reclamado o admitir".

120. Compulsando os autos, verifica-se a ausência de prova indicativa do


direito da autora, mormente pelo fato de não ter comprovado o dano, e também o
nexo causal entre a ação da Reclamada e o dano da autora. Portanto, não há que se
pleitear a quem não lhe causou a reparação de um dano que não se comprovou.

35
121. A lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica,
provocada pelo fato lesivo. A expressão dano moral deve ser reservada
exclusivamente para designar o agravo que não produz qualquer efeito
patrimonial. Se há conseqüências de ordem patrimonial ainda que mediante
repercussão, o dano deixa de ser extra-patrimonial.

122. Não se trata, é claro, de fazer das audiências palco de lamentações, ou de


se esperar copioso pranto em juízo, ainda que isto possa humanamente acontecer,
principalmente com aqueles que realmente sofrem, toda vez que se “toca na
ferida”. Ainda que choro não seja prova irrefutável de infortúnio, sendo
impossível invadir o íntimo do sofredor para se saber da sua verdadeira causa e
sinceridade.

123. Nesse aspecto – a causa do sofrimento – realmente a prova é impossível.


Mas o sofrimento em si não. O nexo causal entre o dano e ato ilícito é que deve
ser presumido, se presentes todos os demais elementos que formem um contexto
plausível: personalidade da vítima + ato ilícito + sofrimento + imediatidade entre
ato ilícito e sofrimento + inexistência de outros fatos, estranhos ao ato ilícito
tratado no processo, que podem ser a causa ou concausa da dor espiritual.

124. Frise-se ainda que da própria narrativa dos fatos da Inicial, está claro que
os fatos não configuram dano moral, e o entendimento dos tribunais tem sido de
que não gera direito a indenização:

EMENTA – RESPONSABILIDADE CIVIL DANO


MORAL – INJURIA. DISCUSSÃO QUE CULMINA EM
OFENSA RECIPROCA MERO DISSABOR DO DIA A
DIA – INEXISTÊNCIA DE DANO. HONORÁRIOS DE
SUCUMBÊNCIA – VALOR EXORBITANTE.
ADEQUAÇÃO. POSSIBILIDADE. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJ/PR – Apelação nº
375.789-3, 10ª Câmara Cível).

125. Ao pleitear a condenação da Reclamada a título de indenização pelo dano


moral, a Reclamante não se dignou a demonstrar os elementos que o levaram a
essa absurda quantia, ignorando regra insculpida no Código Civil, seguinte:

36
"Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia,
consistirá na reparação do dano que delas resulte ao
ofendido. Parágrafo Único. Se o ofendido não puder provar o
dano material, caberá ao juiz ficar, equitativamente, o valor da
indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.

126. Ignorou a autora também o entendimento doutrinário segundo o qual


compete ao juiz e não à parte a fixação do valor indenizatório. SILVIO
RODRIGUES (in "Responsabilidade Civil", 1979, p. 198/9) salienta:

"Será o juiz, no exame do caso concreto, quem concederá ou não


a indenização e a graduará de acordo com a intensidade e duração
do sofrimento experimentado pela vítima."

127. A Professora Maria Helena Diniz, nesse sentido, destaca essa posição
importante, defendendo a sua tese a respeito do assunto:

"Na reparação do dano moral o juiz determina, por eqüidade,


levando em conta as circunstâncias de cada caso, o "quantum" da
indenização devida, que deverá corresponder à lesão, e não ser
equivalente, por ser impossível tal equivalência."

128. E adiante conclui:

"Grande é o papel do Magistrado na reparação do dano moral


competindo, a seu prudente arbítrio, examinar cada caso,
ponderando os elementos probatórios e medindo as
circunstâncias, preferindo o desagravo direto ou compensação
não- econômica à pecuniária, sempre que possível, ou se não
houver risco de novos danos."

37
129. Essas razões bem demonstram que a pretensão indenizatória, despida de
qualquer elemento ou parâmetro, é abusiva e ilegal, não podendo subsistir. Desta
feite, reitera-se o pedido de improcedência deste ponto em específico.

DOS BENEFÍCIOS DA JUSTIÇA GRATUITA

130. Também nesse particular, falece razão o Reclamante, haja vista que não
restaram preenchidos os requisitos legais previstos na Lei 5584, de 28/06/70.

131. Com efeito, o Reclamante não efetuou qualquer prova no sentido de que
necessite de Assistência Judiciária Gratuita, nem, tampouco, de que a presente
demanda poderá vir a prejudicar-lhe o sustento próprio e da família. Ademais
disso, o Reclamante não esta sendo assistida pelo seu Sindicato de Classe, nem
mesmo por qualquer Organização criada para auxiliar a Justiça quanto à
assistência dos mais necessitados, ao contrário, contratou advogado particular.

DA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

132. A boa-fé é um dos princípios basilares do Direito, devendo nortear todas


as condutas humanas.

133. Em vista disso, o CPC enumerou como deveres das partes, bem como de
todos os envolvidos em processo judicial, “expor os fatos em juízo conforme a
verdade” (art. 14, inc. I, CPC), “proceder com lealdade e boa-fé” (art. 14, inc. II,
CPC) e “não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são
destituídas de fundamento” (art. 14, inc. III, CPC), entre outros.

134. Entretanto, por todo o exposto até então percebe-se claramente que a parte
autora faltou com o cumprimento dos referidos deveres, vez que distorceu a
verdade dos fatos ao realizar suas alegações, como ficou comprovado pela
documentação acostada.

38
135. Ao alterar a verdade dos fatos, a Reclamante deixou de proceder com
lealdade e boa-fé, formulando pretensão destituída de fundamento e violando, por
conseguinte, os deveres enumerados no art. 14 do CPC.

136. Destarte, pode a parte autora ser considerada litigante de má-fé,


enquadrando-se nas hipóteses descritas nos incisos I, II e V do art. 17 do CPC.

137. Ao alegar inverdades, a Reclamante alterou a verdade dos fatos, deduzindo


pretensão contrária a fato incontroverso e agindo de modo temerário, merecendo,
portanto, ser condenada a pagar multa de 1% (um por cento) sobre o valor dado à
causa, além dos honorários devidos aos patronos do requeridos e das despesas
processuais, a teor do contido no art. 18 do CPC.

DA COMPENSAÇÃO / ABATIMENTO

138. Como medida de extrema cautela invoca a Reclamada em seu favor o


Instituto da Compensação (artigo 767 da CLT e 368 e seguintes do Novo Código
Civil), requerendo que esse MMº Juízo se digne determinar que os valores
hipoteticamente deferidos ao Reclamante, por força deste processo, restem
integralmente compensados/abatidos daqueles que efetivamente lhe restaram
contraprestados pela primeira quanto aos mesmos títulos, a fim de evitar-se a
configuração inadmissível do enriquecimento sem causa.

DAS VERBAS PREVIDENCIÁRIAS

139. Requer a Reclamada, com fundamento no Enunciado nº 368 do C.


Tribunal Superior do Trabalho, bem como no inciso II, do artigo 195, da
Carta Magna c/co inciso III, do § único, do artigo 195, do Decreto n.º
3.048/99, a aplicação dos artigos 43 e 44 da Lei 8.212/91, seja autorizada a
retenção das contribuições previdenciárias incidentes, desde que integrem a
definição legal do

39
salário de contribuição, insculpida no artigo 28, incisos e parágrafos da
mencionada lei.

DO IMPOSTO DE RENDA

140. Requer também a ora ré, nos termos do inciso III, do artigo 153, da
Constituição Federal, a aplicação do provimento 1/96 da Corregedoria Geral
da Justiça do Trabalho e Enunciado nº 368/TST, seja autorizada a retenção do
imposto de renda na fonte sobre as verbas eventualmente deferidas. Esclarece a
reclamada, que vigora com relação ao item supra o regime-de-caixa.

CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS

141. Indevido o pedido de correção monetária e juros, face a inexistência dos


pedidos principais. Assim, inexistindo o principal, não há que se falar em
acessório. Mas quando assim não for, o que dizemos somente a título de
argumentação, deverão ser observadas as “épocas próprias”, nos termos da
LEGISLAÇÃO PERTINENTE,sob pena de violação aos princípios da
legalidade; direito adquirido; do ato jurídico perfeito e da coisa julgada
(incisos II e XXXVI, do artigo 5º, da Constituição Federal) c/c a Legislação
Federal (artigo 459, § único da CLT e artigo 39, da Lei 8177/91; art. 6º e
parágrafos da Lei de Introdução ao Código Civil; e artigos 95 e 476 do Código
Civil), bem como com a melhor doutrina aplicável a espécie, através, inclusive,
do posicionamento dos ilustres Magistrados Mozart Victor Russomano,
Valentin Carrion, Manoel Antonio Teixeira Filho e José Severino da Silva
Pitas, e, ainda como a jurisprudência dominante e majoritária dos nossos
Tribunais Trabalhistas, principalmente do Enunciado nº 381 do TRIBUNAL
SUPERIOR DO TRABALHO, o qual, “data máxima venia”, deve ser
prestigiado, tendo em vista o princípio “una lex et semper et ubique unum jus”.

40
Fls.:

CONCLUSÕES

142. Por todo o exposto, ficam com veemência impugnadas todas as alegações
constantes da exordial, bem como os documentos que não atendam as normas
cogentes e de ordem pública insculpidas no art. 830, da CLT, como também os
cálculos, valores e verbas na mesma apresentados, por aleatórios e incondizentes
com a realidade fática e salarial do Reclamante, e na eventual hipótese de uma
condenação, o que não se espera, os valores então devidos haverão de ser obtidos
por meio de regular execução da sentença.

143. Assim sendo, requer a reclamada seja aceito o presente RECURSO DE


REVISTA, como medida de direito, para ser acolhida em todos os seus termos e,
ao final, reformada a sentença da reclamatória trabalhista condenando- se o
reclamante nas cominações legais cabíveis.

Nestes termos, pede deferimento.

São Paulo, 02 de Fevereiro de 2024.

BRENO FRAGA MIRANDA E SILVA

OAB-SP Nº 343673

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