Reforma Tributária
Reforma Tributária
Reforma Tributária
Esta reforma tem vindo a ser apontada como uma medida necessária para a captação de
investimento e para o reforço do tecido empresarial. Surge como consequência do forte
impacto orçamental provocado pela redução do preço e produção de petróleo, sendo esta
necessidade ainda mais agudizada pelo actual contexto de pandemia COVID-19, o que motivou
a urgência de efectivar estas medidas. A reforma esperava-se amiga do investidor. Mas nem
tudo foram boas notícias para a atracção de investimento (sobretudo investimento
estrangeiro). Em relance, temos boas e más notícias:
Boas notícias:
• Redução de taxa de Imposto Industrial para a generalidade das empresas de 30% para 25%
(no caso de empresas petrolíferas de 50% para 35%);
Más noticias:
• Exclusão das diferenças de câmbio não realizadas para efeitos de tributação vai resultar num
aumento efectivo e imediato de tributação, sem a garantia que essas perdas possam um dia
materializar-se para efeitos fiscais;
A nível do Imposto Industrial (II), a principal novidade é a redução da taxa geral de tributação
de 30% para 25% para a generalidade das empresas. Na verdade, para alguns sectores, a taxa
nominal caiu de 15% para 10% (atividades agrícolas, pecuárias, piscatórias, silvícolas entre
outras). Uma nota também para as empresas petrolíferas em que a taxa desceu de
50%/65.75% para 35%. Contudo, a redução de taxa não foi para todos. Alguns sectores saíram
na verdade prejudicados. Foi o caso das empresas do sector bancário e seguros e operadoras
de telecomunicações em que taxa subiu dos actuais 30% para 35%. Uma nota muito especial
para o tão controverso tratamento fiscal das diferenças de câmbio não realizadas. O Governo
decidiu acabar de uma vez por todas com anos de controvérsia e litigância à volta deste tema.
A questão é se acabou bem ou mal. A partir de 2020, as perdas cambiais não realizadas não
são aceites como custo dedutível para efeitos de II e, de forma simétrica, os ganhos cambiais
não realizados ficam excluídos de tributação. Esta medida vai penalizar fortemente as
empresas ao não permitir que reconheçam as perdas cambiais enquanto não conseguirem
pagar efectivamente aos seus credores, sendo que muitas vezes não chega a ser possível
materializar essas perdas pelo simples facto das dívidas não poderem ser pagas por falta de
divisas, resultando assim numa dupla penalização para as empresas: não reconhecimento da
perda para efeitos fiscais e impossibilidade de pagar as dívidas por restrições cambiais.
Continuará a ser um tema de debate aceso. Uma das medidas com maior impacto para
investidores estrangeiros, numa altura em que se pretende a todo o custo promover a
competitividade de Angola no plano internacional, foi o aumento da taxa de retenção na fonte
aplicável a serviços prestados por entidades não residentes que sobe de 6.5% para 15%. Esta
medida é um contra- -senso na estratégia de captação de investimento estrangeiro. Surgiu
com o intuito, compreensível, de dissuadir a contratação de serviços ao estrangeiro em
benefício da contratação de serviços locais. Contudo, poderá não ter eficácia pelo simples
facto de o mercado doméstico não dispor de muitas das competências técnicas contratadas ao
estrangeiro. Conclusão, as empresas continuarão a ver-se obrigadas a contratar serviços
estrangeiros, agora com um custo adicional.
Este aumento da taxa de retenção vai ser factor adicional de desincentivo para os investidores
estrangeiros que já têm as suas margens esmagadas num mercado pressionado pela queda do
preço do petróleo, adicionado ao risco cambial associado à constante desvalorização do
Kwanza. Na impossibilidade de aliviar as taxas de retenção para a generalidade dos países que
prestam serviços a Angola, espera-se maior agilidade e celeridade na negociação e aprovação
de novos acordos de dupla tributação, pelo menos para proteger os investimentos daqueles
países considerados estratégicos para o relançamento da economia Angolana.
Imposto Industrial II
Regimes de Tributação
• As instituições financeiras;
Custos e gastos Passa a prever-se expressamente que as variações cambiais desfavoráveis irão
apenas concorrer para a determinação do resultado tributável quando realizadas (excluem-se
as não realizadas). Os custos com Imposto Predial não serão fiscalmente dedutíveis, incluindo
o imposto pela detenção de imóveis para uso próprio. É elevado de Kz 7 000 000 para Kz 20
000 000 o limite a partir do qual as amortizações de viaturas ligeiras de passageiros ou mistas
deixam de ser dedutíveis para efeitos fiscais, exceto tratando-se de viaturas afetas à
exploração de serviços públicos de transporte ou se destinadas a aluguer no âmbito da
atividade normal da empresa.
Liquidações Provisórias
Passa a prever-se, expressamente, que os serviços prestados por entidades residentes que
estejam excluídos de retenção na fonte concorrem para o apuramento do imposto provisório
sobre vendas, passando a ser tributados à taxa de 2%. É eliminado o prazo de reporte do
crédito de pagamentos provisórios de II, devendo o crédito ser reconhecido pela
Administração Geral Tributária. A taxa de retenção na fonte aplicável a serviços prestados por
entidades não residentes sobe de 6,5% para 15%.
Prejuízos fiscais A regra de reporte dos prejuízos fiscais deixa de ser de 3 anos passando agora
a ser de 5 anos. Lucros levados a reservas de Investimento Diversas alterações ao benefício
fiscal associados ao regime de reservas para investimento. A dedução à matéria colectável dos
lucros levados a reservas pode ser efetuada à matéria colectável nos 5 exercícios
imediatamente seguintes ao da conclusão do investimento. Anteriormente o prazo estava
limitado a 3 exercícios. Quando o reinvestimento for feito na Província de Luanda, no
Município do Lobito ou nas capitais das outras províncias, pode-se deduzir até 40% e quando
feito fora das capitais de província, pode-se deduzir até 80% do valor reinvestido. Para
obtenção do presente benefício deverá ser entregue pelo contribuinte um requerimento à
Administração Tributária, até ao último dia útil do mês de Fevereiro do ano seguinte ao da
conclusão do reinvestimento, e fica dependente da obtenção de autorização por parte da
Administração Tributária. Obrigações Declarativas Juntamente com a Declaração Modelo 1 do
II passa a ser obrigatório a preparação e entrega da demonstração de fluxos de caixa. Os
prazos de cumprimento das obrigações declarativas e pagamento definitivo do II deixa de ser o
último dia do mês para passar a ser o último dia útil do mês. Penalidades A multa pelo atraso
na entrega do II passa de 35% para 25%.