O Papel Do Lúdico No Ensino Da Matemática
O Papel Do Lúdico No Ensino Da Matemática
O Papel Do Lúdico No Ensino Da Matemática
RESUMO
O presente artigo trata de uma pesquisa relacionada ao papel das atividades lúdicas no ensino
da matemática. Discute sobre a utilização do lúdico como forma de ensino da matemática,
expondo citações e resultados em torno de outros estudos realizados. Além de uma pesquisa
de campo, realizada através de uma pesquisa on-line com cento e quarenta e quatro (144)
participantes. Os resultados da pesquisa foram analisadas e são discutidos neste artigo.
Aprofundou-se sobre o tema através da pesquisa bibliográfica, a qual sustenta-se em
pesquisas realizadas por outrem, sejam eles utilizando ferramentas alternativas de ensino
nesse campo e também em diferentes fases da vida estudantil no ensino da matemática.
Ambas formas de pesquisa realizadas, a de campo e a bibliográfica têm por objetivo analisar
informações e apresenta-las de forma a convencer que a ludicidade é um caminho para
potencializar a construção do conhecimento ou suprir deficiências no ensino da matemática,
seja através de jogos, brinquedos, brincadeiras ou instrumentos digitais, que visam um
envolvimento maior dos alunos no desenvolvimento das aulas.
ABSTRACT
This article deals with research related to the role of playful activities in the teaching of
mathematics. Discusses the use of playfulness as a way of teaching mathematics, exposing
quotes and results around other studies. In addition to a field survey, carried out through an
online survey with one hundred and forty-four (144) participants. The research results have
been analyzed and are discussed in this article. Deepened on the subject through bibliographic
research, which is supported by research carried out by others, whether they are using
alternative teaching tools in this field and also at different stages of student life in the teaching
of mathematics. Both forms of research, the field and the bibliographic, aim to analyze
information and present it in a way that convinces that playfulness is a way to enhance the
construction of knowledge or to overcome deficiencies in the teaching of mathematics,
whether through games, toys, games or digital instruments, which aim at a greater
involvement of students in the development of classes.
1
Estudante do Centro Universitário Uniftec – Unidade de Caxias do Sul, Graduação em Engenharia de Produção
pela Universidade de Caxias do Sul (2017). Mestrando atualmente pela Universidade de Caxias do Sul, na área
de Modelagem e Análise de Sistemas de Qualidade e Produção. Pós-graduada em Docência pelo Uniftec.
2
Professora do Centro Universitário Uniftec – Unidade de Caxias do Sul, Doutora em Engenharia e Ciência dos
Materiais, mestra em educação, especialista em Psicopedagogia em Gestão Organizacional e Clínica, licenciada
em Matemática e Física. Atua como palestrante nas áreas de educação, com ênfase em metodologias ativas e
educação Maker, exerce a função de assessora pedagógica no Centro Universitário UNIFTEC, e diretora do
Colégio POLYUNI.
1 INTRODUÇÃO
A busca pelo ensino da matemática de alguma forma que envolva o indivíduo e que
desmistifique a questão da matéria ser temida ao invés de prazerosa é de certa forma um
desafio aos docentes. Se traz então como opção a essa realidade a utilização de ferramentas
lúdicas, sejam elas brincadeiras, jogos, brinquedos ou instrumentos digitais.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O lúdico é a forma de ensino que utiliza atividades como jogos e brincadeiras para
tornar a aprendizagem espontânea e para possibilitar o desenvolvimento de habilidades, da
criatividade e da busca de soluções lógicas para uma determinada questão.
A proposta pelo uso deste tipo de atividades está baseada em uma necessidade do
aprendiz despertar o desejo do saber e do aprender a resolver problemas através de práticas
educacionais que simulam o cotidiano, tornando o ensino atrativo.
Neste contexto, as atividades lúdicas são vistas como “uma possibilidade para que
afetividade, prazer, autoconhecimento, cooperação, autonomia, imaginação e criatividade
cresçam”, (Silva et al. 2013), isto porque quando o indivíduo aprende brincando demonstra
prazer e alegria no aprendizado.
Aulas desenvolvidas com atividades lúdicas promovem um ambiente de
descontração e que auxiliam no desenvolvimento das crianças. Sobrinha e Santos (2016, p.
54) defendem que:
O lúdico como estratégia de ensino-aprendizagem promove um maior rendimento
escolar, porque cria um ambiente mais atrativo e gratificante, servindo de estímulo
para o desenvolvimento integral da criança. Um ambiente onde prevalece a
ludicidade e um bom humor propiciam as crianças um clima harmônico, onde a
confiança nas atividades se intensifique.
Defende ainda o processo de aprendizagem mostrado nas obras de Piaget, que trata
as atividades lúdicas como um impulso natural a criança, por ser característico do lúdico, o
prazer e o esforço de forma espontânea. É desta forma que se atingiria “a expressão mais
genuína do ser”, através da ludicidade. (SOBRINHA e SANTOS, 2016).
O uso da ludicidade vista como ferramenta de ensino tem grande chance de sucesso,
já que os jogos, os brinquedos e as brincadeiras já fazem parte da infância das crianças.
Aproveitar que elas, ao brincar e jogar, desprendem-se de qualquer trava no aprendizado e
envolvem emoção, torna-se a melhor oportunidade dessas atividades deixarem de ser vistas
apenas como passatempo e ser reconhecidas como instrumento no processo de aprendizagem.
Quando Vygotsky estudou a respeito da origem e do desenvolvimento dos processos
psicológicos do ser humano, considerou a individualidade de cada indivíduo por estar inserido
em meios culturais particulares. O mesmo concluiu que o sujeito necessitava desenvolver-se
como ser social com a ajuda de outros sujeitos. Na infância ocorre grandes contribuições no
desenvolvimento do ser humano, já que é nessa fase que se estabelecem relações entre o
brincar e o seu papel real na construção do indivíduo. Atividades realizadas nas brincadeiras
servem para preparar para atividades que no futuro serão de trabalho, como desenvolver
soluções, estimular a criatividade e autoestima e trabalhar com a concentração e atenção da
criança (ROLIM, GUERRA e TASSIGNY, 2008).
Ainda nos estudos de Rolim, Guerra e Tassigny (2008), podemos entender que os
trabalhos de Vygotsky estão baseados no desenvolvimento, no aprendizado e suas relações. O
psicólogo defende o brinquedo como ferramenta para que as crianças alcancem seus desejos.
Será através do brinquedo e do brincar que a criança desenvolverá maturidade e irá separar o
significado de uma palavra dos objetos representados, como por exemplo, uma vassoura
tornar-se um cavalo e sair galopando por aí.
autonomia que permite uma expansão da criatividade, criando problemas para posteriormente
solucioná-los através destas assimilações.
O método de ensino da matemática é descrito em Silva et al. (2013) através de
práticas, que demonstre ao aluno que o que foi aprendido serve para alguma coisa. Diferente
de decorar fórmulas com o intuito de tirar boas notas e não lembrar de nada depois de uma
prova. Fazendo uso de técnicas que remetessem ao dia-a-dia do aprendiz, permitindo que o
mesmo entenda que são necessários conceitos matemáticos para centralizar um quadro numa
parede ou economizar nas compras.
Mendonça (2010) defende que a prática de atividades lúdicas colabora no ensino da
matemática, que é caracterizada como difícil de ser compreendida. A busca de meios de
ensinar a matemática de maneira suave e mais prazerosa ao aluno, tem a intenção de
fortalecer a relação aluno-professor através da troca de vivências na resolução dos problemas
criados, acabando por estabelecer uma relação de respeito e admiração entre os envolvidos.
O desenvolvimento do aluno na aprendizagem da matemática, desde as situações
mais simples, estará interligado a satisfação pessoal daquele aluno. O mesmo perceberá a
importância do conhecimento matemático sem ser através de expressões complexas, que
demoram muito tempo para entender e desprendem de muito empenho daquele que quer
aprender (SILVA et al. 2013).
Mendonça (2010, p.06), entende que a utilização de atividades lúdicas:
[...] possibilita transformar os envolvidos no aprendizado (discentes e docentes) em
sujeitos do processo de construção do conhecimento, colocando a realidade e o
cotidiano do aluno como elemento chave para o estudo da disciplina e
conhecimentos envolvidos nessa área. Como consequências, algumas mudanças na
forma de ver e encaminhar a aula, a relação professor-aluno e a avaliação deverão
ser modificadas no âmbito dessa proposta.
Sendo assim, como podemos encontrar em D’Ambrosio (2001), sempre que for
possível associar a matemática a jogos, brincadeiras, unir o lúdico no desenvolvimento do
raciocínio matemático, torna-se uma estratégia para o aprendizado do indivíduo. Relatando a
importância da disciplina que está associada a importantes âmbitos da sociedade, como por
exemplo, a indústria, a economia, a política, a ciência, a tecnologia e demais.
A compreensão da importância do aprendizado da matemática pelo aprendiz lhe dá a
oportunidade de relacionar aqueles conteúdos escolares as atividades do seu dia-a-dia,
oportunizando o conhecimento e a construção de conceitos por meio de experimentos,
brincadeiras, magia, fazendo com que o aluno desenvolva seu próprio método de
interpretação e assimilação para que alcance a resolução dos desafios propostos.
Porto e Lopes (2013) recomendam aos professores que fazem uso do lúdico em suas
aulas, que entendam a importância e os benefícios do brincar para as crianças. É de suma
importância para o ser humano em todas as fases do seu desenvolvimento aprender de forma
constante através do convívio e troca de experiências com os indivíduos do seu círculo social.
Brincar é visto por diversos autores como uma necessidade básica da criança, como
um impulso natural, assim como comer, beber e tratam a educação como a forma de equilibrar
as necessidades da criança com o mundo, além de facilitar o aprendizado devido às
brincadeiras se tratarem de algo divertido e descontraído (PORTO e LOPES, 2013; RIBEIRO
e SOUZA, 2013, SILVA et al. 2013).
O ato de brincar faz parte da integração da criança na vida social, que acaba
colaborando na formação deste indivíduo. Algumas situações do dia-a-dia da criança podem
ser reproduzidas através de brincadeiras, pela imaginação e criatividade dela, desenvolvendo
o lado cognitivo e pensamento abstrato.
Kishimoto (2002) trata o jogo como um instrumento pedagógico muito significativo
no desenvolvimento corporal, além da vida psíquica e da inteligência, contribuindo para
construir um cidadão a ser incorporado na sociedade. Sobre o conceito de jogo, Kishimoto
(2002, p.35) diz que:
[...] pode se chamar de jogo todo o processo metafórico resultante da decisão tomada
e mantida como um conjunto coordenado de esquemas conscientemente percebidos
como aleatórios para a realização de tema deliberadamente colocado como
arbitrário.
Com a aplicação destas atividades, o tutor pode esperar seus alunos mais
participativos e imersos em um mundo totalmente deles, em que estarão envolvidos para que,
individualmente ou de forma coletiva, encontrem a solução do problema proposto. Tratam
pontos como a criatividade, raciocínio lógico, coleguismo, aprendem a cumprir regras e
limites impostos.
Esse pensamento a respeito da importância das atividades lúdicas é mencionado por
Rodrigues (2016):
A criança ao brincar e jogar de forma lúdica, se envolve tanto que coloca na ação da
brincadeira o seu sentimento e emoção. Podemos até afirmar que a atividade lúdica
funciona de uma forma integrativa entre os aspectos motores, cognitivos, afetivos e
sociais, portanto a partir do brincar, desenvolve-se a capacidade, facilidade para à
aprendizagem, aflora o desenvolvimento social, cultural e individual, contribuindo
para uma vida saudável, física e mental.
3 PESQUISA DE CAMPO
Ainda sobre o perfil dos respondentes, 26% deles está formado há menos de 5 anos,
23% de 5 a 10 anos, 20% de 10 a 15 anos e 31% deles está formado a mais de 15 anos.
Percentuais muito parecidos são encontrados nessas escalas quando a pergunta é “Há quanto
tempo exerce profissionalmente a função de professor?”. Com menos 5 anos de profissão,
24%, 26% de 5 a 10 anos, 22% de 10 a 15 anos e 28% deles já atua na profissão há mais de 15
anos.
No que tange ao lúdico ser usado como ferramenta de ensino, 98% dos respondentes
reconhecem o lúdico como ferramenta e todos identificaram ser importante o uso do lúdico,
sendo que 90% faz uso em sala de aula e apenas 10% não.
Quando perguntados a respeito das expectativas que os mesmos teriam com a
utilização do lúdico, obteve-se a composição dos motivos, conforme o gráfico mostrado na
figura 5. Nessa questão, os 140 respondentes poderiam optar por vários motivos pré-
estabelecidos, sendo assim os percentuais apresentados referem-se à relação da quantidade de
vezes que o motivo foi assinalado a um total de 140 respostas obtidas.
Sendo assim, entende-se que a prioridade dos professores com o uso do lúdico é o
desenvolvimento do raciocínio, atenção, concentração e a convivência com regras e condições
expostas por essas atividades associado a ter seus alunos mais colaborativos no ambiente
escolar e interessados em aprender brincando.
A figura 6 demonstra as formas citadas pelos respondentes como meios de utilização
das atividades lúdicas em sala de aula.
Ainda sobre o uso do lúdico, foram questionados sobre qual seria a influência que
essas atividades teriam na construção da nota avaliativa (Figura 7).
Os dados levantados na pesquisa servem para concluir que o lúdico é aplicado nas
aulas dos professores que responderam ao questionário, que é considerado importante pelos
docentes, que compõem a nota avaliativa de forma significativa e que aqueles que não a
utilizam como ferramenta de aprendizagem veem dificuldade no tempo de preparo das aulas e
da escassez de recursos para as mesmas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Paulo Nunes de. Língua Portuguesa e Ludicidade: ensinar brincando não é
brincar de ensinar. 2007. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa). Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo. PUC/SP. 2007. Disponível em:
https://sapientia.pucsp.br/bitstream/handle/14465/1/Paulo%20Nunes%20de%20Almeida.pdf.
Acesso em: 25 abr. 2020.
LIRA, Natali Alves Barros; RUBIO, Juliana de Alcântara Silveira. A importância do brincar
na educação infantil. Revista Eletrônica Saberes da Educação. São Paulo. v.5, n.1. 2014.
Disponível em:
http://docs.uninove.br/arte/fac/publicacoes_pdf/educacao/v5_n1_2014/Natali.pdf. Acesso em:
27 abr. 2020.
MONTEIRO, Maria Trerezinha Lima. Construção das operações: nova metodologia para
ensino da matemática. Petrópolis: Vozes, 1998.
OLIVEIRA, Sandra Alves de. O lúdico como motivação nas aulas de matemática. Jornal
Mundo Jovem. Guanambi. Bahia. Ed.377, p. 05, 2007.
PORTO, Adriana Silva; LOPES, Lailson dos Reis Pereira. Utilizando o lúdico na resolução de
problemas matemáticos: Um estudo nas séries iniciais de uma escola parceira do PIBID. In:
Anais do XI Encontro Nacional de Educação Matemática, 2013, Curitiba. Anais... Curitiba,
2013, p. 1-8. Disponível em:
http://sbem.iuri0094.hospedagemdesites.ws/anais/XIENEM/pdf/1262_289_ID.pdf. Acesso
em: 28 abr. 2020.
ROLIM, Amanda Alencar Machado; GUERRA, Siena Sales Freitas; TASSIGNY, Mônica
Mota. Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento
infantil. Revista Humanidades, v. 23, n. 2, p. 176-180. Fortaleza. 2008. Disponível em:
https://brincarbrincando.pbworks.com/f/brincar%20_vygotsky.pdf. Acesso em: 28 abr. 2020.
SILVA, Jonas Laranjeira Saraiva Da, et al. Matemática Lúdica: Ensino Fundamental e Médio.
Revista Educação em Foco. São Paulo. n. 6, p. 26-36, 2013. Disponível em:
https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-
content/uploads/sites/10001/2018/06/3matematica_ludica.pdf. Acesso em: 29 abr. 2020.