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FECHAMENTO TUTORIA 12

Objetivos: compreender a morfofisiologia do processo de contração e relaxamento


muscular do músculo esquelético e liso (estruturas, neurotransmissores e
compostos/íons envolvidos.
Compreender o metabolismo do músculo esquelético.

Tecido muscular
Existem 3 tipos de tecido muscular
 Esquelético – movimenta os ossos do esqueleto. Apresenta tecido muscular
estriado: faixas de proteínas claras e escuras alternadas (estriações) que são
visíveis quando tecido é examinado ao microscópio. Seu funcionamento é de
maneira voluntária. Sua atividade é controlada por neurônios (células nervosas)
integrantes da divisão somática do sistema nervoso.
 Cardíaco – apenas o coração apresenta esse tecido. Forma a maior parte da
parede cardíaca. É também é estriado, porém sua ação é involuntária. A
contração e o relaxamento alternado não são controlados conscientemente. O
coração se contrai porque possui um marca-passo natural que inicia cada
contração – ritmo inerente; autorritmicidade.
 Liso – localização: paredes das estruturas internas ocas – vasos sanguíneos, vias
respiratórias, maioria dos órgãos na cavidade abomino pélvica, na pele preso aos
folículos capilares. Não apresenta as estriações, por isso é chamado de liso. A
ação do músculo é involuntária – autorritmicidade.

MÚSCULO ESQUELÉTICO
A unidade de organização estrutural do músculo esquelético é a fibra muscular, uma
célula altamente especializada, longa, cilíndrica e multinucleada. Cerca de 75 a 92% do
volume total do tecido muscula é constituído pelas fibras musculares, sendo que a
matriz extracelular, tecido conjuntivo, fibras nervosas e vasos sanguíneos constituem o
volume restante. No músculo, as fibras musculares são agrupadas paralelamente
formando feixes de fibras ou fascículos e os feixes estão associados de vários modos
para formar os diversos tipos de músculos. As fibras musculares individuais, os feixes e
o músculo como um todo são recobertos pelo tecido conjuntivo que forma uma rede
contínua, mas que vão receber nomes diferentes dependendo da sua localização. Assim,
o tecido conjuntivo que envolve o músculo recebe o nome de epimísio, os delgados
septos que se estendem para dentro circundando todos os feixes constituem o perimísio
e a rede extremamente delicada que recobre as fibras musculares individualmente
chama-se endomisio.
As fibras nervosas e os vasos sanguíneos que irrigam o músculo esquelético
acompanham os septos de tecido conjuntivo a partir do endomísio e vão se ramificando
até atingir cada fibra muscular. As arteríolas e vênulas são orientadas transversalmente
em relação as fibras musculares e a maioria dos capilares são arranjadas paralelamente
ao eixo longitudinal das fibras. Esse arranjo permite uma extensa cobertura da
superfície da célula para a troca de nutrientes e produtos do metabolismo celular. Cada
fibra nervosa pode se ramificar e enervar numerosas fibras musculares. O contato entre
os axônios terminais e as fibras musculares acontece através das placas motoras
terminais. Os neurônios que estimulam o músculo esquelético a se contrair são
chamados de neurônios somáticos motores. Cada neurônio somático motor apresenta
um axônio que se estende do encéfalo ou medula espinal até um grupo de fibras
musculares esqueléticas. O axônio de um neurônio somático motor normalmente se
ramifica muitas vezes e cada ramo se estende para uma fibra muscular diferente. Os
capilares são abundantes no tecido muscular; cada fibra muscular está em contato
íntimo com um ou mais capilares. Eles vão levar nutrientes e oxigênio e removem o
calor e produtos residuais do metabolismo muscular. Especialmente durante a
contração, uma fibra muscular sintetiza e usa uma quantidade considerável de ATP.

A gordura intramuscular, que proporciona a marmorização da carne é depositada junto


ao perimísio, próximo aos vasos sanguíneos, enquanto a gordura intermuscular se
deposita junto ao epimísio.

Fibra muscular estriada e seus constituintes


As fibras musculares podem atingir até vários centímetros de comprimento, mas de
modo geral não alcançam o comprimento total do musculo. Uma fibra muscular estriada
típica mede entre 1 e 40 mm de comprimento e tem de 10 a 100um de diâmetro,
dependendo da espécie e do músculo examinado.
 SARCOLEMA: fina camada de tecido conjuntivo que envolve a fibra muscular.
É no sarcolema que encontramos a junção neuromuscular, que nada mais é que
aproximação do neurônio motor, ou moto neurônio, a célula muscular, sendo
responsável por capitar e disseminar os impulsos nervosos que chegam do
sistema nervoso até a fibra muscular, estimulando-a e promovendo a contração
muscular. Nas extremidades das fibras musculares, essas camadas superficiais
do sarcolema se fundem com a fibras tendinosas que, por sua vez, se reúnem em
feixes para formar as fáscias musculares, consequentemente, formando os
tendões, para então se inserirem nos ossos. Os múltiplos núcleos de uma fibra
muscular esquelética estão localizados abaixo do sarcolema. Milhares de
minúsculas invaginações do sarcolema, chamada túbulos transversos (T),
formam um túnel da superfície para o centro de cada fibra muscular. Uma vez
que se abrem para o exterior da fibra, os túbulos T são cheios de líquido
intersticial. Os potenciais de ação muscular percorrem o sarcolema e os túbulos
T, espalhando-se rapidamente por toda a fibra muscular. Essa distribuição
garante que um potencial de ação excite todas as partes de uma fibra muscular
praticamente no mesmo instante.
 SARCOPLASMA: corresponde ao citoplasma de outras células e pode ser
definido como o conteúdo do sarcolema, excluindo os núcleos. É constituído de
uma típica matriz citoplasmática com 75 a 85% de água, gotículas de gordura e
grânulos de glicogênio e de organelas. Esse glicogênio pode ser usado na síntese
de ATP. Além disso, o sarcoplasma contém uma proteína de cor vermelha
chamada mioglobina. Essa proteína, encontrada apenas no musculo, liga
moléculas de oxigênio que se difundem nas fibras musculares a partir do líquido
intersticial. Essa proteína vai liberar oxigênio necessitado pela mitocôndria para
a produção de ATP. As mitocôndrias repousam em fileiras por toda a fibra
muscular, estrategicamente perto das proteínas musculares contrateis que usam
ATP durante a contração, de forma que o ATP possa ser produzido tão rápido
quanto necessário. Em grandes ampliações, o sarcoplasma aparece cheio de
pequenos filamentos: as miofibrilas, que são organelas contráteis do músculo
esquelético. As miofibrilas apresentam cerca de 2um de diâmetro e se estendem
por toda a extensão de uma fibra muscular. Suas estriações proeminentes fazem
com que toda a fibra muscular esquelética pareça estriada. O reticulo
endoplasmático envolve cada miofibrila. Sacos terminais do reticulo
endoplasmático chamados cisterna terminais flanqueiam os túbulos T dos dois
lados. Um túbulo transverso e as duas cisternas terminais em cada lado formam
uma tríada. Na fibra muscular relaxada, o reticulo sarcoplasmático armazena
íons de Calcio (Ca2+). A liberação de cálcio das cisternas terminais do reticulo
sarcoplasmático desencadeia a contração muscular.
o Observação: hipertrofia, fibrose e atrofia muscular.
A hipertrofia muscular é decorrente da produção mais intensa de
miofibrilas, mitocôndrias, ret. Sarcoplasmático e outras organelas em
resposta a atividade muscular repetitiva e bastante forçada como o
treinamento de força. Uma vez que músculos hipertrofiados contêm mais
miofibrilas, eles são capazes de contrações mais vigorosas. Alguns
mioblastos persistem no músculo esquelético como células satélites.
Elas, por sua vez, retem a capacidade de se fundir uma a outra ou a fibras
musculares danificadas para regenerar fibras musculares funcionais.
Porém, quando a quantidade de novas fibras musculares esqueléticas que
pode ser formada pelas células satélites não é suficiente para compensar
uma degeneração ou dano muscular significativo, o tecido muscular sofre
fibrose, que consiste na substituição das fibras musculares por tecido
cicatricial fibroso. A atrofia muscular é a diminuição de tamanho das
fibras musculares individuais consequente a perda progressiva de
miofibrilas.
 NÚCLEOS: o número de núcleos de uma fibra muscular esquelética varia de
acordo com o seu comprimento, sendo que em uma fibra muscular com vários
centímetros de comprimento pode haver centenas deles, distribuídos
regularmente a espaços de 5um ao longo do eixo longitudinal. Perto das junções
mioneurais e nas proximidades de união com tendões o número de núcleos
aumenta e sua distribuição é menos regular. Os núcleos são alongados na
direção da fibra e normalmente se localizam logo abaixo do sarcolema.
 MIOFIBRILA, MIOFILAMENTOS e SARCOMETRO: dentro das miofibrilas
existem estruturas proteicas menores chamadas filamentos ou miofilamentos.
Os miofilamentos finos apresentam 8nm de diâmetro e 1 a 2um de extensão
sendo compostos de actina. Enquanto os filamentos grossos apresentam 16 nm
de diâmetro e 1 a 2um de extensão e são compostos principalmente pela proteína
miosina. Ambos os filamentos estão envolvidos de maneira direta no
processo contrátil. Há dois filamentos finos para cada filamento grosso nas
regiões de sobreposição dos filamentos. Os filamentos dentro de uma miofibrila
não se estendem por todo o comprimento da fibra muscular. Assim, são
encontrados arranjos em compartimentos chamados SARCOMEROS, os quais
constituem as unidades básicas funcionais de uma miofibrila. Regiões estreitas
de material proteico denso chamadas linhas z separam um sarcômero do outro.
Logo, um sarcômero se estende de uma linha z a outra.
o A extensão da sobreposição dos filamentos grossos e finos dependem de
o músculo estar contraído, relaxado ou estirado. O padrão de
sobreposição, consistindo em várias zonas e bandas, cria as estriações
que podem ser vistas nas miofibrilas individuais e em fibras musculares
inteiras. A parte do meio, mais escura, do sarcômero é a banda A, que se
estende por todo o comprimento dos filamentos grossos. No sentido de
cada extremidade da banda A está uma zona de sobreposição, onde os
filamentos grossos e finos repousam lado a lado.
o A anda 1 é uma área mais clara e menos densa que contém o resto dos
filamentos e nenhum filamento grosso, por cujo centro passa uma linha
z. a estreita zona H no centro de cada banda A contém filamentos grossos
e não finos. Lembrar que a letra I é fina e a letra H é grossa. Proteínas de
sustentação que mantem os filamentos grossos juntos no centro da zona
H formam a linha M, assim chamada porque se encontra no meio
sarcômero.
PROTEINAS MUSCULARES
As miofibrilas são constituídas de três tipos de proteínas:
 As proteínas contrateis, que geram força durante a contração; (MIOSINAA E
ACTINA)
o Miosina: principal componente dos filamentos grossos e atua como
proteína motora nos três tipos de tecido muscular. As proteínas motoras
empurram várias estruturas celulares para conseguir o movimento
convertendo energia química em ATP em energia mecânica de
movimento, isto é, produção de força. No musculo esquelético, cerca de
300 moléculas de miosina formam um único filamento grosso. A cada da
miosina aponta para a linha M no centro do sarcômero. Caudas de
moléculas vizinhas de miosina repousam paralelamente uma a outra,
formando a diáfise do filamento grosso. As duas projeções de cada
molécula de miosina são chamadas de cabeça de miosina. As cabeças se
projetam para fora da diáfise de maneira espiralada, cada uma se
estendendo no sentido dos 6 filamentos finos que circundam cada
filamento grosso.
o Actina: proteínas presentes nos filamentos finos encontram-se ancorados
nas linhas z. as moléculas individuais de actina se unem para formar um
filamento de actina que se enrosca como uma hélice. Em cada molécula
de actina há um local de ligação de miosina, onde a cabeça de miosina
pode se prender.
 As proteínas reguladoras, que ajudam a ativar e desativar o processo de
contração; (TROPOMIOSINA E TROPONINA)
o No músculo relaxado, a ligação de miosina com a actina é bloqueada
porque os filamentos de tropomiosina cobrem os locais de ligação com a
miosina na actina. Os filamentos de tropomiosina, por sua vez, são
mantidos em seu lugar por moléculas de troponina. Quando os íons
cálcio (Ca2+) se ligam a troponina, ela sofre uma mudança de forma que
promove a movimentação da tropomiosina para longe dos locais de
ligação com a miosina na actina, ocorrendo, subsequentemente, a
contração muscular conforme a miosina vai se ligando a actina.
 As proteínas estruturais, que mantem os filamentos grossos e finos no
alinhamento adequado, conferem a miofibrila elasticidade e extensibilidade e
ligam aas miofibrilas ao sarcolema e matriz extracelular (1 dúzia de proteínas
estruturais; exemplos: TITINA, ALFA-ACTINA, MIOSINA, NEBULINA,
DISTROFINA).
o a titina é a terceira proteína mais abundante no músculo esquelético.
Cada molécula de titina ocupa metade de um sarcômero, indo de uma
linha Z a uma linha M, ajudando a estabilizar a posição do filamento
grosso. A parte da molécula de titina na linha Z é bastante elástica. Uma
vez que é capaz de se estirar pelo menos quatro vezes a sua extensão em
repouso e retornar ao tamanho de repouso da lesão. É responsável por
grande parte da elasticidade e extensibilidade das miofibrilas. É bem
provável que a titina ajude o sarcômero a voltar ao seu comprimento de
repouso depois da contração ou estiramento muscular, que ajude a evitar
a extensão excessiva dos sarcômeros e que mantenha a localização
central das bandas de A.
o O material denso das linhas Z contem moléculas de alfa-actina, que se
ligam as moléculas de actina do filamento fino e a titina.
o As moléculas de miomesina formam a linha M. as proteínas da linha M
se ligam a titina e conectam os filamentos grossos adjacentes uns aos
outros.
o A nebulina é uma proteína longa e não elástica que acompanha cada
filamento fino por toda a sua extensão. Essa proteína ajuda a ancorar os
filamentos finos a linha Z e regula a extensão dos filamentos finos
durante o desenvolvimento.
o A distrofina liga os filamentos finos do sarcômero as proteínas integrais
de membrana do sarcolema, que por sua vez, estão presas as proteínas na
matriz extracelular de tecido conjuntivo que circunda as fibras
musculares.

MÚSCULO LISO
O músculo liso está presente nas paredes do trato digestivo e das vias respiratórias, nos
ductos urinários e genitais, nas paredes das artérias, veias e grandes vasos linfáticos e na
pele. Suas fibras são normalmente fusiformes, mas também podem variar muito em
tamanho e forma, dependendo de sua localização. As fibras do músculo liso dispõem-se
de modo que a parte mais espessa de uma está justaposta as extremidades delgadas de
fibras adjacentes, assim, em cortes transversais o músculo liso apresenta contornos que
variam de arredondados até triangulares ou poligonais, com grande diferença de
diâmetro entre as células. O sarcolema forma pontes de contato entre as células
vizinhas, e no sarcoplasma o ret.sarcopls. é menos desenvolvido que no músculo
esquelético. As fibras possuem um único núcleo que normalmente se localiza no centro
da célula. Os miofilamentos são menos ordenados em comparação ao músculo
esquelético, e se ordenam aos pares e paralelamente ao eixo longitudinal da fibra.
Actina e miosina estão presentes nas mesmas proporções que no músculo esquelético,
mas não há formação e estrias. As células musculares lisas podem apresentar-se isoladas
ou em pequenos grupos formados feixes, em qualquer um dos casos são envolvidas por
tecido conjuntivo que as mantem unidas e que transmite a força de contração
uniformemente. Os espaços entre as fibras do músculo liso são preenchidos por tecido
conjuntivo, fibras nervosas e vasos sanguíneos, no entanto, as fibras do músculo liso são
menos irrigadas que as do músculo esquelético.

CONTRAÇÃO E RELAXAMENTO
Acreditava-se que a contração muscular fosse um processo de dobramento, algo como
fechar um acordeom, em vez disso, os pesquisadores descobriram que o músculo
esquelético encurta durante a contração porque os filamentos finos e grossos deslizam
uns sobre os outros. O modelo que descreve esse processo é conhecido como
mecanismo de deslizamento dos filamentos. As fibras nervosas que transmitem o
estímulo contrátil aos músculos esqueléticos são denominadas nervos motores. Nas
células vivas, sob condições normais de repouso, sempre existe um potencial elétrico
entre o interior e o exterior da célula. Estes potenciais podem variar de 10 a 100
milivolts, dependendo do tipo de célula, mas em fibras musculares ou nervosas em
repouso, o potencial está em torno de 90 milivolts. O potencial da membrana dos nervos
e músculos é resultado dos seguintes fatores:
 Transporte ativo dos íons através das membranas;
 Característica de permeabilidade seletiva da membrana a difusão de íons e
pequenas moléculas;
 Composição iônica única dos fluidos intracelulares e extracelulares
As fibras musculares e nervosas apresentam um potencial de membrana e capacidade
específica que nenhum outro tipo de célula apresenta. Elas são capazes de transmitir um
impulso elétrico chamado potencial de ação através das superfícies de suas membranas.
Quando o potencial de ação e transferido de um nervo motor para uma fibra muscular,
inicia-se a contração muscular. O estímulo (potencial de ação) que inicia a contração
muscular é transferido da fibra nervosa para a fibra muscular na junção mioneural.
Nessa junção, o nervo motor ramifica-se em vários terminais que estão localizados em
pequenas invaginações do sarcolema. Estes terminais aderem fortemente ao sarcolema,
mas não o penetram. A maioria das fibras apresentam apenas uma junção mioneural de
onde o estímulo é transmitido para todas as partes da fibra. O potencial de ação inicia-se
na junção mioneural e avança longitudinalmente, em ambas as direções, ao longo do
sarcolema, estimulando toda a fibra. Ele é transmitido para cada miofibrila no interior
da fibra através dos túbulos T e é transmitido ao reticulo sarcoplasmático que envolve
cada miofibrila.
No estado de repouso, o musculo gera uma tensão mínima e permanece extensível. Isso
significa que não existe pontes entre os filamentos de actina e miosina. Já no rigor
mortis ( ..) forma-se pontes permanentes entre os filamentos e o músculo trona-se
inextensível. O músculo em repouso apresenta um teor muito baixo de íons cálcio no
fluido sarcoplasmático que circunda as miofibrilas. Entretanto, o teor total de íons cálcio
no músculo esquelético é superior a este nível em mil vezes, estando praticamente todo
o cálcio armazenamento no retículo sarcoplasmático.
Mecanismo de deslizamento dos filamentos
A contração muscular ocorre porque as cabeças de miosina se prendem e ‘’caminham’’
ao longo dos filamentos finos na direção da linha M. Em consequência, os filamentos
finos deslizam para dentro e se encontram no centro do sarcômero. Conforme os
filamentos finos vão se deslizando, a banda I e a zona H se estreitam e, por fim,
desaparecem juntas quando o músculo está em contração máxima. Entretanto, a largura
da banda A e os comprimentos individuais dos filamentos finos e grossos permanecem
inalterados. Uma vez que os filamentos finos em cada lado do sarcômero estão presas as
linhas Z, quando os filamentos finos deslizam, as linhas Z se aproximam e o sarcômero
encurta. O encurtamento dos sarcômeros causa encurtamento de toda a fibra muscular,
que por sua vez, leva ao encurtamento de todo o musculo.

Ciclo de contração
No início da contração, o reticulo sarcoplasmático libera íons cálcio (Ca2+) no
sarcoplasma, onde se ligam a troponina. A troponina, por sua vez, faz com que a
tropomiosina se movimente para longe dos locais de ligação com a miosina a actina.
Uma vez ‘’liberados’’ os locais de ligação, o ciclo de contração - a sequência repetida
de eventos que faz com que os filamentos deslizem – começam. O ciclo consiste em 4
etapas:
 Hidrólise de ATP: a cabeça de miosina engloba um local de ligação com o ATP
e uma ATPase, enzima que hidrolisa o ATP em ADP (difosfato de adenosina) e
um grupo fosfato. Essa reação de hidrólise reorienta e energiza a cabeça de
miosina. Observe que os produtos da hidrólise de ATP – ADP e um grupo
fosfato – ainda continuam presos a cabeça de miosina.
 Acoplamento da miosina a actina para formar pontes transversas: as cabeças de
miosina energizadas se fixam aos locais de ligação com a miosina na actina e
liberam o grupo fosfato previamente hidrolisado. Quando as cabeças de miosina
se prendem a actina durante a contração, elas são chamadas pontes transversas.
 Movimento de força: depois da formação das pontes transversas, ocorre o
movimento de força. Durante o movimento de força, o local na ponte transversa
onde o ADP ainda está ligado se abre. Em consequência disso, a ponte
transversa roda e libera o ADP. A ponte transversa gera força ao redor em
direção ao centro do sarcômero, deslizando o filamento fino pelo filamento
grosso na direção da linha M.
 Desacoplamento da miosina da actina: ao final do movimento de força, a ponte
transversa permanece firmemente presa a actina até se ligar a outra molécula de
ATP. Quando o ATP se liga ao local de ligação com o ATP na cabeça de
miosina, a cabeça de miosina se solta da actina.
O ciclo de contração se repete conforme a ATPase da miosina vai hidrolisando as
moléculas recentemente ligadas de ATP e continua enquanto houver ATP disponível
e o nível de Ca2+ perto do filamento fino estiver suficientemente alto. As pontes
transversas se mantem rodando a cada movimento de força. Puxando os filamentos
finos na direção da linha M. Cada uma das 600 pontes transversas em um filamento
grosso acopla e desacopla cerca de 5 vezes por segundo.

Acoplamento excitação-contração
A elevação da concentração de Ca2+ no sarcoplasma a contração muscular e a
diminuição cessam. Quando uma fibra muscular está relaxada, a concentração de
Ca2+ no seu sarcoplasma é muito baixa, apenas de 0,1 micromol por litro
(0,1umol/l). no entanto, uma enorme quantidade de Ca2+ está armazenada dentro do
retículo sarcoplasmático. Conforme o potencial de ação muscular vai se propagando
ao longo do sarcolema e nos túbulos T, os canais de liberação de Ca2+ na
membrana do RS vão se abrindo. Quando esses canais se abrem, o Ca2+ sai do RS
para o sarcoplasma ao redor dos filamentos grossos e finos. Em consequência disso,
a concentração de Ca2+ no sarcoplasma sob 10 vezes. Os íons de cálcio liberados
combinam com a troponina, fazendo com que mudem de forma. Essa alteração de
conformação movimenta a tropomiosina para longe dos locais de ligação com a
miosina na actina. Uma vez livres esses locais de ligação são referidos
coletivamente como acoplamento excitação-contração, já que constituem as etapas
que conectam a excitação (u potencial de ação muscular se propagando pelo
sarcolema e nos túbulos T) a contração (deslizamento dos filamentos).
A membrana do RS também contém bombas de transporte ativo de Ca2+ que usam
ATP para movimentar Ca2+ de maneira constante do sarcoplasma para o RS.
Enquanto os potenciais de ação musculares se propagam pelos túbulos T, os canais
de liberação de Ca2+ são abertos. Íons de cálcio fluem para o sarcoplasma com mais
rapidez do que são transportados de volta pelas bombas. Depois da propagação
pelos túbulos T o último potencial de ação, os canais de liberação de Ca2+ fecham.
Com o cálcio levado de volta para o RS pelas bombas, a concentração de Íons cálcio
no sarcoplasma rapidamente diminui, dentro do RS, as moléculas de uma proteína
de ligação com o cálcio, apropriadamente chamada calsequestrina, se ligam ao
cálcio, possibilitando que mais cálcio seja sequestrado ou armazenado dentro RS.
Em consequência disso, a concentração de cálcio ´e10000 vezes mais elevado no RS
do que no citosol de uma fibra muscular relaxada. Com a queda do nível de Ca2+, a
tropomiosina cobre os locais de ligação da miosina e a fibra muscular relaxa.

METABOLISMO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO


Os músculos esqueléticos utilizam muitos substratos energéticos para gerar ATP. A
fonte imediata mais abundante de ATP é o fosfato de creatina. O ATP também
pode gerado a partir dos estoques de glicogênio tanto anaeróbica (gerando lactato)
quanto aerobiamente e, nesse caso, o piruvato é convertido em acetil-CoA para a
oxidação pelo ciclo do TCA. Todos os músculos esqueléticos de seres humanos,
possuem mitocôndrias e, portanto, são capazes de oxidar ácidos graxos e corpos
cetonicos. Os músculos esqueléticos também são capazes de oxidar completamente
os esqueletos de carbono de alanina, aspartato, glutamato, valina, leucina e
isoleucina, mas não de outros aminoácidos. Cada uma dessas rotas de oxidação de
substratos energéticos exerce um papel de certa forma única no metabolismo do
musculo esquelético.
 ATP e creatina-fosfato
Muitas reações são ativadas ou inibidas de forma alostérica pelos níveis de
ATP, especialmente aquelas que geram energia. As células musculares
resolvem esse problema armazenando ligações fosfato de alta energia na
forma de fosfato de creatina. Quando há necessidade de energia, o fosfato de
creatina irá doar um fosfato para o ADP para regenerar ATP para a
contração muscular.

A síntese de creatina começa no rim e é completada no fígado. No rim,


glicina se combina com arginina para formar guanidinoacetato. Nessa
reação, o grupo guanidino da argenina (grupo que também forma a ureia) é
transferido para a glicina, e o restante da molécula de arginina é liberado
como ornitina. O guanidinoacetato, então, vai para o fígado, onde é metilado
pela s-adenosilmetionina para formar creatina. A creatina formada é liberada
pelo fígado e vai pela corrente sanguínea para os outros tecidos,
particularmente o músculo esquelético, o coração e o cérebro, onde ela reage
com o ATP para formar o composto de alta energia fosfato de creatina. Essa
reação, catalisada pela creatina-fosfoquinase (CK), é reversível. Portanto, as
células podem utilizar fosfato de creatina para regenerar ATP.
O fosfato de creatina serve como um pequeno reservatório de fosfato de alta
energia que pode prontamente regenerar ATP a partir de ADP. Como
resultado, ele exerce um papel particularmente importante no músculo
durante o exercício. Ele também carrega fosfato de alta e energia da
mitocôndria, onde o ATP é sintetizado, para os filamentos de miosina, onde
o ATP é utilizado para a contração muscular. O fosfato de creatina é um
composto instável. Ele cicliza espontaneamente, formando creatina. A
creatina não pode ser metabolizada e é excretada na urina. A quantidade de
creatina excretada por dia é constante e depende da massa muscular corporal.
Portanto, ela pode ser usada como um padrão para determinar a quantidade
de outros compostos excretados na urina, bem como um indicador da função
excretória renal.

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