Livro-Texto - Unidade I Perícia, Avaliação
Livro-Texto - Unidade I Perícia, Avaliação
Livro-Texto - Unidade I Perícia, Avaliação
e Arbitragem
Autores: Prof. Ricardo Sussumu Takatori
Profa. Selma Lúcia Doná
Colaboradoras: Profa. Cristiane Nagai
Profa. Angélica Carlini
Professores conteudistas: Ricardo Sussumu Takatori / Selma Lúcia Doná
Mestre em Controladoria e Contabilidade pela Fecap–SP, economista pela PUC‑SP e técnico de contabilidade
pelo Instituto Monitor‑SP. Atuou profissionalmente em empresas privadas do setor de fabricação de canetas,
telecomunicações e informática, construção civil (como especialista na elaboração de projetos econômicos e
financeiros) e na área de controladoria (orçamento e custos), ocupando cargos gerenciais. Gerenciou e assessorou
empresas do Governo do Estado, de pesquisa e controle ambiental, em obras e junto à prefeitura. Atua como perito
judicial na justiça civil e do trabalho e como assistente técnico junto aos escritórios de advocacias. É especialista nos
cálculos judiciais, principalmente da área civil.
Ministra aulas de contabilidade, economia e administração financeira, com grau de especialização em disciplinas
específicas, tais como: contabilidade pública, perícia contábil, contabilidade aplicada à construção civil, saúde, esporte,
seguros, hotelaria e turismo, métodos quantitativos e matemática financeira e outras disciplinas, nos cursos de
graduação e pós‑graduação, em instituições como Fecap, Mackenzie, Uninove, UNIP, Unifai, Unifei e outras instituições
de renome. É autor de livros para cursos EaD de disciplinas relacionadas à contabilidade.
Mestra em Direito pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Especialista em Direito e Processo do
Trabalho e em Direito Civil e Processual Civil, ambos pela Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados do
Brasil, secção de São Paulo. Graduada em Direito pelo Centro Universitário Padre Anchieta.Advogada e consultora
jurídica nas áreas de direito civil, trabalhista, societário e empresarial. Professora na UNIP dos cursos de graduação em
Direito, Ciências Contábeis e Administração de Empresas.
CDU 347.918
U504.06 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Lucas Ricardi
Juliana Muscovick
Sumário
Perícia, Avaliação e Arbitragem
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONCEITO DE PERÍCIA.................................................................................................................................... 11
1.1 Objeto da perícia contábil.................................................................................................................. 13
1.2 Campo de aplicação da perícia contábil...................................................................................... 14
2 FLUXOGRAMA DE UM PROCESSO JUDICIAL......................................................................................... 16
3 PERÍCIAS JUDICIAIS......................................................................................................................................... 18
3.1 Tipos de perícias judiciais................................................................................................................... 18
3.1.1 Perícia judicial........................................................................................................................................... 19
3.1.2 Perícia extrajudicial................................................................................................................................. 21
3.2 Perícia contábil no código civil e no código do processo civil........................................... 23
3.3 Características da perícia judicial................................................................................................... 35
3.4 Objeto da perícia judicial................................................................................................................... 36
3.5 Usuários da perícia contábil............................................................................................................. 38
3.6 Procedimentos básicos da perícia contábil................................................................................. 38
4 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NA PERÍCIA JUDICIAL......................................................................... 41
4.1 Perito judicial.......................................................................................................................................... 42
4.2 Responsabilidades civil e criminal.................................................................................................. 50
4.3 Assistente técnico................................................................................................................................. 51
4.3.1 Responsabilidades................................................................................................................................... 52
4.3.2 Pareceres...................................................................................................................................................... 53
Unidade II
5 TRABALHO PERICIAL....................................................................................................................................... 58
5.1 Planejamento do trabalho pericial................................................................................................. 59
5.2 Os papéis de trabalho.......................................................................................................................... 62
5.3 Diligências................................................................................................................................................ 63
5.4 Quesitos..................................................................................................................................................... 66
5.5 Laudo pericial.......................................................................................................................................... 68
5.6 Prazos......................................................................................................................................................... 75
5.7 Honorários................................................................................................................................................ 77
5.8 Desenvolvimento do trabalho.......................................................................................................... 82
5.9 As técnicas utilizadas na elaboração do laudo pericial......................................................... 83
6 FASES DO PROCESSO JUDICIAL.................................................................................................................. 85
6.1 Fase de instrução................................................................................................................................... 85
6.2 Perícia na fase de execução.............................................................................................................. 86
6.3 A impugnação das partes.................................................................................................................. 89
6.4 Esclarecimento às partes.................................................................................................................... 89
Unidade III
7 AVALIAÇÃO......................................................................................................................................................... 94
7.1 Modelos de avaliação de empresas................................................................................................ 97
7.2 Modelos patrimoniais de avaliação............................................................................................... 97
7.3 Modelo de avaliação patrimonial contábil................................................................................. 98
7.4 Modelo de avaliação patrimonial pelo mercado...................................................................... 98
7.5 Avaliação relativa ou modelo baseado em múltiplos índices financeiros..................... 98
7.6 Avaliação por fluxo de caixa descontado.................................................................................... 99
8 ARBITRAGEM...................................................................................................................................................100
8.1 Árbitros....................................................................................................................................................104
8.2 Requisitos para ser árbitro..............................................................................................................105
8.3 Impedimento e suspeição................................................................................................................106
8.3.1 Impedimento...........................................................................................................................................107
8.3.2 Suspeição.................................................................................................................................................. 110
8.4 Procedimentos arbitrais....................................................................................................................112
8.4.1 Ordinário....................................................................................................................................................112
8.4.2 Sumário......................................................................................................................................................113
8.4.3 Ad hoc........................................................................................................................................................114
8.5 Sentença arbitral.................................................................................................................................115
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina é uma parte muito específica da contabilidade, pois somente os profissionais dessa
área podem praticá‑la.
Cabe ao profissional de contabilidade fazer parte dos processos judiciais, auxiliando os juízes e
advogados na elucidação das dúvidas pertinentes aos aspectos contábeis.
Em muitas situações não há a necessidade da perícia elaborada no campo judicial, pois as partes
envolvidas podem solicitar a interveniência de profissional contábil, com habilidade para esclarecer a
disputa, através da arbitragem, uma forma simplificada da perícia contábil.
Outra forma de elaborar uma perícia contábil ocorre através do arbitramento, cuja técnica é
baseada na utilização de poucos dados, com os quais o perito contábil deve ter a habilidade de definir
parâmetros para a elaboração do laudo pericial, elucidando as dúvidas da disputa judicial de forma
objetiva e clara.
Após o estudo desse tema, o aluno estará capacitado a colocar em prática, partindo de um
embasamento conceitual, o conhecimento das técnicas periciais e arbitrais na solução dos conflitos
envolvendo a contabilidade.
INTRODUÇÃO
Na década de 1990, a Polícia Federal do Brasil desencadeou uma série de operações, prendendo
muitos empresários sob a alegação de falcatruas, fraudes e sonegação fiscal.
Essas operações foram iniciadas com a anuência da Justiça, que permitiu aos policiais: escutas
telefônicas, análises de documentos e outros fatos relevantes relacionados à investigação, devidamente
analisados pelos técnicos da Polícia Federal, como mostra o texto a seguir.
7
Em que momento a PF decide tornar pública uma investigação secreta?
As operações só vêm à tona quando a PF reúne indícios e provas suficientes para iniciar
inquéritos e ações na Justiça. Por isso, muitas vezes, a instituição se vê obrigada a permitir
que o esquema criminoso continue a funcionar em sigilo, até que os agentes tenham
provas substanciais. Só então começa a parte visível da operação, com sirenes e prisões.
Esse método permite que, além de pequenos operadores criminosos, sejam capturados os
indivíduos graduados do esquema [...]
O fato mais importante nessas operações é que a investigação teve o objetivo de coletar indícios e
provas para a fundamentação do crime, principalmente dos envolvidos.
8
As operações sempre resultam em prisões?
Nem sempre. Muitas vezes, elas visam apenas obter provas que podem cooperar com as
investigações. Isso impede, por exemplo, que os suspeitos se adiantem aos longos inquéritos
e destruam provas. De qualquer forma, tanto as prisões quanto a apreensão de provas
dependem de autorização da Justiça. Ao ser deflagrada, a operação Têmis não realizou
prisões, mas coletou centenas de documentos e discos rígidos de computadores de suspeitos;
já a Hurricane prendeu 25 pessoas, além de recolher duas toneladas de documentos, 19
armas, mais de 500 joias, 51 carros de luxo e milhões em dinheiro vivo.
Figura 1
Quando um profissional é nomeado pelo juiz para desempenhar o papel de perito judicial, deve
elaborar um planejamento e determinar o objetivo a ser esclarecido, utilizando as técnicas científicas e
as habilidades técnicas exigidas pela Justiça.
9
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Unidade I
1 CONCEITO DE PERÍCIA
A perícia, pela óptica mais ampla, pode ser entendida como qualquer
trabalho de natureza específica, cujo rigor na execução seja profundo.
Dessa maneira, pode haver perícia em qualquer área científica ou até
em determinadas situações empíricas, por outro lado, a natureza do
processo é que a classificará, podendo ser de origem judicial, extrajudicial,
administrativa ou operacional. Quanto à natureza dos fatos que a ensejam,
pode ser classificada como criminal, contábil, médica, trabalhista etc.
Segundo Alberto (2009, p. 19): “[...] perícia é um instrumento especial de constatação, prova ou
demonstração, científica ou técnica, da veracidade de situações, coisas ou fatos”.
No caso do profissional especialista, para exercer a atividade de perícia deve ter formação
universitária em determinada área de especialização ou, caso haja comarcas com falta de profissionais
habilitados, poderá ser nomeado como perito um profissional de notório conhecimento, mesmo sem
essa formação.
Quanto à habilitação legal, há o caso dos contadores, que deverão estar inscritos no Conselho
Regional de Contabilidade.
A perícia tem de ser específica, ou seja, ter um objeto próprio e limitado, que deverá ser analisado de
forma profunda, dentro do campo de atuação da perícia.
O perito não deverá deixar de verificar qualquer fato ou documento, que servirá de suporte para a
conclusão do laudo pericial. Não poderá, de forma alguma, proceder à análise por amostragem. Ele tem
de demonstrar conhecimento específico da ciência relacionada ao objeto da perícia.
Esse conhecimento pode advir de sua formação universitária ou, no caso do chamado conhecimento
notório, ser fruto da experiência profissional ou de vida da pessoa. Por conta desse aspecto é que a
perícia poderá ser efetuada por profissional que não tenha formação universitária específica, mas que
detenha notórios conhecimentos dos fatos relacionados à perícia.
O objetivo da perícia é fornecer elementos para a tomada de decisões e, para isso, o perito utilizará
os meios técnicos e científicos para constatar coisas e demonstrar se as alegações das partes são
verdadeiras, por meio de relatórios, cálculos e análises minuciosas, claras e objetivas.
Observação
12
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Saiba mais
Segundo Sá (1997, p. 13), a perícia contábil é uma tecnologia, porque é a aplicação dos conhecimentos
científicos da contabilidade.
Assim, a perícia contábil terá como objeto principal as questões que envolvem o patrimônio de
pessoas físicas ou jurídicas, visando sempre uma delimitação, pois o perito deverá focalizar seu trabalho
estritamente no objeto em discussão, para o qual foi contratado ou nomeado e, em hipótese alguma,
poderá ir além dele.
13
Unidade I
Assim, Ornelas (2000, p. 35) considera que, independentemente dos procedimentos a serem adotados,
são características essenciais da perícia contábil:
a) limitação da matéria;
Ornelas (2000, p. 36) complementa: “[...] em se tratando de perícia judicial contábil, os limites da
matéria submetida à apreciação pericial são delineados pelo próprio objeto sub judice ou pelo magistrado
dos pontos controvertidos quando do despacho saneador, ou em audiência”.
A perícia contábil tem como objeto a determinação do juiz ou as dúvidas colocadas pelas partes.
O perito contador deve se ater às questões formuladas no objeto, não estendendo ou extrapolando o
solicitado; caso ocorra este excesso, o laudo pericial será nulo e o perito contador pode ser processado
civil e criminalmente.
A perícia contábil, como especialização da Ciência Contábil, é aplicada em todos os casos em que
há a necessidade de uma avaliação precisa de fatos que envolvam o patrimônio de pessoas físicas ou
jurídicas.
Sá (1997, p. 93) explica que são muitos os casos de ações judiciais para os quais se requer a perícia
contábil. Como força de prova, alicerçada em outros elementos como a escrita contábil, os documentos
(tudo aliado a um acervo científico e tecnológico), a perícia é algo especial e específico. São considerados
grandes campos de ação do perito os seguintes: alimentos (ação ordinária); apuração de haveres;
avaliação de patrimônio incorporado; busca e apreensão, entre outras.
Como neste livro-texto o enfoque principal são as ações trabalhistas, segue a descrição da forma
que a perícia é aplicada nessas ações.
14
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Todo trabalho desenvolvido pelo perito contador ocorre nas disputas em que os objetos são os dados
e informações contábeis.
A perícia tem em suas entranhas o status de conhecimento notório, tratado na Lei n. 9.457, de
5 de maio de 1997, que alterou a Lei n. 6.404‑76 no seu artigo 163, parágrafo 8, que trata o
profissional com o status de conhecimento notório e necessário para apurar fatos. No mesmo
ordenamento, parágrafo 4, temos a figura contemporânea dos auditores independentes,
para esclarecimentos ou apuração de fatos específicos, que acreditamos ser o relatório ou
parecer de auditoria, submetido à apreciação do conselho fiscal.
Naturalmente, este conhecimento também é bom para o auditor, mas se exige com mais
propriedade do perito, por ser este, junto com o juiz, o provedor do equilíbrio da Justiça.
O status do perito também é elevado para categoria de cientista, por força do CPC, artigo 156,
que trata do perito como sendo um cientista para assistir o juízo em matérias de ciência e tecnologia.
A auditoria, ramo da mesma árvore, contabilidade, tem como seu destaque as revisões
de procedimentos relativos às atividades de interesse da CVM, pois a Lei n. 6.385‑76,
artigos 26 e 27 tratam do assunto, enfatizando o registro do profissional na CVM que está
normalizando as condições que considera ideais para conceder o registro. Naturalmente, é
importante frisarmos que este registro da CVM só é obrigatório quando a empresa auditada
está entre aquelas relacionadas na lei, ficando fora as auditorias de empresas que não
15
Unidade I
estejam negociando ações na bolsa e que não estejam operando com valores mobiliários,
por exemplo, uma montadora de veículos automotores, de capital fechado.
São duas atividades ótimas, recomendamos estágios nas duas áreas antes de decidir
a carreira, acreditamos que seguir as duas simultaneamente é muito difícil, mas não
impossível, pois ambas requerem estudos continuados e pesquisas cientificas, as duas
bradam por constante e eterna reciclagem.
Petição inicial
(CPC, art. 319)
Contestação
(CPC, art. 335, no prazo de15 dias da finalização da(s) audiência(s) de
conciliação ou do protocolo da petição do réu dispensado a audiência,
se o autor fez o mesmo na inicial)
Réplica
(se for a hipótese do CPC, arts. 350 e 351, no prazo de 15 dias)
Especificação das testemunhas e provas (deferidas as provas inclusive ao revel, caso não sejam
observados os efeitos da revelia – CPC, art. 349) e saneamento do processo (CPC, art. 357)
Realização de perícia/vistoria
16
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
O procedimento judicial demonstrado anteriormente por meio do fluxograma foi elaborado pelo
poder judiciário, com base no Código do Processo Civil.
Quando necessário esclarecer matéria específica ou requerida pelas partes, o juiz aplica o artigo 465
do Código do Processo Civil (BRASIL, 2015):
I - proposta de honorários;
3 PERÍCIAS JUDICIAIS
Segundo Sá (1997, p. 19), é possível classificar as perícias em três grandes grupos gerais:
• perícia judicial: a verificação de uma empresa para que o juiz possa homologar a concordata que
ela pediu;
Para Alberto (2000, p. 53), os ambientes de atuação que lhe definirão as características podem ser,
do ponto de vista mais geral, o ambiente judicial, o ambiente semijudicial, o ambiente extrajudicial e o
ambiente arbitral.
18
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Representa a perícia realizada dentro dos procedimentos processuais do poder judiciário, por
determinação, requerimento ou necessidade de seus agentes ativos e se desenvolve ou se processa
segundo regras legais específicas.
A perícia judicial é especifica e define‑se pelo texto da lei; estabelece o artigo 464 do Código de
Processo Civil, na parte relativa ao processo de conhecimento: “a prova pericial consiste em exame,
vistoria ou avaliação” (BRASIL, 2015).
• perícias do futuro: são as cautelares preparatórias da ação principal. Visam perpetuar fatos que
podem desaparecer com o tempo.
As perícias judiciais têm origem numa ação judicial que tramita em juízo.
A perícia judicial, como o próprio nome está dizendo, tem fundamento numa ação postulada em
juízo, podendo ser determinada diretamente pelo juiz dirigente do processo ou a ele requerida, pelas
partes em litígio. Na perícia judicial, os exames são, na maioria das vezes, específicos e recaem sobre
fatos que já se encontram em discussão no âmbito do processo.
Nos processos judiciais civis, além da rotina técnica de procedimentos, existe um cerimonial inerente
ao desenvolvimento regular do processo, sendo ele: indicação do perito judicial pelo juiz, indicação de
assistentes técnicos pelas partes, formulação de quesitos, por meio dos quais as partes e o próprio juiz
manifestam as dúvidas que desejam ver esclarecidas pela perícia, o compromisso dos peritos e os prazos.
Em qualquer dos casos, o juiz, ao determinar a perícia, nomeia o perito do juízo e as partes indicam
seus assistentes técnicos (opcionalmente). Às vezes, uma das partes, ou ambas, deixa de indicar
assistentes, declarando que se “louva” no perito do juízo.
19
Unidade I
Ao ser nomeado, o perito deve comparecer ao cartório e consultar os autos do processo para avaliar
seus honorários, o que deverá ser feito levando em consideração alguns detalhes, tais como: vulto
do trabalho a ser feito, grau de dificuldade, local da diligência e despesas previstas. Calculado o total,
deverá se dirigir ao juiz, por meio de petição onde exporá, com detalhes, os honorários pretendidos,
requerendo, também, o seu depósito para iniciar os trabalhos.
O perito deverá acompanhar o andamento do processo e, tão logo tenha seus honorários depositados,
retirará os autos do cartório por meio de carga, no livro apropriado, em poder de funcionário indicado para isso.
De posse dos autos, o perito deverá imediatamente fazer um levantamento de tudo que vai necessitar
para seu trabalho (livros, documentos etc.) e dirigir‑se à sede da empresa ou ao local da perícia, onde
entrará em contato com o interessado e com ele deixará por escrito a relação do que deseja, marcando
dia e hora de retorno. A relação por escrito deverá ser feita em duas vias. O perito trará uma delas,
devidamente assinada por quem a recebeu. No dia e hora marcada, retornará para fazer a perícia.
Há perícias de diversas modalidades, de acordo com as necessidades processuais. As principais, no entanto, são:
• nas varas cíveis: prestação de contas, avaliações patrimoniais, litígios entre sócios, indenizações,
avaliações de fundos de comércio, renovatórios de locações e outras;
Lembrete
Saiba mais
Para saber mais sobre o assunto, leia o artigo:
Representa a perícia realizada fora do Estado, por necessidade e escolha de entes físicos e jurídicos
particulares, privados. A perícia extrajudicial subdivide‑se em:
• demonstrativa: tem como finalidade demonstrar a veracidade ou não do fato ou caso previamente
especificado na consulta;
• discriminativa: tem como finalidade colocar nos justos termos os interesses de cada um dos
envolvidos na matéria potencialmente duvidosa;
A perícia extrajudicial é livremente contratada entre as partes em litígio, isto é, se realiza particularmente,
dentro de uma entidade econômica; em alguns casos esporádicos, no patrimônio de pessoas físicas. Esse
tipo de perícia se processa por meio de exames, que podem ser genéricos ou específicos.
Os primeiros exames, os genéricos, envolvem todos os setores de uma entidade econômica, para
certificar a realidade de suas contas, ou mesmo a eficiência da administração do patrimônio dessa
entidade (ou pessoa). Nesses casos, a perícia procede à verdadeira medição da dinâmica patrimonial e
seus resultados no período de uma administração, ou seja, busca‑se, além da regularidade das contas, o
conhecimento do emprego de todo o potencial que o patrimônio dispunha naquele período.
Nos exames específicos, a finalidade precípua é a análise de fenômenos isolados ocorridos durante
a evolução dinâmica desse patrimônio, cujos resultados servirão para sanar as lesões resultantes de
qualquer natureza, ou mesmo para tomada de decisões que, dependendo de seus resultados, poderão
até mudar a feição de sua administração.
21
Unidade I
• perícia para avaliação de bens e direitos para integralização do capital social das sociedades anônimas;
• perícias para avaliação de locações ou indenizações em caso de ações renovatórias de contratos de locação.
Saiba mais
Figura 3
22
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Saiba mais
O código do processo civil rege os procedimentos que devem ser obedecidos em todos os processos
enquadrados no código civil.
No código civil (CFC, 2015), verificamos a necessidade da perícia contábil, enquanto no código do
processo civil, os procedimentos de nomeação e desenvolvimento da atividade pericial contábil são
fixados para esclarecer pontos duvidosos que o juiz e os advogados, por ventura, possam ter, como
mostra o texto a seguir.
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu
funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que esta se conclua.
§ 1o Far‑se‑á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação de sua dissolução.
Contagem de prazo:
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem pleitear a anulação deles.
Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço
e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar‑se‑á depositando‑o em juízo, com a
citação de todos os interessados.
Art. 161. A ação, nos casos dos artigos 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor
insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou
terceiros adquirentes que hajam procedido de má‑fé.
Art. 163. Presumem‑se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de
dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
24
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Parágrafo único. Se esses negócios tinham por único objeto atribuir direitos preferenciais,
mediante hipoteca, penhor ou anticrese, sua invalidade importará somente na anulação da
preferência ajustada.
Da prova:
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado
mediante:
I – confissão;
II – documento;
III – testemunha;
IV – presunção;
V – perícia.
Documento público:
§ 1o Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve conter:
III – nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das partes e
demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do regime de bens do
casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
VII – assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do tabelião ou seu
substituto legal, encerrando o ato.
Art. 216. Farão a mesma prova que os originais as certidões textuais de qualquer peça
judicial, do protocolo das audiências, ou de outro qualquer livro a cargo do escrivão, sendo
extraídas por ele, ou sob a sua vigilância e por ele subscritas, assim como os traslados de
autos, quando por outro escrivão consertados.
Art. 217. Terão a mesma força probante os traslados e as certidões, extraídos por tabelião
ou oficial de registro, de instrumentos ou documentos lançados em suas notas.
Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com
a legitimidade das partes, as declarações enunciativas não eximem os interessados em sua
veracidade do ônus de prová‑las.
Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja
na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de
qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito
de terceiros, antes de registrado no registro público.
Art. 222. O telegrama, quando lhe for contestada a autenticidade, faz prova mediante
conferência com o original assinado.
Art. 223. A cópia fotográfica de documento, conferida por tabelião de notas, valerá
como prova de declaração da vontade, mas, impugnada sua autenticidade, deverá ser
exibido o original.
Parágrafo único. A prova não supre a ausência do título de crédito, ou do original, nos
casos em que a lei ou as circunstâncias condicionarem o exercício do direito à sua exibição.
Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e sociedades provam contra as pessoas a que
pertencem, e, em seu favor, quando, escriturados sem vício extrínseco ou intrínseco, forem
confirmados por outros subsídios.
Parágrafo único. A prova resultante dos livros e fichas não é bastante nos casos em que
a lei exige escritura pública, ou escrito particular revestido de requisitos especiais e pode ser
ilidida pela comprovação da falsidade ou inexatidão dos lançamentos.
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente
e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes.
Art. 318. São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem
como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os
casos previstos na legislação especial.
Art. 319. O devedor que paga tem direito a quitação regular e pode reter o pagamento,
enquanto não lhe seja dada.
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará
o valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo
e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante.
27
Unidade I
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se
de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida.
Art. 321. Nos débitos, cuja quitação consista na devolução do título, perdido este, poderá o
devedor exigir, retendo o pagamento, declaração do credor que inutilize o título desaparecido.
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas periódicas, a quitação da última estabelece,
até prova em contrário, a presunção de estarem solvidas as anteriores.
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem reserva dos juros, estes presumem‑se pagos.
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação assim operada se o credor provar, em
sessenta dias, a falta do pagamento.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros
e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos e honorários
de advogado.
Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em
que executou o ato de que se devia abster.
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor.
Da mora:
Art. 394. Considera‑se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que
não quiser recebê‑lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização dos
valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos e honorários de advogado.
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao credor, este poderá
enjeitá‑la e exigir a satisfação das perdas e danos.
28
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagos com
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo
juros, custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo e não havendo
pena convencional, pode o juiz conceder ao credor indenização suplementar.
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa que
estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional.
Art. 407. Ainda que se não alegue prejuízo, é obrigado o devedor aos juros da mora que
se contarão assim às dívidas em dinheiro, como às prestações de outra natureza, uma vez
que lhes esteja fixado o valor pecuniário por sentença judicial, arbitramento, ou acordo
entre as partes.
Art. 1.031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor
da sua quota, considerados pelo montante efetivamente realizado, liquidar‑se‑á, salvo
disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data
da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.
29
Unidade I
III – proceder, nos quinze dias seguintes ao da sua investidura e com a assistência, sempre que
possível, dos administradores, à elaboração do inventário e do balanço geral do ativo e do passivo;
VI – convocar assembleia dos quotistas, cada seis meses, para apresentar relatório e
balanço do estado da liquidação, prestando conta dos atos praticados durante o semestre,
ou sempre que necessário;
Art. 1.105. Compete ao liquidante representar a sociedade e praticar todos os atos necessários
à sua liquidação, inclusive alienar bens móveis ou imóveis, transigir, receber e dar quitação.
Parágrafo único. Sem estar expressamente autorizado pelo contrato social, ou pelo
voto da maioria dos sócios, não pode o liquidante gravar de ônus reais os móveis e
imóveis, contrair empréstimos, salvo quando indispensáveis ao pagamento de obrigações
inadiáveis, nem prosseguir, embora para facilitar a liquidação, na atividade social.
Parágrafo único. Se o ativo for superior ao passivo, pode o liquidante, sob sua
responsabilidade pessoal, pagar integralmente as dívidas vencidas.
Art. 1.107. Os sócios podem resolver, por maioria de votos, antes de ultimada a liquidação,
mas depois de pagos os credores, que o liquidante faça rateios por antecipação da partilha,
na medida em que se apurem os haveres sociais.
Parágrafo único. O dissidente tem o prazo de trinta dias, a contar da publicação da ata,
devidamente averbada, para promover a ação que couber.
Art. 1.110. Encerrada a liquidação, o credor não satisfeito só terá direito a exigir dos
sócios, individualmente, o pagamento do seu crédito, até o limite da soma por eles recebida
em partilha e a propor contra o liquidante ação de perdas e danos.
Art. 1.111. No caso de liquidação judicial, será observado o disposto na lei processual.
Parágrafo único. As atas das assembleias serão, em cópia autêntica, apensadas ao processo judicial.
Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos
prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má‑fé,
os mesmos efeitos como se o fossem por aquele.
Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos
seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito.
Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente
obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento
pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor.
31
Unidade I
Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade,
mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a
documentação respectiva e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
§ 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados.
§ 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.
Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser
substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.
Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o
lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico.
Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas,
antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis.
Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a
sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios.
Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no artigo 1.174, a escrituração ficará sob a
responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade.
§ 1o Admite‑se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período
de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da
sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para
registro individualizado e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação.
Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo que registre:
I – a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo,
em forma de balancetes diários;
III – o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na
respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias
serão considerados pelo seu valor de aquisição;
Parágrafo único. Entre os valores do ativo podem figurar, desde que se preceda,
anualmente, à sua amortização:
Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação
real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis
especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo.
Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço
patrimonial, em caso de sociedades coligadas.
Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal,
sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a
sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.
Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração
quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade,
administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.
Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão
apreendidos judicialmente e, no do seu § 1o, ter‑se‑á como verdadeiro o alegado pela parte
contrária para se provar pelos livros.
Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental
em contrário.
34
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Segundo Sá (1997, p. 64), a perícia judicial possui um ciclo normal, dividido em três fases: preliminar,
operacional e final.
Fase preliminar:
Fase operacional:
2. curso do trabalho;
3. elaboração do laudo.
Fase final:
1. assinatura do laudo;
Sá (1997, p. 65) ainda complementa: “[...] o ciclo da perícia judicial compõe‑se da fase inicial, operacional
e final e estas de eventos distintos que formam todo o conjunto de ocorrências que caracterizam tais tarefas”.
A perícia judicial difere das demais modalidades de perícia, sendo realizada em ações judiciais, podendo
ocorrer na fase inicial do processo (instrução), ou na fase final (execução). Essa perícia poderá ser solicitada
pelas partes ao juiz que, analisando o pedido, poderá deferi‑la ou não. Ela poderá ainda ser determinada pelo
juiz, quando verificar que a matéria a ser analisada depende de parecer de um técnico especialista.
35
Unidade I
Sendo aceita ou determinada a perícia, nos termos do artigo 465 do código de processo civil, o juiz
dará prazo às partes para que apresentem seus quesitos e indiquem seus assistentes técnicos. Esse prazo,
segundo o CPC, é de 15 (quinze) dias.
Vencido o prazo para as partes apresentarem seus quesitos e indicarem seus assistentes técnicos, se inicia,
efetivamente, a perícia, que deverá ser entregue sempre dentro do prazo estabelecido pelo juiz, podendo ser
prorrogado por mais uma vez, desde que seja pedido antes do vencimento da primeira determinação do juiz.
O objeto da perícia normalmente está relacionado com disputas judiciais, em que o juiz ou uma das
partes necessita de esclarecimentos específicos e especializados de um profissional altamente habilitado.
Saiba mais
Figura 4
36
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
• ações alimentares;
• ações de inventário;
• dissolução de sociedades;
• desapropriações;
• reclamatórias trabalhistas;
• fundo de comércio;
• avaliação do intangível;
• execuções fisco‑tributárias;
• recuperações judiciais;
• indenizatórias contratuais;
• impugnações de créditos;
• inquérito policial.
Como a perícia se inscreve num dos gêneros de prova pericial, a contábil é apenas um deles, sendo
específica para os fatos relacionados ao objeto da contabilidade – o patrimônio. O profissional legalmente
habilitado para verificar e quantificar suas modificações é o contador, devidamente registrado em
Conselho Regional de Contabilidade.
O objeto da perícia é o limitador, seja ela contábil ou de qualquer outra espécie. Nas contábeis, o
perito deve ter muito claro o objeto a ser periciado, pois, de maneira alguma poderá exceder esse limite,
sob pena, principalmente nas perícias judiciais, de ter seu trabalho desconsiderado e até ser destituído
pelo juiz que o nomeou e ainda responder civil e criminalmente.
O campo de aplicação da perícia contábil é bastante amplo. O poder judiciário é grande usuário
dessa perícia, nas várias ações em que há a necessidade de conhecimentos técnicos da contabilidade.
As pessoas físicas e jurídicas utilizam‑se desses conhecimentos. As primeiras, em ações que visam a
preservar seus patrimônios pessoais; as segundas, para aquisição de outras empresas.
37
Unidade I
Os usuários da perícia contábil são as pessoas físicas e jurídicas, o poder judiciário e os operadores
do direito.
A aplicação da perícia diferencia‑se da contabilidade em geral por ser específica e ter um objeto
próprio, podendo ser aplicada para os usuários da contabilidade quando houver imperfeições,
inadequações e irregularidades.
As pessoas físicas podem se utilizar da perícia contábil quando houver a necessidade de verificação,
em livros ou documentos contábeis, de fatos que possam prejudicar seu patrimônio.
Existem casos de sócios que podem se sentir prejudicados na distribuição de lucros e pedem, por
meio de um perito contábil, a verificação dos resultados da empresa.
As pessoas jurídicas podem se utilizar dos serviços dos peritos contábeis, que atuarão como assistentes
técnicos nos processos dos quais elas são parte, com o objetivo de acompanhar o perito judicial nas
diligências e na elaboração do laudo pericial, bem como na emissão de parecer técnico que possa lhe
dar subsídios para impugnação do laudo do perito do juízo.
O poder judiciário utiliza‑se dos serviços do perito judicial, como auxiliar do juiz, podendo haver a
nomeação desse profissional na fase inicial do processo, com o objetivo de se obterem provas para o
julgamento deste ou na fase de execução, com o propósito de apurar os valores devidos.
É na esfera judicial que se verifica a utilização mais constante dos serviços do perito contábil, pois,
em vários processos, a matéria contábil deixa o juiz sem bases para seu julgamento, uma vez que se
refere a elementos da técnica contábil, da qual ele não detém conhecimento técnico.
Há a figura do árbitro, que também é usuário dos serviços de peritos judiciais, pois ele também
precisa, muitas vezes, de elementos confiáveis para poder tomar suas decisões. Além disso, tratando‑se de
matéria contábil, ele poderá solicitar um laudo pericial ou um parecer a um profissional da contabilidade.
Os operadores do direito também se utilizam da perícia contábil muitas vezes, para auxiliar no
momento de proporem uma determinada ação em juízo, com o objetivo de saberem antecipadamente
se o resultado que buscam valerá a pena. Dessa forma, antes de proporem a ação, solicitarão ao perito
contábil um parecer que demonstre, de forma clara, o objeto que buscarão em juízo.
• nomeação;
• aceitação ou escusa;
38
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
• elaboração do laudo;
• honorário;
• conclusão;
• esclarecimentos adicionais.
De acordo com o Código do Processo Civil (BRASIL, 2015), temos os seguintes procedimentos
relativos à perícia:
I - proposta de honorários;
II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi
assinado.
40
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Art. 472. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e
na contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos
ou documentos elucidativos que considerar suficientes.
A nomeação de perito judicial por parte do juízo ocorre diante da necessidade do juiz de esclarecer
dúvidas existentes no processo judicial. O profissional nomeado deve ter domínio da matéria a ser
elucidada e ser de confiança do juiz.
As partes podem nomear auxiliares para acompanhar o perito do juízo, os quais são denominados
assistentes técnicos e representam as partes envolvidas.
O perito do juízo é autônomo nas suas decisões, dando satisfação somente ao juiz que o nomeou.
41
Unidade I
Definidas e interligadas as bases conceituais, objeto e objetivo da perícia, é possível perceber que algumas
das suas características devem compor o perfil do profissional que atua ou pretende atuar nesse ramo de
conhecimento; é exigível e desejável que se conscientize da necessidade de discernir, analisar, julgar e agregar
sua personalidade, em grau de que lhe empreste autoridade moral natural para o acatamento de seu trabalho,
independentemente de atender aos aspectos formais e relativos a ele. Resumindo, é preciso ser ético em
contraposição a ter ética, o que é substancialmente diferente, pois ter é tão somente atender às regras
formalmente expressas porque a elas está subjugado, enquanto ser é entender as regras, formalizadas ou não,
como uma atitude natural, intrínseca ao próprio ser, que só quem é conscientizado pode ter.
Saiba mais
O prof. Dárcio Guimarães de Andrade, juiz do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região, ensina (IPECON, 2001):
Dentro desta perspectiva ética, não basta que o profissional FAÇA BEM, ele
precisa também FAZER O BEM, utilizando de atos de boa‑fé que orientem
suas decisões e relações com as pessoas, buscando, dessa forma, o bem
comum. Aliás, o bem comum deve ser nossa permanente meta.
42
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Não basta ao perito a responsabilidade moral e intelectual. De acordo com o Código do Processo
Civil (CPC), o perito possui também responsabilidade civil e criminal, delegado ao pagamento de
indenização de prejuízos que causar por dolo ou culpa, nos moldes do artigo 158 do CPC (BRASIL,
2015), o qual dispõe “o perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, responderá
pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 (dois) anos, a funcionar em outras
perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer“. A responsabilidade, nesse caso, refere‑se
às informações inverídicas e a prejuízos causados à parte, podendo ficar inabilitado de trabalhar em
outras perícias por dois anos.
Exmo. Sr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Bagé – Rio Grande do Sul
Autor: Hawai Viagens e Turismo – ME
Réu: Empresa de Turismo e Excursões Sonhos Dourados – EPP
Ação: Ressarcimento de Despesas – Cível
Processo nº: 0009.900.0021/2011
Isto posto, requer a sua a juntada desta aos autos para tornar ciente as partes interessadas
e para os devidos fins de direito.
É o que requer,
Pede deferimento.
No tocante à responsabilidade criminal, dispõem os artigos 342 e 347 do Código Penal e, segundo
eles, os atos praticados pelo auxiliar da Justiça, entendidos como dolo ou culpa, podem ainda ser
passíveis de pena de reclusão e multa, no caso desse profissional proferir afirmação falsa, de se calar à
verdade ou induzir o juiz ao erro.
Pode‑se dizer ainda que, ao perito, não é permitido agir sem eficácia; portanto, a ele compete
atuar com eficiência, agregando a perfeita dosagem de equidistância e de emprego de seus
conhecimentos sobre o objeto, que propicie atingir de forma bem sucedida a finalidade objetiva
para a qual a perícia foi determinada. Para que isso ocorra, o perito deve seguir indicativos que
servem como diferenciais e que contornam o perfil pessoal e profissional desejado e exigido dos
agentes periciais, impondo o seu aclaramento, por critérios mais objetivos, mediante o exame
circunscrito dos requisitos que devem lhe individualizar o perfil profissional, seus direitos, deveres
e responsabilidades.
Segundo Sá (1997, p. 20), o profissional que executa a perícia contábil precisa ter um conjunto de
capacidades, que são suas qualidades. Entre essas capacidades, estão:
• a legal;
• a profissional;
• a ética;
• a moral.
A capacidade legal é a que lhe confere o título de bacharel em Ciências Contábeis (e equiparados) e
o registro no Conselho Regional de Contabilidade.
• experiência em perícias;
• perspicácia;
• perseverança;
• sagacidade;
44
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Figura 5
Sá (1997, p. 21) complementa: “o perito precisa ser um profissional habilitado, legal, cultural e
intelectualmente e exercer virtudes morais e éticas com total compromisso com a verdade”.
Conceito
3. Perito oficial é o investido na função por lei e pertencente a órgão especial do Estado
destinado, exclusivamente, a produzir perícias e que exerce a atividade por profissão.
4. Perito do juízo é nomeado pelo juiz, árbitro, autoridade pública ou privada para
exercício da perícia contábil.
Habilitação profissional
45
Unidade I
46
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônjuges,
de parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro grau ou
entidades das quais esses façam parte de seu quadro societário ou de direção;
(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus cônjuges;
(f) aconselhar, de alguma forma, parte envolvida no litígio acerca do objeto da discussão;
(g) houver qualquer interesse no julgamento da causa em favor de alguma das partes.
Exmo. Sr. Juiz de Direito da 1ª Vara Cível de Bagé Rio Grande do Sul
Autor: Hawai Viagens e Turismo – ME
Réu: Empresa de Turismo e Excursões Sonhos Dourados – EPP
Ação: Ressarcimento de Despesas – Cível
Processo Nº: 0009.900.0021/2011
Jose Roberto Rodriguez, perito deste juízo, devidamente qualificado nos autos do
processo em epígrafe vem, respeitosamente, informar a Vossa Excelência, que apesar de
muito honrado com a designação, encontra‑se impedido de atuar no referido processo
face existir parentesco com uma das partes. Portanto, impossibilitado de exercer o encargo.
Dessa forma, apresenta sinceras escusas e fica à disposição deste juízo para maiores
esclarecimentos, assim como a para atuar em outros processos, quando for solicitado.
Isto posto, requer a sua dispensa do encargo e a juntada desta aos autos para tornar
ciente as partes interessadas e para os devidos fins de direito.
É o que requer,
Pede deferimento.
Exmo. Sr. (Dr.) Juiz de Direito da 4ª Vara Cível de Carapicuíba do Estado de Rio
Grande do Sul
Autor: Albertino Roseval dos Santos
Réu: Moto Locadora e Oficina Ltda – ME
Ação: Trabalhista
Processo nº: 1.110.000
José Roberto Alvarez Rodriguez, perito deste juízo, devidamente qualificado nos
autos do processo em epígrafe vem, respeitosamente, informar a Vossa Excelência, que
apesar de muito honrado com a designação, por motivos alheios à sua vontade, encontra‑se
impossibilitado de exercer o encargo por motivos de força maior.
Dessa forma, apresenta sinceras escusas e fica à disposição deste juízo para maiores
esclarecimentos, assim como a para atuar em outros processos, quando for solicitado.
Isto posto, requer a sua dispensa do encargo e a juntada desta aos autos para tornar
ciente as partes interessadas e para os devidos fins de direito.
É o que requer,
Pede deferimento.
Verifica‑se que o perfil do profissional que deve atuar em perícia envolve aspectos técnicos, morais
e éticos, conhecimentos jurídicos e boa expressão, necessariamente, através da escrita.
Figura 6
48
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
O perito especialista deve ter formação superior, ou seja, bacharelado na área em que pretende se
habilitar para a realização de perícias.
Apenas o bacharel em Ciências Contábeis está habilitado para exercer a perícia contábil, como determinam
as normas brasileiras de contabilidade, que trazem a seguinte redação: “4. A perícia contábil é de competência
exclusiva de contador em situação regular perante o Conselho Regional de Contabilidade de sua jurisdição”
(CFC, 2015). Tal afirmação está fundamentada no capítulo IV, artigo 25 alínea C e artigo 26 do Decreto‑lei
n. 9.295/46 (BRASIL, 1946), com a seguinte redação:
49
Unidade I
Lembrete
Segundo Neto; Mercandale (2000, p. 15), na órbita cível, o perito está sujeito à arguição de
impedimento ou suspeição, consoante preconiza o inciso II, do artigo 148 do Código de Processo Civil.
50
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
Neto; Mercandale (2000, p. 15) complementa: “sob o ângulo dos prejuízos que a perícia maliciosa
carrear à parte, entendemos que são cabíveis as ações de indenização, inclusive por danos morais”.
A responsabilidade criminal remete ao artigo 342 do Código Penal, que trata da falsa perícia, com a
seguinte redação:
O perito deve estar atento ao objeto da perícia, pois não pode ir além do que deve ser apurado.
Observação
O perito indicado pelas partes (denominado assistente técnico) deverá acompanhar o perito nomeado
pelo juiz nas diligências que forem efetuadas.
51
Unidade I
Sua indicação é permitida legalmente, como traz o artigo 465, 1º do Código de Processo Civil
(BRASIL, 2015).
I - proposta de honorários;
4.3.1 Responsabilidades
A responsabilidade do assistente técnico é com as partes que o indicaram, não podendo deixar de
obedecer às Normas Brasileiras de Contabilidade e às Normas de Profissionais de Perito, aos procedimentos
éticos e aos limites da perícia, por seu objeto.
52
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
4.3.2 Pareceres
Os pareceres são apresentados em separado, nos termos do Parágrafo 1º do artigo 477 do Código de
Processo Civil (BRASIL, 2015), no prazo de quinze dias após a apresentação do laudo:
Art. 477. O perito protocolará o laudo em juízo, no prazo fixado pelo juiz,
pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento.
A partir dessas considerações, verifica‑se que os prazos para entrega dos pareceres dos assistentes
técnicos são diferenciados.
Portanto, o perito contábil assistente é aquele que acompanha o perito do juízo, quando indicado
pelas partes, podendo oferecer seus pareceres no prazo comum de 15 (quinze) dias depois de intimadas
as partes da apresentação do laudo.
Saiba mais
Resumo
53
Unidade I
Exercícios
de reconstrução. O dono do supermercado ingressou com uma ação judicial contra o dono da madeireira,
depois de esgotados todas as tentativas para a realização de um acordo por meio do qual os prejuízos
materiais fossem pagos. No processo judicial, o magistrado indicou como perito o Sr. Adão Evaldo,
para que ele analisasse os documentos do supermercado para verificar se os valores pleiteados a título
de indenização por lucros cessantes eram, realmente, valores comprovados. O perito compareceu ao
contador que trabalhava para o supermercado e pediu a ele que apresentasse os livros e as notas
fiscais referentes às vendas de produtos feitas pelo supermercado, para com isso calcular os lucros
que o estabelecimento deixou de ter durante o período que ficou sem funcionar em decorrência do
incêndio. Chegou à conclusão que o supermercado havia tido prejuízos de R$ 750.000,00 a título de
lucros cessantes, ou seja, lucro que não teve exatamente porque estava sem funcionar. Os advogados da
madeireira impugnaram o laudo e o juiz concordou, determinando que fosse realizado outro. O principal
argumento para impugnação foi que:
C) O laudo pericial havia analisado apenas o faturamento do supermercado e não havia analisado os
valores das despesas.
D) O laudo pericial foi realizado por quem não tinha conhecimento para isso.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: não há no enunciado da questão nenhum elemento que permita concluir que o perito
designado pelo juiz era amigo do proprietário do supermercado.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: o laudo pericial deveria ser realizado a partir da análise dos documentos disponíveis sobre
a entrada e a saída de mercadorias, bem como com a análise dos valores das despesas do estabelecimento,
para que se pudessem identificar os valores de lucro, mas não há no enunciado da questão nenhum
elemento que permita concluir que o laudo foi impugnado em razão de cálculos equivocados.
C) Alternativa correta.
Justificativa: o perito não deverá deixar de verificar qualquer fato ou documento que possa servir de
suporte para a conclusão do laudo pericial. Não poderá, em nenhuma hipótese, proceder à análise por
55
Unidade I
amostragem. Por conhecimento resultante de sua formação universitária ou por conhecimento notório,
fruto de sua experiência profissional, ele terá que utilizar os meios técnicos e científicos para constatar
e demonstrar satisfatoriamente os fatos e as circunstâncias relevantes, de modo a subsidiar as decisões
que serão tomadas. Neste caso, o perito não analisou as despesas, só o faturamento da empresa, e por
isso o valor identificado como lucro está excessivo e não é correto.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: o perito foi indicado pelo juiz da comarca onde ocorreram os fatos e, evidentemente, o
magistrado só indicou aquele prestador de serviços porque ele é possuidor de notório conhecimento
na área. A indicação judicial é presunção de que aquele profissional seja competente para realizar a
tarefa determinada.
E ) Alternativa incorreta.
Justificativa: não há no texto elementos que permitam concluir que tenha havido demora para a
conclusão do laudo e, além disso, caso o tempo utilizado tivesse sido excessivo, os advogados da madeireira
e até os do supermercado poderiam ter solicitado ao juiz da causa a designação de outro perito.
A) Está incorreta porque o fato de haver mentido em um laudo não é crime, mas apenas passível de
sanção administrativa por parte do Conselho de Contabilistas.
B) Está excessiva porque o contador que frauda um laudo deve ser punido civil e administrativamente,
mas não comete nenhum crime.
C) Está imprópria porque não se admite ação penal em casos de atuação profissional.
56
PERÍCIA, AVALIAÇÃO E ARBITRAGEM
D) Está adequada porque existe previsão legal no Código Penal para o perito que falta com a verdade
no processo judicial.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: faltar com a verdade, para um perito em qualquer assunto que esteja atuando em
processo judicial, administrativo ou policial, ou em juízo arbitral, provoca como consequência sanções
de ordem administrativa (pode ser multado ou impedido de continuar na profissão), de ordem civil
(terá que reparar os danos que houver causado com sua atitude) e de ordem penal, nos termos do que
determina o Código Penal, no artigo 342.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: além da punição civil e administrativa há expressa previsão legal para a tipificação de
crime, sujeito à reclusão de 2 a 6 anos.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: várias atitudes profissionais podem ser consideradas como crime, desde que para isso
haja expressa previsão legal, como acontece neste caso, em que o perito falta com a verdade quando
está atuando em processo judicial.
D) Alternativa correta.
Justificativa: há previsão do Código Penal, no artigo 342, para a caracterização de crime sujeito à
pena de reclusão para o perito que fizer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade quando estiver
atuando em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: embora o Código Penal brasileiro seja de 1940 e na atualidade existam projetos de lei
em andamento no Congresso Nacional para atualizá-lo, ou substituí-lo por outro texto, o original
está em vigor e as condutas que ele determina como criminosas estão sujeitas às punições de
detenção ou reclusão.
57