Livro Texto - Unidade I

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Finanças Corporativas -

Avaliação de Viabilidade
de Projetos
Autor: Prof. Claudio Ditticio
Colaboradores: Profa. Daniela Menezes Brandão
Prof. André Galhardo Fernandes
Professor conteudista: Claudio Ditticio

Graduado em Economia pela Universidade de São Paulo (USP-1973) e mestre em Economia Política pela Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP-2008). Participou de cursos de especialização em Métodos Quantitativos,
Banking, Marketing, Processos Administrativos e Operacionais, Derivativos Financeiros, Sistemas e Processos de
Educação a Distância (EaD), Avaliação de Empresas e Tecnologia da Informação e Comunicação.

Possui uma larga experiência profissional como administrador e diretor de bancos e instituições financeiras.
Também atuou como sócio-diretor em consultoria de economia e de análise política. Foi professor e pesquisador da
Escola de Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP).

Atua na educação a distância da UNIP como professor conteudista. Foi coordenador do Curso Superior de
Tecnologia em Gestão Pública, produzindo textos e ministrando aulas nos cursos de Empreendedorismo, Gestão
Pública, Gestão Financeira, Gestão Ambiental e Gestão de Agronegócios, todos nessa modalidade de ensino. Participou
de bancas examinadoras de concursos públicos, com ênfase em Ciências Contábeis e Gestão Pública.

É professor da graduação e pós-graduação da UNIP nos cursos presenciais e à distância de Administração,


Ciências Econômicas, Ciências Contábeis, Direito, Propaganda e Marketing, Serviço Social, Engenharias Elétrica, da
Computação, Mecatrônica e Mecânica, Gestão Financeira, Gestão de Agronegócio, Gestão de Empreendedorismo e
Gestão de Comércio Exterior. Nessa instituição, participa também dos Núcleos Docentes Estruturantes (NDEs), de
campi e cursos, de ensino nas modalidades presencial e a distância.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

D617f Ditticio, Claudio.

Finanças Corporativas - Avaliação de Viabilidade de Projetos /


Claudio Ditticio. – São Paulo: Editora Sol, 2020.

220 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Índices. 2. Custos. 3. Risco. I. Título.

CDU 658.15

U509.04 – 20

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças

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Vice-Reitora de Unidades Universitárias

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez


Vice-Reitora de Graduação

Unip Interativa – EaD

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático – EaD

Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Bruna Baldez
Kleber Souza
Talita Lo Ré
Sumário
Finanças Corporativas - Avaliação de Viabilidade
de Projetos

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 11

Unidade I
1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ANÁLISE CONTÁBIL E FINANCEIRA......................................... 15
1.1 Abrangência da análise financeira................................................................................................. 16
1.2 Informações sobre a empresa.......................................................................................................... 19
1.3 Demonstrativos e relatórios contábeis......................................................................................... 23
1.3.1 Balanço patrimonial (BP)...................................................................................................................... 25
1.3.2 Demonstrativo dos resultados do exercício (DRE)..................................................................... 27
1.3.3 Demonstrativo de fluxo de caixa (DFC).......................................................................................... 28
1.3.4 Relevância dos demonstrativos contábeis.................................................................................... 29
2 ÍNDICES CONTÁBEIS E FINANCEIROS....................................................................................................... 29
2.1 Índices de liquidez................................................................................................................................ 32
2.1.1 Índice de liquidez geral......................................................................................................................... 33
2.1.2 Índice de liquidez corrente.................................................................................................................. 34
2.1.3 Capital de giro líquido........................................................................................................................... 34
2.1.4 Índice de liquidez seca........................................................................................................................... 35
2.1.5 Índice de liquidez imediata.................................................................................................................. 36
2.2 Índices de endividamento.................................................................................................................. 37
2.2.1 Índice de estrutura de capital............................................................................................................. 37
2.2.2 Índice de dependência........................................................................................................................... 38
2.2.3 Índice de dependência de curto prazo............................................................................................ 38
2.2.4 Índice de cobertura de juros............................................................................................................... 39
2.2.5 Índice de cobertura de caixa............................................................................................................... 39
2.3 Índices de rentabilidade (ou lucratividade)................................................................................ 40
2.3.1 Retorno sobre o ativo............................................................................................................................ 41
2.3.2 Retorno sobre o capital próprio......................................................................................................... 41
2.3.3 Margem líquida........................................................................................................................................ 42
2.4 Índices de atividade.............................................................................................................................. 43
2.4.1 Giro do estoque........................................................................................................................................ 43
2.4.2 Giro de contas a receber....................................................................................................................... 44
2.4.3 Prazo médio de vendas.......................................................................................................................... 45
2.4.4 Prazo médio de recebimento de vendas........................................................................................ 45
2.4.5 Prazo médio de pagamento de compras....................................................................................... 46
2.4.6 Prazo médio de renovação de estoques......................................................................................... 46
2.5 Índices de valor de mercado............................................................................................................. 47
2.5.1 Índice preço/lucro.................................................................................................................................... 48
2.5.2 Índice valor de mercado/valor de livro........................................................................................... 48
2.6 Análises: vertical e horizontal.......................................................................................................... 49
2.6.1 Análise vertical.......................................................................................................................................... 50
2.6.2 Análise horizontal.................................................................................................................................... 53
2.7 Atribuição de pesos para os índices............................................................................................... 56
2.8 Limitações dos índices financeiros e das informações contábeis..................................... 56
2.9 EBITDA, NOPAT e EVA.......................................................................................................................... 57
2.9.1 EBITDA.......................................................................................................................................................... 57
2.9.2 NOPAT........................................................................................................................................................... 58
2.9.3 EVA................................................................................................................................................................. 58

Unidade II
3 ADMINISTRAÇÃO DE CAIXA E DE VALORES DE CURTO PRAZO..................................................... 63
3.1 O valor do dinheiro no tempo.......................................................................................................... 65
3.2 Planejamento de caixa........................................................................................................................ 68
3.2.1 Política financeira.................................................................................................................................... 69
3.2.2 Ciclos operacionais e financeiros...................................................................................................... 70
3.2.3 Orçamento de caixa................................................................................................................................ 73
3.3 Controle do saldo de caixa................................................................................................................ 74
3.4 Manutenção de um saldo mínimo de caixa............................................................................... 74
3.5 Elaboração do DFC................................................................................................................................ 76
3.6 Construção do diagrama do fluxo de caixa................................................................................ 78
3.7 Análises de outros valores de curto prazo.................................................................................. 81
3.7.1 Contas a receber de clientes............................................................................................................... 81
3.7.2 Manutenção e controle de estoques............................................................................................... 84
3.7.3 Contas a pagar.......................................................................................................................................... 88
4 CUSTOS E ESTRUTURAS OPERACIONAIS................................................................................................. 89
4.1 Custos suportados pela empresa.................................................................................................... 89
4.2 Custos fixos.............................................................................................................................................. 90
4.3 Custos variáveis..................................................................................................................................... 91
4.4 Custos semifixos.................................................................................................................................... 92
4.5 Custos diretos e indiretos.................................................................................................................. 92
4.6 Margem de contribuição (MC)......................................................................................................... 93
4.7 Ponto de equilíbrio (PE)...................................................................................................................... 95
4.8 Alavancagens.......................................................................................................................................... 98
4.8.1 Alavancagem operacional.................................................................................................................... 99
4.8.2 Alavancagem financeira......................................................................................................................102
4.8.3 Alavancagem total ou combinada..................................................................................................105
Unidade III
5 AVALIAÇÃO DE PROJETOS E INVESTIMENTOS..................................................................................... 112
5.1 Métodos de avaliação por períodos de payback.................................................................... 113
5.2 Método da taxa interna de retorno (TIR).................................................................................. 115
5.3 Método do valor presente líquido (VPL) ou Net Present Value (NPV)........................... 119
5.4 Método índice de valor atual (IVA)..............................................................................................124
5.5 Divergências de resultados na aplicação de diferentes métodos....................................125
5.6 Taxa interna de retorno modificada (TIRM)..............................................................................125
5.7 Metodologia das opções reais........................................................................................................126
6 ESTRUTURAS E CUSTOS DE CAPITAIS.....................................................................................................128
6.1 Orçamento de capital........................................................................................................................128
6.2 Taxas de juros e orçamento de capital.......................................................................................129
6.3 Capital próprio x capital de terceiros..........................................................................................130
6.4 Estrutura de capital da empresa...................................................................................................132
6.5 Estrutura ótima de capital...............................................................................................................133
6.6 Mensuração do custo do capital...................................................................................................133
6.6.1 Importância de medir o custeio do capital utilizado pela empresa................................. 134
6.7 Custo do capital próprio...................................................................................................................135
6.7.1 Modelo de precificação de ativos de capital (CAPM)............................................................. 135
6.7.2 Security market line..............................................................................................................................141
6.7.3 Modelo APT..............................................................................................................................................141
6.7.4 Custo de capital com base no lançamento de ações preferenciais................................. 142
6.7.5 Custo de capital com base no lançamento de ações ordinárias....................................... 143
6.7.6 Lucros retidos......................................................................................................................................... 144
6.8 Custo do capital de terceiros..........................................................................................................145
6.8.1 Custo de capital com base na colocação de debêntures no mercado............................ 146
6.8.2 Custo de capital com base na obtenção de empréstimos e financiamentos
no mercado........................................................................................................................................................ 147
6.9 Custo médio ponderado de capital (CMPC) ou
Weighted Average Cost Of Capital (WACC).....................................................................................149
6.10 Escolha dos pesos dos elementos de capital.........................................................................150
6.11 Questões relacionadas com gestão e custo de capital......................................................152
6.12 Ajustes do custo de capital em função de riscos diferenciados dos projetos.........155

Unidade IV
7 RISCOS E RETORNOS....................................................................................................................................161
7.1 Retorno de investimentos e de ativos........................................................................................163
7.2 Riscos de investimentos...................................................................................................................165
7.3 Riscos medidos com o uso de estatística..................................................................................168
7.4 Tipos de riscos financeiros...............................................................................................................170
7.4.1 Riscos de crédito................................................................................................................................... 172
7.4.2 Riscos operacionais.............................................................................................................................. 173
7.4.3 Riscos cambiais...................................................................................................................................... 173
7.4.4 Riscos de taxas de juros..................................................................................................................... 173
7.4.5 Riscos de financiamentos.................................................................................................................. 174
7.5 Comportamentos em relação a riscos........................................................................................174
7.6 Diversificação dos investimentos..................................................................................................175
7.7 Riscos x incertezas..............................................................................................................................176
8 TÓPICOS COMPLEMENTARES....................................................................................................................178
8.1 Market Valeu Added (MVA).............................................................................................................178
8.2 Economic Value Added (EVA).........................................................................................................179
8.3 Mercados financeiros.........................................................................................................................182
8.3.1 Subsistema normativo........................................................................................................................ 183
8.3.2 Subsistema operativo.......................................................................................................................... 186
8.3.3 Divisão dos mercados financeiros.................................................................................................. 187
8.3.4 Mercados futuros e de derivativos................................................................................................ 189
8.4 Políticas de distribuição de dividendos......................................................................................191
8.5 Objetivos e práticas de responsabilidade social nas empresas.........................................193
8.6 A teoria de agência.............................................................................................................................195
8.7 Escolha do regime tributário aplicado à empresa.................................................................197
8.8 Obtenção de capital mediante IPO..............................................................................................198
8.9 Repasses governamentais................................................................................................................200
8.10 Análise de ativos intangíveis e Goodwill.................................................................................201
8.11 Projetos incentivados......................................................................................................................203
8.12 Captações no exterior.....................................................................................................................204
APRESENTAÇÃO

Olá, aluno(a)!

Nesta disciplina, vamos tratar de finanças e, mais especificamente, dos recursos financeiros, obtidos
e gerados pelas empresas, independentemente de seu porte e ramo de atividades. O livro-texto irá
mostrar o status e a evolução das finanças das empresas, considerando os aspectos conjunturais e
estruturais da economia como um todo e as melhores práticas e procedimentos das organizações no
âmbito financeiro.

Sabemos que é muito importante o conhecimento de finanças por todos, principalmente aqueles
que estão envolvidos com a análise e as decisões relacionadas às empresas e organizações em geral,
sejam as que objetivam lucros em suas atividades, sejam outras voltadas, por exemplo, a interesses
comunitários. É certo também que tais conhecimentos são muito úteis para o desempenho financeiro
do próprio indivíduo.

Segundo Brigham e Ehrhardt (2016, p. IX): “Finanças são, no sentido real, o pilar do sistema de
gestão empresarial livre. Uma boa administração financeira tem, portanto, vital importância para a
saúde econômica das empresas, da nação e do mundo”.

A área de finanças corporativas, mais especificamente, estuda as aplicações da administração


financeira nas empresas, independentemente do ramo e mercado em que atuam, e cujo objetivo
fundamental é maximizar os seus resultados e a renda dos proprietários, sócios ou acionistas.

Este estudo acompanha as empresas desde a mais tenra idade e prossegue em toda a sua existência.
Aqueles que vão iniciar um negócio novo, que vão empreender, procurando trazer produtos e soluções
novas para a coletividade, já têm, naturalmente, uma preocupação fundamental com o assunto de finanças,
além de considerar a necessidade de obtenção de capital para transformar seus objetivos em realidade.

Em muitas ocasiões, esses empreendedores necessitam de reforço de capital e recursos financeiros


para esse desenvolvimento e, por isso, precisam obtê-los junto aos mercados financeiros (instituições
privadas e públicas), necessitam convencer aquele que dispõe de recursos a aplicar em seu negócio.

O empreendedor, portanto, deve conhecer o melhor possível as diferentes possibilidades de vender


e acompanhar os negócios que propõe. Afinal, o projeto de uma nova empresa, ainda que startup
(aquela que está iniciando suas atividades, visando implementar um plano de negócios), precisa revelar
também a sua sustentabilidade em termos econômico-financeiros, com o objetivo de atrair capitais
e recursos financeiros para os seus investimentos, e não somente na fase de lançamento/inicial. Para
quem dispõe desses recursos, vale a pena aplicá-los nessa nova empresa?

Assim, esta disciplina se presta ao estudo das questões financeiras de modo geral, procurando
mostrar técnicas e processos capazes de permitir análises mais acuradas sobre a empresa e, também,
sobre a riqueza dos indivíduos que nela estão interessados.

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Os objetivos financeiros também são, obviamente, responsáveis por boa parte do que denominamos
“preocupações com a sustentabilidade”, mas a empresa deve, além disso, procurar atender a outros
aspectos relacionados aos objetivos sociais, cada vez mais valorizados em termos éticos, sociais, de
proteção ao meio-ambiente etc.

De fato, não é possível conceber a sustentabilidade de forma restrita. Acima de tudo, uma empresa
sustentável é criada para não “morrer”, ultrapassando o tempo de vida dos seus fundadores.

Se, por um lado, é necessário que a empresa procure sempre maximizar o lucro para os proprietários,
acionistas, sócios, por outro, deve considerar o fato de que está inserida numa comunidade da qual é
membro muito destacado; além de estar cada vez mais imersa num universo globalizado.

Assim, nesse mundo de intensas transformações tecnológicas e comportamentais, a empresa deve


estar em condições de enfrentar cada vez mais os desafios que se lhe apresentam. Por isso, seja como
empreendedor, seja como empresário, seja como investidor, as informações sobre as quais iremos nos
debruçar são de grande significado.

Vê-se, então, em nível global, um forte direcionamento para a inclusão de assuntos ligados às
finanças desde o início das atividades escolares, partindo do grau Fundamental ao Médio.

O que se espera é criar uma cultura e aumentar o conjunto de conhecimentos sobre o assunto,
notadamente num período de mudanças na orientação econômica dos governos, procurando uma
moeda mais estável, que permita à sociedade fugir do “fantasma” da inflação e demandando que
cada indivíduo possa experimentar opções de aumento de rentabilidade do seu capital, mas sempre
preocupado com o risco que corre nas operações do mercado. E, aqui, estamos tratando tanto das
pessoas físicas quanto das empresas.

Note que, além da área de finanças propriamente dita, esta disciplina traz e estimula a consulta de
conceitos e informações relacionadas com outras disciplinas correlatas, como administração, economia,
contabilidade, matemática financeira, estatística etc. É esse tipo de abrangência e de inter-relação que
torna o assunto mais desafiador – basta ver que, nas livrarias e bibliotecas, encontramos compêndios
muito volumosos sobre o tema, destacando-se entre as várias áreas do conhecimento profissional.

Procuramos priorizar neste livro-texto o tratamento dos conceitos e as informações financeiras com
base na realidade brasileira, seguindo o esforço de novos autores que pensam o assunto. Claramente,
há especificidades no Brasil em comparação a outras nações, ditadas pela nossa história, nossa situação
econômica, nossa cultura, nosso relacionamento com o exterior etc.

Convido-o, portanto, a uma leitura atenta do texto, com a certeza de que lhe será muito útil,
não só para os fins específicos da disciplina e do curso que frequenta, mas para toda a sua vida
profissional e pessoal.

Bons estudos!

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INTRODUÇÃO

Bem, iniciemos nossa caminhada!

Verifiquemos, de início, os conceitos, métodos e processos que permitem o estudo e a análise


financeira das organizações, mais especificamente das empresas. Vamos partir dos critérios mais usuais
e fortemente apoiados nas informações oferecidas pelos registros contábeis, até outros mais especializados,
que levam em conta a evolução dos estudos sobre finanças.

Abordaremos os conceitos financeiros básicos aplicáveis às empresas, iniciando com a abrangência


da administração financeira e das informações providas pelos registros contábeis, que são geradas pelos
principais demonstrativos, destacando-se o balanço patrimonial, o demonstrativo dos resultados do
exercício e o demonstrativo de fluxo de caixa.

Trataremos também das informações que são obtidas externamente aos controles/registros contábeis.
O ponto de partida será o balanço patrimonial, que a maioria dos analistas considera como o mais
importante e destacado relatório produzido pela contabilização dos eventos na empresa.

Uma visão bastante geral do conteúdo de um BP permite que comecemos a entender, por exemplo,
quais as distinções básicas entre investimentos e financiamentos. Mas, antes de tudo, o que é a função
financeira da empresa?

Intuitivamente, é possível entendê-la como o tratamento, através dos ativos e passivos, de qual é a
melhor combinação entre a origem dos recursos (próprios ou de terceiros) com as várias alternativas e
sua utilização nos variados tipos de investimentos ou projetos que podem ser realizados pela empresa.

Abordaremos as decisões financeiras fundamentais, relacionadas com investimento, financiamento,


planejamento e controle financeiro. Em seguida, procuraremos mostrar diferentes métodos e índices,
obtidos pelo confronto dos valores incluídos no BP e nos demais relatórios e posições contábeis,
que revelam as condições e expectativas de liquidez, endividamento, rentabilidade, atividade etc. da
empresa em análise.

Mais adiante, abordaremos as questões financeiras relacionadas fundamentalmente com a


administração de caixa – ou, como se diz mais genericamente, elementos de caixa – e outros valores
que compõem os denominados circulantes da empresa, tanto do ativo quanto do passivo. De pronto,
procuraremos expor a importância de compreender e praticar a variação do dinheiro no tempo, a adoção
de medidas de controle de caixa e a elaboração de diagramas que revelam os fluxos de entrada e de
saída de recursos financeiros na companhia.

Há valores que, embora não estejam totalmente disponíveis em caixa – que é o caso do próprio
dinheiro vivo, existente nos cofres da empresa ou depositados em contas correntes ou contas de rápida
movimentação, em bancos e outras instituições financeiras –, são também passíveis de afetar a liquidez
da empresa, como é o caso do que é mantido em estoques e em contas a receber, em função de créditos
concedidos ou prazos oferecidos para pagamentos pelos clientes.
11
O outro lado da moeda é também importante, como aquilo que recebemos de adiantamento
dos nossos fornecedores e valores que já tenham sido comprometidos para pagamento de salários
e recolhimento de tributos às entidades governamentais que, entre outros, fazem parte do passivo
(dívidas e obrigações) de curto e médio prazos.

A análise dos valores classificados como circulantes propicia um melhor conhecimento das condições
de liquidez de uma empresa. A liquidez é tão importante quanto a rentabilidade. Evidentemente, há
instituições que demandam maior ou menor liquidez, dadas as suas características operacionais.

Sem dúvida, uma empresa que atua mais no curto prazo, no geral, tem mais necessidades de caixa
(e liquidez) para cumprir com suas obrigações e saldar suas dívidas. E é claro que uma empresa precisa
ser rentável, ainda que, em determinados momentos, mais difíceis, inclusive gerados por fatores externos
a ela, possa não apresentar uma performance mais condizente com o que se planeja. No entanto, na
maioria das vezes, é necessário que os seus resultados (das suas operações) remunerem, como veremos,
os capitais que utilizou, seja de seus donos, sócios, acionistas ou mesmo de terceiros.

Depois, iremos analisar os diferentes tipos de custo e as possibilidades de alavancagem dos


resultados positivos (lucros) ou negativos (prejuízos) da empresa, tanto operacionais quanto financeiros,
relacionando as margens de contribuição de produtos com os resultados obtidos no período.

Nesse momento, trataremos das diferentes possibilidades de alavancagem dos lucros (operacional,
financeiro e combinado/total), partindo da margem de contribuição obtida com as vendas líquidas
(receitas menos despesas) dos produtos e considerando a existência de custos fixos e de despesas com
juros das operações de empréstimo e financiamento para a obtenção de capitais de terceiros junto a
bancos e demais agentes dos mercados financeiros.

Traremos ao nosso estudo os métodos e as técnicas de análises financeiras, considerando o estudo


das oportunidades de investimento e financiamento de recursos para a empresa. Nossa preocupação é
com os métodos quantitativos de avaliação dos investimentos, como payback, TIR e VPL.

Custos e estruturas de capitais (ou seja, do mix entre a aplicação do capital próprio e de terceiros)
serão também um assunto a ser tratado. Afinal, quais capitais devem suportar as operações e os
investimentos feitos pela empresa? Os que são aportados pelos sócios ou acionistas ou aqueles que são
obtidos junto ao mercado, como em transações com bancos e instituições financeiras?

Explicitaremos os variados tipos de custos e riscos, comparando-os com as possibilidades de retorno


(remuneração) do capital empregado (próprio e de terceiros). Chegaremos ao custo médio de capital da
empresa, que é a base para a avaliação dos fluxos trazidos por investimentos.

Veremos a visão da gestão financeira fundamentada em criação de valor, com ênfase na adoção do
indicador EVA – método que vem se tornando mais frequente e que mede o lucro econômico esperado
em um novo negócio ou propicia a comparação de empresas ou negócios para possíveis investimentos.

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Apresentaremos, ainda que de forma sintética, as instituições e os produtos e serviços oferecidos
pelos sistemas e mercados financeiros, cujo conhecimento é fundamental tanto para o administrador
financeiro quanto para o empreendedor, empenhados em iniciar, com sucesso, as operações de sua
empresa. A corporação precisa conhecê-los, por ser uma importante fonte de captação de recursos
financeiros de terceiros, mas também próprios, como veremos mais detalhadamente.

Encerraremos este livro-texto tratando de outros aspectos que complementam os estudos


financeiros e que levam em consideração outros objetivos da empresa. Tais assuntos têm recebido cada
vez mais destaque das corporações e da sociedade em geral, agrupados sob os conceitos de governança
corporativa: responsabilidade social, sustentabilidade, proteção do meio ambiente e outros.

Temos a certeza de que você terá em mãos um texto que lhe permitirá compreender de forma
mais completa o extenso mundo financeiro e suas influências para as empresas. Indicaremos algumas
leituras ao longo deste livro-texto, que irão proporcionar muitos convites ao incremento dessa pesquisa.
É importante considerar a enorme interação desta disciplina com outras, como economia, ciências
contábeis e administração geral.

Como mencionado na apresentação, para o empreendedor e para o investidor (que oferece os


capitais/recursos financeiros), é questão de sobrevivência obter desenvoltura para o tratamento das
questões financeiras. Muitas novas organizações, apesar de contarem com excelentes produtos e
serem inovadoras, atendendo a novas necessidades dos usuários, acabam falhando, correndo o risco de
encerrar suas atividades em função de seus inadequados controles e processos internos, notadamente
os de cunho financeiro.

Para o empreendedor, é necessário apresentar e defender o seu projeto, demonstrando aos potenciais
investidores a oportunidade de participar ou mesmo auxiliar no financiamento de seus recursos para o
desenvolvimento do seu negócio.

Como indica o Sebrae:

O capital empreendedor, também conhecido como capital ou investimento


de risco, é uma das formas de captar recursos para realizar os planos e
projetos de longo prazo do seu negócio. Nessa forma de financiamento, um
investidor – chamado de investidor de risco – aporta recursos no negócio em
troca de participação societária, geralmente minoritária, de uma empresa de
capital fechado.

Esse aporte pode ocorrer em diversos momentos de um projeto. De negócios


que estão começando até os mais maduros, que já possuem uma grande
operação, mas precisam de recursos para continuar crescendo. Investidores
de risco podem entrar em diversas etapas de desenvolvimento de um
negócio. Para cada estágio, existe um tipo de investidor com critérios de
seleção e objetivos específicos (SEBRAE, [s.d.]a).

13
A participação do investidor num novo empreendimento está diretamente relacionada às
oportunidades por este oferecidas, que ele tenderá a comparar com outras alternativas de remuneração
ou retorno, econômico e financeiro, e, claro, ao atendimento de outros objetivos quanto à sustentabilidade
de seu aporte de capital.

Vamos, então, iniciar nossa caminhada no fascinante mundo das finanças!

14
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Unidade I
1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ANÁLISE CONTÁBIL E FINANCEIRA

Iniciamos nosso livro-texto apresentando as definições e os principais conceitos relacionados com a


análise financeira de empresas.

Apesar de sua referência fundamental ser a empresa, tais conceitos são perfeitamente aplicáveis a
organizações em geral, inclusive as de fins não lucrativos e independentemente de vínculo com o setor
privado ou público, sejam estes da administração direta ou indireta.

No texto, porém, como padronização, todas as entidades serão denominadas empresas.

Observação

É comum a comparação entre a atuação das empresas e dos demais


agentes vinculados ao lado privado e ao público da economia.

Diz-se, então, que na administração privada tudo pode ser feito, desde
que não seja contrário à legislação em vigor. Na pública, contudo, somente
é permitido realizar o que é previsto na legislação.

Neste tópico, abordaremos aspectos fundamentais relacionados a:

• Informações disponíveis sobre a empresa.

• Uso de dados e valores contidos em relatórios e demonstrativos contábeis.

• Entendimento da mudança do valor do dinheiro no tempo.

As empresas e os mercados, de forma geral, têm cada vez mais atuado sob a égide dos processos
de globalização, que tem afetado de forma muito significativa o porte e as características do sistema
financeiro nacional.

Nas décadas de 1960 a 1980 (mais precisamente, 1964 a 1985), quando vigorava o regime militar
no Brasil, foram promulgadas leis fundamentais para a constituição das instituições e a operação dos
mercados financeiros, com destaque para:

• Lei n. 4.595 do Sistema Financeiro Nacional, de 31 de dezembro de 1964.


15
Unidade I

• Lei n. 4.728 do Mercado de Capitais, de 14 de julho de 1965.

• Lei n. 6.404 das Sociedades Anônimas (SA), de 15 dezembro de 1976.

As crises que continuam a afetar empresas e mercados têm trazido, também, uma preocupação
com a chamada accountability. Apesar de não haver uma tradução final para o termo accountability, é
possível entendê-lo como um indivíduo ou organização que presta contas de suas atividades, aceita suas
responsabilidades e disponibiliza as informações de forma transparente. Veremos sobre esse conceito e
sua relação direta com as preocupações com governança corporativa mais adiante.

Compreender e participar dessas mudanças é crucial para a nossa própria participação na economia
e na sociedade e, obviamente, para o nosso sucesso profissional e pessoal.

Ademais, há um certo consenso de que a pujança da economia de um país guarda relação direta
com o seu sistema financeiro, o que importa a todos, notadamente às empresas e aos empreendedores.

1.1 Abrangência da análise financeira

De forma global, o estudo de finanças em empresas abrange tópicos como:

• Análise de investimentos: como são escolhidos os instrumentos para o financiamento das


carteiras de investimentos e de projetos das organizações.

• Finanças empresariais: análise e decisões relacionadas com o status e as perspectivas


financeiras de uma empresa.

• Mercados financeiros e de capitais: estudo sobre as instituições e os tipos de operações e de


títulos neles transacionados.

Descreve Ribeiro (2016, p. 7):

Podemos dizer que o termo Finanças está relacionado ao processo, às


instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos na transferência
de dinheiro entre pessoas, empresas ou órgãos governamentais. O termo
Finanças pode ser definido como a “arte/ciência de administrar o dinheiro”
[...] [surgida no início do século passado, como disciplina autônoma, a
administração financeira evolui] no final da década de 1950, [iniciando‑se]
um movimento em direção à análise teórica, com enfoque nas decisões
administrativas em relação à escolha de ativos e passivos, para a maximização
do valor da empresa [...]. A partir do século XXI, com os avanços no campo da
tecnologia da informação e comunicação, a maneira como são tomadas as
decisões financeiras passa por um processo de revolução contínuo. E, com o
advento da Internet, as empresas passam a estar conectadas umas com as
outras, a seus clientes e fornecedores em uma rede mundial.
16
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

As empresas, particularmente, têm nessa administração uma de suas tarefas mais naturais. Nelas,
emergem a figura do hoje denominado CFO (chief financial officer), que responde pelo controle e pela
gestão dos recursos financeiros da empresa, tido como executivo essencial para o desenvolvimento
estratégico empresarial e sua competitividade.

A gestão financeira de uma empresa e, naturalmente, o foco de atuação dos profissionais que com
ela trabalham são generalizados pelos elementos a seguir (RIBEIRO, 2016):

• Obtenção dos recursos nas condições mais favoráveis possíveis.

• Alocação eficiente desses recursos na empresa.

As empresas devem, primordialmente, ser vistas analisando-se sua dimensão estratégica, tanto
em suas operações internas quanto nos relacionamentos externos, cobrindo as necessidades de seus
diversos stakeholders.

Assaf Neto (2012b, p. 2) define stakeholder como:

[...] todo indivíduo (ou grupo de pessoas) que pode influenciar os objetivos
de uma empresa, e, também, ser influenciado por suas decisões. Exemplo de
stakeholders: acionistas (controladores e minoritários), empregados, fornecedores,
clientes, consumidores.

Os acionistas ou proprietários de uma empresa são os que suprem primariamente os recursos para
a realização de suas atividades, tendo como objetivo principal obter retorno financeiro compatível com
o risco que assumem. É importante que a empresa gere riqueza para os seus acionistas e proprietários,
que sejam competitivos com os outros retornos que o investidor possa obter nos mercados.

A análise financeira é um excelente instrumento para avaliar a situação e as perspectivas dos


resultados da empresa, visando reduzir a incerteza de quem dela participa, direta ou indiretamente.

As empresas estão inseridas de forma global e crescente no universo em constante mutação, e um


dos motivos é a expansão das tecnologias da informação e comunicação (TICs).

Participando intensamente de um universo globalizado e apoiado nas TICs, a administração das


finanças ocupa, cada vez mais, uma posição proeminente entre as tarefas de condução da empresa.

Conhecida também pela sigla TI, a tecnologia da informação pode ser entendida como:

[...] uma área que utiliza a computação como um meio para produzir,
transmitir, armazenar e usar informações.

Como a tecnologia da informação pode abranger e ser usada em vários


contextos, a sua definição pode ser bastante complexa e ampla. A tecnologia
17
Unidade I

é usada para fazer o tratamento da informação, auxiliando o utilizador a


alcançar um determinado objetivo.

As TIs têm evoluído muito com o rápido desenvolvimento da tecnologia, e


com este desenvolvimento surgem cada vez mais soluções disponibilizadas
pela informática. A tendência é que a tecnologia da informação seja cada
vez mais importante na nossa sociedade, onde a informatização de vários
conteúdos se transformou em uma norma.

A Tecnologia da Informação pode ser dividida de acordo com as


seguintes áreas:

• Hardware e seus componentes;

• Software e seus meios;

• Sistemas de telecomunicações;

• Gestão de informações e de dados. (SIGNIFICADO..., [s.d.]a)

É preciso que cuidemos da nossa realidade e das expectativas de ganhos (ou de perdas) que possam
ocorrer com nosso patrimônio, seja da empresa, seja dos setores públicos, seja de cada um de nós
como pessoas físicas. Como mencionamos, finanças é um assunto tão importante que, na atualidade,
comenta-se muito sobre a intenção de orientar os alunos, desde o próprio ensino inicial, a conhecerem
o que é o dinheiro e sua influência na sociedade.

Você certamente já deve ter percebido que, entre as decisões financeiras fundamentais, podem
ser enquadradas:

• Determinação dos investimentos a serem realizados em diferentes tipos de ativos, analisando os


seus retornos, custos e a perspectiva de rentabilidade do negócio.

• Oportunidades nas escolhas de fontes de captação de recursos financeiros, seja com seus
próprios acionistas, sócios, proprietários ou junto a terceiros.

• Elaboração do planejamento e orçamento financeiro em consonância com o planejamento


estratégico, procurando identificar as necessidades de expansão dos negócios.

• Controle do desempenho da empresa, confrontando-o com o que foi planejado.

• Retenção ou repartição dos resultados favoráveis, ocorridos na empresa em determinado


ano ou ciclo de atividades, com base na definição de uma política de distribuição de dividendos,
sempre visando à obtenção de resultados favoráveis nos períodos de operação da empresa.

18
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

• Análise das oportunidades de M&A (mergers and acquisitions), ou seja, fusões e aquisições de
empresas, e de trabalhos consorciados ou conduzidos em parcerias com outras organizações.

Como vimos, sob a ótica do empreendedor, é cada vez mais importante conhecer e poder analisar o
capital necessário à abertura do negócio e as expectativas de crescimento da empresa. Enfim, num mundo
globalizado e com alto nível de financeirização, essas exigências tornam-se cada vez mais presentes.

Veremos, posteriormente, as opções de financiamento dos investimentos, como:

• Venda de participações societárias.

• Utilização dos próprios lucros gerados no ciclo de atividades econômicas e financeiras.

• Constituição de dívidas pela obtenção de capitais com terceiros (bancos, mercados de crédito e
de capitais etc.).

Para entendermos como obter as estimativas dos valores a serem retornados pelos investimentos
concretizados na empresa, serão também abordados os métodos de análise específicos (VPL, TIR etc.).

1.2 Informações sobre a empresa

Atualmente, em qualquer que seja a situação, precisamos conhecer ou criar as informações para
melhor análise dos fatos e conceitos. Qualquer empresa, para o início e a manutenção de suas atividades,
utiliza os chamados fatores ou recursos de produção. Os fatores de produção são, genericamente,
entendidos como:

• Trabalho: mão de obra de seus funcionários e prestadores de serviços.

• Recursos naturais: uso do solo, rios, instalações etc.

• Capital: máquinas e equipamentos (capital físico) ou, ainda, recursos financeiros (capital
financeiro) e intelectuais.

• Capacidade empresarial: ordenação e orientação dos demais recursos produtivos.

• Tecnologia: mais recentemente, tem sido destacada como outro fator de produção, aquele que
tende a melhorar a produtividade dos demais.

Os agentes econômicos organizam-se de forma diversa, notadamente quando constituem uma


empresa. Assim, uma sociedade empresária é aquela que visa à obtenção de lucro em suas atividades
econômicas para a produção ou a circulação de bens ou serviços.

São vários os tipos de organização da sociedade, estruturada como societária, distinguindo-se,


fundamentalmente, por:
19
Unidade I

• Sociedade limitada: o capital é dividido em cotas, e a responsabilidade dos sócios no


empreendimento é limitada ao montante investido pelos sócios ou acionistas.

• Sociedade anônima: o capital social é dividido em ações que podem ou não ser transacionadas
livremente (nos mercados de balcão ou nas bolsas de valores). Os acionistas respondem apenas ao
preço das ações subscritas ou adquiridas.

Aponta Carmona (2009, p. 17):

Há duas espécies de sociedades anônimas: a companhia aberta ou capital


aberto, que capta recursos junto ao público e é fiscalizada pela CVM
(Comissão de Valores Mobiliários), e a companhia fechada, que obtém seus
recursos dos próprios acionistas.

Saiba mais

Para obter informações mais detalhadas sobre a organização, atuação e


responsabilidades das entidades componentes, além dos produtos e serviços
dos mercados financeiros e de capitais, leia:

ABREU, E.; SILVA, L. Sistema financeiro nacional. São Paulo: Forense, 2017.

Existem outros tipos mais simples de organização societária, como é o caso das empresas ou
microempresas individuais (com apenas um proprietário), de pequeno porte.

Entre as funções e os produtos desenvolvidos pela empresa, mediante a utilização de fatores de


produção visando à obtenção dos bens e serviços, é necessário atentar-se para:

• A atuação e conduta dos proprietários, administradores e principais concorrentes.

• O mercado em que atua o público consumidor de seus produtos e serviços.

• Os órgãos e as entidades reguladoras.

• O status em tecnologia da informação ou específico das atividades da empresa.

• Os planos de investimentos e de financiamentos dos respectivos recursos financeiros.

• O status e a evolução do grau de endividamento.

• A capacidade instalada para fazer frente às necessidades de produção da empresa.

20
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Em síntese, admite-se que o objetivo principal da empresa é a maximização da receita e, mais do que
isso, do lucro que deve proporcionar aos proprietários, acionistas, sócios etc.

Apesar de seu objetivo básico ser o lucro, há vários outros importantes perseguidos pela empresa, como:

• Comprometimento no atendimento às necessidades dos seus clientes e demais stakeholders.

• Busca de contínuo aperfeiçoamento tecnológico.

• Convivência e competitividade, tendo em vista a pressão exercida pelos concorrentes, em termos,


por exemplo, de preço e qualidade dos produtos e serviços.

• Atendimento aos aspectos de interesses da sociedade com a qual convive.

No âmbito do empreendedorismo, as informações (previsões, por exemplo) devem procurar mostrar


as vantagens e os benefícios, mas, obviamente, também os riscos de investir na empresa ou mesmo
financiar as suas atividades.

Menciona Assaf Neto (2012b, p. 14):

[O comportamento da Economia é parte de um ambiente no qual a empresa


está inserida e as decisões financeiras devem atentar para];

a) Risco econômico (operacional): inerente à própria atividade da empresa


e as características do mercado em que opera. Esse risco independe da
forma como a empresa é financiada, restringindo-se, exclusivamente, às
decisões de investimento. Alguns exemplos: sazonalidade de mercado e
comportamento cíclico, tecnologia, concorrência, estrutura de custos,
qualidade dos produtos, variações nas taxas de juros etc.;

b) Risco financeiro: reflete o risco associado às operações de financiamento,


isto é a capacidade da empresa em liquidar seus compromissos financeiros
assumidos. Empresas com reduzido nível de endividamento apresentam
baixo nível de risco financeiro; altos níveis de endividamento, por outro lado,
ao mesmo tempo em que podem promover maior capacidade de alavancar
os resultados, denotam maior risco financeiro.

Os estudos, portanto, devem considerar aspectos fortemente inter-relacionados com a economia,


administração e análise financeira.

Você pode estar se perguntando como podemos conhecer e analisar uma empresa, inclusive
compará-la com outras que atuem no mesmo ou em diferentes segmentos do mercado.

21
Unidade I

Para a análise de qualquer empresa, utilizam-se as informações contábeis, mas também outras de
cunho operacional e gerencial, para avaliar a situação e as perspectivas de atuação futura.

Por isso, a empresa se preocupa cada vez mais com a constituição de um sistema de informações
que possa, por exemplo, monitorar e, com isso, garantir o seu desempenho e dos seus administradores
e integrantes, de forma a subsidiar o processo decisório.

Sim, a contabilidade oferece um extenso leque de informações de uma empresa ou organização.


Porém, ela não é suficiente. Para a análise de qualquer empresa, utilizam-se, também, as informações
trazidas pelo conhecimento e pelos resultados de seus processos operacionais e gerenciais. As
informações precisam ser conhecidas, classificadas e analisadas corretamente, permitindo uma
adequada avaliação da situação e das perspectivas de atuação e de atingimento dos objetivos e das
metas planejadas.

O diagrama a seguir apresenta, de forma simplificada, a estrutura de um sistema de informações


para a empresa.

Informações

De origem

Interna Externa

Compreendem Compreendem

Contábeis Não contábeis Imprensa Outras fontes

Figura 1 – Estrutura do sistema de informações da empresa

De forma global, as informações podem ser separadas em internas e externas.

São internas as informações extraídas a partir dos registros e demonstrativos contábeis; expressas,
portanto, em valores monetários.

No conjunto das informações externas, existem aquelas que são divulgadas por jornais, revistas,
televisão e internet, e as que podem ser obtidas em visitas e contatos com os stakeholders da
própria empresa.

22
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Argumenta Silva (2012, p. 23):

Por mais completo que possa ser o sistema de informações, sempre haverá
[aquelas] que influenciam as decisões e que podem não constar de registro
formal. Por outro lado, em muitas organizações ainda existem líderes
que não transmitem a seus funcionários informações importantes para a
realização de suas atividades.

1.3 Demonstrativos e relatórios contábeis

Definido o tipo de estruturação societária, o montante do capital a ser investido e os demais objetivos
sociais, cabe à empresa desenvolver as suas atividades operacionais.

Comenta Carmona (2009, p. 23):

A análise contábil das empresas é responsável pela geração e interpretação


de informações relevantes sobre seu patrimônio para dar suporte ao
processo de tomada de decisão no que se refere ao planejamento e controle,
considerando sua estrutura, suas variações e sua evolução em função do
desenvolvimento das operações específicas de seu ramo de atividade.

Evidentemente, as atividades por ela executadas dependerão de seu tipo básico e ramo
de atuação, como:

• Transformação de insumos e matérias-primas em produtos, quando não se tratar de empresa


comercial (voltada à compra e venda de mercadorias) ou de prestação de serviços (de
consultoria, técnicos etc.).

• Métodos de estocagem de insumos e produtos ou semielaborados.

• Pagamentos e recebimentos junto a fornecedores e clientes, respectivamente.

• Aplicações e empréstimos junto ao mercado financeiro.

As diversas contas que compõem o patrimônio da empresa podem ser inter-relacionadas, visando
ao provimento de informações relevantes sobre seu comportamento, tanto para os usuários internos
quanto externos.

De acordo com Fipecafi (2007) apud Carmona (2009, p. 25), “a estrutura de dados que a contabilidade
possui é fundamental para que ela atinja seu valor informativo para os diversos usuários”.

Várias demonstrações financeiras podem ser elaboradas a partir das informações contábeis. Figuram
entre os usuários das informações contábeis:

23
Unidade I

• Acionistas e proprietários da empresa.

• Acionistas potenciais.

• Fornecedores de bens e/ou insumos.

• Clientes.

• Instituições financeiras.

• Entidades de governo.

• Concorrentes.

• Administradores da empresa.

A figura a seguir mostra o diagrama de um sistema de informações contábeis a partir dos eventos
ocorridos na empresa.

Atividades e Sistema de Relatórios e


operações da informações informações
empresa contábeis gerenciais

Integralização de
capital
Demonstrações
Compra de financeiras
matéria‑prima
Dados para imposto
Produção de bens de renda e outras
informações fiscais
Pagamentos a
fornecedores, Interpreta Relatórios de custos
empregados e de produção
governos Calcula
Dados para
Vendas dos produtos Classifica orçamento de
receitas, despesas,
Recebimento das Registra custos e empréstimos
vendas
Processa Acompanhamento
Compra de de planos e
equipamentos investimentos e
financiamentos
Financiamentos de
ativos permanentes Diversos outros
relatórios gerenciais
Diversas outras
operações

Figura 2 – Sistema de informações contábeis a partir dos eventos ocorridos na empresa

24
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Já comentamos que, entre os diversos demonstrativos e relatórios contábeis, destacam-se, para


efeito de análise financeira da empresa:

• Balanço patrimonial (BP).

• Demonstrativo dos resultados do exercício (DRE).

• Demonstrativo de fluxo de caixa (DFC).

Saiba mais

Para entender sobre a teoria que suporta, de forma geral, a contabilidade


de indivíduos, empresas, governo etc., consulte:

IUDÍCIBUS, S. Análise de balanços. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

Os demonstrativos contábeis permitem identificar a composição do capital empregado na empresa


(próprio e de terceiros), como veremos posteriormente neste livro-texto.

1.3.1 Balanço patrimonial (BP)

A tabela a seguir apresenta um exemplo, em reais, do BP de uma empresa hipotética.

Tabela 1 – Subgrupos do BP de uma empresa hipotética

Ativo R$ Passivo R$
Circulante 30.000,00 Circulante 15.000,00
Realizável a longo prazo 1.000,00 Exigível a longo prazo 0,00
Permanente 20.000,00 Patrimônio líquido: 36.000,00
– Capital 32.000,00
– Lucros acumulados 4.000,00
Total 51.000,00 Total 51.000,00

O BP revela a posição (uma espécie de fotografia) do patrimônio da empresa em determinado


momento – usualmente, no último dia do respectivo ano ou do ciclo das atividades.

O patrimônio é mensurado pela diminuição, em relação aos seus bens e direitos (ativos), dos
compromissos e das obrigações (passivo com terceiros), expressos monetariamente.

Ross, Westerfield e Jordan (2010) apud Carmona (2009, p. 27) destacam que “a estrutura das
informações contábeis é uma maneira conveniente de organizar e resumir o que a empresa possui (seus
ativos), o que ela deve (seus passivos) e a diferença entre os dois (patrimônio líquido)”.
25
Unidade I

O BP possui dois lados: no lado esquerdo, de quem o enxerga frontalmente, estão os ativos; no
lado direito, os passivos e o capital dos acionistas. Assim, o BP declara o que a empresa possui e como
ela é financiada.

Como indicado em Ross et al. (2013, p. 22):

A composição dos ativos depende da natureza dos negócios e de como a


administração escolheu conduzi-los. A administração deve fazer escolhas
como: caixa ou títulos negociáveis, venda à vista ou venda a crédito, comprar
ou produzir commodities, alugar ou comprar itens, em quais negócios
se concentrar etc. No lado dos passivos e do patrimônio líquido, eles são
listados na ordem típica em que seriam pagos ao longo do tempo.

Observação

A empresa é neutra em termos de seu patrimônio, dado que tudo o que


possui, como bens e direitos, é igual ao que deve (passivo com terceiros e
patrimônio líquido, com sócios e acionistas).

A própria estrutura do BP mostra essa situação à medida que o total


dos valores inscritos no ativo coincide com os do passivo.

O quadro a seguir mostra a estrutura conceitual/geral de um BP.

Quadro 1 – Estrutura conceitual/geral de um BP

Balanço patrimonial
Ativo circulante Passivo circulante
Passivo não circulante
Ativo não circulante
Patrimônio líquido

Os ativos são formados pelos bens e direitos da empresa. No passivo, estão registrados os relacionados
com as diversas fontes de recursos obtidos pela empresa, contraindo dívidas com terceiros ou com os
próprios sócios.

O patrimônio líquido (PL) – isto é, a dívida que a empresa mantém com os próprios sócios, proprietários
e acionistas – é, então, descrito algebricamente como:

PL = A – P

PL: Patrimônio – Líquido

26
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

A: Ativo

P: Passivo – com – terceiros

Tanto o ativo quanto o passivo segregam os valores de curto prazo (ou seja, realizáveis ou vencíveis
até um ano, após a data do BP, denominados circulantes) e os de longo prazo, ou, ainda, de prazo
indefinido. O que, então, pertence aos sócios e proprietários da empresa?

O PL representa, no BP, o que pertence aos sócios, proprietários, acionistas. É o que resta aos acionistas
após a empresa ter quitado as suas obrigações.

Resumindo, o ativo mostra onde e como a empresa aplicou os recursos financeiros; e o passivo, de
onde estes vieram (quais foram suas fontes de captação).

Um exemplo simples, como o revelado na tabela anterior, já permite que se consiga um número
significativo de informações da empresa que se pretende analisar. Vê-se, por exemplo, que o financiamento
dos ativos (isto é, dos investimentos, que totalizam 51 mil reais) é feito exclusivamente com capital
próprio (36 mil reais), não havendo financiamentos de longo prazo. Mas observe que a empresa se vale
de 15 mil reais (isso é, de capital de terceiros), que é um valor de curto prazo, necessário à cobertura de
seus compromissos com fornecedores, empregados, governo etc.

1.3.2 Demonstrativo dos resultados do exercício (DRE)

O DRE, outro importante relatório contábil, apresenta como a empresa alcançou o resultado em
cada ciclo (normalmente, ano) de atividades, finalizando-o com lucro ou prejuízo.

É fácil concordar que o DRE é essencial para a compreensão do desempenho financeiro de uma empresa.

A tabela a seguir mostra um exemplo de DRE, em reais (R$), em um determinado ano, para uma
empresa hipotética.

Tabela 2 – DRE de uma empresa hipotética

Receita operacional 70.000,00


(-) Custo dos produtos vendidos 30.000,00
= Lucro bruto 40.000,00
(-) Despesas administrativas 10.000,00
(-) Despesas de vendas 5.000,00
(-) Despesas financeiras 0,00
= LAIR (lucro antes do imposto de renda) 25.000,00
(-) Provisão para o imposto de renda 10.000,00
= Lucro líquido 15.000,00

27
Unidade I

Esse demonstrativo nos permite de pronto concluir, além do resultado positivo da empresa (lucro)
no período, que ela foi financiada por recursos próprios. Veja que não houve a incidência de despesas
financeiras, que denunciam financiamentos junto a terceiros.

1.3.3 Demonstrativo de fluxo de caixa (DFC)

Outro relatório contábil de grande importância para a verificação e a análise da empresa é o DFC,
que permite o acompanhamento do caixa (liquidez) da empresa, registrando:

• Eventos operacionais.

• Operações de investimento.

• Operações de financiamento de recursos.

O exemplo a seguir apresenta um DFC com as divisões anteriores indicadas.

Tabela 3 – DFC de uma empresa hipotética

Demonstrativo do fluxo de caixa 20x2 (R$ mil)


Lucro líquido/prejuízo 25.350,00
(+) Depreciação do imobilizado 10.500,00
(+) Amortização do diferido 650
(+/-) Variação dos ativos e passivos circulantes operacionais
(+/-) Variação das duplicatas a receber (-5.000,00)
(+/-) Variação dos estoques -28.500,00
(+/-) Variação das duplicatas a pagar 3.800,00
(+/-) Variação de outros passivos circulantes operacionais 8.200,00
Fluxo de caixa das operações (1) 15.000,00
(-) Investimento em ativo imobilizado 28.850,00
Fluxo de caixa dos investimentos (2) 28.850,00
(+/-) Variação do passivo circulante financeiro 5.000,00
(+/-) Variação do exigível a longo prazo 9.300,00
(+) Captação de recursos próprios 350
Fluxo de caixa dos financiamentos (3) 14.650,00
Caixa gerado no período 4 (1 - 2 + 3) 800,00
(+) Caixa inicial (5) 14.800,00
Caixa final 6 (4 + 5) 15.600,00

Adaptado de: Megliorini e Vallim (2009).

28
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

1.3.4 Relevância dos demonstrativos contábeis

É importante ressaltar que os demonstrativos financeiros dificilmente refletem uma posição atual,
mas de períodos passados da empresa.

Também deve ser observado que eles não apresentam valores não monetários (não quantificáveis), como:

• Motivação, experiência e conduta, pessoal e profissional, de quem atua na empresa, como é o caso
dos administradores e funcionários.

• Potencial decorrente de investimentos pontuais ou continuados no que tange à pesquisa e ao


desenvolvimento de produtos e outros.

• Grau de satisfação de seus clientes e demais stakeholders.

• Nível tecnológico da empresa em relação ao seu mercado de atuação.

• Disponibilidade de patentes e direitos especiais sobre marcas e produtos.

• Ameaças oferecidas pelas atuações de seus concorrentes.

• Políticas e práticas de sustentabilidade e de proteção ao meio ambiente.

Lembrete

Os três relatórios mais importantes para coletar informações sobre a


empresa são: o balanço patrimonial (BP), o demonstrativo dos resultados
do exercício (DRE) e o demonstrativo de fluxo de caixa (DFC).

Deve-se, pois, procurar conhecer o máximo possível os aspectos relacionados com as informações
que auxiliam a compreender a empresa.

2 ÍNDICES CONTÁBEIS E FINANCEIROS

Com o intuito de conhecer melhor e, assim, tirar conclusões mais precisas quanto a determinada
empresa, são comumente utilizados, e de forma intensa, os dados disponíveis nos principais relatórios
contábeis, antes mencionados, e, também, outras informações para estabelecer índices e poder, por
exemplo, efetuar as oriundas de outras fontes. O que se pretende é apurar:

• Condições de liquidez.

• Nível de atividade e de endividamento.

29
Unidade I

• Rentabilidade.

• Valor de mercado.

Como podemos perceber, tais índices cobrem muitas informações sobre a empresa e classificam-se
entre as medidas mais tradicionais de avaliação da empresa, que são:

• Estabelecimento de índices econômico-financeiros.

• Análises vertical e horizontal.

De pronto, é possível destacar o fato de os resultados apresentados por esses índices representarem
dados extraídos do passado, isto é, do momento que os demonstrativos contábeis foram emitidos.
Por isso, muitas informações podem perder atualidade quando chegam às mãos dos analistas,
encarregados do estudo da empresa.

Ademais, aponta Carmona (2009, p. 29): “Empresas que exploram atividades econômicas vinculadas
ao setor industrial podem possuir padrões patrimoniais diferentes de entidades de atividade econômica
vinculada ao setor comercial ou ao setor de serviços”.

Portanto, pode ser enfatizado o uso de diferentes tipos de indicadores, consoante o tipo, as
características de atuação e até o porte da empresa em análise. Há situações em que os administradores
e os analistas definem índices próprios para o acompanhamento e o controle da empresa, quando esta
desempenha funções muito específicas no mercado.

A escolha dos índices mais adequados para a medição da empresa vincula-se a um conjunto de
questões que devem ser observadas, a priori:

• Como o índice é calculado?

• Quais são os objetivos dessa medição?

• Qual foi a unidade de medida utilizada?

• O que pode ser considerado um valor alto ou baixo – bom ou ruim – para determinado índice?

• Como a medida pode ser melhorada?

É, ainda, Carmona (2009, p. 29) que acrescenta:

A definição, o cálculo e a utilização de índices financeiros como mecanismo


sistemático para avaliação financeira da situação patrimonial de uma
entidade não são tarefas simples e requerem conhecimento aprofundado
sobre o setor de atividade econômica no qual ela esteja atuando.
30
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Para o estudo dos indicadores, utilizaremos as informações que lhes servem de fonte, disponíveis no
BP da empresa Sensação, com os valores verificados nos anos de 2017 e 2018, a partir da adaptação dos
modelos apresentados em Silva (2012).

De forma a melhorar a legibilidade dos dados, os valores são expressos em milhares (R$).

Tabela 4 – BP da empresa Sensação em 2017 e 2018

Ativo 2017 2018 Passivo 2017 2018


Ativo circulante R$ (mil) R$ (mil) Passivo circulante R$ (mil) R$ (mil)
Disponibilidades Instituições financeiras 52,80 55,00
Caixa e bancos 5,50 5,40 Fornecedores 53,20 44,30
Aplicações financeiras 14,20 48,40 Tributos a pagar 33,10 26,00
Total de disponibilidades 19,70 53,80 Provisões para pessoal e outros 31,80 35,20
Clientes (líquido de provisão) 93,00 104,20 Dividendos e juros sobre capital próprio 25,80 19,90
Saques descontados -14,20 -30,00
Estoques 73,70 67,10
Impostos a recuperar 30,10 19,30
Despesas antecipadas 3,90 1,90
Total do ativo circulante 206,20 216,30 Total do passivo circulante 196,70 180,40
Ativo não circulante Passivo não circulante
Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo
Empresas relacionadas 1,13 7,00 Débitos com empresas relacionadas 41,10 25,80
Depósitos judiciais e outros 118,00 97,50 Provisões para eventuais 84,90 85,40
Total do realizável a longo prazo 119,13 104,50
Investimentos
Empresas controladas 165,20 137,70
Outros investimentos 1,10 1,60
Total de investimentos 166,30 139,30
Imobilizado líquido 171,10 154,10
Depreciação acumulada 10,00 20,00
Intangível 1,30 10,00
Total do ativo não circulante 457,83 407,90 Total do passivo não circulante 126,00 111,20
Patrimônio líquido
Capital social 304,70 304,70
Reserva de capital 3,40 0,00
Reserva de lucros 33,23 27,90
Total do patrimônio líquido 341,33 332,60
Total do ativo 664,03 624,20 Total do passivo 664,03 624,20

Adaptada de: Silva (2012, p. 72).

31
Unidade I

Para este estudo, utilizaremos, também, as informações disponíveis no DRE da empresa Sensação
nos anos de 2017 e 2018, com a adaptação dos modelos apresentados em Silva (2012). Os valores
são expressos em milhares (R$). Também é expressa em milhares de unidades a quantidade de ações
negociadas pela empresa.

Tabela 5 – DRE da empresa Sensação em 2017 e 2018

2017 2018
R$ (mil) R$ (mil)
Receita operacional bruta 974,60 967,80
Impostos incidentes sobre vendas -231,00 -232,00
Renda operacional líquida 743,60 735,80
Custo dos produtos vendidos -521,00 -542,00
Lucro bruto 222,60 193,80
Despesas operacionais
Vendas -85,40 -76,50
Gerais e administrativas -42,90 -46,00
Honorários da administração -1,00 -1,00
Despesas de depreciação -10,00 -10,00
Outras receitas e despesas -1,00 -1,00
Resultado antes das receitas e despesas financeiras 82,30 59,30
Receitas (despesas) financeiras líquidas -3,60 -7,80
Resultado antes dos tributos sobre o lucro 78,70 51,50
Imposto de Renda e Contribuição Social -31,48 -20,60
Lucro líquido do exercício 47,22 30,90
Quantidade de ações emitidas pela empresa 100,00 100,00
Lucro líquido por ação 0,472 0,309

Adaptada de: Silva (2012, p. 77).

2.1 Índices de liquidez

O índice de liquidez é um dos aspectos mais significativos quando se procura estudar determinada
empresa. O que se diz é que não basta a empresa ser rentável, mas deve dispor, também, de caixa
adequado para suprir seus compromissos com relação à manutenção de valores de curto prazo. Isso é
ainda mais importante na análise de bancos e instituições financeiras, cuja operação depende de suas
condições de liquidez, que podem “pôr por terra” os bons e até excelentes resultados, em termos de
rentabilidade nos respectivos períodos de atuação.

A análise das condições de liquidez é obtida a partir dos valores inscritos em seu BP nos grupos
de circulante, tanto no ativo quanto no passivo. Nos grupos do circulante, classificados no ativo, e, de
outro lado, no passivo, são englobados os valores de direitos e obrigações vencíveis em curto prazo

32
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

(até o final do exercício subsequente). Quanto maior for o valor, melhor será a condição retratada pelo
respectivo índice.

São variados os índices de liquidez, mas comumente empregados nas análises de empresas à medida
que determinados são ou não considerados para a sua formação.

Apresentamos, neste tópico, os mais adotados por quem deseja conhecer e analisar a
liquidez de uma empresa.

2.1.1 Índice de liquidez geral

Compara os grupos circulante e realizável a longo prazo do ativo com os grupos circulante e exigível
a longo prazo do BP:

AC + RLP
ILG =
PC + ELP

onde:

ILG: índice de liquidez geral;

AC: total do ativo circulante;

RLP: total do ativo realizável a longo prazo;

PC: passivo circulante;

ELP: passivo exigível a longo prazo.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, com base em seus demonstrativos contábeis
mostrados anteriormente e considerando que os valores são expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 6

2017 2018
206.20 + 119.13 325.33 216.30 + 104.20 320.50
ILG = = ILG = =
196.70 + 126.10 322.80 180.40 + 111.20 291.60

ILG = 1,0078 ILG = 1,0991

Observa-se, neste caso, um aumento da liquidez geral da empresa em 2018, comparativamente


ao ano anterior.

33
Unidade I

Esse índice será considerado bom caso o ILG seja superior ou igual a 1.

2.1.2 Índice de liquidez corrente

AC
ILC =
PC

onde:

ILC: índice de liquidez corrente;

AC: total do ativo circulante;

PC: total do passivo circulante.

Neste caso, o que se procura é a razão entre os valores do ativo e do passivo circulante. O ativo
circulante compreende as disponibilidades (também conhecidas como caixa e equivalentes de caixa),
os direitos realizáveis no exercício social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do
próximo exercício.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, revelados pelos demonstrativos contábeis
anteriormente apresentados e considerando que os valores são expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 7

2017 2018
206.20 216.30
ILC = = 1,0483 ILC = = 1,1990
196.70 180.40

Este é, talvez, o índice de mais fácil apuração e revela, também, um aumento da liquidez da empresa
em 2018, comparativamente a 2017.

O ILC será considerado bom quando for superior ou igual a 1.

2.1.3 Capital de giro líquido

O índice de liquidez corrente não deve ser confundido com o valor obtido a título de capital
de giro líquido (CGL), que é representado pela diferença entre os montantes de ativo circulante e
passivo circulante:

CGL = AC - PC

34
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

onde:

CGL: capital de giro líquido;

AC: total do ativo circulante;

PC: total do passivo circulante.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, considerando que os valores são expressos no BP
em milhares de reais, serão:

Tabela 8

2017 2018
CGL = 206.20 - 196.70 = R$ 9.50 CGL = 216.30 - 180.40 = R$ 35.90

O CGL – também conhecido como capital circulante líquido (CCL) – indica o valor total da
disponibilidade financeira para suportar seus compromissos de curto prazo.

Comenta Carmona (2009, p. 34):

Considerando que uma parcela significativa das obrigações contidas no


passivo circulante não apresenta variações significativas ao longo do tempo,
torna-se vital a preservação de um certo nível de segurança financeira.

Espera-se um resultado positivo, que reflita a folga de liquidez para a empresa arcar com seus
compromissos, evitando tornar-se inadimplente.

2.1.4 Índice de liquidez seca

Para conhecermos, utilizamos a expressão a seguir:

AC − E
ILS =
PC

onde:

ILS: índice de liquidez seca;

AC: ativo circulante;

PC: passivo circulante;

E: estoques.
35
Unidade I

Este indicador é calculado com a redução do total do ativo circulante do que se mantém em estoques.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, a partir dos dados extraídos do seu BP e
considerando que os valores são expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 9

2017 2018
206.20 − 73.70 132.50 216.30 − 67.10 149.20
ILS = = ILS = =
196.70 196.70 180.40 180.40

ILS = 0,6736 ILS = 0,8271

2.1.5 Índice de liquidez imediata

Obtido a partir da formulação:

D
ILI =
PC

onde:

ILI: índice de liquidez imediata;

D: montante das disponibilidades;

PC: total do passivo circulante.

Este indicador considera o total das disponibilidades, isto é, o que tem conversibilidade
imediata em dinheiro, como é o caso da conta caixa e de outras que podem imediatamente ser
transformadas em dinheiro.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, a partir das informações de seu BP e considerando
que os valores são expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 10

2017 2018
19.70 53.80
ILI = = 0,1002 ILI = = 0,2982
196.70 180.40

36
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Os cálculos exemplificados para a empresa Sensação, nos anos de 2017 e 2018, indicam que, de
forma geral, quanto maior for o respectivo índice de liquidez, melhor será a situação financeira da
empresa. Naturalmente, esse índice, assim como os demais relacionados com liquidez (mas não só com
ela), pode ser comparado com os de outros períodos operacionais da mesma empresa ou com os de
outras empresas do mesmo segmento de mercado.

2.2 Índices de endividamento

Indicam a avaliação do perfil da estrutura financeira de uma empresa para o financiamento de suas
atividades operacionais e administrativas. Possibilitam o confronto dos capitais obtidos junto a terceiros
com o que foi aportado ou está à disposição dos acionistas. Quanto menor for o valor, melhor será o
resultado retratado pelo índice.

Ross et al. (2013) apud Carmona (2009) definem os níveis de endividamento como os que analisam
a capacidade de a empresa liquidar as obrigações, principalmente de longo prazo.

Descrevemos, a seguir, os variados tipos de índices de endividamento, adotados pelos


analistas de empresas.

2.2.1 Índice de estrutura de capital

PE
IEC =
PL

onde:

IEC: índice de estrutura de capital;

PE: passivo exigível (capital de terceiros);

PL: patrimônio líquido (capital próprio).

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, a partir dos números expressos em seu BP e
considerando que os valores são expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 11

2017 2018
126.00 111.20
IEC = = 0,3691 IEC = = 0,3343
341.33 332.60

37
Unidade I

2.2.2 Índice de dependência

PE
ID =
AT

onde:

ID: índice de dependência;

PE: total do passivo exigível (capital de terceiros);

AT: total do ativo.

Neste caso, o passivo exigível (capital de terceiros) é comparado com todos os ativos da empresa.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, a partir dos valores constantes em seu BP e
considerando que os valores são expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 12

2017 2018
126.00 111.20
IDCP = = 0,1898 IDCP = = 0,1781
664.03 624.20

2.2.3 Índice de dependência de curto prazo

É uma variante do indicador imediatamente anterior, calculado a partir de:

PC
IDcp =
AT

onde:

IDcp: índice de dependência de curto prazo;

PC: total do passivo circulante;

AT: total do ativo.

Para este indicador, é expressa a relação entre o passivo circulante (dívida com terceiros, mas apenas
de curto prazo) contra todos os ativos da empresa.

38
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, com base nos registros do seu BP e considerando
que os valores são expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 13

2017 2018
196.70 180.40
ID = = 0,2962 ID = = 0,2890
664.03 624.20

2.2.4 Índice de cobertura de juros

Neste caso, é utilizada a expressão:

LAJIR
ICJ =
Juros

onde:

ICJ: índice de cobertura de juros;

LAJIR: lucro da empresa antes da dedução dos juros e dos impostos devidos sobre o resultado do período.

Neste caso, analisa-se a capacidade de pagamento de juros de obrigações (empréstimos e


financiamentos) contraídas pela empresa.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, considerando que os valores em seu BP e em seu
DRE são expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 14

2017 2018
82.30 59.30
ICJ = = 22,8611 ICJ = = 7,6026
3.60 7.80

Quanto maior for esse índice, melhor será a condição de pagamento de juros contratuais pela
empresa. Verifica-se uma significativa piora da empresa Sensação em 2018, comparativamente ao ano
anterior, no que tange a essa medição.

2.2.5 Índice de cobertura de caixa

Ainda no conjunto dos indicadores do endividamento da empresa, este pode ser obtido
com a formulação:

39
Unidade I

LAJIR + Depreciação
ICC =
Juros

onde:

ICC: índice de cobertura de caixa;

LAJIR: lucro da empresa antes da dedução dos juros e dos impostos devidos sobre o resultado do período;

Depreciação: estimativa dos desgastes ou da obsolescência dos bens do ativo permanente.

Aqui, leva-se em conta a capacidade da empresa no pagamento dos juros contratuais de suas
obrigações, considerando o respectivo fluxo de caixa (entrada e saída de recursos financeiros).

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, a partir dos valores expressos em milhares de reais
no seu BP e DRE, serão:

Tabela 15

2017 2018
82.30 + 10 92.30 59.30 + 10 69.30
ICC = = ICC = =
3.60 3,60 7.80 7.80

ICC = 25,6389 ICC = 8,8846

Observação

O valor da depreciação, apesar de se tratar de uma despesa, não altera


o fluxo de caixa do respectivo período.

De forma geral, quanto menor for o respectivo índice de endividamento, com exceção dos dois
últimos apresentados, melhor será a situação financeira da empresa. Novamente, esse índice pode ser
comparado com os de outros períodos operacionais da própria empresa e/ou com os de outras empresas
do mesmo ou até de diferentes segmentos de mercado.

2.3 Índices de rentabilidade (ou lucratividade)

Após apresentarmos os indicadores de liquidez e de endividamento, vamos conhecer os índices que


visam medir o grau de eficiência da utilização dos ativos da empresa.

40
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Brigham e Houston (2001) apud Carmona (2009, p. 37) definem os índices de rentabilidade como
aqueles que mostram os efeitos combinados de liquidez, gestão de ativos e endividamento sobre os
resultados operacionais.

Descrevemos, a seguir, os variados tipos de índices de rentabilidade (ou lucratividade), adotados


pelos analistas de empresas.

2.3.1 Retorno sobre o ativo

É obtido com a expressão:

LL
RsA =
AT

onde:

RsA: resultado sobre o total dos ativos da empresa;

LL: lucro líquido – final – do período;

AT: total dos ativos da empresa.

Com ele, consegue-se obter a taxa de retorno de todo o capital empregado na empresa mediante a
razão entre o lucro líquido (LL) obtido pela empresa contra os ativos totais, no respectivo período.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, a partir do que é apresentado pelo seu BP e DRE,
e considerando que os valores são expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 16

2017 2018
47.22 30.90
RsA = = 0,0711 RsA = = 0,0495
664.03 624.20

Comenta Carmona (2009, p. 38): “Independentemente do tamanho das empresas, esse índice
representa um dos quocientes de eficiência mais conhecidos e utilizados pelos usuários internos e
externos das informações contábeis”.

2.3.2 Retorno sobre o capital próprio

Temos, aqui, um dos mais populares índices de medição da rentabilidade de uma


empresa, calculando-se:

41
Unidade I

LL
RsCP =
PL

onde:

RsCP: resultado sobre o capital próprio;

LL: lucro líquido, no período;

PL: patrimônio líquido da empresa (pertencente aos sócios, acionistas etc.).

Agora, o que se mede é a taxa de retorno do capital próprio, com base no que foi aportado e retido
em lucros anteriores, cujo total pertence aos sócios e acionistas da empresa.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, no BP e no DRE, a partir dos valores registrados e
expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 17

2017 2018
47.22 30.90
RsCP = = 0,1383 RsCP = = 0,0929
341.33 332.60

Consta-se, pois, uma perda nesse indicador em 2018.

2.3.3 Margem líquida

Entre os indicadores que procuram medir os resultados operacionais contra os lucros obtidos no
período, a margem líquida é obtida com a formulação:

LL
MgL =
V

onde:

MgL: margem líquida oferecida pelas vendas no período;

LL: lucro líquido, no período;

V: totais das vendas.

Aqui, é feita a comparação entre o lucro líquido obtido pela empresa e o total das vendas no
respectivo período.
42
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Para efeito de cálculo deste índice, consideramos como V o total da receita líquida, expresso no DRE
de cada período/ano.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, considerando que os valores são expressos em
milhares de reais, serão:

Tabela 18

2017 2018
47.22 30.90
MgL = = 0,0635 MgL = = 0,0420
743.60 735.80

De forma geral, quanto maior for o respectivo índice de rentabilidade (lucratividade), melhor será
a situação financeira da empresa. Naturalmente, esse índice também pode ser comparado com os de
outros períodos operacionais da mesma empresa ou com os de outras empresas do mesmo (ou até
de diferente) segmento de mercado.

Comenta Carmona (2009, p. 38):

Os índices de rentabilidade são responsáveis pelo cálculo de alguns dos mais


importantes parâmetros financeiros inerentes às empresas. Ao mensurar
taxas de retorno, os índices de rentabilidade fornecem um parâmetro
referencial interessante para avaliar a viabilidade de futuros investimentos.

Lembrete

É sempre importante confrontar os diferentes índices, calculados para


a empresa, com os que lhe correspondem, para outras instituições e seu
respectivo segmento de mercado.

2.4 Índices de atividade

Este grupo de índices é usado, basicamente, para a medição dos níveis de atividades da empresa,
relacionando diversos grupos de contas, operacionais e comerciais. Visam compreender como a
instituição vem realizando suas operações.

2.4.1 Giro do estoque

Usa-se a formulação a seguir:

V
GE =
Estoques

43
Unidade I

GE: giro dos estoques;

V: somatório das vendas líquidas, ocorridas no período analisado;

Estoques: mantidos na empresa.

Trata-se de um índice que é apurado utilizando informações tanto do BP quanto do DRE da empresa.

Com os valores expressos em milhares de reais, os cálculos deste índice para a empresa Sensação serão:

Tabela 19

2017 2018
743.60 735.80
GE = = 10,0896 GE = = 10,9657
73.70 67.10

2.4.2 Giro de contas a receber

Enquanto o índice imediatamente anterior é relacionado com os estoques, este mede a velocidade
com que a empresa reinicia o ciclo de vendas de seus produtos e serviços. Usa-se a formulação a seguir:

V
GCR =
CaR

GCR: giro de contas a receber;

V: vendas líquidas, em determinado período;

CaR: montante de contas a receber.

Para efeito de cálculo deste índice, novamente consideramos como V o total da receita líquida,
expresso no DRE de cada período/ano, e o total de contas a receber, deduzido dos valores das
duplicatas/títulos descontados junto ao sistema financeiro, em cada período/ano, demonstrado no BP.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, expressos em milhares de reais, serão:

Tabela 20

2017 2018
743.60 743.60 735.80 735.80
GCR = = GCR = =
(93.00 − 14.20) 78.80 (104.20 − 30.00) 74.20

GCR = 9,4365 GCR = 9,9164

44
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

2.4.3 Prazo médio de vendas

O prazo médio de recebimento de vendas (PMR ou PMRV) é obtido calculando-se o tempo médio
que uma empresa leva para receber de seus clientes aquilo que lhes vende, como bens ou serviços.
Usa‑se a formulação a seguir:

V
PMeR =
GCR

onde:

PmeR: prazo médio de recebimento de vendas;

V: vendas;

GCR: giro de contas a receber.

O equilíbrio entre suas contas a pagar e a receber é importante para a constatação da saúde do
capital de giro da empresa.

Sabemos o quanto é complexo manter os números na “ponta da língua” e, mais do que isso, entender
e transformar a montanha de informações que é gerada em dia em dados para melhorar a administração.

O índice mede o número de dias necessários, no período, para cobrar as contas a receber e poder
reiniciar o processo operacional da empresa.

Carmona (2009, p. 40) comenta: “o objetivo deste indicador é ilustrar a velocidade com que a
empresa está habilitada a cobrar pelas vendas realizadas”.

2.4.4 Prazo médio de recebimento de vendas

360dias xDuplicatasreceber
PMRV =
Vendasbrutas

Os cálculos deste índice, em número de dias, para a empresa Sensação, cujos valores são expressos
em milhares de reais, adotando o ano comercial de 360 dias, serão:

Tabela 21

2017 2018
360dias x93,00 33.480,00 360dias x104,20 37.512,00
PMRV = =  35 PMRV = =  39
974,60 974,60 967,80 967,80

45
Unidade I

Veja que houve um aumento desse prazo quando se comparam os exercícios de 2017 e
2018 da empresa.

2.4.5 Prazo médio de pagamento de compras

Agora, vamos analisar o tempo que a empresa dispõe para pagar suas compras junto aos diversos
fornecedores de matéria-prima e/ou produtos e serviços:

360dias xFornecedores
PMPC =
Compras

onde:

PMPC: prazo médio de pagamento de compras;

360: quantidade de dias, no ano comercial;

Fornecedores: valor dos pagamentos devidos a este stakeholder;

Compras: o que foi adquirido pela empresa no período em análise.

Os cálculos do número de dias de pagamento de compras para a empresa Sensação, cujos valores
são expressos em milhares de reais, e considerando o ano comercial de 360 dias, serão:

Tabela 22

2017 2018
360dias x53,20 19.152,00 360dias x44,30 15.948,00
PMPC = =  37 PMPC = =  30
521,00 521,00 542,00 542,00

Este índice revela, em média, quantos dias a empresa demora para pagar suas compras. Foi adotado,
na fórmula, o ano comercial de 360 dias. Como aproximação do total de compras, foi utilizado o valor
(no DRE) em custo dos produtos vendidos.

2.4.6 Prazo médio de renovação de estoques

360dias xEstoques
PMRE =
Custovendas

Os cálculos do número de dias que se renovam os estoques para a empresa Sensação, admitindo o
ano comercial de 360 dias e os valores expressos em milhares de reais, serão:

46
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Tabela 23

2017 2018
360dias x73,70 26.532,00 360dias x67,10 24.156,00
PMRE = =  51dias PMRE = =  45dias
521,00 521,00 542,00 542,00

Este índice revela, em média, quantos dias a empresa demora para vender seu estoque.

2.5 Índices de valor de mercado

O valor de mercado é bastante utilizado para a averiguação da situação da empresa.

Os índices ora descritos, aplicáveis às companhias abertas, relacionam o preço das ações, praticado no
mercado, para a respectiva empresa (por exemplo, em bolsas de valores) com as informações refletidas
em seus valores contábeis.

Saiba mais

As companhias abertas são aquelas que possuem ações ou outros


tipos de emissão, transacionados no mercado secundário (ou seja, nas
bolsas de valores).

Para obter informações mais detalhadas quanto aos tipos de empresas


– sociedades anônimas – com capital aberto ou fechado, consulte:

ASSAF NETO, A. Mercado financeiro. 14. ed. São Paulo: Atlas, 2018.

Brigham e Houston (2001) definem os índices de valor de mercado como aqueles que relacionam o
preço das ações da empresa aos seus lucros e ao valor patrimonial da ação.

Observação

O valor de mercado de uma ação reflete por quanto ela é negociada,


no momento, para transações nos mercados de capitais (notadamente
nas bolsas de valores). O valor patrimonial, também entendido como valor
contábil da ação, é obtido pela divisão entre o total do PL e a quantidade
de ações emitidas pela empresa.

Você deve ter percebido que dificilmente há uma igualdade entre esses
dois valores, considerando as frequentes alterações das cotações dos papéis
em negociação nos mercados de capitais.
47
Unidade I

Saiba mais

Para obter mais informações sobre a formação de preços nos mercados


de capitais, leia:

FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. 22. ed. São Paulo:


Qualitymark, 2020.

Descrevemos, a seguir, outros tipos de índices adotados pelos analistas de empresas.

2.5.1 Índice preço/lucro

Revela a relação entre o preço de mercado das ações da empresa (P), fazendo a comparação com os
lucros (L) ocorridos no período em análise:

P
IPL =
L

Para efeito de cálculo deste índice, consideremos que a cotação média do preço da ação da empresa
no mercado é, apenas a título de exemplo, de R$ 1.000,00 em 2017 e R$ 12.000,00 em 2018. Admitindo
que os valores são expressos em milhares de reais, os cálculos deste índice para a empresa Sensação serão:

Tabela 24

2017 2018
1.000 12000
IPL = = 21,18 IPL = = 0.3883
47.22 30.90

Indica Carmona (2009, p. 41):

Mesmo considerando a possibilidade de ocorrência de eventuais oscilações


no mercado acionário, esse indicador tende a representar uma certa
paridade originada das expectativas que os investidores possuem sobre
fluxos de caixa futuros.

2.5.2 Índice valor de mercado/valor de livro

Procura mostrar a relação entre o valor de mercado da empresa (M) – isto é, o valor total de suas
ações negociadas nos mercados de capitais – e o valor expresso em sua contabilidade (VC):

48
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

M
IVM =
VC

Para efeito de cálculo deste índice, consideremos que a cotação média do preço da ação da empresa,
no mercado, é de R$ 10,00 em 2017 e R$ 12,00 em 2018. Admitimos como valores contábeis das ações
o que está contabilizado como capital social em 2017 e 2018.

Os cálculos deste índice para a empresa Sensação, cujos valores são expressos em milhares
de reais, serão:

Tabela 25

2017 2018
(100x10.00) 1.000,00 (100x12.00) 1.200,00
IVM = = IVM = =
(304.7 /100) 3.0470 (304.70 /100) 3.0470

IVM = 328,1917 IVM = 393,83

Neste caso, quanto maior for o índice, melhor será a percepção dos investidores sobre a situação
econômico-financeira da empresa.

Lembrete

Utilizam-se de forma intensa os dados disponíveis nos relatórios


contábeis, além de outras informações, para o estabelecimento de índices e
a comparação, por exemplo, com o desempenho de outras empresas, como
o nível de atividades, endividamento, rentabilidade e valor de mercado.

2.6 Análises: vertical e horizontal

Além dos índices financeiros, a análise de uma empresa costuma se valer das técnicas de análise
vertical (AV) e análise horizontal (AH) de valores das demonstrações contábeis (normalmente, BP e DRE).

Tais técnicas permitem o conhecimento e a comparação de mais detalhes das demonstrações


financeiras, muitas vezes não apurados ou perceptíveis com base nos variados índices (solvência,
patrimônio, rentabilidade etc.).

Consegue-se efetuar comparações de valores (saldos e movimentações contábeis) dentro de um


mesmo período ou entre períodos (exercícios sociais) diferentes.

49
Unidade I

Não existe uma legislação específica para definir a utilização e as formas de análise (vertical e
horizontal). Na verdade, trabalha-se com práticas consagradas e aprovadas pelo mercado, tanto
brasileiro quanto mundial.

2.6.1 Análise vertical

O objetivo da AV (também denominada análise da estrutura) é mostrar a participação relativa de


cada item de uma demonstração contábil em relação:

• Ao total do ativo e passivo (no caso do BP).

• À apuração do lucro (ou prejuízo) do exercício, com base na receita bruta ou receita líquida (no DRE).

A fórmula básica para o cálculo é:

valoritem
AVi = (100)
valorreferência

Como exemplo, analisemos o BP da empresa Sensação nos anos de 2017 e 2018, que contém, para
cada conta e subgrupo, tanto do ativo quanto do passivo, os valores em milhares de reais, permitindo
os cálculos dos índices de AV:

Tabela 26 – Análise vertical do BP da empresa Sensação em 2017 e 2018

Ativo 2017 2018 Passivo 2017 2018


Ativo circulante R$ (mil) AV % R$ (mil) AV % Passivo circulante R$ (mil) AV % R$ (mil) AV %
Disponibilidades Instituições financeiras 52,800 7,951 55,000 8,811
Caixa e bancos 5,500 0,828 5,400 0,865 Fornecedores 53,200 8,012 44,300 7,097
Aplicações financeiras 14,200 2,138 48,400 7,754 Tributos a pagar 33,100 4,985 26,000 4,165

Total de disponibilidades Provisões para pessoal


19,700 2,967 53,800 8,619 31,800 4,789 35,200 5,639
e outros
Dividendos e juros
Clientes (líquido de provisão) 93,000 14,005 104,200 16,693 25,800 3,885 19,900 3,188
sobre capital próprio
Saques descontados -14,200 -2,138 -30,000 -4,806
Estoques 73,700 11,099 67,100 10,750
Impostos a recuperar 30,100 4,533 19,300 3,092
Despesas antecipadas 3,900 0,587 1,900 0,304
Total do passivo
Total do ativo circulante 206,200 31,053 216,300 34,652 196,700 29,622 180,400 28,901
circulante
Ativo não circulante Passivo não circulante
Débitos com empresas
Realizável a longo prazo 41,100 6,189 25,800 4,133
relacionadas
Provisões para
Empresas relacionadas 1,130 0,170 7,000 1,121 84,900 12,786 85,400 13,682
eventuais

50
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Ativo 2017 2018 Passivo 2017 2018

Ativo não circulante R$ (mil) AV % R$ (mil) AV % Passivo não circulante R$ (mil) AV % R$ (mil) AV %

Depósitos judiciais e outros 118,000 17,770 97,500 15,620

Total do realizável a
longo prazo 119,130 17,940 104,500 16,741

Investimentos

Empresas controladas 165,200 24,878 137,700 22,060

Outros investimentos 1,100 0,166 1,600 0,256

Total de investimentos 166,300 25,044 139,300 22,317

Imobilizado líquido 171,100 25,767 154,100 24,688

Depreciação acumulada 1,000 0,151 2,000 0,320

Intangível 1,300 0,196 10,000 1,602

Total do passivo não


Total do ativo não circulante 457,830 68,947 407,900 65,348 126,000 18,975 111,200 17,815
circulante

Patrimônio líquido

Capital social 304,700 45,886 304,700 48,814

Reserva de capital 3,400 0,512 0,000 0,000

Reserva de lucros 33,230 5,004 27,900 4,470

Total do patrimônio
líquido 341,330 51,403 332,600 53,284

Total do ativo 664,030 100 624,200 100 Total do passivo 664,030 100 624,200 100

Portanto, o percentual representado pela AV no respectivo ano/período é obtido com a divisão/razão


entre o item que está sendo analisado e o valor que é tomado como referência.

No exemplo, na empresa Sensação, para o subgrupo Disponibilidades do Ativo, em 2017, o indicador


de AV será 2,967%.

E assim se procede com relação aos demais valores do demonstrativo, sempre adotando como
referência o total do ativo ou do passivo.

Comenta Silva (2012, p. 209):

A simples identificação da representatividade de um item do ativo ou


do passivo em relação a determinado referencial pode não ser suficiente
para possibilitar ao analista tirar conclusão sobre a situação da empresa.
Observar a tendência da representatividade de um item ao longo de dois ou
mais exercícios é um processo que ajuda o analista a visualizar mudanças
ocorridas na estrutura do demonstrativo que esteja analisando.

Em síntese, a AV consiste em uma comparação da representatividade, em percentagem, de cada


conta com o grupo de contas a que pertence. Cabe ao analista confrontar os percentuais auferidos na AV

51
Unidade I

com os de outras empresas, principalmente que atuem no mesmo segmento de operações, considerando
eventuais diferenças de porte, região geográfica e outros fatores distintivos.

Outro importante demonstrativo contábil que pode ser utilizado na AV é o DRE, visando identificar a
representatividade de cada um dos seus itens/valores em relação à receita líquida de vendas, por exemplo.

Como exemplo, analisemos o DRE da empresa Sensação nos anos de 2017 e 2018, cujos valores são
expressos em milhares de reais e permitem a apuração, para cada item, dos índices de AV:

Tabela 27 – Análise vertical do DRE da empresa Sensação em 2017 e 2018

2017 2018
r$ (mil) AV % R$ (mil) AV %
Receita operacional bruta 974,60 131,07 967,80 131,53
Impostos incidentes sobre vendas -231,00 -31,07 -232,00 -31,53
Renda operacional líquida 743,60 100,00 735,80 100,00
Custo dos produtos vendidos -521,00 -70,06 -542,00 -73,66
Lucro bruto 222,60 29,94 193,80 26,34
Despesas operacionais
Vendas -85,40 -11,48 -76,50 -10,40
Gerais e administrativas -42,90 -5,77 -46,00 -6,25
Honorários da administração -1,00 -0,13 -1,00 -0,14
Despesas de depreciação -10,00 -1,34 -10,00 -1,36
Outras receitas e despesas -1,00 -0,13 -1,00 -0,14
Resultado antes das receitas e despesas financeiras 82,30 11,07 59,30 8,06
Receitas (despesas) financeiras líquidas -3,60 -0,48 -7,80 -1,06
Resultado antes dos tributos sobre o lucro 78,70 10,58 51,50 7,00
Imposto de renda e contribuição social -31,48 -4,23 -20,60 -2,80
Lucro líquido do exercício 47,22 6,35 30,90 4,20
Quantidade de ações emitidas pela empresa 100,00 100,00
Lucro líquido por ação 0,472 0,309

Cabe um alerta no que tange à análise dos resultados, em função de ocorrências de inflação e seu
impacto na evolução dos preços.

Em tempos não inflacionários, as receitas de vendas demonstram com mais exatidão quanto a
empresa vendeu no respectivo período. Contudo, se forem significativos os impactos inflacionários, isso
pode distorcer as informações apontadas no demonstrativo, dada a constante alteração de preços, por
exemplo, entre os meses do ano (início e final).

52
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

2.6.2 Análise horizontal

Esta técnica possui características mais voltadas à análise dos resultados ao longo do tempo,
diferentemente do que foi revelado na AV.

Este indicador permite que se examine a evolução histórica de cada rubrica contábil das respectivas
demonstrações (BP e DRE).

Apresentamos, a seguir, os cálculos de AH aplicados sobre os dados do BP da empresa Sensação, cujos


valores são expressos em milhares de reais, em 2017 e 2018.

Tabela 28 – Análise horizontal do BP da empresa Sensação em 2017 e 2018

Ativo 2017 2018 Passivo 2017 2018


Ativo circulante R$ (mil) AH % R$ (mil) AH % Passivo circulante R$ (mil) AH % R$ (mil) AH %
Disponibilidades Instituições financeiras 52,800 100 55,000 8,811
Caixa e bancos 5,500 100 5,400 98,182 Fornecedores 53,200 100 44,300 7,097
Aplicações financeiras 14,200 100 48,400 340,845 Tributos a pagar 33,100 100 26,000 4,165
Total de Provisões para pessoal e
disponibilidades 19,700 100 53,800 273,096 31,800 100 35,200 5,639
outros
Clientes Dividendos e juros sobre
93,000 100 104,200 112,043 25,800 100 19,900 3,188
(líquido de provisão) capital próprio
Saques descontados -14,200 100 -30,000 211,268
Estoques 73,700 100 67,100 91,045
Impostos a recuperar 30,100 100 19,300 64,120
Despesas antecipadas 3,900 100 1,900 48,718
Total do ativo Total do passivo
circulante 206,200 100 216,300 104,898 circulante 196,700 100 180,400 28,901

Ativo não circulante Passivo não circulante


Débitos com empresas
Realizável a longo prazo 41,100 100 25,800 4,133
relacionadas
Empresas relacionadas 1,130 100 7,000 619,469 Provisões para eventuais 84,900 100 85,400 13,682
Depósitos judiciais e 118,000 100 97,500 82,627
outros
Total do realizável a
longo prazo 119,130 100 104,500 87,719

Investimentos
Empresas controladas 165,200 100 137,700 83,354
Outros investimentos 1,100 100 1,600 145,455
Total de investimentos 166,300 100 139,300 83,764
Imobilizado líquido 171,100 100 154,100 90,064
Depreciação acumulada -1,000 100 -2,000 200,000
Intangível 1,300 100 10,000 769,231
Total do ativo não Total do passivo não
circulante 457,830 100 407,900 89,094 circulante 126,000 100 111,200 17,815

Patrimônio líquido
Capital social 304,700 100 304,700 48,814
Reserva de capital 3,400 100 0,000 0,000

53
Unidade I

Ativo 2017 2018 Passivo 2017 2018


R$ (mil) AH % R$ (mil) AH % Patrimônio líquido R$ (mil) AH % R$ (mil) AH %
Reserva de lucros 33,230 100 27,900 4,470
Total do patrimônio 341,330 100 332,600 53,284
líquido
Total do ativo 664,030 100 624,200 94,002 Total do passivo 664,030 100 624,200 100

Nesse exemplo, adotou-se como base de comparação (= 100%) os valores de cada item/conta em
2017 e 2018. Adota-se, usualmente, o período mais antigo, considerando todos os seus valores como
base 100, e, a partir daí, estabelece-se a comparação para exercícios posteriores.

Usa-se a formulação:

(valoritem )20Xn
AH20Xn = [ ]100
(valoritem )20X1

Faz-se a comparação entre o valor de determinado item no período analisado e o valor que ele
apresentou no período-base da série.

Apresentamos, a seguir, os cálculos de AH aplicados sobre os valores apresentados pelo DRE da


empresa Sensação, com valores expressos em milhares de reais, em 2017 (ano-base) e 2018.

Tabela 29 – Análise horizontal do DRE da empresa Sensação em 2017 e 2018

2017 2018
R$ (mil) AH % R$ (mil) AH %
Receita operacional bruta 974,60 100,00 967,80 99,30
Impostos incidentes sobre vendas -231,00 100,00 -232,00 100,43
Renda operacional líquida 743,60 100,00 735,80 98,95
Custo dos produtos vendidos -521,00 100,00 -542,00 104,03
Lucro bruto 222,60 100,00 193,80 87,06
Despesas operacionais
Vendas -85,40 100,00 -76,50 89,58
Gerais e administrativas -42,90 100,00 -46,00 107,23
Honorários da administração -1,00 100,00 -1,00 100,00
Despesas de depreciação -10,00 100,00 -10,00 100,00
Outras receitas e despesas -1,00 100,00 -1,00 100,00
Resultado antes das receitas e despesas financeiras 82,30 100,00 59,30 72,05
Receitas (despesas) financeiras líquidas -3,60 100,00 -7,80 216,67
Resultado antes dos tributos sobre o lucro 78,70 100,00 51,50 65,44
Imposto de renda e contribuição social -31,48 100,00 -20,60 65,44
Lucro líquido do exercício 47,22 100,00 30,90 65,44
Quantidade de ações emitidas pela empresa 100,00 100,00
Lucro líquido por ação 0,47 0,31

54
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Assim, pode-se constatar a evolução do valor do item ao longo do tempo, ou seja, seu crescimento
(ou diminuição).

Comenta Silva (2012, p. 215): “Muitas vezes é importante saber o comportamento das vendas do
último ano em relação ao [...] anterior do que desenvolvermos uma série histórica mais longa”.

Naturalmente, a estabilidade monetária dos períodos deve também ser analisada, considerando
eventuais situações inflacionárias ou deflacionárias.

Sandroni (1999, p. 158-159) define deflação como:

Queda persistente do nível geral de preços, o oposto da inflação.


Caracteriza‑se pela baixa oferta de moeda em relação à oferta de bens e
serviços ou pela queda na demanda agregada (associada, por exemplo, a um
maior índice de poupança). Esse excesso de oferta de bens — ou carência
de demanda — aumenta o índice de capacidade ociosa na economia e
causa um acirramento da concorrência entre os produtos, que disputam
os poucos consumidores disponíveis, o que leva a uma rápida queda nos
preços. Cai o investimento e, consequentemente, há queda no produto real
e aumento no desemprego.

Analisando a tabela anterior, verifica-se que o índice de AH da receita operacional líquida (ROL) de
2017 para 2018 foi:

ROL 2018 735.80


(100) = (100) = 98.95%
ROL 2017 743.60

A receita operacional líquida para a empresa Sensação diminuiu 1,05% de 2017 para 2018, admitindo‑se
a inexistência da inflação.

Se, eventualmente, a inflação foi de 5% do primeiro para o segundo ano, precisamos deflacionar
esse último, para poder compará-lo com 2017:

 735.80 
 
ROL 2018 1,05  700.762
(100) = (100) = (100) = 94,24
ROL 2017 743.60 743.60

Considerando uma inflação entre os dois períodos em torno de 5%, a receita operacional líquida
diminuiu 5,76% entre os dois anos analisados.

55
Unidade I

Assim, com a AH, é possível acompanhar, por exemplo, o crescimento (ou a diminuição) das vendas
ou mesmo de outras receitas e despesas entre os períodos de análise, em função de aspectos como:

• Aumento (ou diminuição) do ritmo de crescimento econômico em que a empresa executa


suas atividades.

• Variação (positiva ou negativa) de seus principais concorrentes.

• Efeitos provocados pela mudança de indicadores macroeconômicos, como inflação ou dólar.

• Aumento (ou diminuição) das taxas de juros, recebidas ou pagas em operações financeiras.

2.7 Atribuição de pesos para os índices

A atribuição de um peso, para que se possa realizar uma análise comparativa entre cada um
dos índices estudados, permitirá uma melhor avaliação de seus resultados, melhorando os níveis de
decisões pela empresa.

Evidentemente, a designação desses pesos relativos para os índices depende de conhecimento


agudo da situação financeira e econômica da empresa. É importante para considerar o impacto de
determinados índices, mas definindo seu peso na composição da análise final da instituição.

2.8 Limitações dos índices financeiros e das informações contábeis

De acordo com Carmona (2009, p. 44):

Um índice financeiro é uma representação simplificada e reducionista


da situação financeira de uma empresa. Mesmo considerando um elenco
significativo de indicadores financeiros, as avaliações e julgamentos
elaborados a partir deles estão sujeitos a erros.

Devemos, pois, ter em mente o fato de que uma análise com base em índices contábeis deve ser
completada por outras informações sobre o desempenho e as perspectivas de atuação da empresa e de
seus administradores.

Além do que já foi salientado, relacionado com o fato de se tratar de informações passadas, entre os
fatores que conduzem às imprecisões dos índices, podem ser citados:

• Diferentes estruturas operacionais e organizações das empresas.

• Possível tendência à obtenção de índices superiores aos que se verificam, em média, no respectivo
setor de atividades.

• Ocorrência de períodos inflacionários ou sazonais.


56
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

• Diferentes procedimentos para a elaboração dos demonstrativos contábeis das empresas.

• Atuação da empresa em diversos setores de atividade econômica.

• Dificuldade de estabelecer padrões referenciais para que se possa julgar, com mais precisão, os
respectivos índices financeiros.

Silva (2012, p. 37) comenta:

[...] mesmo os dados contábeis tratados de acordo com as técnicas contábeis


podem não retratar, com fidelidade, a real situação da empresa, quanto
ao efetivo valor dos ativos, passivos, receitas, custos e despesas. Apesar da
utilidade e importância das informações de origem contábil, precisamos ter
consciência de que os Princípios Fundamentais de Contabilidade não são
suficientemente fortes para tornar a contabilidade uma disciplina precisa
segundo nosso desejo.

2.9 EBITDA, NOPAT e EVA

Ross et al. (2013) apud Carmona (2009, p. 45) consideram que “não há uma regra que seja útil para
a identificação do elenco de indicadores a serem analisados e que sirvam para o estabelecimento de
padrões para a análise e as comparações de empresas”.

Mencionamos, também, três outros importantes indicadores financeiros:

• EBITDA.

• NOPAT.

• EVA.

2.9.1 EBITDA

EBITDA é um acrônimo da expressão em inglês Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and
Amortization. Usa-se como substituto, em português, o termo LAJIDA, representando lucros antes de
juros, impostos, depreciação e amortização.

Esse indicador é muito utilizado pelos estudiosos da situação da empresa e é extraído das informações
constantes do DRE.

O indicador, padronizado por instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), permite que se
conheça, de forma mais confiável, a performance operacional da empresa e, naturalmente, a comparação
de seus resultados com outras empresas do mesmo setor de atividades.

57
Unidade I

A partir do lucro operacional da empresa, isto é, do que é gerado em decorrência da receita


operacional líquida, deduz-se todos os custos e despesas, como administrativas, comerciais,
operacionais e financeiras.

Assim:

Lucro operacional líquido = receita operacional líquida - (custos dos produtos vendidos +
despesas operacionais)

Para o cálculo do EBITDA, é necessário somar (reverter) ao lucro operacional valores referentes à
amortização e depreciação, inclusas nos custos e nas despesas operacionais.

Observação

A depreciação quantifica a perda produtiva de um determinado


equipamento por ação do tempo ou desgaste. Esse é o valor referente à
própria produção e ao desempenho operacional e não representa um
desembolso financeiro efetivo no período.

Assim:

EBITDA = lucro operacional antes do imposto de renda e receitas/


despesas financeiras + depreciação + amortização

2.9.2 NOPAT

O indicador NOPAT (Net Operating After Taxes, em inglês, ou lucro operacional depois dos impostos)
leva em conta o impacto representado pelo desgaste do imobilizado da empresa e o imposto incidente
sobre o resultado operacional do período.

Esse indicador ainda não considera os custos de obtenção de capitais (próprios ou de terceiros), o
que é propiciado pela EVA.

2.9.3 EVA

Estudaremos de forma mais detalhada este indicador e o MVA ao final do livro-texto.

58
FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

Resumo

Iniciamos o livro-texto com a discussão dos conceitos financeiros básicos


aplicáveis à análise das empresas, a partir da abrangência da administração
financeira e do tratamento das informações contábeis e não contábeis.

Procuramos identificar o foco da função financeira da empresa, que


pode ser entendida, de forma geral, como alcançar a combinação de
ativos e de passivos que melhor determina as escolhas de alternativas
de investimentos que podem ser realizadas pela empresa. Abordamos
as decisões financeiras fundamentais, relacionadas com investimentos,
financiamentos, planejamento e controle financeiro.

Depois, apresentamos os três principais demonstrativos contábeis,


extensamente adotados para a análise financeira e o próprio gerenciamento
da empresa: balanço patrimonial (BP), demonstrativo dos resultados do
exercício (DRE) e demonstrativo de fluxo de caixa (DFC).

Do lado esquerdo de quem olha frontalmente o BP, observam-se os


ativos (bens e direitos), ficando os passivos (compromissos e dívidas)
no lado direito.

O exame do DRE permite que se acompanhe, a partir das receitas


operacionais brutas decorrentes das vendas dos produtos e serviços
da empresa, como foram obtidos os lucros (ou gerados os prejuízos) do
período em análise, fazendo-se a subtração das despesas tanto operacionais
quanto financeiras.

Em seguida, apresentamos os diferentes índices, obtidos pelo confronto


dos valores inscritos nos relatórios contábeis (notadamente, no BP e no
DRE), e as ferramentas de análise vertical (AV) e análise horizontal (AH),
que estudam as condições e expectativas de liquidez, endividamento,
rentabilidade, atividade etc. da empresa em análise.

Esses índices são fundamentalmente calculados com base em


quocientes (razões) entre os valores, em cada período, visualizados nesses
demonstrativos contábeis.

De forma a tornar mais fácil o entendimento do assunto e demonstrar


como são calculados os índices, servimo-nos de dois exemplos de BP e de
DRE para a empresa Sensação. Com isso, foi possível calcular os resultados
desses indicadores utilizando os valores dessa empresa-exemplo.

59
Unidade I

Você concorda que os índices que apresentamos e exemplificamos


não esgotam esse tipo de apuração e confronto de resultados? Pense
em empresas que tenham funções específicas que as destacam com
relação a outras. Neste livro-texto, procuramos mostrar aqueles que são
mais utilizados na prática das empresas, independentemente do setor de
atividade em que atuam.

Evidentemente, é bem possível que o examinador/analista possa


recorrer a índices mais específicos, ou mesmo criar outros, para melhor
compreender os resultados e projetar as expectativas para a empresa.

Prosseguindo, vimos os indicadores de AV, que comparam as


representatividades, em percentagem, de cada conta com o grupo de
contas a que estão subordinadas.

Seguimos para o estudo dos valores de AH, tanto do BP quanto do DRE,


novamente calculando exemplos com os valores dos demonstrativos da
empresa Sensação. Essa análise revela as variações dos anos analisados em
relação a um denominado base.

Encerramos a unidade apresentando os indicadores EBITDA e de geração


de valor (como é o caso do indicador EVA).

Ressaltamos um ponto importante a ser analisado quando se verificam


os números calculados com o apoio da AH, que é a perda (ou o aumento)
do poder aquisitivo da moeda entre os períodos em análise, de forma a não
distorcer os resultados.

Não é apenas a inflação (ou a deflação) que precisa ser observada


sempre que trabalhamos com valores ao longo do tempo. Afinal, qualquer
valor, hoje, será maior do que se contarmos com ele no futuro.

Exercícios

Questão 1. Em 2018, as ações de uma determinada empresa de capital aberto tiveram o preço
médio de R$ 52,40 (cinquenta e dois reais e quarenta centavos), valor 10% menor que o visto em 2019.
O lucro da corporação manteve-se constante em R$ 56.000,00 (cinquenta e seis mil reais) em ambos os
anos. A partir dos dados fornecidos, o índice de preço/lucro (IPL) de 2019 foi igual a:

A) 0,001.

B) 0,010.

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FINANÇAS CORPORATIVAS - AVALIAÇÃO DE VIABILIDADE DE PROJETOS

C) 10,01.

D) 0,100.

E) 0,800.

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

A) Alternativa correta.

Justificativa: o acréscimo de 10% no preço médio da ação para 2019 leva o indicador (p) para R$ 58,22,
cuja divisão pelo lucro de R$ 56.000 é igual a 0,001.

B) Alternativa incorreta.

Justificativa: este valor é dez vezes maior que o correto para a conta proposta.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: para que o valor da alternativa c estivesse correto, seria necessário que o lucro anual
da empresa fosse de aproximadamente R$ 5,60.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: para que o valor da alternativa c estivesse correto, seria necessário que o lucro anual
da empresa fosse de aproximadamente R$ 560,00.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: este valor é mais de 768 vezes maior que o correto da questão.

Questão 2. “[...] em geral, os analistas preferem essa medida [ebitda] ao invés da margem operacional,
pois ela exclui despesas financeiras e depreciação. O EBITDA (Earnings before Interest, Taxes, Depreciation
and Amortization) é a expressão em inglês para lucro antes dos impostos, depreciação e amortização.
Esse indicador é visto como uma aproximação do impacto das vendas no caixa da empresa, de forma
que a margem EBITDA fornece uma ideia de retorno em termos de dinheiro em caixa (Fórmula 2). Além
disso, é um número muito valorizado pelo mercado na avaliação de uma empresa, porque espelha o
desempenho da instituição levando em consideração somente os ganhos gerados por sua atividade
principal (Cavalcante & Associados, 2014)”

Disponível em: https://bit.ly/3ctKQ0p. Acesso em: 4 mar. 2020.

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Unidade I

Quando o mercado precisa de uma análise acerca dos resultados após a inclusão das taxas e impostos,
um dos indicadores a ser usado pode ser:

A) EBITDA ajustado.

B) NOPAT.

C) EBITDA.

D) PMPC.

E) Índice preço/lucro.

Resposta correta: alternativa B.

Análise das alternativas

A) Alternativa incorreta.

Justificativa: tal como o EBITDA, o indicador ajustado não incorpora os custos com impostos
nas suas análises.

B) Alternativa correta.

Justificativa: o NOPAT (Net operating profit after taxes) avalia o lucro operacional da empresa,
indicador que envolve a majoração dos números pelos impostos.

C) Alternativa incorreta.

Justificativa: o EBITDA é o equivalente a lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização,


portanto, não é correto que seja utilizado para avaliar os dados após a inclusão dos tributos.

D) Alternativa incorreta.

Justificativa: o prazo médio para pagamento de compras (PMPC) envolve o cálculo do prazo de
pagamento dos insumos e produtos adquiridos pela empresa.

E) Alternativa incorreta.

Justificativa: o índice preço lucro (P/L) envolve a análise de outras questões que não estão ligadas à
inclusão ou não dos desembolsos com tributos.

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