Fontes Do Direito

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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas


Rua: Maria de Lurdes Mutola
Quelimane - Moçambique
Tel: (+258) 24 21 762 Fax: (+258) 24 21 76 26
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS

Ficha de apoio

1. Fontes do Direito

Fonte do Direito é de onde provêm o direito, a origem, nascente, motivação, a causa das
várias manifestações do direito.  Nas palavras de Miguel Reale (2003), Fontes do Direito são
“processos ou meios em virtude dos quais as regras jurídicas se positivam com legítima força
obrigatória”. Já para Hans Kelsen (2009) é “o fundamento de validade da norma jurídica,
decorre de uma norma superior, válida.”

"Fontes do direito" é uma expressão utilizada no meio jurídico para se referir aos
componentes utilizados no processo de composição do direito, enquanto conjunto
sistematizado de normas, com um sentido e lógica próprios, disciplinador da realidade social
de um estado. Em outras palavras, fontes são  as origens do direito, a matéria prima da qual
nasce o direito.

São utilizadas como fontes recorrentes do direito as leis, o costume, a jurisprudência, e a


doutrina.

Leis - são as normas ou o conjunto de normas jurídicas criadas através de processos


próprios, estabelecidas pelas autoridades competentes normalmente de carácter geral e
abstracto, ou seja, voltam- se “a todos os membros da colectividade”. Sendo esta a fonte mais
importante para o nosso ordenamento jurídico. Podendo se classificar em Lei em sentido
amplo: que é uma referência genérica que atinge à lei propriamente, à medida provisória e ao
decreto e em Lei em sentido estrito: Emanada do poder legislativo no âmbito de sua
competência – lei ordinária, lei complementar e lei delegada (GARCIA 2015);

Costume - é a regra social derivada de prática reiterada, generalizada e prolongada, o


que resulta numa convicção de obrigatoriedade, de acordo com a sociedade e cultura em
particular consistem na prática de uma determinada forma de conduta, repetida de maneira

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uniforme e constante pelos membros da comunidade. A doutrina costuma exigir a


concorrência de dois elementos para a caracterização do costume jurídico. O elemento
objectivo corresponde à prática, universal, de uma determinada forma de conduta. O elemento
subjectivo consiste no consenso, na convicção da necessidade social daquela prática.
(GARCIA 2015, citando a teoria da convicção jurídica de Savigny). Com relação a lei, três
são as espécies de costumes: secundum legem, praeter legem e contra legem. O
costume secundum legem está previsto na lei, que reconhece sua eficácia obrigatória;

Jurisprudência - é o conjunto de decisões sobre interpretações de leis, feita pelos


tribunais de determinada jurisdição, pode ser entendida como o conjunto de decisões
uniformes e constantes dos tribunais, proferidas para a solução judicial de conflitos,
envolvendo casos semelhantes, não vinculam julgadores mas serve como orientação para o
julgamento. Há aqui uma corrente que embora reconheça a importância da jurisprudência
entende que esta não é fonte do direito uma vez que ao juiz cabe julgar de acordo com a lei,
não podendo, portanto, criar o direito (ORLANDO GOMES, 2014). Entretanto, outra corrente
entende que a actividade jurisprudencial é fonte do direito consuetudinário uma vez que a
uniformização de entendimento positiva o “costume judiciário” (MARIA HELENA DINIZ,
2008). Esta fonte do direito, no Brasil vem ganhando força pois a jurisprudência exerce o
importante papel de actualizar as disposições legais tornando-as compatíveis com a evolução
social;

Doutrina - é a produção realizada por pensadores, juristas e filósofos do direito,


concentrados nos mais diversos temas relacionados às ciências jurídicas Maria Helena DINIZ
(2008) tratando A DOUTRINA como fonte formal indirecta a conceitua como fonte
decorrente da actividade científico-jurídica, isto é, dos estudos científicos realizados pelos
juristas, na análise e sistematização, interpretação, elaboração das normas jurídicas,
facilitando e orientando a tarefa de aplicar o direito, e na apreciação da justiça ou
conveniência dos dispositivos legais, adequando-os aos fins que o direito deve perseguir.

A Doutrina, assim, exerce função de relevância na elaboração, reforma e aplicação


do Direito, influenciando a legislação e a jurisprudência, bem como o ensino ministrado nos
cursos jurídicos.

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Por outro lado, Miguel Reale (2003) e Paulo de Barros Carvalho entendem que a
doutrina não altera a estrutura do direito apenas ajuda a compreende-lo e portanto seria uma
forma de interpretação do direito e não uma fonte;

Actualmente, é consenso que os princípios fundamentais de direito e os tratados


internacionais constituem também fonte do direito.

As fontes têm várias classificações possíveis: podem ser voluntárias e involuntárias, materiais
ou formais; as formais, por sua vez, podem ser imediatas e mediatas.

Quanto às fontes voluntárias e involuntárias, o critério de distinção é a forma e processo como


se exteriorizam essas regras. Como fontes voluntárias temos as leis, resultantes de um
processo formal legislativo, intencional, que criam regras para o direito. Já a fonte
involuntária é a que não traduz um processo intencional de criação do direito, ou seja, cria
involuntariamente direito. Exemplo perfeito dessa modalidade é o costume.

2. Classificação das Fontes do Direito: Diante disso, classifica-se as FONTES DO


DIREITO em fontes HISTÓRICAS, MATERIAIS E FORMAIS.  

2.1 Fontes históricas: Para Paulo Nader e Pablo Stolze as fontes históricas são
fontes do Direito. Segundo Paulo Nader (2004) as fontes históricas são “conjuntos de fatos ou
elementos das modernas instituições jurídicas: á época, local, as razões que determinaram a
sua formação”. Em contrapartida Miguel Reale (2003), não considera as fontes históricas
como fontes do direito, pois trata-se de um estudo filosófico e sociológico dos motivos éticos
ou dos fatos económicos, estudo de outra ciência. Todavia, o estudo deste artigo irá se
concentrar nas FONTES MATERIAIS E FORMAIS DO DIREITO.

2.2 Fontes Materiais: As fontes materiais do Direito são todas as autoridade,


pessoas, grupos e situações que  influenciam na criação do direito em determinada sociedade.
Ou seja, fonte material é aquilo que acontece no âmbito social, nas relações comunitárias,
familiares, religiosas, políticas, que servem de fundamento para a formação do Direito.
Assim, fonte material é de ONDE vem o direito (GARCIA 2015).

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2.3 Fontes formais: Por outro lado, as fontes formais, o meio pelo qual as normas
jurídicas se exteriorizam, tornam-se conhecidas. São, portanto, os canais por onde se
manifestam as fontes materiais (GARCIA 2015).

3. Subdivisões das fontes formais: Existem diversas classificações para as fontes


formais, quais sejam,  ESTATAIS: são produzidas pelo poder público e correspondem à lei e
à jurisprudência E NÃO ESTATAIS: decorrem directamente da sociedade ou de seus grupos
e segmentos, sendo representadas pelo costume, doutrina e os negócios jurídicos; ESCRITAS:
codificadas, NÃO ESCRITAS: decorrentes do comportamento,  NACIONAIS: são as criadas
em MOÇAMBIQUE E INTERNACIONAIS: as que tem origem na norma estrangeira
(GARCIA 2015).

A classificação mais utilizada é a que classifica as fontes formais em DIRETAS,


IMEDIATAS OU PRIMÁRIAS E INDIRETAS, MEDIATAS OU SECUNDÁRIAS.

3.1 Fontes formais directas: Sendo a fonte directa, imediata ou primária do direito
aquela que revela imediatamente o direito positivo e basta por si mesma, sendo esta a LEI –
normas jurídicas escritas provenientes do Estado.

3.2. Fontes formas indirectas: No que diz respeito às fontes indirectas,  mediatas e
secundárias, que são aquelas que suprem a falta de LEI, a Lei de Introdução ao Direito
Brasileiro, no art.4º, previu três delas, quais sejam: a analogia, costumes e princípios gerais do
direito, sendo que a doutrina majoritárias ainda trata de outras, quais sejam: jurisprudência,
doutrina, negócio jurídico, equidade e brocardos jurídicos.

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