Tese de Mestrado (C.sobrinho)
Tese de Mestrado (C.sobrinho)
Tese de Mestrado (C.sobrinho)
Júri
Presidente: Prof. Luís Rego da Cunha de Eça
Orientador: Prof. João Luís Toste de Azevedo
Vogal: Prof. Tiago Alexandre Abranches Teixeira Lopes Farias
Setembro 2008
Agradecimentos
Ao meu orientador, o Prof. João Luís Toste de Azevedo pelo apoio demonstrado ao longo de
todo o processo, quer nas condições de trabalho laboratorial, quer na orientação teórica de
inegável valor. Pelo inestimável apoio e incentivo quando a minha motivação pessoal
esmorecia.
Ao meu colega e amigo Eng. Ricardo Lordelo, companheiro no início desta “aventura” no
mundo do hidrogénio e dos hidretos metálicos, pelo desenvolvimento da base em que assentou
todo um trabalho laboratorial.
Ao Dr. Rui Neto, colega de gabinete e laboratório, pela incansável disponibilidade de partilhar o
seu saber acumulado e a sua experiência laboratorial.
Ao Mestre Nuno Santos, cuja entrada no projecto trouxe ainda mais vontade de explorar a
ciência e desenvolver conhecimentos.
Ao futuro Eng.º José Farinha, cuja chegada à “equipa” do laboratório veio trazer ainda mais
classe.
À minha companheira Ana Raquel Vargas, pelo ânimo que me transmitiu nos momentos
difíceis, sem a qual eu não teria sido capaz de finalizar todo este esforço.
À minha Mãe, por todo o apoio, carinho e compreensão ao longo de todo este árduo caminho
de terminar uma licenciatura no IST.
Ao Projecto Nemesis (New Method for Superior Integrated Hydrogen Generation System) e ao
Projecto Eden (Endogenizar o Desenvolvimento de Energias Novas) que proporcionaram todo
o apoio financeiro necessário a esta investigação científica.
Resumo
A presente dissertação, baseada num conjunto de ensaios laboratoriais, tem como objectivo
caracterizar a dinâmica dos processos de adsorção e desorção de hidrogénio em ligas
metálicas, formando hidretos metálicos.
Num tipo de ensaios, uma pressão de entrada constante foi imposta à entrada do reservatório.
O caudal mássico instantâneo de H2 gasoso sofre um decaimento exponencial em parte
significante do ensaio. Desta forma, o logaritmo do caudal ao longo do tempo ajusta-se a uma
recta decrescente.
A extensão deste conceito a uma série de hidretos distintos pode contribuir para o
desenvolvimento de um compressor térmico.
The present thesis describes a series of laboratorial experiments that were carried out in order
to characterize the dynamic adsorption and desorption of hydrogen in metal structures forming
metal hydrides.
Several tests were run on a workbench where a gaseous hydrogen line (99,9% purity) was
connected to a metal hydride storage vessel through a set of flow meters and pressure
controllers. Vessels containing LaNi5, La0,9Ce0,1Ni5 and LaNi4,3Al0,7 were used operated at
approximately constant temperature between 20 and 90ºC. Two types of experiments were
performed.
For one type of tests, a constant inlet pressure was imposed to the vessel. The mass flow
experiments an exponential decay for a significant time span, and so the logarithm of this mass
flow fits a straight line along time.
The second type of tests performed increasing the inlet pressure in small ∆p steps. This
experimental procedure results in a capacity reduction, when compared with the imposed
pressure results. This reduction may be due to an increase of diffusion resistance through the
particles; that may reach more uniform concentrations if the pressure is imposed.
These evolutions (namely the slope of logarithm of the mass flow rate) presented similar results
for two metal hydrides (LaNi5 and La0,9Ce0,1Ni5). However, the influence of Cerium increased the
adsorption pressure by approximately 3 bar.
The exploitation of this process and application in a series of vessels aimed to the development
of a thermal compressor.
Agradecimentos i
Resumo ii
Abstract iii
1. Introdução 1
1.1 Objectivos do Trabalho 1
1.2 Contexto do Problema 1
2. Tecnologias de Armazenamento de Hidrogénio 3
2.1 Hidrogénio Comprimido 6
2.2 Hidrogénio Líquido 7
2.3 Hidretos Químicos 8
2.4 Borohidretos 10
3. Hidretos Metálicos 12
3.1 Ligas e Complexos 12
3.2 Aplicações 14
3.3 Processo Físico 15
3.4 Caracterização do Comportamento 18
3.4.1 Curvas P-C-T (Caracterização Dinâmica) 18
3.4.2 Ciclos de Activação 19
3.4.3 Cinética de Adsorção – Desorção 20
3.4.4 Resistência às Impurezas 21
3.4.5 Ciclo de Vida 21
3.4.6 Matriz Metálica 21
3.4.7 Compostos Intermetálicos do Tipo AB5 22
3.5 Compostos Intermetálicos Lantânio-Níquel 27
3.5.1 Substituição Parcial de La em LaNi5 28
3.5.2 Substituição Parcial de Ni em LaNi5 30
4. Formulação Teórica 31
5. Instalação Experimental 34
5.1 Circuito de Água 34
5.3 Circuito de Hidrogénio 38
5.3 Ligas Metálicas 39
6. Procedimento Experimental 40
6.1 Segurança 40
6.2 Tipos de Ensaio 40
6.3 Circuito de Hidrogénio 41
6.3.1 Ensaio de Adsorção 41
6.3.2 Ensaio de Desorção 42
6.4 Circuito de Água 43
6.4.1 Ensaio de Adsorção 44
6.4.2 Ensaio de Desorção 44
6.4.3 Aquecimento e Arrefecimento 45
7. Resultados e Discussão 46
7.1 LaNi5 46
7.2 La0.9Ce0.1Ni5 51
7.3 LaNi4,3Al0,7 56
8. Conclusões 63
9. Perspectivas de Trabalho Futuro 64
10. Referências 65
Anexos 1
A1. Produção de Hidrogénio 2
A1.1 Electrólise 2
A1.2 Reformação 4
A2. Propriedades do Hidrogénio 5
A3. Segurança do Hidrogénio 7
A4. Custos do Armazenamento de Hidrogénio 8
A5. Tabela Periódica dos Elementos 9
A6. Energia de Activação 10
A7. Bancada Experimental 11
A8. Equipamento 13
Índice de Figuras
Figura 2.1: Estado actual dos sistemas de armazenamento de hidrogénio e as metas propostas
(DOE, 2007) .................................................................................................................................. 3
Tabela 1: Comparação entre os seis principais métodos de armazenamento de hidrogénio
(Züttel 2004) .................................................................................................................................. 4
Figura 2.2: Volume de 4 kg de hidrogénio armazenado de quatro formas diferentes.................. 4
(Toyota press information, 33rd Tokyo Motor Show 1999) ........................................................... 4
Figura 2.3: Densidades volumétrica e gravimétrica de hidrogénio armazenado de diferentes
formas (Züttel 2004) ...................................................................................................................... 5
Tabela 2: Densidades volumétrica e gravimétrica de alguns hidretos seleccionados (Züttel
2004) ............................................................................................................................................. 5
Tabela 3: Propriedades físicas e químicas do hidrogénio, metano e gasolina (Schlapbach e
Züttel 2001) ................................................................................................................................... 8
Tabela 4: Contribuição de energia para a produção de hidretos químicos (Bossel et al. 2005) 10
Figura 3.1: Esquema da família de ligas e complexos que formam hidretos. TM: Metais de
transição (Sandrock 1999) .......................................................................................................... 12
Figura 3.2: Tabela de hidretos binários (Züttel et al. 2008) ........................................................ 13
Figura 3.3: Esquema do processo de adsorção de hidrogénio num hidreto metálico
(Schlapbach e Züttel 2001) ......................................................................................................... 16
Figura 3.4: Esquema da transição entre as fases α e β durante o processo de adsorção e
desorção de hidrogénio num hidreto metálico (Cui et al. 2001) ................................................. 16
Figura 3.5: Isotérmicas “pressão – composição” e gráfico de Van´t Hoff (Züttel 2004) ............. 17
Figura 3.6: Esquema das Isotérmicas “Pressão – Composição” de um hidreto metálico
(Sandrock 1999) .......................................................................................................................... 18
Figura 3.7: Imagens SEM de amostras de “pó” metálico de LaNi5 após o 1º ciclo (a,b) e o 5º
ciclo (c,d) ..................................................................................................................................... 20
(Yamamoto et al. 2002) ............................................................................................................... 20
Figura 3.8: Curvas de Van’t Hoff para alguns hidretos seleccionados (Sandrock 1999) ........... 22
Figura 3.9: Potencial unidimensional de Lennard-Jones junto a uma superfície metálica (Züttel
et al. 2008)................................................................................................................................... 24
Figura 3.10: Curvas de Van’t Hoff para alguns hidretos seleccionados (Züttel 2004)................ 25
Figura 3.11: Estrutura cristalina simétrica da liga metálica LaNi5 (P6/mmm) (Mizuno et al. 2003)
..................................................................................................................................................... 25
Figura 3.12: Estrutura cristalina simétrica do hidreto metálico LaNi5H7 (P63mc) (Mizuno et al.
2003) ........................................................................................................................................... 26
Tabela 8: Propriedades termodinâmicas a 25ºC do LaNi5 (Sandia N.L., 2008).......................... 27
Tabela 10: Pressão de equilíbrio a diferentes temperaturas do LaNi4.7Al0.3 (Sandia N.L., 2008)30
Tabela 11: Propriedades termodinâmicas a 25ºC do LaNi4.7Al0.3 (Sandia N.L., 2008) ............... 30
Figura 5.1: Esquema do circuito de água ................................................................................... 35
Figura 5.2: Rotâmetro ................................................................................................................. 36
Figura 5.3: Reservatório de água, resistência eléctrica de aquecimento e sensor de
temperatura ................................................................................................................................. 36
Figura 5.4: Unidade de controlo da temperatura da água .......................................................... 37
Figura 5.5: Bomba de água......................................................................................................... 37
Figura 5.6: Permutador de calor.................................................................................................. 37
Figura 5.7: Esquema do circuito de hidrogénio........................................................................... 38
Figura 5.8: Bomba de vácuo ....................................................................................................... 39
Figura 5.9: Ligas metálicas disponíveis ...................................................................................... 39
Figura 5.10: Caminho do hidrogénio num ensaio de adsorção .................................................. 42
Figura 5.11: Caminho do hidrogénio num ensaio de desorção .................................................. 43
Figura 5.12: Circuito de água aberto num ensaio de adsorção .................................................. 44
Figura 5.13: Circuito de água fechado num ensaio de desorção ............................................... 45
Figura 7.1: Volume de hidrogénio adsorvido desde vácuo para pressão de entrada imposta... 46
Figura 7.2: Evolução ao longo do tempo do logaritmo do caudal adsorvido de hidrogénio para
as pressões apresentadas na Figura 7.1.................................................................................... 47
Tabela 12: Variação do declive do logaritmo do caudal de hidrogénio (desde vácuo para
pressão de entrada) .................................................................................................................... 47
Figura 7.3: Volume total de hidrogénio adsorvido para patamares de pressão de 0.5bar ......... 48
Figura 7.4: Logaritmo do caudal adsorção de hidrogénio (patamares de pressão de entrada de
0.5bar) ......................................................................................................................................... 48
Figura 7.5: Variação da quantidade adsorvida de hidrogénio com a pressão............................ 49
Figura 7.6: Curvas de equilíbrio de adsorção - desorção de hidrogénio para o LaNi5 ............... 50
Figura 7.7: Volume de hidrogénio adsorvido para patamares de pressão de 0.5bar................. 51
Figura 7.8: Logaritmo do caudal de adsorção de hidrogénio (patamares de pressão de 0.5bar)
..................................................................................................................................................... 52
Figura 7.9: Comparação do declive do logaritmo do caudal de hidrogénio entre LaNi5 e
La0.9Ce0.1Ni5 ................................................................................................................................. 52
(patamares de pressão de 0.5 bar) ............................................................................................. 52
Figura 7.10: Comparação da variação da “pressão de equilíbrio” com o volume adsorvido de
hidrogénio entre LaNi5 e La0.9Ce0.1Ni5 ......................................................................................... 53
Figura 7.11: Volume de hidrogénio adsorvido para pressão de entrada imposta ...................... 54
Figura 7.12: Logaritmo do caudal de adsorção de hidrogénio (pressão de entrada imposta) ... 54
Figura 7.13: Comparação da variação do volume adsorvido de hidrogénio com a “pressão de
equilíbrio”..................................................................................................................................... 55
Figura 7.14: Elevada adsorção desde pressão sub-atmosférica até baixa pressão imposta .... 56
Figura 7.15: Comparação de dois ensaios de adsorção desde pressão sub-atmosférica até
pressão limite imposta................................................................................................................. 57
Figura 7.16: Média de vários ensaios de adsorção desde pressão sub-atmosférica até pressão
limite imposta............................................................................................................................... 58
Figura 7.17: Comparação do comportamento na adsorção entre LaNi4,3Al0,7 e LaNi5 ............... 59
Figura 7.18: Variação da pressão com a temperatura para diferentes taxas de aquecimento .. 60
Figura 7.19: Média de vários ciclos de adsorção/desorção (pressão de entrada e saída
impostas) ..................................................................................................................................... 61
Figura 7.20: Ciclo de adsorção - desorção a pressão de entrada inferior à de saída ................ 61
Figura 7.21: Fissura devido a fadiga térmica do recipiente do hidreto metálico......................... 62
Figura A1: Características das curvas de tensão corrente para um electrolisador e para uma
pilha de combustível (Bossel et al. 2005) ..................................................................................... 2
Tabela 14: Características de electrolisadores (Accagen, 2008) ................................................. 3
Tabela 15: Propriedades químicas e atómicas do elemento hidrogénio (Züttel et al. 2008)........ 5
Tabela 16: Propriedades térmicas do elemento hidrogénio (Züttel et al. 2008) ........................... 5
Figura A4: Estado actual dos sistemas de armazenamento de hidrogénio e as metas propostas
(DOE, 2007) .................................................................................................................................. 8
Figura A5: Tabela periódica dos elementos.................................................................................. 9
Figura A7.1: Esquema inicial do circuito de hidrogénio .............................................................. 11
Figura A7.2: Bancada experimental inicial.................................................................................. 11
Figura A7.3: Bancada experimental melhorada.......................................................................... 12
Figura A7.4: Novo esquema do circuito de hidrogénio ............................................................... 12
Figura A8.1: Sensor de Pressão ................................................................................................. 13
Figura A8.2: Caudalímetro 1 ....................................................................................................... 13
Figura A8.3: Caudalímetro 2 ....................................................................................................... 14
Figura A8.4: Controlador de Pressão.......................................................................................... 14
Figura A8.5: Esquema do termopar tipo K e correspondente convenção de cores ................... 15
Figura A8.6: Bomba de vácuo..................................................................................................... 15
Figura A8.7: Bomba de água ...................................................................................................... 16
Figura A8.8: Rotâmetro ............................................................................................................... 16
Índice de Tabelas
Baseado num conjunto de ensaios experimentais, o trabalho apresentado tem como principal
objectivo efectuar uma caracterização experimental da dinâmica dos processos de
adsorção/desorção de hidrogénio em ligas metálicas, formando hidretos metálicos. Como
objectivo secundário, verificar a aplicação de um modelo matemático simples que permita
prever a dinâmica de adsorção de hidrogénio, calibrando-o com os ensaios laboratoriais
efectuados. As ligas metálicas estudadas foram as seguintes: LaNi5, La0,9Ce0,1Ni5 e LaNi4,3Al0,7.
O uso de ligas metálicas é uma das alternativas para o armazenamento de hidrogénio. Uma
das vantagens deste tipo de armazenamento é o baixo custo das instalações de
armazenamento e da própria utilização do hidrogénio. No entanto, a quantidade de hidrogénio
(por unidade de volume e, especialmente, por unidade de massa) é bastante limitada.
Num cenário em que pode existir um excesso de geração de energia eléctrica, coloca-se o
problema de armazenamento de energia. Este excesso poderá ser armazenado, por exemplo,
1
meio de transporte de energia e/ou da sua utilização
1
utilizando em barragens hidroeléctricas o sistema de bombagem reversa, de modo a acumular
2
energia com uma eficiência igual ou superior a 60% .
O uso racional da energia excedente pode funcionar como armazenamento dessa energia. Um
exemplo consiste na sua utilização em produtos que possam ser armazenados, como em
instalações de dessalinização de água (onde exista a necessidade de haver estas estações)
devendo estas, no entanto, permitir variações de carga com facilidade e implicando uma maior
capacidade instalada.
O projecto EDEN (Martins, 2008) visou, entre outros objectivos, a instalação de um sistema
eléctrico de pilha de hidrogénio na ilha de Porto Santo, no sentido de aproveitar a energia
excedente do parque eólico existente, armazenando-a para períodos de maior consumo. Neste
projecto o hidrogénio é armazenado no estado gasoso a 30 bar sendo depois utilizado numa
pilha de combustível que gera potência e a entrega a inversores eléctricos, de modo a gerar
energia eléctrica utilizável nas horas de maior procura, sendo aproveitada a electricidade
excedente nas horas de vazio. Como sistema de armazenamento de energia eléctrica, os
rendimentos do electrolisador e da pilha de combustível (na ordem de 40%) permitem um
rendimento global na ordem de 25%. É um rendimento substancialmente menor que o
conseguido com um sistema de armazenamento hidráulico. No entanto, há a considerar a falta
de infra-estruturas hidroeléctricas com dimensão adequada para estes sistemas na ilha em que
o projecto foi implementado. A utilização do hidrogénio poderá também ser potenciada pela
introdução de alguns veículos com pilha de combustível.
2
embora fortemente dependente das condições de projecto e de utilização, uma instalação motor-bomba
devidamente projectada poderá ter um rendimento da ordem de 80%, enquanto um grupo turbina-gerador
de uma central hidroeléctrica poderá rondar os 75%. A multiplicação desses rendimentos resulta em 60%.
2
2. Tecnologias de Armazenamento de Hidrogénio
Para que o hidrogénio seja uma alternativa viável, sobretudo em dispositivos móveis e
portáteis, é necessário um método de armazenamento de hidrogénio seguro, com eficiências
gravimétrica e volumétrica adequadas. Procura-se atingir uma elevada densidade energética e
baixos custos no armazenamento de forma a competir com outras tecnologias. A Figura 2.1
apresenta uma comparação entre várias tecnologias em função da sua densidade gravimétrica
e volumétrica (ver Anexo 4 para Custos de Armazenamento). Nesse campo, os hidretos
metálicos são umas das opções mais estudadas, sendo que os esforços de investigação no
desenvolvimento de materiais prosseguem para atingir os seguintes objectivos (DOE, 2007):
Figura 2.1: Estado actual dos sistemas de armazenamento de hidrogénio e as metas propostas (DOE, 2007)
3
As principais formas de armazenamento de hidrogénio são as seguintes:
Hidrogénio Comprimido
Hidrogénio Líquido
Adsorção em Carbono
Hidretos Metálicos
Hidretos Químicos
3
Método de Armazenamento ρm (mass%) ρv (kgH2/m ) T (ºC) p (bar)
4
A Figura 2.3 e a Tabela 2 apresentam de uma forma mais detalhada uma comparação entre
vários hidretos metálicos comparando a sua capacidade com o hidrogénio pressurizado ou a
baixa temperatura. A energia necessária para produzir e comprimir o hidrogénio a uma pressão
de 30 bar é significativamente menor do que a necessária para armazenar hidrogénio
comprimido a 200 bar ou sob a forma líquida (Bossel et al. 2005).
Figura 2.3: Densidades volumétrica e gravimétrica de hidrogénio armazenado de diferentes formas (Züttel 2004)
3
Hidreto ρm (mass%) ρv (kgH2/m ) T (ºC) T (K) p (bar)
5
2.1 Hidrogénio Comprimido
Os cilindros devem ser feitos com placas finas, utilizando materiais altamente resistentes e de
enorme durabilidade.
Tipo 2: Camada fina de aço (ou alumínio) parcialmente envolta por outro composto
(geralmente fibras de carbono)
Tipo 3: Camada fina de aço (ou alumínio) totalmente envolta por outro composto
(geralmente fibras de carbono)
Os cilindros do Tipo 3, camada fina de aço (ou alumínio) totalmente envolvida por outro
composto (geralmente fibras de carbono), são os mais utilizados para aplicações com
hidrogénio, embora, os cilindros do Tipo 4, devido à camada de plástico e não de metal, sendo
mais leves (mantendo a elevada resistência) têm imenso potencial. Os cilindros do Tipo 3
utilizam camadas finas de aço (ou alumínio) intercaladas e envoltas por fibras de carbono,
utilizando resinas (como o epoxy) para colá-las. A combinação de fibras e resina para envolver
as camadas metálicas possibilita uma alta resistência e, ao contrário dos metais, são menos
corrosivas, embora possam sofrer danos devido a impactos físicos, como cortes e abrasão.
6
O hidrogénio armazenado a elevadas pressões é extremamente perigoso e capaz de libertar um
fluxo de gás capaz de impulsionar um pequeno objecto à velocidade de uma bala. Apesar do
perigo potencial que encerram, os cilindros de alta pressão têm uma excelente estatística de
segurança. Após o fabrico, cada cilindro passa por rigorosos testes de pressão hidroestática e
estanquicidade, sendo uma determinada quantidade de cilindros de cada lote aleatoriamente
seleccionada para testes cíclicos e de explosão.
Cada cilindro deve conter as seguintes informações: marca do fabricante; padrão de construção;
número de série; pressão de utilização; máxima pressão de abastecimento: e tempo de
validade. Tempo de validade porque os cilindros têm uma vida útil de ~15 anos ou 11250
abastecimentos. Como parte de uma rotina de manutenção, inspecções e testes de
estanquicidade devem ser efectuados.
Um sistema de armazenamento, a uma pressão de 250 bar (3600 psi), pesa e ocupa
aproximadamente quatro vezes mais que um sistema de armazenamento de hidrogénio líquido.
Quando comparado com gasolina, o sistema de armazenamento do gás é cerca de 15 vezes
maior em volume e 23 vezes mais pesado.
Para atingir o estado líquido à pressão ambiente (1 atm) o hidrogénio tem de estar abaixo do
seu ponto de ebulição (-253 °C) e num tanque muito bem isolado, geralmente com vácuo entre
duas camadas. Os tanques de armazenamento não necessitam de ser altamente reforçados,
como acontece com os cilindros de alta pressão, mas precisam de ser adequadamente robustos
para aplicações automóveis (devido a possíveis impactos).
O hidrogénio não pode ser armazenado no estado líquido indefinidamente, dado que todos os
tanques, mesmo com excelente isolamento, permitem a troca de calor com o exterior. A taxa de
transferência de calor depende do desenho e tamanho do tanque, sendo que neste caso,
quanto maior o tanque, melhor. O calor faz com que parte do hidrogénio evapore e a pressão
no tanque diminua. Para diminuir a perda por evaporação, a maioria dos tanques tem uma
7
forma esférica de modo a ter uma menor relação superfície/volume, tendo assim uma menor
área de transferência.
Os tanques têm uma pressão máxima de operação de 5 bar (72 psi). Se a taxa de consumo do
hidrogénio for menor que a sua taxa de evaporação, a pressão aumenta até um ponto em que o
hidrogénio sai através de uma válvula de segurança. Essa “descarga” é uma perda directa,
como pode ser um perigo potencial devido à grande gama entre os limites de flamabilidade (no
ar entre 4.1-74.2% em volume), por exemplo, se a aplicação for um automóvel e este estiver
num local fechado. A Tabela 3 apresenta uma comparação entre as propriedades do hidrogénio
com as do metano e gasolina.
Quando utilizado em motores de combustão interna, o hidrogénio líquido pode ser injectado
directamente nos cilindros. Quando utilizado em carros movidos por células a combustível, o
hidrogénio gasoso atinge uma pressão suficiente para que ocorram as reacções químicas nos
eléctrodos e catalisadores.
De seguida, encontra-se um breve resumo sobre hidretos químicos baseado em Bossel et al.
2005, e posteriormente um apontamento sobre borohidretos.
8
O hidrogénio pode ser armazenado quimicamente em hidretos, sendo as suas formas mais
comuns LiH, NaH, KH, CaH2 e as suas combinações mais complexas LiBH4, NaBH4, KBH4,
designados por Borohidretos. Como nenhum destes compostos pode ser encontrado na
natureza, têm de ser sintetizados a partir de metais puros e de hidrogénio.
No caso do hidreto de cálcio CaH2, é necessária energia para extrair o cálcio do carbonato de
cálcio (808kJ/mol) e hidrogénio da água, por electrólise (286kJ/mol), de acordo com os
seguintes processos endotérmicos:
Este composto é produzido, num processo exotérmico, por combinação de cálcio metálico puro
com hidrogénio puro a 480ºC, sendo alguma da energia recuperada (192kJ/mol):
Para a produção de NaH a partir de NaCl e LiH a partir de LiCl é obtido, de forma semelhante:
e
LiCl + 1 2 H 2O → LiH + 1 2 Cl 2 + 1 4 O2 − 460kJ / mol (2.6)
9
A reacção dos hidretos químicos com água, na realidade, produz duas vezes o hidrogénio
contido no próprio hidreto, uma vez que a água é reduzida (a H2) enquanto o hidrogénio contido
no hidreto é oxidado a hidróxido (OH). O calor gerado na maioria dos casos não é aproveitado,
sendo removido por arrefecimento. São mostrados na Tabela 4, os balanços de energia para
três tipos de hidretos:
Para produzir o hidreto CaH2 é necessária 1.59 vezes a energia que tem de ser investida para
produzir 1 MJ de energia tendo em conta o PCS do hidrogénio, obtendo-se uma eficiência
energética de ~63% (100x1/1.59). Um kg de CaH2 reage com aproximadamente 0.86 litros de
água para produzir 96g de hidrogénio, com uma energia em relação ao PCS de 13.6MJ,
enquanto 1kg de LiH contém 36.1MJ (Bossel et al. 2005), o que torna os hidretos químicos
portadores de grandes densidades energéticas, comparáveis à de combustíveis (e.g. biomassa
e carvões). Contudo, as perdas energéticas no processo de produção de hidretos químicos
inviabiliza o seu uso em grande escala, embora devido à sua elevada densidade energética,
possam ser interessantes para aplicações portáteis ou de reduzidas dimensões, em que o
factor peso seja determinante.
2.4 Borohidretos
10
O hidrogénio pode ser produzido de uma forma eficiente através de soluções alcalinas de
borohidreto de sódio (NaBH4), cuja reacção de formação é a seguinte (Marrero-Alfonso et al.
2007):
cat
NaBH 4 + 2 H 2 O → 4 H 2 + NaBO2 + 304.8kJ / mol (2.10)
Uma das principais desvantagens deste processo é o elevado custo associado ao NaBH4
(~80$/kg), embora os produtos de reacção possam ser reciclados, sendo esse custo
minimizado se a reciclagem for eficiente.
11
3. Hidretos Metálicos
Elementos
Ligas Complexos
Vários Polihidretos
Outros
AB3, A2B7
A2B17, etc.
“Estáveis” Metastáveis
Figura 3.1: Esquema da família de ligas e complexos que formam hidretos. TM: Metais de transição (Sandrock 1999)
De forma a criar hidretos reversíveis, com interesse para aplicações práticas, as ligas,
sobretudo as de compostos intermetálicos, são formados por elementos do tipo A, com elevada
afinidade com o hidrogénio, e por elementos do tipo B, com fraca afinidade com o hidrogénio,
de modo a obter um composto de afinidades termodinâmicas intermediárias com o hidrogénio.
A maioria dos elementos (ver Anexo 5: Tabela Periódica) reage com o hidrogénio formando
hidretos binários (Figura 3.2). Os hidretos podem ser iónicos ( ), poliméricos covalentes ( ),
covalentes ( ) e metálicos ( ). Os valores numéricos na Tabela referem-se à
electronegatividade.
12
Figura 3.2: Tabela de hidretos binários (Züttel et al. 2008)
13
3.2 Aplicações
Os hidretos metálicos são utilizados há muitos anos, sendo a sua maior aplicação comercial as
baterias de hidretos metálicos de Níquel (NiMH) recarregáveis que são utilizadas em veículos
eléctricos híbridos e em computadores portáteis. Estas baterias utilizam o hidreto metálico para
armazenamento de electricidade e não para armazenamento de hidrogénio.
Segundo Sandrock (1999) as principais aplicações físicas dos hidretos metálicos consistem em
(i) Armazenamento, (ii) Compressão e (iii) Purificação do hidrogénio, por meio de separação de
espécies com diferentes electroafinidades.
Para além do armazenamento de hidrogénio, os hidretos metálicos podem então ser utilizados
para o aumento da pressão do hidrogénio (Mazumdar et al. 2005; Park et al. 2001), através de
uma compressão térmica. O conceito de compressão térmica consiste no aumento da pressão
do hidrogénio no interior do hidreto quando este é aquecido.
14
3.3 Processo Físico
O hidrogénio (gasoso) pode ser fisicamente armazenado (de forma reversível) por adsorção
em matrizes metálicas (formando hidretos metálicos), onde o hidrogénio forma uma ligação
forte (mas não perfeita) com matrizes do tipo AB5 (protótipo LaNi5) ou AB2 (exemplo ZrCr2)
(Bossel et al. 2005).
15
Figura 3.3: Esquema do processo de adsorção de hidrogénio num hidreto metálico (Schlapbach e Züttel 2001)
Podem-se assim considerar duas fases α e β que correspondem à liga metálica original e ao
hidreto metálico totalmente formado, respectivamente. A transição entre as duas fases não
ocorre de forma simultânea em todo o reservatório e resulta do processo de difusão (migração
do hidrogénio atómico) através da matriz metálica. A difusão do hidrogénio é mais fácil na fase
α tornando-se mais limitada quando se forma muito o hidreto. É por este motivo que tem
interesse utilizar partículas metálicas de pequeno diâmetro de forma a utilizar o máximo do
hidreto.
Figura 3.4: Esquema da transição entre as fases α e β durante o processo de adsorção e desorção de hidrogénio num
hidreto metálico (Cui et al. 2001)
16
A pressão de equilíbrio de um hidreto varia muito com a temperatura. A mudança de fase de α
para β é um processo que apresenta algumas semelhanças com o processo de mudança de
fase líquido-vapor. Deste modo a variação da pressão de equilíbrio com a temperatura
relacionam-se pela equação de Van´t Hoff que pode ser escrita na forma:
dp ∆h p∆H
= ~ (3.3)
dT T (v g − v f ) RT 2
A equação de Van´t Hoff permite obter a pressão de equilíbrio como função da temperatura
utilizando a variação da entalpia e da entropia na mudança de fase:
p ∆H º 1 ∆S º
ln eq o = ⋅ − (3.4)
peq R T R
Figura 3.5: Isotérmicas “pressão – composição” e gráfico de Van´t Hoff (Züttel 2004)
17
3.4 Caracterização do Comportamento
Ciclos de Activação
Resistência às Impurezas
Ciclo de Vida
Matriz Metálica
Figura 3.6: Esquema das Isotérmicas “Pressão – Composição” de um hidreto metálico (Sandrock 1999)
18
Neste caso, a pressão encontra-se numa escala logarítmica e a composição é definida como o
quociente entre a quantidade de hidrogénio e de metal (razão H/M atómica ou percentagem de
peso). A maioria dos hidretos metálicos não apresenta patamares de equilíbrio completamente
horizontais, sendo o declive do patamar a derivada do logaritmo da pressão de equilíbrio em
relação à composição H/M. Outro aspecto importante das isotérmicas P-C dos hidretos
metálicos é a histerese, definida como o logaritmo do quociente entre a pressão de adsorção
(Pa) e a pressão de desorção (Pd).
São necessários ciclos de adsorção – desorção para que um hidreto metálico seja “activado”.
Essa activação consiste, numa primeira fase, na penetração inicial do hidrogénio na estrutura
metálica, dependendo das barreiras da superfície do hidreto metálico. Yamamoto et al. (2002)
concluíram para o LaNi5 que a pressão de adsorção no 1º ciclo varia com o tamanho inicial da
partícula metálica (Tabela 5).
Tabela 5: Variação da pressão de adsorção com o tamanho inicial das partículas (Yamamoto et al. 2002)
19
Figura 3.7: Imagens SEM3 de amostras de “pó” metálico de LaNi5 após o 1º ciclo (a,b) e o 5º ciclo (c,d)
Os hidretos metálicos podem armazenar hidrogénio a baixas pressões com elevada densidade
3
volumétrica, e.g. o hidreto LaNi5H6 com ρv ≈115 kgH2/m a 2 bar (Züttel 2004). A taxa de
disponibilidade e libertação de hidrogénio é um factor importante em sistemas isolados de
geração de energia (stand-alone power systems), onde o armazenamento de hidrogénio em
larga escala é normalmente efectuado em hidretos metálicos. Uma cinética de adsorção –
desorção fiável e controlada, passível de modelação, é um instrumento importante no projecto
de uma unidade de armazenamento de grandes dimensões.
A cinética de adsorção – desorção varia muito de liga para liga. Existem algumas ligas de
materiais com cinética limitada, sobretudo a baixa temperatura, enquanto outras ligas formam
hidretos com excelente cinética intrínseca à temperatura ambiente, e.g. LaNi5 com tads≈1.6 min
a Tads≈300 K (Sakintuna et al. 2007), pelo que o factor limitativo dos ciclos de adsorção –
desorção é muitas vezes a transferência de calor ou contaminação por impurezas e não a
cinética de adsorção – desorção.
O processo de adsorção é caracterizado por uma reacção exotérmica entre o LaNi5 e o H2 com
aumento rápido da temperatura devido à libertação de calor. Segundo Demircan et al. (2005) a
3
SEM (Scanning Electron Microscopy) – Microscópio de varredura electrónica
20
cinética de adsorção – desorção depende sobretudo da remoção de calor do hidreto metálico.
Uma geometria que permita uma maior área de transferência de calor reduz significativamente
o tempo de hidrogenação.
A resistência às impurezas dos gases é uma propriedade muito importante num hidreto
metálico, sobretudo quando a aplicação não funciona em circuito fechado, e a cada ciclo é
utilizado hidrogénio “novo”, normalmente contendo impurezas. Existem vários tipos de danos
possíveis, dependendo da combinação liga – impureza: “envenenamento” onde a capacidade
de armazenamento é rapidamente perdida sem um correspondente decréscimo da cinética;
“retardamento” onde a cinética é rapidamente perdida sem perda de capacidade de
armazenamento; “reacção” onde a liga é corroída lentamente; “inócuo” onde não existem
danos na superfície do hidreto, mas pode existir uma diminuição na cinética devido a
problemas na difusão de hidrogénio causados por partículas de gases inertes. Os danos
causados por “envenenamento” e “retardamento” são geralmente recuperáveis, mas os de
“reacção” não.
Compostos inter-metálicos do tipo AB5 baseados no protótipo LaNi5, têm sido extensivamente
estudados, através de “dopagens” químicas dos seus elementos e de modificações no
processamento de modo a melhorar a sua estabilidade, procurando optimizar o composto AB5
resultante, no intuito de se obter um sistema de armazenamento de fácil activação e com um
longo ciclo de vida.
Geralmente, o Lantânio (La) é parcialmente substituído por Cério (Ce) ou outros metais
Lantanídios, enquanto o Níquel (Ni) é parcialmente substituído por Alumínio (Al), ou por metais
de transição como o Cobalto (Co).
21
A substituição parcial de Lantânio (La) por Cério (Ce) tem o efeito de aumentar a pressão de
equilíbrio. A substituição parcial de Níquel (Ni) por Alumínio (Al) tem o efeito de diminuir a
pressão de equilíbrio sem afectar a cinética de adsorção ou a capacidade de armazenamento
de hidrogénio por parte do hidreto resultante. Segundo Cheng et al. (2002) é expectável que as
propriedades de adsorção – desorção do hidreto resultante sejam melhores do que o composto
intermetálico do tipo AB5 correspondente.
Na Figura 3.8, encontram-se curvas de Van´t Hoff para alguns compostos do tipo AB5, dando
ênfase na zona central do gráfico a hidretos metálicos que adsorvem hidrogénio a temperatura
(0-100ºC) e pressão (1-10 bar) atractivas para sistemas reais (Sandrock 1999). O composto
mais representativo dos compostos intermetálicos do tipo AB5 é o LaNi5.
Figura 3.8: Curvas de Van’t Hoff para alguns hidretos seleccionados (Sandrock 1999)
22
composto inter-metálico x = 0.5, 1, 2, 5 (por exemplo LaNi5) para formar hidretos com a razão
entre hidrogénio e metal até 2. Na Tabela 6, a percentagem de massa de hidrogénio
armazenado em relação à massa total do hidreto metálico (m%) e a “pressão de equilíbrio”
(Peq.) e respectiva temperatura a que ocorre, das mais importante famílias de compostos
intermetálicos.
Composto Peq. T
Protótipo Hidreto Estrutura m%
Intermetálico (bar) (K)
Tabela 6: As mais importantes famílias de compostos intermetálicos que formam hidretos incluindo o protótipo, a
estrutura e algumas propriedades de armazenamento de hidrogénio (Schlapbach e Züttel 2001) e (Züttel 2004)
23
Figura 3.9: Potencial unidimensional de Lennard-Jones junto a uma superfície metálica (Züttel et al. 2008)
Os átomos de hidrogénio contribuem com o seu electrão para a estrutura de banda do metal.
Os átomos de hidrogénio quimicamente adsorvidos têm uma elevada mobilidade na superfície
metálica e podem interagir entre si. Os átomos de hidrogénio quimicamente adsorvidos podem
saltar para uma camada debaixo da superfície do metal e finalmente difundirem-se nos
interstícios através da matriz metálica.
Na Figura 3.10 encontram-se curvas de Van´t Hoff de vários tipos de hidretos, dando ênfase
(quadrado) a hidretos que adsorvem hidrogénio a temperatura (0-100ºC) e pressão (0.1-1 MPa,
1-10 bar) atractivas para sistemas reais (Züttel 2004).
24
Figura 3.10: Curvas de Van’t Hoff para alguns hidretos seleccionados (Züttel 2004)
Na Figura 3.11 encontra-se uma representação espacial da estrutura cristalina simétrica da liga
metálica LaNi5 (Mizuno et al. 2003).
Figura 3.11: Estrutura cristalina simétrica da liga metálica LaNi5 (P6/mmm) (Mizuno et al. 2003)
Na Figura 3.12 é possível visualizar a ocupação intersticial da liga metálica LaNi5 pelos átomos
de hidrogénio na formação do hidreto LaNi5H7 (Mizuno et al. 2003).
25
Figura 3.12: Estrutura cristalina simétrica do hidreto metálico LaNi5H7 (P63mc) (Mizuno et al. 2003)
26
3.5 Compostos Intermetálicos Lantânio-Níquel
Características Gerais
Este material sofre uma decomposição lenta com os sucessivos ciclos de adsorção – desorção
diminuindo a sua capacidade de armazenamento; o patamar de pressão perde linearidade e,
consequentemente, a pressão de equilíbrio aumenta.
T (ºC) 65 55 45 35 25 12
∆H ∆S Capacidade
Declive Histerese
(kJ/mol) (kJ/mol.K)
H/M wt.%
27
3.5.1 Substituição Parcial de La em LaNi5
Um dos elementos de substituição parcial do La em LaNi5 é o Cério (Ce) que apresenta como
principais vantagens menores custos associados e maior tempo de vida nos sucessivos ciclos
de adsorção - desorção.
28
Laboratórios Sandia (Sandia N.L., 2008) não apresentam uma tendência clara sobre esse
aspecto.
Klyamkin et al. (1995) estudaram o CeNi5 e o Ce0.8La0.2Ni5. Verificaram que três ciclos de
adsorção – desorção eram suficientes para activar o composto. Observaram também que com
sucessivos ciclos, a pressão de adsorção diminuía enquanto que a pressão de desorção
aumentava. Concluíram então que a histerese ia diminuindo ao longo dos ciclos.
No seu estudo também citaram que os compostos com altos conteúdos de Ce podem
apresentar uma baixa capacidade de armazenamento de hidrogénio devido às altas pressões
necessárias para a primeira hidrogenação.
Estes autores encontraram uma relação entre a pressão da primeira hidrogenação e a pressão
do material activado, neste caso a terceira hidrogenação, como sendo de 2.8, sendo
interessante que este valor é similar ao reportado por Nomura et al. (1985).
Estabeleceram que este fenómeno é válido para todos os compostos do tipo AB5,
independentemente da pressão de equilíbrio e da histerese. Termodinamicamente,
comprovaram que o aumento da temperatura resulta numa diminuição da histerese e que esta
variação causada pela temperatura não depende da composição. Por fim, mencionam ainda
que o aumento da pressão de equilíbrio diminui a entalpia de formação. Relativamente à
entropia, observaram que depende pouco da composição do composto.
Corré et al. (1998) estudaram ligas de La1-xCexNi5 no intervalo de x=0-0.3 tendo feito
considerações estruturais. Concluíram que com o aumento da quantidade de Ce a variação da
célula metálica aumenta de uma forma linear, pois os parâmetros dependentes do raio atómico
do Ni mantêm-se enquanto que outros dependem do raio atómico de Ce.
29
3.5.2 Substituição Parcial de Ni em LaNi5
A substituição parcial de Níquel (Ni) por Alumínio (Al) em LaNi5 resulta em compostos do tipo
LaNi5-xAlx. A adição de Al reduz a “pressão de equilíbrio” e prolonga o patamar da “pressão de
equilíbrio”, tornando esta liga com características adequadas a aplicações que requerem
pressões sub-atmosféricas à temperatura ambiente e ainda vários ciclos de adsorção -
desorção.
∆H ∆S Capacidade
Declive Histerese
(kJ/mol) (kJ/mol.K)
H/M wt.%
30
4. Formulação Teórica
Com base na energia de activação (Ea) necessária para efectuar o processo de activação,
diversos autores desenvolveram modelos para a taxa de adsorção do hidrogénio nas ligas
metálicas.
Apesar de existirem algumas diferenças entre autores, nos modelos apresentados na literatura
(e.g. Mazumdar et al. 2005 e Jemni e Nasrallah, 1995) o caudal adsorvido no hidreto é
proporcional a (i) constante de reacção expressa na forma de Arrhenius e a (ii) termos que
representam o grau de afastamento do sistema em relação ao equilíbrio.
Este grau de afastamento depende da fracção da liga ainda livre de hidrogénio (em relação ao
Para uma evolução a temperatura constante, os dois parâmetros (variáveis, durante o processo
de adsorção) considerados mais importantes na definição do caudal de hidrogénio adsorvido
foram (i) a pressão de hidrogénio gasoso em contacto com o hidreto ( PH 2 ) e (ii) a fracção de
31
Seguindo diferentes modelos, a taxa de adsorção foi considerada segundo dois critérios. Numa
primeira fase, foi considerada proporcional à diferença entre a pressão exteriormente imposta e
a pressão interna (pext - pint) (Mazumdar et al. 2005).
− Ea
dX H 2 RT PH 2 − Peq ( X − X F )
= − Ae
(4.2)
dt Pr (X I − X F )
− Ea
P SS
m& H 2 = −C0e RT
ln H 2
PEq
(
ρ H − ρ HS
2 2
) (4.3)
4
A capacidade mássica reversível dos hidretos corresponde, no máximo, a cerca de 1,2%
(Züttel 2004) (Secção 3.5). Para o LaNi5, por exemplo, formando LaNi5H7 essa fracção resulta
em 7/(1x139+5x59+1x7)=~1.6%, embora este valor não possa ser atingido na zona de
equilíbrio. O caudal molar de hidrogénio adsorvido pode então ser expresso por:
− Ea
RT P
N& H 2 = ke
(q *
)
− q ln H 2
Peq
V
(4.4)
4
Quociente entre a massa de hidrogénio adsorvido na matriz metálica e a massa total do hidreto
preenchido.
32
Tendo em conta que a quantidade de hidreto formada depende do número de moles de
hidrogénio previamente adsorvido, pode quantificar-se a razão entre massa de hidrogénio e de
hidreto metálico (q) em função do caudal molar de hidrogénio.
t M H 2 N& H 2 t
q=∫ dt = ∫ BN& H 2 dt (4.5)
0 M HM N HM V 0
dq
BN& H 2 =
dt
(
= D q* − q ) (4.6)
(
q = q * 1 − e − Dt ) (4.7)
Tendo em conta que o caudal de hidrogénio é proporcional à derivada deste valor pode-se
concluir que varia de acordo com:
1
N& H 2 = q * De − Dt = Ce − Dt (4.8)
B
A dedução da equação (4.8), que representa uma decaimento exponencial, foi efectuada de
modo a que os parâmetros envolvidos sejam simples de definir com base nos resultados
experimentais, e que permitam a comparação entre várias condições para a adsorção. Fica
assim cumprida a formulação de uma equação que represente a variação do caudal de
hidrogénio ao longo do tempo.
33
5. Instalação Experimental
34
OUT
Reservatório
de
Esgoto
Água
T0 IN
Hidreto Metálico
OUT T2 T1
IN
H2O da Rede
Rotâmetro
Figura 5.1: Esquema do circuito de água
Para efeitos de controlo da temperatura foram colocados inicialmente cinco termopares: três no
reservatório do hidreto (no topo, no meio e no fundo); um na entrada e outro na saída de água
do permutador de calor. O caudal de água é regulado pelo rotâmetro (Figura 5.2) existente no
circuito de água que permite obter valores entre 0.4 e 4.4 SLPM.
35
Figura 5.2: Rotâmetro
Sensor
de
Temperatura
Resistência
Eléctrica de
Aquecimento
36
Figura 5.4: Unidade de controlo da temperatura da água
37
5.3 Circuito de Hidrogénio
O circuito existente na instalação (Figura 5.7) destina-se a alimentar hidreto metálicos com
5
hidrogénio de forma a permitir o controlo de parâmetros de pressão e caudal, de modo a
caracterizar os hidretos.
GAS OUT
V1a
Caud.1
V1b V4 V5
Caud.2 V3 Sen.Pr.
V1 V1c V2
Ctr.Pr. Bomba
de
H2 GAS IN Vácuo
Hidreto Metálico
5
Hidrogénio fornecido pela Ar Liquido com pureza de 99.9%
38
Figura 5.8: Bomba de vácuo
39
6. Procedimento Experimental
6.1 Segurança
No primeiro tipo de ensaio, a pressão de entrada e saída de hidrogénio foi mantida constante.
Por exemplo, nas primeiras experiências de adsorção de cada hidreto, a pressão de entrada de
hidrogénio era colocada a ~11 bar, partindo da pressão atmosférica. Esta pressão
relativamente elevada revela-se importante nos ensaios iniciais pois permite monitorizar a
capacidade de armazenamento “total” de hidrogénio para cada hidreto, bem como estabelecer
6
um ciclo inicial de activação . Após cada ensaio de adsorção, foi efectuado um (ou vários)
ensaio de desorção. Neste caso, a pressão de saída é a pressão atmosférica (1 bar), ou uma
outra pressão (até 5 bar), de forma a simular um reservatório pressurizado ou um diferente tipo
de hidreto (a outra pressão).
6
A “activação” tem por objectivo atenuar as diferenças entre ciclos de adsorção consecutivos. Quando
essa diferença é pequena, sendo o volume adsorvido relativamente alto, diz-se que o hidreto está
“activado”
40
Substituir La ou Ni (do material base LaNi5) por átomos de menor diâmetro, reduz o volume da
matriz metálica e baixa a “pressão de equilíbrio” do hidreto. A substituição parcial de Níquel por
Alumínio (LaNi4.3Al0.7) confirma esta tendência.
Por outro lado, a substituição parcial de La por Cério (La0.9Ce0.1Ni5) aumenta a “pressão de
equilíbrio”. A “pressão de equilíbrio” a 25ºC estende-se desde 2bar até acima de 50bar quando
se aumenta a fracção de Cério até 100% (isto é, substituindo completamente o Lantânio).
Adicionalmente, os hidretos contendo Cério requerem mais ciclos de adsorção – desorção de
modo a serem activados. Os efeitos de histerese para os primeiros ciclos antes da activação,
são maiores que os efeitos de histerese após activação do hidreto.
Na entrada do circuito de hidrogénio (Figura 5.10) a válvula 1, encontra-se aberta nos ensaios
de adsorção, de modo a permitir a entrada de hidrogénio proveniente da garrafa. Existe depois
uma bifurcação, sendo que um tubo está em contacto com o controlador de pressão, que tem
uma válvula (V1c) que se encontra fechada, o outro tubo está ligado a outra bifurcação. Dessa
bifurcação saem dois tubos, um para cada caudalímetro tendo, cada um, uma válvula a
montante. Quando o caudal de hidrogénio passa pelo C1 (0 a 5 SLPM) a válvula a montante
(V1a) encontra-se aberta e a válvula (V1b) a montante do C2 (0 a 100 SLPM) encontra-se
fechada. O contrário acontece quando o caudal passa pelo C2. Nos instantes iniciais de um
ensaio de adsorção, o caudal passa pelo C2, dado ser normalmente superior a 5 SLPM, de
modo a ser possível a leitura desses caudais superiores e não danificar o C1 (que suporta um
caudal inferior). Quando o caudal desce abaixo de 5 SLPM, a leitura passa a ser feita pelo C1.
De referir que o C1 é mais preciso do que o C2. Ambas as saídas dos caudalímetros estão
ligadas a uma união, de onde sai outro tubo que liga a uma bifurcação. Dessa bifurcação, um
tubo conduz à saída do circuito de hidrogénio, enquanto o outro tubo conduz ao hidreto
41
metálico, passando por uma válvula (V3) que se encontra aberta na adsorção. Na saída do
circuito de hidrogénio encontra-se uma válvula (V4) que está fechada na adsorção. O outro
tubo da bifurcação vai dar a uma ramificação de 4 vias, sendo que um tubo liga ao hidreto
metálico, outro tubo liga ao sensor de pressão e o outro tubo liga ao controlador de pressão. A
montante do controlador de pressão, encontra-se uma válvula (V2), fechada durante a
adsorção. Deste modo o hidrogénio encaminha-se para dentro do hidreto metálico. A ligação
entre o circuito de hidrogénio e o hidreto metálico é feita através de um engate rápido.
GAS OUT
V1a
Caud.1
V1b V4 V5
Caud.2 V3 Sen.Pr.
V1 V1c V2
Ctr.Pr. Bomba
de
H2 GAS IN Vácuo
Hidreto Metálico
42
atmosférica (1bar), V3 permanece fechada, enquanto V2 somente é aberta quando o
7
controlador de pressão se encontra activado . Após um curto período de aquecimento, o
controlador de pressão deve estar em contacto com o gás (neste caso, hidrogénio) a jusante a
uma pressão próxima da atmosférica, para que possa funcionar correctamente. Para tal, é
aberta V1c (V1 permanece fechada), V1a ou V1b (consoante o caudal esperado nos instantes
iniciais) e V4, enquanto V5, que faz o by-pass à bomba de vácuo, permanece aberta. Deste
modo, o controlador de pressão fica em contacto com a pressão atmosférica (1 bar). Depois de
activado, o controlador é programado via computador. O controlador utilizado permite impor
pressões entre 1 e 5 bar. Quando o caudal inicial é superior a 5 SLPM, V1b é aberta V1a é
fechada, de modo a não danificar C1; quando o caudal desce abaixo de 5 SLPM, V1b é
fechada e V1a é aberta.
GAS OUT
V1a
Caud.1
V1b V4 V5
Caud.2 V3 Sen.Pr.
V1 V1c V2
Ctr.Pr. Bomba
de
H2 GAS IN Vácuo
Hidreto Metálico
7
O controlador de pressão é activado quando o computador (conectado à placa de aquisição de dados) é
ligado, sendo alimentado através deste
43
6.4.1 Ensaio de Adsorção
Nos ensaios de adsorção (em que a reacção no hidreto é exotérmica), é utilizado o circuito
aberto (Figura 5.12) com água proveniente da rede e saída para o esgoto (torneira 1 (T1)
aberta e torneira 2 (T2) fechada). O caudal de água proveniente da rede é regulado pela
torneira (T0) sendo, geralmente, utilizado nos ensaios de adsorção o valor menor possível, 0.4
SLPM. Neste caso, o caudal de água encontra-se à temperatura ambiente (~20ºC),
monitorizado por 4 termopares. Dois estão situados na entrada e dois na saída de água do
permutador de calor. Existe redundância nos termopares por uma questão de confirmação de
valores.
OUT
Reservatório
de
Esgoto
Água
T0 Hidreto Metálico IN
OUT T2 T1
IN
H2O da Rede
Rotâmetro
Figura 5.12: Circuito de água aberto num ensaio de adsorção
Nos ensaios de desorção (em que a reacção no hidreto é endotérmica) é utilizado o circuito
fechado (Figura 5.13), com água proveniente do reservatório e retorno para o mesmo (T1
fechada e T2 aberta). Existe uma bomba na saída do reservatório que faz circular a água, e a
mesma torneira que permite controlar o caudal que passa quando a água vem da rede, permite
agora controlar o caudal que passa vindo do reservatório. Dependendo do ensaio, são
utilizados, geralmente, os caudais de 0.4 e 3.2 SLPM. Além dos 4 termopares anteriormente
referidos (à entrada e saída da água do permutador de calor) existe um sensor à saída do
reservatório que permite controlar (embora com uma precisão limitada) a temperatura da água
dentro do reservatório. Existe a meio do reservatório uma resistência eléctrica que permite
aquecer a água até uma temperatura de 90ºC, embora somente seja possível aquecer o
44
hidreto até ~60ºC, com um caudal de água de 0.4 SLPM, ou até ~75ºC, com um caudal de
água de 3.2 SLPM (o máximo valor estável do caudal de água).
OUT
Reservatório
de
Esgoto
Água
T0 IN
Hidreto Metálico
OUT T2 T1
IN
H2O da Rede
Rotâmetro
45
7. Resultados e Discussão
7.1 LaNi5
O LaNi5 foi o primeiro hidreto a ser testado. Foram impostas várias pressões de adsorção,
sendo que resultados preliminares a 20ºC revelaram um valor de volume adsorvido de
aproximadamente 40 Litros PTN (Pressão e Temperatura Normais) para pressões superiores a
4.3 bar. Aumentos de pressão até 10 bar provocaram apenas aumentos marginais no volume
de hidrogénio adsorvido. Um outro hidreto LaNi5, semelhante ao anterior em termos de volume,
foi testado, sendo efectuados diversos ensaios de adsorção, numa gama de pressões de 1 a
~11.2 bar, sempre à temperatura ambiente (~20ºC). Para pressões acima de 3bar existe um
aumento significativo do volume adsorvido, sendo que, a 5 bar, o hidreto já terá adsorvido
~83% da sua capacidade (35 litros PTN em ~42 litros PTN máximos). Isto leva a concluir que o
patamar de “equilíbrio” se situe entre 3 e 5 bar. Os vários ciclos a “12 bar” (na realidade ~11.2
bar, o máximo permitido pela alimentação de hidrogénio) revelam semelhança de resultados
nos primeiros dois ensaios (12 bar_ads e 12 bar_ads01) e nos dois ensaios seguintes (12
bar_ads02 e 12 bar_ads03). Um aumento na pressão de adsorção provoca um aumento no
volume adsorvido. A Figura 7.1 mostra o volume de hidrogénio adsorvido ao longo do tempo
para as várias pressões de adsorção, sendo possível observar que, quanto maior a pressão de
adsorção, maior o volume adsorvido.
Figura 7.1: Volume de hidrogénio adsorvido desde vácuo para pressão de entrada imposta
46
A taxa de adsorção ao longo do tempo, numa escala logaritmica, assume (durante um certo
período de tempo) um comportamento linear, i.e. o equivalente a um decaimento exponencial.
Tal significa, que durante esse período, a taxa de adsorção é aproximadamente proporcional à
capacidade de armazenamento do hidreto.
Figura 7.2: Evolução ao longo do tempo do logaritmo do caudal adsorvido de hidrogénio para as pressões
apresentadas na Figura 7.1
Pressão (bar) 2 3 4 5 12
Declive ajustado do Ln do
-0,0102 -0,0006 -0,0009 -0,0009 -0,0021
Caudal (em SLPM)
Tabela 12: Variação do declive do logaritmo do caudal de hidrogénio (desde vácuo para pressão de entrada)
Resumindo, conclui-se que, para uma maior pressão de adsorção, corresponde um maior
volume adsorvido a uma taxa de adsorção mais rápida.
Um outro tipo de procedimento foi efectuado nos ensaios, consistindo na evolução gradual da
pressão por sucessivos incrementos (“patamares” de pressão), geralmente de 0.5 bar. A Figura
7.3 permite mostrar que o volume máximo atingido é de aproximadamente 25 litros PTN, cerca
de 60% do volume atingido no procedimento de pressão imposta (~42 Litros PTN).
47
Figura 7.3: Volume total de hidrogénio adsorvido para patamares de pressão de 0.5bar
Figura 7.4: Logaritmo do caudal adsorção de hidrogénio (patamares de pressão de entrada de 0.5bar)
48
O valor absoluto do declive diminui até 4.5bar, aumentando ligeiramente após os 5 bar, tendo
um aumento significativo a partir dos 7.5bar, o que significa um decréscimo acentuado do
caudal de hidrogénio para pressões mais elevadas.
Na Figura 7.5 faz-se uma comparação gráfica entre os dois métodos experimentais (patamares
e pressão imposta) para a adsorção e desorção. No caso do método por patamares de
pressão, é possível observar uma elevada adsorção de hidrogénio entre 3 e aproximadamente
6bar, enquanto no caso do método de pressão imposta, tal acontece entre 2 e 5bar. No que
respeita à desorção, efectuada a 20ºC, o “patamar de equilíbrio” ocorre entre 2 e 1 bar para
ambos os métodos. Isso revela uma elevada histerese entre a adsorção e desorção no caso do
método por patamares.
49
a azul claro corresponde a ensaios de pressão imposta (desde vácuo), curvas já presentes na
Figura 7.5. De referir que, as curvas a azul-escuro e a verde, correspondem ao método dos
patamares de pressão que consistem num único ensaio, com aumentos sequenciais de
pressão, o que resulta em curvas com primeira derivada contínua e positiva. As curvas a azul
claro e a laranja, correspondem ao método de pressão imposta, que consiste em ensaios não
incrementais, ao contrário das curvas a azul escuro e a verde, nem sempre apresentam uma
primeira derivada contínua ou positiva, devido a variações de condições de ensaio para ensaio,
no entanto, é possível observar que as curvas formam uma tendência.
50
7.2 La0.9Ce0.1Ni5
Os primeiros ensaios efectuados com substituição parcial de Lantânio por Cério (La0.7Ce0.3Ni5),
revelaram volumes adsorvidos muito pequenos para uma pressão imposta de 12 bar a 20ºC.
De seguida, testou-se o hidreto La0.9Ce0.1Ni5 de forma a reduzir a quantidade de Ce de 30%
para 10%, dado que a pressão imposta se encontra limitada a 12 bar (devido ao redutor de
pressão). Foi utilizado o método de patamares de pressão, com incrementos de 0.5 bar, de
forma a identificar a gama de pressões do “patamar de equilíbrio”. Na Figura 7.7, é possível
observar que o volume adsorvido é superior para 6, 7 e 8 bar, pelo que o “patamar de
equilíbrio” se deve situar entre os 6 e 8 bar, sensivelmente.
51
Figura 7.8: Logaritmo do caudal de adsorção de hidrogénio (patamares de pressão de 0.5bar)
A Figura 7.8 permite antever o declive da “zona linear” do logaritmo do caudal de hidrogénio
(decréscimo exponencial) para cada patamar de pressão. A Figura 7.9 apresenta os valores de
vários declives e a sua pressão correspondente. Desta forma, é possível visualizar que,
qualitativamente, o comportamento do hidreto La0.9Ce0.1Ni5 é semelhante ao comportamento do
hidreto LaNi5 no “patamar de equilíbrio” (valores do declive mais próximos de zero), mas as
pressões envolvidas, no caso do hidreto La0.9Ce0.1Ni5, são superiores, o que está de acordo
com o facto de a adição de Ce à liga metálica aumentar a pressão de equilíbrio.
Figura 7.9: Comparação do declive do logaritmo do caudal de hidrogénio entre LaNi5 e La0.9Ce0.1Ni5
(patamares de pressão de 0.5 bar)
52
A Figura 7.10 compara as condições de equilíbrio entre La0,9Ce0,1Ni5 e LaNi5 para os ensaios
efectuados com o método de patamares de pressão de 0.5 bar, à temperatura de 20ºC na
adsorção, e para os ciclos originais. É possível visualizar que a substituição parcial de La por
Ce força a pressão a aumentar de modo a promover os mesmos níveis de adsorção de
hidrogénio.
Figura 7.10: Comparação da variação da “pressão de equilíbrio” com o volume adsorvido de hidrogénio entre LaNi5 e
La0.9Ce0.1Ni5
O hidreto La0.9Ce0.1Ni5 foi também testado utilizando o método de pressão imposta sendo
possível observar, na Figura 7.11, o volume de hidrogénio adsorvido ao longo do tempo de
cada ensaio para as diferentes pressões de entrada impostas.
53
Figura 7.11: Volume de hidrogénio adsorvido para pressão de entrada imposta
54
Na Figura 7.13 apresenta-se uma comparação da variação do volume adsorvido de hidrogénio
com a “pressão de equilíbrio” entre os procedimentos de pressão de entrada imposta e
“patamares” de pressão.
Figura 7.13: Comparação da variação do volume adsorvido de hidrogénio com a “pressão de equilíbrio”
55
7.3 LaNi4,3Al0,7
Os primeiros ensaios efectuados num hidreto com substituição parcial de Níquel com 14% de
Alumínio (LaNi4,3Al0,7), revelaram volumes adsorvidos muito irregulares, volumes pequenos
para uma pressão imposta variando desde vácuo até 1 bar a 20ºC, e um aumento substancial
no volume adsorvido para 2 e 4 bar. Esse aumento substancial indiciava que o “patamar de
equilíbrio” de adsorção de hidrogénio se encontrava abaixo dos 2 bar.
Este hidreto distingue-se dos restantes pelo seu baixo “patamar de equilíbrio”, abaixo dos 2
bar, e a maioria em pressão sub-atmosférica. Devido a tal facto, o procedimento experimental
de adsorção – desorção sofreu ligeiras alterações, de forma a criar pressões sub-atmosféricas
antes da adsorção (através de um arrefecimento do hidreto fechado) e da definição dessa
pressão de equilíbrio (através do refinamento dos patamares de pressão de 0.5 para 0.25 bar).
Ao contrário dos restantes hidretos utilizados neste estudo, onde não ocorre quase nenhuma
adsorção entre 0 e 1 bar, a taxa de adsorção deste hidreto é comparativamente muito elevada,
se o hidreto adsorver desde vácuo até 1 bar.
Na Figura 7.14, é possível observar que o hidreto adsorve cerca de 37 Litros PTN para
pressões sub-atmosféricas, aproximadamente 95% (37/39=~95%) do que adsorve desde
pressão sub-atmosférica até pressão imposta de 11 bar, ~39 Litros PTN.
Figura 7.14: Elevada adsorção desde pressão sub-atmosférica até baixa pressão imposta
56
de forma a criar vácuo no interior do hidreto, sem o recurso à bomba de vácuo. Tal foi
conseguido através de um arrefecimento do hidreto, com o hidreto fechado.
Figura 7.15: Comparação de dois ensaios de adsorção desde pressão sub-atmosférica até pressão limite imposta
57
A Figura 7.16 mostra resultados da maioria das experiências efectuadas com o primeiro hidreto
LaNi4,3Al0,7. Embora essas experiências tenham ocorrido em condições similares, nem sempre
foram obtidos resultados semelhantes (nas repetições de cada pressão), denotando por vezes,
uma larga gama de variação. No entanto, uma média dos resultados (linha a encarnado), para
cada pressão imposta, representa fielmente o “patamar de equilíbrio” do hidreto, sobretudo o
seu extremo final sensivelmente a 2 bar.
Figura 7.16: Média de vários ensaios de adsorção desde pressão sub-atmosférica até pressão limite imposta
58
Figura 7.17: Comparação do comportamento na adsorção entre LaNi4,3Al0,7 e LaNi5
A partir desse ponto, o principal objectivo era aumentar a pressão através de um aquecimento
do LaNi4,3Al0,7, o hidreto disponível com menor “pressão de equilíbrio”, de modo a:
(a) Verificar que todo o volume adsorvido de hidrogénio seria desadsorvido, deixando o
recipiente (não vazio de hidrogénio) preparado para um novo ciclo de adsorção, e/ou
(b) Fazer com que desadsorvesse para uma pressão superior à pressão de adsorção
original (se possível, superior à pressão de adsorção do seguinte hidreto com uma
“pressão de equilíbrio” superior)
Como referido na desorção a 20ºC, o hidreto metálico é deixado repousar para o equilíbrio,
deixando algum hidrogénio adsorvido no interior do hidreto metálico (devido ao efeito de
histerese). A saída de hidrogénio para o exterior é posteriormente fechada e o processo de
aquecimento iniciado. A Figura 7.18 apresenta três curvas mostrando a variação de pressão de
acordo com a temperatura imposta, quando o aquecimento é lento (próximo do equilíbrio) ou
rápido, com o hidreto LaNi4,3Al0,7 parcialmente carregado.
59
Figura 7.18: Variação da pressão com a temperatura para diferentes taxas de aquecimento
É possível verificar que um aquecimento rápido (70 seg) implica uma maior temperatura
(~72ºC) para atingir uma pressão semelhante (8 bar) à pressão atingida por um aquecimento
lento (1700 seg) a uma temperatura inferior (~58ºC).
60
Figura 7.19: Média de vários ciclos de adsorção/desorção (pressão de entrada e saída impostas)
Depois, foi efectuada uma experiência desorvendo para uma pressão superior o hidrogénio
contido no hidreto metálico anteriormente adsorvido a 3 bar e ~25ºC. A pressão superior
seleccionada foi a de 4bar, dado ser o final do “patamar de equilíbrio” do hidreto LaNi5 (ver
Figura 7.1). De facto, este procedimento resultou uma vez, desorvendo cerca de 67% do
volume inicialmente adsorvido (25 de 37 Litros PTN adsorvidos anteriormente).
61
No processo de desorção do hidreto LaNi4,3Al0,7 o recipiente exterior do hidreto metálico atingia
temperaturas da ordem dos 75ºC, de modo a desorver o máximo possível de hidrogénio do
hidreto metálico. De forma a criar vácuo para ponto de partida em termos de pressão para a
seguinte adsorção, era efectuado um arrefecimento com o hidreto fechado, em que a
temperatura descia abruptamente na superfície do recipiente do hidreto para cerca de 20ºC.
Tais variações de temperatura, sobretudo o arrefecimento abrupto, causaram fadiga térmica no
recipiente do hidreto metálico. O resultado foi uma fissura de cerca de 8 cm (Figura 7.21), o
que permitiu a contaminação do “pó” metálico por água, cessando as experiências para este
hidreto. Tal efeito de fadiga não era visível, dado o hidreto se encontrar no interior do
permutador de calor, pelo que a fadiga térmica só foi denunciada aquando do aparecimento da
fissura que revelou um caudal demasiado elevado de hidrogénio para o volume do hidreto (o
hidrogénio saía pela fissura e para o circuito de água). A fissura ocorreu junto à entrada de
água, ou seja, primeira zona do recipiente do hidreto metálico em contacto com a mudança de
temperatura (quer no aquecimento, quer no arrefecimento).
Esta fissura, e consequente fuga de hidrogénio e inutilização do hidreto, vem evidenciar que,
as propriedades do material que envolva o hidreto metálico em si, têm de ser levadas em conta
e serem adequadas para a utilização pretendida para cada hidreto.
62
8. Conclusões
Neste trabalho, várias experiências foram efectuadas utilizando diversos hidretos metálicos.
Destas experiências, aparenta ser razoável a possibilidade de projectar um compressor
“térmico” utilizando os diversos hidretos em diferentes estágios de “compressão”.
Durante o decorrer dos ensaios, foram sentidas as habituais dificuldades laboratoriais, como
exemplo, a necessidade de diferentes caudalímetros com diferentes precisões devido à larga
gama de caudais de hidrogénio (desde 0 a ~40 SLPM) ou de diferentes controladores de
pressão, devido às limitações de um primeiro controlador a 5 bar de pressão imposta de saída,
(limitando os ensaios de desorção). Os dados recolhidos dos ensaios representam uma boa
estimativa para o comportamento dos hidretos metálicos nas condições impostas.
O LaNi5 foi o hidreto metálico base utilizado nas experiências. A substituição parcial de Ni por
Al baixa o valor da “pressão de equilíbrio”. Devido à baixa pressão do seu baixo “patamar de
equilíbrio”, o LaNi4,3Al0,7 representa uma escolha adequada para um primeiro estágio de
compressão “térmica”. Por outro lado, a substituição parcial de La por Ce implica pressões
mais elevadas no processo de adsorção. O La0,9Ce0,1Ni5 aparenta ser uma escolha mais
adequada para um terceiro e último estágio de compressão “térmica” utilizando hidretos
metálicos baseados em LaNi5.
De forma a projectar o “compressor térmico”, mais ensaios serão necessários para verificar o
comportamento durante o aquecimento no processo de desorção para uma atmosfera
controlada (diferente das habituais condições atmosféricas) simulando dessa forma o estado
de um hidreto metálico parcialmente vazio com uma pressão de equilíbrio mais elevada.
O facto de que o recipiente que contém os hidretos metálicos sofrer fadiga térmica, inviabiliza
elevados gradientes de temperatura, pelo que devem ser evitados, quer em ensaios, quer na
utilização em ciclos de adsorção/desorção num “compressor térmico” dado o risco de fissura e
fuga de hidrogénio.
Os resultados obtidos com os dois tipos de ensaios realizados, isto é, com pressão imposta e
aumentando a pressão em patamares permitiu observar que a capacidade neste último caso
era menor, o que poderá dever-se a limitações na migração do hidrogénio através de uma
camada de hidreto metálico já formado à superfície do grão.
63
9. Perspectivas de Trabalho Futuro
Segundo Sandrock (1999) é provável que a investigação e desenvolvimento a curto prazo tome
outras direcções, nomeadamente a de hidretos complexos e adsorção em carbono, dado as
ligas metálicas convencionais estarem a atingir os seus limites termodinâmicos nas curvas PCT
(Isotérmicas Pressão – Composição) e em termos de armazenamento de hidrogénio.
64
10. Referências
(Bossel et al. 2005) Ulf Bossel, Baldur Eliasson and Gordon Taylor, “The Future of the
Hydrogen Economy: Bright or Bleak?”, Proceedings of The Fuel Cell World, Cap. 2-8, Ed. By
European Fuel Cell Forum, Lucerne, Switzerland (2003)
(Chen et al. 2002) Yun Chen, Cesar A.C. Sequeira, Xueyan Song, Rui Neto and Qidong Wang,
“Polytypism of La–Ni phases in multicomponent AB5 type hydride electrode alloys “,
International Journal of Hydrogen Energy, 27 (2002) 63-68
(Cui et al. 2001) N. Cui, J.L. Luo and K.T. Chuang, “Study of hydrogen diffusion in a- and b-
phase hydrides of Mg2Ni alloy by microelectrode technique“, Journal of Electroanalytical
Chemistry, 503 (2001) 92-98
(Corré et al. 1998) Stéphanie Corré, Mohamed Bououdina, Daniel Fruchart, Gin-ya Adachi,
“Stabilisation of high dissociation pressure hydrides of formula La1-xCexNi5 (x=0–0.3) with
carbon monoxide”, Journal of Alloys and Compounds, 275–277 (1998) 99–104
(Jemni e Nasrallah, 1995) A. Jemni e S. Ben Nasrallah, “Study of two-dimensional heat and
mass transfer during absorption in a metal-hydrogen reactor”, International Journal of Hydrogen
Energy, 20 (1995) 43-52
(Klyamkin et al. 1995) S.N. Klyamkin, V.N. Verbetsky, A.A. Karih, “Thermodynamic
particularities of some CeNis-based metal hydride systems with high dissociation pressure”,
Journal of Alloys and Compounds, 231 (1995) 479-482
(Kumar et al. 1995) Kumar M.P.S., Zhang W., Petrov K., Rostemi A.A., Srinivasan S., Adzic
G.D., Johnson J.R., Reilly J.J., Lim H.S., “Efect of Ce, Co and Sn substitution on Gas Phase
and Electrochemical Hydriding/Dehydriding Properties of LaNi5”, Journal of Electrochemical
Society, 142 (1995) 3424-3428
65
(Lennard-Jones 1932) J.E. Lennard-Jones, “Processes of adsorption and diffusion on solid
surfaces”, Transactions of the Faraday Society, 28 (1932) 333-359
(Martins, 2008) H2 for intermittent energy storage: The Porto Santo Pilot Project, Apresentação
de projecto em Workshop no IST em 12 de Junho de 2008
(Nomura et al. 1985) Nomura K., Uruno H., Ono S., Shinozuka H. & Suda S., “Effects of lattice
strain on the hysteresis of pressure-composition isotherms for the LaNi5-H2 system”, Journal of
Less Common Metals, 107 (1985) 221-230
(Park et al. 2001) K.J. Jang, G.A. Fateev, J.G. Park, S.C. Han, Paul Lee e J.Y. Lee, “Simulation
of the metal hydride heat pump system with the single and double reactors”, International
Journal of Hydrogen Energy, 26 (2001) 237-241
(Sandrock 1999) Gary Sandrock, “A panoramic overview of hydrogen storage alloys from a gas
reaction point of view”, Journal of Alloys and Compounds, 293-295 (1999) 877-888
(Sakintuna et al. 2007) Billur Sakintuna, Farida Lamari-Darkrim, Michael Hirscher, “Metal
hydride materials for solid hydrogen storage:Areview”, International Journal of Hydrogen
Energy, 32 (2007) 1121 – 1140
66
(Schlapbach e Züttel 2001) Louis Schlapbach e Andreas Züttel, “Hydrogen storage materials for
mobile applications”, Nature, 414 (2001) 353-358
(Thomas e Zalbowitz 2006) Sharon Thomas e Marcia Zalbowitz, “Fuel Cells – Green Power”,
Los Alamos National Laboratory, University of California for the US Department of Energy
(2006)
(Uchida e Kato, 2006) Hirohisa Uchida e Shunsuke Kato, “Mechanisms of hydrogen absorption
by cerium with various surface conditions”, International Journal of Hydrogen Energy, 31 (2006)
313 – 315
(Yamamoto et al. 2002) Tokujiro Yamamoto, Haruyuki Inui e Masaharu Yamaguchi, “Effects of
lattice defects on hydrogen absorption–desorption pressures in LaNi5”, Materials Science and
Engineering, A329–331 (2002) 367–371
(Züttel 2004) Andreas Züttel, “Hydrogen storage methods”, Nature, 91 (2004) 157-172
(Züttel et al. 2008) Andreas Züttel, Andreas Borgschulte e Louis Schlapbach, “Hydrogen as a
Future Energy Carrier”, Wiley-VCH, 2008
67
Anexos
1
A1. Produção de Hidrogénio
A1.1 Electrólise
O hidrogénio não existe na natureza no seu estado elementar, pelo que tem de ser obtido a
partir de outras fontes, tais como a água ou o gás natural, o que significa gastos adicionais de
energia. Idealmente, essa energia dispendida para a produção de hidrogénio seria equivalente
à energia contida no gás sintetizado. Porém, a produção de hidrogénio através de qualquer
processo, como a electrólise ou reformação, envolve transformação de energia. A energia
eléctrica ou energia química dos hidrocarbonetos é transferida para energia química do
hidrogénio. Devido a irreversibilidades, as transformações de energia são sempre associadas a
perdas de energia (Bossel et al. 2005).
Figura A1: Características das curvas de tensão corrente para um electrolisador e para uma pilha de combustível
(Bossel et al. 2005)
2
Em condições ideais, o potencial reversível do par hidrogénio/oxigénio é 1.23 V a PTN (Gibbs
Potential). Para optimizar a eficiência do sistema, as pilhas de combustível actuais operam a
2
aproximadamente 0.7 V com uma densidade de corrente de 1.25 A/cm (0.70 V at 1.25 A/cm2).
As mesmas exigências de optimização são também seguidas para o electrolisador, para o qual
a tensão de operação será 1.83 V (1.83 V at 1.25 A/cm2). O potencial standard de 1.48 V
corresponde ao poder calorífico superior do hidrogénio (PCS = -141.8 MJ/kg), isto é, a
quantidade de calor proveniente da combustão directa de 1 kg de hidrogénio com oxigénio e
que origina água no estado líquido a PTN.
3
A1.2 Reformação
Os reformadores a vapor combinam o combustível com vapor de água e calor, para produzir
hidrogénio. O calor necessário para activar o sistema obtém-se queimando combustível ou o
excesso de hidrogénio da saída do conjunto de células de combustível.
Teoricamente, não é necessária energia externa para converter um portador rico em hidrogénio
como o metano ou o metanol, em hidrogénio, por um processo auto-térmico de reformação.
Pragmaticamente porém, as perdas térmicas, não podem ser evitadas dado que a energia
contida no hidrogénio produzido é sempre menor do que a energia contida no combustível do
hidrocarboneto de partida (Bossel et al. 2005).
4
A2. Propriedades do Hidrogénio
Propriedades Termodinâmicas:
Ponto de Ebulição (1atm): -252.8 ºC (20.27 K) Condutividade Térmica (300K): 0.1826 W/m.K
6
Ponto de Fusão (1 atm): -259.1 ºC (14.01 K) Condutividade Eléctrica (300K): 10 /m.ohm
Temperatura Crítica: -240.18 ºC (32.97 K) Calor de: Vaporização: 0.46 kJ/mol
Pressão Crítica: 12.8 atm (1.296 MPa) Atomização: 218 kJ/mol
Fusão: 0.12 kJ/mol
Tabela 16: Propriedades térmicas do elemento hidrogénio (Züttel et al. 2008)
Propriedades Combustíveis
O hidrogénio tem uma vasta gama de limites de flamabilidade no ar (4.1 a 74.2% em volume) e
pode ser queimado em motores de combustão interna com grande variedade de mistura
ar/combustível, inclusivé com misturas pobres (quantidade de combustível menor que a
estequiométrica) o que significa menor consumo, combustão menos incompleta, menor
temperatura final de combustão reduzindo a emissão de poluentes.
5
O hidrogénio tem grande facilidade de se auto-inflamar, isto permite que a ignição com
misturas pobres seja fácil, mas tem uma grande desvantagem que é a criação de pontos
quentes e com os gases muito quentes exista a possibilidade de pré-ignição e “flashback”. O
vasto campo de flamabilidade significa que a quase totalidade de diferentes misturas podem
ser inflamadas por um ponto quente.
Assim a chama chega mais perto das paredes do cilindro antes das paredes a extinguirem.
Esta menor distância cria problemas de retorno de chama pois a chama passa muito próximo
das válvulas de admissão. Num ensaio efectuado no laboratório fez-se propagar uma chama
de mistura hidrogénio oxigénio estequiométrica através de um tubo de 0,5 mm de diâmetro
interno.
6
A3. Segurança do Hidrogénio
Os registos em segurança do hidrogénio não evidenciam riscos, e.g. nos EUA, não existem
registos de ter ocorrido nenhum acidente em camiões que transportam hidrogénio líquido
3
(cerca de 3 milhões de m por ano). O hidrogénio tem sido utilizado e transportado em
centenas de quilómetros de gasodutos, com relativa segurança, para as indústrias química, do
aço e do petróleo (Bossel et al. 2005).
7
A4. Custos do Armazenamento de Hidrogénio
Os objectivos do Departamento de Energia dos E.U.A (DOE, 2007) são de 4 $/kWh em 2010 e
2 $/kWh em 2015.
Figura A4: Estado actual dos sistemas de armazenamento de hidrogénio e as metas propostas (DOE, 2007)
8
A5. Tabela Periódica dos Elementos
A maioria dos elementos (Figura A5) reage com o hidrogénio formando hidretos binários com
particular destaque para os Lantanídios ( ) que formam ligas de compostos intermetálicos do
tipo AB5 juntamente com metais de transição ( ) e.g. LaNi5, estrutura base dos hidretos
metálicos sobre os quais incide este trabalho.
Lantanídios
Actinídios
9
A6. Energia de Activação
Figura A6: Esquema do potencial energético de um átomo de hidrogénio na superfície de Pd (Pundt e Kirchheim 2006)
10
A7. Bancada Experimental
11
Alimentação H2 Caudalímetro 1
(Máx. ~12bar) (0 a 5 SLPM)
V1a
V0
V3 V4
V1c Controlador V2 T1
de
V1 Pressão
Rotâmetro
(0.4 a 4.4 SLPM) Bomba
Saída T2 de
H2O Vácuo
T0
V5
Entrada
H2O
Figura A7.3: Bancada experimental melhorada
GAS OUT
V1a
Caud.1
V1b V4 V5
Caud.2 V3 Sen.Pr.
V1 V1c V2
Ctr.Pr. Bomba
de
H2 GAS IN Vácuo
Hidreto Metálico
12
A8. Equipamento
Sensor de pressão
Marca: Omega
Modelo: PX219
Pressão 0 – 13.8 bar
Caudalímetro 1
Marca: Omega
Modelo: FMA – A2308
Caudal: 0 - 5 SLPM
Caudalímetro 2
Marca: Omega
Modelo: FMA - 1842
Caudal: 0 - 100 SLPM
13
Figura A8.3: Caudalímetro 2
Controlador de Pressão
Termopares do Tipo K
Gama de Temperatura
i) -18ºC < T < 1372ºC
Tolerâncias finais (para termopares tipo-K):
i) junção dos dois metais - 0.3◦C;
ii) fio do termopar – máximo entre
a. 2.2 ºC
b. 0.75% × | temperatura medida |;
iii) medição da diferença de tensão - 0.60 ºC
14
Figura A8.5: Esquema do termopar tipo K e correspondente convenção de cores
Bomba de Vácuo
15
Bomba de Água
Marca: Grundfos
Modelo: Selectric – Class H
Rotâmetro
16