Psicologia de Desenvolvimento Serafim
Psicologia de Desenvolvimento Serafim
Psicologia de Desenvolvimento Serafim
TURMA: F, 1º GRUPO
Nampula, Julho
2021
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTANCIA
Nampula, Julho
2021
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Índice
Introdução.............................................................................................................................. 3
Conclusão ............................................................................................................................ 15
Bibliografia .......................................................................................................................... 16
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Introdução
Portanto, com este alargamento, as escolas secundárias do nosso país depararam-se com uma
situação nova onde as crianças com NEE também passaram a frequentar o Ensino Secundário.
Neste contexto, torna-se pertinente perceber se nas escolas secundárias se encontram alunos
com necessidades educativas especiais e que esses precisam de material organizacional e
humano assim como um acompanhamento pedagógico para que sua inclusão seja satisfatória
e atinja os objectivos preconizados.
Todavia, é de referir que para a elaboração deste trabalho baseou-se na técnica de consulta
bibliográfica de diversos autores o que possibilitou a tornar-se uma realidade. Ainda, realçar
que está estruturado em introdução, desenvolvimento (onde constam assuntos pertinentes
acima mencionados), conclusão e a respectiva referência bibliográfica.
Contudo, tratando-se de uma tarefa de índole científica e académico, não constitui um dogma,
pois está aberto ao caro leitor de modo a aprecia-lo expondo correcções, sugestões e críticas
com vista a sua melhoria.
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1. DIFERENÇAS INDIVIDUAIS E NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS
1.2.1. Temperamento
Buss e Plomin definem temperamento como traços de personalidade herdados que aparecem
durante os primeiros dois anos de vida e permanecem como componentes básicos, sendo
compostos por quatro categorias: emotividade, actividade, sociabilidade e impulsividade
(Buss, 1995).
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evidência de que as diferenças individuais na velocidade e na estabilidade dos
condicionamentos reflexos estariam relacionadas ao temperamento. Pavlov reconheceu a
significância funcional do temperamento e o papel das propriedades do sistema nervoso
central na adaptação do indivíduo ao ambiente. Seus constructos influenciaram as teorias de
personalidade e os estudos sobre temperamento mais contemporâneos (Strelau, 1997).
1.2.2. Personalidade
Para Strelau (1991, 1994, 1998) a personalidade seria um conceito mais amplo que
temperamento, que incluiria o próprio temperamento e outras características que são
geralmente determinadas pelo ambiente social, modeladas pelos estágios de desenvolvimento
do indivíduo e envolveria ainda fenómenos como motivação, valores e interesses.
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2. Necessidades Educativas Especiais
De acordo com Correia (2008, p.23) “as NEE englobam alunos que por exibirem
determinadas condições específicas podem necessitar de apoio de serviços de educação
especial durante todo ou parte do seu percurso escolar, de forma a facilitar o seu
desenvolvimento académico, social e emocional”.
Ainda na perspectiva do mesmo autor, por condições específicas entende-se alunos com
autismo, problemas intelectuais, dificuldades de aprendizagem específicas, desordem por
défice de atenção e hiperactividade, problemas sensoriais (visuais e auditivos), problemas
emocionais ou de comportamento, problemas de comunicação, linguagem e fala, problemas
motores, problemas de saúde, traumatismo craniano, multideficiência e cegos-surdos.
Segundo Brennan apud Correia (1999, p.48), “As necessidades educativas podem ser
classificadas em dois tipos: permanentes ou temporárias”. As permanentes exigem uma
modificação generalizada do currículo, que se mantém durante todo ou grande parte do
percurso escolar do aluno. Neste grupo inserem-se as crianças e adolescentes cujas alterações
significativas no seu desenvolvimento foram provocadas por problemas orgânicos, funcionais,
ou por défices socioculturais e económicos graves. Uma Necessidade Educativa Especial
temporária exige uma modificação parcial do currículo de acordo com as características do
aluno, que se mantém durante determinada fase do seu percurso escolar. Podem traduzir-se
em problemas de leitura, escrita ou cálculo ou em dificuldades ao nível do desenvolvimento
motor, perceptivo, linguístico ou soco emocional.
Correia (1999:51) sustenta que as necessidades educativas especiais podem ser de:
Carácter Intelectual: enquadram-se neste grupo alunos com deficiência mental, que
manifestam problemas globais de aprendizagem, bem como os indivíduos dotados e
sobredotados, cujo potencial de aprendizagem é superior à média. Carácter
Processológico: crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem
relacionadas com a recepção, organização e expressão de informação. Carácter
emocional: alunos com perturbações emocionais ou comportamentais graves que põe
em causa o sucesso escolar e a segurança dos que o rodeiam. Carácter motor: crianças
e adolescentes cujas capacidades físicas foram alteradas por um problema de origem
orgânica ou ambiental, que lhes provocou incapacidades do tipo manual ou de
mobilidade. Carácter sensorial: crianças e adolescentes cujas capacidades visuais ou
auditivas estão afectadas.
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2.1. Tipos de Necessidades Educativas Especiais
2.1.1. Dislexia
Fonseca (1999) apud Moura (2011) acrescenta tratar-se de uma “dificuldade duradoura” que
surge em "crianças inteligentes, escolarizadas, sem qualquer perturbação sensorial e
psíquica já existente.”
De acordo com os autores acima citados, pode-se perceber que a dislexia designa uma
dificuldade especifica a nível da leitura que se manifesta pela dificuldade em aprender a ler
sem que tal esteja relacionada com a instrução convencional, adequação intelectual e
oportunidades socioculturais.
De acordo com Nielsen (1999), “nos testes de inteligência, uma criança disléxica apresenta
desempenhos superiores nas funções não-verbais, comparativamente às funções verbais
(valores mais baixos nas subescalas de memória de dígitos, aritmética e códigos), isto é, um
QI não-verbal de realização superior ao 1QI verbal”.
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QI: Coeficiente de Inteligência
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Demonstra, ainda, insegurança e baixa auto-estima, culpabilizando-se e sentindo-se, muitas
vezes, triste. Muitas destas crianças recusam-se a realizar actividades ligadas à leitura (e, por
vezes, à escrita também) com medo de revelarem os erros que cometem.
De acordo com o mesmo autor, estes alunos podem apresentar algumas ou várias das
seguintes características:
Na Expressão Oral
Na Leitura e Escrita
Fazem uma soletração defeituosa (lêem palavra por palavra, sílaba por sílaba, ou
reconhecem letras isoladamente sem conseguir ler);
Na leitura silenciosa, murmuram ou movimentam os lábios; perdem a linha de leitura;
Apresentam problemas de compreensão semântica (na interpretação de textos);
Revelam dificuldades acentuadas ao nível da consciência fonológica, isto é, na tomada
de consciência de que as palavras faladas e escritas são constituídas por fonemas;
confundem/invertem/substituem letras, sílabas ou palavras.
Os alunos com dislexia apresentam ainda características intrínsecas como as que a seguir são
descritas:
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Memoria visual pobre, quando estão em causa símbolos linguísticos;
Dificuldades de processamento auditivo;
Caligrafia ilegível.
Não há acordo quanto à identificação de uma causa exclusiva para a dislexia. Alguns autores
afirmam mesmo que se trata de uma perturbação de causas múltiplas.
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Os termos dB (decibéis) e escala de decibéis são usados mundialmente para medir o nível de som. A escala de
decibéis é uma escala logarítmica, em que a duplicação da pressão do som corresponde a 6 decibéis no aumento
de nível.
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de nível de audição, o som de uma pessoa murmurando registará 30 dB. O nível
normal de conversa mede de 45-50 dB de nível de audição, e um concerto de rock
pode medir cerca de 100 dB, que podem até causar surdez temporária.
Correia (2008) acrescenta ainda que “a deficiência auditiva traduz-se numa lesão do
aparelho auditivo, o que impossibilita o indivíduo de ouvir”.
O mesmo autor refere ainda que existem dois tipos de deficiência auditiva, a temporária,
aquela que poderá ser ultrapassada com tratamentos médicos e outros, e a definitiva, a perda
de surdez que afectará o indivíduo ao longo da sua vida.
De acordo com os autores, pode-se perceber de forma mais explícita que a perda auditiva é a
perda parcial ou total da capacidade de compreender a fala por intermédio do ouvido.
A deficiência auditiva poderá ser caracterizada segundo três níveis. Um primeiro nível a que
se chama de transmissão, onde o indivíduo poderá sofrer de um problema, temporário, do
ouvido externo, um segundo nível que remete para os problemas neurosensoriais, pelo facto
do problema se centrar no ouvido interno, ou no nervo interno, sendo este definitivo e, um
terceiro nível, de carácter misto, que se caracteriza pela junção dos dois níveis de problema
anteriormente referidos. (Correia, 2008).
Ainda com o mesmo autor, apresenta a seguinte escala de deficiência auditiva, cuja medida é
feita em dB: 25-40 dB = Ligeira; 41-55 dB = Moderada; 56-70 dB = Moderadamente Severa;
71-90 dB = Severa; 91 + dB = Profunda.
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2.1.2.2. Causas da Deficiência Auditiva
Para Maspetiol apud Costa (1994:87) “as causas da deficiência auditiva podem ser
hereditárias, adquiridas no pré-natal, e adquirida pós-natal. Dentre os factores ambientais que
acarretam a deficiência auditiva destacam-se as infecções, drogas e traumatismos cranianos”.
Causas Pré-natais
Causas Peri-natais
Causas Pós-natais
Uma outra causa comum de deficiência auditiva é a exposição a ruídos. Nós vivemos num
mundo de ruídos, os quais são provocados no ambiente de trabalho, em exposições naturais,
como de motor, música de rock, concertos, clubes nocturnos, discotecas e som estéreo com ou
sem o uso de headphones.
2.1.3. Disgráfia
Segundo Torres & Fernández (200, p.127), “etimologicamente, disgrafia deriva dos conceitos
“dis” (desvio) + “grafia” (escrita), ou seja, é “uma perturbação de tipo funcional que afecta a
qualidade da escrita do sujeito, no que se refere ao seu traçado ou à grafia.”
Para Cruz (2009:180), “a disgráfia prende-se com a codificação escrita, com problemas de
execução gráfica e de escrita das palavras”.
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A criança com disgrafia apresenta uma escrita desviante em relação à norma/padrão, isto é,
uma “caligrafia deficiente, com letras pouco diferenciadas, mal elaboradas e mal
proporcionadas” (A.P.P.D.A.E., 2011); a chamada “letra feia”.
De acordo com esses conceitos pode-se perceber que a disgráfia é uma perturbação de tipo
funcional que afecta a qualidade da escrita, sendo caracterizada por uma dificuldade na grafia,
no traçado e na forma das letras e das palavras, surgindo estas de forma irregular, disforme e
rasurada. Pode, ainda, definir-se a disgrafia como a dificuldade em passar para a escrita o
estímulo visual da palavra impressa.
De acordo com Ajuriaguerra et al. (1973) apud Torres & Fernández (2001) salientam que
“vários autores têm sugerido características comuns às crianças com disgrafia”.
Forma das letras irreconhecíveis (por vezes distorcem, inclinam ou simplificam tanto
as letras que a escrita é praticamente indecifrável);
Traçado exagerado e grosso (que vinca o papel) ou demasiado suave e imperceptível;
Erros e borrões que quase não deixam possibilidade para a leitura da escrita (embora
as crianças sejam capazes de ler o que escrevem);
Desorganização geral na folha/texto;
Utilização incorrecta do instrumento com que escrevem.
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2.1.3.2. Causas da Disgrafia
O estudo das causas da disgrafia é complexo, pois são muitos os factores que podem levar a
uma escrita alterada.
Torres & Fernández (2001) agrupam em três tipos as causas da disgrafia: maturativas,
caracteriais e pedagógicas. As primeiras estão relacionadas com perturbações de lateralidade e
de eficiência psicomotora (motricidade, equilíbrio). Estas crianças são desajeitadas do ponto
de vista motor (geralmente possuem idade motora inferior à idade cronológica) e apresentam
uma escrita irregular ao nível da pressão, velocidade e traçado, bem como perturbações de
organização perceptivo-motora, estruturação ou orientação espacial e interiorização do
esquema corporal.
As causas caracteriais, por seu lado, estão associadas a factores de personalidade, que podem,
consequentemente, determinar o aspecto do grafismo (estável/instável, lento/rápido), e
também a factores psico-afectivos, pois o sujeito reflecte na escrita o seu estado e tensão
emocionais.
As últimas, causas pedagógicas poderão estar relacionadas, por exemplo, com um ensino
rígido e inflexível, com uma mudança inadequada de letra de imprensa para letra manuscrita
ou uma ênfase excessiva na qualidade ou rapidez da escrita.
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Conclusão
O estudo das diferenças individuais sempre despertou interesse entre teóricos, pesquisadores e
leigos. Diferentes dimensões, traços ou características são identificadas nos indivíduos
dependendo do enfoque teórico e do interesse.
No que refere as necessidades educativas especiais, dizer que são vários tipos, neste trabalho
focalizou-se da dislexia, onde o aluno apresenta lento na aprendizagem, dificuldade de
concentração, palavras escritas de forma estranha, dificuldade de soletrar e troca de letras com
sons ou grafias parecidas. O acompanhamento pedagógico para alunos disléxicos processa-se
pela posição, isto é na sala de aula, deve estar sentado numa mesa ou secretária próxima do
professor e não no fundo da sala, para que este possa auxiliá-la sempre que haja necessidade e
para que ele se sinta mais confortável quando pretende esclarecer alguma dúvida.
No que diz respeito a deficiência auditiva, dizer que os alunos apresentam características
como a dificuldade de ouvir as pessoas quando estão distantes, também na sala de aulas
perguntava constantemente o que o professor dizia. Para tal, um acompanhamento pedagógico
é na sala de aula o aluno com deficiência auditiva estar posicionado em um local onde possa
enxergar o professor de frente, especialmente com seu rosto iluminado. Isso facilita a leitura
facial, bem como pistas como gestos e expressões faciais e corporais.
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Bibliografia
Aiken, L.R. (1991). Psychological Testing and Assessment (7th ed). Massachusetts: Allyn and
Bacon.
Buss, A.H. (1995). Personality - Temperament, Social Behavior, and the Self. Massachusets:
Allyn and Bacon.
Costa, M. da P.R da. (1994). O Deficiente Auditivo. São Carlos, EDU FSCar.
Perret, Y. M & Batshaw, M. L. (1990). Criança com Deficiência. Uma Orientação Médica.
São Paulo: Ed. Maltese.
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