Liberdade Por Um Fio - J.J. Reis e Flávio Gomes (Sumário)

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ORGANIZACÁO I)F,:

João José Reis

Flriuio dos ,santos Gornes

Liberdade

por um fio
HISTÓRIA
DOS QUrLOlrBos
NO BRÁSIL

LÊ&-
Copi,right O 1996 by os Autores

CaPa:
Joào Bapri.rta da Corto Aguiar
Preparação:
Flávio Ribeiro de Oliveiru
Cíntia Ávila
Revisão:
Maria Cecília Madarás
Isabel Cury
Ro semam Catald.i Machado

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cl?)


(Câmara Brasileira do Livro, sP. Brasil)

Liberdade por um fio : história dos quilombos no Brasil /


organizaÇão João José Reis, F1ávio dos Sâltos Gomes. - São
Paulo : Companhia das Letras, 1996.

ISBN 978-85-7164-596 7

l. Escravidão - Brasil - lnsuneições etc ll. Reis, João


José. 1952- tt. Gomes. Flávio dos Santos.

cDD-981

Índice para catálogo sistemático:


l Quilombos: Brasil I História 981

2011

Todos os direitos desta edição reservados à


EDITORA SCHWARCZ LIDA.
Rua Birndeira Paulista, 102, cj.32
04532-002 São Paulo sP
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QUTLOMBOS DO RrO DE LANETRO


I\IO SECULO XX*

Fíávio dos Santos Gomes

Este ensaio é uma análise das organizações sócioeconômicas forjadas


pelas comunidades de fugitivos da região de Iguaçu ao longo do século xrx.
o estudo das várias batalhas em que autoridades planejaram estratégias diver-
sas para destruir os mocambos permite que se perceba como os escravos
aquilombados constituíram suas comunidades, criandc espaços complexos e
-originais de lutas. os mocambos que analisaremos de maneira neúuma
ficaram isolados, à margem do sistema escravista. Esses quilombos, como
outros e diferentemente do que a historiografia tem até aqui apontado *,
-
criaram um mundo subterrâneo interagindo com a escravidão. EnÍim, é nossa
iltenção perscrutar os mundos criados pelos quilomboras, mostrando de que
modo eles acabaram também por modificar paulatinamente a vida daqueles
que permaileciam escravos.

{JMA HIDRA E SEUS PÂNTANOS

os quilombos do recôrcavo da Guaaabara. mais propriamente da baixada


iguaçuan4 estavam situados às margens dos rios Iguaçu e sarapuí, nas fregue-
sias de Nossa se*hora dc Pilar e santo Antônio de Jacutinga. Essa região era
romposta, ern 1780, basicamente cortar os desmembramentos e ane-
xações posÉeriores das seguintes freguesias: Nossa senhora do Marapicu,
-
Santo A*tônio de Jacuti*ga, são João de Meriti. Nossa senhora da piedade de
lguaçu e a de Nossa Sethora do Pilar de lguaçu. No final do século xun, a po-
pulação de toda essa região era de 13054 habitaâtes, sendo 7122 escravos.l
Eotre l'169 e 1779, a economia dessa regiãc, segundo o relatório do r=rrar-
quês de Lavradio, era assim consrituída: a freguesiá de pilar de Iguaçu p*s-

(*) Agradeço a João José Reis os comentiírios a uma versão anterior deste ani*o.

263
!;ILOMBOS DO RECÔNCAVO DA GUAj\*ABARA *. RIO DE JANEIRO _ sEt.

MÀeé
a"

l. do
Csr€rnadÕÍ

Baia de Sepetrba Biír de Guanahur

tl
t:
- ^ so P,TLÂNTlCo
(]cr-ê'-

suía, além de três engenhocas, um único en-eenho. pertencente ao


Luciano Gomes Ribeiro, Íabricando quarenta caixas de açúcar e
pipas cle aguardente, com 74 escravos.: Na freguesia de Marapicu
quatro engenhos, que produziam em torno de 1 52 caixas de açúcar e t.
de aguardente, com quase trezentos escral,os. A Íiegrresia de Jacutinu,
sete e.genhos, nos quais estavam ernpregatlos aproxiuradameni;.
escravos (uma média de 39 escravos em cada propriedarie), proclirzilrr.
caixas de açúcar e 77 pipas de a-euardente. Já a freguesia de Nossa srr
da Piedade de lguaçu, que tinha somenÍe duas engenhocas Ço1l
escrayos, produzia trinta pipas de aguardente. Finaimente, a fregrir., ,

Meriti contava com no\re engenhos de açúcar. -107 escravos. uma rnédiir ,.r.

Também a producão de gêneros alimentícios da região âpÉiÍeri.i - :.


destaque. conforme as estatísticas fornecidas pelo ret-erido marqlr.-
-:,
Lavradio no final do século xvrrr, essa área do recôncavo da Guanabar.;i - .:-,...l
uma considerál'e1 produção a-rrícola, voltada para o abastecimento <1o i}].:_ -.
do interno (r,er Tabela 1).

264

§
ã
â

\,BEIA 1: PRODUÇÃO ANUAL DE GÊ,NEROS ALI\ÍEATTÍCÍO.§;\á
REGIAO DE IGUAÇU 1778 (POR ALQUEIRES i
-
: . l.l.I Furirtha ivíilho Fei.jíio Ato:. Total

:l§6ryiüu i50 300 800 1500 2750


l&allte** a 25000 1000 l0üo0 37000
l(.|r00

..iMx 1000 244 2300 650 .+1m

i0000 20800
:,@* 10000 400 400

::M 16260 56 1'17 3474 r9963


524rc 1996 1671 25620 84?03

"'Reiação do marquez do Lavradio". In: RIHCB, tomo Lxxvl (79), pp.32&4-

' ionsiderando o número de cativos ros engenhos de açíicar e o número to-


W p<:r freguesia no final do século xvIII, conclui-se que apenas cerca de 20Vo
1 x'tassa escrava empregavâ-se no cultiYo da cana-de-açúcar. A produção açu-
+w*ra podia abastecer tânto o mercado externo como o inÍerno.4 A maior parte
_ ' :,iti\,os provar.elmente estava envolvida na
produção de aiimentos, ex-
. * de lerha e fabrico de tijolos e telhâs para o abastecimento da própria
: - -r.'
r .
também da Corte e freguesias limítrofes.' Podemos citar, como exern-
engenho da Conceição, localizado na tieguesia de Santo Antônio da Ja-
(com satorze escravos), que produzia tão-somente três caixas de açít-
-. :leia pipa de a-quardente, mas cuja "cuitura principal era de nlaudioca,
:ubsidiária a de cana".o
Devido a sua localizaçào -ueográfica. cortada por inúmeros rjos. essa
r:,r linha formidável faciliclacle de escoamento para a sua produção. Na
ia de São Joãn de Meriti" "para o seu comércio e serviço das iazendas e
--i-rgenhos". haYia catorze portos situados entre o rio Meriti, tstlbém de-
,:,ec*i*ado de São João, e o rio Sarapuí. Já a freguesia de Nossa Senhora da
de Iguaçu escoava sua produção através de dois portos, enquanto a de
'rfu:aae
.=--<s Senhora do Pilar de lguaçu fazta o seu comércio com dezoito barcos e
a': iancha distribuídos enare sove portos. A freguesia de Santo Antônio de Ja-
, *.: ;.a\.r\ i1 \ius prcalutlrl pgl pilp prlrios. iliirtl'ur localizadOs !-l() rlo Igililçu
n0 S,lIaFUí,-
: -i.:1',1Ê
E :.)e. pono!
eram. na :ua rnaror parta. controlado-s por Í-azendeiror e co-
-' :-, :r,tÊi locais que por meio de barca-s e ianchas tocadas por escravos
r-- 1rliravan -grande-parte do escoamento da produção da regiào. E.stenden- -
- -: rsuaimente por outras freguesias mais interioranas. a região e\li1\'i1. por-
res. numa siruação privilegiada do ponto de vista do comércio, do abasteçi-
e da produção agrícola. Inúmeras embarcações subiam e desiill-i I'

265

**,.-l-§,.,'&;
vários rios, principalmente o Iguaçu e o Sarapuí, abastecendo toda a regiã: r I

escoando sua produção fora dela. Matoso Maia Forte, que estudou a forma.;&*,
da região. anota que

seus l'r(r\. ijfnO. il.ii 'liÍcili ii lritiiuc'iir I]ilt.a il Bir:,r. :ei.,.l:;:i \J ilrl::--

.r"*.i .,' , : . : ..- .. .


criillu tl.r lirc.r. .-,,
Uolrreal,\Iiillcttl;5:'Ltt:\.:':..:...,...'.,
Cfeveu alue OS lfabilattte . iiiL ltttiir 1Jütrul-t;l]; .;i 1.;1-1 !i-ritr\. -i ,:r:::, ,,-

t'eijão. café. cujos lênertrs ler aut coin iae ilidade para o Rio ,:1c .Ian.-rri, ..:
todos os ribeirtles e rios adjacentes s,to nit\e-qá\'eis e()nl as graitde: r.n:,:.:.
viajante inglês John Luccock, que visitou o Rio de Janeiro nos primeirrls .i:r, .,
século xrx, ha\,ia destasado clue o recôncavo da Guanabara erii

banhaclo por'lalga etseada que não é ern todo seu contorno aproveiÍlirt,
grande lavourit..As cuh.uras aiinientares encontram aí bastanle espaço. bcn;
nas ilha,s Íi'onteiras. A capital cla colônia é bem abastecicla. por.que àqueir.
sejuntam as áreas contíguas à cidade para o interior, num raio de mais de
légua.'o

A facilidade de escoarnento l-luviai da região iguaçuana também ir,,,


iitou o desenvolvinlento econômico de freguesias circunvizinhas. tÍli5 ,.

Santo .Antônio de Sá. Inhornerim, h4agé, Suruí. Campo Grancle e hajá :r : -


da via fluvial, na segunda metade do século xvur essa grande área já rr,".
estradas que se ligavam à Corte, corrlo a estrada da "polícia" e do ..Ctlmer._
Havia também estradas próximas à freguesia de Nossa senhora tra piedad: ::
Iguacu que interiigavam os portos locais. Estas chegaram, inclusive, a e-
parte do café produziclo erl Piraí. valença e vassouras no primeiro Qriâl1,r -.

sécu1o xrx. o
enrão município de Iguaçu possuía r,ários estabeieciment,-r. _ -
*B
:+§
merciais com grandes trapiche.r para atmazeltamento de produtos.ri
ã
À partir de meados do século xrx, parte da região passou a ser corteik.
lambém pelo transporte ferroviário, destacando-se a estação de Maxambomb-- êH
na freguesia de Santo Antônio de Jacutinga. Em 1840, dada a importâncie iie

comércio local, havia am projeto, pasteriornente arquivado, para a construl*- ã
ã
de uma estrada de ferro que se estendesse da vila de Iguaçu até argum pcra:;, á
a

próximo à baía de Guanabara Na ocasião, um dos defeusores do projeto derr,a* ã


=
,êÉ
cou que aquela vila oferecia facilidade aão só para a imprtação de
-erandÊ
qr:antidade de gêneros, como tambéÍn exportava 5 mil arrobas de c*fé,âtrar-e§
de seus portos e estradas.'2

266

-
ir..r
paÍa se desenvolver, a
:

,i:..*** encontrâsse diversas condições favoráveis


do século xx.
daregião de Iguaçufoi abalada em meados
ffi*uçr"areira
v:t:**5'------ - -
çrv*t:le da expansao. a pamruo uuulu ut §ÇLUr-
rrtirooiníciodoséculoxix'docultivodacana-de-
. , , _:: .r
ii lr,gi:io^ i1e^
:.:liii do norte da província fltrminense (especialrrrerrte
-. areas
aha'Jcl ài
l Jo itrcremento da produção cafeeira uo vale paraibano'
iguaçuiilr;i' ersa
:,ri: epidemias e enchentes que grâssavam na baixada
econômica oÜ{-ríieu' in-
;.r:;gnou. O processo paulatino de decadência
&**, ** oottus áleas do recôncavo da Guanabara''3 como
. ***. ao que se sabe, a economia de algumas áreas do recôncavo'
voitou a cre§cer coili
1o asfreguerias de Itaboraí e de São Gonçaio'
delas adotou a prÜ-
ão de nJvas estratégias de cultivo' A maioria
,u""ir*"r,"*.ll a ,rurrlr"rência cia corte poiluguesa para o Rro dea
revitalizando
,. :m 1808, havia aumentatlo a demanda de alimentos'
século xtx' A reglàr'r' entre-
-;r: tie tais gênetas em lguaçu ao longo do
produzindo açúcar até o íritimo quartel desse séclrio
e' nas
.':,ntinuou
, ir,ilis altas, também café.'5
*ciudicou também o dinamismo econômico a epidemia
d;,::t:11::,:::
escrava
. ;i;5i ; isso, provocando um airo ínrlice de urortalidacie
inclusive i:m iguaçu'
;.r Corte como no interior cla pror'íncia Íluminense'
fu príodo, das 4899 vítimas do cólera naforam c
ainda mais atingidos' Em
#:;;;;rr..'u N", áreas rurais, os cativos
mais de tritrta escravos
matou
-:. ,: de 185ó, em apeüas oito dias o cólera
de Rio Bonito' Enr Barra Mausa' do< 372
-r;nda do Rio Seco, mutlicípio
,-. 3 I I eram escravos. Já na vila de São João do Príncipe' em apenas um
: meio, no final de 1855 e início de 1856, cerca de 498 pessoas foratl irt-
escrílvos''
ias. 164 livres e 334 cativas' Dos 16Ü mortos' 108 eram
"célebre p:i"
lti:
;g*açu era conhecida por ser uma área 1-':Tt:i:T::1"
ficou ainda mais
fu;i" iebr"s perniciosas;'.1s Durante o surto epidêmico,
F:.ã;" ao cólerà em conseqüência dos s.eus :ontât:s,i*::1t-::T,::':::
chegou a Iguaçu transmitido por
ãã* rtouírrciu. O cólera, por exemplo, entre os
navegação
iafectado er*pregado na cabotagem e serviço de
*-::rrivo
locais e a ilha ooêoi***dor, próxima à corte.lq Levaram também o
'i,i-ã.cc!'avos a{ricanos recentemente comprados' que seguiam para as áreas
\clamos
-:-:.:: je \;15.1.g1.1.e\-;ler-içapelase.:r'rti;\LluaaollLi\attl]'''l'r"'
r:redação demognáfica da região'
lrTa Tabela 2 temos a distribuiçao da
popalação livre e escrava de Iguaçu
!GÊofinaldoséculoxvflIeoiníciodoXX-Emambososperíodos,apopu-
escrava era superior à livre. Em 1821, a
população das cinco freguesias
hpr
ou seja' cerca de
*agra 18 705 habiiaates, dos quais 11 155 eram cativos'
proporção chegava
3-*rr. Em Meriti, â menos popolotu das freguesias, essâ
1 A'7
LU/
perto de 7ü7o. No período entre 1779-89 e 1821, a população escrava
56,6Vc,ellquanto a livre cresceu aÍ,efias 27,24o.

TABELA2: POPULAÇÃO DA REGIÃO DE IGUÀCL" 1779-89 E 18:


: i-tri
1779-89

Freguesias Total Livre Vo Escrava 7o Total Lwre Vo Esctar.


Marapicu 1821 9ü7 49,5 919 50,5 4282 1708 4S.6 -+'r_

Jacutinga 3540 t4f]4 39,6 2138 ffi.4 3700 1?7+ 34."+ :rl í
Meriti 1616 638 39,5 978 60,5 2264 696 30.7 .:f '
Iguaçu 2182 963 44 t2l9 56 4167 1914 {ó I:l
Pilar 3895 )o)1 <) 1868 48 4372 r958 14.8

Telal 13054 5932 45,4 7t22 54,6 18705 75fl {O.3 . .5-i

..Memórias públicas e econômicas da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro para us* *-::
Fonte:
vice-reiLuizdeVasconcellosporobservaçãocuriosadosannosde 1779AÉoílÊ 1789-. In: NHG"* '

Já na Tabela 3 temos o moviÍlento populacional da região entre 1848 â


1872. Cs dados eviderciâm a diminuição do peso da população escrava. se ere
1840 a massa eserava de lguaçu chegou a constituir cerca de 62%'. em 18f1,
representavâ apenas 32,57a.De fato, se comparârmos os dados de 1850 com 65
de 1872, destâca-se que o número de cativos de lguaçu diminuiu em teflIlls
tanto absolutos ccmo relativos.

TABELA 3: POPÍILAÇÃO DA kEGtÃO DE IGUAÇU: IA 0' t8s0 E 187:

Escrava
tao 1850 IE72 tao l§0 Itrn
Fre,gtre-rir: ' núnt q, Nirrl * ruim- Vo núm * nbn * aúnl e
abs. obs- abs. abs. ab§- obs.

Marapicu 2828 +3 3371 §22 @,4 3758 i-<:i -<1 2m2 35.É

Jacutinga 2r.18 35-5 23+5 ,1458 68 3913 :-a, i( 2088 32

Meriti 728 30,3 3536 17,+8 69 t674 'n116 ll 776 3t


Iguaçu 973 w9 69 r li5 56 t3E6 31

Pilar 2122 2# 68 1229 3?


Total t2?98 r5 336 67,5 93/.5 62 :l:59 5l 7381 32*§

Fonre: Rl-:tr:::.' .: fÍ1. J--:::. j: :: :.:. \11 e 1852": e Re'-:i'i'::l'enio J: lSil

268
,=,situaçãopodeterseoriginadodeváriosfatores'Comofimdotrát'ictr
eill 1850, provavelmente os fazendeiros e lavradores da região
não
:.i,--r.
preços dos es-
.iilam renovar seus plantéis devido ao súbito aumento de
Em 1850 havia cerca de 5l ,5Vc de africanos, enquanto em 1872
eles
para 849i enl
:. ;ii)eüâS L6Ça. Os crioulos passaram de 42'5c/c em 1850
tráilco ne-
I Ou seja, em meados do século xtx' o impacto africano do
embora o per-
ainda se tazia presente na população escrava de Iguaçu'
,r " r r,-il de crioulos nesse período já losse consideráve1'"
j i ievando em consideração as faixas etárias dos escraYos em 1850. temo'
de 507o dos cativos na faixa de quinze a quaÍentâ anos.::
,,,;.ffii..e*
o grosso da
cafeekas do vale
.,-,ffi;;-úra escrava disponível estava direcionado às áreas
l': fiaraiba fluminense. Mesmo considerando a coâstituição
de pequenos plan-
la'oura
i,ffi. o aluguel de escravos etc., as áreas náo voltadas à grande
de braços escravos ra se-
i:.Wr.avetmente tiveram dificuldade paÍa se abastecer
t'riswq*t* metade do século xx''o

: .i::I-ONCAVO E OS MOCAMBOS

osquiiombostlaregiãodelguaçuSeencontrantregistradosnadocunren.
:t--.-.L^ .I^
,, . ." ;;;,rol*", difere'te s' ora ap arecem ti1", ;?::1:*:
;";;;;; ::
..:;,';.o,r., qrirombo cio Pillnr", ou.rtão como "Quilombo da Bar-
-r'.,Rit"lSarapuhi".Emmeaclosdoséculoxlx'essesquilombosapareceram
,lllasseguintesdenonritrações:..QuilonrbotloBorrrba'....Quilonrboclo
,.,:r'iei" e "Qtiilombo da Estrela"':5
Aregiãoclelguaçutbrmavaumaextensaplalríciecomriachosepântanos"
e o de-
,,i;r;;; * ;;J; po..ontriuuir rtecisir,amenre para a lormação encon-
., ,-úi.iJI\imento de quilombos duratlte o século xlx' Ali os escravos
::' - para estabelecer seus tmocambos' Em 1808' o intendente
.. aÍam refúgio seguro
;-. ;É #;
tryrrvr4 ã aoí"' Pauto Feraardes visra' ofi ciava ao cT'11T::contra
::-::t:,::
qul-
!.'.a*ge * região vizinha a lguaçu - ordenando
o envio de tropas
Macacu,
i-,Jãtorur. Ã ordeos estendiam-se também aos capitães das vilas de

..',Csho Frio e Resende.26


l,- a exe-
'': á"ur 1g23 despacheu-se uma portaria autorizando
.lro - . ano de
--:-- do
' ^*,^.i^- í.r,, que consta exristirem nas
de "um ataque geral em todos ^.
i:: --.^1 cs-Quilombos
='*4ao A portT-
i.',aso"rlu, da Guia, Iniomirim, Magé e Suruí"2i grande' It:::-dli'fl::ii::
segundo o registro
É' ;á;;;ilGã escravos em toda a região era
presos no interior
dos 4ó9 escravos
iii'tã orço furu o ano de 1826, do total -,_i^^ ^,.^
"*tut
--,:ro'-'ínciaporfugidos,l2ltinhamsidopresosnaquelascincoti'eguesiasque
treguesiits
. ilip.runham'u ,"gáo iguaçuana. Consideranrio também algumas

269
circunvizinhas, ccÍno Magé, suruí,Inhcmirim, Guapimirim e Guia' e
t}§ $&*

búrbics da Corte próximai, camo lrajá e Campo Grande, esse número cff5Éf
paraZBT ,cerca dã 239o da total de escravos recolhidos no calabouço naquek
àno, tanto na Corte corno em toda a província fluminense't*
justiça et
Em i825, o chefe de po1ícia da corte informara o ministro da
e cliiirr'
existência de "grandes quilombos entre sarapuí. e Rio de iguaçu.
gares".:-" Em abril do mesmo ano. um fazendeiro próximo ao rio Sal'' '
Corie - -
áoutor Jacinto José da Silya Quinrão. queixou-se às autoridades da
--

a existência de quilombos naquele 1ugar. reclanando contra os


fugitr' ' - - '
"-
aSsaltavam Constantemente SeuS barcOS, carregadOs de telhas' e outril) '
r '' -
cações que transportavarn produlos e mantimentos de diversos lazendelr
arredores. Lembrava, ainda, que r0ubavam seu gado. Falando colno
repler'.*-
tante de outros Íazen{eiros da região, Quintão pediu providência imeciilri,, ':''
autoriclacles, salieniando, inclusive, que "este quilOrnbo, senhot é
anttgt' ' ' - -
lugar; e sempre tern sido atacado por ainda não extinguido' ficando âQUC:r
[Iguaçu] intransitável pol"tanto".r0
orquilombos situados às margens dos rios iguaçuanos pareciam ve]i:rirç
das ar:-
conhecidãs, não só dos moradores e fazendeiros locais, como também
toridades, possivelmente desde o final do século xvtIl.rr A mais a4úga referen
'.,.t1

cia que *n"ortru*o* de quilombos localizados em Iguaçu data de 1812. E;* '''
ardenou ao "Comandante d*
3unú desse ano, o intendente de polícia da Corte
bir*ito" da Freguesia de Santo Antônio de Jacutinga que prestasse "todos o:
auxílios" ao capitão-dô-mâto Claudio Antônio para a realização de uma expe- .:
..dar nos quilombos a prerder os negÍos fugidos que se encoc- '' *ê
dição para
polí-ia
trarem". Meses antes, no final da aao de l8i 1, a refer;do inaendente de !a
providê*'-
tinha igualmente ordenado ao "Ccronel de Inhomirin:" que tomasse :ê
.F
..toda a sua atividade para repreenderem negÍos fugidos. dertrui: Í
cias com
quilombos e conter essa tropa de facinorosos". Não só a região iguaçuana.
ma'
out ut áreas viziúas do recôncavo da GuanabaÍâ, estâYam floridas de rnocas-
fazea-
bos. No ano de 1812, as autoridades da Corte buscavam lecutsos dos
deiros para preparar "uma entrada nos Quilombos" localizados no distrito dE

São Gonçalo.32
Mas a baixada iguaçuana parecia ser o local de maior concentração de
quilomholas. No ano de 1816, Joaquim Congo, João Mofumbe e JasÉ
B*nguelu haviam sido remetidos do "Quilombo do Pilar" para o Calabouço'::
polícia da Corte prepaÍou mais uma
Quale dez anos depois' ou seja, em 1825, a
oilgencia com o objetivo de bloquear as entradas dos riachos de onde - se-
gundo constava os quilombolas de Iguaçu saíam paÍa atacar as embarcaqôei
- porém, não alcançaram o fim desejado. na
f,ue aii trafegavam. Esias investidas,
avaliação posterior do próprio intendente de polícia'3'

:70
i. os produtos rios quiiombolas do lguaçu chegavam ao rnercado da cor-te- c. 1825
("Rue Droite à Rio de Janeiro", M. Rugendas, Malerische Reise in Brasilien,Paris,
Engelmann & Cie., 1835' Reprod' Bauer Sá)'

Entretanto, em várias ocâsiões, muitos q.uilombolas acabaram captura-


cle lguaçu", entre
dos. No início de 1826, nove foram presos no "Quilombo
nreados do mesrno iino e início de 1821 . rnais oito foram
cilpturados nas
eram
freguesias de lguaçu, Pilar e Meriti e, em 1828, "dois boçais cabindas"
apÃendiclos como "quilombolas no Pilar". Por lin, em i82q tb1 e,viado ao
entregue pelo cabra forro 'Ioão Xavier
Calabouço um escraYo "boçal ,\'{inii
Bazil por encontrá-lo no mato do Rio em lguaçu"'r'
Ainda na segunda metade rlo ,sóculo. mais propriamente 1l0 ano de 1859.
ls autoridacles da pro\,íncia discutiam medidas para a destruição daqueles
que
.iuilombos. Pois. como as infiutÍfera-r cliiigências de 1825. r'árias outras
; elas se sucederam fracassaram. De fato. em 1830. o juiz de paz da fregue-
e§cravos fugi-
sra de São João ilo ]vleritr pedia providências para capturar'"os
,ics que coricianamente podem engrossar os quilombos e lnesmo criar
,]ovo-\"." En] 183ó. cinco escravos de Ana Rosa da SilVa Quitltas aban-
situado junto
donarant sua fazenda e acabaram por refugiar-se no mocambo
à
.'Barra do rio de sarapuí".:' Eilr 1837, o vice-presitletlte da pri:víacia infor-
naria ent relatório ,,o gor'.rno imperiai ter tomado' com ''o mais
vantajtlso
', "um respeitár'el Quilombo ni:r
suce\so medidas miliiares para a exiinçãc 4e
\lunicípro de lguaçu" "

//11 1Í
Os resultados dessas expedições pareciam, de fato, efêmeros. Ainda rr
alo de 1838, N,tanuel Joaquim de Souza, morador no porto do Caiundu, pl "
ximo da freguesia do Pilar, reclatnava ao juiz" cle paz local dos freqüentes at'.
ques que sofria por parte dos quilombolas." No finai da década de 1850'
áçoe, àe.t.s já eram consideradas problema crônico de segurança pública '
região, segunclo as autoridades provinciais'
As constantes reclamações, não só aquelas publicadas em periódicos .
Corte, mas também as diversas caftas e petições enviaclas para a Secreterir' .
Polícia da Província. inÍbrmavam que os habitantes dos mocambos plilticÀ.
freqüentes roubos na região, principahnente pirateando barcos. carre-gadcr
produtos, que navegavam os rios. Segundo as denúncias, os quilonbolas L1s3\ '
iunoo, que mantinham escondidas nos manguezais dos inúmeros afluente '
I_euaçu
-
e Sarapuí eln seus assaltos e. "para evitarem os insultos clos salteatii-' -
- pactuado com eles. pa-cai
fquilornbolas], alguns mestres daqueias lanchas têm
-

thes tributo rJe carne. farinha etc.".'" As ditrcuidades alegadas pelas autonü-'-
para destruir os mocambos eral]]. elltre ouiras. sua localização em regiÕe: ':
iunorus, de diÍícil acesso e a "corür'ência" coni os quilombolas de colnerci*:
tabemeiros. Cati\,os das plantações I iz-inhirs, escravos remadores e lavrador':'
No Brasil e eln outras partes da Afirérica, como Jamaica e surinatne .
calização geo-sráfica lbi um importante fator de sobrevivência e zlutonotll:;
-.
comunidades de escravos fugicios. Apesar do difíci1 acesso. a maioria delai-
pre que possíve1, se estabeleceu em regiões não totalmente isoladas das ár:-
iultivo, fossem elas exportadoras ou não. e dos pequellos centros de çot::: -
\.
entrepostos mercantis. lsso fulcionava Como estratégia econômiCa, uil1A ' -

permitia a realização de trocas r.)ercantis entre quilombolas. escr.


comuns em toda a Arnérica durante o período escravist.l.-
r,,encieirc.s, tào
Na escolha do local, tinha cle ser levada em consideração taillbér, . I

teção contra as constantes inyestidas policiais. No Íinal dos anos 1 85'


toiidud", policiais de Iguaçu informavam ao chefe de polícia da pror í1.
peito clas dif,culdades de acesso àqueles quilombos:
..;

Estando reconhecida a dificuldade, se não impossibilidade, de exti:15:'ax'-': ;


,
quilombo existente no mangue do rio Iguaçu, pelos meios comuns e c+rr*3i@.**r.i1
''".-u '- @.1;1..
de Cerco com força atmada para prender e apreender os quilombola<
poder penetrar-se no lugar dos ranchos ainda desconhecido, não *bsXx*fre::* I'r. .,;
io.ço, pu.u isso de longa data constantemente empregados pela p,rsi ' :M,.,,,
estarem as avenidas e entradas toÍtuo§as dos mangues impedidas e *{?Ui1:*ttã«i':.'S$:.r-1
e§tÍepes venenosos, ou envenenados, segundo informam os práÍicos !§h:ry'lê
do exame da topograha do lugar.t= I
De fato, a geografia constituiu um forte aliado nas freqüent*: *âb:eii@:@l
quilombolas de Iguaçu travaram contra as tropas punitivas' À

z/t
aos quilomboias Íempo sufi-
,.,r) íJe acesso acabava por proporcionar
tliticil
por parte das Íropas' Desse
, .'irte paÍa abantlonar *"* 'u"f'oi anies.do ceÍco nas
..-.:ilo. evitava-se o elemento surpresa muito perseguido pelas itr-rtoridatles
colocavarn estrepe\ envenena-
,-ies de repressão. Além disso, os quilombolas
."]s.quepodianrsernaturaisoufeitoscomnratleirasoupedaç--t.lsdebarrrbue
,.r:raverdÊ,abriamtuf'otpituOusnomeiodan-rataefaziantouiirrsarmadilhas'
i]SâYam,conrisso.ut.*,*anrarcharlastrrrpasnointeriordirtitlresia,muitas
fatiganrlo-as à exaustão' Algtrns
quilomboiai prcctlrlif itl-ll Íixar seus
irzes Yigias
e íngremes' Também crrii:;avam
.:,:unpanentos em locais montanhoios
..-slocaisepreparaYamemboscaclasContraasexpediçries1.P1..!5|}riti'Assim
-.:l]legidos,u,quito,,t,otaspodianrcuiilarrleoutrirscoisasiiir:l..rli.-erriienta-
:reilto com as forças militares"
Asfontestlisponíveisarespeitodasatir.idadeseconí;r:-ticilldasconru.
IIesmO ct]n-
-;iades de fugitivOs no Brasil são aincia escassas e dispel'slts.
.ljerandoosgrancles,oo."*boodosséculosXVIiexvlII.asinfi--r.nraçÕessoi.rre
':iCoiloÍtliââpontamtãcl.stlmentepaÍaumaagricuituradesubsistôirciaacou"t-
Sabe-se" contudo' que
-,nhada pelo extrativismo' a caça e a pesca abundantes'
a maior parte agrícoiil-§
-,ritos quilornbos produziam também exceclentes --
coll1L) complemento
-elnpequetlaescaia,favorecendotrocastnercarrtis'ErnmuitosCaSoS.a..ra-
, :,agem", por meiode saques e loubos' pociia iuncionar
-.: atividades econômicas' " existem ürtormaçoes de que seus
Sobre os grande-s quiiombos de Palmares'
,.colhiain duas yezes poÍ anü". iêijão, batata-
.:.niranres ptrnrou.n, nilho, que Gerais no
para a capitania cre Minas
_ -..:e. ma'dio.n, uurun" di
"-.urru-,r"-uçt"i.iu.
itt. exisiem evidências de que os
qullombolas tinham uma economia
-:Juio \\
:lsiltcada.cuin.u,a",op*touaexistênciaalidetrêsatir,iç]arleseconômica:
ao realizaten
-. :':crls: a produção o roubo e a rnineração' Com "f*o'
'gtttãi", "1iSi]i as au
- ra erpedição- .,,
i7S+, çontra os Oa
Quilombos
-tl1-flranaíba"'
..tregros''' encontÍarafi176 ranchos t
.ldades. embora prendessem Somente oito
No ano de 1766' quan
':,rpiosas lavouras e mantimentos recolhiclos aos paióis"'
"câtorzr
cle Pitarrgui, enconlraram-se
_ , ioi atacado tlr, q.,lio*bo na freguesia
--rchos de capirn' O" miltro' feijao' algoclão' meianciaç e mais frutas''
'oç*'t
;:.:arrtoaoquilombo,t,N'tutiun',atacadoem1733'dizia-sequeosquilombola
roças' o que era muito pre
."fo'io*por terem neie lmocambo1
': retugiar.am.
mirreiros em Catr
:Lr atalhar-se". Por ocasião de um ataque a dois quilombos
- haver neles "muiÍc
l-'ãTi,à: :L irrr. ,, cáloniais a{iirnaram
autoridades
',.'*irlran,os futuro"'*
e grarrdes roçarias para o ano
dos quilombos no Brasil era
A base aa proOuçao'ug'itàtu da maioria pesca' t
da agricultura' da caça e da
i;:" *qadiocu e o mittto. iom o-s e*""dentes meio de trt
produros de quà necessiÍavam, por
âi:.,,,ã;; Jt;r.ttril ãuoo,

273
Ças com taberaeiros, pequenos iavradores e de cativos de fazendas cirrr-íÍ:*!..
zinhas. Esses produtos podiam ser, poÍ exemplo, o sal, impoÍante na corr,{ry
.
vação de alimentos, aguardente, carnes, roupas, armamentos e muniçâo. *.=tar .

dois últimos utilizaclos sotrretudo ra caca.


A partir das fragmentadas informações disponíveis, sabe-se qr.:* *a.
quilombos em Iguaçu baseavam sua economia em uma agricultura de r*êr,
sistência com "grandes plantações de abóbora e mangalô" e "insigruf,;*rm-,
plantação de cana". Noticiava-se, ainda, que o mocambo estava sifuado em.ç.. ,

cal "piscoso, e abundante em caça". Havia, ainda, indícios de que os qur


bolas assaltavam os moradores da "vizinhança, com o fim de arrebatar
bois e outros animais domésticos próprios para alimentação',.a5 Há també:::
formações de que entretinham intensas relaçôes comerciais com os tabem*;u.s:
locais. Em 1859, as autoridades policiais da província alertavam soixc

a necessidade de [se] pôr previamente de perfeita inteligência nesta impcr..:-r*


diligência todas as autoridades policiais de lguaçu, pilar e Jacutinga, por rei;*,',
de localidades próximas ao quilombo, e onde mais atua o interesse ;_-+
tabemeiros na manutenção dos negros, com quem negociam em grande escala:q
lenha de mangue. que é muito bem paga na Corte, dando, em troca de cancas .&
=
lenha, gêneros alimentares de pequeno valor.* :
Essas relações meÍcentis não estar,am restritas à re_sião de Igi,-,_.. -
"lenha cle man-sue" extraída pelos quilombolas acabava indo parar 1.r.1 C :
quase sempre com a interrnediação dos taberneiros. A extração e o cofle Ír, _:
lenha eram uma atividade econômica amplamente conhecida em toda rrii.r: ,
área i,euaçuana.'7 No final da década de 1870, ainda tentando destrriir ç..:
qçilombos. o presidente da província relatava ao ministro da Justiça qLie
A troco de alimentos e aguardente, lbrnecidos pelos próprios [taberneircl j qr:r,_,

iam abastecer-se de lenhir, prestavanl-se os escravos aquilombados a ci;Lrír-.. .,

fim de carregar os trarcos, cujos donos, aproveitando-se de comércio tão lucrarr- :

vo, os preveniam de qualquer movimento de Í-orça. de modo que as diiigên.:..-


poiiciais eram sempre sem resultado.',

Na maior parte das regiões onde se estabeleceram mocarnbos no Ei;i":


eram comuns tais relações entre quilombolas e taberneiros. Em vários pr()Ü{',,
sos crirninais envolvendo quilombolas e escravos fugiclos, as autoridade! qr €r,
forçavam ern descobrir como eles entretinham relações e se comunicaliim ii.r:l-
os negociantes. Er;r uma pergunta padrão nos inquéritos e investigaçõei ierii,:
contra os escravos l'ugitivos, se alguém os ajudava na vida de Íugidos. dr{}rrilir-
do-os ou sustentando aigum comércio com eies. As autoridades tinharn pleri,,
conhecimento dessa prática e, sempre que possívei, procuravam reprinri-ir,
Estudando as ''negras de tabuleiro e ganho" na cidade de São paulo. ÊL; tfç1iç,

274
, r. Maria Odila. por exemplo, Ía.mbétn aponta a existência cie redt. ';'.-iiis i
.,. tieqüentes relações de "coinércio ciandestino" envolvendo quii,,r-
j:';r:'
.,:ritivos, escravos "ao ganho" e quilornbolas. "'
O comércio de lenha entre quilorlbolas e taberneiros erfl-, Çonfr-'r''r-,: rll-
,imações das autoridades, "um lucr:ativo comércio", pelo menos p:ir.:l *s
e "lrell
-,terneiros, que reyendiam a lenha na Cofte. ollde era muito procui'ada
:r:fâ". Em troca, os fugitivos obtinham "gêneros alimentares de pouco vaior".
rr.
quilombolas podern ter controlado boa parte desse tipo de comérciü
-,,r,,Lleireiro naquela região. já que controlavam várias saídas dos rios.
Podianl.
':rJlusive, manter à força esse doritínio. pois os barqueiros que não nego-
. t.:,isÊlTl SUitS lenhas, tfa[§portando-As para â Corte' ou não oS provessem COm
. lllantimentos que t'equisitavani. corriam o risco de terem SeUS ilarcos aS-
,,:t;.rclos. Sabia-se. por exemplo. que os Inestres dos barcOs. por medo. tllan-
o'pacto" cor.l os quilornbolas da região para poderen] IlaYegar livre-
:,irrrrn um
--,.âte. Esse .,pacto" pocia enyoiver um "tributg" em mantimentos, pois "os
-,iiões rle lanchas de Iguaçu e do Pilar que não se âchanl em haruronia e re-
-,.ÕeS corn os habitantes desse pequeno Paltnares. Correm verdadeiro risco,
.,-.n{io passan} pelas vizinhanças do quilombo".:'r
O quadro cle quase teffor e pânico qLIe muitâs vezes aparecia nas gazetilhas
:lâtérias "a pedidc" dos periódicos e as Íreqüentes clenúncias de molaclores,
..,.,adeiros e comerciautes daquelas ceÍCanias. talvez uão se relacionassem so-
-.::ie com as ações dos quilombolas. mas também Íizessem p:u'te da estratégia
- .roiítica econômica cle aigitns taberneiros iocais
r que tlão queriam perder a
ji1
, , e o rnonopólio claqr,rele tão "lttcrativo" negócio. Quanto a esse fato, a
intbnnaria certa ocasião que os taherneiro§
- r.rilha r1o Jctrrutl clo Camércio er:r
: , llerciantes. proprietários de barcos que abasteciarn de lenha a Corte, se

ri-r1-o\eitarn clesse cornércio lucrativo, espaihantlo sempre aos quiionlholas uotí


É
.-:.rr aterradolas para arredar a concorrência. Esses indivíduos plocuram itldos os
itilos ile interessar Lrs e\crt\os no serviço tiue lhes prestam, e prel'ineln-üos setn-
::l ilu. hír ntotiYos para supor que a autoridade emprega rtleios para os prender.''
F E.sa- relr-.cti.-s de comércio propiciaram aos quilombolas de iguaçu uma
::;:rieire rede tie proteção. além da subsistência econômica. Ela diflcuitava
:-.rrnirnf flte i1 açàLr tlas tropas repressivas, sobre cuja presença elam Íl-e-
-.,:ntemente :ir i-.arios pelos iaberneiros'

.. ?.C L L\\ DOP E LO S C1-l/POS i'EGÂOS

do Rio cle -laneiro. assim como em outras re-ciões brasileiras.


\a pror,íncia
..,::lações entre quilomboia',. ,icralos nas plantações e taberneilos eram ob-

275
';eto de preocupação permanente por parte das autoridades
polici,i:
c funcion:unenro das ,ub..nrs. proibindo
::::,j:il::i:|*r*
tiírios.de fazerern qualquer tipo
de ;.*;;;" ;;;;:;;;:.i."il] ;,,:
seir. .,

X::j:::":: :::,:
de paz a respeiro : :"
ou Íras áreas ruã, i*.i
",.
# .. r,., I;,.,].'.,.
cle raberneiros. vendeiros
. *;;;;;:;:;;il:. ,. .
olx,",.,uuo,, c,
il:T:'l?}::,T'frTais:: rerações
aquilombaclos' :": :::::
::.'.',':l:'
incluíarn to.,,r"]riro""' rr
m uiros de re

r"*rll:r,.
- i,,
-g
:,
i

produtos dos quilombolas, alguns


au. quui, fruro de roubos..r
Nos primeiros meses de 1g23,
os *oradores tle São João de l;ilrr,::-
fbla aul,ilo rá
de. da praia Grande. cic,,irnc:;:,:.
;:,.1r3;rff:.j::::,1J,,
que num locar daquera Í'reguesia chamado
sapà runcronava uma .., ..,,,.1]'i. ,1"_
No o"n,in.à".on*,u,.o ainda que
l3i:",:::l::::::j::,uy"
negóc io" comerciavam aberramenre .o- çyr ijçi1i.. ;;
os, inclusive, ..a
"r.r*"oã;ffi ; #t 1",,,,1X'] i,,''
roubarerr a seus senhores.rf.r.'ürrrrrr.'.r;il,r'l:"ill;:"
galinhas". além ... ," I|Lr;
galinhas", alénr de a,.^ir^-^-- rnrror
do acoitarem r^---^ "p"ruruiiiror,'e
escra'os fugi.i,r..,L.:,,
I 825 ratiÍicava as
i:Jff;::T.'j,:::j:.":::.3r11",":*
bre horiírio de funcionameüro
das vendas
deteànaçoe§
ta*;;J;ffiJ:'#ffi:nf sff-,,,,

"
uo faro de qu* *uiro, raberneiros
ãT:j":::::::::,::::1"1"
"abrindoas suas vendas trb.*u.*uit" ;sIaTã.
" que ""ràãlã"rt *";.::::tt*t:1tff'.
:l*::,..,]::11.1i1.:l,i
de funcionamenro
devem ua.i,-,.;,.- A preocupação co,, ;;,j:
clas rabernas
satinos" dos capoeiras, principarmenre
relaciona'a-* ir,lol", .,ll"jl?ji.;",,,]ll:;
à noite. Em rg36, as autoriJ;Je:.::
Corte recomendaram
ru a s, di s s orv* o" iil;:T :jHHy,*
", que admitem
parte dos taberneiros,
::J :;:?:::
H: :Ji : : :, :: i; :.,
com mai,s freqüência essas reuniôr,,.. ..
A Cone e o interior da província
do fuo cle ,,,,. ,1 .
Janciro tbrun, r _
um grande medo diante ,a possibilidade
de insurreições escravas. ,r",r.r,,
cançaria a dimensão de pânico
nos anos ig30, depois o,
.
dos malês, na Bahia, em-ianeiro riir ie'oli.
ae r s:s. Àcànstanre relação"firuJi"
entre tallilrneirc)
escravos' quilombolas e mesmo
capoeiras só fazia aumentá-lo. pardor
pretos libertos, principalmente ,., re: =
aqueles de origem africana que
na corte e nos subúrbios limítrofár, ma:i.ilrr.1\:1:-
eram fr.qüentemente acusados
levantes escravos' Thmbém taberneiros .rc irr,.rij
e.u* *.uro,ros. segundo cie.Lr:r. r,:., .
taberneiros seriam responsáveis
pelo fornecimento de arrnamentos
para conspiradores cativos.56 e,: :.: -.
Em Ig3g, as posturas municipar. .
(muitas das quais seguidas :
posteriormen,"p* our.o, município:
tlelerminavam prisão e murtas para c. : -:
os tabàrneiro. ücu.rdo.
c: ::_
esCraVos'.,ApossibiIidatIedaentradadec1uiIomhoir.Iln.,'-.=
lações assusrava sobremaneira
fazendeirol .
enr massadorescravos e insurreiçôes
;;;,;,,r..I _.. .

com aporo r,. r_ ^._'

27ó
o medo que rondava a corte na década de rg30 também arcançou a bai-
-
xada iguaçuana. No ano de I g36, denúncias davam conta
da existência de ..dois
,, focos de insurreição" próximos às freguesias de santo
Antôaio de Jacutinga e
são João de Meriti entre os escravos das fazendas de ..Nazaré,, .,do
e Bar-
' bosa".s Dois anos depois, na freguesia de Inhomirim,
houve ,.arguns indícios
'-'I de uma insurreição de africanos, IibeÍos e escravos". Numa noià, em fins de
' abril daquele ano, o fazendeiro Miguel José Gomes descobriu próximo a sua
,, ,
a:tu "um tumulto de 30 a 40 africanos". presos e interrogados, alguns
desses
"drsseram
plncanos que a intenção da reunião era combinarem entre si,
e con-
:r' vidarem os mais africanos, para se insurgirem contra os brancos,
cuja subre-
vação ser na noire aà z para o oiã: de maio conente,,.6 Em 1g41,
,. , Í"y*t: as
' auÍoridades fluminenses preocupavam-se com o "preto forro
Domingos,,, de
cabinda. Este já hávia siào preso em diversos lugares do
::§.i
*iuq.::.ry perigoso, sem meios de vida, ..aliciador de pretos para
município de
insur_
reição".6Í os quilombolas poderiam tornar-se aliados providenciais
das re_
*rültas organizadas por cativos principalmente de africanos o que ater-
, rsrizava os fazendeiros. - -,
' _ As autoridades tentavam justificar o insucesso na destruição dos quilombos
§e -Iguaçu,
, alegando a exisÍência das rerações mercantis entre fugitivos
e
taberneiros. Escreveria o presidente da província a seu
chefe de polícia em I g59:
Tendo examinado as instruções que v. sa. tem de expedirpara
a dispersão e ex_
tinçâo do quilombo existente ra margem do rio lguaçu.
cabe-me ponderar que os
meios indicados por v. sa. ao Deiegado do termo de promover
u .upturu dos ca_
lhambolas que forem encontrados fora dos quilombos são
os mesmos que até o
presente se tem empregado sem resultado, por isso que
mantendo eles relações
com os donos das vendas próximas, que rhes compram
renha e fornecem manti-
mento§, e assim concoÍrem para a conservação dos quilombos,
trem como acon-
tece com um Fuão [furaaoJ penedo da Taberna sita à
: log"r denominado _. a vassoura
margem do Rio sarapuí, no
e com um cefio Garcia com venda pirar,
-
.o1,ru:to-existirem estes reconiecidos asiiadores e protetores
no

:, saÉo iludidas e frustradas todas as diligências potcàis que


de calhamliolas,
forem baseadas no
. auxíio dos taberneiros [...].u.

certarnente os taberneiros e os peq*enos negociantes envolvidos


com
. qçreles quilombolas, havia pelo menos quem sabe mais de cinqüenta
.,ss: não se iimitavam somente aos tais-"penedo" e .,Garcia".
- Estavam en_
.-'=i=lvidos diversos outros raberneiros, vendeiros
e comerciantes, assim como
.',#i*'os da região, muitos dos quais rernadores dos barcos que navegavam
','
lqEqeles rios, e até mesmo escravos carregadores "de ganho,, na corte, res-
',g:aaáveis pela estiva nos portos de produios trazidos do interior..r Até que
a:qeâsse à cidade, a lenha, por certo, ãeuia passar por uma
:::'.,
extensa rede de in-

277
ternrediários Ern 1g6g''ois
escravo§ pertencentes
a
..negociantei
!r: -

o. .,i*ià.#reraçôes diretas
ffi:;::":,::: ?:1T::::,0",
jü:'-:,3I";J::::;;;#;,*:J:T:,".'J*;ff co.i .
iliffi L',?:.
- Quanto a essa possibilidade, vale lembrar orre êrnm ^c ón^,^-.-
:;ifi""1;;:,:*:Í:'_1'j','üffi"J::ffi ff
queatichegavamprovenient,es;;J;&ffi;::ãXH::#;:;J:ffi
fr fftrTJIlffi
H:$:.}}:L,i,TJ,T;""11*.1::iffi
transportados, mas também
vaqç
*"o,,,o.,eramprodutos$&*FB
uutru§, eram produtos
$&crâffi,
*uitu, ,"rã :amente reYendidos pot
cravos "ganhadores" nu,
.ou, da cidade. att * m- l

Assim como o oe11b1eur.


ãrpon" cargas e produros che-sâdffiiÉÁ,
o
!e
:;*iã:t##::#:-#:::"iiãi",""".Iãr*"daGuanalraraconrâv5;s&âi.
aparricipaçãodecativos.-ú,-iJ*"r'"r-;Jffi
podiam rer a ocunacão fr ,-J#ff ffi :'ffi :Ê.
de remador.r ,* t
corte a outras áreas'do interior *r, ;"r;;á;;i'u. ,-nuru*,
a" ,""ãr.*", abastecendo-,
duzidos por essas regiogs.
"o.riger.-= 5_
t* o" ,*1"àãls escravos rrabarhavam
cações de propriedade de seus em emk_
."nrro.À*Jrü de terceiros,
ter mais auronomia e arguns deres podiac
podemos
aré mesmo p"*;r;;;;; próprias canoas e boÍes.65
ver bem mais do
i::
n'
essas conexões entre
àr";; J;ples relação econômica em rcxls
jj.:, qu,omboras,
*rarru"r
3.,:
t: madores' e que tambtm podiam;;r"* nas plantações, taberneiros e ,.-
,i:'
Iavradores, agregados, escravos caixeiros-viajantes, mascare--
*:' urbanos, arrendatários, fazendeiros
gr: mo auroddades locais. (muitas e até me-<_
*u. quui, ãànas de fazendas).
acabaram por constituir Esses conrarfr
a base a" ,ãã, *aior de interesses e relações
ciais diversas, da qual or q.,ilo*uo;.
;;;;.rr* *_
para aumentar a manutenção rirar proveito fuadamentaj
de .uu uurooo*ia. Aí
campo negro' Essa rede foi ger,r*;; genuíct:
comprexa de relaçoes sociais adq-uirirrã;;, própna
"nTlT"T:|"if; 'rI"*interesses''"iãã'i"o"a"''";;#;;"rH;",
quepodia**"".",illlH?i,Hí1";,"#:j,.#"1i:ãTh,rT#I*::f
movimentos sociais e práticas
ro"r""".iÀãas
em torno de interesses
,
,,,
r"rtÁ"nr.,"àabou por se tornarpalco di'eÍ*
sos'o campo negro, construído
enúe os diversos de rut* ,i
il:lfffi"de ü;;;-r"';que virenciavam oi mundos da
A experiênciu nr:lón:1do
campo negro,.enr.olveudo
diversas e comptexas conraros
e relações
rava restrira à região i=r*, .";;;";;;;ilombos, de maneira arguma es_
il;il. Em lg31,enrre as freguesias de
dos rio.s Iguaçu e
Guaratiba e Campo Guaratibal
ra.
quilcmbolas tinham certas"amizuo.,"rr*ãJortes de Iguaçu, sabiÃe que os
mo de brancos, que não não só de pardos com'
ro *r" ."*prã""oJrios,
-"fti"*u a" que hão mister comomes*
rhe
r

E
Escravo fujão (terceiro de pe a cootar da esquerda) participa de roda de dança c. 1825
('Daace batuca", M. Rugendas, Malerische Reise in Brasilien,Puis,
Engelmanr: & Cie., 1835. Reprod. Bauer Sá).

i'azem avisos e lhes dão todo o auxílio".6 Quilombolas captuÍados no muricí-


pio fluminense de Vassouras, no último quaÍtel do século XD(, declararam que
€ - abasteciam com produtos roubados nas fazeadas próximas e jurto aos
taberneiros locais.6'
No ano de 1868, os quilombolas de Iguaçu foram acnsados pelos assassi-
*atos do português Luiz Gançalves Pacheco, empregado de um fazendeiro e
;pmerciante local, e do quilombcla Cesiírio. Segundo informações ambos te-
ria*r sido mcrtos "tloÍ se apôssarem de lenhas pertencentes aos quilombolas".ú8
É *:tras denúncias voltavam a insistir no fatc de esses quilombolas manterem
+sreitas e freqüentes relações com os escravos que habitavam aquelas para-
pns. Os quilombolas de Iguaçu como já mencionamos mantinham um
-
isÍenso comércio de lenha com taberneiros da regiâo. Por
-ocasião de uma
,diligência próxima à margem do rio Iguaçu, em 1876, foram encontrados num
:§ãnpamento abandonado "uma canoa, uma espingarda de caça embalada,
sa*hados, foices, enxadas, rede de pescaÍ, alguma ferramenta de carpinteiro e
ál rathas de boa lenha".u'
Era entre escravos que trabalhavam nas fazendas vizinhas que os quilombo-
* & Iguaçu muitas vezes procuravam abrigo. Ainda no ano de 1860. acuados
p*sslropas que tentâvam cercaÍ as saídâs do! riâcbc!§ af,Lmra dos rios Igu4u e
iarapuí, diversos quiromboras procuraram reiugio
na tazenda de constante Fer-
'eira Panasco. soube-se,
inclusir.e. que eles acabaram dormrndo .,dua,ç noites
ni.,
:asa de farinha" dessa propriedade. Logo, porérn.
foram ciescobert,s. pors urrr
lazendeiro vizinho reuniu gente disponíve1 e ionseguiu
prender pelo menos oito.
Também, ao que se sabe, as fazendas Conáe, Oureiro
á tgrnçu. perien-
centes à orclem Beneditina, eram muito freqüentadas
peios quilomboras de
Iguaçu. Nas suas senzaras procuravam refúgio
e encontravam a solidariedade
dos escravos. com base nas investigaçÕes dos
subderegados rocais e denúncias
dos moradores próximos, descobriu-se. por exemplo,
qr* o, principais acam-
pamentos dos quilombolas situavam-se jr"rnto aos
pântinos da margem direita
do rio Iguaçu, justamente dentro dos limites
da prÀpriedade beneditina.,,
Das três fazendas que os beneditinos possuíam naquela
região, a de
Iguaçu, com cerca de sessenta escravos. produzia
terha e tijolo, a cro outeiro.
com clez escravos, produzia mandioca, e a do Gondê,
aom nor,a escra\,os. tam_
bérn manciioca. Para Íranspofiar o que produzianr
nessas propnedades arénr
tJe alimentos, principairnente tijoios e telhas -
os beneditinos tinham vários
barcos, concluzidos por seus própri.s escra\ros. que- iigavam os portos «le suas
fazendas ao rnosteirrl de são Bento, na corte.
onde tambéni existia um cais (in-
clusive com guindaste ).;r De:cle o sécuro r'tr, porém,
esses religiosos já arren-
davam terras. sobretudo na periferra de suas propriedades.
No sécuro xrx, corn
as fazendas em decadência. o número de
arre,datári.s aumentou., Em 1g64-iá
iravia aproxirnadamente 65 arrendatários. muitos
clos quais grandes fazen-
deiros lacais, como os barôes rio pirare Guandu.
acondessicre Sarapuí. c
comendador Francisco xavier cio Amaral e Francisco
Xavier de Moura.,,
várias denú,cias c,nta de quc os quirombolas cle Iguaçu rea-
_davam
iizavam trocas e mantinham Íi'eqüente comunicação
com os catiuos cias fazen-
das beneditiras. sabia-se uma grande parte
QYe cios quilombolas iguaçuanos
era constituída de escravos Íugidos da Íàzencra do
bario de Iguaçu, Ionfinante
com a propriedade do mosteiro niiquela região.'i
o escravo c2ue.uoirr, que, a0
que se sabe, trabalhava numa deias, foi denunciado
como coiteiro em i g60.,í
o fato é que <ls quilomboras de Iguaçu chegaram a estabelecer seus
mo-
cambos nas terrâs dos beneclitinos. Aléni rlesse
relúgio, eles provavelmente
descobriram nos escravos dos beneditinos parceiros
proviaenciais para troca:
mercantis e outras. A propósito, vale a pena colnentar
um pouco a vida cios e_ç-
üravos beneditinos.
os cativos que trabalhavaill nas fazendas benecritinas.
tanto aqueras cre
Iguaçu como diversas outras espalhadas por todo
o Brasil, tinham o costume de
possuir pequenas roças e até mesmo gado. hlas
verbas (ordenamentos) clas r,i_
sitas canônicas f'eitas às propriedades do mosteiro
de são Bento existiam, cre-s-
de meados do século xvttt, determinações para
se concecrerem ..clias rivres.. e

280
"parcelas de
terras" para os cativos cultivarem suas próprías lar-ouras para
o
seu sustento.T? Determinavam que se desse aos escrayos ..o
dia de sábado para
trabalharem nas suas roças, ainda que as semanas tenham
dias sant*s € qus se
Ihes desse toda a teffa que lhes for necessária paÍa
.'Íayos também recebiam pagamentos pelo tempo aabalhado
as suas larouru, . õ;;;:
para os §'§&ges
-tros seus dias", isso é, nos
dias destinados ao curtivo de suas lavouras.-.
Além de tirarem sua subsistência dessas lavouras, os escravos
produziaxr
ercedentes, os quais procuravam comerciar. o comércio
era feito provavel-
:I;ente com os tabemeiros da regiãa, realizg§s em pequenos
mercados locais.
*egociado com outÍos cativos de algumas fazendas vizinhas
: àq)las.7e
ou com os quilom-
rambém existia a possibi-lidade de o próprio mosteiro comprar
os
produzidos pelos cafivos. um exemplo disso é quando
=êneros os beneditiqos
tr*nsferiam escravos de uma fazendap*u oot a. Em 1g3'9, ô cativo
severino e
. s.a mulher' ao serem tansferidos da fazenda de Maricá para
a de Iguaçu, foram
i*denizados em 40$000 réis referentes à roça de mandioca.
Dois aãos depois, o
.i,.'rir\{) Simiano, também enviado para a fazenda de lguaçu, vendeu ao
l=tir[i11iv "'duas sacas de milho". Nas fazendas beneditinas
a"1guãçu, os cativos,
;riém de roças, fabricavanifarinha para consumo próprio
p*iu"nd", e tinham
"
:rado". Entre os anos de lg39 e rg42, o mosÍeiracomprou aos escravos da
fazenda de Iguaçu o total de nove bois e três vacas ..ccm
suas crias,,.s,
o silêncio da documentação beneditina a respeito da existência
de
çilombos em suas terras. das a@s dos quilomboras (que segundo se dizia as-
:altavam barcos e roubavam gado na região) e da soridariàade
de seus es_
lTavos para com eles talvez seja um irdício de que o
mosteiro de São Bento
:àzia visÍas grossas pâra o assunto. Isso pode
indicar, incrusive, que os monges
vissem "perigo" iminente nas ações dos quilomboras
=ão rocai, já que suas
cropriedades provavelmente não eram saqueadas, nem *"r,
fugiam
Jefinitivameilte para os quilombos. euem sabe os próprios "r"ru-uos
administradores
das- fazendas beneditinas na região comprassem .1enha
do mangue,, aos
q=ilombolas para fazer funcionar as fábricas de tijolos
e telhas? E talvez fosse
a*s barcos dos escravos beneditinos que os quilombolas
também fizessem
corte os seus produtos. pooe ainda ser que os quilomboras de
';fue-€ar até a
íeaaçu trânsportassem em suas próprias canoas o§ produtos
excedentes das
:4-as dos cativos do mostêiro até os taberneiros da re-
ião.

f.]IÍ BUSCA DA AUTONOMIA

Foi em tcrnc de semerhantes teias de relações sociais que


as comunidades
escravos fugidos se constituíram no Brasil e na maior
'à purt" au, Américas.

28]

r-
(
Na região de lguaçu, apresençae atuação dos quilombolas, porquâse um sécu-
lo pelo menos, possibilitaram a criação de uma economia local em QU€ os r
'
quilombos acabaram se tornando comunidades quase legitimadas localrnem.
ao mesmo tempo dentrc da emavidão e altemativa áela. Apesar de dezenas &
documentos falando, na maieria das vezes, de temores, é difícil acreditar quqã: -l

convivência com os quilombos. naqueia região, fosse sempre uma suerra sei:
tróguas. Os quilombolas de Iguaçu podem ter mesmo criado uma coriunida,j:
camponesa relatirarnente estár'el, Negitciavam não só os excedente, Je su;
lavoura, mas também ertraíanr. arrnazenavam e controlavam pafie iiir iomé.,
*: cio local de lenha
*:
§,::
Em dir,ersas regiões escrar,istas brasileiras, assim como em ourra_< áre3.
§.
das Américas nesÍas. os escravos, a partir de suas roças e economia próprias. :
§r
Si
os quilombolas, com suas atividades econômicas. acabaram pcrr, icrilar un
§
Ê campesinato negro ainda durante a escravidão. Para abordar esse tenta e irlpor-
tante se*euir as análises pioneiras de Sidney Mintz. Ele argunenril que i
deirnição de camponês deve ser entendida no sentido das experiêacia. histón-
cas vividas e não sornente etn terno§ abstratos de uma categoria anaiítr..L. Der e-
se ter em mente as variadas relações de detenninados setores rurais coru a so-
ciedade como ur-n tçdo. incluindo aí suas estratégias de sobrevivênci;i" rnodo de
vida e práticas çulturais e econômicas. impiica também, nesse conte)it(,. recons-
tifuírmos o desenvolvimento e os aspectos rnultifacetados das relações entre os
vários setores camponesss e não-campolreses numa determinada sociedarie.''
Em outras palar.ras, Mintz sugere que a formação de um campesinatrt
deve ser pensada enquanto um processo histórico, ao invés de sistemas
tipológicos estáticos. Analisando a formação de um campesinato iregro no
Caribe no período pós-emancipação, ele <liscute como esse campesinato ori-
ginou-se do desenvolvimento da economia própria dos cativos durante a es- i
çravidão. Segundo ele,,os escravos do sisierna de roças e os quilombolas orga- r:
nizados em comunidades, ao clesenvolverem variadas práticas e relaçÕes 't.,

econômicas (inclusive com acesso aos mercados iocais), se transforma!.'iim em


protocamponeses.§r
Para o Brasil, em"diversas áreas *guardadas as suâs especificidades
econômicas e demográficas escravos e quilombolas desenvolverÍun, ao Que .
-
§e sabe, práticas econômicas que levaram à produção excedente eue pro:'
cüravam negociar.sr Em muitas regiões, os escravos freqüentavam feiras aos
sábados e domingos ou seja, rtos seus "dias livres" costumeiros onde
-
montâvâm "quitandas" e vendiam tanto gêneros agrícolas (fumo, milho, fe! -,
cada de 1870, um periódico da Íegião de Yassouras publicava a seguinte
denúncia:

282
.-_

Fiscal' rie ir até esse lugar, aos


::.lilft,;ill::::,. <ioming,s. peras 3 ho-
c.r;rvosvencre,ooq,it*ai.uiHJ,!'J#:[:X],lTi.Xfi;:X1".,,T:::il:Xt;;"
ti n uaremos mai s ciaramente se "provi
não hou rner dàncias...
Ernbora' em alguns casos, houvesse
proibição de senhores e reciamação
3;,1,ffJifi:::T:":Tsc^,1,-1
ennm
no B.*1, C".iil,;;H"oos r,jnid.s,
em várias regiões ""
América;;;;H,
cia
rfiill;1fi1l::XHffii:
seris |lj: j::de: :::^:Tj::
:::' espaços auronomia... ".Tt :*?ii,,\-o c*iu., à.i,
. o nq *, i* il ; ;;,*,.
;;;;*";ffiilnil:T m
<i o a ssi

próprio À.,Iintz destaca como


os escravos leva
§erern os mercacros rocais..,
em entr gLr a. ;; :;Lr*, l:#i:i#l ir"iffi
lacios' entre ouros, por cati'os "
e ribelos. eram rocais ,i" int.nr, ,ocialização
entl'e esct.avos de diversas plantaçÕes.
.:-,.. com os seus produtos
nff|,Jrrrne p*a
nqro -r,^*-- _..o muitos
.
per.correnda viírios quiiômetros
pincipat m"rcaoo. g;;;"#Hil:ir;
, . "h"ga.uté
tuações ranÍo comerciais como
ffi|;i:,i,;?:::?"r:,:.:,*?1ni*pJ,i*,".
sociais. Na Geórgia, Estados
L:nidoi.
cativos' que conseguiam ievar
seur p.oJuio, ";ü;;;"J;ffi;rffi:H;rü:
f*a serem negociados em povoa_
do-s e s,6a4*. próximas. significou,
.no. oo*, coisas. um imponante canar
*kculação de produtos e informaçôes de
,rr,r" *
tir do tráfico crandestino o. *.i.uooriutp"Jr escravos rurais e urbanos. A par_
cravos barqueiros, capitães
*.ro de barcos e botes. os es_
d" *un,inham raços reguiiires de
ei:inunicação e trocas rnercantis "*br;;;;;íãt".
com os cativo, ,ru, à-r-.*
Pouco sabemos de como os iliãr.::'
escÍav.s desenvolveram suâ economia
própria na região iguaçr:ana
ao longo do século xrx. vimos,
dícios do comércio de porém, vários in_
reúa a"r q,iil"*u"1"-€om os taberneiros,
as rerações
ff JqX?;;f _":ff
,J,"s remadores e possivermenre
com ;; .,ao ; ;r**, sâ_

. para arém da
r"'#5Tj:'ffi"#lt:"r':',i;?.,, a parrir das
comu-
T:Í:: :;,:f#*1i:*:
::ti: de um : :j1'yr
g$;É;?n.ur u,, m s ar pode
a ri - o p en
câixpo negro por intermédio
* ;;i#ffi:,ã:r.ff; ffi:il;Jli s c a

,,, #|;[:*.,
{§Ira ârreêÇa ::.*:::":
jT
permanente. As:,:::11
g *, .. 0", de oriciane daire ]*p,",.n,ul*
s
'::

:
çonsrant". r"gr., o
com as revortas de escravos
po;r"dffiffi;tJ".t:":il:
'u**ação u. ,ãu, que podiam ser rearizadas
&*: quilombolas causavarn " pe_
temor €ntre os fazendeiros. Ariás, para
estes- a sim_
,#::-'#::t;;:'"*f#*s
tl1"^Y:
de quil0muorr.l"po.elrava
uma ameaça a sua
t*"ndas, já
que a ameaça de Íugas para
r. ubos erâ .nncÍânrÀ
[email protected]*oil;;.ü;;*ã:ffi:""Tjff os mo-

',,,,ffiffi::'S'::1:.^f:lrg:; Trr#i-
e""r* deixavam os seúores so-
hrer srados. " Exem pio di sso
al
é'rr," al.e;,ã*o,u,
ãrã#iit;"ixilH;i#ffi ffi;
,3r Capivari reclamavam
que

283
em nossos cafezais' a pÔÍtt* de #l
Além do roubo escandaloso que sofremos
noturxt'e--'&s
rcuu/-ruds a menos
reduzidas uv *"tuaá
trrurrv!) o" rrrv as nossas colheitas' e dos assaltos
pelo perigo irnir'e:-... -.

pri.Jrã"r, inteiramente sobressaltados


"ivemos os nossos escravos'""
iações dessa gente [os quilornbolas] conr
a maior parte dos quilourh '
Corno já destacamos anteriormente'
do continent"
no Brasil corno nas demais regiões ^tt-'lt^11":iil.ii:.-
i*r-oa das plantações .ru áreas de economia de eri.
:;r";;;;ã.*" quase todas as co1111{a0e' '
Price nos chama a atenção potá i"o ern
ffi,,*Hil il.;,rlriil.rro de uma econornia dependente.''
do que afirmam alguns autores' esse fenômeno foi m'
Ao conffário
dr rv vv
t\t, Lulttl
opção
)rlv
política rlas comunidades do que
.
limlr
de quaisquer
r:
''
to de uma
9t9"lll]'iltTpl".,: ,
"
econômicas estruturais.'r Em artigo interessante'
::"#;;;;;;;;;"*;;c1epJnr1ênciacomodeindepenc1ência-ecoI..,.
quilomb^o'11.1: "
das comunidades vv
ua,lS L\rllrulltusur" de tugitivos
'eE'__
a partir da história dos 1-
os tiir
name. Argumenta que. nl início da formaçiio dessas comunidades' '
completamente isolados da'
bolas, aincla que atãstados' não ficaram
tações, porque ne m se lrlpre o t : :':
*i
1 5-:10"t:::::t ::,::;:'".,*,,*-
procuraram com§€-:
;;:;ã:iJr;" ioou, suas necessidades. Ao invés dissc,
venda de produros ccmnegociantea:
'JJJi*,,,i;; J*;^, "i"tuunao comprae
Po, outro laáo, mesmo após o Períoei 'r"
..^-i^;,+.:i.

lavradores e escravos nas plantaçõ"i.


quilombolas também não optaram pot r:ãB :'
iniçiado pelos rrarado, d- ü;;;;;.s
em terras demarcada-s-' elel'
isolamento econômico' Ainda que estabelecidos
freqüentemente migravam paÍa outÍas
regiões em busca de melhor*g"'
**'iudo para o* produtos e trabalho nas áree§
condições de vida, '"ut
"o*o perdurou áté meados do sécu1o xxl:ora
litorâneas do suriname. rat estrutegia
:

Nu Íentativa de se manterem autôçe-'


as comunidades de seus descendeit"i.
maso as comunidade= i* fugiti'os
em toda a América procuraram desenvolver
sociais'el
organizações econômicas' culturais e
de quilombolas devemttt pt""11:dj'
sempre
"o*pt"*u,
Mesmo o, g*po' *;es
para se manÍerem protegidos e a1i-
que possível' uOupt*-*t at* condiçOes locais
Paulo' no século xx' os quilombolas não
mentados. Em ltu, na província dã São
locais' cooo também roubavam
só vendiam café furtaao para os comerciantes
de couro e cera'* Já em Cam-
vacas e porcos por encomenda dos comerciantes nos
quilombolas-estabelecidos
nrls- em {ins de fgOO' h;via um grupo de seis
ii**nauracaranà da traroresa de Abadia, que foram cap-
f,r"*';;;;il
turados pcr uma diligê-;;iâ ;'p"tode larradores' feitores e agregados de
Em seu depoimento' o criulio Silla declarou que estava fugi-
fusndas viTinhas-
-que aítinham quatro ranchos de palha e
do ha'ia três meses mai.s ou Ímnos e
aYes que apanhavam em laços
viviam de comer banân-a- mandioca- Jgu*ut
ai há pouco
coxr milho- porqrr alndeúo
§úastr teito munÔêus porq\re e§tavam

_t:a
.. {s várias relações econômicas mantidas pordiversas comunidadesçrilom-
,-.à6Eês. mesmo que a maioria delas tivesse um caráter semiclandestilt*. pqdiam
,'--=ltar por fazê-las prosperar. Scb o prisma sóciopolítico, numa sociedade es-
mrisra, não há dúvidas de que as comunidades de escravos fugidos ccnstiruíram
,.{4 : de resistência ameaçadores pala os fazendeiros e proprietlários de esr.-Iãçc:
ry geral. De fato, a existência de incontáveis mocambos representa\?. eÍãre cê-
,.-: -oi\as. um forte póio de atração. promovendo as fugas de escr;llos.
Os quilombos de Iguaçu, como urna hidra de várias cabeças. tortr"ri;:--':
.....:slcgçadores para os mundos da escravidão. As cabeças imortais da hidra de
-- :;r-r. aléffi dos quilombolas. eram os taberneiros, pequenos lavradore.. e -'
. . .,. rernadores etc. O pântano onde ela trabitava era o própriil campo lle gr,

.&rú7]1S
§
ffi
: p+ Je Estrela, em 1846. Essa região compreende atualmente os municípios de Belford Roxo,
r,pca1*e de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti, peÍencentes ao estado do Rio de Janeiro
. y*z iJados socioeconômicos no século xvrll, ver: "Memórias púbiicas e econômicas da cidadt
.',§r5âo Sebastião do Rio de Janeiro para uso do vice-rey Luiz de Vasconcellos por observaçâo cu'
w
e:. 'rÉ*s: rjos _annos de 1779 até o de i789" in: Revista da Instituta Hístórico e Geográfico Brasileirc
F
,.=ã=rçe). tomo xLvII (47), p. 27.
i.', (2) Cf. "Retação do marquez de Lavradio" iu RlHcB, tomo r-xxvr (79), pp" 289-360.
t, \3j ldem,pp.320-4 e326-9.
,
'.:1.
{4) A propósito, Waldick Pereira ressalta que a diferença entre o oúmero de esctavos em'
@gados los engenhos e engenhocas que apar€cem nos dados do marquês de Lavradio e a
po
,,ffi1,i{ão escrava total da região se deve ao "fato de que naquela infomração não se incluíram a
,;&e**rJas plantadoras de cana, o que absorveria grande parte daquela popdação". Cf. Waldicl
..- rrlra. Cruw, café e laranja. História econôtnica de Novtt lguttçu, Rio de Janeiro. rcv/srec
'::r':. p.25. Analisaldo a distribuição dos escratos em engenhos e engenhocas Íluminenses en
i=; do século xvür a partil dos mesmos dados da "Relação do marquez do Lavradio"' Iraci Cos'
,= iesuca que predomina a propriedade de engenho com o tamanho do plantel de 21 a quareati
===r'os. enquanto a média de escravos que fabâlhavam nas engenhocas é de dez cativos. Cf. Cos
k:ci del Nero da, 'i§ota sobre a posse de escravos nos engenhos e engenhocas fluminensel
=
'-.:-8i". Rrrrsta do lnstin*o de Esatdos Brasileiros,23 (1988), pp. 111-3-
t5) Ver: WaldickPereiru op- cit.
t6) Cf. Iosé Manoso MataFc,rte, Memória dafundação de lguassri,Rio de Jareiro, Typ. ú
fueal do ComrÉrcio, 1933. p.36.
F
*
*: : (8) Cf. MaiaForte. Mcmória,P.64.
E :,; ç19) Idem,p.46-
É- -, ,-- i.:-:'i-:-,,,:.. \,.-,,!,,r),r .,Rt,,tlt..ltttttítot,pttrtt.tnrcríit,'trr1,r/oIJirirr/. l,t ''
E , ,-.,.:.',Í, Sâo Paulo- Livraria lÍartins- 1942- citado em: Márcia Maía Menendes Mottâ, "Pelas 'Ban
\.jI";r',ltt:-r- r:.:-.--l-,-,,:iarJ.ii..ar(rr-a.Lril\i\tlllc111 illllitrcgiili'i-',lililtlitore--l:1''
. ' . \lclril. tji'r;.i.,,..,, ,1.' rrrj'il.rri(). 'a;, ii ir. i98v. p 5.

28-t
(1 l) Cf. Maia Forte, Menuiriu, pp. -56-7.
(121 ldent, p.59.
( l3) Ver: Pereira, Carttt, cu.fé e larun.jct.'. Maia Forte, Menrória'. Renato da Silr,eira NIe: -

Pctisagerts culturuis du buiruda Flurrtinertse. São Paulo, usp. 1950.


(l'1) Para estudos econônricos e agrários que analisam as áreas de Itaboraíe São Grrr:,
ver respectir,'amente: Ana Maria dos Santos. "Vida econômrca de Itaboraí no século xrX". \t::
dissertaçao cle rnestrado. lcHÍ./uFF. 1974 e Motta. "Pelas 'Bantlas d'Além"'.
( l5) Ver: Pereira, Cuttu, cu.fé e luranjo.
( I6) Cf. "Relatório do Ministério do Impório, 1855-6", p. t3 l. (Na Biblioteca Nacrt,l
Rio cle Janeiro BNRJ rolo rnicrofihnado).
- -.
(.17) ldetn. pp. 28, 35-6 e 38. Conr relação às epidemias de doenças e o alto índice ile n
liclade de cativos nas sociedades escravistas. podemos citar o estutlo de Kenneth Kiple. Ao aL,
as epiclernias de cólera, no Caribe. no século xtx. ele destaca a qrande incidência de morte i
pulaçho negra. Enr Cuba. por exeniplo. 3/,1 da população que tinha nlonido em viftude da ..
mia de cólera era negra (cerca de 7-57c dos mortos eram escravos). Tal inlpacto cla epidemtr .
a ÍIassit negÍa se deveu ern grancle pafte iis péssinras condiçÕes sanitárias em que vivia es\it :
lação. tanto nas cidades. onde a comunidade negra predominava sobre a populaçlro livre pohr.
mo nas írreas rurais, onde o prerlornÍnio populacional era dos escravos. Ver: Kenneth F. h
"CholerairndraceintheCaribbean".Jorrnnl oJLutittArnericcnrstutlie-ç, l7: I (198-5).pp l5- --
( I 8) 1rlcri. pp. 30- I .

( 19) 1árr1.. p. 30.


(20) Ver: Pereira. Curru, t:u.fé a Lurunja.
(21) Se compararnlos .r título de eremplo os dados de Iguaçr"r corr os dados populae :

dosescravosdeVassourasíFleguesiadePati doAlteres)tenlos: en] lu50.cercade7-5t.i.:


ptLhção total constituída por escra\1)s: err It7l. esse índice diminui para 567c. Ver: Nanc,. .
cilla Smith Soeiro. 'Cr:-stonrarr rishtholder: ancl le-sal claimants «r land in Rio de Janeiro. E
1870 1890'. The.\trtt,t.it,tt. rrvtu: -1 r 1992r. p. -{95. tabela 2.
tll) Se considelalnto\ o\ cen5cl\ prlprLhcionais de toda a província clo Rio de JiLne:.
i871. tenros os ie,guinte' dlido:: il...itr da populaçào era escrava, enquanto 62.-57r era lrrr: :
da populaçrlo Lrrre elr de niio-brancos e ó1.2-57c de toda a população (lir,res e escr.itvos :
niro-branco:.
Ili t.\ trLira Je unt u cntorze lnos era constituída por 2I7c, a de 4I a sessenta anos p,,.
a de nrlis rle ses\.r.rtt Jno\ por 3.5%. e cerca de1.5Vc, clos escravos tinham idade ignorad:
(lJ) Corr reirçiro a esse processo nas áreas vizinhas cla região de iguaçu, como it.,:
Siro Gonçrlo. rer: Sanios. \ridct ecorúnicu: Motta, "Pelas Bandas d'AIém". Estudando, ,-
tluminense de Capirrn. nri século xrr, Castro, por exemplo, destacou as estralégiâs do\ .
livres pobres nii rgnculturlr de procluçiro de alimentos numa regilio não voltada para ar:
agroexportacloras. Tais estratégias dos homens livres pobres consistiam tanto na buscr .:
à terra. conro na utl ii zaçato de pequenos pl antóis de escravos como mão-de-obra. .Ver: He I
.
MattosdeCastro..{r.,sul luHistóric.LtLvrudorespohre.snucrisedoÍruhulhoescrao.\,
Brasiliense. 987.
1

(2-5 ) Quanto .tos nolnes dados aos quilombos da regiho de lgr.raçu é possível sup. ,

tivessem relacionados a suas localizações geo_qr:ificas. A palavra Bontbtt. por certo. !:_
Macharnbornba. uma localidade dessa área (nome inclusive de um engenho-de-açhcl: :
desde o século rvrt). Já Gubriel ela o nome de um riacho local, importante afluenr.
Iguaçu e Sarapuí. Frederico Fernandes, em artigo não destituído de interesse, analisa . .
cados da pa.latrtr ntot:hurn.tnrn.hu na região de Iguaçu e sua origem aÍiicana banto. Ct : .
Fernandes Pereira, ''Maxambomba A raiz negra e mística de Nova Iguaçu'. C
-
286
t8z
8-/g dd'Z16l 'ãlrrozl,loH olâg'.fl17./ag stlutlN aa soqtú,
'i\lrqrBSfprêLulvap.HiuêpllilÀ:çl d(gg6l)gl'\'o)lutouo)z:-opnlsí',.(rrr,rxoti--:
+rurl\) oJno op o[113âs op soqruopnb sO.,'sâ!.11]urnD ouÉr:1rJ so1.ru3:gi.d .99,-
.!5ezrlr\rJ'oJrâuuf âp orà'pê Ít'j-)-tDLulDd sop otluropnb O,o.trâull?J uosrp-l .::.. --
'tf-Bt'dd'Zg6l'ot-rêqy opxlâr{'a:ão1y ogo6''pe ra,o.!tà ) j,
-\,, O 'selrê:5 orJgC .rêA suJlutç)uoJê secrlgrd srudrcurrd suns op .lupd B so.rrâlr\...
sop og5nrgrsselJ putn noloqulê splrâlC orJg6'pJrtrruênbse .-muap.rod anb rFu:.*
'6çgl zâp 6 '(rà) .pÍru.r,\o.rd up r:rc1pd êp â-+âq.) or opBr^uê ns..r--
ap ope8alep op orrlJo.,'(ru) ercuy,rord ap saluaprse.rd êp sorl.]O.g99 o5ur_u ,1it . .

'6161 'ssêld í}rs:a,lrun surlclog surlol aqJ'ê.1' r-.


'sD)trdtuv )qt ut sàtin.{nuouoJ atúls .(.31o) êJl.td plpqJiU ._
l)qal :sdtpDos Ltoo-tDl/11
u upol tIIã so^llilsa:-o^ttr8n., ep sepuptunuoc:-11 êJQoS u,rr1c:eduroc oEsr,{ llun |.:r_
'I'd'Dtllua':ng '6ç81 tÍ'ot)r?u.tuto) op lDtrl
'^LçZe .^otz su'g€gl zêpIIêgtgl ^ou
lnotz!,-rBlrdop.s \:
ep zud ap zrnl oc soper,ruê êtroJ ep urcylod ap âJãqr op sorlJJO,, 't tt âJrp9r .., -
'Ira J
-uoJ'o.ilâul?I âp oru'(11s'it-tB o11 so,|D.t)5^) r^op ntppq)-t Dp t^oQxlsv)otpDil1s oD t);)..
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- Eigl/çtgl ,(u) enul,ro:d ãp .;__:
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'lni i'tgt âf,rpçrr a tt o çZ d'9Zgl rqu g ê 9Zg t .^ê.+ .tglr êJrp9c :6g â .sL+,:.
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upnrrrlodâpãluspusturoporlrJo,,'tL's-L+'t lo^,ZIgÍ.uni71 ,eiurlnf,clêpolu!.,_.
erzania;l1lp oyttsrp op eluppuuruoJ oe oprpadxa orrrJo op orlsrãeg., .gzt êorpgr .r..
'tlt d'0i 'deo'r.;ly ut altl a,tolg.qost.rrr
'çz8l 'rqe 6z ',.o!ji.i '

gsol oqlur3el rolnop op op5r1a4.. 'upeJrJrtuâpr og5eluaunoop ./l.t g etooed .rgrrl ..


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'çZg
I .iqe 7 J'..e5r;sr-r1 up o.l:i..
-uê êtroJ r?p urf,qod ap egeqc op orJrJO,, 'âlloJ r?p Brqlod ãp sol4J6 ,r9l oáeur .9rr ...
'60t'd'r'01 r?tâqet'01'duc,1g61's::.;
uolêrurrd'uolâ:ruud'0çgI-B0Bt 'ottaltDf ap oty Ln aJil atolg.r{Jsere).3 Íru11 .,.- ,

'^
LZI sU'ç lo^'gzgl zâp çl '6zE ârrpç)r...
'^ 6t sL+'l
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.gIf errpgo.(Nv)
luuorrEN o,rinL..:.
'z6l'd'LL6l'IJo E^oN 'rôr'lousàuàt.)oç ltuttDtuDld plr(,A ttlàN ur .úart»15 tr,
atilDlDdruo) 'ruâpnJ lnqIv ê urqnà e:er1 ur ,..Á:nluao qluâêluê^ês eql uÍ urSuo s]: . -

aSeuo::etr41,,'11oqduru3 Jsr^EII t)'(uodoluD(uo)ludrcurrdnoTeepue:8epuprJ u:;-


Euerr4u enSuyi eu u,recgruBrs anb'uodtuocco upeuruouâp u.re uloquopnb eppprunru
âp otp.J o e:ud ogàua1u u uureqo 11eqdruu3 .souucreurel suloqruopnb so e:ud .o1duiar.: .
-sêr essã V sêJepJI snês âp sârrou no/ê lutol eguJ8oê8 ens Ep âpnur^ tuê sopeuruou:-
-ede âs no sêtuetrquq sor:dg:d snês soled sopep rucle lrse]g ou soquolrnb sop sâLu,-._
'êqEs ô!u plrêuuur.renblenb êC ç'd'Lg6I'Fru 0 I,o8urLuop ê,6 .opúqgs .n5en81 e r,r..,
(45) Instituto Histórico e Geográfico
de Nova IguaÇu (rHGNr), manuscnros

l;T:,Hl:1r;',lt
l7 dez. 1859 e eN, , t, rnaço
:j:.1".1.1"81_ã9
de.rsua,su ;il" ao chere de porícia cra

da província enviado ao minisrro


488. ofícios d. pr.ri,l;;", ;;ffiHff"i:àilij 'l v'I tL,,
(46) aN, trl, maço g6g, ofícios
da Justiça,l Zl llio.'
^rW:.
de presidentes à" p.ouln"iu (nr), ..Ofício
província (nr) enviado ao chefe do
de potícia da prorin.iul,' ro dez. g59.
I
(47) Ver Maia ForÍe, Memória,
p.64.
(48) aN, rrl maço 493, ofícios
de_presidentes de província (nr), ..Despacho
da província do Rio de Janeiro,,, g;an. d
1 aZg.
(49) cf' Dias, Maria odila aa
S,va, "Nas fímbrias da escravidão urbana:
leiro e de ganho,,, Estudos Econômicos, nesr..
15 (19g5),pp.-iOZ-SO.

;::j.':'"::::'::.'o:* .'l::-'é";",:iíno, p r rgriro no originarl


(51
i1?1,) Ditirio do de Jctneiro.5 jut.
Rio 1876, Ãr,rn:,í, p ;"il,il:lti::,i,
inre,esses .";;;i;;; I nns
;# ;:"1:,:T":::::::11âlner.r(
boatos acerca das constantes ie ,,^. ,;:-,^" .;rq-s "
trrrr especurarivos,
ç)['trcuratlvos, eranr

societies, l;:#il,:l::';,:"1HlT[:l:"::,
;:: ::::,::
rcon p. 14
f,]3[:1::TIT#.iJ;
(52) Stein analisando o município
de Vassouras na província fluminense
o ertr,.ln,4^ no
r

nicínirt hrrtdloiv^.1^
"^.^^^^:^ -^
to./t 1^^^ ^,
::üJ;;;;;,i'§il:il1;;^
i;{:\:;:ii:,,ro
178 e 209-10.
^^t: 18s0.1e,,,nio
cto café, ae ian"i.ã, ü;"";#,#, i,iillíil1í;
(53) aN, maço trt: on,.i:r.l"
trl,
rresidenres de província (nr), ..petição enviada
fora da Vila Real da praia Grande,,,
i5 mai. I g23.
(5'1) r'rr maço I6'1. oÍíci.s cle porícia
"^' '
cla Cone. I2 abr. 1g2.5.
cla corte, portaria expeclida pelo
cherr:

:: :,jl,J i:"""j f ,5,.documentação identincada, I 8 jun. 1836.


Í::]
li',1.T,,i1'l:.::.i:i:ii1"t'd"l";il;;;;;;'á;'*,*'u"rL-uçaoa.
::"T:::::::::':.:::"::'13:J:'-']iu'e.ie-co'r, i'u.,i",1.,,,"*lü:ilf:: [;
jl;xtl3l?']i::::ll-t'op"gu. jout,,n.,J;;"":#,;:;::H::; jli":il
;.",T:'-T:lT:"':T,:T,::::iltu,ç0.,po,,n,;;.i*";,*l.#.":i.i.',til::iiiXi.
ã?i
;ijffi::,t:,:1': TÍ\'j. Íl'Í'!i,:!j o,.,,,,,--,;íiii),;:::'::i:;::';';i:;,:i:
3i,::*:i:;::':tlÍ.T,f :!l;*;;1;,;;;ffi ffi ;*í"',,1,,2?,i:i,
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in '""',,;;";;;;;;";;:;;:'r*';;i,,::::;;:
"'
Cutn,,Middterown, Westeya, Urirãrriiy
e.";:,"r*,fiJ:;;:"y::::;7:,Í;:;:;;r,
of color".
'::;,:,i:l:
(57) Ver: Arquivo Geral da Cidade
do Rio de Janeiro
t,st,i,,.i-u cu-u.,iü;;ü;i,,
to, parágratbs 9" a I2o, l,la e 150, pp.
il;::ilffi;:J,ffil: S:::3;"!l*i:T
Doisde Dezembro, 1g5.1. f.:, :
55 e 57_g.
(58) Ver, por exemplo: Eugene
Genove se, Da rebelião à revolução:
nas Américas,São paulo, Global. as revoltas de
t9g3_
*,Janeiro.Qar),
Fundo rp, coleção r e1, 5 jan. 1836.
I||]*t:'*l^"::^0"^,1: o' p*''""'* ;;.;;;',J;: ; ;:,1
Ilil fl :l' :::: : :9' ".':"'
'
üi'l
il?*:l;,::::.L1^1:'1:'"'0",'i*iJ'''**'í.#r.rllí"á?ll"'oo"'.'n.,.o.
da Corte enviado ao presiclente Au prorlr.io
1n-1-:l ;:;:;;;l .
a"p"'i a"i"" J" o'""*.:,, Rr ), "orr c io do pre
ilill[',j],l:tL
,,""r:,i.(:jl i.Íl;^"T ::,
cnlfe o. r"t,.o o, o,;;;;;r: ";;";."[;;]
(
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:1;i1a1ao
63 r Ver: Maiu Frrrle. Mentôria.

288
69Z

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'1861 'ãsuãllr)-Elg tolnBil oES .sr,ri,./rltlys
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ito o,1r).{):'1 'OSOpjEJ uouuuúÍc olrJ :ruâ
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tul1 âp urcugijêurê ú opuBpnl)-ê .uo§-rrqof .er.rdg.rd
Rluouolê r.,n: : _r,.
odruel:omu uurluq soABJJSê )^o ,opuues âsr-⧠.. seJen:)l
âp Eurâtsr\.. . ,
sop so^rlBJ so ênb ep o1e,I o r:rud _ )^ourr^ otuoc _
op5ualB u opELuBq.- .:

'll]uorlÊN'olllrd oES .ltsDtg op atsaproN on stra|nlq,:etsoy


ÁruaH ...,
-tuoo ranblenb B urâl ep o5upad nas eniel anb urelru-ra<I
o,.rro;1, on-r-u,,__
opucnb a 'so^e.rJsê sou s-1?pup sur:e5or \q olunnb rtun8p:
uroug;apãlur L.-_:
'êpuptâqtt prh- lljduroJ êp
un:txlãp oluêtue.rcl solua8rlp ogs anb s6 sopf:=
_

)-op lu9lu 'úrJuãlsrsqns cr:clg:cÍ l]ns lurJuêpr^o.rd


u:ud eul]ue.- upEr êf :
So^EIJSO SOy .sepupeudo:d seudg:d )^uns
luloqlêtu ep epeprunl:oclo rLU_ .:_
-uu]tlrluJ'apjel tsp sBloq sêll se sopBultlltêl oE)^
[so,\B]Js^ê SOp] soqlpqúJt .a..:
soutlrpêuãq sop so^rluJ soe op5rJa-r uoJ noJulsêp ,oJnquEulãd
ula so.\rl-.,: :
-ord ro.; e xtx olnJgs ãp ortjur ou ou [sl]jg ê^êtsâ anb.relso;,1 ,{-ruag sa16ur :.
.otuag oDS ap
utal\O:1, I

op op.r^uã 1?rour,to:d ep urcylod ap eJoqr op .(í18"1r;.:,i"ÍÍJJi:lji. ..


o5uru'1rr'Ny ã 09g t
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at t g7 ,.,sopr3.3,rod (r9:atr51) opÕua1aq
orn3 ., ,
ep apuparrdo:d ap saq5e.relrap êp or^r-1.. .zt, "p "u
otuâurnf,op.ç91 opialoc,oo.ãpun,
Janeiro, ver': Flávio dos Sântos Gomes, Histórias de
tluilombolas' Mocantbo" -
senz.alcts no Rio de Janeiro século xIX, Rio de Janeiro, Imprensa Nacional ' -::
-
(84) O Município, 30 mar. 1879, 'Anúncios", p' 4'
(85) Ver: Ira Berlin e Philip D. Morgan (eds ), "The slaves'economl'
tion by slaves in the America" , Slavery & abolitktn, I2: I (1991)' pp' l-21
(86)Ver:SidneyW.Mintz,..TheoriginsoftheJamaicanmarkets.vsterr...'-
191 4' pp' 1 80-2 I 3
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(87) Ver: David Barry Gaspar, "Slavery, amelioration and sunday mar\'':
g: I (1988), pp' l-28 e Betty Wood' "'\\.hiic ' ' '
1823-1831", Slaverl' & abc.tlirion,
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(i990),
' pp. 313-31.
1SSl Ver: Gomes, lfisrórl as de
quilombolzzs, especialmente o câp' tIi: "Sob a
cravos'e quilombolas agenciando a sua própria emancipação
nas úitimas décadas ;-
(SS) Um estudo pioneiro e importante sobre os quilombos brasileiros
clóvis Moura, Rebeliões das senz,alas. Quilombos, insurreições e
guerrilhus'R" "
Conquista,1972.(Al'ediçãodessaobradatadelg5g,publicadapelaEditoraZur::
as comunidades de
análises indicativas a respeito das ameaças que representavam
em John W. Blassingame, The si': '-
oS senhores nos Estados Unidos encontram-se
plantation life in the antebelluntsoullr, NovaYork, OxfoÍd University f'1ssal9l9
,t'
(90) l,qp, fundo pp, Coleção I33, "Representação dos fazendeiros de Capirar' '
políciadaprovínciadoRiodeJaneiro", 10fev 1885,citadoem: Hybello,Fe:an::'
vale do
brrroror, senhores e café; trm estudo sobre a crise da cafeiculturtt do
( I 860- I BS S ),Niterói, dissertação de mestrado, tcrr/upr', 1 983' p 233'
(9 1 ) VerPrice (org.), M aro on s o ci etie s, pp' 1 0- 1'
de Décio
igZ),t tlr,,to de exemplo, podemos citar aqui a seguinte afirmação
quilombosmedravamàmargemdasociedadeescravista:marginalidadegeográf,ca.
sério ao sistema'
social. Não ofereciam, à vista disso, qualquer risco rcalmente
uma forma
bações e prejuízos, é certo, porém deixavam-no intacto' Configurando ,:-l^J^:-a
^
lutaelibertação,mostravam-seincapazesdesubjugaretLansformarasociedadeinteri'
se de uma luia repetitiva e sem esperança" Freitas, O escravismo' p' 45 '
(93) Ver Situia W. de Groot, "Maroon of Surinam: dependence and
independen;''
(.orgs.), Comparative perspectives,pp' 455-63' Ver também da mesma autc't
bin e Tuden . r n:-r-^-l-^.. A1^^l:-- - -
MaroonofSurinan:agentsostheirownemancipation,,,inDavidRichardson,Aboli:.
aftermath.Thehistoricalcontext,]790-]91ó,UrriversityofHull,1985,pp.54-79.
369v'
(94) AN, Athanázio (escravo), réu; processo crime/Corte de Apelação' caixa
2.l863.municípiodeltu,provínciadeSãoPaulo...InterrogatóriodoescravoAthi.irij,z

(95) Arquivo do Cartório do Telceiro Otício de Campos (Acroc)'


pÍocesSo cflrl-r:
crime de homicídio' 1866' fre-:'
Robem, Jeremias, Valério, iosué e Silla (réus escravos),
Santo Antônio de Guarulhos, rnaço 319, interrogatórios' f'ls' I 5 a 1 7r''

290
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