Base Do Sistema Eductivo Caboverdiano

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Sexta-feira, 7 de dezembro de 2018 I Série


Número 80

BOLETIM OFICIAL
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ÍNDICE
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA:
Decreto presidencial nº 30/2018:
Condecorando com o Primeiro Grau da Ordem Amílcar Cabral, Sua Majestade Rei Wil-lem-Alexander
Claus George Ferdinand dos Países Baixos e com a Primeira Classe da Medalha de Mérito Sua
Majestade Rainha Máxima dos Países Baixos..............................................................................1934
CONSELHO DE MINISTROS:
Decreto Legislativo nº 13/2018:
Procede à primeira alteração ao Decreto-Legislativo n.º 2/2010, de 7 de maio, que define as Bases do
Sistema Educativo...........................................................................................................................1934
Resolução nº 123/2018:
Institui o “Dia Nacional dos Direitos Humanos” a ser comemorado, anualmente e em todo o território
nacional, no dia 25 de setembro.....................................................................................................1954

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1934 I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA país depende do comprometimento da sociedade cabo-


verdiana na materialização de uma agenda ambiciosa e
–––––– adequada para o setor da Educação.
Decreto presidencial nº 30/2018 O programa do Governo da IX Legislatura propõe edificar
um sistema educativo integrado no conceito de economia
de 7 de dezembro do conhecimento que, da base ao topo, oriente as crianças,
As relações de amizade entre Cabo Verde e os Países adolescentes, jovens e adultos para um domínio pró eficiente
Baixos iniciaram-se muito antes da independência de das línguas, das ciências integradas, das tecnologias e para
Cabo Verde, remontando aos finais dos anos 40, data em a construção de um perfil cosmopolita aberto ao mundo,
que começaram a chegar os primeiros cabo-verdianos à capaz de interiorizar valores intrínsecos ao saber ser e
Holanda, cuja maior expressão verificou-se nos anos 60. estar, de responsabilização mútuas, enquanto membros
da comunidade, de preparação para a aprendizagem ao
Esta forte ligação de amizade mantém-se até aos dias longo da vida, cultura de investigação, experimentação
de hoje, essencialmente pela existência de um expressiva e inovação. Nisto consiste a estratégia do Governo para
comunidade cabo-verdiana emigrada, o que muito se deve a educação em Cabo Verde e que enforma a alteração da
ao apoio da Família Real dos Países Baixos na integração presente Lei de Bases do Sistema Educativo.
e acolhimento da nossa comunidade naquele país.
Com a presente alteração consagra-se a universalidade
Outrossim, os Países Baixos vêm desempenhando um da educação pré-escolar, como fase propedêutica, de modo
papel preponderante no processo de desenvolvimento que todas as crianças a partir do ano em que atinjam os 4
de Cabo Verde, financiando projectos e programas anos de idade frequentem estabelecimentos de educação
estruturantes nos domínios económico-empresarial e pré-escolar, suscetível de proporcionar a formação e o
técnico-institucional, sendo o Reino dos Países Baixos desenvolvimento das suas potencialidades, de forma
um parceiro estratégico de Cabo Verde. equilibrada e da socialização necessária ao ingresso na
educação escolar, cabendo ao Estado garantir as condições
A Família Real dos Países Baixos deu um valioso e medidas que permitam o acesso de todas as crianças
contributo para a consolidação desta parceria, bem como à educação pré-escolar, mediante reforço das parcerias
para o fortalecimento das excelentes relações existentes. com as autarquias locais e a sociedade civil, assim como
a promoção da iniciativa privada para o alargamento da
Assim, com profundo orgulho e reconhecimento do rede de Jardins de Infância.
contributo inestimável da Família Real dos Países Baixos
e no uso da competência conferida pelos artigos 13º e Esta medida requer a adequação e elaboração de materiais
14º, alínea a) da Lei nº 54/II/85, de 10 de Janeiro, e pelos didáticos e pedagógicos de apoio que forneçam orientações
artigos 5.º, alíneas a) das Leis nº 19/III/87 e n.º 23/III/87, concretas sobre como deve ser organizado o trabalho a
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ambas de 15 de Agosto, nas redacções dadas pela Lei nº desenvolver com as crianças, dotando a educação pré-escolar
18/V/96, de 30 de Dezembro; com conteúdos curriculares e materiais pedagógicos que
permitam a familiarização com a língua portuguesa e a
O Presidente da República decreta o seguinte: preparação para o ingresso no 1.º ano do ensino básico.
Artigo Primeiro
Assume-se a gratuitidade do ensino básico obrigatório
É condecorado com o Primeiro Grau da Ordem Amílcar sob a modalidade de oferta de ensino público com isenção
Cabral Sua Majestade Rei Willem-Alexander Claus George de propinas, taxas e emolumentos e o alargamento da
Ferdinand dos Países Baixos. gratuitidade ao ensino secundário, sob a modalidade de
isenção de propinas. Com esta medida, pretende-se que
Artigo Segundo o rendimento familiar não seja um fator condicionante
do acesso e da permanência no sistema.
É condecorada com a Primeira Classe da Medalha de
Mérito Sua Majestade Rainha Máxima dos Países Baixos. No ensino básico, com o desenvolvimento de competências
Artigo Terceiro e a revisão dos curricula, pretende-se, no 1.º ciclo, o
desenvolvimento oral da língua portuguesa e a iniciação
O Presente Decreto Presidencial entra imediatamente e progressivo domínio da leitura e da escrita, das noções
em vigor. essenciais da aritmética e do cálculo, das ciências integradas
e das expressões plástica, dramática, musical, motora
Publique-se. e da educação moral e cívica. No 2º ciclo pretende-se
reforçar a proficiência linguística, de matemática, de
Palácio do Presidente da República, na Praia, aos 6 de ciências naturais e humanas, com a introdução das línguas
Dezembro de 2018. — O Presidente da República, JORGE estrangeiras, das tecnologias com carater instrumental e
CARLOS DE ALMEIDA FONSECA transversal, capazes de proporcionar o desenvolvimento
de competências básicas nos alunos, bem como vivenciar
––––––o§o–––––– valores da cidadania, designadamente de defesa e proteção
CONSELHO DE MINISTROS do ambiente, solidariedade, responsabilidade social,
igualdade e respeito pelas diferenças, numa perspetiva
–––––– transversal.

Decreto-legislativo nº 13/2018 A reorganização dos ensinos básico e secundário faz-


se pela necessidade de alargar efetivamente o ensino
de 7 de dezembro básico universal, obrigatório e gratuito com a duração de
8 anos e à adequação do ensino secundário aos desafios
O Decreto-Legislativo n.º 2/2010, de 7 de maio, que de desenvolvimento do país.
revê as Bases do Sistema Educativo, é um diploma que
trouxe um conjunto de inovações, com o maior alcance O ensino básico passa a compreender dois ciclos de
no que se refere aos princípios, objetivos, organização e aprendizagem sequenciais, de quatro anos cada.
o funcionamento do sistema educativo cabo-verdiano.
Todavia, decorridos 8 anos sobre a sua aprovação, afigura-se O ensino secundário passa a ter um ciclo único de quatro
necessária a alteração deste diploma legal, num contexto anos, do 9º ao 12º ano de escolaridade, e estrutura-se em
em que o futuro político, económico, social e cultural do duas vias alternativas, via geral e via técnica, podendo os

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alunos optar por uma delas. Isto requer uma aposta forte Artigo 14.º
no reforço do programa de orientação escolar, vocacional e […]
profissional, que de forma organizada, deverá iniciar a sua
intervenção junto dos alunos do 2.º ciclo do ensino básico 1. […]
obrigatório, com a realização de dinâmicas e aplicação de
instrumentos bem identificados que permitam aos alunos 2. A gratuitidade no ensino básico traduz-se na isenção
estarem em condições de escolher as áreas de maior de propinas, taxas e emolumentos relacionados com a
interesse para a sua integração no ensino secundário. matrícula, inscrições e certificação do aproveitamento.
3. O Estado promove a criação de condições para alargar
Outrossim, garante-se no ensino secundário o reforço progressivamente a gratuitidade ao ensino secundário.
da área científica e tecnológica e a integração de linguais
estrangeiras facultativas. Possibilita-se, igualmente, a 4. A gratuitidade no ensino secundário traduz-se na
melhoria do acesso a este nível de ensino, a sua qualidade isenção de propinas.
e relevância, visando dotar os jovens de literacia,
numeracia, competências e capacidades necessárias para 5. Os alunos dos ensinos básico e secundário dispõem
o prosseguimento de estudos e para a vida ativa. ainda de apoios no âmbito da ação social escolar, nos
termos da lei aplicável.
A introdução de línguas estrangeiras facultativas no
Artigo 15.º
currículo é concebida como uma contribuição na construção
de oportunidades académicas e profissionais para os jovens, […]
antecipando maior competência para facilitação da sua
integração no mundo global, face ao contexto económico 1. Para efeitos do presente diploma, entende-se por
nacional e mundial. currículo nacional, o conjunto das aprendizagens a
desenvolver pelos alunos que frequentem o sistema
De igual forma, estabeleceu-se um desenho de educativo referido no artigo 12.º.
reconceptualização da educação básica de jovens e
adultos que garanta a escolaridade básica em cinco 2. O currículo nacional, tendo por base os perfis de saída,
anos, equiparada ao 8.º ano do ensino básico obrigatório, concretiza-se através da definição dos planos de estudo
promova a intercomunicabilidade entre os subsistemas e que integram disciplinas e ou áreas disciplinares, das
desenvolva perfis de saída adequados à entrada na formação modalidades de avaliação e da elaboração dos materiais
profissional. Nesta perspetiva, o modelo de educação curriculares, nos termos aprovados por diploma próprio.
básica de jovens e adultos desenhado deve assegurar a Artigo 16.º
mobilidade dos alunos com o sistema formal, através da […]
revisão dos curricula, adequando-os aos novos desafios
do desenvolvimento. Esse modelo estará, igualmente, em 1. A educação pré-escolar enquadra-se nos objetivos da
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articulação com o sistema de formação profissional e o universalização do acesso à educação, visando, por um
sistema nacional de qualificações, por forma a permitir a lado, o desenvolvimento da criança e, por outro, a sua
capacitação de jovens e adultos com competências para a socialização e preparação para o ingresso na educação
vida e uma integração plena no mundo laboral. escolar.
Assim, 2. A educação pré-escolar destina-se a todas as
crianças a partir do ano em que atinjam os 4 anos de idade.
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pela Lei
n.º 39/IX/2018, de 16 de agosto; e 3. [Revogado]
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do n.º 2 do 4. A universalização da educação pré-escolar implica
artigo 204.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte: para o Estado o dever de garantir as condições e medidas
Artigo 1.º que permitam o acesso de todas as crianças à educação
pré-escolar.
Objeto
Artigo 17.º
O presente diploma procede à primeira alteração ao
Decreto-Legislativo n.º 2/2010, de 7 de maio, que define […]
as Bases do Sistema Educativo. […]
Artigo 2.º
a) […]
Alterações
b) […]
São alterados os artigos 12.º, 14.º, 15.º, 16.º, 17.º, 18.º,
19.º, 22.º, 23.º, 24.º, 25.º, 26.º, 28.º, 54.º, 55.º, 56.º, 57.º, 58.º c) […]
e 59.º do Decreto-Legislativo nº 2/2010, de 7 de maio, que d) […]
passam a ter a seguinte redação:
“Artigo 12.º
e) Possibilitar a familiarização das crianças com
a língua portuguesa e o desenvolvimento de
[…] habilidades motoras, psicomotoras e normas de
1. […] convivências positivas necessárias ao ingresso
no 1.º ano do ensino básico;
2. A educação pré-escolar visa proporcionar a formação
e o desenvolvimento das potencialidades das crianças, de f) [Anterior alínea e)]
forma equilibrada para a sua socialização e preparação g) [Anterior alínea f)]
necessárias ao ingresso na educação escolar.
Artigo 18.º
3. […] […]
4. A Educação extraescolar engloba as atividades de 1. […]
alfabetização, de educação básica de jovens e adultos e de
formação profissional numa perspetiva de aprendizagem 2. A educação pré-escolar faz-se em jardins-de-infância
ao longo da vida, articulando-se com a educação escolar. oficialmente reconhecidos.
5. […] 3. […]

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Artigo 19.º 3. […]
[…] a) Para o 1º ciclo, o desenvolvimento oral da língua
portuguesa e a iniciação e progressivo domínio
1. O ensino básico obrigatório proporciona às crianças e da leitura e da escrita, das noções essenciais da
jovens uma formação fundamental para a vida, promovendo aritmética e do cálculo, das ciências integradas
o domínio de conhecimentos básicos científicos, naturais, e das expressões plástica, dramática, musical,
humanistas e sociais, bem como técnicas de aprendizagens motora e da educação moral e cívica;
diversificadas, que contribuam para a sua realização
pessoal e social, enquanto cidadãos. b) Para o 2º ciclo, a formação, a aquisição sistemática
e diferenciada da cultura moderna nas suas
2. [Revogado] vertentes teórica e prática, humanística,
3. [Revogado] literária, científica, artística e tecnológica, física
e desportiva e a educação moral e cívica, com
Artigo 22.º enfase no desenvolvimento de aptidões básicas
polivalentes indispensáveis ao desenvolvimento
[…] do pensamento crítico, da comunicação, da
colaboração e da criatividade, que possibilite a
[…] preparação para a vida ativa e o prosseguimento
a) […] de estudos;

b) […] c) [Revogada]
4. [Revogado]
c) Fomentar a aquisição de conhecimentos que
contribuam para a compreensão, preservação 5. Os planos curriculares do ensino básico integram
e sustentabilidade do meio; áreas curriculares disciplinares e de enriquecimento
curricular, em termos a estabelecer por diploma próprio.
d) Fortalecer atitudes, hábitos e valores de natureza
ética e os vínculos de família, os laços de 6. No final do ensino básico, o aluno pode prosseguir
solidariedade humana e de respeito recíproco os estudos secundários, ou ainda seguir um curso de
em que se assenta a vida social; formação profissional, nos termos e condições a definir
em diploma próprio.
e) Promover o conhecimento, apreço e respeito pelos
valores que consubstanciam a identidade cultural 7. [Anterior n.º 6]
cabo-verdiana;
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Artigo 24.º
f) Desenvolver a capacidade de aprender, tendo como […]
ferramentas basilares o pleno domínio da leitura
e interpretação da escrita e do cálculo; 1. O ensino secundário dá continuidade ao ensino
básico e permite o desenvolvimento dos conhecimentos,
g) [Revogado] aptidões e capacidades intelectuais e emocionais, a par de
h) Promover o domínio da língua portuguesa como uma formação humanista contemporânea, necessárias à
instrumento de comunicação e de estudo, e intervenção criativa na sociedade, essenciais na construção
desenvolver a capacidade de compreensão e do projeto de vida.
interpretação oral e escrita; 2. O ensino secundário visa possibilitar a aquisição
i) Proporcionar a aprendizagem de duas línguas das bases científico-tecnológicas e culturais necessárias
estrangeiras, e a utilização das tecnologias de ao prosseguimento de estudos e ingresso na vida ativa
informação e comunicação como instrumentos e, em particular permite, pelas vias técnicas, artísticas e
de aprendizagem; profissionais, a aquisição de qualificações e competências
profissionais para inserção no mundo laboral.
j) Promover o reconhecimento e o respeito por todos 3. As condições de acesso e permanência no ensino
os ofícios e profissões. secundário são definidas em diploma próprio.
Artigo 23.º Artigo 25.º
[…] […]
1. O ensino básico tem a duração de oito anos e […]
compreende dois ciclos sequenciais, de quatro anos cada,
organizados da seguinte forma: a) Desenvolver a capacidade de análise, criatividade, e
despertar o espírito de pesquisa e de investigação;
a) No 1º ciclo, o ensino é globalizante, da responsabilidade
de um professor, que pode ser coadjuvado em b) Possibilitar a aquisição das bases científicas,
áreas especializadas; tecnológicas e culturais necessárias, quer ao
prosseguimento de estudos, quer ao ingresso
b) No 2º ciclo, o ensino organiza-se segundo um na vida profissional ativa;
plano curricular unificado, que integra áreas
vocacionais diversificadas, e desenvolve-se em c) Reforçar a capacidade de comunicação e expressão oral
regime de pluridocência; e escrita, aprofundar e alargar as competências
linguísticas das línguas oficiais adquiridas nos
c) [Revogada] ciclos precedentes;
2. Os dois últimos anos do ensino básico constituem anos d) Desenvolver as capacidades de aprendizagem,
de transição para o ensino secundário e consequentemente tendo em vista a aquisição de conhecimentos,
anos de iniciação da orientação escolar, vocacional e habilidades e a consolidação de atitudes e valores
profissional que faculte a opção de formação subsequente. éticos e morais;

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e) Proporcionar orientação escolar, vocacional e 3. A educação extraescolar desenvolve-se em duas


profissional que possibilite uma opção consciente vertentes:
para o prosseguimento dos estudos ou inserção
no mundo laboral; a) A educação básica de adultos, que abrange a
alfabetização e ações de educação permanente
f) […] numa perspetiva de elevação do nível cultural,
cientifico e tecnológico;
g) Propiciar o desenvolvimento contínuo dos valores
morais, éticos e cívicos e da personalidade, b) A formação profissional, numa perspetiva de
criando nos jovens atitudes e hábitos de relação capacitação para o exercício de uma profissão
e cooperação, quer no plano dos seus vínculos e de integração no mundo laboral.
familiares, quer no da intervenção consciente
e responsável na sociedade; c) [Revogada]
h) Garantir a continuidade de aprendizagem das duas 4. Em cada uma dessas vertentes se desenvolve processos
línguas estrangeiras iniciadas no ensino básico educativos próprios de uma educação formal e não formal,
e a introdução de outras línguas estrangeiras organizadas por unidades capitalizáveis, constituindo uma
facultativas, de acordo com a capacidade de modalidade que apela à flexibilidade, à adaptabilidade
oferta e das especificidades locais; dos ritmos de aprendizagem à disponibilidade, aos
conhecimentos e às experiências de vida dos jovens e
i) […] adultos.
Artigo 26.º Artigo 55.º
[…] […]
1. […] […]
2. O ensino secundário tem a duração de quatro anos, a) […]
num ciclo único, do 9º ao 12º ano de escolaridade, e
estrutura-se em duas vias opcionais, via geral e via técnica. b) Contribuir para a efetiva igualdade de oportunidades
educativas e profissionais dos jovens e adultos,
a) [Revogada] que não frequentaram ou não concluíram o ensino
b) [Revogada] básico na idade escolar;
3. No final do ensino secundário, o aluno pode prosseguir c) […]
os estudos superiores, ou ainda seguir um curso de
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formação profissional, inicial ou complementar, nos termos d) Promover a articulação preferencial entre o ensino
e condições a definir em diploma próprio. básico de jovens e adultos e a formação profissional;

4. A conclusão do ensino secundário confere direito à e) […]


atribuição de certificado e de um diploma, que certifica f) […]
a formação adquirida e a qualificação obtida.
5. [Revogado] g) [Revogada]
Artigo 56.º
6. Na via técnica pode ser conferida a dupla certificação,
académica e profissional, nos termos a regulamentar em Educação básica de jovens e adultos
diploma próprio.
1. A educação básica de jovens e adultos articula a
7. [Anterior n.º 6] formação geral básica e a formação profissional de base
e destina-se aos indivíduos com 15 ou mais anos, com ou
Artigo 28.º
sem passado escolar.
[…]
2. Através da modalidade especial de ensino, presencial
1. A via geral do ensino secundário destina-se ao ou à distância, podendo assumir um percurso modular, é
aprofundamento e ao reforço das aprendizagens adquiridas assegurada uma nova oportunidade de acesso à escolaridade
no ensino básico e aquisição das bases científicas, aos indivíduos, nomeadamente jovens e adultos, com ou
tecnológicas e culturais necessárias ao prosseguimento sem passado escolar, que não frequentaram a escola em
de estudos ou ingresso na vida ativa. idade escolar ou a abandonaram precocemente, bem como
aqueles que a procuram por razões de desenvolvimento
2. A via técnica do ensino secundário destina-se a pessoal, social ou profissional.
aquisição de conhecimentos científicos e tecnológicos,
competências sociais e profissionais para a obtenção 3. Este nível de ensino organiza-se em dois ciclos:
de uma especialização adequada, visando a inserção
no mundo laboral, sem prejuízo do prosseguimento de a) O 1º ciclo, com a duração de dois anos, visa o
estudos superiores. desenvolvimento de capacidade de leitura,
escrita, cálculo e interpretação;
3. [Revogado]
b) O 2º ciclo, com a duração de três anos, visa o
Artigo 54.º aprofundamento e consolidação dos conhecimentos
[…] e competências adquiridos do ciclo precedente
e a iniciação à formação profissional de base;
1. A educação extraescolar tem como objetivo promover
o desenvolvimento pessoal, escolar e profissional, que c) [Revogada]
favoreça a participação ativa dos jovens e adultos na
sociedade numa perspetiva de aprendizagem ao longo 4. O ensino básico de jovens e adultos organiza-se
da vida. de forma autónoma no que respeita às condições de
acesso, currículos, programas de ensino e sistema
2. [Revogado] de avaliação.

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1938 I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018

5. Ao jovem e adulto é atribuído o respetivo certificado Artigo 5.º


de aproveitamento, no 1º ciclo, e um diploma e o certificado Republicação
de ensino básico de adultos, no final do 2º ciclo.
É republicada, na íntegra e em anexo como parte integrante
6. A conclusão do ensino básico de adultos pode conferir ao ao presente diploma, o Decreto- Legislativo n.º 2/2010, de 7
formando um diploma de dupla certificação da componente de maio, com as modificações ora introduzidas.
escolar e da qualificação profissional.
Artigo 6.º
7. [Anterior n.º 5]
Entrada em vigor
8. A organização e funcionamento da educação Básica de
Adultos, bem como o sistema de avaliação e os diplomas O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao
e certificados a conferir, são objetos de regulamentação da sua publicação.
própria. Aprovado em Conselho de Ministros do dia 29 de
Artigo 57.º outubro de 2018.
Formação Profissional e Aprendizagem ao Longo da Vida José Ulisses de Pina Correia e Silva - Maritza Rosabal Peña
1. A formação profissional e aprendizagem são organizadas Promulgado em 5 de dezembro de 2018
numa perspetiva de capacitação de jovens e adultos para
o exercício de uma profissão, por forma a responder às Publique-se.
necessidades nacionais de desenvolvimento e a inclusão
social. O Presidente da República, JORGE CARLOS DE
ALMEIDA FONSECA
2. A formação profissional e ações de aprendizagem, no
âmbito da educação básica, desenvolvem-se em centros ANEXO
específicos, empresas ou serviços, com base em acordos (A que se refere o artigo 5.º)
e protocolos celebrados entre os diversos departamentos REPUBLICAÇÃO
estatais e não estatais, numa perspetiva de capacitação
de jovens e adultos para o mundo laboral. Decreto-legislativo n.º 2/2010
3. A formação profissional básica de jovens e adultos e de de 7 de maio
aprendizagem ao longo da vida podem ser desenvolvidas
através da modalidade especial de ensino presencial ou A atual Lei que aprovou as Bases do Sistema Educativo
à distância, podendo assumir percurso modular. data de 1990 (Lei n.º 103/III/90 de 29 de Dezembro),
tendo sido revista pela Lei n.º 113/V/99, de 18 de Outubro
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4. A formação profissional e de aprendizagem ao longo que, no essencial, introduziu os normativos atinentes à


da vida pode proporcionar um diploma, que confere uma regulamentação do ensino superior em Cabo Verde.
certificação profissional, visando a integração, reintegração
e progressão de jovens e adultos no mundo laboral. Apesar de ter representado até aqui um quadro
regulador importante do sistema de ensino em Cabo
5. A organização e funcionamento das ações de formação Verde, contribuindo para a democratização do seu acesso e
profissional e de aprendizagem ao longo da vida, bem alargada frequência, é ponto assente que, hoje, o crescimento
como a avaliação e os diplomas e certificados a conferir, extraordinário e atual das demandas exige que se adeque
são objetos de regulamentação própria. a regulação do sector em vista do reforço da capacidade
e a qualidade de resposta do sistema educativo, face aos
Artigo 58.º desafios do desenvolvimento do País e das perspetivas do
[…] futuro, num quadro estrutural mais amplo da estratégia
de transformação de Cabo Verde, em que a qualificação
São proporcionados cursos à distância, enquanto do capital humano constitui um recurso fundamental.
modalidade especial de formação que permita ampliar
as oportunidades de formação socioprofissional e cultural Efetivamente, o Governo pretende introduzir um novo
nos locais de trabalho e no âmbito doméstico, como quadro de reforma no sistema educativo, tendo em vista
oportunidade de aprendizagem, através de abordagens dar respostas adequadas aos desafios globais da sociedade
pedagógicas inovadoras, adequada às características dos cabo-verdiana, traduzidas em ganhos substâncias para o
participantes e às demandas do conhecimento, e bem assim funcionamento e a modernização do Sistema Educativo
às exigências das respetivas atividades profissionais. a nível nacional, com necessária adaptação estrutural
qualificativa em todos os subsistemas e níveis de ensino
Artigo 59.º e de formação profissional.
[…]
Entre as principais novações, destaca-se, como se
A coordenação das ações de planeamento e gestão prevê no presente diploma, a necessidade da revisão
das atividades de educação básica de jovens e adultos curricular, o incremento da introdução de tecnologias
e de formação profissional de jovens e adultos é feita de informação e comunicação, a qualificação do corpo
através de mecanismos de articulação interministerial docente, uma maior intervenção dos agentes locais no
e interdepartamental.” âmbito do alargamento da descentralização de poderes,
uma maior conexão do sistema educativo face à expansão
Artigo 3.º da universalidade do ensino e da educação, buscando
Disposição transitória sempre o reforço da solidariedade social e a qualidade
do ensino superior, enquanto fatores de desenvolvimento
A gratuitidade no ensino secundário é efetivada de e de inserção competitiva do país no mercado mundial.
forma faseada e progressiva até o ano letivo 2020-2021.
Desde logo, atento aos objetivos plasmados no Programa
Artigo 4.º de Governo para a presente VII Legislatura, nesta revisão
Revogações
da lei de Bases do Sistema Educativo salienta-se a
necessidade de regulação mais apropriada do subsistema
São ainda revogados os artigos 27.º e 29.º do Decreto- de ensino pré-escolar, privilegiando o desenvolvimento de
Legislativo n.º 2/2010, de 7 de maio. uma política integrada com vista a ampliar as condições

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para a generalização da educação pré-escolar, ao mesmo Por outro lado, atribui-se aos estabelecimentos do
tempo que se clarifica o papel do Governo, sobretudo no que ensino superior a faculdade de organizarem cursos
tange, de um lado, às medidas de coordenação, de orientação de formação pós-secundária, que não conferem graus
pedagógica e de formação do pessoal concernentes e, de académicos, mas de natureza profissionalizante, cursos aos
outro lado, quanto à determinação dos objetivos gerais e quais se poderá conferir diploma de Estudos Superiores
diversos dispositivos para a educação das crianças antes Profissionais, creditáveis, em determinadas condições,
da escolaridade obrigatória. para o prosseguimento de cursos superiores com grau
de licenciatura.
O alargamento da escolaridade obrigatória para oito
anos é das principais medidas de fundo que se pretende Ainda, a nível do ensino superior, redefine-se o
implementar com este diploma. O novo modelo, que sistema de seu financiamento e do respetivo controlo,
se preconiza sob o signo da universalidade de acesso, designadamente prevendo que possam ser subsidiados
assenta-se na observância dos parâmetros da qualidade, pelo Estado, incluindo instituições privadas do ensino
da equidade e da sustentabilidade financeira deste superior, guiado pelos princípios: a) da comparticipação
subsistema de ensino, necessariamente, implicará não financeira do Estado; b) da cogestão; c) da universalidade;
só um redesenho da estrutura de ciclos de ensino e da d) da socialização dos custos; e) da não exclusão; f) da
respetiva matriz curricular, como também a adequação do equidade; g) da autonomia; e h) da sustentabilidade.
regime de docência, a relevar em sede legislativa própria.
Por isso mesmo, se prevê a implementação de um
Preconiza ainda o presente diploma a possibilidade de sistema de controlo de qualidade do ensino superior no
ser alargada, gradativamente, a escolaridade obrigatória País, através de adoção de medidas de política adequadas
até o 12º Ano, consoante forem sendo criadas as bases de bem como da instituição de um serviço competente na
sustentabilidade, mediante condições a determinar por Orgânica do departamento governamental da área do
Resolução do Conselho de Ministros. Ensino Superior para a regulação, acreditação e avaliação
Com efeito, prevê-se que o novo modelo de ensino básico das instituições do ensino superior em Cabo Verde.
compreenda três ciclos sequenciais, sendo primeiro de
quatro anos e o segundo e o terceiro de dois anos cada, Pretende-se com esta autorização legislativa a harmonização
em articulação sequencial progressiva, conferindo-se a do novo regime do ensino superior em Cabo Verde com o
cada ciclo a função de completar, aprofundar e alargar chamado “modelo de Bolonha”, bem como o enquadramento
o ciclo anterior, numa perspetiva de unidade global do do sistema do ensino superior resultante da criação da
ensino básico. Universidade de Cabo Verde, por forma a aproximar o
sistema educativo cabo-verdiano aos patamares almejados e
Por outro lado, decorrente dos reflexos imediatos da em experimentação a nível internacional, designadamente
opção e medida do alargamento do ensino básico, recorta- na Europa, por forma a, designadamente, assegurar as
se neste diploma uma nova formatação curricular do vantagens da mobilidade e do sistema de créditos para
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subsistema de ensino secundário. efeito das equivalências de formação e qualificação a


Assim, o ensino secundário, que passará a ser de quatro nível internacional, de modo mais abrangente possível.
anos, compreenderá dois ciclos de dois anos cada, prevendo Outrossim, com realce para a integração escolar efetiva
que o 1º ciclo abarque o 9º e o 10º Anos de escolaridade das crianças e jovens com necessidades educativas especiais
com uma via geral, que constitui um ciclo de consolidação (NEE), a presente revisão da LBSE propugna também
do ensino básico e de orientação vocacional e o 2º ciclo, o fortalecimento da educação especial, implicando uma
abrangendo o 11º e o 12º Anos de escolaridade, com uma nova abordagem metodológica de ensino e aprendizagem
via geral e uma via técnica profissionalizante. específicas, quer em relação aos educandos portadores
Deste modo, aos alunos que tenham completado o de deficiência quer quanto aos educandos sobredotados.
12º Ano de escolaridade deverá ainda ser assegurada a
possibilidade de frequência de mais um ano complementar Incidindo também sobre o regime da educação extraescolar,
de formação, de especialização em determinada área de o presente diploma preconiza o incremento da generalização
atividade profissional. de segundas oportunidades educativas (o ensino recorrente
à distância, educação/formação de adultos), quer enquanto
Com efeito, decorrente dos reflexos imediatos das modalidade especial de ensino que permite ampliar a
opções curriculares recorta-se neste diploma uma nova oferta de oportunidades de cursos socioprofissionais, quer
formatação curricular do subsistema de ensino secundário. como fenómeno de capacitação de jovens e adultos para
o exercício de uma profissão e a luta contra a pobreza
De resto, com este novo modelo do ensino secundário, e exclusão social, massificando a utilização das novas
implicando adaptação de novas matrizes curriculares tecnologias de informação e comunicação disponíveis.
específicas, criam-se igualmente condições adequadas
ao estabelecimento de um quadro favorecedor da Clarificam-se, assim, neste subsistema, as modalidades
implementação articulada da formação complementar de implementação da formação presencial e à distância,
profissionalizante, na linha do reforço da integração entre com dois níveis e três fases de ensino adaptados, bem como
o sistema educativo e o sistema de formação profissional, a sua organização autónoma em relação ao subsistema
proporcionando uma rápida transição dos jovens da escola formal e obrigatório equivalente, do ensino básico, visando,
para o mundo do trabalho. em geral, dinâmicas de cidadania ativa e de formação
No que tange ao ensino superior, também pretende- se para o emprego.
introduzir importantes novações, promovendo novos padrões
de qualidade, designadamente quanto aos objetivos e à Ainda no âmbito do subsistema da educação extraescolar,
redefinição do regime dos estabelecimentos de ensino, bem prevê-se a instituição de mecanismos de articulação
como em relação ao regime de acesso e ao alargamento de interdepartamental, visando a coordenação das ações
graus académicos e diplomas correspondentes, incluindo e do planeamento das atividades de educação básica de
a fase pós-doutoramento. adultos e de formação profissional.
Nesta revisão, opta-se ainda pela eliminação do grau Conforme acima ficou assinalado, nesta revisão pretende-
académico de bacharelato, assim como o grau de ensino se dar especial atenção à qualificação do pessoal docente,
médio do sistema educativo formal, atento à dimensão que constitui um recurso fundamental para o sucesso dos
atual da oferta formativa do mercado, em que instituições objetivos traçados nos diversos subsistemas do sistema
privadas se pontificam. de ensino em Cabo Verde.

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Consequentemente, neste particular, propugna-se que observam as disposições relativas aos princípios,
em todos os subsistemas do ensino, incluindo no pré- estrutura, objetivos e programas em vigor no ensino
escolar, os docentes tenham formação qualificada, obtida público, particular e cooperativo e aos demais programas
em estabelecimento de ensino superior que confira ou de índole especializada, competindo-lhe ainda definir
não graus académicos superiores, sendo proporcionada as condições de validação dos respetivos diplomas para
a formação em exercício, nos termos em que tem vindo a efeito de obtenção de equivalência.
acontecer, até aqui, com determinadas classes do pessoal
docente. Artigo 4.º

Direitos e deveres no âmbito da educação


Assim, prevê-se a flexibilização do regime do pessoal
docente dos diversos subsistemas do ensino que exerçam 1. Todo o cidadão tem o direito e o dever da educação.
atividade nos estabelecimentos de ensino público,
particularizando as especificidades do ensino superior. 2. A família, as comunidades e as autarquias locais
Evidentemente, disso tudo já resulta a necessidade têm o direito e o dever de participar nas diversas ações
de adequação do regime estatutário do pessoal docente de promoção e realização da educação.
e necessidade de sua nova regulamentação, quanto mais 3. O Estado, através dos seus órgãos competentes,
não seja, no quadro da nova filosofia do regime geral da dinamiza por diversas formas a participação dos cidadãos
Função Pública. e suas organizações na concretização dos objetivos da
Outrossim, em ordem a favorecer a participação das Educação.
várias forças sociais, culturais e económicas na procura
de consensos alargados em relação à política de ensino, o 4. O Estado promove progressivamente a igual possibilidade
presente diploma institui o Conselho Nacional de Ensino, de acesso de todos os cidadãos aos diversos graus de
com funções consultivas, sem prejuízo de competências ensino e a igualdade de oportunidades no sucesso escolar.
próprias dos órgãos de soberania. 5. O Estado cria dispositivos de acesso e de frequência dos
Também, neste diploma, dá-se especial ênfase à política diversos graus de ensino em função dos meios disponíveis.
de afirmação da língua nacional cabo-verdiana, enquanto
língua materna e património cultural da cabo-verdianidade, 6. Em ordem a assegurar as condições necessárias à
visando o aprofundamento do conhecimento e da afirmação fruição dos direitos e ao desempenho dos deveres dos
da escrita da língua nacional cabo-verdiana, enquanto cidadãos em matéria educativa, o Estado deve velar pelo
primeira língua de comunicação oral. desenvolvimento e aperfeiçoamento do sistema público de
educação, com prioridade para a escolaridade obrigatória.
Diversos aspetos de regulamentação são diferidos à
7. O ensino particular e cooperativo observa o disposto
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regulação por diploma especial do Governo, designadamente


através de diplomas regulamentares. na presente lei quanto aos princípios, estrutura e objetivos
da educação, sem prejuízo da prossecução de finalidades
Assim, tendo sido ouvidos os Sindicatos dos professores específicas e de modalidades de organização que lhe sejam
e as instituições do ensino superior; legalmente autorizadas.
Ao abrigo da autorização legislativa concedida pela Lei 8. Um subsistema de educação extraescolar promove
n.º 54/VII/2010, de 8 de março, a elevação do nível escolar e cultural de jovens e adultos
numa perspetiva de educação permanente e formação
No uso da faculdade conferida pela alínea b) do número 2 profissional.
do artigo 203º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
CAPÍTULO II
CAPÍTULO I
OBJETIVOS E PRINCÍPIOS GERAIS
DISPOSIÇÕES GERAIS DO SISTEMA EDUCATIVO
Artigo 1.º
Artigo 5.º
Objeto
Objetivos e princípios gerais
O presente diploma define as Bases do Sistema Educativo,
enunciando os princípios fundamentais da organização e 1. A educação visa a formação integral do indivíduo.
funcionamento do sistema educativo, nele se incluindo o
ensino público e o particular e cooperativo. 2. A formação obtida por meio da educação deve ligar-
se estreitamente ao trabalho, de molde a proporcionar
Artigo 2.º a aquisição de conhecimentos, qualificações, valores e
Âmbito do sistema educativo
comportamentos que possibilitem ao cidadão integrar-se na
comunidade e contribuir para o seu constante progresso.
O sistema educativo abrange o conjunto das instituições
de educação que funcionem sob a dependência do Estado ou 3. No quadro da ação educativa, a eliminação do
sob sua supervisão, assim como as iniciativas educacionais analfabetismo é tarefa fundamental.
levadas a efeito por outras entidades.
4. A educação deve contribuir para salvaguardar
Artigo 3.º a identidade cultural, como suporte da consciência e
dignidade nacionais e fator estimulante do desenvolvimento
Competência
harmonioso da sociedade.
1. A coordenação e supervisão da política educativa e do Artigo 6.º
funcionamento do respetivo sistema são da competência
dos departamentos governamentais responsáveis pelas Livre acesso ao sistema educativo
áreas da Educação e do Ensino Superior.
O sistema educativo dirige-se a todos os indivíduos,
2. Cabe aos departamentos governamentais responsáveis independentemente da idade, sexo, nível socioeconómico,
pelas áreas da Educação e do Ensino Superior, conforme intelectual ou cultural, crença religiosa ou convicção
o caso, assegurar que todas as instituições educativas filosófica de cada um.

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Artigo 7.º j) Contribuir para o conhecimento e o respeito dos
Educação e projeto nacional de desenvolvimento
direitos humanos e desenvolver o sentido e o
espírito de tolerância e solidariedade;
O sistema educativo e as suas estruturas devem favorecer
a realização do projeto nacional de desenvolvimento k) Fomentar a participação das populações na atividade
cultural, económico e social, mediante uma articulação educativa e na gestão democrática do ensino.
estreita com as instituições e os agentes intervenientes ao 2. Os objetivos da política educativa entendem-se,
nível das coletividades e autarquias locais e dos diversos adequam-se e executam-se de harmonia com as linhas
sectores da vida nacional. orientadoras da estratégia de desenvolvimento nacional.
Artigo 8.º Artigo 11.º
Funcionalidade da educação Processo educativo

O processo educativo integra a formação teórica 1. A escola cabo-verdiana deve ser um centro educativo
e a formação prática, contribuindo em geral para o capaz de proporcionar o desenvolvimento integral do
desenvolvimento global e harmónico do país e, em particular, educando, em ordem a fazer dele um cidadão apto a intervir
para o desenvolvimento da economia, do bem-estar das criativamente na elevação do nível de vida da sociedade.
populações e para a realização pessoal do cidadão.
2. São tarefas fundamentais da escola e do processo
Artigo 9.º educativo que nela se desenvolve:
Educação e identidade cultural
a) Proporcionar à geração mais jovem a consciência
1. A educação deve basear-se nos valores, necessidades e crítica das realidades nacionais;
aspirações coletivas e individuais e ligar-se à comunidade, b) Desenvolver e reforçar em cada indivíduo o sentido
associando ao processo educativo os aspetos mais relevantes patriótico e a dedicação a todas as causas de
da vida e da cultura cabo-verdiana. interesse nacional;
2. Com o objetivo de reforçar a identidade cultural e de c) Desenvolver o apreço pelos valores culturais e nacionais
integrar os indivíduos na coletividade em desenvolvimento, e o sentido da sua atualização permanente;
o sistema educativo deve valorizar a língua materna,
como manifestação privilegiada da cultura. d) Estreitar as ligações do ensino e da aprendizagem com
Artigo 10.º
o trabalho, favorecendo a assimilação consciente
dos conhecimentos científicos e técnicos necessários
Objetivos da política educativa ao processo global do desenvolvimento do país;
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1. São objetivos da política educativa: e) Incentivar o espírito criativo e a adaptação às


mutações da sociedade, da ciência e da tecnologia
a) Promover o aprimoramento do processo de ensino no mundo moderno;
e aprendizagem, tendo em vista a formação
integral e permanente do indivíduo, numa f) Promover o espírito de compreensão, solidariedade
perspetiva universalista; e paz internacionais.
b) Contribuir para a formação cívica do indivíduo, CAPÍTULO III
designadamente através da integração e promoção
dos valores democráticos, éticos e humanistas ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA EDUCATIVO
no processo educativo, numa perspetiva crítica Secção I
e reflexiva;
Estrutura, obrigatoriedade e definição curricular
c) Desenvolver uma ação educativa que promova atitudes Artigo 12.º
positivas em relação ao trabalho, à produtividade
e à inovação nas atividades económicas, como Estrutura
fatores de progresso e bem-estar;
1. O sistema educativo compreende os subsistemas da
d) Imprimir à educação e formação valências científica educação pré-escolar, da educação escolar e da educação
e técnica que permitam a participação do extraescolar, complementados por atividades de desporto
indivíduo, através do trabalho, no desenvolvimento escolar e os apoios e complementos socioeducativos, numa
socioeconómico do país; perspetiva de integração.
e) Promover a investigação, a criatividade e a inovação 2. A educação pré-escolar visa proporcionar a formação
com vista à elevação do nível de conhecimento e e o desenvolvimento das potencialidades das crianças, de
de qualificação dos cidadãos, enquanto fatores forma equilibrada para a sua socialização e preparação
de desenvolvimento nacional; necessárias ao ingresso na educação escolar.
f) Preparar o educando para uma constante reflexão 3. A educação escolar abrange os subsistemas do ensino
sobre os valores espirituais, estéticos, morais básico, secundário e superior, bem como modalidades
e cívicos e proporcionar-lhe um equilibrado especiais de ensino, e inclui ainda as atividades de
desenvolvimento físico; ocupação de tempos livres.
g) Reforçar a consciência e a unidade nacionais; 4. A Educação extraescolar engloba as atividades de
alfabetização, de educação básica de jovens e adultos e de
h) Aprofundar o conhecimento e a afirmação da escrita formação profissional numa perspetiva de aprendizagem
da língua nacional cabo-verdiana, enquanto ao longo da vida, articulando-se com a educação escolar.
primeira língua de comunicação oral, visando
sua utilização oficial a par da língua portuguesa; 5. O sistema educativo integra ainda a componente de
formação técnico-profissional e articula-se estreitamente
i) Estimular a preservação e reafirmação dos valores como o sistema nacional de formação e aprendizagem
culturais e do património nacional; profissional.

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Artigo 13.º d) Facilitar o processo de socialização da criança;
Obrigatoriedade e) Possibilitar a familiarização das crianças com
a língua portuguesa e o desenvolvimento de
1. O Estado garante a educação obrigatória e universal habilidades motoras, psicomotoras e normas de
até ao 10º ano de escolaridade. convivências positivas necessárias ao ingresso
2. O Estado promove a criação de condições para alargar no 1.º ano do ensino básico;
a escolaridade obrigatória até o 12º ano de Escolaridade. f) Promover a aprendizagem das línguas oficiais e,
Artigo 14.º de pelo menos, a uma língua estrangeira;
Gratuitidade g) Favorecer a revelação de características específicas
da criança e garantir uma eficiente orientação
1. O ensino básico é universal, obrigatório e gratuito, das suas capacidades.
com duração de 8 anos. Artigo 18.º
2. A gratuitidade no ensino básico traduz-se na isenção Organização
de propinas, taxas e emolumentos relacionados com a
matrícula, inscrições e certificação do aproveitamento. 1. A rede de educação pré-escolar é essencialmente da
iniciativa das autarquias locais e de instituições oficiais,
3. O Estado promove a criação de condições para alargar bem como de entidades de direito privado constituídas sob
progressivamente a gratuitidade ao ensino secundário. forma comercial ou cooperativa, cabendo ao Estado fomentar
e apoiar tais iniciativas, de acordo com as possibilidades
4. A gratuitidade no ensino secundário traduz-se na existentes, podendo assumir o funcionamento de jardins
isenção de propinas. em zonas onde a iniciativa privada não se verifica.
5. Os alunos dos ensinos básico e secundário dispõem 2. A educação pré-escolar faz-se em jardins-de-infância
ainda de apoios no âmbito da ação social escolar, nos oficialmente reconhecidos.
termos da lei aplicável. 3. Cabe ao Governo definir em diploma próprio as normas
Artigo 15.º gerais da educação pré-escolar, nomeadamente nos seus
aspetos pedagógicos e técnicos, apoiar e fiscalizar o seu
Currículo cumprimento e aplicação.
1. Para efeitos do presente diploma, entende-se por Secção III
currículo nacional, o conjunto das aprendizagens a Educação escolar
desenvolver pelos alunos que frequentem o sistema
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educativo referido no artigo 12.º. Subsecção I


Ensino Básico
2. O currículo nacional, tendo por base os perfis de saída,
concretiza-se através da definição dos planos de estudo Artigo 19.º
que integram disciplinas e ou áreas disciplinares, das Caracterização
modalidades de avaliação e da elaboração dos materiais
curriculares, nos termos aprovados por diploma próprio. 1. O ensino básico obrigatório proporciona às crianças e
jovens uma formação fundamental para a vida, promovendo
Secção II o domínio de conhecimentos básicos científicos, naturais,
humanistas e sociais, bem como técnicas de aprendizagens
Educação pré-escolar
diversificadas, que contribuam para a sua realização
Artigo 16.º pessoal e social, enquanto cidadãos.
Caracterização e âmbito 2. [Revogado]
1. A educação pré-escolar enquadra-se nos objetivos da 3. [Revogado]
universalização do acesso à educação, visando, por um Artigo 20.º
lado, o desenvolvimento da criança e, por outro, a sua Ingresso
socialização e preparação para o ingresso na educação
escolar. 1. Ingressam no ensino básico as crianças que
completem 6 anos de idade até 31 de dezembro.
2. A educação pré-escolar destina-se a todas as
crianças a partir do ano em que atinjam os 4 anos de idade. 2. A obrigatoriedade de frequência do ensino básico
termina em idade a fixar, por diploma próprio emanado
3. [Revogado] do Governo.
4. A universalização da educação pré-escolar implica Artigo 21.º
para o Estado o dever de garantir as condições e medidas Encargos de frequência
que permitam o acesso de todas as crianças à educação
pré-escolar. Os encargos de frequência do ensino básico são
suportados pelo Estado, bem como pelas famílias, nos
Artigo 17.º termos do disposto no n.º 3 do artigo 78.º deste diploma.
Objetivos Artigo 22.º
Objetivos
São objetivos essenciais da educação pré-escolar:
São objetivos do ensino básico:
a) Apoiar o desenvolvimento equilibrado das
potencialidades da criança; a) Favorecer a aquisição de conhecimentos, hábitos,
atitudes e habilidades que contribuam para o
b) Possibilitar à criança a observação e a compreensão desenvolvimento pessoal e para a inserção do
do meio que a cerca; indivíduo na comunidade;
c) Contribuir para a estabilidade e segurança afetiva b) Desenvolver capacidades de imaginação, observação,
da criança; reflexão, como meios de afirmação pessoal;

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c) Fomentar a aquisição de conhecimentos que 4. [Revogado]


contribuam para a compreensão, preservação
e sustentabilidade do meio; 5. Os planos curriculares do ensino básico integram
áreas curriculares disciplinares e de enriquecimento
d) Fortalecer atitudes, hábitos e valores de natureza curricular, em termos a estabelecer por diploma próprio.
ética e os vínculos de família, os laços de
solidariedade humana e de respeito recíproco 6. No final do ensino básico, o aluno pode prosseguir
em que se assenta a vida social; os estudos secundários, ou ainda seguir um curso de
formação profissional, nos termos e condições a definir
e) Promover o conhecimento, apreço e respeito pelos em diploma próprio.
valores que consubstanciam a identidade cultural
cabo-verdiana; 7. A conclusão com aproveitamento do ensino básico
confere o direito à atribuição de um diploma, devendo
f) Desenvolver a capacidade de aprender, tendo como igualmente ser certificado o aproveitamento de qualquer
ferramentas basilares o pleno domínio da leitura ano ou ciclo, quando solicitado.
e interpretação da escrita e do cálculo;
Subsecção II
g) [Revogada]
Ensino secundário
h) Promover o domínio da língua portuguesa como
instrumento de comunicação e de estudo, e Artigo 24.º
desenvolver a capacidade de compreensão e Caracterização
interpretação oral e escrita;
1. O ensino secundário dá continuidade ao ensino
i) Proporcionar a aprendizagem de duas línguas básico e permite o desenvolvimento dos conhecimentos,
estrangeiras, e a utilização das tecnologias de aptidões e capacidades intelectuais e emocionais, a par de
informação e comunicação como instrumentos uma formação humanista contemporânea, necessárias à
de aprendizagem; intervenção criativa na sociedade, essenciais na construção
j) Promover o reconhecimento e o respeito por todos do projeto de vida.
os ofícios e profissões. 2. O ensino secundário visa possibilitar a aquisição
Artigo 23.º das bases científico-tecnológicas e culturais necessárias
ao prosseguimento de estudos e ingresso na vida ativa
Organização
e, em particular permite, pelas vias técnicas, artísticas e
1. O ensino básico tem a duração de oito anos e profissionais, a aquisição de qualificações e competências
compreende dois ciclos sequenciais, de quatro anos cada, profissionais para inserção no mundo laboral.
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organizados da seguinte forma:


3. As condições de acesso e permanência no ensino
a) No 1º ciclo, o ensino é globalizante, da responsabilidade secundário são definidas em diploma próprio.
de um professor, que pode ser coadjuvado em Artigo 25.º
áreas especializadas;
Objetivos
b) No 2º ciclo, o ensino organiza-se segundo um
plano curricular unificado, que integra áreas São objetivos do ensino secundário:
vocacionais diversificadas, e desenvolve-se em
regime de pluridocência; a) Desenvolver a capacidade de análise, criatividade, e
despertar o espírito de pesquisa e de investigação;
c) [Revogada]
b) Possibilitar a aquisição das bases científicas,
2. Os dois últimos anos do ensino básico constituem anos tecnológicas e culturais necessárias, quer ao
de transição para o ensino secundário e consequentemente prosseguimento de estudos, quer ao ingresso
anos de iniciação da orientação escolar, vocacional e na vida profissional ativa;
profissional que faculte a opção de formação subsequente.
c) Reforçar a capacidade de comunicação e expressão oral
3. Os objetivos específicos de cada ciclo integram-se e escrita, aprofundar e alargar as competências
nos objetivos gerais do ensino básico, nos termos dos linguísticas das línguas oficiais adquiridas nos
números anteriores e de acordo com o desenvolvimento ciclos precedentes;
etário correspondente, tendo em atenção as seguintes
particularidades: d) Desenvolver as capacidades de aprendizagem,
tendo em vista a aquisição de conhecimentos,
a) Para o 1º ciclo, o desenvolvimento oral da língua habilidades e a consolidação de atitudes e valores
portuguesa e a iniciação e progressivo domínio éticos e morais;
da leitura e da escrita, das noções essenciais da
aritmética e do cálculo, das ciências integradas e) Proporcionar orientação escolar, vocacional e
e das expressões plástica, dramática, musical, profissional que possibilite uma opção consciente
motora e da educação moral e cívica; para o prosseguimento dos estudos ou inserção
no mundo laboral;
b) Para o 2º ciclo, a formação, a aquisição sistemática
e diferenciada da cultura moderna nas suas f) Permitir os contactos com o mundo do trabalho
vertentes teórica e prática, humanística, visando a inserção dos diplomados na vida ativa;
literária, científica, artística e tecnológica, física
e desportiva e a educação moral e cívica, com g) Propiciar o desenvolvimento contínuo dos valores
enfase no desenvolvimento de aptidões básicas morais, éticos e cívicos e da personalidade,
polivalentes indispensáveis ao desenvolvimento criando nos jovens atitudes e hábitos de relação
do pensamento crítico, da comunicação, da e cooperação, quer no plano dos seus vínculos
colaboração e da criatividade, que possibilite a familiares, quer no da intervenção consciente
preparação para a vida ativa e o prosseguimento e responsável na sociedade;
de estudos;
h) Garantir a continuidade de aprendizagem das duas
c) [Revogada] línguas estrangeiras iniciadas no ensino básico

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1944 I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018

e a introdução de outras línguas estrangeiras Artigo 31.º


facultativas, de acordo com a capacidade de Formação artística
oferta e das especificidades locais;
1. Através da via do ensino técnico ou do ano complementar
i) Criar hábitos de trabalho, individual e em grupo, do ensino secundário, os estabelecimentos de ensino
e favorecer o desenvolvimento de atitudes de secundário podem ministrar cursos de índole artística.
reflexão metódica, de abertura de espírito, de
sensibilidade e de disponibilidade e adaptação 2. Estes cursos têm uma organização curricular e
à mudança. regras de funcionamento próprias de acordo com a sua
Artigo 26.º
especificidade, a definir em diploma próprio.

Organização 3. Os cursos de formação artística abarcam as atividades


artísticas mais significativas para o desenvolvimento
1. Têm acesso ao ensino secundário os alunos que cultural do país e a sua rede escolar é definida em função
tenham completado com aproveitamento o ensino básico. da evolução dessas atividades.

2. O ensino secundário tem a duração de quatro anos, 4. Aos alunos que terminarem com aproveitamento, os
num ciclo único, do 9º ao 12º ano de escolaridade, e cursos de formação artísticas é atribuído o competente
estrutura-se em duas vias opcionais, via geral e via técnica. diploma.
Subsecção III
a) [Revogada]
Ensino superior
b) [Revogada]
Artigo 32.º
3. No final do ensino secundário, o aluno pode prosseguir Âmbito do ensino superior
os estudos superiores, ou ainda seguir um curso de
formação profissional, inicial ou complementar, nos termos 1. O ensino superior compreende o ensino universitário
e condições a definir em diploma próprio. e o ensino politécnico.
4. A conclusão do ensino secundário confere direito à 2. O ensino universitário visa, através da promoção da
atribuição de certificado e de um diploma, que certifica investigação e da criação do saber, assegurar uma sólida
a formação adquirida e a qualificação obtida. preparação científica, técnica e cultural dos indivíduos,
habilitando-os para o desenvolvimento das capacidades
5. [Revogado] de conceção, análise crítica e inovação para o exercício
de atividades profissionais, socioeconómicas e culturais.
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6. Na via técnica pode ser conferida a dupla certificação,


académica e profissional, nos termos a regulamentar em 3. O ensino politécnico visa, através da promoção da
diploma próprio. investigação aplicada e de desenvolvimento, proporcionar
aos indivíduos conhecimentos científicos de índole teórica
7. É garantida a permeabilidade entre a via do ensino e prática e uma sólida formação cultural e técnica de
geral e a via do ensino técnico, nos termos e condições a nível superior, desenvolvendo as suas capacidades de
estabelecer por diploma regulamentar. inovação e de análise crítica, de compreensão e solução de
Artigo 27.º problemas concretos, com vista ao exercício de atividades
profissionais.
[Revogado] Artigo 33.º
Artigo 28.º Estabelecimentos
Via geral e via técnica do ensino secundário
1. O ensino universitário é ministrado em universidades
1. A via geral do ensino secundário destina-se ao e em escolas universitárias não integradas.
aprofundamento e ao reforço das aprendizagens adquiridas 2. O ensino politécnico é ministrado em institutos politécnicos
no ensino básico e aquisição das bases científicas, e em escolas superiores especializadas nos domínios da
tecnológicas e culturais necessárias ao prosseguimento tecnologia, das artes e da educação, entre outros.
de estudos ou ingresso na vida ativa.
3. As universidades podem ser constituídas por
2. A via técnica do ensino secundário destina-se a escolas, institutos ou faculdades diferenciadas e ou por
aquisição de conhecimentos científicos e tecnológicos, departamentos, centros ou outras unidades funcionais,
competências sociais e profissionais para a obtenção podendo ainda integrar escolas superiores do ensino
de uma especialização adequada, visando a inserção politécnico.
no mundo laboral, sem prejuízo do prosseguimento de
estudos superiores. 4. Os institutos politécnicos podem ser constituídos por
escolas e ou departamentos ou outras unidades funcionais.
3. [Revogado]
Artigo 34.º
Artigo 29.º
Objetivos do ensino superior
[Revogado]
São objetivos do ensino superior:
Artigo 30.º
a) Desenvolver capacidade de conceção, de inovação,
Matrizes curriculares de investigação, de análise crítica e de decisão;
As matrizes curriculares do ensino secundário integram b) Formar quadros nas diferentes áreas de conhecimento,
componentes de formação geral, de formação sociocultural, aptos para a inserção em sectores profissionais
de formação específica, de formação tecnológica, de e para a participação no desenvolvimento da
formação técnico-artística e técnica, nos termos definidos sociedade cabo-verdiana, e colaborar na sua
por Decreto-Lei. formação contínua;

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I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018 1945

c) Estimular o pensamento reflexivo, a criação cultural, 4. Além do disposto no número anterior, têm acesso
o desenvolvimento do espírito científico e a ao ensino superior:
capacidade empreendedora;
a) Os maiores de 25 anos que, não sendo titulares
d) Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação da habilitação de acesso ao ensino superior,
científica, visando o desenvolvimento da ciência façam prova da capacidade de frequência através
e da tecnologia e a criação e difusão da cultura, da realização de provas especiais de aptidão
e, desse modo, aumentar a capacidade de organizadas pelos estabelecimentos de ensino
compreensão e transformação das condições superior;
de existência e de realização do homem na
sociedade e no mundo em que vive; b) Os titulares de qualificações pós-secundárias nas
áreas correspondentes às dos cursos superiores
e) Promover a divulgação de conhecimentos científicos, a que se candidatam.
culturais e técnicos que constituem património
da humanidade e comunicar o saber através 5. Compete aos estabelecimentos de ensino superior
do ensino, de publicações ou de outras formas organizar o processo de avaliação da capacidade para a
de comunicação; frequência, bem como o de seleção e seriação dos candidatos
ao ingresso nos respetivos cursos.
f) Estimular o conhecimento e análise dos problemas
nacionais e do mundo de hoje, prestar serviços 6. O Estado deve criar as condições para que os cursos
especializados à comunidade e estabelecer com existentes e a serem criados correspondam globalmente
esta uma relação de reciprocidade; às necessidades em quadros qualificados, às aspirações
individuais e à elevação do nível educativo, cultural e
g) Estimular e apoiar a formação cultural técnica científico do País, para que seja garantida a qualidade
e profissional dos cidadãos pela promoção de do ensino ministrado.
formas adequadas de extensão cultural;
7. Os trabalhadores-estudantes beneficiam, nos termos
h) Encorajar a busca permanente de aperfeiçoamento da lei, de regimes especiais de acesso e frequência do ensino
intelectual, cultural, técnico e profissional, favorecendo superior, em sintonia com os princípios da aprendizagem
a integração e aplicação os conhecimentos que ao longo da vida e da flexibilidade ou mobilidade dos
vão sendo adquiridos ao longo das gerações, na respetivos percursos escolares.
perspetiva de educação e de desenvolvimento
de competências ao longo da vida; 8. O Governo define, por Decreto-lei, o regime e as
condições de acesso ao ensino superior.
i) Contribuir para a modernização do sistema educativo
2 618000 000000

Artigo 36.º
a todos os níveis, designadamente através da
promoção do conhecimento e da pesquisa, adoção Organização e reconhecimento da formação
e disseminação de novas metodologias de ensino.
1. A organização da formação ministrada pelos
Artigo 35.º estabelecimentos de ensino superior obedece ao sistema
de créditos, tendo em consideração o seguinte:
Acesso
a) Os créditos são a medida do número de horas de
1. O Estado deve criar as condições que garantam aos trabalho do estudante;
cidadãos a possibilidade de frequentar o ensino superior,
de forma a neutralizar os efeitos discriminatórios de b) O número de horas de trabalho do estudante a
correntes das assimetrias regionais ou de desvantagens considerar na definição do número de créditos
socioeconómicas. inclui todas as formas de trabalho académico
previstas, designadamente as horas de contacto
2. O acesso ao ensino superior rege-se pelos seguintes e as horas dedicadas a estágios, trabalhos no
princípios: terreno, estudo individual ou coletivo e avaliação.
a) Democraticidade, equidade e igualdade de 2. A mobilidade dos alunos entre os estabelecimentos
oportunidades; de ensino superior nacionais, do mesmo ou de diferentes
subsistemas, bem como entre estabelecimentos de
b) Objetividade dos critérios de seleção e seriação ensino superior estrangeiros e nacionais, é assegurada
dos candidatos; através do sistema de créditos, com base no princípio
do reconhecimento mútuo do valor da formação e das
c) Universalidade de regras para cada um dos competências adquiridas.
subsistemas de ensino superior;
3. Os estabelecimentos de ensino reconhecem, através
d) Valorização do percurso educativo do candidato do sistema de créditos, as competências profissionais e,
no ensino secundário, nas suas componentes de em particular, a formação pós-secundária dos que neles
avaliação contínua e provas nacionais, traduzindo sejam admitidos, através das modalidades especiais de
relevância para o acesso ao ensino superior acesso, a definir através do diploma a que se refere o nº
do sistema de certificação nacional do ensino 4 do artigo anterior.
secundário;
4. Sem prejuízo do disposto neste artigo, o Governo
e) Valorização das competências do candidato, define, por Decreto-lei, o regime de créditos no ensino
independentemente da forma como tenham superior.
sido adquiridas.
Artigo 37.º
3. Têm acesso ao ensino superior os indivíduos habilitados Graus académicos e diplomas
com o curso do ensino secundário ou equivalente que
façam prova de capacidade para a sua frequência, nos 1. No ensino superior são conferidos os graus académicos
termos definidos por lei. de licenciado, mestre e doutor.

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1946 I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018

2. Os estabelecimentos de ensino superior podem, 5. O grau de mestre é conferido após a conclusão, com
nos termos do presente diploma, ministrar cursos não aproveitamento, de um ciclo de estudos com um número
conferentes de grau académico, cuja conclusão, com de créditos a que corresponda uma duração compreendida
aproveitamento, confere a atribuição de um diploma. entre três e quatro semestres curriculares.
3. Nos termos a definir por Decreto-Lei, cabe apenas 6. Excecionalmente, mediante deliberação favorável
aos estabelecimentos de ensino universitário organizar da entidade de regulação e para efeitos de acesso ao
cursos ou programas de pós-doutoramento. exercício de uma determinada atividade profissional, o
grau de mestre pode ser igualmente conferido mediante
4. Os ciclos de estudos conducentes ao grau de licenciado, a conclusão, com aproveitamento, de um ciclo integrado
mestre ou doutor podem ser organizados por etapas, de estudos, subsequente ao 12º ano de escolaridade, com
conferindo-se, no final de cada etapa, um diploma. um número de créditos a que corresponda uma duração
5. Só podem conferir grau académico numa determinada compreendida entre dez e doze semestres curriculares.
área os estabelecimentos de ensino superior que, por 7. O ciclo de estudos a que se refere o número anterior
disporem de um corpo docente próprio, qualificado nessa pode ser organizado por etapas, atribuindo-se o grau de
área e demais recursos humanos e materiais que garantam licenciado aos que tenham concluído, com aproveitamento,
o nível e a qualidade da formação adquirida, estejam, um período de estudos com duração não inferior a seis
para tanto, devidamente acreditados, nos termos da lei. semestres.
6. Os estabelecimentos de ensino superior podem 8. A conclusão, com aproveitamento, do grau de mestre
associar-se com outros estabelecimentos de ensino é certificada por uma carta magistral.
superior, nacionais ou estrangeiros, para conferirem os
graus académicos e atribuírem os diplomas previstos nos Artigo 40.º
artigos seguintes. Doutoramento
7. Só as instituições de ensino universitário podem 1. O grau de doutor comprova a realização de uma
conferir graus académicos de mestre, doutor e diplomas contribuição inovadora e original para o progresso do
de cursos pós-doutoramento. conhecimento, um alto nível cultural numa determinada
Artigo 38.º área do conhecimento e aptidão para a realização de
Licenciatura trabalho científico independente.
1. O grau de licenciado comprova uma sólida formação 2. O grau de doutor é conferido no ensino universitário.
cultural, científica e técnica, que permita aprofundar os 3. Têm acesso ao ciclo de estudos conducente ao grau
conhecimentos e competências, com vista à especialização, de doutor:
numa determinada área do saber e a uma adequada
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inserção profissional. a) Os titulares do grau de mestre;


2. O grau de licenciado é conferido nos subsistemas de b) Os licenciados titulares de um currículo académico,
ensino universitário e politécnico. científico ou profissional que, por deliberação
do órgão estatutariamente competente do
3. O grau de licenciado é conferido após um ciclo de estabelecimento de ensino superior onde
estudos com um número de créditos que corresponda a pretendam ser admitidos, seja reconhecido
uma duração compreendida entre seis e oito semestres como atestando capacidade para realização
curriculares de trabalho. deste ciclo de estudos.
4. A obtenção do grau de licenciado em determinadas
áreas pode ser condicionada ao cumprimento de um 4. Só podem conferir o grau de doutor numa determinada
número de créditos superior ao previsto no número área os estabelecimentos de ensino superior universitário
anterior, nos termos a definir por portaria do membro que demonstrem possuir, nessa área, os recursos humanos
do Governo responsável pela área do ensino superior, e organizativos necessários à realização de investigação
precedendo parecer da entidade de regulação a que se e uma experiência acumulada nesse domínio sujeita
refere o número 2 do artigo 47.º. a avaliação e concretizada numa produção científica e
académica relevantes.
5. A conclusão com aproveitamento do grau de licenciado
é comprovada por um certificado de licenciatura. 5. A conclusão, com aproveitamento, do grau de doutor
é certificada por uma carta doutoral.
Artigo 39.º
Artigo 41.º
Mestrado
Formação pós-secundária
1. O grau de mestre é conferido no ensino universitário.
1. Os estabelecimentos de ensino superior podem
2. O grau de mestre comprova um nível aprofundado realizar cursos de formação pós-secundária, de natureza
de conhecimentos numa área científica específica e profissionalizante e não conferentes de graus académicos,
capacidade para a prática de investigação fundamental, nos termos previstos na lei.
aplicada ou adaptativa.
2. Aos titulares dos cursos referidos no número anterior
3. O curso de mestrado compreende a frequência do pode ser conferido Diploma de Estudos Superiores
respetivo programa de especialização e a apresentação Profissionais (DESP), sendo a formação superior neles
de uma dissertação original. realizada creditável para efeitos de prosseguimento de
4. Têm acesso ao ciclo de estudos conducente ao grau estudos conducentes à obtenção do grau de licenciatura
de mestre: no âmbito do curso em que hajam sido admitidos.
Artigo 42.º
a) Os titulares do grau de licenciado;
Doutoramento “honoris causa”
b) Os titulares de um grau académico superior estrangeiro
que seja reconhecido como satisfazendo os 1. As universidades podem conferir o grau de doutor
objetivos do grau de licenciado pelo órgão científico “honoris causa” a individualidades eminentes nacionais
estatutariamente competente do estabelecimento ou estrangeiras, nos termos, e condições que vierem a
de ensino superior onde pretendem ser admitidos. constar de regulamento a elaborar por cada instituição.

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I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018 1947

2. A atribuição de doutoramento “honoris causa” a contribuir, na medida dos recursos disponíveis,


individualidades estrangeiras deve ser precedida de para fomentar o acesso ao ensino superior e
audição do membro do Governo responsável pela área maximizar a capacitação e especialização dos
dos Negócios Estrangeiros. recursos humanos em áreas relevantes para o
Artigo 43.º desenvolvimento;
Doutoramento ‘insignis” b) Princípio da cogestão, que se traduz na criação de
mecanismos para a comparticipação de elementos
As universidades podem conferir o grau de doutor da sociedade civil na gestão das instituições de
“insignis” a individualidades nacionais cuja obra se revista ensino superior e no controlo social da qualidade
de excecional mérito científico, nos termos e condições da formação nelas ministrada;
que vierem a constar de regulamento a elaborar por
cada instituição. c) Princípio da universalidade, entendido como o direito
Artigo 44.º de acesso de todas as instituições de ensino superior
e dos respetivos estudantes aos mecanismos de
Regulamentação
financiamento público previstos na lei;
O Governo, por Decreto-Lei, regula as demais condições
de atribuição dos graus académicos e dos diplomas referidos d) Princípios da socialização dos custos, que se traduz
nos artigos 37.º a 43.º. no dever dos estudantes de ensino superior
assumirem a responsabilidade no financiamento
Artigo 45.º dos custos da sua formação superior, sem prejuízo
Investigação científica do disposto na lei;
1. O Estado assegura as condições logísticas, tecnológicas e) Princípio da não exclusão, que se expressa na
e culturais visando a criação e a investigação científicas. possibilidade de os estudantes carenciados de
2. Nas instituições de ensino superior são criadas recursos económicos de beneficiarem de mecanismos
condições para a promoção da investigação científica, como de financiamento e de programas de ação social
componente indissociável do processo de desenvolvimento que viabilizem o acesso e à frequência do ensino
das aprendizagens e das competências curriculares. superior;
3. A investigação científica no ensino superior deve f) Princípio da equidade, entendido como o direito das
ter em conta os objetivos predominantes da instituição instituições e dos estudantes de beneficiarem
em que se realiza, sem prejuízo da sua perspetivação do apoio adequado à sua situação concreta;
no sentido da promoção do saber e do progresso e da
resolução dos problemas atinentes ao desenvolvimento g) Princípio da autonomia, nos termos do qual as
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social, económico e cultural do País. instituições de ensino superior, independentemente


da sua natureza jurídica, e sem prejuízo do
4. Os poderes públicos e os estabelecimentos de ensino disposto na lei, devem assegurar a mobilização
superior devem proporcionar as condições que assegurem a dos recursos indispensáveis para o financiamento
publicação dos trabalhos científicos, bem como a divulgação dos custos da formação que ministrarem;
dos novos conhecimentos e perspetivas do pensamento
científico, dos avanços tecnológicos e da criação cultural. h) Princípio da sustentabilidade, que implica a
necessidade de uma avaliação sistemática dos
5. Incumbe ao Estado incentivar e apoiar a cooperação meios e recursos necessários para a implementação
entre as entidades públicas, privadas e cooperativas no das medidas de política e das atividades de
sentido de fomentar o desenvolvimento da ciência, da ensino, investigação e extensão, numa lógica
tecnologia e da cultura, tendo particularmente em vista de continuidade e de irreversibilidade, com
a satisfação dos interesses da coletividade. a manutenção dos mais elevados padrões de
Artigo 46.º resultados académicos.
Financiamento Artigo 47.º
1. O Estado fixa na Lei do Orçamento dotações para Garantia da qualidade
o financiamento das atividades de ensino, formação,
investigação e extensão das universidades e demais 1. O Governo assegura a implementação de um sistema
instituições públicas de ensino superior, com base em de garantia da qualidade das instituições de ensino
critérios objetivos de aferição da pertinência, qualidade superior, mediante a adoção de medidas de política
e excelência dos cursos e projetos apresentados, nos que promovam a excelência das atividades de ensino,
indicadores de eficiência e eficácia das instituições e ainda investigação e extensão.
nos princípios da sustentabilidade e equidade no acesso
dos estudantes das diferentes categorias socioeconómicas. 2. O Governo cria, para o efeito e no quadro da orgânica
do departamento governamental responsável pela área do
2. Para efeito do disposto no número anterior, o Estado ensino superior, uma entidade dotada de independência,
tem em devida consideração os resultados dos relatórios com competência para a regulação, acreditação e avaliação
de auditoria ou avaliação das atividades académicas e do ensino superior.
da gestão financeira das instituições.
Subsecção V
3. O Estado pode ainda, na medida das suas possibilidades
financeiras, subsidiar as instituições privadas do ensino Modalidades especiais de ensino
superior, com base nos critérios e condições referidos nos
números anteriores. Artigo 48.º

4. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, o Educação especial


Governo regula, por Decreto-Lei, o regime de financiamento
do ensino superior, tendo em conta, designadamente, os 1. Entende-se por educação especial, para os efeitos
seguintes princípios: do presente diploma, a modalidade de educação escolar
ministrada preferencialmente em estabelecimentos
a) Princípio da comparticipação financeira do regulares de ensino a favor de alunos portadores de
Estado, entendido no sentido de que a este cabe necessidades educativas especiais.

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2. As crianças e jovens portadores de deficiências físicas Artigo 51.º


ou mentais beneficiam de cuidados educativos adequados, Ensino à distância
cabendo ao Estado a responsabilidade de:
1. As autoridades educacionais podem recorrer a meios
a) Assegurar gradualmente os meios educativos de comunicação social e às tecnologias de comunicação e
necessários; informação para assegurarem formação complementar,
b) Definir normas gerais da educação inclusiva supletiva ou alternativa do ensino regular.
nomeadamente nos aspetos técnicos e pedagógicos 2. O ensino à distância tem incidência no ensino
e apoiar o seu cumprimento e aplicação; recorrente, no ensino superior e na formação contínua
c) Apoiar iniciativas autárquicas e particulares conducentes de professores.
ao mesmo fim, visando permitir a recuperação e
integração socioeducativa do aluno. 3. As habilitações conferidas pelo ensino à distância
devem ser definidas e reconhecidas como equivalentes
3. No âmbito do disposto no número anterior, à educação às alcançadas no ensino formal, em conformidade com
especial cabe essencialmente: regulamentação a estabelecer previamente.
Artigo 52.º
a) Proporcionar uma educação adequada às crianças e
jovens portadores de deficiência com dificuldades Ensino recorrente de adultos
de enquadramento social;
1. O ensino recorrente é destinado a adultos que exerçam
b) Possibilitar o máximo desenvolvimento das uma atividade profissional em ordem a melhorar a sua
capacidades físicas e intelectuais dos portadores formação cultural, científica e profissional.
de deficiência;
2. Entre as modalidades de ensino recorrente de adultos a
c) Apoiar e esclarecer as famílias nas tarefas que instituir, figura o ensino noturno de qualquer ciclo ou nível.
lhes cabem relativamente aos portadores de
deficiência, permitindo a estes uma mais fácil 3. As ações de ensino recorrente devem ser organizadas
inserção no meio sociofamiliar; de maneira flexível em função das características dos seus
alunos e das necessidades de desenvolvimento cultural
d) Apoiar o portador de deficiência com a vista à e socioeconómico do Pais.
salvaguarda do equilíbrio emocional;
Artigo 53.º
e) Reduzir as limitações que são determinadas pela
deficiência; Educação e as Comunidades cabo-verdianas no estrangeiro
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f) Preparar o portador de deficiência para a sua 1. São incentivadas e apoiadas as iniciativas educacionais
integração na vida ativa. de associações de cabo-verdianos, assim como as atividades
desenvolvidas por entidades estrangeiras, públicas
Artigo 49.º ou privadas, que contribuam para a prossecução das
seguintes finalidades:
Educação para crianças sobredotadas

O Estado providencia ainda no sentido de serem criadas a) Divulgar a cultura cabo-verdiana e preservar o
condições especializadas de acolhimento de crianças com sentido da nacionalidade;
superior ritmo de aprendizagem, com o objetivo de permitir b) Facilitar a integração dos cabo-verdianos emigrados
o natural desenvolvimento das suas capacidades mentais. na realidade nacional em que estejam inseridos;
Artigo 50.º
c) Contribuir para a preservação do património e
Educação para crianças e jovens com necessidades da identidade culturais cabo-verdianos nas
educativas especiais comunidades emigradas.
1. A educação das crianças e jovens com necessidades 2. A organização das ações a que se refere o presente
educativas especiais, incluindo as derivadas de deficiências, artigo depende de acordos e protocolos de cooperação entre
organiza-se segundo métodos específicos de atendimento a República de Cabo Verde e os países de acolhimento
adaptados às suas características. das comunidades emigradas.
2. A integração em classes regulares de crianças e 3. Nos termos e condições a serem estabelecidos através
jovens com necessidades educativas especiais, incluindo de protocolos com instituições nacionais de educação e
as derivadas de deficiência, é promovida tendo em conta formação, são asseguradas quotas de frequência por parte
as necessidades de atendimento específicas e apoio aos de alunos cabo-verdianos que, nos países de emigração em
professores, pais ou encarregados de educação. que residam, não tenham possibilidades de prossecução
de estudos pós-secundários.
3. A educação dos alunos com necessidades educativas
especiais pode ser desenvolvida em instituições específicas Secção IV
desde que o grau de deficiência ou a sobredotação o justifique.
Educação extraescolar
4. A educação dos alunos com necessidades educativas Artigo 54.º
especiais pode desenvolver-se, para efeitos do cumprimento
da escolaridade básica, de acordo com currículos, programas Caracterização
e regime de avaliação adaptados às características do
educando. 1. A educação extraescolar tem como objetivo promover
o desenvolvimento pessoal, escolar e profissional, que
5. O departamento governamental responsável pela favoreça a participação ativa dos jovens e adultos na
área da Educação, em coordenação com outros sectores sociedade numa perspetiva de aprendizagem ao longo
estatais, organiza formas adequadas de educação visando da vida.
a integração social e profissional do educando com
necessidades educativas especiais. 2. [Revogado]

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I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018 1949

3. A educação extraescolar desenvolve-se em duas 4. O ensino básico de jovens e adultos organiza-se


vertentes: de forma autónoma no que respeita às condições de
acesso, currículos, programas de ensino e sistema
a) A educação básica de adultos, que abrange a de avaliação.
alfabetização e ações de educação permanente
numa perspetiva de elevação do nível cultural, 5. Ao jovem e adulto é atribuído o respetivo certificado
cientifico e tecnológico; de aproveitamento, no 1º ciclo, e um diploma e o certificado
de ensino básico de adultos, no final do 2º ciclo.
b) A formação profissional, numa perspetiva de
capacitação para o exercício de uma profissão 6. A conclusão do ensino básico de adultos pode conferir ao
e de integração no mundo laboral. formando um diploma de dupla certificação da componente
c) [Revogada] escolar e da qualificação profissional.

4. Em cada uma dessas vertentes se desenvolve processos 7. Para todos os efeitos legais, o diploma de educação
educativos próprios de uma educação formal e não formal, básica de adultos é equivalente ao da escolaridade básica
organizadas por unidades capitalizáveis, constituindo uma obrigatória.
modalidade que apela à flexibilidade, à adaptabilidade dos
ritmos de aprendizagem à disponibilidade, aos conhecimentos 8. A organização e funcionamento da educação Básica de
e às experiências de vida dos jovens e adultos. Adultos, bem como o sistema de avaliação e os diplomas
e certificados a conferir, são objetos de regulamentação
Artigo 55.º própria.
Objetivos
Artigo 57.º
São objetivos da educação extraescolar:
Formação Profissional e Aprendizagem ao Longo da Vida
a) Eliminar o analfabetismo literal e funcional;
1. A formação profissional e aprendizagem são organizadas
b) Contribuir para a efetiva igualdade de oportunidades numa perspetiva de capacitação de jovens e adultos para
educativas e profissionais dos jovens e adultos, o exercício de uma profissão, por forma a responder às
que não frequentaram ou não concluíram o ensino necessidades nacionais de desenvolvimento e a inclusão
básico na idade escolar; social.
c) Preparar cidadãos nos planos cívicos, culturais e 2. A formação profissional e ações de aprendizagem, no
profissional capazes de intervir no processo de
desenvolvimento do país, promovendo a formação, âmbito da educação básica, desenvolvem-se em centros
específicos, empresas ou serviços, com base em acordos
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numa perspetiva de educação recorrente e


permanente; e protocolos celebrados entre os diversos departamentos
estatais e não estatais, numa perspetiva de capacitação
d) Promover a articulação preferencial entre o ensino de jovens e adultos para o mundo laboral.
básico de jovens e adultos e a formação profissional;
3. A formação profissional básica de jovens e adultos e de
e) Desenvolver atitudes, conhecimentos e capacidades aprendizagem ao longo da vida podem ser desenvolvidas
necessários à realização de tarefas laborais e através da modalidade especial de ensino presencial ou
específicas; à distância, podendo assumir percurso modular.
f) Desenvolver a formação tecnológica com vista à 4. A formação profissional e de aprendizagem ao longo
aquisição de habilitações profissionais adequadas;
da vida pode proporcionar um diploma, que confere uma
g) [Revogada] certificação profissional, visando a integração, reintegração
e progressão de jovens e adultos no mundo laboral.
Artigo 56.º
Educação básica de jovens e adultos 5. A organização e funcionamento das ações de formação
profissional e de aprendizagem ao longo da vida, bem
1. A educação básica de jovens e adultos articula a como a avaliação e os diplomas e certificados a conferir,
formação geral básica e a formação profissional de base são objetos de regulamentação própria.
e destina-se aos indivíduos com 15 ou mais anos, com ou
sem passado escolar. Artigo 58.º

2. Através da modalidade especial de ensino, presencial Formação socioprofissional e cultural


ou à distância, podendo assumir um percurso modular, é
assegurada uma nova oportunidade de acesso à escolaridade São proporcionados cursos à distância, enquanto
aos indivíduos, nomeadamente jovens e adultos, com ou modalidade especial de formação que permita ampliar
sem passado escolar, que não frequentaram a escola em as oportunidades de formação socioprofissional e cultural
idade escolar ou a abandonaram precocemente, bem como nos locais de trabalho e no âmbito doméstico, como
aqueles que a procuram por razões de desenvolvimento oportunidade de aprendizagem, através de abordagens
pessoal, social ou profissional. pedagógicas inovadoras, adequada às características dos
3. Este nível de ensino organiza-se em dois ciclos: participantes e às demandas do conhecimento, e bem assim
às exigências das respetivas atividades profissionais.
a) O 1º ciclo, com a duração de dois anos, visa o
desenvolvimento de capacidade de leitura, Artigo 59º
escrita, cálculo e interpretação;
Ação da administração
b) O 2º ciclo, com a duração de três anos, visa o
aprofundamento e consolidação dos conhecimentos A coordenação das ações de planeamento e gestão
e competências adquiridos do ciclo precedente das atividades de educação básica de jovens e adultos
e a iniciação à formação profissional de base; e de formação profissional de jovens e adultos é feita
através de mecanismos de articulação interministerial
c) [Revogada] e interdepartamental.

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1950 I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018

CAPÍTULO IV sobre a matéria no número 1 do artigo 79.º do presente


diploma, a fim de compensar os alunos pertencentes a
TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO famílias com carência socioeconómicas.
E COMUNICAÇÃO E A SOCIEDADE
DE CONHECIMENTO 2. A coordenação dos programas de ação social e a
administração das suas fontes de financiamento, cabem
Artigo 60.º ao organismo competente do departamento governamental
Tecnologias de Informação e Comunicação responsável pela área da Educação.
1. O Estado promove a utilização das tecnologias da 3. A ação social escolar concretiza-se ao nível do ensino
informação e comunicação no sistema educativo, de modo público, mediante princípios normativos contido em
a contribuir para a elevação da qualidade e da eficácia diploma próprio.
do ensino, a emergência e a consolidação da sociedade do Artigo 66.º
conhecimento, a elevação do nível científico e tecnológico Saúde escolar
da sociedade e o exercício de uma cidadania participativa,
crítica e interveniente. 1. É desenvolvido um programa de saúde escolar que
visa o saudável desenvolvimento físico e mental das
2. O Estado desenvolve ações de formação e de investigação crianças em idade escolar, assim como as condições
dirigidas aos diferentes segmentos da sociedade mediante higiénicas das escolas, a formação dos educadores e dos
integração das TIC no sistema educativo, em função dos educandos, dentro das normas de sanidade individual,
interesses específicos e dos objetivos e prioridades da doméstica e comunitária.
política educativa adotada.
2. Os departamentos governamentais responsáveis pelas
3. Os ensinos recorrentes ou à distância podem ser áreas da saúde e da educação celebram acordos para execução
ministrados mediante recurso às novas tecnologias de conjunta das ações a que se refere o número anterior.
comunicação e informação.
Artigo 67.º
Artigo 61.º
Orientação escolar e profissional
Conectividade gratuita
O departamento governamental responsável pela
O Estado promove o acesso gratuito às tecnologias de área da Educação, em cooperação com outras estruturas
informação e comunicação (TIC) por parte de todos os Estatais, deverá desenvolver um sistema de orientação
estabelecimentos públicos de ensino, visando universalizar escolar e profissional que, mercê de ação de formação
o acesso ao conhecimento e promover hábitos de pesquisa. e de informação, permita aos jovens e às famílias uma
Artigo 62.º opção esclarecida sobre o futuro escolar ou profissional
do educando.
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Rádio e televisão educativas


Artigo 68.º
O Estado pode criar programas radiofónicos e televisivos Estágios profissionais
destinados a promover o ensino recorrente e à distância,
quando as circunstâncias assim determinarem, seja através 1. As atividades educativas a desenvolver nas instituições
de órgãos de comunicação social públicos ou privados, ou de ensino técnico devem incluir estágios de natureza
seja, através de criação de órgãos de comunicação social profissional.
de rádio e televisão educativas.
2. A concretização dos estágios referidos no número
CAPÍTULO V anterior, bem como os princípios de colaboração entre
as instituições de formação, os centros de empregos e as
APOIOS E COMPLEMENTOS EDUCATIVOS empresas, devem constar de protocolo a celebrar entre os
Artigo 63.º serviços competentes dos departamentos governamentais das
Caracterização áreas de educação, da formação profissional e do trabalho.
Artigo 69.º
1. Os apoios e complementos educativos constituem
um conjunto de serviços e de benefícios, de suporte ao Estatuto do trabalhador estudante
sistema educativo, visando uma política de incentivo à Os direitos, regalias e deveres dos trabalhadores
escolaridade obrigatória, de garantia do sucesso escolar estudantes, bem como as respetivas caracterizações em
em geral e do estímulo aos que revelarem maior interesse termos da idade, de natureza do regime laboral em que se
e capacidade de êxito nos níveis de ensino subsequentes. encontram, relevância social dos cursos que frequentem e
2. A natureza e a extensão dos apoios e complementos outros condicionamentos apropriados à respetiva situação
educativos dependem dos recursos disponíveis e da capa- são fixados por legislação especial.
cidade de intervenção das instituições e das organizações CAPITULO VI
sociais, podendo revestir várias formas.
PESSOAL DOCENTE
3. No âmbito dos estabelecimentos de ensino podem
ser criadas associações de carácter mutualista, tendo em Artigo 70.º
vista reforçar e concretizar a solidariedade social. Pessoal da Educação
Artigo 64.º 1. O sistema educativo disporá do pessoal docente
Apoio pedagógico específico necessário à realização das tarefas atribuídas às instituições
que o compõem.
Os estabelecimentos de ensino organizam atividades
de reforço e acompanhamento pedagógico para os alunos 2. Salvo o disposto no número seguinte, os docentes dos
com dificuldades de aprendizagem e com necessidades estabelecimentos do ensino público nos diversos níveis
escolares específicas. têm a qualidade de funcionário público, regendo-se pelo
respetivo Estatuto, aprovado por diploma próprio.
Artigo 65.º
Ação social escolar
3. Ao pessoal docente dos estabelecimentos públicos
de ensino superior poderá aplicar-se o regime jurídico
1. O Estado desenvolve um conjunto de ações no âmbito geral das relações de trabalho, caso assim for estipulado
social e escolar, de acordo com os princípios estabelecidos no respetivo Estatuto.

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I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018 1951


Secção I Artigo 73.º
Formação de docentes Formação de docentes de educação especial
Artigo 71.º São qualificados para exercício de funções como docentes
Princípios orientadores de educação especial os educadores de infância e os
1. A formação do pessoal docente obedece, no plano professores que obtenham aproveitamento em cursos
institucional, aos seguintes princípios orientadores: especializados ou provindos de instituições de formação
especializadas.
a) A formação inicial é institucionalizada como passo Artigo 74.º
fundamental da formação do docente;
Formação do pessoal docente na área artística e cultural
b) A formação inicial deve ser integrada, quer nos
planos científico, técnico e pedagógico, quer no 1. As matérias de índole prática ou oficinal do ensino
de articulação teórico-prática; secundário técnico e artístico, bem como de formação
profissional no domínio da educação extraescolar, são
c) A formação contínua de docentes deve permitir o asseguradas por docentes com formação e qualificação
aprofundamento e a atualização de conhecimentos adequados, nos termos do respetivo Estatuto.
e competências profissionais;
d) A formação inicial e a formação contínua devem 2. Para além de formação técnica de base, os docentes
ser atualizadas de modo a adaptar os docentes têm uma formação pedagógica a ministrar por instituições
a novas técnicas e à evolução da sociedade, das de formação de docentes.
ciências, das tecnologias e da pedagogia; Artigo 75.º
e) Os métodos e os conteúdos da formação deverão estar Formação contínua
em constante renovação, permitindo a contínua 1. A formação contínua constitui um direito e um
atualização de conhecimento e de atitudes. dever dos educadores de infância, dos professores e dos
2. O processo de formação de docentes é sujeito a um monitores dos ensinos básico e secundário.
sistema de avaliação referenciado aos objetivos, aos
métodos e seus resultados ou concretizações, com vista 2. A formação contínua visa essencialmente melhorar
à sua atualização permanente. a qualidade da ação docente permitindo uma atualização
permanente e criando a possibilidade de aquisição de
Artigo 72.º novas competências.
Objetivos e organização da formação de docentes
3. A formação contínua é da iniciativa das instituições
1. A formação de docentes para a educação de infância, responsáveis pela formação inicial, dos próprios docentes
o ensino básico e o ensino secundário é ministrada por e das suas estruturas representativas.
2 618000 000000

instituições de ensino legalmente criadas ou reconhecidas Artigo 76.º


que disponham de estruturas e recursos humanos,
científicos e técnico-pedagógicos adequados. Racionalidade da formação

2. A formação dos docentes a que se refere o número 1. A formação do pessoal docente desenvolve-se num
anterior prossegue os seguintes objetivos: quadro integrado de gestão e de racionalização dos meios
formativos existentes.
a) Habilitar os docentes a orientar o processo de
ensino-aprendizagem segundo parâmetros 2. O departamento governamental responsável pela
educacionais de excelência; área da Educação fomenta, apoia iniciativas e desenvolve
b) Dotar os docentes de informações sobre os aspetos programas de formação com carácter sistemático, articulando
relevantes da política educativa e do desenvolvimento as prioridades de desenvolvimento dos serviços com os
científico e pedagógico; planos individuais de carreira.
c) Promover e facilitar a investigação, a inovação 3. A formação do pessoal docente pode enquadrar-se
e a utilização das tecnologias de informação, em iniciativas articuladas com universidades, institutos
orientadas para o exercício da função docente; superiores de formação, politécnicos, associações públicas
e sindicais, de forma a promover a qualificação profissional
d) Desenvolver nos docentes, competências que lhes e a otimização da oferta da qualidade do ensino.
permitam participar na preparação, realização
Secção II
e avaliação de reformas no sistema educativo,
de carácter global ou parcelar; Formação de quadros no estrangeiro
e) Promover a capacitação dos docentes para a produção de Artigo 77.º
meios didáticos e a sua introdução na prática escolar; Princípios Gerais
f) Habilitar os docentes para, com a sua ação, promoverem A formação de quadros no estrangeiro é objeto de
a dinamização do meio profissional e sociocultural adequado planeamento, a realizar pelo departamento
em que a escola se insere. governamental responsável pela área da Educação, em
3. A formação dos docentes a que se refere o número colaboração com outros departamentos governamentais
anterior é fomentada mediante criação de condições interessados, a fim de a ajustar às necessidades de
para a frequência de cursos que confiram ou não graus desenvolvimento do País.
académicos superiores, nos termos do presente diploma, CAPÍTULO VII
devendo incluir, para além das componentes curriculares
dos respetivos ciclos de estudos, conteúdos específicos RECURSOS FINANCEIROS E MATERIAIS
das ciências da educação, das metodologias, da prática
Artigo 78.º
pedagógica e da investigação aplicada.
Recursos Financeiros
4. Compete à entidade de regulação a que se refere
o número 2 do artigo 46.º a verificação dos requisitos e 1. O sistema público de ensino deve ser considerado
objetivos previstos nos números 1 e 2, com poderes para como uma prioridade da política nacional, na elaboração
conceder ou denegar autorização a qualquer instituição de e aprovação do Orçamento Geral do Estado e do Plano
ensino organizada para ministrar a formação de docentes. Nacional de Desenvolvimento, caso houver.

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1952 I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018

2. Os órgãos do poder local devem cooperar com o 4. A atividade do departamento governamental


Governo na mobilização e disponibilização de recursos responsável pela área da Educação processa-se a nível
financeiros necessários ao sistema público de ensino. da administração central e local.
3. As famílias e comunidades devem contribuir para 5. São considerados parceiros no processo educativo, as
o esforço nacional em relação à educação da infância e associações de docentes, discentes, pais e encarregados de
da juventude segundo princípios, formas e critérios a educação, de carácter mutualista, cooperativo, pedagógico,
estabelecer em lei. científico, cultural ou profissionais legalmente instituídas.
Artigo 79.º Artigo 82.º
Recursos materiais Administração e gestão dos estabelecimentos de ensino
1. Os critérios de planeamento e de implementação Os estabelecimentos de ensino integrados na rede escolar
da rede escolar e da ação social escolar obedecerão aos oficial terão órgãos, formas e regras de administração e
princípios da educação básica obrigatória, da igualdade no funcionamento, a estabelecer Decreto-lei, obedecendo aos
acesso ao ensino, da diminuição das assimetrias regionais princípios de participação, cooperação, responsabilização,
e socioeconómicas no acesso ao ensino secundário e das rentabilização de recursos e inovação.
variáveis demográficas.
Artigo 83.º
2. Os órgãos de poder local desempenham papel preponderante,
Gestão privada de estabelecimentos públicos de ensino
em colaboração com os órgãos competentes do poder central,
na reorganização da rede escolar, assim como na construção 1. A gestão de estabelecimentos públicos de ensino
e na manutenção do equipamento educativo. secundário e superior pode ser submetida, mediante
3. Para realização da atividade educativa é ainda Resolução do Governo, a regras de gestão empresarial e a
conferida especial relevância aos seguintes recursos: lei pode permitir a realização de experiências inovadoras
de gestão submetidas a regras por ele fixadas.
a) Os manuais escolares;
2. A gestão de estabelecimentos referidos no número
b) As bibliotecas escolares; anterior pode ser entregue a pessoas coletivas de direito
c) Os equipamentos laboratoriais e oficinais; privado idóneo, mediante contrato de gestão.
d) Os equipamentos para educação física e desportos; 3. Os estabelecimentos geridos nos termos do número
anterior, sem prejuízo de contratos de prestações de
e) Os equipamentos, instrumentos e materiais de serviço com terceiros, integram-se no sistema educativo,
educação artística. estando as entidades gestoras obrigadas a assegurar o
CAPÍTULO VIII acesso ao ensino secundário e superior nos termos dos
DESPORTO ESCOLAR E ACTIVIDADES demais estabelecimentos da mesma natureza.
2 618000 000000

CIRCUM-ESCOLARES 4. O regime jurídico da gestão privada de estabelecimentos


Artigo 80.º públicos de ensino secundário e superior é objeto de
Caracterização
Decreto-Lei.
Artigo 84.º
1. A prática desportiva é uma componente essencial da
formação e do desenvolvimento da infância e da juventude, Conselho Nacional de Educação
integrada no âmbito da utilização criativa e formativa 1. É instituído o Conselho Nacional de Educação,
dos seus tempos livres. como órgão consultivo e instância de participação de
2. Cabe ao Estado apoiar o desporto escolar e as personalidades de reconhecido mérito nos domínios da
atividades circum-escolares e estimular a atividade de educação e da formação e ou com experiencia relevante
entidades públicas ou privadas que, de algum modo, nos planos social, cultural, cientifico e económico, na
possam contribuir para as finalidades pedagógicas visadas procura de soluções ou consensos alargados em relação
pelos objetivos consagrados neste artigo. às questões essenciais da politica educativa nacional, sem
prejuízo de competências próprias dos órgãos de soberania.
3. As instituições educativas devem cooperar com as
comunidades locais e os competentes departamentos 2. No exercício das suas funções, o Conselho Nacional
do Estado para promoção de atividades desportivas, de Educação é independente, realizando estudos e
recreativas, produtivas e de animação cultural. emitindo propostas e pareceres, por iniciativa própria
CAPÍTULO IX ou a solicitação do Governo.
ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DA EDUCAÇÃO 3. O Governo regula, por Decreto-Lei, a organização, a
composição e o funcionamento do Conselho Nacional do
Artigo 81.º Educação, sem prejuízo do disposto no presente diploma.
Princípios gerais
CAPÍTULO X
1. Incumbe ao Governo elaborar, coordenar, executar
e avaliar a política educativa nacional, em conformidade ENSINO PARTICULAR E COOPERATIVO
com os imperativos do desenvolvimento do país, definidos Artigo 85.º
no seu programa. Caracterização
2. Na definição e condução da política educativa, deve-se 1. O ensino particular ou cooperativo é garantido por
procurar ter em consideração os interesses dos sectores e instituições criadas por pessoas singulares ou coletivas
camadas sociais, culturais e profissionais mais diretamente privadas ou cooperativas.
relacionados com os problemas educativos, cabendo ao
departamento governamental responsável pela área da 2. O ensino particular ou cooperativo, em alternativa
Educação proceder à concertação dos respetivos interesses. ou em complementaridade ao ensino público, visa reforçar
3. Lei própria define os princípios que orientam a a garantia do direito de aprender e de ensinar.
intervenção do poder local no âmbito da administração 3. O ensino particular ou cooperativo exerce também,
e gestão da educação tendo em vista a obtenção de uma sempre que tal for estabelecido pelo Estado, face às
maior operacionalidade educativa, numa rentabilidade necessidades do sistema, uma função supletiva do
mais evidente do sistema e uma satisfação mais direta ensino público, podendo, neste caso receber do Estado
dos interesses regionais e locais em termos de educação. os necessários apoios.

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I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018 1953

4. O ensino particular ou cooperativo rege-se por 2. No prazo de três anos, devem ser concluídos os
estatuto próprio que deve subordinar-se ao disposto no cursos médios iniciados antes da entrada em vigor do
presente diploma. presente diploma.
5. Cabe ao Estado fiscalizar a qualidade do ensino 3. Os cursos médios já concluídos ou a concluir nos
ministrado nos estabelecimentos de ensino particular ou termos dos números anteriores produzem os efeitos
cooperativo e as condições de seu funcionamento. previstos na legislação vigente à data da entrada em
vigor do presente diploma.
6. O exercício do ensino particular carece de autorização
estatal, a obter nas condições e segundo os critérios que 4. Os indivíduos habilitados com cursos médios podem
vierem a ser estabelecidos no Estatuto do Ensino Particular. ingressar no ensino superior nas mesmas condições que
os titulares de curso do ensino secundário.
Artigo 86.º Artigo 91.º
Pessoal docente Cursos de bacharelato
1. Ao pessoal docente em exercício de funções no 1. Os cursos de bacharelato previstos no artigo 34.º da
ensino particular e cooperativo são exigidas as mesmas Lei n.º 103/III/90, de 29 de dezembro, na redação dada pela
qualificações profissionais estabelecidas no presente Lei n.º 113/III/99, de 18 de outubro, em funcionamento à
diploma que aos docentes do ensino oficial. data do presente diploma, continuam a ser ministrados nos
mesmos termos, até à sua conclusão, sendo os respetivos
2. O Estado pode apoiar ações pontuais de formação diplomas e certificados válidos para todos os efeitos legais.
para os docentes do ensino particular e cooperativo.
2. No prazo de quatro anos, devem ser concluídos os
CAPÍTULO XI cursos de bacharelato iniciados antes da entrada em vigor
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS do presente diploma.
3. Os cursos de bacharelato já concluídos ou a concluir
Artigo 87.º
nos termos dos números dois e três produzem os efeitos
Qualificações profissionais previstos na legislação vigente à data da entrada em
O sistema educativo, no âmbito da formação profissional, vigor do presente diploma.
nos subsistemas da educação básica de adultos, do ensino 4. Os indivíduos habilitados com o grau de bacharelato
secundário, da via técnica, e do ensino superior, confere, nos termos dos números anteriores consideram-se titulares
nos termos estabelecidos no presente diploma, certificados de curso superior que não confira grau de licenciatura.
e diplomas para o exercício específico de uma profissão. 5. Os titulares de curso de bacharelato concluído até ao
Artigo 88.º fim do prazo referido no número anterior podem adquirir
o grau de licenciatura mediante a frequência de um ciclo
Desenvolvimento do diploma
complementar de estudos com um número de créditos a
2 618000 000000

1. No contexto do presente diploma, o Governo desenvolve que corresponda a duração de dois a quatro semestres
o presente diploma, promovendo a aprovação da legislação curriculares de trabalho, nos termos definidos pelas
complementar necessária, designadamente sobre: instituições do ensino superior.
a) A gratuitidade e a obrigatoriedade do ensino; 6. Findo o prazo referido no número anterior, os titulares
de certificados de curso incompleto de bacharelato podem
b) Diretivas e planos curriculares da educação pré- prosseguir os estudos conducentes à obtenção do grau de
escolar, do ensino básico e do ensino secundário; licenciatura, mediante a obtenção do respetivo certificado
c) A gestão dos estabelecimentos de ensino básico; de equivalência junto do estabelecimento de ensino superior
onde pretendam continuar a formação académica.
d) Os princípios orientadores da formação de docentes Artigo 92.º
para os subsistemas de ensino básico e secundário; Formação em exercício de professores do ensino básico e
secundário
e) O novo estatuto do pessoal docente;
1. A formação de docentes em exercício visa a atualização,
f) A instituição de um serviço competente para a regulação, o aperfeiçoamento, a reconversão e o completamente dos
acreditação e avaliação do ensino superior; conhecimentos e formação pedagógica dos professores em
g) A revisão do Regime Jurídico do Ensino Superior. serviço à data da entrada em vigor do presente diploma.
2. Pode ser organizado um sistema de formação de
2. No prazo de 180 dias a contar da data de entrada em docentes em exercício, visando garantir a respetiva
vigor deste diploma, o Governo aprova e publica o calendário qualificação profissional e académica adequada.
de transição do sistema ora em vigor para o sistema
Artigo 93.º
consagrado neste diploma, que deve, prioritariamente,
garantir uma sucessão gradual de sistemas, com vista a Norma revogatória
evitar ruturas na evolução das atividades dos agentes do Em resultado da execução do presente diploma fica
ensino e funcionamento das suas estruturas. revogada toda a legislação em contrário.
Artigo 89.º Artigo 94.º
Entrada em vigor
Garantia de direitos
O presente diploma entra em vigor no dia seguinte ao
Da aplicação do sistema educativo previsto no presente da sua publicação.
diploma não podem resultar ofensas de direitos anteriormente Visto e aprovado em Conselho de Ministros.
adquiridos por docentes, alunos e demais pessoais a ele afetado.
José Maria Pereira Neves – Cristina Isabel Lopes da
Artigo 90.º Silva Monteiro Duarte- Fernanda Maria de Brito Leitão
Cursos médios Marques Vera-Cruz Pinto- Octávio Ramos Tavares
1. Os cursos de nível médio previstos nos artigos Promulgado em 3 de maio de 2010.
28.º a 30.º da Lei n.º 103/III/90, de 29 de dezembro, na Publique-se.
redação dada pela Lei n.º 103/III/99, de 18 de outubro, em O Presidente da República, PEDRO VERONA RODRIGUES
funcionamento à data do presente diploma, continuam a PIRES
ser ministrados nos mesmos termos, até à sua conclusão,
sendo os respetivos diplomas e certificados válidos para Referendado em 3 de maio de 2010
todos os efeitos legais. O Primeiro-Ministro, José Maria Pereira Neves

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1954 I SÉRIE — N O 80 «B. O.» DA REPÚBLICA DE CABO VERDE — 7 DE DEZEMBRO DE 2018

Resolução nº 123/2018 Tendo presente que a realização, promoção e defesa dos


de 7 de dezembro princípios de Direitos Humanos é uma tarefa do Estado,
da sociedade civil e sociedade em geral;
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada
pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 10 de Dezembro Nos termos do n.º 2 do artigo 165.º da Constituição, o
de 1948, em decorrência das duas grandes Guerras Governo aprova a seguinte Constituição:
Mundiais, com particular destaque para a II Guerra, Artigo 1.º
que deixou mais de 80 milhões de vítimas, assinalou o Objeto
início de acordo sobre uma declaração abrangente sobre
os direitos humanos universais e inalienáveis. É instituído o “Dia Nacional dos Direitos Humanos”
a ser comemorado, anualmente e em todo o território
Desde 1950, o dia 10 de dezembro foi designado como o nacional, no dia 25 de setembro.
Dia Internacional dos Direitos Humanos, assinalando o dia
em que a Assembleia Geral das Nações Unidas proclamou a Artigo 2.º
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que condensa Objetivos
pela primeira vez na história da humanidade um conjunto
de direitos básicos de todos os seres humanos, com o objetivo O “Dia Nacional dos Direitos Humanos” tem como
de promover a paz e a preservação da humanidade. objetivos, entre outros:

Anualmente, em todo o mundo, diversas entidades a) Construir e reforçar a consciência cívica através de
ligadas aos direitos humanos promovem atividades de ações educativas, de sensibilização e reflexão sobre a
natureza diversificada, para assinalar a grande conquista problemática do Direitos Humanos em Cabo Verde;
que foi a Declaração dos Direitos do Homem. b) Realizar um ato central de comemoração da data,
Se a nível internacional existe uma mobilização em com a participação dos Órgãos de Soberania, com
torno da comemoração e celebração da grande conquista o intuito de chamar a atenção para a necessidade
e ganho civilizacional que foi a aprovação dos direitos da realização de ações concretas do Estado e da
humanos universais, a nível nacional não se fixou ainda sociedade civil no sentido de garantir e promover
uma data para tal comemoração. os Direitos Humanos para todos;

Assim, considerando que a Constituição da República c) Reforçar e congregar todas as entidades públicas,
de Cabo Verde fundamenta-se no respeito pela Dignidade privadas e organizações da sociedade civil que
da Pessoa Humana, na inviolabilidade e inalienabilidade de algum modo lidam com o tema dos Direitos
dos direitos humanos e por conseguinte nos princípios da Humanos para que, em conjunto, se reflita
Declaração Universal dos Direitos Humanos; sobre essa matéria, por forma a promover a sua
realização, monitorizar a sua violação e alcançar
Considerando que foi com a aprovação da Constituição os objetivos de um Cabo Verde justo, inclusivo e
2 618000 000000

de 1992, cuja entrada em vigor se deu a 25 de Setembro, do igual para todos.


mesmo ano, que os direitos humanos foram efetivamente Artigo 3.º
integrados na Lei Magna de Cabo Verde.
Responsabilidade
Considerando o facto destes Direitos Humanos constituírem
uma das chamadas cláusulas pétreas, inalteráveis em As entidades mencionadas na alínea c) do artigo anterior
sede de revisão constitucional, e incontornáveis para o podem articular-se com a Comissão Nacional para os
nosso Estado de Direito Democrático; Direitos Humanos e a Cidadania (CNDHC), no âmbito
da organização das suas atividades.
Considerando, ainda, o ganho civilizacional que a Artigo 4.º
materialização dos direitos humanos representou,
garantindo a liberdade individual e tornando possível o Entrada em vigor
pluralismo político, e desenvolvimento social e democrático A presente Resolução entra em vigor no dia seguinte
de Cabo Verde; ao da sua publicação.
Mostrando-se necessário promover uma ampla difusão Aprovada em Conselho de Ministros do dia 06 de
dos Direitos Humanos consagrados nesse instrumento e dezembro de 2018.
uma maior conscientização nacional para a necessidade
de exercício e efetivação dos mesmos; O Primeiro-Ministro, José Ulisses de Pina Correia e Silva

I SÉRIE

BOLETIM
O F I C I AL
Registo legal, nº 2/2001, de 21 de Dezembro de 2001

Endereço Electronico: www.incv.cv

Av. da Macaronésia,cidade da Praia - Achada Grande Frente, República Cabo Verde


C.P. 113 • Tel. (238) 612145, 4150 • Fax 61 42 09
Email: [email protected] / [email protected]

I.N.C.V., S.A. informa que a transmissão de actos sujeitos a publicação na I e II Série do Boletim Oficial devem
obedecer as normas constantes no artigo 28º e 29º do Decreto-Lei nº 8/2011, de 31 de Janeiro.

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