Torneamento

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ENG 03021 – Processos Discretos de

Produção

Movimentos e parâmetros de
corte

Heraldo Amorim
Geometria da Ferramenta de Corte

Comparação entre ferramentas de barra (bits) e insertos


intercambiáveis

Bit de aço rápido Inserto de metal duro


Ângulos de ferramenta
χr pequeno – cavaco finos, maior
comprimento da aresta em
ângulo de posição da ferramenta (χr) contato com o material. Causa o
aumento da força de corte,
Controla o comprimento atuante na aresta podendo causar vibrações e
prejudicar o acabamento da peça.
de corte da ferramenta. Abaixo de 90º,
χr grande – entrada e saída da
promove melhor distribuição de tensões na ferramenta abrupta. Necessário
entrada e saída da ferramenta e produz para a usinagem de superfícies
uma força passiva da ferramenta. perpendiculares ao eixo da peça e
na usinagem de peças esbeltas,
ângulo de posição secundário da para evitar flambagem.
ferramenta (χ’r)
Evita o contato excessivo entre a
ferramenta e a peça usinada, reduzindo
vibrações e melhorando o acabamento
superficial.
ângulo de ponta da ferramenta (εr)
Complementa os ângulos principal e
secundário de posição.
χr + χ’r + εr = 180°
Ângulos de ferramenta

ângulo de saída da ferramenta (γo)


– ângulo dentre a superfície de
saída e o plano de referência da
ferramenta;
Influi na força de corte, quanto
maior o γo menor a força. Junto
com o ângulo de folga, é
responsável pela resistência da
ferramenta. quanto maior, menor a
temperatura gerada.
γo pequeno, nulo ou negativo –
Cunha de corte mais resistente, Desse modo, γo depende :
porém maior deformação imposta
ao cavaco, o que gera esforços - Resistência do material da ferramenta;
maiores. - resistência e dureza do material
γo grande – menor esforço devido usinado;
à menor deformação necessária
para retirar o cavaco. Maior o - geração de calor no corte;
contato entre o cavaco e Aγ. Menor - parâmetros de corte.
a seção resistente da cunha.
Valores normais variam entre –10° e 30°
Ângulos de ferramenta

ângulo de folga da ferramenta Ângulo de cunha da ferramenta


(α0) – ângulo entre a superfície (βo) – ângulo entre as
de folga e o plano de corte da superfícies de folga e de saída.
ferramenta. Fornece resistência à
Tem a função de evitar o atrito ferramenta.
entre a superfície em usinagem
da peça e a superfície de folga Complementa os ângulos de
da ferramenta. Quando muito folga e de saída.
pequeno (menor que 5º), causa α0 + γo + βo = 90°
sobreaquecimento, forte
desgaste e mau acabamento.
Quando muito grande, causa a
perda da resistência da
ferramenta.
α0 depende da resistência dos
materiais da ferramenta e peça.
Varia normalmente entre 2° e
14°.
Torneamento
Operação de usinagem onde o movimento principal
de corte rotativo é geralmente executado pela peça e
o movimento de avanço é executado pela ferramenta
Parâmetros de corte
Velocidade de corte (vc)
[m/min]. Velocidade linear
relativa entre a ponta da
ferramenta e a peça em
rotação.
Avanço (f) [mm/rotação] -
distância percorrida pela
ferramenta por revolução da
peça. Permite remoção
contínua de material.
Profundidade de corte (ap)
[mm] - espessura ou
profundidade de penetração
da ferramenta medida π .D.n
perpendicularmente ao Vc =
plano de trabalho. 1000
Taxa de remoção de V f = f .n
material – volume de
material removido por Q = Vc .a p . f [cm3 / min]
unidade de tempo Fonte: Sandvik
Operações de Torno

- Faceamento: Neste caso o movimento de avanço da ferramenta


se dá no sentido normal ao eixo de rotação da peça. Tem por
finalidade obter uma superfície plana.
- Sangramento, movimento transversal como no faceamento.
Utilizado para separar o material de uma peça (corte de barras).
- Torneamento longitudinal (ou cilindragem): Operação de
torneamento onde se obtém uma geometria cilíndrica, coaxial ao
centro de rotação. Pode ser externo ou interno (geração de um tubo).
Superfícies cônicas podem ser obtidas de forma similar, com
adequada orientação do carro porta-ferramentas.
- Torneamento de rosca: como o próprio nome indica, neste
caso, velocidade de corte e avanço são tais a promover o filetamento
da peça de trabalho com um passo desejado. Para isto, é preciso
engrenar a árvore do cabeçote fixo com o fuso de avanço por meio
de engrenagens.
- Perfilamento: operação onde uma ferramenta com perfil
semelhante àquele desejado avança perpendicularmente ao eixo de
rotação da peça.
Operações de Torno
Operações de Torno
Força de Usinagem
“o conhecimento das forças de corte é necessário para a estimativa da
potência requerida e para o projeto de máquinas operatrizes, suportes e
fixação de ferramentas, com rigidez adequada e livres de vibração” -
Trent e Wright, 2000

O conhecimento das forças envolvidas em processos de


usinagem é importante para, além dos motivos citados
por Trent:
Estimar a usinabilidade de determinado material;
Definir processos, econômicos do ponto de vida
energético, visto que a potência consumida pela máquina
é proporcional à força de usinagem;
Controle de processo;
Parâmetro auxiliar para tomada de decisões;
Outros...
Força de Usinagem

Por convenção, a força de


usinagem (Fu) é
representada como sendo
aplicada pela peça sobre a
ferramenta.
Devido à sua forma
tridimensional, é de difícil
medição, pois cada
conjunto de parâmetros
apresenta esta força em
uma direção diferente.
Força ativa e passiva
- Componentes da força de
usinagem, nas quais esta pode
ser decomposta. Com direções
definidas nos eixos x, y e z, são
a solução do problema de
medição da força de usinagem.

- A força passiva (Fp) se deve à


reação da peça sobre a
ferramenta, e não está
diretamente associada com
nenhum movimento no
torneamento cilíndrico.

- Força ativa (Ft) ocorre no plano


definido pelo avanço e r r r
velocidade de corte, e é Ft = Fc + F f
composta pelas forças de
avanço (Ff) e de corte (Fc).
Forças de Corte
r r r
Fu = Ft + Fp
r r r
Ft = Fc + F f
r r r r
Fu = Fc + F f + Fp
Nota: Para o cálculo do módulo da força
de usinagem, deve-se proceder da
mesma forma que para obter o módulo
de um vetor, dadas suas componentes.
Desse modo, o módulo de Fu é igual à
raiz quadrada da soma dos quadrados
das componentes ortogonais.

2 2 2
Fu = Fc + F f + Fp
Fonte: Ferraresi, 1970
Fatores que afetam a força de corte

Material da peça
„ Elementos de liga: C – aumenta; P, S, Pb, Bi, B – diminui
(aditivos de corte fácil)
„ Resistência ao cisalhamento do material (quanto menor,
menores as forças).
„ Dureza do material (quanto maior, maior a força de corte).
Ideal por volta de 200HB.
„ Taxa de encruamento do material (quando elevada, são
necessárias altas forças para romper o material).

Material da ferramenta
„ Normalmente desprezível, porém revestimentos de TiN
causam a redução de Fc e Ks. Devido à diminuição do atrito
cavaco-ferramenta.
Fatores que afetam a força de corte

Desgaste da ferramenta
Geometria da ferramenta
Parâmetros de corte
Uso ou não do fluido de corte

Fatores que afetam as forças de avanço e


passiva
Velocidade de Corte
Geometria da ferramenta
Parâmetros de corte

Fonte: Diniz et al. 2000


Cálculo da Força de corte

Equação de Kienzle
Fc = K s1 .h1− z .b

ap
b= h = f . sen χ
sen χ

 ap 
Fc = K s1 .( f . sen χ )
1− z
. 
 sen χ 
Potência de corte
As potências necessárias
para a usinagem são
produtos das componentes
de força com suas
respectivas componentes de Ne ≈ Nc
velocidade.

Potência de corte Potência de avanço

F .V F f .V f
Nc = c c [cv] Nf = [cv]
60.75 1000.60.75
Fc .Vc F f .V f
Nc = [kW] Nf = 6
[kW]
60.1000 60.10
Usinabilidade
“uma grandeza tecnológica que expressa, por meio de um valor
numérico comparativo, um conjunto de propriedades de
usinagem de um material em relação a outro tomado como
padrão” Ferraresi, 1970.
“Usinabilidade é a propriedade de um material que governa a
facilidade ou a dificuldade com a qual este material pode ser
usinado usando uma ferramenta de corte”
Não é realmente uma propriedade, e sim o modo como o
material se comporta durante a usinagem.
Fatores que Afetam a Usinabilidade

Efeito dos elementos de liga na usinabilidade de aços

„ Elementos benéficos: S, Bo, Pb, Bi, Se, te, Ca, P, Mn (c/ S).
„ Elementos danosos: C, Mn (s/ S), Ni, Co, Mo, W, V, etc...

Efeito das propriedades do material na usinabilidade

„ Dureza
„ Ductilidade
„ Condutividade térmica
Determinação da Usinabilidade

Método mais comum: teste


da taxa de desgaste.
Materiais para Ferramentas de Corte

Heraldo Amorim
Fatores a ser considerados na seleção de
ferramentas de corte

Segundo Diniz Outros

Material a ser usinado Produtividade


Processo de usinagem Número de peças a ser
fabricada
Condição da máquina
operatriz Vida da ferramenta

Custo do material da
ferramenta
Condições de usinagem
Condições de operação
Propriedades dos materiais de ferramenta

Dureza - Os processos de usinagem convencional só


são possíveis porque as ferramentas possem uma
dureza relativa positiva e maior que a unidade

HT
Hr =
HP
Tenacidade – certas operações sujeitam a ferramenta
a choques.
Dureza x Tenacidade

São as principais propriedades necessárias às


ferramentas de corte.
„ Infelizmente, não são facilmente encontradas em um
mesmo material.
Outras propriedades desejáveis em ferramentas de
corte

“O material de ferramenta ideal deverá ter a dureza do


diamante natural, a tenacidade do aço rápido e a inércia
química da alumina” (Rocha e Silva, 1999).

Resistência ao desgaste;
Resistência a compressão;
Resistência ao cisalhamento;
Boas propriedades mecânicas e térmicas a altas
temperaturas;
Resistência ao choque térmico;
Inércia química
Materiais Existentes no Mercado

Ordem de dureza e,
com raras exceções,
de cronologia.

Mills e Redford
comparam a
evolução dos
materiais de
ferramenta com a
evolução das
espécies. Apenas os
mais fortes se
mantém no mercado
Metal duro e Aço Rápido*

Mais importantes no contexto histórico.


Responsáveis por saltos de velocidade de corte, em
sua introdução ao mercado, de uma ordem de
grandeza.
„ Aço rápido – aumento de 3 para 30 m/min;
„ Metal duro – aumento para 300 m/min.
Š Ambos os materiais podem hoje usinar a velocidades de
corte mais elevadas.

*HSS – High Speed Steel


Aço Rápido
Desenvolvido no final do século XIX por Taylor e White.
Assim chamados pelo salto nas velocidades de corte obtidos em
sua introdução no mercado. Atualmente, existem materiais bem
mais “rápidos”.
Possui elevada tenacidade, resistência ao desgaste e dureza a
quente, quando comparado aos aços carbono usados na
fabricação de ferramentas.
Aço alta liga com microestrutura martensítica e inclusões de
carbonetos.
Elementos de liga: C, W, Mb, V, Nb, Cr, Co.
Metal Duro

Desenvolvido na década de 20, na Alemanha,


Propiciou o segundo grande salto nas velocidades de
corte;
Devido à sua elevada dureza e resistência ao
desgaste, foi batizado de Widia (Wie Diamond, em
alemão, como o diamante).
Composto basicamente de carbeto de tungstênio e
cobalto e processado pela metalurgia do pó, o que
garante boa precisão dimensional das ferramentas.
Possui forte afinidade com o aço, motivo pelo qual,
inicialmente, não pôde ser usado na usinagem deste.
Elementos de liga: Co, WC, TiC, TaC, NbC.
Ferramentas Revestidas de Metal Duro

Uma camada de revestimento pode conferir à ferramenta de


metal propriedades que este material não possui.

Desenvolvidas na década de 50
(antes das ferramentas de aço
rápido revestidas).
Podem apresentar uma ou mais
camadas de revestimento.
Materiais mais usados como
revestimento são o carboneto de
titânio, óxido de alumínio (ou
alumina) e nitreto de titânio.
Amplamente utilizadas na
indústria moderna
Ferramenta de Metal Duro Revestida

Camada de TiN para fácil detecção do desgaste e


menor fricção em materiais abrasivos

Cobertura de Al2O3 de tamanho médio para


estabilidade térmica e mecânica

Camada de TiCN resistente ao desgaste


para adesão extremamente boa

Zona da superfície enriquecida por cobalto para


tenacidade superior da aresta, em cortes
intermitentes

Centro do substrato muito tenaz com boa


resistência à deformação plástica

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