Psicopatologia de Crianca e Adolescente 2015

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Psicopatologia de

crianҫa e adolescente
UCM, 2022

Filipe Tobias Mabuto


Psicólogo Clínico
HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA

 Hipócrates (460 a.C), filosofo grego é considerado pai


da medicina moderna, separou a medicina da religião
e da superstição. Através do Hipócrates conhecemos o
humor, crise, metástase, recidiva, prognostico entre
outros. Esse filósofo defendeu que as doenças mentais
tinham causas naturais e deveriam ser tratadas como
outras doenças.
HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA (cont)
3

 Davidson (2003) relatou que Hipócrates associou o


pensamento e comportamentos anormais à
patologias cerebrais, foi um dos preponentes mais
antigos da somatogênese, a ideia de que alguma
coisa anormal no soma ou corpo físico perturba o
pensamento e a acção.
HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA (cont)
4
 Cullen (William C.) O termo médico "neuroses" começa a ser empregado
de forma técnica a partir de 1769, ano em que é publicada a primeira
edição da célebre Synopsis Nosologiae Methodicae do médico escocês
William Cullen (1710-1790). Tratava-se então, segundo um ordenamento
classificatório inspirado na taxonomia de Lineu, da designação de uma
classe de afecções gerais do sistema nervoso, não acompanhadas de febre
e atingindo de forma privilegiada a sensibilidade e o movimento, reunindo
quatro "ordens" específicas de fenómenos: os comas, as adinamias; as
afecções espasmódicas sem febre e as vesânias, como a mania (loucura) e
a melancolia.
HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA (cont)
5

 Os tratamentos de Cullen baseavam-se principalmente em dieta, sangria e


vomitório; as medidas habituais usadas para combater distúrbios
fisiológicos. Cullen como a maioria dos seus contemporâneos, tratavam
violentamente os pacientes perturbados, com severa coação, ameaças e
camisas de força (Alexander e Selesnick,1966 citados por Florshim, 2009)

 Na psiquiatria contemporânea, o termo "neurose" é cada vez menos


empregado em sua forma substantiva nos sistemas diagnósticos actuais,
embora a Classificação Internacional de Doenças em sua 10ª Edição (CID
10), ainda mantenha, sob forma de adjectivo, a categoria de "transtornos
neuróticos".
HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA (cont)
6

Esquirol (Jean-Etienne Dominique) Segundo Paim (1993), os


primórdios da Psicopatologia estão na base de Jean Etienne
Esquirol, com o livro Traité dês Maladies Mentales, de 1883 e de
Wilhem Griesinger. Esquirol teria sido o primeiro professor da
especialidade em 1817.
O papel da emoção na psicopatologia tornou-se claro; ela poderia
causar ou resultar da doença mental. O papel causal foi, no
entanto, o mais antigo e acarretou durante este período a
opinião de que a manipulação das emoções poderia ter valor
terapêutico, o que viria a ser chamado de” tratamento moral”.
HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA (cont)
7

Griesinger (Wilhelm G) (1817-1868), foi grande


expoente da Psiquiatria, suas obras apresentavam as
características de um manual prático, dividindo-se
didacticamente em considerações gerais, semiologia,
etiopatogenia, formas clínicas, anátomo-patologia,
prognóstico e terapêutica, tal como até hoje.
Jaspers (Karl J) (1883-1969), fez crítica ao método
empírico tradicional científico e propôs o método
fenomenológico. Em 1913, com o intuito de discutir
questões relativas às doenças mentais, publicou a
“Psicopatologia Geral”. Jaspers compreendia a
Psicopatologia como ciência cuja função seria observar
e descrever os fenómenos psíquicos patológicos,
diferentemente da Psiquiatria que tem por objectivo
diagnosticá-los e tratá-los.
HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA (cont)
8

 Kraepelin (Emil Magnus Georg K) (1856-1926),


reduziu a identificação de uma forma patológica aos
seus sintomas, nem à sua etiologia, nem à sua
terapêutica, ele empreendeu uma cartografia
ordenada por psicopatologia de que ainda vive a
Psiquiatria moderna.
 Freud (Sigmund F) (1856-1939) situou-se na
confluência de uma ciência médica preocupada com a
classificação e de uma filosofia do tratamento moral
da” loucura”. A Psicanálise apareceu como uma teoria
e uma nova técnica de tratamento de doenças mentais
a fim de preencher uma lacuna científica no âmbito da
psicologia e psicopatologia, ligando a medicina à
filosofia da mente e à epistemologia da neurociência e
da psicopatologia
Psicopatologia
9

 Definição
É a ciência que estuda os sintomas de uma doença
mental, suas características, a metodologia para a
sua detecção e as relações que os sintomas têm
com as doenças que os determinam (Ginard e
Liano. 1987)
Os sintomas são manifestações apreciáveis das
doenças e as síndromes são conjuntos de sintomas
que se apresentam com certa regularidade e
podem ser comuns a diferentes doenças.
Os sistemas de classificação dos distúrbios
mentais
A psicopatologia descritiva implica a observação e a descrição
10
dos sinais comportamentais e sintomas vivenciais do ser
humano. A complexidade de delimitação do objecto ou do
problema que constitui o alvo de avaliação, obriga a
utilização de critérios de diagnóstico baseado em
agrupamentos de sinais e sintomas.
Sinais: referem-se a comportamentos observáveis, são muitas
vezes a manifestação dos sintomas.
Sintomas: vivências subjectivas de determinados estados
(sintomas são sentidos pelo sujeito). O paciente não tem
sintomas, apenas vive determinadas experiências e comporta-
se em conformidade com essas experiências que são, de
algum modo, diferentes dos que são norma no grupo,
associando-se normalmente à doença.
Etiologia dos Distúrbios Psiquiátricos da
Infância e Adolescência
11
Os distúrbios psiquiátricos observados em crianças e
adolescentes não tem causa única, mas resultam da
interacção de variados factores, alguns prejudiciais
(factores de risco) e outros favoráveis (factores de
protecção) ao adequado desenvolvimento e
ajustamento social do indivíduo.
Factores de Risco :
São considerados de risco, os factores que aumentam a
probabilidade de uma criança desenvolver distúrbios
emocionais ou de comportamento, em comparação com
crianças da população geral seleccionadas ao acaso.
CARACTERÍSTICAS PSÍQUICAS NA INFÂNCIA
12
Crianças expostas a um único factor de risco têm menor
chance de apresentar distúrbios psiquiátricos, que
aquelas expostas a múltiplos factores.
Os factores de risco incluem características biológicas
(ex: complicações perinatais graves, atrasos do
desenvolvimento, limitações físicas crônicas),
características genéticas (ex: sexo), características
familiares (ex: pais com distúrbios psiquiátricos,
criminalidade paterna, discórdia conjugal grave,
estresse familiar crônico), e características sociais (ex:
nível sócioeconômico baixo).
CARACTERÍSTICAS PSÍQUICAS NA INFÂNCIA
13

Entretanto, mesmo em condições adversas, sob estresse


e privação, há indivíduos capazes de se desenvolver
satisfatoriamente à nível emocional e social.
Tais indivíduos apresentam determinadas características
denominadas factores de protecção.
Factores de Protecção
São considerados de protecção, os factores que
neutralizam a acção prejudicial dos factores de risco,
garantindo o desenvolvimento normal e o ajustamento
social do indivíduo.
CARACTERÍSTICAS PSÍQUICAS NA INFÂNCIA
14
Os factores de protecção incluem características
pessoais (ex: disposição para enfrentar dificuldades,
inteligência acima da média, bom desempenho escolar,
facilidade para relacionar-se com as pessoas,
participação activa em brincadeiras, tarefas e
trabalhos), características familiares (ex: apoio por
parte dos pais, intimidade familiar, adequado
estabelecimento de regras e limites), e características
da comunidade (ex: apoio por parte de colegas,
amigos, professores, parentes, vizinhos, escola e outras
instituições).
CARACTERÍSTICAS PSÍQUICAS NA INFÂNCIA
15

Com auxílio da pesquisa epidemiológica, é possível


conhecer melhor a interacção dos fatcores de risco com
os factores de protecção. Este conhecimento é
fundamental para o desenvolvimento de programas
preventivos mais efectivos na área de saúde mental
infantil.
Normal e Patológico:
16

 Mais do que em qualquer idade da vida, a


questão do normal e do patológico põe-se com
acuidade na adolescência: a multiplicidade dos
comportamentos desviantes, a sua habilidade, a
dificuldade em estabelecer a organização
estrutural subjacente, o esfumar do quadro
nosográfico habitual, o papel não negociável da
família e do ambiente social. São tantos os eixos de
ajustamento, quantas as incertezas: os critérios
sobre os quais noutras idades se baseiam a noção
do normal ou do patológico são questionados
Normal e Patológico (cont.)

17

 a normalidade no sentido da norma estatística incitaria


a considerar como normais comportamentos
manifestamente desviantes noutros momentos, correndo
o risco de lhes retirar todos os significados de
sofrimento (tal é o caso da ideia de suicídio do
adolescente);
 a normalidade no sentido da norma sociológica
arriscaria de rejeitar a totalidade da adolescência no
campo patológico (em função da frequência dos
comportamentos ditos precisamente anti-sociais);
 a normalidade oposta à doença levaria a falar de
adolescência-doença ?
Limites entre a normalidade e psicopatologia

18

Estabelecer uma linha divisória entre a normalidade e


a psicopatologia não é uma tarefa simples,
principalmente na infância, período caracterizado por
constante transformação física e psíquica decorrente do
desenvolvimento.
Em crianças e jovens, um mesmo comportamento pode ser
tomado como normal ou ter um significado
psicopatológico dependendo da idade. Por exemplo: é
normal que uma criança de dois anos apresente
ansiedade ao separar-se da mãe, porém na
adolescência, o mesmo comportamento é considerado
psicopatológico (ALMEIDA, DRATCU,.&
LARANJEIRA,1996).
Limites entre a normalidade e psicopatologia
(cont.)
19
 Os comportamentos variam não somente em função do nível
de desenvolvimento, mas também sob a influência de
relações inter-pessoais e características ambientais.
Portanto, sintomas observados no meio familiar podem não
ocorrer na escola e vice-versa. Da mesma forma, nos
hospitais e ambulatórios, o comportamento de crianças e
jovens depende das relações estabelecidas com os
profissionais de saúde e das características do ambiente.
 Quando os comportamentos apresentados são aberrantes,
diferindo qualitativamente do normal (ex: autismo infantil),
as condições psicopatológicas são evidentes. Porem, quando
os distúrbios das emoções e do comportamento implicam
uma diferença quantitativa, é bem mais difícil estabelecer o
grau de desvio existente em relação à população normal,
do mesmo sexo e idade (ALMEIDA, et al, 1996)
Limites entre a normalidade e psicopatologia
(cont.)
20

A avaliação do risco de morbilidade e da potencialidade


patogénica da organização psicopatológica actual de
uma criança deve tomar em consideração vários eixos
determinantes, referir-se a diversos modelos
conceptuais. Podemos considerar que esses modelos se
repartem em cinco grandes tipos:
 modelo semiológico descritivo;

 modelo lesional;

 modelo ontogenético;

 modelo analítico;

 modelo ambiental.
Limites entre a normalidade e psicopatologia
(cont.)
21
Confrontando com uma criança na sua singularidade, o clínico
utiliza preferencialmente um ou vários modelos que lhe
parecem mais pertinentes para a sua compreensão.
A descrição semiológica e a determinação de um
comportamento não podem, portanto, bastar para definir o
seu carácter patogénico ou organizador. Deve juntar-se-lhe
uma avaliação dinâmica e económica. O ponto de vista
económico consiste em avaliar em que medida o
comportamento incriminado não ‘e apenas uma formação
reaccional ou, pelo contrário, em que medida não lhe está
também associado um investimento sublimatório: por outras
palavras, em que medida estará o Ego amputado das suas
funções devido ao compromisso somático, ou, pelo contrario,
em que medida poderá ele reintroduzir esse
comportamento no seu potencial de interesses ou de
investimentos diversos
Limites entre a normalidade e psicopatologia
(cont.)
22
 Normalidade e ambiente
Winnicott disse de forma muito exacta que uma criança
pequena sem mãe não existe: os dois, mãe e criança,
formam um todo em que se deve central a avaliação
e o esforço terapêutico. Essa verdade também é
valida para a criança mais crescida e para o
adolescente. A avaliação do normal e do patológico
no funcionamento de uma criança, não poderia
ignorar o contexto ambiental,: parental, fraternal,
escolar, residencial, de amizade, religioso, etc.
Muitos comportamentos julgados patológicos pelo meio
surgem, na verdade, como sinais de um protesto são
ou como testemunho da patologia do meio.
Considerações Gerais
23

 Dependendo do tipo de sintomas psiquiátricos que o paciente


apresentar poderá ser enquadrado dentro de um nível de
funcionamento psicológico.

 O conhecimento do nível de funcionamento psicológico é


importante, pois orienta-nos para um diagnóstico e para o
tipo de tratamento a instituir ao paciente.
Classificação
24

 Classificam se em:  Poderão ser desritos


 Nível Neurótico de acordo com os
 Nível Psicótico seguintes parámetros:
 Nível Deficitário
 Tipo de Sintomas.
 Nível Psicopático
 Capacidade de Adaptação
 Definidos de acordo com os
ao Ambiente Criador.
sintomas predominantes e
característicos.  Grau de Desorganização da
 Orientam nos sobre o tipo Personalidade.
de transtorno mental e ao
 Grau de Tolerância.
tratamento a instituir.
Nível de F. Psicológico Neurótico
25

 Classificado em: Normal e Anormal.


 Normal característico dos indivíduos normais sem algum tipo de
sintomas psiquiátricos ou pacientes compensados.
 Anormal característico de individuos com sintomatologia ansiosa e
ou depressiva.
 Um individuo com Transtorno Depressivo com sintomas
depressivos activos tem um nível de funcionamento psicológico
anormal.
 Após um tto com antidepressivos e havendo melhorias com
remissão dos sintomas depressivos passará para o nível
neurótico normal.
Nível de F. Psicológico Neurótico
26

 O nível anormal é caraterizado pela afeção da esfera afectiva

 Perturbação quantitativa caracterizado principalmente por sintomas


homólogos (ansiedade, depressão).

 Em algumas situações poderão ocorrer sintomas qualitativos como


delirios, alucinações (depressão psicótica).

 Cursa com conservação do juízo crítico em relação a sua doença

 Discreta desorganização da personalidade e da capacidade de


adaptação ao ambiente em volta. Boa resposta ao tratamento
Biológico e Psicológico.
Nível de F. Psicológico Psicótico
27

 Perturbação Qualitativa com afecção da Função Cognitiva:


Sensopercepção e Pensamento. Cursa com alterações qualitativas
diferentemente das alterações quantitativas do nível neurótico.

 Presença de Sintomas Heterólogos: Alucinações, Delírios. Estes sintomas


surgem como novas qualidades da percepção e do conteúdo do
pensamento.

 Grande afecção da capacidade de adaptação ao meio ambiente em


volta. Resultado do prejuízo da capacidade de interpretar a realidade
e comportar-se de forma apropriada, a ponto de interferir amplamente
na capacidade para responder as demandas comuns da vida.
Nível de F. Psicológico Psicótico
28

 Caracterizado por uma profunda desorganização da


personalidade do indíviduo.

 Cursa com ausência do juízo crítico em relação a sua doença, pois o


individuo não reconhece estar doente e necessitar de tratamento.

 Boa resposta ao tratamento biológico com antipsicóticos


(ex:haloperidol) fundamental para uma melhor eficácia na
abordagem de outros tipos de tratamento seja psicológico ou social.
Nível de F. Psicológico Deficitário
29

 Caraterizado pela afeção da Capacidade Intelectual: Défices Mnésicos, Baixa


Capacidade de Compreensão, de Raciocínio e na Resolução de Problemas
Routineiros.

 Os casos de síndromes demenciais ou oligofrénicos são exemplos típicos deste


nível de funcionamento psicológico.

 O Baixo Nível Intelectual geralmente Congénito (Anomalias Intra - Uterinas) ou


Muito Cedo Adquirido (Períodos Neonatal, Infância) antes do desenvolvimento
das potencialidades do indivíduo. Característica da Oligofrenia.
Nível de F. Psicológico Deficitário
30

 O baixo nível intelectual poderá ser consequência da deterioração


cognitiva tardia em indíviduos anteriormente com boa capacidade
intelectual.

 A demência de alzheimer, demência secundária ao alcoolismo ou


decorrente do HIV/SIDA constituem exemplos deste funcionamento
psicológico tardio.

 A evolução da deterioração cognitiva é progressiva, ao contrário da


evolução da oligofrénia.
Nível de F. Psicológico Deficitário
31

 Cursa com uma desorganização da personalidade do indíviduo e na


capacidade de adaptação ao ambiente a volta.

 Geralmente os indivíduos com funcionamento deficitário tem uma baixa


tolerância a frustação perante os acontecimentos de vida stressantes.

 Tem um risco muito de sofrer de transtornos mentais ou de ter


comportamentos adictivos de múltiplas substâncias como álcool,
cannabis e outras drogas.
Nível de F. Psicológico Psicopático
32

 A. Fernandes da Fonseca (1997) entende que as psicopatias são


alterações do comportamento resultantes de “anomalias de
personalidade ou de estados de desadaptação do indivíduo” em
relação a si mesmo ou ao ambiente em volta.

 Caraterizado por traços, padrões de personalidade do tipo


inadaptativo.

 Os padrões de comportamento inadequados resultam em dificuldade


de adaptação do sujeito ao ambiente a sua volta.
Nível de F. Psicológico Psicopático
33

 Este nível de funcionamento psicológico condiciona sofrimento


para ele e para as pessoas em sua volta, podendo se
expressar em Perturbação de Personalidade.

 As psicopatias apresentam as mesmas características descritas


no nível de funcionamento psicológico neurótico anormal.

 São de díficil manejo, mas consiste na abordagem cognitivo


comportamental e de alguns psicofármacos no controlo de
alguns comportamentos desadaptados.
Pontos Chave
34

 Existem 4 níveis de funcionamento psicológico.

 De forma rápida podemos enquadrar o nível de


funcionamento dos pacientes durante a avaliação psiquiátrica.

 O seu conhecimento orienta nos sobre o tipo de sintomas


presentes, provável diagnóstico e o tratamento a instituir.

 O seu conhecimento permite nos dar uma melhor orientação


ao tratamento adequado.
Sistemas de Classificação das Perturbações
Mentais
CID 10 DSM IV
35
Categorias Principais Categorias Principais
F00-09
Transtornos Mentais Orgânicos Delirium, demência, transtornos amnésicos
Ex: Transtorno Delirante Orgânico e outros transtornos cognitivos
(Malária, Meningite, TCE). Transtornos mentais devidos a doença
orgânica, não classificados
F10-19
Transtornos Mentais e de Transtornos relacionados com substâncias
Comportamento devidos ao
Consumo de Substâncias
Psicoactivas
Ex: Síndrome de Abstinência
Alcoólica .
F20-29
Esquizofrenia, Transtorno Esquizofrenia e outros transtornos
Esquizotípico e Transtornos de psicóticos
ideias delirantes
Ex: Transtorno Delirante Persistente.
36 F30- Transtornos de Humor (Afectivos) Transtornos do estado de ânimo
39 EX: Transtorno Bipolar, Transtorno
Depressivo

F40- Transtornos Neuróticos relacionados Transtornos de Ansiedade


48 ao stress e somatoformes. Transtornos Somatoformes
Ex: Transtorno de Ansiedade, Transtornos Facticios
Transtorno de Ajustamento
Transtornos Dissociativos
(Adaptação), Transtorno Dissociativo
(Conversivo) Transtornos Adaptativos

F50- Transtornos de Comportamento Transtornos Sexuais e de Identidade


59 associados à disfunções fisiológicas e Sexual
a factores somáticos Transtornos da conduta alimentar
Ex: Insónia Não Orgânica, Ejaculação Transtornos do Sono
Precoce
F60- Transtornos da Personalidade e Transtorno da Personalidade
37 69 do Comportamento do Adulto Transtorno do controlo dos impulsos não
Ex: Transtorno de Personalidade classificados
Anti Social
F70- Atraso Mental Transtornos de início na infância,
79 Ex: Atraso Mental Moderado criança ou adolescência
F80- Transtorno do Desenvolvimento
89 Psicológico
Ex: Transtorno Específico de
Leitura
F90- Transtorno do comportamento e
98 das emoções de início habitual na
infância e adolescência
Ex: Transtorno Hipercinético,
Enurese Não Orgânica
F99 Transtorno Mental sem Outros problemas objecto de atenção
especificação clínica
Códigos adicionais
TRANSTORNOS DA APRENDIZAGEM
38

Os Transtornos da Aprendizagem são diagnosticados


quando o rendimento individual nas provas habituais de
leitura, aritmética ou escrita for substancialmente
inferior ao esperado para a idade, para o nível de
escolaridade ou para o nível intelectual. Os problemas
de aprendizagem interferem significativamente com o
rendimento escolar ou com as actividades da vida
quotidiana que exigem aptidões de leitura, aritmética
ou escrita.
TRANSTORNOS DA APRENDIZAGEM (cont.)
39

Prevalência
As estimativas da prevalência dos Transtornos de
Aprendizagem variam entre 2% e 10%, dependendo
da natureza da avaliação e das definições
adoptadas.
TRANSTORNO DA LEITURA
40

A característica essencial do Transtorno da leitura é


um rendimento na leitura (por exemplo, precisão,
velocidade ou compreensão da leitura medidas por
provas normalizadas realizadas individualmente) que
se situa bastante abaixo do nível esperado em
função da idade cronológica do sujeito, do quociente
de inteligência e da escolaridade própria para a sua
idade.
TRANSTORNO DA LEITURA (cont.)
41

Nos sujeitos com Transtorno da Leitura (também


chamado “dislexia”), a leitura oral é caracterizada por
distorções, substituições ou omissões; tanto a leitura oral
como a silenciosa são caracterizadas por lentidão e
erros de compreensão
Características específicas do género
Sessenta a oitenta por cento dos sujeitos diagnosticados
com Transtorno da Leitura são do sexo masculino
TRANSTORNO DA LEITURA (cont.)
42

Evolução
Ainda que os sintomas de dificuldade de leitura (por
exemplo, incapacidade para distinguir as letras comuns
ou para associar fonemas comuns com símbolos de
letras) possam manifestar no Jardim Infantil ou na
Primeira Classe, o Transtorno da Leitura raramente é
diagnosticado antes do fim deste período escolar e do
inicio da primaria, dado que, na maioria das escolas, o
ensino formal da leitura não ocorre geralmente antes
dessa altura.
TRANSTORNO DA LEITURA (cont.)
43

 Quando um Transtorno da Leitura está associado a um QI


elevado, a criança pode estar ao nível dos seus companheiros
durante os primeiros anos e o Transtorno da Leitura não se
manifestar completamente antes do 4° ano de escolaridade
ou mesmo posteriormente.
 . Com a identificação e intervenção precoces, o prognostico

num número significativo de casos é bom. O Transtorno da


Leitura pode persistir durante a idade adulta.
Padrão Familiar
 O Transtorno da Leitura é do tipo familiar e é mais
prevalecente entre os parentes biológico do primeiro grau dos
sujeitos com Transtornos da Aprendizagem
TRANSTORNOS DO CÁLCULO
44

 A característica essencial do Transtorno do Cálculo é uma


capacidade para o cálculo (medida através de provas
normalizadas de cálculo, realizadas individualmente) que se
situa substancialmente abaixo do nível esperado em função
da idade cronológica do sujeito, o quociente de inteligência e
escolaridade própria para a sua idade.
Prevalência
 A prevalência do Transtorno do Calculo é difícil de

estabelecer, porque muitos dos estudos que analisam a


prevalência do Transtornos da Aprendizagem não fazem uma
distinção cuidadosa entre o Transtorno da Leitura, do Calculo
ou da Escrita
TRANSTORNOS DO CÁLCULO (cont.)
45

 A prevalência do Transtorno do Calculo isolada (isto é,


quando não se encontra associada a um Transtorno da
Aprendizagem) é, aproximadamente, 1 em cada 5 casos de
Transtorno da Aprendizagem. Calcula-se que 1% das crianças
em idade escolar têm Transtorno do Calculo.
 Evolução
 Ainda que certos sintomas de dificuldades na aritmética (por
exemplo, confusão dos conceitos numéricos ou incapacidade
para contar correctamente) possam manifestar-se no jardim
infantil ou no primeiro ano de escolaridade,
TRANSTORNOS DO CÁLCULO (cont.)
46

 o Transtorno do Calculo raramente é diagnosticado antes do


fim do primeiro ano, dado que na maioria das escolas, um
ensino formal suficiente da matemática não ocorre geralmente
antes dessa altura. Em regra, torna-se aparente durante o
segundo ou terceiro anos de escolaridade.

 Particularmente quando o Transtorno do Calculo está


associado a um QI elevado, a criança pode estar ao mesmo
nível dos seus companheiros durante os primeiros anos e o
Transtorno do Calculo pode não se manifestar até ao quinto
ano de escolaridade ou mesmo posteriormente.
TRANSTORNO DA ESCRITA
47

A característica essencial do Transtorno da Escrita é uma aptidão


para a escrita (medida por provas normalizadas, aplicadas
individualmente, ou por uma avaliação funcional das aptidões de
escrita) que se situa substancialmente abaixo do nível esperado
para a idade cronológica do sujeito.
Prevalência
A prevalência do transtorno da Escrita é difícil de estabelecer
porque muitos estudos de prevalência deste Transtorno estão
focalizados na prevalência dos Transtornos da Aprendizagem e
não fazem uma distinção cuidadosa entre transtornos específicos
da leitura, do cálculo, ou da escrita.
TRANSTORNO DA ESCRITA (cont.)
48

 O Transtorno da Escrita é raro, quando não está associado


com outros Transtornos da Aprendizagem.
 Evolução
 Ainda que a dificuldade na escrita (por exemplo,
particularmente caligrafia pobre ao escassa aptidão para
copiar, ou incapacidade para recordar a sequencia das letras
em palavras usuais) possa manifestar-se na primeira classe, a
perturbação da escrita raramente é diagnosticada antes do
fim da primeira classe, dado que na maioria das escolas um
ensino formal suficiente da escrita não ocorrem geralmente
antes dessa altura.
RETARDO MENTAL
49
O Retardo mental é um transtorno heterogéneo
consistindo de funcionamento intelectual abaixo da
media e comprometimento das habilidades
adaptativas presentes antes dos 18 anos de idade.
Os comprometimentos são influenciados por factores
genéticos, ambientais e psicológicos.
Epidemiologia
A prevalência do retardo mental em qualquer ocasião
é estimada em 1% da população. a incidência do
Retardo Mental é difícil de calcular com exactidão,
em virtude da dificuldade de estabelecer o seu inicio.
RETARDO MENTAL (Cont...)
50
Em muitos casos, o retardo mental pode estar latente
por um longo período antes que as limitações do
individuo sejam reconhecidas, ou devido a uma boa
adaptação, o diagnostico formal pode não se
justificar em determinada época da sua vida. a mais
alta incidência é registada em crianças em idade
escolar, com o pico entre 10 e 14 anos. O retardo
mental é 11/2 vezes mais comum no sexo masculino
que o feminino. Nas populações de mais idade, a
prevalência é menor, já que os indivíduos com
retardo mental mais grave têm altas taxas de
mortalidade, resultantes das complicações de
transtornos físicos associados.
RETARDO MENTAL (Cont...)
51

Etiologia
Os factores causadores de retardo mental incluem
condições genéticas, (Cromossómicas e herdadas),
exposição pré- natal a infecções e toxinas, trauma
perinatal (como prematuridade), condições
adquiridas e factores sócio culturais. A gravidade do
retardo mental resultante está relacionado ao
momento da ocorrência e a duração á exposição do
sistema nervoso central. Quanto mais severo o
retardo mental, maior a probabilidade de uma causa
evidente.
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental
52 Grau de Retardo Idade Pré- Idade escolar (6- Idade adulta (21
Mental escolar (0-5) a cima)
Maturação e 20) adequação
desenvolviment Treinamento e social e
o vocacional
educação

Leve Pode desenvolver Pode aprender tarefas Geralmente pode


habilidades sociais e de académicas ate alcançar habilidades
comunicação; retardo aproximadamente o sociais e vocacionais
mínimo em áreas nível de 6ª serie pelo para uma
sensório- motoras; final da adolescência; automanutenção
frequentemente não se pode ser guiado à mínima, mas pode
distingue do normal ate adequação social necessitar de
idades mais avançadas orientação e
assistência quando sob
stress social e
económico incomum
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental
53

Grau de Retardo Idade Pré- Idade escolar (6- Idade adulta (21
Mental escolar (0-5) a cima)
Maturação e 20) adequação
desenvolviment Treinamento e social e
o vocacional
educação
Moderado Pode falar e aprender a Pode beneficiar-se de Pode atingir a
comunicar-se; treinamento em hábitos automanutenção em
consciência social sociais e ocupacionais; trabalhos não
deficiente; incapaz de progredir qualificados sob
desenvolvimento motor alem da 2ª serie condição de protecção;
satisfatório; beneficia- escolar; pode aprender necessita de
se do treinamento do a viajar sozinho para supervisão e orientação
cuidado próprio; pode lugares familiares quando sob stress
ser controlado com social e económico
supervisão adequada moderado
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental
54

Grau de Retardo Idade Pré- Idade escolar (6- Idade adulta (21
Mental escolar (0-5) a cima)
Maturação e 20) adequação
desenvolviment Treinamento e social e
o vocacional
educação
Grave Desenvolvimento motor Pode falar ou aprender Pode contribuir
deficiente; linguagem a comunicar-se; pode parcialmente para a
mínima; geralmente ser treinado nos hábitos automanutenção sob
incapaz de obter elementares de saúde, completa supervisão.
benefícios do beneficia-se do Pode desenvolver
treinamento do cuidado treinamento nos hábitos capacidades de
próprio; pouca ou sistemáticos; incapaz de autoprotecção, num
nenhuma capacidade se beneficiar de nível útil mínimo em
de comunicação treinamento vocacional ambiente controlado
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental
55

Grau de Retardo Idade Pré- Idade escolar (6- Idade adulta (21
Mental escolar (0-5) a cima)
Maturação e 20) adequação
desenvolviment Treinamento e social e
o vocacional
educação

Profundo Retardo maciço, Presença de Algum


capacidade algum desenvolvimento
mínima das áreas desenvolvimento motor e da
senso-motoras; motor, pode linguagem; pode
necessita de responder a atingir um
cuidados de treinamento cuidado próprio
enfermagem; mínimo ou muito limitado;
requer constante limitado de necessita de
ajuda e cuidado próprio cuidados de
supervisão enfermagem
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental (Cont…)
56

A.Funcionamento intelectual significativamente inferior


à media; um QI aproximadamente 70 ou abaixo,
num teste de QI individualmente administrado (para
bebes, um julgamento clínico de funcionamento
intelectual, significativamente abaixo da media)
B. Deficits ou prejuízos concomitantes no funcionamento
adaptativo actual em pelo menos duas das seguintes
áreas: comunicação, cuidados pessoais, vida
doméstica, habilidades sociais/interpessoais, uso de
recursos comunitários, independência, habilidades
académicas, trabalho, lazer, saúde e segurança .
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental (Cont…)
C. Inicio anterior aos 18 anos
57

Codificação com base no grau de gravidade


 Retardo Mental Leve: Nível do QI de 50-55,
aproximadamente 70
 Retardo Mental Moderado: Nível do QI de
35-40 a 50-55
 Retardo Mental Severo: Nível do QI de 20-25
a 35-40
 Retardo Mental Profundo: Nível do QI
abaixo de 20 ou 25
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental (Cont…)
58
Características Clínicas
Retardo Mental Leve
O retardo mental leve não pode ser diagnosticado ate
que as crianças afectadas ingressem na escola, já
que as suas aptidões sociais e comunicativas podem
ser adequadas nos anos pré-escolares. À medida
que ganham idade, entretanto, os deficits cognitivos
como fraca capacidade para fazer abstracções e
pensamento egocêntrico podem diferenciá-las das
outras crianças das suas idades
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental (Cont…)
59
Embora os indivíduos levemente retardados sejam
capazes de funções académicas no nível elementar
superior e as suas aptidões vocacionais sejam
suficientes, para que se sustentem em alguns casos, a
assimilação social pode ser difícil. Deficit de
comunicação, fraca auto-estima e dependência
podem contribuir para a sua relativa falta de
espontaneidade social. Alguns indivíduos levemente
retardados podem ter relacionamentos com
companheiros que exploram os seus deficits. na
maioria dos casos, as pessoas com retardo mental
leve podem atingir algum grau de sucesso social e
ocupacional num ambiente de suporte.
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental (Cont…)
60
Retardo Mental Moderado
O retardo mental moderado tende a ser diagnosticado
mais precocemente que o retardo mental leve,
porque as aptidões comunicativas desenvolvem mais
lentamente nas pessoas com retardo mental
moderado e o seu isolamento social pode iniciar nos
primeiros anos de educação do primeiro grau.
Embora as conquistas académicas, geralmente, sejam
limitados ao nível elementar mediano, as crianças
moderadamente retardadas beneficiam-se de um
atendimento individual focalizado sobre o
desenvolvimento de habilidades de auto-ajuda.
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental (Cont…)
61

As crianças com retardo mental moderado têm


consciência dos seus deficits, e, frequentemente
sentem-se afastadas dos seus pares e frustradas por
suas limitações. Elas continuam necessitando de um
nível relativamente alto de supervisão, mas podem se
tornarem competentes em tarefas ocupacionais, em
ambientes de suporte.
Retardo Mental Severo
O retardo mental severo se evidencia nos anos da pré-
escola, já que a linguagem afectada é mínima, e seu
desenvolvimento motor é fraco.
Características do desenvolvimento do
Algum desenvolvimento
individuo com retardo da mental
linguagem pode ocorrer nos
(Cont…)
62 anos escolares, na adolescência, se a linguagem for
fraca, ocorre a evolução de formas não verbais de
comunicação. A incapacidade de articularem
plenamente as suas necessidades pode reforçar os
meios corporais de comunicação. Os enfoques
comportamentais podem ajudar a promover algum
grau de cuidados pessoais, embora os indivíduos com
retardo mental severo geralmente necessitam de
supervisão extensa.
Retardo Mental Profundo
As crianças com retardo mental profundo exigem
supervisão constante e têm aptidões comunicativas e
motoras severamente limitadas.
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental (Cont…)
63

Na idade adulta, algum desenvolvimento da linguagem


pode estar presente, e habilidades simples de auto-
ajuda podem ser adquiridas. Mesmo na idade
adulta, necessitam de cuidados de enfermagem.
Curso e prognóstico
Na maioria dos casos de retardo mental, o
comprometimento intelectual básico não melhora, mas
o nível de adaptação do indivíduo afectado pode
ser positivamente influenciado por um ambiente
enriquecido e de suporte.
AUTISMO INFANTIL
64

 O autismo infantil apresenta grandes dificuldades no


diagnóstico, uma vez que engloba, dentro dos conceitos
actuais, várias doenças com diferentes quadros clínicos que
têm como factor comum o sintoma autístico. Segundo Gillberg
(1990, apud Schwartzman, 1995), o autismo é considerado
uma síndrome comportamental, com etiologias e curso de um
distúrbio de desenvolvimento, caracterizado por um défice
social visualizado pela inabilidade em relacionar-se com o
outro, usualmente combinado com défice de linguagem e
alterações de comportamento.
AUTISMO INFANTIL (Cont.)

65

 A etiologia no autismo associa-se a vários factores: lesões


neurológicas, rubéola congénita, fenilcetonúria, esclerose
tuberosa e síndrome de Rett. As crianças apresentam, ainda,
evidências de complicações perinatais. Alguns dos indivíduos
autistas têm convulsões em algum momento da vida.
 A incompatibilidade imunológica entre a mãe e o embrião ou
feto pode contribuir para o autismo. Irmãos de indivíduos
autistas podem ser afectados por transtorno autista. Outros
achados incluem um número diminuído de células de Purkinje
no cerebelo, resultando em anormalidades da atenção,
excitação e processos sensoriais (Kaplan, 1997).
AUTISMO INFANTIL (Cont.)

66

Tipos
De acordo com o quadro clínico, o TEA pode ser classificado em
três grupos:
 1) Autismo clássico – o grau de comprometimento pode variar
de muito. De maneiros gerais, os portadores são voltados
para si mesmos, não estabelecem contacto visual com as
pessoas nem com o ambiente; conseguem falar, mas não usam
a fala como ferramenta de comunicação. Embora possam
entender enunciados simples, têm dificuldade de compreensão
e apreendem apenas o sentido literal das palavras. Não
compreendem metáforas nem o duplo sentido. Nas formas
mais graves, demonstram ausência completa de qualquer
contacto interpessoal
AUTISMO INFANTIL (Cont.)
67

 São crianças isoladas, que não aprendem a falar,


não olham para as outras pessoas nos olhos, não
retribuem sorrisos, repetem movimentos
estereotipados, sem muito significado ou ficam
girando ao redor de si mesmas e apresentam
deficiência mental importante;
 2) Autismo de alto desempenho (antes chamado de
síndrome de Asperger) – os portadores apresentam
as mesmas dificuldades dos outros autistas, mas
numa medida bem reduzida. São verbais e
inteligentes.
AUTISMO INFANTIL (Cont.)
68

Tão inteligentes que chegam a ser confundidos com génios,


porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que se
especializam. Quanto menor a dificuldade de interacção
social, mais eles conseguem levar vida próxima à normal.

3) Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação


(DGD-SOE) – os portadores são considerados dentro do
espectro do autismo (dificuldade de comunicação e de
interacção social), mas os sintomas não são suficientes para
incluí-los em nenhuma das categorias específicas do transtorno,
o que torna o diagnóstico muito mais difícil.
GAGUEZ
69
Características de diagnósticos
A característica essencial da Gaguez é uma
perturbação na fluência normal e organização
temporal da fala, inadequadas para a idade do
sujeito. Esta perturbação é caracterizada por
frequentes repetições ou prolongamentos de sons e
sílabas. Podem também estar incluídos outros tipos de
perturbação da fluidez da fala, incluindo interjeições,
palavras fragmentadas (por exemplo, pausas dentro
de uma palavra), bloqueios audíveis ou silenciosos
(pausas preenchidas ou vazias na fala),
GAGUEZ (cont…)
70
circunlóquios (substituições de palavras para evitar
palavras problemáticas), palavras produzidas com
um excesso de tenção física, repetições de palavras
monossilábicas (por exemplo, “E-E-E-L”). A alteração
na fluência interfere com o rendimento escolar ou
laboral ou com a comunicação social. Se estiver
presente um défice sensorial ou motor da fala, as
dificuldades da fala são excessivas em relação as
que estariam normalmente associadas com estes
problemas. Se estiverem presentes um défice
sensorial ou motor da fala ou uma doença
neurológica, codificam-se no eixo III.
GAGUEZ (cont…)
71 A intensidade da perturbação varia em função das
situações e muitas vezes é mais grave quando há
uma pressão social para comunicar (por exemplo,
numa exposição na escola ou numa entrevista para
um emprego). A Gaguez muitas vezes não se verifica
na leitura oral, no canto ou a falar a objectos
inanimados ou animais
Perturbações e características associadas
No inicio da Gaguez o sujeito pode não se aperceber
do problema, no entanto, mais tarde. Surge a
consciência do problema e uma antecipação ansiosa
da sua dificuldade.
GAGUEZ (cont…)
72
O sujeito pode então tentar evitar a gaguez através de
mecanismos linguísticos (por exemplo, alterando a
velocidade da fala, evitamento de certas situações
verbais como telefonar ou falar em público, ou evitar
certas palavras ou sons). A gaguez pode ser
acompanhadas por movimentos notórios (por exemplo,
piscar de olhos, tiques, tremores dos lábios ou da face,
extensões bruscas da cabeça, movimentos respiratórios
ou serrar os punhos). Demonstrou-se que o stress ou a
ansiedade podem exacerbar a gaguez.
GAGUEZ (cont…)
73 Devido a associação de ansiedade, frustração ou
baixa de auto-estima, pode produzir-se uma
alteração do funcionamento social. Nos adultos, a
Gaguez pode ser limitativa da escolha ocupacional
ou progresso na carreira. Nas pessoas com Gaguez,
a perturbação fonológica e a perturbação da
linguagem expressiva ocorrem com uma frequência
mais elevada do que na população em geral.
Prevalência
A prevalência da Gaguez nas crianças na fase pré-
puberitária é de 1% e baixa para 0,8% na
adolescência. A proporção entre homens e mulheres é
aproximadamente de 3:1.
GAGUEZ
Evolução
(cont…)
74
Estudos retrospectivos de sujeitos com Gaguez indicam
que o aparecimento se produz tipicamente entre os 2
e os 7 anos (com um pico à volta dos 5 anos). Em
98% dos casos o inicio produz-se antes dos 10 anos
de idade. O inicio é normalmente insidioso,
prolongando-se por vários meses durante os quais se
produzem anomalias episódicas da fluidez verbal
que passam despercebidas, mas que se vão
convertendo no problema crónico. Em regra, a
perturbação começa gradualmente com a repetição
de consoantes, palavras que geralmente iniciam uma
frase ou palavras longas. De um modo geral, a
criança não se apercebe da Gaguez
GAGUEZ (cont…)
75

À medida que a perturbação progride instaura-se uma


evolução oscilante. As alterações da fluidez tornam-se
cada vez mais frequentes e a Gaguez ocorre com mais
frequência nas palavras ou frases mais significativas.
Quando a criança tem consciência das suas dificuldades
da fala, podem ocorrer mecanismos de evitamento das
alterações da fluência e observam-se respostas
emocionais. Algumas investigações sugerem que
aproximadamente 20% a 80% dos sujeitos com
Gaguez recuperam espontaneamente. Habitualmente, a
recuperação ocorre antes dos 16 anos.
GAGUEZ (cont…)
76
Padrão familiar
Estudos familiares e de gémeos forneceram fortes
provas da existência de um factor genético na
etiologia da Gaguez. A presença de uma
perturbação fonológica ou de uma perturbação da
linguagem expressiva de tipo evolutivo, ou uma
história familiar de ambas, aumenta a probabilidade
da Gaguez. O risco de Gaguez é maior entre os
familiares biológicos em primeiro grau do que na
população em geral. No caso dos sujeitos de sexo
masculino com história de Gaguez, cerca de 10% das
suas filhas e 20% dos seus filhos terão.
GAGUEZ (cont…)
77

Diagnóstico diferencial
As dificuldades da fala podem estar associadas a
incapacidade auditiva ou outro défice sensorial ou a
um défice motor da fala. Nos casos em que as
dificuldades da fala são excessivas em relação as
que estão normalmente associadas com estes
problemas, pode ser feito um diagnóstico simultâneo
de Gaguez. A Gaguez pode distinguir-se de uma
disfunção da fluência normal que ocorre
frequentemente nas crianças mais jovens e que inclui
GAGUEZ (cont…)
78

repetições de palavras inteiras ou de frases (por


exemplo, “quero, quero um gelado”), frases
incompletas, interjeições, pausas injustificadas e
observações “entre parênteses”. Se a frequência ou
a complexidade destas dificuldades aumentarem à
medida que a criança cresce, o diagnóstico de
Gaguez torna-se mais provável.
ENURESE
79

 Definição
A Associação Americana de Psiquiatria (APA) definiu
enurese nocturna como o acto de urinar na cama em
criança maior de 5 anos de idade.
Alguns pesquisadores fazem distinção entre
incontinência urinária primária e secundária.
 Classificação

A enurese nocturna pode ser classificada como:


 . Primária quando a criança nunca chegou a
estabelecer completo controle urinário durante a
noite (bem mais frequente em meninos);
ENURESE (cont.)
80

 Secundária, quando surge após um período significativo (6 a


12 meses) de controle completo. A enurese secundária
geralmente implica perda do mecanismo normal de
continência, sugerindo doença de base.
Outra classificação de enurese nocturna se baseia na presença
ou ausência de outros sintomas da bexiga. A enurese
polissintomática seria o urinar na cama em associação com
urgência urinária, aumento de frequência ou outros sintomas
de bexiga instável. Aproximadamente 15 a 20% dos
pacientes com enurese nocturna apresentam incontinência
urinária diurna, sendo classificados como casos de enurese
nocturna primária polissintomática.
ENURESE (cont.)
81
A forma mais comum é a enurese nocturna
monossintomática, na qual não existem sintomas
diurnos que indiquem disfunção miccional, isto é, a
criança não tem urgência para urinar, micções
interrompidas ou incontinência diurna. Por conta disso,
a enurese monossintomática, por estar associada com
urina normal durante o dia, é de mais fácil
tratamento quando comparada à secundária.
 Etiologia

Apesar de todo conhecimento adquirido e de sua


prevalência, a etiologia ainda permanece
desconhecida.
ENURESE (cont.)
82

A causa da enurese nocturna tem sido muito debatida,


porém ainda não é completamente conhecida. O
padrão das crianças afectadas é o de uma
incapacidade de reconhecer a sensação da bexiga
cheia durante o sono e acordar para ir ao banheiro.
Muitas causas foram atribuídas à enurese: poluiria
nocturna, secreção inapropriada do harmónio
antidiurético, alterações do sono pelo despertar
difícil e reduzida capacidade funcional da bexiga,
principalmente à noite.
ENURESE (cont.)
83

A enurese nocturna deve ser considerada um atraso no


desenvolvimento com base genética (familiar), cuja equação
básica é: o volume urinário nocturno supera a capacidade da
bexiga de retê-lo e a criança não acorda para urinar.
Embora os conhecimentos tenham se avolumado nos últimos anos,
para um problema aparentemente simples, ainda não se
conseguiu encontrar uma solução.
O conceito actual é que a patogênese da enurese nocturna é
multifactorial. Trata-se de um atraso do desenvolvimento com
base genética poligênica, em que estão envolvidos, em
proporções variáveis, três factores
ENURESE (cont.)
84

Poliúria nocturna: Estudos iniciais em crianças enuréticas sugerem


que existe uma pequena resposta à vasopressina comparada
com crianças controle na mesma faixa etária. Isto mostra que
esta alteração pode permitir um fluxo urinário nocturno
suficientemente alto que exceda a capacidade vesical
resultando em enurese.
Distúrbio do despertar: hoje, a enurese nocturna é considerada
basicamente um distúrbio do despertar com participação
variável da insuficiência relativa da vasopressina e da
instabilidade da bexiga, tendo como pano de fundo a
hereditariedade.
ENURESE (cont.)
85
Alguns autores têm sugerido outros factores além da disfunção
vesical e distúrbios do sono, como por exemplo: reacção
alérgica, malformações geniturinárias, factores
socioeconómicos, psicológicos e genéticos.
Dessa forma, a etiologia da enurese é caracterizada por uma
interacção entre os diversos factores citados a seguir.
Factores Genéticos
Actualmente, sabe-se que a enurese nocturna pode se manifestar
em associação a factores predisponentes hereditários, pois, na
maioria das crianças, existe história familiar.
ENURESE (cont.)
86
Se um dos pais teve enurese nocturna, a probabilidade de
enurese no filho é de 45%. Se os dois pais apresentavam o
problema, a probabilidade aumenta para 77%. Por outro
lado, apenas 15% das crianças são afectadas quando nenhum
dos pais teve enurese.
A ocorrência em gémeos idênticos é de 68%, sendo mais alta do
que em gêmeos não fraternos (36%). A frequência e a
duração da enurese também são semelhantes em membros da
mesma família. A hereditariedade é factor causal, o que foi
confirmado pela identificação de genes determinantes da
enurese nocturna primária em diferentes cromossomas
ANSIEDADE
87

 Conceitos
De acordo com Recondo e Castillo (2000) a ansiedade
é um sentimento vago e desagradável de medo,
apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto
derivado de antecipação de perigo, de algo
desconhecido ou estranho. Em crianças, o
desenvolvimento emocional influi sobre as causas e a
maneira como se manifestam os medos e as
preocupações tanto normais quanto patológicos.
ANSIEDADE (cont.)
88

 Como surge a ansiedade?


De acordo com Lenoch (2009) a ansiedade pode surgir
repentinamente ou gradualmente, ao longo do
tempo, que pode durar minutos a dias. A duração da
ansiedade pode variar de alguns segundos a anos e
sua intensidade pode variar de muito leve ao grave,
ela pode ser aumentada por um sentimento de
vergonha. Em alguns casos uns ficam surpresos ao
notarem que os outros não perceberam sua
ansiedade ou não notaram sua intensidade
ANSIEDADE (cont.)
89
 Tipos de ansiedade
Os tipos de ansiedade são: ansiedade normal e ansiedade
patológica.
Ansiedade normal
De acordo com Lenoch (2009) a ansiedade normal é uma
sensação difusa, desagradável, de apreensão, acompanhada
por várias sensações físicas: mal-estar epigástrico, aperto no
toráx, palpitações, sudorese excessiva, cefaleia, súbita
necessidade de evacuar, inquietação, dentre outros. Os
padrões individuais físicos de ansiedade variam amplamente.
Em alguns casos os indivíduos apresentam apenas sintomas
cardiovasculares e outros apenas intestinais
ANSIEDADE (cont.)
90

 De acordo com Annuseck (2012) a ansiedade normal é uma


sensação desagradável de inquietação interna, agitação,
geralmente relacionada a algo que vai acontecer e deixa a
pessoa apreensiva. A ansiedade é considerada como um sinal
de alerta normal que permite ao indivíduo tomar medidas
necessárias para se proteger contra dor, frustração,
separação de entes queridos, dentre outros.
 Geralmente as sensações físicas ocorrem junto aumentando o
desconforto. A angústia é o sentimento mais forte, um aperto
no peito ou apreensão e a pessoa sente-se sufocada. Ela
pode ser bem intensa e durar pouco tempo ou ser mais leve,
porém constante
ANSIEDADE (cont.)
91

A sensação de ansiedade pode ser dividida em dois


componentes: a consciência de sensações físicas e a
consciência de estar nervoso ou amedrontado.
Ansiedade patológica
De acordo com Lenoch (2009) a ansiedade passa a ser
patológica é uma resposta inadequada a determinado
estímulo, em virtude de sua intensidade e duração.
Diferentemente da ansiedade normal a ansiedade patológica
paralisa o indivíduo e traz prejuízo ao bem-estar e ao seu
desempenho não permite que ele se prepare e enfrente a
situação ameaçadora
ANSIEDADE (cont.)
92

Sintomas da ansiedade
Cada pessoa funciona de forma diferente, com reacções
químicas exclusivas, o tio, o número, intensidade e frequência
dos sintomas de ansiedade variam de pessoa para pessoa. Os
sintomas de ansiedade comuns incluem:
 Corpo (sintomas de ansiedade associados com o corpo em

geral):
 Problemas de alergia, aumento de alergias (número, reacções,

reacções demoradas);
 Dor nas costas, rigidez, tensão, pressão, espasmos, imobilidade

nos músculos das costas ou coluna (conhecido de travamento


da coluna);
ANSIEDADE (cont.)
93

 Branqueamento (palidez, perda de cor no rosto ou pele);


 Dor no peito, aperto no peito
 Asfixia
 Fadiga crônica, exaustão, super cansado, desgastado;
 Desejo intenso por açucar, doces, chocolate ou habitual ânsia
por doces;
 Tonturas;
 Sensação de enjôo;
 Náuseas e vômitos;
 Peito (sintomas de ansiedade associados com área do peito):
ANSIEDADE (cont.)
94
 Tremores no peito, vibração no peito;
 Dor no peito ou desconforto;
 Preocupação com o coração;
 Sensação de ter que forçar a respiração;
 Dificuldades de respirar, sentindo-se sufocado ou falta de ar;
 Aperto na costela ou caixa torácica;
 Humor ou emoções (sintomas de ansiedade associadas com
humor, sentimentos e emoções):
 Sempre se sentindo irritado e falta de paciência;
 Despersonalização;
 Depressão;
 Mudanças de humor drástico
ANSIEDADE (cont.)
95

 Ficar emocionalmente entorpecido;


 Sentindo-se para baixo;
 Vontade de chorar sem motivo aparente;
 Sono (sintomas de ansiedade associados com sono):
 Dificuldade de pegar no sono ou continuar dormindo;
 Frequentes sonhos ruins, bizarros ou loucos;
 Ouvir sons na cabeça que fazem acordar;
 Insónia ou acordar mal no mio da noite;
 Choques acordado;
 Acordando com um ataque de pânico;

TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE
96

É um padrão persistente de falta de atenção e/ou


impulsividade: hiperactividade, com uma intensidade
que é mais frequente e grave que o observado
habitualmente nos sujeitos com um nível semelhante
de desenvolvimento.
Etiologia
 Apesar do grande número de estudos já realizados,

as causas precisas do TDAH ainda não são


conhecidas. Entretanto, a influência de factores
genéticos e ambientais no seu desenvolvimento é
amplamente aceita na literatura
TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE (cont.)
97
A contribuição genética é substancial; assim como ocorre na
maioria dos transtornos psiquiátricos, acredita-se que vários
genes de pequeno efeito sejam responsáveis por uma
vulnerabilidade (ou susceptibilidade) genética ao transtorno, à
qual somam-se diferentes agentes ambientais.
Factores ambientais
 Agentes psicossociais que actuam no funcionamento
adaptativo e na saúde emocional geral da criança, como
desentendimentos familiares e presença de transtornos mentais
nos pais, parecem ter participação importante no surgimento e
manutenção da doença, pelo menos em alguns casos(Pereira,
H., et all 2005)

.
TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE (cont.)
98

 Tipos de TDAH
 O DSM-IV subdivide o TDAH em três tipos, quais
sejam: a) TDAH com predomínio de sintomas de
desatenção; b) TDAH com predomínio de sintomas de
hiperactividade com impulsividade; c) TDAH
combinado.
 O tipo com predomínio de sintomas de desatenção é
mais frequente no sexo feminino e parece apresentar,
conjuntamente com o tipo combinado, uma taxa mais
elevada de prejuízo académico.
TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE (cont.)
99

As crianças com TDAH com predomínio de sintomas de


hiperactividade/impulsividade são, por outro lado,
mais agressivas e impulsivas do que aquelas com que
os outros dois tipos e tendem a apresentar altas
taxas de impopularidade e de rejeição pelos
colegas. O tipo combinado apresenta um maior
prejuízo no funcionamento global quando comparado
aos dois outros grupos (Pereira, H., et all 2005)
TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE (cont.)
100
Diagnóstico
Quadro clínico
A tríade sintomatológica clássica da síndrome
caracteriza-se por desatenção, hiperactividade e
impulsividade.
Independentemente do sistema classificatório utilizado,
as crianças com TDAH são facilmente reconhecidas
em clínicas, escolas e em casa. A descrição dos
sintomas nas três dimensões pode ser visualizada na
Tabela 1 (critérios diagnósticos da DSM-IV).
Algumas pistas que indicam a presença do transtorno
são:
TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE (cont.)
101

a) Duração dos sintomas de desatenção e/ou hiperactividade/


impulsividade. Normalmente, crianças com TDAH apresentam
uma história de vida desde a idade pré- escolar com a
presença de sintomas, ou, pelo menos, um período de vários
meses de sintomatologia intensa.
b) Frequência e intensidade dos sintomas. Para o diagnóstico de
TDAH, é fundamental que pelo menos seis dos sintomas de
desatenção e/ou seis dos sintomas de
hiperactividade/impulsividade descritos acima estejam
presentes frequentemente (cada um dos sintomas) na vida da
criança.
TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE (cont.)
102

 c) Persistência dos sintomas em vários locais e ao longo do


tempo. Os sintomas de desatenção e/ou hiperactividade/
impulsividade precisam ocorrer em vários ambientes da vida
da criança (por exemplo, escola e casa) e manter se
constantes ao longo do período avaliado. Sintomas que
ocorrem apenas em casa ou somente na escola devem alertar
o clínico para a possibilidade de que a desatenção,
hiperactividade ou impulsividade possam ser apenas sintomas
de uma situação familiar caótica ou de um sistema de ensino
inadequado. Da mesma forma, flutuações de sintomatologia
com períodos assintomáticos não são características do TDAH.
TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE (cont.)
103

d) Prejuízo clinicamente significativo na vida da criança. Sintomas


de hiperactividade ou impulsividade sem prejuízo na vida da
criança podem traduzir muito mais estilos de funcionamento ou
temperamento do que um transtorno psiquiátrico.
e) Entendimento do significado do sintoma. Para o diagnóstico de
TDAH, é necessária uma avaliação cuidadosa de cada
sintoma, e não somente a listagem de sintomas. Por exemplo,
uma criança pode ter dificuldade de seguir instruções por um
comportamento de oposição e desafio aos pais e professores,
caracterizando muito mais um sintoma de transtorno opositor
desafiante do que de TDAH.
TRANSTORNOS DE CONDUTA

104
Transtorno de conduta é caracterizado por padrões persistentes
de conduta socialmente inadequada, agressivos ou
desafiantes.
Manifestações
Segundo o DSM-IV para transtorno da conduta incluem seguintes
possibilidades de comportamento anti-social:
 Tormenta, ameaça ou intimida os outros;

 Frequentemente inicia lutas corporais;

 Cabula nas aulas

 Já usou armas que podem causar ferimentos graves (pau,


pedra, faca, arma de fogo);
 Foi cruel com as pessoas, ferindo-as fisicamente;
TRANSTORNOS DE CONDUTA (cont.)
105

 Foi cruel com os animais, ferindo-os fisicamente;


 Roubou ou assaltou, confrontando a vítima;
 Submeteu alguém a actividade sexual forçada;
 Iniciou incêndio deliberadamente com a intenção de provocar
sérios danos;
 Destruiu propriedade alheia deliberadamente;
 Arrombou e invadiu casa, prédio ou carro;
 Mente e engana para obter ganhos materiais ou favores ou
para fugir de obrigações;
 Furtou objectos de valor;
TRANSTORNOS DE CONDUTA (cont.)
106

 Frequentemente passa a noite fora, apesar da


proibição dos pais (início antes dos 13 anos);
 Fugiu de casa pelo menos duas vezes,

 Passando a noite fora, enquanto morava com


os pais ou pais substitutos,
 Falta na escola sem motivo, matando aulas
frequentemente (início antes dos 15 anos),
TRANSTORNOS DE CONDUTA (cont.)

107

DIAGNOSTICO
Segundo o DSM-IV (1995) os critérios diagnósticos
para Transtorno de Conduta implicam um padrão
repetitivo e persistente de comportamentos no qual
são violados os direitos dos outros e regras sociais.
Neste transtorno há uma tendência permanente para
apresentar comportamentos que incomodam e
perturbam, além do envolvimento em actividades
perigosas e até mesmo ilegais. Não possuem
capacidade de aprender com as consequências
negativas dos seus próprios actos.

TRANSTORNOS DE CONDUTA (cont.)
108
E para que o diagnóstico seja fidedigno, faz-se
imprescindível a presença de pelo menos, três das
condutas abaixo apontada, e persistente por um
período de 12 meses ou 6 meses, trazendo limitações
importantes do ponto de vista académico, social ou
ocupacional.
 Manifestações excessivas de agressividade;

 Crueldade em relação a outras pessoas ou a

animais;
 Destruição dos bens de outrem;

 Condutas incendiárias
TRANSTORNOS DE CONDUTA (cont.)
109

 Roubos ou furtos;
 Abuso sexual;
 Porte de armas;
 Mentiras repetidas;
 Cabular aulas e fugir de casa;
 Desobediências anormalmente frequentes e graves.
Transtorno de conduta restrito ao contexto
familiar
110 Essa categoria compreende transtornos de conduta
envolvendo comportamento anti-social ou agressivo (e
não meramente comportamento de oposição,
desafiador ou destrutivo), nos quais o comportamento
anormal é inteiramente ou quase inteiramente
confinado ao lar e/ou a interacções com membros da
família nuclear ou objectos domésticos.
Directrizes diagnósticas
O diagnóstico requer que não haja perturbação
significativa de conduta fora do ambiente familiar e
que os relacionamentos sociais de criança fora da
família estejam dentro dos limites normais.
Transtorno de conduta restrito ao contexto
familiar (Cont…)
111
Na maioria dos casos, esses transtornos de conduta
especificamente familiares terão surgido no contexto
de alguma forma de perturbação marcante no
relacionamento da criança com um ou mais membros
da família nuclear. Em alguns casos, por exemplo, o
transtorno pode ter surgido em relação a um conflito
com um (a) padrasto (madrasta) recém-chegado (a).
A validade nosológica dessa categoria permanece
incerta, mas é possível que esses transtornos de
conduta em alto grau, especificamente situacionais,
não acarretem o prognóstico geralmente pobre
associado a perturbações invasivas de conduta
Transtorno de conduta não socializado
112 Esse tipo de transtorno de conduta é caracterizado
pela combinação de comportamento anti-social ou
agressivo persistente (satisfazendo os critérios
globais para F91 e não meramente compreendendo
comportamento desafiador, de oposição e destrutivo)
com uma anormalidade invasiva e significativa nos
relacionamentos do indivíduo com outras crianças.
Directrizes diagnósticas
A falta efectiva de uma integração num grupo de
companheiros constitui a distinção – chave com os
transtornos de conduta “socializados” e isto tem
precedência sobre todas as outras diferenciações.
Transtorno de conduta não socializado
(Cont…)
113

Relacionamentos perturbados com os companheiros são


evidenciados principalmente por isolamento e/ou
rejeição ou impopularidade com outras crianças e
por uma falta de amigos íntimos ou relacionamentos
duradouros, empáticos e recíprocos com outros, no
mesmo grupo etário. Relacionamentos com adultos
tendem a ser marcados por discórdia, hostilidade e
ressentimento. Bons relacionamentos com adultos
podem ocorrer (embora usualmente faltem a eles
uma qualidade íntima e confidente) e, se presentes,
isso não exclui o diagnóstico.
Transtorno de conduta socializado
114

Essa categoria se aplica a transtornos de conduta


envolvendo comportamento anti-social ou agressivo
persistente (satisfazendo os critérios globais para
F91 e não meramente compreendendo
comportamento de oposição, desafiador e destrutivo)
ocorrendo em indivíduos que são geralmente bem
integrados no seu grupo de companheiros.
Directrizes diagnósticas
O aspecto-chave para diferenciação é a presença de
amizades adequadas e duradouros com outros cuja
idade é aproximada.
Transtorno de conduta socializado (Cont…)
115

Com frequência, mas não sempre, o grupo de


companheiros consistirá de outros jovens envolvidos
em actividades delinquentes ou anti-sociais ( cujo
caso, a conduta socialmente inaceitável da criança
pode bem ser aprovada pelos companheiros de
grupo e regular pela subcultura á qual pertence).
Entretanto, isso não é um requisito necessário para o
diagnóstico: a criança pode fazer parte de um grupo
de companheiros não delinquentes, com seu
comportamento anti-social ocorrendo fora deste
contexto.
Transtorno desafiador de oposição
116

Esse tipo de transtorno de conduta é


caracteristicamente visto em crianças abaixo da
idade de 9 ou 10 anos. É definido pela presença de
comportamento marcantemente desafiador,
desobediente e provocativo e pela ausência de actos
anti-sociais ou agressivos mais graves, que violem a
lei ou os direitos de outros.
Directrizes diagnósticas
O aspecto essencial desse transtorno é um padrão de
comportamento persistentemente negativista, hostil,
desafiador, provocativo e destrutivo
Transtorno desafiador de oposição (Cont…)
117

o qual está claramente fora da faixa normal de


comportamento para uma criança da mesma idade e
no mesmo contexto sociocultural e o qual não inclui
violações mais graves dos direitos de outros, como as
expressadas no comportamento agressivo e anti-
social especificado para as categorias de F91.0 e
F91.2. Crianças com esse transtorno tendem
frequente e activamente a desafiar os pedidos ou
normas dos adultos e deliberadamente aborrecer
outras pessoas
Transtorno de ansiedade de separação na
infância
118
 É normal crianças que estão aprendendo a andar e
pré-escolares mostrarem um grau de ansiedade em
relação a separações, reais ou ameaçadas, das
pessoas as quais estão vinculadas. O transtorno de
ansiedade de separação deve ser diagnosticado
apenas quando o medo de separação constitui o foco
da ansiedade e quando tal ansiedade surge durante
os primeiros anos. É diferenciado da ansiedade de
separação normal, quando é de gravidade tal que é
estaticamente inusual (incluindo uma persistência
anormal além da idade usual ) e quando está
associado a problemas significativos no
funcionamento social.
Transtorno de ansiedade fóbica na infância
119
Crianças, como adultos, podem desenvolver medo, que
é focalizado numa ampla série de objectos e
situações. Alguns desses medos (ou fobias), por
exemplo, agorafobia, não são uma parte normal do
desenvolvimento psicossocial. Quando tais medos
ocorrem na infância, eles devem ser codificados sob
a categoria apropriada em F40-F48. Entretanto,
alguns medos mostram uma especificidade marcante
para uma fase de desenvolvimento e aparecem (em
algum grau) na maioria das crianças; isto poderia ser
verdadeiro, por exemplo, quanto ao medo de
animais no período pré-escolar.
120

Directrizes diagnósticas
Essa categoria deve ser usada apenas para medos
específicos de fases do desenvolvimento, quando eles
satisfazem os critérios adicionais que se aplicam a
todos os transtornos em F93, a saber:
(a) O início é durante período etário apropriado do
desenvolvimento;
(b) O grau de ansiedade é clinicamente anormal e
(c) A ansiedade não faz parte de um transtorno mais
generalizado.
Transtornos de rivalidade entre irmãos
121
Uma alta proporção ou mesmo a maioria das crianças
menores mostram algum grau de perturbação
emocional seguindo-se ao nascimento de um irmão
(em geral imediatamente mais novo). Na maioria dos
casos, a perturbação é leve, mas a rivalidade ou
ciúme estabelecido durante o período após o
nascimento pode ser notavelmente persistente.
Directrizes diagnósticas
O transtorno é caracterizado pela combinação de:
(a) Evidência de rivalidade e/ou ciúmes entre irmãos;
Transtorno de ansiedade fóbica na infância
(Cont…)
122

(b) Início durante os meses seguintes ao nascimento de


um irmão (em geral imediatamente mais novo);
(c) Perturbação emocional que é anormal em grau /ou
persistência e que está associada a problemas
psicossociais.
Rivalidade e/ou ciúme entre irmãos pode ser mostrada
por competição marcante com os irmãos pela
atenção e afecto dos pais; para isto ser considerado
como anormal, deve estar associado a um grau
inusual de sentimentos negativos.
Transtorno de ansiedade fóbica na infância
(Cont…)
123

Em casos graves, isso pode estar acompanhado de


franca hostilidade, traumatismos físicos e/ou dolo e
sabotagem do irmão.
Em casos mais leves, pode ser mostrado por uma forte
relutância em compartilhar, falta de respeito e
escassez de interacções amigáveis.
AVALIAÇÃO, EXAME E TESTAGEM PSICOLÓGICA EM
CRIANCAS E ADOLESCENTES
124
A psiquiatria infantil difere da psiquiatria de adultos
pelas seguintes razões: (1) crianças raramente
procuram atendimento psiquiátrico espontaneamente, e
seu comparecimento diante do psiquiatra depende da
iniciativa dos pais; (2) entrevista com pais ou
responsáveis é parte indispensável da avaliação
psiquiátrica; (3) a comunicação não verbal (através de
desenhos e brincadeiras) constitui rica fonte de
informação sobre o funcionamento mental do paciente;
e (4) a avaliação dos sintomas apresentados tem como
parâmetro de normalidade o nível de desenvolvimento
esperado para equivalente idade e sexo.
AVALIAÇÃO, EXAME E TESTAGEM PSICOLÓGICA EM
CRIANCAS E ADOLESCENTES
125

Em muitas situações, é possível estabelecer um paralelo


entre crianças e adultos psicóticos, pois ambos
dependem dos cuidados de outros indivíduos por eles
responsáveis e frequentemente comunicam-se por via
não verbal.
Quanto maior a idade do paciente, menor a diferença
entre a avaliação da psiquiatria infantil e a da
psiquiatria de adultos. De fato, a avaliação de
adolescentes requer entrevista inicial individual com o
paciente, enquanto a avaliação de crianças exige
entrevista com pais e observação lúdica da criança.
AVALIAÇÃO, EXAME E TESTAGEM PSICOLÓGICA EM
CRIANCAS E ADOLESCENTES
126
Uma avaliação abrangente de uma criança inclui
entrevista com os pais, com a criança e com outros
membros da família; obtenção de informação
relativa ao seu funcionamento escolar actual; e, com
frequência, uma avaliação padronizada do nível
intelectual e do desempenho académico da criança.
Em alguns casos, são úteis medidas padronizadas do
nível de desenvolvimento e avaliações
neuropsicológicas.
As avaliações psiquiátricas de crianças raramente
parte delas; portanto, os médicos devem obter
informações da família e da escola para entender os
motivos dessa procura.
AVALIAÇÃO, EXAME E TESTAGEM PSICOLÓGICA EM
CRIANCAS E ADOLESCENTES (cont.)
127

Em alguns casos, a justiça ou um serviço de protecção


da criança pode solicitar a avaliação psiquiátrica.
As crianças muitas vezes têm dificuldade com a
cronologia dos sintomas e são até reticentes em
relatar comportamentos que as colocam em apuros.
Crianças muito pequenas em geral não consegue
verbalizar suas experiencias e mostra melhor seus
sentimentos e preocupações no jogo ou brinquedo.
AVALIAÇÃO, EXAME E TESTAGEM PSICOLÓGICA EM
CRIANCAS E ADOLESCENTES (cont.)
128

 Para conduzir uma boa entrevista com uma criança de


qualquer idade, os médicos devem estar familiarizados com o
desenvolvimento normal para por as respostas da criança na
perspectiva adequada; põe exemplo o desconforto de uma
criança pequena com a separação de um dos pais e a falta
de clareza de uma criança em idade escolar sobre o objectivo
da entrevista são ambos perfeitamente normais e não devem
ser interpretados como sintomas psiquiátricos.
 Alem disso, o comportamento que é normal numa criança em
determinada idade, como acesso de raiva aos dois anos,
assume um significado diferente, por exemplo, num
adolescente com 17 anos.
AVALIAÇÃO, EXAME E TESTAGEM PSICOLÓGICA EM
CRIANCAS E ADOLESCENTES (cont.)

129

A tarefa da primeira entrevista é cativar a criança e desenvolver


um rapport para que ela se sinta à vontade. O entrevistador
deve indagar sobre sua opinião acerca do propósito da
entrevista e perguntar o que os pais lhe disseram. Se a
criança aparecer confusa sobre a razão para a entrevista o
examinador pode optar por resumir as preocupações dos pais
de uma maneira apoiadora e adequada ao nível de
desenvolvimento.
Durante a entrevista o medico procura saber sobre
relacionamentos da criança com membros da família e amigos,
desempenho académico e relacionamentos com os colegas na
escola, alem das actividades de lazer
AVALIAÇÃO, EXAME E TESTAGEM PSICOLÓGICA EM
CRIANCAS E ADOLESCENTES (cont.)
130

Entrevista Diagnostica para Crianças e Adolescente


A versão actual da DICA foi desenvolvida em 1997
para a informação que resulta em diagnóstico de
acordo com DSM-4 ou com DSM-3-R. Ainda que
tenha sido originalmente planejada para ser uma
entrevista estruturada, pode agora ser utilizado em
um formato semi- estruturada. Antém-se a transtorno
do comportamento externalizantes, transtorno de
ansiedade, transtornos depressivos e transtornos por
uso de substâncias, entre outros.
AVALIAÇÃO, EXAME E TESTAGEM PSICOLÓGICA EM
CRIANCAS E ADOLESCENTES (cont.)
131

Componentes da avaliação Psiquiátrica da criança.


A avaliação psiquiátrica inclui a descrição do motivo
para o encaminhamento, o funcionamento passado
e actual da criança e quaisquer resultados de
testes.
COMPONENTES DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DA
CRIANÇA
132

 Dados de identificação:
Para entender os problemas clínicos a serem avaliados, o médico
deve primeiro identificar o paciente e ter em mente a
constelação familiar em torno da criança.
 Historia

 Exame do estado mental

 Aparência

 Interacção pais-criança

 Separação e reunião

 Orientação para tempo, lugar e pessoas


COMPONENTES DA AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA DA CRIANÇA (cont.)
133
 Fala e linguagem
 Humor
 Afecto
 Processo e conteúdo de pensamento
 Relações sociais
 Comportamento motor
 Cognição
 Memoria
 Julgamento e Insight
 Avaliação neuropsiquiatrica
 Testagem psicológica, educacional e do desenvolvimento
COMPONENTES DA AVALIAÇÃO

134
PSICOLÓGICA DA CRIANÇA (cont.)
 Testes de desenvolvimento para bebés a pré-
escolares
 Testes de inteligência para crianças em idade
escolar e adolescente
 Estabilidade de longo prazo da inteligência
 Testes Perceptivos e Percepto-motores
 Testes de Personalidade
 Testes educacionais
ENCOPRESE NÃO ORGÂNICA
Evacuação repetida, involuntária ou voluntaria de
135
fezes, em geral de consistência normal ou quase
normal, em locais não apropriados para esse
propósito no contexto sociocultural do individuo. A
condição pode representar uma continuação anormal
da incontinência infantil normal, pode envolver uma
perda de continência seguindo se à aquisição do
controlo intestinal ou pode envolver a deposição
deliberada de fezes em locais não apropriados, a
despeito do controlo intestinal fisiológico normal.
O episódio deve ocorrer pelo menos uma vez por mês,
durante o mínimo de três meses, e a idade
cronológica da criança deve ser, pelo menos, de 4
anos.
Directrizes diagnósticas
136
O aspecto diagnóstico crucial é a deposição
inapropriada de fezes. A condição pode surgir de
várias maneiras diferentes. Primeiro, pode representar
a falta de um treinamento higiénico adequado ou de
resposta adequada ao treinamento, sendo a história de
uma falha continua em adquirir controlo intestinal
adequado. Segundo, pode reflectir um transtorno
psicologicamente determinado, no qual há um controlo
fisiológico normal sobre a defecação, mas, por alguma
razão, há uma relutância, resistência ou falha em
adaptar-se às normas sociais de defecação em lugares
aceitáveis.
137 Terceiro, pode derivar de uma retenção fisiológica,
envolvendo impactação de fezes, com acumulo
secundário de fezes e deposição das mesmas em
locais inapropriados.
Tal retenção pode surgir de brigas entre pais e criança
sobre o treinamento intestinal de contenção de fezes
devido a defecação dolorosa (p.ex. como uma
consequência de fissura anal) ou por outras razoes.
Em algumas ocasiões a encoprese pode ser
acompanhada por esfregar fezes sobre o corpo ou
num ambiente exterior e, menos comummente, pode
haver manipulação anal com os dedos ou
masturbação.
138
Há usualmente algum grau de perturbação emocional/
de comportamento associado.
Não há uma demarcação clara entre encoprese com
perturbação emocional/ de comportamento
associado e algum outro transtorno psiquiátrico o
qual inclui a encoprese como um sintoma subsidiário.
A directriz recomendada é codificar encoprese se
esta for o fenómeno predominante e o outro
transtorno se ela não for (ou se a frequência da
encoprese for menor do que uma vez por mês).
Encoprese e enurese não infrequentemente estão
associadas e, quando este é o caso, a codificação da
encoprese tem precedência.
A encoprese pode algumas vezes seguir a uma
condição orgânica tal como fissura anal ou uma
139

infecção gastrointestinal; a condição orgânica deve


ser a única codificada se ela constitui uma explicação
suficiente para a perda fecal, mas, se cabe como um
precipitante, mas, não como uma causa suficiente, a
encoprese deve ser codificada (em adição a
condição somática).
Evolução
A encoprese não é diagnosticada antes de a criança
ter atingido pelo menos 4 anos (ou em crianças com
atraso no desenvolvimento uma idade mental pelo
menos de 4 anos).
140

 O stress psicossocial (por exemplo, entrada para


escola ou o nascimento de um irmão) e uma
inconsistente e inadequada aprendizagem do
controlo dos esfíncteres podem ser factores
predisponentes. Foram descritos dois tipos de
evolução: um tipo “primário”, em que o sujeito nunca
adquiriu continência fecal, e um tipo “secundário”, a
perturbação se desenvolveu depois de estabelecida
a continência fecal. A encoprese pode persistir com
exacerbações intermitentes, durante anos.
TRANSTORNO DE ALIMENTAÇÃO NA
INFÂNCIA
141

Um transtorno alimentar de manifestações variadas,


usualmente especifico da infância, geralmente, ele
envolve recusa de alimentos e dengos extremos na
presença de fornecimento adequado de comida, de
alguém razoavelmente competente, cuidando da
criança e ausência de doença orgânica. Pode haver ou
não ruminação associada (regurgitação repetida sem
náuseas ou doença gastrointestinal).
Directrizes diagnósticas

142
Dificuldades menores na alimentação sapo muito
comuns na infância (na forma de dengo, uma suposta
sub ou superalimentação). Em si mesmas, essas não
devem ser consideradas como indicativos de
transtorno. Este deve ser diagnosticado somente se as
dificuldades estiverem claramente além dos limites
normais, se a natureza do problema da alimentação
for de carácter qualitativamente anormal ou se a
criança não consegue ganhar ou perder peso, por um
período de pelo menos um mês.
Diagnostico diferencial é importante diferenciar esse
transtorno de:
143

 Condições onde a criança prontamente aceita


alimentação de outros adultos que não o que
usualmente cuida delas;
 Doenças orgânicas suficientes para explicar a recusa
alimentar;
 Anorexia nervosa e outros transtornos alimentares;
 Transtorno psiquiátrico mais amplo;
 Pica;
 Dificuldade e má administração alimentares
PICA NA INFÂNCIA
144

 O comer persistente de substâncias não nutritivas


(como terra, lascas de pintura, etc). Pode ocorrer
como um dos muitos sintomas de um transtorno
psiquiátrico mais amplo (tal como o autismo) ou pode
ocorrer como um fenómeno psicopatológico
relativamente isolado; somente o ultimo deve ser
codificado aqui. O fenómeno é mais comum em
crianças retardadas; se retardo mental também esta
presente, deve ser codificado. Entretanto, a pica
pode ocorrer em crianças (usualmente nas menores)
com inteligência normal
PICA NA INFÂNCIA (Cont...)
145 Perturbações e características associadas
A pica está frequentemente associada com a
deficiência mental e com as Perturbações lobais do
desenvolvimento. Ainda que em alguns casos se
observem deficiências de vitaminas ou de minerais (
por exemplo, zinco), habitualmente não são
encontradas anomalias biológicas especificas.
Nalguns casos, a pica só chega a consulta clínica
quando o sujeito apresenta algumas das
complicações médicas gerais que podem resultar
desta (por exemplo intoxicação pelo chumbo, como
PICA NA INFÂNCIA (Cont...)
146
consequência da ingestão de tinta ou gesso pintado,
problemas mecânicos intestinais, obstrução intestinal
por massa resultante de novelos de cabelo,
perfuração intestinal, infecções por toxoplasma e
toxocarose resultantes da ingestão de fezes ou lixo).
A pobreza, a negligência, a falta de supervisão
parental e o atraso do desenvolvimento aumentam o
risco desta perturbação.
Características específicas da cultura, género e idade
Nalgumas culturas, admite-se como valida a ingestão
de lixo ou de outras substâncias aparentemente não
nutritivas. A pica pode ser mais frequente nas
crianças mais jovens e nas mulheres grávidas.
Prevalência
147 Os dados epidemiológicos sobre pica são muito
limitados. Entre os sujeitos com deficiência mental, a
prevalência da perturbação parece aumentar com a
gravidade do atraso (por exemplo, foi referida uma
taxa de 15% de adultos com deficiência mental
grave).
Evolução A pica pode ter o seu inicio na infância. Em
muitos casos, a perturbação dura provavelmente
alguns meses e depois remite. Ocasionalmente pode
prolongar-se até a adolescência ou, com menos
frequência, até a idade adulta. Nos sujeitos com
deficiência mental, o comportamento pode diminuir
durante a vida adulta
Referências Bibliográficas
148

 Almeida, O.P., Dratcu, L.& Laranjeira, R. (1996). Manual de


Psiquiatria. Editora Guanabara Koogan S.A. Rio de Janeiro.
 APA (2002). Manual de Diagnóstico e Estatística das
Perturbações Mentais. (4ª Ed.). Trad. José Nunes de Almeida.
Climepsi Editores. Portugal.
 MARCELLI, D. & BRACONNIER, A. (2005). Adolescência e
Psicopatologia. (1ª Ed.). Climepsi Editores. Lisboa.

 OMS (1993), Classificação Internacional de Doenças.


Descrições clínicas e directrizes diagnósticas. (10ª Ed.) Trad.
Dorgival Caetano. Artes Médicas. Porto Alegre.
Referências Bibliográficas (cont.)
149

 OMS (1993), Classificação Internacional de Doenças.


Descrições clínicas e directrizes diagnósticas. (10ª Ed.)
Trad. Dorgival Caetano. Artes Médicas. Porto Alegre.

 SADOCK, B.J. (2008) Manual conciso de Psiquiatria


Clínica (2ᵃ ed.) Porto Alegre.
Artmed

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