Psicopatologia de Crianca e Adolescente 2015
Psicopatologia de Crianca e Adolescente 2015
Psicopatologia de Crianca e Adolescente 2015
crianҫa e adolescente
UCM, 2022
Definição
É a ciência que estuda os sintomas de uma doença
mental, suas características, a metodologia para a
sua detecção e as relações que os sintomas têm
com as doenças que os determinam (Ginard e
Liano. 1987)
Os sintomas são manifestações apreciáveis das
doenças e as síndromes são conjuntos de sintomas
que se apresentam com certa regularidade e
podem ser comuns a diferentes doenças.
Os sistemas de classificação dos distúrbios
mentais
A psicopatologia descritiva implica a observação e a descrição
10
dos sinais comportamentais e sintomas vivenciais do ser
humano. A complexidade de delimitação do objecto ou do
problema que constitui o alvo de avaliação, obriga a
utilização de critérios de diagnóstico baseado em
agrupamentos de sinais e sintomas.
Sinais: referem-se a comportamentos observáveis, são muitas
vezes a manifestação dos sintomas.
Sintomas: vivências subjectivas de determinados estados
(sintomas são sentidos pelo sujeito). O paciente não tem
sintomas, apenas vive determinadas experiências e comporta-
se em conformidade com essas experiências que são, de
algum modo, diferentes dos que são norma no grupo,
associando-se normalmente à doença.
Etiologia dos Distúrbios Psiquiátricos da
Infância e Adolescência
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Os distúrbios psiquiátricos observados em crianças e
adolescentes não tem causa única, mas resultam da
interacção de variados factores, alguns prejudiciais
(factores de risco) e outros favoráveis (factores de
protecção) ao adequado desenvolvimento e
ajustamento social do indivíduo.
Factores de Risco :
São considerados de risco, os factores que aumentam a
probabilidade de uma criança desenvolver distúrbios
emocionais ou de comportamento, em comparação com
crianças da população geral seleccionadas ao acaso.
CARACTERÍSTICAS PSÍQUICAS NA INFÂNCIA
12
Crianças expostas a um único factor de risco têm menor
chance de apresentar distúrbios psiquiátricos, que
aquelas expostas a múltiplos factores.
Os factores de risco incluem características biológicas
(ex: complicações perinatais graves, atrasos do
desenvolvimento, limitações físicas crônicas),
características genéticas (ex: sexo), características
familiares (ex: pais com distúrbios psiquiátricos,
criminalidade paterna, discórdia conjugal grave,
estresse familiar crônico), e características sociais (ex:
nível sócioeconômico baixo).
CARACTERÍSTICAS PSÍQUICAS NA INFÂNCIA
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modelo lesional;
modelo ontogenético;
modelo analítico;
modelo ambiental.
Limites entre a normalidade e psicopatologia
(cont.)
21
Confrontando com uma criança na sua singularidade, o clínico
utiliza preferencialmente um ou vários modelos que lhe
parecem mais pertinentes para a sua compreensão.
A descrição semiológica e a determinação de um
comportamento não podem, portanto, bastar para definir o
seu carácter patogénico ou organizador. Deve juntar-se-lhe
uma avaliação dinâmica e económica. O ponto de vista
económico consiste em avaliar em que medida o
comportamento incriminado não ‘e apenas uma formação
reaccional ou, pelo contrário, em que medida não lhe está
também associado um investimento sublimatório: por outras
palavras, em que medida estará o Ego amputado das suas
funções devido ao compromisso somático, ou, pelo contrario,
em que medida poderá ele reintroduzir esse
comportamento no seu potencial de interesses ou de
investimentos diversos
Limites entre a normalidade e psicopatologia
(cont.)
22
Normalidade e ambiente
Winnicott disse de forma muito exacta que uma criança
pequena sem mãe não existe: os dois, mãe e criança,
formam um todo em que se deve central a avaliação
e o esforço terapêutico. Essa verdade também é
valida para a criança mais crescida e para o
adolescente. A avaliação do normal e do patológico
no funcionamento de uma criança, não poderia
ignorar o contexto ambiental,: parental, fraternal,
escolar, residencial, de amizade, religioso, etc.
Muitos comportamentos julgados patológicos pelo meio
surgem, na verdade, como sinais de um protesto são
ou como testemunho da patologia do meio.
Considerações Gerais
23
Prevalência
As estimativas da prevalência dos Transtornos de
Aprendizagem variam entre 2% e 10%, dependendo
da natureza da avaliação e das definições
adoptadas.
TRANSTORNO DA LEITURA
40
Evolução
Ainda que os sintomas de dificuldade de leitura (por
exemplo, incapacidade para distinguir as letras comuns
ou para associar fonemas comuns com símbolos de
letras) possam manifestar no Jardim Infantil ou na
Primeira Classe, o Transtorno da Leitura raramente é
diagnosticado antes do fim deste período escolar e do
inicio da primaria, dado que, na maioria das escolas, o
ensino formal da leitura não ocorre geralmente antes
dessa altura.
TRANSTORNO DA LEITURA (cont.)
43
Etiologia
Os factores causadores de retardo mental incluem
condições genéticas, (Cromossómicas e herdadas),
exposição pré- natal a infecções e toxinas, trauma
perinatal (como prematuridade), condições
adquiridas e factores sócio culturais. A gravidade do
retardo mental resultante está relacionado ao
momento da ocorrência e a duração á exposição do
sistema nervoso central. Quanto mais severo o
retardo mental, maior a probabilidade de uma causa
evidente.
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental
52 Grau de Retardo Idade Pré- Idade escolar (6- Idade adulta (21
Mental escolar (0-5) a cima)
Maturação e 20) adequação
desenvolviment Treinamento e social e
o vocacional
educação
Grau de Retardo Idade Pré- Idade escolar (6- Idade adulta (21
Mental escolar (0-5) a cima)
Maturação e 20) adequação
desenvolviment Treinamento e social e
o vocacional
educação
Moderado Pode falar e aprender a Pode beneficiar-se de Pode atingir a
comunicar-se; treinamento em hábitos automanutenção em
consciência social sociais e ocupacionais; trabalhos não
deficiente; incapaz de progredir qualificados sob
desenvolvimento motor alem da 2ª serie condição de protecção;
satisfatório; beneficia- escolar; pode aprender necessita de
se do treinamento do a viajar sozinho para supervisão e orientação
cuidado próprio; pode lugares familiares quando sob stress
ser controlado com social e económico
supervisão adequada moderado
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental
54
Grau de Retardo Idade Pré- Idade escolar (6- Idade adulta (21
Mental escolar (0-5) a cima)
Maturação e 20) adequação
desenvolviment Treinamento e social e
o vocacional
educação
Grave Desenvolvimento motor Pode falar ou aprender Pode contribuir
deficiente; linguagem a comunicar-se; pode parcialmente para a
mínima; geralmente ser treinado nos hábitos automanutenção sob
incapaz de obter elementares de saúde, completa supervisão.
benefícios do beneficia-se do Pode desenvolver
treinamento do cuidado treinamento nos hábitos capacidades de
próprio; pouca ou sistemáticos; incapaz de autoprotecção, num
nenhuma capacidade se beneficiar de nível útil mínimo em
de comunicação treinamento vocacional ambiente controlado
Características do desenvolvimento do
individuo com retardo mental
55
Grau de Retardo Idade Pré- Idade escolar (6- Idade adulta (21
Mental escolar (0-5) a cima)
Maturação e 20) adequação
desenvolviment Treinamento e social e
o vocacional
educação
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Tipos
De acordo com o quadro clínico, o TEA pode ser classificado em
três grupos:
1) Autismo clássico – o grau de comprometimento pode variar
de muito. De maneiros gerais, os portadores são voltados
para si mesmos, não estabelecem contacto visual com as
pessoas nem com o ambiente; conseguem falar, mas não usam
a fala como ferramenta de comunicação. Embora possam
entender enunciados simples, têm dificuldade de compreensão
e apreendem apenas o sentido literal das palavras. Não
compreendem metáforas nem o duplo sentido. Nas formas
mais graves, demonstram ausência completa de qualquer
contacto interpessoal
AUTISMO INFANTIL (Cont.)
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Diagnóstico diferencial
As dificuldades da fala podem estar associadas a
incapacidade auditiva ou outro défice sensorial ou a
um défice motor da fala. Nos casos em que as
dificuldades da fala são excessivas em relação as
que estão normalmente associadas com estes
problemas, pode ser feito um diagnóstico simultâneo
de Gaguez. A Gaguez pode distinguir-se de uma
disfunção da fluência normal que ocorre
frequentemente nas crianças mais jovens e que inclui
GAGUEZ (cont…)
78
Definição
A Associação Americana de Psiquiatria (APA) definiu
enurese nocturna como o acto de urinar na cama em
criança maior de 5 anos de idade.
Alguns pesquisadores fazem distinção entre
incontinência urinária primária e secundária.
Classificação
Conceitos
De acordo com Recondo e Castillo (2000) a ansiedade
é um sentimento vago e desagradável de medo,
apreensão, caracterizado por tensão ou desconforto
derivado de antecipação de perigo, de algo
desconhecido ou estranho. Em crianças, o
desenvolvimento emocional influi sobre as causas e a
maneira como se manifestam os medos e as
preocupações tanto normais quanto patológicos.
ANSIEDADE (cont.)
88
Sintomas da ansiedade
Cada pessoa funciona de forma diferente, com reacções
químicas exclusivas, o tio, o número, intensidade e frequência
dos sintomas de ansiedade variam de pessoa para pessoa. Os
sintomas de ansiedade comuns incluem:
Corpo (sintomas de ansiedade associados com o corpo em
geral):
Problemas de alergia, aumento de alergias (número, reacções,
reacções demoradas);
Dor nas costas, rigidez, tensão, pressão, espasmos, imobilidade
.
TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE (cont.)
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Tipos de TDAH
O DSM-IV subdivide o TDAH em três tipos, quais
sejam: a) TDAH com predomínio de sintomas de
desatenção; b) TDAH com predomínio de sintomas de
hiperactividade com impulsividade; c) TDAH
combinado.
O tipo com predomínio de sintomas de desatenção é
mais frequente no sexo feminino e parece apresentar,
conjuntamente com o tipo combinado, uma taxa mais
elevada de prejuízo académico.
TRANSTORNO DE DÉFICE DE ATENÇÃO COM
HIPERACTIVIDADE (cont.)
99
104
Transtorno de conduta é caracterizado por padrões persistentes
de conduta socialmente inadequada, agressivos ou
desafiantes.
Manifestações
Segundo o DSM-IV para transtorno da conduta incluem seguintes
possibilidades de comportamento anti-social:
Tormenta, ameaça ou intimida os outros;
107
DIAGNOSTICO
Segundo o DSM-IV (1995) os critérios diagnósticos
para Transtorno de Conduta implicam um padrão
repetitivo e persistente de comportamentos no qual
são violados os direitos dos outros e regras sociais.
Neste transtorno há uma tendência permanente para
apresentar comportamentos que incomodam e
perturbam, além do envolvimento em actividades
perigosas e até mesmo ilegais. Não possuem
capacidade de aprender com as consequências
negativas dos seus próprios actos.
TRANSTORNOS DE CONDUTA (cont.)
108
E para que o diagnóstico seja fidedigno, faz-se
imprescindível a presença de pelo menos, três das
condutas abaixo apontada, e persistente por um
período de 12 meses ou 6 meses, trazendo limitações
importantes do ponto de vista académico, social ou
ocupacional.
Manifestações excessivas de agressividade;
animais;
Destruição dos bens de outrem;
Condutas incendiárias
TRANSTORNOS DE CONDUTA (cont.)
109
Roubos ou furtos;
Abuso sexual;
Porte de armas;
Mentiras repetidas;
Cabular aulas e fugir de casa;
Desobediências anormalmente frequentes e graves.
Transtorno de conduta restrito ao contexto
familiar
110 Essa categoria compreende transtornos de conduta
envolvendo comportamento anti-social ou agressivo (e
não meramente comportamento de oposição,
desafiador ou destrutivo), nos quais o comportamento
anormal é inteiramente ou quase inteiramente
confinado ao lar e/ou a interacções com membros da
família nuclear ou objectos domésticos.
Directrizes diagnósticas
O diagnóstico requer que não haja perturbação
significativa de conduta fora do ambiente familiar e
que os relacionamentos sociais de criança fora da
família estejam dentro dos limites normais.
Transtorno de conduta restrito ao contexto
familiar (Cont…)
111
Na maioria dos casos, esses transtornos de conduta
especificamente familiares terão surgido no contexto
de alguma forma de perturbação marcante no
relacionamento da criança com um ou mais membros
da família nuclear. Em alguns casos, por exemplo, o
transtorno pode ter surgido em relação a um conflito
com um (a) padrasto (madrasta) recém-chegado (a).
A validade nosológica dessa categoria permanece
incerta, mas é possível que esses transtornos de
conduta em alto grau, especificamente situacionais,
não acarretem o prognóstico geralmente pobre
associado a perturbações invasivas de conduta
Transtorno de conduta não socializado
112 Esse tipo de transtorno de conduta é caracterizado
pela combinação de comportamento anti-social ou
agressivo persistente (satisfazendo os critérios
globais para F91 e não meramente compreendendo
comportamento desafiador, de oposição e destrutivo)
com uma anormalidade invasiva e significativa nos
relacionamentos do indivíduo com outras crianças.
Directrizes diagnósticas
A falta efectiva de uma integração num grupo de
companheiros constitui a distinção – chave com os
transtornos de conduta “socializados” e isto tem
precedência sobre todas as outras diferenciações.
Transtorno de conduta não socializado
(Cont…)
113
Directrizes diagnósticas
Essa categoria deve ser usada apenas para medos
específicos de fases do desenvolvimento, quando eles
satisfazem os critérios adicionais que se aplicam a
todos os transtornos em F93, a saber:
(a) O início é durante período etário apropriado do
desenvolvimento;
(b) O grau de ansiedade é clinicamente anormal e
(c) A ansiedade não faz parte de um transtorno mais
generalizado.
Transtornos de rivalidade entre irmãos
121
Uma alta proporção ou mesmo a maioria das crianças
menores mostram algum grau de perturbação
emocional seguindo-se ao nascimento de um irmão
(em geral imediatamente mais novo). Na maioria dos
casos, a perturbação é leve, mas a rivalidade ou
ciúme estabelecido durante o período após o
nascimento pode ser notavelmente persistente.
Directrizes diagnósticas
O transtorno é caracterizado pela combinação de:
(a) Evidência de rivalidade e/ou ciúmes entre irmãos;
Transtorno de ansiedade fóbica na infância
(Cont…)
122
129
Dados de identificação:
Para entender os problemas clínicos a serem avaliados, o médico
deve primeiro identificar o paciente e ter em mente a
constelação familiar em torno da criança.
Historia
Aparência
Interacção pais-criança
Separação e reunião
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PSICOLÓGICA DA CRIANÇA (cont.)
Testes de desenvolvimento para bebés a pré-
escolares
Testes de inteligência para crianças em idade
escolar e adolescente
Estabilidade de longo prazo da inteligência
Testes Perceptivos e Percepto-motores
Testes de Personalidade
Testes educacionais
ENCOPRESE NÃO ORGÂNICA
Evacuação repetida, involuntária ou voluntaria de
135
fezes, em geral de consistência normal ou quase
normal, em locais não apropriados para esse
propósito no contexto sociocultural do individuo. A
condição pode representar uma continuação anormal
da incontinência infantil normal, pode envolver uma
perda de continência seguindo se à aquisição do
controlo intestinal ou pode envolver a deposição
deliberada de fezes em locais não apropriados, a
despeito do controlo intestinal fisiológico normal.
O episódio deve ocorrer pelo menos uma vez por mês,
durante o mínimo de três meses, e a idade
cronológica da criança deve ser, pelo menos, de 4
anos.
Directrizes diagnósticas
136
O aspecto diagnóstico crucial é a deposição
inapropriada de fezes. A condição pode surgir de
várias maneiras diferentes. Primeiro, pode representar
a falta de um treinamento higiénico adequado ou de
resposta adequada ao treinamento, sendo a história de
uma falha continua em adquirir controlo intestinal
adequado. Segundo, pode reflectir um transtorno
psicologicamente determinado, no qual há um controlo
fisiológico normal sobre a defecação, mas, por alguma
razão, há uma relutância, resistência ou falha em
adaptar-se às normas sociais de defecação em lugares
aceitáveis.
137 Terceiro, pode derivar de uma retenção fisiológica,
envolvendo impactação de fezes, com acumulo
secundário de fezes e deposição das mesmas em
locais inapropriados.
Tal retenção pode surgir de brigas entre pais e criança
sobre o treinamento intestinal de contenção de fezes
devido a defecação dolorosa (p.ex. como uma
consequência de fissura anal) ou por outras razoes.
Em algumas ocasiões a encoprese pode ser
acompanhada por esfregar fezes sobre o corpo ou
num ambiente exterior e, menos comummente, pode
haver manipulação anal com os dedos ou
masturbação.
138
Há usualmente algum grau de perturbação emocional/
de comportamento associado.
Não há uma demarcação clara entre encoprese com
perturbação emocional/ de comportamento
associado e algum outro transtorno psiquiátrico o
qual inclui a encoprese como um sintoma subsidiário.
A directriz recomendada é codificar encoprese se
esta for o fenómeno predominante e o outro
transtorno se ela não for (ou se a frequência da
encoprese for menor do que uma vez por mês).
Encoprese e enurese não infrequentemente estão
associadas e, quando este é o caso, a codificação da
encoprese tem precedência.
A encoprese pode algumas vezes seguir a uma
condição orgânica tal como fissura anal ou uma
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142
Dificuldades menores na alimentação sapo muito
comuns na infância (na forma de dengo, uma suposta
sub ou superalimentação). Em si mesmas, essas não
devem ser consideradas como indicativos de
transtorno. Este deve ser diagnosticado somente se as
dificuldades estiverem claramente além dos limites
normais, se a natureza do problema da alimentação
for de carácter qualitativamente anormal ou se a
criança não consegue ganhar ou perder peso, por um
período de pelo menos um mês.
Diagnostico diferencial é importante diferenciar esse
transtorno de:
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