2a Edicao Vencer o Cancer de Mama 2020
2a Edicao Vencer o Cancer de Mama 2020
2a Edicao Vencer o Cancer de Mama 2020
2ª edição
Apoio:
Antonio Carlos Buzaid
2020
2ª Edição
VENCER o câncer de mama 2020 | 2ª edição
Antonio Carlos Buzaid, Fernando Cotait Maluf e Debora de Melo Gagliato.
ISBN: 978-65-86538-02-1
Proibida a reprodução total ou parcial deste livro sem a permissão escrita dos editores.
Colaboradores: Alfredo Carlos S. D. Barros, Ana Cláudia de Oliveira, Ana Fernanda Yamazaki Centrone,
Ana Luísa de Castro Baccarin, Antonio Luiz Frasson, Carlos E. Bacchi, Erlon Gil, Fabio Francisco Oliveira
Rodrigues, Fabrício Brenelli, Fernanda Scheer, Filomena Marino Carvalho, Graziela Zibetti Dal Molin,
Guilherme Novita Garcia, Henrique Alkalay Helber, Ivo Carelli Filho, Jéssica Ribeiro Gomes, Juliana Martins
Pimenta, Luciana Castelli Assmann, Luiz Henrique Gebrim, Miguel Sabino Neto, Mónica Rodríguez, Silvio
Bromberg, Vanessa de Araújo Silva, Vera Lúcia Nunes Aguillar e Wesley Pereira Andrade.
Ilustrações: Ewerton Gondari.
Revisão médica: Adriana Tourinho Ferreira Buzaid.
Revisão gramatical: Ricardo Liberal.
Coordenação: Adriana Tobaruela.
Capa: Ruth Reis.
Projeto gráfico e diagramação: Silvia Regina Cavalcanti Savi.
Impressão: Ipsis Gráfica e Editora.
Os autores e editores desta obra fizeram todo esforço para assegurar que as indicações dos fármacos, bem
como dos procedimentos apresentados no texto, estivessem de acordo com os padrões vigentes à época
da publicação. Em virtude dos constantes avanços da Medicina e de possíveis modificações regulamentares
referentes aos fármacos e procedimentos apresentados, recomendamos que o leitor consulte sempre outras
fontes fidedignas, de modo a se certificar de que as informações contidas neste livro estão corretas.
FICHA CATALOGRÁFICA
V449
Vencer o câncer de mama / Antonio Carlos Buzaid, Fernando Cotait Maluf e Debora de
Melo Gagliato - São Paulo: Dendrix, 2020.
256p.
ISBN: 978-65-86538-02-1
Carlos E. Bacchi
Patologista
Diretor e patologista responsável pelo Laboratório Bacchi/Consultoria em Patologia.
Erlon Gil
Radioterapeuta
Médico do Centro de Oncologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. Possui
título de especialista pela Sociedade Brasileira de Radioterapia e é membro da American
Society for Radiation Oncology (ASTRO).
Fernanda Scheer
Nutricionista
Especializada em nutrição funcional pela CVPE/UNIB. Membro do Instituto Brasileiro de
Nutrição Funcional. Formada em health coach pelo Institute for Integrative Nutrition e pós-
graduanda em nutriendocrinologia funcional pela Escola Lair Ribeiro, Uningá.
Mónica Rodríguez
Cirurgiã plástica
Médica cirurgiã plástica do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo e Hospital Moinhos
de Vento de Porto Alegre. Mestre em cirurgia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS).
Silvio Bromberg
Mastologista
Médico mastologista do núcleo de mama do Centro de Oncologia do Hospital Israelita Albert
Einstein de São Paulo e do Centro de Oncologia da BP – A Beneficência Portuguesa de São
Paulo. Doutor em cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-
doutor em mastologia pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP).
Embora muito tenha sido feito ao longo das últimas décadas, ainda há mais a
ser feito, com o objetivo de reduzir o impacto do câncer, seja atuando em sua
prevenção, diagnóstico precoce, tratamento ou reabilitação de pacientes. Nesse
sentido, o câncer de mama é uma situação especial, porque é o câncer sobre o
qual existe maior quantidade de informações científicas, o que nos leva a respostas
satisfatórias para grande parte das perguntas às quais os médicos precisam
responder com o intuito de prevenir e tratar essa doença. Felizmente, grande
parte das mulheres destinadas a desenvolver câncer de mama pode ser curada por
tratamentos atualmente disponíveis. Além disso, existem formas de reduzir o risco
de desenvolvimento da doença ou de diagnosticá-la em fases iniciais, quando há
maior chance de cura. Por fim, mesmo nos casos incuráveis, importantes avanços
foram feitos nos últimos anos, propiciando mais tempo e melhor qualidade de vida.
As informações científicas podem ser úteis para todos, mas em geral precisam
ser “traduzidas” em linguagem simplificada, a fim de esclarecer as dúvidas que a
paciente e seus familiares costumam ter sobre a doença e o tratamento. Foi com
isso em mente que elaboramos os capítulos na forma de perguntas e respostas, que
são dadas por especialistas de renome nacional e internacional em suas respectivas
áreas de atuação. Esperamos que esse formato, aliado à linguagem clara, facilite
a compreensão por parte de nossos leitores. E que o maior conhecimento possa
servir de base para a determinação e a esperança, ambas necessárias na luta contra
o câncer.
A paciente com câncer de mama não está sozinha e agora conta com um novo
aliado nesta luta!
índice
capítulo 1
A Mama 36
O que é a mama? 37
Qual é a função da mama? 37
De que é constituída a mama? 38
capítulo 2
O câncer de mama 40
O que é o câncer? 41
Qual é a diferença entre o tumor benigno e o maligno? 41
Quais são as lesões pré-malignas mais comuns? 41
Em qual faixa etária o câncer de mama é mais comum? 41
Todos os tumores malignos são iguais? 42
O que faz as células cancerosas crescerem? 42
Como o câncer de mama cresce localmente? 42
Como o câncer pode se espalhar pelo organismo? 43
Quais são os sinais e sintomas do câncer de mama localizado? 45
Quais são os sinais e sintomas do câncer de mama avançado? 45
Qual é a localização mais comum dos cânceres de mama? 45
capítulo 3
Os fatores de risco 46
O que é um fator de risco? 47
Quais são os principais fatores de risco? 47
Como se calcula o risco de desenvolver câncer de mama? 50
A pílula anticoncepcional aumenta o risco de câncer de mama? 51
A reposição hormonal na menopausa aumenta o risco de câncer de mama? 52
capítulo 4
O diagnóstico 54
Qual é o papel da mamografia digital? 55
Qual é o papel da tomossíntese? 55
Quando a tomossíntese deve ser feita? 57
Qual é o papel da ultrassonografia? 57
Quando a ultrassonografia deve ser feita? 58
Qual é o papel da ressonância magnética no câncer de mama? 59
Quando a ressonância magnética deve ser feita? 60
Como a ressonância magnética é realizada? 61
Como fazer o diagnóstico de certeza? 61
Quais são os tipos de biópsia? 63
capítulo 5
A Interpretação da Biópsia 64
O que é um exame anatomopatológico? 65
Que informações são importantes no exame anatomopatológico
do câncer de mama? 66
O que é exame imuno-histoquímico? 69
O que é o teste de FISH para HER-2? 70
Quais são os tipos histológicos de câncer de mama e qual é seu grau de
agressividade? 71
Quais são os tipos moleculares de câncer de mama? 72
capítulo 6
O estadiamento 74
O que é estadiamento? 75
Quais são os estádios do câncer de mama? 75
Que exames devem ser solicitados para o estadiamento? 79
capítulo 7
Tipos de câncer de mama 80
Quais são as classificações do câncer de mama para efeito de tratamento? 81
capítulo 8
A cirurgia 84
Quais são os tipos de cirurgia? 85
Quando se deve optar pela quadrantectomia? 85
Como fica a região operada depois da remoção parcial da mama? 86
Quando se deve optar pela mastectomia? 87
Quais são os tipos de mastectomia? 90
Como fica a região operada depois da mastectomia? 91
Quando se deve optar pela adenectomia? 92
Como fica a região operada depois da adenectomia? 93
Quando é necessário remover o mamilo (papila)? 94
O que é a pesquisa do linfonodo sentinela? 94
Quando os linfonodos axilares devem ser removidos? 98
Quais são as possíveis complicações da remoção dos linfonodos axilares? 99
Como dever ser o preparo da paciente para a cirurgia? 101
Como é a recuperação da paciente? 102
Quais são os cuidados durante o pós-operatório? 102
Quais são as possíveis complicações da cirurgia da mama? 105
Quando se indica a remoção das mamas preventivamente? 107
capítulo 9
A reconstrução da mama 108
Quais são os tipos mais comuns de reconstrução? 109
Que tipo de reconstrução deve ser feito em cada caso? 109
Quais são as vantagens e desvantagens entre os tipos de reconstrução? 113
Quando a reconstrução imediata não deve ser realizada? 114
Quais são as complicações dos diferentes tipos de reconstrução? 114
Quais são as formas de reconstruir o mamilo? 115
capítulo 10
A radioterapia 118
Qual a finalidade da radioterapia no câncer de mama? 119
O que é radioterapia externa? 119
Como age a radioterapia? 120
Quais são os tipos de radioterapia externa? 120
Qual é a forma mais recomendada de radioterapia externa? 122
Como são feitas as sessões de radioterapia externa? 123
Em que situações a radioterapia externa é recomendada
para pacientes que fizeram cirurgia conservadora? 124
Em que situações a radioterapia externa é recomendada para
pacientes que fizeram mastectomia? 125
Em que situações a radioterapia externa é indicada para as
pacientes que fizeram uma adenectomia? 125
Em que situações a radioterapia externa é indicada para pacientes
com doença metastática? 126
O que é irradiação parcial da mama? 126
Que cuidados a paciente precisa ter durante o tratamento radioterápico? 129
Quais são os efeitos colaterais de longo prazo da radioterapia
externa e como podem ser amenizados? 130
capítulo 11
a hormonioterapia 134
O que é hormonioterapia? 135
Como a hormonioterapia funciona? 135
O que é hormonioterapia adjuvante? 135
Quando a hormonioterapia é indicada? 136
Quais são os tipos de hormonioterapia? 136
Como a eficácia da hormonioterapia é medida nas pacientes
com câncer avançado? 138
Quais são os efeitos colaterais mais comuns e como podem ser prevenidos? 138
capítulo 12
A quimioterapia 140
O que é quimioterapia? 141
O que significa o termo quimioterapia adjuvante? 141
Por que a quimioterapia adjuvante é indicada? 141
O que leva o médico a indicar a quimioterapia adjuvante? 142
Como os testes que avaliam o perfil genético dos tumores
podem auxiliar na indicação de quimioterapia após a cirurgia? 144
O que significa o termo quimioterapia neoadjuvante? 144
Quando a quimioterapia neoadjuvante é indicada? 144
Quando a quimioterapia na doença metastática é indicada? 145
Quais são os quimioterápicos mais utilizados no tratamento do
câncer de mama localizado? 146
Quais são os quimioterápicos mais utilizados no tratamento do
câncer de mama metastático? 146
O que fazer quando o primeiro tratamento quimioterápico deixa
de funcionar durante a quimioterapia neoadjuvante? 147
O que fazer quando o primeiro tratamento quimioterápico deixa
de funcionar nas pacientes com doença metastática? 147
Quais são os efeitos colaterais mais comuns dos quimioterápicos
e como podem ser prevenidos? 148
capítulo 13
inibidores de ciclina 4/6 e PIK3CA 156
O que são as quinases dependentes de ciclina (CDKs)? 157
Como funcionam os inibidores de CDK4/6? 158
Quais são os inibidores de CDK4/6? 158
Quais são os efeitos colaterais mais comuns dos inibidores de CDK4/6? 158
O que é a via da PI3K? 159
Quais são os inibidores de PI3K? 159
Quais são os efeitos colaterais mais comuns do alpelisibe? 159
capítulo 14
inibidores de PARP 160
O que são inibidores de PARP? 161
Como funcionam os inibidores de PARP? 161
Como saber se há mutação no gene do BRCA? 162
Quais são os inibidores de PARP? 163
Como devem ser usados os inibidores de PARP? 163
Quando o tratamento com inibidores de PARP é indicado para pacientes? 163
Quais são os efeitos colaterais mais comuns dos inibidores de PARP
e como podem ser prevenidos? 163
capítulo 15
a imunoterapia 166
O que é a imunoterapia? 167
Quais são as medicações utilizadas na imunoterapia? 167
Quais são as medicações utilizadas no câncer de mama? 168
Em que situação está indicada a imunoterapia no câncer de mama? 168
Quais são os efeitos colaterais mais comuns da imunoterapia? 168
Quais são as perspectivas? 170
capítulo 16
Medicamentos que bloqueiam o HER-2 172
O que é o HER-2? 173
Quais são os bloqueadores do HER-2? 173
Como devem ser usados os bloqueadores do HER-2? 175
Quando o tratamento é indicado para pacientes com doença localizada? 175
Quando o tratamento é indicado para pacientes com doença metastática? 176
Quais são os efeitos colaterais mais comuns dos bloqueadores do HER-2
e como podem ser prevenidos? 176
Que pacientes não devem receber bloqueadores do HER-2? 177
capítulo 17
Tratamento da doença localizada luminal-símile 178
Quais são os tratamentos disponíveis? 179
Como o médico classifica a doença localizada? 179
Como se trata a doença inicial? 179
O que fazer após a cirurgia da doença inicial? 180
Que testes que avaliam os genes do tumor permitem melhor determinar
a agressividade da doença inicial? 180
O que fazer para as pacientes com doença localmente avançada? 181
capítulo 18
tratamento da doença localizada triplo-negativo 182
Quais são os tratamentos disponíveis? 183
Como o médico classifica a doença localizada? 183
Como se trata a doença inicial? 183
O que deve ser feito se a paciente ainda tiver tumor residual
após quimioterapia neoadjuvante? 184
capítulo 19
Tratamento da doença localizada HER-2 positivo 186
Quais são os tratamentos disponíveis? 187
Como tratar pacientes com tumor ≤ 2 cm e com axila não suspeita por
ultrassonografia? 187
Como deve ser o tratamento sistêmico de pacientes com tumor > 2 cm
OU com axila suspeita por ultrassonografia? 188
Como deve ser a abordagem cirúrgica de pacientes com tumor com
mais de 2 cm OU com axila suspeita por ultrassonografia? 189
capítulo 20
Tratamento da doença metastática luminal-símile 192
Quais são os tratamentos disponíveis? 193
Qual deve ser a primeira opção de tratamento? 193
Como é monitorada a eficácia do tratamento? 193
Se houver progressão da doença em vigência de uso de hormonioterapia
combinada a inibidores de CDK4/6, há necessidade de quimioterapia? 194
capítulo 21
tratamento da doença metastática triplo-negativa 196
Quais são os tratamentos disponíveis? 197
Que parâmetros devem ser avaliados para determinar se a paciente
é candidata a tratamento com imunoterapia? 197
Quanto ao uso de inibidores da PARP, que parâmetros devem ser
avaliados para determinar se a paciente é candidata a esse tipo
de tratamento? 197
Qual o tratamento indicado em tumores com expressão de PDL-1 positiva? 197
Qual o tratamento indicado em tumores com mutação germinativa
em BRCA1 e BRCA2? 198
Qual o melhor tratamento de pacientes com tumores sem expressão
de PDL-1 e sem mutação germinativa em BRCA1 e BRCA2? 198
Existe alguma droga experimental que tem mostrado resultado
promissor no câncer de mama triplo-negativo que não responde
à quimioterapia convencional? 199
capítulo 22
Tratamento da doença metastática HER-2 positivo 202
Quais são os tratamentos disponíveis? 203
Qual é a primeira linha de tratamento? 203
Qual é a escolha de tratamento quando há falha na primeira linha? 204
Qual é a escolha de tratamento quando há a progressão da doença após
trastuzumabe/pertuzumabe e T-DM1? 204
Quão comum é o envolvimento do sistema nervoso central em
pacientes com tumor HER-2 positivo? 204
capítulo 23
As medicações que fortalecem os ossos 206
O que são os protetores ósseos? 207
Quais são os protetores ósseos? 207
Como os protetores ósseos funcionam? 207
Quando o tratamento é indicado para prevenção da fragilidade óssea? 208
O que pode ser feito para reduzir o risco de desenvolver osteoporose? 208
Quais são os efeitos colaterais mais comuns do ácido zoledrônico? 209
Quais são os efeitos colaterais mais comuns do denosumabe? 209
Quando o tratamento é indicado para prevenção das complicações das
metástases? 210
Os medicamentos que protegem os ossos podem ajudar a reduzir
o risco de recidiva em pacientes com câncer de mama localizado? 210
capítulo 24
Nutrição 212
Como deve ser feita uma dieta equilibrada para prevenção do câncer? 213
O que é índice glicêmico (IG) e carga glicêmica (CG)? 213
Quais são os alimentos e nutrientes que podem ajudar a prevenir o
câncer de mama? 215
Quais são os alimentos que podem aumentar o risco de câncer de mama? 225
Que outros alimentos devo evitar? 230
É possível reduzir os efeitos colaterais dos tratamentos com a alimentação? 230
capítulo 25
Atividade física 234
Como a atividade física pode ajudar na prevenção do câncer de mama? 235
Como a atividade física pode ajudar no tratamento do câncer de mama? 235
Como a atividade física pode ajudar a combater a fadiga causada pelos
tratamentos? 236
O exercício físico pode ser feito durante o tratamento com radioterapia
e cirurgia? 236
Qual é a importância da atividade física após o tratamento ter
sido concluído? 236
Quais são os exercícios mais indicados para cada fase do tratamento? 237
capítulo 26
Prevenção do câncer de mama 240
Os exames preventivos são indicados para quais perfis de pacientes? 241
Qual é a idade ideal para começar a fazer a mamografia, assim
como outros exames de imagem da mama? 241
Qual é o papel do autoexame? 242
Qual é o papel dos medicamentos na prevenção do câncer de mama? 242
Qual é o papel da cirurgia profilática do câncer de mama? 243
Como deve ser o acompanhamento das pacientes com risco alto
de desenvolver câncer de mama? 244
Quais são as estratégias preventivas para a redução de risco nas
pacientes de risco alto? 244
capítulo 27
Acompanhamento 246
Qual deve ser o seguimento em pacientes com lesões pré-malignas? 247
Qual deve ser o seguimento em pacientes com tumor de mama localizado? 248
Por que as pacientes com câncer de mama devem se submeter ao
acompanhamento médico periódico após o tratamento? 248
capítulo 28
Toucas térmicas para reduzir perda de cabelO 250
O que é alopecia? 251
Em qual temperatura a touca deve ficar? 253
Por quanto tempo devo ficar com a touca térmica? 253
Quais as chances de sucesso com o uso da touca? 253
Sentirei algum incômodo durante o uso da touca? 254
Existe alguma contraindicação? 254
Quando posso lavar o cabelo? 254
Posso fazer LEDterapia? 254
Que dicas adicionais posso receber da enfermeira? 254
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capítulo 1
A Mama
Músculo
peitoral
Papila
mamária
Lóbulos
Aréola Ductos
lactíferos
Gordura
Capítulo 1 | A mama 37
De que é constituída a mama?
A mama é constituída pelos alvéolos, pelos ductos mamários, que desembocam
na papila, e pela gordura de sustentação do parênquima mamário. A pele mais
pigmentada que circunda a papila é chamada de aréola. O conjunto de papila (ou
mamilo) e aréola é chamado de complexo aréolo-papilar (figura 2).
Alvéolos
Ductos
Mamilo
Aréola
Glândulas
de Montgomery
Tecido de
sustentação (gordura)
capítulo 2
O câncer de mama
• Tumores triplo negativos. Aqueles que não tem ambos receptores hormonais
(estrógeno e progesterona) e HER-2 na superfície da célula. Daí o nome triplo
negativo.
O tumor
causou inchaço
da mama e
ulceração
da pele, se
espalhando
para a parede
torácica
Múltiplos
linfonodos
com metástases
Célula Membrana
tumoral basal
Células
Enzimas tumorais
produzidas invadem
pelas células o tecido
tumorais “digerem”
a membrana basal
Célula
tumoral Célula tumoral
entrando Vaso dentro do vaso
no vaso sanguíneo
sanguíneo
capítulo 3
Os fatores de risco
Algumas das suspeitas em mulheres sem fatores de risco, seja de origem ambiental
ou familiar, e que desenvolvem câncer de mama, são as mutações em genes que
ocorrem após o nascimento. Uma mulher apresenta em média um risco de 12% de
desenvolver câncer de mama durante a vida.
Síndromes genéticas
Além de pertencer ao sexo feminino, o fator de risco mais importante é apresentar
um defeito genético raro (conhecido como mutação) em dois genes que recebem
os nomes de BRCA1 e BRCA2. Mulheres portadoras de mutações em um desses
genes geralmente pertencem a famílias com diversos casos de câncer de mama
e/ou de ovário, especialmente em parentes mais próximas (mães, irmãs e avós). No
decorrer da vida, essas mulheres têm mais de 50% de risco de desenvolver a doença.
Existem outros genes que também estão relacionados com o aumento expressivo
do risco. Entre os principais estão o PALB2, o P53, o PTEN, o STK-11, o CDH1, o
CHEK2 e o ATM. Há várias outras mutações que aumentam o risco do câncer de
mama, porém com menor impacto.
Idade
O risco de desenvolver tumores malignos na mama aumenta com a idade, sendo
mais comum em mulheres com mais de 60 anos. É provável que, se viver até os
90 anos de idade, uma em cada nove ou dez mulheres receba esse diagnóstico.
Lesões pré-malignas
Carcinoma in situ: são considerados in situ quando as células malignas se encontram
circunscritas ao local em que nasceram, em geral no interior dos ductos ou, mais
raramente, nos lóbulos mamários, sem invadir os tecidos vizinhos. Estima-se em
30% o risco de um o carcinoma in situ não tratado evoluir para uma lesão invasiva
após 10 anos.
Obesidade
Estima-se que as mulheres obesas tenham um aumento do risco de desenvolver
câncer de mama de até 30%. Entre as causas, está o fato de que o tecido adiposo
em excesso leva ao aumento dos fatores de crescimento produzidos no organismo
que estimulam o desenvolvimento de câncer, por exemplo, aumento de substâncias
inflamatórias que podem induzir ao câncer e aumento da exposição das células da
mama aos hormônios femininos. Estudos sugerem que a falta de exercício físico e
dieta ricas em gordura e açúcar podem também estar associadas a um risco maior
de desenvolver câncer de mama. O único alimento ou bebida que demonstrou
influenciar o aumento do risco do câncer de mama é o consumo constante de álcool,
mesmo em pequenas quantidades. Vale lembrar que, apesar de a medicina não ter
comprovado que alimentos gordurosos ou altamente calóricos causem câncer de
mama, a dieta saudável sempre deve ser estimulada, afinal as doenças metabólicas
e cardíacas ainda são a principal causa de mortalidade entre as mulheres.
História de biópsia de mama com hiperplasia ductal, porém SEM atipia Baixo
Antecedentes familiares RR
Câncer de mama ou ovário (um parente de primeiro grau > 50 anos) 1,8
Câncer de mama ou ovário (um parente de primeiro grau < 50 anos) 3,3
Câncer de mama ou ovário (dois parentes de primeiro grau > 50 anos) 3,6
Antecedentes pessoais RR
Legenda = RR: risco relativo; TRH: terapia de reposição hormonal; E: estrógeno; P: progesterona.
Porém, no final de 2017, foi publicada uma pesquisa que acompanhou cerca de
1,8 milhão de mulheres dinamarquesas por 10 anos. O uso de anticoncepcionais
hormonais por 5 anos causou um aumento de 20% no risco relativo de câncer de
mama. Já o uso por 10 anos aumentou esse risco relativo em 38%.
Apesar de esses números parecerem muito altos, vale lembrar que esse aumento
acontece em cima do risco que cada mulher teria de desenvolver câncer de mama.
Portanto, numa mulher com risco vitalício de 12% de câncer de mama, o aumento
Obviamente, nas mulheres com risco elevado, seja por mutação genética, seja por
história familiar importante, o uso de métodos anticoncepcionais sem hormônios
torna-se uma excelente opção.
Provavelmente, o correto está entre os extremos. O uso deve ser feito apenas por
mulheres que apresentem sintomas importantes da menopausa – tais como ondas
de calor e secura vaginal –, sempre sob a supervisão de especialistas, com a menor
duração e quantidade de hormônios possível. As vias de administração não orais
também devem ser a opção preferida. Nestes casos, os efeitos benéficos da terapia
hormonal são indiscutíveis e seu uso, bastante seguro. Finalmente, vale lembrar
que medidas comportamentais relacionadas à vida saudável, tais como dieta e
exercício físico, também melhoram bastante os sintomas da menopausa e não
causam impacto no risco de câncer de mama.
capítulo 4
O diagnóstico
Essa nova técnica mamográfica reduz a sobreposição dos tecidos que compõem
a mama, o que torna mais fácil achar uma lesão, além de diminuir a necessidade
de radiografias complementares. A grande vantagem da tomossíntese é a melhor
visualização dos contornos dos nódulos facilitando o diagnóstico entre benignos e
malignos (figura 2).
Capítulo 4 | O diagnóstico 55
Figura 1. A figura apresenta como as imagens de tomossíntese são obtidas. Múltiplas
imagens são produzidas com o arco de aparelho em movimento. Essas imagens são
processadas por um computador para reconstrução 3-D.
Raios X Tubo de
rotação
Placa de
compressão
Mama
Detector
versus
Capítulo 4 | O diagnóstico 57
para detectar o câncer, ou seja, não se usa radiação no exame ultrassonográfico.
O método é muito utilizado por ser facilmente acessível e de baixo custo, além de
ser bem tolerado pela paciente, porque não exige a compressão da mama. Apesar
de a maior indicação da ultrassonografia ser na diferenciação entre cisto e nódulo
sólido eventualmente detectado na mamografia, ela também tem papel relevante
em achados palpáveis, que não mostram alterações na mamografia.
Mama densa
É a mama que apresenta mais tecido fibroglandular do que tecido gorduroso.
Quanto mais gordura tiver a mama, mais fácil é detectar um tumor na mamografia,
porque a gordura fica escura no filme e a lesão fica branca. Na mama densa, como
a glândula mamária e o tumor apresentam densidades similares (“brancos”), a
lesão pode ficar camuflada, sendo, portanto, recomendada a complementação
com a ultrassonografia. Em tal contexto, a ultrassonografia é extraordinária: um
estudo de referência mostrou que é possível a detecção de 3 a 4 tumores a mais
pela ultrassonografia, não vistos na mamografia, em geral menores que 1 cm e com
probabilidade de cura acima de 95%.
Figura 3. Cisto da
mama. Note que BORDAS
o nódulo é escuro REGULARES
(líquido fica preto na
US) e os contornos
são regulares.
Figura 4. Tumor maligno. Note a forma irregular da lesão com contornos não definidos.
BORDAS
IRREGULARES
Capítulo 4 | O diagnóstico 59
vasos e de vasos anormais (mecanismo chamado de angiogênese). A injeção de
contraste é fundamental na ressonância magnética das mamas pois é através dele
que obtemos informações que nos auxiliam a detectar alterações não percebidas
nos outros métodos, como mamografia e ultrassonografia.
O exame anatomopatológico é
realizado fixando-se diversos cortes
muito finos do tumor em parafina
e corando-os com um corante
especial, para depois analisá-los
no microscópio (figura 6). Além de
definir o diagnóstico, a biópsia revela
outras importantes características
do tumor que podem influenciar no
planejamento do tratamento.
Capítulo 4 | O diagnóstico 61
Em alguns casos, a biópsia é realizada durante o ato operatório. Nessa situação,
o patologista pode empregar a técnica de congelação para fazer o exame
anatomopatológico. Isso possibilita confirmar ou afastar o diagnóstico de câncer
ainda na sala de cirurgia e decidir pelo tratamento mais adequado. O exame de
congelação, entretanto, não é tão preciso quanto o exame anatomopatológico
realizado com a técnica de parafina, mas pode orientar a equipe cirúrgica a decidir
se adota uma conduta mais radical ou conservadora.
Glânglio linfático
Tumor
A B
C D
Capítulo 4 | O diagnóstico 63
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capítulo 5
A Interpretação
da Biópsia
Carlos E. Bacchi
Filomena Marino Carvalho
Figura 3. Células de
câncer de mama vistas
pelo microscópio com
grande ampliação.
Alguns tumores, sobretudo aqueles com grau histológico pouco diferenciado, ativam
a resposta imunológica do organismo. Esta reconhece o tumor como “estranho”
e tenta destruí-lo através das células de defesa, principalmente linfócitos. A
identificação destas células em meio ao tumor indica que houve ativação.
Figura 5. Microscópio
de FISH acoplado
a um computador.
A B
capítulo 6
O estadiamento
Wesley Andrade
Fernando Cotait Maluf
Estádio Descrição
Capítulo 6 | O estadiamento 75
Figura 1. Mostra as apresentações clínicas de pacientes em estádios I e II e suas opções de
tratamento.
ESTÁDIO I TRATAMENTO
Cirurgia
Tumor ≤ 2 cm Tumor
Linfonodo não
comprometido
+-
Tratamento
ESTÁDIO II hormonal
Linfonodo
Tumor ≤ 2 cm comprometido
Linfonodo
comprometido
Tumor +-
Radioterapia
Linfonodo
Tumor > 2 cm e ≤ 5 cm comprometido
+-
Linfonodo comprometido Quimioterapia
ou não comprometido Tumor
Tumor > 5 cm
Tumor +-
Trastuzumabe e
Linfonodo não pertuzumabe
comprometido
Linfonodo
comprometido
Tumor > 5 cm
Linfonodo Tumor
comprometido +-
Radioterapia
Câncer inflamatório +-
com ou sem linfonodo Mama Trastuzumabe e
comprometido inflamada pertuzumabe
Capítulo 6 | O estadiamento 77
Figura 3. Mostra o estádio IV com os possíveis locais de metástase e as opções
de tratamento.
ESTÁDIO IV TRATAMENTO
Cérebro
Quimioterapia
Pele
Linfonodos
+-
Tratamento
hormonal
Mama Pleura
Fígado
+-
Trastuzumabe
e pertuzumabe
Imunoterapia
Osso +-
Drogas de
alvo molecular
Capítulo 6 | O estadiamento 79
[retornar ao índice]
capítulo 7
Tipos de câncer
de mama
Luminal A
Estrógeno Receptor de
estrógeno
Núcleo
Expressão
normal do
HER-2 na
membrana Membrana
Citoplasma
Expressão
normal do
HER-2 na
membrana
Figura 3. A ilustração mostra a célula tumoral com a hiperexpressão do HER-2. (A) Sem a
presença do receptor hormonal. (B) Com a presença do receptor hormonal.
A HER-2 positivo*
(sem presença de receptor hormonal)
B HER-2 positivo**
(com receptor hormonal)
Receptor
do HER-2
Estrógeno
Receptor de
estrógeno
capítulo 8
A cirurgia
Capítulo 8 | A cirurgia 85
Como fica a região operada depois da remoção parcial
da mama?
O aspecto estético após esse tipo de cirurgia depende de dois fatores: a quantidade
de tecido retirada e o tamanho da mama. De maneira geral, quanto menor o tumor,
menor a alteração estética (figura 1). Em mamas maiores, a retirada de tecido tende
a ser maior e o objetivo é tentar obter um resultado estético aceitável pela paciente.
A B
Figura 3. Mamas com pequeno volume (A), e grande volume (B), sem a realização da
simetrização, com cicatriz periareolar à direita (A) e cicatriz inframamária à esquerda (B).
A B
cicatriz cicatriz
periareolar inframamária
• Mamas pequenas. Mesmo que o tumor não seja grande, sua remoção pode
resultar em defeito estético em mulheres com mamas pequenas. Nestes casos,
e sempre que a relação entre o tamanho do tumor e o tamanho da mama não
permitir uma cirurgia conservadora (casos em que é necessário remover mais
de metade da glândula mamária), é preferível realizar a mastectomia.
• Tumores inflamatórios. São tumores que acometem a pele e fazem com que
ela se pareça inflamada. Isso ocorre devido ao extenso envolvimento dos vasos
linfáticos da pele pelo tumor (figura 5).
Capítulo 8 | A cirurgia 87
Figura 4. Tumores grandes
(geralmente com diâmetro maior
que 5 cm) ou tumores para os
quais a relação entre o tamanho
do tumor e o tamanho da
Tumor grande
mama não permite uma cirurgia
(> 5 cm)
conservadora (casos em que
é necessário remover mais de
metade da glândula mamária).
Inflamação
da mama
Costela
Gordura
Tumor invadiu e
causou ulceração
da pele
Gordura
Capítulo 8 | A cirurgia 89
Quais são os tipos de mastectomia?
Há cinco tipos de mastectomia (retirada de toda a mama):
Figura 10. Adenectomia. Remoção apenas da glândula mamária, preservando toda a pele,
aréola e mamilo.
Capítulo 8 | A cirurgia 91
Figura 11. Mastectomia
de mama esquerda sem
reconstrução mamária,
ou oncoplastia.
Figura 12. Ilustração de adenectomia. Resta apenas a pele da mama, a aréola e a papila.
Geralmente, a reconstrução é feita com implante, posicionado abaixo do músculo
peitoral maior.
Músculo
peitoral
maior
Tumor
Prótese
• Quando houver tumores in situ (não invasivos) extensos, desde que estejam
longe do mamilo e que não haja indicação de mastectomia.
• Quando houver alto risco familiar para câncer de mama ou mutações genéticas
específicas (por exemplo, de genes BRCA), desde que não haja indicação de
mastectomia.
Figura 13. Uma paciente jovem, com mutação genética, em que foram realizadas
adenectomia bilateral e reconstrução com implante. Antes da cirurgia (A). Depois da
reconstrução (B).
A B
Capítulo 8 | A cirurgia 93
Quando é necessário remover o mamilo (papila)?
A retirada do mamilo é feita quando se julga que há risco de recidiva nesse local.
Isso pode ocorrer mais comumente quando o tumor está próximo da papila, ou
se estende até ela. Os exames de imagem (mamografia, ultrassonografia ou
ressonância magnética) podem revelar o comprometimento da papila, mas é a
biópsia realizada durante a cirurgia que confirma a presença de células malignas
no tecido abaixo da aréola e da papila. Em alguns casos, mesmo que o tumor não
esteja tão próximo, o médico patologista recomenda ao mastologista ampliar a
margem cirúrgica, obrigando o cirurgião a remover mais tecido abaixo da aréola e
papila (juntamente com vasos sanguíneos que nutrem a pele). Nesses casos, ambos
devem ser removidos, para que não haja escurecimento e necrose da região no
pós-operatório.
Após a retirada cirúrgica da mama, pode-se optar por fazer um enxerto com a pele
da própria paciente (enxerto autólogo) para reconstrução imediata da aréola e
papila, ou deixar a reconstrução para um segundo momento, após a conclusão de
todo o tratamento adjuvante.
O sistema linfático transporta a linfa, um líquido claro que flui através dos vasos
linfáticos e dos linfonodos, carregando de volta para o sistema circulatório o excesso
de fluído que existe entre as células. Mais de 75% da linfa vinda das mamas passa
pelos linfonodos axilares, sendo esta uma das principais rotas para disseminação
das células do câncer; essas células podem circular através dos canais linfáticos,
atingindo os linfonodos e levando à ocorrência do que chamamos de metástases
na axila.
Linfonodo
Amígdalas
Timo
Artéria
Veia
Vasos
linfáticos
Baço
Medula óssea
Capítulo 8 | A cirurgia 95
No primeiro caso, a paciente está sob anestesia geral e recebe a injeção de uma
substância de cor azul na região ao redor da aréola. Após cerca de 5 minutos, o médico
faz uma incisão de mais ou menos 4 cm na pele da axila do mesmo lado e identifica
o(s) linfonodo(s) azul(is) (figura 15). Procede-se à extração do(s) linfonodo(s) que
são encaminhado(s) para o médico patologista avaliar, ao microscópio, se as células
tumorais estão presentes.
Figura 15. Remoção do linfonodo sentinela identificado após a injeção do corante azul.
Corante azul
Linfonodo
sentinela
Linfonodos
Linfonodo
sentinela
com radiação
Substância detectada
radioativa Tumor pela sonda
Sonda para Linfonodo
detecção de sentinela
radiação retirado
Capítulo 8 | A cirurgia 97
Figura 18. Injeção do corante azul e do coloide radioativo na mama com o tumor.
Linfonodo
sentinela
Corante
Tecnécio
Tumor
Na época em que não era feita a biópsia do linfonodo sentinela, toda paciente
com câncer de mama submetia-se à retirada de todos os linfonodos da axila
(normalmente, entre 20 e 40 linfonodos). Com frequência, isso causava problemas
como o linfedema, ou seja, o acúmulo crônico de líquido no braço do lado em que
foi feita a cirurgia, raro hoje em dia.
Em pacientes com mais de dois linfonodos envolvidos, sejam eles sentinelas ou não,
a remoção dos linfonodos axilares restantes é indicada, independentemente de
ter sido feita cirurgia conservadora. Quando os linfonodos axilares são facilmente
palpados pelo médico durante o exame físico e considerados suspeitos, a remoção
adicional dos linfonodos é indicada.
Capítulo 8 | A cirurgia 99
Figura 20. Linfedema moderado
em braço direito em uma paciente
submetida a uma dissecção
linfonodal completa.
Dor: algumas pacientes podem ter dor no braço após a cirurgia. Isso decorre, em
geral, de lesão cirúrgica dos nervos que passam na região da axila em direção ao
braço. Essa dor e/ou desconforto são chamados de neuropáticos, porque se devem
à lesão dos nervos, e geralmente se resolvem com um programa intensivo de
fisioterapia. Mais raramente, a dor nesse local pode ser devida à chamada capsulite
adesiva do ombro, ou “ombro congelado”, fenômeno pós-operatório sem causa
aparente, mas em geral relacionado a uma fisioterapia inadequada após a cirurgia.
As medicações utilizadas no dia a dia devem ser informadas para toda a equipe
que acompanha a paciente. Algumas interferem na coagulação do sangue, como a
aspirina, a ginko biloba e os anticoagulantes orais. Esses medicamentos devem ser
suspensos antes da cirurgia (no caso da aspirina em específico, pelo menos 7 dias
antes). O jejum antes da cirurgia é de 8 horas, inclusive para líquidos.
A decisão final sobre tipo de cirurgia na mama afetada, na axila e na outra mama
irá depender de vários fatores ligados à doença (em especial o estadiamento), ao
volume e formato das mamas (por exemplo, se são “caídas”) e a outros problemas
de saúde que a paciente possa ter. O mastologista deverá informar à paciente o tipo
de cirurgia planejada. Todavia, existem situações em que a conduta é modificada
com base nas informações obtidas durante a cirurgia, tais como a real dimensão
do tumor e o comprometimento do mamilo ou dos linfonodos axilares. Algumas
alterações só podem ser diagnosticadas no exame de congelação, feito pelo
patologista durante a cirurgia. Nos casos em que é preciso remover toda a mama,
geralmente é feita sua reconstrução imediata. A remoção da outra mama é mais
comum nos casos de alterações genéticas ou quando vários familiares da paciente
foram afetados por câncer de mama ou de ovário.
Cuidados básicos
O médico deverá orientar quanto à utilização de antibiótico, anticoagulante,
analgésicos e alimentação adequada, conforme o procedimento cirúrgico realizado.
Fisioterapia
Além dos cuidados básicos, a prática da fisioterapia no pós-operatório das cirurgias
de câncer de mama é de extrema importância. Quanto mais precocemente ela for
feita, melhor. A fisioterapia tem os seguintes objetivos:
• Grande dorsal.
• Prótese mamária.
Complicações tardias
Uma das complicações tardias é o linfedema, descrito anteriormente. Mesmo sem
linfedema, pode haver uma sensação de peso no braço do lado operado. Em cerca
de 15% dos casos, ocorrem aderências na cicatriz, o que pode causar restrição de
amplitude de movimento do braço do lado operado. Quando se usam expansores
e implantes mamários, pode ocorrer a contratura da cápsula que envolve a prótese
em decorrência de fibrose. Isso ocorre em cerca de 10% dos casos em que eles
são usados.
capítulo 9
A reconstrução
da mama
Figura 2. Reconstrução com expansor após mastectomia radical. Primeira etapa com o
expansor (A). Segunda etapa com nova cirurgia para colocação de prótese de silicone (B).
A B
• Mulheres fumantes devem parar de fumar pelo menos dois meses antes da
cirurgia. Isso possibilita uma melhor cicatrização e diminui os riscos de necrose
dos retalhos e outras complicações.
capítulo 10
A radioterapia
Erlon Gil
360º
GANTRY
Turbo gerador
COLIMADOR do feixe de
radiação
Dispositivo
usado para
direcionar
os feixes de
radiação
Mesa
180º
Molécula
de água
Radical
livre
Ação indireta
DNA intacto Dano ao DNA
Ação direta
Vale lembrar que as células normais também são atingidas neste processo. No
entanto, elas apresentam uma capacidade maior de regeneração do dano causado
pela radiação do que as células tumorais. Dessa forma, na maioria das vezes, a
doença é destruída e as células normais se recuperam após o fim do tratamento.
Além disso, a radioterapia moderna, com técnicas precisas, possibilita que as células
doentes recebam doses elevadas de radiação ao mesmo tempo em que as células
normais do organismo são protegidas.
Radioterapia
conformada
IMRT
Radioterapia Osso
Essa modalidade está indicada para casos com risco baixo de recorrência e pode
ser realizada tanto de forma externa, através de radioterapia conformada ou
IMRT (figura 10), quanto de forma interna, utilizando outras técnicas, como a
braquiterapia ou radioterapia intraoperatória.
O que é a braquiterapia?
É um tipo de irradiação parcial da mama onde se usa aplicadores especiais
durante a cirurgia. Eles podem ser intersticiais, que atravessam o tecido mamário,
ou intracavitários, que preenchem o espaço onde o tumor foi retirado. No pós-
operatório imediato, esses aplicadores são conectados por meio de cateteres a um
robô que conduz uma fonte radioativa. Essa fonte percorre o interior dos aplicadores
distribuindo a dose conforme planejado (figura 11).
A B
• Trabalho: não há contraindicação, a menos que a paciente não esteja com boas
condições clínicas.
Cansaço
Embora a maioria das pacientes se sinta bem o suficiente a ponto de manter as
atividades cotidianas, algumas sofrem de cansaço, principalmente nas últimas
semanas de tratamento. Pacientes com depressão, ansiedade, estresse, insônia
Reação de pele
Esse é o efeito colateral mais comum durante a radioterapia. Ele está diretamente
relacionado ao volume e ao formato da área irradiada, assim como ao planejamento
do tratamento realizado. Após a segunda semana de tratamento, a mama pode
ficar apenas avermelhada ou sofrer descamação seca e úmida. Há casos de úlcera.
Linfedema
É o inchaço do membro superior do lado da mama tratada que surge com o
procedimento cirúrgico de retirada dos linfonodo da axila. O sintoma pode piorar
após a radioterapia decorrente da fibrose, prejudicando a circulação dos vasos
linfáticos. Há linfedemas menos graves, como os que se desenvolvem apenas
depois de atividades físicas e que melhoram com o repouso, e os mais graves, que
são irreversíveis, com complicações de pele e predisposição a infecções (figura 13).
Nos dias de hoje, com a melhora das técnicas cirúrgicas e da radioterapia, este é um
efeito colateral incomum em suas formas mais graves.
As raras pacientes que desenvolvem sintomas podem apresentar falta de ar, tosse
seca e febre. Geralmente, o quadro é autolimitado, mas em alguns casos é necessário
o uso de esteroides. Durante e após o tratamento com radioterapia, é importante
parar de fumar – o cigarro pode predispor e piorar a alteração pulmonar.
Alterações cardíacas
Normalmente, ocorrem após 10 a 15 anos do término do tratamento e em
pacientes cuja mama esquerda foi irradiada. No entanto, com as novas técnicas de
radioterapia, as alterações cardíacas são raramente observadas atualmente.
capítulo 11
a hormonioterapia
Inibidores de
aromatase
enzima
aromatase
Tamoxifeno bloqueia a
ligação de estrógeno no receptor
de estrógeno do núcleo
Estrógeno
Testosterona Fulvestranto “degrada”
circulante
o receptor de estrógeno
Núcleo
Receptor
de estrógeno
Reduz o nível
de estrógeno
do sangue
bloqueio
ou retiradas
dos ovários
• Por critérios clínicos (por exemplo, a paciente tinha dor óssea que melhorou
com o tratamento).
Fulvestranto – é uma medicação muito bem tolerada. Pode causar leve náusea, dor
nas juntas e dor no local da injeção.
Ganho de peso
Trombose
Câncer
endometrial
Secura vaginal
Secura vaginal
Corrimento Perda de
vaginal massa óssea
capítulo 12
A quimioterapia
Henrique Helber
Fernando Cotait Maluf
Tome-se como exemplo uma mulher com câncer de mama em que o exame
anatomopatológico realizado depois da cirurgia tenha mostrado um tumor de 5 cm
de diâmetro com diversos linfonodos axilares comprometidos. Em tal condição,
somente 30 de cada 100 mulheres seriam curadas apenas com a cirurgia. Isso
significa que 70% das pacientes na mesma situação já têm focos microscópicos no
corpo, mesmo que os exames não mostrem isso.
Tome-se agora o exemplo de uma paciente com risco menor: uma mulher com um
tumor de 1,5 cm de diâmetro e com linfonodos axilares negativos. Essa paciente
tem um risco de recidiva de somente 20% (ou seja, 80% de cura com a cirurgia).
Com o uso da quimioterapia adjuvante, a taxa de cura aumentaria de 80% para 90%.
A maior dificuldade do médico é saber que pacientes terão esse benefício pela
quimioterapia, uma vez que o benefício só será visto numa porcentagem dos casos.
Em outras palavras, a quimioterapia adjuvante não beneficia todas as pacientes que
a recebem. Por isso, o médico deve indicar a quimioterapia para todas as pacientes
com certo risco de recidiva, porque ainda não há métodos que possibilitem saber
com certeza quem são as pacientes que ficarão curadas justamente por terem
recebido a quimioterapia adjuvante.
Cirurgia
30%
70%
não
apresentam
apresentam
doença
doença
microscópica
microscópica
65%
35%
não
apresentarão
apresentarão
recidiva
recidiva
Quimioterapia
Linfonodos Neoadjuvante
comprometidos
por tumor
Tumor
primário
da mama
• capecitabina (oral).
• carboplatina (endovenosa).
• cisplatina (endovenosa).
• docetaxel (endovenoso).
• doxorrubicina (endovenosa).
• eribulina (endovenosa).
• 5-fluoruracila (endovenosa).
• gencitabina (endovenosa).
• metotrexato (endovenoso).
• paclitaxel (endovenoso).
Náuseas e vômitos
Os quimioterápicos podem causar náuseas e vômitos, mas com os medicamentos
antieméticos disponíveis hoje, consegue-se bloquear a náusea em mais de 90% dos
casos. Entre os medicamentos utilizados no tratamento do câncer de mama, os
que mais causam esses efeitos são a ciclofosfamida, a cisplatina, o docetaxel e a
doxorrubicina.
• Procurar alimentar-se a cada três horas. Evitar a sensação de fome, que piora
a náusea.
Diarreia
Dos quimioterápicos usados no câncer de mama, os que mais podem causar diarreia
são capecitabina, 5-fluoruracila e docetaxel.
• Ingerir dois litros ou mais de líquidos ao dia, para repor as perdas (água de coco
natural, chás).
• Evitar o consumo de alimentos crus, frutas com a casca e cereais integrais ricos
em fibras, como linhaça, chia, quinoa e aveia.
• Priorizar o consumo de frutas obstipantes, como maçã e pera sem casca, banana
e goiaba.
Constipação
Alguns quimioterápicos, como a vinorelbina, assim como as medicações contra a
náusea, podem causar constipação. Há vários medicamentos bastante eficazes para
tratar esse sintoma, e eles podem ser usados preventivamente para evitar que os
sintomas surjam caso haja um antecedente de constipação.
• Ingerir um mínimo de dois litros de líquidos ao dia (água, água de coco natural
ou suco de frutas).
Infecções
Pacientes com câncer de mama em tratamento quimioterápico correm maior risco
de contrair infecções por bactérias, fungos ou vírus, pelos seguintes motivos:
Perda de apetite
São múltiplas as causas de perda de apetite no paciente com câncer: alterações
do metabolismo, náuseas, vômitos, boca seca, dificuldade para engolir, efeitos
colaterais da quimioterapia e uso de sedativos, entre outras. Curiosamente, em
poucos pacientes, por algum mecanismo desconhecido, ocorre o oposto: aumento
de apetite e ganho de peso. As medidas úteis em caso de perda de apetite estão
detalhadas a seguir:
• Procurar alimentar-se várias vezes ao dia (de três em três horas), por meio de
pequenas porções.
Fadiga
A fadiga associada ao câncer se caracteriza pela sensação persistente de cansaço
e exaustão, mesmo quando o esforço físico é mínimo, como durante o banho, ao
andar do quarto até a sala ou subir dois ou três degraus. Pode-se dizer que a fadiga
é o efeito colateral mais comum dos tratamentos contra o câncer de mama, sendo
um sintoma que também pode estar associado à própria doença.
• Escolher o período do dia de maior disposição para fazer as tarefas que não
podem ser adiadas.
• Dormir oito horas por dia e fazer pequenos cochilos no meio do dia.
• Evitar ingerir bebidas alcoólicas e consumir refeições pesadas pelo menos duas
horas antes de ir para a cama.
• Não ver TV na cama. Procurar ler ou ouvir música sob a luz de um abajur antes
de deitar.
• Evitar alimentos salgados, frutas cítricas ou ácidas (laranja, limão, lima, acerola,
maracujá, abacaxi), picles, vinagre, alimentos condimentados e bebidas
alcoólicas ou gasosas, que podem causar irritação da mucosa oral.
• Utilizar uma escova de dente macia e fazer uma boa higiene bucal.
Anemia
Quando o número de glóbulos vermelhos diminui muito, os tecidos não recebem
oxigênio suficiente para exercer suas funções – isto é a anemia. Os glóbulos
vermelhos são produzidos na medula óssea, sob o comando de um hormônio
liberado pelos rins (eritropoietina). Todos os quimioterápicos (em algum grau)
aumentam o risco de anemia.
• Sangramentos.
• Insônia.
capítulo 14
inibidores de PARP
PARP
Célula com
Célula normal
mutação BRCA
Embrião
Mutação
Mutações Embrião Mutações somática
na linha nas células
germinativa somáticas
Todo o
organismo
transporta Zona afetada
a mutação pela mutação
Organismo Organismo
Os inibidores de PARP são utilizados como tratamento único, não sendo empregados
em associação com quimioterapia, imunoterapia ou hormonioterapia, exceto em
contexto de estudo clínico.
PARP
Capítulo 14 | Inibidores de parp 159
Habitualmente são medicações bem toleradas pelas pacientes. Os principais efeitos
colaterais ocorrem mais frequentemente nos primeiros meses do uso e após esse
período tendem a melhorar. Nenhum dos inibidores de PARP produz queda de
cabelo de modo significativo.
capítulo 13
inibidores de
ciclina 4/6 e PIK3CA
PI3K
Receptor de Estrógeno
AKT
estrógeno
CDK4/6
mTOR ciclina D
Progressão do
ciclo celular Terapias endócrinas:
tamoxifeno, fulvestranto,
inibidores de aromatase
S
G2
RB
G1
capítulo 15
a imunoterapia
Célula T Célula do
ativada tumor
Receptor
Antígeno
célula T
Receptor
Antígeno
célula T
PD-1 PDL-1
Sinal de inibição
Célula do
Célula T tumor
Ativação da resposta imunológica mediada pela célula T com o uso dos anticorpos anti-PD-1 e
B anti-PDL-1 (os chamados inibidores de checkpoint) para evitar a ligação do PD-1 ao PDL-1
Receptor
Antígeno
célula T
anti-PD-1
PD-1
PDL-1
anti-PDL-1 Célula do
Célula T
tumor
Ativado
capítulo 16
Medicamentos
que bloqueiam
o HER-2
Juliana Martins Pimenta
Antonio Carlos Buzaid
Figura 1. Célula de câncer de mama com expressão normal de HER-2 e com hiperexpressão
de HER-2. Note que aumento do número de cópias do gene do HER-2 resulta em aumento
do HER-2 mRNA e do receptor na superfície da célula, a chamada hiperexpressão do HER-2.
Normal Amplificação/Hiperexpressão
HER-2
mRNA
HER-2
HER-2 Proteína
DNA receptora
Citoplasma
Membrana
citoplasmática Núcleo
Anticorpo
pertuzumabe
Anticorpo
trastuzumabe Anticorpo T-DM 1 e
HER-2 trastuzumabe deruxtecano
HER-1
HER-2 HER-3
HER-4 HER-2
Lapatinibe e
tucatinibe bloqueiam
a parte interna do
HER-2
Estes sinais
estimulam o Endossomos
crescimento
da célula
Citoplasma
Liberação
da carga
venenosa que
mata a célula
Núcleo cancerosa
Em pacientes com tumores que são positivos para HER-2 e negativos para receptores
hormonais, a combinação de trastuzumabe com lapatinibe pode ser útil em casos
de doença metastática. Em pacientes que falham à quimioterapia com taxanos,
trastuzumabe e pertuzumabe e depois ao T-DM1, o trastuzumabe deruxtecano
se mostrou muito ativo (embora ainda não aprovado no Brasil). A combinação de
trastuzumabe com capecitabina e tucatinibe é muito ativa nas pacientes em que a
doença atingiu o cérebro (metástases cerebrais).
capítulo 17
Tratamento da
doença localizada
luminal-símile
Antonio Carlos Buzaid
Luiz Henrique Gebrim
• Doença inicial.
A doença inicial consiste em tumores pequenos (em geral menores que 3 cm) e sem
linfonodos axilares envolvidos pelo câncer (metástase axilar). A doença localmente
avançada é aquela com tumores grandes e/ou linfonodos axilares grosseiramente
envolvidos.
capítulo 18
tratamento da
doença localizada
triplo-negativo
Antonio Carlos Buzaid
Fabricio Brenelli
• Doença inicial.
A doença inicial consiste em tumores pequenos (em geral menores que 3 cm) e sem
linfonodos axilares envolvidos pelo câncer (metástase axilar). A doença localmente
avançada é aquela com tumores grandes e/ou linfonodos axilares grosseiramente
envolvidos.
Seguimento
Ausência de somente ou
tumor na peça radioterapia
cirúrgica* adjuvante,
se indicada
Quimioterapia Cirurgia
neoadjuvante para mama
Capecitabina
Presença de adjuvante após
tumor residual radioterapia
na peça cirúrgica adjuvante,
se indicada
capítulo 19
Tratamento da
doença localizada
HER-2 positivo
Antonio Carlos Buzaid
Alfredo Carlos S. D. Barros
A cirurgia nesses casos não difere da cirurgia habitual para tumores iniciais: ressecção
segmentar e biópsia de linfonodo sentinela. Recomenda-se uma remoção tecidual
maior para adequada obtenção de margens cirúrgicas livres, às vezes dificultada
nas neoplasias com HER-2 positivo. Após a quimioterapia, indica-se a radioterapia
no tecido mamário remanescente.
Caso a patologia mostre que de fato o tumor tem tamanho menor ou igual a 2 cm e o
linfonodo sentinela da axila não apresenta foco de metástase (o que ocorre em 80%
dos casos), recomenda-se um tratamento mais brando, com a medicação paclitaxel
administrada semanalmente por 12 semanas, associada à terapia anti-HER-2
chamada trastuzumabe, durante o período de paclitaxel e depois isoladamente até
completar 1 ano. Com o uso da toca gelada é possível prevenir queda de cabelo em
90% dos casos que recebem esse tratamento (ver capítulo 28, Toucas térmicas para
reduzir perda de cabelo). Pacientes que não podem receber quimioterapia (por
exemplo, pacientes com diabetes e danos nos nervos importantes, chamada de
neuropatia periférica) ou muito idosas ou debilitadas para fazer esse tratamento, a
melhor opção é usar uma outra medicação anti-HER-2, chamada T-DM1 por 1 ano
(ver capítulo 16, Medicamentos que bloqueiam o HER-2, para mais detalhes sobre
esta molécula).
Cirurgia
QT# +
Tumor ≤ 2 cm Patologia com
Trastuzumabe +
e axila não axila positiva*
Pertuzumabe
suspeita por
ultrassonografia
Patologia com
QT +
T > 2 cm e axila
Trastuzumabe
negativa*
*Axila positiva ou axila negativa significam presença ou não de metástase em linfonodo axilar, respectivamente.
#Favorecemos o esquema de QT que consiste em carboplatina e docetaxel.
Trastuzumabe
T > 5 cm ou
+ Pertuzumabe
N+ pré-QT
adjuvante
RCp
T ≤ 5 cm e Trastuzumabe
QT* N- pré-QT adjuvante**
Tumor > 2 cm
neoadjuvante
ou axila
associada a Cirurgia
positiva por
Trastuzumabe e
biópsia Pertuzumabe
*Favorecemos o esquema de QT que consiste em carboplatina e docetaxel, chamado de TCH+P. RCp: resposta
patológica completa. N+: linfonodo axilar positivo. N-: linfonodo axilar negativo.
**Em alguns casos, o médico poderá indicar a manutenção do pertuzumabe no tratamento pós-operatório.
capítulo 20
Tratamento da
doença metastática
luminal-símile
Debora de Melo Gagliato
Antonio Carlos Buzaid
Alpelisibe
Mutado +
Fulvestranto
Paciente
Inibidor da PD* Status do
com câncer
de mama
aromatase + PIK3CA
iCDK4/6 no tumor
luminal-símile Fulvestranto
Não isolado ou
mutado combinado com
Everolimo
*PD: Progressão de doença - Pacientes que têm grande piora da doença podem precisar de quimioterapia. Cabe
ao oncologista clínico fazer essa decisão.
capítulo 21
tratamento da
doença metastática
triplo-negativa
Debora de Melo Gagliato
Graziela Zibetti Dal Molin
Antonio Carlos Buzaid
*As platinas, um tipo de quimioterapia, são também muito ativas em pacientes com mutação do BRCA.
1. Sacituzumabe
govitecana (SG) 2. SG se liga
ao receptor
7. Célula
sofre morte
3. Endocitose
mediada por
receptores
4. SG em
endossomo 6. SN-38
livre no citosol
5. SN-38
liberada
a partir do SG
em lisossoma
membrana
celular
capítulo 22
Tratamento da
doença metastática
HER-2 positivo
Debora de Melo Gagliato
Antonio Carlos Buzaid
Trastuzumabe
+
Quimioterapia
Docetaxel OU
Paciente com ou Paclitaxel PD PD Trastuzumabe
câncer de mama combinado a T-DM1 +
HER-2 positivo Trastuzumabe Lapatinibe
e Pertuzumabe
OU
Capecitabina
+
Lapatinibe
capítulo 23
As medicações
que fortalecem
os ossos
Henrique Helber
Fernando Cotait Maluf
O ácido zoledrônico também pode causar diminuição do cálcio no sangue. Por isso,
é recomendável tomar cálcio e vitamina D para a prevenção desse efeito colateral.
capítulo 24
Nutrição
Fernanda Scheer
Ana Luísa de Castro Baccarin
Pão francês 95 50
Batata cozida 90 18
Farinha de rosca 90 65
Farinha de trigo 90 65
Tapioca 85 74,6
Biscoitos com farinha branca 80 48
Melancia 75 5
Arroz branco não cozido 70 54
Barra de chocolate com açúcar 70 38
Risoto 70 51
Açúcar mascavo 70 68
Nhoque 70 12
Polenta 70 48,7
Aveia cozida com água 60 6,2
Cuscuz cozido 60 13
Mamão 60 5,5
Pão de centeio 65 27
Quinoa 53 13
Manga 50 6,7
Banana 47 9,5
Uvas frescas 45 4,5
Macarrão integral cozido 40 21
Inhame 40 9,5
Grão de bico 36 18,3
Laranja 35 3,3
Maçã 35 4
Tomate 30 0,7
Lentilha cozida 30 6
Beterraba crua 30 0,2
Cenoura cozida 33 1,7
Feijão branco cozido 33 8,5
Chocolate amargo 70 a 85% 25 8,8
Espinafre cru 15 0,2
Pepino cru 15 0,2
Salada de alface 15 0,3
Cogumelos 15 0,6
Adoçante xilitol 8 8
Dica. Algumas frutas (por exemplo: melancia), apesar de terem baixa CG, possuem
alto IG, porém seu consumo é altamente encorajado pelos inúmeros outros
benefícios relacionados à riqueza de nutrientes. Uma forma prática e interessante
de reduzir o índice glicêmico das frutas é combiná-las com alguma fonte de proteínas
(iogurte, queijo cottage) ou gorduras boas (castanhas).
Um dos mecanismos que explicam esse efeito protetor dos vegetais crucíferos
é a melhora da metabolização do estrogênio no fígado, ou seja, eles favorecem
uma maior capacidade de detoxificação, o que resulta em melhora do equilíbrio
hormonal. Além disso, diversos estudos com culturas de células de câncer de mama
mostram que os sulforafanos induzem a menor atividade proliferativa e maior índice
de apoptose (morte das células tumorais).
Uma observação sobre a romã. É uma das frutas mais ricas em ácido elágico.
Alguns dados científicos mostram que esse polifenol pode inibir a ação da enzima
aromatase (que estimula a produção de estrógeno), contribuindo assim para uma
• Em uma tigela com leite vegetal (de amêndoas, coco, arroz, aveia – feito em
casa se possível) e cereal, como farelo de quinoa, amaranto ou aveia.
Alerta. O ácido elágico concentrado em cápsulas não deve ser consumido por
pacientes já diagnosticadas com câncer sem indicação e supervisão médica e
nutricional, principalmente por seu potente efeito antioxidante, que pode reduzir
a eficácia de diversos quimioterápicos. O consumo através da alimentação não
oferece riscos e é encorajado.
Boas fontes desse nutriente são frutas como mamão, laranja, pêssego, damasco e
caqui. Também se encontram carotenoides na gema do ovo e em vegetais e raízes
como cenoura, abóbora, tomate, batata-doce, pimentão vermelho, beterraba,
espinafre e couve (embora a clorofila nas folhas verdes esconda o pigmento
amarelo-alaranjado).
Sugestão de uso. Pelo menos duas porções ao dia, variando entre frutas e verduras.
Para os vegetais, o ideal é que sejam cozidos no vapor, mantendo-os levemente
crocantes.
Cúrcuma
Gengibre
Pimenta-do-reino
Dica. O ideal é associar seu uso com a cúrcuma, o que aumenta sua absorção.
Ômega 3
Os dois principais ácidos graxos ômega-3 contidos nos peixes oleosos e óleo de
peixe são o EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA (ácido docosaexaenoico). A
dieta ocidental moderna é muito mais rica em ômega-6 (pró-inflamatório) do que
ômega-3 (anti-inflamatório). Portanto, esse nutriente costuma estar deficiente na
grande maioria da população, sendo necessário traçar estratégias de aumento de
consumo através da dieta ou de suplementação, quando indicada. Boas fontes de
ômega-3 de origem animal incluem salmão, arenque, sardinha e atum, e de origem
vegetal, óleo de linhaça, semente de linhaça e semente de chia. Estes últimos são
ainda muito ricos em lignana, um fitoestrógeno que parece atuar neutralizando o
efeito do estrógeno na mama. Um estudo canadense mostrou, por exemplo, que o
consumo diário de sementes de linhaça e chia pode reduzir em até 42% o risco de
câncer de mama em mulheres na pós-menopausa.
Estudos mostram que os compostos sulfúreos dessa família (os “aliáceos”) podem
atuar induzindo à apoptose as células do câncer de cólon, de mama, de pulmão, de
próstata e da leucemia.
Além disso, esse grupo de alimentos é útil no controle da taxa de açúcar do sangue,
o que reduz a secreção de insulina e do hormônio IGF-1 e, portanto, o crescimento
das células cancerosas.
Dica. As moléculas ativas do alho são liberadas com o esmagamento dos dentes
e são melhor absorvidas se forem misturadas a algum tipo de óleo (por exemplo,
o azeite de oliva extravirgem). A quantidade diária de consumo sugerida é de dois
dentes médios de alho cru e meia unidade de cebola ou alho-poró médios.
Dica. Para obtenção dos benefícios, é importante observar o tempo de infusão das
folhas. O ideal é que seja de 8 a 10 minutos, não menos do que isso. Os chás mais
ricos em moléculas anticancerígenas são os japoneses (Sencha, Gyokuro, Matcha
etc.) e devem ser ingeridos em até uma hora após o preparo. Pessoas sensíveis à
cafeína do chá-verde ou que sofrem de insônia devem evitar o consumo após as 16
horas ou dar preferência ao chá-verde descafeinado.
Alerta. O chá-verde possui forte efeito antioxidante e não deve ser consumido
O cacau pode ser consumido em pó, sem açúcar, adicionado em receitas diversas,
na quantidade de 1 colher de sobremesa ao dia, aproximadamente.
Vitamina D
A vitamina D é um hormônio e tem sido o tema de inúmeras pesquisas na área de
saúde, sendo relacionada à prevenção de diversas doenças crônico-degenerativas.
Ela regula o metabolismo osteomuscular, o bom funcionamento do sistema imune
e a expressão de mais de 2.000 genes. Células de praticamente todos os tecidos do
corpo humano possuem receptores de vitamina D (VDRs).
Apenas 20% da vitamina D é obtida pela alimentação. Sua maior fonte de produção
é através da exposição solar consciente. Os raios UVB que estimulam a síntese de
vitamina D têm sua maior incidência no período entre 10h e 15h, que é também
o período de maior risco do câncer de pele. Dessa forma, é necessário que a
exposição solar ocorra por metade do tempo que seria necessário para causar
eritema (vermelhidão) da pele. Esse tempo varia conforme o fotótipo do indivíduo.
A queimadura da pele causa lesão de DNA, evento precursor do câncer de pele,
devendo ser evitada. Dez minutos diários com pernas e braços descobertos
Alguns estudos sugerem que não apenas as mães que consumiam nozes tinham
uma menor incidência da doença, mas também as filhas geradas por essas mães
eram beneficiadas pelo consumo de nozes que ocorria durante a gestação e
amamentação (e posteriormente em sua própria alimentação).
Dica. Consuma até 10 unidades ao dia, dentro de uma dieta equilibrada. As nozes
podem ser usadas em saladas, risotos, sopas, frutas ou mingau. Podem também ser
usadas na forma de farinha, como crosta de peixe ou legumes ou, ainda, na base
de uma torta.
Dica. Estudos mostram que o ácido oleico presente no abacate pode aumentar a
absorção dos carotenoides presentes em outros alimentos, quando consumidos em
uma mesma refeição, aumentando a proteção contra o câncer. Algumas ideias de
associações para potencializar esse efeito são: abacate picado ou amassado com
mamão, guacamole com tomate, palitos de cenoura com pasta de abacate, salada
com abóbora assada ou couve cozida e abacate. A sugestão de consumo médio
diário é de três colheres de sopa da fruta.
Isso pode explicar em parte a baixa incidência de câncer de mama entre as mulheres
japonesas: 83% menos que nos países do Ocidente.
Chlorella e spirulina são outras duas algas com efeitos potentes e comprovados no
combate ao câncer, uma vez que atuam potencializando a desintoxicação (incluindo
a ligação e eliminação de metais pesados) e têm propriedades estimulantes do
sistema imune. São também ricas em vitamina B12, o que pode ser muito útil em
mulheres com câncer de mama, uma vez que estudos sugerem que os baixos níveis
dessa vitamina podem estar relacionados ao desenvolvimento da doença.
Um grande estudo de 2019 mostrou, por exemplo, que o alto consumo de bebidas
açucaradas e sucos de frutas a 100% (mesmo numa pequena dose de 100 mL/dia)
Dicas:
• Troque as farinhas brancas (farinha de trigo, tapioca, polvilho) por farinhas mais
nutritivas e de menor índice glicêmico (grão-de-bico, linhaça, quinoa, amaranto,
coco, amêndoas, aveia).
• Troque o suco de frutas pela fruta natural, orgânica e, sempre que possível, com
casca e bagaço.
• Troque o cereal matinal feito de flocos de milho ou arroz por cereais ricos em
fibras, como amaranto, quinoa, aveia ou ainda faça uma granola caseira com
frutas secas, coco seco tostado, nibs de cacau, sementes e castanhas.
Carne vermelha
A carne vermelha fornece todos os aminoácidos essenciais para o desenvolvimento
humano e ainda é fonte de zinco, ferro, vitaminas do complexo B, fósforo, potássio,
triptofano e tirosina. Entretanto, vários estudos relacionam o consumo de carne
vermelha com maior risco de desenvolvimento do câncer de mama e câncer
Várias hipóteses têm sido aventadas para explicar o efeito adverso da carne
vermelha. Estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em
2015 demonstra que determinadas formas de uma substância conhecida como
ácido siálico não humano, o ácido N-glicolilneuramínico (Neu5Gc), presente na
carne vermelha, pode incitar um processo inflamatório que predispõe ao câncer. O
Neu5Gc é uma substância que, depois de metabolizada, torna-se biodisponível nos
tecidos humanos, o que leva à produção de anticorpos na circulação. A interação
entre o Neu5Gc e os anticorpos anti-Neu5Gc é capaz de estimular processos
inflamatórios, levar à carcinogênese e estimular o crescimento do tumor. Outro
mecanismo associado principalmente ao câncer colorretal é o estresse oxidativo
causado pelo ferro heme (presente em grande quantidade na carne vermelha) na
mucosa intestinal.
Dica. Limite o consumo de carne vermelha a no máximo 300 gramas por semana,
dando preferência às carnes brancas, como peixe e frango orgânico. Faça algumas
refeições vegetarianas durante a semana, priorizando os alimentos vegetais ricos
em proteína, como quinoa, grão-de-bico, feijão, lentilha, castanhas, vegetais
verde-escuros, sementes, algas e cogumelos. Muita atenção ao grau de cozimento:
carnes “tostadas”, como as de churrasco, são ricas em acroleína, um composto
sabidamente carcinogênico, além de conterem resíduos de aminas heterocíclicas
oriundas do carvão, também cancerígenas.
Leite de vaca
A literatura é bastante controversa em relação ao consumo de leite e risco de câncer
de mama e outros tumores hormônio-dependentes. Alguns estudos apontam risco
Dica. Se possível substitua o leite de vaca pelos leites vegetais, como os de amêndoas,
coco, arroz ou aveia. Como substitutos para o queijo estão as pastas de castanhas,
tofu, ovo e hommus. Mesmo que não seja possível excluir completamente esse
grupo da dieta, procure não basear a alimentação nos lácteos, variando o consumo
com outros alimentos mais nutritivos. Minimizar a exposição já é bastante útil. Ao
consumir, escolha os leites, queijos e iogurtes frescos.
Álcool
As diversas sociedades científicas e acadêmicas têm se posicionado de forma cada
vez mais rígida em relação ao efeito deletério do consumo de álcool. A American
Society of Clinical Oncology reforça que o álcool é um fator de risco importante
(e modificável) para diversos tipos de neoplasias, e a American Cancer Society
recomenda exclusão completa do álcool na dieta, visto que dados recentes apontam
risco aumentado de câncer mesmo com a ingestão de doses pequenas (menos de
1 drink ao dia). Em suma: quando se trata de câncer, nenhuma dose de álcool é
segura.
O vinho tinto seria a fonte de álcool mais indicada para o consumo esporádico, pois
ele é rico em resveratrol, um antioxidante que possui propriedades anticancerígenas
por efeito contra o estrógeno, atuando especialmente na prevenção de tumores
associados a esse hormônio, como o de mama. Vale ressaltar que a ingesta de
Soja
Há uma grande controvérsia a respeito da soja e de seu efeito anti ou pró-
carcinogênico. Embora alguns estudos demonstrem um efeito de redução dos riscos
de desenvolvimento de câncer de mama, outros apontam exatamente o contrário.
• A soja é altamente alergênica para grande parte das pessoas, podendo causar
distúrbios digestivos.
capítulo 25
Atividade física
Na quimioterapia:
Na cirurgia:
• Assim que seu médico der permissão, trabalhe de forma crescente a amplitude
e a flexibilidade dos braços – um bastão pode ajudar nos movimentos.
• Tenha sempre com você uma bolinha macia (que caiba na sua mão). Pressione-a
fechando e abrindo a mão repetidas vezes, em diferentes horas do dia. Isso vai
manter a circulação ativa e evitar inchaço.
• Caminhe bastante.
Na radioterapia:
• Faça caminhadas mais curtas, poupe energia, você pode se sentir mais cansada
nessa fase.
• Faça caminhadas. Nessa fase elas podem ser mais longas e até evoluir para
corrida.
• Ande de bicicleta, dance, faça musculação (não use mais de 2 quilos de carga
para os braços).
capítulo 26
Prevenção do
câncer de mama
Mulheres sem sintomas de câncer de mama e sem risco significativo (sem história
familiar ou lesões mamárias prévias que representem risco) devem se submeter ao
exame de mamografia, com a complementação da ultrassonografia e/ou ressonância
magnética (a indicação desta dependerá do resultado da mamografia), a partir dos
40 anos, de acordo com as recomendações das sociedades médicas internacionais,
a Sociedade Brasileira de Mastologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia e a
Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. No entanto, qualquer queixa das mamas
deve ser exaustivamente avaliada, até ser afastada a possibilidade de câncer,
independentemente da idade.
Mulheres pertencentes aos grupos de risco alto são aquelas com história familiar
significativa (principalmente câncer de mama na mãe ou na irmã antes dos 50 anos,
câncer de ovário em qualquer idade, câncer de mama bilateral na mãe ou irmã,
múltiplos casos de câncer de mama na família, câncer de mama no pai ou origem
judia Ashkenazi), história prévia de radioterapia na região torácica (tratamento
de linfoma, por exemplo), sobretudo antes dos 30 anos ou quando sofrem de
lesões mamárias associadas a alterações atípicas (hiperplasia ductal ou lobular
atípicas, por exemplo). Nesse grupo, os exames preventivos devem iniciar mais
precocemente, em geral 10 anos antes da idade em que o familiar mais próximo
apresentou a doença. Para essas pacientes, recomenda-se o uso de modelos
matemáticos para avaliar o risco (ver capítulo 3, Os fatores de risco), além de testes
que identifiquem mutações genéticas (BRCA1 e BRCA2 e outros genes em base a
avaliação oncogenética) que aumentam o risco de desenvolver câncer de mama.
Muitos especialistas consideram as mamas densas após os 40 anos de idade um
fator de risco importante.
Nos casos de risco alto, o rastreamento anual deve ser iniciado ainda mais cedo,
especialmente para as mulheres portadoras de mutação de alta penetração, com
Atividade física
Os estudos comprovaram que, desde a infância, meia hora de atividade física diária
está associada à redução de até 30% do risco de desenvolver câncer de mama.
Esta é uma forma saudável de combater o sedentarismo, que pode ser aplicada a
todas as mulheres, independentemente dos riscos. Além disso, ajuda a prevenir
outras doenças degenerativas, como diabetes, hipertensão arterial, obesidade e
osteoporose.
Medicamentos
A conduta conhecida como quimioprevenção é recomendada apenas às pacientes
que já tiveram câncer em uma das mamas, naquelas com risco aumentado por
hiperplasia atípica ou nas portadoras de uma mutação deletéria (como BRCA ou
outros genes associados a uma maior incidência de câncer de mama e ovário). O
medicamento preferencialmente recomendado é o tamoxifeno, por um período de
3 a 5 anos. O medicamento reduz em 50% o risco de desenvolver câncer de mama.
capítulo 27
Acompanhamento
capítulo 28
Toucas térmicas
para reduzir perda
de cabelo
Vanessa de Araújo Silva
Ana Cláudia de Oliveira
Ana Fernanda Centrone
Figura 1. Estrutura do folículo do pelo. Note que vasos sanguíneos nutrem o folículo e é
através desses vasos que a quimioterapia atinge o folículo, levando à queda de cabelo.
eixo do pelo
epiderme
músculo eretor
do pelo
glândula
sebácea derme
folículo piloso
raiz do pelo
vaso sanguíneo
da derme tela
subcutânea
Uma touca de gel que deve Uma touca de gel que deve
ser mandita resfriada a -15° ser mandita resfriada a -25°
• Paclitaxel (semanalmente).
• Irinotecano.
• Carboplatina.
• Cisplatina.
• Gencitabina.
• Navelbine.
• Ixabepilona.
• Use pente com dentes largos e, quando for lavar os cabelos, prefira penteá-los
no chuveiro.
O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres. Apesar de raro,
correspondendo a menos de 1% de todos os casos de câncer de mama, os homens
também podem desenvolver este tumor. No Brasil, as taxas de mortalidade por
câncer de mama continuam elevadas, muito provavelmente porque a doença ainda
é diagnosticada em estádios avançados. O diagnóstico precoce e o aperfeiçoamento
das formas de tratamento aumentam as chances de cura. Com o objetivo de orientar a
população brasileira sobre a doença, os oncologistas Antonio Carlos Buzaid, Fernando
Cotait Maluf e Debora de Melo Gagliato, editaram este livro com a colaboração de
outros profissionais da área médica. A doença é abordada em seus mais diversos
aspectos – dos fatores de risco aos diagnósticos, da prevenção aos diversos tratamentos
existentes no formato de perguntas e respostas. As perguntas que compõem os 28
capítulos do livro são as mais comuns nos consultórios médicos.
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