Processos de Preparacao de Massa
Processos de Preparacao de Massa
Processos de Preparacao de Massa
Processos de preparação
de massa
Matérias-primas para fabricação de papel
Sumário
Introdução 5
Classificação de fibras 7
Cargas minerais 9
Caulim 11
Carbonato de cálcio – CaCO3 13
Carbonato de cálcio precipitado – PCC 17
Dióxido de titânio – TiO2 19
Principais características de cargas dosadas na massa 23
Amidos 25
Agentes de colagem interna (“impermeabilização parcial”) 33
Colas sintéticas 37
Agentes para coating e colagem superficial 39
Sulfato de alumínio – Al2(SO4)3 41
Corantes 43
Pigmentos 47
Alvejantes ópticos 51
Agentes de retenção 53
Microbiocidas 57
Antiespumantes, desespumantes e desaeradores 59
Outros aditivos que podem ser utilizados na indústria de papel 61
Fluxograma de preparação 63
Preparação de massa 65
Matérias-primas 67
Desagregação 95
Tanques de massa 101
Depuração 111
Refinação 115
Sistemas de diluição 127
Recuperação de fibras 133
Bibliografia 137
Introdução
Como já sabemos, o papel é composto de uma rede fibrosa mais alguns produtos
químicos que lhe darão características específicas, dependendo de sua utilização.
Classificação de Fibras
Quadro 1
Animal Lã e seda.
Além do tipo de fibra a ser utilizado, o papeleiro deve selecionar, também, o tipo
adequado de pasta a ser utilizada, em função das características desejadas ao produto
final, a saber:
• Pasta mecânica (MP).
• Pasta termomecânica (TMP).
• Pasta quimitermomecânica (CTMP).
• Pasta semiquímica.
• Pasta Química, sendo, no Brasil, o processo kraft o mais utilizado.
Cargas Minerais
• Econômicos;
• De desempenho;
• Qualitativos.
Econômicos
De desempenho
Qualitativos
Caulim
SiO2 45,70%
Al2O3 38,90%
Fe2O3 0,50%
TiO2 0,62%
K2O 0,02%
Na2O 0,12%
CaO 0,01%
MgO 0,02%
Caulinita
Separador de areia
Separador centrífugo
Peneiramento
Tanque de decantação
Branqueamento
Prensagem
Suspensão
Dispersão de
sólidos
Sacaria
Figura 1
A lama de cal pode ser convertida em carbonato de cálcio através dos seguintes
processos:
• Reação com dióxido de carbono.
• Reação com carbonato de sódio.
• Reação com cloreto de amônio, produzindo cloreto de cálcio, que é tratado com
carbonato de sódio.
CaCO3 95,28%
MgCO3 3,54%
Fosfatos 0,03%
Sulfatos 0,02%
Fe+Al 0,02%
Insolúveis em HCL 1,06%
Tabela 2
Matéria-prima
(calcita)
Dispersão
Tanque-pulmão
Moinho de areia
Suspensão
Peneiramento
Sacaria
Figura 6
Carbonato de Cálcio
Precipitado – PCC
Calcinação do calcário
Peneiramento + aditivos
Quadro 2
GCC PCC
Baixa pureza química Alta pureza química
Alta abrasividade Baixa abrasividade
Partículas irregulares Partículas regulares controláveis
O dióxido de titânio puro é um sólido cristalino incolor, estável. Ele é anfótero, apesar
de apresentar características mais ácidas do que básicas. É também polimorfo,
existindo em três formas cristalinas fundamentais: rutilo tetragonal, prisma tetragonal
ou anatase e bruquita ortorrômbica, sendo apenas as duas primeiras comercialmente
produzidas e o rutilo é o mais importante em termos de volume.
Os cristais de rutilo apresentam uma estrutura mais compacta que a forma anatase, o
que explica seu alto índice de refração, maior estabilidade, alta densidade e maior
poder opacificante.
O anatase possui tonalidade azulada, baixa abrasividade e habilidade para agir como
branqueador óptico.
Minério de titânio
Cloração (Cl2)
TiCl4 + FeCl2
Purificação
(lavagem)
Oxidação
TiO2 + Cl2
intermediário
Modificação da
superfície
Filtragem, secagem
e lavagem
Moagem
Suspensão
TiO2
Sacaria
Figura 9
TiO2 93%
Alumina 2,4%
Sílica 3,0%
Outros 1,6%
Tabela 2
Principais Características
de Cargas Dosadas na
Massa
Quadro 3
Caulim Carbonato de Carbonato de Dióxido de
cálcio natural cálcio titânio
(GCC) preciptado
(PCC)
Tamanho médio 3,0 – 6,0 1,5 – 5,0 1,3 – 3,5 0,5 – 1,0
de partícula
(µm)
Alvura 85% 96% 97% 98%
(%)
Resíduos em 0,30 0,001 0,001 0,005
325 mesh (%)
• Teor de umidade.
• Teor de sólidos.
• Alvura.
• Resíduos em 325 mesh.
• Granulometria.
• Pontos pretos.
• pH.
• Viscosidade.
Amidos
O amido é o maior componente útil dos grãos das sementes de grande parte das
leguminosas, das raízes e dos tubérculos feculantes. Na indústria, sua extração é feita
basicamente por meio da moagem do milho, da batata, da mandioca etc.
Viscosidade
Uma das propriedades mais importantes do amido é sua capacidade de inchar quando
aquecido em água, formando uma pasta viscosa. Os amidos de batata e mandioca, por
apresentarem ligações mais frágeis, possuem maior viscosidade em temperaturas
menores, atingindo picos mais altos que os amidos de milho. Aqueles apresentam,
também, maior queda de viscosidade após atingirem o pico.
Gelatinização
Retrogradação
Pesagem Filtros
Lavagem Secadores
Descascamento
Ensacamento
Corte
Expedição
Picagem
Desintegrador
Extratores
Tanque-pulmão
Centrifugador
Tanque-pulmão
Figura 14
Ponto de
gelatinização
Amido Tipo Diâmetro Forma
(°C)
µm)
(µ
Milho Cereal 5 a 26 Redonda 62 a 72
Poligonal
Waxy Cereal 5 a 26 Redonda 63 a 73
Poligonal
Mandioca Raiz 5 a 25 Redonda 62 a 72
Cortada
Batata Raiz 15 a 100 Redonda 59 a 68
Ovalada
Trigo Cereal 2 a 10 Redonda 58 a 64
Tabela 4.
Controles efetuados
• Teor de umidade.
• PH (30%).
• Teor de cinza.
• Granulometria.
• Viscosidade (5%).
• Grau de substituição (DS).
Breu
O breu é um produto natural, sólido e resinoso, extraído das árvores da família das
pináceas. Ele consiste em uma mistura complexa de 80 a 90% de ácidos resinosos,
com 10 a 20% de material neutro, podendo variar em função da fonte de matéria-prima
e do processo de obtenção. As propriedades químicas do breu dependem
fundamentalmente da fração ácida. Os ácidos resinosos que a compõem podem ser
divididos em dois grupos (abiéticos e pimáricos), e as diferenças básicas entre eles
são os radicais e os tipos de ligações. Os vários ácidos ocorrem nos três tipos de breu,
a saber: breu de goma, breu de madeira e breu de tall-oil.
Breu de goma
Breu de madeira
É obtido de tocos de árvores cortadas que ficaram no solo por mais de 25 anos. Esse
envelhecimento faz com que se valorize a fração mais leve e a resina se concentre no
cerne da madeira. As primeiras partidas de breu de madeira foram produzidas em
1910. Era um produto escuro e, por isso, não teve boa aceitação no mercado, que
estava habituado ao breu claro, obtido do óleo-resina. Anos mais tarde, foi
desenvolvido um processo para a separação dos componentes escuros e se obteve
um material bastante claro, que conquistou uma parcela do mercado.
O processo básico para recuperação do breu dos tocos é o seguinte: os tocos são
arrancados do solo e levados para a instalação de processamento, onde são reduzidos
a pedaços pequenos e submetidos a extração a quente com ação de solventes
adequados para retirar a resina e a terebintina. O breu é o resíduo sólido resultante da
destilação do extrato assim obtido. O material resultante é bastante escuro, em virtude
da presença de substâncias fortemente oxidadas.
Breu de tall-oil
Insaponificáveis (%) 8 7 6
Ácido
fumárico
Ácido
levopimárico
Adução de ácido
fumárico
Colas Sintéticas
O AKD (Alkyl Ketene Dimer – Dímero de Alquil Ceteno) surgiu em 1952 como fonte
alternativa para a colagem interna do papel, que em1960, na Europa, já estava
completamente desenvolvida. A forma mais comum é um material ceroso sólido
disperso em pequenas partículas em uma solução que contém amido catiônico como
estabilizador ou um polieletrólito catiônico. Recentemente, a Hercules Corp. patenteou
o uso de ácidos graxos insaturados para fazer um AKD na forma líquida (não ceroso).
Figura 20
Figura 21
pH de dosagem
(emulsão)
R1
– (CH2 – CH)n – (CH2 – C)m –
C6H5 COOR2
Figura 24 – Estireno acrilato emulsionado (SAE).
Sulfato de Alumínio –
Al2(SO4)3
Íon Al+++
Corantes
Corantes ácidos
Corantes básicos
Os corantes básicos são obtidos com a introdução de grupos amino (-NH2) substituindo
um ou mais hidrogênios ligados a anéis aromáticos, o que lhes confere o caráter
básico. Estão disponíveis no mercado na forma de cloretos, sulfatos ou oxalatos. Os
corantes básicos são catiônicos e, portanto, possuem grande afinidade com materiais
ácidos, como a lignina presente em pastas não branqueadas e pastas de alto
rendimento; assim sendo, não seriam facilmente retidos em pastas celulósicas
branqueadas.
Corantes diretos
O grande poder tintorial desses corantes pode ser explicado, em parte, pela sua menor
solubilidade, pois podem formar suspensões coloidais em meio aquoso. Esses
coloides podem ser retidos na fibra celulósica.
44 Escola SENAI “Theobaldo De Nigris”
Processos de preparação de massa
Os corantes diretos possuem ótima resistência à luz. A cor obtida é mais embaçada em
relação àquela obtida com os corantes ácidos ou básicos. São aniônicos, planares e
de molécula grande. Também podem ser catiônicos.
Corantes diretos são sais sódicos de compostos AZO com grupos sulfos ou carboxilo.
Pigmentos
Pigmentos naturais
São geralmente opacos, possuem poder tintorial fraco, mas apresentam boa
resistência à luz. Ex.: TiO2 (rutilo ou anatase), azul da Prússia, amarelos à base de
cromo, fosfato de zinco, entre outros.
resistência à luz e aos ácidos, porém são sensíveis a álcalis e cloretos. Ex.:
ftalocianina, diazoicos, indantrene, dioxazina, entre outros.
Figura 34 - Agregados.
Figura 35 - Aglomerados.
Grupos cromóforos
-N=N AZO
C=O CARBONIL (cetona)
- CH = N - AZOMETINO
- N = NO - AZÓXI
Tabela 7.
Grupos auxocromos
-NO2 NITRO
- OH HIDROXILA
- NH2 AMINO PRIMÁRIO
- NH – R AMINO SECUNDÁRIO
Tabela 8.
Alvejantes Ópticos
O alvejante óptico foi descoberto em 1929 por Paul Krais, partindo de uma solução de
esculina. A esculina absorvia a parte ultravioleta da luz do dia e a remetia como luz
visível. Seu uso industrial começou em 1935, e em 1940 produziam-se os primeiros
alvejantes estilbênicos, “4,4 – diaminoestilbene 2,2” ácido dissulfônico, que é a base
química dos alvejantes ópticos atualmente usados na indústria de papel. São sensíveis
à luz e ao contato com ferro, portanto recomenda-se armazená-los em tanques de aço
inox ou revestidos com plástico ou fibra e em ambiente livre da luz solar direta.
Quadro 4
Tipo Carater polar Aplicação
Dissulfo Pouco Massa
Tetrassulfo Médio Universal
Hexassulfo Muito Coating
Especial ______ Massa e coating
Controles efetuados
• Densidade.
• pH.
• Eficiência (com base em amostra-padrão e teste comparativo).
Agentes de Retenção
Os polieletrólitos não iônicos não possuem carga em solução, porém são capazes de
desenvolver uma carga transiente em solução aquosa, por exemplo, via protonação.
Como resultado, são solúveis em água e se comportam como polieletrólitos fracos. Ex.:
os poliálcoois, os poliésteres e as poliamidas.
Os polieletrólitos catiônicos contêm um grupo funcional com carga positiva que reside
em um enxofre trissubstituído (sulfônio), em um fósforo tetrassubstituído (fosfônio) ou
em um nitrogênio tetrassubstituído (amônio) – estes são os mais utilizados na indústria
de papel.
podem ser polímeros de baixa massa molecular, com teor de sólidos ativos entre 18 e
50%, e polímeros de alta massa molecular, com teor de sólidos ativos entre 5 e 15%.
Os produtos dispersos em emulsão são, geralmente, de alta massa molecular e, dessa
forma, apresentam baixa viscosidade. Esses polieletrólitos combinam as vantagens
dos polímeros sólidos (alta massa molecular) com as dos produtos em soluções
(facilidade de uso e manuseio). Geralmente possuem um teor de sólidos ativos entre
20 e 40%.
Fórmulas químicas
Molécula de poliamina
OH
(NH---CH2CH2-----N------CH2CH2------NH----CH2CHCH2)
CH
CHCH2
CH2
Figura 41 - Molécula de poliamina
CH2 – CH –
C=O
OH Monômeros do ácido acrílico
Figura 42 - Molécula de poliacrilamida
Molécula de acrilamida
O
H2C–CH – C
NH2
Caráter iônico
• Catiônico – acrilamida + monômero catiônico
• Aniônico – acrilamida + monômero aniônico
• Não iônico – acrilamida
Microbiocidas
Quadro 5
Oxidantes Não oxidantes
Bromo (Br) Organobromados (BHAP, DBNPA)
Cloro gás (Cl2) Organossulfuroso (carbonatos, TCMTB, MTC)
Hipoclorito de sódio (NaHClO) Organoclorados (isotiazolina)
Dióxido de cloro (ClO2) Glutaraldeídos
Ozônio (O3)
Peróxido de hidrogênio (H2O2)
Antiespumantes,
Desespumantes
e Desaeradores
Há uma quantidade enorme de formulações químicas que podem ser utilizados tanto
para prevenir a formação de espuma (antiespumantes) quanto para eliminá-la
(desespumantes), uma vez que ela já esteja formada. Atualmente não existe distinção
entre os dois termos, pois os aditivos utilizados durante a fabricação do papel possuem
as duas funções.
Desaeradores
Antiespumantes
Fluxograma de Preparação de
Massa
Preparação de Massa
Não se trata apenas de um processo de adição de água às fibras, para que essa
suspensão água/fibra possa formar a folha de papel na tela formadora, para posterior
prensagem e secagem, obtendo-se então o papel tal como conhecemos. Trata-se de
uma complexa sequência de operações que promovem várias alterações na estrutura
das fibras, adequando-as às necessidades e características do papel a ser produzido.
Devemos nos lembrar dos diversos tipos de papel e suas aplicações, e que cada um
deles exige diferentes tipos de polpa, tratamento e operação.
Matérias-Primas
Matérias-primas fibrosas
Assim, temos:
• Fibras primárias ou virgens: obtidas da madeira por meio de processos
químicos, denominadas polpas químicas, ou obtidas por processos mecânicos,
ou da interação entre eles, denominadas polpas de alto rendimento.
• Fibras secundárias: obtidas de artefatos de papel já utilizados e descartados.
Fibras primárias
Fibras secundárias
Aparas (reciclados)
Impurezas
Materiais proibitivos
Grupos de aparas:
Cargas minerais
No princípio, não se via a adição de cargas à massa como benéfica, e alguns papéis
que tinham quantidades apreciáveis de carga eram considerados adulterados. Mais
tarde, com a expansão do uso do papel e o consequente aparecimento de vários novos
requisitos, as cargas passaram a ser consideradas parte integrante e, em alguns
casos, imprescindíveis.
Para que um material seja usado como carga, alguns requisitos devem ser
obedecidos: ter brancura compatível com o tipo de papel, alto índice de refração, baixa
abrasividade, além de ser quimicamente inerte, para que não promova reações
desfavoráveis com os outros constituintes da formulação.
Observação:
Carbonato de cálcio
O carbonato de cálcio precipitado é o mais utilizado no Brasil, por causa de sua maior
pureza química e menor tamanho de partículas.
O CaCO3 contribui para melhorar a alvura, opacidade, lisura e boa recepção de tintas
de impressão (mais absorvente). O tamanho de partículas varia de 0,1 a 30 mícrons,
concentrando-se de 50%, na faixa de 5 mícrons, para baixo; seu grau de alvura pode
variar de 93 a 98%.
Caulim
O tamanho médio das partículas dos caulins de revestimento é geralmente de 0,5 a 1,0
µm, e 70 a 95% são inferiores a 2,0 µm.
Dióxido de titânio
O alto índice de refração e o pequeno tamanho das partículas fazem com que a
opacidade seja a propriedade do papel mais alterada por esse pigmento. A alvura
também é melhorada, dispensando o uso de alvejantes ópticos. O poder de cobertura
é o mais alto entre os pigmentos usados para coating; a grande desvantagem é o custo
muito elevado.
O dióxido de titânio não ocorre naturalmente em seu estado mais puro, sendo também
beneficiado. De um modo geral, o titânio é tratado com ácido sulfúrico, e o sulfato
obtido é posteriormente calcinado em forma de óxido. É classificado de acordo com o
tipo de cristalização: anatase ou rutilo.
O custo elevado faz com que o dióxido de titânio tenha uso limitado, sendo empregado
em papéis de alta qualidade onde se requer pequena quantidade de carga para se
obter a opacidade necessária, com pouca redução da resistência da folha. É muito
utilizado na fabricação do papel-bíblia.
Agentes de colagem
A água (H2O = H – O – H), por ter afinidade, penetra com facilidade na fibra celulósica,
provocando seu inchamento.
para auxiliar a fixação das resinas nas fibras (colagem ácida), ou resinas sintéticas
(ASA ou AKD), colagem alcalina.
Dependendo do tipo de aplicação final do papel, há necessidade de que ele tenha uma
menor absorção de água (solução aquosa), vapores e líquidos, como os utilizados para
embalagens de produtos alimentícios mais higroscópicos (sal, açúcar, sabão em pó
etc.), as embalagens para transportes marítimos e até mesmo os materiais didáticos
(livros, cadernos, revistas etc.), que ficam em contato com o meio ambiente (umidade
relativa do ar e temperatura variável).
pH – potencial hidrogeniônico Por outro lado, existem muitos papéis que não devem
ser colados, como aqueles cuja característica principal é a absorção. Dentre eles
podemos destacar os papéis higiênicos, o papéis-toalhas, os guardanapos, os lenços,
os filtros, os papéis para serem impregnados (fórmica) etc.
ESCALA DE VALORES DE pH
NEUTRO
0 7 14
Colagem ácida
O material empregado é a cola (resina), derivado do breu. O breu é saponificado,
transformando-se em sal solúvel. Atualmente, além dessa reação, é feita outra com
anidrido maléico, resultando numa cola fortificada, isto é, com mais grupos carboxilas
livres para reação.
Para que a cola (resina) exerça sua função, é preciso adicionar sulfato de alumínio, o
qual tem a função de baixar o pH (meio ácido), favorecendo a precipitação da resina e
depositando os flocos de resinato de alumínio, insolúvel, sobre as fibras de celulose.
Nesse tipo de colagem, devem-se usar cargas minerais quimicamente inertes.
Al +
+++
+ Al Al +
Al +
Cola de breu Resinato de alumínio
Secagem
Colagem
∆
Resinato de Fibra T EMPER AT UR A
alumínio
Uma desvantagem de fazer o papel sob condições ácidas é que o principal mecanismo
de degradação de suas propriedades físicas e ópticas é a hidrólise ácida. Ela causa o
amarelamento e a redução das propriedades de resistência do papel e,
consequentemente, reduz a permanência do papel (vida útil).
Estudos conduzidos nos Estados Unidos, em 1957, mostraram que os livros impressos
na primeira metade do século tinham perdido 97% de sua resistência original, e a
degradação do papel era proporcional à sua acidez; 75% dos livros produzidos após
1940 tiveram duração de apenas 25 anos.
Colagem alcalina
Vimos que os agentes de colagem são produtos químicos usados para tratar as fibras
de celulose de modo a controlar a absorção de líquidos. Associado a estes estão as
cargas adicionadas para proporcionar opacidade, alvura e outras características.
A colagem alcalina é realizada usando produtos conhecidos por AKD e ASA (Anidrido
Alquenil Succínico). O ASA é um anidrido insaturado do ácido graxo, muito reativo,
importante por minimizar a reação de hidrólise que causa arrancamento.
A cola AKD é um material que reage com a celulose em condições alcalinas para
promover a colagem. Todas as colas reativas com a celulose possuem um grupo
hidrófobo ligado a um grupo funcional de celulose reativa.
Uma cola reativa com celulose, reage com grupos hidroxílicos que estão presentes em
celulose e água.
Essa reação com água, conhecida como hidrólise, forma um produto inerte não
desejado, que leva à redução de colagem, denominado hidrolisado, não reativo e
instável, não entrelaçando com a fibra,
podendo causar desprendimentos de partículas na prensagem, na secagem, bem
como defeitos na impressão.
A resistência à água nos papéis é muito importante por dois aspectos distintos. Um se
refere ao caso da impressão offset, em que o papel não deve alterar seu
comportamento pela presença da película de água relativamente fina que lhe é
transmitida durante a impressão. O outro se refere ao produto acabado, onde se exige
uma resistência à água muito mais alta, como no caso dos cartões, das caixas de
produtos alimentícios etc., devido a sua armazenagem, seu contato com o meio
ambiente úmido, como os produtos que ficam em câmaras frigoríficas.
A cola AKD pode ser aplicada diretamente ao processo, porém é um produto de reação
lenta, também sofrendo hidrólise em contato com as suspensões fibrosas, tornando
sua vida útil limitada.
A cola AKD necessita de pH maior do que 6,5 e tempo para a reação, porém hidrolisa
rapidamente com pH acima de 9,5, sendo assim é aconselhável uma faixa de trabalho
de 7,5 a 8,5.
A presença de aniônicos solúveis de baixo peso molecular provoca uma adsorção da
cola, evitando a desejada interação com fibras, finos e cargas. Isso pode ser
amenizado com o uso de polímero catiônico de baixo peso molecular, sulfato de
alumínio ou policloreto de alumínio (PAC) como agentes de floculação.
ASA (Anidrido Alquenil Succínico): é recebida sob forma líquida; deve ser emulsionada
na fábrica com polímero catiônico ou amido catiônico para que seja retida na folha. O
tamanho de partículas influencia na sua eficiência.
A Figura 19 mostra uma curva típica de resposta de colagem desses dois sistemas. No
sistema ácido clássico breu-alumínio há uma progressiva melhoria na curva de
resposta da colagem com o aumento de concentração de cola.
Condições de processo
pH
- determinante da colagem – de 6,5 a 8,5 – tipo de cola;
- alcalinidade: 50 – 200 ppm – sistema filler define.
Pontos de dosagem
- próximo à caixa de entrada;
- compromisso de fixação e reatividade.
De maneira geral, os papéis alcalinos são superiores aos papéis ácidos. Por exemplo,
apresentam maior alvura, maior opacidade, são mais permanentes, além de
ecologicamente amigáveis. Os papéis alcalinos não revestidos contêm maior
proporção de cargas do que os papéis ácidos e, portanto, são menos absorventes e
Assim como acontece com todos os outros insumos utilizados na impressão, os papéis
alcalinos também apresentam pontos fortes e fracos. É importante conhecer as
vantagens para tirar o melhor proveito em termos de qualidade, produtividade na
impressão e de aparência do produto impresso, assim como é importante conhecer
suas limitações para orientar a condução das manobras a fim de minimizar os
possíveis problemas. Cabe aos técnicos encontrar os caminhos para encurtar a fase
de transição entre a colagem ácida e alcalina.
Aspectos fortes: maior alvura, maior durabilidade, maior permeância ao ar, maior
estabilidade dimensional, maior opacidade, maior resistência, maior planicidade etc.
Pontos de atenção
O milking ocorre tanto com papéis ácidos quanto alcalinos, mas tende a ser mais
intenso com papéis alcalinos, caso ocorra a reversão da colagem.
Vida útil dos equipamentos – Visto que o tipo de carbonato de cálcio usado em alguns
papéis alcalinos promove uma condição mais abrasiva do que os papéis ácidos (que
não contêm carbonato de cálcio), é esperado que ocorra maior desgaste das facas das
guilhotinas lineares, facas de corte e vinco, serrilhas, perfuradores, punches e facas
circulares.
AMIDOS
Classificação dos amidos – O amido e seus derivados podem ser agrupados em duas
classes fundamentais: os amidos comuns ou não modificados (química ou fisicamente)
e os derivados de amidos propriamente ditos. Na categoria dos amidos comuns estão
os de milho, mandioca, batata etc.; os amidos modificados compreendem uma extensa
lista na qual figuram em primeiro plano o amido catiônico, o oxidado, o pré-
gelatinizado, o de ligação cruzada, os ésteres e os ésteres de amido.
Amido anfótero
Funções no papel
Tanto para dosagem na massa como na superfície, o amido, em pó, deve ser diluído
em água para ser cozido, posteriormente, em cozinhadores contínuos (Jet cookers),
que é a forma mais comum, ou em bateladas.
,
Antiespumante
Nos tempos atuais, a indústria de papel tem passado por grandes transformações. O
consumo de água fresca tem sido reduzido, resultando em circuitos de água mais
fechados e com altas temperaturas; o uso de fibra reciclada tem aumentado
significativamente e as máquinas de papel passam por constantes melhorias: alta
velocidade, novos formadores, telas duplas etc. Todas essas mudanças foram
necessárias para aumentar a produtividade e a qualidade do papel ou para reduzir o
impacto no meio ambiente, porém também causaram alguns problemas. O aumento da
Antiespumante
Agentes de retenção
Com o objetivo de amenizar esses problemas, são utilizados agentes de retenção, que
são produtos adicionados à massa para fornecer uma maior retenção de cargas, flocos
de amidos, finos, precipitados de colagem, corantes etc.
Naturais
Os não modificados: amidos e colas animais.
Os modificados: amido catiônico, CMC etc.
Sintéticos
Inorgânicos: sulfato de alumínio, fosfatos alcalinos etc.
Orgânicos: poliaminas, poliamidas, poliacrilamidas etc.
Coagulação
Essas forças aqui exercidas são secundárias e fracas e podem ser facilmente
quebradas por forças de cisalhamento.
O sulfato de alumínio é um coagulante amplamente usado no processo de fabricação
de papel.
Em geral, a máxima coagulação ocorrerá num ponto quando toda a carga superficial
tenha sido imediatamente neutralizada (potencial zeta = zero).
Floculação
Os requisitos dos floculantes de ligação são que eles sejam fortemente adsorvidos
sobre as partículas e que sejam capazes de preencher ou estender-se sobre as
lacunas existentes entre as partículas.
Por exemplo, uma poliacrilamida de alto peso molecular (PAM) adsorverá sobre várias
partículas ao mesmo tempo, formando um modelo tridimensional.
As PAMs de ligação, geralmente com alto peso molecular, são os melhores floculantes.
Floculação:
• é irreversível;
• não necessariamente ocorre no potencial zeta zero;
• forma flóculos grandes e fortes.
Coagulação:
• reversível;
• ocorre no potencial zeta = zero;
• forma flóculos pequenos e fracos.
Importância da retenção
Prevenção e tratamento
Desagregação
Portanto,
• Quanto à operação, classificam-se em:
o contínuos;
o descontínuos.
A alimentação dos fardos de polpa se dá por uma esteira transportadora, a água fresca
é introduzida por uma válvula própria e a água clarificada é introduzida por outra
válvula.
Para o funcionamento, faz-se a adição de água até mais ou menos 50% de sua
capacidade, seguida do acionamento do rotor. A sequência de adição das matérias-
primas é normalmente feita de acordo com a receita de fabricação. No entanto, em
algumas situações de polpas com difícil desagregação, pode ocorrer a adição de álcali
(Na0H – soda cáustica), no início da desagregação, para facilitar a hidratação e,
consequentemente, melhorar a individualização das fibras.
É muito comum sua instalação sob a enroladeira, para o processamento dos refilos e
das quebras de papel. Em geral opera continuamente.
Consistência
A consistência pode ser expressa de duas maneiras: percentual (%) ou em gramas por
litro (g/I).
Para um bom controle dessa variável, deve-se contar com pelo menos dois sistemas
na preparação de massa: um logo após a desagregação e outro no final do processo,
antes da diluição da massa rumo à caixa de entrada.
Cálculo:
Sabendo-se que a consistência é o quociente da massa pelo volume, temos:
C = m . v → v = m/c . 100
Portanto:
Portanto:
Então, temos:
pH
É a medida de acidez ou alcalinidade de uma solução. O pH varia de 0 a 14, e o valor
7 é considerado neutro —é o pH da água pura. Se dissolvermos na água qualquer
substância de caráter ácido (sulfato de alumínio, por exemplo), o pH será menor do
que 7; ao contrário, adicionando um álcali (Na0H), o pH será maior do que 7.
Essa variável afeta uma série de processos na preparação de massa. Por exemplo,
afeta na desagregação, na refinação, na drenagem, na retenção e no comportamento
do papel nos cilindros secadores, na durabilidade do papel e em algumas
características relacionadas à sua imprimibilidade.
Tanques de Massa
Esses tanques devem possuir agitadores para manter a massa em movimento dentro
do tanque, evitando a separação das fibras e dos aditivos, pois, se ficassem em
repouso, poderiam flotar ou decantar.
Além disso, os tanques devem ser fechados se a temperatura for 10oC maior do que a
temperatura ambiente, pois isso facilita a limpeza e evita o endurecimento da massa na
parede. Só como exemplo, uma abertura de 0,5 m2 em um tanque de área de 160 m2 é
suficiente para endurecer a massa a 50oC nas paredes;
●ser fácil de esvaziar e limpar: não possuir pontos de acumulação de lodo. Os fundos
de tanques devem ser construídos com uma inclinação tão grande quanto possível (no
mínimo 3 a 4% em direção do fluxo e 6% na transversal em direção ao lado externo da
curva). Para esvaziamento fácil, um bom projeto para tanques horizontais é colocar a
hélice no mínimo ¾ abaixo do ponto mais baixo do fundo do tanque;
●ter baixo consumo de energia: a massa deve mover-se tão lentamente quanto
possível. Para tanques horizontais, o comprimento não deve ser menor do que 3 vezes
a largura do canal.
A altura para um tanque economicamente viável não deve exceder uma vez e meia
essa largura. Sugere-se para o agitador um diâmetro igual a 30% da largura do canal.
Tanques horizontais
Os tanques horizontais caracterizam-se por uma grande superfície e baixa altura das
paredes. Em geral possuem uma fraca declividade, construção em forma de canal e se
distinguem por uma pequena velocidade de circulação, requerendo pouca potência
para agitação.
São quase sempre construídos em concreto armado e instalados nos porões das
máquinas de papel.
Tanques verticais
São caracterizados por uma área relativamente pequena e uma grande altura. Podem
ser construídos em uma laje e alcançar vários andares, o que lhes dá grande
acessibilidade. Necessitam de uma potência de agitação maior do que a dos tanques
horizontais e são ideais para mistura de massa até 4,5% de consistência. Com
agitação simples, sua capacidade pode variar de 30 a 60 m3 e, com agitação múltipla,
até 700 m3. Normalmente são construídos em concreto ou chapas de aço e
sobressaem-se dos pivôs das máquinas.
Fundo arredondado
Trata-se de um tanque especial para mistura com grande eficiência, quando cheio. As
aberturas B, C e D aumentam a mistura. Quando, porém, o nível não alcança o ponto
A, o fluxo em B, C e D é muito fraco para evitar pontos mortos. Apesar desse problema
ser mínimo quando o tanque é esvaziado com rapidez suficiente, não se recomenda
seu uso para sistemas contínuos.
Esse projeto é adotado em indústrias químicas, mas é bastante aceitável para massa.
O agitador é do tipo veloz e equipado com um anel que direciona a massa
verticalmente para cima. O perigo é acionar o equipamento já carregado, podendo
provocar sobrecarga elétrica.
Este tipo evita uma série de dificuldades encontradas em outros projetos; por outro
lado, é menos econômico. Em cada unidade de agitação consta um agitador, montado
em anel, que evita a formação de redemoinhos (anel quebra-vortex). Os anéis são
suportados por quatro tubos, dois dos quais promovem circulação na água para
limpeza dos mancais. O eixo tem usualmente duas velocidades: alta, para mistura, e
baixa, para manter as fibras em suspensão. Em comparação com a capacidade de que
se dispõe, o espaço ocupado é muito pequeno. São projetados para volumes de 25 a
300 m3.
Volume
O cálculo de volume na preparação de massa é muito útil, especialmente na
determinação da capacidade de tanques. A seguir desenvolveremos dois exemplos de
cálculo, onde mostraremos que o segredo está em dividir qualquer figura complexa em
figuras mais simples, cujos volumes são facilmente determinados.
1o exemplo
Calcular o volume de um tanque vertical de massa, com fundo inclinado. Esse tipo de
tanque é muitas vezes utilizado, pois permite seu esvaziamento quase total, devido ao
fundo inclinado.
Dados:
A = altura útil menor do tanque = 3 metros
B = altura útil maior do tanque = 4 metros
C = largura do tanque = 2,5 metros
D = profundidade do tanque = 2 metros
- volume do paralelepípedo = A x C x D;
- volume da cunha, que é a metade do volume do paralelepípedo do C x D x (B-A).
3 x 2,5 x 2 + 2,5 x 2 (4 – 3)
= 17,5 m3
2
2o exemplo
Cálculo do volume de um desagregador com fundo cônico. Esse desenho é muito
comum em equipamento com rotor no fundo.
- volume do cilindro: π R2 x A
π x R2 x A + 1/3 π B (R2 + RR + R2) ou 3,14 x 1,52 x 2 + 1/3 x 3,14 x 0,5 (1,52 + 1,5 x
0,75 + 0,752) = 14,13 + 1,98 = 16,19 m3
Depuração
Cuidados na operação
Turbo separador: instalado em sistemas que trabalham com materiais reciclados, esse
equipamento retira impurezas fiáveis e pesadas, como mostra a figura a seguir.
Observações operacionais:
Quando não apresentar nenhum rejeito, observar se o sentido do giro do motor está
correto.
Refinação
Pré-refinação
Funcionamento
O fluxo de massa passa entre dois discos denominados estatores (fixos) e um rotor
(giratório), à alta velocidade.A massa é conduzida ao centro do rotor e é distribuída
uniformemente pelos furos passantes, nos lados do disco rotor. A massa é
despastilhada pelo processo de aceleração e atraso, em direção à borda externa dos
discos (com conservação das fibras e sem o aumento significativo da intensidade de
refino), deixando a máquina pelo bocal de recalque.
Variáveis:
• tipo de massa;
• vazão;
• guarnição instalada (discos estatores e rotor);
• folga entre os discos;
• consistência da massa.
Para celulose e refugo pouco colado, basta normalmente uma só passagem. Para
refugo de difícil individualização das fibras ou aparas resistente à umidade, precisamos
geralmente de duas passagens.
A qualidade de despastilhamento depende do ajuste das folgas entre os discos, que só
deve ser efetuado com eles parados.
Refinação
A fibrilação aumenta a superfície da fibra em contato com o meio, que é a água. Sendo
a celulose um material higroscópico (tem afinidade com a água), ela reterá em sua
superfície tanto mais água quanto mais refinada for.
Se uma pasta celulósica for dispersa em água o suficiente para separar as fibras umas
das outras, e se a suspensão resultante for diretamente para a máquina de papel, será
obtido um papel de baixa qualidade. Isso é explicado por uma série de razões:
• a suspensão terá um desaguamento (drenagem) na tela muito rápido, o que
impedirá que haja formação uniforme da folha;
Equipamentos
Holandesas
O rotor trabalha pressionado contra o estator, e a celulose passa entre os dois, onde
ocorre processo de refinação (hidratação, corte e fibrilação).
São máquinas refinadoras de trabalho intermitente. O refino conseguido por elas é
excelente. Por seu trabalho suave, consegue-se através delas uma boa hidratação e
fibrilação. No entanto, as desvantagens dessas máquinas superam as poucas
vantagens de refino que elas proporcionam.
Desvantagens:
• grande consumo de energia por tonelada;
• grande espaço ocupado;
• custo operacional muito alto;
• trabalho descontínuo.
Refinadores cônicos
Com consistência que varia de 3,0 a 4,0%, a massa é introduzida por uma abertura na
parte superior do corpo do refinador, na maioria das vezes sob pressão, por meio de
uma bomba. A pasta é descarregada também pela parte superior, pelo lado de maior
diâmetro do cone.
Refinador de disco
- discos simples;
- discos duplos;
-discos duplos rotativos.
O material (fibroso) a ser refinado passa entre dois discos, sofrendo um tratamento
mecânico, o qual confere às fibras as características necessárias para desempenho
desejáveis na máquina de papel e no produto final.
Refinadores de discos duplos são dotados de dupla face de refinação e dois fixos,
sendo que o disco rotativo é colocado entre os dois discos fixos, possuindo movimento
axial livre. Esse refinador possui alto rendimento, e suas características, do ponto de
vista mecânico, são excelentes.
Vantagens do refinador de discos:
Refinação em paralelo
Vantagens:
• maior retenção de massa no refinador;
• baixo grau de hidratação.
Desvantagens:
• dificuldade em obter uma boa divisão de fluxo;
• maior pressão específica.
Refinação em série
Vantagens:
• pressão específica menor (fibras passam por mais de um refinador);
• intensidade de refino pode ser melhor controlada;
• recomendado para altos graus de refinação.
Desvantagens:
• aumento da temperatura a cada refinador;
• maior cuidado no controle;
Consistência
Para cada tipo de tratamento desejado na massa, deve-se escolher uma consistência
adequada. Quando se deseja um tratamento de corte nas fibras, a consistência
adequada para favorecer essa ocorrência é trabalhar em torno de 2,5 a 3,0%.
Se o tratamento desejado for de hidratação, sem que ocorra o corte das fibras, a
consistência de trabalho mais adequada gira em torno de 5,0 a 5,5%, podendo chegar,
em alguns casos, a 7,0%.
Podemos dizer que cerca de 90% das indústrias papeleiras trabalham com uma
consistência neutra, de 4,0 a 4,5%. Nessa faixa de consistência, o trabalho na fibra
não favorece este ou aquele tratamento.
Tipo de fibra:
Outra ideia que podemos tirar é quando refinarmos dois tipos de fibras distintos, por
exemplo: pínus e eucalipto.
Muita massa contém misturas de fibras longas e curtas que, em condições ideais,
deveriam ser refinadas separadamente. No entanto, pela prática deve-se chegar a um
ponto ótimo com misturas de fibras.
Portanto, uma melhor refinação se consegue com uma retenção maior da massa no
interior dos refinadores de discos ou cônicos.
Pressão específica
Pressão específica ou potência aplicada por área de refinação é a pressão com que
são apertados (encosto) os discos. Dessa pressão, temos uma maior severidade de
refinação ou não.
A razão pela qual ocorre o corte a pressões específicas elevadas é a de não formar o
colchão de massa entre os discos e não mais haver contatos íntimos entre as fibras.
Baixas pressões específicas proporcionam uma refinação mais suave, com aumento
gradual da intensidade de refinação, mantendo o comprimento das fibras originais,
hidratando e fibrilando sem prejudicar as fibras e sem gerar finos em excesso.
Preparação da receita
Após a refinação, o material fibroso (celulose, aparas, pasta de alto rendimento etc.)
entra no tanque de mistura, ou tanque de preparo da receita. Geralmente, nesse
tanque, o material fibroso é misturado com os demais componentes (cargas minerais,
colas, amidos, sulfato de alumínio, corantes e outros aditivos), que vão compor a
receita do papel. Essa fase do processo pode ser contínua ou em etapas (batelada).
Sistema de Diluição
Caixa de nível
O fluxo de massa deve entrar na caixa de nível por um dos extremos e descer para a
bomba de mistura numa linha vertical do centro da caixa. A massa excedente da caixa
de nível sairá pelo vertedouro (overflow) no outro extremo e retornará para o tanque de
massa.
A localização da caixa de nível deverá ser tão perto quanto possível da seção das
bombas.
A posição ideal para a entrada da linha de massa grossa é axial ao rotor da bomba de
mistura, ou seja, concêntrica com o bocal do silo (entrada da bomba de mistura).
Válvula de gramatura
Depuradores (cleaners)
Funcionamento:
A suspensão fibrosa entra, sob pressão, tangencialmente, pela parte superior cilíndrica
do cleaner, formando um vórtice descendente (1). Devido à força centrífuga gerada, as
impurezas mais pesadas são dirigidas pela parede do equipamento até o local de
saída de rejeitos e à medida que descem, a seção do corpo cilíndrico diminui (2), sua
velocidade e sua pressão aumentam, formando um fluxo inverso (ascendente) que
contém as fibras, mais leves, que são direcionadas para o aceite.
Para se obter uma boa eficiência nos cleaners é necessário que exista uma diferença
de pressão entre a alimentação e o aceite. Esse valor gira em torno de 3 kg/cm2.
• Velocidade de alimentação
• Altura dos cleaners
• Diâmetro do corpo
• Densidade do líquido
Geralmente, o arranjo dos fluxos é feito em sequência e de tal maneira que o aceite
de um ciclone alimente o ciclone anterior, isto é, em contracorrente. O rejeito é diluído
e encaminhado para o ciclone subsequente.
Com exceção do rejeito do último estágio que, constituído pelas impurezas que se
deseja separar, concentradas em maior grau, é eliminado do sistema.
A massa encontra-se, nesse ponto do processo, com grau de limpeza requerido após
haver passado pelos depuradores centrífugos e o depurador vertical, desaerada se a
necessidade do processo assim o requerer e com a consistência necessária para
alimentar a caixa de entrada.
Depuradores verticais
Os corpos estranhos (impurezas) retidos pela peneira são levados pela “correnteza” e
gravidade para o fundo do depurador, onde são eliminados pelo bocal curvo (e) de
saída.
Após passar pelo sistema de depuração, a suspensão de fibras, com cargas e outros
aditivos que compõem a receita, alcança a máquina de papel propriamente dita.
Recuperação de Fibras
A função do recuperador é tratar a água e limpá-la a tal ponto que ela possa ser
utilizada novamente e fazer com que o máximo possível de fibras e cargas insolúveis
sejam devolvidos ao sistema de produção de papel sem afetar sua qualidade.
A = caixa de entrada;
B = tela de depuração;
C = fibras recuperadas;
D = receptáculo de filtrado claro.
O cilindro é revestido com uma tela pela qual a água passa, em virtude do gradiente de
pressão gerado pela diferença de coluna de água. Uma vez dentro do cilindro, a água,
já sem as fibras que ficaram retidas na tela, é bombeada para ser reutilizada. As fibras,
retidas na parte externa da tela, são transferidas para o rolo de pressão, o qual é
revestido de borracha. Finalmente, as fibras retiradas do rolo de pressão, por meio de
um raspador, são recolhidas num tanque apropriado.
Bibliografia