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Embranquecer para quê?

Bleaching e o estudo dos fenóis como uma proposta didática para o ensino

Dossiê
de química e as relações etnicorraciais

Bleaching and the study of phenols as a didactic


proposal for teaching chemistry and racial-ethnic relations

Dossiê
El blanqueamiento y el estudio de los fenoles como propuesta docente
para la enseñanza de la química y las relaciones étnico-raciales

Vanessa Sales de Carvalho1


Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Paloma Nascimento dos Santos2


Universidade Federal da Bahia (UFBA)

RESUMO
Mulheres de algumas partes do mundo tem utilizado cosméticos para embranquecer a própria pele. Chamado de
bleaching, a técnica tem movimentado milhões na indústria de dermocosméticos em países da Ásia, África e nos
Estados Unidos. No Brasil, a prática ainda não é difundida e acreditamos que isso se deve ao fato do nosso país
acreditar em um mito de democracia racial em que pessoas negras não são consideradas pessoas negras. O
bleaching causa sérios problemas de saúde, utiliza compostos químicos indiscriminadamente; um deles é a
hidroquinona, e tem relação com a racismo, identidade negra e gênero. Este artigo tem como objetivo propor
uma sequência didática para o Ensino de Química voltado para as temáticas raciais e que utilize A Química dos
Fenóis como ponto de partida para a discussão sobre embranquecimento, racismo e tecnologias colonizadoras de
corpos de mulheres negras.
Palavras-chave: Embranquecimento; fenóis; ensino de química; relações étnico-raciais.

ABSTRACT
Women in some parts of the world have been using cosmetics to whiten their skin. Bleaching has been moving
millions in the dermocosmetics industry in countries in Asia, Africa, and the United States. In Brazil, the practice
is still not widespread and we believe that this is due to the fact that our country believes in a myth of racial
democracy in which black people are not considered black people. Bleaching causes serious health problems,
uses chemical compounds indiscriminately, one of them is hydroquinone, and is related to racism, black identity,
and gender. This article aims to propose a didactic sequence for teaching of chemistry focused on racial issues
and that uses the chemistry of phenols as a starting point for discussion about skin whitening, racism and
colonial technologies still colonizes black women bodies.
Keywords: Bleaching; phenols; chemistry teaching; racial-ethnic relations.

1 Licencianda em Química (UFBA), Doutoranda em Química Analítica (UFBA), Mestre em Química Analítica
(UFBA), Bacharel em Química (UFBA). https://orcid.org/0000-0003-1422-5000. E-mail:
[email protected].
2 Professora do Departamento de Química Geral e Inorgânica (Ensino de Química) - Instituto de Química da

Universidade Federal da Bahia (UFBA). https://orcid.org/0000-0002-2480-4666. E-mail: [email protected].

ABATIRÁ - REVISTA DE CIÊNCIAS 313 HUMANAS E LINGUAGENS


Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus XVIII
313
V2:: n.3 Jan : Jul :: 2021. p. 1- 524
ISSN 2675-6781
RESUMEN
Las mujeres en algunas partes del mundo han usado cosméticos para blanquear su piel. Esta técnica, denominada
blanqueamiento, ha movido a millones en la industria de la dermocosmética en países de Asia, África y Estados
Unidos. En Brasil, la práctica aún no está muy extendida y creemos que esto se debe a que nuestro país cree en
un mito de democracia racial en el que los negros no son considerados negros. El blanqueamiento causa graves
problemas de salud, utiliza indiscriminadamente compuestos químicos, uno de los cuales es la hidroquinona, y
está relacionado con el racismo, la identidad negra y el género. Este artículo tiene como objetivo proponer una
secuencia didáctica para la Enseñanza de la Química centrada en temas raciales y que utiliza La Química de los
Fenoles como punto de partida para la discusión sobre el blanqueamiento, el racismo y las tecnologías
colonizadoras de los cuerpos de las mujeres negras.
Palabras-llave: Blanqueamiento; fenoles; enseñanza de la química; relaciones étnico-raciales.

Introdução

Inicialmente inofensivas, estratégias para clarear uma mancha na pele varia de


preocupação estética a cuidado dermatológico saudável, considerando as condições de saúde
de cada pessoa e o acompanhamento médico. Existe uma demanda recente que informa mais
do que a satisfação em ter uma pele saudável, em 2020, grandes empresas do ramo de
cosméticos foram pressionadas a se posicionarem em relação ao uso de termos como
“embranquecimento” e “clareamento” nas embalagens e propagandas de divulgação de seus
produtos. Movimentos antirracistas e de mulheres negras identificaram a problemática do
branqueamento químico, que não é algo novo, como temática a ser urgentemente combatida
pela indústria em alguns países dos EUA e da África, doenças advindas de processos de
clareamento sem prescrição está causando uma situação quase endêmica de problemas
dermatológicos. O alvo são os corpos de mulheres negras.
Dentre estes “branqueadores” presentes na composição de tais cosméticos está
presente a hidroquinona, composto orgânico da família dos fenóis. A pergunta que se faz é:
por que as pessoas de pele mais pigmentada precisariam embranquecer ou clarear seu tom de
pele de forma tão urgente? Por que as pessoas não-brancas ainda necessitam lidar
constantemente com essas questões coloristas no universo da beleza? Quais os entendimentos
sobre saúde identidade e pertencimento racial de mulheres negras que podemos mobilizar a
partir de discussões sobre a Química de dermocosméticos clareadores?
A proposição de estratégias didáticas para as relações étnico-raciais reforça o
compromisso, como docentes de inserir as temáticas em sala de aula e dar o próximo passo,
que, ao nosso ver, seria o efetivo cumprimento da Lei 10.639/2003, a organização de

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CARVALHO, V.; SANTOS, P.
currículos e o amplo debate sobre uma educação centrada no combate às desigualdades.
Mulheres em todo o mundo clareiam a própria pele e nem todas elas são mulheres sem

Dossiê
instrução. Existe uma organização de sociedade que cria um anseio pela brancura, estimulado
pelas violências e pela manutenção de uma situação dominante do mesmo grupo branco,
eurocentrado, confortável economicamente.
Um Ensino de Química que se propõe antirracista, decolonial e preocupado com a luta

Dossiê
contra as injustiças, é aquele que produz práticas pedagógicas que estimulem a criticidade das
estudantes e dos estudantes sobre o mundo e seus processos, analisando discursos científicos e
eventos históricos para refletir sobre ser e estar no mundo, principalmente se esta estudante ou
este estudante é um corpo negro. Este artigo, então, tem como objetivo apresentar uma
proposta didática que relacione o ensino de Química Orgânica e a Educação para as Relações
Étnico-Raciais utilizando a temática do embranquecimento, o uso indiscriminado de
dermocosméticos e o estudo dos fenóis.

1. Bleaching, despigmentação e corpos negros

Bleaching, Skin bleaching, skin lightening ou skin whitening são termos em inglês que
podem ser traduzidos de uma forma geral como branqueamento/clareamento da pele. Estas
expressões são utilizadas quando há a tentativa de remoção da melanina da pele com o uso de
produtos dermocosméticos fabricados de forma artesanal ou clandestina (PUSSETI & PIRES,
2020). Por séculos, a elite de várias partes do mundo utilizou produtos para se obter uma
aparência mais pálida e uniforme, sem rugosidade e sem efeitos de escurecimento. Porém,
desde o século XX, a classe média e a trabalhadora também se juntaram neste movimento,
tornando os cremes clareadores de pele um dos cosméticos mais vendidos do mundo e a
indústria do bleaching um grande negócio em expansão. Sejam as pessoas mais ricas do
mundo – como as estrelas de Hollywood – ou pessoas mais pobres, ambas fazem uso destes
branqueadores. Estima-se que as vendas de dermocosméticos clareadores de pele cheguem a
31,2 bilhões de dólares até 2024 (THOMAS, 2020).

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O clareamento de pele é uma prática realizada majoritariamente por mulheres, fazendo
eco com uma indústria da beleza que tem nelas suas principais consumidoras e alvos. Em
Gana, por exemplo, dermatologistas acreditam que mais de 30% da população – sobretudo
mulheres – usam cremes clareadores regularmente (DELLE, 2001). Já na Nigéria, segundo a
OMS (2011), 77% da população feminina – mais de 60 milhões de pessoas – utilizam
frequentemente tais produtos. Neste país também, especificamente em Lagos, houve registro
de mães que descoloriam a pele de seus bebês. No Brasil, é possível encontrar
dermocosméticos específicos para clarear a pele, mas ainda de maneira muito tímida. Existem
linhas específicas de produtos clareadores, muitas vezes focados na retirada de manchas e
melasmas, ou desodorantes que possuem substâncias que prometem clarear as axilas com o
uso. Ainda assim, não identificamos uma indústria que se assemelhe ao movimento de
bleaching encontrado nos Estados Unidos e em alguns países da África e para tentar
estabelecer um motivo, é necessário aprofundar a discussão sobre a relação entre pigmentação
de pele e racismo na história e o mito da democracia racial no Brasil.
A problemática da pigmentação da pele de pessoas negras, pode estar inserida em
discussões antropológicas e políticas, pois escolhas estéticas comunicam sobre identidade e
sobre o pertencimento a um grupo, um povo, um coletivo étnico-racial. As questões
relacionadas ao cabelo negro e seus formatos, contrastadas com as questões de gênero são
pautas importantes derivadas do entendimento que corpos negros se movimentam no mundo
politicamente. A existência se dá pelo corpo, pele e cabelo e, nesse sentido, eventos como a
transição capilar, o uso de alisantes, a feitura de dreadlocks e estéticas trançadas estão
relacionados ao processo de construção e afirmação da identidade negra e enunciação da
diferença (HALL, 2006).
Existem raízes históricas que apresentam o clareamento como uma tecnologia
colonizadora do corpo negro, principalmente dos Estados Unidos do século XIX. Ao final do
século XIX e início do século XX, cresceu significativamente o desenvolvimento de produtos
cosméticos específicos para a comunidade afroamericana. Associado ao crescimento também
havia uma estratégia de marketing que era dominada por homens brancos ricos que utilizavam
a estética branca como a padrão desejável. Após anos de escravização, as pessoas negras
ainda seriam estimuladas a consumir produtos que, por meio de um pretenso cuidado estético,

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CARVALHO, V.; SANTOS, P.
buscariam afastar cada vez mais esse passado negro, através de transformações na pele, no
cabelo, nos dentes. Durante o período de escravização já havia uma divisão que operava em

Dossiê
relação às mulheres. Aquelas que possuíam a pele menos pigmentada, eram aproveitadas e
seriam exploradas dentro do espaço privado, pois seriam consideradas mais “aceitáveis”. Na
realidade, essa aceitação se dava pois estariam mais próximas do ideal de brancura. Angela
Davis (2016) aponta o estupro como a estratégia de colonização de corpos femininos mais

Dossiê
desumanizante, e a geração de filhos e filhas inter-raciais (pois o estuprador era o senhor
homem branco) adicionava possibilidades hierárquicas de pigmentação da pele, mais um
reforço negativo. Nos Estados Unidos e em todo o mundo, a pele branca seria o auge positivo
a ser alcançado a escala de pigmentação derivada de muitos processos culturais direcionaria a
cor da pele da pessoa para mais longe ou mais perto desse ideal de brancura. Social e
psicologicamente.
Ao analisar produtos que eram anunciados em periódicos consumidos por pessoas
afroamericanas no final do século XIX e início do século XX, Treva Lindsay (2011)
encontrou uma variedade enorme de produtos clareadores, que eram consumidos por uma
classe de pessoas que almejavam uma certa ascensão social, após o período de escravização.
Os produtos prometiam clareamento de pele e sua propaganda estava centrada em um antes e
depois demonstrando toda a violência desumanizante do processo colonizador: sua
humanidade poderia ser restaurada ou conseguida a partir do uso deste cosmético, e isso
ultrapassaria questões apenas de beleza, facilitaria sua forma de ser e estar no mundo (Figura
1).
O anúncio afirma que o produto, o Black Skin Remover (removedor de pele negra, em
tradução literal), transformaria diversos tipos de pele negra em “perfeitamente brancas” e
prometia também outros “efeitos positivos”, como a remoção de erupções de pele, cicatrizes e
espinhas. A brancura seria o alvo almejado e a propaganda informa ainda que a embalagem
seria enviada para a casa da pessoa com todo sigilo, sem qualquer tipo de identificação de que
seria um produto clareador (LINDSEY, 2011). Além dos Estados Unidos, no passado, na
contemporaneidade reporta-se que os países que possuem uma indústria dedicada aos

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processos de bleaching são Gana, Quênia, Tanzânia, Senegal, Mali África do Sul e Nigéria e
em Guiné-Bissau já é considerada uma questão de saúde pública (HUNTER, 2011).
A despigmentação não é só uma escolha estética. Existe um emaranhado de questões
hegemônicas, políticas e culturais que aprisiona subjetivamente os corpos negros. Segundo
Frantz Fanon (2008), essa opressão acarreta uma não aceitação da sua cor e autoimagem, o
anseio pela brancura. Consequentemente, pactuando com a ideologia do branqueamento. Na
tentativa de utilizar as “máscaras brancas”, as pessoas não brancas negam-se a si mesmas,
esforçando-se para se distanciar das características tão negativas associadas à sua pele, na
sociedade ocidental, promovida pelo racismo.

Figura 1. Propaganda do produto Black Skin Remover


Fonte: Lindsey (2011)

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Defendemos que a problemática da descoloração e clareamento violento da pele
utilizando dermocosméticos, muitas vezes não regulamentados tem vínculo com uma

Dossiê
colonialidade estética que se utiliza dessa tecnologia para operar nos corpos, corpos em sua
maioria femininos. Atrelada às questões raciais, ainda observamos uma repetição de conflitos
de gênero que são confrontados por mulheres negras ao consumir mídia, em seus círculos
sociais, em suas relações profissionais, afetivas e que adicionam mais uma possibilidade de

Dossiê
adoecimento físico e psíquico acrescido ao racismo estrutural e diário do cotidiano.
Alternativas para democratizar discussões sobre todas essas questões apresentadas
aqui nesta seção podem ser pauta na escola básica. O desconhecimento sobre temáticas raciais
e identitárias no Ensino de Química e na formação de professoras e professores faz com que
ainda sejam necessárias a formulação de estratégias para que as imagens negativas do corpo
negro e do corpo feminino negro sejam extintas e esse debate pode ser promovido a partir de
componentes e conteúdos de Química. Aqui, apresentamos uma possibilidade de articulação a
a partir do cruzamento entre as problematizações raciais e um conteúdo regularmente
ensinado em Química Orgânica, a Química dos Fenóis. Ao tratar dos procedimentos estéticos
ligados ao bleaching e ao clareamento, professoras e professores terão a oportunidade de
participar do processo educativo que faz parte da construção identitária de crianças e
adolescentes e ainda contribuir com a (ainda) difícil tarefa que é relacionar conteúdos do
currículo visando o cumprimento da Lei 10.639/2003.

2. A química dos fenóis, clareamento e embranquecimento

Apesar de não se encontrar muitos dados referentes ao uso de dermocosméticos


clareadores no Brasil como em outros países, a prática do clareamento de pele é presente,
principalmente, no cotidiano da população negra ao ver propagandas que realizam este tipo de
apelo e/ou ao entender que está distante do padrão de beleza que se é exaltado: pele e olhos
claros, cabelos lisos e magreza. Deve-se reconhecer que o movimento do embranquecimento
de pele reforça noções racistas e mantém um ideário de beleza que afeta a autoestima
daqueles que diferem do padrão imposto.

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Segundo Cida Bento (2002), o branqueamento no Brasil é considerado como um
problema do negro que, insatisfeito com a sua condição negra, deseja se aproximar da
condição branca. O ideal do negro, portanto, é ser branco (ou parecer-se com ele) e isso é
estimulado, motivado e incentivado por uma sociedade que estabelece um padrão universal,
no qual todo molde social de existência ou de sucesso é pautado nessa universalidade. Ao
manter-se esta hegemonia branca, o conglomerado se organiza a partir de um pacto
dominante, estruturado e histórico, que garante que a pessoa negra seja considerada apenas A
Outra, e não um sujeito de fato. Esta organização garante a permanência de estruturas racistas
em toda a sociedade, a manutenção da desumanização e a construção de discursos que
estimulam conflitos internos nas pessoas negras em seus processos de subjetivação e
identidade.
Uma possibilidade de oferecer resistência a esse processo é se utilizar da escola como
disseminadora de conhecimentos e criar uma educação em ciências e em Química voltada
para a promoção de justiça. Mais do que elaborar estratégias didáticas para o cumprimento de
uma lei, pensar em novas formas de ensinar Química utilizando as temáticas étnico-raciais
atinge a formação de professores e professoras que, na escola básica possuem estudantes
negros e negras em processo de transformação corporal e o entendimento de fenômenos
químicos que atravessam esse corpo é uma das preocupações de um Ensino de Química
crítico e político.
Os produtos clareadores que são utilizados em bleaching têm uma composição muito
variada, alguns são produzidos por grandes empresas, mas muitos não são regulados e tem
formulação caseira que não é revelada. Em sua maioria são cremes que possuem uma
substância emoliente e muitos podem conter metais como mércúrio, esteroides, vitamina A,
antioxidantes como a glutationa e, a grande maioria deles, uma substância mundialmente
conhecida como clareadora, a hidroquinona.
O benzeno-1,4-diol, conhecido hidroquinona (HQ), é um composto que pertence à
classe dos fenóis e é bastante utilizado como componente principal em inibidor de reações de
polimerização e antioxidante para borrachas e corantes e em reveladores fotográficos. Já na
área medicinal, a HQ corresponde ao composto ativo mais usado no tratamento de
despigmentação de manchas dermatológicas e pode ser utilizada sem receita em clareadores

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CARVALHO, V.; SANTOS, P.
de pele. Ela despigmenta a pele inibindo a oxidação enzimática da tirosina em 3,4-
diidroxifenilalanina e outros processos metabólicos dos melanócitos (Figura 2). A indicação

Dossiê
visa ao clareamento gradual de pele hiperpigmentada como é indicado em casos de melasma e
sardas.
Desde os anos 50 a hidroquinona é utilizada, e seu potencial como despigmentador foi
notado ao perceber redução de manchas em protetores solares que tinham a substância em sua

Dossiê
composição. A população negra da África do Sul, quando submetida a concentrações de
hidroquinona apresentou ocronose, uma descoloração azul esbranquiçada na pele fato
derivado do uso de HQ em concentrações maiores que 8%. Em 1982, a FDA (Foods and
Drug Administration), órgão regulatório dos EUA, recomendou o uso de hidroquinona na
concentração de 1,5 a 2,0% e a União Europeia baniu a hidroquinona de produtos cosméticos
em 2001, embora ela ainda seja vendida sob prescrição médica (METSAVAHT, 2017).

Hidroquin
ona

Figura 2: Estrutura e mecanismo de ação da hidroquinona

No Brasil, a Farmacopeia Brasileira define procedimentos para determinação de


hidroquinona em formulações farmacêuticas e ela é vendida sem prescrição médica, podendo
ser comprada em farmácias de manipulação. Em muitos casos a hidroquinona é associada aos
ácidos retinoico, glicólico e kójico para tratamento de manchas na pele e comercializada na
forma de loções, géis e pomadas (LIMA et al, 2016; METSAVAHT, 2017). Estudos sobre
composições utilizadas em mulheres que se submeteram ao bleaching apontam danos à pele,
sensação de queimação constante e a presença de carcinoma em células jovens (LY, 2010;
KARAMAGI, 2001).

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Por se tratar de um composto orgânico do grupo dos fenóis, a compreensão sobre a
estrutura, propriedades químicas e história da hidroquinona estaria inserida no componente de
Química Orgânica para o Ensino Médio. As propostas didáticas voltadas para o ensino de
Química Orgânica e Fenóis estão concentradas nos estudos sobre alimentação, cosméticos e
solventes orgânicos. Muitas têm características interdisciplinares e utilizam interrelação de
conceitos. Nossa perspectiva é apresentar a problemática do clareamento de pele como
questão de saúde para colaborar com a educação para as temáticas étnico-racias a partir da
elaboração de uma proposta didática interdisciplinar que articulará a química dos fenóis,
negritude, gênero e questões sobre identidade negra.

3. Sequências didáticas para a Educação das Relações Étnico-Raciais

Além de sistematizar as etapas do processo de ensino-aprendizagem, as sequências


didáticas (SD) são encadeamentos pedagógicos que demonstram perspectivas específicas no
Ensino de Química. A partir de processos de elaboração por professoras, professores e
pessoas pesquisadoras, existe uma prática padrão de organizar sequências didáticas que
podem utilizar temáticas advindas de propostas do tipo CTS, CTS-Arte, sequências para
atividades experimentais, a partir de situações-problema, utilizando conceitos de história da
Química e história das ciências, a partir de conceitos sócio-científicos, entre outros.
Utilizaremos a teorização proposta por Martine Méheut (2005) para a organização e
desenho de sequências didáticas. Para a autora, é fundamental que o desenho das atividades
que constem nas sequências didáticas tenha quatro componentes centrais: a professora ou o
professor, as estudantes e os estudantes, o mundo material e o conhecimento científico. Os
quatro componentes irão se relacionar entre si a partir de duas dimensões: epistemológica
(envolvidos na construção do conhecimento científico) e pedagógicas (explicita as relações
professora ou professor e estudantes e estudante-estudante).
Há a necessidade de validação da sequência didática, trabalho a ser conduzido em sala
de aula durante todo o processo, e que permitirá adaptações e críticas. Para a validação, que
deve considerar fatores internos e externos, deve-se levar em conta atividades prévias e

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CARVALHO, V.; SANTOS, P.
póstumas às atividades propostas na sequência e o acompanhamento por meio de algum
instrumento avaliativo pré-definido (MÉHEUT, 2005).

Dossiê
Analisando trabalhos que propõem SDs que relacionam conteúdos do Ensino de
Química e Relações Étnico-Raciais, é possível perceber que seu potencial didático está
imbricado em sequências que levam em conta os saberes da população, a contribuição de
pessoas negras para a ciência e a identidade negra. São sequências didáticas que possuem uma

Dossiê
teorização afrocentrada, trazendo para o Ensino de Química as contribuições da Ciência
Africana, que utilizam a história e a participação de mulheres negras na ciência em aulas de
Química, que partem de questões sócio-políticas ligadas à negritude, que centralizam a
discussão sobre o corpo negro a partir de uma perspectiva antirracista, que utilizam a arte e
suas expressões em conjunto com os saberes químicos e que utilizam religiosidades afro-
brasileiras e as possibilidades de entendimento de fenômenos químicos ali postos.
Entendemos também que as propostas didáticas que relacionam Ensino de Química e
Relações-Étnico Raciais são em si mesmas interdisciplinares, pois retomam conceitos
científicos articulados com outras ciências e disciplinas, sempre utilizando a análise do
contexto histórico e social como ponto de partida, seja para propor atividades afrocentradas,
antirracistas ou a partir de uma perspectiva afro-brasileira e decolonial (PINHEIRO & ROSA,
2018).
A SD aqui apresentada foi planejada a partir de toda a reflexão da teorização sobre o
desenho experimental para situações didáticas e a partir das características comuns daquelas
em que a temática das RER está presente. Utilizando como sujeitos da proposta docentes e
estudantes e a relação entre esses corpos com o mundo material e o conhecimento científico
prévio e o que viria a ser debatido e construído em sala de aula, esquematizamos uma
proposta como mostrado na Figura 3:

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Figura 3: Organização da proposta de sequência didática
Fonte: Elaborado pelas autoras

A sequência é composta de atividades que podem ser utilizadas em sala de aula como
componente de uma unidade didática ou em atividades do tipo oficina ou extra-curriculares.
Os momentos pedagógicos privilegiam o debate, a argumentação oral e o resgate de vivências
das alunas e alunos. Inserimos também a presença de um produto cultural para discutir os
processos de embranquecimento e, se possível, é desejável trazer para a discussão professoras
e professores das disciplinas das Humanidades, que acrescentarão ao debate sobre contextos
históricos, sociais e políticos a partir das questões raciais. Adicionamos o júri simulado como
metodologia argumentativa que é comumente utilizada no Ensino de Ciências e de Química
para confronto de ideias e resolução de problemas interdisciplinares e propomos a utilização
de diários de bordo que, além de estimular a escrita, também serve como registro do processo
de aprendizagem e será útil caso haja o desejo de aprofundar e analisar os discursos sobre
identidade negra que circularam durante as atividades. Nesse sentido, com o perfil de
pesquisadora em ação, a pessoa docente também pode possuir um diário de bordo para
registro.

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CARVALHO, V.; SANTOS, P.
4. Estratégias metodológicas e sequência didática

Dossiê
A presente proposta tem como objetivo apresentar uma sequência de atividades para o
aprendizado da função orgânica fenol a partir das discussões sobre o embranquecimento de
corpos negros e a prática do bleaching. O público-alvo inicial são estudantes Ensino Médio,
dentro do componente funções orgânicas oxigenadas, que pode ser nomeada como Química

Dossiê
dos Fenóis. Serão utilizadas 4 aulas de 50 minutos ou considerando uma atividade para além
do currículo semanal, uma oficina de 4 horas, dividida em encontros.

4.1 Atividade 1

A primeira atividade propõe uma discussão em roda e se inicia a partir do


questionamento sobre o conceito de símbolos de beleza. As questões: Quais mulheres e
homens artistas famosos, de qualquer área, são consideradas símbolos de beleza?
Ocasionalmente podem ser trazidos imagens de algumas pessoas para estimular o debate.
Após a discussão sobre as pessoas famosas, outras questões seriam trazidas, que
contemplariam os seguintes tópicos:
▪ Conceito de padrão de beleza
▪ O que eu mudaria em meu próprio corpo
▪ Mídia e discursos de autoaceitação do corpo para mulheres e
homens negros

Estimular a discussão sobre o padrão de beleza para corpos negros e utilizar os


exemplos de artistas ou pessoas famosas trazidas pelas e pelos estudantes. Contemplar
também alguma discussão que já seja trazida sobre a temática racial e questionar: “Por que,
historicamente pessoas negras são consideradas fora do padrão hegemônico de beleza?”
Após o debate, distribuir os diários de bordo e explicar que são espaços de escrita a
que serão reservados sempre os 10 ou 15 minutos finais da aula para que os estudantes e as
estudantes escrevam sobre os aprendizados, impressões e questões que os atravessaram

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durante a aula. O diário deve ser trazido em todas as aulas e pode ser alimentado durante a
semana com alguma questão derivada das vivências pessoais fora da aula de química.

4.2 Atividade 2

Após a retomada de alguns conceitos da atividade anterior, será exibido o


documentário Skin da Netflix (1h16min). Nesse documentário uma mulher negra e jovem faz
um resgate de sua ancestralidade visitando locais na África em que mulheres utilizam e
comercializam cremes clareadores para obter uma pele menos pigmentada. O documentário
contempla as questões de gênero e raça, pois muito do roteiro está centrado em mulheres e
suas trajetórias como consumidoras e vendedoras dos dermocosméticos clareadores e as
entrevistas apontam dificuldades econômicas, insatisfação com o próprio corpo, racismo,
ascensão social a partir do embranquecimento da pele, entre outras questões. Para esse
momento, sugerimos uma aula compartilhada com o professor ou professora de História,
Sociologia, Filosofia ou Humanidades que, após a exibição do filme, conduzirá em conjunto
os debates sobre a ideologia do branqueamento e o conceito de democracia racial no Brasil.
Incentivar a escrita no diário de bordo sobre as impressões oriundas da exibição do filme, das
discussões com a turma e as próprias vivências.

4.3 Atividade 3

Retomar as discussões sobre o documentário, dessa vez apresentando algumas pessoas


famosas e seu aparente embranquecimento (Figura 4). Apresentar o conceito de Bleaching
para a turma e informar quais foram as famosas citadas que não confirmaram ter se utilizado
da técnica.
Apresentar a relação entre a composição química da hidroquinona e a ação desta na
pele, inserir a discussão sobre a indústria de dermocosméticos e pessoas negras, apresentar
dados sobre saúde da pele de pessoas que se submetem a este tratamento em países da África,
Ásia e Estados Unidos e apresentar discussões sobre mídia, pressão estética e mulheres
negras. Inserir a discussão sobre a presença de grupos fenólicos, sua importância na Química

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CARVALHO, V.; SANTOS, P.
medicinal, a estrutura da hidroquinona, suas características polares e aromáticas. Conceituar a
diferenciação entre álcoois e fenóis e ouvir estudantes que tenham alguma experiência pessoal

Dossiê
com o uso de cosméticos, dermocosméticos ou substâncias clareadoras.

Dossiê
Figura 4. Antes e depois das cantoras Lil Kim, Dencia, Beyoncé, Rihanna e Nicki Minaj
Fonte: Elaborado pelas autoras

Após a aula, dividir a turma em 3 grupos e pedir para que pesquisem um pouco mais
sobre o uso da hidroquinona e a indústria de embranquecimento. As pesquisas e reflexões
sobre a aula deverão ser feitas em grupo, mas a escrita deve ser organizada individualmente
no diário de bordo. Também deverá ser explicada a dinâmica do júri simulado para que a
turma possa se dividir e pesquisar. A divisão dos grupos será: Promotoria (equipe responsável
pela acusação), Defesa (equipe responsável pela defesa da ré) e o corpo de jurados composto
de 5 componentes (equipe responsável pelo veredicto). A professora ou o professor estará no
papel de juíza ou juiz.

4.4 Atividade 4

Nesta aula a proposta será de um júri simulado com o tema “O Caso Beyoncé e o
suposto Bleaching''. A professora, que fará o papel de juíza apresentará o caso para toda a
turma:

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CANTORA BEYONCÉ É ACUSADA DE FAZER USO DE CLAREAMENTO DE
PELE

Considerada uma das maiores cantoras pop do mundo, Beyoncé Knowles, foi envolvida em
uma polêmica que não é novidade para cantoras negras da indústria americana: Tablóides
apontam que durante a sua carreira a cantora lançou mão de procedimentos estéticos para
clarear a cor da pele, estando assim mais próxima de um “padrão aceitável” para a indústria
fonográfica: talentosa, mas não muito negra. Os EUA têm uma tradição grande de cantoras
negras no R&B, jazz e blues, mas na música pop a aura das divas movimenta milhões, não só
por causa do talento musical, mas também da venda de produtos de beleza, cosméticos,
roupas voltadas para fãs da cantora, que se torna um ícone. Cantoras negras que fazem muito
sucesso têm seu talento muitas vezes contestado e, em comparação com cantoras brancas,
ganham muito menos, demoram mais tempo para alcançar sucesso e são negligenciadas em
premiações da indústria. Uma estratégia encontrada por agentes e empresários, que repete
uma movimentação histórica para o corpo de mulheres negras, é fazer com que a cantora
negra seja “menos negra possível” e essas marcações podem se dar no corpo, na forma de
falar e nas escolhas estéticas e musicais. Existe um nome para isso?

Neste júri apresentamos o seguinte caso: A cantora Beyoncé Knowles está sendo acusada de
usar o procedimento bleaching (embranquecimento) durante a sua carreira. Esta estratégia
deverá ser analisada pelas equipes de acusação e defesa, apresentados fatos, provas e uma
argumentação que articule Química, Questões Raciais, História e Gênero para decidirmos
pela resolução do caso.

Com antecedência, os grupos receberão as instruções para o júri simulado. Cada grupo
deverá organizar as suas testemunhas (1 ou 2) entre os componentes deste, assim como cada
grupo deverá escolher um componente para ser o promotor e advogado de defesa. Cada grupo
poderá parar a discussão até 02 vezes para combinação dos argumentos entre o grupo. Os
jurados e juradas devem estar atentas aos argumentos e ao final da discussão, deverá

328 Embranquecer para quê?


CARVALHO, V.; SANTOS, P.
apresentar uma conclusão sobre o problema apresentado. Nos minutos finais da aula, avaliar a
atividade do júri simulado com a turma.

Dossiê
4.4 Atividade 5
Será realizada uma roda de diálogo final, onde a turma deverá fazer uma autoavaliação
sobre o júri simulado e o conjunto de atividades da sequência didática. Também serão

Dossiê
retomadas as questões que deram início às discussões para que a turma analise os discursos e
entendimentos obtidos através das aulas e dos momentos da SD. Também haverá um
momento de compartilhamento sobre a experiência da escrita do diário de bordo e do trabalho
em grupo. Os diários serão recolhidos para posterior análise.

Considerações Finais

O processo de criação desta proposta didática também foi um retorno para nós
mesmas. A reflexão sobre a própria identidade em construção, especialmente uma identidade
docente e mulher negra estimula a reflexão final de que o Ensino de Ciências e de Química
pode ser uma ferramenta potente para a formação de uma identidade em espelho. Aquilo que
somos, ensinamos e aprendemos tem relação com o mundo natural que nos rodeia, as nossas
subjetividades enquanto mulheres negras, nossa relação com os discursos científicos que
ensinamos e as estratégias colonizadoras e de apagamento que existem na história da
humanidade.
A estratégia de propor uma sequência didática que resgate conteúdos de Química e
relacione com processos que vêm desumanizando pessoas negras em todo mundo é potente
não só para fazer-se cumprir as diretrizes propostas em uma lei que incentiva a discussão
sobre temáticas raciais em sala de aula, mas também para colaborar com a construção de um
Ensino de Química que seja um lócus de discussão sobre ciência que incentiva a criticidade
sobre ser e estar no mundo, sobre o racismo e as questões que atravessam e dilaceram a pele e
os corpos negros.

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Esperamos que as atividades propostas colaborem para que as temáticas Étnico-
Raciais estejam cada vez mais presentes da escola básica e que produções antirracistas,
decoloniais e primados em promover igualdade e justiça estejam presentes nas salas de aulas
de ciências e Química.

Referências
CORREIO BRAZILIENSE. Uso de produtos para clarear a pele se populariza em países da
África. Mundo. Disponível em:
https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2018/08/14/interna_mundo,
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330 Embranquecer para quê?


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This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International

License.
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição

4.0 Internacional.

Artigo recebido para publicação em: 31 de maio de 2021.


Artigo aprovado para publicação em: 13 de junho de 2021.

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