Análise Das Emissões Brasileiras de Gases Do Efeito Estufa

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Análise das emissões brasileiras de

gases de efeito estufa


e suas implicações para as metas
climáticas do Brasil
1970 – 2020

2021
ÍNDICE
1 EMISSÕES BRASILEIRAS NO ANO DA PANDEMIA........................................ 03
2 MUDANÇAS NA METODOLOGIA DO SEEG 9............................................... 10
3 EMISSÕES POR SETOR.................................................................................... 13
3.1 Agropecuária.............................................................................................. 13
3.2 Energia...................................................................................................... 19
3.3 Processos Industriais e Uso de Produtos (Piup)................................................. 24
3.4 Resíduos..................................................................................................... 26
3.5 Mudanças de Uso da Terra e Florestas............................................................ 29

4 EMISSÕES ALOCADAS POR ESTADO............................................................. 35


5 O BRASIL E AS METAS DE CLIMA................................................................... 38
5.1 As Metas do Brasil: 2020, 2025 e 2030............................................................ 39
5.2 O legado da Política Nacional sobre Mudança do Clima (2009-2020)................... 41
5.3 A “Nova Primeira NDC”, A “Pedalada de Carbono” e as Metas da Sociedade Civil... 45
5.4 Considerações sobre “Net Zero em 2050” e “Desmatamento Zero em 2030”...... 47

5.5 Conclusão................................................................................................... 48

APÊNDICE........................................................................................................... 49

Autores:
Renata Fragoso Potenza, Gabriel de Oliveira Quintana, Anderson Matheus Cardoso (Imaflora),
David Shiling Tsai, Marcelo dos Santos Cremer, Felipe Barcellos e Silva (Iema), Kaccnny Carvalho,
Iris Coluna (ICLEI), Julia Shimbo, Camila Silva, Edriano Souza, Bárbara Zimbres, Ane Alencar (Ipam),
Claudio Angelo, Tasso Azevedo (Observatório do Clima)

2
F
EMISSÕES BRASILEIRAS
NO ANO DA PANDEMIA
oi de 9,5% o aumento das emissões brutas de gases de
efeito estufa no Brasil em 2020. No ano em que a pan-
demia da Covid-19 parou a economia mundial e causou
uma inédita redução de quase 7% nas emissões globais1,
o país foi na contramão do resto do mundo, tornando-se pos-
01
sivelmente o único grande emissor do planeta a verificar alta.
O total de emissões brutas atingiu 2,16 bilhões de tone-
ladas de CO2 equivalente (GtCO2e)2 no ano passado, contra
1,97 bilhão de toneladas em 2019. O nível de emissões verifi-
cado em 2020 é o maior desde o ano de 2006.

Figura 1. Emissões de gases de efeito estufa do Brasil de 1990 a 2020 (GtCO2e)


3,000

2,500

2,000
Milhões

1,500

1,000

500

0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Energia Processos industriais


Agropecuária Mudança de uso da terra e floresta
Resíduos

1
 egundo estimativas do Global Carbon Project, a redução foi de 6,7%. Ver https://www.globalcarbonproject.org/carbonbudget/20/files/
S
GCP_CarbonBudget_2020.pdf
2
Todas as referências a gás carbônico equivalente (CO2e) neste documento, exceto quando explicitamente especificado de outra forma,
referem-se a GWP-AR5 ou o potencial de aquecimento global em 100 anos do 5º relatório do IPCC.

3
01
EMISSÕES BRASILEIRAS NO ANO DA PANDEMIA

O principal fator a explicar a elevação foi o desmatamento, em


especial na Amazônia e no Cerrado. Os gases de efeito estufa
lançados na atmosfera pelas mudanças do uso da terra aumen-
taram 23,6%, o que mais do que compensou a queda expressi-
va verificada no setor de energia, que na esteira da pandemia
e da estagnação econômica viu suas emissões regressarem ao
patamar de 2011.
Repetindo o comportamento dos anos anteriores, as mu-
danças de uso da terra também foram responsáveis pela maior
46% de das emissões
fatia das emissões de gases de efeito estufa do Brasil: 46% brutas em 2020 vieram
do total bruto, ou 998 milhões de toneladas de CO2 equiva- da mudança de uso
lente (MtCO2e). Quando se considera as emissões líquidas, ou
seja, descontando as remoções (o carbono sequestrado) por
da terra
florestas secundárias e em áreas protegidas e terras indígenas,
essa participação cai para 24% (362 MtCO2e). Em seguida vêm
a agropecuária, com 27% das emissões brutas (577 MtCO2e),
o setor de energia, com 18% (394 MtCO2e), e os processos
industriais, com 5% do total (100 MtCO2e), quase empatado
com o setor de resíduos, que detém 4% das emissões brutas
(92 MtCO2e).

Tabela 1. Emissões de GEE no Brasil 2019 e 2020 (tCO2e – GWP-AR5)

Setores 2019 % 2020 % Variação 2019-2020


Agropecuária 562.987.702 29% 577.022.998 27% 2,5%
Energia 412.466.747 21% 393.705.260 18% -4,5%
Processos Industriais 99.472.616 5% 99.964.389 5% 0,5%
Resíduos 90.399.714 5% 92.047.812 4% 1,8%
Mudança de Uso
806.996.124 41% 997.923.296 46% 23,7%
da Terra e Floresta
Total Emissões
1.972.322.903 2.160.663.755 9,5%
Brutas
Total Emissões
1.336.613.309 1.524.954.161 14,1%
Líquidas

4
As informações vêm da nona edi-
ção do SEEG, o Sistema de Estimati-
vas de Emissões de Gases de Efeito
01EMISSÕES BRASILEIRAS NO ANO DA PANDEMIA

suas emissões em 7,6% ao ano todos os anos entre 2021


e 20303. A IEA (Agência Internacional de Energia), em seu
World Energy Outlook 2021, estimou em 14 bilhões de tone-
Estufa do Observatório do Clima ladas de CO2 equivalente o total de emissões que precisam
(seeg.eco.br). A nova coleção de da- ser abatidas em 2030 para que o mundo entre na trajetória
dos abarca o período de 1970 a 2020 de 1,5°C4. Atualmente, as metas nacionais colocadas na mesa
e mostra duas tendências principais: a nos levam na direção dos 2,7°C5.
primeira é, como também visto no ano É necessário, portanto, aumentar sobremaneira a ambição
de 2019, a franca reversão da redução das ações de mitigação (redução de emissões) para evitar os
de emissões verificada no Brasil entre piores efeitos da mudança do clima. E os dados do SEEG mos-
2004 e 2010. Desde 2010, ano da tram que o Brasil está no caminho inverso. Mesmo com um
regulamentação da PNMC (Política tombo na economia – o PIB em 2020 teve uma retração de
Nacional sobre Mudança do Clima), 4,1% – as emissões de gases de efeito estufa sofreram uma
que estabeleceu a primeira meta aceleração, a maior alta percentual desde 2003. No ano pas-
doméstica de redução de emissões sado, o país ficou mais pobre e poluiu mais.
do Brasil, o país elevou em 23,2% a No mês de maio de 2020, o SEEG publicou uma análise
quantidade de gases de efeito estu- inédita das emissões do Brasil na pandemia. A estimativa geral
fa que despeja na atmosfera todos era de que o país fosse aumentar a quantidade de gases de
os anos. A segunda tendência, pre- efeito estufa que lança na atmosfera em 10% a 20% naquele
ocupante, é que a curva ascendente ano. A previsão se mostrou essencialmente correta, devido ao
de emissões põe o Brasil em desvan- comportamento dos cinco setores avaliados:
tagem para o ano de 2021, quando O setor de energia, como previsto, teve uma redução
se inicia o período de cumprimento forte nas emissões, de 4,6%, em especial devido à recessão
da NDC (Contribuição Nacionalmen- e ao isolamento social no primeiro semestre, que derrubaram
te Determinada), a meta brasileira no o consumo de gasolina no transporte de passageiros. O con-
Acordo de Paris. sumo de eletricidade também se manteve estável, com uma
Grandes emissores de gases de pequena redução, mas as chuvas próximas da média man-
efeito estufa, como o Brasil e os de- tiveram as hidrelétricas operando enquanto mais renováveis
mais países do G20, têm a respon- entravam na matriz, o que reduziu as emissões. O setor de
sabilidade maior pela forte redução processos industriais e uso de produtos se manteve está-
de emissões necessária para cumprir vel, com uma oscilação de 0,5% para cima, na contramão
o objetivo do Acordo de Paris de es- da energia.
tabilizar o aquecimento da Terra em Conforme o previsto, o setor de agropecuária também foi
1,5°C neste século. A janela para atingido pela recessão, mas viu suas emissões aumentar em
que isso ocorra, segundo o IPCC vez de cair: a alta foi de 2,5%, a maior elevação percentual
(Painel Intergovernamental sobre desde 2010, puxada pela redução do consumo de carne - que
Mudanças Climáticas), é estreita: o manteve mais gado no pasto e, portanto, mais metano sendo
mundo inteiro precisaria derrubar emitido pelo rebanho.

3
Pnuma, Emissions Gap Report 2019. Disponível em https://www.unep.org/resources/emissions-gap-report-2019
4
IEA, World Energy Outlook 2021. Disponível em https://www.iea.org/reports/world-energy-outlook-2021/executive-summary
5
UNFCCC, NDC Synthesis Report, 2021. Disponível em https://unfccc.int/sites/default/files/resource/cma2021_08_adv_1.pdf

5
01
EMISSÕES BRASILEIRAS NO ANO DA PANDEMIA

Isso também ocorreu no setor de resíduos, cujas emis-


sões subiram 1,6%. Aqui a alta foi puxada pelo tratamento de
efluentes domésticos e pelo aumento na geração de resíduos
sólidos durante a pandemia.
Depreende-se da análise dos dados do SEEG 9 que a ati-
vidade rural ainda responde pela imensa maioria das emissões
do Brasil. Quando se soma o total emitido por mudança de uso
da terra e as emissões totais da agropecuária, a maior parte de-
las do rebanho bovino, conclui-se que quase três quartos (73%)
das emissões nacionais estão direta ou indiretamente ligadas à
produção rural e à especulação com terras.

Figura 2. Emissões por atividade econômica

2020
2019
2018
2017
2016
2015
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
1999
1998
1997
1996
1995
1994
1993
1992
1991
1990
0% 25% 50% 75% 100%

Agropecuária Indústria
Transporte Comercial, residencial e setor público
Energia

6
01
EMISSÕES BRASILEIRAS NO ANO DA PANDEMIA

A curva das emissões nacionais ainda é, portanto, idênti-


ca à de antes da adoção da Política Nacional sobre Mudança
do Clima, 11 anos atrás. A expectativa era que, ao cumprir as
metas da política – como a redução em 80% da taxa de des-
matamento na Amazônia em 2020 em relação à média veri-
ficada entre 1996 e 2005 –, o país fosse ficar com uma curva
de emissões mais parecida com as das nações industrializadas,
dominada pelo setor de energia.

Figura 3 - Emissões brasileiras por setor, antes e depois da PNMC

1000

800

600
Milhões

400

200

0
Agropecuária Energia Mudança de uso Processos Resíduos
da terra industriais

2010
2020

Como se verá adiante, isso não ocorreu: a meta de 2020


foi cumprida no seu limite menos ambicioso, mas fracassou na
componente de desmatamento. O oposto se verificou: após
a recessão de 2015, a curva de emissões do setor de energia
passou mostrar tendência geral de queda, em parte por um
motivo ruim – a estagnação econômica –, mas em parte tam-
bém por uma boa novidade: a entrada crescente de energias
renováveis na matriz, em especial com a recuperação do etanol
e o barateamento das energias eólica e solar nos últimos anos.

7
01
panorama geral das emissões brasileiras

Entre 1990 e 2020, as emissões brutas de gases de efei-


to estufa (GEE) do Brasil passaram de 2,05 (GtCO2e) para 2,16
GtCO2e. A trajetória das emissões, contudo, teve períodos distin-
tos de crescimento e redução, superando 2,6 GtCO2e em 1995 e
3,02 Gt CO2e em 2003, quando o desmatamento bateu recordes
na Amazônia e no Cerrado, e caindo para 1,7 GtCO2e em 2009
e 2010, anos de menores emissões da série histórica (e de maior
crescimento do PIB no período).
Este relatório também reporta as chamadas emissões líqui-
das do Brasil, que consideram as remoções de CO2 da atmosfe-
ra por alterações do uso da terra (por exemplo, o crescimento
de florestas secundárias no lugar de pastagens) e por manu-
tenção de florestas em áreas indígenas e unidades de conser-
vação. O governo federal prefere reportar às Nações Unidas as
emissões líquidas. Num contexto de uma economia que ruma
para a “emissão líquida zero” em 2050, que é o que se deseja
para o Brasil, o papel das remoções de carbono, em especial
por florestas em recuperação ou regeneração, deve ser cada
vez mais considerado.
O Observatório do Clima entende, porém, que, embora esse
“deságio” da contabilidade das áreas protegidas seja autoriza-
do pela UNFCCC (Convenção Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima), reportar antes as emissões brutas é mais
adequado devido às peculiaridades da metodologia de cálculo
de remoções no inventário brasileiro, que acaba por não repre-
sentar a realidade das remoções atuais, que vêm se reduzindo à
medida que o desmatamento cresce, enquanto na metodologia
oficial, que só considera as áreas protegidas, elas aumentam.
Considerando as remoções, as emissões líquidas do Bra-
sil foram de 1,52 GtCO2e, o que representou um aumento de
13% em relação a 2019, quando elas foram de 1,34 GtCO2e.
O pico de emissões líquidas aconteceu em 2003, quando elas
atingiram 2,65 bilhões de toneladas de dióxido de carbono
equivalente. Desde 2010, quando a PNMC foi regulamentada,

3,2%
o Brasil aumentou suas emissões líquidas em 28% – um aumen-
to proporcionalmente maior que o das emissões brutas. Esse
fenômeno ocorre porque as emissões aumentaram mais rápido
que as remoções.
das emissões Olhando para as emissões globais, o Brasil ocupa o quinto
globais são lugar entre os maiores poluidores climáticos, com cerca de
causadas pelo 3,2% do total mundial ficando atrás apenas de China, EUA,
Brasil, 5º maior
Rússia e Índia. O que é mais grave, as emissões per capita do
emissor do mundo

8
01
panorama geral das emissões brasileiras

Brasil também são maiores que a média mundial. Em 2020, a


média de emissão de CO2 por brasileiro foi de 10,2 tone-
ladas brutas, contra 6,7 da média mundial. Mais uma vez, o
sua ambição e que foi parar na Justi-
ça por violar o princípio de progres-
sividade do acordo do clima. A NDC
desmatamento distorce essa média: a emissão per capita de atualizada mantém a promessa de
Estados amazônicos como Mato Grosso e Rondônia em 2020 cortar 37% das emissões em 2025 em
foi quatro vezes maior do que a dos EUA. As emissões per ca- relação a 2005, e ratifica a meta indi-
pita líquidas foram mais próximas da média mundial, mas ainda cativa de 43% em 2030. No entanto,
assim maiores: 7,2 tCO2e. o faz com uma alteração na base de
A chamada intensidade de carbono da economia também cálculo – como já alertava o Obser-
cresceu. Ou seja, estamos gerando menos riqueza para cada vatório do Clima desde 2016 – que,
tonelada de carbono emitida. O aumento da intensidade de na prática, aumenta em 200 milhões
emissões por unidade de PIB ocorre igualmente por causa da a 400 milhões de toneladas o limite
aceleração do desmatamento, atividade majoritariamente ilegal máximo de emissão do país em 2030
e que gera pouca riqueza. No ano passado, a pandemia agra- em relação ao compromisso de 2015.
vou esse cenário: se em 2019 o país gerava US$ 1.199 por É a chamada “pedalada de carbono”.
tonelada de CO2e emitida, esse valor caiu para US$ 1.050 Com tudo isso, o país entra for-
em 2020. Entre 2003 e 2011 houve um aumento de US$ 538 malmente no período de cumpri-
para US$ 1.032 de PIB gerado para cada tonelada, mas, desde mento do Acordo de Paris, em 2021,
então, o país vem perdendo eficiência. No mundo o índice mé- em situação muito desconfortável do
dio é de US$ 1.583 de PIB gerado por tCO2 emitida. ponto de vista das políticas de clima.
O SEEG 2020 permite finalmente avaliar o cumprimento Os problemas – e algumas soluções
das metas da PNMC e concluir6 que, devido às premissas ex- – nessa agenda crucial para o desen-
tremamente generosas, o país atingiu no limite seu compro- volvimento do país e a proteção de
misso voluntário. A política nacional comprometia o Brasil a seus cidadãos serão apresentados
reduzir 36,1% a 38,9% suas emissões em 2020 em relação a um nas próximas páginas.
cenário hipotético. Nesse cenário, o PIB cresceria 5% ao ano e
toda a nova energia instalada viria de fontes fósseis. Isso inflou
a projeção, de forma que as reduções significassem, ao final
do período, uma emissão máxima de 1,97 bilhão de toneladas
de CO2e GWP-AR2 (no cenário mais ambicioso) ou de 2,068
bilhões de toneladas (no menos ambicioso). Como se verá no
capítulo 5, no qual as peculiaridades do cálculo da meta são
explicadas, nossas emissões em 2020 ficaram ligeiramente
abaixo do limite menos ambicioso, o que permite afirmar
que o Brasil “passou raspando” pela meta.
Este documento também fará uma análise da NDC do Brasil.
Desde 2015, quando a meta de reduzir as emissões líquidas em
37% em 2025 em relação a 2005 foi adotada, o Brasil aumen-
tou essas emissões em 4%. A meta do país no Acordo de Paris,
proposta em 2015, teve em 2020 uma atualização que reduziu

6
 o caso das metas da PNMC os fatores de conversão de CO2e são aqueles do 2o Relatório do IPCC, o AR2, que são menores para metano e
N
óxido nitroso, entre outros.

9
O
MUDANÇAS NA METODOLOGIA
DO SEEG 9
SEEG 9 passou por mudanças metodológicas que alte-
raram toda a série histórica. Esse tipo de aprimoramen-
to é frequente no SEEG e produz modificações nos per-
centuais de variação das emissões de ano a ano. Já no
SEEG 8 as mudanças na forma de cálculo de emissões de uso
02
da terra produziram uma mudança no ano de pico das emis-
sões brasileiras, que passou a ser 2003 e não mais em 2004.
Uma das mudanças mais significativas, dada a importância
do setor para a curva de carbono do Brasil, é que desde 2020,
após dois anos de teste, o SEEG passou a adotar as matrizes
de transição de cobertura e uso da terra do MapBiomas como
base para o cálculo de emissões por MUT (mudança de uso
da terra). Matrizes de transição são os registros das mudanças
que acontecem no uso da terra em todos os biomas brasilei-
ros – seja de vegetação nativa para pasto ou agricultura, seja
de pasto ou agricultura para floresta secundária, por exemplo.
Os inventários nacionais de emissões, realizados quinque-
nalmente pelo MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Ino-
vações), nos quais se baseia o SEEG, utilizam matrizes feitas em
intervalos longos: o país é dividido em várias células e cada cé-
lula é observada duas vezes, por exemplo, em 2002 e 2010, no
caso do Terceiro Inventário, publicado em 2015, ou o período
de 2010 e 2016, no caso do Quarto Inventário. Conhecendo o
carbono estocado na vegetação e nos solos de cada bioma e
MapBiomas passa
para cada classe de cobertura e uso da terra, é possível estimar a ser base para
qual foi a perda ou o ganho em cada célula e dividi-la linear- estimativa de emissão
mente pelo número de anos para estimar as emissões anuais.
A exceção é a Amazônia, para a qual se conhece desde 1988 de uso da terra
a taxa anual de desmatamento de florestas primárias, usada
como proxy para distribuir as emissões em cada período.
Desde a sua primeira edição, em 2013, o SEEG vem ado-
tando o desmatamento como proxy para estimar as emissões
por mudanças de uso da terra, exatamente como faz o MCTI
nas suas atualizações anuais ou bianuais de emissões. Não é
a situação ideal, pois os dados de desmatamento anual ainda

10
02
MUDANÇAS NA METODOLOGIA DO SEEG 9

não estão disponíveis para todos os biomas, além de o méto-


do não capturar as tremendas variações da dinâmica de uso
da terra no país. Este foi o principal motivador para o início
cluía o segundo semestre de 2003,
de alta devastação.
Outra mudança relevante foi que
do projeto MapBiomas, em 2015. Ele desenvolveu uma série o SEEG começou a incorporar como
histórica de mapas anuais de cobertura e uso da terra desde base para as estimativas, já em
1985 que permitem gerar as matrizes de transição necessárias 2020, o Quarto Inventário Nacional
para aplicar a metodologia completa do inventário para cada de Emissões e Remoções de Gases
ano no Brasil. de Efeito Estufa, do MCTI, que até
Num exemplo hipotético, se uma área que era floresta em a publicação do SEEG 8, em 2020,
2002 foi convertida para agricultura em 2010, agora é possível ainda não havia sido lançado. Após
saber se ela virou uma pastagem em 2003 ou se foi abando- o lançamento do inventário, fatores
nada em 2005 e virou um início de floresta secundária até ser de emissão e novas metodologias do
novamente desmatada em 2009 – e estimar como as emissões novo inventário foram amplamente
e remoções de carbono variaram em cada ano. incorporados aos setores de MUT,
Para o cálculo de emissões no MUT (Mudança de Uso Agropecuária e Resíduos, tornando
da Terra), foram atualizadas as estimativas com os fatores as estimativas mais precisas. No se-
de emissão e remoção do Quarto Inventário Nacional e dos tor agropecuário, por exemplo, isso
mapas anuais da mais recente coleção lançada pelo MapBio- causou uma mudança na série histó-
mas (https://mapbiomas.org/), a Coleção 6, com ganhos na rica, principalmente no subsetor de
acurácia dos mapas e inclusão de novas classes além do ano solos manejados – que respondia por
de 2020. A única exceção é o último ano da série tempo- 32% do total das emissões do agro
ral (2020), pois dados de transição carregam incertezas por em 2019, por exemplo, fatia que foi
não terem um ano posterior de confirmação das mudanças. ajustada para 29%.
Para o ano de 2020 e para os biomas Amazônia e Cerrado,
com monitoramento anual oficial e dada as maiores taxas de
desmatamento do país, a taxa de desmatamento foi utilizada
como proxy para estimar as emissões, os demais biomas fo-
ram repetidas as emissões de 2019.
O uso do MapBiomas traz outros dois avanços relevan-
tes, que também impactam toda a série histórica de emis-
sões brasileiras: a inclusão da supressão e regeneração da
vegetação secundária e o uso do ano civil (janeiro-dezembro)
para o cálculo das transições, incluindo o desmatamento.
Devido à cobertura de nuvens da Amazônia nos meses
de primavera e verão, o desmatamento sempre foi estimado
pelo sistema Prodes, do Inpe, no período que vai de agosto
de um ano a julho do ano seguinte, porque as imagens de
satélite eram adquiridas na estação seca. A mudança do cha-
mado “ano-Prodes” para ano-calendário faz, por exemplo,
com que o ano do pico de emissões do Brasil no SEEG passe
a ser 2003 e não mais 2004, porque o desmatamento recorde
de 27,8 mil quilômetros quadrados reportado para 2004 in-

11
Tabela 2.
02
MUDANÇAS NA METODOLOGIA DO SEEG 9

 rincipais diferenças entre as emissões dos setores do SEEG 8 para o SEEG 9, decorrentes
P
das mudanças de metodologia do Terceiro para o Quarto Inventário Nacional de Emissões
e Remoções de GEE

Mudanças Metodológicas Variação entre


Subsetor Adição/remoção de fonte Atualizações/ SEEG 8 e SEEG 9
de emissão aperfeiçoamentos (Ano 2019)

SETOR AGROPECUÁRIO
Fermentação Atualização dos valores dos rebanhos 0,42%

Entérica animais (dados de atividade) +1,52 MtCO2e
Manejo de Dejetos Atualização dos valores dos rebanhos 13,37%

Animais animais (dados de atividade) +3,15 MtCO2e
Utilização de dados mais precisos -6,28%
Cultivo de Arroz –
de arroz irrigado -0,77 MtCO2e
Queima de Resíduos Utilização das equações e fatores de -91,94%

Agrícolas emissão do 4º Inventário Nacional -4,90 MtCO2e
Atualização dos valores dos
dados de atividade
Ajuste na equação de cálculo da emissão
de fertilizantes sintéticos para o -18,02%
Solos Manejados –
4º Inventário Nacional -34,69 MtCO2e
Ajuste na equação de cálculo da
emissão de resíduos agrícolas para o
4º Inventário Nacional

SETOR RESÍDUOS
Ajuste em parâmetros das equações
(e.g composição gravimétrica e taxa -7,2%
Disposição final
constante de geração de metano) - 4,1 MtCO2e
para o 4º Inventário Nacional
Tratamento de Ajuste no parâmetro Fator de Correção
-28%
efluentes líquidos de Metano, calculado com base nos
- 1,5 MtCO2e
industriais resultados do4º Inventário Nacional

MUDANÇA DE USO DA TERRA E FLORESTAS


Adoção das matrizes de transição da
Alterações de Coleção 6 do MapBiomas e atualização 162 MtCO2e
Uso da Terra dos fatores de emissão e remoção de GEE 16,7%
com base no 4º Inventário Nacional
OBS: Os setores de Energia e Processos Industriais (PIUP) ainda utilizam a metodologia da 3ª Comunicação Nacional. As
atualizações conforme a 4ª Comunicação Nacional serão concretizadas na próxima coleção do SEEG. De todo modo, avalia-
se que a diferença no total de emissões estimado por meio das metodologias da 3ª e da 4ª Comunicação Nacional tem
pouca expressão nesses dois setores.

12
3.1 Agropecuária
EMISSÕES POR SETOR

Em 2020 as emissões do setor de agropecuária totalizaram


577 milhões de toneladas de CO2 equivalente (GWP-AR5),
um aumento de 2,5% em relação ao ano anterior (562,9
03
milhões). É o maior incremento de um ano para o outro desde
2010 num setor marcado por uma tendência histórica de alta,
mas com pequenas oscilações anuais para cima e para baixo,
além de representar a maior emissão do setor até o momento.
No setor de Agropecuária são contabilizadas as emissões
provenientes da digestão dos animais ruminantes, que emite
metano – o popular “arroto” do boi – (Fermentação Entérica),
do tratamento e disposição que os dejetos desses animais re-
cebem (Manejo de Dejetos), do cultivo de arroz irrigado (Cul-
tivo de Arroz), da queima dos resíduos agrícolas do cultivo de
cana-de-açúcar e algodão (Queima de Resíduos Agrícolas) e as
originadas pela forma de como os solos agrícolas são maneja-
dos, considerando o incremento de nitrogênio via utilização de

65%
insumos e operações agrícolas (Solos Manejados).
O subsetor que mais contribuiu com as emissões do agro
foi novamente a fermentação entérica apresentando uma
emissão de 373 MtCO2e, 65% do total, um incremento de das emissões
1,5% em relação a 2019. Assim, as emissões de CH4 (metano) diretas da
agropecuária vêm
geradas pela digestão dos ruminantes respondem por quase
de fermentação
dois terços das emissões do setor, com destaque para os re- entérica
banhos de bovinos de corte e de leite, que juntos totalizam
96,9% dessas emissões.
Em seguida, com 166 milhões de toneladas e um crescimen-
to de 5,4% em relação a 2019 (158 milhões de toneladas), vêm os
solos manejados, ou as emissões diretas da agricultura. Nessas
emissões de N2O (óxido nitroso), destacam-se as provenientes
do uso de dejetos de bovinos de corte utilizados como adubo e
dispostos no pasto, juntamente do uso de fertilizantes sintéti-
cos, respondendo por 29% e 18% do subsetor, respectivamente.

13
Além disso, com 13% de participação e fonte de emissão de
CO2 (dióxido de carbono), a calagem (aplicação de calcário) veio
logo atrás como a terceira maior fonte de emissão do subsetor.
03 EMISSÕES POR SETOR

Os demais subsetores como Manejo de Dejetos Animais,


Cultivo de Arroz e a Queima de Resíduos Agrícolas constituem
os 6,5% restantes das emissões.

Figura 4.  volução das emissões de GEE do setor agropecuário por subsetor no período de
E
1970 até 2020

600
Milhões de toneladas de CO2e (GWP – AR5)

450

300

150

0
1970 1973 1976 1979 1982 1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2009 2012 2015 2018 2020

Cultivo do arroz Queima de resíduos agrícolas


Fermentação entérica Solos manejados
Manejo de dejetos animais

No total, a produção de bovinos domina as emissões do


agro: a criação de bois e vacas responde por nada menos que
75% das 577 milhões de toneladas emitidas pelo setor, dividi-
das entre gado de corte (65,6%) e de leite (9,3%). Diretamente,
sem contar o desmatamento, a pecuária bovina no Brasil emite
mais do que países como a Itália e a Argentina. A terceira ati-
vidade do setor de agropecuária foi o uso de fertilizantes sin-
téticos, com o total de 5,2% de participação. As demais fontes
diretas de emissão representam os 19,9% restantes.

14
Figura 5.

700
03 EMISSÕES POR SETOR

Emissões de GEE do setor agropecuário pelas principais fontes no período de 1990 até 2020

600
Milhões de toneladas de CO2e (GWP – AR5)

500

Fertilizantes
400 sintéticos
Gado
de leite
300
Gado
de corte
Demais
200

fontes
100

0
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1985 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020

Desde 1970, as emissões do setor agropecuário saltaram 5,3 milhões de toneladas, um aumen-
171,1%, atreladas principalmente ao aumento da população to de 20% em relação a 2019. As ra-
total de bovinos e ao uso de fertilizantes sintéticos. Nesse con- zões dessa elevação tão expressiva
texto, em 2020 as emissões de pecuária e agricultura aumen- ainda estão sendo investigadas, mas
taram 1,4% e 7,2%, respectivamente, sendo que a produção elas podem ter relação com o desem-
agropecuária no país manteve a tendência de crescimento de penho geral a agricultura: a produção
forma satisfatória, com seu PIB crescendo 2,2%. de grãos alcançou mais um recorde,
A pandemia explica parte do crescimento das emissões do com o aumento de 5%, um total de
setor. Com a crise, o consumo de carne caiu no Brasil em 2020. 255,4 milhões de toneladas produzi-
Segundo o IBGE, a produção de carcaças de bovinos caiu 4,8% das de cereais, leguminosas e oleagi-
e o rebanho cresceu 1,5%, de 215 milhões para 218,2 milhões nosas. Esse aumento ocorreu em uma
de cabeças. Para o mesmo período, foram abatidas 29,9 mi- área de 83,4 milhões de hectares,
lhões de cabeças, 7,9% a menos do que o alcançado em 2019, sendo 2,7% maior do que de 2019. O
ano recorde de abates com 32,45 milhões de cabeças. destaque fica para as culturas da soja,
Mais bois no pasto significa mais fermentação acontecendo milho, café, cana-de-açúcar e algo-
e mais emissão de metano. O gado de corte aumentou em 1,7% dão, os quais também tiveram novos
suas emissões. Mas o crescimento percentual mais expressivo recordes de produção. Isso resultou
veio dos solos manejados. Ele foi puxado sobretudo pela ex- na maior receita bruta vista até então,
plosão no uso de fertilizantes sintéticos, cujas emissões subiram com R$ 470,5 bilhões.
17,4%. O consumo de fertilizantes em 2020 foi o maior já re-
gistrado na história do Brasil, mesmo no cenário de pandemia:

15
No nível estadual, houve redução das emissões da agrope-
cuária somente no Amazonas (-0,4%), na Bahia (-1,5%) e no Rio
Grande do Sul (-4,6%). Para todos os demais Estados houve
03 EMISSÕES POR SETOR

aumento, à exceção de Mato Grosso do Sul, com emissões


praticamente estabilizadas em 46 milhões de toneladas de
CO2e (GWP – AR5).

Figura 6. Ranking das emissões estaduais do setor agropecuário em 2020

90
85,3
Milhões de toneladas de CO2e (GWP – AR5)

80

70

58,6 58,2
60

47,8 46,0
50 44,9
40 35,2
30,9 30,1
30
25,5
22,1
20
19,2
15,5
10 7,6 7,4 6,6 5,9 5,5
5,4 3,6 3,5 3,4
2,7 2,6 2,1 0,8 0,4
0
MT G0 MG PA MS RS SP PR RO BA TO MA SC AC CE PE Rj ES PI AL PB AM RN SE RR AP DF

O Estado mais emissor foi Mato Grosso, com 85,3 milhões Já para as emissões de fertilizan-
de toneladas de CO2e, 3,7% a mais que no ano de 2019 e tes sintéticos, o Rio Grande do Sul foi
respondendo por 14,8% das emissões nacionais de agrope- o mais emissor com 19,7% de parti-
cuária. Essa posição, ocupada desde 2003, é justificada, prin- cipação. Mesmo sendo o segundo
cipalmente, pelo fato de o Estado ter o maior rebanho bovino estado que mais consumiu o insumo,
do país, com mais de 32 milhões de cabeças em 2020 (+2,3%), figura como o maior emissor devido
além de ser o que mais consumiu fertilizantes sintéticos, um a contabilização das emissões de fer-
total de 945 mil toneladas. tilizantes utilizadas nas áreas de cul-
Logo em seguida, aparecem Goiás e Minas Gerais, prati- tivo de arroz inundado, cultivo em
camente com as mesmas emissões de 58,6 e 58,2 milhões de que o estado é líder. Em seguida
toneladas de CO2e. Juntos, esses três Estados respondem por aparecem os estados de Mato Gros-
35% das emissões nacionais. so (16,1%), São Paulo (13,3%), Minas
Os Estados de fronteira agropecuária foram marcados Gerais (12,6%) e Goiás (8,5%).
pelo aumento do rebanho bovino e uso de fertilizantes sintéti-
cos. Além de Mato Grosso (15%), Goiás (11%) e Minas Gerais
(11,3%) também serem os Estados com maiores emissões re-
sultantes do rebanho bovinos, Pará e Mato Grosso do Sul tam-
bém estão entre os maiores emissores pela fonte, com 9,9% e
8,7% de participação.

16
CARBONO NO SOLO: A VANTAGEM QUE O BRASIL NÃO CONTA
Compreender as emissões do setor de
03 EMISSÕES POR SETOR

Nas fontes de emissão são consideradas as


agropecuária de forma atualizada e atendendo lavouras sob sistema de plantio convencional e
à metodologia mais atual do 4° Inventário as pastagens degradadas, enquanto as fontes
Nacional é fundamental para atender às de remoção são as lavouras sob sistema de
metas climáticas no âmbito do Acordo de plantio direto, as pastagens bem manejadas,
Paris e para que as tomadas de decisão sejam florestas plantadas e sistemas de integração
pautadas na promoção de uma produção lavoura-pecuária-florestas (ILPF), que vêm se
de baixas emissões. Nesse sentido, a disseminando no Brasil na última década.
mensuração do balanço de carbono do solo é Em 2020, o balanço de carbono no solo
imprescindível para guiar esses esforços em resultou em uma remoção líquida estimada
busca da mitigação de emissões pelo setor. de 150,1 milhões de toneladas de CO2e,
Desde 2015, o SEEG faz estimativas do representando um aumento na remoção líquida
carbono emitido e removido pelo solo, que de 2,6% em relação ao balanço de 2019, estimado
ainda não são contabilizadas pelos inventários em 146,3 milhões de toneladas de CO2e.
nacionais de emissões. Trata-se de uma herança As emissões de carbono no solo apresentaram
potencialmente positiva da Política Nacional elevação de 1,9%, resultando em uma emissão
sobre Mudança do Clima, com a disseminação total de 65,7 milhões de toneladas de CO2e.
de tecnologias de ABC (Agricultura de Enquanto as remoções também tiveram
Baixa Emissão de Carbono) que o país ainda aumento (2,4%), alcançando 215,8 milhões de
não computa para fins de verificação do toneladas de CO2e, contribuindo para gerar uma
cumprimento de suas metas climáticas. remoção de carbono pelo solo maior em 2020.

Figura 7. Balanço de emissões de carbono pelo solo do setor agropecuário em 2020

40 38,6
27,0
Milhões de toneladas de CO2e (GWP – AR5)

20

- 6,1 Florestas plantadas


-20

Sistemas integrados lavoura-pecuária-


-40 floresta

- 50,6 Lavouras cultivadas sob sistema


- 53,6
-60 plantio direto

-80
Pastagem bem manejada

Lavouras cultivadas sob sistema


-100
convencional
- 105,5
-120
Pastagem degradada

17
A principal fonte de emissão são
as pastagens degradadas, com uma
emissão estimada de 38,6 milhões de
03 EMISSÕES
EMISSÕES
POR POR
SETOR
SETOR

Metas de expansão e de potencial de


Tabela 3.
mitigação de GEE pelo Plano ABC+ (2020 – 2030)

toneladas de CO2e e respondendo Meta de Potencial de


por uma área de mais de 80,9 SPSabc mitigação de GEE
expansão (milhões de tCO2e)
milhões hectares em pastagens em
algum grau de degradação em 2020, Práticas para
segundo o MapBiomas. Além disso, Recuperação 30 milhões de
113,7
muitas vezes são áreas de baixa de Pastagens hectares
produtividade, com pequena taxa de Degradadas (PRPD)
lotação animal (unidades animais 7 Sistema de Plantio
12,58 milhões
por hectare) e com pouca qualidade Direto de Grãos e 47,59
de hectares
em seu manejo. Hortaliças
Buscar a expansão de boas práticas Sistemas de
agropecuárias, com o fomento e Integração Lavoura-
adoção de tecnologias de mitigação Pecuária-Floresta
10,1 milhões
37,9
e adaptação, ainda mais em áreas de hectares
(ILPF) e Sistemas
já antropizadas, é fundamental Agroflorestais (SAF)
para gerar o efeito “poupa-
Florestas 4 milhões de
terra”, reduzindo a pressão por Plantada (FP) hectares
510
desmatamento de novas áreas.
13 milhões de
Nesse sentido, o Plano ABC, o Bioinsumos (BI) 20
hectares
plano setorial da agropecuária criado
em 2009 e incorporado em 2010 Sistemas 3 milhões de
50
à PNMC, deve ser cada vez mais Irrigados (SI) hectares
escalado e difundido, justamente Manejo de Resíduos 208,4 milhões
por estimular o desenvolvimento de Produção Animal de m³ resíduos 277,8
do setor com baixas emissões. Em (MRPA) tratados
2021 o plano entrou em seu novo Terminação 5 milhões de
ciclo, renomeado para Plano Setorial 16,24
Intensiva (TI) animais
para Adaptação à Mudança do
Clima e Baixas Emissão de Carbono TOTAL 1.110,34
na Agropecuária (ABC+), até 2030.
A atualização do plano incorporou
novas tecnologias de baixas
emissões, agrupadas, juntamente
com as que já estavam presentes,
sendo renomeadas de SPSabc
(sistemas, práticas, produtos e
processos de produção sustentáveis),
com novas metas de expansão.

7
Uma UA equivale a um bovino de 450 kg de peso vivo.

18
03
EMISSÕES
EMISSÕES
POR POR
SETOR
SETOR

Caso a meta seja alcançada ao final desse ciclo novo, o


Plano ABC+ poderá ser responsável pela mitigação de
1,11 bilhão de toneladas de CO2e. Seria o equivalente
a dois anos inteiros inteiros de emissões do setor,
considerando a média da última década.
3% do plano safra No entanto, o financiamento do ABC+ enfrenta os
foi o financiamento mesmos desafios que a fase anterior do programa:
o Programa ABC, conjunto de linhas de crédito que
máximo do implementam as tecnologias do Plano ABC, tem se
Programa abc mantido em patamares historicamente baixos do
Plano Safra, nunca superiores a 3% do total do crédito
agropecuário, mesmo com o aumento do valor de
crédito concedido pelo Plano Safra nos últimos anos.
Tendo em vista os desafios e as metas deste novo ciclo
do Plano ABC+, é fundamental que esse financiamento
seja rapidamente escalado para que a promessa de
mitigação e adaptação do ABC não permaneça no papel.

3.2 Energia
As emissões do setor de energia são provenientes da queima
de combustíveis em atividades como transportes, indústria e
geração de eletricidade; além das chamadas emissões fugiti-
vas, causadas pelo escape de gases de efeito estufa durante a
produção de combustíveis (como a fuga de metano na explo-
ração de petróleo e gás natural).
Em 2020, esse setor totalizou 393,7 milhões de tone-
ladas de CO2e emitidas, o que representa uma queda de
4,6% em relação a 2019, bem como o menor valor observado
para o setor desde 2011.

19
Figura 8. E
Energia (1970 – 2020)
03
 missões de gases de efeito estufa no setor de
EMISSÕES POR SETOR

500m

450m

400m
tCO2e (GWP – AR5)

350m

300m

250m

200m

150m

100m

50m

0m
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

A pandemia de Covid-19, que pela necessidade de medi-


das de distanciamento social causou retração das atividades
econômicas no país e no mundo, foi a principal responsável
pela diminuição das emissões do setor de energia. Esse se-
tor pode ser dividido em seis grandes atividades emissoras,
que estão intrinsecamente relacionadas com o desempenho
econômico do Brasil. Em ordem decrescente de emissões em
2020, tais atividades são: (i) Transportes, (ii) Produção de Com-
bustíveis, (iii) Consumo Energético Industrial, (iv) Geração de

5,6%
Eletricidade, (v) Consumo Energético em Edificações (residen-
ciais, comerciais e públicas) e (vi) Agropecuária.
A queda de emissões em 2020 em relação a 2019 foi fruto
do decréscimo das emissões de Transportes (-5,6%), que é, de foi a queda em
longe, a atividade mais emissora do setor; da Indústria (-6,9%), 2020 nas emissões
que, em retração, vem diminuindo suas emissões desde 2015; e dos transportes,
da Geração de Eletricidade (-10,8%), que, para além da eco- atividade mais
nomia, também tem suas emissões fortemente influenciadas emissora do setor
de energia
pela dinâmica de geração de energia elétrica por meio de fontes
fósseis ou renováveis (principalmente a hidráulica).

20
As outras três atividades emissoras tiveram leve incremento
de emissões. A Produção de Combustíveis (+1,9%) foi puxa-
da pela continuidade da exploração de petróleo e gás natural
03 EMISSÕES POR SETOR

mesmo com a pandemia. O Consumo Energético em Edifica-


ções (+2,2%) foi influenciado por maiores emissões residen-
ciais; uma vez que muitas pessoas permaneceram mais tempo
em suas casas, o consumo de GLP (gás de cozinha) nas residên-
cias aumentou, mas teve relevante diminuição em comércios.
Assim, enquanto as emissões em residências em 2020 foram
0,9 milhão de toneladas de CO2e maiores do que em 2019, as
emissões em comércios e prédios públicos foram 0,2 milhão de
toneladas menores. Por fim, as emissões devido à queima de
combustíveis em atividades de Agropecuária (+1,6%), como
a queima de diesel em máquinas agrícolas, permaneceu em
tendência de elevação.

Figura 9. Emissões de gases de efeito estufa nas atividades do setor de energia (1970 – 2020)

220m

200m

180m
tCO2e (GWP – AR5)

160m

140m

120m Transportes
100m Indústria
80m
Edificações
60m
Produção de combustíveis
40m
Geração de eletricidade
20m

0m Agropecuária
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Mesmo em um cenário pandêmico sem precedentes, a que- apesar de a diminuição das emissões
da de emissões no setor de energia não foi a maior observada em 2020 em relação a 2019 ter sido
na série histórica disponível (1970 – 2020). A queda no setor bastante relevante, ela não destoa
em 2016, por exemplo, foi de 7,3%, contra 4,6% em 2020. Em completamente de quedas já obser-
2016, assim como em 2020, uma economia desacelerada mes- vadas nos últimos anos (as emissões
clada com uma maior participação de fontes renováveis na ma- de energia apresentam uma trajetó-
triz energética brasileira gerou redução de emissões. Ou seja, ria decrescente desde 2015).

21
3.2.1 Transportes
Os números mostram que a atividade de transporte teve a
maior queda absoluta de emissões do setor de energia. En-
03EMISSÕES POR SETOR

abastecimento (R$/km) acabam por


determinar se a gasolina ou o eta-
quanto em 2019 esse subsetor emitiu 196,5 milhões de to- nol será mais consumido pelos veí-
neladas de CO2e, o valor observado em 2020 foi de 185,4 culos bicombustíveis, que compõem
milhões de toneladas. O decréscimo foi, portanto, de 11,1 a maior parte da frota de passeio do
milhões de toneladas, o que equivale às emissões geradas país. Em 2020, no entanto, a queda
em todas as usinas termelétricas movidas a carvão mineral no observada para os dois indica forte re-
país em 2020. tração na movimentação de pessoas,
Com a pandemia de Covid-19, o consumo de combustíveis em consonância com o cenário pan-
no transporte de passageiros caiu de maneira expressiva. Des- dêmico de menos deslocamentos.
taca-se o querosene de aviação, que teve queda de 42,8% em
sua demanda de 2020 em relação à de 2019. Também apre-
sentaram queda de consumo tanto a gasolina C (-6,4%) quanto
o etanol hidratado (-14,7%). Estes dois combustíveis costumam
ter comportamentos complementares: quando um deles tem
seu consumo aumentado o do outro tende a diminuir. Isso
ocorre por serem ambos utilizados essencialmente em auto-
móveis e motocicletas, sendo que os preços nos postos de

Figura 10. Consumo de combustíveis nos transportes (1970 – 2020)

40m
toneladas equivalentes de petróleo (tep)

35m

30m
Óleo diesel
25m
Gasolina C
20m Etanol hidratado

15m Querosene de aviação


Gás natural
10m
Óleo combustível
5m
Gasolina de aviação
0m
Outros
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Fonte: Balanço Energético Nacional 2021 Ano-base 2020 (Ministério de Minas e Energia)

22
03
EMISSÕES POR SETOR

Já o consumo de óleo diesel, majoritariamente utilizado no


transporte de cargas, manteve-se estável. Porém, a parcela de
biodiesel – um biocombustível produzido principalmente por
meio de soja – misturada ao diesel de petróleo continuou cres-
cendo, passando de 10% do volume total de óleo diesel consu-
mido em 2019 para 11% em 2020. A queima de biocombustí-
veis, segundo metodologia indicada pelo IPCC para inventariar
emissões nacionais, é considerada neutra em emissões de CO2,
pois todo carbono emitido fora anteriormente capturado da at-
mosfera durante o crescimento da cultura vegetal que serviu
de matéria-prima para a fabricação desses combustíveis. Dessa
maneira, o transporte de cargas também teve suas emissões
reduzidas, mas em intensidade bem menor.
Com isso, as emissões do transporte de passageiros foram
10% menores em 2020 em comparação com 2019, enquanto
o transporte de cargas, um serviço que foi tido como essen-
cial durante a pandemia, teve suas emissões diminuídas em
apenas 1,6%.

3.2.2 Geração de Eletricidade


Se os transportes apresentaram a maior queda absoluta de
emissões, a maior queda percentual ocorreu no subsetor de
geração de eletricidade. Este reúne as emissões provenientes
da queima de combustíveis em usinas termelétricas, e o total
11,1% foi a queda na emitido em tal atividade caiu quase 11% de 2019 para 2020.
geração termelétrica Em 2020, mesmo na pandemia, a demanda por eletricidade
fóssil, graças à no Brasil se manteve relativamente estável, com variação de ape-
nas -0,8% em relação ao ano anterior. A quantidade de eletricida-
pouca variação de gerada via hidrelétricas também se manteve constante (-0,4%),
das hidrelétricas enquanto outras fontes renováveis tiveram, ao todo, sua geração
e ao aumento das expandida em 7,6%. Com isso, foi possível diminuir em 11,1% a
geração termelétrica a combustível fóssil, que além de emissora
renováveis em 2020 é mais cara. Destaca-se a alta queda da eletricidade gerada via
carvão mineral, fonte das mais custosas e de maior intensidade de
carbono: entre 2019 e 2020, o carvão gerou 22,1% menos.
Devido a essa dinâmica, as emissões da geração de ener-
gia elétrica caíram de 51,8 milhões de toneladas de gases de
efeito estufa em 2019 para 46,2 milhões em 2020. Há, porém,
a expectativa de forte aumento das emissões dessa atividade em
2021, devido à crise hídrica que prejudicou a geração hidrelétrica
e forçou o acionamento de térmicas emissoras por mais tempo.

23
Figura 11. Geração

650.000

600.000
de Eletricidade por Fonte (1970 – 2020)
03
EMISSÕES POR SETOR

550.000

500.000

450.000

400.000

350.000
GWh

300.000

250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

0
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020

Geração total Hidrelétrica


Termelétrica a combustível fóssil Outras renováveis (biomassa, eólica e solar)
Termelétrica a energia nuclear

3.3 Processos Industriais e Uso de Produtos


(PIUP)
No setor de Processos Industriais e Uso de Produtos (PIUP) são
contabilizadas as emissões provenientes de transformações fí-
sicas ou químicas de materiais na indústria. Em 2020, esse se-
tor emitiu 100 milhões de toneladas de CO2e, valor que se
manteve próximo à média de emissões de PIUP nos últimos
dez anos.
As duas maiores atividades emissoras em processos indus-
triais são a produção de ferro gusa e aço – que emitiu 38,8
milhões de toneladas de CO2e em 2020, valor 5,4% menor em
relação ao ano de 2019 – e a produção de cimento – responsá-
vel pela emissão de 22 milhões de toneladas de gases de efei-
to estufa em 2020, um crescimento de 7,6%. Esses números
são resultado, por um lado, da diminuição da produção de aço
e, por outro, da recuperação da demanda por cimento desde
2019, após forte queda entre 2015 e 2018.

24
Figura 12.

100M
 missões de gases de efeito estufa no setor de
E
Processos Industriais e Uso de Produtos (1970 – 2020)
03 EMISSÕES POR SETOR

90M

80M

70M
tCO2e

60M

50M

40M

30M

20M

10M

0M
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Figura 13.  missões de gases de efeito estufa em atividades do setor de


E
Processos Industriais e Uso de Produtos (1970 – 2020)

45m

40m

35m
tCO2e (GWP – AR5)

30m

25m

20m

15m

10m

5m

0m
1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Produção de ferro gusa e aço


Produção de cimento

25
3.4 Resíduos
03 EMISSÕES POR SETOR

Em 2020, o setor de resíduos foi responsável pela emissão de


92 milhões de toneladas de CO2e, um discreto aumento (1,8%)
em relação ao ano anterior. Desse total, a maior parte está as-
sociada à disposição de resíduos sólidos em aterros controla-
dos, lixões e aterros sanitários (64%), seguida pelo tratamento
de efluentes líquidos domésticos (28%), tratamento efluentes
líquidos industriais (6%), incineração ou queima a céu aberto
(2%) e, com menor contribuição, o tratamento biológico por
meio de compostagem (<1%), como ilustrado na figura abaixo.

Figura 14. Distribuição das emissões do setor de resíduos em 2020

64%

28%

6%

2%

0,06%

Disposição de resíduos sólidos


Tratamento de efluentes domésticos
Tratamento de efluentes líquidos industriais
Incineração ou queima a céu aberto de resíduos
Tratamento biológico

Historicamente, as emissões setoriais são marcadas pelo


crescimento acentuado, com certa estabilização nos últimos
anos, associado ao aumento da população e a avanços no
acesso aos serviços de saneamento, conforme pode ser obser-
vado na figura abaixo.

26
Figura 15.
milhões de toneladas de CO2e

Série histórica (1990 a 2020) das emissões do setor de resíduos


03EMISSÕES POR SETOR

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Disposição de resíduos sólidos Tratamento de efluentes domésticos


Incineração ou queima a céu aberto de resíduos Tratamento de efluentes líquidos industriais
Tratamento biológico

3.4.1 Disposição final de resíduos sólidos


Em 2020, a disposição final foi responsável pela emissão de
59,2 MtCO2e. Além do crescimento populacional e aumento
na geração de resíduos apresentados desde 1970, também se
observa uma ampliação do acesso aos serviços de gestão de
resíduos sólidos urbanos (RSU), em especial na taxa de coleta
e nos índices de disposição final ambientalmente adequada.
As emissões de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) em

10%
aterros sanitários representam umas das principais emissoras
de gases de efeito estufa em regiões metropolitanas.
Com a pandemia, levantamentos iniciais indicaram um au-
foi o aumento mento de 10% na geração de resíduos no ano de 2020. Como
na geração de a taxa de geração oscila bastante no decorrer dos anos, esse
resíduos sólidos
aumento, por si, não basta para impactar de forma significativa
em 2020
as emissões setoriais. Ainda são aguardadas informações ofi-
ciais sobre o ano de 2020 para compreender melhor o impacto
da pandemia nas emissões de resíduos.
Em relação ao potencial de abatimento de emissões do
subsetor, destaca-se que no Brasil existem diversos projetos de
recuperação de biogás de CH4 (de 2003 a 2020 foram contabili-
zados 49 projetos na plataforma de consulta de Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo da UNFCCC). Desde 2003, 117 milhões
de toneladas de CO2e foram recuperadas por meio da queima
ou do aproveitamento energético do biogás. Esses aterros fo-
ram responsáveis pela recuperação de cerca de 12 MtCO2 e em
2020. A partir de uma projeção bastante simplificada, manten-
do as atuais taxas de desvio de aterros sanitários e recuperação

27
03 EMISSÕES POR SETOR

de metano, estima-se que encaminhar os resíduos para aterros


sanitários sem contemplar etapas de valorização do resíduo co-
letado pode gerar um acréscimo anual nas emissões de cerca
segundo subsetor que mais contribui
para as emissões relacionadas com a
gestão de resíduos.
de 10 milhões a 20 milhões toneladas de CO2e, evidenciando As emissões relacionadas com
ainda mais que a gestão de resíduos sustentável deve priorizar tratamento de efluentes líquidos
as cadeias de redução de geração, bem como promover o in- domésticos estão fortemente corre-
vestimento nas rotas de valorização dos materiais coletados. lacionadas com a população, bem
como as rotas de tratamento adota-
das (ou não adotadas, quando fala-
3.4.2 Tratamento biológico mos sobre o esgoto não coletado).
Como a quantidade de resíduos encaminhada para esse tipo Mesmo com o advento da Lei
de tratamento biológico por meio de compostagem é baixa, 14.026/2020, atualizadora do mar-
as emissões de GEE do subsetor também são pouco signifi- co legal do saneamento básico, os
cativas, apesar de apresentarem um crescimento acentuado números de saneamento básico no
desde 1990. Em 2020, o subsetor foi responsável pela emissão Brasil ainda não são satisfatórios, in-
de cerca de 0,54 MtCO2e, contribuindo com menos de 1% do dicando que ainda estamos longe da
total das emissões do setor de resíduos universalização. Por meio do com-
portamento das emissões ainda não
é possível observar a efetividade do
3.4.3 Incineração e queima a céu aberto
marco legal, nem como ela se reflete
Em 2020, o subsetor foi responsável pela emissão de 2 MtCO2 em relação às populações mais vul-
e, representando cerca de 2,2% das emissões do setor. neráveis e as regiões deficitárias.
O Brasil usa pouco as rotas de tratamento térmicas, sendo
a incineração utilizada predominantemente para o tratamento
3.4.5 Efluentes líquidos
de resíduos de serviços de saúde (RSS). Levando em conside-
industriais
ração o cenário atual da pandemia, ainda não foram obtidos
dados oficiais sobre o aumento da geração de resíduos de ser- Em 2020, o subsetor foi responsável
viço de saúde. pela emissão de 5,5 MtCO2 e, repre-
A queima a céu aberto de resíduos pode ser definida como sentando cerca de 6% das emissões
a combustão ao ar livre ou em lixões sem filtragem. A estimati- do setor. As principais atividades
va de emissões de GEE oriundas da queima a céu aberto pas- industriais que contribuem para as
sou a ser contemplada no Quarto Inventário Nacional, sendo emissões do setor são a produção de
que essa é adotada como uma prática da população que não leite cru e de carne bovina.
tem acesso ao sistema de coleta de lixo municipal, ocorrendo Em 2020 houve uma queda no
de forma mais frequente em áreas rurais. No Brasil, observa-se PIB brasileiro, indicando um arrefe-
um maior número de municípios nas regiões Norte e Nordeste cimento da atividade industrial, o
que aplicam esse tipo de tratamento. que também ocasionou uma queda
nas emissões do subsetor. A redução
das emissões dos efluentes líquidos
3.4.4 Efluentes líquidos domésticos industriais reflete, para o setor de re-
Em 2020, o tratamento e o afastamento de efluentes líquidos síduos, uma queda no consumo des-
foram responsáveis pela emissão de 25,25 MtCO2e, sendo o ses produtos.

28
03 EMISSÕES POR SETOR

O subsetor de tratamento de efluentes industriais apresen-


ta um comportamento de emissões distinto do observado para
efluentes domésticos, pois as emissões estão diretamente cor-
relacionadas com a produção industrial e não com as taxas de
crescimento populacional.
A distribuição das emissões de GEE referentes ao trata-
mento de efluentes industriais é apresentada na figura abaixo:

Figura 16. Distribuição das emissões de GEE pelo tratamento de efluentes líquidos industriais

45%

19%

16%
Produção de leite cru

11% Produção de carne bovina


Produção de celulose
7%
Produção de carne suína

2% Produção de carne avícola


Produção de leite pasteurizado
0,5%
Produção de cerveja

3.5 Mudanças de Uso da Terra e Florestas


As mudanças no uso da terra foram responsáveis pela emissão
de 998 milhões de toneladas de CO2 em 2020. Isso consolida o
setor como a maior fonte de emissão bruta de gases do efeito
estufa do país, representando 46% do total nacional naquele
ano (Figura 17). Quando consideradas as remoções por áreas
protegidas, vegetação secundária e outras mudanças de uso
da terra (636 MtCO2e), o setor apresentou uma emissão líqui-
da de 362 MtCO2e no último ano, cerca de 24% das emissões
líquidas brasileiras.
A maior parte das emissões brutas (93%) é causada por al-
terações de uso da terra, que em sua maioria consistem no
desmatamento do bioma Amazônia, que concentra 78,4% (782
MtCO2e) das emissões brutas do setor em 2020. Já as emis-
sões por queima de resíduos florestais representam 7% das
emissões do setor (66 MtCO2e).

29
A maior parte (61%) das remoções ocorre de áreas de ve-
getação nativa que permanecem como tal em áreas protegi-
das (unidades de conservação e terras indígenas), mas a real
03 EMISSÕES POR SETOR

a 7.339,9 km2 em 2020, um aumento


de 13% em relação ao ano anterior
(6.483,4 km2). Apesar dos dados de
remoção nessas áreas pode estar superestimada, devido a conversão de vegetação nativa em
processos de degradação florestal não contabilizados nessas outros usos da terra (como a agro-
áreas, que reduzem a capacidade de remoção. O restante das pecuária) serem distintos do dado
remoções vem do crescimento da vegetação secundária, que do Prodes em relação ao período
equivalem a 38% (-243 MtCO2e), e de outras mudanças de uso (MapBiomas considera o ano cor-
da terra, que equivalem a menos de 1% (-7 MtCO2e). rente; Prodes considera o de agosto
As emissões brutas decorrentes da mudança de uso da de um ano a julho do ano seguinte),
terra aumentaram 23,7% de 2019 para 2020. Essas emissões a tendência e a ordem de grandeza
também representam a maior emissão desde 2009. Isso indi- da mudança foram ambas captura-
ca uma tendência de aumento nos últimos anos do desmata- das no cálculo de emissões do setor.
mento da Amazônia e do Cerrado. De acordo com o Prodes,
desde de 2019 o desmatamento na Amazônia atingiu o pata-
mar de mais de 10.000 km2, enquanto o do Cerrado chegou

Figura 17. Emissões e remoções por mudança de uso da terra no Brasil entre 1990 e 2020

2250
emissões MtCO2e (GWP – AR5

1500

750

-750
1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020

Resíduos florestais Remoção por mudança de uso da terra


Alterações de uso do solo Remoção por vegetação secundária
Remoção em áreas protegidas

30
No caso da Amazônia, o bioma
historicamente é o que mais tem
emitido gases do efeito estufa, de-
03EMISSÕES POR SETOR

Tocantins, Piauí e Bahia. Em terceiro lugar nas emissões vem a


Mata Atlântica (83,2 Mt CO2e, com 8,3%), seguida da Caatinga
(9,6 Mt CO2e), Pampa (5,5 Mt CO2e) e Pantanal (3,1 Mt CO2e),
correntes principalmente do avanço esses últimos somados representando 1,8% das emissões do
da pecuária sobre as florestas. Em setor. Apesar de a Mata Atlântica ser o bioma com menor por-
2020 as emissões brutas do bioma centagem de vegetação nativa remanescente no Brasil, com
foram até sete vezes maiores do que menos de um quarto do bioma coberto por florestas, ainda
no Cerrado, o segundo bioma que apresenta desmatamento ao longo da série. No cenário atual,
mais emitiu (113,4 Mt CO2e), em em que todos os biomas apresentaram emissões por desmata-
função da maior área desmatada e mento e ao mesmo tempo poucas áreas protegidas foram cria-
estoque de carbono nas florestas. das nos últimos dez anos, há uma tendência de aumento nas
As políticas de controle do desma- emissões líquidas do setor, apesar do aumento de remoções
tamento que vigoraram entre 2004 por florestas secundárias.
e 2012, e com mais dificuldades até Em relação às emissões estaduais, os três Estados que mais
2018, foram desmontadas a partir de emitiram em 2020 por mudança de uso da terra foram Pará
2019, quando o governo federal pa- (354,2 Mt CO2e), Mato Grosso (140,5 Mt CO2e) e Amazonas
ralisou o PPCDAm (Plano de Preven- (109,1 Mt CO2e). Esses estados sozinhos representam 60,5%
ção e Controle do Desmatamento na da emissão do setor.
Amazônia), revogando-o no fim do No entanto, se consideradas as emissões líquidas, em fun-
primeiro ano de mandato de Jair Bol- ção de mais da metade do estado do Amazonas estar em
sonaro. Os órgãos ambientais, como áreas protegidas, sendo o estado com maior remoção de CO2
o Ibama e o ICMBio, foram fragiliza- (-52,6 Mt CO2e), os três estados campeões em emissões líqui-
dos8, o controle social foi reprimido e das no ano passado foram Pará (189,9 Mt CO2e), Mato Grosso
tentativas de flexibilizar leis ambien- (87,9 Mt CO2e) e Rondônia (69,5 Mt CO2e). Uma das princi-
tais vêm sendo feitas. O resultado é a pais causas do desmatamento nesses estados é a grilagem de
perda de controle do desmatamento, florestas públicas não destinadas. Além disso, 99% do desma-
que não sofreu redução nem mesmo tamento em 2020 apresentou indícios de ilegalidade segun-
após as operações de Garantia da Lei do relatório do MapBiomas Alerta (http://alerta.mapbiomas.
e da Ordem do Exército na região. org/relatorio).
Apesar da elevada taxa de des-
matamento na Amazônia, a perda da
vegetação nativa do Cerrado ocorre
em uma velocidade proporcional-
mente três vezes maior. As emissões
do Cerrado representaram 11,4%
das emissões de MUT, sobretudo em
função do aumento do desmatamen-
to na região do Matopiba, região
formada pelos estados Maranhão,

8
 er Observatório do Clima – “Passando a boiada”: o segundo ano de desmonte ambiental sob Jair Bolsonaro. https://www.oc.eco.br/wp-con-
V
tent/uploads/2021/03/Passando-a-boiada-1.pdf

31
Figura 18.
e porcentagem das emissões por bioma no setor em 2020
03
Emissões por mudança de uso da terra por bioma entre 1990 e 2020
EMISSÕES POR SETOR

1800
78,4%
emissões brutas MtCO2e (GWP – AR5)

1350

900

450

1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016 2018 2020 11,4%
8,3%

Amazônia Caatinga 1% 0,6% 0,3%


Cerrado Pantanal
Mata Atlântica Pampa

Figura 19. Emissões brutas e líquidas por mudança de uso da terra nos estados brasileiros em 2020

Emissões brutas Emissões líquidas


400 400

350 350
Milhões de tCO2e (GWP – AR5)

Milhões de tCO2e (GWP – AR5)

300 300

250 250

200 200

150 150

100 100

50 50

0 0
PA MT AM RO MA AC BA MG TO RR PR RS G0 SC PI SP MS ES CE AP Rj PE SE PB RN AL DF

PA MT RO AC MA TO BA PR SC PI MG SP ES G0 Rj SE DF AL RN MS RS PB PE CE RR AP AM

32
EMISSÕES POR FOGO EM VEGETAÇÃO NATIVA
Desde 2018, o SEEG vem concentrando esfor-
03 EMISSÕES POR SETOR

posteriormente desmatadas e são atualmente


ços para estimar as emissões de gases de efeito cobertas com vegetação nativa, totalizaram 3,16
estufa decorrentes de queimadas não relaciona- GtCO2 de emissões imediatas de CO2 entre
das a desmatamento e como esse fenômeno afe- 1990 e 2020 no Brasil. O Cerrado foi o bioma
ta as emissões brasileiras. Trata-se de incêndios que mais contribuiu com essa estimativa (2,03
em vegetação nativa que causam degradação a GtCO2, 64,2%), seguido pela Amazônia (826
depender de sua frequência, intensidade e do MtCO2, 26,1%). Demais biomas representam
tipo de vegetação afetada. Tais emissões ainda 9,7% das emissões (Pantanal: 158MtCO2;
não são contabilizadas no Inventário Nacional, Caatinga: 110 MtCO2; Mata Atlântica: 38 MtCO2,
devido ao alto grau de incerteza, em especial no e Pampa: 0,5 MtCO2). Em 2020, foram emitidos
que tange à regeneração da vegetação nativa 121 MtCO2 por fogo no Brasil, com destaque
em áreas queimadas e suas trajetórias de suces- para o Pantanal, que teve naquele ano seu
são. Por esse motivo essas emissões serão apre- recorde em queimadas nos últimos 30 anos.
sentadas na plataforma do SEEG como Emissões Além disso, em caráter experimental, o
NCI (Não Contabilizadas no Inventário). SEEG implementou um novo modelo de
As emissões por queima em áreas naturais emissões tardias líquidas por incêndios florestais
nos biomas Cerrado, Pantanal e Caatinga, somente na Amazônia, resultantes do balanço
são em geral compensadas por meio da entre o processo de mortalidade de árvores
rebrota da vegetação resistente ao fogo, que e regeneração da vegetação nos anos que
subsequentemente remove da atmosfera parte sucedem o fogo. Considerando apenas as
do carbono emitido pelas queimadas. Por outro emissões tardias, a Amazônia emitiu 814 MtCO2
lado, em florestas úmidas, como na Amazônia e nos últimos 30 anos, valor que praticamente
Mata Atlântica, a vegetação é sensível e não é duplica as emissões imediatas acumuladas por
adaptada ao fogo, e sua recuperação pode ser fogo do bioma. As emissões totais (imediatas
lenta ou até mesmo insuficiente para compensar e tardias) representam de 4% (1995 a 2005,
o carbono emitido. período de maior desmatamento) a 22% (2005
No SEEG 9 o cálculo dessas emissões foi a 2020, período de redução do desmatamento)
refinado utilizando os valores dos estoques das emissões de desmatamento do MUT, em
de biomassa e necromassa9 acima do solo um cenário de premissas muito conservadoras,
obtidos pelo Quarto Inventário, fatores de que inclui somente as áreas intensamente
combustão revisados na literatura apropriados queimadas, somente um percentual da
para queima de biomassa e necromassa em necromassa emitido pela combustão, e
vegetação nativa, além dos mapas anuais de aplicado somente às florestas queimadas que
áreas queimadas da Coleção 1 do MapBiomas ainda estão em pé em 2020, evitando dupla
Fogo e de cobertura e uso da terra da Coleção contagem com as áreas de florestas queimadas
6 do MapBiomas com maior resolução espacial e posteriormente desmatadas. Apesar do
(30 m) e janela temporal (1990 a 2020). número conservador, ele é expressivo e salienta
Assim, as queimadas não associadas ao a importância da inclusão dessas emissões nas
desmatamento, ou seja, em áreas que não foram estimativas do setor de MUT.

9
Necromassa é o estoque de material vegetal morto em forma de serrapilheira, que inclui folhas e galhos finos, e madeira morta

33
Figura 20.
03 EMISSÕES POR SETOR

Emissões imediatas de CO2 de queimadas em vegetação nativa não associadas


a desmatamento entre 1990 e 2020 por bioma no Brasil

200

175

150

125
Mt CO2 ano-1

100

75

50

25

0
1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020

Amazônia Mata Atlântica Pantanal


Caatinga Cerrado Pampa

Além disso, as emissões em formações


campestres não foram consideradas porque
estas se recuperam um pouco mais de um ano
após o fogo. Em florestas de dossel fechado,
ainda existem limitações para o mapeamento
de cicatrizes de fogo. Além disso, as taxas
de perda de biomassa após a queima são
conservadoras para florestas abertas ou que
sofreram degradações. Mais detalhes sobre
estes esforços, métodos, resultados, incluindo
as estimativas de gases não CO2, desafios
e limitações estão dispostos no Anexo 2 na
Nota Metodológica do SEEG 9.

34
N
EMISSÕES ALOCADAS

esta nona edição do SEEG


POR ESTADO

foi possível alocar 96,2% das


emissões de gases de efeito
estufa aos Estados. Devido ao
uso do MapBiomas para estimar as
04
emissões de mudança de uso da ter-
ra, também foi possível alocar 100%
das emissões desse setor às Uni-
dades da Federação.
Em 2020, os Estados do Pará
(19,3% do total) e Mato Grosso
(11,1%) aparecem como os principais
Figura 21. Emissões per capita por Estado, 2020
emissores brutos, seguidos de Minas
Gerais (7%), São Paulo (6,6%) e Ron-
dônia (5,8%). A troca de posições en-
40 4
tre Minas e São Paulo dá uma ideia do
impacto da pandemia sobre o Estado 29
mais industrializado do país, cujas
emissões são mais diretamente corre- 48 12 6 2
lacionadas com o crescimento do PIB. 3
3
3
67
2
70 33 4
6
68
2
12 7

6
22
4
3
7
7
7

35
Figura 22.
Milhões de toneladas de CO2e (GWP – ARS)

Emissões brutas por Estado em 2020


04
EMISSÕES ALOCADAS POR ESTADO

500,000,000

375,000,000

250,000,000

125,000,000


PA MT MG SP RO AM G0 MA BA RS PR Rj MS AC TO SC ES RR CE PE PI PB RN SE AL DF AP

Energia Processos industriais


Agropecuária Mudança de uso da terra e floresta
Resíduos

Figura 23. Emissões líquidas por Estado em 2020


Milhões de toneladas de CO2e (GWP – ARS)

300,000,000

225,000,000

150,000,000

75,000,000

AC AL AM AP BA CE DF ES G0 MA MG MS MT PA PB PE PI PR Rj RN RO RR RS SC SE SP TO
-75,000,000

Emissões líquidas

36
04
EMISSÕES ALOCADAS POR ESTADO

Quando se exclui da conta o uso da terra, São Paulo passa


a liderar o ranking, com 11,4% das emissões, seguido por Mi-
nas Gerais (10,7%) e Mato Grosso (8,5%).
Quando se analisa as emissões brutas per capita, o Estado
que lidera o ranking é Rondônia, com 70 toneladas de CO2e 70 toneladas
emitidas por habitante em 2020 – mais de dez vezes a média
mundial, de 6,7 toneladas per capita no mesmo ano –, seguido
é a emissão per capita
por Mato Grosso, com 68 toneladas. Devido ao forte desmata- de Rondônia, 4 vezes
mento e à população relativamente baixa, a emissão média por maior que a dos EUA
habitante em Rondônia é quase duas vezes maior que no Qatar,
um dos países com maiores emissões per capita, e quatro vezes
maior que nos Estados Unidos10. Rondônia, Mato Grosso e Pará
e têm como principais fontes de emissão o desmatamento e a
atividade pecuária. Já em São Paulo e Minas Gerais predomi-
nam as emissões do setor de energia (especialmente o trans-
porte) e, no caso mineiro, também o gado de leite.
Quando se consideram as emissões líquidas, ou seja, des-
contando remoções por áreas protegidas e terras indígenas –
algo que o SEEG considera ser inadequado do ponto de vis-
ta do clima, mas que é autorizado pelo IPCC –, dois Estados
passam a ter emissões negativas, ou seja, sequestram mais
carbono que emitem: o Amazonas (37 MtCO2e) e o Amapá
(17 MtCO2e). Isso ocorre devido à grande área de terras indígenas
e unidades de conservação em ambas as Unidades da Federa-
ção, e ao desmatamento ainda relativamente baixo no Amazonas
(considerando a área total do Estado) e no Amapá (o Estado pro-
porcionalmente menos desmatado da Amazônia Legal).

10
Climate Watch Data: https://www.climatewatchdata.org/

37
O
O BRASIL E AS
METAS DE CLIMA
ano de 2020 marca o fim de um ciclo crucial nas políticas
de clima do Brasil. É quando deveriam ter sido cumpridas
as metas inscritas na PNMC, a lei da Política Nacional so-
bre Mudança do Clima (Lei 12.187/2009), regulamentada
inicialmente em 2010 pelo Decreto 7.390/2010, substituído
05
em 2018 pelo Decreto 9.57811. A PNMC consolidou uma virada
histórica no país ao traduzir, e incorporar como lei doméstica,
os primeiros compromissos nacionais de redução de emissões,
apresentados à Convenção do Clima da ONU em dezembro
de 2009 em Copenhague, Dinamarca.
A PNMC também inovou ao olhar as emissões de toda a

80%
economia brasileira, encarando de frente o desafio representa-
do pelo desmatamento e comprometendo o país com uma ou-
sada meta de reduzir a velocidade de devastação da Amazô-
nia em 80% em relação à média verificada entre 1996 e 2005. era a redução da taxa
Também lançou as bases para instrumentos importantíssimos, de desmatamento
como um mercado brasileiro de carbono (que só começaria a prevista na lei para
ser discutido no Congresso em 2021, enquanto este relatório 2020 em relação à
média de 1996 a 2005
era escrito) e um reporte anual de emissões, provisão que deu
origem ao SEEG, em 2012. Não é exagero dizer que a existên-
cia de uma meta doméstica legalmente vinculante, e os cinco
planos setoriais previstos na lei, prepararam o Brasil para to-
mar à frente entre os países em desenvolvimento e assumir em
2015, antes da conferência de Paris (COP21), uma meta (NDC)
para toda a economia e com reduções absolutas de emissão
- tornando-se o único grande emissor do mundo em desenvol-
vimento a fazê-lo.
No momento da publicação deste relatório o futuro da
PNMC ainda era incerto. A lei original não previu a própria
continuidade após 2020, e o Brasil entrou, com a NDC, num re-
gime completamente diferente de cômputo e cumprimento de
metas. Mais de um projeto de lei em tramitação no Congresso

11
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2018/Decreto/D9578.htm#art25A

38
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

visavam incorporar ao marco legal existente as metas assumi-


das em Paris. O projeto que tramitou mais rápido (1.539/2021),
aprovado no Senado em 20 de outubro de 2021, propunha
simplesmente substituí-lo por uma versão da NDC sobre a qual
pairavam incertezas12.

Seja qual for o destino da política nacional, o SEEG 9 é o


momento de avaliá-la, respondendo a três perguntas principais:
1 – O Brasil cumpriu a meta de 2020?
2 – A PNMC alterou a trajetória das emissões brasileiras?
3 – O legado da política é positivo ou negativo para o novo
regime climático, o pós-Paris?

Uma tentativa de resposta está nas próximas páginas.

5.1 As Metas do Brasil: 2020, 2025 e 2030


O Brasil tem duas metas de redução de gases de efeito estufa,
ambas obrigatórias: a estabelecida na Política Nacional sobre
Mudança do Clima (PNMC), em 2009, com reduções previstas
para 2020; e a meta de redução de emissões para 2025 e 2030,
inscrita na NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada),
de 2015, estabelecida voluntariamente, mas que se tornou
obrigatória quando da promulgação do Acordo de Paris no
Brasil, em junho de 2017.
Pela NDC de 2015, o país se comprometeu a reduzir suas
emissões líquidas em 37% até 2025 em relação aos níveis de
2005, o que totalizaria uma emissão máxima de 1,3 bilhão
de toneladas líquidas de CO2 equivalente (GtCO2e) naquele
ano. Além da meta para 2025, a NDC tinha um indicativo de
compromisso para 2030, de 43% de redução, também em
relação a 2005.
Pelas regras da UNFCCC, o Brasil teria a obrigação de
apresentar uma nova NDC em 2020 que cobrisse o período até
2030. Isso foi feito em 9 de dezembro daquele ano, quando o
país submeteu à convenção sua “primeira NDC atualizada”,
ratificando a meta indicativa de 2030. Essa atualização será ob-
jeto de discussão específica adiante.

12
 Senado cria retrocesso na meta de clima às vésperas da COP26”. Observatório do Clima, 22/10/21. https://www.oc.eco.br/senado-cria-

retrocesso-na-meta-de-clima-as-vesperas-da-cop26/

39
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

A PNMC comprometeu o Brasil a uma redução de 36,1% a


38,9% até 2020 em comparação com o cenário tendencial (o
que seria emitido se nada fosse feito). O cenário tendencial foi
• Plano Setorial de Transporte e de
Mobilidade Urbana para Mitigação
da Mudança do Clima – PSTM; e
projetado com base em duas premissas muito exageradas: a
• Plano Setorial da Saúde para
de que o PIB brasileiro cresceria 5% ao ano até 2020, algo que
Mitigação e Adaptação à Mudança
não era realista nem mesmo nos anos de alto crescimento eco-
do Clima
nômico do governo Lula, e a de que toda a demanda adicional
de energia, na ausência de política pública, seria atendida por
Dos planos setoriais, o mais im-
combustíveis fósseis – o que não faz sentido econômico algum
portante, que forneceria a maior
num país como o Brasil, grande produtor de energia hidrelétri-
parte das reduções de emissão pre-
ca e biocombustíveis.
vistas, consistia em cortar a taxa de
Isso produziu um cenário tendencial artificialmente inflado,
desmatamento da Amazônia, che-
no qual as emissões brasileiras chegariam a 3,267 bilhões de
gando a 2020 com no máximo 3.925
toneladas de CO2 equivalente em 2020 se nada fosse feito.
km2 de desmatamento por ano.
O decreto 7.390, que regulamentou a lei em 2010, expres-
Em novembro de 2018, antes da
sou a meta de redução em níveis de emissões entre 2,068 bi-
COP24, a conferência do clima de
lhões de toneladas brutas13 de CO2e14 (36,8%) e 1,977 bilhão
Katowice, o decreto foi revogado
de toneladas (38,9%), que deveriam ser atingidos no ano pas-
pelo decreto 9.578, que no entanto
sado. Também estabeleceu cinco planos setoriais para o cum-
manteve as metas numéricas do an-
primento da meta agregada:
terior. Portanto, o Brasil deveria che-
gar ao ano de 2020 com emissões
I–P  lano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmata-
brutas máximas de 2,068 bilhões de
mento na Amazônia Legal – PPCDAm;
toneladas CO2e GWP AR2.
II – Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmata-
mento e das Queimadas no Cerrado – PPCerrado;
III – P lano Decenal de Expansão de Energia – PDE;
IV – P  lano para a Consolidação de uma Economia de Baixa
Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC); e
V–P  lano de Redução de Emissões da Siderurgia.

Além desses, foram também propostos os seguintes planos


setoriais:
•P
 lano Setorial de Mitigação da Mudança Climática para a
Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbo-
no na Indústria de Transformação (Plano Indústria);
• Plano de Mineração de Baixa Emissão de Carbono – PMBC;

13
 provisão de que se tratava de emissões brutas não havia sido explicitada na regulamentação PNMC, mas o foi no anexo da NDC do Brasil,
A
disponível em https://www.mma.gov.br/images/arquivo/80108/ BRASIL%20iNDC%20portugues%20FINAL.pdf. O SEEG publica os dados por
padrão em CO2e com os fatores de conversão do 5º Relatório do IPCC. Os dados também são disponibilizados na plataforma com os fatores
de conversao do 2º e 4º relatório do IPCC
14
Usando os fatores de conversão do 2º Relatório do IPCC (SAR, ou AR2).

40
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

5.2 O Legado da Política Nacional de Mudança


do Clima (2009-2020)
Em 2019, o SEEG apontou que o Brasil tinha emissões em
alta e que possivelmente não cumpriria a meta da PNMC nem
mesmo em seu limite inferior de 36,8% de redução, limitando
as emissões brutas a 2,068 GtCO2e. O fechamento das con-
tas de 2020 permite finalmente responder à primeira pergun-
ta formulada na abertura deste capítulo: o Brasil cumpriu,
afinal, sua meta?
Com as mudanças recentes na metodologia do SEEG e a
conversão das emissões brutas para os fatores do IPCC uti-
lizados para a elaboração da PNMC, a resposta é afirmativa.
O Brasil cumpriu a meta agregada de limite de emissões
em 2020.
Na sua oitava edição, o SEEG havia calculado as emissões
de 2019 em 2,060 GtCO2 (GWP-AR2), tornando virtualmente
certa a ultrapassagem da meta. Aplicando-se a nova metodo-
logia, toda a série histórica mudou, e as emissões de 2019 pas-
O Brasil cumpriu a saram a ser de 1,861 GtCO2e (GWP-AR2). Com o crescimento
meta agregada de em 2020, o país fechou o ano de cumprimento da meta com
redução de emissões 2,047 GtCO2e de emissões brutas, valor 1% menor do que limi-
te estabelecido pela PNMC (2,068 GtCO2e). Portanto, em rela-
em 36,8% em 2020 ção ao limite menos ambicioso da PNMC, a meta foi cumprida.
No entanto, como também se sabe, o desmatamento na
Amazônia ficou longe – muito longe – do estabelecido pelo
decreto de 2010: 3.925 km2 em 2020. A taxa medida pelo Inpe
foi de 10.851 km2, valor quase 180% superior ao estipulado.
Em 2019, o PPCDAm e o PPCerrado foram revogados pelo
governo Bolsonaro por meio do decreto 10.142 e substituí-
dos por uma “comissão” para elaborar um vago “plano” de
“controle do desmatamento ilegal”. Foi a formalização de um
abandono que já havia acontecido das políticas de controle do
desmatamento desde o primeiro dia de governo.
Uma avaliação detalhada da PNMC foi feita em 2019 pela
Comissão de Meio Ambiente do Senado Federal15 e publica-
da em dezembro, antes na COP25, em Madri. Ela conclui que
a contribuição dos planos setoriais para a implementação de
uma economia de baixo carbono no Brasil não pôde nem se-
quer ser avaliada. Segundo os senadores,

15
Comissão de Meio Ambiente – Avaliação da Política Nacional sobre Mudança do Clima. Senado Federal, 2019.

41
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

“A forma como foram desenvolvidos e implementados re-


velou baixo nível de coordenação e de aderência aos objetivos
centrais da PNMC. Além disso, os planos setoriais não foram
Testemunha da implementação
dessas tecnologias foi a remoção lí-
quida, no país, de 150 milhões de
acompanhados, como previa a lei, de instrumentos de monito- toneladas de CO2e em 2020, em sua
ramento que pudessem aferir o grau de implementação e as maioria por manejo adequado de
eventuais dificuldades e limitações do processo.” solos em pastagens (veja pág. 17).
Entretanto, o ABC, essencialmente a
Alguns planos, como o plano setorial de siderurgia, jamais única história de sucesso da PNMC,
chegaram a sair do papel. Outros, como o Plano Decenal de precisa agora ser escalado em relação
Energia, careciam de ambição que alterasse o rumo das emis- ao restante do Plano Safra, que ain-
sões brasileiras – o PDE 2030 ainda prevê que 85% dos inves- da financia majoritariamente práticas
timentos em energia nesta década sejam destinados a fontes convencionais (inclusive geradoras de
fósseis. Como também mostrou o relatório do Senado, a PNMC desmatamento), para que resultados
não possuía solidez institucional suficiente para resistir ao des- mais efetivos possam ser alcançados.
monte da governança climática imposto pelo atual governo fe- Também precisa de algo que nunca
deral. Desde 2010, quando a PNMC foi regulamentada, o Brasil teve: monitoramento dos resultados.
aumentou em 23,2% suas emissões de gases de efeito estufa. Até hoje o Brasil não sabe de forma
Todos os setores, sem exceção, tiveram aumento de suas emis- transparente e detalhada o quanto o
sões: 47% em uso da terra, 28% em resíduos, 8% em agropecu- ABC mitigou das emissões da agro-
ária, 6% em energia e 5% em processos industriais. Portanto, pecuária, nem computa as remoções
pode-se dizer que, apesar de ter cumprido a meta numéri- de carbono dos solos para fins de in-
ca, o país não alterou sua trajetória de emissões, nem o tipo ventário, dificultando o entendimen-
de perfil de poluição, altamente contaminado por um tipo de to sobre o cumprimento das metas
emissão (o desmatamento) que não tem virtualmente nenhum estipuladas. Nesse sentido, o Plano
impacto positivo no PIB. Pior ainda, o Brasil falhou em usar a ABC+ busca preencher algumas fun-
política nacional de clima como um instrumento para uma ções vitais para a busca por mitigação
virada rumo a uma economia de baixo carbono. e adaptação, por exemplo a institui-
Um único plano setorial escapou à escrita pouco transfor- ção do Sistema de Informações de
madora da PNMC: o plano de emissões da agricultura, o ABC. Plano ABC+ (SINABC), como parte da
Apesar de deter historicamente uma proporção baixíssima do sua nova governança.
total do Plano Safra (jamais superior a 3%, sendo destinados
2% no último lançamento do plano) e de ter tido atrasos em
sua implementação decorrentes de baixa assistência técnica,
baixo interesse dos produtores, baixa comunicação com os
gerentes dos bancos na ponta, responsáveis por conceder os
empréstimos, e concorrência com outras linhas a juros mais
baixos após 2012, o Plano ABC e seu braço executor, o Pro-
grama ABC, podem ser considerados um bom exemplo. A dis-
seminação de tecnologias como a integração lavoura-pecuária
(ILP) e lavoura-pecuária-floresta (ILPF) foi bem-sucedida, assim
como o sequestro de carbono decorrente do melhor manejo
dos solos, em especial nas pastagens.

42
Tabela 4.

Meta na PNMC
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

Metas da Política Nacional de Mudança Climáticas e seu grau de implementação

Status em 2020
Grau de
Implementação
I – redução de oitenta por cento Meta seria desmate limitado a 3.925 km2 em 2020.
dos índices anuais de Desmatamento medido pelo PRODES/INPE foi de
desmatamento na Amazônia Legal 10.851 km2 Não cumprido
em relação à média verificada
entre os anos de 1996 a 2005;

II – redução de quarenta por Meta seria desmate limitado a 9.420 km2 em 2020.
cento dos índices anuais de Desmatamento medido pelo PRODES/INPE foi de 7.340 Cumprido
desmatamento no Bioma Cerrado km2 (como não existia o Prodes Cerrado quando foi (mas com
em relação à média verificada estipulada a meta, hoje acredita-se que o valor médio ressalva
entre os anos de 1999 a 2008; do desmatamento foi superestimado, ou seja, a meta já sobre linha de
estava cumprida ou quase cumprida quando foi adotada. base)
No ano de 2010 o desmatamento já era de 9.994 km2)

III – expansão da oferta Não foi definida uma métrica objetiva para esta meta,
hidroelétrica, da oferta de tornando difícil sua avaliação.
fontes alternativas renováveis, Porém é possível afirmar que a proporção de energia
notadamente centrais eólicas, renovável na matriz energética brasileira aumentou de
pequenas centrais hidroelétricas Possivelmente
45% para 48% de 2010 a 2020.
e bioeletricidade, da oferta de cumprido
Houve aumento de fontes de energia renovável –
biocombustíveis, e incremento
notadamente eólica e solar – na matriz elétrica, e foi
da eficiência energética;
implementado o Renovabio, estimulando o consumo
de biocombustíveis.

IV – recuperação de 15 milhões Segundo os dados do MapBiomas, que mapeou a


de hectares de pastagens qualidade das pastagens em todo o Brasil de 2000 a
degradadas; 2020, a área de pastagens sem degradação no Brasil Parcialmente
aumentou de 60,5 milhões de hectares em 2010 Cumprida (88%)
para 73,7 milhões de hectares em 2020, portanto um
aumento de 13.2 milhões de hectares.

V – ampliação do sistema de Não existe um mapeamento consistente e sistemático


integração lavoura-pecuária-floresta da área de ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta)
em 4 milhões de hectares; no Brasil e as definições são bem abrangentes. Mas
levantamento realizado pela Embrapa17 com base em Cumprida
entrevistas com produtores estimou em 5,5 milhões
de hectares a área de ILPF em 2010 e 11,5 milhões em
2015, sugerindo que a meta de ampliação foi alcançada.

continua...
16
Decreto n. 7.390 de 9 de Dezembro de 2010. Em 2018 o Decreto 9578 revogou o artigo com estas metas.
17
https://www.embrapa.br/documents/1354377/59272646/Nota+técnica_Rede+ILPF+.pdf/30ebc87e-0b06-996a-92f8-e5f28ebf2e0e

43
Tabela 4.

Meta na PNMC
Continuação

VI – expansão da prática de
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

Status em 2020
Segundo o Ipea18, a área expandida sob a prática de
Grau de
Implementação

plantio direto na palha em plantio direto (PD) em 2020 foi de 16,7 milhões de
8 milhões de hectares; hectares, 108% a mais que a meta inicial. Segundo Cumprida
dados da FEBRAPDP, atualmente há no país cerca de
35 milhões de hectares sob PD.

VII – expansão da fixação biológica Segundo o Ipea, a utilização de FBN foi expandida
de nitrogênio em 5,5 milhões de para 14,6 milhões de hectares em 2020, aumento
hectares de áreas de cultivo, 165,5% em relação ao ano de 2010. Cumprida
em substituição ao uso de
fertilizantes nitrogenados;

VIII – expansão do plantio Segundo levantamento anual publicado pela IBA -


de florestas em 3 milhões (Indústria Brasileira de Árvores) a área de florestas
Parcialmente
de hectares; plantadas cresceu de 7,12 Mha em 2010 para 9 Mha
Cumprida (60%
em 2020, um crescimento de 1,8 Mha.
a 76%)
O projeto MapBiomas detectou um crescimento de
2,3 Mha no mesmo período.

IX – ampliação do uso de Segundo estudo19 realizado pelo MAPA e publicado em


tecnologias para tratamento dezembro de 2019, entre os anos de 2010 e 2019 foram
de 4,4 milhões de m3 de dejetos instalados no Brasil 334 biodigestores com recuperação
Cumprida
de animais; e de biogás nas propriedades rurais brasileiras com uma
capacidade instalada de processamento de
12,7 milhões de m3 de rejeito por ano.

X – incremento da utilização na Segundo o Balanço Energético Nacional, o consumo


siderurgia do carvão vegetal de carvão vegetal na indústria siderúrgica brasileira em
originário de florestas plantadas e 2010 foi igual a 5,2 milhões de toneladas. Esse número
melhoria na eficiência do processo variou pouco nos últimos dez anos, chegando a 4,5
de carbonização. milhões em 2020. Proporcionalmente, o consumo de
carvão vegetal manteve-se em torno de 25% da energia
total dos combustíveis redutores utilizados em fornos
para produção de ferro gusa e aço. Indefinido

Além dos indicadores de consumo não terem variado,


não há indicação de que a proporção de carvão vegetal
com origem em florestas plantadas tenha aumentado
ou diminuído.
Não foram encontrados dados públicos disponíveis sobre
o aumento da eficiência no processo de carbonização.

18
https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/TDs/td_2638.pdf
19
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/noticias/brasil-supera-metas-na-pecuaria-sustentavel-com-aproveitamento-de-dejetos-animais/
NotaTcnicaDiagnsticoTratamentodeDejetosAnimaisnoBrasilentre2010e2019MAPA.pdf

44
5.3 A “Nova Primeira NDC”, A “Pedalada de
Carbono” e as Metas da Sociedade Civil
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

Em 2017, quando publicou o relatório de análise das emissões


brasileiras até 2015 (SEEG 4), o Observatório do Clima fez um
alerta ao governo brasileiro: seria necessário fazer um ajuste
percentual nas metas da INDC (Contribuição Nacionalmente
Determinada Pretendida, que em 2016 virou Contribuição Na-
cionalmente Determinada, NDC) à luz dos dados do novo In-
ventário Nacional de Emissões.
Quando a meta de 37% em 2025 e a meta indicativa de
43% em 2030 foram calculadas, em 2015, o único inventário

400
nacional de emissões disponível era o segundo, de 2010. Os
cálculos que embasaram a INDC, feitos sobre o segundo in-
ventário, estimaram as emissões do Brasil em 2005 em 2,1 bi-
lhões de toneladas. Só que o Terceiro Inventário revisou esse
número para cima, estimando em 2,8 bilhões de toneladas de
CO2 equivalente as emissões de 2005. No anexo da NDC, o
governo apresentou uma conta segundo a qual os cortes pro-
MtCO2e
é o valor da
postos pelo Brasil à ONU significavam emissões máximas em “pedalada” da
2025 e 2030 compatíveis, respectivamente, com 1,3 bilhão e nova NDC
1,2 bilhão de toneladas de CO2 equivalente. brasileira

“Ao tomar como base as emissões totais de 2005 contidas


no Terceiro Inventário, a meta de redução de emissões expres-
sa em porcentagem faria com que a emissão projetada para
2030 fosse 400 MtCO2e maior que o indicado na INDC (1.617
milhões contra 1.216 milhões de toneladas), o que representa
quase 1% das emissões globais”, alertou o relatório do SEEG20.

Para que o problema fosse sanado, seria necessário ajustar


os valores percentuais da INDC/NDC para 53% em 2025 e 57%
em 2030, de forma a chegar ao final da meta com o mesmo
limite de 1,2 GtCO2e prometido em 2015.
Em dezembro de 2020, o Brasil submeteu uma “primeira
NDC atualizada” à UNFCCC21, ratificando os percentuais da
NDC original e transformando a meta indicativa em compro-
misso. O documento indicava o Terceiro Inventário (apesar de
já estar pronto àquela altura o 4o inventário) como base de cál-

20
 bservatório do Clima, Emissões de GEE do Brasil e suas implicações para políticas públicas e a contribuição brasileira para o Acordo de
O
Paris. Documento-síntese (1970-2015). Disponível em http://seeg.eco.br/documentos-analiticos
21
https://www4.unfccc.int/sites/ndcstaging/PublishedDocuments/Brazil%20First/Brazil%20First%20NDC%20(Updated%20submission).pdf

45
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

culo e afirmava que a meta “poderia ser” recalculada com base


em novos inventários e metodologias. Os reajustes percentuais
não foram aplicados, o que efetivamente aumentou em 400
ta é zerar todo o desmatamento no
país, de forma a tornar o Brasil pro-
gressivamente um sumidouro líqui-
milhões de toneladas de CO2e o limite de emissão do Brasil do de gases de efeito estufa. Nesse
em 2030. De acordo com análise publicada pelo Observató- contexto, falar em emissões líquidas
rio do Clima, a manobra permitiria ao Brasil cumprir sua meta decorrentes de “remoções antropo-
mesmo com patamares elevados de desmatamento, na casa gênicas” passa a fazer sentido, uma
dos 10 mil quilômetros quadrados por ano22. vez que toda a política pública de
O excedente, que ficaria conhecido como “pedalada de clima passa a gravitar em torno do
carbono”, foi parar nos tribunais. Em abril deste ano, seis jo- desmatamento zero.
vens entraram na Justiça contra o governo brasileiro exigin- Em outubro de 2021, O Centro
do alteração na NDC de forma a acabar com a “pedalada”. A Clima da Coppe-UFRJ e o Instituto
ação, que teve o apoio de oito ex-ministros do Meio Ambien- Talanoa, sob encomenda do Institu-
te, argumenta que o Brasil violou a cláusula de progressão do to Clima e Sociedade, realizaram um
Acordo de Paris ao adotar uma meta menos ambiciosa que a exercício de modelagem com base
apresentada anteriormente. O consórcio Climate Action Tra- na metodologia do projeto Maps
cker rebaixou a ambição da meta brasileira de “insuficiente” (IES-Brasil) que traçou cenários de
para “altamente insuficiente”. ambição para o país e chegou a va-
Na antevéspera do lançamento deste relatório, o Pnuma lores semelhantes aos verificados
(Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) publicou pelo Observatório do Clima: o país
seu Emissions Gap Report, mostrando que apenas dois países poderia reduzir em 66% (sem zerar o
do G20, Brasil e México, regrediram na ambição de suas metas desmatamento) a 82% (zerando des-
– mas a emissão adicional mexicana foi considerada “margi- matamento) suas emissões líquidas
nal”. A NDC do México foi parcialmente suspensa na Justiça em 2030.
em outubro.
Além da “pedalada”, a atualização da NDC brasileira tam-
bém elimina referências a adaptação e a políticas e medidas que
integravam o anexo da NDC de 2015 como exemplos de ações
que facilitariam o cumprimento da meta – tais como a elimina-
ção do desmatamento ilegal na Amazônia em 2030 e a recupe-
ração ou regeneração de 12 milhões de hectares de florestas.
Na véspera da submissão do governo federal, o Observa-
tório do Clima lançou uma proposta de segunda NDC para
o Brasil, com um nível de ambição compatível com 1,5ºC de
aquecimento global, com o peso do país no espaço de car-
bono global e com a capacidade nacional. A proposta do OC
consiste em limitar as emissões líquidas de gases de efeito es-
tufa a 400 milhões de toneladas de CO2e em 2030, uma redu-
ção de 81% em relação a 200523. A premissa básica da propos-

22
https://www.oc.eco.br/wp-content/uploads/2020/12/ANA%CC%81LISE-NDC-1012FINAL.pdf
23
https://www.oc.eco.br/wp-content/uploads/2020/12/Prposta-OC-NDC-2030-Final.pdf

46
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

5.4 Considerações sobre “Net Zero em 2050”


e “Desmatamento Ilegal Zero em 2030”
Em 22 de abril de 2021, na cúpula de líderes sobre mudanças
climáticas convocada pelo presidente dos EUA, Joe Biden, Jair
Bolsonaro fez duas promessas que ganharam discreto aplauso
mundo afora. A primeira foi de “antecipar” para 2050 o com-
promisso do Brasil, inscrito na NDC atualizada em 2020, de
zerar emissões líquidas (“net zero”) em 2060. A segunda foi de
zerar o desmatamento ilegal em 2030. Ambas as promessas
merecem considerações.
A primeira, de ordem técnica, é que nunca houve compro-
misso formal do Brasil em zerar emissões líquidas em 2060. A
NDC submetida em 2020 fala, em termos vagos, num “com-
promisso indicativo” de “net zero” em 2060, que poderia ser
antecipado caso o país recebesse, já a partir de 2021, US$ 10
Meta de desmate bilhões por ano dos países desenvolvidos e caso os mercados
ilegal zero em 2030 de carbono começassem a “funcionar adequadamente”. Cabe
notar que “estratégia de longo prazo indicativa” não é meta
havia sido excluída e que, mesmo se fosse, a NDC não seria o locus para apre-
da NDC pelo governo sentá-la. O Acordo de Paris convidou todas as suas Partes a
apresentar separadamente da NDC estratégias de longo prazo
Bolsonaro
para cortar emissões, algo que o Brasil nunca fez. Mesmo que
venha a ser inscrita na NDC, a meta de 2050 ainda não é uma
estratégia de longo prazo.
A segunda, de ordem política, é que a meta de zerar o
“desmatamento ilegal” em 2030 foi deletada da NDC pelo
próprio governo Bolsonaro, que a trouxe de volta (ao menos
no discurso) após intensa pressão internacional e doméstica.
Até a COP26, porém, ela ainda não havia se traduzido em ne-
nhum plano crível de controle do desmatamento, que segue
em alta na Amazônia. Ao contrário, atos do próprio governo
e de seus aliados no Congresso, como a tentativa de votar os
Projetos de Lei 490 (que revê o marco legal de demarcações
de terras indígenas) e 2.633 (que amplia a anistia à grilagem de
terras públicas) buscam tornar legal desmatamento que hoje é
ilegal, o que pode dificultar ainda mais o combate às emissões
de gases de efeito estufa pelo desmatamento.

47
5.5 Conclusão
05
O BRASIL E AS METAS DE CLIMA

Em 2020, o país encerrou o ciclo inicial da PNMC e entrou no


regime de Paris retrocedendo na meta e sem ter nem ao me-
nos um plano traçado para cumpri-la. A principal conclusão é
que o pacto nacional formado na época da adoção da PNMC
em torno da redução do desmatamento se desfez, e a políti-
ca de clima nunca adquiriu um grau de institucionalidade que
permitisse ao país realmente adotar uma estratégia de desen-
volvimento amparada na redução de emissões e em medidas
de adaptação à crise climática. O desmatamento na Amazônia
em 2020 era 176% maior do que o compromisso fixado em lei,
e o governo foi acionado no Supremo Tribunal Federal para
cumpri-lo em 2021, o que tampouco aconteceu.
O desempenho do Plano ABC, mesmo subfinanciado, e as
propostas de NDC da sociedade civil mostram, porém, que
os instrumentos para uma redução virtuosa nas emissões do
país existem. Embora tenha falhado em sua missão principal, a
PNMC mostrou que o país tem um arcabouço legal adequado
para ambicionar muito mais no clima e que essa ambição vem
acompanhada de aumento de renda, como indica a dissemi-
nação das técnicas de ABC. É preciso que a sociedade esteja
atenta em 2022 contra retrocessos nesse arcabouço patrocina-
dos por interesses contrários à agenda ambiental no Congres-
so. E caberá ao governo que assumir o país em 2023 usar os
instrumentos existentes e criar novos para reconstruir a gover-
nança climática, avançando na NDC e criando um plano crível
para implementá-la.

48
ESTIMATIVA DE EMISSÕES DE GEE NO BRASIL POR SETOR E SUB-SETOR DE 2010 A 2020 (TCO2E – GWP AR5)
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020
AGROPECUÁRIA 534.074.403 539.072.424 536.378.150 541.605.894 546.310.884 551.441.640 562.784.471 561.758.321 560.080.232 562.987.702 577.022.998
Cultivo de Arroz 10.793.789 12.079.190 10.752.977 10.951.653 11.312.887 11.910.096 10.919.977 11.773.966 11.324.699 10.452.518 10.369.554
Fermentação Entérica 368.496.315 361.984.122 360.050.255 360.728.197 362.149.812 368.989.557 374.358.816 367.761.576 365.607.753 367.597.426 372.973.344
Manejo de Dejetos Animais 22.843.859 24.930.804 25.014.683 24.883.480 25.436.215 26.197.893 26.448.771 26.559.508 26.648.368 26.709.359 26.996.464
Queima de Resíduos Agrícolas 2.055.441 1.688.617 1.379.318 1.237.086 1.078.161 657.307 569.252 479.772 562.962 429.635 369.800
Solos Manejados 129.884.998 138.389.691 139.180.918 143.805.478 146.333.810 143.686.787 150.487.656 155.183.498 155.936.451 157.798.763 166.313.837
ENERGIA 371.944.837 385.361.156 418.850.275 453.705.253 478.782.918 455.716.186 422.288.563 429.805.372 408.631.214 412.466.747 393.705.260
Emissões fugitivas na produção de combustíveis 20.335.918 18.757.559 19.876.281 23.792.252 25.081.807 25.285.447 24.729.096 24.891.925 24.709.246 25.525.417 26.662.265
Emissões pela Queima de Combustíveis 351.608.919 366.603.596 398.973.994 429.913.002 453.701.111 430.430.740 397.559.467 404.913.447 383.921.967 386.941.330 367.042.995
Agropecuário 18.155.344 17.630.626 18.288.884 18.355.735 19.089.972 19.249.944 18.807.025 20.209.498 19.799.434 20.166.223 20.488.177
Comercial 1.687.060 1.846.082 2.090.085 2.035.714 2.173.940 1.999.527 1.990.017 1.951.979 1.983.850 1.997.417 1.644.175
Geração de Eletricidade (Serviço Público) 26.691.166 20.028.734 35.060.547 55.561.687 70.145.259 65.626.520 42.861.428 45.262.015 36.489.117 38.367.665 33.178.715
Industrial 74.086.026 79.241.383 77.394.840 77.963.699 78.229.445 73.880.867 68.313.154 69.228.557 66.116.799 64.419.226 59.708.379
Não Identificado – – – – – – – – – – –
Produção de Combustíveis 30.410.819 31.524.627 32.889.567 36.539.088 39.155.796 38.320.590 36.679.643 36.778.254 37.013.934 37.819.014 38.094.441
Público 1.234.759 1.335.342 916.218 925.107 907.021 911.744 893.456 907.971 875.552 873.172 852.208
apêndice

Residencial 26.205.574 25.515.872 25.586.736 25.086.843 25.559.158 25.845.024 25.697.438 26.326.351 27.103.996 26.824.855 27.703.844
Transportes 173.138.172 189.480.930 206.747.117 213.445.130 218.440.521 204.596.524 202.317.307 204.248.822 194.539.285 196.473.758 185.373.055
MUDANÇA DE USO DA TERRA E FLORESTA 678.977.243 666.489.361 703.722.040 814.810.343 789.917.764 871.038.630 932.444.875 743.756.570 762.740.767 806.996.124 997.923.296
Alterações de Uso do Solo 635.556.206 623.572.755 659.226.226 762.913.633 739.869.421 814.695.403 869.972.676 694.764.813 712.994.645 754.159.128 932.321.121
Resíduos Florestais 43.421.037 42.916.606 44.495.814 51.896.710 50.048.343 56.343.227 62.472.199 48.991.757 49.746.122 52.836.996 65.602.174
PROCESSOS INDUSTRIAIS 95.548.484 99.817.936 100.861.781 100.989.469 103.043.881 102.089.519 95.828.306 99.912.518 101.008.900 99.472.616 99.964.389
Emissões de HFCs 13.047.168 11.774.322 12.676.516 13.578.711 14.480.905 15.383.099 16.285.294 17.187.488 18.089.682 18.991.877 19.894.071
Indústria Química 3.562.689 3.814.169 3.520.976 3.564.181 3.734.172 3.734.172 3.734.172 3.734.172 3.734.172 3.734.172 3.734.172
Produção de Metais 50.354.922 53.381.027 52.044.757 50.571.257 50.933.042 51.148.318 46.973.940 51.618.484 51.955.840 48.293.902 46.291.822
Produtos Minerais 27.746.514 29.921.934 31.751.101 32.310.998 33.029.373 30.977.578 27.978.578 26.481.853 26.337.309 27.497.748 29.096.937
Uso de SF6 173.900 182.830 189.175 195.520 201.865 208.210 214.555 220.900 227.245 233.590 239.935
Uso Não-Energético de Combustíveis e Uso de Solventes 663.290 743.653 679.255 768.802 664.524 638.141 641.767 669.621 664.651 721.327 707.452
RESÍDUOS 71.991.841 73.429.481 74.343.103 77.652.222 80.025.428 83.006.746 84.617.159 86.418.778 88.866.740 90.399.714 92.047.812
Resíduos Sólidos 45.174.341 46.096.779 46.672.962 48.620.186 50.740.052 53.601.543 54.965.728 56.493.494 58.677.173 59.942.112 61.304.486
Tratamento de Efluentes Liquidos 26.817.500 27.332.701 27.670.141 29.032.036 29.285.375 29.405.203 29.651.431 29.925.284 30.189.568 30.457.602 30.743.326
TOTAL EMISSÕES BRUTAS 1.752.536.808 1.764.170.358 1.834.155.348 1.988.763.181 1.998.080.875 2.063.292.722 2.097.963.374 1.921.651.558 1.921.327.853 1.972.322.903 2.160.663.755

REMOÇÕES 563.177.316 570.641.741 580.687.827 591.080.889 600.483.936 606.316.095 612.967.584 623.414.731 628.385.952 635.709.594 635.709.594
Remoção em Áreas Protegidas 368.562.959 369.052.615 371.688.135 373.477.626 375.695.969 376.699.988 381.212.344 385.719.681 385.480.059 385.964.083 385.964.083
Remoção por Mudança de Uso da Terra 8.784.430 7.553.192 7.369.456 6.586.284 5.790.306 6.590.512 3.959.209 4.396.146 5.897.504 6.627.437 6.627.437
Remoção por Vegetação Secundária 185.829.927 194.035.934 201.630.236 211.016.979 218.997.661 223.025.595 227.796.031 233.298.904 237.008.389 243.118.074 243.118.074
TOTAL EMISSÕES LÍQUIDAS 1.189.359.492 1.193.528.617 1.253.467.521 1.397.682.292 1.397.596.939 1.456.976.627 1.484.995.790 1.298.236.827 1.292.941.901 1.336.613.309 1.524.954.161

49
ESTIMATIVA DE EMISSÕES DE GEE NO BRASIL POR SETOR E SUB-SETOR DE 2000 A 2009 (TCO2E – GWP AR5)
2.000 2.001 2.002 2.003 2.004 2.005 2.006 2.007 2.008 2.009
AGROPECUÁRIA 438.056.921 454.199.300 467.552.827 497.263.277 517.885.270 518.416.722 517.565.644 502.258.015 511.200.554 517.369.756
Cultivo de Arroz 10.311.099 10.062.148 10.465.020 10.111.835 11.270.623 10.796.332 10.667.530 10.141.995 11.125.037 11.452.588
Fermentação Entérica 312.364.176 325.985.315 331.302.922 348.842.884 364.905.133 368.425.142 366.614.939 346.151.471 351.833.214 358.459.976
Manejo de Dejetos Animais 18.201.021 19.073.039 18.996.143 19.895.584 20.640.417 20.996.148 21.404.577 20.996.474 21.691.965 22.234.230
Queima de Resíduos Agrícolas 1.794.206 1.915.431 2.037.258 2.250.492 2.326.687 2.330.029 2.501.744 2.738.459 2.655.041 2.324.728
Solos Manejados 95.386.419 97.163.367 104.751.483 116.162.483 118.742.410 115.869.070 116.376.854 122.229.616 123.895.297 122.898.235
ENERGIA 289.813.578 299.657.685 297.658.475 290.217.005 306.194.015 317.645.745 321.130.080 335.132.691 354.212.901 342.103.629
Emissões fugitivas na produção de combustíveis 14.098.141 15.647.518 14.940.290 14.250.002 14.616.128 19.707.352 17.664.471 18.247.578 19.093.702 25.230.349
Emissões pela Queima de Combustíveis 275.715.437 284.010.167 282.718.185 275.967.002 291.577.887 297.938.394 303.465.608 316.885.113 335.119.199 316.873.280
Agropecuário 14.765.478 16.173.169 15.871.026 15.987.733 15.806.956 15.737.721 15.898.945 16.777.537 18.329.420 17.633.488
Comercial 2.330.378 2.484.648 2.769.189 2.067.903 2.215.115 2.127.627 2.180.933 2.258.728 2.130.872 1.712.915
Geração de Eletricidade (Serviço Público) 19.131.144 21.688.555 17.196.699 16.130.056 20.372.241 20.995.294 20.743.223 19.433.793 26.586.025 16.596.882
Industrial 62.553.941 62.335.300 62.923.394 60.650.619 61.475.671 64.645.328 65.880.033 72.362.269 73.142.737 68.890.578
Não Identificado – – – – – – – – – –
Produção de Combustíveis 20.300.988 21.698.523 20.974.254 22.101.706 23.769.239 25.404.360 25.812.644 26.890.295 29.386.526 29.259.202
Público 2.130.711 2.188.214 2.225.522 1.887.973 1.910.778 1.762.524 1.703.526 1.841.237 1.810.806 1.720.088
apêndice

Residencial 25.268.891 25.654.567 26.063.151 25.293.457 25.760.877 25.684.099 25.753.427 25.715.322 26.001.965 26.018.320
Transportes 129.233.906 131.787.191 134.694.951 131.847.555 140.267.009 141.581.441 145.492.877 151.605.930 157.730.848 155.041.806
MUDANÇA DE USO DA TERRA E FLORESTA 1.535.605.023 1.459.365.054 1.753.054.747 2.102.712.334 2.048.174.166 1.709.241.145 1.305.148.371 1.056.264.686 1.013.338.908 729.493.381
Alterações de Uso do Solo 1.445.040.882 1.373.017.694 1.648.733.762 1.956.385.267 1.906.566.900 1.592.460.220 1.216.133.755 985.439.789 945.591.611 682.531.590
Resíduos Florestais 90.564.141 86.347.360 104.320.985 146.327.067 141.607.266 116.780.925 89.014.616 70.824.897 67.747.297 46.961.791
PROCESSOS INDUSTRIAIS 74.145.831 71.730.077 75.570.914 76.605.908 81.170.397 80.506.037 80.819.584 84.267.199 83.705.271 76.137.837
Emissões de HFCs 2.280.481 3.671.435 3.776.094 4.273.840 4.513.182 6.131.755 6.379.899 9.625.089 6.957.141 9.416.223
Indústria Química 8.150.176 6.860.242 8.116.681 7.903.478 10.127.092 9.266.090 9.941.667 4.187.604 3.941.502 3.332.303
Produção de Metais 41.707.365 40.239.397 43.362.400 45.338.088 46.787.788 44.371.649 42.631.244 46.455.247 46.914.020 38.169.779
Produtos Minerais 21.385.655 20.385.805 19.624.095 18.457.183 19.086.485 20.067.751 21.255.142 23.296.565 25.032.179 24.512.035
Uso de SF6 117.500 119.850 124.550 131.600 141.000 143.350 150.400 155.100 162.150 166.850
Uso Não-Energético de Combustíveis e Uso de Solventes 504.654 453.348 567.095 501.719 514.850 525.442 461.231 547.594 698.279 540.647
RESÍDUOS 49.153.902 54.015.025 52.455.723 57.013.566 58.670.868 61.883.530 65.568.178 66.391.657 67.830.843 70.486.431
Resíduos Sólidos 26.654.186 31.063.261 28.998.196 33.328.142 34.140.060 36.794.409 39.975.857 40.957.564 41.526.925 43.789.139
Tratamento de Efluentes Liquidos 22.499.715 22.951.765 23.457.527 23.685.425 24.530.808 25.089.121 25.592.321 25.434.093 26.303.918 26.697.291
TOTAL EMISSÕES BRUTAS 2.386.775.255 2.338.967.141 2.646.292.686 3.023.812.090 3.012.094.716 2.687.693.179 2.290.231.856 2.044.314.247 2.030.288.477 1.735.591.034

REMOÇÕES 309.313.340 319.330.324 355.159.560 375.131.871 392.435.775 417.055.782 447.736.225 506.894.928 518.243.556 542.017.184
Remoção em Áreas Protegidas 198.070.454 199.226.036 227.646.666 241.418.528 249.571.433 266.438.114 287.722.395 338.392.208 342.903.151 355.021.659
Remoção por Mudança de Uso da Terra 3.345.419 3.105.388 3.496.312 3.097.933 4.103.081 4.730.638 5.282.525 6.007.848 5.660.696 8.046.234
Remoção por Vegetação Secundária 107.897.467 116.998.900 124.016.582 130.615.410 138.761.261 145.887.030 154.731.305 162.494.872 169.679.709 178.949.291
TOTAL EMISSÕES LÍQUIDAS 2.077.461.915 2.019.636.817 2.291.133.126 2.648.680.219 2.619.658.941 2.270.637.397 1.842.495.631 1.537.419.319 1.512.044.921 1.193.573.850

50
ESTIMATIVA DE EMISSÕES DE GEE NO BRASIL POR SETOR E SUB-SETOR DE 1990 A 1999 (TCO2E – GWP AR5)
1.990 1.991 1.992 1.993 1.994 1.995 1.996 1.997 1.998 1.999
AGROPECUÁRIA 390.453.035 403.467.600 411.354.409 416.026.244 425.355.996 429.267.798 403.231.147 411.405.782 417.501.899 422.897.709
Cultivo de Arroz 9.272.835 10.087.949 10.797.257 11.472.692 11.295.728 11.536.889 10.006.077 9.439.051 9.323.438 11.039.769
Fermentação Entérica 282.683.055 292.330.621 296.449.363 297.964.734 303.722.627 309.432.701 289.948.289 294.956.051 299.442.200 302.515.397
Manejo de Dejetos Animais 17.022.803 17.703.447 18.088.171 17.854.615 18.459.116 19.081.459 16.468.837 16.832.348 16.993.957 17.489.429
Queima de Resíduos Agrícolas 1.886.873 1.861.055 1.896.235 1.666.922 1.969.343 2.029.694 1.990.760 1.985.429 2.040.435 1.937.366
Solos Manejados 79.587.469 81.484.527 84.123.382 87.067.281 89.909.181 87.187.055 84.817.184 88.192.903 89.701.870 89.915.749
ENERGIA 193.673.139 198.074.483 202.161.932 206.611.091 215.012.708 230.554.045 248.323.053 265.038.599 272.734.577 283.356.043
Emissões fugitivas na produção de combustíveis 10.101.749 10.021.134 9.840.153 10.075.406 10.420.216 9.926.766 9.948.627 11.033.724 12.123.683 13.011.341
Emissões pela Queima de Combustíveis 183.571.391 188.053.348 192.321.779 196.535.685 204.592.492 220.627.279 238.374.426 254.004.876 260.610.895 270.344.702
Agropecuário 10.908.714 11.252.678 11.478.542 12.588.655 13.260.844 14.192.762 14.793.717 15.348.941 14.652.882 15.237.305
Comercial 2.214.023 2.066.631 2.113.484 1.685.127 1.699.234 1.691.965 1.736.029 1.839.560 1.957.809 2.096.940
Geração de Eletricidade (Serviço Público) 6.263.788 7.178.619 7.840.641 6.879.253 7.536.857 9.123.170 10.160.017 11.967.983 12.447.474 19.278.354
Industrial 37.569.253 39.478.065 40.977.765 41.643.888 42.665.886 46.298.209 51.571.033 54.259.263 55.055.467 59.327.170
Não Identificado 908.780 – 424.578 – – – – 1.285.873 178.095 –
Produção de Combustíveis 16.209.861 14.307.288 14.663.759 15.770.515 16.411.849 15.951.768 17.053.113 18.931.507 19.097.144 18.794.698
Público 517.941 532.617 512.602 895.648 1.995.045 2.113.947 1.521.595 1.650.798 1.853.930 2.425.490
apêndice

Residencial 23.745.555 24.081.722 24.587.948 23.929.233 23.668.056 23.601.593 24.088.389 24.200.780 24.453.861 25.039.889
Transportes 85.233.476 89.155.729 89.722.460 93.143.367 97.354.721 107.653.864 117.450.533 124.520.172 130.914.232 128.144.855
MUDANÇA DE USO DA TERRA E FLORESTA 1.391.025.917 1.466.475.579 1.715.718.595 1.539.030.099 1.697.561.928 1.927.273.454 1.650.903.500 1.632.425.872 1.591.234.952 1.633.683.470
Alterações de Uso do Solo 1.309.669.451 1.382.217.603 1.613.968.896 1.448.510.400 1.598.227.217 1.813.190.353 1.553.169.475 1.535.638.129 1.496.617.739 1.536.659.332
Resíduos Florestais 81.356.466 84.257.976 101.749.699 90.519.699 99.334.711 114.083.101 97.734.025 96.787.743 94.617.213 97.024.138
PROCESSOS INDUSTRIAIS 51.477.514 57.896.201 56.419.639 60.673.022 61.332.485 64.593.825 67.315.805 68.656.273 71.370.734 71.500.266
Emissões de HFCs 1.492.276 1.707.588 2.039.690 2.157.462 2.120.330 2.275.606 2.735.336 2.616.648 2.260.936 3.674.654
Indústria Química 5.353.520 5.875.877 5.672.927 6.869.850 6.975.612 7.355.720 6.342.668 6.108.933 7.865.032 8.125.926
Produção de Metais 29.106.932 34.018.727 34.338.518 36.525.222 37.324.120 38.509.993 39.292.594 39.473.870 40.065.478 38.012.229
Produtos Minerais 14.998.012 15.788.336 13.932.264 14.649.805 14.423.536 15.942.297 18.411.489 19.898.886 20.618.640 21.103.904
Uso de SF6 98.700 94.000 94.000 94.000 96.350 96.350 96.350 98.700 110.450 115.150
Uso Não-Energético de Combustíveis e Uso de Solventes 428.074 411.673 342.240 376.683 392.538 413.859 437.368 459.236 450.198 468.404
RESÍDUOS 28.306.937 29.761.259 31.274.028 32.864.472 34.721.837 36.878.250 39.119.780 41.182.542 43.592.225 46.256.740
Resíduos Sólidos 10.365.116 11.375.780 12.465.754 13.715.301 15.102.832 16.627.032 18.291.954 20.149.044 22.153.929 24.318.370
Tratamento de Efluentes Liquidos 17.941.821 18.385.479 18.808.275 19.149.171 19.619.005 20.251.218 20.827.826 21.033.498 21.438.296 21.938.370
TOTAL EMISSÕES BRUTAS 2.054.936.542 2.155.675.122 2.416.928.603 2.255.204.929 2.433.984.954 2.688.567.372 2.408.893.285 2.418.709.069 2.396.434.388 2.457.694.228

REMOÇÕES 96.049.045 82.736.237 125.159.786 157.074.074 177.326.422 190.217.679 205.430.087 225.211.362 256.192.828 299.692.711
Remoção em Áreas Protegidas 93.634.895 63.670.648 93.421.872 112.503.512 122.390.692 122.528.837 126.309.361 138.495.117 158.746.865 194.416.393
Remoção por Mudança de Uso da Terra 2.359.949 3.633.752 3.538.279 3.995.757 4.273.393 3.875.904 3.638.140 3.053.553 3.271.163 3.288.913
Remoção por Vegetação Secundária 54.201 15.431.837 28.199.635 40.574.805 50.662.337 63.812.938 75.482.586 83.662.692 94.174.800 101.987.405
TOTAL EMISSÕES LÍQUIDAS 1.958.887.497 2.072.938.885 2.291.768.817 2.098.130.855 2.256.658.532 2.498.349.693 2.203.463.198 2.193.497.707 2.140.241.560 2.158.001.517

51
ESTIMATIVA DE EMISSÕES DE GEE NO BRASIL POR SETOR E SUB-SETOR POR ESTADO (TCO2E – GWP AR5) EM 2020
AC AL AM AP BA CE DF ES GO MA
AGROPECUÁRIA 7.586.569 3.638.727 3.358.433 804.250 25.508.297 7.354.119 446.976 5.517.909 58.595.677 19.223.050
Cultivo de Arroz – 17.454 – – – 14.063 – 510 155.990 17.778
Fermentação Entérica 6.153.474 2.221.322 2.490.402 568.547 16.954.715 4.850.368 165.141 3.494.923 40.462.717 13.487.773
Manejo de Dejetos Animais 248.138 197.045 124.128 39.303 1.159.498 886.915 68.014 210.902 1.789.642 953.318
Queima de Resíduos Agrícolas – 80.746 – – 31.213 – – 3.137 11.245 6.411
Solos Manejados 1.184.957 1.122.159 743.903 196.400 7.362.871 1.602.774 213.821 1.808.437 16.176.083 4.757.770
ENERGIA 730.531 2.594.966 9.042.337 608.652 18.624.253 8.190.966 3.151.447 9.829.170 12.046.436 10.857.808
Emissões fugitivas na produção de combustíveis 36.262 593.881 1.335.205 44.552 1.247.477 111.056
Emissões pela Queima de Combustíveis 730.531 2.558.705 8.448.457 608.652 17.289.048 8.146.413 3.151.447 8.581.693 12.046.436 10.746.752
Agropecuário 6.582 38.905 51.746 4.989 1.237.575 364.951 3.458 91.543 811.330 534.188
Comercial 905 9.258 17.424 10 51.310 29.678 35.279 23.618 44.560 7.585
Geração de Eletricidade (Serviço Público) 210.933 7.543 4.808.125 1.716 541.279 2.029.080 – 1.008.955 205.553 3.713.362
Industrial 1.585 673.963 50.084 23.748 2.461.884 316.983 75.713 1.455.997 2.551.296 1.343.221
Não Identificado
Produção de Combustíveis 11.129 624.412 1.514.251 89.126 1.691.216 31.826
Público 331 2.750 10.703 1.039 15.795 2.819 45.002 4.007 4.308 1.692
apêndice

Residencial 62.923 299.380 268.182 56.795 1.507.843 796.980 205.919 404.643 672.388 484.846
Transportes 447.271 1.515.777 2.617.782 520.355 9.959.110 4.516.797 2.786.077 3.901.714 7.757.001 4.630.032
MUDANÇA DE USO DA TERRA E FLORESTA 50.935.006 518.809 109.084.601 1.731.502 33.981.441 2.335.088 73.396 3.617.248 11.272.634 52.432.132
Alterações de Uso do Solo 47.307.072 494.605 101.343.623 1.612.762 31.924.957 2.175.496 70.240 3.415.114 10.814.295 49.049.551
Resíduos Florestais 3.627.934 24.204 7.740.979 118.739 2.056.484 159.592 3.155 202.134 458.338 3.382.581
PROCESSOS INDUSTRIAIS 144.946 234.305 1.455.858 1.002.832 1.029.852 9.286.433 727.389 137.071
Emissões de HFCs
Indústria Química 653.110
Produção de Metais 317.451 8.985.829 –
Produtos Minerais 144.946 234.305 485.297 1.002.832 1.029.852 300.604 727.389 137.071
Uso de SF6
Uso Não-Energético de Combustíveis e Uso de Solventes
RESÍDUOS 410.380 1.280.609 2.258.259 349.821 5.047.396 4.060.394 1.675.598 2.054.840 3.249.173 2.357.273
Resíduos Sólidos 293.781 843.397 1.743.845 252.125 2.910.154 2.686.247 1.332.374 1.482.093 1.901.076 1.407.657
Tratamento de Efluentes Liquidos 116.599 437.212 514.414 97.697 2.137.242 1.374.147 343.224 572.747 1.348.096 949.616
TOTAL EMISSÕES BRUTAS 59.662.486 8.178.057 123.977.936 3.494.225 84.617.245 22.943.399 6.377.269 30.305.600 85.891.307 85.007.334

REMOÇÕES 14.653.744 1.109.148 161.686.406 20.857.771 23.945.477 7.680.918 401.096 1.705.570 10.260.639 28.551.243
Remoção em Áreas Protegidas 12.094.562 49.148 149.023.932 17.017.609 3.971.979 294.151 231.403 111.381 1.473.687 7.593.051
Remoção por Mudança de Uso da Terra 292 3.817 7.309 35.878 482.211 35.550 9.867 120.873 577.592 140.990
Remoção por Vegetação Secundária 2.558.890 1.056.183 12.655.165 3.804.284 19.491.287 7.351.217 159.826 1.473.316 8.209.360 20.817.202
TOTAL EMISSÕES LÍQUIDAS 45.008.742 7.068.909 - 37.708.470 - 17.363.546 60.671.768 15.262.481 5.976.173 28.600.030 75.630.668 56.456.091

52
ESTIMATIVA DE EMISSÕES DE GEE NO BRASIL POR SETOR E SUB-SETOR POR ESTADO (TCO2E – GWP AR5) EM 2020
MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN
AGROPECUÁRIA 58.225.841 46.022.966 85.279.561 47.803.050 3.506.625 6.631.904 5.362.093 30.948.707 5.860.025 2.747.838
Cultivo de Arroz 5.164 63.285 42.213 – – 4.217 28.972 148.276 194 4.809
Fermentação Entérica 37.298.191 32.694.800 55.603.707 37.345.841 2.416.584 4.099.521 2.847.705 15.131.832 4.389.518 1.866.484
Manejo de Dejetos Animais 3.073.665 1.183.245 2.622.382 1.432.452 238.752 613.832 701.633 2.676.131 167.507 231.487
Queima de Resíduos Agrícolas 524 – 4.728 – 27.984 98.396 6.700 15.625 12.876 13.913
Solos Manejados 17.848.297 12.081.637 27.006.531 9.024.757 823.305 1.815.938 1.777.083 12.976.842 1.289.930 631.145
ENERGIA 32.492.874 6.523.503 11.644.128 10.862.848 4.008.005 9.316.851 2.446.254 22.551.391 47.582.061 3.826.125
Emissões fugitivas na produção de combustíveis 547.927 446.153 876.576 13.248.068 295.097
Emissões pela Queima de Combustíveis 31.944.947 6.523.503 11.644.128 10.862.848 4.008.005 8.870.698 2.446.254 21.674.814 34.333.993 3.531.028
Agropecuário 2.046.131 786.289 3.346.772 418.313 92.318 184.559 147.530 399.912 73.254 214.454
Comercial 117.016 17.416 15.391 11.983 9.845 38.382 4.032 152.860 197.537 16.138
Geração de Eletricidade (Serviço Público) 297.978 448.722 608.114 180.088 225.880 1.187.696 13.292 520.496 6.137.365 371.279
Industrial 7.677.981 950.805 249.208 2.548.666 1.290.619 594.950 11.434 2.424.070 2.762.345 243.601
Não Identificado
Produção de Combustíveis 650.295 529.507 935.025 13.070.795 330.013
Público 28.789 4.981 218 5.468 1.533 4.961 4.644 11.522 63.565 3.288
apêndice

Residencial 1.705.963 264.641 329.389 581.054 402.494 845.573 283.415 1.113.459 1.756.638 332.487
Transportes 19.420.794 4.050.650 7.095.036 7.117.277 1.985.315 5.485.070 1.981.906 16.117.471 10.272.493 2.019.768
MUDANÇA DE USO DA TERRA E FLORESTA 27.023.236 7.656.467 140.544.297 354.217.440 663.676 1.005.395 10.317.312 15.598.570 1.458.423 662.694
Alterações de Uso do Solo 25.752.156 7.311.184 131.476.131 329.559.687 626.137 949.504 9.659.704 14.789.640 1.373.325 621.704
Resíduos Florestais 1.271.079 345.283 9.068.166 24.657.753 37.539 55.891 657.608 808.930 85.098 40.990
PROCESSOS INDUSTRIAIS 23.974.716 299.775 458.858 904.484 1.356.056 168.253 – 3.561.408 5.880.733 431.969
Emissões de HFCs
Indústria Química 12.504 515.169 7.202
Produção de Metais 13.954.198 – 596.831 4.756.334
Produtos Minerais 10.008.014 299.775 458.858 307.653 1.356.056 168.253 – 3.046.239 1.117.197 431.969
Uso de SF6
Uso Não-Energético de Combustíveis e Uso de Solventes
RESÍDUOS 9.479.539 1.375.801 1.488.718 3.199.273 1.477.068 3.657.975 1.267.874 5.809.707 11.596.830 1.323.364
Resíduos Sólidos 6.188.799 736.975 770.663 2.032.120 899.206 2.458.818 865.831 3.627.678 9.562.419 866.714
Tratamento de Efluentes Liquidos 3.290.740 638.826 718.055 1.167.153 577.862 1.199.157 402.043 2.182.029 2.034.411 456.650
TOTAL EMISSÕES BRUTAS 151.196.206 61.878.513 239.415.562 416.987.095 11.011.429 20.780.378 19.393.532 78.469.782 72.378.072 8.991.991

REMOÇÕES 24.334.113 9.524.574 52.627.865 164.332.211 2.859.608 3.595.325 5.969.631 7.038.614 1.450.616 2.499.819
Remoção em Áreas Protegidas 2.585.684 1.126.929 23.960.479 114.175.431 33.835 214.903 1.508.163 1.231.713 601.820 24.513
Remoção por Mudança de Uso da Terra 404.483 756.684 2.378.584 339.818 12.792 29.078 65.618 185.116 8.534 13.615
Remoção por Vegetação Secundária 21.343.946 7.640.961 26.288.802 49.816.962 2.812.981 3.351.344 4.395.850 5.621.785 840.262 2.461.691
TOTAL EMISSÕES LÍQUIDAS 126.862.093 52.353.939 186.787.697 252.654.884 8.151.821 17.185.053 13.423.901 71.431.168 70.927.456 6.492.172

53
ESTIMATIVA DE EMISSÕES DE GEE NO BRASIL POR SETOR E SUB-SETOR POR ESTADO (TCO2E – GWP AR5) EM
2020
RO RR RS SC SE SP TO Não Alocado Total Geral
AGROPECUÁRIA 30.102.720 2.090.743 44.930.591 15.533.292 2.626.789 35.172.246 22.144.000 577.022.998
Cultivo de Arroz – 61.890 8.132.974 633.596 32.627 57.123 948.420 10.369.554
Fermentação Entérica 24.210.358 1.521.164 19.927.796 7.978.438 1.751.275 17.911.796 15.128.950 372.973.344
Manejo de Dejetos Animais 727.757 89.518 2.723.575 2.841.435 118.625 1.304.965 572.601 26.996.464
Queima de Resíduos Agrícolas – – 665 – 12.378 43.260 – 369.800
Solos Manejados 5.164.605 418.172 14.145.580 4.079.823 711.884 15.855.102 5.494.029 166.313.837
ENERGIA 2.976.054 1.701.188 21.229.939 18.855.444 3.025.464 75.537.246 3.263.745 40.185.574 393.705.260
Emissões fugitivas na produção de combustíveis 789.173 2.067.885 66.510 4.772.089 184.353 26.662.265
Emissões pela Queima de Combustíveis 2.976.054 1.701.188 20.440.766 16.787.559 2.958.954 70.765.157 3.263.745 40.001.221 367.042.995
Agropecuário 28.602 8.481 178.908 100.272 7.604 8.246.229 266.190 797.092 20.488.177
Comercial 3.372 129 100.851 74.477 8.831 554.485 2.988 98.817 1.644.175
Geração de Eletricidade (Serviço Público) 285.971 1.148.740 3.976.485 4.148.899 66 916.723 – 184.375 33.178.715
Industrial 23.635 2.232 1.390.001 1.874.671 1.335.478 12.460.584 6.992 14.906.634 59.708.379

ACESSE A TABELA COMPLETA COM


Não Identificado – –
Produção de Combustíveis 769.787 – 105.981 5.046.797 12.694.282 38.094.441

TODAS AS FONTES DE EMISSÃO AQUI:


Público 714 191 102.862 12.744 3.271 514.415 210 384 852.208
apêndice

Residencial 151.531 45.224 1.032.288 596.797 198.830 4.429.895 131.692 8.742.575 27.703.844
Transportes 2.482.229 496.191 12.889.584 9.979.701 1.298.893 38.596.029 2.855.671 2.577.061 185.373.055
MUDANÇA DE USO DA TERRA E FLORESTA 91.842.652 21.427.332 12.978.184 10.822.137 683.621 9.205.967 25.834.036 997.923.296
Alterações de Uso do Solo 85.416.881 19.922.933 12.221.641 10.283.365 640.134 8.919.132 24.342.728 932.073.701
Resíduos Florestais 6.425.772 1.504.400 756.543 538.772 43.487 286.835 1.491.308 65.849.595
PROCESSOS INDUSTRIAIS 107.591 541.004 614.443 1.480.371 4.409.135 279.576 41.477.333 99.964.389
Emissões de HFCs 19.894.071 19.894.071
Indústria Química 570.500 501.971 1.473.717 3.734.172
Produção de Metais – 863.014 16.818.166 46.291.822
Produtos Minerais 107.591 541.004 614.443 909.871 3.044.150 279.576 2.343.992 29.096.937
Uso de SF6 239.935 239.935
Uso Não-Energético de Combustíveis e Uso de Solventes 707.452 707.452
RESÍDUOS 748.855 325.128 4.664.506 3.418.037 922.712 17.425.297 1.080.128 43.256 92.047.812
Resíduos Sólidos 393.106 233.614 2.636.595 1.867.137 645.389 11.848.785 817.887 61.304.486
Tratamento de Efluentes Liquidos 355.749 91.514 2.027.911 1.550.900 277.323 5.576.512 262.241 43.256 30.743.326
TOTAL EMISSÕES BRUTAS 125.777.874 25.544.391 84.344.223 49.243.353 8.738.957 141.749.890 52.601.485 81.706.164 2.160.663.755

REMOÇÕES 22.332.253 28.171.148 14.903.207 3.775.442 871.797 6.920.713 13.650.646 – 635.709.594


Remoção em Áreas Protegidas 14.799.567 24.618.634 834.493 401.647 9.455 2.166.313 5.809.601 – 385.964.083
Remoção por Mudança de Uso da Terra 166.707 11.049 280.335 126.832 20.241 182.211 231.361 – 6.627.437
Remoção por Vegetação Secundária 7.365.979 3.541.465 13.788.379 3.246.963 842.101 4.572.189 7.609.684 – 243.118.074
TOTAL EMISSÕES LÍQUIDAS 103.445.621 - 2.626.757 69.441.016 45.467.911 7.867.160 134.829.177 38.950.839 81.706.164 1.524.954.161

54
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