1966 - Inglaterra

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 ABERTURA

Suspeita mancha título inglês


EUSÉBIO

Ele nasceu em Moçambique,


A Inglaterra, inventora do futebol, precisou esperar até começou a carreira em um
1966 para organizar (e ganhar) uma Copa do Mundo. time chamado "Os Brasileiros"
e foi o artilheiro, com nove
Num torneio marcado por suspeita de favorecimento de gols, com o uniforme de
arbitragem e muita violência, o esforçado time inglês Portugal.

passou pela Alemanha Ocidental na decisão. Eusébio, o "Pantera Negra",


tinha 24 anos quando entrou
em campo para enfrentar a
Hungria e marcou seu primeiro
gol na Copa, na vitória de 3 a

AFP A violência foi a maior 0 sobre a Bulgária. O jogo


seguinte foi contra o Brasil.
característica da Copa. Eusébio começou aí sua
arrancada para ser o melhor
Sobrou até mesmo para jogador da Copa ao marcar
Pelé, caçado em campo dois gols e ajudar a seleção
portuguesa a despachar a
por jogadores da brasileira por 3 a 1.
Bulgária e de Portugal. Nas quartas-de-final, contra a
Além da participação Coréia do Norte, Eusébio
comandou a reação que tirou
discreta de Pelé, uma uma desvantagem de 3 a 0 em
péssima organização fez 24 minutos. Em sua melhor
atuação na carreira, marcou
com que a seleção quatro gols e garantiu a virada
brasileira fosse de Portugal por 5 a 3.
Geoffrey Hurst marca o terceiro gol da Inglaterra
na final, mas a dúvida ainda permanece: a bola eliminada logo na A Inglaterra, anfitriã do
entrou ou não entrou? torneio, foi a rival de Portugal
primeira fase. na fase semifinal. Bem
marcado, Eusébio não evitou a
Número de Participantes - 16 O Brasil fez sua pior derrota portuguesa por 2 a 1,
mesmo marcando um gol de
Jogos - 32 campanha em Copas desde pênalti.
Gols - 89 1934. Foi eliminado na
Na despedida, contra a União
Média de gols - 2,78 primeira fase, após derrotas Soviética, levou a melhor no
Sedes - Birmingham, Liverpool, para Hungria e Portugal. A confronto contra o goleiro
Yashin e fez de pênalti o
Londres, Manchester, Middlesbrough, equipe, formada por primeiro gol da vitória por 2 a
1.
Sheffield e Sunderland veteranos dos Mundiais de 58
Média de público - 50.459 pessoas
e 62 e por novatos que se Eusébio atuou 64 vezes pela
Artilheiro - Eusébio (POR) - 9 gols seleção portuguesa e marcou
sagrariam campeões em 70, 41 gols. O atacante jogou até
Campeão - Inglaterra
não se encontrou em campo 1978, a maior parte do tempo
no Benfica, onde ganhou 11
Vice-campeão - Alemanha Ocidental
Terceiro colocado - Portugal
apresentou um futebol títulos nacionais.
lamentável.

O torneio foi muito ruim tecnicamente. As duas seleções finalistas


apresentaram um futebol mais de força do que de habilidade. O grande
destaque foi Portugal, que em sua estréia em Mundiais ficou em terceiro lugar.

A seleção lusitana ainda teve o artilheiro da competição, Eusébio, e foi


protagonista de uma das maiores viradas na história das Copas. Depois de
estar perdendo por 3 a 0 para a Coréia do Norte nas quartas-de-final,
conseguiu vencer a partida por 5 a 3.

A equipe norte-coreana, por sinal, foi responsável pela maior zebra do torneio.
Na primeira fase, venceu a Itália por 1 a 0, resultado que acabou tirando a
seleção européia do Mundial.

Além da violência (cinco jogadores foram expulsos de campo, numa época em


que não havia a distribuição de cartões amarelos ou vermelhos), as
arbitragens desastrosas macularam a Copa, sobretudo a conquista inglesa.

A maior polêmica da arbitragem aconteceu no jogo final, entre Inglaterra e


Alemanha. Aos 11min da prorrogação, o atacante inglês Geoffrey Hurst fez o
gol mais discutido da história das Copas. Após um belo chute, a bola bateu na
trave e caiu próxima à linha. O bandeirinha assinalou que a bola tinha entrado,
e o árbitro suíço Gottfried Dienst confirmou o gol.

A Alemanha reclamou da marcação, mas o juiz não mudou sua decisão. A


Inglaterra ficou em vantagem e ainda conseguiu marcar mais um gol no final
da prorrogação, para vencer a final por 4 a 2.

 CAMPEÃO

Inglaterra leva final contestada


Diferentemente do Brasil, campeão nos dois Mundiais anteriores, a Inglaterra
de 1966 não era um celeiro de craques. A equipe tinha um goleiro seguro
(Gordon Banks), um zagueiro de classe (Bobby Moore), um meia de qualidade
(Bobby Charlton) e um atacante oportunista (Geoffrey Hurst). Os outros
jogadores eram, no máximo, esforçados. Mesmo assim, a equipe entrou em
campo como uma das favoritas ao título.

AFP

Jogadores da Inglaterra
comemoram a conquista da
Copa do Mundo de 1966
O fato de atuar em casa ajudou, e
muito, a caminhada da Inglaterra
rumo à final. A partida de estréia dos
ingleses aconteceu no dia 11 de
julho, em Wembley, contra o
Uruguai. Mais de 87 mil pessoas
viram um jogo truncado, que acabou
sem gols.

Nos outros dois jogos da primeira


fase, a Inglaterra apresentou um
futebol mais pragmático e venceu
sem convencer: 2 a 0 sobre o México
e outro 2 a 0 sobre a França.

Nas quartas-de-final, a Inglaterra fez


um jogo muito conturbado contra a
Argentina. O árbitro alemão Rudolf
Kreitlein deu uma força aos donos da
casa e expulsou injustamente o
argentino Rattin. Com um jogador a
mais, a Inglaterra conseguiu a vitória
por 1 a 0, com um gol marcado por
Hurst no segundo tempo.

Nas semifinais, a Inglaterra enfrentou


Portugal, a sensação da Copa. A
equipe do craque Eusébio sentiu o
peso da decisão e não ofereceu
resistência aos britânicos, sendo
derrotada por 2 a 1, dois gols de
Bobby Charlton.

A adversária da Inglaterra na final foi


a Alemanha Ocidental. No primeiro
tempo, Haller colocou os alemães em
vantagem, mas Hurst empatou pouco
depois. No segundo tempo, Peters
deu a vantagem aos ingleses aos
33min. Quando 95 mil pessoas já
comemoravam, Weber empatou, no
último minuto.

A partida foi para a prorrogação, e aí


brilhou a estrela de Hurst. Aos
11min, o atacante marcou o gol mais
duvidoso da história das Copas.
Acertou um belo chute que explodiu
no travessão do goleiro Tillkowski e
quicou no chão, perto da linha. O
árbitro Gottfried Dienst confirmou o
gol e foi cercado pelos jogadores da
Alemanha.

Nos minutos finais da prorrogação,


Hurst marcou mais uma vez e
garantiu a vitória da Inglaterra por 4
a 2, dando aos inventores do futebol
o seu primeiro título mundial.

 CURIOSIDADES

Cão herói
Antes da Copa, em março, a taça foi
roubada em uma exposição. A polícia
inglesa procurou o troféu, sem
sucesso. A taça foi encontrada uma
semana depois por um vira-lata
chamado Pickles, em um jornal,
embaixo de uma árvore no subúrbio
de Londres.

Pedradas
Eliminados pela Coréia do Norte na
primeira fase, os jogadores da Itália
tiveram uma recepção conturbada
quando voltaram para casa. Apesar
de tentar despistar jornalistas e
torcedores, o ônibus da delegação foi
alvo de frutas e tomates podres no
aeroporto.

Mascote
O leão Willie foi o primeiro mascote
de uma Copa do Mundo. Ele foi
criado pelos organizadores do
Mundial para promover o torneio.

Adeus, invencibilidade
A derrota para a Hungria na segunda
rodada quebrou a série de 15 jogos
invictos do Brasil (13 vitórias e 2
empates). Nunca uma seleção ficou
tanto tempo sem perder em Copas
do Mundo.

Recuperação
Alf Ramsey é considerado um herói
na Inglaterra por ter dirigido a equipe
campeã. Entretanto, 16 anos antes,
ele participou de um dos maiores
vexames da seleção inglesa: a
derrota para a equipe dos EUA na
Copa disputada no Brasil.

Na última hora
Bobby Moore, capitão da Inglaterra,
quase não chegou a disputar a Copa.
O regulamento previa que só
poderiam atuar no Mundial jogadores
com contrato em vigor, e o jogador
só renovou o seu vínculo com o West
Ham na véspera da estréia no
Mundial.

Bebê
Aos 16 anos, o atacante Edu tornou-
se o brasileiro mais jovem convocado
para disputar uma Copa do Mundo.

 FRASES

"O que foi aquele gol? A bola cruzou a linha?


Eu não sei a resposta. E eu não acho que
saberei."
Geoffrey Hurst, autor do polêmico gol da final da
Copa do Mundo

"Eu não estou feliz com você porque marcou


um gol que não foi gol."
Franz Beckenbauer, jogador alemão, a Geoffrey
Hurst, autor do polêmico gol na final, 16 anos
após a decisão

"Nós não trocamos uniformes com animais."


Alf Ramsey, técnico da Inglaterra, após a violenta
partida contra a Argentina nas quartas

"A Inglaterra nos venceu em 1966 porque


Bobby Charlton foi um pouco melhor do que
eu."
Franz Beckenbauer, zagueiro alemão

"Seremos campeões do mundo. Esperem e


comprovem."
Alf Ramsey, técnico inglês, antes da Copa

 ÉPOCA

Brasil vive dias de


incerteza política
O Brasil vivia um clima de grande
instabilidade durante a Copa do
Mundo. O governo militar, que
tomara o poder em 1964, ainda não
tinha entrado em sua fase mais
pesada (fato que aconteceria em
dezembro de 1968, com o AI-5), mas
já limitava as ações individuais
dentro do país.

Os outros países sul-americanos


também sofriam com os governos
militares, que eram apoiados pelos
Estados Unidos. Em 1967, um ano
após a Copa, o líder guerrilheiro
Ernesto Che Guevara foi assassinado
na Bolívia.

Na Europa, a corrida espacial e


armamentista entre Estados Unidos e
União Soviética continuava a todo
vapor. A Guerra Fria entre os dois
países chegara ao auge, tanto que,
segundo pesquisas, os norte-
americanos acreditavam que uma
hecatombe atômica realmente
aconteceria.

Internamente, os Estados Unidos


assistiram a uma guerra racial, com o
assassinato dos líderes negros
Malcolm X (em 1965) e Martin Luther
King (em 1968). Na Ásia, os norte-
americanos se envolveram na Guerra
do Vietnã, que começou em 1964,
durou nove anos e causou a morte de
1,2 milhão de pessoas.

Uma criação ocorrida em 1966 serviu


para mudar, e muito, o
comportamento mundial. A estilista
inglesa Mary Quant inventou a
minissaia e deu o pontapé inicial para
a revolução sexual feminina.

 CAMPANHA DO BRASIL

Um fracasso
atrás do outro
A chance do Brasil conquistar o seu
terceiro título consecutivo na Copa do
Mundo acabou antes mesmo de o
Mundial começar. Uma série incrível
de trapalhadas fez com que a equipe
viajasse à Inglaterra desacreditada.

O maior erro foi a indefinição do time


que disputaria a Copa. Na fase de
preparação, o técnico Vicente Feola
convocou 45 jogadores, que se
revezavam em quatro times.

A equipe principal só foi escolhida na


véspera da Copa e reuniu craques
dos dois Mundiais anteriores (como
Pelé, Garrincha, Gilmar e Bellini) e
jogadores que ainda iriam se
destacar com a camisa do Brasil
(casos de Gerson e Tostão).

A idéia de Feola em mesclar craques


consagrados com jogadores
inexperientes não deu resultado. A
seleção brasileira apresentou um
futebol apático, sem criatividade,
sendo facilmente dominada por
equipes um pouco mais estruturadas,
como Hungria e Portugal.

A estréia na Copa aconteceu contra a


Bulgária, e o Brasil ganhou bem: 2 a
0, gols de Garrincha e Pelé, que foi
alvo da violência e não pôde jogar a
partida seguinte, contra a Hungria.
Foi a última vez em que os dois
maiores jogadores brasileiros
atuariam juntos.

Sem seu maior astro, o Brasil


sucumbiu diante dos húngaros. Bene,
logo aos 2min de jogo, abriu o
placar. A seleção empatou na
primeira etapa, com um gol de
Tostão, mas a reação parou por aí.
Com gols de Farkas e Meszoly, a
Hungria venceu por 3 a 1 e aplicou
no Brasil sua primeira derrota em
Mundiais em 12 anos.
A vaga para as quartas-de-final foi
decidida na última partida, contra a
seleção portuguesa. Pelé voltou a
campo e mais uma vez foi alvo da
violência dos adversários. Perdido em
campo, o Brasil foi dominado,
derrotado por 3 a 1 e acabou
eliminado.

 OS BRASILEIROS

Djalma Santos e
o fim de uma era
Veterano das três Copas anteriores, o
lateral-direito Djalma Santos se
apresentava como uma das peças-
chaves do técnico Vicente Feola.
Entretanto, acabou se tornando
símbolo de uma era que se encerrou
com a péssima campanha no Mundial
da Inglaterra, em 1966.

Aos 37 anos, Djalma Santos já não


tinha o mesmo brilho demonstrado
nas conquistas mundiais de 1958 e
1962. Mesmo assim, foi escolhido
pelo técnico como um dos líderes do
grupo que disputou o Mundial.

A experiência do lateral não


conseguiu evitar o péssimo
desempenho do Brasil na Copa e a
eliminação precoce logo na primeira
fase. Confusa, a seleção não foi nem
sombra da equipe bicampeã do
mundo. Djalma Santos naufragou
com o time e foi sacado da equipe
contra Portugal, no terceiro jogo.
Teve de dar o lugar a Brito e se
despediu da seleção.

Acabava aí a era dos primeiros


brasileiros campeões mundiais. A
reciclagem viria quatro anos depois,
no México, onde uma nova geração
de craques encantou os
espectadores.

 ENTREVISTA

Lima: "O
Havelange só fazia
politicagem na
seleção"
Por Lello Lopes

Um dos únicos brasileiros a disputar


os três jogos da seleção na Copa de
66 (o outro foi Jairzinho), o meia
Lima explicou em entrevista ao UOL
Esporte os motivos que levaram a
equipe a naufragrar na competição
logo na primeira fase.

A conversa ocorreu antes do Mundial


de 2002, em meio às dúvidas sobre o
desempenho do Brasil de Felipão
que, por fim, conquistaria o
pentacampeonato mundial.

Por que o time de 66 não


conseguiu repetir o desempenho
das seleções de 58 e 62?
Primeiro porque nós estávamos
muito mal preparados fisicamente.
Segundo porque houve falta de
planejamento. Acho que os jogadores
perderam um pouco da motivação
após o resultado do segundo jogo
(derrota para a Hungria), que foi
fatal para nossas pretensões. No
começo, todos estavam eufóricos,
pensando no tri, quando na realidade
deveriam se preocupar com a
preparação da equipe. Nós treinamos
quatro meses antes da Copa e,
faltando uma semana para começar,
ninguém sabia quem ia jogar.

Quais foram os problemas de


planejamento e treinamento?
A primeira convocação aconteceu
logo depois da Copa de 62. Era um
trabalho que tinha tudo para dar
certo. Começaram a preparar os
jogadores mais novos, já que depois
do Mundial do Chile a seleção tinha
um monte de veteranos. O grande
problema foi quando o Feola
convocou 45 jogadores, o que causou
uma guerra nos treinamentos -todo
mundo sabia que seriam só 22
vagas. Aí começaram os cortes, as
dispensas. Vários jogadores que
tinham condições até de serem
titulares foram cortados da equipe.
Além disso, o planejamento horrível.
O nosso preparador físico era da área
do judô, e o treinamento começou
em Minas e foi terminar no Rio.
Faltando 45 dias para Copa,
passamos ainda pela Suécia...

Como eram feitos os treinos com


todos esses jogadores?
A comissão técnica dividiu a seleção
em quatro equipes: vermelha, verde,
branca e amarela. A vermelha
deveria ser a titular, porque tinha o
Pelé. Eu estava na verde e dizia-se
que essa equipe deveria ter o maior
número de jogadores dispensados.
Mas aconteceu justamente o
contrário: foi a equipe verde que
mais teve jogadores na Copa. Nos
treinos, foi evitado um grande
contato entre as equipes para não
tornar a guerra ainda maior.

Você tinha medo de ser cortado


da seleção?
Tinha, todos tinham medo. O único
que não tinha medo era o Pelé,
porque seria quase impossível ele ser
cortado. Agora imagina você ficar
quatro meses nessa insegurança,
nessa pressão.

E como foi a participação do João


Havelange como chefe da
delegação brasileira na Copa da
Inglaterra?
Nós servimos apenas de cabos
eleitorias para eleição dele para
presidente da Fifa. Ele só fazia
políticagem lá. Ele era presidente da
CBD e queria garantir a vaga dele na
Fifa.

Dos 22 convocados, 20 entraram


em campo nas três partidas do
Brasil na Copa. Por que a seleção
mudou tanto durante o Mundial?
Não me lembro de nenhuma Copa
que uma seleção jogou três jogos
com equipes diferentes. Infelizmente
o Feola, que era um excelente
técnico, teve muito desentendimento
com o restante da comissão técnica.
Nesse braço de ferro quem acabou
perdendo fomos nós, jogadores, e a
seleção brasileira.

O que faltou ao Brasil na partida


contra a Hungria?
Antes da Copa fizemos um amistoso
contra a Hungria em São Paulo e
vencemos por 5 a 2. No Mundial, a
equipe deles era a mesma e a nossa
estava ainda melhor. Se nós
tívessemos um pouquinho mais de
sorte teríamos passado por eles. No
primeiro tempo conseguimos fazer
um bom jogo. Teve um lance em
cima da linha que o Alcindo não
conseguiu colocar para dentro. No
segundo tempo, nós jogamos muito
mal.

E o jogo contra Portugal?


Contra Portugal foi um desastre,
porque sofremos gols que não
podíamos sofrer. Era um jogo que
não podíamos perder e, com a
contusão do Pelé no começo do
segundo tempo ,a coisa ficou muito
difícil. Portugal era melhor do que a
gente, porque a equipe era baseada
no conjunto do Benfica e tinha um
jogador que desequilibrou na Copa, o
Eusébio.

Os brasileiros reclamam muito da


violência dos portugueses
naquela partida. O que de fato
aconteceu?
Teve violência mesmo,
principalmente contra o Pelé. Ele
sofreu três faltas numa jogada só.
Mas mesmo assim o árbitro não
puniu nenhum jogador adversário.

Fala-se muito sobre arbitragens


arranjadas para que o título
ficasse com os ingleses. Havia
algum boato à época?
Não se falava nada abertamente. Só
em alguns lances aconteceram coisas
assim, como o gol na final contra a
Alemanha, em que a bola não entrou.
Pela campanha que Portugal fez na
nossa chave, não teria que sair de
Liverpool para jogar em Londres
contra a Inglaterra. Mas houve uma
virada de mesa dois dias antes e os
portugueses tiveram de viajar.

Como foi a chegada ao Brasil


depois da Copa?
Do ponto de vista individual, foi
maravilhoso. Lembro que a imprensa
me considerou o melhor jogador do
Brasil na Copa. Cheguei aqui com a
consciência tranquila de que havia
feito o meu máximo. Mas na hora do
desembarque eu estava frustrado,
porque o meu sonho era ser campeão
mundial. E é ruim quando você vê o
seu sonho ir por água abaixo por
causa de politicagem.

A preparação para a Copa de


1966 é tida como a mais caótica
de uma seleção brasileira. Você
acha que atualmente o Brasil
sofre de um problema parecido?
Acho que estamos indo pelo mesmo
caminho. Estamos cometendo os
mesmos erros que foram feitos na
época.

Nome: Antônio Lima dos Santos


Data de nascimento: 18/1/1942
Local: São Sebastião do Paraíso (MG)

Clubes: Juventus (1958 a 1960) e Santos (1961


a 1968)
Títulos: Bicampeão mundial interclubes pelo
Santos (1962 e 1963), bicampeão da Copa
Libertadores da América pelo Santos, (1962 e
1963), pentacampeão da Taçã Brasil pelo Santos
(1961, 1962, 1963, 1964 e 1965), e oito vezes
campeão paulista pelo Santos (1961, 1962, 1964,
1965, 1967, 1968, 1969 e 1973)

Feitos: Jogador de grande versatilidade, atuou


praticamente em todas as posições. Na Copa de
66 foi um dos únicos brasileiros a disputar todas
as partidas como titular. Fez 18 partidas pela
seleção

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