A Rio Branco Que Vivemos - PMRB
A Rio Branco Que Vivemos - PMRB
A Rio Branco Que Vivemos - PMRB
Marcus Alexandre
Prefeito
Márcio Batista
Vice Prefeito e Secretário de Educação
Andréia Oliveira
Diretora do departamento de comunicação
SENADO FEDERAL
Jorge Viana
Senador
Aníbal Diniz
Senador
Tião Viana
Governador do Estado do Acre
César Messias
Vice-Governador
que vivemos
grande maioria que veio, em diferentes
Nesta publicação contaremos a histó- épocas, ficou e se multiplicou. Mas, até
ria de uma cidade que leva o nome de um aqueles que não permaneceram, certa-
Marcus Alexandre
7
A Rio Branco que vivemos
A Cidade
A
cidade de Rio Branco é o nosso em valores, culturas e identidades que
do Futuro
cantinho no mundo. Nasci, moro nos são próprias. Uma cidade que prio-
e convivo com suas culturas e rize o respeito, a valorização e o culto às
valores e espero que seja assim para nossas histórias e de nossos antepassa-
sempre. Desde cedo, aprendi a valorizar dos; que oportunize aos que alcançaram
as histórias da cidade e de nosso povo. a terceira idade, as condições necessá-
Presenciei o tempo das cadeiras na cal- rias para uma melhor qualidade de vida
çada para uma boa conversa entre vizi- e uma longevidade saudável; que cuide
nhos, ou para receber conhecidos que de suas crianças e lhes ofereça uma
há tempos não víamos. O rádio era nos- educação inclusiva e de qualidade; que
so único veículo de comunicação com veja na juventude, não só a esperança
o mundo. Os estudos estavam restritos de um futuro melhor, mas entenda que
às escolas públicas, com exceção do os jovens são os protagonistas de um
Colégio N. S. das Dores e dos Institutos novo tempo.
São José e Imaculada Conceição. Cursar Rio Branco detém as ferramentas
uma Faculdade, só para aquelas famílias de planejamento que apontam cami-
que tinham condições de mandar seus nhos e permitem que se vislumbre os
filhos para outras cidades. Mas, não é anos vindouros, com os problemas e
sobre essa Rio Branco, de que tanto gos- avanços inerentes ao crescimento eco-
to, que devo escrever aqui. É sobre a Rio nômico e populacional, próprios de uma
Branco do futuro. cidade de porte médio.
Tive o privilégio de ter recebido a Todos nós que amamos essa ci-
confiança da população de minha ci- dade, podemos e devemos ser fazedo-
dade, que me elegeu para o cargo de res de uma cidade sustentável, criativa,
Prefeito por dois mandatos consecu- geradora de riquezas, inclusiva, onde
tivos (2005/2012). Tenho a honra, todos tenham iguais oportunidades de
portanto, de ter me tornado o primei- acesso à educação e saúde, ao trabalho
ro Prefeito reeleito da história, agora e ao lazer.
secular, do nosso Município. E pude, Desejo, portanto, que todos nós,
assim, sentir todo o peso da imensa moradores dessa cidade, não perca-
responsabilidade que é administrar a mos a capacidade de nos indignar
maior cidade do Acre. diante das injustiças, nem de sonhar
Penso que nossa cidade precisa cres- e construir utopias, essenciais a convi-
cer e se desenvolver. Mas, sem perder vência harmoniosa e a uma cultura de
suas características que são fundadas paz e felicidade.
Raimundo Angelim
9
A Rio Branco que vivemos
C
idade é coisa antiga... Passam e os problemas só aumentaram. O des-
de 5000 anos as notícias sobre tino me deu o privilégio de ser prefeito
Uma cidade
o surgimento das primeiras. A de Rio Branco, entre 93 e 97, meu pai
grande maioria delas nasceu em função Wildy Viana, já tinha sido prefeito na
de atividades comerciais, em torno de década de 60. Quando assumi, nossa ci-
da Amazônia
mercados e do comércio de especiarias. dade tentava sair do que podemos cha-
Com a nossa Rio Branco não foi dife- mar de tempos muito difíceis, com caos
rente. No final do século XIX o mundo urbano, violência e precariedade nos
descobria a borracha e estabelecia com serviços públicos. Com uma boa equipe,
ela uma relação de dependência para o ousamos criar um programa de governo
progresso das cidades e dos negócios chamado “Vida Nova na Cidade”, prio-
do mundo. rizando educação, organizando e dando
O Acre era a possibilidade de pro- eficiência aos serviços públicos, criando
dução da “acre-fina”, a melhor entre parques, enfim, cuidando de Rio Branco.
as melhores borrachas. A ocupação da Assim, trouxemos de volta a autoestima
região na busca desse “ouro negro” foi para os moradores daqui. Tempos bons.
assustadora. Nossos rios atraíram gente Mas, apenas como governador, exata-
do mundo inteiro, árabes, portugueses mente em decorrência do caos implan-
espanhóis, italianos, ingleses, e, espe- tado após a nossa saída da prefeitura,
cialmente, brasileiros do nordeste. Rio pudemos fazer as mudanças urbanísti-
Branco nasceu assim, como entreposto cas mais significativas, que trouxeram
comercial de uma das regiões que mais de volta a ideia de uma cidade da flores-
produzia borracha e mais arrecadava ta. Uma cidade de frente para o rio, com
impostos para os governos do Amazo- a recuperação de nossas memórias histó-
nas, do Pará e do Brasil. ricas e a incorporação do conceito de ci-
O lamentável é que a riqueza era ge- dade sustentável, por meio de ações como
rada aqui e os investimentos eram feitos a construção ou recuperação de calçadas,
lá, na Belle Époque amazônica, nos ca- praças, ciclovias, grandes vias estruturan-
sarões, nas ruas, praças, cafés e teatros tes, museus, monumentos e parques.
de Belém e de Manaus, onde ficavam as Assim, nas duas últimas décadas, Rio
matrizes das casas de aviamento. Nossa Branco reencontrou seu destino, ga-
cidade já nasceu vinculada à floresta, na nhou de volta o amor dos que aqui vi-
beira do rio Acre, como seringal Volta vem e é tida como uma das mais belas e
da Empreza, depois Villa Rio Branco, Pe- bem estruturadas cidades da Amazônia
nápolis e, juntando o 1º com o 2º Distri- brasileira. Que bom que, junto com mui-
to, definitivamente, Rio Branco. tos que me ajudaram, como o ex-prefeito
Nasci e me criei aqui, vendo os na- Raimundo Angelim e o atual Marcus Ale-
vios, o desembarque de mercadorias e xandre, pude dar minha contribuição nes-
o embarque da produção de borracha sa história, que agora celebra cem anos.
e de castanha, ali, na Mesa de Rendas, Repito aqui um trecho da música que
perto do Colégio Acreano e do Mercado. usei na minha campanha de prefeito:
Era impressionante, no final de ano, o “Uma cidade parece pequena se com-
vai e vem de navios e chatas. A cidade parada com um país, mais é na tua, na
era arrumada, as casas bem feitas com minha cidade, que se começa a ser feliz“.
muitos chalés de madeira, cujas plantas
vinham da Europa.
O tempo passou, Rio Branco se des-
vinculou da floresta, começou a se
transformar numa cidade convencional Jorge Viana
11
A Rio Branco que vivemos
Colônia agrícola fundada nas proximidades de Rio Branco,
para produção de alimentos, dezembro de 1912.
Sumário
A cidade do futuro...........................................................8
Introdução..................................................................... 14
De seringal a cidade
1882-1912
N
as últimas décadas do sé-
culo XIX uma caudalosa
correnteza humana subiu
os rios amazônicos e invadiu to-
dos os cantos da floresta. A imen-
sa riqueza do látex abundante
das seringueiras faria surgir, en-
tão, novos lugares e povos des-
conhecidos por todo o mundo.
16 17
A Rio Branco que vivemos A Rio Branco que vivemos
Até o inicio do século XX, os mapas
mostravam os rios acreanos como se ima-
ginava que podiam ser, porque ainda não
eram conhecidos de verdade. A frontei-
Antes o Acre não existia
ra entre Brasil, Peru e Bolívia era, então,
E
apenas uma lenda. (Map of South America, 1890). sse território milenar povoa- cos foram, repentinamente, invadidos
do por mais de 50 diferentes por milhares de homens e mulheres
etnias - falantes das línguas vindos de todas as partes do Brasil e
Aruak, Pano, Takana, Catuquina, do mundo: cearenses, gaúchos, cario-
entre outras – só começou a ser co- cas, maranhenses, paraenses, sírios,
nhecido a partir de 1850, com as libaneses, portugueses, espanhóis,
explorações de Manuel Urbano da italianos, ingleses, entre outros. O
Encarnação, que foi logo seguido que, até então, era exclusivamente
pelo inglês William Chandless e bra- território indígena logo se tornaria Vapor Indio do Brasil, fundeado na
sileiros como Serafim Salgado, Silva um resumo do mundo e foco central villa Rio Branco. Álbum do Rio Acre,
1906 - 1907
Coutinho, Antônio Pereira Labre, etc. da cobiça internacional.
Desde o princípio exploradores A ocupação dos rios amazônicos,
perceberam que as florestas do oci- através da abertura de seringais, foi
dente amazônico eram muito ricas extremamente rápida. Já em 1878, o
em seringueiras, castanheiras, salsa- povoamento do rio Purus alcançava
parrilha, tabaco, entre outras “drogas a boca do rio Aquiri (como era, na
do sertão” e produtos diversos, que época, chamado pelos povos indíge-
tinham alto valor no mercado inter- nas do rio Acre); onde João Gabriel
nacional. A partir de 1870, o início de Carvalho e Melo, com a ajuda dos
do 1º Ciclo da Borracha tornou o lá- valentes índios Apurinã, abriu diver-
tex da seringueira uma matéria-pri- sos seringais e estabeleceu uma rota
ma estratégica para a Revolução In- de navegação que possibilitou a rápi-
dustrial, que estava transformando a da exploração de todo o rio Acre, que
economia mundial. logo se revelou um dos mais ricos em Seringueiro cortando com
machadinha. Exploração da Hévea,
Com isso, todos os rios amazôni- seringueiras de todo o vale do Purus. 1913
Boca do rio Acre, confluência com o rio Purus, na época do povoamento. Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907
18 19
A Rio Branco que vivemos A Rio Branco que vivemos
A Fundação
da Volta da
Empreza
C
onta-se que o cearense Neu-
tel Maia veio para o Acre
embarcado no vapor Apihy
com mais duas famílias, os Leite e
os Girão. No final de dezembro de
1882, o vapor ancorou no local do
seringal Bagaço, onde desembarcou
a família de Barbosa Leite.
Depois do natal, prosseguindo via-
gem rio acima, Neutel Maia escolheu
Neutel Maia, fundador da Volta da Empreza uma curva do rio, ao final de um longo
estirão que era ótimo porto para em- Casa comercial do Sr. N. Maia & Cia. Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907
barcações, onde havia uma frondosa
gameleira, para abrir seu seringal que denominou Volta da Empreza. Segun- povoado Volta da Empreza. Uma rua
do algumas informações isso aconte- formada na margem direita do rio - a
Flotilha de Neutel Maia e diversos
ceu no dia 28 de dezembro de 1882. partir da histórica Gameleira, seguin-
barcos de negociantes ambulantes O vapor Apihy seguiu viagem para do o traçado do estirão - que se tor-
no porto de desembarque na vila.
Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907 deixar Damasceno Girão na confluên- nou um dos portos economicamente
cia do rio Xapuri com o rio Acre. Co- mais movimentados e importantes de
meçava assim, com a abertura destes todo vale do rio Acre.
três seringais, o povoamento do mé-
dio e do alto rio Acre.
Logo, Neutel Maia percebeu que
podia lucrar mais com o comércio
do que com o funcionamento do se-
ringal Volta da Empreza, que tinha
muitas terras alagadiças. Por isso, já
em 1884, abriu a Casa N. Maia & Cia
e – além de aviar pequenos seringais
e negociar com gado que era trazido
da Bolívia - começou a vender terre-
nos para o estabelecimento de outros
comerciantes.
Assim, aos poucos, o que era pra
ser um seringal transformou-se em
povoado. O alinhamento de casas co-
merciais de diferentes proprietários
deu origem a um logradouro públi-
co e se constituiu na primeira rua do Casa comercial N. Maia & Cia situada na primeira rua da cidade. Álbum cidade de Rio Branco
20 21
A Rio Branco que vivemos A Rio Branco que vivemos
do Acre para o Bolivian Syndicate
leva, em 1902, à guerra de Plácido
de Castro e seu exército de serin-
gueiros contra os bolivianos. E a
vitória de Plácido obriga o governo
Exercito Boliviano em exercício durante
brasileiro a rever sua posição e ne-
o periodo revolucionário, Porto Acre. gociar sua anexação ao Brasil.
Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907
Os combates da
Volta da Empreza.
O
povoado da Volta da Empreza
foi palco de dois dos princi-
pais combates da Revolução.
R
apidamente o Acre, pela alta qua- emboscaram os brasileiros, em local
lidade de sua borracha, havia se próximo à Gameleira.
tornado fonte de grandes fortu- O segundo combate deu-se entre
nas, não só na região, mas também, em os dias 05 e 15 de outubro e mar-
Exército de seringueiros durante a Revolução Acreana. J. Plácido de Castro e o Estado Independente do Acre, 1930
Belém e Manaus. Essa imensa riqueza cou o primeiro grande êxito do Cel.
fez com que a Bolívia passasse a reivin- Plácido de Castro, já entrincheirado
dicar essas terras que eram suas, por e fortificado, sobre o exército bolivia- Mapa do território do Acre, 1904, Plácido de Castro
força dos tratados de limites. no sobre o exército boliviano. Depois
Assim, em 02 de janeiro de 1899, disso, os acreanos não foram mais
autoridades bolivianas se estabele- derrotados até a vitória final, em 24
cem em Puerto Alonso (atual Porto de janeiro de 1903.
Acre), passando a cobrar impostos
e a legislar sobre as terras acreanas.
Mas os brasileiros, que eram a maio-
ria na região, não aceitaram o domí-
nio estrangeiro e realizaram vários
movimentos de resistência.
Já em 1º de maio de 1899, co-
mandados por José Carvalho, os bra-
sileiros expulsaram os bolivianos, na
Primeira Insurreição Acreana. Com
a descoberta de um acordo secreto
para o arrendamento do Acre para
norte-americanos e ingleses, o es-
panhol Luiz Galvez vem ao Acre e
proclama a criação do Estado Inde-
pendente do Acre; mas, a expulsão
de Galvez e a devolução do Acre aos
bolivianos pelo governo brasileiro
Piquete revolucionário comandado por Plácido de Castro (a cavalo). J. Plácido de
desencadeia a Expedição dos Poetas.
Castro e o Estado Independente do Acre, 1930 A confirmação do arrendamento
22 23
A Rio Branco que vivemos A Rio Branco que vivemos
A Padroeira
do Acre
D
urante a Revolução Acreana, os
brasileiros aprisionaram um qua-
dro que retrata a Nossa Senho-
ra da Seringueira, feito por bolivianos.
Até hoje, a origem do quadro e as cir-
cunstâncias em que foi capturado estão
cercadas de mistério, havendo versões
contraditórias a esse respeito. O certo é
Seringal Forte de Veneza, margem esquerda do Rio Acre, onde Angelina enfrentou os Bolivianos. Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907 que, 110 anos depois, o quadro ainda
está aqui, bem guardado numa capela
Mulheres
no Parque Capitão Ciríaco.
E, como que confirmando o espiri-
to feminino que guia essa cidade desde
Acreanas seus primórdios, a primeira capela aqui
erguida foi dedicada à Nossa Senhora da
A
pesar das dificuldades da vida nos Conceição, que, desde então, passou a ser
seringais e das agruras da guerra considerada padroeira do Acre. Décadas
que conflagrou o Acre na passa- mais tarde, a capela construída por deci-
gem do século XIX para o XX, as mulheres são e esforço dos moradores da Villa Rio
também estavam aqui presentes. Como Branco, deu lugar à Igreja da Imaculada
atesta a lendária participação de Angelina Conceição, defronte à histórica Gameleira.
Gonçalves, na Revolução Acreana.
Logo após o primeiro combate da Vol- Quadro de Nossa Senhora da Seringueira capiturada dos bolivianos durante a revolução
ta da Empreza, os bolivianos invadiram Angelina Gonçalves Souza. Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907
24 25
A Rio Branco que vivemos A Rio Branco que vivemos
Villa Rio Branco
C
omo era o povoado mais po-
puloso e importante do vale
do Acre, o Volta da Empreza
foi escolhido para ser a sede do go-
verno departamental. Na verdade,
Cunha Mattos preferia Xapury, por
causa das alagações que afligiam o
povoado situado em terras baixas e
alagadiças, mas não conseguiu tirar
do Departamento do Alto Acre, a pri-
mazia de ser capital.
Assim, Cunha Mattos, que assu-
miu o governo departamental em Cel. Raphael da Cunha Mattos. Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907
agosto de 1904, não teve alternati-
C
Barracão do Seringal Empreza, margem
esquerda do rio Acre, em frente da
om a anexação do Acre ao para o Acre, então dividido em três va senão promover, em 7 de setem- dois Departamentos, Alto Purus e
Volta da Empreza, que serviu como
hospital de sangue durante o período Brasil através do Tratado de Prefeituras Departamentais. Para bro de 1904, o povoado da Volta da Alto Juruá, o Gen. Cunha Mattos ficou
revolucionário. Álbum do Rio Acre,
1906 - 1907 Petrópolis, de 17 de novem- governar o Departamento do Alto Empreza à condição de Villa, com o pouco tempo no Acre. Ainda assim,
bro de 1903, era preciso organizar Acre, que havia sido palco central nome de Rio Branco, numa justa ho- criou nossos dois primeiros municí-
o governo da região. Para tanto, em da Revolução, foi nomeado pelo menagem ao Barão, então Ministro pios: Rio Branco e Xapury. No entan-
abril de 1904, foi criado, o Terri- Presidente da República, o coman- das Relações Exteriores, que nego- to, tão logo foi embora, em abril de
tório Federal do Acre, um regime dante da ocupação militar, Gen. Ra- ciou a anexação do Acre ao Brasil. 1905, o Prefeito Departamental se-
político novo forjado especialmente phael da Cunha Mattos. Tal como os generais Siqueira de guinte anulou sua decisão, de modo
Mapa dos Departamentos do Acre em 1904. Atlas do Estado do Acre, 2008
Menezes e Thaumaturgo de Azevedo, que as leis de criação dos municípios,
nomeados para governar os outros não tiveram nenhuma efetividade.
26 27
A Rio Branco que vivemos A Rio Branco que vivemos
Centro Político
e Econômico
O
Departamento do Alto Acre era,
sem dúvida, o mais importante do
Território Federal. Havia sido o
primeiro a ser povoado, possuía a maior
produção de borracha e, como palco da
Revolução Acreana, tornou-se o centro
político de toda região onde estavam os
Jurados na primeira sessão do Júri, Villa Rio Branco. Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907
mais influentes líderes políticos, entre
os coronéis seringalistas. Mas, além disso, a Villa Rio Branco
Entre os três núcleos urbanos exis- possuía ainda um diferencial econômi-
tentes no vale do Acre: Xapury, Por- co muito importante. Era o lugar para
to Acre e Rio Branco, era este último onde afluía o gado trazido por Amadeo
Hotel da Villa Rio branco, da Senhora D. Maria. Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907
que concentrava o maior número de Barbosa, um português que possuía fa-
A
o ser criada, a Villa Rio Branco já sas comerciais; Bairro Canudos, também casas comerciais e de serviços (hotéis, zendas nos campos do Llano de Mojos.
era o centro urbano mais conso- ocupado por trabalhadores, na área restaurantes, dentistas, cassinos, mé- Esse gado vinha da Bolívia, via terrestre,
lidado de todo Território Federal. baixa da volta do rio; Bairro Quinze, no dicos, bordéis, cinemas, etc.). Assim, atravessando florestas e rios. A famosa
O relatório do Gen. Cunha Mattos revela outro estirão acima da volta do rio, as- era muito comum que, no período das “carne verde” (fresca), um produto de
que já existiam quatro “bairros”: Bairro sim chamado porque ali havia ficado o chuvas, durante a entressafra da bor- alto valor para os seringais, onde nor-
África, onde moravam os negros e tra- 15º Batalhão de Infantaria do Exército, racha, muitos seringueiros e seringa- malmente se consumia carne enlatada,
balhadores em geral; Bairro Comercial, durante a ocupação militar de 1903, o listas viessem para a Villa gastar seus importada da Inglaterra, ou mesmo
constituído pela primeira e mais impor- que havia atraído diversos comerciantes saldos e esquecer um pouco das agru- charque gaúcho, a fim de que não se
tante rua, onde se concentravam as ca- para se estabelecerem ali. ras de viver a solidão e o isolamento roubasse tempo do corte do precioso
do interior da floresta. látex, com a caça de animais na floresta.
Quartel do Batalhão de Segurança do Departamento do Alto Acre, Villa Rio Branco. Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907 Mapa do Território do Acre, de João Alberto Maso,1917
29
A Rio Branco que vivemos
Prefeito Gabino Besouro acompanhado de
seringalistas, 1908. Deptº de Patrimônio
Histórico e Cultural - FEM
A
pesar da importância política e
econômica da Villa Rio Branco,
os sucessivos governantes do
Alto Acre não desistiam de tentar mu-
dar a sede administrativa de lugar. A
fama insalubre da Vila, devida às ala-
gações, colaborava para isso. Mas, cer-
tamente, a criação de um novo núcleo
urbano poderia criar novas formas de
domínio político.
Com o engenheiro do exército, Cel.
Gabino Besouro, empossado como Pre-
feito Departamental em janeiro de 1908,
não foi diferente. Ele decidiu transferir a
sede do governo para a outra margem
Companhia Regional em formatura
na Villa Rio Branco,1909. Deptº de
do rio, no seringal Empreza, constituído
Patrimônio Histórico e Cultural - FEM por terras altas não alagáveis. Entretan-
to, a viúva Parente, dona do seringal, pe-
diu pela área um valor muito alto, o que
levou à desapropriação compulsória de
uma parte das terras do seringal.
Assim, no dia 13 de junho de 1909,
Gabino Besouro fundou Penápolis, em
homenagem ao então Presidente Afon-
so Pena. Um núcleo urbano destinado a
ser a nova sede do Departamento, com
traçado planejado em ruas regulares e
orientadas pelos pontos cardeais, entre
a margem esquerda do rio e a (atual)
Avenida Ceará. Bem distinto, portanto,
da Villa Rio Branco, cujo traçado era ir-
regular e determinado pelo curso do rio Adaptado do mapa de Rio Branco. Estudo Geográfico do Território do Acre, 1955
e a presença de igapós.
30 31
A Rio Branco que vivemos A Rio Branco que vivemos
A unificação de Rio Branco
Q
uando criou Penápolis, Gabino Be- Rio Branco, [...] pelo rio Acre; considerando
souro pretendia que fosse uma que estes três nomes trazem a idéia de três
nova cidade. Mas, a Villa Rio Bran- logares distinctos, quando não passam de
co já estava consolidada demais para um mesmo povoado, [...] creando [...] con-
ser ignorada. E como o Cel. Gabino, a fusão na [...] correspondência destinada à
exemplo de seus antecessores, logo foi mesma; Decreta: A fusão dos dois povoados
embora do Acre, essa situação seria mo- em um só, constituindo ambos a sede da
dificada rapidamente. Prefeitura do Alto Acre, com a antiga deno-
Assim, menos de um ano depois, em 10 minação de Empreza.” (FOLHA OFFICIAL –
de junho de 1910, o Prefeito Departamental 24/06/1910). Entretanto, em 03 de outubro
Leonidas Benicio de Mello “Considerando de 1912, uma nova mudança promovida pelo
que o antigo seringal [...] ‘Empreza’, sede da Prefeito Deocleciano Coelho de Souza alterou
prefeitura do Alto Acre, com a denominação novamente o nome de Empreza para Rio Posto de alojamento de soldados da Villa Penápolis, 1912. Fundação Oswaldo Cruz
de Pennapolis, está apenas separado da villa Branco, que desde então, se tornou definitivo.
Criação do Município
Vista parcial do 1º Distrito da cidade de Rio Branco, 1912. Fundação Oswaldo Cruz
A
ocorrência das Revoltas Auto- 1904 e 1912, passaram pelo governo
nomistas de Cruzeiro do Sul, em 15 diferentes Prefeitos Departamentais.
1910, e de Sena Madureira, em O Decreto Federal nº 9831, de 23-
1912, levou o governo brasileiro a pro- 10-1912, criou um quarto Departa-
mover uma reforma administrativa no mento no Alto Tarauacá, desmembra-
Território. Na verdade, a instabilidade do da área do Alto Juruá, e criou cinco
política no Acre era imensa, resultado municípios: Cruzeiro do Sul, Seabra,
do sistema territorial que muitos afir- Sena Madureira, Xapuri e Rio Branco.
mavam ser inconstitucional e que ain- Como sede dessa última Intendência
da estava sendo organizado. Para se Municipal foi escolhida Rio Branco
ter uma ideia: só no Departamento do que, então, foi oficialmente elevada à
Alto Acre, no período de oito anos, entre condição de cidade.
Vista parcial do 2º Distrito de Rio Branco, onde se concentram os comerciantes Sírio-libaneses, 1912. Fundação Oswaldo Cruz
32 33
A Rio Branco que vivemos A Rio Branco que vivemos
Avião Taquari após aquatizar no rio Acre
e ao fundo o vapor Benjamin, década de
30. Acervo de José Chalub Leite
A formação do Município
1913-1945
H
á cem anos surgiu o prin-
cipal e maior município
acreano. Desde então, In-
tendentes Municipais passaram
a administrar a cidade junto aos
Prefeitos Departamentais. E, sete
anos depois, Rio Branco consoli-
daria sua posição política ao se
tornar a Capital do Território.
34 35
O Município
de Rio Branco
C
ostuma causar certa confusão o
fato de que, entre 1904 e 1920, o
Acre era governado por Prefeitos
Departamentais, que faziam o papel de
governadores em cada Departamento. Por
isso, quando foram criados os municípios
do Território, seus gestores receberam a
denominação de Intendentes Municipais.
João de Oliveira Rola. Álbum do Rio Acre, 1906 - 1907
O Decreto Federal nº 9831, de 23 de
outubro de 1912 criou os primeiros cin- do movimento revolucionário contra os
co municípios, que só foram instalados bolivianos, ao lado de seu amigo Cel.
tempos depois (e em diferentes datas), Plácido de Castro.
após a posse dos Intendentes nomeados Era dono do Seringal Benfica e, por
pelo Presidente da República. consequência, tinha o domínio de toda
No caso de Rio Branco, o primeiro In- a movimentação do Riozinho, cuja foz
tendente Municipal, Cel. João de Oliveira ficava em frente a sede do seringal,
Rola, foi nomeado em 18 de dezembro de e que por isso acabou recebendo seu
1912, mas só tomou posse, de fato, em nome: Riozinho do Rola. Durante o
Mapa dos Departamentos e Municípios em 1913. Atlas do Estado do Acre, 2008
15 de fevereiro de 1913. breve tempo em que exerceu a função
O
Na mesma ocasião, foram também do Acre. Eram eles: o Cel. Joaquim Vic- Cel. João de Oliveira Rola, primei- de Intendente Municipal, procurou es-
empossados os primeiros Vogaes (o equi- tor da Silva e os Ten. Cel. Carlos Tristão ro Intendente de Rio Branco, era tabelecer toda organização necessária
valente aos vereadores de hoje) nomea- Norberto Júnior, Juvenal Coelho, Antônio o que se costumava chamar de para o funcionamento da municipali-
dos para compor o Conselho Municipal Evangelista Wanderley, Francisco Manoel “Acreano Histórico”. Cearense de nasci- dade, mas as dificuldades que encon-
que foi, na prática, o primeiro esboço de d'Âvila Sobrinho, Adolpho Barboza Leite mento, conquistou o direito de se auto- trou foram imensas. Talvez por isso,
poder legislativo no Território Federal e Porfirio da Purificação Sá. denominar acreano por ter participado ficou no cargo menos de um ano.
João de Oliveira Rola Joaquim Domingues Carneiro Epaminondas Jácome Teófilo Maia de Lima Ramiro Afonso Guerreiro J.r Edson Mendes de Oliveira
15.02.1913 a 07.01.1914 07.01.1914 a 11.06.1915 11.06.1915 a 11.06.1918 11.06.1918 a 01.07.1919 01.07.1919 a 18.10.1919 18.10.1919 a 09.05.1920
Intendente - 11 meses Intendente - 1 ano e 5 meses Intendente - 3 anos Intendente - 1 ano Intendente - 3 meses Intendente - 7 meses
À
exemplo da curta permanência do
primeiro intendente no cargo, im-
portante ressaltar que essa foi uma
constante na maior parte da história do
município de Rio Branco. Para se ter uma
ideia, só neste período inicial, entre fe-
vereiro de 1913 e janeiro de 1921, oito
anos, foram 10 diferentes intendentes.
Um quadro de instabilidade política e ad-
ministrativa que ficaria ainda pior, poste-
riormente, como veremos adiante.
Ou seja, a criação de municípios no Terri-
tório Federal teve pouca efetividade na me-
lhoria das condições políticas e sociais locais.
E o que foi ainda pior, a situação geral do A sede da Prefeitura Departamental do Alto Acre, construída em Penápolis, era um grande casarão de madeira
situado no mesmo local onde depois seria construído o palácio Rio Branco, 1912. Fundação Oswaldo Cruz
Acre, do ponto de vista econômico, acabaria
se tornando alarmante, nessa mesma época, economia da borracha amazônica entrou Depois das revoltas de Cruzeiro do na arrecadação dos impostos sobre a
em razão do fim do 1º Ciclo da Borracha. numa crise extremamente grave e prolon- Sul e Sena Madureira, foi a vez de Rio borracha. Assim, o governo decidiu
Afinal, em 1913 as plantações racio- gada que, gradativamente, levou à falência Branco passar por uma revolta autono- realizar uma nova reforma, em 1920,
nais de seringueiras criadas pelos ingle- a grande maioria dos seringais acreanos. mista, mas sem maiores consequências. extinguindo as quatro prefeituras de-
ses no Sudoeste Asiático, superaram toda Ao mesmo tempo, os autonomistas Além do cenário político contur- partamentais e instituindo um gover-
produção amazônica, fazendo despen- acreanos não aceitavam a situação de tu- bado, o Acre passou a dar prejuízo no unificado para o Território, man-
car os preços internacionais. Com isso, a tela politica do Território. para o governo federal com a queda tendo os cinco municípios.
Antonio Ferreira Brasil Eduardo Freire de Carvalho J.r Antonio Ferreira Brasil João Donato de Oliveira Manuel Duarte de Menezes João Donato de Oliveira
09.05.1920 a 05.06.1920 05.06.1920 a 02.09.1920 02.09.1920 a 03.01.1921 03.01.1921 a 23.06.1922 23.06.1922 a 27.06.1922 27.06.1922 a 04.09.1922
Intendente - 1 mês Intendente - 3 meses Intendente - 4 meses Intendente - 1 ano e 6 meses Intendente - 5 dias Intendente - 3 meses
Chatas e navios navegando no Rio Acre, anos 20. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Quartel da Polícia Militar, anos 20. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Ramiro Afonso Guerreiro J.r Adolpho Barbosa Leite Antonio Ferreira Brasil José Augusto Maria Filho Antonio Ferreira Brasil Adolpho Barbosa Leite
04.09.1922 a 03.02.1923 03.02.1923 a 17.02.1923 17.02.1923 a 20.03.1924 20.03.1924 a 22.03.1924 22.03.1924 a 22.03.1926 19.05.1926 a 21.06.1926
Intendente - 5 meses Intendente - 14 dias Intendente - 1 ano Intendente - 2 dias Intendente - 2 anos Intendente - 1 mês
o cargo de governador do Territorio, o sr. dr. Epaminondas Administração do Exmo. Sr. Coronel Antonio Ferreira a quadra da folia, foi levantada pela "SOCIEDADE verve e hilariante, será brevemente levada a scena, nesta
Jacome, que resolveu, de Manáos, onde se acha de Brasil. RESOLUÇÃO N. 35 - Art. 1º - Fica denominada TENTAMEN", em sua séde propria á rua Placido de capital, no " Eden Cinema" por um grupo de amadores
passagem, entrar em goso de licença. Na falta dos vice- ARTHUR BERNARDES a antiga PRAÇA MUNICIPAL, no 2º Castro, que apresentava bizarra decoração. Essa novel paraenses. A troupe encarregada da representação do
governadores, assumirá o governo o Intendente desta Districto desta cidade. RESOLUÇÃO N. 36 - Art. 1º - Dar associação constituida por elementos de nossa alta "Quero cazá", apresenta se para bem servir o público, com
capital. nova denominação de rua JOÃO LUIZ ALVES, á actual rua sociedade, levou a effeito duas "soirées" a fantasia e grande variedade de canções, cançonetas, chôros, samba
Jornal FOLHA DO ACRE ABUNÃ, no 2º Districto desta cidade. uma "matinée" infantil. e catteretês.
40 41
A Transformação Urbana
de Hugo Carneiro
Vista panorâmica do centro de Rio Branco. Á direita o Palácio em madeira e à esquerda o grupo escolar 7 de Setembro, Década de 20. Revista 104 anos de Rio Branco, 1986
C
om o passar do tempo, consolida- Em outras palavras, uma cidade dividi-
se, na capital acreana, a divisão en- da entre o lado oficial e o lado comercial,
tre os dois lados do rio. Na margem unidos pelas catraias, que transportavam
direita (o lado mais antigo), da Villa Rio os moradores de um lado ao outro. Mas,
Branco, o lado comercial, onde se con- apesar das diferenças funcionais, havia
centram os negócios e a movimentação muitas semelhanças entre as casas e
social da cidade, que passou a ser deno- construções, de ambos os lados.
minado 2º Distrito. Na margem esquerda,
Penápolis, o lado oficial, onde moravam o
governador e o bispo, que logo passou a
ser chamado de 1º Distrito.
Governador Hugo Carneiro em frente à sede do Governo, década de 20. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
E
m 1927, foi nomeado governador
Flávio Flaviano Baptista Alvaro Arnoso de Mello Leitão
do Acre o paraense Hugo Carnei-
21.06.1926 a 28.07.1926 28.07.1926 a 01.07.1927 ro, advogado que havia trabalha-
do em Seabra, onde foi Juiz. Em seu
Intendente - 1 mês Time do Atlético Acreano, 1926. Jornal O Rio Branco. Intendente - 1 ano governo, Carneiro transformou a paisa-
gem de Rio Branco.
Mercado Municipal de Rio Branco. É dividido em doze amplos compartimentos, com água encanada. Relatório de Governo de Hugo Carneiro - 1929/1930 Almoço no interior do Mercado Municipal, por ocasião de sua Inauguração do Mercado Municipal. Relatório de Governo de Hugo Carneiro - 1929/1930
inauguração. Relatório de Governo de Hugo Carneiro - 1929/1930
R H
io Branco era uma cidade de madeira. avia no Acre a crença de que era mais barata. Mas Hugo Carneiro pôs-se a
Marcilio Fernandes Basto
As casas eram construídas com esse impossível construir com alvena- construir um grande prédio de alvenaria,
01.07.1927 a 26.12.1927 material e muitas delas parede com pa- ria, porque o solo argiloso, sem pe- bem na beira do rio: o Mercado Munici-
rede, especialmente no 2º Distrito, de modo dras, não suportaria o peso dos prédios. pal. E o sucesso dessa construção o fez
Intendente - 5 meses que um incêndio poderia destruir a cidade. Além disso, a madeira era abundante e ousar ainda mais.
proprietario Sr. Avelino Esteves, ha pouco chegado do intendencia municipal doação de um terreno da largura acatado acreano sr. Coronel João Cancio Fernandes, geraes. Nasceu o Coronel João Cancio Fernandes aos 20
passeio feito á Hespanha, o Eden Cinema hontem reabbriu de 1o metros, entre as ruas portugal e 6 de Agosto para a vence mais um anno de existencia, toda dedicada ao de outubro de 1876, na fazenda João Gomes municipio
o seu salão ao público, completamente remodelado construção de uma outra rua que as ligue diretamente. trabalho dignificante nesta região aonde chegou como de Pau dos Ferros, Rio Grande do Norte. Contando
conseguindo, por isso, uma assistencia selecta numerosa. Jornal FOLHA DO ACRE hospede em 1897. Ao sr. João Cancio Fernandes, apenas 18 annos de idade veio para o Amazonas,
Agora o Eden está parecendo um cinema de cidade. ha pouco, com muita justiça, promovido de 2º a 1º fixando-se definitivamente em o seringal Natal, no
Parabens aos Srs. Moleiro e Esteves. vice-governador, deve o Acre inestimaveis serviços, rio Yaco, em 1897. Hoje, aqui no Acre, s. s. tem sob a
Jornal FOLHA DO ACRE quer politicos, quer financeiros; pois s. s. tem por mais direcção e gerencia de sua firma individual, diversos
de uma vez exercido cargos importantes como o de seringaes no Yaco, no Riosinho e no Acre.
Prefeito do Alto Purus, em 1920, e de governador do Jornal FOLHA DO ACRE
44 45
D
urante os três anos do governo
Hugo Carneiro, Rio Branco teve
três diferentes Intendentes, evi-
denciando que a instabilidade munici-
pal se mantinha constante. Ademais,
as verbas municipais eram sempre in-
suficientes para ações de grande vulto.
Mas, enquanto o 1º Distrito, o lado ofi- Inauguração do hospital Augusto Monteiro, 1928. década de 20. Dept° Inauguração do hospital para tuberculosos, Acampamento de escoteiros na colônia Cunha Vasconcelos, 1929. Stadium Rio Branco, 1929. Dept°de Patrimônio
de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM 07/09/1929. Deptº de Pat. Hist. e Cult. - FEM Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Histórico e Cultural - FEM
cial, recebia as obras do governo terri-
torial, a cidade não deixava de pulsar
A
intensamente no 2º Distrito. inauguração do Mercado Munici-
A rua Seis de Agosto, por exemplo, pal ocorreu no dia 15 de junho de
já era a mais populosa da cidade. Ali se 1929, no 2º aniversário da gestão
encontravam a sede da União Operária, de Hugo Carneiro, que iniciou também a
a escola Barbosa Lima, a escola noturna construção do quartel da Policia Militar.
Sete de Setembro, casas de jogos, restau- Além disso, Carneiro trouxe para o
rantes, escritórios diversos, consultórios Acre a primeira agência do Banco do Bra-
médicos e dentários, casas aviadoras, car- sil, cuja sede ficava na rua Epaminondas
tório, atelier fotográfico, a marchantaria Jácome. No outro extremo da cidade, que
de Honório Alves, até mesmo o intenden- terminava na Avenida Ceará, construiu o
te municipal morava ali. Cacimbão da Capoeira e o Stadium do Rio
A praça Municipal, agora chamada Ar- Branco. Também inaugurou a primeira
tur Bernardes, ainda recebia boa parte da Maternidade e fundou o Instituto Históri-
programação social, com retretas da ban- co e Geográfico Acreano.
da militar em seu coreto, aos domingos. Vista da praça Eurico Dutra, 1930. década de 20. Dept°de Patrimônio
Histórico e Cultural - FEM
Mas, já tinha um rival na praça Tavares
de Lyra, em frente ao palácio do gover-
no. A fim de contentar a todos, os eventos
mais importantes, as festas cívicas, por
exemplo, começavam nas ruas do 2º Dis-
trito e terminavam no 1º Distrito.
26.12.1927 a 20.04.1928
Intendente - 4 meses
Praça Municipal, 2º Distrito de Rio Branco, década de 20. Dept° Vista da praça municipal no 2º distrito, década de 20. Dept°de Vista do início da rua 6 de agosto a partir da praça municipal, 1930.
de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
queixam se que aquela via publica está na posse de mandou pelo seu ajudante de ordens apresentar se encontram bastante adeantadas os ensaios da Nº 381 - Joaquim Fialho Marinho, requerendo matricula
uma manada de gado vaccum, que alli pasta noite e dia, congratulações pela data de 17 de novembro os seguintes espectaculosa féeire "FOGO DE BENGALA", arranjo de para exercer a profissão de vendedor d`água, nesta cidade,
ameaçando crianças e adultos. senhores: Coronel João de Oliveira Rôla e Capitões Clynio Juca Mulato, com saltitante partitura dos mais insignes no corrente exercício.- Submetta se a inspecção de saúde.
Jornal FOLHA DO ACRE Brandão, Manoel Bruno de Cerqueira e Cyriaco Joaquim musicistas patricios. "FOGO DE BENGALA"que é uma peça Concedo a matricula.
de oliveira, veteranos da revolução de 1902. fadada e exito seguro,A scenografia é simples, porém, de Jornal FOLHA DO ACRE
Jornal FOLHA DO ACRE grande effeito, pelo seu colorido e combinação de côres.
Os figurinos estão sendo desenhados especialmente pelo
jovem academico Ruy Barreto.
Jornal FOLHA DO ACRE
46 47
Quartel da Polícia Militar, década de 20. Deptº de Patrimônio Inauguração do prédio do Banco do Brasil, década de 20. Relatório de
Histórico e Cultural - FEM Governo de Hugo Carneiro
Projeto Original do Palácio Rio Branco, em estilo eclético, década de 20. Relatório de Lançamento da pedra fundamental do novo Palácio do Governo, 15 de junho de 1929.
Governo de Hugo Carneiro Relatório de Governo de Hugo Carneiro
Alnos das escolas territoriais durante festejos da independência, década de 20. Relatório de Governo de Hugo Carneiro Solenidade de inauguração das colunas do Palácio Rio Branco, década de 20. Dept°de Solenidade de inauguração da parte térrea do Palácio Rio Branco, década de 20. Dept°
Patrimônio Histórico e Cultural - FEM de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
M
as a grande ousadia de Carneiro
foi a construção do novo Palá-
cio Rio Branco, mesmo sem ter
conseguido concluir a obra antes do fim
de seu governo. O Palácio, desde então,
tornou-se parte da paisagem da cidade,
e marca definitiva da passagem de Hugo
Carneiro pelo governo do Acre.
20.04.1928 a 01.11.1930
Central Elétrica, década de 20. Relatório de Governo de Hugo Carneiro Trabalhadores preenchendo a lage do Palácio Rio Branco, década de 20. Dept°de Fase de construção avançada do Palácio Rio Branco. década de 20. Dept°de Patrimônio
Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Histórico e Cultural - FEM
Intendente - 2 anos e 7 meses
P
or ser Território Federal, o Acre Curiosamente, este foi um dos perío-
estava completamente submetido dos de maior estabilidade do governo ter-
às mudanças da política nacional. ritorial, uma vez que o Interventor Fran-
Entretanto, no caso da Revolução de 30, cisco de Paula Assis Vasconcelos acabaria
as mudanças foram drásticas em todo o ficando no cargo durante quatro anos, o
país. Desde a Reforma Constitucional de que era uma raridade no Território do
1926, os estados vinham perdendo força Acre. Em contrapartida, os conselhos
diante do governo federal. Com o golpe municipais foram dissolvidos, tal como
de 30, os governadores foram substituí- no resto do país, e Rio Branco voltou à
dos por interventores. Desse modo, neste situação de instabilidade política e admi-
período diminuiu a diferença entre o Acre nistrativa uma vez que, em seis anos, teve
e os outros estados da federação, infeliz- sete diferentes prefeitos (como passaram
mente, pelo caminho inverso do que seria a ser chamados a partir de então).
desejável. Ao invés de o Acre se demo-
cratizar, foi o restante do país que entrou
num regime de exceção.
Vista parcial do Segundo Distrito de Rio Branco durante a alagação. Deptº de Patrimônio
Prefeito - 10 meses Prefeito - 9 meses
Histórico e Cultural - FEM Alagação no 2º distrito, década de 30. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
A
década de 30 foi marcada pela
grave crise econômica mundial. A Desfile da Força Policial do território do Acre na rua 17 de Novembro, 05/09/1936. Museu da Borracha
Europa ainda tentava se recuperar
M
da 1º Guerra Mundial. O “Crash” da Bolsa Brincantes do bloco Embaixadores do Condor, carnaval na Sociedade esmo durante os piores anos da
Recreativa Tentamen,1937. Memorial dos Autonomistas
de Nova York, de 24 de outubro de 1929, crise da borracha os sírios e libane-
empobrecera os Estados Unidos. No Bra- ses “acreanos” conseguiram man-
sil, a falência da cafeicultura e a crise da ter certa prosperidade. Suas presenças no
República Velha haviam se estabelecido, comércio do 2º Distrito eram tão fortes, ao
como comprovou a Revolução de 30. ponto de se dizer que ali não era Brasil, mas
No Acre, a longa crise da borracha já Beirute e que, por isso, era necessário pas-
havia se estabelecido definitivamente, saporte para atravessar o rio Acre.
deixando poucas perspectivas de mu- Ao mesmo tempo, para além da ave-
danças positivas, em curto prazo. Ainda nida Ceará, nas terras do antigo Seringal Volei no Stadium do R.B.F.C década de 30. Dept°de Patrimônio Histórico
e Cultural - FEM
assim, os moradores da capital tentavam O Bloco Dragões do Momo. Década de 30. Dept°de Patrimônio Histórico e Empreza, agora arrendadas para diversos
Cultural - FEM
manter a normalidade da vida, em meio a produtores rurais, próximo ao Igarapé
animados bailes de carnaval na Tentamen Fundo, o maranhense Raimundo Irineu
e no Rio Branco, acirradas disputas de fu- Serra começava a formar sua comunida-
tebol, corridas de cavalo e jogos de vôlei, de e a consolidar uma doutrina espiritual
no Stadium Rio Branco. baseada no uso do Daime.
continuou governado por interventores e Antigo Presídio de Rio Branco, década de 30. Relatório do governador Luís Silvestre G. Coelho
N
os prefeitos sendo nomeados por estes. O o início de 35 foi nomeado o Inter-
único avanço real constituiu-se no fato de ventor Martiniano Prado, irmão de
que os acreanos passaram a eleger dois Newton Prado, um dos tenentes da
deputados federais, para representá-los Revolta dos 18 do Forte de Copacabana,
no Congresso Nacional. de 1922. Por isso, Martiniano tinha certo
Por outro lado, a abertura política e o prestígio junto ao governo federal. Assim,
fortalecimento do governo federal con- pode se dar ao luxo de governar, à parte
solidaram no Acre um forte assistencia- dos partidos políticos que haviam se or-
lismo que, por vezes, chegou a assumir ganizado para as eleições de deputados
Terraplanagem para a construção da Praça Eurico Dutra, década de 30. Deptº de caráter quase messiânico. federais. Concluiu a construção da Peni-
Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
tenciária “Ministro Vicente Rao” e fez a
A
Revolução de 30 havia trazido a ampliação da rede de iluminação pública
esperança de mudanças no siste- de Rio Branco, entre outras obras. Apesar
ma territorial. Voltavam a fermen- de ficar apenas 2 anos no governo, tor-
tar, então, anseios autonomistas. Entre- nou-se um Interventor popular, ou, talvez
tanto, a Constituição de 1934 acabou não seja mais apropriado dizer, folclórico.
trazendo mudanças significativas. O Acre
M
artiniano Prado passou à posteri-
dade por sua decisão de trazer a
aviação para o Acre. Para tanto,
no memorável dia 1º de maio de 1935,
o interventor convocou toda população Taquary - Primeiro Avião que chegou no Acre, 1936. José Chalub Leite
A
anunciou a construção de um campo de pesar das ironias e brincadeiras
aviação, em regime de mutirão. Em segui- que a ação do interventor causou
da, fez o sorteio de lotes de 20 X 20 me- entre a população, havia de fato
tros entre as famílias, para que cada uma interesse da Syndicato Condor S/A, em-
fizesse o destocamento e a terraplenagem Chegada do avião Taquary no Bairro do XV, 05 de maio de 1936. José Chalub Leite
presa aérea de origem alemã, em estabe-
de seu lote. lecer uma linha aérea para o Acre.
O jornal O Acre, na coluna "O NOSSO Na verdade, estava em curso uma dis-
PRIMEIRO CAMPO DE AVIAÇÃO" divul- puta entre a Condor e a Panair, de origem
gava semanalmente o andamento dos norte-americana, pelo domínio do espaço
trabalhos nos lotes, aclamando os que es- aéreo brasileiro. Tratava-se já das disputas
tavam adiantados e denunciando os que políticas e econômicas que antecederam o Avião “aquatizado“ no segundo distrito, década de 30. José
Chalub Leite
haviam abandonado o trabalho. início da 2º Guerra Mundial. Assim, um ano
depois da iniciativa do Interventor, chegava Pouco depois, Martiniano, já apelidado
Virgilio Esteves de Lima
ao Acre o hidroavião Taquary, que pousou de "O Bandeirante do Ar", envia João Dona-
11.12.1935 a 15.06.1936 no estirão do Bagé (onde hoje se encontra to Filho para o Rio de Janeiro, a fim de que
Avião Taquary PP-CAP década de 30. José Chalub Leite o Bairro Taquari), para delírio da multidão. se formasse como piloto.
Prefeito - 6 meses
10/05/1936 10/05/1936
É REALIDADE A LINHA AÉREA CORUMBÁ - ACRE Para esse estraordinario acontecimento contribuiu mixto de admiração e enthusiasmo, quando, cortando O movimento da cidade era indescriptivel; verdadeiro
Até que afinal tornou-se uma explendida realidade a decisivamente a energia moça e forte do Exmo. Sr. Dr. os ares virgens do céo acreano, evoluia sobre a cidade o borborinho de uma multidão em azáfama, dominava o
aspiração dos habitantes deste Territorio, que sempre Manoel Martiniano Prado, preclaro Interventor Federal, que, hydro-avião "TAQUARY" da Syndicato Condor, que, em ambiente. Não exaggeremos affirmando que cerca de
ardentemente almejaram a sua ligação aérea com os grandes com a sua proverbial operosidade administrativa, trabalhou viagem de exploração e estudos para estabelecimento da duas mil pessoas enchiam as ruas da nossa metropole
centros civilizados do paiz. Após varios dias de espera, em intensamente junto às altas auctoridades da Republica e das navegação aérea neste Território, chegava a esta Capital. demandando ao local escolhido para a aquatisagem do
que por successivas vezes foi transferido por motivos varios, companhias de navegação aèrea, para a concretização desse Momentos antes, ás 10 e 30 minutos, hora local, apparelho. Ás 13 horas, mais ou menos, descortinava-se no
eis em fim realizado o vôo victoroso do hidro-avião "Taquary" anceio acreano. a sereia da "Usina Central Electrica" e o espoucar de horizonte o "TAQUARY" rumando em direcção á cidade e
da Syndicato Condor, enchendo de legitimo enthusiasmo a A CHEGADA foguetões, annunciavam a alviçareira nova da decollagem depois ao estirão do "Bagé", onde airosamente aquatisou e
população desta capital e inscrevendo na historia do Acre o Terça-feira ultima, 5 do corrente, a população do "TAQUARY" em Porto Velho, com destino ás paragens veio deslisando até o porto do Aprendizado Agricola.
nome dos seus arrojados e competentes conductores. riobranquense viveu instantes de um sentimento novo, acreanas. Jornal O ACRE - Órgão Official
56 57
E
m razão do Decreto-lei federal n.º
968 de 21 de dezembro de 1938 fo-
ram criados dois novos municípios
no Acre: Feijó e Brasília (atual Brasiléia),
desmembrados de Tarauacá e Xapuri,
respectivamente. Esta nova organização
não alterou o território do município de
Rio Branco.
58 59
Homens trabalhando na construção de bueiro, década de 40.
Relatório do governador Luís Silvestre G. Coelho
Inauguração da estátua de João Pessoa na Praça da Bandeira, na Avenida Epaminondas Jácome, 24 de outubro de 1932. José Chalub Leite
E
m 1937, com o início do Estado Novo
e a Ditadura Vargas, os sonhos de de-
mocratização do Território caem por
terra. Com a nova Constituição, conheci-
da como A Polaca, as Câmaras Municipais
foram novamente dissolvidas e o novo In-
terventor, Epaminondas Martins, foi de-
clarado “executor do Estado de Guerra”.
Construção da Ponte 19 de Abril, localizada na Rua Benjamin Constant, década de 40. Relatório
do governador Luís Silvestre G. Coelho
15.06.1936 a 01.03.1941
Ponte 19 de Abril já concluída, localizada na Rua Benjamin Constant, década de 40. Relatório
Prefeito - 4 anos e 9 meses
do governador Luís Silvestre G. Coelho
N
o final dos anos 30, o clima polí- ra, que provoca um princípio de repovoa-
tico no Brasil era de maior autori- mento dos seringais. Além disso, inaugura
tarismo e centralização. No Acre, o prédio dos Correios e Telégrafos, come-
vivia-se um período de intensos choques ça a construção de um Jardim de Infân-
partidários e posições violentas. Epami- cia e cria o Departamento de Geografia e
nondas Martins começou a perseguir Estatística - DGE. Assim, conquista certa
pessoas, mandando prender e torturar simpatia da população.
aqueles que julgava inimigos do Regime. Em julho de 1941, Oscar Passos, militar Antiga Prefeitura Municipal de Rio Branco, década de 40. Relatório do governador Luís Silvestre G. Coelho
02/02/1941 25/11/1941
Sobrevoou Rio Branco o Avião Escola, aparelho de instrução A "Decollage" teve lugar no campo "Santos Dumont", Nesse dia aconteceu uma tragédia que marcou para Um amigo do prisioneiro, Praxedes, escrevia cartas
do A.C.A. - O Governador Epaminondas Martins participou da ocupando a "Nacelle" de comando o Tenente Sérvulo de sempre a história de Rio Branco: o assassinato da jovem de amor de Lázaro para a professora mas não as enviava
Revoada - Está Aberta a Inscrição à Escola de Pilotos. Paula Machado, que efetuou o vôo de experiência sob os professora Rosalina da Silveira. e escrevia falsas cartas de resposta da professora para
Semana passada chegou a Rio Branco, enviado pelo Aero aplausos dos circunstantes e completo êxito. A seguir, o Dr. O autor do assassinato da professora, de apenas 19 Lázaro. Certo dia, ao circular na cidade a noticia do breve
Clube do Brasil, um avião escola destinado ao Aero Clube do Epaminondas Martins cruzou os céus de Rio Branco, em anos, chamava-se Lázaro e estava preso na Penitenciária, casamento de Rosalina, Lázaro, que trabalhava na capina
Acre, a fim de preparar a juventude acreana para formar na companhia daquele oficial aviador, inaugurando, assim, as que nessa época ficava no local da atual Prefeitura de Rio da rua junto com outros presos, tomado de ciúmes,
reserva aérea brasileira. atividades praticas da nossa Escola de Pilotos Civis. S. Excia. Branco. Ele tinha se apaixonado pela professora ao vê-la assassinou a professorinha com várias facadas na porta de
Trata-se de um aparelho de fabricação norte-americana teve otima impressão de vôo, considerando a estabilidade e todos os dias descendo a rua Getúlio Vargas, onde ela sua casa. Desde então o tumulo da Professora Rosalina é o
marca Potterfield, de dois lugares e duplo comando, próprio segurança oferecida pelo pequeno aeroplano. morava, em direção ao Grupo Escolar 7 de Setembro, ao mais visitado no cemitério da cidade.
para treinamento inicial. Jornal O ACRE - Orgão do Govêrno do Território. lado do Palácio Rio Branco.
62 63
A Batalha da
Borracha
D
urante a segunda guerra mundial
nenhuma matéria prima era mais
preocupante que a borracha. As re-
servas estavam tão baixas que o governo
americano decidiu que toda borracha dis-
ponível seria usada apenas pela máquina
de guerra. E a entrada do Japão no con-
Soldados da Borracha à caminho da Amazônia década de 40. Deptº de
flito significou o bloqueio definitivo dos Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
D
racha, em todo país. Muitos jovens nor- as 60.000 pessoas que vieram
destinos tinham somente duas opções: para a Batalha da Borracha, nos
os seringais ou o front, para lutar con- Transportes de Soldados da Borracha à caminho da Amazônia década seringais amazônicos, de 1942 e
de 40. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
tra os italianos e alemães. 1945, metade morreu. Enquanto que dos
Os que optavam pelos seringais, enfrenta- dições de alimentação e higiene destruíam a 20.000 brasileiros que lutaram na Itália
vam as péssimas condições dos alojamentos saúde dos trabalhadores. Os que chegavam morreram 454 combatentes. Ainda assim,
(verdadeiros campos de concentração) ao aos seringais já tinham uma dívida com o pa- os pracinhas viraram heróis, enquanto os
longo do caminho, uma vez que as más con- trão e não podiam sair se não a saldassem. soldados da borracha foram esquecidos.
Ainda assim, o aumento da produção
de borracha foi muito menor que o espe-
Adolfo Barbosa Leite Manoel Fontenele de Castro
rado. E, tão logo a guerra chegou ao fim,
18.04.1942 a 13.11.1942 os Estados Unidos cancelaram os acor- 13.11.1942 a 09.1944
dos, abandonando os Soldados da Borra-
Prefeito - 7 meses cha à própria sorte. Soldados da Borracha de partida para Amazônia, década de 40. Deptº Prefeito - 1 ano e 10 meses
de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
A
década de 40 estava começando, ra transmissão experimental da Rádio
quando os primeiros rádios recep- Difusora Acreana. No dia 25, pouco tem-
tores chegaram às cidades e se- po depois, a Voz das Selvas iniciava seu
ringais mais importantes do Acre. E essa funcionamento regular, passando a trans-
não era uma época qualquer. A Segunda mitir diariamente, entre outras coisas, as
Guerra Mundial atingia duramente os ali- últimas notícias da Força Expedicionária
cerces do mundo civilizado. A Amazônia Brasileira no front da Guerra Mundial, e a
voltava a ter papel estratégico no forneci- cotação internacional da borracha.
Procissão em frente a igreja de São Sebastião. Década de 40. FGB - PMRB
mento de borracha para o esforço de guer- Apesar desse bom início, dificuldades
ra. Mais uma vez, o Acre conhecia o desen- técnicas fizeram com que a Rádio Difu-
Lancha A Limitada no Rio Acre, década de 40. Museu da Borracha
volvimento econômico e social, depois de sora ficasse algum tempo fora do ar. Fo-
trinta anos de abandono e decadência. ram necessários, então, alguns trabalhos
A Batalha da Borracha trouxe para o de remodelação técnica da ZYD-9 que,
Acre milhares de nordestinos, vultosos in- em maio de 1947, voltou a preencher os
vestimentos e, principalmente, esperança céus amazônicos com suas transmissões.
no futuro. A chegada dos rádios fazia parte, O que possibilitou uma inédita integração
de todo Acre, a partir de Rio Branco.
A
repentina e inesperada prosperi-
dade que atingiu todo Acre, mo-
vimentou as cidades acreanas. A
Usina de Castanha do bairro 15 transfor-
mou-se em alojamento para soldados da
borracha, em trânsito para os seringais.
Muitos nem chegaram a ir, permanecen-
do na cidade, para trabalhar.
Jayme de Mendonça
20.11.1945 a 03.12.1945
Antiga Rua 24 de Janeiro, no 2º Distrito, década de 40. Deptº de Panorâmica do Palácio Rio Branco, década de 40. Deptº de Vista da Penitenciária e do lado direito o Quartel da Policia Militar,
Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Patrimônio Histórico e Cultural - FEM década de 40. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Prefeito - 13 dias
A expansão da cidade
1946-1970
U
ma vez terminada a Grande
Guerra e a Batalha da Bor-
racha, era hora de encon-
trar novos rumos. A longa crise
da borracha bem poderia voltar
novamente, e Rio Branco não ca-
bia mais no estreito espaço dos
1º e 2º Distritos. Tempo de gran-
des transformações, portanto.
70 71
O
Governador Oscar Passos havia
efetivado, em 1942, a compra das
terras remanescentes do antigo
Seringal Empreza, ao norte da Avenida
Ceará, onde a cidade acabava então. O
plano era implantar colônias agrícolas no
entorno da cidade. Entretanto, até 1945
todas as atenções estavam voltadas para
os seringais. Por isso, o novo projeto de
colonização, organizado pelo Engenhei-
ro Pimentel Gomes, teve que esperar um
momento mais propício para sua efetiva
implantação, ficando restrito a duas colô-
nias instaladas em 1943: São Francisco e
José Guiomard Santos, na sua posse como Governador do Território
Apolônio Sales, esta última ainda esteve do Acre,1946. C.D.I.H.
por alguns anos abandonada.
Só com o fim da Batalha da Borracha e
o princípio do Governo Guiomard Santos,
em 1946, teve início a implantação das di-
versas colônias agrícolas em terras do an-
tigo Seringal Empreza, num processo que
se estendeu do final dos anos 40 à década
de 50. Mas, não apenas isso ocorreu. Nes-
se mesmo período, uma parte das terras do
Seringal Empreza, ao norte da atual Aveni-
da Ceará, foi definida como “Zona Amplia- Governador Guiomard Santos e autoridades em um jantar no Palácio Rio Branco em comemoração à Sagração do Bispo Dom Julio Mattioli, década de 40.
Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
da”, incluindo uma “área suburbana”, e divi-
dida em lotes, para o futuro crescimento da Festividade em frente ao Palácio Rio Branco, posse do Gov. José
Guiomard Santos, 14/02/1946. C.D.I.H.
área urbana da cidade.
Com isso, o governo do Território Fede- trabalhadores, motivados pelo fim da Bata-
ral do Acre tentava estancar a partida de lha da Borracha, e evitar uma nova crise de
despovoamento. Por isso, em diversas colô-
nias agrícolas foi instalada uma infraestru-
Francisco Custódio Freire
tura básica, com escolas, núcleos mecani-
13.05.1946 a 02.01.1948 zados para beneficiamento da produção e
postos de saúde, a fim de dar suporte aos
Prefeito - 1 ano e 8 meses colonos e suas famílias. O governador Tenente-Coronel José Guiomard Santos, assinando com
o Ministro da Educação e Saúde, Dr. Clemente Mariani, o primeiro
Visita do Gov. de São Paulo Ademar de Barros, década de 40. C.D.I.H.
G
uiomard Santos transformou Rio posteriormente cresceria em importância.
Branco, tão ou mais profundamen- Por outro lado, a quantidade e varieda-
te do que Gabino Besouro e Hugo de de máquinas e veículos adquiridos nesse
Avião Douglas C – 47, década de 40. FGB - PMRB
Carneiro, tornando-se um dos maiores período foi muito importante para a reali-
responsáveis pela cidade que conhece- zação dos planos de desenvolvimento local.
O
governador Guiomard Santos foi mos. Foi na gestão de Guiomard Santos, Aviões para transportar a produção acrea-
responsável também por um gran- por exemplo, que se construiu o “Ipase”, o na, tratores e máquinas agrícolas, diversas
de programa de obras públicas, primeiro conjunto residencial da cidade, lanchas e barcos para carregar a produção
que alterou mais uma vez a paisagem de inaugurando os conjuntos residenciais, agrícola do campo para as cidades, além de
Rio Branco, bem como de outras cidades um modelo de intervenção urbana, que automóveis e caminhões.
acreanas. O Aeroporto Salgado Filho (Ae-
roporto Velho), a Maternidade Bárbara
Frota de carros, adquiridos no governo de Guiomard Santos, 1946-1948. Relatório fotográfico do governo de Guiomard Santos
Heliodora, o Colégio Presidente Dutra,
foram algumas das novas realizações de
Avião na pista de pouso da Estação do Aeroporto Salgado Filho 1948. FGB - PMRB
Guiomard Santos, além da conclusão das
obras do Palácio Rio Branco e da reforma
do prédio da antiga Penitenciária, que foi
transformado no Hotel Chuí.
A isso tudo se somava a implantação
de infraestrutura voltada para a produção,
como a “Cerâmica” que produzia telhas, ti-
jolos e pisos para a construção civil; a “Esta-
ção Experimental”, que produzia sementes,
mudas e repassava técnicas de cultivo; o
“Aviário” que produzia e distribuía aves, suí-
nos e até abelhas para os colonos; a “Fazen-
Batismo do Avião bimotor Barão de Mauá, à direita do Governador Guiomard Santos o
da Sobral” responsável pelo fornecimento
Deputado Hugo Carneiro, 1948. C.D.I.H. de matrizes bovinas e equinas.
Máquinas do governo do território realizando abertura de estrada, década Campo Experimental Agrícola José Guiomard Santos, década de 40. Deptº
de 40. C.D.I.H. de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Sede administrativa do aviário de Rio Branco, 1946-1948. Relatório fotográfico do governo Aviário de Rio Branco, 1946-1948. Relatório fotográfico do governo de Guiomard Santos Embarque de borracha laminada pelo processo Arantes para São Paulo, Criação de gado da Fazenda Sobral, 1946-1948. Relatório fotográfico do de
de Guiomard Santos 1946-1948. Relatório fotográfico do governo de Guiomard Santos Guiomard Santos
Em 1948 Em 1949
REPRIMENDA - O Inspetor de ensino Clio Rodrigues para a faixa “Salve a Profª. ORGANIZAÇÃO DAS COLÔNIAS - Para ter acesso Preenchida a ficha, fica registrado o seu nome e
Leite dirigia-se ao 2º Distrito onde seria inaugurado Maria Angélica de Castro”. a um lote o colono se apresenta diretamente ao a composição de sua família. Uma vez cumpridas as
o Grupo Escolar “Profª Maria Angélica de Castro”, administrador do seringal Empresa, ou a seção de exigências preliminares, o colono fica assistido pelo
educadora mineira que o governador territorial José - Mande tirar daí. Não admito que chamem a Colonização e manifesta o seu desejo, pedindo administrador do núcleo, pelo enfermeiro e pelos
Guiomard Santos trouxe para o Acre. professora Maria Angélica de Castro terras para a agricultura e para a extração da borracha. agrônomos do Fomento da Produção Vegetal e da Seção
Era o dia 15 de outubro de 1948. Muitas faixas, de Profa! Não admito desrespeito! O requisito solicitado é que o colono prove a sua de Colonização.
alunos uniformizados. identidade. Uma vez aceito, ele obtém o seu lote e um
Recebido pela diretora do novo estabelecimento Livro "Tão ACRE" Jose Chalub Leite ano depois é verificada a sua produção, sendo-lhe então Estudo Geográfico do Território do Acre
escolar, belíssimo prédio em alvenaria, a Profª concedido o título provisório. O colono tem direito de
Clarisse Fecury, o inspetor recriminou-a, apontando escolher a colônia do núcleo em que deseja trabalhar.
76 77
Usina mecânica, do General Gabino Bezouro ao ser fundado o Território, Usina mecânica, 1948. Dept°de Patrimônio Histórico e Complexo industrial produz: cerâmica telhas planas, ladrilhos e manilhas, Amostra de ladrilhos coloridos fabricados na cerâmica do governo, 1946-
1948. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Cultural - FEM 1946-1948. Relatório fotográfico do governo de Guiomard Santos 1948. Relatório fotográfico do governo de Guiomard Santos
Departamento de Saúde Publica, 1948. Deptº de Patrimônio S.E.S.P – construída e inaugurada em 1948. Relatório fotográfico do Maternidade e Clínica de Mulheres Bárbara Heliodora inaugurada em 07
Histórico e Cultural - FEM governo de Guiomard Santos Mulheres em um dos corredores daMaternidade Bárbara Heliodora,1950.
de setembro de 1950. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Central Elétrica de Rio Branco, década de 40. C.D.I.H. Delegacia do 2°Distrito de Rio Branco, década de 40. Deptº de Colônia Penal, década de 40. Deptº de Patrimônio Histórico
Central Elétrica ampliada, década de 40. Deptº de Patrimônio
Histórico e Cultural - FEM Patrimônio Histórico e Cultural - FEM e Cultural - FEM
Alunos perfilados em frente ao Grupo Escolar 24 de Janeiro, Escola Maria Angélica de Castro, localizada na rua 24 de Janeiro
1948. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM no 2º Distrito, década de 40. C.D.I.H.
Escola Rural Pimentel Gomes, na Colônia São Francisco. década de 40. Escola rural Pimentel Gomes, na Colônia São Francisco, década de 40.
C.D.I.H C.D.I.H
Alunos da Escola Infantil Menino Jesus, no refeitório, década de Escola Infantil Menino Jesus, inaugurada em novembro de
40. C.D.I.H. 1949. C.D.I.H.
Escola rural Clinio Brandão na Colônia Gabino Bezouro, 1948. C.D.I.H Escola rural Clinio Brandão na Colônia Gabino Bezouro, década de 40.
C.D.I.H
Prof. Maria Angélica de Castro, década de 40. C.D.I.H.
O
utro aspecto importante desse
período foi o enorme avanço na
Jorge Félix Lavocat
educação pública, que se expandiu
02.01.1948 a 23.09.1952 tanto na quantidade de escolas, quanto
na qualidade do ensino oferecido aos es-
Prefeito - 4 anos e 8 meses tudantes. Escola rural Dom Bosco, Engenho Independência. Escola Monte Castelo, na Colônia Apolônio Sales, década Colônia Riozinho, escola rural Afrânio Peixoto, década de 50.
década de 40. C.D.I.H de 40. C.D.I.H. C.D.I.H.
Palácio Rio Branco durante obras de reforma no governo de José Guiomard Santos, Palácio Rio Branco, década de 50. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
década de 40.Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Vista da área onde hoje é a Praça Rodrigues Alves, ao fundo o Grupo Destaque da Fachada do Hotel Chuí, década de 40. Deptº de patrimônio
Escolar Presidente Dutra, década de 40. Washington Luiz de Freitas Histórico e Cultural - FEM
Bar Municipal, localizado na Praça Eurico Dutra, década de 50. Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas - IBGE
Maternidade Barbara Heliodora inaugurada no dia 07 de Setembro Sede social do Rio Branco Futebol, localizada na Avenida Getúlio Vargas,
de1950. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM no centro de Rio Branco. IBGE
Jardim localizado atrás do Palácio Rio Branco. Deptº de patrimônio Histórico Vista frontal do Palácio Rio Branco, do Obelisco e da Fonte Luminosa, década de 50.
e Cultural - FEM Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Conjunto residencial, década de 40. Deptº de patrimônio Histórico e Hospedaria do Governo, construída para instalar os técnicos e
Cultural - FEM funcionários, década de 40. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
I O
mportante lembrar que o pós-guerra Acre conheceu então uma época de
foi caracterizado pela redemocratiza- polarização entre dois grandes parti-
ção do país. O fim da Ditadura Vargas dos políticos. De um lado, o PTB de
e a Constituição de 1946 garantiram a Oscar Passos; do outro, o PSD de Guiomard
volta das liberdades democráticas, com a Santos. Estes dois ex-governadores domi-
reorganização dos partidos e a ocorrên- navam, então, o cenário político acreano.
cia de eleições, em diversos níveis. Entre Ambos foram eleitos, sucessivas vezes, De-
1948 e 1952, Rio Branco viveu tempos putados Federais. Por outro lado, os novos
de relativa estabilidade na administração governadores nomeados começaram a de-
municipal, de modo que o Prefeito Jorge monstrar maior preocupação com a neces-
Félix Lavocat foi o primeiro a ficar à fren- sidade da abertura de estradas, que interli-
te do município durante quatro anos. Catraias no porto do jabuti, ao fundo o barracão do Seringal Empreza (seu último
morador foi o Sr. Mariano), década de 50. Agnaldo Moreno
gassem as cidades e vilas acreanas. Barco com propaganda eleitoral de José Guiomard Santos, 1946. C.D.I.H
Igreja São Sebastião, década de 50. Carneiro de Lima Lanc. Da pedra fundamental da igreja N.S. da Conceição, Palco para a cerimônia de Sagração do Bispo Dom Julio Porto das tamarineiras, Rex Bar alagado, 1950. Deptº de Casas Comerciais do Segundo Distrito de Rio Branco, década Beiruth Futebol Clube, década de 40. Deptº de patrimônio
década de 50. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM Mattioli, década de 40. Deptº de pat. His. e Cultural - FEM patrimônio Histórico e Cultural - FEM de 40. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM Histórico e Cultural - FEM
Jose Farias e Luiz Vieira, década de 50. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Avenida Gatúlio Vargas, década de 50. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Boiada destinada à Sena Madureira, atravessando o Rio Acre (em Rio Branco), década de
50. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
M
esmo tendo permanecido pouco
tempo no governo, João Kubits-
chek conseguiu concluir uma obra
já iniciada por governos anteriores: a rodo-
via que conectaria Rio Branco ao Abunã. Governador João Kubitschek na inauguração da Escola Rural Rosalina
de Souza Silveira no Km 18 da Rodovia Plácido de Castro. Dept°de
Uma verdadeira saga de trabalhadores, en- Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
N
com machados e enxadas, para implantar essa época, o Acre começou a vi-
uma rodovia no meio da floresta. Mas, mes- ver um novo processo histórico
mo com todas as dificuldades, a abertura que dominaria as movimentações Inauguração da rodovia Plácida de Castro, 24 de outubro de 1952. José Chalub Leite
dessa estrada acabou dando origem à Vila políticas nos próximos dez anos. A apre-
Quinari, atual município de Senador Guio- Turma de trabalhadores do empreiteiro Francisco Paes, em serviço no
trecho 49 ao 59 kms. Arquivo Geral do Estado do Acre
sentação de um Projeto de Lei, pelo De-
mar, e viabilizou o desenvolvimento da Vila putado Federal Guiomard Santos, para
Plácido de Castro. Além disso, Kubitschek transformação do Território em Estado,
procurou aplicar a verba do Imposto de movimentou todos os segmentos da po-
Renda nas prefeituras, no que foi ajuda- pulação, porque representava um de seus
do pelo Prefeito de Rio Branco, Dr. Batista mais antigos e importantes anseios: a au-
Stehling, que era um bom administrador. tonomia acreana.
C
om o governador Valério Caldas
Magalhães voltou ao cargo de Pre-
feito Jorge Félix Lavocat. Ambos
permaneceram 2 anos e meio, num raro
Governador Valério Magalhães inspecionando os trabalhos do S.E.S.P, década de 50. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
momento de estabilidade.
Oficina de carpintaria do departamento de obras e aviação,1957. Governador Valério Magalhães - trabalhos do S.E.S.P, década de Governador Valério Magalhães - trabalhos do S.E.S.P, década
Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM 50. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM de 50. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Detalhe do funcionamento do Tribunal de Júri, após sua inauguração,
década de 50. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
L
ogo que tomou posse, o governador Cel.
Fernando Paulo Pessoa Andrade Gesner Maciel de Lemos
Paulo Francisco Torres, nomeou Prefei-
12.04.1955 a 05.04.1956 to o eng. agrônomo Fernando Andrade. 05.04.1956 a 07.05.1956
Nesse período, foi concluída a pavimentação
Governador assinando o contrato, com o Dr. Sansão Campos Pereira, da
Prefeito - 1 ano da rodovia de acesso ao aeroporto da capital. Prefeito - 1 mês firma Serva Ribeiro, para instalação da Usina de Luz de Rio Branco. Deptº de
patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Construção da Capela do atual colégio São José, década de 60. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
O
Acre vivia tempos muito animados
pelo funcionamento dos comitês Pró
-Autonomia, em todos os municípios.
A perspectiva de transformar o Território
Federal em Estado, e assim conquistar a Autoridades recebendo a benção de Dom Giocondo Maria Grotti, década de 50.Deptº
de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
tão sonhada autonomia, acirrou os ânimos
políticos, já que o PTB do Deputado Oscar Freiras durante a Construção do Colégio São José, década de 60. Deptº de Construção do Colégio São José, década de 60. Deptº de patrimônio
Passos havia se colocado contra o projeto patrimônio Histórico e Cultural - FEM Histórico e Cultural - FEM
Vista aérea do centro de Rio Branco. Do lado direito o Palácio Rio Branco, na esquerda o Tribunal de Justiça, ao fundo a Catedral N.Srª de Nazaré
e Casa do Bispo. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
A
té o início da década de 60, o pre-
feito de Rio Branco era considera-
do um auxiliar do governador, o
que decorria de sua nomeação por par-
te deste. Mas, o cenário iria se modificar
temporariamente com a aprovação da
Lei 4.070, pelo Congresso Nacional, que
Posse do Governador na Assembléia Legislativa com a presença de Discurso do Gov. José Augusto, década de 60. Dept°de Patrimônio transformou o Território Federal do Acre Panorâmica do 1°Distrito de Rio Branco, década de 60. Deptº de
autoridades e deputados constituintes, década de 60. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Histórico e Cultural - FEM
em Estado, em 15 de junho de 1962. patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Solenidade no Palácio Rio Branco, no dia da assinatura do projeto para a Distribuição de brinquedos as crianças carentes, em frente ao Palácio de
Vista aérea da Catedral e a direita Palácio do Bispo, década de 60. Praia da Base na década de 60. Deptº de patrimônio Histórico
criação do Banco do Estado do Acre, década de 60. Dept°de Patrimônio Rio Branco, década de 60. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM e Cultural - FEM
Histórico e Cultural - FEM
Milton de Mattos Rocha Raimundo Herminio de Melo Alfredo Arantes Meira Filho Annibal Miranda Ferreira da Cunha João Rodrigues de Souza Annibal Miranda Ferreira da Cunha
08.11.1961 a 19.10.1962 19.10.1962 a 31.07.1963 31.07.1963 a 07.10.1963 07.10.1963 a 14.05.1964 14.05.1964 a 21.05.1964 21.05.1964 a 23.01.1965
Prefeito - 11 meses Prefeito - 9 meses Prefeito - 3 meses Prefeito - 7 meses Prefeito - 1 semana Prefeito - 7 meses
96 97
Material para serviço de pavimentação em frente ao Mercado Público de
Rio Branco, década de 60. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
Avião momento antes de decolar - Aeroporto Salgado Filho, década de 60. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
A
transformação do Acre em esta-
do possibilitou a primeira elei-
ção para governador, a criação
da Assembleia Legislativa e a elabora-
ção da Constituição Estadual. Em 1962,
foi eleito o acreano José Augusto de
Araújo, cuja posse deu-se em março do Mercado Público com o serviço de pavimentação concluído década de 60.
ano seguinte, com deputados estaduais Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
Em 1°de setembro de 1963, pela pri- Grupo de pessoas na entrada do Mercado Municipal, década de 60.
Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
meira vez em sua história, Rio Branco rea-
lizou eleição para prefeito. Aníbal Miranda
D
(PTB), governador provisório até a posse de urante sua breve gestão, Aníbal Mi-
José Augusto, ganhou do médico Ary Ro- randa conseguiu elaborar a Lei Orgâ-
drigues (PSD), por uma diferença de 526 nica do Município, mas encontrou a
votos, e tomou posse em 7 de outubro, no Prefeitura com uma dívida de dez milhões
Cine Rio Branco, diante do governador José de cruzeiros. Com o Código Tributário Mu-
Augusto de Araújo, de outras autoridades nicipal, Miranda ativou a arrecadação e
e da população. O presidente da Câmara iniciou obras de calçamento e drenagem,
Municipal, vereador Raimundo Melo, em- Parte da Rua Floriano Peixoto, década de 60. Deptº de patrimônio Histórico orientado por um plano de urbanização e Escadaria do porto de catraia do 1°Distrito de Rio Branco, localizado ao lado do
e Cultural - FEM
possou o prefeito da capital. arborização da cidade. Mercado Velho, década de 60. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Claúdio Teixeira de Albuquerque Raimundo Herminio de Melo Annibal Miranda Ferreira da Cunha Raimundo Herminio de Melo Wildy Viana das Neves Antonio Rodrigues Barbosa
23.01.1965 a 23.01.1965 23.01.1965 a 31.07.1965 31.07.1965 a 31.08.1965 31.08.1965 a 31.01.1966 31.01.1966 a 11.03.1966 11.03.1966 a 14.03.1966
Prefeito - 1 dia Prefeito - 6 meses Prefeito - 1 mês Prefeito - 5 meses Prefeito - 2 meses Prefeito - 3 dias
O
Golpe Militar de 64 complicou o
processo político municipal. A ges-
tão do prefeito de Rio Branco seria
muito curta, um ano apenas, já que em
novembro de 1964 o governador Edgar
Pedreira de Cerqueira Filho determinaria
(Decreto Nº 75) a intervenção estadu-
al no município, alegando “situação de
insolvência da Prefeitura, sem contar o
apoio moral e material que o Prefeito Aní-
bal Miranda vinha dando aos comunistas
da Capital, que ganhavam polpudos orde-
nados pagos pela Prefeitura”. O interven-
tor de Cerqueira (truculento governador
do Regime Militar que impôs renúncia ao
governador José Augusto), foi o advogado
Cláudio Teixeira de Albuquerque, que nada
Construção da ponte Juscelino Kubitschek, década de 60. Deptº de Vista da Ponte Juscelino Kubitschek, década de 60. Deptº de Patrimônio
encontrou de irregular na Prefeitura. Patrimônio Histórico – FEM Histórico e Cultural – FEM
Wildy Viana das Neves João Rodrigues de Souza Adauto Brito da Frota Geraldo Madeira de Matos Alberto Barbosa da Costa Adauto Brito da Frota
14.03.1966 a 16.08.1966 16.08.1966 a 30.09.1966 30.09.1966 a 05.10.1966 05.10.1966 a 05.12.1966 05.12.1966 a 17.01.1967 17.01.1967 a 30.01.1967
Prefeito - 5 meses Prefeito - 1 mês e 15 dias Prefeito - 5 dias Prefeito - 2 meses Prefeito - 1 mês Prefeito - 13 dias
E
nquanto isso tudo acontecia na Mas, sua principal ação foi mesmo a
gestão municipal, o governador construção da Ponte Juscelino Kubitschek,
Jorge Kalume realizava várias ou Ponte Metálica, como se tornou mais co-
obras e intervenções em Rio Branco, mo- nhecida. Depois de uma longa saga, as pe-
dificando substancialmente a paisagem ças fabricadas pela Companhia Siderúrgica
e a dinâmica da cidade. A construção do Nacional chegaram a Rio Branco e, final-
Mercado dos Colonos, do Mercado do mente, o 1º e o 2º Distritos integraram-se
Bosque e do Palácio das Secretarias - fo- de forma mais efetiva. Era o fim das muitas
ram algumas das obras mais importan- aventuras provocadas pela travessia de ca-
tes do governo Kalume. traia no rio Acre, na área central da cidade.
Secretários de Governo no Palácio Rio Branco, década de 60. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
C
omo já vimos, a história do municí-
pio de Rio Branco caracterizou-se,
em sua maior parte, pela instabilida-
de política e pela breve duração dos man-
datos dos prefeitos, com raras exceções. A
década de 61 a 71 foi, sem dúvida, a mais
instável de toda história municipal, porque
Gov. Jorge Kalume, Presidente Castelo Branco e Ernesto Geisel
a prefeitura mudou de gestor 36 vezes! caminhando na Avenida Getúlio Vargas. Memorial dos Autonomistas
Figura folclórica, Camaleão Ovado, década de 60. Deptº de
patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Inauguração do Mercado dos Colonos. Deptº de Patrimônio Histórico
e Cultural – FEM
Alberto Barbosa da Costa Antonio Madeira de Matos Adauto Brito da Frota Antonio Madeira de Matos Adauto Brito da Frota Antonio Madeira de Matos
30.01.1967 a 01.02.1967 01.02.1967 a 15.02.1967 15.02.1967 a 21.06.1967 21.06.1967 a 10.07.1967 10.07.1967 a 14.07.1967 14.07.1967 a 03.08.1967
Prefeito - 2 dias Prefeito - 15 dias Prefeito - 4 meses Prefeito - 20 dias Prefeito - 4 dias Prefeito - 20 dias
K
alume melhorou ainda o abasteci- marcado a vida em Rio Branco.
mento de água na capital, um pro- Ao final de seu mandato como governador,
blema grave para a cidade, cons- Kalume conseguiu ainda implantar a UFAC,
truiu o hospital infantil e instalou dois inicialmente com cinco cursos universitários,
novos motores de energia elétrica, aca- que funcionavam onde hoje está o Colégio de
bando com a famosa “hora do pisca”, mo- Aplicação. Com tantos avanços em sua ges-
mento em que, numa determinada hora tão como governador, não surpreende que
da noite, a luz de toda cidade piscava, Kalume tenha sido eleito Senador da Repú-
Centro de Rio Branco. Colégio Nossa Senhora das Dores, Igreja de São Sebastião e convento, Igreja Batista, Ponto de táxi, Mercado Velho. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
anunciando a interrupção do fornecimen- blica, em 1978, e, em 1988, prefeito de Rio
to de energia. Esse “rito” até então havia Branco, como veremos adiante.
Avião Búfalo. Desembarque de uma máquina escavadeira, Professores do Primário do Colégio Imaculada Conceição, Nova frota de carros, adquiridos pela PM, década de 60
década de 60. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM década de 60. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM Acervo Digital: Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
t Alunos marchando na Avenida Getúlio Vargas em comemoração Grupo de alunas passeando na Avenida Getúlio Vargas, década de 60.
ao 07 de Setembro, década de 60. Deptº de Patrimônio Histórico Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
e Cultural – FEM
Adauto Brito da Frota Antonio Madeira de Matos Adauto Brito da Frota Raimundo Pinto Marques Adauto Brito da Frota Raimundo Pinto Marques
03.08.1967 a 20.08.1967 20.08.1967 a 20.08.1967 20.08.1967 a 22.03.1968 22.03.1968 a 05.1968 05.1968 a 18.07.1968 18.07.1968 a 23.07.1968
Prefeito - 17 dias Prefeito - 1 dia Prefeito - 7 meses Prefeito - 2 meses Prefeito - 2 meses e 15 dias Prefeito - 5 dias
Vista do “Palácio das Secretarias”, década de 70. Deptº de Patrimônio Antiga Poupança Banacre, década de 60. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
Histórico e Cultural – FEM
C
om a compra de um ônibus, em
1968, pelos Irmãos Ribeiro, os La-
meira ficaram com o 1º Distrito e
os Ribeiro com o 2º, iniciando assim a es-
truturação do transporte coletivo em Rio
Branco e a definição de linhas permanen-
Escola Técnica Lourenço Filho. Atual Colégio Estadual Barão do Rio Branco, década de 60. Deptº Centro comercial de Rio Branco, localizado na avenida Epaminondas
de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM Jácome, década de 70. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM tes. Logo, os negócios se expandiram com
linhas intermunicipais, distribuídas entre
N
essa época, toma forma também o as duas empresas: de Rio Branco a Boca
transporte público em Rio Branco, do Acre, a Plácido de Castro e a Brasiléia.
que se deve, em especial, a uma fa-
mília portuguesa que tinha dois ramos: os
Ribeiro e os Lameira. Tudo começou com
o patriarca da família, o Sr. Francisco Al-
ves Ribeiro, que começou a trabalhar com
um caminhão chevrolet “Cara Branca” fa-
zendo lotação no 1º Distrito da cidade, a
famosa “Palmerinda”. Em 1964, os sobri-
nhos do Sr. Ribeiro fundaram a Empresa
Irmãos Lameira e trouxeram seu primeiro
ônibus, marca Gracy, numa penosa via- Vista da Praça Eurico Dutra, Bar Municipal e ao fundo o Palácio Rio Branco, década de 70.
Casa Baptista, fundada em 03 de abril de 1941. Deptº de patrimônio Vista aérea do Mercado Municipal, rua Epaminondas Jácome, década de 70. Dept°de Patrimônio
Histórico e Cultural - FEM Histórico e Cultural – FEM
gem de 39 dias. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Adauto Brito da Frota Raimundo Pinto Marques Adauto Brito da Frota Raimundo Pinto Martins Adauto Brito da Frota
23.07.1968 a 30.11.1968 30.11.1968 a 08.01.1969 08.01.1969 a 23.01.1969 23.01.1969 a 29.01.1969 29.01.1969 a 08.06.1971
Prefeito - 4 mês Prefeito - 1 mês Prefeito - 15 dias Prefeito - 5 dias Prefeito - 2 anos e 5 meses
Tempos difíceis
1971-1998
A
gestão do município
passou a ter maior es-
tabilidade político-admi-
nistrativa. Porém, nessa época,
mudanças feitas pelos gover-
nos federal e estadual transfor-
maram radicalmente a cidade
Rio Branco com a migração de
milhares de famílias e o agrava-
mento dos problemas urbanos.
Vista do Palácio Rio Branco, Casa do Bispo e Catedral N.Srª de Nazaré,
década de 70. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
O
s novos donos da terra, chamados
regionalmente de “paulistas”, faziam
Vista de um trecho da Rua Benjamin Constant. Mais ou menos na década Palácio das secretarias fevereiro de1972. Maria Adízia Mesquista parte da frente de expansão da fron-
de 70. Fundação Municipal Garibaldi Brasil
teira agrícola que atingiu os estados do
centro-oeste, antes de atingir Rondônia e
N
o princípio dos anos 70, a união da Acre. Os programas POLONOROESTE e
crise do extrativismo da borracha POLAMAZÔNIA previam várias medidas,
(que voltava a esvaziar os seringais), como a abertura da BR-364. A frente era
e dos “Anos de Chumbo” da Ditadura Mili- composta não só por fazendeiros, mas tam-
tar teve efeito devastador sobre o Acre. bém por grileiros de terras, madeireiros e
Barcos ancorados na margem do rio Acre, década de 70. Deptº de Patrimônio Histórico
O governo Wanderley Dantas, orienta- trabalhadores rurais do sul do país. e Cultural – FEM
do pela nova política de desenvolvimento
agropecuário para a Amazônia, modifi-
cou as bases de sustentação da economia
regional. A vinda para o Acre de grandes
empresas, fazendeiros e especuladores de
terras, passou a ser fortemente estimulada.
Praça Rodrigues Alves, década de 60. Deptº de Patrimônio Histórico
Os seringalistas, falidos e sem crédito, e Cultural – FEM
A
o atingir o Acre, a frente de expansão dela dependendo para seu sustento - a migrar
agropecuária desestruturou comple- para as cidades.
tamente a sociedade acreana na área Esse fluxo migratório campo-cidade
florestal. O intenso desmatamento de gran- promoveu uma verdadeira explosão das
des áreas, promovido pelas madeireiras, e a cidades acreanas. Rio Branco, por sua con-
transformação de seringais em fazendas para dição de capital, atraiu a maioria dos serin-
criação de gado, obrigaram milhares de fa- gueiros, castanheiros e ribeirinhos expulsos
mílias - que há décadas habitavam a floresta, de suas colocações, em todo o estado.
Vista aérea do centro de Rio Branco, década de 70. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
Rua Epaminondas Jácome, ponte Juscelino Kubitschek e Vista da Coronel Sebastião Dantas, em construção, década de Vista aérea, da ponte Coronel Sebastião Dantas concluída, Invasão da área conhecida como “Bostal”, no bairro 6 de Agosto, Moradias das invasões nos bairros de Rio Branco, década de 70.
Ponte Sebastião Dantas, em construção, década de 70. Deptº 70. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM década de 70. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM década de 70. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM FGB - PMRB
de patrimônio Histórico e Cultural - FEM
N
as cidades acreanas começaram a do estado passaram a acontecer também
ocorrer as “invasões”, nome local em Rio Branco. Enquanto na floresta os
usado para designar terrenos pú- trabalhadores organizaram-se em Sindi-
blicos ou privados ocupados por trabalha- catos Rurais e começaram a “empatar”
dores, para construção de moradias. Estas a derrubada da mata para formação de
invasões faziam surgir, do dia para noite, pastagens, na cidade, as Comunidades
novos bairros populares na periferia da ci- Eclesiais de Base e lideranças populares
dade, sem nenhuma infraestrutura básica. procuraram organizar as “invasões” para
As tentativas de reverter a política de evitar a atuação dos proprietários dos ter-
Obras da construção da Biblioteca Pública de Rio Branco, década de 70. Deptº de Patrimônio
atração dos “paulistas” não conseguiram renos invadidos, ou dos grileiros de terras Histórico e Cultural – FEM
deter o movimento migratório do campo e Assembléia Legislativa, década de 70. Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM que, por vezes, utilizavam a violência con-
o inchamento acelerado das cidades. Além tra os trabalhadores.
disso, as políticas de habitação popular efe-
tivadas dos anos 70 a 90, não atendiam as
famílias mais pobres, sem profissão ou ren-
da fixa, uma vez que eram voltadas para as
camadas médias da população.
23.04.1975 a 17.06.1977
Vista do Palácio da Justiça, Palácio Rio Branco e Palácio das Secretarias, década de 70. Hospital de Clínicas. Ampliação e remodelação, década de 70. Deptº Vista da Rua 1º de Maio após a construção das duas pontes, década de 70. Deptº de
Prefeito - 2 anos e 2 meses Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
N
ovos bairros formados a partir de Nova, Taquari, Santa Terezinha/“Bostal”,
ocupações, sem infraestrutura mí- etc.); ou ainda, formados a partir de lote-
nima de água, saneamento, luz e amentos clandestinos e conjuntos residen-
acesso. Além disso, na maior parte das ve- ciais mal implantados. Uma nova realidade,
zes esses novos bairros estavam situados que estabeleceu enormes desafios a serem
em locais alagáveis ou impróprios, como enfrentados para a conquista de qualidade
Vista aérea parcial do centro da cidade, década de 70.
Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM nas áreas ocupadas no 2º Distrito (Cidade de vida para os cidadãos de Rio Branco.
17.06.1977 a 01.03.1981
Desabamento de uma parte da ponte Juscelino Kubitschek. Orlando Testi, década de 70. A partir da esquerda - Nilson Mourão, Carlos Simão, Keilah Diniz e Anselmo Forneck, Mane Garrincha em ocasião de visita ao Estado, conhecendo as dependências do Instituto
Prefeito
Prefeito
- 3 anos
- 4 eanos
9 meses Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM década de 70. FGB - PMRB Imaculada Conceição, década 70. FGB - PMRB
06/03/1978 09/06/1978
PROBLEMAS DE UMA CIDADE- FERNANDO INÁCIO, O rigoroso e a topografia da cidade - capital, Fernando Inácio diz Desapropriados da Capoeira reclamam contra moradores à reportagem. Alegam eles que a medida que
PREFEITO, RECONHECE O PROBLEMA DOS BURACOS E que o tráfego de veículos em Rio Branco é intenso, contribuindo Aeroporto - Ontem, moradores do Bairro do Aeroporto implicou em sua remoção do Bairro da Capoeira, na Zona
ANALISA A SITUAÇÃO - Logo que o prefeito Fernando Inácio para agravar a situação. Nada menos de seis mil veículos entram que para lá foram removidos por terem sofrido Ampliada, não foi má, posto que objetivava zelar pela
dos Santos assumiu a Prefeitura, em julho passado, tratou mensalmente nesta cidade, cujas ruas não foram preparadas desapropriação do Bairro da Capoeira onde habitavam, sua própria saúde, todavia, o que não aceitam é os terem
de executar a chamada operação - buraco, com resultado para o carro. estiveram na redação de a Gazeta para reclamar contra assentado num local sem nenhum benefício," como se
satisfatórios. O problema de Rio Branco, no entanto é de base. O governador da cidade tem a segurança de que técnicos da a total falta de infra estrutura naquele bairro, que não estivessem exilados "." É por isso que nós queremos apelar
Dezenas de prefeitos sofreram ás críticas violentas do povo e UNICAMP possam revelar após análise do solo acreano uns dispõe ,sequer de água e luz na área onde estão alojadas para as autoridades, principalmente para a ELETROACRE
da imprensa pôr causa dos buracos, principalmente quando as sistema adequado à pavimentação asfáltica duradoura e capaz cerca de 400 famílias. para ver se pelo menos luz elétrica chega por lá", finalizaram.
chuvas desabam intensamente como agora. de resistir ao tráfego intenso e às intempéries. "É como se a gente morasse num seringal e dos piores. Jornal A GAZETA DO ACRE.
Além dos problemas que atravessa, lutando contra o inverno O JORNAL É tudo na base da lamparina e do balde", disse um dos
116 117
Moradores do bairro 6 de Agosto durante alagação, década de 80. Dept°de Patrimônio Alagação no Santa Terezinha, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Histórico e Cultural - FEM
Mutirão contra a jagunçada. Seringueiros armados com terçados e foices, rumo a um empate no Km
38 da BR-317, em Boca do Acre, década de 70. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
A
situação das cidades acreanas, e de
Rio Branco em especial, tornou-se
então, causa de forte degradação
das condições de vida em todos os setores.
O nível de tensão social, tanto nas florestas
quanto nas cidades acreanas, era extrema- Cortejo fúnebre de Wilson Pinheiro, 1980 . Dept°de Patrimônio Histórico
e Cultural - FEM
mente alto, situação que levou a aconteci-
mentos tais como a morte de João Eduar-
do, em 1981, assassinado por um grileiro, Vista aérea do bairro 6 de Agosto, durante alagação, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
como já tinha ocorrido com o assassinato
de Wilson Pinheiro, em 1980, e levaria ao
de Chico Mendes, em 1988.
Não é exagero dizer que, nessa época,
Rio Branco não cresceu, explodiu. Se ao
longo de 90 anos de sua história as dinâmi-
cas da cidade tinham dado origem a pouco
mais de uma dezena de bairros, entre 1970
e 1999, esse número passaria de 150. Bairro João Eduardo, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Invasão do Bostal durante alagação, década de 80. Dept°de Mudança de moradores durante alagação no bairro 6 de Alagação no Santa Terezinha , década de 80. Dept°de
Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Agosto, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Cultural - FEM
E
ssa série de acontecimentos, modifi-
cou não só o espaço físico da cidade,
mas a vida das pessoas. Por exemplo,
a construção das duas pontes sobre o rio
Acre - a metálica, em 1971 e a de concre- Bairro das Placas, década de 80. FGB - PMRB Entrada da rua principal do bairro Tropical, década de 80. FGB - PMRB
A
Cadeia Velha, sob o comando de João chegada da televisão ao Acre foi a
Aguiar, recém chegado do Rio, e a Es- grande novidade da década de 70,
cola de Samba Unidos do Bairro Quinze, mais precisamente de 1974, ano
comandada pelo baiano-carioca San- de Copa do Mundo, facilitando a integra-
tinho. Durante as festas de Momo, as ção com o restante do país. A TV passou
disputas tinham como palco principal a a transmitir atividades consagradas por
Avenida Getúlio Vargas, e se estendiam aqui, como os programas de auditório,
às rádios, que executavam as músicas porém, provocou mudanças nos costu-
das escolas, movimentando o cenário mes locais, como a diminuição do antigo Da Costa e Grupo musical Bararu, década de 80. FGB - PMRB
Bateristas de escola de samba, década de 80. FGB - PMRB Carnaval na rua, década de 80. FGB - PMRB Inauguração do Cacimbão da Capoeira. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
A
democratização em curso chegou e da multiplicação de demandas de urbani-
também aos municípios. A eleição zação, limpeza e ordenamento territorial de
para prefeitos ocorreu em 1984, Rio Branco, desse período – dificultou muito
quando foi eleito Adalberto Aragão, empos- a ação dos prefeitos da capital.
Prefeitura Municipal, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
sado em 1985. Mas, o fato dos prefeitos Essa nova relação entre governador e
serem eleitos diretamente pela população prefeito foi verificada já no período do Ara-
E
m relação à administração munici- Praça Rodrigues Alves, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico mudou a relação entre eles e os governa- gão, que teve dificuldades com a falta de
pal, depois dos dez anos (1961-71) e Cultural - FEM
dores, porque os prefeitos passaram a ter repasse de recursos do governo, para man-
de rápida alternância no cargo de relativa independência. ter serviços básicos, como a coleta de lixo e
Prefeito, começou uma fase mais regu- Relativa apenas porque, como sempre, a manutenção de ruas da cidade. Foi mais
lar. Entretanto, depois da deposição do Ex eos ulla in ratiisquis nonsed continuava existindo enorme diferença en- sentida ainda pelo prefeito seguinte: Jorge
primeiro prefeito eleito Aníbal Miranda, tre a capacidade de investimento do governo Kalume. Já que, no inicio de seu mandato, o
em 1965, os prefeitos continuaram indi- estadual, em comparação com as reduzidas governador era de outro partido, e só me-
cados pelos governadores nomeados pela verbas do orçamento municipal. O que – lhorou quando foi eleito um governador do
Ditadura Militar. Só em 1982, o proces- diante do aumento vertiginoso da população mesmo partido.
so de “abertura lenta e gradual”, imposto Mercado do 15, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e
Cultural - FEM
pelos generais no poder, permitiu que os
brasileiros voltassem a eleger governa-
dores. No caso do Acre, foi apenas a se-
gunda eleição para governador, em toda
a história acreana.
Adalberto Aragão
01.03.1985 a 01.03.1989
Praça Eurico Dutra, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e Rua Epaminondas Jácome, década de 80. Dept°de Patrimônio
Prefeito - 4 anos INPA, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Cultural - FEM Histórico e Cultural - FEM
N
Repressão policial no"Dia D", década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM esta época, tanto surgiram músicas
que cantavam os modos de vida ur-
P
or outro lado, a luta contra a nova bana dos filhos da burguesia e dos
realidade imposta aos acreanos es- marginalizados pela sociedade, quanto mú-
palhou-se por diversos setores da sicas que falavam do duro cotidiano serin-
sociedade. Na floresta, os trabalhadores gueiro. Entre a melancolia da extinção e a
organizados em sindicatos empatavam o esperança de um improvável futuro foram
desmatamento, criavam cooperativas e feitas músicas que denunciavam a desfaça-
rompiam os laços com patrões e marre- tez da política e do autoritarismo. Músicas,
teiros. Na capital, os professores estadu- enfim, que recuperaram a importância dos
ais faziam sua primeira greve, tomando seringueiros, dos povos indígenas e dos
as ruas da cidade e começou a circular o modos de ser acreano. Protesto realizado em frente ao Serviço de Divulgação do Estado do Acre. Deptº de patrimônio
Histórico e Cultural - FEM
jornal Varadouro, que reunia jornalistas e
intelectuais de diferentes formações. Manifestação popular: O famoso "Dia D", década de 80. Dept°de
Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Clenilson fazendo sua apresentação no FAMP. Dept°de Fest Amapá, década de 80. Dept°de Patrimônio Histórico e Casa do Seringueiro, com pintura em homenagem ao sindicalista Chico Mendes, década Lula em reunião com os trabalhadores rurais de Xapuri. Deptº de patrimônio Histórico e
Carnaval na rua, década de 80. Dept°de Patrimônio
Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Cultural - FEM de 80. Deptº de patrimônio Histórico e Cultural - FEM Cultural - FEM
Histórico e Cultural - FEM
Jorge Kalume
01.03.1989 a 31.12.1992
Inauguração do Espaço Cultural de Belas Artes, com a presença do governador Romildo Apresentação de grupo musical no FAMP. FGB - PMRB Chico Pop, década de 90. FGB - PMRB
Prefeito - 4 anos Magalhães e Prefeito Jorge Kalume. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
Em 1991 Em 1992
Helicóptero Antiga novidade - O primeiro assalto a mão armada em O terreno baldio do Ceará - Final do governo do prefeito – É lá num terreno baldio da Avenida Brasil, prefeito.
Um helicóptero em Rio Branco deu força à Secretaria Rio Branco aconteceu em abril de 1991, na agência do Jorge Kalume, o fotógrafo Francisco Genésio, o popular Envolto com mil e uma coisas a resolver, JK disse que
da Saúde no combate à cólera que ameaçava assolar o Banacre na Avenida Nações Unidas, no bairro da Estação sempre boquirroto e borbulhante Ceará encosta no ia estudar, Ceará entendeu que estava autorizado e
Acre. Quem muito usufruiu da traquitana foi o falecido Experimental. Três agentes de plantão no 3º Distrito Policial tarimbado político e propõe: imediatamente mandou baixar da noite para o dia tijolos,
governador Edmundo Pinto. Um dia convidou o deputado viram chegar um sujeito de olhos arregalados e língua de – Prefeito, resolvi voltar com meu Foto Ceará e quero que cimento, areia e ferros no "terreno baldio" da Avenida
Chico Sombra para um sobrevôo. O parlamentar fora, arquejante, com um pedido de socorro urgente. o senhor me deixe construir o prédio. Brasil, justo na Praça Plácido de Castro, ao lado do Bar
agradeceu: – Corram, por favor, estão assaltando a agência do Banacre! – Tudo bem, Ceará, mas onde é o local? Amarelinho. Quando JK viu o prédio futuro do Foto Ceará
- Obrigado, governador, eu não ando em avião de rosca. Um dos tiras, na maior pachorra, total indiferença: O esperto cearense que jura ter sido ponta-direita do já com as paredes levantadas, mandou dar última forma
– Cadê carro? Ceará Sporting com o apelido de Chiclete, apressa-se a na construção.
Tão Acre – Zé Leite Tão Acre – Zé Leite informar: Tão Acre – Zé Leite
128 129
E
m 1992, foram criados novos municí-
pios no estado do Acre. Dessa vez, Rio
Branco teve uma perda significativa
de território para os municípios de Capixa-
ba, Acrelândia, Porto Acre e Bujari.
130 131
Pref. Jorge Viana visitando obras da cidade, década de 90. Dept°de Mercado do Bosque em 1995. Dept°de Patrimônio Histórico e
Patrimônio Histórico e Cultural – FEM Cultural – FEM
N
a década de 90, teve início uma mu- querda, agora já sem as amarras e repres-
dança radical no cenário político do são da Ditadura Militar.
Terminal Urbano em fase de conclusão, década de 90. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
Acre. Como resultado da profunda Esse novo momento político concre-
C
crise social vivida pelos acreanos, desde o tizou-se com a eleição de 1992, quando om o lema “Vida Nova na Cidade” o
início da década de 70 e da democratização o jovem engenheiro florestal Jorge Viana prefeito Jorge Viana definiu novos pa-
dos anos 80 - aconteceu um realinhamento disputou e ganhou a eleição para prefeito râmetros para a gestão do município,
das forças políticas do estado. Novas lide- da capital. A partir de março de 1993, co- entre eles: recuperar a importância do rio
ranças surgiram nos movimentos sociais da meçou uma nova experiência política e ad- Acre para Rio Branco e virar de novo a cidade
floresta e da cidade e passaram a disputar ministrativa, que mudaria completamente a de frente para o rio; trocar a ideia de adminis-
as eleições por partidos como o Partido dos história de Rio Branco e do Acre. trar a cidade, por cuidar coletivamente dela
Trabalhadores - PT e outros partidos de es- Logo de início, a Prefeitura envolveu como cada um cuida de sua casa; orientar o
a população em ações de reorganização, desenvolvimento da capital pelos princípios
Box do Terminal Urbano em fase de conclusão, década de 90. Dept°de
limpeza e recuperação da cidade. A admi- da sustentabilidade ambiental e social. Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
Jorge Viana
01.01.1993 a 31.12.1996
Centro Cultural Lídya Hammes, década de 90. Dept°de Patrimônio
Prefeito - 4 anos Histórico e Cultural – FEM
Primeiros dias de funcionamento do Terminal Urbano, década de 90. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
Visita do Pref. Jorge Viana ao DERACRE , década de 90. Acervo Edgarde de Deus Discurso do Pref. Jorge Viana em solenidade no Horto Florestal, década de 90. Apresentação de grupo musical no Parque Capitão Ciríaco, década de 90. Dept°de Recorte de matéria do jornal A GAZETA, década de 90. Dept°de Patrimônio Histórico e
Acervo Edgarde de Deus Patrimônio Histórico e Cultural – FEM Cultural – FEM
Rua Eduardo Assmar, década de 90. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
A
partir de 1997, o município pas-
sou a ter problemas semelhantes
aos que o governo do estado en-
frentava: má gestão dos recursos públi-
cos, fragilização dos órgãos públicos,
atraso de pagamentos dos funcionários e
Vista lateral do Mercado dos Colonos, década de 90. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
sucateamento da máquina estatal.
R
io Branco viveu, portanto, um perí-
odo de muitos avanços e de ações
inovadoras que deram maior qua-
lidade de vida a população. Infelizmente,
após a gestão de Jorge Viana, os três pre-
feitos seguintes não deram continuidade
Vista interna do Mercado dos Colonos, década de 90. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
a essas ações e a cidade voltou a enfrentar
problemas. Além disso, o governo estadu-
Mauri Sérgio
al também estava passando por grandes
01.01.1997 a 31.12.2000 dificuldades com a morte do governador
Edmundo Pinto e a posse do vice-gover-
Prefeito - 4 anos nador Romildo Magalhães.
03/05/1997
DEPUTADO ADMITE SONDAGEM, MAS NEGA TER emenda, por estar insatisfeita com o governo.
TROCADO VOTO POR DINHEIRO Acabou mudando seu voto na última hora, porque
A Folha tentou localizar o deputado Ronivon foi recebida pelo presidente Fernando Henrique
Santiago (PFL-AC) durante toda a tarde de ontem. Cardoso no Palácio do Planalto e expôs suas queixas.
Em seu gabinete, os assessores disseram que ele Quanto à conversa telefônica na qual o deputado
estava viajando, mas não informaram para onde. Ronivon Santiago (PFL-AC) diz que os deputados
A deputada Zila Bezerra (PFL-AC) disse que a acreanos receberam R$ 200 mil para aprovar a
denúncia envolvendo seu nome com a negociação reeleição, Zila diz não ter "fundamento".
de votos "não tem fundamento". A deputada
afirmou que estava disposta a votar contra a Jornal FOLHA DE SÃO PAULO
136 137
Vista aérea da 4ª ponte de Rio Branco. Dept°de
Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
Novos tempos
1999-2013
A
capital acreana recebeu
uma série de ações de
reestruturação em sua
malha urbana e de revitaliza-
ção de seu patrimônio históri-
co e paisagístico. Com isso Rio
Branco experimentou transfor-
mações profundas que a torna-
ram uma das mais belas cida-
des brasileiras.
138 139
Passeata de abertura do Encontro de Culturas Indígenas no centro da cidade. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
M
antendo os princípios norteadores antiga da cidade, com a recuperação do
de seu trabalho na prefeitura de barranco da Rua da Gameleira que estava
Rio Branco, as ações de recupera- se desfazendo. Ao mesmo tempo que teve
ção da cidade promovidas pelo governador inicio também um intenso trabalho de va-
Jorge Viana começaram pela área mais lorização dos povos e culturas tradicionais.
Vista panorâmica do Calçadão da Gameleira em fase de construção. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
C
omo vimos anteriormente, ao lon-
go de toda sua história, as grandes
transformações urbanísticas de Rio
Branco aconteceram pela ação de governa-
dores. Em razão da reduzida capacidade de
investimento da prefeitura municipal.
Depois das profundas modificações ur-
banas realizadas pelos governadores Hugo
Carneiro (1927-29) e Guiomard Santos
(46-50), coube ao governador Jorge Viana
(1999-2006), promover uma verdadeira
revolução urbanística na cidade. Apresentação do grupo da Marujada. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
140 141
O
processo de recuperação da cidade
de Rio Branco, bem como do esta-
do do Acre como um todo, passava
necessariamente, então, não apenas pela
recuperação física das estruturas públi-
cas, mas pela recuperação simbólica e
cultural dos valores acreanos. Só assim se
poderia recuperar também a autoestima
do povo acreano, tão combalida depois de
anos de crise politica e econômica.
Para tanto, o governo da floresta, Fonte Luminosa e ao fundo o Palácio Rio Branco, 2002. Deptº de Patrimônio Histórico e Palácio Rio Branco. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Memorial dos Autonomistas, . Deptº de Patrimônio Histórico e Cultural – FEM
como se chamou a gestão liderada por Cultural – FEM
01.01.2001 a 05.04.2002
142 Prefeito - 1 anos e 3 meses Visitação do público ao Palácio Rio Branco. Dept°de Patrimônio Histórico Museu da Borracha. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Casa dos Povos da Floresta, 2002. Deptº de Patrimônio Histórico - FEM
143
e Cultural - FEM
O
crescimento da cidade impunha
também novos desafios que preci-
savam ser enfrentados. As vias pú-
blicas começavam a ficar apertadas para
o fluxo de tantos veículos, especialmente
na ligação entre os diversos bairros e o
centro da cidade. A solução encontrada Ciclovia e pista para pedestres no Parque da Maternidade. Dept°de Hospital da Criança. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
foi a duplicação e redefinição das cha-
madas “vias estruturantes” da cidade. A
Rua Antônio da Rocha Viana e a Via Chi-
co Mendes foram as primeiras a receber
esse novo tratamento.
Isso implicou também numa mudan-
ça radical de concepção dessas vias que,
além de duplicadas, foram dotadas de cal-
çadas e, especialmente, de ciclovias que
melhoraram seu fluxo e diminuíram mui- Praça Povos da Floresta. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Estátua do Chico Mendes na Praça Povos da Floresta. Dept°de Patrimônio
bicicletas e pedestres.
Outra ação estruturante de grande im-
pacto na cidade foi a urbanização do Canal
da Maternidade, que já havia provocado
tantos problemas sociais e políticos ante-
riormente. Essa obra se tornou estratégica
ao definir um novo e adequado tratamento
aos fundos de vale que cortam dezenas de
bairros da cidade e sempre foram perma- Calçadão da Gameleira com mastro da bandeira ao fundo. Dept°de Patrimônio Calçadão da Gameleira. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
nente fonte de problemas de urbanização Histórico e Cultural - FEM
e de saúde publica pela transformação dos Vista aérea do Parque da Maternidade. Dept°de Patrimônio
Histórico e Cultural - FEM
igarapés em esgotos à céu aberto. Via Chico Mendes 2º Distrito. Dept°de
A construção do Parque da Materni- Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
Isnard Leite
05.04.2002 a 31.12.2004
Raimundo Angelim
01.01.2005 a 31.12.2008
Passarela Joaquim Macedo. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Novo Mercado Velho. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Apresentação de Quadrilha no Arraial Cultural da Arena da Floresta. Apresentação de Quadrilha no Arraial Cultural da Arena da Floresta. Val Fernandes
Val Fernandes
Arraial Cultural no
Arena da Floresta.
Val Fernandes
148 149
Biblioteca Pública Estadual em Rio Branco. Dept°de Patrimônio Histórico Av. Ceará. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
e Cultural - FEM
M
as as mudanças verificadas nes-
se período não se restringiram
aos espaços físicos. Pelo con-
trario, foram ainda maiores no fortale-
cimento da cultura imaterial, no finan-
ciamento das atividades artísticas e na
criação e efetivação de políticas públi-
cas na área cultural.
A lei de incentivo à cultura de Rio Bran-
co criada ainda na gestão do Prefeito Jor-
Av. Ceará duplicada. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
ge Viana, se somou ao Fundo Municipal
de Cultura criado pelo prefeito Angelim.
Além disso, Rio Branco foi o primeiro mu-
nícipio brasileiro a criar e implantar um
inovador Sistema Municipal de Cultura
que se tornou referência em todo o país.
Trapiche de acesso ao Parque Capitão Ciríaco. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
150 151
A
gestão de Raimundo Angelim foi
tão bem sucedida em seus resulta-
dos para a população que o levou
a ser reeleito em 2008. O prefeito Ange-
lim tornou-se assim o primeiro de toda a
história de cem anos do município de Rio
Branco a permanecer durante oito anos
consecutivos à frente da capital acreana.
A exemplo do que já havia acontecido no
governo do estado quando Jorge Viana se
tornou o primeiro a governar o Acre duran-
te dois mandatos consecutivos. Se levarmos
em consideração a extrema e absurda ins-
Reinauguração do Posto de Saúde Augusto Hidalgo de Lima.
tabilidade politica e administrativa que ca- ASCOM - PMRB
racterizou a maior parte da história de Rio
Branco, como vimos anteriormente nesse
livro, fica claro então o amadurecimento
politico que o nosso município verificou
nos últimos anos.
O prefeito Angelim soube então retri-
buir o carinho da população de Rio Bran- Reinauguração da Praça do bairro
co fazendo uma administração que foi Adalberto Sena. ASCOM - PMRB
Raimundo Angelim
01.01.2009 a 31.12.2012
Prefeito - 4 anos
152 Vista frontal da OCA. Sérgio Vale 153
Entrega do caminhão Jardinagem Comunitária realizada no Horto Florestal. ASCOM - PMRB Hospital da Criança. Dept°de Patrimônio Histórico e Cultural - FEM
C
om as gestões de Jorge Viana e Binho
Marques no governo e de Raimundo
Angelim na prefeitura, nossa cidade
se transformou completamente, tornando-
Reinauguração do Mercado do Colonos. Gleilson Miranda Inauguração da CEASA Rio Branco. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
se uma das mais organizadas, limpas e be-
las cidades da Amazônia e do Brasil.
A
ntes de terminar seu mandato his- da Prefeitura reformado. Provou assim
tórico Angelim entregou à popula- que, com uma gestão séria e ética, a pre-
ção a nova Rodoviária Internacio- feitura também pode realizar investimen-
Solenidade de inauguração do Cacimbão da Capoeira. Diana Dantas Prefeito Angelim visita obras da operação verão. Marcos Vicentti, nal, o Parque do São Francisco e o prédio tos importantes para nossos cidadãos.
ASCOM - PMRB
156 157
Vista panorâmica da Rodoviária Internacional de Rio Branco. Marcos Vicentti,
ASCOM - PMRB
Vista Aérea da Rodoviária Internacional. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB Vista interna da Rodoviária Internacional. Diana Dantas
158 159
15 de fevereiro de 1913, 1º de janeiro Prefeito Marcus Alexandre inspecionando
os serviços de limpeza após a cheia do rio
de 2013. Cem anos depois da posse do pri- Acre. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
Marcus Alexandre
02.01.2013
Recreação no Parque de Exposições para os desabrigados da alagacão do Prefeito visita abrigados no Parque Exposição .Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB Novos ônibus de Rio Branco. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
Prefeito rio Acre. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
160 161
Feira do Peixe realizada na CEASA Rio Branco.Marcos Projeto Cinema no bairro. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
Vicentti, ASCOM - PMRB
C
om o propósito de estar com os cida- abrigos de ônibus em toda a cidade. In-
dãos no “dia a dia” da cidade, Marcus tensificou a fiscalização para reduzir o
Alexandre em pouco tempo mostrou transporte clandestino e recuperou ra-
a que veio. Logo nos primeiros dias de tra- mais para possibilitar o escoamento da
balho fez a “Operação Inverno” através da produção agrícola.
qual removeu mais de 16 mil toneladas de Ainda nos 60 primeiros dias de gestão
lixo e entulho de ruas e quintais, o que aju- criou o Instituto de Previdência do Muni-
dou muito no combate à dengue. cípio de Rio Branco (RBPREV), a Secreta-
Conseguiu ampliar a oferta de médi- ria de Esportes e a Secretaria de Articula-
cos, consultas e exames nas unidades de ção Comunitária para valorizar e ampliar
atenção básica. Fez manutenção em 340 o diálogo com o movimento comunitário.
Vista da Praça Elzo Rodrigues, bairro do Bosque. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
Feira de Artesanato de Economia Solidária.Marcos Vicentti, Nova sinalização do Terminal Urbano de Rio Branco. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
ASCOM - PMRB
Vista da Praça Elzo Rodrigues, localizada no bairro do Bosque. Largada da corrida de rua Volta da Empresa. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
162 163
Inauguração do Posto de Saúde do Bairro Tancredo
Neves. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
Atendimento do Saúde Intinerante. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB Moradora com o título definitivo de lote de terra do bairro João Eduardo II. Marcos Vicentti,
ASCOM - PMRB
Q
uem diria que a pequena Volta da
Empreza iria se tornar essa cidade
que soube ser grande. Mais do que
de seus moradores, Rio Branco é a capital
de todos os acreanos.
Imensa responsabilidade porque se tor-
nou exemplo para os outros municípios do
Acre, bem como para muitas cidades do
Brasil e do mundo, por ensinar como har-
monizar a floresta com a vida na cidade.
É que Rio Branco tem rumo. Com seus
quintais, parques, ciclovias, praças e monu-
mentos históricos nos enche de orgulho e
Equipes formadas que disputão o Copão Comunitário no Arena da Floresta. Marcos Vicentti,
aponta pro futuro. ASCOM - PMRB
Abertura oficial do Copão Comunitário no Arena da Floresta. Marcos Vicentti, ASCOM - PMRB
Lançamento do Projeto do Terminal de Integração. Marcos Vicentti, Vista interna do Mercado do Bosque reformado. Marcos Vicentti,
O
ASCOM - PMRB ASCOM - PMRB
Tião Viana
Governador