Futurism o

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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distancia

A Futurismo
Abacar Marcos
708192019

Ensino de Historia
Historia das Sociedades
3º Ano
Docente: dr. Centerio José António

Guruè, Maio de 2021

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Índice
Introdução..................................................................................................................3

1.0 Futurismo.............................................................................................................4

1.1 Contexto histórico e origem do futurismo...........................................................4

1.2 Origem do futurismo............................................................................................4

1.3 Características do futurismo.................................................................................5

1.4 Futurismo no Brasil..............................................................................................6

1.5 Arquitetura futurista.............................................................................................6

1.6 Principais arquitetos.............................................................................................7

1.7 Pintura futurista....................................................................................................9

1.8 Escultura futurista..............................................................................................12

Conclusão.................................................................................................................13

Referência bibliográfica...........................................................................................14

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Introdução
O presente trabalho tem como tema o futurismo. Enfatizar que O futurismo é um dos
movimentos artísticos de vanguarda ocorridos na Europa do início do século XX.
Ele surgiu em 1909, com a publicação do Manifesto futurista, de Filippo Tommaso
Marinetti, em um contexto de tensão política entre as grandes potências que antecedeu
a Primeira Guerra Mundial e de uma evidente evolução tecnocientífica. O trabalho tem
como objetivos:
 Objetivo geral:
 Descrever o futurismo como movimento.
 Objetivos específicos:
 Explicar o movimento futurista;
 Identificar as características e principais obras do movimento futurista.
Metodologia

A metodologia usada para concretização deste trabalho foi a consulta bibliográfica de


manuais em formato electrónicos que se encontram devidamente citados dentro do
trabalho bem como na referência bibliográfica.

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1.0 Futurismo

O futurismo é um dos movimentos artísticos de vanguarda ocorridos na Europa do


início do século XX. Ele surgiu em 1909, com a publicação do Manifesto futurista, de
Filippo Tommaso Marinetti, em um contexto de tensão política entre as grandes
potências que antecedeu a Primeira Guerra Mundial e de uma evidente evolução
tecnocientífica.
Assim, o movimento é conhecido pelo seu radicalismo ao propor a destruição
do passado. São características do futurismo o antitradicionalismo e o culto à
guerra e à velocidade, principalmente. Esse movimento, na Europa, foi
representado por artistas como os pintores Umberto Boccioni, Carlo Carrà,
Giacomo Balla, Gino Severini e Luigi Russolo. No Brasil, ele foi responsável
pelo surgimento do modernismo, que assimilou o seu antitradicionalismo, com
vistas à criação de uma arte nova e libertária (BRAUDEL, 1989).

1.1 Contexto histórico e origem do futurismo

O futurismo é um dos movimentos de vanguarda surgidos no início do século XX.


Oficialmente, nasceu em 1909, com a publicação do primeiro Manifesto futurista,
assinado pelo seu líder, o escritor Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944). Esse
autor cultuava a violência e a guerra, devido ao seu patriotismo extremista. A partir de
1919, quando se filiou ao Partido Nacional Fascista, passou a usar o movimento
como propaganda do fascismo

1.2 Origem do futurismo


No início do século XX, a Europa assistiu ao surgimento de uma revolução no cenário
artístico. Jovens artistas, cansados da mesmice da arte acadêmica, propunham
uma quebra radical com o passado e, portanto, defendiam formas alternativas de fazer-
se arte.

Os tradicionalistas ficaram chocados com as inovações propostas e atacaram os


vanguardistas. De toda forma, os movimentos de vanguarda mudaram a nossa
maneira de encarar a arte. O futurismo foi apenas mais um deles, contudo, um
dos mais radicais. Seu criador foi o escritor italiano Filippo Tommaso Marinetti,
que, em 20 de fevereiro 1909, publicou o Manifesto futurista, em que explicitou
os princípios do movimento (CAROSO, 1998).

Marinetti, um nacionalista que, mais tarde, declarou-se simpatizante do fascismo, não


escondeu o caráter violento do manifesto, que glorifica a guerra e a destruição do
passado:

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É da Itália, que nós lançamos pelo mundo este nosso manifesto de violência
arrebatadora e incendiária, com o qual fundamos hoje o “futurismo”, porque queremos
libertar este país de sua fétida gangrena de professores, de arqueólogos, de cicerones e
de antiquários. Já é tempo de a Itália deixar de ser um mercado de belchiores. Nós
queremos libertá-la dos inúmeros museus que a cobrem toda de inúmeros cemitérios.

Assim como os outros movimentos de vanguarda, o futurismo surgiu em uma


época de tensão política entre as superpotências mundiais o que levou à
Primeira Guerra Mundial e de grande desenvolvimento tecnológico nas áreas de
comunicação e transporte, o que permitiu a diminuição das distâncias e,
portanto, favoreceu a velocidade nas comunicações (CASTRO, 1988).

Desse modo, esses dois fatores tecnologia e velocidade foram influências essenciais no
futurismo, mais do que em outros movimentos de vanguarda.
Além disso, o advento da Primeira Guerra Mundial mostrou que o futurismo estava em
consonância com o seu tempo, pois, já no primeiro manifesto, o culto à guerra e à
violência estava evidente. Dessa maneira, a estética futurista, desde a sua fundação,
mostrou ser um dos movimentos de vanguarda mais radicais, dada a sua agressividade,
que parecia extrapolar os limites estéticos.

1.3 Características do futurismo1


 Antitradicionalismo: liberdade de criação, sem as amarras da arte acadêmica;

 Defesa da “higiene mental”: eliminar a “sujeira”, isto é, o pensamento


tradicional;

 Renovação: para construir algo novo é preciso destruir o que já existe;

 Perspectiva otimista, inspirada pela evolução tecnológica, em relação ao futuro


da humanidade;

 Valorização do heroico, grandioso e dinâmico;

 Culto à guerra e à violência;

 Iconoclastia: contrário a símbolos, convenções e tradições;

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MARINETT, F.T. Manifesto futurista. Disponível em www.sba.com.br. Acesso em 20/05/2021.
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 Exaltação das máquinas: automóveis e aviões;

 Culto à velocidade e à tecnologia.

1.4 Futurismo no Brasil


A importância do futurismo para a arte brasileira está na sua perspectiva radical
de quebra com a tradição e consequente valorização da liberdade de criação, base
do modernismo brasileiro. Portanto, esse movimento de vanguarda de origem europeia
foi a principal influência para a criação do nosso modernismo. No entanto, não houve,
no Brasil, uma estética futurista, isto é, pinturas, esculturas ou textos literários com
características definidoras desse movimento.
Mário de Andrade (1893-1945) foi o responsável pela adoção do termo
“modernismo” para definir a nova estética que estava sendo construída no país.
Até então, os artistas de vanguarda brasileiros estavam sendo chamados de
“futuristas”. Mas a importação desse termo não condizia com a visão
nacionalista dos modernistas brasileiros, que buscavam definir uma identidade
nacional. Apesar disso, a imprensa do país, naquele momento, parecia não
entender a diferença entre modernismo e futurismo, e tratava os dois
movimentos como uma coisa só, tamanha era a força dessa influência
(BRAUDEL, 1989).

No entanto, entre os artistas modernistas brasileiros da década de 1920, houve grande


preocupação em rejeitar qualquer vínculo direto com a estética futurista, o que muito
tem a ver com uma postura ideológica de oposição ao fascismo que Marinetti
representava. Assim, com exceções como Graça Aranha (1868-1931), Ronald de
Carvalho (1893-1935) e Manuel Bandeira (1886-1968), que recepcionaram Marinetti
em sua primeira palestra no Brasil em 1926, outros modernistas preferiram manter
distanciamento do criador do futurismo.
Essa origem futurista do movimento modernista no Brasil, contudo, não pode
ser negada e se deve, também, ao contexto histórico em que estava inserida a
cidade de São Paulo, berço do modernismo brasileiro, no início do século XX.
A cidade era uma metrópole em ascensão, em processo de modernização,
industrialização e urbanização. Nada mais natural que a estética futurista, que
valorizava a tecnologia e a mecanização, conquistasse a simpatia dos artistas da
época (IDEM).

1.5 Arquitetura futurista


A arquitetura futurista refere-se a dois tipos de arquiteturas muito diferentes: é
historicamente um estilo e pensamento arquitetônico pertencente ao movimento
futurista italiano de 1910, mas de uma forma mais geral, é um projeto arquitetônico do

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século XIX e do século XX, cuja inspiração lembra elementos da ficção científica ou de
naves espaciais, sem formar uma escola ou um pensamento específico.

A arquitetura futurista primeiro tomou forma na arquitetura do início do século


XX como uma arquitetura anti-histórica, caracterizada por longas linhas
horizontais que sugerem movimento, velocidade e urgência. Um culto da era da
máquina e até mesmo uma glorificação da guerra e da violência estiveram entre
os temas dos futuristas (vários futuristas proeminentes foram mortos depois de
voluntariados para lutar na Primeira Guerra Mundial) (CAROSO, 1998).

A finalidade da arquitetura se volta para responder de forma técnica racional e funcional


ao modo de vida de um tempo novo, que levou à construção exigências de maior
pragmatismo (higiene, iluminação, saúde, ventilação, conforto), onde o interesse das
massas se sobrepõe ao interesse individual.

Características gerais são:

 Voltada para o mundo urbano e industrial;


 Utilização das modernas tecnologias construtivas e dos novos materiais (ferro, vidro
e concreto armado);
 Volumes arrojados, imaginativos e dinâmicos: movimento dado pelas linhas oblíquas
ou elípticas;
 Aproximação de uma arquitetura funcionalista e racional pela abolição total da
decoração.

1.6 Principais arquitetos2


Antonio Sant’Elia (1888-1916), italiano, foi um dos divulgadores da arquitetura
futurista, influenciado pelas ideias de Otto Wagner e pelas cidades industriais dos
Estados Unidos. Em 1912, produziu desenhos de grande impacto da sua Città
Nuova (Cidade Nova), com escala monumental de megalópoles com arranha-céus,
passarelas e vias suspensas para veículos. Estes são aspectos reveladores da crescente
atividade industrial e do aparecimento de novas tecnologias e materiais, utilizados nos
seus discursos e desenhos.

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MARINETT, F.T. Manifesto futurista. Disponível em www.sba.com.br. Acesso em 20/05/2021.
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As suas obras influenciaram arquitetos contemporâneos e anteciparam as cidades e o
urbanismo modernos com planos das edificações que recuam conforme ganham altura,
possibilitando a iluminação das vias térreas e a circulação do ar. As cidades, com a sua
elevada densidade populacional, procuravam ordenamento consoante o seu crescimento.

Abriu um atelier em Milão Apesar do seu grande número de trabalhos, Sant’Elia não
conseguiu concretizar nenhum dos seus projetos, tendo sido morto em combate durante
a Primeira Guerra Mundial, em Monfalcone, Itália.

Angiolo Mazzoni (1894-1979), na década de 1930, juntou-se ao movimento futurista e,


através de suas conexões, pois era filiado ao Partido Nacional Fascista, o levou a tornar-
se um estilo institucional da Itália fascista. Ele contribuiu para uma síntese da
arquitetura futurista com uma grandiloquência de inspiração clássica para formar o que
seria chamado de Arquitetura fascista. Publicou o manifesto futurista da arquitetura
aérea, no início de 1934, publicado na Gazzetta del Popolo. No final da Segunda Guerra
Mundial ele se exilou voluntariamente na Colômbia e voltaria à Itália em 1963, onde
viveria os últimos anos em Roma.

Auguste Perret (1874-1954) francês, abandonou a carreira no instituto de Belas Artes


para trabalhar com o pai, que possuía uma empresa de construções. Inicialmente, foi um
dos primeiros arquitetos que utilizaram o concreto armado – arquitetura de vigas e
enchimentos. Depois de 1903, passou a ver a moldura estrutural como a expressão
fundamental da forma construída. Desenvolveu interessantes soluções estruturais em
concreto armado, porém utilizava tratamentos arquitetônicos neoclássicos ou art-
nouveau.3

Eugène Freyssnet (1879-1962), engenheiro civil francês, não foi o primeiro engenheiro


a fazer estruturas com concreto protendido (quem começou foi um engenheiro
americano P.A. Jackson,1872, que patenteou um sistema de passar as hastes de laço do

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MARINETT, F.T. Manifesto futurista. Disponível em www.sba.com.br. Acesso em 20/05/2021.
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ferro através dos blocos e de apertá-los com porcas). Entretanto, pode-se afirmar que
Freyssinet usou a propriedade de protensão de maneira magnífica.
A protensão é uma tecnologia que confere ao concreto maior resistência à tração, sendo
bastante interessante em estruturas onde existem esforços de flexão elevados, como
grandes vãos.

Adolf Loos (1870-1933) notável arquiteto nascido na República Checa, tendo exercido


durante muito tempo a sua profissão na Áustria. Foi precursor do Raumplan, o
desenvolvimento da planta em diferentes cotas. Através das variações de altura das
divisões, bem como das proporções adotadas e das mudanças de materiais, é
estabelecida uma hierarquia entre os diversos espaços, criam-se zonas dentro da casa,
definindo também graus de intimidade de cada divisão.

1.7 Pintura futurista


A pintura futurista foi explicitada pelo Cubismo e pela Abstração, mas o uso de cores
vivas, contrastes e a sobreposição das imagens pretendia dar a ideia de dinâmica,
deformação e não materialização por que passam os objetos e o espaço quando ocorre a
ação.

Para os artistas do Futurismo os objetos não se concluem no contorno aparente e


os seus aspectos interpenetram-se continuamente a um só tempo. Procura-se
neste estilo expressar o movimento atual, registrando a velocidade descrita pelas
figuras em movimento no espaço. O artista futurista não está interessado em
pintar um automóvel, mas captar a forma plástica a velocidade descrita por ele
no espaço (CAROSO, 1998).

As características mais marcantes da pintura são:

 Desvalorização da tradição e do moralismo;


 Valorização do desenvolvimento industrial e tecnológico;
 Uso de cores vivas e contrastes;
 Sobreposição de imagens, traços e pequenas deformações para passar a ideia de
movimento e dinamismo.
Embora persistindo no compromisso com a iconografia do mundo moderno, com o
conceito de um universo dinamicamente interativo de movimento humano num
ambiente técnico modificado e com o poder das cores fortes e até vulgares, os futuristas
viram nas construções luminosas e estáticas do cubismo a possibilidade de dar um novo

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rumo completamente novo a seu trabalho. Acima de tudo, adaptaram a interpretação
cubista da forma e do espaço, a transparência e a multiplicidade de pontos de vista aos
seus interesses ideológicos e imaginativos característicos.

Principais artistas e obras4


Giacomo Balla (1871-1958) um dos expoentes do movimento futurista na Itália. Em sua
obra o pintor italiano tenta endeusar os novos avanços científicos e técnicos por meio de
representações totalmente desnaturalizadas, embora sem chegar a uma total abstração.
Mesmo assim, mostrou grande preocupação com o dinamismo das formas, com a
situação da luz e a integração do espectro cromático. Em 1900, foi à Paris e teve contato
com as obras impressionistas e neoimpressionistas e participou de várias exposições. Na
volta a Roma, conheceu Marinetti, Boccioni e Severini. Um ano mais tarde, juntava-se a
eles para assinar o Manifesto Técnico da Pintura Futurista. Preocupado, como seus
companheiros, em encontrar uma maneira de visualizar as teorias do movimento,
apresentou em 1912 seu primeiro quadro futurista intitulado Cão na Coleira ou Cão.

Carlos Carrá (1881-1966), pintor italiano, enquanto ganhava seu sustento como pintor-


decorador frequentava as aulas de pintura na Academia Brera, em Milão. Em 1900, fez
sua primeira viagem a Paris, contratado para a decoração da Exposição Mundial. De lá
mudou-se para Londres. Ao voltar, retomou as aulas na Academia Brera e conheceu
Boccioni e o poeta Marinetti. Um ano mais tarde assinou o Primeiro Manifesto
Futurista. Nessa época, iniciou seus primeiros estudos e esboços de Ritmo dos Objetos e
Trens, por definição suas obras mais futuristas. Numa segunda viagem a Paris, entrou
em contato com Apollinaire, Modigliani e Picasso.
A partir desse momento, começaram a aparecer as referências cubistas em suas
obras. Carrá não deixou de comparecer às exposições futuristas de Paris,
Londres e Berlim, mas, já em 1915 separou-se definitivamente do grupo. 
Juntou-se a Giorgio De Chirico e realizou sua primeira pintura metafísica. Em
suas últimas obras retornou ao cubismo. Publicou vários trabalhos, entre eles La
Pittura Metafísica (1919) e La Mia Vita (1943) (CASTRO, 1988).

Umberto Boccioni (1882-1916), pintor e escultor italiano, o mais importante teórico e


exponente do Futurismo. Sua obra se manteve sob a influência do cubismo, mas

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MARINETT, F.T. Manifesto futurista. Disponível em www.sba.com.br. Acesso em 20/05/2021.
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incorporando os conceitos de dinamismo e simultaneidade: formas e espaços que se
movem ao mesmo tempo e em direções contrárias. Publicou o Manifesto Técnico da
Pintura Futurista.
Em 1912, participou da primeira exposição futurista. Suas obras ainda
deixavam transparecer a preocupação do artista com os conceitos propostos pelo
cubismo. Os retratos deformados pelas superposições de planos ainda não
conseguiam expressar com clareza sua concepção teórica (BRAUDEL, 1989).

Um ano mais tarde, com sua obra Dinamismo de um Jogador de Futebol, Boccioni
conseguiu finalmente fazer a representação do movimento por meio de cores e planos
desordenados, como num pseudofotograma. Durante a Primeira Guerra Mundial,
o pintor se alistou como voluntário e ao voltar publicou o livro Pintura, Escultura
Futurista, Dinamismo Plástico.

Gino Severini (1883-1966) pintor, artista gráfico e escultor italiano, depois que


conheceu Giacomo Balla e Umberto Boccioni, começou a trabalhar como artista em
1901. Em 1906, estudou em Paris, onde estudou os impressionistas, fascinou-se pelas
pinturas de Seurat e conheceu Signac.
Tornou-se um dos cofundadores desse estilo, quando assinou o Manifesto
Futurista. Severini exibiu obras em 1912 nas exposições Futuristas em Paris,
Londres e Berlim e desenvolveu relações entre Itália e França, tornando-se um
dos principais canais entre seus colegas italianos e os novos desenvolvimentos
na capital francesa. Recebeu o Grande Prêmio do Bienal em Veneza em 1950.
Ao contrário dos seus colegas, estava mais interessado no retrato dos corpos
humanos em movimento do que na dinâmica das máquinas com suas cenas de
cabaré e os retratos de bailarinos (CASTRO, 1988).

Luigi Russolo (1885-1947) compositor e pintor italiano. Em 1913, autor e compositor


do manifesto A Arte do Ruído, que teorizou a utilização de ruído para chegar à
composição da música, ao invés de sons harmônicos puros. Sua música foi realizada
com um instrumento que ele mesmo criou, o Intonarumori, um aparelho mecânico
capaz de sons discordantes, que foi batizada como “música futurista”, e, em 1922, ele
construiu o Rumorarmonio, que possui efeitos necessários para amplificar a música.

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1.8 Escultura futurista5
Assim como pintor, Umberto Boccioni foi inovador na escultura, rompendo com a
tradição de Rodin e procurando solucionar todos os aspectos da forma dinâmica na
linguagem tridimensional. As suas esculturas ultrapassaram a questão do movimento
absoluto para um movimento relativo, estabelecendo uma tensão e fusão da forma e do
espaço, que se interpenetram. Realizou, ainda, experiências com materiais não
tradicionais da escultura, justapondo e articulando vidro, madeira e couro, em trabalhos
que chamou de polimaterici (polimatéricos).
Considerada, com “Formas Únicas da Continuidade no Espaço”, como a melhor
resolução de suas teorias, a pequena peça estrutura-se em torno da forma de um
cilindro. O artista aplicou o princípio da decomposição, mas não direcionada
por um processo analítico desaglutinador, ao contrário, articula os fragmentos
da forma da garrafa, segundo as linhas-força que inventara, fundindo-os numa
síntese (CAROSO, 1998).

Recusa estabelecer relações ortogonais, principalmente no tocante ao uso de linhas


horizontais. Assim, através desse propósito imprime um movimento espiralado,
ascensional energético, que disciplina a abertura da matéria, nela introduzindo o espaço,
estabelecendo em relação diagonal, uma integração ou síntese de tempo, espaço e
forma.

O movimento dinâmico de um corpo humano no espaço é estudado por Boccioni de


forma intensiva. Trata-se da operação mais radical dos princípios do artista, envolvendo
todos os aspectos da forma dinâmica: ação que trabalha a matéria, marcando o impacto
como espaço, e em rebordos da matéria, sinuosos, côncavos e convexos, alterando as
massas frontalizadas da cabeça – uma interpenetração mútua da matéria e do espaço que
faz a massa escultórica tremer nas superfícies. Impregnada de movimento, tanto relativo
como absoluto, a figura avança determinada no espaço do espectador.

No Brasil, o futurismo influenciou diversos artistas que depois fundaram outros


movimentos modernistas, como Oswald de Andrade e Anita Malfatti, que tiveram
contato com Marinetti em viagens à Europa já em 1912. Após uma interrupção forçada
pela Grande Guerra, o contato foi retomado.

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MARINETT, F.T. Manifesto futurista. Disponível em www.sba.com.br. Acesso em 20/05/2021.
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Conclusão
Em conclusão, a estética futurista não teve representatividade nas artes visuais
brasileiras. Na literatura, sua influência principal está na estrutura do texto, construído a
partir da liberdade formal. Assim, todos os autores dos textos modernistas da primeira
geração trazem em suas obras essa perspectiva libertária do futurismo, como bem ilustra
o poema “Poética”, do livro Libertinagem (1930), de Manuel Bandeira, que defende
essa liberdade em seu conteúdo e a demonstra em sua estrutura, construída com versos
livres (sem métrica e sem rima).

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Referência bibliográfica
MARINETT, F.T. Manifesto futurista. Disponível em www.sba.com.br. Acesso em
20/05/2021. Adaptado

BRAUDEL, F. Uma lição de história. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1989

CAROSO, C; & VAINFAS. Domínios da história. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

CASTRO, U. futurismo no Brasil. Salvador: UFBA, 1988.

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