Galoa Proceedings Conemi 2018 95379

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ISSN: 2446-9734 DOI: 10.

17648/conemi-2018-91275

O Futuro das Energias


Sustentáveis e
os Desafios para a Engenharia
Industrial
PROJETO DE CÂMARA FRIGORÍFICA PARA ARMAZENAMENTO DE CARNE
BOVINA

João Victor Severino (1) ([email protected]), Lucas Melegari de Souza (1)


([email protected]), Vinicius Gaspar (1) ([email protected]), Ismael
de Marchi Neto (1) ([email protected]), Rodrigo Corrêa da Silva
([email protected]) (1)

(1) Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Departamento de Engenharia Mecânica

RESUMO: A câmara frigorífca é um equipamento fundamental para assegurar a


qualidade e manutenção da temperatura ideal da carne bovina quando armazenada,
o que requer um dimensionamento do equipamento conforme as necessidades do
projeto do cliente. O presente trabalho consiste na determinação da carga térmica
requerida para o armazenamento de 1200 Kg de carcaças de carne bovina em um
supermercado de grande porte localizado em Londrina – PR. Para a determinação da
mesma foram calculadas as cargas térmicas referentes à transferência de calor com,
as paredes, infltração de calor, tempo de ocupação, produtos armazenados,
embalagens dos produtos, iluminação e da unidade evaporadora. Posteriormente
realizou-se a seleção dos componentes para a câmara frigorífca com base na carga
térmica requerida. Por fm realizou-se uma análise da capacidade e confguração do
equipamento instalado no supermercado com o projeto e seleções dos componentes
defnidos nesse trabalho.

PALAVRAS-CHAVE: refrigeração, câmara frigorífca, carga térmica, projeto.

DESIGN OF REFRIGERATION CHAMBER FOR BOVINE MEAT STORAGE

ABSTRACT: The cooling chamber is a fundamental equipment to ensure the quality


and maintenance of the ideal temperature of stored bovine meet, which requires a
sizing of the equipment according to the needs of the client's design. The present
work aims to calculation of the thermal load required for the storage of 1200 kg of
bovine meet carcasses in a large supermarket located in Londrina – PR. In order to
determine it, the thermal loads related to the heat transfer from the walls, heat
infltration, time of occupation, stored products, product packaging, lighting and
evaporator unit, were calculated. Subsequently, the components were selected for
the cooling chamber based on the required thermal load. Finally, an analysis was
made of the capacity and confguration of the equipment installed in the supermarket
with the design and selections of the components defned in this work.

KEYWORDS: refrigeration, cooling chamber, thermal load, design.

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1. INTRODUÇÃO

A primeira máquina refrigeradora foi construída em 1856, usando o


princípio da compressão a vapor, pelo australiano James Harrison, que havia
sido contratado por uma fábrica de cerveja para produzir uma máquina que
refrescasse o produto durante seu processo de fabricação, e para a indústria
de carne processada para exportação (CARVALHO, 2001). A carne fresca é um
dos alimentos mais perecíveis, portanto, necessita da aplicação de
procedimentos de conservação e armazenamento após o abate (ROÇA, 2013).
Quando é feito o abate, ocorre à interrupção das funções vitais dos animais,
iniciando uma série de transformações, as quais se denominam putrefação.
Assim é importante prover de imediato a diminuição da temperatura, pois
ocorre um retardamento dos processos promovidos pelas ações de
microrganismos, enzimas, entre outros agentes. Devido a esses fatores é muito
importante garantirmos a correta seleção de equipamentos para as diferentes
aplicações e sua efciência (Andrade, 2016). Uma câmara frigorífca é
basicamente um espaço de armazenagem, que possui suas condições internas
controladas por um sistema de refrigeração, para garantir que os produtos
tenham maior conservação. Existem basicamente dois tipos de câmara
frigorífca, as de resfriamento que diminuem a temperatura até próximo a de
congelamento, e as de congelamento que trabalham com temperaturas
inferiores à de congelamento (Roça, 2013). Segundo Andrade (2016) os
principais métodos para resfriamento de carcaças no Brasil são: método
tradicional, método rápido e super-rápido (Shock). O método tradicional
consiste em manter a temperatura do túnel de resfriamento entre 0 e 4°C e
umidade relativa (UR) de 90% durante um intervalo de tempo de 24h. No caso
de carcaças bovinas a perda de peso é de 2 a 2,5%. O método rápido mantém
a temperatura do túnel entre -1 a 2°C, com UR de 90% e velocidade de
circulação de ar de 2 a 4 m/s. Nesse caso as carcaças bovinas são mantidas
durante um intervalo de tempo de 18 horas com temperatura fnal de centro
de 0 a 4°C, apresentando perda de peso de 1,8%. Já o método super-rápido
(Shock), as carcaças são mantidas em antecâmaras com temperaturas de -8 a
-5°C, UR de 90% e velocidade de circulação de 2 a 4 m/s. Posteriormente são
transferidas para uma câmara a 0°C, UR de 90% e velocidade de ar de 0,1 m/s.
No caso de carcaças bovinas o tempo de permanência é de 12 a 18 horas, com
temperatura fnal de centro de 0 a 4°C e UR de 90%, apresentando uma perda
média de peso de 1,3%.
No Brasil a maior porcentagem de carnes comercializadas são apenas
resfriadas de modo que o controle de temperatura e a qualidade do local de
armazenamento devem ser priorizados, já que nessa zona de temperatura as
pequenas variações podem causar muitos efeitos negativos na qualidade do
produto armazenado (Andrade, 2016). Dessa forma, o presente trabalho
apresenta uma metodologia de cálculo com o objetivo de dimensionar os
equipamentos para uma câmara frigorífca de resfriamento, para
armazenamento de carne bovina. Para a obtenção dos dados realizou-se uma
pesquisa em um supermercado na cidade de Londrina – PR e estimou-se a
carga térmica total com o auxílio das normas regulamentadoras (NR’s) de

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modo a alcançar as especifcações de um sistema de refrigeração com base


em catálogos comerciais.

2. ARMAZENAMENTO DA CARNE

O armazenamento e a conservação de carnes constituem uma


necessidade básica atualmente. A conservação da carne tem por objetivo
retardar ou evitar alterações que reduzem sua qualidade ou a inutilizam como
alimento. As principais causas de alterações são do tipo microbiano, químico e
físico. Dessa forma, a refrigeração se inicia com o esfriamento de carcaças logo
após o abate, e segue no transporte, manipulação, armazenamento e
exposição de cortes para a venda. Produtos cárneos processados devem ser
manipulados a baixas temperaturas de refrigeração, desde sua elaboração até
o seu consumo (Goulart et. al. 2017). Após o abate, a temperatura interna das
carcaças varia geralmente entre 30 a 39°C. Este calor corporal deve ser
eliminado durante o resfriamento inicial, para que a temperatura interna se
reduza a 0°C (Andrade, 2016).

3. DIMENSIONAMENTO DA CÂMARA FRIGORÍFICA

O supermercado em questão possui três câmaras frigorífcas de


refrigeração, todas com a mesma dimensão, mesma carga térmica e mesmo
volume de armazenamento. A Figura 1 apresenta as dimensões das câmaras
frigorífcas em questão. Cada câmara possui um evaporador com três
ventiladores para forçar a circulação de ar. As paredes e tetos são isolados
termicamente com espuma rígida de poliestireno de 120 mm de espessura.

Figura 1. Planta da câmara e disposições das carcaças. Fonte: Autores (2018).

O sistema de compressão é único, composto de cinco compressores que


alimenta as três câmaras de resfriamento, além da parte de refrigeração da
padaria e hortifrúti. Apenas quatro dos compressores se mantém em
funcionamento constante enquanto o quinto é ligado apenas em condições

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críticas onde a temperatura interna das câmaras excede um valor


predeterminado. Porém, como se trata de características semelhantes, o
dimensionamento será feito apenas para uma câmara, replicando suas
confgurações para as demais, já que foi verifcado que ambas operam sob as
mesmas condições.

3.1. Cálculo da carga térmica

Para a determinação da carga térmica total da câmara frigorífca, faz-se


necessário o cálculo da transmissão de calor (Qt), infltração de calor (Qi), calor
dos Produtos (Qp), carga de ocupação (Qo), carga de Iluminação (Qilu), carga
devido aos motores (Qm) e carga das embalagens (Qe).

3.2. Carga térmica referente à transmissão de calor (Qt)

Para o cálculo de Qt considera-se a transmissão do calor em todas as


áreas de superfície da câmara frigorífca, ou seja, piso, teto e paredes,
calculadas conforme Equação 1.

Q t = A∗Fator 1(1)

Onde:

Qt- Quantidade total de calor transferido (Kcal);


A - Área total das superfícies (m²);
Fator 1- Coefciente total de transmissão de calor (kcal/m².24h).

O Fator 1 é uma constante tabelada (Tabela 1) que depende do tipo de


isolamento da câmara e da diferença de temperatura, calculada a partir da
temperatura de bulbo seco e da temperatura interna. A temperatura interna foi
medida com auxílio de um termômetro digital por infravermelho (Incoterm ST –
500) em três pontos distintos na câmara, obtendo uma temperatura média de
3°C. Segundo a norma ABNT NBR 16401-1:2008 a temperatura de bulbo seco
na região de Londrina é de 31,9°C. Dessa forma a diferença de temperatura é
dada por:

∆ T =31,9−3=28,9° C( 2)

Para determinar a área total das superfícies, tem-se que:

A=2∗( 3,6∗4,9 )+ 2∗( 3,6∗3 ) +2 ( 4,9∗3 )=86,28 m2 (3)

Baseado na diferença de temperatura, o tipo e a espessura do


isolamento obtém-se o Fator 1utilizando a Tabela 1.

Tabela 1. Fatores de dispersão de calor (Kcal/m².24h).

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Fonte: Tecumseh (2015).

Interpolando os dados da Tabela 1 para 28,9°C e 120 mm de espessura


de poliestireno foi obtido o valor de 179,27 para o Fator 1. Substituindo os
valores do Fator 1 e da área total das superfícies na Equação 1, determinou-se
o valor da carga térmica devido a transmissão de calor de 15467,42 kcal.

3.3. Carga térmica devido à infiltraaão de calor (Qi)

A infltração de calor ocorre devido à abertura das portas durante o dia,


já que ocorrem trocas de calor com o ar do ambiente externo. A equação a
seguir, fornecida por Carvalho (2001), permite uma estimativa dessa
infltração:

Qi=V ∗N∗Fator 2∗Fator 3∗( 1−E ) (4 )

Onde:
V – Volume da câmara frigorífca (m³);
N - Número de abertura de portas;
Fator 2 - Troca de ar devido abertura de portas e infltração em 24h;
Fator 3 - Ganho de energia por m³ de câmara, relacionado com as
temperaturas e a umidade;
E: Efetividade do dispositivo de proteção.

Para a determinação do Fator 2, utiliza-se a Tabela 2 baseado no valor do


volume da câmara de 52,92 m³.

Tabela 2. Troca de ar/24h por abertura de porta e Infltração.

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Fonte: Tecumseh (2015).

Interpolando os valores da Tabela 2, obtém-se o valor de 12,708 para o


Fator 2. Como a câmara fria está instalada em um supermercado na região
central de Londrina com umidade em torno de 60% (NBR 6401, 1980) e possui
temperatura interna de 3°C, é possível obter o Fator 3 por meio da Tabela 3.

Tabela 3. Temperatura necessária para resfriar o ar infltrado até a


temperatura da câmara.

Fonte: Tecumseh (2015).

Interpolando os valores (Tabela 3) para temperatura interna de 3°C e


temperatura de bulbo seco de 31,9°C, obteve-se um valor de 18,77 para o
Fator 3. Já para a efciência de proteção (E), Gimenez (2013) sugere valores de
0,8 a 0,85 e, como as portas possuíam cortinas, será adotado o valor de 0,85.
Segundo os funcionários, a frequência com que acessavam a câmara era em
torno de 50 vezes por dia. Dessa forma, conforme a Equação 4, a carga
térmica devido à infltração de calor (Qi) é de 94672 Kcal.

3.4. Carga térmica dos Produtos (Qp)

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A carga térmica relativa ao calor dos produtos foi calculada utilizando a


Equação 5.

Q p=m∗c∗∆ T (5)

Onde:
Qp - Quantidade de calor dos produtos (kcal);
M - Quantidade de carne armazenada (kg);
C - Calor específco (kcal/kg.°C);
ΔT - Variação entre a temperatura de entrada do produto e a
temperatura no interior da câmara frigorífca.

A variação de temperatura pode ser facilmente calculada já que a


temperatura do interior da câmara é de 3°C e segundo a portaria nº 304/96 do
Ministério da Agricultura a temperatura máxima para o transporte, o
armazenamento e a comercialização de carnes bovinas, suínas e ovinas deve
ser de 7°C (BRASIL, 1996). Considerando a temperatura de entrada da carne
de 7°C, a diferença de temperatura será de 4°C. O calor específco da carne
bovina fresca pode ser verifcado na Tabela 4.

Tabela 4. Calor específco e latente de cada tipo de carne.

Fonte: Tecumseh (2015).

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Utilizando a Tabela 4 obtém-seo calor especifco de 0,6 Kcal/Kg.°C para a


carne bovina fresca. Dessa forma, com a diferença de temperatura de 4°C e a
massa da carne armazenada de 1200 Kg, obtém-se a carga térmica do produto
(Qp) de 2880 Kcal, a partir da Equação 5.

3.5. Carga térmica de ocupaaão (Qo)

Para o cálculo da carga térmica de ocupação, faz-se necessário a


utilização da Equação 6.

Q o =n ° pessoas∗Fator 5∗tempodeperman ê ncia(6)

Onde:
Qo- Calor de ocupação (Kcal);

De acordo com informações obtidas a partir do local analisado, verifcou-


se que apenas um funcionário adentrava a câmara, com um tempo de
permanência de 50 minutos por dia. De acordo com a Tabela 5, obtém-se o
calor emitido por pessoa.
Para uma temperatura interna de 3°C, e da interpolando os valores da
Tabela 5 tem-se um valor de 218 Kcal/h para o Fator 5, considerando um
tempo de ocupação de 50 minutos, que aplicados o na Equação 6 resulta numa
carga térmica de ocupação de 181,7 Kcal.

Tabela 5. Calor equivalente por pessoa.

Fonte: Tecumseh (2015).

3.6. Carga térmica de Iluminaaão (Qilu)

A carga térmica de iluminação é referente ao calor emitido pela lâmpada


de iluminação interna, a qual é calculada conforme a Equação 7.

Q ilu =Pot∗860∗tempoilumina çã o(7)

Onde:

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Qilu- Calor emitido pela lâmpada (Kcal);


Pot- Potência (KW);

A câmara dispõe de uma lâmpada de iluminação de 66 W, que conforme


informado é utilizada em período integral de 24 horas. A partir da Equação 7,
obtém-se a carga térmica referente à iluminação (Qilu) de 1362,24 Kcal.

3.7. Carga térmica devido aos motores (Qm)

O cálculo da carga térmica referente aos motores dos ventiladores da


unidade evaporadora pode ser obtida a partir da Equação 8.

Q m =n° ventiladores∗Pot∗860∗t (8)

Onde:
Qm - Calor gerado pelos motores (Kcal);
Pot - Potência de cada ventilador (KW);
T - Tempo de utilização em horas.

O evaporador da câmara frigorífca dispõe de três ventiladores com


potência unitária de 0,14KW. Levando em consideração o funcionamento dos
mesmos em período integral de 24 horas por dia, obtém-se por meio da
Equação 8 a carga térmica (Qm) de 8668,8 Kcal.

3.8. Carga térmica das embalagens (Qe)

As carcaças mantidas no interior da câmara não possuíam embalagens.


Dessa forma, a carga térmica relativa às embalagens foi considerada igual a
zero.

3.9. Carga térmica total (QTot)

A somatória de todas as cargas térmicas é apresentada na Equação 9.

Qtotal=Qt +Qi+ Q p+ Qo +Q ilu +Qm +Qe =123232 Kcal( 9)

Considerando um fator de segurança de 10%, geralmente considerados


nos cálculos de projetos de câmaras frigorífcas onde a carga térmica é
dependente de fatores empíricos, obtém-se a carga térmica de 135555 Kcal.
Baseado nos valores calculados previamente, a Figura 2 ilustra a
distribuição das cargas térmicas referentes a cada forma de transferência de
calor as quais são apresentadas em termos percentuais.

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Figura 2. Distribuição das cargas térmicas. Fonte: Autores (2018).

3.10. Carga térmica requerida (QR)

De acordo com as informações in loco, junto aos funcionários, verifcou


se que o equipamento opera em média 12 horas diárias, devido às paradas
para degelo. Ao utilizar a Equação 10, obtém-se a carga térmica requerida.

Q total 135555 Kcal


Q R= = =11296 (10)
tempo 12 h

Convertendo o valor obtido (Equação 10) de Kcal/h para BTU/h, a carga


térmica requerida (QR) será de 45185 BTU/h. Portanto, os demais
equipamentos que compõe este sistema de resfriamento deverão ter uma
capacidade mínima de 45200 BTU/h, para suprir a demanda diária do
estabelecimento comercial analisado.

4. COMPONENTES DO SISTEMA DE REFRIGERAÇÃO

4.1. Evaporador

A seleção do evaporador foi feita levando em consideração a


temperatura média de dentro da câmara fria do supermercado e a diferença de
temperatura entre a câmara fria e a temperatura de evaporação. Segundo o
catálogo da McQuay, uma diferença de temperatura de 6°C é sugerida para a
seleção do equipamento. Levando em conta a temperatura interna média da
câmara fria de 3°C, tem-se uma temperatura de evaporação é de -3°C.

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Tabela 6. Especifcação da unidade evaporadora

Fonte: McQuay (2009)

De acordo com a Tabela 6, o fabricante não fornece equipamentos com a


temperatura de evaporação calculada, optou-se por realizar a seleção
considerando uma temperatura inferior, de -5 °C. Considerando a carga
térmica de uma única câmara fria de 11296 Kcal/h, selecionou-se o evaporador
modelo FBA4450D com 4 aletas por polegada para cada uma delas.
Verifcou-se que a unidade evaporadora instalada no supermercado é do
fabricante Mipal (modelo Mi-046). Segundo as informações do catálogo do
fabricante, presente na Tabela 7, deve-se considerar uma diferença de
temperatura de 6 °C entre a temperatura interna da câmara e a temperatura
de resfriamento. Dessa maneira, tem-se uma temperatura de evaporação
mínima de -3°C. Supondo que a unidade selecionada pelo projetista tenha sido
uma das quais a temperatura de evaporação seja de -4°C observa-se que para
o modelo Mi-046 a capacidade não atende a demanda de carga térmica
requerida. Nota-se então que o modelo instalado no supermercado está
subdimensionado.

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Tabela 7. Capacidades dos evaporadores do fabricante Mipal.

Fonte: Mipal (2017)

4.2. Unidade Condensadora

Quanto à unidade condensadora, optou-se pela confguração de uma


unidade condensadora (conjunto compressor-condensador) para cada uma das
câmaras frias.
Considerando a temperatura de evaporação de -5°C, a carga térmica
individual de cada câmara de 11296 Kcal/h e a temperatura ambiente média
de Londrina – PR de 31,9 °C optou-se pela seleção de uma unidade
condensadora de média temperatura com capacidade de 11859 Kcal/h. O
modelo da unidade segundo o fabricante é OP-HUM064D que utiliza R402B
como fuido refrigerante, conforme a Tabela 8.
Não foi possível a comparação da unidade condensadora selecionada
com o sistema instalado no supermercado. Além de a confguração ser
diferente, não se conseguiu obter informações do modelo ou do fabricante dos
compressores instalados.

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Tabela 8. Especifcação da unidade condensadora

Fonte: Danfoss (2014).

4.3. Válvula de expansão termostática

Considerou-se para a seleção, uma válvula de expansão para cada


unidade condensadora. Com base na capacidade de cada unidade (11859
Kcal/h = 3,76 TR), foi escolhida a válvula G-4-SW com capacidade de 4 TR
fabricada pela Parker, de acordo com a Tabela 9. Da mesma forma que na
unidade condensadora, não foi possível obter a informação sobre o tipo de
válvula instalada no sistema, impossibilitando a comparação.

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Tabela 9. Especifcação da válvula de expansão termostática.

Fonte: Parker (2004).

5. CONCLUSÃO

Com base nos dados coletados do equipamento instalado no


estabelecimento comercial situado na cidade de Londrina – PR foi possível
calcular as cargas térmicas requeridas paraa refrigeração de 1200 Kg de carne
bovina. De acordo com as informações disponíveis, apenasas especifcações do
evaporar instalado nas câmaras puderam ser avaliadas. Por meio dos cálculos
realizados e pelas informações de fabricantes, as capacidades dos
evaporadores instalados não atendem à demanda de carga térmica requerida
por cada câmara com um défcit de aproximadamente 64% em termos de
Kcal/h. No que diz respeito ao sistema de condensação, compressão e válvula
de expansão termostática, não se tem informação para a avaliação. Essa
grande diferença se deve pelas informações fornecidas pelo responsável, onde
foi observado in loco que não é possível armazenar 1200 kg de carne no
espaço presente em apenas uma câmara. Observou-se também que o limite
máximo de armazenagem é de 6 carcaças por câmara, estimando uma massa

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total de apenas 720 kg de carne, considerando 120 kg cada carcaça. Outro fato
observado é que o estabelecimento comercial analisado funciona apenas das 8
às 22 horas, de modo que a lâmpada não fca ligada 24 horas e, mesmo
durante o horário de funcionamento, ela é desligada quando o ambiente não
está sendo usado. Além disso, foi observado que a freqüência de entrada na
câmara é bem menor do que a informada, em torno de dez vezes por dia, o
que impacta numa redução de 35% da carga térmica de infltração, que
conforme a Figura 2 é o fator que mais contribui para o aumento da carga
térmica total. Levando em conta essas informações da real demanda do
estabelecimento, obtém-se uma carga térmica requerida de 4112 Kcal/h, que
comparada à capacidade do evaporador instalado, resulta num défcit de
aproximadamente 7 % em Kcal/h. A partir dessas constatações, conclui-se que
o equipamento instalado está subdimensionado operando as margens de sua
capacidade, o que pode impactar no aumento do consumo de energia elétrica
e também ocasionar interrupções do sistema de refrigeração por ação dos
mecanismos elétricos de proteção.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, André Luiz Vicente. Projeto de Câmara Frigorífca para


Armazenamento de Maçãs. 2001. Disponível em:
<www.feevale.br/Comum/midias/9db2527f-75c2-4278-be51-
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2017.

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<http://www.fca.unesp.br/Home/Instituicao/Departamentos/Gestaoetecnologia/
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GIMENEZ, Alex. Projeto de um entreposto frigorífco com análise da barreira


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Disponível em:
<http://monografas.poli.ufrj.br/monografas/monopoli10007844.pdf>. Acesso
em: 25 nov. 2017.

BRASIL. 1996. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Portaria


nº. 304 de 22 de Abril de 1996, que dispões sobre o comércio de carne
embalada que determina os estabelecimentos de abate de bovinos, bubalinos
e suínos, somente poderão entregar carnes e miúdos, para comercialização,
com temperatura de até 7 (sete) graus centígrados. Diário Ofcial da República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 23 abr. 1996. Seção 01, p.6856.

Catálogo Evaporador Mipal. 2017. Disponível em:


<http://mipal.tempsite.ws/site/wp-content/uploads/2018/06/Mi.pdf>. Acesso
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em<http://www.osmag.com.br/dowloads/ cat_fba.pdf>. Acesso em 25. Nov.
2017.

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<http://fles.danfoss.com/ technicalinfo/dila/06/BRSC-PK-100-A1-28%20-
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O Futuro das Energias Sustentáveis e os Desafos para a Engenharia Industrial


Anais do XVIII CONEMI - Congresso Nacional de Engenharia Mecânica e Industrial| 16

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