Cinco Apontamentos Ergologicos Sobre RH
Cinco Apontamentos Ergologicos Sobre RH
Cinco Apontamentos Ergologicos Sobre RH
RESUMO
ABSTRACT
Economic, social and political mutations in recent decades outline new directions in the
world of work and organizations, leading to the emergence of new management
technologies. One consequence is that the people management area has left the old place
of “personnel department” and walked to a new profile: the strategic people
management. This new profile puts the human factor as a critical organizational success
factor and functions as an “internal business”, seeking to strengthen organizational
competitiveness. However, on this approach, there are no questions about work as a
human activity. Thus, this paper seeks to highlight the need for consideration of such
questions, essentials to understand the work and the “human” on the resources. Then
five counterpoints are made between terms and concepts used in the literature on the
subject and the Ergology, pointed here as an alternative perspective for understanding
human work: human resource versus body-self; prescription versus actual; culture
versus value; behavior versus use of itself; “KAA” versus industrious competence.
1
Mestrando de Aministração na UFES - Universidade Federal do Espírito Santo. Graduado em
Administração também pela UFES.
Concludes showing the worker point of view, absent in the new HR literature, as
essential to understanding human labor, a viewpoint revealed by Ergology.
Introdução
Diante do exposto, procura-se aqui apontar que, apesar de o papel dos “recursos
humanos” ser descrito como central pela vertente estratégica dessa área, esse termo
acaba encobrindo o que de fato há de “humano” no trabalho, uma vez que na literatura
corrente sobre o assunto é possível perceber a ausência do ponto de vista do trabalhador,
ponto de vista esse que a Ergologia busca responder, e nisso está sua grande
contribuição para os Estudos Organizacionais, uma vez que qualquer ferramenta de
gestão que ignore esses pontos torna-se muda a respeito do trabalho, pois não parte do
ponto de vista do trabalho como atividade humana (DURAFFOURG; DUC; DURRIVE,
2010a). Na busca por maior compreensão desse ponto de vista, Schwartz (2010a,
2010b, p. 37) apresenta a Ergologia como “um projeto de melhor conhecer e, sobretudo,
de melhor intervir sobre as situações de trabalho para transformá-las”.
A Ergologia
aspectos técnicos com ação humana numa relação dialética repleta de singularidades
frente às demandas do mundo do trabalho. O olhar ergológico não objetiva, portanto,
modelos de análise única. O que a Ergologia propõe é debater um outro ponto de vista
no mundo organizacional: o ponto de vista do trabalho, particularmente ausente nas
empresas (DURAFFOURG; DUC; DURRIVE, 2010b). Para tanto, a perspectiva
ergológica constitui-se com base em quatro pressupostos, esclarecidos por Brito (2004):
pensar o geral e o específico, segundo a dialética entre o universal e o singular; visar a
articulação entre as diversas disciplinas e, sobretudo, a interrogação sobre seus saberes;
encontrar em todas as atividades situadas as normas antecedentes e as variabilidades, as
normas que se impõem e as normas que se instauram; promover um regime de produção
de saberes sobre o humano, pois o encontro sempre histórico entre os dois saberes
(científicos e práticos) não pode ser antecipado, é sempre uma descoberta. Também
quatro proposições são formuladas para guiar as análises ergológicas, de acordo com
Schwartz, (2010b, p. 46). A primeira proposição refere-se à distância entre o trabalho
prescrito e o trabalho real, distância esta universal, em razão da variabilidade das
situações de atividade e da reorganização feita pelos trabalhadores, e também em razão
do que é viver – e, portanto, viver no trabalho – para cada um. A segunda proposição é
que esta distância está sempre a ser introduzida na história particular de cada
trabalhador, com suas características morfológicas, psíquicas e culturais. A terceira
proposição leva em consideração que as escolhas são feitas no nível da consciência e, ao
mesmo tempo, de forma entrelaçada, no nível de uma economia do corpo e, portanto,
afirma que a distância remete à atividade do corpo-si. Por fim, a quarta proposição é que
a distância remete a um debate de normas e valores. De modo sucinto, têm-se os quatro
princípios basais da Ergologia, conforme o autor anteriormente citado: existe sempre
uma distância entre o trabalho prescrito e o realizado; esta distância é sempre
ressingularizada; a entidade que conduz e arbitra essa distância é uma entidade
simultaneamente “alma” e corpo; a arbitragem mobiliza um complexo de valores: o
trabalho é sempre encontro de valores.
Como é uma abordagem pluridisciplinar, atualmente vem sendo utilizada no país por
pesquisadores de diversas áreas de saber, como Saúde, Psicologia Social, Psicologia
Institucional, Educação, Comunicação, Linguística, Filosofia, dentre outras. No campo
dos Estudos Organizacionais, uma das áreas em que a Ergologia é mais incipiente,
surgem nos últimos anos alguns estudos, como os de Souza e Bianco (2007), Machado e
outros (2007), Lima e Bianco (2009) e Mezadre e Bianco (2012), apontando essa
abordagem como perspectiva alternativa de análise do trabalho humano realizado nas
organizações. Este artigo busca reforçar e fomentar essa aproximação, esboçando cinco
contrapontos entre a ‘nova’ forma de gerir pessoas e o trabalho humano na perspectiva
ergológica. Esclarece-se que são apontamentos iniciais, indicativos para debates futuros
e mais aprofundados.
Considerações Finais
trabalhador, ainda ausente na nova área de RH, tanto nas organizações quanto na
literatura sobre o assunto. Ressalta-se que estes contrapontos são uma tentativa inicial
de aproximar ou de fazer dialogar ambas as abordagens, o que só tem a contribuir para o
avanço do conhecimento. Para estudos futuros, indica-se a necessidade de um diálogo
mais aprofundado sobre os temas aqui apresentados numa tentativa inicial de aproximar
da gestão de recursos humanos a perspectiva ergológica.
Referências
< http://www.simpoi.fgvsp.br/arquivo/2009/artigos/E2009_T00180_PCN78123.pdf>.
Acesso em: 10 mai. 2012.
______. A trama e a urdidura. In: SCHWARTZ, Y.; DURRIVE, L. (Org.). Trabalho &
Ergologia: Conversas sobre a atividade humana. 2. ed. Niterói: EdUFF, 2010a.
______; DUC, M.; DURRIVE, L. Trabalho e uso de si. In: SCHWARTZ, Yves;
DURRIVE, Louis. (Org.). Trabalho & Ergologia: Conversas sobre a atividade
humana. 2. ed. Niterói: EdUFF, 2010b.
TONI, M. de. Visões sobre o trabalho em transformação. Sociologias, Porto Alegre, ano
5, nº 9, pp. 246-286, jan./jun. 2003.